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Rio de Janeiro, novembro de 2008 Ano XV – Nº 125 ISSN 1676-3220 R$ 10,90 A MAIOR MÍDIA DA COMUNIDADE ÍTALO-BRASILEIRA Giorgetto Giuggiaro, o designer automotivo do século www.comunitaitaliana.com Ciao crise! Como Brasil e Itália enfrentam a situação econômica mundial

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Rio de Janeiro, novembro de 2008 Ano XV – Nº 125

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Giorgetto Giuggiaro, o designer automotivo do século

www.comunitaitaliana.com

Eu indico!Nepotismo

Ciao crise!

Ornella Muti

Como Brasil e Itália enfrentam a situação econômica mundial

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CAPA Com a crise econômica mundial, a Itália se prepara para enfrentar uma possível recessão, em 2009. No Brasil, a expectativa é manter o crescimento econômico, porém, com índices bem modestos

EditorialEntre a crise .................................................................................08

Cose NostreA Suprema Corte da Itália proibiu que um casal de italianos batizasse o seu filho com o nome de Venerdì, ‘sexta-feira’ em italiano. ...............09

PolíticaBrasil elege novos prefeitos e dá início a uma nova composição de força no cenário nacional, de olho na próxima disputa presidencial............ 17

NegóciosÀ frente de uma das principais empresas brasileiras exportadoras de rochas ornamentais, o italiano Bruno Zanet foi destaque na 43ª Marmomacc, em Verona ...............................................................28

DiplomaziaIl console d’Italia a Rio de Janeiro, Massimo Bellelli, si congeda dal Brasile portandosi nei bagagli abitudini prettamente cariocas .........34

FilosofiaEm passagem pelo Brasil, o filósofo italiano Massimo Borghesi fala sobre crise econômica e a falta de motivação dos jovens ................42

Artes PlásticasA Itália marca presença na 28º Bienal de São Paulo com a participação de dois artistas ................................54

FutebolAos 23 anos, Fabiano Santacroce é o brasileiro que integra a seleção italiana de futebol ........................................57

46 484020No Parlamento Marco ZaccheraO que pensa o presidente do Comitê Permanente para os Italianos no Exterior da Câmara dos Deputados da Itália

Turismo ParatyAs belezas da cidade fluminense candidata ao título de patrimônio mundial da Unesco

Literatura Roberto SavianoO escritor italiano está jurado de morte pela máfia por conta do livro Gomorra, best-seller que chega ao Brasil em dezembro

Cinema ExclusivoFilho do diretor Vitorio de Sica e neto do produtor Luigi De Laurentiis, ícones do cinema da Itália, filmam no Rio de Janeiro

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entretenimento com cultura e informaçãoeditorial

FUNDADA EM MARÇO DE 1994

Julio Vanni

COSE NOSTRE

A novidade deu na praia. Dentro da garrafa, não havia um pedido de socorro, mas um aviso: salve-se quem puder. A crise econômica mundial era para ser apenas um problema dos norte-americanos. A globalização, porém, se encarregou de

contaminar os quatro cantos do mundo com ela. Países que se encontravam debilitados ficaram imediatamente “gripados”. Quem estava com sua economia fortalecida, escapou da doença, pelo menos por enquanto. Todos, porém, correram em busca de remédios.

Nossa reportagem de capa mostra como Itália e Brasil estão enfrentando a crise. Lá, os prognósticos para 2009 não são dos melhores. Há quem fale em recessão. Aqui, o quadro é bem diferente. Empresários acreditam que o próximo ano terá, inclusive, crescimento. Os índices, porém, tendem a ser mais modestos.

Como várias reportagens dessa edição mostram, as apostas no Brasil são grandes. A própria Itália aposta muitas fichas no país. Uma recente rodada de negócio, que trouxe empresários italianos para cá deixou isso claro.

Mais do que nunca, uma grande integração entre os dois países se mostra importante. Coincidência ou não, a tão esperada visita oficial do presidente brasileiro à Itália será feita exatamente neste momento. Nesta edição, mostramos algumas cartas que devem ser colocadas na mesa pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em jogo, uma maior participação do Brasil no G8, grupo formado pelos países mais ricos do planeta. A Itália preside o G8 em 2009.

Ainda em termos de integração entre os dois países, um destaque desta edição é nosso suplemento especial, o Via Expressa. Nele damos todos os detalhes a respeito da missão empresarial e cultural chefiada pelo governador de Minas Gerais, Aécio Neves, ao Piemonte.

Há, também, outros tipos de integração que mostramos. Uma de nossas reportagens apresenta o jogador brasileiro que integra a seleção italiana de futebol. Em outra, mostramos como a máfia italiana vai inspirar uma nova novela a ser produzida pela televisão brasileira. Mostramos ainda os artistas italianos que fazem parte da 28ª Bienal de São Paulo e herdeiros de ícones do cinema da Itália que escolheram o Rio de Janeiro como cenário para um filme. São eles o ator Christian De Sica, filho do diretor Vitorio De Sica e Luigi De Laurentiis, neto e homônimo do grande produtor italiano que segue a mesma profissão do avô.

Um dos destaques da edição é a entrevista com Giorgetto Giugiaro. Aos 70 anos, o italiano foi eleito Designer Automotivo do Século.

A revista também conta a história de Roberto Saviano. De autor desconhecido, ele se tornou o inimigo número 1 da máfia italiana por conta do seu livro, Gomorra. A obra se tornou um best-seller e virou filme candidato ao Oscar. Saviano, porém, continua jurado de morte.

A destacar, uma despedida. Está prestes a voltar para a Itália, o cônsul geral da Itália no Rio de Janeiro, Massimo Bellelli. Apaixonado pela cidade, foi um grande parceiro de todas as iniciativas que tivessem como objetivo promover a sua circunscrição (RJ, ES e BA) e a Itália. Desde a sua chegada, demonstrou habilidade diplomática, perspicácia, tenacidade e coragem numa missão que rendeu aos ítalo-brasileiros uma série de vitórias. Fará falta e deixará saudades.

Boa leitura.

Pietro Petraglia Editor

Sexta-feira, nãoA Suprema Corte da Itália proibiu que um casal de italianos bati-

zasse o seu filho com o nome de Venerdì, ‘sexta-feira’ em italia-no. A decisão se baseia em uma lei italiana que proíbe os pais de dar nomes considerados “ridículos ou constrangedores” aos filhos. Além disso, os juízes acreditam que o nome remete ao personagem do ro-mance clássico Robinson Crusoe, de Daniel Defoe, caracterizado por “sua subserviência e inferioridade”. Eles obrigaram os pais a rebatizar a criança de Gregório, nome do santo homenageado no aniversário da criança. Inconformados, os pais disseram que continuarão a chamar a criança de Venerdì. Mais, se tiverem um próximo filho vão chamá-lo de Mercoledì, ou seja, ‘quarta-feira’.

MulherioA Expo 2015 em Milão se-

rá a primeira, na histó-ria das exposições mundiais, a ter um pavilhão totalmen-te dedicado às mulheres. Isso foi acertado pela pre-feita da cidade, Letizia Mo-ratti, a diretora para a África e o Oriente Médio do Banco Mundial (Bird), Ngozi Okon-jo-Iweala e, a vice-presiden-te do Senado Italiano, Emma Bonino. Elas se compromete-ram a viabilizar projetos de cooperação internacional ar-ticulados sobre temas de nu-trição e das mulheres.

Ajudinha extraO governo italiano está

considerando conce-der incentivos fiscais para a aquisição de automóveis e aparelhos domésticos. A in-formação é do ministro da Indústria, Claudio Scajola. Segundo ele, o governo de centro-direita está avaliando a ação “para dar nova força ao mercado de veículos, pa-ralisado por toda a Europa, e também o mercado de uten-sílios domésticos”.

Com fomeQuatro chefes da Camorra,

detidos em uma prisão na Sicília, tentaram subornar um agente penitenciário para que ele lhes trouxesse lagosta, ca-viar, mozzarella de búfala, cham-panhe e outras iguarias para as suas celas. Os mafiosos haviam prometido ao guarda uma com-pensação financeira e 1,5 mil eu-ros por mês. O plano deu errado, pois o agente, ao invés de cola-borar com os criminosos, delatou o suborno à Justiça.

AutênticosFoi arquivado o inquérito sobre a autenticidade dos Brunello

di Montalcino. Com isso, foram liberadas as garrafas da sa-fra 2003 das adegas Antinori, Frescobaldi e Castello Banfi. A investigação, que durou oito meses, foi solicitada pelo Governo americano com a ameaça de bloquear as importações. Há, po-rém, uma ressalva. O Procurador suspeita que não era respeitada a regra estabelecida para o produto, que obriga os produtores a utilizar somente uvas 100% sangiovese. Cúmplices na safra pas-sada, como foi aquela de 2003, os produtores foram acusados de ter usado partes de outras variedade de uvas na produção dos sagrados Brunellos.

Rapidinhas

DIREtOR-PRESIDENtE / EDItOR:Pietro Domenico Petraglia

(RJ23820JP)

DIREtOR: Julio Cezar Vanni

PUBLICAÇãO MENSAL E PRODUÇãO:Editora Comunità Ltda.

tIRAGEM: 40.000 exemplares

EStA EDIÇãO FOI CONCLUíDA EM:05/11/2008 às 17:30h

DIStRIBUIÇãO: Brasil e Itália

REDAÇãO E ADMINIStRAÇãO:Rua Marquês de Caxias, 31, Niterói,

Centro, RJ CEP: 24030-050tel/Fax: (21) 2722-0181 / (21) 2722-2555

E-MAIL: [email protected]

SUBEDItORA: Sônia Apoliná[email protected]

REDAÇãO: Daniele Mengacci; Guilherme Aquino; Nayra Garofle;

Sarah Castro; Sílvia Souza; tatiana Buff; Valquíria Rey; Janaína Cesar; Lisomar Silva

REVISãO / tRADUÇãO: Cristiana Cocco

PROJEtO GRÁFICO E DIAGRAMAÇãO:Alberto Carvalho

[email protected]

CAPA: Grupo Keystone

COLABORADORES: Giorgio della Seta; Pietro Polizzo; Venceslao Soligo; Marco Lucchesi; Domenico De Masi; Franco Urani; Fernanda Maranesi; Adroaldo Garani; Beatriz Rassele;

Giordano Iapalucci; Cláudia Monteiro de Castro; Ezio Maranesi; Fabio Porta; Fernanda Miranda

CORRESPONDENtES: Guilherme Aquino (Milão);Janaína Cesar (treviso);Lisomar Silva (Roma);

PUBLICIDADE: Philippe Rosenthal

Rio de Janeiro - tel/Fax: (21) [email protected]

REPRESENtANtES: Brasília - Cláudia thereza

C3 Comunicação & Marketingtel: (61) 3347-5981 / (61) 8414-9346

[email protected]

Minas Gerais - GC Comunicação & Marketing Geraldo Cocolo Jr.

tel: (31) - 3317-7704 / (31) 9978-7636 [email protected]

ComunitàItaliana está aberta às contribuições e pesquisas de estudiosos brasileiros, italianos

e estrangeiros. Os artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores, sendo

assim, não refletem, necessariamente, as opiniões e conceitos da revista.

La rivista ComunitàItaliana è aperta ai contributi e alle ricerche di studiosi ed esperti brasiliani, italiani e estranieri. I collaboratori e sprimono, nella massima libertà, personali

opinioni che non riflettono necessariamente il pensiero della direzione.

ISSN 1676-3220

● Um almoço reuniu no restauran-te O Sarracino, em Minas Gerais, os presidentes da Câmara ítalo-brasileira, Giacomo Regaldo, da Brasil-Alemanha, Hans Kampik da Câmara Portuguesa, Fernando Meira e o vice-presidente da Câ-mara França-Brasil, Vincent Reig-nier. A conversa era sobre projetos em comum para o próximo ano.

● José Viegas Filho é o novo embaixador do Brasil na Itália. Assume no lugar de Adhemar Gabriel Bahadian. Viegas Filho já ocupou o mesmo cargo na Di-namarca, no Peru, na Rússia e na Espanha.● Nova Friburgo agora tem um vice-consulado Honorário da Itália. Fica na Praça das Co-

lônias e a inauguração contou com a presença do cônsul no Rio Massimo Bellelli.● Morreu: Aos 84 anos, o mila-nês ítalo Bianchi radicado no Brasil e cuja história se con-funde com a maturidade da pu-blicidade nacional. Na Compa-nhia Cinematográfica Vera Cruz, Bianchi atuou como cenógrafo

e diretor de arte até 1954. No jornal O Estado de S.Paulo, foi diretor de arte e, inspirado por Umberto Eco, montou um es-túdio de comunicação visual e criação publicitária em Recife. Foi nesta cidade que expôs su-as obras na Galeria Ranulpho e veio a falecer. Bianchi deixa mulher e cinco filhos.

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Por 500 metros e 20 segundos, o sonho do Brasil em voltar a ter um campeão mundial de Fórmula 1 teve de ser adiado.

Aclamado como novo ídolo do esporte no país, o piloto da escu-deria italiana Ferrari, Felipe Massa, cumpriu sua missão e venceu o Grande Prêmio do Brasil, em Interlagos. Mas, por um ponto, o troféu de melhor do mundo foi para o inglês Lewis Hamilton, da McLaren. No campeonato mais disputado dos últimos anos, no en-tanto, o ítalo-brasileiro provou que sabe dosar técnica, emoção e audácia. Ano que vem promete!

Futebol de baseA Roma terá no Brasil uma clí-

nica de futebol. Será voltada para crianças entre 8 e 14 anos. Entre os dias 14 e 20 de dezem-bro, em Barra do Piraí (RJ), 60 crianças terão treinamento focado na rotina de um jogador. Os me-lhores podem vir a ser aproveita-dos nas categorias de base do clu-be. O preço, porém, é salgado: 1,6 mil reais por criança.

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Michelangelo eM SPAté dia 30 de novembro, uma exposição composta por 25 pe-ças provenientes da Gipsote-ca dell’Istituto Statale d’Arte de Florença está em cartaz no Mu-be. Estátuas, bustos e relevos em gesso, que retratam tanto a escultura clássica quanto a pro-dução de Michelangelo, ilustram o percurso da escultura antes e depois do grande artista. Dois desenhos originais provenientes da Casa Buonarroti de Florença e painéis cenográficos de Aurelio Amendola devolvem ao visitante o esplendor dos estudos dos nus desenhados pelo grande mestre

florentino. De segunda a domin-go, das 10h às 19h. Local: Museu Brasileiro da Escultura (MuBE), Rua Alemanha 221, Jardim Euro-pa. Informações: (11) 2594-2601 / 3081-8611 e www.mca.org.br

coral eM ScFestival promovido pela Asso-ciação Coral de Criciúma e pe-la Fundação Cultural de Cri-ciúma, com o apoio do Comi-tato delle Associazioni Venete per lo Stato di Santa Catarina (Comvesc), terá a participação de dois corais italianos: o Co-ro Stelutis di Bologna e o Coro Monte Pasubio di Rovigo. Além

de usar o palco do teatro Elias Angeloni, as apresentações ocu-parão as ruas, praças e empre-sas de Criciúma, a fim de levar o canto coral a todas as classes sociais da região. De 26 a 29 de novembro. A entrada é franca. Informações: (48) 3437- 4928 ou (48) 3430-0682.

curSo Para eStrangeiroS

Professores e outros profissio-nais interessados em ministrar aulas ou palestras em italiano para adultos de diferentes na-cionalidades terão a oportuni-dade de aprender a língua em Siena. A Universidade para Es-trangeiros de Siena oferece o curso “Conteúdo, Método e Abordagem do ensino de italia-no para adultos estrangeiros”. As inscrições podem ser feitas até 15/12. O curso tem duração de 12 meses. Para mais infor-mações acesse: www.unistrasi.it ou pelo telefone: (39) 0511-240115.

na estante

agenda

opinião serviço

click do leitor

“Em outubro do ano passado, viajei pela Europa. Conheci a Grécia, a

França, a Holanda, a Inglaterra e, claro, a Itália. Visitei os principais pontos tu-rísticos do país. Fui a Roma, Veneza e não poderia deixar de registrar esta foto no Lago di Como, na Lombardia. Um ano já se passou e não vejo a hora de poder fazer esta viagem de novo.”

ClarIssa sena, niterói, rio de Janeiro, por e-mail

Mande sua foto comentada para esta coluna pelo e-mail: [email protected]

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cartas“Venho, por meio deste e-mail, manifestar o meu desconten-

tamento a respeito dos consulados italianos deste país. Sou brasileiro e filho legítimo de italiano. Dei entrada no requerimento há mais de cinco anos e até agora nada. Enviei um e-mail para o governo italiano para eles tomarem providências cabíveis sobre este assunto”.

MarCos antônIo tadeu ruggIero – Santos – SP – por e-mail

“Que bom constatar que um dos grandes ícones do cinema italia-no, Paolo taviani, continua ativo além de demonstrar simplici-

dade mesmo sendo genial. Apesar do atual renascimento italiano, não creio que surjam outros diretores tão bons quanto aos que fizeram a ver-dadeira escola do cinema italiano do qual taviani é um dos mestres”.

FelIpe M. de albuquerque – Belo Horizonte – MG – por e-mail

Santa Teresa – viagem no tempo 1873/2008. Pa-ra quem curte uma bela história de família, o livro da pesquisadora Sandra Gasparini é um prato feito. A pu-blicação também vai agradar a todos que simplesmen-te desejam saber sobre o contexto econômico, político e social de uma geração, neste caso, a dos italianos que começaram a habitar a cidade capixaba no final do século 19. A partir de imagens e símbolos da preserva-ção da identidade italiana na região, Sandra fala sobre construções, moda, decoração e culinária, o que per-mite uma bela viagem ao passado. 280 páginas. Infor-mações: (27) 3223-5934 / [email protected]

O efeito Médici. Repleta de histórias sobre interseções entre campos como ciência, negócios, arte e política, a obra de Frans Johansson aborda a importância de rom-per barreiras associativas e avaliar problemas sob novas perspectivas. O livro toma a notável evolução artísti-ca e cultural proporcionada pela família de banqueiros Medici no Renascimento italiano para explicar os en-contros inovadores que regem o mundo. Os “objetos” de análise do autor são uma equipe de pesquisadores, um chefe de cozinha e um engenheiro. Em comum, eles têm a natureza criativa de suas idéias e o modo como a tornaram possíveis. BestSeller, 25 reais, 280 páginas.

ERRATA: Na reportagem “O fiel da balança” publicada na edição 124, a identificação correta da foto à direita é Maria D’Assunção Costa, diretora presidente do Instituto Brasileiro de Estudos do Direito da Energia (IBDE) e não Ruth Lunardelli

enquete

Sim – 28,6%Não – 17,6%Sim – 37,5%

Não – 71,4%Sim – 82,4%Não – 62,5%

Enquete apresentada no site www.comunitaitaliana.com entre os dias 24 a 29 de outubro.

Enquete apresentada no site www.comunitaitaliana.com entre os dias 17 a 21 de outubro.

Enquete apresentada no site www.comunitaitaliana.com entre os dias 14 a 17 de outubro.

Governo italiano quer criar turmas exlusivas para crianças imigrantes nas

escolas. Você concorda?

Polícia italiana patrulhará com carros apreendidos da máfia. É

uma atitude correta?

Berlusconi quer ser presidente após 2013. Você acha uma boa

opção para a Itália?

frases“Non sono sorpreso della crisi finanziaria mondiale, visto che episodi come questo sono stati presenti lungo tutta la storia umana. Però, nel Medioevo, gli usurai e i finanzieri che si comportavano male erano messi in galera”,

dario Fo, scrittore e drammaturgo italiano.

“È chiaro che la sua principale qualità non è la sua bellezza, ma quello che è, quello che dice, quello che pensa. Amo la sua maniera

di essere madre. Pochi modelli di coppia funzionano e noi cerchiamo di fare qualcosa.

Non è un obbligo vederci tutti i giorni, ma quando stiamo insieme, ci stiamo veramente”,

Vincent Cassell, attore francese, parlando dell’attrice Monica

Bellucci, con chi è sposato dal 1999.

“Sono andato via da Rio per essere derubato in Italia”,

adriano, calciatore brasiliano dell’Inter di Milano parlando della rapina nella sua casa, in Italia.

“Forse dopo un allenamento lo lascerò guidare la mia Yamaha per farsi qualche giro”,

Valentino rossi, motociclista italiano, dopo aver ricevuto elogi dall’attore nordamericano Brad Pitt.

“Sono la donna più cornuta d’Italia”,

Ilary blasi, moglie del calciatore italiano Totti, parlando dei supposti affair dell’idolo della Roma.

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Franco Urani Ezio Maranesi

OpiNiONE [email protected]

La straordinaria vicenda africana del

finanziere francese Vincent Bolloré

Nonostante il generale afropessimismo, investe da 20 anni in infrastrutture per aprire al mondo i commerci del continente nero

Le leggi italiane sono così inique?

Immigrazione illegaleNel luglio scorso l’Unione

Europea ha emesso una legge che regola l’immi-grazione nei paesi del-

la Comunità. I 27 paesi membri dovranno adattare la loro legi-slazione a questa norma entro il 2010. La legge prevede l’espul-sione dell’immigrante clandesti-no; potrà essere concessa la re-sidenza per motivi umanitari. La nuova norma ha molti elementi in comune con l’attuale legisla-zione italiana in materia, retta dalla legge “Bossi-Fini” e dal re-cente decreto sulla sicurezza.

La legge ha suscitato reazio-ni in vari paesi. In Sudamerica, il presidente Lula ha parlato di xenofobia e di paura di perdere il posto di lavoro, il presidente Chavez ha parlato di umiliazioni ed ha minacciato rappresaglie nei confronti dei paesi europei. Il problema però è ben più com-plesso: da un lato l’Europa ha bisogno della forza-lavoro degli immigrati; per contro, deve af-frontare i problemi di sicurezza, di integrazione e di necessità di infrastrutture creati dalla mas-

siccia immigrazione di milioni di esseri umani culturalmen-te così diversi e, quasi sempre, privi di qualsiasi qualificazione professionale. Il fenomeno im-migratorio va quindi regolamen-tato. Non si può realisticamente pensare che l’Italia spalanchi le porte a chiunque decida di vive-re nel Bel Paese.

Il Brasile, paese di cui noi emigrati siamo ospiti, ha la sua legge: la n. 6815 del 1980, re-golamentata dal decreto 86715 del 1981. È una legge equili-brata, rigida nel modo giusto e sancisce, come la norma italia-na, che l’immigrato clandestino sia deportato o espulso (artt. 56 e 124 comma I). Egli non può svolgere attività remunera-te (art. 97) e la legge preve-de pene a per chi gli dà lavoro (art. 124 comma VII). Prevede anche la rilevazione delle im-pronte digitali degli immigra-ti che ottengono la residenza (art. 58 del regolamento) così come di tutti i cittadini bra-siliani, nonché la possibilità di vietare l’ingresso al paese a

stranieri affetti da determina-te malattie o che non dimostri di avere i mezzi di sussistenza per restare nel paese (art. 51 e 21 del regolamento). Lo stra-niero inoltre non può esercitare attività di natura politica (art. 106). Non mi sembra che que-sta legge sia particolarmente severa; essa è inoltre legge del paese che ci ospita e non spet-ta a noi criticarla. Dobbiamo solo osservarla.

Magari fosse così in Italia. Le leggi esistono, e non sono molto dissimili dalla norma bra-siliana, ma la magistratura e il buonismo di sinistra non per-mettono siano applicate. Vedasi per esempio: entrambi i siste-mi prevedono la deportazione dell’immigrato illegale. Entram-bi i paesi sono però molto tol-leranti su questo punto. In Ita-lia vi sono 3 milioni di immigra-ti, in buona parte illegali. Oltre 700.000 illegali lavorano; gli altri vivono di espedienti, leciti o illeciti. Se gli immigrati rap-presentano il 5% della popola-zione, nelle carceri 40 reclusi su

100 sono immigrati. È un feno-meno intollerabile ma compren-sibile: l’immigrato senza lavoro e senza alcuna professionalità può essere tentato per soprav-vivere a praticare il crimine. Lo spaccio della droga è pratica-mente in mano agli immigra-ti. Roventi critiche della sini-stra hanno accolto la norma che prevede la rilevazione delle im-pronte ai “rom”: nessuno di noi si è mai sognato di sentirsi umi-liato quando la Polizia Federale brasiliana ha rilevato le nostre.

In Brasile, 100 anni fa, sono sbarcati milioni di immigranti, provenienti da molti paesi euro-pei. Il Brasile stesso incentivava questo esodo: c’era bisogno di braccia. Quegli immigrati han-no contribuito a fare il Brasile di oggi. In Italia sbarcano mi-gliaia di immmigrati; in agosto oltre 15.000. Provengono da paesi poverissimi, in particola-re africani, su barche rattoppa-te. Spesso la Marina italiana li salva dal naufragio e li porta a riva, come è giusto che sia. Que-sti poveretti, immigranti illega-li, non tolgono il posto di lavo-ro a nessuno. Secondo la legge dovrebbero essere espulsi, ma in realtà non si riesce a farlo e re-stano nel paese, dando origine a infiniti problemi. Noi immigrati in Brasile abbiamo sempre ac-cettato le regole di conviven-za di questo paese. Gli italiani vorrebbero che gli immigrati in Italia accettassero le regole di convivenza della nostra terra e non imponessero la loro, come troppo spesso avviene.

All’Africa che cresce, si svi-luppa, entra nel processo di globalizzazione specie come importante fornitri-

ce di materie prime, Vincent Bol-loré – parigino, 55 anni, da tem-po grande amico del Presidente francese Sarkozy – vi crede da 20 anni, investendovi sistematica-mente una buona parte dei co-spicui capitali della sua impresa (tra l’altro, Bolloré è associato al carrozziere torinese Pininfarina per la realizzazione di una vet-tura elettrica d’avanguardia, con autonomia di 200 Km.)

La sua concezione è di non coinvolgersi politicamente con i perlopiù corrotti regimi locali, di tenersi lontano dai ricorrenti e spesso interminabili conflitti, di non dedicarsi direttamente ad at-tività minerarie, puntando invece ad investire strategicamente nel ripristino e potenziamento delle infrastrutture dell’antica Africa francese e, più recentemente, an-che di quella inglese e portoghe-se in porti, depositi, docks, fer-rovie, logistica, servizi di suppor-to all’estrazione mineraria, cioè nelle infrastrutture indispensabi-li perché le materie prime locali possano diventare ricchezza.

Si tratta di una nuova geogra-fia economica che sta cambiando il continente, riassumibile in 6 porti controllati e 3 in prepara-

zione, 3 ferrovie in concessione ed una (la Gibuti – Addis Abeba) in trattativa, presenza in 42 pa-esi con 5 milioni di m² di instal-lazioni e 17.000 dipendenti, un volume di affari che nel 2007 è stato di 1,6 miliardi di euro.

Inoltre, al post-colonialismo africano, di cui Bolloré è stato pioniere, collaborano sempre più attivamente i cinesi affamati di materie prime, in grado di ope-rare cospicui investimenti con gli ingenti saldi esportativi e che condizionano le loro attivi-tà al trasferimento di personale dirigente proprio che possa agire in termini manageriali autonomi. In altre parole: i governi ineffi-cienti e corrotti guadagnano con le imposte, con l’occupazione di crescenti masse proletarie, con la

garanzia che i prezzi d’esporta-zione saranno quelli internazio-nali; un passo quindi fondamen-tale rispetto all’antico coloniali-smo basato sulla sola esportazio-ne delle materie prime a prezzi irrisori ed allo sfruttamento delle masse proletarie locali.

Parallelamente, prospettive fa-vorevoli si aprono per i paesi pro-duttori di petrolio, specie la Nige-ria e il nord Africa, e per quelli in cui vi siano le condizioni per col-tivazioni energetiche, specie l’An-gola, i cui prezzi sono in crescita nonostante le grandi oscillazioni di questo periodo di incertezze.

Ero stato in Etiopia circa 5 anni fa rilevandovi una miseria

senza speranze. Ma anche lì le cose stanno cambiando, sia pu-re in modo distorto. La capitale Addis Abeba è diventata sede di grandi speculazioni immobiliari come le metropoli del Sudame-rica, per motivi non facilmente comprensibili, forse ricercabili nel mondo che si globalizza, che si muove, che scommette sullo sviluppo di nuove aree del nostro conturbato pianeta.

Speriamo che, di pari passo, si verifichi in Africa la stabilizza-zione della popolazione esplosa negli ultimi decenni, un periodo di pace duraturo, una certa mo-ralizzazione politica.

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Fabio Porta

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Massimo Bellelli, Console Generale d’Italia a Rio de Janeiro, lascia il Brasile dopo quattro anni di importanti realizzazioni. La ‘saudade’ della comunità italiana e brasiliana per un console… “differente”

Ambasciatori e Consoli non godono normalmente di una buona fama; il loro mestiere è solitamente

associato a benefici e privilegi, e molto raramente al loro comples-so compito istituzionale.

Questo vale per i diplomatici di tutti i Paesi; nel corso di que-sti anni ne ho conosciuti molti, potendone apprezzare in alcuni casi le doti umane e la compe-tenza, anche se a volte mi sono trovato a contestarne la superfi-cialità o l’eccessivo distacco dal-la comunità.

Qualche mio collega pen-sa che compito dei parlamenta-ri eletti all’estero sia quello di nominare o dimettere Consoli o Ambasciatori, confondendo il potere esecutivo (del governo) con quello legislativo (del Par-lamento).

Credo di avere ben chiaro il mio ruolo, che in questo caso non è molto diverso da quello dei cittadini che mi hanno elet-to e che rappresento in Parla-mento: cittadini italiani, quelli residenti in Italia e quelli che vivono all’estero; cittadini che hanno il dovere di rispettare le leggi dello Stato italiano, ma che hanno il diritto di poter usufruire di servizi efficienti ed adeguati.

È per questo che i diplo-matici, per chi vive all’estero, sono così importanti. Sono lo-ro i responsabili diretti di ta-li servizi, e in questo senso ci permettiamo di criticarne – in positivo o in negativo – il loro operato e quello delle strutture che gestiscono.

L’ultima volta che - sulle co-lonne di un giornale – mi sono rivolto ad un diplomatico, l’ho fatto per denunciare la gravità di certe sue affermazioni relative alla nostra comunità e per invi-tarlo ad essere più attento all’in-tegrazione dei servizi consolari con il sistema costituito da As-sociazioni, Comites e Patronati.

Adesso vorrei fare il contra-rio, utilizzando le poche, ma au-torevoli, righe di una rivista per rendere il giusto e dovuto omag-gio ad un diplomatico che, pur-troppo e (speriamo) temporane-amente, ci lascia per assumere altri importanti incarichi.

Sto parlando del Console Generale d’Italia a Rio de Janei-ro, Massimo Bellelli, che dopo i canonici quattro anni di incari-co lascerà il Brasile per rientra-re in Italia.

Ho conosciuto Massimo Bel-lelli qualche anno fa, poco tem-po dopo il suo insediamento nel-la bella e centrale sede consolare della “cidade maravilhosa”.

Fui subito sorpreso dal suo piglio deciso e dal suo discorso per nulla “diplomatico”; ossia, dai suoi pochi giri di parole per trattare un argomento e soprat-tutto dalla sua capacità di vede-re e interpretare le cose ‘dal lato della comunità italiana e italo-brasiliana’. Direi di più: ciò che mi colpì fu il suo sano pragmati-smo, così poco comune tra i suoi colleghi diplomatici, spesso più inclini a individuare gli impedi-menti che le soluzioni di fronte agli innumerevoli problemi cui si trova quotidianamente di fronte la nostra grande collettività.

A conclusione del nostro pri-mo incontro che, come sempre (lo avrei scoperto dopo) si pro-rogava ben oltre i 15-20 minu-ti delle normali visite protocol-lari, il Console d’Italia a Rio mi invitava a conoscere da vicino il Consolato, accompagnandomi in tutte le stanze e in tutti gli uffici dove si svolgeva il lavoro consolare e dove veniva ricevuto il pubblico. Era visibile la soddi-sfazione del Console nel mostrar-mi la sala d’attesa, dove i nostri concittadini potevano assistere alla televisione italiana sorseg-giando un buon caffè e leggendo una rivista (entrambi, ovviamen-te, italianissimi!).

Il Bellelli del mio primo in-contro si è così rivelato il Con-sole di tutti gli italiani: delle persone semplici che chiede-vano al Consolato un piano di assistenza socio-sanitaria ade-guato ai loro bisogni, spes-so drammatici; ma anche degli imprenditori italiani e brasilia-

ni, che si rivolgevano al Conso-lato per rafforzare l’internazio-nalizzazione delle loro imprese. Il Console amico del Comites e della grande collettività italia-na degli Stati di Rio de Janei-ro, Espìrito Santo e Bahia; ma anche il riferimento attento e disponibile delle autorità brasi-liane, che hanno sempre trova-to in lui un interlocutore serio e sensibile.

Alcune realizzazioni del Con-sole Massimo Bellelli sono più eloquenti di tanti discorsi di cir-costanza: mi riferisco alla com-pleta e utilissima “Guida Conso-lare” ideata dallo stesso Bellelli e divenuta uno strumento essenzia-le per chiunque voglia conoscere da vicino e in maniera semplice e diretta la realtà brasiliana e l’ar-ticolata rete di servizi esistente a favore dellà comunità italiana.

Ma penso anche alla ormai tradizionale “Festa Italiana” che, in occasione del 2 giugno, anima per tre giorni le strade adiacenti al Consolato ‘popolarizzando’ la commemorazione della “Festa del-la Repubblica Italiana”, avvicinan-do le istituzioni alla comunità del nostro Paese che qui risiede, ma anche alla popolazione locale.

Due iniziative che forse me-glio di altre esprimono la gran-de intuizione e sensibilità di questo bravissimo diplomatico: aver capito che gli italiani e gli italo-brasiliani costituiscono davvero, e non in forma retori-ca, una risorsa per il nostro Pa-ese, e lavorare quindi in manie-ra conseguente.

Arrivederci, Console Massi-mo, anzi: Até logo!

Diplomatico, ma non troppo…

Crisi?La Vale ha annunciato, in ottobre, che vuole investire 14,2

miliardi di dollari nelle sue operazioni nel 2009. Ciò signi-fica un aumento del 30% in confronto a quanto è stato investi-to quest’anno. L’industria metallifera ha fatto sapere che la cifra coinvolge 30 progetti in perlomeno sette paesi. Il Brasile riceve-rà il 70% del totale degli investimenti. La meta dell’impresa è di produrre, in un periodo entro 5 e 7 anni, 500 milioni di tonnella-te di minerale di ferro, 450mila tonnellate di nichel, 8,2 tonnel-late di allumina.

Ancora sporcoDati divulgati dal ministero dell’Agricultura Pecuária e Aba-

stecimento (Mapa) rendono noto che, tra il 2000 e il 2006, i settori che hanno maggiormente contribuito alla crescita del-le esportazioni degli affari agricoli sono stati quello delle carni (23,2% dell’aumento assoluto delle vendite all’estero) e quello dello zucchero/alcol (22,7%). Però, secondo rilevamenti della Comissão Pastoral da terra (CPt), il 56% dei casi registrati di lavoro schiavo in Brasile, tra il 2003 e il 2006, si sono avuti negli allevamenti. Del totale dei lavoratori liberati dalla schia-vitù contemporanea, durante lo stesso periodo, il 40% faceva-no attività legate all’allevamento bovino e il 10% è stato ri-scattato dalle piantagioni di canna da zucchero. La maggior parte dei casi si è avuta nella regione Centro-Ovest del paese. Dal 2003, il ministero del trabalho e Emprego (MtE) attualiz-za ogni sei mesi un registro di infrattori chiamato lista sporca del lavoro schiavo.

ElettricitàLa centrale di Itaipu va avanti, nel 2009, per battere il suo

stesso record di produzione annuale di energia. Deve supe-rare la quota di 95 milioni di MWh. Fino ad allora, la sua miglio-re quota era stata registrata nel 2000, quando ha prodotto 93,4 milioni di MWh.

PuliziaUna “barca ecologica” sarà usata dal governo dello stato di

Rio de Janeiro per ripulire dai rifiuti la Baia da Guanabara. Il Limpia ha previsto l’inizio delle operazioni per questo mese. Sarà usato per fare la raccolta di residui solidi che si incastra-no nelle eco-barriere in-stallate alla foce dei fiu-mi. Circa 80 tonnellate di rifiuti vengono getta-ti tutti i giorni nella Ba-ia. La barca è la prima in Brasile mossa a gas na-turale. Ha autonomia per due viaggi intorno alla Baia. L’imbarcazione può raccogliere fino a cinque tonnellate di rifiuti ogni viaggio. I residui solidi sono raccolti da un nastro caricatore frontale e mantenuti in due containers. Visto che la raccolta è automatica, gli operatori dei nastri non entrano in contatto con i rifiuti raccolti dai fiumi. Inoltre, il Lìmpia pre-senta una gru della capacità di mezza tonnellata e un cannone d’acqua ad alta pressione.

La fiNESTRaDaniele Mengacci

[email protected]

Un ammirevole Mondo Nuovo sembra profilarsi all’orizzon-

te, dalle crisi nascono le oppor-tunità e così potrebbe essere, se i governanti del Mondo Occiden-tale saranno attenti ai messaggi che la grande crisi sta mandando a loro e all’opinione pubblica.

Il più forte, e già accettato, è quello della necessità di una rifor-ma totale del sistema finanziario in-ternazionale e delle sue regole, che ponga al riparo l’economia reale dagli eccessi di voracità degli spe-culatori e dalla troppa disinvoltura con cui le banche trattano i depo-siti dei clienti. Giustamente, Geor-ge Bush ha deciso di convocare un vertice internazionale per affronta-re la questione dopo le elezioni, in modo che il nuovo presidente possa già, in attesa dell’investitura uffi-ciale, intendere la situazione, le sue tendenze e le proposte di soluzio-ne, a cominciare da quella francese, anche se recentemente silurata dal governo tedesco.

Una Orda d’Oro, composta da banchieri e finanzieri arabi che, nonostante la crisi che ha colpito anche loro, dispone di attivi per circa duemila miliardi di euro, si sta muovendo per conquistare ter-reno nell’economia reale europea.

Lo strumento con cui operano si chiama Fondo Sovrano. Si trat-ta di strumenti finanziari creati dai propri governi o banche cen-trali arabe, e si muovono non solo a scopo di profitto ma anche con intento politico. La loro creazione ha un che di ironico: i fondi glieli

abbiamo forniti noi comprando pe-

trolio e ma-

nufatti, e adesso loro vogliono le nostre migliori aziende.

Destinati all’acquisizione di partecipazioni nei migliori at-tivi europei, in Italia sono già presenti con il fondo libico Mu-badala, che detiene il 4,2 % di Unicredit, vuole arrivare al 5% e rivendica una vice presidenza, assumibile dal Governatore del-la Banca Centrale libica, Farhat Omar Bengdara.

Mubadala già possiede il 5% della Ferrari e il 35% della Piaggio aeronautica e vorrebbe telecom, ma non c’è accordo sul prezzo. Se fosse in vendita comprerebbe l’ENI per 46 miliardi di euro, tan-to vale sul mercato lo strategico ente petrolifero nazionale.

Il Cav. Berlusconi, ben conscio della devastazione che un’azione totalmente libera di questi fondi potrebbe causare alla nostra eco-nomia, ha già dichiarato che la loro partecipazione nelle nostre aziende non potrà superare il 5%, e sono state smentite le voci per cui il fondo di Abu Dhabi stava negoziando una partecipazione nel nostro gioiello del settore de-gli armamenti, la Finmeccanica.

La crisi ha anche dimostrato che, nonostante i teorici dell’eco-nomia e certi enunciati dei pro-grammi di alcuni partiti politici annuncino il libero mercato, nella realtà pratica questo non esiste.

Il capitalismo, quando gene-ra per una sua propria perversione una crisi che non riesce a risolvere autonomamente, chiede aiuto allo Stato, che non può negarlo in ra-gione del noto ricatto: “ se io ban-ca fallisco brucio i risparmi di cen-tinaia di migliaia di clienti”. Così è successo con le vicende Parmalat, Argentina e precedentemente

in Brasile con il Proer, durante

il primo go-verno di Fer-nando Henri-

que Cardoso.

oPortunità!?

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O governador fluminen-se Sérgio Cabral ampliou seus domínios políticos também para o municí-

pio do Rio de Janeiro. Seu ex-secretário de turismo, Eduardo Paes (PMDB), é o novo prefeito dos cariocas, eleito no mês pas-sado. Assim, ele passa a “contro-lar” dois orçamentos que somam 47 bilhões de reais por ano. Com a vitória de Paes sobre Fernando Gabeira (PV), foi dado o primeiro passo de uma futura candidatura de Cabral à presidência da Repú-blica, em 2010.

A ex-governadora do estado, Rosinha Garotinho (PMDB), tam-bém voltou ao poder. Ela se ele-geu prefeita de Campos, seu berço político. Além disso, a filha Claris-

sa conquistou uma vaga na Câma-ra Municipal do Rio de Janeiro.

Em São Paulo, Gilberto Kas-sab (DEM) foi reeleito prefeito da maior cidade do país. Sua vice é a ítalo-brasileira Alda Marco An-tonio. Ela é uma das fundadoras da seção brasileira da Unione Ita-liani nel Mondo, da qual é a atual vice-presidente.

Em Minas Gerais, o governa-dor Aécio Neves também conse-guiu levar seu candidato Márcio Lacerda (PSB) à prefeitura de Be-lo Horizonte. Neves é outro no-me cotado para disputar a presi-dência nas próximas eleições. Em Manaus (AM), o novo prefeito é Amazonino Mendes (PtB). Dário Berger (PMDB) foi reeleito em Florianópolis (SC) enquanto Jo-

sé Fogaça (PPS) terá mais qua-tro anos à frente da prefeitura de Porto Alegre. Vitória (ES) tam-bém reelegeu João Coser (Pt).

Itália?A cidade de Cacoal, em Rondônia, tem um prefeito italiano de nas-cimento e brasileiro de coração. Em sua estréia no mundo políti-co, o padre comboniano Frances-co Vialetto foi eleito com 60,75% dos votos, o que representa a op-ção de 24.601 eleitores num total de 43.408 votos válidos. Assumi-rá o cargo no dia 1º de janeiro disposto a estender a todo o mu-nicípio um trabalho missionário que tem como principal vitrine os feitos para a construção do hos-pital no bairro Eldorado.

Padre Franco, como é conhe-cido, foi apresentado aqui na Co-munità na edição 123, que tam-bém trazia os ítalo-brasileiros Walter Mussolini, João Batista Bianchini, o “Italiano” e, Enelvo Felini. Eles concorriam nas cida-des de Maria da Fé (MG), Beb-douro (SP) e Sidrolândia (Mato Grosso), mas não conseguiram se eleger.

Da cadeiaNa cidade do Rio de Janeiro, Car-minha Jerominho, depois de pas-sar 40 dias num presídio de segu-rança máxima, teve uma comemo-ração dupla. A liberdade e a vitó-ria nas urnas com mais de 22 mil votos. Ela havia sido presa na Ope-ração Voto Limpo da Polícia Fede-ral. A família da futura vereadora é acusada de comandar uma milícia que controla favelas e cooperati-vas de transporte na Zona Oeste da cidade. O pai, Jerominho, tam-bém é vereador e o tio, Natalino Guimarães, deputado estadual, e o irmão, ex-policial militar, continu-am presos. Em todo o Brasil, dos

75 vereadores que tinham algum problema com a Justiça, 37 foram eleitos ou reeleitos.

EmpateNo município mineiro de Dom Ca-vati, a eleição terminou empatada. Segundo a legislação eleitoral, em casos assim, o candidato mais ve-lho é declarado vencedor. Resulta-do: Jair Vieira (DEM) venceu Pedro Euzébio Sobrinho (Pt). Eles tive-ram 1.919 votos cada. E segundo tribunal Superior Eleitoral (tSE), a diferença por um voto foi decisiva nas cidades de São Martinho (RS), Saldanha Marinho (RS), Jussara (PR), Nazaré (tO) e Arantina (MG).

Questão de nomeVários candidatos se apresenta-ram com nome de jogadores de futebol. Assim, assumem, em vários pontos do país, 19 Pe-lés, dois Garrinchas, um taffarel e cinco Dungas. Já os seis can-didatos que usaram o nome Bin Laden, terrorista mais procurado do mundo, e os quatro que utili-zaram Obama, candidato à Presi-dência dos EUA, fracassaram nas eleições deste ano.

Em outubro, brasileiros elegeram novos prefeitos e vereadores, em todo o país. Em Rondônia, a cidade de Cacoal terá um prefeito italiano

Sob nova direção

Sílvia Souza e Sônia apolinário

política

Eduardo Paes Padre Franco

política

Presidente Lula vai à Itália em sua primeira visita oficial, na nova era Berlusconi

Agora vaiSílvia Souza

Depois de um ano de pla-nejamento e mudanças na agenda, chegou a ho-ra. O presidente brasilei-

ro Luiz Inácio Lula da Silva de-sembarca em Roma no dia 10 de novembro para sua primeira via-gem oficial à Itália, desde que Silvio Berlusconi voltou ao car-go de primeiro-ministro. Será, porém, a terceira vez, somente este ano, que os dois se encon-trarão. Eles estiveram juntos na reunião da FAO e na cúpula do G8, no início do segundo semes-tre. Da programação, é possível que faça parte uma visita ao pre-sidente Giorgio Napolitano.

Lula também pode ir a Milão para participar de um seminário sobre a infra-estrutura da Amé-rica Latina, que contará com a

presença de autoridades dos go-vernos da América do Sul e Amé-rica Central, além de empresá-rios italianos. Em um momento de crise econômica, nada melhor que fortalecer os laços com na-ções parceiras. Ainda mais de-pois que o primeiro ministro ita-liano sinalizou a intenção de au-mentar a participação de países

emergentes no grupo dos oito mais influentes.

— tendo a responsabilida-de de presidir o próximo G8 (em 2009), ainda mais frente à crise econômica que interessa a todos os países do mundo, confirmo a vontade do G8 de dar vida com continuidade a um G14 — decla-rou Berlusconi, mês passado, ao

inaugurar a nova sede da Funda-ção Itália-China, em Pequim.

A viagem de Lula insere-se em um contexto de grande aten-ção por parte da Itália dirigida aos países da América Latina. No final de outubro, o subse-cretário das Relações Exteriores da Itália, Vincenzo Scotti, visi-tou países da América Central. Na ocasião, destacou a “perfeita continuidade” nas relações esta-belecidas pelo governo italiano anterior com a América Latina. Ele também informou que o ex-subsecretário das Relações Exte-riores da Itália, Donato Di San-to, foi nomeado pelo chanceler Franco Frattini para integrar o comitê da IV Conferência sobre a América Latina, prevista para outubro de 2009. O evento se-rá dedicado à cooperação entre a Itália e países latino-america-nos nas áreas de infra-estrutura, energia, pesquisa e pequenas e médias empresas.

— De 40 empresas italianas no exterior, quase metade do fa-turamento é proveniente de ne-gócios feitos na América Central e do Sul — observou Scotti.

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Associazionismo, colletti-vità, assistenza sociale, elezioni nei Comitati de-gli Italiani all’Estero (CO-

MItES) e nello stesso Consiglio Generale per gli Italiani all’Este-ro (CGIE). L’ordine del giorno pre-parato per l’incontro dei rappre-sentanti degli italiani in America Latina era lungo. Fra i tanti temi che hanno segnato l’evento, du-rato tre giorni a Rio de Janeiro: il taglio nel preventivo di spesa del governo italiano per gli ita-liani che non vivono in Italia e la Conferenza dei Giovani. Delle 424 persone tra i 18 e i 35 an-ni attese per l’evento, che avrà luogo il mese prossimo a Roma, l’America Latina (AL) ne invierà 154. Il “taglio”, che entrerà in vigore nel 2009, prevede una ri-duzione nei fondi destinati prin-cipalmente all’area di diffusione della lingua e dell’assistenza.

— Dei 64 milioni di euro che noi avevamo all’estero, dovremo vivere con 32 milioni. Solo per la diffusione della lingua sono 28 milioni in meno. Nel settore della cooperazione si parla di una ridu-zione da 800 milioni a 350 milioni di euro, un taglio del 62%. I no-

stri sforzi possono essere vanifi-cati. Sappiamo della necessità in Italia della riorganizzazione, ma manca sensibilità ai governanti. Purtroppo i deputati che abbiamo eletto non riescono a difenderci su questo tema — dice il consi-gliere Claudio Pieroni, del Brasile.

La speranza che questa ed al-tre problematiche possano risol-versi concretamente affida alla Conferenza dei Giovani un ruolo importante, secondo Pieroni. Il Brasile parteciperà con 40 giova-ni. Di questi, 13 saranno rappre-sentati da giovani che sono già stati delegati in altre riunioni. La maggior parte sono stati di-stribuiti dall’AIRE (lista dell’oc-cupazione italiana all’estero). Perciò São Paulo manderà 14 per-sone; Rio de Janeiro, sette; Porto Alegre e Curitiba, sei; Belo Hori-zonte quattro e Recife tre.

— Con tutto ciò stiamo cer-cando la migliore rappresentazio-ne possibile. Il criterio, indiscu-tibile per la scelta di questi rap-presentanti è parlare italiano. E poi faremo una selezione secon-do le varie regioni di origine in Italia, e secondo le carriere o le occupazioni — spiega Pieroni.

A parte Pieroni, i lavori a Rio hanno riunito Antonio Laspro, anche lui di São Paulo, Walter Petruzziello, di Curitiba e Mario Araldi, di Belo Horizonte e mem-bri del Consiglio dell’Argentina, Colombia, Cile, Uruguay e altri paesi dell’AL. tutto viene seguito da vicino dalla direttrice generale per gli Italiani all’Estero e le Po-litiche Migratorie, Carla Zuppetti, e dal vice segretario generale per l’America Latina del CGIE, Franci-sco Nardelli.

Una delle decisioni prese nel-la riunione ha definito una pro-testa, già questo mese, affin-ché ogni circoscrizione del CGIE America Latina prenda posizione contro il taglio preventivato. E mentre alcuni consiglieri punta-no a rimandare le elezioni per il COMItES e per il futuro rinnova-mento nel CGIE, previsti rispetti-

vamente per marzo e giugno del 2009. La riunione del COMItES è già stata messa in agenda per Buenos Aires.

Cooperazione“È come tornare bambini”, di-chiara il ministro Carla Zuppet-ti in mezzo a dozzine di bambi-ni assistiti dal Centro Educacio-nal Cantinho da Natureza. Come parte del lavoro dei consiglieri, avrebbero dovuto visitare il pro-getto che conta sulla cooperazio-ne italiana, svolto nel Morro dos Cabritos, a Copacabana. Però me-no della metà dei 30 partecipan-ti alla Riunione ha svolto questa parte del lavoro.

— È veramente complica-to parlare di italiani all’estero come un tutt’uno, se ogni pae-se ha una sua realtà, se la cul-tura e la lingua soffrono cam-biamenti e anche se per ogni luogo c’è stata un’emigrazio-ne causata da contesti socioe-conomici diversi. D’altra parte è importante mettere in risal-to il cammino contrario che fa il governo andando incontro a queste nuove generazioni. Non abbandoniamo nessuno — dice Zuppetti, che occupa da quattro mesi il suo posto.

La scuola/asilo nido alla fi-ne della salita della Ladeira dos tabajaras accoglie 150 bambini da zero a sei anni, coordinati da padre Enrico Arrigoni. I bambi-ni svolgono attività pedagogi-che mentre i genitori lavorano. L’istituzione, che riceve l’appog-gio dell’Associazione Volonta-ri per il Servizio Internaziona-le (AVSI), si sforza di integrare gli 8000 abitanti della comuni-tà con programmi di educazione ambientale e salute, e l’80% del personale è composto da abi-tanti del luogo.

politica

Conferenza dei Giovani e proteste contro il taglio nel preventivo di spesa che riguarda gli italiani all’estero segnano la riunione dell’America Latina del Consiglio Generale degli Italiani all’Estero, realizzata a Rio de Janeiro

Uniti nella protesta

Sílvia Souza

Carla Zuppetti

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política

No mesmo dia em que no Brasil se comemora o dia do professor, 15 de outu-bro, o governo de Silvio

Berlusconi instituiu medidas que podem vir a se refletir nas salas de aula da Itália. Por 256 votos a fa-vor, 246 contra e 1 abstenção, a Câmara dos Deputados aprovou uma moção apresentada pelo parti-do de extrema direita Liga Norte. O texto dispõe sobre o acesso de alu-nos estrangeiros à escola, a partir do nível de conhecimento da lín-gua italiana. Quem não for fluen-te pode ser encaminhado para uma “classe de inserção”. Na prática, is-so significa italianos para uma sa-la, estrangeiros para outra.

— Deus nos livre da idéia que possam existir classes separa-das. Até agora, se trata somente de uma moção, mas se for trans-formada em uma proposta de lei, nós faremos de tudo para que não seja aprovada no Parlamento — afirma Walter Veltroni, presidente do Partido Democrático.

Na avaliação do ministro “sombra” do Exterior, do gabinete paralelo do PD, Pier Fasino, se es-sa moção virar lei, o governo vai mexer “na única parte do país que

dava sinais positivos em relação à integração” de italianos e estran-geiros. Segundo ele, a moção po-de vir a representar “anos de tra-balho de inserção e didática es-colar que serão praticamente anu-lados”. Para Fasino, a moção re-presenta uma “regressão cultural que, além de produzir um clima de discriminação, fará da escola um ente formador de discriminação entre as próprias crianças”.

A proposta causou perplexi-dade até na centro-direita. O pre-feito de Roma, Gianni Alemanno, pediu uma “pausa para reflexão” e um confronto com o mundo do voluntariado e da Igreja. Até a deputada pelo Povo da Liberda-de, Alessandra Mussolini, neta de Benito Mussolini, declarou que esta é uma “medida racista”.

O texto da moção prevê o in-gresso de crianças estrangeiras após a realização de um teste em italiano. Os reprovados são inseri-dos nas chamadas “classes pontes”. Além disso, estabelece que os alu-nos estrangeiros podem ser matri-culados somente até o dia 31 de dezembro, isto é, após 4 meses do início do ano escolar. também pre-vê uma distribuição dos estudantes

estrangeiros em proporção ao nú-mero de alunos por classe – isto é, cota para alunos imigrantes.

Segundo Alberto Ruperti, pro-fessor de arte do Liceo Brochi de Bassano del Grappa, no Vêneto, não existe nenhum motivo “do ponto de vista didático e educa-tivo” para a separação das salas de aula.

— A classe de inserção nada mais é do que uma classe separa-tista exclusiva para filhos de imi-grantes. Isso reforça ainda mais o preconceito que vê na presen-ça de crianças estrangeiras um enorme problema para o apren-dizado das crianças italianas — afirma Ruperti.

Reforma escolarA moção separatista faz parte do plano de reforma escolar que a ministra da educação Mariastella Gelmini está tentando fazer pas-sar no parlamento. Além das clas-ses separadas, a reforma prevê a volta de um único professor para o ensino primário, nota específica para comportamento (abaixo de 5, repete o ano mesmo se a média escolar for alta), a volta do uni-forme, a volta de ensino de edu-

cação cívica, o prolongamento do tempo de utilização de livros que devem ser válidos por cinco anos e a diminuição para 24 horas sema-nais de ensino escolar. A reforma ainda prevê corte ao financiamen-to às escolas, redução do núme-ro de bolsas de estudo e demissão em massa de professores (cerca de 24 mil). Além disso, o paco-te pretende cortar 17% do pesso-al que trabalha nas escolas como ajudante, secretária ou cozinheira. Ao todo, estão em jogo quase 90 mil empregos, o que já abriu um duro confronto com os sindicatos. Seriam fechadas 2 mil escolas em todo o país por não superarem o número mínimo de 500 alunos. Ou seja, as salas de aulas restantes teriam turmas maiores.

No próprio dia 15 de outubro, alunos, pais e professores, con-trários à reforma Gelmini, acam-param durante a noite em escolas de todo o país. A Confederação Geral Italiana do trabalho (CGIL), Confederação Italiana dos Sindi-catos dos trabalhadores (Cisl) e União Italiana do trabalho (Uil), já anunciaram que farão greve geral. Enquanto isso, estudantes ocuparam as universidades de Ro-ma, Padova, Milão, Bari, Nápoles, Aquila, Bolonha, Florença e turim em protesto contra o pacote. Eles pregam, inclusive, a interrupção do ano escolar, enquanto a situa-ção não estiver resolvida.

Salas separadas

Moção aprovada pela Câmara dos Deputados dá o primeiro passo para isolar crianças italianas de crianças imigrantes, dentro das escolas

Janaína CeSarCorrespondente • treviso

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no parlamento

Italianidade à provaTaTiana Buff

Correspondente • são paulo

Na sua quinta legislatura consecutiva, o deputado Marco Zacchera, de 57 anos,

preside o Comitê Permanente para os Italianos no Exterior desde julho. Nascido

em Verbania, província de Verbano-Cusio-Ossola, o parlamentar foi eleito e

reeleito para a Câmara dos Deputados da Itália, desde 1994, pela Aliança Nacional

e pelo Partido do Povo da Liberdade. Preocupado com os cortes milionários na

Lei Orçamentária de 2009 que atingirão as comunidades italianas no mundo, assegura

estar “fazendo todo tipo de pressão sobre o governo para que mude de idéia”. Para isso

quer o apoio dos colegas, inclusive dos eleitos no território. Favorável a mudanças na lei

do voto no exterior que garantam maior legitimidade aos resultados, igualmente

defende novas regras para a concessão da cidadania. Sobre o Primeiro Congresso dos

Jovens Italianos no Mundo, alfineta:— Espero, realmente, que seja

uma ocasião importante de confronto e, sobretudo, de proposta, não apenas

uma alocação romana para 420 jovens recomendados, ou pior, parentes dos

dirigentes dos Comites — afirma ele em entrevista por e-mail à Comunità.

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entanto, que deveria também se colocar no papel dos governantes que querendo ou não devem im-por regras sobre os modos e flu-xos de entrada. Para ajudar é pre-ciso conhecer e, portanto, identi-ficar, entender quem chega.CI - O que espera do Primeiro Congresso dos Jovens Italianos no Mundo que será realizado em Roma no início de dezembro?Zacchera - Espero, realmente, que seja uma ocasião importan-te de confronto e, sobretudo, de proposta, não apenas uma aloca-ção romana para 420 jovens re-comendados, ou pior, parentes dos dirigentes dos Comites (co-mitês dos italianos no exterior). Faz bem o subsecretário (Alfredo) Mantica em insistir neste ponto. Igualmente, fazem bem os jovens a pretender localmente serem eles a indicar os próprios representan-tes a ser enviados a Roma. Parti-ciparei voluntariamente dos tra-balhos da Conferência, também porque creio que será um impor-tante momento de aprendizado para quem, como eu, se ocupa há vários anos destes problemas. CI - Como presidente do Comitê Permanente para os Italianos no Exterior, qual é sua relação com a comunidade italiana na Améri-ca Latina? Teve oportunidade de visitar todos os países, inclusive o Brasil? Zacchera - Estive diversas vezes no Brasil, tanto particularmente quanto como conselheiro regional do Piemonte. também estive antes e depois de 1994 como parlamen-tar. Visitei muitos estados brasi-leiros e quase todos os países da América Latina inclusive as nos-sas comunidades de Punta Arenas (Chile) a Maracaibo (Venezuela). Constatei muitos problemas, mas também muitas possibilidades inutilizadas, muitas contradições. A falar disso se abre um livro... CI - Pensa que a lei do voto no ex-terior deva mudar? Zacchera - Absolutamente sim. Dado o princípio do direito-dever ao voto inclusive aos nossos emi-grados - um direito que a direita italiana sempre defendeu desde os anos 50 e que apenas graças à teimosia de Mirko tremaglia foi ratificado na Constituição e ali de-ve permanecer - acredito que de-vemos absolutamente encontrar e aplicar regras novas e mais trans-parentes para expressar o voto. Vi coisas inconcebíveis na cam-

panha eleitoral e durante os es-crutínios, com responsabilidades graves também do centro-direita. O voto pelo correio, sobretudo na América Latina, se demonstrou aberto a irregularidades de todo tipo e não é mais crível continu-ar assim. Deverão ser, portanto, mudadas as regras de voto (penso nas seções eleitorais e no envio postal apenas sob explícita solici-tação do eleitor) com controle da identidade dos votantes.CI - Quais são suas principais preocupações relativas aos cor-tes na Lei Orçamentária de 2009 para as comunidades italianas no mundo?Zacchera - Estou verdadeiramen-te muito preocupado com estes cortes nos financiamentos e, so-bretudo, não aceito que haja es-tes cortes indiscriminados e tão pesados. Estamos tentando re-mediar e fazer todo tipo de pres-sões sobre o governo para que mude de idéia ou, ao menos, re-duza o redimensionamento tão forte para alguns itens. Acima de tudo, se alguns cortes são, no fundo, aceitáveis, aquele da assistência direta e indireta vai atingir principalmente as nossas comunidades sul-americanas. O comitê parlamentar presidido por mim não deixará por isso de fazer ouvir sua voz, que, espero, seja apoiada não só pelos elei-tos no exterior, mas por todos os parlamentares.CI - Com relação a eventuais al-terações na lei de cidadania, es-tá de acordo com a aplicação de uma prova de língua italiana e outra de conhecimento da Cons-tituição antes de concedê-la aos oriundi?Zacchera - Sim. Creio que as nor-mas para solicitar a cidadania italiana devem ser revistas em termos restritivos. O atual sis-tema não permite um screening (classificação) objetivo de quem tem os títulos para obter a ci-dadania italiana, conceito que não pode ser certificado apenas à base de documentos. Pessoas em demasia a obtiveram. Muitas mais ainda a pediram só por mo-tivos econômicos e pelo passa-porte, mas não tendo nada mais de “italiano” ou, pior, não tendo jamais tido. CI - Está de acordo com o reco-nhecimento da cidadania aos fi-lhos de italianas nascidos antes de 1948?

Zacchera - Juridicamente sim, mas praticamente não, no sen-tido que a mim interessa que a cidadania seja solicitada e confe-rida a pessoas “italianas” por lín-gua, cultura e tradições. Conhe-ci pessoas que não a obtiveram no passado e poderiam no futuro obtê-la graças a estes princípios constitucionais, mas devo ressal-tar que conheci outras que – pre-cisamente – se também pedissem e conseguissem a cidadania, de italiano não teriam nada, se não uma ascendência materna. Creio que se deva abrir constitucional-mente a possibilidade de solici-tar a cidadania também a essas pessoas por uma questão de jus-tiça jurídica, mas ao mesmo tem-po é útil restringir depois (e a valer para todos) os parâmetros para obtê-la. Não basta expres-sar-se também em italiano, mas compreender se o candidato-ci-dadão tem um mínimo de verda-

deira, documentada italianidade. Se a tem e consegue concreta-mente demonstrá-lo, então seja bem-vindo! CI: A seu ver o governo Berlusco-ni está vencendo a batalha con-tra as máfias dentro e fora do país?Zacchera - Há um fortíssimo em-penho do Governo contra a Ca-morra, como se está demonstran-do em Nápoles e na Campânia. Eu espero, portanto, realmente que sim. CI - Qual seria sua proposta ou propostas para reduzir as filas de solicitantes da cidadania em frente aos consulados italianos na América do Sul? Zacchera - Pedimos o envio de novos funcionários, a contrata-ção de pessoal local para liquidar os processos, mas – insisto – eu acredito que devam também ser mudados os parâmetros para ob-ter a cidadania.

ComunitàItaliana - Quais projetos o senhor apre-sentou à Câmara nesta legislatura? Algum foi

aprovado?Marco Zacchera - Nenhum, por-que ainda não houve tempo ma-terial para proceder ao itinerário legislativo previsto pelas normas parlamentares. De qualquer modo tenho em curso neste itinerário alguns projetos de lei referentes a questões relativas às nossas comunidades no exterior. CI - Como avalia o pacto sobre a imigração aprovado pela União Européia em setembro? A Itália terá leis mais específicas con-tra os imigrantes clandestinos? Zacchera - O pacto sobre a imi-gração é só um primeiro passo, mas significativo porque a Euro-pa deve entender que a imigra-ção é um problema comum a to-do o continente, não apenas de um país onde – por proximidade geográfica – se multiplicam os desembarques. Além disso, deve-mos recordar que a maior parte do fenômeno migratório não está relacionada apenas ao que se vê nos telejornais. Não se trata ape-nas dos desembarques de deses-

perados dos botes de borracha em Lampedusa, mas da lenta in-filtração nas fronteiras orientais da Europa de pessoas provenien-tes do leste europeu, dos Bálcãs, do oriente médio. Eis aí, portan-to, a necessidade não apenas de controlar as entradas, mas tam-bém de administrar este fenôme-no, que é de dimensão bíblica. CI - O que pensa da reação do Va-ticano contra a medida? Zacchera - O Vaticano faz bem em sustentar o que diz porque, jus-tamente, sublinha os temas, os valores, os preceitos cristãos em matéria de caridade e solidarie-dade humana. Às vezes, creio, no

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capa

A onda se formou nos Esta-dos Unidos e estourou, em cheio, em todos os países do mundo, literalmente.

Em alguns lugares, chegou como tsunami. Em outros, com tama-nho gigantesco, mas ainda “sur-fável”. teve onde ela chegasse al-ta o suficiente para deixar a praia perigosa e fazer os banhistas vol-tarem para casa, ainda que a sal-vos. No mundo da economia fi-nanceira, distante, mas não mui-to, da economia real, a quebra-deira começou em decorrência da crise hipotecária norte-americana e se alastrou pelo planeta.

A intensidade da crise que atingiu os países varia de acor-do com a saúde financeira de ca-da um. Quem estava saudável, se defendeu. Quem não estava, le-vou um “caixote”. Na Europa, tu-do indica que há um “caixote” a caminho. No Brasil, ainda é pos-sível furar essa onda e usá-la pa-ra chegar de volta à praia.

Na Itália, o Centro de Estudo da Confederação das Indústrias (CSC) não prevê um bom futuro. Segundo a última pesquisa, o pa-ís só sairá do sufoco econômico 2010, por conta da diminuição do PIB (de 0,2 deste ano para 0,5

em 2009); do consumo (-0,6%) e dos investimentos (-9%).

O primeiro-ministro Silvio Berlusconi fez declarações pa-ra manter a moral da população elevada. Segundo ele, “nenhum banco italiano falirá e quem in-veste não corre perigo”. Como providência para blindar a eco-nomia do país, o governo colo-cou à disposição do sistema ban-cário um fundo de 20 bilhões de euros para enfrentar a crise. tam-bém aprovou dois decretos finan-ceiros para salvar bancos em si-tuação de perigo.

Os decretos prevêem a reca-pitalização e o refinanciamento das instituições de crédito que elevam a 100 mil euros o teto de garantia para os depósitos ban-cários; permite que o estado in-tervenha no capital dos bancos no caso de necessidade por in-termédio da compra de ações es-peciais sem o direito de voto e garante o financiamento às em-presas. Berlusconi explicou que “o objetivo principal (das medi-das adotadas) é o de evitar que os que poupam sejam pegos pelo pânico”.

— Se todos resolverem sacar suas aplicações e colocar (o di-nheiro) embaixo do colchão, aí

sim, a economia do país entrará em risco — afirmou o primeiro-ministro, em pronunciamento.

No Brasil, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou a di-zer que a crise, no país, não pas-sava de uma “marola”. Da dúvida, porém, agiu. Diminuiu o compul-sório dos bancos para deixá-los com liquidez e mais dinheiro dis-ponível para o setor econômico; controlou o câmbio para evitar que o dólar disparasse; manteve o crédito para micro e pequenas empresas e deu mais autonomia para o Banco Central que, jun-

Salve-se quem puderCrise econômica mundial faz Itália prever recessão para 2009. No Brasil, a expectativa é de manter o crescimento econômico, porém, com índices modestos

Crisi economica mondiale fa prevedere la recessione in Italia per il 2009. In Brasile, le attese sono di mantenere la crescita economica, ma con indici modesti

Si salvi chi può

Janaína CéSar, Sônia apolinário e TaTiana Buff

Berlusconi e Lula: de olhos bem abertos e atentos para a criseBerlusconi e Lula: ad occhi ben aperti e attenti alla crisi

L’ onda si è formata negli Stati Uniti ed è scoppia-ta in pieno letteralmente in tutti i paesi del mon-

do. In qualche luogo è arrivata come uno tsunami. In altri, in di-mensioni gigantesche, ma ancora “da surfing”. Ci sono stati luoghi in cui l’onda è arrivata ad un’al-tezza sufficiente da rendere peri-colosa la spiaggia e far ritornare a casa i bagnanti, incolumi. Nel mondo dell’economia finanziaria, distante ma non molto dall’econo-mia reale, il crash è iniziato dovu-to alla crisi ipotecaria nordameri-cana e si è sparso per il pianeta.

L’intensità dell’onda che ha attinto i paesi cambia a seconda della salute finanziaria di ognu-no di essi. Chi stava bene in sa-lute, si è difeso. Chi no, è sta-to sbattuto a terra dall’onda. In Italia, tutto dice che ci sareb-be una “sbattitura” in arrivo. In Brasile è ancora possibile bucare quest’onda e usarla per tornare sul bagnasciuga.

In Italia, il Centro di Studi della Confederazione delle Indu-strie (CSC) non dà buone previ-sioni. Secondo gli ultimi sondag-gi, il paese uscirà dalla crisi eco-nomica solo nel 2010, dovuto al-la diminuzione del PIL (da 0,2 di quest’anno a 0,5 nel 2009), del consumo (- 0,6%) e degli inve-stimenti (- 9%).

Il premier Silvio Berlusconi ha dato dichiarazioni per mante-nere alta la morale della popola-zione. Secondo lui “nessuna ban-ca italiana fallirà e chi investe non corre pericolo”. Il provve-dimento per “blindare” l’econo-mia del paese preso dal governo mette a disposizione del sistema bancario un fondo di 20 miliardi di euro per affrontare la crisi. Ha sono stati approvati due decre-ti finanziari per salvare le banche in situazione di rischio.

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to com a Caixa Economia Fede-ral, foram autorizados a comprar bancos em perigo como forma de dar segurança aos poupadores.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, explicou que a autori-zação para os bancos públicos comprarem bancos privados “não é uma medida permanente”. Se-gundo ele, essa autorização res-ponde “à necessidade de momen-to de crise de liquidez”. Mantega afirmou que a medida é preventi-va porque o Brasil tem “um dos sistemas financeiros mais sólidos do mundo”.

O coordenador de Small Bu-siness da Escola Brasileira de Administração Pública e de Em-presas da Fundação Getúlio Var-gas do Rio de Janeiro, professor Francisco Barone, avaliou como “positivo neste momento” as me-didas adotadas pelo governo bra-sileiro. Segundo ele, o país está “surfando na onda” porque a sua economia está “sólida”.

— Desde 1994, nossa eco-nomia passa por uma boa fase. Quando assumiu, o presidente Lula manteve a política do seu antecessor e deu autonomia para o Banco Central. Para 2009, não acredito em recessão, mas vamos crescer menos. Essa crise é seme-lhante à de 1929 e está localiza-da na parte financeira da econo-mia. Por enquanto, a economia real não foi afetada. As pessoas físicas só vão começar a senti-la no início do ano que vem — ana-lisa o professor que tem cidada-nia italiana.

Ele acredita que o Brasil pode até vir a se beneficiar com a cri-se, se souber agir. Barone lembra que, com a alta do dólar, o turis-mo interno pode ser favorecido. Além disso, produtos brasileiros podem passar a substituir produ-tos antes importados, na prefe-rência do consumidor, justamen-te porque o preço da mercadoria que vem de fora vai aumentar.

Apesar das grandes perdas acionárias por que passaram empresas em todo o mundo, o professor mantém a recomenda-ção de que é hora de comprar ações. Principalmente de gran-des empresas brasileiras como Petrobras e Vale. Segundo ele, esse será um “bom negócio a longo prazo para quem tem san-gue frio”.

De olho no curto prazo, o presidente da Federação das In-

dústrias do Estado de São Paulo, Paulo Skaf, já mandou seu recado para o governo. Segundo ele, é importante que o Banco Central brasileiro “nem pense em ele-var a taxa de juros”. Na sua ava-liação, isso seria “inadmissível” porque poderia levar a uma maior queda no consumo.

RecessãoNa Itália, o pacote anti-crise não agradou a todos. Para o CSC, os procedimentos extraor-dinários de intervenção direta no sistema financeiro ajudarão a inflamar a dívida pública e pa-trimonial. Segundo o Centro, “a saída do buraco negro da reces-são fica cada vez mais longe e a provável retomada tão esperada para o ano que vem será insig-nificante, soterrada pela crise bancária que corre o risco de se transformar em uma crise real da economia”.

Fabio Salviato, presidente do Banco Etica, diz que “antes da crise, já havia um seguro que cobria, em 103 mil euros, os de-pósitos no caso de falência ban-cária. Segundo ele, as medidas

adotadas pelo governo tranqüili-zaram os investidores. Diferente-mente da Alemanha, por exem-plo, que estipulou um teto máxi-mo de 500 bilhões de euros para salvar bancos em falência, a Itá-lia não estabeleceu um teto. Is-so, explica Salviato, faz com que o dinheiro público destinado aos bancos seja ilimitado.

— A Inglaterra e a França in-vestiram reservas públicas para capitalizar bancos que precisa-vam de dinheiro, mas que ainda não tinham decretado falência. Isso gerou uma série de descon-fiança da parte dos investidores. As medidas adotadas pelo gover-no procuram tapar o buraco de uma represa que está estourando — analisa Salviato.

Diretor do departamento eu-ropeu do Fundo Monetário In-ternacional, Alessandro Leipod, foi categórico. Segundo ele, “é muito fácil que a Itália entre em recessão”. Na sua avaliação, “a política de ajuda estatal não caminha na direção correta”. O que ele recomenda para o país

é “uma maior liberalização no mercado”. Antonello Soro, presi-dente dos deputados do Partido Democrático (PD) ressalta que “a Itália não está bem e as cama-das sociais mais expostas à crise econômica precisam de respos-tas efetivas e concretas para que possam defender a escola, o em-prego e a democracia”.

A favor do governo saiu Gia-como Stucchi, deputado da Liga Norte. Ele concorda com a linha política adotada pela equipe de Berlusconi. Segundo ele, a polí-tica deve garantir os depósitos bancários, a solidez das institui-ções de crédito e dar a possibi-lidade às mesmas instituições de ter uma perspectiva de desenvol-vimento futuro.

— Se as instituições de cré-dito são tranqüilas, quem tem um financiamento, por exemplo, da casa, sabe que as parcelas não aumentarão e nem terão o valor do financiamento pedido com an-tecipação — afirma.

O jornal inglês Financial Ti-mes, no mês passado, fez uma longa análise dos procedimen-tos adotados por Berlusconi pa-ra enfrentar a crise. Segundo Guy Dimore, correspondente de Roma “os bancos e o mercado estão em colapso, mas a crise está be-neficiando Silvio Berlusconi por-que seu governo exerce uma au-toridade que há mais de 10 anos não si via por aqui. Os italianos estão celebrando o seu papel de estado salvador”.

De olho no BrasilNo mês passado, o Instituto Ita-liano para o Comércio Exterior (ICE) e o Departamento de Pro-moção de Intercâmbios da Em-baixada da Itália no Brasil pro-moveram mais uma rodada de ne-

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I decreti prevedono la ricapi-talizzazione e il rifinanziamento degli istituti di credito che por-tano a 100mila euro il tetto di garanzia per i depositi bancari; permette che lo stato intervenga nel capitale delle banche in caso di bisogno grazie all’acquisto di azioni privilegiate senza diritto di voto e garantisce il finanziamento delle imprese. Berlusconi ha spie-gato che “il principale obiettivo [delle misure adottate] è quello di evitare che coloro che rispar-miano siano presi dal panico”.

— Se tutti decidono di prele-vare i loro investimenti e di met-terli sotto al materasso, allora sì, l’economia del paese entrerà in difficoltà — ha affermato il pri-mo ministro in un discorso.

In Brasile il presidente Lu-iz Inácio Lula da Silva ha addi-rittura detto che la crisi non era altro che “un mare leggermente mosso”. Ma, nel dubbio, ha agito. Ha diminuito i prestiti impositi-vi delle banche per lasciarle con maggiore liquidità e più soldi a disposizione del settore economi-co; ha controllato il cambio per evitare che il dollaro aumentas-

se; ha mantenuto il credito per le micro e piccole imprese e ha dato più autonomia al Banco Central che, insieme alla Caixa Economi-ca Federal, sono state autorizzate a comprare banche in rischio per dare sicurezza ai risparmiatori.

Il ministro da Fazenda, Guido Mantega, ha spiegato che l’auto-rizzazione data alle banche statali di comprare banche private “non è una misura permanente”. Secondo lui quest’autorizzazione “risponde al bisogno del momento di crisi di liquidità”. Mantega ha detto che la misura è preventiva perché il Brasile ha “uno dei sistemi finan-ziari più solidi del mondo”.

Il coordinatore di Small Bu-siness della Escola Brasileira de Administração Pública e de Em-presas della Fundação Getúlio Vargas di Rio de Janeiro, profes-sor Francisco Barone, valuta come “positive in questo momento” le misura adottade dal governo bra-siliano. Secondo lui il paese sta facendo “surfing sull’onda” per-ché la sua economia è “solida”.

— Fin dal 1994, la nostra economia vive una buona fase. Quando si è insediato, il presiden-te Lula ha mantenuto la politica del suo predecessore e ha dato autonomia al Banco Central. Per il 2009 non credo alla recessio-ne, ma cresceremo meno. Questa crisi è simile a quella del 1929 ed è nella parte finanziaria dell’eco-nomia. Per ora l’economia reale non è stata colpita. Le persone fisiche cominceranno a sentirla solo all’inizio dell’anno prossimo — analizza il professore, che ha la cittadinanza italiana.

Barone crede anche che il Brasile potrà trarre benefici dalla crisi, se saprà agire. Barone ri-corda che il turismo interno può essere agevolato dall’aumento del dollaro. Inoltre, prodotti bra-siliani potranno sostituirne altri prima importati, secondo le pre-ferenze dei consumatori, proprio perché il prezzo delle merci che vengono dall’estero aumenterà.

Malgrado le grandi perdite azionarie affrontate dalle impre-se di tutto il mondo, il profes-sore mantiene la raccomandazio-ne in cui dice che è il momento di comprare azioni. Specialmente di grandi imprese brasiliane co-me Petrobras e Vale. Secondo lui questo sarà un “ottimo affare a lunga scadenza per chi ha san-gue freddo”.

Pensando alla breve scadenza, il presidente della Federação das Indústrias do Estado de São Pau-lo, Paulo Skaf, ha già detto la sua al governo. Secondo lui è impor-tante che il Banco Central brasi-liano “non ci pensi nemmeno ad aumentare i tassi di interesse”. Dal suo punto di vista, ciò sarebbe “inammissibile” perché potreb-be causare una maggiore diminu-zione del consumo.

RecessioneIn Italia il pacchetto anti-crisi non è piaciuto a tutti. Per il CSC le misure straordinarie di inter-vento diretto nel sistema finan-ziario aiuteranno ad infiamma-re il debito pubblico e patrimo-niale. Secondo il Centro “l’uscita dal buco nero della recessione è sempre più distante e la probabi-le ripresa così attesa per l’anno prossimo sarà insignificante, sot-terrata dalla crisi bancaria, che corre il rischio di trasformarsi in una crisi reale dell’economia”.

Fabio Salviato, presidente della Banca Etica, dice che “prima della crisi c’era già un’assicurazione che copriva, con 103mila euro, i depo-siti in caso di fallimento bancario”. Secondo lui le misure prese dal go-verno hanno tranquillizzato gli in-vestitori. A differenza dalla Germa-nia, per esempio, che ha stipulato un tetto massimo di 500 miliardi di euro per salvare delle banche in fallimento, l’Italia non ha stabilito un tetto. Ciò fa sì che, spiega Sal-viato, il denaro pubblico destinato alle banche sia illimitato.

— L’Inghilterra e la Francia hanno investito riserve pubbli-che per capitalizzare banche che avevano bisogno di soldi, ma che non avevano ancora decretato il fallimento. Ciò ha causato una serie di atti di sfiducia da parte

degli investitori. Le misure prese dal governo cercano di tappare i buchi di una diga che si sta rom-pendo — analizza Salviato.

Direttore del dipartimento europeo del Fondo Monetario In-ternazionale, Alessandro Leipod è stato categorico. Secondo lui “è molto facile che l’Italia entri in recessione”, valuta che “la po-litica di aiuti statali non va nella giusta direzione” e raccomanda al paese “una maggiore liberaliz-zazione nel mercato”.

Antonello Soro, presidente dei deputati del Partito Demo-cratico (PD) mette in risalto che “l’Italia non va bene e i ceti so-ciali più esposti alla crisi econo-mica hanno bisogno di risposte effettive e concrete perché pos-sano difendere la scuola, l’impie-go e la democrazia”.

Chi si è mosso in difesa del governo è stato Giacomo Stucchi, deputato della Lega Nord. È d’ac-cordo con la linea politica adotta-ta dalla équipe di Berlusconi. Se-condo lui la politica deve garantire i depositi bancari, la solidità degli istituti di credito e dare la possibi-lità agli stessi istituti di avere una prospettiva di sviluppo futuro.

— Se gli istituti di credito sono tranquilli, chi ottiene, per esempio, un finanziamento per la casa sa che le rate non aumente-ranno e non avranno il valore del finanziamento richiesto in anti-cipo — afferma.

Il giornale inglese Financial Times il mese scorso ha fatto una lunga analisi delle proce-dure adottate da Berlusconi per affrontare la crisi. Secondo Guy Dimore, corrispondente da Roma, “le banche e i mercati sono nei guai, ma la crisi sta benefician-do Silvio Berlusconi e il suo go-verno sta godendo di un’autorità

Acima, o ministro da Fazenda, Guido Mantega. Ao lado, o presidente do

Banco Etica, Fabio Salviato. Abaixo, o professor Francisco Barone

Sopra, il ministro da Fazenda, Guido Mantega. Accanto, il presidente del Banco Etica, Fabio Salviato. Sotto, il

professore Francisco Barone

Com o término da Primeira Guerra Mundial, os EUA passaram a ser o grande nome do capitalismo mundial. De maior de-

vedor, se tornou o maior credor mundial. Porém, a partir de 1925, sua economia começou a ter sérios problemas com grande desemprego e queda de consumo. Apesar da crise, investidores mantiveram suas especulações comercializando papéis por valo-res que não condiziam com a real situação das empresas. Os preços das ações despencaram. No dia 29 de outubro de 1929, havia 13 mi-lhões de ações à venda e nenhum comprador. Isso resultou na quebra da Bolsa de New York e o início de uma crise econômica mundial.

Con la fine della Prima Guerra Mondiale, gli USA divennero il gran-de nome del capitalismo mondiale. Da maggiori debitori diventa-

rono maggiori creditori mondiali. Ma dal 1925 la loro economia comin-ciò a presentare seri problemi, con una grande disoccupazione e la diminuzione dei consumi. Malgrado la crisi, gli investitori mantennero le loro speculazioni commercializzando titoli per valori che non corrispondevano alla reale situa-zione delle imprese. I prezzi delle azioni crol-larono. Il 29 ottobre 1929 c’erano 13 milioni di azioni in vendita e nessun acquirente. Ciò risultò nel crash della Borsa di New York e dette inizio ad una crisi economica mondiale.

1929

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gócios entre empresários italia-nos e brasileiros. O evento deixou claro que o Brasil é visto como um porto seguro para negócios, neste momento. O próprio diretor do ICE em São Paulo, Giovanni Sacchi, admitiu que a Itália será mais atingida do que o Brasil, pe-la crise econômica mundial.

— O Brasil parte de uma situ-ação muito boa, com crescimen-to projetado em 5% para este ano, com acúmulo de reservas e estabilidade em relação a outros países. A crise dá sinais, mas, a influência está acontecendo em menor medida. Para 2009, a pre-visão é crescer de 2,5 a 3% — afirma Sacchi.

Segundo ele, na Itália, o de-sequilíbrio econômico era prece-dente por conta de uma retração do mercado interno, ocorrido nos últimos cinco anos. Na sua ava-liação, somente empresas italia-

nas que buscaram a internaciona-lização estavam em boa situação. Sacchi conta que setores de ex-celência italiana e de maior flu-xo comercial externo já sinalizam menor demanda em função da cri-se como o alimentício, a moda, o automotivo e o mobiliário.

Uma das participantes da ro-dada de negócios foi a Enel Bra-sil, subsidiária da italiana Enel SpA, uma das maiores produto-ras de energia do mundo. Seu presidente, Alessandro Karlin, afirma que não vai alterar a “de-cisão estratégica” de investi-mento nas fontes brasileiras de energia renovável.

Segundo ele, o Brasil repre-senta “um país importante para a empresa”.

— Pode ser que a velocidade do investimento previsto seja um pou-co mais lenta — pondera Karlin.

Nos próximos quatro anos, a

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che non si è vista per decenni. Gli italiani stanno celebrando il ruolo dello stato salvatore”.

Pensando al BrasileIl mese scorso l’Instituto Italia-no para o Comércio Exterior (ICE) e il Departamento de Promoção de Intercâmbios dell’Ambascia-ta d’Italia in Brasile hanno pro-mosso un incontro affaristico tra imprenditori italiani e brasiliani. L’evento ha lasciato ben chia-ro che il Brasile è visto come un porto sicuro per gli affari in que-sto momento. Lo stesso diretto-re dell’ICE di São Paulo, Giovanni Sacchi, ha ammesso che l’Italia sarà colpita, più del Brasile, dalla crisi economica mondiale.

— Il Brasile parte da una situazione molto positiva, con crescita prevista del 5% per quest’anno, con un accumulo di riserve e stabilità in rappor-to ad altri paesi. La crisi dà se-gnali, ma gli influssi sono in atto in minore misura. Per il 2009 la previsione di crescita è dal 2,5 al 3% — afferma Sacchi.

Secondo lui, in Italia lo squilibrio economico già esiste-va dovuto ad una ritrazione del mercato interno, avutosi negli ultimi cinque anni. Nella sua va-lutazione, solo le imprese italia-ne che hanno cercato l’interna-zionalizzazione erano in buona situazione. Sacchi racconta che settori di eccellenza italiana e di maggior flusso commerciale estero hanno già segnalato una domanda minore dovuto alla cri-

si, come quello alimentare, della moda, dell’industria di autovei-coli e dei mobili.

Una delle partecipanti agli incontri affaristici è stata la Enel Brasil, sussidiaria dell’italiana Enel SpA, uno dei maggiori pro-duttori di energia nel mondo. Il suo presidente, Alessandro Kar-lin, dice che non cambierà la “decisione strategica” di investi-re in fonti brasiliane di energia rinnovabile. Secondo lui il Brasi-le rappresenta “un paese impor-tante per l’azienda”.

— Magari la velocità dell’in-vestimento previsto sarà un po’ più lenta — pondera Karlin.

Nei prossimi quattro anni l’Enel costruirà centrali eoliche e piccole centrali idroelettriche nelle regioni centro-ovest e sud-est, dove già gestisce 20 cen-trali con potenza totale instal-lata di 92 MW. Gli investimenti futuri, secondo Karlin, saranno di “centinaia di milioni di dolla-ri”. Fin dal 1999, nelle due fasi di azione dell’azienda in Brasile, di trasmissione e generazione di energia, gli investimenti totali sono stati di circa 800 milioni di dollari.

Questi ultimi incontri affari-stici hanno portato in Brasile 23 imprenditori italiani di vari set-tori. Sono state fatte riunioni a São Paulo, Belo Horizonte e Por-to Alegre. A São Paulo la rappre-sentante del Ministero dello Svi-luppo Economico italiano, Maria Concetta Giorgi, ha dichiarato ad una platea di 150 persone che gli

interscambi commerciali tra i due paesi sono “favoriti dall’impren-ditorialità” degli imprenditori. Secondo lei c’è una “complemen-tarità” nei settori dell’industria agricola, tecnologia, biotecnolo-gia, elettronica, moda e design:

— Nel 2004 abbiamo siglato un protocollo d’intesa per colla-borazioni con il Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pe-quenas Empresas) per ampliare le joint ventures tra brasiliani e ita-liani nei settori tessile, alimenta-re, calzaturifici, dei mobili, mar-mo, elettrico, agricolo, acqua, carta e minerali. La nostra visi-ta è anche una preparazione per quella del presidente Lula in Ita-lia, programmata per novembre.

Francesco Paternò, segretario generale della Câmara Ítalo-Brasi-leira de Comércio, Indústria e Agri-cultura di São Paulo durante l’even-to ha sottolineato che “il Brasile è un paese del presente, non solo del futuro, come si sente dire da de-

Enel vai construir usinas eólicas e pequenas centrais hidrelétricas (PCH’s) nas regiões centro-oeste e sudeste, onde já gerencia 20 centrais, com potência total ins-talada de 92 MW. O investimento futuro, segundo Karlin, será de “centenas de milhões de dóla-res”. Desde 1999, nas duas fases da atuação da empresa no Brasil, de transmissão e geração energé-tica, o investimento total foi de aproximadamente 800 milhões de dólares.

Essa última rodada de negó-cios trouxe ao Brasil 23 empresá-rios italianos de diversos setores. Foram realizadas reuniões em São Paulo, Belo Horizonte e Por-to Alegre. Em São Paulo, a repre-sentante do Ministério do Desen-volvimento Econômico da Itália, Maria Concetta Giorgi, declarou, para uma audiência de 150 pes-soas, que o intercâmbio comer-cial entre os dois países são “fa-vorecidos pelo empreendedoris-mo” dos empresários. Segundo ela, há uma “complementarida-de” nos setores da agroindústria, tecnologia, biotecnologia, ele-trônica, moda e design:

— Em 2004, assinamos um protocolo de intenções para co-laboração com o Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pe-quenas Empresas), para ampliar as joint-ventures entre brasileiros e italianos nos setores têxtil, ali-mentício, calçadista, mobiliário, mármore, elétrico, agrícola, água, papel e minérios. Nossa visita é também uma preparação para aquela do presidente Lula à Itália, programada para novembro.

Francesco Paternò, secretá-rio-geral da Câmara ítalo-Bra-sileira de Comércio, Indústria e Agricultura de São Paulo, subli-nhou, durante o evento, que “o Brasil é o país do presente, não apenas do futuro, como se ouve

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há décadas”. Na sua opinião, o grande diferencial brasileiro em relação aos países emergentes “é a grande presença da comunida-de italiana”: 25 milhões no país. De acordo com o Ministério do Desenvolvimento Indústria e Co-mércio Exterior, o comércio entre Brasil e Itália movimentou, em 2007, 7,8 bilhões de dólares.

Na reunião realizada em Belo Horizonte, Carlos Eduardo Abija-odi, gerente do Centro Interna-cional da Federação das Indús-trias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), afirmou que também crê que a crise não afetará tan-to o sistema financeiro brasi-leiro em razão do país ter “uma rede bancária sólida e dos bons indicadores macroeconômicos alcançados”. Para ele, o governo tem tomado medidas preventi-vas “interessantes”.

Colaboraram Marco antonio Corteleti e geraldo Coccolo Jr.

Rodada de negócios entre Brasil e Itália em São Paulo. Abaixo, Alessandro Karlin, da Enel Brasil, e Giovanni Sacchi, diretor do ICEEmpresários analisam potencialidades que os países podem unirIncontro affaristico tra Brasile e Italia a São Paulo. Sotto, Alessandro Karlin dell’Enel Brasil e Giovanni Sacchi direttore dell’ICE

Imprenditori studiano potenzialità che i paesi possono legare insieme

cenni”. Secondo lui la grande dif-ferenza del Brasile in rapporto ai paesi emergenti “è la grande pre-senza della comunità italiana”: 25 milioni. Secondo il Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Co-mércio Exterior, nel 2007 il com-mercio tra il Brasile e l’Italia ha mosso 7,8 miliardi di dollari.

Durante la riunione realizzata a Belo Horizonte, Carlos Eduar-do Abijaodi, direttore del Cen-tro Internacional da Federação das Indústrias do Estado de Mi-nas Gerais (Fiemg), ha detto che anche lui crede che la crisi non attingerà tanto il sistema finan-ziario brasiliano perché il paese ha “una rete bancaria solida e ha raggiunto dei buoni indicatori macroeconomici”. Secondo lui il governo ha preso decisioni pre-ventive “interessanti”.

Colaborazione di Marco Antonio Corteleti

e Geraldo Coccolo Jr.

Para muitos analistas, a atual crise é pior do que a de 1929. Se é verdade, ainda é cedo para saber. O que se sabe é que os lí-

deres de quase todos os países estão em busca de uma salvação para suas economias. Por con-ta disso, o presidente norte-americano George Bush agendou para o dia 15 de novembro, em Washington, um encontro mundial para discutir a crise financeira. Os convidados são os países do G20, grupo que reúne as sete principais eco-nomias do mundo e países em desenvolvimento como Brasil, China e índia.

Secondo molti analisti la crisi attuale è peggiore di quella del ’29. Se è vero, è ancora presto per dirlo. Quello che si sa è che i

leader di quasi tutti i paesi sono in cerca di un salvataggio per le loro economie. Per questo il presidente nordamericano George Bush ha mes-so in agenda per il 15 novembre, a Washing-ton, un incontro mondiale per discutere la crisi finanziaria. Gli invitati sono i paesi del G20, gruppo che riunisce le sette principali econo-mie del mondo e paesi in via di sviluppo come il Brasile, la Cina e l’India.

Reunião Riunione

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negócios

E do granito. Aos 70 anos, o italiano Bruno Zanet está à frente de uma das principais empresas brasileiras exportadoras de rochas ornamentais do Espírito Santo. No mês passado, ele participou da 43ª Marmomacc, realizada em Verona

O homem do mármore

nayra Garofle

Ele tinha 14 anos e não en-tendia nada sobre mármo-re e granito quando come-çou a se envolver no ramo.

tudo por “culpa” de seu irmão que trabalhava com túmulos de uma forma bem artesanal. Aos 20, mesmo sem muito dinheiro, comprou e vendeu mármore na antiga Iugoslávia. Foi a partir daí, quando as atividades se es-tenderam para Bulgária, turquia, Grécia e, depois, Portugal e Espa-nha, que Bruno Zanet percebeu o que a vida preparava para ele.

Hoje, aos 70 anos, o italia-no de Veneza se mantém firme e forte à frente da empresa que, desde 1990, é estabelecida no Espírito Santo. Foi naquela épo-ca que o governo brasileiro abriu oportunidades para que estran-geiros pudessem comprar áreas de mineração no país. A Marmi Bruno Zanet, que completou 50 anos este ano, exporta 70% de seu mármore e granito atualmen-te para a China e os outros 30% para o resto do mundo.

— Comecei a trabalhar nes-sa área em 1958, na ex-Iugos-

lávia. Eu nem gostava da pedra. Foi uma época difícil. A Itália era proibida de importar a pedra. Eu sou nascido no município de Ve-neza, uma cidade que foi cons-truída toda com pedras. Na épo-ca, só os marmoristas de Vene-za poderiam receber a licença de importação. Em 1963, a importa-ção foi desbloqueada — diz ele, que comercializa 200 qualidades diferentes de rochas.

Depois de uma crise no mer-cado de mármore, em 1978, Za-net começou a trabalhar tam-bém com o granito. Atualmente, o empresário e o filho moram no Brasil enquanto a filha e o genro vivem na Itália para administrar as quatro empresas do grupo: du-as em Carrara e duas em Verona.

Como não poderia deixar de ser, a empresa de Zanet partici-pou da 43ª Feira Internacional de Mármore, Pedras, Desenho e tecnologia (Marmomacc), rea-lizada em outubro, em Verona, na Itália. Segundo o “homem do mármore”, nem mesmo a atual crise econômica impediu o su-cesso do evento.

— tinha muita gente desa-nimada e depois que a feira co-meçou isso mudou. Este ano te-ve um grande fluxo de países do oeste, como Rússia e Romênia. Apesar de ter acontecido no mes-mo período da crise econômica, de um modo geral a feira foi boa. Eu preciso ressaltar que o mer-cado vai estar sempre nas mãos do produtor que têm jazidas pró-prias. Está acabando o interme-diário — afirma.

Além das jazidas no Espírito Santo, Bahia e Minas Gerais, as empresas do grupo também ven-dem mármore e granito da Ucrâ-nia, Rússia, índia, turquia, Gré-cia e Sul da África.

Segundo o empresário, os mármores mais valiosos e ven-didos por sua empresa são o Amarelo São Francisco Real e o Ouro Brasil.

— São os designers e ar-quitetos que ditam quais são os mármores do momento e es-ses são os mais valiosos. É uma certa questão de moda. No ano passado, vendemos cerca de 80 mil toneladas de blocos — con-ta Bruno.

O Espírito Santo é o maior produtor e exportador de rochas ornamentais do Brasil. O estado respondeu por cerca de 65% das exportações do país, em 2007. Foram 726 milhões de dólares em vendas para o exterior, no ano passado, contra 679,9 mi-lhões de dólares em 2006. Do total de 1,5 milhão de toneladas de blocos e chapas exportadas em 2007 pelo Espírito Santo, a China e a Itália compraram cerca de 700 mil toneladas de blocos, enquanto os EUA consumiram mais de 80% das 700 mil tonela-das de chapas, seguido do mer-cado canadense.

MarmomaccDezoito empresas capixabas participaram da 43ª Marmomacc.

O Espírito Santo foi representado pelo secretário de Desen-volvimento do Governo do Estado, Guilherme Dias. De acordo com a secretaria, no ranking mundial dos maiores produtores de rochas ornamentais, o Brasil ocupa o 4º lugar, com mais de 7,5 milhões de toneladas. E, entre os maiores exportadores, ocupa o 5º lugar, com cerca de 2,6 milhões de toneladas.

Este ano, a crise no mercado imobiliário norte-americano e as sucessivas quedas do dólar fizeram as exportações caírem. No mês de julho, segundo dados do Centrorochas, o recuo chegou a 16,32%, se comparado com as vendas do mesmo período de 2007. No Espírito Santo, a queda foi ainda mais acentuada: 21,91%. Mes-mo assim, as exportações de rochas movimentaram 93 milhões de dólares no Brasil, sendo 59 milhões de dólares no Espírito Santo.

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Apesar do momento, aparentemente, caótico na economia mundial, o setor turístico pode aproveitar o período para atrair estrangeiros para o Brasil. Essa era a expectativa de operadores da área, durante Feira das Américas, no Rio

A crise voa longe

nayra Garofle

A cidade maravilhosa é o ce-nário escolhido pela Asso-ciação Brasileira de Agên-cias de Viagens (Abav) pa-

ra realizar, anualmente, sua feira de turismo. Este ano, num espaço maior do que 50 mil metros qua-drados, mais de três mil exposito-res ocuparam os cinco pavilhões do Riocentro, na zona oeste do Rio, para apresentar seus destinos e suas melhores ofertas. Não dife-rente das edições anteriores, mos-trar o inusitado e as novidades do setor foi o artifício utilizado pelas agências e secretarias de turismo. Porém, uma pergunta não se ca-lou: o setor turístico já sente os efeitos da atual crise econômica?

Na opinião do presidente da Abav, Carlos Alberto Amorim Fer-reira, a crise nos mercados ameri-cano e europeu é uma chance de atrair mais turistas estrangeiros. Segundo ele, a facilidade de se obter informações através da in-ternet também força uma mudan-ça de pensamento dos operadores da área, já que este é o principal motivo que leva os clientes a dis-pensarem o serviço das agências.

— As condições no passado eram mais confortáveis, mas não podemos voltar atrás. Por isso, é imperativo ver um desafio em cada oportunidade — afirma Ferreira.

O ministro do turismo, Luiz Barreto, concorda com o presi-dente da Abav. Durante o evento, ele lembrou que a baixa do dó-lar se tornou um atrativo para os estrangeiros, no Brasil. Segundo Barreto, o governo continua ob-servando o cenário “sem deixar de acompanhar com atenção o desenrolar da crise”.

— Este é um momento de oportunidade. O mercado interno

terá uma grande movimentação. O dólar cotado a R$ 2,20 signifi-ca que o Brasil é um lugar barato para os estrangeiros — diz.

O governador do Rio, Sérgio Cabral, também prestigiou a feira e discursou rapidamente dando as boas-vindas aos operadores, além de desejar bom trabalho aos agentes de viagem “na cida-de mais bonita do mundo”.

Segundo o diretor comercial internacional da agência CVC, Michael Barkoczy, não há motivo para se preocupar, no momento, com a “nuvem preta” que paira sobre a economia mundial.

— É claro que existe uma in-segurança por parte dos viajan-tes. Devemos ficar alerta, mas não preocupados. Os pacotes que deveriam ser vendidos já foram vendidos. Acredito que tudo isso vai passar daqui uns dois meses e, por isso, o setor turístico não vai nem sentir os efeitos — acre-dita Barkoczy.

O diretor explica que mes-mo diante da crise econômica, a CVC, que atua no Brasil e opera na Europa, tendo a Itália como um dos destinos mais procurados pelos turistas, teve até o mo-mento um crescimento de 28% com relação ao mesmo período do ano passado.

Para a responsável pela Agên-cia Nacional do turismo Italiano (Enit) no Brasil, Fernanda Morici, ainda é muito cedo para falar so-bre as conseqüências da crise no setor turístico.

— É prematuro falar sobre os resultados da crise porque as pes-soas ainda tentam entender o que está acontecendo. Depois, se tiver uma diminuição do movimento, que eu acredito que não terá, mas se tiver, haverá uma procura por saídas para compensar a alta do dólar ou a alta do euro. De repen-te, os serviços ficarão mais baratos para que não se sinta tanta dife-rença assim com relação ao câm-bio e para que as pessoas possam continuar viajando. De imediato, não acho que a crise vai interferir no nosso setor — avalia.

Fernanda explica que a Enit continua trabalhando para divul-gar todas as regiões italianas. Para isso, está realizando semi-nários nas capitais brasileiras, além de convidar operadores de agências de viagens e jornalistas para conhecer a Itália.

— O nosso trabalho é divul-gar as 20 regiões do país. De dois nos para cá, cerca de 400 mil brasileiros viajaram para a Itália. Este ano, esperamos um cresci-mento de até 30% — diz.

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O governo de Minas Gerais vai investir 80 milhões de reais no desenvolvimento de pesquisa, ensino e ino-

vação tecnológica no estado. O conjunto de medidas que garante esse investimento no setor foi as-sinado pelo governador Aécio Ne-ves durante a 4ª Inovatec – Fei-ra de Ciência, tecnologia e Ino-vação, realizada mês passado, em Belo Horizonte. Ao lado do gover-nador, esteve o ministro de Ciên-cia e tecnologia, Sérgio Rezende.

Maior evento brasileiro de di-vulgação e incentivo às inova-ções tecnológicas, a feira, pela primeira vez, teve um país con-vidado: a Itália. Por conta disso, empresas italianas como Ibiri-termo, Fiat, tIM, Brembo e OMR ocuparam mil metros quadrados da Expominas para apresentar suas novidades.

Para o presidente da Câmara ítalo-Brasileira de Comércio, com

sede em Belo Horizonte, Giacomo Regaldo, esta proximidade entre Itália e Minas é importante por-que permitirá às empresas locais terem acesso direto às empresas italianas, “caracterizadas por se-rem de pequeno e médio porte, porém muito dinâmicas”.

— As empresas participantes poderão avaliar, em conjunto, as possibilidades de parceria comer-cial ou de transferência tecnoló-gica — afirma Regalo.

Segundo ele, na Itália, apro-ximadamente 71% dos investi-mentos em pesquisa e desenvol-vimento são realizados pelas em-presas. No ano passado, o mon-tante destinado ao setor foi de 11,5 milhões de euros.

Diretora de Inovação, Pesqui-sa e Universidade da Região do Piemonte, Erica Gay também par-ticipou do evento. Seu interesse, além de discutir temas de comum interesse entre os dois países, era

o de observar o desempenho das empresas italianas no Brasil.

Para o governo de Minas, a Inovatec foi uma oportunidade para mostrar o potencial do esta-do para atrair novos investimen-tos. Por conta disso, o governa-dor Neves aproveitou o evento para também anunciar um acrés-cimo de 30 milhões de reais ao orçamento deste ano da Funda-ção de Amparo à Pesquisa de Mi-nas Gerais (Fapemig). Segundo ele, essa medida fará com que o setor alcance a marca de 200 mi-lhões de reais em novos aportes.

— Somados aos demais re-cursos do tesouro Estadual e a

outros captados de fontes diver-sas, o governo vai investir cerca de 3 bilhões de reais até 2010 — informa Aécio Neves.

Em parceria com a Fapemig e Finep (Financiadora de Estudos e Projetos do ministério da Ci-ência e tecnologia), a secretaria de Ciência e tecnologia liberou 20,5 milhões de reais para o iní-cio dos 71 projetos contempla-dos pelo Programa de Apoio à Pesquisa em Empresas (Pappe), que permite o investimento de recursos não-reembolsáveis em empresas de base tecnológica, buscando a competitividade dos seus produtos.

A 4ª Inovatec, que recebeu um público de cerca de 10 mil pessoas, reuniu universidades, empresas públicas e privadas, centros de pesquisa e institui-ções de fomento ao setor. Os ex-positores apresentaram pesqui-sas e avanços em novas tecno-logias para a produção industrial e os benefícios para a vida mo-derna. Entre os diversos produtos que puderam ser conferidos pelo público está o transmissor de po-tência para tV digital desenvol-vido pela StB (Superior techno-logies in Broadcasting), de San-ta Rita do Sapucaí, com apoio da Fapemig, que destinou ao proje-to 142 mil reais.

Inovatec vira palco para o governo de Minas anunciar investimentos no setor de pesquisa e tecnologia. A Itália foi o primeiro país convidado para o evento e marcou presença na quarta edição da feira

Feira de idéias

Brenno roCha e MarCo anTonio CorTeleTi, eM MG

ProvocaçãoUma das palestras mais requisitadas do evento foi a do soci-

ólogo italiano Domenico De Masi. Ele falou sobre “Criati-vidade, Inovação e trabalho”. O sociólogo fechou o ciclo de au-las magnas dos conferencistas internacionais, no segundo dia do evento. Aproximadamente 400 pessoas acompanharam sua apre-sentação. O sociólogo disse que, em 200 anos, o mundo se trans-formou e “chegou” na era pós-industrial. Nessa “fase”, a produção de idéias se caracteriza por não ter horários fixos. As empresas, porém, continuam a marcar o tempo do trabalho, o que, na opi-nião do sociólogo, “limita a criatividade”.

O presidente da Câmara de Comércio, Giacomo Regaldo, acompanhado da diretora de Inovação, Pesquisa e Universidade do Piemonte, Erica Gay e o secretário de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior de Minas Gerais, Alberto Duque Portugal. No alto, o ministro de Ciência e Tecnologia, Sérgio Resende, o governador Aécio Neves, o secretário Duque Portugal, e a deputada Gláucia Brandão e Regaldo.

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atualidade

Questões como imigração, exploração infantil e direitos foram discutidos no Brasil por especialistas italianos

Trabalho na mesa

Sílvia Souza

O imigrante representa ou não um perigo para tra-balhadores locais? Como o mercado de trabalho

atual lida com o assédio moral e a exploração infantil? Essas fo-ram algumas das questões discu-tidas em dois eventos realizados no Brasil e que trouxeram, para o país, docentes italianos especia-lizados no assunto.

Segundo o professor de Di-reito trabalhista Fabio Petrucci, o que está na pauta de debates, agora, é a “compatibilização” da disciplina de trabalho entre os vários países que compõem a União Européia.

— O trabalho é a base da re-pública italiana e também para

a União Européia é um princípio básico. Na Itália, muito se tem falado, por exemplo, sobre a pre-sença de romenos, que têm uma disciplina de trabalho, digamos, um pouco mais baixa que a de outros países — analisa Petruc-ci que leciona Direito Social e do trabalho como docente convida-do na Pontifícia Universidade Ca-tólica de Minas Gerais e Curitiba.

Ele e outros três professores italianos participaram do 3º Se-minário ítalo-brasileiro de Direi-to do trabalho, realizado no Rio; e o Seminário Internacional do Direito do trabalho, em Fortale-za. Os encontros abordaram te-mas como trabalho infantil e as-sédio moral e a necessidade de

se estabelecer pontes que regu-lamentem e punam praticantes de irregularidades.

De acordo com Petrucci, o preconceito com o que são vis-tos os imigrantes tende a dimi-nuir quando esses estrangeiros não representam ameaças aos trabalhadores locais. Isso sem falar que, entrando na Itália le-galmente, o imigrante está su-jeito às mesmas regras que qual-quer outro cidadão do país. Há, porém, problemas nesse trânsito que precisam ser acompanhados de perto.

— Algumas questões exigem respostas mais urgentes como o trabalho infantil, por exemplo, que deve ser combatido com

uma normativa penal rígida. E as mortes no ambiente de trabalho também. Na Itália, ocorrem mais no Sul e o setor de construção ci-vil tem maior número de casos. A vinda ao Brasil apresenta discus-sões que só vão melhorar nossas pesquisas — comenta Petrucci.

Para quem deseja encarar o trabalho na bota, o médico curi-tibano ítalo-brasileiro Pedro Reg-giani Anzuategui criou o site www.minhaitalia.com.br onde muitas dicas podem ser encontradas. Ele observa que “o trabalhador tem força na Itália”.

— Lá, a oferta de empregos é grande, principalmente nos ní-veis menos especializados. Isso faz com que o trabalhador não tenha aquele medo intenso de perder o emprego, como aconte-ce com o trabalhador no Brasil, que se sujeita a coisas horríveis — afirma ele que morou cinco anos na Itália.

Segundo Anzuategui, “o ita-liano enfrenta o patrão e impõe respeito”. O médico conta que várias vezes presenciou trabalha-dores que se recusavam a fazer algum trabalho por ser “muito pesado” ou “não adequado pa-ra o seu perfil”. Ele afirma que o trabalho informal na Itália não é

tão disseminado como no Brasil. Existe, “mas apenas entre círcu-los fechados como discotecas ou pequenas lojas”.

Na maioria dos casos, o tra-balho, na Itália, será formal, com todas as garantias sociais. Isso, porém, não livra os fun-cionários do assédio moral. Com o agravante que essa questão ainda não está bem resolvida em termos de legislação. O pro-fessor Antonio Pileggi, da Uni-versidade de Roma, informa que entidades internacionais sinali-zam que, na Itália, 4% dos tra-balhadores seriam vítimas des-se problema.

— Nós, que lidamos diaria-mente com o assunto, sabemos que esse número é pequeno. Is-so acontece porque a maioria das pessoas não denuncia os casos de assédio moral, com medo de retaliação — afirma.

No BrasilAté o mês de agosto, o quadro do emprego formal, no Brasil, era favorável aos trabalhadores. O Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) regis-trou a criação de mais de 1,8

Pequenos escravos Dicas de ReggianiProstituição, trabalho força-

do e imposição à pratica da mendicância são as principais causas de exploração sofridas por crianças provenientes do Leste Europeu e da África, na Itália. A denúncia faz parte do relatório “Pequenos Escravos” da divisão italiana da organi-zação Save the Children. Nigé-ria e Romênia seriam os países que mais atuariam no tráfico de pessoas e segundo o documen-to, 938 crianças e adolescentes exploradas foram atendidas na Itália entre 2000 e 2007.

— O número de vítimas po-de ser maior por que muitas crianças são ‘invisíveis’ não re-cebendo proteção ou qualquer tipo de assistência. As crianças são úteis para os grupos que se dedicam à exploração, pois são mais fáceis de aliciar e, no ca-so da mendicância, despertam compaixão. Além disso, os me-nores de 14 anos não são impu-táveis criminalmente — explica a coordenadora da área de pro-teção da ONG, Carlotta Bellini.

A experiência adquirida por Reggiani na Itália fez com que, aqui no Brasil, o médico transmitisse seus conhecimentos. No seu

site, ele fala a respeito de profissões valorizadas, direitos trabalhis-tas, salários e até condições para quem tem dupla cidadania:● A Itália precisa de mão de obra de todo tipo, especializada e não especializada. Atividades como a de soldador, eletricista, mecânico e marceneiro geram trabalho quase que imediatamen-te. O emprego altamente especializado (título universitário) po-de ser mais demorado para se encontrar, porém o retorno finan-ceiro será maior.● As garantias sociais do trabalho existem e funcionam bem. Exis-te, além do 13° salário, o 14° salário, que é pago em julho. Alguns outros direitos dos trabalhadores são: garantia contra doenças e acidentes de trabalho, férias longas e remuneradas, licença mater-nidade (que pode ser de até 9 meses) e outras licenças garantidas por lei como greve e problemas pessoais.● O salário mínimo italiano é cerca de 900 euros. Com esta quantia um cidadão que não é casado e não tem filhos pode manter um car-ro, pagar um aluguel, ter celular, sair à noite, viajar e ir a restauran-tes. São poucos os italianos que ganham salário mínimo e isto ocor-re normalmente no início da carreira e com os menos qualificados. ● Pode acontecer de os empregadores preferirem estrangeiros (com cidadania italiana) porque entendem que aqueles que vêm de pa-íses em desenvolvimento estão acostumados a trabalhar “bastan-te”, ou seja, não ligam de fazer hora extra ou trabalhar domingos ou feriados em troca de um incremento no salário. Em determina-das áreas, onde se precisa de conhecimentos específicos, pode não ser uma vantagem ser estrangeiro, mas em outras (por exemplo, trabalho com turismo, tradução, música, multinacionais), o fato de ser ítalo-brasileiro é uma vantagem franca.

milhão de novas vagas preen-chidas no país, superando a me-ta que o Ministério do trabalho e Emprego (MtE) estabelecera para todo o ano de 2008. Nos primeiros oito meses de 2007, o mesmo índice ficou em 1,3 mi-lhão de empregos. O recorde an-terior, do ano de 2004, era de 1,4 milhão.

O percentual de pessoas no trabalho formal atingiu 49% do total dos ocupados, segundo da-dos do 1º quadrimestre de 2008

da Pesquisa Mensal de Emprego (PME) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Um dos grandes movimen-tos no setor trabalhista, no pa-ís, se deu em junho quando foi lançada, oficialmente, a Frente Nacional Contra o trabalho Es-cravo. No momento, está em tra-mitação, no Congresso Nacional, a Proposta de Emenda Constitu-cional (PEC) 438 que determina a expropriação (sem pagamento de indenização) de propriedades

onde for constatada a explora-ção de mão-de-obra escrava.

Para o procurador Jonas Ratier Moreno, da Coordenadoria Nacio-nal de Erradicação do trabalho Es-cravo (Conaete) do Ministério Pú-blico do trabalho (MPt), a aprova-ção da PEC seria uma resposta “à altura aos questionamentos inter-nacionais à produção agropecuária brasileira”. Segundo ele, há acusa-ções de que produtos brasileiros podem estar “sujos” pela utiliza-ção de mão-de-obra escrava.

Especialistas em Direito do Trabalho, os professores Antonio Pileggi e Fabio Petrucci comentam sobre trabalho escravo e assédio moral na Itália

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diplomazia

Pan di Zucchero, caipirinha e churrasco sono cose che incantano tutti i turisti che visitano Rio de Janei-

ro. Non solo loro. Anche i carioca adorano tutto ciò. Cosa dire, al-lora, di un italiano che diventa cittadino onorario della città? E questi è un italiano che ha pro-prio il Pan di Zucchero come vi-sta dall’appartamento dove ha abitato negli ultimi quattro anni. Questo “italo-carioca” è il conso-le italiano a Rio de Janeiro, Mas-simo Bellelli. Però adesso comin-cia a fare le valigie. Dopo otto anni fuori dall’Italia, ritorna con la famiglia a Roma, dove lavorerà al ministero degli Esteri.

Bellelli porterà nei suoi ba-gagli i titoli di cittadino onora-

rio carioca e fluminense. Questi omaggi non gli sono stati attri-buiti per prassi protocollare. Ri-flettono bene il tipo di azioni del console nella città e nello stato di Rio de Janeiro. Non è un caso che lui sia un autentico napoletano. E sono proprio i napoletani i primi a dire che Rio e Napoli sono città che hanno molto in comune.

— Sono nato a Zagabria e so-no abituato a questo “jeitinho”di tentare di risolvere le cose con il carisma che solo i carioca hanno. Spesso io stesso ho presentato agli italiani che ci hanno visita-to questa caratteristica che ritro-viamo qui — commenta il conso-le, 53 anni, padre di tre figli.

Prima di venire a Rio, Bellelli è stato console aggiunto a São Paulo agli inizi degli anni ’90. Poi ha lavorato a Bruxelles (Bel-gio) come capo del settore com-merciale. I suoi primi due figli sono nati a São Paulo. Invece il più piccolo è nato in Italia.

L’integrazione del console con la città sede della sua cir-coscrizione (che serve anche gli

stati Espírito Santo e Bahia) è stata inevitabile. Ancora prima di trattarsi di un’affinità partico-lare, Bellelli ha capito che que-sto sarebbe stato fondamentale per il buon disimpegno del suo lavoro. In fondo, quando è ar-rivato qui la prima cosa che ha capito è stata che il carioca non sapeva nemmeno dov’era il con-solato italiano.

— Ho preso un taxi ed ho chiesto che mi portasse al con-solato. L’autista non sapeva do-ve rimaneva e mi ha chiesto l’in-dirizzo. Quando gli ho detto che era all’avenida Presidente Anto-nio Carlos, lui mi ha detto: ‘Ah, accanto al consolato della Fran-cia’ — ricorda.

Da quel momento, Bellelli ha deciso che bisognava fare qualco-sa affinché la sede del consolato

diventasse riferimento per i di-scendenti di italiani e per la po-polazione della città in generale. Si è reso conto che una grande opportunità potevano essere i fe-steggiamenti per la Proclamazione della Repubblica Italiana. Così, tre anni fa, ha instituito la Festa del-la Repubblica. La prima edizione, ancora timida, ha avuto luogo per la strada, di fronte al consolato. L’evento si è ingrandito e, dall’an-no seguente, si è “trasferito” nella piazza Virgílio de Melo Franco, che rimane dietro al palazzo.

— Con la festa abbiamo se-gnato la nostra presenza, abbiamo presentato le istituzioni che aiu-tiamo e abbiamo reso noto il la-voro che facciamo. Senza dubbio è stata un’iniziativa che ci ha reso più visibili — valuta il console.

Anche se è alla fine del man-dato, Bellelli ancora si impegna per mettere in pratica due pro-getti. Uno di essi è la riqualifi-cazione della Piazza Italia, spazio che include la strada laterale del consolato, all’angolo tra le aveni-das Beira Mar e presidente Anto-nio Carlos. L’altro è la creazione di una scuola italiana con forma-zione per poter corrispondere ai curriculum brasiliano e italiano.

Bellelli racconta che il pro-getto della piazza, presentanto al sindaco due anni fa, include come abbellimento un busto dell’impe-

ratrice teresa Cristina, p la moglie napoletana di Dom Pedro II, oltre ad una illuminazione scenica. Se-condo lui, si tratta di un progetto che “c’è da un po’ di tempo, ma che la burocrazia ritarda sempre”. Invece la scuola è il recupero di un’istituzione che è già esistita. Secondo il console, bisogna crea-re un luogo di insegnamento “che apra le porte dell’Europa per figli e discendenti di italiani”.

tra i lavori portati a termine, Bellelli mette in risalto l’avvici-namento con l’Academia Brasilei-ra de Letras, in partenariati lette-rari e accordi; la pubblicazione di una guida e di un’agenda consola-re e l’impiantazione, da tre anni, della tessera Clube Itália, gestita dal Comitato Olimpico Nazionale Italiano (CONI). Il documento dà sconti agli associati in ristoranti, farmacie e vari altri negozi. Una delle cose di cui va orgoglioso è l’adozione di un’assicurazione sa-nitaria per italiani carenti della circoscrizione. Di recente il con-sole “carioca” ha inaugurato nel palazzo del consolato la Sala Ro-ma, dove vengono proiettati tut-te le settimane film italiani.

Nel campo della politica il console considera come fio-re all’occhiello della sua gestio-ne il viaggio con il governatore fluminense Sergio Cabral in Ita-lia, l’anno scorso. Secondo lui, l’esperienza come cicerone ha contribuito all’approfondimento delle relazioni tra le regioni visi-tate e lo stato di Rio.

— Mi piace seguire tutto da vicino e mi sono sforzato per es-sere presente in vari luoghi. È una brutta cosa che la colonia si muova e non riceva appoggio dal governo italiano. Mi ha interessato molto accompagnare l’équipe fluminen-se, perché questo percorso inver-so non è comune. Siamo passati in Calabria (durante i festeggiamenti per i 500 anni di San Francesco di Paola), in Sicilia e in Campania e in tutti i posti abbiamo potuto sfrut-tare le peculiarità con lo sguardo di chi sta dentro — ha detto.

Durante la gestione di Bellelli il consolato italiano a Salvador è stato portato alla posizione di ono-rario, l’unico in Brasile. Nell’area economica, il console crede che le sue azioni abbiano permesso il re-cupero di partnership tra imprese italiane e italo-brasiliane. La pri-ma porta aperta per questo per-corso è stata la tradizionale Feira

da Providência, realizzata tutti gli anni dalla Archidiocesi di Rio. In questa tappa, Bellelli ha potuto contare sul grande aiuto della mo-glie Matilde:

— Persone legate all’evento mi hanno chiesto aiuto per l’im-portazione di prodotti. Ho desi-gnato mia moglie per seguire tutto il processo. Gli organizzatori sono rimasti sorpresi perché, fino a quel momento, questo non era un pro-cedimento comune. In realtà pen-savano che fosse un errore non avere una nostra presenza effetti-va all’evento. Abbiamo cominciato a portare i prodotti da lanciare sul mercato. Matilde coordinava tutto e “ha vestito la camicia”, come si dice qui — racconta Bellelli.

Ancora nel campo degli af-fari, il console mette in risalto l’apertura dell’ufficio dell’Institu-to Italiano para o Comércio Exte-rior (ICE) a Rio come “un diffe-renziale” dell’azione. E racconta che, quando è arrivato in città, “non c’erano queste attenzioni”.

— Ci siamo mossi per colle-gare tutte le sfere in cui abbia-mo agito e così le azioni sociali, politiche, economiche e culturali hanno avuto un più rappresenta-tivo riscontro. Abbiamo sfruttato tutte le opportunità per rendere noto questo lavoro di insieme — mette in risalto Bellelli, che è lau-reato in Legge presso l’Università di Roma ed è dottore in Econo-mia, indirizzo Gestione Aziendale, presso l’Università di Ginevra.

Lettore vorace, il console di solito legge da due a tre libri si-multaneamente. Per ciò che ri-guarda i libri brasiliani, preferisce opere storiche e che si occupino

di politica. Ma come autore, pre-ferisce lasciare il paese con una pubblicazione nell’area gastrono-mica. Si tratta di un libro di ricet-te della cucina mediterranea per giovani, che sarà lanciato il pros-simo mese. La scelta e produzione dei piatti presentati nel libro sono stati scelti dai figli più grandi.

Il ritorno di Bellelli in Italia è previsto per dicembre. Una delle cose di cui il console ammette che sentirà più la mancanza, a Rio, sarà il carnevale. tutti gli anni, è stato presente al Sambodromo per fare il tifo per la sua scuola del cuore, la Portela. Ma nella aveni-da è entrato una volta sola, l’anno scorso, quando è stato invitato a sfilare con l’Império Serrano.

Gran parte del suo amore per Rio de Janeiro è rimasto registrato in fotografie. Bellelli ha già avuto

come hobby la fotografia. In gio-ventù, a Roma, il diplomatico ha fatto un corso di due anni di fo-tografia e regia cinematografica. Ha addirittura avuto un laborato-rio fotografico e una radio, con un gruppo di amici, e firmava un pez-zo sullo sport in un quotidiano.

Da queste parti, le fotografie della città sono state fatte in cam-minate fatte nei luoghi turistici cariocas come l’Aterro do Flamen-go, la Pedra da Gávea o il Cristo Redentore. In macchina, ha per-corso vari punti turistici di città della sua circoscrizione. Ad ogni fermata ha ripetuto il rito di pro-vare i piatti tipici della regione e di conoscere i costumi locali. Chis-sà se, in Italia, Bellelli potrà es-porre tutto questo materiale e as-sumere una nuova funzione: quella di “console” di Rio a Roma.

Dopo quattro anni, il console di’Italia a Rio de Janeiro si congeda dal Brasile portandosi nei bagagli abitudini prettamente cariocas. Qui lascia un’eredità di azioni che segnano la presenza italiana nella città

In partenzaSílvia Souza

La vista che il console contempla dal terrazzo del Consolato.

Accanto, in posa al Pan di Zucchero in una visita ufficiale

In alto, una foto di Bellelli nel suo ufficio. Accanto, in

omaggio concesso dal governo italiano all’architetto Oscar

Niemeyer. Sotto, accanto alla moglie, Matilde, in uno dei suoi

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O estado de Minas Gerais e a região do Piemonte estreitaram ainda mais seus laços. Em outubro,

um mês antes da missão minei-ra chefiada pelo governador Aé-cio Neves chegar àquela região italiana, o presidente do Grupo Fiat, Cledorvino Belini e o vice-reitor do Politécnico de torino, Marco Gilli, assinaram um proto-colo de intenções. Com isso, foi formalizado o início de uma par-ceria para a execução de projetos de interesse comum e promoção da pesquisa e formação técnico-científica em engenharia auto-motiva, design e tecnologia em combustíveis.

A assinatura do acordo, que aconteceu na Casa Fiat de Cul-tura, contou com a presença de várias autoridades, como o vice-governador de Minas Gerais, An-tônio Augusto Anastasia, o se-cretário de Estado de Ciência, tecnologia e Ensino Superior, Alberto Duque Portugal e o pro-fessor Paolo Santis, adido cultu-ral do departamento de estudos científicos da embaixada da Itá-lia no Brasil.

Entre os principais objeti-vos do acordo estão o estímulo à produção científica e tecnológica

brasileira e a promoção de inter-câmbio de conhecimentos, a fim de formar profissionais cada vez mais qualificados. O protocolo de intenções prevê também estimu-lar pesquisas de tecnologias não poluentes.

— Este é um passo funda-mental para continuarmos na vanguarda da técnica e do de-sign. O acordo com o Politécni-co potencializará a produção de conhecimento com foco na exce-lência e na inovação — afirma o presidente do Grupo Fiat, Cledor-vino Belini — Queremos repro-duzir no Brasil a cooperação que existe entre o Politécnico di to-rino e a Fiat na Itália. As econo-mias mundiais estão globaliza-das e o Brasil está inserido nesse mercado. Gerar e absorver novos conhecimentos são vitais para a Fiat. temos convênios com di-versas universidades, mas preci-samos de ainda mais saber, para melhor fazer.

A parceria com o Politécnico de turim contribuirá para forta-lecer as atividades de formação e geração de conhecimento que o Grupo Fiat desenvolve há cer-ca de 15 anos, por meio de acor-dos com mais de 40 universida-des brasileiras e outras 12 ins-

tituições no exterior. A aliança também favorecerá o desenvolvi-mento de toda a cadeia produti-va, com fornecedores dos diver-sos setores em que o Grupo Fiat atua também se beneficiando dos cursos a serem oferecidos.

De acordo com Belini, os investimentos anunciados pe-lo Grupo Fiat até 2010, no va-lor 6 bilhões de reais, referem-se à ampliação da capacidade pro-dutiva, desenvolvimento de no-vos produtos, aprimoramento dos processos e da qualidade, além da constante criação de soluções inovadoras para o setor automo-bilístico. Para alcançar todos es-ses objetivos é primordial a cons-

trução de novas competências. O convênio com o Politécnico de turim potencializará essa produ-ção de conhecimento com foco na excelência e na inovação.

O protocolo de intenções pre-vê também estimular pesquisas de tecnologias não poluentes, inclu-sive para a produção de veículos mais amigáveis ao meio ambiente. Politécnico de Turim O Politécnico de turim é uma das oito universidades mais im-portantes da Europa, tendo sido fundado em 1859. Com concen-tração de estudo nas áreas da En-genharia, Arquitetura e Design, o centro universitário de turim mantém intensa cooperação com a Fiat italiana há quase um sé-culo, sobretudo através do CRF – Centro Ricerche Fiat (Centro de Pesquisas Fiat). No âmbito desta parceria, o Politecnico de turim está implantando o mais impor-tante centro de pesquisas sobre biocombustíveis da Europa.

No Brasil, o Politécnico de turim mantém programas de co-laboração com diversas entida-des brasileiras como a CAPES e instituições de ensino como USP, Unicamp, UnB, UFSC e UFMG. Em Minas Gerais, o Politécnico de turim mantém vínculos também com o governo do Estado para o desenvolvimento conjunto de pesquisa científica e tecnológica na área de design.

Em busca de excelência

Geraldo CoColo Jr

Grupo Fiat e Politécnico de Torino, da região do Piemonte, firmam, em Minas Gerais, parceria para o desenvolvimento de pesquisa

cooperaçãoPaolo de Santis, adido científico da Embaixada da

Itália no Brasil; Marco Gilli, vice-reitor do Politécnico de Turim; Cledorvino Belini, presidente da Fiat para a

América Latina; Antonio Anastasia, vice-governador de MG; Alberto Portugal, Secretário de Ciência e

Tecnologia e Ensino Superior do Estado de Minas Gerais e Raphael Guimarães, Secretário de Desenvolvimento

Econômico do Estado de Minas Gerais

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Lisomar Silva

ROMa

Para você admirarPara se desvendar os segredos da luz

e do clima romanos, é preciso acor-dar cedo. Esse momento do dia é a me-lhor hora para se apreciar os tons rosados da fachada da Basílica de São Pedro no Vaticano. Após uma entusiástica visita à Basílica e aos Museus da Santa Sé, é pos-sível admirar a visão de Roma a partir da Cúpula de São Pedro. Mas esse não é o único ponto privilegiado da cidade. Roma é venerável por inteira do alto da terrazza della Quadriga do Monumento Vittoriano, localizado na Piazza Venezia e dedicado ao soldado desconhecido. Já as ruínas do Fórum Romano são apaixonantes quando admiradas a partir dos terraços do Capi-tólio e dos corredores do Coliseu. As lu-zes da manhã e os tons púrpuros da tar-dinha tornam poéticos os panoramas que a cidade oferece a partir das Praças trini-tà dei Monti e Quirinale, junto à sede da Presidência da República. Nas horas do crepúsculo, é fundamental estar sentado no gramado ao longo do Circo Mássimo para se admirar as monumentais ruínas em tijolos vermelhos do Fórum Palatino, ou se encostar nos muros da Piazzale Ga-ribaldi, na colina de Gianícolo, para de-vorar com os olhos a mágica beleza que Roma revela até o anoitecer.

CondenaçãoO céu de Roma na Renascença também foi

tema de processos e condenações que o tribunal da Inquisição (hoje Congregação para a Doutrina da Fé) impôs a Galileu Gali-lei, em 1616, cinco anos depois que o grande físico, astrônomo, filósofo e matemático ita-liano se transferiu de Florença para Roma co-mo embaixador do Grão-Ducado de toscana. A sentença, confirmada em 1633, foi cancela-da 359 anos, 4 meses e 9 dias depois: em 31 de outubro de 1992, Papa João Paulo II, em discurso pronunciado durante uma audiência aos componentes da Pontifícia Academia de Ciências, anunciava que a Santa Sé havia rea-bilitado o cientista Galileu Galilei.

PintoresO céu de Roma atraiu e fascinou os pinto-

res flamingos que se inspiraram em ce-nas da vida cotidiana para criar suas obras. Artistas como Caravaggio registraram os tons de azul intenso e luminoso em seus quadros. Esses tons também são encontrados nos cé-lebres afrescos que Rafaello criou nos salões do Vaticano, além da monumental obra de Mi-chelangelo na Capela Sistina.

Até ViníciusO céu de Roma foi inspirador de grande e

prazerosa produção cultural na década de 50 com Vinícius de Moraes e Sergio Bu-arque de Hollanda. Naquela época, o céle-bre poeta e compositor musical carioca se encontrava em Roma na veste de Embaixa-dor brasileiro na sede da Piazza Navona. Já o famoso historiador paulista lecionava junto à catedra de Estudos Brasileiros na universi-dade La Sapienza de Roma. Ambos puderam acompanhar também os primeiros passos ro-manos do então jovem (e desconhecido) ci-neasta Federico Fellini que, em 1987, colo-cou o azul profundo e as nuvens brancas do céu romano em seu filme L’intervista.

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DiabeteUma esperança contra o diabetes foi

apresentada no Congresso Europeu de Diabetes. trata-se de uma injeção se-manal de remédio para controlar a gli-cose e uma caixinha de materiais bio-compatíveis. Ela tem 4 centímetros de diâmetro e 2 milímetros de espessura, contendo células que produzem insulina. Esta será introduzida no pâncreas e subs-tituirá as células produtoras de insulina destruídas pela doença.

PoluiçãoUma pesquisa da Universidade de Calgary,

no Canadá, sugere que a poluição do ar pode aumentar o risco de inflamação do apên-dice. Os cientistas identificaram mais de 45 mil adultos que foram internados com casos de apendicite entre 1999 e 2006. O estudo, apresentado na Conferência de Gastroentero-logia do American College, sugere que a po-luição aumenta o risco geral de inflamação do tecido. A análise dos casos revelou que os pa-cientes tinham 15% a mais de probabilidade de internação em dias com maiores concen-trações de ozônio no ar, comparado com dias em que a concentração de ozônio era menor.

A culpa é delaUma pesquisa norte-americana realizada

pelo Departamento de Assuntos de Ve-teranos do Centro Médico da Universidade de Oklahoma afirma que a bactéria intestinal en-terococcus faecalis pode ser responsável pe-lo desenvolvimento de câncer de intestino. O estudo foi divulgado no Journal of Medical Microbiology, mas houve quem contestasse. O microbiólogo da Universidade de Liverpool, na Grã-Bretanha, afirma que a bactéria po-de ser a culpada, mas que outras presentes no intestino também podem ser responsáveis pela doença. “Sabemos que a bactéria está presente nos intestinos da maioria das pesso-as, porém, nem todos têm câncer. Isso indica que devem existir outros fatores”.

Sonho perfumadoUm estudo apresentado na reunião anual da

Academia Americana de Otorrinolaringo-logia, em Chicago (EUA), indica que os aromas inalados enquanto uma pessoa dorme influen-ciam seus sonhos. Na Alemanha, pesquisado-res do Hospital da Universidade de Mannheim chegaram à mesma conclusão. Lá, voluntários foram expostos a odores bons e ruins duran-te o sono. Depois de acordados, eles relata-ram suas impressões, mas não se lembravam de haver sentido os cheiros. Os cientistas con-cluíram que, quando o odor desagradável foi usado, o tipo de emoção vivenciada durante o sonho era negativo. Sob o estímulo do odor agradável, quase todos os sonhos relatados ti-nham conotações positivas.

Como o ViagraPesquisadores italianos da Universidade

de Milão desenvolveram um composto com folhas de uma erva conhecida como chi-fre de cabra. Pode ser o início do desenvolvi-mento de uma nova droga para tratar a defi-ciência orgânica erétil. A planta tem o nome científico de Epimedium brevicornum. Exames preliminares indicaram que a droga feita com o composto causa menos efeitos secundários do que o Viagra, inclusive em relação ao cora-ção. Agora, o composto passará por uma lon-ga fase de testes clínicos antes de ser apro-vado definitivamente. Ou seja, pode demorar 10 anos até ser lançado no mercado.

Café da manhãTambém para perder peso, uma dica é comer

ovos no café da manhã. Isso é o que su-gere uma pesquisa feita pelo Departamento de Obesidade da Pennington Biomedical Research Center da Universidade da Louisiana (EUA). Os pesquisadores analisaram 152 pacientes, ho-mens e mulheres, entre 25 e 60 anos. Parte do grupo consumiu toda a manhã dois ovos e outra parte adotou bagel - pão tradicional americano. Ao final de oito semanas, a perda de peso entre a turma do ovo foi 65% maior na comparação com os demais voluntários. O índice de redução de cintura também foi 34% maior entre eles, as-sim como a redução de gordura - 16% maior.

Azeite, sim!Ao consumir azeite, uma transformação

ocorre no seu organismo, mais precisa-mente no abdômen: ele impede o depósito de gordura bem ali, na linha da cintura. Pare-ce um contra-senso, já que o alimento é um dos mais calóricos. Cada grama oferece cerca de nove calorias. Mas a descoberta é séria: o consumo evita mesmo a barriga indeseja-da. Cientistas de diversas universidades eu-ropéias publicaram seu trabalho no periódico Diabetes Care, da Associação Americana de Diabete, em que compararam exames de ima-gem de voluntários, antes e depois do con-sumo do óleo. Eles observaram que o hábito diminuiu os depósitos de gordura no abdô-men. O ideal seria consumir duas colheres de sopa por dia para obter o benefício.

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O azul infinito do céu descrito há 50 anos na música Volare de Domeni-co Modugno, parece estar contido

no imenso leque de cores e matizes do céu de Roma. É importante olhar para o alto, de qualquer ponto da cidade. Os edifícios do centro histórico chegam a ter cinco an-dares e, na periferia, não passam dos dez ou doze andares. Admiram-se milhões de tonalidades de azul, do mais claro ao blu cobalto passando pelo blu índaco, que se fundem desde os primeiros momentos da aurora até as últimas frações de minutos do crepúsculo, durante quase todo o ano.

Nos dias ensolarados, com ou sem os clássicos cirros e os cúmulus nimbus típi-cos do céu romano, as nuvens têm reflexos

de luz branco-rosada ou laranja-salmão até os tons lilás e violeta. Nas tardes douradas primaveris e outonais, com temperaturas amenas e o refrescante sopro do Vento di Ponente que vem dos mares tirreno e Adri-ático, a cidade e seus monumentos ganham perspectivas visuais de acentuada profun-didade em contínua transformação. É fruto do jogo que o contraste de luz e sombra cria com o passar das horas, em uma sur-preendente série de imagens inéditas, nas-cidas de um espaço urbano que é sempre o mesmo: a Cidade Eterna. A luz crepuscular, com os últimos raios de sol que averme-lham as paredes e fachadas dos edifícios, torna o azul do céu ora mais intenso, ora mais esbranquiçado.

Nel blu dipinto di blu

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Pense em um lugar belo o bastante para se aprovei-tar a natureza marítima em águas capazes de atrair de

surfistas a famílias numerosas. Um lugar onde, escondidas numa densa e preservada Mata Atlân-tica, cachoeiras formam véus de cascatas cristalinas. Onde a vida noturna põe o visitante em con-tato com a arquitetura colonial brasileira e a gastronomia atende a todos os gostos. Pense em um local que tem como vocação re-ceber e que lança mão de vários recursos para ser a capital do tu-rismo no Brasil.

Do alto de sua posição de pa-trimônio histórico da humanida-de, Paraty tem todos esses atribu-tos. E está prestes a abocanhar o título de patrimônio mundial da Unesco. Em 2009, a organização renova a lista de indicação e a grande aposta do governo fede-ral é o roteiro do Caminho do Ou-ro, que percorre o antigo trajeto usado para transportar o ouro de Minas Gerais a Portugal, na épo-ca do Brasil colonial.

Perto da temporada de calor, a cidade que já é visada o ano inteiro, se prepara para acolher um público cada vez maior. Com seus quase mil quilômetros qua-drados, o município está a pou-co mais de quatro horas da ca-pital do Rio de Janeiro e encan-ta visitantes de dentro e fora do país. Nas praias, a coloração do mar varia do verde esmeralda ao transparente. O centro histórico, com calçamento feito por filhos de escravos e onde carro não en-tra, tem igrejas construídas nos

séculos 17 e 18, como a de San-ta Rita, um dos cartões-postais da cidade - imagem acolhedora a quem chega pelo cais.

tudo em Paraty parece ter sido feito como em nenhum ou-tro lugar. talvez por isso, alguns italianos já tenham encontrado seu cantinho especial na cidade que abriga a maior festa literá-ria do Brasil e figura como uma das poucas a ter um produto com procedência registrada - a cachaça. Além de Paraty, só os vinhos do Vale dos Vinhedos, a carne do Pampa Gaúcho, no Rio Grande do Sul, e o café do cer-rado, em Minas Gerais, possuem essa certificação.

— Estou há 13 anos no Bra-sil e já estive em outros lugares aqui e fora. Posso dizer que esse litoral e a vizinhança chamam a atenção. Paraty convoca as pes-soas interessadas em conviver com a realidade cultural brasilei-ra — comenta o chef Alfonso ta-rallo, italiano nascido em Saler-no (Campania) e proprietário do Spaghetto, restaurante especia-lizado na cozinha mediterrânea — Acontece que nós somos mui-to amarrados em nossa culinária. Gostamos de experimentar novas sensações, mas sempre voltamos às raízes e essa dieta é baseada em produtos saudáveis, que tem relação com o mar, assim como em Paraty.

Quem também provou da mis-tura paratiense foi o empresário Guerrino Fabbri, ou melhor, Bru-no. Nascido em Rimini (Emilia Romagna), o chef se rebatizou, ainda que não oficialmente, es-colhendo o nome pelo qual todos o conhecem hoje, na cidade.

— É o que eu gosto e muito mais simples — explica.

Casado com a brasileira Les-lye, o casal administra o restau-rante Pinóquio, especializado em massas, e a sorveteria Miracolo, que levou a Paraty o sorvete ar-tesanal como ele é tradicional-mente feito na bota.

— Combinamos que ele fica com o sorvete e dá assistência aos negócios na parte da manhã e eu venho na parte da tarde e da noite — explica Leslye.

Os nomes dos empreendimen-tos repetem os nomes usados nos locais em que trabalhavam quan-do se conheceram, em Aparecida do Norte, São Paulo. O casal tem uma filha de seis anos e está em Paraty há dez. Nas baixas tempo-radas, costumam ir à praia, nas quartas-feiras.

— Há lugares que ainda não conhecemos apesar do tempo que vivemos aqui. Além das be-lezas naturais, nos sentimos se-guros. Eu me apaixonei e a cida-de tem todo um circuito que o aproxima da terra dele. Italianos e europeus em geral nos visitam — diz Leslye, sendo completa-da pelo marido — Ela se apaixo-nou e eu comprei a idéia. Só não gosto muito dessas pedrinhas no meio do caminho, mas fazer o quê? Paraty tem seu charme — brinca.

Rumo certoCenário para filmes e de portas abertas para artistas – como o fotógrafo italiano Giancarlo Me-carelli, que organiza a mostra Paraty em Foco e tem a Galeria Zoom no centro histórico - Pa-raty oferece opções diversifica-das a quem a visita, o que pode causar uma indecisão na hora de

escolher que atividades realizar. Só em ilhas, são cerca de 50. Além disso, há pontos de pesca e mergulho.

A cidade, que foi fundada em 1667 em torno à Igreja de Nossa Senhora dos Remédios, sua pa-droeira, é convidativa. De dia, é possível fazer passeios de savei-ro, trilhas, ecológicas na Serra da Bocaína ou saborear pingas, em

turismo

Uma das cidades mais antigas do litoral sul do Rio, Paraty aposta no turismo o ano inteiro e tem suas particularidades descobertas cada vez mais por italianos

De toda a humanidade

Sílvia Souza

ServiçoPouSada corSário - Rua João do PRado, 26 Tel. (24) 3371-1866PaRaTy TouRs – avenida RobeRTo silveiRa, 11 Tel. (24) 3371-1327 / 2651 / 6112riStorante SPaghetto – Rua da Ma-TRiz, 27 Tel. (24) 3371-2947reStaurante Pinóquio – Rua da la-Pa, 11/12 Tel. (24) 3371-1009Sorveteria e lanchonete Mira-colo – PRaça da MaTRiz, 8 Tel. (24) 3371-1045engenho d’ouro – esTRada Pa-RaTy Cunha KM 8 Tel. (24) 9905-8268Fazenda Murycana – Tel. (24) 3371- 1153 / 3930

visitas a engenhos. também se pode voltar à infância transitan-do de bicicleta ou a cavalo. Pa-ra quem gosta de ecoturismo, há espaço para praticar arvorismo e se jogar numa tirolesa. À noite, além dos restaurantes e bares, o cardápio inclui shows, poesias e espetáculos teatrais.

Muitos dos rios de Paraty de-sembocam no oceano. O Perequê-Açu, símbolo da cidade, é um de-les, que chega ao centro em cur-so paralelo à avenida principal. No mesmo ponto, é margeado por pousadas dispostas a oferecer as facilidades do mundo moderno sem descuidar da ambientação natural. A Pousada Corsário, por exemplo, reproduz com pedras as vias internas que separam os se-tores e mais de 40 quartos. Com restaurante-bar e salão de jogos próximos à piscina, é um bom lo-cal para se observar a passagem de um barco pesqueiro subindo ou descendo o rio, ou ainda pes-soas bem dispostas se exercitan-do na margem oposta.

Ao lado da recepção, uma sala de estar com juke box e te-levisão faz divisa com a sala de computador. também fica à dis-posição uma sauna. A pousada tem escuna própria, a Sir Fran-cis Drake, com roteiros diferentes para cada dia da semana.

Para todos os gostos: centro histórico tem vida noturna agitada (acima) e as escunas levam turistas à mais belas ilhas. Leslye e “Bruno” investem na gastronomia italiana. O macarrão de chocolate é exclusividade da casa

Pousada Corsário

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A crise econômica mun-dial, no final das con-tas, pode se mostrar uma boa notícia para

todo o mundo. É nisso que acredita o filósofo italiano Massimo Borghesi. Professor

da Universidade de Perugia e das Pontifícias Universidades

São Boaventura e Urbaniana – ambas em Roma – ele esteve pela primeira vez no Brasil, no mês passado, para uma série

de conferências promovidas pe-la Pontifícia Universidade Cató-lica de São Paulo.

A convite do Núcleo de Fé e Cultura da instituição, as pa-lestras abordaram temas como secularização, cultura moderna e política, a “crise da fé” e a pedofilia dentro da igreja. tam-bém no Rio de Janeiro e em Pe-

trópolis, Borghesi falou a pes-quisadores e estudantes da área.

Contundente, o filósofo declarou em entrevista à Comunità que a realida-de globalizada transmutou vocações e valores em meras “funções burocrá-ticas”, o que se tornou um péssimo exemplo para os jovens:

— O problema hoje é que não há mais modelos, nem professores nem mestres. Essa é a verdadeira globa-lização — acredita o filósofo.

Para o filósofo, a partir de 1989, com o fim do muro de Ber-lim, passou-se “a uma espécie de euforia”, que levou a uma globalização sem regras, per-meada apenas por projetos de enriquecimento indiscri-minado. Faltou, segundo ele, “um critério mínimo

de orientação e seleção dos ru-mos da economia”. A humanida-de, é claro, paga por isso “com graves riscos”.

— A crise assinala indubita-velmente uma passagem que po-de ser vista como um retorno ao primado da política. Nesses anos houve o primado da economia, do mercado, absolutizado como um modelo quase perfeito, co-mo se da globalização derivas-se bem-estar para todos. temos que nos render que não é assim. O mercado deve ser regulado. Da mesma forma, a economia deve ser real, não puramente financei-ra. Este retorno ao primado da política, por si só, é uma boa no-tícia — acredita.

Isso, porém, não significa que Borghesi pregue como so-lução a existência de um Esta-do interventor “porque o Estado não deve engolir tudo”. Sua fun-ção é clara, na opinião do pro-fessor: estabelecer regras para a economia de modo que os inte-resses correspondam a uma uti-lidade geral.

— Não devemos ter mais uma economia simplesmente di-rigida para a vantagem de pou-cos indivíduos que perseguem o próprio interesse egoístico, de-sinteressando-se totalmente do bem-estar geral. Isto não é mais tolerável. Infelizmente percebe-mos isso, como usualmente, com atraso. tanto é que, nos Estados Unidos, com essa manobra de bi-lhões de dólares, os contribuin-tes, que nada têm a ver com a especulação, devem pagar a dívi-

da por culpa de alguns indivídu-os — observa.

E se o futuro sempre foi atri-buído a uma ação protagoniza-da por jovens, estamos mal. Na opinião de Borghesi, “falta pai-xão” a eles, atualmente. Para o filósofo, essa falta de ânimo está relacionada com a tal globaliza-ção “que transmutou vocações e valores em meras funções buro-cráticas, insuficientes para pre-encher as expectativas emocio-nais e espirituais de crianças e adolescentes por bons exemplos em quem se espelhar”.

Culpa da igrejaAutor de mais de uma dezena de livros como A figura de Cristo em Hegel, Secularização e Niilismo e Pós-modernidade e Cristianismo, todos inéditos no Brasil, Borghe-si culpa a igreja por essa falta de motivação dos jovens. Afinal, a instituição também não está dando bons exemplos. Vide os casos de pedofilia para os quais prega o encaminhamento à Jus-tiça comum para que os envolvi-dos sejam presos.

Padres, sacerdotes e quais-quer membros da igreja respon-sáveis por casos de pedofilia co-metidos dentro da igreja católica devem ser expulsos, denunciados, presos e julgados pela Justiça, na opinião do filósofo, muito liga-do à igreja católica. Lembrando as advertências feitas pelo Papa Bento XVI acerca dos crimes, en-fatizou que pedofilia é intolerável e um pecado gravíssimo.

— Recordo o que diz o pró-prio Evangelho: ‘quem terá escan-dalizado um só destes pequenos é melhor para ele que pendure uma mão ao pescoço e se jogue ao mar’. Jesus convida ao suicí-dio estes criminosos; não é só um pecado gravíssimo e imperdoável, mas é também um crime contra o Estado, a sociedade civil e, como tal, deve ser punido — afirma.

Para Borghesi, não pode ha-ver mais “omertà” - omissão ou silêncio coletivo - para com os pedófilos, em qualquer parte do mundo. Afinal, eles são a antíte-se das referências morais espera-das da igreja.

— É inadmissível calar-se em relação aos culpados por esses crimes. Os bispos não podem es-conder sacerdotes ou religiosos; eles devem ser denunciados à autoridade civil e imediatamente

abandonar o hábito sacerdotal. Estão fora da igreja, assim como estão fora da sociedade.

Sem bons exemplosSegundo o pensador, cabe à igre-ja restituir aos jovens a fé na política e nos valores humanos, “esvaziados por incontáveis his-tórias de personalidades corrup-tas em todas as áreas”. Paralela-mente, a política “deveria dar o testemunho de paixão autêntica por parte de quem governa e re-presenta a liderança dos países”. Afinal, se os jovens só vêem cor-ruptos, “sem a mínima paixão pela realidade popular e pelos problemas da gente”, não haverá ídolos em quem se espelhar.

— O problema hoje é que não há professores nem mestres. Essa é a verdadeira globalização. Assim como se exportam coisas boas, se exportam ruins. O vazio juvenil atinge a Europa, os Esta-dos Unidos, a América Latina e o sul da Ásia em grande medida, Coréia e Japão. Na China estão enfrentando agora os problemas de um desenvolvimento econô-mico acelerado. O verdadeiro nó é a falta de experiências a serem propostas como referência.

Na sua avaliação, a desvalori-zação da religiosidade, da reverên-cia por algo superior ao homem, suas atividades e bens produzi-dos, entendida como “seculariza-ção”, significou uma “progressiva burocratização” que destruiu as chamadas vocações individuais.

filosofia

— As principais figuras so-ciais, que até 30 anos atrás eram também morais, como vocações, se tornaram funções. O médico, o político, o professor e, às vezes, até o padre tornaram-se funções burocráticas. Não são mais vo-cações pessoais, correspondem simplesmente ao exercício de uma função motivada por um in-teresse freqüente de caráter eco-nômico — exemplifica.

Este fenômeno tem conseqü-ências em nível moral, uma vez que os jovens se identificam com valores através dos modelos so-ciais, alerta o filósofo. Isso por-que, como observa Borghesi, os valores são abstratos e estão sempre incorporados às figuras sociais. Se essas figuras se tor-nam anônimas, “se não têm mais relevância ética, se não indicam um bem, uma capacidade de de-dicação”, isso se reverte nos jo-vens “em um sentido cético da vida”. Para o filósofo, uma das piores conseqüências disso é o recolhimento individual, egoísta, “no qual o único objetivo é fa-zer a própria carreira, sem escrú-pulos, para atingir o mais rápi-do possível a satisfação dos pró-prios desejos”.

Ele cita como exemplo des-se quadro “o ceticismo político constatado nas últimas eleições na Itália”, com grande número de abstenções. Ele está cer-to que esse quadro traduz “um longo processo de desencanto geral”. Na sua avaliação, após o comunismo, especialmente na península, os partidos polí-ticos, que eram populares, re-cebiam o consenso e constituí-am o ponto de base do Estado e do governo.

— Depois disso, quem go-vernou não se preocupou com o consenso, mas sim em estabele-cer um sistema de poder que o garantia no exercício das pró-prias funções — afirma. — Por-tanto, recuperar a paixão política é um problema. A transbordante secularização destes anos esva-ziou aquela carga de ideal, a pai-xão de solidariedade e o desejo de bem comum que maturavam em uma consciência religiosa. Is-to tem conseqüências no terreno político: uma sociedade feita de indivíduos e não de comunidades é composta por sujeitos isolados, que não têm mais nenhum inte-resse comum.

Falta paixão

Filósofo italiano ligado à Igreja Católica faz palestra no Brasil e prega a condenação dos padres pedófilos

TaTiana BuffCorrespondente • são paulo

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Guilherme Aquino

MiLãO

Carros, foraO bairro de Brera, no centro de Milão

é um dos mais agradáveis da cida-de. Ele tem um horto botânico, dezenas de galerias de arte, bares e restauran-tes tradicionais. Por isso mesmo, é um engarrafamento único de pessoas e de carros durante todo o dia. O bairro boê-mio e artístico agora vai poder respirar. As vias Ciovasso, Ciovassino, Fiori Oscuri serão fechadas ao trânsito. Um acordo entre a prefeitura, a Pinacoteca, a Acca-demia e os comerciantes, deu sinal verde para transformar toda esta área em ex-clusividade dos pedestres e ciclistas.

Dois graves acidentes em menos de uma semana com os bondes da AtM, órgão que administra o siste-

ma de transporte público de Milão, jogaram um foco de luz em um sistema para muitos já obsoleto, para outros, apenas mal con-servado. O fato é que os usuários começam a não confiar mais neste tradicional meio

de transporte que já faz parte do cartão postal de Milão. Os bondes amarelos e os futurísticos verdes circulam por toda a ci-dade, mas entre 2004 e 2007, o número de acidentes passou de 48 para 106, mais do que dobraram. O comune está investigando o que provocou este aumento e exige maior rigor na segurança.

Alarme bonde

ContaminadoA proximidade do inverno levanta as barri-

cadas da saúde publica de Milão. A es-tação do frio, sem os ventos e as mudanças climáticas do outono contribui para o aumen-to da poluição do ar da cidade. Durante o in-verno, principalmente, o nível de monóxido de carbono em suspensão envenena o ar da cida-de e provoca sérios problemas respiratórios aos habitantes. O problema não ocorre apenas em Milão. É um mal que contagia as principais ci-dades grandes da Itália. Entre 2001 e 2004, se-gundo pesquisa da associação de consumidores Altroconsumo, foram registrados 8 mil mortes que tiveram como causa principal a longa ex-posição ao ar contaminado das cidades. Milão e Roma encabeçam a triste estatística.

Malpensa no chãoAcrise da Alitalia deixa o aeroporto de

Malpensa às moscas. O cancelamento de 179 vôos da companhia de bandeira italia-na faz do local um mausoléu. O movimento de passageiros caiu drasticamente e ninguém sabe o que irá acontecer em um futuro próxi-mo. De lá os aviões seguiam, principalmente, para Amsterdã (Holanda), Praga (República tcheca) e Munique (Alemanha). Eram rotas que foram canceladas ou desviadas do aero-porto de Fiumicino, em Roma. Além disso, a União Européia considerou ilegal a inicia-tiva do estado italiano de conceder um em-préstimo-ponte de 300 milhões de euros à companhia com o fim de evitar o seu crac definitivo. Pesam sobre as asas da Alitalia a irresponsabilidade de quem não soube admi-nistrar um dos bens mais preciosos da aero-náutica italiana.

UltimatoO Bie (Buerao Internationals des Exposi-

tions), órgão internacional responsável pela Expo, deu um ultimato ao comune de Milão. Até o dia 2 de dezembro a verba pa-ra o começo dos trabalhos deve já ter sido liberada e encaminhada. Da teoria à prati-ca, o atraso contabiliza quase um ano. todos os projetos estão no papel e nada ainda foi construído. Para a realização do plano ori-ginal, tudo já deveria ter sido iniciado seis meses atrás, pelo menos. A guerra de po-der entre as entidades públicas e a burocra-cia italiana coloca em risco a Expo 2015, uma oportunidade para revitalizar a cidade de Milão e dar um destaque ainda maior à Itália no mundo.

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PremioL’architetto della provincia di São Paulo Decio tozzi è il pri-

mo brasiliano ad essere premiato dalla Fondazione Frate Sole, organizzatrice del Premio Internazionale di Architettura Sa-cra, il più famoso del-la categoria. Ha vinto grazie al suo progetto “Capela da Fazenda Veneza”, inaugurata nel 2003, a Valinhos, costruita sulle rive di un bacino artificiale, nell’hinterland paulista. La cerimonia di premiazione è avvenuta in ottobre a Pavia, in Italia. Con una giuria formata da uno scel-to gruppo di architetti mondiali, come Francesco Dal Co, una del-le maggiori autorità della critica di architettura internazionale, il premio è alla sua 4ª edizione. È destinato ai professionisti di tutto il mondo che abbiano realizzato qualche opera religiosa ne-gli ultimi dieci anni. La premiazione ha luogo ogni quattro anni e conta sulla sponsorizzazione del Vaticano.

SponsorLa Petrobras ha lanciato, in ottobre, il suo bando di gara per

sponsor culturali. L’industria petrolifera brasiliana ha desti-nato 42,3 milioni di reais al settore. L’azienda inoltre destinerà sussidi supplementari di 40 milioni di reais, che saranno assegna-ti ad un pacchettto di progetti che il ministério da Cultura sele-zionerà. Lo sponsor della Petrobras considera progetti nelle aree di produzione e diffusione di audiovisivi, arti sceniche, musica, letteratura e cultura digitale.

Rio OlimpicoPer riuscire a sediare le Olimpiadi del 2016, Rio de Janeiro

dovrà trasformarsi in un grande cantiere di lavori pubblici, la maggior parte dei quali riguardanti il settore dei trasporti. Uno studio coordinato dalla Secretaria Municipal de Urbanismo ha proposto investimenti di, perlomeno, 1,5 miliardi di reais. Questa sarebbe la somma necessaria per l’espansione dei servi-zi ferroviari e di metropolitana, oltre all’ampliamento della re-te stradale. Lo studio di 400 pagine è stato consegnato al Co-mitê Olímpico Brasileiro (COB). Il dossier della candidatura di Rio sarà consegnato, nel febbraio 2009, al Comitato Olimpico Internazionale (COI).

Tournée rimandataEra tutto pronto per la tournée suda-

mericana del cantautore italiano Lu-cio Dalla, che avrebbe dovuto presentarsi in Brasile a São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre e Curitiba il mese scorso, ma il tour è stato cancellato. Secondo gli assessori del cantante, Dalla avrebbe preso un’influenza che gli ha impedito di viaggiare. I concer-ti sono stati rimandati al maggio dell’anno prossimo. Le canzoni di Lucio Dalla hanno sempre avuto molto successo nel mondo e sono state anche cantate da Pavarotti. In Brasile, Chico Buarque, Maria Bethânia, Os Incríveis, Engenheiros do Havaí, la coppia Zezé de Camargo e Luciano, toquinho e Martinho da Vila sono tra i cantanti che hanno già interpretato le sue canzoni.

DevozioneUna delle maggiori feste cattoliche brasiliane, il Círio de Nazaré

ha riunito due milioni di fedeli, il mese scorso, a Belém (PA). L’evento, considerato la maggior manifestazione religiosa dell’Ameri-ca Latina, ha luogo fin dal 1793. Il Círio è una processione in omag-gio alla Nossa Senhora de Nazaré, patrona dei paraenses. Sono stati i padri gesuiti, nel XVII secolo, ad introdurre la devozione alla Sen-hora da Nazaré, nel Pará. La tradizione più conosciuta per ciò che riguarda l’origine della festa dice che, nel 1700, Plácido, un caboclo discendente di portoghesi, se ne andava vicino ad una zona che og-gi corrisponde al retro della Basilica, quando ha trovato una piccola statua della Nossa Senhora de Nazaré. Questa immagine, replica di un’altra che si trova in Portogallo, intagliata in legno e di circa 28 cm di altezza, si trovava tra pietre piene di fango ed era molto ro-vinata. Plácido l’ha pulita e ha costruito un altare a casa sua. Ma la statua, misteriosamente, sarebbe ritornata dove era stata trovata. Da quel momento vari miracoli sono stati attribuiti alla santa.

BaristaL’Associação Brasileira de Baristas (ACBB) è sotto nuovo co-

mando. L’ente responsabile dei Campeonatos Brasileiros de Baristas, dei Concursos de Latte Art, Coffee in Good Spirits e del Cup tasting Competition, è ora presieduta da Edgard Bressani (Ipanema Coffees). Alla direzione ci sono: Sílvia Magalhães (Oc-távio Cafés), Gelma Franco (Il Barista Cafés Especiais), Cléia Jun-queira (Capheteria) e Pedro Lisboa (Café Cristina).

notizie

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literatura

O jornalista e escritor Ro-berto Saviano, de 29 anos, há dois vive sob proteção e escolta poli-

cial. Seu crime? Ser o autor de Gomorra, romance-denúncia que vendeu 1,2 milhão de exempla-res na Itália e foi traduzido em 42 línguas – chega ao Brasil pe-la editora Bertrand no próximo mês. A obra é responsável pela

“publicidade não desejada” do tráfico de drogas e das atividades de corrupção e máfia do clã dos Casalesi, que aterroriza a cidade de Casal de Príncipe, em Caserta, região da Campania. Com apenas 20 mil habitantes, a cidade pos-sui 1200 condenados pelo artigo

416 bis, associação à máfia, um dos mais altos índices do país.

Até então desconhecido pe-la mídia e, dizem, pela polícia, o clã dos Casalesi, braço forte e ri-co da famosa Camorra, é conside-rado um dos mais potentes e pe-rigosos em atuação. Suas ativi-dades econômicas ultrapassaram as fronteiras da região da Campa-nia e do país - são envolvidos em esquemas de chantagem, contra-bando, tráfico de drogas e armas em países comunitários e não comunitários. Os Casalesi tam-bém estão envolvidos no escân-dalo do lixo que soterrou a re-gião em um mar de mau cheiro e criou paredões de lixo pelas cida-des. Graças ao livro e à coragem de Saviano, o clã começou a ser desmontado e cerca de 40 pesso-as já foram presas. Entre elas es-tão políticos e advogados.

Em 2006, quando foi publica-do, Gomorra vendeu modestos 5 mil exemplares. Aos poucos, po-rém, a propaganda “boca a bo-ca” fez com que o livro daquele

escritor desconhecido passasse a ser procurado em todo o país. Com uma narrativa fria, faz uma descrição realística da situação de sua cidade e, principalmen-te, dá “nome aos bois”. Para fa-zê-lo, Saviano trabalhou em uma empresa têxtil e outra de cons-trução, ambas controladas pela máfia. Essa organização crimino-sa tipicamente italiana teria um faturamento anual de 90 bilhões de euros, valor que representa 7% do PIB do país.

Em setembro de 2006, Saviano apresenta o livro durante a inau-guração do ano escolar. Em plena terra dos chefões, lança um duro ataque contra o sistema camorris-ta. Em um discurso feito na pra-ça principal de Casal de Príncipe diz: “Schiavone, Iovine e Zagaria não valem nada. Meninos, essas pessoas não são daqui, violentam nossa terra, mandem embora essa gente”. Logo após a declaração, o autor sofre sua primeira ameaça de morte e entra para o programa de proteção da polícia.

— Lembro do telefonema alar-mante que recebi de um policial. Ele dizia que um colaborador ti-nha denunciado o perigo. Naque-la época, não podia contar com a ajuda de quase ninguém. As pes-soas eram quase todas contrárias às minhas declarações, ao meu li-vro. Lembro que saí de casa cer-cado por policiais e ouvi alguém dizendo: ‘Finalmente, foi preso’ — contou Saviano em recente entrevista concedida ao programa Matrix exibido pelo Canal 5.

Segundo ele, o que realmente incomodou os Casalesi foi a visi-bilidade que o livro deu à cidade e às atividades em que o clã es-tava envolvido. Agora, todos sa-bem quem são os Casalesi.

— A literatura permitiu que essa história fosse de todos, não só dos cidadãos de Casal de Prínci-pe. Os negócios da máfia não são apenas naquela cidade perdida do sul da Itália. O clã ficou tão conhe-cido que a este ponto não existe mais o policial para corromper ou o jornal para escrever a seu favor — disse o escritor em Matrix.

Em 2007, Gomorra já é um sucesso editorial internacio-nal a ponto do influente jornal norte-americano New York Times o incluir na lista dos cem livros mais interessantes do mundo. Em 2008, a obra de Saviano alcança as telas do cinema. O homônimo

filme, dirigido pelo italiano Matteo Garrone, é apresentado oficialmente durante o Festival de Cannes, vence o Prêmio do Jú-ri e é escolhido como o único fil-me italiano para concorrer ao Os-car cujo vencedor será conhecido no dia 25 de fevereiro de 2009. Com o sucesso do livro, do filme e do teatro (a obra também virou peça teatral no ano passado), Sa-viano mais do que nunca ficou na mira dos chefões dos Casalesi.

A última ameaça chegou no dia 13 de outubro quando Carmi-ne Schiavone, um “arrependido”, primo e homônimo de um dos chefões mafiosos, disse que o clã tinha dado uma data precisa pa-ra o assassinato do escritor e dos policiais que o escoltam: o próxi-mo dia 24 de dezembro.

— O que posso fazer? Não tenho outra estrada para seguir, devo somente resistir, resistir e resistir — declarou Saviano após a divulgação da data que deve-ria ser a da sua morte. Ele admi-te que pensa em deixar a Itália, “por um tempo”:

— Deixo a Itália porque que-ro viver. Quero uma casa, quero me apaixonar e tomar uma cer-veja em público. Quero poder andar na rua. tomar sol, pegar chuva. Visitar minha mãe sem assustá-la e não sentir medo. Às vezes me surpreendo pensando nestas palavras: quero a minha vida de volta. As repito sempre, uma por uma.

O desejo de deixar a Itália causou polêmica, no país. Um dos primeiros a se manifestar, o mi-nistro do Interior Roberto Maroni, declarou ser contrário à idéia por acreditar que a fuga “não garante que se evitará a vingança da má-fia, que não tem confim”. Na ver-dade, uma nova onda começa a to-mar forma por lá: uma mobilização para que Saviano não vá embora. Seis prêmios Nobel - Dario Fo, Mi-khail Gorbaciov, Gunther Grass, Ri-ta Levi Montalcini, Orhan Pamuk e Desmond tutu - assinaram uma carta pedindo ao governo italiano que cuide da liberdade e da segu-rança de Roberto Saviano. O apelo publicado pelos jornais La Repub-blica e El País (Espanha), conta com a assinatura de mais de 100 mil pessoas.

Na telonaGomorra, o filme, já foi exibido no Brasil, durante o Festival do Rio,

realizado em setembro. Em cir-cuito comercial, deve chegar até o início do próximo ano. Seu ro-teirista, Gianni di Gregorio, parti-cipou do evento cinematográfico carioca que também exibiu o fil-me dirigido por ele, Il pranzo di Ferragosto. Detalhe: o diretor de Gomorra, Matteo Garrone, tam-bém é o produtor de Il pranzo....

— Para mim, Gomorra é um filme muito importante. É um filme forte, mas percebo que as pessoas gostam muito dele — diz di Gregorio em entrevista à Comunità — tive a sorte de trabalhar com Matteo Garrone. Seu cinema é um olhar sobre o mundo. Ele trabalha um pouco o neo-realismo. Ele faz uma gran-de pesquisa sobre o território e também sobre as pessoas do lu-gar que podem ser ou não atores, pessoas bem normais.

A história de Gomorra é per-meada pelo poder, pelo dinheiro

e pelo sangue e tem como cená-rio as províncias de Nápoles e Ca-serta. Só na Itália, o filme já ren-deu 880 mil euros, o equivalente a 9 milhões de reais, até agosto.

Na opinião do roteirista, Go-morra e o longa brasileiro Cidade de Deus, dirigido por Fernando Meirelles, têm muito em comum:

— Em Gomorra não há um estudo da organização criminal. Nós vemos os efeitos da organi-zação sobre as pessoas, sobre a vida cotidiana. É isso que cha-ma a atenção, que faz a diferen-ça no filme. É um longa muito apreciado na Itália, sobretudo pelos jovens, assim como Cidade de Deus.

Para di Gregorio, o atual ci-nema italiano vive um momento de renascimento. O motivo? Ele não sabe explicar. Acha que faz parte de um movimento natural: “depois de alguns momentos de pausa, um renascimento”.

Sobre o longa que assina como diretor, conta que o projeto surgiu na sua cabeça quando lhe pediram para cuidar da mãe de uma amiga:

— Sou filho único. Vivi com a minha mãe de quando ela ti-nha 80 anos até os 90, quando morreu. Conheci o mundo dos idosos. Vi a força deles, mas também vi o medo da solidão. Quando ainda vivia com ela, uma pessoa me pediu que cui-dasse da mãe em um Ferragosto. Eu receberia por isso, mas não aceitei. Comecei a pensar no que aconteceria, se eu tivesse aceitado, então, escrevi o filme.

No Rio, di Gregorio teve seu “momento tiete” quando esbar-rou com o cineasta brasileiro Bruno Barreto. Ele é seu “mito” por conta do filme Dona Flor e seus dois maridos - “um dos mais bonitos que já vi”.

Colaborou nayra garofle

De escritor desconhecido a autor de best-seller, o italiano Roberto Saviano é o atual inimigo número 1 da máfia do seu país por conta do livro Gomorra. A obra já virou peça de teatro e filme candidato ao Oscar e rendeu a seu autor uma sentença de morte

Janaína CeSarCorrespondente • treviso

Refém do sucesso

No alto, cena do filme Gomorra. A adaptação da obra de Roberto Saviano (direita) para o cinema foi feita pelo roteirista Gianni di Gregorio (centro). À esquerda, a capa do polêmico livro

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O fim de ano está aí e vo-cê escolhe um lugar para passar uns dias que é o sonho para muitos turis-

tas – a cidade do Rio de Janeiro. Planeja toda a sua viagem para evitar infortúnios e quando che-ga o grande dia, eis que alguma coisa dá errado. Seu filho adoles-cente fica com seu pacote turís-tico e você com o dele. A partir

daí, seus dias serão só aventura. A tarefa: sobreviver às situações mais inusitadas e impensadas pa-ra o período natalino e tentar se divertir com essa experiência.

O final da história só indo a um cinema italiano para confe-rir. A situação descrita é uma das tramas desenvolvidas em Natale a Rio de Janeiro, produção coman-dada por Luigi De Laurentiis, ne-to do lendário produtor que virou

nome de prêmio no Festival de Veneza. O filme tem como astro principal Christian De Sica, filho do diretor Vitorio De Sica, respon-sável por clássicos italianos como Umberto D., Matrimônio à Italia-na, Boccaccio 70, e famoso pelas parcerias com Marcello Mastroian-ni e Sophia Loren. Com previsão de estréia em 19 de dezembro, é o mais aguardado do ano na Itá-lia sendo exibido em cerca de 500

salas. Desde 1973 tem como mote o Natal de italianos em diferentes cidades do mundo. Há 13 anos, Neri Parenti assina o roteiro e a direção do filme, também exibido na tV italiana pela Rai.

— O povo brasileiro tem uma cultura muito similar à italiana e nos sentimos em casa. O Rio me lembra Nápoles. todos querem aproveitar o sol, o mar. As pesso-as são humildes, têm uma recep-tividade enorme e se orgulham do que fazem e de onde moram. tentamos passar tudo isso no fil-me. Este país tem um grande po-tencial a ser visto em termos ci-nematográficos, mas sei que por aqui assistir novela é como uma religião, então, o cinema pode le-var um certo tempo para aconte-cer – assinala De Laurentiis que conta ter assistido, recentemente, o longa brasileiro Tropa de Elite, que achou “muito interessante”. Ele também elogiou o trabalho do diretor Fernando Meirelles.

No Rio, com o apoio da Cons-piração Filmes, a equipe filmou durante sete semanas. Passou pelos bairros de Copacabana, Al-to da Boa Vista, Joatinga e Lapa. Subiu o Pão de Açúcar e a favela que virou moda, a tavares Bas-tos, no Catete, usada como ce-

nário para o filme Hulk. A equi-pe também esteve em Angra dos Reis, na costa verde fluminense.

Comunità acompanhou com exclusividade um dia de trabalho, todo feito em uma mansão na Jo-atinga. Na seqüência, os pais que têm as viagens trocadas com os fi-lhos estão hospedados na casa de uma brasileira. O cenário era uma residência com dois andares, pisci-na, quadra de tênis, sala de ginás-tica e um jardim onde coqueiros dão um tom tropical ao ambiente. O lugar já havia servido como lo-cação para a novela Laços de Fa-mília, da Rede Globo. Guirlandas e uma árvore de Natal decoram o cenário colorido. Na história, os hóspedes matam, sem querer, o estimado gato da anfitriã. Isso é o estopim para muitas confusões.

Era o segundo dia da equipe de filmagem composta por cerca de 70 pessoas naquele local. Ain-da era possível observar as caixas de velas e imagens de santos e entidades do candomblé utiliza-dos na gravação do dia anterior, quando houve a simulação de um ritual religioso.

Com a fama... da famíliaNo início da carreia, Christian De Sica, de 57 anos, explorou seus dotes musicais como cantor. An-tes de fazer o filme no Rio, ele já tinha visitado a cidade, na déca-da de 70, quando foi hóspede do cantor e humorista Juca Chaves. Ele não nega a influência do pai na sua vida artística:

— Sinto-me honrado por todo o reconhecimento que ele teve e posso dizer que aprendi muito por que o via trabalhar sempre. Foi inevitável seguir esse caminho, mas eu tentei não seguir. Lembro-me de suas características. Apren-di com suas idéias. De negativo, só posso dizer que é a cobrança da crítica, das comparações que fizeram. Da parte do público nun-ca tive problemas — comenta

Christian tinha 23 anos quan-do seu pai morreu. Vitorio de Si-ca, reconhecido por obras de caráter humanista, é considera-do o precursor do neo-realismo italiano. Em Parlami di me, que foi apresentado recentemente no Festival de Roma, Christian, diri-gido pelo filho Brando, faz uma performance de comédia ao vivo. Alterna momentos de puro espe-táculo com relatos pessoais so-bre a vida ao lado de Vitorio. Em

uma das cenas mais marcantes, lembra dos últimos instantes do pai em hospital parisiense.

— Meu pai era um jogador e quando éramos pequenos (Vitorio teve outros dois filhos) ele dizia: ‘garotos, escolham onde querem ir nas férias’. Dava como opção Veneza, Sanremo, Monte Carlo ou Campione, todos locais com cas-sino. E nós escolhíamos Veneza ou Sanremo porque tinha mar. Conservo belíssimas lembran-ças, mas também lembranças de grandes perdas no jogo.

Na passagem pelo Rio, Chris-tian é reservado. Apesar de ter uma cadeira com seu nome bem próxima ao local da cena, nos in-tervalos entre as tomadas recos-ta-se em um sofá optando por abordar sua primeira passagem pela cidade maravilhosa:

— Do Rio tenho boas lem-branças. Cantei com a Elis Regina, curti a maravilhosa Bossa Nova com João Gilberto. Era tudo mui-to diferente e na Avenida Atlânti-ca tinha uma boate fantástica.

Produtor de Natale a Rio, Luigi De Laurentiis, de 28 anos, também sente a responsabilida-de em pertencer a uma família tradicional na bota. O clã está na terceira geração com pessoas envolvidas no mundo do cinema com destaque para nomes como Aurélio e Dino, que em 1956 tra-balhou com Federico Fellini em La strada. O produtor segue a ris-ca as características observadas em seus familiares. Faz questão

de participar de todo o processo e quando não está ao celular re-solvendo problemas, “perde” um tempo em conversas com atores, assistentes e demais membros da equipe. Aliás, ninguém dá um passo sem consultá-lo, primeiro.

— Cresci nesse meio e gosto muito do que faço. Se tudo der cer-to com esse filme, a idéia é levar a empresa para os Estados Unidos nos próximos anos. Meu avô foi um grande produtor. No Festival de Ve-neza, desde 1996, um prêmio que foi batizado com seu nome é con-cedido a diretores principiantes.

Por falar em diretores princi-piantes, Christian De Sica não se furta a comentar sobre o estágio em que se encontram as atuais produções italianas:

— O cinema italiano, apesar de nunca ter perdido o caráter de produção mundial, encontra-se nu-

ma fase de crescimento. Há bons diretores chegando para renovar a safra e manter essa tradição.

No setCom a experiência de quem co-meçou no cinema com 19 anos (hoje está com 58) e já dirigiu 42 filmes, o diretor Neri Parenti define o espírito do longa:

— Eu adoro rir e fazer as pes-soas rirem, então não podia ser diferente. Por estar há tanto tem-po no projeto, já não sinto dificul-dade para criar as histórias e estar nos lugares me inspira muito. O grande problema que enfrentamos no Rio foi o mau o tempo. O sol se escondeu — reclama.

Quem tem o Brasil como ve-lho conhecido é o ator Massimo Ghini. Ex-noivo de uma carioca, além do Rio, já visitou Búzios, Salvador e Brasília.

— Há uns dez anos que não vinha para cá. A cidade mudou bastante, me parece mais organi-zada, pronta para receber iniciati-vas como a que integramos. No fil-me, meu personagem, um profes-sor universitário tem que conviver com o do Christian, que é um em-presário. São dois mundos diferen-tes e o que os une é o fato de seus filhos estudarem juntos. Então, é esperar para ver como vão se virar nessa viagem — diz Ghini.

cinema

Para italiano ver

Sílvia Souza

Filmagem reúne no Rio de Janeiro filho de Vitorio De Sica e neto de Luigi De Laurentiis, ícones do cinema da Itália

Christian, Luigi e Ghini posam tendo a Barra da Tijuca ao fundo.

Acima, intervalo de gravação e alguns ajustes no set. Neri Parenti

se prepara para filmar (ao lado)

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televisão

Novela da Record começa a ser gravada este mês, em Palermo. A trama vai mostrar as relações entre quadrilhas internacionais e o poder institucional a partir de casos reais tanto da Itália quando do Brasil

Máfia à brasileira

Sônia apolinário

A máfia italiana servirá de ponto de partida para uma nova novela brasileira. Com o título ainda provi-

sório de Vendeta, começa a ser gravada pela tV Record, este mês, em Palermo, capital da Sicília. A ilha italiana servirá de cenário para os dois primeiros capítulos da história, prevista para estrear em março de 2009, no Brasil.

A produção é baseada no li-vro Honra ou Vendetta, de Silvio Lancelotti. Lançada em 2001, a publicação é o único romance desse jornalista esportivo que já escreveu 17 livros, a maioria de gastronomia. Em Vendetta, ele mergulha no áspero mundo da máfia, em dois planos: de um la-do, um roteiro de muito suspen-se e ação; de outro, um amplo dossiê a respeito da Cosa Nostra, com dezenas de biografias de gângsteres reais.

A adaptação para a televi-são leva a assinatura de Lauro César Muniz, um dos principais dramaturgos brasileiros. Quan-do era contratado da tV Globo, principal concorrente da Record em dramaturgia, o autor chegou

a propor uma minissérie basea-da no livro de Lancelotti, mas a emissora carioca não se interes-sou. Agora, a rival paulista apos-ta na história para o horário das 22h, com direito a bastante vio-lência, como admite Muniz.

— É uma novela densa. Ao contrário do que possam imagi-nar, não será uma história so-bre a máfia italiana. A história vai falar sobre o narcotráfico que tem na máfia um de seus braços na Europa — explica o autor.

Quando a história começa, uma grande dúvida vai ser colo-cada na cabeça do público: quem é, de verdade, tony Castellamare (Gabriel Braga Nunes)? Na trama, é um brasileiro de origem italia-na radicado em Palermo, marcado para morrer. A ordem para matá-lo parte do Brasil. Essa ordem é interceptada por téo Meira (tuca Andrada), delegado especial da Polícia Federal brasileira, chefe da operação que investiga uma poderosa conexão do narcotráfi-co. tony seria um chefão mafioso disfarçado de comerciante. Será?

Com a dúvida a respeito da real identidade de tony, o que

Muniz pretende é “acabar com o maniqueísmo” que, na opinião do autor, tomou conta das nove-las brasileiras e fez com que o gênero “perdesse qualidade”. De Palermo, a trama se “transfere” para o Brasil, mais precisamente para São Paulo, onde moram al-guns personagens italianos como Calógero (Gracindo Jr) e Freda (atriz ainda não escolhida), pais de tony. Na capital paulista se desenvolve todo o resto da tra-ma, mas as gravações serão reali-zadas no Rio de Janeiro, mesmo, onde fica o estúdio da emissora.

Segundo Muniz, a principal ligação entre Brasil e Itália será feita por meio do romance entre tony e a jornalista Lídia Brandão

(Mirian Freeland). Ele deixa claro que não fará uma novela sobre a Itália, mas sobre o Brasil:

— Máfia para nós é um grupo de pessoas que se organiza co-mo uma quadrilha que se com-põe com o poder institucional. Esse é o novo perfil da máfia e, no Brasil, temos vários exemplos delas que estão por trás dos vá-rios escândalos financeiros do país. temos a máfia dos correios, do mensalão. Um dos casos mais recentes, a operação Satiagraha é um material excelente para se explorar — afirma Muniz.

A Operação Satiagraha foi de-flagrada pela Polícia Federal bra-sileira no último mês de julho contra uma quadrilha que prati-cava crimes financeiros. Levou para a prisão o banqueiro Daniel Dantas, dono do grupo Opportu-nity; o ex-prefeito de São Pau-lo Celso Pitta, e o investidor Naji Nahas, acusado de ser o respon-sável pela quebra da bolsa do Rio em 1989. Os acusados também teriam relações com o caso en-volvendo pagamento de propinas a parlamentares que ficou conhe-cido como Escândalo do Mensa-lão. O grupo Opportunity já foi o braço brasileiro da telecom Itália. O personagem téo é ins-pirado no delegado Protógenez Queiroz que comandou a opera-ção Satiagraha, mas acabou afas-tado do caso quando as investi-gações chegaram muito próximas de nomes “quentes” da República brasileira. Em Vendeta, o grande mistério da novela é a identidade do grande capo da máfia.

No elenco da novela também estão Paloma Duarte, Adriana Ga-ramboni, Petrônio Contijo, Mar-celo Serrado e Beth Coelho. No texto, Muniz terá o auxílio de seis colaboradores e um pesqui-sador. A direção-geral é de Igná-cio Coqueiro.

Lauro Cesar Muniz

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O que há em comum entre um Fiat Uno, um Vollswa-gem Golf, um Lambor-ghini Cala ou um Bugat-

ti Chiron? Com certeza, não é a conta bancária do seu proprie-tário. Acertou quem respondeu Giorgetto Giugiaro. Ele é o cria-dor desses e outros 90 modelos de carros para as principais mar-cas automobilísticas do mundo. Não por acaso, esse italiano nas-cido em Garessio (Piemonte) ga-nhou, em 1999, o prêmio de “De-signer Automotivo do Século”.

Aos 70 anos, continua na ati-va. E muito. Há quarenta anos está à frente da sua empresa, a Italdesign, com sede em turim, capital piemontesa, cidade onde mora desde os seus 14 anos. Foi para lá com o objetivo de con-tinuar seus estudos artísticos e técnicos. Ao que tudo indica, Giugiaro estava predestinado a ter um futuro artístico.

O avô, Luigi, foi um conheci-do pintor de igrejas. O pai, Mario,

alternava decorações sacras com a pintura a óleo. Para Giugiaro, a ar-te figurativa tinha um ar familiar, porém a escolha do design como profissão não foi premeditada, mas pura casualidade da vida.

Após ter mudado para tu-rim, começou a freqüentar o li-ceu artístico de dia e um curso de desenho técnico de noite. O grande passo para uma carreira espetacular aconteceu em 1955,

quando foi descoberto por Dan-te Giacosa, então diretor da Fiat, durante uma exposição de traba-lhos escolares de final de ano. Giugiaro tinha criado míni cari-caturas de carros. Giacosa, aten-to como era, percebeu o talen-to do jovem que, em setembro daquele mesmo ano, começou a trabalhar no escritório de estilo para carros especiais da Fiat.

Em 1959, deu seu segundo grande passo quando começou a trabalhar na hoje renomada Ber-tone. Nuccio Bertone, proprietá-rio, arriscou e apostou todas as cartas naquele jovem de 21 anos. Giugiaro sempre admitiu que ama-dureceu tanto com os bons conse-lhos dados pelos ex-chefes quan-to pelos amigos. O tempo passado ao lado de Bertone foi fundamen-tal na sua formação. Após seis intensos anos, em novembro de 1965, Giugiaro entrou para o time da Carroceria Ghia, onde permane-ceu até 1967, quando criou a sua própria empresa, a Italdesign.

Il cavaliere, como é carinhosa-mente chamado por seus funcioná-rios, hoje dirige um pequeno impé-rio que reina no mercado do design automobilístico. Pelas ruas da ci-dade, o que ele dirige, mesmo, é um Lexus RX 400 H, o híbrido ja-ponês que custa em média 130 mil dólares. Para comemorar os 40 anos da sua empresa, ele criou o Quaranta, à base de energia so-lar, capaz de acelerar de zero a 100 km/h em quatro segundos. Neste caso, Giugiaro estava pouco preo-cupado com a velocidade, mas com a possibilidade de criar um “carro verde”, que causasse poucos danos ambientais. A entrevista a seguir foi feita por telefone e revelou que Giugiaro é uma simpatia.

ComunitàItaliana - Este ano o senhor completou 40 anos de Italdesign e 70 anos de vida apresentando na última edição do Salão Internacional do Car-ro de Genebra seu mais novo “brinquedo”, o Quaranta. O no-me é uma homenagem aos seus 40 anos?Giorgetto Giugiaro – O carro foi criado em parceria com Fabrício, meu filho. As duas gerações de-vem fazer alguma coisa boa, in-teressante, não? Utilizamos o sistema híbrido da toyota, com dois motores, um localizado na frente e outro atrás, e coloca-mos painéis solares no capô, que fazem girar o ar condicionado e alimentam o rádio. Na verdade, esse carro é uma releitura do pri-meiro monovolume que criamos, adaptado para os dias de hoje, daí o nome: unimos os quaranta anos de atividade da Italdesign aos anos do primeiro monovolu-me criado por nós.CI – Podemos dizer que chega-mos a um ponto onde os carros são amigos da ecologia? GG - A escolha de um carro eco-lógico foi correta. Com poucos li-tros se faz muitos quilômetros, o que para o uso diário na cidade é mais que suficiente. Além disso, dá até para correr (risos).CI – Quanto tempo vocês leva-ram para criar o Quaranta?GG – Os protótipos que são ex-postos nos salões de automóveis, nascem nos períodos de interva-los úteis de uma empresa. Fize-mos Quaranta em três meses. Fo-mos super velozes e decididos, não tivemos ninguém que nos dissesse como deveria ser, deci-dimos tudo.CI – Mas só em três meses? GG – Sim. Geralmente é o cliente que decide o tempo. Quando vo-

cê projeta um barco, um carro, ou alguma coisa para uma em-presa ou pessoa, todos querem dar opiniões e idéias, e aí o tem-po fica um pouco mais longo. CI – A tecnologia e a informática mudaram seu modo de pensar?GG - A tecnologia mudou o modo de pensar, mas não mudou o pro-cesso criativo que, por sua vez, foi atualizado com a informáti-ca. Comparando com alguns anos atrás, hoje, por causa das novas tecnologias, você emprega meta-de do tempo para desenvolver um projeto. Hoje tudo é mais rápido, o mercado pede agilidade e ve-locidade, o tempo corre e o pro-cesso criativo também. Pode ser uma contradição com que estou dizendo, mas ainda uso o lápis.CI – Como?GG – Sim, quando inicio um pro-jeto uso sempre lápis, para mim é mais rápido. O modo antigo não é para ser todo descartado. CI - Qual é a maior dificuldade em desenhar um carro?GG – É ter que enfrentar quem re-almente decide, como o pessoal do marketing, do departamento econômico, por exemplo. Não é a mesma coisa imaginar um Fiat Uno e um Rolls Royce, o processo é diferente, não é só criatividade. CI – Como é seu processo criati-vo? O senhor tem algum rito ou hábito particular que segue na hora de iniciar um novo projeto?GG - Não, sou muito simples e ra-cional. Para mim, o importante é haver pessoas competentes e corretas ao meu lado para fazer com que tudo dê certo. O tem-po também é uma coisa compli-

design

Il cavalieredos carros

Escolhido Designer Automotivo do Século, Giorgetto Giugiaro comemora 70 anos de vida e os 40 de criação da sua empresa, a Italdesign, com sede em Turim

Janaína CeSarCorrespondente • treviso

cada. todo mundo quer tudo para ontem, mas às vezes, nos permi-timos sonhar. Digo em primeira pessoa do plural porque não sou sozinho nesse barco. CI – Qual carro o senhor possui?GG – Não tenho afeição por ne-nhum modelo em particular. Hoje tenho um Lexus RX 400 H por-que é híbrido, alto e posso ir ao centro e descer do carro sem que ninguém me olhe com a ca-ra feia e não sinto cheiro de ga-solina quando estaciono na ga-ragem, o que é uma maravilha! Certamente, no futuro, terei um carro híbrido e elétrico. CI – Qual o futuro do mercado au-tomotivo?GG – Com certeza o futuro do mercado é a bateria elétrica por-que não faz barulho e, principal-mente, não polui. Realmente, em um futuro, que espero não esteja tão distante, graças às centrais

nucleares, teremos pontos de distribuição de energia para po-der abastecer o carro elétrico. CI – O senhor é um homem que deve ter tudo aquilo que deseja. Existe algum desejo em especial que gostaria de realizar?GG – Sim, tantos, mas a correria do dia-a-dia, às vezes, não nos dá tempo para realizar tudo o que queremos. Digamos que desejo co-nhecer uma bela mulher, ter mui-ta saúde e, claro, continuar proje-tando carros. Além de comprar um I-Phone novo, porque acabei de descobrir que o que comprei há três meses já é velho (risos).CI – O senhor conhece o Brasil?GG - Estive no Brasil duas vezes, mas não vi nada além do que a janela do carro ou do avião pro-piciava, pois estava sempre de passagem de uma cidade a outra. Mas um dia quero voltar e ver as maravilhas do teu país.

O Quaranta, carro criado por Giugiaro, que chega a 100km/h em quatro segundos

Detalhe da ampla sala de criação da Italdesign.

Ao lado, Giugiaro em seu escritório

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Giordano Iapalucci

fiRENzE

X Festival GiapponeseDal 14 al 16 Novembre 2008 la Limo-

naia di Villa Strozzi a Firenze ospiterà la VIII Edizione del Festival Giapponese. All’evento saranno presenti personaggi di una certa peculiarità e non certo facili da incontrare in Italia. Dal maestro Nan-jou Chouse, che crea le straordinarie ma-schere per il teatro noh, al Maestro della Scuola di te Enshuryu, Kochuan Soucho, che vi introdurrà a questa antica arte un tempo riservata ai grandi uomini che han-no governato il Giappone; poi il “Gruppo Harmony” di suonatori di koto, la cedra giapponese, che vi faranno ascoltare un concerto di suoni armoniosi, che unisco-no tradizione ad attualità. In conclusione, la Maestra Asahi, che ha creato dopo anni di studi ed esperienza una danza di ener-gia nata come ginnastica per riportare equilibrio e rafforzare le proprie capacità di autoguarigione. Ingresso gratuito.

50 Giorni di Cinema InternazionaleÈ partita a Firenze la rassegna cinema-

tografica internazionale che durerà 50 giorni, esattamente fino al 22 dicembre. Un evento curato dalla Mediateca Regionale to-scana Film Commission in collaborazione con la Regione toscana e presentato nel presti-gioso Cinema Odeon di Firenze. L’edizione 2008 vedrà come “ospite d’onore” il cinema francese al quale sarà dedicata la parte in-troduttiva del festival con una retrospettiva su Marcel Carnè e Jacques Prèvert. Seguirà poi in onore al “Cinema e Donne” dove sarà omaggiato il lavoro di Maria Mercader, attrice spagnola del primo novecento. Si conclude-rà con la consegna dei premi del N.I.C.E., il più importante festival cinematografico per la promozione delle opere prime e seconde del cinema italiano nel mondo.

“Pinocchio”Massimo Ceccherini, Alessandro Paci e

Carlo Monni presenteranno “Pinoc-chio”, una classica commedia teatrale ripresa dal libro di Carlo Lorenzini (in arte Collodi) scritta nel 1883. Sarà una rappresentazione piena di tratti umoristici, visti i tre attori co-mici fiorentini. La storia riadattata vede Pi-nocchio, ragazzo rockettaro e metallaro, inse-guito dalla fata turchina ninfomane e amica di Lucignolo, un cocainomane: una riflessione ironica sulla vita moderna. Monni interpreterà Geppetto, un personaggio innamorato del po-tere; Ceccherini sarà Lucignolo nelle vesti del diavolo tentatore e Paci sarà Pinocchio, osses-sionato dalla televisione, dalla vita di perife-ria, ma che cerca con le sue forze di uscire dai problemi che lo assillano. Adatto ad un pub-blico adulto. Biglietti: da 18 a 28 euro presso il Sashall di Firenze. Giovedi 13 e Venerdì 14 novembre. Info:www.teatropuccini.it

ModaFirenze ospiterà, per circa 8 mesi, un’ini-

ziativa di moda che ha per fine quello di approfondire i legami storici della città con il settore. Il “Percorsi di Moda a Firenze” coin-volgerà 61 eventi, 20 visite guidate in 26 atelier, dieci luoghi d’arte e quattro musei di Firenze, tra il 28 ottobre e il 16 giugno del 2009. I musei partecipanti sono: la Galleria del Costume, il Museo degli Argenti, il Mu-seo Salvatore Ferragamo e il Museo di Santa Croce. Inoltre ci saranno visite alle chiese Or-sanmichele, Santa Maria Novella, Chiesa dello Spirito Santo e alla Cattedrale di Santa Maria del Fiore, tra le altre. L’iniziativa viene pro-mossa dall’assessorato alle attività legate al settore della moda del Comune di Firenze, e si inserisce nel progetto “Mestieri della Moda”, realizzato dal settore di turismo della città.

Pisa ospiterà la mostra intitolata “So-vrani nel giardino d’Europa” fino a domenica 14 dicembre. L’evento è

organizzato sotto l’Alto Patronato del Pre-sidente della Repubblica e con il patrocinio della Presidenza del Consiglio dei Ministri e della Regione toscana. Grazie agli ultimi contribuiti storiografici, la rassegna vuole ricostruire come era il clima politico e cul-turale del governo dei Lorena (1737-1859)

nella città di Pisa, luogo dove la corte tra-scorreva buona parte del periodo invernale. In mostra saranno presenti dipinti, scultu-re, arredi e stampe di collezioni private e pubbliche sia italiane che straniere, come anche materiale cartografico con inedite mappe provenienti dall’Archivio di Stato di Praga, città dove fu incoronato Pietro Leo-poldo di Lorena nel 1870. Museo Nazionale di Palazzo Reale di Pisa. Ingresso 6 euro.

I sovrani dei giardini d’Europa

Levar para casa uma obra de arte é sonho de muitos, pa-ra poucos. É justamente es-se apelo irresistível que faz

parte do jogo sensitivo propos-to pelo italiano Armin Linke aos visitantes da 28ª Bienal de São Paulo. O fotógrafo e cineasta mi-lanês é um dos dois representan-tes da Itália na exposição inter-nacional que pode ser conferida até o dia 6 de dezembro, no Pavi-lhão Ciccillo Matarazzo, no Ibira-puera. Ao todo, 42 artistas de 20 países fazem parte do evento. A outra atração italiana é a arqui-teta romana Micol Assaël. A edi-ção deste ano da mostra ganhou o apelido de “Bienal do Vazio”.

A instalação “Fenótipos – Formas Limitadas”, de Armin Linke, foi “operada” pela pri-meira vez na abertura oficial na chamada “Bienal do Vazio” pelo embaixador da Itália no Brasil, Michele Valensise e esposa, em-baixatriz Elena Valensise.

— Nossa participação é di-nâmica e original. Uma oportuni-dade para ver o trabalho desses dois artistas, conhecidos na Itá-lia, mas ainda pouco conhecidos no Brasil. É também uma chance

para fazer com que se apreciem, nesta cidade sofisticada, as nos-sas tendências contemporâneas — afirma Valensise.

Logo após o casal, uma lon-ga fila se formou para manipular o atraente sistema do tipo faça-você-mesmo sua própria mini-co-leção de fotos. Para isso, é pre-ciso escolher oito entre 700 fo-tos feitas pelo artista. São ins-tantâneos que mostram temas e lugares diversos como uma seita em Brasília, o retrato de um ar-quiteto suíço ou uma zona rural do Paquistão. O visitante diagra-ma sua seleção sobre uma mesa-

computador, que a identifica por leitura magnética e realiza a im-pressão. Isso, segundo Linke, faz com que o próprio público se tor-ne um ‘curador’ da mostra.

A interação desejada pelo au-tor começa no momento de vestir as luvas brancas necessárias ao ma-nuseio das fotos. Segue a relação visual e táctil com as reproduções dispostas em gôndolas – tais como as de supermercado. Isso, acredita ele, responde “ao faminto instinto de consumo das imagens”.

— Minhas fotografias de via-gem exploram a relação entre o homem, o espaço e a arquitetura. O trabalho permite vários níveis de leitura. É interessante obser-var a relação do público com as imagens — ressalta o artista que vem constantemente ao Brasil e participou da 25ª Bienal.

O projeto “Fenótipos – Formas Limitadas”, mantido em colabora-ção com a universidade alemã de Karlsruhe, nasceu há cinco anos, na Bienal de Veneza. Foi desenvol-vido em parceria com o belga Pe-ter Hanappe. O mecanismo, cha-mado de A Book on Demand, por

possibilitar a impressão de um “li-vro sob demanda” resulta também de cooperação contínua entre vá-rias universidades, cientistas e o Laboratório de Ciências da Compu-tação da multinacional Sony.

Elementos físico-artísticosNo primeiro andar da “Bienal do Va-zio” se instalou Micol Assaël, arqui-teta nascida em Roma, em 1979. Em um registro bem mais concei-tual, ela convida o público a expe-rimentar a obra “Sem título (Dielé-trico)”, que congrega um condutor de ar, fios elétricos e o efeito des-ses elementos juntos; faíscas.

— Funciona como um corte no ar. É a pura demonstração da re-lação entre o ar e a eletricidade. Aqui há um desafio, pois se você se aproxima para enxergar a faísca, tem de enfrentar o vento. Se não chega perto, o fenômeno não é vi-sível — explica Micol que estreou em 2001, em Salerno, na Itália.

A artista privilegia a exploração da energia com a mínima interven-ção possível. Sua obra convoca o visitante a uma percepção primeira do invisível absolutamente presen-te e essencial. A apontar que, ape-nas no silêncio, é possível enxergar e sentir o que se faz indispensável. Nada mais sintonizado com esta Bienal. Com um andar aberto, in-teiramente nu de propostas, o pré-dio da Fundação chegou a ser in-vadido no primeiro dia de abertura ao público por manifestantes e pi-chadores que questionavam o atual sentido do evento, marcado por má gestão administrativa e financeira nas últimas edições.

artes plásticas

TaTiana BuffCorrespondente • são paulo

Não basta olhar

A Itália marca presença na 28ª Bienal de São Paulo com dois artistas que exigem a participação do público se quiserem “ver” suas obras

À esquerda, a arquiteta Micol Assaël. Acima, o fotógrafo Armin Linke orienta

o embaixador Michele Valensise

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Fabiano Santacroce, zaguei-ro do Napoli, é um dos ído-los do futebol da Itália. No Brasil, porém, poucos co-

nhecem este jovem nascido em Camaçari, no interior da Bahia. Filho de mãe brasileira, ele cres-ceu na Itália, terra do pai, pa-ra onde veio aos quatro anos de idade. A paixão pelo futebol sempre falou mais alto e ele es-calou todas as divisões de base até vestir a camisa da Azurra, a principal seleção italiana. E co-mo zagueiro, posição na qual os italianos são craques. Em cam-po, Santacroce é um marcador duro, que se antecipa ao lance, estilo que agradou ao técnico Marcello Lippi.

— Esta é a chance dele aprender. O difícil vem agora — diz “professor” Canavarro, be-que italiano considerado o me-lhor jogador do mundo durante a Copa da Alemanha, da qual saiu campeão.

A convocação de Santacroce faz parte do plano de renovação do técnico italiano. Com a ginga de bom baiano, o jogador brasi-leiro não nega as origens. Ele só entra em pânico, mesmo, quando o que está “em jogo” é a língua portuguesa.

— Entendo tudo, mas se me fizer falar em português entro em crise — brinca ele ao en-contrar o repórter da Comunità, este brasileiro que vos escreve. Brincadeira dita, por sinal, em um italiano perfeito, com so-taque da Brianza — Em portu-guês, aprendi alguns palavõres, mas não os digo.

Aos 23 anos, ele diz que che-gar à seleção italiana é “um so-nho” que ele não imaginava que

poderia se realizar, pelo menos tão cedo.

— Há três ou quatro anos, ainda estava longe da série A do campeonato italiano. Naque-la época, eu não apostaria uma lira que chegaria aqui. Hoje, me sinto mais italiano do que bra-sileiro — afirma o jogador afas-tando a hipótese de ter vislum-

brado, em algum momento, a possibilidade de ser convocado para a seleção brasileira.

Sim, porque esta não seria a primeira vez que um ítalo-brasi-leiro vestiria a camisa de seus dois países. O atacante Jose Al-tafini, durante a copa de 1962, no Chile, defendeu a seleção ita-liana. Quatro anos antes, na Su-

écia, jogou pela seleção brasilei-ra, na Copa vencida pelo Brasil. Atualmente, a Fifa não permite mais que um jogador que tenha defendido uma seleção mude de lado e troque de camisa, mesmo tendo dupla nacionalidade. Não é caso de Santacroce.

Ele é estreante na seleção e foi notado bem antes que Dunga suspeitasse que ele pudesse jo-gar pelo Brasil. No centro de trei-namentos da Azzurra, em Corve-ciano, nos arredores de Florença, o bom baiano sorri à toa e recebe tratamento especial. Ele afirma que não acompanha o campeo-nato brasileiro e que, depois dos jogos e dos treinos, ele se desli-ga do mundo.

— Não gosto muito de ver os jogos de quem não será meu adversário do próximo turno. Prefiro fazer outras coisas. Aqui na seleção sei que tenho que melhorar muito, ter mais calma, aprender a usar melhor a cabeça. Estou aqui para tentar ‘roubar’ um pouco os gestos e as ações destes grandes campeões com quem jogo — afirma.

Santacroce nem de longe vê a sua convocação como uma res-posta ao racismo em campo. Úni-co jogador negro da Azzurra ele diz que “pode até haver este ti-po de preocupação”, mas prefere acreditar que sua convocação foi um prêmio “por jogar bem”.

— Nunca me vi envolvido em questões racistas. Apenas quan-do era mais jovem aconteceram alguns eventos isolados, mas na-da importante — conta.

Mesmo longe do Brasil, ele não se esquece da pátria-mãe. Ele diz ter a intenção de visitar o lugar onde nasceu e encontrar todos os seus parentes. O joga-dor admite que, em dia de clássi-co, “o pau come dentro de casa” porque a família fica dividida. Agora, porém, como integrante da Azzurra ele tem um palpite:

— Sempre que joga Brasil con-tra a Itália, o pau come entre o meu pai e a minha mãe. Agora, porém, acho que, no fundo, ela vai torcer pela Itália, ou melhor, por mim.

E ele, como se sentirá quan-do a seleção italiana enfrentar a brasileira?

— Não nego que me sinto brasileiro. Confesso que seria uma emoção única jogar contra uma das seleções mais fortes no mundo.

futebol

Aos 23 anos, Fabiano Santacroce é o mais recente jogador convocado para a seleção italiana de futebol

O brasileiroda Azurra

GuilherMe aquinoCorrespondente • Milão

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Mande sua história com material fotográfico para: [email protected]

Nesse local, vovô instalou a Fábrica de Massas Pellegrini e abriu um arma-zém, conhecida como Casa Pellegri-ni, que vendia entre os produtos na-cionais, produtos importados e massas da fábrica. Quem o orientou para que pudesse realizar o sonho de ter sua fábrica de massas foi o conde Fran-cisco Matarazzo, dono de um negócio similar, em São Paulo.

O segundo dos 10 filhos que meu avô teve, Francisco, abriu uma Ca-sa Pellegrini no Rio de Janeiro e tornou a marca conhecida na ci-dade. Os negócios prosperavam, ape-sar da concorrência com o famoso Moinho Inglês. Con-trariando as expectativas, os Pellegrini acabariam por comprar a filial do referi-do Moinho Inglês.

No grande sobrado re-sidencial - e sede tanto da fábrica quanto do armazém de comestíveis finos Casa Pellegrini (quase tudo era importado!) - encontra-se hoje o edifício que recebeu o

nome da família. Apenas Miguel, o sétimo

filho, prosseguiu no ramo in-dustrial. Sem descendentes diretos e sem que qualquer um dos netos do velho Vitu tivesse, à época, oportunidade de conduzir o negócio da família, a fábrica foi fechada na década de 1970.

Meu pai, Victor Antô-nio Pellegrini, é o quinto filho de meu avô. Ele op-tou pelo ramo agrícola e foi proprietário da Granja Santa Clara, localizada no antigo 5º distrito de Pe-

trópolis, atual cidade de São José do Vale do Rio Preto.

Como bons filhos e netos de ita-lianos, a boa mesa sempre foi presti-giada com almoços famosos, tanto no sítio de meu pai quanto nas casas de minhas tias Nina, Luíza e Rosina, na cidade de Petrópolis. Tia Nina – os petropolitanos com mais de 50 anos certamente vão recordar – fez fama com suas “almofadinhas” e outras delícias na loja A Fornarina.

As novas gerações, porém, não perderam “a mão”: minha irmã Cris-tina é banqueteira reconhecida na

Meu avô, Vitu Luigi Pel-legrini, deixou a Itá-lia pelo porto de Gê-nova em 1887. Como a

maioria dos italianos, ele veio para o Brasil à procura de uma vida melhor. O Rio de Janeiro era seu destino, mas por conta de uma epidemia de febre amarela, o navio seguiu para São Paulo. Assim, o jovem de 22 anos desembarcou no porto de Santos, com destino a Itu, onde tinha conheci-dos. No interior paulista, conheceu um emissário da Companhia Petropo-litana de Tecidos que recrutava imi-grantes. Foi então que aceitou o tra-balho na montagem e depois como tecelão, durante seis meses.

Por duas vezes, meu avô retornou à Europa. Na primeira viagem, co-nheceu a minha avó Theodósia l’Àbbate com quem se casou logo depois. Em Petrópolis, já casado, vovô percebeu o desenvolvimento dos negócios e com-prou uma boa área na principal rua da cidade, atual Rua do Imperador. O fundo da área dava para a casa dos príncipes de Orleans e Bragança.

il lettore racconta

viTu luigi PellegRini Chega ao bRasil na éPoCa do iMPéRio e esTabeleCe a FábRiCa de Massas PellegRini ao lado da Casa dos PRínCiPes de oRleans e bRagança, eM PeTRóPolis. uMa hisTóRia ConTada CoM oRgulho e eMoção Pela neTa liliana FeiTeiRa PellegRini. dePoiMenTo à RePóRTeR nayRa gaRoFle

cidade serrana, assim como meu pri-mo Marcelo Kallenback (já faleci-do) e sua esposa Ana Maria, donos do Chalé Manacá, em Petrópolis. Além disso, Cláudia, minha filha mais nova, é uma cozinheira de primeiríssima qualidade que anda planejando re-abilitar a fábrica de Massas Pelle-grini. Essa história ainda está longe de terminar.

Liliana Feiteira PellegriniNiterói, RJ

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Sapori d’ItaliaGeraldo CoColo Jr.

Concorso realizzato a Rio de Janeiro sceglie chef per gareggiare, l’anno prossimo, in Italia

Risotto made in Brasile

Sônia apolinário

gastronomia

Gli chef Bruno Marasco, Raimundo Cícero Nasci-mento e Júlia Maselli e la studentessa Sara Papi de

Azevedo formeranno il team bra-siliano che, nel maggio dell’anno prossimo, andranno nella città italiana Ivrea, in Piemonte, a di-fendere i colori verde e giallo. La missione è difficile: gareggiare contro gli italiani in un concorso di risotto, piatto tipico di quella regione d’Italia.

I quattri hanno timbrato i lo-ro passaporti per l’avvenimento dopo aver vinto, il mese scorso, il IX Concurso Internacional de

Risoto, realizzato a Rio de Janei-ro. L’evento è stato promosso dal Consorzio Canavese, produttore di riso con sede ad Ivrea. Il Pie-monte è il maggior produttore di riso in Italia.

È la seconda volta che il cala-brese Bruno Marasco vince il con-corso brasiliano. La prima volta è stata nel 2001. Proprietario del ristorante Da Carmine, a Niterói, si è diplomato presso l’Istituto Alberghiero Guardia Piemontese ed è già stato alla guida, con il fratello Carmine, di un ristoran-te a torino prima che venissero a vivere in Brasile. Stavolta Ma-rasco è stato vincitore con una ricetta di risotto di coda con por-cini freschi. La coda è una carne di bue meno nobile, muscolosa, usata per fare un piatto tipico della gastronomia brasiliana.

— Da un anno faccio ricerche su ricette “povere” regionali italia-ne. Il mio risotto è una nuova edi-zione di una di queste ricette. La coda è ciò che possiamo chiamare un piatto rustico — spiega Mara-

sco che includerà il suo risotto con la coda nella lista del ristorante.

Raimundo Cícero Nascimen-to, del Gibo Brambini, di Rio de Janeiro, ha garantito il suo viag-gio in Italia con un risotto alla milanese con creme di tartufi. Il Gibo è uno dei ristoranti italiani più acclamati della città meravi-gliosa. Julia Maselli, del Pomodo-rino, anch’esso a Rio de Janeiro, ha presentato ai giurati un risot-to di fiori di zucca. Invece la stu-dentessa di gastronomia dell’Uni-versidade Estácio de Sá, Sara Papi de Azevedo, ha sconfitto gli altri 12 concorrenti, nella categoria studenti, con il risotto di zucca e gamberi profumati allo zenzero.

In tutto 8 ristoranti e 13 stu-denti hanno partecipato alla gara organizzata dall’Unione Degli Ita-

liani Nel Mondo a Rio, con l’ap-poggio di Comunità cordinazione tecnica di Mario tacconi (Federa-zione Italiana Cuochi). Presiden-te della UIM, Rafael Zibelli Neto spiega che i competitori sono stati scelti sulla base delle ricette inviate prima dai concorrenti.

Quest’anno il concorso ha presentato un diverso formato ri-spetto agli anni prima. Invece di riunirsi tutti in un unico luogo per preparare il risotto, gli otto giurati si sono spostati nei vari ristoranti. Il vincitore dell’anno scorso, Eduardo Salathiel, ha ap-provato la novità.

— Nel formato anteriore, i giurati non accompagnavano la realizzazione dei piatti, ossia, non ne vedevano i difetti. Que-sto nuovo formato ha attribuito una maggiore serietà al concorso — dice lui, che è il proprietario dell’Ateliê Flor de Sal, una scuola di gastronomia a Niterói.

Salathiel ha accumulato il maggior numero di punti tota-li l’anno scorso con un risotto di ricci di mare. Secondo lui, il “prin-cipale ingrediente” usato per vin-cere la gara è quello che usa nella realizzazione di qualsiasi piatto: dedizione. Salathiel afferma che si può fare un risotto con qualsia-si ingrediente e ricorda che il suo principale avversario l’anno scor-so è stato lo chef paulista Vinícius

Manfredi, che ha creato un risotto di caffè con carne secca.

Un’altra novità del concorso riguarda la premiazione stessa. L’anno scorso, Salathiel è rima-sto una settimana ad Ivrea impa-rando le tecniche di preparazione di risotti. L’anno prossimo ci sarà per la prima volta una gara per stimolare gli studi. Stavolta, tor-nerà nella città italiana come co-ordinatore del gruppo dei vinci-tori del 2008 del concorso.

A sinistra, lo chef Raimundo Cícero Nascimento. Sopra, il giurato

Paolo Buffa e Júlia Maselli. Sotto, Bruno Marasco. A destra, Rafael

Zibelli Neto vicino alla studentessa Sara Papi de Azevedo e Stefano

Strobbia, giurato e presidente del Consorzio Canavese

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Os mais tradicionais restaurantes da capital mineira, o Dona Derna e o Memo Biadi seguem a tradição

secular dos antepassados do chef e proprietário: manter o alto padrão da culinária italiana

seRviço: MeMo PasTa e dona deRna RisToRanTe – Rua ToMé de souza, 1343savassi – b.h - Fone (31) 3223-6954

Belo Horizonte – A rica e universal culinária italiana tem em Belo Horizonte um endereço certo para aqueles que apreciam a gastronomia mais tradicional do país que popularizou a pas-ta em todo o mundo. Inaugurado há 48 anos, o Dona Derna

segue mantendo o mesmo padrão de exigência e qualidade desde que o restaurante foi montado por Derna Biadi. Ela chegou ao Brasil na dé-cada de 1950 e trouxe na bagagem uma importante herança culinária familiar, que atua no de restaurantes desde 1890.

Seduzido pelos pratos da mamma, Memmo, que chegou ao Brasil aos 14 anos, não pensou duas vezes para entrar no ramo. Hoje, co-manda o restaurante montado por sua mãe, que continua a oferecer o melhor da tradicional culinária italiana, e o Memmo Pasta & Pizza, que funciona na parte de baixo do mesmo imóvel que abriga o Dona Derna , no coração da Savassi.

O Dona Derna oferece um cardápio mais diversificado, com direito a pratos, inclusive, da tradicional culinária mineira.

— Eu comecei a me interessar por cozinha ainda na época da fun-dação do Dona Derna acompanhando minha mãe na elaboração dos pratos. Depois, passei a viajar para a Itália e freqüentar os restauran-tes mais famosos da toscana, onde nasci — conta Memmo.

Ele nunca fez curso de gastronomia. tudo o que aprendeu foi na base do intercâmbio com outros chefs. Ele afirma que, no Brasil teve um “ótimo relacionamento” com o chef Bozzetti, quando comandava o badalado Fasano, em São Paulo.

Mais do que manter o bom nome da famiglia no cenário gastro-nômico mineiro, Memmo foi um pioneiro na cidade, responsável pe-la criação de muitos restaurantes que hoje são referência em Belo

Horizonte. O mais famoso e hoje si-nônimo da alta culinária mineira é o Vecchio Sogno, fundado por ele em 1995 e vendido ao seu ex-sócio Ivo Faria em 2001.

No Dona Derna, Memmo Biadi co-manda uma equipe de 35 funcioná-rios, entre garçons e cozinheiros. A casa oferece pratos que nunca saíram do cardápio e que são uma referência do restaurante – uma tradição, com quase 50 anos de história. O ravió-li de cordeiro com fonduta trufada é um dos carros-chefes, embora Mem-mo se recuse a apontar um prato co-mo o principal.

— É como filho, não consigo es-colher um preferido — compara o

Receita da mamma

chef, pai de dois filhos, ambos com interesse em gastronomia. A filha Paula é casada com o sommelier Guilherme Correia e o filho Enrico aju-da o pai a administrar o Dona Derna.

Diferentemente da Itália, onde segundo Memmo, a comida ulti-mamente está muito light, o Dona Derna oferece a tradicional comida italiana tropicalizada. Isto significa, pratos mais temperados, ao gos-to do brasileiro, apesar de os ingredientes serem os mesmos. Para ele, o mais importante de um restauranteur é manter o mesmo padrão de comida ao longo do tempo.

— Quando uma pessoa vai a um restaurante que já conhece, ela quer experimentar o mesmo sabor. E é isso que minha mãe e eu sem-pre nos preocupamos — afirma.

Ravióli de cordeiro com fonduta trufada

Ingrediente: Massa de ravióli: 20 gemas, 5 ovos inteiros e uma dose de 50 ml de vinho branco, pitadinha de sal e meia colher de azeite.

Modo de fazer: Depois de pronta, a massa é aberta e cortada em quadrado. Coloca-se o recheio, feito de um ensopado de cordeiro, que leva alecrim e faz o refogado com o tricolore (aipo, cenoura e ce-bola). Refogar com vinho branco, caldo de galinha ou de carne, que leva também alho poró, aipo, cenoura, cebola e tomate. Cozinhar por 4 ou 5 horas em fogo baixo até soltar a carne do osso. Desfiar a carne para o recheio. Incluir um pouquinho de farinha de rosca ou de quei-jo parmesão para dar liga. Dobrar em triângulo e cozinhar rapidinho porque a massa fresca cozinha depressa.

Molho: À base de creme de leite, queijo ralado e um pouco de queijo prato, aromatizado com manteiga de trufa. Fazer uma “cama” com o molho branco: os raviólis por cima mais o molho de queijo trufado e completar com o molho de cozimento do cordeiro, jogando-o por ci-ma. No meio, acrescentar um pouco de espinafre saltado com pinoli e uva passa. Para acompanhar, um Brunelo, da toscana.

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Claudia Monteiro de Castro

La gENTE, iL pOSTO

Pozzo di San PatrizioTem gente que adora o desafio de

subir os inúmeros degraus de um monumento. tem quem o evite a

todo custo. O mais comum é subir degraus para chegar às cupulas das igrejas. E depois de tanta fatiga, ter o prazer de uma vista maravilhosa, como a da cúpula da Basíli-ca de São Pedro, em Roma. Mas num in-teressante monumento de Orvieto, cidade pitoresca da Úmbria, os degraus são para descer, ao invés de subir. É o Pozzo di San Patrizio, construído por Antonio da San-gallo entre 1527 e 1537, a pedido do Papa Clemente VII, para fornecer água em caso de cerco à cidade. O poço, de 60 metros, é constituído por duas rampas helicoidais su-perpostas, uma que desce e outra que sobe. Dessa forma, era possível transportar água sem ter o problema de quem subia esbarrar

com quem descia. O poço de San Patrizio, com seus 248 degraus, é um dos cartões postais de Orvieto.

Tel. 076 3343768Ingresso: 4,50 eurosHorário de abertura: 9h 18h45

Sai verão, entra outono e finalmente reabrem os cinemas da cida-de. Durante os meses de julho e agosto a maioria dos cinemas, em Roma, não funciona. Para compensar os cinéfilos, são montadas

as arenas, ou seja, os cinema ao ar livre em diversos bairros da cidade. Mesmo assim, dá saudade do escurinho do cinema, das cadeiras confor-táveis e do fresquinho do ar condicionado. No verão, a programação em exibição é formada por uma seleção de filmes do ano inteiro ou alguns clássicos. Assim, quando chegam os meses de setembro e outubro, co-meçam os lançamentos. É tanto filme novo no circuito que acaba não dando para ver todos, pois é muita novidade chegando junta.

Esse “ciclo” me faz pensar na primeira vez em que fui ao cinema, no início de minha estadia em Roma, em 2002. O filme era francês, “O fabuloso mundo de Amélie Poulain”. Na época, estava toda empolgada em treinar meu francês, ouvir a língua que é poesia para meus ouvidos, ver Paris no te-lão e tudo mais. Escolhi um cinema bem confortável, o Adriano, um multi-sala, ex-teatro onde os Beatles tocaram quan-do estiveram em Roma nos anos 60.

A empolgação passou assim que apareceu na tela o bairro de Montmar-tre, onde se passa a história do filme e o narrador começou a falar em... italia-no. Oh, não, pelo amor de Deus!!! Pa-ris, em italiano! Mon dieu! Pas possi-ble! Não dá. Cinema é um faz-de-conta, é entrar na tela como o personagem da Rosa púrpura do Cairo de Woody Allen! Ver Paris com narrador em italiano foi uma verdadeira desilusão. Para coroar mi-

nha decepção, no meio do filme teve um intervalo de cinco minutos, comum na maioria dos cinemas na Itália.

Quando é possível, dou preferência aos poucos cinemas que exi-bem filmes em língua original, como o Metropolitan, o Nuovo Olim-pia ou alguns centros culturais que fazem mostras retrospectivas de diretores clássicos, como François truffaut. Mas é bem difícil arras-tar um amigo italiano para ver um filme em qualquer língua que não seja a dele.

Com o passar dos anos, um pouco me habituei a ver filmes ameri-canos (espanhóis, japoneses e franceses) em italiano. Existem várias escolas de dublagem na Itália e os dubladores representam uma cate-goria profissional importante no país. Para os brasileiros, acostumados com filmes em original, não deixa de ser estranho. A coisa mais en-

graçada é ver famosos atores americanos dizendo palavrão em italiano. Surreal.

Ah, e tem mais um detalhe! Al-guns cinemas têm lugares marcados, ao comprar o ingresso. Origem de uma série de problemas.

Muitas pessoas, não satisfeitas com o próprio lugar, acabam queren-do trocar de poltrona pouco antes de começar o filme. Cinco minutos de-pois que o filme começa, chegam os “atrasildos” e querem se sentar no lu-

gar que compraram, que já está ocupa-do. Começa, então, o maior bate boca. Um verdadeiro filme dentro do filme.

Até no escurinho do cinema os italianos gostam de uma boa baderna.

No escurinho do cinema

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