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HEMORREDE SUSTENTÁVEL
FUNDAÇÃO DE HEMATOLOGIA E HEMOTERAPIA DO PARÁ
HEMOPA
LaSUS
POLÍTICA NACIONAL DESANGUE E HEMODERIVADOS
Ministério daSaúde
SUS
P R O J E T O HEMORREDE SUSTENTÁVEL - H E M O P A
i
HEMOPA
RELATÓRIO TÉCNICO
Relatório técnico de projeto de pesquisa para
reabilitação ambiental sustentável de três
edifícios da rede de hemocentros coordenadores
/ projeto: 00038.1740001/12-055
Marta Adriana Bustos Romero
Coordenadora Geral
BRASÍLIA, NOVEMBRO DE 2014
P R O J E T O HEMORREDE SUSTENTÁVEL - H E M O P A
ii
EQUIPE EXECUTORA
Coordenação Geral Marta Adriana Bustos Romero (UnB)
Fase Avaliação Pós Ocupação – APO e Etiquetagem de Eficiência Energética
Marta Adriana Bustos Romero (Coordenação, Profa. FAU/UnB) Caio Frederico e Silva (Prof. FAU/UnB)
Marcos Thadeu Queiroz Magalhães (Prof. FAU/UnB) José Marcelo Medeiros (Prof. FAU/UFAP)
Ederson Oliveira Teixeira (Arq.) Gustavo de Luna Sales (Arq.)
Ana Carolina C. Correia Lima (Arq.) Aline Curvello da Costa Nemer (Arq.)
Humberto Dias Xavier (Arq.) Bianca Leite Gregório (Est. Arq.)
Jeferson Carlos da Silva Santos (Est. Arq.) Moira Nunes Costa Neves (Est. Arq.)
Nathália Lemes Jorge dos Santos (Est. Arq.) Yves Luan Antunes de Amorim (Est. Info)
Fase Retrofit
Marco Antonio Saidel (Coordenação) Prof. Dr. Alberto Hernandez Neto
Eduardo Kanashiro
Fase Projeto de Pesquisa Marta Adriana Bustos Romero (Coordenação)
Márcio Augusto Roma Buzar Caio Frederico e Silva
Ederson Oliveira Teixeira Gustavo de Luna Sales
Gustavo A. Cardoso Cantuária Ana Carolina C. Correia Lima
Aline Curvello da Costa Nemer
Fase Análise e Consolidação de parâmetros de saúde e qualidade de vida
Humberto Dias Xavier e Equipe
Apoio Técnico Operacional ao Projeto de Pesquisa Valmor Cerqueira Pazos (Coordenação)
Flávio Rocha de Souza Britoaldo Martins do Vale Junior
Diego Macedo Dantas Soemes Barbosa de Sousa
Diego Macedo Dantas Imelda Mendes Santos
Ministério da Saúde
Coordenação Geral - Sangue e Hemoderivados / CGSH/SAS / MS) Fundação de Hematologia e Hemoterapia do Pará - HemoPA
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Lista de Figuras
Figura 1 - Localização do edifício do HemoPA, contextualização urbana. ............................... 14
Figura 2 – Edifício do HemoPA ................................................................................................. 14
Figura 3 - Levantamento fotográfico do entorno do HemoPA. ................................................ 15
Figura 4 - Localização do edifício do HemoPA no contexto das Zonas Urbanas. ..................... 15
Figura 5 - A Carta Bioclimática de Givoni relaciona a temperatura seca do ar (A), razão de
umidade (B) e a temperatura úmida do ar (C). ........................................................................ 16
Figura 6 – Mapa do Zoneamento Bioclimático brasileiro......................................................... 17
Figura 7 - Zona Bioclimática 8 e a Carta Bioclimática representando as cidades desta zona
(Belém – PA). ............................................................................................................................ 18
Figura 8 -– Carta Solar com indicação das temperaturas ao longo do dia e ao longo do ano. . 19
Figura 9 - Velocidade e Frequência dos ventos predominantes na cidade de Belém. ............. 19
Figura 10 – Distribuição de Temperaturas e Umidades ........................................................... 20
Figura 11 – Distribuição de ventos com temperaturas e umidades elevadas .......................... 20
Figura 12 – Equipamentos de Coleta de Dados ........................................................................ 25
Figura 13 - Equipe LaSUS realizando o levantamento de dados e medições ........................... 25
Figura 14 - Recepção dos Doadores Planta de Locação ........................................................... 26
Figura 15 – Planta da Recepção dos Doadores ........................................................................ 26
Figura 16 – Imagens da recepção dos doadores ...................................................................... 27
Figura 17 - Representação das Curvas Isolux com o apoio do Software: Surfer-9 ................... 27
Figura 18 – Etiqueta Nacional de Conservação de Energia (ENCE). ......................................... 28
Figura 19 – Intervalos de eficiência a partir do indicador de consumo da envoltória do edifício.
................................................................................................................................................. 29
Figura 20 – Elevações ............................................................................................................... 30
Figura 21 – Orientações de Fachada ........................................................................................ 30
Figura 22 – Nível de Eficiência Energética sem pré-requisitos - HemoPA. ............................... 31
Figura 23 – Nível de Eficiência Energética sem pré-requisitos - HemoPA. ............................... 31
Figura 24 - Medição do quadro de alimentação das cargas essenciais do Hemocentro de Belém.
................................................................................................................................................. 35
Figura 25 - Analisador MARH-21. ............................................................................................. 36
Figura 26 - Locais de medições de parâmetros elétricos. ......................................................... 37
Figura 27 - Curva de carga dos circuitos essenciais. ................................................................. 37
Figura 28 - Curva de carga do sistema central de condicionamento ambiental. ...................... 37
Figura 29 - Curva de carga da câmara fria. ............................................................................... 38
Figura 30 - Consumo mensal registrado nas faturas de energia. ............................................. 38
Figura 31 - Matriz de consumo desagregado do Hemocentro. ................................................ 38
Figura 32 - Modelo virtual do Hemocentro. ............................................................................. 39
Figura 33 - Exemplo de relatório de saída de dados da simulação realizada pelo EnergyPlus. 39
Figura 34 - Potencial de redução das estratégias propostas. ................................................... 40
Figura 35 - Divisão aleatória dos circuitos de iluminação. ........................................................ 42
Figura 36 - Comparação entre motores do tipo padrão e alto rendimento ............................. 43
Figura 37 - Correntes A, B e C medidas no circuito de alimentação das cargas essenciais do
HemoPA. .................................................................................................................................. 48
Figura 38 - Correntes A, B e C medidas no circuito de alimentação das cargas essenciais do
HemoPA. .................................................................................................................................. 48
Figura 39 - Medição de harmônicos de tensão na saída do transformador. ............................ 50
Figura 40 – Análise de sombreamento do cenário atual. ......................................................... 52
Figura 41 – Análise de sombreamento do cenário com o Anexo II do HemoPA. ..................... 53
Figura 42 – Caixas, armários e comunicação visual interferem no aproveitamento ideal da
iluminação natural. .................................................................................................................. 53
Figura 43 – Revestimentos internos com cores escuras reduzem o potencial de aproveitamento
da iluminação natural. .............................................................................................................. 54
Figura 44 – Curvas isolux do ambiente “recepção dos doadores” – distribuição não uniforme
da luz e o potencial de iluminação natural próximo às janelas. ............................................... 54
Figura 45 – Incidência da ventilação predominante no HemoPA ............................................. 55
Figura 46 – Destaca para o local de inserção do Anexo II (tracejado em vermelho) em relação
aos ventos predominantes. ...................................................................................................... 55
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Figura 47 – Escoamento do fluxo de ar visto em planta. Perpendicular à fachada sudeste (A), e
perpendicular à fachada nordeste (B). ..................................................................................... 56
Figura 48 – Sombra de vento gerada pela inserção do Anexo II do HemoPA em planta (A), e em
corte (B). .................................................................................................................................. 56
Figura 49 – Círculo Bioclimático com os parâmetros ambientais analisados por orientação. . 56
Figura 50 – Cenário atual da incidência de radiação solar no terreno do HemoPA. ................ 57
Figura 51 – Cenário com a implantação do Anexo II ao lado do edifício atual. ........................ 57
Figura 52 – Análise da incidência de radiação solar nas fachadas do HemoPA. ...................... 58
Figura 53 – Análise das máscaras de sombra no cenário atual do HemoPA. ........................... 58
Figura 54 – Análise das máscaras de sombra no cenário com a inserção do Anexo II do HemoPA.
................................................................................................................................................. 59
Figura 55 – Exemplo de Torre de Vento. .................................................................................. 66
Figura 56 – Efeito Venturi / Efeito Chaminé. ............................................................................ 66
Figura 57 – Projeto: GSW highrise by Sauerbruch Hutton ....................................................... 67
Figura 58 – Projeto: Friedrichstrasse 40 Office Building / Petersen Architekten ..................... 67
Figura 59 – Parque linear elevado em Nova Iorque - High Line. .............................................. 68
Figura 60 – High Line, NY - Novo uso para trilho de trem desativado. ..................................... 68
Figura 61 – Praça em níveis e diferentes usos de vegetação. .................................................. 68
Figura 62 –Usos de escada intercalada por rampa diagonal .................................................... 69
Figura 63 – Usos de escada intercalada por rampa diagonal. .................................................. 69
Figura 64 – Piso integrado com vegetação............................................................................... 69
Figura 65 – Piso intertravado de formato não retilíneo. .......................................................... 69
Figura 66 – Direita: Piso intertravado retangular; Esquerda: Esquema de sistema de drenagem.
................................................................................................................................................. 69
Figura 67 – Fachada de Hospital na Cidade do México, placas de dióxido de Titânio. ............ 70
Figura 68 – Detalhe dos módulos de dióxido de titânio ........................................................... 70
Figura 69 – Sistema fotovoltaico maleável e seu uso em edificações. ..................................... 70
Figura 70 – Células fotovoltaicas e seu uso em fachadas. ........................................................ 71
Figura 71 – Geradores eólicos em cobertura de edifício. ......................................................... 71
Figura 72 – Sistema eólico de fachadas e o aproveitamento dos ventos rápidos nas coberturas.
................................................................................................................................................. 71
Figura 73 – Painel de sistema eólico e estrutura com geradores eólicos. ................................ 71
Figura 74 – Estudo preliminar da reabilitação arquitetônica do HemoPA - Proposta .............. 74
Figura 75 – Situação atual da implantação do HemoPA. .......................................................... 75
Figura 76 – Croqui do estudo preliminar de implantação. ....................................................... 75
Figura 77 – Estudo Preliminar de implantação. ........................................................................ 75
Figura 78 – Perspectiva do estudo preliminar de implantação. ............................................... 76
Figura 79 – Análise do percentual de abertura buscando o nível máximo de etiquetagem do
nível de eficiência energética do edifício. ................................................................................ 76
Figura 80 – Estudo de esquadrias (perspectiva). ...................................................................... 77
Figura 81 – Estudo de ventilação de esquadrias (perspetiva). ................................................. 77
Figura 82 – Membrana Têxtil na fachada Sudeste. .................................................................. 78
Figura 83 - Especificações técnicas do fabricante da membrana têxtil. ................................... 78
Figura 84 - Sede do CONFEA na cidade de Brasília. .................................................................. 79
Figura 85 - Arena Pantanal na cidade de Cuiabá. ..................................................................... 79
Figura 86 - Projeto da Sede do Clube Curitibano, na cidade de Curitiba. ................................. 79
Figura 87 – Delimitação da área que receberá o recuo de dois (02) metros. ........................... 80
Figura 88 – Demarcação do recuo no 1º pavimento. ............................................................... 81
Figura 89 – Demarcação do recuo no 2º pavimento. ............................................................... 81
Figura 90 – Demarcação do recuo no 3º pavimento. ............................................................... 81
Figura 91 – Nova proposta de marquises buscando a integração com a nova identidade da
edificação. ................................................................................................................................ 82
Figura 92 – Sistema de captação da ventilação natural. .......................................................... 82
Figura 93 – Escoamento da ventilação natural no cenário com o uso do dispositivo proposto.
................................................................................................................................................. 82
Figura 94 – Área de cobertura analisada. ................................................................................. 83
Figura 95 - Proposta para a área de coleta. .............................................................................. 84
Figura 96 - Colônia de miritis na praça do Aeroporto de Belém. ............................................. 84
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Figura 97 - Paisagismo do Parque Mangal das Garças. ............................................................ 84
Figura 98 - Palmeiras para a área externa: miritizeiro e açaizeiro e para o jardim interno e
canteiros menores: palmeira laca e licuala. ............................................................................. 85
Figura 99 - Recomendação de espécies arbóreas para a área externa: ipês,chuva de ouro e oiti.
................................................................................................................................................. 85
Figura 100 - Recomendação de espécies arbustivas para a área externa: agave, cavalinha, Ixora,
patchouli e russélia. ................................................................................................................. 85
Figura 101 - Recomendação de espécies forrageiraspara os jardins internos e canteiros
menores: lírios, filodendros, marantas, calatéiase orquídeas epífitas. .................................... 86
Figura 102 - Perspectiva externa, fachada principal. ............................................................... 87
Figura 103 - Perspectiva externa - fachada lateral. .................................................................. 88
Figura 104 - Perspectiva externa – vista aérea......................................................................... 89
Figura 105 - Perspectiva externa – vista lateral. ...................................................................... 90
Figura 106 - Perspectiva externa - acesso principal. ................................................................ 91
Figura 107 - Perspectiva externa - fachada principal. .............................................................. 92
Lista de Gráficos
Gráfico 1 - Normais climatológicas: pressão ao nível da estação (hPa). .................................. 21
Gráfico 2 – Normais climatológicas: precipitação (mm). ......................................................... 21
Gráfico 3 – Normais climatológicas: precipitação máxima em 24h (mm). ............................... 21
Gráfico 4 – Normais climatológicas: temperatura média (°C). ................................................. 21
Gráfico 5 – Normais climatológicas: temperatura máxima (°C). .............................................. 22
Gráfico 6 - Normais climatológicas: temperatura mínima (°C). ............................................... 22
Gráfico 7 – Normais climatológicas: temperatura máxima absoluta (°C). ............................... 22
Gráfico 8 – Normais climatológicas: temperatura mínima absoluta (°C). ................................ 22
Gráfico 9 – Normais climatológicas: evaporação (mm)............................................................ 23
Gráfico 10 – Normais climatológicas: umidade relativa do ar (%). .......................................... 23
Gráfico 11 – Normais climatológicas: insolação (horas)........................................................... 23
Gráfico 12 – Normais climatológicas: nebulosidade. ............................................................... 23
Gráfico 13 – Normais climatológicas: temperatura do ar absoluta (°C). .................................. 24
Gráfico 14 - Consumo e demanda máxima mensais de energia do HEMOPA. ......................... 46
Gráfico 15 – Qualidade do ar dos usuários ............................................................................... 60
Gráfico 16 – Problemas respiratórios dos usuários .................................................................. 60
Gráfico 17 – Iluminação artificial dos ambientes ..................................................................... 60
Gráfico 18 – Iluminação natural ............................................................................................... 60
Gráfico 19 – Ruído advindo dos outros ambientes .................................................................. 60
Gráfico 20 – Ruído dos ambientes ............................................................................................ 60
Gráfico 21 – Ruído externo (rua) .............................................................................................. 61
Gráfico 22 – Ruído no ambiente interno .................................................................................. 61
Gráfico 23 – Temperatura no verão ......................................................................................... 61
Gráfico 24 – Interferência do ruído interno ............................................................................. 61
Gráfico 25 – Frequência do uso do ar-condicionado ................................................................ 61
Gráfico 26 – Frequência de uso – calefação ............................................................................. 61
Gráfico 27 – Segurança contra acidentes ................................................................................. 62
Gráfico 28 – Segurança contra roubos ..................................................................................... 62
Gráfico 29 – Qualidade do refeitório dos doadores ................................................................. 62
Gráfico 30 – Qualidade do refeitório dos funcionários ............................................................ 62
Gráfico 31 – Qualidade do repouso dos funcionários .............................................................. 62
Gráfico 32 – Qualidade das áreas de lazer ............................................................................... 62
Gráfico 33 – Acessibilidade ao edifício ..................................................................................... 63
Gráfico 34 – Acesso ao edifício em relação à cidade ................................................................ 63
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SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................... 8
1. INTRODUÇÃO E CONTEXTUALIZAÇÃO .................................................................................... 9
1.1. Objetivos ....................................................................................................................... 12
1.2. Procedimentos Metodológicos ..................................................................................... 12
1.3. Contextualização de Belém/PA ..................................................................................... 13
1.3.1. Localização Urbana e Entorno ................................................................................ 13
1.3.2. Plano Diretor .......................................................................................................... 15
1.3.3. Arquitetura Bioclimática e Caracterização do Clima .............................................. 16
1.3.4. Caracterização das Normais Climatológicas ........................................................... 20
2. AVALIAÇÃO PÓS-OCUPAÇÃO (APO) ..................................................................................... 25
2.1. Metodologia .................................................................................................................. 25
3. ETIQUETAGEM DO NÍVEL DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA ........................................................ 27
3.1. A Etiquetagem de Edificações no Brasil ........................................................................ 27
3.2. Objetivo da Avaliação do Nível de Eficiência Energética ............................................... 28
3.3. Método Utilizado .......................................................................................................... 28
3.4. Etiquetagem do Nível de Eficiência Energética da Envoltória ....................................... 29
3.4.1. Caracterização do Edifício para a Etiquetagem ...................................................... 29
3.4.2. Extração dos dados ................................................................................................ 30
3.4.3. Resultado da Etiqueta ............................................................................................ 31
4. RETROFIT .............................................................................................................................. 33
4.1. Contexto ........................................................................................................................ 33
4.2. Objetivos ....................................................................................................................... 33
4.3. Metodologia .................................................................................................................. 34
4.4. Análise da Instalação ..................................................................................................... 36
4.4.1. Medições de Energia .............................................................................................. 36
4.4.2. Medições e Consumo Desagregado ....................................................................... 37
4.4.3. Simulação Energética da Edificação ....................................................................... 38
4.5. Sistemas de Iluminação ................................................................................................. 41
4.5.1. Integração com a Iluminação Natural .................................................................... 41
4.5.2. Recomendações ..................................................................................................... 42
4.6. Sistemas de Climatização .............................................................................................. 43
4.6.1. Recomendações ..................................................................................................... 43
4.7. Sistemas de Refrigeração .............................................................................................. 43
4.7.1. Recomendações ..................................................................................................... 43
4.8. Sistemas Matrizes .......................................................................................................... 43
4.9. Motor de Alto Rendimento: .......................................................................................... 44
4.9.1. Recomendações ..................................................................................................... 44
4.10. Estudo Tarifário ........................................................................................................... 44
4.11. Avaliação ..................................................................................................................... 45
4.12. Qualidade de Energia Elétrica...................................................................................... 46
4.12.1. Perturbações elétricas .......................................................................................... 46
4.12.2. Harmônicos .......................................................................................................... 48
4.12.3. Fator de Potência ................................................................................................. 50
4.12.4. Recomendações ................................................................................................... 50
4.13. Considerações Finais ................................................................................................... 51
5. AVALIAÇÃO BIOCLIMÁTICA DO EDIFÍCIO .............................................................................. 52
5.1. Percurso Aparente do sol .............................................................................................. 52
5.2. Iluminação Natural ........................................................................................................ 53
5.3. Ventilação Natural ......................................................................................................... 54
5.4. Análise do Círculo Bioclimático ..................................................................................... 56
5.5. Análise da Radiação Solar .............................................................................................. 57
5.6. Análise da Eficiência dos Brises ..................................................................................... 58
5.7. Análise dos questionários aplicados aos usuários ......................................................... 59
5.8. Considerações específicas ............................................................................................. 63
6. DIRETRIZES DO ESTUDO PRELIMINAR .................................................................................. 65
6.1. Introdução ..................................................................................................................... 65
6.2. Estudos de Repertório ................................................................................................... 65
6.2.1. Uso da ventilação natural ....................................................................................... 65
6.2.2. Proteções Solares ................................................................................................... 66
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6.2.3. Acessibilidade – Integração de Usos ...................................................................... 68
6.2.4. Materiais permeáveis ............................................................................................. 69
6.2.5. Inovações Tecnológicas .......................................................................................... 70
6.3. Diretrizes da Avaliação Ambiental Integrada ................................................................ 71
6.4. Diretrizes da APO .......................................................................................................... 71
6.4.1. Térmico .................................................................................................................. 72
6.4.2. Luminoso ................................................................................................................ 72
6.4.3. Sonoro .................................................................................................................... 72
6.4.4. Ambiental: .............................................................................................................. 72
6.5. Diretrizes da Etiquetagem da Envoltória ....................................................................... 73
6.6. Diretrizes do Retrofit Energético: .................................................................................. 73
6.6.1. Sistema de Iluminação Artificial ............................................................................. 73
6.6.2. Climatização e Refrigeração ................................................................................... 73
6.6.3. Sistemas Motrizes .................................................................................................. 73
7. ESTUDO PRELIMINAR ........................................................................................................... 74
7.1. Implantação - Integração .............................................................................................. 75
7.2. Aumento das aberturas ................................................................................................. 76
7.3. Esquadrias ..................................................................................................................... 76
7.4. Proteção Solar - Membrana .......................................................................................... 77
a) Especificações Técnicas do Fabricante: ........................................................................ 78
b) Antecedentes de obras que já utilizam esse material:................................................. 78
7.5. Recuo da Fachada ......................................................................................................... 80
7.8. Marquises ...................................................................................................................... 81
7.9. Captação da ventilação natural ..................................................................................... 82
7.10. Cobertura .................................................................................................................... 83
7.11. Recursos naturais ........................................................................................................ 83
7.13. Otimização do fluxo do doador ................................................................................... 83
7.14. Paisagismo ................................................................................................................... 84
7.15. Projeto Paisagístico para o HEMOPA .......................................................................... 85
8. RESULTADOS FINAIS ............................................................................................................. 87
9. CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................................................... 93
REFERÊNCIAS ............................................................................................................................ 95
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APRESENTAÇÃO
Este Relatório Técnico apresenta a Avaliação Ambiental Integrada do
Edifício do Centro de Hematologia e Hemoterapia do Estado do Pará.
As atividades foram desenvolvidas no âmbito do projeto Hemorrede
Sustentável - Ministério da Saúde pelo Laboratório de Sustentabilidade
Aplicada a Arquitetura e ao Urbanismo – LaSUS da Faculdade de
Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Brasília e parte do
diagnóstico pelo Departamento de Engenharia de Energia e Automação
Elétricas da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP).
Este documento está organizado em nove tópicos: introdução, sete
capítulos técnicos, e considerações finais.
Aborda-se nos tópicos de 1 a 5 os procedimentos de trabalho utilizados
para o diagnóstico ambiental e reabilitação do edifício do Centro de
Hematologia e Hemoterapia do Pará – HemoPA. Apresenta-se a
contextualização ambiental de Belém, a Avaliação Pós-Ocupação
(APO), os procedimentos de Etiquetagem de Eficiência Energética e o
Retrofit energético.
Em um segundo momento, nos tópicos 6, 7 e 8, o relatório dedica-se a
apresentar: estudos de repertório, diretrizes gerais e estudo preliminar
para os edifícios. Este estudo é resultante dos indicativos encontrados
por meio da aplicação de cada método. Aqui, são apresentadas
diretrizes de projeto visando a humanização, sustentabilidade e
eficiência energética do espaço construído, assim como, o conforto
ambiental dos usuários do edifício.
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1. INTRODUÇÃO E CONTEXTUALIZAÇÃO
A importância da climatização por meios naturais está amplamente documentada, os
antecedentes podem ser datados desde os das épocas dos antigos gregos e romanos, assim
como nos nossos ancestrais pré-colombianos. É interessante notar que tanto na época dos
gregos quanto na dos romanos foram construídas cidades com estrutura urbanística de modo
a que todos tivessem acesso a um condicionamento natural de suas residências. Mas na época
do petróleo barato, 1955-1973, a ilusão foi de que o arquiteto pudesse conceber o edifício não
a partir do conhecimento do ambiente senão a partir de teorias estéticas de sua escolha. O
projeto assim concebido tanto poderia ser construído como em Suécia ou em Rio de Janeiro.
Seguindo esta teoria, o arquiteto brasileiro foi convencido de que a orientação do edifício
poderia ser qualquer, não importando o homem que o habitaria, ou o clima, só o terreno
disponível ou o visual.
A proposta da arquitetura bioclimática não é voltar ao passado, quer é harmonizar novamente
o edifício ao clima e características locais, pensando no homem que morará ou trabalhará nele,
tendo em conta a tecnologia e os conhecimentos atuais, os materiais e suas características
físicas, químicas, óticas, mecânicas, e estéticas, tendo em conta uma perspectiva global quanto
a disponibilidade humana, de materiais e energia de que dispõe um país.
Muito se fala que as crises de abastecimento no setor elétrico trouxeram consequências
positivas para a valorização da eficiência no uso da energia. Algumas iniciativas foram
marcantes tais como o Seminário de Arquitetura Bioclimática realizado em Rio de Janeiro em
1983, patrocinado pela CPFL de São Paulo, por contar entre os participantes grandes nomes
pioneiros na área Ambiental acadêmica como Lucia e Juan Mascaró, Oscar Corbella, Ennio Cruz
da Costa e Lucio Costa. Nesse Seminário segundo as palavras de apresentação de José
Goldemberg, outro dos grandes pesquisadores nacionais da área energética, se reuniram
arquitetos físicos engenheiros para identificar técnicas de projeto arquitetônico que
propiciaram o uso mais racional da energia nos edifícios. Lucio Costa inicia sua fala com as
seguintes palavras “a arquitetura tal como se desenvolveu no pós-guerra, foi severamente
ironizada como dócil subproduto da indústria do vidro mancomunada com o intensivo uso
industrial, comercial e caseiro do ar condicionado, quando teria havido meios e modos – até
mesmo aproveitando a lição da arquitetura dos povos primitivos – de reduzir o excessivo gasto
de energia requerido pelo partido arquitetônico então universalmente adotado nas
edificações de grande porte”. Ainda Lucio Costa a propósito da invenção do ar condicionado
quando benéfica e não quando desperdício, ”o desenvolvimento cientifico e tecnológico não
se contrapõe a natureza, de que é, na verdade, a face oculta – com todas as suas
potencialidades virtuais – revelada por meio do intelecto do homem, vale dizer, através da
própria natureza no seu estado de lucidez e de consciência”. Lucia Mascaró definia a
arquitetura bioclimática como arquitetura energética e dizia “que o objetivo do projeto
bioclimático consiste em aumentara complexidade organizativa do sistema, mantendo elevada
sua confiabilidade e reduzindo o consumo de energia ao mínimo. Grande parte da
complexidade característica da implantação tem sido transferida à envolvente do edifício
(paredes, coberturas e aberturas) com o uso desse novo critério de desenho”. Até hoje esses
conceitos permeiam nossas bases de projetos e considera que a arquitetura bioclimática e uma
forma de desenho lógica que reconhece a persistência do existente, é culturalmente adequada
ao lugar e às matérias locais e utiliza a própria concepção arquitetônica como mediadora entre
o homem e o meio.
No contexto brasileiro, a crise de abastecimento no setor elétrico do ano de 2001 impactaram
a produção arquitetônica e o mercado da construção civil. Duas consequências positivas
sobressaíram desta crise: a forte participação da sociedade na busca da sua solução e a
valorização da eficiência no uso de energia.
Em decorrência desse processo involuntário de aprendizagem, vem se formando uma
consciência de que a eficiência energética não pode estar vinculada apenas a questões
conjunturais. Deve, sim, fazer parte, de forma definitiva, da política energética nacional,
mediante a promoção de medidas que permitam agregar valor às iniciativas já em andamento,
como o desenvolvimento de produtos e processos mais eficientes e a intensificação de
programas que levem à mudança de hábitos de consumo.
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Sendo assim, de modo geral, as edificações públicas apresentam oportunidades significativas
de redução do consumo de energia e, portanto, de custos operacionais por meio do
aprimoramento do projeto, de um melhor gerenciamento da instalação, da adoção de
equipamentos tecnologicamente mais eficientes e alterações dos hábitos dos usuários.
Muitas vezes, oportunidades interessantes de ganhos de eficiência não são possíveis, pois
ferem compromissos assumidos no projeto da edificação. Assim, a possibilidade de avaliar as
soluções adotadas, ainda na etapa de projeto, apresenta-se como uma excelente
oportunidade de seu refinamento.
Cabe destacar que muitos refinamentos de projeto, que buscam a eficiência energética, já são
contemplados nos projetos atuais, tornando-os mais aderentes às necessidades da sociedade.
A análise aqui desenvolvida compreende uma revisão dos conceitos utilizados buscando
identificar ganhos adicionais de eficiência.
Combater o desperdício de energia é vantajoso para todos os envolvidos. Ganha o consumidor,
neste caso a sociedade, que passa a comprometer menor parcela de seus custos e ganha o
setor elétrico, que posterga investimentos necessários ao atendimento de novos clientes e a
sociedade como um todo, pois além dos recursos economizados, as atividades de eficiência
energética contribuem para a conservação do meio ambiente evitando agressões inerentes à
construção de usinas hidrelétricas ou térmicas.
Neste contexto, defende-se uma abordagem de análise mais sistêmica, que aborde o edifício
e a cidade em todas as suas complexidades. A abordagem energética não deve priorizar a
análise tecnicista dos equipamentos, assim como a análise do grau da sustentabilidade não
pode abrir mão das estratégias tecnológicas que visam a eficiência energética. Defende-se,
portanto, uma análise integrada no que se referem os problemas de ordem ambiental.
A Avaliação Ambiental Integrada compreende uma visão bioclimática da arquitetura, e do
urbanismo, fundamentais para uma conformação mais sustentável dos lugares, segundo
premissas de Romero (2001). Neste estudo, a integração soma os saberes da Avaliação Pós-
Ocupação – APO, Retrofit e Etiquetagem de Eficiência Energética em Edifícios.
A APO é composta pela caracterização climática do local e demais atributos do microclima
onde a edificação está inserida; avaliação sensorial dos ambientes; aplicação de questionários
e realização de entrevistas com usuários do edifício; avaliação da qualidade ambiental dos
recintos considerando o conforto térmico, luminoso e sonoro. Nesta fase também foram
realizadas simulações computacionais nos programas ENVI-met e Ecotect Analisys 2011,
destinados à avaliação ambiental tanto na escala urbana como ao nível dos ambientes.
Após a realização das avaliações e análise dos dados obtidos, foram estabelecidas diretrizes
tendo como enfoque o aumento da sustentabilidade e qualidade ambiental do espaço
construído.
O trabalho de APO teve diferentes etapas, agrupadas da seguinte forma:
Planejamento: levantamento de normas; definição dos equipamentos para
medições in loco; definição dos programas computacionais a serem utilizados;
definição de ambientes-tipo analisados na APO; levantamento e definição de
indicadores de desempenho ambiental; condicionantes bioclimáticas locais; logística
e planejamento para a execução do trabalho.
Diagnóstico: análise dos resultados obtidos e elaboração das diretrizes de projeto.
Projeto: proposições técnicas em formato de estudo preliminar de arquitetura.
Retrofit é levantar e analisar informações sobre o consumo de energia elétrica, hábitos de
consumo, características ocupacionais, situação operacional das instalações e equipamentos
de usos finais, identificando oportunidades de melhoria na eficiência do uso da energia elétrica
e de redução do seu custo.
O Retrofit é importante devido ao constante desenvolvimento tecnológico em que nossa
sociedade está inserida. Afirma-se que o Retrofit deve ser realizado periodicamente, para
manter-se o mais eficiente possível e com melhor qualidade de conforto.
Podem-se organizar as etapas de avaliação do Retrofit em:
Levantamentos de Dados: medição de consumo individualizada; contas de energia,
etc.;
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Aplicação do método de Retrofit: simulação computacional, análise do perfil de
consumo, etc.;
Diagnóstico energético do edifício: medidas possíveis e impactos em relação ao
consumo anual.
A Etiquetagem do nível de eficiência energética é obtido por meio do método prescritivo, que
consiste em uma série de parâmetros predefinidos ou a calcular que indicam a eficiência do
sistema. Neste caso, os procedimentos de etiquetagem podem ser organizados em:
Levantamento e Organização do Projeto: dados da área útil; área de vidro; área
opaca; etc.;
Cálculo da Eficiência Energética da Envoltória: aplicação das fórmulas do RTQ-C;
Identificação de Possíveis Melhorias: cenários de possíveis etiquetas.
Para a aplicação da Avaliação Ambiental Integrada, tem-se como o objeto de estudo o edifício
sede do Centro de Hemoterapia e Hematologia do Estado do Pará - HemoPA, localizado na
cidade de Belém, capital do estado do Pará, tem em sua área metropolitana mais de 2,5
milhões de habitantes, sendo a maior área metropolitana da região norte (IBGE, 2012).
A Avaliação Ambiental Integrada é de fundamental importância para a redução dos impactos
ambientais que o ambiente construído promove na sua implantação e manutenção.
Atualmente, as questões ambientais em geral têm sido colocadas como preponderantes e
direcionadoras para quase todas as áreas de conhecimento. Na arquitetura, o meio ambiente,
o contexto onde se constrói e os condicionantes locais, historicamente, sempre foram
considerados pelos projetistas na criação dos espaços construídos, uma vez que para existir
conforto e segurança era imprescindível a correta adaptação ao clima. Sendo assim, quando
não se podia contar com o condicionamento de ar e iluminação artificial, as únicas opções para
as edificações eram a ventilação natural, a iluminação natural, o correto uso dos materiais de
construção para o condicionamento passivo.
Neste sentido, as facilidades proporcionadas pelo uso da energia, principalmente a
possibilidade de construir padrões arquitetônicos independentes do clima local, rapidamente
causaram um gradativo e elevado crescimento de consumo energético. O grande aporte de
energia necessário para manutenção desse modelo de edificação, extremamente dependente
de mecanismos artificiais de energia para garantia do conforto ambiental, só passou a ser
reconhecido como problemático com a crise do petróleo, em 1973. Até esta época, as questões
energéticas e ambientais não eram entendidas como urgentes, porque o custo da energia era
irrisório e não havia uma conscientização consolidada sobre a poluição ambiental gerada pela
produção da energia (PNEF, 2010).
A construção de uma edificação que se insere no contexto de desenvolvimento sustentável é
aquela que modifica o ambiente natural de maneira a produzir um ambiente confortável,
adequado ao clima local, energeticamente eficiente e com baixo custo de manutenção.
Conforto ambiental e eficiência energética são, portanto, premissas do novo modelo
construtivo.
Com a finalidade de aprofundar a articulação com a Hemorrede Pública Nacional, o Ministério
da Saúde, por meio da Coordenação Geral de Sangue e Hemoderivados – CGSH definiu a
“Atenção aos Pacientes Portadores de Doenças Hematológicas” em parceria com a
“Qualificação dos Serviços Públicos de Hemoterapia e Hematologia”, como um dos eixos
prioritários de gestão, a ser continuado, para o período de 2011/2014.
A situação encontrada junto à Hemorrede pública do país, ainda persiste na necessidade de
avançarmos em grandes desafios, tais como: a integração e articulação entre os serviços de
hemoterapia; a racionalização de procedimentos, investimentos, compras e demais
procedimentos inerentes ao processo de trabalho.
A Qualificação dos Serviços envolve processos de trabalho que agregam qualidade ao ciclo do
sangue e a atenção aos pacientes portadores de doenças hematológicas, permitindo avanços
e melhoria significativa dos serviços e produtos ofertados pela Hemorrede.
O resultado do trabalho inicial de diagnóstico da Hemorrede, realizado por meio do Programa
Nacional de Qualificação – PNQH, voltado aos Hemocentros Coordenadores, demonstra a
necessidade da continuidade de ações de melhoria e a implantação de alguns processos,
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dentre eles: a elaboração de projeto de estudo e pesquisa com vistas à adequação da estrutura
física do conjunto de edifícios que compõem a Hemorrede Nacional, cujos resultados
transportamos para a ação de “Atenção aos Pacientes Portadores de Doenças Hematológicas”.
Tendo em vista os estudos já desenvolvidos até o presente momento, a reabilitação ambiental
sustentável dos edifícios dos Hemocentros Coordenadores representa propostas para a
melhoria das condições da oferta de serviço, aumento da qualidade de trabalho dos
funcionários, otimização dos processos desenvolvidos, o conforto ambiental dos usuários e
ocupantes da edificação e a redução dos impactos ambientais por meio da eficiência dos
sistemas componentes do espaço construído.
Recursos Humanos necessários à execução do projeto:
Nível Nacional, com equipe composta por profissionais técnicos e de nível superior
com experiência nas respectivas áreas, com ênfase nos processos a serem
trabalhados durante o período de vigência do projeto;
Nível Médio e Estagiários com experiência nas respectivas áreas objeto do estudo e
para apoio das atividades de Administração, web designer, desenho técnico,
simulação computacional, programação visual e diagramação dos relatórios para
publicação.
Preferencialmente utilizaremos nesse projeto, os profissionais selecionados por
meio do edital LaSUS-FAU-UnB 01/2010 que atuaram no Projeto intitulado:
“Segurança Transfusional e qualidade do sangue e hemoderivados/aperfeiçoamento
e avaliação de serviços de hemoterapia e hematologia” - “Projeto de Estudo e
Pesquisa para Adequação do Edifício de Serviço de Hemocentro Público, apoiadas
nas premissas de APO/Retrofit, Etiquetagem Predial e Procel”, por terem experiência
e know-how adquiridos durante o projeto de pesquisa realizado. Se necessário, caso
o banco de profissionais do LaSUS-FAU-UnB não seja suficiente para o projeto em
questão, faremos nova seleção pública para contratação de novos profissionais.
1.1. Objetivos
O objetivo geral deste trabalho é apresentar os procedimentos metodológicos e diretrizes
gerais no contexto da avaliação ambiental integrada do edifício do HemoPA. As diretrizes
propostas neste estudo foram desenvolvidas dentro da fase de estudo preliminar de
arquitetura; após a incorporação das contribuições identificadas nas etapas de Diagnóstico
Energético - Retrofit e Etiquetagem de Eficiência Energética. Estas duas etapas serão
abordadas ao longo deste relatório.
Aplicar o modelo de projeto de estudo e pesquisa de referência para edificações da rede de
saúde já implementadas no Hemocentro do Amazonas e do Rio Grande do Sul, com vistas à
reabilitação ambiental sustentável tendo como base a aplicação dos métodos Suporte técnico-
científico para resultados de saúde e qualidade de vida, Avaliação Pós-Ocupação – APO,
Retrofit Energética, e Etiquetagem de Eficiência Energética PROCEL.
1.2. Procedimentos Metodológicos
Para a realização deste trabalho foram aplicados os métodos da Avaliação Pós-Ocupação
(APO); Diagnóstico Energético – Retrofit; e Etiquetagem do Nível de Eficiência Energética de
Edifícios; compondo um importante instrumento de Avaliação Ambiental Integrada que
desenvolvemos.
A utilização deste instrumento se justifica tendo em vista a redução dos impactos sociais,
econômicos e ambientais inerentes ao ciclo de vida de edifícios. Os métodos empregados para
a realização deste trabalho são pautados, principalmente, pela avaliação de variáveis do
projeto arquitetônico. Neste sentido, toda a análise se inicia a partir dos impactos desde a sua
implantação no sítio. Quanto aos aspectos arquitetônicos, podemos citar que a análise foi feita
a partir da adequação quanto à orientação das fachadas, materiais superficiais, componentes
construtivos e suas relações com as condições climáticas locais. Na dimensão climática,
ressalta-se a peculiaridade climática da cidade de Belém, cidade em que o projeto está
instalado.
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Em decorrência da interação entre os elementos do edifício e o clima local, surgem
importantes balizadores da qualidade do espaço; por exemplo: a percepção dos usuários
(física, emocional e sensorial). Desta forma, os métodos de avaliação escolhidos para o
desenvolvimento do trabalho se caracterizam como importantes ferramentas de identificação
dos aspectos mencionados.
De um modo didático, estão listadas as atividades e metas alcançadas com a finalização deste
projeto de pesquisa:
Elaboração de roteiro de avaliação das características dos edifícios com base em
parâmetros de sustentabilidade;
Seleção das Hemorredes Estaduais a serem classificadas para o estudo/pesquisa com
base nos resultados do 1º e 2º ciclos de visitas do PNQH e que atendam a
metodologia desenvolvida em conjunto pela CGSH e pelo LaSUS-FAU-UnB;
Assessoramento e visitas técnicas aos estados pré-classificados, para identificação
do edifício objeto do projeto;
Levantamento, consolidação e análise de dados referentes às visitas técnicas,
realizados aos edifícios dos Hemocentros Públicos Coordenadores identificados;
Elaboração, aplicação e análise dos dados coletados por meio de formulário modelo
para pesquisa de Suporte técnico-científico para resultados de saúde e qualidade de
vida.
Elaboração, aplicação e análise dos dados coletados por meio de formulário modelo
para pesquisa de “Análise Pós Ocupação - APO” dos edifícios identificados.
Elaboração, aplicação e análise dos dados técnicos sobre a estrutura física desses
edifícios, com foco nas premissas de um RETROFIT;
Elaboração, aplicação e análise dos dados técnicos sobre a estrutura física dos
edifícios, com foco nas premissas da Etiquetagem Predial;
Elaboração de modelo de adequação final aos princípios da reabilitação ambiental
sustentável, nos edifícios de HEMOCENTROS PÚBLICOS COORDENADORES
selecionados.
1.3. Contextualização de Belém/PA
Neste tópico, será apresentada a cidade de Belém em seu contexto amazônico. A seguir, é
apresentado o plano diretor da cidade, com destaque para a zona urbana onde está inserido
HemoPA, objeto de estudo desta pesquisa aplicada.
O ecossistema amazônico tem uma peculiaridade: o solo é pobre em nutrientes e é sua camada
superficial de húmus que dá suporte à biodiversidade. O solo amazônico possui muitos fungos
que se unem em uma permuta natural às raízes das árvores, fazendo com que a matéria
orgânica seja aproveitada em sua plenitude antes do evento chamado lixiviação, que é o
escoamento de substâncias através da água das abundantes chuvas. As copas das árvores não
permitem a passagem plena da luz solar, ajudando a manter a qualidade do solo e a proteger
uma grande diversidade de espécies vegetais.
Dentro do bioma amazônico existem feições vegetais com características diferentes. As
florestas de igapó (em tupi, “transvasamento de rio”) são típicas dos alagados amazônicos,
onde a vitória-régia (Victoria amazonica) é encontrada. As florestas de várzea têm
semelhanças com as de igapó, mas ocorrem apenas nas margens dos rios que geralmente
inundam sazonalmente. Muitas árvores frutíferas endêmicas ocorrem em suas margens, como
o buriti (Mauritia flexuosa). Já as florestas de terra firme são as que aparecem nas terras mais
altas, que nãos são inundadas. As copas altas de suas árvores e sua evapotranspiração ajudam
na manutenção do clima da América do Sul.
Neste contexto, a cidade de Belém tem sua arborização urbana bastante exuberante nas
praças e, em alguns trechos da cidade, também em suas ruas, revelando a riqueza do
ecossistema em que está inserida.
1.3.1. Localização Urbana e Entorno
O HemoPA encontra-se na parte central da cidade de Belém, numa área com forte presença
de praças urbanas e áreas de preservação histórica (cemitério, por exemplo). O conjunto
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urbano é de altura uniforme um caixa de rua de projeções que ainda preservam uma ambiência
adequada.
Figura 1 - Localização do edifício do HemoPA, contextualização urbana. Fonte: Google Earth.
O entorno do edifício é apresentado a partir da ferramenta gratuita Google Earth em seu
comando “Street View” onde são mapeadas as perspectivas geradas a partir das ruas paralelas
ao edifício. Observe a indicação da direção da foto no canto superior direito da imagem.
Figura 2 – Edifício do HemoPA
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Figura 3 - Levantamento fotográfico do entorno do HemoPA. Adaptado de Google Earth (Street View)
1.3.2. Plano Diretor
O edifício do HemoPA está localizando na zona do ambiente urbano 06 (ZAU 06). Esta zona
caracteriza-se pela sua centralidade, e pela destinação de uma série de serviços urbanos que
devem ser providenciados para preservar o potencial urbanístico da área.
1 Diretrizes extraídas do Plano Diretor da cidade de Belém.
Para esta zona, o Plano Diretor pretende manter os níveis de adensamento construtivo,
condicionadas à possibilidade de infraestrutura e serviços e à sustentabilidade urbanística e
ambiental.
Também pretende prever a ampliação da disponibilidade e recuperação de equipamentos e
espaços públicos. E, como estratégias de construção da cidade: pode-se afirmar que o Plano
Diretor tem também pretende prevenir e/ou corrigir efeitos de degradação do ambiente
urbano que comprometam a qualidade de vida da população.
Figura 4 - Localização do edifício do HemoPA no contexto das Zonas Urbanas. Fonte: Prefeitura de Belém.
Algumas diretrizes da Zona do Ambiente Urbano 61 – Setor I, destacam que deve-se:
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Conter o processo de adensamento construtivo;
Investir na melhoria da mobilidade e acessibilidade;
Investir na recuperação e manutenção dos espaços públicos de uso coletivo;
Proporcionar a construção vertical mediante outorga onerosa;
Investir na melhoria da infraestrutura, potencializando atividades de turismo e de
negócios afins;
Promover atividades de cultura e lazer nas áreas de uso coletivo.
Esta zona, portanto, caracteriza-se pela tendência a não predominância de uso, infraestrutura
consolidada, terrenos ocupados com densa verticalização, passando por processo de
renovação urbana, com remembramento de lotes e apresentando congestionamento do
sistema viário. (Nazaré / São Brás / Batista Campos / Umarizal).
São objetivos da ZAU 06:
Controle e manutenção dos atuais níveis de ocupação do uso do solo;
Promoção e manutenção da qualidade ambiental;
Dinamização de atividades de cultura, lazer, comércio, serviços e negócios, visando
o incremento do turismo.
1.3.3. Arquitetura Bioclimática e Caracterização do Clima
A arquitetura bioclimática baseia-se na correta aplicação dos elementos arquitetônicos com o
objetivo de fornecer ao ambiente construído um alto grau de conforto hidrotérmico com baixo
consumo de energia. O conforto hidrotérmico está relacionado à produção de calor pelo corpo
humano relativo ao metabolismo. Esse calor é dissipado continuamente para o ambiente.
Quando a velocidade de produção de calor é exatamente igual à velocidade de perda, diz-se
que a pessoa está em equilíbrio térmico.
Quando essa troca de calor entre o corpo humano e o meio acontece de forma equilibrada,
diz-se que o indivíduo encontra-se na Zona de Conforto. É definida por um intervalo nos valores
de umidade (30% e 70%) e temperatura (entre 23°C – 27°C), podendo variar, dependendo de
outros fatores como, por exemplo, o efeito resfriamento evaporativo do vento, região, sexo,
idade, vestimenta.
As Cartas Bioclimáticas, principalmente a desenvolvida por Givoni (1994), associam
informações sobre a zona de conforto térmico, clima local e as estratégias de projeto indicadas
para cada período do ano (Figura 5). São enumeradas 9 (nove) zonas onde são lançadas
estratégias bioclimáticas que podem ser classificadas em naturais (sistemas passivos) e
artificiais (sistemas ativos). As zonas naturais são as que não gastam energia para seu
funcionamento: ventilação natural, resfriamento evaporativo, massa térmica (que aumenta
inércia térmica da construção), aquecimento solar passivo, etc. Os sistemas artificiais de uso
mais comum na arquitetura são ventilação mecânica, aquecimento e refrigeração.
Figura 5 - A Carta Bioclimática de Givoni relaciona a temperatura seca do ar (A), razão de umidade (B) e a temperatura úmida do ar (C).
Fonte: NBR 15220 – Desempenho térmico de edificações - Parte 3.
A norma brasileira para o Desempenho Térmico de Edificações (NBR 15220), em sua parte 3,
propõe um Zoneamento Bioclimático para o Brasil que contêm oito zonas. Cada Zona
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Bioclimática (ZB) apresenta diferentes características climáticas das regiões brasileiras (Figura
5).
Além disso, para cada ZB são indicadas estratégias para melhorar as condições de conforto
térmico no ambiente construído. Essas recomendações baseiam-se justamente na Carta
Bioclimática de Givoni (1994) adaptada para as características climáticas brasileiras. As
estratégias sugeridas na NBR 15220-3 estão dividias em: aquecimento artificial (calefação),
aquecimento solar, massa térmica para aquecimento, desumidificação, resfriamento
evaporativo, massa térmica para resfriamento, ventilação, refrigeração artificial e umidificação
do ar.
Segunda esta metodologia, a cidade de Belém encontra-se presente na ZB 8, na qual NBR
15220-3 estabelece as seguintes estratégias:
Ventilação cruzada permanente;
Sombreamento de fachadas;
Paredes leves e refletoras;
Coberturas leves e refletora.
2 Belém pertence à Zona Bioclimática 8, onde as diretrizes bioclimáticas para projetos são agrupadas. No documento da norma, a cidade de Belém é escolhida para representar a Zona 8.
Figura 6 – Mapa do Zoneamento Bioclimático brasileiro. Fonte: NBR 15220 – Desempenho térmico de edificações - Parte 3.
A ventilação cruzada permanente é essencial para a promoção do efeito de resfriamento
evaporativo e desumidificação do ar no interior dos ambientes. É importante destacar que o
condicionamento passivo será insuficiente durante as horas mais quentes do ano. Além disso,
o sombreamento das aberturas, principalmente as áreas envidraçadas, utilização de
superfícies leves e refletoras são estratégias fundamentais para as edificações na ZB 82.
Belém encontra-se a 1°S do Equador, na zona de máxima radiação solar. Takeda (2005) afirma
que não são observadas, em Belém, flutuações na duração dos dias e noites ao longo do ano e
das estações, a não ser pela presença de um período chuvoso (“inverno”) um período seco
(“verão”). Os dados oficiais do INMET – Instituto Nacional de Meteorologia indicam que o total
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pluviométrico anual da região varia de 1600 a 3000 mm, sendo que em Belém, o mês de março
é o mais chuvoso com 450 mm e o de outubro é o mais seco com 120 mm, o que permanece
alto para a média brasileira.
Loureiro et al (2002) interpretam a carta bioclimática de Belém que indica necessidade do uso
de condicionamento do ar, mas, de acordo com a análise de frequências de temperaturas, 74%
dos pontos estão sobrepostos sobre a área abaixo de 28°C, na zona 2 (ventilação), indicando
sua grande necessidade para a cidade.
Figura 7 - Zona Bioclimática 8 e a Carta Bioclimática representando as cidades desta zona (Belém – PA). Fonte: NBR 15220 – Desempenho térmico de edificações - Parte 3.
Os autores ainda destacam que, na cidade de Belém, as horas de conforto são quase zero, de
acordo com os parâmetros estabelecidos por Givoni. As estratégias indicadas para
proporcionar condições de conforto são a ventilação, a utilização de sistemas mecânicos de
resfriamento e sombreamento em todo o ano. O uso de inércia térmica associado ao
sombreamento também pode ser indicado, sendo porém, passível de estudos e medições em
campo que confirmem sua eficiência para o clima da cidade.
Takeda (2005) destaca três fatores fundamentais a serem considerados para o clima com
características amazônicas como o da cidade de Belém: o sol, o vento e as chuvas. Diante
desses fatores, enumera estratégias a serem perseguidas:
Quadro 1 – Estratégias Bioclimáticas para Clima Quente e Úmido Estratégias
Diminuição da condução do calor através do
envelope (parede, piso e cobertura)
Com o uso de parede dupla isolada por ventilação permanente e de baixa inércia térmica. Parede interna feita com placa estrutural OSB (Oriented Stand Board), composto de tiras de madeira e resina e baixo custo. Externamente tábuas de madeiras serradas.
As coberturas serão aceitas coberturas com transmitância térmicas acima dos valores tabelados desde que atendam às seguintes exigências: a) Contenham aberturas para ventilação em, no mínimo, dois beiras opostos; b) As aberturas para ventilação ocupem toda a extensão das fachadas respectivas.
Otimização da Ventilação
Criação de captador de vento que promova a circulação de ar interno através da diferença de pressão atmosférica, criando o efeito chaminé.
Ventilação cruzada e permanente em áreas de uso comum.
Controle da Radiação Solar Incidente
Por meio de sombreamento de janelas e beirais largos e Quebra Sol / Quebra Chuva
Utilização de vegetação
Com o plantio de árvores, arbustos e forrações. As áreas vegetadas tendem ao estabilizar a temperatura e evitar os extremos por serem bons absorventes de calor. Plantar árvores na fachada leste/oeste, a fim de diminuir a incidência solar.
Diretrizes de sustentabilidade
Utilização de material de Baixo Impacto Ambiental com ênfase na Tecnologia Apropriada como: Placas de OSB: de Impacto Ambiental Reduzido, onde não são utilizadas árvores adultas no fabrico da placa. A sua matéria-prima é constituída unicamente por madeira de pequena dimensão, proveniente de florestas geridas de forma sustentável. Além disso, é totalmente reciclável. Madeira proveniente de floresta de manejo da própria região.
Reutilização da Água da
Chuva,
Criação de captação de calha, passando por filtragem e armazenamento em cisternas próprias.
Reuso de águas servidas
(água cinza):
Deve ser dado um novo uso às águas provenientes de chuveiro e lavatório e tanque, filtradas, armazenadas e reutilizadas para lavagem de calçadas, carros, irrigação de horta e manutenção do jardim.
Fonte: Adaptado de Takeda (2005, p. 01).
Para o início da Avaliação Pós-Ocupação com vistas à melhoria ambiental e energética da
edificação, é fundamental a caracterização do clima do local. Para tanto, será apresentada a
Carta Solar para a cidade de Belém.
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Observa-se Figura 8 a distribuição dos níveis de radiação ao longo do dia, mesmo com as
pequenas diferenças entre as cidades, as distribuições dos extremos climáticos ao longo do dia
são equivalentes, pois tratam-se de cidades com o clima tropical.
Figura 8 -– Carta Solar com indicação das temperaturas ao longo do dia e ao longo do ano. Fonte: Software Ecotect, 2014
Figura 9 - Velocidade e Frequência dos ventos predominantes na cidade de Belém. Fonte: Software Ecotect, 2014
Com a utilização de algumas ferramentas digitais é possível descobrir a distribuição das
temperaturas do ar e umidade relativa ao longo do ano (em semanas). Características de
climáticas que indicam o uso de condicionamento térmico ativo (ar condicionado) nós horários
de 10h às 16h, e possibilidade de uso de condicionamento térmico passivo (ventilação natural)
no início da manhã e final da tarde (Figura 10). Identificação da orientação crítica dos ventos
mais úmidos e quentes. No contexto climático de Belém essa orientação é a Sudeste (Figura
11).
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Figura 10 – Distribuição de Temperaturas e Umidades
Figura 11 – Distribuição de ventos com temperaturas e umidades elevadas
1.3.4. Caracterização das Normais Climatológicas
A cidade de Belém possui clima tropical quente e úmido. Apresenta duas estações distintas ao
longo do ano, em relação às temperaturas médias e umidade do ar (Tabela 1).
Em relação a pressão atmosférica estudada, é possível observar que no mês de Novembro
obteve-se o valor mínimo encontrado de 1002,3 hPa. E no mês de Julho, o valor máximo
(1005,4 hPa).
Tabela 1 – Dados Climatológicos de Belém
O clima em Belém é quente e úmido, com chuvas abundantes durante o ano todo. O índice
pluviométrico é de 2921,7mm (ano). O período mais quente vai de julho a novembro, quando
a temperatura pode chegar a 35 graus, porem a média anual é de 25,9°C. De acordo com os
dados do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), referente ao período de 1961 a 1964 e
de 1967 a 2013, a menor temperatura registrada em Belém foi de 18,5 °C em 26 de agosto de
1984 e a maior atingiu 37,3 °C nos dias 26 de dezembro de 1977 e 12 de dezembro de 2003. O
maior acumulado de chuva em 24h foi de 200,8 milímetros em 25 de abril de 2005 e o menor
indicie de umidade do ar foi de 43% em 19 de julho de 2003. Segundo pode ser verificado do
Gráfico 1 ao Gráfico 12. Os gráficos apresentam respectivamente os dados de pressão
atmosférica, precipitação, precipitação, temperatura média, temperatura máxima,
temperatura mínima, temperatura máxima absoluta, temperatura mínima absoluta,
evaporação, umidade relativa do ar, insolação e nebulosidade.
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Gráfico 1 - Normais climatológicas: pressão ao nível da estação (hPa).
Gráfico 2 – Normais climatológicas: precipitação (mm).
Gráfico 3 – Normais climatológicas: precipitação máxima em 24h (mm).
Gráfico 4 – Normais climatológicas: temperatura média (°C).
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Gráfico 5 – Normais climatológicas: temperatura máxima (°C).
Gráfico 6 - Normais climatológicas: temperatura mínima (°C).
Gráfico 7 – Normais climatológicas: temperatura máxima absoluta (°C).
Gráfico 8 – Normais climatológicas: temperatura mínima absoluta (°C).
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23
Gráfico 9 – Normais climatológicas: evaporação (mm)
Gráfico 10 – Normais climatológicas: umidade relativa do ar (%).
Gráfico 11 – Normais climatológicas: insolação (horas).
Gráfico 12 – Normais climatológicas: nebulosidade.
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24
A partir das informações estudadas sobre a temperatura do ar de Belém. Obteve-se: em
relação a temperatura máxima, o maior valor foi encontrado no mês de março (37,3 C°) já o
menor valor, nos meses de Maio e Setembro (34 C°). Em relação a temperatura do ar mínima,
o maior valor foi encontrado no mês de Junho (20 C°) já o menor valor, no mês de Abril (11 C°).
Sobre as informações sobre os valores sobre a umidade relativa do ar ao decorrer do ano, a
média do mês de Março é a maior encontrada (91 %), enquanto entre os meses de Agosto e
Setembro, apresenta-se o menor valor (83 %). Sendo uma das capitais brasileiras com os
maiores valores de umidade relativa média.
Em relação a informação sobre os valores de evaporação ao decorrer do ano, os meses de
Agosto, Outubro e Novembro são aqueles com a maior taxa de evaporação (82 mm), em
fevereiro, o valor é abaixo de 40 mm. Em março e abril a taxa não supera os 42 mm.
Os valores de evaporação seguem a lógica da taxa de precipitação, que, entre fevereiro e
março supera os 400 mm de água, superando o índice da cidade de Manaus.
Em relação aos níveis de insolação, assim como Manaus, o mês de Agosto é o que apresenta o
maior valor encontrado (250h) já nos meses de fevereiro e março os menores valores anuais
são registrados, na faixa de 100 horas.
Com relação a nebulosidade, destaca-se que o valor máximo encontrado o maior valor
encontrado é entre os meses de fevereiro e março que fica na faixa de 80%. No mês de Agosto
a taxa de nebulosidade encontra seu menor valor anual com o valor de 50%. Nota-se, portanto,
que o céu da cidade de Belém é sempre parcialmente encoberto ou totalmente encoberto.
Não há céu claro durante o ano.
A partir da análise das normais climatológicas da cidade, pode-se afirmar que as estratégias
bioclimáticas para Belém, se resumem em estratégias para o período de Verão, são elas:
Ventilação Cruzada;
Refrigeração artificial;
Sombreamento das aberturas.
Gráfico 13 – Normais climatológicas:
temperatura do ar absoluta (°C).
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25
2. AVALIAÇÃO PÓS-OCUPAÇÃO (APO)
A APO é uma comparação dos dados provenientes da avaliação efetuada pelos técnicos, com
os dados obtidos junto aos usuários, possibilitando um diagnóstico fundamentado. Para
estudos de sustentabilidade e conforto, os pontos de avaliação giram em torno de dados de
umidade, ventilação, temperaturas e níveis de iluminâncias.
2.1. Metodologia
Os procedimentos metodológicos podem ser esquematizados:
1. Avaliação urbana: análise de entorno
2. Análise dos Condicionantes Bioclimáticos Locais: análise sensorial e simulação
computacional
3. Definição de Ambientes-Tipo: análise in loco de espaços semelhantes
4. Definição de indicadores de Desempenho Ambiental: análise sensorial; Matriz de
indicadores, aplicação de questionário e medições in loco.
5. Levantamento das Normas: para realização das medições in loco
A partir da interpolação dos resultados da avaliação técnica com o feedback dos usuários,
obtém-se um diagnóstico dos fatores analisados. Com base nesse diagnóstico, elabora-se uma
diretriz projetual que visa aumentar o desempenho e adequar os ambientes às atividades
desenvolvidas trazendo maior nível de conforto ao usuário.
Nas medições in loco, alguns equipamentos são necessários para a coleta de dados de
temperatura e umidade do ar (termo higrômetro); níveis de iluminâncias (luxímetro); e níveis
de ruído (decibelímetro) (Figura 12 e Figura 13).
Figura 12 – Equipamentos de Coleta de Dados
Figura 13 - Equipe LaSUS realizando o levantamento de dados e medições
Junto com a coleta de dados, são apreciados pelos pesquisadores as sensações ambientais
quanto ao conforto térmico, luminoso e sonoro, que ficam documentadas em quadro que
registra as intensidades percebidas (Quadro 2).
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26
Quadro 2 – Modelo de Quadro da Análise Sensorial
Como exemplo de medições de análise sensorial, apresenta-se o ambiente: Recepção e Espera
dos Doadores que neste relatório recebe o título de: Ambiente Tipo 01 – Recepção dos
Doadores. Neste ambiente apresenta-se a planta de localização, a planta baixa levantada,
algumas fotografias do ambiente, a análise do conforto luminoso feita no ambiente e os
valores de temperatura, umidade e ruído mapeadas no ambiente. Este trabalho foi
desenvolvido para diversos ambientes-tipo do edifício do HemoPA (Figura 14 a Figura 17).
Figura 14 - Recepção dos Doadores Planta de Locação
Figura 15 – Planta da Recepção dos Doadores
A N
menor q a externa muito abaixo do necessário acima do aceitável
agradável abaixo do necessário x aceitável x
quente adequado x fora do ambiente x
muito quente acima do necessário difuso x
frio x uniforme inteligível
esforço na fala
acima do aceitável x
ventilado áreas de sombras aceitável
pouco ventilado áreas de níveis excessíveis do próprio ambiente x
sem ventilação x áreas de reflexão x inteligível
uniforme
desuniforme x x
presença de bolor ofuscamento do usuário contínuo com poucas variações
adequado ofuscamento do visitante contínuo com flutuações e picos x
seco x contrastes altos contínuo e altas intensidades
muito seco contrastes médios x impulso ou intermitente
penetração direta face contrastes baixos x conversação x
medianamente viva
medianamente surda x
inércia térmica x prejuízo do conforto
boa inércia térmica x esforço na fala
OBS: A - relativo à luz artificial e N - relativo à luz natural
desejável xganhos de calor pela ocupação
x prejuízo na inteligibilidadeindesejável
baixa (sala surda)ganhos de calor pela cobertura
desagradável
toda a face
muito pequena
médiaganhos de por vedações verticais
agradável x
esforço na fala
TIP
O
RA
DIA
ÇÃ
O
penetração direta plano de trabalho
VIS
IBIL
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transparente x
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alta (sala viva)
ganhos de calor equipamentos
translúcida
não existe
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bem ventilado desuniforme x x
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S
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MIN
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UM
IDA
DE
acúmulo de umidade
QUADRO 01 - ANÁLISE SENSORIAL
AMBIENTE: RECEPÇÃO DE ESPERA DOADORES HORA: 08:30
CONFORTO TÉRMICO CONFORTO LUMINOSO A & N CONFORTO SONORO
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27
Figura 16 – Imagens da recepção dos doadores
Figura 17 - Representação das Curvas Isolux com o apoio do Software: Surfer-9
Observou-se a possibilidade de utilização da iluminação natural, apontando-se a necessidade
de troca da cor dos revestimentos internos e melhoria do sistema de iluminação artificial
(eficiência energética). Valores registrados: Identificado no período da manhã, tendo como
fontes principais a ocupação (conversas) e equipamentos (TV).
Tabela 2 – Valores de Temperatura, Umidade e Ruído
Temperatura (°C) Umidade % Ruído (máx.)
Manhã = 24,3
Tarde = 24,7
Manhã = 68%
Tarde = 67%
62 B
3. ETIQUETAGEM DO NÍVEL DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
3.1. A Etiquetagem de Edificações no Brasil
O Regulamento Técnico da Qualidade do Nível de Eficiência Energética de Edifícios Comerciais,
de Serviços e Públicos (RTQ-C) (BRASIL, 2009), foi publicado em 2009, em sua primeira versão,
de caráter voluntário e apresenta dois métodos para a determinação da eficiência: método
prescritivo e método de simulação. O método prescritivo consiste em uma série de parâmetros
predefinidos ou a calcular que indicam a eficiência do sistema. O método de simulação define
parâmetros para modelagem e simulação, mas permite mais flexibilidade na concepção do
edifício.
Em 2014, o Governo Federal publicou a Instrução Normativa 02 na qual torna obrigatória a
etiquetagem de edifícios federais, com uso de verba federal ou para fins federais. O
documento exige ainda que o edifício seja etiquetado com classificação A em sua Etiqueta PBE
Edifica (Figura 17).
Os edifícios de serviços, comerciais e públicos elegíveis para a etiquetagem devem ter área
mínima de 500 m2 e/ou tensão de abastecimento maior que 2,3 Kv. É possível etiquetar o
projeto de um edifício, sendo a etiqueta válida por 3 anos, ou um edifício construído, cuja
etiqueta tem validade de 5 anos. Os procedimentos para etiquetagem de projeto e edifício são
distintos, tendo a etiquetagem do edifício construído que passar por uma inspeção. A diferença
de consumo entre as etiquetas A e E (melhor e pior classificação, respectivamente), pode
representar uma economia de mais de 35% (SINDUSCON/MA, 2010). Em edificações novas, a
economia de energia elétrica pode chegar a 50% quando a mesma tiver etiqueta A. No caso de
um Retrofit, ou seja, aqueles prédios que fizerem uma reforma que contemplem os conceitos
de eficiência energética em edificações, a economia pode ser de 30%.
No RTQ-C, o edifício é avaliado em 3 quesitos, com pesos diferenciados na classificação geral
do edifício: envoltória (30%), sistema de iluminação (30%) e sistema de condicionamento de
ar (40%). O edifício pode receber a Etiqueta Nacional de Conservação de Energia (ENCE) para
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28
o edifício completo, contemplando os 3 sistemas, ou etiquetas parciais para avaliações dos
sistemas de iluminação e condicionamento. No entanto, a etiquetagem da envoltória é sempre
obrigatória e deve ser feita primeiramente. Isto porque o desempenho da envoltória influencia
as necessidades de iluminação e condicionamento artificiais.
Figura 18 – Etiqueta Nacional de Conservação de Energia (ENCE). Fonte: ENCE, 2014.
Recentemente no Brasil, a crescente preocupação com a eficiência energética das edificações
culminou na obrigatoriedade do selo para edifícios públicos federais, por meio da Normativa
IN02/2014, publicada no Diário Oficial da União, em 04 de junho de 2014, pela Secretaria de
Logística e Tecnologia, que obriga edificações novas ou em processo de reformas a serem
“etiquetadas”. A normativa dispõe sobre regras para a aquisição ou locação de máquinas e
aparelhos consumidores de energia pela Administração Pública Federal direta, autárquica e
fundacional, e uso da Etiqueta Nacional de Conservação de Energia (ENCE) nos projetos e
respectivas edificações públicas federais novas ou que recebam Retrofit.
3.2. Objetivo da Avaliação do Nível de Eficiência Energética
O objetivo desta etapa é desenvolver a análise e extração dos dados do projeto de arquitetura
da edificação para o cálculo do seu nível da eficiência energética. É feita também uma
verificação das propriedades térmicas dos materiais e sistemas construtivos das fachadas e
coberturas, definidas nas especificações do projeto ou visitas in loco.
3.3. Método Utilizado
Para a realização dos cálculos do Nível de Eficiência Energética da Envoltória HemoPA foram
seguidos os seguintes passos:
Visitas in loco para registro fotográfico e levantamento dos dados;
Atualização dos projetos arquitetônicos (plantas, cortes e fachadas);
Determinação da orientação do edifício segundo o RTQ-C;
Extração dos dados do projeto da edificação necessários para o método prescritivo
do RTQ-C;
Preenchimento da planilha (webprescritivo) para cálculo do nível de eficiência
energética da envoltória o método prescritivo do RTQ-C;
Verificação dos pré-requisitos estimados relativos à transmitância térmica e
absortância das paredes e cobertura para a obtenção da classificação de eficiência
energética definitiva;
Diretrizes para otimização da classificação do nível de eficiência energética da
envoltória do edifício HemoPA.
O método prescritivo para classificação do nível de eficiência energética da envoltória de
edifícios, segundo o RTQ-C (BRASIL, 2009), faz-se a partir da determinação de um conjunto de
índices referentes às características físicas do edifício. Estes compõem a envoltória da
edificação (cobertura, fachadas e aberturas), e são complementados pelo volume, pela área
de piso do edifício e pela orientação das fachadas.
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29
Na avaliação da envoltória, os valores de Absortância (α) e Transmitância (U) dos componentes
opacos são pré-requisitos, e as seguintes variáveis da edificação são utilizadas em equações:
AVS: Ângulo Vertical de Sombreamento (em graus)
AHS: Ângulo Horizontal de Sombreamento (em graus)
Ape: Área de projeção horizontal do edifício (m2)
Apcob: Área de projeção da cobertura (m2)
Atotal: Área total de piso (m2)
Fator de Altura (FA): Ape/Atot
Fator de Forma (FF): Aenv/Vtot
Fator Solar (superfícies transparentes ou translúcidas) (em %)
PAFt: Percentual de Aberturas na Fachada (%)
O método prescritivo calcula o Indicador de Consumo da Envoltória (IC), que é um parâmetro
adimensional para avaliação comparativa de eficiência energética da envoltória. As equações
que determinam o IC são equações de regressão multivariada específicas, para cada uma das
8 zonas bioclimáticas brasileiras.
O Indicador de Consumo estabelece o comportamento da envoltória quanto ao consumo
energia da edificação. A avaliação do edifício é feita comparando o IC da envoltória (ICenv) em
relação ao ICmin e ICmax do próprio edifício, ou seja, o edifício é comparado com ele mesmo
(o máximo e o mínimo de eficiência que ele poderia ter). A partir da definição do IC env, do
ICmin e do ICmax, são estabelecidos os intervalos de classificação das etiquetas de eficiência
energética (Figura 2).
Figura 19 – Intervalos de eficiência a partir do indicador de consumo da envoltória do edifício.
Após a identificação do Indicador de Consumo da Envoltória do Edifício, enquadra-se o mesmo
em uma das classificações possíveis correspondente a uma etiqueta de eficiência energética,
de A (mais eficiente) a E (menos eficiente).
Neste contexto insere-se esta parte do trabalho, que tem como objetivo geral a avaliação do
desempenho energético da envoltória dos blocos do Hemocentro da Pará, por meio da
classificação do nível de eficiência energética pelo método prescritivo do RTQ-C.
De forma específica busca-se:
Avaliar as variáveis arquitetônicas da edificação que mais influenciam no
desempenho energético da envoltória dos blocos;
Gerar diretrizes para retrofit da envoltória, com propostas de alteração que
possibilitem a otimização do nível de eficiência energética, buscando o nível A para
a Etiqueta de Eficiência Energética em cada bloco.
3.4. Etiquetagem do Nível de Eficiência Energética da Envoltória
3.4.1. Caracterização do Edifício para a Etiquetagem
O edifício atual do HemoPA é morfologicamente retangular e possui quatro pavimentos. Para
o desenvolvimento do processo de etiquetagem, foi avaliada apenas a edificação existente,
com a intenção de diagnosticar o desempenho da envoltória. Os principais aspectos da
envoltória que serão considerados na análise do edifício são:
Aberturas: serão analisados a quantidade de abertura (PAF), e em especial a
quantidade com orientação Oeste (PFo) e característica dos vidros, pelo Fator Solar.
Proteções Solares: serão estudados os ângulos de proteção (AVS e AHS) que os brises
e o próprio edifício provocam sobre as aberturas.
Fechamentos Opacos: serão observados os índices de absortância e transmitância
dos materiais da envoltória.
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30
Figura 20 – Elevações
Por tratar-se de um edifício existente, alguns parâmetros relacionados às especificações de
materiais foram estimados, pela inviabilidade de levantamento in loco, que exigiria quebra de
paredes e cobertura. Assim, para o Fator Solar dos vidros, transmitância térmica e absortância
de paredes e coberturas foram usados dados de norma ou catálogo de fabricantes.
3.4.2. Extração dos dados
Na extração dos dados, primeiramente deve-se determinar a orientação das fachadas segundo
o RTQ-C, que classifica nas quatro principais orientações: norte, sul, leste e oeste. Assim, o
edifício do HemoPA, segundo sua implantação, passa a ter as orientações de fachada conforme
indicado na Figura 4.
Figura 21 – Orientações de Fachada
A extração dos dados do projeto arquitetônico do edifício HemoPA relevantes para a
classificação do nível de eficiência energética da envoltória foram organizadas na Tabela 1
abaixo, que resume os dados extraídos.
Tabela 3 – Dados extraídos dos blocos do HemoPA
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Parâmetro HemoPA
Asp
ecto
s M
orf
oló
gico
s
Ape 1192,41m²
Apcob 1348,70m²
Atot 5690,05m²
Aenv 3463,29m²
Vtot 5690,05m³
PAFt 14,93%
PAFo 11,95%
AVS 14,61°
AHS 25,95°
FS * 0,85
Mat
eria
is d
a En
volt
óri
a
Absortância Paredes * 23%
Absortância Coberturas * 8%
Transmitância Paredes * 2,43W/(m²K)
Transmitância Coberturas * 2,06W/(m²K)
3.4.3. Resultado da Etiqueta
A partir da extração de todos os dados da envoltória, foi avaliado seu desempenho utilizando
a ferramenta gratuita webprescritivo, para cálculo da etiqueta:
http://www.labeee.ufsc.br/sites/default/files/webprescritivo/index.html)
Foram feitas duas avaliações, uma considerando os pré-requisitos e outra não:
a) HemoPA sem análise de pré-requisitos.
Figura 22 – Nível de Eficiência Energética sem pré-requisitos - HemoPA.
b) HemoPA com análise de pré-requisitos.
Figura 23 – Nível de Eficiência Energética sem pré-requisitos - HemoPA.
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32
As características gerais da envoltória da edificação não apresentaram problemas quanto à
eficiência energética, logo, sem considerar materiais de parede e cobertura a edificação
conseguiria obter uma etiqueta A. Contudo, considerando os pré-requisitos da edificação
relacionados à cobertura (absortância e transmitância), o edifício obteve a etiqueta E, o nível
mais baixo de qualidade em relação a eficiência energética.
As diretrizes para a eficiência energética do edifício visam a melhoria do nível de etiqueta com
o atendimento dos pré-requisitos, ou seja, alteração dos materiais da cobertura.
Tabela 4 – Etiquetas e considerações para o edifício do HemoPA.
Avaliação Etiqueta Considerações
Avaliação A: Situação 1, sem pré-requisitos
A O edifício atende ao nível A de etiqueta, sem os pré-requisitos.
Avaliação B: Situação 2, com pré-requisitos
E O edifício não atende aos pré-requisitos para o nível A (transmitância da cobertura é muito alta)
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4. RETROFIT
Pode ser considerado um retrofit uma readequação dos sistemas elétricos e energéticos do
edifício, com foco na eficiência energética e preservando a qualidade das ofertas dos serviços
elétricos do edifício. Assim, são os objetivos do retrofit levantar e analisar informações sobre
o consumo de energia elétrica, hábitos de consumo, características ocupacionais, situação
operacional das instalações e equipamentos de usos finais, identificando oportunidades de
melhoria na eficiência do uso da energia elétrica e de redução do seu custo.
4.1. Contexto
Em 2001, o Brasil vivenciou uma crise de abastecimento no setor elétrico. Duas consequências
positivas sobressaíram desta crise: a forte participação da sociedade na busca da sua solução
e a valorização da eficiência no uso de energia.
Em decorrência desse processo involuntário de aprendizagem, vem se formando uma
consciência de que a eficiência energética não pode estar vinculada apenas a questões
conjunturais. Deve, sim, fazer parte, de forma definitiva, da política energética nacional,
mediante a promoção de medidas que permitam agregar valor às iniciativas já em andamento,
o desenvolvimento de produtos e processos mais eficientes e a intensificação de programas
que levem à mudança de hábitos de consumo.
Sendo assim, de modo geral, as edificações públicas apresentam oportunidades significativas
de redução do consumo de energia e, portanto, de custos operacionais por meio do
aprimoramento do projeto, de um melhor gerenciamento da instalação, da adoção de
equipamentos tecnologicamente mais eficientes e alterações dos hábitos dos usuários.
Muitas vezes, oportunidades interessantes de ganhos de eficiência não são possíveis, pois
ferem compromissos assumidos no projeto da edificação. Assim, a possibilidade de avaliar as
soluções adotadas, ainda na etapa de projeto, apresenta-se como uma excelente
oportunidade de seu refinamento.
Cabe destacar que muitos refinamentos de projeto, que buscam a eficiência energética, já são
contemplados nos projetos atuais, tornando-os mais aderentes às necessidades da sociedade.
A análise aqui desenvolvida compreende uma revisão dos conceitos utilizados buscando
identificar ganhos adicionais de eficiência.
Combater o desperdício de energia é vantajoso para todos os envolvidos. Ganha o consumidor,
neste caso a sociedade, que passa a comprometer menor parcela de seus custos e o setor
elétrico, que posterga investimentos necessários ao atendimento de novos clientes e a
sociedade como um todo, pois além dos recursos economizados, as atividades de eficiência
energética contribuem para a conservação do meio ambiente evitando agressões inerentes à
construção de usinas hidrelétricas ou térmicas.
4.2. Objetivos
Este trabalho tem por objetivo levantar e analisar informações sobre o consumo de energia
elétrica, hábitos de consumo, características ocupacionais, situação operacional das
instalações e equipamentos de usos finais do Hemocentro de Belém, identificando
oportunidades de melhoria na eficiência do uso da energia elétrica e de redução do seu custo.
Desta forma, aplicou-se uma metodologia de diagnóstico energético específica, ressaltando
que cada instalação apresenta peculiaridades próprias e que merecem, muitas vezes,
tratamento específico.
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4.3. Metodologia
Os procedimentos metodológicos do retrofit energético podem ser organizados assim:
1.Levantamentos de Dados
Medição de consumo individualizada; contas de energia, etc.
2.Aplicação do método de Retrofit
Simulação computacional, análise do perfil de consumo, etc.
3.Diagnóstico energético do edifício
Medidas possíveis e impactos em relação ao consumo anual
Devido ao constante desenvolvimento tecnológico, o RETROFIT é de extrema importância e
deve ser realizado periodicamente, para manter-se o mais eficiente possível e com melhor
qualidade de conforto.
A realização de diagnósticos energéticos envolve um conjunto bastante diversificado de
atividades, variáveis conforme a finalidade e o tipo de ocupação da instalação. Tal fato implica
na existência de diversas metodologias de análise energética, cada qual com suas
peculiaridades necessárias à determinação correta dos potenciais de conservação daquela
instalação.
No caso da instalação em questão, com todas as suas peculiaridades, incluindo também
diversos ambientes de escritórios e atendimento ao público, a metodologia aplicada pode ser
dividida nas seguintes etapas:
Visita de inspeção preliminar.
Planejamento das atividades de levantamento de dados.
Levantamento de dados, documentos, plantas e cadastro dos equipamentos da
instalação.
Medições de grandezas elétricas utilizando-se analisadores de energia.
Análise e tabulação dos dados e informações levantadas.
Estudo de viabilidade técnica e econômica de alternativas para os usos finais
encontrados e determinação dos respectivos potenciais de conservação de energia.
A visita de inspeção foi realizada com o objetivo de ter contato com a instalação e de conhecer
o pessoal encarregado de dar apoio à equipe técnica no que diz respeito à locomoção, ao
fornecimento de documentos e demais informações durante todo o processo de diagnóstico
energético.
A partir da visita de inspeção, foi possível ter uma visão macroscópica da instalação, fato que
permitiu traçar a estratégia de levantamento de dados, através da escolha dos pontos de
medição no sistema elétrico.
Entre todas as etapas do processo de diagnóstico energético, o levantamento de dados é, sem
dúvida, um dos mais importantes, uma vez que todos os resultados e conclusões obtidos estão
baseados nas informações levantadas nessa fase. Dessa forma, todos os dados devem ser
obtidos e tratados com o maior rigor possível, desconsiderando as informações mais
duvidosas. Devido à extensão e à importância dessa fase, foi conveniente a sua segmentação
em duas etapas:
Medições das grandezas elétricas de interesse.
Inspeção de ambientes segundo os usos finais de energia.
As medições das grandezas elétricas de interesse foram realizadas utilizando-se equipamentos
analisadores de energia com memória de massa, instalados em pontos importantes do sistema
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35
elétrico da instalação, mais especificamente nos quadros de distribuição e nos equipamentos
de grande consumo de energia elétrica.
Figura 24 - Medição do quadro de alimentação das cargas essenciais do Hemocentro de Belém.
Os analisadores de energia correspondem a equipamentos digitais microprocessados capazes
de realizar medições monofásicas e trifásicas com precisão de todas as grandezas elétricas
relevantes em diagnósticos energéticos, como por exemplo: tensão, corrente, potências ativa
e reativa, consumos de energia ativa e de reativa com período de integração programável,
fator de potência e distorção harmônica. Além disso, eles possuem considerável capacidade
de armazenamento de dados em sua memória de massa interna, registrando, inclusive,
períodos de falta de energia, uma vez que eles também são dotados de baterias internas
recarregáveis.
As informações fornecidas pelos analisadores de energia são essenciais e indispensáveis para
a realização de diagnósticos energéticos precisos. A partir dessas informações, também é
possível determinar irregularidades na operação de sistemas e equipamentos, por meio da
detecção de baixos fatores de potência, de altas distorções harmônicas e de desequilíbrios
entre fases.
Por outro lado, a inspeção de ambientes tem por objetivo levantar as características mais
particulares dos usos finais presentes na instalação, complementando as informações obtidas
através da medição direta de grandezas elétricas. Dessa forma, foram vistoriados todos os
ambientes da instalação, onde foram anotados todos os dados relevantes para a análise de
cada uso final.
No caso do sistema de iluminação, foram verificadas e anotadas as tecnologias atualmente
utilizadas. Além disso, também foram levantados os tempos de utilização do sistema em cada
ambiente (horário de expediente, utilização no período noturno), de forma a permitir uma
estimativa do consumo de energia elétrica desse uso final.
Os dados levantados foram analisados e tratados de forma a determinar as características de
consumo do Hemocentro.
As visitas de inspeção ocorreram nos dias 18, 19 e 20 de novembro de 2013. Neste mesmo
período, foram realizadas as medições de grandezas elétricas utilizando-se analisadores de
energia.
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36
4.4. Análise da Instalação
As instalações elétricas do Hemocentro encontram-se em bom estado de conservação.
Durante as visitas constatou-se a preocupação com a manutenção de painéis elétricos, bem
como de equipamentos em geral, mantendo-se um bom nível de atendimento aos usuários.
4.4.1. Medições de Energia
As medições das grandezas elétricas foram realizadas por meio de equipamentos analisadores
de energia instalados em pontos importantes do sistema elétrico da instalação.
O analisador de energia, harmônicos e oscilografia de perturbações fabricado pela RMS
Sistemas Eletrônicos MARH-21, utilizado neste diagnóstico, é um registrador portátil, trifásico,
programável, destinado ao registro de tensões, correntes, potências, energias, harmônicos e
oscilografia de perturbações em sistemas de geração, consumo e distribuição, bem como
circuitos que alimentam motores elétricos em geral.
O MARH-21 possui mostrador e teclado alfanumérico permitindo efetuar a programação
diretamente no equipamento.
O equipamento registra os dados de medição em sua memória interna do tipo RAM e possui
também porta serial para a transferência dos dados registrados para um computador. O
software denominado ANAWIN possibilita a análise dos dados em forma de gráficos e
relatórios.
A Figura 25 apresenta o analisador MARH-21. O equipamento possui as seguintes aplicações:
Registro das formas de onda das tensões e correntes, distorções harmônicas e
variações de frequência.
Análise dos harmônicos.
Estudos de demanda e otimização do uso de energia.
Simulações para estudos de correção do fator de potência.
Análise de desligamentos e falhas causados por variações nas características da
tensão.
Obtenção de curvas de partida de motores elétricos.
Monitoramento de processos visando à obtenção de curvas de temperatura, pressão e vazão,
juntamente com as grandezas elétricas como tensão, corrente, demanda e energia.
Figura 25 - Analisador MARH-21.
As medições das grandezas elétricas foram realizadas no alimentador das cargas essenciais do
Hemocentro de Belém e em duas de suas principais cargas, sistema central de ar condicionado
e na câmara fria:
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Medição 1: Cargas essenciais do Hemocentro.
Medição 2: Sistema central de ar condicionado.
Medição 3: Câmara fria.
A Figura 3.2 ilustra os pontos onde foram realizadas medições de parâmetros elétricos nas
instalações elétricas do Hemocentro.
Figura 26 - Locais de medições de parâmetros elétricos.
4.4.2. Medições e Consumo Desagregado
A Figura 27 apresenta a curva de carga medida no barramento que alimenta os sistemas
essenciais do Hemocentro e que podem ser supridos pelo grupo gerador em caso de falha na
concessionária.
Este conjunto de cargas apresentou uma demanda máxima de 336kW e uma demanda média
de 210kW em um período de 24 horas em um dia útil.
Figura 27 - Curva de carga dos circuitos essenciais.
A Figura 28 apresenta a curva de carga do sistema central de condicionamento ambiental,
regulado para manter os ambientes em 23°C. Em um período de 24 horas apresentou uma
demanda média de 54kW e solicitou uma demanda máxima de 63kW.
Figura 28 - Curva de carga do sistema central de condicionamento ambiental.
0
50
100
150
200
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Dem
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ner
gia
[kW
]0
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Dem
and
a d
e E
ner
gia
[kW
]
Concessionária
Medição
1
Transformador
Medição
2
Medição
3
Chiller Câmara Fria Outras Cargas
Essenciais
Demais Cargas
P R O J E T O HEMORREDE SUSTENTÁVEL - H E M O P A
38
A Figura 29 apresenta a curva de carga da câmara fria do Hemocentro. Sua temperatura de
controle é de -40°C e na antecâmara +5°C. Sua demanda média diária é de 14kW e apresentou
uma demanda máxima de 34kW.
Figura 29 - Curva de carga da câmara fria.
A Figura 30 apresenta os valores de consumo registrados nas faturas de energia do
Hemocentro, onde se pode calcular um consumo mensal médio de 218MWh.
Figura 30 - Consumo mensal registrado nas faturas de energia.
Foi realizado também, um levantamento dos equipamentos existentes no Hemocentro e seus
respectivos períodos de utilização e assim, foi possível construir a matriz de consumo
desagregado do Hemocentro, conforme apresenta a Figura 31.
Figura 31 - Matriz de consumo desagregado do Hemocentro.
4.4.3. Simulação Energética da Edificação
Com base nas medições realizadas e nos levantamentos de dados durante as visitas técnicas,
desenvolveu-se um modelo virtual da edificação do Hemocentro (Figura 5.1), onde foi possível
inserir dados relativos à envoltória e usos finais de seus diversos setores. Este modelo adotou
algumas hipóteses simplificadoras visando fornecer uma estimativa preliminar do
desempenho energético da edificação em análise.
0
10
20
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40
50
60
7011
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Dem
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[kW
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-
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2
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12
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13
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3
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3
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3Co
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[kW
h]
Fora Ponta
1900ral1900ral
1900ral
1900ral
1900ral
Consumo Desagregado - HEMOPA
Ar Condicionado Refrigeração Equipamentos Iluminação Outros
P R O J E T O HEMORREDE SUSTENTÁVEL - H E M O P A
39
Figura 32 - Modelo virtual do Hemocentro.
Utilizando a ferramenta de simulação EnergyPlus®, simulou-se o modelo virtual do
Hemocentro para as condições climáticas de Belém. Foram utilizados dados típicos para os
materiais da edificação, a saber:
• Paredes externas: painéis wall e acabamento com espessura total de 100 mm.
• Paredes internas: divisórias de madeira ou dry wall.
• Cobertura: forro com espaço de ar, telha canalete e platibandas com telha de fibrocimento.
• Vidros: vidro simples de 3 mm.
• Portas: madeira com 40 mm de espessura.
Foi definido que o perfil de ocupação da edificação seria das 7:00h às 18:00h de segunda a
sexta, das 7:00h às 12:00h no sábado e sem expediente no domingo. Estes perfis foram
utilizados para a presença de pessoas, iluminação e equipamentos e calibrados com base nas
avaliações feitas nas visitas técnicas realizadas. A potência das câmaras frigoríficas foi definida
com base nos levantamentos feitos e o seu funcionamento foi estipulado como ininterrupto.
Para os sistemas de climatização unitários, foi definido o valor médio de COP de 2,8 e o seu
perfil de operação foi estipulado como sendo o mesmo definido para a ocupação das pessoas
na edificação. Para os ambientes servidos pelo sistema central definiu-se um COP de 4,0. Foi
definida como temperatura de controle de todos os sistemas de climatização o valor de 23°C.
A edificação assim simulada será considerada para fins deste relatório como a edificação de
referência (REF).
Com base nos relatórios de saída do EnergyPlus, como os mostrados na Figura 33, podemos
avaliar a contribuição de cada uso final no consumo total da edificação ao longo de um ano de
operação.
Figura 33 - Exemplo de relatório de saída de dados da simulação realizada pelo EnergyPlus.
Os sistemas de climatização correspondem a 59% do consumo total da edificação e, portanto
ações para a redução do consumo de energia destes sistemas podem ter um impacto razoável
no perfil de consumo total de energia da edificação.
Nesse sentido, foram simuladas as seguintes estratégias visando a redução do consumo de
energia dos sistemas de climatização:
P R O J E T O HEMORREDE SUSTENTÁVEL - H E M O P A
40
Estratégia 1 (EST_01): Modificação da temperatura de controle dos sistemas de
climatização de 23°C para 25°C: esta estratégia foi sugerida para mostrar o potencial
de redução, caso os usuários da edificação modifiquem o seu comportamento
quanto a definição da temperatura de controle do sistema de climatização. Esta
modificação só deve ser realizada nos setores em que a demanda de climatização
seja apenas para conforto térmico e não seja necessário controle de temperatura
para conservação do sangue e demais produtos manipulados no Hemocentro.
Estratégia 2 (EST_02): Retrofit dos sistemas unitários de climatização para
equipamentos com selo PROCEL A: esta ação visa mostrar o impacto da redução se
os equipamentos a serem instalados adotassem níveis de eficiência de
equipamentos etiquetados com selo PROCEL A (COP=3,3).
Estratégia 3(EST_03): retrofit no sistema central de água gelada com condensação a
água com a troca do resfriador com compressores para resfriador com compressores
centrífugos (COP=5,6).
Estratégia 4 (EST_04): aplicação das estratégias 2 e 3 para avaliação do retrofit de
todos os sistemas de climatização.
Estratégia 5 (EST_05): aplicação das estratégias 1 e 2 para avaliação do retrofit dos
sistemas de climatização unitários e a mudança no setpoint de controle da
temperatura ambiente.
Estratégia 6 (EST_06): aplicação das estratégias 1 e 3 para avaliação do retrofit do
sistema central e a mudança no setpoint de controle da temperatura ambiente.
Estratégia 7 (EST_07): aplicação das estratégias 1 e 4 para avaliação do retrofit de
todos os sistemas de climatização da edificação e a mudança no setpoint de controle
da temperatura ambiente.
Após a simulação de cada uma destas estratégias, podem-se verificar na Figura 34 as reduções
do consumo anual obtidas por cada estratégia e que podem ser comparadas com a situação
atual (REF).
Figura 34 - Potencial de redução das estratégias propostas.
Pode-se concluir que:
A estratégia EST_01 apresenta uma redução pequena e cuja implementação
demandaria uma conscientização por parte do usuário, podendo ser aplicada de
imediato. A combinação desta estratégia com as demais estratégias propostas
(EST_05, EST_06 e EST_07) promove uma redução adicional de consumo de energia
aos níveis atingidos pelas estratégias aplicadas isoladamente (EST_02 e EST_03);
A estratégia EST_02 implica em um investimento menor que a estratégia EST_03 e,
devido a sua menor contribuição na capacidade total de sistema de climatização,
promove uma menor redução no consumo total de energia da edificação.
2100
2150
2200
2250
2300
2350
2400
2450
2500
2550
2600
2650
REF EST_01 EST_02 EST_03 EST_04 EST_05 EST_06 EST_07
Co
nsu
mo
de
en
erg
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anu
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MW
h]
0,5%1,2%
11,0%11,7%
1,7%
11,6% 12,1%
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41
A estratégia EST_03 tem um impacto maior que a estratégia EST_02 e terá um custo
alto para sua implantação, devendo-se avaliar o retorno de investimento desta
estratégia para definir a sua implantação.
A estratégia EST_04 promove uma redução no consumo de energia pois combina o
retrofit dos dois tipos de sistemas de climatização, devendo-se avaliar o retorno de
investimento desta estratégia para definir a sua implantação.
4.5. Sistemas de Iluminação
A luz é um elemento indispensável em nossas vidas, sendo encarada de forma familiar e
natural.
Ao longo dos anos, as tecnologias que envolvem os sistemas de iluminação se desenvolveram
bastante, sendo que atualmente têm-se diversos tipos de equipamentos disponíveis para
diversas aplicações.
No campo da iluminação, sabe-se que a qualidade da luz é decisiva, tanto no que diz respeito
ao desempenho das atividades, como na influência que exerce no estado emocional e no bem-
estar das pessoas.
4.5.1. Integração com a Iluminação Natural
A luz natural possui grande importância nos ambientes, não apenas por possibilitar a economia
de energia, mas por proporcionar uma série de vantagens aos usuários:
Confere senso de especialidade.
Propicia vivacidade ao edifício.
Propicia um bom ambiente visual, por ser a melhor reprodutora de cores.
A presença de aberturas também é importante por possibilitar o contato visual com o exterior
e desta forma informar as condições adversas do mesmo.
É importante observar que, ao se falar em luz natural ou aproveitamento da iluminação
natural, faz-se referência apenas a luz natural difusa, sem a presença da radiação direta.
Desta forma, o uso de elementos externos nas fachadas é sempre recomendado, pois
propiciam proteção solar reduzindo a carga térmica interna, diminuindo o contraste de níveis
de iluminância internos e externos.
Os brises são vantajosos também, pois direcionam luz natural difusa para o interior do edifício.
Analisando a configuração espacial, orientação solar e os elementos externos de proteção dos
Edifícios do Hemocentro, nota-se potencial para o aproveitamento de iluminação natural nas
áreas periféricas do mesmo.
Durante a visita notou-se que, apesar do potencial para aproveitamento da iluminação natural
nas áreas periféricas, os ambientes apresentam acionamento inadequado das luminárias, pois
não existe segmentação de circuitos para as luminárias próximas às janelas.
Assim, diante do potencial para aproveitamento da iluminação natural, sugerem-se algumas
medidas para racionalização do sistema de iluminação artificial:
Segmentar o sistema elétrico das luminárias próximas às janelas e disponibilizar
interruptores para estas luminárias, permitindo que fiquem apagadas quando existir
iluminação natural suficiente.
Implantar sistemas de controle de iluminação com sensores de luminosidade e
reatores eletrônicos dimerizáveis nas luminárias próximas às janelas.
P R O J E T O HEMORREDE SUSTENTÁVEL - H E M O P A
42
Caso sejam adotados sensores de luminosidade e reatores eletrônicos dimerizáveis, o controle
da iluminação artificial deve ser automático e gradual, conforme os níveis de iluminância
provenientes da luz natural. Neste caso, o sistema de controle utiliza a iluminação natural
disponível, mantendo a iluminância requerida para cada atividade no plano de trabalho
constante.
Além dos sistemas de controle mencionados, estão disponíveis no mercado sistemas mais
complexos, que integram todos os recursos citados a um sistema de gerenciamento predial.
Esses sistemas permitem:
Controle automático dos horários de acionamento / desligamento.
Controle automático e individual das funções do ambiente.
Criação de cenários apropriados para diversas situações de uso do ambiente,
inclusive para economia de energia.
Facilidade de operação.
Controle dinâmico da iluminação.
4.5.2. Recomendações
A principal recomendação real para o novo projeto luminotécnico do edifício é evitar a
segmentação aleatória dos circuitos de iluminação, uma vez que esta atitude não favorece o
aproveitamento da iluminação natural (Figura 35).
Figura 35 - Divisão aleatória dos circuitos de iluminação.
Prosseguir na substituição gradativa do sistema de iluminação fluorescente atual
(40W) pelos sistemas que utilizam lâmpadas de 32 e 28 W.
Segmentar os circuitos em grupos menores de luminárias, principalmente em
ambientes amplos, dividindo-os por linhas de luminárias próximas e afastadas das
janelas e de forma a criar pequenos grupos independentes de trabalho.
Segmentar o sistema elétrico das luminárias próximas às janelas, permitindo que
estas fiquem apagadas quando os níveis de iluminância forem aceitáveis.
Disponibilizar aos usuários acesso aos interruptores a todas as salas que não o
possuem ou sistemas de controle de iluminação por meio de sensores de presença.
Alterar o layout das estações de trabalho de modo que as telas dos computadores
fiquem sempre que possível em posição lateral às janelas, evitando-se ofuscamentos
nestas áreas de trabalho, permitindo a utilização da iluminação natural.
Adotar programas para conscientização e educação dos funcionários sobre a
importância de se conservar energia e de que forma podem-se evitar desperdícios.
P R O J E T O HEMORREDE SUSTENTÁVEL - H E M O P A
43
4.6. Sistemas de Climatização
O HemoPA utiliza um sistema central de ar condicionado, com condensação a água, que
mantém praticamente todo o interior do edifício em 23°C. Nos laboratórios do 1º andar, pela
necessidade de manipulação de componentes sanguíneos, a temperatura de controle é
regulada para 19°C. Utiliza-se também um complemento com unidades independentes tipo
“split” em laboratórios que demandam uma temperatura diferenciada ou em salas não
atendidas pelo sistema central.
Nota-se, no entanto, que nas unidades tipo “split” não houve a preocupação em adquirir
somente equipamentos eficientes (selo A do PROCEL), deixando de explorar um potencial de
economia na maior carga existente no Hemocentro.
4.6.1. Recomendações
Mudança da temperatura de controle dos ambientes de 23°C para 25°C.
Retrofit do sistema central de ar condicionado.
Aquisição de novos equipamentos tipo split com selo A do Procel.
4.7. Sistemas de Refrigeração
Verificou-se no hemocentro a existência de diversas unidades de refrigeração com
temperaturas de controle variando de +6°C a -80°C com capacidades de armazenamento e de
consumo de energia também diversas. Estas unidades estão distribuídas pelos diversos setores
do Hemocentro.
Constatou-se também que a vida útil das unidades é bem diversa, sendo este, o uso final de
grande importância para o Hemocentro.
4.7.1. Recomendações
Manutenção preventiva dos sistemas e retrofit das unidades de resfriamento com vida útil
maior que 20 anos.
4.8. Sistemas Matrizes
Há mais de uma década os fabricantes de motores elétricos desenvolvem equipamentos mais
eficientes, de forma que, além de fabricarem motores do tipo padrão, apresenta também uma
linha de produtos denominada alto rendimento.
Aumentando os custos de fabricação, foi possível desenvolver equipamentos mais eficientes
(diminuindo as perdas no motor elétrico), de forma que, um motor de alto rendimento gasta
menos energia elétrica do que um motor do tipo padrão, para a mesma aplicação industrial,
desde que bem dimensionado à carga.
Desta forma, o custo adicional de aquisição é compensado pelo menor custo operacional,
sendo que, em muitos casos, o Tempo de Retorno do Investimento possui valor atrativo,
considerando que um motor pode durar mais de 12 anos.
A Figura 36 apresenta uma comparação entre motores do tipo padrão e alto rendimento.
Figura 36 - Comparação entre motores do tipo padrão e alto rendimento
P R O J E T O HEMORREDE SUSTENTÁVEL - H E M O P A
44
Uma das causas mais comuns de operação ineficiente é o superdimensionamento de motores
elétricos. Os motivos mais frequentes para essa ocorrência são:
Desconhecimento das características da carga.
Desconhecimento de métodos para dimensionamento adequado.
Expectativa de aumento de carga.
Não especificação de fator de serviço maior que 1 para motores que trabalham
esporadicamente sobrecarregados.
Aplicação de sucessivos fatores de segurança.
4.9. Motor de Alto Rendimento:
Os motores da linha de alto rendimento lançados no mercado interno pelos maiores
fabricantes nacionais de motores elétricos são, em média, 35 a 50 % mais caros que os da linha
padrão, fato este que deve ser considerado no estudo de viabilidade para a substituição de
tecnologias.
Estudos mostram que, quando comparado ao motor padrão, o motor de alto rendimento pode
apresentar um rendimento superior, da ordem de 2 a 6 %, sendo este aumento devido a menor
quantidade de perdas, para a mesma potência mecânica.
A decisão em se escolher motores mais caros com custos de operação mais baixos e motores
mais baratos com maior consumo de energia pode ser baseada em um critério financeiro de
retorno do capital. Este critério considera como principal parâmetro o número de horas por
ano de funcionamento do motor.
Porém, deve-se salientar que não existe vantagem nenhuma na utilização de um motor de alto
rendimento e acoplá-lo a um equipamento ineficiente ou trabalhar sob redimensionado,
provocando maiores gastos com energia, tendência está muito comum, propositalmente ou
por desconhecimento, sob a alegação de se manter uma potência reserva que poderia
aumentar a confiabilidade do acionamento.
Verificou-se no Hemocentro a existência de motores para acionamento de elevadores de
pessoas e monta-carga.
4.9.1. Recomendações
Substituição gradativa por motores de alto rendimento, corretamente
dimensionados.
Aquisição de equipamentos com motores de alto rendimento.
Realização permanente de serviços de manutenção.
Observação dos aspectos de qualidade de energia e das instalações elétricas para o
bom funcionamento dos motores.
4.10. Estudo Tarifário
A estrutura tarifária foi observada no edifício HemoPA. A partir da Resolução 414/2010 da
ANEEL e com o início da vigência do terceiro Ciclo de Revisão Tarifária Periódica (CRTP) para a
Centrais Elétricas do Pará - CELPA, em agosto de 2011, a estrutura tarifária de seus
consumidores sofreu algumas alterações em suas modalidades, explicadas a seguir.
GRUPO A
a) Tarifa Convencional
P R O J E T O HEMORREDE SUSTENTÁVEL - H E M O P A
45
Aplicada em unidades consumidoras atendidas em tensão inferior a 69kV e demanda
contratada menor que 300 kW. Entretanto, esta modalidade será gradualmente extinta ao
longo do terceiro CRTP, inicialmente para os consumidores com demanda contratada maior
ou igual a 150kW, que deverão optar por uma das modalidades horárias, azul ou verde, até o
final do primeiro ano de vigência do terceiro CRTP. Ao final deste Ciclo, os demais
consumidores também deverão optar por uma das modalidades horárias.
A modalidade tarifária convencional considera os seguintes critérios:
Demanda de potência [kW]: tarifa única sem distinção horária.
Consumo de energia [kWh]: tarifa única sem distinção horária.
b) Tarifa Horária Verde
Aplicada em unidades consumidoras atendidas em tensão inferior a 69kV, com demanda
contratada até 2.500kW. A modalidade tarifária horária verde considera os seguintes critérios:
Demanda de potência [kW]: tarifa única sem distinção horária.
Consumo de energia [kWh]: uma tarifa para o posto horário ponta; uma tarifa para o posto
horário fora de ponta.
c) Tarifa Horária Azul
Aplicada compulsoriamente às unidades consumidoras atendidas em tensão igual ou superior
a 69kV e opcionalmente para as demais unidades. A modalidade tarifária horária azul
considera os seguintes critérios:
Demanda [kW]: uma tarifa para o posto horário ponta; uma tarifa para o posto horário fora de
ponta.
Consumo de energia [kWh]: uma tarifa para o posto horário ponta; uma tarifa para o posto
horário fora de ponta.
GRUPO B
a) Tarifa Convencional
Aplicado de forma compulsória e automática às unidades consumidoras atendidas em tensão
inferior a 2,3kV, com tarifa que considera o seguinte critério:
Consumo de energia [kWh]: tarifa única, sem distinção horária.
b) Tarifa Branca
Aplicado conforme opção do consumidor, somente após a publicação da resolução específica
e considera o seguinte critério:
Consumo de energia [kWh]: uma tarifa para o posto horário de ponta, uma tarifa para o posto
horário intermediário e uma tarifa para o posto horário fora de ponta.
4.11. Avaliação
O HemoPA é alimentado em média tensão e a modalidade tarifária aplicada é a Horária Verde,
com demanda contratada de 550kW.
P R O J E T O HEMORREDE SUSTENTÁVEL - H E M O P A
46
O Gráfico 14 apresenta o consumo mensal de energia do HemoPA, obtido através das faturas
de energia, onde é possível observar que o consumo alterou pouco mês a mês.
Gráfico 14 - Consumo e demanda máxima mensais de energia do HEMOPA.
Observa-se também que as demandas máximas mensais registradas estão próximas da
demanda contratada e que não há registros de ultrapassagem de demanda maiores que os 5%
permitidos pela Resolução 414/2010 da ANEEL.
10.3. Recomendações
Manter o enquadramento tarifário e a demanda contratada atuais.
4.12. Qualidade de Energia Elétrica
Em todas as áreas, muito se discute sobre qualidade de energia elétrica.
Esta pode ser definida em função de quatro perturbações elétricas em um sinal de tensão ou
de corrente, em uma instalação elétrica:
Perturbações na amplitude da tensão.
Perturbações na frequência do sinal.
Desequilíbrios de tensão ou de corrente em sistemas trifásicos.
Perturbações na forma de onda do sinal.
Para a concessionária, é muito importante a ausência de variações de tensão, bem como de
desligamentos.
Para o consumidor, a qualidade de energia elétrica está relacionada à ausência relativa de
variações de tensão no ponto de entrega de energia.
Muitas vezes, as perturbações podem ser causadas pelo próprio consumidor, por meio da
utilização de equipamentos com tecnologia moderna ou por cargas não lineares, que possuem
funcionamento baseado em eletrônica de potência.
A partir da década de 90, com o aumento da utilização de equipamentos eletrônicos nos
setores residencial, comercial e industrial, a situação tornou-se ainda mais grave. Na medida
em que estes equipamentos exigem uma rede elétrica de boa qualidade para seu correto
funcionamento, também são os principais causadores de perturbações.
4.12.1. Perturbações elétricas
A variação na amplitude da tensão ocorre quando sobre um sinal senoidal produz-se:
Afundamentos ou elevações momentâneas de tensão.
Sobretensão e subtensão.
-
100,0
200,0
300,0
400,0
500,0
600,0
-
50.000
100.000
150.000
200.000
250.000
300.000
ou
t/1
2
no
v/1
2
de
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2
jan
/13
fev/
13
mar
/13
abr/
13
mai
/13
jun
/13
jul/
13
ago
/13
set/
13
ou
t/1
3
De
man
da
de
En
erg
ia [
kW]
Co
nsu
mo
de
En
erg
ia [
kWh
]
Consumo Demanda
P R O J E T O HEMORREDE SUSTENTÁVEL - H E M O P A
47
Interrupções de tensão.
Flutuações de tensão.
Cintilações.
Afundamentos de tensão, ou “sags”, são caracterizados por uma diminuição no valor da
amplitude, de forma brusca, entre 0,1 a 0,9 p.u., restabelecendo-se após um curto período de
tempo.
Em alguns países, tem-se buscado melhorar o fornecimento de energia, através de programas
essenciais para a redução do número e duração de interrupções sofridas pelos consumidores.
O tempo de afundamento de tensão está compreendido entre 0,5 e 30 ciclos e pode ser
ocasionado por elevações bruscas de corrente, seja por curto circuito, partida de motores de
grande porte ou comutação de cargas com elevada potência.
Equipamentos modernos utilizados em instalações industriais são extremamente sensíveis aos
afundamentos de tensão, uma vez que podem deixar de exercer corretamente suas funções.
As elevações momentâneas de tensão são de curta duração e apresentam um forte
amortecimento em sua forma de onda. São causadas pela comutação de bancos de
capacitores, conexões e desconexões de equipamentos, operação de retificadores
controlados, variadores de velocidade, atuação de dispositivos de proteção, descargas
atmosféricas, entre outros.
Para ser considerada elevação momentânea de tensão, o valor da sobretensão transitória, ou
“swell”, deve estar na faixa de 1,1 a 1,8 p.u.
Dentro de certos limites, os equipamentos de uso final podem suportar impulsos transitórios
de tensão, porém, dependendo da intensidade e quantidade dos eventos, sua vida útil pode
ser afetada.
Equipamentos com eletrônica de potência e fontes de alimentação de computadores são bem
mais sensíveis que o motor, podendo ser danificados em sua totalidade.
A sobretensão pode ser definida como sendo uma perturbação com valor eficaz superior ao
valor de tensão nominal (10%) e pode ser de curta ou longa duração.
Muitas vezes, as de curta duração possuem intensidade bem superior às de longa duração.
A sobretensão pode ocorrer devido à entrada em operação de grupos geradores ou rejeição
de cargas com elevada potência.
Já os desequilíbrios de tensão são produzidos devido à existência de diferenças significativas
entre valores eficazes das tensões ou correntes presentes em um sistema trifásico.
Geralmente, tal ocorrência pode ser devido à abertura de uma das fases do sistema de
alimentação trifásico, bem como cargas monofásicas desigualmente distribuídas.
Observa-se que a presença de tensões ligeiramente desbalanceadas pode provocar alterações
nas características de desempenho de equipamentos de uso final.
Por exemplo, para o motor elétrico, devido aos desequilíbrios de tensão, este pode sofrer
acréscimo das perdas e desequilíbrio das correntes de linha, redução dos valores de conjugado,
redução do rendimento e aumento dos níveis de ruído e vibração, podendo ser considerado
uma das causas da queima deste tipo de máquina.
Sendo assim, é importante a determinação do valor do Grau de Desequilíbrio de Tensão (GDT),
um dos fatores relacionados à qualidade da tensão da rede elétrica, fornecida pela
concessionária. Este valor não deve ser maior do que 1%.
Na prática, o grau de desequilíbrio de tensão pode ser calculado de acordo com a seguinte
equação:
P R O J E T O HEMORREDE SUSTENTÁVEL - H E M O P A
48
100. tensõesdas médioValor
tensõesdas médioValor - tensãoda valor Máximo tensãode rioDesequilíb
A Figura 11.1 apresenta as tensões medidas na saída do transformador. Os valores encontram-
se dentro dos limites permitidos.
Figura 37 - Correntes A, B e C medidas no circuito de alimentação das cargas essenciais do HemoPA.
No transformador do Hemocentro de Belém, determinou-se o valor do Grau de Desequilíbrio
de Tensão menor que 0,5%, de forma que se considera um sistema equilibrado.
A Figura 38 apresenta as correntes medidas no circuito que alimenta as cargas essenciais.
Verifica-se que a presença de cargas monofásicas não distribuídas uniformemente proporciona
um desequilíbrio nas correntes sem, no entanto, comprometer o equilíbrio das tensões.
Figura 38 - Correntes A, B e C medidas no circuito de alimentação das cargas essenciais do HemoPA.
4.12.2. Harmônicos
As perturbações ocasionadas por harmônicos tornaram-se importantes na década de 80,
quando se iniciou a substituição de equipamentos elétricos e eletromecânicos por
equipamentos eletrônicos.
As cargas chamadas lineares, como motores elétricos e iluminação incandescente, possuem
corrente proporcional a tensão, ou seja, senoidais, mesmo estando defasadas ou não, em
função de sua natureza: resistiva, indutiva ou capacitiva.
Nas cargas não lineares, essa proporcionalidade não existe, pois se pode conduzir corrente
durante apenas uma parte do ciclo, e mesmo que a tensão seja senoidal, a corrente não será.
205
210
215
220
225
230
235
240
11
:00
13
:00
15
:00
17
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19
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21
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23
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01
:00
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11
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15
:00
TEN
SÃO
[V
]
Vab(V) Vbc(V) Vca(V)
0
200
400
600
800
1000
1200
11
:00
13
:00
15
:00
17
:00
19
:00
21
:00
23
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01
:00
03
:00
05
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:00
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:00
11
:00
13
:00
15
:00
CO
RR
ENTE
[A
]
Ia(A) Ib(A) Ic(A)
P R O J E T O HEMORREDE SUSTENTÁVEL - H E M O P A
49
As correntes harmônicas são responsáveis por elevar a temperatura dos condutores, dos
rotores de motores elétricos, e também provocarem sobretensões em locais onde estão
instalados capacitores, através do efeito de ressonância.
Estas correntes geradas são somadas vetorialmente com as correntes originadas pelas cargas
residenciais, industriais, entre outras, que lentamente estão adquirindo valores significativos,
devido à utilização cada vez maior de equipamentos eletrônicos.
Chama-se ordem de um harmônico, um número inteiro obtido pelo quociente da frequência
desse harmônico, pela frequência do componente fundamental:
1f
fh h
Onde:
h = ordem harmônica.
fh = frequência harmônica de ordem h [Hz].
f1 = frequência da fundamental [Hz].
Os harmônicos podem ser classificados segundo a sua ordem e frequência conforme a Tabela
5.
Tabela 5 -Classificação dos harmônicos de acordo com sua ordem e frequência.
Ordem Frequência [Hz]
1 60
2 120
3 180
4 240
5 300
6 360
h h.60
A situação desejada seria aquela com a existência de somente o harmônico de ordem 1, com
60 Hz, chamado de fundamental.
Pode-se observar a existência de harmônicos de ordem ímpares, encontradas em instalações
elétricas em geral, e de ordem pares, encontradas somente em casos de assimetrias.
As sequências podem ser positivas, negativas ou nulas. No caso de motores elétricos, os
harmônicos de sequência positiva superiores a fundamental, tendem a girá-lo em velocidade
superior à nominal, provocando aquecimento devido à sobrecorrentes, reduzindo sua vida útil.
As de sequência negativa tendem a girá-lo no sentido inverso ao do campo girante provocado
pela fundamental, produzindo ação de frenagem, reduzindo o conjugado e provocando
também aquecimentos indesejáveis. Os harmônicos de sequência zero somam-se de forma
algébrica em circuitos com a presença de condutor neutro, provocando correntes elevadas,
algumas vezes superiores aos valores das correntes de fase.
Os harmônicos são expressos em termos de seu valor eficaz, pois o aquecimento produzido
pela onda distorcida está relacionado ao mesmo.
O desenvolvimento da eletrônica de potência trouxe novas possibilidades de utilização de
máquinas elétricas, sendo possível com essa tecnologia, controlar com precisão o fluxo de
energia elétrica, aumentando o desempenho eletromecânico de motores, tornando-se uma
opção eficiente em termos de conservação de energia.
Porém, os harmônicos gerados na tensão de alimentação, afetam a dinâmica de magnetização
do núcleo das máquinas, provocando o aumento das perdas magnéticas.
Harmônicos de quinta ordem produzem um conjugado de sentido oposto ao de rotação do
motor, reduzindo o conjugado resultante e a capacidade de acionamento da carga mecânica.
P R O J E T O HEMORREDE SUSTENTÁVEL - H E M O P A
50
Neste caso, ocorre um acréscimo na corrente de alimentação, podendo ocasionar a queima do
motor, uma vez que o aumento das perdas Joule no extrator provoca a estabilização da
temperatura em um valor superior à classe térmica do enrolamento.
A Figura 39 apresenta os valores dos harmônicos de tensão medidos na saída do
transformador. Valores encontram-se dentro dos limites permitidos.
Figura 39 - Medição de harmônicos de tensão na saída do transformador.
Neste caso, em nenhum momento os valores ultrapassaram 5%, de forma que o Hemocentro
não possui problemas de qualidade de energia relacionados aos harmônicos.
Os valores de fator de potência também foram verificados por meio das medições realizadas.
4.12.3. Fator de Potência
O Fator de Potência (FP) de um sistema elétrico qualquer, que está operando em corrente
alternada, é definido pela razão da potência real ou potência ativa pela potência total ou
potência aparente.
De acordo com a Resolução Normativa ANEEL 414/2010, que estabelece as condições gerais
de fornecimento de energia elétrica, o fator de potência da unidade consumidora, para efeito
de faturamento, deve ser verificado pela distribuidora por meio de medição permanente, de
forma obrigatória para clientes do Grupo A. De acordo com a Resolução, o fator de potência
de referência, indutivo ou capacitivo, tem como limite mínimo permitido, para as unidades
consumidoras, o valor de 0,92.
O HEMOPA possui um banco de capacitores de 40kVAr para corrigir o fator de potência de sua
instalação, mas verifica-se através das faturas de energia que ainda há um consumo excedente
de energia reativa.
4.12.4. Recomendações
Atentar para os desequilíbrios de corrente nos painéis elétricos do Hemocentro,
procurando sempre manter as correntes de fase equilibradas (melhor distribuição
de cargas).
Utilização de equipamentos eletrônicos com fator de potência dentro dos limites
normalizados (> 0,92).
Avaliação do dimensionamento do banco de capacitores existente.
Realizar manutenção adequada no banco de capacitores.
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
4,5
5,0
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:00
13
:00
15
:00
17
:00
19
:00
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13
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15
:00
DIS
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ÇÃ
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NSÃ
O [
%]
hVa hVb hVc
P R O J E T O HEMORREDE SUSTENTÁVEL - H E M O P A
51
4.13. Considerações Finais
As instalações do Hemocentro encontram-se em bom estado de conservação, sendo que
durante as visitas constatou-se a preocupação com a manutenção de painéis elétricos, bem
como de equipamentos em geral, mantendo-se um bom nível de atendimento aos usuários.
Foram realizadas 3 medições utilizando-se equipamentos analisadores de energia instalados
em pontos importantes do sistema elétrico do Hemocentro.
Foi possível também, desenvolver um modelo virtual da edificação utilizando-se o software de
simulação EnergyPlus, onde foram simuladas as seguintes estratégias visando a redução do
consumo de energia:
Estratégia 1: Modificação da temperatura de controle dos sistemas de climatização
de 23°C para 25°C.
Estratégia 2: Retrofit dos sistemas de climatização tipo split para equipamentos com
selo Procel A.
Estratégia 3: retrofit no sistema de climatização central com a troca do resfriador
com compressores para resfriador com compressores centrífugos.
Estratégia 4: aplicação das estratégias 2 e 3.
Estratégia 5: aplicação das estratégias 1 e 2.
Estratégia 6: aplicação das estratégias 1 e 3.
Estratégia 7: aplicação das estratégias 1 e 4.
Estratégia 8: retrofit do sistema de refrigeração com vida útil acima de 20 anos.
No tocante aos sistemas de iluminação, recomenda-se prosseguir a substituição gradativa do
sistema fluorescente atual (40W) pelos sistemas que utilizam lâmpadas de 32 e 28W.
Verificou-se também a necessidade de segmentar os circuitos em grupos menores de
luminárias, principalmente em ambientes amplos, bem como segmentar o sistema elétrico das
luminárias próximas às janelas permitindo que estas fiquem apagadas quando os níveis de
iluminância forem aceitáveis.
Quanto aos sistemas de climatização, recomenda-se que quando novas aquisições forem
realizadas, que o aspecto selo energético seja considerado e sejam adquiridos apenas
equipamentos nível A. Além disso, o retrofit dos compressores do sistema de resfriamento
central teria um impacto significativo no consumo total da edificação.
No tocante aos sistemas de refrigeração, recomenda-se a manutenção preventiva dos
equipamentos e o retrofit progressivo das unidades que tenham acima de 20 anos de vida útil.
Quanto ao estudo tarifário, atualmente o Hemocentro é tarifado em média tensão na
modalidade Horária Verde com demanda contratada de 550kW que são adequados ao seu
perfil de consumo. Recomenda-se manter essas condições de contrato.
Para os aspectos de qualidade de energia elétrica, recomenda-se atentar para os desequilíbrios
de corrente nos painéis elétricos, procurando sempre manter as correntes de fase equilibradas
(melhor distribuição de cargas). Recomenda-se também a utilização de equipamentos
eletrônicos com fator de potência dentro dos limites normalizados (> 0,92) e a avaliação do
dimensionamento do banco de capacitores para correção do fator de potência.
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52
5. AVALIAÇÃO BIOCLIMÁTICA DO EDIFÍCIO
A avaliação bioclimática do HemoPA foi desenvolvida por meio de coleta de dados relativos ao
clima local, visita in loco, e simulações computacionais com programas específicos para a
análise dos aspectos ambientais. Especificamente para as simulações computacionais, foram
utilizados três programas tanto para análise ambiental urbana quanto para a análise ambiental
de edifícios, são eles: ENVI-met 3.1, Autodesk ECOTECT Analysis 2011, e ANSYS (CFD).
Para as análises referentes à escala urbana da edificação em estudo, foi desenvolvido um
modelo computacional tridimensional no programa ENVI-met, representando as condições
ambientais características da cidade de Belém, a composição da superfície do solo, e as
características dos volumes edificados presentes no recorte do entorno imediato. Após a
definição do recorte urbano a ser simulado e construção do modelo, foram simulados os
aspectos de temperatura do ar, velocidade dos ventos, e umidade relativa do ar.
Para as análises de percursos aparente do sol, incidência de radiação e iluminação natural no
edifício, foi utilizado o programa ECOTECT Analysis. Desta forma, com base no levantamento
arquitetônico realizado, foi desenvolvido o modelo virtual do edifício para a verificação dos
níveis de radiação solar direta incidente das fachadas, dimensionamento das proteções solares
(verificação da eficiência dos elementos propostos), e verificação do potencial de
aproveitamento da iluminação natural em determinados ambientes. A verificação do potencial
de aproveitamento da iluminação natural se deu no âmbito da análise da Autonomia de Lux
do Dia – DA; que representa (em porcentagens de horas ao longo do ano) a manutenção de
um determinado nível de iluminação natural. A Figura 40 apresenta os resultados do modelo
computacional desenvolvido, onde o parâmetro analisado no software ECOTECT foi o percurso
aparente do sol.
5.1. Percurso Aparente do sol
A análise do percurso aparente do sol foi realizada com a utilização do software Autodesk
ECOTECT Analysis. Foram desenvolvidos dois cenários de análise: cenário atual, e cenário
considerando a implantação do Anexo II do HemoPA. No cenário atual (Figura 40 e Figura 41)
é possível identificar que o entorno existente possui pouca interferência em termos de geração
de sombras para o edifício do HemoPA – devido ser constituído de edificações de até 2
pavimentos.
Os resultados do cenário que considera a inserção do edifício “Anexo II” apontam que este
novo volume irá gerar sombras para a fachada sudeste do edifício existente durante a primeira
metade do dia (06:00h às 11:00h), com apresentado na Figura 40. Diante do fato de que as
proteções solares existentes na fachada sudeste do atual HemoPA já são dimensionadas de
forma generosa, o possível sombreamento extra – decorrente do espaçamento reduzido entre
volume a ser construído e o edifício existente – pode gerar problemas pela não exposição desse
espaço à incidência de sol e o consequente excesso de umidade nesta fachada.
Figura 40 – Análise de sombreamento do cenário atual.
P R O J E T O HEMORREDE SUSTENTÁVEL - H E M O P A
53
Fonte: ECOTECT Analysis – Autodesk.
Figura 41 – Análise de sombreamento do cenário com o Anexo II do HemoPA. Fonte: ECOTECT Analysis – Autodesk.
5.2. Iluminação Natural
A luz natural possui grande importância nos ambientes, não apenas por possibilitar a economia
de energia, mas por proporcionar uma série de vantagens aos usuários:
Confere senso de especialidade.
Propicia vivacidade ao edifício.
Propicia um bom ambiente visual, por ser a melhor reprodutora de cores.
A presença de aberturas também é importante por possibilitar o contato visual com o exterior
e desta forma informar as condições adversas do mesmo.
É importante observar que, ao se falar em luz natural ou aproveitamento da iluminação
natural, faz-se referência apenas à luz natural difusa, sem a presença da radiação direta.
Desta forma, o uso de elementos externos nas fachadas é sempre recomendado, pois
propiciam proteção solar reduzindo a carga térmica interna, diminuindo o contraste de níveis
de iluminâncias internos e externos.
Os brises são vantajosos também, pois direcionam luz natural difusa para o interior do edifício.
Analisando a configuração espacial, orientação solar e os elementos externos de proteção dos
edifícios do HemoPA, nota-se potencial para o aproveitamento de iluminação natural tanto
nas áreas periféricas das fachadas voltadas para o espaço externo, quanto dos ambientes
voltado para o átrio central do edifício.
No entanto, durante as visitas técnicas e medições in loco pode-se comprovar que alguns
fatores interferem no aproveitamento ideal da iluminação natural. Proteções solares
excessivas, revestimentos internos inadequados (cores escuras), e elementos que obstruem a
distribuição das iluminâncias no interior dos ambientes foram identificados (Figura 42 e Figura
43).
Figura 42 – Caixas, armários e comunicação visual interferem no aproveitamento ideal da iluminação natural.
P R O J E T O HEMORREDE SUSTENTÁVEL - H E M O P A
54
Figura 43 – Revestimentos internos com cores escuras reduzem o potencial de aproveitamento da iluminação natural.
Os resultados das medições realizadas in loco, nos ambientes-tipo analisados, identificam que
áreas com altos níveis de iluminâncias próximo as janelas, quando estas se encontram livres
de películas ou qualquer outro elemento de obstrução. A Figura 44 refere-se ao ambiente de
“recepção dos doadores”, exemplifica esse quadro apresentando o resultado das medições em
curvas isolux. Pode-se perceber, também, uma não uniformidade na distribuição dos níveis de
iluminação – fato que poderia ser melhor trabalhado com um projeto de iluminação que
integrasse a contribuição de iluminação natural com um sistema artificial mais adequado.
Figura 44 – Curvas isolux do ambiente “recepção dos doadores” – distribuição não uniforme da luz e o potencial de iluminação natural próximo às janelas.
5.3. Ventilação Natural
Por meio do levantamento das informações relativas à característica da ventilação natural,
como a velocidade, frequência de ocorrência, e orientação predominante no clima local (Figura
45 e Figura 46), foi traçado um diagnóstico das condições de incidência e potencial de
aproveitamento da ventilação natural no edifício do HemoPA.
Primeiramente identificou-se que as fachadas sudoeste e nordeste recebem a ventilação
predominante na cidade de Belém. Assim, buscou-se identificar a existência de elementos de
obstrução da incidência da ventilação natural nessas fachadas. Para tanto, dois cenários foram
considerados: cenário com o entorno atual, e cenário com a construção do Anexo II do
HemoPA.
P R O J E T O HEMORREDE SUSTENTÁVEL - H E M O P A
55
Os dois cenários foram simulados na extensão CFD do programa ANSYS – extensão utilizada
para a análise de escoamento de fluidos. No primeiro cenário (Figura 45), pode-se observar
que a atual configuração do entorno possui pouca influência na incidência do fluxo do ar nas
fachadas sudoeste e nordeste, uma vez que apresentam volumes com altura reduzida (até 6
metros aprox.). Quando a incidência do fluxo de ar for perpendicular à fachada sudeste, a zona
central da fachada do primeiro pavimento do HemoPA sofre com obstrução gerada pelas
edificações no entorno (Figura 47). No entanto, quando a direção do fluxo é perpendicular à
fachada noroeste pode-se perceber que ambas fachadas (nordeste e sudeste) recebem a
ventilação natural sem obstruções significativas (Figura 48)
Figura 45 – Incidência da ventilação predominante no HemoPA
Figura 46 – Destaca para o local de inserção do Anexo II (tracejado em vermelho) em relação aos ventos predominantes.
Os resultados do cenário que considera a inserção do Anexo II do HemoPA ao lado do edifício
existente indicam que o volume a ser construído irá interferir na incidência do fluxo de ar
principalmente na fachada sudeste. Considerando a passarela de ligação entre os dois edifícios,
a metade direita da fachada sudeste será a principal área onde ocorrerá sombra de vento
(Figura 47). Essa obstrução ocorre de forma significante quando a incidência do fluxo de ar é
perpendicular à fachada sudeste, interferindo no potencial da ventilação natural em todos os
pavimentos / ambientes localizados nesse trecho (Figura 48).
P R O J E T O HEMORREDE SUSTENTÁVEL - H E M O P A
56
Figura 47 – Escoamento do fluxo de ar visto em planta. Perpendicular à fachada sudeste (A), e
perpendicular à fachada nordeste (B).
Figura 48 – Sombra de vento gerada pela inserção do Anexo II do HemoPA em planta (A), e
em corte (B).
5.4. Análise do Círculo Bioclimático
Foi utilizado o Círculo Bioclimático como ferramenta de análise conjunta dos parâmetros
ambientais por orientação (Figura 49). Assim, esta ferramenta objetiva tornar legível em uma
única leitura as condicionantes ambientais significantes no local onde está implantado o
edifício do HemoPA – ruídos, insolação, ventilação, etc.
Assim, foi possível identificar que as fachadas N, NO, O, e SO, possuem grande incidência de
ruído vindo do tráfego de veículos, maior incidência de carga térmica (radiação solar), e
disponibilidade reduzida de aproveitamento da ventilação natural enquanto entrada de ar. O
oposto ocorre com as fachadas NE, L, e SE, sendo estas mais propícias para a localização de
ambientes de maior permanência, e que possibilitam o aproveitamento da ventilação natural.
O Círculo Bioclimático também auxilia na realização das simulações computacionais dos
parâmetros ambientais – servindo de guia para a elaboração de cenários e propostas de
diretrizes para a melhoria do desempenho do edifício.
Figura 49 – Círculo Bioclimático com os parâmetros ambientais analisados por orientação.
P R O J E T O HEMORREDE SUSTENTÁVEL - H E M O P A
57
5.5. Análise da Radiação Solar
Foram feitas simulações quanto à incidência de radiação solar no edifício em estudo com o
auxílio do programa ECOTECT Analysis. Dessa forma, pode-se identificar as áreas de maior e
menor incidência de radiação solar. Para esta análise, foram considerados dois cenários:
cenário atual, e cenário com a implantação do edifício Anexo II do HemoPA.
Dessa forma, verificou-se no cenário atual que os volumes do entorno e o edifício do HemoPA,
geram as maiores interferências (redução de carga térmica incidente) onde está localizada a
rua de serviço (Figura 50). Nesse trecho apresentou valores de W/h aproximadamente 50%
menor em relação a incidência total de radiação solar.
Figura 50 – Cenário atual da incidência de radiação solar no terreno do HemoPA.
Os resultados do cenário que considera a inserção do Anexo II do HemoPA apontam uma
redução maior na incidência da radiação solar no trecho da rua de serviço, entre os dois
volumes. Essa redução chega apenas 13% do total de radiação total incidente (Figura 51).
Somado a falta de circulação de ar nesta área (sombra de vento identificada no tópico
anterior), a pouca incidência de radiação solar pode gerar problemas relacionados ao excesso
de umidade (surgimento de mofo e proliferação de bactérias, etc.) - indesejáveis,
principalmente, em edifícios de saúde.
Figura 51 – Cenário com a implantação do Anexo II ao lado do edifício atual.
A análise da radiação solar também foi realizada sobre as fachadas do edifício do HemoPA
(Figura 51). Pode-se observar que as fachadas noroeste e sudoeste recebem grandes
P R O J E T O HEMORREDE SUSTENTÁVEL - H E M O P A
58
quantidades de carga térmica, principalmente por estarem expostas ao período de insolação
da tarde. A fachada noroeste possui sua maior exposição nos meses de maio à agosto,
enquanto que a fachada sudoeste possui maior período de exposição nos meses de novembro
à fevereiro. Destaca-se que a superfícies horizontais expostas são as que mais recebem a
incidência da radiação solar. Dessa forma, a cobertura do HemoPA deve possuir materiais
superficiais adequados ao clima e que proporcionem o melhor desempenho térmico do edifício
(Figura 52).
Figura 52 – Análise da incidência de radiação solar nas fachadas do HemoPA.
5.6. Análise da Eficiência dos Brises
A partir do modelo tridimensional desenvolvido no programa ECOTECT Analysis foram
realizadas análises da eficiência das proteções solares do edifício (principalmente brises e
marquises) em termos proteção da envoltória contra o excesso de radiação solar ou excesso
de sombreamento nas janelas. Novamente foram analisados dois cenários: cenário atual, e
cenário com a inserção do Anexo II do HemoPA.
As análises do cenário atual apontaram que as proteções solares existentes estão
dimensionadas de forma adequada na fachada sudeste e em parte da fachada noroeste. Ou
seja, o sistema de proteções impede a incidência excessiva da radiação solar sem bloquear
completamente o potencial de aproveitamento da luz natural com o sombreamento excessivo
(Figura 53).
As análises das máscaras de sombra da fachada sudeste, considerando o cenário com a
inserção do Anexo II de HemoPA, apontaram um excesso de sombreamento – tendo em vista
a soma do auto sombreamento feito pelo volume do edifício a ser construído, com o
sombreamento gerado pelas proteções solares existentes (Figura 54). Esse excesso de
sombreamento aliado aos fatores como alta temperatura e umidade do ar, além da reduzida
aeração naquele trecho pode contribuir para a proliferação de microrganismos indesejados e
para a redução do potencial de aproveitamento da ventilação/iluminação natural nos
ambientes voltados para esta fachada.
Figura 53 – Análise das máscaras de sombra no cenário atual do HemoPA.
P R O J E T O HEMORREDE SUSTENTÁVEL - H E M O P A
59
Figura 54 – Análise das máscaras de sombra no cenário com a inserção do Anexo II do HemoPA.
5.7. Análise dos questionários aplicados aos usuários
O método ideal para a aplicação de questionários para a Avaliação Pós-Ocupação é, segundo
Roméro e Ornstein (2003), verificar o universo de usuários do edifício em questão. Nesse caso,
a aplicação dos questionários se deu individualmente, a partir da escolha das salas tipo. Dessa
forma, o resultado passou a ser analisado particularmente em virtude da quantidade mínima
de usuários por ambiente analisado. Aponta-se que em cada ambiente analisado, pelo menos
dois usuários foram questionados sobre a qualidade ambiental daquele recinto. A
interpretação dos dados dos questionários permitiu concluir que os ambientes necessitam
principalmente de tratamento contra o ruído e para melhorar os níveis de iluminâncias.
As respostas obtidas na APO feita no estudo de caso são apresentadas do Gráfico 15 ao Gráfico
34, por meio do tratamento das informações coletadas dos questionários aplicados a 53
funcionários do edifício, ocupantes de ambientes representativos ou de grande uso.
Com relação aos parâmetros ambientais de Qualidade do Ar, 50% dos respondentes
consideram a qualidade do ar em seu ambiente de trabalho “ruim”, sendo nos ambientes do
andar térreo a maior concentração das queixas – considerado como ruim por 77% dos
respondentes. Destaca-se que nesse andar é onde estão localizadas as principais áreas de
coleta do sangue. Segundo os questionários, mais de 40% dos respondentes já tiveram alguma
doença respiratória que atribuem ao ambiente de trabalho.
Com relação às condições de iluminação, 44% dos respondentes indicaram que existem
problemas no sistema de iluminação artificial (seja pelo excesso ou por baixos níveis de
iluminâncias). Quanto a iluminação natural, mais de 53% dos funcionários gostaria de que seu
ambiente de trabalho fosse iluminado naturalmente, no entanto, o ambiente não permite
(28%) ou não possibilita (25%). O ruído também foi um aspecto negativo observado pelos
funcionários nos ambientes de trabalho, 46% responderam que a sala é “muito ruidosa”, e 26%
responderam que esse ruído interfere no desempenho do trabalho.
Outro destaque nas respostas dos funcionários aos aspectos ambientais foi com relação ao
conforto térmico nos ambientes de trabalho – 34% informaram que sentem desconforto para
o “quente” durante o verão, e durante o inverno esse percentual cai para apenas 9,62%. No
entanto, os ambientes serão condicionados artificialmente durante todo o ano (98% dos
funcionários utilizam o ar condicionado com frequência). Ou seja, estes resultados apontam
inconsistência nas respostas desse aspecto.
Considerando os aspectos relacionados à estrutura de apoio aos funcionários, 75%
responderam que existem problemas quanto a segurança contra roubos no edifício, e 53%
responderam que o refeitório dos funcionários não atende à demanda do edifício. Além disso,
mais de 59% dos funcionários informaram que não existe local adequado para repouso, e 57%
responderam que não existe área de lazer adequada. Estes aspectos são importantes para
justificar possíveis melhorias nos ambientes internos no que tange a humanização dos
ambientes.
O diagnóstico também elaborou uma série de questionários com os usuários dos principais
ambienteis do edifício. Após levantamento sensorial, e do preenchimento dos questionários
pelos funcionários, os dados podem ser compilados assim:
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60
Gráfico 15 – Qualidade do ar dos usuários
Gráfico 16 – Problemas respiratórios dos usuários
Gráfico 17 – Iluminação artificial dos ambientes
Gráfico 18 – Iluminação natural
Gráfico 19 – Ruído advindo dos outros ambientes
Gráfico 20 – Ruído dos ambientes
50
%
48
,08
%
1,9
2%
R U I M B O A N Ã O R E S P O N D E U
Q U A L I D A D E D O A R
11,5
4% 23,0
8%
5,77
%
55,7
7%
3,85
%
S I M - R A R A M E N T E S I M - A L G U M A S V E Z E S
S I M -F R E Q U E N T E M E N T E
N Ã O N Ã O R E S P O N D E U
P R O B L EM A R ES P I R A T Ó R I O D EV I D O A O A R
32
,69
%
55
,77
%
11
,54
%
E S C U R A A D E Q U A D A M U I T O C L A R A
I L U M I N A Ç Ã O A R T I F I C I A L
38
,46
%
1,9
2%
28
,85
%
25
%
5,7
7%
A D E Q U A D A E X C E S S I V A N Ã O E X I S T E -G O S T A R I A Q U E
E X I S T I S S E
N Ã O E X I S T E -A T I V I D A D E N Ã O
P O S S I B I L I T A
N Ã O R E S P O N D E U
I L U M I N A Ç Ã O N A T U R A L
44
,23
%
26
,92
%
26
,92
%
1,9
2%
S I M , M A S N Ã O I N T E R F E R E N O
T R A B A L H O
S I M , I N T E R F E R E N O T R A B A L H O
N Ã O N Ã O R E S P O N D E U
R U Í D O D E O U T R O S A M B I E N T E S
46,1
5%
46,1
5%
7,69
%
P O U C O M U I T O S I L E N C I O S O
R U Í D O N A S A L A
P R O J E T O HEMORREDE SUSTENTÁVEL - H E M O P A
61
Gráfico 21 – Ruído externo (rua)
Gráfico 22 – Ruído no ambiente interno
Gráfico 23 – Temperatura no verão
Gráfico 24 – Interferência do ruído interno
Gráfico 25 – Frequência do uso do ar-condicionado
Gráfico 26 – Frequência de uso – calefação
32
,69
%
26
,92
% 40
,38
%
S I M , M A S N Ã O I N T E R F E R E N O
T R A B A L H O
S I M , I N T E R F E R E N O T R A B A L H O
N Ã O
R U Í D O E X T E R N O
34
,62
%
9,6
2%
13
,46
%
40
,38
%
1,9
2%
S I M -E Q U I P A M E N T O S
D I V E R S O S
S I M - A R C O N D I C I O N A D O
S I M - C O L E G A S D E S A L A
N Ã O N Ã O R E S P O N D E U
R U Í D O I N T E R N O - I N T E R F E R Ê N C I A
34
,62
%
61
,54
%
1,9
2%
1,9
2%
D E S A G R A D Á V E L ( Q U E N T E )
A G R A D Á V E L D E S A G R A D Á V E L ( F R I O )
N Ã O R E S P O N D E U
T E M P E R A T U R A A M B I E N T E - V E R Ã O
34
,62
%
9,6
2%
13
,46
%
40
,38
%
1,9
2%
S I M -E Q U I P A M E N T O S
D I V E R S O S
S I M - A R C O N D I C I O N A D O
S I M - C O L E G A S D E S A L A
N Ã O N Ã O R E S P O N D E U
R U Í D O I N T E R N O - I N T E R F E R Ê N C I A
98
,08
%
0,0
0
0,0
0
1,9
2%
D U R A N T E T O D O O A N O
D U R A N T E P A R T E D O A N O ( V E R Ã O )
N U N C A N Ã O T E M A R C O N D I C I O N A D O N O
A M B I E N T E
F R E Q U Ê N C I A D E U S O - A R C O N D I C I O N A D O
9,6
2%
0,0
0
3,8
5%
67
,31
%
19
,23
%
D U R A N T E T O D O O A N O
D U R A N T E P A R T E D O A N O
( I N V E R N O )
N U N C A N Ã O T E M C A L E F A Ç Ã O N O
A M B I E N T E
N Ã O R E S P O N D E U
F R E Q U Ê N C I A D E U S O - C A L E F A Ç Ã O
P R O J E T O HEMORREDE SUSTENTÁVEL - H E M O P A
62
Gráfico 27 – Segurança contra acidentes
Gráfico 28 – Segurança contra roubos
Gráfico 29 – Qualidade do refeitório dos doadores
Gráfico 30 – Qualidade do refeitório dos funcionários
Gráfico 31 – Qualidade do repouso dos funcionários
Gráfico 32 – Qualidade das áreas de lazer
69
,23
%
30
,77
%
B O A R U I M
S E G U R A N Ç A C O N T R A A C I D E N T E S
19
,23
76
,92
3,8
5
B O A R U I M N Ã O R E S P O N D E U
S E G U R A N Ç A C O N T R A R O U B O S
59,6
2%
34,6
2%
5,77
%
A D E Q U A D O N Ã O A T E N D E A D E M A N D A
N Ã O R E S P O N D E U
R E F E I T Ó R I O D O S D O A D O R E S
36
,54
%
53
,85
%
9,6
2%
A D E Q U A D O N Ã O A T E N D E A D E M A N D A
N Ã O E X I S T E
R E F E I T Ó R I O D O S F U N C I O N Á R I O S
3,8
5%
26
,92
%
59
,62
%
9,6
2%
A D E Q U A D O I N A D E Q U A D O N Ã O E X I S T E N Ã O R E S P O N D E U
R E P O U S O D O S F U N C I O N Á R I O S
3,8
5%
28
,85
%
57
,69
%
7,6
9%
S U F I C I E N T E S I N S U F I C I E N T E S N Ã O E X I S T E M N Ã O R E S P O N D E U
Á R E A S D E L A Z E R
P R O J E T O HEMORREDE SUSTENTÁVEL - H E M O P A
63
Gráfico 33 – Acessibilidade ao edifício
Gráfico 34 – Acesso ao edifício em relação à cidade
Diante dos questionários desenvolvidos, foram listadas as seguintes recomendações:
• Adequação das bancadas de uso técnico.
• Instalação de mini copas para atender os funcionários.
• Ampliação dos jardins.
• Aproveitamento da luz natural nas salas.
• Espaço de descanso para os funcionários.
• Biblioteca.
• Espaço para pesquisa.
• Melhoria da segurança das instalações tanto para funcionários quanto para usuários.
• Modificar os pisos - pisos são muito escorregadios e perigosos para PNE.
• Banheiros mais adequados.
• Melhoria acústica dos ambientes.
• Rede bife para doadores.
• Ampliação da sala de coleta.
• Humanização da sala de coleta.
• Substituição da poltrona do doador.
• Utilização de cores mais vivas para os ambientes.
• Maior espaço físico e funcional para cada sala.
• Melhoria do espaço para almoxarifado.
5.8. Considerações específicas
O método de avaliação APO desenvolvido para este trabalho mostrou-se adequado para
aplicação em edificações singulares, como o objeto de estudo, tanto pelas características do
edifício em si, quanto pela necessidade de proporcionar respostas imediatas à administração
que gerencia o uso e a ocupação do HemoPA.
Assim, após a aplicação do método de trabalho obteve-se informações suficientes para gerar
as Diretrizes de Adequação Ambiental. As diretrizes geradas, por sua vez, serão transformadas
em proposições técnicas de projeto preliminar de arquitetura mantendo assim o foco na
melhoria da qualidade ambiental integrada do edifício: ambiência, conforto e eficiência
energética conjugadas num estudo sólido e prospectivo.
46
,15
%
44
,23
%
9,6
2%
A C E S S Í V E L P O U C O A C E S S Í V E L N Ã O R E S P O N D E U
A C E S S I B I L I D A D E
30
,77
%
9,6
2%
9,6
2%
26
,92
%
1,9
2%
A C E S S Í V E L P A R A T O D O S
P O U C O A C E S S Í V E L P A R A U S U Á R I O S D E
T R A N S P O R T E P Ú B L I C O
P O U C O A C E S S Í V E L P A R A U S U Á R I O S D E
T R A N S P O R T E P R I V A D O
P O U C O A C E S S Í V E L P A R A T O D O S
N Ã O R E S P O N D E U
A C E S S O - L O C A L I Z A Ç Ã O
P R O J E T O HEMORREDE SUSTENTÁVEL - H E M O P A
64
A partir da avaliação sensorial realizada foi possível perceber algumas inadequações dos
ambientes, como a elevada carga térmica em algumas orientações, pela excessiva exposição à
radiação solar; deficiência da luz natural, abaixo do recomendado para as atividades
desenvolvidas; e ambientes expostos a excessivos ruídos externos devido ao isolamento
insuficiente e equipamentos defasados. As visitas técnicas in loco reforçaram os registros da
avaliação sensorial, mostrando a valiosa contribuição da pesquisa com o usuário – fruto da
APO – para a requalificação ambiental do edifício. Nesse sentido, as intervenções nas fachadas
visarão também uma melhoria das condicionantes internas.
P R O J E T O HEMORREDE SUSTENTÁVEL - H E M O P A
65
6. DIRETRIZES DO ESTUDO PRELIMINAR
6.1. Introdução
A partir da consolidação de todas as análises das etapas anteriores, que consistem nos
Antecedentes (dados gerais da cidade, localização do edifício, plantas técnicas, condicionantes
bioclimáticos, dentre outros), na Avaliação Pós-Ocupação, no Retrofit e na Etiquetagem do
Nível Energético, foi possível definir as Diretrizes para Reabilitação Ambiental Sustentável, que
consiste principalmente em propor soluções de intervenção para as áreas específicas.
Na busca por soluções para o diagnóstico elaborado, foram selecionados exemplos para o
estudo de intervenção do HemoPA, agrupados em dez (10) Diretrizes para Reabilitação, criadas
a partir da junção de elementos de sustentabilidade e de humanização, sendo elas:
1. Inserção urbana: Praças, estar, feiras e abertura do edifício para a cidade.
2. Identidade e Comunicação Visual: Acessos, elementos da cultura local, elementos
de fachada, marquises.
3. Segurança: Controle nos acessos do edifício.
4. Acessibilidade: Rampas, escadas e plataformas elevatórias garantindo
acessibilidade universal.
5. Priorização do Pedestre: Melhorias das calçadas e humanização dos percursos.
6. Humanização: Revitalização e inserção de áreas verdes internas e externas ao
edifício, aumento das aberturas, tratamento de pisos e materiais, áreas de
convivência para funcionários.
7. Conforto Ambiental: Revitalização e inserção de áreas verdes internas e externas
ao edifício, aumento das aberturas, proteções solares (membrana).
8. Aproveitamento dos Recursos Naturais: Dispositivo para captação de ventilação
natural na cobertura, reaproveitamento das águas pluviais, placas fotovoltaicas.
9. Revitalização das Áreas Verdes: Áreas verdes internas e externas ao edifício.
10. Otimização dos Fluxos: Estudo adequado dos fluxos, humanização dos espaços
de doação.
6.2. Estudos de Repertório
Os estudos de repertório para a reabilitação do HemoPA incluem uma vasta gama de propostas
arquitetônicas, urbanísticas, baseadas em tecnologias atuais ou mesmo técnicas vernáculas e
ícones da cultura local como elementos que influenciam o projeto em questão.
Destaca-se a dimensão ambiental do estudo de repertório, que foi incorporada neste relatório
motivada pela complexidade que é projetar num contexto amazônico. No Hemocentro de
Belém, pretende-se modificar o impacto gerado pelo edifício a partir de elementos que
contribuam para a preservação do ambiente natural. Neste sentido, indica-se como possíveis
soluções intervenções que visem a purificação do ar, sobretudo no contexto de edifícios de
saúde. Assim, a principal diretriz deste estudo de repertório é o uso de dióxido de titânio, que
promove a fotossíntese artificial, alinhado a diretriz de redução da emissão dos gases do efeito
estufa na cobertura dos módulos sombreadores.
De modo didático, agrupamos as pesquisas de repertório em subgrupos, os quais serão
facilmente relacionados às ações projetuais. Cada um destes grupos foi pesquisado visando
atender às Diretrizes para Reabilitação Ambiental Sustentável, adotando como princípios
elementos utilizáveis no HemoPA.
6.2.1. Uso da ventilação natural
Foram destacados dois usos específicos para o aproveitamento da ventilação natural no
interior do edifício.
P R O J E T O HEMORREDE SUSTENTÁVEL - H E M O P A
66
1. Torre de Vento: As torres de vento são soluções adequadas para as trocas de ar no
ambiente interno, são adequadas para as casas de tijolos ou blocos, e muito utilizado
na arquitetura islâmica. Funcionam também quando não há brisa, pois a
temperatura no interior da torre é diferente do ar externo. O vento entra por um
lado da torre e sai pelo outro, sugando o ar quente interno do ambiente, fazendo
que o ar fresco entre por aberturas localizadas na parte inferior da edificação.
Figura 55 – Exemplo de Torre de Vento. Fonte: http://sustentarqui.com.br/dicas/importancia-da-ventilacao-natural-para-arquitetura-sustentavel/
2. Efeito Chaminé: O ar interno sai pelas aberturas mais altas e o ar externo
penetra pelas aberturas mais baixas. O fluxo será intenso quanto mais altas forem
as aberturas de saída.
Figura 56 – Efeito Venturi / Efeito Chaminé. Fonte: http://imoveis.sempreantenados.com/dicas/ventilacao-natural
6.2.2. Proteções Solares
Destacam-se exemplos soluções de projeto que amenizam as ações da carga térmica incidente
no edifício. Dentre as soluções, novos estudos de brises, marquises e membranas especiais que
criam uma pele dupla ao edifício.
P R O J E T O HEMORREDE SUSTENTÁVEL - H E M O P A
67
Figura 57 – Projeto: GSW highrise by Sauerbruch Hutton Fonte: http://architecture.mapolismagazin.com
Figura 58 – Projeto: Friedrichstrasse 40 Office Building / Petersen Architekten Fonte: http://archdaily.com
P R O J E T O HEMORREDE SUSTENTÁVEL - H E M O P A
68
6.2.3. Acessibilidade – Integração de Usos
A acessibilidade permite o direito de ir e vir de todos os usuários, sem interferências do espaço
construído. Desta forma, busca uma integração de usos a partir da utilização de escadas,
rampas, passeios cobertos, dentre outros espaços, sem que existam obstáculos de nenhuma
espécie para nenhuma incapacidade funcional. As Figura 59 e Figura 60 mostram o parque
criado a partir de um trilho elevado em Nova York. Aqui a vegetação foi utilizada num solo
artificial criado a 12m de altura. As Figura 62 e Figura 63 e mostram a mistura de rampa e
escada num mesmo conjunto, eliminando dessa forma a separação às vezes constrangedora
dos diferentes usuários.
Figura 59 – Parque linear elevado em Nova Iorque - High Line. Fonte: HIGUTI, André. The High Line Park. Disponível em: < http://arktetonix.com.br/2011/12/urbano-2-the-high-line-
park/>.
Figura 60 – High Line, NY - Novo uso para trilho de trem desativado. Fonte: HIGUTI, André. The High Line Park. Disponível em: < http://arktetonix.com.br/2011/12/urbano-2-the-high-line-
park/>.
Figura 61 – Praça em níveis e diferentes usos de vegetação. Fonte: Imagens diversas, Google Imagens, acessado em julho de 2014.
P R O J E T O HEMORREDE SUSTENTÁVEL - H E M O P A
69
Figura 62 –Usos de escada intercalada por rampa diagonal Fonte: Imagens diversas, Google Imagens, acessado em julho de 2014.
Figura 63 – Usos de escada intercalada por rampa diagonal. Fonte: Imagens diversas, Google Imagens, acessado em julho de 2014.
6.2.4. Materiais permeáveis
Os materiais permeáveis estão cada vez mais sendo utilizados nos espaços de pavimentação.
Seu uso indica que nessa área deve ser prevista a declividade necessária para que as águas
superficiais sejam coletadas e armazenadas se assim desejar (Figura 64).
Figura 64 – Piso integrado com vegetação. Fonte: Imagens diversas, Google Imagens, acessado em julho de 2014.
Figura 65 – Piso intertravado de formato não retilíneo. Fonte: Imagens diversas, Google Imagens, acessado em julho de 2014.
Figura 66 – Direita: Piso intertravado retangular; Esquerda: Esquema de sistema de drenagem. Fonte: Imagens diversas, Google Imagens, acessado em julho de 2014.
P R O J E T O HEMORREDE SUSTENTÁVEL - H E M O P A
70
6.2.5. Inovações Tecnológicas
Entre as inovações de interesse destacamos os materiais superficiais, especificamente, os que
podem ser utilizados nas paredes como forma de painéis.
Os painéis compostos de dióxido de titânio são responsáveis pela promoção da purificação do
ar, uma vez que a partir da radiação solar desempenham o papel das árvores quanto ao
processo de fotossíntese.
Figura 67 – Fachada de Hospital na Cidade do México, placas de dióxido de Titânio. Fonte: Imagens diversas, Google Imagens, acessado em julho de 2014.
Figura 68 – Detalhe dos módulos de dióxido de titânio Fonte: Imagens diversas, Google Imagens, acessado em julho de 2014.
Algumas estratégias de inovações tecnológicas são facilmente incorporadas ao edifício. Como
bons exemplos dessas estratégias têm-se sistemas fotovoltaicos e micro eólicos, conforme
apresentado nas Figura 66 e Figura 68.
Figura 69 – Sistema fotovoltaico maleável e seu uso em edificações. Fonte: Imagens diversas, Google Imagens, acessado em julho de 2014.
P R O J E T O HEMORREDE SUSTENTÁVEL - H E M O P A
71
Figura 70 – Células fotovoltaicas e seu uso em fachadas. Fonte: Imagens diversas, Google Imagens, acessado em julho de 2014.
Figura 71 – Geradores eólicos em cobertura de edifício. Fonte: Imagens diversas, Google Imagens, acessado em julho de 2014.
Figura 72 – Sistema eólico de fachadas e o aproveitamento dos ventos rápidos nas coberturas. Fonte: Imagens diversas, Google Imagens, acessado em julho de 2014.
Figura 73 – Painel de sistema eólico e estrutura com geradores eólicos. Fonte: Imagens diversas, Google Imagens, acessado em julho de 2014.
6.3. Diretrizes da Avaliação Ambiental Integrada
A Avaliação Ambiental Integrada que inclui a Avaliação Pós-Ocupação - APO, a Eficiência
Energética e o Retrofit, deu origem ao Diagnóstico consubstanciado dos elementos avaliados,
do qual foram extraídas Diretrizes pautadas na avaliação dos aspectos funcionais e
humanizadores avaliados in loco. Tendo como base essas Diretrizes, foram realizadas
propostas de intervenção para a Reabilitação Sustentável do HemoPA.
6.4. Diretrizes da APO
As análises da APO, com foco no conforto térmico efetuadas, bem como as ferramentas de
trabalho utilizadas na avaliação pós-ocupação buscaram coerência com o diagnóstico
energético, assim foi possível elaborar uma única proposta de projeto preliminar de
arquitetura que englobasse todas as definições propostas. De modo resumido, o foco do
projeto esteve nos seguintes eixos temáticos:
Protetores solares para as fachadas;
Desenvolvimento de módulos sombreadores para grande área pública descoberta;
Criação de jardins verticais para a proteção solar das paredes;
Taludes vegetados;
P R O J E T O HEMORREDE SUSTENTÁVEL - H E M O P A
72
Micro bacias de retenção de água, contribuindo com a drenagem natural
sustentável,
Abertura no bloco A, promovendo a ventilação natural; criação de espaço de
integração entre o Hospital Psiquiátrico e Hospital do Sangue, promovendo uma
interação saudável entre os usuários do edifício.
Da análise dos resultados da Avaliação Pós-Ocupação – APO são obtidas diretrizes gerais para
o edifício Hemocentro de Belém, que foram divididas nos aspectos térmico, luminoso, sonoro
e ambiental.
6.4.1. Térmico
Reduzir os ganhos de carga térmica pelas fachadas, com proteções solares
adequadas às orientações (estudos de ângulo de incidência solar)
Reduzir os ganhos de carga térmica através da cobertura (alteração de materiais,
vegetação, cores claras e alta capacidade refletora);
Promover o resfriamento evaporativo (água e/ou vegetação)
Buscar, sempre que possível, o aproveitamento da ventilação natural;
Buscar a uniformidade dos níveis de temperatura e umidade do ar nos ambientes
condicionados artificialmente por meio do Retrofit dos equipamentos atuais (que
estejam obsoletos ou defasados) tendo em vista os níveis de conforto estabelecidos
nas normas que regem o assunto;
Criar sombreamentos nas áreas comuns, reduzindo a carga térmica radiante das
superfícies externas.
6.4.2. Luminoso
Melhorar a uniformidade da iluminação artificial do edifício tendo em vista os valores
de iluminâncias estabelecidos para cada atividade na norma NBR 5413 -
Iluminâncias;
Melhorar a distribuição das luminárias (malha);
Buscar, sempre que possível, o correto aproveitamento da iluminação natural;
Utilizar vidros seletivos (luz visível, sem ofuscamento e calor);
Buscar a iluminação no plano de trabalho otimizando a qualidade da luz, e a
eficiência energética;
Estudar a integração com a iluminação artificial (acendimento paralelo à janela e
controle individualizado)
Garantir vista agradável para o exterior;
Implantar sistemas de automação da iluminação artificial, a fim de integrar o sistema
mecânico à luz natural.
6.4.3. Sonoro
Reduzir os níveis de ruído em ambientes críticos;
Tratar acusticamente os ambientes onde existe a interferência de ruídos indesejados
que cerceiem o desempenho de tarefas;
Reduzir os níveis de ruídos dos equipamentos externos;
Aumentar o fator de rugosidade do meio externo, a fim de recolher ruídos
indesejáveis, reduzindo o seu nível ao acessar o edifício.
6.4.4. Ambiental:
Integrar o edifício do Hemocentro aos hospitais vizinhos;
Criar ambientes de convivência;
Reabilitar espaços insalubres;
Implantar vegetação como elemento de requalificação ambiental e humanização;
Implantar micro bacias de contenção de água das chuvas, promovendo uma maior
eficiência à drenagem natural;
Tornar os espaços acessíveis (especificação de pisos, uso de rampas, etc.);
Tratar os espaços internos e externos do edifício visando à humanização e otimização
das atividades;
Garantir a ambiência urbana harmônica eliminando barreiras na forma de muros e
outros elementos opacos.
P R O J E T O HEMORREDE SUSTENTÁVEL - H E M O P A
73
6.5. Diretrizes da Etiquetagem da Envoltória
A partir da etiquetagem de eficiência energética da envoltória do edifício do HemoPA, que teve
desempenho “E”, gerou-se as seguintes diretrizes para atingir o nível A:
Cumprir os pré-requisitos para os fechamentos opacos das fachadas e cobertura para
ser nível A (transmitância e absortância das paredes e cobertura), quais sejam
superiores aos limites recomendados;
Para os demais edifícios, reduzir o percentual de abertura de Fachada (PAFT) por
meio de elementos sombreadores fixos e;
Substituir o tipo de vidro das esquadrias para um de melhor eficiência (fator solar
abaixo de 0,5).
6.6. Diretrizes do Retrofit Energético:
A partir do diagnóstico energético, gerou-se as seguintes diretrizes, separadas em três (03)
grupos:
6.6.1. Sistema de Iluminação Artificial
Retrofit da iluminação artificial utilizando sistemas mais eficientes;
Segmentar os circuitos em grupos menores de luminárias próximas às janelas;
Alterar o layout das estações de trabalho, para evitar o ofuscamento dos usuários;
Adotar programas para conscientização e educação dos funcionários.
6.6.2. Climatização e Refrigeração
Quando da aquisição de novos equipamentos, procurar aqueles com selo A do
Procel, tanto para climatização, quanto para refrigeração;
Realizar manutenções periódicas nos equipamentos, garantindo seu pleno
funcionamento;
Limpar os filtros dos condicionadores de ar;
Verificar a vedação das portas dos refrigeradores.
6.6.3. Sistemas Motrizes
Substituição gradativa por motores de alto rendimento;
Aquisição de equipamentos com motores de alto rendimento;
Realização permanente de serviços de manutenção;
Observação dos aspectos de qualidade de energia e das instalações elétricas para o
bom funcionamento dos motores.
P R O J E T O HEMORREDE SUSTENTÁVEL - H E M O P A
74
7. ESTUDO PRELIMINAR
As propostas de reabilitação arquitetônica para o HemoPA foram organizadas de diferentes
modos. Foram desenhados dispositivos bioclimáticos especiais que visam à incorporação de
novas estratégias ambientais para o edifício, promovendo um uso eficiente das energias
renováveis, assim como um aumento do nível de conforto ambiental.
Para o desenvolvimento correto do estudo preliminar, faz-se necessário realizar estudos
iniciais de todas as etapas que envolvam as Diretrizes para Reabilitação Ambiental Sustentável
do HemoPA. Desta forma, tomando como base Romero (2001), traçam-se como princípios
iniciais de desenho, três análises ambientais da edificação. São elas:
Características do Entorno: orientação (sol, ventos, som), continuidade da massa,
grau de adjacência/compacidade, altura do espaço cotado, condução dos ventos do
entorno imediato;
Características da Base: equilíbrio da radiação e luz natural, natureza dos elementos
superficiais, albedo (reflexão e absorção da radiação incidente), elementos
componentes do espaço público (coberturas, pavimentos, vegetação, mobiliário,
água);
Características da Superfície Fronteira: convexidade, continuidade da superfície,
grau de adjacência, porosidade, detalhes edificatórios que afetam as condições
externas, textura, propriedades físicas dos materiais, aberturas,
tensão/progressão/regressão da fachada, tipologia arquitetônica, cores,
transparência, opalescência, céu, número de lados do espaço, grau de confinamento.
Com estas características definidas, desenvolveu-se o estudo preliminar. Foram desenvolvidas
intervenções específicas, seguindo todo o diagnóstico realizado pela união dos Antecedentes,
Avaliação Pós-Ocupação, Retrofit e Etiquetagem do Nível Energético. Aliando este diagnóstico
com as dez (10) Diretrizes para Reabilitação Ambiental Sustentável, têm-se como intervenções:
1. Implantação
2. Aumento das aberturas
3. Esquadrias
4. Proteção Solar - Membrana
5. Recuo da Fachada
6. Marquises
7. Captação da ventilação natural
8. Cobertura
9. Recursos naturais
10. Otimização do fluxo do doador
O resultado destas intervenções pode ser observado na Figura 74, porém, será melhor
apresentado em cada um dos seus respectivos tópicos.
Vale ressaltar que todas as intervenções propostas foram desenvolvidas visando a melhoria do
edifício existente. Não foram propostas intervenções no novo bloco que será construído, tendo
em vista que durante o desenvolvimento do estudo preliminar, este novo edifício já estava em
processo licitatório, impossibilitando qualquer tipo de alteração na sua estrutura existente.
Figura 74 – Estudo preliminar da reabilitação arquitetônica do HemoPA - Proposta
P R O J E T O HEMORREDE SUSTENTÁVEL - H E M O P A
75
7.1. Implantação - Integração
Na Figura 75 encontramos a situação da implantação atual do HemoPA, demonstrando as
áreas de passeio, áreas edificadas, áreas de estacionamento e áreas verdes.
Figura 75 – Situação atual da implantação do HemoPA.
Iniciando com os estudos de implantação, percebe-se a evolução da proposta de acordo com
as necessidades, principalmente, de aperfeiçoamento da priorização do pedestre,
humanização dos espaços públicos, conforto ambiental e otimização dos fluxos. A evolução da
proposta pode ser observada nas Figura 76 e Figura 77.
Figura 76 – Croqui do estudo preliminar de implantação.
Figura 77 – Estudo Preliminar de implantação.
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76
Figura 78 – Perspectiva do estudo preliminar de implantação.
Estes estudos iniciais têm como fundamento as características entorno, base e superfície
fronteira para a definição das novas zonas de ocupação. Nota-se, como principais pontos de
intervenção:
1. Humanização do acesso principal e abertura para a comunidade, com o intuito de
aproximar o usuário do hemocentro ao público externo, optou-se pela humanização
do acesso principal e a retirada do gradil de proteção, criando um espaço público
que servirá de espaço de convivência entre todos os usuários e a comunidade local.
2. Humanização no acesso pela Rua dos Caripunas, proposto de acordo com os novos
estudos do fluxo do doador (ver capítulo 2).
3. Retirada do muro lateral para inserção de um gradil permeável, permitindo uma
maior inserção do edifício no meio urbano.
Nota-se, que por se tratar de uma implantação já estabelecida, não foram modificadas as áreas
de estacionamento existentes.
7.2. Aumento das aberturas
Com o intuito de melhorar a ventilação natural e a qualidade do ar nos espaços internos, foi
desenvolvido um estudo buscando aumentar o percentual de aberturas existentes nas
fachadas. Desta forma, utilizou-se o levantamento da etiquetagem do nível de eficiência
energética do edifício, verificando que pode-se aumentar em 8% o percentual de aberturas
(área de vidro) tanto na fachada oeste quanto nas demais fachadas sem alterar o nível de
eficiência energética da envoltória do edifício. No entanto, deve-se considerar e calcular o
percentual de redução da área translúcida com a inserção da membrana proposta.
Figura 79 – Análise do percentual de abertura buscando o nível máximo de etiquetagem do nível de eficiência energética do edifício.
7.3. Esquadrias
O estudo de esquadrias se deu a partir da análise e diagnóstico de todas as etapas anteriores
e simulações computacionais, principalmente visando o aproveitamento da ventilação natural.
A proposta teve como princípio a utilização de módulos, que pudessem ser repetidos em todo
o edifício, substituindo as esquadrias existentes. Os módulos teriam dimensões de
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aproximadamente 1,00 m x 1,70 m, com três janelas tipo basculante, possuindo abertura
individual de até 90° (Figura 80).
Figura 80 – Estudo de esquadrias (perspectiva).
Este estudo teve como prioridade promover a ventilação natural, para quando os
climatizadores de ar não estiverem em uso, será possível permitir o uso da ventilação para a
troca do ar, melhorando a qualidade do ambiente interno (Figura 81). As aberturas
independentes permitem uma adequada ventilação nos espaços internos.
Figura 81 – Estudo de ventilação de esquadrias (perspetiva).
Os materiais adotados seriam:
PVC: Isolamento térmico e acústico e facilidade de limpeza. Custo inicial elevado,
porém o custo de instalação e manutenção após 5 anos, supera os gastos de
esquadrias de Madeira e esquadrias de Alumínio. Além disso, possui pouca perda de
refrigeração entre ambientes internos e externos;
Vidro duplo: Isolamento térmico e acústico, aproveitamento máximo da luz natural
e controle da luminosidade.
Tela mosqueteira: Embutida na abertura da esquadria.
7.4. Proteção Solar - Membrana
A Membrana Têxtil é um sombreamento em estruturas leves, instaladas paralelamente às
fachadas do edifício. Recomenda-se o uso das membranas (Marca de referência: Soltis) de alto
desempenho térmico, uma vez que, segundo o fabricante, reduzem cerca de até 70% (setenta
por cento) da radiação solar direta, e permitem grande visibilidade do exterior por parte dos
usuários do edifício. Além disso, proporcionam o aproveitamento da iluminação natural nos
ambientes sem, por outro lado, permitir a entrada da alta incidência de radiação solar. Atuam,
portanto, como proteção e como um filtro de equilíbrio na relação do edifício com o clima. As
membranas também podem ser incorporadas às fachadas com uso de cores, trazendo o
componente lúdico ao projeto. Neste caso, recomenda-se o uso da tonalidade branca,
diminuindo reduzindo a incidência de carga térmica nas fachadas, e diminuindo os impactos
na estética da edificação, buscando manter sua identidade original.
As Membranas Têxteis são constituídas de perfis metálicos divididos em módulos retos,
compondo uma estrutura “ziguezague” na forma vertical por toda a extensão das fachadas
Noroeste e Sudeste (Figura 82).
Como especificação das membranas têxteis, sugere-se:
Soltis 86
Tecnologia: Précontraint
Peso: 380 g/m²
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78
Espessura: 0,43 mm
Largura: 177 ou 267 cm
Resistência à ruptura: 230/160 daN/5cm
Resistência ao rasgo: 45/20 daN
Figura 82 – Membrana Têxtil na fachada Sudeste.
a) Especificações Técnicas do Fabricante:
As membranas têxteis possuem características de flexibilidade (material leve aplicável às
edificações existentes sem necessidade de reforço estrutural), durabilidade (garantia no
mercado nacional de 5 anos), alta eficiência (proteção contra raios UV, possibilidade de
aproveitamento da ventilação e iluminação natural), além de ser 100% reciclável (atendendo
as demandas mundiais por sustentabilidade na construção). O material é impermeável à água,
resistente ao vento, com durabilidade testada em laboratório (ISO 9001 e ISO 14001)
(STAMISOL, 2001). Quanto à limpeza, o material é auto-limpante. Em determinados casos já
construídos, a limpeza ocorreu após 11 anos da aplicação da membrana (FERRARI, 2008)
Figura 83 - Especificações técnicas do fabricante da membrana têxtil.
Além disso, no Brasil, existem revendedores em todos os estados, disponibilizando o produto
e sua manutenção. Não havendo, portanto, impactos ambientais significativos relacionados ao
transporte (importação) do produto ao local de destino. A membrana foi desenvolvida para
ser aplicada em qualquer clima, possuindo uma garantia de 5 anos no Brasil, e caso seja
solicitado, poderão ser desenvolvidas análises específicas de resistência do material em testes
nos laboratórios do fornecedor.
b) Antecedentes de obras que já utilizam esse material:
O edifício sede do CONFEA, em Brasília, construído em 2010, utilizou o sistema de membrana
têxtil perfurada para criar um filtro entre o meio externo e os ambientes internos. Permite a
utilização da iluminação natural dos ambientes sem a incidência direta da radiação solar nas
superfícies envidraçadas. Além disso, o sistema de membrana compõe uma segunda pele à
envoltória do edifício, reduzindo o impacto calorífico e tornando o sistema de climatização
mais eficiente. A utilização da membra têxtil foi devidamente calculada, sendo considerado o
percentual de abertura (permeabilidade) do material.
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Figura 84 - Sede do CONFEA na cidade de Brasília. Fonte: www.vitruvios.com.br.
A arena Pantanal, na cidade de Cuiabá-MT, utiliza 25.300 m² de membrana têxtil perfurada em
sua fachada. A membrana atende as necessidades do projeto que prevê o aproveitamento da
ventilação natural das suas áreas internas e a máxima permeabilidade da estrutura visando
evitar o acúmulo de calor no local. O material é composto de 50% PVC e 50% de fibra têxtil,
sendo aplicada tecnologia anti-chamas.
Figura 85 - Arena Pantanal na cidade de Cuiabá. Fonte: www.brasil.gov.br
A nova Sede do Clube Curitibano, em Curitiba-PR, utiliza membrana têxtil micro-perfurada, na
cor branco gelo, visando o aproveitamento da ventilação natural e a adequação do edifício ao
processo de certificação ambiental – buscando a maior eficiência energética.
Figura 86 - Projeto da Sede do Clube Curitibano, na cidade de Curitiba. Fonte: www.revistaarqdesign.com.br
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80
7.5. Recuo da Fachada
Após a análise do diagnóstico, notou-se que a proximidade da construção do novo bloco irá
prejudicar a qualidade do ambiente interno de ambos os edifícios, tanto na ventilação quanto
na iluminação natural. Desta forma, buscou-se criar um recuo no limite interno do bloco
existente, criando grandes terraços que possibilitarão uma melhor ambiência na região entre
blocos, e uma melhoria nos espaços internos. Além disto, a criação destes terraços servirá
também como espaços de convivência para todos os funcionários, devendo inclusive receber
uma área para copa.
Na Figura 87 observa-se a área demarcada em que ocorrerá o recuo proposto. Vale ressaltar
que os primeiros módulos nas fachadas Nordeste e Sudoeste serão preservados, mantendo
com isto a identidade presente no edifício. Com um recuo de dois (02) metros, será possível
garantir que ocorra uma troca no ar existente a partir da ventilação natural, aproveitada ainda
pelo dispositivo de captação inserido na cobertura (Figura 87).
Figura 87 – Delimitação da área que receberá o recuo de dois (02) metros.
Além disto, o recuo proporcionará um terraço que servirá como espaço de convivência para os usuários, com áreas para copa. O pavimento térreo, por se tratar de um novo estudo do
fluxo do doador, receberá um recuo diferenciado, assim como o último pavimento, onde há a presença do auditório e do refeitório. Os demais pavimentos (1º e 2º Pavimentos) receberão
o mesmo tratamento de recuos, conforme observado da
Figura 88 a Figura 90.
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Figura 88 – Demarcação do recuo no 1º pavimento.
Figura 89 – Demarcação do recuo no 2º pavimento.
Figura 90 – Demarcação do recuo no 3º pavimento.
7.8. Marquises
Buscando criar uma nova identidade para o edifício, além de permitir uma melhoria na
humanização dos espaços de convívio público, optou-se pela modificação das marquises
existentes por uma proposta de sombreamento a partir do uso de membranas têxteis (Figura
91), conforme opção de intervenção adotada nas fachadas.
Área de recuo
Acesso ao
novo bloco
Área de recuo
Acesso ao
novo bloco
Área de recuo
Acesso ao
novo bloco
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Figura 91 – Nova proposta de marquises buscando a integração com a nova identidade da edificação.
7.9. Captação da ventilação natural
Proposta de intervenção com a aplicação de sistema de captação dos ventos predominantes
visando reduzir o impacto e a obstrução gerada pela inserção do novo prédio do HemoPA, a
partir da utilização de princípios bioclimáticos.
Figura 92 – Sistema de captação da ventilação natural.
Na Figura 92 é possível observar um estudo da simulação da ventilação natural, verificando
com isto a melhoria proporcionada pelo uso do dispositivo.
Figura 93 – Escoamento da ventilação natural no cenário com o uso do dispositivo proposto.
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83
7.10. Cobertura
Nas análises realizadas no edifício, foi possível identificar que grande parte da perda da
qualidade ambiental dos ambientes internos diz relação ao uso de materiais inadequados na
cobertura. Desta forma, foram propostos novos materiais nas coberturas de todos os blocos,
conforme observado na Figura 94.
Figura 94 – Área de cobertura analisada.
O uso de telhas termo acústicas promove uma redução da carga térmica e um conforto
acústico-ambiental nos ambientes internos. Essas telhas são fabricadas no sistema
“sanduíche”, ou seja, composição de telha + isolante + telha. O componente interno isolante,
pode ser fabricado em duas opções, sendo Poliestireno (EPS – Isopor) ou Poliuretano (PU).
7.11. Recursos naturais
O reaproveitamento de águas pluviais foi uma das tecnologias adotadas no HemoPA. Estende-
se além da importância do uso consciente da água, mas a partir de ações de economia a partir
do uso de aparelhos economizadores em banheiros e outras áreas molhadas, de reuso de
águas servidas e do aproveitamento eficiente da água das chuvas.
O sistema básico de aproveitamento de água da chuva prevê a captação para a recarga de
aquíferos em calhas do telhado, uma pré-filtragem na calha para impedir o acúmulo de
resíduos nos canos e conexões, a filtragem e o armazenamento final.
Além disto, foram propostos também na cobertura a utilização de placas fotovoltaicas, para o
armazenamento da energia solar em baterias e sua utilização em momentos de hora-pico da
energia elétrica, aumentando a eficiência energética da edificação.
7.13. Otimização do fluxo do doador
Para a área da coleta, foram pensados espaços amplos e integrados, conforme observado na
Figura 95. A iluminação e ventilação natural são contempladas como fatores essenciais para a
humanização de tais espaços. As esperas estão todas voltadas para grandes áreas verdes, tanto
internas quanto externas, permitindo visuais harmônicas e acolhedoras para os doadores.
Os fluxos foram pensados seguindo as recomendações do Guia para Elaboração de Projetos -
Hemoterapia e Hematologia do Ministério da Saúde. Além disto, conectadas com a área de
doação de sangue, foram contempladas áreas para a ouvidoria, serviço social e chefia, visando
também o atendimento ao doador. A área de descanso e a área de convivência externa são
essenciais para o conforto e bem-estar dos funcionários.
Todos os detalhamentos de projeto devem seguir as premissas de humanização de espaços de
saúde, visando o conforto visual, lumínico, sonoro e térmico do usuário.
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Figura 95 - Proposta para a área de coleta.
7.14. Paisagismo
A seleção das espécies a serem utilizadas no paisagismo da região amazônica deve passar pela
adaptação ao clima quente e úmido. Existe uma alta pluviosidade que se concentra nos meses
de dezembro a maio. No contexto urbano muitos jardins recebem a incidência solar direta
durante todo o dia, sem haver o filtro das copas das árvores, comuns nas florestas. Muitas
espécies consagradas no paisagismo no Brasil não seriam capazes de sobreviver neste
ambiente. Para áreas públicas dá-se prioridade há espécies com o ciclo de vida maior, ou seja,
espécies anuais ou bianuais devem ser descartadas. Os grandes polos produtores de mudas
amazônicas se encontram na região sudeste, e essa distância pode encarecer o preço do
projeto.
Figura 96 - Colônia de miritis na praça do Aeroporto de Belém. Fonte: Skycrapercity.com
Entre as espécies mais comumente utilizadas no paisagismo amazônico estão diversas espécies
de palmeiras (como o açaí e o buriti), bromélias, filodendros e diversas forrações (marantas e
calatéias). Também existe uma variedade de espécies que são de outras áreas do mundo de
clima quente e úmido e que já estão adaptadas às características locais.
Figura 97 - Paisagismo do Parque Mangal das Garças. Fonte:leonardomendonca.com.br/v01/ e www.flickr.com/photos
O paisagismo é uma especialidade da arquitetura e pode ser definido como a arte e técnica de
promover o projeto, planejamento, gestão e preservação de espaços livres. Recentemente
tem-se trabalhado com o conceito de paisagismo sustentável que consiste em buscar integrar
ao paisagismo as dimensões da sustentabilidade, ou seja, uso de plantas nativas, redução da
manutenção e atração de ave-fauna selvagem. A sustentabilidade significa o uso dos recursos
naturais de forma responsável e consciente, não prejudicando sua renovação pelas gerações
futuras, pois conscientizar as pessoas que o paisagismo serve para manter o equilíbrio do
ecossistema destruído pelo homem (Queiroz, 2013).
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85
7.15. Projeto Paisagístico para o HEMOPA
O objetivo principal do projeto paisagístico do HemoPA foi o de ampliar os olhares na
concepção do paisagismo sustentável no ambiente de trabalho humano. Buscou-se adotar
princípios da ecologia e a compreensão ambiental, pois é um meio que aumenta as relações
da sociedade e natureza, objetivando um ambiente urbano mais equilibrado.
A vegetação configura-se como um elemento da maior importância para o projeto paisagístico.
A forma, a cor e a textura das plantas são elementos da composição, equivalentes aos
materiais utilizados na construção civil, com a diferença que, na qualidade de material vivo, as
plantas têm uma evolução e exigências de conservação específicas.
A vegetação proposta para as áreas externas poderá conter palmeiras nativas da Amazônia
como o miritizeiro (Mauritia flexuosa) e o açaizeiro (Euterpeoleraceae). Para o jardim interno
e canteiros menores propõem-se palmeiras exóticas adaptadas ao clima local como as
palmeiras lacas (CyrtostachysLakka) e a licuála (Licualagrandis).
Figura 98 - Palmeiras para a área externa: miritizeiro e açaizeiro e para o jardim interno e canteiros menores: palmeira laca e licuala.
Como recomendação de espécies arbóreas existem aquelas com uma bela floração, servindo
como ponto focal: ipês (Tabebuia avellanedae) e a chuva de ouro (Lophanteralactescens). Para
o sombreamento do estacionamento recomenda-se o oiti (Licania tomentosa).
Figura 99 - Recomendação de espécies arbóreas para a área externa: ipês,chuva de ouro e oiti.
Quanto às espécies arbustivas usadas nos canteiros estão: agaves(Agaveaatenuata),
cavalinha-gigante (Equisetumgiganteum) e a ixóra (Ixora coccínea). Opatchouli
(Andropogonmuricatus)e a russélia (russelia-equisetiformis) pode ser usado em maciços, para
delimitar ou camuflar espaço. Todas as espécies vegetais apresentam uma estrutura foliar
rígida que, no conjunto, dialogando com a arquitetura moderno do edifício do HemoPA.
Figura 100 - Recomendação de espécies arbustivas para a área externa: agave, cavalinha, Ixora, patchouli e russélia.
Dentre as espécies vegetais de forração sugeridas, foram escolhidas aquelas que identificam a
paisagem amazônica, como: lírio da paz do Amazonas (Spathiphyllumcannaefolium);
filodendros (Philodendronmellinonii), marantas, calatéias e orquídeas epífitas. Elas serão
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86
utilizadas em áreas de sombreamento, como nos jardins internos do hemocentro e canteiros
menores.
Figura 101 - Recomendação de espécies forrageiraspara os jardins internos e canteiros menores: lírios, filodendros, marantas, calatéiase orquídeas epífitas.
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8. RESULTADOS FINAIS
Este capítulo apresenta as perspectivas do projeto de reabilitação do HemoPA, conforme observado entre a Figura 102 e Figura 107.
Figura 102 - Perspectiva externa, fachada principal.
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Figura 103 - Perspectiva externa - fachada lateral.
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89
Figura 104 - Perspectiva externa – vista aérea.
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90
Figura 105 - Perspectiva externa – vista lateral.
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91
Figura 106 - Perspectiva externa - acesso principal.
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92
Figura 107 - Perspectiva externa - fachada principal.
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93
9. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O objeto de pesquisa aplicada apresentado neste relatório é o receptáculo de grandes
intervenções arquiteturais e de infraestrutura. No entanto, a maior mudança que este estudo
deve proporcionar ao HemoPA representa uma mudança de paradigma, em que o ambiente
de trabalho e que cumpre uma função chave na rede pública de assistência à saúde possa
também ser um exemplo de edifício sustentável. Apresentamos, portanto, as premissas que
seguiram o partido do projeto de reabilitação do HemoPA.
Duas premissas básicas nortearam as intervenções no projeto existente para o HemoPA,
sustentabilidade e a humanização dos espaços.
Os aspectos de sustentabilidade foram pensados em diversos pontos. Primeiramente buscou-
se convidar a edificação para uma melhor inclusão na malha urbana. Uma escala transitória
com verde, rampa e abertura, transforma a rua em retalhos urbanos de estar e recepcionam
o transeunte pra uma integração.
Ao edifício, que apesar de novo tem sua concepção nascida na arquitetura brutalista brasileira,
buscou-se afirmá-la ao novo momento de espaço, tempo e função, aplicando o conceito de
Reabilitação Ambiental Sustentável. Com isso foi apresentado literalmente e simbolicamente
uma segunda pele a edificação permitindo assim uma nova identidade. A membrana amarela,
trabalhada em ângulos, parece pousar e decolar na fachada, como uma dança de pipas
amarelas beijando a brisa. Esta membrana além de ser uma eficiente aliada do controle solar,
é também uma alada fonte de rejuvenescimento. Como uma fênix, o novo prédio surge na
paisagem, novo mas portando a vivência da vida embutida.
Internamente, a humanização dos espaços foi o aspecto norteador, revitalizando com a
inserção de área verde, tratamento de piso e materiais e áreas de convivência para os
funcionários. O átrio que forma o jardim interno permite jorrar de luz natural todos os espaços
adjacentes, contagiando de descanso e tranquilidade todos que usufruem dessas áreas,
principalmente os doadores, permitindo uma sensação de um prazeroso bem estar,
importantes percepções que geralmente teimam ser ignorados em espaços de saúde. Essa
sensação de relaxamento e descontração, irradiados através do verde e da luz, busca ser o
cartão de visitas apresentado à sociedade bem como um convite para um breve retorno.
A otimização dos fluxos, sugerido através de estudos, também cooperam para a humanização
dos espaços como a doação. Fazem parte dessas melhorias e do conceito de reabilitação
ambiental sustentável, a plena acessibilidade, introduzindo assim rampas, escadas e
plataformas elevatórias que garantem a plena locomoção. Melhorias essas que não se limitam
apenas internamente à edificação, mas também externamente, com a humanização dos
percursos e calçadas repaginadas.
Além da revitalização e inserção de áreas verdes internas e externas a edificação, de aberturas
e consequente incremento de ventilação e luz natural, da proteção solar através da membrana,
outras estratégias foram utilizadas para um melhor aproveitamento dos recursos naturais. Foi
incluído ainda dispositivos para captação de ventilação natural na cobertura, placas
fotovoltaicas, além de um sistema de reaproveitamento das águas pluviais. Todos estes
elementos elevam a edificação para a responsabilidade e conscientização ambiental vitais e
obrigatórios do século vinte e um.
Busca-se assim com os novos Hemocentros aplicar um conceito de Reabilitação Ambiental
Sustentável, que produzam recomendações inovadores tendo em vista a otimização dos
espaços; eficiência energética do edifício; e redução dos impactos ambientais advindos desde
a implantação até a manutenção do edifício. Adotando novos conceitos de sustentabilidade
atualizados com inovação tecnológica, busca-se ainda fazer da rede Hemocentro uma
referência de equilíbrio ecológico e que contribua com a fidelização de usuários doadores
através da qualidade dos ambientes e da qualificação da força de trabalho
Para o alcance de alto nível de qualidade, o MS vem orientando a Hemorrede Pública Nacional
a buscar a Certificação dos seus serviços, como forma de garantir qualidade. Nisto consiste o
desafio: avançar nas questões de gestão da qualidade, permitindo a busca da excelência dos
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serviços e a garantia da segurança transfusional aos usuários do SUS. Para tanto, a
Coordenação Geral de Sangue e Hemoderivados do Ministério da Saúde, vem desenvolvendo
o Programa Nacional de Qualificação da Hemorrede– PNQH. O desenvolvimento deste
trabalho visa à melhoria contínua dos serviços, bem como a possibilidade de colaborar
efetivamente com o processo de certificação externa dos mesmos. O escopo deste projeto,
evidencia as ações a serem desenvolvidas junto a Hemorrede Pública Nacional com o objetivo
de ampliar e melhorar a cobertura hemoterápica e hematológica e garantir a segurança
transfusional à população usuária do Sistema Único de Saúde do estado do Pará.
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REFERÊNCIAS
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ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, Rio de Janeiro. NBR 15215-2:
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ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, Rio de Janeiro. NBR 5413: Iluminação
de Interiores. Rio de Janeiro, 1992.
ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 17094-1: MÁQUINAS ELÉTRICAS
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