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Relatório final.

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S T I L L E

Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro

DSG1042 / Projeto Final Mídia Digital

2014.1

José Felipe Gasparian Gueventer

Orientadora: Roberta Portas

Co-Orientador: João Bonelli

Tutora: Claudia Bolshaw

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Í N D I C E

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Introdução / 7

Levantamento de Dados / 9

Infográfico / 13

Pesquisa Teórica / 15

Partido Adotado / 33

Pesquisa de Campo / 35

Público Alvo / 39

Metodologia / 41

Pesquisa de Similares / 43

Pesquisa Estética / 53

Pesquisa Técnica / 62

Definição / 69

Desenvolvimento / 71

A Kal imba / 120

A Instalação / 122

Documentação do Produto / 124

Conclusão / 131

Agradecimentos / 133

Bibl iografia / 134

Zerfal l / 76

Komposit / 86

Sti l le / 98

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6 S T I L L E6 S T I L L E

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7

I N T R O D U Ç Ã O

O projeto Stille surge por uma observação própria dos fios elé-

tricos do Rio de Janeiro. Como ponto de partida, resolvi reti-

rar destes, as linhas que eles fazem por toda a cidade. A linha como

forma crua trouxe muitos caminhos e questionamentos ao longo do

meu processo de pesquisa. Ao ponto dessa linha se tornar a linha do

som desse espaço urbano que ela se insere. Entretanto a ausência

de som fez tornar esse projeto mais rico já que em uma cidade al-

tamente caótica, o silêncio se torna algo quase tão valioso quanto

qualquer outro aspecto.

Meu projeto tem o âmbito de trazer essa nova percepção dentro

do espaço urbano através de uma instalação interativa. Realizei um

primeiro experimento para a formação de um dos conceitos estipu-

lados: a decomposição do som e notei a necessidade de criação de

um novo conceito a partir dos testes do primeiro. O 2º experimento

já se aproxima da experiência final, entretanto, foi falho em sua inte-

ração. Por fim, determinei o uso de um sensor específico e conse-

gui criar o instrumento final: a kalimba-silêncio. que se permaneceu

dentro da instalação como a forma de interação das pessoas.

I N T R O D U Ç Ã O

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9

L E V A N T A M E n t Od e d a d o s

E m Julho de 2013, saindo do Jardim Botânico (parque cituado no Rio

de Janeiro), me deparei com esses fios elétricos que compõe a cida-

de. Percebi alí que haveria algo tão instigante e relevante para a realização

de um projeto. “Stille” nasce em sua forma mais bruta perante essa inves-

tigação. Através de questionamentos próprios e audácia pela busca de um

ponto de partida, resolvi catalogar primeiramente o que esses fios repre-

sentavam na cidade.

Através de perguntas e mais observações, esses fios carregam muito mais

do que imaginava. Começando pela sua própria função de levar energia

para quase todos os lugares da cidade, esses fios se tornam ícone do Rio

de Janeiro e características como a confusão, o emaranhado e o caos da

cidade estão explícitos neles mesmos. Outra funcionalidade destes é ser-

vir de caminho ou repouso dos animais. Muitas vezes me peguei olhando

esses vultos rápidos passando pelos fios. Micos e gambás utilizando os fios

no meio da cidade para se locomover. Enquanto as aves usam mais para

um descanso do caos urbano. A ligação que esses fios fazem por todo o

Rio de Janeiro é uma maneira de conectar bairros e por consequência fazê

-los se comunicarem entre si.

L E V A N T A M E N T O D E D A D O S

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10 S T I L L E

Apesar dos desenhos que esses fios fazem no

ceu quando olhado de baixo pra cima, o visual

traçado acaba se tornando um plano de fundo,

um invisível. Está tão presente que ele se torna

imperceptível. Em outras cidades mais desen-

volvidas, a fibra ótica passa por baixo da terra

e o efeito acaba sendo o mesmo: a inexistên-

cia dos fios. Trouxe essa reflexão como forma

de valorização dessas linhas que dominam os

bairros e a paisagem quando olhada para cima.

10 S T I L L E

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11

minha visão dos fios elétricos na cidade.

L e v a n t a m e n t o d e d a d o s 11

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12 S T I L L E

Realizando uma pesquisa prévia, listei algumas propriedades da linha:

grande expressividade gráfica e muita energia;

expressa dinamismo, movimento e direção;

cria tensão no espaço que se encontra;

cria separação de espaços no grafismo;

a repetição de linhas próximas gera planos e texturas.

Em seu raciocínio mais básico, a linha reta é o caminho mais curto en-

tre dois pontos, enquanto que a linha curva é a linha mais livre e dinâ-

mica, sugerindo desde um movimento perfeitamente definido até um

movimento caótico, sem regras.

Ainda com conceitos muito limitados, precisava de um aprofunda-

mento maior para as subjetividades dessa linha pois queria dar uma

certa expressividade à ela.

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13

I N F O G R Á F I C O

a experiência do

silêncio dentro do

espaço urbano.

Arduino, Processing,

After Effects, Final Cut

Pro, caixas de som.

EnergyPods, Kinect.

o que é o silêncio para

você? natureza, a mú-

sica, a cidade, paz,

harmonia, qualidade

de vida, algo valioso.

a cidade, minimalismo

ponto e linha, ondulações,

conceitos de cor e tempe-

ratura Kandinsky.

fios elétricos, linha, som,

espaço urbano, silêncio.

Wassily Kandinsky,

John Cage, João do

Rio, Gabriela Gusmão.

P E S Q U I S A

T é C N I C AP E S Q U I S A

D E C A M P O

P E S Q U I S A

e s t é t i c a

L E v . d e d a d o s

P E s q u i s a

t e ó r i c a

S T I L L E

I n f o g r á f i c o

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P E S Q U I S AT E Ó R I C A

15p e s q u i s a t e ó r i c a

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K A N D I N S K Y

Ponto e Linha sobre Plano

p e s q u i s a t e ó r i c a

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18 S T I L L E

P ara me aprofundar na questão das linhas que os fios elétricos formam,

escolhi ninguém melhor que Wassily Kandinsky para tratar dessa ques-

tão. Kandinsky, nascido em Moscou, Rússia, foi artista e professor da Bauhaus.

Concebido pela arte abstrata, das obras escritas pelo artista escolhi “Ponto e

linha sobre plano”. Primeiramente, digo que o artista em seu livro, me trouxe

um significado da linha muito mais abrangente do que apenas sendo a menor

distância entre um ponto e outro.

Logo de início, Kandinsky traz uma observação sobre a rua sendo vista atra-

vés de uma janela. Para ele, a rua através da janela é um ser isolado palpitan-

do num “além” com barulhos atenuados e movimentos fantasmagóricos. E

quando saímos do isolamento e participamos desse ser, a alternância do tim-

bre e da cadência dos sons nos envolve do mesmo jeito que o jogo de linhas

e de traços verticais e horizontais nos envolvem com os seus movimentos.

Aqui, digo que foi a primeira aparição do som no projeto. Até então, tinha fi-

cado muito preso à análise gráfica e esquecido de outros sentidos sem ser a

visão. Desde então, comecei a observar (e escutar) o som que esse espaço

urbano emitia no dia-a-dia.

n o r way

f u c k

whatever L

ALALAL

n o r w ay

f u c k

whatever L

ALALAL

n o r w ay

f u c k

whatever L

ALALAL

rua vista da janela rua vista de dentro da rua

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19

Antes de introduzir as linhas, o artista define o ponto. “O ponto geométrico é a

derradeira e única união da palavra e do silêncio.” Novamente, ele traz a questão do

som, só que na forma de “não-som”. Aqui o som começa a tomar um conceito

maior para o projeto. O silêncio é alcançado dentro do espaço urbano movimen-

tado e caótico? Entrarei nessa questão mais a seguir.

Em seu capítulo sobre a linha, o artista exmplifica as espécies de linha, seus compor-

tamentos, expressões, temperaturas, luminosidade, ressonâncias, repetições, du-

rações, combinações e aplicações. De todos esses conceitos, destaco os principais

e que me fizeram pensar em uma linha como algo muito maior. Kandinsky embarca

em questões do cotidiano, humaniza essas linhas e interioriza essas linhas.

A linha é um ser invisível e nasceu do movimento pela

aniquilação da imobilidade suprema do ponto. A forma

mais concisa das infinitas possibilidades de movimento.

E S TÁT I C O D I N Â M I C A

ponto linha

p e s q u i s a t e ó r i c a

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20 S T I L L E

As diferenças de inclinação das linhas (horizontal, vertical e diagonal) definem sua sonori-

dade interna e sua temperatura. Retiro daqui a expressividade que a linha toma para Kan-

dinsky e uma nova maneira de se trabalhar nessas linhas. Fugindo do conceito tradicional,

consigo desconstruir essa dinâmica proposta por ele de tal maneira que as cores podem

vir a tomar forma no projeto mais tarde. Veja a tabela:

A movimentação das linhas dão o poder à elas de criar superfícies. As linhas retas livres

tem dois aspectos: com centro comum e sem centro comum. E cada um representa uma

escala de cores:

O preto e o branco são cores silenciosas. Aqui a sonoridade é reduzida ao mínimo: silêncio

ou, antes, sussurros apenas perceptíveis e calmos. Para o artista: “Hoje o homem é domi-

nado pelo mundo exterior, e o interior morreu para ele. O homem moderno procura a calma

interior pois já está aturdido pelo exterior e acredita alcançar essa calma no silêncio interior.”

O desenvolvimento dessa perspectiva se concentra muito no meu objetivo. (ver pág 31)

horizontal

vertical

diagonal

preto

branco

cinza/verde

com centro comumpreto e branco

sem centro comumcores vivas

fria

quente

quente/fria

azul

amarelo

vermelho

LINHA COR TEMPERATURA LUZ

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intervalos idênticos

intervalos crescentes

intervalos irregulares

Os intervalos estão presente nas composições musicais e logo, no som que a rua

emite. Os intervalos irregulares são os mais constantes dentro da cidade, apesar de

que as linhas dos fios apresentam muitos intervalos idênticos. A pausa desses inter-

valos irregulares é o silêncio? De acordo com o artista, sim. Eu diria que são os pontos.

Kandinsky aborda muito a questão do som. Essa relação som e linha se tornou base

do projeto e consequentemente a linha que o som faz está presente no espaço ur-

bano. Realizei um primeiro experimento. Gravei por 20 segundos a rua e obtive esse

resultado. Pude notar pela primeira vez no projeto, a tenuidade entre a questão gráfi-

ca e o som, relação som x imagem.

análise som x imagem

(retirado do site Soundcloud)

A repetição foi um outro fator importante que eu retirei do livro. Existem três tipos de

repetição: intervalos idênticos, intervalos crescentes e intervalos irregulares.

p e s q u i s a t e ó r i c a

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22 S T I L L E

O tempo para ele é o comprimento de linha. Tanto a linha reta quanto

a linha curva tem durações diferentes. Por fim, Kandinsky conclui que

a linha é esse aglomerado de ações. É uma tensão internamente ativa

nascida do movimento. Enquanto que o ponto é a calma.

Concluo que Kandinsky foi o precursor de todo o projeto. Um autor

que me fez abrir os olhos para esse mundo enigmático das linhas e

pontos e que introduziu o som para o meu projeto. Para analisar me-

lhor a questão sonora, dentre as minhas pesquisas escolhi John Cage

como a segunda base do meu projeto.

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23

J O H N C A G E

Silence

p e s q u i s a t e ó r i c a 23

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24 S T I L L E

John Cage, americano, nascido em Nova York é compositor, teórico musical, escritor e

artista. De suas obras mais famosas, a música 4’33’’ composta em 1952, trouxe muitas

percepções novas do que realmente é a música. São 4 minutos e 33 segundos de puro

silêncio. Só que esse silêncio é o barulho da plateia, da orquestra se mexendo, da virada

de página do maestro ou do pianista. É importante citar que em plenos anos 50, a visão de

John Cage já estava muito a frente.

Nós fazemos música em tudo.

Em um discurso sobre o silêncio, John Cage deixa implícito na capacidade que o som tem

de ser apenas som e não ser feito a partir de algo. “Quando eu escuto o trânsito, o som do

trânsito, (…) eu não tenho a sensação de alguém falando. Eu tenho a sensação de que o som

está a atuar e eu amo atividade do som. Mas o que acontece é que ele fica ora mais baixo, ora

mais alto, mais agudo, mais grave, longo, curto… O som faz tudo isso, por isso me dou por sa-

tisfeito. Eu não preciso de um som que ‘fale’ comigo.”

Para ele, o silêncio hoje em dia está no trânsito. “A experiência do som que eu prefiro, é a

experiência do silêncio e o silêncio hoje em dia, em quase todos os cantos, é o som do trânsito.

Quando você escuta um Bethoven ou Mozart, você percebe que terminam quase iguais, mas

quando você escuta o trânsito, ele é sempre diferente.” O trânsito se torna parte do nosso

cotidiano, um plano de fundo distante em que ruídos pontuais são mais destacados por

nós. O barulho dos carros, as buzinas, as motos, as pessoas, os ônibus, as construções,

tudo faz parte de um ambiente que trabalha totalmente em conjunto. É uma orquestra ao

vivo em constante mudança.

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25

silêncio é o som do trânsito.

Em seu livro “Silence”, John Cage questiona bastante sobre a possibilidade

inconstante de som. “Aonde quer que esteja, o que nós escutamos é basica-

mente barulho. Quando ignoramos, isso nos perturba. Quando escutamos, nós

achamos fascinante. (…) Nós queremos capturar e controlar esses sons [da rua]

para usá-los não como efeitos de som mas como instrumentos de música.”

Analisando “Silence”, retiro para o meu projeto o conceito de silêncio. Silên-

cio não é apenas estar sem som. E o som não é uma arte do tempo, mas sim

uma arte do espaço.

som é espaço

Para um terceiro olhar, já que havia me embasado em linhas e som, li “A alma

encantadora das ruas” do João do Rio, para ter mais uma visão das ruas, um

lado mais subjetivo do espaço urbano. Jornalista e cronista, percorre as ruas

do Rio de Janeiro para reter a “cosmópolis num caleidoscópio”. A cidade vivia

um processo de transformação acelerada, passando de corte modorrenta a

ambiciosa capital federal.

p e s q u i s a t e ó r i c a

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26 S T I L L E26 S T I L L E

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27

J O Ã O D O R I O

A alma encantadora das ruas

p e s q u i s a t e ó r i c a

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28 S T I L L E

Para João do Rio, “a rua define a abertura, não só simbólica mas física,

em perspectiva, de corredores flaqueados por edifícios laterais, cujas fa-

chadas, a rigor, não mais delimitam volumes fechados e particulares, mas

superfícies que, aos poucos, circunscrevem espaços vazios e abertos.” A

rua carioca é uma rua janeleira, as pessoas ficam a observar a rua pela

janela. Gostam de olhar e ser olhados.

Sou a rua, mulher eternamente viva,

e nunca tive outra alternativa

a não ser a rua e desde todo o sempre, desde

que este penoso mundo é mundo, sou… cançonetista

de Monmartre

O olhar apaixonado da rua de João do Rio me trouxe questões mais

expressivas da rua. A rua é um ser vivo, ela tem autonomia, ela olha

outras ruas, ela canta de manhã e descansa à noite, é a eterna imagem

da ingenuidade… O autor considera-se flâneur. “Flanar é ser vagabun-

do e refletir, é ser basbaque e comentar, ter o vírus da observação ligado

ao da vadiagem.” Uma crescente vontade de observar esse ser, me fez

investigar ainda mais o que eu posso retirar dessa paisagem pulsante.

A busca por respostas, é um processo de observação e levantamento

de questões ao longo do projeto que é necessário.

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29

A rua é personagem das crônicas de João do Rio. Enquanto que a cidade é

corpo por onde ela passa. O livro me fez criar uma nova percepção desse

corpo que nos envolve todos os dias. Me ajudou a me estabelecer como

cidadão dentro de um mundo de muitas possibilidades.

Com base nessas pesquisas, Stille se concretiza e é definido por três pilares:

Os três autores comentaram da cidade de acordo com suas perspectivas e

acabaram se conectando e fazendo ligações dentro do meu projeto. Come-

çando a tomar forma e a metodologia sendo implementada, foram defini-

dos o partido adotado e o objetivo para a continuação do desenvolvimento

do projeto.

Nós precisamos formular um problema

para o mundo se energizar para a resposta.

Professor da Escola

de Artes Visuais do

Parque Lage.

Charles Watson

L I N H A S S O M E S P A Ç O U R B A N O

p e s q u i s a t e ó r i c a

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30 S T I L L E

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31S T I L L E

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32 S T I L L E32 S T I L L E

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33

p a r t i d oa d o t a d o

Uma nova percepção estética do espaço

urbano através das linhas do som.

S tille se identifica por trazer esse novo olhar e audição do

espaço urbano. Meu objetivo é trazer a experiência do si-

lêncio para o indivíduo dentro da cidade. A relevância do projeto

vem dessa busca pelo silêncio em um lugar onde esse momen-

to é conquistado por poucos. Se tornou instigante a procura por

essa necessidade que avistei. As pessoas tentam conquistar

seus próprios silêncios hoje em dia. O projeto envolve todo o

conceito projetual dialogado por todo o curso de Design. As es-

tratégias à campo, a experimentação, a necessidade identificada

e o processo de projeto. Stille se diferencia por sua existência sig-

nificativa de trazer essa nova observação do espaço urbano e na

tentativa de alcançar esse silêncio interior.

33P A r t i d o a d o t a d o

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34 S T I L L E34 S T I L L E

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35

P E S Q U I S Ad e c a m p o

S enti a necessidade de após a minha pesquisa teórica, ter o 4º

olhar do espaço urbano. E esse olhar que estava faltando era

o meu olhar, mas que foi só possível ser preciso por causa da pes-

quisa prévia realizada. Resolvi voltar ao local de origem do projeto: o

Jardim Botânico. Com um novo olhar mais direcionado, pude regis-

trar e captar momentos únicos de reflexão. Percebi o movimento

das linhas que o cercam. E essas linhas só se movimentam por que

nós damos movimentos a ela.

Enquanto estava parado, as linhas (os fios) estavam lá em total

plenitude. O vento talvez chegava a mexê-las, mas toda aquela

energia passando, a confusão e o emaranhado de fios parecia es-

tar em perfeita harmonia e calmaria. Essa quantidade de pulsações

por segundo, não chega nem aos pés do estado natural que as flo-

restas de postes estavam presentes. Elas pareciam estar em total

silêncio. As plantas presas em alguns indicavam o ponto, a pausa

nessa partitura criada pelos postes.

p e s q u i s a d e c a m p o

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36 S T I L L E

Josefina (70) - Moradora da Gávea diz que o barulho é estressante e não consegue dormir.

Para ela o silêncio é vida, é qualidade de vida, um alimento para uma vida melhor.

Astrogildo (62) - O silêncio é paz, saúde e harmonia.

Antônio (69) - Silêncio é tudo, é maravilhoso. Se já reduzissem o barulho em 50% já estava

ótimo. É barulho pra acordar, pra dormir, pra sair pro mercado, pro shopping, pra tudo.

Betânea (35) - Silêncio é o sono.

Vanessa (24) - É a música que eu escuto.

Paulo (45) - Silêncio é o anonimato, a introspecção, se esconder dentro da cidade, olhar pra

dentro de si.

Bruno (29) - Não existe! Impossível! O silêncio é para poucos, pra quem tem dinheiro, pra

quem mora longe.

Carmem (56) - Professora de yoga. O silêncio está dentro da gente. Gostaria de ter mais

silêncio. É você poder estar sem ruído. É conseguir escutar a música sem escutar os barulhi-

nhos que o vinil faz. A gente perde energia quando presta atenção no ruído.

Após o registro e a retirada das minhas próprias visões do silêncio e da linha, decidi perguntar para

as pessoas o que seria o silêncio para elas na cidade. A necessidade de envolvimento das pessoas

para o meu projeto veio de um similar pesquisado chamado “Rua dos Inventos” da Gabriela Gusmão

(ver pág 43). A designer descobre o que mais comove na rua: as pessoas. Possíveis designers, os

moradores de rua criam e inventam produtos de necessidade própria.

Então captar esse fervor de pensamentos e opiniões diferentes fez com que eu tornasse esse pro-

jeto intimamente pessoal, no sentido das pessoas participarem do projeto. Entrevistei 26 pessoas,

dentre elas 14 homens e 12 mulheres:

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37

Roberta (46) - Existe? Tem, mas acabou o silêncio. Silêncio representa isso aqui [Jardim Botâ-

nico]. Se incomoda com a falta de silêncio. Lembra que existe. O RJ cada vez mais barulhento.

Maria Clara (18) - É o barulho da natureza.

Valderez (24) - Não existe! O silêncio é o barulho do cotidiano. Enquanto que aqui [Jardim Botâ-

nico] esse barulho é somado com o barulho dos animais, da natureza.

Larissa (27) - O silêncio pra mim é quando eu boto meu fone de ouvido dentro do ônibus.

Karen (19) - É a greve!

Pedro (21) - O silêncio é o iPod. Porque só consigo me concentrar e excluir os barulhos da cida-

de quando os abafo com música.

Ton (26) - Silêncio é quando é feriado no RJ! Meu quarto também.

Fermínio (20) - Quando eu ligo o som do carro no máximo!

Caroline (36) - O Jardim Botânico é o silêncio.

Gustavo (36) - É paz e espírito.

Martha (62) - É paz, entretenimento. Silêncio é valioso. Silêncio da natureza. Sai do barulho.

Maria (66) - É a hora de ficar sozinho. É apreciativo.

João (22) - É o caos. O silêncio mede a “urbanicidade” da cidade. Quanto menos trabalho, quan-

to menos movimento, mais silêncio.

Paulo (24) - O silêncio é o barulho do meu carro.

Rafael (29) - É a natureza, o Jardim Botânico.

Denise (35) - É a leitura, a biblioteca.

p e s q u i s a d e c a m p o

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38 S T I L L E

Cinco pessoas citaram a natureza ou o Jardim Botânico como fonte de silêncio. Quatro comen-

taram num sentido muito maior, ditando a paz, a harmonia como o silêncio. Deu a perceber que

o público dos jovens adultos (20 - 35) se preocupou muito mais no “meu” silêncio do que num

sentido amplo da palavra. Um isolamento visto como necessário por parte da sociedade, é visto

aqui. Enquanto que os mais velhos, olham para o silêncio como algo belo, vivo. Um olhou para o

silêncio como o medidor de caos da cidade. Enquanto o outro como sendo o próprio barulho da

cidade. A problematização do projeto veio através da pesquisa de campo, que muitas pessoas

avistam o silêncio como algo impossível. Trazer essa reflexão para o indivíduo é o que dá mo-

vimento ao projeto. E a constante poluição sonora gera a necessidade dessa pessoa ir a algum

lugar de descanso.

Lopez (55) - México. É estar com a mente clara, em paz e sobre controle, mesmo tendo

ruídos a volta é facil achar paz na floresta.

Thales (27) - Não existe! Depois das 10 da noite é o silêncio, mas antes das 10, só baru-

lho. Escuto música é o silêncio.

Mais que dinheiro, poder e até felicidade, si-

lêncio se tornou uma das mais preciosas - e

raras - comodities do mundo moderno.

do livro “In Pursuit

of Silence: Listening

for Meaning in a

World of Noise”

George Prochnik

Page 39: S T I L L E

39

P Ú B L I C OA L V o

A definição do meu público-alvo se dá então pela

conquista desse silêncio pessoal em que preve-

jo a necessidade de um suporte de imersão. O meu pú-

blico são jovens de 20 a 30 anos que tentam e desejam

experimentar o silêncio pessoal dentro do espaço urba-

no. Porém, essa definição não é restrita a esses jovens

determinados. Foi apenas um recorte necessário para a

concretização do caminho metodológico a ser seguido.

p ú b l i c o a l v o

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40 S T I L L E40 S T I L L E

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41

M E T O D O L O G I A

Na metodologia aplicada em Stille, dei muita importância na pesquisa

teórica para a construção de bases sólidas com conceitos pertinen-

tes ao andamento do projeto. Após a solidificação desses pilares é neces-

sário saber voltar para esses conceitos para serem introduzidos na prática

enquanto ando pelo projeto e pelas pesquisas que se seguem.

A partir disso, o processo projetual irá implicar na linha divisória entre a

conceituação e a experimentação. Com o desenvolvimento da concei-

tuação, irei definir o local de aplicação do projeto e por consequência os

testes de viabilização. Como todo projeto de design, a experimentação é

essencial para saber atender as necessidades das pessoas.

Com esses relatos das pessoas, o projeto toma mais forma, até chegar em

um produto final. O produto final é concluído quando o objetivo é alcança-

do. Não posso deixar de levantar que as questões propostas pelo projeto

ao longo do seu desenvolvimento são de cunho total para a sua realização.

M E t o d o l o g i a 41

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42 S T I L L E

p e s q u i s a d e s i m i l a r e s

42 S T I L L E

Page 43: S T I L L E

43

A busca por similares é cativante. É necessário ver o que já foi

realizado para poder entender diferentes pontos de vista mas

que ao mesmo tempo fazem parte da proposta que eu quero realizar.

Analisá-los é um exercício e tanto para a formulação de novas ideias e

questionamentos. Os similares serviram para me guiar nas possibilidaes

existentes de projeto. Veja alguns exemplos a seguir:

43p e s q u i s a d e s i m i l a r e s

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44 S T I L L E

C H R I S T I N A K U B I S H

Electrical Walks

A alemã desenvolveu um fone de ouvido que capta ondas eletromagnéticas de aparelhos elétricos e do

exterior e os converte em sons. Ela mapeou alguns lugares que os sons são mais precisos e interessantes

como caixas eletrônicos, caixas de banco, aparelhos de segurança de lojas, celulares e até elevadores. Ela ain-

da explicita que cada cidade tem o seu som próprio e que cidade é o seu local de atuação. Os sons emitidos

criam um novo mundo por trás do mundo do cotidiano.

É um livro com fotografias da cidade de Montreal vista através dos reflexos feitos pelos vidros e espelhos dos

prédios. Com participação especial da água que também é um elemento que reflete a cidade. Maxime Lefin

gera uma nova percepção da cidade, por isso vejo como um similar ao meu projeto.

M A X I M E L E F I N

Refléxions sur Montréal

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45

G A B R I E L A G U S M Ã O

Rua dos Inventos

A Rua dos Inventos é um ensaio sobre a rua. É incrível como a forma que os moradores de rua criam seus pró-

prios produtos dando riqueza a esse lugar que a gente passa todos os dias. Desse ensaio retiro o que estava

faltando no meu projeto: as pessoas. São elas as criadoras, as inventoras, as construtoras que irão trazer suas

experiências para o projeto. A nova percepção dos moradores de rua juntamente com a visão da designer,

me fez conseguir entrar nesse espaço que ela criou. Achei significativo para o meu projeto.

Trago o Jardim Botânico aqui como local de completo isolamento dentro do espaço urbano carioca. As pes-

soas vem aqui para alcançar o silêncio, entrar em contato com um novo que não é atingido pelo caos da

cidade. É um local de imersão na natureza.

J A R D I M B O T Â N I C O

p e s q u i s a d e s i m i l a r e s

Page 46: S T I L L E

46 S T I L L E

O primeiro é uma instalação sonora em uma sala com 40 caixas de som e em cada uma delas

contem uma pessoa cantando. O conjunto dessas vozes é uma música. Ela traz a experi-

ência de estar na visão dos cantores para a platéia fazendo que o expectador conecte com

cada voz. Janet Cardiff também quis trazer a visão de que o som constroi o espaço, fazendo

com que as pessoas vão circulando pela sala oval escolhendo seu próprio caminho.

O segundo é uma instalação sonora no meio da floresta. A artista utiliza 30 caixas de som, as

pessoas sentam em troncos no meio das caixas e escuta os próprios barulhos da natureza

(o vento, os pássaros, tempestade vindo...), só que muito mais alto. Você não sabe distinguir

entre o que é real e o que não é. Seus olhos não veem o que você escuta.

Para o projeto escolhi essas instalações como forma de imersão de um espaço construído

pelo próprio som.

J A N E T C A R D I F F

The Forty Part Motet

Forest (for a thousand years... .)

Page 47: S T I L L E

47

A M I T A Y T W E E T O

The quiet place

Nesse mundo de hoje totalmente intenso, Amitay Tweeto cria esse aplicativo no intuito de

fazer as pessoas darem uma pausa em seus dias. Esquecer as redes sociais, o stress e es-

cutar uma música e relaxar, nem que sejam apaenas 90 segundos. É interessante notar que

a veracidade que o aplicativo atingiu traz uma necessidade que as pessoas.

O Chelpa Ferro, grupo de arte sonora, dentre muitos os seus trabalhos vistos, retiro Acqua

Falsa por trazer a ligação som - fios - imagem. O som emitido da caixa passa pelos fios que

estão submersos na água e as luzes de led tocam de acordo com a música.

C H E L P A F E R R O

Acqua Falsa

p e s q u i s a d e s i m i l a r e s

Page 48: S T I L L E

48 S T I L L E

O Google é conhecido pela sua filosofia de criar “o mais feliz e divertido am-

biente de trabalho do mundo”. Esses similares são imersões em horas que é

necessária dar a pausa no trabalho. Na foto acima, a pessoa está utilizando

tanto para trabalhar quanto para relaxar, já na segunda, a pessoa está em uma

espécie de banheira com um áquario a sua frente, já havendo uma interação

com a ïmagem, mas apenas de visão.

G O O G L E

áreas de relaxamento no local de trabalho

Page 49: S T I L L E

49

O Electroplankton é um jogo musical para o console da Nintendo: o Nintendo DS. Uti-

lizando a tela de toque do portátil, o jogador pode criar música a partir dos chamados

“planctons”. O criador Toshio Iwai fez questão de não criar “save files” para que o jogo

não se tornasse uma ferramenta e sim um momento de criação contínua e experiên-

cias diversas. Há 2 tipos de jogar: Audiência ou Performance. Na audiência o que vale

é a experiência que o próprio jogo te proporciona, continua havendo interação mas é

pouca comparada com a Performance em que você mesmo cria os sons. Dentre es-

ses dois estilos, há 9 modos para escolha do jogador. Achei bem interessante a forma

de interação homem - som - imagem como relaxamento e institivo.

E L E C T R O P L A N K T O N

jogo de Nintendo DS

p e s q u i s a d e s i m i l a r e s

Page 50: S T I L L E

50 S T I L L E

T A M E I M P A L A

show

O guitarrista fazia o som com a guitarra e no fundo as linhas da projeção acompa-

nhavam esse som. Basicamente o que quero trazer para o projeto: essa interação de

linhas com som.

Instalação da Janet Cardiff e George Bures Miller com o propósito de trazer uma nar-

rativa de um sonho. É composta de 98 caixas de som e as cadeiras convidam os es-

pectadores a permanecerem dentro da obra. Interessante os questionamentos de

estar dentro de um “funeral” que é o propósito do título, junto com uma outra ideia

central que é uma peça de Goya. Tudo sendo composto por sons e a pessoa imerge

nesse sonho + funeral + peça.

C A R D I F F & M I L L E R

The Murder of Crows

Page 51: S T I L L E

51

Instalação de Julio Le Parc com jogos de luzes. Caminhei pelas salas escuras e pude perce-

ber a atmosfera que o artista pode criar. Pude trazer para o meu projeto a reflexão que as

instalações traziam para o espectador. O que nunca pensamos em fazer com as luzes. A luz

é o personagem principal das instalações e tinha as mais diversas formas, todas completa-

mente mutáveis, mas que eram produzidas da mesma linguagem.

Um conceito de produto que cancela o som exterior, como o alarme do carro tocando do

lado de fora e troca por um som de sua preferência. O cancelamento de ruído é uma das

maneiras de chegar ao silêncio que eu posso trazer pra dentro do projeto.

J U L I O L E P A R C

Le Parc Lumiere

R U D O P H S T E F A N I C H

Sono

p e s q u i s a d e s i m i l a r e s

Page 52: S T I L L E

52 S T I L L E52 S T I L L E

Page 53: S T I L L E

53

p e s q u i s a E S t é T I C A

A atmosfera urbana não deixaria de entrar no

meu projeto. Tentarei trazer essa estética

industrial, incluindo os fios elétricos que foi o pon-

to de partida de Stille (ver foto ao lado).

Por outro lado, minha pesquisa estética vem muito

da minha pesquisa teórica que envolve Kandinsky.

As cores por ele determinadas serão levantadas

e questionadas no meu projeto. O seu uso das li-

nhas e pontos serão de extrema influência para o

projeto. As cores serão utilizadas de acordo com o

que foi estudado. Entretanto, suas obras de arte

são de natureza única, mas não será delas que virá

a influência estética, e sim dos conceitos trazidos

por ele (como visto nas páginas 18 à 21).

53p e s q u i s a e s t é t i c a

Page 54: S T I L L E

54 S T I L L E

A P P L E

Designed by Apple

Page 55: S T I L L E

55

A estética apresentada pela Apple neste video excepcional é uma das minhas maiores refe-

rências para a parte gráfica do projeto. A interação com a pessoa poderá ser trazida através

dessa estética de linhas e pontos.

Oscilate é uma espécie de animação sonora. As linhas do som se movimentam de forma

exuberante de acordo com a música. As cores e as ondulações geram uma experiência

enigmática de como esse ambiente fictício é gerado. Para o meu projeto, Oscilate entra

como um guia de performance das linhas do som, além da estética ambiental. No processo

de desenvolvimento foi utilizado os softwares: Houdini (animação), Reason (a música), Nuke

(composição), After Effects (render final) e Processing (pré vizualização).

O S C I L A T E

Daniel Serra

p e s q u i s a e s t é t i c a

Page 56: S T I L L E

56 S T I L L E

V A L E S K A S O A R E S

Foly

Instalação com projeção refletida infinitamente no interior. Nota-se na construção do exte-

rior como se visto de longe parece um corte na natureza com a base e o telhado sobrevoan-

do. Para o projeto, retiro de “Foly” sua estrutura espelhada que traz um ar de expansão e ao

mesmo tempo invisibilidade: está ou não está alí? E a projeção interior no escuro, só que no

meu projeto a pessoa interage com a projeção. Interessante notar também a sensação de

dois infinitos: o espelho no esterior e o espelho no interior.

Page 57: S T I L L E

57

H A R U M I Y U K U T A K E

Restructure

A instalação “Restructure” é uma casa revestida de espelhos circulares. Bonita por fora, ela

não é feita de apenas um grande espelho e sim de vários. Cada espelho foi recortado pelo

próprio artista. A casa se torna parte do ambiente e vice-versa. Por dentro é a mesma coisa,

repleta de espelhos. Neste caso não há interação nenhuma, é apenas um local de reflexão.

Para o projeto, essa instalação é vista como um monumento de puro ilusionismo, sobre o

que é real e o que é reflexo. Interessante trazer esses questionamentos.

p e s q u i s a e s t é t i c a

Page 58: S T I L L E

58 S T I L L E

A U T U M N D E W I L D E

Lighting Layers and Reflections

É interessante notar nessa instalação o quão limpa é a reflexão sobre o ambiente. Essas

casas conseguem se perder no deserto, sem nenhuma interferência. O “tornar parte” do

ambiente é um dos conceitos que eu quero trazer para a minha instalação. O usuário não

saber se aquilo existe ou se é complemento da sua volta.

Page 59: S T I L L E

59

L U I S A P E R E I R A

Strings

Esta instalação cria a experiência de estar dentro de um violino. A referência aqui é a própria

interação com as linhas que Strings traz. A questão aqui é ver se o uso das cordas são uma

maneira intuitiva de interação. O posicionamento e as cores das mesmas são outras carac-

terísticas que eu busco para o meu projeto.

p e s q u i s a e s t é t i c a

Page 60: S T I L L E

60 S T I L L E60 S T I L L E

Page 61: S T I L L E

6161S T I L L E

Page 62: S T I L L E

62 S T I L L E62 S T I L L E

Page 63: S T I L L E

63

N a aula de Interfaces Físicas e Lógicas dada pelo pro-

fessor João Bonelli realizei um exercício que reunia

um hardware Arduino, os softwares Arduino e Processing,

leds, cabo auxiliar de som e um iPhone para enviar a música

para o computador. A medida que a música tocava os leds

piscavam de acordo com a música e na tela do computador

fiz um esboço gráfico de uma linha sonora com círculos.

screenshot do Processing sendo utilizado

p e s q u i s a T é C N I C A

p e s q u i s a T é c n i c a

Page 64: S T I L L E

64 S T I L L E

Pesquisando e estudando estes softwares e dispositivos, poderei ter domínio da ferramenta que usa-

rei no meu projeto. Neste experimento, a única interação com a pessoa é trocar a música. Foi uma

maneira de visualizar a relação do som com a imagem e o quão isso pode ser institivo.

Da instalação vista no capítulo de similares, é necessário caixas de som pré programadas, ligadas aos

computadores. Meu projeto terá envolvimento com programação.

Arduino com ligações para os LEDs

instalação The Forty Part Motet da Janet Cardiff

Page 65: S T I L L E

65

E N E R G Y P O D S

Google

Esses lugares de descanso são os chamados EnergyPods. O Google implementou em seu escritório

(ou melhor Googleplex) onde as pessoas vão para tirar um cochilo e “recarregar” suas energias. Os

EnergyPods são esses espaços que isolam qualquer impulso externo e reclina as pessoas a posição de

relaxamento (como na figura acima), para que haja uma maior circulação de sangue pelo corpo. Ele vem

com um sistema de som (da marca Bose) para escutar uma música ambiente enquanto a pessoa relaxa.

Ainda conta com um timer interno para ligar luzes e vibrar pra pessoa acordar.

Interessante notar que a tecnologia existe e está sendo aplicada em ambientes de trabalho. Hoje em dia

as empresas estão adotando muito a fórmula da responsabilidade + liberdade. A ambição dos chefões

é trazer felicidade e motivação para os empregados.

Não deixa de ser um local para se permanecer em silêncio e relaxar. As interações existentes são: som

ambiente e o wake-up timer. Aqui a pessoa não interefere na sonoridade. No meu projeto, desejo que

essa interação seja maior.

p e s q u i s a T é c n i c a

Page 66: S T I L L E

66 S T I L L E

N O I S E C A N C E L L I N G H E A D P H O N E S

Fones com noise canceling tem um microfone na parte de fora que capta os sons ambientes e um amplifica-

dor interno que adiciona ao sinal que tá vindo da música uma versão “negativa”, ou seja, com fase invertida do

som externo captado pelo microfone (veja no gráfico a seguir).

Um exemplo eficiente desse fone é em viagens de avião por que o grave é melhor captado. Trouxe como

pesquisa para o projeto na ideia de tirar o som exterior e ficar em total silêncio. Entretanto, é uma tecnologia

cara e sua funcionalidade não é 100%.

música anti música

cancelamento

Page 67: S T I L L E

67

K I N E C T

O Kinect é uma câmera 3D que reconhece movimentos. Ele foi primeiramente

desenvolvido para o videogame XBOX 360 mas programadores conseguiram

desenvolver através do Processing maneiras de interação intuitivas. Continu-

ando na aula de Interfaces Físicas e Lógicas, o segundo exercício da matéria era

um experimento usando Kinect. Aproveitei para essa realização um experimento

para o próprio projeto. A pessoa interage com o Kinect. (ver pág 70).

Microsoft

p e s q u i s a T é c n i c a

Page 68: S T I L L E

68 S T I L L E68 S T I L L E

Page 69: S T I L L E

69

D E F I N I ç Ã O

P elo nível de imersão que eu quero estabelecer, uma ins-

talação é ideal no meu caso. Essa imersão é individual e

necessita da atividade da pessoa para exercer a sua função.

Um video, por exemplo, não exerceria a mesma percepção

que eu quero passar. Mas não deixarei de realizar um regis-

tro do projeto através de um video. Neste caso, a instalação

será o projeto e o video o suporte.

Já uma CAVE é necessário um espaço maior e o nível imer-

sivo é muito alto, que será de pouca utilidade além da im-

plantação que exige uma infra estrutura alta que não cabe

no projeto. Em contrapartida, dizer que não é necessário um

espaço maior ilude o projeto. Por isso, o tamanho do espaço

será investigado ainda, junto com o local onde será inserido.

Um aplicativo, apesar da portabilidade, não irá causar o nível

de imersão que eu quero passar. Quero que as pessoas vão

a algum lugar e lembrem dessa experiência e não passe de

pequenos momentos do cotidiano.

69D e f i n i ç ã o

Page 70: S T I L L E

70 S T I L L E

Para o local, estabeleci três caminhos:

• lugar de maior silêncio;

• lugar com mais barulho;

• ou como John Cage explicita que som é um aspecto espacial, o espaço

aqui pode ser construído pelo som independente da onde esteja.

Dentre estes, o que mais torna o projeto mais flexível é o terceiro ponto em

que posso criar um espaço ou espaços de interação sem a necessidade de

um lugar específico, mas para isso vejo que é preciso uma avaliação do pro-

cesso de investigação dentro do projeto para definir isso melhor. Por fim, o

projeto se fixa em quatro pontos essenciais para o desenvolvimento.

S O M V I D E OP E S S O AL I N H A

silêncio elemento do som ativa suporte

Page 71: S T I L L E

71

D efinido o trajeto que eu iria percorrer para a investigação de concei-

tos da instalação, comecei a pensar no nome. Em sala foi desenvolvido

um brainstorming de nomes para os projetos. Segue a lista de sugestões (in-

cluindo as minhas pesquisas para nome):

Acabei optando por Stille mesmo, que significa silêncio em alemão e a pala-

vra still em inglês, como adjetivo significa imóvel, quieto, calmo. Para o logo,

coloquei o nome no meio de duas linhas. Essas linhas significam a pausa so-

nora no meio de todo o espaço urbano e não deixa de ser dois postes que

carregam o silêncio.

Stille

Interlude

Stop

Respiro

Mute

Echo

Isolamento

Quiet

Muta

O som do silêncio

Pause

Vazio

Breath

Espaço

Intervalo

Domingo

Vácuo

Primeira dimensão

D E S E N V O L V I M E N T O

71d e s e n v o l v i m e n t o

Page 72: S T I L L E

72 S T I L L E

Definidos esses quatro pontos projetuais, comecei a reavaliar a meto-

dologia que eu iria prosseguir. Onde e como o silêncio ia ser represen-

tado? Analisei alguns caminhos para a instalação:

Tela de toque com a pessoa no centro interagindo com as linhas

nessa tela;

Locais de silêncio espalhados pela cidade com uma possível

implementação em locais de trabalho, shoppings, universida-

des… etc.;

O som como arte do espaço, criaria um ambiente feito por

sons. Ilusão de estar dentro de um lugar caótico da cidade;

Um local com diferentes frequências de som, com interações

sobre essas frequências;

Local de geração de reflexões sobre a cidade, os fios elétricos

que a compõe e o som em questão;

Diferentes planos sonoros, divididos que no fim formam um só;

Instalação sonora de decomposição/composição sonora.

Se queremos mais silêncio, nós temos que

criar espaços que abrigam o silêncio, da

mesma maneira que criamos estruturas

para facilitar as nossas atividades. O silên-

cio precisa de um lar no aqui e agora. do livro “In Pursuit

of Silence: Listening

for Meaning in a

World of Noise”

George Prochnik

Page 73: S T I L L E

73

Dentre essas possibilidades, a instalação se fixa na multiplicade de

conceitos. Não vou escolher um apenas e nem eliminar todos, irei atra-

vés do próprio processo projetual afunilando os conceitos. Trouxe al-

guns questionametos sobre o silêncio para a criação de uma narrativa

dentro da reflexão do projeto.

Nessa malha urbana, o som se torna uma aglomeração de sons,

então tudo se transforma em um e seria isso basicamente o que

nós escutamos: essa trilha sonora de fundo. Acabamos não con-

seguindo diferenciar esses sons e tudo se torna um só.

Dessa aglomeração sonora, o que não escutamos são os sons

divididos por cada um. É a sirene, é o motor do carro, é uma pes-

soa falando, é o latido de um cachorro no 11º andar, são as crian-

ças correndo, cada som vivenciando por si só. Isso por que nós já

nos acostumamos a ter sempre esses barulhos constantes com

a gente. Para um surdo por exemplo, a diferenciação de sons se-

ria explícita e imediata, já que não é algo comum para ele.

O Q U E E S C U TA M O S ?

O Q U E N Ã O E S C U TA M O S ?

d e s e n v o l v i m e n t o

Page 74: S T I L L E

74 S T I L L E

As pessoas escutam e as próprias pessoas emitem e criam sons.

Às vezes andando pelas ruas, percebo que a quantidade de pes-

soas que estão convivendo comigo ou conosco é quase beirando

o infinito. Nós vemos pessoas novas todos os dias. Nós escuta-

mos pessoas novas todos os dias. E essas pessoas tabém veem

e escutam pessoas novas todos os dias criando essa malha de

sons novos do cotidiano. Nossa rotina pode ser a mesma, mas os

sons que a compõem serão sempre diferentes.

Por fim, o próprio silêncio como a ausência de som, o impossível

e o inexistente fechando a narrativa por trás da instalação. O si-

lêncio podendo ser e não ser som. Já que é algo que não existe

hoje em dia, o silêncio é visto de várias formas pelas pessoas.

Cada uma tem o seu e tenta criar o seu. Essa pergunta será res-

pondida pela própria pessoa ao terminar a experiência.

Q U E M E S C U TA ?

O Q U E É O S I L Ê N C I O ?

Page 75: S T I L L E

75

Primeiramente, tinha escolhido a opção de dividir esses questiona-

mentos em 4 partes da instalação, mas percebi que a experiência en-

globando todos, concretizaria melhor a reflexão. Aliás eles acabam se

comunicando entre si. Não são completamente distintos. Todos pode-

riam estar dentro da instalação.

Resolvi catalogar alguns parâmetros que a minha instalação precisa ter

ou apenas questões que levarei até o final do projeto:

Esses parâmetros não foram definidos aleatoriamente, foram escolhi-

dos um a um de acordo com o desenvolvimento do projeto. Voltarei

sempre a eles enquanto estiver realizando os experimentos e desen-

volvendo os rascunhos da instalação. Decidi então escolher um desses

parâmetros para dar início as experimentações.

frequências;

canais;

sons;

linhas;

silêncio;

sobreposição;

composição;

decomposição;

tempo;

tamanho/espaço;

pessoa;

interação;

d e s e n v o l v i m e n t o

Page 76: S T I L L E

76 S T I L L E

Z E R F A L LE x p e r i m e n t o 1

Page 77: S T I L L E

77

Zerfall, zer.fall, do alemão: 1. decomposição, 2.decadência, 3. desintegração.

Para um primeiro experimento, desenvolvi um dos parâmetros listados:

a decomposição. No projeto, decomposição significa a divisão dos sons

que compõem a cidade. Nessa cidade caótica que vivemos, a nossa tri-

lha sonora se torna aquele barulho que o próprio ouvido já se acos-

tumou e não passa de uma música de fundo. Quando consigo extrair

esses barulhos imperceptíveis eu alcanço o propósito desse primeiro

experimento. Após essa decomposição e retirada desses sons, o som

que estava escondido por trás, que é o barulho da floresta, aparece.

d e s e n v o l v i m e n t o

Page 78: S T I L L E

78 S T I L L E

Para a criação do experimento programei no software de programação

para designers Processing, utilizei duas caixas de som para diferentes

canais dos sons e uma câmera que captura movimento 3D: o Kinect.

Esse experimento é composto de um video de fios elétricos com dura-

ção de 30s rodando por trás das linhas desenhadas pelo programa. As

linhas acabam se confundindo com os fios pela sobreposição. Não dá

pra saber o que é fio e o que é linha (ver página seguinte). Essas linhas

estão se mexendo de acordo com o som pré estabelecido. Esses sons

são gravações de pessoas falando, barulho dentro do túnel, da ambu-

lância, da rua, de um chafariz e uma música com passarinhos. Cada li-

nha é composta por cada som e determinei que alguns sons saíssem na

caixa esquerda, outros na direita e outros nas duas juntas.

iMac rodando Processing + Kinect + duas caixas de som.

Page 79: S T I L L E

79

O círculo em questão segue o ponto mais próximo do Kinect. Estabe-

leci primeiramente uma distância de 50cm. Quando fica mais longe o

circulo desaparece, para a pessoa conseguir levar a mão até a distância

de 50 cm e conseguir interagir com as linhas.

Quando se inicia, todos os sons estão sendo tocados. A pessoa então

leva a mão até a distância pré determinada e quando passa por cada li-

nha, o som dessa linha para imediatamente. Quando passado por todas

as linhas, o som que estava escondido atrás dos barulhos da cidade é

revelado: a música com os passarinhos e o som do chafariz.

screenshot do experimento

d e s e n v o l v i m e n t o

Page 80: S T I L L E

80 S T I L L E

Kinect + projetor. Zerfall sendo montado.

Fiz a montagem do experimento no laboratório de Fotografia

da PUC e realizei com 5 pessoas. Não houve tanta dificulda-

de, após a explicação do funcionamento. Do experimento pude

notar que as pessoas tendem a perceber sons mais fortes. Nin-

guém conseguiu escutar o som do chafariz e da música com os

passarinhos, só quando todos os outros sons paravam.

A ideia de Zerfall veio do questionamento O que não escuta-

mos?, e no final o experimento foi sucedido. O ideal seria mais

caixas de som, para que cada som desse saída em um canal di-

ferente e assim para uma caixa diferente.

Nesta parte do projeto, já estava idealizando um primeiro dese-

nho de instalação para o local de interação. A seguir o desenho

técnico da instalação e suas especificações.

Page 81: S T I L L E
Page 82: S T I L L E

82 S T I L L E

Primeiro estudo de conceito da estrutura trazendo

o desenho da “pausa” em uma partitura.

D e s e n h o t é c n i c o 1

“ S T I L L E I ”

Primeiro estudo de conceito da estrutura. Trazendo

o desenho da pausa em uma partitura.

Microfones captandoo som local.

Tela interativa.

Kinect - captura de movimentos.

Caixas de som.

4m

1m

1m

2m

2m

2m

2m

1.80m

Page 83: S T I L L E

83

Esse primeiro desenho descreve o símbolo de pausa em uma

partitura que seria um retângulo na linha da partitura. Quis

trazer isso para o projeto. No meu caso, reduzi esse retângulo

a um quadrado e transformei-o em um cubo. A linha se trans-

formou em uma parede que acomoda essa estrutura.

Na parede, contém dois microfones que estariam captando

o som do lado de fora. A minha ideia inicial é que a instalação

seja implantada no meio de uma floresta, mais especifica-

mente no Jardim Botânico (onde todo o projeto começou). Os

microfones então estariam captando o barulho da natureza

em tempo real.

No exterior, pensei em uma estrutura espelhada como se a

instalação fizesse parte da natureza. Ela é parte e quando a

pessoa entra, a sensação é de estar dentro da cidade. Levan-

tando um questionamento de se aquilo é cidade ou natureza?

No interior pensei em um revestimento preto, para deixar tudo

escuro. As 4 caixas de som intensificam a experiência trazen-

do sons diferentes vindo de cada caixa de som em um volume

muito alto. A pessoa escutaria sons da cidade em diferentes

pontos, como se realmente estivesse no centro urbano.

d e s e n v o l v i m e n t o

Page 84: S T I L L E

84 S T I L L E

À princípio a interação viria do Kinect como visto em Zerfall

posicionado de frente para o usuário. Este, portanto, interagi-

ria com a tela em sua frente também. A interação seria através

de linhas e pontos, mais espeficamente, com os fios elétricos

que compõe a cidade. O silêncio aconteceria quando a pessoa

conseguisse tirar todos esses sons e escutasse o som do lado

de fora. A instalação tem o propósito de suportar uma pessoa

por vez e o tempo é variável. Na página seguinte, as medidas

primárias da instalação.

Entretanto, a interação com Kinect estava gerando muita

energia da pessoa e o conceito do projeto estava sendo dis-

sipado. As pessoas estavam em pé e se mexiam muito para

alcançar algo que não necessita de tanta energia. Para isso,

optei por seguir um outro caminho e consequentemente cha-

má-lo de Experimento 2 (ver pág 86).

Page 85: S T I L L E

85

Pretendo que o cubo seja 2mx2mx2m e a parede que o segura atrás de 4m. A

porta de entrada teria uma medida de 1.85m de altura e 1.20m de largura. Mon-

tar uma estrutura de 2m de espelho seria muito caro. Em um primeiro momento,

o melhor seria comprar MDFs com uma média de largura e altura e revesti-lo

de mylar, uma película refletiva. Para o acabamento, utilizaria perfil de alumínio

arredondado, para a sensação de reflexão continuar por toda a instalação. No

interior, para a experiência ser maior, o ideal seria revestí-lo de espuma acústica

que também é vendida por m2.

“ S T I L L E I ”

Primeiro estudo de conceito da estrutura. Trazendo

o desenho da pausa em uma partitura.

Microfones captandoo som local.

Tela interativa.

Kinect - captura de movimentos.

Caixas de som.

4m

1m

1m

2m

2m

2m

2m

1.80m

“ S T I L L E I ”

Primeiro estudo de conceito da estrutura. Trazendo

o desenho da pausa em uma partitura.

Microfones captandoo som local.

Tela interativa.

Kinect - captura de movimentos.

Caixas de som.

4m

1m

1m

2m

2m

2m

2m

1.80m

d e s e n v o l v i m e n t o

Page 86: S T I L L E

86 S T I L L E

k o m p o s i tE x p e r i m e n t o 2

Page 87: S T I L L E

87

Komposition, kom.po.si.tion, do alemão: 1. composição, 2.construção, 3. formação

O segundo experimento desenvolvi um outro parâmetro listado: a com-

posição. Komposit consiste na aplicação do experimento 1 junto com

um “instrumento” e chega portanto mais próximo do resultado final. A

retirada dos sons continua, porém a pessoa agora toca nos fios de fato.

Esse experimento surge, portanto, na necessidade de criar uma imer-

são ainda maior e conseguir fechar a pessoa a um ambiente totalmente

controlado, introspectivo e ao mesmo tempo experimental. Levando

ao máximo o limite da experiência.

d e s e n v o l v i m e n t o

Page 88: S T I L L E

88 S T I L L E

A ideia por trás do segundo experimento é a criação de um instrumento

de interação com fios. Eu o entitulei de “violão-silêncio”, por ser um

instrumento com cordas e ao invés de produzir som, ele retira o som.

A um primeiro momento optei pelo sensor capacitivo. Cada fio contém

um som da cidade. A retirada de todos os sons, surge o som da natu-

reza. Trouxe o mesmo conceito de Zerfall mas agora a pessoa senta,

recebe o instrumento e toca nele.

construção 1º protótipo violão-silêncio / 1 fio conectado.

Page 89: S T I L L E

89

Programei no Arduino e Processing. Primeiramente, consegui realizar

o toque no fio. Um valor do Arduino era mandado para o Processing, e

quando tocava no fio, o gráfico desse valor aumentava. Estipulei essa

diferença desse valor e já conseguia com êxito parar o som.

O próximo passo foi dividir esse valor em dois toques de fios diferen-

tes. Para isso, diferenciei as cores desse gráfico na programação para

ter um resultado visível.

1 fio 2 fios

d e s e n v o l v i m e n t o

Page 90: S T I L L E

90 S T I L L E

Após alguns testes, notei que o valor que o Arduino mandava era cap-

tado de forma aleatória pelo Processing. Exemplificando: enquanto o

Arduino está mandando 1, 2, 1, 2, 1, 2..., quando o Processing é ligado,

ele capta o primeiro valor que aparecer, independente de ser 1 ou 2, ou

seja, enquanto o fio1 é tocado o valor tanto pode ser 1, quanto pode

ser 2, variando de forma totalmente aleatória e descontrolada.

No exemplo anterior, uma hora o fio1 tocado podia ser verde, enquan-

to em outro momento quando o Processing desligava e ligava o toque

do fio1 poderia ser roxo. Quando aumentado para 6 fios, enquanto o

Arduino está enviando 1, 2, 3, 4, 5, 6, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 1, 2... e por aí vai, o

Processing quando ligado pega o primeiro valor que aparecer, podendo

ser o valor 4 por exemplo, e este valor se torna o fio1. Então o problema

protótipo violão-silêncio final

Page 91: S T I L L E

91

aumentava para 6 erros. Nos testes ainda encontrei outro fator. O sen-

sor capacitivo trabalha com a energia que está sendo gerada no mo-

mento, transformando o nosso toque no fechamento do circuito. Essa

energia também varia de ambiente para ambiente. O controle deste

sensor estava me trazendo alguns problemas.

Deixando de lado o protótipo, mas não esquecendo-o totalmente, re-

solvi então partir para uma outra solução. A primeira solução foi utilizar

o potenciômetro. Enquanto o sensor capacitivo usava as entradas digi-

tais, o potenciômetro utiliza a entrada analógica, conseguindo portan-

to usar uma voltagem controlada de 5V.

potenciômetro / pessoa girando o potenciômetro.

d e s e n v o l v i m e n t o

Page 92: S T I L L E

92 S T I L L E

O resultado já foi melhor do que o esperado já que eu tinha um controle melhor sobre

essas linhas. Conseguia colocá-las aonde eu quisesse. apenas girando o potenciô-

metro: girando para a direita a linha subia e o som tocava ou girando para a esquerda

a linha descia e o som parava. Entretanto, o erro dos valores aleatórios continuava.

Girando o mesmo potenciômetro, esse valor podia ser tanto a linha verde, quanto a

linha preta. Percebi que precisava resolver isso no Processing.

Essa solução me trazia uma questão mais complexa para a criação do objeto. Para

fazer com que a pessoa tocasse no fio e o potenciômetro rodasse, teria que criar um

tipo de “L” preso a um elástico ou mola para que quando a pessoa tocasse e soltasse,

esse potenciômetro voltasse para a posição anterior,

duas linhas sendo controladas por dois potenciômetros.

Page 93: S T I L L E

93

fio

potenciômetro

3

Novamente, não descartando essa opção, parti para uma terceira solução. Nessa so-

lução resolvi usar um tipo de botão, a chave micro switch. Por um lado, a utilização

desse botão é mais fácil, por outro eu não consigo ter a variação que eu tinha com o

potenciômetro que ia de 0 a 1023. O botão funciona com 0 ou 1. Em outras palavras,

fio tocado ou não tocado, não existindo toda a variação anterior.

mecânica em pausa mecânica com toque

os botões utilizados para o teste.

d e s e n v o l v i m e n t o

Page 94: S T I L L E

94 S T I L L E

Com o botão consegui enviar um valor único do Arduino para o Processing, assim sen-

do mais fácil determinar que valor que ele está mandando. Neste teste ainda não con-

seguia colocar duas linhas para funcionar. Apenas uma e a resposta é imediata: a linha

abaixa diretamente para um ponto pré-estabelecido e o som para de tocar.

Neste momento então, estabeleci três caminhos: o uso do sensor capacitivo, do po-

tenciômetro e da chave micro switch. Precisava resolver quais dos três sensores iria

me proporcionar ao mesmo tempo simplicidade e interação intuitiva.

Nesta parte do projeto, como o sensor ainda não estava definido, a instalação já anda-

va com uma nova forma e interação. Extraindo a ideia de Komposit e retirando-a de um

instrumento, consegui obter um resultado favorável, à princípio ao desenvolvimento

do conceito. Neste caso, resolvi colocar a pessoa sentada na própria interação. A pol-

trona se tornaria um “violão-silêncio” maior.

linha abaixando e som pausado.linha parada e som tocando.

Page 95: S T I L L E

95

A poltrona coloca a pessoa em posição de relaxamento e propicia um am-

biente mais bem calculado para a experiência. Devido a quantidade grande de

sons vindo das caixas de som, a pessoa imediatamente irá sentar para tentar

retirar todos aqueles sons, para então alcançar o silêncio. A retirada será feita

através de toques nos fios presos nos braços da poltrona. Seriam três fios de

um lado e três de outro.

A escolha por essa poltrona fez a imersão ser ainda maior. A pessoa irá se

sentir dentro de um instrumento que retira os sons. E consequentemente

resolvi o problema do usuário ficar na frente do projetor.

Os fios da poltrona estariam conectados a um Arduino que receberia os valo-

res e mandaria para o computador. A projeção das linhas estaria sincronizada

com o toque dos fios físicos. No momento a definição de sensor ainda estava

sendo analizada. Houve a necessidade de mudança do desenho técnico da

instalação, veja a seguir.

P o l t r o n a i n t e r a t i v a

d e s e n v o l v i m e n t o

Page 96: S T I L L E

96 S T I L L E

D e s e n h o t é c n i c o 2

“ S T I L L E I I ”

Segundo estudo de conceito da estrutura. Poltrona interativa e entrada lateral.

Microfones captandoo som local

Poltrona interativa

Projeção

Caixas de som

4m

4m

1m

1m

2m

2m

2m

2m

1,10m

2m

2m

1.80m

Amplificador

Projetor

Entrada

Segundo estudo de conceito da estrutura e próxima do final.

Poltrona interativa e entrada lateral.

Mudança do local da porta.

Page 97: S T I L L E

97

“ S T I L L E I I ”

Segundo estudo de conceito da estrutura. Poltrona interativa e entrada lateral.

Microfones captandoo som local

Poltrona interativa

Projeção

Caixas de som

4m

4m

1m

1m

2m

2m

2m

2m

1,10m

2m

2m

1.80m

Amplificador

Projetor

Entrada

“ S T I L L E I ”

Primeiro estudo de conceito da estrutura. Trazendo

o desenho da pausa em uma partitura.

Microfones captandoo som local.

Tela interativa.

Kinect - captura de movimentos.

Caixas de som.

4m

1m

1m

2m

2m

2m

2m

1.80m

Esse processo de idealização da poltrona foi muito rico ao projeto. Pude analizar

melhor o que caberia dentro da instalação e perceber questões que eu estava

prevalecendo e outras que estavam sendo esquecidas. Após essa fase projetual,

a decisão do sensor foi essencial para a evolução do projeto. Essa evolução che-

gará portanto à interação final e desenhos finais. Houve a necessidade então de

criar o Experimento 3, denominado, Stille propriamente dito.

d e s e n v o l v i m e n t o

Page 98: S T I L L E

98 S T I L L E

S T I L L EE x p e r i m e n t o 3

Page 99: S T I L L E

99

O experimento final é uma evolução direta do experimento 2, com o

mesmo parâmetro, porém com uma mínima mas significativa evolução

de conceitos. A definição do sensor e consequentemente do desenho

do instrumento fizeram com que o projeto chegasse à sua forma final.

Denominei o experimento de mesmo nome do projeto pois finalmente

à conclusão da experiência e da interação foi alcançada.

Stille, stil.le, f., do alemão: 1. silêncio, 2. quietude, 3. calma.

d e s e n v o l v i m e n t o

Page 100: S T I L L E

100 S T I L L E

Após os testes com os sensores vistos em Komposit, acabei retirando

a ideia de tocar nos fios para algo mais direto como pressionar e tirar.

Dos 3 sensores, portanto, escolhi a chave switch por me trazer o re-

sultado mais simples de liga/desliga, os outros 2 me traziam valores

variáveis, não tendo controle sobre esses valores. Além de que no nos-

so dia-a-dia nós vivemos rodeados de botões. Nós pressionamos no

mínimo 2 vezes por dia pelo menos para apenas ligar e desligar a luz.

A estética minimalista da chave micro switch também é um fator inte-

ressante para o projeto. A chave tem diferentes tamanhos de haste e

de corpo. Comprei a chave com a haste maior para melhor interação e

acessibilidade para o usuário.

4 chaves micro switch

Page 101: S T I L L E

101

Com o botão escolhido, após conversas com os professores, resolvi retirar a pol-

trona e voltar com a ideia da pessoa em pé. Uma questão que eu achava que es-

tava resolvida mas não estava era que em museus por exemplo, as salas escuras

que estão passando video sempre são acompanhadas por cadeiras ou poltronas.

A pessoa então liga a cadeira ou poltrona com a ação de assistir o filme, e não com

o pensamento de interação. Com isso, eu estava muito preso a ideia de previa-

mente preparar a pessoa para a experiência, em outras palavras, contar a “histo-

rinha” por trás da instalação.

A poltrona com fios estava exigindo muito da pessoa. A instalação tem que ser

convidativa e ao mesmo tempo intuitiva e simples de interagir. Não posso criar

algo que faça a pessoa pensar: “Será que se eu tocar nisso, eu estrago? Vou ape-

nas sentar e ver o que acontece.” E reduzir aquela experiência apenas como “as-

sistir um filme”.

Durante as conversas com os professores, a chave micro switch foi remetida a

tecla de uma Kalimba. A Kalimba ou “piano de polegar” é um instrumento musical

africano pequeno e como dito anteriormente, é tocado com os polegares e segu-

rado pelas duas mãos.

Kalimbas

d e s e n v o l v i m e n t o

Page 102: S T I L L E

102 S T I L L E

Com essa forma em mente comecei a rascunhar o que poderia vir a

ser a Kalimba no projeto. Peguei uma placa de acrílico e desenhei as

linhas para realizar um corte à lazer. A linha vermelha é para o corte

e a linha preta é para desenhar com o lazer. O círculo tem 20cm de

diâmetro, retângulos para encaixar os botões tinham 2x0,7cm e as

l inhas eram só desenhos mesmo.

Com esse primeiro protótipo já pude fazer o teste com duas chaves

micro switch. Essa escolha do botão fez com que eu pudesse mu-

dar o meu código para um muito mais simples utilizando entradas

analógicas. Para o primeiro teste usei a library StandardFirmata no

Arduino e importei os valores analógicos para o Processing. Obti-

ve sucesso na diferenciação de valores para cada fio e no loop para

cada som (agora eles tocam eternamente).

Page 103: S T I L L E

103

O protótipo com duas chaves micro switch que acabei denominando

de “kalimba-silêncio” continha um Arduino, 10 jumpers, 4 jacarés e

2 resistores. Para cada botão era necessário um jumper para a liga-

ção analógica, outros dois para conexão com o Ground e 5V e mais

dois para ligar aos dois jacarés que são conectados cada um em uma

ponta da chave micro switch. Este foi um circuito prévio que mais

tarde foi reduzido.

1º protótipo de acrílico da kalimba-silêncio

d e s e n v o l v i m e n t o

Page 104: S T I L L E

104 S T I L L E

O 2º teste foi com 5 chaves (foto ao lado), não pude fazer o teste com 6

por que não tinha jacarés suficientes, mas já conseguia ter uma noção da

disposição das linhas na imagem e o quão o Processing consegue carregar

6 sons e 7 imagens. Posicionei as linhas dessa maneira para remeter a um

poste no meio com os fios saindo de cada lado. Acabei utilizando esse có-

digo simples como um código de teste de funcionalidade da kalimba-silên-

cio, sempre que eu quisesse testar se estava funcionando utilizava desse

código. Isso me adiantou muito no processo.

screenshot do Processing rodando o código de funcionalidade

Page 105: S T I L L E

105

circuito com 5 chaves micro switch

d e s e n v o l v i m e n t o

Page 106: S T I L L E

106 S T I L L E

usuários testando o protótipo com o código de funcionalidade

Page 107: S T I L L E

107

Realizei alguns testes com usuários e foi interessante analizar cada manei-

ra diferente de interagir com o protótipo. Utilizei o código de funcionalida-

de nos testes e os sons ainda não eram os finais, foram sons gravados com

o celular pela rua. Eu apenas expliquei o que era o projeto mas não como

funcionava a kalimba.

Resultados pontuais:

Resultados gerais:

Um começou com um dedo apenas e descobriu que podia usar

mais de um dedo ao mesmo tempo;

Outro usuário começou com uma mão mexendo e descobriu que

quando os 4 dedos estavam ocupados, podia usar a outra mão;

Um outro já começou com as duas mãos como se fosse um piano

ou teclado;

Um outro usou da mão inteira para cobrir as teclas e parar os sons;

Um foi me questionando como chegava ao silêncio, mas eu não

respondia, deixava a pessoa descobrir por si só e o resultado final

foi satisfatório;

Alguns tentavam descobrir de qual botão vinha o determinado som

e da determinada linha;

Os sons começaram a irritar alguns de uma maneira que queriam

saber logo como retirar todos os sons.

A maioria no fim utilizou as duas mãos e conseguiu chegar ao pro-

pósito do projeto: parar todos os sons.

d e s e n v o l v i m e n t o

Page 108: S T I L L E

108 S T I L L E

Nos testes com os usuários ainda não tinha imagem, então o próximo passo foi entender qual ou

quais imagens colocar no fundo. A interação se divide em duas partes: a kalimba e o video da pro-

jeção. Para o video, comecei a testar algumas imagens que eu ja tinha gravado para ver como que

as linhas se comunicavam com essas imagens. Notei de primeira que essas 5 linhas (foto acima)

não estavam de acordo com a imagem. Enquanto no branco ela passava a noção de ser um poste

com 6 fios, no video não foi feita essa relação que eu queria passar. Além do que no meio parece

que é um erro de programação. Então o próximo ponto foi pensar melhor na disponibilidade des-

sas linhas e a captura de novas imagens.

screenshot do Processing rodando o video com 5 linhas.

Page 109: S T I L L E

109

Um fator significante era que além de pressionar no botão e parar o som, o filme mudava de

acordo com cada botão. Além dos 5 sons nesse exemplo, havia também 5 imagens diferentes

para cada botão. Toda vez que pressionava um botão, o som parava e a imagem mudava. Quan-

do pressionado todos os botões, aparecia a filmagem de uma floresta. Entretanto, quando ia

acumulando os botões, por exemplo, quando mantivesse pressionado 3 botões pelo menos, a

filmagem começava a travar muito e as linhas também. Eu tive que adaptar o conceito de mudar

o filme toda vez que pressionar um botão por questões técnicas de processador. Gerar 5 filmes

rodando pelo Processing estava pesando demais o programa. Por isso no fim, realizei uma filma-

gem só com vários takes ao invés de 6 filmes.

screenshot do Processing quando pressionado 3 botões e a imagem mudando.

d e s e n v o l v i m e n t o

Page 110: S T I L L E

110 S T I L L E

Nesse primeiro teste de filmagem, tinha um filme com carros an-

dando e as linhas não estavam se comunicando bem com esse

tipo de filmagem. Eu não queria também que as imagens tomas-

sem o lugar do som que é o mais importante. Para isso, teria que

ser filmagens estáticas da cidade e dos fios.

Com o código já pré-estabelecido e com o conceito da filmagem

idealizada, comecei a construir a kalimba-silêncio final. Mantive

o mesmo desenho do protótipo e agora tive que colocar 5 cm de

altura para a Arduino ficar dentro da kalimba. Realizei um furo na

lateral esquerda da kalimba para o fio da Arduino poder passar,

20cm5cm

D e s e n h o t é c n i c o k a l i m b a

Page 111: S T I L L E

111111d e s e n v o l v i m e n t o

Page 112: S T I L L E

112 S T I L L E112 S T I L L E

Page 113: S T I L L E

113

Para a kalimba final eu precisava reduzir o circuito que envolvia

jacarés (ver pág. 105). Para isso foi necessário soldar fios de cobre

pelos botões (foto ao lado) na ponta de cima de cada um e puxar

um fio (vermelho) para ser o Ground e soldar resistores com fio

de cobre na outra ponta do botão puxando um fio (verde) para ser

os 5V. Os fios restantes conectam nas entradas analógicas da Ar-

duino. Inclusive a estética do circuito foi um fator muito favorável

ao projeto. Tudo soldado e perfeitamente estável. Nota-se que a

ponta do meio do botão não é utilizada.

113d e s e n v o l v i m e n t o

Page 114: S T I L L E

114 S T I L L E

Com a kalimba finalizada (6 botões), pude retomar ao código. Primeiramente

escolhi as filmagens finais (imagens acima e ao lado), todas estáticas para a

imagem não sobrepor o som, alternando entre os fios elétricos e os prédios.

Para a disposição das linhas retirei das próprias linhas dos fios, cada linha cor-

responde a um fio de uma filmagem de poste. Para os prédios procurei trazer

essas janelas que nos olham e avistam a rua. E para a imagem final, quando

todos os sons são pausados filmei essa floresta desfocada quase imóvel.

Page 115: S T I L L E

115

Os 7 sons finais são: polícia, lati-

do de cachorro, buzina, britadei-

ra, mumurinho de pessoas falan-

do, carros passando e por último,

sons de passarinho.

d e s e n v o l v i m e n t o

Page 116: S T I L L E

116 S T I L L E

D e s e n h o t é c n i c o 3 - f i n a l

Conceito final.

Kalimba interativa no centro com totem.

“ S T I L L E I I I ”

Desenho final instalação,Kalimba interativa.

Microfones captandoo som local

Totem + Kalimba

Projeção

Caixas de som

4.20m

4.20m

1m

1m

2.20m

2.20m

2.20m

2.20m

1,10m

2.20m

2.20m

1.80m

Amplificador

Projetor

Entrada

Page 117: S T I L L E

117

“ S T I L L E I I I ”

Desenho final instalação,Kalimba interativa.

Microfones captandoo som local

Totem + Kalimba

Projeção

Caixas de som

4.20m

4.20m

1m

1m

2.20m

2.20m

2.20m

2.20m

1,10m

2.20m

2.20m

1.80m

Amplificador

Projetor

Entrada

“ S T I L L E I I I ”

Desenho final instalação,Kalimba interativa.

Microfones captandoo som local

Totem + Kalimba

Projeção

Caixas de som

4.20m

4.20m

1m

1m

2.20m

2.20m

2.20m

2.20m

1,10m

2.20m

2.20m

1.80m

Amplificador

Projetor

Entrada

Este é o desenho final e ideal da instalação com um aumento de

20 cm para largura e altura por que o projetor precisa dessa altu-

ra para não ter nenhuma pessoa na frente da projeção.

d e s e n v o l v i m e n t o

Page 118: S T I L L E

118 S T I L L E118 S T I L L E

Page 119: S T I L L E

119119S T I L L E

Page 120: S T I L L E

120 S T I L L E

A K A L I M B A

Page 121: S T I L L E

121

o instrumento que compõe o silêncio, minha forma de comunicar com a cidade.

A K A L I M B A

Page 122: S T I L L E

122 S T I L L E

A I N S T A L A ç ã o(realizada no bosque da PUC-Rio)

Page 123: S T I L L E

123A I N S T A L A ç Ã O

Page 124: S T I L L E

124 S T I L L E

d o c u m e n t od o p r o d u t o

INSTALAÇÃO

4 placas de MDF de 2mx2m, 5 placas de MDF de 0.2mx2m, 1 placa

de MDF de 1.40mx2m e 1 placa de MDF de 0.6mx2m para a porta.

1 puxador para a porta e 2 dobradiças.

1 rolo de 20m de vinil espelhado.

35 parafusos médios.

25-30m de sarrafos.

1 carpete de 2.30mx2.30m

planta baixa da versão realizada na PUC

placa do teto

0.5m

2m 0.2m

0.2m

0.6m

2m

0.2m1.4m

0.2m

0.3m

2m

0.5m

2m 0.2m

0.2m

0.6m

2m

0.2m1.4m

0.2m

0.3m

2m

Page 125: S T I L L E

125

EQUIPAMENTOS

ELÉTRICA

TOTEM

KALIMBA

2 caixas de som Pioneer Home Spbs21-Ir Bookshelf 4 2 vias

1 amplificador Topping VX1

1 MacBook Pro 15”

1 adaptador Mini DisplayPort para VGA

1 projetor

1 filtro de linha com 4 entradas para tomada. (caixas de som,

amplificador, computador e projetor)

1 ponto de energia.

2 placas de MDF de 0.3mx1m e 2 placas de MDF de 0.5mx1m

2 discos de 20cm de diâmetro de acrílico

1 tubo aberto de 20cm de diâmetro e 5cm de altura de acrílico

com um furo de 1cmx1cm na lateral esquerda

6 chaves micro switch de 2cmx0.7cm com haste de 5,5cm de

comprimento

1 Arduino UNO com cabo USB

8 jumpers

6 resistores de 10kΩ

2 fios de cobre

D O C U M E N T O d o p r o d u t o

Page 126: S T I L L E

126 S T I L L E

PROGRAMAÇÃO

: PROCESSING :

Page 127: S T I L L E

127D O C U M E N T O d o p r o d u t o

Page 128: S T I L L E

128 S T I L L E

Page 129: S T I L L E

129

: ARDUINO :

1. Instalar a biblioteca Firmata;

2. Abrir o código StandardFirmata.

(File > Examples > Firmata > StandardFirmata);

3. Rodar o código na Arduino.

D O C U M E N T O d o p r o d u t o

Page 130: S T I L L E

130 S T I L L E130 S T I L L E

Page 131: S T I L L E

131

C O N C L u S Ã O

E ssa cidade que a gente vive todos os dias é repleta de

novidades diárias. Essas novidades podem ser boas ou

ruins. Basta olhá-las atentamente e de diferentes pontos de

vista. Foi desses olhares sem querer que avistei meu proje-

to. Os fios elétricos se tornaram novidade pra mim enquan-

to estava na busca por um tema de projeto, que são nessas

horas que as coisas a nossa volta se sensibilizam. O silêncio

tomou forma quando percebi a falta dele nessa massa sono-

ra urbana de todos os dias. Stille se manifesta na simplicida-

de e na experiência em um local de reflexões.

Stille se tornou mais que um projeto de final de curso da fa-

culdade. Ele se tornou uma paixão. Engraçado como minha

percepção da cidade mudou depois dessa vivência eterna

com essa paixão. Consegui retirar a beleza dos fios e a de-

licadeza das linhas dentro dessa poluição sonora. O som no

espaço se divide inteiramente sobre mim, defino cada um e

retiro um de cada vez até enxergar a natureza sobre nós. A

kalimba foi a forma que eu descobri para me comunicar com

esse ser que convivo todos os dias: o espaço urbano.

Nunca mais vou escutar e olhar a cidade da mesma maneira.

131c o n c l u s ã o

Page 132: S T I L L E

132 S T I L L E

A G R A D E C I M E N T O S

132 S T I L L E

Page 133: S T I L L E

133

A gradeço à minha tutora Claudia Bolshaw que desde o princípio me estimulou

a realização do projeto por mais “artístico” que seria e não me fez desistir

logo de primeira de um projeto que surgiu de uma observação; à minha orienta-

dora Roberta Portas que fez sempre com que eu respondesse as minhas próprias

perguntas e não às perguntas dos outros; ao meu co-orientador João Bonelli que

sempre se predispôs a me ajudar nas horas difíceis de programação; ao meu pro-

fessor João Alegria que sempre conversou comigo, me levantou várias questões e

ideias e queria ver minha instalação de pé de qualquer maneira; ao meu professor

Cadu que desde o primeiro período me ensinou a levar os meus questionamentos

aos limites, a ser curioso e que a prática é necessária antes de tudo, só consegui-

mos pensar nas coisas, fazendo; ao Silas que me ajudou na construção e plane-

jamento da instalação; ao meu avô Eduardo Gasparian que me faz ver poesia em

tudo; à minha família que me acompanha e me apoia; à minha namorada Vanessa

Mello que traz sempre referências, que me faz enxergar a simplicidade na vida e

é a melhor companhia de todas; aos meus amigos Arthur Maciel, Diego Abib, Eric

Emanuel, João Pedro Gonçalves, Leonardo Drummond, Luiz Felipe Gonçalves,

Paulo del Valle, Pedro Primo, Ricardo Weissenberg que sempre procurei conver-

sar, pedir conselhos, sempre estiveram do meu lado e me ajudaram a construir

esse projeto, por que nós nunca vamos conseguir fazer as coisas completamente

sozinhos. Agradeço também ao Charles Watson pelo curso “O Processo Criativo”

(que todos deveriam fazer) que me proporcionou uma visão totalmente diferente

do mundo e me fez enxergar o inútil como o útil. “Coragem é a administração do

medo.” - Charles Watson.

133a g r a d e c i m e n t o s

Page 134: S T I L L E

134 S T I L L E

B I B L I O G R A F I A

Kandinsky, Wassily. Ponto E Linha Sobre Plano: Contribuiç=o À Análise Dos Elementos Da Pintura. Tradu-

ção: Eduardo Brandão. São Paulo: Martins Fontes, 2012. Livro.

Cage, John. Silence: Lectures and Writings. Middletown, CT: Wesleyan UP, 1961. Livro.

Rio, João Do. A Alma Encantadora Das Ruas: Crônicas. São Paulo: Companhia De Bolso, 2008. Livro.

Calvino, Italo. As Cidades Invisíveis. Tradução: Diogo Mainardi. São Paulo: Companhia Das Letras,

2005. Livro.

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BLOG DE DESENVOLVIMENTO DO PROJETO

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V I M EO . CO M / Z E F E L I P E / ST I L L E 1

Willians, Alisson. “Best places to work”, 2012. Artigo. Acessado em: 8 Out.

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Oscillation

b i b l i o g r a f i a

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S T I L L E S O U N D T R A C K

1. Metatron / Darkside / Psychic / 5:07 / 2013

2. Overgrown / James Blake / Overgrown / 5:01 / 2013

3. Says / Nils Frahm / Spaces / 8:18 / 2013

4. Went Missing / Nils Frahm / Spaces / 4:59 / 2013

5. Familiar / Nils Frahm / Spaces / 5:38 / 2013

6. For - Peter - Toilet Brushes - More / Nils Frahm / Spaces / 16:49 / 2013

7. Stay Ugly / Millie & Andrea / Drop The Vowels / 6:22 /2014

8, The Haunting Idle / The War On Drugs / Lost In The Dream / 3:08 / 2014

9. One-All - A Thousand Times - Multiple And Mirror / Dave Harrington / Before This There Was One Heart But A Thousand Thoughts / 10:53 / 2014

10. Luxury Problems / Andy Stott / Luxury Problems / 5:04 / 2012

11. Abandon Window / Jon Hopkins / Immunity / 4:58 / 2013

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J O S É F E L I P E G A S P A R I A N G U E V E N T E R

Nossa rotina pode ser a mesma, mas os sons

que a compõe serão sempre diferentes.