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XV SEMINARIO NACIONAL DE GRANDES BARRAGENS RIO DE JANEIRO NOVEM.BRO 1983 REFLEXOES NA EVOLUcXO DO USO DE NOVOS MRTODOS CONS TRUTIVOS E UTI LI ZAcA O DE MATERIALS NAS BARRAGENS DE TERRA E ENROCAMENTO TEMA I V JOSE CANDIDO CASTRO PARENTE PESSOA HIDROTERRA S.A. - Engenharia e Co mercio.

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XV SEMINARIO NACIONAL DE GRANDES BARRAGENS

RIO DE JANEIRO

NOVEM.BRO 1983

REFLEXOES NA EVOLUcXO DO USO DE NOVOS MRTODOS CONS

TRUTIVOS E UTI LI ZAcA O DE MATERIALS NAS BARRAGENS DE

TERRA E ENROCAMENTO

TEMA I V

JOSE CANDIDO CASTRO PARENTE PESSOA

HIDROTERRA S.A. - Engenharia e Co

mercio.

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S U M I R I 0

Com o presente trabalho o autor pretende fazer um a

lerta aos Engenheiros Projetistas , Construtores e dirigentes

dos argaos contratantes sobre os problemas advindos do use in-

discriminado de novos metodos construtivos e materiais na cons

trugao de barragens de terra.

Esta'o relatados alguns exemplos de divergencias entre

renomados tecnicos , as quais, por vezes , resultaram em danos

nas obras . Ha, tambem , a citagao de acidentes identicos em

obras na mesma Organizagao , cuja reincidincia decorreu , unica-

mente , da falta de divulgagao.

Poderiamos citar inumeros outros problemas em obras

devido as tentativas apressadas no use de materiais e metodos

nao convencionais que sao, as vezes, impostos nas construgoes

ou apresentados em Congressos.

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I N D I C E

1. INTRODUcAO

2. OBSERVAC5ES DO COMPORTAMENTO DOS SOLOS E CONCEITOS CONS

TRUTI VOU

3. ACIDENTES DEVIDO A APLICAcAO DE MATERIALS E Mb'TODOS MAO

-CONVENCIONAIS DE PORMA INADEQUADA

3.1. Acidente em 1967

3.2. Acidente em 1980

3.3. Acidente em dezembro de 1981

3.4. Divergencias de Processor Construtivos ha Va

rios Seculos

3.5. Surpresas na Construgao de Barragens no Seculo

XVIII

3.6. Materiais e Metodos Construtivos no Seculo XIX

3.7. Materiais e Metodos Construtivos no Inicio do

Seculo XX

3.7.1. Divergencias Marcantes

3.7.2. Barragens Zoneadas

3.7.3. Conceitos da Drenagem nos Metodos

Construtivos.

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1. INTRODUcAO

A utilizaQao de novos materiais e metodos eonstrutivos

nas barragens , visando melhorar a economia e seguranga,data da

epoca em que dominava totalmente o empirismo.

Ha urea de meio seculo a engenharia de barragens come-

gou a sair da lase do empirismo,inieiando o "Pertiodo Racional".

Os conceitos sobre a utiZizagao dos mate riais ficaram

condieionados a fatores economicos. Desapareceram , nas obras

conclui dal , os grander depositos de "bota -fora". Somente mate

riais organieos deixaram de eer aproveitado8 . Quatquer materi

at, desde que no se j a organico e apresente condigoes economi-

cal na eua utilizagao , passou a ser aproveitado seguindo deter

minados processor eonstrutivos e espeei ficagoes . Os metodos

eonstrutivos foram ajustados , principalmente , atraves da evolu

gao da experiencia das equipe8 de engenheiros , as quail defron

tavam os problemas nas obras e recebiam apoio dos centros de

pesquisas e Consultores Espeeiais . As equipee de engenheiros

de barragem , ao adquirirem o conhecimento de uma explanaga-o to

on ca, compreendiam me Zhor os fenomenos que a envolviam na pra

tica.

2. OBSERVAC5ES DO COMPORTAMENTO DOS SOLOS E CONCEITOS CONS

TRUTI VOS

As especi ficagoes para a utilizagao dos materiais e me-

todos construtivos passaram a ser conduzidas de forma a ser ob

tido um equilibrio dos resultados apontados nas seguintee ob

eervagoes rotineiras:

2.1. Um mesmo solo coesivo pode ser compactado de forma a re

sultar um macigo com diversos graus de compactagao.

2.2. Ao aumentar o esforgo de compactagao em um solo eoesi-

vo, o peso espec^fico mdximo obtido corresponde a uma determi-

nada umidade diferente daquela registrada quando o solo a com-

pactado com um esforgo diferente.

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2.3. Um Bolo sem coesao , despejado num recipients toma uma

forma sem 8er prontamente deformado , apesar do elevado Indiee

de vaaios e baixa denaidade . Ease material apreeenta boa capa

cidade de carga deeds que no ocorra choque ou vibragao. Ao

ocorrer choque ou vibracao o equilibrio dense solo sofrera co

lapso passando a novo e8tado tendo denaidade maior . Ease solo,

as eetiver saturado , pasea a escoar como ee loose um Uq utid0.

2.4. E 990 m89m0 So to (sex C0e8a0), 8e for previanlente cQmpa c

tado para uma denaidade acima de um doterminado valor (den8i-dads critica), nao apreeentara problema8 de con8 olidagao a nem

colapso (Figura Anexa).

2.5. Um 8 010 coesivo , quando de8pejado num recipiente,ae con

eolidara , nao aomente devido a carga mas tambem Bob o efeito do

seu proprio peso. Es8a eoneolidaga"o nao a unicamente fungao

da carga mas tambem a fungao do tempo em que estiver aplicada

a carga.

Z.6. 0^ ^OIo Qo iio8 Sao gerabMon^a 1rmFjri'fiIgr4Y&ic pando de

vidamente compactados. A carga apZicada nesses solos atua con

tribuindo para aumentar a pre88 ao nos poros . Eeea preee ao e

lentamente diaaipada,

2.7. 0 Bolo coesivo, quando confinado em um extrato na funda

ga-o, a consolidagao varia proporcionaZ ao quadrado da espeasu-

ra do material que e8 to aendo drenado nac dual faces.

2.8. Quando o extrato de solo coesivo esta eonfinado, aendo

uma das eamadas permeaveie e a outra impermeavel , a consolida-

gao varia proporcional a medida do quadrado da espeeeura do ma

teria 1.

2.9. Para o solo no corpo da barragem a coneolidagao a extre

mamente complexa.

2.10. Alguns solos compactados consolidam- se mail rapidamente

se submetidos a carga, quando saturados. Observa-se que isto

ocorre com 8olo8 que foram compactados com menor teor de umida

de.

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2i11, Obeerva -ee, que para um determinado eeforco de compao-

tacao , a maior densidade sera obtida somente em um determinado

teor de umi da de do soto.

2.12. Con8tata- se, que aumentando o esforgo de eompactagao,

coneegue -ae melhor consolidagao se o teor de umidade for redu-

sido.

Essas oba ervago es sao exatamente o oposto da ideia co-

mWm dv# qu e, paradvxatmet j akti;zWm quv a v apZzear mati vror de umidade seria obtida melhor eompactagao.

2.13. Obserod-se, tambem, que a levados va lures da pressao nos

poros OCOPPOm quando o material a aompaetado ou oonoolidado pa

ru ff mgn r dniwidum Ffiiimis is oraoau adue ria aurua no indica o s vazios como zero.

2.14. Atraves de inumeros ens aios de laboratorio determinou-

-se as condigo`es limites de umidade para uma determinada car-

ga, na qual , nao haja mail conso lidagao pela saturagao, nom o-

eorra desenvolvimento de elevada pressao nos poros. Procurou-

-ee, nos ensaios, aplicar o esforgo de compactagao dentro dos

limites que sejam viaveis na execugao da obra.

2.15. Constata -se, em alguns ensaios de eonaolidaga-o, que as

amostras , ja compactadas , apresentam acentuado aumento de con-

solidagao quando saturadas. Ease efeito de saturagao deve ser

evitado numa estrutura de uma barragem de terra.

2.16. Atraves de ensaios nos Zaboratorioa , concluiu -se, que

para uma determinada earga, exists um valor do teor de umidade

acima do qual o efeito de saturagao a desprezivel . A e88e va-

lor foi dada a denominaga o de teor de umidade minima. Na pra-

tica , quando se conatroi um macigo argiloso, havers perdas de u

midade no preparo do material e, portanto , a umidade deve fi

car acima daqueZa estabelecida como Zimite minimo. Em caso con

trario, o efeito da saturagao sera acentuado.

2.17. 0 efeito da pressao nos poros aumenta quando cresce a

carga sobre uma massa de solo (a medida que aumenta o teor de

.umidade) e, portanto, diminui a resistencia ao ci$ aZhamento.

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2.18. Os "bota -fora" devem ser a liminados principalmente u-

sando o reeurso de " zonear" a barragem.

Cona tatamoe , ainda hoje , obra8 cujas ensecadeiras nao

sao i.ncorporada a ao corpo da barragem , as escavagoea sao total

mente trana formadas em bota -fora, os materiais ua ados na cons-

trugao do macigo sac trans portados de grandee distancias e,

quando ex i ste algum aproveitamento dos matertiais dab e8 cava-

goee, o meemo se proce88a atraves de diver8a8 operacoe8 de cargas e descargas.

Paralelamente , eonfrontamos nessas mesmas obras com no

vos eoneQitba na utili zaoao de materiais a pPo ee8eoe eeilstrAiv08. Por vexes, eases novos concertos nao estao redundando em

economia e nem melhorando as padroes de seguranga, alem de cri

ar di fi culdades execut % vas.

Naa obras ad-6 fregl^2nt^B os dQbates cobra diAeordanezade use de determinados materiais e metodos construtivos. Na

nossa experiencia, identificamos que o dono da obra,por vexes,

prefere apoiar a argumentarao melhor apresentada nos relato

rio8 redigidos com riqueza didatica.

3. ACIDENTES DE VI DO A APLI CAfAO DE MATERIALS E MgTODOS

NAO-CONVENCIONAIS DE FORMA INADEQUADA

Paasamos a expor, inicialmente, de forma resumida, al-

guns problemas recente8 , sem citar o nome das obras , seguindo-

-se de outros mais antigos, devidamente identi fieados:

3.1. Acidente em 1967:

Em 1966 participavamos do reinicio da eonstrugao de u-

ma barragem de terra, homogenea, com altura pequena. 0 dono da

obra preferiu seguir a orientagao de use de materiai8 com no

vos metodos construtivos, ricamente apoiado numa nova teenolo-

gia. Um ano depois, a obra foi acidentada,ainda no periodo de

construgao, confirmando o'receio de um grupo de engenheiros.

Ease acidente terra dado grande contribuiga'o a engenharia Be

tivesse aido divulgado, bem como evitado outros em eondigo'es

identical.

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J.Z. Ao'danta or 1390 .

t

Em 1979, no de8conhecimento dos reeultadoe negatives,

no use e processor construtivos, adotado8 na obra citada no i-

tQm 1, a mam a proprti etarfo daquo la obra daeidiu s eguir a pra-tica comprovadamente perigosa . Novamente , identico acidente ao

de 1967 ocorreu nessa organizagao em novembro de 1980. Novamen

te, nenhum provetto para a engen^Zartia resuttou dense prejut2o,

poi8 o mesmo nao foi divulgado.

3.3. Acidente em dezembro de 1981:

3.3.1. Reportamo -nos, inicialmente, ao acidente ocorrido ha

45 anon , na barragem de "Fort Peck", do "U.S. Corps Engineers"

quando estava proxima a sua conclus aao. Profundas peequisas fo

ram desenvolvidas , as quail resultaram em valioaas eontribui-

goes no use de materiais e processor construtivos . 0 Prof. Ca

sagrande havia apresentado em junho de 1938 o trabatho "The

Shearing Resiatenee of Soils and it's Relation to the Stability

of Earth Dams " abordando o problema de "lique fagao".

Ease trabatho comp lementou o anterior apresentado per

Casagrande em Janeiro de 1936 com o titulo "Charaeteriets of

Cohesion leas Soils Affe cting the Stability of Earth Fills".

0 conceito sobre o estado de densidade ertitiea de um

material rem coesao paaaou, dende entao, a ser me Thor pesquisa

do a observado nas obra8 . Como reeultado deaaaa peaquieae con

cluiu-se que as areias , se compactadas com densidade re lativa

acima de 0, 70, ee tao com densi dade acima da "densi dade eri ti

ca". Nas areias finas e de granulometria , favoraveis a lique-

faga-o, easa densidade paasou a ser indicada com valores mail

e levados , chegando -se a recomendar 0, 80. Os enaaioe na meeani

ca dos solos eetao condicionados a diversos fatores e nem sem-

pre chegam ao rigor desejado. Foi essa uma das prineipaie ra-

zoes das equipes do "U.S. Bureau of Reclamation " terem estabe-

lecido suas eapeci ficagoee com eases Zimites, acima menciona-

doe, e rotineiramente dispensaram a realizagao de ensaios para

determinar a "densidade critica".

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Essas pesquisas estimuladas pela divulgagao do aciden

to da "Port Peck " trouxe imenea eontribuigao papa a engenharia

de barragens.

0 use de materiais nao coesivos , com densidade abaixo

de 0.70 tornou-se praticamente inaceitave l .

3.3.2. Apesar das ligoes provenientes do que ocorreu nao 8o

mente em "Fort Peck", foi eoncluido um projeto , em 1975,que es

tabelece novos metodos nao-convencionai 8 no "lay -out" e espeei

ficafoeo, Fvrgm dcg prc; jggq jjFjKj1rVgj vj r^jggj dgcorrVn 4Udo estado de "den8idade eritica" nos solos nano coesivos.

Grandee bolsooee de areia fofa foram identi ficados nas

camadas pro funda s da fundargav, Foram identi ffoadvs materiaiscom 8ilte . Os materiais nao coesivos , Segundo as espeei fica-

goes , deviam ser eompactados com densidade relativa de 0,60 em

daterminadas areas do obra a eom pow eontrolo em outran a-re as.

A Supervi8ora no foi compreendida quando alertou,por

eserito, em 1370 a 1300, ao proprietario da obra, quanto a ne-cessidade de ajustar o emprego dos materiais e procesaos eons-

trutivoe para oe padroee , ate entao , usados com grande eeono-

mia e seguranga naquela propria organizacao.

Em dezembro de 1981 ocorreu acidente , cujas earaete-

ri aticas , levam a supor tratar-se de um colapeo proveniente da

aplicagao eem um estudo profundo de metodos nao-conveneionais.

Novamente , no nosso conhecimento , a reconstrugao da

barragem nao considerou os riscos assumidos anteriormente.

3.4. Divergencias de Processos Construtivos ha Varios Sicu

Zoe:

8a 2.500 anon passados , na parte norte da ilha de Cei

Lao, foram construidas as primeiras barragens deetacando-ae,

entre etas , uma que tem altura superior a 20 metros e o volume

do macigo uZtrapassa 10 milhoes de metros cubicos . Posterior-

mente , na India , porem , ha mail de 1000 anos, foram eonetrui-

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das diversas barragens. Mais recentemente, destacamo8 a, en-

tao, colossal barragem de Madduck-Masur, construida tambem na

India, tendo mais de 30 metros de altura. Essa barragem foi

concluida ha cerca de SOO anos sendo, posteriormente, desirui-

da por um transbordamento. Entretanto, pouco se sabe sabre a

quelas obras, quanto aos mater i ais e metodos construtivo s. Ede nosso conhecimento que os projetos no Ceilao adotavam talu-

des de montante menos ingremes do que os de jusante, enquanto

que na India, divergiam daquele eriterio e usavam o oposto.

403.5. Surpresas na Construgao de Barragens no Se'culo XVIII:

Ao aproximar-se o seculo XIX comecaram as trocas de

informago-es por meios mais eficientes e, portanto, a valiosa ex

periencia no use de materiais e processos construtivos adota-

da. Identifica-se um grande empenho na introduga'o de utiliza-

ga'o de novos materiais e novos metodos. 0 entusiasmo na cons-

trugao de barragens de terra foi bruscamente perturbado em a-

bril de 1802, quando rompeu o "Estrecho de Rientes", na Espa-

nha. Essa barragem tinha 45 metros de altura, sua construgao

durou 34 anos e o acidente ocorreu no mesmo ano em que o reser

vatorio encheu, apesar da obra ter sido concluida em 1789. Tra

to-se de um acidente marcante na evoluga-o da engenharia de bar

ragens, pois contribuiu para o inicio de um periodo de grande

desestimulo a cons truga'o de obras com macigo de terra, princi-

palmente na Europa e America.

3.6. Materiais e Metodos Construtivos no Seculo XIX:

No seculo XIX renasceu, lentamente, a confianga nas

barragens de terra.

Novos metodos construtivos foram desenvolvidos, alia-

do a um melhor conhecimento do comportamento dos materiais.

Na Arge Zia foi cons truida, entre outras, a QuedMeurad.

Na America comegou a ser intensificado o use de barragens para

o sistema de abastecimento d'agua de Oakland e Sao Francisco,

na California, a lem da Avalon e Mc Mi l lan no Novo Mexico e Druid

Lake (com mais de 30 metros) para o Servigo de Abastecimento

d'Agua de Baltimore, etc.

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Na Inglaterra co,nstruiram , tambem, algumas barragens,

inclusive a Yarrow Dam.

3.7. Materiais e Metodoe Construtivos no invcio do Seculo

XX:

3.7.1. Diverginctia8 Marcantee;

Ao iniciar o seeulo XX a engenharia de barragens pas

sou a ter grande influincia dos Estadoe Unidos e Inglaterra de

vido ser, nesses doffs paises, onde 8 e registrava maior atividade na construcao dea8as obras.

A Inglaterra trabalhava em toda a area do Imperio Bri

tanico e os americanos contavam com a vantagem da dimensao de

seu territ6rio.

Procuramos, inicialmente, abordar as afirmagoes e di-

vergencias de maior destaque quanto aos novos metodoe que sur-

giram nessa fase do empirismo.

Ainda em 1901 , o servigo d'agua de New York estabele-

ceu o que nob parece as primeirae normal para barragens de ter

ra ficando recomendado que no limite de 70 pes de altura a bar

ragem devia ter taludes 1:2 e a cota do coroamento situar-se

20 pes acima do nivel maximo da agua. Foi eoneluida , que Para

altura superior , o talude de j usante estava sujeito a satura-

gao.

Na Franga existia tambem um criterio empirico , no quat

o talude de montante devia ser de 1:1 , 5 e o de jusante seria

mail suave.

Quanto ao controle de umidade , havia grandee divergen

cias . 0 traba Zho de B. Bas se l 1, "Earth Dams" , pub Zi cado na

"Engineering News Pub Zishing Company" em 1907, tray um a Zerta

de que o solo , com teor de umidade alto ou baixo , nao oferece

eondicoes favoraveis a eompactagao . B. BasseZl , com muito bom

aenso, recomendava que fosse seleeionada uma pessoa bem famili

arizada com controle de teor de umidade para supervisionar ea-

se trabalho.

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Entretanto, o comportamento favoravel da barragem Qued

Meurad, eonstrutda na Argelia em 1855, levou muitos pro,jetis

tas a apegarem-se ao processo de construgao adotado naquela o-

bra. Consistia no processo construtivo em escavar a auperfi-

ci► e da parse ja conetruida, em faixas longitudinai8, formandodiques, enchendo-os com agua para, apos essa situagao, pa88ar

a langar solo ate a cota primitiva do macho. Eeea operacao e eprocessava 8uee8sivamente.

Ja em 1910, W. G. Bligh, no seu livro "The Pratieat

Design of Irrigation Works", recomendou ease processo para cone

trurao de barragens enquanto B. Bassell insistia que fosse u-

sado teor de umidade moderado nos solos a compactar.

A divergencia de opinioes, liderada por Bligh e

Bassett , levou o proprio "U.S. Department of Agriculture" a fa

zer pesquisa em laboratorio a qual foi publicada por W.Fortier

em seu trabalho com o titulo "Earth Dams and Hydraulic-Fill

Dams ", editado pelo U.S.D.A. em 1912. Essa pesquisa foi defi-

ciente devido envolver poucos tipos de materiais e concluir

que a orientaga'o do W.G.Bligh era mais indicada.

W. G. Bligh tornou-se altamente conceituado , pereietin

do, sem preoeupagies com o teor de umidade e fez grande esfor

go na divulgagao do processo construtivo atraves de aterro hi-

draulico. Esse processo era mail economico e o mail simples

na construga o de macigos de solo.

Bligh cita, entre outras, a vantagem de no haver o

problema de preeenga de particular de ar incorporado. Desea

forma, J. D. Schuyler, que havia publicado na ASCE, em 1907, o

trabalho intitulado "Recent Pratice in Hydraulic Fill Construe

tion", demonstrando que o metodo hidraulico era mail economico,

paseou a ter, tambem, grande apoio dos projetistas e dos super

visores de barragens.

Portanto, as metas construtivas das barragens, na sua

maioria, eram construidas sem preoeupagao quanto ao teor de u-

midade do solo ao ser compactado.

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Os engenheiros de barragens, despreoeupadoa com o te-

or de umidade, passaram a utilizar o metodo eonstrutivo usado

na Qued Meurad, na Argelia. Em 1915 ease metodo tornou-se mui

to comum sendo, bruacamente, abandonado, uns dc2 anon dapois,

devido ao elevado numero de acidentes. Enquanto ease metodo e

ra abandonado, pereistia a utilizagao do aterro hidraulieo por

longo periodo, ape-ear doe aeidentes regietradoe. Ainda em 1932,

J. D. Justin publicava o trabalho "Earth Dam Projects, no qual

indica o metodo de construgao de aterro hidraulieo como o mail

recomendavel. Finalmente o desastre colossal da barragem de

"Fort Peck", em 1937, marcou o mais acentuado desestimulo a ea

8e metodo conetrutivo.

3.7.2. Barragens Zoneadas:

Enquanto se desenvolviam com divulgagao varioe meto-

doe eonetrutivoa, logo depois abandonados evoluia, diaeretamen

te, de forma segura, a experiencia na construgao de barragens

zoneadas.

Embora na"o se tenha identificado onde eurgiram as pri

meiras obras desse tipo supoe -se que tenham lido na Europa, no

inicio do Seculo XI X. Na America, a primeira construi'da foi,

provavelmente , uma barragem projetada e supervisionada por um

engenheiro alemao contratado para o 8ervigo de abastecimento

d'agua de Sao Francisco da California.

Os ingleses, no Seculo XIX, construiram a barragem de

Yarrow, do tipo aoneada. No Brasil, no nosso conhecimento, es

Be tipo de barragem foi introduzido 8omente na deeada de 50,

pelo Engenheiro autor dente trabalho, atrave8 da experiincia

trazida do U.S.B.R.

Ease tipo de barragem zoneada , por yeses , nao era usa

do devido na`o ser entendida a sua concepgco. Surgiam, entao,

inovagoee , tentando copiar alguma coiea do qua aeria uma barra

gem zoneada . Deesa forma, . foram cons truidas diversae barragens,

inclusive a de Avalon a Mc Millan no Novo Mexico , no fim do 8e

culo passado . Etas tinham a parte de montante eonatituida de

solo e a de jusante, de pedra. A face de transigao solo-rocha

poeeuia uma parade de pedra arrumada com to Zude 1:0,5 (V:11) .

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Ainda, antes de ser conhecida a desastrosa concepcao

desse tipo de projeto, J. D. Schuyler publicou, em 1905,um tra

balho com o titulo "Reservoirs for Irrigation Water Power and

Domesttio water Supply", o qual deu grande estimulo a esse tipo

de estruturas . As barragens de Avalon e Mc Millan romperam de

vido a "piping".

Alm dessas barragens romperam, pelo menos , mail uma

duzia, antes que os projetistas reduzissem o entusiasmo por es

se tipo de estrutura. Todos os acidentes foram por "piping".

Easa oonoepoao apMoeu aqui no Brasil 9omento no deeada de

1940 e se chegou a delinear projetos com muro de pedra arruma-

da dentro do corpo do macigo sem que, naquela epoea, se tives-

se conhecimento dos insucessos no exterior.

3.7.3. Conceitos da Drenagem nos Metodos Construciios:

Compreendemos que, na fase do periodo do empirismo,

predominava a preocupagao de evitar que a linha de saturaga-o a

tingisse o talude de jusante do macigo. Paralelamente a con-

eepcao , surgida na epoca do projeto de Avalon e Mc Millan,eram

langados , discretamente , projetos dotados de eficientes drenos

de pedregulho e rocha situados no pe do talude de jusante.

A importancia desses drenos, ja bem desenvolvidos no

primeiro quarto desse sJculo, nao foi compreendida por varios

projetistas e construtores.

A. T. Blythe publicou, em 1925 , no "Engineering News

Record", volume 94, sua opiniao, afirmando que a drenagem a u-

ma ideia importada erroneamente das galerias de inspega-o nas

barragens de concreto. Entretanto, a ideia de evitar que a li

nha de saturaga'o atinja a superf- cie do talude de jusante do ma

cigo paesou a ser aceita por quase todos os projeti8ta8 e su

pervisores. Apesar dessa preocupacao dos projetistas,Proetor,

em 1933, no seu trabalho "The Design and Construction of Rolled

Earth Dams "3 afirma nao existir problema quando o macho for

compactado seguindo o seu metodo de controle.

Proctor aconselhava a nao usar drenagem no maeigo e

afirmava que a retencao d'agua reduz as possibilidades de fis-

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auras em decorrencia de nao permitir o material tornar-ae

co .

se

Erse ooneeito , quando aplieado Bem os devido8 eonheci

mentor, j a eaueou divereos acidentes em barragen8.

Podertiamoe citar inumeroe outror problemas , tambem rt

center, em obraa devido as tentativae apressadas no use de ma-

teriaie e metodoe nano convencionais que 8a0 , a8 veae8, impos-

toe nae eonstru9oee ou apreeentadoe em Congreesoe.

REPERPN CIAS:

(1) Casagrande , A., "Characteristics of CohesionZess Soils

Affecting the Stabi lity of Earth Fills ", Journal of the

Boston Society of Civil Engineers , January 1936 . Reprint

ed in "CONTRIBUTIONS TO SOIL MECHANICS, 1925-1940",

Boston Society of Civil Engineers , October 1940.

(2) Casagrande , A. and Watson, J. D., "Compaction Tests and

Critical Density Investigations of CohesionZess Materials

for Franklin Falls Dam", Appendix BII in Report to the

U.S. Engineer Corps, Boston, 1938.

(3) Casagrande , A., "The Shearing Resistance of Soils and

it's Relation to the Stability of Earth Dams ", Proceedings,

Soils and Foundation Conference of the U.S. Engineer

Department , Boston, Mass ., June 1938.

(4) Pesaoa, JosJ Candido, "Re flexooes sobre a Supervisao de

Construgao em Barragens de Terra", dezembro 1980.

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(5) B. Basse ll, "Earth Dams", Engineering News Publishing

Company, 1907,

(6) W. G. Bligh, "The Pratical Design of Irrigation Works",

1910.

(7) W. Fortie r, "Earth Dams and Hydraulic-Fill Dams", U. S. D. A.,

1912.

(8) J. D. Schuyler, "Recent Pratice in Hydraulic Fill

truction". ASCE, 1907.

Cons-

(9) J. D. Justin, "Earth Dam Projects", 1932.

(10) J. D. Schuyler, "Reservoirs for Irrigation Water

and Domestic Water Supply", ASCE, 1905.

Power

(11) Castro, Gonzalo, "Liquefaction and Cyclic Mobility of

Saturated Sands "A ASCE, June 1975.

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DEFORMACAO (1)

i MI

Areia fofo - Contrae

Volume permanece invoriovel

j

Indice de vazioscritico

Aroio denso - Diloto

(b )

0.1 1.0 10

Gn Kg/cm2 (log

TENSAO NORMAL (log )

N

DEFORMACAO ($ )

1. As areias situadas abaixo da "linha E" tim o vo

lume acrescido quando submetidas a es forgo. De-

senvolvem "pressao nos poros " negativa.

2. As areias situadas acima da " linha E" tim o vo-

lume reduzido quando submetidas aesforgo. Desen

vo lvem "press aa o nos poros" posi tiva.

3. Uma areia ate meemo razoavelmente densa esta su

jeita a "lique faga'o" quando submetida a e leva

das cargas , em determinadas condigoes.

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