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SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE CASTRO MARIM
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SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE CASTRO MARIM
Em bom rigor histórico, deve dizer-se que foi com o próprio Jesus Cristo quando no
evangelho diz “Bem-aventurados os misericordiosos, porque há-de alcançar a
misericórdia”. Mas como movimento organizado, ele está bem patente já nas mesas
para atendimento a carenciados, criando um corpo de diáconos.
A Instituição e fundação das misericórdias deve-se ao empenho da Rainha D. Leonor
de Lencastre, viúva do rei D. João II, sendo o seu grande conselheiro e protector em
Roma, o Cardeal D. Jorge da Costa (Alpedrinha) já muito ligado à família real
portuguesa desde D. Afonso V e eminente figura de prestígio junto do Vaticano.
Ficariam assim as Misericórdias como obra de “Homens Bons” que a corte apoiava, e
que a igreja abençoava, mas respeitando a autonomia de cada.
Na Igreja da ordem conhecida por Igreja de Santa Maria do Castelo, fundou-se a
irmandade da Santa Casa da Misericórdia de Castro Marim, em terras que haviam sido
doadas à rainha D.ª Leonor (localizadas dentro das muralhas do castelo), por carta
regia de El-Rei seu marido, datada de 14 de Abril de 1491, concedendo a esta
Misericórdia compromisso igual ainda existente nesta Instituição.
A 28 de Maio de 1938 a sede da Santa Casa da Misericórdia, passou para a Igreja de S.
Sebastião, conforme portaria do Ministério dos Negócios Eclesiásticos e de Justiça, e
com a autorização da D. Maria II, em virtude da Igreja do Castelo se encontrar em
avançado estado de degradação. Concedida esta posse, ficou a Santa Casa incumbida
de acordo com a Câmara Municipal de então, de realizar a festividade daquele que é o
padroeiro desta Misericórdia. Conforme artigo 96 Capítulo XV dos Estatutos de 1882
os quais tiveram alvará de aprovação por Jerónimo Augusto de Bívar Gomes da Costa,
bacharel formado nas faculdades de Medicina e Filosofia da Universidade de Coimbra,
Governador Civil de Faro, e aprovados em Assembleia de Irmãos no dia 17 de
Novembro de 1978, era então Administrador do Concelho Silvestre José Falcão, o
referido documento foi aprovado por 52 irmãos, constando o seu nome no já referido
compromisso.
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Ainda no compromisso de 1882 consta no seu artigo 93 como obrigação desta Santa
Casa as procissões da Semana Santa, não sabendo ao certo dos motivos que levaram a
que os responsáveis por esta instituição, pusessem fim a uma tradição de algumas
centenas de anos.
A Irmandade da Santa Casa da Misericórdia era composta na sua maioria por
marítimos residentes em Castro Marim, e dos quais constam nomes como o de José
Bateloiro, José Lima, José Felix e outros, mas também por algumas personalidades com
grande projecção no nosso país tais como: João da Guarda Cabreira, Silvestre Falcão,
Belchior Drago Valente, Manuel Prudêncio da Costa, etc.
Aos pobres que provassem a sua situação, esta Instituição dava-lhes todo género de
apoio, indo ao ponto de passar salvos condutos, para poderem ser tratados em
qualquer hospital do reino, arcando esta Santa Casa com as despesas, conforme
documentos arquivados nesta Instituição.
Foram Provedores desta Santa Casa nomes que fazem parte da nossa história, tais
como António Brito Cabreira, Sebastião António Nogueira Mimoso seu filho José
António Faísca Mimoso, António Celorico Drago, António Monteiro Nunes e muitos
outros.
A Santa Casa da Misericórdia recebeu várias doações, nas freguesias de Castro Marim
e Altura, e muito recentemente no sítio do Pisa Barro por parte da Sr.ª Rita Gonçalves
Leonardo.
Sabe-se, que sempre com enormes dificuldades a Santa Casa da Misericórdia de Castro
Marim, administrou o hospital Ribeira Ramos desde 1941, pois até esta data nunca
tinha conseguido verba para ter hospital ou albergue, conforme preconizava o artigo
130 do compromisso de 1882 – O Hospital Ribeira Ramos que pertencia à Confraria de
Nossa Senhora dos Mártires, passou para a posse da Santa Casa por portaria de 18 de
Junho de 1941. Foi destruído pelo terramoto de 1969.
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Nos anos de 1950 a meados de 1970, passou por graves dificuldades financeiras e de
recursos humanos, valendo nesta época a boa vontade e prestimosa colaboração de
alguns Provedores entre o Dr. José Afonso Gomes, Tenente Carlota entre outros.
Contudo é no Século XX, mais precisamente na década de 80, que das ruínas do
hospital surge o Lar e Centro de Dia de Castro Marim. Em muito impulsionado pela
Mesa Administrativa de então, que tinha como Provedor José Guilhermino Anacleto,
que a Instituição inicia as suas actividades de carácter social. Data desta época o início
das valências de Lar de Idosos, centro de Dia e Apoio Domiciliário em Castro Marim e
Odeleite, este num espaço gentilmente cedido pela Junta de Freguesia de Odeleite.
Hoje a Instituição tem uma capacidade instalada de 45 utentes de lar, prestando apoio
domiciliário a várias dezenas de pessoas em todo o território do Concelho de Castro
Marim, é também um dos maiores empregadores do Concelho com 42 funcionários.
Hoje a Santa Casa da Misericórdia conta com um espólio valiosíssimo, constando do
mesmo as seguintes obras:
Exemplar do compromisso da Santa Casa de Lisboa de 19/05/1418
Vários livros de actas datadas de finais de 1700 até à presente data;
Livros de Irmãos desde 1807;
Livros de actos eleitorais desde 1811;
Livro Missal de 1640.
No início deste novo mandato é propósito da Mesa Administrativa, promover a
divulgação junto dos irmãos e da Comunidade em geral, o trabalho que se tem vindo a
desenvolver na Instituição ao longo dos últimos meses. Para tal contamos com uma
equipa empenhada, que não se poupa a esforços para melhorar a qualidade dos
serviços prestados quer aos utentes quer à comunidade.
Com mais de 500 anos dedicados a obras de solidariedade social direccionadas para os
mais pobres e necessitados, a Misericórdia é por herança histórica, defensora dos mais
desfavorecidos e tem imprimido uma dinâmica que se quer geradora de novas
respostas para velhos, embora constantes problemas da nossa sociedade como a
pobreza ou a exclusão social. A Santa Casa da Misericórdia de Castro Marim manter-
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se-á seguramente atenta aos sinais dos tempos na primeira linha de apoio social aos
nossos concidadãos.
Neste sentido e porque importa manter o papel catalisador na intervenção social no
concelho, desde sempre assumido pela Santa Casa da Misericórdia de Castro Marim,
sem contudo, deixar de almejar o reforço da situação económica e financeira da
Instituição, é essencial continuar com um adequado programa de investimentos, que
vise a optimização e a diversificação dos recursos disponíveis e deste modo garanta a
necessária rentabilidade sustentada da actividade, consolidando desta forma a
Instituição, no contexto social em que se encontra inserida, protegendo-a das
incertezas do futuro.
Também como certamente será do conhecimento de toda a Irmandade, a Mesa
Administrativa num esforço enorme restaurou as pinturas da Igreja de S. Sebastião,
assim como os quadros existentes na mesma, restituindo-lhes a dignidade que lhe é
devida, visto tratar-se de um edifício de inestimável valor histórico e religioso,
infelizmente há décadas votado ao abandono. Findo este trabalho de recuperação, é
propósito da Mesa Administrativa retomar a prática religiosa e realizar alguns eventos
que fazem parte do património religioso da nossa Comunidade e que se revivem
apenas na memória coletiva dos Castro-Marinenses mais antigos.
Importa ainda enfatizar o novo ciclo que a Irmandade vive, realçando o empenho não
só dos Órgãos Sociais, mas também de todos os trabalhadores e voluntários, que
diariamente se dedicam a tão nobre causa.
Também a colaboração da Câmara Municipal de Castro Marim se tem revelado
imprescindível para a prossecução da nossa missão.
Cientes de que o sucesso da Santa Casa da Misericórdia de Castro Marim é o resultado,
nestes que são tempos tão difíceis, do esforço e dedicação de todas as mulheres e
homens de bem que fazem do amor ao próximo um constante nas suas vidas, fazemos
votos para que, através deste Boletim, cada um fique mais próximo desta Santa Casa, e
que de coração aberto se juntem a nós, na vontade de fazer mais e melhor pela nossa
comunidade.