Saiba+ - Edição Abril de 2014

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Um produto da Faculdade de Jornalismo da PUC-Campinas 14 de abril de 2015 Distribuição Gratuita * * Campinas perde meio bilhão por falta de investimento em Turismo Faturamento do setor poderia ser até 40% maior, segundo diretoria da Prefeitura Páginas 6 e 7 MEMÓRIA Sebo ganha destaque no restauro de discos PÁGINA 10 CULTURA Museu itinerante bene�icia estudantes PÁGINA 10 MÚSICA Lollapalooza representa cultura dos festivais PÁGINA 11 CINEMA Con�ira quais são as expectativas para Cannes PÁGINA 12 Nome social pode ser usado em escolas Foi aprovada a resolu- ção que assegura o di- reito de estudantes traves- tis e transexuais de utiliza- rem o nome social em to- das as escolas municipais. A medida atende às leis federais e estaduais que já previam esse tratamento nas instituições. Página 4 Cresce apelo para doação de medula Campanhas para incen- tivar o registro de doadores de medula óssea movi- mentaram municípios da região, como Mogi Mirim e Jaguariúna, em ações re- centes. Página 3 Glicério em obras di�iculta mobilidade Principal via do Centro de Campinas, a Avenida Francisco Glicério está passando por obras de re- vitalização desde o início de fevereiro, causando transtornos para o trânsito e dificultando a vida dos moradores da região. Página 8 ESPORTE Rúgbi é o que mais cresce no país PÁGINA 9 À procura de um lar Acolhimento familiar sofre para encontrar pais temporários Página 5 Bruna de Oliveira Lucas Badan Tiago Soares

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Um produto da Faculdade de Jornalismo da PUC-Campinas 14 de abril de 2015 Distribuição Gratuita* *

Campinas perde meio bilhão porfalta de investimento em TurismoFaturamento do setor poderia ser até 40% maior, segundo diretoria da Prefeitura Páginas 6 e 7

MEMÓRIA

Sebo ganhadestaque no restauro de discos

PÁGINA 10

CULTURA

Museuitinerantebene�iciaestudantes

PÁGINA 10

MÚSICA

Lollapaloozarepresentacultura dosfestivais

PÁGINA 11

CINEMA

Con�ira quais são asexpectativaspara Cannes

PÁGINA 12

Nome socialpode ser usadoem escolas

Foi aprovada a resolu-ção que assegura o di-reito de estudantes traves-tis e transexuais de utiliza-rem o nome social em to-das as escolas municipais. A medida atende às leis federais e estaduais que já previam esse tratamento nas instituições.

Página 4

Cresce apelopara doação de medula

Campanhas para incen-tivar o registro de doadores de medula óssea movi-mentaram municípios da região, como Mogi Mirim e Jaguariúna, em ações re-centes.

Página 3

Glicério em obras di�icultamobilidade

Principal via do Centro de Campinas, a Avenida Francisco Glicério está passando por obras de re-vitalização desde o início de fevereiro, causando transtornos para o trânsito e difi cultando a vida dos moradores da região.

Página 8

ESPORTE

Rúgbi é o que maiscresceno paísPÁGINA 9

À procura de um larAcolhimento familiar sofre para encontrar pais temporários Página 5

Bruna de Oliveira

Lucas Badan

Tiago Soares

14 de abril de 20152 OPINIÃO

CRÔNICA

EDITORIAL

As borboletas

O alto custo da ine�iciência

CENTRO DE LINGUAGEM E COMUNICAÇÃODIRETOR: Rogério BaziDIRETORA-ADJUNTA: Cláudia de CilloDIRETOR DA FACULDADE: Lindolfo Alexandre de SouzaPROFESSOR RESPONSÁVEL: Luiz Roberto Saviani Rey (MTB 13.254)

EDITOR-CHEFE: Flávio MagalhãesEDITORES: Ana Luiza Sesti Torso e Thalita Souza DIAGRAMAÇÃO: Flávio Magalhães e Vinícius Paráboa TIRAGEM: 2 mil exemplaresIMPRESSÃO: Gráfi ca e Editora Z

Um produto da Faculdade de Jornalismo da PUC-Campinas - Desde 2006

É surpreendente (para não dizer estarrecedora) a in-formação trazida com exclu-sividade na manchete des-ta edição do jornal Saiba+. A cidade de Campinas deixa de arrecadar R$ 500 milhões ao ano simplesmente por não dar a devida atenção e investimento ao Turismo local. Isso signifi ca que em um período de quatro anos, o mesmo de um mandato político, o município deixa de contar com R$ 2 bilhões em receita, mesmo que indi-retamente.

Em tempos de crise ecô-nomica e de possível re-cessão, com direito a cortes absurdos promovidos pelos governos de Dilma Rous-seff (PT) e Geraldo Alck-min (PSDB) até mesmo na Educação, R$ 500 milhões por ano seriam mais do que

bem-vindos ao orçamento de qualquer prefeitura. Essas cifras representam mais que o dobro do prometido em 2013, através do Programa de Aceleração do Cresci-mento (PAC), para as obras de pavimentação de dez bairros campineiros.

Essa é mais uma prova de que a inefi ciência do Poder Público custa caro. É mais uma evidência da práxis dos governantes brasileiros, que nas campanhas eleitorais privilegiam apenas o tripé essencial (Saúde, Segurança e Educação) e quando eleitos sequer colocam em prática seus planos de governo, em um verdadeiro estelionato eleitoral que se repete a cada quatro anos. Limitados, sem visão nem políticas de Es-tado administram os cofres públicos sem compromisso

algum com a população que os elegeram.

Ainda assim, em Campi-nas, o esquecido Turismo representa 5% do Produto Interno Bruto (PIB) muni-cipal. Sem grandes inves-timentos, mas na mão de pessoas competentes, o setor contribui em R$ 1,5 bilhão para a cidade. Poderia ser mais. Com a devida atenção da Prefeitura e um bom planejamento, injetaria meio bilhão de reais a mais na ci-dade. Faria a roda da Econo-mia local girar mais rápido.

No entanto, é raro o ad-ministrador público que se preocupa em executar proje-tos com resultados de longo ou médio prazo. Todos bus-cam ações instantâneas, que lhe rendam bons dividendos eleitorais para se perpertu-arem o máximo possível no

poder. Os interesses pessoais e mesquinhos se sobrepujam aos da coletividade. Essa é a regra, não a exceção.

É por isso que urge ago-ra uma reforma política sem precedentes que, em verdade, deve começar com cada eleitor, na cabine de votação. Talvez seja a única maneira de expurgar da política na-cional os sanguessugas que dão de ombros para o interes-se coletivo e que não fazem a mínima questão de bem go-vernar, seja em esfera fede-ral, estadual ou municipal.

A inefi ciência do Po-der Público, aliada à latente corrupção da classe política brasileira, é nociva a ponto de levar ao colapso qualquer município, estado ou país. Faça o teste. Utilize os serviços públicos custeados pelos impostos pagos por

nós, contribuintes. Constate a qualidade do transporte, do serviço médico, do sistema de ensino, da segurança pre-ventiva. Agora compare com a carga de taxas que somos obrigados a honrar.

Por isso se fazem necessários governantes que levem a sério a Admi-nistração Pública. O eleito-rado precisa ter a maturi-dade necessária para des-cartar os aventureiros. Não podemos mais perder tem-po. Não podemos mais per-der dinheiro. Não podemos mais perder a oportunidade de renovar a política. E, principalmente, não po-demos perder a esperança de um país melhor.

FLÁVIO MAGALHÃESEditor-chefe destaedição do Saiba+

CAMILA MAZIN

Não acreditava ser possível mais um dia sequer de espera. O coração parecia mais com a ba-teria frenética de uma banda de rock tocando em pelo Maracanã que outra coisa. Já se somavam 40 semanas, 280 dias mais pre-cisamente. Mas naquele dia o sinal foi dado, soube que aquele era o momento.

O desespero toma conta de tudo. A única coisa que eu con-seguia enxergar eram borboletas voando ao meu redor, uma mais linda e mais brilhante que a ou-tra. A leveza das suas asas leva-vam a minha alegria para longe.

Em casa já estava tudo preparado. Até ali tudo normal, a dor aparecia mas logo ia em-bora. Deu-me uma vontade louca de dançar. Liguei o rádio e me dispus a bailar algumas músicas. Ao acelerar do ritmo as dores começaram a aparecer. A cada movimento, uma con-tração. Meu marido percebeu que desligar a música me faria muito bem, e assim o fez.

As doulas já estavam em casa, as dores já estavam cons-tantes, me sentia inquieta, sem posição e o suor era inevitável, mas ainda sim meu coração batia aceleradamente e as borboletas continuavam voando. Estava con-tando os minutos, os segundos.

ARTIGO

O jornalista (e o diploma) como bem social

PRISCILLA GEREMIAS

Há quem diga que qualquer um possa exercer a profi ssão de jornalista. Afi nal, nós temos o direito e a liberdade de nos expressarmos. Essa foi uma das razões defendidas por Gil-mar Mendes, ministro-relator do processo que derrubou a obrigatoriedade do diploma de Jornalismo em 2009, pelo Su-premo Tribunal Federal.

“A profi ssão de jornalista não oferece perigo de dano à coletividade, tais como Me-dicina, Engenharia, Advocacia – nesse sentido por não im-plicar tais riscos não poderia exigir um diploma para exer-cer a profi ssão’’, disse Mendes na época.

Ao refl etir sobre o dano à coletividade, podemos citar vários casos em que o Jorna-lismo, ou jornalistas, foram os maiores responsáveis. Desde o caso “Escola Base” até mesmo em situações em que pessoas (não diplomadas) utilizaram da liberdade de expressão para a difusão de informações, como no caso da mulher que, após boatos e a divulgação de um retrato falado, foi linchada até a morte no Guarujá ao ser confundida com uma suposta

sequestradora de crianças que praticava rituais de magia ne-gra.

A inefi ciência ou desones-tidade de nós, jornalistas, pode acabar com vidas, ajudar a der-rubar governantes e justifi car crimes injustifi cáveis.

A defesa pela obrigatorie-dade do diploma não é pelo canudo, é pela valorização da profi ssão. Grandes grupos de mídia visam maior produção de conteúdo a um menor cus-to e a não obrigatoriedade resultaria na redução de con-tratações e na precarização do trabalho jornalístico.

A exigência do diploma se-ria uma vitória para a sociedade e para os profi ssionais de jor-nalismo, que lutam por melhor piso salarial e pela regulamen-tação da profi ssão. De acordo com a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), os pisos atuais no Brasil variam de R$ 1,1 mil a R$ 3,5 mil. A retoma-da do diploma impulsionaria a aprovação de um projeto de lei que fi xa o piso em R$ 3,2 mil.

Ser jornalista não trata-se apenas de saber comunicar, mas de entender o processo de comunicação, como uma in-formação é elaborada, qual a relação do profi ssional com as

fontes, as técnicas de apuração, redação, edição e, principal-mente, os interesses em jogo de cada veículo midiático.

Há bons jornalistas que não passaram pela Academia, mas são exceções. Exemplos são colunistas, comentaristas, articulistas, que utilizam o es-paço dos meios de comuni-cação para discutir e abordar o tema do qual são especialis-tas. Não podemos confundir a exigência do diploma com li-mites na liberdade de ex-pressão, que por sua vez não deve ser confundida com liber-dade de imprensa.

Defender a obrigatoriedade do diploma de Jornalismo é defender a regulamentação do exercício da profi ssão e a qual-ifi cação da atividade profi ssio-nal.

Contrariando a jornalista Lúcia Guimarães, que disse em 2012 que “o jornalismo é um bem social importante demais para fi car na mão de jornalis-tas diplomados”, eu afi rmo que o jornalismo é um bem social importante demais para que a formação e o diploma sejam desprezados, visto que, assim como engenheiros e médicos, o jornalista pode causar danos à sociedade.

O relógio apitou 15:30 em ponto. “Agora é com você. Força!”. As borboletas se deses-peraram. E agora, o que eu faço? Minha vida está há pou-cos minutos de se transformar. Minhas noites de sono estavam saindo de férias, conseguia ver a minha casa cheia de brin-quedos, as contas aumentando, as noites em claro no hospital, a preocupação com o horário, os amiguinhos, as namoradas... Enquanto minha cabeça borbu-lhava, só consegui respirar fun-do e gritar. Talvez de alívio ou dor, quem sabe até medo. Mas de uma coisa tenho certeza, foi o melhor grito da minha vida.

Nesse momento o mundo parou. Pude ver meu marido chorando, as doulas come-morando, a cortina balançando com o vento e ao fundo aquele chorinho que se aproximava. Meus olhos molharam e ali es-tava ele, o meu coração, a minha segunda vida.

As contas, as noites de sono, a preocupação, nada mais im-portava, e agora, mais do que nunca as borboletas voavam. Em ordem me cercavam, me envolviam. Suas asas dançavam a mais linda valsa que pudesse existir, e as suas cores refl etiam a minha alma, exalando o mais doce e agradável perfume.

Se eu tivesse o supremo poder de parar o tempo, aquele seria o momento exato. E a úni-ca coisa que faria era voar com as borboletas.

Mogi e Jaguariúna cadastram cerca de 600 doadores de medula óssea

14 de abril de 2015 3SAÚDE

Municípios da região mobilizaram voluntários através de campanhas nas últimas semanasFLÁVIO MAGALHÃES

Campanhas para incen-tivar o registro de doadores de medula óssea estão movimentando cidades da região. Em ações recentes, os municípios de Mogi Mirim e Jaguariúna con-seguiram mobilizar apro-ximadamente 600 pessoas para o Registro Nacional de Doadores de Medula Òssea (Redome). Em am-bos os casos, foi solicitado o apoio do Hemocentro da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) para realizar a coleta de sangue e o cadastro dos voluntári-os.

Em março, uma ação realizada na Faculdade de Jaguariúna (FAJ) atraiu cerca de 270 pessoas. A campanha foi encabeçada por estudantes dos cursos da área da Saúde. Os vo-luntários assistiram a uma palestra, preencheram um formulário para o cadas-tro e em seguida passaram

pela coleta da amostra de sangue. Após o exame, os dados dos doadores foram para o Redome.

Trabalho semelhante foi realizado no Hospital 22 de Outubro, em Mogi Mirim. Mesmo marcada para a véspera da Páscoa, a cam-panha conseguiu mobilizar um número de voluntários maior que o planejado pela Unicamp. Foram 320 do-adores. A expectativa é de que o Hemocentro retorne à cidade nos próximos meses. “Uma nova data já foi solicitada, mas ainda não há nada confi rmado”, disse a assistente social da captação de doadores da universidade, Roberta Aparecida dos Santos.

A ação em Mogi Mirim foi motivada a partir do caso do estudante Lucas Sanavio Borges, de 21 anos. Diagnosticado com leucemia e sem doadores de medula compatíveis na família, Lucas se tornou símbolo de uma campanha

criada pela irmã, Fernan-da Sanavio Borges, e pela namorada, Gabriela Vischi. Batizada de #ForçaLucão, a corrente ganhou força através das redes sociais e da imprensa local, chegan-do a atingir mais de 18 mil pessoas pelo Facebook. Hoje, Lucas está recupe-rado da doença, mas ainda precisa do transplante para eliminar qualquer chance de recaída, de acordo com os médicos.

O transplante de medu-la óssea é necessário para a cura de portadores de leucemias e outras doenças do sangue. Para ser um do-ador, é preciso ter entre 18 e 55 anos de idade, estar em bom estado geral de saúde e não ter doença infeccio-sa ou incapacitante. Atual-mente, o Redome conta com cerca de 3,5 milhões de cadastros. A chance de um paciente encontrar uma medula compatível é de uma em 100 mil, segundo dados da Unicamp.

ISABELLA ROBAINA

Utilizar o celular du-rante o dia inteiro se tor-nou uma prática mais que comum na atual so-ciedade. Uma pesquisa realizada pelo aplicativo Locket em 2013, consta-tou que, em média, as pes-soas checam o aparelho 110 vezes por dia. As aca-demias não fogem à regra e cada vez mais os alunos praticam exercícios ao mesmo tempo em que mandam mensagens de texto, tiram fotos, ouvem músicas e diversas outras atividades.

Para a educadora físi-ca da Academia Iron Company, Roberta Hele-na Carneiro, usar o celu-lar durante as atividades físicas na academia pode infl uenciar tanto positi-vamente como negati-vamente o desempenho do aluno. “Hoje existe uma série de aplicativos fi tness no mercado, que permitem copiar treinos, marcar intervalos, númer-os de séries, entre outras

práticas, o que é bastan-te positivo para alguns alunos que já treinam há algum tempo e tem o mí-nimo de conhecimento”, destaca Roberta. “Entre-tanto, se utilizado para responder mensagens e fi car nas redes sociais pode infl uenciar de forma negativa no treino, pois a execução do mesmo exi-

ge concentração e foco, sem contar que o aluno atrapalha outros ocupan-do por mais tempo um de-terminado equipamento”, afi rma a educadora física.

O estudante Michel Canazava frequenta di-ariamente a academia e sempre está com o celu-lar enquanto pratica mus-culação. “Não utilizo o

tempo todo, mas sempre que tenho um intervali-nho entre uma série e ou-tra respondo algumas mensagens. Acredito que fi car o tempo todo real-mente pode atrapalhar meu desempenho”, conta o estudante.

A discussão sobre o uso excessivo dos celu-lares expande o ambiente

Campanha em Mogi supera expectativas do hemocentro

Uso de celular durante exercícios na academia pode afetar desempenho

O estudante Michel aproveita o intervalo na musculação para conferir o celular

Isabela Robaina

das academias e pode ser um problema que vai mui-to além. “Ao observar o quanto a tecnologia ocu-pa seu tempo, energia e emoções, a pessoa já pode ter uma ideia se a relação está saudável ou começan-do a entrar no exagero. Se os contatos pessoais e as atividades habituais es-tão frequentemente sendo substituídos pelo uso de computadores, celulares, e outros meios, deve-se fi car alerta e começar a diminuir. Uma vida saudável inclui a diversi-dade de atividades”, ex-plica a psicóloga e coach, Shirley Miguel.

Ainda segundo a psicóloga, as tecnologias não são um mal na socie-dade, mas o uso exagera-do pode gerar problemas “Algumas pessoas podem usar da tecnologia de forma compulsiva e isso pode causar danos em sua vida social, fi nancei-ra, gestão de tempo e até em aspectos de segurança pessoal”, alerta a espe-cialista.

Flávio Magalhães

14 de abril de 20154 COTIDIANO

Travestis e transexuais poderão usar nome social em escolas municipais

Medida inclui também capacitação de funcionários, mas não assegura nenhuma puniçãoPAULA FONSECA

A Prefeitura de Campi-nas aprovou neste mês uma resolução que as-segura o direito de estu-dantes travestis e transe-xuais de utilizarem o nome social em todas as escolas municipais. A re-solução foi publicada no Diário Ofi cial e atende às leis federais e estaduais que já previam esse trata-mento nas instituições.

O nome social corres-ponde aquele adotado pela pessoa e identifi ca-do na comunidade. Para alunos menores de 18 anos será necessário a so-licitação diretamente do responsável.

Para a integrante do co-letivo TransTornar, Amara Moira, a proposta é boa, mas não é sufi ciente e pre-cisa ser melhorada.

“A visibilidade que a resolução traz é ótima, pois vai deixando cada vez mais claro que nós existimos e temos direito à cidadania. No entanto, é um tanto quanto insufi ci-ente no seu propósito, seja por não prever punição para quem a desrespeite ou por submeter os direi-tos de travestis e transe-

xuais menores de idade à aprovação de pai ou mãe. E que família apoia uma criança travesti ou tran-sexual?”, apontou Amara.

Segundo o professor do Centro de Formação, Luis Carlos Cappellano, que ajudou a elaborar o documento, a resolução é importante porque visa que não deve haver dis-criminação com qualquer um que queira adotar o nome social.

“Essa resolução é histórica porque ela se posiciona muito bem em prol dos direitos hu-manos, para tratar todos com justiça e garantir que todos dentro das escolas tenham direito à liberdade de gênero”.

Para garantir que a re-solução seja implantada com sucesso, é previsto que ações pedagógicas ocorram nas escolas a fi m de debater a diversidade de gênero para tentar mi-nimizar as reações pre-conceituosas que podem surgir.

De acordo com Cap-pellano, a medida pode ter um grande impacto na vida dessas pessoas e ajudará a diminuir o pre-conceito, estendendo o

tempo de estudo que é normalmente interrompi-do por conta de bullying homofóbico.

“Esse segmento aban-dona precocemente a es-cola por causa de precon-ceito, e isso faz com que elas tenham subempregos, trabalhem à margem da sociedade. Se a escola passa a tratá-la como ela quer, isso vai diminuir o preconceito e essa pessoa não será obrigada a aban-donar a escola em função do bullying homofobico”.

Atualmente, algumas escolas têm parceria com o Centro de Referência LGBT, da Secretaria de Cidadania, para cursos de capacitação de funcionári-os e para cumprir com a norma da nova resolução, essa colaboração será am-pliada para outras escolas.

Apesar das diversas ações propostas, o dire-tor de Cidadania, Fábio Custódio, afi rmou que ex-tinguir totalmente o pre-conceito não é algo que provavelmente aconteça.

“Não temos a ilusão de que o problema e de que todas as intolerâncias se resolvam pela educação, mas é necessário que a superação se dê também

Lú Santana relata que a aceitação não foi difícil, mas que chegou a ter difi culdades

Medida é boa, mas ainda insufi ciente para Amara Moirapelo campo da informação e capacitação”.

Como a resolução está amparada em leis fede-rais e estaduais, não há nenhum tipo de punição previsto para quem a de-sacatar.

Para Custódio, leis proibitivas devem ser implantadas para fortifi -car a resolução e garantir que ela seja colocada em prática.

“Leis proibitivas têm de ser que ser implan-tadas, não há dúvida que a questão a fundo é educacional, mas são necessárias punições ten-do em vista o alto índice de violência. A resolução precisa ser radicalizada”, afi rmou Custódio.

ESCOLA X ESTUDANTEA Administração prevê

a aproximação de tra-vestis e transexuais com o ambiente escolar. Para a estudante Lú Santana, de 15 anos, a aceitação não foi um processo tão difícil, mas houve difi cul-dades em relação ao nome social.

“Uma professora já havia me chamado duas vezes pelo nome de re-gistro sendo que nas listas já constava meu nome so-cial. Às vezes eu fi co ner-vosa quando entra algum professor novo, mas eles me veem como uma ima-gem feminina, então têm que me chamar de Lú”, afi rmou a estudante.

A situação requer adap-tação de ambos os lados, estudante e escola, e a diretora do colégio Fran-cisco Glicério, Marielisa Andrade, que já teve uma aluna travesti, conta que mesmo com orientação alguns professores não se-guiam o previsto na lei.

“Eu me dava muito bem com ela, mas na épo-ca um professor a chamou pelo nome de registro e isso ocorreu mais de uma vez. Foi uma confusão, porque a aluna não que-ria que isso acontecesse e tivemos que ir acertando a situação”.

Para Marielisa, o medo de sofrer preconceito é um dos fatores que os afa-sta do colégio.

Fotos: Paula Fonseca

Sem divulgação, acolhimento familiar sofre para atrair pais temporários

14 de abril de 2015 5COTIDIANO

Serviço pretende atingir 20 famílias, mas crescimento é comprometido por falta de difusão

Lei prevê que crianças e adolescentes têm direito á convivência familiar e comunitária

BRUNA DE OLIVEIRA

O projeto de acolhi-mento familiar da cidade de Campinas, conhecido como Sapeca (Serviço de Acolhimento e Proteção Especial à Criança a ao Adolescente), atualmente conta com somente 12 famílias acolhedoras. Sua meta é atingir o número de 20 famílias para ter um trabalho de qualidade. Para a coordenadora da institui-ção, Adriana Pinheiro, no Brasil não existe uma cul-tura de acolhimento fami-liar e garante que a falta de divulgação é o que preju-dica o crescimento desse trabalho voluntário.

O acolhimento é uma alternativa aos abrigos, em que famílias cadastradas acolhem, por no máximo dois anos, crianças e ado-lescentes de 0 a 18 anos incompletos, em medida de proteção, afastados de suas famílias de origem devido a problemas fami-liares, como maus-tratos, negligência, abusos sexu-ais, abandono e agressões. A partir do acolhimento é possível trabalhar no desenvolvimento e propor-cionar uma convivência estável em um ambiente familiar.

Enquanto as crianças estão em acolhimento fa-miliar, a Vara da Infância e da Juventude irá avaliar se a família biológica tem condições de fi car com a guarda. São feitas todas as tentativas possíveis e quan-do determinam que não há possibilidade da criança voltar para essa família,

elas vão para a adoção. Em Campinas, são 29 abrigos entre casas de passagens, orfanatos, casa lar e aco-lhimentos familiares. Além do Sapeca, existe outro projeto de acolhimento familiar em campinas, o Conviver.

“Não há um perfi l espe-cifi co de família acolhedo-ra, são dos mais diversos arranjos familiares, casal com ou sem fi lho, casal que já adotou, homens e mulheres sozinhos, viúvos ou separados, casais ho-moafetivos, enfi m, inde-pendente da característica familiar o acolhedor deve acima de tudo cuidar e pro-teger”, explica a assistente social e coordenadora do Sapeca.

Rosely Cardoso e Luis Cardoso, realizaram seu primeiro acolhimento fa-miliar com duração de dois anos, e há 40 dias o casal entregou o bebê para a família que estava na fi la da adoção.

“A experiência foi óti-ma, uma das poucas coisas que fi zemos corretamente e fi nalizou na forma que a gente gostaria. Entre-gar uma pessoa com uma saúde perfeita, para uma boa família”, diz o acolhe-dor. Sua esposa, a profes-sora Rosely, explica que a parte mais difícil foi a despedida. “Participamos de tudo, desde quando ela chegou parecendo uma ‘Barbie’, até as primeiras palavras. O sentimento é de abandono, mas sei que ela está bem e foi para uma ótima família”, conta Rosely, emocionada.

Para a coordenadora do Sapeca, o momento mais difícil é quando a família termina o acolhimento. Cada uma, no entanto, reage de uma forma dife-rente. Já para a criança o impacto não é de grande proporção, pois desde o inicio do acolhimento, a criança sabe que é algo temporário, que ela tem uma família, ou vai ter um lar. É dever de toda família acolhedora montar um ál-bum com toda a história da criança.

Um dos pontos levan-tados pelo casal, é a falta de contato com os pais bi-ológicos ou com os que ad-otaram a criança. Luis ex-plica que era preciso ter um contato antes de entregar a criança, como dizer como é a rotina, seus gostos e entre outros. A política do Sape-

ca, entretanto, não permite um primeiro contato, ape-nas se a família que recebeu a criança permitir.

Tratando-se de adoção, a família que acolhe não tem preferência no mo-mento de adotar, é apenas um lar temporário, em que a família recebe uma guar-da provisória e se a família que acolheu tiver interesse em adotar, é preciso seguir todos os tramites legais e entrar na fi la da adoção.

Para se tornar uma família acolhedora é pre-ciso passar por um pro-cesso, em que o interessa-do entra em contato com a instituição, participa de reuniões, cadastramento e acompanhamentos com a equipe do Sapeca, forma-da por psicólogos e assis-tentes sociais. Após todo o processo, é realizado uma

Bruna de Oliveira

análise com as famílias e depois recebem a resposta se estão aptos ou não para acolher.

O SAPECA É o serviço público de

acolhimento familiar mais antigo em funcionamento no país, e pioneiro nesse ramo. Foi criado em 1997, por duas assistentes soci-ais, que tinham como ideia o acolhimento ser uma al-ternativa aos abrigos. Na época, a proposta recebeu-críticas, e iniciou com pou-cas famílias acolhedoras.

No Sapeca ocorrem reuniões quinzenais com famílias acolhedoras, para sanar dúvidas. Em uma das reuniões, a equipe do Saiba Mais participou e ouviu diversos depoimentos das famílias, muitos assuntos foram levantados como a falta de um profi ssional, exemplo: Vara da infância e da juventude, psicólogos, especialistas e pesquisa-dores. As famílias acolhe-doras pretendem implantar uma Associação de pais acolhedores, atualmente é uma ideia inicial, mas pre-tendem investir.

Arte: Bruna de Oliveira

Serviço de Acolhimento e Proteção Especial à

Criança e ao Adolescente(19) 3256-6067

[email protected].

Rua Latino Coelho, 540, Alto Taquaral, Campinas (SP)

INFORMAÇÕES

14 de abril de 20156 ESPECIAL

Campinas deixa de arrecadar meio bilhão de reais por não investir em TurismoCidade aposta em turismo de negócios e arrecada um bilhão e meio por ano; outra parcela do setor que está na mira são os moradores da região metropolitana que buscam lazer e diversão

CRISTIANE DOURADO

A cidade de Campinas deixa de arrecadar meio bilhão de reais por ano em Turismo. Isso porque 5% do Produto Interno Bruto (PIB) campineiro, ou seja, aproximadamente R$ 1,5 bilhão, vêm do setor e essa fatia poderia ser até 40% maior, o que signifi caria cerca de R$ 500 milhões por ano a mais em receita. A informação foi dada pela diretora de Turismo do município, Alexandra Caprioli, em entrevista ao jornal Saiba+.

Um dos principais mo-tivos apontados para essa perda de arrecadação é a falta de divulgação interna dos pontos turísticos e de lazer da cidade. “O cam-pineiro conhece muito pouco a história da cidade, o que difi culta a divul-gação dos pontos históri-cos e turísticos”, acredita Alexandra. “O morador tem que perceber que ele é uma peça essencial para atrair o turismo na ci-dade.”

O cálculo da ar-recadação é feito com base nos setores mais atin-gidos, principalmente o alimentício e o hoteleiro. A estimativa, porém, é de que 50 setores diferentes sejam movimentados. A Secretaria de Desenvolvi-mento Social, Econômico e de Turismo trabalha com pesquisas quantitativas, mas ainda é inefi ciente. Alexandra conta que a Di-retoria de Turismo estuda criar uma ferramenta mais efi ciente para quantifi car e qualifi car o turismo na cidade.

Políticas públicas de incentivo também são necessárias. Um exem-plo é o Passe Lazer, que oferece desconto na tar-ifa de ônibus duas vezes ao mês, uma iniciativa da Prefeitura para impulsion-ar o mercado de turismo de lazer e de compras.

Mesmo não sendo o ponto forte de Campi-nas, o turismo de lazer está presente. “Na par-te de parques ele é mais explorado. Todo mundo já foi pelo menos uma vez na Lagoa do Taqua-ral”, diz Alexandra. Outro ponto são os patrimônios histórico-culturais, um tipo de turismo ainda não explorado nem divulgado na visão da diretora. “As

pessoas passam em frente, batem o olho, mas não sabem o que é aquilo e a história que tem por trás.”

Alexandra aponta ain-da alguns pontos impor-tantes da região que são pouco visitados. “O MIS (Museu da Imagem e Som de Campinas), que fi ca no Palácio dos Azulejos, an-tiga sede da Prefeitura da cidade, o Jockei Club, que é uma entidade privada mas que é um patrimônio histórico, o mercado mu-nicipal e até a Praça Car-los Gomes”, lista.

Uma das ações pro-movidas pela Diretoria de Turismo para solucionar a falta de informação dos campineiros sobre a cidade e seus pontos históricos é o passeio cultural de Na-tal, em que um guia acom-panha os visitantes e con-ta a história de Campinas desde a sua fundação, pas-sando pelo seu desenvolvi-mento, até os dias de hoje.

Enquanto a divul-gação interna é quase in-existente, a divulgação externa funciona muito bem. Mesmo sem possuir atrativos naturais como praias, montanhas ou neve, a cidade de Campi-nas é considerada turísti-ca, isso porque o turismo de negócios é muito forte. Por ano são visitadas cer-ca de 14 feiras no exterior, com o objetivo de apre-sentar Campinas e atrair empresas e empresários para o município.

O turismo de negócios, aquele que atrai o viajante a trabalho, é o principal responsável pela alta taxa de ocupação dos hotéis da cidade, que em baixa temporada registram 67% dos quartos ocupados, po-dendo chegar a 100% nos fi nais de semana. Políti-cas de incentivo, como a baixa nos impostos, tam-bém atuam para fortalecer cada vez mais o turismo de negócios.

“Mas ainda falta um grande espaço de eventos na cidade”, diz Alexandra. “Falta um espaço para mais de cinco mil pessoas, que possa abrigar eventos maiores”, acredita.

ROTEIROS DISPONÍVEIS A Diretoria de Turismo,

divisão da Secretaria de Desenvolvimento Social, Econômico e de Turismo, cria folders de divulgação com roteiros indicados

para quem quer conhecer a cidade, sua história, com pontos históricos de Campinas. O objetivo é apresentar os monumentos históricos do município.

Os folders contém in-formações como locali-zação, preços, passeios disponíveis, a história do local e sua importância histórica para a cidade. Os

roteiros preparados fi cam à disposição do viajante em locais estratégicos, como a rodoviária, o aeroporto e a entrada do município. Um dos roteiros à dis-posição apresenta as “sete maravilhas de Campinas”, que são sete pontos turísti-cos escolhidos pelos cam-pineiros em votação como os mais bonitos, visitados

e importantes da cidade. Atualmente, a Diretoria

de Turismo trabalha em um roteiro afro, que desta-ca a relevância da cultura negra e das fazendas ca-feeiras para o desenvolvi-mento da cidade. Outros roteiros estão disponíveis, como o Rural, com fa-zendas com passeios em meio a natureza, e o Mapa

PEDREIRA DO CHAPADÃORevitalizada, a Pedreira do Chapadão é alternativa para a prática de esportes que oferece em seus 130 mil m2 dois playgrounds, academia ao ar livre, pista de skate, palco de eventos, dentre outros atrativos

MUSEU DA IMAGEM E DO SOMReferência de boa programação cultural na área do audiovisual, o MIS, localizado no Palácio dos Azulejos, reúne importante acervo sobre a história social e cultural da cidade e região

Rota turística de Campinas tem potencial inexploradoCAMINHOS TORTUOSOS

7ESPECIAL14 de abril de 2015

Campinas deixa de arrecadar meio bilhão de reais por não investir em TurismoCidade aposta em turismo de negócios e arrecada um bilhão e meio por ano; outra parcela do setor que está na mira são os moradores da região metropolitana que buscam lazer e diversão

Turístico, com todos os pontos históricos e cul-turais da cidade.

‘MINI SÃO PAULO’ Alexandra vê um

grande crescimento do Turismo campineiro nos últimos anos, especial-mente na Gastronomia. Hoje, Campinas é um polo gastronômico, atraindo os

moradores da região me-tropolitana que antes iriam até São Paulo para jantar ou passear. “Campinas tem um destaque grande na gastronomia, é uma mini São Paulo”, compara.

Além da Gastronomia, Campinas tem atraído um grande número de mora-dores dos municípios da região,principalmente aos

fi nais de semana, com teatros e eventos espor-tivos. Alexandra coloca que “nossa primeira meta, além de atrair o morador da cidade, é o morador da região metropolitana”. É um público possível de um milhão e trezentas mil pessoas, das cidades ao re-dor que vêm para Campi-nas atrás de diversão.

Setor ganhará novosempreendimentos

Viracopos se prepara para passar por obras de expansão

ANDERSON EPIFANIO

A alta demanda que co-locou Campinas no centro do Turismo de negócios e lazer terá pelo menos cin-co novos empreendimen-tos relacionados a área nos próximos anos. Esses investimentos vão desde o sertor hoteleiro, ampliação de Centros de Convenções e transporte aéreo, até obras públicas visando o lazer do visitante.

Uma das principais portas de entrada de tu-ristas na cidade, o aero-porto de Viracopos, eleito o melhor terminal aéreo do país, prevê em seu projeto de expansão a construção de hotéis, shopping center e centro de convenções. Com investimento de R$ 9,5 bilhões nos 30 anos de concessão, o aeroporto se prepara para receber mais de 80 milhões de passage-iros/ano e deve se transfor-mar no maior e mais mod-erno aeroporto da América Latina. Só no primeiro bimestre de 2015 recebeu cerca de 1,8 milhão de passageiros, um aumento de 10,1% em comparação ao mesmo período do ano passado.

Outra vitrine que vem atraindo os investidores é o espaço para feiras e convenções, localizado no anexo do Parque Dom Pe-dro Shopping, a Expo Dom Pedro tem capacidade para abrigar desde eventos para 30 pessoas, feiras de 7.000 m² e congressos para mais

de 2.000 pessoas, e pre-tende ampliar as suas in-stalações. Em decorrência de sua importância, o em-preendimento abrigou en-tre os dias 10 e 11 de abril a 38º Aviesp (Associação das Agências de Viagens Independentes do Interior do Estado de São Paulo), considerada a maior Feira de negócios em turismo do interior.

Outro importante inves-timento na área de turis-mo de negócios e lazer é o megaempreendimento que está sendo projetado pelo grupo Royal Palm Pla-za Hotels & Resorts, que prevê investimentos de R$ 400 milhões para implantar um centro de convenções, dois hotéis, duas torres comerciais e um shopping. O novo complexo, inicial-mente previsto para fi car pronto até o segundo se-mestre de 2015 ao lado do Royal Palm Plaza, foi adi-ado para o fi nal de 2017 ou início de 2018.

Em entrevista ao Saiba +, a diretora da Secreta-ria Municipal de Desen-volvimento Econômico, Social e Turismo, Ale-xandra Caprioli, disse que outros empreendimentos voltados ao entretenimen-to ainda estão em estudo, um aquário, uma pista de skate gigante e o túnel do vento. Desses três projetos somente a pista poderá re-ceber verba da prefeitura, os outros dois são iniciati-vas de empresários.

Fotos: Anderson Epifano / Arte: Flávio Magalhães

Divulgação

FAZENDA ROSEIRAUma das últimas regiões do país a abolir a escravidão, Campinas possui no roteiro Afro uma ótima oportunidade para o turista conhecer a história da cidade. A sede da Fazenda Roseira e principal reduto da elite cafeeira no século XIX possui vasta programação cultural

JOAQUIM EGÍDIOImportante roteiro gastronômico de Campinas, o Distrito de Joaquim Egídio e Sousas são boas opções para o turista interessado em história, natureza e variada diversão noturna

14 de abril de 20158 ESPECIAL

Revitalização prevê novos pontos comerciais e paradas de ônibus, numa tentativa de valorizar o fl uxo de pedestres que circulam pela avenida

Obra na Glicério promete melhorias, mas atrapalha mobilidade do Centro

Avenida tem média de 43 mil veículos circulando por dia e sofre intervenção desde janeiro

Trecho a ser revitalizado na altura da Orosimbo Maia foi prometido para este mês

LUCAS BADANNATHÁLIA BUENO

Principal via do centro de Campinas, a Avenida Francisco Glicério está passando por obras de re-vitalização desde o início de fevereiro, causando transtornos para o trân-sito e difi cultando a vida dos moradores da região. O objetivo da obra é me-lhorar o trânsito do centro da cidade sem agravar a mobilidade urbana, segun-do a Secretaria de Desen-volvimento Econômico e Turismo do município.

Entretanto, há contro-vérsias sobre a real utili-dade das obras. De acor-do com o professor Fábio Muzetti, Diretor da Facul-dade de Arquitetura e Ur-banismo da PUC-Campi-nas, “para quem anda de carro, vai fi car mais difícil o trânsito. Mas para quem usa ônibus e passa a pé, vai melhorar”, avalia.

A avenida tem uma média de 43 mil veículos circulando diariamente e possui cinco faixas, sendo uma usada para estacio-namento, que sofrerá in-terversão para ampliação da calçada, melhorando a circulação de pessoas no local, segundo a Empresa Municipal de Desenvolvi-mento de Campinas (EM-DEC).

Durante as obras, as principais vias que serão afetadas por serem rotas alternativas são Rua José Paulino, Avenida Orosim-bo Maia, Rua Delfi no Cin-tra, Rua Sacramento, Rua Marechal Deodoro, Rua Barão de Jaguará e a Rua Isolete Augusta de Souza Aranha.

Os moradores da região já estão sentindo na pele as consequências da revitalização. “O trân-sito fi cou muito compli-cado para quem mora na

região, tudo isso por conta da primeira fase da obra”, explica Eunice Rodrigues, moradora da região. “Fico imaginando como será quando as próximas qua-dras forem fechadas, pois

é após a Rua Delfi no Cin-tra que realmente o trân-sito fi ca carregado. A fal-ta de chuva também está trazendo grande quanti-dade de pó por conta da obra afetando a saúde dos

moradores que moram aqui perto”, afi rma.

Segundo a Secreta-ria de Desenvolvimento Econômico Social e Tu-rismo, as melhorias com a revitalização serão a re-

tirada da fi ação elétrica dos postes para serem co-locadas no subterrâneo, melhoria na iluminação, substituição da canali-zação da rede de água e esgoto. Também serão es-tabelecidos padrões para propagandas e a padroni-zação de bancas e pontos de ônibus, trazendo uma despoluição visual.

O primeiro trecho a ser modifi cado é na altura da Orozimbo Maia. São duas equipes trabalhando dos dois lados da rua e a pre-visão de entrega é de 40 dias, que se completam agora em abril. A partir da Marechal Deodoro, na Francisco Glicério, a obra será feita quadra a quadra e, segundo a Prefeitura de Campinas, o prazo é de 30 dias por quadra até a con-clusão das obras na Mo-raes Sales, em novembro deste ano.

O transporte público também está sendo afe-tado. “Essa obra já está atrapalhando muito a gen-te, porque o trânsito já pi-orou, e nossas linhas ainda não foram afetadas, imagi-na quando forem”, conta o motorista de ônibus José Edvaldo da Silva. “Vamos ter que andar por ruas es-treitas, e os passageiros vão fi car nervosos com a demora”, acredita.

A revitalização tem seus pontos positivos e negativos, é um investi-mento na cidade, explica Muzetti. “É uma tentativa de recuperar o comércio de rua e valorizar a passagem de pedestres e tem seu val-or”, destaca o Diretor do curso de Arquitetura e Ur-banismo da PUC-Campi-nas, que também propõe soluções para sanar a questão do transito na ci-dade. “Está mais do que na hora de investir em metrô, ciclo-faixas, ciclovias, e ônibus articulados”, avisa.

Lucas Badan

Fotos: Divulgação

14 de abril de 2015 9 ESPORTES

Rúgbi é modalidade esportiva quemais cresce no Brasil, diz pesquisa

Apesar de ser confundido com futebol americano, rúgbi lidera crescimento, a frente do vôleiTIAGO SOARES

O rúgbi é a modalidade esportiva que mais cresce no país atualmente. Segun-do pesquisa feita pela Dei-lotte, empresa de audito-ria, consultoria e fi nanças corporativas, o rúgbi tem crescimento constante de 17% ao ano. Em compara-ção, o esporte também foi eleito o menos conheci-do com 26% dos votos da pesquisa.

Um dos fatores que contribui para o cresci-mento do esporte é o retor-no do rúgbi como moda-lidade olímpica em 2016, fato que não ocorria desde 1924.

Para Plínio Sampaio, presidente do Pasteur, time da primeira divisão, “o rúgbi está crescendo principalmente no inte-rior de São Paulo, que é onde tem mais espaço, porque tem apoio da pre-feitura, tem mais campo. Em São Paulo tem trân-sito, não tem espaço pra treinar e torna tudo mais

complicado”.Fato que comprova a

aceitação e crescimento da modalidade no interior é o campineiro de destaque da seleção brasileira de rúgbi, Lucas Apud. “Nosso jogo evoluiu muito em pou-co tempo de treino e com certeza estamos me-lhores

e mais preparados do que no passado”, disse, refe-rindo-se ao crescimento da modalidade e ao jogo con-tra o Uruguai que aconte-cerá dia 18, pelo Campe-onato Sul-Americano.

Outro fato que compro-va a presença do interior in-serida no esporte é o cam-

po da Associação Atlética Rugby Jaguariúna, ou Ja-guars, como são popular-mente conhecidos. O cam-po da cidade de Jaguariúna (SP), município vizinho de Campinas, é referência em toda região, por ter as di-mensões recomendadas e pelo gramado adequado.

Para o jogador do Ja-guars Pedro Marquez, “o campo é referência técnica e nacional por ser o melhor de toda a região. E antes desse campo fi car pron-to treinávamos no terrão com material improvisado, muitas vezes”, lermbrou.

A própria transição do Jaguars de um campo de terra para um referên-cia nacional, com ajuda da prefeitura, mostra a evolução da categoria.

Outro fato que os es-tudiosos se perguntam é se o sucesso do rúgbi du-rará por muito tempo. O jogador do Keep Walking Felipe Barbosa respon-de. “Eu tenho três fi lhos e todos amam o rúgbi e a cada jogo que eu vou tem mais crianças que amam o esporte. Eu acredito num futuro ainda melhor”, des-tacou.

Os interessados em praticar o esporte devem se comunicar com os clubes e desembolsar, em média, R$ 500 com materiais e R$ 20 com mensalidades.Jogador corre rumo ao “tento”, para marcar cinco pontos e ir para a “conversão”

Tiago Soares

ANA LUIZA SESTI TORSOTHALITA SOUZA

O chamado ballet fi t-ness é a mais nova mo-dalidade das academias. A aula é diferenciada, mes-

clando passos técnicos do clássico ballet com sessões de agachamento, abdo-minais e fl exões que po-dem eliminar em média 1,5 mil calorias por aula.

O exercício ainda aju-

da a trabalhar a postu-ra, respiração, equilíbrio além de agilidade, ali-nhamento corporal e força abdominal. Alana Carva-lho, de 27 anos, é perso-nal trainer e professora da

modalidade e afi rma que “a dança, além de queimar muitas calorias, aproxi-madamente 790 em ape-nas meia hora de aula no nível avançado, trabalha a mente, pois exige concen-tração e esforço”.

A profi ssional ainda complementa que o ballet fi tness promove a perda de peso e a defi nição muscu-lar. E para praticar a dança não é necessário ter co-nhecimentos de ballet. Ala-na diz que o ideal é a re-alização de aulas em uma frequência de duas a três vezes por semana. “Desse modo, é possível substitu-ir a musculação pelo bal-let fi tness, sem atividades complementares”, explica a personal trainer.

Quem adotou a prática do esporte foi a estudante de arquitetura Rosana Pi-nheiro, de 23 anos. Ela relata os benefícios da prática. “Faço o ballet fi t-ness há três meses e consi-go dormir melhor, porque

minha respiração mel-horou muito. Eu me sinto muito mais feliz e dispos-ta, todos deveriam prati-car, inclusive os homens”, resalta.

Para Alana, a modali-dade é ideal para ambos os sexos, basta apenas disposição. “A procura é grande pelas mulheres, os homens são um ou outro. Há um preconceito pela dança, pelo ballet, mas todos podem praticar, tem que apenas estar prepara-do”, diz a professora.

“No começo, por con-ta do circuito dos exer-cícios entre barra e chão, os alunos, principalmente aqueles que não estão acostumados com ativi-dades físicas mais inten-sas, podem sentir dores musculares no dia se-guinte, já que a atividade trabalha todo o corpo. De-pois o corpo se acostuma, mas isso não signifi ca que você pode relaxar”, expli-ca Alana.

Ballet Fitness é a nova aposta de exercício aeróbico das academias

Divulgação

Atividade mescla passos do ballet clássico com sessões de agachamento e abdominais

14 de abril de 201510 CULTURA

Sebo campineiro é destaque no restauro de discos de vinil e livros

Estabelecimento já comercializou produtos com valores que variaram de R$ 1 à R$ 4 milMARINA LOPES

A particularidade e o carinho do aposentado Gilberto Vieira, 70 anos, pelos produtos clássicos (desde livros a discos de vinil) fez com que o sebo Casarão se tornasse o que é hoje, referência em mer-cadoria. Gilberto restaura LPs (long plays) e livros e os vende no melhor estado. A restauração é peculiar, com o objetivo de man-ter a aparência perfeita do produto. Os discos passam por um processo de verifi -cação. Se houver riscos no produto, não vai à venda, a menos que o comprador queira usar somente para exposição. “Analisamos com muito cuidado o dis-co. Se tem como restaurar, a gente limpa, passa tinta na capa, tudo para manter o aspecto de novo e manter o produto bonito”.

O sebo Casarão, de Campinas, traz inovação, cuidado e um diferencial na

venda dos seus produtos. E seu proprietário carrega al-gumas paixões pela vida: a música, os discos de vinil e os livros.

Há dez anos, Gilberto inaugurava o sebo no Cen-tro de Campinas, onde per-

manece até hoje. Gilberto, que já tinha certa experiên-cia nesse mercado por ser proprietário de mais dois sebos na cidade, um no Parque Dom Pedro Shop-ping e o outro no Campi-nas Shopping desde 1995,

estava seguro quando inau-gurou o casarão.

Com os livros, o manu-seio também é de extremo cuidado. Por estar lidando com capas e páginas anti-gas, Gilberto garante que os livros também passam

por processo de restau-ração, deixando as capas e as páginas com aspecto de novos. Antes disso, os livros não são colocados à venda.

Mesmo com essa pe-culiaridade e diferencial o proprietário garante que não encarece o produto. Os discos variam muito de preço. O que encarece ou não o disco, segundo Gil-berto, é o tipo de venda e a especifi cidade do produto. “Chegamos a vender um disco por R$ 4 mil, por ser um disco raro, com poucos exemplares no Brasil e mui-ta procura”, afi rmou, garan-tindo ainda que vende dis-cos à R$ 1 dependendo do caso. Com os livros não é diferente, os preços variam de R$ 10 e R$ 80.

Durante a entrevista, Gilberto falava com entu-siasmo sobre seu comércio. A diversidade de clientes – desde jovens a idosos, mos-tra que esse mercado ainda tem muito que crescer.

LUCAS DE LIMA

O projeto “O mu-seu vai à escola: propos-ta de democratização do Museu Universitário da PUC-Campinas” conduz-ido pela coordenadora, professora Dra. Janaina Valéria Pinto Camilo, cria um museu itinerante para levar parte de seu acervo até alunos e professores de escolas estaduais de Campinas. Ao todo, 17 unidades pertencentes a Diretoria Leste da Secre-taria Estadual de Educação foram benefi ciadas.

A proposta tem como objetivo a educação, va-lorização e preservação do patrimônio cultural da ci-dade de Campinas.

Segundo Janaina, a fruição desse patrimônio para dentro das escolas públicas é um meio de in-clusão social e cidadania para os alunos da cidade, já que se trata de um museu que conta com peças que começaram a ser cataloga-das nas décadas de 1940 e

1950.Estima-se que o mu-

seu abrigue cerca de 15 mil itens, entre peças mu-seológicas e documentos históricos, livros e outras categorias. O Acervo Mu-seológico é composto por cerca de dez mil peças, di-vididos em cinco coleções temáticas.

Além de atender aos alunos da rede estadual, o museu exposto nas esco-las será aberto ao público, benifi ciando a comuni-dade.

O programa irá capaci-tar seus professores, prin-cipalmente os de História e Artes, a fi m de torná-los multiplicadores junto com o processo do projeto.

A iniciativa de demo-cratização do Museu Uni-versitário ganhou vida em razão do prêmio recebido, por meio do certame do Edital Programa de Apoio Cultural da Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo (Proac) 2014 espe-cífi co para difusão de acer-vos museológicos, onde

o Museu Universitário da PUC-Campinas foi o único do interior de São Paulo a ser contemplado.

Segundo Simone Peixo-to, que além de ser sócia de um ateliê de arte iti-nerante em Campinas, tem pesquisa em doutorado sobre colaboratividade na criação artística, “toda for-ma de arte deve ser tratada com pluralidade e não por exclusão”, já que algumas coisas são impossíveis de serem verbalizadas.

Para o museu itineran-te estão sendo prioriza-das peças que fazem parte do acervo arqueológico, etnográfi co e de cultura popular, pois através delas consegue-se falar mais so-bre a diversidade cultural brasileira principalmente a diversidade indígena e o folclore popular.

Todas as peças sele-cionadas pela equipe do Museu Universitário da Puc-Campinas serão fo-tografadas e impressas em banners para serem expos-tas nas escolas estaduais.

O aposentado Gilberto Vieira encontrou no restauro de discos uma fonte de lucro

Alunos e professores de Campinas são beni�iciados por museu itinerante

Janaina Camilo é mentora do projeto ‘Museu vai à Escola’

Marina Lopes

Lucas de Lima

14 de abril de 2015 11CULTURA

Lollapalooza representa cultura dos maiores festivais de música do Brasil

Como funcionam esses festivais e sua infl uência sobre o comportamento de uma geração

Banda Zimbra toca no Lollapalooza, em sua primeira apresentação em um festival internacional de música

VANESSA DIAS

Original de Chicago, o Lollapalooza chega em sua quarta edição no Bra-sil. O evento, realizado nos dias 28 e 29 de março, foi sediado pela segun-da vez no Autódromo de Interlagos, em São Pau-lo, e reuniu nomes como Pharrell Williams, Foster The People e The Kooks. Quase 140 mil pessoas ocuparam o autódromo entre os dois dias.

Considerado o maior festival de música de São Paulo (fi cando atrás, talvez, apenas do eletrôni-co Tomorrowland, que chega ao Brasil em sua primeira edição em maio), o evento se destaca por ser não só uma oportuni-dade de assistir a diversos artistas internacionais em um único dia, como de proporcionar, na capital paulista, a experiência da cultura de festivais inter-nacionais.

“Quando o show é solo, o público está lá apenas pela música do ar-tista específi co, enquanto em um festival nem sem-pre a música é, necessar-iamente, prioridade. As pessoas estão lá por dif-erentes motivos, para co-nhecer novos artistas, pela experiência, para passar um dia com os amigos e até pelo status”, avaliou Mariana Torres, estudante de promoção, organização e estrutura de eventos como o Lollapalooza.

De fato, festivais de música de grande porte no Brasil, como o Rock in Rio ou o próprio Lolla, proporcionam ao público não apenas uma série de apresentações e de acordo com a psicóloga Juliana

Marques “há toda uma cultura pop em cima dos festivais de música”. “É um momento ímpar em que várias tribos se juntam para um único propósito, já visto e consumido antes nas edições internaciona-is. Há um certo padrão de comportamento, e isso se refl ete até na maneira que o público se veste”, disse Juliana.

A estudante de jorna-lismo Beatriz Brito as-sistiu ao Lolla duas vezes, e emenda: “Existe uma diferença gritante entre um show visto num fes-tival e um show solo. No festival, você tem contato com atrações e públicos diversos. A experiência de passar um dia dentro de um evento assim é única

– apesar do show ser mais curto, passar mais rápido. É, na minha opinião, uma experiência indispensável para alguém que gosta de música”.

Por dentro doLollapaloozaForam mais de 40 atra-

ções a se apresentarem na quarta edição do Lollapa-looza Brasil. Apesar de al-guns imprevistos – como o cancelamento repentino de Marina and The Dia-monds, uma das princi-pais atrações – as 70 mil pessoas acumuladas por dia se mostraram satisfei-tas com o som de Phar-rell Williams e Foster The People.

Há também, claro, o pú-blico apreciador da músi-

ca nacional presente no evento. Esse ano, além de nomes como Pitty e Mal-lu Magalhães, o festival abriu portas para bandas menores, como a Banda Baleia e a Banda Zimbra, que se apresentou pela pri-meira vez em um festival de porte internacional.

“Já nos apresentamos em alguns festivais nacio-nalmente conhecidos, mas do tamanho e da relevân-cia do Lollapalooza, nun-ca. Foi uma experiência sem precedentes para to-dos nós”, contou o bateris-ta da banda Pedro Furtado. “Só nos infl uenciou de for-ma positiva. Em festivais, a banda toca não somente para seu próprio público, mas também para pessoas que nunca nem ouviram

sua música, que estão lá para ver outro artista. Isso é extremamente positivo pois, além de nos tirar de nossas zonas de conforto, nos dá a possibilidade de apresentar nossa músi-ca para novos ouvintes”, completou Pedro.

Para Mariana Torres, estudante especializada na organização de eventos, festivais de música são de extrema importância para o cenário da música nacional. “Às vezes uma banda é conhecida em cer-to país ou região, mas não é tão conhecida no local do festival. É uma imensa oportunidade para o artista mostrar sua música e seu talento e ganhar espaço no meio musical da região ou do país”, disse ela.

Divulgação / Acervo Banda Zimbra

EM ALTO E BOM SOMOs maiores festivais de música do Brasil

Arte: Vanessa Dias

14 de abril de 201512 CULTURA

As time goes byCannes homenageia atriz de Casablanca no pôster de 68ª edição; confi ra o que vai rolar no festival em maio

Sono de InvernoDesde o lançamento da lista de fi lmes se-

lecionados para a competição pela Palma de Ouro em Cannes 2014, Sono de Inverno (Kys Uykusu, Turquia/França/Alemanha, 2014) foi imediatamente tido como um dos favoritos à premiação maior do festival. Como sempre, uma série de fatores deter-minou esse favoritismo, mas o maior deles foi o currículo impecável do diretor turco Nuri Bilge Ceylan, que já tinha cinco ou-tras seleções para Cannes na bagagem, e um prêmio de direção em 2008, por 3 Macacos. Passando das 3h15m de duração, Sono de In-verno tinha toda a pinta de ser a culminação épica de uma carreira brilhante.

Embora criar expectativas em Cannes mui-tas vezes já tenha se mostrado um exercício frustrante, dessa vez o diretor turco não de-cepcionou: seu colossal drama foi saudado, desde a primeira exibição, como um estudo profundamente acertado da solidão e da mel-ancolia que domina a vida moderna. Empres-tando muitos princípios fi losófi cos do trabalho do escritor russo Anton Tchekhov, Sono de Inverno é um exercício de aridez e empatia, mergulhando no mundo de seus personagens e mostrando como cada um deles funciona como uma ilha, isolada daqueles a sua volta, mesmo que em cons-tante contato social.

Essa temática cai particularmente bem ao cinema de Cela, um mestre em localizar seus personagens no ambiente, compondo belíssi-mas paisagens que externam tanto sobre seu estado emocional quanto qualquer dos diálo-gos do fi lme, sempre intensos. O protagonista é Adin (Hall Beline), um ator aposentado que cuida do seu hotel em uma pitoresca região da Anatólia, e tira muito orgulho do seu sta-tus como monarca desse reino em miniatura. Tanto que aliena até a esposa, Ninhal (Melis-sa Soem), que desesperadamente tenta cavar algum espaço em sua vida em que não seja controlado pelo marido. Em seu melhor, Sono de Inverno é um retrato pungente das formas como nos afastamos uns dos outros com cada subterfúgio egoísta que escolhemos para fugir do nosso próprio vazio existencial.

Nem tudo são fl ores, no entanto. Quando se dá ao diálogo, o fi lme costurado por Cey-lan (que assina o roteiro ao lado da esposa) os faz densos e, especialmente na segunda hora do fi lme, bastante longos. A inspiração literária do fi lme se mostra nessas passagens, necessárias para a construção de uma obra que faz de sua hercúlea duração um elemen-to importante para comunicar a mensagem, mas excessivas em seu desprezo pela tração dramática. Todo o resto de Sono de Inverno é surpreendentemente imersivo, fazendo um tra-balho brilhante em não alienar o espectador com hermetismos e altas pretensões – são só essas passagens que expõem alguma fragili-dade na forma como o diretor conduziu sua ambiciosa história.

O trabalho que venceu a competição de cinema mais importante do mundo no ano passado é uma obra-prima imperfeita, que exi-ge do espectador tanto quanto o recompensa. Bastante adequado que seja assim, visto que Cannes sempre foi um espaço que valorizou a vontade de experimentar e testar aquele que assiste. (Por Caio Coletti)

Sono de Inverno é um exercício de aridez e empatia

CAIO COLETTI

“Toque, Sam. Toque ‘As Time Goes By’”, diz uma melancólica Ilsa Lund (Ingrid Bergman) para o pianista Sam (Dooley Wil-son) no clássico Casablan-ca, de 1942. É uma das frases mais marcantes do cinema, e a atriz que pro-feriu essas palavras, Ingrid Bergman, não levou nem mesmo uma indicação ao Oscar pelo papel que mar-cou sua fi lmografi a.

Difícil encontrar, mes-mo assim, prêmio que essa sueca não tenha coleciona-do em sua carreira. Entre três Oscar, quatro Globos de Ouro, dois Emmys e até um César, no entan-to, a atriz nunca saiu do Festival de Cannes com o reconhecimento por uma atuação. Agora, no ano do centenário de Bergman (que faleceu em 1982), o festival francês compensa esse esquecimento colo-cando-a como estrela do pôster da edição de 2015, que começa no próximo dia 13 de maio.

“Eu acho, e isso não é uma unanimidade, que é o festival mais importante que a gente tem hoje no mundo. Eu acho mais im-portante do que o Oscar, porque o Oscar é muito voltado pro cinema ame-ricano, e Cannes não, ele é internacional de fato”, diz o cineasta e professor da PUC-Campinas, Cauê Nunes. Ele é diretor de Ao Redor da Mesa, cur-ta-metragem baseado em um conto de Maurício de Almeida, que já está sele-cionado para participar de uma das mostras do festi-val.

Focado na interação entre membros de uma

Ingrid Bergman é estrela em cartaz da edição de 2015

Ricardo Pereira, colunista de cinema do Bom Dia Campinas

família reunidos para uma refeição, o curta será exi-bido na mostra Short Film Corner, onde as produções fi cam disponíveis para exe-cutivos de estúdios e ca-nais de televisão que por-ventura quiserem adquirir os direitos de exibição. “A concorrência em Cannes é muito grande, é gente do mundo inteiro queren-do colocar seus fi lmes lá, então existe uma seleção bastante difícil, mas eu acho que o cinema brasile-iro tem tido uma partici-pação razoável no Festi-val de Cannes nos últimos anos, em curta-metragem principalmente”, analisa o diretor.

O crítico João Nunes destaca o papel que Cannes desempenha des-

de sua criação como plataforma para cineastas independentes. Ele cita Quentin Tarantino, que ganhou notoriedade em 1994 ao vencer a Palma de Ouro por Pulp Fiction. A seleção também costuma trazer à luz o trabalho de diretores ignorados pelo circuito comercial, caso do tailandês Apichatpong Weerasethaku, que ven-ceu a competição princi-pal em 2010. “Cannes não é um produto comercial vendável como o Oscar. É comum as pessoas as-sistirem a um ganhador de Cannes e não gostarem”, destaca o jornalista.

A edição 2015 já de-cidiu também os presi-dentes do júri que vai escolher os fi lmes para a competição pela Pal-ma de Ouro. Os Irmãos Coen, cineastas america-nos com duas premiações em Cannes no currículo, foram os eleitos. “Esse ano tem uma carac-terística diferente – esse ano vai ser comemorado também o aniversário do nascimento do cinema, e foi com os irmãos Lu-mière. Então Cannes já fez uma relação entre essa comemoração e a escolha desses dois cineastas para presidir o júri”, destaca Ricardo Pereira, colunis-ta de cinema do Bom Dia Campinas.

Vanessa Dias

Divulgação