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Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro Escolas de Fé e Catequese Escola Mater Ecclesiae Núcleo Jacarepaguá Freguesia Sagrada Escritura II Antigo Testamento: Livros Históricos, Livros Proféticos, Livros Sapienciais 1 Sagrada Escritura II Antigo Testamento Livros Históricos, Livros Proféticos, Livros Sapienciais CONTEÚDO DO MATERIAL DE APOIO: Atividade Data Página Aula 1: Obra Histórica Deuteronomista conceito de história 02.08.2014 Texto de apoio 1: Conceito de História no Antigo Testamento 03 Texto de apoio 2: A Obra Deuteronomista de História 07 Exercícios de fixação A (textos 1 e 2) 11 Aula 2: Josué, Juízes, Samuel e Reis introdução geral 09.08.2014 Personagens (Josué, Raab, divisão dos Juízes, Samuel, Saul, Davi, profeta Natã, Urias, Elias, Elizeu, Salomão) e conteúdo dos livros Exercício B (expressionismos semitas) 12 Aula 3: Josué, Juízes, Samuel e Reis principais pontos da teologia I 16.08.2014 Correção dos exercícios de fixação A Teologia dos livros a partir das perícopes principais: a. O anátema (Js 6,17-19) b. Queda dos muros de Jericó (Js 6,1-20) c. O milagre do sol (Js 10,7-15) d. A história de Sansão (Jz 13-16) e. Vocação de Samuel (1Sm 2,1-18) f. Davi e Golias (1Sm 17,1-58) g. A profecia de Natã (2Sm 7,5-17) h. Construção do Templo e transladação da Arca (1Rs 6, 1-14; 8, 1-13) i. Arrebatamento de Elias (2Rs 2, 1-18) Aula 4: Josué, Juízes, Samuel e Reis principais pontos da teologia II 23.08.2014 Aula 5: a Obra do Cronista 06.09.2014 Correção do exercício B Texto de apoio 3: o Exílio Babilônico e o regresso dos judeus 13 Exercício C (revisão de quadros da história de Israel) 18 Aula 6: Rute, Tobias, Judite e Ester 13.09.2014 Apresentação dos trabalhos em grupo: estrutura e teologia dos livros Rute: perguntas 5 e 6 (página 259 do Curso Bíblico) Tobias: pergunta 1 (página 293 do Curso Bíblico) Judite: pergunta 3 (página 294 do Curso Bíblico) Ester: pergunta 4 (página 294 do Curso Bíblico) Correção dos exercícios de fixação C Exercícios D e E (Patriarcas e Quem é Quem) 19/20 Aula 7: Introdução geral aos escritos proféticos 20.09.2014

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Sagrada Escritura II – Antigo Testamento: Livros Históricos, Livros Proféticos, Livros Sapienciais

1

Sagrada Escritura II – Antigo Testamento Livros Históricos, Livros Proféticos, Livros Sapienciais

CONTEÚDO DO MATERIAL DE APOIO:

Atividade Data Página

Aula 1: Obra Histórica Deuteronomista – conceito de história 02.08.2014

Texto de apoio 1: Conceito de História no Antigo Testamento 03

Texto de apoio 2: A Obra Deuteronomista de História 07

Exercícios de fixação A (textos 1 e 2) 11

Aula 2: Josué, Juízes, Samuel e Reis – introdução geral 09.08.2014

Personagens (Josué, Raab, divisão dos Juízes, Samuel, Saul, Davi, profeta Natã, Urias, Elias, Elizeu, Salomão) e conteúdo dos livros

Exercício B (expressionismos semitas) 12

Aula 3: Josué, Juízes, Samuel e Reis – principais pontos da teologia I 16.08.2014

Correção dos exercícios de fixação A

Teologia dos livros a partir das perícopes principais: a. O anátema (Js 6,17-19) b. Queda dos muros de Jericó (Js 6,1-20)

c. O milagre do sol (Js 10,7-15) d. A história de Sansão (Jz 13-16) e. Vocação de Samuel (1Sm 2,1-18) f. Davi e Golias (1Sm 17,1-58) g. A profecia de Natã (2Sm 7,5-17) h. Construção do Templo e transladação da Arca (1Rs 6, 1-14; 8, 1-13) i. Arrebatamento de Elias (2Rs 2, 1-18)

Aula 4: Josué, Juízes, Samuel e Reis – principais pontos da teologia II 23.08.2014

Aula 5: a Obra do Cronista 06.09.2014

Correção do exercício B

Texto de apoio 3: o Exílio Babilônico e o regresso dos judeus 13

Exercício C (revisão de quadros da história de Israel) 18

Aula 6: Rute, Tobias, Judite e Ester 13.09.2014

Apresentação dos trabalhos em grupo: estrutura e teologia dos livros

Rute: perguntas 5 e 6 (página 259 do Curso Bíblico)

Tobias: pergunta 1 (página 293 do Curso Bíblico)

Judite: pergunta 3 (página 294 do Curso Bíblico)

Ester: pergunta 4 (página 294 do Curso Bíblico)

Correção dos exercícios de fixação C

Exercícios D e E (Patriarcas e Quem é Quem) 19/20

Aula 7: Introdução geral aos escritos proféticos 20.09.2014

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Ler a lição 1 do Capítulo 36 e responder as perguntas de 1 a 4 (página 344)

Correção dos exercícios de fixação D e E

Exercício F (identificação e classificação dos escritos proféticos) 21

Aula 8: Exegese dos textos proféticos selecionados 27.09.2014

Exercício H (Exegese dos textos proféticos) 23

Correção dos exercícios de fixação F

Aula 9: Livro de Daniel 04.10.2014

Exercício I (Trabalho sobre o Livro de Daniel) 25

Correção dos exercícios de fixação H

Aula 10: Sabedoria em Israel 11.10.2014

Ler a lição 1 do Capítulo 32 e responder a pergunta 1 (página 310)

Aula 11: Saltério I 18.10.2014

Aula 12: Saltério II 25.10.2014

Entrega do trabalho sobre Jó e Eclesiastes 26/27

Aula 13: Teologia de Eclesiástico e Sabedoria 01.11.2014

Aula 14: Revisão 08.11.2014

Exercício G (Revisão) 22

Correção dos exercícios pendentes

Aula 15: Avaliação com consulta 22.11.2014

Aula 16: Encerramento – dúvidas – correção de exercícios – entrega das notas 29.11.2014

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Texto elaborado pela professora Elisabeth Maria da Costa Ávila

Um passo importante que devemos dar para estudarmos os chamados “Livros Históricos” é percebermos e

entendermos o significado de história no Antigo Oriente-Médio (AOM) e onde se situa, geograficamente, o

povo de Israel. Lancemos, inicialmente, um rápido olhar sobre o AOM. Isto nos ajudará a compreender

melhor o conceito de História subjacente aos nossos livros.

O AOM foi, provavelmente, o local onde apareceu a civilização mais antiga. A cultura irradiava-se de dois

berços principais: a) do vale dos dois rios, o Tigre e o Eufrates, na Mesopotâmia e b) do vale do rio Nilo,

no Egito. O ponto de encontro destes dois berços forma o corredor denominado Siro-palestinense.

Este corredor é limitado a Leste pelo deserto siríaco e à Oeste pelo mar Mediterrâneo, formando um acesso

onde se entrecruzavam estradas comerciais, passagens de exércitos em marcha e, principalmente, correntes

de civilizações.

Este território, pela sua posição geográfica, presenciou e foi habitado por uma população diversificada com

divisões geopolíticas instáveis, sendo denominado “meia lua do crescente fértil”. As nações que viviam

nesta região fornecem-nos um quadro bastante completo do ambiente vital onde o povo eleito fez suas

principais experiências e que se tornarão o precioso material de sua história:

Conceito de História no Antigo Testamento

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1) Mesopotâmia: depois do desaparecimento dos Sumérios (3000-2000 a.C.) e da primeira onda dos

Amorreus (2350-2200 a.C.), uma segunda onda de Amorreus deu início ao duplo império de Assur e de

Babel. Entre os grandes reis, o mais importante foi Hammurabi (1728-1686 a.C. em Babel).

2) Egito: uma vez concluído o período pré-dinástico (3200-3000 a.C.)

e reunidos os dois reinos, do alto e do baixo Egito (2900 a.C.), tem início

as dinastias faraônicas (de 2900 a 342 a.C.: XXX dinastias). Ao antigo

império Menfídico (2600-2150 a.C.: da III à X dinastia), sub-entra o

império-médio Tebano (2100-1600 a.C.: da XI à XXII dinastia) e durante

este último império coloca-se o início dos fatos que serão narrados pelo

antigo Israel.

3) Palestina: durante a época do bronze-antigo (3000-2100 a.C.), este território foi o palco do

aparecimento numerosas cidades-estado (Jericó – Gaza – Megiddo...). Já na época do médio-bronze (2100-

1600 a.C.) deu-se a passagem de um governo fragmentário a uma organização mais unitária, com

alternâncias de influxos ora mesopotâmico e ora egípcio.1

Neste ambiente, desconhece-se o que hoje entendemos por história.2 O que ali se cultivava como

“história” pode ser definido como “o passado relembrado, relido e reinterpretado de acordo com as

novas situações e exigências vitais”.

O passado era escrito como a tradição dos antigos transmitia. Não se pensava na possibilidade ou necessidade

de se fazer uma investigação crítica daquilo que era contado de geração em geração. Não entrava, nas

cogitações do “historiador” estabelecer com precisão o “fato histórico”, verificando-o por documentos

antigos, monumentos, referências geográficas e outras, o “acontecimento” em toda a sua

“exatidão” de tempo, espaço e outras circunstâncias. Esta precisão é fruto da mentalidade moderna.

O “historiador” era, simplesmente, a viva voz dos antigos e veneráveis em sua sociedade. Isto

aparece, também, pelo fato da literatura ser anônima e veiculada como obra coletiva (“Fontes”).

O povo de Israel é um povo semita. Os semitas, ao “fazerem” – no sentido de escreverem – história, uniam

tradições orais (ou até mesmo escritos pré-existentes) paralelas de um mesmo acontecimento. Não escolhem

entre uma e outra (ou as outras); igualmente não eliminam detalhes divergentes que porventura existiam.

Trata-se de uma compilação presidida pela preocupação única de PRESERVAR OS FATOS da

tradição em ordem cronológica, sem nada perder do que é transmitido.

No conceito bíblico de história deve-se distinguir Tradição Oral e Escrita.3

1 "Por sua natureza, a palestinologia é uma ciência interdisciplinar que integra estudos de diversas espécies:

geográficos, históricos, arqueológicos e exegético-bíblicos. Só combinando juntamente os resultados de

diversas disciplinas teremos um quadro unitário da região que foi teatro da história da salvação contada nos

livros bíblicos." (cf. Michelle PICCIRILLO, "Palestina: Geografia e Arqueologia", in VV.AA., Guia para

ler a Bíblia, São Paulo, Paulus, 1997, 63-72). 2 "O termo, que em geral significa pesquisa, informação ou narração e que já em grego era usado para indicar a

resenha ou narração dos fatos humanos, apresenta hoje uma ambiguidade fundamental: significa, de um lado, o

conhecimento de tais fatos ou a ciência que disciplina e dirige este conhecimento; de outro, os próprios fatos ou um

conjunto ou a totalidade deles. Essa ambiguidade reaparece em todas as línguas cultas modernas." em N.

ABBAGNANO, Dicionário de Filosofia, São Paulo, Mestre Jou, 19822, 477.

3 Sobre a problemática que envolve a transmissão oral, veja-se: Julio Trebolle BARRERA, A Bíblia Judaica

e a Bíblia Cristã - Introdução à história da Bíblia, Petrópolis, Vozes, 19992, 125-130.

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Segundo a tese clássica de J. Wellhausen, por detrás dos “documentos escritos” encontra-se a Tradição

Oral. Os principais defensores desta fase dos livros bíblicos acreditam cerradamente que os relatos orais já

tinham as mesmas formas hoje encontradas nas narrativas históricas da Bíblia. Essa tradição oral

apresentaria as seguintes características:

Ser popular, isto é, não erudita;

Ser propriedade de todo o povo e não de uma classe particular; e daí...

Ser a própria expressão da identidade do povo.

Na tradição oral acontecia, frequentemente, que diversos fatos relacionados a uma mesma pessoa, a uma

cidade ou um santuário, fossem reunidos em COLETÂNEAS, que os estudiosos de hoje chamam de

“ciclos”.4 Supõe-se que tenham existido ciclos de Abraão, de Isaac, de Jacó, de Moisés, dos Juízes, de

Samuel e de Davi, de Elias e Eliseu. Alguns desses ciclos devem ter passado por uma fixação por escrito,

antes de serem inseridos em obras escritas mais vastas, como, por exemplo, o Ciclo dos Patriarcas no Gn, ou

sobre Elias e Eliseu em 1Rs.

Em síntese, podemos dizer que diferentemente dos babilônios, dos egípcios e dos futuros gregos, os hebreus

tinham um conceito de história como algo que avança em LINHA RETA, progride e evolui na direção

de uma meta precisa. Essa meta, de certa forma, coincide com o seu ponto de partida, sem, contudo,

esperar que a história volte ao seu início. Isto ocorre por que a META é imensa, atinge tanto o início como o

fim da história: é Deus.

A concepção de história que Israel demonstra possuir, distingue a sua historiografia de qualquer outra no

Antigo Médio-Oriente. Nela se encontra a elaboração de trabalhos históricos mais vastos e o fato de se tratar

de uma história religiosa. Na historiografia do Egito, por exemplo, não se fala de derrotas, pois só se

registravam os êxitos.

4 Para E. Zenger, o Pentateuco teria na sua base os ciclos de tradições em torno dos Patriarcas, Moisés, o

Deserto, a Aliança, que serviram para uma composição historiográfica denominada por ele de obra

jerusalimitana de história, que teria aparecido por volta do ano 700 a.C. em Jerusalém e que combinou

diferentes tradições. Ainda não possuímos em português a sua obra sobre este assunto.

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Ao se Estudar os Livros Históricos do Antigo Testamento deve-se levar em conta os seguintes pontos:

O objetivo da história “histórico-salvífica” é duplo:

1. A teologia da história de Israel parte do pressuposto de que o transcurso da história toda tem que ser crido como sendo uma única ação de Deus, a qual corresponde à mais profunda natureza dele. Ele a

revelou na ação do Êxodo, que é normativa para a memória histórica de Israel.

2. O Êxodo enquanto figura memorial normativa constitui ao mesmo tempo o critério teológico-histórico segundo o qual as “matérias” narradas são selecionadas e avaliadas.

Neles não encontramos o rigor científicoda historiografia moderna. A admiraçãopelos heróis do passado (apesar dainspiração divina) e outros fatores, porconta da tradição oral, podem ter-nostransmitido INEXATIDÕES, EXCESSO DELOUVORES, etc.; tudo, porém, em funçãode comunicar a VERDADE.

Trata-se de história religiosa, a qual tudovê e tudo julga do ponto de vistareligioso.

Por exemplo: um rei do Norte, comoJeroboão II, que realizou maravilhas nocampo econômico e financeiro, nadavale para o historiador hebreu, porhaver conservado o povo na idolatria.

O espírito que deve reger nosso estudoou leitura dos Livros Históricos há de sero ESPÍRITO RELIGIOSO, que busca oensinamento do Senhor Deus no meio dahistória do seu povo.

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Texto elaborado pela professora Elisabeth Maria da Costa Ávila

Uma vez aceito que historiografia de Israel é essencialmente religiosa,5 o tema condutor dos livros,

denominados históricos, é a “história” da ligação de Israel com seu Deus, isto é, o relacionamento de

fidelidade ou infidelidade deste povo ao Deus da Aliança. Existe uma trama histórica apresentada pela Bíblia:

Os “documentos/fontes” Javista [J], Elohista [E] e Sacerdotal [P] apresentam a pré-história do povo de Deus,

sua vocação no Egito, a Aliança no Sinai, e a caminhada em direção à Terra Prometida (Gn – Ex – Lv – Nm)6.

O “documento/fonte” [D] continua esta trama, justificando, historicamente, outros temas através de uma

reapresentação das palavras de Moisés:

1) a eleição de Israel e a sua conseqüente constituição teocrática (Dt),

2) a tomada de posse da terra prometida (Js),

3) as diversas apostasias e conversões de Israel (Jz),

4) a crise de estruturas que ocasionou o advento da monarquia (1Sm),

5) a acentuada queda da nação por culpa dos reis infiéis, apesar da ação de alguns reis

piedosos (2Sm e 1-2Rs), culminando tanto com a queda do Reino do Norte (721 a.C.), como com a

condenação e o castigo do Reino do Sul com o exílio da Babilônia (587 a.C.).

Que significa “deuteronomista”?

É preciso distinguir deuteronômico (relativo ao livro do Deuteronômio) e deuteronomista (relativo à

história deuteronomista: Js – 2Rs).

O deuteronomista depende do deuteronômico, isto é, da Lei deuteronômica, que é lhe anterior (Dt 12-26).

Assim, os textos relacionados com o Deuteronômio são classificados deuteronomistas por causa da

linguagem e do conteúdo presente em Dt 12-26.

N. LOHFINK pergunta e indaga pelos critérios que permitiriam atribuir um texto a autores deuteronomistas. A

teologia deuteronomista, segundo ele, é específica de uma época bastante limitada: durante e depois do

exílio. Os autores deuteronomistas acrescentam alguns complementos ao núcleo antigo do Deuteronômio e

dando forma à historia deuteronomista. Não é possível, porém, atribuir-lhes, sobre a base de simples critérios

de vocabulário (semelhança e estilo do Deuteronômio), textos mais tardios do Tetrateuco (Gn – Nm). É preciso

distinguir entre a literatura deuteronomista propriamente dita (Dtr) e releituras mais tardias que pressupõem

semelhante literatura (releituras pós-dtr)7.

5 Henri CAZELLES afirma que a "Historiografia é uma maneira de escrever a história e de apresentar os

acontecimentos. A Bíblia, por sua vez, tem a sua historiografia ou até suas historiografias. A Bíblia apresenta

cronologias, narrativas concatenadas e até sínteses históricas, como no caso do Livros dos Reis e Livro das

Crônicas. Contudo, é a título de Lei e Profecia que a Bíblia foi coletada e transmitida tanto na Sinagoga como

na Igreja." (História Política de Israel: desde as origens até Alexandre Magno, Paulus, 19862, 17).

6 Sobre a problemática atual da formação do Pentateuco, veja-se a introdução ao Pentateuco segundo a nova

versão da Bíblia de Jerusalém. 7 Cf. Norbert LOHFINK, Las tradiciones Del Pentateuco en la época del exílio, Cuadernos Bíblicos 97,

Navarra, Verbo Divino, 1999, 42.

A Obra Deuteronomista de História (Odtr)

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Que foi e em que época se situa o “movimento” Deuteronomista?

A origem de certas tradições e idéias presentes no Deuteronômio estariam ligadas aos grandes santuários do

reino da Samaria (Betel, Dan, Guilgal)8 onde o povo se reunia periodicamente (cf. Dt 31,10-13), a fim de

renovar a sua Aliança com Deus (à semelhança do que é narrado em Js 8,30-35; 24,1-28).

Supõe-se que os levitas destes santuários redigiam formulários que repetiam a Lei do Senhor em termos

breves para que fossem lidos solenemente ao povo antes da renovação da promessa de fidelidade ao Senhor.

Essas “repetições da Lei” (deuteronômio = cópia da lei) retomavam os antigos elementos da legislação

israelita, mas eram adaptados aos novos tempos e às novas condições sociais de Israel. Aos poucos, a

repetição da Lei foi assumindo uma forma única em cada santuário do reino do Norte9.

Contexto histórico

Acaz (736-721 a.C.): após pedir auxílio a Tiglat-Pileser III, por motivo da guerra siro-efraimita10, colocou o

reino do Sul numa situação de submissão, tendo pagar pesados tributos à Assíria, que estava em plena

expansão (cf. Is 7; é possível que Os 5,8-6,6 se refira a esta expedição).

Tal realidade provocou entre o povo um forte desejo de independência, especialmente durante o reinado de

Ezequias (715-687 a.C.)11. Este piedoso rei buscou empreender uma reforma religiosa, (cf. 2Rs 18,1-18) e

acendeu no povo a esperança de libertação. Contudo, a situação era muito turbulenta e a revolta anti-assíria

iniciada no ano 705 redundou em conseqüências desastrosas para Judá, significando uma das maiores

catástrofes da sua história: a invasão de 701, e perda de 46 cidades para Senaquerib (cf. 2Rs 18,13ss).

Manassés (687-642 a.C.), subindo ao trono e submetendo-se ao rei assírio, não hesitou pagar, pela própria

tranqüilidade, o preço de uma servidão aquiescente, a ponto de ter seu nome citado nos anais de Assaradon e

mais tarde sob Assurbanipal. É dura a crítica, de cunho teológico, que se faz a este monarca em 2Rs 21,16.

8 Para G. von Rad, os Santuários ocupam um importante papel no processo de formação das Tradições Orais

que darão origem aos Documentos-Fontes para o Pentateuco. 9 Cf. N. K. GOTTWALD, Introdução Socioliterária à Bíblia Hebraica, 141.

10 A situação do reino do Norte, na 1

a metade do século VIII a.C. é muito conturbada. O trono é

continuamente disputado por contínuos assassinatos. Facéia, que era escudeiro de Facéias, usurpou o trono

assassinando-o e rompe com o trato de vassalagem com a Assíria. Inicia uma política de estreito entendimento

com Razon, de Damasco, com o fim de resistir à pressão assíria. Desta mesma forma, haviam agido Acab e

Adadezer contra Salmanasar. Prepara-se, então, uma grande aliança com o apoio dos fenícios e dos filisteus.

Mas o rei de Judá se recusa a participar desta aliança, atraindo contra si uma guerra "fratricida", onde irmão

persegue irmão (cf. Am 1,11) e Jerusalém está praticamente cercada (cf. Is 7,1-2). Acaz recorre à Assíria e

obtém ajuda, que causará uma vassalagem com pesados impostos (Cf. H. CAZELLES, História Política de

Israel., 171-175). 11

Segundo J. Albert SOGGIN, a figura do rei Ezequias apresenta um problema de ordem cronológica (715-687,

728/25-700 ou 727/26-700) devido às divergências dos nossos sistemas de cálculo. Sob o seu reinado, o segundo

livro dos Reis (cf. 2Rs 18,4-8) menciona três acontecimentos importantes: uma reforma religiosa, a guerra

contra os Filisteus e, por fim, algumas revoltas de resistência à Assíria, que acabaram em ruína para a nação (cf.

J. A. SOGGIN, Storia d'Israele, Brescia, 1984, 351-352).

H. DONNER admite ser plausível suspeitar que os deuteronomistas teriam medido Ezequias por Josias,

transformando-o numa espécie de pré-reformador (cf. H. DONNER, História de Israel e dos povos Vizinhos,

vol. 2, São Leopoldo - Petrópolis, 2000, 380).

Para a tentativa de reforma de Ezequias, pode ser útil consultar J. BRIGHT, História de Israel, Paulinas,

19782, VII, B, 2. (Reeditado em 2004) No final, o autor mostra a probabilidade de que a reforma tenha sido

também social e econômica.

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“Manassés derramou também o sangue inocente em quantidade tão grande, que inundou Jerusalém

de um lado a outro, sem falar nos pecados que fez Judá cometer, procedendo mal aos olhos de

YHWH.”

Sem nenhum escrúpulo e repugnância, Manassés introduziu no templo de Jerusalém o culto mesopotâmico dos

astros e ali colocou a imagem da deusa Astarte, promovida ao páreo de “esposa-irmã” de YHWH. Isto foi um

golpe muito duro para o puro javismo, porque durante o seu reinado, a apostasia e o sincretismo se generalizaram

(cf. Sf 1,2-6). A vida religiosa do povo estava deteriorando-se largamente, contribuindo para a difusão da

corrupção em todos os âmbitos, mas principalmente no sentido religioso (cf. 2Rs 21,1-26).

A insatisfação generalizada e o clima de tensão provocado explicariam o porquê de Amon (642-640 a.C.), filho e

sucessor de Manassés, ter sido assassinado no palácio real no segundo ano da sua entronização, em virtude de

uma forte reação e conspiração organizada por elementos anti-assírios de sua corte. Contudo, esta atitude foi

punida pelo “povo da terra”, que proclamou no lugar de Amon o infante Josias, preparando a futura reforma

deuteronomista que ocorrerá no seu reinado12.

Quando o reino do Norte foi destruído e os seus lugares sagrados profanados pelos Assírios (721 a.C.), os

levitas destes santuários, fugindo, teriam levado consigo para o reino do Sul, os seus deuteronômios. Julga-

se que um destes textos foi deixado no templo de Jerusalém (núcleo de Dt 12-26) e aí ficou no

esquecimento, em virtude da decadência religiosa de Judá. Pelas ressonâncias que ele contém da pregação

de Amós e Oséias, que atuaram no século VIII a.C. no reino do Norte, supõe-se que tal “rolo” procedesse de

Israel (cf. 2Rs 22-23)13.

É possível que este rolo já tenha sido conhecido em Judá, no tempo em que Ezequias (715-687 a.C.) fez uma

tentativa de reforma religiosa (cf. 2Rs 18,1-4)14. Neste caso, o rolo ficou esquecido ou escondido, durante os

tristes 45 anos do triste reinado do triste Manassés (687-642 a.C.) e nos 2 anos do reinado do seu

filho sucessor Amon.

No tempo do profeta Jeremias e da profetiza Hulda, sob o reinado do

piedoso Josias (640-609 a.C.), este “rolo” foi reencontrado no templo,

durante os trabalhos de restauração (cf. 2Rs 22,3-14; 2Cr 34,14-22).

Era o 18o ano do reinado de Josias (622 a.C.). Este “rolo” (Dt 12-26) é

um código de leis que atualizava o antigo “Código da Aliança” à

luz da evolução social e religiosa do povo15.

O rei Josias, tomando conhecimento do conteúdo do “rolo”, ficou

desolado. Era um conjunto de leis sagradas que, há muito, não se

praticavam em Judá. Consultado o Senhor, através da profetiza Hulda,

12

Cf. J. A. SOGGIN Storia D'Israele, Brescia, 1984, 359-362; H. DONNER, História de Israel e dos povos

vizinhos, vol. 2, Petrópolis- São Leopoldo, Vozes-Sinodal, 20002, 349-408).

13 Alguns estudiosos acreditam que este rolo pode ter sido escrito já no Reino do Sul, em Jerusalém, por

migrantes (talvez levitas) vindos do Reino do Norte após a queda sob a Assíria, uma vez que somente 100

anos depois ele seria encontrado no templo. 14

N. Lohfink, questionando a existência de um "movimento deuteronomista", propõe algumas teorias e aceita

que para Ezequías ter adotado a série de medidas que levaram à rebelião, foram necessárias não só técnicas

militares, mas também preparação social, religiosa e psicológica. Esta preparação estaria em relação com o

Livro da Lei descoberto mais tarde no tempo durante o reinado de Josias (Cf. Las tradiciones Del Pentateuco

en la época del exílio, 56). 15

Código da Aliança: versão J - Ex 34,10-26; versão E - Ex 20,22-23,33. Vejam-se as notas da BJ.

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10

o rei empreende uma grande reforma religiosa16. Esta se encontra descrita em 2Rs 22,3-23,25 // 2Cr 34,1-

35,19 e tem numerosos pontos relacionados com o Livro do Deuteronômio17.

A História Deuteronomista não foi escrita só para preservar a lembrança do passado. Seu propósito visava

apresentar uma explicação teológica da queda de Israel e Judá, dando a base teológica para a esperança no

futuro.

Para entender esta obra é necessário vê-la dentro do pano de fundo da época em que foi escrita: em 721

a.C., os assírios destruíram o reino de Israel; em 587 a.C., os babilônios destruíram o reino de Judá: a cidade

de Jerusalém cai, com o Templo e o palácio régio, e os chefes do povo são levados em exílio.

O período do exílio foi para o povo uma época de desespero e de dúvidas. O Senhor prometera zelar pelo

povo e protegê-lo e guiá-lo, mas agora tudo parecia estar perdido:

Por que o Senhor permitiu a destruição e a perda de tudo?

O povo de Deus continua eleito? Existe esperança de futuro?

Deus, apesar de tudo, permaneceria fiel às promessas feitas aos Pais?

A História Deuteronomista possui o propósito de explicar por que Israel perdeu tudo: sua desobediência à voz

profética. O Senhor chamou o povo inúmeras vezes a ser fiel à aliança e preveniu as conseqüências da

infidelidade, mas o povo não ouviu (cf. Jr 4). No exílio, o povo sentiu a mão do julgamento divino. A longa

história de pecados justificava o castigo que estava sofrendo.

16

A existência da reforma de Josias, que serve de referência para a datação do D é sustentada, segundo W. H.

SCHMIDT, pelos seguintes argumentos:

1. Da reforma de Josias até a formação da obra deuteronomista transcorreram umas seis décadas, de modo

que estariam vivas algumas testemunhas destes acontecimentos. Por isso, fica difícil pensar numa invenção de

episódios sem base em fatos históricos. Não seria um dado a favor da historicidade a circunstância de que a

reforma empreendida pelo rei, apesar de seus esforços, fracassara, não conseguindo ajustar sua atividade com

seus projetos?

2. É verdade que o contemporâneo Jeremias não adotou uma postura explícita frente a reforma, como

tampouco o fez Ezequiel (cf. Jr 22,15s; 8,8); porém, sua polêmica contra o templo no início do reinado do

sucessor de Josias, o rei Joaquim (cf. Jr 7; 26), se compreende melhor se o santuário jerusalimitano

experimentou uma revalorização com a reforma. A crítica ao culto, empreendida pelo jovem Jeremias (cf. Jr

2) e por Sofonias (cf. Sf 1,4s) parece contemplar uma situação anterior à reforma.

3. O caminho dos peregrinos, de Samaria ao templo em ruínas de Jerusalém (cf. Jr 41,4s) tem melhor

explicação se o Norte ficou integrado na centralização do culto com a reforma de Josias.

4. Como é possível que o escrito sacerdotal considerasse como algo óbvio a centralização do culto, se

somente existia o postulado deuteronômico, mas não uma realidade histórica?

5. Se um estrato interpretativo do Dt, formulado no singular, fala da possibilidade de uma ampliação

territorial de Israel (cf. Dt 12,20; 19,8), tem que referir-se, quase que com segurança, à uma política

expansionista de Josias (cf. 2Rs 23,15s). Também a menção da Páscoa em Dt 16 deve ligar-se a uma capa de

elaboração antiga que poderia estar relacionada com a festividade de 2Rs 23,31s. 17

O livro 2Cr fala da reforma como feita em etapas e iniciada já no 12o ano de Josias (628 a.C.); o rei, no seu

8o ano (632 a.C.), teria repudiado os deuses assírios e passado a cultuar "o Deus de seu pai Davi" (cf. 2Cr

34,3). Em 628 a.C., ele teria empreendido um total expurgo dos diversos cultos pagãos que haviam sido

incentivados por Manassés e Amom (cf. 2Cr 34,3b-7). No 18o ano, ele haveria começado os trabalhos de

restauração do templo (cf. 2Cr 34,8ss), quando, então, o “rolo” foi descoberto (cf. 2Cr 34,14-17). J. BRIGHT,

História de Israel, VIII, A, 3, b, nota que várias medidas elencadas pelo Cronista no 12o ano devem ser tidas

como inspiradas pelo "rolo" - que ainda nem tinha sido encontrado; mas observa que o quadro do Cronista, de

uma reforma por etapas, é sólido.

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11

A Odtr é também uma exortação ao povo para se arrepender e voltar ao Senhor, crendo que Deus cumprirá

as promessas antigas. O povo deve crer e esperar, pois como Deus, no passado, respondeu de maneira

positiva ao povo arrependido, também agora ouvirá seus clamores e o perdoará uma vez mais. Todas as

promessas antigas ainda não entraram em vigor, estão temporariamente suspensas por causa dos pecados

do povo. Todavia, caso o povo se arrependa, essas promessas servirão de base para o futuro18.

A Teologia Deuteronomista

Ao que tudo indica, os deuteronomistas foram, primeiramente, pregadores itinerantes, que percorreram

Judá e, provavelmente, Israel (cf. 2Rs 23,15-20; 2Cr 34,6-7). Mais tarde, foram escritores e refizeram a

história da realeza. Eis as características presentes em sua pregação e obra escrita:

1) A idéia da ALIANÇA é onipresente, penetra cada relato e é critério de julgamento. Israel e Judá são,

antes de tudo, o POVO DE DEUS, em virtude da eleição. Todo o mal deve desaparecer do meio dele,

eliminando-se tudo que for uma abominação aos olhos do Senhor.

2) O Senhor é apaixonado por seu povo. Ele é um amante ciumento. O povo tem que O amar de todo o

coração. Se o povo age com fidelidade, o Senhor concede abundância e tranqüilidade, saúde e concórdia. São os

bens do shalom bíblico. Se o povo é infiel, Ele o castiga; mas é misericordioso diante do arrependimento.

3) Moisés, que recebeu e transmitiu a Lei de Deus, domina doravante toda a história. Ele é o grande guia,

quase divino, dado por Deus a seu povo.

4) Diante de Moisés, os patriarcas são praticamente esquecidos. Os veneráveis santuários, anteriores ao

Templo de Jerusalém, que se tornaram santuários porque neles habitaram os Patriarcas, passam a ser proibidos

e chamados lugares altos.

5) Jerusalém é o único lugar escolhido pelo Senhor para sua habitação. É uma Cidade Santa. É o coração

do país. Só no Templo de Jerusalém as festas podem ser celebradas. Só nele pode-se sacrificar em honra do

Senhor.

Portanto, os livros de Js, Jz, 1-2Sm e 1-2Rs são uma releitura da história do povo de Deus, feita pelos

deuteronomistas segundo estas características.

Exercícios de fixação A (textos 1 e 2)

1. O que significa a expressão “meia lua do crescente fértil”?

2. Qual a definição de história para o povo do Antigo Testamento?

3. Quais as diferenças desse conceito antigo de história para o conceito atual?

4. Qual o critério do Antigo Testamento para julgar a história?

5. Qual a diferença entre “deuteronômico” e “deuteronomista”?

6. Qual a importância da reforma religiosa do Rei Josias?

7. Quais os dois principais objetivos da Obra Deuteronomista de História?

8. Como se chama a perícope Dt 12 – 16? Qual a origem dessa perícope? Onde e quando,

provavelmente, ela foi encontrada, segundo a Escritura? Qual o seu conteúdo e importância para a

Obra Deuteronomista de História?

18

John A. GRINDEL, "Josué", in D. BERGANT, CSA - R. J. KARRIS, OFM, Comentário Bíblico I:

Introdução, Pentateuco, Profetas Anteriores, São Paulo, Loyola, 1999, p. 217-218.

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12

Exercício B

Expressionismos semitas

Os autores bíblicos escreveram segundo seus costumes e linguagem. A distância entre os escritos originais e os nossos tempos dificulta a compreensão do sentido literal desejado pelo autor. Para facilitar nosso estudo,

devemos entender alguns princípios:

1. O concreto interessa mais do que o abstrato Explique o significado das seguintes expressões:

(i) “Minha alma será saciada como que de alimento gorduroso” (Sl 63,6);

(ii) “A mão do Senhor não é curta demais para salvar” (Is 59,1);

(iii) “meu escudo e chifre de minha salvação” (Sl 18,3)

2. O uso de hipérboles é normal para enaltecer algo ou alguém O que são hipérboles?

Identifique as hipérboles nos trechos abaixo: (i) Gn 41, 54.57

(ii) Dt 2,25 (iii) 2Cr 20,29

3. Antropomorfismos são uma maneira de falar O que são antropomorfismos?

Identifique os antropomorfismos nos trechos abaixo:

(i) Sl 10,17

(ii) Ex 5,2 (iii) Js 9,14

4. Os nomes dizem muito mais do que uma simples designação

(i) Leia 1Sm 25,25 e responda: na mentalidade do AT, o que o nome da pessoa revela?

(ii) O que significa “mudar o nome” – por exemplo, em Gn 17,5; 35,10?

(iii) O que significa “conhecer alguém pelo nome” – por exemplo, em Ex 33,17?

(iv) Em Is 41,8, “Esaú” e “Jacó” designam uma única pessoa?

5. Os números são revestidos de simbolismos

(i) Qual o simbolismo do número 7?

(ii) Qual o simbolismo do número 10?

(iii) Qual o simbolismo do número 12?

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13

Texto elaborado pela professora Elisabeth Maria da Costa Ávila

Introdução

Na literatura exegética, o Exílio indica o período que se estende desde a destruição de Jerusalém, no ano de 587 a.C. pelo rei Nabucodonosor II da Babilônia, até a anistia dada pelo rei Ciro II da Pérsia, com o início do

retorno dos exilados em 538 a.C.

Para se entender melhor o ocorrido, faz-se necessário conhecer os fatos antecedentes, desde o início do ocaso do Reino de Judá, que culminaram com a deportação da classe dirigente e grande parte do povo. Para,

então, adentrar nas situações vividas no tempo do exílio e nos eventos que se sucederam à volta para a terra prometida, com o início da reconstrução da cidade e restauração do templo.

Antes, porém, é bom tecer alguma explicação sobre o que era o sistema de vassalagem da época. Este

sistema processava-se em três níveis:

19

1. Pré-exílio

Em 612 a.C. a Assíria teve seu império assaltado e sua capital destruída pelos medos e babilônios. Seu rei

fugiu para Harã e resistiu ainda dois anos, com ajuda egípcia.

Em 610 a.C. o rei da Assíria é desalojado de Harã. Em 609 a.C. os assírios tentam, mais uma vez, tomar

Harã. Sem sucesso. Os egípcios sob o comando do faraó egípcio Necao II (610-595 a.C.), que continuou a política asiática expansionista de seu pai, Psamético I, foram ajudá-los.

Josias, para evitar avanço de Necao II no corredor siro-palestinense e impedir a retomada do controle egípcio sobre a sua região, procura deter as forças egípcias em Meguido (609 a.C.). É morto e levado para

Jerusalém, com grande desolação para o povo. Josias tentava. E faliu. Tinha 39 anos de idade.

A aristocracia rural judaíta interfere na sucessão ao trono, coroando o príncipe Joacaz (cf. 2Rs 23,30), em lugar do primogênito Eliaquim ou Eliacim.20 O motivo pelo qual recaiu sobre Joacaz a escolha talvez se deva

19

No caso do império assírio, o terceiro estágio da vassalagem ainda consistia na imigração de povos de

diversas origens para ocupar a terra conquistada, a fim de quebrar a hegemonia e conseguir a uniformidade

dos povos.

O exílio babilônico e o regresso dos judeus

• Quando um Estado era derrotado numa guerra, ficava subjugado ao estado de vassalo. Com isso, tinha sua soberania limitada, pagava altos tributos e a política externa era totalmente dependente do Estado soberano.

• Ao primeiro sinal de rebelião, havia a intervenção militar com consequente diminuição do território ou distribuição das terras pelos vassalos fiéis. Além do aumento dos tributos.

• Um novo indício de rebelião implicava na deportação da classe dirigente, perda do território, colocação de um governador escolhido pelo Estado soberano para administrar as terras e povo restante.

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14

ao fato dele ter prometido dar continuidade à política de seu pai Josias, ao contrário de seu irmão Eliacim.21 Joacaz contava 23 anos de idade e reinou apenas três meses (cf. 2Rs 23,31).

Como assírios e egípcios nada conseguiram contra os babilônios, o faraó Necao II procurou consolidar seu

poder na Palestina. Instalou seu quartel general em Ribla, na Síria. Mandou chamar Joacaz, aprisionou-o e deportou-o para o Egito, aonde veio a morrer. Este faraó nomeou Eliacim, que tinha 25 anos de idade,

como rei-vassalo (609-598 a.C.), mudando seu nome para Joaquim (cf. 2Rs 23,33-35).

Judá passou então a pagar pesado tributo ao Egito, o que durou até 605 a.C., quando o rei babilônio

Nabucodonosor derrotou as forças egípcias na batalha de Carquemis e desceu até a Palestina (cf. Jr 46,2-12; 2Rs 24,7), estendendo sua hegemonia. Joaquim fez com ele um acordo e Judá não foi destruído.22

Mas não durou muito, após três anos ele começou a pensar num rompimento (cf. 2Rs 24,1). Em 600 a.C.

Nabucodonosor tentou invadir o Egito e não conseguiu. Judá rebelou-se, acreditando na libertação. Seu erro foi fatal. Embora num primeiro momento quase nada tenha acontecido, seu castigo veio dois anos depois.

Os babilônios marchavam para Jerusalém e sitiaram a cidade. A catástrofe não atingiu Joaquim que morreu em dezembro de 598 a.C. e foi substituído por seu filho Joaquin, de 18 anos, que depois de reinar por três

meses, capitulou (cf. 2Rs 24,8). Com esta atitude evitou um assalto das tropas babilônicas, o saque e a

destruição da cidade, que nestes casos eram inevitáveis.

Se, porém, Joaquin esperava aplacar os babilônios através da capitulação, enganou-se. Nabucodonosor II

estava disposto a fazer com que Judá passasse ao 2º estágio da vassalagem. As tropas entraram na cidade, saquearam o templo e suas preciosidades foram enviadas para a Babilônia, a fim de que o rei se alegrasse

com elas. O rei Joaquin foi deportado para a Babilônia com a corte e toda a classe dirigente (cf. 2Rs 24,13-16). O profeta Ezequiel estava entre os exilados (cf. Ez 1,1-3).

Os exilados não se dissolveram entre a população nativa, pelo menos não no início, mas ficaram juntos e se

empenharam pela conservação de suas peculiaridades, cultivando a esperança de um retorno em breve.

O profeta Jeremias, levado pela palavra de YHWH, aconselhou as pessoas a se prepararem para um longo

cativeiro. E os deportados acolheram este conselho (cf. Jr 29,29).

O rei Joaquin foi levado para a capital Babel e tratado brandamente, recebendo status de prisioneiro de

Estado. Conforme 2 Rs 2,25.27-30, Joaquin recebeu o indulto do rei Evil-Merudak em 562 a.C., sendo

recebido à sua mesa.

Dentro das regras do 2º estágio de vassalagem, Nabucodonosor II colocou no lugar de Joaquin seu tio,

Matanias, o terceiro dos filhos de Josias, então com 21 anos de idade. Ao entronizá-lo em Jerusalém, mudou seu nome para Sedecias (cf. 2Rs 24,17-18). O Reino de Judá estava mesmo arruinado, vegetava

miseravelmente. Com uma condição de opressiva vassalagem, várias cidades destruídas, sua economia

desorganizada e o melhor da nação exilado, pouco restava ao fraco Sedecias que pudesse ser feito.

Sedecias precisava encontrar novos funcionários e formar uma nova classe alta que sustentasse o Estado.

Contudo, o número dos homens adequados escolhidos não era grande e nem todos representavam uma boa eleição. Jeremias colocou-se contra esses homens, porque percebia a má influência que eles exerciam sobre

o jovem rei dotado de boa vontade (cf. Jr 38,22). Talvez aqui esteja o motivo pelo qual o rei não ouviu a voz do profeta.

Em relação ao culto no templo também ocorreram situações abomináveis, como se não tivesse havido a

reforma josiânica. Como são descritas pela visão de Ezequiel, quando é arrebatado do exílio para dentro do templo de Jerusalém (cf. Ez 8,1-18). Mostra também qual era o pensamento reinante da população ao dizer:

“YHWH não nos vê, YHWH abandonou o país” (v. 12).

20

O profeta Jeremias o chama de Selum (cf. Jr 22,11), o qual deveria ser seu nome primitivo, tendo adotado

como rei o nome de Joacaz. 21

Cf. H. DONNER, História de Israel e dos povos vizinhos, São Leopoldo, Sinodal, 2006, 421. 22

Na segunda metade do século VII a.C. a Mesopotâmia vivia o ocaso do poderio assírio e a ascensão da

Babilônia caldéia, que havia sido aramaizada desde o final II milênio, pois os caldeus formavam um grupo

forte de arameus vindos das terras próximas ao Golfo Pérsico (cf. H. DONNER, História de Israel e dos povos

vizinhos, São Leopoldo, Sinodal, 2006, 412-413).

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15

Algumas tentativas de revolta foram abafadas. Mas por volta de 591 a.C., apoiado pelo Egito, Sedecias decidiu romper com a Babilônia, sofrendo o segundo sítio (cf. Jr 37,5). Finalmente, em 589 ou 588 a.C., Judá

começou uma clara rebelião contra a Babilônia, que o levou à destruição final.

Os babilônios sitiaram Jerusalém cerca de um ano e meio. Durante um breve período, o cerco de Jerusalém foi levantado: havia a esperança egípcia. Que não se concretizou. Quando em 587 ou 586 a.C. tomaram-na

de assalto, após conseguirem abrir uma brecha no muro, assediando a desesperada Jerusalém. Destruíram as cidades fortificadas de Judá.23

Sedecias fugiu na direção de Amon. Não adiantou. Foi preso junto a Jericó e levado diante de Nabucodonosor II no quartel general em Ribla, na Síria. Assistiu à execução de seus filhos e membros da corte, depois

cegado, acorrentado e levado para a Babilônia, onde morreu.

Mais ou menos um mês depois, o comandante da guarda de Nabucodonosor II entrou em Jerusalém, incendiou tudo, derrubou o Templo, as muralhas, levou as pessoas de maior destaque (altos funcionários os

líderes dos sacerdotes) que executou em Ribla, diante de Nabucodonosor II, enquanto deportava a população urbana e o resto da classe alta para a Babilônia (cf. 2Rs 25,28-32).

Calcula-se que cerca de 4.600 homens da classe dirigente judaica tenham ido para o exílio. Somadas as

mulheres e as crianças, seu número poderia chegar a quase vinte mil pessoas. A população restante, camponesa, foi deixada no país (cf. Jr 52,28-32). Jeremias, que estava preso, foi solto por ordem de

Nabucodonosor II e escapou do exílio (cf. Jr 39,11–40,6).

Nabucodonosor II constituiu um judaíta de Jerusalém chamado Godolias como governador, encarregando-o

da delicada missão de criar de novo uma situação ordenada naquela terra devastada e esvaída em sangue. Godolias, não muito tempo depois, acabou assassinado, junto com seus partidários, pelo nacionalista Ismael

(cf. 2Rs 25, 22-25).24

Depois deste ato de vingança, os assassinos resolveram, para escapar das mãos de Nabucodonosor II, emigrar para o Egito. Jeremias foi obrigado a acompanhá-los para

lá, onde ainda atuou como profeta (cf. Jr 43,8–44,30).

Apesar da atuação dos profetas pré-exilicos, os profetas da conversão, acabara-se

Judá. A instituição monárquica esgotara seu papel. Entretanto, de modo algum

desapareceu completamente. Permaneceu viva a esperança de que um dia viria o Messias, o Ungido de YHWH, um rei da linhagem de Davi, e que acabaria com a

aflição de seu povo.

2. Exílio

Nas décadas após a queda de Judá começou, para Israel, a era da diáspora ou dispersão. Um grupo muito grande de israelitas vivia fora de sua pátria entre povos estranhos. Com estes dispersos começaram

desdobramentos que se tornariam significativos para a história do povo de Israel e do judaísmo.

Na Palestina depois das deportações, ficou ainda um grupo não muito pequeno, que na sua maioria pertencia

à população rural e que estava sem suas lideranças urbanas, desta forma ficando incapacitado de agir politicamente (cf. 2Rs 24,14; 25,12).

O grupo que imigrou para o Egito após o assassinato de Godolias, com um número considerável de israelitas

(cf. 2Rs 25,26; Jr 41,17-18; 42,7; 44,1), dissolveu-se na diáspora egípcia e pouco se ouve falar dele. Talvez tenham sido assentados como colonos militares em Elefantina e em outras cidades. Eles ficaram fortemente

23

Na fortaleza de Laquis, situada a 45 km a sudoeste de Jerusalém, numa estrada que leva ao Egito,

foram encontrados, em 1935 e 1938, vinte e um óstraca. Testemunhos dramáticos da invasão

babilônica de 587 a.C., os óstraca [pedaços de cerâmica sobre os quais se escrevia uma mensagem]

falam do cerco, da situação crítica em que se encontram e das medidas tomadas (cf. AA.VV., Israel e

Judá. Textos do Antigo Oriente Médio, São Paulo, Paulus, 19972, 85-86).

24 Jeremias documenta três deportações: a de 597 a.C., sob Joaquin; a de 587 a.C., sob Sedecias; e uma

última, de 582 a.C., talvez em represália ao assassinato de Godolias (cf. Jr 52,27-30).

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16

egipcizados: nos nomes, na religião e no direito. Em todo caso, desta diáspora não houve regresso para Jerusalém.

Entretanto, a elite do povo foi levada para a Babilônia. Esses desterrados constituíram o verdadeiro grupo de

exilados e aos quais se ligaram as grandes esperanças. Junto a eles atuaram os profetas Ezequiel e o Dêutero-Isaías, reforçando a idéia de que YHWH fora para o exílio com o verdadeiro e autêntico Israel, e que

havendo conversão dos corações YHWH não os abandonaria lá, mas os faria retornar à terra de Canaã.

“Os sofrimentos dos exilados eram interiores e não se baseavam em suas condições de vida. Uma parte da

classe alta de Judá e Jerusalém, decerto, sobretudo a corte do rei Joaquim, foi levada para a cidade da Babilônia, a metrópole do império (cf. 2Rs 24,15; 25,27-30). Aí os banidos levavam uma vida razoavelmente

confortável.

A maior parte dos exilados foi assentada pelos babilônios em diversas colônias que possivelmente pertenciam à propriedade dos reis (terras da coroa). Aí viviam na condição de súditos reassentados à força, mas de

modo algum como escravos. Tinham relativa liberdade de ir e vir, podiam construir casas, cultivar plantações, praticar o comércio e levar uma vida normal, correspondente às circunstâncias (cf. Jr 29).

Eles administravam-se a si mesmos, sob a direção dos “anciãos entre os exilados” ou “do povo” ou até “de

Israel” (cf. Jr 29,1; Ez 8,1; 14,1; 20,1), exatamente como na velha pátria. Permaneceram organizados em famílias (cf. Esd 2 = Ne 7) e cultivavam suas genealogias (cf. Esd 2,59; Ne 7,61).

Alguns deles chegaram a um bem-estar considerável (cf. Esd 1,6; 2,68-70). Até mesmo o comércio de escravos lhes era permitido (cf. Esd 2,65). Em nenhum lugar está documentado que eles fossem obrigados à

corvéia. Se este tivesse sido o caso, isso não os teria diferenciado da população babilônica nativa; também esta era convocada para a corvéia, por exemplo, em projetos de construções régias.”25

Lamentavelmente nada se pode dizer sobre a prática da religião e da vida cultual. Naturalmente é plausível

pensar que os rudimentos daquilo que viria a constituir a sinagoga começaram a desenvolver-se no exílio, embora não haja qualquer informação sobre isto. Também é totalmente desconhecido o destino do pessoal

do culto do templo (sacerdotes, levitas, cantores, servidores).

Só é possível perceber que duas atitudes já praticadas anteriormente, tornaram-se, no exílio, sinal da aliança

com YHWH, adquirindo caráter confessional: o descanso de sábado (cf. Gn 2,1-4ª; Ez 20,12; 22,8.26; 23,38)

e a circuncisão (cf. Gn 17).

Os profetas Ezequiel e o Dêutero-Isaías foram responsáveis pela reflexão e renovação espiritual do povo

exilado. Eles interpretaram a situação que estavam passando como castigo de YHWH e como profetas da renovação levam-nos a compreender que o exílio não deveria ser visto como o fim do passado, mas como início do futuro.

Daqueles que ficaram na Palestina, ou seja, não foram desterrados, pouco se sabe de sua situação durante o período do exílio. É certo que a guerra havia tornado a vida naquela região mais dura do que antes. A

população havia perdido a maior parte de suas lideranças: intelectuais, políticas e religiosas. Eles se encontravam numa opressiva dependência econômica.

Através do livro das Lamentações é possível perceber algumas situações difíceis. Pode-se supor que os habitantes tinham de pagar tributos indiretos (cf. Lm 5,4-5); percebe-se que era exigida da população a

corvéia (cf. Lm 5,5.13); e que eles estavam sem a proteção do poder estatal da Babilônia, uma vez que

estavam à mercê dos salteadores nômades (cf. Lm 5,9) e também dos edomitas (cf. Lm 4,21-22; Is 34; Jr 49,7-22; Ez 25,12-14).

Para aqueles que permaneceram na Palestina, nesta época, não reinaram circunstâncias aprazíveis, foi uma época de miséria e opressão. Contudo, para eles foi também uma fase de reflexão, revisão do modo de vida

e renovação espiritual.

25

H. DONNER, História de Israel e dos povos vizinhos, 435-436.

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17

3. Pós-exílio

No ano de 539 a.C. Ciro II da Pérsia entra triunfalmente na cidade da Babilônia e passa a residir no palácio dos

reis caldeus. Os israelitas tinham motivos para se alegrar, pois os reis persas seguiram caminhos diferentes dos

dominadores anteriores no que se refere ao tratamento dado aos povos pertencentes ao seu império.

Eles procuravam basear sua política não na violência, mas na tolerância. Eles mostravam-se

“tolerantes”, não como uma atitude mental, mas por calculismo. Eles deram permissão para que os povos subjugados retornassem para suas pátrias. Para eles interessava que seus súditos estivessem felizes, pagassem

os impostos e lhes fossem submissos, porém ações autônomas não eram permitidas e se aparecessem, eram duramente reprimidas.

Nas províncias o governo era exercido por governadores persas ou nativos, que eram responsáveis diante dos

chefes das satrapias, os sátrapas, que prestavam contas ao grande rei. Reinava uma ordem hierárquica severa. Eles eram déspotas diante dos quais todos eram escravos. Sua “tolerância” limitava-se à vida intelectual e

religiosa. Não procuravam intervir, mas promoviam a religião e a cultura.

Os persas não cogitavam impor a sua língua pelo império. Porém, como o aramaico já se difundira em todo o

Oriente Próximo, incluindo o Egito, eles aproveitaram as circunstâncias e elevaram o aramaico à categoria

de língua oficial do Estado. Na Ásia Menor, eles admitiram também o grego como língua oficial. O aramaico bíblico deve ser visto como um ramo do aramaico oficial.

Já no primeiro ano de seu governo, Ciro II começou a tratar do problema dos exilados israelitas e do templo de Jerusalém (cf. Esd 1,1-4; 6,3-5). O Edito de Ciro faz parte da correspondência oficial que Dario I manteve com

o sátrapa em 518 a.C., confirmando a autorização para a reconstrução do templo de Jerusalém.

A construção do segundo templo começou apenas em 520 a.C. com a colocação da pedra fundamental sob

Zorobabel (cf. Esd 6,1-3), mas parece que os utensílios do templo, que haviam sido levados por

Nabucodonossor e seus oficiais, foram transportados por Sesabassar anteriormente ao início da obra (cf. Esd 5,14-16).

O regresso dos exilados para Jerusalém e Judá não ocorreu imediatamente ao Edito em 538 a.C., mas apenas entre 530 e 520 a.C., sob Cambises ou Dario I. Isto é plausível porque havia negócios a realizar, vínculos a

desfazer, dificuldades a resolver.

Muitos dos exilados já estavam estabilizados na Babilônia, haviam prosperado naquelas terras. Outros foram muito pequenos ou nasceram no exílio, não tendo nenhum vínculo afetivo com a terra de Judá. Não haviam

conhecido o templo construído por Salomão. Enfim, não se sentiam motivados a voltar.

Por outro lado, as famílias que retornaram, se depararam com outros tipos de problemas. A terra durante o

exílio não ficou abandonada nem desabitada. Havia, portanto, necessidade que novas terras fossem dadas aos

que retornavam e de preferência de acordo com a situação pré-exílica. Para que isso acontecesse de maneira adequada e sem maiores problemas, o rei – Cambises ou Dario I – nomeou Zorobabel, da tribo de Davi, que

seria neto de Joaquim (cf. 1Cr 3,19) para tratar da construção do templo e da reinserção dos exilados (cf. Esd 2,2).

A construção do templo na verdade realizou-se não por causa das ordens do rei, mas pela atuação direta de Ageu a Zacarias, profetas da reconstrução, junto à comunidade, contando com a cooperação ativa de

Zorobabel. Entre os mais idosos certamente havia alguns que conheceram o fausto do primeiro templo e se

sentiam saudosos ao ver a modesta construção do segundo templo (cf. Ag 2,1-9). No ano 515 a.C. a construção estava terminada e houve a dedicação do templo com uma grande festividade (cf. Esd 6,15-18).

A única fonte de informação que temos sobre o primeiro retorno de exilados e o início da re-ocupação de Jerusalém está praticamente no livro de Esdras 1-6. Cujo objetivo foi preservar para as gerações posteriores os

registros históricos de um momento tão importante da vida do povo: a restauração da sociedade hebraica após

o exílio e o nascimento da “religião da Lei” (Judaísmo).

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Exercício C

Revisão de quadros da História de Israel

Relacione os principais acontecimentos da História da Israel com suas datas aproximadas:

( 1 ) Período salomônico ( ) 1850 a.C.

( 2 ) Josué entra com o povo na terra ( ) 1250 a.C.

( 3 ) Edito de Ciro ( ) 1210 a.C.

( 4 ) Saul, primeiro Rei ( ) 1200 a 1050 a.C.

( 5 ) Travessia do Mar Vermelho ( ) 1050 a.C.

( 6 ) Exílio na Babilônia ( ) 1030 a 1010 a.C.

( 7 ) Queda do Reino do Norte ( ) 1010 a 970 a.C.

( 8 ) Samuel ( ) 970 a 931 a.C.

( 9 ) Paixão, morte e ressurreição de Cristo ( ) 931 a.C.

( 10 ) Época dos Patriarcas ( ) 722 a.C.

( 11 ) Cisma das Tribos de Israel ( ) 587 a.C.

( 12 ) Queda do Reino de Judá ( ) 587 a 538 a.C.

( 13 ) Período dos Juízes ( ) 538 a.C.

( 14 ) Reinado de Davi ( ) 175 a 163 a.C.

( 15 ) Revolta dos Macabeus ( ) 30 d.C.

Responda:

1. Qual o nome dos Patriarcas?

2. Quem eram os Juízes?

3. Como podemos dividir os Juízes? Qual o papel de cada tipo de Juiz?

4. Qual o nome do último Juiz?

5. Por que se diz que Samuel congrega em si o profetismo, o sacerdócio e a monarquia?

6. Qual o maior feito de Davi em benefício do povo?

7. Qual o rei responsável pela construção do Templo de Jerusalém?

8. Quantas vezes e quando o Templo de Jerusalém foi destruído?

9. Qual o maior fruto do Exílio na Babilônia?

10. Após o Edito de Ciro, houve quem não quisesse voltar a Jerusalém?

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Exercício D

Árvore Genealógica dos Patriarcas

Complete a “árvore genealógica” dos Patriarcas segundo livro do Gênesis:

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Exercício E

Quem é quem no Antigo Testamento

Correlacione os nomes bíblicos com as definições:

( 1 ) Moisés ( ) Profetisa do período dos Juízes.

( 2 ) Aarão ( ) Profetisa consultada pelo rei Josias em 2Rs 22,14.

( 3 ) Jetro ( ) Herói filisteu, morto por Davi segundo 1Sm 17.

( 4 ) Mirian ( ) Profeta da corte de Davi, que lhe garante uma dinastia eterna.

( 5 ) Raab ( ) Seduzida por Davi, perdeu o primeiro filho e foi mãe de Salomão.

( 6 ) Débora ( ) Irmão de Moisés; era seu intérprete e principal sacerdote.

( 7 ) Saul ( ) Primeiro rei do Reino do Norte; ordenou a construção de santuários.

( 8 ) Golias ( ) Irmã de Moisés e de Aarão; que eram “chefes” de Israel fora do Egito.

( 9 ) Davi ( ) Terceiro rei de Israel; é notável por sua sabedoria.

( 10 ) Natã ( ) Filho de Jessé, de Belém, sucede Saul como rei de Israel.

( 11 ) Urias ( ) Nomeado por Artaxerxes, rei da Pérsia, foi governador de Judá.

( 12 ) Betsabá ( ) Sucessor de Salomão, assiste a divisão do Reino de Israel.

( 13 ) Salomão ( ) Libertou o povo da escravidão do Egito.

( 14 ) Roboão ( ) Rei da Assíria, que ordenou a invasão do Reino do Norte.

( 15 ) Jeroboão ( ) Foi o primeiro rei de Israel, ungido por Samuel.

( 16 ) Hulda ( ) Foi sacerdote e escriba versado na Lei de Moisés.

( 17 ) Sargão II ( ) Sogro de Moisés.

( 18 ) Nabucodonosor ( ) Rei da Babilônia; liderou a marcha contra Jerusalém.

( 19 ) Neemias ( ) Uma prostituta de Jericó, que ocultou os espiões de Josué.

( 20 ) Esdras ( ) Um dos oficiais do exército do rei Davi; é marido de Betsabá.

Agrupe os personagens segundo o período em que viveram e informe a data aproximada: Êxodo do Egito

Conquista da Terra Prometida

Período dos Juízes

Período da Monarquia – reino unificado

Período dos Reinos divididos e Exílio

Pós-Exílio

Indique os livros bíblicos em que esses personagens aparecem.

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21

Exercício F

Identificação e Classificação dos Escritos Proféticos (Profetas Menores)

Profetas Oseias Joel Amós Abdias

Jonas Miqueias Naum Habacuc Sofonias Ageu Zacarias Malaquias

Locais de pregação

Elcós (Indefinido) Reino da Samaria

Judeia Reino de Judá Babilônia Nínive Jerusalém

Perícopes

Ag 1,7ss Mq 1,2-7 Jl 4,9-17 Zc 2,10-17 Jn 3,10-4,11 Na 1,1.2,2-11

Am 3,9-11 Ml 1,6.2,10ss Hab 1,2-4 Os 2,4-10 Sf 1,14-18 Ab 15-21

Períodos ( Antes ) Antes do Exílio ( Durante ) Durante o Exílio ( Depois ) Depois do Exílio

Perícope Profeta Local da

pregação Tema central Período

Reino da Samaria

Denúncia do pecado na Samaria

Reino da Samaria

Amor de Deus por seu povo infiel

Reino de Judá Condenação da Samaria e de Judá

Reino de Judá O dia do Senhor trará castigo ao pecador

Elcós A iminente queda de Nínive

Indefinido O ímpio que prevalece contra o justo

Jerusalém Anima a reconstrução do templo

Jerusalém Restauração e salvação de Israel

Jerusalém Condena as faltas dos sacerdotes e matrimônios mistos

Babilônia Exalta a justiça e o poder do Senhor

Judeia O dia do Senhor trará castigo ao estrangeiro

“Nínive” A misericórdia de Deus atinge todos os povos

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Exercício G

Questões para revisão

1. Qual o sentido de História para o Antigo Médio-Oriente?

2. Quais os três pontos importantes para o estudo dos livros históricos do AT?

3. Quais as características da teologia deuteronomista?

4. Quais os aspectos religiosos que se destacam no livro de Josué?

5. Qual a relação de Samuel com o período dos Juízes e com o advento da monarquia?

6. O que se pretendia com a instalação da monarquia? Sua instalação foi plenamente aceita?

7. Explique o duplo sentido do vocábulo “casa”, na profecia de Natã (2Sm 7).

8. Qual a melhor definição para o cisma de 931 a.C. e o que ele significou?

9. Complete o quadro:

Reinos Qual foi o império

invasor? Quem era o rei

invasor? Qual o ano provável?

Reino do Norte

Samaria

Reino do Sul Judá

10. Como os reis de Judá eram classificados? Qual o critério utilizado para essa classificação?

11. O que significa a palavra “profeta”?

12. Quais as funções do profeta na história de Israel?

13. Quais são os profetas “maiores” e os “menores”? Qual o critério para sua divisão?

14. Cite exemplos de alguns gêneros literários utilizados pelos profetas.

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23

Exercício H

Exercícios práticos sobre os Profetas Maiores

Veja o quadro esquemático como referência e faça as atividades no final da folha.

Livro Proto-Isaías

(1 – 39) Jeremias Ezequiel

Deutero-Isaías

(40-55) Trito-Isaías

(56-66)

Data da

pregação Séc. VIII a.C. Séc. VII a.C. Séc. VI a.C.

Séc. VI a.C.

(final do Exílio) Séc. V a.C.

Local da pregação

Sul Norte Sul/Exílio Exílio Jerusalém

Temas

principais

Critica o luxo e a injustiça e

exige a conversão.

Insiste na conversão.

Mesmo com o Exílio, mantém

a esperança de

que dele saia o novo Israel.

Ameaças (1-32) e consolações

(33-39).

Como

sacerdote, tem grande

preocupação

com o Templo e com a Lei.

“Livro das

Consolações”: o

sofrimento deixa de ser

punição, transformando-

se em

purificação.

Influenciado pela Obra

Deuteronomista, zela pela

santidade e pela

religião interior, purificada.

Características

literárias

Breve e conciso; mestre

em estilística

Coletânea de oráculos, que

fora ampliada

Pelos momentos de

intimidade com

Deus, utiliza diversas

imagens simbólicas

(linguagem

apocalíptica).

Considerado o melhor poeta

de Israel.

Apresenta

gêneros e

estilos diferentes, o

que faz crer na mão de vários

autores.

Perícope para

análise Atividades

Is 5, 1-7 Leia a perícope e identifique as palavras repetidas.

Identifique as metáforas do texto e explique cada uma à luz do v. 7.

Is 7,10-17 Identifique três possibilidades diferentes para a exegese do Emanuel (quem seria ele).

Explique a questão da tradução do termo virgem/jovem, no v. 14.

Jr 1,4-19 Compare a vocação de Jeremias com a vocação de Moisés, em Ex 3.

Jr 20,7-18 Compare os sentimentos e a missão de Jeremias e de Jonas.

Ez 37,1-14

Identifique duas partes fundamentais dessa perícope.

Identifique o contexto histórico da época, conforme Ez 36,23-29.

De que forma essa perícope serviu ao povo da sua época?

Como ela pode ser ouvida e compreendida nos dias de hoje?

Is 50,4-11 Localize os quatro cânticos do servo sofredor.

Perceba a compreensão do sofrimento para o hagiógrafo.

Is 52,13-53,12

Os tempos verbais dessa perícope permitem identificar o sujeito de cada subdivisão.

Identifique essas três subdivisões da perícope.

Perceba que na primeira e na terceira partes o sujeito é o mesmo. Identifique-o.

Is 60,1-7 Identifique a interpretação da perícope para o Antigo e para o Novo Testamento.

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I. Autoria / estrutura superlativa do nome / tema principal / Metáfora – Deus e Israel

II. Datação: hebraico tardio (pós-exílico) / estrutura poética (coletânea)

III. Metáfora – caminhada espiritual da vida – a alma apaixonada (S. Bernardo e S. João da Cruz)

IV. Enfrentou oposição inicial dos rabinos devido à linguagem;

Era lido habitualmente na Páscoa judaica – Aliança;

Reproduz ou remete à cerimônia matrimonial judaica;

Critério de aceitação: somente Deus poderia ter dado ao homem a capacidade de amar.

V. Metáfora – Cristo e a Igreja

VI. Metáfora – Deus e Nossa Senhora – Ct 4,7 = Imaculada Conceição; Ct 6,10

VII. Metáfora – Paixão de Cristo pelos pecadores

VIII. Léxico: abundância de termos relativos ao amor; descrição das partes do corpo e sentimentos;

Descrição do mundo carregado de sensações: cenários, aromas, paladar;

Apesar de todo o êxtase da linguagem, recorda que o amor é forte como a morte = Ct 8,6

I. Coleção de sentenças e máximas / as mais antigas são pré-exílicas

Pela datação, trata-se de um caso de pseudonímia

Destina-se prioritariamente ao ensinamento

II. Possui coleção introdutória tardia, com poemas longos – Pr 1,1–9,18

Prevalecem as formas simples de sentenças (verbo no indicativo) e conselhos (imperativo

afirmativo ou negativo)

III. Provérbios numéricos – Pr 30,15-33

IV. Possui paralelos com textos de outros povos

V. Adaptação à Maria, em Pr 8,22-36, com a personificação da Sabedoria

Cânticos dos Cânticos

Provérbios

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Exercício I

Trabalho sobre o Livro de Daniel

Leia o capítulo sobre o Livro de Daniel (p. 364 a 367) e responda:

1. O significado do nome “Daniel” é ____________________________________________.

2. Daniel refere-se: ( ) ao autor do livro ( ) ao personagem principal do livro.

3. O principal gênero literário de Dn é ________________________.

4. Apesar dessa predominância, a perícope Dn 2 – 6 pode ser considerada uma _______________________,

graças à presença de elementos fabulosos e sobrenaturais que envolvem a narração da história.

5. Essa perícope Dn 2 – 6 foi redigida, provavelmente, no século ____________ e desejava gerar novo povo

a confiança em ___________________.

6. O trecho Dn 7 – 12 é puramente de gênero ______________________.

7. A narrativa simbólica dessa perícope refere-se: ( ) a fatos que haviam ocorrido ou estavam ocorrendo

( ) a eventos futuros

8. Por isso, é mais correto classificar o livro como _________________ e não como ________________.

9. Dn contém dois capítulos deuterocanônicos, que são ______ e ______. Por serem deuterocanônicos,

foram escritos em língua _____________________.

10. O fato de que Dn nos tenha chegado em três idiomas diferentes pode apontar que esses trechos foram

redigidos originalmente de forma __________________________________.

Pesquisa ativa:

A) Leia as perícopes abaixo e identifique a teologia presente em Dn:

- angelologia – Dn 8,16ss; 10,10-21

- ressurreição da carne – Dn 12,2s

B) Pesquise no missal dominical ou no lecionário dominical e encontre as leituras retiradas do Livro de Daniel

(São apenas quatro celebrações; procure no índice de leituras). Identifique o contexto dessas leituras dentro

do Livro de Daniel e faça um paralelo com o Evangelho ou tema principal da liturgia onde cada uma delas se

encontra.

C) Além da liturgia eucarística, a liturgia das horas também utiliza o Livro de Dn. Encontre os três cânticos

utilizados no saltério litúrgico e identifique a principal temática comum a eles.

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Trabalho sobre Jó e Eclesiastes Parte I – JÓ

1. O trecho Jó 1-2 é escrito em: ( ) prosa ( ) poesia

2. O epílogo do livro (Jó 42, 7-17) é escrito em: ( ) prosa ( ) poesia

3. Quais são os nomes dos três amigos de Jó?

____________________, ____________________ e ____________________.

4. Quantas vezes falam os amigos de Jó?

( ) três vezes cada um ( ) cinco vezes cada um ( ) duas vezes cada um

5. Do capítulo 3 ao 31, o texto passa a ser apresentado em: ( ) prosa ( ) poesia.

6. Trata-se de ( ) um diálogo ( ) uma parábola, onde Jó conversa com seus amigos.

7. Qual o principal novo personagem em 32-37? ________________________

8. Esse personagem torna a aparecer posteriormente? ( ) sim ( ) não

9. Essa intervenção volta a ser mencionada posteriormente? ( ) sim ( ) não

10. Qual o conteúdo dos capítulos 38 a 41?

( ) discursos de Jó ( ) discursos dos amigos de Jó ( ) discursos de Deus

11. O capítulo 38 poderia ser a continuação de Jó 31,40? ( ) sim ( ) não

12. Isso faz imaginar que:

( ) o discurso de Eliú não deveria fazer parte do livro

( ) o discurso de Eliú está perfeitamente enquadrado com o contexto do livro

( ) o discurso de Eliú parece ser uma inclusão posterior

13. De que forma Deus responde as perguntas de Jó em 38-39?

( ) com respostas diretas ( ) com oráculos ( ) com perguntas

14. Pode-se dizer que foi realmente uma resposta? ( ) sim ( ) não

15. Qual a decisão de Jó no capítulo 42? ( ) persistir no pecado ( ) fazer penitência

16. Qual o sentido de “mas agora meus olhos te vêem”?

( ) Jó está vendo Deus face a face

( ) Jó pode compreender melhor a Deus

( ) Jó está tendo uma visão

17. O autor questiona a ( ) teologia moral ( ) teologia da libertação ( ) teologia da retribuição.

18. Contudo, não é dada uma resposta concreta para o problema. Como explicar os versículos Jó 42, 10-

17, que parecem voltar à teologia que é questionada?

( ) o autor mudou de ideia quanto ao questionamento que fazia e passou a aceitar essa teologia

( ) o autor percebeu que não adianta lutar contra essa teologia

( ) esse trecho pode ser uma inclusão posterior de outro autor

19. Qual o conteúdo do capítulo 28?

( ) discurso de Deus ( ) discurso de Eliú ( ) discurso sobre a sabedoria ( ) discurso de Jó

20. Esse capítulo interrompe da narrativa?

( ) a narrativa seguiria normalmente suprimindo esse capítulo

( ) haveria problemas para compreender o texto sem esse capítulo

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27

Parte II – ECLESIASTES

Qohélet, ou Eclesiastes, é um crítico radical e um exímio observador da vida cotidiana. Embora demonstre

conhecer profundamente a cultura helênica, reconhece perfeitamente os Livros da Lei e, ainda, apresenta algumas semelhanças com as tradições proféticas.

Existem seis “lições” principais no livro do Eclesiastes. Para cada “lição” foram listadas algumas frases

representativas. Leia as passagens da coluna da direita e numere corretamente.

1. Inacessibilidade à Sabedoria: o homem não é capaz de alcançar a verdadeira sabedoria e

a sabedoria humana é incapaz de diferenciar o sábio do néscio; ambos têm o mesmo destino.

( 1 ) Todo o esforço é inútil. ( ) 9,13-18 ( 2 ) Há um certo determinismo no mundo. ( ) 1,13ss

( 3 ) A sabedoria vale pouca coisa. ( ) 9,11

2. Tudo está traçado: repleto da certeza de que nada pode ser mudado, afirma que não é possível endireitar o que está torcido, nem calcular o que de antemão está perdido.

( 1 ) Tudo o que acontece é antecipação do que acontecerá. ( ) 1,14-18 ( 2 ) Tudo o que aconteceu é irretocável. ( ) 1,9

3. Todo esforço não leva a nada: por trás da atividade humana por poder e riqueza esconde-

se uma rivalidade agressiva que não muda a sorte do homem. ( 1 ) Tudo volta ao pó. ( ) 3,20

( 2 ) Não há para quem deixar os bens acumulados. ( ) 4,7s

( 3 ) Todo êxito vem de uma competição. ( ) 4,4

4. Tributo à morte: inevitável, ela atinge sábios e néscios e acaba com todas as atividades

do homem; constitui, de certa maneira, uma forma de escapar deste mundo de dor.

( 1 ) Sem distinção, morre o justo e o injusto. ( ) 2,16 ( 2 ) A morte iguala homens e animais. ( ) 4,1-3

( 3 ) Só quem nunca existiu é mais feliz que um morto. ( ) 3,18s

5. A crise de Deus: consciente dos atributos divinos, crê que Deus não deixa rastros na

criação e se questiona sobre o alento divino.

( 1 ) Não se vêem as obras de Deus. ( ) 8,17 ( 2 ) É difícil descobrir a obra de Deus ( ) 11,5

6. A vida e seus prazeres: sabendo que a morte encerra as atividades humanas, deve-se

“comer e beber”, embora isso também, no fundo, seja vaidade. ( 1 ) Que a juventude seja bem vivida. ( ) 9,9

( 2 ) A vida familiar é agradável e deve ser aproveitada. ( ) 11,7-10 ( 3 ) A união é valorizada, mesmo que de forma utilitarista. ( ) 4,9-12

Eclesiastes é um realista. Mergulhou mais profundamente ainda no abismo exposto por Jó (a problemática da

retribuição) e, mesmo sem encontrar uma solução, agarra-se à sua fé em Deus. É com Eclesiastes que, de forma muito tímida, se prepara a fé na retribuição póstuma.