RLM 34
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nº 3
4Leal M
oreira
A melhor chef do mundo é uma estudiosa A melhor chef do mundo é uma estudiosa de sabores e festeja a quebra de um tabu de sabores e festeja a quebra de um tabu
Elena ArzakElena Arzak
Eriberto LeãoEriberto LeãoFernando CarusoFernando Caruso
Brinquedos de miritiBrinquedos de miritiMadeira de demoliçãoMadeira de demolição
ano 9 número 34 www.revistalealmoreira.com.br
SSSOOOOOMMMMOOOOSSSSS MMMMUUUUUNNNNNDDDOOS EEEMMM MMMMMOOOOOVVVVIIIMMMMMEEEEENNNNTTTTTOOOOOO.
QQQQQUUUUUEEEEE PPPPOOOOODDDDDEEMM SSSSEEEE EEEEENNNNNNCCCCOOOOONNNNNNTTTTRRRRRRRRAAAAAAAARRRR..
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índice
126
14042
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dicas pg 16perfil Fernando Caruso pg 28Anderson Araújo pg 34comportamento pg 36Celso pg 58especial pg 60tech pg 68especial miriti pg 80horas vagas pg 96confraria pg 108Glauco pg 110especial perfume pg 112Nara pg 122enquanto isso pg 136vinhos pg 146falando nisso pg 158especial empórios pg 160institucional pg 166Saulo Sisnando pg 178
capaHidromiel y Fractal Fluido,sobremesa da chef Elena Arzak.AcerbiMoretti Photography
go
urm
et
Eriberto Leão na arena: o ator fala sobre sua sólida formação, carrei-ra, paixão pelo Teatro e Filosofia.
Perf
il Ja
y V
aq
uer
entr
evis
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Luxo impresso no passaporte. Con-fira alguns dos roteiros mais caros - e curiosos - do Turismo.
destin
o
148
Eles são artistas, talentosos, disputados pelas maiores editoras americanas de histórias em quadrinho e... brasileiros.
70 Jorge Eiró celebra 30 anos de carreira. O artista plástico revela suas inspi-rações e, movido pela música, a frustração de não saber tocar um instru-mento.
galeria
especial quadrinhos
decor
88
Elena Arzak desbancou a hegemonia masculina no universo gastronômico. Conheça a chef espanhola que arrebatou o título de melhor do mundo e coleciona estrelas no guia Mi-chelin.
Cronista, poeta, atento observador do cotidiano. Jay Vaquer foge dos rótulos, busca a simplicidade e procura manter os fãs sempre por perto.
O charme dos móveis ecologicamente corretos. O ecodesign defi-nitivamente está na moda!
A Revista Leal Moreira 34 traz conteúdo exclusivo nas matérias sinalizadas com QR code.
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Seu mundo com nome e sobrenome
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Caro leitor,
Esta especialíssima edição 34 marca o 9º ano de existência da Revista Leal Morei-
ra. A publicação nasceu após muito estudo e planejamento. Sua tiragem inicial era
de 5 mil exemplares, com distribuição em vários pontos de Belém. Pouquíssimo tem-
po depois, motivada pelo público leitor, a Revista Leal Moreira passou a ser encontra-
da em mais locais. Aumentamos a tiragem, a equipe, o conteúdo, sem perder o foco
inicial: uma publicação de qualidade editorial e gráfica, que não fosse sobre a Leal
Moreira e sim que reunisse assuntos pertinentes para quem vive um Leal Moreira.
É uma felicidade chegar ao ano nove com o fôlego de quem publica o primeiro
número. Esta revista é feita por gente apaixonada, disposta a cruzar barreiras e oce-
anos. E foi assim, cruzando o Atlântico, que nos encontramos com a chef espanhola
Elena Aznar, eleita a melhor do mundo, pela Restaurant Magazine, e conhecemos a roti-
na de seu restaurante. Ainda no velho continente e com um pé na América do Norte,
percorremos algumas rotas que nos levaram ao destino dos adeptos do “enoturismo”
e de outras modalidades do turismo de luxo.
De volta ao Pará, pegamos a estrada, rumo a Abaetetuba, capital do brinquedos
de miriti, que emprestam sua leveza e cores à maior manifestação de fé do povo
paraense.
O ator Eriberto Leão fala da vida e dos desafios vividos como ator em uma entrevis-
ta intimista. Já o ator e comediante Fernando Caruso fala de bom humor e do ótimo
momento da comédia no Brasil. Jay Vaquer conta histórias curiosas e faz questão de
manter uma relação próxima com seus fãs.
Fomos investigar o ofício dos perfumistas para entender melhor a complexidade de
um mundo de aromas que se combinam e dão origem a fragrâncias inesquecíveis.
O artista paraense Jorge Eiró comemora 30 anos de carreira e presenteia os leito-
res da Revista Leal Moreira com uma bela seleção de sua obra e com uma surpre-
endente visita ao seu ateliê, que você poderá acompanhar em um vídeo exclusivo no
site www.revistalealmoreira.com.br
Aliás, em nosso site, você encontrará muitos outros conteúdos exclusivos. Imper-
díveis!
Obrigada por esses anos todos de boa companhia e de leitura. Esperamos que
você goste desta edição - a maior, já feita por nós.
Festejemos as boas notícias!
André Moreira
Criação Madre Comunicadores AssociadosCoordenação Door Comunicação, Produção e EventosRealização Publicarte EditoraDiretor editorial André Leal MoreiraDiretor geral Juan Diego CorreaDiretor de criação e projeto gráfi co André LoretoGerente de conteúdo Lorena FilgueirasEditora-chefe Lorena FilgueirasProdução editorial Camila BarbalhoFotografi a Dudu MarojaReportagem: Alan Bordallo, Aitor Ubarretxena,Camila Barbalho, Fábio Nóvoa, Leonardo Aquino, Leila Loureiro, Tylon Maués, Su Carvalho. Colunistas Anderson Araújo, Celso Eluan, Glauco Lima, Nara Oliveira e Saulo Sisnando.Assessoria de imprensa Lorenna Montenegro e LucasOhanaRevisão Marília Moraes e André MeloGráfi ca HalleyTiragem 15 mil exemplares
Comercial Gerente comercial Daniela Bragança • (91) 8128.6837Contato comercialThiago Vieira • (91) 8148.9671Adriane Campos • (91) [email protected]
FinanceiroContato (91) [email protected]
Fale conosco: (91) 3321-6864 [email protected]@lealmoreira.com.brwww.revistalealmoreira.com.brfacebook.com/revistalealmoreira
Revista Leal Moreira é uma publicação trimestral da Publicarte Editora para a Construtora Leal Moreira. Os textos assinados são de responsabilidade dos autores e não refl etem, necessariamen-te, a opinião da revista. É proibida a reprodução total ou parcial de textos, fotos e ilustrações, por qualquer meio, sem autorização.
Tiragem e distribuição auditadas por
João Balbi, 167. Belém - Paráf: [91] 4005-6800
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Construtora Leal MoreiraDiretor Presidente: Carlos MoreiraDiretor Financeiro: João Carlos Leal Moreira Diretor de Novos Negócios: Maurício MoreiraDiretor de Marketing: André Leal MoreiraDiretor Executivo: Paulo Fernando MachadoDiretor Técnico: José Antonio Rei MoreiraGerente Financeiro: Dayse Ana Batista SantosGerente de RH: Waldemarina NormandoCoordenador de Clientividade: Fabiano Winkler
Revista Leal Moreira
editorial
expediente
Conheça um pouco mais sobre a construtora acessando o site www.lealmoreira.com.br. Nele, você fi ca sabendo de todos os empreendimentos em andamento, novos projetos e ainda pode fazer simulações de compras.
Escreva para: [email protected] João Balbi, 167 • Nazaré • Belém/PA - Brasilcep: 66055-280
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Online:
Telefone:++55 91 4005 6800
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Belém
Famiglia SiciliaConsagrado em Belém por mais de vinte anos como Dom Giuseppe,
o Famiglia Sicilia passou por uma recente e intensa reestruturação –
envolvendo ambiente, nome e cozinha. Hoje, Angela Sicilia é a respon-
sável pelos sabores e panelas, onde prevalece a tradição italiana que
deu fama ao lugar. Ganhou destaque também a adega do restaurante:
são 600 rótulos na carta de vinhos e aproximadamente 8.000 garrafas
armazenadas. Sugerimos escolher do cardápio o risoto de queijo azul
e alho-poró, que fica muito bem acompanhado do vinho chileno Leyda
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Kiss and FlyJá presente no Brasil em cidades como São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Porto Alegre, a Kiss
and Fly acabou de chegar a Belém. Recém-inaugurada, a filial do clube nova-iorquino virou sucesso
instantâneo entre os moderninhos em um perímetro já bastante conhecido por quem curte a noite e
gosta de dançar. A casa alia o clima luxuoso a grandes atrações semanais. A decoração é sofisti-
cada, com lustres de cristal e espelhos espalhados pelos diferentes ambientes: camarotes, pista de
dança, bar e lounge – onde é possível jantar antes de a festa começar. O visual é valorizado com o
show de luzes, leds e moving heads característico da franquia. Aconselhamos chegar cedo: ingressos
vips e camarotes são limitadíssimos e começam a ser vendidos sempre às 18h.
Trav. Benjamin Constant, 303, Reduto • (91) 3224.7943
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Família combinacom você.
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de.
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Café del Mar Criado na década de 80, na ilha espanhola
de Ibiza, o Café del Mar virou sinônimo de
entretenimento de luxo – adotando para as
franquias espalhadas no mundo o mesmo
ar hedonista que fez sua fama internacio-
nal. Desde 2006, a marca realiza eventos
no Brasil, em cidades como São Paulo, Belo
Horizonte, Florianópolis, Brasília e Salvador.
No Rio de Janeiro, o sucesso das label parties
foi tão grande que rendeu a inauguração de
mais uma casa, em 2010. O primeiro Café
del Mar do Brasil fica em Copacabana e vai
completar dois anos em outubro. O clima
praiano e o visual sofisticado da casa criam
o ambiente perfeito tanto para início quanto
para fim de noite. Recomendamos experi-
mentar a tradicional Paella à Marinera, prato
clássico da gastronomia catalã.
Brasil
Tomar um drinque no meio de um pregão, à primeira vista, pode parecer um
tanto estranho. Mas é bem próximo do que acontece no Wall Street Bar, em São
Paulo. Seguindo uma fórmula que vem ganhando espaço em metrópoles como
Berlim e Tóquio, a casa mescla conceitos de interatividade e entretenimento com
um ambiente inspirado na bolsa de valores de Nova York – com direito ao famoso
touro de bronze na porta. Lá, os clientes podem negociar o valor das bebidas
como se fossem ações, além de acompanhar a oscilação dos preços em telões.
Nas mesas, telas touchscreen permitem passear pelo cardápio e comprar produtos
em sistema similar a um home broker. Sugerimos começar a noite escolhendo uma
música na jukebox e bebericando um Holding – drinque feito de limão siciliano,
tangerina, lichia, vinho do porto branco e refresco de maracujá. A partir daí, é só
acompanhar as cotações.
Wall Street Bar
Rua Jerônimo da Veiga, 149, Itaim Bibi • (11) 3873.6922 • www.wallstreetbar.com.br
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Avenida Atlântica, 1910 • (21) 3649.9658 • www.cafedelmarbrasil.com
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mundo
Via Narciso, 59 - Polignano a Mare (Bari) Puglia • +39 (0)80 4240677 • [email protected]
Pauly Saal
Grotta Palazzese
A década de 20 e a Weimar Culture – momento intelectual considerado pe-
los historiadores como um dos mais frutíferos do mundo – serviram de inspi-
ração para o Pauly Saal, restaurante retrô que exalta a Berlim pré-guerra. O
visual é clean e suntuoso ao mesmo tempo, com a leve interferência kitsch do
dourado e de uma réplica de míssil no salão principal. Tudo na decoração
reflete a exuberância do período histórico, que motivou a construção do local
e fica onde antes era uma escola judia só para meninas. Na cozinha, o estre-
lado chef Siegfried Danler é dos mais tradicionais: vale provar os ensopados
que vêm em panelas de ferro fundido, além dos pratos de miudezas, típicos
da cozinha alemã.
Encrustado em uma rocha de frente para o mar, o hotel e restaurante Grot-
ta Palazzese impressiona pelo visual cinematográfico: situado na charmosa
vila medieval de Polignano a Mare, na Itália, o lugar empresta sofisticação e
elegância a um cenário já impressionante de cavernas e penhascos. O am-
biente é romântico e fica ainda mais bonito quando cai o sol e a luz fica mais
amena. O hotel ainda possui um salão de recepções construído no século
XVIII e decorado com itens de artesanato local. O ideal é se hospedar para
um fim de semana em uma das instalações do centro histórico e aproveitar
os eventos frequentes do Grotta. A fama do complexo aumentou conside-
ravelmente o turismo da região. Então, é bom se programar com calma e
evitar as altas temporadas.
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Auguststraße 11–13, 10117 Berlin • +49 30 33 00 60 70 • [email protected]
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VaquerDesconstruindo
Ao ouvir Jay Vaquer pela primeira vez,
não se deixe confundir pela sonorida-
de pop ou pelos caminhos harmônicos
inusitados. Nem mesmo pela longa extensão
vocal, sempre evidenciada nos seus desenhos
melódicos virtuosos. Se vir seu show ao vivo,
não se concentre apenas na sua verve perfor-
mática, tendendo aos espetáculos de ópera-
-rock. Nada disso é tudo, embora tudo seja
essencial para compreendê-lo. Preste atenção
também à sua maneira de escrever: há amo-
res pouco ou nada piegas, como também há
dores latentes - e um rir constante das comé-
dias de costume sobre as quais ninguém gosta
muito de falar.
Ora cronista, ora poeta, o trabalho do cantor
e compositor por vezes se arrisca a lembrar a
parábola dos sábios cegos - aqueles que, ao
tatear partes diferentes de um elefante, tomam
como concepção de todo o que é apenas com-
ponente. Da mesma maneira, uma única faixa
não vai conseguir contar quem o artista é; as-
sim como talvez nem mesmo um disco inteiro
o faça. Plural, sagaz, sincero e extremamente
talentoso, Jay desenvolveu uma maneira muito
particular de se expressar por meio da música,
o que rendeu cinco álbuns de estúdio e mais
um CD/DVD ao vivo, distribuídos em 12 anos
de carreira. Seu sexto disco de composições
inéditas está em fase de produção e promete
sustentar toda essa peculiaridade.
Embora tenha flertado com a grande mí-
dia em alguns momentos (seus clipes fizeram
muito sucesso nos tempos áureos da MTV),
não dá para chamar Jay Vaquer de um artis-
ta massivo. O cantor sobrevive bem longe dos
programas de TV e das rádios – em grande
parte, por ser contrário à política de lobby por
trás da indústria fonográfica – graças à internet
e a um circuito independente cuja divulgação
é pautada principalmente pelas redes sociais.
Outra arma poderosa é o grande número de
fãs apaixonados pelo seu trabalho e suas pos-
turas sólidas. Se tudo isso ainda não configura
motivo para conhecê-lo, talvez ajude saber do
seu DNA privilegiado: Jay é filho da respeitada
Jay Vaquer nasceu predestinado a ser uma estrela. Filho da paraense Jane Du-boc, com o guitarrista Jay Anthony Vaquer, ele ousou ir além dos rótulos e bus-cou proximidade dos fãs, com os quais mantém uma relação direta e honesta
»»»
Camila Barbalho Van Gonçalves / divulgação
cantora paraense Jane Duboc e do guitarrista
Jay Anthony Vaquer, parceiro de Raul Seixas em
muitos de seus clássicos.
Jay Vaquer conversou com a Revista Leal Mo-
reira, e se apresentou como os fãs o conhecem:
honesto e muito convicto, sem perder a simpatia
e o bom-humor. Conheça-o você também.
Você sustenta uma postura muito sincera ao li-dar com seus fãs e também exercita a proximida-de com eles. Qual o balanço que você faz disso? Em algum momento, a sinceridade e a proximida-de atrapalham ou é sempre bom?
Algumas pessoas confundem um pouco essa
postura, preferem aquele determinado artista
que permanece distante... Quando ele é inaces-
sível, fica mais interessante, mais “valioso”. Ao fi-
car próximo e virar “camarada”, fico meio bana-
lizado (risos). Alguns até deixam de ir aos shows!
É um fenômeno curioso que acontece mesmo...
Apesar disso, não me imagino com outra pos-
tura. Eu sou apenas aquilo que acredito sempre
precisar ser: honesto.
O Umbigobunker?!, seu disco mais recente, tem um clima mais melancólico e introspectivo que
os anteriores. As músicas foram compostas no mesmo período?Elas refletem um momento seu ou foram compiladas para, juntas, contarem essa história?
Meus trabalhos estão carregados de melan-
colia. Lembrei agora do planeta do Lars Von
Trier (risos). Mas é resultado da minha nature-
za. Nunca gravarei nada “solar”. Nunca vão ou-
vir um CD meu com algo numa linha “pois bem
chegueeeei, descobridor dos sete mares...Tira o
pé do chão, galera!” (risos). Eu componho bas-
tante, tenho coisas mais antigas que ainda não
foram lançadas. Aí costumo selecionar o reper-
tório pensando em construir e estabelecer uma
“jornada” com começo, meio e fim, para quem
quiser embarcar na proposta. É como um livro,
um filme...
Nesse sentido, em que tom virá o próximo CD? Dá pra adiantar alguma coisa?
Ácido, melancólico. Com melodias que con-
sidero interessantes, arranjos muito bem cuida-
dos, esmerados... Adoro saborear cada etapa
do processo de gravação com imenso prazer.
Busco aprender, descobrir, arriscar, experimen-
tar... E sempre expressando rigorosamente
aquilo que julgo necessário ou interessante ex-
pressar agora.
Que sensação você tem ao ouvir o primeiro dis-co? O que mudou em você e na sua maneira de compor de lá pra cá?
É bem aquele clima de rever uma foto anti-
ga: eventualmente, você estranha um corte de
cabelo, uma calça misteriosa, algo que agora
parece datado, talvez cafona... mas também
pode reparar num olhar com um brilho lindo
que se perdeu pelo caminho. Por exemplo, ali
em “Nem tão são”, há um arranjo de metais em
“Ilha Eu” feito pela Banda Mantiqueira. São mú-
sicos maravilhosos, mas claro que aquele som
não combina comigo. Eu é que ainda não sabia
disso. Gosto do Paulinho da Viola, do Cartola,
mas não me meto em fazer sambas. Não sei
fazer e nem tenho vontade, mas adoro escutar.
Amo Stevie Wonder, mas meu som não é próxi-
mo daquele universo dele. Demorei a perceber
coisas assim... Detecto ali no primeiro CD alguns
momentos de insegurança e de uma arrogância
que brotava dessa insegurança também... Havia
um ingênuo “sei o que faço, me produzo sozinho
e dane-se tudo” que era infantil. Mas identifico
muitos acertos também. “A Miragem” e “Aponta
de um iceberg” poderiam estar no próximo CD
tranquilamente.
Quais as vantagens e desvantagens de ser um artista solo em um nicho dominado por bandas?
Eu realmente percebo as duas coisas. Vanta-
gem é não ter que lidar com egos. Quando você
está numa banda, tem que ceder em alguns
pontos. Se um guitarrista cisma com um solo e
você não gosta, como fazer? O cara também é
da banda. Aí você tem que ceder, ou delegar ao
produtor, que é um cara neutro... Não ia funcio-
nar pra mim. Eu controlo muito essa questão dos
arranjos. Agora, a grande desvantagem é que
é muito solitário. Cada pancada que você leva,
tem que sustentar sozinho. O engraçado é que,
até hoje, tem gente que acha que “Jay Vaquer”
é uma banda. Eu me divirto com esse tipo de
coisa.
O que move você na hora de escrever? Como você observa esse seu processo de composição?
Tudo que me faz refletir, tudo que comove, me »»»
provoca, me instiga, me revolta, me incomoda,
me altera... Não há exatamente um processo,
mas um tempo que reservo para compor. Sem-
pre que faço isso, desenvolvo algo. Pego meu
violão e vou nessa (risos).
Sua mãe gravou um álbum com versões em in-glês das suas músicas. Como foi essa experiên-cia? Como é se ouvir em outra língua?
Foi uma honra. O trabalho é lindo. Arranjos be-
los, participações maravilhosas... Escutar Milton
Nascimento cantando algo que você compôs é
muito doido (risos). Toninho Horta (também par-
ticipou do disco)... Quanta sorte! Sobre outra lín-
gua, acho que o inglês combina bem com o que
faço.
Seus shows pelo Brasil não seguem a linha das superproduções, nem ganham grande destaque midiático. Como é a rotina de viajar o país com orçamento e estrutura limitados? Como você con-cilia a vida pessoal com essa rotina?
É complicado. Ainda encontro muita falta de
respeito. Muitos shows acabam acontecendo
em lugares precários, inadequados, e me depa-
ro com pessoas desqualificadas apertando bo-
tões vitais para o resultado do som... Há muita
ignorância, limitações... Mas é o que posso fazer
hoje. Ou isso ou ficar em casa. Eu concilio ten-
do consciência de minha realidade, do país, das
características do que realizo e das implicações
acarretadas.
Como foram as passagens por Belém?A primeira passagem foi razoável. Fui para Be-
lém para fazer dois show numa proposta “piano
e voz”, sendo que o primeiro show foi dividido
com minha mãe. Nesse, eu ainda estava bem
de saúde, mas passei uma madrugada dos in-
fernos, com febre, calafrios. Fui parar num hos-
pital. No segundo show, já estava bem doente,
e o show de “piano e voz” não tinha nem piano,
porque era um teclado; nem voz, porque era um
“fiapo” (risos). Já a segunda oportunidade foi ma-
ravilhosa. Eu estava inteiro e fizemos um show
maneiro. Quero, vou, voltar logo... E sempre.
Meus trabalhos estão carregados de
melancolia. Faz parte da minha natureza. Nunca
gravarei nada ‘solar’
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perfil
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Riso&improvisoFoi-se o tempo em que daria para dizer que
Fernando Caruso está apenas aproveitan-
do um bom momento. O ator, roteirista,
diretor e comediante vem há anos se firmando
no gosto do público e da crítica como uma das
mentes mais criativas do humor brasileiro. Ver-
sátil, ele circula o país com o grupo de stand up
comedy “Comédia em Pé” e o projeto de improvi-
so “Z.E. Zenas Emprovisadas” (ao lado de talen-
tos como Marcelo Adnet) – além de conceber e
estrelar o programa “De Cara Limpa”, do canal
pago Multishow. Em meio a toda essa correria,
Caruso conversou com a Revista Leal Moreira.
Simpático e muito bem articulado, o humorista é
daqueles que têm as respostas na ponta da lín-
gua. O resultado foi um papo sincero e divertido,
como o próprio entrevistado. Confira:
Em que momento você percebeu que não era simplesmente uma pessoa divertida e resolveu transformar o humor em carreira?
Eu trabalhava como estagiário em uma agên-
cia de publicidade. Lá, se você ficasse parado,
teria que investir no trabalho dos outros, e eu não
era muito bom de fazer isso. Aí, aproveitei esse
tempo pra começar a produzir as minhas peças,
e isso foi rendendo muito mais. Foi aparecen-
do muito mais trabalho nessa área do que na
publicidade. Então, foi acontecendo, não fui eu
que decidi ser humorista. As circunstâncias me
levaram a isso.
Você tem um programa de TV, um grupo de jo-gos de improviso, faz stand up comedy... Como é administrar tudo isso e quais as diferenças do processo de criação em cada um desses traba-lhos?
Cada ideia vai para um canal diferente, né? O
da televisão é o que eu mais tenho que sentar
e preparar. Por exemplo, se eu penso em uma
piada que envolve, sei lá, distribuir boias pras
pessoas, eu preciso produzir isso: avisar o pes-
soal do figurino, providenciar as boias e tudo o
mais. Se eu decido que vou entrevistar duas ou
três pessoas, preciso estar com os microfones
disponíveis pra todo mundo. Isso tudo eu tenho
que planejar, passar pra produção... Isso é o que
eu mais tenho que sentar pra fazer.
Fernando Caruso provoca gargalhadas por onde passa. Profi ssional multimídia a serviço do bom humor, ele fala à Revista Leal Moreira sobre comédia e como o improviso requer muito treino
»»»
Camila Barbalho Dudu Maroja
30www.revistalealmoreira.com.br
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E os jogos de improviso, o stand up?Para improvisação, o mais importante é trei-
no. Juntar todo mundo, subir no palco e exerci-
tar. Seja embaixo de sol, de chuva, de febre... A
cabeça precisa estar sempre funcionando. Pro
stand up, acho que é mais uma atenção mesmo.
Aquela coisa de, quando surgir um assunto novo
ou você contar uma piada, as pessoas rirem e
você conseguir repetir esse resultado com ou-
tras pessoas. Eu compararia o stand up a uma
espécie de colheita de piadas. As piadas acon-
tecem e você tem que saber colocá-las no cesto
e fazê-las renderem para virar uma bela salada
de frutas (risos).
A televisão não é um limitador para a liberdade do improviso?
Depende do tipo de programa que você faz.
Eu fiz uns programas na TV que eram muito
parecidos com o meu processo de raciocínio
no palco, no teatro. O teatro é vivo, você pode
adaptar tudo o que acontece. Se você está fa-
zendo uma peça e falta luz, você pode continuar
falando sobre isso. Agora, se você está numa
gravação e dá algum erro, provavelmente vão
cortar esse erro e fazer de novo pra ir ao ar a
parte certinha, né?
Como surgiu a ideia de levar para a televisão um formato como o do programa “De Cara Lim-pa”?
Eu dou aula de comédia há algum tempo.
Eu estava com uns alunos que tinham feito um
curso uma vez, pediram pra continuar e eu pre-
parei um segundo módulo. Quando eu percebi
que não tinha mais nada pra ensinar, brinquei
que o módulo três seria de comédia de rua. Eu
daria objetivos pra cada um e eles teriam que
fazer pessoas estranhas na rua rirem disso. Um
dia, eu fui convidado pela Urca Filmes pra fa-
zer um projeto pro canal Multishow. Acabei me
lembrando dessa brincadeira e propus pra eles.
Eles alavancaram a ideia e criaram o programa
junto comigo.
Você se sente na obrigação de ser engraçado o tempo inteiro?
Quando eu estou no avião, no banco, não que-
ro e não sou engraçado. No Rio, as pessoas são
muito habituadas a encontrar gente que trabalha
na televisão andando na rua, então é incomum
que elas venham com esse tipo de abordagem.
Quando eu estou viajando, é diferente. Se eu vou
a uma cidade que não tem o hábito de receber
pessoas da TV, isso rola. E se eu estiver afim
desse tipo de interação também, aí eu vou pra
rua, tranquilo. Agora, se eu não tiver, fico tranca-
do no hotel. Acho que, se você está preparado
pra variados tipos de situação, a questão não se
torna um bicho de sete cabeças.
Você tem medo da rejeição?Todo dia. Acho que é isso que move, inclusive.
Todo dia eu penso “é hoje que vão me vaiar”.
A gente nunca sabe se vai agradar. Às vezes,
tem coisa que a gente acha que vai ser engra-
çado e a plateia não partilha desse sentimen-
to. Isso muda de uma cidade pra outra, muda
até de uma sessão pra outra. Eu sou inseguro o
suficiente pra ir bem na primeira sessão e ficar
pensando “será que eu vou bem na segunda?”.
Eu sempre fico esperando qual o momento em
que eu vou cair. Meu trabalho é evitar que isso
aconteça.
Dentro do humor, o que faz você rir e o que você não acha nem um pouco engraçado?
Eu não gosto de piadas de bullying, de um
modo geral. Não acho maneiro esse humor que
agride as pessoas. Normalmente, eu fico mais
do lado do agredido que do agressor. Não con-
sigo rir, fico constrangido. Digo isso até de filmes,
sabe aqueles que têm um cara que sempre se
dá mal? Eu não consigo rir. Pra mim, é drama,
eu sofro (risos). Agora, o tipo de humor que eu
gosto mais é aquele universal, o humor que não
precisa de muita referência pra você entender.
Eu gosto muito do Monty Python, que é um gru-
po de comediantes britânicos da década de 60
que tinha tudo pra não ter graça alguma e ainda
hoje é engraçado. Não precisa ter lido o livro tal,
visto o filme tal, saber quem é o ator que o co-
mediante está imitando... É a piada pela piada.
A piada pura é a que mais me move.
32
Seu espaço
com leveza e
versatilidade.
34
de dentropra fora
Não escondia mais a aflição. As mãos entrelaçadas,
os pés nervosos, o pescoço teso. Não via a hora de
revê-la, não via a hora de abraçar a mulher. Por pouco
não abre uma vala no assoalho do aeroporto de tan-
tas idas e vindas trilhadas com a espera, já insuportável
nos últimos minutos.
Em três anos, houve uma série de quase interações
entre os dois. Sinal de celular escasso, acesso à Inter-
net variante, postais enviados do fim do mundo, liga-
ções insossas, rápidas, interrompidas. Tudo sem muita
regularidade, aos tropeços, na base do “se der, deu, se
dá, dá” e do “outra hora a gente conversa”.
Do lado de cá, ele costurava os retalhos lançados
nesse diálogo surdo e mantinha a chama acesa, con-
trito, aplacando a agonia com sessões de cinema sozi-
nho, imerso em leituras demoradas, colecionando po-
emas para um dia entregar; numa clausura voluntária
com direito a vagar no mundo dentro da bolha invisível
criada por ele para manter a memória viva, perfumada,
longe da oxidação.
Já ela, aprisionada em distância voluntária, vivia.
Desde que tirou os pés de Belém, num janeiro que já
nem lembrava, foi só o que fez. Provou de tudo, andou
por todas as cidades sonhadas, falou todas as línguas,
viu a humanidade em todas as cores. E de tanto viver
em sonho palpável já não se reconhecia como parte da
realidade abandonada há três séculos, e não três anos
como contavam os calendários.
Por essas e outras, a espera para um era eternidade
e a chegada, para a outra, uma reprise da Sessão da
Tarde. Para ele, os poucos minutos que faltavam para
o avião pousar duraram talvez mais do que a espera
inteira iniciada quando aquela moça de finos cabelos,
jeans, casaco amarrado na cintura e tiara rosa acenou
pela última vez ao entrar na sala de embarque. A ima-
gem virou uma fotografia dolorida de quem vai certo de
nunca mais voltar por ter se transformado em outro, já
no princípio da partida.
Na poltrona, a dor sentida por ela era nas costas. E
ouviu o comissário avisar do pouso, da temperatura e
do tempo do lugar que ela remodelou nas lembranças
enquanto esteve fora. Não havia ansiedade nos gestos,
nem lágrima nos olhos, nem a música do Domingui-
nhos solfejada pela Elba em reverência e tristeza. Que-
ria descer, esticar-se, rever os seus, distribuir abraços,
sentir o bafo quente, infernal, da sua origem. Deseja, de
fato, saber o que houve; quem morreu; quem nasceu;
quem casou; quem separou. Interessavam os muxo-
xos, sinal claro de quem não dissipou antigos hábitos
mesmo perdido em outros mundos.
Quando ela saiu da aeronave tirou as camadas de
roupa para se adaptar ao calor da terra e, ao chegar à
esteira de bagagens, já estava sem os panos pesados
de quem esteve no frio. Do saguão, ele pôde enxergá-
-la. O peito disparou. Não pelo reencontro, mas pelo
choque, pela comparação com a figura que partiu com
a figura que voltou. Cruzou a porta de vidro e se pendu-
rou no pescoço dele. Envolveram-se em um abraço na
tentativa de reparar a lacuna de mais de mil dias sem
se ver. Engordaste, ela disse. Teu cabelo mudou, ele
respondeu.
Calados, guardaram as malas no carro e partiram
para casa. Estavam livres da tensão do reencontro,
apartados das reações ensaiadas, com o coração aos
pulos e as primeiras perguntas presas no céu da boca.
E certos de que não sabiam mais o que fazer um com
o outro.
Anderson Araújo,jornalista
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BELÉM - (91) 3222-5060Trav. Benjamim Constant, 1686 - Nazaré
36
comportamento
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37
Elas são febre entre os consumidores de DVDs e cinema. O motivo? Excelente relação custo-benefício e a possibilidade de entretenimento de qualidade sem sair de casa.
No começo, havia o cinema. Um programa
para famílias se divertirem unidas, casais
se aproximarem e amigos comerem pi-
poca juntos. As cidades cresceram, a tecnologia
avançou e divertir-se em casa passou a ser um
misto de necessidade e opção. Por isso, video-
cassete, DVD e Blu-Ray se sucederam ao longo
dos anos à medida que as tevês aumentaram o
tamanho da tela, ficaram mais finas e com uma
resolução cada vez melhor. Mas aquela visitinha
à locadora de vídeo tem sido cada vez menos
necessária e até se tornado tão cansativa quanto
cruzar a cidade em busca de um multiplex confor-
tável. Novos gadgets e serviços on-line parecem ter
sido criados para deixar o sofá da sala mais atra-
ente e dar a ele o título de lugar perfeito para curtir
filmes e seriados, sem fila para comprar ingresso
ou celular tocando na poltrona ao lado.
Imagine escolher um filme na internet e poder
assisti-lo na hora, sem esperar por downloads,
como num misto de prateleira de locadora de
vídeo com You Tube. Essa é a proposta da Ne-
tflix, empresa norte-americana que existe desde
1997, mas só chegou ao Brasil em 2011. O acer-
vo, que conta com filmes e seriados nacionais e
estrangeiros com legendas em português, pode
ser acessado via web ou em dispositivos, como
tablets, smartphones e videogames. Ou seja, é possí-
vel desfrutar do serviço, de forma doméstica ou
levando para qualquer parte_ dentro da mochila,
por exemplo. Com uma boa conexão em casa,
é possível ver o conteúdo em alta definição sem
os típicos travamentos de uma transmissão por
streaming. Com uma internet 3G rápida e estável, é
possível assistir nas telas dos dispositivos móveis,
sem ocupar a memória deles. Tudo isso pagando
quinze reais por mês, valor um pouco maior que
o do aluguel de dois lançamentos numa locadora
bem servida e menor que o do cinema – especial-
mente aos finais de semana.
O acervo ainda não é dos mais numerosos e
essa é uma das principais queixas dos usuários da
Netflix, especialmente relacionadas aoi pequeno
número de filmes recentes. Mas a praticidade e o
preço fizeram muita gente mudar completamente
os hábitos. O empresário Luciano Santa Brígida,
por exemplo, não apenas deixou de frequentar as
locadoras, como também parou de baixar filmes
pela internet desde que assinou a Netflix. “A faci-
lidade de acesso é um dos maiores diferenciais
do serviço. Em casa, assisto a filmes pelo videoga-
me. Quando viajo, pelo tablet. Muitos reclamam do
acervo da Netflix, alegando contra os filmes ve-
lhos. Mas não é tão diferente assim de uma TV por
assinatura. O preço é um valor que vale muito a
pena pagar. Pagaria até mais, diante da qualidade
de serviço”, conta Luciano, que diz assistir de dois
a três filmes por semana via Netflix.
Para a professora Luciana Alves, a novidade
trouxe a solução de outro inconveniente. “É bom
assistir a filmes em casa sem a obrigação de re-
tornar à loja para devolvê-los. Por várias vezes,
paguei multas altíssimas por atraso, pois nem
sempre tinha tempo de devolver os DVDs na data
Leonardo Aquino Rodrigo Cantalício
»»»
Locadorasvirtuais
38
marcada”, conta. Mas esse não é o único bene-
fício trazido pela tecnologia. “Deixei de ver alguns
filmes na televisão porque, na Netflix, posso es-
colher com calma, começar a ver, interromper,
depois continuar”, explica Luciana, que procura
sempre por filmes estrangeiros e alternativos.
Mas as novidades criadas para fazer com que
você tenha prazer em ficar em casa não param
por aí. A Apple, empresa que sempre lança as
tendências mais desejadas do mercado da tec-
nologia, não poderia ficar de fora e oferece, desde
2007, a Apple TV. Não se trata de um aparelho
de tevê, mas de um objeto menor que uma caixi-
nha de chocolates, que se conecta à televisão por
meio de um cabo HDMI e à internet por uma co-
nexão sem fio. Com a Apple TV, é possível assistir
não apenas a filmes (pela Netflix, por exemplo),
como também ter acesso ao conteúdo de vídeo
da iTunes Store, assistir a vídeos do You Tube e
do Vimeo, navegar pela sua coleção de músicas
ou reproduzir vídeos e fotos de dispositivos como
iPad, iPhone e iPod Touch.
O modelo de acesso ao conteúdo da iTunes
Store na Apple TV é um pouco diferente do sis-
tema do Netflix. É muito mais uma loja propria-
mente dita do que um serviço via assinatura. Com
uma conta na iTunes Store (a mesma que se usa
para comprar música e aplicativos, por exemplo),
é possível comprar ou alugar filmes, tanto clássi-
cos quanto sucessos recentes de bilheteria. Para
a compra de filmes, o preço médio é dez dóla-
res. O aluguel sai, em média, por quatro dólares e
funciona da seguinte maneira: o usuário tem trinta
dias para começar a assistir ao filme. Após iniciá-
-lo, tem até quarenta e oito horas para assistí-lo
quantas vezes quiser. Ou seja, nada muito diferen-
te de uma locadora de vídeo, com a vantagem de
não existir o risco de ouvir o triste “está alugado”
ao procurar pelo seu filme favorito no balcão. Além
disso, grande parte do conteúdo está disponível
em resolução de 1080p, equivalente à do Blu-Ray.
Todas essas possibilidades despertaram a
curiosidade de Rodrigo Cavalcante, que trabalha
como desenvolvedor de aplicativos para disposi-
tivos móveis. Depois de pesquisar muito sobre a
Apple TV, comprou o aparelho e, pouco mais de
www.revistalealmoreira.com.br
39
um mês depois, já percebia novos hábitos. “Não
tinha o costume de assistir a filmes em casa. Pas-
sei a alugá-los pela iTunes Store e acredito que
isso seja apenas o início de um grande serviço e
sistema de entretenimento que a Apple está crian-
do”, diz.
O administrador de empresas Maick Costa tam-
bém comprou uma Apple TV motivado pela curio-
sidade. Foi a uma loja oficial da marca, viu uma
demonstração do produto e se encantou com o
que a caixinha mágica pode fazer. Hoje, não pas-
sa um dia sequer sem assistir a algum conteúdo
por meio dela, principalmente vídeos do You Tube,
filmes e seriados via Netflix. A praticidade foi de-
cisiva para que o consumo à moda antiga fosse
deixado de lado na casa de Maick. “Abandonei
locadoras, definitivamente! A base da Netflix não
é inteiramente de filmes recentes, mas as suges-
tões de filmes_baseados no que você já assistiu_e
o link com os filmes assistidos por amigos trazem
o melhor da locadora pra perto de você”, exalta.
Como se não bastassem todas as vantagens
tecnológicas, essas novidades têm até maneiras »»»
Por dentro do Netflix
Segundo dados da Netflix, o serviço está disponível em 43 países na
América Latina. “Uma vez que a América Latina tem cerca de quatro
vezes mais famílias com banda larga do que o Canadá, há muito espaço
para crescer”, afirma a companhia.
No período de julho a setembro de 2011, a receita global da empresa
cresceu 48%, passando de US$ 553 milhões para US$ 822 milhões.
São 25 milhões de clientes no mundo todo. A empresa tem a política de
não divulgar os números aqui no Brasil, mas estipula-se que cerca de 10
milhões estão na América Latina.
Alguns gêneros são melhor representados (comédia, por exemplo). Há
100 filmes de terror e 400 thrillers na listagem, com vários clássicos e
24 novelas ou séries em português, todas desconhecidas.
Há três grandes motivos para o sucesso do Netflix: o preço, a velocidade
(mesmo com a internet menor que 1 mbps, o filme começa em segun-
dos), e um espertíssimo algoritmo que sugere filmes baseados no seu
gosto, ainda capaz de prever quantas “estrelinhas” você vai dar a um
filme, com margem de erro mínima. O algoritmo é considerado surpre-
endente, de acordo com especialistas. Fonte: internet.
40
de substituir o boca-a-boca, aquela indicação
de um amigo ou de um atendente que pode fa-
zer a diferença na hora de escolher um título. No
Netflix, ao preencher o cadastro, o usuário indica
preferências pessoais, não limitadas apenas ao
gênero. É possível, por exemplo, dizer que gosta
de “filmes motivadores”, “dramas românticos in-
dependentes” e “filmes estrangeiros violentos de
ação e aventura”. Além disso, à medida que você
assiste aos títulos, um sistema de inteligência ar-
tificial trabalha para dar indicações baseadas nas
preferências e no histórico.
Outra possibilidade é conectar a conta da Netflix
à do Facebook e saber quais são os filmes prefe-
ridos dos seus amigos. As indicações aparecem
na interface do serviço e também no mural do Fa-
cebook de quem opta por essa conexão. Para
os usuários, essa é outra vantagem dos novos
serviços. “Descubro filmes bons que não me inte-
ressariam por ver que meus amigos já assistiram.
O boca-a-boca sempre é a melhor ferramenta.
Já me surpreendi com filmes que meus amigos
assistiram e que são muito bons”, conta Maick
Costa. “Confesso que não acreditei muito no início
nesse sistema de recomendação; mas hoje real-
mente me surpreendo com os filmes que ele me
indica”, diz Luciano Santa Brígida.
Acervos em crescimento, banda larga a toda
velocidade, aparelhos de tevê abertos a novas
funções e serviços inteligentes e inovadores; tudo
isso pode não matar o cinema ou acabar com as
videolocadoras, mas cria alternativas para o en-
tretenimento doméstico. Definitivamente, tédio é
uma palavra que combina cada vez menos com a
opção de ficar em casa.
41
42
entrevista
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43
Leila Loureiro Daryan Dornelles
Eriberto Leão poderia ser um verbo, algo en-
tre o “erigir” (erguer, levantar, fincar, criar) e
o “libertar” (tornar-se liberto, livrar-se). Me-
lhor, ‘eribertar’. Um neologismo seria o verbo que
expressaria a capacidade de se erguer a partir
de sua própria libertação. Um verbo certamente
conjugado em todos os tempos e espaços, que
ecoaria horas depois de ser pronunciado. Eriber-
to de Castro Leão Monteiro, paulista de São José
dos Campos (SP), ator com 16 anos de carreira,
é um homem frágil, como só os fortes costumam
ser. Determinado, estudioso, concentrado, curioso
e “pai do João”, como ele mesmo se descreve
no microblog twitter, que “alimenta” pessoalmente
(nos poucos minutos que lhe sobram, entre mi-
lhões de compromissos). “Eriberto está em Nova
Iorque gravando um novo filme. Eriberto está em
Las Vegas, fazendo laboratório para compor sua
próxima personagem de novela. Eriberto está em
São Paulo, em cartaz com sua peça” – alguns dos
obstáculos ultrapassados, para que, enfim, esta
conversa fosse possível. O local: o café de uma li-
vraria. Aliás, nada mais providencial, já que Eriber-
to é um leitor voraz, que navega entre Victor Hugo
e Nietzsche ao longo da entrevista para a Revista
Leal Moreira. Aos 40 anos, Eriberto faz questão de
fincar o alicerce de sua existência em um terreno
bem seguro, sendo a espinha dorsal do seu entor-
no. Às vésperas da estreia de sua décima primei-
ra novela, o ator, que contabiliza ainda oito peças
teatrais e sete filmes, tem buscado ouvir mais o
silêncio. E é nesse cenário que iremos conjugá-lo,
em todos os tempos verbais, do passado a um
inovador futuro mais-que-perfeito.
O Brasil inteiro conhece o Eriberto Leão, galã de novelas. Porém, poucos tiveram acesso à sua for-mação mais profunda, como ator de teatro e cine-ma. Como foi esse processo de amadurecimento
profissional?Desde que me apaixonei pelas artes dramáti-
cas, percebi a importância do estudo na constru-
ção de um ator de verdade, um ator pleno. Lem-
bro que o Tony Ramos me disse certa vez que ‘a
vocação é mais importante que o talento’. A partir
disso, reconhecendo a minha vocação, procurei
aprimorar o meu talento, lapidar ao máximo. Em
1990, cursei Artes Dramáticas na USP. É um curso
muito concorrido e ali eu defini que precisaria che-
gar perto dos melhores e seguir com os estudosm
buscando uma pós-graduação em Arte. Foi quan-
do decidi ir para Nova Iorque.
Estudar em Nova Iorque trouxe que tipo de dife-rencial à sua carreira?
Admiro a típica cultura do vencedor nos EUA:
a disciplina, a batalha árdua, bem distinta da cul-
tura empregada no Brasil, na base do ‘você não
vai conseguir’ ou ‘desista’. Quando mudei para
Nova Iorque, acreditei muito nessa disciplina e
dedicação para chegar aonde eu queria. Entre
1993 e 1994, estudei na escola de atores do Lee
Strasberg (renomado ator, diretor e professor de
artes dramáticas norte-americano), que criou um
libertaFeraEriberto Leão não rejeita o título de galã e, a partir de sua sólida formação no teatro, se permite viver várias personagens, ao mesmo tempo em que se considera único.
»»»
44www.revistalealmoreira.com.br
45
método de atuação que se encaixou perfeitamente
para mim, ou melhor, eu me encaixei no método
Lee Strasberg.
E como foi o retorno ao Brasil?Engraçado que, por obra do acaso, uma nevasca
me fez partir de Nova Iorque em dezembro de 1994.
Ao chegar no Brasil, fui acompanhar um amigo num
teste para uma novela religiosa em Valinhos, interior
de São Paulo. Resolvi levar uma carta de referência
do Lee Strasberg e a entreguei ao diretor, dizendo
“eu sou seu Santo Antônio”. E daí veio o Antônio dos
milagres, em 1995, minha primeira novela na CNT.
O que você julga indispensável para atuar?O ator precisa ter uma necessidade vital de se ex-
pressar por meio das histórias dos outros. Você pre-
cisa se identificar verdadeiramente com seres que
foram escritos por outras pessoas e que serão trans-
formados por você. Foi exatamente por isso que eu
quis ser ator e todos as personagens que interpretei
tiveram essa característica de operar uma transfor-
mação pessoal dentro de mim, além de transformar
aqueles que me assistem. ‘Se você conseguir trans-
formar uma pessoa você estará fazendo arte’. Não
lembro onde ouvi isso, mas concordo.
O que é arte pra você?É um veículo pelo qual o criador se expressa com
relação à sua existência. É o mundo, tal como é per-
cebido, ou melhor, é o veículo por meio do qual você
se expressa, mas é essencialmente um instrumento
de algo que está acima de você. Caetano compõe
músicas, Van Gogh pinta quadros...neste momento,
creio que eles estão conectados a algo que é supe-
rior a nós mesmos. E isso é arte.
Você está no remake de ‘Guerra dos Sexos’, próxima
novela das sete da Globo, que estreará em outubro, na pele de Ulisses, um lutador de MMA (Artes Mar-ciais Mistas). Como está compondo o personagem?
Atualmente, o MMA é o esporte mais popular do
Brasil. Em julho, a luta do Anderson Silva marcou
vinte pontos de audiência na madrugada, o que só
acontecia no auge das disputas de boxe ou nas cor-
ridas do Ayrton Senna no Japão. Em minha opinião,
o Anderson vem ocupar um espaço vago desde o
Senna, é um novo herói brasileiro. E o Ulisses vem
no meio disso tudo, sendo uma grande honra e
responsabilidade encarnar esse personagem atu-
almente. Treino várias vezes por semana e tenho
acompanhado bem de perto a evolução do esporte.
Isso me dá muita inspiração para buscar a jornada
deste herói.
Você já fez muitos heróis na sua carreira. Como você enxerga o processo da trajetória do herói?
Sim, na minha carreira eu já fiz muitos heróis. O
herói sempre tem a missão de motivar a sua vida,
te fazendo passar pelo inferno até o umbral para
aprender, crescer e conquistar o objetivo da tra-
ma. E esse objetivo só vem dessa jornada. Eu tive
a sorte de estar vivendo na profissão o que ansiava
no fundo do coração, quando eu era só um meni-
no estudando teatro; por isso, acredito que, apesar
das dificuldades, quando você encontra sua lenda
pessoal, o que foi destinado a fazer, tudo conspira a
seu favor, mesmo quando agem contra você. Eis a
trajetória do herói.
Você começou no teatro aos 17 anos, para lidar com sua timidez. Hoje, contabiliza oito peças teatrais. Além da timidez curada, o que mais o teatro te trou-xe?
Eu me apaixonei pelo teatro. Fui contrarregra de
uma peça quando já estudava teatro no Célia He-
Se você conseguir transformar uma pessoa, você estará fa-
zendo arte’. Não lembro onde ouvi isso, mas concordo.
»»»
46www.revistalealmoreira.com.br
47
lena (escola de Artes, em São Paulo), em 1989. A
peça chamava ‘A vida é sonho’, com Regina Duar-
te e texto do Gabriel Villela, que me ajudou muito
e com quem fiz a minha primeira peça de teatro,
‘Ventania’, também escrita pelo Gabriel Villela.
Aprendi no teatro um ritual quase que religioso de
iniciação, sendo um lugar onde eu me reencontro
comigo mesmo e acesso os meus espaços mais
primitivos e mais elevados. Algo como o trecho da
oração: ‘Assim na terra, como no céu’. O teatro me
traz isso, é um espaço sagrado onde cresço muito.
E existe um projeto seu de interpretar o Jim Morri-son no teatro, certo?
Correto, o Jim Morrison é um projeto antigo, mas
que vai acontecer quando for propício. Como dis-
se Victor Hugo “Nada é tão forte como uma ideia
quando é chegada a hora dela”. Da mesma ma-
neira que “A Mecânica das Borboletas” (sua peça
mais recente) veio como se tivesse sido escrita por
encomenda, o Jim Morrison virá quando tiver de vir.
Talvez após as gravações da novela ‘Guerra dos
Sexos’.
E como você transita pelo universo do Cinema? O cinema sempre foi um sonho mais distan-
te, conquistado humildemente. “Assalto ao Banco
Central”, que recebeu várias indicações ao Prêmio
de Cinema Brasileiro, foi um presente, assim como
o “De pernas pro ar – 2” (com estreia prevista para
dezembro), que filmei em Nova Iorque no primeiro
semestre. Voltar à Nova Iorque, onde tudo come-
çou, me fez retornar ao quilômetro zero.
O que é voltar ao quilômetro zero?Na peça “A Mecânica das Borboletas”, tudo o
que aconteceu durante o espetáculo foi um retorno
ao quilômetro zero. Por exemplo, estreei na mesma
sala onde fiz minha primeira peça. Em SP, ficamos
em cartaz onde fui contrarregra antes de ser ator,
no SESC Anchieta. Pura sincronicidade. Perdi o
meu pai no ano passado e logo enceno uma peça
em que esse contexto é trabalhado; e, através da
morte do meu pai, eu me aproximei do meu único
irmão que, não por acaso, é faixa preta em jiu-jitsu,
professor de lutadores profissionais e, por conse-
guinte, me aproximou de um grande amigo no UFC
de Las Vegas, onde pude viver todo o clima pré-
-luta, dos bastidores , fundamental para a forma-
ção de minha próxima personagem, entende? Algo
uniu o que eu faço ao que o meu irmão faz, logo
após a morte do nosso pai. Coincidências signifi-
cativas que acontecem e tornam a sua fé racional,
quase matemática, sem espaço pra dúvidas.
E o que é essa fé?Exatamente isso, a fé é ausência de dúvida. Daí
que vem toda a inspiração e dedicação para que
um personagem dê certo. A fé no que é superior
a você e que te faz ser só um instrumento de uma
grande engrenagem.
E como peça dessa engrenagem, o que mais te instiga na atuação?
Quero devorar os meus demônios e adquirir os
poderes dele. Nietzsche, meu filósofo predileto
ao lado de Espinosa, retrata bem o que eu alme-
jo: a junção do super-homem e da ética, porque
o “além do homem” sem ética escraviza, inclusive
a si mesmo. A carreira de ator e a vida me insti-
gam a servir de instrumento de uma força que criou
tudo, e te transforma num “super-homem”, ciente
de que “todo o poder é emprestado”, como disse
Jesus Cristo. »»»
Veja mais
Cinema
2008 - Onde Andará Dulce Veiga?
2008 - Intruso, de Paulo Fontenelle
2009 - Um Homem Qualquer
2011 - Assalto ao Banco Central
2012 - De Pernas Pro Ar II
Televisão
1997 - O Amor Está No Ar
1998 - Serras Azuis (Band)
2000 - Marcas da Paixão (Record)
2004 - Cabocla
2006 - Por Toda Minha Vida
2006 - Sinhá Moça
2007 - Amazônia, de Galvez a Chico Mendes
2007 - Duas Caras
2008 – Casos e Acasos
2009 - Deu a Louca no Tempo
2009 - Paraíso
2010 - As Cariocas
2011 - Insensato Coração
2012 - A Vida da Gente
48
Você cita Jesus constantemente e já atuou em vários espetáculos com conotações reli-giosas. Qual a sua religião?
Fui educado com base no Cristianismo.
Acredito no amor e na ética.
E o que é ética pra você?Ética é amor. Não fazer com o outro o
que não gostaria que fizessem com você.
Ética é fazer para o outro exatamente o que
gostaria que fizessem com você.
Um conceito bem difícil de ser estabeleci-do atualmente, não?
Sim, falta muita ética, principalmente nos
que estão no poder, porque falta amor. O
amor incondicional ao que se faz. Se você
é um servidor público e ama o que faz, vai
amar servir aos seus ideais e não ser servi-
do. E quem está no poder, ama muito mais
ser servido do que servir.
O que te preocupa hoje?A desconexão do homem em relação ao
planeta onde ele vive. Até quando ficare-
mos cegos diante das mudanças que es-
tão acontecendo? Nos desconectamos a
tal ponto que exaurimos os recursos que
são finitos. A imortalidade é o sonho pri-
mordial da humanidade e foi conquistada
através da perpetuação da nossa espécie,
do nosso código de DNA, que é transferido
de geração em geração. Acredito que, em
razão disso, algo vai acontecer para mudar
esse cenário. Esse alarme que vai soar a
qualquer momento está no nosso caminho.
Precisamos despertar o inconsciente cole-
tivo que está adormecido. Uma revolução
está a caminho.
Que tipo de revolução?Uma revolução que idealize uma tecno-
logia que nos perpetue, já que o ser huma-
no é uma obra de arte sublime do Criador.
A beleza da vida é a prova de que existe
um motivo para estarmos aqui. O “homem
vitruviano”, de Leonardo da Vinci, retrata
bem o que estou falando: somos uma obra
de arte muito simétrica, de formas e geo-
metria perfeitas. Precisamos salvar isso.
Como você lida com o envelhecimento e a finitude?
Infeliz daquele que quer lutar contra a sa-
bedoria da natureza. Se nosso corpo enve-
lhece, é para que o nosso espírito e nossa
mente rejuvenesça. A evolução das espé-
cies é muito sábia, não seria diferente com
o ser humano, é um processo necessário.
Ao longo de 16 anos de carreira, em meio a tantas entrevistas, o que o Eriberto Leão ainda não respondeu? Que pergunta você se faria?
Você é?
E qual seria a resposta?Eu sou.
Aprendi no teatro um ritual quase que religioso de iniciação, sendo um lugar onde eu me reencon-tro comigo mesmo e acesso os meus espaços mais primitivos e mais elevados. (...) O teatro me traz isso, é um espaço sagrado,
onde cresço muito.
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Construtora preferida pelos estudantes
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Construtora preferida pelos consumidores
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Com 41% de preferência do público em geral, a Leal Moreira foi eleita pela pesquisa Top de Negócios
a melhor construtora de Belém, com três vezes mais votos do que o segundo colocado.
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OBRIGADOa todos por escolher a Leal Moreira
como a melhor construtora de
Belém. São suas escolhas que
fazem o nosso mundo. Um mundo
com nome e sobrenome.
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OU
TRAS
Seu mundo com nome e sobrenome
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Celso Eluanempresá[email protected]
Eis aí, no século XVIII, auge do Iluminismo e da
volta à razão, Rousseau assinando esse atestado
de bons antecedentes do ser humano. Nós somos
bons, nascemos bons, a natureza nos criou bons,
mas a sociedade nos corrompe e nos dilacera.
Esse monstro vil e carniceiro que, como um bicho
papão, povoa os pesadelos da adolescência e o ca-
minho da maturidade.
É incrível como nos apossamos de entidades abs-
tratas para nos redimir. Assim é com os governos,
os patrões, a sociedade, a natureza, os outros. Até
Sartre se encantou com isso e afirmou que o ‘infer-
no são os outros’. O problema é que eu sou um dos
outros para muitos. Eu sou parte de uma sociedade.
Eu (ou você que está me lendo) sou (somos) parte
do problema e querer me omitir pelo complexo de
vitimização é a melhor maneira de nunca encarar e
resolver uma questão.
Quando vemos um bebê, somos tentados a pen-
sar “que coisinha fofa, tão inocente, tão puro, que
pena que vai crescer!”. Não há quem não se sensi-
bilize. E uma criança, de fato, está em estado puro:
uma página em branco que a vida escreverá nela.
Mas, se formos analisar melhor em estado natural
(de novo Rousseau), o homem só se interessa por
sua sobrevivência: alimentação, repouso e reprodu-
ção (bem, nesse caso, um bebê ainda não pensa
‘naquilo’).
Para obter o que necessita, uma criança chora,
grita, resmunga, esperneia, inferniza os outros (ué,
mas não são os outros que são o inferno?). É seu
estado bruto, como qualquer animal. Não há pureza
de gestos e intenções; logo, se for preciso, agredirá
para ter o que deseja.
Na medida em que cresce, cabe aos adultos do-
mesticar alguns exageros, estabelecer limites, edu-
car. O adulto que não cresceu é a criança cheia de
desejos e incapaz de entender limites. Nesse caso,
a sociedade que corrompe é a que não estabeleceu
limites – tarefa dos pais, principalmente.
Desde que o homem desceu das árvores e se
agregou, começaram a nascer os códigos de con-
duta, as leis, a moral, as religiões, a comunicação,
a ética. Foram se definindo padrões de comporta-
mento que evoluíram drasticamente ao longo dos
séculos e milênios. Não é uma curva constante de
crescimento. Na realidade, há muitas idas e vindas,
muitos erros e acertos ao longo da história, mas não
podemos negar que, no século XXI, o homem se
encontra num patamar de civilidade bem superior
a qualquer outro período. Está perfeito? Não, certa-
mente há ainda muito por evoluir. Como as ciências
exatas e biológicas evoluem em conhecimentos e
conquistas, as ciências sociais também evoluem,
talvez não no mesmo ritmo e velocidade, mas é
incontestável que nos organizamos melhor social-
mente do que há cem ou mil anos.
Então, quem corrompe? Que sociedade é essa
que nos deprava e nos torna miseráveis?A mesma
na qual estamos inseridos e que possibilita tantas
conquistas e feitos notáveis. Somos frutos dela e
por ela também somos responsáveis. São nossas
atitudes que servem de espelho para outros se mi-
rarem e, se quisermos que tudo seja melhor, basta
colocar um espelho na nossa frente. O que você vê
no espelho é o responsável por tudo de bom e de
mal que ocorre consigo e com os outros e depende
das suas escolhas.
Desculpe-me Rousseau, mas quase trezentos
anos depois não dá pra jogar a culpa na socieda-
de e nos redimir. Nós é que somos responsáveis
pela Revolução Francesa (que você inspirou), pela
Revolução Industrial, pela Revolução Gloriosa, pela
internet, pela eletricidade, pela crescente evolução
do tempo médio de vida, pelas grandes guerras
mundiais, pela Guerra Fria, por tantos erros e acer-
tos, mas é inegável que vivemos melhor hoje que
no seu tempo. O saldo tem sido positivo e foi essa
sociedade, da qual você, eu e bilhões de pessoas
fazemos parte, que nos trouxe até aqui.
REVOLUÇÃOHUMANA
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A natureza fez o homem feliz e bom, mas a sociedade deprava-o e o torna-o miserável.
Rousseau
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especial
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A arquitetura e os detalhes encantadores fascinam quem visita o prédio da Farmácia República
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Tylon Maués Dudu Maroja
FeitiçodoTempoConheça lugares que sobrevivem aos anos e que têm clientela fi el. Sinônimo de lucro garantido? Não, necessariamente, mas é um alerta à necessidade de preservação de histórias.
Na Avenida Presidente Vargas, quase na
esquina da Rua Carlos Gomes, em área
mais do que central na capital paraense,
espremido entre prédios, um casarão de arquite-
tura antiga e elegante se destaca sobre as demais
construções. A Farmácia República, referência à
praça que fica em frente – embora o letreiro antigo
ainda mostre “Pharmácia Central” – parece uma
resistente da beleza antiga, em contraponto à de-
sordem que tomou o centro de Belém. Tamanho
charme parece não ser suficiente para atrair clien-
tes. Há pelo menos dois anos a fachada ostenta
uma placa de “aluga-se”.
Detentora de um legado cultural ainda fasci-
nante, remanescente do começo do século pas-
sado, quando a cidade vivia o apogeu do Ciclo
da Borracha, Belém tem, em sua arquitetura no
centro histórico, algumas joias sempre exaltadas
por seus moradores e turistas, porém invariavel-
mente mal cuidadas, sem preservação alguma. O
bairro da Cidade Velha é quase todo um exemplo
desse descaso a céu aberto. A Pharmácia não se
encontra nesse rol, já que sua beleza ainda é, a
olhos nus, encantadora. No entanto, é um negócio
e, como tal, tem que dar lucro. As prateleiras no
magnífico móvel de madeira de lei estão parcial-
mente vazias, sem aquela variedade de produtos
que as grandes redes de farmácia ostentam.
“O prédio é lindo, encantador, mas é um negócio
e não temos dado conta. Todas as farmácias de
bairro, as tradicionais, sofreram baques por causa
das grandes redes. Queria poder não alugar, mas
é preciso”. A explicação quase na forma de um la-
mento é de Isaac Elias Israel, filho de Morse Israel,
um ex-funcionário público que, em 1967, realizou
o sonho de adquirir o estabelecimento que tantas
vezes admirava. Isaac conta que o pai teve de ir
à Justiça do Trabalho reaver o móvel principal da
farmácia, que ia ser vendido separadamente.
Os estabelecimentos familiares sempre foram
tradicionais no surgimento das grandes metrópo-
les e, além das leis do mercado, obedecem às re-
gras de seu círculo - nesse caso a família, acima
de qualquer coisa.
De tudo um poucoDesde 1906, quando o mascate libanês Salo-
mão Antônio Mufarrej resolveu colocar as mer-
cadorias que vendia em casa em uma lojinha, a
Casa Salomão passou a ser uma referência. Lo-
calizada na Avenida Magalhães Barata, desde
a época em que ainda era ‘Independência’, em
frente ao Museu Emilio Goeldi, o estabelecimento
é daqueles que já está incrustrado no imaginário
da população.
Neto do fundador, Salomão tem a missão de le-
var adiante , como ele mesmo diz, a “loja de fer-
ragens que tem quase tudo”. São seis mil metros
quadrados de tudo um pouco, embora grande
parte seja de produtos antigos, muitos dos quais
parecem já ter caído em desuso. Dos quatro filhos
do fundador, todos de certa forma trabalharam na »»»
62
loja, mas foi Raja, o mais novo, quem ficou mais
tempo à frente do estabelecimento. Julieta, também
herdeira, está sempre presente no balcão, exercen-
do o papel de ‘relações públicas’, exalando simpa-
tia. Janete e Davi tomaram rumos diferentes.
De campeã de vendas em vários segmentos_em
especial de tintas_a Casa Salomão virou refém dos
próprios preceitos rígidos da família. Não é mais
uma líder no mercado, mas se mantém. Entre al-
gumas das regras que Raja herdou do pai, estão
algumas de quem tem a negociação no sangue:
uma é de nunca dar um passo maior que a perna.
“A hora que quiser fechar, passo a chave sem de-
ver ninguém”, costuma dizer Raja, sobre a famosa
ideia de não se endividar, não procurar emprésti-
mos para passos muito largos.
Outra lei que vigora até hoje na loja cujo slogan é
“Tudo para todos em um só lugar” é de não utilizar
os meios convencionais de publicidade - jornais, TV,
rádio e internet. Em nenhum lugar desses se verá
uma propaganda da casa dos Mufarrej. Raja diz
que é um caminho sem volta, do qual não se pode
sair mais e que a melhor propaganda é o ‘boca a
boca’.
O mesmo vale também para o “co-irmão” Man-
darim, a loja de ‘também tudo um pouco’ fica em
um ponto nobre da Avenida Nazaré, em frente ao
Centro Arquitetônico de Nazaré, ao lado do mítico
Cine Ópera. Um pouco mais modernizado, em re-
lação ao vizinho de rua, o estabelecimento vende
desde a simples linha, passando por fantasias car-
navalescas, até brinquedos e roupas. “Às vezes,
venho aqui apenas para comprar uns botões, às
vezes uma fantasia ou uma peça de pano. É um
bom lugar para vir porque é central e tem bastante
coisa”, comenta a aposentada Fátima Pantoja, que
se diz cliente há anos.
“O boca a boca” pode servir tanto para as lojas já
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tradicionais em Belém, como as que contabilizam
pouco mais de uma década.
Não muito longe da Pharmácia do começo des-
ta matéria, ainda na Avenida Presidente Vargas, o
Relicário tem apenas doze anos de funcionamento;
entretanto, quem entra no sebo vive uma sensação
de clima de anos remotos. Anderson e Edna Sales,
que juntos levaram consigo a experiência de terem
trabalhado antes em outras livrarias semelhantes,
vivem entre livros, revistas, discos e documentos
antigos num cenário de poucos metros quadrados
que, para os desavisados, pode parecer caótico,
mas está dentro da organização deles.
Em dois passos, Anderson chega à prateleira
onde está seu item mais antigo, um Relatório do
Conselho Municipal de Belém, de 1904 - coletânea
com a assinatura do intendente Antônio Lemos.
Dois passos adiante, do meio dos quadrinhos em-
balados em sacos plásticos, Anderson saca um
“Heróis da TV”, dos anos oitenta. “Temos entre sete
e oito mil produtos à venda, com um público que vai
do estudante ao aposentado. É uma relação boa,
mesmo com quem entra apenas para dar uma
olhada”, conta.
Em um momento em que a propaganda (seja
em que meio for ou como for) parece ser o segredo
do negócio, esses empreendimentos vão na con-
tramão e parecem não fazer questão de se inserir
nesse contexto. De acordo com o publicitário Elizio
Eluan, mestre em Ciência da Linguagem, a publici-
dade é apenas um dos elementos do marketing, im-
portante, mas não é único.
“O marketing é toda a ação ou elemento que junta
a vontade do consumidor comprar à fome do ven-
dedor vender”, diz. “O fato de estarem em uma das
vias mais importantes de Belém, com um grande
fluxo de pedestres da classe C, é um fator muito
relevante. O preço é outro fator importante. É uma »»»
Da direita para a esquerda: A Casa Salomão e seus curiosos artigos. Escondido na Presi-dente Vargas, o sebo “Relicário” e suas raridades - como o relatório do conselho municipal de Belém, datado de 1904.
64revistalealmoreira.com.br
Os lugares esquecidos pelo tempo estão incrustrados na memória popular
65
»»»
estratégia que atrai bastante o público a quem se
destina. Ainda assim, não estão livres de um dia
precisarem de uma mudança de comportamento
ou vivenciarem uma grande crise de vendas, o que
pode levar esses estabelecimentos a precisar de
novas ferramentas de marketing”.
Mesmo fora dos meios tradicionais de publicida-
de, há o “boca a boca do novo milênio”, que faz
uma diferença substancial. “Hoje, existem ótimas
alternativas não tradicionais de se expor. Há um
boca a boca amplificado por meio do Twitter e Fa-
cebook”, explica Eluan, que exemplifica casos em
que mídias alternativas fazem diferença. “Existem
vários cases competentes de pessoas que confec-
cionam e vendem biquinis, bonecas, roupas para
bebê, dentre tantos outros produtos do gênero,
através de blogs e demais redes sociais. Somente
com isso e até sem isso é possível sobreviver, de-
pendendo do ramo, dando passos do tamanho das
pernas. Agora, se quiser aumentar essas pernas
(crescer), deve-se aumentar o tamanho dos pas-
sos. A publicidade tradicional é um importante fator
para se transformar empresas em fortes marcas.
Agrega amplos significados a uma marca, aguça
a curiosidade, leva as pessoas a procurarem algo,
cria uma ligação emocional entre empresa e cliente.
É o que faz a diferença entre os rótulos reconheci-
damente preferidos e suas cópias”.
Talvez não seja suficiente para que a Pharmácia
República chegue ao seu centenário, em 2013, ain-
da como o estabelecimento para o qual o prédio foi
construído, na segunda década do século passado;
ou talvez sim. As redes sociais têm apresentado po-
der de mobilização que há muito não se via, daí a
esperança de que essas “joias” da capital paraen-
se, que precisam do apoio de todos_seja do poder
público ou da sociedade civil - venham a ser valo-
rizadas para serem preservadas. Pode até parecer
pouco, mas se o boca a boca garante vendas, por
que não preservação?
No eixo Rio de Janeiro-São Paulo, há lugares an-
tigos – quase seculares – que também sobrevivem
aos anos e à modernidade. A Revista Leal Moreira
mostra alguns deles para você.
Salão Phidias Os espelhos, de cristal belga, estão em perfeito
estado. As cadeiras são de fórmica boa, de quase
50 anos atrás. O piso é de pedra portuguesa e não
tem uma única rachadura.
Mas não são só as instalações da barbearia Phi-
dias, instalada em uma galeria da rua 24 de Maio,
que permanecem iguais há 45 anos. O serviço ofe-
recido também é à moda antiga.
Faz-se a barba seguida de sauna facial. As pias
ficam na bancada e permitem que o cliente faça o
tradicional mergulho para a frente, diferentemente
dos lavatórios modernos. Só a navalha foi aposen-
tada e deu lugar a lâminas descartáveis, conta Luís
Antonio da Silva, 54, dono do negócio.
O lugar já teve clientes ilustres, como o presidente
Jânio Quadros e os homens da família Safra. Hoje,
a maior parte da freguesia é formada por pessoas
mais velhas. “Há, inclusive, os que vêm de outras
cidades ou até do exterior, garante o proprietário.
O arquiteto que projetou o salão também é clien-
te habitual. Ele vem sempre aqui e fica olhando as
maravilhas do passado”, afirma Silva.
A Fidalga Os provadores da loja de sapatos “A Fidalga” têm
um elemento incomum: em volta dos bancos de
mogno com veludo azul (a mesma estampa floral
há 82 anos), uma proteção esconde a parte de bai-
xo do corpo de quem experimenta os calçados. A
herança na arquitetura conservada tem a ver com a
época em que a loja foi criada, em 1928. “As mulhe-
res não podiam mostrar as pernas. Os provadores
são fechados para que fiquem isolados”, conta Ma-
ria Christina Hernandez, proprietária. A loja, inspira-
da em um comércio de Milão, foi fundada por seu
pai, passou para seu irmão e hoje é tocada por ela
e a irmã, Thereza Christina.
Confeitaria Colombo | Rua Gonçalves Dias, 32 / Centro - Rio de Janeiro • (21) 2505.1500
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ulga
ção
A sensação de volta no tempo começa pelo edi-
fício “Casa das Arcadas”_ onde fica a loja_ tomba-
do e recém-restaurado. O local também conserva o
pé-direito alto, os estoques aparentes e as cadeiras
de madeira maciça que os clientes querem até le-
var para casa. Só as vitrines (antes abertas à visão,
mesmo com a loja fechada) tiveram de ser adapta-
das aos tempos de insegurança. Hoje, são cobertas
à noite por portas de ferro.
O estilo dos sapatos de couro é clássico. “Uma
coisa fina, confortável e de qualidade. Como alguns
ainda são feitos à mão, é diferente de shopping, onde
se encontra mais modinha”, diz Maria Tereza, 33,
filha de Maria Christina e gerente da loja.
Thereza Christina conta que o lugar era frequen-
tado pela “nata”. “Era talvez a loja de sapatos mais
chique daquela época.” Hoje, há tanto clientes an-
tigos quanto advogados, juízas e passantes mais
jovens.
Confeitaria ColomboDe sua inauguração, em 1894, até os dias de
hoje, a Confeitaria Colombo conserva intacta sua ar-
quitetura e o modus operandi de seus produtos de pâtis-
serie. Retrato vivo da Belle Époque carioca e marco da
valorização da gastronomia na cidade, a Confeitaria
Colombo guarda, ainda hoje, muito do seu estilo Art
Nouveau do início do século. Seus famosos espelhos
belgas, suas molduras e vitrines em jacarandá, as
bancadas de mármore italiano, os lustres, o piso e o
belo mobiliário permanecem do mesmo jeito como
foram admirados por renomadas personalidades
que ajudaram não só a escrever a história do nosso
país, como a fazer da Colombo uma das grandes
atrações do Rio de Janeiro.
O cardápio inclui basicamente itens de fabricação
própria, como pão-de-ló, doce rivadávia, biscoitos
Leque, língua recheada e maravilha de camarão,
além de uma linha produtos exclusivos que inclui
louças, camisetas, aventais, café, pimenta e balas.
Para expor alguns desses produtos e exibir o acervo
de peças antigas, a casa conta também com o Es-
paço Memória, que funciona como uma mistura de
museu e show room no segundo piso.
Salão Phidias | Rua 24 de Maio, 77, ou Rua Barão de Itapetininga, 88 (galeria R. Monteiro), loja 8 A Fidalga | Rua Quintino Bocaiúva, 148, centro
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Salve,JorgeTrês décadas de história e um horizonte cheio de possibilidades. Jorge Eiró revisita suas fases e fala da fi siologia da própria carreira
Uma hora de conversa com Jorge Eiró rende um
livro; ou um filme, quem sabe um disco; até uma
instalação artística. Talvez mesmo tudo isso jun-
to, tamanha a sua diversidade. Arquiteto por formação,
artista por instinto e professor graças aos caminhos da
vida, Jorge comemora trinta anos de carreira, tal qual
um quadro seu – uma mistura de toda sorte de referên-
cias, mas nem por isso inacessível.
A ausência de um curso de Artes Plásticas em 1979
fez com que optasse pela faculdade de Arquitetura. A
escolha aperfeiçoou seu traço, que já dava seus sinais
“antes mesmo de aprender a escrever”. Em 82, ano do
surgimento de um “salão de arte”, em caráter competi-
tivo, Eiró inicia de fato sua carreira artística. De uma ge-
ração efervescente de Belém, ele foi selecionado para o
primeiro salão junto com alguns contemporâneos. “Na-
quela época, era uma festa. Eu tinha 21 anos. A gente
madrugava pra aguardar o jornal que trazia o resulta-
do, os nomes que participariam. Isso marcou muito a
minha geração”, conta. O primeiro trabalho profissional,
que experimentava a sobreposição de quadrinhos e po-
esia, anunciou o que viria em seguida: o constante flerte
com a cultura pop e com a literatura, que o autor chama
de “narrativa visual”. “Isso tá na base do meu trabalho
– imagem visual e imagem literária. Os títulos sempre
são poéticos, extraídos alguma coisa do cinema ou dos
livros”.
O trabalho muito particular rendeu várias exposições
individuais e outras tantas participações em coletivas.
Por construir uma trajetória sólida em um mercado inci-
piente, não foi surpresa que universidades o convidas-
sem a ser professor de arte. Os afazeres da vida acadê-
mica em conjunto com o trabalho na Arquitetura fizeram
com que, por um período, Jorge não conseguisse se
dedicar às telas. “Durante certo tempo, me ressenti mui-
to, mas isso não me afastou. A produção ficou um pou-
co limitada, mas, quando voltou, veio com mais gás,
mais maturidade, mais refinamento, mais consciência”,
avalia. E complementa_ “a carreira acadêmica permitiu
o embasamento teórico, técnico e estético pra dar sus-
tentabilidade ao trabalho. Hoje, o professor e o artista
são indissociáveis”.
Como em um autorretrato modificável pelo tempo,
Eiró imprime seus momentos nas pinturas, o que refor-
ça não apenas um estilo biográfico como também um
reflexo dos diferentes tons da sua personalidade. Ora
seu trabalho será denso e pesado, ora será sutil e colori-
do. Hoje, será irônico; amanhã, poético – e nada menos
associável ao pintor. Talvez, por isso, a classificação das
obras em “fases” não obrigue o autor a encerrar sua
contribuição a cada uma delas, por respeito à cronolo-
gia. “Eu não sou muito de insistir numa fase. Eu rapida-
mente esgoto uma fase e já fico pensando em outra. Às
vezes, desenvolvo duas ou mais ao mesmo tempo, o
que não impede de revisitar em determinado momen-
to, a partir de uma ideia, um sonho ou insight”, explica.
Entrar em contato com a sua própria produção, acredita
ele, também é salutar. “A gente vai sempre se revisi-
tando. Nesse processo, a gente se estranha. Encontra
alguma coisa que você já fez, que estava no escaninho
da memória, e se surpreende: ‘nossa, isso é bom!’”.
A ideia de se observar constantemente fez com que
Camila Barbalho arquivo pessoal
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o artista mantivesse algumas obras perto de si. Uma de-
las é o quadro “Sala do Egoísta”, que guarda suas costas
quando ele senta à mesa de seu ateliê. Segundo ele, a
pintura lhe cativa até hoje. “Ele chama minha atenção pra
coisas muito próprias da minha estética, da minha mão...
Eu ainda sinto o vigor de estar pintando esse quadro, e
isso sempre te dá força. Às vezes, você tá insatisfeito por
pintar uma coisa que você acha boba, aí vê um trabalho
desses e isso dá gás”. E se a proximidade com seu pró-
prio trabalho aguça o processo criativo, o mesmo ocorre
com outras cenas com as quais Jorge se depara e resolve
guardar para fazer uso delas. “Eu sou um acumulador de
imagens. Tenho pastas e pastas de imagens que eu vou
recortando de algum lugar e vou arquivando. De vez em
quando, eu recorro a essas imagens e elas acabam dia-
logando com outras coisas inusitadas”, revela. “Isso tam-
bém é muito característico do meu processo criativo. Essa
colagem pós-moderna de fragmentos do mundo contem-
porâneo eu vou associando ao meu modo, criando minha
narrativa”.
A criatividade emotiva, a linguagem pessoal e a inspira-
ção fazem com que Eiró não imponha regras de produti-
vidade que possam limitar o livre desenrolar do seu traba-
lho. “Um exemplo disso é que tem dias em que um santo
baixa de madrugada e eu recorro a um bloco de papel ao
lado da cama, rabisco alguma coisa no escuro mesmo, aí
de manhã tento recuperar”, conta. Do mesmo modo que
74
»»»
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um insight não tem momento certo para acontecer, tam-
bém é natural que a escolha de uma hora para produzir se
torne, na prática, improdutiva. A arte determina seu pró-
prio tempo. “Artista não tem cartão de ponto”, sentencia.
“Às vezes, você vem com a maior disposição pra trabalhar
e o quadro empaca. Você o deixa encostado, inacabado,
e um belo dia você vê que a solução estava ali há muito
tempo, só você não tinha sacado”. O pintor se vale de
uma canção popular para tentar explicar esse processo:
“’eu ando pelo mundo prestando atenção em cores que
eu não sei o nome, cores de Almodóvar, de Frida Khalo’. É
exatamente dessa maneira que eu vou construindo minha
visão do mundo, tendo ideias. Pela observação”.
A música, aliás, é companheira constante de Jorge Eiró,
no ateliê e na vida. “A boa música cerca o trabalho o tem-
po todo. Escolho o que eu vou ouvir pensando no que eu
quero pintar”, diz ele, enquanto, do computador ligado,
soa um standard do jazz. “A música é uma grande parcei-
ra. Acho até que como artista, o meu maior defeito é não
saber tocar um instrumento. Por outro lado, se eu tivesse
aprendido a tocar guitarra, acho que hoje eu estava mor-
to”, brinca.
Porém, das artes que dialogam com o seu trabalho,
nenhuma é mais presente que a literatura. Leitor voraz,
Eiró já publicou livro de poemas, outro de ensaios so-
bre a arte contemporânea paraense, e participou, ainda,
de um grupo poético-literário na juventude, batizado de
Fundo de Gaveta. “Nós éramos um grupo de estudantes
que estava com vontade de escrever, naquela idade em
que todo mundo é poeta”, diverte-se. “Era um momento
mambembe, meio hippie. Todo mundo ia ver o lançamento
do livro de um, a exposição de outro, o show do fulano... »»»
É característica do meu processo criativo essa colagem pós-moderna de fragmentos do mun-do contemporâneo, que eu vou associando ao
meu modo.
76
Leia mais
Acompanhamos um dia de trabalho de Jorge Eiró, entre suas obras e músicas do Buena Vista Social Club. Acesse o QR code e assista o vídeo!
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Todo mundo se prestigiava. Não existiam redes sociais,
ninguém tinha carro, e parece que a coisa era muito mais
articulada que hoje”, relembra. A paixão pelas letras não
ficou guardada no passado. Hoje, o texto está presente
sobretudo nos títulos das pinturas – que complementam
o sentido delas – além de sutis inserções de palavras nos
quadros.
Dividir-se entre as funções de arquiteto, artista e profes-
sor, na verdade, multiplicou as possibilidades para Jorge.
E nem isso o impediu de buscar uma unidade em todos
esses aspectos. A procura desse elemento-chave é tão
viva nele que a questão está servindo de base para a sua
tese de doutorado. Quando questionado sobre a maneira
como as profissões se influenciam, ele precisa parar e re-
fletir por um momento. Em seguida, pontua: “certamente
é uma perspectiva estética. Eles (os profissionais) se arti-
culam pela cor, que costura essas funções. E pela forma,
o design das coisas e a maneira como eu as enxergo”.
Eiró não demonstra receio de que a virtualização do
mundo e a consequente pressa no consumo de bens ar-
tísticos estreitem um mercado de contornos pouco defini-
dos no Brasil. Para ele, isso se relaciona com o lado feti-
chista da condição humana. “Existe o desejo de possuir.
Tem aquelas coisas que você quer apreciar, apalpar, ter
uma relação concreta com aquilo. A arte tem muito a ver
com esse colecionismo paradoxal ao nosso tempo”. Qual
seria, portanto, a dificuldade de se viver a experiência de
artífice como única fonte de renda? Jorge explica: “o que
você trabalha fora do ateliê para fazer uma exposição é
uma verdadeira engenharia”. »»»
Recém-chegado de uma exposição no Rio de Janeiro, o
artista diz que o trabalho de produzir as obras e ser agente
de si mesmo acaba compensando. “Expor fora abre no-
vos horizontes, dá uma vontade enorme de voltar ao ateliê
e dar sequência ao trabalho. Agora mesmo eu estou voltei
cheio de ideias, de esboços pra trabalhar”, empolga-se. E
reforça: a graça de produzir é o próprio processo. “É ir em
frente, pintando. E qualquer coisa que aconteça daqui pra
frente vai ser consequência do que você criar”.
Ao pensar sobre seus 30 anos de produção e projetar
esse tempo ao futuro, Jorge Eiró não vislumbra nada além
do que escolheu fazer três décadas atrás: “continuar pro-
duzindo sempre, porque é uma coisa fisiológica”, afirma,
e cita um de seus maiores ídolos como referência. “Per-
guntaram ao (Bob) Dylan sobre o que ele pretendia fazer,
lá no início da sua carreira. Ele respondeu: ‘Eu só quero
poder pintar um quadro das coisas que se passam por
aqui de vez em quando’. Essa é a minha sentença”. Com
a lucidez que lhe é peculiar, o artista resume o que o nor-
teia desde sempre, e que permanecerá como determina-
ção basilar da sua obra. “A pretensão é fazer seu trabalho.
Tudo em decorrência disso, aqui, ali ou em qualquer lugar.
O compromisso consigo mesmo é o que importa”.
80
especial
Os brinquedos de miriti enchem Belém de um colorido caracterís-tico no período do Círio.
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Conta-se que, um dia, um pescador
perdeu a canoa na beira do rio e,
precisando a qualquer custo reen-
contrar o meio de trabalho e sustento, fez
uma promessa a Nossa Senhora de Nazaré.
A graça foi alcançada e o pescador cons-
truiu um lindo e colorido barco de miriti. Para
agradecer o milagre, carregou a miniatura
na cabeça por todo percurso do Círio de Na-
zaré, no segundo domingo de outubro em
Belém.
O pagador de promessas de Abaetetuba,
município conhecido como “Capital mundial
do brinquedo de miriti”, localizado a 70 qui-
lômetros de Belém, pode ter sido o início da
tradição. Hoje, cobras, tatus, pássaros e bar-
cos de miriti estão entre os principais sím-
bolos da maior procissão religiosa do Bra-
sil, que entrelaça lúdico, identidade cultural,
imaginário amazônico e manifestação de fé.
A Associação dos Artesãos de Brinque-
dos de Miriti de Abaetetuba (Asamab) esti-
ma que, às vésperas do Círio, cerca de 80
mil brinquedos de miriti cheguem às feiras e
praças de Belém para serem vendidos em
girândolas durante as romarias dos quinze
dias da festividade.
Mas até colorir a procissão, o miriti mo-
vimenta uma ampla cadeia de produção,
envolvendo desde as famílias ribeirinhas,
que coletam a matéria-prima; as famílias de
artesãos de Abaetetuba, que beneficiam e
vendem os produtos; até empresários que
comercializam o artesanato paraense para
outros estados brasileiros.
De Abaetetuba para o mundoNo início, a atividade era ligada apenas
ao Círio de Nazaré. Os artesãos produziam
brinquedos somente para atender à deman-
da do mês de outubro em Belém. Mas, na
última década, com apoio de órgãos como
o SEBRAE e a Fundação Curro Velho, do Go-
verno do Estado, houve a profissionalização
da cadeia produtiva e o artesanato de miriti
se tornou o meio de vida de muitas famílias
durante o ano inteiro.
É o que afirma Desidério dos Santos Neto,
de 50 anos, que até 2011 foi presidente da
Asamab. Em um grupo de 146 associados,
os artesãos organizam o escoamento da
produção, o manejo da palmeira e o for-
talecimento da atividade com a realização
de eventos, como o MiritiFest, em maio, e
a participação em feiras. Nesses últimos
anos, os brinquedos de miriti viajaram todos
os estados brasileiros e outros países como
Japão, França, Alemanha e Portugal. “São
cerca de doze feiras por ano, quase uma por
mês”, afirma Desidério.
Arte em famíliaDesde que nasceu, Desiderio vive da lida
do miriti. Para muitas crianças de Abaetetu-
Osbrinquedos
dafloresta
Su Carvalho
Os artigos de miriti entrelaçam universo lúdico, imaginário amazônico, iden-tidade cultural e manifestação de fé, além de fomentar uma economia que sustenta centenas de famílias.
»»»
Dudu Maroja
82
Também durante o Círio, os brinquedos de miriti são elos entre as famílias. “Se a criança se interessa, os pais vão presenteá-las”, diz o escritor João de Jesus Paes Loureiro, que acaba de escrever um livro sobre essas peças delicadas.
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ba, na infância é só mais uma brincadeira.
Quando adulto, fonte de renda para a família.
“Bastava cair um chuvinha, pra gente talhar
um barco e soltar nas poças de água”, re-
lembra. Ele aprendeu a técnica com os pais
e avós, como muitos dos artesãos da cida-
de, que reúnem esposas, primos, cunhados
e irmãos nos ateliês.
Enquanto o artesão Manoel Benedito_ o
Seu Sita_ de 49 anos, lixa os barcos de mi-
riti, já contabilizados para o Círio deste ano,
o pequeno Lucas, seu sobrinho de cinco
anos, constrói o próprio brinquedo sentado
no chão. “Eu aprendi assim, vendo a família
fazer e brincando”, afirma seu Sita, apontan-
do para o menino. “Quando eu tinha quatro
anos, o meu pai construiu uma canoa de
miriti que cabia eu e meu irmão dentro”, re-
memora. Ela planeja levar pelo menos mil
peças para Belém no próximo mês de outu-
bro e, para isso, conta com a ajuda de dois
sobrinhos e da cunhada.
Segundo o escritor João de Jesus Paes
Loureiro, o artesanato do miriti cria um des-
tino comum à família de Abaetetuba: “no
sentido de fortalecer o liame familiar, garan-
tir atividade lúdica aos filhos fora do horário
das aulas e dar exemplo de prática de traba-
lho”, explica Paes Loureiro, que nasceu em
Abaeté, como a cidade é carinhosamente
chamada. “O Círio também é uma romaria
da família, o que favorece o interesse pelo
brinquedo entre as crianças e dos pais para
presenteá-las”, completa.
Paes Loureiro lançou este ano o livro “Da
Cor do Norte: brinquedos de miriti” [Ed. Lu-
miar]. A publicação retrata, ao mesmo tem-
po, a experiência pessoal do autor, que teve
a infância marcada pelo colorido do miriti, e
a cadeia de produção do artesanato, apre-
sentando a atividade como uma manifesta-
ção artística coletiva.
Artigo de “e-commerce”Com as oficinas de capacitação e design,
os artigos também foram diversificados.
Além dos tradicionais modelos de brinque-
dos, criaram-se também quadros, móbiles,
flores, presépios, carros, embalagens e pe-
ças de decoração.
“Sou apaixonada por miriti. Para decora-
ção, então, é algo muito versátil”, afirma a
empresária Joanna Martins, que abriu uma
loja virtual de artigos tipicamente paraenses,
a Amazônia Empório, para atender o merca-
do de outros estados.
Depois do tucupi, tradicional caldo extraí-
do da mandioca, e da polpa de açaí, que já »»»
84
85
ganhou o Brasil, os produtos mais vendidos
pela internet são a perfumaria artesanal e os
brinquedos de miriti. Joanna oferece trinta
itens do artesanato de Abaetetuba e as em-
balagens são as mais procuradas. “Eu vejo
o encantamento que as pessoas têm com
esses produtos. São muito originais e tem o
apelo da sustentabilidade”, conta a empre-
sária. A maioria dos clientes da loja virtual
está em São Paulo, no Rio de Janeiro e em
Minas Gerais.
Economia e sustentabilidadeO miritizeiro é uma alta palmeira típica de
áreas de várzeas da Amazônia, muito recor-
rente nas 62 ilhas do entorno do município
de Abaetetuba. Dele, tudo é aproveitado. O
fruto, também conhecido como buriti, é in-
grediente de várias receitas da região, en-
tre sucos e licores. A palma vira boa palha
usada para cobrir telhados. A madeira serve
de sustentação para casas de pescadores.
E a fibra, matéria-prima dos brinquedos, é
usada também para tecer cestos, paneiros
e matapis.
Leve como um “isopor natural”, a fibra do
miriti recebe talho com facilidade, o que per-
mite infinitas possibilidades de fabricação de
brinquedos e outros objetos. Mas, para isso,
passa por um longo processo. Na coleta, o
ribeirinho corta uma “braça” do miriti - haste
da palma - que pode medir até quatro me-
tros. Como o material é muito úmido, preci-
sa secar entre 15 e 30 dias. Chega já prepa-
rado às mãos do artesão, para ser cortado,
lixado e pintado. Com a finalidade de dimi-
nuir as sobras, a Asamab já dispõe do ma-
quinário para começar a produzir papel dos
restos de fibra que se acumulam nos ateliês.
Será mais um incremento para a economia
da cidade, onde vários homens e mulheres
preferem largar o comércio, principal ativi-
dade do núcleo urbano, para viver somente
de artesanato; como o caso do artesão José
Maria Araújo, de 58 anos. Os brinquedos de
miriti e outros artigos podem custar entre R$
1,50 a R$ 400, dependendo do tamanho e
complexidade da peça, que muitas vezes é
encomendada. “Quase todo dia sou procu-
rado para vender algum brinquedo de miriti
ou por alguém que quer encomendar”, afir-
ma Araújo. »»»
Além dos brinquedos, a fibra também é usada para tecer cestos, paneiros e matapis, muito utilizados
no cotidiano das famílias ribeirinhas.
86
Para cuidar da tradiçãoUma das preocupações dos artesãos de
Abaetetuba é que a tradição do artesanato
de miriti permaneça no cotidiano das próxi-
mas gerações. Mesmo que muitos apren-
dam a técnica dentro de casa, no seio fami-
liar, são poucos os que escolhem a atividade
como profissão. “Muitos jovens preferem
fazer faculdade e ter outro tipo de trabalho”
afirma Valdeli Alves, 42 anos, um dos funda-
dores da Associação Arte Miriti de Abaetetu-
ba, a MIRITONG.
A Associação foi criada em 2005 para pro-
mover oficinas e cursos que incentivem jo-
vens e adolescentes a se tornarem artesãos
profissionais de miriti. Para que seja sempre
uma alternativa de trabalho e renda, as ati-
vidades percorrem toda a região das ilhas
e centenas de pessoas já participaram das
capacitações.
A história de Valdeli é um exemplo de re-
descoberta do artesanato. Ele já brincava
com o miriti quando criança, mas antes de
se tornar um artesão, foi padeiro, ajudan-
te de pedreiro e pintor. Desempregado, ele
encontrou no miriti a solução. “Fiz algumas
peças com a minha esposa e vendemos
tudo no Círio de Nossa Senhora da Concei-
ção, aqui em Abaetetuba”, conta. Produziu
mais para vender no Círio de Nazaré, em
Belém, e deu certo. Conheceu outros arte-
sãos, participou de várias capacitações e
decidiu seguir o caminho do artesanato para
sustentar a família. “Pensei comigo: ‘nunca
mais vou fazer outra coisa”, afirma Valdeli.
Hoje, ele também ministra oficinas para ado-
lescentes. É uma das formas de garantir que
o colorido das girândolas de miriti persevere
ainda por muitos e muitos círios de Nazaré.
Artesãos de Abaetetuba buscam a profi ssionalização como forma de manter a tradição no seio familiar
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especial
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TalentoforexportEles são brasileiros, talentosos, com traços únicos e disputados no uni-verso das histórias em quadrinho. Conheça esse seleto time de dese-nhistas que conquistaram os Estados Unidos.
Um grupo de profissionais deseja se
infiltrar em um cobiçado mercado
internacional de negócios, que ain-
da mantém certas restrições para aceitar
estrangeiros. O caminho até lá é acidentado
e recheado de percalços, tais como a difi-
culdade de comunicação, por exemplo, já
que as tratativas acontecem no idioma na-
tivo, quase desconhecido para a maioria do
grupo. A estratégia para a invasão é a de se
misturar com os locais, utilizando codinomes
híbridos (que dificultem o reconhecimento
como forasteiros), além de demonstrar co-
nhecimento sobre a cultura local – ou melhor,
a estrangeira. Uma vez dentro, a missão é
mostrar o talento para que a resistência aca-
be e a porta permaneça aberta para novas
gerações.
Metáforas e analogias à parte, para des-
bravar o mercado americano,o caminho
dos desenhistas brasileiros de histórias em
quadrinhos (HQs) de ação e aventura tem
nuances do heroísmo que eles próprios pas-
saram a colocar nas páginas de empresas
como Marvel e DC. Hoje, embora brasilei-
ros façam parte da nata do mercado, ainda
sonham com o crescimento desse nicho de
mercado no Brasil.
As portas do mercado americano,por
exemplo, foram abertas para o mineiro Mar-
celo Campos, hoje radicado em São Pau-
lo, que, na infância, estava longe de saber
a importância e influência que teria quando
começou a desenhar HQs em casa, sem
qualquer pretensão profissional. O hobby, po-
rém, começou a mudar de status depois que
seu irmão (como co-roteirista) enviou uma
história que haviam feito juntos, no estilo do
quadrinho “Heavy Metal”, para um concur-
so de talentos da extinta editora Maciota, em
1984. A partir dali, Marcelo começou a ter
trabalhos publicados e viu seu hobby render
uns trocados. Junto a isso, Marcelo come-
çou a conhecer profissionais do ramo. Re-
cebeu convites para desenhar personagens
variados: dos clássicos a personalidades da
TV, como Xuxa, Sérgio Mallandro e Faustão.
Quando se deu conta, Marcelo já era um
desenhista profissional com portas abertas
no cenário nacional de quadrinhos. Foi quan-
do topou o desafio de desenhar para empre-
sas americanas, mesmo ciente de que seria
um “tiro no escuro”, já que não conhecia o
funcionamento do mercado - e a recíproca
era verdadeira. “Tinha de provar que era
bom profissional: ter boa qualidade e entre-
gar no prazo. Além disso, os artistas ame-
ricanos, muitos deles, não gostaram nem
um pouco da ‘invasão brasileira’”, diz. Para-
lelamente, Marcelo tinha que lidar com um
panorama diametralmente oposto no Brasil:
apesar de garantir que não via, naquela épo-
ca, nada como uma barreira, incomodava o
fato de ser acusado de ‘traidor do quadrinho
Alan Bordallo arquivo pessoal
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90
91
nacional’. “Os caras me chamavam de ‘ven-
dido’ e tudo mais. Mas estava muito ocupa-
do, trabalhando, para pensar em barreiras”,
diz, mostrando que o prestígio veio no esteio
do talento. De Xuxa e Faustão, passou a de-
senhar e a arte-finalizar a Liga da Justiça, da
DC Comics, entre outros tantos super-herois.
Pouco tempo depois, outro brasileiro pen-
sou em se aventurar no mercado estrangei-
ro. Filho do criador da primeira revista em
quadrinhos do Nordeste (“As Aventuras do
Flama”, inspirada em programas radiofôni-
cos), Deodato Taumaturgo Borges Filho teve,
como primeiro herói, o próprio pai, de quem
herdou o nome. Tendo um pai colecionador
de quadrinhos, a paixão foi quase uma he-
rança genética. Assim que ‘seu’ Deodato viu
no filho o tino para o desenho, incentivou a
paixão de todas as formas: ensinou técni-
cas, patrocinou as primeiras criações e até
apoiou a delicada decisão do filho de largar
a faculdade de Jornalismo para se dedicar
aos quadrinhos.
Porém, nem todo o apoio amenizou as di-
ficuldades que Deodato encontrou quando
decidiu tentar viver dos quadrinhos. “Quando
resolvi viver disso, é que percebi como era
difícil. Na verdade, achei impossível: paga-
vam pouco, quase nada. Com muito suor,
consegui publicar na Alemanha e Portugal,
mas, no mercado americano,era difícil por
não falar inglês”, lembra. À medida que suas
publicações ganhavam notoriedade, cres-
cia a expectativa de Deodato por um con-
vite dos Estados Unidos. E ele veio em for-
ma de teste. “Deram-me uma revista de 30
páginas, para eu entregar tudo em 30 dias:
o desenho e a arte-final”, diz. Mesmo traba-
lhando em dois empregos - entre os quais
como diagramador de jornal - o paraibano
entregou o produto: ‘Santa Claws’. No Brasil,
ficou conhecido como Noite Mortal, da edi-
tora Malibu.
Trabalhar em casa sem ter chefe (aparen-
temente) era o sonho de Deodato, que dali
em diante passou a ser conhecido como
Mike Deodato, por sugestão de agentes,
para facilitar a aceitação do público ameri-
cano - em alguns trabalhos, ele assina como
Mike Deodato Jr, como forma de homena-
gear o pai. “Nunca fui tão feliz como fui na-
quela época. A primeira oportunidade que
tive para largar o trabalho e viver dos quadri-
nhos, eu agarrei. Aquele comecinho foi ines-
quecível”, recorda. Assim como havia feito
no Brasil, Mike foi galgando degraus: da Ma-
libu, editora de pequeno porte, foi subindo e
ganhando prestígio. Quando ficou sabendo »»»
92
que Marcelo Campos estava fazendo a Liga
da Justiça, pediu para seu agente conseguir
um trabalho com a DC Comics. “Soube que o
desenhista da ‘Mulher Maravilha’ havia saído.
Era uma personagem que eu nunca admirei e
estava vendendo mal. Como ninguém queria,
eu peguei. Fiz duas amostras coloridas, com
aerógrafo e balões. Quando o editor viu, me
contratou na hora. Multiplicamos as venda-
gens e, em um ano, tinha briga pela Mulher
Maravilha”, explica Deodato, que revitalizou a
franquia ao promover mais ação nos quadri-
nhos da heroína. “Fiz flashpages, páginas com
uma cena só, de ação. Via a Mulher Maravi-
lha como algo clássico, parado, sem graça.
Mostrei o oposto disso: qualquer briguinha eu
transformava em uma carnificina. Além de
transformá-la em uma mulher poderosa, sexy”.
Novos caminhos à frenteCom Marcelo Campos e Mike Deodato co-
lhendo o reconhecimento pelo trabalho, uma
nova geração de desenhistas aproveitou o
‘vácuo’ para tentar se lançar no mesmo mer-
cado. Dessa “nova safra”, faz parte o minei-
ro Vilmar Conrado, ou Will Conrad, como foi
rebatizado quando teve seu primeiro trabalho
aprovado por uma editora americana. Mas a
nova alcunha poderia nunca ter acontecido.
Era fim da década de 90, a internet ainda
engatinhava - era discada e, para mandar
trabalhos para o exterior, muitos desenhistas
esperavam dar meia-noite para pagar o pulso
único telefônico - e a divulgação da produção
era difícil de ser feita, o que tornava difícil a en-
trada no mercado. Para tentar abrir o leque de
opções, Will (ainda Vilmar) conseguiu uma en-
trevista com uma agência de artistas em São
Paulo. Com a passagem de ônibus compra-
da, foi à rodoviária, acompanhado pela noiva
e por uma chuva torrencial. Acomodou as ba-
gagens e voltou ao saguão de embarque para
se despedir. Quando retornou ao ônibus, en-
controu uma moça no seu assento - que ficava
próximo ao do motorista. A garota pediu para
ficar porque não tinha conseguido garantir um
assento ao lado do namorado, que viajaria
junto a Vilmar. Ele gentilmente aceitou a troca.
“Quando cheguei ao lugar dela, vi que tinha
uma goteira. Meu plano era descansar duran-
te a viagem e chegar bem para a entrevista”,
disse ele, que manteve o portfólio sempre de-
baixo do braço.
A goteira que perturbava ajudou: quando es-
tava para pegar no sono, Vilmar sentiu uma »»»
93
Cristiano Seixas
Mike Deodato Jr.
Will Conrad
Marcelo Campos
Arte de Will Conrad
94
gota e despertou, para em ato contínuo, olhar
pela janela e perceber que uma carreta gi-
gantesca vinha na direção do ônibus. O de-
senhista se protegeu como pode na hora do
impacto. “Me machuquei pouco porque es-
tava acordado. A menina com quem troquei
de lugar se machucou muito, ficou presa às
ferragens. O motorista morreu”, lembra, sem
esconder a tristeza ao rememorar a cena sur-
real. Na chuva, com o braço sangrando e o
portfólio ainda à mão, Vilmar saiu do ônibus
e juntou-se às outras pessoas que tentavam
prestar primeiros socorros às vítimas, antes
da chegada das ambulâncias. Uma dessas
pessoas era um caminhoneiro. O artista viu
que a placa era de São Paulo e pediu caro-
na. Mesmo cinco horas atrasado, Vilmar con-
seguiu a entrevista e o objetivo final: divulgar
material para o exterior.
Na época, ele era desenhista, e até atingir o
patamar que está hoje - um dos principais no
time da Marvel - Will não dispensou trabalho
em outras funções: atuou como ilustrador e
arte-finalista, o que lhe permitiu ter maior do-
mínio sobre o produto final.
Vários outros artistas do ramo, para traba-
lhar em alto nível, prezam pela versatilidade.
Desde que decidiu que viveria dos quadri-
nhos (independente de como fosse), Cristiano
Seixas (hoje diretor de criação de quadrinhos
e animações na Big Jack Studios e Casa dos
Quadrinhos) atuou em várias frentes. Desde
1988 publicando quadrinhos independentes,
nutria a vontade de trabalhar internacional-
mente. Em uma viagem a Orlando, em 97,
conheceu os profissionais da área e o funcio-
namento do negócio. Em 98, foi a Chicago e
conheceu artistas que já haviam trabalhado
com brasileiros. No ano seguinte, começou a
fazer a ponte entre os artistas nacionais e as
editoras estrangeiras.
Cristiano considera que, hoje em dia, um
grande facilitador do mercado é a internet.
Por outro lado, alerta que o fato de artistas
brasileiros conhecerem o trabalho e os traços
de americanos não pode fazê-los confundir o
conceito de inspiração. “Todo artista começa
imitando o traço de um quadrinho que mar-
cou quando criança. Essa fórmula pode ser
repetitiva. O seu traço tem que ser original, e
tem que vir da sua observação de vida. Esse
é o diferencial. Se você sempre copiou, seu
trabalho nunca vai ter sua cara”, conclui.
Que tal uma central de mídia para todos os sistemas da casa?
Quer controlar a casa à distância? Tela de projeção ou monitor?
E um sistema de áudio/vídeo multicanal para tornar o
videogame mais irado?
Essas são algumas das perguntas que fazemos para oferecer
soluções inteligentes, de automação e de entretenimento, em
plantas bem detalhadas. São elas que permitem fazer de um
projeto, um sonho realizado. Ah, por falar em sonho realizado,
quando o seu projeto é aprovado, nossa engenharia sempre
acompanha a execução.
Venha conversar conosco. Você também vai gostar das
nossas respostas.
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96
85 anos depois de seu primeiro lançamento, Metropolis, do austríaco Fritz Lang, volta restaurado e com 30 minutos a mais de metragem. À época, em 1927, o longa foi considerado a mais cara produção até então filmada na Europa e segundo especialistas, um dos grandes expoentes do expressionismo alemão, como também uma obra-prima à frente de seu tempo; e ainda bastante atual. Em 2008, foram reencontrados, na Argentina, 30 minutos de metragem desse clássico, que foram restaurados e acrescentados à versão conhecida. O filme chega em DVD e Blu-Ray. A distribuidora Kino, responsável pelo Blu-ray estendendido, fechou um acordo para relançar “Giorgio Moroder presentes Metropolis”, uma versão do filme que foi edi-tada em 1984, com uma trilha sonora roqueira de peso (Freddie Mercury, Bonnie Tyler, Pat Benatar) para acompanhar o clássico da ficção científica.
Em Skyfall, a lealdade de Bond a M é testada quando o seu passado volta a atormentá-lo. Com a M16 sendo atacada, o 007 precisa rastrear e destruir a ameaça, não importando o quão pessoal será o custo disso. Veja o trailer do filme acessando (com seu celular) o QR code acima.
horas vagas • cinema
Canal Brasileiro no Youtube
O HOBBIT - UMA JORNADA INESPERADA
METROPOLIS
007 – OPERAÇÃO SKYFALL
Tropicália – o documentário
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O coletivo “Depredando o orelhão” montou um canal no Youtube com filmes brasileiros. Agora, os inter-nautas e fãs do cinema nacional podem assistir – online – a clássicos de todos os tempos!Acesse pelo endereço http://bit.ly/NdWJ8w ou pelo QR code ao lado.
Bilbo Bolseiro, personagem-título, enfrenta uma jornada épica. O objeti-vo: retomar o Reino de Erebor, há muito sob o domínio do dragão Smaug. Incentivado por Gandalf, o mago, e liderado pelo lendário guerreiro Thorin Escudo-de-Carvalho, Bilbo e outros treze anões enfrentam uma verdadeira aventura para retomar sua terra (Erebor). E é no decorrer dessa empreitada que Bilbo encontra a criatura que vai mudar sua vida para sempre – Gollum. A sós com Gollum, o despretensioso Bilbo Bolseiro toma posse do “precio-so” anel de Gollum – um anel de ouro que carrega consigo um pesado fardo; de definir o destino de toda a Terra-Média. O filme deve estrear no Brasil em 14/12. Irresistível.
Dirigido por Marcelo Machado, um dos maiores movimentos artísticos do Brasil ganha vida nesse documentário. A época, marcada por dura repres-são de expressão, liberdade e valores, foi o cenário para que Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa, Arnaldo Baptista, Rita Lee, Tom Zé, entre outros, abalassem as estruturas da sociedade brasileira, influenciando várias gerações. Com depoimentos reveladores, raras imagens de arquivo e embalado pelas mais belas canções do período, “Tropicália” nos dá um panorama definitivo de um dos mais fas-cinantes movimentos culturais do Brasil.
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PLANETA TERRA - 2012
Madonna no Brasil
Ladies & Gentlemen: The Rolling Stones- (Deluxe Edition)
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Um portal inteiramente dedicado aos compositores e músicos em começo de carreira (os aspirantes). Vale muito a pena.www.icompositions.com
São Paulo receberá, em outubro, a 6ª edição do Planeta Terra Festival 2012.Aclamado como um dos principais eventos musicais do País, o evento acontecerá em um novo espaço, no Jockey Club em São Paulo, no dia 20 de outubro. As portas do Jockey serão abertas para o público este ano às 11h ,com início dos show às 13h. São 80 mil metros quadrados que abrigarão dois palcos: o Sonora Main Stage e o Claro Indie Stage, além de áreas de lazer, praça de alimentação e bares, para um público esti-mado de 35 mil pessoas que irá curtir as mais de 10 horas de som. As bandas confirmadas até agora: Kings of Leon, Garbage, Gossip, Azealia Banks, Best Coast, The Maccabees.Mais informações:www.livepass.com.br/planeta-terra-festival-2012
A eterna diva do pop volta ao Brasil para promover sua nova turnê. Madonna vai passar pelo Brasil em dezembro, nos dias 2, 4, 5 e 9. Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre receberão os shows. A procura foi tanta que a produção agendou uma apresentação extra (05/12) em São Paulo. A 9ª turnê da carrei-ra de Madonna começou no mês de maio, em Tel Aviv, e já rodou Abu Dabi, Istambul, Zagreb, Barcelona, Londres, Berlim, Amsterdã, Moscou, Paris e Oslo. Serão 90 shows até o fim da temporada de “MDNA”. Mais informações sobre as apresentações de Madonna no Brasil:
O filme do lendário concerto “Ladies & Gentlemen: The Rolling Stones” foi totalmente restaurado e re-masterizado a partir do filme e de matrizes de áudio originais. O lançamento – em caixas de DVDs nu-meradas e limitadas – chega agora ao Blu-Ray. Fil-mado no Texas, em 1972, durante quatro noites da turnê “Exile On Main Street”, “Ladies & Gentlemen” estreou no Ziegfeld Theatre, Nova York, em 15 de abril de 1974 e foi lançado em apenas alguns cine-mas selecionados dos Estados Unidos, logo depois. Foi içado à condição de o “mais poderoso filme de rock” já feito e é considerado, por muitos fãs, a me-lhor performance dos Rolling Stones em vídeo.
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Kiss remasterizadoQuando o álbum Destroyer foi lançado em 1976, o Kiss explodiu no mundo. A popularidade, alavancada por clássicos como “Detroit Rock City”, “Shout it out loud” e “Flaming Youth”, chegou ao Japão e ficou por semanas no topo das mais pedidas. Foi Destroyer que levou o Kiss em turnê à Europa. A bela notícia é que o Kiss vai relançá-lo em uma edição super especial - “Destroyer: Resurrected” chega até o final de setembro nas lojas. E não para aí: áudio remixado e remasterizado; músicas raras e inéditas e (segure o coração) a arte que deveria ter sido usada no disco original. CD duplo. Em 16 de outubro, a banda lançará “Monster”, o vigésimo álbum de sua carreira. Em novembro, o Kiss desembarca na América do Sul e o Brasil deverá ser o primeiro país a ser visitado. Prepare sua máscara (ou maquiagem).
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horas vagas • literatura
CORAÇÕES SUJOS
AMY – por Mitch Winehouse
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CINQUENTA TONS MAIS ESCUROS &CINQUENTA TONS DE LIBERDADE
MAIS BELAS HISTÓRIAS DAANTIGUIDADE CLÁSSICA
A colônia japonesa em São Paulo viveu momentos de terror com o final da Segunda Guerra Mundial. O orgulho oriental criou a seita Shindô Remmei - formada por japoneses que não acredi-tavam na derrota e rendição de seu país. Muitos orientais foram mortos e perseguidos por aceitar a realidade. A pesquisa do autor Fernando Morais sobre o tema enfrentou muita resistência diante do tabu da derrota. Memórias dolorosas que chegam à terceira edição (e às telas do cinema). Imperdível. Editora Companhia das Letras.
Amy Winehouse morreu prematuramente aos 27 anos. Considerada por críti-cos uma das maiores divas da soul music de seu tempo, a inglesa deixou uma legião de saudosos. Nesse emocionante relato, narrado pelo pai da cantora, Mitch Winehouse narra a vida da própria filha, a cantora cujo talento conquis-tou milhões de fãs no mundo todo em pouquíssimo tempo. Desde a infância, Amy Winehouse se destacou por sua personalidade espirituosa, brincalhona e espontânea. De maneira sincera e comovente, Mitch conta como Amy se tornou uma grande estrela, assim como sucumbiu ao vício das drogas e morreu tragicamente em 2011.
‘300 Discos Importantes da Música Brasileira’ é resultado de uma pesquisa, da necessidade de resgatar e preservar a me-mória da música brasileira. Os autores (Charles Gavin, Carlos Calado, Tarik de Souza e Arthur Dapieve) se debruçaram sobre textos, sobre capas de 300 títulos escolhidos e fotos. Traz ainda, como bônus, dois CDs encartados de álbuns históricos de Moreira da Silva e Elza Soares. Editora Cabeça Dinossauro.
Os segundo e terceiro livros da trilogia “Cinquenta tons” ainda estão chegando ao Brasil, mas já há uma longa lista de pré-ven-da dedicada à publicação que revolucionou o mercado editorial americano. A história gira em torno de um relacionamento - do encantamento à obsessão, uma mulher experimenta sentimentos extremos quando conhece um homem atraente, brilhante e pro-fundamente dominador. Editora Vintage.
Neste box especial, o autor Gustav Schwab reuniu, em três belos volumes dessa coleção, as temáticas: ‘Metamorfoses e mitos menores’, ‘Os mitos de Troia’ e ‘Odisseu e Enéias’, que têm como objetivo contar as principais histórias da mitologia grega com base em diferentes fontes originais. Clássico revisitado. Editora Paz e Terra.
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e dominador. Editora Vintage.
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horas vagas • Rio & Sampa
Não dá para falar de Elvis Presley sem utilizar adjetivos grandiosos. Tampouco é possível ser econômico para falar dos objetos do Rei. Pela primeira vez, um acervo de 500 itens - entre obje-tos pessoais de Presley - desembarcou no Brasil e a exposição, está aberta ao público. Os artigos viajaram direto de Graceland, a residência oficial do cantor em Memphis, estado do Tennessee, nos Estados Unidos, e fazem parte da maior mostra sobre o astro fora dos EUA.“The Elvis Experiende” está instalada no estacio-namento do Shopping Eldorado, na zona oeste de São Paulo, e segue até o dia 5 de novembro, todos os dias, sempre das 10h às 22h. Além da mostra, os fãs também poderão relembrar os hits do cantor no show “Elvis Presley in Concert”, que acontece em Brasília (no dia 6 de outubro), São Paulo (8, 9 e 10) e Rio de Janeiro (dia 11/10).O show é uma produção da ‘Elvis Presley Enter-prises’ e, para delírio do público [e claro, dos fãs muito apaixonados], terá uma orquestra com 16 músicos, inclusive alguns que tocaram com o cantor. Muita emoção? Não até você saber quem vai cantar. O próprio Elvis. Gravações antigas e remasterizadas serão usadas no show, dando a sensação (ou colaborando para o mito) de que Elvis não morreu.
ServiçoOs ingressos e mais informações sobre a exposi-ção “The Elvis Experience” e os shows “Elvis in concert” poderão ser obtidos no site www.ingressorapido.com.br
Exposição inédita com 200 itens, entre obras de Michelangelo, Guercino, Bernini e outros grandes mestres da arte. A mostra é composta de obras que, em sua maioria, nunca saíram do Vaticano (e que nunca mais sairão das suas memórias).A partir do dia 21/09, na OCA, Parque do Ibirapuera.
Ingressos pelo site www.ticketsforfun.com.br
Possuidora de uma das vozes mais sensuais da atualidade, Norah Jones vendeu mais de 20 mi-lhões de cópias com o seu primeiro álbum, “Come Away With Me”. Também ganhou seis Grammys por sua estreia, com apenas 22 anos! Seu segundo álbum, “Feels Like Home”, foi lançado em 2004 e vendeu mais de um milhão de cópias logo na primeira semana. Em abril Norah Jones apresentou ao público seu terceiro e mais íntimo álbum, “Little Broken Hearts”, que se tornou “#1” quase de imediato em várias rádios pelo mundo. Norah Jones fará shows em três capitais brasileiras em dezembro. A cantora se apresenta em Porto Alegre em 12/12; São Paulo no dia 15; e no Rio de Janeiro em 16/12. Filha do músico indiano Ravi Shankar [e afilhada de George Harrison], Norah coleciona inúmeros prêmios. Ela tem seis álbuns de estúdio, uma coletânea e um EP. Sua última passagem pelo país foi em 2010.
Informações: www.viagogo.com
Elvis não morreu
Esplendores do Vaticano
Norah Jones
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horas vagas • New York
Imagine um clássico torneio antes mesmo de ele acontecer. Essa é a promessa da “NASDAQ In-dexes Cup”, que reunirá as lendas do tênis Andre Agassi, Pete Sampras, John Mc Enroe e Patrick Rafter. Anote na sua agenda: dia 05 de novembro. Esses quatro campeões se enfrentarão em três partidas, com os vencedores disputando o título.
Serviço:Madison Square Garden, 05/11/12Média de valores dos ingressos: US$50 - US$505Informações e pré-venda no site:www.thegarden.com/events/2012/november/nasdaq-indexes-cup-at-madison-square-garden.html
Os britânicos estão desembarcando na Big Apple e trazem consigo clássicos como “Te-enage Wasteland” no setlist. O show também será no Madison Square Garden e marca o retorno dos roqueiros de longa data, na turnê “Quadrophenia”. O grande encontro acon-tece no dia 05 de dezembro.
Mais informações e ingressos on-line: www.ticketmaster.com
Do rock para o clássico (quando os dois não se misturam), New York é a Meca para quem também deseja bons programas eruditos. De maneira geral, os teatros são excelentes e destacamos a Metropolitan Opera House, no Lincoln Center (repare no maravilhoso teto do Chagall, em um dos lobbies). Programação top e preços super em conta. Somente até o final de setembro, companhias apresentam as óperas Turandot e Carmen. Serviço: Upper West Side, entre a West 62nd e 65th West St e Columbus Ave.
Site: www.lincolncenter.org
Madison Square Garden
THE WHO in concert
Resumo da Ópera
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horas vagas • iPad
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Jetpack Joyride
Penultimate
Pic Collage
TeamViewer
Snapseed
Seguindo a receita de Fruit Ninja, Jetpack Joyride é um game ainda mais simples. Para comandar o herói Barry Steakfries, só existe um comando: tocar em qualquer região da tela. O toque faz subir, e basta soltar para que ele desça sozinho. Seu objetivo é chegar o mais longe possivel, evitando obstáculos como lasers e mísseis teleguiados enquanto coleta moedas, fichas e veículos especiais.Com as moedas coletadas ao longo do game, é possivel comprar novos veículos, roupas e itens especiais que podem fazer você começar já com 750m viajados, ou até mesmo revivê-lo após o game over.Jetpack Joyride é extremamente viciante! Não existem fases. O game é infinito e o objetivo do jogo é viajar o mais distante possí-vel sem tocar nos obstáculos. Apesar de repetitivo, detalhes como o sistema de missões fazem com que você não consiga largar o jogo. A cada objetivo completado, você ganha estrelas que o fazem subir de nível. É sempre “só mais uma” até perceber que você já jogou mais 50 partidas, após ter decidido parar. Outros fatores que contribuem para que você não enjoe do game é a personalização da personagem e a variedade de Jetpacks disponível para compra.
Custo: Free (Temporariamente)
Com uma tela tão precisa quanto a do iPad, é um desperdício não usá-la para rabiscar. Há opções muito mais profissionais se você trabalha com arte, mas o Penultimate cobre o básico de maneira espetacular. Você pode criar quantas páginas quiser, organizá-las em cadernos temáticos e usar imagens salvas no iPad para compor seus desenhos ou anotações. E tudo isso no aplicativo de maior sensibilidade e fluidez no traço.Com o uso uma caneta capacitiva para ajudar, tudo fica muito mais facil, mas funciona perfeitamente bem com os dedos também.
Custo: US $ 0,99
Você pode facilmente criar colagens adicionando fotos da sua biblioteca, utilizando sua conta do Facebook ou usando suacâmera. Pic Collage possui uma interface intuitiva e amigável, de edição facil e rápida. Com gestos simples, você pode conseguir qualquer coisa que deseja: toque para trazer para a frente; dê um duplo toque para editar; agite para endireitar; use dois dedos para girar as fotos.O app também vem com um editor muito prático de fotos, que permitirá que você adicione efeitos, tais como Indiglow, negativo, preto e branco, realce etc. Você também poderá editar a saturação, brilho e cores das suas fotos. Se você tocar e segurar, será capaz de escolher entre uma variedade de opções de fundo e alterá-lo dependendo das suas necessidades. E não é só isso: com Pic Collage, você pode adicionar às suas criações adesivos, textos, recortes de forma livre e muito mais.As colagens podem ser salvas e compartilhadas no Facebook, Twitter, e Instagram.
Custo: Free
Com o TeamViewer aberto no iPad, você pode controlar o seu com-putador remotamente e fazer o que quiser com ele.Esqueceu ligado em casa? Acesse pelo iPad e desligue. Esqueceu de colocar algum arquivo importante no Dropbox ou de dar início a algum download muito grande? Já sabe.Além disso, o TeamViewer ainda serve para você dar aquela ajuda a alguém que está com problemas, mesmo estando a alguns qui-lômetros de distância. Se a sua mãe que mora longe não consegue configurar o áudio do Skype para falar com você, é só pedir para ela baixar o cliente de acesso remoto do TeamViewer, e você pode colocar a mão na massa – usando apenas o iPad.
Custo: Free
A Adobe já tentou colocar o Photoshop no “iCoisas” da Apple, sem sucesso. O paradigma era muito diferente. Alguém tinha que inventar alguma ferramenta nova, especialmente para o iPad com edição de imagens; essa ferramenta é o Snapseed. Capaz de edições profundas nas suas imagens, incluindo filtros retrô estilo Instagram (ja comentei aqui sobre esse aplicativo na edicao nº 32 da revista Leal Moreira e, por sinal, é a nova moda em se tratando de redes sociais), ele tem uma interface completamente pensada para ser usada através do arrastar dos seus dedos na tela.
Custo: US $ 4,99
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TRUMSTAND
Sem eletricidade, sem cabos e com um design que fica lindo em qualquer sala. O Trumstand é assim mesmo: um gramofone feito de uma liga de metais que, seguindo a física dos instrumentos de sopro, utiliza a acústica natural do seu formato para expandir o som que sai do iPhone ou iPod. Embora desen-volvido por uma empresa japonesa, o artigo contraria o estereótipo e não traz nenhum componente ele-trônico na propagação do áudio – só mesmo na base onde o aparelho é colocado. Disponível nas cores dourado e prata, o artigo empresta sofisticação ao ambiente, em um visual vintage. Bem mais charmoso que os grandes aparelhos de som, cheios de fios e alto-falantes. O mimo, porém, não é baratinho: disponível apenas em sites britânicos, custa em torno de 1600 libras – US$2000, aproximadamente.
Onde: www.firebox.comPreço sugerido: £1600
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CARCASSONNE
Para quem gosta de cadeiras reclináveis, sentar na Varier Zero Gravity é uma experiência única. Confortável, versátil e de design inovador, ela proporciona a sensação de gravidade zero, como o próprio nome sugere. Ao permanecer sentado com o tronco na vertical, o assento inclinado oferece um espaço maior entre a coxa e a parte superior do corpo, e as almofadas das pernas impedem que ele deslize para frente. Se a vontade for de deitar, é só inclinar-se para trás: as pernas são levantadas a um ponto mais alto que a cabeça, permitindo um nível maior de rela-xamento. Perfeita tanto para o trabalho, quanto para relaxar depois que ele termina.
Onde: www.livingincomfort.comPreço sugerido: US$2500
Provando que clássicos nunca morrem, os jogos de tabuleiro seguem movimentando milhões na indústria de games. Exemplo disso é o premiado Carcassonne, seguidor da fórmula do formato - combinado com a febre geek, que também só cresce. Inspirado na cidade-homônima do sul da França (e em seu aspecto medieval), o jogo tem regras simples e rápidas. A ideia é ir preenchendo o tabuleiro com cartões sorteados, que modificam a paisagem. Assim, criam-se caminhos novos a cada rodada e o jogo nunca é o mesmo. Os personagens históricos também divertem: cavaleiros e ladrões, monges e agricultores dão o tom da brincadeira, que pode ter até cinco participantes que tenham pelo menos oito anos de idade. Ideal para jogar em família ou em uma noite caseira com os amigos.
Onde: www.devir.com.brPreço sugerido: R$75
INSTAGLASSESCom o sucesso do aplicativo Instagram, cada vez mais fotos aparecem por aí com filtros adicionados e um adorável ar retrô. Por que então não ver o mundo com eles? Foi esse o mote que o designer alemão Markus Gerke utilizou para criar os Instaglasses. Basicamente, são óculos com os quais você pode fotografar e acrescentar os famosos filtros do aplicativo. Daí, é só enviar direto para a sua conta no Instagram sem precisar de um smartphone. Por enquanto, não está disponível no Brasil. Aguardemos.
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BelémdoParánamoda!
E agora?O Brasil e o mundo estão descobrindo uma Belém
do Pará que une a natureza da Amazônia com uma
criatividade que resulta da vida no ambiente ama-
zônico cada vez mais conectado com o mundo. É
açaí; são os peixes do encontro da bacia amazônica
com o Oceano Atlântico; é a música nascida do ba-
lanço de um balaio alucinante de influências, são vo-
zes, folhas, amêndoas, batidas sonoras e de frutas.
É outra Belém do Pará que ganha um espaço
cada vez maior na mídia e na moda. Não é mais
só aquele clichê da cidade com jacaré que passeia
pela rua, cidade de chuva, mangueiras e muito ca-
lor. É isso e muito mais. As feras de Belém que en-
cantam o mundo não são jacarés, mas arranjadores
de música, compositores de canção popular, chefs
de cozinha, cantoras e cantores com outra estética,
quituteiras, criativos e criativas que se inventam e se
reinventam a partir da superação, da irreverência e
de muita transpiração.
É inegável que essa onda Belém é muito positiva e
faz bem para a auto-estima, principalmente de uma
massa que sempre esteve excluída dos nobres sa-
lões da dita alta sociedade local. Mas é preciso agir
para que tudo isso não fique apenas na visibilidade
e se transforme logo em um movimento econômico
duradouro, baseado no turismo profissionalizado e
num agitado mercado cultural.
O governo do estado do Pará, a prefeitura de Be-
lém e de todas as cidades da região metropolitana
da capital paraense e a iniciativa privada precisam
agir com inteligência empreendedora para que o
paulista ou gaúcho, que ficam fascinados com uma
matéria na revista nacional sobre os ingredientes da
culinária paraense, possam vir para Belém participar
de um grande festival de gastronomia e, nos três ou
quatro dias que passarem aqui, terem contato com
a história, com a dança, tenham opções de hotel, de
voo, de passeios, de experiências únicas.
Belém do Pará precisa aproveitar essa promoção
para virar produto. Ser a Belém da Festa do Açai,
como Caxias do Sul é da Festa da Uva. Ser a Belém
do Festival Mundial da Cultura Brega, como o Fes-
tival de Sundance nos Estado Unidos é do cinema
independente. Ser a Belém de uma grande Feira
da Gastronomia Amazônica, como Parati, no Rio
de Janeiro, é da Feira Literária Internacional. Criar
um grande calendário, inclusive definindo claramen-
te como trabalhar o Círio de Nazaré, ora como um
grande evento do calendário religioso mundial, ora
como festival de cultura, ou como as duas coisas ao
mesmo tempo.
Falar de turismo em Belém e no Pará é falar na-
queles consensos amplos, em que ninguém duvi-
da da importância e da necessidade, mas quase
ninguém planta sementes para que essa indústria
possa dar frutos já que, nesse negócio, nada acon-
tece sem políticas de médio e longo prazo. Porque
turismo ainda é muito encarado como atividade
acessória ou eletiva, quase como algo que é a mais
importante das coisas sem importância.
Turismo em qualquer lugar e principalmente numa
cidade como Belém é, talvez, o tema mais trans-
versal numa gestão pública. Envolve desde o sane-
amento, o urbanismo, a educação, obras estrutu-
rais, cultura, comunicação social, todas as áreas da
administração. É a única saída industrial realmente
sustentável num município encravado bem na porta
da Amazônia.
Uma iniciativa valiosa para Belém e para o Pará
seria criar uma secretaria de marketing, ou algo do
gênero, para trabalhar nossa marca e nossos pro-
dutos nos mercados regional, nacional e mundial.
Uma área de governo composta por gente de Be-
lém, do Rio, de Tókio, de Paris; pessoas com olhar
competitivo e saber desprendido, definindo que são
mnossos concorrentes no planeta, que tipo de con-
correntes, que tipo de público buscar, que produto
oferecer a cada grupo visado. E ajudando a aperfei-
çoar nosso produto em todos os aspectos. É preci-
so trabalhar com cada vez mais profissionalismo e
menos ufanismo.
Belém não é melhor nem pior que Manaus, que
Salvador, Miami, Barcelona ou Nova Delhi. Belém é
Belém. Carimbó é carimbo e rock é rock. E a cabo-
cla não é a tal. E precisa trabalhar isso. Até nossas
grandes fragilidades, como por exemplo, o grande
percentual de esgoto a céu aberto, podem virar um
destino humanitário. Assim como jovensricos e so-
lidários vão para a África, poderiam vir pra Belém
ajudar a preservar uma espécie amazônica pouco
lembrada no discurso ambientalista politicamen-
te correto: o ser humano das grandes cidades da
Amazônia.
A verdade é que essa onda criativa que está fa-
zendo Belém do Pará encantar o mundo também
precisa contagiar outros setores da vida local. Rom-
per com essa vergonha de ser ribeirinho amazônico,
diminuir essa vontade desgraçada de ser carioca ou
de Miami. É preciso ter senso de oportunidade, ins-
pirar-se nessa mistura que une tecnologia com peri-
feria e cria o tecnobrega, aproveitar para colocar as
coisas para funcionar de outro jeito, fazer acontecer
a partir do nosso caos. Temos que nos valer des-
sa inventividade suburbana, dessa energia original,
dessa desinibição, para gerar benefícios que entrem
no cotidiano dos que vivem aqui.
Se a gente não ampliar o olhar além da frequência
de mídia, logo ela, voraz - como é - cansa da gente
e vai atrás de outro tipo de exotismo. E poderemos
ser, em breve, novamente apenas o bom e velho
calhambeque da saudade.
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111
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especial
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O universo dos perfumes é vasto, complexo e desafi a-dor. Em meio a um verdadeiro mosaico de aromas, a busca é pela fragrância perfeita.
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Fábio Nóvoa Dudu Maroja
O Brasil, há dois anos, é o maior mercado
consumidor de perfumes do mundo, supe-
rando os Estados Unidos. Segundo dados
da consultoria Euromonitor, os americanos consumi-
ram 5,3 bilhões de dólares em perfumaria em 2010,
enquanto que, em território brasileiro, esse valor foi
de aproximadamente 6 bilhões. Para se ter uma
ideia em 2009, o país consumia 4,5 bilhões de dó-
lares, o que representa um aumento de 33%. Em
terceiro lugar estão os Alemães, que geraram lucro
para o setor de US$ 2,49 bilhões e os franceses (US$
2,44 bilhões). Duas das maiores empresas do Brasil
detêm, juntas, quase 60% do mercado nacional.
Não é tarefa das mais fáceis produzir fragrâncias
doces, que podem trazer boas lembranças da in-
fância, de entes queridos ou de amores vividos
uma vez que existe um mosaico infinito de cheiros
e sensações que são misturadas para dar origem a
outras novas sensações. Esse processo de criação
é longo. Em muitas empresas de cosméticos, há,
inclusive, um profissional responsável por conhecer
todas as matérias-primas, equilibrá-las em propor-
ções perfeitas e trazer à tona o aroma. É esse pro-
fissional que deve usar a poderosa memória, o olhar
e o apurado senso olfativo para fazer a alquimia
necessária que reproduz, no vidro, a personalidade
daquele que o usa.
Para ter-se uma ideia da dificuldade que é formar
bons profissionais do ramo, há pouco mais de 40
em formação no Brasil, por exemplo.
Na Natura, a maior empresa desse setor no Brasil,
a mágica passa pelas mãos e pelo “nariz” de Verô-
nica Kato. A rotina de trabalho inicia na criação de
um conceito. “Em seguida, juntamente com outros
perfumistas do mundo, criamos algumas opções de
fragrâncias. No laboratório, vários ingredientes são
pesados e misturados. Lá, avaliamos as fragrân-
cias e acrescentamos os ingredientes exclusivos,
que formam a identidade Natura”, afirma. Após a
criação das fragrâncias, sob o acompanhamento da
avaliadora olfativa, são feitas as análises e seleção
daquelas que mais traduzem o conceito pensado
previamente. “Só assim sabemos qual fragrân-
cia pode ser mais aceita pelo consumidor. Cheiros
provocam sensações e despertam os sentimentos
mais verdadeiros”. Kato diz que as fragrâncias da
Natura são todas inspiradas em riquezas naturais.
A perfumista afirma, ainda, que a Perfumaria clas-
sifica os perfumes de acordo com o percentual de
essência utilizado em sua composição. Os nomes
são dados obedecendo ao nível de concentração da
essência e o poder de fixação à pele, o que determi-
na também o tempo de proteção (veja box). “Ao se
estudar a história da Perfumaria, podemos perceber
Aromasquefalam
A prazerosa (e difícil) arte de fazer perfumes vai muito além da busca pelo do cheiro perfeito.
»»»
114www.revistalealmoreira.com.br
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que, no início, as Eau de Cologne (águas de colônia)_
por definição ‘um grande bouquet de cítricos’_ eram
preparadas e comercializadas para ambos os se-
xos”, explica. “Com o passar dos anos, aconteceu a
segmentação e as fragrâncias com notas amadeira-
das mais pronunciadas foram destinadas ao público
masculino; os bouquets florais, para as fragrâncias
femininas”, complementa.
História de sucesso O Pará também registra histórias de apaixonados
por perfumes que vieram de outros países e criaram
marcas, que ao longo dos anos, foram responsáveis
por deixar os paraenses “mais cheirosos”. A perfu-
maria Chamma, por exemplo, foi criada na déca-
da de 1940 por Oscar Chamma, filho de libaneses
que aqui construíram sua família e negócios. Oscar
era um aficcionado, segundo Fátima, sua filha, pela
Química e pela Amazônia. E foi no Norte que de-
senvolveu paralelamente ao seu trabalho principal
(comércio) uma linha de produtos de perfumaria e
cosméticos. Desde aquela época, criava suas for-
mulações com insumos de qualidade importados
da Europa, somados aos insumos naturais da região
amazônica.
Quando Fátima assumiu a empresa, em 1996, a
palavra “Amazônia” foi agregada à marca Chamma,
dando origem à Chamma da Amazônia. Hoje, a em-
presa produz cerca de 50 perfumes diferentes para
uso pessoal e em torno de 20 aromatizadores de
ambientes. Fátima explica como são feitos os pro-
dutos. “Isso ocorre naturalmente, seja pela pesquisa
permanente com intuito de lançar novidades, seja
pela descoberta de insumos ou matérias primas
com potencial aromático, ou ainda pela busca por
fragrâncias que reportem a sensações ou traduzam
momentos vividos”, afirma. “São muitas fragrâncias
e muitos aromas diferentes, pois absorvemos uma
clientela eclética e ,lógico, tentamos agregar gostos
e necessidades diferentes”.
A diretora reforça que a empresa sempre busca
uma “identidade verde que proporcione sensações
olfativas de estar na floresta”. “Isso requer tempo,
pois, embora existam contratipos de essências no
mercado, o que se deseja é um cheiro que seja
aceito e cause bem estar ao consumidor, porém,
com um toque diferente e que personalize tanto a
marca como o usuário, pois o mesmo produto re-
age de maneira diferente em cada pele e, conse-
quentemente, o resultado final é diferente”, garante.
Essa necessidade motivou ainda mais o contato
de Fátima Chamma com pesquisadores, perfumis-
tas e empresas especializadas em matéria prima.
“Mas também com a própria equipe interna, que faz
Verônica Kato, perfumista da Natura, no laboratório de “aromas”. A Amazônia é um celeiro de matérias-primas que, combinadas entre si ou isoladas, darão origem a variadas fragrâncias.
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Para melhor entender as categorias
PerfumeÉ a fragrância conhecida pelo termo original francês
parfum e caracterizada pela alta concentração de es-
sências - entre 18% e 35% do volume total. Seu poder
de fixação na pele é grande, e pode durar de 8 a 24
horas, conforme a qualidade da fragrância e o caminho
olfativo.
Eau de ParfumSubproduto do perfume propriamente dito, é diluído em
maior quantidade de água (Daí o “eau”_água, em fran-
cês), apresentando índices de concentração que variam
de 12% a 18%, o que pode representar até 10 horas de
perfumação.
Eau de Toilette
Caracterizado por uma fragrância mais discreta. Apre-
senta índices de concentração entre 8% e 10% e tempo
de fixação de até 8 horas.
Eau de Cologne ou Desodorante ColôniaPossui baixa concentração de essências, 5% no máxi-
mo. No Brasil, criou-se uma terminologia própria para
essas fragrâncias: deo colônia ou desodorante colônia.
Além de perfumar, elas têm função desodorante por
possuir elementos que ajudam a combater os efeitos do
excesso de suor, garantindo maior sensação de frescor.
São adequadas ao uso diário e sob medida para o nos-
so clima tropical.
Fonte: Verônica Kato, Natura.
117
Veja mais
suas alquimias e testes. Essa é uma forma de pro-
dução muito comum em nossa empresa”, revela. A
partir das primeiras misturas e testes, existe a pes-
quisa de formulação e embalagens, testes internos
e testes externos, além do registro na Agência de
Vigilância Sanitária. “A partir disso, temos a compra
da matéria prima e embalagens, fazemos a ma-
nipulação, há o choque térmico (ou resfriamento),
maturação e, nesse ponto, temos um prazo de, no
mínimo, 20 dias para que o nosso controle de quali-
dade aprove, passe para filtragem e, posteriormen-
te, envase”, enumera.
De cada lote produzido, três unidades permane-
cem no chamado “Museu de Amostras” e lá perma-
nece por três anos, tempo de validade do produto,
conforme orientação e exigência nacionais. Vinte e
cinco pessoas trabalham hoje na Chamma.
Para Fátima, os perfumes são importantes porque
são responsáveis por guardar, na memória, as boas
lembranças. “Esses cheiros nos trazem lembranças
e são essenciais na hora de desenvolver uma fra-
grância que nos reporte a algum fato, um lugar, ou
pessoas que amamos”, assinala.
A tradição paraense Ao andar pela Rua Frutuoso Guimarães, no movi-
mentado centro comercial de Belém, é praticamen-
te impossível passar incólume pelo cheiro que exala
de dentro do casarão antigo, construído no centro
do quarteirão. É uma mistura de fragrâncias, rapi-
damente reconhecidas pelos bons paraenses e que
desperta a curiosidade de quem é de fora. Ali, no
número 270, funciona uma das mais antigas perfu-
marias em atividade no Pará: A Orion.
Apenas uma parede divide a entrada do prédio de
dois andares: do lado esquerdo, a pequena loja que
vende os produtos da empresa. O balcão, sempre
lotado. Nas prateleiras, cores e garrafas diferem dos
mais distintos tipos de perfumes artesanais. Ao lado,
estão o escritório, o depósito e o local onde funciona
a fábrica dos produtos, uma espécie de mezanino,
com grandes garrafões, líquidos coloridos e funcio-
nários que manipulam as essências.Tudo ali reme-
te aos tempos antigos: garrafas, troféus, canecas e
outros recipientes, além de armários e móveis, tão
antigos quanto a própria loja.
A empresa, que já foi uma referência no ramo
da perfumaria, atualmente tenta se reerguer, moti-
vada pela própria fama na cidade e o típico aroma
dos seus produtos. Pelo menos esse é o desejo de
Manoel Santos, 42 anos, proprietário da empresa,
herdada da família. A loja foi fundada em 1927 por
Antonio Gomes, tio-avô de Manoel, que por aqui
chegou em 1914, vindo de Portugal. “Estamos já na
terceira geração e sempre aqui nesse mesmo lu-
gar”, brinca. Em 1955, o pai de Manoel resolveu
Os povos antigos consideravam os perfumes como símbolo de riquez
a e po
der, além de forte atrativo e estimulante para amor e desejo.
A França é considerada o berço da perfumaria, sendo Grasse o centro da cultura de flores e Paris o centro da indústria de perfumes.
O primeiro perfume alcoólico surgiu em 1370
A primeira água de colônia foi criada no século XVIII, por Jean Marie FarinaOs gregos tinham o hábito de usar uma fragrância diferente em cada parte do corpo.
São necessárias cinco toneladas de rosas para se obter um quilograma de óleo essencial.
118
vir também para o Brasil e acabou assumindo o
negócio do tio. A iniciação do atual administrador
ao negócio só veio mesmo em 1987, quando veio
para o Brasil. É ele quem administra a fábrica sozi-
nho há 15 anos.
Manoel é responsável pela compra da matéria
prima dos produtores (alguns são parceiros há
mais de 40 anos). A partir dos produtos (a maioria
do Pará mesmo), é feito todo o trabalho manual de
transformação das essências, que são misturadas
para dar origem aos perfumes (ou são vendidas na
forma bruta para quem gosta de fazer sua própria
fragrância). São 34 colônias com aromas diferen-
tes. Além das essências, Manoel diz que existem
alguns ingredientes guardados no armário, mas
são secretos.
Hoje, a maior propaganda, afirma Manoel, quem
faz são os clientes. “Nós vendemos na própria loja
e também exportamos para outros estados, mas
70% são vendidos aqui”, confirma. “O paraense
gosta de se perfumar, principalmente com cheiros
daqui”. O maior período de venda é o mês de ou-
tubro, por causa do Círio de Nazaré. Dez funcioná-
rios trabalham na empresa e se revezam na venda
e produção, por exemplo, de priprioca e patchou-
li, que se transformam em rótulos como o Feitiço
Amazônico, com preços que variam entre 6 e 16
reais.
Perfumes pessoaisNão só para a vaidade servem os perfumes. Eles
também são usados na busca pelo bem-estar por
meio da Aromaterapia. “Trata-se de uma filosofia
de vida que nos ensina a viver bem fisicamente,
mentalmente e emocionalmente”, explica Anna
Gabriela Coelho, 34 anos, administradora de em-
presas e aromaterapeuta.
Anna diz que a Aromaterapia não é apenas “um
cheirinho” bom no ar ou no corpo, é um método te-
rapêutico que utiliza óleos essenciais puros, combi-
nados entre si para determinado fim, processo que
é chamado de “Sinergia”. “Há muitos anos produzo
meus próprios perfumes com óleos essenciais e
também com essências sintéticas. A prática, que
nasceu do desejo de obter aromas exclusivos de
uso pessoal, com o passar do tempo se tornou ob-
jeto de estudo contínuo e profundo sobre a aplica-
ção dos óleos extraídos das plantas para o benefí-
cio da mente e do corpo”, afirma.
A paixão dela por cheiros nasceu pela busca por
métodos naturais e pelo desejo de ter um perfu-
me exclusivo que causasse bem estar. “Após anos
de uso e estudos, pude constatar como a natureza
nos ajuda a ter qualidade de vida com seus aromas
únicos e terapêuticos”, ensina. A partir daí, ela co-
meçou a propagar a ideia entre as pessoas mais
próximas. “Ao explicar para familiares e amigos
A baunilha, tão comum em perfumes, é extraída das bagas da Vanilla Planifolia, uma espécie de orquídea bela e sensual. Por isso, muitos a consideram afrodisíaca.
Em 1849, quando abriu um pequeno laboratório em Grasse, na França, Molinard, jovem químico recém-formado, inauguraria o começo da perfumaria industrial e o fim da artesanal
São necessárias cinco toneladas de rosas para se obter um quilograma de óleo essencial.
119
próximos como eu me beneficiava com a aromate-
rapia, muitos me pediam para fazer perfumes com
propriedades calmantes, estimulantes, ou afrodisía-
cas para eles”.
Hoje, ela produz artesanalmente aromatizadores
de ambientes, óleos de massagem e perfumes per-
sonalizados (e direcionados) para cada necessidade
do cliente. “Todo o processo é feito com responsa-
bilidade após uma conversa prévia e levantamento
do perfil de cada pessoa para saber com exatidão
qual sinergia será aplicada”, garante. “Vamos supor
que precisamos obter um aroma, que, ao ser usado,
possa gerar a sensação de calma e concentração.
O passo seguinte é selecionar óleos essenciais com
essas características, calcular a proporção da com-
posição e diluir em um óleo carreador para uso em
massagem ou em veículos, no caso de aromatiza-
dores”.
E como ela consegue diferenciar as fragrâncias e
essências? A resposta é aparentemente simples: por
meio, também, da ‘memória olfativa’. “São muitos
aromas diferentes e similares; então, não devemos
confiar apenas no olfato. O importante é estar atento
à procedência dos óleos essenciais, que devem ser
sempre de um produtor confiável e principalmente
licenciado pela Anvisa [Agência Nacional de Vigi-
lância Sanitária]”, aconselha. “Jamais devemos utili-
zar esses óleos puros sobre a pele ou por inalação,
mesmo sendo naturais, devem sempre estar diluí-
dos em veículos apropriados para o processo, em
proporções que somente um profissional habilitado
pode desenvolver com segurança, pois a diferença
entre um remédio e um veneno é a quantidade”, diz.
Quando os arqueólogos vasculharam o túmulo de Tutankhamon, em 1922, encontraram vasos com um óleo perfumado conhecido como “Kiphi”, cujo aroma ainda podia ser percebido mesmo após 3.300 anos depois de encer
rado n
a câm
ara m
ortuá
ria.
Em 1849, quando abriu um pequeno laboratório em Grasse, na França, Molinard, jovem químico recém-formado, inauguraria o começo da perfumaria industrial e o fim da artesanal
O óleo de jasmim natural custa cerca de R$5.000,00 por quilograma. A mesma quantidade da fragrância artificial chega a custar R$5,00. Um quilograma de óleo essencial de jasmim requer, para ser obtido, cerca de oito milhões de flores.
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Nara OliveiraConsultora empresarial
Segredosde umaequipe dealta
performanceEquipes são um dos pilares essenciais de qual-
quer empresa: pessoas que trabalham juntas em
torno de um objetivo comum. O problema é que
nem sempre as equipes conseguem “performar” da
melhor maneira, e causam, assim, danos aos resul-
tados, ao clima, à condução dos gestores e à exe-
cução das tarefas.
Com base na experiência de diversos gestores,
consultores e estudiosos, segue uma análise dos
principais elementos que interferem na construção
e anutenção das equipes.
Líder: diferencial de uma organização – Quem dá
o tom de sua equipe é o gestor. Resultados são con-
quistados por equipes que tenham um líder que os
faça canalizar energias para um lugar comum. Isso é
a máxima de equipes, empresas, países ou famílias.
Gestores com nível baixo de exigência não levam as
pessoas a darem o melhor de si; no entanto,líderes
que suportam, oferecem constantemente feedback,
exercem uma gestão transparente – baseada em
dados e fatos, definem metas claras e dão o poder
de decisão ao time para que façam a coisa aconte-
cer. O líder não precisa saber nem resolver tudo, ele
precisa dar espaço para a equipe para, com isso,
utilizar o potencial do grupo.
Foco nas pessoas bem como nos resultados – As
empresas precisam atingir resultados, os quais são
conquistados através de uma gestão eficaz de pes-
soas. Para que essa gestão seja vencedora, são ne-
cessárias pessoas competentes e com o perfil do
negócio. É imprescindível ter os melhores proces-
sos, sistemas de gerenciamento, mas são as pes-
soas que fazem a diferença. A gestão de pessoas
eficaz passa por valorização do ser humano na or-
ganização, medição da performance de forma linear
e transparente, gestão de carreiras, conciliação de
interesses, entre outros.
Comunicação é aberta – Todas as organizações
possuem o desafio de gerir sua comunicação. As
equipes de alta performance possuem a comuni-
cação aberta, direta, honesta e objetiva. Sabem lidar
com barreiras e utilizam de forma correta os canais
de comunicação. Os líderes que gerem essas equi-
pes são acessíveis, proporcionam a troca de ideias,
estimulam a busca por informação e premiam atitu-
des transparentes.
Gerência do tempo – Quanto mais efetivas indivi-
dualmente são as pessoas, mais a equipe aumen-
ta sua performance. Se uma pessoa não consegue
lidar com seus emails, não sabe planejar, não con-
segue priorizar, não consegue se organizar, acaba
comprometendo a performance de todos. Gerenciar
tempo é uma competência individual que, no grupo,
traz resultados incríveis.
Lidar de forma positiva com o erro – Equipes ma-
duras e de alta performance erram e aprendem
com o mesmo erro ao mapear, identificar as origens
e construir soluções. Todo mundo erra. Isso é visto
como oportunidade de melhoria para as equipes e
servirá para que todos ajustem a rota, evitem que
novas urgências apareçam e sejam exemplo para
melhores práticas. A negligência ou aceitação do
erro é que faz o erro ser um câncer que pode levar a
empresa à doença crônica.
Nenhuma equipe possui alta performance cons-
tantemente. Existem flutuações e lacunas em alguns
momentos. Isso é normal, porque o que faz a dife-
rença no resultado é como o gestor e seu time lidam
com o mesmo.
Essa maturidade não é conquistada da noite para
o dia, ela é construída ao longo do tempo, com mui-
ta persistência, treinamento e ferramentas. Qualquer
equipe pode se transformar em um time de alta
produtividade,para tanto, alguns pontos devem ser
trabalhados: perfil dos profissionais que ocupam o
time, desenvolvimento de competências atreladas
ao negócio, modelo de gerenciamento e ferramen-
tas para gerenciar pessoas.
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destino
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127
Miles Raymond é um homem em busca
de emoções. Fascinado por vinhos, de-
cide proporcionar ao seu melhor ami-
go, Jack, uma despedida de solteiro diferente:
uma viagem pelas vinícolas californianas do Vale
de Santa Inez. O presente inusitado rendeu histó-
rias inacreditáveis e mudou os rumos das vidas
de ambos.
Frances Mayes é escritora. Após um divórcio
conturbado, decidiu partir, em uma viagem de fé-
rias, para a Itália. Entre a tristeza e as belezas do
velho continente, ela mudou radicalmente de vida
e, inspirada pelo cenário, comprou uma chácara
na Toscana.
A ficção inspira a vida realSim, falávamos de personagens do cinema, vi-
vidos pelos atores Paul Giamatti, Thomas Haden
Church e Diane Lane e, se você acha que esse
tipo de história só acontece nos filmes, é melhor
repensar seus conceitos. Foi ao sair do cinema
que a dentista paulistana Clarissa Oliveira vislum-
brou pela primeira vez a possibilidade de fazer
uma viagem diferente das demais que já fizera.
Procurou informações na internet e visitou agên-
cias especializadas. Três meses depois, estava
em Nova York, onde fez todo o circuito teatral da
Broadway: mais de trinta peças, entre superpro-
duções e pequenos espetáculos. E se você, leitor,
acha que ela estava sozinha, melhor pensar de
novo: no grupo, havia 15 pessoas. Um ano de-
pois, ela já pensa na próxima empreitada. “Las
Vegas. Desta vez, queremos fazer o circuito do
Cirque du Soleil”, conta. O valor do investimento,
Clarissa não entrega, mas ri. “Foi alto, mas valeu
cada centavo”.
A história de Clarissa ilustra o bom momento
econômico brasileiro, que expandiu o setor de tu-
rismo e fez surgir no país uma categoria de con-
sumidores cada vez mais exigentes e abertos a
Caminhosdeluxo
Anderson Araújo
O mercado do Turismo está cada vez mais segmentado e os consumidores, mais dispostos a investir valores – nada modestos – quando o lazer e o prazer estão em pauta. O destino? A sofi sticação.
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128
novidades refinadas para expandir um dos gran-
des prazeres da vida: viajar. Depois de conhecer
os principais pontos turísticos mundo afora, uma
parcela de turistas brasileiros tem se interessado
cada vez mais em roteiros específicos voltados
para aprimorar predileções e conhecer de perto
o que antes era acalentado em publicações espe-
cializadas, em conversas entre amigos ou nas pá-
ginas da internet. Gastronomia, o amor ao vinho, o
interesse pela arte: o mercado de turismo de luxo
está cada vez mais acessível e atraindo mais gen-
te que preza não só pelo bom gosto como pelo
aumento do capital cultural.
Entre goles e resenhasO administrador Renato Dulcetti, de 35 anos, é
um entusiasta desse tipo de turismo que está ga-
nhando espaço no mercado e proporcionando o
surgimento de agências especializadas para esse
fim. No entanto, ele aproveita o conhecimento
que já tem em viagens internacionais para montar
seus próprios roteiros. As últimas saídas do Brasil
foram rumo a dois lugares de referência na Alta
Gastronomia, o maior interesse dele: Manhattan,
em Nova York; e Paris, na França.
Com larga experiência, Renato programou as
duas viagens bem antes. E, ao contrário da odon-
tóloga Clarissa, ele não precisou de uma agência
de turismo. Conversou com amigos, trocou ideias
com um profissional do setor de turismo, consul-
tou publicações especificas para gourmets_ como
o famoso guia Michelin e pesquisou as melhores
dicas em sites especializados.
Com os pontos mapeados e as reservas feitas,
Renato realizou,com tranquilidade, um de seus
maiores prazeres: comer bem. Na Big Apple,
por exemplo, o administrador de empresas foi ao
restaurante Masa, onde provou um dos melho-
res sushis do mundo; no Le Bernadin, se deliciou
com frutos do mar; no Del Posto, apreciou a gas-
tronomia italiana; no Daniel, saboreou o requinte
francês; além na delicatessen “Katz” e da brasserie
“Balthazar”.
Nas andanças por Paris, foi ao “Guy Savoy”, seu
O Napa Valley, região vinivicultora da Califórnia, é um dos destinos mais procurados por quem deseja combinar o turismo com o prazer da desgutação de vinhos. Acima, a Vinícola Coppola. Na outra página, o Cirque du Soleil e as beleza irresistível da Grécia e suas ilhas.
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Preparamos uma seleção de vídeos de filmes com a temática enoturismo. Acesse o QR code e divirta-se!
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restaurante preferido [onde ele indica – aos igual-
mente dispostos – consultar o excelente menu
degustação de vinhos. Dulcetti também visitou o
bistrô “La fontaine de mars”, onde a pedida é o
escargot. “O melhor que já comi até hoje.”, diz. Na
capital francesa, esteve no “paraíso dos gourmets”,
a Loja da Fauchon. “É uma variedade muito inte-
ressante de produtos. Lá, é possível encontrar foie
gras, temperos e especiarias, vinhos, chás, vina-
gres, geleias, cafés aromatizados, chocolates... a
variedade é imensa!”, comenta.
Renato ensina aos amantes de vinho seu recan-
to predito para comprar a bebida- símbolo da so-
fisticação francesa: a loja Lavínia. Ele indica tam-
bém o “Le Jules Verne”, a melhor vista de Paris,
por ficar justo na Torre Eiffel.
Prezando por sua fascinação pela Alta Gastro-
nomia, ele já esteve em Buenos Aires, na Argen-
tina, diversas vezes em San Francisco, Los Ange-
les, dentre outros estados norte-americanos. Ano
que vem, o destino já está programado: “planejo
ir para a Itália, especificamente para a região da
Toscana, onde pretendo visitar vinícolas locais”.
Falando em vinícolas, o professor Lúcio Almeida
realizou um sonho recente: visitar a vinícola Co-
ppola (Isso mesmo, de propriedade do cineasta
Francis Ford Coppola). Amante da sétima arte
(mais uma vez a ficção inspira a vida real), ele leu
a biografia do diretor e ficou encantado. “Confesso
que esperava vê-lo por lá, mas não fiquei frustra-
do, afinal, estava eu na Disneylândia dos vinhos
californianos”, conta entre gargalhadas. Ano que
vem, ele afirma, repetirá a dose e estenderá por
outras vinícolas.
GréciaQuem topou e conheceu mais sobre vinhos ao
buscar um sonho antigo de conhecer a Grécia foi
a médica Gisele Mello, de 25 anos. “Sempre fui
muito interessada em mitologia e tudo que cerca
o conhecimento grego. Tive oportunidade de co-
nhecer as ilhas gregas em um cruzeiro, que pas-
sou também pela Itália e a Croácia. Pude observar
de perto, por exemplo, a produção artesanal de vi-
130
Vinícola CoppolaEndereço: Via Archimedes, 300. Geyserville, Califórnia – EUA.
Telefone para informações: (707) 857.1400
Site com informações e programações (as degustações são
diárias):
www.franciscoppolawinery.com
O circuito teatral da Broadway completo está disponível no site:www.broadway.com
BelémMonopólio Turismo
Av Brás de Aguiar, 202 - Nazaré
Telefone: (91) 3242.4099
BrasilAgências de turismo de luxo
• www.teresaperez.com.br
Uma das pioneiras neste segmento e das mais procuradas.
• www.b360travel.com
A B360 é uma subdivisão da STB (Student Travel Bureau)
Serviço
nho por essas cidades gregas, com comunidades
inteiras, inclusive os mais carentes, empenhados
nessa arte.”, explica ela.
Gisele optou pela viagem programada por uma
agência de turismo. Foram oito noites em um cru-
zeiro que partiu de Veneza, passando pela provín-
cia de Bari, na região de Puglia, na Itália, e uma
parada no litoral da Croácia. Mas o grande inte-
resse da médica foram as ilhas de Katakolon, Sar-
tini, Mykonos e Piraeus. Na viagem, ela também
conheceu a produção de azeite e como os agri-
cultores das pequenas cidades da Grécia têm se
especializado em produzir alimentos saudáveis,
sem tipo algum de fertilizante artificial_ a chama-
da comida orgânica, tendência mundial e alvo de
atenção para os que buscam uma vida com mais
qualidade.
Público seletoA gerente da “Monopólio Turismo”, Carolina
Ferreira, afirma que o turista brasileiro está cada
vez mais exigente e que os mais experientes no
assunto “querem ser surpreendidos com novos
roteiros”. Segundo ela, as agências especializa-
das estão cada dia mais sendo procuradas para
roteiros gastronômicos para visitas em restauran-
tes badalados e às vinícolas na época da vindima;
para a colheita da uva; para cruzeiros em navios
espetaculares e incursões nos castelos franceses.
“Isso para citar apenas os produtos turísticos mais
procurados atualmente.”, detalha.
A profissional diz ainda que é possível fazer ex-
celentes roteiros em qualquer época do ano. No
inverno, por exemplo, os turistas podem procurar
estações de esqui luxuosas. Quem quiser pode
pagar uma diária de mil dólares e se hospedar
em resorts como o “The Fairmont Chateau”, em
Whistler, no Canadá, com uma vista privilegiada
da pista e da movimentação intensa de esquia-
dores. Em Couchevel, situado na região de Trois
Vallées, a maior área interligada do mundo para
esse esporte, é possível gastar cerca de quatro mil
euros por noite no hotel “Le Cheval Blanc”.
Segundo Carolina, o outono é a melhor época
www.revistalealmoreira.com.br
A misteriosa Patagônia também atrai muitos turistas brasileiros. Ao lado, Mykonos, ilha grega, uma das mais visitadas do país
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131
para os amantes do vinho. As já tradicionais re-
giões de Bordeaux e Bourgogne, na França, e a
Toscana, na Itália, são os roteiros perfeitos. “São
viagens mais longas porque cada quilômetro do
caminho percorrido traz paisagens incríveis e
fica difícil resistir à vontade de visitá-las”, conta.
O verão é tempo de ir à Ibiza, na Espanha,
um dos roteiros quentes e já bem conhecidos
para os que querem praia e uma noite agitada
com bons restaurantes e casas noturnas.
Porém, quem está procurando um lugar di-
ferente para bronzear o corpo e conhecer pai-
sagens paradisíacas a dica de Carolina são as
Ilhas Maldivas, um arquipélago formado por
1.190 ilhotas situado no Oceano Índico. Há ain-
da a Costa Rica, na América Central, onde a so-
fisticação e beleza têm atraído famosos como a
modelo Gisele Bündchen, que já passou férias
no lugar.
Na Primavera, Carolina indica conhecer as tu-
lipas em Istambul, na Turquia; ou castelos da
França; ou ainda visitar a Cidade do Cabo, no
Egito; Bali, na Indonésia e Sidney, na Austrália.
Porém, para quem procura o turismo de luxo
especificamente para compras, Dubai tem sido
a melhor pedida. Construída no coração dos
Emirados Árabes para impressionar os visitan-
tes, a cidade conta com um enorme shopping
repleto de grifes internacionais de luxo para en-
cher os olhos dos mais refinados consumistas,
sem contar a chance de ficar no hotel “Burj Al
Arab”, o único hotel sete estrelas do mundo,
cuja diária pode chegar a 14 mil dólares.
“Há roteiros luxuosos para todos os gostos,
inclusive próximos, como alguns da América
do Sul, como Machu Picchu; no Peru; Carta-
gena de Las Índias, na Colômbia; a Patagônia,
na Argentina. Roteiros que fazem sucesso com
os que já conhecem Buenos Aires e Santiago
(Chile).”, comenta a gerente. E acrescenta que
cidades como São Paulo e Rio de Janeiro con-
tinuam sendo destinos muito procurados por
quem gosta de sofisticação e está disposto a
gastar. Excelentes restaurantes e opções no-
turnas de lazer fazem das duas capitais alvos
de interesse para quem busca o refinamento,
mesmo dentro do Brasil.
Nas ilhas Maldivas, a vegetação e vida selvagem em terra são limi-tadas, mas são complementadas pela abundância de vida marinha. A paisagem é exuberante. Já Du-bai, nos Emirados Árabes, é mo-derna, “futurista” e com enormes arranha- céus.
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Lausanneenquanto isso
Vim morar em Lausanne – a quarta cidade mais
importante da Suíça – graças a uma linda história
de amor que começou em Fortaleza. Lá, conheci
meu marido, que é português, e me mudei para cá,
onde ele mora e trabalha há mais de 15 anos. Aqui
é uma cidadezinha de 125 mil habitantes, fria, onde
se fala francês e se respeita muito o espaço do ou-
tro. A organização estrutural da cidade é louvável.
A adesão é total às regras de trânsito: os ônibus e
táxis que circulam nas suas respectivas vias, carros
que param para o pedestre passar, as ruas limpas...
O turismo de Lausanne gira em torno de sua ar-
quitetura, museus e história. Alguns dos pontos
turísticos mais visitados são a Catedral de Notre-
-Dame, o Castelo de St-Maire e o Palácio de Ru-
mine. Assim como o resto do país, somos famosos
pelos chocolates e queijos. Porém, mais conheci-
dos como a capital olímpica. Aqui fica localizado o
Museu Olímpico, acervo de todas as medalhas e
tochas olímpicas, e também a sede do comitê olím-
pico mundial. Atualmente, a cidade ganha destaque
como polo estudantil e cultural, graças aos institutos
de formação e pesquisa de alta reputação interna-
cional, tais como a Escola Politécnica Federal, a Uni-
versidade de Lausanne e a Escola de Hotelaria. Ou-
tro roteiro obrigatório é um passeio às margens do
Léman, o segundo maior lago da Europa ocidental,
que banha diversas cidades. Situado entre a França
e a Suíça, é possível ver as montanhas francesas no
outra margem, uma bela visão de qualquer ponto
que observarmos.
O clima é quase sempre gelado, mas agradável.
No inverno, chegamos a -5ºC e até mesmo -10ºC.
Como neva pouco, devido à altitude, não nos depa-
ramos constantemente com os contratempos cau-
sados pela neve. A estação fria perdura por muito
mais tempo que a quente, e só mesmo no verão é
que sentimos calor. Na primavera e no outono, já é
aconselhável ter na mala um casaco, calças e blu-
sas de manga comprida.
Assim como a limpeza, o funcionamento de Lau-
sanne é muito regrado. Se for fazer compras, é
bom se programar: o comércio só fica aberto das
8h30 às 19h. Nenhum shopping funciona depois des-
se horário e nem abre aos domingos e feriados. O
turismo noturno gira em torno dos restaurantes, os
quais, durante a semana, fecham à meia-noite e,
aos fins de semana, podem ir até 2h. Os bares só
funcionam a partir de sexta. Alguns poucos abrem
durante a semana, mas não têm autorização para
funcionar a partir de certo horário. Tudo isso porque
existem leis trabalhistas que funcionam muito bem
por aqui, além das políticas de silêncio e boa vizi-
nhança.
Uma curiosidade sobre Lausanne é que ela é
a menor cidade do mundo a possuir metrô. Sem
catraca, eles funcionam à base de confiança e
conscientização. Você é livre para andar nos trens
e responsável por comprar o seu ticket. Esporadi-
camente, os fiscais entram nos vagões e fiscalizam
todos os passageiros: caso não tenha o bilhete, a
multa de 200 reais não será perdoada. Não existe
“jeitinho” para driblar a taxação por aqui, em condi-
ção alguma.
O clima, a educação das pessoas e a beleza da
cidade fazem com que Lausanne seja uma experi-
ência inesquecível. Não é à toa que tantos imigran-
tes, assim como eu, tenham decidido fixar raízes
aqui: o lugar ideal para viver e ter uma família.
Gabriela EluanGerente de vendas
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137
O CAFÉ DA MANHÃ É A REFEIÇÃOMAIS IMPORTANTE DO DIA.NOSSO ALMOÇO TAMBÉM.
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A espanhola Elena Arzak comanda o restaurante - campeão de estrelas do guia Michelin - junto com o pai, Juan Mari Arzak
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Aitor Ubarretxena (de Barcelona) AcerbiMoretti PhotographyTradução: Lívia Mendes
Amelhordomundo
Eleita pela “Restaurant Magazine”, a chef espanhola quebra a hegemonia do título, con-cedido – até agora – somente a homens e prova, com competência e simplicidade, que lugar de mulher é sim na cozinha.
Elena Arzak mantém com seu pai, Juan Mari, um
dos restaurantes mais conhecidos pelos aman-
tes da boa mesa do mundo todo. Suas três es-
trelas Michelin, mantidas durante os últimos 23 anos, a
transformaram numa das raras chefs de primeiro nível
internacional. Ela assegura que sempre fez o que mais
gosta: aprender com seu pai e trabalhar na cozinha.
Juan Mari Arzak conseguiu ser uma referência para
varias gerações de cozinheiros bascos e espanhóis.
Elena teve o privilégio e também a responsabilidade de
aprender com um “professor” que tem seu mesmo so-
brenome e ambos formam uma ótima dupla na gestão
diária do restaurante.
Elena assegura que a casa onde se encontra o res-
taurante (construída em 1897 por seus bisavós) conti-
nua albergando o mesmo espírito que também guiou
sua avó e seu pai. Nunca se cogitou mudar de locali-
zação para não perder essa “alma”, que também pode
ser percebida por todos.
Optou por trabalhar no restaurante, mesmo com
seus pais tentando “tirar essa ideia da cabeça dela”,
como comenta entre risadas. Porém, sua decisão
sempre foi clara: “eu adorava isso, sabia que era di-
fícil, mas não queria fazer outra coisa”. Começou tra-
balhando somente duas horas por dia, aos 17 anos,
e não demorou muito tempo até que sua vocação se
consolidasse. Dois anos depois, se formou numa es-
cola suíça de Hotelaria e estagiou em respeitados res-
taurantes do Reino Unido e da França.
De volta para casa, começou seu dia-a-dia no res-
taurante. Ela lembra seu pai como um professor pa-
ciente, que a animava a experimentar. “Eu, a princípio,
lhe mostrava os pratos. Ele ficava olhando e dizia ‘está
bom, mas o molho está um pouco pesado, vamos co-
locar um vinagrete’. Mas sempre me apoiando!”. A chef
admite, também, que esses primeiros anos ficaram
para trás. “Agora, ele me pressiona da mesma forma
que faz com qualquer outro da equipe, assim como
nós fazemos com ele, porque nosso segredo é cola-
borar um com o outro, com o máximo de confiança.”
Em sua opinião, o segredo para manter um altíssimo
nível de excelência durante tantos anos, é o esforço e a
paixão pelo trabalho. Sua proposta está totalmente en-
raizada à tradição basca e se define como “baluartes
da cozinha autoral”, o que obriga a equipe a um cons-
tante esforço de investigação e evolução. Elena afirma
que “a cozinha não tem limites”, mas que é necessário
trabalhar com paixão – “se você não tem paixão, não
tem ideias”.
Elena forma parte da “nova cozinha basca”, um mo-
vimento que surgiu em 1975 e que foi impulsionada,
junto com seu pai, por nomes como Pedro Subijana,
Luis Irizar, Xabier Zapirain, María Jesús Fombellida,
Juan José Castillo, entre outros. Tal esforço coletivo
atingiu o êxito rapidamente no país Basco, onde existe
uma verdadeira veneração ancestral pela boa mesa.
De fato, o território basco ostenta o maior número de
estrelas Michelin por habitante do mundo inteiro.
A tradição familiar de receber reconhecimentos in-
ternacionais também tem continuidade com Elena.
Este ano, ganhou o prêmio como melhor chef feminina
do mundo, o The Veuve Clicquot World’s Best Fema-
le Chef award 2012, entrando na história dos grandes
chefs mundiais.
Mulheres e chefsCom o pai, Elena Arzak tem um restaurante de três
estrelas, fato que a coloca como uma das raras cozi-
nheiras de primeiro nível internacional. Ela admite que
os homens são a elite da cozinha internacional, mas
está convencida de que, em breve, os rumos mudarão.
Recorda que, quando seu pai começou a traba-
lhar no restaurante da família, ele mesmo se viu num
“ambiente matriarcal”, já que toda a equipe e a dire-
ção eram compostas por mulheres. E, ainda que logo
depois os homens começassem a ocupar todos os »»»
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postos – “como ocorreu em todas as profissões” –,
considera que as novas gerações que saem das es-
colas de hotelaria são integradas por,no mínimo, 50%
de mulheres. Aponta, além disso, que atualmente em
Arzak trabalham seis mulheres como chefs. “É ques-
tão de tempo. Haverá mais mulheres que sejam chefs
de primeiro nível em alguns anos.”
Um prazer para os convidadosOs responsáveis pelo Arzak têm todos os motivos
para se orgulhar. Elena diz que uma de suas maiores
satisfações é confirmar que seu restaurante agrada a
todos os tipos de pessoas. “É comum encontrar em-
presários que compartilham o espaço com grupos de
amigos, ou famílias que querem celebrar um evento
significativo”. Obviamente, o custo do menu degusta-
ção (175 euros, em média) é consistente com a qua-
lidade de sua cozinha, mas os amantes da boa co-
mida estão acostumados a fazer “esse esforço” para
se deleitarem um pouco. Há, inclusive uma curiosida-
de no Arzak: popularizou-se o “vale presente” de um
menu completo. “Nas últimas semanas, passaram
pelo restaurante um jovem de 17 anos que não que-
ria um outro presente de sua família e foi premiado
com o tal ‘capricho’. Houve também uma mulher de
90 anos que sempre quis ir ao melhor restaurante da
sua cidade, um pedido que, finalmente, foi atendido
pelos netos”, conta.
Elena lembra ainda que recentemente visitou uma
família que economizou mais de dois anos para des-
frutar da experiência de comer em seu restaurante.
“Queremos que vocês saibam que finalmente conse-
guimos e estamos muito felizes de estar aqui”, disse-
ram. Para a chef, foi um momento emocionante, mas
também cheio de responsabilidade: “Meu primeiro
pensamento foi que não podíamos falhar”.
O nascimento de um prato.A cozinha de pesquisa de Arzak não perde seu es-
pírito intimista. A equipe tem instalações simples no
No restaurante Arzak, é imperativo estudar muito e criar pratos que surpre-endam o paladar
Leia mais
143
piso superior, onde testa produtos e técnicas avan-
çadas. É o primeiro passo, quando se materializam
as ideias e há uma troca interessante de pontos de
vista, bem como onde se fazem os testes, para che-
gar a uma proposta concreta.
Até esse ponto, as receitas são feitas à mão, com
desenhos e fotografias para explicar o sistema de
processamento. O próximo passo é transferir a des-
crição para a cozinha principal, no piso térreo, para
ver se é possível produzí-la para 20 ou 30 pesso-
as. E dada a complexidade, nem sempre é possí-
vel. Mas, apesar do trabalho contínuo da equipe de
pesquisa, são consolidados apenas 40 novos pratos
principais a cada ano.
Os cozinheiros Arzak têm um poderoso aliado, o
“banco de sabores”, que armazena mais de 1.600
caixas com nomes como “arroz verde do Vietnã”,
“limões negros do Irã”. Elena aponta que “hoje,
como há 50 anos e dentro de 50 anos, é essencial
partir de um excelente produto.” A técnica, em sua
opinião, “só nos ajuda a alcançar certos resultados”.
Um desses suculentos resultados, que chegou
ao menu é o “cromeleque e cebola com chá e
café”. O prato é inspirado nos monumentos me-
galíticos (pense em Stonehenge, como referência)
que, como em outros lugares, estão espalhadas por
todo o País Basco. A montagem consiste em duas
cestinhas pequenas, que parecem um edifício de
pedra, em cujo interior encontramos uma mistura
surpreendente e deliciosa de sabores. Para prová-
-los, você deve virá-lo e comê-lo como um cone. O
resultado é espetacular.
Cromeleque de Cebola com chá e café - o prato lembra um monumento magalítico e é campeão de pedidos
144
INGREDIENTES(para 4 pessoas):
Para o molho• 2 gr. de canela em pó• 100 gr. de pão torrado• 40 gr. de azeite de oliva• Suco de um limão• 1 cebola cozida• Sal e pimenta
Para a mendresca* de Bonito**• 400 gr. de mendresca de bonito com pele (limpa)• Sal, gengibre
Para a salada de frutas secas• 5 gramas de Painço (cereal muito parecido com milho, encontrado facilmente no mercado)• 2 gramas de nori (tempero a base de algas) em pó• 5 gramas de pinhões• 5 gramas de pistaches• 2 gramas de chia• 10 amêndoas • meia laranja ralada• Sal
Para os ramos de canela• 4 “galhinhos” de canela• 100 gramas de azeite• 1 grama de canela em pó
Para o molho• 100 gr. de suco de laranja• 40 gramas de salsa de soja• 20 gramas de suco de limão• 1 grama de canela em pó
Serão necessárias 4 campanas de cristal, para ajudar a defumar o prato.
PREPAROPara o molhoTriturar os ingredientes, temperar e dar o ponto do açúcar.
Para a mendresca de bonitoFatiar a mendresca em retângulos (2 unidades por pessoa). Um dos retângulos deverá ser um pouco maior que o outro. Temperar e dar o ponto do gengi-bre. Dourar a mendresca com um pouco de azeite na frigideira, somente pelo lado da pele. Retirar a pele, untar com molho e finalizar na panela. Reservar.
Para a salada de frutas secasTorras as frutas secas separadamente no forno. Deixar esfriar e picá-las. Misturar todos os ingredientes.
Para os ramos de canelaMisturar bem a canela em pó e o azeite. Deite os ramos nesse azeite até que sejam usados.
Para o molhoMisturar os ingredientes, exceto a canela, e ferver durante 1 minuto.Acrescentar a canela e deixar repousar.
FINALIZAÇÃONo centro do prato, colocar as fatias de mendresca cortadas. Ao lado, o ramo de canela que saiu do forno. A canela soltará uma fumaça, que preencherá levemente a campana e o bonito dentro dela. Retirar a campana no momento de servir.
receita
Bonito canela
*mendresca: corte triangular da parte superior da barriga do peixe, neste caso, de Bonito.**Bonito: Peixe marinho, de porte médio, parente próximo do atum, com o qual muito se parece. Tem pouca cotação no mercado , embora sua carne seja excelente. No Brasil, também conhecido como curuatá.
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Foto
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País: Itália - Piemonte Graduação: 5,5%Uvas: 100% Moscato Bianco O Moscato d’Asti é um vinho com aromas inimitáveis,.A palavra Moscato deriva do latin antigo “Muscus”, que por sua vez é o nome de uma famosa essência usada na elaboração de perfumes. A característica mais mar-cante da grande família das uvas Moscato são os aro-mas varietais típicos dessa espécie, aromas primários marcantes e inesquecíveis. O Saracco Moscato d’Asti é delicadamente efervescente com borbulhas persistentes; seus aromas evocam as do-ces colinas da província de Asti, ressaltando os aromas de pêssego, flor de laran-jeira, tília, abricó. Casa bem com sobremesas preparadas com frutas e sorvetes, porém acompanha pratos salgados como salame e prosciutto crudo (presunto cru). É per-feito e quase transgressivo com queijos picantes
Onde comprar: Grand Cru
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País: França - RhoneGraduação: 13%Uvas: 100% Syrah A uva, ícone do Rhone do norte, é a exotica Syrah . O DELAS Crozes Hermita-ge AOC 2009 Domaine des Grands Chemins é um vinho robusto e decidido, com aro-mas complexos e ricos de framboesa, alecrim, azeito-na preta, pimenta do reino e estrutura tanica corpulenta, sugerindo um grande futuro. Sem dúvida, muito elegante e caracteristico, vinificado com o típico estilo tradicional frances da Cotes du Rhone. Casa-se perfeitamente com carnes vermelhas e caça. Ganhou 92 pontos do critico Robert Parker.
Onde comprar: Grand Cru
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País: Espanha - Galícia Rias BaixasGraduação: 13,5%Uvas: 100% Albariño Para os que pensam que na Espanha somente os vinho tintos são dignos de atenção, esse branco aromático e mi-neral feito com a uva albariño é digno de toda a atenção, é elaborado em Val do Salnés, sub-região mais importante da D.O. Rias Baixas. Muito bem pontuado, já foi con-siderado o 4° melhor vinho do mundo pelo Wall Street Journal; levou 90 pontos do Guia Peñin e 90 pontos Wine Advocate . Acompanha baca-lhau, polvo em todos os tipos de preparação e chega a ser perfeito com Paella de frutos do mar.
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País: Itália Graduação: 13,5%Uvas: 100% BarberaCom o selo de origem do Piemonte, este vinho é feito a partir de uvas provenientes de vinhedos selecionados em Monforte d’Alba e Castiglione Falletto; e de vinhedos pró-prios em Serralunga d’Alba e Treiso. A colheita busca extrema maturidade das uvas. Rubi de média intensidade, halo em evolução. Típica tra-ma olfativa, com cerejas ne-gras e amoras maduras, sob fundo perfumado de baunilha e eras aromáticas. Estrutura-do, firme, sápido com longo final. Harmoniza com risoto ao ragu de pato selvagem, agnolotti de carnes diversas assadas e braseadas, rotie de vitela, lasanha trufada de codorna, risoto com speck e cogumelos.
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Itália uação: 13 5%
País: França Graduação: 13%Uvas: 100% ChardonnayDe coloração palha cristalina e reluzente, seduz com seu perfil olfativo de cítricos, ameixas amarelas, mel de acácia e giz. Untuosa incur-são gustativa, com alto fres-cor mineral. Conjunto muito elegante e puro. Harmoniza belamente com Coquilles Saint-James, ostras gratina-das sauce mornay, lagosta grelhada na casca com man-teiga de estragão, Supremo de frango ao creme de cogu-melos morilles e cerefólio.
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País: PortugalUvas: Syrah 30%, Petit Verdot 30%, Cabernet Sauvignon 30% e Touriga Nacional 10%Graduação: 14,5% Vol.Da região do Alentejo, Portu-gal, esse alentejano sofistica-do merece destaque. Merece-dor dos títulos conquistados (Wine Enthusiast, com 92 pontos; Revista de Vinhos, 17 em 20 e uma bela crítica do jornalista português João Paulo Martins), o Amantis é dominado por frutas negras e vermelhas maduras, especia-rias, moka e violeta. Concen-trado, com perfeita harmonia entre o extrato frutado e o calor alcoólico. Harmoniza com caças e coxa de pato confitada.
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decor
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Os móveis de de-
molição são exce-
lentes opções por-
que prolongam a
vida útil da mobília e
ainda preservam o
meio ambiente.
149
Um ambiente pode ser decorado, construído
e até reformado com vários tipos de objetos
e matérias-primas. Dentre essa variedade,
a madeira tem um encanto particular: remete a algo
mais rústico, pacato e até familiar. Contudo, quem já
teve peças de madeira, sabe que o material neces-
sita de cuidado constante para que suas caracterís-
ticas físicas sejam preservadas. Sabe também que
chega o momento em que ela parece não ter mais
salvação. É aí que você encontra uma nova catego-
ria de móveis: os de demolição.
Como diz o próprio nome, são peças de madeira
que seriam descartadas, destruídas, mas acabam
ganhando utilidade novamente e dando um toque
diferenciado no ambiente. Além do reaproveitamen-
to - que já é ótimo, justamente por não esgotar mais
uma árvore para a construção de um novo móvel -
as marcas de prego, o verniz desgastado e a ação
do tempo dão à peça [charmosas] particularidades
essenciais para quem tem uma visão ecológica
mais aguçada.
Normalmente as madeiras usadas na confecção
desses móveis são nobres e maciças – algumas
centenárias e até extintas. Já foram pontes, barrotes
de fazendas ou até mesmo dormentes de estradas
de ferro. E, além de anos de história, a peça restau-
rada concentra ainda certa naturalidade, deixando
os espaços de convivência (como varandas, casas
de praia e até ambientes urbanos) mais íntimos e
sofisticados.
Além de proporcionar aconchego ao lugar _o que
por si só já é ótimo - esses objetos também casam
bem com o conceito de sustentabilidade. Sabemos
que o mundo precisa de pessoas mais conscientes
ecologicamente, portanto as ações que preservam
o meio ambiente são – sem dúvida – o único cami-
nho para que os recursos naturais não esgotem tão
rapidamente. E por que não incluir, nesse meio, o
reaproveitamento de madeiras que seriam descar-
tadas? Qualquer atitude é bem-vinda.
A designer de interiores Fátima Rego, 56, explica
que em qualquer área de atuação é possível fazer
algo que preserve o meio ambiente; prolongar a vida
útil da mobília - sem abrir mão do charme. “Acredi-
to que os móveis de demolição, como aparadores,
mesas, balcões, além de trazer para dentro de casa
o conforto que a madeira natural traz, ainda dão
uma personalizada na composição de cada projeto. »»»
Catarina Barbosa Dudu Maroja
Ocharmedoecodesign
Móveis feitos com madeira de demolição são belas aquisições para quem busca con-forto, bom gosto e preservação da natureza.
150
E isso é algo intransferível”, defende.
Formada pela Universidade da Amazônia (Unama), a
designer tem uma história especial: ela decidiu fazer facul-
dade com mais de 50 anos - ou seja, relativamente, tem
pouco tempo de mercado profissional. Mas, por conta de
seu empenho e do que ela chama “sorte”, seu trabalho é
reconhecido e premiado.
Antes da graduação, ela já tinha apreço por coisas do
lar. Gostava tanto de decoração que sempre fazia algo di-
ferenciado para a sua casa, pois tem imenso apreço por
morar bem. “Conforto e aconchego eram palavras que
eu sempre escutava quando as pessoas entravam pela
primeira vez em uma de minhas casas. Hoje, digo que
ambas traduzem meus trabalhos, pois, ao visitar meus
projetos, escuto dos meus clientes, antes de tudo, que o
local está superaconchegante”, justifica.
A designer afirma ainda que até seus projetos comerciais
- a exemplo de escritórios, empresas, lojas ou restauran-
tes - acabam transmitindo esse conforto que ela tanto
aprecia. “É o que eu busco sempre passar. Ao ter um fee-
dback positivo do cliente, tenho a certeza de que o trabalho
foi bem desempenhado. Para isso, respeitamos desde a »»»
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151
152
paleta de cores, até a iluminação – seja ela natural ou não.
O resultado é um espaço funcional, harmônico e, claro,
confortável e aconchegante”, avalia.
Ecoeficência e EcodesignAlém dos móveis de demolição fazerem parte desse
processo sustentável, eles ainda podem ser encaixados
em dois excelentes conceitos: o da ecoeficiência e do eco-
design. O que retoma o tema de que não apenas pessoas,
mas também empresas precisam adotar medidas ecolo-
gicamente sustentáveis.
Dentro desse parâmetro, a ecoeficiência consiste na
procura de melhorias ambientais que respeitem a nature-
za no processo de confecção de produtos para consumo.
Dessa forma, espera-se reduzir o uso de materiais e ener-
gia com bens e serviços; reduzir também a emissão ou
dispersão de substâncias tóxicas; intensificar a reciclagem
de materiais; maximizar o uso sustentável de recursos re-
nováveis; prolongar a durabilidade dos produtos.
O ecodesign, por sua vez, significa um menor consumo
de energia, água e matéria-prima para a mesma quanti-
dade de produto, gerando menos emissões e menos re-
síduos, implicando mudanças nos padrões de produção e
também nos de consumo, além de enfatizar a compreen-
são dos impactos ambientais associados ao ciclo de vida
dos produtos e a adoção de novas formas de gestão em-
presarial.
Antes de tratarmos a madeira de demolição dentro
desses dois contextos, vale lembrar que, no passado, a
consciência ambiental não era tão presente como nos dias
atuais. Logo, quando alguém procurava um móvel, nem
sempre o escolhia pela sua beleza, mas sim pela sua re-
sistência ao tempo, aos fungos e bichos, tais como cupim
e outros. As madeiras mais resistentes e com esse tipo de
característica são chamadas de madeiras nobres ou de lei.
O interessante no processo de ecodesign e ecoefiência é
justamente a capacidade de empresas perceberem uma
nova usabilidade para coisas que seriam descartadas e
agregarem a isso um valor socioambiental. “Muitas das
madeiras nobres e bonitas dos móveis de demolição vêm
da Europa, e uma das funções que elas tinham era repro-
duzir móveis ingleses. Com sorte, é possível encontrar mó-
veis até da raríssima braúna. Mas qualquer madeira que
resistiu ao tempo pode ser reaproveitada e se enquadra
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Considerados exemplos de sustentabilidade no design, os móveis de demolição ganham novas cores e tratamentos. O resul-tado é um mobiliário mais charmoso e cheio de histórias para “contar”.
153
como móvel de demolição”, explica Fátima.
Quando se fala em criar um ambiente com esse móvel,
é essencial pontuar que não existe um projeto de madeira
de demolição, mas sim o uso de um móvel, um painel ou
uma peça de adorno em um projeto de design ou arquite-
tura. “Em cada projeto que eu trabalho, um novo desafio
é lançado e a ansiedade em satisfazer os gostos de cada
cliente ou de cada membro da família é recompensada
com o resultado. Quando o trabalho comporta, sempre su-
giro um móvel ou o uso de peças de origem consciente.
O importante é cada um fazer a sua parte”, lembra Fátima
Rego.
Hoje, há arquitetos, designers e até artesãos mundial-
mente conhecidos pelo trabalho com madeiras nobres de
demolição ou simplesmente com aproveitamento dessas
madeiras. Em Belém, a loja Jardim Secreto_ fundada em
setembro de 2001 pelos sócios Eduardo Salame, 46, e
Sergio Braga, 52 anos_ é uma empresa que adota os con-
ceitos sustentáveis e trabalha com móveis de demolição.
Os sócios trabalham com essa categoria de móveis há
mais de oito anos. São armários de duas portas, guarda-
-comida, aparadores, louceiros, espelhos, mesas de jan-
tar, laterais de cama, bandejas e oratório. “Temos uma
grande variedade de peças e até móveis que foram usa-
dos a partir do século XVIII na Região Francesa de Lion,
para a realeza francesa”, afirma Salame.
Segundo ele, a demolição no Brasil nasceu nas fazen-
das de Minas Gerais com o reaproveitamento de assoa-
lhos de peroba, que ganharam vida nova graças a apa-
radores ou armários de guardar comida. “Os móveis de
demolição na decoração dão personalidade a casas e até
um ar de fazenda e de acolhimento. Para mim, elas são
ainda um antídoto pra toda decoração pasteurizada dos
dias de hoje”, destaca.
No Jardim Secreto, o público que escolhe essas peças
é bem eclético - vai desde o jovem casal que está de casa
nova, mas quer algo que lembre as fazendas da infância;
até casais estrangeiros que buscam algo original e com a
cara do Brasil. “Eu vendo, mas também sou um consumi-
dor. Em minha casa, tenho um aparador mineiro com de-
talhamento em ferro lindíssimo”, revela Eduardo Salame.
A loja, além de oferecer móveis de demolição, trabalha
também com peças em ferro, aromas, alpacas indianas,
entre outros. »»»
Consciência a doisA médica Lorena do Prado, 32, é casada há nove anos
com o jornalista Raphael Polito, 28 e os dois adoram o
estilo dos móveis de demolição. Lorena confessa que, na
verdade, Polito é o responsável por ela gostar tanto desse
tipo de peça. “Ele foi uma grande influência nas compras
e decisões relacionadas à aquisição de produtos ecolo-
gicamente corretos e o móvel de demolição é um deles.
Aprendi tanto com ele que hoje tenho sido até mais chata
na hora de comprar”, brinca.
A verdade é que não é de uma hora para a outra que
uma pessoa adquire consciência ambiental. Para isso, é
preciso se educar nesse sentido. A médica explica que
optar por móveis e medidas que colaboram com a natu-
reza faz parte da educação dela e do marido. “Sabíamos
que, ao compran esse tipo de mobiliário, estaríamos tam-
bém ajudando de alguma forma, já que nenhuma árvore
precisaria ser derrubada para a produção”, defende.
Hoje, ela aprendeu muito com o marido sobre os mó-
veis e afirma que, antes de comprar uma peça, procura
se informar bastante, chegando ao posto de consumidora
extremamente exigente. “Acho que, quando o assunto é
meio ambiente, precisamos mesmo é ser cada vez mais
chatos, afinal, é o futuro das próximas gerações que está
em jogo. Não custa nada mudar um pouco os hábitos pra
fazer muita diferença”, justifica.
Além da consciência ambiental, a escolha do casal pe-
los móveis se dá devido à beleza e versatilidade, já que
apenas uma peça consegue transformar um ambiente
inteiro. Outro ponto positivo é que eles são fáceis de trans-
portar e possuem grande durabilidade. Os móveis que o
casal tem em casa foram todos comprados em São Pau-
lo. “Lá, existe uma infinita variedade. Passamos por lojas
especializadas da zona sul da capital paulista até achar-
mos o que melhor se adequava ao nosso pequeno apar-
tamento na época. O bom disso tudo é exatamente essa
questão: independente de onde você more ou do tama-
nho do imóvel, os móveis parecem estar sempre prontos
para qualquer ambiente. Comprei um aparador que já es-
teve na cozinha, na sala e talvez algum dia dê uma ‘pas-
sadinha’ pelo quarto”, conta, dizendo que não se desfaz
da peça de jeito nenhum.
Além do inseparável aparador, eles também têm um
bar, uma mesa de jantar de demolição com quatro ca- »»»
“Peças de demolição são bonitas, versáteis e fáceis de transportar”, defende a médica Lorena do Prado, consumidora desse tipo de mobiliário há anos.
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deiras de reflorestamento, e uma cristaleira de madeira
sustentável.
O interessante, ao observar o casal, é poder levantar
a questão da sustentabilidade não só no que tange aos
móveis de demolição, mas sim à preservação do meio
ambiente de forma geral. “As pessoas têm, infelizmente,
a ideia errada de que um ato mínimo não significa nada
para a defesa ambiental. Aí é que está nosso problema
hoje. Caso cada um contribuísse um pouco no dia a dia,
não jogando lixo na rua, reciclando, poluindo menos com
seu carro, usando meios de transporte alternativos, lutan-
do nos condomínios para a destinação correta do esgoto
e, claro, comprando madeira de reflorestamento ou de de-
molição que evita o uso contínuo de madeira ilegal ou não
certificada, tudo seria melhor”, destaca a médica.
Nesse sentido, todo esforço é válido, não só de pessoas,
mas também dos governos e empresas. As madeiras de
demolição, por exemplo, têm durabilidade superior porque
são restos de madeira de lei. “As características das peças
são únicas, já que um móvel nunca é igual ao outro, o que
foge ao modismo. E empresas que trabalham com isso
são cada vez mais valorizadas por mim, já que ajudam e
ao mesmo tempo se reinventam”, arremata Prado.
O mais importante de todo esse processo é saber que
pequenas atitudes são capazes de mudar todo um ciclo
de consumo. E ele começa com as suas decisões. Sa-
ber que a escolha do seu móvel pode tornar o mundo um
lugar melhor, além de mais agradável, deixará você com
a satisfação de papel cumprido. Então, faça a diferença.
Opte por medidas sustentáveis, não jogue lixo na rua, ra-
cione sua água, não polua o meio ambiente e dê uma
chance aos móveis de demolição que, além de lindos, têm
muita história para contar - e, sem dúvida, vão dar um
charme inigualável para a sua casa.
falando nisso
www.revistalealmoreira.com.br
Larissa Chadyarquiteta
Segundo a definição do dicionário, “decorar” é o ato ou efeito de ornamentar; atividade que consiste em organizar um espaço (geralmente interiores), com-binando os diversos elementos de forma harmoniosa e/ou funcional, de acordo com o fim a que o espaço se destina. Para a arquiteta Larissa Chady, deco-ração é uma bela oportunidade de harmonizar – em uma perfeita sintonia – o interior do espaço com o interior de quem mora ou trabalha naquele local. Em uma estreia especial, Larissa Chady é a profissional convidada da nova coluna da Revista Leal Moreira, “falando em décor” e dá dicas de design de interiores, com muito bom gosto.
Agradecimento: Sofisticatto
1) Renove os objetos de decoração. Guarde por um tempo os objetos anteriores que permaneceram por muito tempo em exposição e saia em busca de peças novas. Às vezes, uma bandeja na mesa de centro para organizar a coleção de caixinhas ou livros faz toda a diferença.
2) Reposicionar os quadros é outra coisa fácil, rápida e que faz muita diferença. Inverta-os, misture estilos e cores. Brinque!
3) Almofadas novas, de preferência grandes, são mais imponentes e em harmonia com os tons da sala. Não há regras! Podem ser neutras ou coloridas. Podem, por exemplo, compor com os tons de alguns ob-jetos de decoração próximos.
4) Adoro verde, flores, cheiros. Arranjos florais dão vida à casa e não precisa ser um dia especial para tê-los em seu lar. Entrar em casa e se deparar com orquídeas, lírios, angélicas ou simples verdinhos na mesa de centro (ou laterais e em aparadores) faz toda a diferença.
5) Expor objetos especiais, como caixas de prata, coleção de tacinhas de licor (garimpadas em feirinhas ou antiquários), uma louça antiga de família. A ordem é: podem ser poucas, mas são boas pecas.
6) Escolher bem [e nas dimensões corretas] os tapetes. Não precisa encher a sala deles, mas colocá-los pelo menos no ambiente de estar, o que fará um elo entre todos os demais móveis. O ideal é entrar um pouco embaixo dos sofás e poltronas, dando mais aconchego e impo-nência ao ambiente.
7) Na iluminação, não há necessidade de exageros. Luzes, quando bem posicionadas, destacando objetos e quadros, devem ser sempre na tonalidade “amarelada” – nunca na cor branca. Atualmente, as de led podem substituir as antigas dicroicas ou ARs, eliminando o descon-forto do calor e do gasto de energia exagerado. Os abajours são sempre bem vindos, já que contribuem com a iluminação geral e também pro-porcionam uma atmosfera aconchegante.
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161
Encontrar ingredientes especiais para preparar
em casa pratos diferentes ou receitas de livros
e revistas gourmet não é mais um problema
em Belém. Com a abertura de novos empórios nos
últimos dois anos, quem gosta de impressionar na
cozinha tem um novo leque de possibilidades com
requintes do artesanal ao mundial.
Para Marcelo Magalhães, 35 anos, assíduo fre-
qüentador de empórios e apaixonado por gastrono-
mia, o que está por trás do sucesso dessas lojas é
a crescente valorização da culinária, que desperta o
desejo de sair da rotina e ousar em receitas novas.
Segundo ele, que também é diretor executivo de um
empresa especializada em pesquisa de mercado,
esse novo hábito de consumo está ligado ao maior
acesso à informação e ao poder de compra.
Um dos reflexos do momento especial da econo-
mia, que proporciona ao consumidor a realização de
pequenos prazeres da mesa, é a aquisição de pro-
dutos importados pelo melhor preço. Além disso,
diferente dos grandes supermercados, nos empórios
há um relacionamento direto com os proprietários, re-
criando a atmosfera das antigas mercearias. “O que
mais me atrai é a proximidade com os donos, que
conversam, explicam receitas, dão dicas, como anti-
gamente”, afirma Magalhães.
Qualidade artesanalFoi nesses moldes que as chefs de cozinha Solange
Sabóia e Ilca Carmo criaram o espaço gastronômico
Santa Chicória, inaugurado há apenas cinco meses.
“Não queremos ser um mercadinho. Pensamos em
fazer um pequeno empório, com itens preparados
por nós”, conta Solange. Elas criaram um cardápio
de produtos artesanais com pães sem conservantes,
temperos, antepastos, doces finos, azeites e cacha-
ças aromatizadas com sabores inusitados, que já caí-
ram no gosto da clientela, como a de jambu.
“Temos as cachaças interessantes e as gostosas”,
diferencia Ilca, com sabores como cupuaçu, ba-
curi, graviola e taperebá que têm mais chances de
cair bem no paladar; já a aguardente feita de jambú
desperta o gosto pela novidade. Outra especialidade
da casa é a geleia de tomate com pimenta, um dos
antepastos mais pedidos. “As pessoas estão criando
o hábito de cozinhar em casa, se arriscando em re-
ceitas novas e, para isso, precisam de ingredientes
especiais”, garante Solange. O espaço gastronômico
prevê ainda uma escola de cozinha, que será aberta
em breve.
Rápido e práticoNa contramão dos desbravadores da gastronomia,
os empórios também são frequentados por quem
Su Carvalho Dudu Maroja
O supérfluonecessário
Além das compras do mês: os empórios gourmet trazem para Belém novas possibili-dades gastronômicas para quem quer fazer diferente na cozinha
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162
não tem tempo para cozinhar. Pessoas que moram so-
zinhas e com ritmo de trabalho acelerado encontram
nesses espaços soluções práticas para se alimentar de
maneira saudável e não se atrasar para os compromis-
sos do dia a dia. “Temos clientes que vem aqui três ve-
zes ao dia”, afirma Mauro Costa, gerente geral do grupo
Cidade, que administra o Delicidade Empório Gourmet.
A loja tem opções de café da manhã, almoço e jan-
tar, bem como oferece todo o mix de ingredientes para
quem gosta de receber em casa, desde antepastos,
pães, especiarias, a cortes de carne especiais, frios e
vinhos importados.
O Delicidade Empório é considerado uma das melho-
res padarias da cidade, premiado por revistas e guias
especializados. O local ainda tem um diferencial [como
não poderia deixar de ser]: garante o pão francês [o “ca-
reca” para os paraenses] nosso de cada dia, além de
pães integrais, italianos, suecos, australianos e árabes.
Com dois anos de funcionamento, Costa conta que a
iniciativa surgiu para atender, sobretudo, o público gour-
met e, para isso, visitou vários empórios no Brasil, de
São Paulo a Fortaleza. A clientela, porém, tem diferentes
perfis, com diferentes necessidades que as redes de
supermercado locais não suprem. “Temos público para
todos os tipos de produtos”, afirma.
Do oriente ao mundoPioneiro em Belém, a Nippobraz começou como
casa especializada em pescados e mariscos há quase
15 anos e ficou famosa pelo salmão defumado e cama-
rões frescos. Aos poucos, foi diversificando os produtos
e passou a oferecer tudo para sushis e sashimis, desde os
ingredientes aos apetrechos para o preparo. Com isso,
tornou-se fornecedor de mais de 200 restaurantes na
Pães especiais, vinhos, antepastos, atmosfera acolhedora e serviço especial são al-guns dos diferenciais nos empórios
www.revistalealmoreira.com.br
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164
cidade e um empório especializado em culinária japonesa
e oriental, onde se pode encontrar até saquê com flocos
de ouro.
Para Tomoaki Kishimoto, um dos sócios do empório,
os clientes da loja buscam ser surpreendidos com coisas
incomuns e exóticas, tendo a garantia da qualidade. “As
pessoas vêm passear com calma, olham, perguntam, de-
moram mais para fazer as compras”, descreve Kishimoto.
“São clientes que não gostam de enfrentar a fila dos super-
mercados”, afirma.
Por isso, o negócio não se limita às iguarias do orien-
te e abre para o mercado paraense dois mil itens vindos
de mais de 15 países diferentes. Um lugar para comprar
sorvetes coreanos, molhos de ostras, vários tipos de ovas,
carne de rã, filé de enguia, peixes japoneses, lula africa-
na, vieiras e centolas - um caranguejo gigante, típico do
mar chileno. Atende ainda a demanda de legumes fres-
cos, como aspargos, cogumelos e pepinos nigauri, além
de grãos e massas importadas.
Vindo do Japão para o Pará aos oito anos de idade, Kishi-
moto defende que aqui as pessoas não têm muitas restri-
ções para experimentar novos sabores. “O paraense não
estranhou a comida japonesa. Isso ajudou muito a divulgar
nossos produtos, principalmente os exóticos”, acredita.
Santa Chicória Espaço GastronômicoRua Diogo Moia, 1046, Umarizal.
Contato: (91) 3347.9899
Delicidade Empório GourmetAvenida Gentil Bittencourt, 1393 -
esquina com a Travessa 14 de Abril. Nazaré.
Contato: (91) 3241.3213
Nippobraz Tv Apinagés, 479. Batista Campos.
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LEAL MOREIRA CONQUISTANOVAMENTE O PRÊMIO TOP DE NEGÓCIOS
Através de uma aferição realizada
pelo Bureau de Marketing e Pesquisa, a
Leal Moreira foi eleita a melhor Constru-
tora/Imobiliária e ganhou o Prêmio Top
de Negócios. O reconhecimento vem ra-
tificar a qualidade da empresa, que atua
há 26 anos no mercado com qualidade
e compromisso com o público.
Realizada desde 1997, a pesquisa
do Prêmio Top de Negócios entrevistou
1.320 consumidores das cidades de
Belém e Ananindeua para conhecer as
preferencias em 22 segmentos, indo de
agências de viagem a centros gastronô-
micos, centros de compra e imobiliárias,
entre outros.
A Leal Moreira obteve 41,09% da pre-
ferencia do mercado consumidor da
Grande Belém. Esse resultado com-
prova que a empresa continua sendo a
primeira escolha quando se pensa em
adquirir um imóvel ainda na planta.
O Top de Negócios, que sempre busca
enquadrar seu público alvo em todas as
áreas de consumo, contou pela primeira
vez com a chancela de 200 profissionais
e estudantes da área de comunicação,
publicidade e marketing, que também
manifestaram suas preferências na pes-
quisa.
A grande maioria das questões formu-
ladas na pesquisa, que é feita em três
targets de consumidores (Teen – 13 a 19
anos; Adulto feminino – acima de 21
anos; Adulto masculino – acima de 21
anos), permite respostas espontâneas
ligadas à lembrança de marcas fortes e
com credibilidade no mercado.
A segunda parte da pesquisa – que
envolve o segmento no qual a Leal Mo-
reira foi campeã – foi publicada no Ca-
derno Negócios do dia 19 de agosto. A
primeira parte da pesquisa saiu na edi-
ção do dia 12 de agosto.
Pesquisa realizada pelo Diário do Pará colocou empresa no
topo do segmento Construtora/Imobiliária.
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A Leal Moreira, ao longo de seus 26 anos de existência, tornou-se referência, em seu segmento no mercado paraense.
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Burrito
2 pacotes de tortilla de trigo / 800g de carne (fi lé, patinho
ou coxão mole) /1 lata de pimenta jalapeño / 1 envelope de
tempero para burrito / ½ xícara de água / 1 lata de feijão
refrito / alface em tiras / 1 tomate em cubos / molho de queijo
/ 1 vidro de molho para tacos (suave, moderado ou picante).
1- Doure a carne numa panela média e adicione o Tempero
para Burrito.
2- Em outra panela, junte o Molho para Taco, o Jalapeño
cortado, a água e cozinhe em fogo baixo
3- Aqueça as tortillas em uma frigideira até dourarem.
4- Recheie as tortillas com a carne, o feijão refrito, o molho,
os temperos e o molho de queijo.
5- Enrole e dobre os extremos de cada uma. Cubra com o
molho para Taco e o molho de queijo.
6- Leve ao forno até que o queijo esteja derretido.
Rendimento: 20 burritos
Ingredientes
Modo de preparo
LEAL MOREIRA NA CASA COR PARÁ
A Leal Moreira marca presença - pelo segun-
do ano consecutivo - na Casa Cor Pará, a maior
mostra de arquitetura, design e paisagismo das
Américas. O Grupo é novamente patrocinador
da mostra.
“O espaço da Leal Moreira terá muita ousa-
dia, tecnologia e interatividade, que são nossas
marcas registradas”, conta André Leal Moreira,
diretor de marketing da Leal Moreira. Os arquite-
tos José Jr. e Perlla assinarão o projeto .
“A Leal Moreira repete essa parceria de su-
cesso com a Casa Cor Pará. É uma vitrine
importante para os profissionais talentosos de
nossa terra”, afirma André Leal Moreira.
Institucional
A Leal Moreira é novamente patrocinadora ofi cial da Casa Cor Pará, em 2012. Em sentido horário: Carlos Moreira, presidente do Grupo Leal Moreira, posa ao lado do boneco feito em sua homenagem, na mostra de 2011; André Leal Moreira, diretor de marketing da empresa, no lançamento ofi cial do evento, ao lado de Isan Anijar, um dos franqueados no Pará. Abaixo e à direita, imagens da “Vila Leal Moreira”, espaço temático [e pre-miado] em 2011. Fafá de Belém, madrinha da mostra, na Vila Leal Moreira.
A perfeita A perfeita mistura entre mistura entre transparênciatransparênciae resistência.e resistência.
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OS MELHORES VINHOS DO MUNDOAPRESENTADOS PELA LEAL MOREIRA
Evento pioneiro na região trouxe mais de 51 rótulos exclusivos em uma degustação exclusi-
va para clientes e convidados.
Promovido pela importadora Grand Cru Be-
lém, em parceria com a Door Comunicação,
o Grand Tasting Belém 2012 apresentou aos
entusiastas dos vinhos alguns dos melhores
rótulos do mundo. A degustação foi apresen-
tada pela Leal Moreira e Citroen/Monte Carlo
no belo Spaço Casa da Artefacto.
A parceria, segundo André Leal Moreira, di-
retor de marketing da construtora, surgiu pelo
proposta inovadora do evento. “Acreditamos
que este evento tem afinidade com o que fa-
zemos por trazer os mesmo valores que culti-
vamos”, afirmou o diretor de marketing, acres-
centando que a excelência é uma marca do
grupo, nesse caso estendida para a degusta-
ção de vinhos com sofisticação e pluralidade.
O público pode se deliciar com 51 rótulos
de vinho de localidades famosas, com uvas
diferentes e sabores para todos os paladares,
indo dos mais suaves aos mais encorpados.
A tradicional região de Bordeaux, na França,
esteve representada no evento. Os vinhos
portugueses também puderam ser melhor
conhecidos no Grand Tasting, que recebeu o
produtor Duarte Tejo, das vinícolas Perescuma
(Tejo) e Casal Branco (Alentejo). Foram apre-
sentados quatro vinhos tintos, como o Falcoria
Clássico que, segundo Duarte, é um vinho de
corte elegante e frutado; e o Perescuma Co-
lheita, com predominância de uvas francesas.
O argentino Juan Pablo Michelini, represen-
tante da vinícola Zorzal, em Mendonza, apre-
sentou ao público o Pinot Noir 2010, Caber-
net Sauvignon 2010, Climax Malbec 2009 e
Climax Blend 2009, entre outros. “Este último
congrega a amabilidade do Malbec e a textura
da Cabernet Sauvignon, além de uma carac-
terística peculiar dos vinhos da nossa região,
que por ser calcária - com altas temperaturas
de dia e baixas à noite – deixa a bebida com
um gosto mais mineral”, explicou.
Rodrigo Aguilera, sócio-proprietário da im-
portadora Grand Cru, falou sobre o diferencial
do evento, que é pioneiro na cidade. “A plu-
ralidade de rótulos é enorme. São vinhos de
regiões, preços e estilos variados. Produtores
de regiões tradicionais, como o Chile e a Itá-
lia, também estão aqui representando suas
vinícolas em estações temáticas”, enfatizou o
empresário.
A escolha para receber um evento tão atra-
ente ao olfato e ao paladar não poderia ter
sido mais feliz: entre móveis e objetos deco-
rativos de alto padrão na Spaço Casa, clien-
tes e patrocinadores circularam por estações
de vinhos e degustaram a bebida com muito
conforto e elegância. “Acho que eventos como
este só agregam: o público se sente bem vin-
do aqui ao degustar os vinhos e sentar nos
sofás, conversar num clima descontraído e
agradável”, ressaltou Elenice Betzel, que diri-
ge a Artefacto/Spaço Casa ao lado do esposo.
Institucional
Apresentado pela Leal Moreira, o Grand Tas-ting 2012 proporcionou uma degustação de rótulos exclusivos a clientes e convidados.O maior evento de vinhos da região Norte teve como cenário a Artefacto/Spaço Casa.
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REVISTA LEAL MOREIRACOMEMORA SUCESSO
Sinônimo de cultura e bom gosto, com
matérias instigantes e entrevistas exclusi-
vas, a Revista Leal Moreira lançou sua 33ª
edição em uma festa para anunciantes, pu-
blicitários e parceiros no Capital Lounge Bar.
O momento serviu para relembrar a trajetória
de sucesso da revista, realizando, inclusive,
votação entre os presentes para eleger a me-
lhor capa de todas.
Quem já teve a oportunidade de ler a Re-
vista Leal Moreira vê nela o estilo de vida
de quem preza pela qualidade. Decoração,
tecnologia, turismo, lazer e grandes perso-
nalidades de diferentes setores, como arte,
música e teatro marcam as páginas da pu-
blicação que, a cada três meses, circula
no Pará e pelo país, com tiragem de 12 mil
exemplares.
A tiragem é auditada pela Price Water
House Coopers, uma empresa de renome
mundial que trabalha exclusivamente com a
revista no estado. Esses e outros dados com-
provam que a publicação, além de ter longo
alcance, tem credibilidade, o que faz com
que os anunciantes tenham total confiança
no trabalho que é desenvolvido pela Revista
Leal Moreira.
São meses de planejamento para trazer
aos leitores um conteúdo caprichado. Já
passaram pela Revista Leal Moreira os músi-
cos cubanos do Buena Vista Social Club, a
atleta olímpica do vôlei de praia Larissa Fran-
ça, o humorista Marcelo Tas, os atores La-
zaro Ramos e Selton Mello, além do escritor
Luis Fernando Veríssimo. Portugal, Amster-
dã, Catalunha, as obras do paraense Emma-
nuel Nassar, um ‘clique’ da Casa Cor 2011
e pela bela Camila Pitanga foram algumas
das capas mais votadas pelos presentes, por
ocasião da festa de lançamento.
A votação seguiu para o site www.revistaleal-
moreira.com.br
Ao alcançar a 33ª edição, a Revista Leal Moreira celebrou seus oito anos de história em grande estilo
Institucional
Clientes, agências e jornalistas foram convidados para a festa de lançamento da edição 33 da RLM. A atleta Larissa França foi capa.
Dis
trib
uiçã
o gr
atui
ta
ano 5 número 17 junho 2008
GENTE DESIGN ESTILO IDÉIAS CULTURA COMPORTAMENTO TECNOLOGIA ARQUITETURA
Depois de emendar o atrapalhado Foguinho com o bem intencionado Evilásio, Lázaro Ramos esbanja versatilidade, diz que não aceita rótulos e se confirma como um dos destaques da tevê brasileira.
Inclassificável
ano 7 número 28
Bom momento na televisão, estreia nos cinemas e planos para um ano inteiro de dedicação ao teatro
Camila Pitanga
AzulejariaClaudia JaguaribeEdyr AugustoIstambul MúsicaOphir Cavalcante
Institucional
PÚBLICO ELEGE A CAPAMAIS MARCANTE DAREVISTA LEAL MOREIRA
Após a festa de lançamento da 33ª
edição da Revista Leal Moreira, onde os
convidados puderam escolher algumas
de suas capas favoritas, dez delas se-
guiram para votação popular no site da
revista. A consulta movimentou nossas
redes sociais e após um mês, quando
os votos foram contabilizados, obtive-
mos um feliz (e curioso) resultado: em-
pate!
As capas em que aparecem Amsterdã
e a capa com o ator Lázaro Ramos, ves-
tido de noiva, foram as grandes favoritas
do público e ambas empataram com o
percentual de 24, 14% da preferência
dos internautas, que as colocaram em
primeiro lugar. Outro empate também
foi contabilizado: as edições que trazem
Emmanuel Nassar e Camila Pitanga fi-
guram juntas na segunda colocação.
A votação encerrou. Agradecemos a
todos que participaram. O conteúdo das
revistas com as capas campeãs, bem
como desta edição, podem ser acessa-
das e lidas (na íntegra) no site www.revista-
lealmoreira.com.br
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Saulo SisnandoEscritor
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Só existe uma coisa pior do que sentir saudade: não po-
der mais sentí-la. Pois para tudo há um tempo! Houve um
tempo para te amar e outro para te esquecer... E estes dois
tempos já se foram e não tenho mais o direito de sentir tua
falta.
Todavia, quando se trata do meu amor por ti, eu talvez
tenha aprendido a conjugar os verbos num tempo estranho.
Um tempo que não é infinitivo, mas infinito. Um tempo ver-
bal que não habita no indicativo, nem no subjuntivo... Que
perdura no mais-que-perfeito... Um tempo chamado para sempre.
Pois para sempre terei direito de sentir saudade tua quan-
do eu ler um poema da Bruna Lombardi ou quando ouvir
uma música do Texas. Neste tempo, não importa quantos
amores tiveste depois de mim, nem se estamos separados
por passagens aéreas ou por olhos que fingem não se en-
contrar. Pois este é um tempo invariável. Estático. O que foi
nosso, para sempre será.
As nossas lágrimas – haja o que houver – serão nossas; e
aqueles teus risos, eternamente meus.
E não importa se a última flor da orquídea caiu há meses
e teima em não nascer de novo. Ou se não sei por onde an-
das... Nem com quem falas... Nem se realizaste teu sonho
de conhecer New Orleans. Para sempre sentirei saudade
das vezes em que dormimos juntos.
E algumas cidades para sempre serão nossas. E algumas
datas também! E te lembrarás de mim para sempre quando
entrares na locadora de vídeo e te deparares com a foto de
Ingrid Bergman sorrindo ou quando Scarlett O’Hara disser
“amanhã é outro dia”.
Lembrarás de mim para sempre quando alguém recitar
um poema do Vinícius. Ou quando uma música da Nina
Simone rodar n’algum playlist desconhecido.
E, sem dúvida, lembrarás de mim em todos os teus fu-
turos “eu te amo”. Pois eu fui o primeiro a acreditar em ti.
E lembrarás de mim quando te fores para sempre para um
lugar incógnito. E eu for embora fazer meu doutorado no Rio
ou em Paris ou em São Francisco ou no Nepal. E nos apar-
tamos não apenas da vista... Mas nos perdermos no tempo,
na vida, na poeira, do qual é feita o cosmo.
Porém, mesmo separados, para sempre haverá dois
amantes correndo na Golden Gate, como vultos distantes,
de rostos irreconhecíveis. Mas estes dois amantes, infe-
lizmente, não serão eu e tu. Porque hoje, não posso nem
sentir saudade, quiçá sonhar com o frio cortante do qual
prometi te proteger... E tu a mim.
Neste tempo de não sentir mais saudade, aprendi que
o destino é repleto de cem portas que se abrem para
mais cem portas. E lamento que tenhamos nos perdidos
n’alguma dessas travessias e que o nosso para sempre te-
nha se misturado com para sempres alheios. Mas fico eter-
namente na esperança de que um dia encontremos o fio
que Ariadne deixou no labirinto do Minotauro e consigamos
nos reencontrar. N’outro tempo mais feliz.
Ou torço para que, no final das contas, todas as portas
acabem levando para um mesmo lugar e nos encontremos
de novo... Mais maduros. Porque, afinal, não sabemos o
que o destino nos reserva.
Enfim, neste labirinto de amores por ti. O meu sangue erra
de veia e teima em não entrar na porta onde está escrito
“esquecer”. E para sempre vou te amar. E para sempre vou
te esperar... Até o dia em que meu olho se fechar na treva
e eu renascer, n’outra vida, como um pássaro, que cantará,
noite e dia, te procurando por entre as folhas verdes das
árvores mais altas.
Até que esse pássaro morra... E renasça como outro bi-
cho... E a procura continue... E tudo comece de novo...
Para sempre. Esperando por ti.
para sempre
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