Sábado Nº 576_Maio 14-20 de 2015

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ESCUTAS, SMS, EMAILS E TRAIÇÕES FATAIS EXCLUSIVO SÓCRATES T A investigação do Ministério Público às conversas do ex-primeiro-ministro sobre António Costa T O ataque de pulgas na prisão T Pressões a Judite Sousa e José Rodrigues dos Santos e revelações inéditas sobre outros casos polémicos – ESPECIAL DE 19 PÁGINAS www.sabado.pt N.º 576 – 14 A 20 DE MAIO DE 2015 – €3 (CONT.) c Moda começou nos Estados Unidos DILF, OS PAIS GIROS QUE AS OUTRAS MULHERES COBIÇAM y Reportagem com o burlão do Totta O BANCÁRIO DOS 7 MILHÕES QUE AGORA VENDE GASOLINA + + Descolonização–3.ºvolume A Queda do Império NÃO PERCA POR APENAS €5,95

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ESCUTAS,SMS,EMAILSETRAIÇÕESFATAIS

EXCLUSIVOSÓCRATES

T A investigação do Ministério Público às conversas doex-primeiro-ministro sobre António Costa T O ataquede pulgas na prisão T Pressões a Judite Sousa e JoséRodrigues dos Santos e revelações inéditas sobreoutros casos polémicos – ESPECIALDE 19 PÁGINAS

www.sabado.pt N.º576– 14A20DEMAIODE2015–€3 (CONT.)

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14 MAIO 2015

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6 Bastidores8 Editorial12 Do Leitor13 A Abrir

14 Nuno Costa Santos19 Pedro Marta Santos28 Obituários56 Eduardo Dâmaso

67 Helena Garrido79 Dulce Garcia82 Ricardo Adolfo88 Alexandre Pais

Portugal

Destaque

Emais...

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GPS

Élvio e Filipe Sousa são da aldeia da Gaula, na Madeira. Formaramomovimento Juntos pelo Povo e elegeram cinco deputados

Escutas, emails, SMS e telefone-mas a intimidar jornalistas.As revelações que faltavamnas polémicas de José Sócrates

Todos os concertos que podever este Verão. E ainda: o re-gresso deMadMax, 30 anosdepois; onovo livrode UmbertoEco; o DiaInternacio-nal dosMuseus

58OS IRMÃOS GAULESES QUE FIZERAMFRENTE AALBERTO JOÃO JARDIM

38

OS BASTIDORESDOS DIAS FATAIS

Especial festivais 2015

CannesOsmomentosmaispolémicosdo festivalAmostra de cinema co-meçou a 13 de Maio enós recordamos os ca-sos de anos anteriores.

+ LIDAS

JoséPachecoPereira10

NunoRogeiro36

Entrevista

NoamChomsky O grande crítico do sistema político americano 32

Destaque

Pré-publicação Os maiores escândalos de José Sócrates em livro 38

CasoMarquês Escutas sobre António Costa podem ser reveladas 52

Investigação A situação actual de todos os arguidos 54

Portugal

Reportagem Os irmãos que desafiaram Alberto João Jardim 58

Debates As melhores histórias das Conferências do Estoril 62

Mundo

Síria O pianista palestiniano do campo de Yarmuk 64

Dinheiro

Sogrape Nos bastidores do leilão de Vinho do Porto de 1815 67

Sociedade

Exclusivo Bancário português viciado em jogo volta a burlar 68

Negócio Leite materno à venda na Internet por 17 euros 73

Perfil A cubana que ensina bailarinos premiados 74

Arqueologia Tesouro debaixo de Londres com 10 mil peças 76

Entrevista Nigel Crisp liderou o sistema de saúde britânico 77

Família

Tendência DILFS: os pais atraentes que cuidam dos miúdos 78

Desporto

Futsal A equipa do Sp. Braga está cheia de estudantes 80

Artes

Exposição Reportagem da SÁBADO na Bienal de Veneza 83

Social

Discoteca As festas loucas nos anos 70 no Studio 54 86

Opinião

Sumário

FotogaleriaEstes são os piorespenteadosdahistó-riadahumanidadePalavras para quê? Paraver e rir a partir de dia 16.

4A 10DEMAIO

01.BARBASTÊMMAISBACTÉ-RIASDOQUEWCSUJOPorquê?

02.OQUEOSFAMOSOSFAZIAMEM2004Edição

do11.ºaniversáriodaSÁBADO

03.LOJACOMSOBREMESASNUTELLAABREEMAVEIROInauguraçãoa12deMaio

Foto capa: José Sena Goulão/Lusa

GREGÓRIOCUNHA

AFP

AlbertoGonçalves90

Omelhorbailarinodomundoaos11anos

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UmbrindedePorto aobomhumor

!

OpresidentedaSogrape,FernandoCunhaGuedes, eo enólogoLuís Sottomayorpregaramumapartidaaosjornalistas– o tinto queestavamabeberera, desdeo início, BarcaVelha, omais famosodaSogrape, enãoHermitageLaChapellecomopensavam

BASTIDORES

Ovinho do Portomais caro al-gumavez vendido em leilãofoi arrematadoàs 20h25de 7

deMaio. Umahoraemeiadepois, osjornalistas que fizeram a coberturado momento entravam no restau-rante La Chapelle, em Londres. Pri-meiro pedido: password de wi-fi.Não deve ser habitual: os funcioná-rios não sabiam qual era. Foram vere trouxeram a dita password mas,afinal, não era precisa – o acesso àInternet era livre.Quandoas entradas chegaramain-

da os jornalistas estavam de portá-teis emcimadasmesas daquele queé um dos melhores restaurantes deLondres – oito prémios no primeiroano de abertura (2010), uma estrelaMichelin em 2011. Vinho tinto servi-do: um Hermitage La Chapelle, de2001, dizia a garrafa que chegou àsmãos da jornalista da SÁBADO. Mi-nutos depois, um dos empregadossegurava a última colheita de BarcaVelha (2004), que em 2014 recebeu99 em 100 pontos na revista WineEnthusiast (foi o vinho portuguêscommelhor classificação) e deitavao líquido no mesmo copo onde, su-postamente, havia vinho francês.Umailusão.Opresidente daSogrape, Fernando

CunhaGuedes, e o enólogo Luís Sot-

tomayor, estavamapregarumapar-tidaaos jornalistas–o tintoqueesta-vamabeberera, desdeo início, BarcaVelha, o mais famoso da Sogrape. Obomhumortinhacomeçadonanoiteanterior, com anedotas contadas aomicrofone do minibus que levou acomitivaaté aohotel.Antes do leilão, os jornalistas ti-

nham visitado a Quinta do Porto,umadas preferidas deDonaAntóniaAdelaide Ferreira (tinha 22), todosqueriam entrar no quarto principal,ondeaFerreirinhadormiaquando fi-cava na propriedade. Só havia umpequeno problema: uma das camasdo quarto (são duas) estavapor fazer– Manuel Guedes, administrador daSogrape, tinha passado lá essa noite.“Já fiz eu mesmo a cama para iremver”, disse, mais tarde, em tom debrincadeira. E os jornalistas lá entra-ram no quarto onde já dormiram opríncipe Carlos e a princesa Diana,duranteumavisitaoficial aPortugal.

B

OsirmãosdopovodaMadeiraQuando a SÁBADO contactou ÉlvioSousa pela primeira vez, ele pediuparaque oavisássemos comantece-dênciadanossa idaàMadeira. Avidapacatadeste autarcadaJuntadeFre-guesia de Gaula sofreu uma revira-voltadepois danoite de 29deMarço,quando o movimento Juntos PeloPovo conseguiuelegercincodeputa-dos para a Assembleia LegislativaRegional. Mesmo assim mostrou-sedisponível, bemcomoo irmão, Filipe,presidentedaCMdeSantaCruz, pararevelarpelaprimeiravezo seuquoti-diano na SÁBADO. Conheça-o naspágs. 58a61.W

AQuedadoImpérioNãoperca estasemana o terceirovolumeda colecçãosobre os 40 anosda descolonização.E se, por algummotivo, não conse-guiu obter algumdos anteriores,não se preocupe,basta contactar-nospara um dostelefones ou emailsindicados na pág. 12.

Do director

B

Director

RuiHortelão

B

gFrancisco Vidal,um dos artistasque representaAngola na Bienalde Veneza, a serentrevistado pelaBBC (págs. 83 a 85)

gO Sp. Braga temuma equipa de

futsal vencedora,quase só compos-ta por doutores e

engenheiros(págs. 80 e 81)

RICARDOMEIRELES

DR

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As eleições noReinoUnido sur-preenderam tudo e todos, emmais um exemplo de que vi-

vemos tempos em que a realidadepercepcionada é, muitas vezes, bas-tantediferentedarealidadeconcreta.Da incerteza que os britânicos ex-pressavam nas sondagens saiu umagarantia: nãohaverámaioriaabsolu-ta. Faziasentido.Masapenas emteo-ria, porque na prática o Reino Unidofoi mais claro a reforçar o poder deDavid Cameron do que, nas últimaseleições, a exigir-lhe uma coligação.Vidafacilitada?Nempor isso.As promessasdoPartidoConserva-

dor foram apostas altas e agora hápoucamargem para não as cumprir.Cameron mantém-se firme, pelomenos nas palavras: nas primeirasdepois darecondução garantiuque amaioria lhe vai permitircumprir tudooqueprometeu. E foimuito.Masvol-touagarantirquedarámilhõesdees-tágios a jovens emais ajudas aos quetêmfilhos, reduziráos impostosecria-rá emprego. Num país que tem umataxade desemprego abaixo dos 6%–em Portugal foi de 13,7% no primeirotrimestre e na Zona Euro de 11,3% –percebe-se até onde esta campanhaeleitoralnoReinoUnidochegou.Nas semanas que antecederam a

ida às urnas, nem David Cameronnemoseuprincipal opositor, EdMili-band, perderam muito tempo a dis-cutir política externa. Mas o poucoqueo reeleito primeiro-ministro dis-se sobre o assunto transformou-senos seus dois maiores desafios: pro-meteu um referendo sobre aperma-nênciados britânicos naUniãoEuro-peia (UE) e uma devolução alargadade poderes àEscócia, ao País de Ga-les e àIrlandadoNorte.Ambos os temas não só são extre-

mamente delicados, comoencerramsérios riscos de provocarumaaltera-

ção substancial naquilo que hoje é oReino Unido. Se do futuro das rela-ções entre Londres e Edimburgo de-penderá a união do Reino, a decisãodeste sobre a sua continuidade noprojecto europeu condicionade for-maincontornável o futurodaUnião.São casos muito distintos, mas ao

fantasmadasaídadaGrécia junta-seagora com toda a força o velho es-pectro de umafastamento britânico.Se do ponto de vistapolítico, as con-veniências parecem apontar umsentido negativo para a UE, a reali-dade económica demonstra que asrelações entre as empresas britâni-cas e o mercado europeu represen-tamalgo que dificilmente os britâni-cos podem ignorar: as exportaçõesparaos países dazonaeuro têmpesona balança comercial inglesa, estãologicamente associadas àcriação deemprego e ao facto de Londres ser acapital europeia que mais investi-mento estrangeiro recebe. É óbvioque muito deste capital vem de ou-tras geografias comque Cameron setemesforçado porestreitar relações,mas a proximidade e o histórico dosnegócios com parceiros europeusfazem com que uma eventual saídadaUE represente um impacto incon-tornável naeconomiabritânica.Por cá, PSD e CDS resistiram a

associar-se àvitóriadeCameron. Fi-zerambem.AntónioCosta tentou fa-zer o mesmo com a derrota dos tra-balhistas, mas teve a infelicidade deterManuel Alegre a lembrarque esteresultadoémais umaprovadeque “avidaestádifícil paraos socialistas”.A semana política nacional ficou,

assim, reduzidaadois assuntospífios:as revelações de Pedro Passos Coe-lho sobre o choque irrevogável comPaulo Portas e o arrastar do caso doSMS exaltado que o líder do PS en-viou no dia 25 de Abril a um directoradjunto do semanárioExpresso. Se oprimeiro se trata de apenasmais umerro de comunicação do primeiro--ministro e de uma confirmação dequeaaliançaPassos-Portas até podefuncionar mas nunca por amizade eadmiraçãomútua.O segundo caso, édaqueles que temcomoúnicaconse-quênciapráticaaacentuaçãodeumamá imagemde políticos e jornalistasjuntodosportugueses.W

Opinião

Porcá, ninguémquis tirarilaçõesdareeleiçãodeDavidCameroneasemanaficoureduzidaadois temaspífios: as revelaçõesdePassosCoelho sobreo choque irrevogávelcomPauloPortas e oarrastardo casodoSMSexaltadoqueo líderdoPSenviouaumjornalista

Aseleiçõesbritânicas,um livroeumSMS

EEDITORIAL

Caixa Empresas

Setor Turismo

VAMOS FALAR

DE HOTELEIRO PARA HOTELEIRO.Se há um banco que conhece o seu setor, é a Caixa.Quando se fala em turismo, uns pensam em férias, em hotéis e em descanso. Outros, como é o seu caso, pensam em trabalho, no negócio e nas melhores soluções para o fazer crescer. A Caixa está consigo, com gestores que conhecem bem o seu setor, 200 milhões de euros para apoiar o turismo com condições especiais de prazo e spread, soluções de tesouraria essenciais às empresas com atividade sazonal e outros apoios enquadráveis no Portugal 2020.Fale connosco, de hoteleiro para hoteleiro.

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Marta Alves

Gestora Caixa Empresas

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Opinião

Tu é que estás ao contrário domun-do, nessa penitenciária Austrália,mas eu é que estou a ver tudo aocontrário.Nada se passa por cá que não seja

campanha eleitoral, graças ao se-nhor Presidente da República queentendeu que o Governo deveria teraté ao último segundo de vida, a verse conseguia o milagre da multipli-cação dos votos e da secagem dospoços da oposição. Resolveu tam-bémcriarumgigantesco sarilho parasi próprio, pré-anunciando decisõespara a altura em que não tem pode-res paraas executar. Deixou tambémqueas eleições se fizessemnumtem-poaltamente perturbadorparaoOr-çamento, eleque tão racionalpreten-de ser em matérias económicas. Eleque entende que o sistema de pra-zos eleitorais português é altamenteburocrático e certamente olha cominveja para os ingleses e os gregos,que decidem eleições hoje, fazem-nas em15 dias e dois dias depois têmnovo governo. O que é que se pas-sou? Está o mundo ao contrário. Enão é naAustrália.Tivemos umagreve naTAP, aquela

que tu conhecias como takeanotherplane, uma greve, para dizer o míni-mo, estranhíssima. Não se percebenada do que se passa com os pilotosque fizeram greve, ainda assim umnúmero mais considerável do que oGoverno tem pretendido porque seficanumaestatísticadosvoos “previs-tos”. “Previstos” quando, antes oude-poisdecomeçaragreve?Osqueesta-vam no horário? E descontaram osserviços mínimos na estatística dos“previstos”?Essamanipulaçãodaes-tatística é o habitual, aqui o mundoestásolidamenteno sítio.Masporqueé que isto tudo se passou? Como sechegou aqui? O que é que realmenteestá em causa na privatização? Porque razãooGovernonão faloucomoPS? Já tinha (e tem) compromissosnão se sabecomquem?SãoascontasdaTAPaquelasque foramdivulgadasou estão maquilhadas, como dizemospilotos?Tudomuitoesquisito.

Claro que hácoisasmuito normais.Umaé que como a greve foi univer-salmente condenada, incluindoCGTP, PCP e BE, serviu, àsmilmara-vilhas, paraestabelecerumdiscursoque, mais do que contra a greve dospilotos, é contra as greves em geral.Só se podem fazer greves “sem pre-juízos”? Sem transtorno? O que éumagreve “irresponsável” e como sedistingue de uma “responsável”? Ajulgar pelo que foi dito, toda a gentefaz lipserviceao direito constitucio-nal à greve, mas depois só pode ha-ver greves inócuas ou simbólicas,umdispêndio de esforços e dinheiroparaos grevistas.Presumo que os teus aborígenes

não façamgreve, emborasejam tudomenos pacíficos, mas vai lá explicara esses duros sindicalistas dessa tuaterra de passagem, que greves sóamáveis e fofas. Como bons aussiesdevem-te respondercompalavras ir-reproduzíveis numa correspondên-cia civilizada. Diz-lhes, pois, que, nooutro lado domundo, háumpaís vi-rado do avesso que se chamaPortu-gal. Mas que se quiseremcávir veri-fiquem se aQantas está avoar, vistoque em 2011 um conflito laboral in-

ALAGARTIXAEOJACARÉ MeucaroPan,

O

Professor

JoséPachecoPereira

O

SUSANAVILLAR

Nadasepassaporcáquenão sejacampanhaeleitoral, graças ao senhorPresidentedaRepúblicaque entendeuqueoGovernodeveria teraté aoúltimo segundodevida, averse conseguiaomilagredamultiplicaçãodosvotosedasecagemdospoçosdaoposição

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“Não. Fiz por carta. Não podias tercontado a tua não-vida daqui a 10anos e deixar-me emsossego?”“Mas o que fizeste foi mesmo isso

que eu digo que fizeste e isso não sefaz.”“Perdoa-me. Fiz, mas já não faço

outravez, prometo.”“Mas essa é uma decisão irrevo-

gável?”“É.”“Então vais fazeroutravez.”O velho secretário anotou: “Silva o

látego no armiasmático.”A jovem assessora gritou: “Ai mi-

nhaNossaSenhora, ele bateu-lhe!”Se calhar é um elo mais forte do

que se pensa.O que é que se há-de fazer com

esta dissolução dos costumes? Elesexplicam: “Acoligação é instrumen-tal.” Está bem. Instrumental. MeubomPan, nemnas tuas leiturasmaisperversas encontraste disto.Desejo tudodebomeno sentidoda

lei da gravidade. Não escapes para oespaço, nem saltes commuita força.Nósporcátodos bem.Aocontrário.Do teuamigo português.W

cluindo um lockoutpatronal pôs to-dos os aviões no chão. Parece que acompanhia perdeu à volta de 180milhões de euros. No século XIX?Não, em2011.Tambémporcá temos aúnicacoli-

gação nomundo que é fã deAsCin-quenta Sombras de Grey. Um gostade bater, o outro de ser humilhadoem público, numa interessante ma-nifestaçãode sadomasoquismopolí-tico. Mas amam-se muito, só quedesta formapeculiar.Um diz “fizeste isso assim” (não se

faz!), o outro diz “mentira, foi feito deoutramaneira”.“Fizeste porSMS.”

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Eleita pelo quinto ano consecutivonewsmagazine

doanopelaMeios&Publicidade

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HugoCardosoProença-a-Nova

No seu 11º aniversário, aSÁBADO presenteou-nos umavezmais comumartigobastante interessante, que nos deu a conhecer o início de carreiras brilhantes devários talentos portugueses de diversas áreas. De 2004, ano emque aSÁBADOnasceu, para cá, tal como a revista, estes portugueses subiramapulso e ganha-ramumanotoriedade internacional que nos deve encher de orgulho!

Talentos portugueses contamcomo chegaram ao topo

L

CarlosAlbertoSantosCarta enviada por email

O “padrinho”

(...) Quemnão conheceMarco Antó-nio Costa (MAC), e leu o artigo daSÁ-BADO, ficou comuma ideiabastanteajustadadessapersonagemdapolíti-cadoméstica. Bastante soft, “politica-mente correcto”, o artigo nãomente,não insulta, emboraapersonagemnãomereça tantapolidez. MAC é o“padrinho” do PSD doNorte. É o pro-tótipo do “usae deita fora”, com to-das as qualidades referidas, e commuitos defeitos que não foramapon-tados. (...) É responsável pelo afasta-mento do PSD demuita gente boa,capaz, séria e empenhada.

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VítorColaçoSantosS. João das Lampas

Omodelo de empresário

Oprimeiro-ministro quer paraPor-tugal ummodelo parao futuro, umafigura escrutinada, duvidosa e até ar-

guido no caso BPN(!) – Dias Lourei-ro, umdos presumíveis responsáveispela fraude no BPN, que causou umprejuízo no erário público de “9milmilhões de euros”!, diz o CM. PassosCoelho destacou-o como “modelode empresário bem-sucedido”. W

Do leitor

Estrada Consigliéri Pedroso, 90Casal de Santa Leopoldina2745-553 Queluz de BaixoTel. 214 345 400Pré-impressãoGRAPHEXPERTSAv. Infante Santo,42 1350-179 Lisboa .DistribuiçãoVASP – Distribuidora de Publicações,Lda. MLP: Media Logistics ParkQuinta do Grajal – Venda Seca,2739-511 Agualva, Cacém

Conselho de Administração Paulo Fernandes (Presidente),João Borges de Oliveira, Luís Santana, Alda Delgado, Pedro Araújo e Sáe António Simões SilvaDirectora Geral de Marketing Isabel RodriguesDirectora Comercial Lígia ReisDirectora Administrativa e Financeira Alda DelgadoDirector de Circulação e Assinaturas João Ferreira de AlmeidaDirector de Informática Rui TaveiraDirector de Produção António Simões SilvaDirector de Recursos Humanos Nuno JerónimoDirectora de Research Ondina Lourenço

Director Rui Hortelão ([email protected])Subdirectoras Dulce Garcia ([email protected])e Dulce Neto ([email protected])Editor ExecutivoJoão Carlos Silva ([email protected])DirectoraCriativa edeOperações Joana Pais Vieira ([email protected])Redactor Principal Pedro Jorge Castro ([email protected])Editores Ana Taborda ([email protected])Ângela Marques ([email protected])Carlos Torres ([email protected])Fernando Esteves ([email protected])Guilherme Venâncio ([email protected])Luís Silvestre ([email protected])Nuno Paixão Louro ([email protected])Patrícia Cascão ([email protected])Sónia Bento ([email protected])Subeditores Alexandre Azevedo ([email protected])Nuno Tiago Pinto ([email protected])Maria Henrique Espada ([email protected])Vanda Marques ([email protected])Grande Repórter António José Vilela ([email protected])Redacção Ana Catarina André ([email protected])André Rito ([email protected])Joana Carvalho Fernandes ([email protected])Leonor Riso ([email protected])Lucília Galha ([email protected])Marco Alves ([email protected])Myriam Gaspar ([email protected])Raquel Lito ([email protected])Rita Bertrand ([email protected])Rita Garcia ([email protected])Sara Capelo ([email protected])Susana Lúcio ([email protected])Tânia Pereirinha ([email protected])Vítor Matos ([email protected])Cronistas Alberto Gonçalves ([email protected]), AlexandrePais (www.alexandrepais.pt), Eduardo Dâmaso([email protected]), Helena Garrido ([email protected]), JoãoCosta ([email protected]),José Pacheco Pereira (jppereira@ gmail.com), Nuno Costa Santos([email protected]), Nuno Rogeiro ([email protected]), Pedro MartaSantos ([email protected]) e Ricardo AdolfoSecretária da Direcção Catarina Gonçalves ([email protected])Ilustração Luis Grañena, Rui Ricardo, Susana VillarInfografia Filipe RaminhosGrafismo Nuno Martins da Silva (editor), Afonso Marques, Daniel Neves,Marta Cristiano, Marta Luz, Tiago Dias, Tiago Martinho (gráfico sénior)Tratamento de Imagem João Cruz e Ricardo CoelhoConsultoria LinguísticaManuela Gonzaga ([email protected])Documentalista Anabela Meneses ([email protected])

Assinaturas

Telefone 210 494 999 Email [email protected] Remessa Livre 11258 – Loja da 5 de Outubro – 1059-962 LISBOA(não precisa de selo) ou escreva para: Cofina-Serviço de Assinantes –Rua Luciana Stegagno Picchio nº 3 – 2.º Piso – 1549-023 LISBOAPreços de Assinatura PORTUGAL EUROPA RESTO DO MUNDOSemestral (26 edições) € 59,90 € 126,40 € 188,70Anual (52 edições) € 119,80 € 236,70 € 362,902 anos (104 edições) € 200,20 - -IVA incluído à taxa de 6%ContactosMargarida Matos (Coordenadora), Sandra Sousa, Ana Pereirae Sónia Graça (Serviço de atendimento)

Venda deediçõesanterioresContacte-nos pelo 219 253 248 ou [email protected]

MarketingSónia Santos (gestora)

PublicidadeAssistente Comercial Irene MartinsRua Luciana Stegagno Picchio nº 3, São Domingos de Benfica,1549–023 LISBOA Telefone +351 210 494 102 – Fax + 351 213 540 392ou + 351 213 153 543 Email [email protected]

ProduçãoAvelino Soares (director-adjunto), Carlos Dias (coordenador),Paulo Bernardino, José Carlos Freitas e Fátima Mesquita (assistente)

CirculaçãoMadalena Carreira (coordenadora) e Jorge Gonçalves

RedacçãoRua Luciana Stegagno Picchio nº 3, São Domingos de Benfica,1549–023 LISBOA Telefone +351 213 185 200 – Fax +351 210 493 144

Sede:AdministraçãoePublicidadeRua Luciana Stegagno Picchio nº 3São Domingos de Benfica, 1549–023 LISBOA

Propriedade/EditoraCofina Media SACapital Social 22.523.420,40 EurosCRC Lx n.º 502 801 034Contribuinte 502 801 034Principal Accionista Cofina SGPS,SA (99.90%)N.º Registo ERC 124436Depósito Legal 210999/04Tiragemmédia nomês de Janeiro100 mil exemplaresImpressão LISGRÁFICAImpressão e Artes Gráficas, SA

Por lapso, na última edição daSÁBADO, na reportagem sobre adeslocação do Presidente da Re-pública, Aníbal Cavaco Silva, à No-ruega (páginas 48 e 49), é indica-do no fim que “a jornalista viajoua convite da Presidência da Re-pública”, nota normalmente usa-da para indicar ao leitor que adeslocação do órgão de comuni-cação social foi custeada pela en-tidade promotora. Ora, não foi ocaso: a SÁBADO viajou em aviãofretado pela Presidência da Repú-blica, mas as restantes despesasforam pagas pela SÁBADO, sen-do assim a indicação desajustada.

Correcção

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anos, que durante 12 esteve emi-grada na Noruega.A família da futura empresária faz

parte das 150 que aderiramao pro-jecto Recomeçar, lançado no fim deMarço – umnúmero revelado agorapelaCâmara. Esta estratégia a 10anos pretende repovoar o concelho,umdosmaiores do País, comumaáreade 1.400 quilómetros quadra-dos. Em 1960, Idanha-a-Nova tinha30mil habitantes, umnúmero que

diminuiu paramenos demetade em1991 (14mil) e que continuou abai-xar– em2011 eramapenas 9mil.Até agora, amaioria dos interessa-

dos emmudar-se para a região é denacionalidade portuguesa, mastambémhábrasileiros e britânicos.“Começámos por fazer um estudodemercado e concluímos queme-tade das pessoas que vivem em ci-dades gostavam de ir para o cam-po”, diz à SÁBADO Filipe Roquette,da BloomConsulting, empresa quecriou o Recomeçar em parceria comomunicípio. “Este projecto é trans-versal a várias áreas, ao contrário deoutros do género já feitos.”Temquatro vertentes principais:

IdanhaGreenValley (centrado eminiciativas ligadas à inovação); Ida-nhaExperimenta (para ver como é oquotidiano no interior); IdanhaVive(oferta de condições especiais de ha-bitação); e IdanhaMade In (apoio aosprodutos locais). ANACATARINAANDRÉ

Maria Caldeira vive há 10 anos emSintra. Trabalha como assistentetécnica numa empresa a cinco mi-nutos de casa. Tem a família e osamigos por perto, gosta da profis-são e da vila onde mora. É feliz,mas em Setembro quermudar-secom o marido e o filho de 7 anospara Idanha-a-Nova, no interior.“Pretendemos abrir um negócio edar ao nosso filho um ambientemais tranquilo”, diz Maria, de 43

gA Câmara tem40 funcionáriosdedicados aoprojecto, que foicriado em apenasquatro meses

DivulgaçãoA estratégia inclui

uma campanha de

comunicaçãocomposta por

vários cartazes

JÁHÁ150FAMÍLIASAQUEREREMVIVEREM IDANHA-A-NOVAABRIRumaempresa, construirumacasaoucriarumprojecto turísti-co.Háapoioparaquemsequeiramudarparaumdosmaiores (emaisdesertos) concelhosdo interior– e, agorasabe-se, háquemqueira

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Aabrir

Omarginalameno

ONunoCostaSantosEscritor

DOSMSao SNS1. No topdas livrariasestáumlivrozenparaosadultoscolo-riremcomo formade combatero stress. Durante o acto eleitoralo livro será substituído porbole-tins de voto. AComissão Nacio-nal de Eleições devia jámandarvir os lápis.2.Omais surpreendentedoSMS

deAntónio Costaparao jornalis-ta do Expresso não é o seu con-teúdo. Considerando o saldo dascontasnoPS,oque impressionaéo factode terchegadoaodestino.3. Umconservador como Pau-

lo Portas nunca enviaria umSMS.O líderdoCDS-PPenviouaPassos um mensageiro da corteaanunciarademissão comumatrombeta.4. Caso Rui Rio avance e ganhe

aseleições, aresidênciaoficialdopresidente vai passar a ser o Co-légioMilitar.5. Se Marcelo Rebelo de Sousa

for o escolhido, quem é que vaià televisão todas as semanas fa-zer aapresentação das badanasdos livros? As editoras estão empânico.6. Ideia para Sampaio da Nó-

voa se tornar mais conhecido:concorrer ao Ídolos, interpretarumamúsicade ZecaAfonso, serenxovalhadopelo júri e obrigadono fim a cantar o Fame. Amon-tagem com o tamanho do narizé opcional.7. O SistemaNacional de Saúde

é uma bandeira do ex-reitor daUniversidade de Lisboa. Se ga-nhar as eleições, Passos, a man-ter-se como primeiro-ministro,não vai receber um SMS. Vai re-ceberumSNS. O telemóvel é ca-pazdenãoaguentar.W

LISBOAHá 12 anos, odesignerJorgeSilva foi desafiado pela em-presamunicipal EGEAC acriar um símbolo paraas fes-tas de Lisboa. Nummercadoda cidade, o fundadordoateliê Silvadesigners viu

umas sardinhas e “decidiupô-las no scanner”. Estavaencontradaa imagemparaoevento.Nosanosseguin-tes,oíconefoidesenhadoporilustradoresprofissio-nais, mas apartir de 2011passou a ser escolhido por

concurso. Desde então, hou-vemais de 25mil propostas,entre as quais se contam sar-dinhas pop, graffitadas, atlé-ticas e até fadistas. Das ven-cedoras deste ano, fazemparte evocações de SantoAntónio e Vasco Santana.

LEMBRA-SE DASARDINHANº 1?

OVendedor

de“Mines”

Rui Fazenda

2003Aimagem

Assemelha-se a umasardinha verdadeira,tanto na cor comonas características(escamas, por

exemplo). Só a partirde 2008 é que teveum designmais

alternativo

WarholÀ fotografia quasenatural, Jorge Silva

acrescentou um olhoamarelo e fundo

colorido, numa alusãoao trabalho deAndyWarhol

Compreendi-te

Delfim

SardineLifesaver

Marta Sorte

Fisherman

Martin Jarrie

SantoAntónio

doFogareiro

Alberto Faria

Osvencedoresdesteano

Além de fazeremparte da imagem

das festas de Lisboa,cada um dos

premiados recebe2.000 euros

SAUDAMOS A SAÚDEPara as Farmácias Portuguesas, estar sempre próximo e disponível já não é suficiente. É tempo das portas se abrirem a uma nova saúde. Com mais espaço para saudar o bem-estar e a poupança. Por isso criámos o Saúda. O novo cartão que lhe permite poupar na conta da farmácia e oferece ainda mais vantagens a toda a família. O que merece uma saudação.

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14 MAIO 2015

16

Aabrir

Parati (lha)

Já se sentiu inseguro ao caminhar sozinho ànoite?Ougostariade terapossibilidade

de acompanharalguém, aatravessar lugares perigosos dacidade, apartirde suacasa?

h

Segurança pessoal 24 horas por dia

rançapara famílias ou grupos de pes-soas, é umaespécie de rede privadade protecção.Este serviço poderáprotegê-lo de

uma situação delicada, por exemploatravessar umazonada cidade propí-cia aassaltos. Recorre auma tecnolo-gia de GPS trackere, em caso de peri-go, basta premir o botão de SOS, queautomaticamente envia aposiçãoexactado local onde se encontra. Háaté apossibilidade de transmitir umvídeo da situação que está aviverparaa rede de amigos que previa-mente nomeou como seus defenso-res. Possui aindaoutras funcionalida-des relacionadas coma segurança,entre elas acompanhar alguém remo-tamente, em tempo real e emqual-quer percurso – é aopção FollowMe.Acedaawww.getbsafe.come faça

odownload. Está disponível gratuita-mente paraAndroid e iOS.

[email protected]

Emboraa criminalidade emPor-tugal esteja adiminuir– diz--nos o Relatório Anual de Se-

gurança Interna, que assinala uma re-dução de 6,7% dacriminalidade geralem 2014 face ao ano anterior, valorinferior àmédiados últimos 12 anos–, nunca serádemais zelar pela nossasegurança. A bSafe, umaaplicaçãomóvel projectadaparaoferecer segu-

Maisemsabado.pt

Veja o vídeoda aplicação

JOÃOCOSTA,activador de marcas

Acometida de uma sú-bita crise de bondade,Assunção Esteves deci-diu que os funcionáriosda AR que obtiverem“muito bom” na avaliaçãointerna recebem mais 5dias de férias. Um privilé-gio único, bem à medidada sua imensa generosi-dade – e, já agora, da suaenorme falta de noçãosobre o País em que vive.

Sobe

Já sedesconfiava masagora parece que é ofi-cial: o sindicato dos pilo-tos da TAP quer mesmodestruir a empresa – equanto mais rápido issoacontecer, melhor. Sóisso justifica a postura or-gásmica do seu porta-vozao anunciar, em ambien-te de temível excitação,que a greve causou umprejuízo de 30 milhõesde euros à empresa.

DManuelSantosCardosoPresidente do Sindicato dos Pilotos

Desce

FERNANDO

ESTEVES

SAssunçãoEstevesPresidente da Ass. da República

Acriadamalcriada

Não existempessoas pobres, existempessoas preguiçosas

FACEBOOK.COM/ACRIADAMALCRIADAESÁBADO.PT

18

Asfrasesdasemana

FDiogoFeio, eurodeputado do CDS, Diário Económico

“Era bom também que o livro dissesse de que forma oprimeiro-ministro informouPaulo Portas sobre o nomedanovaministra dasFinanças. Tudo isto começou com um SMS”

F

CarlosMonedero“Creio que o Podemos tem derecuperara frescura que o levoua nascer. OPodemosquerparecerum grupo de bonsrapazes, asseados, que nãoquerem darproblemasao poder”Fundador do partido, que se demitiuno fim de Abril, Cafetera

FHojatoleslamKazimSadeghi“Asmuitasmulheresquenão sevestemdeformaapropriadamanchamasuacastidade, incitamasrelaçõesextramatrimoniaisnasociedade. Oquecausa sismos”Imã iraniano, num vídeo de 2010 agorarevelado, YouTube

FHermanJosé“Não tenho respeito algum pelodinheiro. Antes, eu vivia sempreem crise, mesmo quandoganhavamuito dinheiro.Comprava coisas tão caras quelevava anos para as pagar”Humorista, Nova Gente

FEduardoCatroga“OPSDdevia pedirdesculpa aosportugueses. Em vezdo colossalaumento de impostos, deveriaterfeito uma colossalreduçãoda despesa”Presidente da EDP, Público

FMartaRebelo“Em2009, quandoeradeputada,tenteisuicidar-me. Queriaestarnumsítio emqueadoreaangústiadesaparecessem”Advogada, Caras

FFernandoDacosta“A baixanatalidadeéum falsoproblema. Portugalfoigrandequando tinha trêsmilhõesdepessoas. Não tem capacidadeparamaisdequatromilhões.Oqueaconteceaosrestantes?Exporta-os”Jornalista e autor do livroViagens Pagãs,Jornalde Negócios

F

MariaBarroso“Estou sempre a pedir-lhe parasemanterau-dessusde lamêlée(longedos conflitos), como dizemos franceses”Mulher de Mário Soares, Nova Gente

FRichardDavenport-Hines“Keynesdescreveospolíticoscomoentediantese intelectualmentedesqualificadosparaoscargosqueexerciam. Achavaamaiorpartedeleshipócritaesemconvicçõesreais”Historiador inglês e autor da biografiaThe UniversalMan: The Seven Lies ofJohn MaynardKeynes, Veja

FAgostinhoGarcia“Hámuitomais tráfico deinfluênciasna zonaVIPdosclubesde futeboldo quenamaçonaria”Responsável do Supremo Conselhoda Grande Loja Regular de Portugal,Expresso

FAntónioCosta“Hoje, em Portugal,quando se ouve falaremTSUaspessoas pegamlogo na pistola”Líder do PS, Diário de Notícias

FFerroRodrigues“Afinal, [ademissãodePauloPortas]parecequenão foiporfaxnemporSMS, nemporcarta. Terásidoporsinaisdefumoporque,comoapareceu, dissipou-senoar”Líder da bancada parlamentar do PS, i

FInêsPedrosa“Não nosmandem SMSdasvossas vaidades beliscadas:falem-nosde uma sociedadeonde valha a pena viver”Escritora, Sol

FCarvalhodaSilva“Não quero serfactorperturbadoremuitomenos bodeexpiatório de soluções que estãopara além demim”Ex-líder da CGTP, descartando uma candi-datura presidencial, Lusa

FPedroPassosCoelho“Nuncaenxovalheininguém,muitomenoso líderdaoposição”Primeiro-ministro, referindo-sea Paulo Portas, Expresso

FPauloMorais“Teria demitido PassosCoelho logo ao fimdo primeiro ano”Candidato presidencial, Sol

FVítorBento“OBESera comoum campo deminas,rebentavam portodoo lado”Ex-presidente do banco, Expresso

Aabrir

FKristenStewart, actriz,Harper’s Bazaar

UK

“EmCrepúsculotínhamosdefazeracenadesexomaisépicadetodosostempos.Tinhadesertranscen-denteesobrenatu-ral. Foiumaagonia!”

GETTYIMAGES

GETTYIMAGES

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14 MAIO 2015

FManuelaMouraGuedes“Eu eramuitomelhorpessoa,vivia na ingenuidadede que tinhade acudira todos”Jornalista, sobre a fase em que apresenta-va o Jornal Nacional na TVI, Lux

FOlivierCosta“Nãosounervoso, sousupernervoso. Não seinavegaremáguascal-mas, sóem tempesta-des. Estou sempreemguerra. Quandonãoestou, caioparaolado. LávaioOlivierdecharola [paraohospital]”Chefe empresário

de restauração, Tabu

FRitaPereira“Recebimuitos convitesindecentes. Daqueles paramaioresde 18anos”Actriz, Correio da Manhã

FNoelGallagher“Omeu jogadorpreferido?DavidSilva! Atéo deixava fazersexo com aminhamulher”Músico e adepto do Manchester City,NBC Sports

FColinFarrell, actor, Condé NastTraveler

“Étrágico, estouviciado emmassagens!A grande explicaçãoéporque adoro sertocado, darabraços”

MYRIAM GASPAR Omoralista

OPedroMartaSantosJornalista e argumentista

OrelhasmoucasContinuaapolémicaquantoàvio-lência psicológica infligida aA.R.,ummiúdodeGaiaaquemaprodu-çãodoÍdoloscolocouumpardeore-lhasdo tamanhodasdealgumasdasmaiores personalidades da História(Einstein, JoséRodriguesdosSantos).As reacções alternaramentre o clás-sico “o puto estava mesmo a pedi--las” e a indignação - houve umpe-dido de inquérito do Instituto deApoio àCriança à ERC, e tanto a es-cola como a avó do rapaz anuncia-ramaintençãodeprocessaraSIC.Ora, o orelhudo (A.R., desculpa lá

tratar-teassim,masamimchamam--mecarecae totódesdeos17anos) jámanifestou a vontade de aceitar aoferta de uma tal clínica Génese doTempoparaalteraro “defeito”, oqueestragalogooencantodahistória.Naaparência,pediràSIC,ouàprodutorade Feitos ao Bife, alguma atençãocoma imagemdos concorrentes é amesmacoisaquepediraumtoureiroandaluz que faça festinhas no boví-deoantesdeo liquidar.Mas aos que achamque aTVé um

pântano e, logo, “quem vai à guerradá e leva”, importa salientar 3 ou 4detalhes: A.R. é adolescente, tendopor isso direito a protecção suple-mentar, consagradana lei; até ver, oÍdolos é um programa para avaliartalentos musicais, não para julgar otamanho da penca dos competido-res; a TV privada ainda se rege porprincípios éticosdeterminados tantopelalegislaçãogeraleespecial comopelaauto-regulaçãoesupervisão;osmaiorescromosdoprogramacostu-mam ser os jurados, do estrábico decriatividade desconhecida à actrizsemlábiosquepercebe tantodemú-sica como o caro leitor de tectónicadeplacas.Portanto:queremcolocar--nosatodosorelhasdeburro.W

FHélderSantinhos, dirigentedo Sindicato dos Pilotos, Lusa

“Conseguimos infligirum dano de 30milhõesde euros nacompanhiae penso que issonão devia serdesvalorizadopelo Governo”

LUSA

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14 MAIO 2015

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A indignação de LuísMontezOCentro de Saúde de Sete Rios, emLisboa, nãotemde certeza listaVIP. Na segunda-feira, 11,estava cheio de utentes e umdeles, o empresá-rio Luís Montez, genro do Presidente daRepú-blica, foi visto aprotestar em tommais vivo.Muito vivo, mesmo. Queixa: estavaháumahora emeia à esperade ser atendido.

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São laranjas, senhoresE não rosas. Napáginade NunoMelo no Fa-cebook, o eurodeputado e o colega centristaFilipe Lobo d’Avila exibem laranjas. Suge-rem-se vários títulos: “Até as esprememos”,numaalusão ao número de lugares que oCDS conseguiu espremerao PSD no acordoadois; “São laranjas, senhores”, em referên-cia aomilagre que foi termesmo havido co-ligação; ou “Já as temos namão”, numaex-pressão de alívio pelo desenlace das nego-ciações. Mas não, o comentário da foto eraum singelo: “Em termos de coligação.”

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Umpalazzomuitovecchio...O Instituto Europeu de Florença or-ganizou as conferências anuais sobreo estado daUnião Europeia no Pa-lazzo Vecchio, símbolo do poder na-quela cidade. Ameio do dia do en-cerramento, acabou-se a Internetwi-fipara dezenas de jornalistas. EmPortugal hoje seria impensável acon-tecer algo assim. Alguém diz ao Go-verno italiano que por lá faz falta um“choque tecnológico”?

OMINISTROPOIARESMA-DURO ASSISTIU NO ALGARVEÀ FESTA GASTRONÓMICA DO

VILA VITA PARC.NÃO CONSEGUIUPROVAR TUDOMAS, EM TRAJE IN-FORMAL, SÓ NÃO

PASSOU MAISDESPERCEBIDOPOR CAUSA DONOTÓRIO BOMHUMOR.

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Mafaldanoaeroporto

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Era só o TomHanks...No dia9, à horade almoço, os jorna-listas esperavamporPedro Passos Coelhojunto à estátuade Da-vid, deMiguel Ângelo,no Palazzo Vecchio,napraçaprincipalde Florença, ondeao fim do diaha-via de fazer umdiscurso sobre aEuropa. A turbade turistas come-çou então agritarhistérica. Seria Pas-sos Coelho?! Impossí-vel. Ao que parece, eraTomHanks, o actornorte-americano queestá emFlorençaa fil-mar Inferno, a sequeladeOCódigoDaVinci.

Portugal ficou foradaExposição UniversaldeMilão, dedicadaao temaAlimentar oPlaneta, Energia paraaVida, por decisãodaministradaAgricultura, Assunção Cris-tas. Falta de dinheiro. Masmesmo os paí-ses comoutra saúde financeira estão re-voltados coma formacomo aorganizaçãoos trata. As principais queixas, apurou aSÁBADO, são os pagamentos extraque osparticipantes estão obrigados a fazer, alémdosmilhões investidos no pavilhão, e ofacto de alguns serviços, por exemplotransporte, teremde ser obrigatoriamentecontratados àorganização ou aparceiros.

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Tudo se paganaExpoMilão

Óscar Gaspar, o ex-conselheiro económi-co da direcção de António José Seguro noPS, já estava na Merck Sharp & Dohme.É director de Política, Relações Governa-mentais e Assuntos Externos para Portu-gal. Agora, o ex-chefe de gabinete de Se-guro, Miguel Ginestal, é desde 17 de Abrilassessor da direcção da Apifarma, a As-sociação Portuguesa da Indústria Farma-cêutica. Curiosamente, era a mesma di-recção que fez campanha com o lema“separar a política dos negócios”.

Aabrir

Falou comumamigopiloto, descobriu quemiavoardo Porto paraLondres no dia6, às8h50, e arriscou. Mafal-daGuedes, aúnica re-presentante daquartageração dos Guedes naSogrape, filhade Salva-dorGuedes, mentordainiciativaonde se ven-deu omais caro vinhodo Porto até hoje leiloa-do, chegou ao aeropor-to porvoltadas 7h– opiloto eraantigreve, ti-nham-lhe dito. Mafaldasó embarcou às 12h15.No fim, chegaraLon-dres (e depois regres-sar), comescala emMadrid, demorouumdia inteiro.

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IndiscretosA.T., D.G., M.H.E., R.H., V.M.

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Ex-seguristas bemde saúde

Pedimos à Dra. Vera Santos que

nos esclarecesse: porque deve-

mos falar com um farmacêutico

sempre que temos uma dúvida

sobre o cabelo?

1 QUAL A IMPORTÂNCIA DE UM DIAGNÓSTICO CORRETO PARA O SUCESSO DE UM PROGRAMA DE CUIDADO CAPILAR?

Se o diagnóstico não for correto cor-remos o risco de haver um agrava-mento dos sintomas, podendo muitas vezes criar um segundo prob-lema. Por exemplo, o uso de um champô para cabelo oleoso num couro cabeludo sensível pode resul-tar em caspa severa, com agrava-mento do prurido.

2 QUAL É O PAPEL DO FAR-MACÊUTICO?

O nosso papel passa por aconsel-har produtos farmacológicos ou cosméticos indicados para resolver o problema do utente. Devemos ter sempre presente a importância de transmitir informações completas e precisas sobre a melhor utilização dos produtos aconselhados, nomeadamente tempo de uti-lização, frequência do cuidado, mel-hor hora do dia para o fazer, bem como sugerir produtos comple-mentares e possíveis alterações ao estilo de vida.

3 QUAIS OS CRITÉRIOS QUE LE-VAM UM PROFISSIONAL DE SAÚDE A RECOMENDAR UM PRODUTO?

Os produtos com os quais trabalha-mos são aqueles em que acredita-mos pela confiança, experiência da marca e pelo feedback que temos ao longo do tempo do nosso acon-selhamento. Depois do diagnóstico preciso, os critérios para a escolha de um produto recaem sobre a empatia do utente para com a marca e o seu poder económico. Este último determina, muitas vezes, adoptar ou não um programa de cuidado mais completo e, por conseguinte, mais eficaz. Esta informação tem que ser sempre transmitida ao utente.

"O cabelo é um tecido orgânico com um dos metabolismos

mais ativos. Por essa razão, é o primeiro a ser afetado

em situações orgânicas severas: tratamentos tóxicos, carência

ade vitaminas ou anemia, pós-parto, menopausa ou outras

alterações hormonais, ou até mesmo situações de stress

emocional. Todos estes fatores, para além da predisposição genética, têm uma grande influência no crescimento

saudável do cabelo."Dr. Miguel Trincheiras

Dermatologista

1 Cartwright et al., "Ilness perceptions, co-ping and quality of life in patients with alope-cia", British Journal of Dermatology, 2009; 160(5): 1034-1039

Dra. Vera Costa Santos,

Diretora Técnica Farmácia

Prates e Mota

No cuidado do cabelo, o conselho do seu farmacêutico faz a diferença

PUBLIREPORTAGEM

Todos sonhamos com

um cabelo, cuidado,

brilhante e volumoso,

que possamos deixar

voar ao vento com orgulho. Há

séculos que faz parte da nossa

visão de beleza, tendo-se assu-

mido como um vital elemento de

identidade individual. Contudo,

a sua importância vai muito para

além da estética. Segundo um

artigo publicado no British Jour-

nal of Dermatology e conduzido

por professores da Universidade

de Westminster, no Reino Unido,

o estado do cabelo pode ter um

impacto direto na qualidade de

vida de homens e mulheres. A

queda de cabelo está diretamente

relacionada com uma redução

da autoconfiança e autoestima,

e as pessoas com alopécia apre-

sentam uma maior probabilidade

para desenvolverem depressões e

episódios de ansiedade.

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O cabelo é também um questão

de saúde e é menos simples

de interpretar do que parece.

Dr. Miguel Trincheiras, dermatol-

ogista, reitera esta ideia e explica:

“Há épocas em que uma boa parte

das consultas são precisamente

acerca do cabelo. Portanto esta é

uma preocupação fundamental de

todas as pessoas, já que se trata de

um órgão relacional por excelência

e extremamente valorizado na nossa

sociedade: as pessoas sentem-se

protegidas por terem cabelo, e sen-

tem-se desprotegidas quando sentem

a sua perda. E isso, evidentemente,

mexe com a sua autoimagem, com

a sua autoestima.”

O médico especialista garante ainda

que cuidar do cabelo, é importante

para a saúde: "Sobretudo para a psi-

cológica, mas também para a física;

o topo da cabeça é a parte do nosso

Profissionais de saúde e estudos científicos são unânimes: para além da sua importân-cia social, cuidar do cabelo pode ser uma questão de saúde. Conheça mais sobre um órgão que é mais complexo do que se pode pensar...

CABELO: MUITO PARA ALÉM DE UMA QUESTÃO DE BELEZA

corpo que está mais exposta ao sol,

e, simultaneamente, a região com

maior tendência para apresentar

rarefação capilar. Esta ausência de

cabelo reduz a proteção do couro

cabeludo das agressões solares na

região que mais precisa dela - eis

pelo que prevenir a queda assume

uma importância adicional." remata.

SAÚDE E BEM ESTARPUBLICIDADE

Queda de cabelo ou falta de densidade?Quando o assunto envolve queda de cabelo, chegar à raiz do problema nem sempre é fácil ou, sequer, intuitivo. É preciso estar atento aos mais pequenos sinais, confir-mar sempre o diagnóstico com um especialista e não se render ao que parece ser des-tino ou karma. Afinal de contas, o seu cabelo merece uma segunda oportunidade.

PROBLEMA: Queda de Cabelo, pontual ou recorrente, podendo manifestar-se durante as mudanças de estação, em momentos de agitação hormonal (gravi-dez, menopausa), em resultado de dietas desequili-bradas que provoquem carências nutricionais, etc. Esta queda abrange normalmente a cabeleira no seu todo.

SOLUÇÃO: fortalecer o cabelo. Para ajudar a travar a queda, Aminexil Pro apresenta-se como uma solução que se impõe. Testado de forma rigorosa em meio hospitalar, Aminexil Pro promove uma melhor ancoragem da raiz do cabelo no couro cabeludo. Em 6 semanas, aplicado diariamente, ajuda a fibra a ficar mais forte e mais resistente.

A EXPERTISE DERCOS

PROBLEMA: Falta de Densidade Capilar. Qualquer que seja a sua causa (hereditariedade, idade, stress…), quando a fase de dormência se prolonga, observa-se uma perda de densidade. Certas zonas da cabeça (topo do crânio, risco, lobos temporais) parecem ter falta de cabelo.

SOLUÇÃO: Redensificar a cabeleira. Dercos Neo-genic, com Stemoxydine 5%, contribui para o aumento da densidade capilar – o equivalente a 1700 cabelos em 90 dias1. Uma cabeleira visivel-mente mais densa e mais preenchida: 87% das uti-lizadoras sentem a cabeleira mais abundante ao fim de 3 meses2.

Seguir o protocolo é fundamentalDiz o ditado que “quem espera sempre alcança” e no cabelo, tal como nas dietas, no exercício físico ou no trabalho, os resultados não são imediatos e necessitam que cada utilizador siga disci-plinadamente um programa de cuidado rigoroso. Perseverança, paciência e regularidade são palavras de ordem, porque seguir as indicações do protocolo clínico que comprovou os resultados do produto é a chave para o sucesso. Tanto nos casos de Queda

de Cabelo como nos de Falta de Densidade, seguir as instruções da embalagem é fulcral. Uma ampola todos os dias (a monodose completa), durante 90 dias, vai compensar o esforço.Que o digam os utilizadores de um estudo recente realizado em Portugal, que durante 3 meses experimentaram Aminexil Pro e Neogenic.

99% sentiu uma redução acentuada da queda

97% diz ser o cuidado em ampolas mais efi caz que já experimentou

WOM Marketing Agency, Estudo consumidor, 70 utilizadores Aminexil Pro, Março 2015

94% afi rma ser o melhor cuidado para a falta de densidade que já experimentou

92% diz que escolher Neogenic compensa

WOM Marketing Agency, Estudo consumidor, 63 utilizadores Neogenic, Março 2015

A vida do cabelo é definida por 3 fases que fazem parte de um ciclo que se repete ao longo do tempo: 1) Fase de Crescimento, 2) Fase de Esta-bilização e 3) Fase de Queda. Entre cada ciclo, o bolbo capilar atravessa uma fase de inatividade, fica vazio, sem fibra capilar, numa espécie de hibernação. Esta paragem é necessária, mas nem sempre a sua duração é a ideal. Quando há um prolongamento anormal da fase de repouso, o cabelo perde densidade capilar; não porque

haja uma queda acentuada, mas porque a fibra não voltou a crescer no timming previsto.

Por outro lado, a Fase de Queda também pode sof-rer uma desregulação. Perder 50 a 100 cabelos por dia é normal. Mais do que isto, estamos perante Queda de Cabelo.

O resultado é semelhante – a massa capilar fica menos abundante – mas são problemas diferentes, com causas diferentes e soluções diferentes.

DEPOIS

ANTES

NEOGENIC: RESULTADOS VISÍVEIS

Para colocar à prova a eficácia de Dercos Neogenic na densidade cap-ilar, os Laboratórios Vichy pediram a uma entidade independente que acompanhasse 35 utilizadores do produto durante os 3 meses de uti-lização, fotografando a zona supe-rior do crânio no início e no fim do programa de cuidado. As fotogra-fias foram registadas com a super-visão de um notário, sob condições estandardizadas de iluminação, posição da cabeça e comprimento do corte de cabelo. Este estudo foi conduzido inteiramente pela Derm-scan em França em 2014.

Noto realmente muitas mudanças.Em cada aplicação noto o cabelo mais consistente, com mais volume e com uma redução da queda e da visibilidade das “entradas”. Recomendo porque é eficaz.

Pedro Oliveira, 40 anos, utilizador Aminexil

‣ LAVAR O CABELO TODOS OS DIAS FAZ MAL? Por princípio, lavar todos os dias elimina demasiado a gordura do couro cabeludo e despoleta uma produção acrescida de sebo pelas glândulas sebáceas. O ideal, de uma forma geral, será lavar em dias alternados.

‣ E LAVAR A CABEÇA COM ÁGUA MUITO QUENTE? Pela mesma razão que passar um prato sujo por água muito quente lhe remove toda a gor-dura, o mesmo se passa com o couro cabeludo. Idealmente deve ser usada água tépida.

‣ CORTAR O CABELO AJUDA A CONTRAR-IAR A QUEDA DE CABELO? Sim, porque o peso da haste capilar é menor e a tração sobre a raiz também. Para além disso, uma vez que os cabe-los são menores, a sensação de perda também é proporcional.

DERCOS

AMINEXIL PROAMINEXIL+ARGININA+SP94

DERCOS

NEOGENICSTEMOXYDINE 5%

Estudo ilustrativo - caso médio na zona das entradas

1 Estudo clínico - valor médio2 Teste consumidor, 67 mulheres, 3 meses, Itália

3Mitos e Verdades sobre a Queda de Cabelo

SÃO MUITOS OS MITOS, CONFUSÕES E DÚVIDAS. DR. MIGUEL TRINCHEIRAS ESCLARECE.

SAÚDE E BEM ESTAR

Caspa: uma nova abordagem muda a forma como encaramos o problemaQuando aparece, parece não haver volta a dar: a caspa é para um muitos um pesadelo interminável. E, se por um lado, é um problema extremamente comum para o qual existem várias soluções no mercado, por outro, a sua complexidade leva a que poucos sejam os produtos considerados 100% satisfatórios, principalmente pela incapacidade de pôr termo ao reaparecimento do problema.

Um grande avanço científico : o microbioma

Até há bem pouco tempo, o principal alvo identificado pela ciência como responsável pela caspa era uma levedura chamada malassézia. Mas hoje, e graças à Pesquisa Avançada L’Oréal, em colaboração com o Institut Pasteur em Paris, sabe-se que o seu aparecimento está diretamente relacionado com um desequilíbrio do Microbioma e não apenas com a atuação isolada deste microorganismo.

O que é o microbioma? É o conjunto de microorganismos vivos (bactérias, vírus, fungos), diferente de pessoa para pessoa e que evolui em função da idade e zona do corpo, que habi-tam à superfície da nossa pele e couro cabeludo.

Porque é que esta descoberta pode revolucionar a forma como se aborda o prob-lema? No couro cabeludo com caspa o microbioma está alterado. Perceber quais os micro-organismos implicados nos estados descamativos constitui uma nova etapa na criação de cuidados anticaspa completos, capazes de reequilibrar o ecossistema microbiano, para uma eficácia global contra a caspa e a sua persistência.

Edilson Soares, hairstylist do Unique Hair fala de como é

importante cuidar do cabelo. “Há que reeducar as pessoas,

para uma maior prevenção. Não se deve deixar chegar ao

ponto em que a falta de cabelo já é visível para se tomar

uma decisão.” refere.

Que cortes recomenda a quem tem falta de cabelo?

Temos várias técnicas de corte que podem ser usadas em conjunto, para se

chegar a um resultado "tridimensional", onde consigamos camuflar a falta de

densidade. Nos homens, as laterais costumam ter muita densidade e a parte

superior, menos. Esse desequilíbrio deve ser corrigido com o corte. No caso

das mulheres, tanto um corte repicado como em degradé, ou por vezes uma

franja, ajudam a proporcionar a camuflagem necessária.

Desde a sua origem que a marca Dercos assumiu um compromisso: trabalhar constante-

mente para desenvolver soluções multidimencionais para responder a diferentes prob-

lemáticas capilares. Mais de 40 anos de conhecimento pioneiro e um objectivo: atuar

desde o couro cabeludo e ajudar a mudar o futuro do cabelo. Inicie também esta mudança:

aconselhe-se com o seu farmacêutico e descubra o produto Dercos mais adequado para si.

‣ Elimina as películ

visíveis a partir

da primeira aplica

‣ Apazigua o prurid

‣ Ação antirrecidiva

6 semanas após

a interrupção

da aplicação2

1 Teste consumidor após 2 semanas de utilização regular - Itália2 Teste clínico

Os conselhos deDR. MIGUEL TRINCHEIRAS, DERMATOLOGISTA

CASPA SECA: Recomendo que se evite o mais possível o uso de produtos de styling (spray, mousse, gel) à base de álcool, que podem ressequir o couro cabeludo e agra-var o fenómeno.

CASPA OLEOSA: Atenção, quando lavar o cabelo massaje delicadamente o couro cabeludo (de forma suave e sem esfregar) e de seguida retire o champô com água abun-dante. Este cuidado ajuda a prevenir a produção excessiva de oleosidade.

O que precisa de saber?Nascidos dos avanços científicos adquiridos com a investigação sobre o microbioma, os novos champôs desenvolvidos pelos Laboratórios Vichy poderão ser a solução pela qual tem procurado. A nova gama de champôs Dercos Anticaspa apazigua o prurido e elimina 100% da caspa visível1, seca (finas películas brancas sobre os ombros) ou oleosa (pelícu-las amareladas, coladas ao couro cabeludo). E lembre-se: para iniciar o seu programa de cuidado deve certificar-se sempre que lhe é feito um diagnóstico correto sobre o seu tipo de caspa. E isso é fácil – basta acon-selhar-se com o seu farmacêutico.

PUBLIREPORTAGEMPUBLICIDADE

Veja

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Trêssemanasdepoisdeumviolentosismodemagnitude7,8naescaladeRichterterprovocadomaisde8.000mortosnoNepal, aterravoltouatremer, dia12, nomesmolocal jádevastadoeau-mentouaindamaisaondadedestruiçãoemorte.Oabalo, demag-nitude7,3, teveoepicen-tro76quilómetrosalestedeKatmandu, e foi segui-domeiahoradepoisporumsegundoabalodemagnitude6,3. Pelome-nosmeiacentenadepes-soasmorreramepartedascasasqueaindasemantinhamdepéapósosismode25deAbril fo-ramdestruídas.O terra-motofoi sentidonaÍndiaatéNovaDeli, e causouocolapsodeedifíciosnoTibeteenavizinhaChina.

FOTO NAVESHCHITRAKA/REUTERS

NovosismovoltaamatarnoNepalIIIIIIIIIIIIIIIIIIII

c

14 MAIO 2015

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14 MAIO 2015

NUNOPAIXÃOLOURO

!

DeputadomexicanoquercontratarsósiaRenato Tronco Gomez,deputado de VeraCruz,lançou umapelo nasredes sociais para en-contrar um sósia queo substituanos actosoficiais. Diz que pagaráe só faz umaexigência:o sósia não poderádor-mir coma suamulher.

€375.000Valor das reformas quea japonesaMitsue Su-suki, de 86 anos, rece-beu indevidamente emnome dos pais ao longode quase 50 anos. Amulher, residente emGifu, no centro do Ja-pão, foi presa após asautoridades descobri-remque os pais tinhammorrido nos anos 60,mas continuavamareceber as reformas.

He Peiqi é umhomempaciente. Para construir uma ré-plica da cidade chinesa de Chongqing, com cerca de 30milhões de habitantes, este artista demorou ummês acolocar asmais de 50mil moedas chinesas novas e ve-lhas e algumas estrangeiras para darmaior rigor à cria-ção damegacidade. Semusar umpingo de cola, Peiqiconstruiu os arranha-céus, os edifícios, as ruas e o rio,só comaajudados hashi, os pauzinhos para comer.

Apolíciade trânsitofrancesaprendeuàen-tradadeNantes, no sá-bado, 9, umcondutorque viu o carro patru-lhaao longe e encostoupara fazer chichi. Apo-líciapercebeuqueamu-lherpassouparao vo-lante emandou-os pa-rar. O homemnão temcartae é reincidente.

Obritânico TomWashing-ton, de 22 anos, foi proibi-do e banido para semprede voarna companhia aé-rea low-costJet2 pelo seu“comportamento repug-nante”: no voo do aero-porto de EastMidlands,em Inglaterra, paraa ilhaespanholadeMaiorca, exi-biu a tatuagemdacaradoPinóquio que temna suazonapúbica.

Uma javalina infiltrou-se sor-rateiramente num centro co-mercial na periferia da cidadechinesa de HongKong, dia 10,e provocou grande alvoroçoao irromper do tecto falso deuma loja de roupa infantil. Oanimal causou alguns estragosna loja e as autoridades tive-ram de usar tranquilizantespara o apanhar e entregar aodepartamento de protecçãode vida selvagem da cidade.

A polícia indonésia des-mantelou uma rede deprostituição que oferecia aclientes ricos várias horasde prazer com artistas fa-mosas do cinema e da te-levisão daquele país mu-çulmano. As autoridadesconfiscaram umaagendacom 200 nomes e disse-ram que os encontrostinham lugar em hotéisde luxo de Jacarta.

Chama-se Giggles e estána corrida eleitoral parapresidente da Câmara dacidade de Flint, no estadodoMichigan, EUA. O dono,Michael Ewing, é advoga-do e lançou a campanhado animal em protestocontra um vereador local,condenado por homicídio,que também concorre àseleições, que serão dispu-tadas a 3 de Novembro.

1.O inglêsSteveEaston, de 51anos, tinha dores de cabeça desde

criança e respiravamal por ter uma

narina quase sempre entupida.

2.Osproblemasdesapareceramna semana passada comopormila-

gre: um estrondoso espirro fez saltar

a ponta de uma flecha de brincar.

3. Atordoado com a violência da

descompressão nasal, reconheceu

a ventosa do dardo de uma pistola

de brincar que teve com 6-7 anos.

Aabrir

26

!

Alegachichinabeiradaestradaeépreso

!

Javalinaemlojainfantil!

44anoscompontadeflechanonariz

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Artistaseprostitutas

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se doutorou. Regressado ao país deadopção (tornou-se belga em 1961 eem 1992 o Rei fez dele umnobre)dedicou-se ao ensino nauniversida-de e em 1955 entrou como econo-mista parao Banco de Bruxelas quedepois dirigiu.Os colegas de então recordam-no

como sempre foi: discreto, quase se-creto, quasemisantropo. E contamcomo, em 1956, a seguir à revoluçãohúngara, pediu uma licença imediatae desapareceu semdar explicações.Quando voltou, nadadisse e nin-guémquis fazer-lhe perguntas.

Em 1976, este homemquegostavado deserto (onde iade férias comamulher quelhe deu quatro filhos), en-trou parao Banco de Paga-mentos Internacionais quepassou a chefiar em 1985.Integrou o comité Delorsque preparou auniãoeconómica emonetária,liderou o IME e quandoeste se transformou no

Banco Central Europeu re-cusou ser o seu primeiro pre-

sidente porque achavanão teridade: tinhaquase 70 anos. Man-teve-se activo na regulação bancá-

ria e no novo século presidiu à “Co-missão dos Homens Sábios” criandoo Processo Lamfalussy, instrumentode supervisão do sector financeiro.Quandomorreu, no sábado, dia 9,

aos 86 anos, naBélgica, continuavafiel aMaastricht e àmoedaúnica enão excluía a saídadaGrécia doeuro. Afinal, a vida émais complexado que parece.W

outra plateia céptica, de profissionaisdaalta finança, emNova Iorque.“Olhavamparamime pensavam,‘pobre tipo, onde é que ele seme-teu?’”, lembrou nas suasmemórias.Sabia que o desafio era gigantesco eenvolveu-se nele de todas as formas,construindo as bases teóricas damoedaúnica e participando até nodesigndas notas do euro. Talvez porter vivido na II GuerraMundial, acre-ditavamesmo numaEuropaunida.O homemque ficou nahistória da

União Europeia como umdospais do euro, fugira do co-munismo comuns dó-lares no bolso.Alexandre Lamfa-

lussy nasceu a26de Abril de 1929,emKapuvar, naHungria. Comoavanço daCortinade Ferro naEuropa,ele e três amigosaproveitaramumanoite de fortes ne-vões que obrigou osguardas a suspende-remapatrulhada fron-teira comaÁustria paradeixaremo país. Tinha 19anos. Comaajudademon-ges beneditinos chegaramàBélgica, onde Alexandre con-seguiu o estatuto de refugia-do apátrida e umabolsadeestudo na reputadaUni-versidade CatólicadeLouvain. Licenciou-seemCiências Económicase seguiu paraOxford, onde

OS FORTESNEVÕES

OBRIGARAMA GUARDAASUSPENDERAPATRULHA

E ELECRUZOUAFRONTEIRA

Alexandre Lamfalussy (1929-2015)

Pois, a vida émais complexadoque isso, respondeu numavozmansa, o homembaixinho e

grisalho que parecia pedir desculpapor estar ali. O deputado holandêsforaquase rude no seu tom incisivo,naquela sessão do Parlamento Euro-peu, em 1994: “O senhornão tempersonalidade suficiente para fazeravançar aEuropamonetária.”Alexandre Lamfalussy, olhos es-

condidos pelas lentes grossas, man-teve o sorriso tímido perante o bata-lhão de perguntas dos eurodeputa-dos, algo decepcionados coma suafiguraapagada: seria este o homemcerto parapôr emmarchaamoedaúnica? Não lhes bastavaa reputaçãode economista brilhante, nemo cur-rículo de grande senhor daalta fi-nança internacional, emuitomenosas características por todos aponta-das: competente, preciso, íntegro eprudente. Queriam carismae isso elenão tinha. Fora escolhido uns diasantes pelos 12 chefes de Estado paraliderar o InstitutoMonetário Europeu(IME), que daria lugar ao Banco Cen-tral Europeu e agora sujeitava-se aoexame do Parlamento, emBruxelas.Os seus argumentos e a suapedago-gia acabarampor convencer os eu-rodeputados: três horas depois eraaprovado por unanimidade.Nesse ano, Lamfalussy enfrentou

Fugiudo comunismocomunsdó-laresnobolso, foi economistaebanqueiro até se tornarumdosfundadores do euro. Senhordaalta finança internacional, gostavadodeserto e erafiel aMaastricht

EduardoPereira(1927-2015)Engenheiro civil, foiministroemdois governosdeMárioSoares. Ohistórico doPS tu-telouapastadaHabitação,UrbanismoeConstrução eadaAdministração Interna

Aabrir

DULCE NETO

Nascido em Sesimbra, a 28 deJunho de 1927, Eduardo RibeiroFerreira licenciou-se em Enge-nharia Civil mas tornou-se co-nhecido pela sua acção políticadentro do PS e pelos cargos queexerceu em dois governos lide-rados porMário Soares. Primeirofoi ministro daHabitação, Urba-

nismo e Construção do I Gover-no Constitucional (1976/1978) edepois ministro daAdministra-ção Interna do Bloco Central(1983/1985). Deputado em cincolegislaturas, foi presidente daComissão Parlamentar daDefe-sa. Considerado umhistórico doPS, morreu no sábado, dia 9.W

LUISGRAÑENA

Obituários

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Iniciativa SÁBADO

Estão nos tops de todo omundo, inclusive nos por-tugueses. Os livros de colo-

rir para adultos, também conheci-dos como arte-terapia, são umdos maiores fenómenos de ven-das dos últimos meses. Torna-ram-se uma moda e são usadospara minimizar os efeitos dostress e como forma de descon-tracção e evasão por milhões depessoas em todo o mundo.A SÁBADO dá-lhe a oportuni-

dade de experimentar esta novi-dade através de um volume queestará disponível na próxima se-mana por apenas €1,50. Commais de 40 ilustrações que pro-metem melhorar o seu humor eauto-estima, Arte Terapia é umdos primeiros livros deste tipodisponibilizados em Portugal porum meio de comunicação social.Numa entrevista recentemente

publicada no site da SÁBADO, Jo-

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hanna Basford, uma das autorasmais populares do género, defen-deu que a arte-terapia é uma for-ma de estimular a criatividade.“Uma folha de papel em branco

pode ser uma coisa assustadorapara algumas pessoas, mas comum livro de colorir os contornosestão lá. Tudo o que tem de sefazer é trazer a cor para o papel.E os adultos podem aproveitaro seu tempo longe de ecrãs e daInternet”, referiu a escocesa de31 anos.

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Entrevista

MartinLutherKingO movimento dosDireitos Civis foiliderado por

Luther King nosanos 60 e defen-dia a abolição dasegregação racial

Temuma legião de admira-dores nos círculos políticosde esquerda e críticos fero-zes àdireita. Noam

Chomskydesperta paixões acesas etornou-se umaespécie de estrelaplanetária intelectual. Bono Vox, vo-calista dos U2, e que é umaestrelaplanetária do showbusiness, defi-niu-o como “o Elvis davidaacadé-mica.” Napassada sexta-feira, 8, fa-lou naFundação Gulbenkian emLis-boa, com lotação esgotadae dezenasde pessoas a tentarem entrar no au-ditório. Horas antes, falou comaSÁ-BADO sobre temas daactualidade,desde a candidaturade Hillary Clin-ton àCasaBrancaaté à crise finan-ceiramundial, e sobre o futuro.

Quealteraçõesemcursovãomol-darofuturo?Umadelas é que o poder está a ficarmais difuso. Agora fala-semuito dodeclínio norte-americano, como sefosse algo de novo, mas temvindo averificar-se desde o fim daSegundaGuerraMundial.

Quaisossinaisdessedeclínio?

Panamá, Obamadeu o passo paranormalizar as relações comCuba.

Aomesmotempo,asociedadenor-te-americanamuda.Comolêasúl-timastensõesraciaisemotins?É fácil verificar que a polícia sem-pre matou muitos homens negros.Acontece que houve uma concen-tração de casos em poucos meses,em Nova Iorque e Baltimore. A his-tória remonta ao tráfico de escra-vos, há 400 anos. Até o movimentode independência nos Estados Uni-dos foi, em parte, instigado por do-nos de escravos que queriamman-ter esse privilégio, quando no Rei-no Unido já se falava da aboliçãoda escravatura. Até o início da re-volução industrial, que se alimen-tou de têxteis baratos, dependiamuito dessamão-de-obra escrava.

Noutrospaísestambémeraassim.Sim,mas a economiados EstadosUnidos eramuito ligadaàescravatu-

Umdosmais importantes vemdosmovimentos de independêncianohemisfério Ocidental, antes domina-do pelos Estados Unidos. O fenóme-no é particularmente relevante naAméricaLatina.

Querdizerqueospaíses latino--americanosserevoltamcontraodomínionorte-americano?Sim. Antes, quando o governo norte--americano não gostavade umpre-sidente de outro país podia facil-mente derrubar o regime e substituí--lo. Nos últimos 10 a 15 anos houveumamudançadrástica; os paísessul-americanos já não se submetemcom facilidade aos EUA.

Asmanifestaçõeseatéasubidaaopoderdelíderes indígenassãoumreflexo?Essesmovimentos de revolta não sãonovos, a diferença é que no passadoeramesmagados pelo poderio norte--americano, de formadirecta ou in-directa. Agora já não é assim. Os EUAestão a ficar cadavezmais isoladosno hemisfério Ocidental. Por isso éque na cimeira latino-americanado

“Osportuguesesestãoapagarasaventurasdos

bancosalemães”

Linguista, filósofo eanalistapolítico, nasceuhá86anos emFiladélfiae éumdos intelectuais norte-americanosmais influentesdasúltimasdécadas. Define-se como socialistae éumcrítico feroz

do sistemapolítico dosEstadosUnidos. Por Luís Silvestre

NOAMCHOMSKY

“Comoperíodoneoliberal,muitasfábricasfecharam:osafro-

-americanostornaram-sedispensáveis”

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no-infantil baseadanum relatórioque sublinhaque os Estados Unidostêmpiores indicadores do que Por-tugal. Na realidade, estão nos últimoslugares na tabela dos países desen-volvidos. Amaioria dapopulaçãoapoiamais investimentos num siste-made saúde público. Mas poucomudou, devido ao enorme poder dascompanhias seguradoras.

MesmocomareformadeObama?A legislação aprovadaporObamasofreumuitas pressões e alterações.Continuaa sermuito influenciadapelas políticas de lucro das grandesseguradoras ligadas ao negócio dasaúde. Os EUA têm leis absurdas,que impedem, por exemplo, o go-verno de negociar o preço dosmedi-camentos comas grandesmultina-cionais farmacêuticas.

AlgumacoisapodemudarcomHillaryClinton,umacandidatu-raassociadaàesquerda?

ra. E não acabou comaguerra civil.Nas décadas seguintes, apesar da re-lativa liberdade dos negros, foi sur-gindo outra formade escravaturabaseadano sistemaprisional, sobre-tudo no Sul. Depois houve algumasdécadas de crescimento económicorápido, nos anos 50 e 60 do séculoXX, commais oportunidades paraapopulação afro-americana. Deu-seomovimento dos direitos civis, queconseguiu eliminarmuitas condiçõeshorrendas dessapopulação.

Oquedesencadeouosproblemasmaisrecentes?Como período neoliberal da econo-mia, os afro-americanos tornaram-se dispensáveis. Muitas fábricas fe-charamou deixaramde precisar demão-de-obraqualificada, maiorita-riamente constituídapornegros. Nosanos 80, inventou-se a chamadaGuerra às Drogas. Basicamente eraumaguerra racial, desde aaborda-gempolicial ao sistema legal que cri-

minalizava, sobretudo, as popula-çõesminoritárias nos EUA. Isso vê--se aindahoje nadistribuição racialdapopulação prisional.

AeleiçãodeBarackObamafoiumarevoltacontraessesistema?Há fenómenos a surgir emparalelo.Por um lado, háumdeclínio do racis-mo nos sectoresmais educados dapopulação, sobretudo entre os jovens– que são abase do eleitorado quevotou emObama. Por outro, a re-pressão é constante. Háumaelite deafro-americanos que conseguiramsingrar, mas avastamaioria continuaa sofrer comelevados níveis de po-breza. Aquantidade de afro-america-nos ricos é quase nula comparadacomacomunidade branca.

Háexemplos flagrantesdedesi-gualdade?Apolítica de saúde norte-americanaé umescândalo. Houve umaman-chete recente sobre a saúdemater-

gNoam Chomskyassume-se comosocialista e estána franja maisà esquerda doespectro políticonorte-americano

“NaEuropa,osbancos

conseguiramqueosriscosquetinhamassumidofossem

suportadospelosEstados.

Éumcapitalismodistorcido”

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MARISACARDOSO

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Entrevista

RotadaSedaEntre o períodoromano e a IdadeMédia, a Rota daSeda era a maisimportante viacomercial terres-tre que ligavaa China ao MarMediterrâneo

Eu não acho que Hillary Clintonseja de esquerda. Paramim, é decentro-direita. Háumapiada corren-te nos Estados Unidos dizendo que éumpaís de partido único, o “partidodo dinheiro”, comduas facções: de-mocratas e republicanos. Eu acho quecontinuaahaver umpartido único,mas as facções são diferentes. Agorahá republicanosmoderados e repu-blicanos radicais. Bill Clinton foi umdemocrataque virou àdireita, talcomo amulher, e agorao Partido De-mocrata é dominado por pessoas quedefendempolíticas republicanasmo-deradas. O Partido Republicano tor-nou-se basicamente umacolecção deextrema-direita, fortemente influen-ciadapormovimentos religiosos.

Radicalizou-se?Sim. Alguns analistas defendematéque os republicanos estão tão dedica-dos adefender os interesses dos ricose poderosos que não conseguem tervotos populares suficientes. Por issoé que as grandes bandeiras eleitoraisrepublicanas são questões como oaborto, o casamento gayou o ensinoda religião nas escolas. Tópicos queconseguemangariar simpatizantessobretudo porque os EUA têmgrandeinfluência dosmovimentos cristãos.Só paradar umexemplo, cercade umterço dapopulação acredita que omundo foi criado háapenas dezmilanos, como diz aBíblia. Essa é abasedos votantes dos republicanos. Outroexemplo: amaioria dos norte-ameri-canos acredita que Deus prometeu asterras palestinianas aos judeus e nãohámais nadaadiscutir.

Sãoessesostemasquedefinemasvitóriaseleitorais?Aindanas últimas eleições paraocongresso foramesses os principaistemas de debate, pouco se falou so-bre impostos ou salários. Muitas daspromessas dos republicanos aponta-vampara cortes na segurança social enos subsídios de alimentação paraosmais pobres. Mas defendiammaissubsídios paraaagro-indústria e ocorte nos impostos dos grandes ban-cos. Apesar de serem responsáveispela crise financeira, muitas institui-ções conseguiram ter aumentos delucros de 40 por cento no último ano.

participaçãoactivanaeconomia?Semdúvida. A Internet, os sistemasinformáticos e todos os grandes de-senvolvimentos tecnológicos foramcriados nos grandes laboratórios euniversidades do Estado. Poucasgrandes descobertas surgiramnosector privado.

Comointerpretaavitóriadoscon-servadoresnoReinoUnido,mes-modepoisdetodaaausteridade?Porque os partidos de esquerda, so-ciais-democratas e socialistas nãooferecemalternativas credíveis. A po-pulação votou àdireita, emparte de-vido ao crescimento dos sentimentosultranacionalistas. David Cameronprovavelmente vai ter de convocarum referendo sobre apermanêncianaUnião Europeia, mesmo contra asuavontade, paraagradar àala direi-ta do seu partido, o que não faz senti-do anível social e económico.

Comoavaliaainfluênciacrescen-tedaChina?Ahistória émais complexa. Umexemplo são os telemóveis: omaisprovável é que os aparelhos sejammontados naChina, mas que o de-senvolvimento tecnológico, odesigne o software sejamde outros países.

EmSiliconValley?Nem tanto, sobretudo Coreia, Taiwane Japão. AChina faz coisas compou-co valor acrescentado. Aindaestálonge de paísesmais avançados.

MasaChinaestáaganharcres-cente importânciamundial…Têmaumentado as tensões sobretu-do comnações vizinhas, como o Ja-pão, pelo controlo das regiões costei-ras. AChinaestá rodeadapornaçõesrivais aOcidente e nos últimos anos aestratégia tem sido voltara suaesferade influênciaparao continente. Assi-naram tratados comaÍndia, o Pa-quistão, o Irão, ou seja, estão avol-tar-se paraaÁsia central, no fundo éa reconstituição daantigaRotadaSeda, rumo àTurquiae àEuropaOcidental. E essazonaémuito ricaem recursos naturais. É ummovi-mento diplomáticomuito importante,que estáa ser feito de formadiscreta,mas quemoldaráo futuro.W

Comoanalisao impactonaEuro-padacriseeconómica, emquePortugalfoidosmaisatingidos?Os grandes bancos continuama teracesso a crédito barato, mas os go-vernos aceitampagar grandes taxasde juro. A crise emPortugal, Grécia,Espanhae outros países daperiferiadaEuropaé reveladora. Se fossemaplicados os princípios básicos docapitalismo, eramos bancos alemãese de outros países do Norte que ti-nhamde suportar a crise, pois con-cederamempréstimos de alto risco,comelevadas taxas de juro.

Foiumajogadafinanceira?NaEuropa, os bancos conseguiramque os riscos que tinhamassumidofossem suportados pelos Estados. Éum capitalismo distorcido. Os portu-gueses estão apagar as aventurasdos bancos alemães, que fizeramempréstimos arriscados.

Oquemudoucomestacrise?Na realidade, pouco. Os últimos rela-tórios do FMImostramque os ban-cos continuama ter grandes lucros,sobretudo devido às políticas deisenção fiscal e subsídios directos eindirectos dos governos.

OEstadodevecontinuarateruma

gO filósofo e analis-ta político, de 86anos, fotografadoem Lisboa na sex-ta-feira, dia 8 deMaio

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D iscreta,humilde,mas lindíssi-ma, a Igreja dominicana doCorpoSanto,aliaopédoCais

doSodré, revelamalosseus356anos.Éumtemplocatólicodito “dos irlan-

deses”, porque os acolheu no séculoXVII, no refluxodasperseguições reli-giosas. Em 1950 recebeu os chinesesque fugiam ao “comunismo”, atravésdeMacau.Em1961acolheuas famíliasdeGoa,DamãoeDiu, refugiadas pelainvasãodaUniãoIndiana.Depoisaco-lheu nigerianos expulsos do Biafra,em 1971, ugandeses fustigados por IdiAmin, maronitas que escapavam aosinfernos médio orientais. Tem tam-bém muitos que vieram à capital da

luzembuscadeumfuturoeconómicomelhor: filipinos,ucranianos, coptas.No meio da homilia vibrante mas

terna, o sacerdote contou, em inglês,umahistóriareveladora,quedizmuitosobreosnovoscaminhosdoVaticano.Hámais de umadécada, um padre

irlandês foi acusado por um crimequenegou sempre tercometido. De-pois deataquesmal-intencionados, ocaso foi investigadopelapolíciaepe-los procuradores públicos, e condu-ziu ao desfazer da cabala. Inocenteface à lei do Estado, o prelado fora,no entanto, porpressão social, exco-mungadoedesparamentado.Conseguiu regressar ao seio da co-

munidade,masadiocese recusava-sea deixá-lo celebrar missa. Andou er-rante, pormuitos distritos, mas todasasportasbispais se fechavam.Encon-trou apenas guarida numa igreja dis-tante,evoltouàsuavocação.Partiu então em visita à Santa Sé, já

comoactualpontífice.Francisco tinhasido informadodocaso, teveumalon-ga conversa com o sacerdote, rece-beu-o plenamente e disse-lhe,

RaulCastrodizque, comoPapaFrancisco, é capazdevoltarasercatólico. Háalgoque semove, nouniversodas coisas visíveis donossotempo.Masnão sabemosque frutosnascerão, nemque respostashaverá. Sóconhecemosasperguntas

RELATÓRIOMINORITÁRIO A(re)conversão

deCastro

O

Politó[email protected]

O

A Rússia tem razões para celebrar aSegunda Guerra, porque no fim decontas foi oúnicoaliadodeHitlerquese salvou. O pacto Molotov-Ribben-trop deu a Hitler espaço e ânimo naagressão. Em 1995, com Ieltsin aoleme, o cinquentenário foi discreto:na altura Moscovo não queria ser acontinuadora da URSS, mas o seuoposto. Claro que há quem prefirauma Rússia militarmente forte, mastirânica, a uma belicamente fraca,mas respeitadora das outras nações.Assim, odesfile deMoscovo teveme-nos de 30 chefes de Estado estran-geiros. ParaalémdaChinae daÍndia(ondeestavao restodosBRICS?), e deBanKi-Moon, nãodesfazendo, o res-to era paisagem. Nem os turcos qui-seramatravessaroRubicão.W

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Opinião

REUTERS

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emocionado: “Obrigado por teresmantido a Fé, em 11 anos de tortura edesesperança.”QuandoRaulCastro, o lídercubano,

agradece ao Papa a mediação noscontactos com os EUA, desabafa:“ComFrancisco, achoqueposso vol-tarasercatólico.”A possibilidade de um recomeço é

achave.AssimcomooCorãoafirma“nãohá

coacção na religião”, algo que o fun-damentalismosilencianas suasorgiasde sangue, o mundo católico, atravésda sua hierarquia, esqueceu tambémdemasiadas vezes a mensagem deamor,perdão, reconciliaçãoeescolhacerta,encerradanoNovoTestamento.

Deumamaioriarelativaontem(2010)àabsoluta, hoje:DavidCamerondeveterfeitoalgodebomnacerebralBritâ-nia, onde o interesse nacional é sem-pre interesse racional. Desde logovenceu os opositores, que eram oumuitos, ou fracos, ou confusos, ou in-decisos, ou circenses (como Farage,esse Rei Canuto). Depois venceu assondagens: a BBC ficou a tremer dolábio superiorrígido, edeclarouqueotriunfo era “um choque”. A seguir li-vrou-se da muleta liberal. Por fim,conseguiu aproveitar os paradoxosde um sistemade “winner takes all”,em que se pode perder por milhõesem49%das circunscrições, se ganharporumsóvoto, em51%.AEscóciadi-vide? Sim.Masnãomais doqueaEu-ropaduvida.W

Primeiro, a música erudita do 50ºFestival de Sintra, até 7de Junho. De-pois, a exposição de originais doD. Quixote, de Cervantes, na Gul-benkian, amarcaros 400anosdase-gundaedição. EháOpus5(dia17, do-mingo)noEstoril Jazz, acelebrarMin-gusnocontrabaixodo inspiradoBorisKozlov (ouçamBluesandPolitics, naImports). Teatro vivo, também: EMorreramFelizesparaSempre, entrePedroe Inês eEgasMoniz, no JúliodeMatos, até 30, Torga, no Mirita Casi-miro, em Cascais, e Hécuba, no SãoLuiz. Esta personagem de Eurípedesmerece ser conhecida. Reaparece noHamlete fascinouopolitólogomaldi-to, Carl Schmitt. Por fim, FlorestasSubmersas(nafoto), deTakashiAma-no,noOceanário. Tantomar.W

Olivrearbítrio, claro, é responsabili-dade. A reconciliação só se pode dardepoisdaconfissão.NaÁfricadoSuleemMarrocos, os processos de transi-çãopolíticaoptaram:emvezdaguer-racivil vingativa, comissõesdeverda-de (confissão)e reconciliação.Operdão, porsuavez, é sempre bi-

lateral: quem perdoa é perdoado, evice-versa.Eoamor?O que pode querer dizer “Amai o

próximo”?Seoamoréprodutodaliberdadeúl-

tima, comopodeseralvodeumman-damento?Nãoserveoargumentodo luminoso

mestre Eckhart vonHochheim,místi-co do século XIII. Este diziaque o ho-mem tem fome e sede, mesmo quenãoqueira. E assimcomoo seucorpotem a necessidade imanente de ali-mentoebebida, tambémoCriadorlheteria implantado a carência do amor.Só faltaque cadaumdescubraa teclacerta,querevelaessedesejo.A verdade, porém, é que o amor,

fruto da liberdade, não se pode com-

pararànecessidade fisiológica, filhada limitação.Por isso, sem complicação, o amor

de que se fala no Evangelho é aqueleentre irmãos, filhos do mesmo Pai,unidospelamesmahumanidade.Omandamento limita-se a lembrar

essacondição.Francisco tem-loseguidoepregado,

comconsequênciasdevastadoramen-tepositivas.Mas não há aqui garantias. A alma

nãoéumbanco.W

P.S. 1–Lisboaestácadavezcommaisturistas,mascadavezmaissuja.Mui-tosnãovoltarão, secontinuarmosas-sim.Aindahátempoderemediar.

P.S.2–OCongressistaDevinNunes,eosseusparesnoCapitólio, pensamopós-Lajes. Agora a ideia é a de umCentro deAquisição eAnálise de In-formações.Eporquenãoligaro“por-ta-aviões” açoriano a outro grandeaeródromoflutuante,PortoSanto?Eisum laço estratégico entre arquipéla-gosdecostasvoltadas.

Tsunamicameronês

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Mares de coisasO

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Destaque

hNo próximo dia21, José Sócratescumprirá seismeses de prisãoem Évora, ondeestá detidopreventivamente

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EXCLUSIVO.OSMAIORES ESCÂNDALOS QUE ABALARAM O EX-PRIMEIRO-MINISTRO

OSBASTIDORESDOSDIASFATAIS

PARAJOSÉSÓCRATES

Telefonemas a intimidar jornalistas, explosões coléricas nogabinete de São Bento, SMS desesperados paraa investigação

daoperaçãoMarquês. Estas são algumas revelações deCercado, um livro explosivo do jornalistadaSÁBADOFernando Esteves, cujos excertos aqui se pré-publicam,quando se avizinhanovapolémica: as conversas privadasdo político sobre António Costapodem tornar-se públicas

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Destaque

O EMAILDESESPERADO ENVIADODE PARIS E A NOITE DA DETENÇÃOSexta-feira,21deNovembrode2014

h São 8h quando o advogado João Araújo entra noavião. Destino: Paris. Tem de falar rapidamentecom José Sócrates. Fazê-lo por telefone não éopção – há muito que o ex-primeiro-ministro estásob escuta. Assim que encontra o seu cliente,confirma-lhe o que ele já antevia: no segundo emque meter o pé em solo português, será muitoprovavelmente detido.No dia anterior, o filho de Sócrates ligara-lhe a

partir de Lisboa. Aflito, queria dizer-lhe que a suacasa fora alvo de buscas judiciais. E que o seu amigoCarlos Santos Silva, o motorista João Perna e o ad-vogado Gonçalo Trindade tinham sido detidos noâmbito da operação Marquês. Sócrates sabe que nãoé expectável que lhe seja dado tratamento especial.À sua espera, no aeroporto, terá, seguramente, amaior das humilhações da sua vida. Não é como pri-meiro chefe do executivo preso em Portugal que de-seja passar à História. Tem de resistir, de evitar aprisão a todo o custo. Pede ao advogado que infor-me as autoridades nacionais de que está disposto acolaborar voluntariamente com a Justiça. São 15h54quando, à sua frente, João Araújo clica na tecla sendpara remeter um email dirigido ao director do De-partamento Central de Investigação e Acção Penal(DCIAP), Amadeu Guerra:

Incumbiu-meomeuconstituinte, senhorEnge-nheiro José SócratesCarvalhoPinto de Sousa, detransmitiraV. Exª o seguinte:1– Chegou ao conhecimento dele encontrar-se emcurso nesse Departamento Central de Investigação eAcção Penal uma investigação que o tem como sus-peito e que, no âmbito dessa investigação, foram reali-zadas diversas buscas e detidas algumas pessoas.

2 – Desconhecendo, embora, em concreto, o objectodessa investigação, o meu constituinte tem o maior in-teresse em ser, com toda a possível brevidade, ouvidono âmbito dela, com vista a esclarecer o que deva epossa esclarecer.3 – Apesar de, neste momento, se encontrar, pormoti-vos da sua vida pessoal, ausente no estrangeiro, maisconcretamente em Paris, dispõe-se a proceder aosacertos que forem necessários a comparecer onde equando lhe for determinado para ser ouvido.4– Assim sendo, solicito aV. Exª queme faça, por estemeio, notificar da primeira ocasião disponível para essadiligência, sem embargo de o senhor Engenheiro JoséSócrates se encontrar já a desenvolver os seus melhoresesforços para apressar o seu regresso ao País.

Um emailnão é suficiente. Têm de esgotar todos oscartuchos, de encostar a Justiça à parede, de demons-trar de formamuito clara que fugir não é uma opçãopara o ex-líder socialista. João Araújo pega no telemó-vel e digita o número de Amadeu Guerra. Pergunta-lhese recebeu o email. Negativo. Ainda assim, o directordo DCIAP compromete-se a fazer chegar a informaçãoa Rosário Teixeira, o procurador responsável pelo pro-cesso. A verdade é que já nada há a fazer: o mandadode detenção foi emitido três dias antes e o juiz de ins-trução Carlos Alexandre está decidido a interrogar Só-crates o quanto antes.(...)Durante o dia, o ex-primeiro-ministro desespera por

uma comunicação do DCIAP amarcar uma inquiriçãoou por um simples emailde resposta a confirmar a re-cepção da sua comunicação. Nada. Um imenso e afliti-vo silêncio. Debate com João Araújo o próximo passo adar. Sócrates está determinado a avançar, sente que éseu dever regressar. E di-lo ao seu advogado.– Eu fui primeiro-ministro, se não for eu a respeitar

as instituições, quem é que as vai respeitar?Quando, às 22h30, o avião da Air France aterra na

Portela, Sócrates liga imediatamente o telemóvel. Fazum telefonema para um amigo ainda dentro do avião.A dada altura, interrompe a chamada.

1Quando foi detidoJosé Sócrates foiconduzido numcarro descaracte-rizado. Mesmo as-sim não passouanónimo

2O procuradorRosário Teixeiralidera a operaçãoMarquês

“EU FUI PRI-MEIRO-MI-NISTRO, SENÃO FOREUARESPEITARAS INSTITUI-ÇÕES, QUEMÉQUE AS VAIRESPEITAR?”

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LUSA

MARISACARDOSO

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– Tenho de desligar, estão ali uns senhores à minhaespera...Os “senhores” estão namanga de acesso ao aeropor-

to. São inspectores da autoridade tributária e agentesda Polícia de Segurança Pública (PSP).Um dos polícias tira-lhe educadamente o telemóvel.

Outro dá-lhe ordem de detenção. Sócrates está prestesa cair nas mãos da duplamais mediática do sistema

judicial português: o procurador Rosário Teixeira e ojuiz de instrução criminal Carlos Alexandre.

PULGAS NA PRISÃO:“ISTO É UMA CANALHICE!”h Na cadeia, Sócrates é um preso como qualqueroutro. Os seus colegas de reclusão tratam-no porJosé – o engenheiro ficou à porta. Durante a manhã,cumpre a limpeza da sua cela – a número três, paraonde se mudou entretanto. Para o efeito tem umavassoura, uma pá e um balde. O detergente édistribuído pela população prisional todas assemanas. Regularmente, o ex-primeiro-ministromede a tensão arterial e toma medicação para oefeito. Tem um cartão de identificação comfotografia e plafond para fazer chamadastelefónicas. Nesse cartão estão identificados 10contactos. Além do advogado, o preso estáautorizado a telefonar para nove pessoas que têm decomprovar que o número lhes pertence, através dedeclarações das respectivas operadoras. Na cabinetelefónica, pode fazer chamadas diárias com aduração de cinco minutos. O sistema de controlo,recentemente implementado, tem gerado uma Q

3O juiz de instruçãoCarlos Alexandrevalidou todos osindícios alegada-mente incrimina-tórios que oMinistério Públicorecolheu sobreJosé Sócrates

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SÉRGIOLEMOS/CM

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Destaque

onda de contestação entre a população prisional,porque mesmo que o telemóvel do destinatárioesteja desligado a chamada conta na mesma para acontabilidade geral.No ginásio, Sócrates faz musculação. E no pátio faz

jogginge pratica futebol. É extremo esquerdo. Não éum portento de técnica, mas empenha-se ao máximo.É também no pátio que conversa com os colegas decárcere – embora não com todos. No primeiro dia emque o fez, quis apontar num bloco de notas uma fraseque um deles proferiu:– Diga lá outra vez, por favor! O conceito interessa-

-me.O parceiro de reclusão repetiu.– SapereSapore.– Com “S”?– Sim. É uma alocução latina que nos adverte para o

facto de somente após termos saboreado, experimen-tado, após colocar as mãos namassa, podemos verda-deiramente conhecer algo, decidir ou falar sobre algocom propriedade, no fundo ser sapiente.(…)José Sócrates e João de Sousa fazem o seu passeio

diário no pátio do Estabelecimento Prisional de Évora(EPE), onde ambos estão presos preventivamente. Adada altura, o primeiro trava. Quer que João, um ins-pector da Polícia Judiciária detido por suspeitas decorrupção, lhe observe o gémeo da perna direita, queo está a incomodar. Levanta a calça e baixa lentamen-te o cano da bota preta.– João, o que acha disto? É bicho? Estou cheio de co-

michão!O companheiro de cárcere observa atentamente. A

imagem é-lhe familiar.– São pulgas, José. O meu caro tem pulgas!Sócrates não quer acreditar. Cerra os dentes e explo-

de de raiva.– Pulgas! Canalhas! Isto é uma canalhice!Jámais tranquilo, pergunta, com um sorriso amarelo:– O que faço agora?– Lave commaior regularidade a sua cela.Na cadeia de Évora, o ex-primeiro-ministro tenta so-

breviver. Até há poucos meses, viveu descontraida-mente entre o cosmopolitismo romântico de Paris e oconforto requintado de Lisboa. Todos, mesmo os que oodiavam, lhe reconheciam uma aura que lhe conferia

um estatuto quase divino, uma espécie de gravitasqueo distinguia. Agora, sentado no pátio despido do EPE,com a brancura exacerbada da sua perna picada ex-posta ao sol, Sócrates constata que tem um problemade pulgas para resolver na sua cela de 8 m2. Aos 58anos, é devolvido à sua condição de humano.

A ENTREVISTA AO EXPRESSO

COMBINADA A PARTIR DA CADEIASexta-feira,28deNovembrode2014

h 14h06. Bernardo Ferrão está na redacção doExpresso quando o seu smartphone apita. Acaba dereceber uma SMS. Desbloqueia o ecrã e o que vê ésurpreendente.– Está atento porque te vão ligar de Évora. O indica-

tivo é o 266.O editor de política do maior e mais influente jornal

do País percebe instantaneamente do que se trata. Só-crates quer falar consigo. Na sequência da detenção,Bernardo ligara imediatamente a André Figueiredo,sugerindo que o ex-primeiro-ministro, caso estivessedisponível para dar uma entrevista, a concedesse aoExpresso. Passaram vários dias desde que falou com oex-chefe de gabinete de José Sócrates. Tudo indica quea resposta chegará pela voz do próprio. Volta-se paraos colegas de secção e informa-os da ocorrência:

Q 1A investigaçãoacredita queCarlos SantosSilva funcionavacomo um testa--de-ferro do ex--primeiro-ministro

2João Araújo tem--se destacado pelaviolência de algu-mas das suas in-tervenções públi-cas sobre o caso

3A cadeia de Évoratornou-se numlocal quase turísti-co: todos queremfazer uma selfie àporta da prisãoonde está JoséSócrates

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ANTÓNIOCARRAPATO

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em alta voz e começámos a falar.”Durante o telefonema, Sócrates renova o interesse

em falar ao Expresso. Mas coloca condições: a entre-vista terá de ser realizada por duas de três pessoas:Bernardo Ferrão, Ricardo Costa e Nicolau Santos, sub-director do jornal e jornalista especializado em econo-mia. Costa não perde tempo a pensar no assunto.– Vou eu e o Ferrão.Pormomentos, parece que se recua no tempo e que

Sócrates está a ligar do seu amplo gabinete em SãoBento. Começa a dar ordens.– Já falei com o director da cadeia. Agora liguem

para a Direcção-Geral dos Serviços Prisionais a pedirformalmente autorização. Vêm cá na hora das visitas;eu prescindo de receber pessoas para falar convosco.Os jornalistas concordam. Vão fazê-lo imediatamen-

te. Mas Sócrates ainda não acabou.– Quero que publiquem uma declaração minha na

edição de amanhã.É tudo o que Ricardo e Bernardo querem ouvir. Serão

eles os primeiros a ter um ondo ex-primeiro-ministro– um exclusivo bem àmedida do Expresso. Depois deum compasso de silêncio, Sócrates dita:– Só deixa de ser livre quem perde a dignidade.

Sinto-me mais livre do que nunca.

DACADEIATELEFONOUAUM JORNA-LISTADOEXPRESSO:“ESTOUALI-GAR-LHE DEUMCONTEX-TODIFEREN-

TE...” Q

– O Sócrates vai ligar-me.Iamesmo. Cerca de 20 minutos depois, o telefone

toca.– Olá Bernardo, como vai?O jornalista não esconde algum constrangimento. É

uma situação definitivamente estranha.– Senhor Engenheiro, como está?– Estou a ligar-lhe de um contexto diferente... Agora

estou preso...Apesar da estranheza do momento, Bernardo não

perde o bom humor.– Pois, é público, todo o País já percebeu...O jornalista nota rapidamente que o antigo gover-

nante está revoltado: “O tom que utilizava era pesado,ainda estava quente, disse-me que a prisão era injus-ta.” Sócrates prossegue:– Sei que me quer fazer uma entrevista. Estou a li-

gar-lhe para a combinarmos. Como é que quer fazer?– Deixe-me falar primeiro com o Ricardo Costa. Só

depois podemos avançar definitivamente.– Está bem, veja então com o Ricardo e ligo-lhe mais

tarde.Duas horas depois, o telefone de Bernardo volta

a tocar. Ricardo Costa recorda o momento: “Fomoslogo para a sala de reuniões. Metemos o telemóvel

LivroCercadoAutorFernandoEsteves

EditoraMatéria-Prima

ANTÓNIOCARRAPATO

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A DISCUSSÃO VIOLENTACOMRODRIGUES DOS SANTOSSegunda-feira,24deMarçode2014

h O telemóvel de José Rodrigues dos Santosnotifica-o da chegada de uma nova SMS. Observa oecrã. É José Sócrates. O ex-primeiro-ministro querfalar-lhe, depois do combate épico da noite anterior.As redes sociais estão inundadas de comentários. Háde tudo: desde os incondicionais de Sócrates, queconsideram ter-se assistido a um massacreardilosamente planeado pelo jornalista; até aosapoiantes seguros do pivô, que defendem a sualiberdade para perguntar tudo o que lhe parecerimportante. Já em conversa telefónica, Sócrates nãoesconde o seu desconforto. Pergunta ao jornalista sejá pensou no que fizera. Claro que pensou.– Fiz as perguntas que tinha de fazer e o senhor deu

as respostas que tinha de dar. Até me pareceu que es-teve bem, se quer que lhe diga. Foi brilhante. Eu pres-sionei-o forte, como é meu dever, mas o senhoraguentou-se. Esteve brilhante. Não vejo qual é o seuproblema.Sócrates não se comove com os elogios de Rodrigues

dos Santos, que acusa de lhe termontado uma cilada,uma canalhice.O jornalista sente necessidade de pôr água na fervura:– Olhe, vou-lhe dizer o que as pessoas que o senhor

conhece disseram sobre a entrevista: o Zé Rodriguesdos Santos é um cabrão, fez isto e fez aquilo, e tuaguentaste-te muito bem, tiveste calma e deste gran-des respostas. Tu é que ficaste a ganhar. Disseram-lheou não lhe disseram isso?Sócrates não nega e acrescenta que o próprio filho

lho havia dito. Mas já estámais à frente. Quer saber seaquele registo é paramanter. O pivô não pensa em re-cuar. Considera que tem um trabalho a fazer e não estádisponível para ceder. A dada altura, Sócrates recorda-lhe algo que tinha dito num dos programas de comen-tário com Cristina Esteves. Rodrigues dos Santos res-ponde de forma abrupta.– Não vejo programas de políticos a fingirem que são

comentadores.Perante a incredulidade de Sócrates, o jornalista

continua.– O senhor acha-me com cara de ter tempo a perder

para ouvir políticos a aldrabarem as pessoas e a ven-derem a banha da cobra? Não o oiço a si nem oiçoqualquer outro dos políticos que por aí aparecem a fa-zer esses comentários. Tenho coisas mais úteis parafazer com o meu tempo. E se agora o oiço a si e aoSarmento é porque estou ali no estúdio e não tenho al-ternativa. Se não tivesse estas entrevistas, nem sequervos ouvia. Tenho mais que fazer.Ainda nesse dia voltariam a dialogar. O grande ponto

da discórdia é o facto de nenhum deles estar dispostoa abdicar da prerrogativa de definir os temas a abor-dar. Sócrates porque o seu contrato o prevê; Rodriguesdos Santos porque quer respeitar as normas éticas dasua profissão.– Não aceito receber instruções editoriais de umpolíti-

co. Não podem ser os políticos adecidir os temas. Isso éumembuste. Isso é enganar os espectadores. Não o farei.(...)Ainda no mesmo dia, Rodrigues dos Santos liga a Só-

crates. Na conversa anterior, o ex-primeiro-ministroqueixara-se de que o pivô não definia os temas doprograma quando fazia o espaço de comentário com oex-ministro do PSD Nuno Morais Sarmento. O jornalis-ta reafirma a sua convicção de que tem de ser comoele diz. Caso contrário, nada feito.Sócrates acaba por aceitar, mas já no final da con-

versa sugere-lhe que pense, pelo menos, no tom utili-zado nas perguntas, esbatendo a postura claramenteadversativa do primeiro programa. José Rodrigues dosSantos resiste.– Eu não sei o que lhe digamais. Isto é uma entrevis-

ta a um político sobre temas políticos, não é um tempode antena. Foi um tom normal numa entrevista dura.Sócrates insiste. Pede-lhe que pense no assunto com

calma – afinal, tinham duas semanas até à realizaçãodo programa seguinte. Rodrigues dos Santos adia oproblema:

RODRIGUESDOS SANTOS

PARASÓCRATES:“NÃOOIÇOPOLÍTICOSAVENDERBANHA

DACOBRA!”

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1A única fotoconhecida em queSócrates e SantosSilva (o último àdireita) surgemjuntos, numacorrida solidária

2Em Paris, o agorapresidiário vivianum dos bairrosmais luxuosos dacidade

3Durante oconsulado de JoséSócrates o grupoLena facturoumuitos milhõesde euros em con-cursos públicos

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45presos

é o limite máxi-mo de popula-ção prisional

que a cadeia deÉvora suporta.Os prisioneirosjá contestaramvárias vezes asmás condições

MARILINEALVES/CM

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RUIMIGUELPEDROSA/CM

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– Bem, eu agora vou aMoscovo para a Feira do Li-vro e vou estar com a cabeça noutras coisas.Quinze dias depois, novo telefonema, este da inicia-

tiva de Rodrigues dos Santos.– Olhe, eu pensei bem e, enfim, estou disposto a fle-

xibilizar aminha posição quanto ao tom. Quer dizer, via gravação da entrevista e pareceu-me tudo normal. Otom era normal. Não acho normal que se faça umapergunta dura a sorrir, até parece que estamos a gozar.Mas se o senhor se sente mais confortável com umtommais soft, tudo bem, não é por aí.Sócrates volta a reagir mal. Diz-lhe que não foi con-

tratado para aquele tipo de programa, que não é sóuma questão de tom, é também de conteúdo das per-guntas. E pede-lhe que tente entendê-lo.– Pois, mas quanto ao resto é que já não pode ser.

Aquilo é umaentrevista normal feita aumpolítico. Nãofiz nadademal, cumpri as regras daminhaprofissão. Te-nho de ser livre para fazer as perguntas que omeu deverde jornalistame impõe. Isso paramimé inegociável.(...)Sócrates não desiste. Diz-lhe que foi contratado para

um espaço de opinião em que falaria sobre o que bementendesse. E pede ao jornalista que o compreenda –o que Rodrigues dos Santos faz sem esforço.– Compreendo perfeitamente. Tem toda a razão. O

senhor não tem culpa. Prometeram-lhe uma coisa e euestou a fazer-lhe outra. Compreendo a sua posição. Osenhor não tem culpa. Mas eu também não tenho. Estáa entender? Eu não tenho culpa. Ofereceram-lhe con-dições que não podiam ser oferecidas. Esse é que é oproblema.(...)Perante isto, eu só tenho uma coisa a fazer: é respei-

tar o meu contrato. O meu contrato com a RTP prevêque eu faça jornalismo. Eu vou fazer jornalismo. Seisto viola o seu contrato, o senhor que fale com a RTPe resolva o problema. Agora, eu vou respeitar o meucontrato.

AS PRESSÕES SOBREJUDITE SOUSASegunda-feira,20deAbrilde2009

h São 20h. O telefone de Judite Sousa toca. Dooutro lado da linha está Luís Bernardo. Sócratesdeseja falar com a jornalista antes de esta oentrevistar. Quer conferir os temas a abordar nodia seguinte. Não pretende deixar margem para

imprevistos. Judite comunica-lhe os assuntosóbvios: coabitação com o Presidente da República,crise económica, Freeport, situação política...Sócrates trata-a com distância. Desde que Juditecasara com o social-democrata Fernando Seara –que derrotara Edite Estrela, uma das suas maioresamigas, na eleição para a Câmara Municipal deSintra –, que a sua relação esfriara. A dada altura, oprimeiro-ministro começa a subir o tom de voz.Diz-lhe que não admitirá perguntas insultuosas ecomeça a colocar em causa os critérios editoriaisda estação. Judite não responde. Intencionalmente.Não quer desgastar-se antes de uma entrevistatão importante.(...)José Sócrates está lançadíssimo na crítica às opções

da direcção de informação da RTP quando a jornalistaé salva pela bateria do seu telemóvel, que fica subita-mente descarregada. São 20h30 e tem de ir a correrpara o programa de comentário político com o socia-lista António Vitorino, que semanalmente conduz. An-tes disso, liga a Luís Bernardo e pede-lhe o número detelefone de José Sócrates, no sentido de retomar aconversamais tarde.(...)Já em sua casa, depois do programa, Judite come

qualquer coisa para enganar a fome. Está sozinha: Fer-nando Seara, seu marido, foi para a TVI participar numprograma de comentário desportivo; e André, o seu fi-lho, foi ao ginásio. Passam poucos minutos das 22hquando liga para o primeiro-ministro. Sócrates nãoatende – e ainda bem, pensa Judite, que só quer des-cansar. Decide enviar-lhe umamensagem escrita a di-zer-lhe que tentou contactá-lo sem sucesso. Trinta se-gundos depois chega a chamadamenos desejada. Ajornalista registou no seu diário profissional o relato dodiálogo:“Continua a conversa onde ela tinha ficado... começa

a acusar um grande stresse. Está a antecipar a entre-vista. Peço-lhe que explique o que são perguntaspolíticas e perguntas de investigação. Dou-lhe oexemplo do DVD. Começa a gritar. Tenho de afas-tar o telemóvel... Diz que já sabia que eu ia falarnisso. Digo-lhe que é uma pergunta incontorná-vel. Continua a gritar. Diz que discorda dos meuscritérios editoriais, digo-lhe que não são meus;são da RTP. Nada importa, não ouve o que eudigo. A conversa termina sem nexo. Foi uma tenta-

tiva de condicionamento.”

NO SEUDIÁRIO PRO-FISSIONAL,JUDITE SOU-SAACUSAOEX-PMDE

UMATENTA-TIVADE

CONDICIO-NAMENTO

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1Antes de uma en-trevista importan-te, José Sócratesligou a JuditeSousa. Disse-lheque não admitiaperguntasinsultuosas

2José Alberto Car-valho era o entre-vistador favoritode Sócrates

3José Rodriguesdos Santos recu-sou que Sócratesescolhesse os te-mas do seu pro-grama de opinião

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Destaque

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TIAGOSOUSADIAS/CM

MARISACARDOSO

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O FALHANÇODO PEC:“VAMOS INCENDIAR AS NAUS!”h É claro que o jogo vai virar. Em Bruxelas, Sócratesparticipa num jantar de trabalho com todos oslíderes da Zona Euro. O dia não foi fácil. Merkel eBarroso estão consigo, mas também há quemdesconfie da capacidade de Portugal para cumpriros seus compromissos. A dada altura, o primeiro--ministro holandês decide fazer uma intervençãonesse sentido. Sócrates perde o controlo:– Diga lá quanto é que Portugal lhe deve porque não

estou para lhe dever um tostão ou para aturar o seucalvinismo reles!O documento é votado pelos membros do Conselho.

Sucesso total. Sócrates vence. Angela Merkel não lhesalta para o colo, mas faz questão de lhe mostrar queestá contente com o desfecho:– Parabéns!Durão Barroso também está eufórico:– Conseguimos!A dada altura, o presidente da Comissão Europeia sai

da sala com o telemóvel namão. Quando regressa pa-rece em estado de choque:– Não acredito no que se está a passar em Portugal!Quando Vítor Escária estende a Sócrates o takeda

agência Lusa a noticiar que Passos Coelho só esperapelo fim da reunião para fazer uma conferência de im-prensa a anunciar o chumbo ao PEC IV, o primeiro--ministro fica possesso. Como é possível tamanha ir-responsabilidade? Escária também está chocado –tantos meses de trabalho duro deitados ao lixo. O mo-mento seguinte é de total embaraço. Sócrates pede apalavra e deita, derrotado, o tapete ao chão.– Meus senhores, acabo de tomar conhecimento de

que o líder da oposição portuguesa não apoiará as me-didas que constam deste documento, por isso, a con-firmar-se esta posição nadame resta a não ser levá-loa votos no parlamento português.A desilusão é geral. “Mas o que estamos aqui a fa-

zer?!”, pergunta um dos presentes. Por telefone, Du-rão ainda tenta demover o líder laranja. Nada feito.Apesar de ter comovido muitos militantes do PSDprofundo e menos profundo, o grito do Ipiranga dePassos não comove Jean-Claude Trichet, AngelaMerkel ou Nicolas Sarkozy. Todos temem que, casosejam votadas na Assembleia da República, as pro-postas do Executivo não passem. E que, nessa cir-cunstância, José Sócrates peça a demissão, pre-cipitando eleições antecipadas e abrindo umacrise política que não interessa a ninguém.Ummembro do gabinete do primeiro-minis-

tro resume aquilo em que todos, na comitiva deSócrates, acreditavam: “O documento aguentaria

Portugal pelo menos até ao segundo resgate da Gréciae permitir-nos-ia fazer uma gestão semelhante à dosespanhóis, que não tiveram de pedir ajuda externa.”Quando entra no Falcon de regresso a Portugal, Só-

crates ainda tem esperanças de que Passos mude deideias. Assim que chega, percebe que está a laborarnuma enorme fantasia. Liga a Jorge Lacão, um dosseus conselheiros mais próximos, e explode:– Vamos fazer como o Cortés: incendiar as naus! Se

eles chumbarem o PEC demito-me!

ASAVENTURASDEMOURAGUEDESNOFREEPORT: “FOI FANTÁSTICO”h Antes de aceder às imagens definitivas [o DVDem que José Sócrates é acusado de ter sidocorrompido para aprovar o empreendimentocomercial Freeport, que viria a ser exibido na TVI],Ana Leal obteve a gravação em áudio. Foi umaexcitação: correu para casa de Manuela MouraGuedes, que a esperava de pijama. Precisavam deum gravador para escutar o material. Problema:Manuela não possuía nenhum. E Ana, que tambémvive em Cascais, igualmente. Solução: a repórterlembrou-se de um vizinho que talvez as pudesseajudar. Meteram-se no carro e aceleraram.Quando bateram à porta, o senhor olhou fixamente

para a pivô da TVI. Parecia-lhe diferente. Onde estavaa estrela glamorosa com que costumava vibrar na tele-visão? Resposta: bem distante do pijama que naquelanoite escura envergava, certamente. Ana Leal quebrouo gelo:– Olá, esta é aManela. Ouça lá, não tem por aí um

gravador? Gostávamos de ouvir uma coisa...Claro que tinha. Inseriram a cassete e ali ficaram a

ouvir, como crianças no parque de diversões, a provaque lhes faltava. “Foi fantástico.”O mais fantástico estava para vir. Dias depois, Ana

voltou-se paraManuela e disse-lhe algo que sabia quea sua amiga gostaria de ouvir.

– Estou prestes a conseguir o vídeo da conversa.A pivô não queria acreditar. Sabia quem era a

fonte de Ana Leal. Temia que o medo a fizesse re-cuar.– Tens a certeza??– Sim. Vou tentar hoje e acho que vou conseguir.

O dia em que Ana Leal entrou na redacção com oDVD dentro damala foi especial. Era a prova que lhesfaltava. W

1Depois de prome-ter a Sócratesapoio ao PEC IV,Passos Coelhorecuou à últimahora. Sócratesficou possesso

2O caso Freeportfoi um dos maiscomplicados parao ex-PM, apesarde nunca ter sidosequer ouvido

3Manuela MouraGuedes eraconsiderada pelaentourage deSócrates comoum alvo a abater

MOURAGUEDESOUVIUOÁUDIO DOFREEPORTDE PIJAMANACASADEUMVIZINHO

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Destaque

ODepartamento Central de Investigação e Ac-ção Penal (DCIAP), responsável pela tutela daoperaçãoMarquês, que levou àprisão do ex--primeiro-ministro, está aaveriguar se existiu

uma fugade informação que terápermitido o acesso nãoautorizado avárias conversas telefónicas privadas de Jo-sé Sócrates gravadas no âmbito do inquérito-crime, aber-to formalmente em2013 peloMinistério Público (MP).As suspeitas visam especificamente alegadas grava-

ções em que o ex-primeiro-ministro teria um discursobastante crítico, e até acintoso, sobre algumas pessoase até instituições como o PS, o seu antigo líder AntónioJosé Seguro e o actual secretário-geral do partido, An-tónio Costa.A alegada fuga de informação está a ser inves-

tigada em segredo por ordem do própriodirector do DCIAP, Amadeu Guerra. “Estátoda a gente muito preocupada porque,se se confirmar o caso, isso pode conta-minar e até dinamitar a legitimidade doprocesso, sobretudo num ano de elei-ções [legislativas] como o actual”,desabafa à SÁBADO umafonte que conhece a in-vestigação, que está aser feita há várias se-manas pelo procu-rador João PauloCenteno.

O magistrado do MP já terá até inquirido de modoinformal várias testemunhas – uma delas foi um jor-nalista. Segundo a SÁBADO apurou, o MP estará adesenvolver diligências sobre este caso no âmbito deuma averiguação preventiva, que é uma espécie depré-processo (pode nunca chegar a inquérito) quepermite aos investigadores apenas um número redu-zido de actos, como a realização de inquirições in-formais e outras recolhas de informação que não te-

nham de ser autorizadas por mandados debusca judicial.

AsopiniõessobreoPSprofundoAs gravações das conversas telefónicasde José Sócrates terão começado aindaem 2013, tendo-se prolongado, pelomenos, até ao próprio dia da detenção,

em 21 de Novembro de 2014, quando oex-primeiro-ministro foi

interceptado por fiscaisdas Finanças e agen-tes da PSP, à paisa-na, no aeroporto deLisboa depois dechegar de Paris.No total, terãosido gravadaspelos investiga-dores centenas

iO MinistérioPúblico temeque as conver-sas e os co-mentários deSócrates sobreAntónio Costapossam ser tor-nados públicos

OPERAÇÃOMARQUÊS.FUGA DE INFORMAÇÃO SOB SUSPEITA

OQUEÉQUESÓCRATESDIZIAs conversas telefónicas privadas de José Sócrates, gravadas no âmbito daoperaçãoMarquês,pública. OMinistério Público abriu uma investigação aumcaso que ameaçaprovocar enorme

PROCURA-DORESTÁAINVESTIGARAALEGADAFUGADE IN-FORMAÇÃOSOBRE ASESCUTAS

OchefeAntónioCostamanteve duranteanos uma relaçãomuito próxima comSócrates. Ainda hojeos críticos o vêemcomo socratista

Oex-chefeJoséSócrates

mandou politicamen-te em António Costadurante anos e ficoudepois contente porvê-lo como líder

do PS

MARISACARDOSO

www.sabado.pt

14 MAIO 2015

53

de horas de conversas durante cerca de 350 dias emque os telefones do antigo líder socialista estiveramsob escuta autorizada judicialmente.Todas as gravações, inclusivamente as conversas

privadas de Sócrates, foram conservadas no processopor ordem do procurador Rosário Teixeira e do juizde instrução criminal, Carlos Alexandre. Durante oslargos meses que durou a vigilância, o procurador ti-tular do inquérito e o inspector tributário Paulo Silva,que lidera a “equipa M” das Finanças, destacada hácerca de 10 anos para as investigações dos casos Fu-racão e Monte Branco, ouviram todas as conversaspessoais do ex-líder do PS, bem como os contactosprofissionais e políticos de José Sócrates.As escutas telefónicas – em áudio e em transcri-

ções – foram periodicamente apresentadas pelo MPpara validação do juiz Carlos Alexandre, do TribunalCentral de Instrução Criminal (TCIC). O magistradoconsidera de tal forma as escutas que, em algumaspronúncias que enviou para julgamento, já incluiuvárias transcrições em discurso directo que o MPnem sequer tinha julgado relevantes no despachode acusação.Muitas das conversas privadas de Sócrates que fica-

ram no processo terão incidido sobre os principais te-mas políticos e sociais que marcaram Portugal desdeos últimos meses de 2013, quando juntou o ex-presi-dente brasileiro Lula da Silva e o PS em peso paraapresentar no Porto o seu livro A ConfiançanoMun-do. Lula da Silva chegou a dizer no evento que o ami-go Sócrates teria de voltar à política em vez de andara “filosofar” em público. Em privado, o ex-primeiro-ministro teria naturalmente outras opiniões bemme-nos teóricas, sobretudo porque nunca viu com bonsolhos a liderança do PS por António José Seguro, ten-do também chegado a criticar junto de socialistas asalegadas hesitações de António Costa em avançarpara secretário-geral do PS, o que acabou por sucederapós as eleições europeias de 2014.A SÁBADO apurou que amaior parte das escutas de

Sócrates nem sequer foram transcritas para papel,tendo permanecido em CDs e ficheiros informáticos.O material foi lacrado e guardado em cofres que exis-tem nas instalações do DCIAP e do TCIC. W

ADECOSTA?poderão estar embreve napraçapolémica. Por AntónioJoséVilela

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14 MAIO 2015

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Destaque

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CarlosSantosSilva

Quemé?Ex-administrador do GrupoLena e amigo de Sócrates

desde os tempos da Covilhã,de onde ambos são oriundos.

Dequeésuspeito?Os investigadores do

caso defendem que SantosSilva funcionou como

testa-de-ferro de José Sócra-tes, assumindo a titularidade

de uma fortuna de maisde 20 milhões de euros que,na realidade, pertencerá aoantigo governante. SegundoRosário Teixeira e CarlosAlexandre, o empresárioterá ainda feito chegarao ex-primeiro-ministro

quantidades avultadas de di-nheiro vivo para que este su-portasse um estilo de vidafaustoso. Está indiciado porcorrupção activa, fraude fis-cal qualificada e branquea-

mento de capitais.

AsuadefesaPaula Lourenço, sua advoga-da, garante que as quantiasque circularam de Santos

Silva para Sócratesconfiguram empréstimos

entre amigos.

SituaçãoactualEstá detido preventivamente

a aguardar libertação.

ÀESPERADADECISÃOFINALOPERAÇÃOMARQUÊS.COMO ESTÃO OS OUTROS SEIS ARGUIDOS DO PROCESSO

Desdeasprimeirasdetenções, outros suspeitos chegaramaoprocesso. Actualmente apenas José Sócratese Santos Silvaestãopresos. JoãoPerna, ex-motoristade Sócrates, até voltouatrabalhar. PorFernandoEsteves

JoãoPerna

Quemé?Desde 2011 que era motoris-ta do ex-primeiro-ministro,

que transportava numMercedes prateado. Foi cria-

do no bairro social daBoavista, de onde saiu de-pois para a zona de Alguei-

rão, em Mem Martins,onde viveu com a mulhere os dois filhos, um de umarelação anterior. Teve umpequeno negócio com o

nome João Perna – Comér-cio de Marroquinaria Uni-pessoal, Lda. que se dedica-va ao retalho de peças eacessórios para veículos.

Dequeésuspeito?As suas contas bancárias te-rão sido usadas como pontede passagem do dinheiro en-tre Carlos Santos Silva e oex-primeiro-ministro.

AsuadefesaO ex-motorista de 45 anosafirmou ao Ministério Públi-co que se limitou a cumprirordens, desconhecendo queestaria a participar num

esquema ilegal.

SituaçãoactualEncontra-se com termo

de identidade e residência,tendo mesmo voltado

a trabalhar.

LalandaeCastro

Quemé?É ex-patrão de José Sócratesna multinacional farmacêuti-

ca Octafarma, ondeo ex-primeiro-ministro

era consultor para a AméricaLatina. Terá conhecido

o antigo primeiro-ministroem Paris. Reside na Suíça.

Dequeésuspeito?O Ministério Público

acredita que terá ajudadoSócrates a montar umesquema para disfarçara origem de milhares

de euros, num complexocircuito financeiro

destinado a fazer-lhechegar 12.500 euros men-

sais, que acumulavacom igual valor auferido

na Octafarma.

AsuadefesaDurante a audição com

o procurador Jorge RosárioTeixeira, Lalanda

e Castro reafirmou que“as relações com o consultor

José Sócrates semprese nortearam pela legalidade

e regularidadesadministrativa e fiscal”.

SituaçãoactualEstá sujeito à medida decoacção mais leve: termode identidade e residência.

InêsdoRosário

Quemé?É mulher de Carlos

Santos Silva, com quemtem uma filha.

Dequeésuspeita?De acordo com o MinistérioPúblico, em apenas oito me-ses, Inês do Rosário terá fei-to chegar cerca de 120 mileuros em dinheiro ao antigoprimeiro-ministro. Para sus-tentar os indícios identifica-dos, o Ministério Público

afirma, entre outras coisas,que a mulher de Santos Silvaestaria tão envolvida no es-quema alegadamente arqui-tectado que até conhecia oscódigos habitualmente utili-zados para designar o di-nheiro a fazer chegar aSócrates: “fotocópias” e

“aquela coisa”.

AsuadefesaInês do Rosário negou terpraticado qualquer acçãoilegal, recusando todas asalegações do Ministério

Público.

SituaçãoactualDepois de ter sido ouvidapela investigação, ficou su-jeita a termo de identidade eresidência, não podendo au-sentar-se do País sem avisar

as autoridades.

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Destaque

Q

Segredosdajustiça

OEduardoDâmasoDirector Adjunto do Correio da Manhã

O striptease

do juiz

O juiz Carlos Alexandre foiatacadoporgentesemescrú-pulos no ponto mais sensívelparaqualquermagistrado: a suahonorabilidade e carácter. Umacarta anónima bastou para oobrigar a mostrar que é pessoaséria, provando junto de um tri-bunal toda a origem dos seusrendimentos e os da suamulher.Chegámos a este ponto. Exigi-

mos o striptease de rendimen-tos a um juiz, mas sobre quem ésuspeito de roubar o erário pú-blico, para levar vida de lorde ecomprar quintas no Douro, gri-ta-se aqui d’el Rei que são todosinocentes até trânsito em julga-do da sentença. Mais: que apro-va temde ser forte e fumegante.Em Itália matam-se juízes à

bomba. EmFrançaespiam-nos,fazem-lhes a vida negra e aca-bam-lhes com a carreira. EmEspanha os próprios paresafastam-nos através de inci-dentes processuais. De Giovan-ni Falcone e Paolo Borsellino aEva Joly e Garzón a lista é imen-sa. Por cá, temos umasíntese davia francesa e espanhola. Pro-curam o domínio do aparelhode Estado e da justiça paraaquietar os “incontrolados” ouexcessivamente espontâneos naacção.Uma coisa é certa: tanto ata-

que ao juiz só mostra o quantoincomoda uma justiça que nãosejadomesticadapelos próceresdo regime. Quanto incomodaela os que a tentaram reduzir àcaricatura do superjuiz dos ta-blóides e respectivos amigos...W

GonçaloTrindade

Quemé?Advogado, estudou no

Liceu Francês, passou peloColégio São João de Brito elicenciou-se na Universidade

Católica de Lisboa. Filhoúnico, foi forcado no grupodo Aposento da Chamuscae foi colega dos actuaissecretários de Estado

centristas Adolfo MesquitaNunes e João Almeida.

Tem dois filhos –uma rapariga e um rapaz.

Dequeésuspeito?O Tribunal Central de

Instrução Criminal imputou--lhe os crimes de fraudefiscal qualificada e bran-queamento de capitais.

Terá sido ele que,na qualidade de advogado,tratou da venda das três

casas da mãe do ex-primei-ro-ministro a Carlos Santos

Silva. A partir de 2011o seu nome passou aconstar como sócio

ou gerente de sociedadespor onde circularam pessoasligadas ao empresário daCovilhã, o que gerou des-confiança na investigação.

AsuadefesaRecusa qualquer envolvi-mento no caso. Garantiu

a Carlos Alexandreque nunca participouem actividades ilícitas.

SituaçãoactualAquando das primeiras

detenções, Gonçalo Trindadefoi o único que não ficouem prisão preventiva,mas está proibido de

contactar com os outrosarguidos e de se ausentar

para o estrangeiro.

BarrocaRodrigues

Quemé?É vice-presidente do GrupoLena, onde Carlos SantosSilva foi administrador.Foi detido na sequênciade buscas na sede daempresa e na sua casa.

Dequeésuspeito?Está indiciado portrês crimes: fraude

fiscal qualificada, branquea-mento de capitais e corrup-ção activa. Num computadorapreendido pela investiga-ção estarão provas que

permitem cruzar os montan-tes alegadamente transferi-

dos para Santos Silvacom os valores que depois

o empresário amigode José Sócrates emprestavaao ex-primeiro-ministro.

AsuadefesaO empresário nega

qualquer participaçãoem actividades ilegais desti-

nadas a corromper JoséSócrates. E refuta as suspei-

tas segundo as quaiso seu grupo terá sido benefi-ciado em concursos públicos

a troco de subornos.

SituaçãoactualAo sexto dia em prisão

preventiva, o empresárioregressou a casa, em Leiria,após decisão do juiz Carlos

Alexandre no TribunalCentral de Instrução

Criminal. O magistradodespachou a alteração

da medida de coacção nasequência de um relatóriodos técnicos de reinserçãosocial e dos técnicos devigilância electrónica,

favorável à sua colocaçãoem prisão domiciliária. W

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MADEIRA.TRÊS DIAS COM OS DOIS FUNDADORES DO JUNTOS PELO POVO

Élvio e Filipe Sousacomeçaramo seumovimento numagaragem. Legalizado adoismeses dascinco deputados. Esta é ahistória dos irmãos gauleses (sãomesmo) que ergueramumbastião

AREVOLUÇÃOCHEGO

Portugal

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Ainda não são 10hquando Élvio Sousaabre a porta do pe-queno anexo ao ladoda igreja da Achada.

Traz namão um saco de super-mercado com um bloco de notas,um carimbo da junta, uma almofa-da, ummedidor de tensão arteriale um cofre para fazer trocos. Não émédico nem contabilista, é umsimples arqueólogo que em 2009se tornou presidente da junta deGaula, uma freguesia do concelhode Santa Cruz, na Madeira, ondeAlberto João Jardim nunca foi mui-to popular. Foi ali que nasceu oMovimento Juntos pelo Povo (JPP),que elegeu cinco deputados nasúltimas eleições regionais – compouco tempo, menos dinheiro esemmáquina partidária. O próxi-mo passo pode ser nas legislativas.O espaço é minúsculo: um corre-

dor de paredes amarelas e tectobaixo, com dois bancos compridose um balcão para fazer o atendi-mento. Aos 40 anos, Élvio deixou ainvestigação arqueológica e históri-ca para se dedicar a tempo inteiro àpolítica. Não usa fato nem gravata etemmétodos pouco convencionais:duas vezes por semana recebe osmoradores, sobretudo idosos, aquem paga contas, ensina a fazerreclamações, trata de impostos emede a tensão. Também lhes lê ascartas enviadas pelos filhos emigra-dos, porque nem todos sabem ler.“Treze – oito. Ainda não é desta

que morre, donaMaria. Pode ir be-ber um copinho de tinto”, brincadepois de medir a tensão arterial aumamulher de 73 anos. Se os valo-res não estivessem normais, é pou-co provável que Élvio sugerisseuma visita ao médico: é mais adep-to do reiki. “Os idosos gostam e nóstemos formação emmedicinas in-tegrativas”, conta à SÁBADO o de-putado na Assembleia Regional e lí-der do JPP, que é também vocalistade uma banda rock. Lá iremos.

ReuniõesnagaragemEm 2007, Élvio Sousa comprouuma cortina preta, montou umaestrutura metálica para a pen-durar e fez pequenas obras na

eleições, tornou-se aquarta força política da região e elegeude resistência ao poder de Alberto João Jardim. Por AndréRito Q

UÀMADEIRA

j

Os irmãos Élvio eFilipe Sousa funda-ram o movimentoJuntos Pelo Povoem 2009, que ele-geu cinco deputa-

dos este ano

GREGÓRIOCUNHA

60

Portugal

construir as suas casas.Quanto ao velho Mercedes, que

pertenceu ao pai, já não tem as co-res da região mas continua a so-mar quilómetros: ultrapassou oprimeiro milhão, os pneus estãocarecas mas Élvio não abre mãodele por nada. “Já deu a volta, ago-ra é até rebentar”, brinca a cami-nho do restaurante onde vai almo-çar com a equipa da SÁBADO, ACasa da Minha Mãe, um lugar ondeos empregados são os clientes:“Somos nós que temperamos a es-petada, assamos, pomos amesa elevantamos.”

“GrupelhadeChavistas”A história de resistência dos gaule-ses – assim se chamam os habi-tantes de Gaula – é longa. “Notempo de Salazar já existia um jor-nal contra o Estado Novo, há umtrabalho pedagógico que não fo-mos nós que iniciámos”, diz Élvio,

garagem de casa. Nascia aliaquela que ainda é hoje a sede doJPP, apresentado dois anos maistarde, a 4 de Abril de 2009, simbo-licamente escolhido por ser o diada Revolta da Madeira de 1931.“Bastou colocar umamesa pré-

-fabricada, uma linha telefónica,um computador e um fax”, recordao arqueólogo, que cedeu aqueleespaço, ao lado da casa do irmãomais velho, Filipe Sousa, tambémex-autarca de Gaula. Foi com ofuncionário da Empresa de Electri-cidade da Madeira que tudo come-çou, com idas à porta da igreja decoluna no chão e microfone empunho para se dirigir à população.“Sem querer lembrar os tempos davelha senhora, era assim que o re-gedor fazia para manter as pessoasinformadas. É na igreja que seconcentra a população”, justificaÉlvio.Licenciado em História com 16

valores, e mestre em História Re-gional e Local, começou a ligar-seà política através do irmão maisvelho, actualmente presidente daCâmara Municipal de Santa Cruz,que foi militar e chegou a conduziro táxi do pai quando tinha 18 anos.“Foi um trabalho importante no

contacto com as pessoas”, inter-rompe Filipe, enquanto rega oscanteiros de sua casa, todos feitospor ele. A família vive no mesmoterreno, comprado pelos pais eonde os quatro filhos decidiram

recordando as visitas pouco pacífi-cas de Alberto João Jardim à re-gião. “Numa das últimas vezes, em2009, teceu umas consideraçõessobre o Filipe, que já estava najunta, e o povo revoltou-se. Disse-ram-lhe para ir para casa cuidardos netinhos e ele foi embora zan-gado. Bateu a porta do carro e aca-bou ali a visita.”É sexta-feira de manhã, 1 de

Maio, e nas redondezas da igrejade Santa Cruz não se vê ninguém.Os jornais não chegaram devido àgreve dos pilotos da TAP e o caféestá às moscas. A freguesia assisteem peso à primeira missa do dia,com o presidente da autarquia, Fi-lipe Sousa, sentado no primeirobanco ao lado damulher, CecíliaMata. Conheceram-se numa para-gem de autocarro há 25 anos e es-tão juntos desde essa altura. Têmdois filhos, um cão e uma gata queteve uma ninhada na véspera das

JOÃO JARDIMCHAMAVA“GRUPELHADECHAVIS-TAS” AOSLÍDERES

DO JUNTOSPELO POVO

1Duas vezes porsemana, ÉlvioSousa atende apopulação deGaula: pagacontas, assinadocumentos e atémede a tensão

2Filipe Sousa, presi-dente da Câmarade Santa Cruz, gos-ta de jardinagem:foi ele que fez oscanteiros de casa

1

Q

Omovimento formalizou apassagem a partido político nodia 27 de Janeiro e a 29 de Mar-ço elegeu cinco deputados parao parlamento regional. Sem ex-periência, os cinco deputados jáfizeram várias formações sobreo funcionamento do plenário re-gional. “Estamosa ponderarconcorreràspróximas legis-lativas”, diz Élvio Sousa.

Eagora, legislativas?JPPorganiza-se paraconcorreremOutubro

2

IncêndioEnquanto os ir-mãos Sousacombatiam aschamas em

Gaula, o autar-ca de SantaCruz era foto-grafado de

férias no PortoSanto. Em 2013perdeu a câma-ra para Filipe

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ÉLVIO ÉAR-QUEÓLOGO,PRESIDENTEDA JUNTADE

GAULA,DEPUTADOEMÚSICODEROCK

eleições para o parlamento regio-nal. “Costumávamos brincar, di-zíamos que íamos eleger tantosdeputados quantos gatinhos nas-cessem”, conta Cecília, secretáriano parlamento e vendedora detupperwares em part-time. “Sóenquanto estavam aqui a conver-sar já vendi seis pela Internet.”O JPP não elegeu sete deputados,

como o número de crias da gataJulieta, mas dentro do partido já sediz que os restantes dois serãoeleitos nas próximas legislativasnacionais. “Actualmente temosperto de 500 filiados mas estamoscommuitos pedidos de adesão.Era suposto estarmos a fazer ocongresso nacional este fim-de--semana, mas acabámos por can-celar devido à greve”, justifica Él-vio, líder do JPP e um opositor desempre ao poder de Jardim.Ao contrário de praticamente

toda a ilha, em Gaula, uma fregue-sia rural às portas do Funchal commenos de 2 mil habitantes, AlbertoJoão Jardim nunca foi muito popu-lar. A “grupelha de chavistas” [doantigo Presidente da Venezuela,Hugo Chávez], ou “a tribo de so-cialistas”, como Jardim costumavachamar aos elementos do JPP,também nunca lhe facilitou a vida:sempre que alguma obra necessá-ria era ignorada pelo poder cen-tral, os irmãos davam prazos aoGoverno para resolver o problema.“Podia ser um buraco na estrada.Se não fizessem, nós tratávamosdo assunto e enviávamos a conta”,conta Filipe Sousa, recordando ostempos em que foi presidente daJunta de Freguesia de Gaula.No ano passado, já com o irmão

mais novo à frente da freguesiagaulesa, voltaram aos velhos mé-todos: com vários tubos entupidosque impediam a rega, Élvio deci-diu avançar por sua conta. “A fre-guesia parou para ajudar e até cor-támos a estrada”, recorda. Houvequem oferecesse o material, outroscompraram cimento e arregaça-ram as mangas. A obra foi inaugu-rada com circunstância, os jornaisforam chamados e a conta enviadapara o Governo.“Com aviso de recepção. Ficou

tudo por 750 euros. Chegámostambém a alcatroar uma estradade 300 metros por 4.000 euros.Muito diferente dos 100 metrosinaugurados pelo Governo, poucotempo antes, por 0,5 milhões de

euros”, afirma Élvio, que diz nun-ca ter pensado em seguir umacarreira política. Era mais prová-vel vê-lo como arqueólogo-músi-co do que como deputado: afinal éfundador dos SOS, uma banda desete elementos que ensaia numescritório da freguesia e tem o seuirmão mais novo na bateria. “Ten-tamos misturar instrumentos eléc-tricos com tradicionais”, explicaantes de começar uma balada cujorefrão fala da “mulher da minhavida”. Formada nos anos 90, abanda retomou agora a actividadee prepara-se para dar um concer-to no fim de Maio. Mas isso sóacontecerá se o tempo chegarpara tudo: o ano político adivi-nha-se agitado. W

gSOS, ou Somoso que Somos, éa banda de ÉlvioSousa. Formadanos anos 90,voltou agoraà actividade

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100cartazes foi omáximo quefoi possível

imprimir. Afinal,o orçamentoda campanhapara as eleiçõesregionais desteano não foialém dos 40mil euros

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Era o último dia da ediçãoinaugural das Conferên-cias do Estoril, em 2009.A sala do Centro de Con-

gressos estava cheia para ouvir opainel de encerramento que tinhaentre os oradores António Vitori-no, Tariq Ramadan e uma das es-trelas maiores desse ano: JoséMaría Aznar. Estava tudo a pos-tos. Mas quando faltavam menosde cinco minutos para o debatecomeçar, os organizadores tive-ram um dos maiores sustos dasua vida: o antigo chefe do go-verno espanhol recusou-se a su-bir ao palco.“Não lhe terão dito qual era a

composição de todo o painel equando estava nos bastidores elefoi olhar para a lista e ao ver onome do Tariq Ramadan disse quenão entrava”, recorda à SÁBADO

o presidente da Câmara de Cas-cais, Carlos Carreiras. “Disse mes-mo que não se sentava com terro-ristas”, acrescenta o vice-presi-dente da autarquia, Miguel PintoLuz. Tariq Ramadan é professorde estudos islâmicos, filho e netode elementos proeminentes da Ir-mandade Muçulmana, o movi-mento salafista egípcio.Aznar parecia irredutível. E pro-

vocou uma autêntica correria noCentro de Congressos. “Foi precisoir buscar o contrato que ele assi-

Além do atraso de 15 minutos, aaudiência nunca se apercebeu doque tinha acontecido. Tal comonunca foram revelados outros aci-dentes e imprevistos ocorridosnas Conferências do Estoril, queno próximo dia 19 de Maio entramna quarta edição.

PreocupaçãoedescontracçãoO primeiro foi também em 2009, eainda antes de os debates come-çarem. Namanhã de 7 de Maio, aorganização foi contactada pelaassistente de Fernando HenriqueCardoso, orador principal da pri-meira conferência. Por acidente, oex-Presidente do Brasil trocara amedicação e tomara, nessa ma-nhã, os comprimidos que só deve-ria tomar à noite para o ajudarema dormir. Foi preciso chamar ummédico para o observar e garantirque estava tudo bem. Quando su-biu ao palco, às 11h30, ninguémnotou que algo se passava. “Fezuma intervenção extraordinária”,recorda Carlos Carreiras.Ao longo dos anos, a presença de

inúmeros antigos chefes de Estadotambém levantou preocupações

nou, onde já constavam os ele-mentos do painel”, recorda MiguelPinto Luz. Só perante esse docu-mento Aznar aceitou subir ao pal-co. Mas fez uma série de exigên-cias que obrigaram a organizaçãoa alterar os planos. Por exemplo,recusou ser fotografado ao lado deTariq Ramadan e exigiu ser colo-cado no extremo oposto do painel.

DOMINIQUEDEVILLEPIN

NÃOCHEGOUNOAVIÃOPREVISTO.APARECEUDE TÁXI

As quartas Conferências do Estoril começamnapróximasemana. Nas anteriores houve de tudo:de imprevistos aameaças. Por NunoTiagoPinto

“NÃOMESENTOCOMTERRORISTAS”

MEMÓRIA.HISTÓRIAS DESCONHECIDAS DAS PRIMEIRAS EDIÇÕES

1José María Aznarcausou o momen-to de maiortensão de todasas Conferênciasdo Estoril

2Fernando Henri-que Cardoso foio convidado daprimeira edição

3Daryl Hannahfalou sobre Am-biente em 2009

AactrizDaryl Hannah ficouimpressionada, durante um jan-tar, com uma lagosta numaquário e decidiu comprá-lapara depois a libertar no mar.

Apresençade Shirin Ebadi,a prémio Nobel da Paz de2003, provocou um forte pro-testo da embaixada do Irão emLisboa.

OantigoPresidente polaco,Lech Walesa, apesar do fato egravata, fez questão deusar sempre as tra-dicionais socas po-lacas em madeira.

SurpresasrepentinasNas três ediçõeshouveváriosimprevistos e insólitos

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de segurança. “Achávamos que or-ganizar isto era como preparar umfestival de Verão. Fomos contacta-dos pela PSP e pelo SIS por causada preocupação com a segurançade algumas personalidades”, dizMiguel Pinto Luz. Um dos que maispreocupações causou foi o ex-pri-meiro-ministro russo Igor Gaidar.“Ele não podia andar a pé sem se-gurança e insistia sempre em ir apé para o hotel. Dizia: ‘Já me tenta-rammatar três vezes e não conse-guiram. Não vai ser em Portugalque vão conseguir’”, recorda ovice-presidente da autarquia.A preocupação das autoridades

portuguesas esbarrava, muitas ve-zes, na descontracção dos convida-dos. O ex-primeiro-ministro britâ-nico Tony Blair – que exigiu viajarnummodelo específico de avião –apareceu de calças de ganga e o ex--chefe do governo francês Domini-que de Villepin não chegou noavião previsto. Nem o embaixadorde França em Lisboa sabia dele.“Decidiu vir no jacto de um amigo,apanhou um táxi em Tires e apare-ceu no hotel como se nada se pas-sasse”, conta Pinto Luz.W

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UM MUNDO DE �PETÁCULOSA PENSAR EM SI!

FOTOSD.R.

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No lugar infernal que é ocampo de Yarmuk, junto aDamasco – onde 18mil al-mas estão reduzidas à con-

dição de larvas sob o jugo dos jihadis-tas daAl-Qaedae do Estado Islâmico–, acontece às vezes a surpresade seouviremnotas de Beethoven. Emal-gumas esquinas, por entre escom-bros, é AehamAhmad que desafia osdemónios damorte comas teclas demarfim e ébano.Todos lhe chamamo Lendário Pia-

nista de Yarmuk. Todos os dias emque o céu está limpo, ou seja, emque háumapausana chuvademís-seis e bombas que cai hádois anos,sai de casa– do que resta dela–, ar-rasta consigo o piano e tocaparaho-menagear os quemorreram.Visto de perto, Aehamparece uma

personagemde bandadesenhada: 27anos, ar de fome, calçasmuito lar-gas, umacamisa coladaaum troncodemasiadomagro, o sorriso sériosob umolhar furioso. Recordaomí-

tico Handala, o Charlie Brown pales-tiniano desenhado porNaji Al-Ali,símbolo da luta palestinianapelajustiça e pela autodeterminação.Aehamé palestiniano, como amaio-ria dos 18mil sequestrados nesta ci-dade doente: Mukhayyamal-Yar-muk, o campo de Yarmuk, como in-dicamos sinais agora retorcidos emgrotescas lâminasmetálicas.Aehamvive desde sempre coma

música. Háalgum tempo contou tersido seduzido pelo piano aos 5 anos.Depois, aindacriança, inscreveram--no no conservatório de Damascoonde estudoumúsica clássicaduran-te 10 anos. No campo, ensinavaaosmais pequenos. Hádois anos chegouaguerra. “No início queria renunciaràmúsica, permanecerneutral. Ven-dia falafel [um salgado] e tinhaamú-sica fechadanomeu coração. Mas aofimde seismeses não conseguimaiscontê-la: foimais forte do que eu.Voltei ao piano, fixei-o no carro demulas domeu tio agricultor e come-cei a levá-lo aos bairrosmais depri-mentes paraespalhar esperança.”“Era só desolação”, afirma, através

do jornalista e tradutorMoe Ali Nayel.“Muitas pessoas tinhampartido.” Ador de Aehamganhou corpo nanoitede 16 de Dezembro, a daquedadeYarmuk. Foi umdomingo, hádoisanos. O campo, a princípio neutro porvontade dos habitantes e dos comitéscivis, nem todos contra o regime de

“FIXEIOPIANOAOCARRODEMULASDOMEUTIOECOMECEIA

LEVÁ-LOAOSBAIRROS

MAISDEPRI-MIDOS”

gImagem de Junhodo ano passado:Aeham Ahmadtoca entreos destroçosde Yarmuk

SÍRIA.CAMPO DE REFUGIADOS ÀS PORTAS DE DAMASCO

OLENDÁRIOPIANSob aameaçadasmilícias do Estado Islâmico, um jovempalestiniano criamomentos de evasão

Mundo

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Bashar al-Assad, sofreu nessanoite oassalto de brigadas e batalhões daFrente al-Nusra, ligadaàAl-Qaeda, edos jihadistas do Al-Furqan, aliadosdo Exército Livre Sírio.

OS CORPOSDESNUTRI-DOS DEQUEMHÁMUITO SÓCOME LEN-TILHAS E ER-VAS – E NEMPOUPACÃESE GATOS

Coma invasão deles, o campo es-vaziou-se: a 17 de Dezembro, 140milcivis tinham já fugido. Ficaramosmais pobres, os velhos, os doentes,os 18mil agora reféns daAl-Qaedaedo Estado Islâmico. Outros comba-tentes chegaram: Yarmuk tornou-setesta-de-ponte parao ataque aDa-masco. É umquadrilátero de doisquilómetros quadrados cercado peloexército sírio, que faz demuralhaentre o campo e a capital. Dentro docampo, 14 facções palestinianas divi-dem-se entre lealistas e anti-Assad.

Músicacontraaguerra“Tinhade alimentar omeu espírito”,diz Aeham. “Apesar do cerco, omeupiano continuou a tocar. Primeiro, sómúsica clássica; agora componho pe-ças que falamdacrise.”O pianista tocaparaas crianças e

adolescentes que o rodeiam, os cor-posmagros, desnutridos, que hámuito só comem lentilhas, legumes eervas – e não poupam sequer cães e

gatos. Anemia, raquitismo e fome jáfizeramuns 200mortos.“Promessas! Promessas! Promes-

sas! Enquanto anossa gentemorre”,gritamos jovens àvolta do piano en-quanto passaumaambulância comumasirene ensurdecedora.Aehamnão desistiu, nemquando

no fim deMarço o campo foi tomadopelos bárbaros do Estado Islâmico edaal-Nusra. Dias depois, quando járolavampelas ruas cabeças emãoscortadas a crianças de 12 e 14 anos,ele escreveu: “Não se vão embora,voltem, andamos a fugir hádema-siado tempo.” Referia-se aos palesti-nianos, em êxodo desde aproclama-ção do Estado de Israel, em 1948.Dias depois da tomadado campo,

escreveu umapontamento tranquili-zador: “Estamos bem. Anoite trouxealívio.” Tambémdesafiou o EstadoIslâmico, colocando nas redes sociaisuma foto sua sorridente nomeio deruas desertas. Desdemeados de Abrilque nada se sabe dele.W

gUma foto apoca-líptica de Yarmukem Janeiro de2014: milhares depessoas aguar-dam uma distri-buição de alimen-tos das NaçõesUnidas

NISTADEYARMUKcoma suamúsica: “Quero oferecer esperança.” PorAlixvanBuren/ExclusivoSÁBADO/LaRepubblica

ZeinaHashemBeck, poe-ta libanesa, já lhe compôs ver-sos: “Toca uma música que falade pedaços de pão, homemtriste, toca uma nota para osono, outra para os pássarosdas árvores que as criançascom fome comeram. Aqui nãohá salas de concerto, apenascães esqueléticos. Por isso in-venta uma alegre canção ára-be, para que possamos morrer,como os pássaros que come-mos, cantando, cantando.”

JáumalendaAehamAhmad jáse tornouummitonoMédioOriente

FOTOSREUTERS

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los vinhos daPorto Ferreiraassinarao certificado de autenticidade dagarrafanessemesmo sítio. Mas hámais coisas que os cercade 90 con-vidados desconheciam. Primeiro: emvez de umagarrafade Porto 1815, aSogrape, donadamarca, levouduasparaLondres – parao caso de haverproblemas comaprimeira. “Escolhe-mos duas omais parecidas possível,paracaberemnacaixa” emque fo-ramapresentadas a leilão, diz JoanaBahia, responsável pelamarca. Nãofoi fácil: naaltura “as garrafas eramfeitas àmão e todas diferentes”.Foi Fernando CunhaGuedes, pre-

sidente daSogrape, que as tirou daprateleiraonde restam, agora, 49destacolheita. Comajuda: só umapessoa temas chaves que abremas

portas damais históricacave daFerreira, emGaia, onde se guardamvintagesde 1815 a2011. E são preci-sas pelomenos três chaves (e passarpelomesmonúmero de portas) paraentrarnumespaço escuro, ondeapenas se circulacomcandeeiros aóleo, e não háágua, paraevitarinundações, nemarcondicionado,paranão prejudicarahumidade na-tural – 60%a70%–que garante aboapreservação das rolhas,muda-das acada20 ou 30 anos. É rápido:abrir agarrafa, cheirar, provaro vi-nho e colocarumarolhanovade-moraumadoisminutos. “Temos delevarprojectores para fazero rear-rolhamento”, diz Luís Sottomayor.No diado leilão houvemais tem-

po,mas nãomuito. Aequipa só po-

Ladies? Pode ser. Entrarnacasade banho dasmulheresounados homens era igual,desde que houvesse água–

e na torre onde ia servendido o vi-nho do Portomais caro algumavezarrematado em leilão, não havia. Porisso, enquanto umafuncionáriacon-tratadaparao evento secavaasmãos, Luís Sottomayordespiao ca-saco de fato –manteve acamisae agravata– e posicionava-se junto aolavatório, de frente parao espelho,comumsaca-rolhas comprado jánacapital britânica, por7 euros (as lâ-minas não permitiamque viesse dePortugal, nabagagemdemão). Eram18h39 e acolheitade 1863 – umade-zenade garrafas emcaixas de cartão– precisavade serdecantada. Eracomelaque, duas horas depois, às20h25, se brindariaao novo recordemundial, avendado Porto de 1815, ofamosoWaterloo Vintage, por6.800euros. Nessaaltura, poucos sabiamque o vinho nos seus copos tinhasido aberto numacasade banho daTorre de Londres, onde se fez o lei-lão, e que o enólogo responsável pe-

MafaldaGuedesFilha de Salvador, éa única da quarta

geração dos Guedes atrabalhar na Sogrape

FamíliaGuedesAs receitas vão apoiardoentes com escleroselateral amiotrófica, queafecta Salvador Guedes

Dinheiro

LEILÃO.COMO SE PREPAROU O EVENTOQUE BATEU UM RECORDEMUNDIAL

7MILEUROSDENTRODVendeu-seumPortode 1815,masviajaramdois, porprecaução. Deavião, de carro eapépelas ruas

OvencedorInglês, 52 anos,auditor bancá-rio, bebe uma aduas garrafas

de Porto por se-mana e prova400 por ano –os pais começa-ram a dar-lhePorto aos 6anos (comágua). Quer

abrir o VintageWaterloo aos

60 anos.“Comprei-opara beber”

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diacomeçaramontaro espaço às18h, quando jánão havia turistas naTorre, e apartir das 18h30 os convi-dados começavamaentrar– o pri-meiro tentou fazê-lo às 18h05masteve que esperar. Às 18h22 começa-ramapôr-se as almofadas nas ca-deiras; quatrominutos depois nãofaltavanenhuma. Houvemóveis amudarde posição – umdeles foicolocado ao baixo, e não ao alto,como previsto, paraque todos osconvidados conseguissemvera te-levisão, os dois lotes que iamser lei-loados (haviaumsegundo, comseisPortos de 1947a 1994, que foi ven-dido por2.050 euros), o próprio lei-loeiro daSotheby’s e FernandoGue-des, que ensaiou o discurso numes-paçomais reservado, entre armadu-ras e soldados, em frente às jóias dacoroabritânica. Aanalogiaperfeitacomacolheitade 1815, diz, vindi-madanomesmo ano dabatalhadeWaterloo, quando o duque deWellington,mais tarde guardião daTorre de Londres, pôs fimao impé-rio deNapoleão.As regras de segurança só foram

quebradas durante a entrevista àSkyNews na tarde do leilão – aca-deiade televisão pediu para ter agarrafano cenário e aSogrape foibuscá-la, de táxi, ao cofre onde esta-vaguardada. Paraa levarde volta,Fernando Guedes e a relações--públicas daempresaandaram 10minutos apé. Agarrafa, que todos osconvidados fotografaramcomossmartphones, foi sempremanusea-dacom luvas, parapreservar asmarcas de cal, pó e até as dedadas.Não foi aúnicaperipécia. No vídeo

apresentado no leilão, a gravatadeFernando Guedes é amesma. E po-dianão ter sido – teve que repetir asfilmagens nas caves e, no segundodia, foi directo de Londres paraGaia.“Tiveramdeme dizer, ao telefone,qual eraagravataque queriam”,conta. “Mas houve umacoisa emque não repararam”, acrescentaogestor. “Entre as duas filmagens cor-tei o cabelo. Já estavano barbeiroquando percebi.”W

AjornalistaviajouparaLondresaconvitedaPortoFerreira

AGARRAFALEILOADA

ESTAVANUMCOFRE, MASANDOU 10MINUTOS

NAS RUAS DELONDRES

Semanada

OHelenaGarridoDirectora do Jornal de Negócios

AGrécianão éPortugal

Se Portugal ou a Irlanda tives-semcriadoummilésimodosca-sos gerados pela Grécia já esta-riam borda fora do euro hámuitotempo. É assim a vida, injusta. OGoverno daGrécia está a exploraraté ao limite do razoável o trunfoda sua posição geográfica. Umacartaque LisboaeDublin não têmequeprovavelmente tambémnãousariam.Porqueacreditamnasvir-tudesdoprojectoeuropeu.As declarações de amor pelo

euro e pela União Europeia deAlexis Tsipras, o primeiro-minis-tro grego, contradizem dramati-camente as suas acções. Ou Tsi-pras nadapercebe de política– oque não parece ser o caso – ouestá, comas posições que temas-sumido, a ameaçar seriamente aconstrução europeia.Todos os que acompanham o

projecto europeu sabemque cadapasso é dado com extrema pru-dência, comoconsensode todoseorespeitopelasdiferenças, encon-trando o máximo denominadorcomum. Cada um cede um pou-quinho para o bem do colectivo,semprecomamemóriafocadanastragédiasdasguerraseuropeias.A estratégia grega de pôr os go-

vernoseuropeusentreaespadadasaídadaGréciadoeuroeaparedede emprestar mais dinheiro semqualquer garantia caminha paraumatragédia.OsgovernosdaZonaEuro estão colocados perante adramática escolha da segurançainterna ou da segurança externa,sabendo que quando escolhemuma ameaçam a outra. Temos denos preparar para o pior para quecorrapelomelhor.W

ColheitahistóricaO Porto de 1815 é o

mais antigo da Ferrei-ra. Em 2011, a empresainclui-o numa prova

Ovinhode1815Não se sabem quais são ascastas, de que quinta é, ouquando foi engarrafado,diz Luís Sottomayor

AsgarrafasA segunda não chegoua sair da transportadora,para não pagar taxas,nem correr riscos

EUMAGARRAFAdacidadeondeatéumacasadebanhoajudouao evento. PorAnaTaborda

26quilos

É quanto pesaa caixa da gar-rafa de 1815; 41quilos no casodo lote de seisPortos. Ambasfeitas com ma-deira exótica,pele natural

e prata

Sociedade

hCamilo Coelhoformou-se em ges-tão bancária. Eradescrito como umprofissional exem-plar, “metódico eperfeccionista”

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apresentação às autoridades, nopassadomês de Março. Mas o pesa-delo do ex-bancário, que em 2003burlou os clientes em 7milhões deeuros, pode não ter terminado.Quando aSÁBADO o contactou,

emFevereiro, Camilo Coelho hesi-tou: estavadisposto a contar a suahistóriamas só após aderradeirareunião comos técnicos de reinser-ção social. É reservado, fala em tombaixo e pausado, mede cadapalavrae olhaàvolta para se certificar deque ninguémestá a escutar. Evita lo-cais de exposição pública, por issonão é fácil vê-lo almoçar foraou apassear pela cidade. “Paguei aminhadívida, e paguei caro”, desabafaria,mais tarde, sentado àmesade umrestaurante emSeia. “É aqui que te-nho todos osmeus amigos e familia-res, por isso decidi regressar depoisde cumprir a pena.”Desaparecido em2003, altura em

que fugiu parao Brasil, o ex-bancá-rio acabou preso em2004 e foi ex-traditado paraPortugal em 2007.Condenado a 11 anos de cadeia porumaburla superior a 7milhões de

CAMILOCOELHO FOIGERENTE DEUM BANCO EDESVIOU 7MILHÕES DEEUROS E FOIPRESO NO

BRASIL. ESTÁEM LIBER-

DADE

EXCLUSIVO.CAMILO COELHO EM RISCO DE VOLTAR A SER PRESO

Foi directorde umbanco emSeia. Desvioumais de 7milhões de euros e fugiu parao Brasil.EmMarço terminou a suapenade 11 anos. Históriade umhomemque perdeu tudo numcasino e que agoraenche o depósito de grandes carros emvez de os guiar. PorAndréRito

Numa das estradas maismovimentadas dePortugal, ponto depassagem diária demilhares de camionis-

tas, poucos saberão a história dohomem que trabalha atrás do bal-cão da última área de serviço antesda fronteira com Espanha. Aos 55anos, Camilo Coelho passa desper-cebido. O ex-gerente do BancoTotta & Açores de Seia já não vestefato nem gravata: como qualquerfuncionário, usa o colete da lojacom calças de ganga e tem ao peitouma chapa com o seu nome.Tambémnão conduz carros topo

de gama, e já não é dono damora-diamais luxuosa de Seia, que parti-lhava com amulher, professora eex-deputada pelo PSD naAssem-bleiaMunicipal de Seia, e com a fi-lha de ambos. Voltou para casa damãe, em Pinhanços, a pequena fre-guesia onde nasceu e viveu até serindependente. E foi atrás de um bal-cão, a vender jornais e combustíveis,que cumpriu quatro anos de liber-dade condicional até à sua última

OBANCÁRIOBURLÃODABOMBA

DEGASOLINA

euros, cumpriu o que restavadapenana cadeia de Viseu, até sair emliberdade condicional, compulseiraelectrónica, em 2011. Semdinheiroou perspectivas, foi ajudado por umamigo de longadataque lhe deuemprego. Agora, o ex-amigo acusa-ode ter burlado a suaempresa.

Simulaçãodesuicídio?Durante quatro anos, Camilo foi umsimples funcionário numaáreadeserviço emVilar Formoso. Saíadecasa, em Seia, antes das 7h, conduzia100 quilómetros para chegar aVilarFormoso pelas 8h, e começavaumturno que se prolongavaaté às 19h–tinha folgaapenas na tarde de do-mingo. Emmeados deMarço, JoséRogeira, o amigo que lhe deu traba-lho, publicou umartigo de opiniãono jornal da região, oPortadaEstre-la. “Todos se recordamcertamentedaburla de que foramalvo algunsclientes do antigo Banco Totta&Açores”, começavaassim o texto.“Decorridos quatro anos, alémde oter apoiado pessoalmente, de ter pri-vado comigo diariamente e de lhe Q

AfugaO portuguêsfugiu para oBrasil. Viveu

na casa de umamigo, em Ma-ricá, Rio de Ja-neiro, durante

um ano

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Sociedade

permitir quemostrasse aomeunúcleo de pessoas e à sociedade asua ressocialização, este indivíduorevelou a sua irreversível veia crimi-nosa, burlando umadasminhas em-presas durantemais de umano.”De acordo como empresário, Ca-

milo terá voltado a falsificar docu-mentos numesquema semelhanteao que utilizaraparaburlar os clien-tes do banco, contrariando assim oparecer dos técnicos de reinserçãosocial, que o deram como “forte-mente arrependido e disposto amanter umaconduta socialmentecorrecta”. “Quemconsegue enganaruma instituição bancária, simplesseráultrapassar os procedimentos deumaempresa comdois estabeleci-mentos abertos ao público, atravésda falsificação de documentos quelhe permitiamnão depositar valoresrelativos a vendas que efectivamenteeram feitas”, escreveu o empresário.Confrontado pela SÁBADO, Cami-

lo Coelho não quis falar sobre o as-sunto, dizendo que o caso estavaentregue ao seu advogado. Mas JoséRogeira apresentou queixa, garan-tindo que Camilo decidira “confes-sar por escrito os crimes”. “O seu úl-timo acto para evitar a prisão ime-diata foi a simulação de um suicídiodemodo a ser internado em hospitalpsiquiátrico, onde se encontra nadata em que partilho com os leitoreseste episódio vil da vida real.”

ProfissionalexemplarNos anos 90, praticamente todaagente o conhecia emSeia. Figurarespeitadana cidade, o director daagência do Banco Totta&Açores(BTA) passeava triunfante ao volantede umBMWX5, enquanto acenavaaos amigos e clientes do banco,sempre dispostos a escutar os seusconselhos. Ao longo de 10 anos, en-tregaram-lhe avultadas quantiaspara ele aplicar emacções e produ-

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referências. Um filho da terra licen-ciado emGestão Bancária, quadro dobanco desde 1985, onde entraracomo administrativo e, 11 anos de-pois, subgerente do balcão daCarre-gosa. Chegou adirectordaagênciadaCovilhã, em 1998, e esteve nadi-recção comercial de empresas deCoimbraeViseu. Apesardaausência,manteve sempre ligação aSeiae aosseus clientes, até que emMaio de2001 voltou à terranatal paragerir obalcão no centro dacidade. Eracon-siderado um“profissional exemplar”,acimade qualquer suspeita.

ViciadoemjogoCasado desde 1985 comumaprofes-sora, deputadapelo PSD naAssem-bleiaMunicipal de Seia, viviamnamelhormoradiada cidade, onde Ca-milo gostavade receber os amigoscombons vinhos e champanhe caro.Após a fuga, o casal divorciou-se eperdeu praticamente todos os bens.Amulhermudou-se paraPonte deSor e a filha estudanauniversidade.Mantém contacto como pai.Descrito comometódico e perfec-

cionista, Camilo é filho de uma famí-lia conceituadada cidade. Aos 12

tos bancários no estrangeiro com ju-ros de sonho. Comcomprovativosfictícios, que Camilo fazia no seucomputador pessoal, os clientes ja-mais desconfiaramque o dinheiroacabavana contado gerente bancá-rio. Naagência eram recebidos noseu gabinete e raramente tratavamdos seus assuntos comoutros fun-cionários.Umesquemaque só foi possível

graças ao prestígio de Camilo Coelhoque, após uma longa temporada fora,regressaraaSeiacomasmelhores

OvícioAos 18 anos, Ca-milo Coelho pe-nhorou o ouroda mãe para jo-gar. O pai tam-bém era vicia-do em jogo

1Chegou a directorda agência doBanco Totta &Açores de Seiaem 2001. Era res-peitado por todos

FilmedeumaquedaUmgestorquetodosdiziamserbrilhante

1985Entra para o

Banco. É subge-rente do balcãoda Carregos e di-rector na Covilhã

e em Seia

1994Vai pela primeiravez a um casino:ganha €1.800.No dia seguintevolta e perde

€20 mil

2003Uma auditoria

revela que Camilodesviou €7 mi-

lhões. Em Setem-bro desse ano

foge para o Brasil

2004Preso no Rio deJaneiro. O proces-so de extradiçãoarrasta-se trêsanos. Torna-segestor da cadeia

2015Condenado a 11anos, sai em liber-dade condicionalem 2011. Trabalhanuma bomba de

gasolina até Março

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NUNOANDRÉFERREIRA/CM

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NAPRIMEIRASEMANA

PERDEU20QUILOS. NACADEIANÃOTINHADIREI-TOACAMA,DORMIANO

CHÃO

a contadestino, que era sua.Rapidamente perdeu o controlo

das contas e o jogo agravou aindamais a situação. À SÁBADO, o ex--gerente garante que nunca tinhaestado num casino até ao início dosanos 90, quando entrou pela pri-meira vez no da Figueira da Foz.Entrou commedo que lhe pedissema identificação. “Pensava que en-quanto bancário não podia entrarnum casino. Fiz umaaposta na role-ta de 5 contos [hoje €40.15] no nú-mero 21 e ganhei 175 [hoje €1.405].Fiz mais duas ou três jogadas, ga-nhei 200 contos [hoje €1.606] e vie-mos embora.” Regressou no dia se-guinte para perder 1.000 contos[€8.030] na roleta.“Levava 500 [hoje €4.015] e ainda

levantei mais 500 daminha conta àordem. Durante muito tempo acre-ditei que ia dar a volta à situação, sóque o jogo tornou-se um vício, umadoença, adrenalina que já não

anos, o paimorreu pai e ele ficou aviver, emPinhanços, comamãe ecomo irmãomais velho. Quandoterminou o 12º ano, chegou aestu-dar naEscola Superior de Enferma-gem,mas acabaria pormudar parao

Instituto de Gestão Bancária.O esquemade burla foi descoberto

emSetembro de 2003, quando An-tónio Rebelo, inspector do BTA, foialertado pelo departamento comer-cial paraumdepósito suspeito de300mil euros [hoje equivalente a€364.602], efectuado através de umcheque bancário [cheque emitidopelo próprio banco a favor de umterceiro, que obrigaàassinaturadodirector daagência e de um segundoresponsável]. Não eraaprimeira vezque Camilo recorria àquele esque-ma: alegavaque os clientes – amaioria amigos, empresários, co-merciantes da cidade e ex-emigran-tes – queriam resgatar o dinheirodepositado no banco, descontentescomas taxas de juro. Como precisa-vade uma segundaassinatura, apro-veitavaocasiões emque o subgeren-te estavaatarefado para lhe pôr nasmãos umcheque embranco. Depois,preenchia o que faltava: data, valor e

2Presídio Ary Fran-co, um dos maisviolentos do Riode Janeiro. Camiloficou num subter-râneo três anos.Não tinha direito acama

3Em 2007 é extra-ditado e condena-do a 11 anos, cum-priu pena em Vi-seu, de onde saiuem 2011, em liber-dade condicional

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falei, não fiz amigos, estavapéssimo.Depois fui colocado numacela com16 camas para 42 presos: osmais ve-lhos tinhamdireito à cama, os res-tantes ficavamonde conseguiam.Dormíamos por turnos.”Nas primeiras semanas perdeu 20

quilos e chegou a ser sequestradono meio de uma rebelião. “Ondeestá o português?”, gritaram quatromembros da organização criminosaComando Vermelho. “Um cenárioterrível, com colchões a arder nasgalerias, presos de joelhos com ar-mas apontadas, um caos.” Conse-guiu escapar por pouco e ao fim dedois anos foi transferido para umacadeia de segurançamínima. Comofalava bem inglês e francês, assu-miu o “elo de ligação com a direc-ção da cadeia”. Ao fim de poucotempo era ele que “pagava os salá-rios aos estrangeiros, fazia o registoda folga dos guardas”. Dava-se tãobem com o director que no dia dasua extradição ele fez questão de oacompanhar até ao aeroporto.“Pelo caminho parámos para almo-çar numa pizzaria. Quando me en-tregou aos agentes da Interpol, eles

perguntaram porque é que eunão estava algemado.”

Em Portugal, Camilo foicondenado a 11 anos de ca-deia, acusado de 27 crimesde burla qualificada, 29 de

falsificação de documentos e trêsde abuso de confiança. Sem cúmulojurídico, a sua pena ultrapassariaos 100 anos de cadeia. Em Viseufoi ele que geriu o bar da cadeia –“uma gestão séria e responsável”,refere o seu despacho de liberdadecondicional – e o chefe dos guardasainda hoje é visita de sua casa.Resta saber se o futuro não os vol-tará a juntar.W

dispensava. O importante não eraganhar dinheiro, era jogar. Passavaa vida amentir àminha família, in-ventava reuniões de trabalho parapoder jogar. Três meses antes de serdescoberto, pensei várias vezes emsuicidar-me. Comprei um frasco depesticidamas não tive coragem. Emesmo assim o jogo não parava.”

SequestradonaprisãoMal dormia: chegava a casa às 5h,às 8h estava acordado para traba-lhar. “Houve noites em que gasteicerca de 100 mil euros”, revelariaem tribunal. Anos de um segredoque escondeu até da família. “Pre-cisava de pôr um fim a tudo. Nãoqueria ir preso mas não aguentavamais”, conta recordando o dia de19 de Setembro de 2003, em quefoi confrontado pelo inspector dobanco e decidiu contar toda a ver-dade. O cerco fechou-se rapida-mente, com ordens de arresto dopatrimónio que incluía casa, carrose contas bancárias. Na última se-mana de Setembro, prestes a serdetido, desapareceu para o Brasilcom a ajuda de um amigo que o le-vou durante a noite aMadrid. Nodia seguinte, tinha outro à sua es-pera no Rio de Janeiro.Garante que viajou com apenas

500 euros [hoje €607]. Podia ter ca-sado e conquistado a liberdade – talcomo desconfiaram as autoridadesportuguesas –, mas garante que nãoera o seu plano. “Fiz aminha vidanormal, nuncame escondi, traba-lhava num escritório emNova Igua-çu com oficina de reparação e par-que de estacionamento. Ia receber àpolícia os cheques mensais do pa-gamento dos alugueres. Fiz amizadecom os polícias militares e com ochefe da polícia, com quem jogava à

sueca todas as semanas.”Foi por isso que no dia

da suadetenção, emAgosto, quase umano após achegadaao Brasil, o próprio chefe daPolícia Federal deMaricá ficou estu-pefacto ao vê-lo algemado: “Você?”,perguntou. Horas depois, entravanoPresídio Ary Franco, umdosmaisviolentos e sobrelotados do Rio deJaneiro. Ficou na triagemdurantecinco dias, sentado no chão porquenão havia camas. “Fiquei numpavi-lhão com60 presos, todos nus. Mal

Q

NODIAEMQUEFOI EX-TRADITADO,ODIRECTORDACADEIALEVOU-O

AALMOÇARAUMA

PIZZARIA

1Quando saiu em li-berdade condicio-nal, um amigo ofe-receu-lhe empre-go numa bomba.Hoje queixa-se deter sido burlado

2Na casa de Seia –que está à venda –Camilo gostava dereceber amigos.Bebiam bomvinho e jogavamsnooker

PatrimónioCamilo garanteque o dinheirodesviado foi

todo perdido nocasino. Mas oseu patrimóniofoi arrestado:dois carros deluxo, duas casase várias contas

bancárias

JoãoRibeiroCom a mortedo pai, decidiu investir em 2002130mil euros [hoje €163 mil] nasucursal de Londres.

PedroSaraivaAconselhou--se com Camilo Coelho: em 2003investiu 300mil euros [hoje€364 mil] Taxa de juro: 6,75%.

JoséPatrocínioCamilo su-geriu ao amigo investir 150mileuros [hoje €188 mil] na sucursalde Londres, em 2002.

AlbertinoFerrãoCliente dobanco desde 1987, entregou-lhe,em 1997, 75mil euros [hoje €109mil], a cinco anos, à taxa de 9%.

MariaIrene Tinha conta nobanco há 20 anos. Em 1994 foiaconselhada a aplicar 250mileuros [hoje cerca de €400 mil]em obrigações do tesouro.

VítimasdoesquemaObanco ressarciuos 15clientes burladosporCamilo

FOTOSD.R.

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Sociedade

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UMESTUDOINGLÊS

CONCLUIUQUE90%DASAMOSTRASDELEITEESTAVAMCONTAMI-NADAS

RebeccaHudson foi mãe pelaúltima vez emDezembro de2013. Poucos dias depois de

a filha ter nascido, começou a pro-duzir leite amais – a bebé Milly eraprematura e bebia apenas 88 milili-tros por dia. “Já tinha doado ao hos-pital, feito reservas em casa e nãoqueria começar a deitar fora”, reve-lou a britânica de 26 anos, no pro-grama de televisãoThisMorning,exibido na ITV. Através de umapesquisa na Internet, percebeu que,nos Estados Unidos, havia outrasmães a vender o próprio leite emfóruns e sites especializados e deci-diu fazer o mesmo. Actualmentetem oito clientes fixos, cobra 17 eu-ros por garrafa e já ganhoumais de5.000 com o negócio.O comércio onlinedeste produto

está a tornar-se cada vez mais po-pular, sobretudo nos Estados Uni-dos. Na páginaOnly theBreastépossível encontrarmais de 7.300anúncios e comprar 30 mililitros deleite por 2,34 euros. Há ofertas se-melhantes no portal alemãoMut-termilchBöerse. “Já nos apercebe-mos de que em Portugal há trocasde leite através de blogues e redes

sociais, mas nãotemos conheci-mento de um ne-gócio onlinededimensões signifi-cativas”, diz à SÁ-BADO o neonatologistaportuguês Israel Macedo.Amaioria das vendedoras garante

ser saudável e cumprir todos os re-quisitos necessários à preservaçãodo leite. Os especialistas alertam,porém, para os riscos desta práticasem regulamentação. “É um perigopara a saúde dos bebés”, explica omédico. Entre as doenças transmis-síveis por este meio estão o VIH, ahepatite e a sífilis.Um estudo publicado no

BritishMedical Journalanalisou 101 amostrascompradas online e con-cluiu que mais de 90%estavam contaminadas.Outra pesquisa divulga-da na revista científicaPediatricsdetectou ves-tígios de leite de vacaem 10% das embalagensvendidas neste sites.Além das mães que não

conseguem amamen-tar, há doentes comcancro que procuramleite materno para ali-viar os sintomas daquimioterapia, cultu-

ristas que querem forta-lecer os músculos e outros consu-midores com um fetiche por estetipo de alimentos.

ObancoportuguêsPara garantir a qualidade do produ-to e permitir que os bebés mais frá-geis disponham deste alimento, di-versos países criaram nos últimosanos bancos de leite humano. Em

Portugal, existe apenas um, desde2009. Funciona naMaterni-dade Alfredo da Costa, emLisboa, faz a ponte entre asdoadoras e as crianças edestina-se, sobretudo, aprematuros. “Sabemos queeste tipo de leite reduz em20 vezes o risco de os be-bés terem infecções intesti-nais (enterocolite) e em46% o risco de infecção ge-neralizada (sépsis)”, explicao médico Israel Macedo.W

VoluntáriaEm Portugal,para se ser da-dora do bancode leite é preci-so ter um filhocom menosde 4 meses,não fumar,nem tomarmedicação

NEGÓCIO.UMA GARRAFA PODE CUSTAR €17

VENDE-SELEITEHUMANOMães, doentes e atletas. Cadavezmais gente compraeste produtonaInternet,masnemsempre ésaudável. PorAnaCatarinaAndré

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Sociedade

Agora, que António Casali-nho, de apenas 11 anos,ganhou o primeiro lugarna sua categoria no

Youth AmericaGrand Prix, umaes-pécie demundial de dançaparame-nores de 18, todaagente – no lugardaGândarados Olivais, Leiria, e nãosó – lhe dáos parabéns. Mas avidaemPortugal da cubanaAnnarellaSánchez, de 43 anos, nem sempre foitão fácil. Quando chegou, em 1996,pelamão do português que conhe-ceradois anos antes numvoo Cara-cas-Havana, era então bailarinadacompanhianacional de bailado daVenezuela, só lhe apeteceu fugir.Tinha25 anos e, por culpade uma

lesão nas tíbias, a que já tinha sidooperada, aos 22, dançava cadavezmenos. Como não haviaquemensi-nasse ballet, nemnaGândaranemnum raio de dezenas de quilómetros,começou adar aulas. Rapidamentepercebeu que a zonade Leiria, ondenão existia sequer uma loja ondecomprar fatos e sapatilhas, não esta-vaprontaparaa sua revolução.Numdos colégios onde davaaulas,

disseram-lhe umavez que as rapari-gas, por causados exercícios de per-nas abertas, à borboleta, iamperdera virgindade. Noutra ocasião, pediu aumadas alunas que lhe trouxesse oCD coma inscriçãoValsasePolkas.“Não vi nada comvacas e porcas”,explicou amiúdaàprofessora,quando voltou demãos vazias.Nesse dia, Annarella, natural de

Camagüey, a terceira cidademaispopulosade Cuba, chegou a casaachorar: “Estou no fim domundo, nãovou conseguir”, recordaàSÁBADO,19 anos depois. Teve de ter algumjogo de cintura– comomarcar reci-tais de balletcom festas de bifanas e

cerveja no fim; adaptar os clássicos àrealidade local (garante que omusi-calBillyElliot, versão vidreiros daMarinhaGrande, foi um sucesso); eapresentar repertóriosmistos demúsica erudita e popular portuguesa–,mas conseguiu.As aulas que ia dando, em escolas

públicas e privadas, tinham tanto su-cesso (“Comecei com 13 alunos, noano seguinte já tinha 100”) que, em1998, comaajudade Fernando Fer-nandes, o tal português que conhe-ceu no avião e que entretanto se tor-nou seumarido, abriu aAcademiade Ballet e DançaAnnarella. Apesarde hoje já possuir a nacionalidadeportuguesa e de ter tido duas filhas –Margarita, de 10 anos, já dança, Nú-ria, de 8, tambémvai começando atreinar os pliés–, continuaanãocompreender amentalidade e o pro-teccionismo dos pais emPortugal.

Diz que não percebe asmães, quegostam tanto de ver as filhas empon-tas e de tutu que se recusamaaceitarquando as alerta paraa total falta detalento paraadança. E garante que

DISSERAM--LHEQUEASALUNAS, PORCAUSADOSEXERCÍCIOSDE PERNASÀBORBOLETA,IAMPERDERAVIRGIN-DADE

PERFIL.ANNARELLA SANCHEZ, A CUBANA QUE FAZ BAILARINOS DE PRIMEIRA

ELAFAZBILLYELLIOTPorcausado amor, ensinaballethá19 anos. No início foi difícil. Hoje, osmiúdos que treinaestão

Pediu para assistir à aula. An-narella aproveitou e fez-lhe unstestes, para ver se tinha jeitopara o ballet. “Quando vi o que ti-nha à frente ia dandoumgrito”,recorda, 3 anos depois.Ligou ao pai do miú-do: “Preciso de levaro seu filho para a mi-nha academia.” O re-sultado está à vista.

EledançamuitoAntónioCasalinho,de11anos,jáganhouumprémionosEUA

hAntónio Casali-nho, 11 anos,dança desde os 8.Em Abril ganhouo Hope Award,no Youth AmericaGrand Prix

MARISACARDOSO

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ficou chocada comuns pais que, háuns anos, submeteramo filho adoles-cente, pesado demais paraas pirue-tas, a uma lipoaspiração.Também se exasperaquando en-

carregados de educação lhe dizemque duas horas de treino semanaissão suficientes porque as criançasprecisamde tempo parabrincar:“Vejo o que os colegas dasminhas fi-lhas fazemnos tempos livres: vêemTV, vão ao iPad, passamo tempo nosofá. E os resultados académicosnem são assim tão bons. Osmeninosque dançamaqui têm 5 a tudo. Têmavida tão controladaque se organi-zammelhor. Nahoraque têmparaestudar, estudammesmo.”Tanto nos ensinamentos que

passa aos alunos do projecto pré-profissional (que criou há três anospara rapazes e raparigas que quei-ram fazer carreira na dança), como

no ritmo que lhes impõe, Annarellafaz tudo à cubana. “Lá, para teremalguma formação, as pessoas têmde se dedicar de corpo e alma”,justifica.

MétodocubanoFoi assim comela, na escola de dan-çade Camagüey, onde entrou aos 8anos, depois de umaaudição ondeparticiparammil crianças – e foramescolhidas 30. “Entrávamos ao do-mingo, saíamos à sexta. Usávamosuniformes, que vinhamdaUnião So-viética, tínhamos de andar sempreimpecáveis, semumcabelo foradosítio. Era só estudar e trabalhar: nós éque limpávamos os albergues, todasas semanas umaequipa lavavaalouça, todos tínhamos de apanharlaranjas, varrer os papéis do chão emanter as áreas verdes limpas. Nãotínhamos acesso anada, nessa alturaaté as pastilhas elásticas e os refrige-rantes eramproibidos”, descreve.NaGândara, às crianças compo-

tencial, comoAntónio Casalinho, en-sina todos os tipos de dança, seis ve-zes por semana, nomínimo três ho-ras de segundaa sexta, e, aos sába-dos, das 9h às 18h, com intervaloparao almoço. Contrata professoresinternacionais, recebe alunos de in-tercâmbio, arrisca cadavezmais ins-crições em competições: “Quero le-var osmeninos para fora, para seremconhecidos. Se forembons, podemter carreiras quase como as dos jo-gadores de futebol. O VladimirMa-lakhov [considerado em2004 ome-lhor bailarino domundo] ganhaqua-se 45mil euros pormês.”W

SEMLEIRIA

jEm Leiria,Annarela

adaptou váriosclássicos

e juntou reci-tais de balletcom festasda bifana

acausar sensação nomundodo bailado. Por TâniaPereirinha

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Veja as lições deAnnarellaSánchez em sabado.pt

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Os trabalhos matinais nas es-cavações de LiverpoolStreet decorriam normal-

mente quando Nick Elston, de 56anos, responsável pelo projecto ar-queológico nas obras da rede fer-roviária de Londres, se apercebeudo entusiasmo da sua equipa. Aoaproximar-se, um dos arqueólogosmostrou-lhe uma reluzente moedade ouro portuguesa de 400 réis,datada de 1721, gravada com umacoroa e a cruz de Cristo e com ainscrição João V. “Encontraram-nano meio do lixo de uma fossa sépti-ca, juntamente com louças e potesdo mesmo período. Imagino a frus-tração da pessoa que perdeu aque-la grande moeda de ouro”, diz àSÁBADO o arqueólogo inglês doMuseum of London Archeology.No passadomês deMarço, a peça

do reinado de D. João V (1706-1750)foi classificada como “descoberta dasemana” pelaCrossrail, o pro-jecto de expansão de 40 es-tações e 118 kmdavia fer-roviária londrina– amaiorempreitadadaEuropa–,avaliado em20milmilhõesde euros. Porém, não pode

deixar de ser consideradaumades-cobertamenorquando comparadacomos tesouros desenterrados dosubsolo da cidade ao longo daúltimadécada. Escassosmetros abaixo, fo-ramencontradas as ossadas demaisde 2.000 cadáveres sepultados noprimeiro cemitériomunicipal da ca-

AS ESCAVA-ÇÕES TERMI-NAMNO FIMDE SETEM-BRO ENO

FIMDOANOVÃO PARAOMUSEUDELONDRES

pital, conhecido porBethlemouNewChurchyard. Foi a últimamoradadetodos aqueles que entremeados doséculo XVI e início do século XVIIInão tiveram lugar nos túmulos dasparóquias: “Eramdissidentes políti-cos, hereges, loucos, radicais, vítimasde peste e emigrantes”, resumeElston. “A análise dos seus restosmortais vai permitir-nos sabermaissobre apeste bubónica, que nestaépocamatou um terço dapopulaçãoda cidade. Tambémvamos podersaber se já havia emLondres gentedaAméricaou de África, se bebiamou fumavam, e, através daobserva-ção de fracturas ósseas, no que tra-balhavame comomorreram.”

ExposiçãoesteanoComo amaioria dos corpos foramenterrados em valas comuns, ape-nas cinco lápides com nomes inscri-tos foram encontradas. MargaretClark, por exemplo, foi ali sepultadaa 17 de Fevereiro de 1683, com 80anos; sobreviveu àGrande Epidemiade 1665, ao Grande Fogo de 1666,assistiu à introdução do chá e foicontemporânea de Shakespeare,Cromwell e Isaac Newton.Centenas de voluntários –mais

uma equipa de 60 arqueólogos lide-rada por Jay Carver – trabalham seisdias por semana e foram destacadospara investigar nos arquivos a quempodem pertencer aqueles ossos:Nick Culpeper, um célebre botânicoperseguido pelo clero e o idolatradorevolucionário Freeborn John estãoentre eles. As escavações terminamem Setembro e estima-se que já nofim de 2015 todos os achados pos-sam ser apreciados numaexposiçãonoMuseu de Londres.W

OTESOURODEBAIXODELONDRES

REINOUNIDO.O MAIOR DESAFIO ARQUEOLÓGICO EUROPEU

Umaequipade60arqueólogos trabalhaseisdiasporsemanaaanalisarosmaisde2milcadáveresdescobertosnasobrasdometro. Ehámoedasportuguesas. PorTiagoCarrasco

Emcontra-relógioJayCarver lideraaequipadearqueólogos

MoedavenezianaEstá perfuradapara ser usadacomo jóia. É doséc. XVI. Entreas moedas háuma portugue-sa, vestígio dastransacções demercadoriastrazidas de

África e da Ásia

jNa escavaçãodescobriram 2

mil cadáveres eapenas cinco

lápides com no-mes. Um deles

era de MargaretClark, que

morreu com80 anos

h2018 é oano em que onovo troço daferrovia seráinaugurado

10mil peças foram encontradase vão para oMuseudeLondres

Otesouromais antigo éum âmbar [resina fóssil]com 55 milhões de anos

40locais de escavação com10 mil trabalhadores

Estacasde uma passadeira demadeira, da Idade do Bronze,uma das descobertas mais im-portantes, segundo JayCarver

Sociedade

FOTOSREUTERS

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“ASaúdeédemasiadopolitizada”

Comoépossível terumsistemanacionaldesaúdesustentável?Háumagrande pressão sobre os sis-temas nacionais de saúde e a solu-ção deve ser procuradaamontante.As pessoas com65 anos viverão emmédiamais 15 anos, e em 10 dessesanos terão uma saúdemuito frágil.Mas isso não acontece em todos ospaíses. NaNoruega, por exemplo,desses 15 anos de reforma, os idosospassamapenas 1 ou 2 anos com saú-de frágil. A grande questão é reduzira quantidade de tempo emque aspessoas estão comdoenças graves. Achave são as políticas de prevenção.Quantodinheirosepodepouparcomosprogramasdeprevenção?Alémde se poupar dinheiro, tambémse fazemas pessoasmais felizes. Sóo tratamento dadiabetes custa cercade 1% do produto interno bruto. To-dos os anos cercade 70mil pessoassão diagnosticadas comdiabetes emPortugal, e comprogramas de pre-venção estima-se que esse númerochegasse aapenas 50mil.Comofuncionamosprogramas?É simples. No caso dadiabetes, sãoidentificadas as pessoas em risco dedesenvolver adoença. Chamam-sedoentes pré-diabéticos. Isso é fácilde detectar comanálises de rotina.Nas consultas é possível aconselharessas pessoas a fazerempequenasalterações no seu estilo de vida, maisexercício físico, umadietamais equi-libradaemotivação. Comestasme-didas simples é possível evitar quasemetade dos casos de diabetes.Nasuaopinião,queserviçosde-vemserprivatizadosnosistemanacionaldesaúde?A saúde é demasiado politizada. NoReino Unido avisão é pragmática.Desde que se cumpramalguns re-quisitos é possível contratar serviçosprivados para fazer tarefas do siste-

farmacêuticasdeformaabaixarospreçosdosmedicamentos?Isso parece-me demasiado burocrá-tico. Nãome choca que os paísesnegoceiem individualmente, desdeque os preços sejam equivalentes.Juntar todos parece-me confuso.Masopreçonãoseriamaisbaixosehouvesseumanegociaçãoco-mumcomasfarmacêuticas?Não creio. A negociação comumpode ser eficaz nos casos de apare-lhos electrónicos, por exemplo.Tambémneste caso acho que ades-centralização émelhor.Muitasassociaçõesdedoentesexi-gemteracessoanovosmedica-mentos logoquechegamaomer-cado.Comosedeveagir?NoReino Unido, não é o governoque tomaessas decisões. Háumaor-ganização independente que avalia erecomendaonde e como osmedica-mentos podem ser eficazes, compa-rando comoutros já existentes. Deveusar-se essametodologia sempre.Masosgovernosmuitasvezesce-demàpressãodaopiniãopública,mesmoqueosmedicamentossóprolonguemavidamaisalgunsmeses, porexemplo…Sim, é verdade. Mas aquestão é defi-nir as regras. No Reino Unido defi-niu-se como deve ser feito o trata-mento de casais inférteis, com fertili-zação invitro. Os pacientes podemter três ciclos de tratamento finan-ciados pelo sistemapúblico. Maisque isso não. As regras estão bemes-tabelecidas àpartida.Osgastoscomasaúdevãoserra-cionados?A facturadas farmacêuticas é enor-me, por isso é preciso usar o dinheirode forma sensata. Convémdiscutirmuito bem comosmédicos e comasassociações de doentes antes de to-mardecisões.W

mapúblico. Nãome chocaque umhospital público tenhagestão priva-dadesde quemantenhaumbomdiálogo comos restantes serviços.Quaisforamoserrosdegestãonasaúdepúblicacometidospelogo-vernodeDavidCameron?Tentaram centralizar a gestão doserviço nacional de saúde. Mas o quese deve fazer é darmais autonomiaaos hospitais. A grande questão, tan-to em Inglaterra como aqui emPor-tugal, é a prevenção. Quando se de-sinveste emprogramas de preven-ção os custos da saúde tendemaau-mentar. Devíamos estarmais foca-dos nos cuidados de saúde primáriose naprevenção. É isso que eu vou di-zer ao novo Governo de David Ca-meron, já napróxima semanaquan-dome reunir comele.OsdiversospaísesdaUniãoEuro-peiadeviamaliar-separanego-ciaremblococomascompanhias

“Aspessoascom65anosviverãomais15, eem10dessesterãoumasaúdefrágil.Aquestãoéreduziraquantidadedetempo

emqueestãocomdoenças

graves”

F

Obarãoque liderouo sistemanacional de saúdenosgovernosdeTonyBlairesteveno2º Congressodo InternatoMédicoJosédeMello Saúde, emVilaFrancadeXira. Por Luís Silvestre

NIGELCRISP

jNigel Crisp, foto-

grafado no Hospi-tal de Vila Francade Xira, é barão emembro da Câma-ra dos Lordes do

Reino Unido

MARISACARDOSO

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Família

LivroDifícilÉPariraMãe

AutorSofia AnjosEditoraClube do Autor

Ando a dormir com umDILF e não sabia.” Aafirmação é de Sofia An-jos, 40 anos, que depois

de muitas noites mal dormidasdescobriu que existia uma novacategoria de pais. Passamos a ex-plicar o que é um DILF. A sigla in-glesa corresponde à expressãocruaDad I’d Like to Fuck (pai quegostava de levar para a cama) e éo masculino de MILF –MotherI’dLike to Fuck (mãe que gostava delevar para a cama). Sofia explicamelhor este conceito à SÁBADO:“São pais sexy e giros – por exem-plo, um pai careca mais gordinhonão é um DILF.” A publicitária ecronista do Público acaba de lan-çar um livro sobre a maternidade:Difícil éPariraMãe.Mais umaajuda para entender o

conceito com exemplos perfeitos:Ryan Gosling, o actor deDrive, o ex--futebolistaDavid Beckham ouMatthewMcConaughey, protagonistadeOClubedeDallas, que ganhou oÓscar em 2014. “Todas as mulheresreparam neles, sejammães ou não,casadas, solteiras, até avós.” SofiaAnjos acrescenta: “Existe umapáginado Instagram com fotos destes pais,

defende que os homens sabemdisso. E aproveitam-se desseconhecimento.A investigação liderada por Alicia

Cast acompanhou, durante doisanos, homens com e sem filhos. Osque tiveram crianças confessaramsentirem-se mais atraentes do que

DILFS ofDisneyland. Muitos têmbarbas trendyou tatuagens, vestem--se de formamoderna, desportiva oucuidada. ‘Os DILFS são os príncipesdas mamãs’, como escrevi.”A psicóloga e especialista em te-

rapia familiar Susana Gonçalves dizque este fascínio por homens comfilhos pode ser uma evolução ge-nética. “Antes era suficiente que ospais conseguissem sustentar os fi-lhos; hoje isso claramente já não ésuficiente.” Os pais são chamados aestarmais presentes, a educarmastambém a brincar, diz a especialis-ta. Sofia Anjos concorda: “As mu-lheres exigem que os homens se-jam pais ideais. Se antes diziam ‘omeu marido não faz nada’ em tomde brincadeira– e não era supostoele fazermesmo nada–, hoje que-rem-nos a preencher todos os re-quisitos.” Que é como quem diz:atraentes, bem-dispostos, bonsamantes e paizinhos amorosos.Não é de estranhar que os DILFS

tenham direito a um capítulo no li-vro. “O lado carinhoso com os fi-lhos dá-lhes aquela pitada de sen-sualidade extra”, explica a cronis-ta. Um estudo da Universidadeda Califórnia – Santa Barbara

TODAS ASMULHERESREPARAMNOSDILFS,TENHAMFILHOSOUNÃO,

CASADAS OUSOLTEIRAS,ATÉ AS AVÓS

TENDÊNCIA.FENÓMENO COMEÇOU COM AS MILF

...que tambémsabe tomarcontados filhos e serbomamante.Temosaquiumamãequeexplicatudo. PorMariaEspíritoSanto

Mãepuxa-saco está sem-pre impecável, sem bolçados,é uma enciclopédia debebés e dá dicas sobre osfilhos alheios

Speeddatingdemamãssão encontros para arranjara mãe-amiga ideal. A autorainscreveu-se num site americano

Maribundo é o homem quenasce quando chega um filho.O papá perde identidade e in-timidade com a mulher, passaa motorista e moço de recados

DicionárioAautoratraz conceitos úteisparaanovavidacomfilhos

SABEOQUEÉUMDILF?UMPAIAPETITOSO...

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os outros. Até o marido da investi-gadora contribuiu: “Ele contou-meque quando andava na rua com onosso filho ao colo, ainda bebé, ou-viamuitos elogios e sentia-se maisobservado”, disse Alicia Cast aoHuffingtonPost.

PaishámuitosA psicóloga Bárbara Ramos Dias dizque os DILFS são uma grande ajudapara as novas mães. “Se o pai estámais atento, se participa, existemais espaço para amulher e para ocasal. As coisas começam a corrermesmomal quando ela já não con-segue cuidar de si, sentir-se femini-na. Nessa altura, entra num proces-so de desvalorização.” E o homem,muitas vezes, foge disso.Sofia Anjos conhece bem o pe-

ríodo conturbado que acompanhaos primeiros meses do bebé. “Operíodo pós-nascimento é poucosexy: as mães têmmaminhas deleite, tornozelos inchados e os paisostentam grandes olheiras. Aquelecorpinho de fantasma permanecedurante uns meses até que um diarejuvenescemos. Percebemos queo homem ali ao lado já não é ape-nas o marido e o pai da criança,

mas alguémmuito atraente.”A publicitária começou com estes

desabafos quando estava de licen-ça de maternidade em casa, coma filha Laura, de três meses. Aprimeira crónica não foi sobrepais, mas como SerMãeÉaTropadasMulheres. “Calhou partilharcom uma amiga jornalista quegostou e pediu autorização parapublicar. Em poucas horas tevevárias partilhas.”Sofia admite que a sua escrita não

é clássica. Além de falar – muito –sobre as dificuldades de qualquermãe, utiliza um humor disruptivo eácido que não agrada a todos. Eclassifica o desempenho dos pais:“Existe o pai-obstáculo, aquele quesó atrapalha, que vai mudar acriançamas deixa a fralda no chãoe as toalhitas espalhadas; o pai--banana, que faz tudo o que amãemanda– e as mães, nesta altura,conseguem sermuito poderosas. Eo indomesticável, que não sabe cui-dar de uma casa, de uma criança oudele próprio sozinho. Este é oexemplarmais difícil: A vida do-méstica não lhes corre nas veias.”W

ComJoanaCarvalhoFernandes

O PAI--OBSTÁCULOÉ AQUELE

QUEATRAPALHA,VAI MUDARACRIANÇA

MAS AFRALDAFICANO CHÃO

Láemcasatudobem

ODulceGarciaSubdirectora

Dias Loureiroe os pobrezinhos

–Éincrívelacambadadeinve-jososqueexistenestepaís.–Hum???– Nos Estados Unidos as pessoasadmiram os que vêm de baixo esobemapulso, querem ser comoeles. Aqui, ninguém pode sair dacêpa torta.–Oquê?– Parece que não se pode sonhar,terambições,chegaraondeosnos-sosavósnuncachegaram.– ???– Preconceituosos. Lá porque omeu avó era sapateiro não querdizerque eu não queiraestudareenriquecere...– Enriquecer e estudar são pala-vras que não casammuito bem...–Como se só os filhos de boas fa-mílias, os betos, os queques e osafilhados deste e daquele pudes-semocuparcertos lugares e vivercomconforto.–Queresexplicar-medequeéqueestásafalar,please?– Dos elogios do Passos CoelhoaoDias Loureiro. Umhomemqueveio do povo, que chegaaminis-tro e depois a empresário tem deserumgatuno, claro.– ...–Revolta-me isto, pá. Enestas al-turas, os do PCP, os do Bloco eaquela dos Verdes, que não melembroonome,ninguémsechegaàfrenteparadefenderasminorias.–Quaisminorias?–Os pobres.– Estás em Portugal! Nem os po-bres são minoria, nem o DiasLoureiro é pobre. Alémdisso, pa-rece que ele esteve envolvido nocaso BPN. Vê se acordas, pá.W

69.116leitores

da primeira cró-nica, SerMãe Éa Tropa das

Mulheres, sobreo quotidianocaótico deuma mãe

gNo parque ondecostumava brin-car em criançaainda não havia asdiversões onde foifotografada. SofiaAnjos tem 40 anos

RAQUELWISE

80

Desporto

Se o exame de Português lhecorrerbem, Filipe Cardoso,de 20 anos, vai sero 10º jo-gadordaequipade futsal do

Sp. Bragaachegaràuniversidade. “Aprovaé só em Junho,mas já comeceiapegarnos livros de Fernando Pes-soae n’OsLusíadas”, contao guarda-redes, que esteve umano afastado daescola. “Osmeus colegas pressiona-ram-me paraacabaro 12º e até seofereceramparamedarexplicações.”Umdos “professores” seráNilson,

de 20 anos, que está a fazer omes-trado emEconomiaMonetárianaUniversidade doMinho. “Ele sómeajudapara eu ser amigo dele, coita-do, não temninguémaqui na cida-de”, brincaFilipe, conhecido porXot– “é umaalcunhaantiga, aminha fa-mília era conhecidapelos Xotas”.Nilson é de Lisboaemudou-se

paraBragaesta época. “EstavanaPortela, na II Divisão. Como aquiposso estudar e aomesmo tempo jo-gar aomais alto nível, nemhesitei.”Apenas comdois profissionais, os

brasileiros Paulinho e Ciro, a equipade futsal do Sp. Braga foi a grandesurpresada fase regular do campeo-nato da I Divisão. Ficou em2º (atrásdo Benfica e à frente do Sporting) eestá adisputar o play-offcontraoBurinhosa (perdeu 4-3 no primeirojogo) – os outros confrontos sãoBenfica-Leões de Porto Salvo, Spor-ting-Modicus e Olivais-Fundão. En-tre os 16 elementos do plantel, cincosão estudantes universitários, quatrojá acabaramos seus cursos e doisvão tentar entrar nauniversidade.A ligação entre o Sp. Bragae aUni-

versidade doMinho começou em2007, como explicaàSÁBADO o

presidente daassociação académica,Carlos Videira. “Nesse ano, o Sp. Bra-gadesceu à II Divisão e houve apos-sibilidade de acabar comamodali-dade. Alguns jogadores forampedirajudae fez-se esta parceria, juntan-do aequipado clube e adauniversi-dade, que sempre teve bons desem-penhos nos campeonatos universitá-rios”. AUniversidade doMinho foicinco vezes campeãnacional nos úl-timos seis anos e ficou em2º lugarnos europeus de 2010 e 2012.O treinadordo Sp. Braga/AAUM,

Paulo Tavares, tambémorientaaequipauniversitária e aproveitaasprovas paraobservaroutros jogado-res. André Coelho, de 21 anos, revela-ção do campeonato naúltimaépoca,chegou aBragadepois de se destacarnaequipado Instituto Politécnico deViseu. No 2º ano de EngenhariaCivilnaUniversidade doMinho, contaqueamudança foi complicada: “Nãomeaceitaram todas as equivalências etive de repetir algumas disciplinas.”O guarda-redes (e advogado) Antó-

nio Peixoto, de 38 anos, estáno clubedesde os 16 e garante que não hádes-culpas parao insucesso, até porqueos jogadores universitários e os diri-

gentes, todos já formados, estão dis-poníveis paraajudarosmais novos.“Já conseguimos convencer três ou

quatro a voltar a estudar. O últimofoi o Mariatti, o guarda-redes dos ju-niores. E sempre que vamos apre-sentar o projecto às escolas da zonafrisamos que é perfeitamente possí-vel conciliar os estudos como des-

FUTSAL.PARCERIA ENTRE SP. BRAGA E UNIVERSIDADE DO MINHO COM ÓPTIMOS RESULTADOS

UMAEQUIPADEDOUT

5títulos

A equipa defutsal da Univer-sidade do Minhosagrou-se cam-peã universitáriaa 23 de Abril – éo 5.º título emseis anos. Temquatro atletasdo Sp. Braga(Nilson, A. Coe-lho, Luís Paulo eRui Carvalho)

Entre os 16 elementosdoplantel, cinco são estudantesuniversitários equatro jáacabaramos cursos.

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AntónioPeixoto (Pli), 38anosNo Sp. Braga desde os 16 anos,

demorou oito para concluir Direito

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LuísPaulo, 20anosÉ de Fafe e chegou ao Sp. Braga estaépoca. Está no 3.º ano de Bioquímica

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Otreinador Paulo Tavaresfala da hipótese de o Sp. Bragaser campeão: “É um sonho, masnão é impossível. Só que lutarportítulosexigeumaorgani-zaçãomuitoforte, e nós somoscompletamente amadores. Te-mos muitos constrangimentos,uns jogadores estudam, outrostrabalham. Por exemplo, seum aluno tiver um exa-me e não puder vir aotreino, paciência, damosprioridade ao exame.”

Épossívelsercampeão?O2º lugarconseguido estaépocaéomelhorde sempre

porto”, diz, apontando o seu caso.“Comecei porandaremGestão de

Empresas e depoismudei paraDirei-to, naPortucalense, no Porto. Não fizo curso todo certinho,mas comem-penho e organização consegue-se.Somos amadores, só temos treinosde 2ª a5ª, das 20h às 21h30,masmesmo os profissionais de futebol

têmmuito tempo livre. Veja-se oexemplo do Tarantini, do Rio Ave,que acabou omestrado [emOutu-bro] com 18 valores”, contao advo-gado, conhecido porPli – “foi umaalcunhaherdadadomeumelhoramigo de infância e hoje até aminhafilhadiz que eu sou o papáPli”.O futsal do Sp. Braga/AAUM tem

umorçamento anual de 200mil eu-ros, sendo 100mil conseguidos juntodas empresas da região. AUniversi-dade doMinho cede o pavilhão e dáalgumas contrapartidas aos jogado-res/estudantes: ficam isentos de pa-gar propinas e têmalojamento e ali-mentação gratuitos. “Tambématri-buímos prémiosmonetários a todosos campeões nacionais universitárioscombomdesempenho. Nos últimosdois anos foram 100, emváriasmo-dalidades”, diz Carlos Videira.

Apostarnosmiúdosde15anosPaulo Tavares estáno Sp. Bragahátrês anos, depois de já terpassadoporclubes comoMiramar,ModicusouCSKAMoscovo. “Estoumuito

contente comeste projecto. Somoscompetitivos e tambémestamosafor-marhomens”, diz. Já conseguiu um5ºlugar, um3º e agoraum2º. E sercampeão? “É complicado. O Benficae o Sporting têmoutras condições,são equipas 100%profissionais.”O treinadordestacaaapostana ju-

ventude. O clube temquatro escalõesde formação, a começarnos benja-mins (8 anos) e a terminarnos junio-res (19 anos). No total, são 100miú-dos. “Estamos sempre atentos aosvalores que aparecemnas selecçõesde sub-15, sub-16 e sub-17”, diz Pau-lo Tavares, salientando o caso de Jo-nas, de 15 anos. “Já estáa treinar con-nosco e vai integraros sub-20. E,paraapróximaépoca, já chegámos aacordo comummiúdo de 15 anos, deAveiro. É bomaluno, vai ficar a jogarlána suazona, numaequipadanos-sa confiança, e dentro de dois anos,quando estivernaalturade entrarnauniversidade, pode vir paraBraga.”W

ORESEENGENHEIROSMesmo assim, terminaramo campeonato no 2º lugar, à frente do Sporting. Por CarlosTorres

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Nilson, 20anosÉ de Lisboa e foi para Braga fazer omestrado em Economia Monetária

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AndréCoelho, 21anosJogador-revelação da última época,está no 2.º ano de Engenharia Civil

gA equipa do Sp.Braga/AAUM. Emcima, da esq.ª paraa dir.ª: Tiago Brito,Paulo Tavares(treinador), VítorHugo, André Ma-chado, Miguel Al-meida, Paulinho,Xot, Fábio Cecílio,Nilson e David Lo-pes. Em baixo: Pli,Amílcar, AndréCoelho, Luís Paulo,Ciro e Jonas

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OSALUNOSQUE JOGAM

NOSP.BRAGANÃOPAGAMPRO-PINASETÊMALOJAMENTOGRATUITO

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Crónica

Osnativos, emcativeirodesdeOutubro, irãousufruirdetodososminutosdepraiaquelhessãodevidos.Todasasdesculpassãoválidasparapassarmosomínimodetemponosnossosapartamentosaindamaismínimos

LONGEDATERRA

ser a sua aura simbólica que lhe dásuperpoderes e nos deixa abancarondequisermos, semquevenhade láaguardaaosberros adizer–aandar,a andar, não queremos cá ajunta-mentos! Aguardadailhadeve teran-dadonaescolacomaguardadaterra,visto que partilham as mesmas em-birraçõese faltademaneiras.No entanto, se um ilhéu ou até

mesmo um alien decidir bloquear avia pública para se sentar com osamigos a intoxicar-se ao ar livre en-quanto admira uma árvore ou ape-nas quem passa, ninguém o mandalevantarbarraca.O lençol azul é todo-poderoso, res-

peitado comoumpedaçodo chãodanossacasa, logo, ai dequemseatrevaa andar calçado em cima dele. É tãograve como andar de sapatos emcima do tatâmi onde dormimos, co-memos, ondenos tentamos reprodu-zir semsucesso.A sua forma quadrada é perfeita

para que se possam juntarmais len-çóis azuis ou verdes e assim fazer afesta maior. Em dias de celebraçãomesmo rija nas inúmeras freguesiasda cidade, os nativos convidam osamigos, vizinhos eparentesnãomui-to distantes para trazerem o farnelaté um ponto impossível de definirou encontrar, perdido no meio damultidão emfúria, e aos poucos lá sevão juntando, comendo mais e be-bendomais e mais ainda. Sem se le-vantarem dos lençóis azuis, os nati-vos conseguem passar horas de có-coras até caíremparao ladodevidoà

Omarfoioficialmente aberto nomêspassado. As sardinhas de norte a sulforammolestadasporbandosdenati-vosemdelírio.Nospróximos seisme-ses não terão descanso. Se quiseremnadar a salvo têm de o fazer emmaralto. Os nativos, em cativeiro desdeOutubro passado, irão usufruir de to-dos os minutos de praia que lhes sãodevidos. Até chegar o frio, todas asdesculpas sãoválidasparapassarmosomínimode tempopossível nos nos-sos apartamentos ainda mais míni-mos,ondedasalaconseguimosabrirofrigoríficoeacama.Na praia, no campo, no parque, na

praceta ou até mesmo no meio dopasseio, qualquercantinhodisponívelpodeseroficialmenteconfiscadoparaseapreciarobomtempo,desdequesetenhaumlençolazul, comoapelidadopelos nativos. O lençol azul é umdoispordois de serapilheiraplástica rascaquesevendeemtodasas lojasdecon-veniência.Ousejaemcadaesquina.E, apesar do seu preço simbólico,

cadavez que saio de casaao fim-de--semana semomesmo namochila aminha senhora faz questão de retor-naro caminhopor inteiro para levar-mos o lençol azul. Diz que vamos termuitas ocasiões para comprarmosmuitos mais lençóis azuis durante atemporadaenãoquerfacilitar.O len-çol azul tem outra variante que é olençol verde. Um deve representarumpedaçodocéueooutroumpeda-çode terra.Melhor,umpedaçoderel-vado. São os dois um poema. E deve

O lençol azulC

carência de sangue no álcool. Inde-pendentementedaprofissão, escalãode IRSoupaís inscrito nopassaporte,o lençol azul dá-nos poderes. Liber-ta-nos das nossas frustrações e per-mite-nos intoxicar ao ar livre comaqueles que nos são mais queridos,conhecidos e desconhecidos. Com opassar das horas e o avolumar doslençóis uns colados aos outros, atira-mo-nos paraomeio do chãoouparaas vizinhasdo lençol do lado.Pornorma, comoalienque sounão

devia andar nestas andança. Mas aminhasantamoçanãomedeixaficarparatrás commedoquepegue fogoàcasa, oupasseodiaadeambularpeloprimeiro andar de pijama, prontoparamedeitar.Os lençóis juntos e alinhados for-

mam um mar relvado infinito quepercorre as ruas da ilha e nos deixapernoitar enrolados nos mesmos,nos casos em que já não consegui-mos colocarumpé à frente do outrosem cair, e muito menos apanhar oansiado último comboio com todosos outros foliões.Em casosmais únicos, o lençol azul

também é utilizado para reuniões detrabalhoaoarlivre,eéopalcopreferi-do das seitas alternativas que prome-tem isto, aquilo e aqueloutro, e paranão falhar oferecem uma hora dassuas preces, de olhos fechados emsi-multâneo de forma a criar uma cor-rente de positividade que mude omundo,decimadeumlençolazul.W

https://instagram.com/p/2gSFLogw_a

Escritor

RicardoAdolfo

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Enviado

Especial

RuiHortelãoemVeneza

Rastas no cabelo, fato azul,com calçapor cimadotornozelo e sapatos semmeias. Os preparativos

paraaBienal de Arte de Venezades-te ano não se ficarampelo trabalhoque aplicou nas três obras que trou-xe, nempelo traje de festa que pre-parou. Délio Jasse fez tambémcartões-de-visita, daqueles que comos avanços tecnológicos têm caídoemdesusomas que continuama serobjecto central naquele que é umdosmais importantes eventos dearte contemporâneadomundo. Re-tira cadaumdeles comumcuidadocirúrgico de quem se sentemais àvontade amexer namáquina foto-gráficado que no porta-cartões pra-teado. O destinatário deste é particu-larmente importante, trata-se de umdos especialistas que aTateModern,de Londres, seleccionou para levar aVeneza este ano. Não visitam todosos pavilhões, mas depois da con-quista do Leão de Ouro em2013, naprimeira presençaoficial do país

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Q

jJoão Louroapresenta as suasobras a JorgeBarreto Xavier,secretário deEstado da Cultura,e a António Mexia,CEO da EDP

Viagemaos 120 anosdaBienal deArtemaisimportantedaEuropa. Umamostraemquecabemcigarros, burcas e jardinsdoparaíso

o

TodososFuturosdoMundoemVeneza

Artes

DEPOIS DACONQUISTADO LEÃODEOURO EM2013, O

[PAVILHÃO]DE ANGOLAÉ PONTODEPARAGEMOBRIGA-TÓRIA

JOÃO

MIRANDA

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Artes

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nesta exposição, o de Angola éponto de paragem obrigatório.Kerryn Greenberg é curadora dearte internacional da Tate Moderne é ela que conduz o grupo. Acaboude chegar e anda com amala atrás.Conhece bem o trabalho de Antó-nio Ole, aqui com a dupla funçãode comissário da representação deAngola e de artista. “Gosto muitoda obra dele e do que já vi aqui. Aedição a seguir a uma vitória ésempre difícil. As expectativas sãoenormes e é quase impossível ga-nhar duas vezes consecutivas. Masé muito positivo ver que Angolacontinua o bom trabalho, porexemplo, gostei muito do vídeo doBinelde Hyrcan.”

PássarosecadeirasAministra daCultura, RosaCruz eSilva, foi a grande dinamizadoradesta participação, mas navésperadabienal viu-se impedidade viajarparaVeneza. Fez, no entanto, ques-tão de acompanhar tudo àdistância,inclusive, através de transmissões devídeo em streaminge emoutrasimagens que iam sendo enviadasparaLuanda.Binelde Hyrcan é o artista que um

dia construiu uma cadeira pretacom 2,2 metros de altura, proposita-damente colocada em frente ao edi-fício daAdministração da Ilha deLuanda, onde é comumosmuitospássaros que frequentam o local li-bertarem os seus dejectos. A seguirsentou-se nela durante nove horas.Nesse dia, grande parte dos pássarosacabou em cimade Binelde e da suaobra. Na bienal de Venezamantémumamensagem forte, desta vez so-bre o que é ser criança emAngola,um vídeo que recriamemórias deinfância, protagonizado por quatromeninos de rua– Dudu, Samuel,Candinho e Ivânio –, ensaiados du-rante seis meses. A obra tem o apoioda Fundação SindikaDokolo e nosdias que antecederam aaberturaoficial da bienal foi das quemaisagradou aos visitantes do pavilhãode Angola. Maria del Corral – co-di-rectora artística daBienal de 2005,antiga directora do Museu Reina So-fia e nesta edição curadora do Pavi-lhão de Portugal, da autoria de JoãoLouro – concorda. “Já vi várias

EDP, mecenas desta participaçãoportuguesa, foi modernamenteadaptada para receber os vídeosque fazem o resumo do que temsido o trabalho da empresa na áreadas artes. À entrada podem ler-seos nomes de alguns dos mais con-sagrados artistas portugueses queproduziram obras com o apoio daEDP. Uma lista que, de nomes tãofortes, chega amotivar comentáriosbem-humorados sobre se não ofus-carão João Louro. Mas não há esserisco, o mecenas – representado nainauguração do Pavilhão de Portu-gal pelo CEO, António Mexia – es-colheu uma localização discreta eLouro não é propriamente desco-nhecido em Itália, particularmenteemVeneza. A Fundação Cini já oexpôs e, segundo um seu represen-tante garantiu a Jorge Barreto Xa-vier, secretário de Estado da Cultu-ra, ele próprio tem sido um divulga-dor da obra de João Louro.Segue-se um convite para visitar a

instituição sediadana ilhade SanGiorgioMaggiore. Barreto Xavieraceita, apesar do “muito trabalhoque trouxe de Lisboa” e que temdefazer apartir de Veneza. Nadaque oimpeçaaindade, namanhã seguinte,visitar o Pavilhão de Angola. Gostado que vê e não é o único, a equipa

obras de videoarte desde que che-guei, mas este trabalho é omelhoraté agora”, comentou a especialistaquando visitou o Pavilhão de Ango-la. O de Portugal ficamesmo emfrente, no Palazzo Loredan. As obrasde João Louro ocupam seis salas doprimeiro andar do edifício, numconjunto de trabalhos que preten-dem contrariar a hiper-realidadeactual, falando “sobre o invisível”.Se a conjugação entre as salas do

palácio renascentista e as obras fo-ram um elogio comum, no piso tér-reo, a sala dedicada à Fundação

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1Délio Jasseconversa sobreuma das suasobras com KerrynGreenberg,curadora da TateModern

2Julião Sarmento ePaulo Cunha e Sil-va (à esq.ª) estive-ram na inaugura-ção do Pavilhãode Portugal emVeneza

3Joana Vasconce-los é a primeira ar-tista portuguesa ater um pavilhãonos Giardinni, oespaço principalda Bienal de Artede Veneza

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ASOBRAS DEJOÃO LOUROOCUPAMSEIS SALAS

DOPRIMEIROANDARDOEDIFÍCIO

JOÃO

MIRANDA

DR

FOTOSHUGOSALVATERRA

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daCâmaraMunicipal do Porto, lide-radapelo vereadorPaulo CunhaeSilva, tambéme atémanifestou inte-resse emacolher a exposição. A con-firmar-se, será o regresso daarte an-golanaao Porto, depois damostraYouLoveMe, YouLoveMeNot.

JoanaVasconcelosnosGiardiniJoanaVasconcelosmarcapresençaemambas as inaugurações. É aquinta vez que vemàBienal e, ape-sar do grande o impactomediáticoque o seu cacilheiro teve naúltimaedição, em 2013, garante àSÁBADOque “este está a ser omelhor ano”. Adiferença reside, acimade tudo, nofacto de ter umpavilhão exclusivonos Jardins daBienal –mandadosconstruir porNapoleão Bonapartesão o principal espaço do evento eonde estão concentradas as repre-sentaçõesmais relevantes damostra.É aprimeira vez que umartista por-tuguês assinaumpavilhão neste lo-cal e, se isso por si só é garantia demaior visibilidade, o de JoanaVas-concelos conta comum factor extrade atracção: ser o pavilhão daSwatch, umdos principais patroci-nadores desta 56ª edição dabienal,paraquemaartista criou um relógioa ser lançado embreve.Se o centro dabienal é um jardim,JoanaVasconcelos criou o seu, oGiardinodell’Eden. O aspectometa-lizado da coberturado edifício e doflyerque é entregue aos visitantes àentrada contrasta como breu emque semergulha logo que as cortinasnegras se fecham. Umanave total-mente às escuras, onde centenas deflores de todas as cores brilhameprojectamuma luz suave, suficiente

para conduzir os visitantes pelo cir-cuito labiríntico até à saída.Numaépoca em que a imprensa

vive uma crise sem precedentes, oartista espanhol Francesc Ruiz sur-preende quem visita o Pavilhão deEspanha com dois quiosques à esca-la real, sobre a “manipulação infor-mativa” dos nossos dias. Já o daGrã-Bretanha, integralmente pinta-do de amarelo-ovo, foi dos quemais reacções suscitou no segundodia de pré-abertura da bienal de Ve-neza. Na linha da sua obra, a artistaSarah Lucas espalhou pelas váriassalas instalações de réplicas da parteinferior do corpo humano, apoiadasem electrodomésticos usados e comum cigarro no ânus.À Bienal de Veneza vai quem é

4(Da esq.ª para adir.ª) Hugo Salva-terra, artista; Eurí-dice Barros, direc-tora do gabineteda ministra daCultura de Angola;António Sampaio,adido de imprensaem Roma; e RitaGT, comissáriada exposição deAngola

5Os artistas do Pa-vilhão de Angola:António Ole, DélioJasse, BineldeHyrcan, Nelo Tei-xeira e FranciscoVidal (ao fundo)

6Amulher da burcafluorescente, daautoria do artistaitaliano MarcoBiagini, que nãofoi convidado masfez questão deestar presente

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JOANAVASCONCE-LOS TEMUMPAVILHÃOEXCLUSIVO

NOSJARDINS DA

BIENAL

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DR

convidado oficialmente, quem, semo ser, consegue financiamento paraexpor num local paralelo ou quem,como o artista italiano Marco Biagi-ni, mesmo sem convite aproveitapara apresentar o seu trabalho. “Nãofui convidadomas decidi vir. Nãopodia ficar em casa e deixar passaresta oportunidade”, explica à SÁBA-DO, diante dos portões do Jardim daBienal, onde instalou amulher deburca fluorescente.Lideradapela primeira vez por um

africano – o nigeriano Okwui Enwe-zor–, a edição dos 120 anos daBie-nal de Arte de Veneza conta com 136artistas, oriundos de 53 países. É de-les a responsabilidademaior de darsentido ao título damostradesteano:TodososFuturosdoMundo.W

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OfotógrafoHassePerssonacabade lançarumlivrocomas imagensmais inusitadasque feznadiscotecaobrigatóriadeNovaIorquenosanos 70. Por SóniaBento

Afila para entrar no Stu-dio 54 chegava a ultra-passar os 300 metros,mas havia quem tivesse

acesso privilegiado e sem restri-ções à mais famosa discoteca deNova Iorque. Era o caso de HassePersson que, com a sua câmara,passou lá a maior parte das noites,entre 1977 e 1980. Dentro do len-dário clube, que durou apenas 33intensos meses, o fotógrafo suecofez milhares de fotos de gente fa-mosa, agora publicadas em livro.

Truquespara conseguirentrarQuase 40 anos depois, estas ima-gens mostram o ambiente únicoque se vivia na mítica discoteca,onde se misturavam celebridades,estrelas da música e deHollywood, políticos, milionáriose travestis. AndyWarhol, um dosclientes mais frequentes, costu-mava dizer que havia cinco tru-ques para conseguir “furar” a filada porta do Studio 4: usar perfumeHalston ou ir acompanhado pelopróprio Halston, o designerdemoda americano mais famoso dadécada de 70; chegar muito tardeou muito cedo; aparecer de limu-sina ou de helicóptero; não levarnenhuma peça de roupa em po-liéster; e, acima de tudo, “nuncamencionar o meu nome”.Fundada por dois jovens em-

presários, Steve Rubell e IanSchrager, o Studio 54, situado no

número 254 da West 54th Street,em Manhattan, abriu a 26 deAbril de 1977, no auge do discosound. Para a inauguração foramconvidadas cinco mil celebrida-des, entre as quais Mick e BiancaJagger, Liza Minnelli, Jerry Hall eos recém-casados Donald e Iva-na Trump. A lotação não iaalém das mil pessoas e a mul-tidão que se juntou à porta foium fenómeno nunca visto.Frank Sinatra, Cher e Warren

Beatty não conseguiram passar,embora tivessem convites perso-nalizados. E todas as noites era

o

As noites

loucas

do Studio

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Social

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1Truman Capote,com DD Ryan, edi-tora da Harper’sBazaar, e BobColacello

2A festa temáticaLago dos Cisnes,em 1978

Osueco Hasse Persson,que era na época fotógrafodo jornal Expressen, tinhauma espécie de vida duplaem Nova Iorque. De diacobria os acontecimentospolíticos e seguia a agendada Casa Branca durantea presidência de JimmyCarter. De noite, Persson, hojecom 72 anos, ia para a disco-teca Studio 54, ondepartilhava a pista comAndy Warhol, BiancaJagger, Diana Rossentre outras celebri-dades, enquanto asfotografava.

Persson:avidaduplaOfotógrafodoExpresseneopaparazzodoStudio 54

LivroStudio54

AutorHasse PerssonEditoraMax Strom

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casa de banho mais próxima –“tudo era feito com decoro e ele-gância, atraindo olhares só depassagem ou sorrisos invejosos.Mas se alguém se envolvesse àpancada, nunca mais lá entrava”,lembra Hasse Persson.O fotógrafo, que agora dirige o

museu Strandverket no seu paísnatal, diz que quem mais o atraíaeram as personagens inusitadas,como Victor Hugo, o namoradode Halston, que chegava semprede ambulância e era levado demaca até à pista. Outra figura eraDisco Sally, uma senhora de idadecom uns óculos enormes, que eraa mascote da discoteca, e queacabou por morrer lá, depois deuma última tirada: “Continuem adançar.” Persson, que confessa terresistido às tentações e consegui-do manter-se sóbrio para que assuas fotos saíssem bem, conta:“Reinava um caos controlado. Eraesse o espírito do Studio 54.”

Dapista para a prisãoO enorme sucesso da discoteca –que, como alguém disse, nasceudepois da pílula, antes da sida edurante a permissividade do usoda cocaína – foi a causa da suaqueda. Em 1978, Steve Rubell re-velou numa entrevista que o seunegócio era tão rentável que só amáfia facturava mais do que ele.Essa declaração valeu-lhe umainesperada inspecção fiscal, que

encontrou milhões de dólaresnão declarados, em sacos deplástico. Condenado a três anosde cadeia, organizou a últimafesta a 4 de Fevereiro de 1980.Diana Ross, Richard Gere, JackNicholson e Sylvester Stalloneestiveram lá. Rubell saiu dali paraa prisão, de mala e chapéu defeltro, a cantarMyWay, de FrankSinatra. Viria a morrer de sida,em 1989.Com outra gerência, o Studio 54

reabriu em Setembro de 1981,com uma guest listque incluíanomes como Andy Warhol, CalvinKlein, Cary Grant, Lauren Hutton,Gloria Vanderbilt, Mark Gasti-neau, Gina Lollobrigida e BrookeShields. Mas o espírito já não erao mesmo. W

HAVIAQUEMCHEGASSEAO STUDIO54 DE AMBU-

LÂNCIAE FOSSELEVADODEMACA

ATÉ ÀPISTAassim: centenas de pessoas fa-ziam fila à espera que Rubell, quedesde o início assumiu a funçãode porteiro, lhes fizesse sinalpara avançar.Persson revela que a selecção de

Rubell tinha em conta uma equa-ção: 20 por cento de gays, cinco a10 por cento de lésbicas e traves-tis, e o restante eram celebridadesde todas as áreas, milionários egente com estilo. O fotógrafo cir-culava entre eles e era raro pedi-rem-lhe que não lhes apontasse acâmara. “Só se não estivessemcom bom aspecto ou em compa-nhia adequada”, conta.

Sexona varandaAmúsica foi outro factor funda-mental para o êxito do Studio 54,que contratou os melhores DJsnova-iorquinos. IFeel Love e HotStuff, de Donna Summer, IWillSurvive, de Gloria Gaynor, ouStayin’Alive, dos Bee Gees, eramos temas mais tocados.O Studio 54 não tinha zona VIP,

nem seguranças, e toda a gente semisturava na pista, onde se podiaver Michael Jackson a fazer o seumoonwalk e a dançar com BiancaJagger ou Diana Ross, CalvinKlein e Brooke Shields a beija-rem-se na cabina do DJ, e TrumanCapote, de óculos escuros, numcanto a observar. A droga circula-va naturalmente e o sexo era pra-ticado apenas na varanda ou na

3A festa do 30.ºaniversário deBianca Jaggerteve cavalos bran-cos e topless

4Halston, AndyWarhol e BiancaJagger, em 1977

jWarhol, SteveRubell e CalvinKlein a beijar

Brooke Shields,na cabina do DJ

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FOTOSHASSEPERSSON

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2 de junho

Casino do Estoril, Lisboa

3 de junho

Casa da Música, Porto

Oferta de 1 bilhete para os concertos:

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“LideicomoanalfabetoJoséSara-mago, o analfabeto José CardosoPires, o analfabeto Urbano TavaresRodrigues, oanalfabetoSttauMontei-ro...”–sãopalavrascarregadasde iro-nia do escritor e jornalista FernandoDacosta, numapassagemdagrandeeimperdível entrevista que deu, hádias, a Lúcia Crespo e Fernando So-bral, paraoNegócios.Reli, a propósito, outra entrevista

sua, de 1989 e assinada por CristinaArvelos, publicadanaÉlan, e lá pudereencontrar o mesmo discurso fron-tal, comumsentidocáusticoedemo-lidor que caracteriza fielmente a so-ciedadeportuguesa–adehá26anoscomoadehoje.Não tenho, no jornalismo e na vida,

muitas referências, sou mais um co-leccionadordedecepções.Mas recor-darei sempre osmeus primeiros pas-sos no Diário de Lisboa, no início dadécada de 70, porque lidei com aspersonalidades que Dacosta citou ecom outras, que marcaram a minhacarreira e me traçaram o futuro. Fo-ramtemposduros,poisaexigênciaeraabsoluta, a falta de rigor pagava-se, amínimaquebradadeontologiasignifi-cava amarginalização, o desrespeitopela verdade levava à porta da rua.BemsublinhaDacosta: haviajornalis-mo,nãocomunicaçãosocial.Comoqualquerredacçãodaépoca,a

doDLpareciaummanicómio:osmaisvelhos geriam o caos e osmais novoseramnáufragoscompedrasnospés.Esó nãome afoguei porque o subchefederedacçãoFernandoDacosta, imuneamaniaseperseguições,meconduziu– e aoutros analfabetos, estes reais –nasuajangadadecompetência,escola,exemploerespeitopelaspessoas.Esteéomomento:obrigado,Fernando.W

AminhavidacomeçoucomDacosta

Jornalista

AlexandrePaiswww.alexandrepais.pt

C

Parecequefoiontem

“Porvezes, as pessoasnãoqueremouviraverdadeporquenãodesejamqueas suas ilusões sejamdestruídas” – FriedrichNietzsche,filósofo alemão, 1844-1900

gDacosta deu há dias, ao

Negócios, uma entrevistamarcada, como sempre, pela

frontalidade e pela lucidez

gEm 1987, junto à Torre deBelém, Fernando Dacosta

foi fotografado, para a Élan,por Carlos Gil

gNuma foto de casamento,

em 1973, Dacosta (à dir.) es-conde-se atrás da jornalista

Fernanda Mestrinho

Frasesde2015 Somos negrei-ros, exploradores de carne branca,que é o que andamos a fazer há sé-culos; a gente só sabe é dizer mal,dizer bem só se for de futebol; o jor-nalismo desapareceu, inventaramuma coisa que se chama comunica-ção social; dizia-me o Salazar: o queme irrita nos seus amigos da oposi-ção é a demagogia. Andam a pro-meter às pessoas uma vida melhormas nós não podemos viver acimadas nossas possibilidades

Frasesde1989Os jovens têmsido miseravelmente enganados pe-los governos, que lhes prometemtudo nas campanhas eleitorais; asmulheres que estão no poder sãoimpressionantes, todas elas imitamhomens; o jornalista já não é aqueledesgraçadinho que se compravacom um almoço, o preço subiu; ocavaquismo tanto existe à direitacomo à esquerda (...), ele traduziu amentalidade que progrediu e se ins-talou entre nós

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Ler entrevista completa emwww.alexandrepais.pt

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9 Abril – Minho e Trás-os-Montes16 Abril – Porto e Aveiro23 Abril – Beira Interior30 Abril – Coimbra, Leiria e Vale do Tejo7 Maio – Lisboa e Setúbal14 Maio – Alentejo21 Maio – Algarve e Ilhas

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14 MAIO 2015

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e “hotel”. Mas, de tão óbvios, conve-nientesebaratos,agraçaperde-se.

Dias10e11,SantaBárbaraaSanJose.Os americanos constroem estradascom sete faixas para cada sentido eadquirem carros com 300 cv de po-tência. De seguida, conduzem dentrode limitesdevelocidadedeterminadospor lei e apropriados a coches do séc.XIX. Se quiseremdescobriro que estámal nos EUA, não procurem emWallStreet, na tensão racial ou nos efeitosda“bolha” imobiliária:procuremaqui.

Dias12e13,SãoFrancisco. Por umamisturadeconveniência,ecumenismoe acaso, fiquei instalado no simpáticoCastroDistrict,azonaquetransformouacidadenumabandeiradomovimen-to gay. Por falar nisso, não faltam portodaaparte bandeiras gaye, natural-mente,gays.Tambémnãofaltamrefe-rênciasàcausa:nãohácafé,restauran-te ou, digamos, dependênciabancáriasempainéis, fotografiasefrescosalusi-vos à atracção entre pessoas domes-mogénero.Passeoexibicionismo,per-cebe-se a evocação. Percebe-se me-nos que, pelomenos napadaria ondetomei duas vezes o pequeno-almoço,um pequeno grupo de nostálgicos daluta pelos direitos civis, sujeitos demeia-idade ou de idade inteira, pas-sasseosdiasadebaterseriamenteain-tegração da sua particular minoria,aliás maioritária. Por um lado, a inte-gração dos homossexuais em SãoFrancisco é hoje tema tão pertinente

quanto a integração dos norueguesesnaNoruega.Poroutro,háalgumacoisade contraditório em reivindicarem aassimilaçãoe,emnomedeumorgulhodúbio, segregarem-secomzelo.

Dias 14 e 15, Nova Iorque. Antiga-mente, regressava de cada viagem àAméricacomduasmalas cheias comdezenas de livros, discos e DVDs.Desta vez, trouxemeiadúzia. Há trêsanos que nem ponho os pés naStrand, a melhor livraria do mundo.De que adianta enganar-me? GraçasàInternet, ouporculpadaInternet, asaquisições em viagem dos produtoscitados tornaram-se uma inconve-niênciaescusada. Aexcepção é aco-mida, visto que a Internet ainda nãopermite encomendar lagostadoMai-neapartirdosofádecasa.E sepermi-te, adigestãonãoseráamelhor.

Dia16,Porto.Éummistério recorren-te.Os voosdoPorto paraNewarkvãorepletos de turistas, pessoas relativa-mente jovens e de classe média. Osvoos de regresso quase só trazemve-lhinhos, emigrantesnosEUAoufami-liares de emigrantes. Uma ocasião,contei 27 passageiros em cadeira derodas. Desta vez foram apenas unsoito. Onde vão parar os sujeitos quepartemdePortugal? ComochegaramaosEUAossujeitosquevêmparaPor-tugal? Será responsabilidade do dr.Passos Coelho?Dosmercados usurá-rios? Das alterações climáticas? Al-guémterádeexplicaristo.W

Dias8 e9, LosAngeles. Viajar pelaAmérica de carro e pernoitar em ho-téis maiores do que dois estádios defutebol é umadelícia. As soluções sãoduas, e ambas óptimas: a primeira éestacionarnohotele sóporissopagarpordiao equivalente ao saláriomen-salmédiodaVenezuela, foraassuces-sivas gorjetas ao valetque nos tomacontadoveículo.Asegundaéestacio-narnagaragempúblicaadjacente,queno caso do Loews de Hollywood émaiordoquecincoestádiosdefutebole obrigou-meaelaborarumportfóliofotográfico da localização do SUV–emesmo assim só o voltei a encontrarcomaajudade um solícito funcioná-rio. Claroque existemosmotéis, neo-logismo criado em 1925 por um cali-fornianoapartirdaspalavras “motor”

O

ObomLendasdagastronomiaOs americanos só se alimentamde tacos, hambúrgueres e piz-zas? Claro que sim, principalmen-te os americanos imaginadospela cabeça dos portuguesesque nunca foram à América. Nãoconheço país com tantas opçõesculinárias, no preço e na qualida-de. Mas também é verdade quenão conheço os países todos. Épossível que o Usbequistão, porexemplo, seja um primor à mesa.Portugal, apesar dosmitos emcontrário, raramente o é. Melhorpara a dieta.

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OmauLar,absurdolarUma pessoa sai de Portugal por15 dias, percorre 25mil quilóme-tros por ar e terra e, mal aterra noaeroporto Sá Carneiro e entra notáxi, ouve na rádio a notícia deque a Grécia está aqui está a ficarsem euros e sem o euro, maçadaque um comentador indígenaatribui à insensibilidade europeia.Viajar podemudar a nossa cabe-ça, mas nãomuda omundo emredor dela. Deve ser a isto que sechama o conforto do lar.

O

OvilãoFugaparaaderrotaUma associação dedicada aoshomossexuais e “transgénero”, aILGA-Europa, constata com ligei-ra preocupação e alguma sober-ba que Portugal desceu noranking dos direitos dos homos-sexuais e “transgénero”. Este ti-que também acontece nas asso-ciações que, por exemplo, com-batem a pobreza ou o desempre-go: todas se promovem atravésda constatação dos seus pró-prios falhanços. E o pior é quefunciona – pior para os beneficiá-rios do “activismo”, claro.

Opinião

Éummistériorecorrente.OsvoosdoPortoparaNewarkvãorepletosde turistas, pessoasrelativamente jovensedeclassemédia.Osvoosderegressoquasesótrazemvelhinhos, emigrantesnosEUAoufamiliaresdeemigrantes

JUÍZOFINAL

Diário deviagem (II)

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Sociólogo

AlbertoGonçalves

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“N o dia 5 de julho de 1963 parti rumo

a Luanda. Foi uma viagem fantástica,

como nunca tinha feito até então. Passados

todos estes anos, ainda continuo a dizer

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