Rumo à Espiritualidade Na Escola - CIRCLE

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at Featherstone é um cristão dedicado que vive para servir os outros e é líder em sua igreja. Mas ele nem sempre foi assim. Quando adolescente, Pat foi parar di- ante de um juiz no tribunal juvenil. O juiz deu-lhe uma escolha: passar um tempo na casa de detenção juvenil ou ir para a escola adventista do sétimo dia local. Embora eu saiba que alguns alunos possam pensar que a escola é tão ruim quanto uma prisão, Pat esco- lheu a educação adventista em vez da casa de detenção juvenil. Enquanto estava na escola, ele con- seguiu ficar fora de problemas, mas não entregou seu coração a Jesus. Foi só anos depois, quando ele estava no exército e enfrentou um momento es- pecialmente difícil, que Deus o impres- sionou a tirar uma licença de dois dias e dirigir centenas de quilômetros de volta para a escola onde ele havia aprendido pela primeira vez sobre Deus. Ele se sentou no estacionamento da escola, orou e entregou seu coração a Jesus. Agora, décadas depois, ele é um voluntário na Escola Adventista de Li - vingstone, em Oregon; não é a escola de sua juventude, mas, mesmo assim, é uma escola onde ele “sente a presença de Deus”, 1 e honra seu compromisso de servir sua comunidade. Qual o valor da educação adven- tista? Os resultados do estudo Cogni- tive Genesis, realizado pela Divisão Norte-Americana, 2 indicam que, aca- demicamente, a educação adventista é tão boa quanto – se não melhor que – suas correspondentes públicas. Mas, como Jesus discutiu com seus discípulos, 3 o fator mais importante para qualquer coisa na vida, incluindo assuntos acadêmicos, é este: a menos que resulte em lucro para a vida espiri- tual, não se justifica. Um olhar sobre a filosofia da educação adventista 4 (veja o quadro na página 27) confirma que P O R C H R I S S E QU E I RA Rumo à Espiritualidade Na Escola 21 http://jae.adventist.org Revista Educação Adventista • 37:2014

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at Featherstone é umcristão dedicado que vivepara servir os outros e élíder em sua igreja. Mas elenem sempre foi assim.

Quando adolescente, Pat foi parar di-ante de um juiz no tribunal juvenil. Ojuiz deu-lhe uma escolha: passar umtempo na casa de detenção juvenil ou irpara a escola adventista do sétimo dialocal. Embora eu saiba que algunsalunos possam pensar que a escola étão ruim quanto uma prisão, Pat esco -lheu a educação adventista em vez dacasa de detenção juvenil.

Enquanto estava na escola, ele con-

seguiu ficar fora de problemas, masnão entregou seu coração a Jesus. Foisó anos depois, quando ele estava noexército e enfrentou um momento es-pecialmente difícil, que Deus o impres-sionou a tirar uma licença de dois diase dirigir centenas de quilômetros devolta para a escola onde ele haviaaprendido pela primeira vez sobreDeus. Ele se sentou no estacionamentoda escola, orou e entregou seu coraçãoa Jesus. Agora, décadas depois, ele é umvoluntário na Escola Adventista de Li -vingstone, em Oregon; não é a escolade sua juventude, mas, mesmo assim, éuma escola onde ele “sente a presençade Deus”,1 e honra seu compromisso deservir sua comunidade.

Qual o valor da educação adven-tista? Os resultados do estudo Cogni-tive Genesis, realizado pela DivisãoNorte-Americana,2 indicam que, aca -demicamente, a educação adventista étão boa quanto – se não melhor que –suas correspondentes públicas.

Mas, como Jesus discutiu com seusdiscípulos,3 o fator mais importantepara qualquer coisa na vida, incluindoassuntos acadêmicos, é este: a menosque resulte em lucro para a vida espiri-tual, não se justifica. Um olhar sobre afilosofia da educação adventista4 (vejao quadro na página 27) confirma que

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sua característica distintiva é “restaurarno ser humano a imagem de seu Cri-ador”.

Na vida, há muitas coisas que sópodem ser feitas corretamente de umaforma. Mas espiritualidade na escolanão é uma delas. Este artigo irá descre -ver a viagem e o processo pelo qual aEscola Adventista de Livingstone, emSalem, Oregon, tem passado e o qualcontinua a implementar para alcançara integração da fé e da espiritualidadeautêntica.

intencionalidadeA jornada não se torna um refúgio

espiritual para os alunos por acidente.A despeito de a Escola Adventista deLivingstone ser uma instituição da edu-cação adventista desde 1898, muitosex-alunos já declararam que ela nemsempre foi focada na espiritualidade.

Como ocorrido em muitas escolas daIgreja Adventista até a década de 1980,os alunos recebiam a mensagem de queseriam salvos mediante seu bom com-portamento. Junto a esse conceito es-tava a ideia de que as regras da escola,tais como códigos de vestimenta, es-tavam ligadas à salvação. Lembro-mede ser dito, nos meus tempos de EnsinoMédio, que o comprimento do cabelode um menino era motivo para expul-são, alegando-se que ele não estavaindo para o Céu. No início de 1990, noentanto, a diretoria da escola e os fun-cionários intencionalmente reali -nharam a escola com a filosofia da edu-cação adventista do sétimo dia:“desenvolver uma vida de fé em Deus erespeito pela dignidade de todos osseres humanos; formar caráteres seme -lhantes ao do Criador; encorajar pen-sadores em vez de meros refletores dospensamentos de outros; promoverserviço amorável em vez de ambição

egoísta; assegurar o máximo desen-volvimento do potencial de cada indi-víduo; e abraçar tudo que é verdadeiro,bom e belo.”5 Uma forma significativade alcançar essa meta é ser intencionalem distinguir problemas de comporta-mento escolar das questões de salvação.Fizemos isso comunicando aos nossosalunos e pais que violar as regras da es-cola não faz com que Deus nos amemenos, mas ainda assim é inaceitável.

Nossa escola tem se concentrado,particularmente, em dois elementos dafilosofia adventista de educação.Primeiramente, e o mais importante detudo, é nosso foco em um desenvolvi-mento equilibrado da pessoa – físico,intelectual, social e espiritual –, focoque está no centro de tudo que faze-mos. Na Livingstone, somos inten-cionais acerca de não deixar uma di-

Grupos de oração são apenas uma forma pela qual os alunos da Escola Adventista de Livingstone apoiam uns aos outros em sua jornada espiritual.

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mensão ofuscar qualquer outra. Essanão é uma tarefa fácil e exige que cons -tantemente sintonizemos nosso pro-grama a fim de manter as coisas emequilíbrio. O segundo elemento é avertente do cordão de três dobras queune lares, escolas e igrejas. Como diz ovelho provérbio africano: “É precisouma aldeia para educar uma criança.”Reconhecemos que somos apenas umadas filiais que Deus usa para moldar avida de nossos alunos e, portanto, faze-mos tudo que podemos para ajudar olar de nossos alunos e as igrejas locais aabranger e alcançar os mesmos obje-tivos.

o papel do professorÀ frente da jornada espiritual da es-

cola estão os professores. Eles minis-tram a cada jovem com quem entramem contato. O ministério do professornão deve ser subestimado e não é umaresponsabilidade a ser tomada deânimo leve. Acima e além do papel detransmitir informações acadêmicas aosalunos, o professor em uma escola ad-ventista também é um mentor espiri-tual. Essa é uma missão, não um em-prego. Para ser eficaz, um professordeve abraçar esse papel plenamente.

Até poucos anos atrás, a Livingstonesó oferecia do jardim de infância ao 9o

ano. No entanto, já que a maioria dosformandos do Ensino Fundamentaloptava por não continuar em outra es-cola adventista, a comunidade, o con-selho escolar e a diretora visionaramum programa ampliado e unificadoque abrangesse o Ensino Médio. A di-retora conseguiu que todos os fun-cionários apoiassem essa visão de umaescola com um programa unificadoque contemplasse do jardim de infân-cia ao Ensino Médio, em vez de pro-gramas separados: um para o EnsinoFundamental e outro para o EnsinoMédio. Quando todos os funcionáriosestão unidos, é incrível o que Deuspode realizar. Por causa da visão e dapaixão compartilhadas na Escola Ad-ventista de Livingstone, um programade qualidade e unificado foi rapida-mente incorporado.

No final de cada ano letivo, profes-sores e funcionários reavaliam a missãoda Livingstone. A razão pela qual re-

visitamos esse documento constante-mente é que ele é uma declaração vivae o foco para cada sala de aula.Desenvolver relacionamentos para o

hoje e para a eternidade com Cristo eentre si. Ajudar nossos alunos a desen-volver habilidades para a vida com baseem valores morais. Buscar nosso melhorna educação.

Como uma equipe, entendemosque, assim como é importante desen-volver um relacionamento com Jesus,quando desenvolvemos relacionamen-tos saudáveis com os alunos, isso ajudamuito a influenciá-los na direção posi-tiva. Descobrimos que a melhormaneira de fazer isso é por meio devárias atividades escolares e interaçõescom os alunos fora da sala de aula.Toda atividade que promovemos é vistaatravés da lente do desenvolvimento derelacionamentos para o agora e para aeternidade com Cristo e uns com osoutros. Os professores tambémpercebem que algumas das lições maisimportantes que ensinamos não sãonecessariamente acadêmicas. Portanto,

lições de vida que incluem uma mora -lidade centrada em Cristo são ensi-nadas com intencionalidade. Para aju-dar os alunos a alcançar seu melhor naárea educacional, descobrimos que nu-trir comunicação e relações com eles ecom seus pais paga enormes dividen-dos. Uma das maneiras mais eficazesque temos encontrado para nos comu-nicar é por meio de um programa emforma de livro de notas on-line.6

Quando os alunos sabem onde estãoacademicamente (classificação atual-izada pelo menos uma vez por sem-ana), todas as partes se beneficiam.

o papel do alunoEmbora a importância de ter uma

boa equipe não possa ser subestimada,igualmente importante é ter os alunosalinhados com a filosofia da escola. Osalunos são a força motriz da espiri -tualidade na escola; eles, em essência,têm de “comprar” o que a escola estáoferecendo para que isso funcione. Osalunos que afetam negativamente asaúde espiritual e acadêmica de nossaescola são lembrados de que é sua es-colha estar ali e fazer parte do pro-

Equipes formadas por alunos lideram o momento de louvor nos cultos semanais da capela da Escola Adventista de Livingstone.

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grama. Se, por suas palavras e ações,eles mostram que não querem ser parteda nossa missão, eles podem optar porse matricular em outra escola.

A princípio, esse foi um passo difícilde tomar. Não admitir certos alunose/ou pedir a outros para buscar seusucesso em outro lugar podia diminuirnosso número de matrículas. No en-tanto, agora, com os alunos certos nolugar certo, podemos atrair mais jovensque abraçam um programa espiritualcomo prioridade. Deus tem nosabençoado com um número de ma-trículas e com um corpo discentesaudáveis.

Um dos maiores desafios ao criar

uma cultura de espiritualidade na es-cola é torná-la relevante para osalunos. Os professores precisamgarantir que os alunos saibam por queou como eles vão usar a informaçãoacadêmica. Os alunos também pre-cisam saber que Jesus é uma partevaliosa da vida dos funcionários da es-cola e de outros adultos. Um dos re-sultados mais positivos das ações quetomamos é que, tanto para a equipeescolar quanto para os alunos, nossocampus é um lugar onde falar de Deusé “legal”. Funcionários e alunos oramjuntos muitas vezes, e os alunos se sen-tem à vontade para falar com os pro-fessores e funcionários sobre questõesespirituais e outras questões nãoacadêmicas.

Outro elemento vital da espirituali-dade na escola é a voz do aluno. A es-cola deve ser um lugar onde os alunosnão só podem expressar seus pensa-mentos e opiniões, mas também sabemque sua voz é ouvida e respeitada.Desde que a Livingstone se tornou umaescola de pleno direito, o conselho es-tudantil de Ensino Médio tem desem-penhado um papel importante naavaliação e atualização do manual doaluno. Algumas das alterações podemparecer triviais, no entanto, um dos re-sultados de se dar voz aos alunos nasoperações escolares é que eles se sen-tem donos das regras. Questões comopermissão para mascar chiclete e fazera unha na escola não são itens princi-pais, mas, mesmo assim, permitir umenvolvimento com tais assuntosreafirma aos alunos que estamos ou-vindo suas preocupações e estamos dis-postos a ser flexíveis. Os alunos sabemque se abusarem de seus privilégiospoderão perdê-los.

Quando projetamos nosso novoprédio, incluir uma área de capela foiuma das nossas prioridades.Queríamos um local onde pudéssemosnos reunir para vários encontros, bemcomo um lugar seguro e espiritual paraos alunos visitarem quando não es-tivessem tendo aulas.

Uma das maneiras mais popularesde nossos alunos se expressarem éatravés da música. Para nossos cultossemanais na capela, temos um grupode estudantes que lidera o louvor.Nossa escola investiu em uma bateria einstalou um sistema de som para váriosinstrumentos. Quando não há reuniõesformais na capela, os alunos são livrespara tocar piano e cantar. Esse é umlugar que os alunos apreciam e res -peitam. Logo após a construção danossa capela, o conselho estudantil es-colheu torná-la um lugar especial dereverência pedindo aos alunos para re-mover chapéus e moletons com capuzquando estivessem ali dentro.

pequenos passos para mudarEscolas espiritualmente saudáveis

não surgem da noite para o dia. Mudar

Ensinar baseado nas inteligências múltiplas e proporcionar atividades práticas não só ajuda os alunos a aprender melhor, mas também permite que o professor seja um “guia que está ao lado” em vez de um “sábio no palco”.

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simplesmente em nome da mudança,no entanto, é inútil. Desenvolver eseguir um plano-mestre tem sidomuito útil. Ao começar com um fimem mente, nós nos tornamos cons -cientes de que para fazer uma mudançasignificativa e duradoura na pers -pectiva de nossos alunos hoje pre-cisamos dar um passo de cada vez, eessa mudança pode ser lenta. É difícilmudar uma cultura escolar! Nossa es-cola precisava se tornar um lugar ondetodos (alunos, pais e membros da co-munidade) pudessem buscar discerni-mento espiritual; não apenas um lugaronde os alunos adquirissem apren-dizado acadêmico.

Adotamos várias medidas para faci -litar essa mudança. Dentre as mais efi-cazes estava a mudança em nossaprática de ensino. Os professoresdeixaram de ser “sábios no palco” parase tornar “guias que estão ao lado”. Paradiminuir o foco inteiramente voltadopara o professor em uma sala de aula,implementamos práticas que colo-caram os alunos no centro do processode aprendizagem. Para fazer isso, osprofessores estudaram e colocaram emprática diversas estratégias deensino/aprendizagem chamadas debrain compatible, tais como a apren-dizagem cooperativa, Escolas de Quali-dade Glasser, a Instrução Temática In-tegrada (agora chamada de EnsinoAltamente Eficaz), Tribes e Inteligên-cias Múltiplas. As modificações nosmétodos de ensino facilitaram para queprofessores e alunos desenvolvessemrelacionamentos saudáveis e, assim,produzissem um ambiente espiritualmelhor.

Outra estratégia que incorporamosfoi reconhecer as escolhas positivas dosalunos. Emprestando a ideia da Fun-dação Internacional do Poder dosAlunos Positivos (Power of PositiveStudents International),7 cada mês nosconcentramos em um traço de carátertemático (por exemplo, os frutos do Es-pírito) e distinguimos os alunos esco -lhidos por professores que desen-volveram esse traço. Ao fim de um ano,garantimos que todos os alunos te -nham sido reconhecidos. Cada profes-sor cria um parágrafo ou dois para

cada aluno selecionado, que é lido nacapela. Nosso diretor entrega aosvencedores um vale para ganhar umagrado de algum tipo (este ano osalunos ganha ram um bolinho decanela na hora do almoço).

1. Esportes competitivosUm tema bastante controverso e

para o qual ainda estamos buscandoalcançar o equilíbrio adequado é comolidar com a área de esportes competi-tivos. Embora os esportes propor-cionem excelentes lições de vida, é fácilpara uma escola deixar que seu pro-grama de esportes se torne o foco prin-cipal. Enquanto a Livingstone aindaera uma escola que só oferecia dojardim de infância ao 9o ano, a direto-ria da escola optou por uma política denão concorrência. Como o basqueteera o único esporte com o qual a escolaestava envolvida e o único evento com-

A viagem missionária dos formandos até nossa escola/igreja-irmã em Golfito, Costa Rica, é uma experiência de mudança de vida para os participantes, muitos dos

quais nunca estiveram fora do noroeste do Pacífico.

petitivo era um Torneio da Amizadeque envolvia toda a associação, essa de-cisão não foi muito difícil de tomar.Em vez de acabar com os esportes naescola por completo, o diretor começouum novo programa intramuros detorneio envolvendo toda a associação.Em vez de colocar escola contra escola,todos os jogadores passaram por umatriagem, e, com base no nível de habili-dade avaliado pelos treinadores, os or-ganizadores montaram times da formamais equilibrada possível. Descobrimosque, quando os alunos têm como com-panheiros de equipe jovens de outrasescolas, eles desenvolvem amizades emvez de rivalidades. Um benefício ines-perado foi o de que as escolas comnúmero insuficiente de alunos paraformar um time puderam participar dotorneio. No entanto, quando passamosa oferecer um programa unificado

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desde o jardim de infância até o EnsinoMédio, essa política mudou. Para quenossos alunos se beneficiassem detodas as oportunidades que o WallaWalla College (agora University) ofere-cia às escolas, precisávamos de um pro-grama de esporte competitivo paraparticipar dos torneios de futebol,voleibol e basquete que eles sediavam.Ainda estamos no processo de encon-trar um equilíbrio saudável para esselado do nosso programa escolar.

2. Atividades para unir o grupoLogo após a Livingstone colocar in-

tencionalmente seu foco na espirituali-dade e nos relacionamentos saudáveis,notamos uma melhora nas relações dosalunos entre si e com a equipe escolar.Então, como resultado, a escola decidiuiniciar o próximo ano letivo com umaênfase especial na união do grupo e naespiritualidade. Quando você perguntaa ex-alunos da Escola Adventista deLivingstone acerca do que eles mais selembram em sua experiência escolar eo que teve o maior impacto espiritualem sua vida, a essa altura, é muitoprovável que você ouça sobre as ativi-dades de outono de construção de co-munidade.

Nossos alunos do Ensino Médio pas-sam algum tempo em atividades de de-senvolvimento pessoal e de equipe se fa-miliarizando, aprendendo a confiar emDeus e a desenvolver amizades. Oscalouros e alunos do 2o ano vão a umacampamento de fim de semana com oobjetivo específico de construção de co-munidade e desenvolvimento de umabase espiritual para o ano letivo. Du-rante a Senior Survival, nossa excursãomais longa, os formandos gastam quaseuma semana em intenso estudo daBíblia e em atividades colaborativas.Esse programa começa na terça-feira evai até domingo, sendo que a turma do3o ano8 se junta a eles na quinta-feirapara o treinamento de liderança. Umdos destaques da Senior Survival é oculto de sábado da Igreja Adventista doSétimo Dia de Christmas Valley, naregião central de Oregon. Esses acampa-mentos também oferecem uma ótimamaneira para se conhecerem os pais que

estão junto como acompanhantes.Outra tradição iniciada na Livings -

tone foi um acampamento anual detoda a escola com as famílias, na costade Oregon. Ao longo dos anos, esseevento do início do outono tem se tor-nado um encontro não apenas defamílias dos alunos, mas também se es-tende para outras famílias, membros daigreja e outros apoiadores da escola.Convidamos palestrantes especiais eaproveitamos o fim de semana can-tando e louvando a Deus juntos.

O passeio de intenção espiritualmais significativo de todos, no entanto,é um retiro de três dias, no meio doano, para os alunos do nível funda-mental. Nós pegamos metade de umasemana escolar e fazemos a viagem de30 minutos até o Parque Estadual SilverFalls, onde alugamos uma grandehospedaria de uma fazenda, que abriga

75 ou mais alunos e funcionários. Lá,gastamos tempo jogando e estudando aBíblia para recarregar as forças para orestante do ano. Longe das distrações edo celular, esse local facilita a concen-tração em Jesus e em nosso relaciona-mento com Ele.

3. Semanas de oração e capelasOutra atividade espiritualmente

poderosa é nossa semana de oração.Como outras instituições adventistasde educação, usamos esse tempo parareorientar nossa atenção para assuntosespirituais. Tentamos programar trêssemanas de oração para cada ano esco-lar. Durante a semana de oração do ou-tono, convidamos um orador especial.Para nossa semana de oração de in-verno, os funcionários e professoresdão seus depoimentos. Temos perce-bido que essas semanas são um teste-munho poderoso e uma outra maneirade construir relacionamentos saudáveisentre alunos e equipe escolar. Na pri-mavera, nossos alunos do EnsinoMédio não só preparam a semana deoração em nossa escola unificada, mastambém dão seu testemunho para seuscolegas e para as turmas do EnsinoFundamental. Essa é uma das minhassemanas favoritas do ano letivo, etenho certeza de que é para muitos dosalunos e outros professores também.

Quando os alunos lideram ativi-dades espirituais na escola e na igreja,isso é uma boa indicação de que a es-piritualidade da escola está saudável.Embora tenhamos convidados memo-ráveis e de qualidade para nossascapelas, como um veterano da SegundaGuerra Mundial, O envolvimento e aparticipação dos alunos na capela é oque faz dela um momento significativo.

A Comissão de Ministérios do Cam-pus, composta por cinco alunos, pelovice-presidente da Associação Espiri-tual do Corpo Discente e cada um dospastores das turmas do Ensino Médio,planeja e coordena cultos trimestraisdos jovens elaborados pelos alunos epara os alunos. Além disso, lidera inú -meros projetos de serviço.

A cada outono, os alunos do Ensino Fundamental participam de cursos desafia -dores avançados e básicos que incluemconstrução de comunidade e atividades

espiritualmente edificantes.

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4. Atividades de- serviçoAcredito que o serviço é mais um

teste decisivo para a saúde espiritual deuma escola. A maioria das turmas naEscola Adventista de Livingstone temum projeto de serviço anual. Estesvariam desde fazer chapéus de crochêpara o Centro Comunitário Adventistalocal a fim de angariar fundos para aperfuração de poços na África, a dis-tribuir brinquedos para crianças noNatal e até ajudar fazendeiros a limparseu terreno na região central do Ore-gon. Além desses projetos de serviçospor turma, os alunos do Ensino Médio,juntamente com uma igreja local, par-ticipam de uma viagem missionária acada primavera. Vidas mudam quandoos alunos saem de suas zonas de con-forto e são colocados em uma situaçãoem que podem ajudar os outros em vezde focar em si mesmos.

Quando nossa primeira turma deformandos do Ensino Médio planejousua viagem de classe, os alunos e fun-cionários da escola intencionalmenteescolheram uma viagem missionária,em vez de um evento do tipo viagem àDisney. Apesar de termos tido o privi -légio de servir escolas e igrejas emPorto Rico, México e Costa Rica, a vidaespiritual de nossos alunos é que foimais afetada.

de volta ao propósito“Enquanto Deus apresenta Seu

caráter infinitamente amoroso e sábiocomo norma suprema para a condutahumana, os motivos, pensamento ecomportamento humanos têm ficadoaquém do ideal de Deus. A educação,

no seu sentido mais amplo, é um meiode religar os seres humanos à sua re-lação original com Deus. Suas dimen-sões de tempo abrangem aeternidade.”10

Para os alunos, como Pat Feathers -tone, a escola adventista não tem valorapenas acadêmico, embora ele seja im-portante, mas trata-se de um lugaronde se pode ter um encontro comJesus, o que fez toda a diferença. Éminha esperança e oração que, atravésda educação adventista, possamos“restaurar os seres humanos à imagemde seu Criador”.

Essa é a jornada e o processo peloqual nós, na Escola Adventista deLivings tone, temos passado. Estamossempre atentos para mais ideias e ado-raríamos ouvir sobre o que está funcio-nando em outras escolas para torná-lasum lugar onde as pessoas sentem a pre-sença de Deus.

Chris Sequeira éprofessor de Bíblia,História e EducaçãoFísica/Saúde para oEnsino Médio naEscola Adventistade Livingstone, emSalem, Oregon, e

está atualmente trabalhando em seumestrado na área de Ensino na Universi-dade Walla Walla, em College Place,Washington.

NOTAS E REFERÊNCIAS1. Entrevista com Pat Featherstone, set. 2009.2. Disponível em: <http://www.cognitivegen-

esis.org/>. Acesso em: 15 set. 2014.3. Mateus 16:26, Marcos 8:36 e Lucas 9:25. 4. Disponível em: <http://www.journeytoex-

cellence.org/>. Acesso em: 15 set. 2014.5. Ibid. 6. Disponível em: <http://www.gradebook-

wizard.com/>. Acesso em: 15 set. 2014.7. Disponível em: <http://pops.com/>.

Acesso em: 15 set. 2014.8. Nos Estados Unidos, o Ensino Médio é

composto de quatro anos letivos.9. Disponível em: <http://www.journeytoex-

cellence.org/>. Acesso em: 15 set. 2014.10. Disponível em: <http://www.journey-

toexcellence.org/>. Acesso em: 15 set. 2014.

Filosofia da Educação adventista do sétimo dia9

A Igreja Adventista do Sétimo Dia reconhece Deus como a fonte original da exis -

tência e da verdade. No princípio, Deus criou, à Sua imagem, a humanidade perfeita,

uma perfeição depois desfigurada pelo pecado. Através da orientação do Espírito

Santo, o caráter e os propósitos de Deus podem ser entendidos como revelados na

natureza, na Bíblia e em Jesus Cristo. As características distintivas da educação ad-

ventista, derivadas da Bíblia e dos escritos inspirados de Ellen G. White, apontam

para o objetivo redentor da verdadeira educação: restaurar os seres humanos à im-

agem de seu Criador.-

Enquanto Deus apresenta Seu caráter infinitamente amoroso e sábio como

norma suprema para a conduta humana, os motivos, pensamento e comportamento

humanos têm ficado aquém do ideal de Deus. A educação, no seu sentido mais

amplo, é um meio de religar os seres humanos à sua relação original com Deus.

Suas dimensões de tempo abrangem a eternidade.

A educação adventista procura desenvolver uma vida de fé em Deus e respeito

pela dignidade de todos os seres humanos; formar caráteres semelhantes ao do Cri-

ador; encorajar pensadores em vez de meros refletores dos pensamentos de outros;

promover serviço amorável em vez de ambição egoísta; assegurar o máximo desen-

volvimento do potencial de cada indivíduo; e abraçar tudo que é verdadeiro, bom e

belo.

Uma educação desse tipo vai muito além do conhecimento acadêmico. Ela incentiva

um desenvolvimento equilibrado da pessoa por inteiro – físico, intelectual, social e es-

piritual. Trabalhando juntos, lares, escolas e igrejas cooperam com as agências divinas

na preparação dos alunos para uma cidadania responsável neste mundo e no porvir.

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