SALOMAO, Calixto - Monopólio Colonial e Subdesenvolvimento

26
.:... Maria Victoria Mesquita Benevid® Gilberto·· Bercovici Claudineu de Melo Organização DIREITOS HUMANOS, DEMOCRACIA E REPúBLICA HoMENAGEM A FÁBIO KoNDER CoMPARATO I DIREITO 00 ESTADO t ' -- ·· ·- ·· ·-, --- - -.-.-1 Editora Qyartier Latin do Brasil São Paulo, verão de 2009 [email protected] www.quartierlatin.art.br

Transcript of SALOMAO, Calixto - Monopólio Colonial e Subdesenvolvimento

  • .:...

    Maria V

    ictoria ~~ Mesquita B

    enevid

    Gilberto

    Bercovici

    Claudineu de M

    elo O

    rganizao

    DIR

    EITO

    S HU

    MA

    NO

    S, D

    EM

    OC

    RA

    CIA

    E RE

    PBLIC

    A

    HoM

    EN

    AG

    EM A

    FBIO KoN

    DE

    R C

    oMPA

    RA

    TO

    I DIREITO 00 ESTADO t

    Bt~~IOTECA ' --

    -

    -,----

    -.-.-1

    Editora Qyartier Latin do Brasil So Paulo, v

    ero de 2009 quartierlatin@

    quartierlatin.art.br w

    ww

    .quartierlatin.art.br

  • 158 f'-iA

    NN

    AH

    ARENDT E

    A f

    iLOSOFI\ OA

    ExiSTNOA)UD\ICA

    BIB

    LIOG

    RA

    FIA

    AR

    END

    T, Hannah (1964)

    . Eichm

    arm in jerusa/em

    -a

    repor! o

    n the banality of e

    vil. N

    cw Y

    ork; Penguin Books

    .

    ---

    (1975). O

    rigens do totalitarismo: o

    antisem

    itismo, instrum

    ento de poder; um

    a a

    nlise dialtica.

    Rio de Janeiro: D

    ocumentrio

    .

    -

    __

    _

    . (1978)

    . Jew

    as a

    Paria h: Jewisb idm

    tity and politics in the "m

    odem age. N

    cw York; C

    rove.

    __

    _ . (1981). R

    ahel Vam

    hagen-Lebm

    sgeschichte einer deut;chenjdin au

    s der Roma~ttik. M

    unique: Piper. __

    _ . (2002a)

    . Les ori;,>ines du totalitarism

    e. Eichmam

    z jeru

    salm. Paris: fertn

    cias e escritos filosficos. So Paulo

    : Abril C

    ultural.

    --

    - (1993)

    . Sein

    und Zeit. Tbingen

    : Niem

    eyer.

    JAE

    GE

    R, W

    erner (1938). The first C

    reek records ofJcw

    ish rcligion nd civiliLarion. Thejouma/ -uo CO

    lON

    IAL E SuBDESENVOlVIMENTO

    VIl. ESTRU

    TURAO D

    OS M

    ON

    OPLIOS E O

    S MERCA

    DO

    S

    INTER

    NO

    S DAS CO

    LNIAS D

    entro da viso que aqui se pretende propor da histria eco

    nmica dos_

    pases subdesenvolvidos, preciso analisar a o

    utra face do sistema coloniaL

    -

    Trata-se da fqrma c

    om

    o se definiam

    as estruturas internas de o

    rganizao eco

    nm

    ica de modo a perm

    itir o funcionam

    ento do sistema e explorao

    colonial pelos mo

    noplios

    27

    Aqui interessante observar que, por se

    rem

    diversas as formas de extrao

    do sobre-v

    alor, tambm

    sero diversas as formas de o

    rganizao econm

    ica interna n

    as colnias da Am

    rica Latina e sia. Na A

    mrica Latina, se

    ndo a principal atividade a agrcola, a acu

    mulao depende de obteno de sobre

    preo sobre o capital investido. A

    ssim, fim

    damental a form

    a de apropriao dos ex

    cedentes do capital investido. Da a ntim

    a ligao entre regime m

    on

    o-

    polista de um

    lado e escravismo de o

    utro. Era este ltim

    o que permitia ex

    -

    pandir o sobre preo m

    on

    opolista para fora do mercado de co

    nsu

    mo

    .

    J na sia a situao diversa

    . Sendo a atividade colonial basicam

    ente co

    mercial, o

    sobre preo deve ser obtido a partir do com

    rcio. portanto atravs da. o

    rganizao do com

    rcio que os m

    on

    oplios estruturaro a e

    x-

    plorao coloniaL

    A) S M

    ON

    OPLIOS D

    E IMPO

    RTAO DAS ECO

    NO

    MIA

    S ESCRAVISTAS

    O trfico de escrav

    os co

    nstituiu, desde o

    s primrdios da colonizao, o

    principal item n

    a pauta de im

    portaes das colnias das Am

    ricas 28

    2 7 m

    uito_ difcil cindir, co

    mo

    pretendi~ Marx, estruturas eco

    nmicas e jurdicas

    . indisc

    u

    tivc l, por outro lado, que existe elevado g

    rau

    de re

    ciproca influncia e

    ntre elas. N

    o perodo c

    olonial, essa influncia parte

    sobretudo da esfera

    eco

    nmica, e

    specialmente

    nas c

    ini;1s. Institutos jurdicos co

    mo

    a cnco

    mie

    nda n

    a A

    mrica Latina o

    u o

    d;m

    di na

    ~s

    o

    respostas jurdicas im

    ediatas a premente

    s necessidades e

    co

    nmica

    s. Esse

    ser o

    piiro

    du

    rante todo o

    perodo formador do c

    apitalismo, que v

    ai desde o perodo

    colonial

  • 188-M

    ON

    OP

    liO C

    OlO

    NIAL (SuBDESENVOlVIMENTO

    cravo

    s a determinar o

    que se con

    sum

    iria, pois era

    m eles a escolher os produ-

    tos que seriam

    introduzidos n

    o pas.

    ;J:S Mas no s a o

    trfico de escrav

    os debilitava essas e

    co

    no

    mias. ~ intro

    -

    duo do escravo era importante elem

    ento a garantir a inexistncia deH

    u-

    xos mo

    netrios e de re

    nda nasc

    olnias. Sendo o

    trabalho e~

    a principal fonte de m

    o de obra nessas eco

    no

    mias, e

    videntemente ele era capaz de dar :J!b~t::t '-

    CAI.IXTO SAlO

    MO fiLHO

    -189

    ~Esses fatos dem

    onstram u

    m e

    no

    rme e

    ntrelaamento e.~tre trabalho es~ e poder m

    on

    opolstico privado. No casu

    al, portanto, que -;m

    gerai nas A

    mricas o

    tra6lho escravo

    mais prosperasse exa:_tam

    entc na-

    quelas colnias em

    que era

    maior o

    poder dos mo

    nopofutas privado

    s 36

    Da a en

    orm

    e dificuldade que represe

    ntou a abolio dos escr:avos (ou

    a

    extino da en

    co

    mienda);.sobretudo n

    aqueles pases em que as

    _classes pro-

    dutoras agrrias e

    ram

    mais pode

    rosas.

    forma a

    o siste

    ma e

    co

    nmico

    . E o

    fez, com

    efeito. Alm

    de no gerar rend, i~pedia a form

    ao-de re

    nda em

    outros seto

    res na m

    edida em

    que os gran.: des lati.fU

    ndios ex

    eo

    rtadorcs, i.m

    de usarem

    os escravo

    s na ativid

    ade agr-

    coi principal,tam

    bm o

    s utilizavam n

    a atividade se

    cu

    ndria de apoio e ~

    uteno do

    s engenh

    os. A

    o fz-lo, dirninuim sen

    sivelmente a dem

    anda po

    r trabalho

    assalariado u

    rbano.

    j 't

    )

    .-.,'I L:;.,-

    c/ -

    . -',/it. l-

    Note

    -se que processo

    econm

    io bastante sem

    elhante, ainda que com

    J

    Essa ltima afirm

    ao poderia fazer crer que, um

    a v

    ez abolida a escrava-

    tura (ou a enco

    mienda)

    , seria possvel transform

    ar a estrutura eco

    nmica das

    colnias. No foi isso

    o que o

    correu

    . Na v

    erdade, as eco

    no

    mias so to

    es.-

    truturalmente m

    on

    opolizadas que a abolio do trabalho

    escravo no altera

    o m

    odo de produo e em

    muitos casos s faz refo

    rar os mo

    noplios.

    -

    A lstoriografia e

    co

    nmica identifica trs possveis efeitos da abolio dos

    _diferenas do ponto de vista jurdico, o

    correu

    na A

    mrica Espanhola, A

    li, /t__,

    inexistia a escravido africana e ine..xistia o

    com

    rcio de escravos. H

    avia, entre-

    ..1

    r. tanto, in

    stituio jurdica diversa mas bastante se

    melhante e

    m seu

    s efeitos plflt~~{jj/fA eco

    nmjcos c sociais escravidoJJ. A

    enco

    mienda atribua ao

    enco

    mezufero

    -

    todos os direitos de u

    so do trabalho indgena. N

    o lhes pagava sl~io, pro

    -

    vendo apenas a subsistncia. C

    omo tal, no gerav

    a renda e tam

    pouco dem

    an-

    da interna. O

    elemento

    diferencial da enco

    mienda, que no gerava direitos ao

    seu titular, direitos de transferncia inter-vivos o

    u m

    ortis ca

    usa

    do escravo,

    decorria da maior n

    ecessidade de co

    ntrole do E~tado espanhol sobre a coloni-

    zao privada 3\

    alm da m

    aior dispo

    nibilidade de mo de obra indgena

    mais qualificada (para o

    s padres d

    a poca, evidentem

    ente), existente nas

    tribos Inca e M

    aia de Peru e Mxico, respectivam

    ente, principais reas de explorao eco

    nmica extrativa 35

    33 O

    que con

    stitui, de resto, demonstra~o da pouca iniluncia relativa das i~ituies n

    o

    processo de desenvolvimento das colnias

    , u~

    co

    mparada s estruturas eco

    nmicas.

    3 4 Isso

    oco

    rria pois tornava o ndio e

    nco

    me

    ndado 'f10ase que u

    m bem

    acessrio, ligado :. terra explo

    rada pelo seu

    titular. colonizador espa

    nhol, que devia

    responder pela segurana da

    rcgilio e da populao subm

    etida

    . Ver a respeito de o

    utros aspectos do sistem

    a, T Ycagc

    r,

    Encomienda o

    r slavery?. The spanish cro

    wn

    ss e/JOice of labor o

    rganizalion in sixtecnt.h ccntury spanish Am

    erica in Journal

    of Economic H

    istory v. 55 (4), Dezem

    bro 1995, p. 842 e ss.

    3 5 C

    omo destaca a historiografia, foi

    nessas reas que tam

    bm en

    controu o

    colonizador espa

    -

    nhol men

    os resistncia do indgena a

    o trabalho servil, pois n

    essas regieS o tolonizador

    espanhol entro~!_ e

    m c

    ontato c

    om

    um

    a grande populao indgena, j sob c

    ontrole de

    instituies centralizadas (dos respectivos im

    prios Inca e M

    aia) e acostum

    ada a produzir um

    surp

    lus eco

    nmico para o

    proveito do grupo

    dominante

    , o

    que

    no oco

    rria nas o

    utras --

    , _

    regies, em

    que a Espanha te

    ve d

    e levar adiante u

    ma guerra de dom

    inao de m

    ais de trs sculo

    s -

    v. a respeito N. W

    achtel, The lndian and lhe spanish co

    nquesl in Cambridge H

    istory of L_:tin ~~ca, v.~ Cam

    bridgc, Cambridge U

    niversity Prcss, 1984, p. 207 (237 e ss.).

    ---

    -

    escravos. U

    m prim

    eiro simplesm

    ente a tran

    sformao do escravo em

    traba-

    lhador assalariado, naqu

    elas situaes em que era im

    possvel o seu

    deslo

    ca-

    mento o

    u aproveitam

    ento em

    outra atividade

    . N

    esses casos, era c

    om

    um

    que o

    latifundirio passasse a despender m

    enos c

    om

    o liberto

    que despendia antes co

    m o

    escravo

    . C

    omo e

    m algu

    ns caso

    s era

    m pagas indenizaes expressivas

    aos lt.ifundirios pela "propriedade" das quais tinh

    am sido p

    rivados, o resul

    -

    tado era a concentrao de capitais ainda m

    aior nas m

    os dos latifundirio

    s 37

    Um

    a segunda situao possvel era aquela em

    que oco

    rria, efetivamente,

    transferncia de re

    nda. N

    esse caso a renda no se d

    esloca, com

    o hoje acredi

    -

    ta a doutrina, nem

    para o exterior n

    em para o

    setor industrial (inexiste

    nte internam

    ente e impossvel de se estruturar se

    m fluxo

    s de renda). O

    que o

    correu

    foi o

    deslocamento de capitais para seto

    res j preparados para a m

    udana na estrutura do trabalho. o

    caso das regies que j dispunham

    de setores que operavam

    co

    m base n

    o trabalho assalariado e passa

    ram

    a

    36

    37

    Cfr. R. Blackburn, Thc ove

    rthrow of colonial slavery, cit., p. 17, que divide o

    s pases entre aqueles e

    m que haveria m

    aior controle da m

    etrpole ou

    maior liberdade para a classe

    privada. Na verdad

    e essa classificao no totalmente precisa

    . N

    o necessrio que haja

    p ou

    co

    pode

    r ou

    pouco con1role da

    metrpole. Basta que o

    Estado seja controlado pelo

    s produto

    res p

    rivados par

  • ~ ~

    ;;v

    190 M

    ONO

    PLIO CO

    LONIAL e

    SunoESENvO

    L VIMENTO

    CAuxroSALO~O FLLHO -191

    f:V' I

    q/'

    dispor de mais m

    o de obra excedente, reduzindo-se o

    seu cu

    sto. Para o

    } 'r

    '

    . liberto, j trabalhador assalariado, no h transferncia relevante de renda,

    (,.(f' -\

    pois a oferta abundante de mo

    de obra faz co

    m que seu

    salrio mante

    nha-(f'~J;.

    J.; 1

    se a nveis de subsistncia. r

    '-

    Apenas n

    um

    a terceira situao, nas regies em

    que havia grande dispo-

    I'~ ,-!

    ,/'~ r

    1. ..r1

    ntt?11 (

    ' nibilidad

    c de te.rra em

    reas acessveis aos libertos, criou-se co

    nco

    rrncia fjl.

    ( c:

    pela ~o-de-obra e, portanto, possibilidade de transfe

    rncia de renda /'f

    bJ rr

    massa assalariada. M

    esmo

    nessas regies, c

    om

    o relata tam

    bm Furtado, a

    ,; .

    demonizao do_ trabalho gerada pela escravido fez co

    m qu

    e os libertos bt,~ I ~

    I() preferissem

    apenas manter o

    mesm

    o nvel econm

    ico de subsistncia, di-;

    r m

    inu.indo suas horas d

    e trabalho. O efeito foi portanto o

    de aum

    ento

    de ;lc. f..t (r

    [ horas de la

    zer, no havendo aum

    ento do fluxo de renda e n

    em, o

    que se

    ria m

    elhor para os tnve

    stimentos, form

    ao de poupana 38.

    A e

    co

    no

    mi m

    on

    opolista/escravista impediu portanto a form

    ao de dem

    anda e fluxos de renda n

    as econom

    ias dela dependentes, o que sobre-

    man

    eira dificuftou o se

    u desenvolvim

    ento e

    co

    nmico. C

    ontraprova disso

    que exatam

    ente aquelas regies latino-am

    erican

    as em

    que foi men

    or a pre

    -

    sena dos escravos o

    u ndios encom

    endados e em

    que se fez necessrio ro

    m-

    per o m

    on

    oplio de im

    portao da metrpole para garantir a subsistncia

    das regies extrativas foram

    as que mais desenvolveram

    o seu

    mercado in

    -

    terno, com

    reflexos positivos n

    o desenvolvim

    ento econmjco n

    o p

    erodo inc!,ustrial. Isso o

    correu

    particularmente co

    m C

    hile e Argentina

    , pases be-

    neficirios..de co

    mrcio intra-regional, que serviram

    durante muito tem

    po co

    mo

    regies provedoras de meios de subsistncia s

    regies da Am

    rica Espanhola o

    nde se fazia extrao de minrio (Peru, C

    olmbia). A

    i tambm

    no vigorou o

    regime da en

    com

    ienda, ex

    atamente por no se localizarem

    nas

    regies de explorao mais im

    portantes para os espanhis (Peru e M

    xico). A

    inda que, mes m

    o n

    essas regies setentrionais da Am

    rica Espanhola,

    tenha sido tambm

    grande o grau de m

    on

    opolizao no

    campo (o qu

    e

    dificultou a ~anso da riqueza e a formao de dem

    anda interna), ainda assim

    , cli:iran~rto tempo, criou-se u

    m rico co

    mrcio interregional, inclu

    -

    sive de man

    ufaturas de pequeno valor, que possibilitou fluxo de renda e

    riqueza nas regies produtoras dessas m

    ercadorias.

    8) A INSERO DOS M

    ONOPLIOS PRIVADOS NA

    S ECONOMIAS ASITICAS

    ( O

    quadro geral descrito das econom

    ias da Am

    rica Latina no

    perodo \ \

    colonial de um

    mo

    noplio de

    Estado ma~~~ado e dirigido pelo Estado,

    \

    38 Cfr. C. Furtado, form

    ao eco

    nmica do Brasil. d!,.. p. J47~ ss _

    _ _

    --:

    fortemente base

    ado no

    sistema esc

    ravista. Exatamente por essa direo es

    -

    tatal, os objetiVs do m

    on

    oplio se co

    nfundem co

    m os objetivos das m

    etr-

    poles quela poca, quais sejam, a expanso territo

    rial.

    No assim

    n

    a sia. O

    m

    on

    oplio em

    inentem

    ente privado, exercidc

    pelas diversas Trade Companies colo

    niis, e seu carter predom

    inantemen

    te com

    ercial. Esse era, de resto, o interesse tanto da C

    ompanhia qti;m

    to d~ prpria Inglaterra e da H

    olanda (principais potncias com

    erciais do nortf

    da. Europa), n

    os sculos XV1 a X

    VIII. N

    o se baseia nem

    na propriedadf

    da terra nem

    na prop

    riedade de esc

    ravo

    s.

    So diferenas relevantes, com

    importantes co

    nseqncias para a coloruza

    o. Sendo baixo, por assim dizer, o

    investimento de capital fixo (terra e cscra

    vos), h m

    uito maior m

    obilidade geog

    rfica e de produto (na linguagerr m

    oderna, muito

    maior po

    ssibilidade de substituio geogrfica e de produto) Essas afrrm

    aes poderiam dar a im

    presso inicial de que o m

    on

    opli( seria m

    ais dbil ou

    quase inexistente nessas regies, por fora das alternati

    vas geogrficas e de produto existentes. No h c

    om

    o n

    egar a veracidade

    dessa aftrmaat>, co

    m im

    portante restrio de que ela no aplicvel para a: ec~omias que o

    ra releva estudar, i.e., das colnias.

    As alternativas

    , quando existiram

    , foram

    pra as metrpoles. O

    carte co

    mercial e no inte

    nsivo em

    capital ftxo39 da atividade perm

    itia um

    a rpi

    da substituio de matrias prim

    as a serem expo

    rtadas para a Europa. Ess:

    substituio sempre com~dad:rpelos m

    on

    opolistas. Era tal o significadc

    de seu poder m

    on

    opolista que isso lhes permitia inclusive co

    ntrolar a forma

    o de gostos em

    relao a especiarias no

    mercado eu

    ropeu. Primeiro o

    ac:u depois o

    caf e o ch, etc.

    Nas colnias, a

    o co

    ntrrio, o que se observa u

    ma insero progressiv

    da estrutura mo

    nopolstica n

    as econ

    om

    ias regionais, de m

    odo a possibilita a dom

    inao e a extrao de lu

    c ros e~aordinrios. Ela seguiu, n

    a sia do

    scios XV

    II e XV

    lii, duas lgic~ -distintas que devem

    ser percorridas. E

    m prim

    eiro lugar, importan~entendcr que a colonizao mais dura

    doura da sia e qu~ui se faz referncia a das grandes potncias com

    er

    ciais europias des~ca, H

    olanda c Inglaterra. No se alude s colonizae

    39 bem

    verdade que a fase lndia Com

    pany c o

    utras fize

    ram

    imensos investim

    entos fixe

    no

    s portos ingleses. em

    navios e instalae

    s co

    merciais n

    as prprias c

    olnias. m

    as e

    st; ltim

    as servia

    m basicam

    ente co

    mo

    entrepostos c

    om

    erciais, para o

    co

    mrcio de diferent<

    merc

    adorias e co

    m diferentes regies da sia

    -v. N

    . Tarling. Tile e

    scablishment of ri:

    colonial regime in C

    ambridgc H

    istory of Southeast Asia, v

    ol. 2, Cam

    bridge. Cambrid~ U

    niversity Press. 1992, p. 9.

  • 192 -

    MO

    NO

    f'LIO COLONI~L E 5UBDESENV0L VIMENTO

    espanhola e portuguesa, baseadas n

    a o

    cupao territorial e j _no

    incio do sculo X

    VII e

    m &

    anca decadncia na sia, o

    nde era

    m substitudos pelos

    colonizadores holandeses e ingleses.

    A lgica da colonizao desses ltim

    os no era territorial, inas sim

    co-m

    ercial. H tam

    bm m

    arc

    adas variaes e

    ntre a forma holadesa.dc c

    oloni-zao e a v

    ariante inglcsa,

    ainda que am

    bas sejam realizadas

    atravs de em

    presas coloniais. interessante segui-las, pois ajudam a esclarecer a lgica m

    on

    opolista c, ao

    mesm

    o tem

    po, as imensas dificuldades criadas pelo sistem

    a. J e

    m se

    u incio, a partir de m

    eados do sculo XV

    I, a colonizao holan., desa, c

    on

    centrada n

    o sudeste asitico (sobretudo Jac

    arta e Java), foi m

    arca-

    da por intensa co

    mpetio e

    ntre grupos de com

    erciantes de diversas cidades

    _Eelo lucrativo c

    om

    rcio da regio. A colonizao e

    ra e

    nto tipicamente co

    -

    mercial, c

    om

    sucessivas frotas de n

    avios, indo e v

    oltando da regio. Com

    o as m

    erc

    adorias era

    m escassas e dom

    inadas por elites locais, o prim

    eiro efeito desse sistem

    a de "livre co

    mrcio"Toi o

    au

    mento de preos e, c

    on

    centrao

    de lucros nas m

    os dos co

    merciantes n

    ativos. Aps su

    cessivos an

    os de ren

    -

    dimentos decrescentes e perdas, e aps longas discu

    sses, os c

    om

    erciantes

    holandeses chegam

    a um

    aco

    rdo, co

    nstituindo u

    ma nica c

    om

    panhia, a D

    utch East India Com

    pany, que recebeu o privilgio real (em 20 de m

    aro de 1602) e o

    direito de mo

    noplio de explorar as colnias asiticas 40

    N

    a v

    erdade, tratava-se de u

    ma c

    ooperao institu

    cionalizada, pois todos os gru-

    pos dela tornara

    m-se

    acionistas, co

    mbinavam

    e dividiam e

    ntre si as regies

    a sere

    m exploradas e repartiam

    os lucros.

    O

    mo

    noplio ainda no estava, e

    ntretanto, garantido. A razo que o

    s

    direitos recebidos protegiam a D

    utch East In dia c

    ontra a c

    on

    co

    rrna interna holandesa,

    mas n

    ada podiam estabelecer e

    m relao a o

    utros pases. E os

    mares do sudeste asitico e

    ram

    nessa poca alvo de intensa co

    mpetio

    com

    Espanha, Portugal e sobretudo Inglaterr a, a potncia e

    mergente poca. A

    soluo adotada para fazer frente a esse problem

    a exigia um

    abandono da filosofia puram

    ente com

    ercial, vigente at ento. Era n

    ecessrio que a em

    pre-sa

    colonizado

    ra se

    estabelecesse em

    portos na regio, c

    on

    struindo armazns e

    fortificaes, fazendo aco

    rdos co

    m o

    s chefes locais. Era preciso, e

    m su

    ma,

    inserir-se mais n

    a eco

    no

    mia e n

    a so

    ciedade da regio, influenciando inclusive o poder potico, para ter garantido seu

    mo

    noplio. A

    lm disso, obviam

    ente,

    40 Cfr. G

    . Ma.sclm

    an, Dutch Colonial Policy in thc Seventeenth C

    entury in The journal of eco

    no

    mic history,

    v. 21, n. 4 (Occember 1961 ), p. 455 (459).

    CAU

    XTO S,\LO

    MO fiLHO

    -193

    era

    preso garantir a soberania atravs de meios blicos, se n

    ecessrio. a cham

    ada potica de trade and w

    a1"1

    A partir de 1619, o

    s holandeses estabelecem

    a sua soberania e prevalncia

    no

    sudeste asitico aps sucessivas batalhas com

    os ingleses. A potica colonial

    holandesa que se estabelecer a partir de ento e perdurar por todo o sculo

    :xyii, perodo de predomnio holands n

    a regio, ser mais e m

    ais baseada no

    domnio territorial e n

    a explorao do trfico inter-asitico, alm das expo

    rta-

    es para a Europa. Para tanto, estabelecem possesses, desalojando espanhis e

    portugueses, na C

    hina e no

    Japo. O trao m

    ais importante dessa explo

    rao m

    on

    opolista, que responder em

    boa parte por sua decadncia e pelo

    predom-

    nio dos ingleses a partir do ino do sculo XV

    III, o fato de que a D

    utch East Irrdia

    proibia a seus funonrios, inclusive o

    s estabelecidos nas possesses, de

    realiZar qualquer tipo de co

    mro. N

    o formava renda e no fixava, portanto,

    os colonos n

    a regio. Isso cnfj:aqueceu se

    us liames c

    om

    a populaq c a prpria eco

    no

    mia local. A

    partir do final do sculo XV

    II, as possesses holandeses do sud

    este asitico reduzem-se aJava e Jacarta. A

    fraqueza dos liames co

    merciais,

    aliada decadna da Holanda co

    mo

    potncia colonial, faz com

    que ein 1820, n

    as poucas colnias que lhe restaram, o

    mo

    noplio da D

    utch East India seja substitudo pelo m

    onoplio estatal 42

    , co

    m utilizao do sistem

    a de plantation,

    no

    s moldes das colnias portugu

    esas e espanholas na A

    mrica.

    A colonizao holand

    esa na sia, vista a partir do desen

    volvim

    ento dos m

    on

    oplios, marcada por u

    ma crescente insero do m

    on

    oplio na socied

    -

    de, de forma a pe

    rmitir a extrao de lucros extraordinrio

    s, at o ponto de-

    transformar

    -se em

    verdadeira o

    cupao territoriaL Essa crescente inse

    ro dos m

    on

    oplios no

    aparato estatal se faz aco

    mpanhar tam

    bm de cresce

    nte deca-dna eco

    nmica das regies coloni-adas n

    o sudeste da sia. O

    paralelismo

    no parece ser fortuito. A

    final, a no form

    ao de renda e

    m setores exteriores

    ao

    mo

    noplio resultado n

    atural, e

    spealmente n

    as eco

    no

    mias coloniais;8o-~prio funcionam

    ento dos mo

    noplio

    s. A

    diferena est, nonnalmente,~-~

    grau e na extenso da drenagem

    de recurso

    s.

    -

    O siste

    ma colonial ingls diverso do holands e

    xatam

    ente na extenso

    .

    Por ser mais tardio, talvez tenha se

    beneficiado ex

    atamente do co

    nheci-

    mento de problem

    as que levaram decadna do sistem

    a con

    corrente. O

    41

    42 ar. G

    . Maselm

    an, Outch Colonial Policy in lhe Seventeenth Century, cit., p. 460.

    V. R. Elson, lntemational Com

    mi!I'Ce,.lhe State a

    nd Sodety: Econo

    mic a

    nd Social Change in C

    ambridge H

    istory o

    r 5outheast Asia, v

    ol. 2, Cam

    bridgc, Cam

    bridge University Press,

    1992, p. 131 (137).

  • 19

    4 -M

    ON

    OI'lto C

    OlNtAl E SuBOI:SENVOl vtM

    fNTO

    sculo XV

    III marca ex

    atamente esses ev

    entos, decadncia de um

    c cresci-m

    ento do o

    utro sistema.

    A diferena no est n

    a progresso da colonizao. O

    s ingleses assim

    co

    mo

    os holandeses, c at para desal9j-los, tiveram

    de se inserir crescente-

    mente n

    os assu

    ntos internos c tran

    sformar tam

    bm crescente~~nte a colo-

    nizao de com

    ercial em

    tcrritorial 43."Tratava

    -se de co

    ndio essenCial para a garantia do m

    on

    oplio. Ocorre que o

    colonialismo ingls, m

    esmo quando

    aco

    mpanhado de o

    cupao territorial, sempre pro

    cu

    rou

    permitir a criao

    de renda para aqueles que trabalhavam

    co

    m o

    u para o

    m

    on

    oplio. E

    m

    particular na ndia, o

    nde enco

    ntrou um sistem

    a so

    cial j co

    m raw

    vel grau de o

    rganizao, co

    m as dife

    rentes castas responsveis cada u

    ma por u

    ma

    atividade social e eco

    nmica bem

    especfica. . T

    alvez por ter aprendido c

    om

    os erros dos colonizadores anterio

    res da regio (portugueses, e

    spanhis e holandeses), os ingleses no interferiram

    ac

    entuadam

    ente nessa o

    rganizao. At porque, se

    ndo o objetivo puram

    ente e~onmic-o, perm

    itir a subsistncia e dar 0cupao populao possibilita

    -

    va a dom

    inao econm

    ica das colnias com

    -0

    mnim

    o de dispndio de capital possvel. Isso perm

    itiu inclusive que,

    no

    mo

    mento de fragilizao

    da eco

    no

    mia inglesa (a partir de 1813), co

    m crescentes taxas de inflao,

    decorrentes (entre outros

    .fatores} do aproveitamento da situao de m

    on

    o-

    polista por parte da East lndia Com

    pany tambm

    no

    merc

    ado ingls, tenha sido possvel optar pela liberalizao do co

    mrcio

    44 A

    li j existiam as bases

    para um

    a dom

    inao eco

    nmica.

    O relevante, c

    om

    o j destacado, que sem

    pre pareceu importante para o

    mo

    nopolista, o

    u ao

    men

    os seu

    s aci~nistas (comerciantes ingleses), desen-

    volver o

    s mercados das colnias asiticas para seu

    s prprios produtos. Ain

    -

    4 3 Isso foi feito n

    o c

    aso

    ingls atravs-da.prpria fast lndia Company. Essa m

    udana do padro de colonizao de c

    om

    ercial para colonial tida com

    o responsvel pela crescente inefici

    n-

    cia -

    e co

    rrupao dentro da fast lndia Company

    -C. H

    . Philips, The E.w lnd1,1 C

    ompany

    17841834, M

    anchestcr. Manchestcr U

    niversity Press, 1940, p. 23 c s.

    44 A quebra do m

    on

    oplio foi direcionada sobretudo a permitir o

    ingresso dos co

    mercia

    ntes das provncias inglesas e

    m u

    m lucrativo co

    mrcio, que, atravs da fast lndia, era dom

    inado apenas pelos co

    merciantes londrinos. v

    erdade, tambm

    , no

    entanto, que esse rom

    pimen

    -

    to do mo

    noplio se tornou politicam

    ente justificvel em

    razllo das altas dos preos de

    vrias mercadorias n

    a Europa, ocasionad

    as, entre outros fatores, pelo m

    onoplio

    de vrios produtos e pela alta capacidade d

    e estocagem de p

    rodutos por parte da East lndia Company

    .

    Note-se que, ainda

    assim, o

    ro

    mpim

    ento

    do mo

    noplio

    no incluiu o co

    mrcio c

    om

    a Chin

    a c m

    anteve a

    s restries exportao de man

    ufaturas indianas -

    v. A. Web

    stcr, 7he pollical e

    co

    no

    my o

    f uade liberalization: the East lndia C

    ompany C

    harter Act o

    f 1813 in Econom

    ic HiSiory Revicw

    , 1990, n. 3, p. 404 (412).

    II.IXTO SALOMO FtU

    IO-19

    da que o m

    ercado interno das colnias asiticas no tenha chegado a tt participao relevante n~demanda por produtos m

    anufaturados ingleses 4

    esse objetivo levou o explorador ingls a perm

    itir e at estimular a form

    a -

    interna c regional de fluxos de renda. Esse e

    stmulo ser sem

    pre limitado

    -insuficiente, pois a possibilidade de acesso

    de produtos (em especial mam

    -laturados) das colnias ao

    rico m

    crcad? eu

    ropeu co

    ntinuar limitado

    ,

    portanto, o co

    mrcio ficar restrito ao intra-regional A

    sitico. Mesm

    o quar do da quebra do m

    on

    oplio de com

    rcio da East India Com

    pany em

    181: u

    ma das poucas restries a perm

    anecer em

    vigor ser a de envio de m

    am

    faturado

    s indianos ao m

    ercado europeu. A

    inda assim, os efeitos de

    ssa pol rica m

    eno

    s rgida sero sen

    sveis, se com

    parados asfJ.Xia total da eco

    no

    m

    promovida pelos m

    on

    oplios coloniais na A

    mrica Latina_

    O co

    mrcio regional e interno de produtos agrcolas e m

    anufaturado

    especialmente tecido

    s de l e algodo, finge nveis expressivos na. ndia c sculo X

    VIII, se c

    om

    parado co

    m as o

    utras colnias asiticas da poca. Air

    da que exista divergncia quanto ao grau e profundidade desse processo

    , ,

    historiadores afirmam

    que h evidncia de integrao regional e dos pr m

    rdios de um

    mercado n

    acional j em 1720 n

    a ndia

    46, e que, no fosse

    ocupao territorial c colonizao inglesa a partir do sculo X

    IX, isso

    pn v

    avclm

    cnte teria levado a nveis de desenvolvimento interno m

    ais cxp~ess vos quando da industrializao do sculo X

    IX47

    45

    46

    47

    Desde o

    incio da coloniz

    ao, a East lndia Com

    pany teve dificuldade em

    colocar

    produtos ingleses c e

    uropeus n

    a sia,

    motivo pelo qual durante m

    uito tempo

    teve financia

    r suas c

    om

    pras com

    importantes rem

    essas de metais preciosos

    -v. a

    respeito K

    .

    Chaudhuri, The E.1s1 lndia Com

    pany and th

    c Expor! o

    f Tre.Hure in lhe Miy Scvcnu:e

    r Ce

    ntury in The eco

    no

    mic history revicw

    , v. XVI, (1963-1964), p. 23 e ss. e tam

    b6m K.

    Chaudhuri, Treasure a

    nd /fade balances: lhe East lndia Com

    pany's export trade, 1660

    17 in The e

    co

    no

    mic history review

    , v. XXLU.968), p. 480 c

    ss. Exatamente para fazer S

    l co

    mpras m

    en

    os dependentes dos1'Til!lais~s, tentou co

    nstantem

    ente criar deman

    para seu

    s produtos. As importaes de produtos pelas colnias Asitic

    as sem

    pre permat

    ceram, ~o entanto. largam

    ente deficitrias em relao s exportaes que faziam

    de pro<

    tos das lndias

    -v. R. B

    renner, Merchants a

    nd Revolution, cit., p. 28 e ss

    ., c tam

    bm

    Webster, The policical e

    co

    no

    my o

    f uadc liberalization, cit., p. 405, citando o

    desconhe m

    ento da realidade do c

    om

    rcio pelos co

    merciantes das provncias, que c

    on

    siderav

    . poder fazer grandes e

    xportaes para as colnias.

    Cfr. T Raychaudhuri, The m

    ideighceenth ce

    ntury background in Cam

    bridge Econor H

    istory of lndia, vol. 2, Cam

    bridge, Cambridge U

    niversity Prcss, 1983, p. 3 (28). Nllo h5 c

    on

    sen

    so

    na literatura eco

    nmic

    a a

    respeito e trata

    se de u

    m debate de dift

    con

    cluso por inexistir possibilidade d

    e com

    provao histrica d

    e um

    a hiptese ou

    .qu -

    i.c, o que teria o

    co

    rrido se a lndia tivesse permanecido ind

    ependente. V. para o deb

    T Raychaudhuri, Thc m

    ideighteenth century background, ciL, p. 32 e ss

    .

  • 196-M

    ON

    OPLIO C

    oLON

    IAL E Susom

    NvOLVtM

    EN ro

    C) CO

    NCLUSO: M

    ONO

    PLIO E SISTEMA ECO

    NMICO

    NAS COLNIAS

    interessante tentar conjugar o

    s resultados, at agora esparsos, do breve passeio histrico feito

    acima pelo perodo colonial.

    Em

    primeiro lugar

    , parece claro o

    modo de insero dos m

    on

    oplios nas

    eco

    no

    mias c

    oloniais. Dois padres so e

    nto observveis, e c

    om

    par-lo

    s leva .a relevantes co

    nclu

    ses histricas. _i) U

    m prim

    eiro padro de in

    sero d

    o m

    on

    oplio no

    aparato estatal. Na

    colonizao latino-a

    mericana, 1sso

    se fez desde o incio

    , c

    om

    a metrpole

    ij.derando a c

    on

    stituio do mo

    noplio e o

    Estado colonial se c

    on

    stituindo para proteger o

    s interesses mo

    nop

    olistas. U

    ma v

    ariante histrica, ainda dentro d

    o prim

    eiro padro

    , pois seu

    s efeitos

    -econm

    icos so idnticos ao

    primeiro, a existncia d

    e um

    sistema inicial

    -

    - ~ente baseado no

    mero

    intercmbio c

    om

    ercial e que evolui p~a o

    mo

    nop-

    lio com

    ercial. Esse siste

    ma, adotado,

    orn

    o visto

    , pelos holandeses no

    sudeste

    . asitico, acaba por exigir, p

    ara que se torne possvel auferir lucros m

    on

    opolis-tas, qu

    e a empresa m

    on

    opolista se insira progressivamente

    na o

    rganizao so

    cial c acabe por con

    stituir verdadeiro

    s Estados (co

    m interv

    eno. da m

    etr-

    pole). Essa reproca dep.endn

    cia, E

    stado-m

    on

    oplio privado, aj_uda a en

    -

    tender muito d

    a realidade econm

    ic!,Spog

    tica de nosso

    s dias. H

    , no

    s_ntanto, u

    m segundo padro m

    on

    opolista, adotado e

    m relao

    s colnias./f~\ ta-se

    do e_adro

    de dominao eco

    nmica tendo c

    om

    o obje

    -

    '-

    .

    tivo princip inte

    resses co

    merciais e no

    _territoriais (ao men

    os no al o

    sculo XIX). O objetivo central desse p

    adro de colonizao era

    possibilitar

    a dominao c

    om

    ercial 48 Para tanto, o

    que im

    porta ter o c

    om

    ando da

    produo de lucros n

    o co

    mrcio e no direcion

    ar de form

    a global a ativida

    -

    de eco

    nmica da colnia

    . O

    ra, a explorao e extrao de lucros extraordi

    -

    nrios c

    on

    segue ser m

    ais efetiva, nesse caso

    , exatam

    ente pela possibilidade

    de formao de re

    nda pelos funcionrios ingleses da em

    presa coloo_i:al-e pelo

    s estam

    entos co

    merciais e m

    an

    ufatureiros locais j estabelecidos. -=

    -Evidentem

    ente, ambos o

    s sistemas propiciaram

    a explorao mo~olist:a. A

    diferena esteja talvez n

    a abrangncia. O

    sistema c

    oloniallatino-ameri

    -

    4 8 ~ v

    erd

    ade que o perodo de disputa territorial n

    a sia entre a

    s potncias e

    uropias, c

    om

    efetiva ocupalio,

    a partir d

    e 1870, historica

    men

    te co

    nsid

    erado

    colonial

    . A

    ssim,

    a

    historiografia eco

    nmica geralm

    ente trata o

    perodo estudado c

    om

    o pr

    -colonial n

    a sia.

    Ocorre qu

    e, dados o

    s objetivos do p

    rese

    nte trabalho, no factual-histrco, m

    as sim

    de re

    co

    nstru

    o dos efeitos das e

    struturas eco

    nmicas e

    stabelecidas n

    as c

    olnias, silo rele

    -

    vantes o

    s perodo

    s e

    co

    nmicos e a

    s respectivas form

    as de ocupa;!o c

    olonial. Por isso que o

    perodo pelos historiadores cham

    ado de colonial n

    a india, por se

    r posterior ao

    pe

    rodo de industrializao, inclu

    sive de

    algumas das p

    rincipais c

    olnias a

    siticas (espe-cialm

    ente ndia), ser inclu~do n~ P

  • .. 193-M

    ON

    OPLIO C

    OlO

    NIAL E SUIIIJESENVOLVIM

    ENTO

    Exceo a essa regra foram regies que no interessavam

    aos colonizado-

    res e serviam

    apenas corr{ entrepostos co

    merciais e agrcolas para produo

    :_e distribuio para as regies extrativas. o caso

    j men

    cionado de Argen

    -

    ~ tina e Chile, que produziam

    e com

    ercializavam alim

    entos paras as regies -m

    ineradoras do Peru e da Colm

    bia. Ali a possibilidade de criao de ren

    -

    -da foi maior, c

    om

    o m

    aior foi tambm

    (e _talvez c

    om

    o co

    nseqncia) a pos-

    sibilidade de diversificao ec~nmica. -

    O

    sistema ingls de colonizao, tam

    bm baseado n

    o m

    on

    oplio, per-m

    itiu da mesm

    a form

    a a explorao. As mercadorias eu

    ropias, cuja venda

    .

    -

    era

    mo

    nopolizada, atingiam

    valor de troca bastante superior s n

    ativas, que podiam

    ser c

    om

    pradas em

    diversos entrepostos com

    erciais locais. Alm

    dis-so

    , j a partir do sculo XV

    III, perodo da predominncia c

    olonial inglesa, havia m

    on

    opsnio por parte da East fndia

    Com

    pany, o que tornava as trocas

    ainda mais desiguais. N

    o mercado de co

    nsu

    mo

    havia portanto en

    orm

    e es-

    pao para extrao de sobre preo dos c?mprado

    res locais.

    No m

    erc

    ado de trabalho, essa extrao de sobre preo oco

    rria; mas de

    forma no to extensa. O

    sistema eco

    nmico indiano, baseado n

    a produo

    pelas castas, produzia desigualdades mas gerava renda ao

    men

    os n

    as cidades. O

    depauperamento m

    aior enco

    ntrava-se nos setores agrcolas de subsistncia

    e, mais tarde, n

    os setores agrcolas assalariados, dependentes das plantations.

    No havia tam

    pouco, ao m

    eno

    s no

    perido colonial com

    ercial (at fins do sculo X

    VITI), asfixia total de o

    utros setores econm

    icos. Ao co

    ntrrio, os in-

    gleses enco

    ntraram n

    a ndia man

    ufatillas regionais e com

    rcio intra-regional j razo

    avelm

    ente desenvolvidos, que procuraram m

    anter. Havia o

    interesse na for-

    mao de re

    nda e na existncia de setores autnom

    os que gerassem renda e

    criassem dem

    anda por produtos indianos ou

    at mesm

    o ingleses. C

    omo foi

    visto supra (VI, b), onde isso foi possve~ houve criao de incipiente m

    ercado interno, o

    que facilitou e antecipou a fase posterior, de industrializao.

    VIII. ESTRUTURA SO

    CIA

    t-RESYHANTE NAS CO

    LNIAS Evidentem

    ente, tal estrutura eco

    nmica te

    m im

    pacto relevante sobre o

    tecido social. toda clareza tam

    bm esse im

    pacto diferenciado em

    cada pas e regio. Elem

    entos de raa, cultura e religio influem

    decisivamente

    na form

    ao social.

    Algum

    as caracteristicas gerais com

    un

    s revelam

    -se, no

    entanto, distinta-

    mente. A

    primeira e m

    ais sria delas a contribuio dada pela estru~

    eco

    nmica m

    on

    opolista rigidez social.

    CAU

    XTO SALO

    MO FILHO

    -1 c

    O sistem

    a mo

    nopolista, estatal o

    u de grandes em

    presas coloniais, org

    nizando-se em

    torno de atividades extr;-tivas ou

    agrcolas principais e ati" dades a elas suplem

    entares, cria u

    m exrcito de indivduos ligados por la

    de subordinao a essas grandes estruturas eco

    nmicas. Qyando de seu

    d clinio, esses indivduos no tm

    alternativa seno se vincular

    -nova ativid

    de dominante.

    De o

    utro lado, esse mesm

    o sistem

    a, com

    o j observado, dificulta sobrem

    n

    eira a constituio de u

    m m

    ercado interno. No existem

    fluxos de renda e tem

    os s atividades principais, que sustem

    a demanda interna. M

    esmo es~

    atividades geram re

    nda sobretudo para o exterior.

    Ora, essa co

    njuno de fatores faz com

    que o e

    stmulo ao

    em

    preend f,!.

    _ dorism

    o seja mnim

    o. As atividades principais exportadoras, geradoras

    _ lucro, so m

    on

    opolizadas pela metrpole e co

    ntroladas pela..olig.atq.uia a t -

    ligada. Produzir para o m

    erc

    ado interno era tambm

    invivel, pois tamb

    a a metrpole m

    on

    opoliza as impor~es, muitas v

    ezes, com

    o n

    o caso

    "Brasil, proibindo at mesm

    o a proc!_uo pelos n

    acionais. Finalmente, a f:

    ta de dinamism

    o do merc~do interno-no estim

    ula o em

    preendedorisn direcionado a. n

    ovos prodtos e utilidades.

    A nica alternativa re

    man

    esc

    ente para a ascen

    so social seria e

    nto : gum

    tipo de educao, ao m

    en

    os tcnica. Essa alter~ativa era obviam

    er inexistente para o

    trabalhador servil (escravo ou

    na~vo). Restavam

    ento

    classes ~rbanas. Ocorre que essa oportunidade, po

    r seu alto cu

    sto (a educ o tinh; de se fazer

    no

    mais das v

    ezes na Europa), acabava por exis

    exclusivam

    ente para os m

    em

    bros da oligarquia.

    No havendo educao, inexistia possibilidade de ascen

    so social e, co

    seqentemente, de form

    ao de renda. No havendo criao de re

    nda i terna, no havia possibilidade de form

    ao de um

    a classe m

    dia slida C< acess""i inform

    ao e edu~ao. -

    M.e!m

    lo em

    alguns pases asiticos, onde houve tolerancia a atividac

    acessrias e formao regional de re

    nda em

    plos urbanos,sobretudo p:

    os c

    om

    erciantes intra-regionais, essa atividade-esteve longe de produzir ef

    tos para grandes camadas da populao .

    .A

    -tMioria e

    st no

    campo, em

    p: gada e

    m atividades sem

    dinamism

    o (pois no ligadas ao co

    mrcio) o

    u en1

    dedicada agricultura de subsistncia. A

    estrutura social tem

    portanto topo e base, mas no parcelas interm

    .ediri C

    omo se v

    er ao estudar a industrializao, isso representar u

    m en

    orm

    e lirr ao

    desenvolvimento do processo industriaL A

    falta de mo de obra tcnica m

    ou

    men

    os qualificada exigir, poste~ormente, quando do incio do processo

  • 2_00-MO

    NO

    PliO C

    oLONIAl r S

    unoESENVOLVl:,,ENIO

    industrializao, a importao de m

    o-de-obra. Consequentemente, a m

    assa

    oriunda do trabalho servil ser m

    o de obra ociosa, que co

    nstituir ex

    cedente m

    iservel nas vizinhanas do

    s plos urbanos e

    m form

    ao. Por o

    utro lado, esse ex

    cesso de m

    o de obra capaz de reduzir os cu

    stos do trabalho e levar, em u

    m

    crculo vicioso, diminuio

    do salrio real. O

    utra cara

    ctcrstia marca

    nte do sistem

    a, de ~erta form

    a decorrente da

    primeira, a inexistncia o

    u pouca relevncia da pequena propriedade ru

    -

    ral. A explorao eco

    nmica baseada n

    o binm

    io latirundio -

    trabalho es-

    cravo

    (ou servil) no con

    vive bem c

    om

    a pequena propriedade rural c n

    em

    co

    m o

    trabalho assalariado autn

    om

    o. O

    trabalho escravo avilta o

    trabalho, dim

    inuindo sua im

    portncia aos olh

    os do prprio trabalhador assalariado.

    Isso fez c

    om

    que nas grandes fazendas de caf brasileiras tenha rapidam

    en-

    te se tornado impossvel a co

    nviv

    ncia e

    ntre trabalhador assalariado e escra-vo, desestim

    ulando a imigrao eu

    ropia 51 Isso

    responde tambm

    por parte substancial do c

    onflito que separava o

    Norte c o

    Sul dos Estados Unidos da

    Am

    rica s vsperas da guerra civil a

    mericana de 1861. O

    s-colonos do N

    or-._

    te queriam

    co

    nquistar as. n

    ovas terras do o

    este e l implantar o

    sistema d

    e

    pequena propriedade co

    m trabalho livre

    . J o

    s sulistas exigiam que os n

    ov

    os

    Estados do oeste fossem

    escravistas.

    interessante .observar que as poucas experincias histricas nas colnias

    co

    m sisterpas de pequena propriedade c

    om

    trabalho livre resultaram em

    de-

    senv

    olviniento .das re

    spectivas regies nas etapas posteriores. o

    caso no

    apenas do oeste n

    orte

    -americano m

    as tambm

    do sul brasileiro, que hoje apresenta taxas de desenvolvim

    ento e distribuio de renda m

    uito superiores

    mdia n

    acional .. A

    ligao entre esses dois fatos histricos indbia c para dem

    onstr-lo no necessrio revisitar a rida e falsa dicotom

    ia pequena-

    grande empresa. B~ta observar que, em

    especial na fase de form

    ao dos ~

    sistemas e

    co

    nmico

    s, fundam

    ental a existn

    cia de demanda e, portanto

    , de

    renda entre a populao. A

    ssim sendo, a form

    ao inicial baseada no

    trabalho livre, n

    a pequena:propricdade c na pequena e

    mpresa agrcola fundam

    ental quando gera ren

    ct para extratos intermedirios da populao, ainda que a

    propriedade agrcola venha sofre

    r posterior processo de con

    centrao. Gerada ~cidade eco

    nmica, essas cam

    adas tero acesso educao, e seu

    s descen-dentes podero ter acesso

    educao, formando co

    ntingente adicional de

    51 C. Prado Junior m

    enciona esse fator,

    ao lado d;~ pouca c

    on

    siderao dos proprietrios com

    os im

    igrantes, decorrente do padr3o de tratamenlo desresp

    eitoso que estavam habituad

    os

    a ter em

    relao aos escrav

    os

    -v. H

    istria Econmica do Brasil, So Paulo, Editora Brasiliense

    ,

    1976, p. 187.

    CAu

    xro SALOMA

    o FJtH

    o-2o1

    mo de obra qualificada n

    o cam

    po ou

    nas cidades, m

    esmo

    que sejam poste-

    riormente desalojados do cam

    po pela grande propriedade ag

    rcola. ... .

    A) RIG

    IDEZ SOCIAL E ECO

    NMICA NA

    S COLN

    IAS LATINO-AM

    ERICANAS

    Na A

    mrica Latina, a estrutura eco

    nmica de

    scrita acim

    a ganha mais

    proteo e razes atravs da apropriao das diferenas raciais. O

    coloniza-

    dor branco ser o

    senhor latifim

    dirio, c o

    ndio ou

    escrav

    o, seu

    servo

    .

    O m

    ais importante

    -trao social da colo

    nizao da Am

    rica Latina talvez seja essa apropriao de diferenas raciais e su

    a insero dentro das estrutu-

    ras econm

    icas, de forma a criar u

    m quadro em

    que preconceito econm

    ico e racial so dificilm

    ente dissociveis.

    Em

    certas regies, essa estrutura so

    cial hierarquizada j estava pronta quando da c

    onquista e~pia. o

    caso das regies do M

    xico e do Peru,

    onde j havia

    um

    a es!!_Utura so

    cial verticali7..ada. Bastou ao

    co

    nquistador espanhol, u

    ma v

    ez v

    encidos o

    s imprios M

    aia e Inca, ocupar o

    topo

    da pirm

    ide. No por acaso

    essas regies fo~a~ exatam

    ente aquelas em que o

    colonizador e

    uropeu teve m

    en

    os dificuldade e~ utilizar a m

    o-de-obra indgena

    , j habituada produo d

    e excedente para o

    utrem52

    Em

    outras regies, a hierarquizao se fez atravs da introduo do tra

    -

    balho escravo

    . O

    escrav

    o, despossudo de todos os direitos, e

    ra a base da

    pirmide so

    cial. A

    form_a de e

    struturao do trabalho c da produo de ex

    cedente fazia, por outro lado, c

    om

    que esse escrav

    o no tivesse qualquer

    perspectiva-con

    creta m

    esmo

    quando liberto o

    u quando abolida a escrava

    -

    tura. A falta de acesso

    a terra, educao Oll m

    eios de produo de renda tornava o

    trabalhador, servil ou

    escravo

    , con

    stantemente dependente.

    O padro so

    cial estabelecido

    por essa com

    binao entre con

    centrao eco-

    nmica e trabalho servil (combinao n

    ecessria co

    mo

    visto) marcar a hist

    -

    ria posterior desses pases. Os pssim

    os padres de distribuio de renda se

    traduziro em

    pobreza metropolitana

    , sob

    retudo para os desce

    ndentes de trabalhador servil, n

    egro ou

    ndio. Discrim

    inao econm

    ica e social no m

    ai! se distinguiro, e-um~lemcntar a o

    utra no

    sentido de marginalizar e

    dificultar a ascenso de im

    ensa parcela da populao desses pases

    .

    52 Cfr. a

    respeito, M. M

    adeod, Aspecrs oi rh

    e m

    rernal e

    con

    om

    y oi colonial Spanish A

    mrica

    labour, laxation, disrribution and exchange in Cam

    bridge History of latin Ame

  • 202 -

    MO

    NO

    t>uo CO

    lON

    IAl E SuBDESENvOL vtM

    ENTO

    C\LtXTO St\LO

    ."lO FtLHO-

    20

    L ,~,c J _or,

    'trf'' . t ~

    f..;vh .,,

    O

    sistema indiano- (;!

    f!....r ,

    para a formao dos bolses de pobreza u

    rbana. d d

    r J~t~-

    Na A

    mrica Espanhola, o

    quadro no muito

    iverso, ain a que as carac-

    /fA'1 v r(i\.r

    n

    testicas geogrficas fossem u

    m pouco distintas e tam

    bm as form

    as histri--,

    cas de explorao opostas. Ocorre que, tendo sido a ph.m

    eintfase de explorao m

    ineradora, e sendo as regies

    mineiras parcas de terra arvel, c

    ria-se um

    fluxo co

    mercial e

    ntre as colnias do sul (Argentina e Chile), fornecedoras de

    gneros, e as do n

    orte (Peru, principalm

    ente), de explorao mineradora. Isso

    co

    ntribui para a criao de renda nas colnias setentrionais. N

    o se trata, no

    entanto, de fluxo expressivo. N

    as regies mineradoras, o

    padr9 autrquico e fech~qG-4a ~.:)cplorao ser seguido. Esgotado o

    ciclo minerador a partir de

    meads do sculo X

    VII, ~xplorao agrcola seguir o

    sist~ma exportador m

    on

    opolista baseado na en

    com

    ienda, cujas caractersticas feUdais, apontadas

    pelarustoriografia eco

    nmica'\ geram

    um

    a o

    rganizao econm

    ica bastante se

    melhante brasileira.

    B) SISTEM

    A DE CASTAS, COMRCIO E POB

    REZA NA NDIA

    A m

    en

    or rigidez doSistem

    a com

    ercial-colonial na ndia cau

    sa e co

    n-

    seqncia das peculiares condies so

    ciais, tpicas daquele pas.

    53 Cfr. C. Prado Junior, /-list6tia Econm

    ica do Brasil, cit., p. 257 e 258. 54

    Cfr. C. Furtado, Economia Latino Am

    ericana, cit .. p. 29.

    interno e inter-regional. Sero crescentem

    ente dotados de capacidatle finan ceira, m

    uitas vezes lig-ados o

    u ftnanciados pela prpria East India Compan~

    Atravs de instrum

    entos financeiros c

    om

    plexos para a poca, dominam

    extraem

    sobre preo dos artesos e pequenos agricultores (de pr~dutos co

    merciv

    eis e no mera

    mente de sub

    sistncia). Esse o

    caso do dandi, in

    stru m

    ento

    pelo qual o c

    om

    erciante fazia e

    mprstim

    o ou

    adiantava a m

    atri prim

    a ao arteso

    55 O

    arteso ficava ento ligado ao co

    merciante e esse passa"

    a ter virtual mo

    noplio sobre a produo futura do arteso. G

    randes com

    er

    ciantes tinham a eles vinculados m

    ilhares de artesos atravs do dandi.

    Da dependncia financeira decorria a eco

    nmica, e dela decorri"ll. a pm

    sibilidade de extrao de sobre preo. Isso faz co

    m que brevem

    ente o siste

    ma ev

    olua para o trabalho assalariado.

    Note

    -se que essa estrutura, relativam

    ente sofisticada para a poca, de cri

    dito e co

    mrcio

    convivia c

    om

    um

    a grande parcela de cam

    poneses que viviar da agricultura de subsistncia, e

    m situao

    de grande pobreza. Esse ~ co

    mo

    vem

    destacando a doutrina, um

    trao co

    mu

    m das eco

    no

    mias de lndi

    e China n

    a poca da colonizao co

    mercial. A

    mbas as so

    ciedades, antigas bem

    organizadas, co

    ntavam c

    om

    um

    setor com

    ercial de man

    ufatura e crdit bastante sofisticado, que co

    nvivia c

    om

    u

    m sistem

    a (aind~majefttrio e1 relao populao em

    pregada) de agricultura de subsistncia 56-. ~

    -Esse setor m

    ais organizado gerava c

    erto nvel de re

    nda e portanto u1 insipiente m

    erc

    ado. Esse ser um

    fator importante para a futu

    ra industri<

    55 56

    V. T Raychaudhu

    ri, The m

    id-eigltteenth century background, ciL, p. 23.

    T Raychaudhuri, The

    mid

    cightcenth ccn

    wry background, cit., p. 35, que ressalta as pri

    cipais semelhanas entre a

    s duas eco

    no

    mias n

    a poca: "The essential sim

    ilarity consisto in o

    ne point: both w

    ere traditional agrarian eco

    no

    mies w

    ith do

    mina

    nt subsistence sectc co

    -existing and partly interacting w

    ith a co

    mplcx and sophisticatcd w

    orld of co

    mm

    erc

    man

    uf.n:tures and credit

    .

  • 204-M

    ONO

    PuoCOI.O

    NIAL E SuaoESENVO\.vtM

    fNTO

    lizao. Por o

    utro lado

    , tambm

    verdade que a grande c

    on

    centrao da

    populao no

    trabalho

    rural ter g

    raves c

    on

    seqn

    cias sociais. A

    grande fom

    e de Bengala de 1943, que levou m

    orte de 2 a 4 m

    ilhes de pessoas n

    a ndia, teve c

    om

    o principais vtim

    as os trabalhadore

    s rurais assalariados.

    Segundo

    a teoria mais a

    ceita hoje, a dos e

    ntitlements d

    e A. Sen, a ra

    zo foi ex

    atamen_te a perda de poder de tro

    ca por parte desses trabalhadorcs 57

    Essa

    -explicao adapta-se perfeitamente linha principal da anlise his

    -

    . trica que se v

    em

    realizando. Sobretud

    o se a ela se agrega u

    m o

    utro dado, i.e., que de todas as c

    am

    adas afetadas a dos agricultores de subsistn

    cia foi a

    men

    os tingida (18o/o)

    , percentual m

    en

    or at m

    esm

    o que dos a

    rtesos u

    rbanos. Exatam

    ente por no fazer formalm

    ente parte da demanda po

    r

    alimento

    s, por ter um

    a man

    eira prpria de se satisfazer (um e

    ntitlement

    especfico); o

    s agricultores de subsistncia foram

    men

    os afetados. O

    setor

    mais affado foi e

    xata

    men

    te dos trabalhadores assalariados agrcolas:no por acaso

    o setor que vinha

    se

    ndo cre

    scentem

    ente co

    ncentrado

    58 F

    oi a que a queda

    do salrio relativam

    ente ao

    s preos do a

    rroz (principal fonte c

    al-rica da p

    opulao poca) foi m

    ais sentida.

    C) S D

    IFERENTES PADRES DE POBREZA E

    ssas diferentes histrias coloniais, ainda que no determinan

    tes, sem

    dvida influenciam o

    s padres de desenvolvimento p

    osterio

    r. Existe

    m c

    er-

    tas distines no

    s padres de pobreza e desenvolvim

    ento desses paises que

    co

    nyjyem co

    m as linhas m

    estras do subdesen

    volvim

    ento anteriorm

    ente tra-

    adas. Essa con

    vivncia s faz reforar a tese da prevalncia e influncia das

    57 Cr

    . A

    . Sen, Poverty a

    nd famines

    -"" essay o

    n entitlem

    ent a

    nd dr:privation. O

    xford, Clare

    ndon l'rc ss, 1981, p

    . 75 e ss

    . N

    otese que a se trata de u

    m proble

    ma de capacidade (cntit/e

    mend

    de tro

    ca. No houv

    e reduo substan

    cial na

    oferta, mas reduo da capacidad

    e de troca.

    Chama a ateno o

    fato de que os trabalhadores assala

    riados rurais (52%),

    muito m

    ais que o

    s u

    rbanos (35%) e os agriculto

    res de subsistncia e

    meeiros (sha

    recroppers), o

    s que 'Tralham

    mediante rem

    un

    erao em espcie. de parte da c

    olheita de arro

    z (em co

    njunto apena516%

    l foram

    afetados. V. para o

    s dados p. 73. A relal!o d

    e troca salrio-a

    rroz se

    d

    eteriorou

    mais e

    xatam

    ente para eles, coincidentem

    ente os sujeitos s e

    struturas mais

    co

    ncentradas de poder n

    a poca. 58

    Com abolio do m

    onoplio co

    mercial d

    a East lndia Com

    pany em

    1813, abre-se um

    perodo de ainda m

    aior co

    ncentrao agrlcola n

    a lndia. Isso

    as regras restritivas exportao das

    man

    ufaturas indianas, mantidas e

    m vigor pelo C

    harter Act de 1613 so

    mad

    os

    cre

    scente

    evoluo tecnolgica da indstria txtil

    europia, levou a

    o declnio das m

    anufatura india-

    nas. O

    s capitais ingleses, com

    estmulo do govern

    o ingls, entl!o financiaram

    no c

    am

    po as cultura de algodo e o

    utros produlos primrio

    s n

    ecessrios indstria inglesa. A

    s bases do in

    sipente desenvolvime

    nto industrial da lnda do final do sculo

    XVIII foram e

    nto elimina-

    dos. Verificar para dad

    os sobre a tran

    sfoiiflao eco

    nmic

    a d

    o perodo K. N

    . C

    haudhuri, Foreign trade a

    nd Balance of Payments in C

    ambridge Econ

    om

    ic History of lndia, v

    ol. 2, Cam

    bridge, Cambridge U

    niversity Press, 1_963, p. 804 I

  • 206-MoNOP6uoC~LONIAL i: Su

    BDESENVOLVIM

    ENTO

    econ

    om

    ias men

    os co

    nentradas e asfixiadas, que.~s latino-americanas, do-

    tadas de um

    merc

    ado nacional em

    formao, m

    as pardoxalrnente co

    m c

    on

    -

    dies de pobreza rnai~ acentuadas. O) A

    ECON

    OM

    rA EO_LONIAl E A

    PREPARAO DO

    SUBDESENVOLVIMENTO

    As relaes cau

    sais sugeridas pela anlise histrica feita acima s? bastante

    sugestivas. Nem

    absoluts nem

    determinantes, m

    as sem dvida sugestivas.

    Urna relao linear parece poder ser estabelecida. A

    submisso das col

    -

    nias aos interesses das m

    etrpoles se faz atravs do sistema m

    on

    opolista. Essa a form

    a de organizao rn.ais eficaz para extrao de v

    alor da eco

    no

    -

    mia colonial, pois perm

    ite a sua percepo e

    m vrias interaes diversas:

    co

    m o

    s co

    nsu

    midores (europeus e coloniais, e

    m relao ao

    s produtos de luxo), c

    om

    os trabalhadores (escravos, servis o

    u m

    esm

    o assalariados) e m

    es-

    mo

    em relao a o

    utros setores que se tornam dependentes o

    uen

    to so reduzidos produo para subsistncia.

    .

    Ocorre que para tanto o

    s mo

    noplios devem

    se estabelecer e organizar

    nas eco

    no

    mias coloniais. A form

    a de organizao difere segundo o

    interesse prevalente da m

    etrpole -

    agrcola, extrativo ou co

    mercial. N

    os primeiros

    dois casos, o

    rganiza-se atravs da utilizao de trabalho escrav

    o o

    u servil;

    no

    ltimo, atravs do m

    on

    oplio crescente do trfego com

    ercial e, atravs dele, da pequena produo rn

    anufatureira o

    u extrativa

    .

    A prevalncia desses interesses e sua form

    a de organizao leva a u

    rna

    asfixia eco

    nmica absoluta das colnias. N

    as econ

    om

    ias latino-americanas,

    atravs da virtual inexistncia de setores dinmicos que no o

    s exportado

    -

    res. Nas eco

    no

    mias asiticas, o

    nde existem esses setores, devem

    con

    viver co

    m u

    ma grande m

    assa

    de trabalhadores de subsistncia, com

    freqncia vivendo e

    m c

    ondies m

    iserveis. A e

    strutura social decorrente to rgida quanto a eco

    nmica

    . A

    s possi-

    bilidades de ascenso para a grande m

    assa oriunda o

    u descendente do tra-

    balho escravo

    , servil ou

    de subsistncia so mnim

    as. Tal situao im

    plica urn

    a eno

    rme desorg

    arLizao das foras de mercado.

    Inexiste demanda interna capaz de gerar oferta. M

    esmo quando presente,

    no ser dinmica, m

    as apenas geradora de impulso para bens de prim

    eira necessidade. O

    impulso para a industrializao ser pequeno e desorganiza

    -

    do. S ter dinamism

    o naqueles setores o

    nde o im

    pulso externo.

    Prepara-se a c

    en

    a para u

    ma ndustrializao desequilibrada e pouco di-

    versificada que, paradoxalm

    ente, gerar nesses pases m

    ais desigualdade e subdesenv_glvirnento

    .

    A

    Jo DAS DISP