Rosacruz Mas Não Praticante

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http://imaginariodomario.blogspot.com.br/2012/09/sim-sou-rosacruz-mas-nao-praticante.html Page 1 of 4 May 23, 2015 05:21:24PM MDT Texto original blogspot.com.br Multi pertransibunt et augebitur scientia (Muitos passarão, e o conhecimento aumentará). Quando eu era mais jovem,lá pelos idos dos anos 60 do século passado, havia uma frase que eu ouvia constantemente no ambiente católico. A frase era "sou católico, mas não praticante." Na minha ingenuidade filosófica da infância a frase fazia todo o sentido. Eu a entendia como alguém que acreditava em Deus, mas que raramente ia aos cultos da Igreja, que não tinha o hábito de tomar a comunhão aos domingos, e que até usava uma expressão depreciativa quanto àqueles que eram, digamos, mais assíduos e dedicados aos aspectos formais de sua crença, cognominando-os de "papa-hóstia". Eram católicos que achavam suficiente dizerem-se católicos, e com isso teriam cumprido com suas obrigações de escolher uma cor e uma bandeira em uma época em que as pessoas precisavam deixar claras as suas opções tanto políticas como religiosas. Era uma época intelectualmente mais primária, onde as pessoas achavam que eram o que eram, onde não havia nuances de cores entre o vermelho e o púrpura, tudo era preto ou branco. Ser católico era, por assim dizer, como torcer pelo clube de futebol, aonde nunca se pisou, do qual não se é sócio, aos jogos do qual não se vai, mas pelo qual se discute e se briga de acordo com o resultado. Esta situação ainda perdura nos dias de hoje. Existem pessoas que se dizem algo apenas para parecer ser este algo que se dizem ser. Na verdade não dedicaram sua vida, seu espírito, seu tempo, o bem mais precioso de nossas vidas, o mais fugidio, a se envolver com os aspectos íntimos desta opção filosófica ou religiosa, ou por falta de paixão, ou por falta de convicção, mas com certeza por falta de coragem não admitem que sua ligação com este grupo a que dizem pertencer é falsa, ou extremamente instável, podendo se desfazer a qualquer momento, bastando para isso um simples empurrão. Minha querida amiga Diva Ogeda tinha uma frase de impacto com a qual classificava a filiação rosacruz e principalmente a vida do místico. Dizia ela, com aquela veemência que lhe era característica, que "misticismo era pra se tomar na veia". Penso da mesma forma. Toda minha vida tenho me dedicado a compreender sinceramente a prática rosacruciana, a estudar as milhares de facetas do conhecimento místico rosacruz, e embora algumas pessoas me achem um erudito, sei por auto crítica sincera, que muita coisa ainda não domino, e muito falta para que eu possa dizer-me um conhecedor profundo do Universo de informações que AMORC me transmitiu ao longo destes 37 anos de filiação. É a exata consciência de minhas deficiências culturais místicas, que não são apenas intelectuais, mas práticas, que me faz mais e mais querer aprender e estudar os textos aos quais fui exposto todo este tempo.

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A importância da prática e estudo das monografias da AMORC.

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    Texto original blogspot.com.br

    Multi pertransibunt et augebitur scientia (Muitos passaro, e o conhecimento aumentar).

    Quando eu era mais jovem,l pelos idos dos anos 60 do sculopassado, havia uma frase que eu ouvia constantemente no ambientecatlico.A frase era "sou catlico, mas no praticante."Na minha ingenuidade filosfica da infncia a frase fazia todo osentido. Eu a entendia como algum que acreditava em Deus, mas queraramente ia aos cultos da Igreja, que no tinha o hbito de tomar acomunho aos domingos, e que at usava uma expresso depreciativaquanto queles que eram, digamos, mais assduos e dedicados aosaspectos formais de sua crena, cognominando-os de "papa-hstia".Eram catlicos que achavam suficiente dizerem-se catlicos, e com

    isso teriam cumprido com suas obrigaes de escolher uma cor e uma bandeira em uma pocaem que as pessoas precisavam deixar claras as suas opes tanto polticas como religiosas.Era uma poca intelectualmente mais primria, onde as pessoas achavam que eram o que eram,onde no havia nuances de cores entre o vermelho e o prpura, tudo era preto ou branco.Ser catlico era, por assim dizer, como torcer pelo clube de futebol, aonde nunca se pisou, doqual no se scio, aos jogos do qual no se vai, mas pelo qual se discute e se briga de acordocom o resultado.Esta situao ainda perdura nos dias de hoje.Existem pessoas que se dizem algo apenas para parecer ser este algo que se dizem ser. Naverdade no dedicaram sua vida, seu esprito, seu tempo, o bem mais precioso de nossas vidas,o mais fugidio, a se envolver com os aspectos ntimos desta opo filosfica ou religiosa, oupor falta de paixo, ou por falta de convico, mas com certeza por falta de coragem noadmitem que sua ligao com este grupo a que dizem pertencer falsa, ou extremamenteinstvel, podendo se desfazer a qualquer momento, bastando para isso um simples empurro.Minha querida amiga Diva Ogeda tinha uma frase de impacto com a qual classificava a filiaorosacruz e principalmente a vida do mstico. Dizia ela, com aquela veemncia que lhe eracaracterstica, que "misticismo era pra se tomar na veia".Penso da mesma forma.Toda minha vida tenho me dedicado a compreender sinceramente a prtica rosacruciana, aestudar as milhares de facetas do conhecimento mstico rosacruz, e embora algumas pessoasme achem um erudito, sei por auto crtica sincera, que muita coisa ainda no domino, e muitofalta para que eu possa dizer-me um conhecedor profundo do Universo de informaes queAMORC me transmitiu ao longo destes 37 anos de filiao.

    a exata conscincia de minhas deficincias culturais msticas, queno so apenas intelectuais, mas prticas, que me faz mais e maisquerer aprender e estudar os textos aos quais fui exposto todo estetempo.

    Em nenhum momento, no entanto quis outra vida que no fosse essa.

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    Em nenhum momento, no entanto quis outra vida que no fosse essa.Tenho uma enorme paixo pelo rosacrucianismo e se cometer algumerro em relao esta tradio que tanto prezo ser por excesso eno por falta.O trabalho rosacruz solitrio, de compreenso pessoal, individual. necessrio ler muito, sim, mas preciso tambm meditar sobre oque se leu, deixar que os conhecimentos decantem em nosso esprito,que nossa memria seja reavivada acerca de coisas que j sabemos,mas que fomos forados pela educao religiosa e laica, esquecerou a negar.Praticar rosacrucianismo relembrar. acordar pouco a pouco de uma iluso, forte, densa, como um sonho

    intenso que nos acompanha por alguns minutos depois que j abrimos os olhos.Por tudo isso, e pelo privilgio de ter conhecido rosacruzes to apaixonados e muito maiscapazes do que eu, como Diva Ogeda e Reginaldo Leite, ou mesmo a minha iniciadora, hoje aos80 anos, Abadia Caparelli, uma sror provavelmente annima para muitos, como outras tantas,mas respeitada at por Maria Moura, que me entristece tanto ver, entre meus frateres esorores, a perplexidade diante de exposies as mais banais, como se estivessem tendocontato com estas noes rosacrucianas fundamentais pela primeira vez, (que no umaimpresso mas realmente o que ocorre), noes e conceitos que j deveriam estar cansados deestudar.Parte do meu trabalho pela minha Ordem dar palestras que acabam em debates e conversasmuito mais enriquecedoras que as palestras em si.E qual no a minha estranheza em ver perguntas ou colocaes que contrastam com a idiarosacruz de mundo.Como modelo, apenas para retirar o carter abstrato deste raciocnio, vejamos a questo damorte e do morrer.Os rosacruzes no so obrigados a crer em qualquer coisa que a Ordem lhes diga, pelocontrrio, o esforo da Rosacruz no intuito de criar livres pensadores, pessoas capazes deinterpretar a si mesmo e a criao a partir de valores e crenas absolutamente pessoais econstrudas durante anos de reflexo e meditao.Se a Ordem tem uma hierarquia administrativa, por necessidades absolutamenteorganizacionais, no plano mstico ela profundamente anrquica, de forma que todas as mentescolaboram, em igual nvel de esforo, embora no no mesmo nvel de profundidade, para aconsecuo de um acervo cultural comum.A Rosacruz o que so os rosacruzes.E consenso entre a maioria de ns, que a vida eterna, que somos seres espirituais,emanados de Deus, portanto feitos da sua prpria natureza divina e portanto, eternos; quenossa experincia na carne temporria, que nossos corpos sofrero uma decomposionatural com o tempo, e que ao terminar o tempo deste corpo, fluiremos para outra experinciaem outro corpo, em outra identidade aparente.Mesmo assim, vejo tristeza nas funes fnebres rosacrucianas, que deveriam ser acomemorao pela Grande Iniciao. como se fossemos catlicos enterrando seus mortos,chorando por aqueles que realmente acreditamos que morreram, mesmo que nesta religio amais impressionante mensagem de seu fundador, o Cristo, Jesus, tenha sido a da ressurreioe da Vida Eterna.Rosacruzes no so seu corpo, sabem disso. Mesmo assim no se desfazem dele sem apego.

    Vejo nos rostos de meus irmos o mesmo materialismo e a mesma subservincia a valores no

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    Vejo nos rostos de meus irmos o mesmo materialismo e a mesma subservincia a valores noiniciticos que em pessoas que no iniciadas.Mesmo considerando que uma iniciao apenas isto, o incio de uma caminhada, e que existenecessidade de tempo para que a mente e suas convices sejam transformadas, estranho verentre rosacruzes um comportamento to pouco mstico.Um outro exemplo o caso da sade.Todo mstico sabe que o incio de um estado de sade a serenidade interior. A vida biolgica,para o mstico rosacruz, escrava da vida mental, dos pensamentos, das convices e receiosque uma pessoa possa ter em relao ao seu corpo. Todo um grau da Ordem, o sexto, dedicado ao estudo da sade e da aplicao de tcnicas para melhor-la e mant-la bem.Espera-se que um iniciado, ciente disso, no tenha ansiedades a respeito de sua sade, j que,em funo de sua formao incitica saber vencer seus receios fsicos com seusconhecimentos esotricos e com suas convices espirituais, e sua confiana no poder sertamanha e to intensa que nada poder tirar-lha a felicidade de desfrutar a vida no corpo pelotempo que o Altssimo determinar. Mesmo assim, testemunho casos de irmos, e no sopoucos, dilacerados por problemas de sade, s vzes banais, outras vzes nem tanto, e comuma qualidade de vida mental abaixo daquela que se esperaria para um rosacruz, digamosassim, praticante. Houve certa feita at um artigo em "O Rosacruz", j no me lembro em qual,em que um irmo perguntava, no ttulo, "porque existem tantos rosacruzes doentes?".Sempre comentamos na Ordem que nossa maior propaganda deve ser a nossa felicidade empertencermos Ordem e em desfrutarmos dos conhecimentos por ela proporcionados. Se noentanto, encontramos tantos irmos tristes e doentes, e com medo da transio, h de seperguntar o que est ocorrendo.A primeira concluso, a mais bvia, que , embora sejam membros de AMORC, esses irmosesto na mesma situao daqueles catlicos que citei no incio deste ensaio.Se respondessem com sinceridade a pergunta : "Voce um estudante rosacruz?", sua respostadeveria ser, "Sim, sou rosacruz, mas no sou praticante."Isso significa que, embora frequentando corpos afiliados, o que em si no fala a favor de seuenvolvimento com o conhecimento da Ordem, embora pagando em dia suas mensalidades, nopodendo ser assim caracterizados como inativos, estes estudantes no tem empregado comfrequncia seus ensinamentos, ou mesmo talvez no tenham feito de maneira constante seusestudos. A regularidade do sanctum no lar est entre elas, mas no a nica. As monografiasrecebidas precisam ser lidas, e quanto a isto, temos tido, como Organizao, no comoInstituio, uma atitude tolerante em demasia.Provavelmente, ao deixar as pessoas sem nenhum tipo de cobrana quanto ao desempenho deseus estudos, sem nenhuma contrapartida ao recebimento dessas monografias, como um testede verificao de conhecimento que travasse o envio de monografias at que fosse enviado, oua necessidade de trabalhos que demonstrassem a proficincia nos assuntos discutidos naquelamonografia ou naquele grau como condio para ascender a graus mais altos, estamoscultivando uma legio de "rosacruzes no praticantes", frateres como um que testemunhei aoabrir um pacote de monografias dizer, com ar irnico:"-Deixa eu ver em que grau estou agora." preocupante.Mudar este modus operandi implica em reformular todo o nosso departamento de instruo. Jli textos de irmos que defendem a tese de que a Ordem no um curso por correspondncia.No concordo. Tanto que a base de nossos trabalhos o recebimento pelo correio, emodernamente, em algumas jurisdies, pela internet, de textos sobre temas especialmenteelaborados para serem objeto de estudo e reflexo. Isto caracteriza um "Curso de Ensino a

    Distncia", como qualquer outro, mesmo que nossos temas e assuntos sejam de uma

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    Distncia", como qualquer outro, mesmo que nossos temas e assuntos sejam de umaprofundidade muitas vzes maior. O estranho que, considerando a dificuldade e aprofundidade dos temas que discutimos em nossas monografias, no exista nenhumacompanhamento do grau de progresso ao menos intelectual nesses estudos, j que oprogresso espiritual em si seria impraticvel acompanhar.No quero ver mais a surpresa nos auditrios que frequento como palestrante e facilitador dedebates no ambiente da Ordem. Meus Irmos (Frateres) e minhas Irms (Srores), precisamreceber uma ateno maior, do ponto de vista administrativo, quanto ao progresso em seusestudos, para termos mais claro se aquilo que estamos enviando para suas casas tem sidorealmente lido e estudado. Claro que vamos precisar de um departamento de instruo maior etalvez , mais computadores conectados de forma que, atravs do Skype, um programa gratuito,possa se tirar dvidas com educadores rosacruzes em tempo real, na Grande Loja ou naSuprema Grande Loja, j que a Internet tornou a distncia absolutamente desprezvel.Talvez com isso possamos evitar a disseminao de "rosacruzes, no praticantes" no seio denossa, como costumamos dizer, Amada Ordem, pelo menos por causa deste mesmo amor esta Instituio que sempre dizemos ter, lembrando que Amar no apenas dizer-se que seama, mas sim agir pelo bem do Ser Amado, seja ele uma pessoa ou uma Instituio.J tarda uma interveno e uma mudana operacional no nosso modelo educacional.