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A. T. ROBERTSON

COMENTÁRIO MATEUS & MARCOSÀ Luz d o N ovo T e s t a m e n t o g r e g o

Traduzido por Luís Aron de Macedo

Ia Edição

CPADRio de Janeiro

2011

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Todos os direitos reservados. Copyright © 2011 para a língua portuguesa da Casa Publicadora das Assembleias de Deus. Aprovado pelo Conselho de Doutrina.

Título do original em inglês: Word Pictures o f the New Testament Kregel Publications, Grand Rapids, MI, EUA Primeira edição em inglês: 2004 Tradução: Luís Aron de Macedo

Preparação dos originais: Daniele Pereira e Esdras Bentho Revisão: Marcos Braga Capa: Josias FinamoreAdaptação de Projeto Gráfico e Editoração: Oséas E Maciel

CDD: 225 - Novo Testamento ISBN: 978-85-263-1066-7

As citações bíblicas foram extraídas da versão Almeida Revista e Corrigida, edição de 1995, da Sociedade Bíblica do Brasil, salvo indicação em contrário.As citações bíblicas assinaladas pela sigla AEC referem-se a Almeida Edição Contemporânea (São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil/Vida, 1990).As citações bíblicas assinaladas pela sigla BJ referem-se a A Bíblia de Jerusalém, Nova Edição, Revista e Ampliada (São Paulo: Paulus, 2002; Terceira Impressão, 2004).As citações bíblicas assinaladas pela sigla NTLH referem-se a Nova Tradução na Linguagem de Hoje (Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 2000).As citações bíblicas assinaladas pela sigla NVI referem-se a Nova Versão Internacional (São Paulo: Vida, 2001).As citações bíblicas assinaladas pela sigla ARA referem-se a Almeida Revista e Atualizada (Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 2002).

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Ia edição: 2011 Tiragem 3.000

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Prefácio da E dição Revista

A edição original de Comentário Mateus e Marcos, da lavra de A. T. Robertson, foi publicada há mais de setenta anos. Esta obra tem proporcionado um ministério duradouro e profícuo a pastores, missio­nários e estudantes do Novo Testamento.

A revisão da obra clássica de Robertson atualiza informações e apresenta nova formatação. Compusemos a matéria do livro em tipos modernos e fizemos as seguintes mudanças:

1. Atualizamos e editamos o texto original publicado em 1930. A. T. Robertson usou a Canterbury Version-, versão bíblica em inglês. Preferimos citar o texto bíblico da New American StandardBible (edição de 1995; [NASB]), salvo indicação con­trária. Dentro do escopo da revisão editorial, mudamos da or­tografia britânica para a americana.

2. Cada página identifica o livro, capítulo e versículo que está sendo examinado.

3. Optamos pelo alfabeto grego no lugar da transliteração. O gre­go transliterado foi originalmente usado por causa da dificul­dade de imprimir o texto grego.

4. Nas notas finais de capítulo, citamos outras versões bíblicas para efeito de comparação e esclarecimento.

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

5. Usamos um texto grego genérico do Novo Testamento. Quando julgamos oportuno e esclarecedor, apresentamos as variantes que mostram leituras diferentes do texto grego crítico de 1881 de Brooke Foss Westcott e Fenton John Anthony l íort (WH), Texto Majoritário (TM), Textus Receptus (TR) e leituras do TR feitas por Beza (TRb) e por Stephanus (TRs).

6. Algumas abreviaturas foram escritas por extenso — como Novo Testamento (NT) e Antigo Testamento (AT) — , en­quanto outras foram mantidas, MSS para manuscrito e LXX para Septuaginta. Optamos por usar as palavras por extenso ao longo do texto e usar abreviações nas notas finais de capítulo.

7. Substituímos os números romanos pelos números arábicos.

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Prefácio da E dição d e 1 9 3 0

Faz quarenta anos (1890) que o Dr. Marvin R. Vincent escre­veu a utilíssima série de livros intitulada Word Studies in the New Testament (Estudos de Palavras do Novo Testamento). Ainda são livros úteis para o público ao qual se destina, mas muita coisa acon­teceu no transcurso desses anos. Hoje em dia estão em uso métodos mais científicos de filologia. Já não explicamos os tempos verbais e preposições gregas em termos de traduções ou trocas conjeturais inglesas de acordo com o capricho do intérprete. A gramática com­parativa elucidou muitíssimo o verdadeiro significado de formas e expressões idiomáticas do Novo Testamento. Deixamos de explicar os escritores do Novo Testamento através do uso de uma construção “por” outra. As descobertas de papiros no Egito nos deram novas ex­plicações. Palavras gregas incomuns, do ponto de vista dos críticos literários ou dos eruditos em línguas clássicas, foram encontradas no uso cotidiano em cartas e documentos comerciais e públicos.

Hoje sabemos que o grego do Novo Testamento não é um dialeto novo ou peculiar do idioma grego, mas a própria língua da época. O vernáculo Koivií, a língua falada no dia a dia, aparece no Novo Testamento como nas sucatas de papiros de Oxyrhynchus e de Fayum. Há exemplos do Koivt] literário nos papiros como tam­bém nos escritos de Lucas, nas epístolas de Paulo, na epístola aos Hebreus. Um novo léxico grego-inglês do Novo Testamento será

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

lançado no devido tempo que anotará as muitas descobertas sur­preendentes e inéditas que os papiros e inscrições gregas nos têm oferecido. Essas descobertas foram feitas em primeira mão pelo Dr. Adolf Deissmann, então de Heidelberg, hoje de Berlim, em suas re­lações com o Novo Testamento. Os estudantes pouco acostumados com os originais alemães dispõem dos livros Bible Studies (tradu­ção de Alexander Grieve, 1901) e Light from Ancient East (edição revista traduzida por L. R. M. Strachan, 1927).

Levando em conta os novos conhecimentos de hoje, não há dú­vida da necessidade de uma nova série de livros. Muitos ministros solicitaram-me incisivamente que empreendesse tal tarefa até que, por fim, concordei em atender-lhes quando meus editores uniram-se à mesma voz. Nosso desejo é que os leitores destes livros sejam, em sua maioria, os que não saibam ou comparativamente pouco sai­bam do idioma grego, mas que, a despeito disso, estejam ávidos de inteirar-se dos mais recentes recursos do estudo de palavras e frases do Novo Testamento, por não terem acesso a livros exigentemente técnicos, como o Vocabulary o f the Greek Testament (Vocabulário do Testamento Grego), de Moulton e Milligan.

Os estudiosos críticos apreciarão as distinções mais sutis de palavras. Mas o fato triste é que muitos ministros, leigos e mulhe­res que estudaram grego na faculdade, universidade ou seminário permitiram que os cuidados do mundo e a falsidade das riquezas sufocassem o grego que eles outrora falavam. Alguns, por incrível que pareça, agiram assim no suposto interesse do próprio evange­lho, cujas mensagens vívidas eles fizeram com que ficassem cada vez mais turvas e vagas. Se alguns destes muitos reavivarem o inte­resse no grego do Novo Testamento, esta série em seis volumes terá valido a pena. Outros dentre eles talvez fiquem animados — como muitos ficaram ao ler o meu livro The Minister and His Greek New’ Testament (O Pastor e seu Novo Testamento Grego) — a começar a estudar o grego do Novo Testamento sob a orientação educacional de um livro como Beginner s Grammar o f the Greek New Testament (Gramática do Novo Testamento Grego para Iniciantes), de Davis. Aqueles que não têm inclinação para o grego ou careçam de opor-

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Prefácio da Edição de 1930

tunidade para estudar o idioma poderão seguir o rumo das observa­ções e usá-lo para aprimorar sermões, lições de escola dominical ou para edificação pessoal.

Para desenvolvimento puramente exegético e expositivo, seria necessário seguir uma ordem mais cronológica. Estes livros não têm a pretensão de serem um comentário formal. Em nenhuma parte o texto é analisado por inteiro, mas em todos os lugares selecio­nei para análise palavras que se me afiguraram ricas para atender as necessidades do leitor tendo em vista o conhecimento hodierno. Desta forma, grande parte da equação pessoal é inevitável. Minhas observações foram ora léxicas, ora gramaticais, ora arqueológicas, ora exegéticas, ora ilustrativas, qualquer coisa que a disposição do momento tenha me movido a escrever algo que lance luz aqui e ali nos termos e expressões idiomáticas do Novo Testamento. Outro escritor pode se sentir compelido a escrever detalhadamente sobre quesitos não tratados aqui. Este é o procedimento habitual até com comentários mais formais, por mais profícuos que sejam. Até certo ponto, o mesmo se dá quando se trata de léxicos. Ninguém sabe tudo, até na sua especialidade escolhida, ou tem a sabedoria para detectar o que todo leitor deseja que seja explicado. Contudo, até diamantes brutos são diamantes. É tarefa cabível ao leitor poli-los como desejar. Ele gira fazendo a luz deste ou daquele modo. Há certa repetição em alguns pontos, parte disso com o propósito de economizar tempo e enfatizar o ponto.

Originalmente, intitulei estes livros Ilustrações do Novo Testamento Grego pela razão óbvia de que o idioma grego era pu­ramente pictográfico. Crianças gostam de ler olhando figuras, seja onde haja somente figuras seja onde as figuras estejam entremeadas com palavras simples. A Pedra de Rosetta é um exemplo famoso. O hieroglífico egípcio está no terço superior da pedra, a língua egíp­cia demótica está no terço central com a tradução grega no terço inferior. O segredo dos hieroglíficos ou pictogramas foi desvendado por meio desta pedra. Os caracteres chineses também são pictográ- ficos ou ideográficos. As imagens representavam primeiramente as ideias, depois as palavras, depois as sílabas, depois as letras. Ainda

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

hoje no Alasca há índios que só usam figuras para comunicar ideias. “A maioria das palavras era originalmente metáforas, e as metáfo­ras estão continuamente entrando no status de palavras” (professor Campbell). Mas não é verdade que as palavras são metáforas, às vezes com a imagem da flor ainda florescendo, às vezes com a ima­gem da flor já murcha? As palavras jamais ficam totalmente longe da fase de imagens.

Estas antigas palavras gregas do Novo Testamento são ricas de significado. Elas nos falam do passado com imagens vivas para os que têm olhos para ver. E impossível traduzir tudo de uma língua para a outra. O tradutor pode transmitir muito, mas não tudo. Sutis nuanças de significado o desafiam. Mas ainda temos algumas das palavras de Jesus, como ele disse: “As palavras que eu vos disse são espírito e vida” (Jo 6.63). Jamais devemos esquecer que lidar com as palavras de Jesus é lidar com elementos que têm vida e respiração. O mesmo ocorre com todo o Novo Testamento, que é o mais mara­vilhoso de todos os livros de todos os tempos. Dá de sentir o pulsar do coração do Deus Todo-Poderoso no Novo Testamento, quando os olhos do nosso coração são iluminados pelo Espírito Santo. Que o Espírito de Deus pegue todas as coisas relacionadas a Jesus e as faça nossa, enquanto meditamos nas palavras de vida que falam so­bre o novo concerto que chamamos o Novo Testamento.

- A. T. R o b e r t s o n

Louisville, KentuckyO Evangelho segundo Mateus

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S umário

Prefácio da Edição Revista....................................................................... 5Prefácio da Edição de 1930 .................................................................... 7

O EVANGELHO SEGUNDO MATEUSIn trodução............................................................................................... 15Capítulo 1................................................................................................ 21Capítulo 2 ................................................................................................ 35Capítulo 3 ................................................................................................ 47Capítulo 4 ................................................................................................ 55Capítulo 5 ................................................................................................ 65Capítulo 6 ................................................................................................ 79Capítulo 7 ................................................................................................ 91Capítulo 8 ................................................................................................ 97Capítulo 9 ................................................................................................ 107Capítulo 10..............................................................................................115Capítulo 11..............................................................................................127Capítulo 12..............................................................................................137Capítulo 13..............................................................................................147Capítulo 14..............................................................................................163Capítulo 15..............................................................................................175Capítulo 16..............................................................................................183Capítulo 17..............................................................................................195

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

Capítulo 18................................................................................................203Capítulo 19................................................................................................215Capítulo 2 0 ................................................................................................223Capítulo 2 1 ................................................................................................ 231Capítulo 2 2 ................................................................................................243Capítulo 2 3 ................................................................................................251Capítulo 2 4 ................................................................................................263Capítulo 2 5 ................................................................................................275Capítulo 2 6 ................................................................................................285Capítulo 2 7 ................................................................................................309Capítulo 2 8 ................................................................................................331

O EVANGELHO SEGUNDO MARCOSIntrodução...............................................................................................341Capítulo 1 ..................................................................................................345Capítulo 2 .................................................................................................. 361Capítulo 3 .................................................................................................. 371Capítulo 4 ..................................................................................................383Capítulo 5 ..................................................................................................397Capítulo 6 ..................................................................................................411Capítulo 7 ..................................................................................................431Capítulo 8 ..................................................................................................441Capítulo 9 ..................................................................................................453Capítulo 10............................................................................................... 467Capítulo 11................................................................................................481Capítulo 12................................................................................................491Capítulo 13............................................................................................... 503Capítulo 14................................................................................................511Capítulo 15............................................................................................... 527Capítulo 16............................................................................................... 539

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Parte1

O E v a n g e lh o se g u n d o M a t e u s

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M a t e u s : In t r o d u ç ã o

Os estudiosos modernos têm levantado dúvidas a respeito da au­toria do Evangelho de Mateus em grego. Conforme citado por Eusébio, Pápias registra que Mateus escreveu o Logia de Jesus em hebraico (ara­maico). Mas será que o nosso Evangelho de Mateus foi baseado em uma tradução grega do Logia em aramaico junto com Marcos e outras fontes, como tendem a pensar tais estudiosos? Nesse caso, o tradutor foi o apóstolo Mateus ou outro discípulo? Considerando os fatos co­nhecidos, não há modo de chegarmos a uma conclusão definitiva. Não há verdadeira razão para Mateus não ter escrito o Logia em aramai­co e o nosso Mateus em grego, a menos que acreditemos que alguém editou Mateus e partes de Marcos para compor uma obra, colocando Marcos no mesmo nível que Mateus. O livro de Marcos apóia-se pri­mariamente na pregação de Simão Pedro. Em 1927, Jack P. Scholfield publicou An Old Hebrew Text o f St. Matthew’s Gospel (Um Antigo Texto Hebraico do Evangelho de Mateus). Tal obra tem de estar baseada em conjectura. Pouco sabemos sobre a origem dos Evangelhos Sinóticos para afirmarmos, de forma dogmática, que o apóstolo Mateus não foi o autor.

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

Se o livro for genuíno, como creio, a data torna-se tema de inte­resse. Também nesse ponto não há nada absolutamente decisivo pela pesquisa textual, a menos que Mateus tenha sido escrito depois do Evangelho de Marcos e, evidentemente, utilize Marcos. Se Marcos foi escrito em data recuada, então o livro de Mateus seria relativamente antigo. Muitos colocam o seu surgimento entre 70 e 80 d. C. Não te­mos certeza se Lucas foi escrito depois de Mateus, embora seja bastante possível. Não há como comprovar terminantemente que Lucas usou Mateus. Uma suposição é tão boa quanto a outra, e cada um decide de acordo com predileções próprias. A minha opinião é que Mateus foi escrito em cerca de 60 d.C., e constitui-se uma posição tão boa quanto qualquer outra.1

No próprio Evangelho, encontramos “Mateus, o publicano” (Mt 9.9; 10.3; cf. M t 9.9), embora Marcos (Me 2.14) e Lucas (Lc 5.27) o chamem de “Levi”. E lógico que ele tinha dois nomes (um grego e um hebraico), como também João Marcos. E significativo o fato de Jesus ter chamado esse homem de negócios de tão má reputação para segui- lo. Não há indicação de que Levi era discípulo de João Batista. Ele fôra especialmente escolhido por Jesus para ser um dos doze apóstolos. Era um homem de negócios como os pescadores Tiago, João, André e Simão. Nas listas dos apóstolos, ele consta em sétimo ou oitavo lugar. Os Evangelhos nada contam especificamente sobre ele, a não ser o fato de que fazia parte do círculo dos doze e que deu um banquete aos seus colegas publicanos para honrar o Mestre Jesus.

Mateus exercia a função de administrar contas e cuidar dos livros fiscais, sendo possível que, por hábito, tomasse notas das declarações de Jesus enquanto as ouvia. De qualquer modo, ele prestava muita atenção aos ensinos de Jesus como mostra, por exemplo, o Sermão da M ontanha nos capítulos 5 a 7, as parábolas no capítulo 13, a repre­ensão pública aos fariseus no capítulo 23 e o grande discurso escato- lógico nos capítulos 24 e 25. Como morador da Galiléia e publicano (cobrador de impostos) que colaborava com Roma, ele não era um judeu intolerante, por isso não temos um livro inclinado a favor dos judeus. Ele não mede esforços para mostrar que Jesus é o Messias judeu e a esperança nacional, e faz citações frequentes do Antigo Testamento

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Mateus: Introdução

para confirmar e ilustrar a posição messiânica de Jesus. Contudo, não encontramos nacionalismo intransigente em Mateus. Jesus é o Messias dos judeus e o Salvador do mundo.

H á dez parábolas em Mateus que não constam nos outros Evangelhos: 1) O Joio; 2) O Tesouro Escondido; 3) A Rede; 4) A Pérola de Grande Valor; 5) O Credor Incompassivo; 6) Os Trabalhadores na Vinha; 7) Os Dois Filhos; 8) As Bodas; 9) As Dez Virgens; e 10) Os Talentos. Os únicos milagres encontrados somente em Mateus são a cura de dois cegos (Mt 9.27-31) e a moeda na boca do peixe (Mt 17.24-27). A história de Bartimeu é relatada com o detalhe adicional de que um segundo cego também foi curado com ele (Mt 20.29-34). Contudo, Mateus faz a narrativa do nascimento de Jesus do ponto de vista de José, ao passo que Lucas conta essa história maravilhosa na perspectiva de Maria. H á certos detalhes da morte e ressurreição de Jesus que só aparecem em Mateus.

O livro segue o mesmo plano cronológico geral que em Marcos, mas procura colocar em grupos as matérias relacionadas, como os mi­lagres nos capítulos 8 e 9 e as parábolas no capítulo 13.

O estilo é livre de hebraísmos e tem poucas peculiaridades indivi­duais. O autor gosta da expressão “o Reino dos céus” e descreve Jesus como o Filho do Homem, mas também como o Filho de Deus. Às vezes, ele abrevia as declarações de Marcos e, outras, ele as amplia para ser mais preciso.

Alfred Plummer mostra o plano geral e amplo de Marcos e Mateus:

• Introdução do Evangelho: Marcos 1.1-13 corresponde a Mateus 3.1— 4.11.

• Ministério na Galiléia: Marcos 1.14— 6.13 corresponde a Mateus 4.12— 13.58.

• Ministério nas circunvizinhanças: Marcos 6.14— 9.50 corres­ponde a Mateus 14.1— 18.35.

• Viagem pela Peréia a Jerusalém: Marcos 10.1-52 corresponde a Mateus 19.1— 20.34.

• Ultima semana em Jerusalém: Marcos 11.1— 16.8 correspon­de a Mateus 21.1— 28.8.

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COMENTÁRIO MATEUS & MARCOS

O Evangelho de Mateus consta em primeiro lugar nas páginas do Novo Testamento, embora não esteja assim em todos os manus­critos gregos. Por causa de sua posição, é o documento mais lido e mais influente do Novo Testamento. Tal honra é apropriada, embora Mateus tenha sido escrito depois de Marcos, não seja tão belo quanto Lucas e nem tão profundo quanto João. É uma descrição exata e direta da vida e ensinos de Jesus Cristo como Senhor e Salvador. O autor mostra persuasivamente que Jesus cumpre a esperança messiânica do Antigo Testamento. Desta forma, o livro serve de excelente ponto de ligação entre a profecia do Antigo Testamento e o cumprimento do Novo Testamento.

O TÍTULO

O Textus Receptus traz “O Santo Evangelho segundo Mateus” (lò Karà MftiGofiov ayiov Eí)ayyéA.iov), embora os Elzevires omi­tam “santo”, não concordando com Stephanus, Griesbach e Scholz. Só os MSS minúsculos (manuscritos gregos cursivos e todos mais recentes) têm o adjetivo. Outros MSS minúsculos e nove unciais, in­clusive o W (Códice Washington do século V), o C, do século V (ma­nuscritos palimpsestos), e o Delta, do século IX, junto com a maioria dos MSS latinos, trazem “Evangelho segundo Mateus” (Eúayyéliov «mà MatGoáov). Os MSS Aleph e B, que são os dois unciais gregos mais antigos do século IV, só têm “Segundo Mateus” (Koaà Ma09oâ ov; note a letra dupla 9, theta). O manuscrito uncial grego D, do sé­culo X ou XI, segue Aleph e B, como fazem alguns dos mais antigos manuscritos latinos e o Curetoniano Siríaco. Então, está claro que a forma mais antiga do título era apenas “Segundo Mateus”. Podemos duvidar que Mateus (ou o autor, caso não tenha sido Mateus) tivesse algum título. O uso de “segundo” deixa claro que o significado não é “o Evangelho de Mateus”, mas o Evangelho conforme foi dado por Mateus, secundum Matthaeum, para distinguir o relato feito por ele do relato feito por Marcos, Lucas e João. Não há a menor autorida­de nos manuscritos para dizer “São Mateus”, uma prática católica romana observada por certos protestantes.

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Mateus: Introdução

O termo evangelho (^vccyyéhov) veio a significar “boas novas” em grego, embora originalmente se referisse à recompensa pelas boas novas, como vemos na Odisséia de Homero, em 14.152, e na LXX, em 2 Reis 4.10. No Novo Testamento, trata-se das Boas Novas de salvação por meio de Cristo. Há quem pense imediata­mente no uso do termo Palavra ou Verbo (kóyoc) citado em João 1.1,14. Portanto, de acordo com o grego, não são as “Boas Novas de Mateus”, mas as “Boas Novas de Deus”, reveladas através de Cristo, a Palavra, o Filho de Deus, a Imagem do Pai, a Mensagem do Pai. Temos de estudar essa história conforme Mateus a descreve. A mensagem é de Deus e nos é tão nova e alvissareira hoje como o foi no período quando Mateus a escreveu originalmente.

NOTAS____________________________________________________

1 N. do E.: Desde que A. T. Robertson escreveu esta introdução, muitas pesquisas contribuíram para datar os autógrafos do Novo Testamento, inclusive a desco­berta dos Rolos do Mar Morto e outras evidências manuscritas. Os que estão dispostos a degradar a historicidade dos Evangelhos têm se esforçado, sem êxi­to, em achar evidências para colocar Mateus depois do século I. Contudo, há mais evidências para colocá-lo bem antes disso, possivelmente na década de quarenta ou início da de cinquenta.

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