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Ano 29 Suplemento Especial nº 24

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Ano 29 Suplemento Especial nº 24

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Apresentação

aros leitoresUsando de uma expressão de cunho popu-lar, seria ficar “chovendo no molhado” dis-

corrermos aqui sobre a magnitude dos eventosprogramados para serem realizados em nosso País.

Todo mundo já lhes conhece perfeitamente osignificado, bem como, poderia ainda se afirmar,já há uma consciência nacional a respeito da ex-posição do Brasil perante a opinião pública mun-dial e os reflexos desse fato quanto às suas capa-cidades e, por consequência, às suas aspiraçõesdentro do concerto das nações, ou seja, na pro-jeção de poder político (e econômico) em nívelinternacional.

O que gostaríamos de comentar, no entanto, éque tais momentos já estão acontecendo, não sendomais apenas algo para o futuro próximo. No anopassado, ocorreram os V Jogos Mundiais Militares,no Estado do Rio de Janeiro, grandiosa competi-ção esportiva que fica atrás apenas da Copa doMundo de Futebol e das Olimpíadas. Agora, regis-tra-se o recente encerramento da “ConferênciaRio+20”, também na cidade maravilhosa, e cujaimportância dispensa maiores comentários, não sópelo seu conteúdo programático, mas pela pre-sença em território brasileiro, numa mesma opor-tunidade, de chefes de governo e outras altas au-toridades, dos quatro cantos do planeta. Dá parase mensurar a responsabilidade em bem recebere hospedar a todos, além de propiciar as condi-ções ideais para os trabalhos e encontros.

Nós, de Tecnologia & Defesa, fomos honradoscom a possibilidade de poder, nessas duas ocasi-ões, acompanhar de perto o desenvolvimento – dapreparação à execução – de um aspecto tão funda-mental quanto a finalidade principal, em si, de cadaum desses eventos: a segurança, e que, evidente-mente, é parte mestra da linha editorial da revista.

Dessa maneira, quanto ao que vimos estandopresentes e ao que nos foi explicado, dos centrosde comando e controle às unidades desdobradasno terreno, da competência dos comandos ao en-tusiasmo e profissionalismo da tropa empenha-da, podemos afiançar que sobram motivos paraque estejamos orgulhosos dos resultados nestecampo específico. Aliás, acreditamos também,toda a sociedade deva ter este mesmo sentimen-to, pois não se divulgaram notícias de maiores ougraves incidentes (a não ser aqueles já comuns,insuflados pelos de sempre), o que significa queo esquema montado para a segurança funcionou,e muito bem.

E, por isso mesmo, mais uma vez, devido àrelevância do tema e dos ensinamentos e experi-ências certamente colhidas durante a cúpula doRio de Janeiro, resolvemos não nos ater a umamatéria, mesmo que fosse uma grande reporta-gem. Entendemos que devíamos preparar um “es-pecial”, para ser lido, guardado e que, a exemplode outras de nossas publicações, ficasse como fon-te de consulta. Mas, houve ainda uma segunda

razão para esta decisão, a qual foi a participaçãonesta empreitada, integrando a nossa equipe, dogeneral (R/1) Alvaro de Souza Pinheiro, que nãonecessita de apresentações, de quem temos o pri-vilégio de desfrutar da amizade e do compa-nheirismo como nosso consultor técnico. A ele cou-be, mais que as observações do internacionalmenterenomado especialista que é, a missão de condu-zir todo o texto, o qual fizemos questão de conser-var no formato original, dirigido exatamente aopúblico alvo desta edição.

Acreditamos que conseguimos atingir o objeti-vo e, aqui, queremos deixar consignados nossosmais sinceros agradecimentos àqueles que enten-deram nossa mensagem e propósitos, como nos-sos patrocinadores, ao general Alvaro pela sem-pre generosa boa vontade e, especialmente, naspessoas do general-de-exército Adriano PereiraJunior, Comandante Militar do Leste, general-de-divisão José Alberto da Costa Abreu, Comandanteda 1ª Divisão de Exército, e general-de-brigadaRoberto Escoto, Comandante da Bda Inf Pqd, atodos os membros das Forças Armadas e de Se-gurança, pela inestimável ajuda, apoio e atençõescom que nos brindaram.

Boa leitura e uma proveitosa reflexão a todos.

Francisco FerroEditor-Chefe

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“Conferência das Nações Unidas sobre o MeioAmbiente e o Desenvolvimento” (CNUMAD), tam-bém conhecida como “ECO – 92”, “RIO – 92”, “Cú-

pula ou Cimeira da Terra”, realizada entre 3 e 14 de junhode 1992, na cidade do Rio de Janeiro, reuniu 121 Chefes deEstado que, num significativo esforço conjunto, iniciado pela“Conferência de Estocolmo”, realizada em junho de 1972,buscavam meios de conciliar o desenvolvi-mento sócio-econômico com a conservação eproteção dos ecossistemas da Terra.

A “Conferência RIO – 92” consagrou o con-ceito de desenvolvimento sustentável e contri-buiu significativamente para a mais amplaconscientização de que os danos ao meio am-biente eram majoritariamente de responsabi-lidade dos países mais desenvolvidos. Reco-nheceu-se a imperiosa necessidade de os paí-ses em desenvolvimento receberem um indis-pensável apoio financeiro e tecnológico paraavançarem na direção desse desenvolvimentosustentável. A relevante mudança de percep-ção com relação à complexidade do tema ocor-reu de forma muito clara e objetiva nas nego-ciações diplomáticas ali desenvolvidas.

Naquele momento, em função de diretrizesespecíficas emanadas da Presidência da Re-pública, da chefia do então Estado-Maior dasForças Armadas (EMFA) e do então Ministério

do Exército, coroando um planejamento iniciado em 1990, oentão Comandante do Comando Militar do Leste (CML), Ge-neral de Exército Ângelo Baratta Filho, designado Coordena-dor de Segurança da Área (CSA), desencadeou a execuçãode um plano de segurança de proporções nunca dantes de-senvolvidas no território nacional, e absolutamente inéditasna América Latina.

Um processo que, liderado por aquele Comandante Mili-tar de Área, tinha como característica imperativa, uma com-plexa segurança integrada multidisciplinar in-teragências, materializada pela participação de cerca de20.000 profissionais de corporações militares das três ForçasSingulares, órgãos de segurança e ordem pública (OSOP)federais, estaduais e municipais, além de agentes das maisdiversificadas instituições governamentais ou não.

A Segurança da

“Rio+20”

Álvaro de Souza Pinheiro

Competência profissionalmultidisciplinar interagências

A Conferência “Eco 92”

Arquivo/Divulgação

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Como fatores impactantes das ameaças ao ambienteoperacional, naquele momento, há que se destacar que acriminalidade organizada do Rio de Janeiro já se encontravaintensivamente ativa. E que, no dia 17 de março de 1992, omundo foi traumatizado pelo atentado a bomba perpetradopela organização terrorista xiita libanesa (já naquela época,orientada pelo regime dos aiatolás do Irã), Hezbollah, contraa Embaixada de Israel em Buenos Aires, resultando 29 mor-tos e 242 feridos (todos, cidadãos argentinos).

Segundo os autos do processo criminal aberto pela justiçaargentina, este ataque foi planejado na região da FronteiraTríplice do Cone Sul, onde naquela época era possível a com-pra de um fuzil russo AK-47 Kalashnikov, mais 400 cartuchos7,62 mm, pelo valor de 300 dólares, no mercado negro deCiudad del Leste/Paraguai (ainda hoje, isto é possível, ape-nas com o preço corrigido para 400 dólares).

A “ECO – 92”, evento internacional ímpar, que projetou oBrasil de forma significativa na discussão dos mais gravesproblemas ambientais do planeta, foi excepcionalmente bemsucedida na sua parte programática e, em função do rele-vante sucesso nos complexos questionamentos que engloba-vam os críticos problemas da segurança, consistentementeelogiado por conceituados especialistas dos cinco continen-tes, transformou-se numa relevante referência paradigmática,verdadeira marca registrada na condução de eventos inter-nacionais de grande porte no Brasil.

A Conferência das Nações Unidas sobre o Desen-volvimento Sustentável, a “RIO + 20” (assim conhecidaporque marcou os vinte anos de realização da “RIO – 92”),foi realizada de 13 a 22 de junho de 2012, nas instalações doRiocentro, Zona Oeste da cidade do Rio de Janeiro, tendocomo objetivo a renovação do compromisso político com odesenvolvimento sustentável, por meio da avaliação do pro-gresso e das lacunas na implementação das decisões adotadaspelas principais cúpulas sobre o assunto, e do tratamento detemas novos e emergentes. Contou com a participação de 93Chefes de Estado/Governo e 209 delegaçõesestrangeiras, incluindo representações da Or-ganização das Nações Unidas (ONU), da Or-ganização dos Estados Americanos (OEA),do Fundo Monetário Internacional (FMI) e ou-tras, perfazendo um total da ordem de 50mil pessoas inscritas para credenciamento.

A Resolução 64/236, da Assembléia-Ge-ral das Nações Unidas, em sua 64ª Sessão,em 2009, determinou a realização da Con-ferência, seu objetivo e seus temas, alémde estabelecer a programação das reuniõesdo Comitê Preparatório (PrepComs). EsteComitê realizou sessões anuais desde 2010,além de “Reuniões Intersessionais”, impor-tantes para dar encaminhamento às negoci-ações. Além das PrepComs, diversos paísesrealizaram “encontros informais” para am-pliar as oportunidades de discussão dos te-mas da “RIO + 20”.

Seus principais temas foram: a “Econo-mia Verde” no contexto do desenvolvimen-to sustentável e da erradicação da pobre-za; e a estrutura institucional para o desen-volvimento sustentável. Para a plena con-secução de seus objetivos, foi dividida emtrês períodos: de 13 a 15 de junho, reali-zou-se a III Reunião do Comitê Preparató-

A Conferência “Rio+20”

rio, no qual se reuniram representantes do Brasil e das 209delegações estrangeiras, para negociações dos documentosa serem adotados na Conferência. Em seguida, de 16 a 19 dejunho, foram realizados os “Diálogos para o Desenvolvimen-to Sustentável”. E, de 20 a 22 de junho, ocorreu o “Segmentode Alto Nível da Conferência”, com a presença dos Chefes deEstado/Governo.

Em virtude de a Conferência estar sendo realizada no Bra-sil, a Presidente Dilma Roussef foi nomeada Presidente daConferência, que contou, dentre outras ilustres presenças,com a relevante participação do atual Secretário-Geral daONU, Ban-ki-Moon. O Ministério das Relações Exteriores doBrasil teve uma série de encargos de grande responsabilida-de e criticabilidade, tanto na organização quanto na condu-ção dos trabalhos desenvolvidos nas diversas fases do even-to. Como de costume, tudo muito bem conduzido, resultandonuma significativa projeção do poder político-estratégico doEstado Nacional Brasileiro. O Ministério do Meio Ambiente tam-bém teve uma participação importante, sobretudo, na lide-rança de posições que determinaram um consenso para odocumento conclusivo final da Conferência.

Paralelamente à “RIO + 20”, entidades da sociedade civil emovimentos sociais de vários países organizaram um eventodenominado “Cúpula dos Povos”. Esta, ocorreu no períodode 15 a 23 de junho, no Aterro do Flamengo, no Rio de Janeiro,com o objetivo de discutir as causas da crise socioambiental,apresentar soluções práticas e fortalecer movimentos sociaisdo Brasil e dos cinco continentes. O grupo com maior respon-sabilidade pela organização da “Cúpula dos Povos” foi o “Co-mitê Facilitador da Sociedade Civil Brasileira para a RIO + 20”.

Este evento recebeu da ordem de 23 mil inscritos, dosquais foram selecionados 15 mil representantes da socieda-de civil, oriundos das mais diversas partes do mundo, emespecial das Américas, Europa e Norte da África. Além des-ses representantes, segundo os OSOP, cerca de 300 mil pes-soas visitaram as instalações e atividades ali desenvolvidas.O destaque de sua programação foi a “Assembléia Perma-nente dos Povos”, onde ocorreram atividades (algumas de-las, de protesto contra o status quo vigente) propostas pordiferentes movimentos sociais.

SecImp/PR

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Não raro, forças de segurança se fizeram presentes, ve-lada ou ostensivamente, de modo a dissuadir manifestaçõesque tendiam a transformar-se em perturbações da ordempública. No mais tenso desses episódios, na fase final da Con-ferência, já com a presença dos Chefes de Estado/Governo,houve uma manifestação de protesto, inclusive com a pre-sença de lideranças estrangeiras, em que uma significativamassa pretendeu marcar presença dentro da área de segu-rança do Riocentro. Essa tentativa foi esvaziada em funçãode ações preventivas dissuasórias lideradas pela Brigada deInfantaria Paraquedista, reforçada por elementos dos OSOP,e por negociações que, num determinado momento, forampessoalmente conduzidas pelo próprio Comandante Militar doLeste, Coordenador de Segurança de Área.

Também ocorreu, neste mesmo período, no Forte deCopacabana, a “Reunião C-40” que, tendo como seu Presi-dente, o Prefeito de Nova Iorque, Michael Bloomberg, inte-grou 58 prefeitos das maiores cidades do planeta (inclusive oRio de Janeiro), na discussão de formas para reduzir a emis-são de gases poluentes na atmosfera. Muito bem sucedido,este evento propiciou que, na sua conclusão, todos os pre-sentes assinassem um documento assumindo que são res-ponsáveis pela emissão de 1,7 bilhão de toneladas de dióxidode carbono – CO2 (“Green Gas Emission – GHG”), compro-metendo-se a adotar medidas para, efetivamente, reduzir estainsidiosa emissão em 5,8%, até 2020.

20 anos depois da “ECO-92”, o Brasil foi novamente sededeste grandioso evento internacional da ONU. E, a exemplodo anterior, mais uma vez, a tradicional e muito bem sucedi-da metodologia que atribui às Forças Armadas a responsabi-

O Exército Brasileiro e acoordenação da segurança da Rio+20

lidade pela condução da segurança em eventos desta rele-vância, foi efetivada.

Diretrizes emanadas da Presidência da República, do Mi-nistério da Defesa (Estado-Maior Conjunto das Forças Arma-das - EMCFA) e do Comando do Exército atribuíram ao Co-mando Militar do Leste (CML), do Exército Brasileiro (EB), aresponsabilidade pela complexa e relevante missão deplanejar, coordenar, controlar e sincronizar a execução dasmedidas de segurança do evento.

Designado Coordenador de Segurança de Área (CSA),coube ao atual Comandante Militar do Leste, General de Exér-cito Adriano Pereira Junior, o exercício da liderança na condu-ção deste processo, que contou com um efetivo de 24.833profissionais de diferentes áreas, militares e civis, tendo comoatores protagonistas, além das Forças Armadas Singulares(Marinha do Brasil – 3.200; Exército Brasileiro – 7.491; ForçaAérea Brasileira – 5.170; perfazendo um total de 15.861),organismos de segurança federais, estaduais e municipais,tais como a Agência Brasileira de Inteligência (ABIN), a Polí-cia Federal, a Polícia Rodoviária Federal, as Polícias Militar eCivil estaduais, a Guarda Municipal do Rio de Janeiro, a Com-panhia de Engenharia do Trânsito do Rio de Janeiro (CET-Rio)e outras (num total de 8.972).

Destaque-se que muito contribuiu para o sucesso doempreendimento o fato de que, com a devida antecedên-cia, o Ministério da Defesa designasse Coordenador do Co-mitê de Apoio e Planejamento ao “RIO + 20”, o General deDivisão Jamil Megid Junior. Este, trazendo consigo a experi-ência ímpar de Coordenador dos Jogos Militares Mundiais(evento desportivo internacional de grande porte realizado,com pleno sucesso, no ano passado, no Estado do Rio deJaneiro), desenvolveu o seu profícuo trabalho em cerradaligação com o CML, tanto no planejamento, quanto na exe-cução da Conferência.

O General Adriano estabeleceu como órgão central de seudispositivo, o Centro de Coordenação de Operações de

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Segurança (CCOpSeg), um organismo que tendo por baseo Estado-Maior daquele Comando Militar de Área, contou comrepresentantes de todas as instituições direta ou indiretamenteenvolvidas no processo. Este Centro ficou sob a supervisãodo General de Divisão Geraldo Antonio Miotto, atual Chefe doEstado-Maior do CML.

Diretamente subordinados ao CCOpSeg/CML, foram esta-belecidos os Centros de Coordenação de Operações deSegurança Terrestre, Marítima e Aeroespacial(CCOpTer, CCOpMar e CCOpAer), encargos respectivamenteatribuídos aos Comandos da 1ª Divisão de Exército – 1ª DE, 1ºDistrito Naval – 1º DN (Marinha do Brasil - MB) e III ComandoAéreo Regional – III COMAR (Força Aérea Brasileira - FAB).Desde o dia 5 de junho, quando o Riocentro, local onde sedesenvolveu a Conferência, passou, formalmente, a ser terri-tório da ONU, os dispositivos terrestre, marítimo e aeroespacialforam acionados pelos seus respectivos CCOp, dando início àfase da execução do plano de segurança do evento.

Também ficou diretamente subordinado ao CCOpSeg/CML, o Centro de Coordenação Tático Integrado (CCTI),responsável pela coordenação, controle e sincronização doemprego das Forças de Operações Especiais (FOpEsp), en-cargo do Comando da Brigada de Operações Especiais (BdaOp Esp), do EB.

Um dos aspectos mais relevantes de todo esta estruturade segurança foi que o Sistema de Comando e Controle, es-tabelecido no CCOpSeg/CML, caracterizou-se como um típi-co Sistema C4ISR (Command, Control, Communications,Computers, Intelligence, Surveillance and Reconaissance -Comando, Controle, Comunicações, Computadores, Inteligên-

cia, Vigilância e Reconhecimento). Um subsistema C4 e umsubsistema ISR plenamente integrados, operando no contex-to da mais moderna concepção existente, na atualidade,identificada como Network Centric Warfare –NCW (GuerraRede-Cêntrica).

Este “Sistema de Sistemas” operado por cerca de 50 pro-fissionais das Forças Armadas, em parceria com represen-tantes dos diferentes organismos de segurança pública e deoutras entidades governamentais, de nível federal, estaduale municipal, por meio de modernos softwares, com destaque

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O CCOpSeg operou como um sistema C4ISR, integrando todos os tipos de informações das mais diversasfontes, controlando, também, todos os recursos disponibilizados, gerenciando em tempo real a programação

de eventos, suas realizações e eventuais incidentes, através de modernos softwares nacionais

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para o “Pacificador”, sistema de tratamento de incidentes comutilização de 250 smartphones, foi o fundamento básico in-dispensável da coordenação, controle e sincronização dasmedidas que caracterizaram uma integração multidis-ciplinar interagências ímpar.

Esta moderna concepção rede-cêntrica (fundamental-mente antagônica a uma já ultrapassada filosofia egocêntrica)que está sendo pesquisada, desenvolvida e disponibilizada noBrasil por algumas poucas instituições, com destaque para oCentro Tecnológico do Exército (CTEx), possibilita capacitaçõesque foram capitais na consecução do programa de segurançada “RIO + 20”, quais sejam: uma significativa expansão docompartilhamento simultâneo dos dados e informações, fatordecisivo para a incrementação da qualidade desses dados einformações obtidos, resultando numa consciência situacionalmuito mais acurada; e uma sincronização plena entre as trêsfunções operacionais científico-tecnológicas básicas: osensoreamento (busca da informação sobre o terrenofisiográfico, o terreno humano e as ameaças); o proces-samento (tomada da decisão e sua implementação); e aatuação (neutralização das ameaças); propiciando uma signi-ficativa agilidade, eficiência e eficácia em todo o processo.

Tudo isso resulta numa redefinição muito positiva no rela-cionamento entre comandantes e subordinados. Com o su-porte de uma oportuna e acurada Inteligência, comandantespodem decidir mais rápido, desdobrar seus efetivos no me-lhor dispositivo; coordenar, controlar e sincronizar em me-lhores condições as suas forças; e colocar-se sempre em si-tuação vantajosa com relação às ameaças em presença.

Nesse contexto, possibilita-se aos comandantes, em to-dos os níveis, estratégico, operacional e tático, manter ainiciativa das ações, conservando, permanentemente, umapostura proativa, ao invés de uma ultrapassada postura

reativa, fator absolutamente imprescindível em qualquer pla-no de segurança, em função das características das ameaçasda violência transnacional extremista que, na atualidade,exercidas por atores não estatais, desempenham um papelprotagonista (e não mais meramente coadjuvante), qualquerque seja o ambiente operacional em presença.

O CCOpSeg/CML manteve um link com as 570 câmerasda CET-Rio, para o acompanhamento permanente, em tem-po real, das principais vias de acesso da cidade, e com ascâmeras conduzidas por helicópteros da Aviação do Exércitoe da Polícia Civil (identificadas como “Olhos de Águia”). Tam-

A ARP (VANT) RQ 450 empregada pela FAB

O software Pacificador em ação

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bém recebeu as imagens em tempo real da Aeronave Remo-tamente Pilotada (ARP) RQ 450, da FAB, pela primeira vezempregada num grande centro urbano, no monitoramentoda região do Riocentro.

Além desses meios, o CCOpSeg/CML foi dotado de equipa-mentos do Centro de Comunicações e Guerra Eletrônica doExército (CCOMGEx), capacitando-se para a execução de me-didas eletrônicas de apoio - MEA, medidas de proteção eletrônica– MPE, contra e contra-contra medidas eletrônicas – CME e CCME.

Complementando todo esse aparato, o CCOpSeg/CMLtambém estabeleceu uma Central de MonitoramentoCibernético, montada pelo recém-criado Centro de DefesaCibernética do Exército (CDCiber). As equipes desta Central,reforçadas por pessoal da Agência Brasileira de Inteligência(ABIN), Polícia Federal e Polícia Civil, operaram efetivamenteno Riocentro (ponto focal onde se desenvolveu a Conferên-cia). Tudo projetado para fazer face a tentativas dedesconfiguração de páginas oficiais do evento, ataquescibernéticos à infraestrutura e vazamento de informações si-gilosas. Numa demonstração de elevado padrão decapacitação técnico-profissional, esta Central de Monito-ramento Cibernético, um dos pontos mais positivos da segu-rança do evento, possibilitou que 124 ataques de hackerscontra redes ou sites, fossem eficazmente neutralizados.

Destaque-se também que o CCOpSeg/CML teve a seu dis-por uma indispensável Assessoria Jurídica e uma DelegaciaPolicial Judiciária Militar.

No dia 23 de maio de 2012, o Consul de Israel em SãoPaulo, Ilan Sztulman, tornou público, tanto para a mídia nacio-nal, quanto internacional (inclusive, com significativa divulga-ção nas redes norte-americana CNN e britânica BBC), que oGoverno de Israel, com base em informações sigilosas, alertouo Consulado-Geral de Israel em São Paulo, para a possibilida-de de um atentado do grupo extremista libanês Hezbollah, nacapital paulista. Complementou declarando que recebeuinstruções específicas de seu Governo, no sentido de reforçara segurança não apenas no Consulado mas, também, nas di-versas instalações da comunidade judaica, em São Paulo.

Ainda de acordo com as declarações de Sztulman, o Go-verno Brasileiro foi oficialmente informado desta ameaça ter-rorista e que já teria incrementado medidas de segurançanas fronteiras, portos e aeroportos. Segundo o jornal “O Es-tado de São Paulo”, aquele Consul declarou textualmente:“Temos indícios de que o Hezbollah pretende retomar ata-ques na América Latina. O Brasil é um dos países que corremrisco. Quando me dão o alerta, não dizem o que é exatamente.As fontes de informações são sigilosas. Recebí informaçõessobre um risco maior, inclusive com diretrizes para aumentara segurança.”

Para reafirmar seu temor, aquele diplomata israelenserelembrou os atentados a bomba, nos anos 90, lançados con-tra a Embaixada Israelense em Buenos Aires, em 1992, re-sultando em 29 mortos, e contra a Associação Mutual Israe-lense Argentina (AMIA), também em Buenos Aires, em 1994,resultando 85 mortos. Enfatizou que o conflito árabe-israe-lense não se enquadra nessa questão. “O Irã não é árabe, épersa. Não temos fronteiras comuns e nunca houve conflitos.O problema não é com o povo mas, sim, com o regime dosaiatolás, atualmente governando aquele país, que busca ahegemonia na região e tenta desviar a atenção dos seus pro-blemas internos, tornando-se uma ameaça não apenas a Is-rael, mas ao mundo.”

Uma semana antes deste contundente depoimento, órgãosde comunicação social internacionais divulgaram que o tradici-

O apoio de Inteligência

onal jornal italiano “Corriere della Serra” publicou que fontesde alto escalão do Governo Israelense confirmaram a chega-da de membros do Hezbollah, com apoio do Irã, à América doSul. Segundo aquela reportagem, além do Brasil, a Bolívia e aColômbia seriam outros cenários de possíveis alvos.

O fato é que este incidente, envolvendo aspectos dealtíssimo grau de criticabilidade, em função de ter sido trazi-do a público por diplomata de nação amiga credenciado juntoao nosso Governo, não pode ser desprezado, principalmentepor quem, de fato e de direito, possui significativas responsa-bilidades na defesa dos interesses vitais do Estado NacionalBrasileiro.

Até porque, é incontestável que as cerradas conexõesestabelecidas por Mahmoud Ahmadinejad com Hugo Chávezsão, hoje, para toda a Comunidade de Inteligência do Hemis-fério Ocidental, além de públicas e notórias, insidiosas e peri-gosas. E, nesse contexto, há que se ressaltar que a lista depassageiros da ponte aérea semanal Teheran - Caracas, nãoé do conhecimento nem da INTERPOL. Mas, com certeza (porrazões óbvias), é do Mossad.

Sem insinuar qualquer ligação entre causa e efeito, háque se registrar, entretanto, que o Ministro de Estado Chefedo Gabinete de Segurança Institucional da Presidência daRepública, General de Exército José Elito Carvalho Siqueira,determinou ao órgão central do Sistema Brasileiro de Inte-ligência (SISBIN), a ABIN, a ativação de um Centro de In-teligência Nacional (CIN), em Brasília/DF, com a finalida-de específica de, naquele momento, dar suporte ao plano desegurança da “RIO + 20”.

Ao CML, coube, com base na sua Seção de Inteligência(nesta altura, reforçada por representantes da Inteligênciade todas as instituições em presença, inclusive, a ABIN), aativação de um Centro de Inteligência Regional (CIR).

Como consequência imediata dessas relevantes e oportu-nas medidas, foi produzido (com certeza, incluindo o resulta-do de consultas a agências de inteligência internacionaisselecionadas) um documento sigiloso específico, tendo comotema – “A Análise do Risco da Ameaça” – o documentobase de Inteligência, indispensável ao desencadeamento doplanejamento da segurança de qualquer evento internacionaldestas proporções.

Uma diretriz que, certamente, originou-se nesse Sistemade Inteligência em presença, foi a classificação dos Chefesde Estado/Governo, adotada pelo CCOpSeg/CML, em autori-dades com “alto nível de risco”, “médio nível de risco”, e“baixo nível de risco”. Uma orientação de capital relevânciapara o planejamento e a execução de medidas por parte dasforças de segurança de diferentes matizes, especificamentedesdobradas no terreno, com responsabilidades críticas nasegurança dessas autoridades. Na prática, as medidasimplementadas para os grupos de “alto” e “médio risco” fo-ram rigorosamente as mesmas.

Na Nova Ordem Mundial vigente, em função dos diversosatores não estatais que se constituem em ameaças de gran-de intensidade, no que se refere ao emprego do terrorismotransnacional contemporâneo como instrumento es-tratégico de projeção de poder (diferentemente das or-ganizações terroristas da época da Guerra Fria, que o em-pregavam como instrumento tático de movimentos revoluci-onários localizados), a Inteligência se transformou naprimeira linha de defesa dos interesses vitais de qual-quer Estado Nacional.

Nesse contexto, onde se lia “Intelligence drivesOperations”, na atualidade, lê-se “Intelligence isOperations”. E, a língua inglesa, pela qual este princípio (queexpressa a atual relevância da Inteligência em todos os ní-veis: estratégico, operacional e tático) está sendo divulgadopelos cinco continentes, não deve ser considerada uma evi-

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dência de que se trata de doutrina exclusiva made in USA ouda OTAN. Ledo engano! Neste planeta totalmente globalizadoem todas as áreas do conhecimento humano, sobretudo, noque se refere à Segurança e Defesa dos Estados Nacionais,este princípio transformou-se em dogma, com pleno consen-so em todo o mundo.

Acrescente-se o fato de que, na atualidade, em função deambientes operacionais plenos de ambiguidades, em que setorna uma tarefa quase impossível a identificação clara e objetivadas insidiosas e solertes ameaças, no que se refere aos temase questionamentos de Segurança e Defesa, há que se estarsempre preparado e motivado para a PIOR HIPÓTESE.

E, em consequência, conforme demonstrado em experi-ências vivenciadas nos mais diversos cenários, impositivo setorna para os recursos humanos de todas as instituições en-volvidas no processo de defesa dos interesses vitais do Esta-do Nacional, uma permanente motivação para a evolução deum preparo técnico-profissional específico.

Este preparo permanentemente atualizado (porque sem-pre haverá no que evoluir), desenvolvido na rotina do dia-a-dia, tem como seu fundamento básico que as instituições dediferentes matizes não podem aguardar a eclosão das crisese/ou conflitos para fazer face a eles, sem o preparo necessá-rio. Além de patética evidência, seria uma demonstração deincompetência e de irresponsabilidade ímpares, cujasconsequências poderiam ser, sem dúvida alguma, contunden-temente catastróficas, correndo-se o risco, inclusive, de sepagar com o derramamento de sangue, não apenas dos nos-sos valorosos combatentes, mas, também, de inocentes ci-dadãos civis.

Estabelecido sob a liderança do General de Divisão JoséAlberto da Costa Abreu, atual Comandante da 1ª Divisão deExército (Grande Comando Divisionário herdeiro das heróicastradições da 1ª Divisão de Infantaria Expedicionária, da ForçaExpedicionária Brasileira, no Teatro de Operações da Itália, naII Grande Guerra) e Guarnição da Vila Militar, CoordenadorExecutivo da Segurança Terrestre, o CCOpTer/1ª DE, tendo

como base o Estado-Maior daquela Divisão, teve sob sua res-ponsabilidade, a coordenação, o controle e a sincronização dasações de segurança terrestre desenvolvidas na “RIO + 20”.

Em função das peculiaridades específicas do CCOpSeg/CML,o CCOpTer/1ª DE foi ativado na mesma instalação, aprovei-tando os recursos humanos e materiais daquele Centro, o quepermitiu a este Grande Comando Divisionário otimizar a ex-ploração de todas as relevantes capacitações em presença.

Fundamentalmente, a missão da 1ª DE foi: coordenar eexecutar as atividades de segurança terrestre durante os des-locamentos, nos itinerários, nos locais de hospedagem e noseventos, empregando escoltas aeromóveis (helicópteros comequipes táticas de operações especiais) e motorizadas, inte-grada por motociclistas (batedores), aos diversos comboiosconstituídos.

Para o cumprimento desta missão, o General Abreu con-tou com os seguintes elementos subordinados e/ou sob seuControle Operacional: a Brigada de Infantaria Paraquedista(Bda Inf Pqdt), a Artilharia Divisionária da 1ª DE (AD/1), umGrupamento Operacional de Fuzileiros Navais (Gpt Op Fuz Nav),o 1º Batalhão de Guardas (1º BG), o 2º Batalhão de Aviaçãodo Exército (2º BAvEx), e diferentes órgãos de segurança eordem pública (OSOP), federais, estaduais e municipais.

Para dar segurança às delegações e aos Chefes de Esta-do/Governo, seja no deslocamento dos comboios, ou noshotéis e locais de atividades, o plano de segurança terrestreteve a participação de 470 motociclistas batedores das se-guintes Instituições: Marinha, Exército, Aeronáutica, PolíciaRodoviária Federal, Polícia Militar e Guarda Municipal. Coor-denados pelo Comando do 1º BG (tradicional Unidade do EB),esses batedores foram organizados em 52 equipes especia-lizadas, que tiveram uma performance intensa e de alto pa-drão, em todo o evento.

Os 29 helicópteros que compuseram os meios de asasrotativas (operando da Base Aérea dos Afonsos), monitorandoas diversas comitivas, pertenciam às seguintes Instituições: 2ºBatalhão de Aviação do Exército (12); Marinha do Brasil (6);Polícia Federal (2); Polícia Rodoviária Federal (2); Receita Fede-ral (1); Coordenadoria Geral de Operações Aéreas (2); PolíciaMilitar do Estado do Rio de Janeiro (2); Corpo de BombeirosMilitar do Rio de Janeiro (1); e Polícia Civil do Rio de Janeiro (1).

O CCOpTer/1ªDE

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As equipes de batedores operaram coordenadas pelo 1º Batalhão de Guardas (1º BG)

1º B

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Todas essas aeronaves foram coordenadas e controladasa partir de um Centro de Coordenação de OperaçõesAeromóveis (CCOpAmv), instalado sob a responsabilidadedo Comando da Aviação do Exército (CAvEx), atualmentesob a liderança do General de Brigada Eduardo Diniz. EsteCentro aeromóvel, localizado em ponto estratégico da cidadedo Rio de Janeiro, e operado por pessoal do 2º BAvEx, tam-bém mantinha cerrados laços táticos com o CCTI, coordena-dor do emprego das Forças de Operações Especiais (visandoa realização das escoltas aeromóveis e o deslocamento depronta resposta por ocasião de contingências emergenciais).O esforço aeromóvel foi outro aspecto altamente positivo dasegurança do evento.

Com relação aos itinerários, locais de eventos e de hos-pedagem, o CCOpTer/1ª DE, distribuiu seus elementos su-bordinados, nos mais de 50 Km da orla marítima do Rio deJaneiro, desde a Zona Norte da cidade até o limite oeste daBarra da Tijuca, incluindo o Aterro do Flamengo, a região(Zona Sul) dos 38 hotéis onde estiveram hospedadas as dife-rentes delegações, e o Riocentro, locais dos eventosprioritários da Conferência.

Nesse contexto, na Zona Norte da cidade, a região deimportantes conexões entre as Linhas Amarela, Vermelha, e

a Avenida Brasil, ficou sob a responsabilidade do Co-mando da AD/1, liderança do General de Brigada Antô-nio Carlos Machado Faillace, que além do 11º Grupo deArtilharia de Campanha (11º GAC), recebeu o ControleOperacional da Força Tarefa 2º Batalhão de InfantariaMotorizado (FT Avaí)/9ª Brigada de Infantaria Motoriza-da(9ª Bda Inf Mtz).

Há que se destacar que a 9ª Bda Inf Mtz não tevemissão específica no plano de segurança da “Rio + 20”,

em virtude de permanecer com o seu Comando (General deBrigada Carlos Maurício Barroso Sarmento) e a sua Força Ta-refa 1º Batalhão de Infantaria Motorizado (FT Sampaio), con-cluindo a complexa e muito bem sucedida missão da “Força dePacificação” no Complexo Alemão/Penha que, a curto prazo,passou a ser Zona de Ação sob a responsabilidade da PMRJ.

A partir do Aeroporto Tom Jobim (limite Norte), a regiãodo Cais do Porto e abordagem da Ponte Rio-Niterói, até oAeroporto Santos Dumont (limite Sul), foi atribuída ao Gpt OpFuz Nav.

O maior e mais sensível trecho da orla marítima, desde oAeroporto Santos Dumont (limite Leste), passando pelas áre-as críticas do Aterro do Flamengo, da região de concentraçãodos hotéis das diversas delegações, do Riocentro e sua peri-feria, indo até quase o limite Oeste da Barra da Tijuca (umafrente de cerca de 40 Km), ficou sob a responsabilidade daBda Inf Pqdt, atualmente, sob o Comando do General de Bri-gada Roberto Escoto.

Sob a liderança do General Escoto, 2.075 combatentesdos 25º, 26º, e 27º Batalhões de Infantaria Paraquedista(BIPqdt) e do 8º Grupo de Artilharia de CampanhaParaquedista (8º GACPqdt) foram desdobrados nesta longa erelevante faixa do terreno, que se caracterizava por ser, ao

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A atuação integrada dos meios aéreos de váriasinstituições foi outro ponto alto do evento

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mesmo tempo, região prioritária de hospedagem, e tambémprioritária quanto ao movimento e itinerários das diversasdelegações. Por outro lado, trata-se de uma área da cidadeque, rotineiramente, quando de eventos de grande porte, coma presença de grande número de estrangeiros, torna-se tam-bém um atrativo para a criminalidade em presença. Por tudoisso, essa Grande Unidade de elite do EB foi contempladacom esta Zona de Ação.

Na fase final da Conferência, já com a presença dos Che-fes de Estado/Governo, uma manifestação de protes-to, tendo sua origem na “Cúpula dos Povos”, lidera-da, inclusive, por elementos estrangeiros, foi organi-zada para investir a área de segurança do Riocentro.O General Escoto, alertado com a devida antecedên-cia pelo Comando do seu Batalhão com responsabili-dade naquela Zona de Ação (que incluía a área exter-na do Riocentro), reajustou o seu dispositivo e tevesucesso na tarefa de dissuadir a confrontação que seevidenciava como iminente. As negociações que evi-taram um incidente de graves proporções, foramconduzidas pelo próprio General Adriano, ComandanteMilitar do Leste. Este foi, indubitavelmente, o momen-to mais tenso vivenciado pelas forças de segurançado evento.

Outro aspecto altamente positivo a se destacar naZona de Ação Pqdt foi a excelência da integração en-tre a tropa e os integrantes das OSOP, particularmen-te, da PMRJ e da Guarda Municipal. Esse tipo de ope-ração de segurança terrestre tem como característi-cas básicas o planejamento centralizado e uma exe-cução altamente descentralizada. Nesta ZAç, não raro,essa descentralização foi até a fração de mais baixo

escalão, a Esquadra (4 combatentes Pqdt ) e a guarnição daviatura policial (2 a 4 PMs). O resultado, fruto de um trabalhometiculoso de elevado padrão técnico-profissional, desenvol-vido entre os Comandos das Unidades Pqdt e suascontrapartes dos OSOP, foi excelente sob todos os aspectos.

Na ZAç da Bda Inf Pqdt, há ainda que se destacar, apesardas condições ambientais operacionais adversas, em funçãodas grandes distâncias, a excelência do planejamento e daexecução de um apoio logístico muito bem concebido, e de

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Paraquedistas garantindo a segurança dos hotéis onde os Chefes de Estado estavam hospedados

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Tropas de choque do 1° BG, sob controle operacional da BdaInf Pqdt, impedindo o acesso de manifestantes ao Riocentro

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um sistema de comunicações seguro, efici-ente e eficaz, durante todo o evento. Da mes-ma forma, há que se enfatizar a profícuaatuação de elementos do 1º Esquadrão deCavalaria Paraquedista (1º Esqd C Pqdt) eda Companhia de Precursores Paraquedista(Cia Prec Pqdt), sobretudo, nas ações espe-cíficas de reconhecimento terrestre eaeromóvel.

Na área do Riocentro, foi desdobrada a4ª Brigada de Infantaria Motorizada (4ª BdaInf Mtz), sede em Juiz de Fora/MG, GrandeUnidade atualmente sob o Comando do Ge-neral de Brigada Otavio Santana do RegoBarros, profissional com a notável experiên-cia de Comando da “Força de Pacificação”(quando integrada pela 4ª Brigada) na com-plexa e muito bem sucedida missão no Com-plexo do Alemão/Penha.

A 4ª Bda Inf Mtz dividiu com o Departa-mento de Segurança das Nações Unidas, ocontrole do Riocentro, permanecendodiretamente subordinada ao CCOpSeg/CML.Desdobrou naquele local o efetivo de 1.300combatentes. Na fase final do evento, quan-do da presença dos Chefes de Estado/Governo, houve umreforço com a presença da tropa Pqdt na parte externa dolocal, o que elevou o efetivo militar para 2.364 militares,além do efetivo da Polícia Federal, realizando a segurançavelada dentro da instalação; e a Polícia Militar e a GuardaMunicipal fora.

Na programação da fase final da Conferência ocorreu umshow com a presença de Chefes de Estado/Governo, na Are-na da Barra (HSBC), próxima ao Riocentro, evento cuja se-gurança ficou a cargo do 1º Batalhão de Polícia do Exército(1º BPE), diretamente subordinado ao CCOpSeg/CML, quefoi reforçado por mais duas Companhias de Infantaria, alémde integrantes dos diversos OSOP.

O 15º Regimento de Cavalaria Mecanizado (15ºRCMec),equipado com viaturas leves, procedeu a patrulhamentos pordiferentes itinerários. Na fase final, passou ao ControleOperacional da Bda Inf Pqdt. Seus carros blindados pesados“Urutu” permaneceram durante todo o evento em condiçõesde pronto emprego, estacionados, cobertos e abrigados emáreas estratégicas da cidade. Não houve necessidade de seuemprego, nem mesmo com fins dissuasórios.

Um aspecto altamente positivo na coordenação desenvol-vida pelo CCOpTer/1ª DE foi a subordinação da 1ª Compa-nhia de Guerra Eletrônica (1ª CiaGE – reforço oriundo doCCOMGEx, Brasília/DF) à sua Célula de Inteligência. A 1ª CiaGE instalou cinco estações sigilosas de monitoramento, em

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Durante o incidente no Riocentro, o comandante local da PMconversa com os generais Escoto (Bda Inf Pqd) e Abreu (1ª DE)

Bda Inf Pqd

Concentração de meios para Operação de Controle de Distúrbios

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pontos estratégicos da Zona de Ação, com relevantes resul-tados em termos de segurança, eficiência e eficácia do siste-ma de comunicações.

No que se refere aos OSOP, como de costume, todos osseus integrantes sentem-se muito confortáveis quando nasituação de Controle Operacional dos Grandes Comandos doEB. Até porque, estão conscientes de que as autoridades mi-litares em presença conhece a fundo, as peculiaridades dopreparo e do emprego de todos os OSOP.

A Secretaria de Segurança Pública do Estado do Rio deJaneiro aplicou R$ 5 milhões para o pagamento de trabalhoextra de policiais por meio do “Regime Adicional de Serviço”(RAS), que foi utilizado pela primeira vez por ocasião desteevento internacional. Uma iniciativa providencial que corrigiuuma distorção anteriormente verificada, com positivos refle-xos no moral dos policiais contemplados.

A PMRJ foi intensivamente empregada em áreas críticasonde o policiamento ostensivo se fazia impositivo. Instalouquatro Postos de Comando e Controle: Riocentro, Aterro doFlamengo, Quinta da Boa Vista e no Pier da Praça Mauá. 7,4mil policiais militares foram divididos em dois turnos; cercade 2,5 mil a cada dia. A PMRJ empregou ainda 400 viaturas,89 cavalos, 58 motocicletas, 13 cães farejadores e dois heli-cópteros. Elementos do Batalhão de Operações Policiais Es-peciais (BOPE) permaneceram em condições de pronto em-prego, inclusive, de passarem ao Controle Operacional daBda Op Esp, do EB, no Centro de Coordenação Tático Inte-grado (CCTI).

A Polícia Civil permaneceu cuidando de suas tarefas dePolícia Judiciária. Nesse contexto, instalou duas delegaciasmóveis; uma, no Riocentro; e, outra, no Aterro do Flamengo.390 policiais civis trabalharam nas delegacias e nos postosavançados da Conferência, no policiamento dos eventos ofi-

ciais, e paralelos, além das áreas turísticas e de maior con-centração de visitantes. Além disso, as Forças de OperaçõesPoliciais Especiais - o Esquadrão Antibombas e o Grupo deIntervenção Tática da Coordenadoria de Recursos Especiais(GTI/CORE) - ficaram em condições de pronto emprego, in-clusive, de passarem ao Controle Operacional da Bda Op Esp,do EB, no CCTI.

A Guarda Municipal, engajada na proteção dos bens e ins-talações municipais, empregou cerca de mil guardas munici-pais a cada dia. Os crimes federais, a segurança interna doshotéis e do interior dos locais dos eventos, e as escoltas mo-torizadas de comboios, ficaram a cargo da Polícia Federal,que empregou 1,4 mil delegados e agentes. O controle dasrodovias, particularmente nos acessos à cidade, permaneceucom a Polícia Rodoviária Federal, que desdobrou 1,4 mil poli-ciais. O controle de trânsito, no âmbito das áreas críticas paraos deslocamentos e itinerários das delegações, foi excepcio-nal e permanentemente controlado pela CET-Rio.

E, finalmente, mas nem um pouco irrelevante, o Corpo deBombeiros Militares (CBM), além de manter suas unidadeslocais de combate a incêndios, na situação de pronto empre-go, instalou sete Grupos Táticos Avançados (GTA), em pon-tos estratégicos da cidade, visando fazer face, no mais curtoprazo possível, a quaisquer emergências. Foram emprega-dos 600 bombeiros militares no evento. Um aspecto altamen-te elogiável do CBM do Estado do Rio de Janeiro é o profundoentendimento do seu papel no que se refere à Defesa CivilNacional e Estadual.

A experiência e o desempenho do CCOpTer/1ª DE foi ex-celente sob todos os pontos de vista. Sobretudo, neste Cen-tro, viveu-se com grande intensidade e de forma muito bemsucedida a competência profissional multidisciplinarinteragências.

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Polícia Rodoviária Federal, sob o controle operacional da Bda Inf Pqdt,num Posto de Bloqueio e Controle de Vias Urbanas (PBCVU)

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Coube ao Vice Almirante Elis Teidler Öberg, coman-dante do 1º Distrito Naval, o encargo de estabelecer oCCOpMar/1º DN. A partir deste Centro foram im-plementadas todas as ações de planejamento, execu-ção e monitoramento das operações marítimas e terres-tres nas áreas sob responsabilidade da Marinha do Bra-sil, durante a Conferência.

Nessas operações, desde o dia 5 de junho, a Marinhaempregou no mar duas fragatas, uma corveta (todasempregadas no Controle de Área), cinco navios-patru-lha, dois avisos de instrução, dois avisos de patrulha,quatro lanchas de apoio ao ensino e patrulha e 14 em-barcações pneumáticas.

Em terra, a Marinha do Brasil empregou um contin-gente aproximado de 2.200 fuzileiros navais, que ga-rantiram a segurança de autoridades e delegações aolongo dos itinerários e nos locais sob responsabilidadeda Força Naval. No total, no mar e em terra, foram mo-bilizados 3.200 militares da Força.

Além de seu desempenho nas atividades relaciona-das à segurança da RIO + 20, os navios e embarcaçõesrealizaram ações de Inspeção Naval, a fim de preservarem asegurança da navegação e a salvaguarda da vida no mar.

O CCOpMar/1º DN manteve a subordinação direta doGrupamento de Mergulhadores de Combate (GRUMEC), For-ça de Operações Especiais da Marinha, particularmente doseu Grupo Especial de Retomada e Resgate (GERR), para apossibilidade de emprego contra ameaças prioritariamente

O CCOpMar/1º DN

marítimas; embora pronto para passá-lo ao Controle Ope-racional da Bda Op Esp, no Centro de Controle Tático Inte-grado (CCTI). O mesmo ocorreu com o Batalhão de Opera-ções Especiais de Fuzileiros Navais (Btl Op Esp Fuz Nav).

O CCOpMar/1º DN também vivenciou, com muita propri-edade, uma intensa competência profissionalmultidisciplinar interagências.

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Fuzileiros Navais em patrulhamento na Linha Vermelha

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Centro de Coordenação de Operações da Marinha

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Coube ao Major Brigadeiro do Ar Luiz Carlos Terciotti,Comandante do III Comando Aéreo Regional (III COMAR), aresponsabilidade pela instalação do Centro de Coordenaçãodas Operações de Segurança Aeroespacial (CCOpAer/IIICOMAR). A este Centro coube as tarefas de coordenação doGerenciamento de Fluxo e Controle do Espaço Aéreo, DefesaAeroespacial, e operações das Bases Aéreas do Galeão, SantaCruz e dos Afonsos.

No que se refere ao Gerenciamento de Fluxo e Controledo Espaço Aéreo, o Departamento de Controle do EspaçoAéreo (DECEA), emitiu, com a devida antecedência, por meiode informações aeronáuticas, conhecidas como NOTAM (Noticeto Airmen), as medidas de restrições e proibições desobrevoos no Rio de Janeiro, entre os dias 8 e 23 de junho.De acordo com o DECEA, o objetivo foi maximizar a seguran-ça do evento e das delegações, com o menor impacto possí-vel sobre o tráfego aéreo civil.

As regras se tornaram mais rígidas no período entre 20 e23 de junho, quando ocorreu o “Segmento de Alto Nível daConferência”, com a presença de todos os Chefes de Estado/Governo e suas comitivas. Nesse período, foi estabelecidasobre o Riocentro uma área de voo proibido de 14 Km de raioe até 6.000 metros de altitude, na qual só ocorreu o sobre-voo de aeronaves militares, de segurança pública e de servi-ços médicos, além de voos de transporte de Chefes de Esta-do/Governo.

Durante todo o período da Conferência, o tráfego aéreodo Rio de Janeiro foi feito pelo Centro de Gerenciamento deNavegação Aérea (CGNA), instalado ao lado do AeroportoSantos Dumont.

No que se refere à Defesa Aeroespacial, caças F-5M e A-29 (Super Tucano) permaneceram na situação de alerta no

solo, na Base Aérea de Santa Cruz, em condições de, emminutos, interceptar qualquer aeronave que estivesse voan-do sem um plano de voo aprovado pelo Comando de DefesaAeroespacial Brasileiro (COMDABRA). Na Base Aérea dosAfonsos, ficaram estacionados, também em condições de pron-to emprego, helicópteros H-60 Blackhawk e AH-2 Sabre (fa-bricação russa, oriundos de sua base, na Amazônia), capaci-tados a acompanhar alvos mais lentos, como aviões de pe-queno porte. Tanto os caças quanto os helicópteros tambémcumpriram o alerta em voo, quando permaneceram em rotaspróximas das áreas de segurança, em condições de reduzir otempo de reação.

Como um procedimento rotineiro na Defesa Aeroespacial,todas as ações foram coordenadas pelo COMDABRA, que re-cebe as informações tanto dos aviões e helicópterosinterceptadores, quanto da rede de radares dos quatro Cen-tros Integrados de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo(CINDACTA). Também estiveram no Rio de Janeiro os aviões-radar E-99 (oriundos da Base Aérea de Anápolis), equipadoscom sistemas que permitem monitorar todos os aviões sobrea cidade, inclusive aqueles navegando a baixa altitude.

De grande utilidade foi a presença de uma Aeronave Re-motamente Pilotada (ARP), também identificada militarmen-te como Veículo Aéreo Não Tripulado (VANT), a RQ 450, do 1ºEsquadrão do 12º Grupo de Aviação (1º/12º GAv), Esqua-drão Hórus, da FAB. Por meio de sensores e câmeras, trans-mitiu imagens em tempo real, típicas de reconhecimentosaéreos, da região do Riocentro, para o CCOpSeg/CML. A Con-ferência “RIO + 20”, propiciou que a ARP RQ 450 fosse em-pregada pela primeira vez, num grande centro urbano. Ante-riormente, já tinha sido empregada, com excelente rendi-mento, na Operação Ágata I, contra delitos transfronteiriçosna fronteira Brasil/Colômbia.

Outro aspecto relevante é que elementos da 1ª Brigadade Artilharia Antiaérea (1ª BdaAAe), atualmente sob o co-

O CCOpAer/III COMAR

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Roberto Caiafa

Caças F-5M estiveram em prontidão no solo e também em voo

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mando do General de Brigada Marcio Roland Heise, participa-ram efetivamente do esforço de defesa aérea. A esta grandeunidade do Exército Brasileiro que integra o COMDABRA, tra-balhando rotineiramente com a FAB, cabe a complexa e im-portante missão de defender o espaço aéreo brasileiro nasbaixas e médias altitudes.

Nesse contexto, baterias equipadas com armamento detubo (canhões Oerlikon, de 35mm, bitubos, conjugados comdiretoras de tiro Super Fledermauss; e canhões Bofors 40mm/L70, orientados por diretoras de tiro nacionais EDT FILA) emísseis portáteis do tipo IGLA, de curto alcance e guiamentoinfravermelho (fabricação russa), estiveram desdobrados empontos estratégicos das áreas de segurança. Há que seregistrar que a presença do recentemente incorporado radarM60 SABER foi um fator de significativo incremento dacapacitação operacional desses elementos antiaéreos.

O CCOpAer/III COMAR também coordenou as atividadesdesenvolvidas nas Bases Aéreas do Estado do Rio de Janeiro.Na Base Aérea e no Aeroporto do Galeão ocorreu um intensomovimento de embarque e desembarque de comitivas. A deSanta Cruz foi fundamental para a defesa aérea; e a dosAfonsos, situada a apenas 16 km do Riocentro, ganhouconotações estratégicas nas situações emergenciais, em fun-ção que ali estavam estacionados os helicópteros da FAB, Ma-rinha, Exército e OSOP. Todas estas bases e também o Aero-porto Santos Dumont estiveram sob a guarda dos Batalhõesde Infantaria da Aeronáutica (BINFA). O Hospital da Força Aé-rea do Galeão (HFAG), internacionalmente conceituado pelasua expertise no tratamento de queimados, foi mantido prontopara o atendimento médico emergencial das comitivas.

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O PARASAR manteve sua condição de pronto emprego e apto a ser integrado ao CCTI

A Unidade de elite das Forças de Operações Especiais daFAB, o Esquadrão Aeroterrestre de Salvamento – EAS (PARASAR)foi mantido em condições de pronto emprego, inclusive, depassar ao Controle Operacional da Bda Op Esp, no CCTI.

A exemplo dos demais CCOp, este também operou com oapoio de representantes de diferentes agências governamen-tais aos níveis federal, estadual e municipal, tais como: Mi-nistério das Relações Exteriores, Infraero, Polícia Federal,Receita Federal, Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC),Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e outras.

O CCOpAer/III COMAR também vivenciou, com muitapropriedade, uma intensa competência profissionalmultidisciplinar interagências.

Guarda de Honra prestada pelo BINFA

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As atividades consensualmente aceitas nos cinco conti-nentes como básicas na Prevenção e Combate ao TerrorismoTransnacional Contemporâneo são: o Apoio de Inteligên-cia; o Antiterrorismo; o Contraterrorismo; e a Admi-nistração de Consequências.

No desenvolvimento das operações de segurança terres-tres, marítimas e aeroespaciais da “RIO + 20”, todas estasatividades foram contempladas, fazendo-se impositiva umaanálise de aspectos específicos, para a sedimentação dosensinamentos colhidos que, certamente, necessários serãoem eventos futuros.

O Apoio de Inteligência já foi foco de abordagem emtópico anterior. O aspecto a ser acrescentado é que não se podeminimizar (ou esvaziar) o papel da ABIN e, consequentementedo SISBIN, como um todo, com relação a esses temas críticos,com argumentos patéticos plenos de ranço político-ideológicode “que o Brasil está imune a ameaças dessa natureza”. Ou quepelo fato de o Governo do Brasil não reconhecer nenhuma or-ganização como terrorista, “não temos esse tipo de inimigos”.

Nesse contexto, levando-se prioritariamente em conside-ração as responsabilidades brasileiras na crítica Região daTríplice Fronteira do Cone Sul, decorrentes do estabelecimentodo “Mecanismo 3+1” (Brasil, Argentina, Paraguai e EUA), háque se manter como um instrumento absolutamente indis-pensável, o intercâmbio com as demais agências de inteli-gência selecionadas de nações amigas.

A prevenção e o combate ao terrorismo na RIO+20 O Antiterrorismo, atividade caracterizada pelas medi-das ostensivas defensivas de caráter preventivo, foi muitobem contemplada na “RIO + 20”, pelas grandes unidades sobControle Operacional da 1ª DE. Todas, e não foi por meracoincidência, são possuidoras de uma larga experiência emOperações de Estabilidade (vide a Missão de Estabilidade dasNações Unidas no Haiti e as Operações de Garantia da Lei eda Ordem, no território nacional), sempre desenvolvidas empresença de forças irregulares de diferentes matizes e comdiferentes capacitações operacionais.

Na “RIO + 20”, uma ocorrência significativa, de certa for-ma inédita, foi o excepcional nível de integração entre “For-ças Antiterror” militares e policiais, em todos os esca-lões, inclusive nos mais baixos. Este foi, indubitavelmente,um dos aspectos mais positivos desta grande Operação deSegurança Integrada muito bem sucedida.

Um ponto a ser explorado em adestramentos futuros éuma maior inserção dessas “Forças Antiterror” (AT) nas situ-ações de emprego das “Forças Contraterror”(CT). Incidenteshistóricos, pesquisados a fundo (para a otimização de LessonsLearned), como os ocorridos com as forças de segurança rus-sas contra a Frente Chechena de Libertação, nos episódiosdo Teatro Municipal de Moscou e na Escola Pública de Beslan;e, sobretudo, na verdadeira “ação de comandos” suicidadesencadeada por dez elementos integrantes da organizaçãoterrorista paquistanesa (filiada à Al Qaeda) Lashkar-e-Taibasobre alvos selecionados na cidade de Mumbai, demonstramcabalmente que há que se estabelecer laços táticos entre estesdois segmentos, privilegiando o princípio de Unidade de Co-

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A capacitação e a flexibilidade de integração da Bda Op Esp a fazem a unidade ímpar do tipo no Brasil

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mando e adestrando intensi-vamente procedimentos inte-grados entre os diversificadosEscalões de Assalto (CT) –neutralização da(s) ame-aça (s) - e de Segurança(AT) – isolamento da(s)área(s) objetivo(s) - quan-do desdobrados.

O Contraterrorismo,atividade caracterizada pelasmedidas ofensivas de caráterrepressivo, também se fez re-presentar nesta Conferênciapelo que o Brasil tem de me-lhor nas suas FOpEsp. A BdaOp Esp, grande unidade atual-mente comandada pelo Gene-ral de Brigada Marco AntonioFreire Gomes, com sede emGoiânia (GO), mais uma vez,ratificou a sua liderança ímpar(atividades de escolta e patru-lha aeromóveis, varreduras dediferentes finalidades, signifi-cativa presença de especialis-tas em operações psicológicase ensaios específicos de con-tingências emergenciais, en-volvendo todas as FOpEsp dis-poníveis), sobretudo, por sera única FOpEsp em presença,realmente preparada para odesencadeamento, não de ações CT isoladas mas, sim, deuma “Campanha de Contraterrorismo” (várias ações CTsimultâneas, com diferentes graus de intensidade, e em síti-os distantes entre si; ou uma única ação CT, de grande porte,que, em função dos espaços e efetivos envolvidos, demandeprioritariamente o emprego do Princípio da Massa).

O que diferencia substancialmente essas capacitações é aquantidade de Equipes Táticas de Assalto e de Caçadoresdisponíveis, prontas para emprego imediato. E, ponto alta-mente positivo, aquela Bda consegue alcançar estacapacitação sem redução do nível qualitativo dos seus qua-dros combatentes (possuidores de dois dos mais seletivoscursos das Forças Armadas do Brasil – Ações de Comandos eOperações de Forças Especiais).

E, também graças à rotineira prática, verdadeira culturanas FOpEsp do EB, de integrar com plena naturalidade, Des-tacamentos Operacionais de Forças Especiais (DOFEsp) comDestacamentos de Ações de Comandos (DAC) – constituin-do Destacamentos de Ação Imediata (DAI) - capacitados aoperar como se DCT fossem. Um exemplo típico dessa rea-lidade é o excepcional desempenho dos Destacamentos deOperações Especiais de Paz (DO Paz), na Missão do Haiti,cujas performances ao longo dos diferentes contingentes,têm chamado a atenção de experientes observadores dediferentes países.

O CCTI diretamente subordinado ao CCOpSeg/CML, maisalto escalão em presença, fundamenta um princípio essenci-al, que é a Cadeia de Comando a que o Comandante daForça Tarefa Conjunta de Operações Especiais (FTCjOpEsp),Chefe do CCTI e Coordenador da Ação Contraterrorista -CACT (três funções exercidas simultaneamente por um únicoprofissional) está subordinado. Inclusive, quando o GeneralAdriano afirmou que estava científico-tecnologicamente ca-pacitado a ter a mesma visão que um caçador tem com a sualuneta acoplada ao seu armamento, na tela do seu monitor, eque nesse momento quem decidiria se o disparo letal seria

ou não executado, seria ele,Gen Cmt CML – Coordenadorde Segurança de Área, esta-va exercendo, de fato e de di-reito, a sua posição na Cadeiade Comando que, numa deter-minada contingência emer-gencial, poderia lhe impor sero CACT.

Simulações e Instruções deQuadros baseadas em Estudosde Casos (EC), que propiciemo exercício dessa Cadeia deComando, com incidentes tí-picos de situações de CT, emdiferentes níveis (envolvendodiferentes decisores, de dife-rentes níveis hierárquicos, ede diferentes instituições), cer-tamente, produzem significa-tivos saltos de qualidade.

Nesse contexto, há que sevisualizar com muitas reser-vas, a presença de FOpEspque, em função de decisõesdos escalões superiores desuas instituições, não seposicionam de forma integralsob o Controle Operacional daBda Op Esp, do EB. Já há quemdiga que não se trata de umafastamento, porque sempreque o CCTI programou uma

atividade de execução do evento ou de adestramento, ou sehouvesse uma necessidade emergencial, estas Unidades es-tariam prontas.

Mas, esta argumentação não se justifica, sobretudo, quan-do se tem em mente a “Área Afetiva”. Porque nessa comuni-dade altamente especializada, combatentes operadores es-peciais que vão correr riscos físicos e morais juntos, preci-sam estabelecer “comprometimentos” o que só se materiali-za pelo trabalho conjunto cerrado (o que na caserna identi-fica-se, universalmente, como estabelecimento de “laçostáticos”) que implica numa permanente troca de experiênci-as e capacitações de toda a ordem (pelo menos em determi-nados períodos de tempo que se repitam periodicamente). Eesta troca de experiências resultará, indubitavelmente, numaresultante altamente positiva de desempenho.

Outro aspecto não menos importante, necessitando deajustes, é a diferença de táticas, técnicas e procedimentos(TTP) referentes ao que, hoje, universalmente, se identificacomo CT Ofensivo, aquele caracterizado pela neutralizaçãoda célula terrorista, antes de que alcance o seu objetivo-alvo(e materialize o atentado). Este CT modernamente adotadonos cinco continentes, preconiza uma postura predominante-mente proativa/preemptiva. Acontece, e isso não ocorre ape-nas no Brasil, que as FOpEsp policiais são, via de regra,arraigadamente comprometidas com a postura reativa (emfunção da rotina de seu dia-a-dia), o que dificulta o seu em-prego num ambiente operacional regido pela proatividade.Até mesmo a forma convencional como se visualiza o papela ser desempenhado pelos chamados “negociadores”, já nãomais está sendo aplicada.

Como conclusão parcial, há que se reconhecer que exis-tem alguns problemas a serem resolvidos, sim. Porém, nadaque não possa ser gerenciado com períodos intensivos deadestramento competentemente conduzidos. E, sobretu-do, contando com a imprescindível aquiescência dos esca-lões superiores.

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Todavia, a Conferência “RIO + 20” propiciou algumas ino-vações científico-tecnológicas trazidas à tona no CCTI, dig-nas de registro. A Bda Op Esp está com uma recém adquiridaViatura Tática de Comando e Controle, capaz de opera-cionalizar a Inteligência, integrando, com a agilidade neces-sária, o subsistema ISR com o subsistema C4. Uma capacitaçãoímpar que se faz extremamente útil em qualquer ambienteoperacional em que as FOpEsp estejam desdobradas, so-bretudo, nas situações de Guerra Irregular, como é o com-bate ao terrorismo.

Outro significativo aspecto a registrar é o papel desenvol-vido pela Companhia de Defesa Química, Biológica, Radioló-gica e Nuclear (Cia DQBRN), devidamente reforçada pelo PelDQBRN da Bda OpEsp, compondo a Força-Tarefa ContraTerrorismo Químico, Biológico, Radiológico, Nuclear eExplosivo, capaz de executar contramedidas DQBRN, alémde consistentes e imprescindíveis varreduras. Inclusive, aDivisão DQBRN do Centro Tecnológico do Exército (CTEx)projetou uma viatura de reconhecimento móvel, que operouna “RIO + 20”, capaz de detectar ameaças químicas e radio-lógicas com até 10 Km de distância.

A Administração de Consequências é a atividade co-ordenada e controlada pelo organismo básico da Defesa Civilnacional. Tem como finalidade preparar e conduzir uma res-posta para minimizar os efeitos de um atentado, incluindoaqueles com uso de agentes QBRN. Enfatiza a emissão dealertas à população, planejamento de atendimento a catás-trofes, saúde pública, vigilância médico/sanitária e outrasmedidas preparatórias. Na “RIO + 20”, não houve ne-nhum incidente de qualquer natureza a lamentar. Fe-lizmente, todo o dispositivo preparado pelo CBMERJ perma-neceu de prontidão, porém não foi utilizado.

As FOpEsp das Forças Armadas do Brasil estão com seuscursos de especialização, seus critérios de seleção, dotaçãode material e programas de adestramento, em excelentescondições. Guardadas as devidas proporções provocadas pelaheterogeneidade regional, há que se considerar que o pa-drão das FOpEsp policiais também é de muito boa qualidade.

E a “RIO + 20”, ratificou toda essa perspectiva altamentepositiva.

A Conferência “RIO + 20” chegou ao final e o resultadoé, sem nenhuma dúvida, significativamente positivo. Muitoembora na sua parte programática, ambientalistas e par-celas significativas da opinião pública tenham manifestadoa sua decepção em função do prescrito no documento con-clusivo final – “O Futuro que Queremos” - que se diz tersido muito tímido, o evento conseguiu despertar debatesque, se não estão sendo respondidos já, certamente, serãorespondidos amanhã. Incontestavelmente, a “RIO + 20” dei-xou registrado que o Desenvolvimento Sustentável passaa ser tratado como paradigma, em todos os seus aspectos– social, ambiental e econômico.

E, o mais importante, foi que o Brasil, mais uma vez de-monstrou sua maturidade e competência para a organização econdução, em condições ótimas, de eventos dessa natureza.

Sobretudo, no que se refere especificamente ao aspectosegurança, as avaliações, independentemente de que paí-ses venham, são unânimes em referências extremamenterespeitosas e lisonjeiras. Analistas estrangeiros de diferentesmatizes desdobram-se nas assertivas de reconhecimento deque, diferentemente de muitos países, no Brasil, não sesente a falta de qualquer tipo de assessoria alienígena.

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A segurança da RIO+20 e os eventos futuros

BRASILACIMA DE TUDO!

Aliás, esta é uma característica que nos distingue de maneiraímpar – jamais precisamos nem de assessores e muito me-nos de tropa de outras nações no nosso território para resol-ver nossos problemas internos. E somos reconhecidos inter-nacionalmente por isso.

Possuímos uma riqueza incomparável que é a forma deintegrar multidisciplinarmente diferentes agências, sem quese arranhe a imprescindível Unidade de Comando. Até por-que, é nessa Unidade de Comando que repousa o fun-damento da Segurança Integrada. Essa riqueza não seconquistou de um dia para o outro, foi “garimpada” com mui-to trabalho e muita competência, ao longo de gerações.

Aí vem pela frente, a Jornada Mundial da Juventude Católicae a Copa das Confederações, em 2013; a Copa de Mundo, em2014; e os Jogos Olímpicos, em 2016. Uma verdadeira SAGA!

Mas, com certeza, como tem ocorrido até agora, a cadaum desses grandiosos e complexos eventos, a capacitaçãonacional se fortalece significativamente e, assim, aprimora-se para o passo seguinte.

O padrão das FOpEsp policiais é de boa qualidade

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Sobre o autor

lvaro de Souza Pinheiro é general-de-bri-gada na Reserva; analista militar especia-lista em Operações Especiais, Guerra Ir-

regular e Contraterrorismo. Serviu, como segun-do-tenente, primeiro-tenente, capitão, tenente-co-ronel e coronel, nas Forças Especiais do ExércitoBrasileiro, tendo exercido o comando do 1º Bata-lhão de Forças Especiais (1ºB F Esp - “BatalhãoAntonio Dias Cardoso”) nos anos de 1989, 1990 e1991. Nessas oportunidades, comandou inúmerasoperações de grande sensibilidade, particularmen-te, em proveito dos Comandos Militares da Ama-zônia e do Sul. Possui, dentre outras condecora-ções nacionais e estrangeiras, a Medalha do Paci-ficador com Palma, por bravura em ação na lutacontra a subversão e o terrorismo. Foi instrutor doCentro de Instrução Páraquedista General PenhaBrasil, da Academia Militar das Agulhas Negras(AMAN), da Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais(ESAO) e da Escola de Comando e Estado-Maiordo Exército (ECEME). De junho de 1994 a junho de1996, foi oficial de ligação do Exército Brasileirono U.S.Army Combined Arms Center, em FortLeavenworth, Kansas. Nesse período, foi Instrutordo U.S.Army Command and General Staff Collegee consultor da edição brasileira da revista MilitaryReview, daquela instituição.

Retornando ao Brasil, desempenhou a funçãode chefe da Seção de Operações de Paz, na 5ªSubchefia do Estado-Maior do Exército. Como ofi-cial-general chefiou o Centro de Avaliações doExército (CAEx); comandou a EsAO; e chefiou a3ª Subchefia do Estado-Maior do Exército (Dou-trina e Planejamento Estratégico), oportunidadeem que desencadeou o processo de ativação daBrigada de Operações Especiais (Bda Op Esp).Desde 2005, já na Reserva, aceitou o convite paraexercer a função de analista não residente da JointSpecial Operations University (JSOU), instituiçãode mais alto nível do Sistema de Educação Profis-sional Militar do Comando de Operações Especi-ais dos Estados Unidos (US SOCOM). Dentre seustrabalhos naquela instituição internacional, alémda participação em seminários, conferências eencontros de estudos estratégicos, destacam-seas publicações “Narcoterrorism in Latin America:a Brazilian Perspective” e “Irregular Warfare:Brazil’s Fight Against Criminal Urban Guerrillas”. NoBrasil, além de consultor do Departamento de Edu-cação e Cultura do Exército (DECEx) e de Tecnologia& Defesa, é conferencista convidado e colaboradorde inúmeras instituições militares e civis, destacan-

do-se a ECEME, a EsAO, a AMAN, o Curso Superiorde Inteligência Estratégica da Escola Superior deGuerra, a Escola de Inteligência Militar do Exército,o Centro Conjunto de Operações de Paz do Brasil,o Comando Militar do Leste, o Comando Militar doSudeste, o Comando da 2ª Divisao de Exército, aBda Op Esp, a Brigada de Infantaria Paraquedista,o Centro de Estudos Interdisciplinares em JustiçaCriminal da Universidade Católica de Brasília (ondeé professor do curso pós-graduação lato sensu “ODireito e a Inteligência no Combate ao Crime Or-ganizado e ao Terrorismo”), e o Instituto Nacionalde Altos Estudos/Fórum Nacional. É membro hono-rário da Associação de Comandos de Portugal, sen-do assíduo colaborador da revista “Mama Sumé”,daquela associação.

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Suplemento Especial nº 24 da revista Tecnologia & Defesa - 2012

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