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    16, 17 e 18 de Julho de 2015

    Instituto de Cincias Sociais (ICS-UL)

    S. Nobre (a)

    A. M. Carvalho (b)

    A. M. Geraldes (c)

    A. Teixeira (d)

    R. Mesquita (e)

    Ruralidade, natureza e paisagem: caminhos, percees e expectativas no casoda Paisagem Protegida da Albufeira do Azibo

    Resumo/ Resumen (100 palavras)

    A Albufeira do Azibo, Macedo de Cavaleiros, Trs-os-Montes, um projeto hidroagrcola dos anos 70, desde 1992 uma rea de Paisagem Protegida, parcialmente includa no stio Morais da Rede Natura2000. Territrio onde se cruzam cultura local, patrimnio agroecolgico, lazer e vivncias diversas,constitui atualmente um dos principais polos de atrao turstica do Nordeste Transmontano.

    A recolha e anlise de informao diversa permitem perceber de que forma um projeto de intervenoagrcola, com impacto ambiental, social e econmico importante, se transforma num valor natural

    protegido e num polo de atrao agroturstica inovador, conciliando interesses ecolgicos,

    paisagsticos e de desenvolvimento rural.

    Palavras chave: Patrimnio biocultural,paisagem protegida, desenvolvimento rural,Azibo

    Rural, nature and landscape: insights, perceptions and expectations about the

    Protected Landscape of Albufeira do Azibo

    Abstract

    Azibo is a protected area (IUCN category V), partly integrated in the Morais Natura 2000 Site, inMacedo de Cavaleiros municipality, Northeastern Portugal. An agricultural dam project for irrigationfrom the seventies that have become an attracted protected landscape providing recreational and

    environmental activities in the area, being nowadays a major touristic pole of Trs-os Montes region.

    Bringing together information from different sources, this paper analyses how a governmentalagricultural intervention, with important environmental, economic and social impact, have evolved

    (a) Centro Investigao de Montanha/Escola Superior Agrria, Instituto Politcnico de Bragana, [email protected](b) Centro Investigao de Montanha/Escola Superior Agrria, Instituto Politcnico de Bragana, [email protected](c) Centro Investigao de Montanha/Escola Superior Agrria, Instituto Politcnico de Bragana, [email protected](d) Centro Investigao de Montanha/Escola Superior Agrria, Instituto Politcnico de Bragana, [email protected](e) Centro de Informao Europe Direct de Bragana

    http://en.wikipedia.org/wiki/Morais_Natura_2000_Sitehttp://en.wikipedia.org/wiki/Morais_Natura_2000_Site
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    into a protected natural with recognized natural, ecological and cultural values, combiningagrotourism, innovation, landscape and rural development.

    Keywords: Biocultural heritage, protected landscape, rural development, Azibo

    O APROVEITAMENTO HIDROAGRCOLA DE MACEDO DE CAVALEIROSO aproveitamento hidroagrcola de Macedo de Cavaleiros est localizado em Trs-os-Montes,

    distrito de Bragana, ocupando parte dos concelhos de Macedo de Cavaleiros e de Mirandela e,

    data, resultou de uma parceria entre o Ministrio do Ambiente e Recursos Naturais e o Ministrio

    da Agricultura. No projeto inicial este empreendimento beneficiaria uma rea aproximada de

    5300 hectares, que passaria a regime de regadio, tendo como base o potencial hdrico

    acumulado na albufeira do Azibo, com cerca de 54,5 milhes de m3, conseguido pela construo

    de uma barragem de terra batida com 56 m de altura e 551 m de comprimento, aproximadamente

    a 1 km a Norte da aldeia de Vale da Porca (IHERA, 1991.).

    A construo da Barragem do Azibo iniciada em 1979 ficou concluda em 1983, incluindo a

    barragem, propriamente dita, a rede primria de rega, a estao de bombagem e as condutas

    elevatrias. O projeto inicial foi alargado em 1984/1981, fez-se nova redistribuio de blocos, e a

    gua armazenada na albufeira destinava-se fundamentalmente a servir o plano de rega da baixa

    de Macedo, Salselas e Brino e o abastecimento domicilirio s populaes de Macedo e aldeias

    vizinhas. No entanto, a concluso da rede secundria, inicialmente tambm prevista, foi-se

    atrasando tendo sido dada como concluda apenas em 2005 (IHERA, 1991.).

    No incio os objetivos do aproveitamento visavam essencialmente poder diversificar e intensificar

    a agricultura regional de modo a criar melhores perspetivas de desenvolvimento concretizveis

    atravs do regadio. Pretendia-se contribuir de forma decisiva para o desenvolvimento local, de

    modo a que este se pudesse estruturar em torno de um plo de indstrias transformadoras de

    produtos agrcolas e da evoluo do sector tercirio, conseguindo por esta via, elevar os

    rendimentos da populao residente bem como atrair a fixao de emigrantes que regressassem

    regio.

    Uma das unidades de transformao de produtos agrcolas, poca j existente, era o Complexo

    Agroindustrial do Cacho e aspirava-se a que o aproveitamento hidroagrcola do Azibo

    conduzisse a uma reconverso da produo agrcola (sobretudo aumentando as culturas frutcolas

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    agroindustrial que assim garantiria o escoamento da produo regional (Nascimento, 2000).

    A disponibilidade de gua, associada s caractersticas ecolgicas da regio, permitiria uma nova

    gama de cultivos, que implicariam profundas alteraes nos sistemas de produo tradicionais.

    Nestes, a principal ocupao do solo eram os cereais que ocupavam entre 40% a 50% da rea

    total, seguidos do olival, presente sobretudo nos terrenos de encosta e representando 20 a 30 % da

    ocupao do solo, e os lameiros, frequentemente nos solos de baixa, aproximando-se dos 20%.

    As hortcolas, com menor proporo, representavam no mximo 10% da rea (CCRN,1991;

    Moreira, 1991; IHERA, 1991).

    Por razes diversas que se prendem sobretudo com uma estrutura fundiria muito fragmentada,

    um elevado nmero de agricultores de pequena dimenso e de idade avanada, e pelas

    dificuldades de escoamento de novas produes, na ausncia das indstrias transformadoras, na

    agricultura regional no ocorreram as transformaes projetadas. Contava-se que a reconverso

    da produo agrcola se fizesse tambm com base nas necessidades de abastecimento do

    Complexo Agroindustrial do Cacho. Tal no se veio a verificar, ao que no ter sido alheio o

    facto de que quando o projeto de regadio se concretizou o Complexo do Cacho passava j por

    crises sucessivas de funcionamento (Nascimento, 2000). Apesar do aumento das reas de regadio,

    no se verificou nem a intensificao das produes previstas, nem o concomitante consumo de

    gua para rega previsto no projeto.

    Assim, o regolfo criado mobilizou sua volta uma grande diversidade de interesses paisagsticos,

    tursticos e econmicos e simultaneamente proporcionou o enriquecimento gradual dos sistemas

    naturais adjacentes.

    DA ALBUFEIRA PAISAGEM PROTEGIDA DO AZIBO

    A Paisagem Protegida da Albufeira do Azibo ocupa 3281,7 hectares, a maior parte includos no

    no concelho de Macedo de Cavaleiros, freguesias de Vale da Porca, Santa Combinha, Podence,

    Salselas, Vale de Prados e ainda a freguesia de Quintela de Lampaas do concelho de Bragana

    (ICNF, 2015a).

    Foi criada pelo Decreto Regulamentar n 13/99 de 3 de agosto, do Ministrio do Ambiente,

    atendendo por um lado importncia que o governo da poca atribua ao papel das autarquias na

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    prossecuo do desenvolvimento sustentvel e de aes integradas de conservao da natureza, e

    por outro lado, ao princpio da Agenda XXI pensar globalmente, agir localmente (DR 13/99, 3

    agosto).

    Face importncia desta rea como repositrio de vegetao natural a nvel nacional, existncia

    de espcies faunsticas ameaadas e com estatuto de proteo, e ainda pelos aspetos tcnico-

    cientficos, culturais, histricos e paisagsticos, as possibilidades de promoo de atividades

    tradicionais e de salvaguarda e valorizao do patrimnio natural e cultural, foi considerado um

    imperativo fazer da albufeira uma rea a proteger, permitindo simultaneamente o seu usufruto s

    populaes para fins de recreio e lazer. Para tal e dada sensibilidade desta rea e os valores a

    preservar, era considerado essencial a aplicao de medidas de gesto que suportassem a sua

    proteo sem impedir a utilizao, atribuindo-se a gesto desta paisagem protegida Cmara

    Municipal de Macedo de Cavaleiros. O decreto define tambm os limites da Paisagem Protegida

    da Albufeira do Azibo, como rea protegida de mbito regional (Figura 1), os rgos de gesto, a

    sua composio, competncias e funcionamento e estabelece um conjunto de normas relativas

    fruio do espao, como por exemplo, interdies previstas, atos e atividades sujeitas a

    autorizao, contraordenaes, sanes e coimas.

    Figura 1 -. Limites da Paisagem Protegida da Albufeira do Azibo (DR 13/99, 3 agosto)

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    BIODIVERSIDADE E VALORES NATURAIS

    Macedo de Cavaleiros um concelho do Alto Trs-os-Montes com altitude mdia entre os 600 a

    700 metros, tendo a norte a Serra de Nogueira, ao centro a de Ala e a do Cubo, a sul a Serra de

    Bornes e, a Este, o Monte de Morais. Uma parte deste territrio (24,4%) encontra-se classificado

    no Plano Sectorial da Rede NATURA 2000, a rede ecolgica para o espao da Unio Europeia, o

    principal instrumento para a conservao da natureza a nvel europeu (ICNF, 2015a).

    Na rea da Albufeira do Azibo a paisagem constitui uma mostra interessante de vegetao

    mediterrnica e atlntica, coabitando no mesmo espao carvalhos de folha persistente (azinheirae

    sobreiro) e de folha caduca (carvalho-cerquinho). Outra das particularidades desta zona que

    16% da sua rea se encontra abrangida pelo Stio de Morais (cdigo 23 PTCON0023 da Rede

    NATURA 2000), territrio que corresponde a uma das maiores unidades contnuas de

    serpentinitos (solos de rochas metamrficas onde predominam minerais do tipo das serpentinas)

    em Portugal, onde se destacam interessantes singularidades botnicas e geolgicas (ICNF, 2015a

    e 2015b).

    Nas margens da Albufeira do Azibo dominam azinhais (azinheira, Quercus rotundifoliaLam.) e

    sobreirais (sobreiro, Quercus suber L.), considerados dos mais bem conservados de Trs-os-

    Montes. Associadas a estas espcies arbreas existe um elenco florstico constitudo por algumas

    espcies includas na Directiva Habitats, a gilbardeira (Ruscus aculeatus L.) e o narciso

    (Narcissus triandrusL.), espcies mais raras, como algumas orqudeas silvestres (Dactylorhiza

    sambucina (l.) So eLimodorum abortivum(L.) Sw.); outras mais vulgares, como a roseira-brava

    (Rosasp.pl.), a madressilva (Lonicera etruscaSanti), a dedaleira (Digitalis purpureaL.) e a rosa-

    albardeira (Paeonia broteriBoiss. & Reut.).

    Ainda em relao flora, destacam-se tambm os zimbrais (Juniperus oxycedrusL.) e os bosques

    de carvalho-cerquinho (Quercus fagineaLam.), os matos de estevas (Cistus ladaniferL. e outras

    cistceas), ar (Lavandula pedunculata (Mill.) Cav.), trovisco (Daphne gnidium L.) e outras

    arbustivas, e as comunidades herbceas onde podem surgir espcies tpicas de rochas ultrabsicas

    como o plantago (Plantago radicata L.), a santolina (Santolina semidentata L.) e a cravelina-

    brava (Dianthus laricifoliusBoiss. & Reut. ssp. Marizii). A par destas formaes, nas zonas de

    maior interveno antropomrfica, formam-se mosaicos de vegetao rasteira, lameiros, olival,

    vinha, parcelas agrcolas e pequenas hortas familiares.

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    Ao longo dastrs linhas de gua que alimentam a barragem - o Rio Azibo (13Km), e as Ribeiras

    do Azibeiro (7,3Km) e do Reguengo (7,8Km) prosperam galerias de vegetao ribeirinha

    dominada por amieiros (Alnus glutinosa(L.) Gaertn.) e freixos (Fraxinus angustifoliaVahl), ou

    por salgueiros-brancos (Salix salviifoliaBrot.). Nas orlas dos bosques observam-se outras plantas

    com interesse medicinal, como o pilriteiro (Crataegus monogyna Jacq.) e o sabugueiro

    (Sambucus nigraL.). Nas zonas temporariamente encharcadas algumas plantas herbceas como a

    saponria (Saponaria officinalisL.), o embude (Oenanthe crocata L.), a salgueirinha (Lytrhum

    salicariaL.), os juncos (Juncussp. pl. e Scirpoides holoschoenus(L.) Sojk).

    Na primavera e outono, encontram-se diferentes espcies de cogumelos silvestres, algumas de

    grande interesse ecolgico, pela associao simbitica que fazem com rvores e arbustos, e outras

    com valor gastronmico como a amanita-dos-csares (Amanita caesarea (Scop.) Pers.)e a

    trombeta-dos-mortos (Cantharellus cornucopioides(L.) Fr.).

    As condies da rea protegida propiciam a ocorrncia de uma fauna variada, sobretudo aves,

    mamferos, rpteis, anfbios e peixes. H notcia da presena de lobo e so facilmente visveis os

    vestgios de raposa, javali, coro e lontra (PPAA, 2015).

    Atendendo a presena da massa de gua, vrias espcies de aves fizeram da barragem zona de

    nidificao e de refgio e de passagem durante os seus percursos migratrios. So

    frequentemente observveis o mergulho-de-crista (Podiceps cristatus), o mergulho-pequeno

    (Tachybaptus ruficollis), o pato-real (Anas platyrhynchos), as garas (Egretta garzetta, Ardea

    cinerea,Bubulcus bis) e cegonhas (Ciconia ciconia e Ciconia nigra), rapinas diurnas (e.g. guia-

    de-asa-redonda, Buteo buteo) e noturnas (e.g. mocho-galego,Athene noctua), e muitas outras

    espcies de passeriformes, de limcolas, columbiformes entre outras (PPAA, 2015).

    A Albufeira do Azibo faz parte da bacia hidrogrfica do Rio Sabor, que por sua vez faz parte da

    bacia do Douro. Estudos realizados nas bacias hidrogrficas do Sabor e do Tua mostram que, por

    norma, os cursos de gua destas bacias, possuem uma boa integridade bitica destacando-se entre

    a fauna pisccola nativa a truta-de-rio (Salmo trutta), espcie emblemtica para a pesca desportiva

    e ldica da regio, e vrios ciprindeos endmicos, com elevado valor em termos de conservao,

    caso do escalo (Squalius carolitertii), barbo (Luciobarbus bocagei), boga (Pseudochondrostoma

    duriense) e bordalo (Squalius alburnoides). No entanto, na atualidade muitos ecossistemas

    aquticos tm sofrido uma degradao assinalvel como resultado da poluio da gua, de

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    prticas agrcolas e florestais inadequadas, da extrao de inertes, do corte exagerado da galeria

    ripcola, da sobrepesca e, mais recentemente, da regularizao dos cursos de gua. A Albufeira

    do Azibo no uma exceo e por isso muito da sua fauna pisccola tem sofrido importantes

    alteraes (Teixeira, 2011).

    PATRIMNIO AGRCOLA E CULTURAL

    Macedo de Cavaleiros um concelho com caractersticas agroecolgicas que resultam do seu

    territrio se encontrar maioritariamente na zona de transio entre a Terra-Fria (invernos frios e

    prolongados, veres curtos, geadas de outubro a maio, precipitao superior a 1200mm) e a

    Terra-Quente (invernos mais suaves e menos prolongados, geadas de novembro a maro, veres

    quentes e secos, precipitao inferior a 1200mm) (Gonalves, 1991 e 2004).

    As condies bioclimticas desta Terra de Transio (Gonalves, 1991) so responsveis pelo

    uso do solo e propiciaram o desenvolvimento de atividades ligadas floresta, silvopastorcia e

    agricultura, nomeadamente a produo de vinho, cereais, carne de bovino, ovino e caprino,

    lacticnios, azeite e castanha. O sector primrio desempenhou e desempenha um papel importante

    na economia regional, acentuando assim o carcter marcadamente rural de todo esta regio.

    Ponto estratgico (dada a existncia de um n ferrovirio at dcada de noventa) e encruzilhada

    de vias de comunicao do Nordeste Transmontano durante o sculo XX, o territrio de Macedo

    de Cavaleiros um espao rural onde se cruzaram gentes e culturas vindas do norte e do sul. Em

    muitas das suas aldeias (Podence, Salselas, Vale da Porca) h uma rica tradio etnogrfica e

    importantes testemunhos arqueolgicos, para alm do interesse histrico e artstico do seu

    patrimnio arquitetnico, em particular de cariz religioso.

    POTENCIALIDADES DA PAISAGEM PROTEGIDA DA ALBUFEIRA DO AZIBO

    Para alm de todo o acervo natural e paisagstico, a Paisagem Protegida da Albufeira do Azibo

    tem disponveis diversos espaos atrativos para os potenciais visitantes e utentes. Nos ltimos

    anos foram limitadas reas especficas para lazer (Decreto Regulamentar N13/99 de 3 de Agosto,

    artigo11), construdos equipamentos e infraestruturas que possibilitam a realizao de atividades

    de recreio, desportivas, culturais, de educao ambiental, de contacto com a natureza, e

    aproximao ao mundo rural.

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    Destacam-se as duas praias fluviais, uma delas, desde h anos, distinguida com a Bandeira Azul

    pela FEE (Foundation for Environmental Education). Esta prerrogativa, de grande prestgio

    nacional e internacional, corresponde ao cumprimento de um conjunto de requisitos de qualidade

    ambiental, segurana, bem-estar, de infraestruturas de apoio, e de informao aos utentes e

    sensibilizao ambiental. Para alm disso, acumula tambm o galardo de Praia Acessvel, pela

    facilidade de acesso praia de pessoas com mobilidade condicionada e preocupao com o seu

    bem-estar (PPAA, 2015). A candidatura ao Programa Praia Acessvel - Praia para Todos! (INR,

    2015) anual e implica o cumprimento de determinados requisitos, tais como: acesso pedonal

    fcil, estacionamento ordenado, presena de nadador-salvador, percursos acessveis zona de

    banhos, instalaes sanitrias adaptadas, entre outros.

    As infraestruturas incluem restaurante e bares de apoio, piscinas e equipamentos flutuantes,

    pavilho de apoio a desportos nuticos no motorizados, campos de jogos, parque infantil, parque

    de merendas, sanitrios, pontos de gua e de recolha diferenciada de resduos, ancoradouro.

    O Ncleo Central da Paisagem Protegida da Albufeira do Azibo, onde se encontra um auditrio

    com 50 lugares e a Sala-Museu de Arqueologia, o Centro de Interpretao, um Pavilho

    Multiusos com acesso internet, os postos de observao de aves, os cinco trilhos pedestres e a

    ciclovia do Azibo, so importantes equipamentos que permitem atividades desportivas e de

    turismo da natureza, tanto orientadas como livres, e aes de formao e divulgao quer de

    mbito cientfico como de mbito geral.

    A circundar a albufeira as aldeias de Santa Combinha, Salselas, Vale de Prados, Vale da Porca, e

    Podence so exemplos de antigas comunidades rurais, hoje em dia padecendo do envelhecimento

    populacional e do abandono de atividades tradicionais, mas onde ainda se pressentem os traos de

    uma sociedade rural, onde a pecuria, cerealicultura e a hortifruticultura de pequena dimenso

    dominaram. Estes resqucios de mundo rural, associados s experiencias e lembranas dos mais

    velhos, podem constituir, pontos de partida essenciais para o registo do conhecimento ecolgico

    local, patrimnio imaterial que urge recolher e conservar para memria futura.

    Na zona abrangida pela paisagem protegida esto em funcionamento sete espaos museolgicos,

    h registo de pelo menos quinze pontos de interesse artstico religioso, incluindo dois santurios,

    de vrios exemplos de patrimnio arquitetnico relevante (pelourinhos, solares, igrejas, capelas e

    casas agrcolas), de cinco stios arqueolgicos visitveis (CM Macedo Cavaleiros, 2015).

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    Ao longo do ano so promovidos eventos desportivos, alguns j de notoriedade nacional, (e.g.

    Campeonato Nacional de Voleibol de Praia, Prova de BTT Azibo 2014), e realizam-se diversos

    eventos (feiras, festivais e mostras) com calendrio marcado que renem um grande nmero de

    participantes, como por exemplo, a Feira do Azeite e da Caa, o Entrudo Chocalheiro, o Festival

    Rural, entre outros (CM Macedo Cavaleiros, 2015).

    PAISAGEM PROTEGIDA DO AZIBO: PERCEES E EXPECTATIVAS DOS UTENTES

    O conhecimento das percees e expetativas dos utilizadores uma contribuio importante para

    a gesto do espao e implementao de medidas eficazes de sustentabilidade e desenvolvimento.

    Nesse sentido, recorrendo a inquirio formal realizada no ms de julho de 2009 foram

    entrevistados 150 utilizadores das diferentes reas da Paisagem Protegida da Albufeira do Azibo.

    Os participantes foram escolhidos aleatoriamente e convidados a participar no estudo quando se

    dirigiam para os vrios locais de lazer. A todos foi explicado o objetivo da inquirio e

    consensualmente todos acederam a responder e deram autorizao verbal para a divulgao dos

    respetivos resultados, de acordo com os princpios do consentimento livre, prvio e informado.

    O formulrio de inquirio resultou de um trabalho acadmico realizado por alunos de um curso

    profissional e estava dividido em duas partes: a primeira recolhia as caractersticas

    socioeconmicas dos respondentes (idade, gnero, escolaridade, ocupao profissional,

    residncia) e a segunda indagava o tipo de atividades desenvolvidas, o nvel de fruio do espao,

    o conhecimento das normas de utilizao (presena de candeos, por exemplo), a motivao e o

    grau de satisfao. O conjunto de perguntas era relativamente simples, maioritariamente de

    resposta direta e fechada, algumas vezes recorrendo a respostas dicotmicas e a multiopes,

    dando espao no final a sugestes atravs de duas questes abertas.

    Perfil dos utilizadores entrevistados

    Do total de participantes na inquirio cerca de 60% so mulheres, maioritariamente adultas

    (70% com idade compreendida entre os 19 e os 55 anos) e profissionalmente ativas (48%).

    Quanto aos homens, 85% encontra-se na mesma faixa etria da maioria das mulheres (19-55) e

    60% na vida ativa. Proporcionalmente, houve mais jovens (30%) e estudantes (43%) do sexo

    feminino a participarem do que do sexo masculino (respetivamente, 8% menores 18 anos e 27%

    de estudantes).

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    A distncia percorrida pela maior parte dos entrevistados inferior a 30km (76%), contudo

    alguns dos utentes realizaram percursos entre 30 e 100km (21%) e poucos fizeram viagens

    superiores a 100 km (3%). Para chegar Albufeira do Azibo, muito poucos respondentes se

    deslocaram a p ou de bicicleta (4%); a grande maioria utilizou veculos motorizados para as suas

    deslocaes, 9,3 % mota, sobretudo para curtas distncias e 79% o carro para trajetos curtos,

    mdios e longos.

    Motivao e fruio do espao

    De acordo com os inquiridos, a principal motivao para a visita e permanncia no espao da

    Albufeira do Azibo reparte-se pelos seguintes tpicos: (i) convvio com familiares e amigos (41%

    do total); (ii) atividades na gua e banhos de sol (35%); (iii) pesca desportiva (13%); (iv)

    paisagem e natureza (11%).

    As principais atividades que gostam de realizar so: as aquticas (73% do total inquirido), que

    incluem, banho, nadar e uso dos equipamentos balneares; a canoagem (10%) e a pesca desportiva

    (6%).

    Considerando toda a oferta desportiva, cultural e de equipamentos e infraestruturas anteriormente

    descritas, so poucos os respondentes que frequentam as aldeias tradicionais e contactam com os

    habitantes locais (30%), visitam os museus e o centro de interpretao (25%), e aqueles que

    alguma vez percorreram os trilhos pedonais correspondem apenas a 38%. Contudo a maioria(71%) utilizador do parque de merendas, o que coerente com a principal motivao

    identificada.

    No se verificaram diferenas significativas entre homens e mulheres e por faixas etrias

    relativamente a estas questes gerais. A percentagem de no respostas a estas questes foi de 8%.

    No entanto, a canoagem foi sobretudo referida por mulheres entre os 18 e os 35 anos, estudantes

    ou tcnicas superiores; a pesca por homens dos 35 aos 55 anos, com atividade profissional

    variada. Outros desportos comos escalada, ou corrida de orientao foram somente mencionados

    por mulheres jovens (18-35 anos).

    O questionrio no contemplava questes sobre normas de conduta num espao protegido, mas

    apesar disso tinha trs perguntas sobre a posse e o acesso ao espao de animais domsticos,

    nomeadamente candeos, visto que na zona fluvial a sua presena est interdita. Cerca de metade

    dos inquiridos disse que no tinha animais domsticos (53%), dos restantes, s duas pessoas

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    possuidoras de ces, afirmaram que os levavam habitualmente para a praia. No total, apenas 7%

    dos inquiridos desconhecia a proibio de animais nas praias e curiosamente todos so donos de

    ces.

    O que mais atrai os visitantes e grau de satisfao

    No final da aplicao do formulrio de inquirio, aproximadamente metade dos indivduos, 58%

    do sexo masculino e 39% feminino, no foi capaz de explicitar o que mais atrai na Albufeira do

    Azibo. As ideias propostas por alguns dos inquiridos pareceram demasiado formatadas com a

    divulgao feita pelas entidades municipais e de turismo local. Assim sendo, dentro dos que

    responderam, a paisagem e a gastronomia parecem ser os pontos de maior atrao para frequentar

    o local. A arqueologia foi o aspeto particular ressaltado, mais uma vez, maioritariamente por

    jovens mulheres (11 indivduos com idades compreendidas entre os 18 e os 55 anos), sobretudo

    estudantes ou com profisso associada frequncia do ensino secundrio e superior.

    Relativamente ao grau de satisfao uma boa parte (49%) dos utentes no soube ou no quis

    responder. A percentagem de utilizadores satisfeitos (31%) , contudo, superior aos que se

    mostraram algo descontentes (20%).

    O que mais agrada aos visitantes tudo em geral, incluindo a paisagem, a gua, o espao em si. O

    desagrado foi manifestado considerando sobretudo aspetos relacionados com o tipo e quantidade

    de areia, a presena de vegetao (ervas, algas) tanto nas margens como na gua, o nvel delimpeza das praias e das zonas envolventes, a impossibilidade de acampar e o estacionamento

    sem sombra.

    Dado o nmero de entrevistados que no respondeu a estas duas ltimas questes (satisfao

    49%; atrao 47%), admite-se que o questionrio poderia ser demasiado extenso, provocando

    algum cansao nos respondentes ou que essas questes no estavam formuladas da melhor

    maneira.

    Sugestes dos utentes

    Convidados a propor sugestes 29% do total de inquiridos selecionaram as seguintes atividades,

    enumeradas atendendo ao maior nmero de opinies sobre o mesmo tpico: (i) aulas de aerbica,

    ginstica e dana; (ii) campeonatos e treino de modalidades desportivas, por exemplo voleibol e

    futebol; (iii) campismo; (iv) desportos nuticos motorizados; (v) festivais e eventos musicais; (vi)

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    concursos de pesca desportiva; (vii) percursos pedestres e passeios de burro; (viii) outras

    atividades, tais como equitao, parkour, paintball, tiro aos pratos.

    Visto que a inquirio decorreu em 2009, algumas destas sugestes j se encontram ultrapassadas

    tendo em ateno as potencialidades descritas num ponto anterior. Outras esto claramente

    interditas pela regulamentao das reas protegidas, como por exemplo o uso de veculos

    motorizados na gua e nas margens, a prtica de campismo e todas as atividades que provoquem

    ruido excessivo e causem impactos que ponham em risco a qualidade do espao, da gua e dos

    habitats e seus habitantes.

    Saliente-se que 38% do total dos entrevistados no quis emitir qualquer opinio e que 23% no

    sentiu necessidade de fazer qualquer sugesto em particular, mas comentou est tudo bem

    assim!.

    AGRICULTURA, LAZER, CONSERVAO DA NATUREZA E PATRIMNIO NATURAL

    No ponto inicial deste texto fez-se a trao largo a histria da construo da barragem do Azibo,

    dos propsitos iniciais previstos para a utilizao do armazenamento de gua, aos diferentes usos

    e benefcios que a albufeira e a presena do grande espelho de gua trouxeram. De facto, o

    objetivo inicial - o desenvolvimento e intensificao da produo agrcola a ser transformada

    ainda dentro da regio de Trs-os-Montes - no ocorreu na proporo esperada. Houve aumento

    das reas regadas bem como do nmero de regantes, mas no uma total transformao dos

    sistemas de produo agrcola (Nascimento, 2000). Verificaram-se algumas alteraes nas

    culturas tradicionalmente praticadas (diminuio da reas de cereal, aumento das reas de

    hortcolas e de olival de regadio), mas mesmo estas mudanas no so totalmente imputveis

    hiptese conferida pela possibilidade de rega.

    Como a gua utilizada de forma pouco intensa, as flutuaes do nvel da barragem so

    praticamente inexistentes. Consequentemente, esta albufeira apresenta um comportamento e uma

    dinmica semelhantes a um lago natural, o que a torna um caso nico no pas. Neste contexto foi

    possvel a criao da Paisagem Protegida da Albufeira do Azibo com o propsito de conservar

    todo o acervo natural e paisagstico deste espao, e potenciar o seu uso mltiplo. A Albufeira do

    Azibo, bem como a bacia onde se insere, alm do seu uso agrcola, tem potencialidades para o

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    desenvolvimento de atividades ligadas ao turismo de natureza e rural, que alis esto como se viu

    j em andamento.

    Mas a modificao substancial dos habitats aquticos naturais decorrente da construo de

    barragens e extensas albufeiras associadas tem contribudo para alteraes profundas na

    composio florstica e faunstica das reas afetadas. Na Paisagem Protegida da Albufeira do

    Azibo tem-se, paulatinamente, assistido reduo/desaparecimento de espcies pisccolas

    autctones e sua substituio por espcies exticas, algumas delas com carter invasor. De facto,

    entre as espcies introduzidas podem citar-se o achig, o lcio (Esox lucius), a carpa (Cyprinus

    carpio), a perca-sol (Lepomis gibbosus), o peixe-mosquito (Gambusia holbrooki), o gbio (Gobio

    lozanoi) e o alburno (Alburnus alburnus). Apesar do constrangimento decorrente do

    desaparecimento de espcies nativas, esta rea apresenta um potencial enorme, caso a gesto e

    ordenamento desta massa hdrica possa servir, de forma integrada e sustentvel, para o

    desenvolvimento das diferentes atividades preconizadas, nomeadamente as ligadas ao lazer

    (Teixeira, 2011).

    Todas as atividades, tanto as de carcter agrcola, como de turismo da natureza, de lazer, e de

    educao ambiental dependem da qualidade ambiental e do bom estado ecolgico da albufeira e

    das reas limtrofes, e em primeira instncia da regulao do consumo/nvel de armazenamento

    de gua e da manuteno dos habitats.

    ESTRATGIAS DE CONSERVAO E GESTO DOS ESPAOS RURAIS

    No entanto, para que se possa compreender bem a dinmica desta albufeira e assim ser possvel

    implementar prticas de gesto corretas que permitam a sua utilizao sustentvel e a manuteno

    da sua integridade ecolgica necessrio ampliar e desenvolver linhas de investigao

    multidisciplinares que possibilitem diferentes aproximaes,nomeadamente identificar os timos

    ambientais das comunidades aquticas e das suas respostas s perturbaes, quer de origem

    natural quer humana.

    Assim sendo, indispensvel: (i) calcular taxas de eroso e capacidade de reteno dos solos

    localizados na bacia desta albufeira, evitando escorrimentos de materiais e acumulao de

    sedimentos; (ii) determinar as quantidades reais de nutrientes (P e N) que entram na albufeira e

    quais so as suas taxas de sedimentao, controlando deste modo a eutrofizao da gua; (iii)

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    prever a resposta das comunidades aquticas (plncton, macro-invertebrados e peixes) s

    alteraes nos processos estruturantes da paisagem (e.g. padres climticos, precipitao,

    ocupao do solo) e assim aferir de forma expedita alteraes na qualidade ambiental; (iv)

    determinar qual a capacidade de suporte da albufeira em termos de afluncia de turistas,

    banhistas, atividades aqutica e pescadores desportivos; (v), em suma, monitorizar regularmente

    a integridade ambiental da albufeira, porque apenas sries longas de dados geram o conhecimento

    que facilita a implementao de medidas minimizadoras de impactos, a correo de medidas

    inadequadas ou a aplicao de novas estratgias de gesto (Geraldes, 2004).

    tambm fundamental um levantamento atual das atividades agrcolas associadas ao regadio na

    zona. A atualizao da informao acerca da tendncia das produes do regadio, das prticas

    culturais associadas, bem como do escoamento comercial dos produtos, so imprescindveis para

    se compreender se os limites de segurana do ponto vista ambiental esto em consonncia com os

    propsitos dos produtores agrcolas. O conhecimento e a compreenso dos atuais canais de

    comercializao, bem como as perspetivas da sua evoluo num futuro prximo, podem dar

    indicaes importantes acerca da provvel evoluo da rea regada.

    A manuteno da qualidade ambiental da Albufeira do Azibo no depende s de investigao

    cientfica e da capacidade de elaborao de bons planos de gesto e de ordenamento do territrio

    por parte das autoridades competentes, depende tambm do comportamento de todos os utentes e

    em particular dos residentes na rea de influncia da barragem. Nessa medida fundamental

    conseguir a participao ativa das partes interessadas em todas as fases de identificao e gesto

    de potenciais conflitos.

    Por outro lado, a educao e formao ambiental so abordagens fundamentais. As entidades

    responsveis devem promover diversas aes dirigidas e adaptadas a diferentes pblicos-alvo

    com vista sensibilizao e informao sobre o espao da Paisagem Protegida da Albufeira do

    Azibo e as normas de conduta necessrias manuteno das caractersticas e qualidade da

    barragem e zonas circundantes. Essas aes devem incluir, educao ambiental em geral,educao do consumidor/utente, formao e treino dos operadores tursticos e dos agentes

    municipais, sensibilizao e formao de parceiros polticos, gestores e legisladores, assim como

    procurar incentivos financeiros e o planeamento integrado de atividades e infraestruturas.

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    CONSIDERAES FINAIS

    Este foi um estudo preliminar que se encontra em fase de expanso, dado que entretanto foram

    realizadas melhorias estruturais nos limites e rea circundante da Albufeira do Azibo e que se

    estima que o nmero de visitantes entre 2009 e 2015 tenha aumentado, mas sobretudo que o tipo

    de utentes e da sua motivao se tenha alterado. Isto , dada a oferta de diferentes reas de

    fruio (praia convencional, praia selvagem, cais) e de atividades variadas de lazer e turismo

    ambiental possvel que o tpico e maioritrio visitante domingueiro, merendeiro e barulhento

    tenha perdido destaque e dado lugar a um conjunto diversificado de utilizadores, concretamente a

    visitantes ocasionais e a aficionados da natureza.

    Como se observou, os valores naturais podem constituir uma forma de dinamizar e trazer novos

    agentes e atores para o sector do turismo rural e da natureza e, simultaneamente, aumentar e

    diversificar a oferta turstica da regio (e.g. turismo ligado pesca ldica e desportiva) e

    contribuir assim para a economia local.

    A existncia de uma estratgia de valorizao do potencial pisccola da Paisagem Protegida da

    Albufeira do Azibo e dos rios situados na proximidade dever estar integrada na diversificao da

    oferta de bens e servios que rodeiam este espao, maximizando as funes protetoras (ambiente)

    e sociais (lazer/fruio pelas populaes) para alm de promover a valorizao de recursos

    endgenos e a sustentabilidade dos territrios rurais.

    tambm da maior importncia que os mltiplos empreendimentos associados atividade

    turstica de fruio da natureza (j existentes e a constituir) possam ser enquadrados e formados

    no propsito geral da melhor gesto sustentada deste territrio. Do ponto de vista da oferta

    turstica ser tambm importante uma concertao entre as vrias atividades tursticas propostas,

    de forma a possibilitar ao visitante uma melhor, mais variada e mais longa estadia na regio.

    Por ltimo, h que no descurar o interesse da agricultura regional e todas as questes

    socioeconmicas associadas aos produtores agrcolas e s populaes residentes nas aldeias

    circundantes.

    BIBLIOGRAFIA

    CCRN (1991), Plano de Ordenamento da Albufeira do Azibo.

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