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Curso PneumoAtual de Radiologia – aula 6 1 Atelectasias Gustavo de Souza Portes Meirelles 1 1 – Doutor em Radiologia pela Escola Paulista de Medicina – UNIFESP 1 – Definição O termo atelectasia, ou colapso, indica redução do volume de um pulmão, lobo ou segmento pulmonar, por qualquer causa. Nos casos de etiologia aguda, o colapso é geralmente muito pronunciado; nos crônicos, como há preenchimento brônquico por secreções e produtos inflamatórios distalmente ao local do colapso, geralmente o colapso é menor e muitas vezes pode se assemelhar a uma pneumonia de evolução prolongada. 2 – Etiologia Há varias causas de atelectasia: processo obstrutivo endobrônquico, por neoplasias benignas e malignas (primárias ou secundárias), corpos estranhos ou secreção; estenose decorrente de processos infecciosos, inflamatórios ou radioterapia; fratura brônquica por trauma (geralmente atelectasia pronunciada, pois o processo é agudo); compressão extrínseca, por linfonodos, neoplasias pulmonares ou mediastinais, aneurismas da aorta ou cardiomegalia (geralmente atelectasia do lobo inferior esquerdo). 3 – Sinais radiológicos Existem sinais diretos e indiretos de atelectasia na radiografia simples de tórax. Diretos Deslocamento das fissuras: quanto maior o colapso, mais intenso o deslocamento. Este é um dos principais sinais radiológicos para diagnóstico de atelectasia. Perda da aeração pulmonar, com redução da transparência do segmento ou do lobo colabado. Aproximação dos vasos pulmonares e dos brônquios no local da atelectasia. Indiretos Elevação da cúpula diafragmática ipsilateral: este sinal ocorre principalmente na atelectasia dos lobos inferiores.

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Curso PneumoAtual de Radiologia – aula 6 1

Atelectasias

Gustavo de Souza Portes Meirelles1 1 – Doutor em Radiologia pela Escola Paulista de Medicina – UNIFESP

1 – Definição

O termo atelectasia, ou colapso, indica redução do volume de um pulmão, lobo ou segmento pulmonar, por

qualquer causa. Nos casos de etiologia aguda, o colapso é geralmente muito pronunciado; nos crônicos,

como há preenchimento brônquico por secreções e produtos inflamatórios distalmente ao local do colapso,

geralmente o colapso é menor e muitas vezes pode se assemelhar a uma pneumonia de evolução

prolongada.

2 – Etiologia

Há varias causas de atelectasia:

• processo obstrutivo endobrônquico, por neoplasias benignas e malignas (primárias ou secundárias),

corpos estranhos ou secreção;

• estenose decorrente de processos infecciosos, inflamatórios ou radioterapia;

• fratura brônquica por trauma (geralmente atelectasia pronunciada, pois o processo é agudo);

• compressão extrínseca, por linfonodos, neoplasias pulmonares ou mediastinais, aneurismas da aorta ou

cardiomegalia (geralmente atelectasia do lobo inferior esquerdo).

3 – Sinais radiológicos

Existem sinais diretos e indiretos de atelectasia na radiografia simples de tórax.

Diretos

• Deslocamento das fissuras: quanto maior o colapso, mais intenso o deslocamento. Este é um dos

principais sinais radiológicos para diagnóstico de atelectasia.

• Perda da aeração pulmonar, com redução da transparência do segmento ou do lobo colabado.

• Aproximação dos vasos pulmonares e dos brônquios no local da atelectasia.

Indiretos

• Elevação da cúpula diafragmática ipsilateral: este sinal ocorre principalmente na atelectasia dos lobos

inferiores.

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• Desvio das estruturas mediastinais para o lado da atelectasia.

• Aproximação das costelas do lado da atelectasia.

• Hiperinsuflação compensatória de outros lobos pulmonares.

• Deslocamento hilar para a região da atelectasia.

4 – Atelectasia dos lobos superiores

Figura 1. Colapso do lobo superior direito. As setas apontam

para o deslocamento superior e medial da fissura horizontal,

em direção ao local da atelectasia. Outro sinal direto é a

opacidade parenquimatosa na projeção do LSD.

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Figura 2. Atelectasia do LSD. Neste caso, o deslocamento da fissura

é evidente (setas), mas a borda lateral não é tão bem demarcada.

Um sinal indireto importante é o deslocamento superior

do hilo direito (seta tracejada).

Figura 3. Radiografia em perfil de atelectasia do LSD. As setas

apontam para o deslocamento superior e posterior da

fissura horizontal; cabeças de setas demonstram

o deslocamento superior e anterior da oblíqua.

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Figura 4. Colapso do lobo superior esquerdo. As setas na radiografia em PA apontam para

opacidade em contato com o arco aórtico, mal definida, associada a elevação hilar homolateral.

A radiografia em perfil demonstra com mais clareza o colapso lobar. As setas apontam para

elevação e desvio anterior da fissura oblíqua.

5 – Atelectasia do lobo médio e da língula

Figura 5. Atelectasia do lobo médio. Na radiografia em PA o único sinal é indireto: aproximação dos

vasos pulmonares (setas). No perfil há opacidade triangular projetada sobre a imagem cardíaca,

com aproximação das fissuras horizontal e oblíqua (setas). Na atelectasia da língula os sinais

são os mesmos, mas do lado esquerdo.

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6 – Atelectasia dos lobos inferiores

Figura 6. Atelectasia do lobo inferior direito. A seta aponta para opacidade paracardíaca direita na radiografia em PA.

O perfil demonstra com clareza o desvio posterior (setas) da fissura oblíqua.

Figura 7. Atelectasia do lobo inferior esquerdo. Opacidade paracardíaca

esquerda com duplo contorno cardíaco na radiografia em PA (setas).

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7 – Atelectasia de um pulmão

Figura 8. Atelectasia completa do pulmão direito, com desvio ipsilateral das estruturas

mediastinais. Reparar que na radiografia em perfil apenas uma cúpula

diafragmática (esquerda) é visível (sinal da silhueta).

8 – Leitura recomendada

Felson B. Chest roentgenology. WB Saunders, Philadelphia, PA, 1973: 574p.

Juhl JH, Crummy AB, Kuhlman JE. Paul and Juhl's Essentials of Radiologic Imaging. Lippincott Williams &

Wilkins, 1998, 1408p.

McLoud TC. Thoracic Radiology: The Requisites. Mosby, 1998, 512p.