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    REVISTA CONCRETO 1 BARRAGENS

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    Tecnologia Nacional aservio do Desenvolvimento

    Sustentvel

    Instituto Brasileiro do ConcretoFundado em 1972

    Declarado de Utilidade Pblica EstadualLei 2538 ce 11/11/1980

    Declarado de Utilidade Pblica FederalDecreto 86871 de 25/01/1982

    Diretor PresidentePaulo Helene

    Diretor 1 Vice-PresidenteCludio Sbrighi Neto

    Diretor 2 Vice-PresidenteEduardo Antonio Serrano

    Diretor 3 Vice-PresidenteMrio William Esper

    Diretor 1 SecretrioAntnio Domingues de Figueiredo

    Diretor 2 Secretrio

    Snia Regina FreitasDiretor 1 TesoureiroLuiz Prado Veira Jr.

    Diretor 2 TesoureiroLarcio Amncio de Lima

    Diretor TcnicoRubens Machado Bittencourt

    Diretor de EventosLuiz Rodolfo Moraes Rego

    Diretor de Pesquisa e DesenvolvimentoTlio Nogueira Bittencourt

    Diretor de PublicaesAna E. P. G. A. Jacintho

    Diretor de MarketingWagner Roberto Lopes

    Diretor de Relaes InstitucionaisPaulo Fernando Silva

    Diretor de CursosJuan Fernando Matas Martn

    Diretor de Certificao de Mo-de-obraJulio Timerman

    Assessores da PresidnciaAlexandre Baumgart

    Augusto Carlos de VasconcelosJorge Bautlouni NetoMartin Eugnio Sola

    Ruy Ohtake

    Barragens

    Tecnologia

    Prova de CargaDinmica emponte ferroviria

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    CONCRETO & ConstruesRevista Oficial do IBRACON

    Revista de Carter Cientfico, Tecnolgicoe Informativo para o Setor Produtivo daConstruo Civil, para o Ensino e para a

    Pesquisa em Concreto

    ISSNTiragem desta edio 5.000 exemplares

    Publicao TrimestralDistribuida gratuitamente aos associados

    PUBLICIDADE E PROMOOArlene Regnier de Lima Ferreira

    [email protected]

    EDITORFbio Lus Pedroso MTB 41728

    [email protected]

    DIAGRAMAOGill Pereira (Ellementto Arte)

    ASSINATURA E ATENDIMENTOValesca Lopes

    [email protected]

    Grfica:Ipsis Grfica e Editora

    As idias emitidas pelos entrevistados ou emartigos assinados so de responsabilidade

    de seus autores e no expressam,necessariamente, a opinio do Instituto.

    Copyright 2004 IBRACON. Todos os direitos dereproduo reservados. Esta revista e suas partes nopodem ser reproduzidas nem copiadas, em nenhuma

    forma de impresso mecnica, eletrnica, ou qualqueroutra, sem o consentimento por escrito dos autores e

    editores.

    COMIT EDITORIALAna E. P. G. A. Jacintho, UNICAMP, Brasil

    Antonio Figueiredo, PCC-EPUSP, BrasilFernando Branco, IST, Portugal

    Hugo Corres Peiretti, FHECOR, EspanhaPaulo Helene, IBRACON, Brasil

    Paulo Monteiro, UC BERKELEY, USAPedro Castro, CINVESTAV, Mxico

    Raul Husni, UBA, ArgentinaRubens Bittencourt, PEF-EPUSP, Brasil

    Ruy Ohtake, ARQUITETURA, BrasilTulio Bittencourt, PEF-EPUSP, Brasil

    Vitervo OReilly, MICONS, Cuba

    IBRACONRua Julieta Esprito Santo Pinheiro, 68

    Jardim Olmpia

    CEP 05542-120So Paulo SP

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    Foto Capa:Vista areaparcial pela margemdireita da Barragem deTucuru, onde pode serobservada a Barragemde Terra e Enrocamento,o Vertedouro, a Tomadad`gua, a Casa de Fora

    Crdito:Eletronorte.

    Sumrio

    E Mais...

    EditorialConverse com IBRACONPersonalidade Entrevistada. Mauricio Tolmasquim

    Acontece nas RegionaisBarragem de TucuruResistncia do Concreto a Altas TemperaturasUsinas de Santa Clara e FundoCAD na ponte Rio-NiteriRAA em BarragensConcreto Projetado por via midaPerspectivas para o Setor Eltrico NacionalSegurana de BarragensExportao de Servios de EngenhariaAproveitamento Hidreltrico de Belo MonteEnsino de Barragens nas UniversidadesAproveitamento Hidreltrico Peixe AngicalInspeo e Controle de BarragensA EPE e o Desenvolvimento SustentvelProjeto de BarragensComplexo Hidreltrico no rio MadeiraMicroestrutura do MetacaulimA forma do CCR entre camadas de concretagem

    Recordes de Engenharia de Barragens

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    Energia:a garantiadodesenvolvimentodo pasA presente edio desta revista, registra maisum resultado concreto de uma cooperaoefetiva entre o Instituto Brasileiro doConcreto IBRACON e o Comit Brasileiro deBarragens CBDB.

    Ao se analisar as reas de atuaodessas duas entidades observa-se umarea de ntida superposio representadapelas estruturas de concreto contidas nasbarragens e nas hidreltricas. Este fatoinduz a uma concluso pela evidenteconvenincia de se estabelecer umentrelaamento dos elos, representadospelas duas entidades, objetivando otimizaros seus esforos para o atingimento deseu objetivo comum, evidenciado pelanecessidade de se promover a difusotecno-cientfica dos conhecimentos dessasreas no meio tcnico, buscando o seu

    aprimoramento em benefcio do resultadofinal para o bem estar de nossa sociedade.

    As Diretorias das duas entidadesmantiveram entendimentos buscandoencontrar as diversas formas de criar esseentrelaamento de objetivos. Dentre as idiasque esto em fase de amadurecimento, almdessa cooperao na produo de publicaesconjuntas, esto alguns intercmbios deespaos fsicos quando da realizao deexposies paralelas aos eventos e pensa-se

    na possvel realizao de eventos comuns. pensamento comum das duasentidades que o estabelecimento deparcerias como essa permite uma atuaomais ampla, atingindo de forma mais eficazos objetivos de ambas e dividindo os esforosnecessrios para atingir a meta.

    Cabe aqui lembrar a importncia dotema barragens nos dias atuais, pois a suaconstruo vem sendo contestada por umareduzida parte da sociedade que entende

    EDITORIAL

    haver considerveisprejuzos ambientaiscom a sua construo. Osargumentos apresentados na maioria dasvezes no tm bom embasamento tcnico eso freqentemente de natureza emocional.Considerando-se que o Brasil apresenta umperfil eminentemente hidreltrico para agerao da energia eltrica necessria paraseu desenvolvimento e que a construo debarragens indispensvel para a criao deaproveitamentos hidreltricos, observa-sea grande importncia que tem esse campode atuao para a sustentabilidade docrescimento do pas.

    Da decorre a responsabilidadede entidades como as nossas na tarefade esclarecer, no s o meio tcnico,como tambm o pblico em geral sobres

    essas questes, evitando o modismo hojepredominante que busca obter benefciosprprios criando imagens distorcidas sobrea realidade da construo de barragens.No h dvida de que a gerao de energiaeltrica a partir de fontes hdricas a formamais econmica de produo de energia e oBrasil no pode se dar ao luxo de desperdiarsua vocao e a oportunidade criada por essaddiva da natureza.

    Resta ao CBDB parabenizar o Paulo

    Amaro pelo esforo e sucesso no papelde editor desta revista e compartilharcom o IBRACON os benefcios gerados poresta iniciativa. Agradecemos a confianadepositada na atuao do CBDB e ocolocamos disposio dos associados doIBRACON para novos relacionamentos deinteresse comum.

    EDILBERTO MAURERPRESIDENTEDOCBDB

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    REVISTA CONCRETo6

    A Diretoria,

    Prezado Presidente prof. Paulo Helene, comsatisfao registro o meu agradecimento por ter sidomerecedor da indicao como coordenador desta edioespecial da Revista CONCRETO, tendo Barragens comotema principal. Com mais de 25 anos de dedicao pro-fissional na rea de projeto e construo de barragens,senti-me honrado, no s pelo convite e confiana re-cebida, como tambm, pela oportunidade que tive empoder reunir um seleto grupo de renomados profissionaisque prontamente aceitaram o desafio, se prontificandoem colaborar, sem restries. Juntos, transformamos odesafio em um objetivo marcante, com o firme propsitode elaborar uma Revista Histrica para todos os tcnicosque viabilizam a implantao de Barragens no Brasil.

    Tarefa encerrada, a equipe considera ter cum-prido a meta conforme planejada, bem como, acreditater atingido o objetivo do IBRACON, na abordagem dotema. Espera agora, que o grau de satisfao por partedos leitores, tambm seja obtido.

    Como coordenador desta edio, gostaria detambm registrar os meus agradecimentos a toda equi-pe de colaborados que participaram de forma positivae valorosa na elaborao de artigos que delineiam asglrias, a atualidade e as perspectivas na construo deBarragens no Brasil.Paulo AmaroEmpresa de Pesquisa Energtica - EPE

    Diretor Regional IBRACON Rio de Janeiro

    IBRACON:O meio tcnico brasileiro, a Diretoria doIBRACON e seu presidente que agradecem maiseste magnfico trabalho do Arq. Paulo Amaro para obenefcio e a evoluo da tecnologia do concreto nopas. Parabns.

    Comit sobre Segurana deBarragens de Concreto

    bastante grave o diagnstico do CadastroNacional de Barragens acerca do estado das represas

    IBRACONConverse com obrasileiras. Segundo rgo, criado pelo Ministrioda Integrao Nacional, h ao menos 20 barragens

    que correm srios riscos de rompimento por falta demanuteno.H obras que no recebem verbas para reparos

    h quase 20 anos. No atual governo, em contradiocom as promessas de que, em 2005, a infra-estruturareceberia mais investimentos, o Departamento Nacionalde Obras contra a Seca (Denocs) o maior construtorde barragens do pas disps de apenas R$ 2,9 mi-lhes para reparos, quando precisaria de cerca de R$30 milhes.

    Esse cenrio pode ser ainda mais sombrio,considerando-se o fato de que h no Brasil centenasde barragens mdias e milhares de pequenas re-presas que no so objeto de nenhuma fiscalizao

    federal.Em condies como esta, no necessrio

    nenhum cataclismo para provocar um desastre.Bastam chuvas mais fortes para causar estragos con-siderveis e colocar a populao em risco. Exemplodisso foi o incidente ocorrido na Paraba, em junhode 2004, quando, aps alguns dias de chuva, umabarragem rompeu-se, afetando seis municpios,matando cinco pessoas e deixando mais de 4000desabrigados.

    Infelizmente, diante da restrio aos investi-mentos pblicos, a soluo desses problemas devercontinuar sendo adiada. Vai-se, assim, sucateando a

    infra-estrutura instalada, ao mesmo tempo em quenovos projetos esbarram em obstculos para sair dopapel. Situaes como essa enfatizam a necessidadede uma ampla reformulao das despesas do Estado,que no raro gasta muito onde no deveria e segurarecursos onde precisaria investir.Jorge Guimares SIKA, mantenedora IBRACON

    Prezados Diretores e Conselheiros,

    Recebi a mensagem acima do scio mantenedorda SIKA. Considero-a muito grave. Pergunto ao Conse-lho e Diretoria se vale a pena o IBRACON opinar pblicae formalmente. Se sim, eu gostaria que os barrageiros

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    REVISTA CONCRETO 7 CONVERSECOM

    O

    IBRACON

    Paulo Amaro, Rubens Bittencourt, Selmo Kuperman,Luiz Prado, Newton Graa e Nicole Hasparyk, dentreoutros, preparassem um documento para submeter nossa prxima reunio de Conselho e Diretoria.Obrigado. Abraos de Paulo Helene,Presidente IBRACON

    Prezado Paulo Helene,

    O Cadastro Nacional de Barragens do Ministrioda Integrao Nacional, ainda incompleto, j mostra quemuitas barragens esto em ms condies. A imensamaioria de terra e enrocamento, padro G (gambiar-ra), executadas para acumulao de gua em fazendasou regies ridas.

    Aspectos relacionados a Segurana de Barra-gens de Concreto, incluindo estruturas componentes debarramentos, esto afeitos, alm das autoridades com-petentes em caso de sinistro, a Projetos e Instrumenta-o (causas, acompanhamento e medidas necessrias) e,em segunda instncia, aos

    executores (construtores,firmas especializadas deprodutos e tcnicas). Noestudo das causas e re-mdios esto envolvidosos especialistas das reasde clculo e tecnologia.

    O Comit Brasi-leiro de Barragens par-ticipa ativamente dessesassuntos e tem como dire-tor o Jos Marques Filho,que apresentou palestra no 47 CBC.

    Proponho envolver o Jos Marques, o Paulo

    Amaro, da EPE e algum de Projetos de Barragens paraformar uma espcie de triunvirato, com os ttulos dePresidente, Secretrio e Relator, para cuidar de NotaTcnica, de artigos na revista CONCRETO e, quem sabe,at mesmo de um Comit (eletrnico) conjunto entre oIBRACON-CBDB de Segurana de Barragens de Concreto.Sugiro de incio um grupo de 15 pessoas no mximo.

    Qual sua opinio?Luiz PradoLumans EngenhariaDiretor Tesoureiro IBRACON

    Caro eng. Luiz Prado,

    Concordo plenamente com voc. O assunto preocupante, principalmente em barramentos execu-tados com finalidade de irrigao e/ou abastecimentode gua, onde os servios de monitoramento, controlee manuteno, na maioria dos casos, inexiste.

    Espero que possamos incluir no CBC 2006 umpainel sobre o tema Inspeo e Manuteno de Bar-ragens, bem como, continuarmos a abordagem sobreRAA.Paulo AmaroEPEDiretor Regional IBRACON no Rio de Janeiro

    Banco de Teses e Dissertaes

    Prezado Paulo Helene

    Acabo de ler o editorial da Revista CONCRETOn. 41. Parabns pela idia de disponibilizar todas asteses e dissertaes via internet! Isso facilita a vida detodos. Por exemplo, quem quem, quem faz o qu, etc.Idias nunca lhe faltaram!!!!! Que assim seja sempre! O

    IBRACON est de parabns. Abrao daProfa. Dra.Maria Alba CincottoScio Individual. Categoria Diamante

    Prezados Senhores,

    Gostaria de saber que tipos de concreto sousados na construo de uma barragem e os respec-tivos consumos mdios de cimento e armadura.Rafael Villanova Gomes de AlmeidaUniversidade Federal Fluminense UFFEngenharia Civil 6 perodo

    Caro Rafael, na construo de Barragens os ti-pos predominantes de concreto so: o Concreto Massa

    e Concreto Compactado com Rolo CCR, este ltimo,muito utilizado nos ltimos anos, em substituio aosbarramentos, ento executados em solo/enrocamentoou mesmo, em enrocamento com face de concreto,aplicado na regio a montante.

    No caso das Usinas Hidreltricas, so utilizados:o tradicional concreto estrutural, na construo dosVertedouros, Tomadas Dgua, Casas de Fora, Galeriase demais edificaes e, o concreto projetado, no reves-timento de tneis e na proteo de taludes, em algunscasos, com adio de fibras e/ou telas metlicas.

    Nas estruturas em concreto de Usinas Hidre-ltricas os consumos mdios utilizados, de maneira

    geral, so os que se v na tabela acimaAtenciosamente,Paulo R. Amaro

    Revista CONCRETO n 41

    Caros Amigos da Comunidade TQS

    Recebi a Revista CONCRETO, n 41, publicadapelo IBRACON. Tema: CONCRETO PROTENDIDO PARAOBRAS OUSADAS E DURVEIS.

    Artigos excelentes:- Entrevistas com os engenheiros: Carlos Freire Macha-

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    do, Manfred Thedor Schmide Augusto Carlos de Vascon-celos- Porque Usar Protenso noaderente em Edifcios - Eug-nio L. Cauduro- Protenso na Rodovia Imi-grantes - Roberto O. Alves

    - Porque Protender Pisos In-dustriais Protendidos - SrgioRodrigues Coelho/MarceloQuinta- Inovaes em Anel Pr-fa-bricado de tneis - RicardoCavalari DAkmin Telles- O Concreto Protendido naArquitetura - Evandro PortoDuarte- Durabilidade do ProjetoArquitetnico - Pedro Castro,Fernanda Pereira, RenatoLandmann- Ptio do Aeroporto Afonso

    Pena - Manfred TheodorSchmid- Selantes Pr-formado paraJuntas de dilatao - Jorge G.Z. Calixto- A nova NBR6118 e o Ensinodo Concreto Protendido - T-lio N. Bittencourt- Orientaes bsicas paraa Execuo de Obras Pro-tendidas - Maria Regina L.Schmid- Apoios Elastomricos - LuizGustavo Vieira de Mello- Estabilidade Lateral dosEdifcios em Lajes Planas Pro-tendidas - Marcelo Silveira,Denise Silveira- Utilizao da Protenso noalargamento de Obras dearte - Daniel Lepikson, FlvioRubin

    Excelentes artigos,tima revista. Parabns aopessoal que trabalhou pelarealizao desta revista.

    Para os amigos daComunidade, s tenho umadeclarao (e dica): uma

    grana bem gasta a anui-dade do IBRACON, que ddireito a receber esta revistae descontos nos congressos,entre outras coisas. S possoagradecer ao Prof. Vasconce-los que me estimulou a metornar scio do IBRACON.PS: No estou participandode nenhuma campanha pu-blicitria, apenas transmitin-do as minhas impressesUm abrao a todos.Luiz AurlioTQS Informtica Ltda.

    Com capacidade instalada de 8.370 MW,Tucuru a maior usina hidreltrica nacional.Um empreendimento pioneiro, que reafirmao compromisso permanente da Construes

    e Comrcio Camargo Corra em estabelecerum equilbrio saudvel entre o progressoeconmico e o respeito s futuras geraes.

    Trabalho, respeito,superao.

    Fontes de energia queno acabam nunca.Usina Hidreltrica Tucuru, um exemplo deresponsabilidade social e respeito ao meio ambiente.

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    sonalidadeentrevistada

    Mauricio Tolmasquim,

    presidente daEmpresadePesquisa Energtica EPE

    Mauricio Tiomno Tolmasquim presidente da Empresa de Pesquisa Energtica EPE.Carioca, casado, 47 anos, graduado em Engenharia de Produo, na UFRJ e emCincias Econmicas, na UERJ, doutor pela Escola de Altos Estudos em CinciasSociais, de Paris Frana, e Professor Adjunto da COPPE/UFRJ, sendo autor devrios trabalhos cientficos, destacando-se 12 livros sobre os temas de regulaoe planejamento energtico. Foi Secretrio-Executivo do Ministrio de Minas eEnergia, onde coordenou vrios trabalhos tcnicos, incluindo o estabelecimentodo Novo Modelo do Setor Eltrico.

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    IBRACON:O leilo de energia nova, ocorrido emdezembro de 2005, foi considerado um sucesso pelogoverno. Como o senhor avalia os efeitos para oabastecimento energtico do pas a curto e a mdioprazo? O pas est livre de um novo apago nosprximos anos?

    Mauricio Tolmasquim: O pas est livre de um

    apago nos prximos anos. O leilo que ocorreu emdezembro ltimo permitiu a contratao de prati-camente 100% do mercado das distribuidoras at2010 ou seja, as distribuidoras contrataram comas geradoras energia suficiente para atender ao seumercado at o final da dcada. Isso um fato hist-rico. No modelo passado, no havia obrigatoriedadede as distribuidoras estarem totalmente contratadas,pois se supunha que elas poderiam completar suacontratao no mercado de curto prazo. O problema que, sem a contratao de energia assegurada,no se concretizam novas usinas, e sem novos em-preendimentos de

    gerao, pode noexistir energia nessemercado de curtoprazo.

    IBRACON:Alm dosleiles, o que o go-verno tem feito pararegular o setor ener-gtico brasileiro eevitar um novo riscode racionamento?

    Tolmasquim: Paraque haja o leilo, necessrio se terusinas disponveispara serem leiloa-das, e isso exige umnovo trabalho, quevai desde o plane-jamento de quais as melhores usinas que devem serestudadas at a obteno das licenas ambientais paraque esses empreendimentos possam entrar no leilo.E para obter as licenas ambientais necessrio umlongo processo. Isto envolve a concepo do inven-

    trio da bacia, a realizao das avaliaes ambientaisintegradas e os estudos de viabilidade e de impactoambiental. S depois de feito todo esse processo que possvel solicitar a licena ambiental junto aorgo competente. A EPE veio preencher um hiatoque existia no pas. Faltava uma entidade que tam-bm planejasse novas usinas e fizesse todos os estudosnecessrios para que os leiles fossem viabilizados emtermos mais isonmicos e competitivos.

    IBRACON: Como a varivel ambiental ser conside-rada nos Estudos de Inventrio que sero conduzidospela EPE?

    Tolmasquim: Um primeiro ponto a ser ressaltadonos novos Estudos de Inventrio a rea de abran-gncia da bacia de drenagem. A partir desses estu-dos toda a bacia ser considerada, o que j eleva aqualidade dos mesmos em termos da melhor utili-zao dos recursos naturais. Outro aspecto de sumaimportncia que os Estudos de Inventrio incluiroa Avaliao Ambiental Integrada AAI do conjuntode aproveitamentos hidreltricos da bacia. Dessaforma, os efeitos sinergticos e cumulativos dessesaproveitamentos sero analisados, explicitando-seas fragilidades scio-ambientais e as potencialidadesmacroeconmicas dessas usinas.As parties de quedas das bacias para o aproveita-mento hidreltrico sero aprimoradas e mais consis-tentes do ponto de vista scio-ambiental, agilizando,conseqentemente, o licenciamento ambiental dosaproveitamentos hidreltricos selecionados.

    IBRACON:O marco

    regulatrio do setorenergtico ade-quado e satisfatriopara o investimentoem energia?

    Tolmasquim: Oatual marco regu-latrio do setoreltrico veio parase tornar um ele-mento fundamen-tal na garantia daexpanso do setor.Algumas inovaesimportantes foramintroduzidas atra-vs dele. Primeiro, aexigncia da licenaprvia antes da li-citao, reduzindosobremodo os risco

    para os empreendedores. No modelo passado exis-tia, em alguns casos, uma verdadeira farsa, porquese licitavam concesses de alguns projetos que notinham a mnima garantia de viabilidade do pontode vista ambiental. Desta forma, vrios empreen-

    dimentos, cuja expectativa era que atendessem aomercado, no fundo eram pura fico, pois no semostravam sustentveis ambientalmente. Isso seconstituiu em um risco muito grande para os inves-tidores, que chegavam a pagar gios elevadssimose no fim no tinham nenhum projeto; para o pas,que contava com uma usina que, na verdade, noera real; e para a rea ambiental se constitua emum problema, que se desgastava em ter que vetarprojetos licitados pelo prprio governo. A partir deagora, s se licita empreendimentos com a licenaambiental prvia.Outro fato importante so os contratos, de longoprazo, de venda de energia da nova usina. Antes, os

    O atual marco regulatrio dosetor Eltrico veio para se

    tornar um elemento fundamentalna garantia da expanso do

    setor. A partir de agora, s selicita empreendimentos coma licena ambiental prvia.

    Outro fato importante so oscontratos, de longo prazo, devenda de energia da nova usina.

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    sonalidadeentrevistada

    empreendedores poderiam no ter um compradorpara as usinas adquiridas aps a licitao, o que setraduzia numa grande incerteza. A partir de agora,o vencedor de uma licitao tem certeza que suaenergia est vendida, porque ele recebe um contratode longo prazo com uma distribuidora. Esse contratose constitui num recebvel, que facilita a obtenode financiamento junto aos bancos. O novo modelo,

    em suma, tornou o ambiente de negcios muito maisseguro para investidor e consumidor.

    IBRACON: A energia hidreltrica continua a ser amelhor opo energtica para o Brasil? Qual o po-tencial energtico vivel de ser ainda explorado?

    Tolmasquim: O Brasil tem um grande potencial a serexplorado de fontes hidreltricas. O pas s utilizoucerca de 1/3 do seu potencial estimado, e, portanto ahidreletricidade continuar sendo uma fonte centralna matriz energti-

    ca brasileira, o queno significa que aconstruo de usi-nas termeltricasno seja importan-te para o pas. Narealidade, a matrizmais barata queexiste no mundo abaseada no sistemahidrotrmico, ondese tem a hidreltricana base e a trmicacomplementando a

    gerao hdrica. Aexpanso do setoreltrico brasileirodepender de am-bas as fontes.

    IBRACON: Quaisoutras opes energticas compem o planejamentoestratgico do governo? Angra 3 est includa nesseplanejamento?

    Tolmasquim: O Brasil tem uma srie de fontes

    que podem atender a necessidade de suprimentode energia eltrica no pas. O bagao da cana-de-acar tem um potencial muito grande, e hoje j uma fonte bastante competitiva, assim como aspequenas centrais hidreltricas e as trmicas a carvoe a gs. No que diz respeito Angra 3, a construodepende de uma deciso do CNPE (Conselho Nacio-nal de Poltica Energtica). importante frisar queAngra 3 tem que ser olhada no s sob o ponto devista econmico, mas principalmente sob os aspec-tos estratgico e ambiental, no que diz respeito aoaquecimento global. , portanto, uma deciso queescapa a anlise tradicional, normalmente feita pelasociedade e pelos governos.

    IBRACON:Sendo o setor eltrico reconhecidamenteo maior usurio de concreto, por meio da implanta-o de suas barragens, quais so as perspectivas deretomada das grandes obras?

    Tolmasquim: As perspectivas so muito boas.Existe uma grande possibilidade que as obras dasduas usinas do rio Madeira (Jirau e Santo Antonio)

    sejam iniciadas ainda neste qinqnio estamosnesse momento dependendo apenas da aprovaoda licena ambiental prvia para que o leilo deconcesso ocorra ainda este ano. Caso sejam feitas,como esperamos, as usinas de 6.450 MW demanda-ro uma grande quantidade de cimento e armaduras indstrias. As projees indicam que o consumode concreto, nas duas obras, chegar a mais de 5,6milhes de metro cbicos, enquanto o de cimento aser consumido, est previsto em cerca de 1,4 milhesde toneladas. J a demanda de armadura deve atin-gir 270 mil toneladas, nas duas usinas.

    O planejamento do

    setor eltrico tam-bm prev a entradade Belo Monte, norio Xingu, com 5,5mil MW, na sua pri-meira fase. Quandototalmente constru-do, a usina atingirmais de 11 mil MWde potncia instala-da, passando a ser oterceiro maior apro-veitamento hidroe-nergtico do mundo.

    O volume total deconcreto estimadopara este empreendi-mento da ordem de4,3 milhes de tone-ladas. Atualmente, oprojeto tambm estna dependncia da

    emisso da licena ambiental prvia.

    IBRACON: At que ponto esses grandes projetosajudaro na garantia de fornecimento de energia

    para o pas nos prximos anos?

    Tolmasquim: O Brasil, como vrios outros pases domundo, precisa de grande blocos de energia paraatender ao seu crescimento, e no existem muitosempreendimentos com essa caracterstica hoje nopas. Fora os projetos como os de rio Madeira, BeloMonte e, eventualmente, o do rio Tapajs, noexistem mais empreendimentos de grande porte.Nesse sentido o Madeira tem um papel estratgico,dado que ele tem um impacto ambiental pouco re-presentativo, pois alaga uma regio muito pequena,e poder trazer uma tranqilidade em termos deoferta de energia a longo prazo.

    As usinas hidreltricasdo rio Madeira tm papel

    estratgico, dado seu impactoambiental pouco representativo

    e a tranqilidade que podertrazer em termos de oferta de

    energia a longo prazo

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    Regionais atodovapor!

    Palavrasdo diretorde relaesinstitucionais

    Prezados Colegas,

    As Sees Regionais do IBRACON esto atodo vapor, ganhando mais fora e os resultados jcomeam a aparecer.

    preciso registrar que a grande maioria dosDiretores Regionais est muito empolgada e dandouma grande contribuio misso do IBRACON,qual seja: Divulgar a tecnologia do concreto e de-senvolver o seu mercado, articulando seus agentes,em benefcio dos consumidores e da sociedade emgeral, em harmonia com o meio ambiente.

    Como destaques podemos citar as regionaisdo Amazonas, Cear, Bahia, So Paulo e Rio deJaneiro.

    Os novos Diretores Regionais recm-empossados so:

    Regional Santa Catarina: Profa. Silvia Santos; Regional Rio Grande do Sul: Prof. Luiz Carlos

    Pinto da Silva Filho; Regional Cear: Prof. Francisco Carvalho de

    Arruda Coelho; Regional Braslia : Prof. Elton Bauer; Regional Maranho: Emil Carvalho.

    Na ltima reunio da Diretoria do IBRACONficou decidido que os Coordenadores de Mesa, du-rante o 48 CBC2006, a realizar-se no Rio de Janeiro,de 22 a 27 de setembro de 2006, devero ser esco-lhidos pelo Diretor de Relaes Institucionais entre

    os Diretores Regionais do IBRACON, atendendo aosseguintes temas:

    1. Gesto e Normalizao (Management and Standardization);2.Materiais e Propriedades (Materials and Properties);3.Projeto de Estruturas (Structural Design);4. Mtodos Construtivos (Construction Methods);5.Anlise Estrutural (Structural Analysis);6.Materiais e Produtos Especficos (Special Products and Materials);7. Sistemas Construtivos Especficos (Special Construction System)

    Os Diretores Regionais interessados emcontribuir para o sucesso do 48 CBC2006, coor-denando mesas nas seces cientficas, podem seinscrever indicando o tema de sua preferncia.Veja no website do IBRACON os assuntos perti-nentes a cada tema.

    importante relembrar que as Sees Re-gionais tm por finalidades principais:

    Divulgar o IBRACON; Promover Palestras e Cursos em sua regio; Atrair novos scios; Manter contato com outras entidades

    (Sinduscon, ABECE, CREA, ADEMI, etc).

    Envie suas realizaes ao IBRACON, para serpublicada nesta seo da nossa revista.

    Forte abrao.

    ENG. PAULO FERNANDO ARAJO DA SILVADiretor de Relaes Institucionais

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    REVISTA CONCRETO 13 ACONTECEnasregionais

    Estudantes brasileiros

    conquistam osegundo lugaremcompetiotcnica doACI

    Entre 26 e 30 de maro de 2006 foi realizadoem Charlotte, na Carolina do Norte, EUA, o ACI SpringConvention 2006. Neste congresso, a equipe de estu-dantes de Engenharia Civil da Universidade Federalda Bahia-UFBA obteve o 2 lugar na competio estu-dantil Egg Protection Device (EPD). O primeiro lugarfoi conquistado pela Universidad Autonoma de Nuevo

    Leon do Mxico e a o terceiro lugar pela Universityof Illinois at Urbana Champaign dos EUA.

    A equipe, composta de cinco estudantes,Francisco Dalmo Ladeia Viana, Leila Teixeira Barros,Lus Armando Maia Botelho, Marcelo Valois Vilasboase Tiago Cardoso Botelho, orientados pelos ProfessoresAntnio Srgio Ramos de Silva, Tatiana Dumt e Adail-ton de Oliveira Gomes, venceu o 12 Concurso Tcnicodo IBRACON - PRMIO PROF. TELEMACO HYPOLLITODE MACEDO VAN LANGENDONCK, realizado duranteo 47 Congresso do IBRACON, em Recife-PE no pero-do de 2 a 7 de setembro de 2005. Com este feito, osestudantes conquistaram a oportunidade de participardo mesmo concurso a nvel internacional.

    O objetivo do concurso o de construir umprtico de concreto armado (APO), para resistir

    carga de impac-to imposta emensaio, o queleva os estudan-tes a pesquisar operfil estruturalda pea, as suasdimenses e for-mas, a concep-o da armadu-ra, os materiaise suas misturasde forma a ob-ter um melhordesempenho.

    Representando a equipe viajaram para os EUAos estudantes Leila Teixeira Barros e Lus ArmandoMaia Botelho, tendo parte das suas despesas custeadaspela Vedacit, Contimassa e Degussa. A equipe obteve

    apoio nas pesquisas da Degussa, da Universidade Fe-deral da Bahia, da Concreta Controle de Concreto eTecnologia Ltda, da ELKEM- Microssilica e da Miz.

    2 Workshop CONCRETO: durabilidade,qualidade enovastecnologiasObjetivo:Discusso das tecnologias de ponta apli-cadas na execuo, manuteno, qualidade e dura-bilidade das estruturas de concreto.

    7 e 8 de Junho de 2006

    Local: UNESP e Laboratrio CESP de EngenhariaCivil LCECIlha Solteira SP

    PALESTRASASPECTOS CONSTRUTIVOS DA PONTE ESTAIADASOBRE O RIO PARANEng. Jos Renato Arantes Andrade (CESP)

    CONCRETO AUTO-ADENSVEL: CARACTERSTICASE APLICAESDr. Wellington Longuini Repette (UFSC)

    CONCRETOS ECOLOGICAMENTE E POLITICAMENTECORRETOSDr. Salomon Mony Levy (UNINOVE)

    ESTRUTURAS DE CONCRETO EM SITUAO DEINCNDIODr. Armando Lopes Moreno Junior (UNICAMP)

    A NOVA NBR 6118:2003 E AS NOVAS DIRETRIZES

    PARA A INDSTRIA DA CONSTRUO CIVILDr. Jos Celso Cunha ( CEFET-MG)

    TENDNCIAS DA INDSTRIA CIMENTCIAEng. Jos Vanderley de Abreu (HOLCIM)

    CHAMADA PARA TRABALHOSTrabalhos completos (mximo de 20 pginas): at17/04/2006

    Aceite: at 05/05/2006.

    Formatao: em DOC de acordo com formato dispo-nvel no site www.dec.feis.unesp.brOs trabalhos devem ser enviados para o e-mail:[email protected]

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    REVISTA CONCRETo14

    Cursos MasterPECem Manaus:Projetos deCanteiros deObras

    Conceituando o canteiro de obras como afbrica de produo de edificaes, o curso discu-tiu sua influncia no consumo dos principais recursosfsicos demandados pelas obras (materiais, mo-de-obra e equipamentos) para, em seguida, propor ummodelo de elaborao do seu projeto.

    O curso ocorreu nos dias 30 e 31 de maro, noAuditrio da Universidade do Estado do Amazonas (UEA)e foi ministrado pelo Prof. Ubiraci Espinelli, da Escola Po-litcnica da USP. Participaram do curso 49 profissionais.

    O representante do Ibracon em Manaus, Eng.

    Edvar Andrade, espera contar com as parcerias j efeti-vadas, como tambm, outras tantas empresas que tmfoco no aumento do nvel tecnolgico do mercado daconstruo civil no estado, visto que esto programa-dos mais dez cursos at o final do ano de 2006. Paramaiores informaes, entrar em contato com:

    NADYA ANDRADE

    (92) 3642.0427 [email protected]@tucana.com.br

    III SimpsioInternacional SobreConcretosEspeciais SINCO 2006

    Conferencistas

    Eng. Leonardo Garzon (Thornton Tomasetti Group USA) Prof. Dr. Paulo Helene (POLI /USP BRASIL) Prof. Dr. Raul Zerbino (CONICET / UNLP / LEMIT ARGENTINA) Prof. Dr. Enio Jos Pazini Figueiredo (EEC / UFG - BRASIL) Prof Dra. Maria Positieri (Universidad Tecnologia Nacional / FRC ARGENTINA)

    Prof. Dr. Protsio Ferreira e Castro (UFF BRASIL) Eng. MSc. Tibrio Andrade (UNICAP BRASIL) Eng. Angel Oshiro (Universidad Tecnologia Nacional / FRC ARGENTINA) Prof. Dr. Geraldo Chechella Isaa (UFSM / RS BRASIL) Eng. Carlos Arcila (UNC COLMBIA) Prof MSc. Anaelizabete A .Teixeira Pazini (UEG /UCG BRASIL) Prof. Dr. Antonio Carmona Filho (Exata Engenharia - BRASIL)

    Cursos

    MC.1 Aplicaes de Ensaios No Destrutivos em Estruturas de Concreto. Prof. Dr. Protasio Ferreira e Castro (Brasil)

    MC.2 Dosagem de Concreto Auto-Adensavel. Prof. Angel Oshiro (Argentina)

    MC.3 Projetando com Bambus Prof MSc. Anaelizabete Teixeira Pazini (Brasil)

    MC.4 Diagnstico, Reparo e Reforo de Estruturas,com nfase aos Concretos Especiais

    Prof. Dr. Antonio Carmona Filho (Brasil)

    Realizao

    IBRACON; UVA; IEMAC

    Mais informaes

    www.sobral.org/[email protected]

    Objetivo:Promover a divulgao dos recentes conhecimentos sobre a tecnologia de concretos caracteri-zados por apresentarem caractersticas diferenciadas.

    25 a 27 de maio de 2006 Sobral Cear

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    REVISTA CONCRETO 15 BARRAGENS

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    REVISTA CONCRETo16

    Barragemde Tucuru, o maior

    volume deconcreto noBrasil

    Resumo

    Com nfase no concreto e abordagem de al-guns pontos relevantes do projeto, sistema de produoe tecnologia de concreto, tcnicas construtivas, entre ou-tros, feita uma apresentao da Barragem de Tucuru,onde est sendo construda a Usina Hidreltrica Tucuru,assim como o Sistema de Transposio de Tucuru.

    Apresentao

    A Barragem onde esto sendo implantadosos dois empreendimentos, a Usina Hidreltrica Tu-curu e o Sistema de Transposio do Desnvel de

    Tucuru, est localizada no rio Tocantins, prxima cidade de Tucuru, a 300 km em linha reta ao sul deBelm, capital do Par, na regio Norte do Brasil,em plena selva amaznica.

    A UHE Tucuru est sendo construda visandoa gerao de energia eltrica, para implementao

    Humberto Rodrigues Gama; Jos Biagioni de Menezes;Oscar Machado Bandeira e Saulo Silva Lacerda

    Usina Hidreltrica Tucuru Eletronorte

    Um Portal de Desenvolvimento da Amaznia

    do desenvolvimento socioeconmico da RegioNorte do Brasil, assim como o fornecimento do ex-cedente de energia para o resto do pas, atravs do

    sistema de transmisso interligado.J o Sistema de Transposio do Desn-vel de Tucuru parte da futura hidrovia a serimplantada nos rios Araguaia e Tocantins, comoalternativa de meio de transporte, para a explo-rao do grande potencial agropecurio, florestale mineral da regio.

    Histrico e Logstica

    Somente no final dos anos sessenta foi ini-ciado no Brasil um amplo e sistemtico estudo do

    potencial hidreltrico da vasta regio amaznica.Para conduzir os estudos e desenvolver os

    projetos de fornecimento de energia na regioAmaznica, a Eletronorte (Centrais Eltricas doNorte do Brasil S/A) foi fundada em 20 de junho de1973, como uma subsidiria regional da Eletrobrs(Centrais Eltricas Brasileiras S/A).

    Cumprindo seu propsito, pouco mais dedois anos depois de sua fundao, a Eletronorte deuincio construo da Usina Hidreltrica Tucuru.Na poca, a cidade de Tucuru contava com cercade 3.000 habitantes, os quais viviam basicamenteda pesca e extrao de castanha, ou seja, uma re-

    gio sem recurso de infra-estrutura e com muitosproblemas de logstica, para a implantao de umgrande projeto.

    Por isso, foram construdas vilas residenciaiscom aproximadamente 6.300 casas, 24 escolas, 85alojamentos, 1 refeitrio central (pico de 30.000refeies/dia), 2 hospitais, igrejas, 2 cinemas, 2hotis, 65 estabelecimentos comerciais, 4 agnciasbancrias, 1 agncia de correio, 4 clubes esporte-recreativos, 1 sistema de captao, tratamento eabastecimento de gua, redes de esgoto, ruas pavi-mentadas e arborizadas, etc., para receber o grandecontingente de mo-de-obra que foi empregado naObra. Foram construdos ainda: um aeroporto com

    Figura 1 Vista area de jusante da barragem de Tucuru,onde podem ser vistos: 1 Vertedouro; 2 Tomadad`gua da 1aEtapa; 3 Casa de Fora da 1aEtapa;4 - Tomada d`gua da 2aEtapa; 5 Casa de Fora

    da 2aEtapa; e, 6 Eclusa I.

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    REVISTA CONCRETO 17 BARRAGENS

    pista pavimentada de 45 m de largura por 2.000 mde extenso; um porto flutuante com capacidadede carga de 42.000 t/ms e um para cargas unit-rias especiais (at 250 t). Foram feitas melhorias narede rodoviria regional e implantados mais 840km de estradas com 41 pontes. Realizada, tambm,melhoria no sistema de comunicaes por telefone,entre outros.

    A Usina foi concebida para ser construdaem duas etapas.

    A 1aEtapa de construo da Usina foi ini-ciada em novembro de 1975. Sua primeira unidadegeradora entrou em operao em novembro de1984 e a ltima dessa etapa em novembro de 1992,completando doze mquinas de 350 MW e duasauxiliares de 22,5 MW, que resultaram na potnciainstalada igual a 4.245 MW.

    A 2aEtapa, iniciada em junho de 1998, quecompreende a instalao de mais onze unidadesgeradoras de 375 MW, com previso de ser conclu-

    igura 2 FichaTcnicaa UsinaeltricaTucuru.

    da em 2006, ir adicionar 4.125 MW, totalizandoa capacidade instalada de 8.370 MW; portanto,em termos de potncia, passar a ser, atualmente,a maior inteiramente em territrio brasileiro e aquarta maior usina hidreltrica do mundo.

    Na margem esquerda do rio, foi iniciada em1981 a construo do Sistema de Transposio doDesnvel de Tucuru, para transpor o barramento

    formado pela Barragem. Esse sistema compostode uma Eclusa na barragem de terra e enrocamento,um Canal Intermedirio, uma outra Eclusa a jusanteda Usina e um Canal de Jusante.

    O volume total de concreto a ser aplicado nasduas etapas de construo da Usina (vide figura 1) aproximadamente 8.000.000 m3; e, no Sistema deTransposio da Barragem est previsto em poucomais de 1.200.000 m3, o que ir totalizar cerca de9.200.000 m3. Vale destacar que esse volume deconcreto o maior at o momento em aplicao embarragem genuinamente brasileira.

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    REVISTA CONCRETo18

    Caractersticas Tcnicas

    Resumidamente, nas figuras 2 e 3 so apre-sentadas as principais caractersticas tcnicas daUsina e do Sistema de Transposio.

    Arranjo geral

    Para se ter uma noo da disposio, nas fi-guras 4 e 5 so mostradas vistas areas com indicaodas principais estruturas das Obras de Expanso daUHE Tucuru e do Sistema de Transposio de Tucuru,respectivamente.

    J na figura 6 apresentado um lay-out decomo iro ficar as duas obras depois de concludas.

    Sistema Produo de Concreto

    At final de 2005 o sistema de produo deconcreto da Usina foi usado para atender, tambm,ao Sistema de Transposio.

    CANTEIRO DE OBRAS

    O canteiro de obras na 1aEtapa compreendiauma rea na margem direita e outra na esquerdado rio Tocantins, perfazendo um total de 141,48 ha.

    Para as obras da 2aEtapa, o canteiro compre-

    Figura 3 Ficha Tcnica do Sistema de Transposio de Tucuru.

    Figura 4 Arranjo geral das obras da 2aEtapada Construo da Usina, em Maio de 2002, onde:1 Ensecadeira de Montante (regio que foi removida);2 Barragem de Terra e Enrocamento; 3 Barragemde Concreto Unidades 13 a 23; 4 Canal de Fuga II;

    5 Canteiro Industrial;e, 6 Ensecadeira de Jusante(Septo Rochoso).

    endeu somente a rea da margem esquerda, usadapara as obras da 1aEtapa, e foi estudado levando emconsiderao o reaproveitamento de grande partedas instalaes e equipamentos j utilizados.

    PTIO DE FERRO

    O ptio de beneficiamento de ao da 1 Eta-pa, projetado para um pico de produo de 5.750t/ms, atendeu plenamente a demanda, tendo atin-gido sua produo mxima com 5.590 toneladas.

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    REVISTA CONCRETO 19 BARRAGENS

    substituio de parte da gua de amassamento,que era resfriada a 5 C, por gelo em escamas.Como esse expediente no foi suficiente, houvea necessidade de esfriamento da brita, processorealizado com a molhagem do agregado com guagelada. A capacidade de fabricao de gelo foi de18,35 t/hora, e o depsito foi dimensionado paraarmazenar o consumo de 11 horas, atingindo amarca de 200 t, com um pico de consumo mensalde 7.385 t.

    Para a 2aEtapa, foram feitos novos estudostrmicos, os quais permitiram concluir que a britano precisava mais ser resfriada e, inclusive, que astemperaturas limites para o lanamento do concreto,poderiam ser mais elevadas, as quais, obtidas nosclculos foram 23 e 27 C.

    O sistema de refrigerao para as obras da 2aEtapa constou de fbrica de gelo com capacidade para6,0 t/h, aproveitamento de alguns compressores da 1a

    Etapa e depsito de gelo com capacidade de 42 t, querepresentou autonomia de 7,0 horas.

    CENTRAL DE CONCRETO

    Na 1aEtapa foram instaladas quatro centraisde concreto verticais, com capacidade nominal de240 m3/hora cada, de controles analgicos de ope-rao. A produo mxima mensal foi de 223.735m3, e a diria de 11.115 m3de concreto.

    Quando do incio da execuo da 2aEtapa,foi planejada a permanncia de duas centrais deconcreto da 1a Etapa, que eram suficientes paraatender a demanda da produo, as quais forammodernizadas, inclusive com a informatizao dosseus controles de operao.

    Projeto

    USINA

    De modo resumido, vale destacar comoprincipais pontos interessantes, as otimizaes queforam implementadas na 2a Etapa de Construoda Usina em funo das alternativas estudadas, do

    Figura 5 Arranjo geral das obras do Sistema deTransposio, em Maio de 2003, onde: 1 Eclusa I;2 Eixo do Dique de Terra; 3 rea da Eclusa II; e,4 Canal de Jusante.

    Para as obras da 2aEtapa, foi escolhido e ins-talado um moderno equipamento de corte e dobra deao automatizado, com capacidade de produo de1.800 t/ms. Com a utilizao desse equipamento, foipossvel a otimizao no aproveitamento das barrasde ao, na fase de beneficiamento para a obtenodas posies da armadura indicada em projeto, coma reduo das perdas em aproximadamente 20%, em

    comparao com a produo do ptio da 1aEtapa.

    SISTEMA DE BRITAGEM

    O sistema de britagem da 1aEtapa foi dimen-sionado para uma produo efetiva de 1.450 t/horade agregado grado, originrio do metassedimentodenso, o que equivale a uma mdia mensal 340.000t, para atender as obras de concreto e de terra/en-rocamento. Os estoques foram dimensionados parasuportar 10 dias de consumo.

    Quando da execuo da 2a Etapa, forammontadas duas linhas de britagem paralelas, que

    juntas tinham a capacidade de produo igual a 845t/hora. Foi necessria a instalao de um britadorquaternrio para obteno de finos, pois a areianatural extrada do leito do rio Tocantins no atendiaas novas especificaes, para a execuo do ConcretoCompactado a Rolo.

    BENEFICIAMENTO DO AGREGADO NATURAL

    Nas duas etapas de construo, a areia foi ex-trada do leito do rio Tocantins por meio de draga desuco e recalque, com capacidade de 580 t/hora.

    SISTEMA DE REFRIGERAO

    Na 1a Etapa, as temperaturas de lana-mento do concreto eram 14 e 16 C. Para atingiressas temperaturas, foi adotado o expediente da

    Figura 6 Lay-Out, onde: 1 Reservatrio;2 Barragem de Terra e Enrocamento da MargemDireita; 3 Vertedouro da Usina; 4 Tomada d`gua da1aEtapa; 5 Brao da Ensecadeira de Montante;6 Casa de Fora da 1aEtapa; 7 Tomada d`gua da2aEtapa; 8 Casa de Fora da 2aEtapa;9 Subestao; 10 Eclusa I; 11 Barragem deTerra e Enrocamento da Margem Esquerda; 12 CanalIntermedirio; 13 Dique de Terra; 14 Vertedourodo Canal Intermedirio; 15 Eclusa II; 16 Canal deJusante; e, 17 Fluxo do rio.

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    REVISTA CONCRETo20

    monitoramento feito nas estruturas de concreto pormeio dos instrumentos instalados e, em geral dosavanos de engenharia ocorridos aps o trmino da1aEtapa, sendo as seguintes:

    a eliminao do vertedouro complementar, comreduo no volume total de concreto de aproxima-damente 300.000 m3, resultado dos novos estudos decapacidade do reservatrio, laminao de cheias e re-avaliao das estruturas do vertedouro principal, parauma vazo limite de vertimento de 110.000 m3/s;

    uma quantidade menor de rocha de fundao remo-vida, na regio das estruturas da Tomada d`gua, noslocais ainda no escavados, com conseqente reduodo volume de concreto na ordem de 25.300 m3;

    o reposicionamento da soleira da Tomada d`gua,

    elevando sua cota da elevao 27,00 m da 1aEtapa(figura 7 no1), para 34,67 m na 2aEtapa (figura8 no1), possibilitando o redimensionamento dosequipamentos hidromecnicos para carregamentosmenores, com conseqente aplicao de maiorpercentual de concreto massa em substituio doconcreto estrutural, da ordem de 22.700 m3;

    a retificao do conduto forado (figura 8 no2),resultando em um perfil mais esbelto para a Tomada

    Figura 7 Seo transversal tpica das estruturas deconcreto da Tomada d`gua Casa de Fora, da 1aEtapa.

    Figura 8 Seo transversal tpica das estruturas deconcreto da Tomada dgua Casa de Fora, da 2 Etapa.

    d`gua e, como conseqncia, reduo no volumede concreto em aproximadamente 144.000 m3;

    a opo para o emprego de concreto compactadocom rolo (figura 8 no3) em regies com considervelvolume de concreto massa, em cerca de 288.000 m3;

    a melhoria relativa geometria dos blocos daTomada d`gua Casa de Fora, em funo dos

    equipamentos hidromecnicos de maior potncia(maior mquina, maior caracol, maior dimetrodo conduto forado e outros) em relao 1aEtapa, resultaram numa reduo em volume deconcreto da ordem de 8 % por unidade, equiva-lente a 13.300 m3, correspondendo ao total de146.300 m3;

    a eliminao do concreto de envolvimento dotrecho reto do conduto forado (figura 8 no 4),

    Figura 9 Planta Esquemtica da Eclusa I, onde: 1 Tomadadgua; 2 Muro Guia de Montante; 3 Cmara;4 Comporta de Montante; 5 Comporta de Jusante;6 Muro Guia de Jusante; e, 7 Bloco de Esvaziamento.

    Figura 10 Corte Longitudinal Esquemtico da Eclusa I,onde podem ser vistos os nveis d`gua e o comprimentoda cmara.

    Figura 11 Corte Transversal Esquemtico da Eclusa I, ondepodem ser vistos os nveis d`gua e a largura da cmara.

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    REVISTA CONCRETO 21 BARRAGENS

    reduzindo em cerca de 3,1% o volume total, ou seja,em aproximadamente 56.000 m3;

    execuo de nichos acima do tubo de suco nosblocos da Casa de Fora (figura 8 no5), entre aselevaes 9,00 m e 2,20 m, resultando numa redu-

    o no volume de concreto de 50.000 m3

    ;

    a concordncia da inclinao do paramentode jusante do bloco BG-4 (estrutura componenteda Barragem de Gravidade), com parte executa-da anteriormente nas obras da 1a Etapa, com aTomada d`gua da 2aEtapa, que proporcionoua reduo no volume de concreto, da ordem de5.000 m3.

    Com essas otimizaes foi possvel uma redu-o total de cerca de 726.600 m3de concreto.

    SISTEMA DE TRANSPOSIO

    Apenas a ttulo informativo, nas figuras 9 a14, so mostradas as principais estruturas de concre-to do Sistema de Transposio.

    Tecnologia do Concreto

    CONTROLE TECNOLGICO

    Para fazer o rigoroso controle de qualidadedo concreto e seus materiais, prescrito nas Especifi-

    caes Tcnicas da Obras da Usina e do Sistema deTransposio, foi necessrio estruturar um sistemabastante abrangente.

    Figura 12 Planta Esquemtica da Eclusa II, onde:1 Tomada dgua; 2 Muro Guia de Montante;3 Cmara; 4 Comporta de Montante; 5 Comportade Jusante; 6 Muro Guia de Jusante; e, 7 Bloco deEsvaziamento.

    Figura 14 Corte Transversal Esquemtico da Eclusa II, ondepodem ser vistos os nveis d`gua e a largura da cmara.

    Na abrangncia do controle de qualidadeconstavam uma estrutura fsica de laboratrios, proce-dimentos tcnicos e os seguintes processos principais:

    estudos de dosagens para atender s caractersti-cas especificadas pelo projeto;

    ensaios de recepo dos materiais na obra (cimen-to, pozolana, aditivos e ao);

    ensaios de controle dos materiais coletados nasCentrais de Concreto;

    ensaios de produo envolvendo, inclusive, veri-ficao e calibrao dos equipamentos das Centraisde Concreto e Sistema de Britagem;

    aes no transporte e aplicao da mistura, demodo a manter as caractersticas e propriedades ata cura do concreto;

    Figura 15 Quantidades de materiais aplicados nas estruturasde concreto da Usina. Para o Sistema de Transposio ovolume de concreto ser pouco mais de 1.200.000 m3.

    Figura 13 Corte Longitudinal Esquemtico da Eclusa II,onde podem ser vistos os nveis d`gua e o comprimentoda cmara.

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    REVISTA CONCRETo22

    instalao, leitura, processamento dos dados einterpretao dos resultados da instrumentao,instalada durante a concretagem da estrutura; e,

    ensaios do concreto endurecido, bem como trata-mento estatstico dos resultados obtidos.

    Devido ao tamanho e importncia da Obra,o controle rigoroso do concreto adotado na 1aEta-pa de Construo da Usina foi mantido na 2aEtapae, com isso, o mesmo padro de qualidade. Essecontrole, claro, tambm foi adotado ao concre-to aplicado no Sistema de Transposio. Somentedevido quantidade de materiais aplicados nas es-

    truturas de concreto (vide figura 15), esse controlej seria justificvel.

    O laboratrio foi estruturado para execu-tar os ensaios rotineiros de anlise fsico-qumicados aglomerantes e aditivos, caracterizao fsicados agregados, dosagem de concreto e de pro-priedades elasto-mecnicas do concreto e ao.Na 1aEtapa da Obra foi equipado, tambm, para

    a execuo de alguns ensaios especiais como:fluncia, elevao adiabtica de temperatura,coeficiente de expanso trmica e difusividade,entre outros.

    Na 2aEtapa, a estrutura implantada paraos processos de controle de qualidade foi voltadabasicamente para os ensaios de rotina, de con-trole de materiais e verificaes das propriedadesdo concreto fresco e endurecido, e, tambm,o controle das atividades relativas concreta-gem. Nessa etapa, os procedimentos seguidosforam baseados nos preceitos da ISO 9002/94 e9001/2000.

    MEDIDA PREVENTIVA PARA EVITAR A RAA

    Um ponto que vale chamar a ateno para a reatividade dos agregados. O mido, aareia do rio Tocantins e, o grado, a brita obtidaem grande volume da rocha metassedimento dasescavaes obrigatrias, foram considerados po-tencialmente reativos com os lcalis dos cimentosempregados.

    A medida preventiva para a inibio daReao lcali-Agregado (RAA) no concreto foiprincipalmente o emprego de pozolana, cujosteores exigidos para essa finalidade foram iguais

    a 15 e 30 %, em reposio ao volume de cimento,adotados, respectivamente, nas 1ae 2aEtapas deConstruo e, em mesma poca, no Sistema deTransposio.

    Na 2aEtapa, o percentual de 30% de po-zolana necessrio para a inibio da RAA deveser atribudo principalmente sua eficincia e scaractersticas fsico-qumica dos outros materiaisempregados no concreto. O aumento de pozolanano concreto em relao 1aEtapa trouxe aindauma vantagem econmica relativa reduo docusto, visto que esse material era de menor preoque o cimento.

    TEMPERATURA DE LANAMENTO

    A anlise dos resultados dos estudos trmicosfeitos nas 1ae 2aEtapas de Construo indicou que astemperaturas de lanamento de concreto teriam, nogeral, que ter limites iguais a 14 e 16 oC e, 23 e 27 oC,respectivamente, para que no ocorressem tensestrmicas que levassem ao fissuramento.

    Na 1aEtapa, um dos primeiros estudos tr-micos classificou as estruturas de concreto-massa emblocos normais, com comprimentos at 60,00 m eblocos especiais, com comprimento acima de 60,00m e relao comprimento/largura maior que 2,5.

    Figura 16 Caractersticas e diferenas entre o CCR dasEclusa I e 2aEtapa de Construo da Usina.

    Figura 17 Frma da transio da Tomada dgua, da1aEtapa.

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    Como concluso, foram fixadas as temperatu-ras de lanamento de 16 oC para os blocos normais e de14 oC para os especiais, com lances de 2,50 m de altura(camada) e intervalo mdio de lanamento de 5 dias.

    Na 2a

    Etapa, a temperatura limite de 23o

    C foideterminada para as camadas junto fundao ousobre camada com mais de 21 dias de concretagem e,a de 27 oC, nas situadas em maiores elevaes.

    No geral, a temperatura de lanamento doconcreto na 2aEtapa pode ser mais elevada, devido,principalmente:

    a experincia adquirida na 1aEtapa, relativa aosvrios estudos trmicos, os problemas corrigidos,anlise dos dados da instrumentao; e,

    a adoo dos coeficientes menores que os da 1aEtapa, tanto o de segurana, como, o de restrioem locais mais afastados da rocha de fundao.

    FISSURAO DE ORIGEM TRMICA

    Na 1aEtapa, durante a construo, ocorreramfissuras de origem trmica em trs locais distintos doVertedouro. Em todos os trs casos foram adotadasmedidas que produziram efeitos satisfatrios.

    Na 2aEtapa de construo da Usina, alguns

    poucos casos de fissuras de origem trmica ocorreramem blocos da Tomada d`gua, as quais foram comba-tidas com sucesso. Em algumas paredes da suco dealguns blocos da Casa de Fora, tambm, ocorreramfissuras, que foram colmatadas naturalmente porcarbonatao e por meio de injeo de poliuretano.

    importante observar que em nenhum doscasos a ocorrncia de fissuras provocou conseqn-

    cias prejudiciais nas estruturas.

    CONCRETO COMPACTADO COM ROLO CCR

    Por suas caractersticas e diferenas, torna-se interessante um breve comentrio sobre os CCRaplicados na Eclusa I e na 2aEtapa de Construo daUsina. Uma sntese dessas caractersticas e diferenas apresentada na figura 16.

    A aparente contradio entre o consumo deaglomerante igual 81 kg (cimento e pozolana) parao atendimento da resistncia especificada de 7,5 MPana idade de 90 dias, do CCR aplicado na Eclusa I e, de

    100 kg para 6,0 MPa aos 180 dias na 2aEtapa da Usi-na, pode ser entendida, observando basicamente osseguintes pontos, citados no quadro da figura 16:

    para o CCR da Eclusa I, o fato de ter sido empregadaareia natural praticamente sem finos passantes na

    peneira 0,075 mm, no ter sido necessrio atender anenhuma consistncia especificada e ter trabalhadocom o conceito de tendncia de mistura seca, foipossvel empregar o mnimo de gua necessria e,conseqentemente, ter obtido um consumo de aglo-merante, tambm baixo, se comparado com o traomais aplicado na 2aEtapa de construo da Usina; e,

    j em sentido contrrio, na 2 Etapa de construoda Usina, havia uma quantidade mnima especifi-cada de finos passantes na peneira de 0,075 mma ser encontrada no agregado mido, uma faixagranulomtrica para enquadramento da curva decomposio dos agregados e uma consistncia

    Figura 18 Frma da transio da Tomada d`gua, da2aEtapa.

    Figura 19 Vista geral de montante de blocos da Casa deFora da 1aEtapa, em que pode ser observada a regiosobre o tubo de suco sendo executada com forma fixa.

    Figura 20 Vista geral de montante de um dos blocos daCasa de Fora da 2aEtapa, em que pode ser observada aregio dos nichos sobre o tubo de suco sendo executadocom frma deslizante.

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    REVISTA CONCRETo24

    (Cannon Time) a ser obedecida, aliados ao fato dese ter trabalhado com o conceito de tendncia de

    mistura mida, fatores que em conjunto levaram aum concreto com mais gua e, conseqentemente,com maior consumo de aglomerante, se comparadocom o trao empregado na Eclusa I.

    Tcnicas Construtivas

    FORMAS

    De modo geral, foram usadas formas, tantopr-fabricadas (na maioria dos casos), como fabri-cadas na prpria obra, sendo elas dos tipos fixas,temporariamente fixas, deslizantes e especiais.

    Na 2aEtapa das obras da Usina e atualmentena construo do Sistema de Transposio, com aevoluo tcnica das formas pr-fabricadas, foi pos-svel ter ganhos na aplicao e, conseqentemente,rapidez na execuo dos servios.

    As formas fabricadas na obra foram aquelasusadas nas estruturas mais simples ou de geometria

    Figura 21 Lanamento de concreto massa em rampa,com caminho fora de estrada basculante e espalhamentocom trator de esteira. Este tipo de lanamento chegou aalcanar a produtividade de 300 m3/hora.

    Figura 22 Lanamento de concreto massa em rampa,com caminho fora de estrada basculante e adensamentocom bateria de vibradores, acoplada na extremidade dalana de retroescavadeira.

    especfica de barragens, sendo por isso, confeccio-nadas no prprio canteiro.

    Como caso de utilizao de frma especial,vale citar, por ter apresentado diferenas de fabrica-o e ganhos de aplicao, o relativo da regio curvasuperior da transio da Tomada d`gua (vide figuras17 e 18), entre a aduo e conduto forado.

    Alm das vantagens incorporadas s formas

    pelos avanos tcnicos de fabricao, o que mais podeser ressaltado na 2aEtapa de construo, como ganhono processo construtivo, foi a sua aplicao, mais es-pecificamente na execuo das estruturas da Casa deFora, com a utilizao de frma deslizante.

    Essa aplicao foi muita facilitada, principal-mente, pela execuo dos nichos sobre os tubos desuco e, por novas juntas de construo concebidaspara a concretagem da estrutura, que, inclusive,permitiu menor tempo de construo de cada blocoda Casa de Fora.

    Nas figuras 19 e 20, so mostrados dois blocosda Casa de Fora, um de cada etapa de construo,

    em que para a mesma regio na 1a

    Etapa foi usadafrma fixa e na 2aEtapa, frma deslizante.

    LANAMENTO DE CONCRETO

    Nas duas etapas de construo, o lanamentode concreto de maneira geral foi feito:

    com caambas de 3 a 6 m3com e sem tromba, iadapor guindaste;

    com bombas de concreto e mastros articulados;

    correia transportadora de pequena extenso as-sociada a um silo com chute, para transferncia doconcreto; e,

    caminho basculante, inclusive fora de estrada na 1aEtapa de Construo (vide figuras 21 e 22), usado notransporte e lanamento de concretos massa e rolado.

    Como estrutura de apoio, na 1aEtapa foi implantadaao longo do eixo longitudinal da barragem uma pontede concretagem, planejada com a finalidade de servir operao de lanamento de concreto, que, com umcomprimento total de 1.120 m, chegou a servir para

    Figura 23 Equipamento com a correia transportadora

    em plano praticamente horizontal, lanando concreto, vistono instante em que o caminho est posicionado para oabastecimento do silo receptor.

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    caminho de rolamento para sete guindastes de grandeporte, com produtividade total de at 336 m3/hora.

    Na 2a Etapa, a extenso da ponte foi deapenas 450 m, mas permitiu concretagens em pra-

    ticamente todas as estruturas de concreto.Na 2a Etapa de Construo da Usina e naEclusa I, foi utilizado mais um equipamento, comoalternativa de lanamento. Esse equipamentocomposto de um silo receptor da mistura e correiastransportadoras, inclusive com uma delas associada lana de um guindaste com chute na extremidade(vide figura 23) possibilitava lanamentos a grandesdistncias horizontais e em altura.

    O modelo utilizado desse equipamento tinhacapacidade mxima de 200 m3/hora e alcance deat 60 m, que permitiu uma substancial reduo notempo de lanamento do concreto.

    Vertedouro

    Uma das estruturas de concreto interessantesque vale um destaque especial o Vertedouro.

    O Vertedouro (vide figura 24) compostopor 22 blocos em sua regio central e 2 laterais detransio para as estruturas adjacentes, o que totaliza580 m de comprimento. A largura do bloco tpico de 92,57 m e altura de 86,50 m. Com essas dimenseso seu volume de concreto de aproximadamente2.560.000 m3. Tamanha estrutura para permitir o

    vertimento de at 110.000 m/s, o que o coloca entreos maiores em operao atualmente no mundo. Videfigura 2 para outros dados a respeito.

    S para se ter uma idia da geometria doVertedouro, na figura 25 mostrada uma seotpica de um de seus 22 blocos principais.

    Do ponto de vista estrutural merece sermencionada a Viga do Munho. Com um volume deconcreto de aproximadamente 195 m3, sua armaduraatingiu aproximadamente 34 toneladas, a qual, foitotalmente pr-armada, sendo que somente seu ga-barito pesou cerca de 2,1 toneladas (vide figura 26)

    O fato interessante sobre o Vertedouro, quesem dvida vale ser mencionado, foi a posterior

    Figura 24 Vista area do Vertedouro pela jusante direita.

    Figura 25 Seo transversal de um bloco tpicodo Vertedouro.

    colocao de vigas de vedao acima de suas 23comportas (vide figura 27).

    As vigas de vedao montadas so estru-turas metlicas ocas, de 40 t que aps terem sidoposicionadas, foram preenchidas com concreto paraformao de um lastro, o que elevou o peso de cadauma para cerca de 90 toneladas.

    As Vigas de Vedao so peas metlicas,

    cujas maiores dimenses so 21 m de comprimento,2,70 m de altura til e 1,35 m de largura (vide figura28), que aps terem sido posicionadas possibilita-ram o alteamento do reservatrio em 2 m, o que,conseqentemente, segundo clculos, resultou numganho de energia firme de 94 MWh.

    Estgio Atual de Construo

    A barragem est concluda. Na Usina estoprontas 21 mquinas principais e 2 auxiliares; e,

    em fase de montagem eletromecnica mais 2 m-quinas principais.O Sistema de Transposio est paralisado,

    sendo que os principais servios executados at julhode 2005 podem ser expressos percentualmente em:68,21% do concreto, 57,13% da escavao de terra,49,76% da escavao em rocha, 45,51% do aterrocompactado, 62,12% do enrocamento e 0,3% damontagem eletromecnica.

    Desempenho das Estruturas

    Falar nas estruturas da 1aEtapa, com apro-ximadamente 22 anos, expostas a aes intem-pricas de temperatura entre 20 e 45 oC, chuvaspraticamente ao longo de 9 meses durante o ano, etambm, pela ao dinmica das guas que passampelas regies hidrulicas, interessante registrar odesempenho do concreto.

    De forma sumria, pode-se dizer que odesempenho est entre bom e excelente. Esse fato,

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    constatado com os resultados dos ensaios de controletecnolgico e visualmente nas prprias estruturas,deve ser atribudo basicamente a:

    estudos dos materiais, realizados antes do incio daconstruo, em que as medidas de inibio da reaolcali-agregado foram cuidadosamente analisadas eposteriormente aplicadas;

    projeto hidrulico concebido no mais alto conceitoe rigor tcnico;

    controle de qualidade do concreto e seus materiais;

    controle de qualidade na execuo das estruturas; e,

    controle das tenses de origem trmica.

    Na execuo das estruturas da 2aEtapa, podeser dito que foi aplicado um controle de qualidade como mesmo rigor do da 1aEtapa, inclusive aproveitando aexperincia adquirida; o que, vem sendo muito satisfa-trio, uma vez que nenhuma ocorrncia patolgica foiobservada at o momento.

    J as estruturas de concreto do Sistema de Trans-posio, em especfico a Eclusa I, como ainda esto emexecuo, no foram postas em trabalho, embora expostasao tempo; portanto, praticamente nada pode ser dito.

    Aes Socioambientais

    Desde o incio da construo da Barragem fo-ram tomadas Aes Socioambientais.

    Antes do enchimento do reservatrio podemser citadas duas grandes aes: o relocamento de 7ncleos urbanos e o salvamento de animais.

    O relocamento dos 7 ncleos urbanos envolveua construo e entrega de 1.326 casas, demarcao eentrega de 3.638 lotes rurais e construo de 1.400 kmde estradas vicinais.

    O salvamento de animais, denominado Ope-rao Curupira, por no haver na poca no pas umalegislao especfica sobre o meio ambiente, foi feitocom apoio do Instituto Nacional de Pesquisas da Amaz-nia de Manaus, Museu Emlio Goeldi de Belm, CentroNacional de Primatas de Belm, Instituto Evandro Cha-gas de Belm, Universidade Federal do Par, InstitutoButant de So Paulo e, Centro Nacional de RecursosGenticos Cenargen da EMBRAPA, que deram as bases

    cientficas necessrias, para o seu sucesso. Para a execu-o dessa operao foram empregados 700 pessoas, 96

    barcos e 6 helicpteros, o que produziu um resultado es-petacular, sendo salvos:-284.216 Animais, sendo 103.143Mamferos, 100.822 Rpteis, 61.596 Aracndeos, 14.628Anfbios, 3.951 Aves e 76 Insetos. Parte desses animaisfoi utilizada para pesquisa e o restante foi levado paraBases de Soltura, na regio do reservatrio.

    Com a construo da Barragem, a cidade deTucuru se tornou muito atraente pela gerao de em-pregos, o que atraiu tambm, investidores comerciaise empresarias. Aliados a isso, com a cidade passando areceber a compensao financeira pela utilizao dosrecursos hdricos, ocorreu um impulso de desenvolvi-mento econmico-social; e, como conseqncia direta, apopulao que em 1975, era de cerca de 3.000, em 2005,ultrapassou 85.000 habitantes, segundo o IBGE (InstitutoBrasileiro de Geografia e Estatstica). Com o crescimentopopulacional, apareceram alguns problemas sociais, queassociados aos impactos ambientais, provocados pelaformao do reservatrio da Barragem, formaram abase do escopo da responsabilidade socioambiental.

    Figura 26 Instante do lanamento da armadura da Vigado Munho de um dos blocos do Vertedouro.

    Figura 27 Indicao do posicionamento da Viga deVedao, acima da Comporta do Vertedouro.

    Figura 28 Instante de posicionamento de uma das Vigasde Vedao no Vertedouro.

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    Ao longo dos anos, para compensar os impactossocioambientais provocados na cidade de Tucuru e regiocom a construo da Barragem, a Eletronorte tem feitoconvnios, para a promoo de aes compensatrias,que tambm tm contribudo para o desenvolvimentoeconmico-social. Esses convnios, que contam com aparticipao do poder pblico e lideranas diretas dapopulao, tm sido para construo de prdios pblicos

    (escolas, prefeituras, cmaras municipais, fruns, postosde sade, entre outros), construo de rede de captao etratamento d`gua, construo de sistema de tratamentode esgoto, pavimentao de ruas, doao de equipamen-tos (caminhes, tratores de esteiras, retroescavadeiras,motoniveladoras, ps carregadeiras, computadores, entreoutros), etc... As cidades do entorno do reservatrio, assim

    como as de jusante, dentro de uma rea considerada deinfluncia da Barragem, tambm, por meio dos mesmostipos de convnios, vm sendo beneficiadas e passandopor grande impulso de desenvolvimento.

    A UHE Tucuru, com sua atual capacidade insta-lada de 7.620 MW, beneficia atualmente uma popula-o que ultrapassa trinta milhes de pessoas e tambmfornece energia para grandes consumidores, tais como

    produtores de alumnio e processadores de ferro. A Usi-na tambm responsvel pelo fornecimento de energiapara o sistema de transmisso associado entre as regiesNorte/Nordeste, Sul/Sudeste e Centro-Oeste.

    devido a esse progresso que vem gerando naregio, que a Barragem de Tucuru pode ser consideradaum Portal de Desenvolvimento da Amaznia.

    Referncias BibliogrficasPara elaborao deste artigo foram consultados: Curt Herwerg, Francisco Eufrantz Fernandes, Humberto Rodrigues Gama, Oscar Machado Bandeira, Saulo SilvaLacerda Avanos Tcnicos aplicados na Construo das estruturas de concreto da Barragem de Tucuru IBRACON/ACI

    Comemorao dos 100 anos do American Concrete Institute So Paulo Abril de 2004; e, Jos Biagioni de Menezes, Humberto Rodrigues Gama, Oscar Machado Bandeira, Saulo Silva Lacerda TucuruHydropower Complex Concrete Engineering International (CEI) Volume 8 Number 4 United Kingdom Winter 2004.

    Agradecimentos

    Os autores agradecem Centrais Eltricas do Norte do Brasil Eletronorte,pelo apoio, colaborao e incentivo dados naelaborao e publicao deste artigo.

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    Estruturade concreto

    resiste a16 horasde incndio

    Introduo

    Na noite de 12 de Fevereiro de 2005, iniciou-se no 21oPavimento do edifcio Windsor, em Madri,um incndio que durou cerca de 16 horas. Diantedos danos sofridos pela edificao e arredores, aconstruo mista em concreto armado e perfis deao acabou demolida por deciso do poder pbli-co municipal. A seguir, apresentado um relatoresumido e adaptado do trabalho publicado peloINTEMAC sobre a investigao tcnica de avaliaoda capacidade residual da estrutura. Apresenta-setambm, a ttulo de ilustrao, uma breve discussosobre algumas exigncias de projeto das normas NBR14432:2000 e NBR 15200:2004, da ABNT, aplicadasao caso desse edifcio.

    1. O edifcio Windsor

    O edifcio Windsor foi construdo entre osanos de 1974 e 1979 em Paseo de la Castellana,

    Madri. Possua 37 pavi-mentos (Fig. 1) sendo 5subsolos, piso trreo, 27pisos comerciais, dois pisostcnicos um entre o 3oeo 4oe o outro entre o 16oe

    o 17o

    Pavimentos e maisdois pisos na parte mais altada torre.

    A estrutura da tor-re continha um ncleo depilares-parede de concretoarmado e mais trs prticoscom pilares de concreto evigas mistas soldadas a cha-pas metlicas ancoradas aotopo dos pilares. At o 16oPavimento, as dimenses dospilares dos prticos eram de50 x 220 cm; estas diminuam

    Fernando Montija Mestrando daEscola Politcnica da USP

    Investigao do comportamento ao fogo do edifcio Windsor, em Madri

    a partir do 17oPavimento para 50 x 120 cm e at 50 x50 cm prximo cobertura. Nas fachadas de menorlargura existiam pilares de concreto de seo trans-

    versal de 50 x 180 cm. Ao longo das fachadas existiamlinhas de pilares metlicos que vinculavam suas cargasaos pavimentos tcnicos (Fig. 2). Nos pavimentostcnicos praticamente no havia vos livres sob vigas,pois estas constituam paredes de concreto de alturaigual do pavimento 3,75 metros.

    As lajes dos pavimentos eram nervuradas earmadas em duas direes, com exceo das reasde ncleo que eram macias em concreto armado. Aslajes nervuradas possuam altura total de 23 cm comfechamento de base em componentes cermicos pr-fabricados de altura de 20 cm, seguida de capeamentocontnuo de concreto de 3 cm. Essas configuraesmodificavam-se apenas na lajes dos pavimentos tcni-1 Edifcio Windsor

    2 Concepo estrutural dos pavimentos comerciais

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    REVISTA CONCRETO 29 CONCRETO

    EM

    ALTA

    STEMPERATURAS

    cos que possuam altura total de 25 cm e ainda lajes deteto macias, completamente realizadas em concretoarmado. Ainda sobre a estrutura, cabe ressaltar quea resistncia caracterstica do concreto era de 25 MPanos pilares e pilares-parede, 30 MPa nas vigas e de 18MPa nas lajes. O ao utilizado possua limite elsticode 50 kgf/mm (~500 MPa).

    Desde Agosto de 2003, o edifcio Windsor

    passava por um processo de recuperao e reade-quao normalizao vigente na comunidadeeuropia. Esta readequao inclua a utilizao deignofugantes nos elementos estruturais metlicosque, infelizmente, poca do incndio, estava re-alizada apenas at o nvel do segundo pavimentotcnico, e ainda com exceo do 9oPavimento.

    2. O incndio

    Dia 12/02/2005

    23:05h:Alerta de incndio23:25h:Chegada dos Bombeiros23:35h:21 Pav. arrasado pelo fogo (Fig. 3)

    Dia 13/02/200500:20h:28 Pavimento atingido01:15h: Colapso e desabamento no trechoNorte (Fig. 4)15:00h:Incndio controlado

    Dia 14/02/200501:00h: Incndio tecnicamente extinto

    3 pice do incndio e 4 Desabamento parcial

    3. Avaliao tcnica do INTEMAC

    3.1. AVALIAO PRELIMINAR

    Do 18 ao 27 Pavimento, observou-se o colapsodos pilares metlicos das fachadas Norte e Sul.

    Na fachada Norte, o colapso causou sobrecarga nos pilares e desabamento at o nvel da laje de teto do segundo pavimento tcnico.

    No 16oPavimento havia pilares de concreto muito fissurados superficialmente (Fig.5);

    Os pilares metlicos do 9oPavimento tambm colapsaram (Fig. 6);

    No 7o

    e 8o

    Pavimentos, foi observado desplacamento superficial, flambagem das armaduras e at ruptura de estribos em alguns pilares de concreto;

    Os pilares-parede do ncleo de concreto armado, incluindo os dos pavimentos superiores, haviam sofrido poucos danos aparentes.

    As vigas mistas apresentavam deformaessignificativas e dobramentos ou rupturas nasligaes aos pilares;

    A partir do 17oPavimento, intensificava-se

    o desplacamento da parte inferior dos tetos;partes inferiores das nervuras tambm se desplacaram mas, provavelmente, durante o

    5 Pilar de concreto armado incendiado

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    REVISTA CONCRETo30

    resfriamento da estrutura, pois no se encontravammanchadas;

    A rea nordeste da laje de teto do segundo pavimento tcnico apresentava-se muito fissurada.

    3.2. ANLISE DE CAMPO E LABORATORIAL

    O INTEMAC realizou extrao de testemu-nhos e ensaios de resistncia compresso e dedeterminao de velocidade de propagao deonda ultra-snica de acordo com o seguinte planode amostragem:

    Ensaios de ultra-som em pilares de dois dospavimentos atingidos pelo fogo (acima do 5oPavimento). Em seguida, extrao de 6 testemunhosdessas reas e corte dos testemunhos emtrs camadas (Superficial, Intermediria e Interna)para ensaio de ultra-som e resistncia

    compresso camada-a-camada;

    Ensaios de ultra-som em pilares de pavimentos no atingidos pelo fogo. Extrao de testemunhos

    dessas reas, sendo que alguns foram destinados a corte e ensaio, conforme descrito no item

    anterior e outros foram tratados termicamenteem forno a temperaturas de 50 oC por 18 horas

    (referncia de amostra seca) e 400 oC, 500 oC e 700 oCpor 6 horas cada. Os resultados de resistncia compresso obtidos foram:

    A determinao da velocidade de propa-gao de ondas ultra-snicas camada-a-camadapermitiu notar levemente o efeito da menor com-

    pacidade do concreto ao aproximar-se da superfciedo elemento nos pavimento no atingidos pelo fogoe, fortemente, nos pavimentos atingidos. A curva de

    correlao obtida entre resistncia e velocidade deonda foi: fc = 0,1817 Vp

    4 10,79

    3.3. DETERMINAO DASTEMPERATURAS ATINGIDAS

    De posse dos resultados de velocidade deonda e resistncia dos concretos tratados termi-

    camente, pde-se construir uma relao entre aqueda de resistncia e a temperatura. Nesses en-saios, houve um notvel ajuste ao comportamentopreconizado no Eurocode EN 1991-1-2 e na NBR15200:2004 para concretos de agregados silicosos(Fig. 7). Com isso, pde-se estimar as temperaturasatingidas ao longo da profundidade dos elementosde concreto frente ao grau de degradao medidonos ensaios.

    O INTEMACobservou tambmque, considerando ascurvas que descrevem

    o comportamento datemperatura ao longodo tempo em diversassituaes de exposioconstantes do Euro-code EN 1991-1-2 ea curva de incndiopadro constante danorma ISO 834 (Fig.8), aquela que po-deria representar aao do incndio e acaracterstica de danoencontrada no edifcio

    Windsor segundo oCritrio de Radognacorresponderia de-signada pela combinao das curvas naturais de pavi-mentos predominantemente ocupados por escritriose predominantemente ocupados por arquivos, comventilao da ordem de 30% de abertura daquelasfachadas. Essas solicitaes correspondem a uma aode incndio padro ISO de aproximadamente 100minutos no caso de escritrios e de 250 minutos nocaso de arquivos.

    Considerando os danos relatados, em que aprincipal ocorrncia esteve ligada no existncia de

    proteo com ignofugantes em elementos metlicose no ruptura do concreto unicamente pela aodo fogo, o INTEMAC concluiu que o resultado dedesempenho da estrutura de concreto do edifcioWindsor foi melhor que o esperado pela aplicaoestrita da normalizao vigente.

    4. Verificao sob o MtodoTabular da NBR 15200

    Neste item busca-se realizar um estudo de casocom verificao expedita do atendimento de alguns dos7 Queda da Resistncia x Temperatura

    6 Pilar metlico incendiado

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    REVISTA CONCRETO 31 CONCRETO

    EM

    ALTA

    STEMPERATURAS

    a essas especificaes de dimenses mnimas.No aspecto prtico, o incndio natural a quefoi submetida a estrutura de concreto teve umadurao total em torno de 16 horas, prazo emque as chamas foram controladas. Esse resultado bastante significativo em termos de projeto edo debate atual a respeito dos nveis de exign-cia constantes das normas nacionais. Claro que

    se trata de uma anlise de caso especfica destaedificao, mas deve-se informar ainda que essaestrutura de concreto suportou nos seis mesesseguintes ao incndio um processo de demoli-o/desmontagem sem registro de acidente porruna, apesar das sobrecargas ou perdas de capa-cidade portante atuantes desde a ocorrncia emFevereiro de 2005.

    5. Comentrios finais

    O estudo apresentado pelo INTEMAC apresentouuma metodologia completa de avaliao de degradaode uma estrutura de concreto armado incendiada, com usode ensaios de rpida execuo e resultado confivel.

    A verificao da estrutura segundo o MtodoTabular da NBR 15200:2004 foi realizada para servir comoilustrao s exigncias atuais de projeto e citao comouma anlise de caso, ainda que superficial. vlido tam-bm ressaltar que apesar de saber-se como mtodos maisrecomendados para projeto os Mtodos Simplificado eGerais constantes da mesma norma, no se dispunha deinformaes suficientes para esses tipos de anlise.

    elementos construtivos do edifcio Windsor ao TRRF(Tempo requerido de resistncia ao incndio padroISO) especificado na NBR 14432:2000 Exigncias deresistncia ao fogo de elementos construtivos de edi-ficaes Procedimento, e s dimenses mnimas deprojeto especificadas em um dos mtodos constantesda NBR 15200:2004 Projeto de estruturas de concretoem situao de incndio.

    O TRRF requerido para estruturas da Classe P5do Grupo Dda NBR 14432 (edificaes com ocupaode servios profissionais, pessoais e tcnicos), com alturamaior que 30 metros, de 120 minutos.

    Ento, para atender ao TRRF de 120 minutos,a NBR 15200:2004 especifica as seguintes exigncias dedimenses mnimas apresentadas comparativamentecom as dimenses encontradas na edificao:

    Nota-se que, se considerada a contribuiode resistncia ao fogo dos materiais de revestimen-to das lajes, pode-se dizer que a dimenso c1 foiatingida por algum tempo durante o incndio (ato desplacamento); da mesma forma, para os pilares,

    as dimenses foram pouco menores que o preco-nizado na norma brasileira. Assim, sob as mesmasconsideraes apresentadas pelo INTEMAC, nota-seque desempenho frente ao do fogo foi melhorque o esperado.

    O que resta acrescentar discusso aquesto do nvel de exigncia correspondente

    8 Curvas de incndio

    6. Referncias bibliogrficas

    ABNT, NBR 14432:2000 Exigncias deresistncia ao fogo de elementos construtivos deedificaes-Procedimento, Rio de Janeiro, 2000.

    ABNT, NBR 15200:2004 Projeto de estruturas deconcreto em situao de incndio, Rio de Janeiro, 2004.

    CALAVERA, J. et al. , Notas de informacintcnica no2 (NIT 2 05), INTEMAC InstitutoTcnico de Materiales y Construcciones, Madri,Espanha, Dezembro de 2005.

    COSTA, C.N., SILVA, V.P., Estruturas de concretoarmado em situao de incndio, XXX Jornadas Sul-Americanas de Engenharia Estrutural, Braslia, 2002.

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    UHEs SantaClara e

    Fundo projeto debarragememCCRvisandoa construopelo mtodorampado

    1. Introduo

    O Complexo Energtico Santa Clara Fun-do, em implantao no rio Jordo, na bacia dorio Iguau, Estado do Paran, composto por duasusinas hidreltricas: a UHE Santa Clara, situadamais a montante e a UHE Fundo, cada uma com120 MW de potncia instalada. Os arranjos dasduas hidreltricas so semelhantes no conceito:reservatrio formado por barragens construdasem concreto compactado com rolo (CCR), casade fora afastada da barragem para aproveitar odesnvel natural do rio e aduo feita por tneis

    de baixa e de alta presso, separados por umacmara de carga.

    A barragem da UHE Santa Clara temaproximadamente 70 m de altura mxima eaproximadamente 530.000 m de volume total.A barragem da UHE Fundo tem 45 m de alturamxima e cerca de 190.000 m de volume total.A opo pelo concreto rolado como material deconstruo das barragens do Complexo resultoude uma comparao com barragens de enroca-mento com face de concreto e enrocamento comncleo de argila. A comparao levou em contano s aspectos quantitativos mas tambm qua-

    litativos, como o menor risco para o cronogramaassociado s barragens em CCR e a minimizaodas escavaes na ombreira da barragem, o quereduziu o risco geolgico e o impacto ambientalda construo.

    A barragem da UHE Santa Clara foi cons-truda entre dezembro de 2003 e maro de 2005.O enchimento do reservatrio foi concludo emmeados de julho de 2005. A barragem da UHEFundo foi iniciada em maio de 2005 e deve estarconcluda em maro de 2006.

    A empresa Intertechne Consultores Asso-ciados a responsvel pelo projeto civil e eletro-mecnico dos dois empreendimentos e a enge-

    Carlos Guilherme MagalhesJose Franco Pinheiro Machado

    Intertechne Consultores Associados S/C Ltda.

    nharia do Consrcio EPC, formado tambm pelaConstrutora Triunfo (lder do EPC e responsvelpelas obras civis) e pelas Indstrias MetalrgicasPescarmona (IMPSA), responsvel pelo forneci-mento e montagem dos equipamentos.

    O objetivo deste trabalho mostrar comoa adoo do mtodo executivo de lanamentodo concreto compactado com rolo (CCR) afeta oprojeto da barragem.

    2. A escolha do mtodo construtivo

    A construo da maioria das barragens emCCR existentes hoje no Brasil foi feita em camadascom alturas que variam entre 0,30 m e 0,40 m. Nestemtodo, chamado por muitos de convencional,a aderncia entre as camadas garantida pelolanamento de argamassa, muitas vezes em toda aextenso da camada.

    A experincia mundial mais recente, contu-do, mostra a grande aplicao de uma metodologiadiferente, na qual as camadas so lanadas em ram-pa. Essa metodologia foi aplicada pioneiramente emJiangya Dam, na China, e visa, sobretudo:

    Reduo da quantidade de juntas com necessida-de de aplicao de argamassa de ligao, criando-seum macio mais homogneo;

    Aumento das taxas de lanamento de CCR;

    Reduo da superfcie de CCR com necessidade de limpeza e de tratamento de junta;

    Otimizao do trabalho de manuseio de frmas, podendo-se chegar a 3m de altura;

    Eliminao da necessidade de lavagem e limpeza de resduos da pista;

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    REVISTA CONCRETO 33 BARRAGENS

    Reduo da superfcie com necessidade de cura;

    Reduo do potencial de recebimento de calor

    nos perodos mais quentes;

    Aumento de produtividade dos equipamentos e melhoria na organizao da obra.

    Decidiu-se, j no incio do projeto da UHESanta Clara, que a construo seria feita como mtodo rampado, em funo das vantagenslistadas acima.

    Houve a necessidade de adaptar o pro-jeto da barragem s condicionantes impostaspela adoo do mtodo rampado. A principaldiferena deste mtodo, com relao ao mto-do convencional, est basicamente na reduodos comprimentos das camadas de CCR, o quepossibilita a reduo do intervalo de tempo delanamento entre as camadas sucessivas.

    Esta reduo no intervalo viabilizou a eli-minao do lanamento da argamassa de ligaoem aproximadamente 1/3 das camadas, confir-mando a previso de ganho de produtividade naadoo do mtodo.

    Porm, existem limitaes inerentes aoarranjo da barragem de Santa Clara que limita-ram os ganhos de produtividade e que acabaramlevando a uma variao do mtodo construtivo. Amaior parte da extenso do barramento (250 m)

    ocupada pela soleira vertente. A calha da soleiravertente, como mostra a fotografia, constitudapor degraus.

    Verificou-se que a presena dos degraus na

    calha do vertedouro equivale imposio de macro-rugosidades que modificam as condies do esco-amento comparativamente ao fluxo sobre calhaslisas (sem degraus). Com a existncia desta macro-rugosidade, o escoamento sobre os degraus ocorrecom a formao de vrtices que esto associados dissipao parcial da energia do escoamento e gerao de flutuaes turbulentas de presso. Comexistncia de flutuaes de presses, ocorre o apa-recimento de esforos hidrodinmicos que podemdanificar o concreto de revestimento dos degraus.A atuao destes esforos hidrodinmicos sobre oconcreto no plenamente conhecida sabendo-se,no entanto, que quanto maior a altura do degrau,mais intensos sero estes esforos.

    Outro aspecto considerado foi que a exis-tncia dos degraus associada a velocidades relati-vamente elevadas do escoamento (da ordem de 20m/s) gera condies para a ocorrncia de cavitaojunto aos degraus (bordo superior do espelho dodegrau). A possibilidade de ocorrncia de cavita-o foi avaliada tendo como base os estudos efe-tuados por Olinger e Brighetti (2002). Esta anlisefoi efetuada para alturas de degraus de 0,9 m e1,8 m, chegando-se concluso de que a utilizaode degraus com 1,8 m de altura aumentaria demaneira significativa o risco de cavitao. Outro

    Vista da Estrutura do Vertedouro e Muros de Encontro em CCR UHE Santa Clara

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    aspecto a se observar que, para o caso especficode Santa Clara, no ocorre a aerao natural doescoamento para vazes especficas altas, o quepoderia minimizar os danos associados cavitao.Tendo em conta estes aspectos, a altura do degraufoi limitada a 0,9 m.

    Com a limitao da altura dos degraus em

    0,90 m, a Construtora Triunfo analisou a possi-bilidade de executar lances de 1,80 m utilizandofrma area no trecho de jusante do vertedouro.Essa opo foi descartada, porque haveria dificul-dades na fixao dessas frmas e tambm a suamovimentao seria complicada.

    O mtodo construtivo empregado foitambm modificado pela construtora, que ado-tou uma forma mista para lanar o CCR, sendouma parte horizontal e outra parte em rampa. Omtodo empregado ilustrado acima (HomeroCardoso et al, 2004).

    3. A adaptao do projeto aomtodo construtivo adotado

    Com relao s especificaes tcnicas,originalmente feitas para CCR convencional,verificou-se que as alteraes necessrias forampequenas, sendo a principal a exigncia da utili-zao de aditivo retardador de pega no trao doCCR e um controle mais rigoroso do intervalo delanamento entre camadas.

    Destaca-se no projeto tambm a constru-o da pista experimental de CCR, incorporada ao

    corpo da barragem, que teve importncia paraavaliao das dificuldades construtivas na execu-o das juntas de contrao e na execuo dos tre-chos mais finos nas extremidades das camadas.

    Nesta pista tambm foram feitos ensaiosde resistncia no CCR considerando-se diversosintervalos de lanamento entre camadas. Consta-

    tou-se tambm a necessidade de alguns cuidadosadicionais de projeto com relao aos detalhesconstrutivos, destacando-se o tratamento dos tre-chos mais finos das camadas, no inc io e no finalda rampa, onde foi adotado um procedimento delanamento de argamassa antes do lanamentoda camada subseqente.

    4. Resistncia especificadae consumos de concreto

    A resistncia caracterstica especificada parao CCR da barragem foi de 8 MPa aos 180 dias.Os traos empregados na construo da bar-

    ragem foram compostos de misturas cimento e cinzavolante, com teores de cimento (CPII e CPIV) variandoentre 60 e 85 kg/m e de cinza entre 15 e 30 kg/m.

    5. Concluses

    Alguns aspectos do projeto, no diretamenterelacionados ao mtodo construtivo, merecem serdestacados.

    Independentemente das alteraes no processo construtivo adotado pela Construtora, o projeto foi adaptadoconsiderando as peculiaridades do mtodo de lanamento em rampa.

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