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REVISTA DE MANGUINHOS | DEZEMBRO DE 2014 54 INFORMAÇÃO

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mais recente iniciativadas Bibliotecas Virtuaisem Saúde da Fiocruz foio lançamento do editaldo Programa de Apoio às

BVS’s, que teve seu resultado divulga-do em setembro. O programa, sob co-ordenação da Vice-Presidência deEnsino, Informação e Comunicação(VPEIC) e do Instituto de Comunicaçãoe Informação Científica e Tecnológicaem Saúde (Icict), visa incentivar, apoiare promover iniciativas que colaborempara a inovação, manutenção, desen-volvimento e a integração dos serviçose produtos das bibliotecas. Foram apre-sentados, ao todo, onze projetos, cadaum desenvolvido por uma BVS.

A vice-presidente de Ensino, Informa-ção e Comunicação da Fiocruz, NísiaLima, conta que a ideia de se lançar oedital surgiu no Fórum da Rede Brasilei-ra de Bibliotecas Virtuais em Saúde, rea-lizado em 2013, na Fiocruz. Segundo ela,a iniciativa foi pensada como elementode estruturação da pesquisa na Funda-ção, servindo de apoio à investigaçãocientífica e como componente importan-te para a articulação entre os grupos depesquisa e para a comunicação científi-ca dos resultados de seus estudos. “AsBibliotecas Virtuais em Saúde são ummeio fantástico para a divulgação da ati-vidade científica e são, em si mesmo,um ambiente de pesquisa importante.Foi esse espírito que nos levou a lançar oedital, que foi construído de formacompartilhada”, explica. Para a concre-tização das propostas elaboradas pelasbibliotecas, será destinado o total de280 mil reais nos próximos dois anos.

Os projetos apresentados visaramentender as atividades das unidades daFiocruz destinadas ao apoio às bibliote-cas, avaliar a participação das bibliote-cas físicas às atividades das BVS’s edesenvolver ações de divulgação em proldo desenvolvimento das Bibliotecas Vir-tuais em Saúde. As propostas foramelaboradas com base nas seguintes te-máticas: estudo de usuários, representa-ção temática, educação continuada,

Ainovação tecnológica, ações para divul-gação das bibliotecas e História e me-mória das BVS’s. “Nossa ideia não erafazermos um edital individual ou com-petitivo, mas que favorecesse ao máxi-mo o compartilhamento e a consolidaçãodas experiências das bibliotecas. Ao de-senvolverem suas propostas, as BVS’sconvergiram para ações principalmentede divulgação das bibliotecas e tambémde inovação tecnológica, pensando eminterfaces mais amigáveis com os pes-quisadores e o público em geral”, desta-ca a vice-presidente.

Para Nísia, as Bibliotecas Virtuais emSaúde desempenham papel fundamen-tal na divulgação científica voltada nãosomente a pesquisadores e gestores,mas também a um amplo conjunto decidadãos interessados na informação emsaúde. Um exemplo dessa característi-ca peculiar das BVS’s, segundo ela,pode ser observado na Biblioteca Virtu-al Carlos Chagas, onde chegam con-sultas de ordem médica que, porescaparem à responsabilidade da bibli-oteca, acabam sendo encaminhadas aoInstituto Nacional de Infectologia Evan-dro Chagas (INI-Fiocruz). “As BVS’s têmessa interface com o público, que émuito importante. Elas mesmas geramnovos conhecimentos tanto pela inter-face com grupos de pesquisa como comos pesquisadores”, reforça Nísia.

Após a concretização das propos-tas apresentadas pelas Bibliotecas Vir-tuais em Saúde, a ideia é, segundoNísia, fazer um balanço da experiên-cia e potencializar, junto às agênciasde fomento, o apoio regular às biblio-tecas. “Entre outras ações, pensamosem sugerir que os editais lançados peloDepartamento de Ciência e Tecnolo-gia (DECIT), da Secretaria CiênciaTecnologia e Insumos Estratégicos (ins-tância do Ministério da Saúde respon-sável pelo incentivo ao desenvolvimentode pesquisas em saúde), contemplemmais a área de pesquisa em informa-ção em saúde, com destaque para agestão do conhecimento e programascomo o das BVS”, adianta.

Danielle Monteiro e Renata Moehlecke

BVS FiocruzCoordenada pela Fiocruz em con-

junto com a Universidade de São Pau-lo (USP) e a Universidade Federal daBahia (UFBA), a primeira Biblioteca Vir-tual em Saúde (BVS) no Brasil surgiuem 1998, com a temática Saúde Pú-blica. “Na época, a criação da BVSSaúde Pública foi uma iniciativa inova-dora, pois possibilitou um recorde te-mático dentro do contexto da Lilacs,que é o mais importante e abrangenteíndice da literatura científica e técnicaem saúde da América Latina e Caribe,com metodologia desenvolvida em1985”, explicou coordenadora da Redede Bibliotecas da Fiocruz, Fátima Mar-tins. A partir dessa experiência, o mo-delo BVS, proposto pelo CentroLatino-americano e do Caribe de Infor-mação em Ciências da Saúde (Bireme)da Organização Pan-Americana daSaúde (Opas), foi amplamente copia-do no país e outras temáticas tambémganharam seus espaços virtuais.

Em 2006, a Fundação criou a BVSFiocruz para congregar as iniciativasque estavam sendo originadas de for-ma fragmentada em suas unidades.“O Instituto de Comunicação e Infor-mação Científica e Tecnológica emSaúde (Icict/Fiocruz) percebeu que acriação de uma BVS institucional po-deria organizar cada uma das bibliote-cas virtuais dentro do modelo de redesugerido pela Bireme e, assim, ajudara construir de forma colaborativa umarede brasileira de informação em ciên-cias da saúde, reunindo o material dis-ponível em bibliotecas físicas deuniversidades e em institutos de pes-quisa como a própria Fiocruz”, comen-tou Luciana Danielli, coordenadora daBVS Fiocruz.

Hoje, com o apoio do Ministérioda Saúde e visando à ampliação dolivre acesso à informação em saúde, aFundação coordena 13 BVSs, dez te-máticas e três biográficas, reunindopublicações de várias instituições e re

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des acadêmicas. “A BVS Fiocruz fun-ciona como uma espécie de secretariaexecutiva dessas bibliotecas virtuais,sendo responsável pelo desenvolvimen-to metodológico e tecnológico, seja emtermos de organização, criação, desen-volvimento e instalação, como tambémno que se refere a capacitação e trei-namento de profissionais, além da or-ganização de reuniões dos comitêsconsultivos e executivos, que são o cor-po da formação do trabalho cooperati-vo de uma BVS”, esclareceu Luciana.

A coordenadora da BVS Fiocruz, ain-da atentou para o fato de que, para exis-tirem, as BVSs dependem da integraçãodo trabalho de duas ou mais bibliotecasfísicas que, independente da localizaçãogeográfica, tornam-se conectadas pelaárea de conhecimento. “No caso da BVSintegralidade em Saúde, o projeto de-pendeu de uma parceria da Fiocruz coma Universidade Estadual do Rio de Janei-ro (Uerj): as instituições mapearam o co-nhecimento na temática em seus acervosfísicos e nós o organizamos tecno e me-todologicamente”, exemplificou.

Fátima acrescenta que a atual am-pliação do número de BVSs tem apre-sentado desafios para os procedimentosde indexação das informações nas bi-bliotecas físicas. “Cada vez mais temsido necessário investir na formação dosprofissionais da área de informação,responsáveis por selecionar e replicar oacervo das bibliotecas físicas em outrasfontes dentro de determinados padrõesde qualidade”, explicou a coordenado-ra da Rede de Bibliotecas da Fiocruz.“O sistema a ser alimentado está cadavez mais complexo, pois é preciso queo profissional perceba que determina-do material pode tem ligação com di-versas BVSs que, por sua vez, sãodestinadas a públicos diferenciados”.

No que se refere à escolha das te-máticas, Luciana elucida que tudo de-pende da necessidade de uma área deconhecimento organizar e dar maior vi-sibilidade a sua produção de informaçãocientífica em ciências da saúde. “Umadas oportunidades da BVS é permitir quedeterminada produção possa ser organi-zada dentro de um único espaço, mes-mo que de forma referencial e, somentemais tarde, o texto completo seja dispo-

nibilizado. Além de livros e teses, essesespaços podem reunir folhetos, revistas,relatórios técnicos, de pesquisa, disser-tações de mestrado etc., em um proces-so diferenciado do encontrado em basesde dados internacionais”, explicou.

Fátima acrescenta que, nas BVSs,muitas vezes, o material é referencialdevido também a dificuldades no pro-cesso de digitalização. “A maior barrei-ra para digitalizar e disponibilizardeterminado material são os direitos au-torais. Temos, por exemplo, na Bibliote-ca de Saúde Pública da Fiocruz, acoleção inteira d’O Pasquim [famoso jor-nal de bairro carioca semanal que circu-lou de 1969 a 1991]. Podemos digitalizare disponibilizar para consulta dentro daprópria biblioteca, mas para passar essematerial para a BVS, somente obtendoautorização de todos os jornalistas e co-lunistas que escreveram na publicação,o que torna o processo infindável. Noentanto, em outros casos, a atual Políti-ca de Acesso Aberto da Fiocruz tem aju-dado a dar conta disso”, concluiu.

Cenário atualEm 2013, a Fiocruz sediou o 1º Fó-

rum da Rede BVS Brasil, que comemo-rou os 15 anos da Biblioteca Virtual emSaúde Pública. Na ocasião, os represen-tantes da Rede BVS Brasil analisaram ocenário atual da rede no país e debate-ram as perspectivas em prol de seu for-talecimento e da autossustentabilidade.“A ideia era promover o avanço das BVSspor meio de uma maior integração, tro-ca de experiências e trabalho colabora-tivo, com base em quatro perspectivaschave: governança, editais de fomento,publicações e critérios de seleção de in-formações. Além disso, começamos aestabelecer as bases para estudos sobreusuários e acesso à informação”, rela-tou Luciana. “Vimos que as instituiçõesestão estimuladas a dar continuidade aotrabalho compartilhado, e dispotas a pen-sar juntas de que forma podem potenci-alizar a colaboração. No Brasil, é difícilmanter um trabalho em rede: é quaseuma militância em defesa do progressoe da continuidade das BVSs”.

Também no ano passado, em fun-ção das comemorações dos 25 anos do

Sistema Único de Saúde (SUS) e dos 10anos da morte do sanitarista Sergio Arou-ca, a equipe da BVS Fiocruz atualizou aBVS dedicada ao pesquisador. Forammais de 500 novos títulos que incluíramo vídeo restaurado do discurso do Arou-ca na 8ª Conferência Nacional de Saú-de, marco da criação do SUS, e o acervodos jornais A proposta e Dados, e dasrevistas Cema e Súmula, que deram ori-gem a atual Revista Radis da Fiocruz.“Uma biblioteca virtual não é estanque.A atualização de conteúdos é frequen-te, mesmo sendo bibliografia. Os estu-dos sobre o pesquisador e sua obracontinuam; descobrem-se outros docu-mentos que podem ser inseridos. Nocaso do Arouca, recebemos doações depastas com diversos documentos que eleusou em sua gestão como presidenteda Fundação, além de convites, tele-gramas e outros itens históricos. É a partirdesses espaços que o usuário, que an-tes nem tinha conhecimento dessesmateriais, pode ter acesso a esse con-teúdo”, destacou Luciana.

Agora, de acordo com Luciana, umadas metas para a BVS Fiocruz é conse-guir a certificação pela Bireme de cadaum dos 13 espaços virtuais que a Fio-cruz coordena. “Até o momento, qua-tro BVSs já são certificadas [BVSDoenças Infecciosas e Parasitárias, BVSEducação Profissional em Saúde, BVSIntegralidade em Saúde e BVS AdolphoLutz], as outras nove estão ainda em de-senvolvimento”, afirmou a coordenado-ra. “Temos mais três projetos piloto: aBVS Pensamento Social, fruto de umaparceria com CNPq [Conselho Nacionalde Desenvolvimento Científico e Tecno-lógico] e a Casa de Oswaldo Cruz [COC/Fiocruz], e a BVS Carga de Doenças,sugerida pela Escola Nacional de SaúdePública [Ensp/Fiocruz], que visa avaliar oimpacto que uma doença pode ter nasociedade, com base em fatores econô-micos e sociais e dentro de uma pers-pectiva epidemiológica, e ainda, a BVSInovação e Propriedade Intectual”.

A BVS Fiocruz também tem partici-pado de cooperações no âmbito inter-nacional, que tem como objetivofornecer conhecimento técnico para agestão e o desenvolvimento de bibliote-cas e redes de saúde a profissionais de

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outros países. “Junto com a Rede de Bibli-otecas da Fiocruz, temos dado suporte aoInstituto Nacional de Saúde de Moçambi-que e ao Instituto de Medicina Tropical eHigiene de Lisboa [Portugal]”, contou Lu-ciana. “A intenção é que nossa experiên-cia ajude a desenvolver a rede colaborativa

Conheça asBVS FiocruzTemáticas:

BVS Saúde Pública

BVS Aleitamento Materno

BVS Doenças Infecciosas eParasitárias

BVS Educação Profissionalem Saúde

BVS Integralidade em Saúde

BVS História e PatrimônioCultural da Saúde

BVS Violência e Saúde

BVS Envelhecimento

BVS Determinantes Sociaisem Saúde

BVS Bioética e Diplomaciada Saúde

Biográficas:

BVS Adolpho Lutz

BVS Carlos Chagas

BVS Sergio Arouca

Além das bibliotecas, o acervoacadêmico da instituição tambémestá reunido em dois ambientes vir-tuais: um é o Repositório Institucio-nal (Arca) e outro é a Base de Tesese Dissertações. O Arca, lançado em2011, reúne e oferece acesso a arti-gos científicos, teses e dissertações,relatórios técnicos, vídeos e todo umconjunto de conteúdos digitais ori-ginários da pesquisa, do ensino e dodesenvolvimento tecnológico da Fi-ocruz. O Portal de Teses e Disserta-ções informa sobre o conteúdoacadêmico produzido na Fundação,oferecendo parte dos artigos em PDF.

Acervo acadêmicoFiocruz

ePORTUGUÊSe, uma iniciativa da OMS[Organização Mundial da Saúde] paraestabelecer uma rede de informação emsaúde nos oito países de língua portugue-sa [Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bis-sau, Moçambique, Portugal, São Tomé ePríncipe, e Timor-Leste]”.

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foto: Peter Elicciev

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