Ribeira Quente - Jornal O Açoriano · Vamos esperar para ver enquanto o Inverno não chega se...

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Vol.5 Nº1 OUTUBRO DE 2009 Director: Mario Carvalho Ribeira Quente

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Nº1

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DE

2009

Director: Mario Carvalho

Ribeira Quente

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O Açoriano2

EDIÇÕES MAR4231, Boul. St-Laurent

Montréal, QuébecH2W 1Z4

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VICE-PRESIDENTE: Nancy Martins

DIRECTOR: Mario Carvalho

DIRECTOR ADJUNTO: Antero Branco

REDACÇÃO: Sandy Martins

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Natércia Rodrigues

CORRESPONDENTES:Açores

Alamo OliveiraEdite MiguelJorge Rocha

Roberto Medeiros

FOTOGRAFIA: Anthony NunesRicardo SantosJosé Rodrigues

AçoresHumberto Tibúrcio

INFOGRAFIA: Sylvio Martins

Envie o seu pedido para Assinantes

O Açoriano4231-B, Boul. St-Laurent

Montréal, QuébecH2W 1Z4

O AçorianoEDITORIAL

Homens da minha TerraCom o apoio da Associação Quebequente, O

Açoriano leva, nesta edição, os seus leitores a vi-sitarem a Ribeira Quente, freguesia do concelho da povoação, Ilha de São Miguel.Os Homens da Terra têm sido muitos que pela

sua braveza têm vencido os ventos e temporais, têm navegado o mar do Oceano Atlântico, por vi-rem duma terra virada para o mar aonde a maioria dos homens dedicam-se à pesca. Muitos deixaram a aldeia pequenina e o imenso

mar, rumando a outras terras, envergando por ou-tros caminhos e destinos.O professor Linhares Furtado, cirurgião açoria-

no pioneiro dos transplantes em Portugal (nos anos sessenta), é de pais eram naturais desta fre-guesia.O deputado açoriano Noé Venceslau Pereira Ro-

drigues, nasceu na freguesia da Ribeira Quente a 14 de Fevereiro de 1956. João Vieira Jerónimo Grande, impulsionador do

folclore Açoriano, director e ensaiador do Grupo Folclórico de Santa Cecília (Fajã de Cima), foi de uma tal importância para o povo da Fajã de Cima que o homenagearam dando o seu nome a uma das ruas da freguesia.Mas as gentes da Ribeira Quente, talvez por cau-

sa do isolamento que viveram ao longo de muitos anos, foram sempre um povo muito alegre e di-vertido. O livro “Cantigas do povo dos Açores” faz ques-

tão de mencionar que aos domingos e nas festas familiares tais como a matança do porco bailha-vam em sítios combinados por rapazes e rapari-gas, rodeados pelos mais idosos pais, mães, vi-zinhos que aproveitam uma “brechazinha” para um mata saudades do tempo da juventude. O livro também menciona que um destes lugares em São Miguel é a Ribeira Quente para além da Ponta Garça, Lomba da Maia, Salga e Agua Retorta.Os homens e mulheres desta terra quando emi-

graram levaram consigo esta paixão pela música, e alegria de viver, muitos deles cantando e ale-grando as festas das comunidades aonde residem. Alguns até ultrapassaram as fronteiras do país aonde residem.

Nos Estados Unidos, Eduardo é um exemplo dis-to, mas é na região de Toronto no Canada onde esta vocação de cantar, mais se manifestou. Os irmãos Lino Rego e o Mário Marinho, o Gru-

po de Amizade, o improvisador de cantigas ao desafio Gil Rita são exemplos, mas aqueles que foram mais longe foram os membros do Conjunto Starlight que este ano festeja 25 anos de carreira. É o melhor grupo musical luso da actualidade. Foi em Setembro de 1984 que actuaram pela pri-

meira vez em Toronto, a maioria dos membros são naturais da Ribeira Quente, Luís Furtado, baixo, Danny Vieira, bateria, Francisco Furtado, teclas e Tony Melo, voz.Só o Francisco desistiu do conjunto, os outros

continuam a actuar juntos já lá vão 25 anos.Sem duvida alguma o grande responsável por

grande parte do sucesso do grupo é o cantor e compositor Tony Melo, pelo seu profissionalismo, veia poética e uma voz carismática.E uma das grandes características do conjunto é

alegria das suas cantigas que contagia as assistên-cias por aonde têm actuado e as musicas que têm gravado no decorrer da sua existência.Rara é a família portuguesa que nunca ouviu

ou não tenha em casa música do Starlight, e en-tre as numerosas canções, há sempre uma ho-menagem aos Açores e a Portugal, sem esque-cerem a sua terra de origem Ribeira Quente, como nas canções que o Tony compôs: Ruas da Minha Aldeia, Ribeira Quente, Se o céu existe a minha terra é o céu e Festa do Chicharro.O conjunto Starlight, actuou pela primeira vez

em Montreal no dia 16 de Setembro de 1995 no casamento de Debby e João. Depois, têm vindo a Montreal todos os anos. Para além das actuações na América do Norte, já actuaram em algumas ilhas dos Açores, no Continente a recentemente na Africa do Sul. Hoje o Starlight não são homens da nossa terra mas de todas as terras do mundo aonde vive um português.Foi esta alegria de cantar que muitas vezes

venceu a tristeza da saudade daqueles que par-tiram, com vontade de ficar.

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O Açoriano 3

GENTE DA TERRA

Mario CarvalhoHaja Saúde para não perder!

Chove lá fora, as árvores estão despi-das, folhas pelo chão, o frio já chegou, e em Montreal já se viu neve a cair e gelo no para brisas, já não há flores no jardim, nem crianças a brincarem na rua, deixa-ram de brincar ao ar livre, refugiaram-se no interior da casa, instalaram-se em

frente ao televisor e do computador. Os idosos abandonaram os bancos do jardim, instalaram-se por detrás da janela para verem o Inverno chegar.Queria partir, para não ver chegar o Inverno, amigos pedi-

ram-me para não abandonar ‘’O Açoriano’’ hoje faz parte das nossas vidas, muitos o adoptaram, e esperam todos os meses como antigamente, uma mãe esperava a carta do filho que estava emigrado, na expectativa de saber novidades, para muitos idosos é o único companheiro que lhes resta e que fala da sua terra, das festas e procissões.Será Outono ou Inverno? O Outono

no Canada é mais frio que o Inverno nos Açores! Nesta altura do ano pa-recemos um exército que se prepara para ir à guerra, com medo de não ser apanhado desprevenido pelo ini-migo!Tudo tem que ser bem estruturado,

de maneira a não nos faltar nada para o Inverno, porque ele é rigoroso e não perdoa, preparamos o agasalho, casaco, botas, chapéu, luvas. Em casa, pá para limpar a neve, lenha para a lareira, fechar e isolar as ja-nelas, arrumar o grelhador, cadeiras e mesa do pátio, vazar a água da pis-cina etc.O carro, pneus de Inverno, vassoura para limpar a neve,

raspador para o gelo, água para o para brisa com capacidade de resistir ao frio até aos 40 graus negativos, instalação do abrigo de Inverno para o carro. Vinho novo na adega!Mas não só o Inverno nos preocupa neste momento, até a

selecção portuguesa de futebol também nos preocupa por-que continuamos sem saber se vamos ou não ao mundial que se realiza em 2010 na Africa do Sul.E nos preocupamos porquê?Porque todos nós adoramos a selecção de Portugal, é ela

que alimenta as nossas raízes, foi ela que nos últimos anos ensinou aos nossos filhos as cores da nossa bandeira e fez nascer neles o orgulho de ter sangue português.E para nos chatear ainda mais, veio o Bruxo espanhol

‘’PEPE’’, jurou fazer feitiço para que o melhor jogador do mundo, Cristiano Ronaldo, ficasse lesionado. Feitiço ou não,

o que é certo é que Cristiano está lesionado, não se sabe se vai recuperar a tempo de jogar os dois jogos decisivos para o apuramento da selecção, iremos defrontar a selecção da Bósnia nos dias 14 e 18 de Novembro próximos, quem ga-nhar vai ao mundial, quem perder fica em casa. Por ironia do destino, Cristiano após ter sido criticado injustamente, de não jogar tão intensamente na selecção como faz nos clu-bes aonde tem jogado Manchester United e presentemente Real Madrid, no último jogo que jogou fez o passo para o primeiro golo de Portugal aos vinte e poucos minutos da pri-meira parte marcado por Simão contra a Hungria. Golo este que abria as portas para a tão desejada vitória para podermos manter viva a esperança de conseguir-mos alcançar o segun-

do lugar. Passados alguns minutos, Cristiano Ronaldo foi substituído, não consegue continuar em campo, a lesão agravou-se, no banco cumpri-menta todos os colegas, talvez tenha medo da critica maldosa e mal ho-nesta de alguns portugueses que não sabem apreciar quem tão longe e tão alto tem levado o nome de Portugal. Um Ferrari em piso terreiro não

rende tanto como em piso de asfalte, nem as estrelas no céu brilham todos os dias.A selecção portuguesa tem jogado

um sistema defensivo, com três cen-trais em campo, este sistema não be-neficia aos atacantes e tira brilho às estrelas.Qual o país do mundo que não gos-

taria de ter um Ronaldo na sua equi-pa?Deveríamos ter mais respeito e ad-

miração por aquilo que é nosso, por-que o dia em que se for embora como

aconteceu com o Pauleta é que iremos reconhecer o seu real valor e a falta que ele nos faz, e para parecerem bonzinhos faz-se homenagens e dá-se prémios.O Ronaldo não deve nada a Portugal, foi com muito esforço

e trabalho que ele chegou aonde chegou. Portugal e todos os portugueses é que devem muito ao Ronaldo e deveriam lhe enviar a cada momento palavras de encorajamento para que ele seja cada vez mais a estrela portuguesa que mais brilha no mundo do futebol, dizendo Obrigado por tudo o que tens feito pela nossa nação ele é um ídolo para os jovens.Vamos esperar para ver enquanto o Inverno não chega se

vamos ou não ao Mundial, com ou sem Cristiano Ronaldo, o Inverno será muito mais frio se não nos qualificarmos, mor-rendo o sonho de içar a nossa bandeira no coração de muitas crianças.Haja Saúde para vencer.

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AS NOSSAS RAÍZES

Freguesia de Ribeira QuenteRIBEIRA QUENTE é uma freguesia por-

tuguesa do concelho da Povoação, com 9,88 km² de área, 798 habitantes (2001) e densida-de de 80,8 hab/km². Localiza-se a uma latitu-de 37.7733 (37°44’) Norte e a uma longitude 25.3 (25°18’) Oeste, encontrando-se quase ao nível do mar. Tem como fronteiras, a norte a

herdade de José do Canto, as terras da misericórdia de Fur-nas e Pico dos Bodes. A sul o mar, a nascente a Ribeira do Agrião e a poente a Grota do Tufo. No seu aspecto físico, dois grupos habitacionais são bem visíveis: o lugar da Ribeira e o do Fogo. Quanto ao primeiro, e como o pró-prio nome indica, situa-se na convergên-cia da Ribeira dos Tambores com o mar. Este local caracteriza-se pela existência do porto de pesca e seus complexos adja-centes. Quanto ao local do Fogo, situa-se nos arredores da actual igreja paroquial de São Paulo, edificada de 1911 a 1917. Exis-te aí uma pequena baia na qual se situa um pequeno areal: a Praia do Fogo. A existên-cia de nascentes hidrotermais submarinas torna a água do mar tépida.O enquadramento paisagístico da Fregue-

sia foi sendo alterado com o decorrer dos séculos. Em 1588 um grande desmorona-mento de terras num monte circundante ao Vale das Furnas, provocado por intensas chuvadas, veio acrescentar muita terra à Ribeira Quente. Outro acontecimento de grande rele-vância para a formação da Freguesia foi a erupção vulcânica de 2 de Setembro de 1630, em Furnas, que trouxe consigo enormes quantidades de terra e pedra que vieram ganhar ter-reno ao mar fazendo com que se pudesse passear a pé em locais onde outrora passavam barcos e navios à vela. 1839 – A Ribeira Quente é tornada parte integrante do

Concelho da Povoação que faz um caminho rudimentar – O Caminho do Redondo, que foi o primeiro feito propositada-mente para servir o povo de Ribeira Quente.Mas, afinal, quem foram aqueles que formaram a comuni-

dade sedentária deste lugar?Qualquer tentativa para encontrar esta enigmática origem

não pode passar além do campo das suposições, a não ser que, por mero atrevimento ou veleidade, alguém possa tirar algumas ilações daquilo que neste trabalho já foi dito.O povo desta comunidade, posta de parte a faceta verane-

ante, surgiu pobre e viveu pobre no percurso da sua história agora largamente contada.Se entrarmos no campo das suposições, baseando-nos em

aparências físico-fisionómicas, podemos dizer que o segun-do maior grupo étnico da Ribeira Quente, (os Regos) quer pelo seu moreno escuro, quer pelo seu comportamento e compleição, podiam ter tido algo a ver com os Sousas, Arru-das e Monteiros de Santa Maria; com os Botelhos e Bentos

de Vila Franca e Povoação Velha, ou mesmo com os Resen-des e Bentos do Faial da Terra.Mas os PEIXOTOS DA RIBEIRA QUENTE, aquele imen-

so clã que sempre se identificou com o mar e só com o mar?... Da compleição física entre o mediano e o alto, de tempe-ramento arrebatado e de abarroada discussão que logo se tornava pacífica, era uma gente muito bonita, tanto homens como mulheres. Com uma pele sardento-rosa-avermelhada, de olhos de um azul vivo e, muito demarcados de qualquer

outro tipo de gente – como aquela que se fixou entre a Relva e a Bretanha, mas que nenhum historiador mencionou ou iden-tificou para não ferir a susceptibilidade histórica – os Peixotos da Ribeira Quente eram prolíferos e bravos no mar.As mulheres daquele clã eram uma es-

pécie de mulheres guerreira, por vezes de altura desmarcada. Quer no trabalho doméstico, quer no do campo ou outros, pelo seu poder físico chamavam-nas de bestas de carga!Fundamentalmente, os Peixotos da Ri-

beira Quente foram o protótipo perfeito de gente nórdica. 1965 – Neste ano atingiu-se o ponto cul-

minante da história populacional da Ri-beira Quente, 2421 habitantes.

Uma das grandes obras de engenharia terão sido os dois Túneis, sendo o primeiro inaugurado em 1936 e o segundo quatro anos depois.Como grandes factores de desenvolvimento Económico/So-

cial da Freguesia temos os melhoramentos da estrada entre Ribeira Quente e Furnas e os sucessivos empreendimentos de melhoramento no porto de pesca. No entanto, a elevação da Ribeira Quente a Freguesia, a 24 de Junho de 1943, com uma população na altura de 1800 habitantes, foi um passo decisivo para este desenvolvimento.

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HOMEM DA TERRA

Gil Rita

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CRÓNICA

Saiba mais sobre a linhaçaA linhaça (ou sementes de linho) é

uma excepção do reino vegetal, por conter uma apreciável quantidade de gorduras ómega-3. É a principal fonte de linhanos da alimentação Só terá a ganhar se a incluir diariamente na sua alimentação.A maioria das sementes é utilizada na

alimentação em quantidades tão peque-nas que, mesmo sendo um alimento de grande valor nutritivo, adicionam pouco valor à alimentação. No entan-to, existem outras sementes que podem ser usadas em maiores quantidades, contribuindo dessa forma com quanti-dades significativas de vitaminas, sais minerais, fibras, proteínas e gorduras insaturadas.As sementes de linho (ou linhaça) po-

dem ser facilmente adicionadas à ali-mentação, com todos os benefícios que daí advêm. Adicione 1 a 2 colheres de sopa diariamente aos cereais de peque-no-almoço, nos iogurtes, saladas, bolos e em todos os alimentos que quiser. A linhaça existe sob 2 formas prin-

cipais, a dourada e outra mais escura. Escolha linhaça biológica e conserve-a num recipiente fechado e afastado da luz directa do sol. As sementes de linho são a fonte

mais rica de um tipo de fitoestrogénio conhecidos como linhanos. Tal como no caso das isoflavonas da soja, os li-nhanos possuem uma fraca actividade estrogénica e antiestrogénica, e são es-truturalmente semelhantes ao estradiol (hormona) Diversos estudos têm sugerido que os

linhanos podem interferir no desenvol-vimento de cancro da mama, da prósta-ta, do cólon, entre outros.

Além do seu potencial uso na preven-ção do cancro, pesquisas preliminares sugerem que os linhanos possam ter um papel na diminuição do colesterol, na prevenção da aterosclerose e trata-mento dos sintomas da menopausa.Outra das componentes da semente do

linho é o seu óleo, que apresenta quan-

tidades muito elevadas de ácido gordo essencial ómega-3, e quantidade apre-ciável de ómega–6.Centenas de estudos já provaram que

os ácidos gordos ómega-3 podem bai-xar os níveis de triglicéridos e de coles-terol no sangue, desempenhando assim

um importante papel na prevenção das doenças cardiovasculares.O elevado teor de fibras das sementes

de linho é bem conhecido. Os polissa-cáridos – gomas e mucilagens- das se-mentes de linho, podem ter valor nutri-cional como fibra dietética, que parece desempenhar um papel importante na

redução da diabetes e do risco de do-ença cardiovascular, na prevenção dos cancros do cólon e do recto e reduzindo a incidência de obesidade. As semen-tes de linho podem também ajudar no funcionamento regular dos intestinos, evitando a prisão de ventre.

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UM POUCO SOBRE NÓS

Nancy Martins

Gripe A (H1N1): 10 perguntassobre a vacina

1. Devo receber a vacina ?No Quebeque, a vacina será dada a todos os

que quiserem recebê-la, mas não será obri-gatória. As autoridades públicas encorajem a população a receber a vacina, mas a decisão é pessoal.

2. Quem a receberá primeiro ?Todos não receberão a vacina ao mesmo tempo. Tendes aqui

a ordem de prioridades que poderá ser modificada segundo a evolução da pandemia : 1. As pessoas de menos de 65 anos que sofrem de doen-

ças crónicas. 2. As mulheres grávidas. 3. As crianças de entre 6 meses e 5 anos. 4. Os residentes de localidades distantes e isoladas. 5. Os que trabalham no meio da saúde. 6. As pessoas que residem com pessoas a alto risco mas

que não podem receber a vacina. 7. As crianças e adolescentes de 5 a 18 anos. 2. Os polícias e bombeiros. 3. Os trabalhadores das industrias avícolas e porcinas. 4. Os adultos de 19 a 64 anos. 5. Os adultos de 65 anos e mais.3. Que contem a vacina?Para além dos antígenos da cepa 2009 da gripe A (H1N1),

a vacina contem igualmente um aditivo e um agente de con-servação. O aditivo escolhido para a vacina canadiana é o AS03, uma substância essencialmente composta de vitamina E permite realizar economias apreciáveis sobre a quantidade utilizada, o que facilita a imunização de um grande número de indivíduos o mais rapidamente possível. A utilização dum aditivo pode também dar uma protecção cruzada contra a mutação do antígeno. Os aditivos não são novos, são utili-zados desde várias décadas para estimular a reacção imune às vacinas, mas o uso de aditivos com vacinas contra a gripe nunca tinha sido aprovado anteriormente no Canadá. A vaci-na canadiana contem igualmente um agente de conservação à base de mercúrio chamado thimérosal (ou thiomersal) que serve para prevenir a contaminação da vacina por agentes infecciosos que provêm da proliferação bacteriana. A vacina comum contra a gripe sazonal e a maior parte das vacinas contra a hepatite B contêm esta substância estabilizadora.4. A vacina com aditivo é segura para as mulheres grá-

vidas e as crianças? Não existem dados fiáveis sobre a vacina com aditivo nas

mulheres grávidas e nas crianças de 6 meses a 2 anos. As autoridades do Quebeque escolheram então oferecer às mu-lheres grávidas e às jovens crianças uma vacina sem aditivo, por medida de segurança.5. Quais são os efeitos secundários da vacina ?Os efeitos secundários da vacina antigripal são geralmente

ligeiros e limitam-se a dores benignas onde a agulha pene-trou na pele do braço, ligeira febre ou ligeiras dores durante os 2 dias que seguem a imunização. Para a vacina da gri-pe A (H1N1) 2009, os ensaios clínicos em curso no Canadá não estarão completados no momento em que irá começar a campanha de imunização maciça, mas as autoridades de saúde consideram que os riscos de efeitos secundários gra-ves são muito mínimos. Nas regiões do mundo em que as campanhas de vacinação já começaram, poucos efeitos se-

cundários foram notados.

6. Quando poderei receber a vacina ?A campanha de vacinação contra a gripe A (H1N1) foi pla-

neada para o início do mês de Novembro de 2009. No en-tanto, as autoridades poderiam começar a oferecer a vacina mais cedo que previsto. A campanha de vacinação deveria prosseguir-se até ao fim de Dezembro.

7. Onde poderei receber a vacina ?Várias clínicas de vacinação serão abertas em todas as re-

giões do Quebeque. Um grande número de pessoas poderá assim receber a vacina num curto lapso de tempo.

8. Tenho de pagar para receber a vacina ?Não, a vacina será grátis para todos os canadianos.

9. Quando irei receber a vacina contra a gripe sazonal?Para dar prioridade à vacinação contra a gripe A, a campa-

nha de vacinação contra a gripe sazonal será adiada ao mês de Janeiro de 2010.

10. Como posso obter mais informações ?Para mais informações e para conhecer a evolução da pan-

demia, consulte os seguintes sites :www.pandemiequebec.gouv.qc.cawww.phac-aspc.gc.ca www.passeportsante.net

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Fé DE UM POvO

A alegria do povo é que faz a Festa!Pelo 13º ano consecutivo, realizou-se em Montreal no dia

26 de Setembro passado o Convívio em honra de São Paulo da Ribeira Quente, sendo o 12º promovido e organizado pela Associação Saudades Da Terra Quebequente. O primeiro convívio ocorreu no dia 28 de Setembro de 1986

e foi organizado pelo empresário Luís Ar-ruda com a colaboração de um grupo de amigos oriundos da Ribeira Quente. Depois de então e após a sua fundação,

a “Associação Quebequente” tem sido res-ponsável todos os anos de organizar este convívio. De ano para ano, este evento tem sido um grande sucesso, esgotando a venda dos bilhetes semanas antes, fazendo com

que muitas pessoas reservem o seu lugar de um ano para o outro para terem a certeza de não falharem a sua já habitual presença. É sinal que têm confiança neste organismo e na ca-pacidade dos seus responsáveis em fazerem sempre melhor

ano após ano. Este convívio deixou de ser da Ribeira Quente mas sim de toda a comunidade de Montreal e para além dos portugueses, também de alguns francófonos.Quem assistiu pode testemunhar a grande alegria que se vi-

veu durante o serão, é uma festa alegre, com muita luz e som e a presença de muitos jovens.Com uma sala muito bem decorada, boa

comida servida com abundância, muita animação, a festa este ano contou com ac-tuação dos artistas locais Fátima Miguel, Eddy Sousa, DJ Jef Gouveia e vindo direc-tamente de Toronto, o conjunto Starlight, o mais consagrado grupo musical português da actualidade na América do Norte que

comemora este ano o 25º aniversário da sua fundação.1765 - Foi erguida a primeira ermida de São Paulo por gen-

te de Vila Franca, Concelho ao qual pertencia o lugar de Ri-beira Quente na altura.

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Fé DE UM POvO1796/98 – É edificada a segunda ermida de São Paulo visto

que a primeira se tornara insuficiente e ia-se arruinando cada vez mais devido à sua proximidade do mar.

No livro do Tombo da igreja paro-quial da Ribeira Quente encontra-se registada a: “notícia circunstanciada da estadia do Senhor Bispo nesta fre-guesia”, por ocasião de uma visita pas-toral que integrou a Bênção da Nova Igreja, Festa de São Paulo, ordenação de Presbítero e Unção de Via-Sacra, nos dias 22, 23 e 24 de Setembro do ano 1917.A narrativa é bastante longa e porme-

norizada, mas podemos sintetizá-la no essencial.Começa por descrever a maneira so-

lene como 12 embarcações bastante engalanadas foram à Vila da Povoação receber o Sr. Bispo D. Manuel Damas-ceno da Costa.É recebido triunfalmente na Ribeira Quente com todos os

requintes solenes de uma Visita Pastoral, que iniciava no dia 22 com a Bênção da nova Igreja Paroquial do Apóstolo São Paulo “que levara seis anos a construir”.Não se sabe ao certo se outras festas em honra do padro-

eiro já se tinham celebrado anteriormente, mas é de supor que sim pelo facto da Visita Pastoral ter sido programada para o “ último fim-de-semana” de Setembro. As outras pa-róquias da Ouvidoria da Povoação, por serem mais antigas, já tinham preenchido os Domingos privilegiados de Verão. Escolheram esta data pela vantagem que trazia em coincidir com o tempo das colheitas e também com o quase terminus da safra das pescas do atum e bonito.1956 – O povo inteiro da Ribeira Quente vem à praia des-

pedir-se do seu padroeiro São Paulo que escoltado por 27 barcos faz a travessia num deles entre a Ribeira Quente e a Vila da Povoação para participar nas comemorações do Cen-tenário da Igreja Matriz.Os tempos mudaram com o significativo abandono das

terras devido ao forte surto migratório que se alongou até aos nossos dias; com o aparecimento das festas populares do “Chicharro”, implantadas no coração do mês de Julho, época mais propícia à presença dos emigrantes em férias e pela afluência dos veraneantes e frequentadores acérrimos da praia.Devido a tão consideráveis mudanças foi lançado inquérito

à população, se perante vantagens de monta gostariam de mudar as festas de São Paulo para o mês de Julho. Foram peremptórios em concluir que “Não”!

Por isso, embora de Verão a Ribeira Quente seja muito visitada pelos seus emigrantes, devido ainda à tradicional índole acolhedora do seu povo, à con-fortante e agradável orla marítima, ao conjunto paisagístico do azul do mar, do verde da montanha e casario branco, ao feiticeiro porto e relaxan-te praia, às festas do Chicharro que concentram multidões, o certo é que o povo não quis abdicar da marcante data tradicional das festas de São Pau-lo, na última semana de Setembro.Na mesma data a Associação orga-

niza em Montreal o convívio em hon-ra do padroeiro da sua freguesia, o Apostolo São Paulo.

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CRÓNICA LITERáRIA

v Semana cultural Açoriana A casa dos Açores do Quebeque organizou a quinta Sema-

na cultural Açoriana, com o tema ‘’Herança para os jovens’’ entre os dias 19 e 24 de Outubro.Com um programa muito bem recheado aonde ao longo de

toda a semana vários convidados vindos dos Açores e tam-bém locais participaram nas conferencias, debatendo muitos temas da actualidade.

A abertura da semana cultural teve inicio na segunda-feira, dia 19, com a execução do Hino dos Açores, de seguida o presidente da Casa dos Açores do Quebeque, Sr. Damião Sousa, usufruiu da palavra, dando as boas vindas a todos, na expectativa que ao longo de toda a semana as pessoas venham participar na semana cultural açoriana. De seguida foi inaugurada a exposição de pintura e artes plásticas, com o tema ‘‘Alegria’’ da autoria de Silva Ferreira, Cândida Cor-deiro, Laura Ferreira, Maria Arruda e Viò.No decorrer da semana, foram convidados a participar, a

fazer uso da palavra e a dar conferencias, Álamo Oliveira, representante da Direcção Regional das Comunidades do Governo Regional dos Açores, o deputado da assembleia le-gislativa do parlamento Açoriano Dr. António Pedro Costa,

com o tema ‘’Alimentar as Raízes’’, reverendo padre Jason Reis Oliveira, nascido em Montreal, pároco da igreja de Pon-ta Garça São Miguel, Dr. José Morais, Dra. Lucília Santos, Sr. Duarte Miranda, e o convidado de honra o conferencista Eng. Bruno Pacheco, Director Regional da Juventude da Re-gião Autónoma dos Açores.

Na sexta-feira, como é tradição, o serão foi animado pela prata da casa, com a actuação do Grupo de ‘’Cantares Recor-dações’’ da Cacorbec.A numerosa assistência presente também teve a ocasião

de assistir a algumas danças de ballet com Tania Michelle Contente, neta de um dos fundadores desta Casa Sr. Manuel Contente, que estava presente na sala, nos seus olhos dava para ver um brilho de alegria e orgulho ao ver pisar o chão daquele salão com passos de dança a sua neta, talvez na sua mente pairava a seguinte frase ‘’valeu a pena tanto trabalho e esforço para fundar a Casa dos Açores do Quebeque’’.De seguida foi a encenação ao vivo do famoso quadro ‘’O

Emigrante’’ que foi de uma grande mestria os participante

vestidos ao rigor da época, desfilaram um a um pelo centro da sala, expressando no rosto a dor e o sofrimento que ia na alma do Açoriano na hora da despedida, e dos familia-res que lá ficavam sem saberem qual o dia que voltariam a encontrar-se, quando se juntaram no palco era realmente o retrato ‘’O Emigrante’’.

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A alocução e descrição das personagens estiveram a cargo de Mercês Resendes dos Reis, que proferiu entre outras as seguintes palavras:O quadro do emigrante foi pintado em 1926 pelo grande

pintor Açoriano Domingos Rebelo, natural de Ponta Delga-

da.“Esta obra é um documento importantíssimo para todos

nos, mas, principalmente para que os jovens de hoje possam compreender o que se passou com a saída dos seus antepas-

sados para um mundo novo, Canada, América e Brasil.”O serão terminou com as já tradicionais cantigas ao impro-

viso entre os cantadores Manuel de Fátima e João Vital. Dá para ver que o povo gosta de apreciar cantigas ao desafio, marca presença, faz silencio e bate palmas mesmo se os pro-tagonistas são amadores, valia a pena que se repetisse mais vezes sem ter de pagar caro para vir cantadores de fora.A semana cultural culminou no sábado com o jantar de gala

em comemoração do 31º Aniversario da Cacorbec, depois do jantar houve tempo e gosto para dançar ao som da animação musical do DJ Jeff Gouveia.Parabéns casa dos Açores por mais um ano de vida e que

se repitam por muitos mais anos, os jovens açorianos não se esqueçam que são os herdeiros desta Casa, e para garantirem um futuro nada melhor que começarem desde já a conhecer os cantos da casa, e a sua razão de existir, o futuro começa agora e ele está nas vossas mãos.

CRÓNICA LITERáRIA

“Herança para os jovens’’

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COMUNIDADES

Roberto MedeirosVice-Presidente da Câmara da Lagoa

Novo ano lectivo arranca na Lomba do Loução com escola renovadaA Câmara Municipal da Povoação inaugurou no dia 14 de

Setembro, a coincidir com o primeiro dia do novo ano lectivo, as obras de remodelação e ampliação da Escola do 1º Ciclo da Lomba do Loução, cujo investimento rondou 600 mil euros; uma das maiores obras feitas nesta freguesia pela Câmara Municipal.Na altura, o Presidente da Câmara afirmou

que era uma preocupação de toda a comuni-dade educativa transformar “este espaço que já ameaçava ruir num de excelência como o que hoje aqui vemos” e acrescentou que pro-vavelmente não há nos Açores nenhum con-celho que tenha um parque escolar reabilitado com excelentes condições como o do Conce-lho da Povoação. Segundo o mesmo, foi uma obra realizada de plena justiça, pelas crianças e pelos professores “porque entendemos o va-lor que a Educação tem no papel dos homens de amanhã”.Por sua vez, o Presidente da Junta disse que aquela era uma

obra carismática há muito reclamada pela Junta a quem a Câmara soube ouvir para levar por diante o projecto agora concluído. Foi também nesta cerimónia de inauguração que o Presidente da Junta disse ter adquirido uma carrinha para o transporte dos alunos que vêem da Lomba do Alcaide, tendo

igualmente oferecido à escola obras didácticas para a bibliote-ca, ferramenta de trabalho indispensável aos professores.Relativamente à outra escola que fechou na Lomba do Alcai-

de, por imposições governamentais, Francisco Álvares disse

que será transformada num centro social onde haverá espaço para os mais novos e para os mais idosos. A nova escola, que tem 68 alunos, é composta por sete salas de aulas, uma sala para os professores, uma sala de atendimento, uma cozinha e refeitório, zona de recreio, sala de ginástica, arrumos, dispen-sa e outras áreas técnicas e sociais, instalações sanitárias para professores, auxiliares, deficientes, rapazes e raparigas.

Testemunho da Consul de

Ao longo dos últimos quatro anos à frente do Consulado de Portugal em New Bedford, tive ocasião de testemunhar de perto a forte aposta da Câmara Municipal da Lagoa em acções de divulgação e intercâmbio cultural

na Nova Inglaterra. Estas acções tiveram o mérito de não apenas cultivar e dina-

mizar a relação do município com os seus naturais que fixaram residência nesta região Estados Unidos da América, mas tam-bém de promover a cultura e tradições portugue-sas, mormente os traços específicos da identidade cultural açoriana, junto das comunidades america-nas que foram acolhendo as iniciativas em que o município lagoense se empenhou em participar. As mostras de artesanato por ocasião das maio-

res festas portuguesas destas comunidades, assim como as exposições de presépios tradicionais, e ainda as parcerias estabelecidas com o Museu da Caça à Baleia de New Bedford, o Bristol Commu-nity College, as escolas secundárias da região, e

as Mansões de Newport, constituíram contributos relevantes para a promoção da imagem de Portugal, das suas comunida-des e da cultura portuguesa nos Estados Unidos.Não será pois de admirar que, fruto de uma política agressiva

de apoio e proximidade às suas comunidades desenvolvida ao longo dos últimos dez anos, seja hoje possível admirar a força do vínculo das comunidades lagoenses ao seu município de origem, que se traduz, nomeadamente, numa atenção muito próxima e solidária às necessidades de várias instituições de relevo na Lagoa, e na congregação de esforços e angariação de meios para ajudá-las a ultrapassar as suas dificuldades.

Será justo sublinhar de forma particular a capaci-dade de iniciativa e o empenho pessoal do Senhor Roberto Medeiros, Vice-Presidente da Câmara Mu-nicipal da Lagoa, que tem sido o rosto desta estraté-gia de ligação e divulgação da Lagoa junto das suas comunidades.A resenha ora publicada é, assim, o mais eloquen-

te testemunho do sucesso e eficácia da política para as comunidades e de divulgação cultural do muni-cípio da Lagoa.

Portugal em New Bedford

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Incentivados pelas boas perspectivas lançadas ao tempo pelo industrial Lori, e aproveitando não só a expe-riência alcançada por alguns velhos sábios pescadores do porto da Ribeira Quente, que estiveram ou estavam ao ser-viço de algumas embarcações de pesca do bonito e atum, do referido industrial dos lados de Santa Clara ou Nordela, mas também a certeza de que arranjariam facilmente tri-pulações na Ribeira Quente, dois comerciantes desta loca-lidade investiram nesse tipo de embarcações motorizadas, porque o futuro parecia ser promissor.António Inácio Flor de

Lima, homem empreende-dor, juntando-se a Manuel Pacheco de Medeiros Júnior, da Vila da Povoação, mandou fazer uma embarcação idên-tica às do Lori, mesmo na Ribeira Quente, visto que já ali existiam dois valiosos car-pinteiros-calafates, o Sousa e o Horácio, ambos com vastos conhecimentos de construção de barcos de pesca artesanal.O outro comerciante foi

Luiz Linhares de Deus. Es-tes, de parceria com o mui-to experiente lobo-do-mar da localidade, José Narciso, também se lançaram na mes-ma senda.Este tipo de embarcações

veio, de certo modo, revo-lucionar os velhos costumes

dos pescadores da Ribeira Quente, porque lhes abria a porta para a pesca em mar largo.No ano de 1946, depois de

já há muito exercerem este tipo de pesca industrial, mais chamada de pesca de alto mar, estando estas duas em-barcações nas imediações da Ilha de Santa Maria, foram as

mesmas apanhadas por uma tremenda tempestade – não existiam meios de comuni-cação a bordo porque a na-vegação ainda dependia mais do conhecimento dos mestres das embarcações do que da informação – que começou na noite de 4 para 5 de Outu-bro deste acima referido ano.A “Lancha do Narciso”

(sempre assim denominada), com este velho timoneiro ao leme, tentou fazer-se ao lar-go, mas foi impedida pela força do vento e vagas. Tendo sido arrastada na direcção do litoral, veio a despedaçar-se

perto do “Calhau da Roupa”, situado entre a Ponta do Mar-vão e o porto daquela ilha.Por volta das dez horas da

manhã do dia 5, a outra em-barcação, depois de uma noite de odisseia, entrou es-pectacularmente na doca de Ponta Delgada.Morreram dezassete pes-

cadores no porto de Vila do

Porto, entre os quais Júlio Bento do Couto, de 44 anos de idade, casado na Ribeira Quente.No porto de Ponta Delga-

da, devido a esta tempesta-de, morreu esmagado entre a muralha e o barco do Anha-nha, outro filho da Ribeira Quente, João Rita.Também nessa noite de

tempestade a escola mista conhecida como “Escola do Saraiva” foi levada pelo mar, assim como quase toda a mu-ralha de protecção à mesma, que também protegia o aces-so à Ponta do Garajau e dali

UM OLHAR

Ano de 1946 – pesca doalto mar e tragédias

avante.A zona entre a Ribeira e o

Fogo (baia) ficou profunda-mente cavada e a praia desa-pareceu porque o mar conti-nuou a buscar o espaço que era seu.1630 – Erupção Vulcâni-

ca no lugar hoje conheci-do como o Vale das Furnas. Após este cataclismo veio a

formar-se no local da Ribeira Quente uma comunidade se-dentária.1952 – A 26 de Junho esta

Freguesia é de novo atingi-da por uma forte catástrofe sísmica que destruiu parcial-mente a quase totalidade das habitações existentes.1997 – Na madrugada de 31

de Outubro deu-se o acon-tecimento mais trágico da história desta Freguesia. Um volumoso desabamento de terra, na sequência de fortes chuvadas, no local da Canada da Igreja, (Baia) vitimou 29 pessoas.

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GASTRONOMIA

Salame de Chocolatecom CereaisIngredientes para 15 a 20 unidades125 g de cereais de pequeno almoço; 125 g de açúcar; 100 g de margarina; 50 g de cacau em pó; 1 ovo

Preparação:Esmague grosseiramente os cereais de pequeno almoço com as mãos para dentro de uma tigela. Junte o açúcar, a marga-rina cortada em bocadinhos, o cacau em pó e o ovo. Amasse tudo com a mão até ligar os ingredientes. Com a ajuda de papel vegetal, molde a massa obtida num rolo. Leve ao fri-gorífico enrolado no papel vegetal e deixe refrescar durante algumas horas.

Baba de Camelocom Pepitas ColoridasIngredientes para 4 pessoas 1 lata de leite condensado; 4 ovos; 150 g de drageias de cho-colate coloridas

Preparação:Tire o rótulo à lata de leite condensado e coza-a, coberta com água, durante 1 hora num tacho ou durante 40 minu-tos na panela de pressão. Parta os ovos e separe as gemas das claras. Bata as gemas até fazerem espuma e adicione-lhes o leite condensado, batendo sempre. À parte bata as claras em castelo bem firme e junte-as delicadamente no preparado anterior, envolvendo-as a pouco e pouco. Dis-tribua por tacinhas e leve ao frigorífico para refrescar bem. Na altura de servir, enfeite com drageias de chocolate colo-ridas.

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CRÓNICA

Os EmigrantesO quadro do Emigrante foi pintado em

1926 pelo grande pintor açoriano Do-mingos Rebelo, natural de Ponta Del-gada, Açores. Esta obra é um documento importan-

tíssimo para todos nós, mas principal-mente para que os jovens de hoje pos-sam compreender o que se passou com a saída dos seus antepassados para um novo mundo, “Canadá, América e Bra-sil”.Era um mundo de sonho, de ilusões,

de esperança, era a procura de um mun-do melhor, aonde poderiam encontrar melhores condições de vida e sair de pobreza a que estavam votados.Este drama abrangia uma grande

maioria dos Açorianos. Era gente po-bre, gente que trabalhava no campo ou na pesca, gente cujo sonho era a emi-gração.Ganhar dinheiro, ter uma vida melhor

para assim poderem fazer a carta de chamada a mulheres e filhos, às noivas, aos pais que tinham deixado.As primeiras emigrações dos Açores,

foram para o Brasil com grandes pro-messas de terrenos e material para as cultivarem. Foi um sonho no qual mui-tos Açorianos tiveram de despertar para uma dura realidade. Os terrenos eram a muitas milhas das povoações e mate-rial, não havia.

Seguiu-se a América, “fins de 1800”, outro sonho, mas este mais positivo, ao fim de uns meses enviavam para as fa-mílias sacos com roupas com um chei-ro característico, e assim as famílias esperavam o dia da chegada da carta de chamada para realizarem aquele sonho em que todos tinham carro e os frigori-fico estavam cheios de tudo o que era bom. No início de 1953, chegou a febre da

emigração para o Canadá.As mesmas angustias, o mesmo sofri-

mento da separação, a mesma incerteza, mas acima de tudo, a grande aventura. Eles saíam radiantes, cheios de espe-rança, as esposas, noivas, mães, estas, entrava-lhes o luto na alma. Voltariam a ver o marido? O noivo manter-se-ia fiel? A mãe voltaria a ver o filho? Tan-tas lágrimas, tantas saudades.Nesta pintura, há um casal idoso, quem

sabe, algum pai que vem dizer adeus ao filho que vai partir, a tristeza que se re-flecte, poderíamos traduzi-la, ele vai-se embora, talvez nunca mais o veremos, mas a imagem que tem ao lado é para entregar ao filho. É a imagem do Se-nhor Santo Cristo dos Milagres e isto dá-lhe aos olhos aquele brilho de espe-rança na grande fé do Esso Home, sim o filho há-de voltar.Há uma senhora que bem vestida, bem

parecida, cabeça bem levantada, nada tem a ver com os pobres emigrantes, talvez viesse trazer a criada que vem despedir-se do noivo.Uma criança, com o cesto dos peros,

talvez para o pai comer na viagem, são os filhos que deixam atraz.Os homens têm a esperança no olhar,

para eles é uma grande aventura, é a li-berdade, é a fuga da pobreza.

As mulheres de lenços na cabeça e o luto no coração.Estas lágrimas, estas saudades, as des-

pedidas na Doca de Ponta Delgada, o quadro de Senhor Santo Cristo dos Mi-lagres, a viola da terra, as malas de car-tão, o vestuário das mulheres, da crian-ça, e dos homens, o chapéu de chuva, foram com grande sucesso reproduzi-das pelo Pintor Domingos Rebelo na celebre pintura O Emigrante.

Merces Resendes dos Reis

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RECORDANDO

Quem são eles?