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Ricardo Helman A expressão da mutação JAK2V617F em células endoteliais de pacientes com Síndrome Budd-Chiari e sua correlação com as doenças mieloproliferativas crônicas Ph negativo Tese apresentada ao Curso de Pós- Graduação da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo para obtenção do título de Doutor em Medicina SÃO PAULO 2016

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Ricardo Helman

A expressão da mutação JAK2V617F em células endoteliais de

pacientes com Síndrome Budd-Chiari e sua correlação com as

doenças mieloproliferativas crônicas Ph negativo

Tese apresentada ao Curso de Pós-Graduação da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo para obtenção do título de Doutor em Medicina

SÃO PAULO

2016

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Ricardo Helman

A expressão da mutação JAK2V617F em células endoteliais de

pacientes com Síndrome Budd-Chiari e sua correlação com as

doenças mieloproliferativas crônicas Ph negativo

Tese apresentada ao Curso de Pós-Graduação da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo para obtenção do título de Doutor em Medicina Área de Concentração: Ciências da Saúde Orientador: Prof. Dr. Carlos Sergio Chiattone

SÃO PAULO

2016

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FICHA CATALOGRÁFICA

Preparada pela Biblioteca Central da

Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo

Helman, Ricardo A expressão da mutação JAK2V617F em células endoteliais de pacientes com Síndrome Budd-Chiari e sua correlação com as doneças meiloprofilerativas crônicas Ph negativo./ Ricardo Helman. São Paulo, 2016.

Tese de Doutorado. Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo – Curso de Pós-Graduação em Ciências da Saúde.

Área de Concentração: Ciências da Saúde Orientador: Carlos Sérgio Chiattone 1. Síndrome de Budd-Chiari; 2. Mutação; 3. Janus quinase 2; 4.

Células endoteliais BC-FCMSCSP/18-16

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Dedicatória

DEDICATÓRIA

A meus pacientes, Delma e Claudio, que lutaram até o último minuto contra

uma doença cruel sempre com um sorriso no rosto.

À minha esposa, Luciana, sempre ao meu lado com muito carinho e amor.

Aos meus pais, Anita e Rafael, que sempre me apoiaram incondicionalmente.

Sou eternamente grato por tudo que fizeram por mim.

A minha irmã, Priscila, pela amizade e companheirismo, toda essa

caminhada.

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Agradecimentos

AGRADECIMENTOS

À Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de Misericórdia de São

Paulo – FCMSCSP – aonde iniciei minha jornada na medicina e aprendi a amar

cada tijolinho.

Ao Departamento de Hematologia, aonde me apaixonei por essa

especialidade vibrante, em que a cada ano o conhecimento parece multiplicar-se

numa velocidade difícil de imaginar. Local em que fiz amizades sinceras, Talita,

Sergio, João Paulo e Martucci, Edvan, vocês foram especiais nessa caminhada.

Às meus professores e mestres, que com muita dedicação e carinho, me

introduziram no mundo da Hematologia. Rodolfo, Vania, Cristina Bortolheiro, Sergio

Brasil, Carmem, Andreza, Fabio Kerbauy, obrigado por me apoiarem nessa jornada.

Aos meus amigos e colegas de trabalho, Fabio Pires, Tarcila, Iracema,

Guilherme, Breno, Morgani, Joyce, Claudia, Paulo, obrigado por fazermos parte

dessa equipe maravilhosa, aonde um sorriso e uma gargalhada sempre encerram

um dia difícil de trabalho.

Aos colegas médicos, biomédicos, enfermeiros, Isabel, Sandra, Michelli,

Renato Puga e Welbert, por ajudarem a criar o nosso Projeto LMA Brasil, que tornou

possível o sonho de concluir essa tese.

Agradecimento especial aos meus mestres, Carlos Chiattone e Nelson

Hamerschlak, que me inspiram diariamente, sempre lembrando que a medicina é

mais do que uma profissão, é um ofício.

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Abreviaturas

ABREVIATURAS

CE Células Endoteliais

DMPC Doença Mieloproliferativa Crônica

DNA Deoxyribonucleic acid

LMA Leucemia mielóide aguda

LMC Leucemia mielóide crônica

LMCA Leucemia mielóide crônica atípica

LMMC Leucemia mielomonocítica crônica

LNC Leucemia neutrofílica crônica

MF Mielofibrose primária

MS Mastocitose Sistêmica

N Normal

PBMCs Linfo-Monocelulares de Sangue Periférico

PCR Polymerase Chain Reaction

PV Policitemia Vera

SBC Síndrome de Budd-Chiari

SHE Síndrome hipereosinofílica

T Tumor

TE Trombocitemia essencial

VAF Variant Allele Frequence

VEGF Fator de crescimento endotelial vascular

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Sumário

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO…………………………………………………………...……........ 1 1.1. Doenças Mieloproliferativas Crônicas (DMPC) .......................................... 2 1.2. Mutação JAK2V617F.................................................................................. 4 1.3 Células Endoteliais (CE) ............................................................................. 7 1.4. Síndrome de Budd-Chiari (SBC) ................................................................ 8 1.5. Sequenciamento genético ......................................................................... 10 2. OBJETIVOS…………………………………………………………………........... 13 3. CASUÍSTICA E MÉTODOS …………………………………………...……........ 15 3.1. Critérios de Inclusão………………………………………………….............. 16 3.2. Critérios de Exclusão…………………………………………...……………… 17 3.3. Métodos - Coleta de Amostras…………………………………...…………… 17 3.3.1. Coleta de Amostras de Sangue e/ou Medula Óssea............................ 17 3.3.2 Coleta de DNA germinativo.................................................................... 17 3.3.3. Biópsia e Aspirado de Medula Óssea................................................... 18 3.4. Processamento das amostras..................................................................... 18 3.4.1. Separação de células mononucleares (PBMCs) ................................. 18 3.4.2. Protocolo de Hill EndoCult – cultura de células Endoteliais................. 19 3.4.3 Extração de DNA a partir de biópsia de pele e células endoteliais

utilizando kit DNeasy.............................................................................

19 3.4.4. Avaliação de quantidade e qualidade de DNA, RNA e Proteína.......... 20 3.4.5. Critérios de quantidade e qualidade para utilização da amostra.......... 20 3.4.6 Células endoteliais: seleção e quantificação......................................... 21 3.4.7. Pesquisa de mutação JAK2V617F nas CE.......................................... 21 3.4.8. Sequenciamento e Análise Bioinformática........................................... 21 4. RESULTADOS ……………………………………………………………………... 23 4.1. Cultura de Células Endoteliais ………………….......................................... 25 4.2. Sorting de células endoteliais..................................................................... 25 4.3. Sequenciamento de exoma........................................................................ 27 5. DISCUSSÃO ………………………………………………………………….......... 28 6. CONCLUSÕES ………………………………………………………………......... 35 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS……………………………………….......... 37

RESUMO …………………………………………………………………................ 44 APÊNDICE ....................................................................................................... 46

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1. INTRODUÇÃO

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Introdução

1.1. Doenças Mieloproliferativas Crônicas (DMPC)

As doenças Mieloproliferativas Crônicas (DMPC) Philadelphia-negativa

classicamente incluem a Policitemia Vera (PV), Trombocitemia Essencial (TE) e a

Mielofibrose primária (MF) sendo que esta entidade também pode originar-se da PV

e TE. As DMPC são neoplasias mielóides crônicas que surgem após uma célula

tronco hematopoiética sofrer uma transformação maligna1-3.

As manifestações clínicas destas doenças são variadas e incluem a

poliglobulia, trombocitose, leucocitose, citopenias, hematopoiese extramedular (ex.

esplenomegalia), aumento do risco trombótico e de transformação para Leucemia

Mielóide Aguda (LMA). A expectativa de vida dos pacientes com DMPC varia de 5-6

anos nos pacientes com MF para mais de 15 anos em pacientes com PV e TE. As

outras DMPC Philadelphia-negativa de importância clínica são: Mastocitose

Sistêmica (MS), Síndrome hipereosinofílica (SHE), Leucemia Neutrofílica Crônica

(LNC), a Leucemia Mielomonocítica Crônica (LMMC) e a Leucemia Mielóide Crônica

atípica (LMCA)4,5.

A primeira classificação das DMPC organizada pela Organização Mundial de

Saúde (OMS) foi realizada em 2001, sendo atualizada em 2008 e revista em 2015,

quando uma nova atualização da classificação foi proposta por Barbui e

colaboradores6. Nessa revisão os autores sugeriram que as mutações genéticas

específicas de cada uma das DMPC fossem incluidas como critérios diagnósticos,

além das alterações morfológicas que distinguem cada uma delas. Em relação à PV

a presença da mutação JAK2 permanece como um critério maior, associado aos

níveis diminuídos de eritropoetina, que permanece como o único critério menor, e é

usado para ajudar no diagnóstico dos caso JAK2 negativo. Em relação ao

diagnóstico de TE e MF, as mutações utilizadas como critério diagnóstico agora

incluem a CALR, JAK2 e MPL.

Em 1960 a Leucemia Mielóide Crônica (LMC) tornou-se o primeiro tipo de

câncer a estar associado com uma alteração genética específica (cromossomo

Philadelphia), que depois se comprovou estar relacionada a uma translocação

cromossômica t(9;22)7, esta descoberta tornou possível uma acurácia maior nos

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Introdução

testes diagnósticos, na descoberta de terapias alvo, o monitoramento molecular de

resposta terapêutica e a pesquisa de doença residual mínima. Recentemente a

descoberta da mutação JAK2V617F8,9 trouxe o mesmo desenvolvimento no

entendimento das DMPC.

Uma das principais causas de morbidade e de mortalidade nas DMPC

decorre da transformação para leucemias agudas, da falência medular e dos

eventos trombóticos arteriais e venosos. A fisiopatologia dos eventos trombóticos

depende dos seguintes fatores: idade dos pacientes, quantidade de células clonais,

aumento da atividade endotelial e mais recentemente da presença da mutação

JAK2V617F10.

Embora tenhamos vários estudos internacionais sobre incidência, prevalência

e evolução das DMPC, o conhecimento sobre a casuística brasileira ainda é muito

restrito, recentemente foi publicado um estudo comprovando que nossa coorte

apresenta os mesmos scores prognósticos e a mesma estratificação de risco que

grupos internacionais11.

Desde 2005, quando foi descrita a mutação JAK2V617F, em diante, mais de

20 mutações somáticas foram descritas nas DMPC. Outras mutações da JAK2, por

exemplo, a JAK2 exon12 foram descritas em pacientes com PV12. Na atualização da

classificação das DMPC de 2008, a pesquisa da mutação JAK2 foi adotada como

critério diagnóstico de PV. Na prática clínica a ausência da mutação JAK2 torna o

diagnóstico de PV improvável, porém a sua presença por si só, não permite a

distinção entre PV, TE e MF, sendo necessária a confirmação com biópsia de

medula óssea.

A atualização dos critérios diagnósticos proposta em 2015 leva em conta não

apenas a descoberta de novos marcadores moleculares, mas também a diminuição

dos níveis de hemoglobina e do hematócrito, assim como uma maior valorização da

morfologia da Medula Óssea, sendo este considerado um critério maior. Portanto se

faz necessário uma maior precisão das descrições histopatológicas focadas

principalmente na fibrose medular, principalmente nos casos de TE6.

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Introdução

Ao longo dos últimos 10 anos algumas mutações novas foram descritas em

pacientes portadores de DMPC, sendo as principais: Myeloproliferative Leukemia

Virus (MPL), TET oncogene Family member 2 (TET2), Additional Sex Combs-Like 1

(ASXL1), Casitas B-lineage lymphoma proto-oncogene (CBL), Isocitrate

dehydrogenase (IDH) e IKAROS Family zinc finger 1 (IKZF1), porém nenhuma delas

foi específica para DMPC ou foi encontrada em uma célula ancestral comum13.

1.2. Mutação JAK2V617F

A mutação JAK2V617F representa uma mutação somática da tirosina quinase

JAK2 no nucleotídeo 1849, do exon 14, resultando na substituição de uma valina por

uma fenilalanina no códon 61714. A mutação foi descrita inicialmente em neoplasias

mielóides, incluindo doenças mieloprolferativas atípicas e síndrome mielodisplásicas,

e em seguida foi descrita também em leucemias agudas15,16. A mutação de

JAK2V617F tornou-se o equivalente ao BCR-ABL com sua relevância na

patogênese e no diagnóstico destas doenças.

A tirosina quinase citoplasmática JAK2 é uma proteína crítica na sinalização

intracelular dos receptores para eritropoetina, trombopoetina, interleucina 3, fator

estimulante de granulócitos e fator estimulante de macrófagos17. A tirosina quinase

JAK2 é uma proteína vital na transmissão da sinalização da eritropoietina ao seu

receptor. Assim que ela se liga ao receptor no retículo endoplasmático, ocorre a

expressão das vias de sinalização da STAT5, RAS-MAPK e PI3K. Quando a

eritropoetina liga-se ao receptor, provoca-se uma alteração na forma deste, ativando

a sua fosforilação e ativação da JAK2, ativando a sinalização da cascata intracelular.

(Fig. 1).

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Introdução

Adaptado: Campbell, Green, 2006

4.

Figura 1: Papel da JAK2 na sinalização celular.

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Introdução

A mutação JAK2 explica muitas das alterações principais das DMPC, mas

assim como na LMC, as transformações malignas das DMPC derivam de aquisições

de mutações adicionais18. Já existem evidências de que mutações cooperativas

podem ocorrer em estágios iniciais das DMPC JAK2V617F, e podem eventualmente

preceder a mutação JAK2, sendo a deleção do braço 20q a mais prevalente

podendo estar presente em até 10% dos pacientes.

Quando a mutação V617F está presente em homozigose há uma maior

expressão de proteínas quando comparado com a heterozigose. Essa alteração

reflete um aumento na sinalização mediada pelo dobro da dose da V617F, com a

perda da inibição do alelo selvagem. A homozigose está presente em cerca de 30%

dos pacientes com PV14.

A alta prevalência da mutação JAKV617F na população de pacientes com

DMPC, chegando a 90% dos pacientes com PV, já foi confirmada em coortes de

pacientes brasileiros, que apresentam taxas da mutação muito semelhantes ao resto

do mundo19,20.

O risco de trombose associada a mutação JAK2V617F já está bem definido a

muito tempo, principalmente nos paciente com PV e TE, sendo que 2 meta análises

independentes já foram publicadas recentemente21,22. Na meta análise publicada por

Ziakas, incluindo 2905 pacientes com TE, a mutação JAK2V617F foi relacionada

com tromboses tanto arteriais quanto venosas, assim como na meta análise

publicada por Dahabreh que comparou o risco de trombose em pacientes com

mutação e pacientes com o alelo selvagem. Embora o risco de trombose em

pacientes com TE seja elevado, o mesmo não se pode dizer em relação a PV. Em

um estudo prospectivo de Vannucchi23, apenas os pacientes com carga alélica da

mutação acima de 75% apresentaram risco de trombose aumentado. Nos estudos

retrospectivos de pacientes com TE e PV que evoluíram com episódios trombóticos,

apenas os pacientes que tinham uma carga alélica da mutação JAK2V617F com

valores superiores há 50% tiveram eventos trombóticos24.

O risco de tromboses intra-abdominais em pacientes com DMPC,

especialmente portadores de PV, é conhecido a mais de 10 anos25. Todavia alguns

indivíduos com contagens sanguíneas normais e sem evidência de doenças

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Introdução

hematológicas cursam com tromboses e podem apresentar a mutação JAK2V617F

em até 30% dos casos26. Alguns autores acreditam que esta tendência trombótica

associada com mutação preceda o desenvolvimento de alguma DMPC27.

A presença da mutação da tirosina-quinase JAK2V617F em pacientes com

PV aumenta a expressão de Lu/BCAM, que são proteínas de ativação endotelial que

podem estar associados ao maior risco de trombose, embora esta associação ainda

não tenha sido replicada em outros estudos28.

Nos pacientes com TE a presença da mutação JAK2 também é relacionada

com risco aumentado de tromboses cerebrais e mesentéricas, com um risco relativo

de 3,83% nos pacientes abaixo de 60 anos comparados com pacientes com TE e a

proteína selvagem29.

Alterações na carga alélica da mutação pode estar relacionado ao maior risco

de trombose, sendo que pacientes que apresentam uma carga alélica da mutação

superior a 20% podem apresentar um risco aumentado de trombose em geral30.

1.3. Células Endoteliais (CE)

Durante o desenvolvimento dos mamíferos, uma célula de origem comum na

formação das células hematopoiéticas e das células endoteliais (CE) foi identificada

e denominada de hemangioblasto; está presente em indivíduos adultos, embora o

seu papel na hematopoiese normal ou na patogênese de doenças mielóides ainda

seja desconhecida31. As células progenitoras endoteliais, via de regra encontram-se

na medula óssea e na circulação sanguínea periférica. Apresentam um papel

importante na vasculogênese e na homeostasia vascular. Várias questões ainda

estão abertas na literatura em relação a sua principal função e quais são os seus

principais marcadores de membrana32.

As pesquisas envolvendo CE são dificultadas por vários fatores, entre eles: a

dificuldade de se separar esta linhagem celular de linhagem de linfócitos e

monócitos, a escolha adequada dos marcadores de membrana celulares e a falta de

protocolos específico de painéis de imunofenotipagem33. Vários protocolos foram

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Introdução

publicados até o momento, sendo que o mais adequado parece ser o descrito por

Ozdogu e colaboradores34.

A intrínseca ligação entre as CE e as células tronco hematopoiética, levou

alguns pesquisadores a procurar as CE em diferentes doenças oncológicas,

principalmente as onco-hematológicas. Finalmente foram descritos séries de casos

que demonstraram CE circulantes em doenças como Leucemias agudas e crônicas,

Mieloma Múltiplo, Síndrome Mielo-displásicas, além das doenças inflamatórias

crônicas35-39.

A origem comum de CE células de linhagem hematopoiética estimulou a

pesquisa e em seguida a identificação da mutação JAK2V617F nestas CE40,41.

Alguns autores sugerem que a disfunção das CE pode contribuir para o estado de

hiper coagulabilidade associado à PV, aumentando tônus vascular e diminuindo a

liberação de óxido nítrico, culminando com eventos trombóticos mesentéricas42. Hoje

sabemos que alguns pacientes com SBC e outras tromboses apresentam a mutação

JAK2V617F em suas CE.

Além da hipótese de que CE e as células tronco hematopoiéticas possam ter

a mesma origem embrionária, alguns autores sugerem que a maior parte do pool de

células tronco hematopoiéticas estejam localizadas adjacentes aos sinusóides

endoteliais dentro da Medula Óssea, e que estas CE sejam responsáveis pela

manutenção deste pool de células tronco através da liberação de citoquinas43.

O papel das CE na patogênese das DMPC ainda não foi totalmente

elucidado, alguns autores descreveram a presença da mutação JAK2V617F em

células formadoras de colônia endoteliais isoladas de sangue periférico em

pacientes com DMPC44.

1.4. Síndrome de Budd-Chiari (SBC)

A SBC primária é caracterizada por tromboses das veias hepáticas e supra-

hepáticas até a veia cava inferior, resultando na obstrução do fluxo venoso hepático.

Em conjunto com a Trombose de Veia Porta, essas duas alterações são conhecidas

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Introdução

como Tromboses Esplâncnicas45. A Trombose de Veia Porta também está

relacionada com a vasculatura hepática, que frequentemente está relacionada com

fatores locais, como cirrose e neoplasias. Na ausência de cirrose hepática ou

neoplasias, as tromboses da veia Porta é menos frequentemente encontrada, sendo

a sua etiologia semelhante a SBC46. Esta definição da SBC exclui a Síndrome

Obstrução Sinusoidal e as obstruções hepáticas secundárias à insuficiência

Cardíaca Direita. A SBC é uma entidade rara e potencialmente fatal, a sua

prevalência é influenciada por diferenças geográficas. No Ocidente a incidência de

SBC é de um caso para cada 2,5 milhões de pessoas e sua etiologia está mais

relacionada ao uso de anticoncepcionais orais e com DMPC47.

Independente da causa da obstrução do fluxo venoso, o aumento da pressão

sinusoidal e da hipertensão portal acabam resultando em congestão venosa e

lesões isquêmicas dos hepatócitos que estão cercados pelos sinusóides hepáticos.

Se as alterações de pressão não forem rapidamente revertidas, pode-se resultar em

regeneração nodular, fibrose e inclusive cirrose48.

As principais manifestações clínicas variam desde insuficiência hepática,

ascite, varizes esofágicas até em casos de pacientes assintomáticos. A tríade

clássica de diagnóstico inclui dor abdominal, ascite e hepatomegalia. Podendo

evoluir com curso fulminante, agudo, subagudo ou crônico49.

Com o avanço das técnicas de radiologia, principalmente com a utilização da

angio ressonância e angio tomografias de alta resolução as taxas de diagnóstico das

tromboses esplâncnicas aumentaram sensivelmente nos últimos anos. O ultrassom

com doppler é o exame de escolha para detecção de trombose hepática e de veia

porta que evoluem com ascite, esplenomegalia e alterações do parênquima

hepático, enquanto a angio ressonância e angio tomografia contrastada são melhor

indicadas para avaliar tromboses mesentéricas. Os procedimentos de angiografia

com cateterização arteriovenosa ficam cada vez mais restritos aos procedimentos

terapêuticos49.

Dentre as principais etiologias das tromboses esplâncnicas estão as doenças

trombóticas, conhecidas como Trombofilias, sendo as mais prevalentes: a mutação

do fator V Leiden, mutação Protrombina G20210A, deficiência Proteína C e S,

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Introdução

deficiência anti-trombina III, anticorpos anti-fosfolípide, hiper homocisteinemia,

Hemoglobinúria Paroxística Noturna. As doenças inflamatórias crônicas como

Doença de Behcet e Sarcoidose, além do uso dos contraceptivos orais e da

gestação. As DMPC são responsáveis por cerca de 39% dos casos, sendo que 46%

dos pacientes apresentam múltiplos fatores de risco50,51.

A mutação JAK2V617F isoladamente já mostrou ser um fator de risco

importante para tromboses mesentéricas, embora a sua fisiopatologia ainda não

tenha sido definida52.

1.5. Sequenciamento genético

O Sequenciamento do genoma ou do exoma está cada vez mais acessível na

prática clínica, milhares de exames estão sendo oferecidos para os pacientes para

ajudar no diagnóstico de doenças raras, clinicamente irreconhecíveis ou agrupando

doenças suspeitas de terem uma origem genética. O fato de podermos identificar

mutações de cerca de 20.000 genes ao mesmo tempo torna essa metodologia uma

arma poderosa e efetiva como método diagnóstico.

Independentemente da metodologia utilizada, o sequenciamento começa com

a extração do DNA de leucócitos, seguido da fragmentação deste DNA em

fragmentos pequenos, cujas sequencias de bases nitrogenadas são determinadas

de acordo com alguma das várias técnicas de sequenciamento utilizadas.

Basicamente os fragmentos de bases, que representam nucleotídeos de DNA são

alinhados com posições específicas do genoma humano de referência e analisados

por programas de computadores. As similaridades e diferenças entre as sequencias

dos pacientes e o genoma de referência são tabuladas e determinadas à

especificidade do genótipo e cada posição do exoma ou do genoma é

determinado53.

O sequenciamento de alta resolução é mais útil na detecção de substituições

de um único nucleotídeo, sejam inserções ou deleções de até 8 a 10 nucleotídeos

ou até mesmo menores. A Figura 1 representa resumidamente as etapas de

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Introdução

sequenciamento de exoma.

Os resultados do sequenciamento variam de acordo com a clínica do

paciente, sendo que em alguns casos uma única alteração genética pode estar

associada com a doença estuda, sendo que em outros casos vários genes

candidatos são identificados, mas devem ser cuidadosamente analisados pelos

clínicos dos pacientes, sendo que em várias ocasiões nenhuma variável plausível é

identificada.

O uso do sequenciamento de segunda geração tem sido cada vez mais

utilizado nas pesquisas em doenças malignas, principalmente nas doenças

mielóides. Em coortes pacientes com síndrome mielo displásica o sequenciamento

de genoma já ajudou na identificação de mutações implicadas em splicing de RNA,

modificações de DNA, regulação de cromatina e sinalização celular. No estudo de

Papaemmanuil e colaboradores54 738 pacientes tiveram seu genoma sequenciado e

111 genes relacionados a doenças mielóides foram identificados. Pelo menos 78%

dos pacientes apresentaram pelo menos um onco gene mutado, sendo que alguns

pacientes apresentaram mutações em genes de splicing de RNA (SF3B1, U2AF1,

SRSF2, ZRSR2) que podem ser consideradas mutações pré-malignas.

Nos estudos recentes de leucemias mielóides agudas as técnicas de

sequenciamento de genoma e principalmente de exoma, tem sido muito utilizadas

na identificação de mutações novas, principalmente em genes modificadores

epigenéticos, ajudando a elucidar a fisiopatologia e possivelmente ajudar na

descoberta de novos alvos terapêuticos55.

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Introdução

Fonte: Biesecker, Green, 2014

53

Figura2: Sequenciamento do Exoma.

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2. OBJETIVOS

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Objetivos

1 - Analisar a presença da mutação JAK2V617F em células endoteliais de

pacientes com Síndrome de Budd-Chiari, portadores ou não de doença mielo-

proliferativa crônica.

2 - Determinar o estado mutacional dos pacientes portadores de Síndrome de

Budd-Chiari que apresentem mutação JAK2V617F.

3 - Determinar a carga alélica da mutação JAK2V617F em pacientes com

SBC.

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3. CASUÍSTICA E MÉTODOS

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Casuística e Método

3.1. Critérios de Inclusão

Entre o período de março 2013 e janeiro 2015 foram avaliados 32 pacientes

com o diagnóstico de SBC que estavam em acompanhamento no ambulatório de

hepatologia clínica do programa de transplante hepático do Hospital Israelita Albert

Einstein. Todos os pacientes apresentaram o diagnóstico de SBC confirmado por

exames de imagem: angio ressonância ou angio tomografia.

Os pacientes foram avaliados para identificação de doenças trombóticas.

Foram pesquisadas as seguintes patologias:

A) Hemoglobinúria Paroxística Noturna – método de citometria de fluxo;

B) Mutação do Fator V Leiden – Análise das mutações Q506 do gene do Fator V

por PCR em tempo real;

C) Pesquisa Mutação Protrombina – pesquisa da mutação G20210A da

protrombina por PCR em tempo real;

D) Deficiência proteína C – método determinação quantitativa de proteína C

funcional, com base no prolongamento da atividade de tempo de tromboplastina

parcial ativada;

E) Deficiência proteína S – método Imunoturbidimétrico;

F) Deficiência anti-trombina III - método colorimétrico com utilização de substrato

cromogênico;

G) Pesquisa de anticoagulante Lúpico: A pesquisa do Anticorpo Anticoagulante

Lúpico foi realizada por metodologia coagulométrica funcional em testes

triadores, fosfolípides-dependente, o tempo de tromboplastina parcial ativada

(TTPA) e o veneno de víbora de Russel diluído (dVVRT). A confirmação da

presença do anticoagulante lúpico foi feita através de testes confirmatórios que

utilizam excesso de fosfolípide padrão (dVVRT) e/ou hexagonal.

H) Pesquisa de anticorpo Anti Cardiolipina IgA: Método: Ensaio Imunoenzimático;

I) Homocisteína: método cinético de 2 pontos - Fusion ®;

J) Mutação JAK2 – método pesquisa da mutação JAK2V617F por PCR em tempo

real.

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Casuística e Método

Dos pacientes triados para Trombofilia, foram incluídos 10 pacientes que

apresentaram a mutação JAK2V617F no sangue periférico e que foram negativos

para outras patologias e mutações relacionadas a SBC.

Todos os pacientes eram maiores de 18 anos e concordaram em assinar o

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. O projeto foi aprovado pelo Comitê de

Ética da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo e do Hospital

Israelita Albert Einstein (Apêndice 3).

3.2. Critérios de Exclusão

Diagnóstico de Leucemia Mielóide Crônica;

Recusa em assinar termo de consentimento informado.

3.3. Métodos - Coleta de Amostras

3.3.1. Coleta de Amostras de Sangue e/ou Medula Óssea

Após a inclusão do paciente e avaliação inicial, o paciente realizou a coleta de

amostras de medula óssea.

Foram coletados 23 ml de aspirado de medula óssea em tubo de EDTA (20

ml – cinco tubos de 4 ml) e frasco de cultura específico (3ml).

3.3.2. Coleta de DNA germinativo

Foram coletadas amostras de DNA germinativo normal, a partir de biópsia de

pele.

A biópsia de pele foi realizada com agulha tipo punch de 6mm. O

procedimento para coleta de biópsia de pele consistiu nas seguintes etapas:

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Casuística e Método

1) Limpeza e assepsia da pele (evitando lesões cutâneas, regiões com hemorragia,

face, palma das mãos, planta dos pés; preferência para face anterior do

antebraço ou região da crista ilíaca póstero-superior);

2) Colocação de campo estéril fenestrado;

3) Anestesia local com lidocaína (aproximadamente 3-4ml);

4) Punção com agulha tipo punch de 6mm após anestesia local ter efeito;

5) Hemostasia tópica com gaze estéril;

6) Sutura da ferida cirúrgica com fio Nylon 3-0/4-0/5-0;

7) Colocação de curativo.

3.3.3. Biópsia e Aspirado de Medula Óssea

Foram coletadas biópsia de Medula Óssea para identificação de doença

mieloproliferativa e aspirado 20ml de Medula Óssea para extração de células

endoteliais e subsequente análises moleculares.

3.4. Processamento das amostras

3.4.1. Separação de células mononucleares (PBMCs)

Em tubos falcon de 15ml, adicionamos 4ml de Ficoll-Paque. Em seguida,

adicionamos vagarosamente pela parede do tubo a amostra de medula óssea sobre

o ficoll, tomando cuidado para que estes não se misturassem. Centrifugamos os

tubos a 1800rpm, 30min, 20°C, aceleração sete e desaceleração zero. Separamos a

camada de PBMCs (tomando cuidado para não tocar no Ficoll) e passamos para

novos tubos falcon de 50ml acrescidos de 15ml de PBS. Em um tubo Falcon

acrescentamos cinco volumes do preservante de RNA RNALater. Centrifugamos os

tubos a 300rpm, 10min, 4°C e vertemos o tubo para descartar o sobrenadante. Os

peletes foram armazenados em -80oC.

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Casuística e Método

3.4.2. Protocolo de Hill EndoCult – cultura de células endoteliais

A cultura de células endoteliais foi realizada com os meios de cultura

comerciais Endocult™ Liquid Medium Kit. Este meio de cultura é indicado para

cultura de suspensões de células enriquecidas para células hematopoiéticas CD34,

sucintamente os seguintes passos foram necessários para cultura das células:

1) Separamos a fração de células mononucleares de aspirado de medula óssea

por centrifugação com Ficoll-Paque PLUS (TBD LTS 1077);

2) As células separadas foram lavadas duas vezes com PBS a 2% e depois

preparadas suspensões com Endocult liquid médium;

3) As células foram diluídas com ácido acético a 3% numa diluição 1/20, em

seguida contamos as células nucleadas, que foram colocadas em placas de

cultura fibronectina (SIGMA F2006) contendo EndoCult Liquid Medium, numa

quantidade de 5x106;

4) As placas foram incubadas por dois dias a 37o C, com 5% de CO2 e 95% de

umidade para separar as células endoteliais maduras, e após dois dias, as

células não aderentes foram transferidas para tubo EP, sendo as células

nucleadas retiradas usando ácido acético 3% na diluição de 1/10 células por

tubo;

5) As células não aderentes foram novamente coletadas e em seguida, 1x106

células, foram transferidas para placas de fibronectina e colocadas em cultura

contendo EndoCult Liquid Medium e novamente incubadas a 370C, com 5% de

CO2 e 95% de umidade por cinco dias;

6) As placas foram retiradas da incubadora, sendo as colônias de células

endoteliais contadas através de microscopia. As colônias de células endoteliais

foram definidas como células arredondadas em formato de “cacho de uva”.

3.4.3. Extração de DNA a partir de biópsia de pele e células endoteliais utilizando kit DNeasy

Cortamos o tecido em pequenos pedaços sobre uma placa de petri, utilizando

um bisturi. Adicionamos 180ul de Tampão ATL, e 20ul de Proteinase K. Colocamos

no Vortexa “pulsadamente” por 15s e incubamos em banho seco a 56°C por 1-3

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Casuística e Método

horas. Centrifugamos brevemente e adicionamos 200ul de Tampão AL, novamente

no vortex “pulsadamente” por 15s, e incubamos a 70°C por 10 minutos.

Centrifugamos brevemente. Aplicamos delicadamente na coluna e centrifugamos a

6000g por um minuto. Transferimos a coluna para um novo tubo coletor e adicionar

500ul de Tampão RW1 e centrifugamos a 6000g por um minuto. Transferimos a

coluna para um novo tubo coletor e adicionamos 500ul de Tampão RW2 e

centrifugamos a 20.000g por 3 min. Vertemos o líquido do tubo coletor retirando o

excesso em um papel toalha. Centrifugamos a 20000g por um minuto. Transferimos

a coluna para um eppendorf novo, e adicionamos 200ul de Tampão AE, ou água

destilada. Incubamos por 1-5 minutos e centrifugamos a 6000g por um minuto.

3.4.4. Avaliação de quantidade e qualidade de DNA, RNA e Proteína

A quantificação de DNA foi feita com o kit Quant-iT PicoGreen dsDNA Assay

Kit da Life Technologies seguindo instruções do fabricante. Avaliação de quantidade

e qualidade do RNA foi feita com o ensaio RNA 6000 Nano Kit da Agilent no

aparelho Bioanalyzer 2100, seguindo instruções do fabricante. A avaliação da

quantidade de proteína foi feita com o BCA da Pierce Technology seguindo

instruções do fabricante.

3.4.5. Critérios de quantidade e qualidade para utilização da amostra

Os seguintes critérios foram utilizados para utilização da amostra na análise

de sequenciamento:

DNA células CD34+/PBMC

o Absorbância 260/280: 1.8-2.0

o Quantidade: 6.9 mcg DNA

DNA germinativo (pele ou células CD3+)

o Absorbância 260/280: 1.8-2.0

o Quantidade: 4.9 mcg DNA

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Casuística e Método

3.4.6. Células endoteliais: seleção e quantificação

As CE foram selecionadas através de citometria de fluxo, utilizando-se painel

de quatro cores com os seguintes marcadores: FITC – CD31 (BD Pharmingen,

USA), CD 146 (Serotec, UK), phycoerythrin (PE)-conjugated CD133 (Miltenyi Biotec,

Germany), CD 105 (Serotec, UK), CD 36 e CD106 (Pharmingen, USA), PecCP-

conjugated CD45 (BD Pharmngen, USA) e APC-conjugated CD 34 (BD Pharmingen,

USA). As CEs foram definidas como CD45(-), CD133(-), CD31(+), CD34(+), CD

146(+) e negativas para os marcadores de ativação (CD105, CD 106)34. Foi

realizado sorting de células endoteliais através do citômetro de fluxo FACS Aria (BD

Biosciences). As células endoteliais foram extraídas da amostra com cerca de 98%

de pureza.

3.4.7. Pesquisa de mutação JAK2V617F nas CE

A pesquisa da mutação JAK2V617F foi realizada no DNA extraído das células

endoteliais através de PCR alelo-específico.

As etapas descritas até o item 3.4.7 foram realizadas no Laboratório de

Técnicas Especiais (LATE) e no Laboratório do Instituto de Pesquisa Clínica (IIEP)

ambos localizados no Hospital Israelita Albert Einstein.

3.4.8. Sequenciamento e Análise Bioinformática

A análise de sequenciamento de exoma foi realizada pela Universidade de

Columbia, Nova York, Estados Unidos da América. A análise de bioinformática foi

realizada no Instituto de Pesquisa Clínica (IIEP) do Hospital Israelita Albert Einstein,

São Paulo, Brasil.

Foi feito sequenciamento de exoma utilizando-se DNA extraído de

granulócitos de sangue periférico e de pele, as sequencias foram geradas pelo

sequenciador HiSeq 2000 da ilumina com o kit de sequenciamento SureSelectXT

Human All Exon 50Mb da Agilent. A profundidade de sequenciamento foi de 150x

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Casuística e Método

para amostra tumoral (granulócitos) e 60x para amostra normal (pele). Cada amostra

foi mapeada contra a sequência referência do genoma humano versão

hg19/GRCh37 (http://genome.ucsc.edu/) com o software Burrows-Wheeler Aligner

(BWA) versão 0.7.12-r1039 (http://bio-bwa.sourceforge.net/). Após o mapeamento foi

utilizado o pacote de análise Genome Analysis Toolkit (GATK) utilizando o pipeline

de boas práticas do Broad Institute (https://www.broadinstitute.org/gatk/guide/best-

practices.php) para identificação de duplicatas de PCR, realinhar regiões de

inserções/deleções e recalibrar a qualidade das bases mapeadas. Depois deste pré-

processamento buscamos por Single Nucleotide Variants (SNVs) utilizando dois

softwares: SomaticSniper 1.0.2 (https://github.com/genome/somatic-sniper) e Mutect

1.0.5 (http://www.broadinstitute.org/cancer/cga/mutect), comparando as amostras

normal vs. amostra tumoral. Para alterações estruturais foi utilizado o software

Pindel 0.2.4 (https://github.com/genome/pindel).

O resultado da busca por variantes foi salvo no formato Variant Call Format

4.1 (VCF) que é a entrada para análise de anotação funcional das variantes com o

software ANNOVAR (http://www.openbioinformatics.org/annovar/). Os bancos de

dados utilizados com o ANNOVAR foram: refGene (sequencias para todos os

transcritos anotados no RefSeq - http://www.ncbi.nlm.nih.gov/refseq/), esp6500si_all

(frequência de alelos variante do projeto NHLBI-ESP com 6500 exomas – http://

http://evs.gs.washington.edu/EVS/), 1000g2012apr_all (frequência de alelos

variantes no projeto 1000 Genomes - http://www.1000genomes.org/), dbSNP137

(Banco de Variantes Genéticas do NCBI - http://www.ncbi.nlm.nih.gov/SNP/),

LIBJ2_all (combinação de bancos de dados com que score de alterações funcionais

na proteína) e COSMIC 65 (catálogo de mutações somáticas no câncer -

http://cancer.sanger.ac.uk/cosmic).

Após a anotação dos tipos de variantes, suas funções e regiões foi aplicado

um filtro in house para separar os melhores SNVs/Indels em cada amostra com os

seguintes critérios: cobertura total da base ≥8 na amostra normal e na amostra

tumoral; total de alelos variantes no tumor ≥ 2; ausência nos bancos de mutações

dbSNP (exceto quando presente no banco COSMIC), ESP6500 e 1000 genomas;

relação alelo variante: tumoral/normal ≥3. Dessa forma foi obtida a tabela de

variantes que apresentaram variantes genéticas de interesse.

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4. RESULTADOS

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Resultados

Dos dez pacientes com SBC e mutação de JAK2V617F avaliados para

inclusão no estudo, três pacientes que haviam assinado o TCLE foram excluídos da

análise, pois faleceram por insuficiência hepática antes da coleta de aspirado de

medula óssea.

Foram incluídos no estudo sete pacientes, sendo que cinco pacientes não

apresentavam quadro clínico de DMPC, inclusive com Medula Óssea com

celularidade normal e maturação normal. Dois pacientes apresentaram o diagnóstico

de DMPC tipo Mielofibrose Crônica. A Tabela 1 apresenta os dados demográficos

dos pacientes e a Tabela 2 apresenta os dados laboratoriais.

Tabela 1: Perfil dados clínicos pacientes incluídos para análise.

Paciente Sexo Idade Etnia Cirrose Tratamento Mielofibrose

1 F 49 Branco Sim AvK Sim

2 M 30 Branca Sim AvK Não

3 F 34 Branca Sim TIPS/ AvK Não

4 F 27 Negra Sim TIPS/Avk Não

5 F 32 Negra Sim TIPS/Avk Não

6 F 45 Negra Sim Avk Não

7 M 36 Branco Sim Avk Sim

F- feminino; M- masculino; Avk– anticoagulante oral tipo dicumarínico; TIPS– Stent trans-jugular intra-hepático.

Tabela 2: Exames laboratoriais pacientes com SBC e JAK2.

Paciente Hb

(g/dl) Leuc

X103/uL Plaq

X105/uL Albumina

(g/dl) TGO (U/L)

TGP (U/L)

BT (mg/dl)

Creat (mg/dl)

1 9,7 11800 4,0X106 3,7 24 36 1,0 0,6

2 7,0 9200 4,3X105 5,0 30 36 0,4 1,0

3 15,3 7000 2,9X105 3,9 41 42 0,9 3,0

4 12,4 4700 1,8x105 3,8 29 50 0,5 0,7

5 11,6 6850 3,9X105 2,8 117 85 4,3 0,5

6 15,0 18910 4,3X105 4,5 43 55 0,6 0,9

7 15,9 6070 2,5X105 3,5 47 33 1,0 0,8

Legenda: Hb– Hemoglobina; Leuc– Leucócitos; Plaq– Plaquetas; BT– bilirrubina total; Creat- creatinina

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Resultados

4.1. Cultura de Células Endoteliais

Em todos os sete pacientes incluídos foi possível realizar a cultura de células

endoteliais com material extraído de aspirado de Medula Óssea, cultura foi realizada

conforme descrita nos Materiais e métodos. A Figura 3 representa a cultura de

células.

Figura 3: Cultura de células endoteliais após cinco dias incubação.

4.2. Sorting de células endoteliais

Após a extração das células endoteliais do meio de cultura foi realizado

sorting das mesmas conforme protocolo descrito acima. A Figura 4 representa os

histogramas da citometria de fluxo. A pureza de células endoteliais obtida após o

sorting com citometria de fluxo foi superior a 96%.

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Resultados

Figura 4: Painel de citometria de fluxo de ECs CD45negVEGFR2+CD31+CD34+CD133.

Após a extração das CE foi pesquisada a presença da mutação JAK2V617F

nestas células, dos sete pacientes avaliados, em um deles a reação de PCR alelo-

específico não funcionou.

Em um paciente com diagnóstico de SBC a presença de JAK2 não

apresentava a mutação, apenas a tirosino quinase selvagem.

Nos outros cinco pacientes avaliados todos apresentaram a mutação

JAK2V617F em suas células endoteliais, sendo dois pacientes com diagnóstico de

Mielofibrose.

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Resultados

Tabela 3: Frequência alélica mutação JAK2V617F.

ID_LAB ID_SEQ Tipo JAK2V617F DP VAF

1 MPC011 WP034 T

+ 150 0,13

WP035 N 70 .

2 MPC012 WP036 T

+ 159 0,05

WP037 N 86 .

3 MPC016 WP427 T

+ 190 0,88

WP051 N 91 .

4 MPC027 WP138 T

+ 123 0,20

WP139 N 81 0,01

5 MPC128 WP166 T

+ 142 0,06

WP167 N 90 .

Legenda: Identificação da amostra no laboratório (ID_LAB); identificação da amostra enviada para sequenciamento (ID_SEQ); tipos de amostra T = tumor e N = normal; Mutação JAK2V617F (chr9:5073770 G/T); número total de sequencias na posição da mutação JAK2V617F (DP) e a frequência do alelo variante Variant Allele Frequence (VAF).

4.3. Sequenciamento de exoma

Nos três pacientes com SBC sem DMPC a única mutação foi a mutação

JAK2V617F, embora numa frequência alélica baixa: 5%, 6% e 13%,

respectivamente. Nos dois pacientes com diagnóstico de MF, a frequência alélica da

mutação foi próxima de 90%.

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5. DISCUSSÃO

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Discussão

As doenças trombóticas apresentam uma enorme morbidade, podendo evoluir

muitas vezes com grande mortalidade. Dentre as principais localizações de

tromboses venosas graves, as tromboses mesentéricas incluindo tromboses de

veias Porta e Hepática, também conhecidas como Síndrome de Budd-Chiari, são as

que cursam com maior mortalidade.

O quadro grave de insuficiência hepática, cursando com ascite, icterícia,

sangramentos por varizes de Esôfago, decorrentes de hipertensão portal muitas

vezes é o primeiro sinal de alerta para uma doença trombótica ainda não

identificada.

A investigação completa de alterações genéticas ou adquiridas, conhecidas

genericamente como “trombofilias” deveria, portanto, ser considerada obrigatória em

todos pacientes que cursam com tromboses esplâncnicas. No grupo de pacientes

em acompanhamento no Hospital Albert Einstein apenas cinco pacientes não

apresentam nenhum tipo de trombofilia, sendo a presença e anticorpos

antifosfolípides e a mutação JAK2V617F as alterações mais diagnosticadas.

As primeiras publicações relacionando a mutação JAKV617F com tromboses

mesentéricas graves, inclusive com casuísticas com mais de 100 pacientes datam

do ano de 200856, inclusive com publicações importantes que analisaram a carga

alélica da mutação JAK2 em pacientes com trombose57.

Estas publicações deram origem a uma série de outros estudos retrospectivos

que comprovaram a relação entre a mutação JAKV617F com as doenças

trombóticas em geral, o que culminou com a publicação de uma meta-análise58

demostrando uma maior incidência desta mutação em pacientes com tromboses

portal e SBC de até 26% em relação à trombose em outros órgãos.

Em nossa opinião a investigação da presença da mutação JAK2V617F é

obrigatória em pacientes com tromboses mesentéricas, e embora não seja consenso

a sua investigação em pacientes com trombose em outras localidades, ela deve ser

realizada em paciente sem outros fatores de risco, como idade avançada, neoplasia,

tabagismo, obesidade e uso de anticoncepcionais orais.

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Discussão

A correlação de DMPC com tromboses mesentéricas já está bem

estabelecida há muito tempo50,59 embora a sua fisiopatologia ainda não esteja

definida. Alguns autores advogam que o risco de trombose esteja relacionado com a

leucocitose presente nestes pacientes60, outros acreditam estar relacionada ao

aumento da viscosidade sanguínea, principalmente nos pacientes com Policitemia

Vera, mesmo os pacientes já em tratamento cito-redutor, com normalização dos

níveis de hematórcrito, hemoglobina e plaquetas, mantenham elevado risco de

novas tromboses, inclusive nos casos de pacientes em uso de medicações anti-

coagulantes.

A correlação entre as células endoteliais com a células tronco-

hematopoiéticas está bem estabelecida, seja através de teorias que correlacionam a

mesma origem embrionária, seja através da manutenção do pool de células tronco-

hematopoiéticas através da produção e liberação de fatores de crescimento pelas

células endoteliais43. Esta intrínseca relação entre estas duas linhagens nos

estimulou o procurar a expressão da mutação JAK2V617F nas CE.

A caracterização da tirosina quinase em CE foi descrita pela primeira vez na

dissecção de biópsia de fígado em pacientes com SBC61, e em seguida foi

demonstrado que a mutação JAK2 está presente em CE de modelos animais com

DMPC62.

Embora nos últimos anos tenham sido publicados diversos trabalhos

demonstrando a presença de mutação JAK2V617F nas CE, nenhum autor

conseguiu isolar estas células em pacientes vivos, com um grau de pureza acima de

90%. Normalmente as CE estão presentes em número muito restrito no sangue

periférico dos indivíduos, o que nos obriga a isolar estas células de algum órgão ou

tecido. Os primeiros estudos com aspirado de medula óssea foram realizados com

células isoladas de aspirado esternal de crianças cardiopatas no momento da

cirurgia cardíaca, com bons resultados após incubação em meio de cultura

desenvolvida por Hill e colaboradores63.

Em nosso estudo tentamos num primeiro momento utilizar exatamente a

mesma técnica de isolamento e expansão utilizados pelos autores chineses, porém

não conseguimos um número adequado de células após o “sorting” que fosse

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31

Discussão

suficiente para a extração de DNA. Como nossa intenção foi extrair uma quantidade

de células endoteliais com um grau de pureza elevado, acima de 95%, tivemos que

fazer algumas alterações no protocolo original de cultivo EndoCult. Em primeiro

lugar coletamos uma quantidade maior de aspirado de medula óssea, cerca de 20

ml contra 5 ml que foi descrito pelo grupo chinês, em segundo lugar, prolongamos o

período de incubação em meio de cultura para sete dias ao invés de cinco.

No trabalho realizado pelo prof. Wu63 não foi realizada a quantificação

de pureza de CE após cultivo e expansão em meio de cultura, portanto não há

certeza se houve ou não contaminação com células polimorfo-nucleares.

Acreditamos que nosso estudo seja pioneiro na técnica de isolamento, cultivo

e expansão de células endoteliais, tendo como fonte aspirado de medula óssea,

uma vez que conseguimos uma pureza na amostra superior a 96% em todos os

pacientes estudados, confirmada através de painel de quatro cores de citometria de

fluxo.

As CE estão presentes numa quantidade muito pequena na medula óssea.

Planejamos num primeiro momento realizar o sequenciamento de exoma pareado

em tecido de pele, para termos o DNA chamado germinativo, pareado ao DNA

extraído das células tumorais, no caso os granulócitos e as células endoteliais

extraídas da medula óssea. Nosso objetivo a princípio era tentar identificar a

mutação JAK2V617F, assim como tentar identificar outras mutações relacionadas

DMPC nos dois tipos de linhagens celulares. Infelizmente a quantidade de DNA que

conseguimos extrair das nossas CE extremamente reduzida, o que inviabilizou a

realização de sequenciamento do exoma deste material. Não encontramos na

literatura nenhum estudo publicado de sequenciamento de células endoteliais,

acreditamos que a dificuldade de trabalhar com este tipo de linhagem celular ainda

seja uma barreira a ser superada. O meio de cultura desenvolvido por Hill e

colaboradores certamente nos ajudou muito a entender estas células, porém novas

técnicas de cultivo devem ser desenvolvidas nos próximos anos.

Nos sete pacientes estudados foi possível a extração de DNA das CE numa

quantidade suficiente para a realização de PCR alelo-especifico para a identificação

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Discussão

da mutação JAK2V617F. Infelizmente em um dos pacientes a reação de PCR foi

inconclusiva, já em outro paciente a proteína expressa foi a selvagem.

Nos outros cinco pacientes estudados todos apresentaram a mutação

JAK2V617F em suas CE, o que corrobora nossa hipótese de que os pacientes com

SBC e mutação JAK2V617F em granulócitos também possuam a mutação em

células endoteliais. Os dois pacientes que eram portadores de Mielofibrose

apresentaram a mutação em CE.

Quando analisamos o sequenciamento do exoma pareado de pele e

granulócitos percebemos que os cinco pacientes apresentaram a mutação

JAK2V617F. Os dois pacientes com Mielofibrose apresentaram a mutação com uma

carga alélica muito elevada, próximo de 90%, enquanto nos três pacientes com SBC

sem DMPC a carga alélica foi baixa, menor do que 13%.

Em nosso estudo optamos por utilizar amostras de tecido de pele, para

caracterizar a amostra de DNA germinativo ou considerado Normal, ou seja, não

neoplásico. A utilização de pele, com suas camadas mais profundas, como a derme,

pode apresentar contaminação de sangue, ou seja, não podemos garantir que não

haja células de outras linhagens nessa amostra, principalmente granulócitos e as

próprias CE. Outras opções de tecidos não tumorais que poderiam ser estudados

seriam amostras de cabelo e saliva, porém a quantidade e principalmente a

qualidade do DNA extraído desses tecidos inviabilizariam o sequenciamento de

exoma.

Nossos resultados, embora numa amostra muito pequena, nos levam a

extrapolar que a mutação da tirosina-quinase está presente tanto nos granulócitos

quanto nas células endoteliais. A frequência alélica baixa pode sugerir uma lesão

“pré-neoplásica”, ou seja, o paciente já apresenta a mutação em suas células tronco

hematopoiética e nas CE, e embora a mutação ainda não tenha levado a um quadro

de DMPC, ocorreu a ativação da tirosina quinase no endotélio, já sendo capaz de

produzir eventos trombóticos.

Alguns autores sugerem que os pacientes portadores de SBC sejam

investigados para detecção de DMPC51,64, e que sejam seguidos ao longo dos anos,

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33

Discussão

pois acreditam que esse indivíduos possam em algum momento evoluir para DMPC.

A biópsia de medula óssea muitas vezes não pode ser realizada, pois tratam-se de

pacientes clinicamente graves e em uso de medicações anticoagulantes. A pesquisa

da mutação JAK2V617F em sangue periférico, assim como a quantificação de sua

carga alélica pode tornar-se uma ferramenta muito útil no diagnóstico e seguimento

a longo prazo. Uma possibilidade de seguimento seria a aferição da carga alélica em

períodos de tempo determinados, e assim que a carga alélica apresentar acréscimos

significativos preparar o paciente adequadamente para a punção biópsia da medula

óssea.

A fisiopatologia da trombose mesentérica em pacientes com DMPC ainda não

foi totalmente elucidada, alguns autores demonstraram a relação de trombose com

aumento de células endoteliais circulantes, fatores de coagulação aumentados,

proteínas de ativação endotelial como V-CAM1, fator de crescimento endotelial

vascular (VEGF) e o fator de crescimento placentário65,66. Em nosso estudo não

realizamos nenhum estudo funcional de ativação endotelial, essa pode ser uma nova

linha de pesquisa para tentar elucidar o papel da ativação de tirosina quinases em

células endoteliais em pacientes com trombose em geral e principalmente com

DMPC.

O prognóstico dos pacientes com SBC é muito variável, depende

basicamente da estratificação de risco ao diagnóstico e a etiologia da trombose. Na

nossa experiência os pacientes apresentam uma alta morbidade, porém com uma

mortalidade relativamente baixa. Os pacientes normalmente apresentam um índice

de MELD baixo, o que dificulta a indicação de transplante de fígado, em nossa

casuística apenas dois pacientes com SBC foram transplantados nos últimos dez

anos.

O tratamento da SBC vai depender da etiologia da trombose, sendo o controle

dos sintomas clínicos como a ascite, através do uso de diuréticos, e a

descompressão da hipertensão portal através de shunts venosos, são o tratamento

de escolha. Sabidamente os pacientes com DMPC bem controlada continuam a

apresentar risco aumentado de trombose. A descoberta da associação da mutação

JAK2V617F como possível agente etiológico dos quadros trombóticos pode abrir um

novo leque de opções terapêuticas para os pacientes. Os inibidores de JAK2, como

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Discussão

o Ruxolitinib, entre outros, talvez possam ser usados em outras patologias que não

DMPC. Estudos clínicos fase 1 devem ser iniciados em pacientes com SBC com

presença de mutação de tirosina quinase com a esperança de que o bloqueio da

proteína possa prevenir a ativação endotelial e evitar novos episódios de trombose.

As técnicas de sequenciamento tanto de exoma quanto de genoma estão

cada vez mais factíveis na prática clínica, e devem ser cada vez mais utilizadas

como ferramenta diagnóstico em doenças raras, pois auxiliam na identificação de

mutações pré-malignas que podem ser tratadas antes de causar uma doença grave.

No nosso caso a identificação da mutação JAK2V617F com uma carga alélica baixa

pode ajudar na identificação precoce de uma doença potencialmente grave.

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6. CONCLUSÕES

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Conclusões

A presença da mutação JAK2V617F foi confirmada nas células endoteliais

isoladas de medula óssea em pacientes portadores de Síndrome de Budd-Chiari que

expressavam a mutação em sangue periférico.

O estudo mutacional dos granulócitos nos pacientes de Budd-Chiari confirmou

a presença da mutação JAK2V617F, sendo esta a única mutação encontrada.

A mutação JAK2V617F em pacientes com SBC apresenta frequência alélica

mais baixa quando comparado com os pacientes portadores de doença

mieloproliferativa cônica que evoluem com SBC.

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7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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RESUMO

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Resumo

Helman R. A expressão da mutação JAK2V617F em células endoteliais de pacientes com Síndrome Budd-Chiari e sua correlação com as doenças mieloproliferativas crônicas Ph negativo. Tese (Doutorado); 2016.

As Doenças Mieloproliferativas Crônicas (DMPC): Policitemia Vera (PV),

Trombocitemia Essencial (TE) e Mielofibrose (MF) estão associadas com tromboses

venosas graves, principalmente com a Síndrome de Budd-Chiari (SBC) e outras

tromboses esplâncnicas. A fisiopatologia destas tromboses acredita-se estar

associada às alterações de viscosidade sanguínea gerada pela hipercelularidade

presente nestas patologias. A mutação JAK2V617F está presente em mais da

metade dos pacientes com MF e TE e em cerca de 90% dos portadores de PV,

ajudando muito no diagnóstico precoce e correto das DMPC. Nos últimos anos a

mutação JAK2V617F foi descrita em pacientes com tromboses esplâncnicas sem

alterações hematológicas, indicando que esta alteração pode preceder o surgimento

de doenças mieloproliferativas. Nos últimos dois anos foi comprovada a presença da

mutação JAK2V617F na célula endotelial de pacientes com SBC e outras tromboses

venosas.Com o advento do sequenciamento de DNA de nova geração (NGS),

tornou-se possível a detecção de todas as mutações presentes nas células tumorais

de um paciente, o que contribuiu sobremaneira para: 1- A identificação de novas

mutações; e; 2- A análise global das diferentes mutações presentes em um mesmo

tumor e que provavelmente atuam de forma cooperativa, permitindo a identificação

das vias moleculares alteradas nestes casos. A importância das células endoteliais,

tanto na fisiopatologia das doenças mieloproliferativas, quanto nas doenças

trombóticas ainda é uma questão aberto na literatura, principalmente pelas

dificuldades técnicas para extração e quantificação de pureza das células. A

utilização de técnicas refinadas para cultivo de células com o EndoCult e a utilização

de técnicas de citometria de fluxo com sorting de células selecionadas através de

fluocromos permitiu a identificação de células endoteliais com 98% de pureza e

permitiu a extração de DNA dessas células e identificação da mutação JAK2V617F

presentes nestas células em pacientes com doenças trombóticas. A presença da

mutação JAK2V617F nas células endoteliais em paciente com SBC, com

diagnóstico ou não de Doenças Mieloproliferativas sugere um papel importante

desta mutação na fisiopatologia das tromboses esplâncnicas.

Palavras-chave: Síndrome Budd-Chiari, mutação JAK2V617F, células endoteliais

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APÊNDICE

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Apêndice

APÊNDICE 1

APROVAÇÃO DO COMITÊ DE ÉTICA DA IRMANDADE DA SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE SÃO PAULO

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Apêndice

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Apêndice

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Apêndice

APÊNDICE 2

APROVAÇÃO DO COMITÉ DE ÉTICA DO HOSPITAL ISRAELITA ALBERT EINSTEN

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Apêndice

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Apêndice

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Apêndice

APÊNDICE 3

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

“A expressão da mutação JAK2V617F em células endoteliais de pacientes com

Síndrome Budd-Chiari e sua correlação com as doenças mieloproliferativas crônicas

Ph negativo”

Você está sendo convidado(a), a participar de um estudo clínico desenvolvido no

Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa (IIEP) do Hospital Israelita Albert Einstein

(HIAE) e no Hospital da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo.

O objetivo do presente estudo é o de identificar as causas genéticas de presença

de Tromboses Venosas em pacientes portadores da mutação Somática JAK2V617F e

em pacientes portadores de Doenças Mieloproliferativas Crônicas (Policitema Vera,

Trombocitemia Essencial e Mielofibrose), através da comparação do genoma

(material genético total) de células hematológicas (acometidas pela doença), células

endoteliais (presente na Medula Óssea e no Sangue) e com o genoma de células de

pele (tecido normal).

Se você aceitar participar deste estudo, o material de sangue periférico ou

aspirado de medula óssea será colhido ao mesmo tempo em que você estiver

colhendo estes exames para avaliação clínica, evitando assim a necessidade de

punções adicionais.

A biópsia de pele será realizada em antebraço, sob anestesia local. Será feito um

“punch” com agulha específica para biópsia de pele. Você receberá um ponto de

sutura no local da biópsia.

Suas amostras não serão utilizadas para fins comerciais. A sua doação não

influenciará no seu tratamento, uma vez que o presente estudo não visa alterações

no tratamento dos pacientes, mas poderá beneficiar pacientes no futuro.

A doação de amostras não será remunerada e serão identificadas, através de um

sistema alfa numérico com a finalidade de preservar sua privacidade. Apenas os

pesquisadores envolvidos no estudo terão acesso à sua informação clínica.

Os riscos envolvidos nesta doação são mínimos e envolvem a possibilidade de

sangramento local, hematoma, cicatriz cutânea e dor leve. Caso você decida não

participar do estudo, isso não afetará de forma alguma o seu tratamento.

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Apêndice

Se você concordar, o material biológico coletado poderá ser utilizado em outros

estudos realizados pelos mesmos pesquisadores responsáveis por este estudo, sem

que seja necessário solicitar novamente a sua autorização.

Concordo Não Concordo

Como a tecnologia utilizada neste estudo, será a de sequenciamento de exoma

de suas células, existe a possibilidade de encontrarmos alterações genéticas

conhecidas, associadas a um risco aumentado de desenvolvimento de determinadas

doenças. Você deve optar por ser ou não informado a respeito destes achados, caso

eles ocorram.

Sim: Desejo ser informado, caso sejam encontradas alterações genéticas que

aumentam a probabilidade de desenvolvimento de doenças no meu genoma.

Não desejo ser informado, caso sejam encontradas alterações genéticas que

aumentam a probabilidade de desenvolvimentos de doenças no meu genoma.

Direitos do participante

Sua participação é voluntária e você pode retirar seu consentimento ou ainda

descontinuar sua participação em qualquer momento, se o assim o preferir, sem

penalização e/ou prejuízo de qualquer natureza. Não haverá nenhum custo a você

proveniente deste estudo, assim como não haverá qualquer tipo de remuneração

pela sua participação. Ao assinar este termo você não abre mão de nenhum direito

legal.

Confidencialidade

Apenas a equipe do estudo e a equipe assistencial, terão acesso aos seus dados.

Seu anonimato é garantido e a possível publicação cientifica resultantes deste

estudo não o (a) identificará em nenhuma circunstância como participante. Os dados

obtidos serão tratados sob estritas condições de confidencialidade.

Para qualquer dúvida relacionada ao assunto de direitos do paciente, entrar em

contato com o Comitê de Ética em Pesquisa: 2151-2181 [email protected]

Para qualquer dúvida relacionada ao estudo, por favor, sinta-se à vontade para

entrar em contato com os médicos responsáveis pela condução do estudo: Dr.

Ricardo Helman (11 2151- 3203/ 11 98202-5132).

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Apêndice

Assinaturas de Consentimento

Fui informado de todos os detalhes relacionados ao estudo ao qual serei

submetido.

Entendo que sou livre para aceitar ou recusar a participar e que posso retirar-me

do estudo em qualquer ocasião, sem nenhuma consequência para a continuação de

meu tratamento.

Concordo que os dados coletados para o estudo serão usados para os fins

descritos acima, e que serão mantidos sob sigilo e confidencialidade.

Ao assinar este termo de consentimento não estarei abrindo mãos de meus

direitos legais

Li e compreendi todas as informações apresentadas neste Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido. Tive a o tempo necessário para fazer perguntas

e todas as minhas dúvidas foram esclarecidas.

Receberei uma cópia assinada e datada deste Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido.

________________________________________________ Nome Completo do paciente de pesquisa

________________________________________________ Data: ___/___/____ Assinatura do paciente de pesquisa

__________________________________________________

Nome completo e legível do médico responsável pela obtenção do consentimento

__________________________________________________ Data: __/___/____

Assinatura do médico responsável pela obtenção do consentimento

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Apêndice

APÊNDICE 4

Apresentação Oral – Congresso EHA 2015

Presence of JAK2V617F mutation in endothelial cells from Budd-Chiari Syndrome patients is not correlated with Ph-negative myeloproliferative

neoplasm

Introduction

The role of the endothelial cell in the pathogenesis of Ph-negative MPNs is still

not elucidated. Some have reported the presence of the JAK2V617F mutation in

endothelial colony forming cells (ECFC) isolated from peripheral blood in patients

with Ph-negative MPNs (Teofili L et all, Blood 2011). Others, however, did not find

such an association (Piaggio G et al, Blood 2009). In patients with Budd-Chiari

Syndrome (BCS), the JAK2V617F mutation has been found in endothelial cell (ECs)

isolated by micro dissection from liver biopsies in patients both with and without MPN

(Sozer S et al, Blood 2009). Besides the JAK2V617F mutation, other mutations (e.g.

ASXL1, TET2, DNMT3A, SRSF2) have been described in patients with Ph-negative

MPNs, but their presence has not been evaluated in patients with BCS who carried

the JAK2V617F mutation.

Objectives

1. To evaluate the presence of the JAK2V617F mutation in CECs from patients with

BCS both with and without concomitant Ph-negative MPNs; 2. To determine the

mutational landscape of granulocytes in patients with BCS who harbored the

JAK2V617F mutation but did not have the clinical diagnosis of a Ph-negative MPN.

Methods

We identified 10 patients from our institution who had a diagnosis of BCS and

harbored the JAK2V617F mutation in granulocytes. Three patients died from hepatic

failure before they could be evaluated by bone marrow biopsy, so 7 patients remain

for the analysis. All patients were investigated for the presence of Ph-negative MPNs

with bone marrow trephine biopsy. ECs assays were performed according to the

method of Hill. Briefly, Ficoll-Paque density gradient–isolated mononuclear cells were

plated on fibronectin coated 6-well dishes with EndoCult medium (Stem Cell

Technologies) for 48 hours, when non adherent cells were recovered and re-plated in

a new dish at 106/mL concentration. After an additional 5 days, adherent cells were

plucked and analyzed by flow cytometry. The ECs population was sorted using a

FACS Aria BD Biosciences sorter according to the following phenotype: CD45-

PerCP-negative, CD31-FITC-positve, VEGFR2-PE-positive, CD34-PECy7-positive,

CD133-APC-negative. The presence of the JAK2V617F mutation was investigated by

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Apêndice

allele-specific PCR. Paired DNA (sorted CD66b-granulocytes/skin biopsy) from 3

patients with JAK2V617F-positive BCS without a clinical diagnosis of Ph-negative

MPN was subjected to whole exome sequencing on a Illumina HiSeq 2000 platform

using Agilent SureSelect kit. Tumor coverage was 150x and germline coverage was

60x. Somatic variants calls were generated by combining the output of Somatic

Sniper (Washington University), Mutect (Broad Institute) and Pindel (Washington

University), followed by in-house filters to reduce false positive calls.

Results

We were able to obtain CECs from all 7 patients. The purity of the CECs

populations obtained was over 96% in all cases. Among the 7 patients with BCS, five

did not have any clinical feature of a Ph-negative MPN, with a normal bone marrow

biopsy. The JAK2V617F mutation was positive in the CECs from 5 cases, including 3

patients who only had BCS. In one patient with BCS solely the reaction did not work,

and in another the JAK2 was wild-type in the ECs. The mutation was positive in

CECs from both patients with myelofibrosis and BCS. Three patients with BCS solely

were evaluated by whole exome sequencing. The only known pathogenic

abnormality found was the JAK2V617F mutation, albeit at a low allele fraction (5%,

6%and 12.6%).

Conclusion

The presence of the JAK2V617F mutation in CECs from patients with BCS who

did and did not have a diagnosis of Ph-negative MPN suggest that the mutation plays

an important role in the development of vascular complications in these patients.

Further studies with a larger number of patients are needed to precisely define the

importance of CECs in the pathogenesis of MPNs. The sole presence of the

JAK2V617F mutation in circulating granulocytes at a very low allele fraction in

patients with BCS without Ph-negative MPNs suggest that these patients have a pre-

malignant clone that would probably remain undiagnosed had it been not for the

development of hepatic venous thrombosis.