Saída de campo ao litoral
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SAÍDA DE CAMPO :
OBSERVAÇÃO DE UM AMBIENTE AQUÁTICO – LITORAL ROCHOSO
Local: Praia entre Buarcos e o Cabo Mondego
A maré vazante numa costa rochosa revela gradualmente um
mundo surpreendente. Existe uma grande variabilidade de
organismos nesta zona de transição entre o meio terrestre e o
marítimo. Mas o litoral é geralmente uma zona turbulenta; só os
organismos muito resistentes e bem adaptados podem sobreviver
numa zona tão instável.
A) OBJECTIVOS
-Observar as características gerais do ambiente marinho
- Constatar a diversidade da vida marinha na zona das marés
-Observar os organismos no seu meio natural
-Identificar alguns organismos
B) MATERIAL
-Bloco de apontamentos e lápis-Facas-Botas de borracha-Luvas-Balde-Sacos de plástico-Frasco-Tabuleiros-Máquina fotográfica
C) REGISTO DE OBSERVAÇÕES
TABELA 1 – REGISTO DOS ESPÉCIMES OBSERVADOS
ORGANISMOS OBSERVADOS NÚMERO DE ESPÉCIMES OBSERVADOS
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ALGAS
Clorófitas(algas verdes) ex.: Ulva lactuca
Rodófitas(algas vermelhas) ex.:Coralina officinalisFeófitas)algas castanhas) ex.:Fucus sp.
INVERTEBRADOS
Equinoderm
es
Ouriço-do-mar
Estrela-do-marex.: Asterias rubens
Cnidários Anémonasex.: Actnia equina
ex.: Anemonia sulcata
Moluscos
Caracóis-do-mar
Lapasex.: Patella caerulea
Mexilhãoex.: Mytillus
galloprovincialisQuíton
ex.:Chiton olivaceus
Lesmas-do-mar
Polvo
Crustáceos
Cracasex.:Chthamalus
stellatus
CaranguejosOutros
ArtrópodesAranhas do mar
InsectosOutrosAnimais
TEMPERATURA DA ÁGUA
TEMPERATURA DO AR
EXPOSIÇÃO AO SOL
Quadro 1 – Observações feitas no litoral rochoso na maré baixa
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D) INFORMAÇÃO DE APOIO
O desenvolvimento da vida na região costeira depende
essencialmente do RITMO DAS MARÉS.
A zona compreendida entre a preia-mar e a baixa-mar designa-
se por ZONA DAS MARÉS e os organismos que nela vivem estão
submetidos a períodos alternados de emersão e imersão.
A zona de marés, parte do meio marinho, é uma região
fronteiriça. Por essa razão nela se encontra uma originalidade de
povoamentos. A sua situação e condições ecológicas muito
particulares permitem que além de representantes de QUASE TODOS OS
TIPOS que habitam o meio marinho, haja também a penetração de
formas pertencentes a grupos tipicamente TERRESTRES.
A AGITAÇÃO marinha constitui outro facto importante que vai
influenciar a distribuição dos organismos na região costeira. A seguir
à região de impacto directo da onda, estende-se a região do
ESPRAIADO, onde a água chega sob a forma de gotículas resultantes do
rebentamento. A transição entre os meios terrestre e marinho faz-se
assim de modo GRADUAL.
Os PERÍODOS ALTERNADOS de imersão e emersão motivados pelo
ritmo das marés, a área relativamente REDUZIDA desta zona e o IMPACTE
CONTÍNUO das ondas exigem dos organismos uma série de ADAPTAÇÕES
que lhes garantam a sobrevivência nessa região. Assim, é frequente a
ASSOCIAÇÃO dos indivíduos em COMUNIDADES que lhes permitam uma
maior DEFESA. Por outro lado, o corpo adquire, muitas vezes, uma
forma ACHATADA que permitem uma melhor RESISTÊNCIA ao embate das
águas; os organismos podem ainda fechar-se HERMETICAMENTE para
evitar a dissecação.
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A costa rochosa oferece condições especiais para o
desenvolvimento dos seres vivos, por constituir um SUBSTRACTO
adequado à sua fixação, dispondo ainda de uma RADIAÇÃO SOLAR
intensa.
Na costa rochosa podem distinguir-se três zonas principais: a
ZONA MEDIOLITORAL, situada entre os limites máximo e mínimo,
atingindos pelas ondas e marés, na preia-mar e na baixa-mar; a ZONA
SUPRALITORAL que vai do limite máximo da zona anterior até ao limite
alcançado pela água evaporada e pelo ar carregado de sal; e a ZONA
INFRALITORAL que se estende desde o limite mínimo da zona
mediolitoral até ao limite inferior da penetração luminosa eficaz para
a realização da fotossíntese das algas.
A ZONA SUPRALITORAL constitui uma zona de TRANSIÇÃO para o meio
terrestre. A ZONA MEDIOLITORAL pode apresentar uma sub-zonação: uma
ZONA MESOLITORAL, situada entre os limites da preia-mar e da baixa
mar; uma FRANJA SUPERIOR, até ao limite da HUMECTAÇÃO (devida as
gotículas provenientes da água do mar), e uma FRANJA INFERIOR, que só
fica a descoberto pelos movimentos das ondas.
Na ZONA MESOLITORAL rochosa é a mais RICA e apresenta uma
EXTRAORDINÁRIA VARIEDADE de seres vivos. Além das algas vermelhas,
verdes e castanhas, encontram-se neste andar animais de tipos muito
diferentes: espongiários, cnidários (pólipos), anelídeos, moluscos
poliplacóforos (ex. Chiton sp.), crustáceos anfípodes (ex. Patella sp.),
moluscos bivalves (ex. Mytilus sp.), crustáceos anfípodes (ex. Hyale
sp.), crustáceos cirrípedes (Balanus sp. e Lepas sp.), crustáceos
decápodes, equinodermes (ouriço-do-mar mar, estrelas-do-mar,
holotúrias) e cordados (ascídias).
A FRANJA SUPERIOR rochosa é caracterizada pela presença de
moluscos gastrópodes do género Littorina e de crustáceos isópodes.
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A FRANJA INFERIOR rochosa é dominada por algas castanhas do
tipo laminar (Laminaria sp.). Nesta zona, entre os predadores móveis,
destaca-se o polvo (Octupus sp.).
E) GLOSSÁRIO
ALGAS • Termo que engloba vários tipos de “plantas” que não possuem sistema vascular. A maioria ocorre em ambientes de água doce ou salgada.
ARTRÓPODES • Maior dos filos animais, incluindo mais de 80% das espécies conhecidas. Possuem um exosqueleto de quitina que lhes reveste o corpo e apêndices articulados com funções diversas. Divide-se em quatro sub-filos: Trilobita, Chelicerata, Crustácea e Uniramia.
BENTÓNICO • Organismo que vive sobre, ou associado ao fundo do mar.
CLORÓFITAS • Alga de cor verde, em que a clorofila é o pigmento predominante.
COMUNIDADE • Conjunto de espécies, normalmente caracterizado por espécies indicadores dominantes ou por um habitat típico.
CNIDÁRIOS • Animais invertebrados cuja principal característica é a presença de cnidócitos ( células urticantes) nos seus tentáculos.
CRUSTÁCEOS • Distinguem-se dos restantes artrópodes por possuírem dois pares de antenas, um par de mandíbulas e dois pares de axilas. Por exemplo: lagosta, caranguejo, percebes,etc.
ECOSSISTEMA • Unidade ecológica constituída pelos factores abióticos e uma ou mais comunidades de organismos que vivem numa grande área geográfica.
EQUINODERMES • Invertebrados cuja principal característica é a presença do sistema ambulacrário. Possuem um esqueleto interno calcário. Por exemplo: estrela-do-mar, pepino-do-mar,etc.
FEÓFITAS • Algas de cor castanha ou verde-acastanhada. Os principais pigmentos que possuem são os carotenóides.
FITOPLÂNCTON • Plâncton de origem vegetal maioritariamente constituído por algas unicelulares. Apesar do seu tamanho, estas
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algas microscópicas são organismos fotossintéticos que constituem a base da maioria das cadeias alimentares marinhas.
INVERTEBRADO • Animal que não possui coluna vertebral. Por exemplo, camarões, polvos, lulas, caranguejos, anémonas, ouriços-do-mar, etc.
MARÉ • Subida e descida periódica do nível do mar devido à força de atracção gravítica do Sol e da Lua sobre a terra em movimento.
MOLUSCOS • Animais invertebrados que se caracterizam por ter o corpo mole, geralmente protegido por uma concha de carbonato de cálcio.
PELÁGICO • Que vive em águas abertas, não associado ao fundo.
PLÂNCTON • Organismos (plantas e animais) com capacidade de movimento muito limitada cuja posição e distribuição são condicionadas pelos movimentos da massa de água onde vivem.
RODÓFITAS • Algas de cor vermelha. Os principais pigmentos que possuem são as ficobilinas.
ZONA LITORAL • Zona de marés.
ZOOPLÂNTON • animais geralmente microscópicos que flutuam na água.
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F) BIBLIOGRAFIA
ALMEIDA, F. Ferrand de, 1977. Os habitats da comunidade (1. O habitat marinho (cont.) 1.3.4. A Região costeira). Secção de textos do Departamento de Zoologia da Universidade de Coimbra.
BARREt, J. & YONGE, C. M., 1958. Collins The Hamlyn Pocket Guide to the Seashore. Collins clear-Type Press, London.
PÚBLICO e OCEANÁRIO DE LISBOA, 2001. A Vida nos Mares, edição Prosafeita, Lisboa.
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