Saberes Localizados

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Saberes Localizados: a questão da ciência para o feminismo e o privilégio da perspectiva parcial O corpo é um agente, não um recurso . (HARAWAY, 1995)

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Discussão a partir de pontos elucidados por Donna Haraway e Nelson Maldonado-Torres.

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Saberes Localizados:a questão da ciência para o feminismo e o privilégio da

perspectiva parcial

O corpo é um agente, não um recurso . (HARAWAY, 1995)

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Por uma geodésia dos acontecimentos: a operação cartográfica na obra de Cândido

Rondon (1890-1952)

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Engenheiro, positivista, cartógrafo;Senhor da memória; Narrativa de gesta;

Agenciador, intelectual...

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Em busca do acontecimento: uma leitura da Carta do Estado de Mato Grosso e Regiões Circunvizinhas

(1952)

Objeto:

Narrativa Cartográfica em Cândido Rondon

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Cópia da Carta Sintética de Mato Grosso (1921)Fonte: CORREA FILHO, Virgílio. Mato Grosso. Tip. Jornal do comercio, 1922

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Cartografia / Análise

“Objetos são projetos de fronteiras. Mas fronteiras oscilam desde dentro; fronteiras são muito enganosas. O que as fronteiras contêm

provisoriamente permanece gerativo, produtor de significados e de corpos. Assentar (atentar para) fronteiras é uma prática muito

arriscada”. (HARAWAY, 1995, p. 41)

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Saber sacralizado, corpo sintético: O que pode o debate

colonialidade/modernidade na experiência do cuidado?

[Projeto de Pesquisa Doutorado ECCO]

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“Mudando a perspectiva...”Será? Como fazer isso?

“As perspectivas dos subjugados são preferidas porque parecem prometer explicações mais adequadas, firmes, objetivas, transformadoras do mundo. Mas como ver desde baixo é um problema que requer, pelo menos, tanta habilidade com corpos e linguagens, com as mediações da visão, quanto têm as mais "altas" visualizações tecno-científicas.” (p. 23)

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Os posicionamentos dos subjugados não estão isentos de uma reavaliação crítica, de decodificação, desconstrução e interpretação; isto é, seja do modo semiológico, seja do modo hermenêutico da avaliação crítica. As perspectivas dos subjugados não são posições "inocentes". Ao contrário, elas são preferidas porque, em princípio, são as que tem menor probabilidade de permitir a negação do núcleo crítico e interpretativo de todo conhecimento. Elas têm ampla experiência com os modos de negação através da repressão, do esquecimento e de atos de desaparição com maneiras de não estar em nenhum lugar ao mesmo tempo que se alega ver tudo. (p. 23)

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Objetividade

“Olhar total” [Cartógrafo, limites]X

Perspectiva dos subjugados [parteiras e benzedeiras]

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Qual o objetivo central do texto?

• Discutir o que é objetividade (análise);

• Propor uma saída para o embate (epistemologia feminista)

Complexidade x Simplismo

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Objetivos

(...) Quero argumentar a favor de uma doutrina e de uma prática da objetividade que privilegie a contestação, a desconstrução, as conexões em

rede e a esperança na transformação dos sistemas de conhecimento e nas maneiras de

ver. (p. 24)

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O que é objetividade?

• A objetividade revela-se como algo que diz respeito à corporificação específica e particular e não, definitivamente, como algo a respeito da falsa visão que promete transcendência de todos os limites e responsabilidades. A moral é simples: apenas a perspectiva parcial promete visão objetiva. (p. 21)

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Objetividade: recusa do “TUDO VER”

• “A objetividade feminista abre espaço para surpresas e ironias no coração de toda produção de conhecimento; não estamos no comando do mundo. Nós apenas vivemos aqui e tentamos estabelecer conversas não inocentes através de nossas próteses, incluídas aí nossas tecnologias de visualização.” (p. 38)

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Complexidade[Epistemologias da alocação]

XSimplismo [Visão de Cima, Truque

do deus judaico-cristão](p.27)

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Produzir LUGAR

“O conhecimento, do ponto de vista do não marcado é realmente fantástico, distorcido e, portanto, irracional.” (p. 27)

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Produzir LUGAR contra o “Truque de deus”

“A única posição a partir da qual a objetividade não tem a possibilidade de ser posta em prática e honrada é a do ponto de vista do senhor, do Homem, do deus único, cujo Olho produz, apropria e ordena toda a diferença. Ninguém jamais acusou o deus do monoteísmo de objetividade, apenas de indiferença.” (p. 27)

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Relação sujeito x objeto

“A tradução é sempre interpretativa, crítica e parcial” (p. 32)

“Não buscamos os saberes comandados pelo falogocentrismo e pela visão incorpórea, mas aqueles comandados pela visão parcial e pela voz limitada.” (p. 33)

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VOZ LIMITADA?

• O que ela produz?

• Que textualidade eu produzo com ela?

• Apropriação x relação x visão (?)

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Ação humanista/científica/moderna: Mundo como ‘recurso’ para se chegar a

algo

“Os códigos do mundo não jazem inertes, apenas à espera de serem lidos. O mundo não

é a matéria-prima para a humanização.”(p. 38)

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Conclusões

Talvez o mundo resista a ser reduzido a mero recurso porque não é mãe/matéria/murmúrio, mas coiote, uma figura para o sempre problemático, sempre potente, vínculo entre significado e corpos.

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Conclusões...

• A corporificação feminista, as esperanças feministas de parcialidade, objetividade e conhecimentos localizados, estimulam conversas e códigos neste potente nódulo nos campos de corpos e significados possíveis. É aqui que a ciência, a fantasia científica e a ficção científica convergem na questão da objetividade para o feminismo.

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Conclusões

“Talvez nossas esperanças na responsabilidade, napolítica, no

ecofeminismo, estimulem uma revisão do mundo como um trickster codificador com o

qual devemos aprender a conversar.”(p. 41)