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Eduardo Cícero Vieira Borges Riscos Ocupacionais em Medicina Dentária: A Realidade do Brasil Universidade Fernando Pessoa Faculdade de Ciências da Saúde Porto, 2016

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Eduardo Cícero Vieira Borges

Riscos Ocupacionais em Medicina Dentária:

A Realidade do Brasil

Universidade Fernando Pessoa

Faculdade de Ciências da Saúde

Porto, 2016

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A Realidade do Brasil

Universidade Fernando Pessoa

Faculdade de Ciências da Saúde

Porto, 2016

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Riscos Ocupacionais em Medicina Dentária:

A Realidade do Brasil

Assinatura:

Trabalho apresentado à Faculdade de

Ciências da saúde da Universidade

Fernando Pessoa como parte dos

requisitos para obtenção do grau de

Mestre em Medicina Dentária.

Universidade Fernando Pessoa

Faculdade de Ciências da Saúde

Porto, 2016

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SUMÁRIO

A Medicina Dentária é considerada uma das profissões mais insalubres, com base nesta

afirmação é de suma importância observar princípios que deem condições de conforto,

segurança e eficiência para o profissional. Faz parte de potenciais riscos ocupacionais

de um consultório médico dentário uma grande variedade de agentes químicos, físicos,

biológicos, ergonômicos, sociais e ambientais.

Este trabalho tem como objetivo identificar os riscos ocupacionais e os problemas

relacionados com a saúde do trabalhador no que diz respeito ao seu ambiente de

trabalho. Com base na revisão da literatura, observou-se que é importante a atualização

profissional, a rigorosa observância de regras de ergonomia e biossegurança, o trabalho

com pessoal auxiliar e a Medicina Dentária como profissão multidisciplinar.

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ABSTRACT

Dentistry is known as a profession with various sources of hazard, been considered one

of the most unhealthy. For this purpose, it's important to observe principies that give

conditions of confort, security and efficiency to the dental professional. The potentials

occupational hazard in dental environment includes physical, chemical, biological,

ergonomic, social and ambiental aspects.

This study aims to identify the occupational risks and work-related hazards which affect

the dentist's' health. Based on literatura, it could be observed that a professional

actualization, guidelines on ergonomy and biosecurity, staff of dental workers and

dentistry as a multidisciplinary profession are very important.

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Dedicatória

À minha esposa Rosilene, por todo amor, incentivo e companheirismo.

Aos meus filhos Bruno e Eduardo Junior, inspiração para todos os momentos e razão

do sacrifício e renuncia nesta trajetória.

À minha mãe, minha gratidão eterna.

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Agradecimentos

"Deus seja louvado!"

À Mestre Helena Neves, minha orientadora pela oportunidade, confiança e orientação.

À Faculdade Fernando Pessoa, pela infraestrutura e oportunidade de trabalho.

Aos alunos do Curso de Mestrado Integrado em Medicina Dentária, pela amizade,

ambiente de camaradagem e apoio.

A todos os familiares e amigos, que direta ou indiretamente, contribuíram para a

realização deste trabalho.

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“Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos e não tivesse

amor, seria como um metal que soa ou como um sino que tine” (1 Corintíos 13:1).

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ÍNDICE

I. INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 1

II. DESENVOLVIMENTO............................................................................................ 2

1 Materiais e Métodos.......................................................................................2

2- Revisão da Literatura...................................................................................2

Risco Ocupacional.............................................................................................2

1 Risco Físico....................................................................................................4

2 Risco Químico...............................................................................................5

2.1 Alcool...................................................................................................6

2.2 Éter......................................................................................................6

2.3 Látex....................................................................................................6

2.4 Mercúrio.............................................................................................6

2.5 Glutaraldeído e Formol.....................................................................7

2.6 Metilmetacrilato (MMA) ..................................................................7

2.7 Silica....................................................................................................7

2.8 Alginato ou Hidrocolóide Irreversível..............................................8

2.9 Cimento de Ionômero de Vidro........................................................8

2.10 Sistema Adesivo................................................................................8

2.11 Eugenol..............................................................................................8

2.12 Hipoclorito de Sódio.........................................................................8

2.13 Hidróxido de Cálcio.........................................................................9

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2.14 Paramonoclorofenol canforado......................................................9

2.15 Ácido etileno diamino tetraacético.................................................9

2.16 Sabonetes...........................................................................................9

2.17 Clorexidina…………………………………….........……………10

3 Risco Ergonômico.......................................................................................10

4 Risco Mecânico ou de Acidente.................................................................11

5 Risco pela falta de conforto e higiene.......................................................11

6 Risco Biológico............................................................................................12

6.1 Transmissão por via aérea..............................................................12

i Doença Meningocócica............................................................13

ii Gripe ou Influenza..................................................................13

iii Mononucleose.........................................................................13

iv Rubéola e Sarampo................................................................14

v Tuberculose..............................................................................14

6.2 Transmissão por sangue e outros fluidos orgânicos.....................14

i Hepatites....................................................................................15

i.1 Hepatite A...........................................................................15

i.2 Hepatite B...........................................................................16

i.3 Hepatite C...........................................................................17

ii Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (SIDA)..............17

6.3 Transmissão pelo contacto direto e indireto com o paciente.......19

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i Herpes Simples.........................................................................19

ii Escabiose ou Sarna ...............................................................20

iii Pediculose ou Piolho..............................................................20

iv Micoses....................................................................................20

v Conjuntivite.............................................................................21

3- Discussão......................................................................................................21

III. CONCLUSÃO ........................................................................................................ 31

IV. BIBLIOGRAFIA .................................................................................................... 33

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ÍNDICE DE SIGLAS

ANVISA – Agencia Nacional de Vigilância Sanitária

Bis GMA – 1.2 bis Fenol-A diglicidil éter e ácido metacrílico

dB - Decibel

DORT - Distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho

EDTA – Acido etileno diamino tetra acético

EPI – Equipamento de proteção individual.

GL – Ginástica Laboral

HBeAg –Antígeno do vírus da hepatite B, marcador viral na fase final, após aparecer a

doença.

HBsAg - Antígeno do vírus da hepatite B, marcador viral na fase inicial, antes dos

sintomas

HBV – Vírus da Hepatite B

HCV - Vírus da Hepatite C

HEMA - 2-hidroxietil metacrilato

HEPA – High Efficiency Particulate Air, tipo de filtro de ar condicionado.

HG - Mercúrio

HG++ - Íon mercúrio

HIV – Human immunodeficiency vírus (Vírus da imunodeficiência humana)

LER – Lesão por esforço repetitivo

MMA – Metil metacrilato

MPU’s – Medidas de Precauções Universais.

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MS – Ministério da Saúde

OPAS – Organização Pan-americana da Saúde

PAIR – Perda auditiva induzida por ruído

PMCC – Paramonoclorofenol canforado

PPM – Partes por milhão

RNA – Acido Ribonucleico

SIDA – Síndrome da Imunodeficiência Adquirida.

T4 – Linfócitos T4

TEGMA - trietil enoglicol dimetacrilato

UDMA - dimetaciloiloxietil 2.2.4(3,3,5) – tri metil-hexametileno dicarbamato

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I – INTRODUÇÃO

A profissão de Médico Dentista envolve uma série de riscos ocupacionais,

inerentes aos aspectos físicos, químicos, biológicos e ergonômicos. A possibilidade de

ocorrer acidentes relacionados com esses aspectos é alta, pelo fato de grande parte da

vida útil do profissional se concentrar dentro de um ambiente que muitas vezes é

desconfortável, insalubre e longe de reunir condições fundamentais para um exercício

sadio da profissão (Asfahl, 2005).

Os problemas ocupacionais da profissão do Médico Dentista dizem respeito

àqueles que envolvam a sua saúde e a de seus auxiliares, durante a prática odontológica.

Sendo assim, é importante avaliar as medidas necessárias à proteção de todos os

profissionais deste ambiente de trabalho (Mazzilli, 2007).

Tendo consciência dessas condições fundamentais para o exercício sadio e

seguro da profissão, o Médico Dentista deve conhecer os aspectos que dão condições

seguras e conforto não só para ele e sua equipe assim como também para os seus

utentes. Visando minimizar os riscos ocupacionais desta atividade surgem novas

pesquisas voltadas para os Médicos Dentistas por razões claras de preservação da

integridade física, psíquica e ocupacional dos profissionais dessa área (Barbosa et al.,

2003).

Este trabalho tem como objetivo fazer uma revisão bibliográfica, identificando

os principais riscos ocupacionais e os problemas relacionados com a saúde do Médico

Dentista no seu exercício profissional no que diz respeito ao ambiente de trabalho.

Buscando assim minimizar os problemas ocupacionais propondo medidas preventivas

para que esses profissionais estejam inseridos em um ambiente salutar e agradável.

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II – DESENVOLVIMENTO

1. Materiais e Métodos

Para a realização do presente trabalho efetuou-se uma pesquisa bibliográfica nas

bases de dados “MEDLINE/PubMed”, “Science Direct”, “b-on”, “Google Academic” e

“Scielo” entre os meses janeiro e março de 2016.

Foram definidos os seguintes filtros de pesquisa: artigos publicados entre 2000 e

2015, entretanto algumas outras publicações relevantes com datas anteriores foram

consideradas; estudos realizados redigidos em língua inglesa, espanhola e portuguesa

com resumo disponível. A partir dos resumos foi possível iniciar a seleção dos artigos

relevantes, para posterior obtenção dos artigos completos.

Foram usadas as seguintes palavras chave: «occupational risks»; «occupational

health»; «ionizing radiation»; «noisy»; «ergonomy», separadas ou associadas, no sentido de

estabelecer uma relação entre os termos pesquisados e obter resultados mais precisos.

O interesse dos artigos encontrados foi avaliado inicialmente pelo título e,

posteriormente, pelo resumo e texto completo.

De acordo com as referências encontradas foram selecionados cerca de 80,

consideradas importantes.

2. Revisão de Literatura

Risco Ocupacional

Riscos ocupacionais são aqueles que podem acometer um indivíduo em seu

ambiente de trabalho, podendo estar relacionados com o tipo de trabalho, material,

substância, processo ou situação que predispõe (ou causa) acidentes ou doenças

(Fasunloro e Owotade, 2004).

Em Medicina Dentária, a aplicação de novas tecnologias e materiais desencadeia

uma intensa atividade laboral que se caracteriza numa elevada carga de trabalho

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envolvendo movimentos repetitivos. Entre os fatores biomecânicos relacionados estão o

uso da força associada, a precisão, a manutenção de posturas estáticas e impróprias

(principalmente da coluna e dos membros superiores) e o stress, podem ajudar numa

série de doenças que ocorre com frequência nestes profissionais tais como:

cifoescoliose, lesões por esforços repetitivos/distúrbios osteomusculares relacionados

com o trabalho (LER/DORT), ocasionando danos à saúde em geral destes Médicos

Dentistas (Peres et al., 2005).

É sabido que mais e mais o ser humano se ocupa de atividades laborais em

excesso, sendo a Medicina Dentária uma das profissões com alto grau de stress, físico e

psicológico, associados a uma rotina e exposição a fatores de riscos e causas

importantes que devem ser consideradas e evitadas (Medeiros et al., 2003).

Uma proposta de diminuir esses problemas laborais, Militao (2001) indica a

ergonomia por se tratar de uma ciência multidisciplinar que estuda a relação do homem

com o seu trabalho e tem como finalidade a humanização e a melhoria da produtividade,

afim de dar meios para a primazia de qualidade de vida dos trabalhadores, adequando o

meio de trabalho as características anatômicas, fisiológicas e psicológicas destes. Além

do ambiente de trabalho do Médico Dentista ser propício a contaminações por mercúrio,

vírus e bactérias diversas, os procedimentos do Médico Dentista exigem atenção

constante e alerta permanente levando esse profissional ao stress aumentado e

geralmente sob grande risco emocional.

Dentre as fontes de stress profissionais mais relevantes estão: as

responsabilidades inerentes ao Médico Dentista, carga horária laboral excessiva,

situação atual da profissão, questões econômicas e financeiras, interação com o

paciente, interação com os funcionários, isolamento no consultório. O stress geralmente

se traduz em manifestações somáticas como dores pelo corpo, principalmente nas mãos,

braços e coluna e ainda cansaço físico geral (Matias, 2004).

Além das tensões do ambiente clínico, dentro dos consultórios, fatores de stress

da vida moderna contribuem como sobrecarga emocional (Mazzilli, 2007).

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1 Risco Físico

É a exposição dos profissionais a agentes físicos: ruídos, vibração, radiação

ionizante e não ionizante, temperaturas extremas, iluminação deficiente ou extremas,

humidade, calor, deficiência na ventilação e outros. São causadores desses riscos: a peça

de alta e baixa rotação, o compressor de ar, equipamento de Raio-X, equipamento de

laser, fotopolimerizador, autoclave, bomba a vácuo, condicionador de ar, etc (ANVISA,

2006).

Os riscos físicos representam intercâmbio de energia entre o trabalhador e o

ambiente de trabalho em quantidade e frequência superior àquela que o organismo é

capaz de suportar, podendo acarretar doença ocupacional ou relacionada com o trabalho

(Mazilli, 2007).

Os Médicos Dentistas são profissionais da saúde expostos a diversos ruídos em

seus consultórios, produzidos e emitidos por peças de alta e baixa rotação, sugador,

compressor, cuspideira, peça reta, fotopolimerizador, autoclave e ar condicionado,

contudo são as primeiras as consideradas como tendo maior potencial lesivo ao ouvido

humano. Em virtude disso, diferentes estudos têm analisado a relação entre a

intensidade dos ruídos nos consultórios do Médico Dentista, a carga horária do

profissional, o tempo de atividade profissional e a perda auditiva desses profissionais

(Trucco cit. in Lourenço et al. 2011). O que ocorre na maioria das vezes é que, mesmo

expostos a níveis de intensidade sonora menores que 85 decibéis, mas com tempo de

exercício de profissão superior a cinco anos, apresentam perdas auditivas (Ruschel et

al., 2005).

Em condições normais os níveis de ruídos devem ficar entre 60 e 70 decibéis

(dB). Entre 70 e 90 dB a sensação de desconforto aumenta e entre 90 e 140 dB há risco

para a acuidade auditiva. O limite máximo de ruído tolerável é de 85 dB. Os ruídos

podem dificultar a concentração proporcionando erros e diminuindo a produtividade em

até 70% (Saquy cit. in Nogueira et al., 2010).

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Os efeitos nocivos do ruído podem acarretar comprometimentos diversos nas

esferas física, mental e social do Médico Dentista, podendo levar a Perda Auditiva

Induzida por Ruído – PAIR (Costa et al., 2006).

O ruído produzido pelo ambiente odontológico deve ser controlado e diminuído

ao máximo para evitar danos ao Médico Dentista e aos assistentes (Medeiros et al.,

2003).

Entende-se por radiação ionizante a transferência de energia sobre a forma de

partículas ou ondas eletromagnéticas com um comprimento de onda igual ou inferior a

100nm ou uma frequência igual ou superior a três vezes 1015 Hz e capazes de produzir

lesões direta ou indiretamente. Em Medicina Dentária, a sua utilização vem sendo

profundamente estudada devido a necessidade de se reduzir as radiações recebidas pelos

pacientes e profissionais, uma vez que estes recebem uma quantidade significativa de

radiação fornecida em exames radiográficos (Ministério da Saúde de Portugal, 2002).

Os seguintes procedimentos devem ser adotados a fim de minimizar os riscos

físicos a que estão submetidos os profissionais de Medicina Dentária: utilizar protetores

auriculares; usar óculos de proteção para os procedimentos odontológicos, no manuseio

de equipamentos que possuem luz halogênica e o laser; utilizar equipamentos de

proteção radiológica, inclusive para os pacientes; manter o ambiente de trabalho com

iluminação eficiente; proteger o compressor de ar com caixa acústica; tomar cuidado ao

manusear os instrumentais com temperatura elevada; manter o ambiente arejado e

ventilado, proporcionando bem-estar (ANVISA, 2006).

2 Risco Químico

Os Médicos Dentistas estão expostos a numerosos agentes químicos que podem

causar danos à saúde. O adequado conhecimento sobre estes riscos é fundamental para

que possam proteger e prevenir doenças ocupacionais.

Nem sempre a exposição resulta em efeitos prejudiciais à saúde os quais

dependem de diversos fatores tais como: o tipo de concentração do agente, frequência e

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duração da exposição, práticas e hábitos laborais e suscetibilidade individual (Xelegati e

Robazzi, 2003).

Exposição dos profissionais a agentes químicos: poeiras, névoas, vapores, gases,

mercúrio, produtos químicos em geral e outros. Os principais causadores desse risco

são: amalgamadores; desinfetantes químicos: álcool, glutaraldeído, hipoclorito de sódio,

ácido paracético, clorexidina, entre outros; e os gases medicinais: óxido nitroso e outros

(ANVISA, 2006).

2.1 Álcool – É uma substância volátil e de rápida evaporação à temperatura

ambiente, e é altamente inflamável. Os efeitos das inalações e vapores dentro das

condições normais em estabelecimento de saúde, não são considerados prejudiciais, mas

a inalação prolongada de altas concentrações (acima de 5000 ppm) pode produzir

irritações oculares e nasais, dor de cabeça, tremores e efeitos narcóticos, bem como

ressecamento e irritação da pele, quando manipulados constantemente (Tiyo et al.,

2009).

2.2 Éter – É um irritante médio das vias respiratórias, manifestando-se este

efeito a partir de 200 ppm. Repetidas exposições a partir de 400 ppm podem causar

irritação nasal, perda de apetite, cefaleias, tonturas e excitação seguida de sonolência

(Gurralnik e Kaban, 2011).

2.3 Látex – é uma proteína da borracha (Hevia brasiliensis), presente nas luvas

de procedimentos, são alergizantes, e a reação mais frequente é a dermatite de contacto

(Hamann et al., 2003; Sukekava e Sell, 2007; Crippa et al., 2008). O talco está na

maioria das luvas presentes no mercado, aumentando a quantidade de proteína e o nível

alergênico (Mathias et al., 2006).

2.4 Mercúrio (Hg) – É um metal líquido cuja evaporação ocorre a partir de 12°

C sendo que temperatura por volta de 20° em local com pouca ventilação fazem com

que o mercúrio que é um elemento altamente volátil tenha uma pressão de vapor

suficiente para produzir altas concentrações no ar. A principal via de penetração no

organismo é a respiratória, sendo que 80% do mercúrio inalado é retido no organismo.

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O mercúrio no sangue é rapidamente oxidado para Hg++

um íon que se fixa nas

proteínas e deposita-se em vários órgãos (Guzzi et al., 2006).

O sistema nervoso humano é muito sensível a todas as formas de mercúrio que

ao ser inalado sob a forma de vapor ou ingerido atingem diretamente o cérebro,

podendo causar irritabilidade, timidez, tremores, distorções da visão e audição e

problemas de memória. Pode haver também problemas dos pulmões náuseas vômitos

diarreia, elevação da pressão arterial, irritações nos olhos, pneumonia, dores no peito,

dispneia e tosse, gengivite e salivação (Faria, 2003).

Outros fatores que favorecem a exposição são: a existência de fendas ou

orifícios no piso, o emprego de fontes de calor próximas ao mercúrio, resíduos de

amalgama removidos, ou de seus excessos deixados nas cuspideiras, lixos e a

volatilização produzida pelo calor da fricção durante a preparação do amalgama (Glina

et al.,1997).

2.5 Glutaraldeído e Formol – São compostos que possuem manifestações

clínicas semelhantes, apresentando em algumas situações lacrimejamento alterações

pulmonares, reações alérgicas, náuseas, cefaleias e neoplasias pelo Médico Dentista

(Xelegati e Robazzi, 2003).

2.6 Metil Metacrilato (MMA) -estudos clínicos em profissionais expostos ao

vapor do MMA, que está presente na resina acrílica tem mostrado que pode causar

irritações nos olhos e mucosas, estomatite, asma e distúrbios no sistema nervoso central

e periférico. A avaliação da toxicidade e carcinogenicidade relacionadas com a

exposição ao MMA não demonstrou que esta substancia seja carcinogênica (Nai et al.,

2007).

2.7 Sílica – Há presença de sílica em vários materiais Médico Dentários de

moldagem como: cerâmica/gesso, resinas compostas, abrasivos. São conhecidos casos

de silicose tanto em profissionais de laboratórios de prótese dentária como das

indústrias que produzem esses materiais (Ellero e Lepera, 2008). A sílica livre é a

substancia que possui potencial fibrogênico para os pulmões mais difundida na

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natureza. A exposição ao pó de sílica ocasiona um pneumoconiose (o acúmulo de poeira

nos pulmões) e a reação tecidual a sua presença denominada silicose (OPAS, 2001).

2.8 Alginato ou Hidrocolóide Irreversível – Muitas substancias como zinco,

cadmio, silicatos de chumbo e fluoretos são adicionados em algumas marcas comerciais

de alginato com o objetivo de melhorar suas propriedades físicas, químicas e mecânicas,

causando preocupação no que se refere a toxicidade desse material pois estas

substancias podem causar diversos danos à saúde (Braga et al., 2007).

2.9 Cimento de Ionômero de Vidro – É um material formado pela mistura de

partículas vítreas com solução aquosa de ácidos poliméricos orgânicos (geralmente

ácido poliacrílico). Os efeitos adversos descritos em relação ao ionômero de vidro e

outros cimentos cirúrgicos são dermatites de contacto (reações alérgicas) além de outras

reações imunológicas (Nicholson e Czarnecka, 2008).

2.10 Sistema Adesivo – As substancias comumente presentes nos sistemas

adesivos tais como o bis GMA (1.2 bis Fenol A diglicidil éter e ácido metacrílico), o

TEGMA (trietil enoglicol dimetacrilato), HEMA (2-hidroxietil metacrilato),

glutaraldeído e UDMA (dimetaciloiloxietil 2.2.4(3,3,5) – trimetil-hexametileno

dicarbamato), apresentam efeito citotóxico definido, necessitando de um estudo mais

detalhado sobre sua biocompatibilidade (Kusdemir et al., 2011).

2.11 Eugenol (4-alil-metoxifeno) – é um composto aromático que está presente

nos cravos, canela, sassafrás e mirra. Tradicionalmente utiliza-se o cimento composto

por oxido de zinco e eugenol para a adequação do meio bucal. Igualmente como ocorre

com os adesivos em Medicina Dentária o eugenol apresenta estudos que apontam

apenas reações alérgicas como seus efeitos adversos (Vasconcelos et al., 2008).

2.12 Hipoclorito de Sódio – são compostos inorgânicos liberadores do cloro

ativo, com destaque ao hipoclorito de sódio na forma líquida, são muito utilizados como

desinfetantes. As soluções de hipoclorito são utilizadas para: irrigação canalar,

desinfeção de materiais, desinfeção de superfície em geral, desinfeção de superfícies

contaminadas com sangue e outros fluídos corporais e desinfeção de outros artigos. Ao

serem manipuladas diariamente pelos profissionais de saúde estas soluções são tóxicas

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podendo causar danos para a pele e olhos (Vieira et al., 2008). Além disso, o cloro pode

desencadear as seguintes patologias: rinite crônica, bronquite química aguda, edema

pulmonar agudo, bronqueolite obliterante crônica, além de efeitos tóxicos agudos, como

reações alérgicas e cefaleia (OPAS, 2001).

2.13 Hidróxido de Cálcio – é um material que pode ser usado em tratamento

endodôntico, em curativos de demora e curativos expectantes. Deve ser evitado o

contacto com mucosas e pele, bem como com pessoas com alergia ao produto, pois

pode provocar reações alérgicas (OPAS, 2001).

2.14 Paramoclorofenol canforado (PMCC) – é descrito como uma substância

bactericida, devido a sua propriedade de romper a membrana citoplasmática da bactéria,

desnaturar proteínas, principalmente as de membrana, e inativar enzimas como oxidases

e desidrogenasses bacterianas. Além disso, também libera cloro que tem poder

antibacteriano. Utilizado na Endodontia no combate aos microrganismos do canal. Mas,

além de sua eficiência, possui também alta atividade citotóxica (Nagem et al., 2007). Os

possíveis riscos da exposição ocupacional ao PMCC estão relacionados com o fenol. O

fenol é facilmente absorvido através das mucosas e da pele. Como é corrosivo, pode

causar severa ulceração e queimaduras de até terceiro grau. Após exposições repetidas,

a pele pode apresentar uma despigmentação localizada. Os efeitos sistêmicos podem

ocorrer como consequência de qualquer via de exposição. Casos graves de intoxicação

aguda e crônica incluem transtornos digestivos, disfunção do sistema nervoso, palidez,

sudorese, cefaleia, vertigens e fraqueza. Lesão renal tem sido igualmente descrita

(Morais et al., 2001).

2.15 Ácido Etileno Diamino Tetra-acético (EDTA) – O ácido etilenodiamino

tetra-acético (EDTA) é um sal derivado de um ácido orgânico fraco e que tem ampla

capacidade de ação desmineralizante, abrindo novos caminhos para aplicação deste sal

na Odontologia durante ou após a instrumentação dos canais radiculares (Souza et al.,

2005; Zaccaro et al., 2010). O EDTA é uma substância corrosiva, que pode causar

irritação na pele, olhos e trato respiratório. O EDTA é pobremente absorvido pela pele,

entretanto a inalação de aerossóis é a principal via de absorção desta substância.

Teratogenicidade e toxicidade fetal têm sido observadas em ratos (Louvé et al., 2003).

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2.16 Sabonetes – São constituídos por sais de ácidos graxos com propriedade

detergentes, resultantes da saponificação entre ácidos graxos superiores e seus

glicerídeos à custa de um material alcalino. A alcalinidade é algo indesejável para a

pele, entretanto, os sabonetes não são capazes de danificá-la graças a um mecanismo de

tamponamento existente que faz com que o pH da pele retorne ao normal, em média,

duas horas após o uso do sabonete (Fiorentino, 2008).

2.17 Clorexidina – É um composto químico antisséptico, desinfetante, não

específico de segunda geração e conservante. Embora seja bactericida de uso tópico

com largo espectro de ação, sua eficácia difere em relação aos tipos de

microorganismos. O uso de clorexidina para higienização das mãos é seguro e a

absorção pela pele é mínima, senão nula, podendo haver irritação na pele se em alta

concentração (Fiorentino, 2008).

O risco químico pode ser minimizado utilizando-se os seguintes procedimentos:

limpar a sujidade do chão, utilizando pano umedecido para evitar poeiras; utilizar

Equipamentos de Proteção Individual – EPI (luvas, máscaras, óculos e avental

impermeável) adequados para o manuseio de produtos químicos desinfetantes; usar EPI

completo durante o atendimento ao paciente e disponibilizar óculos de proteção ao

paciente para evitar acidentes com produtos químicos; utilizar somente amalgamador de

cápsulas; acondicionar os resíduos de amálgama em recipiente inquebrável, de paredes

rígidas, contendo água suficiente para cobri-los, e encaminhá-los para coleta especial de

resíduos contaminados; armazenar os produtos químicos de maneira correta e segura,

conforme instruções do fabricante, para evitar acidentes; fazer manutenção preventiva

das válvulas dos recipientes contendo gases medicinais (ANVISA, 2006).

3 Risco Ergonômico

O risco ergonômico pode ser causado por postura incorreta, ausência do

profissional auxiliar e/ou técnico, falta de capacitação do pessoal auxiliar, atenção e

responsabilidade constantes, ausência de planejamento, ritmo excessivo de trabalho,

atos repetitivos, entre outros.

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A lista de fatores que predispõe um Médico Dentista a desenvolver disfunções

relacionadas com riscos ergonômicos é longa, nela inclui diferentes funções normais:

estados de saúde, condicionamento físico e atividades voluntárias do profissional.

Ignorar as características particulares deste profissional pode confundir a identificação

da etiologia de uma disfunção potencialmente relacionada com ergonomia e frustrar

uma prevenção efetiva (Guay, 1998).

Devem ser observadas as seguintes recomendações para minimizar o risco

ergonômico: organizar o ambiente de trabalho; realizar planeamento do atendimento

diário; trabalhar preferencialmente em equipe; proporcionar à equipe de trabalho

capacitações permanentes; incluir atividades físicas diárias em sua rotina; realizar

exercícios de alongamento entre os atendimentos, com a orientação de profissional da

área; valorizar momentos de lazer com a equipe (ANVISA, 2006).

4 Risco Mecânico ou de Acidente

Exposição da equipe de Medicina Dentária a agentes mecânicos ou que

propiciem acidentes. Entre os mais frequentes, podemos citar: espaço físico

subdimensionado; arranjo físico inadequado; instrumental com defeito ou impróprio

para o procedimento; perigo de incêndio ou explosão; edificação com defeitos;

improvisações na instalação da rede hidráulica e elétrica; ausência de EPI e outros.

Procedimentos para minimizar os riscos mecânicos no consultório do Médico

Dentista: adquirir equipamentos com registro autorizado por órgão competente,

preferencialmente modernos, com desenhos respeitando a ergonomia; instalar os

equipamentos em área física adequada; utilizar somente materiais, medicamentos e

produtos registrados pelo órgão competente; manter instrumentais em número suficiente

e com qualidade para o atendimento aos pacientes; instalar extintores de incêndio e

capacitar a equipe para sua utilização; realizar manutenção preventiva e corretiva da

estrutura física, incluindo instalações hidráulicas e elétricas (ANVISA, 2006).

5 Risco pela falta de Conforto e Higiene

Exposição do profissional a riscos por ausência de conforto no ambiente de

trabalho. Podemos citar alguns desses riscos: casas de banho em número insuficiente e

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sem separação por sexo; falta de produtos de higiene pessoal, como sabonete líquido e

toalha descartável nos lavatórios; ausência de água potável para consumo; não

fornecimento de uniformes; ausência de ambientes arejados para lazer e confortáveis

para descanso; ausência de vestiários com armários para a guarda de pertences; falta de

local apropriado para lanches ou refeições; falta de proteção contra chuva, entre outros.

Proporcionar à equipe condições de higiene, de conforto e de salubridade no ambiente

de trabalho (ANVISA, 2006).

6 Risco Biológico

Considera-se risco biológico a probabilidade da ocorrência de um evento

adverso em virtude da presença de um agente biológico. Sabe-se que as exposições

ocupacionais a materiais biológicos potencialmente contaminados constituem um sério

risco para os profissionais da área da saúde nos seus locais de trabalho. Estudos

desenvolvidos nesta área mostram que os acidentes envolvendo sangue e outros fluidos

orgânicos correspondem às exposições mais frequentemente relatadas, através das

seguintes vias de transmissão (ANVISA 2006).

6.1 Transmissão por via aérea.

O ambiente odontológico, pelas suas particularidades, possibilita que o ar seja

uma via potencial de transmissão de microrganismos, por meio das gotículas e dos

aerossóis, que podem contaminar diretamente o profissional ao atingirem a pele e a

mucosa, por inalação e ingestão, ou indiretamente, quando contaminam as superfícies.

As gotículas e os aerossóis são gerados durante a tosse, espirro e fala, ou são

provenientes dos instrumentos rotatórios, seringas tríplices, equipamentos ultrassônicos

e por jateamento. As gotículas são consideradas de tamanho grande e podem atingir até

um metro de distância. Por serem pesadas, rapidamente se depositam nas superfícies. Os

aerossóis são partículas pequenas, que podem permanecer suspensas no ar durante horas

e ser dispersas a longas distâncias, atingindo outros ambientes, levadas por correntes de

ar (Pinelli et al., 2011).

Procedimentos para diminuir o risco de transmissão aérea: usar dique de

borracha, sempre que o procedimento permitir; usar aspiradores de alta potência; evitar

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o uso da seringa tríplice na sua forma spray, acionando os dois botões ao mesmo tempo;

regular a saída de água de refrigeração; higienizar previamente a boca do paciente

mediante escovagem e/ou bochecho com antisséptico; manter o ambiente ventilado;

usar exaustores com filtro HEPA (para evitar a propagação de bactérias e vírus através

do ar); usar máscaras de proteção respiratórias; usar óculos de proteção; evitar contacto

dos profissionais suscetíveis com pacientes suspeitos de sarampo, varicela, rubéola e

tuberculose (ANVISA, 2006).

Principais doenças transmissíveis por via aérea:

i. Doença Meningocócica

Pode se apresentar de forma benigna, caracterizada por febre ou bacteremia,

simulando uma infecção respiratória ou virose exantemática. Pode evoluir para um

quadro mais grave, a exemplo da septicemia (meningococcemia), caracterizada por mal-

estar súbito, febre alta, calafrios, prostração, acompanhada de manifestações

hemorrágicas (petequeias e equimoses), ou ainda sob a forma de meningite com ou sem

a meningococcemia, de início súbito, com febre, cefaleia intensa, náuseas, vômitos,

sendo que o paciente pode apresentar-se consciente, sonolento, torporoso ou em coma.

O principal transmissor é o portador assintomático e a transmissão ocorre pelas

secreções da orofaringe, por contaminação cruzada (Barroso et al., 2002).

ii. Gripe ou Influenza

Doença contagiosa aguda do trato respiratório, de natureza viral e distribuição

global. Classicamente se apresenta com início abrupto de febre alta, em geral acima de

38ºC, seguida de mialgia, dor de garganta, prostração, dor de cabeça e tosse seca

(Treanor et al., 2000)

iii. Mononucleose

Síndrome infecciosa que acomete principalmente indivíduos de 15 a 25 anos,

causada pelo vírus de Epstein-Barr. Essa infecção pode ser assintomática ou apresentar-

se com febre alta, dor ao deglutir, tosse, artralgias, adenopatia cervical posterior

simétrica que pode se generalizar, esplenomegalia, hepatomegalia discreta e raramente

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com icterícia, erupção cutânea e ou comprometimento da orofaringe sob a forma de

faríngeo-amigdalite exudativa. Modo de transmissão: contacto com secreções orais

(saliva), sendo rara a transmissão por meio da transfusão sanguínea ou contacto sexual

(McManus et al., 2009).

iv. Rubéola e Sarampo

Doenças virais exantemáticas e agudas, muito comuns na infância e

adolescência, podendo acometer os adultos. Apresentam sintomatologias como febre,

linfadenopatia, exantema generalizado, coriza e tosse. Muitas vezes é necessário

recorrer ao exame sorológico para diferenciá-las. A ocorrência de rubéola em gestantes

pode ocasionar complicações ao feto, como más-formações ou óbito fetal (síndrome da

rubéola congênita) (Fauci et al., 2011).

Seu modo de transmissão é o contacto com secreções nasofaríngeas de pessoas

infectadas. A imunização é uma importante barreira para quebrar a cadeia

epidemiológica (Guimarães Junior, 2001).

v. Tuberculose

Doença infecciosa que atinge principalmente o pulmão, causada por

Mycobacterium tuberculosis. Apresenta como principais sintomas tosse persistente,

febre vespertina, emagrecimento, prostração e algumas vezes hemoptises, sendo

transmitida pela fala, tosse e espirro (Soares et al., 2004).

6.2. Transmissão por sangue e outros fluidos orgânicos.

Em Medicina Dentária é comum a manipulação de sangue e outros fluidos

orgânicos, que são as principais vias de transmissão do HIV e dos vírus das hepatites B

(HBV) e C (HCV).

As exposições que podem trazer riscos de transmissão são definidas como:

Percutânea - lesão provocada por instrumentos perfurantes e cortantes.

Mucosa - contacto com respingos na face envolvendo olhos, nariz e boca.

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Cutânea - contacto com pele com dermatite ou feridas abertas.

Mordeduras humanas - lesão que deve ser avaliada tanto para o indivíduo

que a provocou quanto para aquele que tenha sido exposto (consideradas como

exposição de risco quando há presença de sangue) (Guimarães Junior, 2001).

Procedimentos para diminuir o risco de transmissão por sangue e outros fluidos

orgânicos: ter a máxima atenção durante a realização dos procedimentos: não utilizar os

dedos como anteparo durante a realização de procedimentos que envolvam instrumentos

perfuro cortantes; não ré encapar, entortar, quebrar ou retirar as agulhas das seringas

com as mãos; não utilizar agulhas para fixar papéis; desprezar todo material perfuro

cortante, mesmo que estéril, em recipiente com tampa e resistente a perfuração; colocar

os coletores específicos para descarte de material perfuro cortante próximo ao local

onde é realizado o procedimento e não ultrapassar o limite de dois terços de sua

capacidade total; usar EPI completo para o atendimento (ANVISA, 2006).

Principais doenças transmissíveis por sangue e outros fluidos orgânicos:

i. Hepatites

As hepatites são infecções que acometem o fígado e podem ser causadas por

pelo menos cinco tipos diferentes de vírus: A, B, C, D e E, sendo mais comuns os três

primeiros. Apresentam um período prodrômico, com febrículas, anorexia, náuseas e às

vezes vômitos e diarreia. Pode haver cefaleia, mal-estar, astenia e fadiga. Na fase clínica

normalmente há uma redução dos sintomas e surge icterícia, hepato esplenomegalia

dolorosa e discreta. As hepatites podem ser também subclínicas. Outros agentes virais,

como o vírus da mononucleose, o citomegalovírus, o vírus da rubéola e do herpes

também podem causar quadro clínico semelhante ao das hepatites.

i.1 Hepatite A

A fonte de transmissão é o próprio homem e a transmissão é direta, pelas mãos,

água ou alimentos contaminados. O vírus pode manter sua infectividade por algumas

semanas em temperatura ambiente. O profissional de saúde com hepatite A deve ser

afastado do trabalho até uma semana após a regressão da icterícia.

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i.2 Hepatite B

As principais vias de transmissão do vírus da hepatite B (HBV) são a parenteral,

a sexual e a vertical, em que o vírus é transmitido pela mãe ao recém-nascido no

momento do parto. O risco de contaminação pelo HBV está relacionado,

principalmente, com grau de exposição ao sangue no ambiente de trabalho, e também à

presença ou não do antígeno HBeAg no paciente-fonte (ANVISA, 2006).

Em exposições percutâneas, o risco de contaminação pelo HBV varia de 6 a

30%, sendo menor no contacto com pele íntegra e maior nas exposições percutâneas por

material contaminado, cuja fonte seja positiva para HBV e com a presença de HBeAg (o

que reflete uma alta taxa de replicação viral e, portanto, uma maior quantidade de vírus

circulante). O risco de hepatite clínica varia de 22 a 31% e o da evidência sorológica de

infecção varia de 37 a 62%. Quando o paciente-fonte apresenta somente a presença de

HBsAg, o risco de hepatite clínica varia de 1 a 6% e o de soroconversão de 23 a 37%. O

vírus da hepatite B tem sido encontrado também em outros fluidos corpóreos, como

leite materno, líquido biliar, fluido cérebro-espinhal, saliva, sêmen, suor e fluido

sinovial (intra-articular) (Medeiros et al., 2003).

A saliva é um fluido que vem sendo utilizado para o diagnóstico e estudos

epidemiológicos das hepatites, principalmente a do tipo B. Estudos comprovam a

infectividade da saliva e o risco de transmissão da infecção pelo fluido e pelo aerossol

gerado em Medicina Dentária (Santos e Pelogia, 2002).

Apesar das exposições percutâneas serem um dos mais eficientes modos de

transmissão do HBV, elas são responsáveis por uma minoria dos casos ocupacionais de

hepatite B, provavelmente pela adoção de medidas de precaução-padrão e pela

vacinação.

O HBV, em temperatura ambiente, pode sobreviver em superfícies por períodos

de até uma semana. As infecções pelo HBV em profissionais de saúde, sem história de

exposição não-ocupacional ou acidente percutâneo ocupacional, podem ser resultado de

contacto, direto ou indireto, com sangue ou outros materiais biológicos em áreas de pele

não-íntegra, queimaduras ou em mucosas (Nogueira et al., 2010).

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i.3 Hepatite C

O risco de transmissão do vírus da hepatite C (HCV) está relacionado com

exposições percutâneas ou mucosas, envolvendo sangue ou qualquer outro material

biológico contendo sangue. O risco estimado após exposições percutâneas com sangue

comprovadamente infectado pelo HCV é de 1,8% (variando de 0 a 7%). Um estudo

demonstrou que os casos de contaminação só ocorreram em acidentes envolvendo

agulhas com lúmen (Georgis et al., 2003).

O risco de transmissão em exposições a outros materiais biológicos, que não

sejam o sangue, é considerado baixo. A transmissão do HCV a partir de exposições em

mucosas é extremamente rara. Não existe vacina para prevenção desse tipo de hepatite,

nem existem medidas específicas eficazes para redução do risco de transmissão após

exposição ao HCV. Em contraste com o HBV, não há risco significativo de transmissão

ambiental (Santos e Pellogia, 2002).

Obs.: Os vírus D e E não possuem estudos conclusivos na Medicina Dentária, a

respeito da forma de transição.

ii. Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (SIDA)

É caracterizada pela imunodepressão e pela destruição de linfócitos T4, que são

células que acompanham a resposta imune do organismo, causando infecções graves

oportunistas e neoplasias. Vários fatores podem interferir no risco de transmissão do

HIV.

Após a exposição ao vírus HIV podem surgir sintomas como febre alta,

linfadenopatia, mialgia, artralgia, dor de garganta, hepato esplenomegalia, exantema

maculo papular e meningite linfocitária (com um período de duração de sete a catorze

dias, mesmo com sorologia negativa – janela imunológica – podendo manifestar-se até

três a seis meses após contacto com o vírus). Alguns casos poderão ser assintomáticos.

Para causar infecção, o vírus HIV requer transmissão parenteral, contacto com a

mucosa ou lesões de pele. O vírus não sobrevive por longos períodos fora do corpo

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humano, podendo ser transmitido por meio do vírus livre, em secreções, ou associado a

células vivas, em sangue ou derivados, leite ou sêmen (Pinto et al., 2007).

No caso de transmissão do HIV por contacto exclusivo com a saliva, até o

momento não existe evidência epidemiológica. O vírus é encontrado em 20% dos

portadores de HIV em concentrações abaixo de uma partícula infectante por mililitro de

saliva, e aparentemente não guarda relação com a viremia do paciente. A baixa

concentração viral na saliva, associada à atividade inibitória que essa secreção parece

apresentar em relação ao HIV, resulta em risco pequeno. Entretanto, as precauções

devem ser adotadas, pois no tratamento médico-dentário há possibilidade de contacto

com sangue e de acidentes com instrumentos perfuro cortantes. Estudos realizados

estimam, em média, que o risco de transmissão do HIV é de 0,3% (0,2 – 0,5%) em

acidentes percutâneos e de 0,09% (0,006 – 0,5%) após exposições em mucosas

(Lazzarotto et al., 2008).

O risco após exposições envolvendo pele não íntegra não foi ainda precisamente

quantificado, estimando-se que ele seja inferior ao risco das exposições em mucosas.

Casos de contaminação ocupacional pelo HIV podem ser caracterizados como

comprovados ou prováveis. De maneira geral, casos comprovados de contaminação por

acidente de trabalho são definidos como aqueles em que há evidência documentada

soroconversão e sua demonstração temporal associada à exposição ao vírus (Melo et al.,

2002).

No momento do acidente, os profissionais apresentam sorologia não reativa, e

durante o acompanhamento se evidencia sorologia reativa. Alguns casos, em que a

exposição é inferida, mas não documentada, podem ser considerados como casos

comprovados de contaminação quando há evidência de homologia da análise sequência

do DNA viral do paciente-fonte e do profissional de saúde (Georgis et al., 2003).

Casos prováveis de contaminação são aqueles em que a relação causal entre a

exposição e a infecção não pode ser estabelecida porque a sorologia do profissional

acidentado não foi obtida no momento do acidente. Os profissionais de saúde

apresentam infecção e não possuem nenhum risco identificado para infecção diferente

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da exposição ocupacional, mas não foi possível a documentação temporal da

soroconversão (Lazzarotto et al. 2008).

O risco de exposição varia segundo o tipo de atividade exercida, do uso de

medidas preventivas à exposição e da prevalência local de doenças. O risco de aquisição

de doenças depende do tipo de exposição, da patogenicidade do agente infeccioso e da

existência de profilaxia pós-exposição, bem como da prevalência local de doenças e da

suscetibilidade do profissional de saúde (Pinto et al., 2007).

6.3. Transmissão pelo contacto direto e indireto com o paciente

A Medicina Dentária está sujeita a diversas doenças adquiridas por meio do

contacto direto (mãos ou pele) ou indireto (superfícies ambientais ou itens de uso do

paciente), devido à proximidade e ao tempo de exposição prolongado durante a

realização dos procedimentos, devendo ser adotadas medidas de precauções padrão para

com todos os pacientes.

Procedimentos para diminuir o risco de transmissão pelo contacto direto e

indireto com o paciente; uso de EPI completo; higienização das mãos; manter os

cabelos presos; desinfecção concorrente das secreções e dos artigos contaminados

(Nogueira et al., 2010).

Principais doenças transmissíveis pelo contacto direto e indireto com o paciente:

i. Herpes Simples

É causado pelo Herpes vírus hominus Tipo I. É um vírus associado a lesões de

membranas mucosas e pele ao redor da cavidade oral, que pode permanecer em latência

por longos períodos de tempo e sofrer reativação periódica, gerando doença clínica ou

subclínica. As manifestações clínicas são distintas e relacionadas ao estado imunológico

do hospedeiro. Seu modo de transmissão é o contacto íntimo com o indivíduo

transmissor do vírus, a partir de superfície mucosa ou de lesão infectante (Oliveira e De

Almeida, 2015).

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ii. Escabiose ou Sarna

É uma parasitose da pele causada por um ácaro cuja penetração deixa lesões em

forma de vesículas, pápulas ou pequenos sulcos, sobre as quais ele deposita seus ovos.

As manifestações clínicas são prurido intenso e lesões de pele causadas pela penetração

do ácaro e pelas coçaduras. As áreas preferenciais da pele onde se visualizam essas

lesões são: região interdigital, punhos, axilas, barriga, nádegas, seios e órgãos genitais

masculinos. Nos idosos e crianças podem ocorrer no couro cabeludo, palmas das mãos e

plantas dos pés. O modo de transmissão, além das relações sexuais, é o contacto direto

com roupas e doentes (ANVISA, 2006).

iii. Pediculose ou Piolho

A pediculose da cabeça é uma doença parasitária, causada pelo piolho. Atinge

principalmente crianças em idade escolar e mulheres e é transmitida pelo contacto direto

interpessoal ou pelo uso compartilhado de bonés, escovas de cabelo ou pentes de

pessoas contaminadas.

Sua principal manifestação clínica é o prurido intenso no couro cabeludo,

principalmente na parte de trás da cabeça, podendo atingir também o pescoço e a região

superior do tronco, onde se observam pontos avermelhados semelhantes a picadas de

mosquitos. Ao coçar as lesões, pode ocorrer a infeção secundária por bactérias, levando

inclusive ao surgimento de gânglios no pescoço (ANVISA, 2006).

iv. Micoses

São infecções causadas por fungos, que precisam de tratamento em praticamente

todos os casos para que se obtenha a cura. Os sinais e sintomas são bastante

desconfortáveis e caracterizam-se por prurido e alterações na pele, gerando lesões que

se apresentam de forma variada, de acordo com o tipo de micose e extensão da doença.

Além disso, a micose também predispõe o surgimento de outras doenças associadas,

como infecções bacterianas. As micoses podem ocorrer no couro cabeludo, na pele e

nas unhas. Algumas formas de micose que comprometem a pele são a candidíase e a

pitiríase versicolor. A onicomicose é a infecção das unhas, que ocorre com maior

frequência nos pés, mas também pode ocorrer nas mãos. As unhas podem sofrer

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espessamento, ter sua forma, aparência ou coloração alteradas, algumas vezes se tornam

mais frágeis e quebradiças e, em outros casos, ficam endurecidas.

As micoses podem ser contraídas em lugares quentes e húmidos como vestiários,

boxe de banheiro, alguns ambientes profissionais em que prevalece a humidade ou

ainda por questões higiênicas, aumento de sudorese, uso de tecidos sintéticos, etc. A

transmissão direta pelos portadores de micose de unha não é comum (ANVISA, 2006).

v. Conjuntivite

É uma doença ocular causada por vírus ou bactérias do tipo staphylococcus,

streptococcus, haemophilus, entre outros. A duração da doença não tratada chega a duas

semanas. Seu contacto se dá por fómites direto pessoa a pessoa (Caixeta et al., 2005).

3 Discussão

A saúde ocupacional é um campo da saúde pública que atua prevenindo e

promovendo a saúde do profissional no ambiente de trabalho. Dessa forma necessita de

uma atuação multidisciplinar, junto com profissionais especializados, buscando a

preservação e promoção da saúde através de medidas de alcance coletivo. Os

trabalhadores da saúde estão expostos a um processo gerador de doenças profissionais,

as quais englobam variados riscos e fatores predisponentes ao desiquilíbrio

biopsicossocial. É importante afirmar que esses riscos e fatores são muitas vezes

negligenciados, gerando prejuízos à saúde

A Medicina Dentária é uma área com alto risco de doenças ocupacionais,

apesar dos avanços técnicos nos últimos anos, terem minimizado tais riscos. Estes riscos

incluem: incidentes de exposição percutânea que promovem exposição a doenças

infeciosas, radiação, assim como riscos através dos inúmeros tipos materiais dentários

usados, diversos ruídos existentes no ambiente de trabalho; distúrbios músculo-

esqueléticos; dermatites e respiratórias; lesões oculares; e problemas psicológicos. Há

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uma preocupação especial, com relação aos riscos pela constante exposição a agentes

infeciosos graves e pelas diversas formas de contágio (Orestes-Cardoso et al., 2009)

Há a necessidade de se implementar ações educativas permanentes sobre as

Medidas de Precauções Universais (MPU’s), atualmente denominadas precauções-

padrão, e a conscientização da necessidade de empregá-las adequadamente. As

precauções padrão são formas de prevenção a serem utilizadas na assistência a todos os

pacientes, na manipulação de sangue, secreções e excreções e contacto com mucosas e

pele não íntegra. Tais medidas incluem a utilização de equipamentos de proteção

individual e os cuidados específicos recomendados para manipulação e descarte de

materiais contaminados por material orgânico (Almeida et al., 2005). Essas medidas

devem ser utilizadas na assistência a todos os pacientes, independentemente do

diagnóstico definido ou presumido de doença infecciosa (ANVISA, 2006).

Os acidentes de trabalho, fontes importantes de contaminação, precisam ser

prevenidos e para isso faz-se necessário, entre outras medidas, minimizar as falhas

humanas. A prevenção dessas falhas se dá exatamente pelo devido treinamento da

equipe, demonstração do funcionamento de aparelhos e equipamentos novos, seleção e

reciclagem adequada dos funcionários para as diversas funções, informações completas

sobre como executar determinadas tarefas, realização de reuniões periódicas com os

funcionários, checagem da compreensão da informação transmitida, acompanhamento

de funcionários novos, supervisão dos funcionários, fixação de cartazes com orientações

necessárias, entre outros (Almeida et al., 2005)

A prática da Medicina Dentária abrange uma grande variedade de

procedimentos com diferentes níveis de complexidade, implicando em contacto com

secreções da cavidade oral, como exemplo a saliva, o sangue e outros fluidos orais, e

outros tipos de secreções das vias aéreas superiores, além dos aerossóis formados nos

procedimentos, sendo fatores de riscos para a transmissão de infeções entre

profissionais e pacientes.

As estratégias para minimizar os riscos e suas consequências devem ser

empregadas, incluindo as práticas de controlo de alteração de som, educação continuada

para prevenir os riscos e imunização para hepatite B. Como parte de quaisquer

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protocolos de controlo de infeção, os Médicos Dentistas devem continuar a utilizar

medidas de proteção pessoais e esterilização apropriada ou outras técnicas de desinfeção

de alto nível. Além de riscos biológicos, os Médicos Dentistas sofrem uma alta

prevalência de lesões músculo-esqueléticas, especialmente nas costas, pescoço, ombros

e membros. Deve-se procurar entender completamente a natureza desses problemas,

identificando fatores causais. A educação continuada e investigação de intervenções

apropriadas para ajudar a reduzirem a prevalência desses riscos. Por estas razões é

importante que os Médicos Dentistas estejam constantemente informados sobre as

medidas preventivas, de como lidar com as tecnologias mais recentes e materiais

dentários com menor risco lesivo (Leggat et al., 2007)

Diversas doenças ocupacionais laborais acometem os Médicos Dentistas e são

citadas na literatura. Dentre elas são muito comuns a LER/DORTs. Os problemas

musculoesqueléticos representam um problema ocupacional laboral predominante e tem

grande impacto negativo, necessitando intervenção educativa e ergonômica urgente

(Graça et al., 2006).

Num estudo acerca da conscientização laboral de profissionais Médicos

Dentistas, atuantes em clínicas ou consultórios médico dentários percebeu-se que estes

profissionais estão submetidos a uma jornada de trabalho excessiva o que associados a

outros fatores predisponentes podem desencadear as doenças ocupacionais conhecidas

como LER/DORTs.

Ao serem analisadas as principais regiões acometidas pelos quadros álgicos

verificou-se que estes profissionais além de sentirem mais dores no final do expediente

ela se localiza principalmente na coluna vertebral, com um predomínio de cervicalgias e

dorsalgias e, posteriormente as lombalgias. Observou-se que as regiões menos

acometidas são as coxas e, em relação aos membros superiores a dor se manifesta

principalmente no lado direito (Lafetá et al., 2010).

As lesões por esforços repetitivos ou distúrbios osteomusculares relacionados ao

trabalho - LER/DORT, acometem número significativo de profissionais Médicos

Dentistas e afetam várias partes do corpo, como punhos, mãos, extremidades inferiores,

coluna lombar, pescoço, coluna cervical, ombros e braços. Encontra-se com maior

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frequência os sintomas dessas desordens entre os Médicos Dentistas, quando

comparados à população em geral ou com outros profissionais de saúde. Sendo a região

lombar uma das mais atingidas, devido ao fato dos discos do segmento lombar serem

muito solicitados na função, e ao centro de gravidade do corpo humano concentrar-se

nessa região, porém outros distúrbios como cãimbras, complicações cardiovasculares,

respiratórias e do aparelho digestivo também são citados (Graça et al., 2006). O

trabalho a quatro mãos é muito recomendado na literatura, além do planejamento do

trabalho e do ambiente físico, os exercícios de alongamento e a postura adequada

(Graça et al., 2006; Nader e Marziale, 2005).

Em estudo feito com profissionais, apesar de considerarem a prática de ginástica

laboral (GL) relevante, apenas uma pequena parcela da amostra realizava a GL no

ambiente de trabalho. Assim, torna-se importante salientar que a prática da GL no

ambiente de trabalho é uma ferramenta salutar, visto que proporciona ao Médico

Dentista benefícios significativos como: a redução da fadiga, das algias ocupacionais,

da ansiedade, além de possibilitar um aprimoramento na qualidade de vida do

trabalhador (Lafetá et al., 2010).

O ruído é um dos riscos físicos ocupacionais mais citados na literatura. Os

autores concordam que a alta intensidade e o excesso deste agente podem afetar o

profissional física e psicologicamente, diminuindo seu rendimento laboral, devendo ser

controlado ao máximo para evitar danos à saúde (Lacerda et al., 2002; Garbin et al.,

2006).

Com relação aos problemas auditivos ocupacionais na Medicina Dentária é

pertinente a preocupação, por conta da exposição aos diferentes tipos e níveis de ruídos

que podem vir do ambiente interno e externo. Dentre os maiores causadores estão os

emitidos pelas peças de alta e baixa rotação, aspirador, compressor, ar condicionado.

Algumas pesquisas avaliaram que os ruídos emitidos ficaram abaixo do limite

estabelecido como de tolerância por lei que é 85 dB, mas em nível de desconforto

auditivo entre 70 e 90dB, podendo provocar problemas auditivos a longo prazo, mas a

curto prazo provoca estresse, desatenção e diminuição da produtividade. Por esse

motivo foram indicados controles auditivos periódicos e uso de protetores auriculares.

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Deste modo o ruído não foi considerado um risco ocupacional pelos autores (Lacerda et

al., 2002; Garbin et al., 2006).

Com relação à radiação ionizante há evidências de associação entre a exposição

ocupacional, alterações cito genéticas e do aumento nas taxas de cancro. Sabe-se que a

probabilidade de carcinogênese é maior em populações expostas à radiação, uma vez

que a radiação ionizante pode aumentar a frequência da cancro e mutações espontâneas.

Os cancros contêm alterações cromossômicas; supressões e translocações específicas

estão envolvidas em diferentes fases do desenvolvimento do tumor, e alterações

inespecíficas são comuns em instabilidade genômica, o que é uma característica de

tumores, porém quando relacionado a profissionais Médicos Dentistas os autores são

unânimes quando relatam os riscos das radiações produzidas pelos aparelhos de raios X

nos consultórios como existentes, pequenos, porém cumulativos, podendo proporcionar

alterações genéticas ou somáticas ao longo do tempo (Costa et al., 2006; Melo e Melo,

2007).

De acordo com estudos, a maior parte dos profissionais de Medicina Dentária

relatam conhecer a existência das normas de radiologia, porém não demonstra perceber

a necessidade de colocá-las em prática, precisa de esclarecimento e conscientização na

tomada de atitude de proteção. A falta de percepção expõe a vários problemas como

falta de informação sobre a necessidade de realização de exames médicos periódicos

dos profissionais, falta de conhecimento na correta utilização do equipamento de raios

X, desconhecimento da necessidade de calibração periódica do aparelho de raios X,

ineficiência no cumprimento das normas de radioproteção, uso inadequado do

equipamento de proteção individual (EPI) e ausência de um manual de normas das

atividades profissionais. Com bases nesses resultados, pode-se chegar à conclusão de

que os Médicos Dentistas não detêm o conhecimento necessário sobre as normas de

radioproteção e da correta utilização do EPI. Assim, acredita-se que a implementação do

programa de educação continuada a partir da realidade do profissional forneça os meios

para resolução de problemas crônicos detectados em estudos no cumprimento das

exigências das normas de radioproteção e afins, proporcionando manuseio seguro do

equipamento de raios X no consultório dentário (Santos et al., 2010).

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O mercúrio é o agente químico que oferece maior risco a saúde do Médico

Dentista, ainda causa preocupação aos pesquisadores no que se refere ao seu risco

profissional (Saquy, 1996; Costa et al., 2006; Claro et al., 2003). As maiores

preocupações em relação ao mercúrio são devido ao fato deste elemento ser absorvido

durante toda a vida e sintomas crônicos poderem aparecer somente após muitos anos.

Este metal pode se alojar em tecidos e órgãos dificultando o diagnóstico de intoxicação

mercurial, normalmente identificado na urina. Vários autores afirmam que os dados da

literatura sugerem que a intoxicação crônica ao mercúrio pode contribuir para várias

doenças devendo o Médico Dentista e sua equipe usar o amálgama adequadamente e

diminuir ao máximo o risco deste agente (Claro et al., 2003; Saquy, 1996).

No caso do mercúrio utilizado em amálgamas dentários devido às suas

propriedades de fácil manipulação, alta durabilidade e baixo custo não existe outro

material que seja comparável com o amálgama. Sendo assim, os profissionais da equipe

de saúde bucal devem se conscientizar quanto aos riscos e cuidados a serem tomados

para a utilização e manipulação do mercúrio contido no amálgama odontológico

(Grigoletto et al., 2008).

A ventilação é a melhor medida de segurança; se inadequada, os trabalhadores

deverão usar proteção individual. O mercúrio deve, então, ser manuseado em sistemas

hermeticamente fechados e dentro de normas de higiene. Em caso de derramamento,

este pode infiltrar-se facilmente nas saliências ou rachaduras do solo, do piso e das

bancadas de trabalho. Sua pressão de vapor permite que atinja concentrações

atmosféricas altas, mesmo após contaminações aparentemente desprezíveis (Azevedo et

al., 2003).

Os profissionais de saúde oral são expostos aos vapores de mercúrio que, mesmo

em concentrações baixas, provocam alterações nos sistemas biológicos do corpo

humano: o micromercurialismo, forma mais simples e o hidrargismo, exposição mais

acentuada. O micromercurialismo produz alterações na esfera afetiva da personalidade

como depressão leve, irritabilidade, labilidade emocional, diminuição da libido, lentidão

dos processos mentais, ansiedade, anorexia e insônia (Barbosa et al., 2003).

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O vapor do mercúrio pode ser absorvido pela pele ou pelas vias respiratórias,

tendo seu componente ativo uma alta afinidade pelo tecido nervoso (Fasunloro e

Owotade, 2004). Para o Médico Dentista e seus pacientes, a exposição aos vapores de

mercúrio tem como fontes o derramamento acidental, a torção com o lençol de camurça

para remoção do excesso de mercúrio do amálgama, os amalgamadores mecânicos com

vazamento, a remoção de restaurações de amálgamas sem refrigeração adequada,

existência de fendas no piso do local de trabalho, emprego de fontes de calor próximas

ao mercúrio, resíduos de amálgama removidos ou de seus excessos deixados nas

cuspideiras, resíduos não armazenados adequadamente e a volatilização produzida

durante a condensação (Glina et al., 1997).

As dermatites e os eczemas de contacto são as doenças profissionais mais

citadas que se relacionam com os agentes químicos. (Costa et al., 2006). Os agentes

químicos que podem oferecer riscos ao profissional são os saponáceos, detergentes

químicos, agentes adesivos, germicidas, óleos essenciais, materiais de manipulação,

metais, solventes orgânicos, produtos químicos utilizados no processamento de

radiografias, resinas, ionômeros, desinfetantes em geral, o látex das luvas e as máscaras.

Tais substâncias podem também penetrar nas vias respiratórias ocasionando problemas

locais ou sistêmicos (Medeiros e Riul, 1994; Medeiros et al., 2003).

O ambiente de trabalho do Médico Dentista abriga vários agentes agressivos, a

eles somam-se o baixo gasto energético, a falta de repouso para pausas satisfatórias, a

imobilidade relativa e o uso de grandes grupos de músculos para manter a posição de

trabalho o que pode ocasionar desequilíbrio para a saúde desses trabalhadores

(Nogueira, 1983). Desde a década de 50 estudos mostram a necessidade de estabelecer

um sistema de investigações e estudos entre Médicos Dentistas e fabricantes de

equipamentos para resolver a questão da postura (Green e Lynan, 1958).

Em Medicina Dentária a utilização de princípios ergonômicos tem como

objetivos racionalizar o trabalho, eliminar manobras não produtivas, produzir mais e

melhor na unidade de tempo e proporcionar maior conforto e segurança ao paciente

(Naressi, 2002).

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A exposição do Médico Dentista a material biológico incluindo vírus, bactérias,

dentre outros microrganismos é um dos riscos mais presentes e destacados na literatura

Médico Dentária, considerando que o consultório dentário é um ambiente altamente

propício a transmissão destes agentes, devido à grande movimentação de pessoas e aos

próprios equipamentos e atividades que contribuem para a disseminação dos agentes

(Mazzilli, 2007; Medeiros et al., 2003; Gonçalves e Pordeus, 1997; Giorgis et al., 2003;

Garcia e Blank, 2006; Chenoweth e Gobetti, 1997). Acidentes ocupacionais com

exposição a secreções e fluidos dos pacientes são muito comuns nas atividades dos

Médicos Dentistas, principalmente pelo uso frequente de instrumentos e equipamentos

rotatórios e perfuro cortantes. Os dedos e as mãos são as partes do corpo mais afetadas e

as doenças que podem ser transmitidas em consequência destes acidentes que mais

preocupam os Médicos Dentistas são a SIDA e as hepatites (Medeiros e Riul, 1994;

Medeiros et al., 2003; Giorgis et al., 2003). Embora já existam medidas preventivas

para diminuição dos riscos biológicos estabelecidas e reconhecidas na literatura, que

envolvem basicamente o uso de EPIs e a vacinação, os dados mostram que há descaso

ou despreparo da equipe odontológica, pois foi observado em vários estudos o uso

incompleto de EPIs e cobertura vacinal insatisfatória (Santos e Pellogia, 2002; Medeiros

e Riul, 1994; Medeiros et al., 2003; Gonçalves e Pordeus, 1997; Giorgis et al., 2003;

Garcia e Blank, 2006; Saquy et al., 1998).

Na Medicina Dentária, diversos fatores são contribuintes para as exposições

ocupacionais com materiais biológicos, como: o uso constante de instrumentos críticos,

que penetram nos tecidos atingindo o sistema vascular, e os semicríticos, que estão em

contacto com a mucosa ou pele íntegra, saliva e sangue visível ou não; o ritmo de

trabalho intenso que consequentemente leva a um maior desgaste do trabalhador,

interferindo na sua atenção ao manusear os instrumentais em um campo visual restrito;

o posicionamento paciente/profissional muito próximo; e o uso de instrumentais que

facilitam a dispersão de fluidos no âmbito laboral (Ministério da Saúde do Brasil, 2005;

Ministério da Saúde do Brasil, 2011; Oliveira e De Almeida, 2015).

A Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (SIDA) é um quadro clínico mais

avançado da infecção pelo vírus HIV que é um retrovírus com RNA pertencente à

família Retroviridae e tem como subfamília Lentivirinae. Ela é considerada atualmente

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uma grave pandemia, onde há manifestações de doenças oportunistas graves e

caracteriza-se pela supressão mediada principalmente pelas células T (Pinelli et al.,

2011; Ministério da Saúde do Brasil, 2009; Oliveira e De Almeida, 2015).

Há uma relação direta entre a Medicina Dentária e a SIDA, já que o Médico

Dentista deve ter conhecimentos sobre os aspectos de biossegurança relativos à SIDA,

deve diagnosticar manifestações bucais comuns que estão fortemente associadas à

infecção pelo HIV, quando estas muitas vezes são as principais queixas dos pacientes, e

deve adotar conduta mais viável para o tratamento dessas manifestações (Caixeta, 2005;

Rodrigues et al., 2005; Oliveira e De Almeida, 2015).

O herpes simples pertence à família Herpes vírus hominis, que representa a

doença viral mais comum no homem excluindo-se as infecções respiratórias, se mostra

com muitas peculiaridades, como permanecer em latência por períodos de tempo e

apresentar manifestações clínicas ou subclínicas em fases temporárias intercaladas

(Consolaro e Consolaro, 2009 e 2009; Oliveira e De Almeida, 2015).

É comum na rotina médico-dentária o profissional lidar com pacientes que

apresentem manifestações bucais provenientes do herpes, já que esta apresenta-se como

uma das doenças mais comuns da mucosa bucal (Ministério da Saúde do Brasil, 2011;

Rocha et al., 2009; Oliveira e De Almeida, 2015).

Não é recomendado o tratamento dentário desses pacientes, exceto os de

urgência, pois é grande o risco da auto inoculação do vírus por meio das mãos do

operador, mesmo com a proteção devida, além de trazer desconforto para o paciente

(Ministério da Saúde do Brasil, 2005; Ministério da Saúde do Brasil, 2011; Oliveira e

De Almeida, 2015).

As injúrias percutâneas causadas por instrumentos cortantes ou pontiagudos têm

sido reportada em 1% a 15% dos procedimentos cirúrgicos, mais comumente associadas

às suturas. Nos Estados Unidos mais de 800.000 injúrias causadas por agulhas

acontecem a cada ano apesar da contínua educação e esforços para sua prevenção

(Hauman, 1995; Fasunloro e Owotade, 2004).

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Um estudo realizado com 300 alunos de odontologia do ciclo profissional de

duas faculdades de Recife, Pernambuco, Brasil, objetivou identificar a prevalência dos

acidentes perfuro cortantes e as medidas profiláticas pós-acidentes. Os alunos foram

escolhidos aleatoriamente. Onde 25,3% já se acidentaram, e a percentagem aumentava

para os alunos do 8º ao 10º período, 35,3%. Desses acidentados, apenas 34,2% foram

orientados para as medidas profiláticas. A maioria 73,7% apenas lavou o ferimento com

água e sabão. Apenas 13,2% procuraram serviço médico especializado em acidentes

ocupacionais, no entanto, 88,7% disseram que tinham conhecimento acerca de medidas

profiláticas pós-acidentes de razoável a bom. Os autores concluíram que ainda assim o

percentual foi muito elevado de acidentes perfuro cortantes com potencial de

contaminação biológica. Necessitando assim intensificar medidas preventiva e

profiláticas, com intuito de minimizar as consequências deletérias à saúde dos

envolvidos no atendimento Médico Dentário (Orestes-Cardoso et al., 2009).

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III. CONCLUSÃO

Diante de uma das profissões considerada mais insalubre, há necessidade de

seguir criteriosamente os protocolos para tentar dissipar ou minimizar fatores de riscos

biológicos, físicos, químicos e ergonômicos no ambiente de trabalho, a profissão de

Médico Dentista necessita de uma conscientização diária pela busca do conhecimento e

compromisso com a saúde do trabalhador.

A atenção ao uso de equipamento de proteção individual (EPI), a ginástica

laboral, vacinação, hábitos saudáveis e a constante atenção aos cuidados preventivos

tornam os profissionais menos vulneráveis e mais seguros proporcionando um exercício

salutar.

Os artigos revisados são de acordo que apesar das informações atualizadas e os

conhecimentos sobre os riscos ocupacionais na Medicina Dentária, os protocolos não

são seguidos na prática, tornando o Médico Dentista um dos profissionais com maior

risco de exposição à acidentes ocupacionais, havendo assim uma necessidade de

implementação de programas para a adoção de comportamentos seguros por parte de

toda a equipe médico-dentária. Exigir que sejam cumpridos os protocolos propostos

com o objetivo de evitar os incidentes.

Observando os diversos agentes aos quais os Médicos Dentistas estão expostos,

e as suas repercussões na saúde desses profissionais, é de relevância a implantação de

um Sistema de Gestão de Segurança e Saúde Ocupacional, que auxilie no

reconhecimento e análise dos riscos ocupacionais nestes ambientes, com o objetivo de

evitar ou minimizar a ocorrência de acidentes de trabalho, gerenciá-los, embasar as

tomadas de decisões, as medidas de controle e de prevenção, e a promoção da

conscientização sobre práticas seguras entre os profissionais. O cuidado com a gestão da

Segurança e Saúde Ocupacional, além de possibilitar a redução nos gastos na

instituição, pode melhorar a imagem da mesma diante de seus usuários e motivar seus

funcionários, proporcionando maiores lucros e produtividade, e consequentemente

melhor qualidade de vida no trabalho. Portanto, o estudo minucioso acerca das causas

dos acidentes de trabalho pode contribuir significativamente para a redução de sua

ocorrência. O trabalhador, quando orientado, pode evitar as situações de risco e a

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administração pode direcionar e adaptar medidas mitigatórias de risco à realidade desses

profissionais (Bakke e Araújo, 2010).

Um contínuo estudo sobre este tema torna-se necessário devido sua grande

importância. Desta forma, os alunos devem ser orientados desde o seu acesso aos

cursos, sejam eles técnicos ou superiores, nos cuidados a serem tomados em relação aos

riscos ocupacionais, de forma a minimizar os efeitos oriundos do exercício da profissão.

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