Ribeirão by night! - Barão de Mauá · Dr. Valter de Paula Coordenadora ... Patrícia Ozores...

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Conselho Federal de Jornalismo gera polêmica Segundo o governo, a profissão de jornalista precisa de uma entidade para normatizar, fiscalizar e punir os profissionais da área Ribeirão by night! Ribeirão by night! CADERNO TEMÁTICO O tema escolhido para o caderno temático desta edição foi “A Noite de Ribeirão Preto” Prostituição Bares e boates GLS PROSTITUIÇÃO Rotina na maioria das cidades RESGATE Acidentes com jovens de 18 a 35 anos Resgate: uma unidade em alerta Manias... Cemitérios sem agitação noturna Veja ainda: Relação professor/aluno 12 Jovens na política 03 Voluntariado (CVV) 06 Mudança de técnicos no Come-Fogo 09 Tabagismo 04 Qualidade do ar em Ribeirão 11 Orientação vocacional 12 Mal de Alzheimer 10 50 anos da morte de Vargas 11 Lei do idoso 03 Orkut 09 Músicos de Ribeirão 05 Insônia 06 Plantão policial 07 Peritos criminais 06 Trabalho no hospital 06 Motéis 07 MANIAS Quando elas se tornam problemas... Espiritismo: 140 anos da obra de Allan Kardec Talento de alunos ilustra as páginas do Jornal do Barão Doença de Alzheimer ainda é um enigma para a ciência “É proibido fumar” O projeto do Conselho Federal de Jornalismo (CFJ) e dos Conselhos Regio- nais de Jornalismo (CRJs) tem dividido a opinião da sociedade. A proposta de criação dos conselhos foi encaminhada ao Congresso Nacional em agosto passa- do, pelo presidente da Re- pública, Luiz Inácio Lula da Silva. De acordo com o projeto, os profissionais que cometerem infrações poderão sofrer penalidades que vão de advertência à cassação do registro de jor- nalista. Para o Ministério do Trabalho e Emprego, os jornalistas têm necessidade de uma entidade capacitada legalmente para “normati- zar, fiscalizar e punir” os profissionais de área. Pág. 3 O mal de Alzheimer ain- da não tem cura. Pouco se sabe também sobre os moti- vos que levam o organismo desenvolver a doença. Ela é a terceira maior causa de nortes nos países desenvol- vidos, ficando atrás apenas das doenças cardiovascu- lares e do câncer. O mal é progressivo, destrói lenta- mente as células do cérebro. Os doentes, aos poucos, vão perdendo a memória, as habilidades para lidar com suas atividades no cotidiano e terminam por não reco- nhecerem a si próprios ou aos seus familiares, além de necessitarem de ajuda para t udo. Pág.10 A polêmica sobre a nova lei antitabagismo de Ribei- rão Preto envolve fumantes, não-fumantes e, sobretudo, os responsáveis pelos es- tabelecimentos comerciais onde o fumo se tornou proi- bido. Conheça as principais críticas à lei municipal 10.016/2004, que proíbe o fumo em locais fechados. Saiba também quem apóia a nova lei, quais são as penalidades e quais são as estatísticas do tabagismo no Brasil e no mundo. Pág. 4 Quando as manias deixam de ser simples traços da personalidade dos indivíduos e passam a atrapalhar seu convívio social ou o desenvolvimento das atividades do dia-a- dia é preciso consultar um profissional. Em alguns casos, as manias são diagnosticadas como doenças, geralmente desencadeadas por traumas. O psicólogo Carlos Eduardo Silva comenta algumas de suas causas e indica tratamentos. Pág.12 O “Evangelho segundo o espiritismo” - obra na qual o francês Alan Kardec empenhou-se em codificar o espiritismo - completa 140 anos. Kardec nasceu em Lion, em 1804 e faleceu em Paris, em 1869. Antes desta obra, que se tornou um dos documentos mais respeitados da doutrina espírita, ele já tinha escrito dois outros livros: o “Livro dos Espíritos” (de 1857) e o “Livro dos Médiuns” (de 1859). Hoje os espíritas somam 15 milhões de pessoas em todo o mundo. No Brasil, segundo dados do IBGE, são 2,4 milhões de espíritas, o que faz do país a maior comunidade espírita do mundo. Pág.12 Os historiadores dizem que o grande líder político brasileiro do século XX foi Getúlio Vargas. Saiba como foram as homenagens que lembraram os 50 anos da data em que um dos mais controversos políticos da história brasileira deixou “a vida para entrar na histó- ria”. Pág. 11 50 anos da morte de Getúlio Vargas Leia artigo sobre edu- cação e comunicação, tema que suscita algumas das mais apaixonadas e acaloradas discussões nas escolas. Pág.2 Educação e comunicação Você sabia que para cada dois acidentes de trân- sito registrados na cidade um tem envolvimento de jovens na faixa etária entre 18 e 25 anos? Trabalhando nessa dura realidade está o Resga- te, unidade do Corpo de Bombeiros especialmente treinada para socorrer casos em que a luta contra o tempo é o maior desafio. Saiba como funciona o atendimento às vítimas de acidentes e quais di- ficuldades a unidade encontra no transporte das pessoas feridas aos hospitais. Conheça também a história do Resgate. Pág. 8 Músicos de vários estilos se apresentam nas noites de Ribeirão Pág.5 O público GLS encontra várias opções de diversão para o período noturno em Ribeirão Preto. Bares e boates para gays, lésbicas e simpatizantes atraem não apenas o público da cidade, mas pessoas de toda a região e até mesmo da capital. Confira na reportagem de João Pedro Vicente as impressões de quem sempre freqüenta e de quem freqüenta pela primeira vez um ambiente GLS. Pág. 5 Conheça a rotina das pessoas que fazem a ronda noturna nos dois cemitérios de Ribeirão Preto. Os repórteres Valter de Paula e Francisco Magrini foram ao Cemitério Bom Pastor e ao Cemitério da Saudade e contam quais são os principais problemas que os funcionários enfrentam para manter a tranqüilidade nos dois locais. Pág. 8 Não é difícil encontrar nas noites de qualquer cidade homens e mulheres que sobrevivem da prostituição. Muitos dos profissionais do sexo são atraídos para Ri- beirão Preto pelo dinheiro que circula na região, principal- mente nas épocas de festas regionais e grandes eventos. Não há levantamentos estatísticos sobre esses profis- sionais, mas há trabalhos, como o da psicóloga Ana Ricci Molina, que se dedicam a analisar seu perfil. Pág. 7 As caricaturas que ilustram esta edição do “Jornal do Barão” são de autoria dos alunos Renato dos Santos e Pau- lo Fritolli, ambos do 1º ano de Publicidade e Propaganda. São traduções dos fatos e problemas complexos da vida para a simples e rica linguagem do desenho. O uso de caricaturas feitas por alunos não é novidade no jornal. Elas já ilustraram números anteriores. Qualquer aluno pode participar. Se você desenha bem e deseja colaborar com o jornal, informe-se com a Camila, no laboratório da Agência Escola. Divulgue seu talento e ajude a enriquecer o “Jornal do Barão”! Ana Carolina Baldim Ana Carolina Baldim Ana Carolina Baldim Ana Carolina Baldim

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Conselho Federal de Jornalismo gera polêmicaSegundo o governo, a profissão de jornalista precisa de uma entidade para normatizar, fiscalizar e punir os profissionais da área

Ribeirão by night!Ribeirão by night!

CADERNO TEMÁTICO O tema escolhido para o caderno temático desta edição foi “A Noite de Ribeirão Preto”

Prostituição

Bares e boates GLS

PROSTITUIÇÃO Rotina na maioria das cidades

RESGATE Acidentes com jovens de 18 a 35 anos

Resgate: uma unidade em alerta

Manias...

Cemitérios sem agitação noturna

Veja ainda:Relação professor/aluno 12Jovens na política 03Voluntariado (CVV) 06Mudança de técnicos noCome-Fogo 09Tabagismo 04Qualidade do arem Ribeirão 11Orientação vocacional 12Mal de Alzheimer 1050 anos da mortede Vargas 11Lei do idoso 03Orkut 09Músicos de Ribeirão 05Insônia 06Plantão policial 07Peritos criminais 06Trabalho no hospital 06Motéis 07

MANIAS Quando elas se tornam problemas...

Espiritismo: 140 anos da obra de Allan Kardec

Talento de alunos ilustra as páginas do Jornal do BarãoDoença de Alzheimer ainda é um enigma para a ciência

“É proibido fumar”

O projeto do Conselho Federal de Jornalismo (CFJ) e dos Conselhos Regio-nais de Jornalismo (CRJs) tem dividido a opinião da sociedade. A proposta de criação dos conselhos foi encaminhada ao Congresso Nacional em agosto passa-do, pelo presidente da Re-pública, Luiz Inácio Lula da Silva. De acordo com o projeto, os profissionais que cometerem infrações poderão sofrer penalidades que vão de advertência à cassação do registro de jor-nalista. Para o Ministério do Trabalho e Emprego, os jornalistas têm necessidade de uma entidade capacitada legalmente para “normati-zar, fiscalizar e punir” os profissionais de área.

Pág. 3

O mal de Alzheimer ain-da não tem cura. Pouco se sabe também sobre os moti-vos que levam o organismo desenvolver a doença. Ela é a terceira maior causa de nortes nos países desenvol-vidos, ficando atrás apenas das doenças cardiovascu-lares e do câncer. O mal é progressivo, destrói lenta-mente as células do cérebro. Os doentes, aos poucos, vão perdendo a memória, as habilidades para lidar com suas atividades no cotidiano e terminam por não reco-nhecerem a si próprios ou aos seus familiares, além de necessitarem de ajuda para tudo. Pág.10

A polêmica sobre a nova lei antitabagismo de Ribei-rão Preto envolve fumantes, não-fumantes e, sobretudo, os responsáveis pelos es-tabelecimentos comerciais onde o fumo se tornou proi-bido. Conheça as principais críticas à lei municipal 10.016/2004, que proíbe o fumo em locais fechados. Saiba também quem apóia a nova lei, quais são as penalidades e quais são as estatísticas do tabagismo no Brasil e no mundo.

Pág. 4

Quando as manias deixam de ser simples traços da personalidade dos indivíduos e passam a atrapalhar seu convívio social ou o desenvolvimento das atividades do dia-a-dia é preciso consultar um profissional. Em alguns casos, as manias são diagnosticadas como doenças, geralmente desencadeadas por traumas. O psicólogo Carlos Eduardo Silva comenta algumas de suas causas e indica tratamentos.

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O “Evangelho segundo o espiritismo” - obra na qual o francês Alan Kardec empenhou-se em codificar o espiritismo - completa 140 anos. Kardec nasceu em Lion, em 1804 e faleceu em Paris, em 1869. Antes desta obra, que se tornou um dos documentos mais respeitados da doutrina espírita, ele já tinha escrito dois outros livros: o “Livro dos Espíritos” (de 1857) e o “Livro dos Médiuns” (de 1859).

Hoje os espíritas somam 15 milhões de pessoas em todo o mundo. No Brasil, segundo dados do IBGE, são 2,4 milhões de espíritas, o que faz do país a maior comunidade espírita do mundo.

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Os historiadores dizem que o grande líder político brasileiro do século XX foi Getúlio Vargas. Saiba como foram as homenagens que lembraram os 50 anos da data em que um dos mais controversos políticos da história brasileira deixou “a vida para entrar na histó-ria”. Pág. 11

50 anos da morte de Getúlio Vargas

Leia artigo sobre edu-cação e comunicação, tema que suscita algumas das mais apaixonadas e acaloradas discussões nas escolas.

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Educação e comunicação

Você sabia que para cada dois acidentes de trân-sito registrados na cidade um tem envolvimento de jovens na faixa etária entre 18 e 25 anos?

Trabalhando nessa dura realidade está o Resga-te, unidade do Corpo de Bombeiros especialmente treinada para socorrer casos em que a luta contra o tempo é o maior desafio. Saiba como funciona o atendimento às vítimas de acidentes e quais di-ficuldades a unidade encontra no transporte das pessoas feridas aos hospitais. Conheça também a história do Resgate.

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Músicos de vários estilos se apresentam nas noites de Ribeirão Pág.5

O público GLS encontra várias opções de diversão para o período noturno em Ribeirão Preto. Bares e boates para gays, lésbicas e simpatizantes atraem não apenas o público da cidade, mas pessoas de toda a região e até mesmo da capital. Confira na reportagem de João Pedro Vicente as impressões de quem sempre freqüenta e de quem freqüenta pela primeira vez um ambiente GLS.

Pág. 5

Conheça a rotina das pessoas que fazem a ronda noturna nos dois cemitérios de Ribeirão Preto. Os repórteres Valter de Paula e Francisco Magrini foram ao Cemitério Bom Pastor e ao Cemitério da Saudade e contam quais são os principais problemas que os funcionários enfrentam para manter a tranqüilidade nos dois locais.

Pág. 8

Não é difícil encontrar nas noites de qualquer cidade homens e mulheres que sobrevivem da prostituição.

Muitos dos profissionais do sexo são atraídos para Ri-beirão Preto pelo dinheiro que circula na região, principal-mente nas épocas de festas regionais e grandes eventos.

Não há levantamentos estatísticos sobre esses profis-sionais, mas há trabalhos, como o da psicóloga Ana Ricci Molina, que se dedicam a analisar seu perfil.

Pág. 7

As caricaturas que ilustram esta edição do “Jornal do Barão” são de autoria dos alunos Renato dos Santos e Pau-lo Fritolli, ambos do 1º ano de Publicidade e Propaganda. São traduções dos fatos e problemas complexos da vida para a simples e rica linguagem do desenho.

O uso de caricaturas feitas por alunos não é novidade no jornal. Elas já ilustraram números anteriores.

Qualquer aluno pode participar. Se você desenha bem e deseja colaborar com o jornal, informe-se com a Camila, no laboratório da Agência Escola.

Divulgue seu talento e ajude a enriquecer o “Jornal do Barão”!

Ana Carolina BaldimAna Carolina Baldim

Ana Carolina Baldim

Ana Carolina Baldim

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Nessa edição, a tercei-ra de 2004, o “Jornal do Barão” passou por uma reformulação. A partir de agora, além das matérias que todos estão acostu-mados a ler, ele conta com uma parte temática, desenvolvida por alunos do curso de Comunicação Social do Centro Univer-sitário Barão de Mauá. O espaço dedicado à parte temática encontra-se nas quatro páginas centrais do jornal. O tema escolhi-do pelos alunos para este bimestre foi “A noite de Ribeirão Preto”.

Assim, o leitor vai en-contrar variadas matérias sobre o transcorrer da noi-te na cidade. Entre elas, o funcionamento do Resgate (Corpo de Bombeiros), dos Plantões Policiais, sobre o trabalho das prostitutas, sobre as noites nos cemi-térios de Ribeirão Preto, entre muitas outras.

Entre as matérias de

Um fato horrendo veio incomodar a classe envolvida no processo famigerado da comuni-cação social do Brasil. A tão suada conquista da liberdade de imprensa está ameaçada e a classe jornalística está perplexa com a ousadia do Poder Executivo. É bem verdade que o ato foi corajoso, mas o chamado “quarto poder” ainda manda no país.

E é aí que mora o perigo. A liberdade de expressão não pode ser confundida com liberti-nagem. Num Estado de-mocrático de direito não há liberdades absolutas. O proprietário de um órgão de comunicação não pode agir como um ente absolu-to, impondo à sociedade o que bem entende, decidin-do o que é bom ou ruim. Esse discernimento é competência da União, do Estado que legitimamente representa a comunida-de. A plena liberdade de expressão é fundamental, é um pré-requisito do re-gime democrático. Mas a responsabilidade é o outro lado dessa liberdade.

Este texto que você lê, caro leitor, é, talvez,

“JORNAL DO BARÃO” PASSA A TERPARTE TEMÁTICA

assuntos gerais, como de costume, o “Jornal do Barão” busca trabalhar os temas de mais evidência na atualidade, como a re-gulamentação da lei anti-tabaco em Ribeirão Preto, as constantes mudanças de técnicos no Come-Fogo, a instalação de uma estação de medição da qualidade do ar na cidade.

Mas talvez o assunto mais polêmico da edição seja mesmo o projeto do Conselho Federal de Jornalismo (CFJ). Com o CFJ o governo pretende regulamentar e fiscalizar o trabalho dos jornalistas.

Em Cuba existe uma en-tidade semelhante ao CFJ. É a Comissão Nacional de Ética, como a que querem implantar em terras brasi-leiras. A entidade cubana tem poder de fiscalizar e punir os jornalistas que desrespeitarem normas pré-estabelecidas. Os ór-gãos que representam a

ANARQUIA NA COMUNICAÇÃOo único espaço realmen-te reservado ao processo de formação de opinião. Mesmo assim, há quem o use de forma indevida. Muitos almejam poder escrever o editorial de um veículo de comunica-ção, só que se mostram despreparados, tanto no discorrer das idéias como na habilidade e manuseio das palavras certas. Tudo isso em prol de ataques desnecessários, muitas vezes enraizados numa profunda inveja.

O editorial, verdade seja dita, não é a página mais lida de um periódico, mas certamente quem o lê é um cidadão com bom entendimento das coisas e que busca naquelas linhas algo acrescentável. Para tudo existe hora e lugar e o jornalismo dos dias atuais rompe as barreiras da moralidade e da liber-dade de expressão, ferin-do a própria liberdade do cidadão, que diferente do que se pensa, não pode escolher o que ler, ouvir ou assistir.

Muitos conhecem o símbolo da anarquia, mas poucos sabem seu signifi-cado e sua simbologia. O

ReitorDácio Eduardo Leandro Campos

DiretorDr. Valter de Paula

CoordenadoraProfa. Nahara Cristine Makovics

Professores CoordenadoresAlécio Scandiuzzi(MTB 25.237)Audre Cristina Alberguini

José Mário Souza(MTB 11.452)Marli Francina Nogueira TerraPatrícia Ozores Polacow

Editoria fotográficaAna Carolina Baldim

Editores desta ediçãoMarcelo FontesWillian von SohstenPautaAlunos do 1º e 3º anos de Jornalismo

imprensa mundial, como os Repórteres Sem Fron-teiras, classificam Cuba como “a maior prisão do mundo para jornalistas”.

Entre os jornalistas brasileiros, a polêmica tem sido grande, agravada pelo recente episódio no qual um correspondente norte-americano no país teve sua licença de traba-lho cassada sumariamente por determinação do pre-sidente.

Pese a má qualidade de alguns periódicos e programas de rádio e televisão no país, e pese ainda o mau profissional do jornalismo, sempre atuante, o projeto do CFJ parece atropelar o debate que há anos tem norteado a sociedade na busca por uma imprensa de qua-lidade. Debate este que sempre procurou evitar o fantasma da censura, que por décadas assombrou nosso país.

símbolo é formado por um círculo e uma letra “A”, que sobrepõe essa figura geométrica, de modo a rasgar suas extremidades. Se analisado perante as idéias da semiótica, o que se encontra é a intenção de demonstrar a vontade sucumbida de romper com as regras.

O jornalismo do Brasil faz isso. Literalmente, rompe com as regras, mas não é o governo que tem que reestruturar a comu-nicação no país. O meio mais rápido e viável é uma revolução marxista, de baixo para cima, vinda do povo. Programas de baixo calão permanecem no ar porque há quem patrocine e, por conseqüência, quem consuma. Se o público mostrar-se insatisfeito, as empresas irão parar de vincular seus nomes a esses conteúdos, e a comunicação terá que ser submissa.

A mídia manda e des-manda no país. O processo de anarquia da comunica-ção já teve início e em breve o povo todo levan-tará uma só bandeira com os dizeres, “Desordem e Regresso”.

Editoriais

ExpedienteJornal do Barão

Jornal Laboratório do Curso de JornalismoCentro Universitário Barão de Mauá

TextosAlunos do 3º ano de Jornalismo

FotosAna Carolina Baldim

Tiragem???????

PeriodicidadeBimestral

Se até a década de 1950, a educação era realizada predominantemente pela escola, essa realidade co-meçou a ser alterada com o avanço dos meios de co-municação, que passaram a dividir o espaço, e até mesmo competir, com a forma tradicional de en-sino.

Atualmente, as trans-formações que estão ocorrendo na sociedade exigem um repensar sobre as formas de organização social, de aquisição de informações e de constru-ção do conhecimento. A escola, como um dos prin-cipais ambientes de con-vivência social, também é afetada pelos discursos provenientes da mídia.

O dilema da educação tradicional é pensar a complexidade do mundo atual, o que passa, indis-cutivelmente, pela forma-ção docente e pela capaci-dade de inter-relacionar e contextualizar, junto com os alunos, os conceitos apresentados pelos livros com a rapidez das mu-danças sociais. A mídia, neste contexto, pode tra-zer diversas contribuições ao processo educativo formal, face ao papel que esta desempenha como registro da história do cotidiano.

Uma contribuição inte-ressante do uso dos meios nas aulas refere-se ao en-tendimento do processo de produção das matérias jornalísticas. A partir desse conhecimento, os alunos compreendem as dificuldades do trabalho jornalístico, bem como as

A mídia empregada como ferramenta de apoio ao professor

lacunas existentes nesse processo. Há também a possibilidade de análise crítica dos meios. A sala de aula representa um espaço privilegiado para a análise crítica dos conte-údos da mídia, incluindo aí, uma ampla possibili-dade de abordagem. Ou-tra forma de utilização é a produção de matérias jornalísticas pelos alunos sobre assuntos da aula ou do cotidiano. Esse exercí-cio colabora para facilitar a expressão dos alunos e a comunicação entre eles.

A importância dos meios no ensino formal tem sido reconhecida também pelo poder pú-blico federal. A atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação ratifica em vários artigos essa preo-cupação. Nos Parâmetros Curriculares do Ensino Médio encontra-se um capítulo intitulado Repre-sentação e Comunicação, que trata da relevância de dotar os estudantes de capacidades para aplicar as tecnologias de comu-nicação e informação em vários contextos.

Por outro lado, o uso da mídia no contexto da educação ainda é visto com muitas ressalvas por professores e pedagogos. A constante presença da violência na programação das emissoras de TV e o caráter sensacionalista de algumas matérias são alguns dos motivos apon-tados por docentes para dificultar o fluxo da mí-dia na sala de aula.

Ao propor o uso dos meios de comunicação na

escola não se deve ignorar o caráter sensacionalista, comercial e de espetácu-lo de alguns conteúdos elaborados pelos meios. No entanto, o fato desses assuntos estarem no coti-diano dos alunos e profes-sores demonstra a impor-tância de serem abordados pela escola, sob uma pers-pectiva crítica.

A mídia, se utilizada adequadamente, pode se transformar em importan-te ferramenta auxiliar do professor. Problemas rela-cionados com a formação e a prática de muitos pro-fessores – que privilegiam o livro didático exclusi-vamente como fonte de informação para as aulas – podem ser minimizados com o apoio da mídia.

Vale ressaltar que o emprego dos meios de co-municação como recurso pedagógico ou, de outra forma, na linha da leitura crítica da mídia, não isen-ta a escola de seu papel primordial de educar, ou seja, não se busca com o uso dos meios substituir ou anular a função dos professores, dos livros didáticos e da própria ins-tituição escolar.

As imposições do mun-do atual vão no caminho da abertura da escola à mídia, ou seja, na direção de um diálogo, da supera-ção dos estereótipos que cercam essa relação, evi-tando uma atitude de des-prezo da escola diante de todas as transformações vivenciadas atualmente em diversos campos da vida.

AUDRE CRISTINA ALBERGUINI

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Lucas Mamede Morei-ra e Marco Túlio Lemos Macedo

O presidente Luiz Iná-cio Lula da Silva encami-nhou ao Congresso Nacio-nal, em agosto passado, o projeto de lei de criação do Conselho Federal de Jornalismo (CFJ) e dos Conselhos Regionais de Jornalismo (CRJs). Para o Ministério do Trabalho e Emprego, a profissão de jornalista precisa de uma entidade capacitada legalmente para normati-zar, fiscalizar e punir os profissionais da área. De acordo com o projeto, os profissionais que comete-rem infrações poderão ser punidos com advertência, multa, censura, suspensão por 30 dias do registro profissional ou até cassa-ção do registro.

Para o repórter da “Folha de S. Paulo”, em São Paulo, João Batista Natali, diplomado em Jor-nalismo pela USP e que se opõe à obrigatoriedade do diploma e ao CFJ, com 36 anos de profissão, “é inútil especular sobre as motivações do texto, mas é essencial medirmos suas conseqüências. Ele criará mecanismos que poderão ser usados contra jornalistas que honram a profissão, calando-os, a depender de quem detiver o poder burocrático dos conselhos. Logo, o direito de ser jornalista não de-penderá mais de suas vir-tudes, mas da disputa de poder no CFJ e nos CRJs. É suicídio profissional”, disse.

Lucas Sabino e Luiz Augusto Stesse

Mais um ano eleitoral. Os candidatos aparecem por toda a cidade, mostram suas propostas de governo, prometendo uma vida melhor para a população, especialmente a mais carente e necessitada. Entre as formas utilizadas para se votar com consciência estão a análise da história de vida dos candidatos, de dados sobre sua vida pública, o levantamento dos

Conselho Federal de Jornalismo gera polêmica entre os jornalistas

Já na visão do deputado federal do Distrito Federal Wasny de Roure, do Par-tido dos Trabalhadores (PT), o CFJ será um fator importante para o cresci-mento do profissional. Se-gundo o deputado, assim como a Ordem dos Ad-vogados do Brasil (OAB) ou o Conselho de Medi-cina, o Conselho Federal de Jornalismo também “terá algumas decisões que não são corretas, mas necessárias”. Roure disse ainda que as informações para se criar um conselho para os jornalistas surgi-ram da própria Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), através do projeto de lei.

Na França existe uma comissão tripartite

(patrões, empregados e governo), que emite car-teiras de jornalista – sem critérios como o diploma específico – e para a qual as carteiras são devolvidas quando o cidadão deixa de exercer a profissão. A en-tidade (l’Union Syndicale des Journalistes CFDT) é ligada a uma determinada central sindical; mas há outras, como sindicatos independentes.

Na Europa, o fato de o Tratado de Maastricht ter europeizado as atividades profissionais na União Européia, um jornalista registrado na Bélgica pode exercer a profissão na França, Espanha ou Alemanha, pressupondo a adoção de critérios em nada pesados, burocráti-

CENSURA Controvérsia sobre as CFJs e CRJs: controle e censura ou responsabilidade jornalística?

As eleições e a exigência de atuação consciente dos eleitores

projetos que ele criou e suas experiências em mandatos anteriores, se houver. É possível, também, entender como sua campanha foi elaborada e quais são suas propostas.

Murilo Bereta Duarte, 31, estudante do 2º ano de Jornalismo, já acompanhou acontecimentos políticos de perto, pois na década de 70 participou dos movimentos estudantis encabeçados pela União Brasileira dos Estudantes Secundaristas

(Ubes) e pela União Nacional dos Estudantes (UNE). Ele fala da importância de se conhecer muito bem os candidatos. “Eu analiso primeiramente o candidato, sua ideologia, o partido. Penso nos objetivos indicados no plano de governo, no futuro de minha cidade. Afinal, com o voto, iremos eleger políticos que representam o povo”.

Já Gustavo Clemente, de 27 anos, estudante do 1º ano de Jornalismo, acompanha a política do Brasil há vários anos. “Eu entendo que a política é a arte de evitar a injustiça e aliviar o sofrimento. Os jovens deveriam ingressar na política. Aprender a analisar a política de sua cidade. É o nosso futuro que está em jogo”. Para analisar o candidato, Gustavo diz que primeiro procura saber sobre sua honestidade, quais projetos ele criou, se já cumpriu algum mandato, quais ideais regem seu partido. “Mas isso é relativo. Afinal os partidos são presididos por grandes políticos, conforme o interesse deles mesmos. Suas opiniões são de grande valor para os candidatos”, concluiu Gustavo.

cos, autoritários ou polê-micos.

Ainda na visão de Natali, há na Europa um consenso segundo o qual o jornalismo não é uma atividade da qual os jorna-listas sejam proprietários. É algo que diz respeito à sociedade como um todo. Segundo ele, o repórter

europeu jamais se entre-garia à fiscalização.

José Roberto de Toledo, editor-chefe do “Jornal do Terra”, em São Paulo (SP), afirmou que sempre foi a favor do Conselho, mas confessa estar assus-tado com a abrangência das funções que agora são propostas. “O poder da en-

tidade parece demasiado e avassalador. Caso seja aprovado nesses termos será muito complicado. O projeto contém muitos artigos genéricos, que per-mitem uma interferência muito grande no trabalho de cada profissional”, diz Toledo.

O artigo 6º do projeto de lei trata das infrações disciplinares que poderão ser impostas aos profissionais:

I - transgredir seus preceitos;II - exercer a profissão quando impedido de fazê-lo, ou facilitar, por qualquer meio, o seu exercício aos não inscritos ou impedidos;III - solicitar ou receber de cliente qualquer favor em troca de concessões ilícitas;IV - praticar, no exercício da atividade profissional, ato que a lei defina como crime ou contravenção;V - deixar de cumprir, no prazo estabelecido, depois de regularmente notificado, de-terminação emanada pelos CFJ ou CRJ, em matéria de sua competência; eVI - deixar de pagar aos CRJ as anuidades a que esteja obrigado

POLITIZADO Murilo acompanha a política e par-ticipa de movimentos estudantis

Ludmila Osório Desde o último dia

13 de agosto todo idoso carente com mais de 60 anos, e que recebe até dois salários mínimos, tem direito a passagem gratuita em ônibus interestaduais. De acordo com a nova lei estabelecida pelo Estatuto do Idoso, dois assentos em cada ônibus deverão ser reservados para idosos nessas condições. Os demais idosos terão 50% de desconto nas passagens. As empresas que não cumprirem a lei poderão pagar multas que variam de R$ 700 a R$ 2.300.

As empresas de ônibus, porém, estão relutantes quanto à nova lei e recorreram na justiça. A Associação Brasileira dos Transportadores Interestaduais (Abrati) entrou com uma liminar na justiça e, por enquanto, as empresas associadas a ela não podem ser multadas. “As empresas entraram com uma liminar para sustar esses decretos pelo menos por enquanto, pois este não estabelece quem vai pagar essa conta. A verdade é que a lei determina que se cumpra, mas, do outro lado, o governo não dá a

Nova lei garante passagem interestadual gratuita a idosos carentes

contraprestação no sentido de quem deve pagar. Não ficou esclarecido se esse valor deve ser distribuído para os demais passageiros”, diz o advogado Paulo Henrique Marques de Oliveira.

A população poderá se informar sobre as empresas que já estão sendo obrigadas a cumprir a lei pelo telefone 0800-610300, no horário das 8 às 18 horas. A ligação é gratuita. Para que a lei seja cumprida a Agência Nacional de Transporte Terrestre (ANTT) colocará equipes de fiscalização nas estradas e nos postos de monitoramento.

PASSE LIVRE Viagens interestaduais serão oferecidas gratuitamente para idosos acima de 60 anos e com renda até dois salários mínimos

Ana Carolina Baldim

Ana Carolina Baldim

Ana Carolina Baldim

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Andresa Gouvêa

A Câmara Municipal de Ribeirão Preto apro-vou, em março deste ano, a lei municipal número 10.016/2004, que proíbe o fumo em locais fechados. Os vereadores aprovaram um substitutivo ao projeto original, que tinha sido encaminhado pelo prefei-to Gilberto Maggioni. A nova lei foi regulamentada em 9 de março e publi-cada no “Diário Oficial” no dia 17 do mesmo mês. Determina a proibição do fumo em todos ambientes fechados de uso coletivo, como shoppings, bares, restaurantes, igrejas, su-permercados, bingos, pa-darias, teatros, cinemas, escolas, hotéis, clubes, ca-sas de diversão, hospitais, escritórios, elevadores, bibliotecas, indústrias, edifícios e demais recintos de trabalho coletivo.

A lei aumentou o valor da multa inicial, que no projeto original era de R$ 200 e passou para R$ 240. Os donos e responsáveis por estabelecimentos terão de advertir as pessoas que infringirem a lei. Após três advertências, o infra-tor estará sujeito à multa em dobro. Se insistir, será retirado do ambiente. No caso de estabelecimentos comerciais, o valor inicial da multa também será de R$ 240. Além da multa, os estabelecimentos co-merciais poderão ter suas atividades suspensas por até três dias. No caso de três reincidências, os es-tabelecimentos poderão ter o alvará suspenso por 90 dias.

Dos 10 artigos do pro-jeto da lei 1.347/2003 ape-nas o terceiro foi vetado. Segundo explicou o ve-reador Leopoldo Paulino, autor do substitutivo, o ob-jetivo foi o de aperfeiçoar o projeto inicial encami-nhado pela administração municipal. “A manutenção dos ‘fumódromos’, e o estabelecimento de áreas para fumantes, nada mais são do que válvulas de es-

“É proibido fumar, diz o aviso que eu li”cape para que os fumantes continuem a prejudicar o restante das pessoas”, ex-plicou o vereador. Paulino explicou ainda que desde 2000 já era proibido fu-mar dentro do Legislativo. Com a lei, a proibição se estende para todos os lo-cais públicos.

O mesmo acontece na Irlanda, que se tornou o primeiro país da Europa a proibir o fumo em lugares públicos. O tabaco foi ba-nido de bares, restaurantes e pubs. Lá a multa para quem descumprir a nova lei é muito mais alta do que em Ribeirão Preto e pode chegar a 3 mil euros. Os irlandeses protestaram contra a lei e fumantes velaram um cigarro gigan-tesco dentro de um caixão, como sinal de indignação.

Em Ribeirão Preto, entre os que aprovam a lei está Lael Rezende, 45 anos. “A lei veio em boa hora, eu sou ex-fumante e mais do que nunca de-sejo que as pessoas não fumem perto de mim. Só quem não fuma ou é ex-fumante sabe como é desagradável ter alguém fumando perto de você”. Até alguns fumantes mos-tram-se favoráveis à lei. “Eu fumo e me esforço ao máximo para não in-comodar os outros. A lei é uma boa e vai acabar com o desrespeito”, diz Lucas Mamede, 23 anos. Mas há fumantes que discordam. Esse é o caso de Rafael Silveira que garante que não vai respeitar a lei, mas volta atrás quando o assunto é a multa. “Nes-se caso a gente fica mais cuidadoso, porque a multa pesa no bolso”, diz. Assim como ele, outras pessoas também se mostram ma-leáveis quando pensam na possibilidade de pagar R$ 240 pela infração. Há também quem aceite, mas demonstre um pouco de descontentamento. É o caso de Antônio Viana, 50 anos. “Acho que a lei é rígida em algumas coisas. Há lugares em que o fumo não deveria ser proibido.

Concordo que há muitos fumantes que desrespei-tam as pessoas e a lei vai ajudar a acabar com os fumantes passivos. Mas insisto que há muita rigi-dez desnecessária”, diz.

Mesmo em vigor, a lei parece não intimidar os fumantes inveterados. Basta ir aos shoppings da cidade, a estabelecimen-tos comerciais ou até às faculdades de Ribeirão Preto para encontrar os infratores.

Os danos à saúde são mais do que conhecidos pelos fumantes, mas a pre-

ocupação deles não é essa. Para o Sindicato de Ho-téis, Restaurantes, Bares e Similares de Ribeirão Pre-to, a lei vai trazer muitos prejuízos para o setor. “A intenção é boa, mas injus-tiças contra o setor podem acontecer. O fumante já se sente constrangido em fu-mar em lugares fechados e expulsá-lo do estabeleci-mento estraga a imagem do local”, explica Carlos Frederico Marques, presi-dente do sindicato.

O gerente de uma cho-peria da cidade diz que está deixando os clientes

fumarem normalmente até aparecer a primeira fiscalização. “A partir daí vamos começar a falar para nossos clientes não fumarem dentro do esta-belecimento”. Essa idéia mostra que a multa de R$ 240 pouco assusta alguns proprietários de estabele-cimentos comerciais, que preferem sofrer a primeira multa e comprovar a fisca-lização a impor restrições e perder a clientela. “Essa lei vai nos prejudicar mui-to”, diz o gerente.

Já o comerciante Anto-nio Marinho explica que

a perda de clientes acon-tecerá de imediato. “Mas com o tempo eles voltam e vão se adequar às novas regras impostas pela lei”, explica ele.

Os grandes estabeleci-mentos comerciais é que vão ter trabalho em conter os fumantes. “Nós esta-mos abordando os clien-tes que estão fumando e pedindo para que não fu-mem. A maioria é gente de outras cidades e por isso desconhece a lei”, conta Antônio Carlos, segurança de um grande estabeleci

GRAFITE E CINZAS Desenho de Renato dos Santos, 1º ano de Publicidade e Propaganda

Os malefícios causados pelo consumo de cigarrosWillian von Sohsten

Cerca de um milhão de pessoas morreram no Brasil nos últimos 30 anos em virtude de doenças decorrentes do tabagismo, segundo as estatísticas divulgadas pela Câmara Técnica sobre Tabagismo do Instituto Nacional do Câncer (Inca). Só nos últi-mos 18 anos, 169 mil mor-reram de câncer no pulmão associado ao consumo do cigarro, mais da metade do que é consumido por ano hoje no mundo (cerca de 6 trilhões).

Os dados nacionais indicam que o total de ci-garros consumidos no país corresponde a quatro mil toneladas de nicotina e 50 mil toneladas de alcatrão, monóxido de carbono e

amônia. Mundialmente, são consumidos cerca de 16 milhões de cigarros por dia. Por essa razão, nada menos que oito mil pesso-as morrem diariamente no mundo, só em decorrência do câncer de pulmão pro-vocado pela fumaça do ta-baco. Segundo estimativa da Organização Mundial de Saúde (OMS), o cigarro mata quatro pessoas por minuto em todo o mundo. Em 50 ou 100 anos o fumo terá matado mais gente do que todas as guerras da história.

No Brasil, há 30,6 milhões de fumantes, ou seja, 20% da população é dependente do tabaco. O vício causa de 80 a 100 mil mortes por ano e mata de oito a 10 pessoas por hora em todo o país.

Em 1998, cerca de 36 milhões de brasileiros fumaram 136 bilhões de cigarros. Outros 65 bi-lhões de cigarros foram exportados para mais de 60 países.

As pesquisas do Insti-tuto Brasileiro de Geogra-fia e Estatística (IBGE) mostram que os homens fumam mais do que as mu-lheres. O cigarro responde por 95% dos cânceres de pulmão. Entre os ingre-dientes do cigarro estão acetona, amônia, naftalina, fósforo, formol e terebinti-na. A naftalina e o fósforo são usados em venenos e a terebintina é usada para diluir tinta a óleo.

Para a Organização Mundial de Saúde as pre-visões para o século 21 não são nada boas. Estima-se

que o cigarro mata cer-ca de quatro pessoas por minuto em todo o mundo. Segundo os cálculos da própria OMS, em 2030, o cigarro será o líder causa-dor de mortes e doenças. Ele deverá matar mais de 19 milhões de pesso-as anualmente, mais do que doenças como aids e tuberculose, acidentes au-tomobilísticos, suicídios e homicídios.

Como disse o Dr. Linus Puling (Prêmio Nobel de Química), cada cigarro que se fuma encurta a vida do fumante em 14 minutos. A expectativa de vida para uma pessoa de 25 anos, que fuma um ou mais ma-ços de cigarros por dia, é de aproximadamente oito anos a menos do que a de um não-fumante.MORTES 1.000.000 de vítimas em 30 anos

Ana Carolina Baldim

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Álvaro da Costa Penha

As noites de Ribeirão Preto oferecem várias op-ções e estilos musicais que vão da bossa-nova ao rock mais pesado. “Como em qualquer outra profissão, tem que se dedicar muito”, diz Leonardo de Castro Pe-reira, conhecido como Léo, líder e vocalista da banda Libera Samba, que toca todas as quartas-feiras em um bar da cidade. A banda, que surgiu com o nome Sob Medida, está com a forma-ção atual há mais ou menos dois anos. Léo mora há 15 anos em Ribeirão Preto e diz que há dez vive do seu trabalho com a música.

Ele explica que mesmo com o nome Libera Sam-ba, a banda não se prende só ao samba. “O segredo é diversificar. Tocamos axé, pagode, MPB e, quando surgem oportunidades,

Ribeirão by night!Ribeirão by night!

Músicos de vários estilos se apresentam nas noites de Ribeirãoaté gravamos jingles para campanhas publicitárias e outros trabalhos que en-volvam música. Antes só se ouvia samba e pagode nos bares de periferia. Hoje nós tocamos em bares em que antigamente não se pen-sava em tocar esse tipo de música”.

Léo aponta alguns pro-blemas da profissão de músico, como a ausência de um sindicato que os apóie. Outro problema, segundo ele, são os fiscais que che-gam no meio da noite e cobram deles a carteira de músico. “E se alguém da banda não tiver a carteira, eles prometem chamar a polícia e interromper o som, caso não seja paga uma taxa absurda”.

A banda Os Virgens tem um repertório pop rock na-cional e internacional. Seus integrantes tocam há mais ou menos 16 anos juntos.

“Sempre tocávamos em bandas de baile, daque-las que tocam um pouco de tudo. Quando sobrava tempo nos reuníamos para fazer o nosso rock and roll, que é o que a gente gosta mesmo”, diz Marcel Rivoiro, vocalista da ban-da. “Hoje tocar em bares em Ribeirão Preto é bom, paga-se melhor comparado com anos atrás, o serviço é mais profissional, há mais freqüentadores e tudo está mais organizado”, diz ele.

Em sua opinião, falta organização para muitas bandas da cidade. “Uma banda é como se fosse uma empresa. É preciso colocar metas para serem alcan-çadas, dar uma identidade a ela e discutir qual será a prioridade. Tem o lado da curtição, das baladas e de estar em um ambiente gostoso, mas tem que ter, também, o lado funcional

das coisas”.Para Os Virgens, a mí-

dia influencia totalmente o gosto das pessoas, mas, para eles, o estilo pop rock sempre terá espaço. “Ou-tros ritmos como axé, forró e reggae acabam logo”, afirma Adriano César do Nascimento, conhecido como Prets, guitarrista da banda. Ele diz que, no caso deles, não é possível se sus-tentarem financeiramente somente com a renda ob-tida nos shows. “Moramos em Ribeirão Preto, mas tocamos nas cidades da região e ainda damos aulas de música”.

O grupo define o entu-siasmo pela profissão com um trecho de uma de suas músicas. “Tocamos com o maior prazer em qualquer lugar, se tiver público e um som legal, a gente vai lá e toca”.

CIGARRAS Profissão exige dedicação

João Pedro Vicente

Madrugada de sábado. Mais de 50 pessoas espe-ram na fila para entrar em uma boate, cujo interior já é ocupado por outras seis centenas. Flávia, psiquia-tra que não revela a idade – mas aparenta pouco mais de 30 anos – é uma das que esperam pela entrada, vi-sivelmente ansiosa e cheia de perguntas. Ela é hete-rossexual, e pela primeira vez visita um ambiente especializado GLS (gays, lésbicas e simpatizantes), acompanhada por uma colega de profissão. “In-

Ribeirão Preto oferece diversidade de bares e boates GLSteressei-me em conhecer esta boate devido à minha profissão, mas também por recomendações de amigos”, diz, antes de expressar sua curiosidade numa série de perguntas a respeito do ambiente e da música. Na medida em que se desloca na fila, as impressões da psiquiatra se desprendem. “É a primeira vez que vejo dois homens abraçados, e são todos muito bonitos. Como dizem na minha pro-fissão, homossexuais são, em geral, muito capricho-sos e perfeccionistas, o que se reflete na aparência de muitos aqui”, ela completa.

“Além de organizadas, as boates GLS são muito limpas. A música é mo-derna e atualizada e os freqüentadores são muito educados”, afirma Talita, universitária de 20 anos. Ela é visitante ocasional destes ambientes, junto com o namorado, Fran-cesco, 21, vendedor. “Há um pensamento machista, uma preocupação em re-lação a possíveis assédios, mas nunca tive problema algum em boates gays, as-sim como nunca presenciei nenhum fato constrangedor envolvendo outros”, diz o rapaz.

A noite ribeirão-pretana oferece duas boates GLS, funcionando ambas nas noites de sexta-feira e sá-bado. Há também um bar especializado, com banda, boate interna, ambiente loungue e mesa de sinuca às quintas-feiras e domin-gos. Durante todos os dias da semana, um restaurante de comida mexicana serve de ponto de encontro para os públicos homossexual e simpatizante, apesar de não ser oficialmente especiali-zado. “Trata-se de um bar de público selecionado que acabou tornando-se GLS nas entrelinhas, como todo ambiente de preços mais elevados. Não há música e não é permitida a entrada de drag queens ou travestis. É um lugar muito discreto, servindo muito como ponto de encontro anterior à ida a boates”, explica o freqüen-tador Alexandre Alves, 21, universitário. “Beijos não são muito comuns neste

bar, mas quando ocorrem não atraem olhares indis-cretos”, Alexandre comple-menta.

As boates por sua vez, apesar de concorrentes nos horários, têm públicos dis-tintos. Uma delas permite a entrada de travestis e drag queens. A outra, através de cartaz exposto no próprio hall de entrada “reserva-se o direito de selecionar seu público”. As casas também têm uma diferença de pre-ço de 100%. “O preço das bebidas num destes estabe-lecimentos é bem mais caro que no outro, o que reflete a seleção de público”, teoriza Alexandre. Em ambas não há estacionamento pago; entretanto, naquela onde a entrada é mais cara, há a presença de “guardadores de carros”, que cobram em torno de R$ 3 ao fim da noite. “São estilos diferen-tes de diversão, quem fre-qüenta a boate mais popu-lar não a troca pela outra”, é a afirmação de Tiago, 19, freqüentador exclusivo da boate à qual se refere. “A segurança, a estrutura, a música e o público selecio-nado compensam o preço maior”, coloca por sua vez Daniel, 21, morador da ci-dade de Franca, cliente do estabelecimento concorren-te ao que Tiago freqüenta.

Em comum entre as duas boates, além das pis-tas de dança e os ambientes loungue, estão os go-go boys e darkrooms. O pri-meiro termo refere-se aos dançarinos de corpos defi-nidos que dançam de sunga sobre plataformas eleva-

das; termo desconhecido para a psiquiatra Flávia, acompanhada no início da reportagem. Assim como os darkrooms, salas total-mente escuras e fechadas no interior das boates, onde acompanhado ou sozinho o freqüentador pode entrar, geralmente à procura de ex-periências sexuais ou maior intimidade com o compa-nheiro ou companheira. “Não se vê com melhores olhos quem entra no da-rkroom, mas também não chega a haver preconceito. É um hábito ousado”, afir-ma Gabriela Ribeiro Neves, 22, entre sorrisos, ao tocar no assunto.

Hugo tem 27 anos e mora em Franca. É ape-nas um entre muitos dos visitantes semanais que Ribeirão Preto recebe em boates gays, vindos de toda a região, e também da capi-tal. “É um pólo nesta forma de entretenimento. Estas boates e bares têm quali-dade e formam um bom ponto de encontro”, afirma ele, que freqüentemente migra durantes os finais de semana com alguns amigos francanos. “Um lugar onde as pessoas são livres pra vi-ver suas sexualidades sem pressões. Há mauricinhos, barbies (termo designado para rapazes musculosos, que geralmente dançam sem camisa nas pistas), afeminados, lésbicas, en-fim, grupos distintos que geralmente não se freqüen-tam na sociedade, mas que neste interior coabitam harmonicamente”, Hugo finaliza.

“As mulheres são mino-ria, talvez 10% do público, e os rapazes heterossexuais vêm geralmente acompa-nhados por uma namorada. Compõem a maioria então, homens interessados em homens, mas todos bastan-te respeitadores em relação aos simpatizantes”, analisa Gabriela, adepta de tais ambientes há quatro anos na cidade.

Nem todas as pessoas, entretanto, têm coragem de freqüentar abertamente tais boates e bares. “Sinto vontade, mas ainda não me considero pronto”, afirma Guilherme, dentista de 23 anos. “São as melhores músicas, os ambientes mais modernos, como nas raves, que também são bastante freqüentadas pelo público homossexual”, justifica o professor Ricardo, de 32 anos, heterossexual, quan-do perguntado a respeito da sua preferência pelo ambiente GLS. Já nas pa-lavras de um freqüentador homossexual, Leonardo, 23, “além da qualidade da balada, a liberdade de expressão afetiva faz toda a diferença; dois aspectos que não se encontram nor-malmente em boates hete-rossexuais”.

* Por uma questão de privacidade os nomes do casal de namorados sim-patizantes (heterossexuais simpáticos a ambientes especializados gays) fo-ram omitidos durante esta reportagem, assim como de alguns outros entrevis-tados.VIDA NOTURNA Público variado

Ana Carolina Baldim

Ana Carolina Baldim

Lívio Sakai

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Ribeirão by night!Ribeirão by night!7

Ribeirão by night!Ribeirão by night!

Luiz Augusto Stesse e Lucas Rafael Sabino

Trabalhadores notur-nos passam por vários problemas que as pesso-as que desempenham as mesmas funções durante o dia não enfrentam. No caso de algumas pro-fissões que envolvem estresse e sofrimento hu-mano, o trabalho durante a noite ainda acarreta al-terações de sono. Segun-do Gilberto Araújo, 52, perito criminal e chefe da Equipe de Criminalística de Jaboticabal, o trabalho noturno do perito é mui-to estressante por vários motivos.

O serviço do perito cri-minal é auxiliar a polícia e a justiça pública, elabo-rando minuciosa investi-gação no local dos fatos

Amanda Cristina Ferreira e Ivani Rosa

Os enfermeiros e os auxi-liares de enfermagem estão entre os mais antigos grupos profissionais que trabalham em sistemas de turnos. As es-calas de trabalho em hospitais são geralmente organizadas em turnos fixos contínuos, uma vez que os serviços des-tas instituições exigem um funcionamento ininterrupto durante as 24 horas do dia, sete dias por semana. No Brasil, já é uma tradição ado-tar-se, para o corpo de enfer-magem, o turno de 12 horas de trabalho diário (diurno ou noturno), seguido de 36 horas de descanso.

Segundo a enfermeira Pau-linéia de 42 anos, há dez tra-balhando em dois empregos, existem dois lados na vida das pessoas que trabalham à noite em um hospital. O lado bom é que sobra tempo suficiente para ter mais de um trabalho e, assim, aumentar a renda familiar. Ela lembra também

Eduardo José AlvesO ser humano necessita

dormir, não só para quebrar a rotina do dia, mas também para restaurar fisicamente e psicologicamente o corpo. Segundo o médico Ademir Batista Silva, vários estudos revelam que adolescentes necessitam dormir em media 20% a mais que os adultos. Além disso, um indivíduo que fica por mais de 72 horas sem dormir corre um sério risco de morrer.

Quando dormimos, o corpo produz hormônios im-portantes e vitais como o do crescimento. O sono também

Enfermeiras e pesquisadores avaliam as conseqüên-cias do trabalho noturno em hospitais

que houve tempos em que o adicional noturno era muito bom. “Hoje não mais”. O lado prejudicial é que trabalhar à noite, com o passar do tem-po, causa prejuízos à saúde. O indivíduo não consegue se alimentar da mesma forma como se fosse durante o dia. E por mais que se durma 12 horas diurnas, a sensação é de que esta não repõe as seis ho-ras perdidas de sono noturno. A principal causa é o ruído sonoro, pois para a maioria é hora de trabalho. Assim, a pessoa que trabalha à noite não tem a mesma qualidade de vida de uma que trabalha oito horas por dia. “A prova disso é que hoje aos 42 anos já desenvolvi hipertensão arte-rial gravíssima”, afirma.

Paulinéia diz que o trabalho dentro de um hospital durante a noite é muito estressante. A maioria das ocorrências se dá durante a madrugada, prin-cipalmente nos finais de se-mana, quando o consumo de bebida alcoólica é maior. “Se

nós profissionais levarmos em consideração a família e o lazer, que sempre ficam em segundo plano em uma noite de Natal, por exemplo, nada disso valeria a pena. Mas nem sempre pode ser uma escolha e sim uma necessidade”.

Uma pesquisa realizada na Faculdade de Saúde Pública da USP, com enfermeiros do complexo do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, trouxe à tona dados que servem de alerta. No estudo, foi possível identificar o nível de fadiga dos profissionais, a perda da capacidade para o trabalho e distúrbios de sono relaciona-dos ao serviço noturno. O es-tudo foi apresentado em junho deste ano pelo biólogo Flávio Notarnicola Silva Borges, sob o título “Repercussões do tra-balho em turnos noturnos de 12 horas no sono e bem-estar em auxiliares de enfermagem e enfermeiros”.

A vida dos pacientes hospi-talizados está associada à qua-lidade dos serviços prestados pelos profissionais da saúde. A administração de medica-mentos, um procedimento básico da enfermagem, exige um estado de muita atenção. Erros cometidos podem trazer conseqüências irreversíveis para os pacientes, podendo levá-los até mesmo à morte. “A partir do momento em que você está dentro de um hospital, para ajudar pessoas que geralmente se encontram nos momentos mais delicados de suas vidas, é preciso gos-tar, se doar, amar a profissão para que, no final, por mais que tudo não saia perfeito, sintamos a satisfação do dever cumprido”, declara Paulinéia.PLANTONISTAS Enfermeiros e médicos são sub-

metidos a jornadas de até 12 horas

Desajustes no sono causam danos à saúde

evita o acúmulo de gordura, além ajudar no controle da osteoporose e dos níveis de leptina, hormônio produzido e secretado pelo tecido adi-poso.

Pessoas que dormem pou-co durante a noite geralmente ficam irritadas e ainda sono-lentas o dia todo, o que acaba atrapalhando as atividades normais do dia. Para os jo-vens, noites em claro podem ocasionar diminuição de con-centração durante o dia, além de desajuste escolar e social.

A insônia é um distúrbio do sono caracterizado pela incapacidade de dormir ou

de manter o sono. Ela não é considerada doença, mas traz malefícios comprovados. Há dois tipos comuns de insônia: a circunstancial, provocada por uma situação vivenciada momentaneamente e a psi-cofisiológica, que acomete indivíduos que sofrem de depressão ou ansiedade.

Segundo Marcel Guerrine, que sofre de insônia, as maio-res causadoras do problema, no seu caso, são as ansiedades do cotidiano e as dificuldades enfrentadas no dia-a-dia. Já Daniel Chaim não dorme por problemas fisiológicos e re-corre a atividades no período da noite para relaxar, como o uso da internet, leitura e pro-gramas televisivos.

Os médicos desaconse-lham a ingestão de bebidas alcoólicas, pois estas podem tornar a pessoa agitada e, por isso, prejudicar ainda mais o sono. O leite morno pode ser um aliado para o sono, pois não deixa a pessoa dormir de estomago vazio. Televi-são, livros e internet na hora de dormir também não são aconselháveis, pois prendem a atenção da pessoa. Os es-pecialistas recomendam uma alimentação saudável e exer-cícios físicos regulares para os insones.

INSÔNIA Desenho de Renato dos Santos, 1º ano de Publicidade e Propaganda

Peritos criminais sofrem com estresse e al-terações de sono

e confecção do laudo pericial que servirá como prova material do crime. “Um laudo bem-feito é condenação na certa”, diz Araújo.

De acordo com ele, os peritos são obrigados a atender em locais onde ocorreram crimes e as cenas são, na maioria das vezes, as mais desa-gradáveis possíveis, haja vista que normalmente se deparam com corpos mutilados e em decom-posição.

Para agravar ainda mais a situação do estres-se da profissão, a equipe de perícias de Jaboticabal conta com outras adversi-dades. Além de funcionar 24 horas por dia, atende uma sub-região com onze municípios, num raio de

150 quilômetros. “Isso cria enormes dificuldades em função do reduzido número de profissionais. São sete peritos, quatro fotógrafos e apenas um auxiliar de desenhista”, diz.

Estudos recentes rea-lizados no Estado de São Paulo concluíram que, nos últimos dez anos, o número de atendimentos no Instituto de Crimina-lística cresceu 100% e, ao mesmo tempo, ocorreu um decréscimo de 10% do número de profissio-nais do setor. “O governo deveria dar mais atenção não só aos peritos crimi-nais, mas a todas as pro-fissões relacionadas com a segurança pública”, afirma Araújo.

AGRAVANTE Além dos problemas do horário de trabalho, os peritos ainda convivem com o stress e cenas de crimes

Ludmila Pereira e Ro-naldo Marçal

Muitas pessoas não con-seguem lidar com as pres-sões da vida cotidiana e precisam de ajuda. O Cen-tro de Valorização da Vida (CVV) é uma entidade que atua em todo o Brasil com o objetivo de prestar apoio emocional e preventivo ao suicídio. A assistência gra-tuita a pessoas angustiadas é feita pessoalmente e por telefone por voluntários nos postos de atendimen-to. Atualmente são 2500 voluntários em todo o país, distribuídos em 57 postos.

Em Ribeirão Preto, o CVV iniciou suas ativida-des em 1979, o terceiro do país. Manoel dos Santos participa ativamente como voluntário há 17 anos, por querer ajudar outras pes-soas. De acordo com ele, o posto da cidade recebe en-tre 30 e 35 ligações diárias com duração média entre 50 minutos e 1 hora e meia, dependendo da necessidade

Voluntários do CVV ajudam pessoas em crisee solitárias

CVV Pessoalmente ou por telefone o sigilo é absoluto de cada pessoa.

Na cidade são 60 vo-luntários, organizados em pequenos grupos, cada qual sob a coordenação de uma pessoa mais experiente que está permanentemente dis-ponível para prestar apoio e esclarecimento sempre que houver necessidade. Além disso, eles passam periodicamente por cursos e reciclagens e contam com o “Manual do Voluntário”, que contém os sete princí-pios e as sete práticas do CVV.

De acordo com a pu-blicação da entidade, a característica essencial da relação de ajuda no CVV é tratar quem precisa com respeito, compreensão, aceitação incondicional e sem críticas. “Há quem ligue várias vezes por se identificar com o voluntá-rio”, comenta Manoel dos Santos. “Algumas pessoas que recebem ajuda telefo-nam posteriormente para agradecer, mas não são

todas”. Este serviço humani-

tário tem o sigilo como norma básica de conduta. Os detalhes e as confidên-cias de um diálogo não são divulgados, como prova de confiança. Da mesma forma, a relação de ajuda proposta pelo CVV não é de aconselhamento, nem de substituto para a psico-terapia, tratamento médico ou ajuda especializada. De acordo com o “Manual do Voluntário”, “a pessoa [que procura ajuda] toma as próprias decisões e é livre para rejeitar ajuda ou romper o contato, a qual-quer momento, sem medo de ser procurada contra sua vontade”.

Maiores informa-ções sobre o CVV: Endereço: Rua Augus-to Severo nº 660 - Vila Tibério, Fone: (16) 636-4111, E-mail: ribeirã[email protected], Site: www.cvv.org.br

Ana Carolina Baldim

Ana Carolina Baldim

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Ribeirão by night!Ribeirão by night!7

Ribeirão by night!Ribeirão by night!Alexandra Onofre e Re-

nata Magnenti

É freqüente encontrar nas noites de Ribeirão Preto a combinação de sexo e di-nheiro. A prostituição é um dos fatores que contribuem para o sustento de homens e mulheres, que se dispõem a conquistar a vida vendendo o corpo. Não há um levan-tamento estatístico sobre o perfil desses profissionais. “Empiricamente podemos observar que há tanto me-ninas de Ribeirão quanto de outras cidades e Esta-dos. Elas migram de cidade conforme o rendimento do programa. Festas regionais e eventos como a Agrishow são atrativos”, afirma a psi-cóloga Ana Ricci Molina, que defendeu sua disserta-ção de mestrado sobre pros-tituição na USP de Ribeirão Preto.

A profissional do sexo Salete, 22, veio para a ci-

Mulheres e homens que vivem da prostituiçãodade neste ano, durante a Agrishow. Ela trabalha em uma das mais famosas casas de prostituição de Ri-beirão. “Gosto de Ribeirão Preto, mas o trabalho não é fácil, preciso beber mui-to para fazer o programa”. Paulistana, que trancou seu curso de Fisioterapia, chega a fazer quatro programas por noite e ganha, segundo ela, cerca de R$ 5 mil por mês.

“Para uma garota entrar na vida da prostituição é preciso que ela tenha uma cabeça boa e saiba dife-renciar amor, amizade e trabalho”, ressalta Pamela, 24, também de São Paulo. A profissional possui auto-móvel e é proprietária de uma loja de roupas e bijute-rias. De acordo com Pame-la, seus rendimentos com programas variam de R$ 3 mil a R$ 4 mil por mês. “Pretendo terminar minha faculdade de Direito, estou

no quarto ano”, afirma. A psicóloga Ana Ricci

Molina diz que a faixa etária dos profissionais do sexo é diversificada e que geralmente trabalham em chácaras, quando não vão para as ruas e recebem apoio dos demais.

A prostituta Vanessa, 23, começa a trabalhar às 18h. Ela faz ponto na baixada, próxima à Avenida Jerô-nimo Gonçalves. Por mês, fatura R$ 3,5 mil. “Não aconselho ninguém a entrar por esse caminho, mas é as-sim que consigo dinheiro”. Paranaense e estudante de Auxiliar de Enfermagem, Vanessa ajuda financei-ramente sua família e seu filho que estão no Paraná.

Aretha, 23, travesti, tam-bém trabalha nas ruas de Ribeirão Preto e faz ponto na Avenida 9 de Julho. Conta que, às vezes, aten-de clientes mal-educados e precisa impor respeito.

“Costumo dizer: ‘vamos ver quem é mais homem’”. Aretha assumiu sua sexu-alidade aos 13 anos e não sofreu preconceito por parte de sua família. Seus clientes mais freqüentes são homens e diz que sua renda mensal é de cerca de R$ 7 mil.

“Não é porque são profissionais do sexo que deixam de ter sonhos”, explica a psicóloga Ana. “Meu namorado disse que no próximo mês iremos nos mudar para nossa casa e irei sair da prostituição”, conta Salete. Aretha sonha com uma estabilidade financei-ra. Vanessa deseja morar em Londres. E Pamela quer deixar a prostituição.

* Todos os profissio-nais do sexo entrevistados deram nomes fictícios. As famílias das garotas de pro-gramas desconhecem sua real profissão. ROTINA Profissionais do sexo

Marcelo Alves Fontes

Na área policial, Ri-beirão Preto possui uma noite bem movimentada. No horário comercial a cidade tem oito distritos policiais, contando com o de Bonfim Paulista. Durante a noite, a cidade conta com dois plantões policiais: um localizado na área central, na Rua Duque de Caxias, número 1.048, que é responsável pelas zonas central, sul

Delegado plantonista recomenda precaução para evitar assaltose um pedaço da leste, e o segundo no Bairro Campos Elíseos, na Praça Santo Antônio, que aten-de as ocorrências das zo-nas norte, oeste e a outra parte da leste.

Segundo o delegado Luiz Geraldo Dias, que cobre plantões policiais há mais de oito anos, há uma proposta para que o número de delegacias plantonistas seja reduzi-do para apenas uma. Ele justifica essa proposta

alegando que caso uma pessoa precise prestar queixa por um fato acon-tecido na zona norte será necessário pegar dois ôni-bus para chegar ao plan-tão do Campos Elíseos (um para ir do bairro ao centro e outro para ir do centro ao Campos Elíse-os, por exemplo). Para ele, apenas um na área central seria mais eficiente.

As ocorrências mais freqüentes na madruga-da envolvem jovens que

DROGAS E ÁLCOOL Maioria dos casos envolve jovens na madrugada

Dados apontam número de crimes praticados em Ribeirão Preto

Danilo LopesÉ possível conhecer a

localização e a quantidade de ocorrências de crimes em Ribeirão Preto a partir dos dados disponibilizados pela Secretaria de Segurança Pública de São Paulo. Comparando os meses de janeiro a junho de 2003 com o mesmo período de 2004, é possível notar algumas variações nos índices de violência.

A região dos Bairros Monte Alegre e Jardim Progresso registrou o maior número de ocorrências da cidade em 2003. Foram 44 homicídios dolosos, enquanto no mesmo período de 2004 esse número baixou para 29 casos, uma queda de 34% dos crimes desse tipo.

Em 2003 foram praticados em toda a cidade 6178 furtos

e 1677 roubos. Em 2004, os índices de furto caíram para 5842 casos e os de roubo aumentaram para 1696 casos. A maioria dos furtos foi praticada em veículos dos quais, em sua maioria, foram levados os aparelhos de som. Esse tipo de furto aumentou de 549 casos em 2003 para 938 em 2004.

Muitos desses crimes são praticados com o objetivo de comprar drogas. “A gente que é viciado e não tem de onde arrancar dinheiro, acaba roubando para manter o vício”, afirmou o menor A.B.M., que é usuário de drogas e morador do Jardim Jandaia, na zona norte da cidade. Este bairro também é apontado pela Secretaria de Segurança Pública como um dos mais violentos da cidade.

Simone de OliveiraOs motéis de Ribeirão

Preto lotam nas noites dos finais de semana. “Durante o dia oferecemos almoço executivo e chá da tarde. Temos boa procura nesses horários, mas, sem dúvida nenhuma, sábado à noite ocorre o maior movimento. Em alguns sábados formam-se filas de carros, esperando por uma suíte. São mais de 80 ocupações por noite e os preços variam de R$ 46 a R$ 159”, afirma Rafael Pacca de Albuquerque, sócio e gerente de um motel da cidade.

De acordo com ele, em Ribeirão Preto a concorrência é grande, portanto os melhores motéis têm que ter alguns diferenciais. “O nosso diferencial é a cozinha que funciona 24 horas por dia e tem culinária internacional”.

Nesses estabelecimentos, além da qualidade das acomodações e do cardápio, o atendimento é um item relevante para a conquista

de clientes. “Nossos funcionários trabalham em três turnos, sendo que o turno da manhã cuida mais da limpeza, e os turnos da tarde e noite cuidam da arrumação dos quartos desocupados”, afirma Albuquerque. De acordo com ele, não há um pré-requisito para se trabalhar no motel e sim um treinamento.”Não há uma rotina para quem trabalha em motel. Acontecem diversos casos interessantes aqui. Um cliente, ao completar 10 anos de casamento, pediu para que providenciássemos lençóis de seda bordados com as iniciais dos nomes do casal, taças de cristais com as iniciais dos nomes e tudo deveria ser entregue a eles quando fossem embora, além de champanhe francês, jantar à luz de velas e 35 rosas vermelhas entregues a sua esposa pela manhã”, recorda Albuquerque. “O casal ficou super-feliz e satisfeito”.

As noites de sábado registram os maiores movimentos dos motéis

usam drogas ou abusam de bebidas e que acabam causando acidentes de trânsito. “O trânsito no-turno de Ribeirão é um dos mais violentos. Então, o mínimo de álcool que ingerimos pode terminar em um acidente fatal”, alerta o delegado.

Ele ressalta o cres-cente número de furtos de veículos em portas de universidades com cursos noturnos, e também o furto em veículos, princi-palmente perto de bares e boates. Segundo o delega-do, diante de um furto ou arrombamento de veículo o melhor a fazer é ligar do telefone mais próximo para a polícia. “Regra geral é que autor ainda esteja por perto, furtando outros veículos na região. Portanto, a comunicação do furto à polícia deve ser imediata”.

Para Dias, os plantões de Ribeirão são tão mo-vimentados quanto os de grandes cidades como Campinas e São Paulo. Até porque, segundo ele, o maior índice de crimi-nalidade acontece nas madrugadas. “Os margi-nais buscam a noite para praticar seus delitos por-que nesse período o nú-mero de policiais é menor e também por ser mais fácil se esconder no es-curo”. Para o delegado, o ribeirão-pretano pode sair e se divertir à noite com mais segurança toman-do algumas precauções, como não parar o carro em lugares desertos, além de prestar muita aten-ção antes de entrar em casa e verificar sempre se não há ninguém com atitudes suspeitas por perto. “Sempre que notar alguma coisa diferente é importante ligar para a polícia”, recomenda Dias.

Ana Carolina Baldim

Ana C

arolina Baldim

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Ribeirão by night!Ribeirão by night!9

Valter Martins e Kiko Magrini

A rotina de quem trabalha

Cemitério da SaudadeInauguração: 30 de agosto de 1893

Sepultados: 117.000 pessoasÁrea: 100.000 m²

Jazigos: 8.500

Cemitério Bom PastorInauguração: 26 de junho de 1974

Sepultados: 42.283 pessoasÁrea: 145.000 m²

Jazigos: Não definido (em construção)

Marco Túlio Lemos Ma-cedo e Audrey Maris

No Corpo de Bombei-ros, a conscientização de que haveria necessidade de melhorar o atendimento pré-hospitalar surgiu na prática do dia-a-dia, viven-ciada pelos integrantes do Serviço de Salvamento. Até então, sua atribuição espe-cífica era de remover víti-mas dos locais de acidente onde estavam presas ou com o acesso dificultado.

Em 1986, a Polícia Mili-tar do Estado de São Paulo, em integração com a Asso-ciação de Intercâmbio entre Estados Unidos e Brasil, denominada “Companhei-ros das Américas”, enviou um grupo de quatro oficiais dos bombeiros e um da De-fesa Civil à cidade de Chi-cago (EUA) para participar do Curso de Técnicos em Emergências Médicas. No seu regresso, eles apresen-taram um relatório ao co-mandante-geral do Corpo de Bombeiros. O relatório propunha a reformulação dos conceitos e da instru-ção de primeiros socorros que eram ensinados aos oficiais. Sugeria, também,

Marco Túlio Lemos Macedo e Audrey Maris

Para cada dois aciden-tes registrados em Ribei-rão Preto, um tem envol-vimento de jovens na faixa etária entre 18 e 25 anos. Lutando para tentar salvar a vida desses jovens, está o Resgate, uma unidade do Corpo de Bombeiros es-pecialmente treinada para enfrentar esta realidade. Para a equipe do Resgate que atende a um chamado, correr contra o tempo é o maior desafio. Os obs-táculos que uma viatura enfrenta no trânsito são

Jovens lideram atendimentos do resgatemuitos, vão de congestio-namento à falta de respeito de alguns motoristas. A ida até o hospital mais próximo às vezes torna-se uma lon-ga viagem.

Segundo o tenente Ilídio Klein, do 9º Grupamento do Corpo de Bombeiros de Ri-beirão Preto, entre as prin-cipais causas de acidentes estão o álcool e o excesso de velocidade. “Como as ruas ficam vazias durante a noite, o jovem extrapola, arrisca a sua vida e de ou-tras pessoas com manobras arriscadas”. O tenente ain-da faz um diagnóstico dos dias de maior incidência

a criação de um serviço no Corpo de Bombeiros, com viaturas, equipamentos e pessoal específicos para o atendimento e transporte das vítimas de acidentes.

Em 1987, engloban-do todas as conclusões dos grupos de trabalho, foi criada a Comissão de Atendimento Médico às Emergências do Estado de São Paulo (Cameesp), que apresentou proposta para a criação de um pro-jeto piloto de atendimento pré-hospitalar denominado Projeto Resgate. A proposta foi aprovada e, em 22 de maio de 1989, os Secretá-rios Estaduais da Seguran-ça assinaram a Resolução Conjunta SS/SSP nº 42, que definia a implantação do Projeto Resgate, sob a coordenação de uma co-missão mista denominada Gepro-Emergência e ope-racionalização do Corpo de Bombeiros e Grupamento de Radiopatrulha Aérea da Polícia Militar do Estado de São Paulo. O serviço come-çou efetivamente no início de 1990, com atuação na Grande São Paulo e em 14 municípios do Estado.

TREINAMENTO ESPECIAL O Resgate é uma divisão do Corpo de Bombeiros especializada

de acidentes na cidade: sextas-feiras e sábados à noite, quando acontecem festas onde a freqüência de jovens é muito grande.

A função do resgate não é a mesma que a de uma UTI móvel, que presta atendimento médico-hos-pitalar, mas sim a de um pronto atendimento. De acordo com cada ocorrên-cia é feito um direciona-mento do paciente para o hospital mais próximo. A contagem do tempo do atendimento é feita a par-tir do momento em que a equipe é acionada e pára quando a vítima chega ao

hospital. Para o tenente Klein, o apoio de um heli-cóptero poderia diminuir, e muito, o tempo de deslo-camento de um acidentado do local da ocorrência até o hospital.

Atualmente, Ribeirão Preto conta com 4 postos do Corpo de Bombeiros e uma central no Jardim In-dependência, onde fica lo-calizado o 9º Grupamento. A unidade de resgate conta com três viaturas distribuí-das nos postos do Corpo de Bombeiros do Jardim Inde-pendência, Campos Elíseos e Alto da Boa Vista. TRÂNSITO Motoristas imprudentes e engarrafamen-

tos atrasam o trabalho dos profissionais

A história do resgate

Funcionários dizem que noites são tranqüilas nos cemitérios durante a noite em um dos dois cemitérios de Ribeirão Preto é tranqüila. Os fun-

cionários do Cemitério da Saudade e do Cemitério Bom Pastor contam que poucas ve-zes essa tranqüilidade é que-brada. Para Orlando Manoel da Silva, guarda-noturno do Cemitério Bom Pastor, o que acaba com o sossego noturno são as pessoas que tentam entrar no local para furtar vasos, argolas, esculturas em bronze e plaquetas feitas em ferro para vender.

Já no Cemitério da Sau-dade, segundo Abrão Calil Bitar, administrador, as pes-soas tentam entrar para fazer bagunça, muitas vezes bêba-das, saídas de festas. “Agindo dessa maneira, essas pessoas faltam com o respeito aos mortos e seus familiares”, diz.

Um episódio que Bitar lembra muito vivamente é a tempestade que assolou Ribeirão Preto, em maio de 1994. “Foi um dia em que trabalhei demais, das duas da tarde às 2 da madrugada. Essa tempestade inundou diversos locais, inclusive este cemitério”.

O Cemitério da Saudade é o mais antigo da cidade e guarda os túmulos de vá-rias famílias tradicionais de

Ribeirão Preto. Lá estão os jazigos das famílias Roma-no Machado, Vitaliano e de vários barões do café. É onde está também o túmulo de Ze-zinho, menino considerado milagroso por muitos ribei-rão-pretanos. Ele morreu de elefantíase aos 10 anos de idade, na década de 50. Ma-riana dos Santos Ferreira diz que já alcançou muitas gra-ças rezando para o menino. Moradora do Bairro Campos Elíseos, próximo ao Cemité-rio da Saudade, ela concorda que as noites ali são tranqüi-las: “Nunca percebi nada de estranho no cemitério à noite. É tudo muito quieto”.

O Cemitério Bom Pastor foi inaugurado praticamente na mesma época do sur-gimento do Bairro Novo Mundo, na década de 1970. Vilma Guerreiro Leite diz que foi uma das primeiras moradoras da rua que dá acesso direto ao cemitério. Afirma que as únicas noites movimentadas ocorrem de-vido aos velórios: “Faz pouco tempo que existe um velório próximo a este cemitério. Antes, tudo aqui era muito tranqüilo”.

Um caso bastante raro, a

necrofilia, aconteceu no Ce-mitério Bom Pastor, na ma-drugada de 25 de dezembro de 1995. Um jovem invadiu o local e violou o túmulo de uma jovem de 28 anos, que havia falecido em decorrên-cia do vírus HIV, dias antes. O rapaz retirou o corpo da cova, levou-o para a sua resi-dência e tentou praticar o ato sexual, mas foi impedido por policiais militares. Segundo o jovem, “Vozes falaram para eu fazer aquilo. Fui para o cemitério induzido por elas e tirei o corpo de lá”, alegou o jovem na época.

Os guardas-noturnos dos cemitérios encaram a morte de uma maneira bastante normal. Alguns afirmam que ela é bonita. “Retornamos de onde viemos. Em vida, aprendemos pouco e aprovei-tamos muito. Com certeza, todos morrem aprendendo”, afirma Douglas Duarte Fer-nandes, que ocupa o cargo há 4 meses. “Minha vida com minha esposa e meu casal de filhos é comum. Não temos preconceito algum”.

Luís, um dos guardas-noturnos do Bom Pastor, tem uma relação mais direta com os mortos. Segundo Douglas,

outro guarda, “o Luís é bem respeitado por aqui. Ele faz vários contatos com as pessoas sepultadas, chega a rezar uma missa próxima ao túmulo da pessoa falecida”.

José de Oliveira Rodri-gues, fiel da Igreja Adventista do Sétimo Dia, diz que “quem morre, só descansa após o jul-gamento final. É assim que eu encaro a morte”. Ele já foi balconista e garçom. Há 11 meses ocupa a função de guarda-noturno do cemitério. Ele afirma que trabalhar no cemitério é bastante tran-qüilo, embora o tamanho da área seja grande demais para vigiar.

Um procedimento comum aos dois cemitérios é a exu-mação dos corpos dos mor-tos, que ocorre de três em três anos. “É uma lei municipal”, esclarece Bitar. A administra-ção do Bom Pastor também foi enfática quanto à proibição de qualquer tipo de ritual den-tro dos limites do cemitério, no período noturno. Magia, macumba, adoração aos mor-tos e encontros góticos não são permitidos. “Freqüenta-doras assíduas, só mesmo as baratas, que tomam os locais e fazem a festa”, diz Bitar.

VIOLAÇÕES Metais são alvo de assaltantes

Ana Carolina Baldim

Ana Carolina Baldim

Ana Carolina Baldim

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Ribeirão by night!Ribeirão by night!9

GRAFITE Renato dos Santos – 1º ano de Publicidade e Propaganda

Ludmila Pereira e Ronaldo Marçal

O Orkut é uma rede de relacionamentos que funciona em parceria com o site de busca Google. Através de uma ferramenta de busca, o usuário pode encontrar amigos dos quais não tinha notícias há anos. Outra ferramenta possibilita ao usuário fazer novas amizades. Para quem quer paquerar, vale saber que os solteiros são a maioria (44,35%), mas só 19,28% assumem que estão procurando um envolvimento mais profundo, segundo o

Rafael Gonçalves

As trocas de técnicos já viraram um fato comum no futebol brasileiro. Basta um resultado nega-tivo, por melhor que seja a campanha do time, para que o culpado seja sempre ele: o treinador da equipe.

Times sem uma estru-tura conveniente para que o trabalho seja bem-feito e equipes de baixo nível técnico trocam com mais freqüência os seus treina-dores, o que para muitos entendidos no assunto é sinônimo de péssima ad-ministração dos diretores.

Aqui em Ribeirão Pre-to, a dupla Come-Fogo não tem conseguido reali-zar um trabalho de longo prazo com somente um treinador. Nos últimos três anos, foram 32 treina-dores contratados, sendo que alguns deles voltaram tempos depois, seja no estádio Santa Cruz ou no Palma Travassos. Os nú-meros registram um trei-nador a cada dois meses de trabalho.

No Comercial, 13 téc-nicos diferentes passaram pelo clube desde 2001. Na Série A-2 do Campeonato Paulista daquele ano fo-ram quatro treinadores.

A cada bimestre um técnico é anunciado na dupla Come-FogoComeçou com Juninho Fonseca (que tempos depois comandou o Co-rinthians) que logo caiu, abrindo espaço para Car-bone. Após Carbone, vie-ram Varlei de Carvalho e Tim. Este último não con-seguiu livrar a equipe do rebaixamento para a Série A-3, mas a Federação Pau-lista reformulou o campe-onato e os dois rebaixados permaneceram na Série A-2. Ainda neste ano, o “Leão do Norte” disputou a Copa do Interior, onde teve dois treinadores: Ari Mantovani e Carlos Pi-noza.

Em 2002, a diretoria preferiu seguir com Car-los Pinoza, que iniciou o Campeonato Paulista, mas ficou apenas duran-te quatro partidas. Então veio, novamente, o treina-dor Carbone. Neste ano, o Comercial disputou mais dois campeonatos, a Copa Mauro Ramos de Oliveira e o Brasileiro da Série-C, com passagens de Édson Mariano e Marco Antônio Silva, o Nei.

No ano seguinte foram mais três treinadores: Wantuil Rodrigues, Moa-cir Júnior e Pinho. Neste ano, o Leão teve outros dois comandantes no Campeonato Paulista da

Série A-2. Carlos Rabello ficou durante 12 jogos, para depois o auxiliar-técnico, Jordan Freitas, assumir a equipe nos dois últimos jogos.

Já no Botafogo, as mudanças foram ainda maiores. Quinze treina-dores passaram por Santa Cruz desde 2001, quando o time foi vice-campeão Paulista, perdendo para o Corinthians na grande final.

Após o vice de 2001, com Lorí Sandri como técnico, o time disputou a Série-A do Brasileiro, montando um time com vários jogadores do Ju-ventus, inclusive o treina-dor Ernesto Paulo, que su-portou apenas cinco jogos no cargo. A solução foi chamar José Mário Cris-pim, para depois assumir Arthur Neto. O resultado foi um rebaixamento para a segunda divisão.

Em 2002, foram cin-co técnicos, sendo três no Campeonato Paulista (Nicanor de Carvalho, Antônio Novo Júnior e José Galli Neto), e dois na Série-B, (Édson Porto e Carbone). No Paulista, a equipe fez o suficiente para se manter no grupo de elite; já na segunda di-visão, outro rebaixamento,

agora para a Série-C do Campeonato Brasileiro.

Em 2003, o Botafogo, sem estrutura, amargou um incrível terceiro rebai-xamento em menos de três anos. Começou o Paulis-tão sendo comandado pelo técnico Joãozinho Rosa, para depois ser substituí-do por Basílio (ex-jogador do Corinthians) e Varlei de Carvalho. O time caiu para a Série A-2 do fute-bol paulista.

A diretoria resolveu, então, apostar num trei-nador que havia sido campeão da segunda divi-são. Roberto Fonseca foi

contratado para comandar o time nas disputas da Série-C do Campeonato Brasileiro e da Série A-2 do ano seguinte.

Iniciando 2004, Fon-seca continuou o traba-lho, porém, não esperava tantos resultados ruins, e logo caiu. Era a 14ª troca de treinador, já que assu-mia Varlei de Carvalho. Com ele, a equipe garan-tiu a classificação para a segunda fase, mas a falta de dinheiro atrapalhou o grupo botafoguense, e Varlei deixou a equipe indo para o Bandeirante de Birigüi. Chegava então

TreinadoresComercial BotafogoJuninho Fonseca Lorí SandriCarbone Ernesto PauloVarlei de Carvalho José Mário CrispimTim Arthur NetoAri Mantovani Nicanor de CarvalhoCarlos Pinoza Antônio Novo JúniorCarbone José Galli NetoÉdson Mariano Édson PortoNei Silva CarboneWantuil Rodrigues Joãozinho RosaMoacir Júnior BasílioPinho Varlei de CarvalhoCarlos Rabello Roberto FonsecaJordan Freitas Varlei de CarvalhoMoacir Júnior Édson Mariano Walter Gama José Mário Crispim

a vez de Édson Mariano, que apenas “cumpriu ta-bela”, vendo sua equipe ser eliminada.

Para não fugir à regra, neste segundo semestre de 2004, Comercial e Bo-tafogo trocaram de técni-co mais uma vez. Moacir Júnior voltou a comandar o time comercialino em busca de dias melhores e Walter Gama assumiu o Botafogo buscando apa-gar a péssima imagem do último campeonato, mas nos últimos dias foi demitido, retornando José Mário Crispim.

Orkut é a nova mania da internetGoogle.

Ao entrar, a pessoa cria um apelido e uma senha. Depois, preenche um formulário com informações como estado civil, hábitos pessoais e preferências. É possível também inserir uma foto e criar um álbum. Para fazer contato com a pessoa, basta enviar um convite, que pode ou não ser aceito.

Da mesma forma, os usuários consultam o perfil dos demais e os convidam a fazer parte do seu rol de amizades. Ao aceitar o convite de outro usuário, a pessoa deve indicar o grau de relacionamento entre ambos:

“não conheço”, “conheço pouco”, “é um amigo”, “é um bom amigo”, “é dos melhores amigos”. Este convite, claro, também pode ser recusado.

O usuário pode também se declarar fã de outro usuário. Todos têm acesso à lista de fãs dos demais. Pode-se também deixar um testemunho sobre um amigo. Todos os usuários podem ver os testemunhos de sua página.

Entrar numa comunidade funciona de modo diferente. Qualquer pessoa participante do Orkut pode entrar, consultar o perfil da comunidade e fazer

parte dela. Há comunidades de escolas, cidades, religiões, pró (ou contra) políticos, famílias, artistas, entre muitos outros.

O estudante Willian von Sohsten, de 21 anos, criou a comunidade “Eu odeio a fruteira da mamãe”. “Criei essa comunidade porque lá em casa tem uma fruteira que atrapalha em tudo. Imagino que na casa de outros também pode haver uma dessas. Eu tive uma aceitação boa. Em menos de duas semanas já participam nove membros”.

Um usuário mais antigo do Orkut, Audo Daniel de Sairre

Alves, 21 anos, que é um apaixonado por rock alternativo, diz que o site é ótimo para encontrar amigos com os mesmos gostos. “Montamos uma comunidade e sempre estamos em shows e baladas”.

O Orkut pode ser utilizado para amizades, negócios, procura de parceiros para namoro ou sexo. Estas opções aparecem como informação em seu profile (perfil).Uma das desvantagens do Orkut para o usuário brasileiro é que o site é todo escrito em inglês. Mesmo assim, em pouquíssimo tempo, os brasileiros se tornaram

maioria no site. Segundo o jornal “Folha de S. Paulo”, em matéria publicada em 25 de agosto, no mês de julho 50% dos usuários eram brasileiros. Mas, na mesma matéria, o jornal diz que a lentidão da rede tem afastado muitos usuários. Em 20 de agosto, os usuários brasileiros eram 49,98% do total. A comunidade do Centro Universitário Barão de Mauá tinha, até o fechamento desta edição, uma relação de 77 membros, entre professores, alunos, ex-alunos e funcionários.

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Alexandra Onofre e Re-nata Magnenti

Claudinei Garcia, 31, jor-nalista, percebeu que tinha um sério problema quando foi padrinho de um amigo. “Certa vez fui padrinho de um amigo e percebi que es-tava suando muito. Cruzei as mãos para baixo e senti o suor escorrer. Não queria se-car as mãos, porque estáva-mos na formalidade habitual da cerimônia. Quando olhei para o chão, tinha uma poça d’água, de uma circunfe-rência de aproximadamente 40 cm. Pensei: ‘Meu Deus, é muito sério, isto está me prejudicando’”.

Desde os sete anos, Gar-

Vanessa Almeida e João Gilberto Fernandes

Depois das doenças car-diovasculares e do câncer, a doença de Alzheimer é a ter-ceira maior causa de morte nos países desenvolvidos. Alzheimer é uma doença progressiva, que destrói as células do cérebro, provo-cando demência gradual e morte. As causas desse mal ainda são desconhecidas. Estima-se que 8% da po-pulação acima de 65 tenha a doença de Alzheimer. No Brasil, são mais de 600 mil portadores.

Esta é uma doença ainda sem cura, mas, segundo o médico Francisco de Assis Carvalho do Vale, especialista em doença de Alzheimer, o tratamento é importante para desacelerar a piora progressiva e ga-rantir qualidade de vida ao doente. “É preciso investir em medidas paliativas. A primeira delas é a família procurar um médico para orientar o tratamento”, salienta. “Além do espe-cialista, outros recursos podem ser utilizados como a terapia ocupacional, a fisioterapia e a fonoaudio-

Doença de Alzheimer ainda é um enigma para a ciêncialogia. Existe uma série de recursos terapêuticos para prolongar e melhorar a qualidade de vida dessas pessoas”.

A possibilidade de de-senvolvimento do Alzhei-mer recai sobre pessoas idosas e em alguns casos ela pode ter uma natureza familiar. Existem várias te-orias, porém, a mais aceita é a de que seja uma doença geneticamente determina-da, não necessariamente hereditária.

Dada a dificuldade de diagnóstico, aliada à falta de medicamentos que per-mitam estancar os estágios de avanço da doença, o Al-zheimer ainda é um enigma para a ciência.

Pequenos esquecimen-tos, normalmente aceitos pelos familiares como parte do processo normal de envelhecimento, são sintomas que se agravam gradualmente. Os pacientes tornam-se confusos e, por vezes, agressivos. Além disso, passam a apresentar alteração da personalidade, com distúrbios de conduta e terminam por não conhecer os próprios familiares e até a si mesmos quando colo-

cados na frente do espelho. À medida que a doen-

ça evolui, os portadores tornam-se cada vez mais dependentes de terceiros, começam a apresentar di-ficuldades de locomoção, a comunicação se inviabiliza e passam a necessitar de cuidados e supervisão in-tegrais, até mesmo para as atividades elementares do cotidiano, como alimenta-ção e higiene pessoal.

Não há um teste espe-cífico que diagnostique de modo inquestionável a doença. O diagnóstico certo só pode ser feito por exames do tecido cerebral obtido por biópsia ou ne-cropsia.

A principal vítima da doença acaba sendo a fa-mília. Dúvidas e incertezas com o futuro, a grande res-ponsabilidade, a inversão de papéis, em que os filhos passam a se encarregar dos cuidados dos pais, são as principais preocupações dos familiares. “Os fami-liares acabam tendo uma carga física e emocional muito grande, fazendo com que, muitas vezes, sejam eles que adoeçam”, diz o especialista.

O suor que não páraHiper-hidrose: uma doença que já tem solução

cia conviveu com um suor excessivo, conhecido clini-camente como “sudorese excessiva”. Quando iniciou o ensino fundamental era mo-tivo de chacota, pois andava com um lenço para conter o suor de suas mãos. Em dias de exames chegava a rasgar a prova, pois as mãos fica-vam ensopadas, e acabava encharcando a folha.

Seus pais não tinham conhecimento do que estava acontecendo e, na época, a medicina não tinha solução para o caso. Garcia passou por vários constrangimentos, a ponto de cumprimentar al-guém e esta pessoa enxugar as mãos na sua frente.

Vendo que o problema

não diminuía, o jornalista começou a procurar profis-sionais da saúde que pudes-sem orientá-lo. “Um médico me receitou um creme, pas-sei e ficou pior. Minhas mãos ficaram emplastadas, mele-quentas”, lembra. A sudorese excessiva é um distúrbio ca-racterístico da hiper-hidrose. Trata-se de uma doença que atinge 0,5% a 1,5% da po-pulação, segundo o médico Nei Dezotti, especialista em hiper-hidrose.

O médico explica que em Ribeirão Preto é provável que cerca de 2.500 a 7.500 habitantes sofram com o incômodo da hiper-hidrose. Segundo ele, a doença é um problema que se localiza em

partes específicas do corpo. Essa produção exagerada de suor ocorre porque o nervo que estimula a produção da sudorese trabalha mais. Os motivos desse defeito são desconhecidos. “Essa sudorese aumentada pode ocorrer nas mãos, nas axilas, nos pés, nas virilhas, na face ou em uma combinação de regiões, tais como pé e mão, axila e face, pé e axila”, ex-plica Dezotti.

A incidência da doença não está concentrada em ho-mens ou mulheres, nem há uma idade em que apareça mais. Porém, no período da adolescência, geralmente, a hiper-hidrose se intensifica, devido às mudanças hor-monais. Sabe-se também que o caráter hereditário é importante, mas até hoje a medicina não provou nada. No entanto, a incidência é grande entre irmãos e pri-mos de primeiro grau.

O doutor ressalta ainda que o estresse não é a causa da hiper-hidrose. “A doença é uma disfunção e o estres-se pode acentuar qualquer doença. É comum pessoas procurarem tratamentos en-caminhadas por psiquiatra e psicólogo que dizem que o paciente tem um problema causado por estresse”.

A transpiração em partes específicas do corpo pode causar algum grau de exclu-são social. “Para uma pessoa que tem hiper-hidrose nas mãos e realiza atividades manuais, o problema irá impossibilitá-la de fazer seus trabalhos. Tudo escorrega da mão. Caso a pessoa trabalhe com papel, irá rasgá-lo. Se com digitação, estragará o teclado”, exemplifica o

doutor.A estudante Lívia Andra-

de teve um colega de classe que era portador de hiper-hidrose nas mãos. “Um dia, fui fazer uma atividade com ele e só de colocar as mãos sobre as folhas ele molhou todo o trabalho. Ele acabava ficando sozinho”, disse.

Claudinei lembra que cer-ta vez suas mãos pingavam tanto que o suor caiu no te-clado do computador em que trabalhava. “Parece mentira, mas a placa do computador queimou. Era muito suor, fiquei sem o comando para digitar. Muitas vezes, objetos que não tinham uma superfí-cie em relevo ou áspera caí-am das minhas mãos, porque iam escorregando”, conta.

Para uma pessoa que tem hiper-hidrose nas axilas ou na face o constrangimento também é grande. Nas axilas a camisa está sempre molha-da, o que pode parecer falta de higiene, quando, na rea-lidade, o problema é outro. Pessoa que sofre de sudorese facial sempre está com o ros-to pingando.

Há tratamento clínico e cirúrgico para auxiliar quem sofre de hiper-hidrose. Exis-tem remédios que fazem com que o suor diminua. Porém, estes medicamentos também são usados por quem sofre de pressão alta. Logo, a hi-per-hidrose será controlada e a pressão ficará alterada. Outra maneira é usar cremes para tentar secar as mãos. Segundo Dezotti, acaba sen-do pior, pois vira uma pasta e o suor acaba aumentando. Outro recurso usado é o bo-tox. O paciente levará de 50 a 60 picadas de injeção na região onde há hiper-hidrose.

Este tratamento tem um cus-to alto e os efeitos duram de um a seis meses. Há também o tratamento cirúrgico, com uma técnica pouco invasiva, segundo Dezotti. Nestes ca-sos, são feitos dois furos no tórax e os nervos defeituosos são cortados.

Segundo o médico, a ci-rurgia é simples, porém tem implicações. “Não podemos secar o corpo inteiro do pa-ciente. É o suor que controla a temperatura corporal. A pessoa passará de uma situ-ação de hiper-hidrose para secura total na área operada e deverá passar qualquer tipo de creme hidratante para o resto da vida, para evitar que a pele trinque e machuque”.

Garcia passou por esta ci-rurgia. “Hoje tenho prazer de pegar nas mãos das pessoas. Tive uma recuperação rápida porque fui a um especialista no assunto. É importante que as pessoas encontrem o profissional adequado para o caso”. Ele afirma ainda que ganhou tempo para desen-volver suas atividades.

O suor que foi suprimi-do com a operação poderá se deslocar para outra área. Esse efeito é chamado de hiper-hidrose compensató-ria. “A intensidade do suor excessivo é deslocado para outra região. Isso ocorre em 20% a 30% dos pacientes, mas não é uma complicação e sim um resultado”, diz Dezotti. Hoje o jornalista operado tem hiper-hidrose compensatória. Porém, ele ressalta que está muito bem assim. “Tenho hiper-hidrose compensatória no tórax, mas em uma intensidade peque-na, que não atrapalha meu dia-a-dia”.

ALZHEIMER Mal de Alzheimer é a terceira maior causa de morte nos países desenvolvidos e ainda não tem cura

SUOR EXCESSIVO 0,5 a 1,5% da população sofre de hiper-hidrose

Ana Carolina Baldim

Ana Carolina Baldim

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Eventos Felipe Augusto

O prestígio de Getúlio Vargas, considerado pelos historiadores o grande líder brasileiro do século 20, per-petua-se nas homenagens pelo cinqüentenário de sua morte trágica, ocorrida a 24 de agosto de 1954. Como parte das celebrações foi inaugurado um memorial em sua homenagem, no dia 25 de agosto, em São Borja. A cidade, que fica na fron-teira oeste do Rio Grande do Sul, é a terra natal de Vargas. Paralelamente, o governador do Estado, Ger-mano Rigotto, sancionou o projeto que tombou, além do túmulo de Vargas, os túmulos de João Goulart e Leonel Brizola, ambos seus herdeiros políticos.

O memorial, que já faz parte do Patrimônio Cultural e Histórico do Estado, foi projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer e acolheu os restos mortais de Vargas. A cidade de São Borja recebeu milhares de visitantes para acompanhar as homenagens.

Quando Getúlio Var-gas cometeu suicídio em 1954, uma massa humana calculada entre 500 mil e 1 milhão de pessoas acom-panhou seu corpo até o Aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro, então

Eventos lembram 50 anos da morte de Getúlio Vargas

capital federal. De lá, ele foi transportado para ser sepultado em São Borja, cidade que é vista como a capital do trabalhismo bra-sileiro.

Em Porto Alegre, as homenagens incluíram a exposição “Getúlio Vargas Promotor”, no Memorial do Ministério Público do Rio Grande do Sul, con-tendo fotos da época em que era promotor e alguns documentos desse tempo. Também na sede do Minis-tério Público ocorreu, entre os dias 19 e 20 de agosto, o seminário internacional “Da vida para a história - o legado de Getúlio Vargas”, evento que reuniu painelis-tas do Brasil e do exterior. Também em Porto Alegre, no dia 21, o Partido Traba-lhista Brasileiro (PTB) pro-moveu o encontro “50 anos sem Getúlio”, que avaliou as conseqüências da vida e da morte de Getúlio Vargas nos destinos do Brasil. O partido fez também home-nagens à família Vargas e ao primeiro trabalhador da Petrobrás, o auxiliar de refino aposentado Eugênio Antonelli, de 88 anos, que veio de Salvador especial-mente para o evento. A Petrobrás representa um dos principais legados de Vargas.

Na cidade do Rio de Ja-

neiro, no dia 24 de agosto, houve missa e inaugura-ção do Memorial Getúlio Vargas, na praça Luís de Camões. O memorial, que ainda não está concluído, contará com museu, cine-ma e lanchonete.

Em comentário feito no dia 24 de agosto, e repro-duzido por vários meios de comunicação, o minis-tro interino da Cultura e secretário-executivo do Ministério, Juca Ferreira, disse que os 50 anos da morte de Getúlio Vargas exigem uma reflexão sobre o período histórico em que ocorreu. Para o secretário, o episódio também está li-gado ao momento atual do país. “A geração formada a partir de 1964, que hoje lidera o cenário político e que criou partidos como o PT teve como base polí-tica a crítica ao nacional-desenvolvimentismo e ao populismo da Era Vargas”. Ferreira ressaltou o caráter ambíguo de Vargas, que ao mesmo tempo “conseguiu ser democrata e ditador” e também a necessidade de rediscutir alguns conceitos que muitos pensavam estar superados, como o de “in-teresse nacional”, “já que as relações internacionais se tornaram injustas após a globalização”.

Getúlio Dornelles Vargas nasceu no dia 19 de abril de 1883, em São Borja Rio Grande do Sul e faleceu no dia 24 de agosto de 1954. Descendente de tradicional família gaúcha tentou, a princípio, a carreira militar, decidindo-se, mais tarde, pelo curso de Direito. Foi eleito deputado estadual e, logo depois, deputado federal pelo Rio Grande do Sul, tornando-se o líder da bancada do seu Estado no Congresso Nacional.

Apoiado pela Aliança Liberal, Getúlio foi candidato à Presidência da República, tendo sido derrotado nas eleições de 1930 pelo candidato da situação, Júlio Prestes. Líder da Revolução de 1930, destituiu Washington Luís, tornando-se Presidente da República. Uma das reivindicações básicas das oposições era a convocação de uma Assembléia Constituinte. Vargas, entretanto, não se preocupou em convocar esta eleição.

Derrubado em 1945, retornou à vida pública em 1950 quando, pelo voto direto e secreto, foi eleito novamente Presidente da República. Fundou a Petrobrás e a Vale do Rio Doce. Foi também responsável pela criação da Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT).

Vargas foi o pai do trabalhismo brasileiro

GRAFITE Desenho de Paulo Sérgio Fritoli, 1º ano de Publicidade e Propaganda

E o ar de Ribeirão Preto, como vai?

POLUIÇÃO Estação da CETESB medirá níveis de poluição no ar de Ribeirão Preto

Luís Henrique Sousa

Para descobrir, a Com-panhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb) instalou, recen-temente, uma estação móvel de medição da qualidade do ar em Ri-beirão Preto. “Esta esta-ção móvel é de São Paulo e ficará em Ribeirão Preto por um ano. Servi-rá para conhecermos as condições e a qualidade do ar da cidade”, explica Eli Nicoleto, gerente da agência ambiental da Ce-tesb em Ribeirão Preto.

Esta estação irá rea-lizar o monitoramento da poluição produzida

por veículos, indústrias e outras fontes. Os equipa-mentos, instalados em um ônibus, medem as con-centrações de monóxido de carbono, óxidos de enxofre, óxidos de nitro-gênio e ozônio e material particulado. Além disso, faz acompanhamento de fatores meteorológicos, entre eles a velocidade e a direção dos ventos. Os dados coletados pela estação são processados diariamente em São Paulo e são divulgados em bole-tins diários de qualidade do ar, no site da Cetesb.

A estação está locali-zada na Escola Estadual Edgardo Cajado, na Rua

General Câmara, no Bairro Ipiranga, onde fi-cará até agosto de 2005, abrangendo todas as estações do ano. O obje-tivo, segundo Nicoleto, é avaliar a qualidade do ar em diferentes condições meteorológicas, já que es-tas influem na dispersão dos poluentes.

Ele ressalta que as de-núncias sobre poluição do ar provocada por veículos e indústrias podem ser feitas através do Disque Meio Ambiente, número 0800-113560, em horário comercial.

Ana C

arolina Baldim

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Marcelo Alves FontesNeste ano, “Evangelho

Segundo o Espiritismo” (1864) está completando 140 anos. O autor dessa obra, chamada de “codificação do Espiritismo” é o francês, nascido na cidade de Lion, Allan Kardec. Este foi o terceiro livro escrito por ele, seguindo o estilo do “Livro dos Espíritos” (1857) e do “Livro dos Médiuns” (1859). Na seqüência vieram “O Céu e o Inferno” (1865) e “A Gênese” (1868).

Hoje existem no mundo cerca de 15 milhões de espíritas, sendo que, de acordo com o último censo do IBGE, são 2,4 milhões só no Brasil, e por isso os brasileiros formam a maior comunidade espírita do mundo. Ainda segundo o IBGE, o Brasil também é a maior nação católica do mundo, com cerca de 125 milhões de praticantes.

A doutrina espírita, que tem a França como berço, encontrou grande número de adeptos em todo o mundo, inclusive no Brasil, é o que conta Lucio Mendes, 76, secretário da União Espírita de Ribeirão Preto. “A doutrina surgiu no Brasil apenas oito anos depois de Kardec ter lançado a primeira obra da codificação na França. Salvador foi a cidade brasileira que abrigou o primeiro núcleo espírita ainda no século 19”, afirma Mendes.

Segundo ele, o Espiritismo chegou a Ribeirão Preto entre o fim do século 19 e começo do século 20. O primeiro registro de um centro espírita em Ribeirão foi o do Grupo Paz, Amor e Caridade. “Hoje há inúmeros centros espíritas espalhados por toda a cidade, o que a torna um dos principais ícones do Espiritismo no Estado”, afirma.

Obra de Allan Kardec comemora 140 anosDoutrina Espírita surgiu na França e encontrou grande aceitação no Brasil

Audo Daniel de Sairre Alves

Aos 14 anos Ricardo Silva tinha que dar pulinhos com os pés juntos. Com 21, tirava do guarda-roupa e colocava no corpo a mesma camiseta dezenas de vezes, pensando que se tal procedimento não fosse feito à exaustão, algo de grave poderia ocorrer. “Você tem noção de que é uma coisa estúpida, mas fica pensando que poderá acontecer alguma coisa séria com alguém caso você não faça”, diz ele.

Ricardo foi diagnosticado portador de transtorno obses-sivo compulsivo (TOC), co-nhecido popularmente como transtorno de manias. “Todo ser humano tem suas manias. Mas quando elas começam a atrapalhar a vida e o coti-diano da pessoa, começa o transtorno de manias”, alerta o psicólogo Carlos Eduardo Silva. O transtorno pode ter

GRAFITE Desenho de Renato dos Santos, 1º ano de Publicidade e Propaganda

Quando as manias se tornam um problemaMANIAS Elas não podem atrapalhar sua vida

início com algum trauma de infância. “Às vezes, o trans-torno de manias é, de alguma forma, um jeito de lidar com esse trauma”, afirma o psicó-logo.

Ricardo também apresen-ta quadros de depressão, que não são, necessariamente, sintomas do transtorno de manias. “Em um dia eu acor-dava normal e em outro com fortes sintomas de depres-são”, diz Ricardo, que fazia terapia ao mesmo tempo em que tomava medicação indi-cada por um psiquiatra.

A doença pode ser curada. O tratamento mais comum é a combinação de psicoterapia e medicamentos. Ricardo diz que se sente curado. No entanto, os sintomas podem manifestar-se novamente, como em outras doenças. “É como uma alergia, que pode reaparecer a qualquer momento”, diz ele.

Daniela Selle Flach Cada vez mais procura-

dos, os testes vocacionais são instrumentos para medir a aptidão do indivíduo para determinadas profissões. Ju-lieta Alves Maia, orientadora do método Kumon, explica que o teste é feito com uma seqüência de perguntas que, de acordo com as respostas, inseridas em uma tabela, determinam as habilidades do indivíduo. O teste pode trazer benefícios, principal-mente por reduzir a ansie-dade de adolescentes que procuram por uma profissão.

O teste vocacional, se-

Teste vocacional:aliado na busca da profissão

gundo Julieta, dá certo, mas geralmente quando ele não é seguido por questões financeiras ou familiares. Por outro lado, ignorar os re-sultados do teste ou mesmo não realizá-lo, não significa fracasso profissional. “A pessoa pode obter êxito em outras profissões. O ser hu-mano tem um grande poder de adaptação”, afirma.

Existem muitos sites que disponibilizam testes voca-cionais e podem ajudar na hora da escolha profissional, principalmente dos adoles-centes que são os que mais procuram.

Fábio MancilhaOs cursos de forma-

ção de professores têm se preocupado com a relação que é estabelecida entre educadores e educandos. O curso de graduação em

Relação entre professores e alunos é marcada por proximidade e conflitosPedagogia, que surgiu no Brasil em 1939, forma pro-fessores habilitados para lecionar da 1ª à 4ª séries do 1º grau, além de gestores educacionais ou diretores. “O curso prepara os futu-ros professores para aten-derem às dificuldades dos alunos em relação às defi-ciências familiares e não apenas no aspecto edu-cacional”, explica Cícero Barbosa do Nascimento, coordenador do curso no Centro Universitário Ba-rão de Mauá.

Há 39 anos no mercado de trabalho, todos eles de-dicados à educação, Maria Débora Vendramini Durlo, professora de Filosofia e Ética Profissional, no Cen-

tro Universitário Barão de Mauá, mostra sua satis-fação ao comparar o am-biente de salas de aula do seu tempo com o de hoje. “Era um relacionamento distante, os professores eram tidos como semideu-ses. Hoje há muito mais companheirismo, mais dedicação, muito mais afeto. O relacionamento é muito mais aberto. Eu gosto muito dessa relação de solidariedade”.

A professora de His-tória, Ana Paula Canalle, que leciona há 13 anos nas redes estadual e munici-pal, relata que hoje a visão de educação por parte dos professores é diferente. “Nós tentamos resolver os

conflitos, mas não usamos a punição e sim o diálogo, mostrando para o aluno que certas atitudes que ele tem estão inadequadas, que ele deve mudar para viver bem em sociedade”.

Na opinião da Secre-tária Municipal de Edu-cação, Francisca Paris, a relação entre professores e alunos é de conflito, o que sempre ocorre nas re-lações humanas. “Sempre quando pessoas estão se relacionando há um con-flito. O que a gente pro-põe é que não aconteça o confronto. Portanto, casos de indisciplina devem ser resolvidos pelo professor ou diretor da escola e não pela polícia”, afirma.

RELACIONAMENTOO professor de hoje está mais próximo do aluno

Ana Carolina Baldim

Ana Carolina Baldim