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    sade INTEGRADA

    ISSN 1983-2230

    R E V I S T A D A S A D E D O I N S T I T U T O C E N E C I S T A

    Jan./Jun. 2009 n 3 Jul./Dez. 2009 n 4

    IESA

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    Campanha Nacional de Escolas da Comunidade CNEC

    Revista do Instituto Cenecista de Ensino Superior de Santo ngelo

    sade INTEGRADA

    Revista da Sade do Instituto Cenecista

    ISSN 1983-2230Ano 2, n 3, Janeiro/Junho 2009

    Ano 2, n 4, Julho/Dezembro 2009

    Catalogao na Publicao:Biblioteca Universitria Mario Osorio Marques - Uniju

    Sade Integrada: revista da sade/Instituto de Ensino Superior de Santongelo. - Iju: Ed. Uniju, 2009. - v.1, n.3, jan./jun. 2009

    v.1, n.4, jul./dez. 2009

    Publicao semestral1 (3) jan./jun.2009 - 1 (4) jul./dez.2009

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    Campanha Nacional de Escolas da Comunidade CNEC

    Revista do Instituto Cenecista de Ensino Superior de Santo ngelo

    Presidente da Diretorial Nacional: Deputado Alexandre Jos dos SantosPresidente da Diretoria Estadual: Prof. Anita Ortiz CorraDiretor: Prof. Edson Sidney de vila JniorCoordenao Editorial: Prof. Arton Pedroso de MoraisDiretor da Revista: Prof. Gilberto Incio Lunkes

    Comisso Editorial:Profa. Emanuelle Kerber Vieira MalletProf. Matias Nunes FrizzoProf. Gilberto Incio LunkesProf. Dante Saul BraunProfa. Lisandra de Oliveira CarrilhoProfa. Derliane Glonvezynski dos Santos Beck

    Conselho Editorial:Prof. Jones Eduardo AgneProf. Renato Minozzo

    Endereo do Instituto Cenecista de Ensino Superior de Santo ngelo:Rua Dr. Joo Augusto Rodrigues, 471 Cx. P. 274 CEP: 98801-015 Santo ngelo (RS)Telefone/Fax: 55 3313-1922 Email: [email protected]

    Assinatura da revista via online: http://www.iesanet.com.br

    Direitos de Publicao, Programao Visual, Editorao e Impresso:Editora: CNEC EdigrafTelefone: 34 2103 0700Email: [email protected]

    Av. Frei Paulino, 530 Bairro Abadia CEP: 38025-180 Uberaba (MG), BrasilA reviso dos textos de inteira responsabilidade dos autores.

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    Sumrio

    APrESENTAo ..........................................................................................................5

    NDiCE DE QuEDAS Em iDoSoS iNSTiTuCioNALiZADoS Do muNiCPio DE SANTo

    NGELo-rS .................................................................................................................7

    HOLZBACH, Viviane

    BEUTER, Cludia Regina

    FiSioTErAPiA NA ESTABiLiDADE ArTiCuLAr Do JoELHo: ABorDAGEm FiSioLGiCA

    Do SiSTEmA SENSrio-moTor ................................................................................29SILVA, L etcia Atades

    BECK, Derl iane Glonvezynski dos Santos

    oS BENEFCioS Do rEForo muSCuLAr Em PorTADorES DE GoNArTroSE ....... 47TAVARES, Aline Fres

    GOMES, Thais do Nascimento

    o TrATAmENTo DA Dor LomBAr ATrAVS DA ESTABiLiZAo CENTrAL PLViCA 69BEZERRA, Jul iane Pukall

    GOMES, Thais do Nascimento

    o EXErCCio FSiCo NA PrEVENo DA DoENA DE ALZHEimEr .............. ............. 81NASCIMENTO, Gabriela Lied

    FiSioTErAPiA APLiCADA A PorTADorES Com SNDromE DE DoWN .............. ...... 107HEINZMANN FILHO, Joo Paulo

    WOZEZENSKI, Cristhiele Tais

    BECK, Derl iane Glonvezynski dos Santos

    EXErCCioS rESiSTiDoS NA FADiGA muSCuLAr Em PorTADorES DE ESCLEroSE

    mLTiPLA ................................................................................................................127PEDROSO, Ana Paula

    BECK, Derl iane Glonvezynski dos Santos

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    iNTErVENo DA FiSioTErAPiA Em QuEimADoS ..................................................145HEINZMANN FILHO, Joo Paulo

    WOZEZENSKI, Cristhiele Tais

    BECK, Derl iane Glonvezynski dos Santos

    AmPuTAo SuPrACoNDiLiANA oCASioNADA Por QuEimADurA DE CHoQuE

    ELTriCo: um ESTuDo DE CASo ...........................................................................167DALTROZO, Paulo Roberto de Oliveira

    STURZENEGGER, Tatiana Medina

    o uSo DA moBiLiZAo PASSiVA PrECoCE Em rAToS TrEiNADoS E No

    TrEiNADoS NA CiCATriZAo Do TECiDo muSCuLAr ............... ............... ............ 175BERTOLINI, Rafael

    STURZENEGGER, Tatiana Medina

    A rELANVNCiA Do TrEiNAmENTo NEuromuSCuLAr ProPrioCEPTiVo NA ruPTurA

    Do LiGAmENTo CruZADo ANTErior (LCA) ............. ............... .............. ............... ... 193SILVA, J. G. B.

    VOLOSKI, F. R. S.

    MAFALDA, L.

    o uSo DA CrioTErAPiA NA ArTriTE rEumATiDE .............. .............. ............... ..... 205SANTOS, Pedro Henrique

    VOLOSKI, Fernando

    FiSioTErAPiA rESPirATriA Em PACiENTES PorTADorES DE PNEumoNiA

    NoSoComiAL ..........................................................................................................221

    BRAUN, Dante SaulBUENO, Rbia Daiane Santos

    AVALiAo DAS TAXAS DE CoNTAmiNAo Por GiArDiA LAmBLiA Em roNDA ALTA,

    rS, BrASiL..............................................................................................................251BARBOSA, Cleber Francisco

    LUNKES, Gilberto Incio

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    APrESENTAo

    com muita satisfao que apresentamos ao pblico mais umaedio da revista Sade INTEGRADA. A sua manuteno trazconsigo o compromisso e a responsabilidade de manter a qualidadee a continuidade desta publicao. Pretendemos contribuir para adivulgao de trabalhos que ofeream subsdios para qualicar aprtica prossional e a pesquisa.

    Nesta edio so abordados assuntos que consideramosatuais e importantes, tais como: o ndice de quedas em idososresidentes em instituies geritricas, a importncia doconhecimento siolgico do sistema sensrio-motor na estabilidadearticular do joelho, os benefcios do esforo muscular em portadoresde gonartrose, o uso da tcnica de estabilizao central plvicano tratamento da dor lombar, o exerccio fsico na preveno dadoena de Alzheimer, a sioterapia aplicada a portadores comsndrome de down, os exerccios resistidos na fadiga muscularem portadores de esclerose mltipla, a relevncia da intervenoda sioterapia no tratamento de pacientes com leses trmicas, aamputao supracondiliana ocasiona por queimadura de choqueeltrico, o uso da mobilizao passiva precoce em ratos treinados

    e no treinados na cicatrizao do tecido muscular, a relevncia dotreinamento neuromuscular proprioceptivo na ruptura do ligamentocruzado anterior, o uso da crioterapia na artrite reumatoide, asioterapia respiratria em pacientes portadores de pneumonianosocomial e por m, uma discusso acerca da avaliao das taxasde contaminao por girdia lamblia.

    Esperamos que a leitura destes escritos gere no leitorreexes e inquietaes, as quais possam ser encaminhadas para apesquisa.

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    NDiCE DE QuEDAS Em iDoSoS iNSTiTuCioNALiZADoS Do muNiCPio DE SANTo NGELo-rS

    NDiCE DE QuEDAS Em iDoSoS

    iNSTiTuCioNALiZADoS Do muNiCPio DESANTo NGELo-rS

    HOLZBACH, ViViAne1

    BeUTeR, CLUdiA ReginA2

    rESumo

    Este estudo teve como objetivos verificar o ndice de

    quedas em idosos residentes de duas Instituies

    Geritricas de Mdio Porte do Municpio de Santo

    ngelo RS, sendo uma de carter Pr ivada e outra

    Pblica, fazendo uma comparao do nmero de

    quedas nas Instituies, bem como analisar o contexto

    em que ocorreram estas quedas, como causas,

    conseqncias, turnos, faixa etria dos idosos que

    sofreram as quedas, etc. A populao deste estudo

    foi de 51 idosos e a amostra compreendeu 16 deles.

    O levantamento de dados foi feito atravs de anlise

    retrospectiva de evolues dirias realizadas por

    enfermeiras. O ndice de quedas encontrado na

    Instituio Privada foi de 4,3%, enquanto na Pblica foi

    de 8,0%. Verificou-se que a faixa etria predominante1 Fisioterapeuta2 Fisioterapeuta, Especialista em Fisiologia do Exerccio e em FisioterapiaCardiorespiratria, Mestre em Distrbios da Comunicao Humana.

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    HoLZBACH, ViViANE BEuTEr, CLuDiA rEGiNA

    nos idosos que sofrem quedas est entre os 76 e 90

    anos, sendo que estas so causadas principalmente

    pela perda do equilbrio (29%) e fraqueza (22%) eocorrem na maioria das vezes no quarto (37%).

    Palavras-Chave: Quedas, Idosos, Institucionalizados.

    ABSTrACT

    This survey aims to verify the number of agedpeoples fall who live in two nursing homes in Santongelo - RS, one of these nursing home is publ ic,which belongs to the town council, and another isprivate. It also aims to compare and contrast themas well as analyze the context which happened thefalls, their causes and consequences, the turns whenthey happened, age of the people who were victimof it, etc. Fifty-one people were analyzed and, the

    sample consists of sixteen of them. The survey wasaccomplished by nurses through daily retrospectiveanalysis of evolution. The amount of fall found in theprivate nursing house was 4, 3% while in the publicwas 8%. It was verified that the predominant age ofthe people who are the victims of fall is between 76and 90 years old. In most of the cases they are causedmainly for lost of balance (29%), weakness (22%) andthey usually happened in the bedrooms (37%).

    Keywords: Falls, Aged, Institutionalize.

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    NDiCE DE QuEDAS Em iDoSoS iNSTiTuCioNALiZADoS Do muNiCPio DE SANTo NGELo-rS

    1 iNTroDuo

    Desde o nal do sculo XIX a populao de idosos vemaumentando de forma surpreendente, devido ao aumento naexpectativa de vida conseqente aos avanos mdicos e cientcose a melhora dos hbitos de sade, dentre outros fatores quecontribuem para isso.

    No processo de envelhecimento h uma deteriorao

    da sade geral, devido a alteraes siolgicas que ocorremsimultaneamente em diversos sistemas do corpo, com isso, oindivduo muitas vezes vai perdendo sua independncia e suaqualidade de vida, porm, importante que, se as pessoas hojetm uma vida mais longa, elas tenham condies de viver seusltimos anos com qualidade, realizando atividades da vida diria

    independentemente e com segurana. Por isto, necessrioidenticar as decincias e riscos a que os idosos esto expostos, jque uma populao que s tende a aumentar e carece de cuidadosde sade constantemente.

    Entre os eventos a que o idoso se torna suscetvel, como declnio funcional que ocorre no envelhecimento, esto as

    quedas, que geram efeitos de mbito social e econmico, alm dasconseqncias da incapacidade causada por ela.

    Sendo assim, a queda hoje representa um dos principaisproblemas de sade na terceira idade, o que leva a necessidadede maior mobilizao em torno do assunto, atravs de estudos epolticas pblicas para conscientizao da populao em geral,

    principalmente dos idosos e seus cuidadores no que diz respeito preveno e fatores de risco para as quedas.

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    HoLZBACH, ViViANE BEuTEr, CLuDiA rEGiNA

    Este trabalho tem como objetivo principal vericar qualo ndice de quedas em idosos residentes de duas InstituiesGeritricas do municpio de Santo ngelo-RS, alm de descrever o

    papel da sioterapia na preveno destas quedas e fazer um estudodo contexto em que ela ocorre.

    De acordo com Driusso & Oishi (apud DRIUSSO &CHIARELLO, 2007), o envelhecimento marcado pelo declniodas funes dos diversos rgos, que caracteristicamente, tendea ser linear em razo do tempo, no se conseguindo denir um

    ponto exato de transio. Como consta no Estatuto do Idoso,publicado em 2003, considerado idoso no Brasil o indivduo comidade igual ou superior a 60 anos, corte etrio tambm utilizadopela Organizao das Naes Unidas (ONU) para os pases emdesenvolvimento e, como neste trabalho, pela maioria da literaturaGeritrica e Gerontolgica.

    possvel considerar o envelhecimento como um processonatural do ser humano atravs das palavras citadas pelo bilogoAlex Comfort, em 1979, que diz que os idosos so, na verdade,jovens que ocupam corpos envelhecidos e enfrentam problemasfsicos causados pela perda da vitalidade, pelas alteraessiolgicas e, apesar de muitos fugirem a regra, observam-sedecincias especcas e debilitadoras, como a perda da viso

    e da agilidade motora. No entanto, sabe-se que grande parte dasalteraes siolgicas e funcionais observadas nos idosos somais resultantes da inexistncia de estmulos do que de alteraesatribudas ao envelhecimento (BARRY & EATHORNE, 1994).

    consenso de toda a literatura e comunidade cientcao aumento da populao de idosos no Brasil, seguido pela

    tendncia mundial que se iniciou a quase cem anos nos pasesdesenvolvidos, sendo hoje uma realidade na maioria dos pases emdesenvolvimento.

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    NDiCE DE QuEDAS Em iDoSoS iNSTiTuCioNALiZADoS Do muNiCPio DE SANTo NGELo-rS

    Em 2000, o Censo demogrco identicou que aspessoas com 60 anos ou mais representavam cerca de 8,5% dapopulao total do Brasil. J os dados da Pesquisa Nacional porAmostra de Domiclios, de 2004, revelaram que os idosos nesseano eram aproximadamente 9,7% da populao nacional (IBGE,2004). Este aumento pode parecer pequeno, porm, a estimativa que, se continuar nessa proporo, em 2025 a populao deidosos brasileiros ser equivalente a 15% da populao total,correspondendo aproximadamente a 30 milhes de pessoas.

    Desse modo, a investigao dos fatores que permitem umaboa qualidade de vida na velhice, bem como das variaes queesse estado comporta, reveste-se de grande importncia cientca esocial (NERI apud REBELATTO & MORELLI, 2007).

    Quando se fala em instituies para idosos, o termo quelogo nos ocorre asilo, com as imagens correspondentes de um

    lugar sombrio, malcheiroso, onde idosos, em estado de semitorpor,esperam, no se sabe bem o qu (BORN apud PAPEL NETTO,2005).

    De acordo com Cozoli e Radomile (2006), quando o idososai de sua casa para morar em uma instituio ou casa de repousopassa por um momento difcil, pois tem de deixar seus pertences

    e sua famlia e ainda se adaptar uma nova realidade, compessoas e hbitos diferentes, gerando uma perda da sua histriae sua identidade. Alguns idosos, por vontade prpria, tornam-sesolitrios, o que acaba os predispondo ao isolamento, depresso eaumentando, conseqentemente, o declnio funcional.

    De acordo com Saramago (2003), no Brasil, somente so

    encontradas condies satisfatrias em clnicas particulares, pormestas geralmente so muito caras e acessveis somente s famlias

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    de classe mdia alta. Quanto s instituies pblicas, a autora dizque existem inmeras diculdades, em razo de vrios fatoresnegativos, como a falta de mo-de-obra qualicada, diculdades

    econmicas, desvio de verbas e falta de apoio governamental. Noentanto, isto no signica que instituies privadas tenham ummaior cuidado para com seus residentes.

    Conforme Farias et al. (2005), o ambiente institucionaldeve ser apropriado para atender s principais limitaesfuncionais do idoso, garantindo que ele tenha conforto, segurana

    e independncia para a realizao de suas atividades dirias, almde evitar e prevenir problemas que podem surgir com o passar dosdias, como as quedas, que geram imobilizaes, fraturas, medo,dependncia e uma srie de conseqncias limitantes para a vidado asilado.

    Vrios fatores podem inuenciar na forma como sero envelhecimento e a queda um fator importante, pois estrelacionada a questes de independncia e autonomia, essenciaispara uma boa qualidade de vida.

    Perracini (apud RAMOS & NETO, 2005) conceitua a queda comoum evento freqente e limitante, sendo considerado um marcadorde fragilidade, institucionalizao e declnio na sade de idosos,levando at mesmo morte. De forma mais abrangente Rebelatto

    et al. denem a queda como

    ocorrncia de um evento no intencional que leva umapessoa, inadvertidamente, ao cho em um mesmo nvel ouem outro inferior. um evento freqente e temido pelosidosos, constituindo grave problema de sade pblica

    em pases desenvolvidos e em desenvolvimento, cujocontingente de idosos cresce de forma exponencial (2007,

    p. 153).

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    NDiCE DE QuEDAS Em iDoSoS iNSTiTuCioNALiZADoS Do muNiCPio DE SANTo NGELo-rS

    Alguns autores sugerem relao entre a institucionalizaoe quedas. Soares et al. (2003) pensam que, mesmo que o idosoinstitucionalizado no esteja fragilizado por algum distrbioorgnico, muitas vezes o isolamento, o abandono e o grau deinatividade fsica contribuem para a propenso quedas, poracelerar o curso do envelhecimento.

    Segundo Guimares & Cunha (2004), um grande nmerode idosos convive diariamente com o medo de cair, a ponto dese tornarem reclusos em seus prprios domiclios, limitando suasatividades fsicas. Em virtude disso, o autor cita que a quedadeve ser encarada como um sintoma, na verdade um dos maisimportantes em Geriatria.

    Geralmente, necessria uma combinao de vrios fatoresde risco para que ocorra a queda. Estes podem ser classicados emriscos intrnsecos e extrnsecos. Ramos e Neto (2005), explicam que

    os fatores de risco intrnsecos so aqueles ligados s caractersticasdo indivduo, j os extrnsecos tm relao com o meio ambiente.

    Segundo Chandler (apud GUCCIONE, 2002), os fatoresintrnsecos mais provveis de levar uma queda consistemem problemas visuais, anormalidades vestibulares, reduona propriocepo, degenerao cervical, neuropatia perifrica,

    demncia, transtornos musculoesquelticos, alteraes no p,hipotenso ortosttica e medicamentos. J os fatores ambientaisso a iluminao, os pisos e as soleiras, as escadas, a arrumaoda cozinha, as adaptaes no banheiro, as portas, as desordens e oscalados.

    Coons (apud PASCALE, 2002) arma que mais de 50%

    dos pacientes internados em clnicas ou instituies geritricasso portadores de doenas como o Mal de Alzheimer e a Doena

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    de Parkinson. Estas, juntamente com outras doenas graves ostornam incapazes de realizar atividades da vida diria, como tomarbanho, locomover-se e comunicar-se. Esta incapacidade podeter correlao com o ndice de quedas e importante identicarestes idosos, pois eles necessitam de maior ateno e vigilncia(CARVALHO & COUTINHO, 2002).

    As quedas recorrentes em idosos podem contribuir para odeclnio funcional, caracterizado por limitao da atividade fsicadiria, medo de sofrer novas quedas e perda de mobilidade e daindependncia para realizao das tarefas habituais e bsicas davida diria (REBELATTO et al., 2007). Sendo assim, uma segundaqueda pode ser considerada um fator de risco para novas quedas,transformando-se em um ciclo que fragiliza cada vez mais o idoso.

    Frz (2003) arma que a sioterapia pode contribuirde diversas formas na preveno das quedas, como por meio

    de exerccios fsicos, aumento da mobilidade, fortalecimentomuscular, melhora do equilbrio, treino de marcha, melhora daaferncia sensorial e facilidade em transferncias, que levam a umaumento da estabilidade e permitem uma maior independncia,em conseqncia da recuperao da conana em suas atividades.Porm, necessrio que estas atividades sejam realizadas de forma

    contnua, pois seus efeitos so observados apenas durante o perodoem que so mantidas.

    Na preveno das quedas o Fisioterapeuta deve, tambm,estar atento aos fatores extrnsecos que podem caus-las,intervindo no ambiente domiciliar ou institucional do idoso, casoseja necessrio.

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    2 mATEriAL E mToDo S

    O presente estudo caracterizado como transversal eretrospectivo, de natureza quali-quantitativa.

    O levantamento de dados foi feito atravs de anliseretrospectiva de evolues dirias realizadas por enfermeiras, quecontm informaes sobre a sade e o dia-a-dia de idosos residentesde duas Instituies Geritricas do municpio de Santo ngelo

    RS. Foram analisadas as evolues referentes ao perodo de julhode 2007 a julho de 2008, compreendendo assim 12 meses. A coletados dados foi iniciada somente depois de concedida autorizaodos diretores das Instituies, no ms de agosto do ano de 2008,onde cou claro que, por questes ticas, seria guardado sigilosobre o nome das Instituies, bem como dos idosos participantesda pesquisa.

    A populao deste estudo composta por 51 idososresidentes de duas Instituies, sendo uma de carter Privada eoutra Pblica. A amostra constituiu-se daqueles com idade igualou superior a 60 anos que apresentaram no mnimo uma queda noperodo de um ano, compreendendo 16 idosos.

    Os dados foram submetidos anlise de varincia(ANOVA). As mdias foram comparadas pelo teste de Tukey,considerando o nvel de signicncia de 5% (p < 0,05), utilizandoo pacote estatstico SAS verso 8.0 (SAS, 1999). Foi realizado oestudo de correlao entre as variveis dependentes por intermdiodo clculo do Coeciente de Correlao de Pearson (r).

    Ambas as Instituies so consideradas hoje, de acordocom o nmero de idosos residentes, como Casas Geritricas deMdio Porte, conforme classicao do Conselho Regional de

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    HoLZBACH, ViViANE BEuTEr, CLuDiA rEGiNA

    Enfermagem do Rio Grande do Sul (COREN-RS) de 2000, quedene assim aquelas Instituies em que o nmero de idososresidentes est entre 21 e 40 residentes. A Instituio Pblicapesquisada abrigou durante o perodo de julho de 2007 a julho de2008, 24 residentes. J a Instituio Privada passou de 11 idosos

    abrigados em julho de 2007 para 27 em julho de 2008.

    3 rESuLTADoS E DiSCuSS o

    Ao analisar o nmero de quedas em uma InstituioGeritrica Privada e em outra Pblica, vericou-se, a partir daFigura 1, que o percentual mdio anual de quedas na InstituioPblica de 8,0%; j na Instituio Privada de 4,3%.

    0

    5

    10

    4,3

    8,0

    Mdiadondequedas(%)

    Instituio Privada Instituio Pblica

    Figura 1: Percentual mdio anual de quedas.

    Orondino & Oliveira (2007) encontrou um ndice dequedas de 55% em uma Instituio Geritrica de Muria-MG, onde

    participaram da pesquisa 37 idosos de ambos os sexos, com idadevariando entre 60 e 90 anos de idade.

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    NDiCE DE QuEDAS Em iDoSoS iNSTiTuCioNALiZADoS Do muNiCPio DE SANTo NGELo-rS

    Gonalves et al. (2008) realizaram um estudo com oobjetivo de vericar a prevalncia de quedas em idosos asiladose com mais de 60 anos no municpio de Rio Grande-RS no ltimo

    ano e encontraram um resultado tambm superior a este, sendo que38,3% dos 180 idosos participantes da pesquisa haviam sofridoquedas. No entanto o estudo foi realizado com base nos relatos dosprprios idosos, diferente deste estudo, que se baseou na anlise dedocumentos.

    Conforme a Figura 2, os resultados encontrados indicam

    que h uma quantidade maior de quedas em idosos residentes naInstituio Pblica, tanto na idade dos 60 aos 75 anos, como dos76 aos 90 anos, ocorrendo uma reduo nas quedas aps esta idade.J na Instituio Privada h um aumento do nmero de quedasdiretamente proporcional ao aumento de idade. Isso se comprovapelo clculo do Coeciente de Correlao de Pearson (r), quedetermina uma relao de causa e efeito, entre idade e nmero de

    quedas, pois nesta Instituio essa correlao foi perfeita e positiva(r=1). Todavia, analisando a correlao existente entre as faixasetrias e o nmero de quedas da Instituio Pblica, constatou-seuma fraca correlao negativa (r= -0,38) entre as variveis.

    5

    10

    2

    7

    3

    13

    43

    Instituio Privada

    Instituio Pblica

    15

    0

    60-75 76-90 90 ou +

    Nmerodequeda

    s

    Faixa etria Figura 2: Faixa etria dos idosos que sofreram queda(s) no perodo de um ano.

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    HoLZBACH, ViViANE BEuTEr, CLuDiA rEGiNA

    comum encontrar na literatura autores que citam a idadecomo um fator de risco para as quedas, sendo esta diretamenteproporcional ao risco, por estar ligada a fatores intrnsecos deexposio.

    Atravs da Figura 3, que demonstra a percentagem de cadacausa de queda encontrada nas evolues, possvel constatarque a perda do equilbrio o fator causal mais importante,correspondendo a 29% das quedas.

    29%

    6%

    19%

    6% 9% 22%

    3%

    6%

    FraquezaTropeo

    Sonolncia

    Perda de equilbrio

    Escorrego

    Tontura/Vertigem

    Dor

    No consta

    Figura 3: Causas que levaram s quedas dos idosos.

    Em seguida est a fraqueza, tambm entre os principaisfatores causais para as quedas, sendo responsvel por 22% do total.A fraqueza foi mencionada nas evolues algumas vezes somentecomo fraqueza e outras como fraqueza de membros inferiores,sendo que nos resultados nais, ambas foram consideradas omesmo fator causal, a fraqueza.

    Outro fator igualmente importante e encontrado nasevolues a tontura, ou vertigem, que foram consideradas amesma coisa, causando 19% das quedas.

    As demais causas encontradas foram a dor, o escorrego e otropeo, sendo que cada uma foi causa de 6% do total. A sonolncia

    foi causa de 3% das quedas ocorridas e o restante, que correspondea 9% das quedas analisadas no constou suas causas nas evolues.

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    NDiCE DE QuEDAS Em iDoSoS iNSTiTuCioNALiZADoS Do muNiCPio DE SANTo NGELo-rS

    Segundo Maciel e Guerra (2005), as alteraes do equilbriona populao idosa so problemas relativamente comuns e levam aimportantes limitaes na realizao das atividades da vida diria,alm de constiturem a principal causa de queda nesses indivduos.

    Para Ham (apud REICHEL & GALLO, 2001) a vertigem uma das queixas mais comuns na medicina geritrica, isto porqueela conseqncia de diversas doenas que acometem os idosos.So necessrias algumas medidas preventivas para que no ocorramacidentes no momento em que o idoso tiver alguma vertigem,como a utilizao de auxlio para estabilizar e equilibrar a marchae modicaes ambientais (luminosidade, barras de apoio).

    A maioria das quedas (37%) ocorreram no ambiente doquarto, o que est de acordo com a literatura nacional e internacional.Muitas destas quedas ocorrem logo aps o idoso assumir a posioortosttica, quando levanta-se da cama.

    O segundo ambiente mais propcio foi a sala, com 25%das quedas. Geralmente este o ambiente onde os idosos fazemas refeies e assistem televiso, entre outras atividades, nasinstituies. Na calada, ocorreram 16% das quedas, provavelmenteisso se deve ao fato de que muitas vezes estas apresentam degrause desnveis e fazem com que os idosos tropecem ou percam o

    equilbrio. Ainda destaca-se, com 13% as quedas no corredor,onde geralmente os idosos transitam quando vo de um ambiente aoutro. Entre os fatores que podem ter relao com as quedas nesteambiente est o piso escorregadio, falta de barras de apoio xadasna parede, ou ainda iluminao inadequada para os idosos, j queestes necessitam de iluminao especial devido lenta adaptao

    luz e ao escuro e a baixa tolerncia claridade (VERNON apudREICHEL & GALLO, 2001). Em 6% das quedas descritas nasevolues no constava o local onde ocorreram.

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    Ribeiro et al. (2008) sugerem que na maioria das vezes osidosos caem nos cmodos mais utilizados, sendo que este, paraos idosos institucionalizados, geralmente o quarto, onde elescam isolados dos demais e fazem isso por opo prpria, peladiculdade de socializao.

    A Figura 4, que exibe a quantidade de quedas ocorridasno perodo de um ano distribudas nos turnos em que ocorreram,apresenta um ndice maior no turno da tarde, em que ocorreram50% das quedas, ou seja, 16. Durante a noite ocorreram 9 quedas(28%) e no turno da manh, apenas 7 quedas (22%). Pela anlisede varincia e Teste Tukey (5% de signicncia), a diferena entreas mdias do nmero de quedas e o turno em que estas aconteceremno foi signicativa.

    7

    16

    9

    0

    2

    4

    6

    8

    10

    12

    14

    16

    Manh Tarde Noite

    Nmerodequedas

    Figura 4: Turnos do dia em que ocorreram as quedas.

    Segundo Campbell (apud EBRAHIM & KALACHE,1996) a maior parte das quedas ocorre em horas de atividade

    mxima do dia e 20% ocorrem noite. Este achado est de acordocom os resultados encontrados no presente estudo, j que, para a

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    NDiCE DE QuEDAS Em iDoSoS iNSTiTuCioNALiZADoS Do muNiCPio DE SANTo NGELo-rS

    maioria dos idosos a atividade mxima no turno da tarde, que foipredominante em relao manh e noite. No entanto a maioriados autores discorda, armando que a maioria das quedas ocorredurante a noite, quando os idosos levantam-se para ir ao banheiroou beber gua (CARVALHO & COUTINHO, 2002).

    Santos & Andrade (2005) encontraram resultados diferentesem seu estudo, onde o turno de maior freqncia foi a manh, com45% das quedas, seguido do turno da tarde com 32,3% e noite com22,7%.

    Conforme a Figura 5, grande parte das quedas ocorreramquando os idosos estavam apenas caminhando (51%), muitasvezes deslocando-se de um ambiente a outro. Esta constatao nofoi surpresa, pois do conhecimento de todos que a maioria dasquedas, em qualquer idade, ocorre durante a deambulao.

    51%

    3%

    6%

    6%

    31%

    3%

    Aps levantar da cama

    Tomando banho

    Ao levantar da mesa aps refeio

    Apenas caminhando

    Ao sentar na cama

    No consta

    Figura 5: Atividades realizadas antes ou no momento da queda.

    Tambm no foi surpreendente saber que 31% das quedastenham ocorrido aps o ato de levantar-se da cama, pois comocitado anteriormente, isto acontece porque muitos idosos tmhipotenso ortosttica e assim que assumem a postura em p voao cho. Alm disso, alguns idosos passam muito tempo na cama,

    o que contribui para que tenham vertigens ao levantar-se. Outrasatividades realizadas pelos idosos antes da ocorrncia da quedaforam tomar banho (3%); ao levantar-se da mesa aps refeio

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    (6%); ao tentar sentar-se na cama (3%) e as demais quedas (6%)no foram denidas, pois no constavam nas evolues.

    Guimares e Cunha (2004) apontam que as quedas emhospitais ou em instituies geritricas ocorrem quando a equipeno est por perto e os pacientes encontram-se, pelo menosmomentaneamente, ativos. Dizem ainda, que a maioria das quedasocorre quando o paciente est subindo ou descendo do leito.

    A partir da Figura 6, pode-se observar que no houveram

    conseqncias fsicas em 28% das quedas estudadas, porm no seexcluem as conseqncias psquicas e sociais, as quais no foramanalisadas neste estudo, mas sabe-se, igualmente importantes nasade do idoso. Em relao a isso, pode-se usar como um exemploo medo que o idoso sente de cair novamente e machucar-se, gerandouma restrio nas suas atividades que deve ser considerada umadas suas conseqncias crnicas (REICHEL, 2001).

    28%

    22%16%

    16%

    3% 3% 3%

    9%

    Sem consequencias

    Escoriaes

    Fratura

    Corte

    Dor e escoriaes

    Corte e escoriaes

    Dor

    Deslocamento de placa do fmur

    Figura 6: Complicaes decorrentes das quedas.

    As escoriaes destacaram-se como uma das conseqnciasmais comuns aps o evento da queda, tendo ocorrido em 22% dasmesmas. Corte e fratura obtiveram ndices de 16%, cada. Dor eescoriaes ocorreram em 9% das quedas, contudo, pode-sesubentender que em todas as quedas em que no constava dorcomo conseqncia, ela estava presente, mesmo sem o devidoregistro. Corte e escoriaes, dor e deslocamento de placa do

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    NDiCE DE QuEDAS Em iDoSoS iNSTiTuCioNALiZADoS Do muNiCPio DE SANTo NGELo-rS

    fmur, corresponderam cada uma, a 3% das conseqncias dasquedas avaliadas.

    Santos e Andrade (2005) encontraram as escoriaes emprimeiro lugar como conseqncia de queda, com um percentualde 19,7 % em seu estudo, porm a maior parte dos idosos (59,4%)no teve conseqncias fsicas. Em 7% das quedas ocorreramalgum tipo de corte e em 5,7% delas os idosos sofreram fratura.

    Em pesquisa realizada por Fabrcio et al. (2004), que

    teve como objetivo investigar a histria da queda, relatada por50 idosos de ambos os sexos, com idade igual ou superior a 60anos residentes de Ribeiro Preto, SP, e que haviam sido atendidosem duas unidades de um hospital pblico, foi constatado que asprincipais conseqncias das quedas foram tambm as fraturas,representando 64% do total.

    Segundo Guimares e Cunha (2004), quando o ato de cairno resulta em trauma maior ou perda da conscincia, tende a serum acontecimento sub-relatado. Portanto, levando-se em contaque na maioria das vezes os idosos procuram atendimento mdicosomente quando h conseqncias graves, normal que um estudorealizado em Instituies Geritricas, como este, no encontre umapercentagem to alta de fraturas e tenha resultados menos graves,

    como as escoriaes.

    4 CoNCLuSo

    Aps apresentao dos resultados obtidos atravs da coletade dados pde-se concluir que o ndice de quedas nos idososresidentes das Instituies estudadas foi inferior ao citado pelamaioria dos autores, assim como alguns outros resultados tambm

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    diferem dos demais estudos. No entanto, no foram encontradosestudos que utilizaram o mtodo de pesquisa utilizado neste. Aaplicao de testes e questionrios foi relatada em diversos estudos,podendo ser este um fator de inuncia nos resultados.

    Ao comparar o ndice de quedas encontrado nas duasInstituies estudadas, verica-se que h uma maior percentagemna Instituio Pblica, onde o ndice foi de 8,0%, enquanto que naInstituio Privada foi de 4,3%.

    Em relao faixa etria dos idosos que sofreram quedasna Instituio Privada, foi constatado que nesta h um aumento donmero de quedas diretamente proporcional ao aumento da idade.J na Instituio Pblica a maior parte das quedas ocorreu emidosos com idades entre 60 e 90 anos, havendo uma reduo apsesta idade.

    A principal causa de quedas encontrada nas evoluesanalisadas foi a perda do equilbrio, correspondendo a 29% dasmesmas. Em segundo lugar, est a fraqueza, com um nmerotambm expressivo sendo a causa de 22% das quedas. A tontura, ouvertigem, foi encontrada em 19% delas e as demais causas foram:tropeo, escorrego, dor e sonolncia e no restante de 9% das quedasno estava descrita a causa nas evolues.

    Quanto aos locais onde ocorreram as quedas, foi encontradoum percentual de 37% no quarto, 25% na sala, 16% na calada,13% no corredor, 3% no banheiro e em 6% das quedas no houve adescrio do local nas evolues. Outros estudos tambm indicaramuma maior percentagem de quedas no quarto, por ser o local ondeos idosos, principalmente os institucionalizados, passam a maior

    parte do tempo, alm de outros fatores como hipotenso ortostticae vertigem ao levantar-se da cama.

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    NDiCE DE QuEDAS Em iDoSoS iNSTiTuCioNALiZADoS Do muNiCPio DE SANTo NGELo-rS

    O turno da tarde, no qual ocorreram 50% das quedas, foipredominante em relao ao turno da manh (22%) e da noite(28%). No entanto, pelo teste de Tukey (5% de signicncia) adiferena entre as mdias do nmero de quedas e o turno em queestas aconteceram no foi signicativa.

    A maior parte das quedas ocorreu quando os idososestavam caminhando (51%) e aps o ato de levantar-se da cama(31%). J como conseqncias fsicas das quedas predominaramas escoriaes, em 22% delas, fratura em 16% e corte tambm em16%. Houve uma percentagem de 28% de quedas que no tiveramconseqncias.

    Ao trmino deste estudo tem-se uma viso do que constitui,para o idoso, sofrer uma queda. Aps a primeira queda ele torna-se ou limitado pelos seus cuidadores prtica de atividades davida diria, aumentando o declnio funcional e o predispondo

    novas quedas, formando assim um ciclo vicioso que faz com queele perca a sua qualidade de vida.

    necessrio que as formas de preveno para as quedassejam colocadas em prtica pela populao, instituies eprossionais da sade que prestam atendimento ao idoso, como objetivo tanto de evitar a primeira queda como tambm a

    sua recorrncia e neste contexto o sioterapeuta tem um papelfundamental.

    Apesar de atualmente haver muitos estudos a respeito dasquedas e os fatores nela envolvidos, existe ainda uma lacuna naquesto desta ocorrncia em idosos residentes de Instituies.Procurou-se iniciar uma discusso para que seja possvel assumir

    propores maiores em futuros estudos a respeito do tema, commais Instituies analisadas e uma populao maior de idosos.

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    HoLZBACH, ViViANE BEuTEr, CLuDiA rEGiNA

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    FiSioTErAPiA NA ESTABiLiDADE ArTiCuLAr Do JoELHo: ABorDAGEm FiSioLGiCA Do SiSTEmA SENSrio-moTor

    FiSioTEr APiA NA ESTABiLiDA DE ArTiCuLAr

    Do JoELHo: ABorDAGEm FiSioLGiCA DoSiSTEmA SENSrio-moTor

    SiLVA, LeTCiA ATAdeS1

    BeCK, deRLiAne gLOnVeZynSKidOS SAnTOS2

    rESumo

    O propsito do presente estudo foi abordar, atravs

    de uma reviso bibliogrfica, a importncia do

    conhecimento fisiolgico do sistema sensrio-motor

    na estabilidade articular do joelho, funcionalmente

    responsvel por diversas atividades como correr,

    andar e saltar. O conhecimento sobre os componentes

    do sistema sensrio-motor fundamental, pois junto

    com as estruturas musculoesquelticas so um dos

    elementos que garantem a estabilidade da articulao

    do joelho. Os mecanorreceptores localizados no

    joelho, em especial no Ligamento Cruzado Anter ior

    (LCA), so as principais estruturas que enviam ao

    Sistema Nervoso Central (SNC) informaes acerca

    da posio, movimento e estresse articular. O

    adequado funcionamento das estruturas sensrio-1 Fisioterapeuta2 Professora dos Cursos de Fisioterapia e Biomedicina do Instituto Cenecista de EnsinoSuperior de Santo ngelo, Fisioterapeuta, Mestre em Fisiologia.

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    SiLVA, LETCiA ATADES BECK, DErLiANE GLoNVEZyNSKi DoS SANToS

    motoras articulares deve ser o objetivo de tratamento

    em indivduos com leses articulares, para possibilitar

    que o corpo mantenha a estabilidade esttica edinmica necessria para exercer suas atividades

    com o mesmo desempenho anterior a uma leso.

    Palavras-chaves: receptores sensoriais,

    propriocepo, estabilidade articular.

    ABSTrACT

    The purpose of this study was to address, through

    a literature review, the importance of physiological

    knowledge of the sensory-motor in the knee joint

    stability, functionally responsible for various activities

    as running walk and jump. The knowledge about the

    components of the sensory-motor system is essential,

    because along with the musculoskeletal structures are

    one of the elements that guarantee the stability of the

    knee joint, allowing the body to maintain the stability

    and dynamic required for the individual exercises its

    activities with the same performance prior to an injury.

    The mechanoreceptors located in the knee, especially

    in the anterior cruciate ligament (ACL) are the main

    structures that send to the central nervous system

    (CNS) information about the position, motion and

    stress articulate. The proper functioning of sensory-

    motor joint

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    FiSioTErAPiA NA ESTABiLiDADE ArTiCuLAr Do JoELHo: ABorDAGEm FiSioLGiCA Do SiSTEmA SENSrio-moTor

    Key words: proprioceptores, sensory receptors, joint

    stability.

    1 iNTroDuo

    A idia do presente estudo apresentar atravs de umareviso bibliogrca a importncia do conhecimento siolgicodo sistema sensrio-motor na estabilidade articular do joelho. A

    estabilidade articular refere-se capacidade da articulao retornarao seu estado normal aps ter sofrido um estresse. A ocorrnciadessa propriedade depende da interao de diversos fatores,entre eles, a congruncia ssea, a restrio passiva das estruturasarticulares e as foras compressivas geradas pelo peso do corpo e aao muscular (AQUINO et al., 2004).

    Para realizar um determinado movimento sem danos fsicos necessrio ter integridade musculoesqueltica e sensorial, sendoque este ltimo vem apresentando uma crescente importncia emse tratando de estabilizao articular. As percepes sensoriais(saber onde nossos membros se encontram no espao quando somovimentados e conhecer as foras geradas pelos msculos) soconhecidas como sentido proprioceptivo. Esse termo empregadopara determinar a informao aferente vinda de reas perifricasinternas do corpo, que contribuem para o controle postural e aestabilidade articular (COHEN, 2001).

    O conhecimento siolgico do sistema sensrio-motor de suma importncia para uma ecaz estabilizao articulardo joelho, pois se pode perceber que por meio de receptoressensoriais, o Sistema Nervoso Central (SNC) recebe estmulosinternos e externos do nosso organismo que iro atuar diretamente

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    SiLVA, LETCiA ATADES BECK, DErLiANE GLoNVEZyNSKi DoS SANToS

    na estabilidade articular. Esses receptores esto localizados napele, nos msculos, tendes, ligamentos, articulaes e fscias(FONSECA et al., 2007).

    A articulao do joelho uma estrutura complexa compostapor trs ossos, o fmur, a tbia e a patela. Funcionalmente o joelho responsvel por diversas atividades, tais como correr andar,saltar, sendo essas e outras funes possveis devido mobilidadeoferecida principalmente pelos ossos, estabilidade promovidapelos tecidos moles e pela integridade sensorial (SMITH et al.,1997). Essa articulao pode parecer uma estrutura simples, porma sua biomecnica e o tratamento das leses sofridas est h muitotempo levantando discusses (ANDREWS et al., 2000).

    Dessa maneira, a sioterapia vem buscando diversaspossibilidades para que cada vez menos leses venham acontecerdurante as atividades realizadas, sejam elas desportivas ou

    atividades da vida diria. Dentre as alternativas para reduzir o riscode leso ou at mesmo melhor o desempenho fsico o seriam atravsdo treino sensrio motor utilizando exerccios proprioceptivos,para manter ou melhorar a estabilidade articular do joelho. Estesexerccios servem para dar nfase coordenao e equilbrio(BONETTI, 2007).

    Tendo em vista a importncia das informaesproprioceptivas para um melhor desempenho da estabilidadearticular, fundamental o conhecimento da siologia do sistemasensrio motor e do seu funcionamento junto com a produo demovimento uente, controlado e coordenado.

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    2 mATEriAiS E mToDoS

    O presente estudo trata-se de uma reviso bibliogrca,realizada em livros e artigos Medline, Lilacs e Scielo. O mtodoutilizado foi o dialtico e o instrumento para o alcance dos objetivosfoi o levantamento documental.

    3 DiSCuSSo

    Os fatores neurolgicos, como a propriocepo, jeram conhecidos h muito tempo atrs; porm, apenas fatoresbiomecnicos, anatmicos e histolgicos eram consideradosdeterminantes na funo articular. No entanto, mais recentemente osfatores neurolgicos comeam a ter uma contribuio fundamental

    para a estabilidade articular (AQUINO et al., 2004).Na Grcia Antiga, Aristteles j descrevia e distinguia os

    cinco sentidos: viso, audio, olfato, paladar e tato (PINTO etal, 1997). No sculo XIX um cientista alemo, Johannes Mller(1801-1858), atribuiu aos sentidos a lei das energias especcas, naqual se considera que cada sentido est relacionado a uma forma

    de energia. Diz-se ento que os receptores so especcos parauma determinada forma de energia, e que sua sensibilidade est emsintonia com uma faixa restrita de estimulao e resposta (LENT,2004).

    Ainda no sculo XIX um sexto sentido foi descrito porBell, referindo-se ao sentido de posio e movimento articular.

    Mais tarde Ducheme e Charcot descreveram a importncia dassensaes articulares para a funo do aparelho locomotor. Aseguir outros autores localizaram em receptores articulares e

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    musculares a sensao do movimento, importante para a aoarticular coordenada. Dentre esses autores est o siologista inglsCharles Sherrington (COHEN, 2001) que traduziu a propriocepo

    como um termo usado para a regulao da postura total (equilbriopostural) e postura segmentar (estabilidade articular), comotambm para o incio de muitas sensaes perifricas conscientes(PINTO et al., 1997).

    O termo sensrio-motor foi designado para descrever asinteraes centrais, sensoriais e motoras e as estruturas envolvidas

    na manuteno da integridade articular durante os movimentoscorporais e manuteno da postura. A propriocepo e o controleneuromuscular fazem parte do sistema sensrio-motor (COSTA,2007).

    A palavra propriocepo deriva do latim e tem o signicadode si mesmo, referindo-se aos processos sensoriais envolvidos

    na apreciao da postura e do movimento (FONSECA et al., 2007).O controle neuromuscular denido como o controle da

    ativao inconsciente de estabilizadores dinmicos, os msculos,agindo em resposta a uma carga ou movimentos impostos a umaarticulao com o objetivo de restaurar ou manter a estabilidadearticular normal. O controle neuromuscular ir depender daintegrao adequada entre os inputs sensitivos e as efernciasmotoras (COSTA, 2007).

    Estudos tm analisado a interao entre os sistemassensoriais e sistema motor. Conforme esses estudos, para obter umaao motora adequada so necessrios a integrao e utilizaocontnua das informaes sensoriais na coordenao e controle doato motor desejado (BONFIM & BARELA, 2007).

    O sistema sensorial composto por neurnios interligadosque formam circuitos responsveis por processar a informao

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    que chega do ambiente. Dessa forma o ambiente a origem dosestmulos sensoriais. Esses estmulos geralmente incidem sobreuma superfcie onde esto localizadas clulas especializadas paracaptar a energia incidente, estas clulas so chamadas de receptoressensoriais (LENT, 2004).

    Os mecanorreceptores so tipos de receptores sensoriais efuncionam como tradutores biolgicos, sendo capazes de converteros movimentos do corpo e a tenso imposta as suas estruturas, empotenciais de ao nervosos que geram informaes proprioceptivas(FONSECA et al., 2007).

    Os receptores que fazem mediaes das sensaesprofundas incluem os receptores musculares e articulares e podemser denidos como proprioceptores. Estes abrangem os fusosmusculares, rgo tendinosos de Golgi, terminaes nervosaslivres, corpsculos de Pacini e receptores articulares. Esto

    relacionados com a postura, o senso de posio, tnus muscular,velocidade e direo do movimento (SULLIVAN & SCHMITZ,2004).

    O sistema proprioceptivo recebe informaes tanto dosreceptores articulares quanto os receptores musculares e utiliza essesestmulos para localizar nossos membros no espao e determinar

    a sua amplitude e velocidade do movimento. No entanto, cadareceptor tm um papel diferente na formao da propriocepoarticular. Apesar dos demais receptores tambm contriburem paraa sensao de movimento os receptores musculares parecem sera fonte de maior contribuio para a informao proprioceptiva(RIBEIRO & OLIVEIRA, 2008).

    Uma caracterstica especial de todos os receptores sensoriais a de que eles se adaptam, parcial ou totalmente, a seus estmulos

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    aps certo perodo de tempo. Percebe-se que alguns receptores seadaptam de forma muito mais rpida do que outros (GUYTON,1993).

    Ter as informaes sobre a posio, velocidade e direodos movimentos so importantes fatores para manter o controlepostural. Para desenvolver uma atividade motora com maior destreza fundamental ter um controle neuromuscular (FONSECAet al., 2007).

    A propriocepo um processo atravs do qual o SNCrecebe input de diversas fontes de estmulo integradas para deniro movimento ou a posio articular. Os estmulos proprioceptivosprovidenciam a informao a um eixo central dividido em trs nveisdistintos do controle motor: medula espinal, tronco cerebral e crtexmotor. Contudo, o input proprioceptivo no necessariamentepercebido de forma consciente. Os mecanorreceptores que so

    responsveis pelo envio dos estmulos ao SN (impulsos aferentes),funcionam como conversores das cargas mecnicas impostas articulao. Esta informao integrada na programaomotora requerida para movimentos de preciso e contribuipara a contrao muscular reexa, proporcionando estabilidadedinmica articulao. Portanto, o controle do movimento

    depende consideravelmente da qualidade da informao aferenteoriginada dos receptores envolvidos na propriocepo (RIBEIRO& OLIVEIRA, 2008).

    As sensaes profundas e as sensaes tteis ou superciais,transmitidas ao SNC pelos proprioceptores so responsveis pordeterminar o senso de posio e percepo das articulaes tanto

    em movimento (propriocepo dinmica) quanto em repouso(propriocepo esttica). Em locais, como os dedos, a respostaao reconhecimento da posio transmitida ao SNC atravs dos

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    receptores tteis. Por outro lado para a maior parte das grandesarticulaes, como a articulao do joelho, os receptores profundosso os mais importantes (GUYTON , 1993).

    A articulao do joelho suporta o peso do corpo e transmiteforas provenientes do solo e ao mesmo tempo permite uma grandequantidade de movimento entre o fmur e a tbia. A estabilidadefuncional do joelho provm da restrio passiva dos ligamentos, dageometria articular, dos msculos e das foras compressivas entreum osso e outro (HAMILL & KNUTZEN, 1999).

    Em 1991 foi realizada uma reviso de literatura a respeitodo papel sensorial dos ligamentos cruzados, foi mostrada suainuncia reexa sobre a musculatura agonista do joelho atravsdo sistema fuso muscular. Ento se descobriu que os ligamentoscruzados desempenham na siologia articular um papel diferentedo que o de estabilizadores mecnicos (PINTO et al., 1997).

    Estudos anatmicos tm demonstrado a presena demecanorreceptores no Ligamento Cruzado Anterior (LCA).Mostram bras nervosas penetrando os ligamentos cruzados ereceptores tipo Golgi, Rufni e Paccini foram identicados noLCA. Dessa forma provvel que a funo proprioceptiva dosligamentos seja to importante quanto a sua funo biomecnica

    para a manuteno da estabilidade articular (BONFIM &PACCOLA, 2000).

    A estabilidade da articulao do joelho depende dosmsculos e dos ligamentos, principalmente do LCA. A decinciada informao proprioceptiva no joelho, em decorrncia de lesodo LCA, contribui para o agravamento da instabilidade devido

    diminuio da sensao de posio e ausncia do estmulo para acontrao muscular reexa (SAMPAIO & SOUZA, 1994).

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    Dentre os ligamentos do joelho, o LCA o que apresentacom maior freqncia leses de ruptura completa, sendo estasocorrendo na maioria das vezes em atividades esportivas. Nocaso de atletas, aps uma leso no LCA vrios no retornam asatividades e os que retornam apresentam decincias funcionais.Na tentativa de solucionar essas decincias as tcnicas esto cadavez mais renadas, ento aps a reconstruo do LCA, esperava-se que o joelho voltasse a apresentar condies neuromuscularesnormais. No entanto, apesar da amplitude de movimento e a

    fora serem restabelecidas, a tendncia em permanecer um dcitproprioceptivo continuava devido ruptura do LCA e da suasubstituio por enxertos, que no apresentam os mesmos tiposde mecanorreceptores e conexes nervosas responsveis pelaestabilidade articular encontrada no ligamento intacto (BONFIM& PACCOLA, 2000).

    Tendo em vista a importncia das informaesproprioceptivas para um melhor desempenho da estabilidadearticular fundamental o conhecimento sobre os componentes dosistema sensrio-motor, pois um dos elementos que garantema estabilidade de uma articulao, possibilitando que o corpomantenha a estabilidade dinmica e esttica necessria para queo indivduo exera suas atividades com o mesmo desempenho

    anterior a uma leso (FONSECA et al., 2007).

    A perda de informao proprioceptiva no joelho, devido leso do LCA contribui para o agravamento da instabilidadedevido diminuio da sensao de posio e ausncia doestmulo para contrao muscular reexa. No entanto, apesarda leso do LCA e da perda de informaes aferentes enviadas

    pelos mecanorreceptores localizados neste ligamento, existem nasdemais estruturas do joelho inmeras outras fontes de informao

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    proprioceptiva, que atravs de um treinamento especco decoordenao neuromuscular podem suprir a demanda da reaomuscular para estabelecer o controle dinmico da articulaolesada (SAMPAIO & SOUZA, 1994).

    Alguns anos atrs o conceito de ter um msculo bemalongado e forte bastava para prevenir leses, porm esse conceitovem sendo substitudo por uma idia que defende a preveno deleses baseada na melhora funcional das articulaes e dos msculosem conjunto, e isto ocorre devido melhora dos mecanismos decontrole neuromuscular (COSTA, 2007).

    A importncia dos mecanorreceptores articulares,musculares e cutneos para as sensaes proprioceptivas temsido muito discutida. Recentemente estudos sugerem que osreceptores musculares e articulares so complementos do sistemaaferente, no qual a modicao num tipo de receptor promove

    alterao na funo do outro. Ambos so essenciais na capacidadeproprioceptiva (RIBEIRO & OLIVEIRA, 2008).

    Apesar dos mecanorreceptores ainda no ter uma funototalmente conhecida, eles so os principais responsveis porfornecer ou determinar o caminho da intrigante rede de informaosensorial a qual pode diferenciar vrios indivduos com relao a

    sua destreza e habilidade funcional, entre outras (EJNISMAN etal., 2002).

    A capacidade que articulao tem para detectaralteraes que ocorrem no meio que rodeia suas estruturas emediar apropriadamente resposta muscular a essas alteraes fundamental para garantir a estabilidade funcional da articulao.

    Na articulao do joelho quem ir contribuir nesse processo deestabilizao articular so os receptores musculares, articulares e

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    cutneos que so considerados essenciais na capacidade de sentira posio e o movimento da articulao (RIBEIRO & OLIVEIRA,2008).

    Os ligamentos cruzados do joelho so os componentesresponsveis pela estabilidade intrnseca da articulao (MORENOet al., 2005). At um tempo atrs os ligamentos eram consideradosestruturas passivas, e s mais recentemente que a sua funo sensorialcomeou a ser discutida. A informao sensorial proporciona aoindivduo a capacidade de detectar a posio articular do joelho deuma forma consciente. O controle neuromotor do joelho envolve aatividade coordenada da musculatura, fornecendo estabilidade ativa articulao. A integridade proprioceptiva do joelho primordialpara o controle neuromotor, e sua avaliao, o teste proprioceptivo, um importante mtodo de diagnstico e prognstico, acarretandona eccia ou no do tratamento sioteraputico (LOBATO et al.,

    2005).A capacidade proprioceptiva de indivduos com leses

    ortopdicas e traumatolgicas est cada vez mais despertando uminteresse na prtica clnica. Dessa forma, tendo em vista que o SNtransforma as informaes aferentes vinda dos mecanorreceptoresem atividade muscular sincronizada ao redor da articulao,

    garantindo assim a estabilidade articular, podemos supor queo treino proprioceptivo tem sua importncia e deve ser includotanto na recuperao de leses quanto na preveno das mesmas(FONSECA et al., 2007).

    Os exerccios proprioceptivos foram introduzidos nosprogramas de reabilitao e preveno de leses ligamentares, pelo

    fato de que os ligamentos so sede de mecanorreceptores, onde umaleso nessas estruturas poderia causar um dcit proprioceptivo(COSTA, 2007).

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    No processo de reabilitao do joelho devemos considerarde forma signicativa o treino proprioceptivo, pois este se refere sensibilidade ao tato, que engloba a sensao do movimentoe posio articular. A reeducao proprioceptiva busca no saumentar a qualidade e velocidade das respostas do aparelhoneuromuscular, como tambm estimular a sensibilidade e reaode respostas rpidas e precisas (PAIZANTE & KIRKWOOD,2007).

    Os exerccios proprioceptivos fazem parte do processode reabilitao e so necessrios tanto na preveno quantono tratamento de leses. O trabalho de preveno deve conterexerccios dinmicos, multidirecionais e especcos de cadaatividade, com exerccios trabalhando principalmente unidadesmsculo-tendneas que so componentes responsveis por mantera estabilidade dinmica das articulaes durante os movimentos

    (BONETTI, 2007).Nas leses de LCA, seja por trauma, intervenes cirrgicas

    ou por imobilizaes prolongadas, os mecanorreceptores sofreqentemente lesados, dessa forma a conduo dos estmulossensoriais so diminudas, deixando de informar ao SNC sobreo senso de posio e movimento articular. Devido a isto se faz

    necessrio incluir exerccios proprioceptivos na reabilitao dojoelho traumatizado (PAIZANTE & KIRKWOOD, 2007).

    O treino proprioceptivo busca desenvolver a autonomia aoindivduo, conscincia postural, do movimento, das mudanas noequilbrio, conhecimento da posio do peso e da resistncia dosobjetos em relao ao corpo. Em indivduos que sofreram leso do

    LCA o objetivo do treinamento proprioceptivo visa desenvolverhabilidade, agilidade e conana atravs do aumento da velocidadede resposta de defesa e da estabilidade articular. Especicamente

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    na leso de LCA deve-se fortalecer isquiotibiais, principalmente,mas sem deixar de exercitar quadrceps, abdutores e adutores(PAIVA et al., 2008).

    O programa de treino sensrio motor deve ser realizadode forma progressiva e focalizando alguns aspectos comoexibilidade, agilidade, fora, treino de gesto esportivo epliometria. Alongamento e fortalecimento devem ser realizadosprogressivamente respeitando os limites de cada indivduo.Exerccios de agilidade so utilizados para permitir a adaptao

    as mudanas rpidas de direo, acelerao e desacelerao.Para treino de equilbrio podem ser executados exerccios emapoio unipodal ou bipodal tanto de olhos abertos quanto de olhosfechados, no solo estvel e instvel, buscando que o indivduomantenha seu equilbrio sem alterar sua base de sustentao. Osexerccios pliomtricos so aqueles que ativam o ciclo excntricoe concntrico do msculo, melhorando a estabilizao articular

    e potencializando a contrao muscular. Para nalizar qualquerprograma de reabilitao, preveno ou condicionamento, devemser includas atividades que imitem aquelas vivenciadas peloindivduo, seja ele atleta ou no (COSTA, 2007).

    4 CoNCLuSo

    O propsito deste trabalho de reviso bibliogrca foiobservar a importncia do estudo do sistema sensrio motorna estabilidade articular do joelho. A propriocepo tem papelfundamental em relao ao controle motor, uma vez que atravsdos receptores sensoriais so enviadas ao SNC informaesrelacionadas ao movimento, velocidade e posicionamentoarticular, e o SNC converte estas informaes em aes muscularesadequadas para a realizao de atividades motoras.

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    Foi possvel vericar atravs de estudos que para garantiresta estabilidade articular necessrio no s ter estruturasmusculoesquelticas ntegras, mas tambm ter uma integridadesensrio-motora.

    Em relao articulao do joelho observou-se que suasestruturas servem tanto para dar estabilidade dinmica quantoesttica. Alm dos componentes articulares e musculares o joelhodispe de receptores sensoriais, os mecanorreceptores, que estoprincipalmente localizados nos ligamentos e em especial no LCA.Dessa forma, o LCA a principal estrutura proprioceptiva do joelho,portanto uma leso nesse ligamento causaria srios problemas deinstabilidade articular.

    Dessa maneira foi possvel vericar que o adequadofuncionamento das estruturas sensrio motoras fator essencialpara possibilitar ao indivduo a estabilidade articular necessria para

    desenvolver suas atividades. O treino proprioceptivo importanteno s na reabilitao de leses, mas tambm na sua preveno,sejam elas desportivas ou no, contribuindo para a melhora da suacondio sensorial.

    Mesmo assim, ainda so necessrios mais estudos emrelao capacidade proprioceptiva do joelho e a ecincia do

    tratamento proprioceptivo na estabilidade articular.

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    oS BENEFCioS Do rEForo muSCuLAr Em PorTADorES DE GoNArTroSE

    oS BENEFCioS Do rEForo muSCuLAr

    Em PorTADorES DE GoNArTroSETAVAReS, ALine FReS1

    gOMeS, THAiSdO nASCiMenTO2

    rESumo

    A gonartrose uma patologia reumatolgica que afeta a

    articulao do joelho, manifestando-se devido a muitos

    fatores como o processo natural do envelhecimento

    ou ao acmulo excessivo de carga que a articulao

    suporta o que desequilibra as foras musculares eaumenta a exigncia do joelho. O reforo muscular

    uma alternativa preventiva e/ou curativa para o

    restabelecimento das funes normais do joelho.

    Este estudo teve como objetivo realizar uma reviso

    bibliogrfica sobre os benefcios do reforo muscular

    na gonartrose, atravs das respostas fisiolgicas dos

    recursos fisioteraputicos empregados. Evidenciou-

    se atravs desta pesquisa o papel importante do clcio

    na contrao e principalmente na gerao de fora,

    1 Fisioterapeuta, ps-graduanda em Ortopedia e Traumatologia com nfase emAtendimento na Clnica de Fisioterapia.

    2 Professora do Curso de Fisioterapia do Instituto Cenecista do Ensino Superior,Fisioterapeuta, Especialista em Fisioterapia em Ortopedia e Traumotologia, Especialista emSade Pblica, Especialista em Docncia para o Ensino Superior e Mestre em Educao nasCincias.

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    TAVArES, ALiNE FrES GomES, THAiS Do NASCimENTo

    sendo que sua falta fator de fraqueza muscular e

    desequilbrios que tornam suscetveis patologias

    como a gonartrose. Os tipos de contrao muscular,de acordo com cada msculo, podem favorecer o tipo

    de exerccio mais indicado, acelerando os benefcios

    frente ao tratamento de reforo muscular. Dessa

    forma tal anlise permitiu concluir que as mudanas

    fisiolgicas causadas pela gonartrose podem ser

    prevenidas ou amenizadas a partir do reforomuscular quando utilizado atravs do conhecimento

    do tipo de musculatura e do exerccio, que deve ser

    personalizado e adaptado ao estilo de vida.

    Palavras-chaves: contrao muscular, gonartrose,

    reforo muscular.

    ABSTrACT

    The gonarthrosis is a rheumatic disease that affects

    the knee, appearing due to many factors such as the

    natural aging process or the excessive accumulation of

    charge that the relationship that supports unbalanced

    muscle forces and increases the requirement of the

    knee. The muscle strengthening is an alternative

    preventive and / or curative for the reestablishment

    of the normal knee. This study aimed to a literature

    review about the benefits of building muscle in

    gonarthrosis, through the physiological responses

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    oS BENEFCioS Do rEForo muSCuLAr Em PorTADorES DE GoNArTroSE

    of the physiotherapeutic employees. It was found

    through this research the role of calcium in contraction

    and particularly in power generation, and its absenceis a factor of muscle weakness and imbalances that

    make it susceptible to diseases such as gonarthrosis.

    The types of muscle contraction, according to every

    muscle, may favor the kind of exercise best suited,

    accelerating the benefits toward the treatment of

    muscle strengthening. Thus this analysis has shownthat the physiological changes caused by knee arthritis

    can be prevented or mitigated through reinforcement

    muscle when used with the knowledge of the type of

    muscle and exercise, which must be customized and

    adapted to the lifestyle.

    Keywords: muscle contraction, gonarthrosis, muscle

    strengthening.

    1 iNTroDuo

    O sistema musculoesqueltico com o passar do tempo sofremuitas modicaes, seja pelo processo natural de envelhecimentoou pela associao de movimentos repetitivos, estilo de vida,posturas viciosas e mantidas durante a jornada de trabalho o quesobrecarrega as diferentes estruturas corporais (SILVA etal., 2006). Essas alteraes preocupam j que podem acarretar uma

    srie de leses e dcits funcionais importantes como as rupturasde meniscos e ligamentos, perda de equilbrio, fraqueza muscular,bursites e artrites (JACOB et al., 1990).

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    Dentre as doenas que acometem o sistemamusculoesqueltico, as chamadas patologias reumatolgicas soas mais constantes, e tm na osteoartrose suas maiores incidncias(SOARES, 2008). So consideradas um problema mundial queacomete os pases desenvolvidos e em desenvolvimento, atingindocerca de 16,2% da populao brasileira (SEDA & SEDA apudMOREIRA & CARVALHO, 2001). A osteoartrose a degeneraodos componentes articulares que leva destruio progressiva dacartilagem hialina, da cpsula articular, da membrana sinovial e

    que pode atingir de forma secundria os tecidos moles. Pode seragravada pela perda de fora muscular consequncia geralmentedo sedentarismo, gerando perda de funcionalidade, de estabilidade,de exibilidade, diminuio de amplitude de movimento (ADM) epropriocepo, o que causa maior instabilidade muscular levandoa outras patologias associadas (RODRIGUES, 2007).

    A gonartrose, osteoartrose de joelho, dentre asosteoartroses, as que mais se manifestam devido ao acmulode carga que suportam o que faz aumentar signicativamente aexigncia do joelho, desequilibrando assim as foras musculares,e por isso necessitando de reforo muscular (WANNMACHER,2006).

    A evoluo da gonartrose pode levar a substituio total daarticulao, mas o tratamento conservador a alternativa inicialpara evitar os agravos da patologia. As tcnicas sioteraputicasneste caso devem melhoram os sinais e sintomas dolorosos, preveniratroas e perdas de amplitude de movimento sendo fundamentaisas orientaes posturais, de atividades de vida diria e a inclusode atividade fsica especca (RADL apud CHIARELLO et al.,

    2005).

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    2 mATEriAiS E mToDoS

    Foram utilizados no presente artigo os seguintes materiais:artigos, livros, revistas, revistas online, sites relacionados da web.Atravs do mtodo de consulta, leitura e anlise do contedo paratranscrever ao artigo.

    3 DiSCuSSo

    Na gonartrose a degenerao da cartilagem articular dojoelho resulta na formao de um osso novo nas superfcies daarticulao. H uma alterao bioqumica e metablica que resultana desintegrao da cartilagem articular. Com o aumento dassobrecargas mecnicas sobre o colgeno presente na cartilagem,

    por postura ou trauma, a produo de colgeno pelas clulascartilaginosas aumenta como um mecanismo de defesa. O tecidoresiste ao tensionamento, todavia perde a elasticidade, se espessa,resistindo menos aos impactos. J os tecidos periarticularesmais espessos e menos exveis limitam os micromovimentos eaumentam a coaptao articular (RADL apud CHIARELLO et al.,2005).

    Inicialmente acontece um amolecimento da cartilagemhialina e em seguida uma separao das bras at a suadesintegrao total fazendo a cartilagem car em franjas, picotadae desgastada. O osso cresce sobre a superfcie que foi desgastada esalincias sseas nas bordas da articulao estendem-se por dentrodessa, atingindo tendes e msculos. Essas alteraes causam

    diculdades nos movimentos articulares e alteraes de marcha(PALASTANGA et al., 2000).

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    O edema da cartilagem surge a partir da desorientaoda rede de colgeno e da hidrolia dos proteoglicanos, entoela se torna rgida e opaca com brilaes e eroses, causandoprogressivamente modicao na cartilagem at a desnudaototal do osso subjacente (RADL apud CHIARELLO et al., 2005).

    Na gonartrose, a diminuio de lquido pela inatividadefuncional e pela fraqueza muscular gera tenso articular,sobrecarga, frico e desgaste dos elementos presentes no joelho.O reforo muscular faz com que seja preservado o movimentofuncional e a produo de lquido de forma adequada, fazendo comque as estruturas sejam preservadas e as foras continuem agindocorretamente. A gerao de fora muscular se d atravs de doistipos de contrao: a contrao isotnica, gerando movimento deforma concntrica e excntrica, e de forma isomtrica quando noacontece movimento (SILVERTHORN, 2003).

    Na gonartrose, em decorrncia da hipotroa muscularocorre o desequilbrio muscular e ao incorreta de agonistas eantagonistas. A ao agonista do reto femoral ca prejudicada, pelacompensao gerada no movimento, os vastos laterais e mdiosprecisam entrar em ao no movimento de extenso de joelho eos isquiotibiais acabam por funcionar como sinergistas ao auxiliar

    o movimento. Os msculos, quadrceps e isquiotibiais tornam-sehipotrcos geralmente devido ao desuso ou quadro lgico, quelimita o movimento e a funo (OLIVEIRA et al., 2008).

    A fora de forma excntrica e concntrica gera um efeitorotatrio chamado de torque, associado rotao de um corpo,em torno de um eixo, aplicando a fora a esse corpo. Para que

    acontea a rotao de forma mais ecaz, a fora ca longe do pontoda mesma. A rotao de um torque est relacionada diretamentecom a fora que o est gerando aliado direo desta em relao

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    posio de ponto central. O brao de alavanca vai ser a distnciaperpendicular do eixo que aplicado fora (FILHO, 2008).

    O torque serve como medida em anlise de estudo devariveis como, pico de torque concntrico e excntrico emdeterminada musculatura. O torque em indivduos com osteoartrosede joelho est diminudo na forma concntrica e excntrica da forade quadrceps e isquiotibiais todavia o torque excntrico menosafetado pela patologia (MELO et al., 2008).

    A gonartrose responsvel por 50-60% de reduo detorque mximo de quadrceps, aliado a dor e a rigidez muscularso determinantes da diferena de torque e trabalho isocinticonos pacientes portadores de gonartrose. Por isso, a diminuiode torque demonstra a perda de fora muscular, principalmenteem quadrceps, que pacientes com gonartrose apresentam o queleva a um desequilbrio muscular e alterao funcional. Para

    gerao de torque, movimento e de fora, deve haver a ao dasmusculaturas agonistas e antagonistas que de forma recproca eordenada trabalhem para que estas aes aconteam, tal fenmeno denomindado de inervao recproca (MELO et al., 2008).

    O agonista tem papel principal na execuo do movimentoe na manuteno de uma postura contraindo-se ativamente. Os

    antagonistas possuem ao anatmica oposta ao agonista regulandoa potncia ou a rapidez da ao. Usualmente os antagonistas noesto se contraindo e nem auxiliando ou resistindo ao movimento(ALBUQUERQUE, 2003).

    Somente os msculos que atuam sobre uma nica articulaoso considerados verdadeiros antagonistas. Os msculos que

    atuam sobre mais de uma articulao agem como antagonistas eoutras vezes como sinergistas. A articulao do joelho tem como

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    antagonista o reto femoral dos isquiotibiais, porm quando oquadril e joelho etem simultaneamente o reto femoral funcionarcomo sinergista (ALBUQUERQUE, 2003).

    A potncia funciona como a taxa de trabalho ou a produode potncia que descreve a intensidade do exerccio. Atravs dacompreenso do termo potncia que se consegue calcular otrabalho realizado e a ecincia do exerccio associado (POWERS& HOWLEY, 2000).

    O mecanismo de contrao muscular se d pelamovimentao dos lamentos de actina e miosina deslizandodurante a contrao muscular em decorrncia da ao dasnumerosas pontes cruzadas que se estendem como braos apartir da miosina e se ligam actina num estado de ligao forte(POWERS & HOWLEY, 2000). O aumento da concentrao declcio citoplasmtico termina o disparo da contrao muscular.

    O sistema controlado pela troponina e tropomiosina, protenasque fazem parte do lamento no. As bras presentes no msculoso de contrao rpida e lenta, independendo deste tipo de bra ainterao das protenas que formam o msculo esqueltico com seusdiferentes tipos de ons, a molcula de ATP( adenosina trifosfato)e seus produtos de hidrlise promovem mudanas estruturais que

    levam a contrao muscular (PINTO et al., 2004).A fora da contrao aumenta com a somao das

    contraes musculares. A fora gerada pela contrao de umabra muscular simples pode ser aumentada pelo incremento davelocidade (freqncia) com que os potenciais de ao estimulama bra muscular (SILVERTHORN, 2003).

    O treinamento fsico rigoroso acarreta alteraes nos tiposde bra muscular. Tanto no treinamento de endurance quanto o

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    de resistncia (peso) acarretam uma converso das bras rpidasem bras mais lentas. A perda muscular passa por duas fases, umalenta, em que 10% da massa perdida entre os 25 e os 50 anosde idade, e uma rpida entre os 50 e os 80 anos onde ocorre umaperda adicional de 40%, portanto aos 80 anos metade da massamuscular total foi perdida. Ainda ocorre durante este processo aperda de bras rpidas e o aumento de bras lentas (POWERS &HOWLEY, 2004).

    A perda do trosmo e fora no observada somente nosidosos e inativos, mas tambm, por exemplo, em perodos deimobilizao por gesso quando se percebe a reduo do tamanhodo msculo. Logo o msculo esqueltico um tecido altamenteplstico que responde tanto ao uso quanto ao desuso. Emborao exerccio regular no possa eliminar completamente a perdamuscular relacionada idade pode-se aumentar a endurance e a

    fora muscular nos idosos de maneira similar observada nosindivduos jovens (POWERS & HOWLEY, 2004).

    O reforo muscular neste contexto tem papel relevante paragarantia de msculos fortes que gerem melhora da estabilidadefuncional articular e proprioceptiva proporcionando proteoarticular, equilbrio muscular, contrao correta e movimento ideal

    do seguimento.No exerccio isomtrico nenhuma fora externa

    realizada, mas a energia gasta de uma forma substancial. Estetipo de exerccio aumenta a resistncia vascular perifrica de formageneralizada aumentando a presso sangunea sistlica e diastlicacom pouco aumento no volume sistlico e no dbito cardaco, causa

    uma sobrecarga de presso ao corao e os efeitos hemodinmicosdependem de sua intensidade e tambm dos grupos muscularesque sero trabalhados. Os exerccios isomtricos produzem leve

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    condicionamento cardiovascular e as alteraes circulatriaspodem ser prejudiciais aos cardiopatas (LIMA, 2007).

    Os exerccios isomtricos trabalham de forma eciente osmsculos atravs de contrao muscular que desenvolve tensosem provocar a alterao do comprimento do msculo. Este tipode exerccio no provoca grande hipertroa (aumento de massamuscular), mas desenvolve fora em escala moderada. Seubenefcio de no comprometer a postura durante sua execuo(SILVA, 1998).

    O aumento de fora e de massa muscular observadoatravs deste tipo de exerccio na reabilitao de problemasmusculoesquelticos, inclusive em pacientes que apresentemlimitao articular como, por exemplo, os pacientes com gonartrose.J que na isometria no existe solicitao de movimentos comamplitudes como os que so solicitados em exerccios mais

    dinmicos (LIMA, 2007). O aumento de fora ir depender doregime de treinamento, o tipo de ao muscular, a intensidade, ovolume, o posicionamento, a ordem dos exerccios e o perodo derepouso entre as sries e freqncia (COUTRIN et al., 2008).

    Apesar dos inmeros benefcios no ganho de fora muscularo exerccio isomtrico ainda tem vrias contra-indicaes, pelo

    aumento abrupto que causa na presso arterial, sendo indicado parapessoas que fazem tambm outro tipo de atividade fsica e que nopossuem hipertenso (CAMARGO & SANTOS, 2007).

    O isostreching uma tcnica postural, desenvolvida naFrana na dcada de 70 que tem como funo estabilizar o corpoatravs de posturas mantidas durante a expirao, com exerccios

    de alongamento e contraes isomtricas simultneas. Com essatcnica consegue-se melhorar a mobilizao articular, tonica-se

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    a musculatura, melhora-se a conscincia corporal e das posiescorretas da coluna e ainda o condicionamento respiratrio. Apostura e o equilbrio sero consequentemente recuperados. Oprincpio bsico do isostreching fortalecer diferentes gruposmusculares priorizando os profundos que do sustentao coluna vertebral, os abdominais, os glteos, os dorso-lombares,quadrceps, depressores da escpula e rombides (PERNOMIAN,2008).

    O isostreching trabalha de maneira benca por bloquearas rotaes compensatrias, o que acontece com portadores degonartrose, que perdem a mobilidade e a rotao, compensandoos movimentos. O bloqueio dado por uma forte contraomuscular dos agonistas, fazendo com que acontea o reforo, e oalongamento dos antagonistas. Pela diculdade imposta ao corpoh o reforo muscular. A forma com que age na coluna, reforando

    seus msculos profundos e tornando-a mvel e tonicada, faz comque mantenha uma retido por contrao de todos os msculos(REDONDO, 2001).

    O mtodo DeLorme foi criada por Delorme em 1945e se baseia em exerccios resistidos com aumento pro