Salvação obra de deus somente

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Salvação: Uma obra de Deus somente

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Salvação: Uma obra

de Deus somente

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Sumário

Prefácio ............................................................................................................... 3

Capítulo I - Totalmente incapazes ....................................................................... 4

Capítulo II - Escolhidos por Deus ........................................................................ 7

Capítulo III - Escolhidos em Cristo .................................................................... 11

Capítulo IV - Um chamado irresistível ............................................................... 15

Capítulo V - Guardados por Deus...................................................................... 17

Resumão e Aplicação ........................................................................................ 21

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Prefácio

Nosso Senhor Jesus Cristo, nos seus últimos dias na terra antes de ascender os

céus, nos deixou um mandamento “Ide, portanto, fazei discípulos de todas as

nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo, ensinando-os

a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado” (Mateus 28.19-20). Dentro

desse mandamento há uma ordem de ensinar “todas as coisas que vos tenho

ordenado”, um mandamento esquecido por muitos, porém pela Graça de Deus

esse pequeno livro tem o objetivo de tentar corrigir isso, e obedecer a ordem de

Nosso Mestre.

O Objetivo principal desse livro é falar sobre a Salvação do homem, e mostrar que

a Bíblia nos ensina que esse milagre ocorre apenas pela ação de Nosso Deus,

devendo ser dado a Ele todo nosso Louvor, pois, “ao SENHOR pertence a

Salvação” (Jonas 2.9).

Ivan Carlos Parecy Junior

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Capítulo I - Totalmente incapazes

“Pode acaso, o etíope mudar a sua pele ou o leopardo, as suas manchas? Então,

poderíeis fazer o bem, estando acostumados a fazer o mal.” (Jeremias 13.23)

Há uma parábola africana bem interessante que gostaria de contar brevemente:

“Certa vez, um escorpião aproximou-se de um sapo que estava na beira de um rio.

O escorpião vinha fazer um pedido: "Sapinho, você poderia me carregar até a outra

margem deste rio tão largo?" O sapo respondeu: "Só se eu fosse tolo! Você vai me

picar, eu vou ficar paralizado e vou afundar."

Disse o escorpião: "Isso é ridículo! Se eu o picasse, ambos afundaríamos."

Confiando na lógica do escorpião, o sapo concordou e levou o escorpião nas costas,

enquanto nadava para atravessar o rio.

No meio do rio, o escorpião cravou seu ferrão no sapo.

Atingido pelo veneno, e já começando a afundar, o sapo voltou-se para o escorpião

e perguntou: "Por quê? Por quê?"

E o escorpião respondeu: "Por que sou um escorpião e essa é a minha natureza."1

Assim como o escorpião dessa história o homem não é capaz de agir contrário a

sua própria natureza. Por mais que lavássemos um porco, ele não deixará de

gostar de se sujar na lama e certamente faria isso na primeira oportunidade.

Assim também é em relação ao homem.

Quando olhamos para a Palavra de Deus, vemos que ela fala que a natureza do

homem é má: “Viu o SENHOR que a maldade do homem se havia multiplicado na

terra e que era continuamente mau todo desígnio do seu coração;” (Gênesis 6.5)

“Mas todos nós somos como o imundo, e todas as nossas justiças como trapo da

imundícia” (Isaías 64.6). Essa não é a opinião que o mundo tem sobre o homem,

um famoso pensador suiço dizia “que o homem nasce bom e a sociedade o

corrompe”2, mas se o homem é bom então quem corrompeu a sociedade?

Quando compreendemos a real condição do homem, também devemos

compreender que as escolhas do homem não podem ser diferentes da sua

natureza, como diz Jeremias “Pode acaso, o etíope mudar a sua pele ou o

1 Fonte: http://www.escorpiao.vet.br/parabola.html

2 Frase do filósofo suíço Jean-Jacques Rousseau

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leopardo, as suas manchas? Então, poderíeis fazer o bem, estando acostumados a

fazer o mal.” (Jeremias 13.23). Muitas pessoas creem que o homem tem uma

liberdade de escolher entre o bem e o mal, a essa liberdade os homens dão o

nome de “livre-arbítrio”, mas não é isso que a Bíblia nos ensina, pelo contrário

nossas escolhas não podem ser livres da corrupção de nosso sujo coração.

A essa escravidão a nossa natureza pecaminosa, que nos torna incapaz de fazer

uma escolha boa, os teólogos chamam de “Depravação Total”.

Portanto para entendermos a Salvação do homem é importante entender que o

homem é incapaz de salvar a si mesmo, a Bíblia nos ensina que pela nossa

terrível condição em pecado não poderíamos escolher servir a Deus, pois

naturalmente somos inimigos de Deus.

Vejamos mais alguns textos bíblicos que reforçam essa ideia

“como está escrito: Não há justo, nem um sequer, não há quem entenda, não há

quem busque a Deus; todos se extraviaram, à uma se fizeram inúteis; não há quem

faça o bem, não há nem um sequer. A garganta deles é sepulcro aberto; com a

língua, urdem engano, veneno de víbora está nos seus lábios, a boca, eles a têm

cheia de maldição e de amargura; são os seus pés velozes para derramar sangue,

nos seus caminhos, há destruição e miséria; desconheceram o caminho da paz.

Não há temor de Deus diante de seus olhos. Ora, sabemos que tudo o que a lei diz,

aos que vivem na lei o diz para que se cale toda boca, e todo o mundo seja culpável

perante Deus, visto que ninguém será justificado diante dele por obras da lei, em

razão de que pela lei vem o pleno conhecimento do pecado. Mas agora, sem lei, se

manifestou a justiça de Deus testemunhada pela lei e pelos profetas; justiça de

Deus mediante a fé em Jesus Cristo, para todos [e sobre todos] os que creem;

porque não há distinção, pois todos pecaram e carecem da glória de Deus,”

(Romanos 3.10-23)

“Do céu olha o SENHOR para os filhos dos homens, para ver se há quem entenda,

se há quem busque a Deus. Todos se extraviaram e juntamente se corromperam;

não há quem faça o bem, não há nem um sequer.” (Salmo 14.2-3)

Aplicação:

Que diferença faz na minha vida aprender que o homem é mau, e incapaz de

escolher o caminho correto?

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Bom, há algumas coisas práticas em meditarmos sobre isso. Primeiro isso nos

mostra como devemos nos aproximar de Deus, não orgulhosos de nossa

condição, mas de modo humilde “Bem-aventurado os humildes de espírito”

(Mateus 5.3).

Segundo, isso explica a causa do mal no mundo, o mal na sociedade não

acontece porque nossas leis são injustas ou porque se investe pouco em

educação, ainda que essas coisas possam dar uma “melhorada” na sociedade, a

causa do mal da sociedade é o homem “Mas o que sai da boca vem do coração, e é

isso que contamina o homem. Porque do coração procedem maus desígnios,

homicídios, adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos, blasfêmias.”

(Mateus 15.18-19).

Além disso, é pelo homem ser naturalmente mal que nossos filhos precisam de

disciplina, “A estultícia está ligada ao coração da criança, mas a vara da disciplina

o corrigira” (Provérbios 22.15). Porque nossa natureza é naturalmente corrupta

precisamos de disciplina, mas é importante destacar algo a esse respeito, a

disciplina corrige, mas não muda a nossa natureza, ela corrigi as consequências,

mas não a causa do problema.

Depois de tudo isso fica uma pergunta, se o homem não pode naturalmente

escolher a Deus, como existem pessoas que O servem, a Bíblia fala de pessoas

assim, muitos que podem estar lendo esse livro podem ser pessoas convictas de

que foram salvas, mas se essa Salvação não vem de minha escolha, de onde vem

ela então? A resposta para essa pergunta veremos no próximo capítulo.

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Capítulo II - Escolhidos por Deus

“Não fostes vós que me escolhestes a mim, pelo contrário, eu vos escolhi a vos

outros...”(João 15.16)

No capítulo anterior vimos que a condição do homem é tão ruim que o homem

não poderia escolher a Deus. Porém se existem pessoas que seguem a Deus e

essas pessoas não poderiam naturalmente ter escolhido servir a Deus só nos

sobra a alternativa de que o próprio Deus escolheu essas pessoas, e é justamente

isso que a Bíblia nos ensina:

“Todo aquele que o pai me dá, esse virá a mim...” (João 6.37)

“Não fostes vós que me escolhestes a mim, pelo contrário, eu vos escolhi a vos

outros...”(João 15.16)

“...não sois do mundo, pelo contrário, dele vos escolhi,...” (João 15.19)

“assim como nos escolheu, nele, antes da fundação do mundo...” (Efésios 1.4)

“porquanto aos que de antemão conheceu, também os predestinou para serem

conforme a imagem do seu Filho” (Romanos 8.29)

“logo, tem Ele misericórdia de quem quer e também endurece quem lhe apraz.”

(Romanos 9.18)

“Deus escolheu as coisas loucas do mundo para envergonhar os sábios e escolheu

as coisas fracas do mundo para envergonhar as fortes; e Deus escolheu as coisas

humildes do mundo, e as desprezadas, e aquelas que não são, para reduzir a

nada as que são;” (1 Coríntios 1.26-28)

Porém é necessário aprendermos mais uma coisa sobre essa escolha, que ela não

se baseia em qualquer característica nossa, por isso quando os teólogos falam

sobre Deus ter escolhido seu povo, desde a eternidade, sem haver nada de

especial nessas pessoas, esses teólogos usam o termo “eleição incondicional”.

Vamos raciocinar um pouco, a escolha de Deus não poderia se basear em nada

que houvesse no homem, porque todos os homens são maus. Além disso, a

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Salvação de Deus é pela graça “Porque pela graça sois salvos” (Efésios 2.8), ou

seja, um favor que não merecemos, portanto se Deus escolhesse seu povo por

haver algo de especial neles a Salvação não seria pela graça, mas pelo nosso

merecimento, e não haveria motivo de agradecermos a Deus por que nesse caso

Ele estaria fazendo apenas sua obrigação.

Também é importante salientar que Deus não escolheu seu povo porque previu

que esse povo creria nele, existem aqueles que defendem isso usando textos

bíblicos como esses “eleitos segundo a presciência de Deus Pai”(1 Pe 1.2).

“Porquanto aos que de antemão conheceu, também os predestinou para serem

conformes a imagem de seu Filho”. Nesses textos a Bíblia fala sobre a presciência

(um conhecimento prévio) e de conhecer de antemão, mas ela não fala em

nenhum momento que esse conhecer se refere a conhecer as obras futuras de

alguém e com base nisso escolher essa pessoa, concluir isso é ir muito além do

texto. Devemos fugir desse tipo de interpretação que novamente faz a Salvação

estar baseada em algo no homem, e como discutido anteriormente se fosse assim

a Salvação não seria pela Graça.

Para entender esses versículos temos que ver como a Bíblia usa a Palavra

conhecer, vejamos esse exemplo: “Pois o SENHOR conhece o caminho dos justos,

mas o caminho dos ímpios perecerá” (Salmo 1.6) Certamente se pensássemos no

sentido que usamos a palavra conhecer, Deus conhece o caminho de todos, tanto

justos como ímpios, mas uso do termo conhecer na Bíblia muitas vezes se refere

ao relacionamento especial de Deus com seu Povo, do amor d’Ele pelo seu Povo.

Com base nisso devemos entender que Deus escolhe aqueles que ele amou, sem

haver neles nada de especial, mas simplesmente porque Ele é misericordioso.

Apesar de esse ser o ensino da Palavra, muitos se opõem a esse ensino, o próprio

Apóstolo Paulo sabia dessa oposição, não é atoa que ele disse: “Tu, porém, me

dirás: De que se queixa ele ainda? Pois quem jamais resistiu à sua vontade? Quem

és tu, ó homem, para discutires com Deus?! Porventura, pode o objeto perguntar a

quem o fez: Por que me fizeste assim? Ou não tem o oleiro direito sobre a massa,

para do mesmo barro fazer um vaso para honra e outro, para desonra?” (Romanos

9.19-21). O apóstolo coloca cada um em seu lugar, quem somos nós para

questionarmos nosso Criador? Aquele que nos criou não tem direito de fazer com

sua criação aquilo que Ele bem entender? “porque Deus é maior do que o homem.”

(Jó 33.12). “Todos os moradores da terra são por Ele reputados em nada; e

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segundo a sua vontade, ele opera com o exército dos céus e com os moradores da

terra; não há quem lhe possa deter a mão, nem lhe dizer: Que fazes?” (Daniel

4.35).

Visto que a Bíblia ensina que Deus escolhe o homem, algumas pessoas

questionam que sendo assim não é necessário evangelizarmos. A Bíblia ensina as

duas coisas, que Deus salva o homem e que devemos pregar o evangelho, pois é

por meio da pregação do evangelho que Deus salva o seu povo. “aprouve a Deus

salvar os que creem pela loucura da pregação” (1 Coríntios 1.21). Prestemos

atenção nesse versículo, é Deus quem salva, e para isso Ele usa um meio, e esse

meio é a pregação.

Aplicação

O que muda na minha vida de eu aprender que é Deus que escolhe seu povo?

Se você odeia o pecado, se preocupa com o pecado na igreja, sonha com a justiça

de Deus, sente fome quando não se alimenta com a Palavra de Deus, ama

principalmente aqueles que também têm esse desejo, então, sendo essas

características que a própria Bíblia coloca como característica do verdadeiro

cristão3 cabe a ti se prostrar ainda mais diante de Deus, pois não foi você que

escolheu esse caminho, mas o próprio Deus, que o amou desde a eternidade,

afinal nós o amamos porque “Ele nos amou primeiro”(1 João 4.19). Saber isso deve

lhe trazer humildade de saber que não há nenhum mérito em você, mas que você

foi salvo da condenação apenas pelo amor incondicional d’Ele.

Caso você ainda se diverte no pecado, não cabe a você ficar pensando se você foi

ou não eleito por Deus, mas há esperança de que se você se lançar

verdadeiramente na presença d’Ele você será salvo, sabendo que isso só

aconteceu porque o próprio Espírito de Deus mudou seu coração, e somente a

Deus deve ser dado todo o louvor. “Todo aquele que o pai me dá, esse virá a mim;

e o que vem a mim, de modo nenhum lançarei fora” (João 6.37).

Saber da eleição de Deus também nos dá esperança na evangelização. Se

dependesse da escolha do homem, o trabalho seria muito penoso, pois como

poderíamos convencer homens pecadores a mudar seus caminhos que lhes são

tão agradáveis? Além disso, sempre cairia sobre nós o peso de pregarmos e não

3 Para saber mais sobre as características dos verdadeiros cristão, leia a epístola de 1 João.

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vermos as pessoas convertidas, sempre nos sentiríamos frustrados. Mas saber

que é Deus quem salva nos da esperança de ver ser salvo mesmo o pior dos

pecadores, de ter ousadia para pregar nas cidades mais entregues ao pecado,

porque “não depende de quem quer ou de quem corre, mas de usar Deus a sua

misericórdia.” (Romanos 9.16). Louvado seja o Nosso Deus por isso.

Agora, há algo mais para refletirmos. A Bíblia ensina que Deus é justo, ele não

poderia simplesmente ignorar o pecado, também ensina que Ele é santo e não

pode simplesmente ter comunhão com nós pecadores. Algo é necessário para que

Deus possa perdoar aqueles que Ele escolheu e continuar sendo justo. Como isso

pode ser possível? Veremos isso no próximo capítulo.

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Capítulo III - Escolhidos em Cristo

“Ela dará a luz a um filho e lhe porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu

povo dos pecados deles” (Mateus 1.21)

No último capítulo vimos que Deus escolhe o seu povo, porém uma pergunta foi

deixada no ar. Como Deus pode salvar seu povo e continuar sendo justo? Talvez

nem todo mundo tenha compreendido porque o fato de Deus salvar o seu povo o

tornaria injusto, por isso vamos usar uma historinha para ilustrar isso.

Vamos imaginar que um assassino esta de frente a um juiz, esse assassino

desrespeitou uma lei do país onde ele morava. Nesse país a pena para o

assassinato era a pena de morte. Portanto se o juiz é justo, se a lei do país diz

que quem assassina deve morrer, cabe ao juiz condenar esse homem a pena de

morte. Porém imaginem que o juiz diga assim “Eu sei que você descumpriu a lei,

mas se você simplesmente se arrepender eu declaro você inocente, porque eu sou

um juiz misericordioso”. Perceberam que fazendo isso o juiz não seria um juiz

justo.

A Bíblia ensina que “a alma que pecar essa morrerá” (Ezequiel 18.4). Porém ao

mesmo tempo há promessas de perdão em todo tempo na bíblia “Vinde, pois, e

arrazoemos diz o Senhor; ainda que os vossos pecados sejam como a escarlata

eles se tornarão brancos como a neve; ainda que sejam vermelhos como o

carmesim, se tornarão como a lã”. (Isaías 1.18). Mas como Deus pode perdoar sem

ser injusto?

Na carta do apóstolo Paulo aos Romanos, o apóstolo responde essa pergunta:

“Pois todos pecaram e carecem da glória de Deus, sendo justificados gratuitamente,

por sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus, a quem Deus propôs

no seu sangue, como propiciação, mediante a fé, para manifestar a sua justiça, por

ter Deus na sua tolerância, deixado impune os pecados anteriormente cometidos;

tendo em vista a manifestação da sua justiça no tempo presente, para ele mesmo

ser justo e justificador daquele que tem fé em Jesus” (Romanos 3.23-26).

O texto citado anteriormente, não é tão simples de se entender. Porém podemos

entender que por meio de Cristo, Deus pode salvar o seu povo e continuar sendo

justo, porque Cristo pagou o preço, sofreu a punição que merecíamos pelos

nossos pecados “Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas, cada um

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andava pelo seu caminho, mas o SENHOR fez cair sobre ele a iniquidade de nós

todos.” (Isaías 53.6)

Resumindo tudo que vemos até agora podemos dizer que: O homem é incapaz de

se salvar e de escolher servir a Deus; o próprio Deus escolheu o seu povo; e Deus

salvou o seu povo por meio da obra de Cristo na cruz.

Compreendendo essas coisas, segue-se necessariamente que Cristo não morreu

por todos os homens da humanidade, mas apenas por aqueles que desde a

eternidade o Pai escolheu. Os teólogos chamam isso de “expiação limitada”.

Vejamos alguns textos que falam que Cristo salvou o seu povo, que Ele salvou

muitos (não todos), que ele deu a vida pela sua igreja:

“Ela dará a luz a um filho e lhe porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu

povo dos pecados deles” (Mateus 1.21).

“com seu conhecimento justificará a muitos, porque a iniquidade deles levara sobre

si... ...levou sobre si o pecado de muitos” (Isaías 53-11,12)

“a igreja de Deus, a qual ele comprou com o seu próprio sangue.” (Atos 20.28).

“Como também Cristo amou a igreja e a si mesmo se entregou por ela,” (Efésios

5.25).

Podemos encontrar alguns textos bíblicos que falam de Cristo salvar a todos, ou

todo o mundo. Porém esses textos não discordam daquilo que aprendemos até

aqui, quando usamos a palavra todos geralmente não queremos dizer todas as

pessoas do mundo. Por exemplo, imagine que você organiza uma festa de

aniversário, e só falta um convidado, você liga para essa convidado e diz: “Todo

mundo já está aqui”, mas com isso você não se refere a todos os habitantes do

mundo. Na Bíblia esses termos “todos” ou “mundo” se relacionam a todos os tipos

de pessoas, de diferentes raças, homens e mulheres, etc. “Digno és de tomar o

livro e de abrir-lhe os selos, porque foste morto e com o teu sangue compraste para

Deus os que procedem de toda tribo, língua, povo e nação” (Apocalipse 5.9).

Vamos supor por um momento que Cristo tivesse morrido por todos os pecados

de todas as pessoas do mundo, então eu lhe faria uma pergunta: “Porque todas

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não foram salvas?” Você poderia dizer: “Porque elas não creram”. Então

poderíamos responder “mas não crer também não é um pecado? se Cristo não

morreu por todos os pecados de alguém como posso ainda confiar na obra

d’Ele?”. Dizer que Cristo morreu por todos é dizer que Cristo não salvou ninguém,

mas de acordo com o que já estudamos, é Deus quem escolhe o homem, Cristo

não se entregou a morte e esperou que aqueles que creem nele sejam salvos, se

fosse assim os homens não seriam salvos pela obra de Cristo e sim pela escolha

deles, nesse caso o homem agradeceria apenas a si mesmo por ter sido esperto e

ter feito a escolha correta e já vimos que o homem é incapaz de fazer essa

escolha. Como temos aprendido a Salvação é uma obra de Deus, e, portanto Deus

entregou Cristo, para morrer e salvar o seu povo apenas.

Vejamos mais um texto bíblico que confirma isso que temos estudado: “Eu sou o

bom pastor. O bom pastor dá a vida pelas ovelhas... Mas vós não credes porque

não sois das minhas ovelhas. As minhas ovelhas ouvem a minha voz, eu as

conheço, e elas me seguem” (João 10.11, 26-27). Nesse texto Jesus diz que deu a

vida pelas suas ovelhas, e que aqueles que não creem nele não são das suas

ovelhas. Cristo deu a vida d’Ele apenas pelo seu povo, de modo que somos salvos

pela obra d’Ele somente, todos aqueles por quem Cristo morreu serão salvos, e

um dia virão a crer. Cristo não morreu por aqueles que nuca virão a crer n’Ele.

Podemos ter certeza que Cristo não derramou nenhuma gota do seu sangue em

vão.

Aplicação

Aprender que a obra de Cristo foi perfeita, muda o modo com o qual olhamos

para sua obra, sabemos que a obra na cruz foi perfeita de modo que salvou todos

aqueles que foram escolhidos desde a eternidade. Não devemos olhar para Cristo

como um miserável que clama as pessoas para crerem n’Ele, mas como o

vitorioso que comprou o seu povo com o seu sangue. “E a vós outro, que estáveis

mortos pela incircuncisão da vossa carne, vos deu vida juntamente com ele,

perdoando todos os nossos delitos; tendo cancelado o escrito de divida que contra

nós e que constava de ordenanças, o qual nos era prejudicial, removeu-o

inteiramente, encravando-o na cruz; e despojando os principados e as potestades,

publicamente os expôs ao desprezo triunfando deles na cruz.” (Colossenses 2.13-

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15). Tendo o conhecimento disso, sabemos que toda glória deve ser dada ao

“Cordeiro que foi morto antes da fundação do mundo” (Apocalipse 13.8).

De que modo que aqueles que o Pai escolheu desde a eternidade, pelos quais o

filho morreu virão até Deus? É isso que veremos no próximo capítulo.

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Capítulo IV - Um chamado irresistível

“Certa mulher, chamada Lídia, da cidade de Tiatira, vendedora de púrpura,

temente a Deus, nos escutava; o Senhor lhe abriu o coração para atender às coisas

que Paulo dizia.” (Atos 16.14).

Para prosseguirmos, é importante ter em mente o que já estudamos,

principalmente aquilo que vimos no primeiro capítulo, sobre a incapacidade do

homem de vir até Deus.

Como então o homem se volta para Deus? Será que Deus arrasta o homem

contra a sua vontade?

O modo como o povo de Deus é chamado é pela palavra de Deus “aprouve a Deus

salvar os que creem pela loucura da pregação” (1 Coríntios 1.21). Nosso dever é

pregar para todos, não podemos saber quem Deus escolheu, porém Deus muda o

coração daqueles que são seus para que eles passem a crer em Cristo.

Vejamos, por exemplo Lídia, a Palavra diz que “o Senhor lhe abriu o coração para

atender às coisas que Paulo dizia.” (Atos 16.14). Paulo pregava a Palavra de Deus,

e foi o próprio Deus que fez com que Lídia atendesse a sua Palavra.

Então assim como de certo modo o chamado de arrependimento é para todos, e

isso os teólogos nomeiam “chamado externo” apenas aqueles que são parte do

Povo de Deus tem o coração transformado de modo a virem a crer em Cristo, a

essa transformação da vontade do homem de tal modo que o homem não possa

negar mais seguir a Cristo os teólogos chamam de “Graça irresistível”. Portanto

Deus não traz o homem contra sua vontade, mas muda a vontade do homem

para que esse possa então seguir a Deus. Sem a transformação de Deus no

homem, esse sempre resistirá a pregação do Evangelho. Não é atoa que oramos

por queridos nossos que não servem a Cristo, pois é o Senhor quem nos diz que

“tirarei seu coração de pedra e lhes darei coração de carne” (Ezequiel 11.19;

36.26). Foi Deus que “resplandeceu em nosso coração, para iluminação do

conhecimento da glória de Deus, na face de Cristo.” (2 Coríntios 4.6). E é Deus

quem nos traz até Cristo “Ninguém pode vir a mim se o Pai que me enviou, não o

trouxer” (João 6.44).

Assim como pela pregação há um chamado para todos “Chamado externo” Deus

chama de um modo especial àqueles que são seus eleitos, a esse chamado dos

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eleitos os teólogos dão o nome de “chamado interno”. É desse chamado que Paulo

fala quando diz: “E aos que predestinou, a esses também chamou;” (Romanos

8.30). Ou seja, serão chamados pelo próprio Deus, todos aqueles que foram

escolhidos desde a eternidade. Por meio da pregação da Palavra os eleitos de

Deus terão o coração por Deus transformado, e se prostrarão perante Ele.

Tentando resumir o que foi dito, apesar da palavra de Deus ser proclamada a

muitos (chamado externo), nem todos ouvirão a Palavra (chamado interno).

“Porque muitos são chamados, mas poucos escolhidos” (Mateus 22.14). Mas as

ovelhas de Cristo pela qual o Bom Pastor deu a própria vida ouvirão a sua voz

porque “As minhas ovelhas ouvem a minha voz, eu as conheço, e elas me seguem”

(João 10.27).

Aplicação

Assim como tudo que aprendemos até agora, aprender que é Deus que muda o

coração do homem para que esse possa crer nos leva a exaltar ainda mais a Deus

e se humilhar ainda mais na presença d’Ele. Cabe a todos nós cumprir a Palavra

de Deus e pregar a todos os homens, porém apenas aqueles que Ele escolheu

desde a eternidade crerão n’Ele por ação d’Ele somente, de modo que se

pregarmos e alguém se converter, toda Glória deve ser dada a Deus somente, pois

Ele “nos chamou para sua própria glória e virtude” (2 Pedro 1.3) “A Ele, glória pelos

séculos dos séculos. Amém.”(2 Timóteo 4.18).

Após sermos salvos, há uma jornada pela frente, será que podemos estar certos

de que vamos seguir nela até o fim? Será que se manter nela depende de nós ou

de Deus? Sobre esse assunto falaremos no próximo capítulo.

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Capítulo V - Guardados por Deus

“Ora, àquele que é poderoso para vos guardar de tropeços e para vos apresentar

com exultação, imaculados diante da sua glória,” (Judas 24).

Até aqui vemos que o homem é incapaz de escolher a Deus, que Deus escolheu

seu povo, os redimiu pelo sangue de Cristo e os transformou de modo que eles

viessem a crer. Porém, após seguirmos a Cristo, não somos levados de modo

imediato ao céu, há toda uma caminhada, uma peregrinação até o último dia de

nossa vida. E essa caminhada, depende de quem? Será que depende de nós nos

mantermos até o fim? Poderemos tropeçar depois de começarmos a caminhada, e

voltarmos aos caminhos antigos? Será que é verdade que uma vez salvos somos

sempre salvos?

Se olharmos para a igreja veremos muitas pessoas que acabam abandonando a

fé. Alguns veem isso como um sinal de que aquelas pessoas perderam a salvação.

Há ainda outros que pensam que se pecarem, algum pecado que eles considerem

grave, perderam a salvação. Para pensarmos melhor sobre isso, devemos

lembrar-nos do que já estudamos. Vimos até agora que tudo depende da Vontade

de Deus, de modo que se considerarmos que o homem pode perder a salvação

estamos dizendo que manter a salvação do homem depende da vontade humana

apenas, e isso contraria tudo que já aprendemos. Não fomos nós que escolhemos

seguir a Cristo, não dependeu de nós. Fomos salvos pela obra de Cristo somente,

não por nossas obras para confiar de algum modo que nossa salvação

dependesse de nós. Além disso, foi o próprio Deus que mudou nosso coração, nós

não teríamos poder para fazer com que nosso coração de carne voltasse a ser um

coração de pedra. Deus não faz nada pela metade “Estou plenamente certo de que

aquele que começou boa obra em vós há de completa-la até ao dia de Cristo Jesus”

(Filipenses 1.6). Deus irá completar a obra no seu povo “E aos que predestinou, a

esses também chamou; e aos que chamou, a esses também justificou; e aos que

justificou, a esses também glorificou” (Romanos 8.30). Podemos estar certos de

que nosso Deus “é poderoso para vos guardar de tropeços e vos apresentar

imaculados diante de sua glória” (Judas 24). Cristo morreu pela sua igreja “para

apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga nem coisa

semelhante, porém santa e sem defeito.” (Efésios 5.27). Podemos confiar naquele

que nos diz “Com amor eterno eu te amei” (Jeremias 31.3) Podemos estar certos do

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cumprimento das promessas de Deus “Conservar-lhe-ei para sempre a minha

graça e, firme com ele, a minha aliança. Farei durar para sempre a sua

descendência; e, o seu trono, como os dias do céu. Se os seus filhos desprezarem a

minha lei e não andarem nos meus juízos, se violarem os meus preceitos e não

guardarem os meus mandamentos, então, punirei com vara as suas transgressões

e com açoites, a sua iniquidade. Mas jamais retirarei dele a minha bondade, nem

desmentirei a minha fidelidade. Não violarei a minha aliança, nem modificarei o

que os meus lábios proferiram.” (Salmo 89.28-34). “se somos infiéis, ele permanece

fiel, pois de maneira nenhuma pode negar-se a si mesmo” (2 Timóteo 2.13).

Com base em tudo isso, podemos ter certeza de que “uma vez salvos, sempre

salvos”. Porém é necessário ter cuidado com muitos que falam isso como

justificativa para viver no pecado, aqueles que foram salvos tem um novo coração,

o Senhor promete que “Na mente lhes imprimirei as minhas leis, também no

coração lhas inscreverei” (Jeremias 31.33). Cristo nos diz, “Se me amais,

guardarei os meus mandamentos” (João 14.15). A verdadeira salvação é

demonstrada por uma vida diferente e muitos que pensam que são salvos, na

verdade nunca foram salvos.

Uma pergunta pode ficar, mas aqueles que abandonam a fé? O Apóstolo João nos

responde isso “Eles saíram do nosso meio; entretanto não eram dos nossos; porque

se tivessem sido dos nossos, teriam permanecido conosco; todavia eles se foram

para que ficasse manifesto que nenhum deles é dos nossos” (1 João 2.19). Uma

marca do verdadeiro cristão é a perseverança, e aqueles que foram escolhidos e

salvos pelo próprio Deus, irão também permanecer pela obra d’Ele. A essa certeza

de que aqueles que o Senhor salvou permanecerão até o fim, os teólogos dão o

nome de “perseverança dos Santos”.

Há um texto muito usado para defender que o cristão pode perder a salvação, o

texto é esse “É impossível, pois, que aqueles que uma vez foram iluminados, e

provaram o dom celestial, e se tornaram participantes do Espírito Santo, e

provaram a boa palavra de Deus e os poderes do mundo vindouro, e caíram... ”

(Hebreus 6.4-6). Num primeiro momento, esse texto parece estar falando de

pessoas que foram salvas e caíram. Porém de certo modo as pessoas que

participam de uma igreja se tornam participantes de certa forma do Espírito

santo, podem ter visto ou até tido em sua própria vida um milagre, viram pessoas

transformadas pela Graça de Deus, mesmo assim elas podem nunca ter sido

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salvas. O texto não menciona em nenhum momento que essas pessoas foram

salvas. Continuando nesse texto (nos versos 7 e 8), o autor de Hebreus fala de

dois tipos de solo um que produz erva útil e outro que produz abrolhos, sabemos

pela parábola contada por Cristo que há a semente (Palavra de Deus) que cai na

pedra que são as pessoas que “creem apenas por algum tempo e, na hora da

provação se desviam” (Lucas 8.14). Com base nisso podemos entender que as

pessoas que se desviam são como solo que produz abrolhos, também são como o

solo rochoso da parábola contada por Cristo, que se desviam no momento de

provação (o autor de Hebreus escreveu para cristãos que estavam sendo

perseguidos). Portanto podemos entender que esse texto não defende que alguém

possa perder a salvação, mas que nem todos que estão em uma igreja irão

permanecer até o fim, muitas vezes é apenas o momento de perseguição que

mostra quem são aqueles que “...venceram por causa do sangue do cordeiro e por

causa da palavra do testemunho que deram e, mesmo em face da morte não

amaram a própria vida.” (Apocalipse 12.11).

Veremos na Bíblia muitas exortações para perseverarmos na fé, e podemos estar

certos de que os filhos de Deus, escolhidos desde a eternidade, são aqueles que

prestarão atenção nessas exortações porque “As minhas ovelhas ouvem a minha

voz, eu as conheço, e elas me seguem” (João 10.27).

Com conhecimento dessas coisas podemos dizer “Porque eu estou bem certo de

que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as coisas do

presente, nem do porvir, nem os poderes, nem a altura, nem a profundidade, nem

qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo

Jesus nosso Senhor.” (Romanos 8.38-39).

Aplicação

Como poderíamos dormir tranquilos, se manter nossa salvação dependesse

apenas da nossa vontade. Que desespero seria se dependêssemos de nós, pois

“Maldito o homem que confia no homem” (Jeremias 17.5). Porém podemos

descansar tranquilos, sabendo que a salvação depende dele “Bendito o homem

que confia no SENHOR e cuja esperança é o SENHOR” (Jeremias 17.7). Descansar

não significa ficar tranquilo para pecar, pois aqueles que foram salvos por ele o

amam e por isso guardam os seus mandamentos, os eleitos são aqueles que

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vivem pela fé, sabendo que nada depende de suas forças, e que só tem motivos

para louvar o nosso Deus na certeza de que para suas ovelhas “Eu lhes dou a

vida eterna; jamais perecerão, e ninguém as arrebatará da minha mão” (João

10.28).

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Resumão e Aplicação

No primeiro capítulo vimos sobre aquilo que é chamado “depravação total”, a total

incapacidade do homem de servir a Deus, de escolher servi-lo. No segundo

capítulo vimos que é Deus que escolhe o seu povo, e não faz essa escolha por

nenhuma característica especial deles, mas somente porque ele é misericordioso;

a essa escolha chamamos de “eleição incondicional”. No capítulo três vimos que

para salvar aqueles que Deus escolheu, ele enviou a Cristo para morrer por seu

povo, a esse sacrifício de Cristo pelo seu povo dá-se o nome de “expiação

limitada”. Depois vimos que Deus transforma o coração daqueles por quem Cristo

morreu, os chamando de um modo irresistível, essa é a chamada “graça

irresistível”. E por último vimos que o próprio Deus guardará até o fim o seu

povo, a isso chamamos de “Perseverança dos Santos”.

Do começo ao fim vimos que a Salvação é uma obra de Deus somente, por isso

podemos dizer que ao “SENHOR pertence a salvação!” (Jonas 2.9) e somente a ele.

Não há mérito nenhum em nós. O que tudo isso deve produzir em nossa vida?

Saber disso deve nos levar a se humilhar na presença de nosso Deus, nos leva a

não ter nada do que se orgulhar, pois “que tens tu que não tenhas recebido? E, se

o recebeste, por que te vanglorias, como se não tiveras recebido” (1 Coríntios 4.7)

“Porque d’Ele, e por meio d’Ele, e para Ele são todas as coisas. A ele, pois, a glória

eternamente, Amém!” Portanto “Aquele que se gloria, glorie-se no Senhor” (1

Coríntios 1.31).