RQS 2006 - Gincana Ecológica na Isolada Ilha das Peças

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no paraíso MATéRIA/FOTOS POR A.BALDINI Gincana Solidária AÇÃO SOCIOAMBIENTAL

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no paraísomatéria/fotos por a.baldini

Gincana Solidária

AÇÃO SOCIOAMBIENTAL

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no paraísoUnir conhecimento acadêmico com o popular nem sempre é fácil, mas não impossível. Pessoas que aprenderam e cresceram com valores diferentes podem, sim, aprender umas com as outras. Esta realidade foi percebida no início do mês de maio, quando o Instituto Internacional de Pesquisa e Responsabilidade Socioambiental Chico Mendes realizou a 1ª Gincana Acadêmica Solidária, na Ilha das Peças, Litoral do Paraná. O local faz parte do Parque Nacional do Superagui, reconhecido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), como Patrimônio da Humanidade desde 1999, e um dos maiores complexos estuarinos lacunares do planeta.

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Foi na Ilha das Peças, Litoral do Paraná, que participaram cinco entidades de ensino superior de Curitiba, com equipes de 13 componentes cada, da 1ª Gincana Acadêmica Solidária, promovida pelo Instituto Internacional de Pesquisa e Responsa-bilidade Socioambiental Chico Mendes. As Faculdades Integradas Espírita (UNIBEM) formaram a equipe cor azul-claro; o Centro de Pós-Graduação e Extensão das Faculdades Integradas Espírita (CPGEX), a verde; a equipe de cor amarela era a da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UFTPR); a de cor azul, a Faculdade Bagozzi; e a equipe da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR) ficou com a cor vermelha.

A forma de interação entre os participantes começou na união das barracas no acampamento, estendida para os almoços e jantares, fazendo com que, assim, movimentassem a economia local. Também juntos, cumpriram uma das principais provas, solicitada uma semana antes do evento, chamada de “Corações Quentes”. O objetivo da prova era trazer roupas para o inverno, e os resultados acumulados foram 262 pares de calçados, 1.154 peças de roupas e 626 livros, que foram doados para a Associação dos Moradores da Ilha das Peças.

Para que realmente houvesse uma fiel troca de conhecimento, a organização da Gincana propôs provas baseadas no dia-a-dia dos caiçaras, nome dado aos nativos do litoral paranaense. Uma delas foi a do equilíbrio na canoa. Parece fácil? Para quem vê, somente. A dupla vencedora, da Faculdade Bagozzi, ficou de pé em uma por apenas 17 segundos.

Outras provas de resistência física também foram solicitadas, como remo, torneio de volêi, busca de objetos (dentre eles, um pingüim de geladeira) e grito de guerra. O destaque foi para a da corrida pela limpeza da orla. Juntas, as equipes arrecadaram, no fim, cerca de 700kg de lixo reciclável.

A integração com os nativos começou com o resgate cultural. Os estudantes aprenderam com os moradores como fazer receitas nativas, entre elas a da ostra gratinada, torta de aipim, filé de peixe empanado, arraia desfiada, peixe salgado com banana e a bebida típica da região, a “Cataia”. Brincadeiras com objetos recicláveis foram realizadas com as crianças da Ilha. Os moradores também tiveram aulas de educação sexual, alimentar e bucal; ensino do uso de métodos contraceptivos; revitalização das placas de sinalização, entre outros assuntos. Práticas como essas faziam parte da prova “Ações Sociais”, concluída com êxito.

Os “anjos”, moradores escolhidos para orientar uma equipe, também ajudaram: cederam espaços em suas casas para aprender com os estudantes diversas formas de compostagem (reciclagem do lixo). Tais ações incentivaram a interação entre os estudantes e a comunidade local. No fim, uma partida de futebol uniu mora-dores e acadêmicos. O time masculino dos estudantes perdeu de 7 a 0 para o time da casa, enquanto a partida feminina terminou com o placar de 0 a 0.

Segundo o pescador e vice-tesoureiro da Associação dos

os estudantes animados: pose no ônibus, na saída de Curitiba, empolgados com a nova disputa.Em paranaguá, os estudantes embarcam na baleeira que os levou à ilha das peças. a concentração das equipes começou no percurso de aproximadamente 2 horas até a chegada ao trapiche da ilha.ao lado, concentração das equipes em seus respectivos QG’s.

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o que poderia parecer fácil, foi complicado para

quem não é do mar: o casal (na foto), que

conseguiu se equilibrar por apenas 17 segundos, foi o vencedor da prova da

canoa.o resgate cultural foi

solicitado às equipes com o aprendizado da culinária.além de pesquisar receitas

entre os moradores, os universitários tiveram de demonstar passo a passo o preparo dos alimentos,

até o prato final.abaixo, o total de lixo

arrecadado pelas equipes na orla da ilha.

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as provas que necessitavam da participação dos moradores tiveram uma excelente aceitação, principalmente por parte das crianças. Em diversas situações, elas estavam sempre perto para ajudar.a revitalização da placa de “boas-vindas”, localizada no final do trapiche, também foi de fundamental importância: estava completamente apagada.a partida de futebol foi realizada pouco antes do almoço do último dia. no campo, o “fiasco” dos universitários: 7 x 0 para o time anfitrião masculino, e o empate em 0 x 0 na partida feminina.a educação sexual também foi estaque: a equipe da pUCpr doou 300 camisinhas à associação dos moradores da Vila da ilha das peças.

abaixo, depois de uma expectativa tensa, a comemoração da equipe verde (CpGEX), que ganhou por apenas dois pontos da azul (bagozzi). a vitória foi comemorada por exatamente todos os participantes.

Moradores da Vila da Ilha das Peças, Adenir Pires, outras tentativas de melhorar a vida dos moradores já foram realizadas no local, mas nenhuma teve sucesso: “algumas ONGs entram aqui, pesquisam tudo e vão embora, sem ao menos dar uma satisfação para gente. Essa ação já foi diferente, pois todo mundo trocou informação. A comunidade sabe tanto quanto eles e, na verdade, foi preciso um bom relacionamento, como essa gincana. Aprendi muita coisa”, relatou.

A inteligência das equipes também foi requisitada. Uma semana antes da realização da Gincana, foi solicitada a cada uma delas a elaboração de um projeto com soluções de curto, médio e longo prazo para problemas enfrentados pelos moradores da Ilha. Idéias como a da gestão integrada de resíduos sólidos, a da implantação de um mutirão solidário para sus-tentabilidade, conservação e qualidade de vida, a do armazenamento e aproveitamento das águas pluviais, a da sensibilização local para educação e informação sobre artesanato e reaproveitamento do lixo reciclável, e a da implementação de um receptáculo de solo-cimento para o controle do chorume, além do controle de zoonoses (doenças transmitidas por animais) e castração dos cães da Ilha, foram apresentadas às autoridades locais no último dia. Estiveram presentes para julgar os projetos Cécil Maya, representante do IBAMA; Paulo Teodoro Dias, presidente da Associação

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de cima para baixo, as equipes participantes:faculdades bagozzi (azul),

Centro pós-Graduação e Extensão das faculdades integradas Espírita (verde),

faculdades integradas Espírita (azul-claro), pUCpr (vermelha) e

Universidade tecnológica federal do paraná (amarela).

Junto com a comissão organizadora, houve um total 80 participantes

da 1a Gincana solidária da ilha das peças.

abaixo, o troféu Chico mendes ostentado pelas líderes das equipe verde, renata andressa poderoso

(esquerda) e angela lucia da silva. no meio, e também merecedor do troféu, está Erasmo, “anjo” que auxiliou a equipe.

dos Moradores da Ilha das Peças; o vereador da Ilha, Lourival “Garotinho” (PMDB); e a presidente do Instituto Chico Mendes, Clarice Santos Soares.

O projeto do Centro de Pós-Graduação e Extensão das Faculdades Integradas Espírita (CPGEX) foi o mais pontuado, fator decisivo para a vitória desta equipe na Gincana. O segundo lugar ficou com a Faculdade Bagozzi, seguida pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná, a PUC-PR, e a equipe das Facul-dades Espírita. O título foi comemorado por todos os estudantes, que receberam medalhas de honra ao mérito e certificados de participação, diferenciados pelo troféu ostentado pelos partici-pantes do CPGEX. Para a estudante de pedagogia da Faculdade Bagozzi, Ângela Lúcia da Silva, a participação foi recompensadora: “Por ser a primeira vez que a minha faculdade está participando de projetos como este, a nossa expectativa não era realmente ganhar o primeiro lugar, mas sim ter o contato com as pessoas, vivenciar uma realidade que não é a nossa e, ainda assim, aprender com tudo isso”, relata.