Rogers Liberdade Aprender Pedagogia

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psicologia, educação, liberdade, ensino, aprendizagem.

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  • UMA visAo DE COMO AEDUCAAO DEVE VIR A SER

    UBERDADE PARA APRENDERestante de psicelegia

    TEORIAS DA ADOLESCNCIA- Rolf E. Muuss

    INFANCIA E ADOLESCNCIA- Stone e Church

    fl ROgers

    LIBERDADE PARA APRENDER- Carl Rogers

    LUDOTER A P I A - Virginia MaeAxline Segunda Edio

    TRADUCAo

    Prximos LanamenlOS:

    Edgar de Godi da Mata Machado

    Marcio Paulo de Andrade

    0 HOMEM E AClNCIA DO HOMEM - Coulson e

    Rogers

    PSICOTERAPIAE RELAOES HUMANAS- Carl Rogers e G. Marian Kinget

    SUPERVISA0 TCNICA:

    01ST R I BU I A 0:

    PR A I A GR A NDEo"'.,i.."dey

    Ps

    candagia

    da UFMG

    OlgTRIBUIDORA DE UV808,LTDA.

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  • zao funcione, sob a "Teoria Y" e de uma pseudo-maneira. Na deter.minao das condies a vigorar numa sala de aulas, a autenticidade, talvez, o mais importante componente do xito. Se o administradors pode assegurar pequena parcela de liberdade aos membros da suaorganizao, deve ser completamente claro a resp3ito do controle quepretende exercer sobre os setores restantes das atividades de todos.Foi, pelo mEROS, O que me ensinou a penosa experincia do meu insu-cesso.

    CONCLUSOUm administrador educacional pode agir de modo adaptvel a to-

    da a nossa maneira de encarar o tema deste livro. Pode operar de mo.do a envolver os seus auxiliares, como participantes, a utilizar o conhe- UUTIG Grigcimento e as aptides destes, a levar em conta a bsica tendncia hu-mana para a aprendizagem e a auto-realizao. Fazer isso no fcile a medida em que se pode alcanlo depende, fundamentalmente,da RAMIFICAES FILOSFICASatitude do administrador. Contudo, vale a pena o risco, uma vez que sdesse modo se utilizard a estimulante pot3neialidade do grupo para le- E SOBRE VALORESvar avante a organizao - e os membros que a constituem.

    REFER2NCIASGORDON, T. - Group-centered leadership. Boston: Houghton Mif-

    flin, 1955.MCGREGOR, D.M. - The human side of enterprise. In W.G. Ben-

    nis, K. D. Benne, & R. Chin (Ed.) - The planning of change.New York: Holt, Rinehart & Winston, 1961, Pp. 442431. (Origina-riamente, palestra no Massachusetts Institute of Technology,1957).

    ROGERS, C. R. - Some implications of client - centered counselingfor college personnel work. Educational & Psychological Measu-rement, 1948, B, 540-549.

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  • INTRODUO

    J se ter evidenciado, claramente, que a orientao que permelaeste livro no uma tcnica nem un1 mtodo de facilitar a aprendiza-gem. Toda a considerao do nosso tema situa-se, obviamente, numcontexto pessoal, contexto filosfico e de valores, numa visualizaodo objetivo de desenvolvera pessoa hturana. Creio que isso ficou im-p11cito ao longo da obra. Parece-me, porm, interessar ao leitor que sefaam explcitos esses elementos bsicos, de fundo.

    Assim, nesta quarta parte do livro, comearei por tentar expor osmeus pontos de vista mais fundamentais, sobre as pessoas e a capaci-dade que tm de viver e de estar em interrelacionamento.Exprimir-me-ei de um ngulo muito pessoal. O captulo que se segue apresenta umalinha de pensamento e de teoria quanto ao modo como o homem mo-derno, atuando num meio em constante mutao, com instituies quese esfacelam em torn dele, pode ainda encontrar e determinar os valo-res que lhe orientem a vida, neste mundo eminentemente existencial.O problema a enfrentar, logo aps, basicamente suscitado pelas cin-cias do comportamento: haverd isto a que se chama liberdade, paraseres humanos que, segtmdo a maior parte dos psiclogos, so inteira-mente condicionados pelo seu ambiente? O captulo final, desta quartaparte, encara questo raramente posta em relevo. Se o ponto de vistacompleto e a filosofia deste livro atingirem, com xito, a sua finalida-de, que espcie de pessoa emergird? Gostaremos de tal pessoa? Esco-lhe-la-emos para dela fazer o objetivo em direo do qual nos move-mos e pelo qual lutamos?

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  • Mas que tem a ver tudo isso com a educao? A educao, aosolhos da maioria, tem de cuidar de currculos, de mtodos, de adminis-trao, de ensino. Contesto-o com a afirmativa de que o educador deamanh, seja o mais humilde professor de um jardim de infncia ou oReitor de uma grande Univarsidade, terd de saber, ao nvel pessoal maisprofundo, que posio assumir perante a vida. A menos que tenha ver-dadeiras convices quanto ao modo pelo qual vir ao encontro dosseus valores, sobre que sorte de indivduos espera que emerjam da suaorganizao educacional, se est a manipular robs humanos ou a tra-tar com pessoas individuais livres, e que espcie de relacionamentoseesfora por estabelecer com essas pessoas, ter levado ao insucesso noapenas a sua profisso mas a sua cultura. Dispenso-me, assim, de justi-ficar as respostas que tento dar a essas questes to intensamente dis-cutidas. No peo ao leitor que concorde, pois algumas das minhas LO SER EM RELACIONAMENTOIdias esto longe de ser convencionais. S lhe peo que reflita, por simesmo, nesses problemas, at que saiba em que posio se coloca, eporque, pois os seus alunos eo seu pliblico o desafiaro, cada vez mais,a esse respeito. Este caPitulo a vcrso revista de uma palestra sumamentepessoal que fiz numa assemblia da American Personel and Gui-dance Association, em Dallas. Deixou-me utnito o fato de quemilliares de pessoas abarrotassem o auditrio, desde as 8,30 h. damanha (U, para ouvir uma palestra shre relacionamento inter-Pessoal. Creio que este captulo conlm muito de ynim mesmo eportantro, talvez contribua para a compreensv dos que o precedcme a ele se sceuem neste livro.

    Exatamente como foi espantoso, para mm, ter de encarar milha-res de rostos, em hora to matinal, experimento igual sensao, prxi-ma do pnico, todas as vezes que tenho de comear a escrever umnovo captulo. De que modo poderei estabelecer contato real com umamultido de leitores desconhecidos, sobre cuja formao, sobre cujasexpectativas e atitudes nada, absolutamente nada, sei? Tal preocupaoadquire especial profundidade,quando quero falar sobre relaes inter-passoais. No creio que um capitulo erudito, abstrato, promova essecontato. Alm disso, no desejo instruir meus leitores ou impressiond-los com o conhecimento que tenho sobre tal matria. No est no meupropsito dizerJhe o que voc deve ponsar, sentir ou fazer. Como enfrentar o dilema?A nica soluo que me ocorre que talvez eu possa dar algo demim mesmo, algo da minha experincia em relacionamentos interpes.soais, algo do que parea ser eu prprio, na comunicao com os ou-tros. No coisa fcil de fazer. Mas se eu conseguir isso, se puder206

    207

  • aquinho-lo com algo de mim mesmo, ento, penso que voc compre- em todas as cont: Jaes pessoais, que realmente ouo, parecem exis-ender o que eu falo ou me deixar a falar sozinho. Voce decidir se tir leis psicolgicas regulares, aspectos da impressionante ordem queisso tem alguma importncia para o seu trabalho, a sua carreira, a sua encontramos no e erso como um todo. H, assim, a um tEmpo, o pra-profisso, a sua vida. Sua reao poder ser esta: " exatamente o que zer de ouvir tal pessoa, em particular, eo sentir se numa espcieeu tenho sentido, o que tenho descoberto"; ou esta outra, igualmente de contato com o que universalmenteverdadeiroa

    od

    t raneen verrnuitoNdiferente Minha e

    o o claro,o rue il ao prazer de uvir uma pessoa, quero dizer,

    se derf r a sihmesmo, r aisoclaramenpte,nmais nitidamente o matizesadoa )ent sos n ce

    deess a tmae

    oo si i ofacilitar. numa mensagem q a parece no ter importncia maior, ouo um pro

    Assim, vou compartilhar com vocs a miscelnea de uma bagagemun oa se n or uma "scilael opsea splica" que jaz encoberta e

    de aprendizagens, coisas que aprendi ou estou aprendendo sobre esseA rendi as ,misterioso oficio de relacionar-me com outros seres humanos, sobre ec t deli

    sin.. a perguntar a mim mesmo: passo ouvir os sonscomunicao entre as pessoas. Vou dividir um pouco das minhas satis-

    dar esro ncirmamento do mundo ntimo de uma outra pessoa? Posso

    faes e dos meus descontentamentos, nessa rea. A razo por que cha. que ela me diz, fazer com que suas palavras reper-mo a isso um ofcio misterioso est em que quase nunca se consegue eu am, em mim, de um extremo ao outro, to profundamente,que sin-estabelec dca

    bablidna

    a

    aais

    e e

    lumi tee aemee tepa e a os significado que elg f ca os

    dede como

    ca1 nrnas gostaria de

    endido pelo outro; eu, tambm, no. No entanto, sinto-me extremamen- adolesceenseo, por exemplo, numa entrevista que tive com certo jovemte compensado quando sou capaz, num caso particular, de me comuni- centes de hoje,

    dia ravao ouvi h pouco tempo. Como tantos adoles-car verdadeiramentecom outrem. Acho preciosssimo quando, em cer- jetivos de e cie al

    ra-me ele, no incio da entrevista, que no tinha ob-to instante, s vezes, me sinto realmente aproximar-se, entrar em con maneira

    aindpamais 15 sa qe 11

    n r oguei sobre issoeudisse mentato intimo com outra pessoa. 90SSua um s, sequer. Indaguei-lhe: "No h nada que voc gostariade fazer?" "Nada... bem, sim, gostaria de continuar a viver." Lembro-GOSTO DE OUVIR me, muito nitidamente, do que senti, quele hora. Sua resposta roper-cutiu profundamente em mim. Ele estaria a dizer-me, simplesmente

    O primeiro sentimento, o mais simples, que eu quero, pois, com- que como todo o mundo, queria viver. Por outro lado, talvez estipartilhar com vocs, o prazer de realmente ouvir algum. Penso que vesse a afirmar, e isto me pareceu uma possibilidade bem evidente, quetalvez seja essa, de longa data, uma das minhas caractersticas. Lem. sob certo aspecto, a questo de viver ou no se tornara um problemabro me de que sou assim, desde os primeiros dias da escola primria. real, para ele. Tentei, assim, dar lhe repercusso, em todos os nveis.Uma criana fazia uma pergunta ao professor e este lhe dava resposta No sabia, ao certo, qual era a mensagem Queria, apenas, abrir-perfeitamentecorreta a uma pergunta completamente diferente. Vinha. me a todos os significados que sua afirmao pudesse ter, incluindorne sempre, um sentimento de pesar e de aflio. Minha reao era. a eventual hipotese de que, em certo instante, houvesse pensado, mesmo,"Mas o senhor no ouviu o que ele perguntou!" Sentia uma espcie de em suicidar se. No cheguei a formular isto, verbalmente. T-lo-ia as-desespero infantil ante aquela falta de comunicao que era (e ) to sustado, se o fizesse. Mas penso que o fato de me dispor a ser capazcomum. de ouvi10, em todos os nveis, constituiu, talvez, uma das razes porque se lhe tornou possvel dizer-me, antes de terminar a entrevista, queCreio saber por que me satisfaz ouvir algum. Quando realmente a certa altura, pouco antes, estivera a ponto de estourar os miolosposso ouvir algum, entro em contato com ele. Isto enriquece a minha Este pequeno episdio um exemplo do que significa, para mim, querervida. Ouvindo os outros, aprendi tudo o que sei sobre o indivduo, a ouvir, realmente, uma pessoa, em todos os nveis nos quais ela se esfor-personalidade, a psicoterapia e os relacionamentos mterpessoais. H a por comunicar-se,af, outro motivo peculiar de satisfao: quando ouo realmente Vejo, nas entrevistas terapeuticas e nas intensivas experinciasalgum, como se ouvisse a msica das esferas, pois, alm da mensa- de grupo que vieram a ter, para mim, grande significado, nos ltimosgem imediata da pessoa, seja qual for, h o universal, o geral. Ocultas anos, que ouvir traz consigo conseglincias. Quando ougo, verdadeira.208

  • mente, uma pessoa e apreendo o que mais lhe importa, em dado mo escrita alguma semanas, depois, ele inclulu este pardgrafo: "Quandomento, ouvindo no apenas as suas palavras, mas a ela mesma, e quam voltei (do nosso grupo), senti-me como se fosse uma jovem que sedo the fao saber que ouvi seus significados pessoais privados, mui houvesse deixado seduzir, mas ainda se maravilhava com a sensao detas coisas acontecem H, antes de tudo, uma aparncia de gra que era aquilo, exatamente, que queria e de que precisava! Ainda notido. A pessoa se sente libertada. Quer transmitir-me algo mais sobre sei bem quem foi o responsvel pela seduo - voce ou o grupo, ou seo seu mundo. Surge lhe novo senso de liberdade. Penso que se torna foi uma aventura de que todos participamos; suspeito que esta ltimamais acessvel ao processo de mudana. hiptese a certa. De qualquer forma, quero agradecer-lhe essa expe-

    Notei, muitas vezes, em terapia, assim como nos grupos, que, rincia intensamente significativa." Penso no exagerar afirmando quequanto mais profundamente posso ouvir os significados da pessoa, por nos havermos mostrado, muitos de ns do grupo, capazes de ouvi-tanto mais coisas ocorrem. Algo que vim a observar, quase univer. 10, autenticamente, ele se libertou da sua priso e veio a expandir-se,salmente, que, quando a pessoa verifica estar sendo ouvida, em pro- pelo menos at certo ponto, no ensolarado mundo de um caloroso relafundidade, os olhos se lhe umedecem. Vejo-a, na acepo quase real, a cionamento interpessoal.chorar de alegria. E como se dissesse; "Graas a Deus, algum me ou- GOSTO DE SER OUVIDOviu. Algum sabe como eu sou!" Em tais momentos, fantasiel a hipte Passemos a uma segunda aprendizagem que eu gostaria de com-se de um prisioneiro na sua masmorra, a dedilhar, dia aps dia, uma partilhar com o leitor. Aprazme ser ouvido. Certo nmero de vezes,mensagem em cdigo Morse: "Algum me ouve? Ha algum a? Pode em minha vida, problemas insoltiveis quase me faziam explodir de emo-algum ouvir-me?" Finalmente, certo dia, escuta uma tnue batidinha o, ou me vi a girar em torno de circulos tormentosos ou, porque ele soletra: "Siml" Essa resposta mmica o liberta da solido, ei-lo algum tempo, dominavam-me sentimentos de desvalia e desesperanaa se tornar, outra vez, um ser humano. H, hoje em dia, muita gente o que me dava a impresso de que estava a afundarme numa paique vive em crceres privados, gente que nada exterioriza do que tem cose. Penso que fui mais feliz que a maioria das pessoas, por encon-no seu Intimo, cujas tnues mensagens s com muito esforo se podem trar, nessas circunstncias, individuos que se mostravam capazes decaptar. Ouvir-me e, ento, de libertar-me do caos dos meus sentimentos. Tive aSe isso parece ao leitor sentimental demais ou um tanto exagera- sorte de encontrar pessoas aptas a ouvir as coisas significativas parado, gostaria de expor-lhe a experincia que tive recentemente, num gru- mim, com um pouco mais de profundidade do que eu prprio as conhe-po bsico de encontro, do qual participaram quinze pessoas de impor cia. Ouviam-me sem me julgar, me diagnostcar, me apreciar, me avaliar,tantes postos executivos. Logo nas primeiras sesses da semana Simplesmente ouviartme, esclareciam-me, respondiam-me, em todos osmuito intensas, podiu-se a todos que escrevessem alguma declarao nveis em que se situava minha capacidade de comunicar-me. Posso darsobre certo sentimento ou sentimentos que experimentassem e que o testemunho de que, quando a gente se acha em angstia psicolgicano quissessem transmitir ao grupo. Seriam declaraes anonimas e algum realmente nos ouve sem se por a julgar-nos, a querer respon-Algum escreveu: "No me relaciono facilmente com as pessoas. Te sabilizar-se por ns, a tentar moldar-nos, isso tremendamente hom.nho uma fachada quase impenetrvel. Nada me toca, interiormente, e Naquelas circunstncias, minhas tenses relaxaramse. Foi-me dado prnada transpira de mim. Reprimi tantas emoes que cheguel quase luz sentimentos alarmantes, de culpabilidade, de desespero, perturba-a uma completa esterilidade emocional. A situao no me agrada es que haviam sido parte da minha experincia. Se me prestam aten-mas no sei o que possa fazer." claramente, uma mensagem do o, se me ouvem, sou capaz de reassumir o meu mundo, de um modocrcere. Mais tarde, ao fim da semana, um membro do meu grupo novo, e ir para a frente. espantoso como sentimentos antes complese identificou como quem escravera a mensagem annima e esten' tamente apavorantes se tornam suportveis s porque algum nos deudeu-se em pormenor, sobre os seus sentimentos de isolamento e de ouvidos. Surpreende que o que parecia insolvel passe a solucionar-se,completa frieza. Sentia que a vida tinha sido to brutal, para com depos que uma pessoa nos ouviu; quantas confuses tidas como irreme-ele, que se vira forado a viver na maior insensibilidade, no s no diveis voltam a fluir em cursos relativamente lmpidos, quando algumtrabalho, como nas relaes sociais e, pior que tudo, at mesmo na compreendido. Foram-me profundamentepreciosos os momentos emfamlia. Ao desenvolver, gradualmente, maior expressividade, no gru- que experimentei estar sendo escutado de modo sensvel, emptico, in-po, sem o receio de ser ferido e dispondo se a compartilhar mais os tenso.sentimentos dos outros, ocorreu experincia compensadora para todos Agradou-me o fato de que, na poca em que necessitava, deses-ns que participvamos. peradamente, dessa espcie de ajuda, eu treinava e desenvolvia terapeu-Diverti-me e, ao mesmo tempo, me alegrei quando, numa carta tas, pessoas que recebiam o que lhes era devido, independentes, que na-21() 211

  • de temiam de mim e que se rnostravam capazes de me acompanhar ao no encontro receptividade nem compreenso. Chego a acreditar que dlongo de um perodo obscuro e agitado, durante o qual eu passava por tal experiencia que transforma certas pessoas em psicticas. Elas per.uma grande germinao interior. Tornou-se agudamente claro para deren a esperana de que algum as possa compreendere, perdida essamim que ao desenvolvermeu estilo de terapia para os outros, eu es, esperana, seu mundo interior, que se vai tornando cada vez mais ex-tava, sem dvida, em algum nvel inconsciente, desenvolvendo o tipo centrico, o nico lugar em que podem viver. J no podem partiUlarde ajuda que queria e poderia usar para mim mesmo. com ningum uma experincia humana. Simpatizo com elas, porque seique, ao tentar compartilhar algum aspecto sensvel, privado, precioso,experimental de mim mesmo, e essa comunicao submetida avalia-QUANDO NO POSSO OUVIR

    o. A reanimao, recusa, distoro do que pretendo significar,reajo violentamente: "Oh! no adianta!" Nesse momento, sabe se o queVoltemos a alguns dos meus descontentamentos, nesse domnio. estar s.Desagrada-me no poder ouvir a outrem, no o compreender. Se ape- ,

    Assim, como o leitor pode ver, ouvir, de forma criativa, ativa,nas uma deficincia de compreenso, uma falta de atenco ao que me

    sensvel, exata, emptica, no-avaliativa, , para mim terrivelmenteest sendo dito, ou certa dificuldade de entender as palavras, ento no

    irnportante, num relacionamento. importante proporciond-la. Temsinto mais que um ligeiro descontentamento comigo mesmo.

    sido extremamente importante encontr-la, sobretudo em certos ins-Mas o que me pe realmente desgostoso comigo no poder

    tantes da minha vida. Sinto que cresci interiormente, quando a pro.escutar outra pessoa porque j estou, de antemo, to certo do que ela

    porcionei. Estoit absolutamente certo de haver crescido, de me haverme vai dizer que no lhe dou ouvidos. S posteriormente verifico nao

    libertado e engrandecido, quando ful ouvido dessa maneira,ter prestado ateno seno ao que j decidira que ela ia me dizer. Naverdade, deixei de ouvir. Pior que isso so as vezes em que no posso

    QUERO SER AUTENTICOescutar uma pessoa porque o que est sendo dito constitui ameaa paramim, com o risco, at, de mudar minhas opinies ou meu comporta-

    Voltando-me para outra rea de minhas aprendizagens: fico satis-mento. Ou, pior ainda, quando me descubro a tentar distorcer sua men-

    feitssimo quando posso ser autntico, quando posso entrar na intimida-sagem, a fim de faz-la dizer o que eu quero que diga, e so escutando

    de de tudo que se passa dentro de mim. Agrada-me ser capaz de ouviristo. Coisa talvez um tanto sutil, e surpreendento que eu possa chegar

    a mim mesmo. Saber realmente o que estou sentindo em dado mo-a esse ponto. Exatamente por deformar um pouco suas palavras, por

    mento, no , de forma alguma, coisa fcil, mas o que me encoraja distorcer, num minimo, o que ela pretende significar, posso tornar evi-

    pensar que, ao longo dos anos, tenho feito progressos a esse respeitodente que no s ela diz o que eu quero ouvir, mas que se mostra a

    Convengo-me, no entanto, de que se trata de uma tarefa para a vidapessoa que eu quero que ela seja. s quando verifico, atravs do seu

    toda e de que nenhum de ns ser realmente, algum dia, capaz de en-

    protesto ou do meu gradual reconhecimento de que estou a manipul-trar, de modo satisfatrio, na intimidade de tudo que se passa no ma-

    la, sutilmente, que fico desgostoso de mim prprio. Sei, tambm, porgo de nossa prpria experincia.haver estado de

    srer oado,docom se

    sedecepcionaante seerr

    Em lugar do termo autenticidade, tenho usado, s vezes, a pala-

    aseqwd

    se

    ce unse pretendeu significar. Tudo isso cria ddio, descon- nrataenoee sne

    tr arses

    t

    enha canndocienciaeo

    qriema

    se a

    certo e desilusao-

    tambm se revela no ato de comunicao, cada um desses trs nveisse casa um com o outro ou coerente. Em tais momentos, integro meQUANDO OS OUTROS NAO ENTENDEM como um todo, sou uma pea inteirica. A maior parte das vezes, cla-ro, eu como qualquer outra pessoa, ponho mostra certa incoerncia.d Aprendi, entretanto, que a autenticidade, ou a genuinidade, ou a coe-

    Outra aprendizagem que desejo compartilhar com o leitor a erncia - seja qual for o termo que se queira usar - a base funda

    que me sinto terrivelmente frustrado e me fecho sobre mim mesmo'mental do que possa haver de melhor, na comunicao, no relaciona

    quando tento exprimir algo que profundarnentemeu, que parte domento.meu mundo interior, privado, e a outra pessoa no compreende. Passopor uma experincia de vazio e de solido, ao assumir o risco, a incer- Que significa, para mim, ser autntico? Poderia dar muitos exem-

    teza, de compartilhar com outrem o que me extremamente pessoal e plos, orlundos dos mais diversos setores. Mas uma significao, uma212

    213

  • aprendizagem, est em que nada h a temer, basicamente, quando me mente compreendo qual foi o meu sentimento. s quando acordo noapresento tal qual sou, quando me mostro sem atitude defensiva, desar. meio aa noite e me surpreendo a lutar, raivosamente, contra uma pes-mado, eu, s eu. Quando posso aceitar o fato de que tenho muitas soa, que verifico a irritao sentida na vspera. Fico saoendo, entodeficiencias, muitos defeitos, cometo uma poro do erros, sou fre. aparentemente tarde demais, quo profundo ter sido o meu'sentimenqtientemente ignorante quando deveria ser informado, freqentemente to; mas, pelo menos, aprendi a procurar essa pessoa, se necessrio, nosou preconceituoso em lugar de ter o esprito aberto, freqentemente dia seguinte, para exprimir minha discordncia, e, gradualmente, vourevelo sentimentos que as circunstncias no justificam, en'o, serei aprendendo a me inteirar, com mais rapidez, do que se passa dentro demuito mais autntico. E quando assim me apresento, sem disfarce, mim. No ltimo encontro bsico do grupo, do qual participei, fiqueisem fazer esforo para ser diferente do que sou, posso aprender muito em horas diferentes, muito irritado com dois indivduos. Em relao amais - ainda mesmo se sou criticado e hostilizado - e me mostro um deles, s me capacitei disso, no meio da noite e tive de esperar amuito mais descontrado, sou muito mais capaz de me aproximar dos manh seguinte para express-lo. No tocante ao outro, fui capaz deoutros. Alm disso, minha boa disposio para ser vulnervelgera nos perceber logo o que sentia e de exprimi-lo na reunio em que o fato seoutros, com quem me relaciono, sentimentos muito mais autnticos, o deu. Num e noutro caso, isso levou-nos a uma comunicao autnticaque extremamente compensador. Assim a vida me muito mais a estreitar nossas relaes, e, gradualmente, a estabelecer um vnculoagradvel, quando no me ponho na defensiva, no me oculto atrs de entre ns. Mas, nessa matria, sou um aprendiz meio lento.uma mscara, tentando to s exprimir o meu eu autntico.

    A COMUNICAO DA MINHA AUTENTICIDADE O ENCONTRO DA AUTENTICIDADE NOS OUTROSTenho uma sensao de prazer quando ouso comunicar a minha

    autenticidade a outrem. Isso est longe de ser fcil, em parte porque animador o encontro da autenticidade numa outra pessoa. Al-o que experimento muda a cada instante e, ainda, por causa da comple- gumas vezes, nos grupos de encontro bsico que tm constitudo partexidade dos sentimentos. De regra, h um intervalo, s vezes de instan. importantssima da minha experincia nesses ltimos anos, algum diztes s vezes de dias, semanas ou meses, entre o que se experimenta eo algo que procede dele mesmo, de modo transparente e integral, 2 per-que se comunica. Em tais casos, experimento alguma coisa, snto algo, feitamente dbvio quando uma pessoa no se esconde atrs de uma ms.mas s mais tarde vou me capacitar do que , s mais tarde ouso co. cara mas fala do que lhe profundamente ntimo. Quando isto se dmunic-lo, quando o que experimentei e senti j se tornou suficiente. corro a seu encontro. Quero entrar em contato com uma pessoamente frio para que me arrisque a partilh-lo com outro. No entanto, autentica. No raro, so muito positivos os sentimentos ento expres- experincia muito mais satisfatria poder comunicar o que lut de sos. As vezes, so indiscutivelmentenegativos. Lembro-me de certo se-real em mim, no momento em que tal coisa ocorre. Sinto-me, ento, nhor, colocado em posio de alta responsabilidade, um cientista quegenuno, espontneo, vivo. chefiava um grande departamento de pesquisa numa poderosa firmaEsses sentimentos reais nem sempre so positivos. Certa pessoa, eletrmca, que parecia ter "muito xito". Um dia, no mencionadonum encontro bsico de grupo, do qual eu fazia parte, referia-se a si grupo de encontro, teve a coragem de falar do seu isolamento, de nosmesma de um modo que me parecia completamente falso, mencionando dizer que, nunca, em sua vida, contara com tun s amigo, sequer. Co-o orgulho que sentia em manter seu "caradurismo", sua aparencia, sua nhecia uma quantidade imensa de pessoas, nenhuma, porm, que lhefachada, quanto era habilidoso para enganar os outros. Meu sentimen- tivesse amizade, propriamente dita. "Na verdade", acrescentou ele "hto de irritao foi subindo, cada vez mais, at que, afinal, o exprimi apenas duas criaturas no mundo com as quais tenho um relacionamen-dizendo simplesmente: "Oh! malucol" Isto fez, de certo modo, estou. to razoavelmente comunicativo: so os meus dois filhos." Quando ter-rar a bolha de sabo. Da em diante, ele se tornou mais autntico, mais minou, deixava escapar algumas lgrimas de pena de si mesmo que, es-genuno, deixou para um lado a fanfarronice e a nossa inter-comunica- tou certo, vinha contendo h muitos anos. Mas a honestidade e auten-o melhorou. Achei bom que ele tomasse conhecimento de minha ir- ticidade da sua solido que fizeram com que muttos membros doritao no exato momento em que ela ocorria. grupo fossem ao encontro dele, num sentido psicolgico. Mais signifi-Lamento dizer que, freqilentemente, sobretudo com sentimentos cativo, ainda, foi que a sua coragem de se mostrar autntico nos cade irritao, s em parte me capacito do que me est acontecendo, na pacitou, a todos, a sermos mais genunos em nossas comunicaes, ahora, e a tomada de consciencia completa s vem depois. S posterior- desafivelarmos as mscaras que ordinariamente usamos.214

    215

  • MINHAS INCAPACIDADES DE SER AUTNTICO Dal o vosso corao. mas no o confiefs guarda um do outro.Pois somente a mo da Vida pode conter vosso corago.Fico desapontado quando verifico - e, claro, sempre a postE vivei juntos, mas no vos aconchegueis demasiadamente:riori, depois de certo tempo - que fui tmido em excesso, ou ameaa

    do demais, para descer ao mago do que experimentava e, conseqen Pois as colunas do Templo erguem-se separadamente.temente, deixei de ser coerente ou genuino. Vem-me logo lembrana Eo carvalho eo cipreste no crescem sombra um do outro,um caso que me um tanto penoso revelar. H alguns anos, fui convi-dado para passar doze meses como membro do Centro de EstudosSuperiores de Cincias de Comportamento, em Stanford, Califrnia. Os

    i

    De certas coisas que tenho dito, confio em que ficou evidente quemembros constituem um grupo escolhido, porque so tidos como inte-. o que verdadeiramenteme satisfaz o poder de revelar minha autenti-1ectuais brilhantes e bem-informados. 10 sem dvida inevitvel que haja cidade o de senti-la ou permiti-la em outrem. Desolador e lamentvelcerto nmero de pessoas eminentes, a ostentar seus conhecimentos e para mim, no ser capaz de dar-lhe oportunidade em mim mesmo ouseus feitos. A cada membro parece importante impressionar os ou- de tolerar autenticidade diversa da minha, no outro. Acho que a minhatros, ser um tanto mais convencido, um tanto mais sbio do que real capacidade de ser coerente e genuno ajuda, muitas vezes, a outra pesmente , Dei-me comigo mesmo a fazer exatamente a mesma coisa ~ soa. Quando a outra pessoa transparentemente autntica e coerentea desempenhar um papel de maior segurana e de maior competencia quem recebe ajuda sou eu. Nos raros momentos em que a autenticidadedo que as que de fato possua. No sou capaz de dizer quanto me profunda de um vai ao encontro da autenticidade profunda do outroaborreci, intimamente, ao verificar o que fazia. No estava sendo eu ocorre a memordvel "relao eu tu" a que se referiu Martin Buber, omesmo; representava um papel filsofo existencialista judeu. Esse mtuo encontro, profundo e pessoal,Lamento quando suprimo meus sentimentos, por tempo dema no acontece muitas vezes, mas estou convencido de que, se no acon-siado, de modo que eles irrompem distorcidos, sob a forma de ataque tece, ocasionalmente, no somos humanos.ou ofensa. Tenho um amigo de quem gosto muito, mas cujo padroparticular de comportamento definitivamente me aborrece. Por causada usual tendncia de ser delicado, polido e amvel, conservei comigo DESENCADEAR LIBERDADE PARA OS OUTROSesse aborrecimento por um tempo demasiadamente longo. Quando, fi-nalmente, passou dos limites, irrompeu no apenas como irritao mascomo agresso ao amigo. Foi doloroso, e levamos algum tempo para

    H mais uma espcie de aprendizagem. Gosto de dar liberdadereatar nossas relaes.

    aos outros, e penso que, a esse respeito, adquiri e desenvolvi consider-Agrada-me, intimamente, ter a fora bastante para permitir que vel aptido. Com freqncia, embora nem sempre, sou capaz de tomaroutra pessoa afirme sua prpria autenticidade e se separe de mim. um grupo, um curso ou uma classe de alunos e torn-los psicologica-Penso que se trata de uma possibilidade bem ameaadora. Em certas mente livres. Posso criar um clima no qual cada um seja o que e porcircunstncias, tive de enfrentar esse teste final de liderana num staff si prprio se dirija. H, no comeo, certa suspeio; as pessoas achamou como pai. Posso livremente permitir que tal membro de um que a liberdade que lhes ofereo uma Espcie de armadilha e, quantostaff, ou meu cliente, ou meu filho, ou minha filha se tornem aos alunos, pergtmtam logo pelas notas que iro ter. No seriam livrespessoas separadas de mim, com idias, propsitos e valores que no se porque, no final, eu os avaliaria e julgaria. Quando procuramos umaidentifiquem com os meus? Lembro-me de um poema sobre o matri- soluo, da qual todos participamos, para a absurda exigncia damnio, de Kahlil Gibran (1), onde se lem estes versos: Universidade de medir a aprendizagem por meio de notas, comeam,ento, a se sentir realmente livres. Desencadeia-se a curiosidade. In-Que haja espaos na vossa juno divduos e grupos passam a perseguir seus prprios objetivos, a reali-E que os ventos do cu dancem entre vs. lizar seus propsitos. Tornam-se descobridores. Tentam encontrar oAmai-vos um ao outro, mas no faais do amor um grilho: significado das suas vidas, no trabalho que executam. Trabalham comQue haja, antes, um mar ondulante entre as praias de vossa alma empenho duas vezes maior, num curso em que nada exigido, dode O Profeta , de Kahill Gibran, Ed. Civilizao Brasileira, traducao de que nos outros em que se Inultiplicam as exigncias. Se nem sempreMansaur chautta. consigo criar essa atmosfera , penso, por estar apegado a algum h-21(i

    217

  • bito anterior meu, alguma falta de disposio para que seja completaPoderia expor, aqui, exemplos tirados das minhas prprias expe-

    a liberdade. Mas quando logro faz-lo, a educao se torna o quede. rincias, mas, depois de refletir sobre isso, pareceu-me que, se o fizesse

    veria ser: uma procura excitante, uma busca, no mera acumulaoacabaria sendo por demais pessoal e chegaria a revelar identidades de

    de fatos logo superados e esquecidos. Os alunostransformaram-se outros; assim, vou exemplificar com certo caso em que ajudei duas

    em pessoas a agirem, capazes de viverem uma vida em mudana. Depessoas a frem mais longe do que eu poderia ter ido, penso, quanto a

    todas as aprendizagens que tenho efetuado, penso que esse clima decapacidade de demonstrar amor. O fato ocorreu com dois amigos, am-

    liberdade que tantas vezes sou capaz de criar, que posso, de algumbos padres, aos quais darei os nomes de Joe e Andy. Joe participara de

    modo, ter comigo e em torno de mim, um dos mais preciosos ele-um grupo de encontro bsico, conduzido por mim, e fora profunda-

    mentos de minha personalidade.mente afetado pelo que fizemos. Mais tarde, Andy atuou tambm comomembro de um grupo a que eu estivera associado. Alguns meses maistarde, recebi uma carta de Andy, na qual ele dizia:

    RECEBER E DAR AMORPre2ado Carl: Desde o fim do nosso seminrio, estou tentan-

    do escrever-lhe uma carta. Fiquei espera de uma fol araMinha aprendizagem sobre o relacionamento interpessoal tem si- sentar-me e reunir, uma a uma, as minhas it

    ga p

    do, em outra rea, lenta e penosa para mim. Anima-me e me satisfaz, les trs dias. Vejo que essa folga umsonpresses sobre aque-

    extremamente, poder admitir e permitir-me sentir o fato de que algum enviar-lhe pelo menos uma notcia.0, por isso resolvi

    se interessa por mim, me aceita, me admira, me d apreo. Isso no Talvez, a melhor maneira de dizer-lhe o ue s fentanto, me tem sido muito difcil, por causa, suponho, de certos ele- nosso seminrio seja a descri o de

    q igm icou o

    mentos de minha histria passada. Durante muito tempo, tendia a re muito tempo depois.9 um incidente ocorrido no

    pelir, quase automaticamente, quaisquer sentimentos positivos orienta-dos na minha direo. Acho que a minha reao era: "Quem? Eu?

    No

    h razo para que se interesse por mim. Voc poderia gostar do queJoe (o outro padre) dava assistncia a uma senhora grave-

    fiz, dos meus empreendimentos, no de mim." Eis um aspecto sob omente neurtica, com tendncias h. esquisofrenia, ao suicdio

    qual a minha prpria terapia muito me ajudou. Ainda no meconside e a sentimento de culpa. Gastara uma fortuna com psiquiatras

    ro invariavelmente capaz, mesmo agora, de admitir que os outroste. e psiclogos. Uma tarde, pediu-me ele fosse em sua compa-

    nham sentimentos afetuosos e amveis para comigo, mas, quandopos- nhia casa daquela senhora, a fim de estar com ela, cantar, tocar

    so faz-lo, vejo nisso uma verdadeira libertao. Sei que algumaspes. v101ao e conversar. Como Joe esperava, aquilo se transformou

    soas me lisonjeiam para tirar certa vantagem prpria. Outros me elo-num encontro bsico. Num dado momento, ela disse que suas

    giam porque temem se mostrar hostis. Recentemente, h os que memaos a dominavam, inteiramente. Quando se irritava, suas mos

    admiram porque sou um "grande nome" ou uma "autoridade". Chego,tambm se irritavam; se estava feliz, suas mos ficavam felizes;

    porm, a reconhecer o fato de que certas pessoas me apreciam,autenti quando estava suja, as mos se apresentavam sujas. Enquanto

    camente, gostam de mim, me estimam, e quero experimentar asensa. falava e gesticulava, sentou-se perto de mim, no sof. Subitamen-

    o de que estou de acordo com isso. Penso que me tornei menoste, tive Impeto de tomar-lhe as mos. Simplesmente no me po-

    arredio, na medida em que ia sendo realmente capaz de receber e dedra passar pela cabea que essa senhora estivesse suja. Assim

    absorver esses sentimentos de afeio.fiz. Sua primeira reao foi dizer-me: "Obrigada!" Ento teve uma

    Cheguei conclustio de que muito me enriquece a capacidade deespcie de acesso, a tremer e a gritar. Viemos a saber, depois,

    ter apreo ou de interessarme ou de sentir afeto por outra pessoa,que ela revivia uma horrvel experincia traumtica do seu pas-

    e deixo que esse sentimento chegue at ela. Como tantos outros,cas. sado. Joe ps os braos nos ombros dela. Segurei-lhe a mo, co-

    tumava recear que isso me fizesse cair numa armadilha: "Se memo se disso dependesse a sua vida. Finalmente, o acesso passou.

    permito gostar dele, ele pode controlar me, utilizar-se de mim ouPs minha mo nas suas, virou-a de um lado para outro, olhou-a.

    impor-me exigncias." Penso que logrei dar grandes passos nadire. Observou: "No est quebrada nem sangrando, est?" Sacudi a

    o de ser menos medroso a essa respeito. Como os meusclientes, cabea negativamente "Mas deveria estar, Sou to suja!" Uns dez

    tambm eu fui aprendendo, aos poucos, que sentimentos positivos nominutos depois, no correr do encontro, estendeu-me sua mo

    so perigosos, nem para dar, nem para receber.e apertou a minha.

    218219

  • Um pouco mais tarde, sua filhinha, de uns oito anos, come. tambm muito significativo para mim o fato de poder testemu.ou a gritar. muito emotiva e cheia de problemas. Pedi licen- nhar a veracidade dessa narrativa. Desde que recebi a carta de Andya, e fui v-la. Sentei-me na sua cama, conversei com cla e cantei, passei a conhec-lo, e a Joe, muito melhor. Tive tambm o privilgio deDa a pouco, carreguei-a nos braos, beijei-a e a balancei. Quando entrar na intimidade da senhora cuja vida psicolgica eles, literalmenteficou quietinha eu a pus debaixo das cobertas e chamei sua mo. salvaram. Assim, pude sentir a confirmao do meu ponto de vista deEsta me disse mais tarde que, quando Mary a beija, para dar boa que sentimentos de apreo e de afeto no so, basicamente, perigososnoite, numa nova inspirao, puxa-lhe o rosto, beija-lhe a outra nem quando se do, nem quando se recebem, mas, ao contrrio, promoface e diz: "Este para o Padre Andy." Olha-a, sorri e acrescen. vem o crescimento das pessoas.t V ed be, n ame, eleros ddoerrnim de modo muito espe

    TENHO MAIOR CAPACIDADE DE APRECIAR OS OUTROSQueria falar-lhe desses incidentes, Carl, como prova de que Menos receoso de dar ou receber sentimentos positivos, tornel-o seminrio orientado por voc me ajudou a reagir, em cada caso, me mais capacitado a apreclar as pessoas. Vim a acreditar que isso livre e confiadamente, seguindo minhas prprias inclinaes.

    bastante raro. Pois, tantas vezes, mesmo em relao a nossos filhosPalavras, eu as tinha em mente, h muitos anos. Em teoria, sem- amamo-os antes para exercer controle sobre eles do que porque ospre sustentei, rigorosamente, que quem se entende ser um homem apreciamos. Penso, hoje, que uma das experincias mais satisfatrias

    - um cristo -- um padre deve agir de acordo com a verdade. que conheo - e tambm das que melhor suscitam o crescimento daMas sempre tive de lutar, duramente, at chegar ao ponto de fa- outra pessoa -- consiste, simplesmente, em apreclar algum da

    m-lo com liberdade, sem hesitao ou angstia. Deixei o seminmesma forma como aprecio um pr do sol, Se deixo que as pessoas

    rio que realizamos, realmente juntos, sabendo que no poderia sejam o que so, vejo-as to maravilhosas quanto um crepsculo ves.dizer s pessoas, simplesmente, que as estimo, ou que elas so pertino. De fato, a razo por que aprecio verdadeiramenteum pr dodignas de afeto, especialmente quando precisam que tais senti- sol est em que no posso controld-13. Quando vejo o cair da tardementos lhes sejam demonstrados. Desde ento, muitas vezes, te- como o fiz um dia desses, no posso imaginar a mim mesmo, dizendo:cho podido, de um modo ou de outro, demonstrar isso quando an- "Suavize um pouco o alaranjado no Angulo direito e acentue mais o ar.tes o teria dito. o que vem trazendo alegria e paz a muitos, roxeado na base; tornem se tambm as nuvens um pouco mais cor de-como quela me, quela criana e a mim prprio, rosa." No fao isto. No tento controlar o pr do sol. Olho o, pasma-

    Eis por que penso muitas vezes, com gratido, no nosso do, enquanto ele acontece. Gosto muito mais de mim, quando experi-grupo. Como voc h de imaginar, lembro-me, vivamente, do afe. mento os meus auxiliares, meu filho, minha filha, rneus netos, aprecian-to e da cordialidade dos participantes daquele grupo em que eu do o desdobrar de uma vida. Creio que essa uma atitude um tantolutava, com tanto empenho, para ser verdadeiramentehonesto em quanto oriental, mas, para mim, a mais satisfatria.relao a mim mesmo e a vocs. difcil dizer "obrigado" por

    Assim, nessa terceira rea, ter apreo ou amar, ser aprecado ouuma experincia como essa. Possa uma vida mais livre, mais ho- amado so, para mim, experincias que acentuam o crescimento inte-nesta, mais afetuosa diz.lo por mim. Ainda me vem lgrimas aos rior. Uma pessoa que amada, por que se lhe d apreo, no por queolhos, quando penso naquelas poucas horas finais, todos ns par. Se quer possu-la, v florescer e desenvolver o seu prprio e singu-ticipando profunda e calorosamente, e, sem nenhuma insistncia, lar ser. Quem ama de modo no-possessivo, a si mesmo se enriquece.No me recordo de ter sido, algum dia, to tocante alguma coisa Essa tem sido, pelo menos, a minha experincia.para mim, nem de ter sentido afeio to autntica por qualqueroutro grupo de pessoas, Poderia continuar esta, mas penso que DOU VALOR A COMUNICACO E AOSvoc j viu bem quanto sou verdadeiramente grato ao semma-

    RELACIONAMENTOS INTERPESSOAISrio, ao grupo, a voc. S rezo para que me seja dado fazer'aosoutros o que voc e os outros fizeram por mim. Muito obrigado.

    Deixe-me terminar este captulo, dizendo que, segundo a minhaNo estou absolutamente certo de que pudesse ir to longe quan- experincia, a verdadeira comunicao e os verdadeiros relacionamen-

    to o foram esses dois amigos, mas alegra me muito haver tido alguma los inter-pessoais so profundamente capazes de suscitar o crescimen-participao na ajuda a quem pde fazer mais que eu. Penso que esse to. Gosto de facilitar o crescimento oo desenvolvimentodos outros, um dos aspectos mais emocionantes do trabalho com Dessoas mais Enriquego-me quando os outros proporcionam um clima que me tornapossvel crescer e mudar.jovens.

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  • Eis por que dou muito valor minha capacidade de ouvir, sensi-tivamente, a dor e a alegria, o temor, a irritao, a perplexidade e a an-gstia, a determinao e a coragem de ser, manifestados por outra pes-soa. E dou valor, mais do que o poderia dizer, s oportunidades que seoferecem outra pessoa de ser verdadeiramentecapaz de ouvir tudoisso em mim.

    Prezo, enormemente, minha capacidade de progredir na infind-vel tentativa de ser autntico, em dado instante, quer a autenticidadese exprima em irritao ou em entusiasmo ou em perplexidade. Alegra-me que a autenticidade, em mim, gere maior autenticidade, no outro,e que ns nos aproximemos numa recproca relao eu-tu.

    E me agradvel a predisposio para estar apto a receber, semos rejeitar, a cordialidade eo interesse dos outros, porque isso fazcrescer minha prpria capacidade de ter afeio, sem o medo de me IL UMA VISO MODERenganar ou de me apegar idia de os manter sob o meu controle. NA DO PRO-Esses, na minha experincia, so alguns dos elementos que tor. CESSO DE VALORES.nam a comunicao entre as pessoas, o estar em relacionamento com as

    pessoas, mais enriquecedor e engrandecedor. Estou longe de alcanaresses elementos, mas o fato de me ver a esforar-me por faz-lo,transforma a vida numa aventura ardente, excitante, perturbadora, in-quietante. enriquecedora e, sobretudo, digna de ser vivida.

    O trabalho do profsessor e do educador, assim como o doterapeuta, est intrincavelmente envolvido no problema dos valo-res. Sempre se considerou a escola como um dos meios pelos quaisa cultura transmite os seus valores de uma gerao que se lhesegue. Mas, agora esse processo passa por uma sublevao, com mui-tos dos nossos jovens declarando-s.e "desligados" do confuso e hip-crata sistema de valores que, segundo eles, atua no mundo atual.Como se h de orientar o educador -- eo prprio cidado --em face desse complexo e desconcertante problema?Durante umas frias, na Jamaica, h algum tempo, enquan-to observava a abundante vida no fundo do mar, atravs de. minhamscara para pesca submarina, eo desenvolvimento igualmente fas-cinante de trs dos meus netos, tentei um ensaio sobre esse proble-ma, baseado, amplamente, na minha experincia em Psicoterapia 1Quando o terminei, no me senti satisfeito, mas ele resistiu aoteste do tempo e, agora, considero-o bom, pelo que tem de ousadoe arriscado. Sinto, em relao a esse e a um pequeno nmero deoutros artigos, que escrevi mais do que eu "sabia", conscientemente,

    t) Verso condensada deste captulo foi antes publicada sob a ttulo "Toward a ModemApproach to Values", Journal of Abnormal and Social Psichology, 1964, 68, 100-167.

  • e que a minha inteligncia teve de esperar algum tempo para tratagema por meio do :.ual valores inconfessados e acrticos do tera-apreender o que por mim mesmo foi escrito. Achei tambm que peuta so transmitidos. =conscientemente, a um cliente isento de des-h, nele, alguma sugesto significativa para muitas outras pessoas. confiana? Ou essa tra=:nisso de valores corresponde ao propsitoNo antevia, drpela oca, a multido de jovens que hoje se abertamentesustentado Delo terapeuta? Pode este transformar se no pa-declaram em aturta rebelio contra nosso sistema de valdres, mas dre moderno, que mante:n e comunica um sistema de valor adequadoi ento verificara que o fundamento de tal revolta se encontrava aos nossos dias? E que sistema de valor ser este? Muito se tem discu-na atual cultura. Espero - e creio -- que a maneira de valoriza, tido tais problemas, des a certas exposies bem pensadas e empirica.e d,e viver aqui apresentada tem alguma importncia, tanto para mente fundamentadas, como as de Glad (1959), at as mais polmicaso "hippie" quanto para o "quadrado" - em suma para todos os afirmaes. A verdade que o problema geral enfrentado pela cultu-cidados deste catico mundo moderno. No antecipo que todos os ra se evidencia, no raro, panosa e especificamente, no microcosmocidados e todos os educadores concordem com o que est dito cultural a que se d o nome de relacionamento teraputico,aqui, mas creio que o tema central pod.a oferecer matria para Gostaria de tentar uma despretenciosa viso desse problema, ca.uma reflexo fecunda. mo um todo. Observei mudanas no modo de ver os valores, enquan-H uma grande preocupao, hoje, com o problema dos valores. to as pessoas passam da infncia idade adulta. Mais tarde, verifico

    A juventude, em quase todos os pases, est profundamente incerta mudanas ainda, quando a pessoa tem a sorte de continuar a crescerquanto aos valores que a orientam; valores associados a vrias religies em direo a uma verdadeira maturidade psicolgica. Muitas dessas ob-perderam muito de sua influncia; pessoas requintadas, de culturas di- servacoes decorrem da niinha experincia de terapeuta, em que tive aversas, mostram-se inseguras e inquietas quanto aos objetivos a susten- rara oportumdade de surpreender as vias que uma pessoa percorre notar e a considerar. No se precisa ir muito longe para descobrir as ra- sentido de uma vida de maior plenitude. Dessas observaes creio terzes. A cultura mundial, sob todos os seus aspectos, torna-se, cada vez visto emergirem certas diretrizes que ofereceriam novo conceito do pro-mais cientfica e relativstica, e os pontos de vista rigidos, absolutos a cesso de valores, mais aceitvel no mundo moderno. Comecei por apre-respeito dos valores que o passado nos legou, mostram-se anacrnicos. ar algumas dessas idias, parcialmente, em notas prvias (1951,Ainda mais importante, talvez, o fato de que o homem moderno se v pleto; gostaria agora de as divulgar de modo mais claro e mais com-assediado, de todos os ngulos, pelas reivindicaes de valores diver-gentes e contraditrios. J no possivel, como o era em um passado Acentuaria que a posio favordvel em que me encontro para fa.histrico no muito distante, adaptar-se, comodamente, ao sistema de zer essas observaes no a do erudito ou do filsofo: falo a partir devalores dos nossos maiores, da nossa comunidade ou da nossa igreja, niinha experincia do ser humano em funcionamento, tal como tenhoe ir tocando a vida sem jamais examinar a natureza e os pressupostos vivido com ele na experincia pessoal da terapia e em outras situaesde tal sistema. de crescimento, mudana e desenvolvimento.

    Na presente situao, no surpreendente que as orientaes devalor, oriundas do passado, se afigurem num estado de desintegrao ALGUMAS DEFINIOESou de colapso. Indaga-se se existem, ou podem existir, valores universais. Sente se, muitas vezes, que talvez tenhamos perdido, em nosso Antes de apresentar algumas das minhas observaes conviria es-mundo moderno, toda a possibilidade de uma base geral ou intercultu. clarecer o que entendo por valores- Muitas definies tm sido propos-ral de valores. Resultado natural dessa incerteza, dessa perplexidade, tas, mas me pareceram titeis certas distines feitas por Charles Morris uma crescente preocupao, um interesse, uma busca de acesso segu (1956) . Salientou ele que valor termo que empregamos em diversosto e significativo e valores que se possam sustentar como apropriados sentidos. Usmo-lo para nos referirmos tendncia de todo ser vivo deao mundo de hoje. demonstrar preferncia, nas suas aes, por certa espcie de objetos ouParticipo dessa generalizada preocupao. Tambm eu tenho tido de objetivos mais do que por outros. A esse comportamento preferen-a experincia dos mais especficos problemas de valor que surgem no cial, Morris, chama "valores operativos". No envolvequalquer reflexomeu campo prprio, a Psicoterapia. Sentimentos e convices do clien- cogmtiva ou conceitual. Trata-se simplesmente, da escolha do valor in-te, sobre valores, mudam, freqentemente, durante a terapia. Como po- dicado pelo comportamento, quando o organismo se detm num obje-de ele, como podemos ns saber se a mudana se verificou numa dire. tivo e rejeita outro. Quando a minhoca, colocada num labirinto em for-o correta? Ou assumiu ele, simplesmente, como alguns sustentam, o ma de Y, escolhe o brao liso do Y, em vez da trilha revestida desistema de valores do seu terapeuta? Ser a psicoterapia, apenas um es. lixa, indica um valor operativo.

  • Uma segunda maneira de usar o termo designa os chamados "vanados ou rejeitados. depe'-dendode que, em dado momento, atualizam

    lores concebidos". a preferncia por um objeto simbolizado. De rde-ou no o organismo. Era complicada ponderao da experincia ,

    gra, em tal escolha, h uma antecipao ou previsao do resultado oevidentemente, uma fungia organsmica, no consciente nem simblica.

    comportamento dirigido no sentido do objeto simbolizado. A prefern-Trata-se de valores operativos, no de valores conceitualizados. Pode

    cia por "a melhor politica a da honestidade" constitui um valor con-no entanto, tal processo lidar com complexos problemas de valor. Lem-

    cebido.

    braria ao leitor a experiencia na qual crianas pequenas tinham, espa-Por fim, o uso do termo pode designar "valores objetivos". Usa-se

    lhados na sua frente. Vinte eu mais pratos de alimentos naturais (istoa palavra nesse signiicado, quando se quer falar do que objetiva

    , sem gosto). Durante algum tempo, os meninos tendiam a dar valormente preferivel, quer seja, de fato, sentido ou concebido como desej

    a alimentos que lhe acentuavam a sobrevivencia, o crescimento, o de-vel ou no. O que tenho a dizer quase no envolve, de modo algum'

    senvolvimento. Se, de comea, se empanturravam de batatas, logo de-essa ltima definio. Preocupar me ei com os valores operativos e com

    pois tomavam um "porre" de protenas. A escolha de uma dieta pobreos valores conceitualizados.

    em alguma vitamina sucedia se a procura de alimentos ricos na mesmavitamina. Utilizavam-se da sabedoria do organismo nas escolhas de va-O MODO DE AVALIAR DO INFANTE

    lor, ou talvez, mais precisamente, a sabedoria fisiolgica do corpo guia-d nfante. A criatura humana viva tem, a va seus movimentos comportamentais, resultando no que poderamosrincFp

    a

    pc

    a v a de cesso aos valores. Prefere certas coisas e considerar escolhas de valor objetivamente corretas.cias e rejeita outras. Pode-se inferir do estudo do seu compor- Outro aspecto da via de acesso da criana ao valor que a fonte

    experine refere as experincias que mantm, elevam ou atualizam

    ou a localizao do processo de avaliar se acha, nitidamente, dentro

    tamen o qu Ps e no preenchem essa finalidade. Ob- dela prpria. Ao contrrio do que se d com muitos de ns, a criana

    o seu organismo, e rejeitam a qu

    sabe do que gosta e do que no gosta, e a origem dessas opes de va-

    servmo-lo um pouco:

    em lor resido estritamente dentro dela. Ela o centro do processo de ava-

    A fome avaliada negativamente. A expresso disso ,liao, a evidncia das suas escolhas lhe fornecida pelos seus

    geral, clara e aos berroSprprios sentidos. No se deixa, nesso ponto, influenciar pelo que seus

    O alimento avaliado positivamente. Mas quando elepais pensam que deveria preferir, ou pelo que a igreja diz, ou pela.opi-

    est satisfeito, o alimento avaliado negativamente, eo mes-nio do mais recente "perito" no assunto, ou pelos talentos persuasi

    mo leite a que ele reaje com tanta avidez, agora cuspido paravos de uma firma de propaganda. do mago da sua prpria experf-

    fora, ou o seio que parecia content-lo tanto agora rejeitado'encia que seu organismo afirma em termos no verbais: "isto bom

    quando ele tira a boca da teta e vira a cabecinha com uma di-para mim", "gosto disto", "detesto aquilo". Rir-se-la da nossa preocupa-

    vertida expresso facial de nusea e repugnnciao a respeito de valores, se a pudesse entender. Como poderia algum

    D valor segurana assim como ao afago e carfeia que deixar de saber de que ela gosta e desgosta, o que bom para ela eoparecem comunicar segurana.

    que no o ?obserst)-valoprelo see eerv dnecntae praezefaz pordconta prrpr aedos

    A MUDANA NO PROCESSODE AVALIAOem inventar movimentos, na sua infindvel curiosidade.Itida avaliao negativa da dor, dos gost03 Que acontece a esse processo de avaliago sumamente eficaz, so-

    Mostra sua n

    lidamente fundado? Por que sucesso de eventos o trocamos pela mais

    amargos, dos ruidos subitamente altosrgida, incerta e ineficaz via de acesso aos valores que nos caracteriza,

    Tudo isso lugar comum, mas vejamos esses fatos em termos do maioria de ns, adultos? Tentemos expor, resumidamente, uma das

    que nos dizem eles sobre as vias de acesso da criana aos valores. Tra-principais maneiras pelas quais, penso, isso ocorre.

    ta-se, antes de tudo, de um processo de avaliao, flexvel, mutvel, noA criana necessoa de amor, deseja-o, tende a comportar-se de

    de um sistema fixo. Costa de um certo alimento, eo mesmo alimentomodo a suscitar a repetio dessa experincia desejada. Mas da decor-

    the repugna. D valor segurana e ao repouso, mas rejeita-os enrem complicaes. O menino puxa os cabelos da sua irmzinha e acha

    vor de uma experincia nova. O que ocorre parece responder mbom ouvir os seus gritos de dor e protesto. Ouve, ento, dizerem lhe:

    a um processo organsmico de avaliao, no qual cada elemento, cadseins"voc um menino levado e mau" e isto refoTgado, s vezes, por um

    t nte do que experimentado, so, de algum modo, ponderados e se ciotapa em sua mo. Reduz-se o carinho para com ele. Como a exper

  • cia se repete, muitas vezes, essa e vrias outras semelhantes, o menino que ela prpria experimenta como gula do seu comportamento, Aprendevai, aos poucos, aprendendo que o que lhe parece "bom" , com freqn. dos outros, grande nmero de valores concebidos e adota os como seuscia, "mau", aos olhos dos outros. Ocorre, ento, o estgio seguinte, em ainda que se lhe afigurem amplamente discrepantes do que ela experique ele chega a tomar, em relao a si mesmo,a atituda assumida pelos menta. Como tais conceitos no se baseiam na sua prpria maneira deoutros. Agora, ao puxar os cabelos da irm, ele entoa, solenemente: avaliar, tendem a se tornar fixos e rigidos, em vez de serem fluidos e"mau, menino mau!" Fez a introjeo do juizo de valor do outro, tor- mutveis.nando-o seu. A, perde o contato com o seu prprio processo organismicode avalia o. Abandona o critrio do seu organismo, saindo do locus ALGUNS PADRES INTROJETADOSda avaliao e tentando, para no se privar do afeto dos outros, com

    10 dessa maneira, acredito, que a maioria dentre ns acumula osportar-se de acordo com os valores destes. padres introjetados de valores pelos quais vivemos. Na cultura deVeja-se outro exemplo, em nvel etrio superior. Um jovem sente, hoje, fantasticamente complexa, os padres que interpretamos comoembora talvez inconscientemente, que mais amado e tem mais apreo desejveis ou no-desejveis vm de uma variedade de fontes e so,dos pais se resolve ser mdico em vez de artista. Aos poucos, val com freqncia, altamente contraditrios nos seus significados. Rela-fazendo a introjeo dos valores ligados a idia de ser mdico. Chega clonemos umas poucas das introjees, comumente Sustentadasa desejar acima de tudo ser mdico. Na Universidade porm, ei-lo frus-Dtrado pelos sucessivos fracassos em Qumica, matria absolutamente esejos e comportamentos sexuais so, na sua maior parte,necessria a quem se quer formar em Medicina, apesar da circunstn- mra As Sfontes dessa sntese mental so muitas -- pais, igreja,cia de que o conselheiro vocacional lhe assegure que tem aptido paraA desobedincia d. Afazer o curso. S nas entrevistas de aconselhamento que o jovem c milit

    m qui, pais e professores unem-se aosmea a verificar ter perdido completamente o contato com suas reaescer

    saeresd acra enfaalizadra e meeconceito. Obedecer bom. Obede-organsmicas, com o processo de avaliao que lhe prprio.Ganh dinhAinda um outro exemplo, tirado de um curso meu, para a prepa. lor

    conceituaar eiro o que h de melhor. As fontes desse va-rao de professores. Pedi-lhes, logo no comeo: "Faam, por obsquios Aprender

    aomnumermosas demaeI

    sraese m cionarem.uma relao de dois ou trs valores que vocs gostariam de transmitir

    desejvel. sumamentes crianas com quem fro trabalhar." Indicaram diversos objetivos de

    Passar os olhos pelo livro e fazer leitvalor, mas alguns dos itens me surpreenderam. Muitas relacionaram esmo, para se divertir, indesejdveluras exploratrias, acoisas "como falar corretamente", "usar um bom ingls, sem palavras

    A fonte dos dois ltimos conceitos ro Ide giria". Outras mencionaram claramente: "fazer as coisas de acordo cola, O sistema educacional., p vave mente, a es.

    com as instrues" Uma exprimiu sua esperana de que "quando euA arte abstrata boa. Este uzo d 1lhes disser que escrevam o seu nome no alto e direita da folha, com pessoas que consideramos sofisticadas

    e va or tem origem nasa data abaixo, quero que faam dessa maneira e no de alguma outra

    O comunismo absolutamente mau. Aqui, o governo aforma fonte principal.Confesso que fiquei um tanto estarrecido com o fato de que, para Amar o prximo o sumo bem. Este conceito procede daalgumas dessas moas, os valores mais importantes a transmitir as igreja, talvez dos pais.crianas fossem evitar erros de gramtica ou seguir, meticulosamenteA cooperao eo trabalho de equipe So preferiveis a oas instrues da professora. Senti-me desconcertado. De certo, tais isolada. procedimentos no haviam sido experimentados como os mais satisfa Aqui, os companheiros so fonte importante. Trapacear trios e significativos elementos das suas prprias vidas. A enumerao hbil e desejvel. O grupo de pessoas que se igualam , dede tais valores s se pode atribuir ao fato de que os mencionados com novo, a origem.portamentos obtiveram aprovao -- e, da, foram introjetados como

    Coca-Cola, chicletes, refrigeradores eltricos, TV a cores eprofundamente importantes. automveis so, todos, absolutamente desejveis. Esta concepoEsses vrios exemplos talvez indiquem que, na tentativa de ga- no provm s da publicidade, mas reforada por certas pes-nhar ou de manter o afeto, a aprovao, a estima, a pessoa abdica do soas, no mundo inteiro. Da Jamaica ao Japo, de Copenhague alocus de avaliao que era o seu Intimo na infncia, para substituf-lo Kowloom, a "cultura Coca-Cola" passou a ser considerada o apo.pelo dos outros. Aprende a ter uma desconfiana bsica em relago ao geu do desejvel.

    228

  • que outras se colocariam no seu lugar? Essa possibilidade amea-Eis uma pequena e diversificadaamostra das mirades de valores cadora faz com que ele sustente as suas concees de Talar maisconcebidos que as pessoas freqentemente introjetam e sustentam en rigidamente ou mais confusamente, ou de ambos os mocios,mo seus, sem jamais levarem em considerao suas reaes orgnicasinternas a esses padres e objetos'

    A DISCREPNCIA FUNDANTALCARACTERSTICAS COMUNS DO PROCESSODE AVALIAO DO ADULTO Creio que a descrio do indivduo, apegado a valores quase tedos introjetados sob a forma de conceitos fixos, raramente examinadosCreio ter ficado claro do que precede que o adulto comum - oa testados, a imagem da maioria de ns. Ao assumir as concep.sinto que me estou referindo a maioria de ns - tem uma via de es dos outros como nossas, privamo-nos do contato com a sabedoriaacesso aos valores, com as seguintes caractersticas: potencial da nossa prpria atuao e perdemos a confiana em ns mesSeus valores, na sta maioria, so introjetados de outros mos. Uma vez que essas snteses mentais de valores divergem, com fre-indivduos ou grupos que possuem certo significado para o adu) qncia, do que, na realidade, experimentamos, vmo nos divorciados,to, mas so considerados por este como seus. basicamente, de ns mesmos, e a isso se h de atribuir grande parte dasA fonte ou locus da avaliao da maioria dos assuntos acha tenses e inseguranas atuais. Essa fundamental discrepncia entre os

    se fora dele. conceitos do indivduo eo que ele est experimentando, entre a estru.O critrio pelo qual seus valores so estabelecidos o grau tura intelectual dos sous valores eo processo de avaliao que continua

    de amor ou de aceitao que lhe possam causar. Irreconhecido no seu interior - constitui parte da alienao de si mes-Essas preferncias concebidas no se relacionam de modo mo, ericontradia no homem moderno. E problema, dos maiores, para oalgum ou no se relacionam claramente com a sua maneira pro- terapeuta.

    pria de experiment-las.Muitas vezes, h uma ampla e irreconhecida discrepncia RESTAURAR O CONTATO COM A EXPERIENCIAentre a evidncia oriunda da sua prpria experincia e esses va

    lores concebidos.Alguns indivduos tm a sorte de no se ajustarem imagem des-Por no se abrirem essas concepes ao teste da experin crita, dado o seu ulterior desenvolvimento no sentido da maturidadecia, tm de ser sustentadas de um modo rgido e imutvel. A al

    psicolgica. Vemos que isso ocorre, em pscoterapia, onde nos esfora-ternativa acarretaria um colapso de seus valores. Por Isso, saamos por estabelecer um clima favordvel ao crescimento da pessoa. V-valores "justos e retos" - como o direito dos Medas e dos Persasmo-lo a acontecer tambm na vida, na medida em que esta proporcionaque no se modificavaao indivduo um clima teraputico. Concentremo-nos nesta matura-Como no so testveis, no se dispe de meios para soln o de um valor, tal como a observei na terapia.cionar contradies. Se o adulto recebeu da comunidade a con- Em primeiro lugar direi, entre parnteses, que o relacionamentocepo de que o dinheiro o Eummun bonum e, da igreja, a con teraputico no destitudo de valores. Muito pelo contrrio. Quandocepo de que o que mais vale o amor ao prximo, no tem mais eficaz, parece-me, tal relacionamento assinalado por um valorcomo descobrir qual dos dois o maior valor para cle. Da ser primrio, isto : que esta pessoa, este cliente, tem valor. Como pessoa,um aspecto comum da vida moderna lidar com valores absoluta vale por ser nica, por ser uma criatura singularizada. quando sentemente contraditrios. Discutimos, calmamente, a possibilidade de verifica ser estimada, como pessoa, que pode lentamente comear ajogar uma bomba de hidrognio num pas que consideramos nos avaliar os diferentes aspectos de si mesma. Eo que mais importa queso inimigo, mas, ao rnesmo tempo, enchem-se de lgrimas os nos pode comear, a princpio com muita dificuldade, a captar e a sentir osos olhos quando lemos, no cabealho dos jornais, notcias sobre que se passa no seu interior, que sensaco essa, o que experimenta,o sofrimento de uma criancinha. como reage. Usa do que experimenta como algo em referncia diretaPorque abdicou. em favor de outros, o locus da sua avana ao que se pode transformar na formao de conceitualizaes exatas eo, e perdeu o contato com a sua maneira prpria de avaliar, o como orientao para o seu comportamento, Gendlin (1961, 1963) elabo-adulto se sente profundamente inseguro e facilmente ameaado rou a maneira como isso ocorre. Quando o que experimentado se valnos seus valores. Se algumas dessas concepes forem destrudas.

    231230

  • abrindo cada vez mais ao indivduo, quando este se capacita a mover- pintura que no ano passado parecia significativa agora se aligurase mais livremente no processo dos seus sentimentos, significativas mu-

    desinteressante; o modo de trabalhar com as pessoas que fora expe.danas comeam a verificar-sena sua vida de acesso aos valores, a qual rimentado, antes, como bom, parece agora inadequado; a crena queassume muitas das caractersticas que tinha na infncia.

    ento se afigurava verdadeira agora se experimenta como Verdadeiras em parte, ou talvez como falsa.VALORES INTROJETADOS EM RELAOCOM A EXPERINCIAOutra caracteristica do modo como essa pessoa avalia a expertn-cla, reside em que esta sumamente diferenciada ou, como diriam os

    Posso, talvez, demonstrar o que ficou dito, atravs da reviso desemanticistas, extensional. Como as participantes da minha classe de

    alguns dos breves exemplos de valores introjetados, j referidos, suge-futuras professoras aprenderam, os princpios gerais no so to liteis

    rindo o que ocorre com eles, quando o indivduo entra em maior intimi-quanto as reaes sensitivamento discriminadas. Diz urna delas: "Com

    dade com o que se passa dentro de sieste menino percebi que deveria ser muito firme e ele parece ter rece-O indivduo, na terapia, volta-se para o passado e verifica: bido bem isto, o que me fez sentir me satisfeita. Mas, de regra, no"Mas eu me divertia puxando os caDelos da minua Irma - e nem agirei da mesma forma em relao a todas as crianas." Confiava na

    por isso me transformel numa pessoa m.,, sua experincia de relacionamento com cada um dos meninos paraO estudante, que fracassava em Qumica, conclui depois de orientar-lhes o comportamento. J indiquei, por meio de exemplos,entrar em contato maior com a sua experincia: "No dou valor quanto e at onde se diferenciam as reaes individuais ao que tenhaa isto de ser doutor, embora meus pas o faam; no gosto de sido, previamente, valores introjetados, slidos e monolticos.Qumica; no gosto de fazer o curso de Medicina; e no me achoum fracasso por abrigar esses sentimentos.,, H outra maneira pela qual a via de acesso da pessoa amadureci.O adulto reconhece que os desejos e comportamentos se da semelhante da criana. O locus da avaliao estabelece-se, aindaruais podem ser amplamente satisfatrios e permanentemente uma vez, firmemente, no interior da pessoa. 2 sua prpria experinciaenriquecedores em suas copseqncias, ou frvolos e tempord. que fornece a informaco eo feedback do valor. Isto no quer dizerrios, muito aqum de satisfatrios. Procede de acordo com sua que ela no se abra a toda evidncia que possa obter de outras fontes.prpria experincia, o que nem sempre coincide com as normas Mas quer dizer que tal evidncia tomada como o que ela - vin-sociais.

    da de fora - e no to significativa quanto suas prprias reaes. As-Considera a arte numa nova perspectiva de valor. Diz: "Es. sim, pode um amigo dizer-lhe que um novo livro bem decepcionante.te quadro toca-me profundamente, tem grande significado para L duas crticas desfavorveis sobre o livro; a hiptese em perspec-mim. Acontece que uma abstrao, mas no nisto que se ba. tiva e que nao lhe dar valor. Entretanto, se l tal livro, sua avalia-seia a minha avaliao..

    o se basear nas reaes que ela Ihe desparta, no no que lhe foiReconhece, livremente, que um livro ou uma pessoa comu. dito pelos outros.nistas contm ou tm atitudes, ou objetivos com que est deacordo, assim como idias e valores de que discorda

    Esse processo de avaliao envolvetambm certo desaponto anteVerifica que, s vezes, experimenta a cooperao como sig-

    o que, de imediato, se est expermentando, seguido de um esforo paranificativa e vlida para ele e que, noutras oportunidades, quer es

    sentir e esclarecer todos os seus complexos significados. Lembro-me detar s e agir s.

    um cliente que, j quase a se encerrar a terapia, perplexo diante decerto problema, ps as mos na cabea e disse: "Agora, que que estouA AVALIAO NUMA PESSOA MADURA

    sentindo? Quero aprofundar nisto. Quero saber o que ." Ento se psa esperar, quieta e pacientemente, tentando perscrutar a si mesmo, atO processo de avaliao que parece desenvolver-se em pessoa

    que pde discernir a exata qualidade dos sentimentos que experimeremais amadurecida , sob certos aspectos, muito parecido ao da criana

    tava. Como outros, tentava ele entrar na sua prpria intimidadee, sob outros aspectos, inteiramente diferente. fluido, flexivel, basea-do em dado momento particular e no grau segundo o qual esse momen-to experimentado como capaz de engrandecer e atualizar. Os valo-

    A intimidade com o que se passa dentro de ns suscita processores no se mantm rigidamente mas so continuamente mutveis. A muito mais complexo do que o da criana. Na pessoa madura, tem ele

  • muito mais alcance e extenso, pois, no instante presente do que ex-perimentado, se envolvem impresses de memria de tudo quanto se ALGUMAS PROPOSIES REFERENTESaprendeu de importante, no passado. Tal momento no recebe apenas AO PROCESSO DE AVALIAOo impacto sansrio, imediato, mas tem o significado que procede deexperincias semelhantes, anteriores. H, nele, ao mesmo tempo, o no Precisemos o significado do que disse, atravs da formulaco deyo e velho. Assim, quando experimento uma pintura ou uma pessoa, duas proposies em que se contm os elementos essenciais do meuminha experincia contm dentro de si as aprendizagens que acumu ponto de vista. Embora no se possam projetar testes empiricos de ca-lei a partir de contatos passados com pinturas ou com pessoas, tanto da proposio. na sua integralidado, todavia, uma e outra so, at certoquanto o novo impacto desse encontro particular. De igual modo, o ponto, aptas a serem testadas, por meio de mtodos cientficos. Gosta-momento da experincia contm, para o adulto amadurecido hipteses ria de esclarecer que, embora as proposiCes seguintes sejam enunciaa respeito das conseqncias. "Gostaria, agora, de tomar uma terceira das firmemente com o propsito de torn-las claras, apresento-as de-dose desta bobida, mas o que aprendi antes, indica que amanh pela cididamente como hipteses a experimentar.manh estarei arrependido." "No agradvel exprimir de maneirafranca, meus sentimentos negativos sobre esta pessoa, mas a experin- I. [Id, clen/ro da pessoa Ituinana, base orgnca para urncia passada mostra que, num relacionamento continuo, isto acabar processo organizarlo
  • \1

    PROPOSIOES REFERENTES AOS RESULTADOS Tendem a remover a fachada. A presuno, a atitude deDO PROCESSO DE AVALIAO defesa, a mscara no rosto tendem a ser negativamente avaliadas.1

    Tendem a fugir do "deve". O constrangedor sentimentoChegamos agora ao ncleo de toda teoria dos valores ou do ato de "devo fazer ou ser assim e assim" negativamente avaliado.de avaliar. Quais so as suas conseqncias? Gostaria de entrar nesse O cliente foge de ser o que "deve ser", no importando quemnovo campa, formulando, desde logo, duas proposies sobre as qua- haja estabelecido o imperativo.lidades de comportamento que emergem deste processo de avaliao.O que se evidenciar, em apoio a essas proposies, vir da minha Tendem a se afastar da "ida ao encontro" das expectativasprpria experincia como terapeuta. de outros. Agradar aos outros, como um fim em si mesmo, negativamente avaliado.III Nas pessoas que esto se moven

  • res, mas por um caminho diferente. Em vez de valores universais "vin-Eis, pois, algumas das direes preferidas, que observei nos indi- dos de fora" ou de um sistema universal de valor imposto por algumviduos que se encaminham para a maturidade pessoal. Embora esteja grupo -- filsofos, dirigentes, padres -- deparamos com a possiblidadecerto de que a relao por mim oferecida insuficiente e, talvez, sob de orientaes de valores humanos, universais, as quais emergem docertos aspectos, imprecisa, abre, a meu ver, excitantes possibilidades. que experimentado pelo organismo do homem. Da terapia procede aTentarei explicar por que, evidncia de que valores tanto pessoais quanto sociais vm a tona deforma natural e como fruto da experincia, quando o indivduo entraAcho significativo que, quando os indivduos so considerados em contato ntimo com seu processo organismico de avaliao. Suge.como pessoas, os valores que escolhem no abrangem toda a gama de rimos que, embora o homem moderno j no confie na religio, napossibilidades. No vejo, em tal clima de liberdade, que uma pessoa cincia ou na filosofia, nem em qualquer sistema de crenas, comochegue a valorizar a fraude ou o assassinato ou o roubo, ou que outra capazes de lhe proporcionar seus valores, pode encontrar, dentro devalorize uma vida da auto-sacrificio, e outra valorize s o dinheiro- si mesmo, certa base organsmica de avaliao, a qual, desde que seAo contrrio parece haver um ntimo e latente trao comum. Ouso aprenda, de novo, a entrar em contato com ela, provar ser uma viaacreditar que, quando o ser humano interiormente livre para esco- de acesso organizada, adaptativa e social aos desconcertantes proble-lher seja o que for a que intimamente d valor, tende a valorizar mas de valor que todos ns enfrentamos.objetos, experincias e metas que contribuam para a sua prpria so-brevivncia, crescimento e desenvolvimento e para a sobrevivncia e SUMRIOdesenvolvimentodos outros. Formulo a hiptese de que caracters-tica do organismo humano, preferir metas que socializam e atuali- Tentei expor algumas observaes, tiradas da experincia em Psi-zam, quando exposto a um clima de promoo do crescimento. coterapia, que se relacionam com a busca, empreendida pelo homem,de alguma base satisfatria para a sua via de acesso aos valores.Corolro do que tenho dito que, em qualquer cultura, estabele. Descrevi o modo como o.infante entra, diretamente, numa transa-cido um clima de respeito e liberdade em que se lhe d valor, como o de valores com o seu mundo, prezando ou rejeitando suas experi-pessoa, o indivduo amadurecido tender a escolher e a preferir as ncias, na medida em que servem sua prpria atualizao, utilizanmesmas direes de valores. Trata-se de hiptese, altamente significa. do todo o senso do seu tenro, mas complexo organismo.tiva, que poderia ser testada. Quero dizer que, embora o indivduo de Disse que parecemos perder essa capacidade de avaliao diretaque falo no possua um sistema consistente ou mesmo estvel, de va. e acabamos por nos comportar segundo as maneiras e a agir nos termoslores concebidos, o processo de avaliao, dentro dele, levaria ao apa. daqueles valores capazes de nos proporcionar aprovao, afeio, esti.recimento de direes de valores que seriam constantes ao longo das ma. Para conquistar amor, abdicamos do processo de avaliao. Por.Cultutas e ao longo do tempo. que o centro das nossas vidas reside, agora, nos outros, somos temero-sos e inseguros, e nos devemos apegar, rigidamente, aos valores queintTojetamos.Outra implicao que vejo que os indivduos que apresentam oprocesso fluido de avaliao, por mim descrito, cujas direes de valo- l\fas se a vida ou a terapia nos proporcionam condies favor-res so, geralmente, as relacionadas, sero altamente eficazes no pro- veis para prosseguirmos em nosso crescimento psicolgico, movemo-cesso continuo da evoluo humana. Se a espcie tem de sobrevi- nos como que numa espiral, desenvolvendo uma via de acesso aos valo-ver, como um todo, neste mundo, a criatura humana deve tornar-se res que partilha da direo e da fluidez do infante, mas vai maismais preparada para adaptar-se a novos problemas e situaes; deve longe ainda, na sua riqueza. Em nossas transaes com a experincia,estar apta a selecionar o que tiver valor para o desenvolvimentoe a somos, de novo, o locus ou a fonte da avaliao, preferimos aquelas ex-sobrevivncia, independente das novas e complexas situaes; deve ser perincias que, a longo termo, nos elevam, utilizamos toda a riqueza deexata na sua apreciao da realidade, se lhe cabe fazer tais selees. A nossa aprendizagem cognitiva e de nossa atuao, mas, ao mesmo tem.pessoa psicologicamente amadurecida, que venho descrevendo, tem, po, confiamos na sabedoria de nosso organismo.creio eu, as qualidades que a induziro a valorizar aquelas experincias Acentuei que nossas observaes nos levam a certas afirmaesque facilitaro a sobrevivnciaeo progresso da raa humana, Ser ela fundamentais. O homem tem, dentro de si, uma base organfsmica dedigna participante e condutora do processo da evoluo humana. Valorao. Na medida em que pode, livremente, entrar em contatocom esso processo interior, comportar-sed de modo auto empreende-Eis que voltamos, afinal, ao problema da universalidadedos valo

    238

  • dor. Evidenciamos algumas das condies que o habilitam a entrarna intimidade do seu prprio processo de experincia.

    Em terapia, tal abertura experincia leva ao surgimento de ori- ientaes de valores que se apresentam comuns aos indivduos e talvezInesmo s culturas. Em termos mais tradicionais, diremos que os indi-vduos, assim em contato com o que experimentam, chegam a atribuir ivalor a normas tais como sinceridade, independncia, auto-direo, au-to-conhecimento, receptividade social, responsabilidade social, e rela-clonamentos afetuosos interpessoais.

    Concluf que uma nova espcie de emergente universalidadede di-rees de valores se torna possvel, quando os indivduos se encami-nham para a maturidade psicolgica, ou, mais exatamente, quando se 1 LIBERDADE Eencaminham na direo de maior abertura prpria experincia. Talbase de valores faz com que os indivduos se engrandeam a si e COMPROMETIMENTOaos outros, e promovam um processo evolucionrio, positivo.

    REFERRNCIAS"Liberdade" para aprender au para escolher; aprendizagem'autodirigida": eis conceitos comphetamente inaualentveis argum

    BARREI'-LENNARD,G.T. - Dimensions of therapist response as cau- do o que pensam muitos cientistas do comportamento, para vasal factors in therapeutic change. Psychological Monographs, . quais o homem no passa de um produto inevitdoel do seu condt1962, 76 (43, Whole N. 562). cionamento. No entanto, so termos de que me utilizei, livremenn,

    neste livro, como se tivessem significado real.GENDLIN, E.T. - Experiencing: A variable in the process of thers-

    peutic change. American Journal of Psychoterapy, 1961, 15, 233-245.Tentei enfrentar, diretamente, essa diwrgncia, numa yxilta-

    tra que fiz, quando fut honrado com o ttulo de "Humanista doGENDLIN, E.T. - Experiencing and the creation of meaning. New

    ano" pela Associao Humanista Norte-Americanat. No pretendoYork: The Free Press of Glencoe, Division of the MacMillan Co.,

    ter dado soluo ao wlhssimo problema da liberdade e do deter-1962

    minismo, mas, de minha parte, formulei um modo de conviver comele. Os que se acham perplexos ante os vrvsdernoa pontos devista mecanicistas-deterministas, de um ladoGLAD, D.D. - Operational values in psychotherapy. New York: OX- - e, de outro, em. . face das ondas de liberdade dos estudantes, da.9 naford Umvers1ty Press, 1959. es subdesen-volvidas e do "Poder Negro" talvez encontrem, neste captulo, algur,a

    MORRIS, C. W. -- Varieties of human value. Chicago: University interesse e, possvelmente, alguma ajuda,of Chicago, Press, 1956.

    ROGERS, C. R. - Client - centered therapy. Boston: Houghton Um dos mais profundos ternas da vida moderra, do homem mo-Mifflin Co., 1951, Cap. XI Pp- 522-524), derno, o problema de saber se o conceito de liberk pessoal tem

    algum sentido, seja qual for, no mundo cientfico dos 60Esos dias. AROGERS, C. R. --- A theory of therapy, personality and interpersonal

    relaticaships. In S. Koch (ed.) Psychology: A study of a science,Vol. III. Formulations of the person and the social context. New 'Freedom and Commitment The Humanist. 1964, n. 2 7/-40York: McGraw Hill, 1959, Pp. 185-256.

    210 ,.M1

  • crescente capacidade dos especialistas de prever e de controlar o com-Desse ponto de vista participam muitos psiclogos e outros que

    portamento fez com que o problema viesse, subitamente, t U3sentem como o Dr. Skinner, que todas as causas efetivas de comportao

    ositivismo lgico e a nfase estritamente "behavioris ,mento residem fora do indivduo e que s por meio de estianulos exter-

    aceitn erantes no cenrio psicolgico norte-americano, no h nem lu-

    nos um comportamento ocorre. A sua descrio cientifica do compor.

    aer

    para a discusso. O ttulo deste captulo no ter o menor signifitamento repele tudo que participe, de algum modo, da liberdade. Por

    cado,exemplo, o Dr. Skinner (1964, pp. 90-91) descreve certo experi-Mas se escaparmos da estreiteza das cincias do comportamento mento no qual um pombo condicionado a girar no sentido dosesse problema no ser apenas um tema, mas o principal ao3 : ponteiros do relgio. O comportamento do pombo "favorecido" por

    -d s do homem moderno. Friedman, no seu livro (1963, p. 2

    uma retribuio a qualquer movimento que o aproxime da direoeev ntaa'

    a problemtica do homem moderno - a alienao, a naturezados ponteiros, at que pouco a pouco, a ave vai girando e girandodi did a tenso

    no solucionada entre a liberdade pessoal e a com'num movimento constante. o que se denomina um condiciona-pulso sicolgica, conseqentcs

    morte de Deus". Os problemasmento operante. Pediu-se aos alunos que observaram a demonstra-lib dade

    essoal e do comprometimento pessoal tornaram-se, nao, que escrevessem um relatrio sobre o que tinham visto. Suas res-da e, mui o

    agudos, num mundo em que o homem j nao se nepostas incluram as seguintes idias: que o pombo fora condicionado aa oiado

    numa religio sobrenatural, e expenmenta a intensaesperar um reforo para um tipo de comportamento correto; que oe tre sua

    conscincia e aqueles elementos do seu funcionamento dinpombo achava que alguma coisa lhe poderia trazer de novo o alimen

    do ual inconsciente. Se tem de extrair um significado qualqueto; que o pombo observara que certo comportamento parecia produzir

    dme

    um universo que, pelo que sabe pode ser indiferente, o homem muma vantagem particular; que o pombo sentia que a comida lhe sederno tem de

    chegar a alguma posio que seja sustentvel emria dada, conforme a ao que desenvolvesse; que o pssaro chegou a

    dessas infinitas incertezas.associar sua ao ao estalido que fazia quem lhe dava o alimento.Assim escrevendo como um cientista do comportamento e, c Skinner ridiculariza essas afirmaes porque elas vo alm do com rofundamente interessado no humano, no pessoal portamento verificado, pelo fato de se terem usado os termos esperar,

    mo algu m 9e no intangvel, gostaria de contribuir, ate onde achar, observar e associar. Do seu ponto de vista, toda explicao es-

    no fenomenolgicoara o continuo dilogo referente significa t em que o pombo fora reforado quando emitia determinado tipo

    estiver ao nssbil

    aadne

    liberdade. de comportamento; o pssaro rodava at que o recipiente aparecesseo e I

    DE LIBERDADE de novo; certo comportamento produzia determinado resultado; o ali-OHOMEM DESTITUIDO

    mento era dado ao pombo quando este agia de determinada maneira;Esclarega-se, antes de tudo, que, para a maioria dosbps eo estalido dos dedos do encarregado de dar a comida se relaciona-dos que trabalham em cincias do

    comportamento, otde cien- va com o tempo gasto na ao da ave.. Estas ltimas afirmaes des-

    tulo pareceria, na verdade, estranhssimo. Para grande nmerolaomem crevem o comportamento do pombo, dum ponto de vista cientfico.tistas do

    comportamento, o homem no livre, nem pode, comontroladoSkinner prossegue, salientando que os alunos, indubitavelmente,

    livre, comprometer-se com algum objetivo, uma vez que cotimento relatavam o que eles prprios esperavam, sentiam e achavam, se fossem

    por fatores externos. Portanto, nem liberdade nem comprooal como submetidos a circunstncias andlogas. Justifica.se, dizendo que no h

    so conceitos viveis na moderna cincia do comportamen 'mais realidade em tais idias, no ser humano, do que h no pombo;

    usualmente entendida,que s por haverem sido aquelas palavras reforadas pela comunida-Para mostrar que no estou exagerando, veja-se o

    que afirmadede verbal na qual os indivduos se desenvolveram que foram elasDr. B. F. Skinner, de Harvard, um dos

    mais coerentes a vogusadas. Comenta o fato de que a comunidade verbal que os condi-uma psicologia estritamente "behaviorista". Diz ele: cionou a usar tais termos no viu no comportamento deles mais doA hiptese de que o homem no livre essencial aplica- que eles viram no do pombo. Em outras palavras, os eventos inter-o do mtodo cientfico ao estudo dp comportamento humano nos, se que existem, no tm significao cientfica.O homem interiormente livre, tido como responsavel pdeas

    cau- Em face dos mtodos usados para mudar o comportamento docomportamento, apenas um substituto pr cientfif

    a Todas pombo, muitas pessoas, alm do Dr. Skinner, acham que, por meio desas que so descobertas no curso de anlise cien

    (1953, p. tal reforo positivo, o comportamento humano, tanto quanto o do ani-essas causas alternativas situam-se tora do indivduo

    mal, pode ser "modelado" e controlado. No seu livro Walden Two, dia477) . Sidnner:

  • Agora que sabemos como atua o reforo positivo e como Aqui, de novo, se afiguraria evidente que o comportamento do in-no o faz o negativo, podemos ser mais deliberados e, daf, obter div1duo modelado por estmulos exteriores, no caso em tela um estf-maior xito em nosso planejamento cultural. Podemos realizar mulo social, e que no h essa coisa a que se chama liberdade parauma espcie de controle, sob o qual o controlado, embora siga escolher o comportamento de cada um. Isto nos ajuda a explicar porum sistema de normas muito mais escrupulosamente do que que Skumer, no seu Walden Two, faz o heri dizer o seguinte:no regime antigo, se sentir livre. Estar fazendo o que quer,no o que forado a fazer. A reside a fonte do enorme po- Bem, que que voc me diz do projeto de personalidades?der do reforo positivo - no haver represso nem revolta. Por Isto lhe interessa? O controle de temperamentos? D-me as espe-um cuidadoso planejamento cultural, controlamos, no o com- cificaes e eu lhe darei o homem! Que que voc me diz doportamento final, mas a inclinao para comportar-se - os mo- controle da motivao, da modelagem de interesses que faro ostivos, os desejos, as aspiraes. O curioso que, em tal caso, homens mais produtivos e de maior xito? Isto lhe parece fants-Jamais se levanta o problema da liberdade. (1948, p. 218) tico? No entanto, h tcnicas disponveis e algumas podem serOutro experimento psicolgico, feito pelo Dr. Richard Crutchfield, bntrralde oseas

    vaimdoa neo se Phense nas possibilidades...

    em Berkeley (1955), ilustTa, ainda uma vez, um meio pelo qual o comfazer deles." (1948, p. 243)

    os e veremos o que se podeportamento pode ser controlado, dando a parecer que o individuono livre. Nesse experimento, cinco sujeitos, ao mesmo tempo, ficam Uma experincia que tive, h pouco tempo, numa Universidade dasentados lado a lado, cada um numa cabina individual, separados por Costa Ocidental, ilustra, ainda, a falta de liberdade do homem. Algimsbiombos, uns dos outros. Cada cabina munida de tun painel com va psiclogos estudavam os meios pelos quais os padres individuais derias chaves e