Saiba Mais - 30 de agosto a 14 de setembro de 2013

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Desde 2006 30 de agosto de 2013 Com aumento de 23%, almoço em Campinas é o 9° mais caro do País De acordo com a pesquisa encomendada pela Associação das Empresas de Refeição e Alimentação - Convênio para o Trabalhador (Assert), o município de Campinas está entre os dez mais caros do País para a alimentação na hora do almoço, ficando à frente até mesmo de São Paulo. Os campineiros gastam em média R$ 31,62 por refeição. Em relação ao ano passado, o aumento foi superior à inflação. Pág. 4 PINK FIGHT Redação da TVB: como na pesquisa que mapeia a atuação dos jornalistas em todo o Brasil, a maioria é mulher, mas não está na direção A média que o campineiro paga por prato na hora do almoço é de R$ 31,62 segundo a Assert; pesquisa analisou 4.440 estabelecimentos no Brasil Tomás Sigrist: de exceção a exemplo na cura do câncer Pág. 6 Beatriz Assaf Mulheres derrubam barrei- ras e provam que também podem dominar os rings das lutas. Pág. 5 Aquiles Farinha Campinas rumo aos 240 anos Em homenagem ao ani- versário de Campinas, conheça a história do Via- duto Cury, que, apesar de ter sido conhecido como “oásis”, quando no local havia uma praça, hoje pre- cisa de uma solução para os acidentes de trânsito, a degradação e a violência. A reportagem dá início a uma série. Pág. 8 Cada centro de saúde precisa atender 18 mil campineiros Campineiros encontram filas e dificuldades para o atendimento nos centros de saúde. Apesar da criação do programa “Mais Médicos”, o número de inscritos não ameniza a situação, que hoje é de 18 mil habitantes por centro de saúde. São apenas 63 unidades na cidade, que tem quase 1,2 milhão de pessoas. Pág. 3 Larissa Paiva em treino André Montejano Pessoas com deficiência encontram nos aplicativos de tablets, notebooks e smartphones um auxílio para as dificuldades enfrentadas no dia a dia. O Rehabilitation Game e o Fit BrainTrainer são exemplos de aplicativos voltados para esse público, como forma de inclusão social e digital. Pág. 7 Aplicativos facilitam inclusão Viaduto Cury: acidentes e camelôs são os problemas Faculdade de Jornalismo - Puc Campinas

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Transcript of Saiba Mais - 30 de agosto a 14 de setembro de 2013

Desde 2006 30 de agosto de 2013

Com aumento de 23%, almoço em Campinas é o 9° mais caro do País

De acordo com a pesquisa encomendada pela Associação das Empresas de Refeição e Alimentação - Convênio para o Trabalhador (Assert), o município de Campinas está entre os dez mais caros do País para a alimentação na hora do almoço, ficando à frente até mesmo de São Paulo. Os campineiros gastam em média R$ 31,62 por refeição. Em relação ao ano passado, o aumento foi superior à inflação. Pág. 4

PINK FIGHT

Redação da TVB: como na pesquisa que mapeia a atuação dos jornalistas em todo o Brasil, a maioria é mulher, mas não está na direção

A média que o campineiro paga por prato na hora do almoço é de R$ 31,62 segundo a Assert; pesquisa analisou 4.440 estabelecimentos no Brasil

Tomás Sigrist: de exceção a

exemplo na cura do câncer

Pág. 6

Beatriz Assaf

Mulheres derrubam barrei-ras e provam que também podem dominar os rings das lutas. Pág. 5

Aquiles Farinha

Campinas rumo aos 240 anos

Em homenagem ao ani-versário de Campinas, conheça a história do Via-duto Cury, que, apesar de ter sido conhecido como “oásis”, quando no local

havia uma praça, hoje pre-cisa de uma solução para os acidentes de trânsito, a degradação e a violência. A reportagem dá início a uma série. Pág. 8

Cada centro de saúde precisa atender 18 mil campineiros

Campineiros encontram filas e dificuldades para o atendimento nos centros de saúde. Apesar da criação do programa “Mais Médicos”, o número de inscritos não

ameniza a situação, que hoje é de 18 mil habitantes por centro de saúde. São apenas 63 unidades na cidade, que tem quase 1,2 milhão de pessoas. Pág. 3Larissa Paiva em treino

André MontejanoPessoas com deficiência encontram nos aplicativos de tablets, notebooks e smartphones um auxílio para as dificuldades enfrentadas no dia a dia. O

Rehabilitation Game e o Fit BrainTrainer são exemplos de aplicativos voltados para esse público, como forma de inclusão social e digital. Pág. 7

Aplicativos facilitam inclusão

Viaduto Cury: acidentes e camelôs são os problemas

Faculdade de Jornalismo - Puc Campinas

30 de agosto de 2013Página 2

ARTIGO

No meiodo caminho

Beatriz assafEstudantE dE Jornalismo

Finalmente chegou a sexta-feira, o dia

mais esperado da semana por todos os brasileiros. Acordei de manhã, bem cedo, como faço todos os dias, com a certeza de que logo chegaria o fim de se-mana, o descanso e as boas risadas com os amigos. Mal sabia que aquela sexta-fei-ra seria muito diferente das minhas expectativas e que, quando chegasse em casa, já seria tão tarde que meus planos teriam ido por água abaixo.

No meio do meu ca-minho entre Campinas, onde estudo e trabalho, e Jundiaí, onde moro, tinha uma greve. No começo, enquanto acompanha as notícias, nada parecia me atingir. Eram só os mo-toristas de Campinas que reivindicavam seus direi-tos, não havia com o que me preocupar, afinal seria fácil arrumar uma carona da universidade até o tra-balho. Fácil não foi, mas, já que existem os amigos, eu consegui alcançar o meu destino com a ajuda de um deles.

Mas eis que tinha, além da greve, a VB no meu ca-minho. Depois de uma tar-de sem muitas novidades, um dia monótono no tra-balho, eis que, para defini-tivamente mudar o rumo da sexta-feira, a notícia é anunciada: os motoristas da única empresa que faz o trajeto Campinas-Jundiaí também decidiram aderir à greve. E agora? Como faço para voltar para mi-nha cidade? Com um rápi-do contato telefônico, meu pai responde que havia sim ônibus, mas eles não entra-vam na rodoviária, pois alguns dos participantes

das manifestações tinham fechado a entrada para que ninguém pudesse embar-car.

Acreditando nas novas informações, fui até o pon-to de ônibus que, depois de uma hora e meia es-perando, me rendeu boas histórias, novos colegas, mas nenhuma esperança de que eu chegaria a Jun-diaí naquele dia. Depois de várias ideias diferentes, eu e meus três novos colegas decidimos caminhar até a rodoviária de Campinas em busca de alternativas. O local poderia ser defi-nido como caos e, agora, tinha uma fila no meu ca-minho. Na verdade, era um amontoado de pessoas que ora pareciam se orga-nizar em fila, até que des-cobriam que não fariam viagem alguma.

Mas havia o ônibus para São Paulo. Depois de muita especulação, essa possibilidade surgiu como a única alternativa. Seria possível parar no meio do caminho... Ufa! Mas havia uma carteira quase vazia na minha mochila! A pas-sagem custava bem mais do que eu tinha e, muito envergonhada, fui obriga-da a aceitar um emprésti-mo de alguém que eu aca-bara de conhecer.

Eu e meus novos co-legas parecíamos velhos amigos, conversávamos como se nos conhecêsse-mos há anos... Foi então que, finalmente, conse-guimos embarcar e adivi-nhem só? Embora houves-se uma sexta-feira no meu calendário, minha cama pareceu bem mais agra-dável para um dia em que não faltavam planos, mas sobrava cansaço.

RÁPIDASFestival reúne bandas de rock, reggae e rap

O Indaiá Festival, que acontece no dia 1° de setembro, a partir das 12h, reúnirá 13 bandas de diferentes estilos musicais, como Detonau-tas, Strike, Planta e Raiz, Chimarruts, Glória, Edu Ribeiro, Muziki, Projota, Bipolar, além de bandas de Indaiatuba, como Reguera, Delta-Zone, Mayo e o DJ Monsão. O evento será re-alizado no km 51 da Rodovia Santos Dumont (SP-75), onde é realizada a Festa do Peão, em frente ao Polo Shopping. Os ingressos variam entre R$ 30 (pista), R$ 50 (pista vip) e R$ 70 (camarote) e a classificação etária é de 14 anos. Mais informações: (19) 9461-9997.

Exposição homenageia povos indígenas

Uma exposição que homenageia o Dia Inter-nacional dos Povos Indígenas está em aberta ao público até o dia 30 de agosto, no Espaço das Artes da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Universidade Estadual de Campi-nas (Unicamp). A produção é feita pelo artista plástico Elvis da Silva, que utiliza temas liga-dos à cultura indígena, africana, a história do Brasil e de Campinas. O pintor utiliza em suas obras tintas ou pigmentos, acrílico, aquarela, óleo nanquim e grafite. “Diversidades”, como é chamada, fica exposta das 8h30 às 17h30 e a entrada é gratuita.

Inscrições para Concurso Literário até 31.8

As inscrições para o 3º Concurso Literário da Faculdade de Letras da Pontifícia Universida-de Católica de Campinas estão abertas até o dia 31 de agosto para estudantes de Artes Vi-suais, Jornalismo, Letras, Publicidade e Pro-paganda, Relações Públicas e Turismo, além dos cursos superiores de tecnologia, como Hotelaria e Jogos Digitais. Os alunos devem enviar um conto ou poema de autoria própria para concorrer a três prêmios em uma das ca-tegorias. O tema é livre e os textos devem ser redigidos em língua portuguesa. Os resulta-dos serão divulgados on-line pelo site da PU-C-Campinas na segunda quinzena do mês de setembro de 2013.

SAIBA +

Jornal laboratório produzido por alunos da Faculdade de Jornalismo da PUC-Campinas. Centro de Comunicação e Linguagem (CLC): Diretor: Rogério E. R. Bazi; Diretora-Adjun-ta: Maura Padula; Diretor da Faculdade: Lin-dolfo Alexandre de Souza. Tiragem: 2 mil. Impressão: Gráfica Todo Dia.

Professor responsável: Fabiano Ormaneze (Mtb 48.375).

Editora: Beatriz AssafDiagramadores: Thiago Marquezin e Victor Donato

CARTA AO LEITOR

Esta edição do Saiba + é a primeira realizada pela turma 42 de jornalismo da Pon-tifícia Universidade Católica de Campinas (PUC- Campinas). Dentre as reportagens feitas pelos alunos, destacamos a que, baseada em uma pesquisa da Assert, mostra que Campinas é a 9ª cidade mais cara do País para se fazer refeições fora de casa. Estudan-tes e trabalhadores que comem fora, muitas vezes por necessidade, gastam em média R$ 31,62 por prato no horário do almoço. O economista Maurício Rabelo Soares ex-plica que o aumento é causado por diversos fatores, como o mercado de trabalho aque-cido, o aumento da demanda por esse serviço e o maior custo dos alimentos no País.

O Saiba + também dedicou-se às reportagens de saúde. Numa delas, apurou a situa-ção dos postos de saúde do município e ouviu a opinião de médicos a respeito da cria-ção do programa “Mais Médicos”. E outra que trata da situação daqueles que, mesmo muito pequenos, já precisam superar um grande desafio na vida: o câncer.

Na editoria de esportes, mulheres agora também dominam os rings, além de terem um papel totalmente diferente na sociedade, elas também dedicam-se a esportes antes considerados apenas masculinos. Como novidade, este jornal apresenta a primeira da série de reportagens intitulada “Campinas 240 anos”. Em homenagem à cidade, os alunos de Jornalismo Aplicado em telejornalismo, impresso e multimídia vão produzir diversas reportagens que abordarão temas relevantes aos campineiros. O Viaduto Cury é o escolhido deste mês, e a reportagem mostra como o que antes era conhecido como “Oásis” hoje se tornou um lugar degradado e com acidentes de trânsito frequentes.

Boa Leitura!

Divulgação

30 de agosto de 2013Página 3

Centros de saúde de Campinas são responsáveis por 18 mil pessoas

RMC tem situação semelhante e vai receber apenas 13 profissionais do programa Mais MédicosAna Paula Menezes

Ana Paula Menezes

Campinas possui apenas 63 unidades

da rede básica de saúde que atendem, em média, 18 mil habitantes cada uma, se-gundo dados da Secretaria de Saúde. Apesar da Orga-nização Mundial de Saúde (OMS) não ter uma reco-mendação específica para quantos pacientes devem ser atendidos em cada uni-dade de saúde, há apenas a indicação de que deve ter a quantidade de um médi-co para cada grupo de mil habitantes. Maria Luiza Ardinghi Brollo, diretora de saúde, considera que o número de unidades não é suficiente. “Muitas pes-soas de cidades vizinhas, que trabalham ou estudam aqui, buscam atendimento por conta da facilidade de acesso, o que deixa nossas unidades lotadas”, admite Maria Luiza.

O campineiro Luiz Gustavo Andrade, mecâ-nico de 23 anos e morador do bairro Taquaral, re-clama do centro de saúde mais próximo a ele, loca-lizado na Rua Henrique Schroeder. O lugar está sempre lotado e Andrade afirma ser impossível re-ceber atendimento rápido. “Uma vez fiquei doente e achei melhor esperar que a gripe fosse embora so-zinha do que ficar em uma fila de posto de saúde pas-sando mal. Pelo menos na minha casa tinha quem me

Filas são comuns durante todo o dia nos Centros de Saúde campineiros. Moradores reclamam da falta de estrutura

Dia de atendimento no Centro de Saúde do Taquaral “Pe. Milton Santana”, localizado na rua Henrique Shroeder

socorresse de prontidão”, conta o mecânico.

No dia 13 de agosto, em visita à unidade do Ta-quaral, a redação do Sai-ba+ não encontrou o cen-tro de saúde lotado, mas os pacientes como Carla Dias, que estava no local com sua filha de um ano, estavam esperando havia mais de duas horas por atendimento. Carla conta que sempre que precisa ir ao centro de saúde passa por isso. “Mesmo sem fila tenho que esperar muito tempo para ser atendida e quando tem fila espero o dia todo.”

Maria Luiza explica que a Administração con-centrou investimentos para

reformar as unidades que estavam com problemas estruturais, como medida de curto prazo para me-lhorar o atendimento ofe-recido à população. A di-retora afirma também que há planos de construção de dez novas unidades. Acredita ainda que outra medida importante seria a contratação de médicos. “Atualmente, o que mais faz faltam nessas unidades são equipes completas de médicos de saúde da famí-lia”, explica a diretora, se referindo a profissionais responsáveis pelo acom-panhamento de famílias. Mas em contato com a As-sessoria da Secretaria de Saúde não foi informado

quais redes estão em obras e onde serão as novas uni-dades.

Mais médicosCom a intenção de con-

tratar mais profissionais, de forma a suprir essa ca-rência, especialmente no interior, o governo criou o programa “Mais Médi-cos”. Embora 18.450 mé-dicos terem iniciado as inscrições, apenas 6% da demanda foi preenchida, segundo o Ministério da Saúde. Com isso, 404 das 3.511cidades inscritas no programa, ou seja, 18% dos municípios irão re-ceber médicos. A Região Metropolitana de Campi-nas (RMC), a partir de se-

tembro, irá contar com 13 novos funcionários, sendo cinco deles para a cidade de Campinas. Porém, algu-mas cidades da RMC não receberão novos profis-sionais, mesmo tendo so-licitado o envio e estando entre os municípios priori-tários. Entre essas cidades, estão Paulínia, Pedreira, Valinhos e Vinhedo. Elas não receberão médicos, porque não houve interes-se de profissionais em tra-balharem nesses locais. A seleção dos médicos para as cidades foi uma esco-lha dos profissionais de acordo com a disponibili-dade de vagas gerada pelo “Mais Médicos”.

Para os médicos que já estão trabalhando em Campinas, a chegada dos colegas de profissão não irá sequer amenizar o nú-mero de pacientes que esperam nas filas. Um clí-nico geral que trabalha no Taquaral, mas não quis se identificar, explica que os novos médicos irão ser de grande ajuda, mas de nada adianta se os postos de saúde não têm condições de atendimento e se as ci-dades da região também não receberem auxílio, já que muitos pacientes vêm de outros municípios para procurar atendimento.

Divulgação

saúdE

Página 4 30 de agosto de 2013

Campineiros pagam, em média, R$ 31,62, o 9° preço mais caro para refeições fora de casa

Na hora do almoço, além de colocar no

prato tudo aquilo de que o corpo necessita e ficar de olho na balança, o trabalha-dor brasileiro deve prestar atenção também no preço que está pagando quando deseja almoçar fora de casa. Isso porque uma pesquisa encomendada pela Associa-ção das Empresas de Refei-ção e Alimentação - Con-vênio para o Trabalhador (Assert) revelou que almo-çar em Campinas está 23% mais caro em 2013, se com-parado com o ano passado. Atualmente, almoçar em restaurantes na cidade sai, em média, por R$ 31,62. Em 2012, esse valor era de R$ 26,33. Esse aumento é superior à inflação que, no período, variou em 5,84%.

O aumento surpreen-de ainda mais quando se comparam os últimos três anos. Em 2010, o almoço em Campinas custava, em média, R$ 19,10. Se com-parado com o que se paga em média hoje, o aumento foi de 65,5%. A média cal-culada pela Assert levou em consideração a comparação entre os custos de pratos executivos (em média R$ 38,00), refeições por quilo (em média R$ 21,23), os pratos feitos (em média, 19,48) e as refeições à la carte (R$ em média, 47,75). A Assert, para realizar a pesquisa, consultou os pre-ços em 4.440 estabeleci-mentos em todo o Brasil. Para calcular os preços, foi considerado como almoço a combinação entre refeição, bebida não alcóolica, sobre-mesa e café.

O estudante universitá-rio Vinicius Purgato tem o hábito de almoçar fora de casa desde o início do cur-so de Jornalismo, em 2010. Ele conta que, nesse perío-do, seus hábitos alimenta-res mudaram. Relata que, no primeiro ano, chegou arriscar-se na cozinha, mas que, no ano passado, como começou a fazer estágio, precisou almoçar com mais frequência fora de casa.

Purgato conta que costu-ma comer mais em restau-rantes por quilo, por ofere-

cer variedade de alimentos. O estudante gasta, em mé-dia, R$ 15,00 por dia, R$ 75,00 por semana, soman-do R$ 300,00 no mês. Esse valor representa a metade de todos os gastos que o es-tudante tem para se manter.

Ele disse que procura restaurante que esteja den-tro de seu padrão, tanto ao que se refere à comida, como também no quesito orçamentário. O estudante namora uma universitária que mora em Recife (PE). Por causa disso, ele costu-

ma viajar para a capital per-nambucana pelo menos seis vezes ao ano. O estudan-te relata que Recife é bem mais caro do que Campi-nas, tanto no quesito custo de vida, como também na alimentação. Apesar dessa percepção, a pesquisa da Assert mostra o contrário. Em Recife, o almoço sai, em média, por R$ 25,74.

Comparada com as outras cidades do Brasil, Campinas, de acordo com a Assert, é a 9ª cidade mais cara para o almoço, ficando

Lucas Bachião

Almoçar em Campinas custa 23% mais do que no ano passado

à frente, inclusive, de São Paulo, onde o custo médio atinge R$ 30,71. A cidade em que se alimentar é mais caro no País é Diadema, com custo de R$ 37,41. No Sudeste, a média de gastos com almoço é de R$ 29,51. Na abordagem por região, esse valor só é menor do que o apurado no Norte, com R$ 30,45. No Nordes-te, o valor do almoço é o mais barato: R$ 23,74.

O representante comer-cial Fabiano Cazu Caprio também almoça fora de

Almoço por quilo na cidade custa, em média, R$ 21,23, com suco e sobremesa

Fotos :Beatriz Assaf casa. Segundo ele, o almo-ço não é o grande problema, mas sim o jantar, quando os preços são maiores, embo-ra a pesquisa da Assert não tenha dados sobre isso. Ca-prio consegue sentir como os valores de Campinas são altos, porque costuma viajar constantemente por outras cidades da região e do Estado. Uma das vanta-gens que ele encontra em Campinas, no entanto, é a variedade de opções de res-taurantes. Caprio costuma gastar R$ 900,00 mensais com almoço.

Para a nutricionista Ana Carolina Giorni, os preços altos das refeições também prejudicam a saúde, já que muitos optam por alimentos mais baratos e menos nutri-tivos. “É possível ter uma alimentação saudável fora de casa. As pessoas acabam escolhendo opções mais baratas como lanches, fast foods e marmitas, opções de baixo valor nutricional e ricas em sódio, gordura e açúcar.”

Para o economista Maurício Rabelo Soares, o aumento dos preços da alimentação é a soma dos fatores como mercados de trabalho aquecido, aumento da demanda por esse tipo de serviço e o maior custo de alimento. “O preço das mercadorias, em geral, é composto de custos, impos-tos e lucros. Cada empresa tem sua política de preços, mas ela estará condicionada pelo mercado que é quem determina o preço. O Big Mac poderia custar R$100, mas com certeza não seria muito vendido por esse va-lor”, explicou.

Soares também atri-buiu o aumento dos preços, pois a nova classe média, a chamada classe C, está gastando mais e ao mesmo tempo contribuindo para a melhoria da economia. “O aumento nos empregos for-mais pode estar associado ao aumento no preço das refeições. No geral, mais emprego significa mais renda, o que significa mais gasto, que, se não atendido, pressionam os preços”, de-clarou o economista.

Servidor público Luiz Guimarães almoça todo dia em restaurantes: peso no orçamento

Economia

30 de agosto de 2013Página 5

Mulheres levam estresse a nocauteSexo feminino também procura artes marciais para perder peso e aliviar TPM

Aquiles FarinhaAquiles Farinha

Se antes o ring de luta era liderado por ho-

mens, hoje as mulheres es-tão tomando conta dele. A mulher moderna tem der-rubado barreiras e provado que a luta também pode ser praticada por elas. Além disso, o sexo femi-nino tem cada vez mais em destaque no mundo do MMA, sigla derivada do nome MixedMartial Artes (Artes Marciais Mistas), a principal modalidade de luta praticada no mundo atualmente. Em algumas academias, a prática entre as mulheres já é maior do que entre os homens.

Com a modalidade em destaque, a procura por esse estilo de luta passou a crescer e as academias a investir nas aulas. O MMA tem sete estilos de luta: Jiu-jitsu, MuayThai, Judô, Wrestling, Karatê, Boxe e Capoeira. A diferença en-tre eles são as partes do corpo que podem ser utili-zadas e a posição em que a luta é realizada.

O sucesso é tão grande que, hoje, são diversas as competições com partici-pação feminina, apelida-

Paula Trombetta: sem diferença no treino com homens

Em academia de Valinhos, mulheres já são 88% dos alunos que praticam artes marciais em todos os horários

das de pinkfight. Um dos maiores eventos de MMA do mundo, o Ultimate Fighting Championship (UFC) realizou, no mês de fevereiro deste ano, nos Estados Unidos da Améri-ca, o primeiro evento com luta entre mulheres, em que a luta principal levava duas oponentes mulheres. Com a vitória da estadu-nidense Ronda Rousey, a

luta foi considerada pelos críticos como a melhor da noite e lucrou apenas com venda de pacotes para a te-levisão paga, uma bagatela de R$ 18 milhões.

No último UFC rea-lizado no Brasil, a atleta Amanda Nunes foi a pri-meira brasileira em cima dos ringues e com o apoio da torcida aplicou um no-caute sobre sua adversária, Sheila Gaff.

MotivosPara a professora de

luta Paula Trombetta, são vários os motivos para a alta procura do MMA por mulheres. “Os motivos

são a busca por um melhor condicionamento físico, o qual acarreta o emagreci-mento. Além disso, as au-las acabam desestressando e aliviando os sintomas da TPM (tensão pré-mens-trual)”.

No caso da estudante Larissa Paiva, de 20 anos, o motivo da procura pelas aulas foi à curiosidade:“I-nicialmente, o que des-pertou meu interesse foi a curiosidade, via muito nas mídias sobre como a luta poderia fazer bem ao corpo e a mente. Vi que ajudava também a com-bater o estresse e, além de tudo, ajudaria a melhorar o

condicionamento físico e, consequentemente, acabar emagrecendo.”

Algumas mulheres aca-bam associando luta com ganho de músculos, fa-zendo com que o interes-se pela aula acabe. Para Larissa, não é apenas a luta que faz a pessoa ficar musculosa. “Vejo muitas mulheres que não entram nas aulas por medo de fi-carem “fortes”. Mas, para conseguir de fato um cor-po musculoso, outras coi-sas precisam ser aliadas. No caso exclusivamente da luta, ela deixa seu corpo condicionado e “durinho” e não musculoso”.

Para as mulheres que não querem fazer luta por causa do contato físico com outra pessoa, várias acade-mias já dispõem de uma aula chamada KiMax. Por lá, as mulheres são maio-ria. No período da manhã, por exemplo, são 16 alunos e apenas dois são homens. À noite, são 16 mulheres entre os 20 praticantes.

Em Valinhos, a acade-mia Energy disponibiliza aos alunos essa aula. Ela consiste na mistura de al-guns movimentos de luta como o MuayThai, Boxe e Kick Boxe, uma mistura de movimentos de braço e

pernas, fazendo com que os alunos descarreguem as tensões do dia a dia e acaba proporcionando condicio-namento físico ao pratican-te. Segundo a professora Paula Trombetta, dentro da aula, não existe diferença de treino entre homens e mulheres, porém cada alu-no acaba fazendo a aula no seu ritmo.

Para você que nunca fez aulas de luta e gostaria de começar, fique tranquilo. A professora afirma que não é preciso ter experiência. An-tes de começar, ela explica quais são movimentos bá-sicos que serão executados.

A aula de KiMax tem duração de uma hora e meia e, por ser bastante in-tensa, o cansaço acaba sen-do consequência. “Nas pri-meiras aulas, os alunos se queixam muito de cansaço e dores musculares, princi-palmente, em membros su-periores. Mas, ao decorrer do tempo, o organismo se adapta com a atividade e os mesmos melhoram muito a capacidade cardiorrespi-ratória e neuromuscular.” Vale salientar que, antes de qualquer atividade física, é sempre bom fazer um exa-me médico para ver se seu corpo esta tudo em dia.

Aula dinâmica e interativa

Aquiles Farinha

EsportEs

Página 6 30 de agosto de 2013

Segundo o Instituto Nacional do Câncer, todos os anos são diagnosticados cerca de 10 mil novos casos

Antigamente, o câncer ou as doenças san-

guíneas eram mais comuns em idosos. Hoje em dia, o diagnóstico cresce cada vez mais em crianças, adoles-centes e jovens e, em ge-ral, a doença aparece entre os 2 e os 7 anos de idade, mas isso não quer dizer que adolescentes não venham a desenvolver o câncer. A boa notícia, no entanto, é que os índices de cura tam-bém cresceram. Segundo o Instituto Nacional de Cân-cer (Inca) há 50 anos, o diagnóstico do câncer em crianças era encarado qua-se como uma sentença de morte, apenas 20% conse-guiam se curar, isso por-que pouco se sabia sobre a doença e sua evolução.

O tratamento dado às crianças antigamente era o mesmo realizado em adul-tos, embora suas caracterís-ticas biológicas e orgânicas fossem diferentes e não se levava em conta que eram seres em crescimento e res-pondiam mal ao tratamen-to. Hoje, no entanto, 80% das crianças diagnosticadas têm chances de se curar. Ainda, de acordo Inca, es-tima-se que a cada ano 10 mil novos casos de câncer são diagnosticados.

Os principais sintomas do câncer infanto-juvenil são o surgimento de nódu-los ou caroços, a palidez e a falta de energia, sangra-mentos frequentes, apare-cimento de hematomas sem motivo, febres sem expli-cações, dor abdominal pro-longada, dores de cabeça acompanhada de vômitos, perda de peso excessiva e mudanças nos olhos ou na visão.

O câncer infantil corres-ponde a um grupo de várias doenças que têm em co-mum a proliferação descon-trolada de células anormais e que pode ocorrer em qual-quer local do organismo. Os tumores mais frequentes na infância e na adolescên-cia são as leucemias (que afeta os glóbulos brancos), os do sistema nervoso cen-tral e linfomas (sistema lin-fático). Também acometem crianças e adolescentes o

Taís Grizzo

Cura do câncer infantil já atinge 80%

O administrador Tomás Sigrist Lopes, de 32 anos, já foi uma exceção quando, aos 8 anos, se curou de um câncer

Divulgação

neuroblastoma (tumor de células do sistema nervoso periférico, frequentemente de localização abdominal), tumor de Wilms (tipo de tumor renal), retinoblasto-ma (afeta a retina, fundo do olho), tumor germinativo (das células que vão dar origem aos ovários ou aos testículos), osteossarcoma (tumor ósseo) e sarcomas (tumores de partes moles).

O tumor de Wilms ou câncer de rim representa de 5% a 10% dos tumores infantis, fez e faz parte da família Sigrist. Tomás foi diagnosticado com a doen-ça aos 8 anos, depois de levar um tombo brincando com os primos.

“O Tomás estava brin-cando com um primo, caiu no chão, teve por mais de um dia muita dor no lado, levei-o para o pronto so-corro e o médico, ao apal-par o abdômen no exame clínico, já percebeu alguma coisa estranha, pediu então um ultrassom e constatou um tumor, chamado Tumor de Wilms, localizado jun-to ao rim. No mesmo dia, o Tomas já foi internado e começou uma série de exa-mes, até chegar à cirurgia e depois o longo tratamen-to”, explica Ângela Sigrist,

mãe de Tomás. O tratamento teve du-

ração de dois anos com a remoção do rim doente e com a quimioterapia, e mais cinco anos com exa-mes regulares no Hospital Boldrini. Tomás, hoje está com 32 anos, curado, e tra-balha numa multinacional com base nos Estados Uni-dos.

A família tem papel fun-damental para que o pa-ciente com câncer se cure e passe por todo o tratamen-to. “Como fator primor-dial a ajuda psicológica, o amor, a dedicação e o em-penho da família na quali-dade de vida desse paciente é imprescindível para que se tenha um resultado posi-tivo no tratamento”, enfati-za Ângela.

ApaccFoi a partir de sua expe-riência e de outras mães que surgiu a Associação de Pais e Amigos à Criança com Câncer e Hemopatias (Apacc), que começou a ser idealizada quando es-ses pais de Campinas que tratavam seus filhos no Hospital Boldrini e con-viveram de perto com a situação de famílias de pa-cientes que, muitas vezes,

- No McDia Feliz (31 de agosto), todo o recurso

arrecadado com a venda de sanduíches Big Mac

é revertido para institui-ções de apoio e combate ao câncer infanto-juvenil

de todo país;

- O McDia Feliz comple-ta 25 anos em 2013;

- O McDia Feliz é o evento que mais arreca-da recursos para a causa do câncer infanto-juve-

nil no Brasil;

- A campanha já doou cerca de R$ 130 milhões

a instituições sem fins lucrativos que atuam no combate ao câncer

infanto-juvenil;

- O McDia Feliz come-çou a ser realizado em

1988;

- A arrecadação do McDia Feliz 2012 foi a maior já atingida:

R$ 18.354.205, com a venda de 1,6 milhão de

sanduíches Big Mac.

Você Sabia?

vinham de longe, ou mes-mo de regiões isoladas de Campinas e, pela distância, período longo de perma-nência no hospital ou pro-blemas financeiros, tinham dificuldade em manter o tratamento que exige lon-gos períodos fora de casa.

A Apacc, então, passou a receber pacientes entre zero e 25 anos, em trata-mento de câncer nos hospi-tais de Campinas, que ne-cessitam de um alojamento e durante o tratamento são encaminhados pelo serviço

social dos hospitais. Durante 15 anos, a

Apacc viveu apenas com doações e ajuda de empre-sas parceiras.

Em 2006, a direção re-cebeu a visita oficial dos dirigentes do Instituto Ro-nald McDonald (IRM), que propuseram uma parceria para que a Casa de Apoio passasse a ser uma Casa Ronald McDonald.

Em 2010, a associação recebeu a licença inter-nacional de Casa Ronald Campinas (CRC).

infância

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A tecnologia a favor da reabilitação

Os smartphones estão nas mãos da maioria

dos jovens e têm muitas funcionalidades, que vão desde o GPS, até a pa-quera, passando por apli-cativos relacionados a turismo e fi nanças. Para muitos, inclusive, esses equipamentos se tornaram também ferramentas com-plementares para o trata-mento de defi ciências, au-xiliando na reabilitação e na inclusão social.

Embora as opções de aplicativos voltados a pessoas com defi ciência sejam vastas, uma grande parte é paga, chegando a custar 49 dólares (cerca de R$ 105,00). No entan-to, ainda existem boas fer-ramentas gratuitas que po-dem se tornar essenciais para o desenvolvimento da pessoa.

Entre os grátis, está o caso do Rehabilitation Game, desenvolvido pela empresa francesa Neure-lec, fabricante de acessó-rios para próteses auditi-vas. Disponível em língua portuguesa, o Rehabilita-tion Game tem como foco auxiliar pacientes usuá-rios de implante coclear em sua reabilitação audi-tiva, permitindo um treino constante, progressivo e confortável da audição.

Com atividades vol-tadas tanto para crian-ça quando para adultos, o Rehabilitation Game consiste em uma série de exercícios com difi culda-

30 de agosto de 2013

Relatório divulga-do pela consultoria

International Data Cor-poration, em agosto de 2013, comprova uma realidade cada vez mais nítida nas ruas: a popu-larização crescente dos smartphones, que, se-gundo a IDC, represen-ta 53% do mercado de telefonia móvel no País e cujas vendas tiveram alta de 197% entre 2011 e 2013, contra 15% dos

celulares convencionais.Um dos principais

motivos para a populari-zação desses aparelhos, além dos preços mais acessíveis, é a versatili-dade. São muitas as pos-sibilidades de uso, indo além de jogos como An-gryBirds e CandyCrush, febres do momento. No primeiro caso, o objeti-vo é acertar um alvo; no segundo, fazer combi-nações entre doces.

Aplicativos de smartphones a serviço do bem-estar

des progressivas, em que são treinadas a capacidade de discriminar sons e fo-nemas, colaborando para melhorar o reconhecimen-to dos sons e da fala sem a necessidade de leitura la-

bial. Em testes realizados pela reportagem com usu-ário de prótese auditiva,

os resultados obtidos pelo aplicativo foram satisfató-rios, servindo como com-

plemento às terapias fono-audiológicas, motivando os pacientes nos treinos auditivos, algo essencial no caso de crianças, por exemplo, que fi carão bas-tante tempo entretidas com

a versão infantil desse apli-cativo, ao mesmo tempo em que estimula a sua au-

dição.Possuindo boas fun-

cionalidades e acessibili-

dade maximizada por ser disponível em português, o Rehabilitation Game apresentou apenas um de-feito nos testes realizados pela reportagem: a baixa legibilidade quando visu-

alizado em telas menores, como as de iPhone e Ga-laxy, falha não encontra-da nos tablets, com telas maiores.

Usuária de prótese au-ditiva há 4 anos, a analista de sistema Aline Cordei-ro, de 25 anos, utiliza o aplicativo há 3 meses e o aprovou, considerando-o prático, fácil de usar e já tendo notado melhorias na diferenciação de fone-

mas.Seguindo a mesma li-

nha do aplicativo anterior, é possível encontrar tam-bém aqueles direcionados para crianças autistas, au-xiliando em sua comuni-cação com o mundo que os cercam, desenvolven-do o contato visual e esti-mulando a concentração e o raciocínio lógico.

Um exemplo é o apli-cativo Fit BrainTrainer. Criado pelo neuropsicó-logo estadunidense Paul Nussbaum, ele não é fo-cado especifi camente no autismo, mas possui jo-gos que trabalham de for-ma progressiva a capaci-dade de memorização, agilidade de pensamento, concentração e foco visual, auxiliando no desenvolvi-mento cognitivo. Também pode ser usado por adultos e idosos que querem pre-venir a perda de memória.

Para torná-lo mais di-vertido, o aplicativo, em português, oferece um sistema de pontuações di-árias, nas quais é possí-vel ter acesso à média de acertos de outros usuários no mundo, estimulando a busca por melhores pontu-ações.

O problema desse apli-cativo é que ele funciona em formato freemiun, pelo qual é possível fa-zer o download sem cus-to, mas, de acordo com o progresso das etapas, é preciso pagar para conti-nuar o uso.

AngryBirds, um dos jogos mais populares da história com mais de 100 milhões de downloads

Fit Brain Trainer, o aplicativo que promete melhorar a capacidade cognitiva

Rodrigo Rabelo

“Os resultados obtidos pelo aplicativo foram satisfatórios, servindo como complemento às terapias fonoaudiológicas.”

Cada vez mais aplicativos de celulares servem como aliados em tratamentos de deficiências

tEcnoloGia

Página 8 30 de agosto de 2013

Construído em 1963, ponto tinha nos arredores um jardim com cisnes e relógio de sol

“Os cisnes voavam da praça até o Lago do bos-que”. É dessa forma sau-dosista que o arquiteto e urbanista João Verde, da Pontifícia Universida-de Católica de Campinas (PUC-Campinas), recorda sua infância na praça lo-calizada em baixo do Via-duto Miguel Vicente Cury, local em que hoje é ocu-pado pelo camelódromo e pelo Terminal Central. Mas, após a lembrança dos cisnes, vem a recor-dação de um medo: depois que o viaduto foi erguido, surgiu o receio de desa-bamento por parte da po-pulação que passava por lá. O então menino, como muita gente, passou a evi-tar o lugar.

A praça conhecida como Lago do Cisne per-maneceu por aproximada-mente 20 anos após a cons-trução do Viaduto que liga as avenidas Senador Sa-raiva, João Jorge e Moraes Salles, em 7 de janeiro de

Priscila Jordão

Viaduto Cury: do “oásis” ao caos

1963. O Terminal Central ocupou o lugar em 1985 e, depois, aos poucos, os am-bulantes passaram a tomar conta das adjacências.

Com cerca de 30 mil carros transitando pelo local todos os dias, segun-do a Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas (Emdec), com velocidade máxi-ma permitida de 40km/h, o Viaduto Cury é considerado uma zona de risco à população. Ao todo, desde que foi erguido, já ocor-reram por ali 165 acidentes graves (em média, três por ano). O último, ocorrido no fim do mês passado, acarretou uma morte.

Ao ser construído, o viaduto não foi batizado. Só algum tempo depois, a Câmara dos Vereado-res decidiu homenagear o prefeito responsável pela obra. Miguel Vicente Cury (1898-1973) gover-nou Campinas por dois mandatos: de 1948-1951

e de 1960-1963. Na época, a obra era imponente para uma cidade de, no máxi-mo, 213 mil habitantes (25% do que tem hoje) e é por isso que o viaduto tem suas deficiências agrava-das.

Segundo Verde, além do viaduto ter sido mal projetado, sua construção

foi realizada numa época em que o fluxo de trânsito em Campinas chegava no máximo a 5% em relação à população. Além disso, a curva projetada deveria ter um ângulo maior. Ou-tro problema é o fato de haver, sobre o viaduto, um cruzamento e uma bifurca-ção. Na visão do urbanis-ta, esse formato só facilita a ocorrência de acidentes.

Devido às comemo-rações dos 240 anos de Campinas, em 14 de ju-lhode 2014, as edições do Saiba+ vão abordar até lá temas sobre a história da cidade, problemas ur-

banos, personagens de relevância entre outras questões consideradas importantes para o mu-nicípio. O projeto será desenvolvido pelas tur-mas de Jornalismo Apli-

cado em impresso, tele-jornalismo e multimídia. As produções também fi-carão disponíveis no site Digitais (www.digitais-puccampinas.wordpress.com).

A solução plausível encontrada pelo arquite-to e urbanista, de acordo com a saturação habita-cional de Campinas, é a demolição do viaduto e a construção de metrôs para a substituição das linhas intermunicipais e diminui-ção das linhas municipais, utilizando os leitos férreos

ainda existen-tes na cidade. Dessa forma, seria possível interligar des-de a cidade de Vinhedo até Americana, re-duzindo, por exemplo, o flu-xo de trânsito

da Avenida Lix da Cunha, uma das mais movimenta-das da cidade. Ele inclui no projeto ciclovias que cruzem a cidade inteira e ainda afirma que há possi-bilidade da construção de uma nova praça ao lado da Estação Cultura.

Em relação ao grande índice de degradação nos arredores da região, é ne-cessário fazer do Centro

um local seguro para se viver.

Para isso, segundo Ver-de, precisa-se que a le-gislação urbanística seja modificada, junto com o incentivo fiscal e a cria-ção de um Fundo Urba-no. Atualmente, pela le-gislação, no Centro de Campinas, só podem ser construídos prédios de até 15 andares. Para construir edifícios maiores, os pré-dios não podem ter gara-gens subterrâneas e pagar uma taxa à Prefeitura. Esse valor iria para o Fun-do Urbano, que custearia obras como a reurbaniza-ção e até o metrô.

Verde ressalta que todo esse trabalho deve partir de um projeto urbanístico de alta qualidade, mas que funcione de maneira pa-liativa, pensando não em alternativas imediatas que possam vir a falhar, mas em soluções que sejam projetadas para o futuro. “A Prefeitura faz as coisas de forma imediata, mas que não vão ser suficientes para daqui a 20 anos”.

A construção foi realizadaquando trânsito em Campinas

chegava, no máximo, a 5% em relação à população.

Além da degradação dos arredores, cruzamento, bifurcação e falta de

sinalização causam acidentes no viaduto

No local em que os campineiros tinham ponto de lazer, foi construído o Terminal Central em 1985 por Magalhães Teixeira

Jornalismo Aplicado cria projeto em comemoração ao aniversário da cidade

Divulgação

Priscila Jordão

cidadEs