ROLAGEM AUTOMÁTICA Com a beleza da floresta, com a grandeza dos rios, a Amazônia tece a festa de...

10
ROLAGEM AUTOMÁTICA

Transcript of ROLAGEM AUTOMÁTICA Com a beleza da floresta, com a grandeza dos rios, a Amazônia tece a festa de...

Page 1: ROLAGEM AUTOMÁTICA Com a beleza da floresta, com a grandeza dos rios, a Amazônia tece a festa de lendas em fios. Nem a noite, nem o dia, nem o sol, nem.

ROLAGEM AUTOMÁTICA

Page 2: ROLAGEM AUTOMÁTICA Com a beleza da floresta, com a grandeza dos rios, a Amazônia tece a festa de lendas em fios. Nem a noite, nem o dia, nem o sol, nem.

Com a beleza da

floresta,

com a grandeza dos rios,

a Amazônia tece a festa

de lendas em fios.

Nem a noite, nem o dia,

nem o sol, nem o luar,

coisa alguma existia,

que os fizesse separar.

Aonde um ia o outro ia,

como sombras a namorar.

Page 3: ROLAGEM AUTOMÁTICA Com a beleza da floresta, com a grandeza dos rios, a Amazônia tece a festa de lendas em fios. Nem a noite, nem o dia, nem o sol, nem.

Partiram um dia,

para nunca mais voltar.

Junto ao que lhes pertencia,

os que saíram a procurar,

viram os dois a se amar,

encantados num Tambatajá

encantados num Tambatajá.Ele, taulipang, ela,

macuxi.

Ela, Acami, ele, Uiná.

Amor que venceu a morte

e renasceu no Tambatajá,

amor que venceu a morte

e renasceu no Tambatajá,

Page 4: ROLAGEM AUTOMÁTICA Com a beleza da floresta, com a grandeza dos rios, a Amazônia tece a festa de lendas em fios. Nem a noite, nem o dia, nem o sol, nem.

IMAGENS:amazonianossaselva.com;azafi.blogspot.com; eportalamazonia.globo.

A seguir, o artigo “A Lenda do Tambatajá” complementa a canção “Tambatajá”.

Caso seja de interesse é só utilizar o “ratinho”

Page 5: ROLAGEM AUTOMÁTICA Com a beleza da floresta, com a grandeza dos rios, a Amazônia tece a festa de lendas em fios. Nem a noite, nem o dia, nem o sol, nem.

OS TAJÁS, AMULETOS DO AMOR

O caboclo amazônico tem para sua contemplação a pujança e a beleza da floresta. Assim, nada mais natural que encarnasse seu imaginário em árvores e plantas bem como atribuísse às mesmas poderes sobrenaturais.

Não é apenas pelo seu feitio decorativo que os tajás são festejados na Amazônia como planta de estimação. No vocabulário botânico são conhecidas como tinhorões ou calúdios.

Mais do que graça e beleza os tajás possuem segredos e mistérios que só a alma cabocla entende e aprecia.

Page 6: ROLAGEM AUTOMÁTICA Com a beleza da floresta, com a grandeza dos rios, a Amazônia tece a festa de lendas em fios. Nem a noite, nem o dia, nem o sol, nem.

O Tambatajá, palavra derivada do tupi – Tãbata’ya – é uma trepadeira vertical das matas úmidas. O verde é brilhante. Na parte inferior de suas folhas maiores, têm outra folha menor, com interior às vezes avermelhado.

São de grande variedade no Brasil: tajá preto; tajá-panema; tajá-embá; tajabeda; tajapeba; tajá-pinima; tajá-pintado; tajá-vermelho; tajá-puru; tajá-piranga; tajá-de-sol; tajá-membeca etc.

Aos tajás correspondem atributos. Por exemplo, quem carrega uma raiz de tajá-puru garantirá muita sorte e sucesso na caça e na pesca.

O tajá é visto em profusão nas casas de Belém e Manaus e espalha-se pelas habitações de todo o interior, graças aos poderes secretos que lhe emprestam os mestres da pajelança local.

O tajá para ter poderes, precisa passar por uma preparação de acordo com a finalidade almejada. Normalmente, deve ser regado todas as sextas-feiras de lua nova ou cheia.

Os que conhecem a lenda do Tambatajá sabem a narrativa do surgimento dessa planta e o porquê da população amazônica ribeirinha creditá-la como amuleto do amor.

Page 7: ROLAGEM AUTOMÁTICA Com a beleza da floresta, com a grandeza dos rios, a Amazônia tece a festa de lendas em fios. Nem a noite, nem o dia, nem o sol, nem.

Em virtude dessa crença o caboclo da Amazônia costuma cultivar esta curiosa planta, atribuindo-lhe poderes místicos. Um deles, por exemplo, é que se em determinada casa a planta crescer viçosa e com folhas exuberantes, trazendo no seu verso a folha menor, é sinal que ali existe muito amor; mas se nas folhas grandes não existirem as pequeninas, então o amor não está presente naquele lar. Por outro lado, se porventura a planta apresentar mais de uma folhinha em seu verso, é sinal de que então existe infidelidade entre o casal.

A LENDA

A lenda do Tambatajá é sobre o amor entre índios de tribos inimigas.

Existia, certa vez, um casal de índios tão apaixonados como nunca houvera naquela região. Uiná, belo e corajoso guerreiro da tribo Taulipang e Acami, linda cunhã da tribo Macuxi.  Acontece que as duas tribos eram inimigas, o que tornava o amor impossível. Entretanto, os jovens índios enfrentaram os costumes, porque seu amor era muito maior que preconceitos.

Page 8: ROLAGEM AUTOMÁTICA Com a beleza da floresta, com a grandeza dos rios, a Amazônia tece a festa de lendas em fios. Nem a noite, nem o dia, nem o sol, nem.

Praticamente expulsos de suas tribos, foram morar do outro lado do rio Tucutu, onde viviam uns parentes do índio. E nunca se separavam: se ele ia pescar, ela ia também; se ela ia banhar-se, ele ia também, se ele ia para a roça ou caçar, ela ia também.

Mas a felicidade do casal não iria durar muito. Acami ficou grávida e seu filho nasceu morto. Ficou tão fraca que não conseguia caminhar direito, até o dia em que não conseguia mexer as pernas. Uiná então recolheu talos de palmeiras e gravetos e fez uma espécie de maca. Todo o dia amarrava Acami à maca e a carregava em suas costas onde quer que fosse.

Certo dia saíram pelo campo e não voltaram. Alguns foram à procura do casal e, só depois de muitos dias, encontraram: o arco, as flechas e o perequeté (sandália usada pelos índios para andar nas matas) do índio: a tanga, os brincos e as pulseiras da índia.

Entretanto, também ao redor desses pertences, encontraram moitas de um verde brilhante que jamais haviam visto.

Page 9: ROLAGEM AUTOMÁTICA Com a beleza da floresta, com a grandeza dos rios, a Amazônia tece a festa de lendas em fios. Nem a noite, nem o dia, nem o sol, nem.

Do corpo da índia e do companheiro, teria nascido aquela planta. Era o Tambatajá. Suas folhas eram duplas, em cima, a folha maior, representando Uiná e sob ela, uma folha menor, no formato de um órgão sexual feminino, representando Acami.

Foi assim que nasceu o Tambatajá. A população amazônica ribeirinha acredita que a planta age como amuleto do amor

O Tamabatajá é o real, é o concreto dessa lenda do amor impossível de ser superado, quer na vida ou na morte.

Um amor que, como a planta Tambatajá, é mortal, mas, ao mesmo tempo, é imortal, porque continua renascendo.

Uiná e Acami não morrem. Transfiguram-se ao renunciarem à vida, para gerar o Tambatajá. Planta que nasce e renasce em sucessivos rebrotar.

A representação do amor pelo Tambatajá não é de uma figura isolada de homem, ou de mulher, mas a reunião do casal numa unidade.

Page 10: ROLAGEM AUTOMÁTICA Com a beleza da floresta, com a grandeza dos rios, a Amazônia tece a festa de lendas em fios. Nem a noite, nem o dia, nem o sol, nem.

Mais do que o amor rebelde de Romeu e Julieta separados pela morte, os amantes indígenas dessa lenda amazônica encarnam um amor que vence a morte.

Uiná e Acami não morreram ,vivem para sempre encantados no Tambatajá.

FONTES:

Livro - "Cultura Amazônica " – de João de Jesus Paes Loureiro; e alguns sites , destacando-se Wikipédia.