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Patrícia  Reina  nº2011455  Comunicação  e  Design  Multimédia  –  FGT  Relações  Interpessoais  

Artigo 1

Sala de aula na universidade: espaço de relações interpessoais e participação acadêmica

Este artigo pretende descrever e analisar as relações entre professor-aluno e aluno-aluno e as razões que levam os estudantes a terem certas atitudes em sala de aula. Para este artigo participaram vinte e um professores e noventa alunos do Curso de Psicologia, por meio de questionários abertos. Foram analisadas as seguintes categorias: Estrutural, Interacional, Pedagógica, Comportamental e Comprometimento. O questionário utilizado para o estudo foi planeado para obter dados pessoais e também continha perguntas abertas destinadas à consecução dos objetivos propostos.

As relações dos alunos da sala entre si

Segundo Isabel Cristina Dib Bariani e Renatha Pavani, “…as aulas práticas acabam perdendo a característica da formação de sub-grupos, conseguindo promover um relacionamento em que os alunos interagem entre si, independentemente dos sub-grupos a que pertencem. Isto fica claro na seguinte fala de um aluno: "... a diferença é que nas aulas práticas os grupinhos se separam, havendo menos conversa e, sendo assim, é mais fácil prestar atenção, além de possibilitar a criação de grupos diferentes, o relacionar com outras pessoas".

Em relação ao professor na sala de aula, conforme destacam Kienen e Botomé (2003), “ …o professor pode influenciar a relação estabelecida entre os alunos. Assim como ele pode criar um ambiente menos individualista ao propor a realização de trabalhos em grupo, pode, igualmente, promover um campo competitivo ao comparar os alunos.”

As relações dos alunos da sala com os professores

Os alunos, em relação às aulas teóricas, respondem negativamente, não interagindo tanto em sala de aula. Segundo um estudo feito a professores, eles indicam que a diferença entre aulas teóricas e práticas é muito mais acentuada. Os alunos interagem melhor às aulas práticas do que às teóricas. Esta preferência pode estar relacionada com o facto, de que em aulas práticas (onde o número de alunos é inferior), é

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mais fácil para o professor atender melhor aos alunos. Segundo Moraes e Bernardino (2004), “ …é mais difícil de ocorrer em uma sala de aula composta por muitos alunos, como é o caso das aulas teóricas”.

Isabel Cristina Dib Bariani e Renatha Pavani afirmam que: “Esta falta de compreensão, por parte dos docentes e discentes, do quanto as relações dos alunos entre si e as relações dos alunos com os professores estão atreladas”. E segundo Moraes e Bernardino (2003), “… o professor é dotado de uma certa autoridade - mesmo que ele não seja autoritário em seu estilo pedagógico - e acaba sendo o maior responsável pelas relações que são estabelecidas em sala de aula, ainda que não tenha consciência disso”. Zuin (2003), acrescenta este pensamento, dizendo: “…quando um aluno é elogiado ou humilhado por um professor, diante de todos os seus colegas, não será apenas a relação professor-aluno que estará em pauta, mas, também, as relações dos demais alunos da sala com este estudante em questão”.

Motivos que levam os alunos a se interessar ou não pelas aulas

Isabel Cristina Dib Bariani e Renatha Pavani em relação ao interesse nas aulas dizem que, "... quando o professor sabe conduzir a aula, relacionando com a realidade, com a prática, explicando tudo o que tem que ser feito, etapa por etapa e tirando dúvidas de todos" o interesse pela aula cresce astronomicamente. Os professores acreditam que quando um aluno não demonstra interesse pela matéria dada, deve-se ao facto de não gostarem do conteúdo da matéria em questão, e acreditam que nada podem fazer para despetarem a sua atenção.

Motivos que levam os alunos a participar ou não nas aulas

O facto de um aluno interessar-se pela aula, automaticamente fica estimulado em participar nela, não querendo dizer que o aluno que não participle não esteja interessado. Apesar de um aluno não participar não é directamente conclusivo que este não esteja interessado, mas por sua vez, segundo estudos realizados, a maioria dos alunos que não participam nas aulas são aqueles que realmente estão desinteressados.

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Considerações Finais

Segundo Isabel Cristina Dib Bariani e Renatha Pavani: “…tanto para os discentes quanto para os docentes, a relação professor-aluno encontra-se dissociada da relação dos alunos entre si, a despeito de a literatura específica apontar que a maneira como os alunos se relacionam influencia o relacionamento do professor com eles, assim como a interação estabelecida entre o professor e um determinado aluno interfere na maneira como este irá se relacionar com o restante da classe”. Os alunos veêm dois grupos na sala de aula, um grupo constituído pelos alunos, e outro “grupo” constituído pelo professor.

Os alunos têm esta visão porque em sala de aula o professor é só um, e eles são vários, apesar de ser a figura mais imponente. Se numa sala de aula houvessem menos alunos, a figura do professor tornava-se mais presente e por consequência esses grupos referidos anteriormente não fossem tão notórios.

As aulas práticas mostram mais aspectos positivos em todos os estudos realizados; tanto os docentes quanto os discentes concordam com isso. É possível compreender esta preferência não apenas pelo fato de as aulas práticas contarem com menos alunos em sala de aula, mas também por serem diferenciados os procedimentos adoptados nestas, em relação às aulas teóricas. Para os professores, o que faz com que os alunos se interessem pelas aulas são questões relacionadas à técnica pedagógica, enquanto que para os alunos, não é tanto a técnica, mas a postura atenciosa do professor em contextualizar a matéria com a vida dos estudantes.

Assim conclui-se depois dos diversos estudos que a importância das relações interpessoais no processo de ensino-aprendizagem, ultrapassam o mero tecnicismo.

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Artigo 2

Música, comportamento social e relações interpessoais

Esta investigação tem como objectivo a verificação do papel da música na atracção interpessoal, escolha de parceiros e relaccionamentos afectivos. Existem várias categorias relaccionadas com o uso da música no contexto das relações interpessoais, as quatro mais desenvolvidas são: objectivos de excitação, fundo acústico, facilitadora de actividades que promovem a aproximação e artefacto mnemônico.

“No que se refere à causa e efeito biológicos, a música é inútil. Ela não aponta para um caminho que garanta objetivos como uma vida longa, a existência de netos, ou uma percepção e previsão exatas do mundo. Se comparada à linguagem, visão, pensamento social, e conhecimento físico, a música poderia desaparecer de nossa espécie deixando o resto de nosso estilo de vida praticamente inalterado1” ( Pinker, p. 528).

Steven Pinker depois de se ter pronunciado acerca desta questão, como referido anteriormente, vários estudiosos escreveram a favor da causa musical.

Foram feitas várias pesquisas em campos como a neurociência e a genética, sobre a música no ser humano, mas até o momento não existem evidências que possam comprovar a existência de um gene musical propriamente dito. Segundo Gregory (1997), “a música é um fenômeno social que vem mantendo funções tradicionais e sentidos próprios em diferentes sociedades, no decorrer da história”. Campbell dizia que para os Iorubás da África, o uso da música implica a ideia de parentesco, religião, política e economia. Já para Ilari a música está associada ao movimento corporal, ao ritual e à libertação, tal como os capoeiras veêm a música. Como sugere Gregory (1997), tanto as funções quanto os significados do fazer musica dependem de aspectos específicos de cada sociedade e cultura.

No Mundo Ocidental a música exerce funções específicas em actividades humanas. As funções da música na vida cotidiana estão claramente relaccionadas às relações interpessoais. Huron (1999) diz que a música exerce um papel importante, pois cria cenários para os relaccionamentos humanos. Defendia assim com a sua teoria que a música exerce efeitos sobre a atracção e desenvolvimento nas relações interpessoais. Na literatura científica, existe um consenso de que a

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atracção interpessoal constitui um dos componentes do desenvolvimento das relações entre os indivíduos.

“Sob a ótica da psicologia cognitiva, a atração está relacionada aos esquemas cognitivos que são construídos a partir dos ideais de parceiros e relacionamentos amorosos. Baseados em experiências pessoais, estes ideais são gradativamente construídos no decorrer da vida. Localizados no nicho cognitivo direito, os ideais exercem uma influência considerável sobre o pensamento e o comportamento nas relações interpessoais” (Fletcher, Giles, Simpson & Thomas).

Segundo vários estudos o sexo masculino valoriza mais a atração física do que o sexo feminino. “Proximidade, interação e exposição continuada aos outros indivíduos são alguns outros fatores que contribuem para o aumento da atração interpessoal” (Myers, 1993). “…uma semelhança real ou percebida entre os indivíduos também aparenta contribuir para o desenvolvimento da atração entre os indivíduos” (Myers, 1993; Reeder, 2000). Na atracção interpessoal as atitudes, crenças e valores comuns são vistos como forças poderosas, pois a atracção em si é um processo que envolve atitudes, valores e as crenças pessoais. Igualmente o mesmo pode ser dito a respeito da formação do gosto musical.

A atracção e a música apesar de parecerem ser coisas totalmente diferentes, têm algo em comum: ambas estão ligadas à indução e ao surgimento de sentimentos.

Segundo Crozier os sentimentos induzidos pela música influenciam significativamente o comportamento social. North e Hargreaves (1997) especulam que são os objectivos de excitação que explicam a selecção de diferentes géneros musicais, de acordo com os diversos contextos sociais. “Enquanto uma peça de música rápida e em volume alto pode ser usada para elevar os níveis de excitação durante uma festa ou em uma casa noturna, uma canção de embalar calma e serena pode servir para diminuir o nível de excitação da criança cansada” (Ilari, 2002; North & Hargreaves, 1997; Trehub & Schellenberg, 1995). Por outras palavras, as formas de utlização e apreciação da música variam de acordo com crenças pessoais e objetivos de excitação. “As percepções e os usos da música são comportamentos aprendidos e previamente determinados por membros de um grupo social” (Abeles, Hoffer & Klotman, 1995).

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A psicologia da música investigou recentemente qual a relacção entre a música e a atracção, qual o seu poder da música e qual a sua força na atracção pessoal. Zillman e Bhatia (1989) investigaram a relação da atração heterossexual aos estilos musicais, concluindo assim que o gosto musical influencia a atracção interpessoal. Segundo os autores, “…os estereótipos associados à música, são esquemas cognitivos que passam pelo viés de categorias impostas social e culturalmente, aparentam ser determinantes nas atitudes interpessoais”. Estes estereótipos influenciam a percepção e, consequentemente, a atracção interpessoal.

Este estudo teve três objetivos principais: determinar o papel da música nas relações interpessoais, na atracção e escolha de parceiros; os estereótipos associados aos géneros musicais e a existência ou não das funções específicas da música nas relaçoes interpessoais.

MÉTODO - Amostra

A amostra do presente estudo foi definida com base nos critérios adoptados em estudos anteriores sobre o mesmo assunto (Johnson, Trawalter, & Dovidio, 2000; Zillman & Bhatia, 1989). Para esta investigação participaram 60 jovens.

Procedimento

Na primeira parte do inquérito, o participante foi exposto a cinco pares de classificados pessoais e deveria escolher, em cada par, o parceiro que lhe parecesse mais atraente. Cada par consistiu em descrições semelhantes de possíveis parceiros, sendo que a variável música foi colocada em apenas um deles.

O participante deveria ler uma proposição e escrever um mínimo de dois adjectivos para os sete géneros musicais propostos: MPB, jazz, música clássica, samba/pagode, rock/pop e sertanejo.

A última parte da recolha de dados consistiu em questões abertas sobre sexo, idade, experiência educacional, experiência musical prévia e tempo médio de escuta musical, além de conter questões abertas relativas à importância da música nas relações interpessoais, nos namoros e noutros eventos da vida.

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Resultados e discussão

Os resultados revelaram estereótipos de personalidade. Como exemplo, na maioria dos inquéritos associaram o jazz e a música clássica a pessoas cultas e instruídas. Além disso, a música clássica foi fortemente associada aos velhos. Diferentemente, o pagode e o samba, estando associados ao carnaval e sendo a maior festa brasileira, os participantes associaram isso a pessoas extrovertidas e energéticas. O rock e a música pop foram associados aos jovens, tanto por faixa etária quanto por espírito.

Curiosamente, a maioria citou mais que três adjetivos e expressões idiomáticas para um determinado género. É possível que exista uma relação direta entre o conhecimento musical e o gosto do participante e a sua percepção dos ouvintes de música.

A última parte do estudo consistiu em três questões abertas e duas questões do tipo sim/não. As primeiras duas perguntas foram: Acha que a música exerce algum papel na sua vida amorosa? Por quê? Apenas 14% afirmaram que a música não tinha nenhuma importância na sua vida amorosa.

As outras questões envolviam a atracção interpessoal: Namoraria com alguém que tem um gosto musical diferente do seu? Por quê? Apenas 14% disseram que jamais namorariam com alguém que tivesse um gosto musical diferente do seu. A maioria dos participantes demonstrou certa abertura para namorar com pessoas com gostos musicaisdiferentes, e, também para aprender novos estilos musicais com o(a) parceiro(a).

Assim concluimos que existem questões mais importantes num relacionamento a dois do que o gosto musical, incluindo a convivência diária e o respeito às diferenças.

A última questão do estudo solicitou dos participantes uma descrição de pelo menos um episódio em que a música teve um papel importante em nas suas vidas. Apenas 8% disseram não se lembrar de nenhum momento importante. Todos os demais mencionaram um ou mais episódios nos quais a música realçou os acontecimentos das suas vidas. A música também foi citada como fonte vital de energia na adolescência, ajudando assim a combater a solidão e a raiva e a memorizar fórmulas e conceitos de unidades curriculares.

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Uma análise aprofundada dos dados da terceira parte do estudo revelou quatro usos distintos da música no contexto das relações interpessoais.. São eles:

• Objetivos de excitação – “A música tem a função de aumentar ou diminuir o estado de excitação dos ouvintes” North & Hargreaves (1997). Os indivíduos podem escolher géneros musicais diferentes dependendo do contexto social em que se inserem. Ritmo e andamento musicais parecem ter uma função importante. Em geral, música rápida serve para aumentar o estado de excitação do indivíduo, enquanto música lenta tem uma função de relaxamento.

• Fundo acústico – “A música é um elemento importante na criação de atmosferas ou ambientes sonoros, inclusive no preenchimento de lacunas deixadas pela ausência de conversação ou interação entre as pessoas no decorrer de um evento social” (veja Huron, 1999).

• Facilitadora de actividades que promovem a aproximação de indivíduos – “A música constitui a base da dança, que é um elemento facilitador de encontros interpessoais” (Crozier, 1997).

• Artefato mnemônico – “A música facilita o armazenamento de eventos significativos na memória” (Levitin, 2000). É comum casais e amigos elegerem uma música como um ícone de representação do seu relacionamento. Sendo assim, cada vez que ouvem a referida música, memórias do relacionamento podem reaparecer

CONCLUSÃO

De maneira geral, os resultados deste estudo reforçam a ideia de que a música exerce um papel importante nas relações interpessoais. Ele reforçou a ideia de que a música está relaccionada à atração, que por sua vez, está directamente ligada aos esquemas cognitivos, que são fruto de experiências e relacionamentos anteriores com colegas, pais e responsáveis.

A sugestão de Pinker (1997) de que as nossas vidas permaneceriam praticamente inalteradas com a ausência da música está longe de ser convincente. Se todas as sociedades do mundo têm mantido formas de fazer música e atribuem sentidos próprios a estas, deve haver alguma razão para tal fenómeno. Não é difícil percebermos que a música está por todas as partes, e faz parte da vida de diversos povos, religiões e formas de lazer. Além disso, a ideia de Pinker (1997) não convence porque não há uma única definição do que é a música, mas muitas definições possíveis, que ultrapassam as fronteiras do Mundo Ocidental.

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Artigo 3

RELAÇÕES INTERPESSOAIS NO AMBIENTE ESCOLAR SOB A VISÃO DE PROFESSORES DE CIÊNCIAS E MATEMÁTICA

Introdução

Hoje em dia, o mundo é constituído por mudanças que ocorrem numa velocidade acelerada, aumentando a competição entre as pessoas. O convívio social tem se tornado cada vez mais complicado.

Os traços morais distintos de uma pessoa são influenciados pelo ambiente familiar em que o indivíduo vive, nos aspectos culturais da sociedade em que está inserido, pela idade, herança genética, entre outros factores. Por sermos indivíduos diferentes uns dos outros, pensamos e agimos de forma única.

Este estudo fala-nos sobre a importância das relações interpessoais no meio escolar. O artigo está dividido em quatro partes; a primeira secção trata de como as relações interpessoais influenciam na aprendizagem dos alunos, na segunda secção discute-se as experiências sobre a dinâmica das relações, no cotidiano do ambiente da escola.

A terceira secção descreve as principais dificuldades encontradas pelos mestrandos na actuação escolar e, por último, finaliza-se com algumas soluções utilizadas pelos mestrandos para ultrapassar estas dificuldades.

A influências das relações interpessoais na aprendizagem

“Este desenvolvimento do ser humano, que se desenrola desde o nascimento até a morte, é um processo dialético que começa pelo conhecimento de si mesmo para se abrir, em seguida, a relação com o outro. Neste sentido, a educação é antes de mais nada uma viagem interior, cujas etapas correspondem as da maturação contínua da personalidade (...)” (DELORS, 1988, p. 82)

Muitos dos equívocos que cometemos em todos os níveis da nossa vida ocorrem pelos excessos.

O equilíbrio é a dose correcta para que se obtenha os melhores resultados em tudo. No meio escolar não é diferente. Segundo Mentes (1997, p. 13), “a aprendizagem mediada permite ao indivíduo

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desenvolver habilidades de pensamento eficientes, possibilitando-o tornar-se aprendiz independente e autônomo. A aprendizagem mediada e a cognição podem fazer o trajeto da aprendizagem efetiva”.

Assim, a boa relação entre professor e aluno é um dos princípios fundamentais para se desenvolver equilíbrio no sucesso do ensino.

As relações interpessoais e a aprendizagem possuem uma característica em comum. Para que venham a acontecer é necessário pelo menos duas pessoas. Nesta relação ocorre a troca de experiências, em que o aluno aprende os conteúdos e permite aos professores a tomada de acções que os conduzam a reflexões sobre suas práticas pedagógicas.

Para construção de novos conhecimentos é importante que o aluno estabeleça conexões com experiências anteriores, vivências, leituras, e atribua significados ao que está a aprender. “Os conhecimentos prévios, além de permitirem realizar um contato com o novo conteúdo, são imprescindíveis para que o aluno construa o seu conhecimento.” (MIRAS,1999).

Segundo D’Ambrosio (1999, p.89), “aprendizagem é a aquisição de capacidade de explicar, de aprender e compreender, de enfrentar, criticamente, situações novas. Não é o mero domínio de técnicas, habilidades e muito menos a memorização de algumas explicações e teorias”.

“Para ensinar precisamos nos comprometer” (FREIRE, 2001).

As situações de aprendizagem devem primar pela interação, trocas de experiências e diálogos entre os sujeitos. Proporcionando a possibilidade de livre expressão dos alunos, o professor incentiva-os a exporem suas idéias e, também, ao confronto de opiniões.

Segundo Antunes (2003) “…se há conversa entre os alunos, isso é bom. Devemos saber fazer desta notável qualidade humana uma “ferramenta” de ensino. Precisamos usar da conversa do aluno, que é o que ele tem de mais valioso em sua vida, como instrumento para um trabalho pedagógico essencial. Devemos conversar com nossos alunos e deixá-los conversarem entre si.

Ouvir um professor dizer que a aula excelente é aquela em que não se ouve uma só conversa é uma ideia ultrapassada, pois se os alunos não se expressam, pela conversa, consequentemente a aula não é produtiva. Os monólogos, proporcionados pelos professores, com uma fala longa e

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reflexiva, produzem sono nos alunos. Atitudes assim não propiciam um ambiente para a aprendizagem.

O professor que avalia a sua prática, e procura uma nova forma de trabalhar os conteúdos com possibilidades de melhoria da qualidade do ensino, devendo ser activo, actualizado, inovador, com atitudes emancipatórias, responsabilidade social e que sempre se questione em relação a sua prática, envolvendo e cativando o seu aluno, é um professor interessado pela melhoria das relações interpessoais na sala de aula.

A base para um ambiente propício no ensino e aprendizagem é o respeito.

“Em sala de aula, é comum ouvirmos as expressões “eu não sei fazer” ou “eu não consigo fazer”. Como educadores precisamos nos relacionar com o aluno de maneira que possamos instigá-lo, fazendo-o pensar e desenvolver suas habilidades e competências individuais, raciocinar sobre determinado assunto a partir do lançamento de desafios, saber buscar informações e estimular a curiosidade pela busca do conhecimento. Assim o professor precisa “acender a chama da curiosidade” de seu aluno, ou então, não deixá-la apagar. O rendimento escolar, em algumas experiências, demonstra que está intimamente relacionado com as expectativas que os professores têm a respeito de seus alunos” (MOSQUERA, 1984).

A dinâmica das relações interpessoais no ambiente escolar

Abreu & Masetto (1990, p.115), afirma que “é o modo de agir do professor em sala de aula, mais do que suas características de personalidade, que colabora para uma adequada aprendizagem dos alunos; fundamenta-se numa determinada concepção do papel do professor, que por sua vez reflete valores e padrões da sociedade”.

Os professores acham que o cuidado na forma como agem em todo o ambiente escolar é um dos princípios que fazem com que os alunos construam os seus valores. O professor é visto como um ideal pelo aluno, e os seus exemplos são seguidos.

FRITZEN (1987, p. 73) afirma que “as relações interpessoais constituem a medula da vida. Elas formam e entretêm a nossa identidade pessoal. Em certo sentido, nós nos tornamos e ficamos aquilo que somos graças à atenção que nos é dispensada pelos outros”.

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Quando o professor admira o seu aluno, valorizando as atitudes tomadas por ele que demonstram o seu desenvolvimento e progresso, a barreira que existe nas relações interpessoais quebra-se e a inferioridade deixa de existir.

Segundo Gadotti (1991, p. 69) “o diálogo é uma exigência que possibilita a comunicação” e “para pôr em prática o diálogo, o educador deve colocar-se na posição humilde de quem não sabe tudo”.

Vivemos num mundo em que cada vez mais os valores materiais fazem com que venhamos a viver em correrias e por sua vez distanciamo-nos mais das pessoas. É na sala de aula que o professor deve estimular atitudes importantes para que possam assumir acções que os façam mais sociáveis.

Segundo Freire (2001, p. 102), “uma das qualidades essenciais que a autoridade docente democrática deve revelar em suas relações com as liberdades dos alunos é a segurança em si mesma. É a segurança que se expressa na firmeza com que atua, com que decide, com que respeita as liberdades, com que discute suas próprias posições, com que aceita rever-se.”

Sentimos a necessidade de viver em grupos e de realizar, assim, trocas sociais com os outros. Essas características do ser humano têm como objetivos inter-relacionar suas idéias, conhecimentos, sugestões e aprovação de outros, bem como seus sentimentos e emoções.

O professor e aluno devem construir juntos uma parceria no ambiente escolar. Elias (2000, p. 99 ) destaca que “é por intermédio das modificações comportamentais da área afetiva que a escola pode contribuir para a fixação dos valores e dos ideais que a justificam como instituição social”.

O acto de educar para Maturana (2002, p. 29), “se constitui no processo em que a criança ou o adulto convive com o outro e, ao conviver com o outro, se transforma espontaneamente, de maneira que seu modo de viver se faz progressivamente mais congruente com o do outro no espaço de convivência”.

Na relação da vida em geral e no meio escolar a educação precisa ter uma conotação de formação de caracteres. A educação consiste num processo para o desenvolvimento físico, ético e moral dos alunos, não ocorrendo sem que haja esforço de todas as partes envolvidas na sociedade. “A educação não pode ser vista como um depósito de

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informação. Há muitas formas de transmissão do conhecimento, mas o ato de educar só se dá com afeto, só se completa com amor” (CHALITA, 2001, p. 11).

As dificuldades das relações interpessoais e a construção da afectividade

Deve haver um bom relacionamento entre professor e aluno, transmitindo segurança ao mesmo, pois sabemos que uma criança que é compreendida torna-se mais sociável.

A afectividade é um fator muito importante nas relações interpessoais. Conforme Goleman (1995) “não há como separar a afetividade do processo educativo, para tanto, o professor precisa ter muita paciência na aproximação com seus alunos”. A sensibilidade é imprescindível para que se saiba lidar com as diferenças existentes na sala de aula.

Para Wadsworth (1997, p. 37), “o aspecto afetivo tem uma profunda influencia sobre o desenvolvimento intelectual”.

Segundo Moraes (2005, p. 28) “somos de enormes carências humanas, não apenas em termos de conhecimento, educação e qualidade de vida, mas também de afetividade e de espiritualidade”.

Quando o aluno está apreensivo e demonstra frustrações, é na amizade com um colega que ele procura solidificar as suas relações. Freire afirmava que ninguém aprende sozinho. É com o elo de amizade que a aprendizagem se dá de forma natural.

Goleman (1995, p.14) esclarece que “as aptidões emocionais podem e devem ser desenvolvidas no ambiente familiar e na escola”.

A afectividade é um dos factores que surgem nas relações interpessoais entre professor e aluno, mas nem sempre ocorre assim.

A importância de nos preocuparmos com a afectividade no ambiente escolar está também expressa na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), a Lei 9.394, segundo a qual, os dois princípios mais importantes da afectividade e do amor no âmbito escolar são o respeito à liberdade e o apreço à tolerância.

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Solucões para superar as dificuldades das relações interpessoais

Um simples sorriso, fazer um comentário sobre uma música que é do nosso gosto e levar algumas curiosidades relaccionadas à matéria ajuda a manter o bom humor e a harmonia em sala de aula, mesmo que não seja muito fácil estar nesta condição o tempo todo.

Segundo Freire (2001, p.96), “[...] o bom professor é o que consegue, enquanto fala, trazer o aluno até a intimidade do movimento do seu pensamento. Sua aula é assim um desafio e não uma “cantiga de ninar”. Seus alunos cansam, não dormem. Cansam porque acompanham as idas e vindas de seu pensamento, surpreendem suas pausas, suas dúvidas, suas incertezas”.

O professor que mantém uma expressão muito fechada, sem mostrar sentimentos de afectividade, conquista o respeito dos alunos, pelo medo.

O bom humor é imprescindível para superar as dificuldades nos relaccionamentos, pois com o bom humor teremos tolerância com as atitudes e com os actos dos alunos. Um professor bem humorado está sempre disposto ao diálogo, possui clareza para conduzir uma situação de conflito, tendo coerência e imparcialidade.

Segundo Freire, “…o professor autoritário, o professor licencioso, o professor competente, sério, o professor incompetente, irresponsável, o professor amoroso da vida e das gentes, o professor mal-amado, sempre com raiva do mundo e das pessoas, frio, burocrático, racionalista, nenhum deles passa pelos alunos sem deixar sua marca.”.

Em muitas situações de sala de aula, vemos professores que parecem que se esquecem que estão a trabalhar com seres humanos.

Para Vygotsky (1994, p. 99) “o único bom ensino é o que adianta ao desenvolvimento. Uma boa escola deve ser estimulante para o aprender”.

Portanto é necessário criar um ambiente agradável e acolhedor nas escolas, despertando no aluno o prazer de estudar e aprender, tornando-os cidadãos críticos, criativos com capacidade de produzir coisas inovadoras.

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“É preciso reconhecer que os professores não possuem apenas saberes, mas também competências profissionais, que não se reduzem ao domínio dos conteúdos a serem ensinados, e aceitar a ideia de que a evolução exige que todos os professores possuam competências antes reservadas aos inovadores ou àqueles que precisavam lidar com públicos difíceis” (Perrenoud, 2000).

Considerações finais

A sensibilidade que os professores têm, na maneira como agir em sala de aula, dependerá de como são interpretadas as intenções dos alunos.

Uma discussão que nos tempos actuais vem à tona quando se fala em ensino se refere ao uso de novas tecnologias. Acreditamos ser muito importante que o professor saiba aproveitar a tecnologia que está à sua disposição e fazer bom uso dela para aprimorar suas práticas pedagógicas, desenvolver metodologias inovadoras e principalmente tornar suas aulas mais dinâmicas e atrativas para que seus alunos tenham cada vez mais interesse em aprender e buscar novos conhecimentos.

Como estimulante da condução da aula, os profesores afirmam que precisam de ampliar as percepções em relação ao ambiente, de maneira que a perceberem as coisas com tranquilidade, sem que isso modifique o seu humor. Demo (2003, p. 23) afirma que “por trás do pensar está a idéia da compreensão do que se diz e faz”.

Deve partir dos professores, a flexibilidade nas atitudes, pois cada ser que está enquadrado no ambiente escolar possui individualidade e concepções diferentes. “Cada pessoa é, e sempre será um verdadeiro universo de individualidade; suas ações, seus motivos, seus sentimentos constituem paradigma único”. (ANTUNES, 2003, p. 9).

O processo de ensino e aprendizagem, e principalmente a formação humana, bem como hábitos de boa educação devem ser priorizados pelas escolas, porém, não são de responsabilidade única da comunidade escolar. Os valores éticos e de educação devem ter início na família.

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Patrícia  Reina  nº2011455  Comunicação  e  Design  Multimédia  –  FGT  Relações  Interpessoais  

Referências Bibliográficas

1º artigo http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103166X2008000100007 2º artigo

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-73722006000100022

3ºartigo

http://www.projetos.unijui.edu.br/matematica/cd_egem/fscommand/CC/CC_36.pdf