SÁ, E. F. i SOUZA, E. J. A escolarização de jovens e adultos em MT (1872-1927).pdf

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Educação e Fronteiras On-Line, Dourados/MS, v.2, n.4, p.97-109, jan/abr. 2012 97 A ESCOLARIZAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS EM MA- TO GROSSO (1872-1927) School education of young people and adults in Mato Grosso (1872-1927) La escolarización de jóvenes y adultos en Mato Grosso (1872-1927) Elizabeth Figueiredo de Sá Emerson José de Souza RESUMO: A educação de jovens e adultos, excluídos do ensino primário ofere- cido no período diurno, foi alvo de preocupação das províncias desde o Ato Adi- cional de 1834 que estabeleceu que o governo do império ficasse responsável pela organização do ensino superior e da educação elementar e secundária apenas no município da corte, cabendo as províncias organizarem o ensino elementar e secundário pelos seus respectivos governos. Desde então, muitas dessas províncias chegaram a instituir escolas noturnas no período, preocupando-se com a população adulta analfabeta. O presente artigo pretende revisitar o percurso da escolarização de jovens e adultos em Mato Grosso, utilizando, para isso, pesquisas já produzidas sobre a temática, relatórios de presidentes da província de Mato Grosso e de presi- dentes do Estado, relatórios da Diretoria da Instrução Pública, bem como os regula- mentos da instrução pública primária. A delimitação temporal deve-se a promul- gação do Ato Adicional em 1872, quando é criada a primeira escola noturna no Estado, até 1927, quando a modalidade da escola noturna é inserida no Regula- mento da Instrução Pública promulgado nesse ano. Palavras-chave: educação de jovens e adultos; história da educação; educação mato-grossense . ABSTRACT: The education of young people and adults, excluded from primary education offered during the day, concerned provinces since the Additional Act of 1834. It established the government of the empire would remain responsible for the organization of higher education and elementary and secondary education only county court, leaving the provinces to organize the elementary and secondary education by their respective governments. Since then, many of these provinces established night schools during the period, caring for the illiterate adult population. This article intends to revisit the route of school education of young people and adults in Mato Grosso, based on researches produced on the subject, Pós-Doutora pela Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo. Doutora em Educação pela Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo. Mestre em Educação pela Universidade Federal de Mato Grosso. Professora Adjunta do Instituto de Educação da Universidade Estadual de Mato Grosso. Contato: [email protected] Mestre em Educação pela Universidade Federal de Mato Grosso. Professor da Prefeitura Municipal de Várzea Grande Mato Grosso. Contato: [email protected]

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    A ESCOLARIZAO DE JOVENS E ADULTOS EM MA-

    TO GROSSO (1872-1927)

    School education of young people and adults in Mato Grosso (1872-1927)

    La escolarizacin de jvenes y adultos en Mato Grosso (1872-1927)

    Elizabeth Figueiredo de S

    Emerson Jos de Souza

    RESUMO: A educao de jovens e adultos, excludos do ensino primrio ofere-

    cido no perodo diurno, foi alvo de preocupao das provncias desde o Ato Adi-

    cional de 1834 que estabeleceu que o governo do imprio ficasse responsvel pela

    organizao do ensino superior e da educao elementar e secundria apenas no

    municpio da corte, cabendo as provncias organizarem o ensino elementar e

    secundrio pelos seus respectivos governos. Desde ento, muitas dessas provncias

    chegaram a instituir escolas noturnas no perodo, preocupando-se com a populao

    adulta analfabeta. O presente artigo pretende revisitar o percurso da escolarizao

    de jovens e adultos em Mato Grosso, utilizando, para isso, pesquisas j produzidas

    sobre a temtica, relatrios de presidentes da provncia de Mato Grosso e de presi-

    dentes do Estado, relatrios da Diretoria da Instruo Pblica, bem como os regula-

    mentos da instruo pblica primria. A delimitao temporal deve-se a promul-

    gao do Ato Adicional em 1872, quando criada a primeira escola noturna no

    Estado, at 1927, quando a modalidade da escola noturna inserida no Regula-

    mento da Instruo Pblica promulgado nesse ano.

    Palavras-chave: educao de jovens e adultos; histria da educao; educao

    mato-grossense

    .

    ABSTRACT: The education of young people and adults, excluded from primary

    education offered during the day, concerned provinces since the Additional Act of

    1834. It established the government of the empire would remain responsible for the

    organization of higher education and elementary and secondary education only

    county court, leaving the provinces to organize the elementary and secondary

    education by their respective governments. Since then, many of these provinces

    established night schools during the period, caring for the illiterate adult

    population. This article intends to revisit the route of school education of young

    people and adults in Mato Grosso, based on researches produced on the subject,

    Ps-Doutora pela Faculdade de Educao da Universidade de So Paulo. Doutora em Educao pela

    Faculdade de Educao da Universidade de So Paulo. Mestre em Educao pela Universidade

    Federal de Mato Grosso. Professora Adjunta do Instituto de Educao da Universidade Estadual de

    Mato Grosso. Contato: [email protected] Mestre em Educao pela Universidade Federal de Mato Grosso. Professor da Prefeitura Municipal

    de Vrzea Grande Mato Grosso. Contato: [email protected]

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    reports of presidents of Mato Grosso and president of the State, reports of the

    Direction of Public Instruction, and the Regulations of the elementary public

    education. The delimitation of time due to the promulgation of the Additional Act

    in 1872, when it created the first night school in the state until 1927, when the

    mode of night school is inserted in the Regulation of Public Instruction issued this

    year.

    Keywords: young people and adult education; history of education; education

    Mato Grosso.

    RESUMEN: La educacin de jvenes y adultos, excluidos de la enseanza

    primaria ofrecida en el perodo diurno, fue objeto de preocupacin de las

    provincias desde el Acto Adicional de 1834 que estableci que el gobierno del

    imperio fuera responsable por la organizacin de la enseanza superior y de la

    educacin elementar y secundaria solamente en el municipio de la corte,

    competiendo a las provincias organizar la enseanza elementar y la enseanza

    secundaria por sus respectivos gobiernos. Desde entonces, muchas de esas

    provincias llegaron a crear escuelas nocturnas, preocupndose con la poblacin

    adulta analfabeta. El presente artculo pretende revisitar el recorrido de la

    escolarizacin de jvenes y adultos en Mato Grosso, utilizando para eso, pesquisas

    ya producidas acerca de la temtica, informes de presidentes de la provincia de

    Mato Grosso y de presidentes del Estado, informes de la Direccin de la

    Instruccin Pblica, as como los reglamentos da instruccin pblica primaria. La

    delimitacin temporal se debe a la promulgacin del Acto Adicional en 1872,

    cuando es creada la primera escuela nocturna en el Estado, hasta 1927, cuando la

    modalidad de escuela nocturna es inserida en el Reglamento de la Instruccin

    Pblica promulgada en ese ao.

    Palabras Clave: educacin de jvenes y adultos; historia de la educacin;

    educacin mato-grossense

    INTRODUO

    No perodo imperial, mais especificamente em 1834, atravs do Ato

    Adicional, estabeleceu-se que o governo do Imprio ficaria responsvel pela

    organizao do ensino superior e da educao elementar e secundria apenas

    no municpio da corte; cabendo as provncias organizarem o ensino

    elementar e secundrio pelos seus respectivos governos o que, segundo Castanha (1999), possibilitou aos dirigentes locais ampliarem seus poderes e, a partir destes, construir e difundir suas aspiraes de sociedade.

    O autor aponta para uma importante discusso em torno da influ-

    ncia das medidas descentralizadoras desencadeadas pelo Ato Adicional,

    destacando os historiadores que se posicionam na defesa da idia de que a

    descentralizao ocasionou o fracasso geral da instruo elementar no pero-

    do imperial e aqueles que apontam para uma organizao da instruo

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    influenciada pela Provncia Fluminense. Castanha posiciona-se no segundo

    grupo, afirmando que:

    De fato, a Provncia Fluminense cumpriu o papel de centro

    criador e difusor de um consistente projeto de sociedade e

    Estado, no qual a instruo pblica cumpria um papel

    fundamental. No caso de Mato Grosso, as influncias da

    Provncia Fluminense foram muito fortes, no s no campo

    educacional, mas tambm no que se refere construo do

    poder da autoridade. (CASTANHA, 1999, p. 58).

    At o final do Imprio, possvel perceber um desenvolvimento bas-

    tante diversificado da instruo no que tange a comparao entre as pro-

    vncias. Muitas delas chegaram a instituir escolas noturnas no perodo, preo-

    cupando-se assim com a populao adulta analfabeta. De acordo com Bei-

    siegel:

    Encontram-se referncias ao ensino de adolescentes e adultos

    esparsos ao longo de toda a legislao escolar do Imprio, das

    Provncias e, mais tarde, dos Estados. O projeto Ferreira

    Frana, j em 1830, propunha a criao de escolas de artes para todas as crianas acima de sete anos de idade e estendia as

    possibilidades de matrcula tambm aos maiores que

    desejassem freqent-las. Aps o Ato Adicional de 1834, na

    medida em que as Provncias ensaiavam a organizao de seus

    sistemas escolares nos nveis primrio e secundrio, aparecem tambm em algumas delas, as primeiras iniciativas

    de educao elementar para adolescentes e adultos.

    (BEISIEGEL, 2004, p.71).

    As Assemblias Provinciais tornam-se palco de acaloradas discus-

    ses sobre a poltica de instruo para adolescentes e adultos, enfocando os

    processos de insero das chamadas camadas inferiores, envolvendo mulhe-

    res, homens livres pobres, negros livres. Quanto ao objetivo do processo de

    alfabetizao, parece se acentuar nesse momento a concepo do analfabeto

    como ignorante e incapaz, concepo essa que ultrapassa os limites do

    Imprio, perdurando at boa parte do sculo XX.

    De acordo com Soares e Galvo (2005), um importante momento da

    discusso do final do sculo XIX o decreto n 3029, de 09 de janeiro de

    1881, que teve como redator final Rui Barbosa, e que ficou mais conhecido

    como Lei Saraiva, uma homenagem a Jos Antonio Saraiva, ministro do

    Imprio.

    O referido decreto estabelece pela primeira vez restries ao voto

    dos analfabetos. Isso insere novos elementos na discusso, pois at ento, o

    direito ao voto estava ligado a questes de natureza econmica e social, mas

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    no especificamente ao grau de instruo do eleitor, o que colocava em

    dvida a capacidade de discernimento do analfabeto. Conforme Cury:

    O indivduo, sujeito dos direitos civis, s se torna titular de

    direitos polticos se, motu proprio, buscasse escola pblica

    estadual at mesmo para se alfabetizar e ento usufruir o direito

    do voto. Nessa perspectiva, o direito do voto se convertia em

    direito para os alfabetizados e em atrao para a escolarizao

    primria. A extenso facultativa do voto aos analfabetos s se

    dar com a Constituio de 1988. (CURY, 2007, p. 573).

    Assim, o analfabetismo comeou a ganhar ares de vergonha nacio-

    nal. A educao nesse sentido passou a ter objetivos claros; no na formao

    do ser humano, em sua insero enquanto ser social provido de direitos, mas

    na inculcao de novas atitudes e valores como a elegncia, os bons costu-

    mes, o patriotismo, a civilidade, dando visibilidade a modernidade preten-

    dida pelo Estado.

    Uma reflexo mais profunda desse processo permite deduzir que o

    objetivo maior a formao de indivduos cumpridores de seus deveres,

    principalmente aqueles dispostos no discurso modernizador dos republi-

    canos; indivduos com a tarefa indeclinvel de colaborar para com o Estado.

    Durante a Repblica Velha a educao continuou a cargo dos esta-

    dos, que, atravs de seus governantes, incluam a educao como propulsora

    das transformaes impostas pelo novo modelo poltico.

    Com a grande distncia entre o discurso e as condies necessrias

    sua aplicabilidade prtica, no foram muitos os avanos nesse perodo e, as-

    sim, muitas experincias do final do Imprio acabaram abandonadas.

    O presente artigo pretende revisitar o percurso da escolarizao de

    jovens e adultos em Mato Grosso, utilizando, para isso, pesquisas j pro-

    duzidas sobre a temtica, relatrios de presidentes da provncia de Mato

    Grosso e de presidentes do Estado, relatrios da Diretoria da Instruo

    Pblica, bem como os regulamentos da instruo pblica primria.

    A delimitao temporal deve-se a promulgao do Ato Adicional em

    1872, quando criada a primeira escola noturna no Estado, at 1927, quan-

    do a modalidade da escola noturna inserida no Regulamento da Instruo

    Pblica promulgado nesse ano.

    A CRIAO DA ESCOLA NOTURNA EM MATO GROSSO

    Em Mato Grosso, as primeiras iniciativas voltadas para a educao

    de jovens e adultos aconteceram durante o Imprio, amparadas pelo Ato

    Adicional que deu autonomia aos estados para a administrao de sua res-

    pectiva educao, conforme citado anteriormente. Assim, segundo Siqueira

    e S:

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    Na Reforma Cardoso Jnior (1872) foi proposta a criao de

    um curso noturno na Parquia da S, porm, a partir do

    estmulo e solicitao do inspetor geral do perodo, Jos Dinis

    Vilas Boas, e reforada pelo seu sucessor, Pe. Ernesto Camilo

    Barreto resolveu-se pela criao, quase simultnea, de outro,

    instalado tambm na capital e localizado no distrito de So

    Gonalo de Pedro II. (SIQUEIRA; S, 1999, p. 145).

    Mato Grosso, assim como outras provncias do Imprio, procurou

    implantar uma modalidade de educao voltada para a populao adulta em

    um momento que o analfabetismo comeava a ser discutido com mais vee-

    mncia. O Presidente da Provncia de Mato Grosso, Francisco Jos Cardoso

    Jnior, discorrendo sobre os pontos bsicos do Regulamento de 17 de se-

    tembro de 1872 e a situao geral da Instruo Pblica de Mato Grosso,

    pontuou a criao do curso noturno estabelecendo as matrias e os regentes

    para as respectivas cadeiras:

    [...] onde se leccione as seguintes materias: Grammatica

    portugueza, Latim, Francez, Arithmetica, Algebra, Geographia

    e Histria. E para reger a primeira cadeira noma ao Conego

    Cura, Joo Leocdio da Rocha, para reger a segunda ao

    Conego Jos Joaquim dos Santos Ferreira, para reger a terceira,

    ao professor Joaquim Jos Rodrigues Calho, para reger a

    quinta ao cidado Joo Emiliano Peixoto do Amarante e para

    reger a sexta ao Dr. Dormevil Jos dos Santos Malhado.

    (CARDOSO JNIOR, 1872. p.61).

    Destaca-se em seu relato o entusiasmo com o referido curso, deixan-

    do transparecer a apropriao dos iderios que circulavam pelas provncias,

    que colocavam a preocupao com a instruo pblica, como referncia de

    governos bem sucedidos; bem como conclamavam os responsveis pela

    instruo a assumirem as novas idias:

    [...] Espera o Presidente da Provncia que os Cidados

    nomeados comprehendendo o elevado alcance de uma ida

    hoje to generalizada e abraada em todos os paizes em que a

    instruco da mocidade preoccupa a atteno dos poderes

    publicos e dos espritos sinceramente devotados ao bem da

    humanidade, acceitaro o importante encargo, a nobre tarefa

    que lhes confiada, prestando-se gratuitamente e

    generosamente ao estabelecimento do curso nocturno, at que o

    corpo legislativo em sua prxima sesso tome na devida

    considerao o pensamento que fica consignado, e que de

    suppor no ser utopia nesta parte do Imperio. (CARDOSO

    JNIOR, 1872, p. 61).

    Na mesma oportunidade, o Presidente da Provncia afirmou ter enca-

    minhado um ofcio a diversas pessoas, que embora no citadas nos permite

    deduzir, serem pessoas influentes, capazes de contribuir com tal empre-

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    endimento; conclamando-as a colaborarem com essa iniciativa, reafirmando

    a necessidade de participao de todos para que o curso tenha resultados

    positivos:

    Encarecidamente peo a sua valiosissima cooperao para o

    bom resultado de uma tentativa que, bem comprehendida,

    muito aproveitar ao desenvolvimento moral desta Provincia.

    Facilitar por todos os modos possveis a instruco da

    mocidade uma das grandes, uma das mais instantes, das

    mais urgentes necessidades desta Provincia. V. S. compreende

    isto perfeitamente e pela parte que lhe toca, estou convencido,

    no deixar de contribuir para o fim nico que levo em mira no

    passo que venho a dar. Ainda uma vez, para o curso nocturno

    invoco a coadjuvao de V. S. em nome da gerao que se

    prepara para o futuro, em nome do progresso, e em nome da

    felicidade desta Provincia, que lhe fao semelhante pedido.

    (CARDOSO JNIOR, 1872, p. 63).

    Apesar da grande vontade do governo de implantar um curso no-

    turno, as tentativas de sua instalao no foram bem sucedidas, o que levou

    o governo a reavaliar as conseqncias de sua falncia. O Inspetor Geral dos

    Estudos, Cnego Joo Leocdio da Rocha, em seu relatrio enviado ao Pre-

    sidente da Provncia, aponta a falta de freqncia dos alunos, como principal

    fator:

    Foro creados nesta Capital e na freguesia de Pedro 2, por essa

    Presidencia, Cursos Nocturnos, composto cada um delles das cadeiras constantes do quadro numero quatro. O da Capital foi

    installado na noite de 12 de outubro do anno passado, e o da

    freguesia de Pedro 2 pouco tempo depois.Uma instituio

    desta ordem, hoje adoptada quasi universalmente, e que tantas

    vantagens poderia trazer, se fosse bem comprehendida e

    devidamente abraada pelo povo, no produziu o resultado, que

    era de se esperar.[...] Estes alumnos, que, sem receio de errar,

    pode-se dizer que o freqentaro mais por novidade do que

    levados por um sincero desejo de se instruir foram diariamente

    decrescendo em numero, e hoje j nenhum se apresenta. A

    cadeira de frances chegou a contar cerca de 12 alumnos,

    achando-se hoje sem um se quer. As demais cadeiras nunca

    chegaro a funccionar por no apparecer alumno algum.

    (ROCHA, 1873).

    No mesmo ano, o Presidente da Provncia, Jos de Miranda Reis, ex-

    pressa Assemblia Legislativa Provincial de Mato Grosso, em 3 de maio,

    sua indignao com as dificuldades enfrentadas pelo curso noturno:

    Sinto profundamente ter de annunciar-vos que to til

    instituio no calou ainda no esprito da nossa populao. A

    brilhante iniciativa que teve no corresponde certamente hoje o

    abandono em que a vimos. A iniciativa do Governo

    grandemente auxiliada pelos esforos de muitos cidados teria

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    sido improfcua? Certamente que no. sempre depois das

    mais renhidas lutas e dos mais encarniados combates que se

    alcanam as mais estrondosas victrias; apoz muito trabalhar

    que se consegue realizar as idas as mais proveitosas: a

    semente foi lanada sobre a terra, h de medrar forosamente;

    assim confiemos ns a reg-la com os nossos esforos.

    Somente ainda hoje freqentado por seis alumnos o curso de

    grammatica portugueza da freguesia de Pedro II; quanto basta

    para trazer sempre presente memria do povo esta ida em

    seo prprio proveito realizado. A verba decretada para

    gratificao dos professores do curso nocturno ficou intacta;

    nenhum dos professores a reclamou; este facto falla bem alto

    em elogio daquelle que sem mira no interesse, se presto a

    diffundir as suas luzes intellectuaes pelos seos concidados!

    Esta to til quam proveitosa instituio quasi

    exclusivamente destinada aos adultos que vivem custa do seo

    trabalho manual durante o dia. E durante as horas da noite que

    elles podem entregar-se ao estudo sem sacrifcio do seo

    indispensvel trabalho. So muito poucos os homens que

    nestas penosas circunstncias, se querem dedicar ao estudo das lngoas estrangeiras e das sciencias; portanto, julgo menos

    necessrias, por em quanto, as cadeiras creadas de Latim,

    Francez, Geographia e Historia annexas a estes cursos; e a

    experiencia de seis mezes tem mostrado que absolutamente

    ningum as tem procurado. Sou de parecer que devemos por

    ora, em relao a estes cursos, nos limitar sustentao das

    cadeiras de grammatica da lngua portugueza e a creao de

    aulas de primeiras letras, cujo conhecimento mais

    particularmente importa a esta classe de homens. A verba

    votada para gratificao dos professores daquellas diversas cadeiras seria mais utilmente empregada em remunerar os

    servios de professores dos cursos nocturnos de primeiras

    letras e de grammatica da lngua portugueza das duas

    freguezias da Capital e na acquisio de livros e mais utenss

    necessrios para aquelles alumnos que no pudessem

    economizar do producto do seo trabalho a quantia precisa para

    dele se munirem. (REIS, 1873, p. 17)

    Em seu discurso Miranda Reis deixa transparecer alguns elementos

    importantes para a compreenso dos objetivos do curso noturno. Primei-

    ramente a quem ele se destina: a uma classe de homens que vivem de seus

    trabalhos manuais, provavelmente pobres, que prestavam servios na Cida-

    de. Outro ponto que se destaca o pouco interesse aos estudos das lnguas

    estrangeiras e das cincias, que na opinio do governante justificvel por

    tratar-se de homens nessa realidade social.

    Pretendendo no abandonar totalmente a inteno de funcionamento

    dessa modalidade escolar, a idia defendida pelo presidente da Provncia era

    de reduzir o currculo do curso noturno, limitando-se ao ensino das

    primeiras letras e da gramtica, voltando-se especificamente para a alfabe-

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    tizao dos adultos, ou seja, deixa transparecer em seu discurso que para

    essa classe de homens, esse conhecimento j o suficiente.

    Mesmo com tal proposio, a iniciativa do governo mais uma vez

    no encontrou respaldo da populao, talvez porque a escola noturna pensa-

    da pela elite satisfazia os desejos e necessidades dessa camada social e no

    da populao que iria freqentar tal instituio. Assim, no era o caso de

    reduzir o currculo, mas de repensar o modelo escolar institudo.

    Na sociedade mato-grossense daquele momento, a fragilidade da

    instruo demonstrava que nem mesmo as crianas eram encaminhadas para

    a escola, e a resistncia dos adultos em perceberem algum valor nessa insti-

    tuio reflete as configuraes do espao social vigente.

    Por isso, a discusso em torno da obrigatoriedade da instruo

    tornou-se uma constante no final do regime imperial nos relatrios apresen-

    tados tanto pelos diretores da Instruo Pblica como pelos presidentes da

    Provncia, assim como comum encontrar referncias a educao da popu-

    lao adulta.

    Outra iniciativa importante a se destacar nesse perodo concernente a

    educao de adultos foi tomada em 1887, quando o Presidente da Provncia

    de-cidiu instalar uma escola para instruo primria dos presos da cadeia

    pblica. Em seu relatrio apresentado Assemblia Legislativa o Presi-

    dente, Jos Joaquim Ramos Ferreira, expressa:

    Disse-nos que a instruo primria est seno em decadncia

    ao menos estacionria, e vou apresentar-vos dados estatsticos

    que disso vos convencero; antes, porm de faz-lo seja-me

    permitido lembrar-vos a creao de uma cadeira de instruo

    primria na cadeia desta capital. Os condenados ah jazem sem

    instruo e trabalho, entregues ociosidade, e planejando qui

    novos crimes. A instruo modificar seus instintos, e

    possvel que quando tenham de voltar para a sociedade que as

    repeliu, possam ainda ser membros teis dela. Creio que por

    um mdico ordenado se encontrar professor que diariamente

    v dar instruo aos presos, e portanto a realizao desta idia,

    cujas vantagens so intuitivas, pouco poder custar provncia.

    (FERREIRA, 1887, p. 47).

    A iniciativa insere-se dentro dos iderios que formaro a base do

    discurso republicano alguns anos mais tarde, destacando o combate a ocio-

    sidade, a insero das camadas pobres da populao no universo letrado,

    no como um meio para a superao da condio social do indivduo, mas

    como um mecanismo de controle da sociedade.

    Alm das iniciativas do governo da Provncia, o Exrcito tambm

    oferecia escolas para as suas praas desde meados do sculo XIX, chamadas

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    Escolas Regimentais, citadas em Mato Grosso por Dormevil dos Santos

    Malhado, Diretor Geral da Instruo Pblica:

    Alem das escolas subvencionadas pela provincia existem mais

    nesta Capital subvencionadas pelo Governo Geral:Na freguesia

    da S a escola regimental do Batalho 21. de Infantaria e na de

    Pedro 2 a escola dos menores artfices do Arsenal de Guerra e

    a do 8. Batalho de Infantaria. Devem existir nos mais corpos

    estacionados na provincia outras escolas regimentaes, mas

    deixo de mencion-las por no ter dellas conhecimento. (MALHADO, 1880).

    Em 1887, atravs de seu relatrio, o Presidente Joaquim Ramos Fer-

    reira informa a abertura de uma escola noturna em Corumb destinada a

    oferecer a instruo primria aos adultos analfabetos daquela regio.

    No dia 25 de maro prximo passado, os Srs. 2 Tenentes

    Lindolpho Silva, Antnio Gomes Soares, Raymundo Frederico

    por Deus, Arthur da Silva Ferreira e Capito Jos Zenbio de

    Deus e Costa, inauguraram um curso pblico nocturno em uma

    das salas da Camara Municipal, o qual tem funccionado

    regularmente.

    Acha-se conservado para dirigi-lo o Dr. Lus da Costa Ribeiro

    e interinamente o dirige o Tenente Lindolpho.

    Esto matriculados 14 alumnos:

    - em Portuguez, 13

    - em Arithmtica, 14

    - em Francez, 6

    - em Geographia, 10

    Todos estes professores so oficiais do 2 Batalho de

    Artilharia a p; e so dignos de todo louvor pelo seu amor e

    dedicao ao bem pblico. (FERREIRA, 1887, p. 50).

    Destaca-se neste fato no s a abertura da escola em si, mas a parti-

    cipao dos militares na instruo, que alm da oferta nos batalhes atravs

    das escolas regimentais, participavam da educao dos civis, deixando

    transparecer o iderio militar concernente a instruo.

    Em 1889, Dormevil Jos dos Santos Malhado, ainda no cargo de

    Diretor Geral da Instruo Pblica, atravs de seu relatrio reafirma a exis-

    tncia das escolas regimentais subvencionadas pelos cofres dos batalhes,

    sendo a do 8 Batalho de Infantaria, 21 Batalho de Infantaria e a do 3

    Regimento de Artilharia a Cavalo, com 52 alunos.

    De acordo com Alves (2002), por suas caractersticas particulares no

    Imprio brasileiro, o exrcito atuou numa aliana entre ensino e assistncia,

    tomando a si a tarefa de controle social de camadas sociais que, colocadas

    margem da riqueza produzida por aquela sociedade, organizada e

    comandada pelos grandes proprietrios rurais, apresentavam-se como

    perigos potenciais ordem. Ao mesmo tempo, porm, em que se subme-

  • Educao e Fronteiras On-Line, Dourados/MS, v.2, n.4, p.97-109, jan/abr. 2012 106

    tiam tais camadas a um controle estrito de seu comportamento, oferecia-

    lhes um bem social de acesso restrito a sociedade brasileira do final do

    sculo XIX, a educao. Contraditoriamente, abria uma brecha de demo-

    cratizao e oportunidade de ascenso numa sociedade altamente hierar-

    quizada.

    A partir de 13 de maio de 1888, com a abolio decretada pela Lei

    urea, outra preocupao se acrescentava ao debate sobre a instruo a

    popu-lao adulta em Mato Grosso, pois os ex-escravos, tornando-se

    homens livres, tambm entravam no rol daqueles a serem conduzidos ao

    espao escolar.

    A REPBLICA E OS INVESTIMENTOS NA EDUCAO DE

    JOVENS E ADULTOS

    Em Mato Grosso, as primeiras dcadas do perodo republicano Fo-

    ram marcadas por intensas disputas polticas, envolvendo coronis que

    reuniam suas foras, formando oligarquias que se digladiavam em constan-

    tes contendas.

    A disputa pelo poder poltico, atravs de lutas armadas persistiu Du-

    rante todo o perodo da Primeira Repblica, ocasionando a morte de traba-

    lhadores no campo e nas cidades, saques, abandono de terras, entre outros.

    Alm disso, com a arrecadao dos cofres pblicos insuficiente para cobrir

    os gastos previstos e extras assumidos com a mobilizao de tropas para a

    defesa dos interesses do estado e, a dvida ativa do estado foi aumentando

    ano aps ano. Mas, mesmo assim, o investimento na educao manteve-se

    estvel, apresentando em 1930 a proposio de acrscimo para 15% da

    despesa total orada. (S; S, no prelo).

    Porm, possvel perceber que os investimentos foram despendidos

    com o ensino primrio, atravs da criao dos grupos escolares, e com a

    formao de professores, atravs da Escola Normal. Em relao educao

    de jovens e adultos, possvel perceber referncias esparsas a respeito da

    alfabetizao de adultos. Alguns documentos evidenciam que durante a

    Primeira Repblica houve tentativas de implantar novamente essa modali-

    dade de educao voltada para os adultos; at mesmo porque, o discurso em

    torno da alfabetizao da populao uma constante nesse perodo.

    Um exemplo das tentativas de Mato Grosso em implantar um curso

    noturno o comunicado de abertura de uma escola noturna particular, citada

    nas pginas do jornal A Cruz de 1919. No entanto, no h evidncias de que

    essa escola tenha funcionado regularmente.

    Tambm no podemos deixar de levar em considerao as iniciativas

    particulares, nem sempre registradas pelos rgos pblicos, que parecem ser

  • Educao e Fronteiras On-Line, Dourados/MS, v.2, n.4, p.97-109, jan/abr. 2012 107

    bastante ricos nesse momento. Em uma entrevista, a professora Maria Be-

    nedita Deschamps Rodrigues afirma:

    Sempre gostei de trabalhar, de ter meu dinheiro. Enquanto

    estudava, dava aulas particulares aos soldados analfabetos que

    vinham do nordeste, sem conhecer uma letra. O quartel era em

    frente casa de meu pai, de modo que os alunos apenas

    atravessavam a rua para assistir as aulas. Lecionava, sentada no

    cho, onde colocava uma esteira e o quadro-negro. A aula era

    das 6 s 7h30, e o interesse dos alunos, enorme. Houve um

    deles, que aprendeu a ler em apenas vinte dias. Nesse tempo,

    eu tinha de quinze para dezesseis anos. (ROSA, 1990, p.218)

    Dunga Rodrigues, como era conhecida, nasceu em Cuiab em 1908,

    o que implica dizer, que se lecionava com quinze anos, esse fato ocorreu por

    volta de 1923, portanto durante a Primeira Repblica.

    Destacam-se tambm no perodo, as escolas do Exrcito, que fun-

    cionavam desde o sculo XIX, para a instruo das praas analfabetas. No

    Relatrio apresentado ao Diretor Geral da Instruo Pblica, Cesrio Alves

    Corra, pelo Diretor do Grupo Escolar Senador Azeredo, relativo ao ano de

    1921, consta:

    Cuiab, 30 de dezembro de 1921

    Escola Regimental do 16o Batalho de Caadores

    Esteve funcionando em uma das salas deste Grupo Escolar,

    desde 30 de setembro at 10 de dezembro, poca em que

    comearam as frias regulamentares, a escola de analfabetos do

    16o B/C. Num total de 44, alunos, tendo eu sido designado

    pelo Governo do Estado para dirigir esta escola. (CORRA,

    1921).

    As Escolas Regimentais do Exrcito nem sempre constam nos rela-

    trios da Instruo Pblica e nem nos Relatrios de governo por serem

    subvencionadas pelo prprio batalho, e pelo governo central, da a difi-

    culdade em conseguir mais informaes sobre elas nesse tipo de documento

    oficial.

    No perodo republicano, as escolas regimentais passam a ser de res-

    ponsabilidade da Policia Militar. De acordo com o decreto n 10198, de 30

    de abril de 1913, onde o Presidente da Repblica, Hermes da Fonseca, apro-

    va o regulamento dos Institutos Militares de Ensino e institui as Escolas Re-

    gimentais; tais instituies tm por finalidade ministrar o ensino das pri-

    meiras letras as praas analfabetas. Segundo Beisiegel (2004), as Escolas

    Regimentais apareciam tambm como um esforo de imposio da ins-truo primria a indivduos que eventualmente ainda no a procuravam.

    A reforma do Regulamento da Instruo Pblica, promulgado em

    1927, trata em um de seus artigos sobre o funcionamento de escolas notur-

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    nas. De acordo com esse Regulamento, as escolas foram divididas em isola-

    das, rurais, noturnas, reunidas e grupos escolares. No entanto, os relatrios

    dos diretores da instruo pblica e mesmo os relatrios de governo no do

    indcios dessa modalidade ter sido implantada, pelo governo do estado.

    CONSIDERAES FINAIS

    O presente estudo levou-nos a perceber a preocupao dos gover-

    nantes em alfabetizar a populao adulta em Mato Grosso no perodo

    imperial, atravs da implantao das escolas noturnas. No entanto, segundo

    seus idealizadores, as escolas noturnas no surtiram i efeito desejado, sendo

    os jovens e adultos considerados avessos escolarizao.

    Essa resistncia escola nos leva a questionar se eram os jovens e

    adultos realmente avessos ao estudo, ou esse modelo escolar, incluindo sua

    organizao curricular, atendia aos anseios e necessidades dessa clientela.

    Surpreendentemente, no perodo republicano escassas foram s ini-

    ciativas voltadas para o ensino de jovens e adultos. Porm, as iniciativas

    mais contundentes foram as de particulares e a da Polcia Militar, atravs

    das escolas regimentais.

    REFERNCIAS

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