rumo ao futuro

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Primavera 2012 Trimestral €1 montepio série II número 05 CINEMA A SÉTIMA ARTE É CADA VEZ MAIS GLOBAL UM UNIVERSO MÁGICO NO QUAL OS PORTUGUESES TAMBÉM DÃO CARTAS Maria João Bastos, Atriz Paulo Branco, Produtor de cinema

Transcript of rumo ao futuro

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Primavera 2012 Trimestral €1

montepio série ii

número

05

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cinema a sétima arteé cada vez mais globalUm Universo mágico no qUal os portUgUeses também dão cartas

Maria João Bastos, Atriz

Paulo Branco, Produtor de cinema

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Passeios com história

Responsabilidade social Donativos Montepio

Tempos livres Férias low costRotas dos castelos

Responsabilidade

social Prémio Escolar 2011

Benefícios e descontosResultados

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opinião Gonçalo Byrne

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Conhecimento e centros Ciência Viva

Tempos livres Férias low cost

crónica Baptista-Bastos

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Capital E

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Glocal Energia eólica,

#4EntrevistaRosalia Vargas fala sobre a importância da educação científca

islândia: o longo degelo

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Reportagem !4

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social Prémio Escolar 2011

Benefícios e descontosResultados

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monTePio PRIMAVERA 2012

Há cerca de um ano, quando apresentámos a nova revista Montepio, dissemo-nos confiantes no projeto de comunicação associativa que tí-nhamos desenvolvido, na qualidade e pertinência dos conteúdos e na inovação e dinamismo do design. Agora, já depois de termos acolhido inúmeros comentários dos nossos leitores felicitando-nos pelo traba-lho realizado, recebemos a notícia de que a revista Montepio figura en-tre os candidatos finalistas aos prémios de design editorial mais reco-nhecidos do mundo – os SPD, Society of Publication Designers –, sendo a única publicação portuguesa nomeada entre mais de 7 mil títulos.O prémio a que concorremos, na categoria de redesign, coloca-nos em competição com revistas como The New York Times Magazine ou Wired Italia, e ainda que a decisão relativa ao título que merecerá o galardão de trabalho excecional do ano só seja anunciada em maio, em Nova Iorque, entendemos a novidade como um reconhecimento da competência das equipas e dos projetos portugueses e como uma confirmação do nosso alinhamento pelas melhores práticas na área da comunicação.

Determinados a promover a proximidade e a ampliar a rede de comunicação com os mais de 500 mil associados do Montepio, tra-zemos-lhe mais uma boa notícia: a da publicação da sua revista Montepio também em formato iPad, o que lhe permitirá complemen-tar a leitura em suporte impresso com uma experiência multissenso-rial suportada no mundo digital.

A decisão de publicar a revista em suporte iPad – disponível no Quiosque Montepio – resulta da vontade que sentimos de acompanhar as mais recentes inovações tecnológicas, mas também da importân-cia que atribuímos a uma comunicação gratuita, próxima e inovadora, que fomente a proximidade com os membros da maior associação do País: o Montepio. Acompanhe-nos, pois, rumo ao futuro.

#05 primavera 2012

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série ii

p r o p r i e d a d e montepio Geral – associação mutualista, rua do Ouro, 219-241, 1100-062 Lisboa Tel. 213 249 828

d i r e t o r antónio Tomás Correia

d i r e t o r - a d j u n t o ana rita Branco

c o o r d e n a ç ã o Gabinete de relações públicas institucionais

e d i t o r plot - Content agency av. Conselheiro Fernando de Sousa, 19, 6º, 1070-072 Lisboa Tel. 213 804 010

e d i t o r

ana Ferreirad i r e t o r d e a r t e

inês reis

c o l a b o r a ç õ e s Baptista-Bastos, Bárbara Silva, Bruno Lopes, Cláudia marina, Fátima Ferrão, Gonçalo Byrne, Helena C. peralta, Helena viegas, João Caraça, Jorge pires, Luísa de Carvalho pereira, marta reis, Nuno Silva, pedro Faro, raquel amaral, rute marques, Susana Torrão (texto), artur, Luís viegas, paul Todd /volvo Ocean race, Carlos monteiro (ilustração), Luís Grañena (ilustração capa)

p u b l i c i d a d e maria João Siqueira Tel. 213 804 010 | Fax 213 804 011

i m p r e s s ã o LiderGraf - artes Gráficas, Sarua do Galhano, 15 (e.N. 13), Árvore4480-089 vila do Conde

| revista trimestral |Depósito Legal nº 5673/84 | publicação periódica | registada sob o nº 120133

t i r a g e m 330 300 exemplares

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Este produto tem origem em florestas com gestão florestal sustentável e fontes controladas

www.pefc.orgPEFC/13-31-011

revista montepio

em ipad

mais perto

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a eDiÇÃO em ipaD CHeGa COm a reviSTa Nº 5, maS TODaS aS reviSTaS Da NOva SÉrie paSSam a eSTar DiSpONÍveiS NeSTe FOrmaTO.

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monTePio PRIMAVERA 2012

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PáPode terentre 25 e45 metros

Travão

Rotor

Caixa develocidades

NacelleCaixa exteriordo aerogerador

Motordo rotor

TorreA altura das torresdos aerogeradoresvaria entre os 50 e os 120 metros

Eixo de baixavelocidade

Eixo de altavelocidade

v

Eixvelocidaade

22 km/h Velocidade médiado vento mínimaexigida para ainstalação de umparque eólico

RotorPermite que a nacelle gire de forma a estarsempre orientadaface ao vento

Como funciona um parque eólico: Os atuais aerogeradores são constituídos por umatorre, em cima da qual está um rotor com três páse a nacelle, que abriga o gerador. Quando o ventocoloca as pás em movimento, o gerador transformaa energia mecânica contida neste movimento emenergia elétrica. As pás ajustam automaticamentea inclinação, de modo a maximizar a energiacaptada, e um controlo automatizado permite quea nacelle gire de forma a estar sempre orientadaface ao vento.

LOCALG

Capacidade acumulada em PortugalMW por distritoCapacidade instalada Em construção

Viana doCastelo

Bragança Braga Vila Real Porto Aveiro Viseu Guarda Coimbra CasteloBranco

Leiria Santarém Lisboa Setúbal Beja Faro

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Energia eólica na UE

Energia eólica em Portugal

Capacidade instalada em 2011MW % do total

Alemanha

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Espanha

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9 616 MWinstalados

em 2011

8 750 MW instaladosonshore

866 MW instaladosoffshore

1 hora deconsumo deeletricidadeem Portugal

(2011)

11 minutosforam produzidos atravésde meios eólicos

Eólica no mundoCapacidade instalada (MW)por região do mundo, em 2010

61 087Ásia

1 079África e Médio

Oriente

86 274Europa

2 397Região doPacífico

44 189Américado Norte

2 008América Latina

e Caraíbas

Energia eólica no total consumido (%)Top 10 UE

Portugal Espanha Irlanda Alemanha Holanda Grécia Chipre Itália Reino Unido

24 14,8 14,4 10,1 9,4 4,1 3,7 3,4 3,4 3,2

Dinamarca

Produção de CO2*gCO2/kWh por tipo de energia *Ao longo do ciclo de vida de uma central elétrica

27Biomassa

9Hídrica

Fotovoltaica

9Eólica

Geotérmica

955Carvão

18Petróleo

722Gás Natural

167

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GeradorUm aerogerador com umapotência entre 2 a 3 MWpode responder àsnecessidades de 2 000a 3 000 lares

Evolução da energia eólica no mundoCapacidade total instalada (MW) 197 000

02001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

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Glocal2012 FOi DeClaraDO O aNO iNTerNaCiONal Da eNerGia SuSTeNTável para TODOS. De eNTre aS reNOváveiS, a eNerGia eóliCa É a meNOS pOlueNTe e uma DaS que reGiSTOu maiOr CreSCimeNTO NOS úlTimOS aNOS

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PáPode terentre 25 e45 metros

Travão

Rotor

Caixa develocidades

NacelleCaixa exteriordo aerogerador

Motordo rotor

TorreA altura das torresdos aerogeradoresvaria entre os 50 e os 120 metros

Eixo de baixavelocidade

Eixo de altavelocidade

v

Eixvelocidaade

22 km/h Velocidade médiado vento mínimaexigida para ainstalação de umparque eólico

RotorPermite que a nacelle gire de forma a estarsempre orientadaface ao vento

Como funciona um parque eólico: Os atuais aerogeradores são constituídos por umatorre, em cima da qual está um rotor com três páse a nacelle, que abriga o gerador. Quando o ventocoloca as pás em movimento, o gerador transformaa energia mecânica contida neste movimento emenergia elétrica. As pás ajustam automaticamentea inclinação, de modo a maximizar a energiacaptada, e um controlo automatizado permite quea nacelle gire de forma a estar sempre orientadaface ao vento.

LOCALG

Capacidade acumulada em PortugalMW por distritoCapacidade instalada Em construção

Viana doCastelo

Bragança Braga Vila Real Porto Aveiro Viseu Guarda Coimbra CasteloBranco

Leiria Santarém Lisboa Setúbal Beja Faro

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434

8042

719

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Energia eólica na UE

Energia eólica em Portugal

Capacidade instalada em 2011MW % do total

Alemanha

Reino Unido

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França

Suécia

Roménia

Polónia

Portugal

Grécia

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1 293

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9 616 MWinstalados

em 2011

8 750 MW instaladosonshore

866 MW instaladosoffshore

1 hora deconsumo deeletricidadeem Portugal

(2011)

11 minutosforam produzidos atravésde meios eólicos

Eólica no mundoCapacidade instalada (MW)por região do mundo, em 2010

61 087Ásia

1 079África e Médio

Oriente

86 274Europa

2 397Região doPacífico

44 189Américado Norte

2 008América Latina

e Caraíbas

Energia eólica no total consumido (%)Top 10 UE

Portugal Espanha Irlanda Alemanha Holanda Grécia Chipre Itália Reino Unido

24 14,8 14,4 10,1 9,4 4,1 3,7 3,4 3,4 3,2

Dinamarca

Produção de CO2*gCO2/kWh por tipo de energia *Ao longo do ciclo de vida de uma central elétrica

27Biomassa

9Hídrica

Fotovoltaica

9Eólica

Geotérmica

955Carvão

18Petróleo

722Gás Natural

167

75

GeradorUm aerogerador com umapotência entre 2 a 3 MWpode responder àsnecessidades de 2 000a 3 000 lares

Evolução da energia eólica no mundoCapacidade total instalada (MW) 197 000

02001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

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tEnDênCIAS nA economiA, SociedAde,

VidA e cuLTuRA

O MEU MUNDO

página 26

FuTuRoA economia social está a crescer por todo o mundo. Para muitos é a melhor alternativa ao atual sistema capitalista

página 18

cuLTuRAA revolução tecnológica do cinema e os portugueses que marcam o mundo da sétima arte

página 34

ciênciAÉ possível educar para a ciência? Rosalia Vargas, presidente da Associação Ciência Viva e do Pavilhão do Conhecimento, garante que sim

página 14

RePoRTAGem Fomos a Reiquiavique perceber como os islandeses saíram da crise e retomaram o crescimento económico

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monTePio PRIMAVERA 2012

o meu mundoRePoRTAGem

Quando, em fevereiro de 2004, o estudante universitário Mark Zuckerberg criou “The Facebook” para uma utilização exclusiva pelos alunos de Harvard, não podia imaginar que em menos de um ano a sua plataforma social teria mais de um milhão de utilizadores, nem tampouco que, volvidos sete anos, contaria com cerca de 850 milhões de pessoas ligadas por esta via (dados de agosto de 2011). Certo é que, desde então, o mundo da Internet como o conhecíamos mudou. Hoje é possível encontrar amigos e colegas de quem há muito perdemos o rasto, organizar eventos e divulgar marcas, entre muitas outras coisas, sem sair das redes sociais.

SmartphoneS, tabletS, iNTerNeT, FaCebOOk, mobile banking, COmpraS online e uma imeNSiDÃO De OuTrOS TermOS SemelHaNTeS iNvaDiram O Dia a Dia De muiTOS De NóS e CONSTiTuem uma exTeNSÃO DaS NOSSaS viDaS. Seja bem-viNDO à TeCNOlOGia aO ServiÇO De TODOS

tECnOLOGIA AO SEu SERVIçO

imersos em tecnologia

por fátima ferrão

Page 11: rumo ao futuro

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monTePio PRIMAVERA 2012

para mim a tecnologia é o dia a dia. Faço tudo o que posso no pC e através do telemóvel. a Net é uma ferramenta ótima para estudar e pesquisar. Das redes sociais não gosto muito, mas podem ser úteis para algumas coisas. No futuro próximo, telefones, pC, tablets e outros dispositivos estarão ainda mais interligados, pelo que a tecnologia estará mesmo connosco em todo o lado.

Não uso muita tecnologia, só telemóvel para telefonar e enviar sms. Às vezes falo com a família pelo computador, vejo-os na câmara, porque os meus netos fazem a ligação. Também trato de questões como as Finanças pelo computador, com a ajuda da minha filha, e faço operações bancárias quando é necessário. para estas coisas acho a tecnologia muito importante porque facilita a vida das pessoas. perde-se menos tempo.

estudante 17 anos

Reformada81 anos

Francisco Fernandes

Maria Nazaré FerreiraO Facebook tornou-se “a platafor-

ma” social por excelência e concor-rentes como o Twitter, Hi5, Orkut e muitos outros que entretanto sur-giram, um pouco por todo o mundo, não conseguem impor-se à “criação” de Zuckerberg. Não será fácil atingir números como os que impressionam quando se fala no Facebook. Aqui, os utilizadores têm, em média, 135 ami-gos, estão online cerca de 750 minu-tos por mês, fazem mais de 900 mi-lhões de pesquisas mensais e são já cerca de 180 milhões os que acedem via dispositivos móveis. Estados Uni-dos, Reino Unido e Índia lideram em número de utilização. Em Portugal, são mais de quatro milhões os utiliza-dores do Facebook, o que representa cerca de 81% da população com aces-so à Internet.

O uso crescente de smartphones e tablets é outra tendência que potencia a utilização das redes sociais.

O iPhone deu o mote para este tipo de utilização no telefone e, hoje, são milhares os sites de widgets onde po-demos descarregar todo o tipo de apli-cações, configurar as redes sociais... Estas aplicações permitem, entre ou-tras coisas, que o utilizador atualize

oPiniãoFrank Feather Business futurist who lives online

a sua informação e estado em várias redes sociais ao mesmo tempo, ligue o perfil no LinkedIn a outros sites de redes sociais e veja facilitada, em si-multâneo, a condução de negócios e a comunicação pessoal.

Tecnologia made in PortugalNão faltam exemplos para ilustrar a importância das tecnologias na vi-da diária das pessoas. O que por ve-zes não sabemos é que muitas destas tecnologias são de origem nacional. Os mais mediáticos talvez sejam a Via Verde ou a rede multibanco, mas exis-tem muitos outros, desenvolvidos em Portugal, nos mais diversos setores, e aplicados noutros países.

É o caso do recém-lançado jogo Energy for Life, resultado de uma par-ceria entre a portuguesa Inovaworks e a ONG OIKOS, que procura ensinar a gerir os recursos energéticos que estão ao nosso dispor e se prepara para ser adotado nas salas de aulas de Portugal, Espanha, Itália, Malta e Alemanha.

A nível institucional, a Voice Inte-raction, uma empresa que nasceu no seio do ISCTE, desenvolveu um sistema de reconhecimento de voz que é diaria-mente aplicado em tribunais, para a trans-crição de julgamentos, ou em hospitais, para a elaboração de relatórios médicos. A mesma aplicação é usada no Pan-teão Nacional, onde o quiosque eletró-nico “Ask Maria” fala literalmente com os visitantes.

O desenvolvimento destas aplica-ções está cada vez mais condicionado

é o PeSo do setor das tecnologias da Informação e Comunicação no PIB português.

1,16%

"Tentar vender alguma coisa no Facebook é como tentar fazê-lo no café, rodeado de amigos"O Facebook é a rede social mais popular do momento. As pessoas gostam porque podem “ligar-se” a amigos, familiares e pessoas com os mesmos interesses. Muitas empresas tentaram, sem sucesso, usar o Facebook para marketing. tentar vender alguma coisa ali é como tentar fazê-lo num café, rodeado de amigos. Os utilizadores não gostam. O Facebook deve ser usado para direcionar tráfego para os sites e para gerar o tão famoso “passa palavra”. Já o twitter é uma plataforma de notícias. As novas histórias são “twitadas” antes de serem divulgadas pelas agências. O LinkedIn, por outro lado, destina-se a profissionais, executivos e facilita ligações business to business (B2B). Está também a tornar-se um bom recurso para recrutar pessoas e pode vir a tornar as agências de recrutamento obsoletas. O Google+ está a crescer muito rapidamente e pode vir a ultrapassar ou até a substituir o Facebook. nos EuA, a plataforma mais hot é o Pinterest. Com um nível de crescimento muito rápido, é usada para colecionar e apresentar coisas e as mulheres são os principais membros (cerca de 80%).

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monTePio PRIMAVERA 2012

o meu mundoRePoRTAGem tecnologia

iOS versus Android

oPiniãoMiguel Albuquerque e Castro Executive producer mSN portugal

X Primeiro a chegar ao mercadoX Design de fazer invejaX Ecrã multitoque para quem privilegia uma navegação rápida Z Aplicações pagasZ Sistema operativo fechado*

X Plataforma de desenvolvimento livre X Mais aplicações em menos tempoX Aplicações gratuitasX CompatibilidadeZ Chegou após o iPhone Z A maioria das versões não suporta multitoque

? o que SiGniFicA em todo o mundo, a tecnologia tornou-se indispensável. Por vezes com assinatura portuguesa.

pela vontade e necessidade dos utili-zadores. A prová-lo está a quantidade de pequenas aplicações e utilitários que podemos descarregar para os te-lefones móveis.

Imagine, por exemplo, uma car-teira universal móvel… no seu tele-móvel. Ou seja, a oportunidade de pôr de lado todos os cartões que lhe enchem a carteira e tê-los à sua dis-posição numa versão virtual. Esta é a proposta da empresa CardMobili, também ela cem por cento nacional. Basta registar-se no site, descarregar uma aplicação e escolher os cartões que deseja tornar virtuais. Estão dis-poníveis cartões tão diversos como o do cidadão, de eleitor, cartões de mi-lhas ou de pontos.

Basta uma pequena visita a uma qualquer loja de aplicações online, disponíveis em operadores de tele-comunicações e algumas marcas de telemóveis, para constatar que estes dispositivos abriram portas a um admirável mundo novo. Recei-tas elaboradas por reconhecidos chefes de cozinha, guias de restau-ração e agendas culturais são ape-nas algumas das aplicações que pode descarregar para o telefone. O limite será sempre a imaginação e esta estará pronta a dar resposta às necessidades dos consumidores.

A tendência da tecnologia ao serviço das pessoas vai evoluir a partir de cinco vetores confluentes e com o objetivo de permitir melhor acesso à informação de forma organizada, intuitiva ou até inesperada. Os cinco vetores são: pesquisa, social, móvel, curação de conteúdo e especialização. Os projetos tecnológicos terão em conta estes vetores para criarem experiências únicas de navegação e descoberta. Vamos, ainda, assistir a uma maior integração entre empresas de software, hardware, projetos comerciais e produção de conteúdos para criar experiências ricas em texto, imagem, vídeo e (tendencialmente) também voz, evoluindo para experiências tridimensionais sem suporte físico. O que hoje chamamos de PC, portátil, smartphone ou tablet evoluirá para experiências de projeção em qualquer plataforma.A pesquisa vai sofrer uma evolução natural dos blue links atuais para resultados mais alinhados com as preferências, hábitos de consumo e localização do utilizador. O social vai fazer parte

de toda a oferta web para que o utilizador, além de conseguir saber o que é mais visto, comprado, partilhado pelos utilizadores, consiga ter uma visão do que os seus contactos das redes sociais veem, compram, partilham, comentam, dependendo da sua localização. O móvel vai tornar- -se parte integrante do dia a dia e a localização uma chave da experiência de utilização. Mas o indivíduo (ainda) é sedentário e manterá a vontade de tirar partido do potencial do equipamento.A curação de conteúdo vai ser importante, no sentido dos portais e sites generalistas serem aqueles que filtram, editam, programam e apresentam o conteúdo, tendo em conta a sua localização, redes sociais e hábitos de navegação.A especialização pretende destacar a abertura dos utilizadores a nichos especializados, havendo espaço para uma especialização clara de produção, curação e integração tecnológica de conteúdos em áreas específicas.

"O móvel será parte integrante do dia a dia"

é A PeRcenTAGem de uTiLizAdoReS de smartphones em todo o mundo, segundo um estudo realizado pela Oracle Corporation.

%69

* AS DEFInIçõES DA APPLE nãO PODEM SER CuStOMIzADAS PELAS OPERADORAS MóVEIS

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monTePio PRIMAVERA 2012

o meu mundoRePoRTAGem

FOi O SeGuNDO paÍS que maiS raNGe rOverS impOrTOu em 2006 em TODa a eurOpa – aNTeS Da bOlHa baNCária rebeNTar, a iSlâNDia NaDava em DiNHeirO FáCil. DepOiS veiO O craSh, O Fmi, a reCuSa em aSSumir a DÍviDa DOS baNCOS e a reSSaCa. TrêS aNOS DepOiS O paÍS COmeÇa, leNTameNTe, a Sair Da CriSe, maS aS CiCaTrizeS Na SOCieDaDe aiNDa SÃO prOFuNDaS

por bruno lopes

ISLânDIA

o longo degelo económico já começou

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monTePio PRIMAVERA 2012

Oito e meia da manhã, lóbi de um elegante hotel no centro de Reiquiavique. Gunnar Tómasson faz deslizar os dedos robustos pelo seu iPad e mostra-me um mapa com sete pontos em movimento. O “rato” cai sobre um ponto minúsculo, na costa norte da Noruega, e a partir do conforto do hotel, na capital islandesa, ficamos a saber o que andou a fazer a traineira de 50 metros nos quatro dias que passou no gélido mar de Barents.“Apanharam 60 toneladas, 50 de bacalhau, o que é bom, e sete de arinca [um primo do bacalhau]”, diz Gunnar, com o ar satisfeito de quem tem um negócio a crescer quase 10% ao ano.

Para o copresidente da empresa familiar que fatura 50 milhões de euros por ano, o grande crash islandês foi uma ajuda. Primeiro porque o colapso da coroa islandesa tornou o peixe que exporta mais competitivo. Depois, porque recuperou pescadores: “Antes do crash tínhamos dificuldade em arranjar tripulação para os barcos porque perdemos muitos pescadores para os bancos e para a construção – agora estão todos de volta à pesca”, explica.

Em 2008, a Islândia, um país com 320 mil habitantes – menos que o distrito de Viseu –, foi a primeira ví-tima soberana da crise financeira. As elites da ilha, que sempre viveu de negócios tradicionais como a pes-ca, acreditaram, no início da década passada, que podiam transformar o país num grande centro financeiro. Muitas pessoas, incluindo pescado-res e recém-licenciados, vestiram, de repente, a pele de gestores de ativos. Mal regulados e geridos sem experiên-cia, os bancos puderam crescer até se-rem dez vezes maiores que a econo-mia do país. Quando Wall Street co-meçou a ruir, em meados de 2008, já os banqueiros islandeses cheiravam a desgraça. O crash, ou kreppa como lhe chamam na Islândia, aniquilou, em outubro de 2008, o sistema bancário, derrubou o governo depois de mani-festações invulgarmente violentas e atirou o país para os braços do FMI.

Depois do kreppa a Islândia em-barcou num caminho original de re-solução da crise – os islandeses não salvaram a totalidade do sistema ban-cário, tendo deixado cair bancos e credores. A coroa islandesa caiu cer-ca de 50% e está a ser mantida baixa para aumentar a competitividade ex-terna. O anterior primeiro-ministro enfrenta um processo judicial por má governação. O governo islandês que saiu da crise – uma aliança exótica entre sociais-democratas e esquerda – conseguiu preservar o Estado So-cial do país e até expandiu a rede de proteção para os cidadãos mais ex-postos, cobrando mais aos mais ricos.

Três anos depois, quem chega às ruas cobertas de neve de Reiquiavi-que não vê sinais da ressaca da maior bolha bancária da história. Os cafés da moda, ao longo da avenida central Laugavegur, estão cheios de islande-ses e de turistas atraídos pela coroa baixa (ao meu lado viajaram duas chinesas de Pequim para “ver a na-tureza da ilha”). A noite selvagem da capital – a “runtur” (algo como “raid pelos bares”) – ferve com juventude no frio de fevereiro. Não há pedintes nas ruas. No porto, o centro cultural

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o meu mundoRePoRTAGemislândia

da cidade, inaugurado no ano passa-do, brilha frente às montanhas neva-das do outro lado da baía.

Nos mercados financeiros a ima-gem também parece boa. O país conse-guiu pedir emprestado pela primeira vez no mercado de dívida desde 2008 e a agência de rating Fitch tirou a dívida islandesa do nível “lixo”, onde está Por-tugal. O programa do FMI está a che-gar ao fim e os oficiais do Fundo falam das “lições” que aprenderam na Islân-dia. “Para um país cujo sistema finan-ceiro colapsou, a Islândia está a sair-se muito bem”, reconhece Julie Kozack, chefe de missão do FMI. Depois do du-ro ajustamento o país mantém uma das taxas de pobreza mais baixas da Europa e a economia começou a cres-cer (2,5% é a previsão este ano).

O retrato sumário da recupera-ção islandesa e os sinais à superfície tentam-nos a concluir que a Islândia oferece um manual eficaz para reso-lução de crises financeiras. Falando com islandeses percebe-se que a rea-lidade é muito mais complexa.

Sob a superfície “O que está a ferver sob a superfície é a dificuldade das famílias, sobrecar-regadas com os empréstimos que fize-ram e a redução no poder de compra de cerca de 20%”, explica Karl Blöntal, editor do Morgunbladid, o principal di-ário islandês. “Há muito ressentimen-to face ao governo e às exceções dadas a outros devedores.”

Logo a seguir ao colapso da banca a moeda islandesa pulverizou mais de 50%. Como a ilha importa grande par-te daquilo que produz, a inflação dispa-rou para cerca de 20% e, além da perda de poder de compra direta, houve ou-tro impacto: 80% dos empréstimos para habitação estão indexados à inflação.

Gudrun Ingvarsdóttir, arquite-ta de 39 anos, casada e com dois fi-lhos, conta como esta subida afetou as contas da família. Em dezembro

O gelo e o fogo moldaram a paisagem islandesa

BeLezA AGReSTe

A Islândia recusou assu-

mir a dívida dos bancos priva-dos – mas teria opção? “não, foi mais fruto das circunstâncias do que uma opção: a banca valia dez vezes mais que a economia, era demasiado gran-de para salvar”, explica thórólfur Mathíasson, professor de Economia da universidade da Islândia.Entre os credores que o governo deixou cair estão 400 mil deposi-tantes britânicos e holandeses, que abriram contas muito rentá-veis nas filiais estrangeiras do Landsbanki. Os governos do Reino unido e da Holanda, que pagaram o fundo de garantia de

depósitos aos seus cidadãos, reclamam desde 2008 a devolução do dinheiro, com juros. O governo apre-sentou, por duas vezes, um plano de repagamento aos islandeses que, em referen-do, chumbaram a hipótese duas vezes.” Os islan-deses preferi-ram arriscar ir para tribunal”, diz o ministro da Segurança Social, Gudbjartur Hannesson.A Islândia pagará na mesma o fundo de garan-tia de depósitos (20 mil euros por depositan-te), avaliado em cerca de 3,8 mil milhões de euros – a liquidação de ativos do Landsbanki chega para tal e o pagamento já começou.

O caso IcesavePAGAR A díVidA

de 2005 – quando era sócia de um ga-binete de arquitetura sólido e o mari-do consultor – compraram uma casa de dois quartos por 30 milhões de co-roas (400 mil euros na altura e 180 mil euros no valor atual da coroa). Deram como entrada 40% do valor da casa e pediram os restantes 18 milhões em-prestados, a uma taxa de 4,5% indexa-da à inflação. “A melhor taxa na altura e uma entrada muito boa para a nossa idade”, diz. Com o salto na inflação, a prestação, de 97 mil coroas, saltou pa-ra 137 mil por mês – os 18 milhões que deviam passaram a 27,7 milhões, “co-mendo” praticamente todo o capital próprio que tinham investido na casa.

“São famílias de classe média, jo-vens, que estão a pagar esta crise”, su-blinha Gudrun. Na véspera da nossa conversa o Supremo Tribunal da Islân-

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Portugal vs IslândiaIndicador

População (2011)PIB por habitante (2011)

Salário mínimo* Desemprego

Evolução do PIB no pior ano da crise**Diminuição do consumo privado

entre 2008 e 2012Dívida Pública

Portugal 10 561 000

17 41648514%

-3,30%

-7,3107%

Islândia 318 20028 5001 5007,2%-9%

-18,1130%

* SALáRIO InDICAtIVO PARA A ISLânDIA; A DEFInIçãO SALARIAL FAz-SE POR áREA // **PREVISãO PARA PORtuGAL EM 2012, PELA COMISSãO EuROPEIA; VALOR PARA A ISLânDIA, EM 2009

dia baixara drasticamente os juros nos cerca de 20% de contratos de emprésti-mo para habitação indexados a moeda estrangeira (que em alguns casos mais do que triplicaram de custo), uma deci-são que causa mal-estar. “É uma má li-ção que estamos a dar, recompensando os que correram mais riscos e penali-zando os mais prudentes”, critica Gu-drun. O ressentimento aumentou com a publicação, em 2010, de uma audito-ria sobre o que se passou no sistema financeiro, vendida nas livrarias por menos de um euro. No país que mais livros edita por habitante a auditoria foi um best seller. “Foi como ler um mau romance de ficção para perceber quão corrupto é este país”, conta Gudrun.

Numa sociedade tão pequena toda a gente se conhece e as ligações cruza-das entre política e empresas são cons-tantes, as pessoas rodam entre cargos. O diretor do Morgunbladid (que num país de 318 mil pessoas tira cerca de 45 mil exemplares) já foi autor de pe-ças para teatro, primeiro-ministro e governador do banco central. O círculo social é muito pequeno. “Estou cá há dois anos e já fui a casa da Björk duas vezes”, graceja Anna Andersen, edito-ra do jornal The Grapevine.

Afnal, um (pequeno) estado nórdicoAs pessoas queixam-se, mas os sinais exteriores revelam uma sociedade ainda próspera. Qual o segredo?

“Tem que olhar para de onde esta-mos a vir: um estado social nórdico”, lembrou o ministro Gudbjartur Han-nesson. “Ainda somos um estado social nórdico. O ponto de partida foi bom e a ênfase do governo foi posta no Estado Social”, diz. Anna Baldursdóttir, con-selheira do ministro, acrescenta: “Tam-bém foi possível porque somos uma na-ção muito pequena.” Pequena e rica.

O nível salarial médio para os trabalha-dores não qualificados ronda 1 500 eu-ros e o subsídio de desemprego mínimo começa em 1 800 coroas (1 100 euros).

Confrontado com a necessidade de reduzir um défice superior a 10% em três anos, o governo cortou o mínimo possí-vel nos gastos sociais: 5% em saúde e 7% em educação (e um mínimo de 15% em todas as restantes áreas). Subiu os impos-tos sobre os mais ricos e expandiu a re-de social para os mais pobres: o subsídio de desemprego foi alargado de três para quatro anos. “O FMI foi muito flexível e houve sempre uma grande relação de confiança”, explica o ministro.

o lado bom da força: há vida além dos bancosDificuldades à parte, a verdade é que a crise islandesa – com uma resolu-ção dolorosa mas mais flexível por es-tar fora do euro – abriu muito poten-cial abafado pelo domínio anterior de uma banca insustentável. Parte dos islandeses voltaram a um dos setores que mais dinheiro faz agora – a pesca, pilar da economia do país – mas há sementes a crescer por todo o lado.

“Antes de 2008 as pessoas não pen-savam que a criatividade fazia parte dos negócios. Depois de 2008 começa-ram a pensar que este tipo de indús-trias e de ideias pode ser alguma coi-sa”, conta Hugrún Árnadóttir.

Encontrei Húgrun e o marido Mag-ni numa conferência no hotel Hil-ton que reuniu a nata empresarial is-landesa. Foi fácil ver a barba ruiva de Magni e a túnica colorida de Húgrun. Os dois fundaram, em 2000, a Kron-Kron, cadeia de lojas de moda e de sa-patos. “Lançámos a nossa própria linha em outubro de 2008, precisamente no mês do crash”, conta Húgrun, rindo-se da coincidência. “Foi o momento perfei-to: houve um grande ressurgimento na

apetência por produtos islandeses e de-sign local e foi um sucesso”, explica.

A KronKron vende sapatos em Nova Iorque a 500 dólares, peças de design elaborado feitas em Espanha – e a presença dos dois criadores num fórum de empresários é um sinal de mudança na economia islandesa. “É a oportunidade para aproveitar o potencial criativo desta nação meio louca”, diz Húgrun (o facto da empre-sa ser islandesa faz com que tenham que adiantar o pagamento de 100% aos fornecedores, mercê da descon-fiança que ainda existe face ao país).

O ressurgimento do design islan-dês e o foco em áreas criativas nasce do incentivo dado pela desvalorização da coroa – o aumento brutal do pre-ço das importações e a maior facili-dade em exportar fez os islandeses optarem pela produção local. Os no-vos negócios são uma resposta ao que muitos islandeses mais jovens consi-deram a preguiça intelectual nascida de um período de dinheiro fácil.

O Toppstódin é um lugar onde se encontram pessoas assim. A incuba-dora de ideias funciona numa anti-ga central elétrica, num cenário evo-cativo de antigas fábricas soviéticas. Vala Helga, gestora, levou-me pelas salas mostrando diferentes projetos, desde o desenvolvimento de um carro de corrida elétrico a um salão caótico, onde uma dupla de jovens desenvolve a marca de moda Shadow Creatures, que já colocou peças em Nova Iorque.

O futuro é incerto? Sim, mas mais sólido.

? o que SiGniFicA A islândia não deixou cair o estado Social. Ao fm de três anos a economia cresce 2,5%.

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Há pOuCO maiS De uma DÉCaDa, FilmeS COmO avatar FOram aDiaDOS pOr FalTa De TeCNOlOGia. HOje, COm aS NOvaS CâmaraS 3D, a imaGiNaÇÃO DOS realizaDOreS É O úNiCO limiTe

por pedro faro e susana torrão

CInEMA

indústria mundial

Na era do cinema digital e do 3D, o grande vencedor dos BAFTA e dos Oscars foi O Artista, filme mudo, a preto e branco, realizado por Michel Hazanovicius. Na noite de 12 de fevereiro último, em Londres, a equipa de O Artista subiu ao palco para receber sete dos 12 BAFTA para que estava nomeado: melhor ator para Jean Dujardin, melhor realizador para Hazanovicius, melhor filme, melhor argumento, melhor fotografia, melhor guarda-roupa e melhor banda sonora original. A Los Angeles, à cerimónia da 84ª edição dos Oscars da Academia, o filme chegou com 10 nomeações, logo a seguir a A Invenção de Hugo, de Martin Scorsese.

Num ano marcado por produções carregadas de efeitos especiais como Piratas das Caraíbas, Harry Potter (Harry Potter e os Talismãs da Morte: parte 2 foi o filme mais visto em Portugal, com 494 milhões de espectadores e 2,9 milhões de euros de bilheteira), Missão Impossível ou X-Men, o triunfo de um filme que remete para os primórdios do cinema faz a diferença.

O Artista é a vitória da nostalgia e uma ho-menagem à história do cinema. E não foi o único. A Invenção de Hugo, o filme com mais nomeações para os Oscars, é também uma homenagem aos primeiros anos do cinema.

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1o meu mundoTemA de cAPAcinema internacional

Arte com peso económicoOs êxitos de 2011 são a prova da di-versidade de uma indústria mundial cujo peso económico é cada vez maior. De acordo com os números da Mo-tion Picture Association of America, em 2009 a indústria do cinema era res-ponsável, apenas nos Estados Unidos (EUA), por 2,2 milhões de postos de tra-balho, que contribuíram com 175 mil milhões de dólares para a economia americana e 15 mil milhões de dólares de impostos. O caráter universal atingi-do pelo cinema made in USA garante--lhe o estatuto de produto de exportação, com receitas que, em 2009, atingiram os 13,8 mil milhões de dólares.

Se a isto se juntar um custo mé-dio por filme que, nos EUA, atinge os 100,3 milhões de dólares (34,5 mi-lhões só para marketing), é fácil en-tender a preocupação dos grandes es-túdios em recuperar o investimento. Hoje, mais do que uma história, um filme é sinónimo de banda sonora, séries de brinquedos e vestuário, vi-deojogos e, mais importante, um ele-mento da programação televisiva à escala mundial.

Revolução tecnológicaO cinema digital levou os efeitos es-peciais e a manipulação da imagem a resultados nunca imaginados, ao mesmo tempo que tornou a produção muito mais simples e barata.

Há filmes que só puderam existir graças à tecnologia digital. Quando

Conhece Nollywood?

SAiBA mAiS

N as últimas duas

décadas, a indústria cinematográfica nigeriana cresceu até se tornar no segundo produtor mundial de cinema, ultrapassando os EuA. nollywood – alcunha que ganhou a partir das suas congéneres Hollywood e Bollywood – produz uma média de 200 filmes mensais que se destinam, sobretudo, ao mercado de homevideo.

Raúl Ruiz conseguiu a aclamação mundial com Mistérios de Lisboa

êxiTo

terminou Titanic, o realizador James Cameron sabia qual o próximo projeto com que queria avançar. O argumento de Avatar já estava esboçado mas falta-va a tecnologia. Foram necessários dez anos para que o filme estreasse, em de-zembro de 2009. Com câmaras espe-cialmente desenhadas para a produ-ção e exibição em 3D, Avatar entrou de imediato para a história da tecnolo-gia na sétima arte. Uma semana após a estreia as receitas de bilheteira atin-giam os 232 milhões de dólares e foi o primeiro filme a ultrapassar os dois mil milhões de dólares de bilheteira.

Os avanços tecnológicos chegaram também à sala de estar. Com os mo-dernos aparelhos de televisão e a uni-versalidade da Internet, as viagens ao clube de vídeo da esquina tornaram-se obsoletas e preocupações como a qua-lidade do som e imagem deixaram de fazer sentido.

Para Eduardo Cintra Torres, críti-co de televisão, esta realidade reflete--se na indústria do cinema. “Há uma cada vez maior aposta nos blockbus-ters, com direito a sequelas, ou uma tendência para filmes destinados a adolescentes. É para aí que se tem di-recionado o empenho da produção, para garantir gente em sala.” Os ado-lescentes são, na opinião de Cintra Torres, a faixa de público com mais apetência para assistir a filmes em sala, sendo as comédias românticas e os filmes de ação e aventuras os gé-neros mais procurados.

Produção 2011/2012

Brasil Vermelho, Leonel Vieira

Mistérios de Lisboa, Paulo Branco

Rafa, Filmes do tejo

FiLmeS

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nn PeRFiL Paulo Branco iniciou o seu per-curso nos anos 70 e, desde então, produziu mais de 200 filmes de realizado-res como Manoel de Oliveira, João César Montei-ro, João Canijo, teresa Villaverde, Pedro Costa, Wim Wenders, Raoul Ruíz, ou Paul Auster. Reconhe-cido defensor do cinema europeu, em 1999 foi dis-tinguido pelo Par-lamento Europeu como Melhor Pro-dutor da Europa. Já em 2005 Jacques Chirac o tinha condecorado com a medalha de Officier de L’Ordre des Arts et Des Lettres da Repú-blica Francesa. A juntar ao palma-rés tem o Lisbon & Estoril Film Festival, também obra sua.

quando é que o cinema português começou a ter maior projeção internacional?nos anos 70 e 80, com o reconhecimento internacional de cineastas como Manoel de Oliveira. Atrás disso, outros realizadores começaram a ter acesso às vitrines internacionais, como João César Monteiro e, depois, João Botelho ou Pedro Costa. Houve uma abertura dos mercados que não se mede só no número de espectadores mas também na capacidade de encontrar financiamentos internacionais. como é que o cinema português é visto no estrangeiro?O cinema português esteve na moda e, como qualquer moda, passa. Há um reconhecimento dos grandes vultos mas as novas gerações não aproveitaram isso. Fecharam-se no reconhecimento dado por alguns pequenos lobbies e não perceberam que o reconhecimento mundial abre mercados. qual a importância de um prémio internacional para um produtor?Há prémios e prémios. Muitos não têm sentido. Quando o filme Mistérios de Lisboa ganhou os prémios que ganhou,

a repercussão foi uma difusão internacional, em termos comerciais, maior que a de qualquer outro filme português. Estar em Cannes numa seleção competitiva é diferente de estar numa pequena secção. É importante ver onde e como os filmes são difundidos. que aspetos devem ser realçados na produção nos últimos 10 anos? nos anos 80 e 90 vivemos uma época eufórica do cinema português, depois houve um “endeusamento” e os últimos 12 anos foram de retrocesso. não houve estratégia política no sentido de consolidar os instrumentos necessários a uma produção contínua. Os critérios de atribuição de financiamentos falharam e surgiram capelinhas que fecharam a autocrítica que todos deveríamos ter feito. qual é o papel do estado na internacionalização do cinema?O cinema não vive do Orçamento Geral do Estado, depende 4% do valor da publicidade. no Brasil as empresas podem investir deduzindo os seus lucros, em Inglaterra parte do dinheiro do jogo vai para o cinema... Portugal nunca teve a noção da importância do investimento nas artes criativas.

Para o realizador e produtor Leo-nel Vieira, a relação de causa-efeito en-tre as mudanças tecnológicas e o tipo de filmes produzidos não é tão clara. “O cinema não pára de evoluir mas os princípios estão nos grandes clássi-cos. A técnica sempre influenciou as mudanças: quando os russos criaram a montagem passou a contar-se a his-tória de uma forma diferente, o mes-mo aconteceu quando, no pós-guer-ra, se descobriram as câmaras leves, que fizeram nascer as novas cinema-tografias europeias, como a Nouvelle Vague”, exemplifica.

“As janelas de exibição estão a alterar--se e a um ritmo alucinante. Com o apa-recimento de câmaras de 4k e 8k, o cinema eletrónico chegou a um nível muito grande. Entre isso e a necessi-dade de poupar nos custos, com um novo acesso às truncagens digitais nos projetos, vai nascer uma diferen-ça de produção”, afirma o realizador.

contaminaçõesNa era da globalização torna-se ca-da vez mais difícil definir cinema-tografias nacionais. Não só a con-taminação entre os vários tipos de cinema é cada vez maior, como mui-tos dos filmes com “formato ameri-cano” são, na sua maioria, produzi-dos fora dos EUA. A Europa é hoje um importante produtor de cinema, com grandes estúdios e produtoras. França lidera a produção e empresas como a Pathé – empresa centenária

Paulo Brancoprodutor de Cinema

P&R

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O projeto da nova Lei do Cinema pode

vir a reunir anualmente 50 milhões de euros para o setor. O aumento da verba disponível é conseguido graças ao

alargamento das fontes de financiamento que, além dos canais de televisão generalistas, passa a incluir outros operadores de televisão e, a pedido, os serviços audiovisuais. A isto

junta-se o aumento das contribuições atuais.A Plataforma do Cinema, associação que representa cineastas e produtores, veio a público apoiar o projeto.

Nova lei, nova vida

por trás de filmes como Quem Quer Ser Milionário ou A Fuga das Galinhas − ou a Europacorp, de Luc Besson, dão cartas a nível mundial. E é nos arredo-res de Paris, em Saint Denis, que está a nascer a “Cidade do Cinema”, que aco-lherá os maiores estúdios da Europa.

No Extremo Oriente, os filmes de ação produzidos em Hong Kong há muito deixaram de ser um fenóme-no local. De Bruce Lee a Jackie Chan, os seus atores ganharam projeção e o género acabou por influenciar filmes como Reservoir Dogs, Kill Bill (ambos de Quentin Tarantino) ou The Matrix, dos irmãos Wachowski.

Títulos como Moulin Rouge, de Baz Luhrman, podem ser vistos como um regresso ao musical mas vão beber aos filmes de Bollywood. Nos últimos anos o cinema indiano ganhou pro-jeção, nomeadamente com a nomea-ção de Lagaan para o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. Curiosamente, muitos destes filmes têm os seus ex-teriores rodados nos Alpes suíços.

entre o êxito em festivais internacionais e o divórcio do público no mercado interno, o cinema português continua a dar cartas

Lá fora: Ação!

O cinema português começou bem o ano, com dois filmes premiados no Festival de Cinema de Berlim. Rafa, de João Salaviza, ganhou o Urso de Ou-ro para melhor curta-metragem, Tabu, de Miguel Gomes, recebeu o Prémio Alfred Bauer, destinado a distinguir a inovação, e, à margem do Festival, foi considerado o melhor filme do certame pela Federação Internacional de Críti-cos Cinematográficos.

Os críticos do jornal Público ele-geram os filmes Sangue do meu San-gue, de João Canijo, e 48, de Susana de Sousa Dias, como as obras portuguesas mais relevantes de 2011. Sangue do Meu Sangue foi, aliás, o filme português que mais espectadores levou às salas.

diversidadeOs dados do Instituto do Cinema e do Audiovisual (ICA) confirmam o reconhecimento internacional. Em 2011 foram premiados 44 filmes portugueses no estrangeiro, entre lon-gas e curtas-metragens, documentá-rios e cinema de animação. Entre os galardoados estiveram Sangue do meu Sangue, de João Canijo, Mistérios de Lisboa, de Raúl Ruiz, e os documen-tários Angst, de Graça Castanheira, e 48, de Susana de Sousa Dias.

qual a importância de um prémio internacional?ter visibilidade internacional permite obter apoios noutros países. É muito triste que ninguém repare que há meia dúzia de tipos a tentar fazer filmes com imensa dificuldade. Considerando os espectadores que fazem nos festivais, concluímos que não são tão underground como se pinta.

quais as diferenças entre trabalhar em Portugal e no estrangeiro?A grande vantagem de fazer filmes em Portugal tem sido, até ao momento, a liberdade. A grande desvantagem é que em Portugal se vive num contexto onde não há uma visão da cultura há anos.

quais os problemas da distribuição do cinema português?É muito difícil ter um filme português ao lado de um filme que gasta em promoção aquilo que um filme português gasta em produção. Mas estamos a viver um tempo de viragem. Há o exemplo do João Botelho, com O Filme do Desassossego, que organizou uma espécie de tournée pelos cineteatros. temos que encontrar formas alternativas de mostrar os filmes.

João SalavizaRealizador

P&R

nn ouRo em BeRLim, Rafa, de João Salaviza, ganhou o urso de

Ouro para melhor curta-metragem no Festival de Berlim, realizado no

último mês de fevereiro

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cinema português

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Mistérios de Lisboa, do cineasta chileno Raúl Ruiz, falecido em 2011, com produção portuguesa, foi outro dos filmes em destaque, recebendo, a título póstumo, entre outros, o Special Award, da Associação de Críticos de Nova Iorque, e o galardão de Melhor Filme Estrangeiro, da Associação de Críticos de Cinema de Toronto.

Pelos EUA há apelidos portugue-ses bem conhecidos na indústria. É o caso de Eduardo Serra, diretor de fotografia nomeado para os Oscars com The Wings of the Dove e Rapariga com Brinco de Pérola. Yuri Alves é ou-tro nome a reter. O luso-descendente realizou mais de 12 filmes desde 2001, quando, ainda aluno do Secundário, assinou The Day the World Changed, sobre o 11 de setembro.

No campo da representação a pio-neira foi Maria de Medeiros que, no início dos anos 90, participou em Hen-ry & June, de Philip Kaufman, e Pulp Fiction, de Quentin Tarantino. Mais recentemente, Maria João Bastos al-cançou destaque ao protagonizar Mis-térios de Lisboa. Apesar do sucesso, a atriz admite que em Portugal é difícil viver apenas do cinema. “A televisão

é o nosso porto seguro, que nos permite seguir o sonho de viver da paixão que é representar. Além disso não gosto de desvalorizar a televisão. Tenho tido oportunidade de fazer projetos muito bons, como foi o caso de Equador.”

Relação com o públicoApesar do êxito internacional, o públi-co nacional permanece distanciado do cinema português. No início do ano, O que Há de Novo no Amor e Paixão ti-nham, de acordo com o ICA, uma mé-dia de 10 espectadores por sessão.

Leonel Vieira, realizador de títu-los como A Sombra dos Abutres, Zona J ou A Arte de Roubar, e produtor de Budapeste, de Walter Carvalho, recu-sa-se a acreditar que tudo está bem. “Quando um país proporciona que se faça cinema sem obrigação de merca-do, temos que ter respeito pelo públi-co. Algo está errado quando a nossa cinematografia mantém 0,5% de quo-ta de mercado. Em Espanha a pro-dução nacional chega aos 23%, a mé-dia da Europa é 20%. Eu só pedia que Portugal tivesse 5%”, afirma.

Nos últimos anos Leonel Vieira concentrou-se na produção. Neste

momento termina Brasil Vermelho, filme para televisão feito em coprodu-ção entre Portugal, Canadá, França e Brasil, que narra a história de João da Silva que, em 1564, combateu os fran-ceses no Brasil. Em março, El sexo de los ángeles, do espanhol Xavier Villa-verde, também produzido por Vieira, estreou no Festival de Cinema Ibero- -Americano de Miami.

FestivaisPara Catarina Mourão – autora dos documentários A Dama de Chandor e Pelas Sombras −, a internacionali-zação do cinema português deu-se “quando surgiu um maior apoio esta-tal ao cinema de autor e à divulgação no estrangeiro, através do apoio à ida a festivais, cópias legendadas, mos-tras e conferências”. Já o realizador Gabriel Abrantes julga ser “necessá-rio perguntar se o circuito de galerias e festivais é a melhor opção”.

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Três visões sobre o cinema português

estava à espera do sucesso alcançado por Mistérios de Lisboa?De certa forma já sabíamos que ia ser um bom projeto. O Raúl Ruiz era um realizador muito considerado a nível mundial e a sua genialidade ia fazer deste filme um projeto especial. Mas nunca pensámos que o filme tivesse tanto sucesso. Fico muito feliz com isso pois não só é merecido como é muito bom ver o trabalho de todos reconhecido.

como correram as flmagens de As linhas de Torres?O filme correu muito bem. Este era um projeto que ia ser realizado pelo Raúl. Quando o Raúl faleceu o Paulo Branco, em homenagem, decidiu seguir com o projeto, com a realização de Valeria Sarmento, viúva do Raúl Ruiz. Foi bonito poder fazer-lhe esta homenagem. Para crescer profssionalmente a única opção era ir para o estrangeiro?O crescimento mais importante é a nossa própria evolução enquanto atores e isso vai-se ganhando com as nossas personagens e com quem trabalhamos. Mas, neste momento de crise em que o cinema está a ser tão crucificado, recorrer ao estrangeiro é uma opção.

Maria João BastosAtriz

P&R

"Se houver vontade política as coisas acontecem. Nunca houve essa vontade"Leonel Vieira

"Quero acreditar que conseguiremos atravessar esta fase"Maria João Bastos

"Sem dinheiro, os únicos que se arriscam a fazer cinema são os que o fazem por paixão"Eduardo Cintra Torres

em França e espanha estreiam, semanalmente, flmes de produção local. o que impede Portugal de fazer o mesmo, dinheiro?não se pode reduzir isso a uma questão. Se a pudesse resumir numa, seria o interesse político. Se houver vontade política as coisas acontecem. nunca houve vontade política em Portugal.Podíamos não ser como Espanha, porque não temos dimensão, mas podíamos ser uma

Bélgica! Passamos o tempo a evocar os exemplos de Espanha e França mas não imitamos as suas leis.

Porquê?Porque isso toca no interesse de pessoas que viveram disto 30 anos, sem apresentar resultados.

o cinema é a sua paixão. A televisão é uma necessidade?Se fosse só realizador podia escolher só um caminho.

tendo uma produtora com a dimensão da Stopline, desde o início sabíamos que não podíamos dedicar-nos só aos filmes. Produzimos cinema, televisão e publicidade. Foi uma decisão estratégica. uso a televisão para produzir coisas de que gosto. Há projetos muito bons, como Conexão ou Tempo Final. Assim, fico feliz por produzir televisão. Em breve começo, no Brasil, um projeto baseado numa obra de Jorge Amado.

Leonel VieiraRealizador

qual o principal problema do cinema português?não há dinheiro. E quando não há dinheiro é impossível apostar

no cinema em larga escala. Daí que o cinema em Portugal seja sempre alternativo, não consensual, com uma linguagem

diferente. Sem dinheiro, os únicos que se arriscam a fazer cinema são os que o fazem por paixão e amor à camisola.

Para se criar uma indústria ou para se produzirem filmes mais consensuais é necessário dinheiro.

A aposta em teleflmes pode ser uma saída?Atualmente, entre a RtP e a tVI, estão na calha duas ou três

dezenas de telefilmes. Mas não sei se é este o caminho ou se leva a algum lado. Depende se as pessoas os veem, o que depende do

tema, atores, horários e programação da concorrência.

Eduardo Cintra Torrescrítico

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o meu mundoRePoRTAGem

Um pouco por todo o mundo a Economia Social ganha protagonismo. O trabalho, sempre importante, de ONG, mutualidades, cooperativas e associações assume novo destaque em momentos de crise económica. Mas há quem vá mais longe e aponte o setor da Economia Social como a alternativa de futuro para resolver os problemas económicos à escala global. É o caso de Muhammad Yunus, Nobel da Paz em 2006 e criador do conceito do microcrédito, para quem só uma economia baseada em empresas sociais pode resolver o problema da pobreza mundial. Um ideal partilhado pela OCDE para a qual “sem empreendedorismo social as sociedades não alcançarão novos patamares de inovação e competitividade.”

A definição e forma de desenvolvi-mento do setor varia consoante as latitudes. No mundo anglo-saxónico inclui apenas as organizações sem fins lucrativos, ao passo que na Eu-ropa integra áreas de mercado (mu-tualidades e cooperativas, por exem-plo) e de não mercado (caso das IPSS e de algumas associações e ONG). E se nos países do Sul surge associa-do à falência dos sistemas nacionais de saúde, que leva a que a sociedade civil crie projetos financiados pela comunidade destinados a assegurar esses serviços, no Norte foi a falência do modelo capitalista que levou os cidadãos a redescobrirem a impor-tância da Economia Social. Indepen-dentemente do motivo, os exemplos multiplicam-se à escala mundial.

mãos à obraNos países do Norte da Europa como a Suécia e Finlândia, onde a socieda-de civil é bastante ativa, as funções sociais não são cobertas apenas pelo

Estado-Providência mas também pela sociedade civil. Mais a Sul, na Suíça, o setor da Economia Social assume um peso significativo. Não só ao nível do setor cooperativo − duas maiores coo-perativas de consumo, Migros e Coop, são responsáveis por 8% do PIB – mas ao nível associativo, com várias cre-ches, centros de apoio e equipamen-tos sociais de bairro criados e geridos pelos cidadãos.

No Reino Unido, a crescente impor-tância do setor levou ao aparecimento de entidades como a ClearlySo, agência britânica que faz a ligação das empre-sas sociais com investidores e o mundo empresarial. O objetivo é ligar negócios sociais, empresas, comércio e investi-mento, ajudando os empreendedores sociais a conseguirem capital e a me-lhorarem as suas capacidades.

Em Moçambique, na província do Chibuto, Binaisa acalentava três so-nhos enquanto trabalhava na rádio lo-cal: entrar para a faculdade para estu-dar Língua Portuguesa, criar um cen-

É apONTaDa pOr muiTOS COmO a alTerNaTiva De FuTurO aO SiSTema CapiTaliSTa. a eCONOmia SOCial GaNHa TerreNO em TempOS De CriSe FiNaNCeira

por susana torrão

ECOnOMIA SOCIAL

mais próxima, mais integrada, mais estável

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que papel assume hoje a economia Social?A crise tornou os modelos e princípios da Economia Social mais atuais. tornam-se quase um imperativo da prática social, o que faz com que um setor que muitos decisores encaravam como residual passe a estar, em alguns aspetos, na vanguarda das respostas à crise.

de que modo isto é observável?Parece ser evidente por parte de empresários, governos e do próprio setor associativo a consciência de que é necessário adotar princípios da Economia Social. As sociedades não podem continuar a pensar segundo o modelo que vingou durante os últimos 20 a 30 anos. têm que se encontrar formas de cooperação entre os cidadãos de modo a que, consumindo menos, se possa manter uma boa qualidade de vida. Só com os princípios da Economia Social isto é possível.

A economia Social é o sistema económico do futuro?Julgo que no fim continuará a existir a empresa capitalista e a organização de Economia Social. O que acontecerá são profundas alterações no modelo da empresa capitalista – que corresponde a uma necessidade de adaptação aos novos tempos – e, simultaneamente, de todas as organizações de Economia Social para poderem dar respostas no âmbito da sua intervenção.

Eduardo GraçaPresidente da CaSeS

P&R

tro cultural e contribuir para melhorar a alimentação de crianças e jovens do distrito. Foi o último destes sonhos que o jovem empreendedor realizou pri-meiro. No distrito do Chibuto as escolas lecionam a disciplina de Agropecuária mas não há condições para explorar ao máximo as potencialidades das aulas. Binaisa criou o “Projeto Porcos” no qual uma escola receberia um casal de lei-tões com o compromisso de dar outro casal a outra escola quando os porcos se reproduzissem. Quando a criação ti-vesse escala para criar um pequeno ta-lho a carne seria vendida, melhoran-do a alimentação de crianças e jovens. Com o apoio da associação portugue-sa Primeiro Passo − que apoia inicia-tivas autossustentáveis com um finan-ciamento até 500 euros – Binaisa levou o projeto a bom porto. Os 200 euros iniciais chegaram para adquirir os pri-meiros animais, vacinas, ração e me-dicamentos. Hoje o projeto ainda não tem dimensão para o talho mas já são várias as escolas envolvidas.

A associação Primeiro Passo foi criada por Clara Piçarra depois de uma experiência de voluntariado em Moçambique, entre janeiro e abril de 2010, ao serviço da ONG AID-Global. “Estava na cidade do Chibuto e traba-lhava no centro comunitário da aldeia do Chimundo, para onde ia de bicicle-ta”, recorda. Pouco depois, todos já co-nheciam a “mana Clara”, a portuguesa do centro. No regresso a Lisboa criou a Primeiro Passo para dar continuidade ao trabalho iniciado em Moçambique, trabalhando em conjunto com o Corpo da Paz, uma ONG laica norte-america-na que faz a ponte entre o terreno e a associação portuguesa. “É importan-te ter alguém que receba as propostas, veja a sua viabilidade e ajude na parte das candidaturas”, assume Clara. Mui-tos projetos são recusados porque não cumprem o critério principal: a autos-sustentabilidade.

A vários milhares de quilómetros de distância, o Social Economy Cen-tre da Universidade de Toronto, no

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1o meu mundoRePoRTAGemeconomia social

O caso das cooperativaseconomiA SociAL

A s nações unidas decla-

raram 2012 como Ano Internacional das Cooperativas, sob o lema “empre-sas cooperativas constroem um mundo melhor”.Hoje, mais de mil milhões de pesso-as, à escala mun-dial, são membros de cooperativas, que criam mais de 100 milhões de empregos.na Bélgica, em cada 200 socie-dades 29,9 são cooperativas. Em França, 23

milhões de pesso-as são membros de uma ou mais cooperativas (cerca de 38% da população). na noruega, as co-operativas detêm 96% do mercado de produção de lei-te e 55% do merca-do de queijo, mais de 70% das vendas de ovos e peles e 52% do mercado de sementes. Já na Suíça, as duas maiores cooperativas de consumo – Migros e Coop – são res-ponsáveis por 8% do PIB do país.

vos sociais – para Yunus, um dos de-feitos das ONG é o facto de não fun-cionarem como uma empresa e, por isso, serem obrigadas a passar gran-de parte do tempo a angariar fundos. Uma empresa social, que cobra pe-los produtos ou serviços que produz, não tem ganhos nem perdas e, quan-do produz dividendos, estes são rein-vestidos nos negócios.

Para Muhammad Yunus existem dois tipos de empresas sociais: as que têm como objetivo criar um benefício social e as que visam o lucro e são deti-das por indivíduos carenciados.

No livro A Empresa Social Yunus alerta para o facto de, durante a atual crise financeira e económica, ter-se criado a perspetiva de que, uma vez ultrapassados os problemas, tudo vol-tará a ser como era. Para Yunus, só alterando o paradigma base da socie-dade poderá ser alcançada uma solu-ção duradoura. “Numa sociedade em que a empresa social seja uma força económica dinâmica as pessoas não terão que esperar pelo Governo para abordar problemas como os da po-breza, da fome, da falta de habitação e das doenças, porque elas próprias poderão descobrir formas de as re-solver”, advoga.

Através da Fundação Grameen e da parceria com multinacionais, Yu-nus esteve na origem de várias em-presas sociais no Bangladesh, como a Grameen Danone, que produz iogur-tes destinados ao público infantil, ou a Grameen Adidas, destinada à pro-dução de calçado. Nos dois casos, fo-ram necessários ajustes à realidade local tendo em conta a cultura gas-tronómica e as relações familiares.

Aposta na proximidadeClara Piçarra destaca o envolvimento com a comunidade como um elemen-to-chave para o sucesso dos projetos apoiados em Moçambique. “Só resul-ta se forem pensados e criados pelas pessoas locais, que conhecem as ne-cessidades da comunidade”, afirma.Eduardo Graça, presidente da CA-SES – Cooperativa António Sérgio para o Estudo da Economia Social, concorda: “A intervenção local é uma das vantagens da Economia Social. É uma realidade que não funciona ao sabor dos ciclos das crises de merca-do. Está sempre presente no terreno, ligada às comunidades.”

)1 ASSociAção de SocoRRoS múTuoS

de PonTA deLGAdAEsta IPSS açoriana desenvolve atuação na área da saúde, disponibilizando aos 4 500 sócios um centro médico, uma farmácia e uma parafarmácia.

)2 inSTiTuTo de APoio à cRiAnçA

Criado em 1983, o IAC foi a primeira instituição a desenvolver ações junto de crianças que dormiam na rua, através do Projeto Rua. Hoje atua no combate à delinquência, junto de crianças e jovens ligados ao universo da droga e da prostituição. O IAC também presta apoio a nível legislativo, através de serviços de esclarecimento e da recolha e tratamento da legislação.

)3 cARiTAS A Caritas atua em várias

vertentes, da ação social paroquial à formação para entidades da Economia Social, passando pela intervenção em favor da promoção da igualdade de género.

)4 LiGA doS BomBeiRoS PoRTuGueSeS

Agrega todas as associações e corpos de bombeiros nacionais e tem por objetivo a obtenção de benefícios e de melhores equipamentos para os bombeiros, de forma a garantir uma melhor atuação junto da comunidade.

A Economia Social ganha protagonismo. Conheça quatro projetos que fazem a diferença junto das comunidades em que se inserem

Projetos com futuro

Canadá, cria pontes entre a universida-de e as organizações da comunidade, preferencialmente com cooperativas ou organizações sem fins lucrativos, ao mesmo tempo que promove a pesquisa multidisciplinar em temas relaciona-dos com a Economia Social. A capital do estado de Ontário é pródiga em pro-jetos. É o caso da Inspirations Studio e da Foodshare Toronto.

A empresa socialTodas as organizações citadas inte-gram a Economia Social mas nenhu-ma delas é, por definição, uma em-presa social, o conceito defendido por Muhammad Yunus como a solução de futuro para a economia mundial. Autor de obras como A Empresa So-cial e Criar um Mundo sem Pobreza, Yunus defende que a empresa social, ao contrário da empresa capitalista, tem por objetivo atingir ganhos so-ciais específicos. Mas não pode ser confundida com uma associação de caridade, já que tem que recuperar os custos enquanto atinge os objeti-

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Eduardo Graça dá como exemplo as mutualidades: “É um subsetor da Economia Social que é muito impor-tante porque produz bens e serviços transacionáveis, está no mercado, não persegue o lucro, gera emprego e não se deslocaliza”, afirma. Para o pre-sidente da CASES, entidades como o Montepio – a maior associação e a maior mutualidade portuguesa – “têm a grande virtude de cobrir todo o ter-ritório nos espaços em que não exis-tem outros serviços, incluindo zonas menos prósperas do interior.”

Um aspeto determinante, uma vez que, à medida que a globalização cres-ce, com os seus efeitos de vulnerabili-dade e dependência acrescida, é im-portante reforçar o desenvolvimento local. É a proximidade das comuni-dades que torna mais fácil identificar necessidades de emprego, formação, e incentivar o empreendedorismo. A Economia Social combina a eficiên-cia económica e o empreendedorismo social, equilibrando crescimento eco-nómico e solidariedade social.

O Parlamento Europeu, num relató-rio divulgado no início de 2009, é claro quanto aos benefícios do setor: “A Eco-nomia Social contribui para a concre-tização dos quatro principais objetivos da política de emprego da UE: melho-rar o espírito empresarial da popula-ção ativa, promover o espírito de empre-sa, reforçar a capacidade de adaptação das empresas e dos seus trabalhadores, através da modernização da organiza-ção do trabalho, e reforçar a política de igualdade de oportunidades.” O setor representa hoje 10% das empresas eu-ropeias, totalizando dois milhões de empregos.

Embora o peso da Economia So-cial em Portugal seja inegável, de mo-mento é difícil ter uma perceção cla-ra das empresas que a integram, já que muitas não são discriminadas nas estatísticas. A CASES está atual-mente num processo de criação de estatísticas para o setor. O trabalho, realizado em conjunto com o INE, de-verá estar concluído no final de 2012.

“Sem correr o risco de cometer erros grosseiros, pode dizer-se que o setor é uma realidade significativa do ponto de vista da economia, con-tribuindo para a criação de empre-go, para o PIB e para o VAB”, afirma Eduardo Graça, que estima que cen-tenas de milhar de portugueses tra-balhem no setor. Do trabalho efetua-do até agora estima-se que a Econo-mia Social em Portugal integre entre cerca 43 600 a 48 400 pessoas, sendo estes valores aproximados.

de emPReGoS na Europa são criados por entidades que pertencem à Economia Social.

dAS emPReSAS euRoPeiAS pertencem ao terceiro Setor, com um peso considerável na economia da uE.

10%

2 milhões

? o que SiGniFicA mais próxima da comunidade, menos volátil e mais resistente às crises, a economia Social é uma alternativa de futuro.

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o meu mundooBSeRVATÓRio

eDuCar aS pOpulaÇõeS para a impOrTâNCia Da CiêNCia e para a apeTêNCia para O peNSameNTO CieNTÍFiCO É O papel priNCipal DOS muSeuS iNTeraTivOS De CiêNCia e TeCNOlOGia. aFiNal, aS CiêNCiaS SÃO O mOTOr Da eCONOmia

por helena c. peralta

CIênCIA

pôr a mão na massa

Jean Piaget influenciou profun-damente o ensino do século xx ao impôr-se à escola tradicional, na qual o professor se limitava a debi-tar conhecimento e o aluno a tentar adquiri-lo. Para o cientista suíço, o conhecimento na criança é resulta-do das descobertas que faz e da ca-pacidade de apreensão desse conhe-cimento. Logo, educar, para Piaget, é provocar a atividade, ou seja, estimu-lar a procura do conhecimento.

Hoje ninguém parece ter dúvidas quanto à importância da pesquisa e da experimentação para o desenvol-vimento cognitivo da criança. Mas foi sobretudo a partir dos anos 50 do sé-culo xx que vários países criaram no-vos espaços, influenciados pelas no-vas teorias educacionais, que enfa-tizavam processos de aprendizagem inspirados na experimentação, e sur-giram os primeiros museus de ciên-cia interativa.

Os atuais centros inspiraram-se no primeiro museu interativo: o Deuts-

nn PAViLhão do conhecimenTo Com várias exposições, regista mais de 800 visitas diárias, potenciando descobertas nas áreas da física, matemática e tecnologia

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(Programme for International Students Assessement), estudo da OCDE que testa os conhecimentos dos estudan-tes de 15 anos em diversos países, os portugueses ficaram nos últimos lu-gares no que diz respeito às questões científicas. Países como a Coreia do Sul e a Finlândia conquistaram os primeiros lugares. “Como não há ne-nhum defeito no cérebro dos alunos portugueses, penso que o problema está na escola e na cultura”, explica Carlos Fiolhais à Montepio.

“O ensino em Portugal, infeliz-mente, não estimula o interesse dos alunos pela ciência, em especial o dos mais jovens. Esta é uma das grandes mudanças que é necessário fazer: introduzir mais experimenta-ção no jardim-de-infância e no pri-meiro ciclo do ensino básico. É pelas próprias mãos que as crianças, que nascem curiosas, podem e devem ganhar uma primeira ideia da ciên-cia na chamada idade dos porquês”, remata o investigador.

Com ele concorda Alexandre Quintanilha, investigador, professor e diretor do Centro de Citologia Ex-perimental da Universidade do Por-to. Para Quintanilha o ensino formal “deveria caminhar no sentido da ex-perimentação e afastar-se do ensi-no puramente teórico. Pensar que o que aprendemos hoje nos garan-tirá emprego amanhã é infantil. In-felizmente, a curiosidade não é fácil de ensinar, tem que ser por infeção saudável.”

A importância dos centros de ciência interativa E foi precisamente para motivar esta infeção saudável que se criaram re-des de partilha de informação cien-tífica e centros de ciência interativa. As instituições representadas na EC-SITE*, à qual pertence a Rede Nacio-nal de Centros Ciência Viva, recebem cerca de 30 milhões de visitantes por ano, sendo que cerca de 60% destes participantes têm menos de 25 anos.

O Programa Ciência Viva surgiu em 1996, pela mão do Ministério da Ciência e Tecnologia, com o objetivo de contrariar o divórcio entre os por-tugueses e a ciência. É gerido atual-mente pela Associação Ciência Viva − Agência Nacional para a Cultura Científica e Tecnológica, onde parti-cipam diversas entidades nacionais,

Ciência para todos Science4you

Quando Miguel Pina Mar-

tins acabou os seus estudos universitários fora já mordido pelo bichinho do empreende-dorismo. Ligado ao Audax, centro de formação de empreendedores do ISCtE e da Fundação Facul-dade de Ciências da universidade de Lisboa, não se assustou com a pouca experiên-cia e começou logo a trabalhar na ideia de pro-duzir brinquedos científicos. Assim, em 2008,

fundou a Scien-ce4you, empresa que começou por desenvolver, pro-duzir e comercia-lizar brinquedos científicos e que, atualmente, se dedica também à formação e ani-mação científica. Esta última já tem um peso de 30% no volume de negócios que, em 2011, se situou nos 600 mil euros. Com 14 fun-cionários, a Science4you já está presente em Espanha, Moçambique, Angola e Brasil.

ches Museum, fundado em 1903, em Munique, na Alemanha, e onde os visitantes interagiam com os objetos da exposição. Já no final da década de 60 nasceu, em S. Francisco, nos EUA, um projeto pioneiro no campo da ciência, o famoso Exploratorium, fundado por Frank Oppenheimer, fí-sico que estimulava a curiosidade dos alunos pela experimentação na sala de aula.

Existe hoje uma alargada rede pe-lo mundo, de que são exemplo o Cit-tá della Scienza, em Nápoles, o Ex-ploradôme, em Paris, o Technopolis, em Copenhaga e o Pavilhão do Co-nhecimento, em Lisboa. Liga-os o pa-pel fundamental que têm na socieda-de: demonstrar, de forma simples e acessível, que a ciência, além de fun-damental, não é exclusiva de alguns “iluminados.”

ensino formal é insufcienteAs ciências são o motor da economia e só criando apetência para as áreas científicas se pode desenhar o futu-ro das civilizações. “Se, há um sécu-lo, o problema das sociedades menos desenvolvidas era o analfabetismo, hoje o problema grave é o analfabe-tismo científico”, escreve Carlos Fio-lhais, investigador e professor de Fí-sica na Universidade de Coimbra, na sua obra A Ciência em Portugal.

Apesar da evolução positiva que Portugal registou nesta área nos úl-timos anos há ainda muito trabalho por fazer. Existe no País um grande défice de cultura científica que os mu-seus e centros de ciência e tecnologia ajudam a colmatar. Segundo o PISA

nomeadamente universidades, e li-derado por Rosalia Vargas. Este pro-grama atua em três eixos: apoio ao ensino experimental das ciências e promoção da educação científica nas escolas; desenvolvimento da Rede Nacional de Centros de Ciência Vi-va, espaços de divulgação interativa para a população; e campanhas na-cionais de divulgação científica.

O trabalho junto dos professores também é essencial para que se sin-tam atraídos pela educação científica. Centros da Rede Ciência Viva, como o Exploratório de Coimbra, fazem es-se trabalho, dando formação especí-fica para o ensino científico. Mas há outras formas de beber este conheci-mento. Por exemplo, a Net-Eu (Ne-twork to Improve Non-Formal Scien-ce Teaching), uma rede social onde se trocam experiências sobre métodos e abordagens diferentes da ciência.

“Penso que estamos no caminho certo. Dar às pessoas autoconfiança para questionarem a sociedade que querem construir, e quem querem ser, é provavelmente o que de melhor temos para dar aos outros”, finaliza Alexandre Quintanilha.

3 objetivos ciênciA ViVA

^ APoiAR o ensino experimental das ciências e a educação científica nas escolas do País^ deSenVoLVeR a Rede nacional de Centros de Ciência Viva como espaços de divulgação interativa para a população^ PRomoVeR campanhas nacionais de divulgação científica

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* ECSItE - tHE EuROPEAn nEtWORk OF SCIEnCE CEntRES AnD MuSEuMS

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o meu mundoenTReViSTA

PReSidenTe do PAViLhão do conhecimenTo e dA ASSociAção ciênciA ViVA

"Ciência vivaé case study"

O mODelO SeGuiDO em pOrTuGal para a CONSTruÇÃO Da reDe De muSeuS De CiêNCia iNTeraTiva, DeSCeNTralizaDO, em parCeria

COm uNiverSiDaDeS e auTarquiaS, É DeSTaCaDO a NÍvel iNTerNaCiONal

COmO FONTe De iNSpiraÇÃO

por helena c. peralta fotografia artur

Como é que locais de partilha de conhecimento, como o Pavilhão do Conhecimento e os centros da Re-de Ciência Viva, contribuem para a melhor educação científica de crian-ças e jovens? Sabemos hoje que o contacto entre as pessoas e a ciência se faz principal-mente em três espaços: a escola, os museus e centros de ciência e os me-dia. Os centros de ciência são, talvez, aqueles onde o contacto é mais físi-co, mais emocional. Aprendemos me-lhor aquilo de que gostamos. Einstein conta-nos que o seu amor pela Físi-ca foi desencadeado por uma bússo-la que o pai lhe ofereceu na infância. Os centros de ciência respondem à curiosidade e ao desejo de saber mais, estimulam e entusiasmam, são cata-lisadores de uma melhor educação científica. Oppenheimer, o fundador do Exploratorium de S. Francisco, di-zia que nenhuma criança “chumba” num centro de ciência porque são es-paços de grande motivação, de grande curiosidade.

Rosalia Vargas é presidente do Pavilhão do Conhecimento e da Associação Ciência Viva – Agência Nacional para a Cultura Científica

e Tecnológica. Como responsável pela Rede de Centros de Ciência Viva, revela-nos que a opção seguida para a sua implementação foi

bem-sucedida e é, inclusive, alvo de destaque por países como a Noruega.

gal está entre os países da OCDE onde a apetência dos jovens por cursos de engenharia e tecnologia mais cresceu.O que foi que a Noruega destacou de positivo na rede portuguesa? A forte ligação com a comunidade científica, com reflexos no trabalho com escolas, alunos e professores. O modelo de criação dos centros tam-bém é apreciado pela sua natureza descentralizada e pelo papel dinami-zador do desenvolvimento local. Este tipo de estrutura, tal como está montada, é pioneira ou segue algum modelo internacional?O pioneirismo reside no enraizamen-to da estrutura na sociedade portu-guesa. Poder-se-ia ter optado por um

Como se compara Portugal com ou-tros países neste tipo de ensino? A Ciência Viva e o Pavilhão do Co-nhecimento são membros ativos do ASTC* e do ECSITE**. Ocupamos um patamar de prestígio e inovação en-tre os museus e centros de ciência de todo o mundo, sobretudo pela forma como criámos a nossa rede de centros e pelos resultados alcançados. Somos procurados por consórcios interna-cionais de produção de exposições e por parcerias de projetos de educação científica, para os quais a forte inte-ração com a comunidade científica é muito relevante. Participámos num seminário, que se realizou na Norue-ga, em 2005, totalmente dedicado à Rede Ciência Viva como fonte de ins-piração, onde a experiência portugue-sa foi amplamente discutida. Mas há ainda um longo caminho a percorrer. Não podemos ocultar que a educação científica sofre ainda de um atraso es-trutural, que decorre de décadas de ensino retórico e pouco experimental. Mas estamos no caminho certo. Portu-

* AStC - ASSOCIAtIOn OF SCIEnCE - tECHnOLOGy CEntERS // * * ECSItE - tHE EuROPEAn nEtWORk OF SCIEnCE CEntRES AnD MuSEuMS

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Somos procurados por consórcios

internacionais de produção de exposições e por

parcerias de projetos de educação científca, para os quais a forte interação com

a comunidade científca é muito relevante.

um papel marcante na manutenção e gestão desses equipamentos. É esta proximidade que deverá tornar viável e sustentável o crescimento da Rede de Centros de Ciência em todo o País.Quantos centros já tem a Rede e qual o número acumulado de visitantes? A Rede conta com 19 centros em todo o País e já tem novos projetos em desen-volvimento, respondendo ao interesse de universidades, instituições de inves-tigação e autarquias. Naturalmente, o Pavilhão do Conhecimento, pela sua localização e dimensão, é o que tem atraído maior número de visitantes. Em 2010 tínhamos um número global de seis milhões de visitas acumuladas. A média anual de cada Centro Ciên-

cia Viva varia entre as 15 e as 50 mil visitas. O Pavilhão do Conhecimento é uma realidade diferente, com uma média anual de 230 mil.Quais são os projetos mais recentes no Pavilhão do Conhecimento? Um projeto aliciante é a produção de grandes exposições para o mercado nacional e internacional: é um desa-fio que só os maiores centros mun-diais são capazes de encarar, já que exige muita experiência e capacidade de realização. A tendência atual é fa-zer projetos de colaboração internacio-nal e a Ciência Viva já faz parte desse núcleo. Mas há um outro projeto que nos merece grande atenção, trata-se de uma escola no próprio Centro de Ciência. A Escola Ciência Viva está a funcionar no Pavilhão do Conheci-mento, como resultado de uma par-ceria com o Agrupamento de Escolas Fernando Pessoa: cada uma das 33 turmas do 1º ciclo passa uma sema-na inteira neste Centro, acompanha-da por professores, cientistas e educa-dores, num trabalho organizado que depois continua nas próprias escolas de origem. Tratando-se de um pro-jeto sem paralelo, em Portugal e na Europa, está a ser acompanhado por avaliação independente. O objetivo é acumular experiência para lançar as bases de um diálogo ainda mais sóli-do entre os Centros Ciência Viva e as escolas de todo o País.O que acontece durante essa semana aqui no Pavilhão do Conhecimento? O Pavilhão do Conhecimento é a sa-la de aula com que qualquer criança sonha. Espaçosa, luminosa, plena de desafios e aventura. É altura de ves-tir a pele de um cientista, que é como quem diz a sua bata, usar equipamen-tos científicos, fazer experiências no laboratório, falar com cientistas, falar de ciência. A batalha pela educação científica, e contra os estereótipos, co-meça cedo, de preferência no primeiro dia de escola, que é o primeiro de uma aprendizagem que se espera longa, co-mo a vida.

modelo, a partir do topo, e depois re-plicá-lo aqui e ali de forma centraliza-da, com um franchising. Escolheu-se outra via, a do envolvimento das au-tarquias, a partir das suas realidades regionais e locais, numa forte ligação e comprometimento com a comuni-dade científica. Os municípios têm

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o meu mundooBSeRVATÓRio pavilhão do conhecimento

São cerca de 800 as visitas diárias de participantes que entram num mundo de descoberta da física, matemática e tecnologia, entre outras. Siga-nos agora numa visita guiada pelo Centro:

Pavilhão do Conhecimento – Ciência VivaViSiTA GuiAdA

Famoso no mundo, o Pavilhão do Conhecimento já recebeu a visita de ilustres personalidades como Bill Ga-tes.

Em 2006 o fundador da Micro-soft esteve em Portugal e acabou a dar uma aula, naquele espaço, a mais de uma centena de jovens alunos de escolas dos arredores de Lisboa, que colocaram inúmeras questões ligadas à tecnologia.

Inaugurado em 1998, aquando da Exposição Internacional de Lisboa, no Parque das Nações, em Lisboa, o edifício foi desenhado pelo arquiteto Carrilho da Graça. Abriu ao público com uma exposição sobre o Conheci-mento dos Mares, tendo sido um dos mais visitados do certame, com cerca de 2,5 milhões de entradas.

Reabriu em 1999, já como Pavi-lhão do Conhecimento – Ciência Viva, com diversas exposições, permanen-tes e temporárias, e centenas de mó-dulos ligados ao conhecimento cientí-fico, com os quais os participantes po-dem interagir de forma ativa e lúdica.

Com 800 visitantes por dia, o pavilhão do Conhecimento é um fenómeno nacional na educação da ciência de forma lúdica. Conheça as atuais exposições deste museu interativo

Uma viagem pelo saber

1ntodos os sentidos são postos alerta à chegada ao Pavilhão do Conhecimento2nnum mundo colorido aprender é mais fácil

2

1

^ o mAR é Fixe mAS não é SÓ Peixe A exposição temporária dedicada ao mar está patente até agosto. A ideia é mostrar a importância do mar na evolução da humanidade. Os módulos convidam a uma viagem entre embarcações, contentores, boias e farois, num total de 30 experiências interativas. A mostra foi desenhada pela Heureka Science Center, na Finlândia, e chegou a Portugal adaptada à nossa realidade.

Aqui pode sentar--se aos coman-dos de um reach stacker e testar a perícia a empi-lhar contentores. ^ A FíSicA no diA A diA Exibição intera-tiva inspirada na obra A Física no Dia a Dia, de Ró-mulo de Carva-lho. Sabia que tem um centro de física em casa? É esta a questão que se levanta no início da viagem, distribuída pelas divisões de uma casa, com 73 ati-vidades, realiza-das com mate-riais simples e acessíveis. ^ exPLoRA A sala Explora concentra um conjunto de fe-

nómenos natu-rais, divididos em cinco áreas: Luz, Visão, Ondas, Per-ceção e Sistemas (Bué) Complexos. A exposição foi concebida para o Exploratorium de S. Francisco, tornando-se num clássico nos cen-tros de ciência em todo o mundo. ^ ALGoRiTmoS cRiATiVoS É a mais recente exposição do Pavilhão e resulta da colaboração com o Espaço do tempo – Conven-to da Saudação, de Montemor--o-novo. É uma mostra de 12 tra-balhos artísticos, em áreas como o design de intera-ção, computação

científica, robó-tica, inteligên-cia artificial e engenharia de sistemas. ^ BRincAR ciênciAEste é, por excelência, o espaço dos mais novos. Pequenos exploradores, dos 3 aos 6 anos, vestem um fato de astronauta, entram dentro de um foguetão ou constroem a Casa Inacabada. ^ exPoSição em FuGAAlguns dos mó-dulos interativos saíram das salas de exposição e estão espalhados um pouco por todo o Pavilhão. Procure-os antes que fujam de vez.

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o meu mundooBSeRVATÓRio centros ciência viva

estes espaços não se compadecem com quem fica de mãos nos bolsos. Quem passa a porta tem que ter espírito aberto para deixar o conhecimento entrar. e mexer é obrigatório

É proibido não mexer

> PARque de ASTRonomiA cenTRo ciênciA ViVA de conSTÂnciA Data de fundação: 1992

O centro de Constância surgiu pela mão do atual diretor, Máximo Fer-reira, que, desafiado a criar um mu-seu de astronomia na Universida-de de Ciência de Lisboa, levou algu-mas atividades para fora do museu. Os programas Astronomia na Praia e Astrofestas deram origem a pólos de astronomia, entre eles o Observató-rio de Constância.

Inaugurado em 2000, integrou a Rede de Centros Ciência Viva em 2004. “Todos os equipamentos estão relacionados com a astrono-mia mas envolvem conceitos de fí-sica, matemática e geografia”, diz Máximo.

> minA de ciênciA cenTRo ciênciA ViVA do LouSAL Data de fundação: 1988 número de exposições: 6

Explorar ciência, extrair conheci-mento é o lema deste centro que sur-giu numa antiga mina de pirites, perto de Grândola. A mina, explorada pela SAPEC, funcionou até 1988 e chegou a ter 1 200 trabalhadores. Quando en-cerrou criou-se um problema social.“Foi então que a SAPEC se uniu à Fundação Frederic Velge para um projeto de revitalização local”, conta Jorge Relva, professor na Faculdade de Ciências de Lisboa e atual presi-dente da Associação Ciência Viva do Lousal. O Centro do Lousal foi inau-gurado em Junho de 2010, com 11 mil visitantes até ao final do ano.

São seis as atuais exposições, como o “Sem Terra Não Há Carochas” ou o “Gruta Virtual” onde, através de uns óculos 3D, poderá visitar um mundo virtual. “O Banho de Ciência”, “Ciên-cias do Virtual”, “Darwin Now” e “Mi-na P’ra Gente Pequena” são as restan-tes atividades. Este último módulo faz as delícias da pequenada, que se diverte a fazer o árduo trabalho de um mineiro.

> exPLoRATÓRio cenTRo ciênciA ViVA de coimBRA Data de fundação: 1995 número de exposições: 4

O Exploratório foi inaugurado em 1995, por iniciativa do Centro de Ini-ciação Científica da Universidade de

Coimbra, com os temas “O acaso em Ciência” e “A Ciência pode ser diver-tida”.

No edifício, junto ao rio, até a cafe-taria tem alusões à ciência. Nas pare-des explica-se o que são hidratos de carbono, lípidos e glícidos. Mas é na oficina que se constroi a magia. É lá que três colaboradores desenvolvem material científico para novas ex-posições. Atualmente o Explorató-rio tem quatro exposições a funcio-nar: “Em Boa Forma com a Ciência”, “Sentir.com”, “Viajar com a Ciência” e “Ciência no Parque”, num total de 112 módulos no interior e 47 no jardim.

Também no jardim se “estuda” ciência através de um xilofone em madeira, torneiras suspensas, um simulador lunar ou um parafuso de Arquimedes para regar a horta.

O centro é composto por vários módulos e plataformas. A Esfera Ce-leste, constituída por aros de 7,5 me-tros de diâmetro, representa o meri-diano do local, o equador celeste, os trópicos e os círculos polares e per-mite ao visitante observar a Estrela Polar através de um orifício situado no eixo de rotação da terra.

O Relógio Analemático permi-te ver as horas através do sol de for-ma muito precisa e a Galáxia, uma estrutura móvel em inox, represen-ta as características da Via Láctea. Os equipamentos mais apreciados pelas crianças são os carrosséis, o do Sol/Terra/Lua, o de Júpiter e o de Saturno, módulo onde os mais novos podem sentar-se, girar e perceber os movimentos dos astros.

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inoVAçãoComo o grupo Visabeira recuperou a Vista Alegre Atlantis e a Cerâmica Bordallo Pinheiro

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deSiGnConheça projetos nacionais que dão cartas lá fora

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oPinião O arquiteto Gonçalo Byrne revela a sua visão da cidade que o acolheu há 60 anos: Lisboa

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VeLALisboa é, uma vez mais, capital da vela. Saiba tudo sobre a Volvo Ocean Race e a regata Tall Ships

CAMInHOS A PERCORRER EM moBiLidAde, uRBAniSmo,

SoLidARiedAde

A MINHA CIDADE

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REGAtA

lisboa à velaNOS próximOS meSeS liSbOa aFirmará, uma vez maiS, a Sua CONDiÇÃO De CapiTal aTlâNTiCa Da eurOpa. a volvo ocean race CHeGa à CapiTal pOrTuGueSa a 31 De maiO e julHO marCa O reGreSSO Da reGaTa tall ShipS

por luísa de carvalho pereirafotografia ©paul todd/volvo ocean race

Aquela que é considerada a Volta ao Mundo à Vela terá como para-gem a doca de Pedrouços, em Lis-boa. Entre 31 de maio e 10 de junho, a cidade acolhe a final da etapa transatlântica da Volvo Ocean Race (VOR) 2011-2012, que resultará num impacto económico acima dos 50 milhões de euros.

“Portugal é um país de navegantes, que deu novos mundos ao mundo, e a sua capital, Lisboa, foi ponto de partida para a fabulosa saga dos Des-cobrimentos”, afirmou António Cos-ta, presidente da Câmara de Lisboa, no anúncio da vitória da candidatu-ra portuguesa. Para António Costa, uma cidade de vocação histórica tão transatlântica só poderia estar asso-ciada à maior aventura oceânica dos tempos modernos.

Tendo em conta que se trata de um dos cinco maiores eventos desportivos mundiais – a par dos Campeonatos do Mundo e Europa de Futebol, Jo-gos Olímpicos e Ryder Cup (em golfe) –, são inegáveis as mais-valias que a VOR trará a Portugal. “Uma vez mais, pela via do desporto ao mais alto ní-

vel, a marca Portugal será comunica-da pelos quatro cantos do mundo, dan-do a conhecer um país de excelência, com uma oferta turística de altíssima qualidade e capacidade para acolher grandes organizações, como é o caso da Volvo Ocean Race”, comenta a La-gos Sports, responsável pela candi-datura de Lisboa a receber o evento. Os momentos altos da etapa portugue-sa da VOR – a In-Port Race e a Partida de Lisboa, rumo a Lorient (França), nos dias 9 e 10 de junho, respetiva-mente – serão transmitidos em direto para mais de 100 países.

uma aventura épicaNo início dos anos 70 alguns veleja-dores da Royal Navy Sailing Associa-tion começaram a discutir a possibi-lidade de competirem numa volta ao mundo à vela. Das palavras passaram aos atos e organizaram uma prova mí-tica: a Whitbread, hoje conhecida por Volvo Ocean Race. Realizada todos os quatro anos, mais do que uma prova de vela é uma incrível volta ao mun-do cumprida em nove meses. São seis equipas, cada uma com 11 tripulan-tes, que, depois de partirem, estão

U m dia na VOR garante a possibilidade de

conhecer de perto as mais avançadas embarcações do mundo e contactar com alguns dos mais conceituados desportistas do planeta. um dia típico incluirá, também, a visita às estruturas de animação do Race Village – cinema, simuladores ou cinema 3D –, assistir à manutenção dos barcos de competição na zona das equipas ou às regatas com a linha de largada bem perto de terra firme, mesmo em frente ao Race Village. também pode optar pelo batismo em experiências náuticas ou por assistir a concertos e espetáculos enquanto almoça ou janta nos diversos restaurantes, cafés e bares. A entrada é livre.

Um dia na VORBASTidoReS

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1nA viagem pode ser acompanhada, diariamente, no site do evento2nEm cada paragem as equipas reparam os veleiros e promovem a vela a nível mundial

ALIcANTe

LISboALoRIeNT

GALwAy

cApe TowN

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AbU dhAbI

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MIAMI

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As seis equipas percorrem o globo ao longo de nove meses, enfrentando toda a espécie de desafios. O percurso

CIDADE AnFItRIã CHEGADA In-PORt RACE LEG StARt DEStInO DIStânCIA

Alicante – 30/10/2011 5/11/2011 cape Town 6 500 mncape Town 25/11/2011 10/12/2011 11/12/2011 Abu dhabi 5 430 mnAbu dhabi 1/1/2012 13/1/2012 14/1/2012 Sanya 4 600 mnSanya 4/2/2012 18/2/2012 19/2/2012 Auckland 5 220 mnAuckland 8/3/2012 17/3/2012 18/3/2012 itajai 6 705 mnitajai 4/4/2012 21/4/2012 22/4/2012 miami 4 800 mnmiami 6/5/2012 19/5/2012 20/5/2012 Lisboa 3 590 mnLisboa 31/5/2012 9/6/2012 10/6/2012 Lorient 940 mnLorient 17/6/2012 30/6/2012 1/7/2012 Galway 485 mnGalway 3/7/2012 7/7/2012 – – –

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a minha cidadeRePoRTAGemvolvo ocean race

1nA VOR testa os

velejadores ao limite

2nEm nove meses a regata

percorre todos os mares

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completamente sós. “Esta corrida é a derradeira aventura humana, visitan-do todos os continentes, atravessando todos os oceanos e desafiando a natu-reza como nenhum desporto. Quando as equipas partem despedimo-nos, es-perando vê-los na meta final. É uma corrida onde colocam a sua vida em risco para ganhar um dos mais pres-tigiantes troféus do desporto”, afirmou Knut Frostrad, CEO da VOR.

O lema Life at the Extreme (a vida no limite) é adequado a uma compe-tição que passa por cinco oceanos e quatro continentes, em condições de extrema dureza, muitas vezes no li-mite da resistência física e psicológica.

uma candidatura de pesoA escolha de Lisboa como cidade porto da Volvo Ocean Race 2011-2012 resulta de uma candidatura comple-xa, liderada pela Lagos Sports, em parceria com a Câmara Municipal de Lisboa, que contou com a parti-cipação de 34 cidades europeias. Durante mais de um ano foi feito um trabalho rigoroso de preparação de todo o projeto que, aliando a história marítima de Portugal, as extraordi-nárias condições para a prática da vela e provas dadas na organização de grandes eventos, logrou bater as restantes candidaturas. Ficou assim garantido o estatuto de stopover (pa-ragem) recebendo a prova na chega-da ao continente europeu, vinda dos Estados Unidos. “Portugal tem uma tradição única na história da nave-gação e a sua capital é perfeita pa-ra receber um evento de vela offsho-re desta envergadura”, comenta Jon Bramley, diretor de Comunicação da VOR, que realça a importância eco-nómica do evento.

Para fazer a previsão do impacto em Portugal, a Lagos Sports usa como referência o estudo levado a cabo pe-la Deloitte na Volvo Ocean Race 2008--2009. “Segundo os dados disponibi-lizados pela organização da prova, as cidades de Galway (Irlanda) e Esto-colmo (Suécia), que acolheram a pro-va nas mesmas datas em que a rega-ta estará em Lisboa, beneficiaram de impactos económicos na ordem dos 60 e 80 milhões de euros”, explica. Em termos de impacto turístico, só a paragem da prova em Galway acolheu perto de 500 mil visitantes. Dadas as características da capital portuguesa a Lagos Sports pretende superar es-tes valores, lembrando que este é um evento que promove a marca Portu-gal durante nove meses. “São valores quase inqualificáveis de promoção do País”, conclui.

Race villageÉ na Race Village, na doca de Pe-drouços, que poderão ser encontra-das zonas de interesse para o público, convidados e patrocinadores. A área de exposições será o espaço onde se concentrarão todas as entidades que apoiam o evento, com tendas promo-cionais, stands e zonas de hospitali-dade. Em simultâneo, os visitantes terão à disposição uma vasta área de restauração. “Pretende-se criar um conjunto de animações e espetáculos, desde concertos a sessões de cinema, que permitam atrair público, criando um evento único, capaz de desafiar, cativar, absorver e acolher todos os públicos, de forma cómoda e atraen-te”, avança a organização. Na área de equipas, estarão localizadas as bases de terra para as equipas em competi-ção, com zonas de atracagem, estalei-

ros em seco, onde poderão ser feitas reparações, velarias e locais para os barcos de apoio. Prevê-se uma visi-ta massiva por parte dos espectado-res, que podem tomar contacto com o espetáculo paralelo que consiste na preparação de uma regata oceânica.

Apesar de muitas ações para a eta-pa de Lisboa ainda estarem em fase de projeto, a VOR conta com inicia-tivas dedicadas aos mais jovens, co-mo a Volvo Ocean Race Academy – que se traduz numa competição por equi-pas na Classe Optimist, cujos partici-pantes são apurados depois de fases de qualificação locais (mais informa-ções em www.volvooceanrace.com). A Lagos Sports avança que todos os dias haverá concertos e animações. Garantida está já, na noite da In-Port Race, a exibição, em grande ecrã, do Portugal-Alemanha, o primeiro jo-go da nossa seleção no Europeu de Futebol.

nj PARAGem em LiSBoA A capital portuguesa acolhe a prova na sua chegada à Europa após a travessia atlântica

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a minha cidadeRePoRTAGemtall ships

o que o leva a ser um navegador solitário?O que me leva a ir para o mar tem mais a ver com a educação. É possível ensinar histó-ria, matemática, geografia, seguindo a viagem de um veleiro. tento desenvol-ver projetos que contem uma história e que ajudem a honrar a nossa História como país. Faço isto desde 1996, mas também desen-volvo projetos de empreen-dedorismo, palestras. Só sobre a vela?Especialmente sobre gestão pessoal e financeira. Faço isto como um accidental coach. tentei sempre ter parceiros que gerassem parcerias e acreditassem na importância de valorizar Portugal, reforçando a nossa História e projetando-a no futuro. no ano passado contactei o Montepio, que me acolheu com entusiasmo e "comprou", com os objetivos certos, o meu maior projeto de sempre.

Foi assim que surgiu o Triângulo Atlântico?Sim, o meu segredo mais bem guardado desde 2004. Sair de Lisboa, capital atlân-tica da Europa, ir até Vila Real de Santo António e cir-cum-navegar a zona econó-mica exclusiva portuguesa. temos 20 vezes mais mar do que terra, o “petróleo” de Portugal. É um projeto políti-co, artístico, educativo. um desafio brutal.

quando é a partida?Vou partir em julho, agosto. Mas antes vamos fazer a Tall Ships Race. Durante a Tall Ships vamos mostrar o barco e fazer ações e quando a regata arrancar para Cádiz saíremos com aquelas centenas de veleiros. Acompanho a Tall Ships e, em Vila Real de Santo António, viro à direita e sigo para o triângulo Atlântico. um historiador contará diariamente uma história no nosso site. É muito importante falar de Portugal, saber que Vasco da Gama tinha 24 anos. Quero que o protagonismo seja de Portugal.

como é estar no mar sozinho?Há momentos muito profundos. Planeio os meus projetos com muito cuidado, o máximo de pormenor, depois há uma fatia de risco calculado e uma fatia de fé brutal. É assim que atinjo os meus projetos.

o Ricardo enjoa?Enjoo que nem uma pescada! Mas depois passa.

em média, quanto tempo por ano vive num barco?Varia muito. Entre 1998 e 2000 vivi sempre num barco. no ano passado fui para o mar e não ia há quatro anos. Coincidiu com o nascimento dos meus filhos. não tenho pressa... S.T.

Ricardo Diniznavegador solitário

P&R“5 Portos, 5 Culturas, 1 Regata”

De 19 a 22 de julho Lisboa recebe a segunda etapa da corrida que começa em Saint-Malô, França. É o regresso da Tall Ships a Portugal, depois da úl-tima passagem, em 2006. De Lisboa, a prova segue para Cádiz, Corunha e Dublin, onde terminará a última eta-pa, entre 23 e 26 agosto.

O Montepio é um dos patrocinado-res da Tall Ships. Depois de ações em Lisboa, o veleiro Montepio acompa-nhará a regata até Vila Real de Santo António, de onde seguirá para o Triân-gulo Atlântico.

A regata Tall Ships foi criada em 1956. Hoje, as The Tall Ships Race são regatas anuais organizadas pela Sail Training International, que visa pro-mover e formar o treino de mar e a convivência intercultural de jovens de todo o mundo. Mais de 60 grandes veleiros e 5 000 tripulantes de 49 paí-ses são esperados nesta edição.

Os visitantes poderão conhecer o recinto, onde haverá uma zona lounge com pontos de restauração e música ambiente, zona com atividades pa-ra crianças, exposições de fotografia, conferências e workshops sobre o mar e a cidade de Lisboa.

J oão Villas Boas e João

Duarte são outra dupla de velejadores apoiados pelo Montepio.Em 2012, na classe 470, tem início a

caminhada para os Jogos Olímpicos. Em abril, a dupla competirá no ISAF Sailing World Cup, em Espanha, com o objetivo de se classificar na “frota de ouro”.

Mas a meta não são os Jogos Olímpicos de Londres. “Acabo o curso em 2012 e o meu grande objetivo são os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, em 2016”, assume João Villas Boas.

Rio 2016oBJeTiVo

Desde 1956 que a Tall Ships Race promove os grandes veleiros e celebra o convívio entre jovens de todo o mundo

Sozinho à vela

Objetivo: triângulo Atlântico

A viagem do veleiro Montepio é acompanhada de histórias e História

ciRcum- -nAVeGAção

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a minha cidadeadeRePoRTAGem

DESIGn

marca portugalarriSCam NOvOS maTeriaiS Ou reiNTerpreTam valOreS aNTiGOS, COmO O Da COrTiÇa, Da maDeira Ou DO viDrO. váriOS NOmeS DO deSign pOrTuGuêS apOSTam TuDO Na iNOvaÇÃO. reSulTaDO? peÇaS iCóNiCaS que aTraveSSam FrONTeiraS

por helena viegasfotografia artur

Pilar del Rio, a presidente da Fundação José Saramago, “vestiu” uma mala La.Ga no dia de estreia do documentário José e Pilar, em Nova Iorque. Não um modelo comum, mas uma edição especial, estampada com imagens do próprio filme. Dez anos depois da sua criação, a mala assinada pelos designers Jorge Moita e Daniela Pais, que usa tecido hospitalar e é cosida na prisão de Tires, continua a reinventar-se. Depois de nomes como Marcel Wanders, Joana Vasconcelos e Paula Rêgo terem desenhado ou autorizado padrões especiais para a La.Ga, é a vez da literatura. Em março surgirá um modelo com imagens de Fernando Pessoa.

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“A La.Ga ganhou vida própria”, ex-plica Jorge Moita, do ateliê Krv Kur-va Design. Daniela Pais seguiu uma carreira individual e ele próprio está empenhado no desenvolvimento de projetos de design sustentável na em-presa digital em grande formato Pic-torial. Mas a mala com o nome ins-pirado em Gala Fernandez, a project manager da Fabrica Features da Be-netton que impulsionou a sua produ-ção, em 2003, continua o seu percurso, com novos padrões, edições limitadas e a diferença que lhe deu notoriedade: o material.

O efeito “folha de papel” é ilusó-rio. Na verdade, a mala diversas ve-zes premiada, confecionada por mu-lheres detidas − o cariz sustentável do projeto, com a etiqueta Made In Ti-res, é parte integrante da sua iden-tidade −, é feita num tecido hospi-talar, também usado pela NASA. O Tyvek, resistente a partículas ra-dioativas, pode ser lavado na máqui-na e tem uma resistência notável:

a mala pesa 55 gramas e suporta 55 quilos. Até a chanceler alemã, Ange-la Merkel, tem uma La.Ga, que lhe foi oferecida pelo Presidente da Repúbli-ca português.

Quando, em 2010, o MO.Ma −Museu de Arte Moderna de Nova Iorque decidiu lançar na loja do mu-seu o projeto Destination: Portugal, com uma seleção de peças portugue-sas, a mala La.Ga foi um dos objetos escolhidos. Integrado na série Desti-nation: Design Series, o projeto levou aos Estados Unidos inúmeras peças que pretendiam mostrar as novas ten-dências do design português. Lá esta-va também outro clássico de usar ao ombro, a célebre mala desenhada por João Sabino, feita com teclas de com-putador, bem como outras inovações mais ou menos ambiciosas. Entre os pins feitos com peças de Lego, de An-tónio Azevedo; os acessórios de moda em cortiça, da Pelcor; as jóias contem-porâneas de filigrana, desenhadas por Liliana Guerreiro, e a Tavares Chair,

Destino Nova IorqueAo longo de vários meses, vários designers integraram o projeto Destination: Portugal, que os levou até ao MO.Ma, em nova Iorque, o mais importante museu de arte contemporânea à escala mundial.

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deSiGn

1nChapéu de chuva feito de cortiça, da Pelcor2nPuF-FuP e Lagarta, da designer Ana Mestre, da Corque Design3nCaixa de lápis de aguarela para a Viarco

O novo projeto de Jorge Moita resulta das parcerias com empresas. O designer estudou formas de potenciar os desperdícios de material impresso e desse trabalho estão a surgir candeeiros e vários tipos de peças que vão ao encontro

da utilização do design ao serviço da sustentabilidade. uma das ideias, já em prática, é a reabilitação de móveis antigos, forrados com desperdícios. Para Jorge Moita, esse é o desafio do momento. Bárbara Coutinho sublinha, também, a questão da sustentabilidade: “Encontramos em Portugal, como no contexto internacional, uma diversidade de atitudes e áreas de investigação, desde um design mais formalista a um design com maiores responsabilidades sociais que tem a sustentabilidade e a pegada ecológica como preocupações dominantes. Importante é a marca de excelência, inovação e atualidade.”

Importância da sustentabilidade

de Marco Sousa Santos, mais de cem peças estiveram em montra durante três meses no mais famoso museu de arte contemporânea do mundo.

Encontrar traços comuns entre elas não é fácil. “Não diria, de facto, que existe uma escola ou uma iden-tidade de design português”, diz Bár-bara Coutinho, diretora do MUDE – Museu da História e do Design, em entrevista. Há, contudo, traços co-muns a alguns dos caminhos esco-lhidos por estes designers das gera-ções mais recentes. “Assiste-se, em Portugal, a uma reinterpretação de algumas referências culturais e de materiais tradicionais como a corti-ça, a madeira, o têxtil, a cerâmica ou o vidro”, acrescenta Bárbara Coutinho. “Temos assistido a uma investigação sobre estas matérias, desafiando por vezes os limites técnicos ou reformu-lando diferentes tipologias de objeto. Deteta-se, também, a permanência de técnicas tradicionais que permitem conservar a delicadeza específica da

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a minha cidadeRePoRTAGemdesign nacional

produção artesanal ou a exploração de modelos de fabrico alternativos.”

Ana Mestre e o projeto Corque De-sign são um bom exemplo de dedica-ção à investigação de uma matéria--prima nobre e sustentável: a cortiça. “É um material que, a meu ver, ex-pressa em pleno uma possível iden-tidade nacional. Não só pelo material e grande disponibilidade industrial, mas também pela presença das tra-dições socioculturais e ambientais re-lacionadas com a exploração da corti-ça na floresta de Sobro e ecossistema envolvente”, explica a designer portu-guesa. Ana Mestre assinou, em 2004, o PUF-FUP, um assento desenvolvi-do a partir de uma linha de algodão

As novas faces da tradição

contínua composta por 2 500 esferas de cortiça.

O ateliê Corque Design foi um dos convidados a estar presente no MO.Ma. “Para a Corque, foi uma porta de entrada para o mercado dos Esta-dos Unidos, pois a partir daí estabele-cemos novos contactos que ajudaram a divulgar e a implementar a marca nos EUA e a promovê-la em termos internacionais”, elogia Ana Mestre.

Além das peças já referidas e ou-tras, como o banco Handle − peça de madeira e feltro com uma pega que permite pendurá-lo na parede, as-sinada por Fernando Brízio −, tam-bém estiveram presentes na seleção do MO.Ma faianças da Bordallo Pi-nheiro e outros exemplos de um Por-tugal dos anos 40 e 50. A peça mais vendida foi um exemplar do que hoje muitos chamam retrodesign: uma cai-xa de lápis Viarco, em cartão serigra-fado. Mais de 300 foram compradas pelos visitantes do museu, segundo informação de José Vieira, adminis-trador com funções na área de desen-volvimento de produto.

Regresso ao passadoA reabilitação de marcas como a Bordallo Pinheiro, a Vista Alegre e a Claus Porto, entre outras, procura dar resposta à procura interna de uma imagética de infância mas também atingir o mercado externo. Na opinião de Jorge Moita, são resquícios de uma autenticidade perdida mas muito pro-curada no estrangeiro. “A Europa tem uma tecnologia diferente, deu um sal-to que nós não demos, e produtos co-

nn LiLiAnA GueRReiRo A designer portuguesa partiu da arte tradicional da filigrana para criar joias de caráter contemporâneo

A reabilitação da tradiçãoFiLiGRAnA

mo esses são muito valorizados lá fo-ra”, garante. Mas a subsistência das empresas não depende só do respeito pela origem da marca e de toda a his-tória passada – a capacidade de atuali-zação é importante. Não terá sido sem motivo que Sandra Correia, a empre-sária que decidiu que a fábrica da fa-mília, em São Brás de Alportel, tam-bém poderia produzir guarda-chuvas de cortiça, foi eleita a “melhor empre-sária da Europa” em 2011. E é, com certeza, com visão estratégica que a Viarco, além dos lápis com a tabuada, usados nas escolas do Antigo Regime, se dedica à inovação através de parce-rias com designers e artistas. Foi uma dica de um escultor que deu origem ao bastão de grafite, de 250 gramas, agua-relável, lançado pela Viarco.

Sucesso internacional e sustentabilidadeBárbara Coutinho tem uma perspe-tiva mais otimista: “Atualmente, são múltiplas as iniciativas que vão dan-do a conhecer a criatividade nacio-nal além-fronteiras. Quer seja através de eventos organizados por institui-ções como a ExperimentaDesign ou a Trienal de Arquitetura, quer seja a título individual, é progressivamente maior o conhecimento de Portugal no exterior”, diz. O próprio museu, além do seu papel no estudo, investigação, conservação, divulgação e apresen-tação do design nacional, contribui no apoio ao trabalho de designers na-cionais através do programa Creative Lab, e propõe-se, com o tecido empre-sarial, trabalhar para a promoção e desenvolvimento de projetos nacio-nais específicos. “Assim poderemos contribuir para o estreitamento das relações entre o setor criativo e o se-tor empresarial ou industrial”, con-clui Bárbara Coutinho.

É ao designer Miguel neiva que se deve um dos produtos que mais deu que falar nos últimos tempos: os lápis com código de identificação de cor, para daltónicos, da Viarco. “temos designers em Portugal ao nível dos melhores no Mundo. Falta-

-nos é capacidade de investimento para ter acesso às montras que permitem abrir novos mercados”, afirma José Vieira, administrador da Viarco. no caso da Viarco, a aposta está num crescimento sustentado, lento e prudente, mas as perspetivas são animadoras: os lápis com que tantas gerações aprenderam a escrever e a desenhar podem ser encontra-dos nos EuA, França, Itália, Alemanha e Chipre e, muito em breve, também no Brasil.

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a minha cidadeenTReViSTA

COMunIDADE

aposta no exteriora viSTa aleGre e a CerâmiCa bOrDallO piNHeirO CONTam HOje HiSTóriaS De SuCeSSO

“É impossível encontrar um defeito num produto da marca Vista Alegre Atlantis (VAA).” Álvaro Tavares, administra-dor da empresa, é perentório quando defende a excelência como imagem de marca da Vista Alegre, a que se junta uma preocupação com o de-sign. “Somos das poucas fábri-cas no mundo com uma equi-pa de pintores que pintam manualmente peças magnífi-cas como as aves, que são ca-racterísticas da marca”, afir-ma. A preocupação para que cada peça conte uma história é outra das características que distingue a VAA. Desde sem-pre, a Vista Alegre – que po-de ser encontrada nas mesas da Casa Branca ou da rainha Isabel II – procurou o equilí-brio entre as linhas clássicas e contemporâneas. A isto junta, atualmente, a aposta na ino-vação. O ID.Pool (Internatio-nal Design Pool) foi o progra-ma de residências criado pela VAA, em Ílhavo, “que recebe jovens talentos internacionais nas áreas do design industrial, design gráfico e fotografia.”

Quando, em 2009, o grupo Vi-sabeira chegou à cerâmica Bor-dallo Pinheiro, a empresa esta-va prestes a fechar. Três anos depois o dinamismo voltou, com crescimentos de faturação na ordem dos 40%. O segredo está no reforço da internacio-nalização, reposicionamento da marca e novos produtos.

Em destaque ViSTA ALEGRE

Além da internacionalização,

aposta no poder criativo dos designers

contemporâneos.

RAPhAEL BORDALLO- -PiNhEiRO

Ao mesmo tempo que recupera

moldes antigos e aposta no mercado vintage, a empresa

convida artistas contemporâneos

a reinterpretarem o legado de Raphael Bordallo-Pinheiro.

por helena viegasfotografia artur

Nuno Barradiretor de Marketing vaa e Bordallo pinheiro

Álvaro Tavares

Administrador vista alegre

Recentemente foram lança-das linhas de artistas contem-porâneos como Joana Vascon-celos, Nadir Afonso, Malanga-tana ou Eduardo Nery. Uma estratégia que se revelou acer-tada, deixando para trás os 18,4 milhões de euros de prejuízo re-gistados em 2008, antes da OPA pelo grupo Visabeira. Tendo os mercados externos como motor da empresa – com destaque para o Brasil, Espanha e Inglaterra −, as exportações da VAA têm um peso crescente na faturação da empresa: 60% em 2011.

Da estratégia fez ainda parte a recuperação dos moldes anti-gos. “É uma prioridade para manter vivo o legado de Raphael Bordallo-Pinheiro. É um pro-cesso moroso, que exige técni-ca e uma investigação aprofun-dada. Nem sempre é fácil mas é muito recompensador”, afirma Nuno Barra, responsável pelo marketing da empresa.

Entretanto a Bordallo Pi-nheiro esteve presente na ex-posição Destination Portugal, no MO.Ma, em Nova Iorque, e as suas peças estão à venda em vá-rias lojas de design. Para Nuno Barra, são as peças que fazem parte do ADN da empresa, co-mo as andorinhas ou o serviço de couves, “um best seller em vários mercados”, aquelas que têm maior sucesso.

Mas nem só de peças anti-gas se faz esta dinamização. O projeto BB − Bordalianos do Brasil, que sustentará a interna-cionalização naquele mercado, tem como objetivo o desenvolvi-mento de peças por 19 artistas plásticos brasileiros que rein-terpretarão a obra de Raphael Bordallo-Pinheiro.

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a minha cidadeoPinião

Sou lisboeta desde o final dos anos 50 e Lisboa é, sem dúvida, a minha cidade. Como insinua Italo Calvino nas Cidades Invisíveis, a cidade donde se parte é a referência à qual sempre se acaba por vol-tar. Tenho uma relação de carinho com a cidade, um pouco influen-ciada, diria mesmo contaminada, pela minha vida de arquiteto.

O que sempre me fascinou na cidade de Lisboa é o modo como expõe a sua permanente transformação ao longo de mais de dois mil anos. É um mostruário de cidades onde há um pouco de tudo. Desde logo, um padrão muito forte de cidade árabe espraia-se pelas en-costas da primitiva alcáçova, a medina que se sobrepõe aos fragmentos da cidade romana que, em Lisboa, encontra na forte topografia uma grande resistência ao seu modelo hipodâmico. O terreno acidentado resiste à cidade em quadrícula e é mais propício à implantação de nú-cleos conventuais que se vão apropriando dos terrenos extramuros e no tempo, gerando à sua volta núcleos de urbanização mais ou menos espontâneos tortuosamente intercomunicáveis. As vias de maior con-tinuidade desenvolvem-se “naturalmente” ao longo da margem do rio e dos vales que aí vão desaguar. Só na reconstrução da Lisboa moder-na do Marquês de Pombal – com ilustres antecedentes como o Bairro Alto – é implementada a quadrícula iluminista.

É fascinante a forma como a cidade se cons-troi ao longo do tempo. São pedaços que se arti-culam entre si, continuam vivos e adaptam-se à evo-lução dos modelos de vi-da, eles próprios em con-tínua mutação.

As cidades são feitas por edifícios – palácios, igrejas, edifícios anóni-mos de rendimento – mas, mais marcante do que os edifícios é o local onde se desenrola a vida comum: o espaço público. Em Lis-boa a experiência do es-paço público é totalmente diferente quando se pas-sa de Alfama para a Bai-xa, do Bairro Alto para a

frente ribeirinha, de Campo de Ourique para os bairros novos de Alvalade. É uma di-versidade espacial fascinante que enquadra a vida coletiva em toda a sua riqueza e com-plexidade.

Contudo, as cidades são vulneráveis. Catástrofes como o Terramoto de 1755 – seguido de tsunami e de um longo incêndio – ou ações programadas, como a guerra, podem destruí-las. Mas a destruição mais eficaz é o aban-dono puro e simples. Quando se desliga a vida das estruturas construídas das cidades, estas entram em ruína. Isso é muito visível em determinados setores históricos da cidade de Lisboa, como a Baixa e, hoje, contagia praticamente quase todos os velhos centros urbanos deste país.

Nos últimos anos assistimos ao fenómeno do centro da cidade em clara perda e ao aparecimen-to de uma nova Lisboa pujante, na zona da Expo. Ali a cidade tem todas as condições para ser uma cidade vivida, competitiva, muito classe média, beneficiando da Gare do Oriente, que é o centro de maior acessibilidade de todo o país.

Contudo, a Lisboa com que mais me identifi-co é a dos Olivais, onde habito desde o início dos anos 70 e de onde dificilmente sairia. É um mo-delo de cidade que segue os princípios largamente expandidos após a Segunda Guerra Mundial que hoje se estabilizou numa população interclassis-ta e num quadro ambiental bastante qualificado apesar das críticas possíveis.

Mas Lisboa tem que ser vista em conjun-to: Olivais é o que é porque também existe um Bairro do Castelo, da Lapa ou de Campo de Ou-rique. A sua identidade global deriva dum ar-quipélago de áreas que se complementam e a sua construção faz-se, sobretudo, a partir da convergência de vontades e de esforços. O pro-cesso de divergências desfaz a cidade, não a faz. Hoje geram-se dois fenómenos opostos – por um lado o abandono e a expressão destruidora, e por outro a reação da extrema conservação, como se a cidade construída se pudesse con-servar intacta imersa em formol. E essa visão é brutal para a cidade. As cidades são coisas vivas. A identidade ou se recria e reinventa e segue vivendo, ou se vai extinguindo e trans-formando em arqueologia.

As muitas “Lisboas” da cidadeCiDaDe em CONSTaNTe TraNSFOrmaÇÃO, liSbOa CONTÉm em Si váriaS OuTraS "CiDaDeS" COm DiFereNTeS vivêNCiaS e mODOS De OCupar O eSpaÇO públiCO

ArquitetoGonçalo Byrne

A identidade ou se recria e reinventa

e segue vivendo, ou se

transforma em arqueologia

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iRSUm Guia para preencher corretamente a declaração de impostos, potenciando ganhos

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oPiniãoO Professor João Caraça revela-lhe os benefícios de algumas ideias perigosas

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PouPAnçAFaça um orçamento, pense no futuro e aprenda a amealhar

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FinAnçASEm ano de crise conheça 10 regras de ouro que ajudarão a gerir o seu dinheiro

PRoduToS FinAnceiRoS, SuGEStõES E

EMPREEnDEDORISMO

A MINHA ECONOMIA

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a minha economiaFinAnçAS PeSSoAiS

alCaNÇar SuCeSSO FiNaNCeirO NÃO É uma CiêNCia, maS

alGumaS reGraS SÃO FuNDameNTaiS para

uma TeSe GaNHaDOra Na GeSTÃO DOS SeuS

reCurSOS. Saiba O que Fazer para Dar um

DeSTiNO prOmiSSOr àS SuaS FiNaNÇaS

EStRAtÉGIAS PARA A VIDA

10 regras de ouro

para o seu dinheiro

por nuno silva

01 Faça um orçamento Imagine que estava a gerir um qualquer negócio sem ferramentas de gestão, navegando à vista. Será que saberia quais as suas despesas ou receitas futuras e se este modelo resistiria durante muito tempo? não é por acaso que as empresas possuem, por exemplo, um orçamento. Fazer previsões ajuda a perceber e a enfrentar melhor os cenários traçados. Por isso, pense na sua família como uma microempresa, que tem receitas (os salários, pensões ou juros de

“Estar preparado é metade da vitória.” Para a maioria dos portu-gueses não é necessário recorrer à célebre frase de Miguel de Cer-vantes para saber que, assim como poucas coisas na vida se alcançam sem preparação e esforço, também nas finanças a história não é dife-rente. Quantos não sonharão com a desejada independência finan-ceira, vivendo anos de descanso à sombra dos rendimentos. Sonhos que passam por seis zeros depois de um simples 1 ou por um prémio de uma qualquer totolotaria que transforme um mero trabalhador num milionário. Se quer vencer a batalha com as suas finanças e alcançar sucesso financeiro, prepare-se para tornar os seus sonhos mais reais. As 10 regras que se seguem não são mandamentos mas ajudam na hora de decidir o amanhã.

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investimentos) e despesas (prestações de créditos, rendas ou contas de serviços) e maximize o que pode tirar dela. O objetivo? Libertar dinheiro para poupar, isto é, reduzir a despesa desnecessária e aumentar os seus lucros caseiros.dica: Antes de fazer o orçamento, aponte todas as despesas durante alguns meses para conhecer bem o seu padrão de gastos e rendimentos. Além disso, controle com frequência a conta bancária para saber se está a cumprir com o planeado. número: Os indivíduos entre os 25 e os 39 anos são os que consideram mais importante a execução de um orçamento, segundo um inquérito do Banco de Portugal (ver artigo p. 62).

02 Poupe sempre

Poupar, poupar, poupar. não é novidade, mas podia ser o slogan de uma vida financeira equilibrada. A maioria dos manuais de finanças aponta para uma poupança de 10% do rendimento mensal como a poupança ideal, mas não é uma regra que muitos possam seguir. “Claro que, se apenas conseguirmos poupar, numa fase inicial, cinco por cento do que ganhamos, também é bom – é um começo”, pode ler-se no livro Tempos Complicados, Soluções Simples, da jornalista Bárbara Barroso.dica: Comece por transferir para os seus investimentos (conta poupança, depósito, reforço de um fundo de

investimento) uma fatia do seu salário antes de começar a pagar as suas contas. número: 48% dos portugueses dizem não fazer poupança. O principal motivo está na falta de rendimento que o permita.

03 Tenha um plano

Se folhear as páginas de um dos muitos manuais de finanças pessoais à venda em Portugal vai certamente encontrar um capítulo, um separador ou algumas páginas sobre o planeamento dos seus investimentos. E a razão é simples: para conseguir ter sucesso financeiro tem que ter objetivos. Aqui vai precisar de conhecer-se, saber que produtos financeiros há no mercado à sua disposição e constituir uma carteira equilibrada para atingir as suas metas. Comprar casa, preparar a reforma ou pagar os estudos de um filho são objetivos possíveis numa família. dica: Comece o seu plano fazendo as perguntas: Onde? Como? Quando? Se souber para onde quer ir com o seu dinheiro, como pode fazer para lá chegar e quanto tempo tem para alcançar o destino, será mais fácil realizar os seus desejos.Junte a isto produtos que se ajustam ao seu prazo de investimento e à sua situação financeira e terá uma possível receita para um plano saudável. número: 58% dos portugueses constituem poupanças para cobrir uma situação de despesa imprevista.

04 Conheça o seu perfil

Há investidores para todos os gostos: aspirantes a acionistas, quando conhecem histórias de lucros fabulosos dos seus amigos, sem coragem para enfrentar as bolsas; os que gostam de correr riscos e aumentar o potencial ganho com o seu investimento até aos que procuram jogar com o melhor dos dois mundos: risco pela metade, retornos potenciais equivalentes. normalmente os investidores separam- -se em categorias como conservador (prefere investimentos de menor risco), moderado (mistura investimentos de risco médio – dívida – com pequenas parcelas de risco baixo e elevado) e agressivo (está disposto a tomar risco elevado na sua carteira em instrumentos com maior potencial de valorização, como as ações).dica: Procure sempre investir em produtos que, pelo menos, cubram a taxa de inflação correspondente ao seu período de investimento. Se cobrir a subida dos preços vai aumentar o seu poder de compra. Para conhecer o retorno líquido dos seus investimentos deve retirar aos ganhos o valor de impostos e das comissões.número: no momento de escolher os produtos financeiros, 26% dos portugueses dão maior importância ao risco e 27% consideram mais importante a rendibilidade.

05 Diversifique os investimentos

Para não estar exposto aos humores de um "cavalo de corrida" o melhor é equilibrar a sua carteira de investimentos. tenha uma base de liquidez para fazer face a imprevistos e depois expanda a carteira conforme o seu perfil de risco. Mais ações permitem sonhar com maiores retornos mas têm maior risco. Menos mercados bolsistas potenciam menores ganhos mas traduzem-se em menor volatilidade. Se gosta de ações e tem pouco capital para investir, a solução pode ser um fundo de investimento.dica: “uma diversificação ampla só é necessária quando os investidores não percebem o que estão a fazer”, afirma Warren Buffett, um dos mais famosos investidores do mundo. número: Segundo o Inquérito à Literacia Financeira do Banco de Portugal, 1% dos portugueses detém obrigações, 3% fundos de investimento, 4% ações e 31% depósitos a prazo.

ações

títulos

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a minha economiaFinAnçAS PeSSoAiSregras para o seu dinheiro

06 Proteja a sua família

toda a proteção é útil na hora de falar de dinheiro. Se não tem uma poupança para enfrentar um imprevisto, comece por procurar constituir um produto financeiro de baixo risco (depósito, conta poupança) que albergue poupanças que mantenham as suas despesas correntes por um período entre 3 e 6 meses. Além disso, mantenha o seu património bem seguro. A casa, o carro e a família devem estar bem protegidos. Se o seu rendimento é fundamental para a sua casa, equacione a realização de um seguro de vida que proteja a família em caso de infortúnio.dica: não dobre as coberturas dos seguros e leia bem os contratos que efetua. Além disso, não atrase a ida ao banco para fazer o seguro porque poderá ser tarde.número: Os seguros são os produtos financeiros que mais portugueses têm depois da conta bancária. 37% dizem ter algum tipo de seguro, o que mostra a importância destes.

07 Capitalize

Juros com mais juros. É isto que poderá fazer com a capitalização dos rendimentos dos seus investimentos através dos juros compostos. Por exemplo, se constituir um depósito que pague regularmente juros e os reinvestir vai estar a criar dinheiro do dinheiro ganho no banco. não é por acaso que Albert Einstein se referia à capitalização como “a força mais poderosa do universo”. Se conseguir ganhar dinheiro nas suas aplicações e voltar a receber algum rendimento pelo investimento desse acréscimo ao seu património, estará no bom caminho.dica: Procure produtos de poupança que possibilitem a capitalização dos juros ou faça você o trabalho de casa, reinvestindo o dinheiro que ganha nos seus investimentos.número: Se fizer duas aplicações, uma com juros simples e outra com juros compostos, de 1 000 euros a 10 anos, com juros de 5%, terá, no final, 1 500 euros com os juros simples e 1 628,9 euros capitalizando.

Carteiras possíveis para diferentes idades

O “milagre” da capitalização

Quanto menor a idade, maiores as possibilidades de manter em carteira ativos com risco elevado como ações

Como crescem 1 000 euros com uma taxa de juro de 5% por ano

65 AnoS em diAnTe{ Liquidez { Obrigações { Ações

%25

%5

%70

O “milagre” da capitalizaçãoComo crescem 1000 euros com taxa de juro de 5% por ano

50 anos

11 467 €

3 500 €

20 anos

2 653 €2 000 €

10 anos

1 629 €1 500 €

5 anos

1 276 €1 250 €

Juros Simples Juros Compostos

O “milagre” da capitalizaçãoComo crescem 1000 euros com taxa de juro de 5% por ano

50 anos

11 467 €

3 500 €

20 anos

2 653 €2 000 €

10 anos

1 629 €1 500 €

5 anos

1 276 €1 250 €

Juros Simples Juros Compostos

40 AoS 65 AnoS

%20 %

10

%70

{ Liquidez { Obrigações { Ações

25 AoS 40 AnoS

%65

%30

%5{ Liquidez

{ Obrigações { Ações

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08 Procure educação financeira

“A formação financeira tem um papel importante, quer no apoio às decisões do quotidiano, quer na tomada de decisões financeiras complexas, como a escolha de aplicações de poupança ou de crédito de longo prazo para financiamento de habitação.” A importância de saber mais sobre as questões relacionadas com o seu dinheiro está assim descrita no Plano nacional de Formação Financeira, uma iniciativa dos reguladores nacionais como o Banco de Portugal, o Instituto de Seguros de Portugal e a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários. Procure informar-se antes de subscrever um produto financeiro e conhecer melhor os mecanismos que podem ajudar a decisões acertadas nas suas finanças.dica: Pela Internet, através de manuais de finanças pessoais, ou lendo informação diária económica, pode ficar com uma ideia melhor do mundo que rodeia a sua

vida financeira. Para seu bem, seja curioso.número: Apesar da larga percentagem de portugueses com créditos à habitação, apenas 9% dos entrevistados no inquérito do Banco de Portugal de 2010 sabiam o que é a Euribor e só 17% o que é o spread.

09 Pense já na reforma

Poupar para a reforma não é para os mais velhos. O futuro depende muito do que faz no presente, por isso não perca tempo se quer começar hoje a preparar o seu descanso. Segundo os dados do Instituto nacional de Estatística, em média a esperança de vida de um português aos 65 anos é de viver ainda mais 18 anos, período que vale a pena saborear com o conforto das poupanças. Se está longe da idade da reforma procure maximizar as suas poupanças. As ações são um ativo com risco elevado, mas a distância do caminho permite aliviar um pouco a elevada volatilidade dos mercados.

dica: nunca esqueça a inflação, os impostos e as comissões dos seus investimentos. Estas variáveis podem determinar se tem ganhos reais ou se perde dinheiro durante os anos de aforro. Além disso, ajuste os objetivos de poupança: 50 mil euros hoje não valem o mesmo daqui a 30 anos.número: Segundo o estudo sobre reformas Pensions at a Glance 2011, da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), a taxa de substituição de um trabalhador português com salário médio ronda os 65,5%. Isto é, a primeira pensão que recebe representará 65,5% do último salário.

10 Seja feliz

Se todos os pontos anteriores contribuírem para andar menos preocupado, certamente ficará também mais feliz e terá tempo para fazer o que mais aprecia com quem mais gosta.Ponha em prática a sua estratégia de ouro para um caminho financeiro regrado e mais confortável. Segundo alguns trabalhos académicos, a felicidade parece estar relacionada com uma situação financeira desafogada, com a partilha com os outros, em caridade, com a vivência de experiências em detrimento dos bens materiais e com a existência de fortes laços sociais.

O “milagre” da capitalizaçãoComo crescem 1000 euros com taxa de juro de 5% por ano

50 anos

11 467 €

3 500 €

20 anos

2 653 €2 000 €

10 anos

1 629 €1 500 €

5 anos

1 276 €1 250 €

Juros Simples Juros Compostos

O “milagre” da capitalizaçãoComo crescem 1000 euros com taxa de juro de 5% por ano

50 anos

11 467 €

3 500 €

20 anos

2 653 €2 000 €

10 anos

1 629 €1 500 €

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1 276 €1 250 €

Juros Simples Juros Compostos

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Professor do iSeG João Caraça

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a minha economiaoPinião

Foram as ideias que tivemos ao longo da nossa evolução histórica que nos trouxeram ao nível de organização social e tecnológica que vivemos hoje. Naturalmente, muitas e muitas mais ideias houve so-bre como conseguir melhorar condições, defender-nos dos perigos, proteger-nos das intempéries ou, simplesmente, sentirmo-nos me-lhor e mais seguros no convívio com os outros. Mas houve ideias fundadoras que tiveram uma qualidade diferente: foram postas em circulação e, bem ou mal, adotadas por cada vez maiores fra-ções das comunidades a ponto de tornarem dominante a sua prá-tica. Foram ideias perigosas porque alteraram a ordem existente e criaram uma nova.

Esta ordem social tem que ver com o espaço e com o tempo, com a dimensão das populações, com a distância, com os meios de co-municação e as circunstâncias do ambiente, bem como com o pró-prio percurso histórico. Normalmente, esta ordem social é garantida por um poder, ou poderes, cuja função é impedir a sua alteração. Por este mo-tivo, uma ideia é tanto mais perigosa quanto mais poderosa é a organização que afronta. Sabemos como as navega-ções oceânicas e a circum-navegação do globo, a emergência da ciência moder-na e a revolução industrial, foram ge-radas por ideias muito perigosas: é que a sua circulação e aceitação pelos cida-dãos mudou a própria visão do mundo e a maneira como orientamos a nossa produção de conhecimento para conti-nuarmos a viver à superfície da Terra.

Numa situação de crise prolongada e estrutural como nos encontramos é

natural que apareçam “re-ceitas” recicladas que pre-tendem que a sua aplicação nos fará voltar à situação em que estávamos (isto é, sob o domínio dos podero-sos do momento). Mas es-ta é uma perigosa falácia. Se alguma coisa aprende-

mos com os nossos antepassados é que tudo está sempre a mudar. E que há que forjar novas ini-ciativas, organizar as pessoas de novos modos, para tirar partido das novas condições. A His-tória não se repete. Quem imaginaria em 1970 que os computadores e as suas redes, bem co-mo os satélites de comunicações, se iriam tor-nar na infraestrutura comunicacional que faz funcionar o globo e os seus sete mil milhões de habitantes? Há que entender o mundo para ne-le podermos vislumbrar oportunidades. Se não anteciparmos o futuro não faremos parte dele. Só um conjunto arrojado de ideias perigosas nos permitirá antecipar e construir a nova for-ma de estar na vida.

Podem as ideias perigosas ser uma saída para o País? aS iDeiaS periGOSaS alTeram a OrDem exiSTeNTe, aNTeCipam O FuTurO e OriGiNam uma NOva FOrma De eSTar Na viDa

uma ideia é tanto mais

perigosa quanto mais poderosa

é a organização que afronta

f Houve ideias fundadoras que tiveram uma qualidade diferente: foram postas em circulação e (...)

adotadas por cada vez maiores frações das comunidades a ponto de

tornarem dominante a sua prática. Foram ideias perigosas

porque alteraram a ordem existente.

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monTePio PRIMAVERA 2012

a minha economiaiRS

CONHeÇa aS DeDuÇõeS que pODe Fazer NO irS e Saiba

COmO DeClarar OS SeuS iNveSTimeNTOS

GuIA DO IRS Faça

contas aos seus

impostos

por jorge pires

oS AnexoS A PReencheR

Quais os anexos por

categorias de rendimento

Anexo A^Se os seus rendimentos resultaram de trabalho por conta de outrem ou de pensões, então o anexo a entregar, em papel ou pelo portal das Finanças, é o A. É neste que vai identificar o valor do seu rendimento anual, bem com as retenções decorrentes do seu trabalho.

Anexo B^O anexo B é onde

deverão constar os rendimentos profissionais e empresariais dos contribuintes. Por exemplo, um trabalhador prestador de serviços (recibo verde), sem contabilidade organizada, deve preencher este anexo. Além disso, é necessário ter em conta que este anexo é individual. Ou seja, se os dois cônjuges de um agregado tiverem rendimentos desta

categoria têm de entregar dois anexos.

Anexo C ^Se é trabalhador independente, isto é, tem rendimentos profissionais e empresariais e optou por, ou está obrigado a ter, contabilidade organizada, deve preencher este anexo que tem que ser assinado por um técnico Oficial de Contas (tOC).

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Como se calcula o IRSexemPLo PRáTico

Anexo E^Os rendimentos de capitais devem ser incluídos no anexo E. É neste que, caso opte pelo englobamento, que é facultativo, deve incluir os rendimentos de aplicações de capitais (juros de depósitos ou dividendos).

Anexo F ^Se tem rendimentos de rendas de imóveis, então

tem que os declarar através do anexo F, o documento referente aos rendimentos prediais.

Anexo G^Se obteve mais ou menos-valias patrimoniais, estas devem ser declaradas no anexo G. É neste que deve inscrever o que ganhou ou perdeu na bolsa de valores ou com a venda de imóveis, por exemplo, desde que não tenham qualquer tipo

de isenção. Essas isenções não implicam que não tenha que declarar o que ganhou ou perdeu. As mais-valias não tributadas devem ser declaradas no anexo G1.

Anexo H^Depois de apresentar os seus rendimentos, é hora de apresentar as deduções à coleta e os benefícios fiscais através do anexo H. As deduções à coleta

podem ser, por exemplo, as despesas com saúde, educação ou habitação, enquanto os benefícios fiscais advêm do investimento em planos poupança-reforma (PPR) ou das ações dos contribuintes em relação ao ambiente, como é o caso da aquisição de painéis solares.

Março é sinónimo de faturas, recibos, máquina de calcular e de muitas contas. Um mês que é sinónimo de impostos para a grande maioria dos portugueses, com a abertura do período de entrega da declaração do Imposto sobre o Rendimento de Pessoas Singulares (IRS) referente aos rendimentos do ano anterior.

Se, na década de 1980, altura da in-trodução deste imposto direto, os con-tribuintes mantinham uma relação com o fisco em papel, agora a tecnolo-gia alterou o padrão declarativo, com a Internet a ser o veículo de relação com o Estado, evitando assim a ida às repartições de Finanças, onde as filas poderiam durar várias horas. Em 2011 foram submetidas mais de 4,3 milhões de declarações de IRS em Portugal, a maioria respeitante a rendimentos de pensões e trabalho por conta de outrem.

Um bom conhecimento das ques-tões relacionadas com o IRS, mas so-bretudo um bom preenchimento, a tempo e horas, do Modelo 3 e dos seus anexos, pode evitar alguns dissabo-res e fazer com que consiga otimizar a sua carteira. Claro que o que vai fa-zer agora é o culminar de um proces-so que deveria ter começado no início de 2011, com a organização e recolha de toda a sua documentação elegí-vel para abater o peso do imposto. Agora é tempo de fazer contas, pre-encher a declaração e saber se vai pa-gar ou receber nesta sua relação com o fisco. Saber mais sobre o IRS po-de ser o caminho para uma declara-

ção de rendimentos bem preparada, especialmente se isso puder signifi-car uma otimização das suas despe-sas anuais para conseguir diminuir o peso do IRS. Saúde, educação, habita-ção, energias renováveis, lares e algu-mas aplicações são classes de despe-

sas que dão direito a dedução à coleta, podendo baixar o pagamento de im-posto ou aumentar o reembolso por parte do Estado. Junte as suas fatu-ras de 2011, esteja atento às datas das suas obrigações e perceba como fun-ciona o IRS.

O cálculo do IRS parece complexo mas a Montepio tenta torná-lo mais simples.

Pedro e Maria não têm filhos. trabalham por conta de outrem e cada um recebe 1 000 euros brutos por mês. O Pedro gastou 4 000 euros em educação e a Maria 1 000 euros em saúde. no crédito à habitação gastaram 3 000 euros. Como é feito o cálculo do IRS desta família?Os rendimentos ascenderam a 28 mil euros e a retenção na fonte foi de 9% para cada um – 2 520 euros

no total. As deduções específicas traduzem- -se em 72% de 12 vezes o salário mínimo (em 2011 este valor foi 4 104 euros, o que dá uma dedução de 8 208 euros). A taxa de imposto sobre o rendimento coletável corrigido às taxas em vigor, será de 24,5%, sendo a parcela a abater de 900,5 euros. nas deduções à coleta o casal tem direito a deduzir 261,25 euros

por cada um e ainda despesas de educação, saúde e habitação. na saúde não há limite, mas só podem ser deduzidos 30% dos gastos. Já as despesas de educação e habitação são deduzidas em 30%, com tetos máximos de 760 euros e 591 euros, respetivamente.no final, esta família conseguiria recuperar 1 645,46 euros.

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a minha economiaiRSentrega da declaração

Os investimentos, a par dos rendimentos, são uma fatia importante do seu património. assim, impõe-se saber como os investimentos funcionam na hora de os declarar

Como o IRS afeta os seus investimentos

depósitosA declaração dos juros dos depósi-tos a prazo ou à ordem não é de ca-ráter obrigatório, já que os juros que o depositante recebe incluem os im-postos retidos (a taxa liberatória foi de 21,5% até 31 de dezembro de 2011). Ainda assim, pode recuperar parte do imposto retido nos juros das suas apli-cações financeiras se o rendimento coletável do seu agregado ficar num escalão com taxa de imposto inferior à já paga no momento do recebimento dos juros (21,5%).pExemplo: Pedro, residente em Por-tugal Continental, teve um rendimen-to coletável de 6 500 euros em 2011 e fez um depósito de 2 000 euros a um ano com uma taxa anual nomi-nal bruta (TANB) de 3,5%. Esse depó-sito gerou juros líquidos de 54,95 eu-ros, depois de terem sido descontados 15,05 euros em sede de IRS (o total dos juros seria de 70 euros). Como os rendimentos do Pedro estão incluí-dos no segundo escalão do IRS, po-de recuperar parte do imposto pago com os juros do depósito. Neste exem-plo, Pedro recuperaria 5,25 euros: [(70 € x 21,5%) – (70 € x 14%) = 5,25 €]

AçõesAs bolsas de valores apresentam dois tipos de rendimentos: os dividendos e as mais-valias.

Em relação aos dividendos, foram taxados a 21,5% até ao final de 2011 e não tem que os declarar porque a ta-xa de imposto é retida pela entidade pagadora do dividendo. Mas, se optar pelo englobamento, terá que declarar apenas 50% dos dividendos através do anexo E do Modelo 3. As mais-valias ou menos-valias bolsistas são de ca-

ráter obrigatório na sua declaração e são calculadas na diferença entre o preço de compra e de venda, englo-bando as comissões. As mais-valias até 500 euros não são taxadas e aci-ma desse montante a taxa é de 20%.

obrigaçõesTal como nas ações, as mais-valias rea-lizadas com obrigações são de decla-ração obrigatória. Os juros dos cupões das obrigações podem ou não ser en-globados no seu rendimento. Se optar pelo englobamento terá que incluir, também, os juros dos depósitos a pra-zo e demais investimentos.

Fundos de investimentoAs mais-valias realizadas através da venda de unidades de participação em fundos de investimento já vêm de for-ma líquida para o subscritor e a sua declaração não é obrigatória. Mas, se decidir englobar esses rendimentos, tem que registar todos os juros de obri-gações e depósitos realizados.

^MarçoEntrega da declaração de rendimentos Modelo 3, em su-porte de papel, se teve rendimentos das categorias A (trabalho dependente) e/ou H (pensões). ^AbrilEntrega da declaração de rendimentos Modelo 3, pela Internet, se decla-rar rendimentos das categorias A (trabalho dependente) e/ou H (pensões).

Entrega em papel do Modelo 3 para os contribuintes com rendimentos de outras categorias que não apenas A e H. ^MaioEntrega da declaração de rendimentos Modelo 3, pela In-ternet, se declarar rendimentos de categorias que não a A e/ou H, como B (empresariais e profissionais), E (capitais), F (prediais) e G (mais-valias).

Datas a reterAGendA

Nos últimos anos houve algumas mudanças nas deduções à coleta e nos benefícios fiscais

Deduções à Coleta e Benefícios Fiscais

Os limites foram impostos pelo Exe-cutivo, através do Orçamento de Es-tado, e, assim, os contribuintes vão ter menos benefícios ou deduções em re-lação a anos anteriores. No entanto, é nos benefícios fiscais que os contri-buintes vão sentir a maior quebra, já que a dedução até ao limite máximo será permitida apenas nos dois pri-meiros escalões de rendimento e, nos restantes escalões, as deduções va-riam entre os 100 e os zero euros.

HabitaçãoPDedução possível: de 591 € ATé 886,5 €Em relação às deduções à coleta, a habitação, a saúde e a educação conti-nuam a ter um papel essencial no seu IRS. Quanto à habitação, na declara-ção de IRS de 2011 pode deduzir 30% dos juros e amortizações em habita-ção própria permanente do próprio ou arrendatário, com um limite má-ximo de 591 euros. Gozam da mesma dedução as prestações para cooperati-vas de habitação. Este limite sobe até aos 886,5 euros, decorrendo do esca-lão de rendimentos do agregado, e aos 650,1 euros se a habitação tiver uma classificação energética de A ou A+. Os arrendatários ao abrigo do Regi-me de Arrendamento Urbano e do Novo Regime de Arrendamento Ur-bano podem deduzir 30% do valor das rendas, com um limite de 591 euros.

SaúdePDedução possível: Sem LimiTe noS BenS e SeRViçoS iSenToS ou com TAxA de iVA de 6%Na saúde pode deduzir 30% das des-pesas com bens e serviços isentos de IVA ou com taxa de 6% e juros contraí-dos para pagamento das mesmas, sem qualquer limite. A aquisição de outros bens e serviços com taxa superior só será aceite mediante receita médica e as deduções chegarão, no máximo, a 65 euros ou 2,5% das restantes despesas.

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EducaçãoPDedução possível: 760 €As deduções ascendem a 30% das des-pesas de educação e formação profis-sional. Apenas as despesas dos titula-res de rendimentos e dos dependentes a frequentar instituições de ensino reconhecidas oficialmente podem ser incluídas nas deduções, com um li-mite máximo de 760 euros. Por cada dependente, em agregados com três ou mais dependentes, existe a possi-bilidade de deduzir mais 142,5 euros.

LaresPDedução possível: 403,75 €Além das deduções mais comuns, existem outras que podem ser bas-tante importantes para reduzir a fa-tura do seu IRS. Por exemplo, o contribuinte pode deduzir 25% dos encargos com lares dos titulares, bem como dos encar-gos com lares e residências autóno-mas para pessoas com deficiência, seus ascendentes e colaterais, até ao 3º grau, com um limite de 403,75 euros (desde que os ascendentes não aufiram um rendimento mensal su-perior à retribuição mensal mínima – 485 euros).

SegurosPDedução possível: 85 €/170 €Os prémios de seguros que cubram exclusivamente saúde são passíveis de dedução em 30%, com o limite de 85 euros por su-jeito passivo/170 euros por casal. Os prémios de seguros de aciden-tes pessoais e de vida continuam a poder ser deduzidos em 25% pelos portadores de deficiência ou tra-balhadores em profissões de des-gaste rápido.

REnDIMEntO COLEtáVEL DEDuçãO à COLEtA BEnEFíCIO FISCAL

Até 4 898 euros Sem limite Sem limiteentre 4 898 e 7 410 euros Sem limite Sem limiteentre 7 410 e 18 375 euros Sem limite 100 eurosentre 18 375 e 42 259 euros Sem limite 80 eurosentre 42 259 e 61 244 euros Sem limite 60 eurosentre 61 244 e 66 045 euros Sem limite 50 eurosentre 66 045 e 153 300 euros

1,666% do rendimento coletável. Limite de 1 100 euros 50 euros

Acima de 153 300 euros Limite de 1 100 euros 0 euros

Benefícios fiscais

Os benefícios fiscais sofreram alterações. nos PPR, apesar de continuarem a gerar um benefício fiscal máximo de 400 euros, existem limites de dedução para rendimentos coletáveis acima

do segundo escalão. Veja quais os limites de deduções e faça as contas.

Energia PDedução possível: 803 €Melhoramentos térmicos, equi-pamentos novos de energias re-nováveis e aquisição de veículos exclusivamente elétricos também podem valer uma dedução de 30% do valor gasto, com um limite máximo de 803 euros. Contudo, tenha em atenção que qualquer uma destas despesas só pode ser deduzida uma vez num período de quatro anos.

Os PPR mantêm uma

dedução máxima possível de 400 euros, enquanto os certificados de reforma, emitidos pelo Estado, conti-nuam a apresentar um potencial de dedução de 350 euros. O problema é que só os dois primeiros escalões de rendimentos con-seguirão obter este valor de dedução.

Produtos de reforma

FuTuRo

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a minha economiaFinAnçAS PeSSoAiS

SeGuir O raSTO aOS SeuS reNDimeNTOS e DeSpeSaS meNSaiS pODe NÃO Ser apelaTivO maS É eSSeNCial para eviTar DeSperDÍCiOS De DiNHeirO. Saiba COmO Fazer um mapa De reCeiTaS e DeSpeSaS para CONTrOlar aS SuaS FiNaNÇaS

DInHEIRO como Fazer um orçamento Familiar

Nem sempre é fácil cumprir as obrigações financeiras mensais e quase todos os dias é necessário tomar decisões que influenciam o cash-flow da família, quer sejam as compras na mercearia ou as despesas com a eletricidade. Se chega ao final do mês com a conta a descoberto ou a contar os cêntimos que lhe restam é urgente começar a fazer um orçamento familiar, uma peça fundamental na boa gestão das suas finanças. Segundo o Inquérito à Literacia Financeira da População Portuguesa, realizado pelo Banco de Portugal em 2010, 89% dos 2 000 entrevistados consideraram “importante” ou “muito importante” o planeamento do orçamento familiar. Por isso, está na altura de pensar no que é importante: o seu futuro. Um orçamento familiar implica tomar decisões e fazer escolhas nos consumos para manter as fi-nanças na linha. Para muitas pes-soas pode ser a chamada à reali-dade que tanto procuram evitar mas que marca o começo de uma nova vida financeira, alicerçada numa gestão pessoal rigorosa e realista. O objetivo? Libertar pou-pança para o futuro.

Se as palavras “orçamento casei-ro” lhe provocam a mesma reação que a matemática a muitos portu-gueses, este artigo mostrar-lhe-á a importância que os números e as contas podem ter na sua vida. Anotar todos os cêntimos que gas-ta, saber ao pormenor o dinheiro que entra e sai da sua conta ban-cária e tomar decisões com base nos recursos que possui são as ar-mas que tem ao alcance para criar um orçamento “blindado” a crises económicas.

por rute marques

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Rendimentos (+)^O primeiro conceito a reter quando está a fazer o orçamento familiar é saber todas as suas fontes de rendimento e quanto é que cada uma vale todos os meses. nesta secção deve colocar todos os rendimentos provenientes de salários, pensões, rendimentos de propriedade como rendas, mais--valias e juros de investimentos, apoios sociais e subsídios, entre outros. Qualquer entrada de rendimento deve estar no seu orçamento.uma vez apurados os rendimentos, é altura de somar tudo e decidir quanto gostaria de poupar por mês. Escreva esse número para não o esquecer.

Despesas fixas (-)^Depois de apurados os rendimentos é hora de olhar para as despesas fixas. nesta secção escreva todas as despesas fixas como a mensalidade do crédito à habitação ou a renda. Para as despesas fixas variáveis, como a conta da água ou luz, tem duas opções: utilizar uma estimativa dos gastos ou os valores do mesmo mês no ano anterior. Se optar pela estimativa, assegure-se de que os números que está a utilizar são um pouco acima do normal, em vez de abaixo da média, para não ficar exposto a surpresas.

Despesas variáveis (-)^uma vez determinados os rendimentos que todos os meses chegam à conta do agregado familiar e quais as despesas fixas (ou seja, que o valor não muda consoante o consumo), é altura de analisar as despesas variáveis: aquelas que, não sendo essenciais à existência da família, são importantes para haver qualidade de vida. Exemplos destas despesas são os combustíveis, o vestuário ou as refeições fora de casa.

A forma mais fácil

de encontrar as fugas no orça-mento familiar é observar as despesas variá-veis e descobrir onde pode poupar. Adicionalmente, pode ajustar as despesas fixas ao reduzir os ser-viços que utiliza mensalmente – por exemplo, reduzir a conta do serviço triple play (Internet, televisão e telefo-ne) subscrevendo menos canais televisivos.

Como detetar erros no orçamento familiar

dicA

chega de desculpasQuando pensa em fazer um orça-mento familiar a primeira ideia que lhe ocorre é que terá que privar-se de fazer o que mais gosta, começar a cortar nos seus hobbies preferidos, na ida mensal ao cinema ou no jantar fo-ra uma vez por semana. Nada mais errado; aliás, é exatamente o oposto. Na realidade, criar e gerir um bom orçamento caseiro permite-lhe liber-tar dinheiro “mal gasto” das suas des-pesas mensais que poderá ser utiliza-do para gastar mais tarde no que qui-ser, seja na viagem às Maldivas que sempre idealizou ou na entrada para a casa dos seus sonhos.

Outra das desculpas mais comuns entre os avessos ao orçamento fami-liar é que têm que gastar todo o di-nheiro que ganham para conseguir viver no dia a dia, portanto o orça-mento não terá qualquer utilidade e é apenas uma perda de tempo. Mais uma vez, esta linha de pensamento está errada. A principal vantagem de aprender a administrar o seu dinhei-ro e criar o seu orçamento familiar é que este ato vai proporcionar-lhe a experiência de viver dentro das suas reais condições financeiras. Esta é a melhor arma com que pode equipar--se para combater a crise económica e não gastar mais do que ganha.

Em resumo, o orçamento familiar força-o a examinar onde e como é que realmente gasta o seu dinheiro. Pode parecer-lhe penoso, mas será, de certe-za, compensatório.

como faço?Seguir o rasto às despesas não é di-fícil. Alguns gostam de utilizar software específico, outros prefe-rem o Excel e há ainda os que op-tam por utilizar caderno e caneta.

Regras de ouro de um orçamento

oRçAmenTo FAmiLiAR

doS 2 000 enTReViSTAdoS consideraram “importante” ou “muito importante” o planeamento do orçamento familiar. Destes 89%, um total de 82% afirmam fazer este planeamento com uma periodicidade, pelo menos, mensal.

FOntE: BAnCO DE PORtuGAL, RELAtóRIO DO InQuÉRItO à LItERACIA FInAnCEIRA DA POPuLAçãO PORtuGuESA 2010

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89%

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a minha economiaFinAnçAS PeSSoAiScomo gerir o orçamento

)1 PoR onde começAR?Quer seja adolescente com

mesada, trabalhador com um salário reduzido ou assalariado com vencimento generoso, o mais importante para levar o orçamento familiar a bom porto é saber exatamente qual o objetivo e distinguir as reais necessidades dos caprichos. Comece por avaliar a sua situação financeira e depois faça duas listas: uma para as necessidades e outra que inclua tudo o que quer (férias ou automóvel, por exemplo).

Faça como lhe der mais jeito, mas co-mece hoje mesmo a seguir o rasto das suas despesas.

Crie, todos os meses, um mapa de despesas e receitas novo que lhe per-mita estimar a repartição dos consu-mos nos meses seguintes e ter uma noção real dos rendimentos disponí-veis. O orçamento familiar será o seu mapa de consumo, por isso tem que criar um para cada mês do ano, co-mo se de um calendário se tratasse. Além das despesas fixas mensais de-ve colocar despesas variáveis (água e luz, por exemplo) e aquelas pontuais mas que vão pesar no seu bolso (com-bustível, pequeno-almoço no café e calçado, por exemplo).

da teoria à práticaUm exemplo prático da importância das despesas pontuais no orçamento caseiro são os seguros. Quase todas as famílias têm, pelo menos, um se-guro automóvel e um seguro de ha-bitação, sendo que a maior parte dos agregados familiares optam por fra-cionar o pagamento destas despesas. Ou seja, preferem desembolsar os va-lores dos seguros do carro e habita-ção duas ou mais vezes por ano em vez de pagarem a quantia de uma só vez, para que não seja tão peno-so. Neste caso, o ideal é dividir o va-lor anual por 12 para ter um número mensal como referência na estimati-va das suas despesas. pExemplo: Se o seguro do seu auto-móvel lhe custa 120 euros por ano, deve colocar uma entrada mensal de 10 euros no seu orçamento fa-miliar.

Em resumo, deve: apontar todos os seus gastos (incluindo os que con-sidere menores) durante um período de tempo, que pode ser um mês, fa-zer contas a quanto pesa cada área da sua vida financeira, detetar as despesas que estão a mais e cruzar, no mês seguinte, os seus rendimen-tos com as estimativas de despesa. Quando este processo se fizer sem reparar, estará no caminho certo e a poupar.

Defina objetivos, calcule despesas e mantenha o controlo. Os resultados não tardarão a surgir

6 dicas indispensáveis no orçamento familiar

)2deFinA o que queR nA VidA

não existem dois orçamentos iguais pois as despesas variam consoante o agregado e os objetivos. no entanto, há indicações genéricas quanto à percentagem que cada família deve gastar. Por exemplo, os créditos do agregado não devem exceder 40% dos rendimentos familiares. Os pequenos ajustes são feitos por si, a decisão é sua. Se não dá para usufruir de todos os prazeres da vida, terá que escolher. Cumprir objetivos requer algum espírito de sacrifício, pois tem que reservar dinheiro para os alcançar, diminuindo as quantias que gasta noutras áreas da sua vida.

)3 quAnTo dinheiRo ReceBe?Para fazer um orçamento tem

que saber quanto dinheiro recebe mensalmente. Inclua todas as eventuais fontes de rendimento como o seu salário, juros que possa receber, atividade intelectual, artesanal ou pensões.

)4 cALcuLe AS deSPeSASHá despesas, como luz,

telefone ou água, que podem variar todos os meses, por isso é conveniente saber, em média, quanto gasta por mês e manter as despesas em baixo. Esta é uma tarefa que deve juntar todos os membros da família já que será um bom ensinamento para os seus filhos – poupança na utilização dos serviços (fechar as torneiras, apagar as luzes, não deixar a porta do frigorífico aberta...).

)5 hABiTue-Se A mAnTeR o conTRoLo

A partir do momento em que tiver o orçamento preenchido, habitue-se a manter registos das receitas e despesas. Assim é mais fácil perceber a diferença entre o seu orçamento e o dinheiro que realmente gasta.

)6 Tem diFicuLdAdeS em PouPAR?

A Montepio dá-lhe duas sugestões: fixe um limite para os gastos ao longo da semana, levante essa quantia logo na segunda-feira e faça-a durar até domingo. Abra uma outra conta poupança onde vai depositando o dinheiro que deseja reservar para concretizar o seu objetivo.

O orça-mento caseiro

é um meio para atingir um fim: gastar menos do que recebe. Por isso, a análise ao orçamento é um passo que não pode ser dispensado.uma vez apuradas as estimativas de receitas e despesas é altura de determinar as áreas em que gostaria de gastar menos e aquelas em que deve

Analisar o orçamentoSuGeSTão

apostar, como por exemplo a poupança. Será que anda a tomar muitos peque-nos-almoços no café? Compra mais sapatos do que precisa?A título de exem-plo, se descobrir que está a gastar 150 euros em refeições fora de casa talvez queira baixar esse valor para 100 euros e colocar os restan-tes 50 euros num produto de poupança.

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dinheiro, economia

e a tua carteira

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FinAnceiRo

de pequenino é que se marca a diferença. Aprende como se ganha o dinheiro,

onde deves guardá-lo e como podes multiplicá-lo.

9,8%Em Portugal, a taxa

de poupança dos particulares era de

9,8%, em 2010. Isto é, os portugueses pouparam,

em média, quase 10% dos rendimentos que

receberam.

J á deves ter ouvido falar muitas vezes em poupança. na televisão, na escola, nos

passeios com os teus pais e nas reuniões de família, não é difícil que tenhas ouvido falar da palavra que faz andar a economia. Como? É isso que te vamos contar, porque o dinheiro que algumas pessoas guardam para terem um futuro melhor pode fazer o presente mais risonho para outras pessoas e empresas.

PouPARo que é?A poupança é todo o dinheiro que ganhamos e não vai para impostos, contribuições sociais ou consumo. É, por exemplo, o dinheiro que os teus pais ganham e não é gasto nas despesas normais, sendo guardado para o futuro.

PouPAR para quê?Quem constitui poupança tem um objetivo para o seu dinheiro no futuro. Pode querer fazer uma grande viagem, comprar uma casa ou estar a pensar na reforma. Mas não pode esquecer o presente. Convém constituir um fundo de emergência com uma poupança que proteja a família de situações inesperadas. As primeiras poupanças devem ir para esta almofada financeira, que garante a confiança para alcançar objetivos maiores.

PouPAR como ajuda a economia?Se já sabes o que é a poupança, há outra palavra no motor que puxa a economia: o investimento. no fundo, é o processo de utilizar o dinheiro das poupanças colocando-o à disposição de outras pessoas que dele

precisam. Como? Através dos bancos, que não só recebem as poupanças como emprestam a outras pessoas que dependem destas para alcançarem os seus objetivos. Quem empresta recebe, no final, o seu dinheiro

e mais os juros (revista número 2), quem pede emprestado repõe as poupanças de quem emprestou e paga os juros por ter usado o dinheiro. Já imaginaste que é a poupança que leva ao investimento

e o investimento que faz mexer a economia? O dinheiro das poupanças das famílias é canalizado para quem mais precisa dele, as empresas. Em troca, as empresas geram capital que distribuem pelos seus

trabalhadores, que podem renovar o ciclo de poupança aforrando e reinvestindo para que a economia não páre e o seu dinheiro cresça. Agora que já ficaste a saber mais sobre poupança, pensa na tua. O País agradece.

Próxima edição

A Montepio explica-te como

funciona o dinheiro no mundo.

nós temos o euro, e os outros?

Page 66: rumo ao futuro

FROTA SOLIDÁRIA MONTEPIOInscreva uma decisão solidária na sua Declaração de IRS.

A Frota Solidáriaé um projeto criado pela Fundação Montepio com o objetivo de apoiar instituições de solidariedade social. A ideia nasceu da decisão de devolver à sociedade civil os montantes que os contribuintes atribuem à Fundação Montepio quando, ao preencherem a Declaração de IRS, inscrevem o NIPC 503 802 808 no campo destinado à Consignação Fiscal e concretiza--se na aquisição de uma frota de viaturas que, depois de transformadas e adaptadas, solucionam problemas de mobilidade de quem mais necessita.Desde o início deste projeto, apoiámos 62 instituições, mas queremos ir ainda mais longe.

Contamos com a sua ajuda para fazer crescer este projeto e fortalecer a cadeia de solidariedade que inspira a Frota Solidária.

Saiba mais em www.montepio.org

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página 76

RoTAS de cAminhAdAUm Portugal diferente revelado enquanto caminha por paisagens mais ou menos desconhecidas. De norte a sul, o difícil é escolher

página 72

cidAde à LuPADescubra Guimarães, Capital Europeia da Cultura 2012, e veja como história e modernidade se complementam

página 78

FéRiAS Viaje e descubra novas paragens sempre a preços controlados. Consulte as nossas sugestões low cost

página 68

GASTRonomiAUma viagem pelos sabores nacionais, reinterpretados por alguns dos mais conceituados chefs portugueses e estrangeiros

IDEIAS E DESCOBERtAS EM LAzeR, FAmíLiA, SAúde, cuLTuRA

A MINHA VIDA

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a minha vidaALimenTAção

Massimo Bottura passou quase toda a sua infân-cia na cozinha da avó, es-condido debaixo da mesa, a observar atentamente a Nona Ancella a fazer pasta fresca e a dobrar tortellini para a família numerosa. Consigo guarda os cheiros e os sabores desses tempos, que hoje procura recriar no seu restaurante Osteria Francescana, em Modena. É nesta cidade, na região da Emilia-Romagna, on-de nasceu e trabalha, que Massimo Bottura, um dos mais aclamados chefs mun-diais, com três estrelas Mi-chelin, dá nova vida às re-ceitas da avó, como os tor-tellini fervidos em caldo de galo capão com molho de queijo Parmigiano Reggia-no, ou a versão mais leve de cotechino (salsicha fres-ca) com lentilhas.

o peso da memória“As receitas mais difíceis de modernizar são aque-las com que temos relação afetiva. Sirvo os tortellini da minha avó com um molho diferente. Nunca mudaria o recheio”, conta.

DeSaFiámOS váriOS chefS pOrTuGueSeS e eSTraNGeirOS a embarCarem Numa viaGem GaSTrONómiCa, NO TempO e NO eSpaÇO, e a DeSCObrirem De que FOrma a COziNHa TraDiCiONal eSTá a Ser reCriaDa em pOrTuGal e NO muNDO

por bárbara silva

GAStROnOMIA

viagem pelos sabores da minha vida

Em Portugal, onde este-ve para participar na sex-ta edição do International Gourmet Festival – Tribu-te to Claudia, que reuniu 33 chefs internacionais no Hotel Vila Joya, em Albu-feira, o italiano apresentou

alguns clássicos de rein-venção gastronómica.

“Repensar uma receita da gastronomia tradicio-nal exige distância. Pen-sar nos sabores e textu-ras, como foi criada, como sobreviveu aos séculos.

BAcALhAu à Conde da Guarda ou, numa nova versão, "à Brás"

AzeiTeEterno, continua a acompanhar pão, bacalhau ou pratos de peixe

PãoJosé Cordeiro usa o de Bragança numa versão pessoal de açorda

cAneLAEm gelado, para acompanhar um pastel de nata mil- -folhas

Ingredientes de eleiçãoAs receitas são diferentes e há quem questione se um pastel de nata servido na versão mil-folhas tem o mesmo encanto. Mas há ingredientes que se mantêm, não importa a abordagem gastronómica.

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LiVRo

Apaixonado pela nossa gastronomia, o chef Ljubomir Stanisic lançou-se à estrada e percorreu quase seis mil quilómetros. O resultado foi Papa Quilómetros – Uma Caminhada Pela Gastronomia Portuguesa. “uma homenagem às coisas boas da vida, a Portugal, aos produtos portugueses, aos amigos, às viagens e à cozinha”, afirma.

Reinventar o passadoPara Massimo Bottura “re-criar a gastronomia tradi-cional é uma necessida-de”. José Avillez é mais cauteloso: “Tenho enorme respeito pela cozinha por-tuguesa e procuro aper-feiçoá-la através dos conhe-cimentos e das técnicas. Não gosto muito de usar o termo recriar. A cozinha tradicional tem a sua essên-cia e aí não podemos me-xer, caso contrário deixam de ser pratos tradicionais.”

É esse o caso das inter-pretações muito próprias que faz do seu prato favo-rito, o lisboeta Bacalhau à Brás, e do tradicional Pas-tel de Nata, no restauran-te Belcanto, em Lisboa. “O Bacalhau à Brás que costumo preparar tem mais sabor a bacalhau, pe-lo tipo de peixe que utilizo, tem uma textura mais cre-mosa e o sabor das azeito-nas é mais intenso porque utilizo azeitonas ‘explosi-vas’ (esferificadas). Há tam-bém outro exemplo de um novo prato inspirado na co-zinha tradicional: o Pastel de Nata em mil-folhas com gelado de canela”, conta José Avillez, que em 2009 conquistou uma estrela Michelin para o restauran-te Tavares.

Ljubomir StanisicChef do restaurante 100 maneiras

o que mais o apaixona na gastronomia portuguesa?Os sabores. A criatividade das cozinhas antigas e pobres, a capacidade que tiveram de reinventar e produzir receitas ricas com produtos supostamente pobres. o que o levou a fazer este livro?A curiosidade por Portugal, por tudo o que nasce neste grande pequeno país. que outros livros sobre cozinha portuguesa recomenda?A minha referência de gastronomia portuguesa, a bíblia nesse campo, é o livro de sempre da Maria de Lurdes Modesto, Cozinha Tradicional Portuguesa. que imagem tem a gastronomia portuguesa lá fora?A imagem de Portugal devia ser melhorada interna e externamente. Somos maus a promover-nos. Considero a cozinha portuguesa uma das melhores do mundo.

os chefs estrangeiros que trabalham em Portugal poderão ter mais distanciamento para fazer a modernização da gastronomia portuguesa?Essa modernização pode e está a ser feita por muitos chefs da atualidade independentemente da nacionalidade.

P&R

nj LJuBomiR STAniSic é amante das chamadas “cozinhas pobres” e considera a gastronomia portuguesa uma das melhores do mundo

Às vezes são adicionados novos ingredientes, outras vezes a forma é alterada. O importante é aliar uma nova maneira de pensar a uma velha ideia, sem per-der o respeito pelas tradi-ções”, diz o italiano.

Apaixonado pelos pro-dutos tradicionais e pela gastronomia da sua região, Massimo Bottura reinter-pretou a sopa camponesa pasta fagioli, servindo-a num copo de shot, em camadas que representam os 26 anos de carreira: da experiência em França, no Hotel de Pa-ris, à passagem pelo El Bulli, com o chef Ferran Adrià.

Dieter Koschina, que chegou ao Algarve há 20 anos, guarda, tal como Bottura, os sabores da in-fância na memória. Natu-ral da cidade de Dornbirn, no vale do Reno, identifi-ca-se com as massas, ba-tatas recheadas com quei-jo fresco e ervas do monte. Numa entrevista à revista Notícias Magazine, Koschi-na elogiou a gastronomia portuguesa: “A cozinha do Norte de Portugal é mais rica, a do Sul é mais criati-va”, diz o chef que já criou a sua própria versão de car-ne de porco à alentejana e de caldeirada de peixe.

O Papa Quilómetros

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a minha vidaALimenTAçãoviagem gastronómica

E são cada vez mais os chefs portugueses a exi-birem as tão ambiciona-das estrelas, como é o caso de José Cordeiro (1 estre-la Michelin, restaurante Feitoria, Hotel Altis Be-lém, em Lisboa), Ricardo Costa (1 estrela Michelin, restaurante do Hotel The Yeatman, em Vila Nova de Gaia) e Albano Louren-ço (1 estrela Michelin, res-taurante Arcadas da Cape-la, Hotel Quinta das Lágri-mas, em Coimbra). Natural de Aveiro, Ricardo Costa não esquece a caldeirada de enguias, o Leitão à Bair-rada ou a Chanfana. “São exemplos de pratos que consegui adaptar à cozinha que pratico atualmente.” Sobre o tema da moderni-zação gastronómica, acre-dita que “é possível trans-

cALdo VeRde de BATATA doce, SALAdA de BAcALhAu e hoRTeLã (10 pessoas)

cReme4 dentes de alho laminado250 g de cebola em cubos600 g de batata doce em cubos 1,5 l de caldo de galinha 0,5 dl de azeite virgem extra Sal marinho tradicional (qb)Pimenta de moinho (qb)

Faça um fundo com o azeite, a cebola em cubos e o alho, coloque as batatas, deixe suar um pouco, adicione o caldo e deixe cozer. triture e retifique os temperos.

GuARnição200 g de couve galega escaldada 250 g de bacalhau lascado2 c de sopa de hortelã em juliana 0,5 dl de azeite virgem extra 0,2 dl de vinagre de vinho branco Pimenta de moinho (qb)

Antes de servir, adicione a couve ao preparado e deixe ferver um minuto. à parte, tempere o bacalhau com o azeite, vinagre, pimenta de moinho e perfume com hortelã.

Palavra de chef!

ReceiTA do CHEF ViToR SoBRAL

Cozinhar legumes é uma tarefa aparentemente fácil mas que muitas vezes corre mal. Quantas vezes nos chegam ao prato grelos acastanhados, demasiado cozidos.... Porque para tudo há solução, aqui fica a dica do chef Cordeiro:“na cozedura de grelos frescos ou de outro legume verde, adicione uma garrafa de água das Pedras, das pequenas, logo a seguir a levantar fervura. Ficam mais verdes.”

No seu trabalho em Coimbra, como chef no res-taurante Arcadas da Cape-la, Albano Lourenço tenta recriar a gastronomia tra-dicional “mantendo a sal-vaguarda dos seus sabores naturais e únicos, transmi-tidos de forma familiar”. O processo de reinven-ção passa por uma “aceita-ção das novas tendências”. Já Vítor Sobral, responsável pelo restaurante Tasca da Esquina, fala em “recriar uma matriz da cozinha por-tuguesa”. “Como cozinheiro sempre tive a preocupação de respeitar a essência dos nossos sabores, essa é a base da recriação mas há sempre espaço para a renovação. As viagens, a evolução do nosso paladar e os novos pro-dutos permitem-nos estar em constante renovação.”

Luís Baena, chef do res-taurante Manifesto, dá um exemplo: o Bacalhau à Conde da Guarda. “Trata--se, de facto, de uma bran-dade, um clássico francês. Posso reinventá-lo? Com-certeza. Posso até exage-rar no chauvinismo fran-cês e substituir o azeite pela gordura do foie gras mari-nado em vinho Madeira. Ou posso aproximá-lo mais da matriz portuguesa e usar a azeitona preta desidratada para emulsionar com azei-te e fazer um prato comple-tamente diferente”, afirma. Baena tem uma certeza: “A comida é muito mais do que receitas. São momentos em que as emoções e as me-mórias se confundem.”

nj JoSé AViLLez defende que os pratos tradicionais devem manter a sua essência

formar qualquer prato típi-co. É necessário conhecer bem a receita, o sabor, a origem, e, com criativida-de, consegue-se adaptar às exigências da atualidade”.

Fusão de saboresJosé Cordeiro vai mais lon-ge e gosta de “fundir o me-lhor de cada região” de Por-tugal, como a versão do En-sopado de Borrego, em que utiliza o pão de Bragança aliado à técnica alentejana da açorda, com uma torra-da de alho. Com origens transmontanas, o chef tem um apreço especial pela gastronomia da região, não resistindo ao Arroz de Ca-bidela ou às Farófias.

“Sou português e, aci-ma de tudo, inspira-me o trabalho com produtos do meu país. Os nossos pratos tradicionais são excelentes e reinventar um clássico exige criatividade e respei-to. No entanto, a tendência de modernização responde à evolução natural das coi-sas. Temos um património gastronómico muito rico e é natural que se aproveite o que existe de bom e que se lhe dê um toque mais con-temporâneo”, defende.

dicA

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4a minha vidacidAde à LuPA

^ cAPeLA de S. miGueL Monumento nacional construído no início do século XII, muito provavelmente a mando do conde D. Henrique, de estilo românico, pequenas dimensões e grande simplicidade arquitetónica. tem um forte simbolismo já que se encontra historicamente ligada à fundação da nacionalidade e à tradição de ter recebido o batizado de D. Afonso Henriques.

^

CiDaDe HiSTóriCa COm um papeL CruCiaL Na FOrmaçãO Da NaCiONaLiDaDe, GuimarãeS vai muiTO aLém DO Seu paSSaDO, aSSOCiaDO aO CaSTeLO e aO primeirO rei De pOrTuGaL, D. aFONSO HeNriQueS. aQui aS TraDiçõeS e OS COSTumeS CONvivem COm a vaNGuarDa e a mODerNiDaDe, DaNDO aOS viSiTaNTeS iNFiNiTaS eSCOLHaS De Lazerpor cláudia marinafotografia artur

GuIMARãES

no berço da nação portuguesa

^ RuA de SAnTA mARiAFoi uma das primeiras ruas a ser aberta em Guimarães destinando-se, na altura, a ser um elo de ligação entre o convento, fundado por Mumadona, e o castelo situado na parte alta da vila. Ao longo do seu percurso encontramos importantes testemunhos arquitetónicos como o Convento de Santa Clara ou a Casa do Arco.

^ PAço doS duqueS Majestosa casa senhorial do século XV, mandada edificar por D. Afonso – futuro duque de Bragança – revela um palácio de vastas dimensões que hoje assume as funções de museu e Residência Oficial do Presidente da República no norte do País.

^ conVenTo de SAnTA cLARAum dos mais ricos conventos da cidade alberga, atualmente, a Câmara Municipal de Guimarães.

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^ LARGo do TouRALConsiderado o coração da cidade de Guimarães, no século XVII era um largo extramuros, junto à principal porta da vila. Com a Capital Europeia da Cultura como pano de fundo, esta verdadeira sala de visitas da cidade foi alvo de uma intervenção profunda que teve a assinatura da arquiteta Maria Manuel.

^ muSeu ALBeRTo SAmPAio Criado em 1928, alberga as coleções da extinta Colegiada de nossa Senhora da Oliveira e de outras igrejas e conventos da cidade. Situado em pleno centro histórico, aí podem ainda apreciar-se importantes coleções de escultura e ourivesaria.

o cenTRo hiSTÓRico de GuimARãeS Foi reconhecido pela unESCO, em 2001, como Património Cultural da Humanidade.

GuimARãeS Capital Europeia da Cultura 2012, Guimarães juntou às muitas opções de aventura, bem- -estar, artes e espetáculos, toda a programação preparada especialmente para o evento. Localizada na região do vale do Ave, a cidade associa, com equilíbrio, o peso da História ao dinamismo dos seus habitantes.Para o prestigiado jornal New York Times Guimarães é, sem margem para dúvidas, uma das 10 cidades do planeta que se devem conhecer e descobrir durante o ano de 2012. Aproveite as sugestões que se seguem e descubra connosco alguns dos segredos mais bem guardados desta cidade minhota.

A saber

^PRAçA de S. TiAGo uma das praças mais antigas da cidade, conserva a traça medieval original.

^ ViSTA do cASTeLo de GuimARãeS no século X, a condessa Mumadona Dias mandou construir um mosteiro na sua herdade de Vimaranes – hoje Guimarães. Mas foram os constantes ataques por parte de mouros e normandos que levaram à construção de uma fortaleza para guarda e defesa dos monges e da comunidade cristã que vivia em seu redor. Assim nasceu o castelo de Guimarães.

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GuIA

capital europeia da

cultura 2012aO lONGO De praTiCameNTe um aNO, GuimarÃeS aSSume O papel De CapiTal eurOpeia Da CulTura. para NÃO perDer piTaDa DO que a CiDaDe Tem para OFereCer, DeixamOS-lHe um Guia COm aS iNFOrmaÇõeS eSSeNCiaiS

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4a minha vidacidAde à LuPAGuimarães

Anda perdido?^Para quem necessita de informações foi criado um espaço de encontro no centro da cidade, situado na Rua de Camões (artéria que conflui com o Largo do toural).

Quer dormir na cidade?^ Aproveite este ano, já que Guimarães promove o alojamento local de artistas e visitantes. Com o lema “Entra aqui na tua Casa em Guimarães 2012”, o projeto pretende transformar os visitantes e agentes artísticos em vizinhos e munícipes temporários, instando os vimaranenses a abrirem-lhes as portas de sua casa.

Vai de carro? ^ Então saiba que Guimarães fica a 350 km de Lisboa, 50 km do Porto e a 600 km de Faro

jUNho DIA 10 Os LusíADAs são o tema de uma conferência internacional sobre camões e os tempos de crise

jULho DIA 1 eSTReiA do FiLme que levou Jean-Luc Godard de volta a Sarajevo

DIA 27 conceRTo pela Orquestra chinesa de macau

SeTeMbRo DIA 16 cicLo de cinemA dedicado ao realizador brasileiro Glauber Rocha

DIA 22 conceRTo com The Legendary Tiger man e Rita Redshoes, a partir de um filme mudo realizado em 1920

DIA 29 conceRTo pela Orquestra Sinfónica do Porto, casa da música

oUTUbRo DIA 21 conGReSSo hiSTÓRico de GuimARãeS

NoveMbRo DIA 8 GuimARãeS JAzz

dezeMbRo DIA 15 mumAdonA estreia da ópera de carlos Tê e carlos Azevedo

DIA 31 FeSTA de enceRRAmenTo

PARA mAiS inFoRmAçõeS conSuLTe: www.guimaraes2012.pt

guia

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ILuStRAçãO GeTTyimAGeS

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a minha vidacRÓnicA

Quando Marta Arvelos voltou à rua, após quase quarenta anos de ausência, ninguém manifestou surpresa. O mundo mudara

e ela mudara com o mundo. Da rapariga de seios míticos, ancas parideiras e pernas lendárias restava uma mulher de cor terrosa,

osso susto e dor. Mas mantinha a altanaria. E olhava as pessoas de frente, como sempre fizera. Naqueles antigos tempos, ela avançara

sobre a morosidade, a circunspecção e o temor reverencial com a alegria, o desprendimento e desenvoltura de quem sabia não

querer aquilo e ambicionar muitas outras coisas diferentes.

Eram épocas sujas, desprovidas de sonhos e de esperança. Ela ia ver filmes nos cinemas da Bai-xa, e falava das suas idas às esplanadas do Par-que Mayer, beber pirolitos com outras raparigas. As mulheres velhas observavam-na com despei-to, inveja e ressentimento. E diziam que não iria longe com a vida que levava. Não ir longe, no sen-tir daquela expressão recriminatória, era levar uma existência de valdevina, sem regras nem normas.

Marta tinha muitos namorados e deslocava--se a outros bairros, pelas festas populares, para dançar nos bailes e rir, rir, rir. Um dia, sem mais nem menos, desapareceu. Fugira com o senhor Nazaré, homem casado, com dois filhos, grave e soturno, com emprego importante na Alfânde-ga. Houve notícias vagas e imprecisas. Que fora para África; que vivia na Alemanha; que estava gravemente doente e morrera. A seguir, nada de nada: deixou de se falar na Marta.

Na rua onde vivera, mesmo lá ao fundo, ha-via um armazém de retém, transformado, por um grupo de rapazes, em local de ensaio de uma banda que tocava músicas modernas. Ao con-trário do que seria de presumir, os moradores adoravam os rapazes e apreciavam com aquies-

cência as músicas que tocavam, alto e bom som. Até houve uma ocasião, pelo Santo António, que fizeram um baile, como noutros tempos, e as pessoas reviveram a nostalgia. Acaso lem-braram-se, um pouco e levemente, da Marta Ar-velos, que dançava como nenhuma outra rapa-riga, e suscitava nos homens desejos e anseios.

Foi-se sabendo que o senhor Nazaré se can-sara dela, ou ela se cansara do senhor Nazaré. Deixaram-se, não se conhecia o sítio ou o país onde o acontecimento ocorrera. Era bom de ver que as coisas teriam de ser assim. Marta namo-rara outros homens, mas não vivera com mais nenhum. A sua natureza era a de ser livre, o que quer que a palavra significasse, naquelas cir-cunstâncias e naquele tempo antigo.

“Desgraçou a vida dela e a vida do senhor Na-zaré”, era o que as mulheres diziam, na roda da coscuvilhice desbragada. Os homens sentiam certo ciúme pelo senhor Nazaré, que tomara o lu-gar por eles tantas vezes ardentemente desejado.

E foi quando ela regressou ao bairro, tantos e tantos anos depois de ter partido, uma som-bra fúnebre do que fora, mirrada e desampa-rada. Durante uns tempos não saiu de casa, a não ser para as compras de mercearia, um ou outro passeio curto até à calçada. Sempre fugi-dia, mas com o porte de alguém que nada tem a dizer nem a temer. Pouco a pouco, as mulhe-res aproximaram-se-lhe, falavam-lhe, sorriam--lhe. Afinal, a Marta Arvelos já não constituía a ameaça que elas presumiam representar para os seus namorados e para os seus maridos.

A verdade, porém, é que todos se lembravam do que ela fora, e essa lembrança não se apaga-va, como a mancha de um remorso e de um ran-cor apenas adormecido.

BAPTiSTA-BASToS

ELA DANÇAVA

COMO NENhUMA

OUTRA

nOtA: O autor é totalmente contrário ao assim denominado novo Acordo Ortográfico, pelo que continua a escrever segundo a chamada norma antiga.

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a minha vidaRoTeiRo

ROtAS DE CAMInHADA

5 000 quilómetros de costa atlânticaiNTeGra uma DaS 12 rOTaS eurOpeiaS De CamiNHaDa maS Tem CeNTeNaS De quilómeTrOS a DeSCObrir Sem Sair De pOrTuGal: De valeNÇa DO miNHO aO CabO De SÃO viCeNTe, NO alGarve

por marta reis

“Ó mar salgado, quanto do teu sal são lágrimas de Por-tugal!” Fernando Pessoa lembrou o legado dos na-vegadores na Mensagem, cantando o Atlântico co-mo mar português. Inspi-re-se neste embalo nostál-gico e aventure-se, agora a pé, pelo Caminho Atlânti-co. É um dos 12 percursos europeus certificados pela Federação Europeia de Per-cursos Pedestres e, ao todo, são 5 000 quilómetros que, ao ritmo de um caminhante treinado e com poucos dias de descanso, levariam um

Douro Litoralinício do trilho porto Final do trilhovalençano extremo norte do País, o traçado do Caminho do Atlântico coincide com o Caminho de San-tiago. Por serras e vales, umas vezes mais junto à costa outras avançando um pouco pelo inte-rior e por veredas serranas, este troço desenvol-ve-se em quatro etapas entre o Porto e Valença. A partir daí pe-netra na Galiza, rumo a Santiago de Compostela.

Região Oesteinício do trilho: Cabo da roca (azóia)Final do trilhoOdrinhas

A partir do cabo da Roca, onde se encontra um painel explicativo, o trilho desenvolve-se ao longo da costa, ora por cima das falésias ora descendo até às praias da Adraga ou da Aguda. A chegada ao

Magoito faz-se pela praia e, a partir deste ponto, o caminho inflete para o interior, rumo a Odrinhas. Aí pode aproveitar para visitar as ruínas romanas do sítio arqueológico de São Miguel de Odrinhas.

ano a percorrer. Se o tempo ou as pernas não derem pa-ra descer ao Algarve desde São Petersburgo, o primei-ro ponto desta rota, não de-sanime: tire uns fins-de-se-mana para fazer os trilhos marcados em território na-cional. Mais ou menos in-tensos, oferecem cenários tão diversificados como a fresca serra de Sintra ou o quente Alentejo.

Além do calçado con-fortável, dos frutos secos para repor energia, do pro-tetor solar e da água, im-porta apreender as noções

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Litoral Alentejano início do trilho: Santiago do Cacém Final do trilhoGrândolaOutra das regiões onde o Caminho do Atlântico já tem os trilhos devidamente marcados e homologados é o litoral alentejano. Além do trilho que o conduz de Santiago de Cacém até Grândola, existem variantes pela lagoa de Santo André. Com a chegada do Alfa Pendular (em período experimental) a Grândola, torna-se ainda mais fácil alcançar o início do trilho.

A lém da rede nacional

de parques de campismo, experi-mente as Pousadas de Portugal ou as Pousadas da Juventude, nas quais terá que apresentar o Cartão Jovem ou de Alberguista. Para uma experiência especial, e se optou por rumar a sul, procure o Eco Campo Resort & Spa zmar, um conceito inovador de campismo ou alojamento em chalé, no concelho de Odemira, a 13 quilómetros da zambujeira do Mar.

Onde dormirSuL

1nBarcelos, parte histórica da cidade2nSantiago do Cacém, ruínas romanas de Miróbriga

^ GR (GRAnde RoTA)

Saiba orientar-seSinALéTicA

As rotas de caminhadas estão organizadas em Grandes Rotas (GR), com mais de 30 qui-lómetros, Pequenas Rotas (PR) com menos de 30 quilómetros e Pedestres Locais (PL) que incluem percursos em centro urbano. Distinguem-se, também, pela cor da sinalização.

ViRAR à diReiTA

SiTeS úTeiS www.fcmportugal.com

www.era-ewv-ferp.com

Roca, na Azóia. Daí parte em direção a praias como a Adra-ga e o Magoito. O destino final é Odrinhas, onde pode visitar as ruínas romanas e o museu. Mais a sul, no concelho de San-tiago do Cacém, inicia-se um percurso de dificuldade média que vai até Grândola.

Via algarvianaContinuando a descer, tem ao seu dispor a bem sinaliza-da via algarviana, que liga ao E9 e ao caminho europeu E4, que culmina no Chipre. Aqui dispõe de pistas para 300 km de caminhada, 15 dias a uma média confortável de 20 km diários, que atravessam 11 con-celhos, de uma ponta à outra do Algarve, em troços de 30 km – mapas e indicações em www.viaalgarviana.org. O per-curso atlântico culmina no ca-bo de São Vicente, mas pode sempre ir até Alcoutim. E vol-te a recordar Pessoa: “Deus ao mar o perigo e o abismo deu, Mas nele é que espelhou o céu.”

^ PR (PequenA RoTA) ^ PL (PedeSTRe LocAL)

ViRAR à eSqueRdA cAminho eRRAdo

básicas da arte de caminhar. Em Portugal, os caminhos são propostos por autarquias ou associações e homologados pe-la Federação de Campismo e Montanhismo de Portugal.

em rotaEm Portugal, o Caminho do Atlântico tem rotas homologa-das desde Valença do Minho até à via algarviana, culminan-do na vista escancarada do ca-bo de São Vicente. Para par-tir à aventura deve procurar na Internet ou nos postos de turismo as indicações para o percurso GR associado ao E9: GR11 – E9. Na região de Lis-boa tem um trilho de 27 quiló-metros, no concelho de Sintra, que começa junto ao cabo da

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34nCabo da Roca

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4a minha vidaTemPoS LiVReS

Férias são descanso, diversão e descoberta de novos lugares, mas quando o orçamento sofre cortes torna-se imperativo poupar. O que não tem de significar partir rumo à casa de família, na aldeia que se conhece desde a infância, ou ficar aborrecido em casa. Ir para fora pode sair mais barato do que se imagina e para quem fica em casa existem várias possibilidades de gozar umas férias diferentes.

Deixar De Ter SubSÍDiO De FÉriaS Ou DiSpOr De um OrÇameNTO limiTaDO NÃO SÃO SiNóNimOS De NÃO Ter FÉriaS. Há váriaS HipóTeSeS para CONTiNuar a viajar e a DiverTir-Se. NÃO aCreDiTa? veja aS NOSSaS SuGeSTõeSpor susana torrão

FÉRIAS

low cost

Arrendamento a preços competitivos2 Redes como a Air BnB (www.airbnb.com), que propõe arrendamento de todo o tipo de tipologias (apartamentos, castelos, barcos, quartos), são uma boa opção. Funcionam de modo similar à troca de casa e os preços, a dimensão e o tipo de alojamento são variados.

Troque de casa1 Ficar num apartamento equipado a um custo de 0 euros, em Paris, é possível! no site www.trocacasa.com encontra todas as explicações. A inscrição e uma mensalidade de 2,95 euros dão direito a um número de trocas ilimitado. Escolha o destino, veja as ofertas disponíveis e reserve. O apartamento parisiense ou a cottage em Inglaterra são seus.

Campismo e ecoturismo3 A Quinta do Pomarinho (www.pomarinho.com/pt/), em Castelo de Vide, ou o zmar – Eco Camping Resort (www.zmar.eu), na zambujeira do Mar, são boas opções. Junto à barragem de Odivelas, no complexo turístico Markádia, o campismo está inserido num parque natural privado onde pode aproveitar a barragem.

B&B 4 O site www.pureportugalholidays.com sugere várias hipóteses, de norte a sul, entre turismo rural, campismo, B&B, low cost, ecológico, numa escolha que abrange todas as bolsas. um exemplo é o Domínio Vale do Mondego, cujas ofertas vão do alojamento nas casas recuperadas de quinta a cabanas e campismo no parque natural da serra da Estrela.

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“Voar baixinho” ^ Viajar de avião não tem que sair caro. As companhias low cost voam para cada vez mais destinos e, por vezes, permitem combinar marcação de alojamento. tenha em conta os sites rumbo (www.rumbo.pt) e edreams (www.edreams.pt).

Seja um eterno jovem5 As Pousadas da Juventude (www.pousadasjuventude.pt) estão abertas a todas as idades e dispõem de quartos duplos (com e sem wc), familiares e apartamentos, e camaratas de quatro a seis camas. Único requisito: ser titular do Cartão de Alberguista, que pode ser adquirido no local. A estada inclui pequeno-almoço.

dicA Marque as viagens com antecedência e tenha em conta o destino final. Se tiver que pagar uma viagem de comboio de longo curso pode compensar escolher um voo regular no qual não tem que pagar bagagem!

Locais que já conheceRedeScuBRA

Se está em Lisboa parta à aventura pelas ruas que vê todos os dias. A Lisbon Walker

(www.lisbonwalker.com) propõe passeios temáticos dos quais o mais original é o “Lisboa Sensorial”, pelo qual a visita a Alfama é feita de olhos venda-dos. Para participar basta consultar o site e aparecer no ponto de encontro à hora marcada. Aproveite para passear no tejo. A transtejo tem passeios diários que incluem acompanhamento por guia e bebidas frescas. Já a Marlin Boat tours (www.marlinboattours.com) oferece propostas para grupos até nove pessoas a partir de 15 euros.na serra do Buçaco, a Fundação Mata do Buçaco promove passeios guiados e oficinas para grupos e famílias todos os primeiros e terceiros domingos do mês. Os preços vão dos três aos cinco euros e as inscrições são feitas por telefone (tel. 231 937 004 ou 963 007 857).

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a minha vidaPASSeioS com hiSTÓRiA

a aSSOCiaÇÃO pOrTuGueSa DOS amiGOS DOS CaSTelOS CONviDa-NOS a CONHeCer TrêS CaSTelOS: GuimarÃeS, palmela e almOurOl. TrêS viaGeNS NO TempO DeSDe a FOrmaÇÃO Da NaCiONaliDaDe pOrTuGueSa aTÉ aOS aNOS De exalTaÇÃO NaCiONaliSTa DO eSTaDO NOvO

por raquel amaralfotografia artur

CAStELOS, FORtALEzAS E OutROS MOnuMEntOS

viajar no tempo

SAiBA mAiS ASSOCIAçãO PORtuGuESA

DOS AMIGOS DOS CAStELOS

Rua Barros Queirós, nº 20, 2º1100-077 Lisboa tel. 218 885 381

Fax. 218 885 342 www.amigosdoscastelos.org.pt

[email protected]

Entramos em cada um dos castelos com um guião diferente.

Pela mão de Francisco Sousa Lobo, presidente da Associação Portu-

guesa dos Amigos dos Castelos, é possível ficar a conhecer a história

e aprender a interpretar a estrutura fortificada. “É um pouco o que se

ensina nas aulas de arquitetura militar e nas aulas de restauro de

fortificação”, explica-nos.

Com um olhar alargado e aprofunda-do sobre as fortificações e suas envol-ventes, conseguimos ver para além das muralhas recortadas no céu azul. É quase possível ouvir a azáfama de outros tempos e sentir a vida das po-pulações dentro das muralhas.

As terras à volta do castelo eram da responsabilidade da guarnição. Assim, os habitantes das aldeias e pequenas povoações situadas dentro das fortifi-cações aí trabalhavam e tinham a sua atividade diária. “Essa atividade dei-xou-nos um património que vale a pe-na conhecer e ser visitado. Nas terras em redor do castelo foram aparecendo igrejas e diversas capelinhas, por isso criámos visitas de estudo globais que abrangem tudo isto”, afirma Francis-co Sousa Lobo.

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castelo de GuimarãesO castelo de Guimarães teve, na se-gunda metade do século X, uma pri-meira estrutura mandada construir pela condessa Mumadona Dias. À época, os cristãos consolidavam a zona a norte do rio Douro conquista-da, há cem anos, por Vímara Peres. O castelo manteve-se nas mãos da fa-mília até à morte do conde D. Nuno Mendes, em 1071, na Batalha de Pe-droso. No final do século XI o castelo foi remodelado e ampliado para resi-dência de D. Henrique da Borgonha.

D. Dinis mandou remodelar o con-junto fortificado, que chegou arruina-do ao século XIX. Assim, em 1940, aquando da comemoração dos cen-tenários da nacionalidade, foi inau-gurado o restauro num contexto de exaltação nacionalista.

O castelo de Guimarães tem planta em forma de escudo e oito torres defensivas. No centro está a torre de menagem, com vinte e cin-co metros.

sua região. Conhecer os castelos é descobrir a história do País”, diz Francisco Sousa Lobo.

castelo de AlmourolEm torno do castelo de Almourol pai-ra a dúvida quanto à sua origem: is-lâmica ou cristã? Podemos ver que a construção é em cantaria de granito e alvenaria argamassada e a planta é irregular, reflexo da irregularida-de do terreno. Ergue-se num aflora-mento de granito 18 metros acima do nível das águas, numa pequena ilha com 310 metros de comprimento por

“Ninguém protege o que não co-nhece e o nosso papel é dizer às pes-soas que vivem perto dos castelos que aquelas pedras têm muito valor. É sensibilizá-las para a história da

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nj ALmouRoL Há ligações diárias que conduzem o visitante da margem até à ilha onde se ergue o antigo castelo templário. A viagem é curta mas permite uma vista global do edifício e da envolvente natural

nj eScoLhA o Seu cASTeLo As visitas orienta-das por guias da Associação Portu-guesa dos Castelos – exclusivas para associados – começam a 15 de abril. Localizados em três pontos dis-tintos do território, oferecem histórias e paisagens úni-cas. A meio de um rio, em pleno centro histórico ou sobre vistas espraiadas sobre o vale e estuário do Sado

1 Santarém, castelo de Almourol2 3 Castelo de Palmela 4 Igreja de Santiago, castelo de Palmela

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4a minha vidaPASSeioS com hiSTÓRiArota dos castelos

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75 de largura. D. Afonso Henriques deu a ilha à Ordem dos Templários, ajudan-do à mística do local.

No século XIX as obras de restauro alteraram a fisionomia do castelo, com um coroamento das muralhas com merlões e ameias. Por toda a ilha exis-tem pequenos caminhos que nos per-mitem passear por entre a vegetação e em torno do castelo, monumento nacio-nal desde 16 de junho de 1910.

castelo de PalmelaDe origem islâmica, o castelo de Pal-mela foi tomado pelas forças cristãs em 1147, para ser novamente perdido ao fim de poucos anos. Só foi reconquis-tado em 1165, quando D. Afonso Hen-riques o doou aos cavaleiros da Ordem de Santiago da Espada.

Em 1191 a fortificação é arrasada pe-las tropas muçulmanas e só em 1205, no reinado de D. Sancho I, se inicia a

ATIvIdAdeS pARA ASSocIAdoS MoNTepIo abril/maio/junhoAbRILf muLTiATiVidAdeS• micro Raid AventuraSerra da Lousã, Dia 28, sáb., 8h30 23,75€

f ATiVidAdeS de AR LiVRe• Passeio Pedestre “Fojo-entre a Arrábida e o Risco”Parque natural da Arrábida, Dia 15 dom., 9h30, 7€

• “As escarpas do douro internacional”Parque natural do douro internacional Dia 21, sáb., 10h00, 7€

f PASSeioS com hiSTÓRiA• Braga Romana - visita às termas romanas e museu Arqueológico d. diogo de SousaBraga, Dia 14, sáb. 10h00, 15€

• casa museu marta Ortigão SampaioPorto, Dia 14, sáb. 15h00, Gratuito

• Jardins e Palácio da Fronteira, Lisboa Dia 21, sáb., 9h30, 7,5€

f cuRSoS• iniciação à internet Seniores, Viseu, Dias 19/20, 9h00, Gratuito

f WoRKShoPS• iniciação à Fotografia lLisboa, Dias 28/29 9h30 Associados: 50€ não associados: 70€

• diários Gráficos sobre "Bichos" com Richard câmaraLisboa, Dias 28/29 10h30 Associados: 35€ não Associados: 40€

f ViSiTAS oRienTAdAScastelo de Guimarães Dia 15, dom., 10h00 5€

• Fundação calouste Gulbenkian “Fernando Pessoa: Plural como o universo” Lisboa, Dia 28, sáb. 10h10, 5€

MAIof muLTiATiVidAdeSParque natural da Arrábida, Dia 1 ter., 9h30, 28€

f PASSeioS com hiSTÓRiA• museu da marionetaLisboa, Dia 5, sáb. 10h00, 3€

• Porto RomânticoPorto, Dia 19, sáb. 10h00, 8€

• casa do infantePorto, Dia 20, dom. 10h30, Gratuito

f ATiVidAdeS de AR LiVRe• canoagem Parque natural da Ria Formosa Dia 6, dom., 9h30, 3€

f cuRSoS• iniciação à internet Seniores, castelo Branco, Dias 17/18 9h00, Gratuito

f WoRKShoPS • iniciação à Fotografia llLisboa, Dias 12/13 9h30 Associados: 50€ não associados: 70€

• diários Gráficos sobre "Pátios e vilas” com Richard câmaraLisboa, Dias 12/13 10h30 Associados: 35€ não associados: 40€

• Passeio FotográficoÓbidos, Dias 26/27 10h00 Associados: 40€ não associados: 60€

f ViSiTAS oRienTAdAS• Farol de Alfanzina Algarve, Dia 5, sáb. 17h00, Gratuito

• castelo de AlmourolSantarém, Dia 6 dom., 10h00, 5€

• Farol do cabo carvoeiro, Peniche Dia 26, sáb., 11h00 Gratuito

jUNhof ATiVidAdeS de AR LiVRe• “caminhada e iniciação ao Rapel” Serra de Valongo Dia 3, dom., 9h15, 6€

• Passeio Barco – costa a costaSesimbra, Dia 30 sáb. 9h30, 32€

f PASSeioS com hiSTÓRiA• Porto medieval Porto, Dia 2, sáb. 10h00, 8€

• museu da FarmáciaPorto, Dia 2, sáb. 15h00, 7,5€

• museu da FarmáciaLisboa, Dia 16, sáb. 10h00, 7,5€

• visita aos chafarizes, Lisboa Dia 30, sáb., 10h00, 5€

f cuRSoS• iniciação à internet Seniores, Beja Dias 14/15, 9h00 Gratuito

f WoRKShoPS• Fotografia de viagem, Lisboa Dias 2/3, 9h30 Associados: 50€ não associados: 70€

• diários Gráficos sobre "Feiras e mercados” com Richard câmaraLisboa, Dias 2/3 10h30 Associados: 35€ não associados: 40€

• Passeio FotográficoSintra, Dias 23/24 10h00 Associados: 40€ não associados: 60€

f ViSiTAS oRienTAdAS • castelo de PalmelaPalmela, Dia 17, dom. 10h00, 5€

SAIbA MAIS | www.montepio.pt | Informações e inscrições f Gabinete de Dinamização Associativa/[email protected]/ t. 213 249 238/7

^ 15 de ABRiLcastelo de Guimarães 10h00 ^ 6 de mAio castelo de Almourol 10h00 ^ 17 de Junho castelo de Palmela 10h00

Visitas a não perder

reconstrução e se retoma a ocupação do castelo pelos cristãos. Sob os gover-nos de D. Dinis e de D. Afonso IV, os ca-valeiros da Ordem Militar de Santiago começam a construção da torre de me-nagem, concluída entre os reinados de D. João I e D. João II.

Dentro da cerca primitiva do caste-lo podemos visitar a Igreja de Santia-go, da segunda metade do século XV, reservada atualmente para exposições de artes plásticas, espetáculos musicais e palestras.

Os castelos de Guimarães, Almou-rol e Palmela são os primeiros a ser visitados com o acompanhamento de um guia da Associação dos Amigos dos Castelos pelos associados do Montepio que quiserem juntar-se a esta iniciativa.

“Penso que esta parceria entre Os Amigos dos Castelos e o Montepio vai ser muito interessante e proveitosa pa-ra todos. Permite-nos ir mais além e fa-zer visitas exclusivas para o Montepio. Mais tarde sonhamos, também, em fa-zer parcerias com os concelhos e câma-ras municipais para podermos chegar a toda a gente”, confessa o presidente da Associação dos Amigos dos Castelos.

F oi fundada em 1983

e a sua ação tem como estratégia aproximar as populações dos castelos, sensibilizá-las para a importân-cia do seu valor cultural e esti-mular o estudo, a investigação e o interesse pelos castelos e fortalezas.

Associação Portuguesa dos Amigos dos Castelos

SAiBA mAiS

Page 83: rumo ao futuro

nOtíCIAS inSTiTucionAiS, iniciATiVAS,

PRoJeToS e comunicAdoS

O MEU MONtEpIO

página 86

PRémio eScoLARFundação Montepio distinguiu e premiou o esforço de várias escolas na melhoria dos resultados de aprendizagem

página 85

BReVeSDa abertura da StartUp Lisboa aos próximos workshops, notícias e sugestões sobre o universo Montepio

página 90

BeneFícioSEm destaque os novos acordos celebrados para benefício dos associados Montepio

página 84

donATiVoS Voltámos a apoiar IPSS de todo o País, ajudando crianças e idosos

Page 84: rumo ao futuro

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monTePio PRIMAVERA 2012

o meu montepiodonATiVoS monTePio

Instituições apoiadas em 2011O mONTepiO vOlTOu a TraNSFOrmar em

DONaTivOS O mONTaNTe que DeSTiNaria a

preSeNTeS De NaTal e apOiOu 10 iNSTiTuiÇõeS

De SOliDarieDaDe

OFERECER uM PRESEntE

garantir o Futuro

“Quero agradecer às instituições. Sem elas e sem o trabalho que realizam não estaríamos aqui.” Foi desta forma que, a 14 de dezembro, António Tomás Cor-reia, presidente do Montepio, deu as boas-vindas às 10 instituições de soli-dariedade social que beneficiaram dos donativos de Natal, acrescentando que “vivemos no limiar de um novo para-digma social, pelo que se o exemplo do Montepio funcionar como mancha de azeite que vá alastrando a outras insti-tuições, será muito bom.”

A iniciativa – inserida na política de responsabilidade social do Montepio – complementa os inúmeros projetos so-lidários assegurados pela Associação Mutualista, pela Caixa Económica, pe-la Fundação e pelos mais de 800 cola-boradores-voluntários, mas também os apoios destinados a promover a melho-ria da qualidade de vida de crianças, jo-vens, idosos e cidadãos portadores de deficiência.

Em 2011 foram entregues 200 mil euros a 10 instituições e a cerimónia de entrega dos apoios contou com a partici-pação de 10 conhecidos músicos que se assumiram padrinhos de cada projeto social. Paulo de Carvalho apadrinhou

^ ASSociAção de ALdeiAS SoSAcolhe crianças órfãs, abandonadas ou provenientes de famílias de risco. Dispõe do Centro Social “Arco íris” e do Centro Juvenil de Rio Maior.^ Addim Apoia mulheres vítimas de violência doméstica através de uma Casa Abrigo e do Centro de Atendimento à Vítima. ^ ASSociAção PoRTuGueSA de cRiAnçAS deSAPARecidASPresta apoio jurídico e psicológico às famílias de crianças desaparecidas. Desenvolve, ainda, ações de formação e prevenção destinadas a adultos e a crianças. ^ ASSociAção de PRoTeção à inFÂnciA BiSPo d. AnTÓnio BARRoSoAcolhe, no Lar de Infância e Juventude, crianças e jovens do

sexo feminino. Funciona como uma casa onde as jovens podem permanecer até aos 21 anos. ^ cASA noSSA SenhoRA dA conceição Dispõe de uma creche, com capacidade para 44 crianças, destinada a acolher meninas desprotegidas dos 3 aos 10 anos. ^ chAPiTôtem por objetivo a integração, pelas artes, de jovens em risco. Além de projetos como a “Animação em Ação”, o Chapitô conta com a residência “Casa do Castelo”, serviços de AtL e o Centro de Acolhimento Infantil João dos Santos. ^ cenTRo SociAL e PARoquiAL de noSSA SenhoRA dA ViTÓRiAApoia crianças e jovens na creche, jardim-de- -infância, centro de AtL e Casa do Jovem, mas

também pessoas sem abrigo ou em situação de exclusão. ^ oBRA de SAnTA ziTAAcompanha crianças, jovens e idosos através de creches, jardins- -de-infância, lares, centros de dia e apoio domiciliário. O apoio do Montepio garantiu a continuação do Centro de Acolhimento temporário em Castelo Branco.^ SAnTA cASA dA miSeRicÓRdiA de PAmPiLhoSA dA SeRRAApoia 120 pessoas através do lar e centro de dia. tem ainda creches e serviço de enfermagem e fisioterapia.^ SAnTA cASA dA miSeRicÓRdiA de ViSeuApoia crianças e idosos através de lares, da creche e do Centro de Acolhimento.

a Associação de Aldeias SOS, João Gil a Obra de Santa Zita, António Chainho foi patrono da Santa Casa da Misericór-dia da Pampilhosa da Serra, Rui Veloso apadrinhou o Chapitô, Vitorino a Asso-ciação Portuguesa de Crianças Desapa-recidas, Yolanda Santos a Santa Casa da Misericórdia de Viseu, Mário Laginha o

Centro Social e Paroquial de Nossa Se-nhora da Vitória, Susana Félix a Casa Nossa Senhora da Conceição, Adria-na a Associação e Proteção à Infância Bispo D. António Barroso, cabendo a Miguel Brito Rebelo a Associação De-mocrática da Defesa dos Interesses e da Igualdade das Mulheres.

AGiR JunTo de quem PReciSA

por susana torrãofotografia luís viegas

nj oS PAdRinhoS em dia de atribuição de donativos

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85

monTePio PRIMAVERA 2012

Profundidade de campo e congelamento ou arrastamento de imagem são concei-tos que nem todos os fotógrafos amadores dominam. Para os associados amantes da fotografia, Alexandre Kühl de Oliveira, fo-tógrafo freelancer, preparou dois workshops, em Lisboa, a 28 e 29 de abril e a 12 e 13 de maio. No final, os participantes conhece-rão ao pormenor as potencialidades das suas máquinas, saberão trabalhar com di-ferentes tipos de luz e usar, de forma efi-ciente, várias objetivas.

Com uma carga horária de sete horas diárias (das 9h30 às 18h), os workshops têm uma vertente essencialmente prática. A manhã do primeiro dia é destinada à teoria, sendo a tarde de sábado e a manhã

de domingo dedicadas a um passeio por Lisboa onde serão colocados em prática os novos conhecimentos. Na tarde de domin-go é feita a análise dos trabalhos.

Para participar é necessário máqui-na fotográfica digital, de preferência SLR (com possibilidade de troca de lentes) e flash, se possível exterior. As inscrições têm como prazo limite os dias 24 de abril e 8 de maio.

Alexandre Kühl de Oliveira orientará também dois passeios fotográficos. O pri-meiro em Óbidos, a 26 de maio, com pon-to de encontro nas portas da vila, às 9h30. Na manhã do dia seguinte, em Lisboa, se-rá feita a discussão dos trabalhos. A 23 de junho há novo passeio em Sintra.

O fotógrafo alexandre Kühl de Oliveira orienta dois workshops e dois passeios fotográficos nos próximos meses

Workshops de fotograf ia com Alexandre Kühl de Oliveira

WorkshopsdATA28 e 29 de abril e 12 e 13 de maiovALoR dA INScRIção50 euros por pessoadATA LIMITe de INScRIção24 de abril e 8 de maioNúMeRo de pARTIcIpANTeSMínimo 6, máximo 12

PasseiosdATA26 de maio e 23 de junhovALoR dA INScRIção40 euros por pessoadATA LIMITe de INScRIção22 de maio e 19 de junhoNúMeRo de pARTIcIpANTeSMínimo 7, máximo 12.

como participar

Saiba mais em www.montepio.org

euGéniA doBRõeS Associada

do Montepio, editou

o seu primeiro

livro

Ao longo de dois anos Eugénia Dobrões dedicou os seus tempos livres a uma paixão que a acompanha desde sempre: a escrita. O resultado

foi Água de Amor, a sua primeira obra de ficção, publicada em novembro de 2011. A narrativa de emoções criada por esta Associada do Montepio tem por base dois elementos fundamentais à existência humana: água e amor.

Escrita de emoções

Resultado de uma iniciativa conjunta da Câmara Municipal de Lisboa (CML), do Montepio e do IAPMEI, foi inaugurada, a 2 de fevereiro, a Startup Lisboa, incubadora de empresas. à data da inauguração o nº 80 da Rua da Prata já acolhia 15 projetos. A ideia foi lançada por um munícipe lisboeta, aquando do Orçamento Participativo de Lisboa, e inspirou-se em três exemplos de sucesso: a y Combinator, a Plug and Play, de Silicon Valley, e o Le Camping, em Paris. O Montepio cedeu o edifício e suportou as obras

de recuperação, no valor de 500 mil euros, e a CML realizou um investimento de 450 mil euros. Em conjunto, as três entidades fundadoras criaram um fundo de 500 mil euros destinado ao apoio ao empreendedorismo na cidade de Lisboa. “Este projeto é gratificante para nós, para a cidade de Lisboa e para o País. O País precisa de exemplos destes para crescer”, afirmou tomás Correia, presidente do Montepio. Por sua vez, António Costa, presidente da Autarquia, sublinhou a total disponibilidade

mostrada pelo Montepio e pelo IAPMEI para a criação da Startup. “nesta época temos que multiplicar os esforços”, afirmou. à incubadora de empresas podem candidatar-se pessoas individuais e empresas já existentes (com um limite de três anos de atividade), que podem permanecer na Startup por um período de seis meses a três anos. Além do espaço físico, a preço competitivo, as empresas dispõem de condições privilegiadas de acesso a entidades especializadas, serviços públicos, investidores e financiadores.

Nascem novas empresas em Lisboa

é gratifcante para nós, para a cidade de Lisboa e para o País. o País precisa de exemplos destes para crescer.”

“Este projeto

presidente do montepio

António Tomás Correia

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monTePio PRIMAVERA 2012

as escolas se propuseram vão ser conseguidos, por isso consideramos que este contributo é muito inte-ressante”, afirmou António Tomás Correia, presidente do Montepio.

A iniciativa da Fundação Monte-pio, que conta com o alto patrocínio de Sua Excelência o Presidente da República, é, nas palavras do Mi-nistro da Educação e Ciência, Nuno Crato, “uma celebração, uma oca-sião festiva que traduz o reconhe-cimento público do extraordinário trabalho da comunidade educativa”.

“São inúmeras as escolas cujo projeto coletivo promove um espí-rito e cultura de qualidade, por is-so a Fundação Montepio ao promo-ver este prémio está a promover a dignificação do papel da comuni-dade educativa. É um prémio que contribui para o sucesso do ensi-no”, afirma o Ministro da Educa-ção e Ciência.

o meu montepioPRémio eScoLAR

COm O ObjeTivO De DiSTiNGuir O bOm DeSempeNHO eSCOlar, O prÉmiO eSCOlar mONTepiO apOia OS eSTabeleCimeNTOS De eNSiNO públiCO em prOjeTOS eDuCaTivOS iNOvaDOreS

por raquel amaral

PRÉMIO ESCOLAR 2011

reconhecer o trabalho, a exigência e o engenho

Todos os anos, a Fundação Montepio convida 50 estabelecimentos de ensi-no que, nos últimos três anos, tenham promovido melhorias mais acentua-das nos resultados dos exames do 9º ano de escolaridade, a concorrer ao Prémio Escolar. Em 2011 o Proje-to contou a sua 3ª edição e foi quando recebeu mais participações.

Depois das candidaturas recebi-das, as escolas selecionadas recebe-ram a visita do júri, constituído por Manuela Silva, David Justino, Isabel Alçada, Guilherme Valente, Henri-que Monteiro e José da Silva Lopes, que promoveram conversas com a direção das escolas e com os autores dos projetos e avaliaram a qualidade, inovação e impacto esperado dos pro-jetos apresentados.

Os projetos vencedores receberam um apoio no valor de 25 mil euros, destinados a concretizar os objetivos. “Acreditamos que os projetos a que

uma aposta no futuroAntónio Tomás Correia, presidente do Montepio, acredita que diligências como esta podem fazer a diferença no ensino escolar e confessa que gostaria que “a iniciativa do Montepio se alas-trasse a todo o tecido escolar de mo-do a poder constituir um incentivo à melhoria do ensino das nossas esco-las, o que quer dizer uma melhoria da aprendizagem dos nossos alunos, à melhoria da formação dos nossos jo-vens e à melhoria do País.”

1

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monTePio PRIMAVERA 2012

^ eScoLA BáSicA 2,3 do cARAmuLocaramulo O projeto “Conhecer o que é nosso, para preservar e valori-zar” visa a formação de docentes, alunos e pais e o lançamen-to de um Centro de Estudos e Interpre-tação da Serra do Caramulo. “O nosso objetivo final é evitar o abandono escolar e potenciar o interesse pela fixação na região”, explica Luís Filipe Rodrigues da Costa, da direção da escola.^ eScoLA BáSicA e SecundáRiA de oLiVeiRA de FRAdeSoliveira de Frades "Escola Sustentável, dois (es)passos em frente” é um projeto que pretende apoiar uma experiência de escola susten-tável com duas componentes de sustentabilidade: ambiental e social. Francisco José de Matos, coordenador do projeto, acredita que “daqui a um ano teremos, graças ao prémio do Montepio, uma escola inovado-ra do ponto de vista do abastecimento de energia, pois vamos satisfazer grande parte das necessi-dades energéticas da escola através de

painéis fotovoltaicos que o Montepio ajudou a instalar.” Este projeto visa igualmente a sustentabilidade das relações huma-nas, “queremos que as relações entre as pessoas sejam cada vez melhores dentro da escola, pois também isso dita o sucesso do ensino.”^ eScoLA BáSicA inTeGRAdA com JARdim- -de-inFÂnciA dA ToRReiRATorreiraO projeto “nas ondas da nossa identidade” quer criar uma maior ligação e compreen-são dos alunos para com as suas raízes, procurando a fixação dos mesmos no território e o combate ao abandono escolar. “Com este prémio vamos fazer mais e melhor”, garante a coordenadora do projeto Angelina Figueiredo. “Acreditamos que o conhecimento vem dos livros mas também de outros saberes, como a tradição e tudo o que faz parte de uma região e de um povo. Queremos trazer as famílias à escola e lutar contra o abandono escolar envolvendo toda a comunidade.”

^ eScoLA SecundáRiA c/ 3º c e B dR. máRio SAcRAmenTo AveiroO projeto “Espiral” tem como base o reco-nhecimento de que a língua portuguesa tem um papel fundamental no desenvolvimento das competências gerais de transver-salidade disciplinar, designadamente na matemática e nas ciências. “A nossa escola empenhou-se muito no seu melhoramento e, com o esforço de alunos, pais e profes-sores, conseguiu-se melhorar os resultados escolares”, recorda a diretora do projeto teresa Soares Correia. “A participação gera responsabilidade e nós respondemos presente em relação ao compromisso assumido com este prémio”, garante.^ eScoLA eB 2,3 João de meiRAGuimarãesO projeto “Genius” consiste na criação de duas sala de aula para ações nas áreas de Saúde, Sustenta-bilidade, Relações Pessoais e Comuni-dade. “Apostamos na diversificação da prática das salas de aula”, diz Manuela Carreira, coordenado-ra do projeto.

1nOs representantes das cinco escolas vencedoras do Prémio2nO Ministro da Educação e Ciência, nuno Crato, que salientou a importância do Prémio no reconhecimento da comunidade educativa e do seu trabalho

2

E ste ano, os estabelecimentos de ensino distinguidos foram a Escola Básica 2,3 do Caramulo, a Escola Básica e Secundária de Oliveira de Frades, a Escola Básica Integrada com Jardim-de-

-Infância da torreira, a Escola Básica com 3º Ciclo Dr. Mário Sacramen-to e a Escola Básica 2,3 Professor João de Meira. todos promovem boas práticas, orientadas para a melhoria das condições de ensino.

Os projetos vencedores

Page 88: rumo ao futuro

Na sequência da aquisição do Grupo Fi-nibanco Holding, SGPS, em dezembro de 2010 pelo Montepio Geral – Associação Mutualista (MGAM), o Grupo Montepio foi reforçado com sete instituições (Finibanco Vida, Finimóveis, Finisegur, Finibanco SA, Finicrédito, SA, Finivalor e Finiban-co Angola), tendo observado, em 2011, um significativo alargamento e diversificação das atividades e mercados.

Pese embora o contexto desfavorável e muito exigente, o desempenho de 2011 veio comprovar a resiliência e capacidade de adaptação do Montepio, que ultrapassou os desafios colocados e cumpriu as condi-ções e os requisitos extraordinários que lhe foram impostos.

Os principais destaques da evolução da Associação Mutualista, em 2011, são:

dimenSãoAumento do Ativo Líquido em 4%, atin-gindo 2 869 milhões de euros. O Capital Próprio evidenciou uma evolução positiva de 5 milhões de euros, devido aos Fundos Próprios e às Reservas Legais;

Aumento em 7,3% da base de associados, que ascendeu a 497 420.

ReSuLTAdoSAssinala-se a significativa expressão dos Resultados do Exercício, de 58,2 milhões de euros, que possibilitaram o aumento do nível de rendibilidade do ativo (Resul-tados do Exercício sobre Ativo Líquido) para 2,06%.

SoLidezVerificou-se a preservação do nível de cobertura das responsabilidades pelos fundos, reservas e provisões matemá-ticas em 1,15.

Com a aquisição, pela Caixa Económica Montepio Geral (CEMG), ao MGAM, em 31 de março de 2011, da totalidade do capital da Finibanco Holding, SGPS, englobando o Finibanco, SA, a Finicrédito, SA, a Fini-valor e o Finibanco Angola, verificou-se uma assinalável extensão do perímetro de consolidação contabilística da CEMG, da sua esfera de atuação e presença inter-nacional.

A integração na CEMG dos 174 balcões e dos ativos (2 625,2 milhões de euros de crédito a clientes) e passivos (2 315,2 mi-lhões de euros de depósitos de clientes) do

Finibanco, SA, possibilitou o aumento do seu património comercial e financei-ro, traduzido no acréscimo de clientes, na maior dimensão do balanço e na diversi-dade de segmentos e operações.

Os trabalhos de integração, iniciados em abril e concluídos em novembro, envol-veram a generalidade das áreas da insti-tuição, num esforço coletivo exemplar, de grande escala, complexidade e exigência.

Além da integração do Finibanco, SA, a CEMG desenvolveu outros trabalhos de natureza extraordinária, no quadro dos requisitos impostos, aos oito maio-res grupos bancários, pelo Programa de Assistência Financeira (PAF) a Por-tugal. Tais trabalhos culminaram, em 2011, na avaliação, por entidades exter-nas independentes e sob orientação do Banco de Portugal, da qualidade da car-teira de crédito e adequação do nível de imparidades e do cálculo dos requisitos de capital, e, já em 2012, com a validação dos parâmetros e métodos de elaboração dos exercícios de stress test, no quadro do Programa Especial de Inspeções (Special Inspections Program).

Os resultados dessas avaliações foram sa-tisfatórios para a CEMG, na medida em que as imparidades globalmente cons-tituídas são adequadas e o nível de sol-vabilidade está corretamente apurado e acima do exigido.

Ainda no quadro das medidas extraor-dinárias decorrentes do PAF, é de refe-rir a transferência do Fundo de Pensões para a Segurança Social, no respeitante às responsabilidades com pensões já em pagamento, ocorrida a 30 de dezembro de 2011, que teve um impacto nos Resul-tados de -14,1 milhões de euros.

Outro facto relevante foi a alteração do estatuto fiscal da CEMG em sede de IRC, na sequência da publicação da Lei nº 64-B/2011 do Orçamento do Estado para 2012, que determinou a perda de isenção de IRC na qualidade de entida-de anexa de IPSS.

Do desempenho consolidado obtido pela CEMG, assinalam-se:

ATiVo LíquidoAtingiu 21 495 milhões de euros, com des-taque para a carteira de crédito de 17 410 milhões de euros, para a qual concor reram

os valores integrados do Finibanco, SA e os consolidados da Finibanco Holding, SGPS.

dePÓSiToS ToTAiSAscenderam a 13 609 milhões de euros, o que, expurgando o contributo da carteira transferida do Finibanco, se traduz num crescimento de 12,7%.

LiquidezReforçou-se a nível estrutural, por via da evolução do rácio de alavancagem – pro-porção do crédito face aos depósitos –, que melhorou significativamente, de 148,12% para 124,05%, em rápida aproximação à meta de 120% imposta no PAF para 2014.

RecuRSoS PRÓPRioS Aumentaram, refletindo o incremento do capital institucional, nomeadamente em 100 milhões de euros, no final do ano, per-fazendo 1 259 milhões de euros.

RácioS de cRédiTo VencidoEvidenciaram as dificuldades resultantes da crise, tendo o rácio de crédito vencido a mais de 90 dias atingido 3,99%. Salienta--se, contudo, a maior cobertura do crédito vencido por provisões para 111,04%.

eFiciênciAO rácio de eficiência situou-se em 56,8%, excluindo os custos extraordinários com a integração do Finibanco, Fundo de Pen-sões e reformas antecipadas, num total de 48,4 milhões de euros.

mARGem FinAnceiRAAumentou 17,6%, alcançando 319 milhões de euros.

PRoduTo BAncáRio Ascendeu a 565 milhões de euros, +33,7% que em 2010.

ReSuLTAdo LíquidoAtingiu 45 milhões de euros (em base con-solidada), apenas menos 6,4 milhões de eu-ros que em 2010 (-12,4%).

SoLidezFoi reforçada, em linha com as exigências deste período de agravamento dos riscos e das dificuldades. O rácio de solvabilidade passou de 12,9% para 13,5% e o rácio Core Tier 1 atingiu 10,2%, valor acima do exigido pelas autoridades para dezembro de 2011 e ao nível das exigências futuras.

GRUPO MONTEPIO SíNTESE DO DESEMPENhO DE 2011

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monTePio PRIMAVERA 2012

o meu montepioReSuLTAdoS

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dimenSÃO / ATividAde (milhares de euros) 2009 2010 2011

Ativo Líquido 2 609 777 2 759 348 2 868 652

capital Próprio (Fundos Próprios, Reservas e Resultados) 403 105 410 645 415 631

Associados (unidades) 442 091 463 390 497 420

Pensionistas (unidades) 7 039 7 287 7 627

RendiBiLidAde

Resultado do exercício (milhares de euros) 42 533 54 393 58 157

Resultado do exercício / Ativo Líquido médio 1,63% 2,04% 2,06%

coBeRTuRA dAS ReSPonSABiLidAdeS

Fundos, Reservas e Provisões matemáticas / Provisões para Riscos e encargos 1,16 1,15 1,15

coLABoRAdoReS (unidAdeS) 86 87 86

dimenSÃO / ATividAde (milhares de euros) 2009 2010 2011

Ativo Líquido 17 244 767 18 249 290 21 495 390

Recursos Próprios (capital, Reservas e Resultados) 986 214 995 478 1 259 488

Total do crédito a clientes 15 143 916 15 040 645 17 410 344

depósitos Totais 9 175 941 10 021 794 13 608 555

RendiBiLidAde

Resultado do exercício (milhares de euros) 44 476 51 407 45 029

Resultado do exercício / Ativo Líquido médio (ROA) 0,26% 0,29% 0,21%

Resultado do exercício / capitais Próprios médios (ROe) 4,72% 5,18% 3,87%

quALidAde do cRédiTo

Rácio de crédito vencido a mais de 3 meses 3,36% 3,24% 3,99%

imparidade de crédito Total / crédito e Juros vencidos a mais de 3 meses 97,20% 107,20% 111,04%

eFiciênciA

Gastos Operacionais / Ativo Líquido médio 1,46% 1,38% 1,73%

Gastos Operacionais / Produto Bancário (cost to income) 55,02% 58,68% 65,35%

Gastos Operacionais / Produto Bancário (cost to income) (b) - - 56,77%

Liquidez

Rácio de Alavancagem (c) 162,20% 148,12% 124,05%

Ativos elegíveis para Refinanciamento jundo do Bce (milhares de euros) 1 626 265 3 433 820 2 991 055

SoLVABiLidAde

Rácio de Solvabilidade 12,8% 12,9% 13,5%

Tier 1 9,1% 9,1% 10,2%

Core Tier 1 9,2% 9,3% 10,2%

Rede de diSTRiBuição e coLABoRAdoReS (unidAdeS)

Balcões - Rede doméstica 326 329 499

Balcões Rede internacional - Angola - - 8

escritórios de Representação 6 6 6

colaboradores Atividade doméstica 2 942 2 896 3 910

(a) Os dados de 2011 incluem a Finibanco holding SGPS, SA facto que deverá ser considerado para efeitos de comparabilidade.(b) Sem considerar gastos não recorrentes (transferência do Fundo de Pensões, reformas antecipadas, integração do Finibanco e SiP).(c) Rácio calculado de acordo com a definição para efeito do objetivo fixado pelo Banco de Portugal.

CAIXA ECONÓMICA (a)

INDICADORES

ASSOCIAÇÃO MUTUALISTA

5

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monTePio PRIMAVERA 2012

o meu montepioReSuLTAdoS

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monTePio PRIMAVERA 2012

o meu montepioBeneFícioS e deSconToS PARA ASSociAdoS

eSTA inFoRmAção não dispensa a leitura das condições gerais de acesso e utilização destes benefícios, bem como das condições gerais e/ou particulares em vigor, definidas pelas instituições mencionadas para efeitos da comercialização dos seus produtos e/ou disponibilização dos seus serviços. mais informação: www.montepio.org

AUToMÓveL / MoTo

coBeRTuRA nAcionALSoReL comeRciAL - AuTomÓVeiS

DISTRITO DE LISBOABoSch cAR SeRVice

beM-eSTAR

coBeRTuRA nAcionALPêLo & PeSo

coNSUMo cASA

coBeRTuRA [email protected]

coNSUMo OuTROS

coBeRTuRA nAcionALmARiA João de ALmeidA.com

coNSUMo mOdA / AceSSóRiOS

DISTRITO DE LISBOAonix – modA / AceSSÓRioStORRES VEDRAS

cULTURA e LAzeR ATividAdeS / OcuPAçÃO

de TemPOS LivReS

DISTRITO DE LEIRIAcooLPARKLEIRIA

deSpoRTo

REGIÃO AUTÓNOMADOS AÇORES

heALTh cLuB Scm mAdALenAPICO - MADALEnA

FoRMAção eScOLAS / cenTROS

de eSTudO

coBeRTuRA nAcionALcAmBRidGe SchooL

DISTRITO DE COIMBRAeVoLui.comFIGuEIRA DA FOz

DISTRITO DE LISBOAcoLéGio ceSáRio VeRdeLISBOA

ÓTIcAS

DISTRITO DE AVEIROocuLiSTA VieiRAAVEIRO

DISTRITO DE ÉVORAÓTicA FRAdinhoMOntEMOR-O-nOVO

pRoTeção SocIAL FuneRáRiAS

DISTRITO DE LISBOAAGênciA FuneRáRiA AuGuSTo de oLiVeiRALISBOA

SAúde cenTRO de diAGnóSTicO /

LABORATóRiOS

DISTRITO DE COIMBRA E LEIRIA

LABoRATÓRio de AnáLiSeS cLínicAS dR. JoAquim RodRiGueSCOIMBRA, PEnELA, MIRAnDA DO CORVO, PAMPILHOSA DA SERRA, PEDRóGãO GRAnDE, POMBAL, CAStAnHEIRA DA SERRA

SAúdecenTRO de enFeRmAGem /

ReABiLiTAçÃO FíSicA

DISTRITO DE FAROAnA RoSALino – FiSioTeRAPiA Ao domicíLioFARO

SAúdecLínicAS / cOnSuLTóRiOS

DISTRITO DE AVEIROconSuLTÓRio dR. AmAdeu SAnToS – medicinA GeRALSAntA MARIA DA FEIRA – S. JOãO DE VER

conSuLTÓRio dR. BRuno SAnToS – medicinA denTáRiASAntA MARIA DA FEIRA – S. JOãO DE VER

DISTRITO DE CASTELO BRANCO

cLínicA SAnTA APoLÓniAALCAInS

DISTRITO DE LISBOAcLínicA denTáRiA inFAnTe SAGReSLISBOA

cLínicA do cAmPo GRAndeLISBOA

cLínicA médicA cenTRALLOuRES, MOSCAVIDE

FLoWcARe – cenTRo cLínicoLOuRES, MOSCAVIDE

imed - inSTiTuTo médico denTáRio VASco dA GAmALISBOA

noVA cLínicA do LAmBeRTLISBOA

DISTRITO DO PORTOcenTRo oRToPédico do PoRToPORtO

cLínicA de medicinA denTáRiA doS cARVALhoSVILA nOVA DE GAIA CARVALHOS

cLínicA médicA do PAdRãoVALOnGO

DISTRITO DE SETÚBALcLínicA médicA cRuz e medeiRoSALMADA, PRAGAL

cLíniSuL – cenTRo médico ecoGRáFicoALMADA

SAúde FARmáciAS

DISTRITO DE BRAGAFARmáciA dA miSeRicÓRdiA de ViLA VeRdeVILA VERDE

DISTRITO DE LISBOAFARmáciA inTeRnAcionALLISBOA

DISTRITO DE PORTALEGREFARmáciA dA miSeRicÓRdiA do cRAToCRAtO

DISTRITO DO PORTOFARmáciA dA miSeRicÓRdiA de GAiAVILA nOVA DE GAIA

SAúdehOSPiTAiS / cASAS de SAúde

DISTRITO DE LISBOAhoSPiTAL S. LouiSLISBOA

DISTRITO DO PORTOhoSPiTAL dA PReLAdAPORtO

TURISMoAGênciAS de viAGem

coBeRTuRA nAcionALBeST TRAVeL

TURISMo unidAdeS hOTeLeiRAS

DISTRITO DE FAROBALAiA GoLF ViLLAGeALBuFEIRA

Acordos anuladosiAFiT – inSTiTuTo de ATiVidAde FíSicABRAGA

AmARAnTe heALTh cLuBAMARAntE

cLínicA médicA ALmeidA e SouSALISBOA

heALTh cLuB muLTiAcTionAVEIRO

KeeP FiTÉVORA

conFiAnçA ocuLiSTAPORtO

cLínicA médicA uRGeAzuLLISBOA

cLínicA médicA dR. SoAReS PinToPORtO / LOuSADA

hoTeL dom João iiiLEIRIA

Novos acordos celebrados

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