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Escola Estadual Professora Elizângela Glória Cardoso
Formando Jovens Autônomos, Solidários e Competentes
ROTEIRO DE ESTUDO - 9
ÁREA DE CONHECIMENTO: LINGUAGENS E
SUAS TECNOLOGIAS
COMPONENTE CURRICULAR/DISCIPLINA:
Português
PROFESSOR: Maria Adriana e Gleice Carvalho
SÉRIE: 3ª
ESTUDANTE: ______________________
TURMA:___________________________
CRONOGRAMA
Início das atividades:24/08/2020
Entrega das atividades: 31/08/2020
CARGA HORÁRIA DAS ATIVIDADES: 09 aulas
HABILIDADE/OBJETIVO DA ATIVIDADE:
Compreender e usar a Língua
Portuguesa como língua materna, geradora
de significação e integradora da organização
do mundo e da própria identidade.
ORIENTAÇÕES DE ESTUDO;
1-leia os textos atentamente, grife o que não
entendeu;
2- observe o momento histórico referente ao
objeto de estudo movimentos da primeira fase
modernistas;
3 – observe as regras de pontuação, tente
entender o contexto no qual cada sinal de
pontuação é usado;
4 – tire dúvidas com a sua professora;
5 – seja pontual na entrega das atividades;
6 – identifique a folha de respostas com seu nome
completo e turma.
OBJETO DE CONHECIMENTO/CONTEÚDO:
- Pontuação
- Movimentos da primeira fase modernista no
Brasil, Mário de Andrade.
ATIVIDADES: ROTEIRO 09
Gramática
https://www.youtube.com/watch?v=ODkVN0kRciE (Aula 1 – Pontuação: ponto final, exclamação e interrogação) https://www.youtube.com/watch?v=9tdpcfdr244 (Aula 2 - Pontuação: vírgula, ponto e vírgula e dois pontos) https://www.youtube.com/watch?v=HwMYC5pFJGo (Aula 3 – Pontuação: aspas, travessão e parênteses) https://www.youtube.com/watch?v=LQgt2Edt9dE (Pontuação / Atividade com explicação)
PONTUAÇÃO
Os sinais de pontuação são recursos da linguagem
escrita utilizados com o objetivo de demarcar unidades
e sinalizar os limites das estruturas sintáticas nos
textos.
Os sinais de pontuação são recursos de linguagem
empregados na língua escrita e desempenham a
função de demarcadores de unidades e
de sinalizadores de limites de estruturas
sintáticas nos textos escritos. Assim, os sinais de
pontuação cumprem o papel
dos recursos prosódicos, utilizados na fala para
darmos ritmo, entoação e pausas e indicarmos
os limites sintáticos e unidades de sentido.
Como na fala temos o contato direto com
nossos interlocutores, contamos também com
nossos gestos para tentar deixar claro aquilo que
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queremos dizer. Na escrita, porém, são os sinais de
pontuação que garantem a coesão e
a coerência interna dos textos, bem como os efeitos
de sentidos dos enunciados.
Vejamos, a seguir, quais são os sinais de pontuação
que nos auxiliam nos processos de escrita:
Ponto ( . )
a) Indicar o final de uma frase declarativa:
Gosto de sorvete de goiaba.
b) Separar períodos:
Fica mais um tempo. Ainda é cedo.
c) Abreviar palavras:
Av. (Avenida)
V. Ex.ª (Vossa Excelência)
p. (página)
Dr. (doutor)
Dois-pontos ( : )
a) Iniciar fala de personagens:
O aluno respondeu:
– Parta agora!
b) Antes de apostos ou orações
apositivas, enumerações ou sequência de
palavras que explicam e/ou resumem ideias
anteriores.
Esse é o problema dos caixas
eletrônicos: não tem ninguém para auxiliar os
mais idosos.
Anote o número do
protocolo: 4254654258.
c) Antes de citação direta:
Como já dizia Vinícius de Morais: “Que o
amor não seja eterno posto que é chama,
mas que seja infinito enquanto dure.”
Reticências ( ... )
a) Indicar dúvidas ou hesitação:
Sabe... andei pensando em uma coisa... mas
não é nada demais.
b) Interromper uma frase incompleta
sintaticamente:
Quem sabe se tentar mais tarde...
c) Concluir uma frase gramaticalmente incompleta
com a intenção de estender a reflexão:
“Sua tez, alva e pura como um foco de
algodão, tingia-se nas faces duns longes cor-
de-rosa...” (Cecília - José de Alencar)
d) Suprimir palavras em uma transcrição:
“Quando penso em você (...) menos a
felicidade.” (Canteiros - Raimundo Fagner)
Parênteses ( )
a) Isolar palavras, frases intercaladas de
caráter explicativo, datas e também
podem substituir a vírgula ou o travessão:
Manuel Bandeira não pôde comparecer à
Semana de Arte Moderna (1922).
"Uma manhã lá no Cajapió (Joca lembrava-se
como se fora na véspera), acordara depois
duma grande tormenta no fim do verão.” (O
milagre das chuvas no Nordeste- Graça
Aranha)
Ponto de Exclamação ( ! )
a) Após vocativo
Ana, boa tarde!
b) Final de frases imperativas:
Cale-se!
c) Após interjeição:
Ufa! Que alívio!
d) Após palavras ou frases de
caráter emotivo, expressivo:
Que pena!
Ponto de Interrogação ( ? )
a) Em perguntas diretas:
Quantos anos você tem?
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b) Às vezes, aparece com o ponto de
exclamação para enfatizar o enunciado:
Não brinca, é sério?!
Vírgula ( , )
De todos os sinais de pontuação, a vírgula é
aquele que desempenha o maior número de
funções. Ela é utilizada para marcar uma pausa
do enunciado e tem a finalidade de
nos indicar que os termos por ela separados,
apesar de participarem da
mesma frase ou oração, não formam uma unidade
sintática. Por outro lado, quando há uma relação
sintática entre termos da oração, não se pode
separá-los por meio de vírgula.
Antes de explicarmos quais são os casos em que
devemos utilizar a vírgula, vamos explicar primeiro
os casos em que NÃO devemos usar a vírgula
para separar os seguintes termos:
a) Sujeito de Predicado;
b) Objeto de Verbo;
c) Adjunto adnominal de nome;
d) Complemento nominal de nome;
e) Predicativo do objeto do objeto;
f) Oração principal da Subordinada substantiva (desde
que esta não seja apositiva nem apareça na ordem
inversa).
Casos em que devemos utilizar a vírgula:
A vírgula no interior da oração
a) Utilizada com o objetivo de separar o vocativo:
Ana, traga os relatórios.
O tempo, meus amigos, é o que nos confortará.
b) Utilizada com o objetivo de separar apostos:
Valdirene, minha prima de Natal, ligou para mim
ontem.
Caio, o aluno do terceiro ano B, faltou à aula.
c) Utilizada com o objetivo de separar o adjunto
adverbial antecipado ou intercalado:
Quando chegar do trabalho, procurarei por você.
Os políticos, muitas vezes, são mentirosos.
d) Utilizada com o objetivo de separar elementos de
uma enumeração:
Estamos contratando
assistentes, analistas, estagiários.
Traga picolé de uva, groselha, morango, coco.
e) Utilizada com o objetivo de isolar
expressões explicativas:
Quero o meu suco com gelo e açúcar, ou
melhor, somente gelo.
f) Utilizada com o objetivo de
separar conjunções intercaladas:
Não explicaram, porém, o porquê de tantas faltas.
g) Utilizada com o objetivo de separar
o complemento pleonástico antecipado:
A ele, nada mais abala.
h) Utilizada com o objetivo de isolar o nome do lugar
na indicação de datas:
Goiânia, 01 de novembro de 2016.
i) Utilizada com o objetivo de separar
termos coordenados assindéticos:
É pau, é pedra, é o fim do caminho.
j) Utilizada com o objetivo de marcar a omissão de
um termo:
Ele gosta de fazer academia, e eu, de comer.
(omissão do verbo gostar)
Casos em que se usa a vírgula antes da conjunção
e:
1) Utilizamos a vírgula quando as orações
coordenadas possuem sujeitos diferentes:
Os banqueiros estão cada vez mais ricos, e o
povo, cada vez mais pobre.
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2) Utilizamos a vírgula quando a conjunção “e”
repete-se com o objetivo de enfatizar alguma ideia
(polissíndeto):
E eu canto, e eu danço, e bebo, e me jogo nos
blocos de carnaval.
3) Utilizamos a vírgula quando a conjunção “e”
assume valores distintos que não retratam sentido
de adição (adversidade, consequência, por
exemplo):
Chorou muito, e ainda não conseguiu superar a
distância.
A vírgula entre orações
A vírgula é utilizada entre orações nas seguintes
situações:
a) Para separar as orações subordinadas adjetivas
explicativas:
Meu filho, de quem só guardo boas
lembranças, deixou-nos em fevereiro de 2000.
b) Para separar as orações coordenadas sindéticas
e assindéticas, com exceção das orações iniciadas
pela conjunção “e”:
Cheguei em casa, tomei um banho, fiz um
sanduíche e fui direto ao supermercado.
Estudei muito, mas não consegui ser aprovada.
c) Para separar orações subordinadas
adverbiais (desenvolvidas ou reduzidas),
principalmente se estiverem antepostas à oração
principal:
"No momento em que o tigre se lançava, curvou-
se ainda mais; e fugindo com o corpo apresentou
o gancho." (O selvagem - José de Alencar)
d) Para separar as orações intercaladas:
"– Senhor, disse o velho, tenho grandes
contentamentos em estar plantando-a...”
e) Para separar as orações substantivas antepostas
à principal:
Quando sai o resultado, ainda não sei.
Ponto e vírgula ( ; )
a) Utilizamos ponto e vírgula para separar os
itens de uma sequência de outros itens:
Antes de iniciar a escrita de um texto, o autor
deve fazer-se as seguintes perguntas:
I- O que dizer;
II- A quem dizer;
III- Como dizer;
IV- Por que dizer;
V- Quais objetivos pretendo alcançar com este texto?
b) Utilizamos ponto e vírgula para separar orações
coordenadas muito extensas ou orações
coordenadas nas quais já se tenha utilizado a
vírgula:
“O rosto de tez amarelenta e feições
inexpressivas, numa quietude apática, era
pronunciadamente vultuoso, o que mais se
acentuava no fim da vida, quando a bronquite
crônica de que sofria desde moço se foi
transformando em opressora asma cardíaca; os
lábios grossos, o inferior um tanto tenso." (O
Visconde de Inhomerim - Visconde de Taunay)
Travessão ( — )
a) Utilizamos o travessão para iniciar a fala de um
personagem no discurso direto:
A mãe perguntou ao filho:
— Já lavou o rosto e escovou os dentes?
b) Utilizamos o travessão para
indicar mudança do interlocutor nos diálogos:
— Filho, você já fez a sua lição de casa?
— Não se preocupe, mãe, já está tudo pronto.
c) Utilizamos o travessão para unir grupos de
palavras que indicam itinerários:
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Disseram-me que não existe mais asfalto na
rodovia Belém—Brasília.
d) Utilizamos o travessão também para substituir a
vírgula em expressões ou frases explicativas:
Pelé — o rei do futebol — anunciou sua
aposentadoria.
Aspas ( “ ” )
As aspas são utilizadas com as seguintes finalidades:
a) Isolar palavras ou expressões que fogem à norma
culta, como gírias, estrangeirismos, palavrões,
neologismos, arcaísmos e expressões populares:
A aula do professor foi “irada”.
Ele me pediu um “feedback” da resposta do
cliente.
b) Indicar uma citação direta:
“Ia viajar! Viajei. Trinta e quatro vezes, às
pressas, bufando, com todo o sangue na face,
desfiz e refiz a mala”. (O prazer de viajar - Eça
de Queirós)
FIQUE ATENTO!
Caso haja necessidade de destacar um termo que já
está inserido em uma sentença destacada por aspas,
esse termo deve ser destacado com marcação simples
('), não dupla (").
VEJA AGORA ALGUMAS OBSERVAÇÕES
RELEVANTES:
Dispensam o uso da vírgula os termos coordenados
ligados pelas conjunções e, ou, nem.
Observe:
Preferiram os sorvetes de creme, uva e morango.
Não gosto nem desgosto.
Não sei se prefiro Minas Gerais ou Goiás.
Caso os termos coordenados ligados pelas
conjunções e, ou, nem aparecerem repetidos, com a
finalidade de enfatizar a expressão, o uso da vírgula é,
nesse caso, obrigatório.
Observe:
Não gosto nem do pai, nem do filho, nem do
cachorro, nem do gato dele.
Por Ma. Luciana Kuchenbecker Araújo
(https://www.portugues.com.br/gramatica/pontuacao.html)
Literatura. https://www.youtube.com/watch?v=IA_qj8-4jD4&feature=youtu.be ( Mário de Andrade) https://www.youtube.com/watch?v=tmZvFvVibNA ( Macunaíma - resumo) https://www.youtube.com/watch?v=MNQuEdy1Z7o (Macunaíma – análise)
Mário de Andrade Mário de Andrade foi um escritor modernista, crítico literário, musicólogo, folclorista e ativista cultural brasileiro . Seu estilo literário foi inovador e marcou a primeira fase modernista no Brasil, sobretudo, pela valorização da identidade e cultura brasileira.
Ao lado de diversos artistas, ele teve um papel preponderante na organização da Semana de Arte Moderna (1922).
Biografia
Foto de Mário de Andrade (1928) Mário Raul de Morais Andrade nasceu na cidade de São Paulo, no dia 09 de outubro de 1893.
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De família humilde, Mário possuía dois irmãos e desde cedo mostrou grande inclinação às artes, notadamente a literatura.
Em 1917, estudou piano no “Conservatório Dramático e Musical de São Paulo”, ano da morte de seu pai, o Dr. Carlos Augusto de Andrade.
Nesse mesmo ano, com apenas 24 anos, publica seu primeiro livro intitulado “Há uma Gota de Sangue em cada Poema”.
Mais tarde, em 1922, publica a obra de poesias “Paulicéia Desvairada” e torna-se Catedrático de História da Música, no “Conservatório Dramático e Musical de São Paulo”.
Nesse mesmo ano, auxiliou na organização da Semana de Arte Moderna trabalhando ao lado de diversos artistas.
Com Oswald de Andrade, Tarsila do Amaral, Anita Malfatti e Menotti del Picchia, formaram o grupo modernista que ficou conhecido como o "Grupo dos Cinco".
Dedicado à seu grande prazer, a literatura, em 1927, publica a obra “Clã do Jabuti”, pautada nas tradições populares. Nesse mesmo ano, publica o romance intitulado “Amar, Verbo Intransitivo”, onde critica a hipocrisia sexual da burguesia paulistana.
Mário foi um estudioso do folclore, da etnografia e da cultura brasileira. Portanto, em 1928, publica o romance (rapsódia) “Macunaíma”, uma das grandes obras-primas da literatura brasileira.
Essa obra foi desenvolvida através de seus anos de pesquisa a qual reúne inúmeras lendas e mitos indígenas da história do “herói sem nenhum caráter”.
Durante 4 anos, (1934 a 1938) trabalhou na função de diretor do “Departamento de Cultura do Município de São Paulo”.
Em 1938, muda-se para o Rio de Janeiro. Foi nomeado catedrático de Filosofia e História da Arte e ainda, Diretor do Instituto de Artes da Universidade do Distrito Federal.
Retorna à sua cidade natal, em 1940, onde começa a trabalhar no Serviço de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN).
Poucos anos depois, sua saúde começa a ficar frágil. No dia 25 de fevereiro de 1945, aos 51 anos de idade, Mário de Andrade falece em São Paulo, vítima de um ataque cardíaco.
Principais Obras Mário de Andrade deixou uma vasta obra desde romances, poemas, críticas, contos, crônicas, ensaios:
Há uma Gota de Sangue em Cada Poema (1917) Paulicéia Desvairada (1922) A Escrava que não é Isaura (1925) Primeiro Andar (1926) Clã do Jabuti (1927) Amar, Verbo Intransitivo (1927) Macunaíma (1928) O Aleijadinho de Álvares de Azevedo (1935) Poesias (1941) O Movimento Modernista (1942) O Empalhador de Passarinhos (1944) Lira Paulistana (1946) Contos Novos (1947) Poesias Completas (1955) O Banquete (1978)
Poemas Para conhecer melhor a linguagem do escritor, confira abaixo três poemas:
Moça Linda Bem Tratada Moça linda bem tratada, Três séculos de família, Burra como uma porta: Um amor. Grã-fino do despudor, Esporte, ignorância e sexo, Burro como uma porta: Um coió. Mulher gordaça, filó, De ouro por todos os poros Burra como uma porta: Paciência… Plutocrata sem consciência, Nada porta, terremoto Que a porta de pobre arromba:
Uma bomba.
Eterna Presença Este feliz desejo de abraçar-te, Pois que tão longe tu de mim estás, Faz com que te imagine em toda a parte Visão, trazendo-me ventura e paz. Vejo-te em sonho, sonho de beijar-te; Vejo-te sombra, vou correndo atrás; Vejo-te nua, oh branco lírio de arte, Corando-me a existência de rapaz… E com ver-te e sonhar-te, esta lembrança Geratriz, esta mágica saudade, Dá-me a ilusão de que chegaste enfim; Sinto alegrias de quem pede e alcança E a enganadora força de, em verdade, Ter-te, longe de mim, juntinho a mim.
Soneto Tanta lágrima hei já, senhora minha, Derramado dos olhos sofredores,
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Que se foram com elas meus ardores E ânsia de amar que de teus dons me vinha. Todo o pranto chorei. Todo o que eu tinha, caiu-me ao peito cheio de esplendores, E em vez de aí formar terras melhores, Tornou minha alma sáfara e maninha. E foi tal o chorar por mim vertido, E tais as dores, tantas as tristezas Que me arrancou do peito vossa graça, Que de muito perder, tudo hei perdido! Não vejo mais surpresas nas surpresas E nem chorar sei mais, por mor desgraça!
Frases de Mário de Andrade “Não devemos servir de exemplo a ninguém. Mas
podemos servir de lição.” “O passado é lição para se meditar, não para se
reproduzir.” “Que coisa misteriosa o sono!... Só aproxima a
gente da morte para nos estabelecer melhor dentro da vida...”
“Minha obra toda badala assim: Brasileiros, chegou a hora de realizar o Brasil.”
“Devo confessar preliminarmente, que eu não sei o que é belo e nem sei o que é arte.”
Biblioteca Mário de Andrade A Biblioteca Mário de Andrade (BMA) foi fundada em 1925 e na época foi chamada de "Biblioteca Municipal de São Paulo".
Biblioteca Mário de Andrade, uma das mais importantes do país
O edifício de estilo Art Déco, está localizado na cidade de São Paulo e possui o segundo maior acervo do país, depois da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro. Além disso, é a maior biblioteca pública da cidade e a segunda maior do país.
Casa Mário de Andrade
Casa onde viveu o escritor Mário de Andrade na Barra Funda, em São Paulo A casa onde viveu o escritor entre os anos de 1921 e 1945 em São Paulo foi tombada em 1975.
Pertencente à Secretaria de Estado da Cultura, o local é utilizado para a realização de atividades culturais. Além disso, ele abriga um museu em
homenagem ao poeta.
Mário de Andrade
Mário de Andrade foi um dos representantes modernistas cujas contribuições
se fizeram presentes na literatura, crítica, história da arte e na música
Dentre os artistas que participaram da Semana de
Arte Moderna, lá estava ele, Mário de Andrade.
Assim, dada a indiscutível contribuição que essa
nobre figura concedeu à literatura, música, crítica
e à história da arte, voltemos nossa atenção para
a vida e obra desse grande representante, que tão
bem abrilhantou o cenário de nossas letras.
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Mário Raul de Morais Andrade nasceu em 1893,
em São Paulo. Depois de ter concluído seus
estudos primários no Grupo Escolar da Alameda
do Triunfo, em 1909 se formou no primeiro grau
como bacharel em Ciências e Letras, no Ginásio
Nossa Senhora do Carmo dos Irmãos Maristas. A
partir de 1910 começou a frequentar a Escola de
Comércio Álvares Penteado, cursando Filosofia e
Letras, contudo o curso teve de ser interrompido
em função de uma briga com um dos professores.
No ano seguinte, ingressou no Conservatório
Musical de São Paulo no intuito de estudar piano.
Tornando-se habilitado em tal função, em 1917
(ano da formatura dele) virou professor de História
da Música.
Nesse mesmo ano publicou o livro Há uma gota
de sangue em cada poema, sob o pseudônimo de
Mário Sobral. Dando prosseguimento à carreira de
escritor, publicou Paulicéia Desvairada, em 1922 –
sua primeira obra considerada tipicamente
modernista. Em 1924 empreendeu a primeira
viagem rumo “às descobertas do Brasil”;
acompanhado por alguns de seus amigos também
modernistas, foi para Minas Gerais e visitou as
cidades históricas. A essa altura já se mostrava
como um pesquisador das artes literária e
musical, além de ser um estudioso do folclore
brasileiro.
Após ter participado do evento que demarcou a
Semana de Arte Moderna, seu nome passou a ter
uma projeção nacional, fato que o fez presidir o
Departamento de Cultura da Prefeitura de São
Paulo, compreendendo o período de 1934 a 1937.
Veio a falecer na mesma cidade em que nasceu,
São Paulo, em 1945.
Razões ideológicas sempre foram a mola-mestra
das expressões artísticas que compuseram o
campo literário de uma forma geral. Dessa forma,
com a publicação de Há uma gota de sangue em
cada poema (1917), mesmo não tendo obtido a
expressividade que lhe era necessária (uma vez
que nele ainda estavam nítidos traços
parnasianos e simbolistas), podemos constatar o
anseio do poeta em usar a literatura como
instrumento de defesa e da paz, aludindo aos
horrores conclamados pela Primeira Guerra
Mundial.
Paulicéia Desvairada foi uma de suas produções
realizadas entre 1920 e 1921, na qual se
evidenciam traços autenticamente modernistas,
sobretudo demarcados por influências das ideias
vanguardistas: futurismo, a escrita automática e
traços surrealistas. Outro aspecto que também se
evidencia é o uso de versos livres, de uma
linguagem solta e “desvairada”, repleta de
associações livres. Assim, atenhamo-nos a alguns
fragmentos:
Inspiração
São Paulo! comoção da minha vida...
Os meus amores são flores feitas de original...
Arlequinal!... Traje de losangos... Cinza e
Ouro...
Luz e bruma... Forno e inverno morno...
Elegâncias sutis sem escândalos, sem
ciúmes...
Perfumes de Paria... Arys!
Bofetadas líricas no Trianon... Algodoal!
São Paulo! comoção de minha vida...
Galicismo a berrar nos desertos da América!
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Seguindo a mesma linhagem, destacamos Ode ao
burguês, declamado em uma das noites da
Semana. Nele se constata um toque de ironia
fazendo menção à superficialidade e ao
conservadorismo da burguesia – marca registrada
do autor:
Eu insulto o burguês! O burguês-níquel
o burguês-burguês!
A digestão bem-feita de São Paulo!
O homem-curva! O homem-nádegas!
O homem que sendo francês, brasileiro,
italiano,
é sempre um cauteloso pouco-a-pouco!
Eu insulto as aristocracias cautelosas!
Os barões lampiões! Os condes Joões! Os
duques zurros!
Que vivem dentro de muros sem pulos,
e gemem sangue de alguns mil-réis fracos
para dizerem que as filhas da senhora falam o
francês
e tocam os “Printemps” com as unhas!
Eu insulto o burguês-funesto!
O indigesto feijão com toucinho, dono das
tradições!
Fora os que algarismam os amanhãs!
Olha a vida dos nossos setembros!
Fará sol? Choverá? Arlequinal!
Mas as chuvas dos rosais
O êxtase fará sempre Sol!
[...]
Em Losango Cáqui o poeta traz, a partir do título
do livro, a figura do losango, mencionada em
vários de seus poemas, bem como a figura
implícita e carnavalesca do arlequim, cujos
pedaços de sua roupagem (assemelhando-se a
uma colcha de retalhos) tão bem representavam a
cultura brasileira – marcada por influências
estrangeiras. Clã do jabuti e Remate dos
males são obras nas quais Mário de Andrade
deixa nítido seu interesse pela cultura nacional,
pelo estudo das raízes brasileiras. Para tanto,
explora o folclore e os costumes regionais. No afã
de demonstrar essa mescla de influências, Mário
se tornou conhecido por sua habilidade na prosa,
por meio de uma de suas notáveis
criações, Macunaíma – o herói sem caráter. Nela,
o poeta faz uma junção entre lendas e mitos
indígenas, ditos populares, piadas, expressões e
rituais do Brasil, os quais vão se sobrepondo e se
alternando mediante o apresentar de toda a obra.
Eis alguns fragmentos, a título de representação:
"Uma feita a Sol cobrira os três manos duma
escaminha de suor e Macunaíma se lembrou
de tomar banho. Porém no rio era impossível
por causa das piranhas tão vorazes que de
quando em quando na luta pra pegar um naco
de irmã espedaçada, pulavam aos cachos pra
fora d’água metro e mais. Então Macunaíma
enxergou numa lapa bem no meio do rio uma
cova cheia d’água. E a cova era que-nem a
marca dum pé-gigante. Abicaram. O herói
depois de muitos gritos por causa do frio da
água entrou na cova e se lavou inteirinho. Mas
a água era encantada porque aquele buraco na
lapa era marca do pezão do Sumé, do tempo
em que andava pregando o evangelho de
Jesus pra indiada brasileira. Quando o herói
saiu do banho estava branco, louro e de olhos
azuizinhos, água lavara o pretume dele. E
ninguém não seria capaz mais de indicar nele
um filho da tribo retinta dos Tapanhumas.
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Nem bem Jiguê percebeu o milagre, se atirou
na marca do pezão do Sumé. Porém a água já
estava muito suja da negrura do herói e por
mais que Jiguê esfregasse feito maluco
atirando água pra todos os lados só conseguiu
ficar da cor do bronze novo. Macunaíma teve
dó e consolou:
Olhe, mano Jiguê, branco você ficou não,
porém pretume foi-se e ante fanhoso que sem
nariz. [...]
Amar, verbo intransitivo também é outro destaque
de cunho prosaico deste nobre autor. Na obra, ele
deixa de ser visto como alguém bastante
influenciado pelas correntes marxistas e
freudianas, associadas a um tom relacionado a
uma contundente crítica social.
Livro Macunaíma, de Mário de
Andrade Macunaíma, livro de Mário de Andrade publicado em 1928, é considerado um dos principais romances modernistas.
A obra é uma rapsódia sobre a formação do Brasil, em que vários elementos nacionais se cruzam numa narrativa que conta a história de Macunaíma, o herói sem nenhum caráter.
[atenção, o texto abaixo contém spoilers]
Resumo da obra
Macunaíma nasceu no fundo do mato-virgem, filho do medo e da noite, uma criança birrenta, preguiçosa e de mente ardilosa. Passa a infância em uma tribo amazônica até que toma banho de mandioca brava e se torna um adulto. Apaixona-se por Ci, a Mãe do Mato, e com ela tem um filho que morre ainda bebê.
Após a morte do filho, Ci sobe aos céus de desgosto e vira uma estrela. Macunaíma fica muito triste por perder a sua amada, tendo como única recordação dela um amuleto chamado muiraquitã. Porém ele o perde. Macunaíma descobre que o amuleto está em São Paulo na
posse de Venceslau Pietro Pietra, o gigante Piamã comedor de gente.
Para recuperar o muraiquitã, Macunaíma parte para São Paulo com seus dois irmãos. Após algumas tentativas, ele consegue de volta o amuleto e retorna para a sua tribo na Amazônia. Algumas aventuras depois e ele perde novamente a muiraquitã. Decepcionado, Macunaíma também sobe aos céus.
Principais personagens
O livro de Mário de Andrade está cheio de personagens que retratam as características do povo brasileiro. Muitos deles fazem uma passagem rápida pela narrativa e servem de alegoria para defeitos ou qualidades do caráter nacional. Outros personagens fazem parte de todo o enredo e têm um papel importante para o desenvolvimento do livro.
Macunaíma
Macunaíma interpretado por Grande Otelo no filme de Joaquim
Pedro de Andrade.
É o personagem principal, o herói sem nenhum caráter. É um amálgama da formação do Brasil. É índio, negro e, depois de tomar banho na poça do pé do gigante Sumé, vira europeu.
Individualista e muito preguiçoso, seu bordão é "ai que preguiça". As ações de Macunaíma são fruto de uma mistura de malandragem, egoísmo, vingança e inocência.
É difícil prever qual decisão ele vai tomar diante de um dilema, suas escolhas nos rendem algumas surpresas ao longo do romance. Macunaíma também é muito lascivo e apegado à vida fácil e de prazeres.
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Jiguê
Irmão do meio. Suas companheiras sempre acabam dormindo com Macunaíma. Jiguê é um homem forte e bravo, se vinga das traições batendo nas suas mulheres, porém raramente dá uma sova no irmão.
Ele também tenta se lavar depois que vê seu irmão se transformar em branco, mas a água já estava suja e ele se lava pouco, ficando com a pele cor de cobre.
Maanape
É o irmão mais velho, é feiticeiro e revive o herói algumas vezes. Muito sábio, passa boa parte do romance cuidando de Macunaíma. Ele também tenta se lavar na poça mágica depois de Jiguê, mas já não restava quase nada de água, então ele continua negro, só com as palmas do pés e das mãos brancas.
Venceslau Pietro Pietra
Fazendeiro peruano abastado que vive em São Paulo. Ele tem a posse da muraiquitã que Macunaíma quer recuperar.
Venceslau também é o gigante Piaimã comedor de gente, que mora numa casa grande no Pacaembu e tem hábitos europeus. Faz uma viagem para a Europa e sai na coluna social.
Ci
Mãe do Mato, ela faz parte da tribo das icamiabas, que são mulheres guerreiras que não aceitam a presença de homens. Torna-se a mulher de Macunaíma depois do herói forçá-la a ter relações sexuais. Ele passa a ser o novo Imperador do Mato-Virgem. Junto eles têm um filho que morre ainda bebê e se torna o planta do guaraná.
Análise da Obra
Macunaíma e a formação da cultura brasileira
Mário de Andrade queria produzir uma obra que refletisse o Brasil como uma unidade, fazendo com que as múltiplas características nacionais se unissem criando uma identidade para a cultura brasileira.
O autor recorreu ao seu vasto conhecimento do folclore nacional e aos preceitos da produção literária modernista para realizar essa tarefa.
Mário de Andrade nos limites entre mazonas e Mato rosso. cervo do nstituto de Estudos Brasileiros da niversidade de São Paulo.
Assim ele faz de Macunaíma uma rapsódia: uma colagem das lendas, mitos, tradições, religiões, falares, hábitos, comidas, lugares, fauna e flora do Brasil. A grande genialidade da obra foi conseguir unir esses muitos elementos em uma narrativa coesa.
Para isso, Mário de Andrade lança mão de algumas características da composição modernista. O espaço em Macunaíma não segue as regras da verossimilhança dos romances realistas. O herói passa de um lugar distante para o outro em poucos passos e foge do gigante Piamã, correndo por todo o continente sul-americano. O que dá unidade ao espaço no romance não é a distância física entre os lugares e sim suas características.
O autor usa elementos nacionais para dar unidade a esses espaços. Como no trecho em que Macunaíma quer se vingar dos irmãos e coloca um bichinho no café de Maanape e uma taturana na cama de Jeguê, os irmãos são picados e arremessam os insetos longe. Para se vingarem, eles jogam uma bola de couro em Macunaíma, que também atira a bola para longe. Mário de Andrade continua:
"O bichinho caiu em Campinas. A taturana caiu por aí. A bola caiu no campo. E foi assim que Maanape inventou o bicho-do-café, Jiguê a lagarta-rosada e Macunaíma o futebol, três pragas."
Os espaços estão unidos porque a própria narrativa os une. As ações também seguem este preceito. Por mais absurdas que pareçam, elas
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possuem uma relação tamanha com a narrativa que passam a ser verossímeis.
O método de construção do romance como colagem possibilita que o autor faça uma exposição sincrética da cultura nacional. Misturando lendas indígenas com inovações tecnológicas, inserindo personagens históricos em contextos diferentes e criando raízes e justificativas para alguns símbolos nacionais. Mário de Andrade consegue dessa forma criar uma obra que é um compêndio da cultura brasileira.
A linguagem usada para tornar isso possível é uma grande mistura de termos indígenas com falares regionais e até mesmo estrangeirismos.
A linguagem se aproxima muito da oralidade. Carta pras icamiabas, é uma carta escrita por Macunaíma em linguagem muito formal e gera uma estranheza muito grande no leitor. Desta forma, Mário de Andrade nos mostra que o uso de termos regionais e de uma escrita que se aproxima mais da fala, tendo inclusive erros de português, é a forma mais adequada de contar a estória de Macunaíma e da formação da cultura brasileira.
Macunaíma é uma obra complexa e todos os seus elementos estão ligados ao propósito de criar uma cultura nacional. O enredo é uma colagem de elementos da cultura brasileira na qual Macunaíma se move, modificando e adaptando conforme a necessidade. Suas aventuras são os desafios de um povo que começava a se identificar como nação, com um enorme território e inúmeras influências externas.
Resumo por capítulo
Macunaíma
Macunaíma nasceu filho do medo e da noite. Até os seis anos não fala por pura preguiça e, ainda criança, vai para o mato “brincar” com a companheira do seu irmão Jiguê.
Quando sua família começa a passar fome, o herói consegue alimento, porém a sua mãe quer dividir a comida com os seus irmãos. Macunaíma não quer compartilhar a comida e a faz sumir.
Maioridade
Sua mãe o expulsa de casa e, no mato, ele encontra a cotia que, ao ouvir as suas peripécias de criança, o transforma em adulto e Macunaíma volta para casa.
Em uma caçada ele mata uma veada que tinha acabado de ter crias. Porém, quando se aproxima, descobre que a veada era a sua mãe. Ele e seus irmãos, Jiguê e Maanape, partem para o mato.
Ci, Mãe do Mato
Macunaíma encontra Ci, a Mãe do Mato e tem vontade de “brincar” com ela. Como a Ci era guerreira, o herói toma uma sova, mas os seus irmãos o ajudam a dominá-la.
Macunaíma se transforma no Imperador do Mato Virgem e tem um filho com Ci. O filho morre envenenado ao mamar no mesmo peito que uma cobra havia mamado. Ci fica muito triste, dá a muiraquitã para Macunaíma e sobe aos céus.
Boiúna Luna
Muito triste, Macunaíma parte novamente com os seus irmãos. No caminho ele encontra Capei, luta com o monstro e perde a muiraquitã na batalha. Mais tarde, um pássaro conta para ele que o talismã foi encontrado e vendido para Venceslau Pietro Pietra, um rico fazendeiro peruano que mora em São Paulo. Macunaíma e os seus irmãos vão para a grande cidade recuperar a muiraquitã.
Piaimã
Os irmãos descem o Araguaia para chegar em São Paulo com um barco cheio de cacau, a moeda corrente na época.
Ao chegar na cidade, eles descobrem que o cacau não tem tanto valor e que Venceslau Pietro Pietra é também o Piaimã, o gigante comedor de gente.
Macunaíma vai até a rua Maranhão, na casa do gigante, para tentar recuperar a muiraquitã. Entretanto, acaba morto pelo gigante e picado para ser cozido em uma polenta. Seus irmãos conseguem recuperá-lo e revivem o herói.
A francesa e o gigante
Após a tentativa frustrada, Macunaíma se veste de francesa para tentar enganar Piaimã, contudo, o gigante quer “brincar” com a francesa em troca
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da muiraquitã. Com medo de ser descoberto, o herói foge de Venceslau por todo o território brasileiro.
Macumba
Com duas tentativas frustradas, o herói vai até o Rio de Janeiro procurar um terreiro de macumba. Lá, Macunaíma pede para Exu maltratar o gigante, a entidade consente e o herói dá uma sova em Piaimã.
Vei, a Sol
No Rio de Janeiro, Macunaíma ainda tem mais algumas aventuras. No final delas, encontra Vei, a Sol. A deusa queria que o herói casasse com alguma de suas filhas, e pede para ele não sair "brincando" com outras mulheres.
Macunaíma promete não fazer nada, porém, quando Vei sai com suas filhas, o herói encontra uma portuguesa e vai “brincar” com ela.
Carta pras Icamiabas
De volta a São Paulo, o herói manda uma carta as amazonas pedindo mais dinheiro. Conta como vai a vida na cidade e sobre as mulheres que “brincam” com ele em troca de dinheiro.
A carta é escrita em linguagem extremamente formal, uma crítica ao paulistano que fala em uma língua e escreve em outra.
Pauí-pódole
Piaimã está de cama devido à surra que ele levou da macumba e esconde a muiraquitã deitando em cima dela.
Macunaíma não tem possibilidades de recuperar a pedra, então ele resolve se dedicar ao estudo das duas línguas de São Paulo, o português escrito e o brasileiro falado.
A velha Ceiuci
Macunaíma quer enganar os irmãos e diz que viu rastro de caça no centro de São Paulo. Os irmãos acreditam e os três vão para a frente da bolsa de valores caçar. Uma confusão é armada e até a polícia aparece e tenta prender o herói, que consegue fugir.
Depois ele vai pescar no mesmo lugar que a esposa do gigante, a Ceiuci, que também é canibal. Ela captura o herói e o leva à casa para ser servido no jantar. Macunaíma é resgatado pela filha da canibal, “brinca” com ela e depois foge. Segue uma perseguição por toda a América do Sul entre Ceiuci e o herói, que consegue escapar.
Tequeteque, chupinzão e a injustiça dos homens
Venceslau viaja para a Europa com a sua família e Macunaíma fica sem a chance de recuperar a muiraquitã. O herói quer ir para o velho continente para recuperar a muiraquitã. Para não gastar todo o dinheiro que tinha, ele se transforma em pintor.
Macunaíma decide ir ao parque pintar e é enganado por um golpista, ficando sem dinheiro. Quando volta para casa, descobre que já há muitos pintores indo para a Europa, então o governo não vai pagar a sua viagem.
A piolhenta do Jiguê
Macunaíma está doente e de cama. Seu irmão, Jiguê, tem uma nova namorada, e Macunaíma também "brinca" com ela.
Jiguê descobre e tenta impedir que ela passe tempo com seu irmão e a manda caçar piolho. Macunaíma arranja uma forma de ficar com ela. Seu irmão então resolve mandá-la embora.
Muiraquitã
O gigante Piaimã volta para São Paulo e Macunaíma está disposto a matá-lo para recuperar o talismã. O herói vai à casa de Venceslau, que tenta enganá-lo. Contudo, o herói é mais esperto, reverte a situação e o mata. Piaimã acaba no molho de uma macarronada e Macunaíma recupera a muiraquitã.
A pacuera de Oibê
Macunaíma e seus irmãos estão voltando para o Amazonas. No meio do caminho, eles param para Macunaíma pegar Irique, que já tinha sido a companheira de seu irmão Jiguê. Eles “brincam” muito no caminho até que o herói se lembra de dormir em terra firme.
Macunaíma vai para a terra e encontra um monstro. Na fuga, descobre uma bonita princesa, volta com ela para o barco e segue viagem deixando Irique com muitos ciúmes.
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Uraricoera
Todos estão de volta à Aldeia. Enquanto os irmãos saem para caçar e pescar, Macunaíma passa o dia descansando. Seu irmão Jiguê fica muito incomodado, os dois tem uma desavença e, para se vingar, Macunaíma envenena um anzol.
Seu irmão fica muito doente e vai sumindo até virar uma sombra envenenada. A sombra quer se vingar de Macunaíma, o impede de comer e, quando o herói está com muita fome, ela se transforma em comida para o envenenar.
Macunaíma acha que vai morrer e resolve passar a doença para o maior número de animais possíveis para não morrer sozinho. No final, ele se cura por ter passado o veneno para tantos outros bichos.
A sombra Jiguê acha o irmão muito inteligente e, com saudades da família, volta para casa, come a cunhada princesa e o irmão Maanape. Macunaíma consegue enganar a sombra envenenada e escapa.
Ursa maior
O herói agora está sozinho e com fome, pois não há ninguém para caçar ou pescar por ele. A casa também está caindo e Macunaíma tem que abandoná-la.
Na mata, ele sofre de calor e de vontades, e procura uma água gelada para se refrescar. Depara-se com uma dona muito bonita, que na verdade é a Uiara. O herói não resiste e entra na água.
Após uma luta, ele consegue fugir, mas perde novamente a muiraquitã. Sozinho e sem o talismã, Macunaíma resolve subir aos céus e virar estrela.
Epílogo
Este capítulo apresenta o narrador. Ele conta que todos que sabiam da história já estavam mortos e que ele tomou conhecimento da mesma por meio de um pássaro.
Mário de Andrade e o Modernismo
Mário de Andrade foi um dos intelectuais brasileiros mais importantes do século 20. Era poeta, romancista, cronista, musicólogo, fotógrafo e pesquisador do folclore brasileiro.
Teve contato pela primeira vez com o modernismo na exposição de arte de Anita Malfatti. Ao conhecer Oswald de Andrade, passou a ser influenciado pelo movimento modernista.
Mário de Andrade se juntou ao "grupo dos cinco" e passou a fazer parte da vanguarda da arte brasileira. O ano chave para Mário de Andrade e para a cultura brasileira foi 1922. Naquele ano, ele colaborou com a revista Klaxon, participou da Semana de Arte Moderna e lançou um dos seus principais livros, o Paulicéia Desvairada, que se
tornou um marco para a literatura brasileira moderna.
Enquanto na Europa nasciam diversas vanguardas artísticas que defendiam a liberdade de criação, no Brasil o parnasianismo era a escola literária mais influente. Os parnasianos pregavam uma poesia metrificada, com rimas ricas e temas que contemplassem o belo.
Mário de Andrade, que era influenciado pelas vanguardas, se tornou um grande crítico do movimento parnasiano. Ele não queria apenas copiar o que era feito na Europa, e sim usar os conceitos das vanguardas europeias para criar uma literatura nacional.
Ele defendeu esta posição no Prefácio Interessantíssimo, uma espécie de manifesto
onde reafirma o uso de versos sem métrica, sem rima, e uma linguagem mais simples e próxima do português falado no Brasil. Neste texto, Mário de Andrade também critica as regras rígidas e a linguagem difícil do parnasianismo.
Macunaíma foi o principal livro de Mário de Andrade. Nele estão todos os preceitos que defende. A narrativa é fluída e com muita liberdade, está cheia de elementos nacionais e de palavras originárias do Brasil. Mário conseguiu usar de fato as vanguardas europeias para criar
uma literatura nacional.
Sobre o filme Macunaíma
Macunaíma foi adaptado para o cinema em 1969 por Joaquim Pedro de Andrade. O filme é considerado um dos pioneiros do movimento Cinema Novo.
Por detrás da comicidade existe uma temática e uma linguagem audiovisual que buscam representar a obra de Mário de Andrade e as suas intenções no cinema.
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O filme foi muito elogiado pelo público e pela crítica. Como o livro é cheio de ações, a adaptação para o cinema não é totalmente fidedigna, porém a releitura do cineasta Joaquim Pedro de Andrade tem êxito em transmitir a
essência da obra de Mário de Andrade.
Sobre o autor Mário de Andrade
Mário de Andrade foi escritor, musicólogo e pesquisador do folclore brasileiro.
Nasceu em São Paulo, em 1893, e faleceu em 1945. Viajou por todo o Brasil para estudar o folclore nacional. Macunaíma é uma obra cheia de referências à cultura popular brasileira e é o resultado das pesquisas de Mário de Andrade.
Ele também foi um dos idealizadores da Semana de Arte Moderna de 1922, o evento promoveu uma quebra da estética clássica e inaugurou o modernismo no Brasil. Também participaram da Semana grandes nomes da cultura brasileira como Heitor Villa-Lobos, Anita Malfatti, Di Cavalcanti e Oswald de Andrade.
Seus livros de destaque são Macunaíma, Paulicéia Desvairada e Amar,
Verbo Intransitivo.
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Auto-avaliação da aprendizagem
1. Como você avalia a sua aprendizagem do Objeto de Conhecimento (Conteúdo) deste Roteiro de Estudo?
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( ) Estudei e entendi parcialmente o conteúdo;
( ) Estudei e não compreendi o conteúdo.
( ) Não estudei o conteúdo, apenas respondi as atividades.
2. Justifique sua resposta da pergunta anterior evidenciando suas dificuldades.
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