Risco País 2015

download Risco País 2015

of 17

description

Risco País 2015

Transcript of Risco País 2015

  • Diretoria de Poltica Econmica

    Departamento de Relacionamento com Investidores e Estudos Especiais

    Risco-Pas

    com informaes at maro de 2014

    S r i e Perguntas

    Mais Frequentes

  • Risco-Pas

    Este texto integra a srie Perguntas Mais Frequentes (PMF),

    editada pelo Departamento de Relacionamento com Investidores e

    Estudos Especiais (Gerin) do Banco Central do Brasil, abordando

    temas econmicos de interesse da sociedade. Com essa iniciativa, o

    Banco Central do Brasil vem prestar esclarecimentos sobre diversos

    assuntos da nossa realidade, buscando aumentar a transparncia na

    conduo da poltica econmica e a eficcia na comunicao de suas

    aes.

  • Sumrio

    1. O que o risco-Brasil? ................................................................................ 2

    2. O que o EMBI+? ........................................................................................... 2

    3. O que o EMBI+Br? ....................................................................................... 2

    4. Qual a carteira utilizada para calcular o EMBI+Br? ........................... 3

    5. Como calculado o EMBI+? ........................................................................ 3

    6. Qual a atual constituio do EMBI+? ........................................................ 3

    7. Quais os critrios de incluso e de excluso de papis no

    clculo do EMBI+? .................................................................................................. 4

    8. Qual a diferena entre o EMBI+ e o EMBI Global? ............................. 4

    9. O que so os bradies? ................................................................................... 5

    10. Quando o risco Brasil aumenta, aumentam as despesas do Pas

    com o pagamento de juros da dvida externa? ............................................ 5

    11. Qual a relao entre o risco-Brasil e a taxa de cmbio? .................... 5

    12. O que o Credit Default Swap (CDS)? ..................................................... 7

    13. Por que o CDS pode ser usado como uma medida do risco

    Brasil? ......................................................................................................................... 7

    14. Como feito o pagamento ao comprador do CDS em caso de

    insolvncia? .............................................................................................................. 8

    15. Quais so os principais investidores do mercado de CDS? ............... 8

    16. O CDS usado apenas como proteo para o risco de crdito? ..... 8

    17. O prmio do CDS do Brasil deve ser igual ao spread medido

    pelo EMBI+Br? ......................................................................................................... 9

    18. O que um rating de um pas? .................................................................. 9

  • 2

    19. Quais so as principais agncias internacionais de ratings? E

    qual a escala de classificao dos ratings ? ............................................... 9

    20. Existe mais de um tipo de rating ? ......................................................... 11

    21. Qual a metodologia adotada pelas agncias para atribuir

    ratings aos pases? .............................................................................................. 12

    22. Rating soberano a mesma coisa que risco pas ? ........................... 12

    23. Qual foi o impacto da crise financeira de 2008 sobre o risco

    Brasil? ....................................................................................................................... 13

    24. Onde posso obter mais informaes sobre o risco pas e sobre

    ratings soberanos? .............................................................................................. 13

    Srie Perguntas Mais Frequentes ........................................................................... 15

    Risco-Pas

    1. O que o risco-Brasil?

    O risco-Brasil um conceito que busca expressar de forma objetiva o risco de

    crdito a que investidores estrangeiros esto submetidos quando investem no

    Pas. No mercado, os indicadores dirios mais utilizados para essa finalidade so

    o EMBI+Br e o Credit Default Swap (CDS) do Brasil.

    2. O que o EMBI+?

    O EMBI+ (Emerging Markets Bond Index Plus), calculado pelo Banco J.P.

    Morgan Chase, um ndice ponderado que mede o retorno de instrumentos de

    dvida externa de mercados emergentes ativamente negociados. Para a maioria

    das carteiras, a data base (um nmero-ndice igual a 100) 31 de dezembro de

    1993, quando foi iniciado o clculo do EMBI+. O rendimento da carteira em

    determinado perodo corresponde variao do ndice entre a data inicial e a

    final.

    3. O que o EMBI+Br?

    O EMBI+Br um ndice que reflete o comportamento de ttulos da dvida externa

    brasileira. A variao do ndice entre duas datas permite calcular o retorno de

    uma carteira composta por esses ttulos. O spread do EMBI+Br o valor

    normalmente utilizado pelos investidores e pblico em geral como medida do

    risco-Brasil e corresponde mdia ponderada dos prmios pagos por esses ttulos

    em relao a papis de prazo equivalente do Tesouro dos Estados Unidos, que so

    considerados livres de risco. Esse prmio de risco chamado no jargo de

  • 3

    mercado como spread over Treasury dessa carteira1. Basicamente, o mercado usa

    o EMBI+Br para medir a capacidade de o pas honrar os seus compromissos

    financeiros, ou seja, quanto maior a pontuao do indicador de risco, maior o

    risco de crdito do pas a que se refere. Assim, para conseguir atrair capital

    estrangeiro em montante suficiente para o financiamento de sua dvida externa,

    um pas com spread elevado no EMBI+ necessita oferecer altas taxas de juros em

    seus papis.

    4. Qual a carteira utilizada para calcular o EMBI+Br?

    Em 31 de maro de 2014, a carteira do EMBI+Br compreendia 14 papis

    emitidos pelo pas no exterior, com vencimentos at 2041.

    5. Como calculado o EMBI+?

    O EMBI+ construdo como uma composio de trs tipos de instrumentos da

    dvida dos pases emergentes: bradies2, eurobnus, e emprstimos externos de

    entidades soberanas. Calcula-se inicialmente o retorno dirio para cada

    instrumento individual, e a partir da calcula-se a mdia aritmtica dos retornos

    dirios ponderada pelo valor de mercado para cada tipo de dvida. Finalmente,

    estima-se a mdia aritmtica dos retornos dirios mdios dos quatro tipos de

    instrumentos, ponderada pelos respectivos valores de mercado. O resultado uma

    taxa de retorno para o EMBI+ como um todo, que aplicada ao ndice do dia

    anterior para se chegar ao ndice do dia corrente. O clculo do spread

    simplesmente a diferena entre o rendimento de cada papel at o vencimento (o

    yield to maturity) e o rendimento de ponto correspondente na curva de papis do

    Tesouro norte-americano, e expresso em pontos-base. Considerando-se o

    spread para o ndice como um todo, utiliza-se o mesmo procedimento de clculo,

    mas adicionando-se os fluxos de caixa dos papis que compem a carteira do

    ndice.

    Alm do EMBI+ total, so divulgados subndices para cada pas, regio e tipo de

    instrumento de dvida (atualmente Bradies e eurobnus).

    6. Qual a atual constituio do EMBI+?

    Em 31 de maro de 2014, o EMBI+ era constitudo de eurobnus (93,0%) e

    bradies (7,0%). Concentrava-se em instrumentos de emissores da Amrica Latina

    (44,6%), seguida por Europa (37,4%), sia (15,5%) e frica (2,6%). A Rssia

    era o pas com maior peso no ndice, 13,5%, seguida por Turquia (12,7%),

    Mxico (11,7%), Brasil (10,2%), Venezuela (8,2%), Filipinas (7,8%) e Indonsia

    (7,7%). A Argentina j foi emissor importante no EMBI+, mas a queda do valor

    de mercado dos seus papis fez com que sua participao no ndice casse a 2,6%.

    1 Alternativamente, o spread de cada ttulo da dvida externa soberana brasileira representa a diferena entre o

    rendimento desse ttulo e o de um ttulo emitido pelo Tesouro norte-americano, de prazo equivalente. 2 Para saber o que so os bradies, veja pergunta 9.

  • 4

    7. Quais os critrios de incluso e de excluso de papis no

    clculo do EMBI+?

    Cada instrumento individual que compe o EMBI+ deve atender a quatro

    critrios de elegibilidade: (i) mnimo de US$500 milhes no mercado secundrio;

    (ii) classificao mxima BBB+/Baa1 do rating do pas emissor; (iii) mais de um

    ano at seu vencimento; e (iv) negociabilidade no mercado internacional. Uma

    vez que esses critrios estejam atendidos, critrios de liquidez so aplicados. As

    cinco classificaes de liquidez do EMBI+ so:

    L1: mnimo de US$2 bilhes ou equivalente de valor de face no mercado

    secundrio, mdia bid/ask spread 3/8 ponto e quotado por todos os interdealer

    brokers designados

    L2: mnimo de US$1 bilho ou equivalente de valor de face no mercado

    secundrio, mdia bid/ask spread ponto e quotado por pelo menos metade

    dos interdealer brokers designados

    L3: mnimo de US$500 milhes ou equivalente de valor de face no mercado

    secundrio, mdia bid/ask spread 1 ponto e quotado por pelo menos dos

    interdealer brokers designados

    L4: mnimo de US$500 milhes ou equivalente de valor de face no mercado

    secundrio, mdia bid/ask spread 3 pontos e quotado por pelo menos um dos

    interdealer broker designados

    L5: mnimo de US$500 milhes ou equivalente de valor de face no mercado

    secundrio, mdia bid/ask spread > 3 pontos ou no quotado por qualquer dos

    interdealer broker designados

    Essa classificao de liquidez utilizada para determinar quando os instrumentos

    so includos ou excludos do clculo do EMBI+. Os instrumentos devem ser

    classificados como L1, L2 ou L3 para serem includos. A incluso ocorre no fim

    do primeiro ms no qual atingem classificao L1, no fim do terceiro ms

    consecutivo em que atingem classificao L2 ou superior, ou no fim do sexto ms

    consecutivo em que atingem classificao L3 ou superior. Os instrumentos so

    excludos no fim do primeiro ms no qual so classificados como L5 ou no fim

    do sexto ms consecutivo no qual so classificados como L4. Um ttulo somente

    pode ser adicionado ao EMBI+ se tiver mais de 2,5 anos at seu vencimento.

    Quando um pas recebe rating superior a BBB+/Baa1 das agncias de

    classificao de risco Moodys/S&P, excludo do ndice.

    8. Qual a diferena entre o EMBI+ e o EMBI Global?

    Em 31 de maro de 2014, o EMBI+ inclua 118 instrumentos de 17 pases

    emergentes com valor de face de US$284,8 bilhes e valor de mercado de

    US$306,6 bilhes. O EMBI Global tem menores restries de liquidez,

    englobando 417 instrumentos soberanos e quase-soberanos de 61 pases,

    denominados em dlares norte-americanos. Seu valor de mercado totalizava

  • 5

    US$608,7 bilhes naquela data. Portanto, o EMBI+ representa conjunto mais

    seleto e lquido de oportunidades de investimento em mercados emergentes. No

    obstante, o EMBI Global e o EMBI+ so altamente correlacionados.

    9. O que so os bradies?

    Os bradies3 so os ttulos criados por ocasio da reestruturao das dvidas

    externas de pases que aderiram ao Plano Brady na dcada de 1990. No caso

    brasileiro, a reestruturao da dvida externa ocorreu em 1992, envolvendo a

    troca da dvida de responsabilidade do setor pblico por sete novos bnus de

    emisso da Repblica, cada um com suas peculiaridades. Dentre os bradies, o C-

    bond (ou Front-Loaded Interest Reduction Bond with Capitalization) foi o ttulo

    brasileiro mais lquido no mercado internacional. O Tesouro Nacional recomprou

    todos os bradies negociados no mercado na poca.

    10. Quando o risco Brasil aumenta, aumentam as despesas

    do Pas com o pagamento de juros da dvida externa?

    No. Os juros pagos pela Repblica em cada ttulo colocado no mercado

    internacional foram definidos por ocasio do lanamento desses papis. Os

    investidores que adquiriram, por exemplo, o ttulo que o Brasil lanou com juros

    contratuais de 11% a.a. e vencimento em 2040 ser remunerado com juros de

    11% a.a. at o vencimento. As alteraes de risco refletem to somente o retorno

    mdio a que novos investidores que comprem esse ttulo no mercado secundrio

    estaro sujeitos. Com a queda do prmio de risco, o preo do ttulo aumenta. Por

    exemplo, se o risco estiver em 200 pontos-base e o rendimento das Treasuries

    estiver em 3% a.a., o preo de mercado para o ttulo com vencimento em 2040

    ser superior ao valor de face, de tal forma que garanta um retorno de 5% a.a.

    Caso o risco caia para 100 pontos, o preo de mercado aumentar ainda mais,de

    forma a assegurar o novo rendimento de 4% a.a. aos investidores que o

    adquirirem. A despesa do Pas com os juros, entretanto, no sofre alterao. Cabe

    lembrar, no entanto, que o indicador do risco serve como referncia para novas

    emisses soberanas e privadas no mercado internacional, ou seja, a queda no

    risco-Pas implica custo menor para novos ttulos.

    11. Qual a relao entre o risco-Brasil e a taxa de cmbio?

    A simples observao do Grfico 1 sugere que o risco Brasil e a taxa de cmbio

    entre o real e o dlar norte-americano so altamente correlacionados. Geralmente,

    em economias financeiramente abertas, variaes da percepo de risco soberano

    so acompanhadas por variaes nas entradas lquidas de capitais, com impacto

    na taxa de cmbio. A queda no risco-Pas permite que tanto a Repblica como

    outros agentes econmicos domsticos acessem o mercado internacional de

    capitais em condies mais favorveis ao ampliar a base de investidores

    internacionais dispostos a financiar ttulos de emissores domsticos. Vale lembrar

    que a taxa de juros das emisses de dvida soberana servem de referncia ou

    3 Maiores detalhes em http://www.tesouro.fazenda.gov.br/divida_publica/downloads/div_r_bib.pdf

  • 6

    benchmark para as emisses de empresas privadas, ou seja, a queda no risco-Pas

    possibilita menor custo de captao externa tambm para os agentes privados.

    Como a queda persistente no risco-Pas reflete melhor percepo dos investidores

    em relao s perspectivas macroeconmicas do Pas, o processo acompanhado

    pelo melhor acesso a capitais de longo prazo, na forma de investimento direto, e

    investimento em carteira. Tudo isso se traduz em maior oferta de capitais para o

    Pas, possibilitando que a taxa de cmbio se desloque no sentido de um real mais

    forte. Da mesma forma, o aumento persistente no risco-Pas, ao piorar as

    condies de acesso dos agentes econmicos domsticos ao financiamento

    externo, desloca a taxa de cmbio no sentido de um real mais desvalorizado.

  • 7

    Grfico 1

    Risco Brasil e Taxa de Cmbio (at mar/14)

    Fontes: Morgan Markets e BCB

    12. O que o Credit Default Swap (CDS)? O CDS um contrato bilateral que permite ao investidor comprar proteo para

    crdito especfico contra evento de crdito do emissor de determinado ativo. O

    emissor conhecido como entidade de referncia. Um evento de crdito (default)

    inclui ocorrncias tais como inadimplncia, falha em pagamentos, reestruturao

    de dvida ou falncia do emissor do ativo. Para adquirir essa proteo, o

    comprador faz pagamentos peridicos ao vendedor, normalmente trimestrais ou

    semestrais, especificados como porcentagem do principal. Essa porcentagem

    conhecida como spread, prmio ou taxa fixa, e representa, para o investidor em

    ativo de risco, o custo para a proteo contra um evento de crdito relacionado

    com o emissor do ativo.

    13. Por que o CDS pode ser usado como uma medida do

    risco Brasil?

    O prmio do CDS funciona como medida de risco de crdito da entidade de

    referncia e cotado em pontos-base. Por exemplo, se um investidor compra

    proteo contra um evento de crdito para US$100 milhes em ativos soberanos

    brasileiros por 5 anos (CDS 5Y do Brasil), com prmio anual de 200 pontos-base,

    far pagamentos peridicos de US$2 milhes ao vendedor da proteo. Esses

    pagamentos so feitos at o vencimento do contrato ou a insolvncia do emissor

    o que ocorrer antes. Se no houver insolvncia, o contrato se encerra no seu

    vencimento sem troca de fluxo de caixa. No caso de insolvncia, o vendedor da

    proteo paga ao comprador um montante que compense as perdas resultantes do

    evento, imunizando o risco de crdito. Quanto maior a probabilidade de falncia,

    maior ser o prmio do CDS, funcionando como medida de risco de crdito da

    entidade de referncia.

    1,40

    1,60

    1,80

    2,00

    2,20

    2,40

    2,60

    2,80

    3,00

    3,20

    3,40

    3,60

    3,80

    4,00

    0

    500

    1.000

    1.500

    2.000

    2.500

    ma

    r 01

    ma

    r 02

    ma

    r 03

    ma

    r 04

    ma

    r 05

    ma

    r 06

    ma

    r 07

    ma

    r 08

    ma

    r 09

    ma

    r 10

    ma

    r 11

    ma

    r 12

    ma

    r 13

    ma

    r 14

    R$/U

    S$

    ponto

    s-b

    ase s

    obre

    as U

    S T

    reasuries

    Embi+ Brasil (esq.) Taxa de Cmbio (dir.)

  • 8

    14. Como feito o pagamento ao comprador do CDS em caso

    de insolvncia?

    O contrato de CDS deve especificar como ser o pagamento no caso de

    insolvncia, que pode ser feito em dinheiro ou fisicamente (a mais comum). No

    pagamento com dinheiro, o comprador de proteo mantm o ativo aps o evento

    de crdito, mas recompensado pelo vendedor pela perda incorrida, que

    representa a diferena entre o valor ao par e o valor do ativo ps-falncia,

    usualmente expresso em porcentagem do total e conhecido como taxa de

    recuperao ou recovery rate. A principal dificuldade da liquidao em dinheiro

    essa determinao do valor do ativo aps o default, pois a liquidez desses ttulos

    sofre grandes prejuzos aps o evento de crdito. J com a liquidao fsica, o

    comprador entrega o bnus especificado, ou a ser escolhido em uma cesta de

    ativos da entidade de referncia, e recebe o valor financeiro total do principal (ao

    par, ou 100% do valor de face). Na hiptese de default da entidade de referncia,

    caso o comprador da proteo no tenha os papis em sua carteira, mesmo com a

    deteriorao das condies de liquidez, esses ativos podem ser adquiridos no

    mercado secundrio com grandes desgios, por exemplo, ao preo de apenas 25%

    do valor de face. A diferena entre o valor de mercado do ativo em default e o

    preo de entrega ao vendedor da proteo, representa a compensao financeira

    do comprador da proteo. Uma vantagem dessa opo para o comprador de

    proteo que, dada a dificuldade em se precificar o ativo aps a insolvncia,

    mais fcil entreg-lo ao vendedor. O tipo de contrato mais comum aquele com a

    possibilidade de escolha do bnus dentre uma cesta de ativos. Para os

    vendedores, a liquidao fsica pode ser a opo mais interessante, dada a

    possibilidade de reestruturao de dvida pelo emissor no futuro (por exemplo, a

    empresa pode negociar o pagamento da dvida, por meio do reescalonamento dos

    fluxos de pagamentos, que contemple a postergao de montantes vincendos no

    curto prazo e/ou desgios no principal devido, ou ser adquirida por outra empresa

    que assuma a dvida) e o ativo pode recuperar parte do valor, no longo prazo.

    15. Quais so os principais investidores do mercado de CDS? Quem mais utiliza o CDS so os bancos, tanto comprando como vendendo

    proteo, as companhias de seguro, corretoras, hedge funds, fundos de penso,

    empresas, fundos mtuos e agncias governamentais.

    16. O CDS usado apenas como proteo para o risco de

    crdito?

    No. O CDS usado tambm para outros fins como, por exemplo, assumir

    posies em risco de crdito. Por exemplo, se um investidor tem perspectivas

    negativas para uma empresa, pode comprar proteo por meio de CDS. Caso haja

    piora na qualidade de crdito desse ativo, o custo de proteo deve aumentar,

    acompanhando a probabilidade de insolvncia, e o investidor pode vender a

    proteo e realizar lucros. Um aspecto que contribui para essa utilizao do CDS

  • 9

    ser instrumento sinttico, sem emisso limitada, ao contrrio dos bnus, o que

    facilita seu uso nos momentos de estresse.

    17. O prmio do CDS do Brasil deve ser igual ao spread

    medido pelo EMBI+Br?

    O spread de crdito de um bnus compensa o comprador desse ativo pelo risco

    de insolvncia. Se o bnus negociado ao par, a perda mxima no caso de

    insolvncia a diferena entre o valor ao par e a taxa de recuperao. Da mesma

    forma, o spread do CDS tambm o valor da proteo contra a insolvncia, onde

    o ganho o valor ao par menos a taxa de recuperao. Com isso, seria de se

    esperar que o prmio do CDS tivesse valor semelhante a esses spreads, mas isso

    nem sempre ocorre devido a fatores como, por exemplo, liquidez e maturidade

    efetiva, que podem variar entre os dois instrumentos, principalmente em

    momentos de crise4.

    18. O que um rating de um pas?

    O rating nota ou classificao de risco atribuda a pas emissor de dvida de

    acordo com a avaliao, por instituio especializada na anlise de crdito, sobre

    a capacidade e a disposio para que esse pas honre, pontual e integralmente, o

    servio de sua dvida. O rating instrumento relevante para o mercado, uma vez

    que fornece aos potenciais credores opinio independente a respeito do risco de

    crdito da dvida do pas analisado. Com a globalizao, o rating se apresenta

    como linguagem universal que aborda o grau de risco de qualquer ttulo de

    dvida.

    19. Quais so as principais agncias internacionais de

    ratings? E qual a escala de classificao dos ratings ?

    As principais agncias internacionais de classificao de risco de crdito so a

    Standard & Poors (S&P), a Fitch Ratings e a Moodys. Na Tabela 1, encontra-se

    a escala de classificao dos ratings por essas agncias. As classificaes so

    ordenadas decrescentemente pela avaliao de risco de crdito. As classificaes

    de risco de AAA/Aaa at no mnimo BBB-/Baa3 so consideradas como grau de

    investimento (investment grade), enquanto as abaixo so consideradas como de

    grau especulativo (speculative grade). De forma geral, a atribuio de grau de

    investimento a um pas habilita novas classes de investidores a adquirir papis

    desse pas como, por exemplo, fundos de penso estrangeiros, que so

    aplicadores de enorme vulto e que tm restries para aplicar em pases avaliados

    como especulativos pelas agncias de risco.

    4Para uma anlise comparativa dos spreads do CDS e do EMBI+Br ver

    http://www4.bcb.gov.br/pec/GCI/port/focus/X20071031-Anlise%20Comparativa%20de%20Duas%20Medidas%20de%20Risco-Brasil.pdf

  • 10

    Tabela 1

    Escala de Classificao das Agncias de Rating

    Fontes: Moodys, Standard & Poors e Fitch Ratings.

    A Tabela 2 apresenta as classificaes dadas pelas agncias vigentes em 15 de

    abril de 2014 a grupo selecionado de pases e tambm um indicativo de

    perspectiva para essas economias os chamados outlooks (positivo, negativo ou

    estvel). Importante salientar que essas classificaes possuem abrangncia

    global, isto , no esto restritas apenas s economias emergentes, e so revistas

    periodicamente, j que a qualidade de crdito (ou risco de inadimplncia) do pas

    pode se alterar de um perodo ao outro.

    Moody's S&P Fitch

    Aaa AAA AAA

    Aa1 AA+ AA+

    Aa2 AA AA

    Aa3 AA- AA-

    A1 A+ A+

    A2 A A

    A3 A- A-

    Baa1 BBB+ BBB+

    Baa2 BBB BBBBaa3 BBB- BBB-

    Ba1 BB+ BB+

    Ba2 BB BB

    Ba3 BB- BB-

    B1 B+ B+

    B2 B B

    B3 B- B-

    Caa1 CCC+ CCC

    Caa2 CCC CC

    Caa3 CCC- C

    Ca CC DDD

    C SD DDD D

    Categoria de

    Investimento

    de Risco

    Categoria de

    Investimento

  • 11

    Tabela 2

    Rating de Longo Prazo para Emisses em Moeda Estrangeira

    (em abr/14)

    Fontes: Moodys, Standard & Poors e Fitch Ratings.

    20. Existe mais de um tipo de rating ? Sim. Existem duas escalas diferenciadas para os ratings: internacional e nacional.

    O rating em escala internacional pode ser tanto em moeda local como em moeda

    estrangeira e representa medida absoluta da capacidade de pagamento das dvidas

    denominadas, respectivamente, em moeda local ou estrangeira. Os ratings em

    escala internacional, sejam em moeda local ou estrangeira, so comparveis entre

    pases. J os ratings em escala nacional no so comparveis em escala

    internacional. Classificaes similares em escala nacional de emissores em pases

    diferentes podem mostrar grandes diferenas na capacidade de pagamento. Por

    exemplo, um rating AAA na escala brasileira no comparvel com um AAA

    nas escalas chilena e argentina. Ratings em moeda local medem a probabilidade

    de pagamento na moeda do pas e na jurisdio em questo. Excluem o efeito do

    risco-pas e o risco de transferncia, no refletindo a possibilidade de os

    investidores virem a ter dificuldades para repatriar o recebimento de principal e

    juros, em decorrncia, por exemplo, de crise cambial do pas em que o emissor

    est sediado. Entre outros, o objetivo desse rating permitir ao investidor

    comparar o risco de emissores de diferentes pases isolado de riscos de

    transferncia. As agncias tambm diferenciam os ratings de acordo com o prazo.

    O rating de curto prazo refere-se capacidade de pagamento de obrigao

    Classificao Perspectiva Classificao Perspectiva Classificao Perspectiva

    frica do Sul Baa1 Negativa BBB Negativa BBB Estvel

    Argentina Caa1 Estvel CCC+ Negativa BB- Estvel

    Brasil Baa2 Estvel BBB- Estvel BBB Estvel

    Bulgria Baa2 Estvel BBB Negativa BBB- Estvel

    Chile Aa3 Estvel AA- Estvel A+ Estvel

    China Aa3 Estvel AA- Estvel A+ Estvel

    Colmbia Baa3 Positiva BBB Estvel BBB Estvel

    Coria do Sul Aa3 Estvel A+ Estvel AA- Estvel

    Egito Caa1 Negativa B- Estvel B- Estvel

    Equador Caa1 Estvel B Positiva B Estvel

    Estados Unidos Aaa Estvel AA+ Estvel AAA Estvel

    Filipinas Baa3 Positiva BBB- Estvel BBB- Estvel

    Hong Kong Aa1 Estvel AAA Estvel AA+ Estvel

    ndia Baa3 Estvel BBB- Negativa BBB- Estvel

    Japo Aa3 Estvel AA- Negativa A+ Negativa

    Malsia A3 Positiva A- Estvel A- Negativa

    Marrocos Ba1 Negativa BBB- Negativa BBB- Estvel

    Mxico A3 Estvel BBB+ Estvel BBB+ Estvel

    Paraguai Ba2 Positiva BB- Estvel BB- Positiva

    Peru Baa2 Positiva BBB+ Estvel BBB+ Estvel

    Polnia A2 Estvel A- Estvel A- Positiva

    Reino Unido Aa1 Estvel AAA Negativa AA+ Estvel

    Rssia Baa1 Em reviso BBB Negativa BBB Negativa

    Turquia Baa3 Negativa BB+ Negativa BBB- Estvel

    Ucrnia Caa3 Negativa CCC Negativa CCC ND

    Uruguai Baa3 Positiva BBB- Estvel BBB- Estvel

    Venezuela Caa1 Negativa B- Negativa B Negativa

    PasMoody's S&P Fitch

  • 12

    financeira de at doze meses. J obrigaes com prazo superior a doze meses

    passam a receber classificao de longo prazo.

    21. Qual a metodologia adotada pelas agncias para atribuir

    ratings aos pases?

    Para a classificao de risco de crdito, as agncias de ratings recorrem tanto a

    tcnicas quantitativas, como anlise de balano, fluxo de caixa e projees

    estatsticas, quanto a anlises de elementos qualitativos, como ambiente externo,

    questes jurdicas e percepes sobre o emissor e seus processos. Alm de a

    classificao envolver avaliao de garantias e protees (hedge) contra riscos

    levantados, tambm incorpora o fator tempo. Este ltimo influencia a definio

    do rating, pois maiores horizontes implicam maior imprevisibilidade. Dessa

    forma, um mesmo pas pode apresentar ttulos de dvida com diferentes notas, de

    acordo com as garantias oferecidas, prazos estabelecidos, dentre outras

    caractersticas.

    Em linhas gerais, a metodologia para classificao de risco soberano est baseada

    em experincias conhecidas de insolvncia ou quase insolvncia para identificar

    conjunto de indicadores-chave (quantitativos ou qualitativos) que medem a

    capacidade e inteno de pagamento do servio das dvidas dos pases. A

    Standard & Poors, por exemplo, divide a estrutura analtica dos ratings

    soberanos em nove categorias: risco poltico; estrutura econmica e de renda;

    perspectivas de crescimento econmico; flexibilidade fiscal; endividamento

    governamental; passivos contingentes; flexibilidade monetria; liquidez externa;

    e endividamento externo pblico e privado5. A cada uma dessas categorias

    atribuda nota, que varia de um (a mais alta menor risco) a seis, no havendo

    frmula exata para se combinar as notas ao se determinar os ratings. As variveis

    analticas so inter-relacionadas e os pesos no so fixos.

    22. Rating soberano a mesma coisa que risco pas ?

    Os conceitos de risco pas e de rating soberano so bastante diferentes. Os ratings

    soberanos refletem os fundamentos macro e microeconmicos do pas no longo

    prazo e, portanto, tendem a exibir estabilidade maior do que as medidas de risco-

    pas, que sofrem tambm a influncia de fatores de curto prazo. Aspectos

    conjunturais somente so levados em considerao nos ratings apenas se

    implicarem mudanas fundamentais e estruturais no longo prazo. No entanto,

    pases com ratings elevados tendem a apresentar risco-pas mais baixo, e vice-

    versa, indicando elevada correlao (negativa) entre os dois indicadores.

    5 Para uma descrio metodolgica de cada um desses critrios, ver o relatrio Sovereign Credit Ratings: A

    primer, da Standard & Poors, elaborado em 2006.

  • 13

    23. Qual foi o impacto da crise financeira de 2008 sobre o

    risco Brasil?

    Diferentemente de crises passadas, quando a vulnerabilidade macroeconmica era

    mais pronunciada, a economia brasileira estava em melhores condies para

    enfrentar os impactos da quebra do banco de investimentos Lehmann Brothers em

    15/9/2008, que desencadeou uma das piores crises financeiras da histria

    mundial. Podemos verificar pelo Grfico 2 que um ano aps a crise a percepo

    de risco Brasil era 94 pontos-base inferior do dia da crise e, em termos

    comparativos, o risco Brasil foi menos afetado que o da maioria dos pases

    emergentes. Essa evidncia contundente da melhora de percepo de risco da

    economia brasileira por parte dos investidores, como resultado da continuidade ao

    longo de vrios anos da poltica macroeconmica baseada no trip metas para a

    inflao, cmbio flutuante e responsabilidade fiscal.

    Grfico 2

    Variao do Risco Pas Medido pelo Spread do CDS no Perodo 15/9/2008 e 15/9/2009

    Fonte: Bloomberg.

    24. Onde posso obter mais informaes sobre o risco pas e

    sobre ratings soberanos?

    A metodologia de clculo do ndice EMBI+ foi consolidada a partir dos relatrios

    emitidos pela J.P. Morgan Chase: Introducing the Emerging Markets Bond Plus -

    EMBI+, de 12 de julho de 1995, EMBI+/EMBI rules for adding and dropping

    issues, de 30 de setembro de 1998, e Emerging Markets Bond Index Plus

    (EMBI+) Rules and Methodology, de dezembro de 2004. Os dados de

    composio do EMBI+ foram extrados do relatrio EMBI Monitor de 31 de

    maro de 2014. Esses dados podem ser consultados em

    -117-94 -84

    -57-21 -19 -6

    41 42 45

    140

    347

    669

    -200

    -100

    0

    100

    200

    300

    400

    500

    600

    700

    Turq

    uia

    Bra

    sil

    Ind

    onsi

    a

    fr

    ica d

    o S

    ul

    Co

    ria

    do S

    ul

    Mxic

    o

    Rssia

    Ch

    ile

    Hun

    gria

    Po

    lnia

    Arg

    en

    tina

    Ven

    ezu

    ela

    Ucr

    nia

    po

    nto

    s-b

    ase

  • 14

    www.morganmarkets.com, aps solicitao de cadastramento. Os dados dirios

    do EMBI+ podem ser obtidos em provedores de informao por assinatura, como

    a Thomson Reuters, Bloomberg, e em alguns jornais de circulao diria. Para

    informaes sobre os ratings soberanos, acesse as pginas das agncias Standard

    & Poors (www.standardandpoors.com), Moodys (www.moodys.com) e Fitch

    Ratings (www.fitchratings.com).

  • 15

    Srie Perguntas Mais Frequentes

    Banco Central do Brasil

    1. Juros e Spread Bancrio

    2. ndices de Preos no Brasil

    3. Copom

    4. Indicadores Fiscais

    5. Preos Administrados

    6. Gesto da Dvida Mobiliria e

    Operaes de Mercado Aberto

    7. Sistema de Pagamentos Brasileiro

    8. Contas Externas

    9. Risco-Pas

    10. Regime de Metas para a Inflao no Brasil

    11. Funes do Banco Central do Brasil

    12. Depsitos Compulsrios

    13. Sistema Expectativas de Mercado

    Diretor de Poltica Econmica

    Carlos Hamilton Vasconcelos Arajo

    Equipe Andr Barbosa Coutinho Marques Carolina Frei tas Pereira Mayrink

    Henrique de Godoy Morei ra e Costa

    Luciana Valle Rosa Roppa Manuela Morei ra de Souza

    Maria Cludia Gomes P. S. Gutierrez Marcio Magalhes Janot

    Coordenao

    Renato Jansson Rosek

    Criao e editorao:

    Departamento de Relacionamento com Investidores e Estudos Especiais

    Brasl ia-DF

    Este fascculo faz parte do Programa de Educao Financeira do Banco Central do Brasi l