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sumário e mais... Seção Especial Fôrmas e escoramentos a serviço da engenharia Balanços Sucessivos A tecnologia de construção da ponte sobre o rio Guamá 06 48 2 Normas e consumidores 3 Editorial 4 Converse com o Ibracon 6 Personalidade Entrevistada. Paulo Assahi 10 Acontece: concreto com agregados de betão 16 Fôrmas de madeira: redução de custos 22 Mantenedor: MC-Bauchemie 24 Tecnologia: argamassa polimérica 28 Histórico do sistema de fôrmas em edificações 30 Mercado Nacional 32 Fôrmas com vigas de madeira industrializadas 36 Fôrmas: otimizando a construção 42 Costo y calidad de las estructuras 56 Fluência na secagem do CAR 62 Normalização de argamassas 72 Recordes da Engenharia Instituto Brasileiro do Concreto Fundado em 1972 Declarado de Utilidade Pública Estadual Lei 2538 de 11/11/1980 Declarado de Utilidade Pública Federal Decreto 86871 de 25/01/1982 Diretor Presidente Paulo Helene Diretor 1º Vice-Presidente Cláudio Sbrighi Neto Diretor 2º Vice-Presidente Eduardo Antonio Serrano Diretor 3º Vice-Presidente Mário William Esper Diretor 1º Secretário Carlos Eduardo Siqueira Tango Diretor 2º Secretário Paulo Fernando Araújo da Silva Diretor 1º Tesoureiro Antonio Domingues Figueiredo Diretor 2º Tesoureiro Laércio Amâncio de Lima Diretor Técnico Rubens Machado Bittencourt Diretor de Relações Institucionais Luiz Rodolfo Moraes Rego Diretor de Pesquisa e Desenvolvimento Túlio Nogueira Bittencourt Diretor de Publicações Ana Elizabeth Paganelli Guimarães Diretor de Marketing Wagner Roberto Lopes Diretor de Eventos Paulo Roberto Amaro Diretor de Cursos Juan Fernando Matías Martín Diretor de Informática José Roberto Braguim Assessor da Presidência Augusto Carlos de Vasconcelos Assessor da Presidência Jorge Bautlouni Neto Revista CONCRETO Revista Oficial do IBRACON Revista de Caráter Científico, Tecnológico e Informativo para o Setor Produtivo da Construção Civil, para o Ensino e para a Pesquisa em Concreto ISSN 1806-9673 Tiragem desta edição 5.000 exemplares Publicação Trimestral Distribuida gratuitamente aos associados Publicidade e Promoção Arlene Regnier de Lima Ferreira [email protected] Projeto Gráfico SmartConsulting Editor Fabio Luis Pedroso MTB 41728 [email protected] Assinatura e Atendimento Thaís Ferreira [email protected] Gráfica: Ipisis Gráfica e Editora As idéias emitidas pelos entrevistados ou em artigos assinados são de responsabilidade de seus autores e não expressam, necessariamente, a opinião do Instituto. Copyright 2004 IBRACON. Todos os direitos de reprodução reservados. Esta revista e suas partes não podem ser reproduzidas nem copiadas, em nenhuma forma de impressão mecânica, eletrônica, ou qualquer outra, sem o consentimento por escrito dos autores e editores. Comitê Editorial Ana Elizabeth Guimarães, UNICAMP, Brasil Antonio Figueiredo, PCC-EPUSP, Brasil Fernando Branco, IST, Portugal Hugo Corres Peiretti, FHECOR, Espanha Paulo Helene, IBRACON, Brasil Paulo Monteiro, UC BERKELEY, USA Pedro Castro, CINVESTAV, México Raul Husni, UBA, Argentina Rubens Bittencourt, FURNAS, Brasil Ruy Ohtake, ARQUITETURA, Brasil Tulio Bittencourt, PEF-EPUSP, Brasil Vitervo O’Reilly, MICONS, Cuba IBRACON Secretário Executivo: Leonel Tula Av. Prof. Almeida Prado, 532 Prédio 62, 1º andar, IPT - Cidade Universitária. CEP 05508-901 - São Paulo - SP Tel: (11)3714-2149 Foto Capa: ponte sobre o rio Guadiana, Portugal Manual 2002 Cofragens (Peri)

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sumário

e mais...

Seção Especial

Fôrmas e

escoramentos

a serviço da

engenharia

BalançosSucessivos

A tecnologia de

construção da

ponte sobre o

rio Guamá

06

48

2 Normas e consumidores

3 Editorial

4 Converse com o Ibracon

6 Personalidade Entrevistada. Paulo Assahi

10 Acontece: concreto com agregados de betão

16 Fôrmas de madeira: redução de custos

22 Mantenedor: MC-Bauchemie

24 Tecnologia: argamassa polimérica

28 Histórico do sistema de fôrmas em

edificações

30 Mercado Nacional

32 Fôrmas com vigas de madeira

industrializadas

36 Fôrmas: otimizando a construção

42 Costo y calidad de las estructuras

56 Fluência na secagem do CAR

62 Normalização de argamassas

72 Recordes da Engenharia

Instituto Brasileiro do ConcretoFundado em 1972Declarado de Utilidade Pública EstadualLei 2538 de 11/11/1980Declarado de Utilidade Pública FederalDecreto 86871 de 25/01/1982

Diretor PresidentePaulo HeleneDiretor 1º Vice-PresidenteCláudio Sbrighi NetoDiretor 2º Vice-PresidenteEduardo Antonio SerranoDiretor 3º Vice-PresidenteMário William EsperDiretor 1º SecretárioCarlos Eduardo Siqueira TangoDiretor 2º SecretárioPaulo Fernando Araújo da SilvaDiretor 1º TesoureiroAntonio Domingues FigueiredoDiretor 2º TesoureiroLaércio Amâncio de LimaDiretor TécnicoRubens Machado BittencourtDiretor de Relações InstitucionaisLuiz Rodolfo Moraes RegoDiretor de Pesquisa e DesenvolvimentoTúlio Nogueira BittencourtDiretor de PublicaçõesAna Elizabeth Paganelli GuimarãesDiretor de MarketingWagner Roberto LopesDiretor de EventosPaulo Roberto AmaroDiretor de CursosJuan Fernando Matías MartínDiretor de InformáticaJosé Roberto BraguimAssessor da PresidênciaAugusto Carlos de VasconcelosAssessor da PresidênciaJorge Bautlouni Neto

Revista CONCRETO

Revista Oficial do IBRACONRevista de Caráter Científico, Tecnológico eInformativo para o Setor Produtivo daConstrução Civil, para o Ensino e para aPesquisa em Concreto ISSN 1806-9673Tiragem desta edição 5.000 exemplaresPublicação TrimestralDistribuida gratuitamente aos associados

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EditorFabio Luis Pedroso MTB [email protected]

Assinatura e AtendimentoThaís [email protected]

Gráfica: Ipisis Gráfica e Editora

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Comitê EditorialAna Elizabeth Guimarães, UNICAMP, BrasilAntonio Figueiredo, PCC-EPUSP, BrasilFernando Branco, IST, PortugalHugo Corres Peiretti, FHECOR, EspanhaPaulo Helene, IBRACON, BrasilPaulo Monteiro, UC BERKELEY, USAPedro Castro, CINVESTAV, MéxicoRaul Husni, UBA, ArgentinaRubens Bittencourt, FURNAS, BrasilRuy Ohtake, ARQUITETURA, BrasilTulio Bittencourt, PEF-EPUSP, BrasilVitervo O’Reilly, MICONS, CubaIBRACONSecretário Executivo: Leonel TulaAv. Prof. Almeida Prado, 532Prédio 62, 1º andar, IPT -Cidade Universitária.CEP 05508-901 - São Paulo - SP Tel: (11)3714-2149

Foto Capa: ponte sobreo rio Guadiana, PortugalManual 2002 Cofragens(Peri)

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REVISTA CONCRETO

especial

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Pode ser que grande parte da po-pulação não saiba, mas todos os produ-tos e serviços praticados ou vendidosdentro do território nacional devem obe-decer às Normas Brasileiras publicadaspela Associação Brasileira de NormasTécnicas ABNT. Trata-se de uma enti-dade privada e sem fins lucrativos quefornece a base necessária para o desen-volvimento tecnológico brasileiro.

Um dos objetivos da normalizaçãoé prover toda a sociedade de meios efi-cazes para comprovar a qualidade dosprodutos e serviços utilizados, além depermitir uma troca de informações entreprodutores e usuários. Pode-se dizer quea preservação da saúde, da segurança edo meio ambiente está diretamente liga-da à forma de fabricar os produtos, o queacaba por influenciar na qualidade de vidada população. Por isso, respeitar as leisé uma obrigação de todos.

Até a publicação no Diário Oficialda Lei 8.078, em 11 de setembro de1990, as Normas Brasileiras apenas ser-viam de orientação para a fabricação deprodutos e execução de serviços, masnão tinham obrigatoriedade por força delei. Esta Lei 8.078, mais conhecida comoCódigo de Defesa do Consumidor, dizem seu Artigo 1º:

“O presente código estabelecenormas de proteção e defesa do consu-midor, de ordem pública e interesse so-cial, nos termos dos art. 5º, incisoXXXII, inciso V, da Constituição Federale art. 48 de suas Disposições Transitó-rias”.

Esta mesma lei estabelece em seucapítulo V, seção IV, artigo 39, incisoVIII:

“É vedado ao fornecedor de produ-tos ou serviços, dentre outras práticasabusivas, colocar no mercado de consu-mo, qualquer produto ou serviço em de-sacordo com as normas expedidas pelosórgãos oficiais competentes ou, se nor-mas específicas não existirem, pela As-sociação Brasileira de Normas Técnicasou outra entidade credenciada pelo Con-selho Nacional de Metrologia, Normali-

zação e Qualidade Industrial(Conmetro)1”

Essas e outras exigências da nor-malização técnica nacional ficam sujei-tas ainda às regras do Código de Defesado Consumidor CDC2.

Outra lei – de número 8.666 de21 de junho de 1993 – que estabelecenormas gerais para licitações de órgãospúblicos, afirma em seu capítulo I, seçãoII, art. 6º, inciso X:

“Projeto Executivo - o conjunto doselementos necessários e suficientes àexecução completa da obra, de acordocom as normas pertinentes da Associa-ção Brasileira de Normas Técnicas –ABNT”.

Quanto à questão da responsabi-lidade, o Código de Defesa do Consumi-dor estabelece no Capítulo IV, Artigo 12:

“O fabricante, o produtor, o cons-trutor, nacional ou estrangeiro, e o im-portador respondem, independentemen-te da existência de culpa, pela reparaçãodos danos causados aos consumidorespor defeitos decorrentes de projeto, fa-bricação, construção, montagem, fórmu-las, manipulação, apresentação ou acon-dicionamento de seus produtos, bemcomo por informações insuficientes ouinadequadas sobre sua utilização e ris-cos”.

As sanções previstas nas duas leisvão desde uma multa até a interdiçãototal do estabelecimento ou obra, pas-sando por infrações criminais e penais,apreensão do produto, cassação do re-gistro, proibição de fabricação, cassa-ção de licença e intervenção administra-tiva.

Outro detalhe importante que de-vemos observar é a co-responsabilidadedaquele que vende um produto não nor-malizado ou aceita um serviço executa-do fora dos padrões da ABNT. O Códigode Defesa do Consumidor diz em seu ca-pítulo IV – que trata da Qualidade deProdutos e Serviços e da Prevenção e daReparação dos Danos, seção III - daResponsabilidade por Vício do Produto edo Serviço, em seu artigo 18:

“Os fornecedores de produtos deconsumo duráveis ou não duráveis res-pondem solidariamente pelos vícios dequalidade ou quantidade que os tornemimpróprios ou inadequados ao consumoa que se destinam ou lhes diminuam ovalor, assim como por aqueles decorren-tes da disparidade, com as indicaçõesconstantes do recipiente, da embalagem,rotulagem ou mensagem publicitária,respeitadas as variações decorrentes desua natureza, podendo o consumidor exi-gir a substituição das partes viciadas”.

Ainda neste mesmo aspecto, oArtigo 23 estabelece que o fornecedorde produtos e serviços não pode dizerque desconhece os vícios dos mesmos:

“A ignorância do fornecedor sobreos vícios de qualidade por inadequaçãodos produtos e serviços não o exime deresponsabilidade.”

Por último, o Artigo 18 em seuParágrafo 6.º - “São impróprios ao uso econsumo” -, inciso II estabelece:

“Os produtos deteriorados, alte-rados, adulterados, avariados, falsifica-dos, corrompidos, fraudados, nocivos àvida ou à saúde, perigosos ou, ainda,aqueles em desacordo com as normasregulamentares de fabricação, distribui-ção ou apresentação;”

Todas as partes da cadeia cons-trutiva são responsáveis pelos danos ouvícios que os serviços e produtos pos-sam apresentar. No entanto, o diretamen-te responsabilizado por reparar as per-das do consumidor é o fornecedor final.Portanto, o estabelecimento que vendeum produto fora de Norma ou o constru-tor que o utiliza na execução de uma obrasão automaticamente acionados pelajustiça em caso de reclamação.

O fornecedor que está preocupa-do com estas implicações exige dos fa-bricantes a comprovação de que o pro-duto está em condições de ser aplicado.

Desta forma, cumprir as NormasBrasileiras é, antes de tudo, cumprir a leie zelar pela qualidade de produtos e ser-viços.

1 INMETRO é uma autarquia federal, vinculada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, que atua como Secretaria Executiva do Conselho Nacional deMetrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Conmetro), colegiado interministerial, que é o órgão normativo do Sistema Nacional de Metrologia, Normalização e QualidadeIndustrial (Sinmetro). Objetivando integrar uma estrutura sistêmica articulada, o Sinmetro, o Conmetro e o Inmetro foram criados pela Lei 5.966, de 11 de dezembro de 1973,cabendo a este último substituir o então Instituto Nacional de Pesos e Medidas (INPM) e ampliar significativamente o seu raio de atuação a serviço da sociedade brasileira. No âmbitode sua ampla missão institucional, o Inmetro objetiva fortalecer as empresas nacionais, aumentando sua produtividade por meio da adoção de mecanismos destinados à melhoriada qualidade de produtos e serviços. Sua missão é promover a qualidade de vida do cidadão e a competitividade da economia através da metrologia e da qualidade.

1 CDC. Ministério da Justiça do Brasil, dentro do Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor, da Secretaria de Direito Econômico, ou órgão federal que venha substituí-lo,é organismo de coordenação da política do Sistema Nacional de Defesa do Consumidor, cabendo-lhe:I - planejar, elaborar, propor, coordenar e executar a política nacional de proteção ao consumidor;II - receber, analisar, avaliar e encaminhar consultas, denúncias ou sugestões apresentadas por entidades representativas ou pessoas jurídicas de direito público ou privado;III - prestar aos consumidores orientação permanente sobre seus direitos e garantias;IV - informar, conscientizar e motivar o consumidor através dos diferentes meios de comunicação;V - solicitar à polícia judiciária a instauração de inquérito policial para a apreciação de delito contra os consumidores, nos termos da legislação vigente;VI - representar ao Ministério Público competente para fins de adoção de medidas processuais no âmbito de suas atribuições;VII - levar ao conhecimento dos órgãos competentes as infrações de ordem administrativa que violarem os interesses difusos, coletivos, ou individuais dos consumidores;VIII - solicitar o concurso de órgãos e entidades da União, Estados, do Distrito Federal e Municípios, bem como auxiliar a fiscalização de preços, abastecimento, quantidade esegurança de bens e serviços;IX - incentivar, inclusive com recursos financeiros e outros programas especiais, a formação de entidades de defesa do consumidor pela população e pelos órgãos públicos estaduaise municipais;XIII - desenvolver outras atividades compatíveis com suas finalidades.Parágrafo único. Para a consecução de seus objetivos, o Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor poderá solicitar o concurso de órgãos e entidades de notória

especialização técnico-científica

As Normas Brasileiras e o Código de Defesa do Consumidor

Mensagem do IBRACONMensagem do IBRACON

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REVISTA CONCRETO 3

principal missão desta gestão tem sido a valorização dacadeia produtiva do concreto. Com esse foco o IBRACON temprocurado resgatar todos os intervenientes no processo construtivoem concreto, desde os geradores de conhecimento e inovação, ouseja, as Universidades e os Centros e Institutos de Pesquisa, atéas empresas e profissionais empreendedores do setor produtivo.

Ironicamente, o setor de fôrmas e escoramentos, que temuma incidência da ordem de 30% no custo total das estruturas deconcreto de edificações, historicamente não vinha participando deforma pró-ativa do esforço permanente do IBRACON em transferire difundir conhecimentos.

Felizmente, essa maior integração aconteceu e hoje as maisimportantes empresas do setor estão sócios mantenedores doIBRACON e estão comparti lhando seus conhecimentos com osdemais intervenientes. Registre-se a competente intermediaçãodo eng. Paulo Assahi, que é amplamente reconhecido no meiotécnico brasileiro. Seus trabalhos inovadores têm revolucionado aprodutividade do setor e valorizado a engenharia nacional de fôrmaspara concreto.

A importância do compartilhar, do difundir e da transferênciado conhecimento entre empresas e profissionais, entreuniversidades e setor produtivo, tem marcado positivamente ahistória do concreto e da construção civil no país que pode seorgulhar de ter uma trajetória de vitórias profícuas nesse campo.

Pode-se afirmar que a tecnologia do concreto no Brasilteve seu início com a implantação do Gabinete de Resistência dosMateriais, em 1899, na Escola Pol itécnica EPUSP. Nessa época,consoante com os ideais dos fundadores da POLI, o Gabinete serviaàs finalidades de ensino e pesquisa, ao mesmo tempo que prestavaserviços ao setor produtivo, especialmente na área de construçãocivil. Em 1926, passou a denominar-se Laboratório de Ensaios deMateriais e, a partir de 1934, Instituto de Pesquisas Tecnológicasdo Estado de São Paulo IPT.

A importância da integração universidade-setorempresarial começou com a publicação, pelo Grêmio Politécnico,do Manual de Resistência dos Materiais em 1905, no qualconstavam resultados de ensaios de cimentos, na época aindaimportados, pois o “novo” material concreto estava dando seusprimeiros passos.

A partir da década de 20, inicia-se a produção de cimentoPortland no país, há um grande desenvolvimento da construçãocivil e as obras de concreto armado passam a assumir cada vezmaior importância. No exterior são difundidos os trabalhos clássicosde René Ferét, Otto Graf e Duff Abrams sobre os princípios dedosagem dos concretos.

O professor e eng. Ary Frederico Torres, publica em 1927,o Boletim EPUSP n.1 intitulado “Dosagem dos Concretos”, que seconstitui na obra histórica de uma das mais bem sucedidas açõesde transferência de conhecimento e integração universidade-empresa.

Na década de 30, o também prof. e eng. Rômulo de LemosRomano, colaborador de Ary Torres na POLI, publica o BoletimEPUSP n. 5, no qual apresenta um balanço da situação dos cimentosexistentes no mercado naquela época. No Boletim EPUSP n.11, ambospropõem um método de ensaio das propriedades mecânicas doscimentos Portland.

Nascia aí a primeira norma brasileira, o Método de Ensaiode Cimento, o MB-1 da futura ABNT, fundada em 1940, que tambémpublica o primeiro procedimento NB-1 Projeto e Execução de Estruturasde Concreto e a primeira especificação brasileira EB-1 Especificaçãode Cimento Portland, e também a segunda EB 2 Agregados para Concreto.

Poucos tiveram consciência naquele momento da enormecontribuição pioneira do setor de concreto na industrial izaçãomoderna e sustentada deste país.

O prof. Ary Torres da POLI/IPT funda a AssociaçãoBrasileira de Cimento Portland (ABCP) e é seu primeiro presidente.Junto com outros pesquisadores insígnes ajuda também a fundar aABNT, entidade privada, moldada no mais puro conceito demodernidade industrial, cuja missão é ser o mais importante fórumde normalização consensual e voluntária do país, contribuindosobremaneira para o desenvolvimento sadio do parque industrialbrasileiro.

Um pouco antes, no Rio de Janeiro, em 1933, é fundado oInstituto Nacional de Tecnologia-INT. O eng. Alberto Pastor deOliveira, publica em 1939 a primeira aplicação dos conceitosestatísticos no controle da resistência à compressão do concreto,analisando 600 corpos-de-prova de uma mesma obra.

Hoje esses conceitos são automáticos e amplamenteutilizados por outros setores industriais.

Em 1951, o prof. e eng. Eládio Petrucci da UFRGS eCIENTEC (ITERS), apresenta o método de dosagem por ele

desenvolvido e que hoje é amplamente utilizado pelo IPT,pela POLI e por muitos outros centros de pesquisa eempresas no país e no exterior.

Eládio Petrucci transfere-se para São Paulo,assume a disciplina de Materiais de Construção da POLIe publica em 1963, o primeiro livro sobre “Concreto deCimento Portland” com patrocínio da ABCP, consolidandoa tecnologia do concreto no Brasil.Em 1972 o pesquisador e eng. Gilberto Molinari,demonstrando apurada visão tecnológica, funda no IPT,junto com Francisco Basílio da ABCP, Eládio Petrucci daPOLI, Falcão Bauer, Selmo Kuperman, Simão Priszkulnike Cláudio Sbrighi do IPT, Amaral, Geraldo Isaia da UFSM,Vasconcelos e tantos outros especialistas de renome, oInstituto Brasileiro do Concreto IBRACON, que passa arepresentar a partir de então o mais importante canal dedivulgação e de transferência de tecnologia dos trabalhossobre concreto no país.

As contribuições expressivas dospesquisadores IPTeanos, tais como Gilberto Molinari,Simão Priszkulnik e Yasuko Tezuka, que tambémexerceram a presidência do IBRACON, e maisrecentemente de Carlos Tango, Ércio Thomaz, CláudioSbrighi, Cláudio Miidieri, Pedro Kiri los, Maria AlbaCincotto, Ernan Silva, Eduardo Horta e tantos outrospara o desenvolvimento da construção civil no país, émemorável. Heraldo de Souza Githay, também do IPT,teve atuação destacada em Ilha Solteira e colaboroupara a instalação do primeiro laboratório de concreto deempresa no país, na então Centrais Elétricas do Estadode São Paulo CESP. Esse laboratório hoje em dia aindaatende não só o setor energético como também faz parteda capacitação laboratorial da UNESP na pesquisa e naformação de novos engenheiros.

Quanto vale hoje o conjunto de pesquisas,documentos, contribuições e conceitos produzidos comcompetência por essas 5 instituições “irmãs”; POLI, IPT,ABCP, ABNT e IBRACON, cujas missões secomplementam e se adaptam com pioneirismo a cadamomento da história industrial deste país?

Nas duas últimas décadas o desenvolvimentoe o conhecimento sobre tecnologia do concreto tem sidoamplamente difundido no país com inúmeros novoscentros de ensino e pesquisa, muitos dos quais formadosa partir das contribuições da POLI. Ainda assim, ascontribuições expressivas dos pesquisadores eprofissionais dessas entidades se destacam no contextoda construção civi l do país por seu pioneirismo,atualidade e conteúdo conceitual.

Hoje em dia é fácil e justo reconhecer a enormecontribuição da EMBRAPA na integração pesquisa-empresa agrícola; reconhecer uma estreita, profícua evitoriosa relação entre a EMBRAER e os engenheirosaeronáuticos formados pelo ITA, assim como é válidodefender e lutar por uma maior e permanente integraçãouniversidade-setor produtivo.

Mas é também válido orgulhar-se da vitoriosatrajetória de integração exemplar que a indústria daconstrução e seu carro-chefe “o concreto” vem dando aodesenvolvimento deste país, desde que pioneiramentedeu origem aos mais importantes meios perenes edemocráticos de transferência de tecnologia no Brasil.Vamos em frente...

Transferência de conhecimento e integraçãouniversidade-empresa

[email protected]

A

e ditorial

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REVISTA CONCRETO

converse com o ibracon

4

AS NORMAS BRASILEIRAS E O CÓDIGO DE

DEFESA DO CONSUMIDOR

Consideramos oportuno o IBRACON divulgar aimportância do respeito à normalização nacional na área deconcreto. Para tal enviamos em anexo um texto preparadopela Itambé e que foi revisado por nossa assessoria jurídica.

Jorge AokiSócio Mantenedor. Categoria Diamante. Curitiba

IBRACON: Oportuníssima sugestão imediatamenteacatada. Veja publicação neste número que está umpouco diferente do texto enviado por você com aintenção de ser mais didático e mais completo.

PRÊMIOS A ESTUDANTES

Gostaria de sugerir ao IBRACON instituir um prêmiosobre concreto especificamente voltado aos estudantes deENGENHARIA CIVIL, pois o engenheiro civil é o engenheiroda industria da construção civil que, por sua vez, é uma dasprofissões mais abrangentes em termos de atuaçãoprofissional. É o engenheiro civil que projeta e dimensionaestruturas de concreto armado, protendido, casas, pontes,portos, rodovias, infra-estrutura, além de ser uma dasprofissões mais antigas da humanidade, sempre voltada àmelhoria da qualidade de vida da sociedade a que serve.Respeitosamente,

Prof. Dr. Rudney C. QueirozProfessor Adjunto. Livre-Docente. Departamento de EngenhariaCivil

Sócio individual. Categoria Ouro. Unesp/Bauru

IBRACON: Coincidimos com suas opiniões sobre aimportância da engenharia e da arquitetura. OIBRACON sempre entendeu que prêmios são umaforma elegante de reconhecimento ao trabalhocompetente de alguns e, por outro lado, um forteinstrumento de estímulo à categoria, incluídos osestudantes. De momento, há três prêmios aestudantes, sendo dois prêmios específ icos aosestudantes de engenharia civil: APARATO DE PROTEÇÃO AOOVO (APO) E CONCREBOL. Em alguns casos, além doprêmio em dinheiro, o IBRACON tem ajudado nasviagens ao exterior para que o melhor grupo de cadaano possa bem representar o Brasil nas competiçõesinternacionais de concreto. O terceiro prêmio,denominado OUSADIA, está dedicado a estudantes dearquitetura e de engenharia que devem trabalharjuntos num projeto emblemático. Este ano dentro doconcurso OUSADIA, o DESAFIO2005 é realizar o projetode uma ponte para a Via Mangue em Recife. Nestecaso, o prêmio é um estágio de um mês num estúdiode arquitetura e num escritório de engenharia, ambosfamosos e reconhecidos. Neste ano de 2005, osestágios serão no estúdio do Arq. Ruy Ohtake e noescritório do Eng. Fernando Stuchi.

ARGAMASSA DE ASSENTAMENTO

Sou aluna do curso de Administração de Empresa daFAM - Faculdade de Americana/SP e junto com a minha equipeestamos desenvolvendo um projeto para apresentação nafaculdade. O Tema é sobre reciclagem e ao ler a tese dedoutorado e a dissertação de mestrado do Dr. Salomon MonyLevy, Coordenador do Comitê Técnico do IBRACON sobreMeio Ambiente, achamos bem informativo e interessantíssimoe pensamos que o IBRACON poderia nos ajudar. Estamos àprocura dos componentes da argamassa paraassentamento de blocos de concreto para alvenaria devedação e suas quantidades, para um saco de 20kg.Gostariamos muito de poder contar com a ajuda do IBRACON,pois fizemos várias tentativas com as empresas Votoran eMinercal, entre outras, e não conseguimos obter sucesso.Trata-se de um trabalho universitário, somente uma basede dados para constar. Estaremos aguardando ansiosamente.

Elisangela da Silva & Luciana BarbosaFuturas sócias

IBRACON: Na realidade fornecer um traço, ainda queseja para um trabalho universitário, semprerepresenta um certo risco. Imaginem que caia emmãos despreparadas que dele façam mau uso edepois justifiquem-se declarando que foi o traço emateriais fornecidos pelo IBRACON, pela Votoran, pelaMinercal ou qualquer outra empresa! Na verdade, umtraço e seus constituintes são específicos para cadacaso, cada tipo de vedação, se externa ou interna,se aparente ou revestida, para cada faixa de absorçãode água dos blocos de concreto, para cada tipo dereciclagem de entulho, se argilosos ou cimentícios,para cada forma de assentamento, etc. Para evitartodos esses riscos de recomendar algo que não seaplique bem ao caso específico, o IBRACON defendeque deve ser contratado um profissional para cadacaso e este deve responder pelo traço solidariamentecom os fornecedores dos materiais constituintes ecom os executores da obra. Dessa forma, o IBRACONacha que estará contribuindo para a defesa e avalorização da engenharia e do engenheiro civil. Sópara não ser muito chato, há uma regra geral querecomenda em volume: 1 parte de cimento Portlandtipo I, II, III ou IV; 2 a 3 partes de cal hidratada tipoI ou II; 9 a 12 de agregado miúdo dos quais até20% (em alguns casos pode chegar a 100%) podemser reciclados, aditivos incorporadores de ar; aditivosretardadores de pega; aditivos ou pigmentos coloridosse fôr o caso de argamassas coloridas; aditivospoliméricos tipo base PVA ou base acrílico segundocada caso; água potável com moderação. Tudo issomisturado numa argamassadeira e não numabetoneira, sempre lembrando de misturar uns 2 a 5dias antes a cal hidratada com a areia e, somente nomomento do uso, adicionar o cimento. Para sabermais sugerimos consultar as entidades parceiras:ABNT (www.abnt.org.br), ABCP (www.abcp.org.br);ABPC (www.abpc.org.br ); ABAI (www.abai.org.br ).

IBRACONConverse com o

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REVISTA CONCRETO

sibilidade dessa publicação. Isto não só pelos pleitos, maisdo que justos, que seriam divulgados com o Manifesto, mastambém pelo menor aproveitamento da mobilização geradaentre diversas entidades e instituições de grande importânciana Engenharia do país. A ABMS estará publicando o Manifestoem seu próximo Boletim e tentando viabilizar outras formasde divulgação com associações congêneres. Ficamosdisponíveis para uma cooperação em uma próximaoportunidade. Em particular, com relação ao evento sobrePontes e Viadutos, certamente a participação de umengenheiro geotécnico seria oportuna e adequada. Um exemplorecente, a ser debatido, refere-se à ponte da rodovia SPaulo-Curitiba. Se o assunto ainda puder ser estudado, sugerimostambém a área de Barragens. Recentemente, tivemos aruptura da Barragem de Camará, na Paraíba, ocorrida nocontato do concreto rolado com a rocha da fundação.Atenciosamente,

Prof. Dr. Alberto SayãoPresidente da ABMS. Associação Brasileira de Mecânica dos Solos

e Engenharia Geotécnica

IBRACON: Sem dúvida, desejamos unir esforços doIBRACON com tão renomada Instituição parceira. Deimediato, consideramos acertado a participação daABMS no evento de pontes organizado pelo IBRACONno dia 09 de maio 2005 e na discussão do temasegurança de barragens no CBC2005 em Olinda,Pernambuco de 2-7 de setembro de 2005.

PÓ DE PEDRA

Caro Prof. Paulo Helene: você poderia me ajudar numa

dúvida ? Algumas concreteiras estão utilizando em seus traçosa tal “areia artificial”. Não tenho conhecimentos sobre o quea mesma significa, e se ela pode alterar em algo ascaracterísticas mecânicas e de durabilidade do concretoestrutural. Obs.: Parabéns pelo seu trabalho a frente doIBRACON, e obrigado pelo cartão de sócio que recebi...Noteia tarja magnética...Dá pra sacar alguns US$ com ele???rs.....Abraços

Vicente Vidal GonzalezSócio individual. Categoria Ouro.

IBRACON: Areia artificial é o mesmo que o antigo PÓde PEDRA. Claro que não é o ideal para concreto,pois pede mais água e exige mais cimento por metrocúbico para uma mesma resistência. Porém, é umaquestão ambiental. As pedreiras só vendem brita sea concreteira der um final feliz ao pó de pedra quenão pode mais ser jogado no ambiente. Em resumo,trata-se de ônus aos concreteiros em benefício deuma qualidade de vida melhor para todos. Viva oconcreto!!! Saiba mais em II SUFFIB(www.finosdepedreira.com.br/suffib)

PUBLICAÇÕES TÉCNICAS

Estimado Profesor; en esta Semana Santa aprovechola ocasión para enviarle mis augurios de unas Felices Pascuasde Resurrección y reiterarle mi agradecimiento por sugenerosa colaboración. El material enviado por Uds. es unvalioso instrumento de conocimiento, trabajo y consulta paralas actividades docentes, la actualización profesional y laasistencia técnica a la Comunidad. Un afectuoso saludo,

Prof. Ing. Pablo M. MicheliINIC - Ingeniería – UNNE

calle Vélez Sársfield, 915, W3400 CWC. Corrientes. Argentina

IBRACON: Muchas gracias, seguimos en contacto. Ud.podrá contribuir aún más por la integración regionalasistiendo y participando del Congreso Brasileño deConcreto CBC2005 en Olinda/Recife, Pernambuco del2 al 7 de Septiembre, 2005. All í habrá muchasoportunidades de intercambio proficuo. Consultenuestra página www.ibracon.org.br

SEGURANÇA & RESPONSABILIDADES

Caro Prof. Helene; após ler seu texto sobre odesabamento do Edifício Areia Branca, no Recife, publicadono informativo eletrônico do IBRACON (19/10/2004), gostariade dizer que concordo com o Sr. em gênero, numero e grau.Entretanto, fico muito preocupado quanto ao exercício daprofissão de Engenheiro Civil. Fico preocupado pois, de certaforma (e agora gostaria que o Sr. entendesse o enfoque quedou às minhas palavras), não há a necessidade de umapessoa ser um profissional habilitado para que ele atue naengenharia civil. Digo isso, pois no último domingo noPrograma Fantástico (Rede Globo) foi exibida uma reportagemsobre a qualidade das cales nacionais, e o repórter perguntoua um pedreiro, qual a melhor “receita” de argamassa.Continuando a reportagem, um químico de laboratório, e nãoum engenheiro civil, teceu alguns comentários sobre as Calesnacionais. Fico preocupado com esta atitude, pois de umacerta forma, reportagens como esta instituem na sociedadeo conceito de que um pedreiro possui bons conhecimentossobre dosagem de traços de argamassas e concretos, sendoque de tal profissional não se exige sequer uma hora-aulade um curso técnico.

Certa vez, conversando com um amigo meu, quetambém é seu amigo, este me disse que a função do CREAé defender a sociedade de “nós” engenheiros. Será que oCREA também não deveria ter a responsabilidade de defendernossos interesses (sem corporativismo infanti l), combatendo “realmente” o exercício ilegal da profissão porpseudo-profissionais?

Como exemplo do exercício ilegal da profissão nocampo da medicina, posso citar que no colégio técnico noqual também leciono, o curso mais concorrido no vestibularé o de Técnico em Enfermagem. Esta concorrência é devidoao fato de que nenhuma pessoa pode ser contratada emuma clinica médica nem para fazer um simples curativo, seesta pessoa não possuir “x” horas de aulas em um cursotécnico, sendo este profissional e clínica fiscalizados peloCOREN (Conselho Regional de Enfermagem), que assim evitao exercício da profissão por profissional não habilitado.

Será que a partir do momento que for instituído nasociedade que a engenharia civil deve ser praticada porengenheiros civis, não ficaria mais fácil também instituirmosos conceitos de “durabilidade” e de “manutenção preventiva”nas edificações e obras de arte tão necessários à EngenhariaCivil?

Prof. Eng. Roberto Ramos de FreitasSócio Individual. Categoria Ouro. São José do Rio Preto/SP

Prezado Prof. Paulo Helene: excelente artigo e iniciativa doIBRACON abrindo a discussão sobre segurança eresponsabilidades. Vou divulgá-lo junto à Associação dosEngenheiros e Arquitetos de Nova Friburgo / RJ (AEANF)para discussão do tema e orientação dos profissionaisenvolvidos em projetos e execução.

Eng. Ricardo Raphael Bonan de AguiarPresidente da AEANF. 1993-1995

Sócio individual. Categoria Ouro. Nova Friburgo/RJ

IBRACON: O IBRACON está firme na defesa e valorizaçãoda engenharia e do engenheiro civi l. Juntospodemos mais. Pretende-se começar ainda nesteano de 2005 o Programa IBRACON de Certificaçãode Mão de Obra especializada para estruturas deconcreto (argamassas e pastas), já exigido pelaPetrobrás e outras grandes e esclarecidas empresas.Além disso, estamos divulgando e queremosimplementar as recomendações constantes doMANIFESTO PÚBLICO, publicado na íntegra nonúmero anterior (CONCRETO n. 37).

MANIFESTO PÚBLICO EM DEFESA DA ENGENHARIA CIVIL

Prezados colegas do IBRACON: apesar de entender osmotivos de porquê o IBRACON não irá publicar o Manifesto

em jornais de grande circulação, a ABMS lamenta a impos-

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Page 6: Revista_Concreto_38.pdf

REVISTA CONCRETO

personalidade enTrevistada

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Paulo N. Assahi é sócio-diretor da ASSAHI

ENGENHARIA LTDA, empresa especializada

em consultoria e projeto de fôrma, que, nos

últimos 20 anos, foi responsável por mais de

1.000 projetos de fôrmas. Formado em

engenharia civil em 1974, pela POLI-USP,

atualmente, é professor convidado do curso

MBA – PECE/EPUSP e autor de vários artigos

técnicos publicados em revistas técnicas de

engenharia.

IBRACON: Qual é a importânciado sistema de fôrmas para aconstrução civil brasileira emconcreto? Em que medida osistema contribui para aprodutividade, a rentabilidade, aqualidade, a integração e aevolução do setor construtivo?

ASSAHI: A fôrma é um dossubsistemas dos muitos dosistema construtivo, mas comparticularidade única: é o queinicia todo o processo produtivo.Ela passa a ser referência paraos demais e exerce forteinfluência na qualidade, prazo ecusto da construção. O prumo,nível, alinhamento e esquadrodas peças estruturais, queresultam da correta utilização dafôrma são pré-requisitos básicosnecessários para todos os demaissubsistemas. A fôrma é a únicaresponsável pela geometria doselementos estruturais.

Quanto à melhoria daprodutividade, da qualidade, daintegração que você se refere,um dos passos fundamentais é aeliminação dos desperdícios, demateriais e de tempo, aindamuito comum nos canteiros deobra. Veja que a maioria destesdesperdícios têm origem nafôrma. São os enchimentos deargamassa ou correções quenecessitam até de pequenasdemoliçãos para corrigir errosgeométricos da estrutura malmoldada. Além disso, uma grandeparte das patologias observadasnos edifícios concluídos pode ter,também, origem na fôrma. Asfreqüentes trincas na estrutura ouna vedação são, na maioria dasvezes, conseqüências dadeformação ou mobil idade

AssahiPaulo

Page 7: Revista_Concreto_38.pdf

REVISTA CONCRETO 7

estruturais que favoreçam a produtividade,eliminando-se as vigas, projetando-se somente compilares e lajes e com padronização de medidas. Afarta utilização dos equipamentos de transportestambém é essencial para melhorar a produtividade.

Os problemas enfrentados pelo setor desistemas de fôrmas sâo justamente estes. A maioriadeles tem origem européia e os seus equipamentossão adequados para a estrutura que eles praticamno seu país de origem. Para se adaptar ao do Brasilé necessário fazer várias modificações, comofundos falsos ou caixões perdidos, perdendo acompetitividade.

IBRACON: Então, o que precisa ser feito pelo setorno sentido de melhorar a adequabilidade no uso dosistema de fôrmas? As empresas de fôrmas no Brasilprecisam padronizar seus produtos? Precisam terum corpo técnico forte para dar assistência técnicaaos construtores?

ASSAHI: Para se adequar aosnossos padrões de produção,existem dois caminhos: ou semodifica o partido estrutural, oque significa que a estruturaconsumirá mais concreto e aço,que irá custar mais, ou se criaacessórios ou complementos quefacil itam ou melhoram a suaadaptação, o que significa maiorinvestimento por parte dosfornecedores de sistema. E ainda,não se pode esquecer que fôrmaé um equipamento, e como tal,precisa de manual de utilizaçãofornecido pelo fabricante. Atravésdo correto manuseio é que seobtém os resultados esperados.

Tecnicamente, no nosso meio, chamamos essemanual de PES – Procedimento de Execução deServiço. Todo sistema de fôrma deveria terprocedimentos rígidos integrados ao sistema, quenão podem ser ignorados. Para isso é necessáriopermanente serviço de assistência técnica, de nívelsuperior, para orientar toda a equipe de produção,com abrangência total, desde engenheiro residente,mestres, até os carpinteiros.

Quanto a padronização, a iniciativa nãodeverá ser somente por parte dos fabricantes defôrma. É preciso que toda a cadeia produtiva siganormas de padronização, iniciando-se pelosprojetistas. Se todo projeto estrutural nascer commedidas de seus elementos padronizados,conseguem-se, com certeza, resultados melhorescom sistema, cujas peças serão, também,padronizadas. No entanto, cada projeto tem suaparticularidade, como a medida de piso a piso oualtura de viga que variam de 1 em 1 cm. Dentrodeste cenário, fica impraticável qualquer tentativaisolada, para se obter esta padronização.

E, quanto a melhoria de produtividade, vejoque é preciso passar, antes, pela melhoria do graude qualificação dos nossos operários, entenden-

excessiva da estrutura causada pela má utilizaçãodo sistema de fôrma. O excesso de sobrecargadevido aos revestimentos e enchimentos, jámencionados, não previstos nos cálculos tambémsão apontados como causador de patologias, motivode altos custos e desgaste da imagem que oneraos construtores pós-entrega.

Portanto, não é exagero dizer que, para seobter o empreendimento com qualidade,produtividade, custos competitivos, é imprescindíveliniciá-lo com sistema de fôrma tecnologicamentecorreto com controles rígidos de execução.

IBRACON: Qual é o nível tecnológico do sistema defôrmas brasileiro? Quais as razões para tal níveltecnológico?

ASSAHI: Com as facilidades proporcionadascom a globalização, hoje, podemos optar pelosistema ou equipamentos utilizados em qualquerpaís da Europa, da Américado Norte ou da Ásia. Mascada país tem suasparticularidades culturais equalificação diferenciadada mão-de-obra quedeterminam a opção estru-tural e processo produtivo.O nosso processo usual,comparado aos dos outrospaíses, ainda é poucoindustrializado, artesanal,com mínima utilização deequipamentos de trans-porte, tais como as gruase guindastes. Mesmoassim, eu diria que nosúltimos 35 anos, ou seja,depois que o eng. ToshioUeno começou a estudar a fôrma, o níveltecnológico deu saltos na evolução. Hoje, a fôrmaé assunto para especialistas, normalmenteengenheiros civis com larga experiência naprodução de estrutura e até doutores em fôrma.Isto porque, houve a percepção da sua importância,e também, da sua representatividade nos custosda obra, que gira em torno de 7%.

IBRACON: Quais os problemas enfrentados pelosetor de sistemas de fôrmas no mercado nacional?Por que a produtividade do sistema de fôrmasbrasileiro não é a mesma dos países desenvolvidos?

ASSAHI: A produtividade ainda não alcançou osíndices dos países desenvolvidos, mas a evolução,como eu já disse, foi muito grande. Numa estruturapredial, mesmo com partido que não favorece aprodutividade, com pilares, vigas e lajes comdimensões reduzidas, é possível executá-la comíndices que variam entre 0,50 a 1,00 horas/m2 antea 3,00 a 4,00 horas/m2 que se gastava na décadade 60. Para melhorar, chegar perto dos índices dospaíses mais evoluídos, da ordem de 0,20 a 0,30horas/m2 basta apenas adotar os partidos

Para se obter um

empreendimento de

qualidade, produtividade e

custos competitivos é

imprescindível o uso

correto do sistema

de fôrmas.

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REVISTA CONCRETO

do-a como a junção da habilidade profissional coma postura profissional, ou seja, de obediência aosprocedimentos, respeito a hierarquia, consciênciade trabalho em equipe, etc.

Portanto, tenho a opinião de que as empresasque quiserem se destacar com serviçosdiferenciados precisa continuar investindo na áreatécnica, para desenvolvimento de novos produtos,específicos para os nossos padrões de execução ena qualificação de profissionaispara assistência técnica, de nívelsuperior.

IBRACON: E o que precisa paramelhorar a qualidade daestrutura moldada? As empresasde sistemas têm condições degarantir a qualidade esperadapelos contratantes?

ASSAHI: Vejo, com satis-fação, que a evolução naqualidade da estrutura, não sóna sua geometria, mas principalmente na preser-vação das características do seu desempenho foiperceptível nas últimas décadas. É lógico que nemo projetista de fôrma, muito menos o fornecedordo sistema pode melhorar o que o projetistaestrutural especificou, mas o manuseio incorretoda fôrma pode piorá-lo muito. Para isso, o assistentetécnico deve trabalhar, não somente na orientaçãoda montagem, mas para auxiliar na conscientizaçãoda necessidade de cuidados básicos, tais como atratamento de juntas, cura do concreto,estanqueidade da fôrma, enfim, em todos osquesitos que fazem parte dos procedimentos de boaexecução da estrutura de concreto. Isto porque,um assistente técnico, muitas vezes é conduzido aexercer o papel de consultor de execução daestrutura por falta de um técnico específico paraeste fim. É desejável, portanto que ele domine, nãosomente os conhecimentos pertinentes demontagem do sistema, mas também, dosprocedimentos e cuidados básicos necessários paracorreta execução da estrutura de concreto.

IBRACON: É possível preservar todas ascaracterísticas de desempenho projetado comexecução da estrutura com ciclo de 1 laje/semanacomo acontece, principalmente, em S. Paulo?

ASSAHI: O eng. Toshio Ueno, nos fins da décadade 60, introduziu o conceito de reescoramento parapossibilitar a execução da laje com ciclo de 1 laje/semana, utilizando-se apenas 1 jogo de fôrma.Todos diziam, na época, que era ousadia, quase nolimite do razoável. Mas, com todas as análisescuidadosas e estudos técnicos que o embasava,dava a confiabilidade necessária para se tornaruma prática comum nos dias de hoje. Atualmente,nós temos maior acesso aos conhecimentos docomportamento de concreto na sua fase de cura,como também, ferramentas, como computador,

para aprimorar os cálculos matemáticos. Com estasfacilidades, digo hoje, que é uma ousadia, quase nolimite do razoável. O projetista de fôrma, além dosconhecimentos pertinentes para projetá-la, deveestudar o comportamento e as características deresistência e deformabilidade do concreto ao longodo tempo, como também, de todos os equipamentose materiais que compõem o sistema de fôrma. Éum assunto relevante e muito complexo. Esta revista(Revista IBRACON - abril/junho de 98) publicou um

estudo assinado pela equipe doDep. de Engenharia de Estruturada EE de S. Carlos-USP (Profs.Almeida Prado, Ramalho eCorrea) num trabalho onde fazalgumas alertas sobre o assunto.Eles concluem que as “açõesconstrutivas que surgem emdecorrência da execução sãobastante diferentes das açõesnormalmente consideradas nosprojetos e que elas atuam emidades iniciais do concreto, antesde seu total amadurecimento,sendo responsáveis por diversoscasos de colapso estrutura”. É

necessário, portanto, a consciência de que estamospraticando processo tecnicamente consagrado, masque não permite erros, sob pena de prejudicar ocomportamento da estrutura para sempre, ou atémesmo, derrubá-la.

IBRACON: Como é o relacionamento e a comunicaçãoentre o especialista em projetos de fôrmas e osdemais agentes da cadeia produtiva do concreto(projetistas; construtores; mestre-de-obra; mão-de-obra)? Quais os critérios do projeto de fôrmas ecomo tais critérios são entendidos e viabilizadospelos demais agentes?

ASSAHI: Eu tenho certa facilidade em relacionar-se,tanto com outros projetistas como também com aequipe de obra, mesmo porque iniciei a minhacarreira profissional como projetista estrutural edepois, como engenheiro de campo por 10 anos,antes de atuar como projetista de fôrma. Em muitasconstrutoras tenho a oportunidade de participar doprocesso de elaboração dos projetos desde o início,desde o estudo da pré-forma, junto com projetistaestrutural, embora não seja, ainda, regra geral.Nestas reuniões faço sempre o papel do executor,que com verbas limitadas e com prazos apertados,precisa executá-la. A minha visão é sempre deproporcionar boa construtibilidade, resolvendo osproblemas estruturais com elementos de geometriassimples e repetitivas para facilitar a produção. Osresultados sempre têm sido diferenciados, naprodutividade e no custo. Quanto ao relacionamentocom pessoal de obra, com mestres e carpinteiros, éo que me dá maior motivação pela potencialidadede melhoria que pode proporcionar. Parto sempredo princípio de que não tem equipe incompetente,mas mal instruída e mal treinada. As palestras detreinamento no canteiro de obra, indispensáveis, têmdado retornos, muitas vezes, acima dasexpectativas.

Estamos praticando

processo tecnicamente

consagrado, mas que

não permite erros, sob

pena de prejudicar a

estrutura.

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REVISTA CONCRETO

IBRACON: Quais são os tipos de sistemas de fôrmase quais os critérios de preferência de umrelativamente aos outros?

ASSAHI: Definimos sistema como conjuntocompleto, incluindo a própria fôrma, cimbramentoe todos os acessórios necessários para a montagem.O mais comum, nas obras prediais, é o sistemamisto, ou seja, a fôrma em madeira compensadareforçada com sarrafos e cimbramento metálico, emtorres ou escoras metálicas, normalmente alugadase acessórios metálicos, normalmente adquiridas.Existem sistemas completos, de madeira, fornecidospela empresas madeireiras ou metálicas dasempresas de equipamentos, algumas multinacionais.O critério para escolha é adequabilidade, vista sobóptica sistêmica. A fôrma precisa ter característicasde praticidade, eficiência e durabilidade adequadasà tipologia da estrutura que se pretende executar.Deve, também, atender quesitos que vêm das outrasnecessidades, das que provêm das condições docanteiro, região em que se encontra, equipamentosde transporte disponíveis, logística, etc. Evidenteque o seu custo é, um dos fatores determinantes,embora muitas pessoas confundem o custo compreço inicial, de aquisição. Há necessidade de estudominucioso para apurar o seu custo, pois ele é asomatória de vários, de aquisição ou locação, deoperação, de manutenção e outros indiretos, nãosendo o inicial, o único e nem o mais representativo.

IBRACON: Quais são as tendências do setor emtermos mercadológicos e tecnológicos? Houve umrecuo do setor brasileiro da construção civil no usodo sistema de fôrmas? Por quê? Essa tendência podeser revertida? Como?

ASSAHI: A tendência será sempre estabelecidapelo mercado. O avanço tecnológico, até agora, foiem função da necessidade e solicitação dosconstrutores, pressionadas pela acirradaconcorrência que exige dosfornecedores avanços natecnologia para seencontrar o melhorequil íbrio da qualidade,prazo e custo. E acreditoque continuará a ser opropulsor necessário, nãosomente no setor desistema de fôrma, mas emtodos os setores da cadeiraprodutiva.

Por outro lado, oavanço não se estabeleceapenas com o desenvol-vimento tecnológico dosistema, mas paralela-mente com a qualificaçãoda nossa mão-de-obra.

Não vejo recuo, como você mencionou, nouso do sistema de fôrmas industrializadas, mastambém, não vejo muito esforço, por parte das

construtoras, em uti l izá-lo mais do que vêmutilizando. Vejo, sim, que na medida em que atipologia da estrutura sofra mudanças, o que deveráacontecer, pressionada pelas mudanças narepresentatividade dos preços dos insumos que ocompõem e, principalmente, da mão-de-obra e dosequipamentos, haverá, com certeza, maior procurapelos sistemas industrializados na tentativa deencontrar outro ponto de equilíbrio.

Para reverter e acelerar estas tendências énecessário que os empresários do setor trabalhemcom maior abrangência. Aqueles que trabalham comsistema com predominância no uso de madeira, deveparticipar, junto com associações dos fornecedoresde madeira para melhorar os seus serviços, comotambém, aqueles que trabalham com sistemasmetálicos, pesados, que precisam da utilização dealgum equipamento específico, por exemplo a grua,deve trabalhar junto com empresários do setor paraproporcionar ao contratante reais vantagens técnicase econômicas, muitas vezes imperceptíveis a nãoespecialistas.

IBRACON: Como você vê o papel do IBRACON namelhoria de projeto e execução de fôrmas no país?

ASSAHI: Embora eu seja sócio recente doIBRACON, venho acompanhando o seu trabalho delonga data. Alguns dos seus artigos técnicospublicados têm sido base para melhoria no processode produção da estrutura, ora, mediante adoção devalores diferenciados conforme às características doconcreto, ora, através de adoção de maiorescuidados operacionais. Acredito que, também paraoutros profissionais que lidam com concreto, é defundamental importância a existência de um instituto,de alta credibilidade como é o IBRACON, para sereferenciar e desenvolver seus trabalhos.

O concreto, mesmo com característicasespeciais, desenvolvido com tecnologia de ultima

geração, terá efetivo valor àsociedade a partir domomento em que,compondo-se com aço efôrma, se tornar umaestrutura diferenciada,particular, inédita. Portanto,para os projetistasestruturais e de produção,especificamente de fôrma ecimbramento, acompanharas evoluções promovidas noconcreto é uma necessidadeprofissional. Por exemplo, afôrma para concreto auto-adensável deverá serdiferenciada da tradicional,tanto no dimensionamentodos empuxos quanto nanecessidade da perfeita

estanqueidade, necessidades que só se descobreatravés das publicações especializadas, como é oda IBRACON, ou após um fracasso na suamoldagem.

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O concreto consolida

seu valor social na medida

em que, com o aço e a

fôrma, compõe uma

estrutura diferenciada

e inédita.

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REVISTA CONCRETO

Em qualquer processo de fabrico industrial ageração de resíduos é inevitável. Não existindotecnologia apropriada para a reuti l ização ou areciclagem dos resíduos, estes serão depositados deuma forma desordenada, o que gera inúmerosproblemas para o meio ambiente.

A construção civil é o maior gerador de resíduosde toda a sociedade, além de ser responsável por cercade 40% do consumo de recursos naturais extraídos[1]. Entre os resíduos gerados pela construção civil,os resíduos de betão são os que apresentam maiorpotencial de reciclagem, pelo conhecimento das suaspropriedades básicas e da menor heterogeneidade econtaminação com outros materiais, quandocomparados com outras fracções minerais dos resíduosda construção.

A utilização de agregados reciclados de resíduosde betão na produção de novos betões contribuirá querpara a preservação de recursos naturais nãorenováveis, quer para a diminuição do volume deresíduos depositados em aterros [2].

Nesta comunicação apresentam-se osresultados de uma campanha experimental realizadano IST, com o intuito de avaliar a resistência àcompressão e o módulo de elasticidade de betõesproduzidos com agregados grossos reciclados debetão. Para tal, moldaram-se provetes com um betãode referência, com agregados grossos naturais, e doisbetões com agregados grossos reciclados de um betãooriginal produzido em laboratório, em substituiçãovolumétrica de 50 e 100% dos agregados grossosnaturais. Para cada tipo de betão avaliou-se a variaçãoda resistência à compressão e do módulo deelasticidade com a relação água/cimento, comparando-se os resultados. Para os betões com agregadosreciclados estudou-se também a variação daquelaspropriedades mecânicas com o teor de agregadosreciclados.

Campanha experimental

Considerações introdutórias

O objectivo deste trabalho deinvestigação consistiu em avaliar a influênciada incorporação de agregados grossosreciclados de betão (AGR), em substituiçãodos agregados grossos naturais (AGN), naresistência à compressão e no módulo deelasticidade de novos betões.

Os agregados reciclados foramproduzidos a partir de um betão originalmoldado em laboratório. Para a trituração dobetão original utilizou-se um triturador demaxilas.

Em conformidade com as dimensões daboca de alimentação do triturador, forammoldados elementos de betão com geometriasemi-cilíndrica, de aproximadamente 12 cmde diâmetro (Fig.1).

Após a desmoldagem, as peças de betãoforam colocadas numa câmara de curahúmida, durante 30 dias, até a data datrituração.

Betão com AgregadosGrossos Reciclados

de Betão

Resistência à Compressão e Módulo de Elasticidade

Fig.1 - Elementos de betão no triturador

José Roberto Santos,Prof. Assistente ICIST;Fernando Branco,Prof. Catedrático ICIST;Nuno Almeida,Eng. Civil ICIST. Portugal

Acontece

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REVISTA CONCRETO Acontece

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Metodologia na Produção dos Betões

Neste trabalho experimental foram produzidostrês tipos de betão: um betão de referência comagregados naturais (BAGN), um betão com teor deincorporação de agregados grossos reciclados de 50%(BAGR50), em volume, e outro betão com teor deagregados grossos reciclados de 100% (BAGR100),também em volume. Para cada tipo de betão foramprojectadas três composições com diferentes relaçõeságua/cimento (a

t/c), sendo a

t a quantidade total de

água utilizada nas amassaduras.

Em cada tipo de betão, as proporções dosmateriais constituintes foram determinadas de acordocom a técnica proposta por Helene [3], na qual sãodefinidos os seguintes parâmetros:

Para o BAGN, inicialmente, acertou-se ex-perimentalmente o teor ideal de argamassa para umtraço intermédio, ou seja, m igual a 5. Conhecidos os

valores de α e m, foi possível determinar a e p,necessários para determinar os consumos em massade agregados finos e grossos.

A relação at/c foi determinada experimentalmen-

te em função do abaixamento pretendido, no caso,70±10 mm. Através da amassadura experimentalavaliou-se também o consumo de cimento por m3 debetão (C), utilizando-se a seguinte expressão:

onde: γf - massa volúmica do betão fresco,

obtida experimentalmente.

As outras duas composições relativas ao BAGNforam concebidas para valores de m de 3,5 e 6,5,referentes a betões com resistência à compressãosuperior e inferior, respectivamente, em relação àcomposição com m igual a 5.

Para estas duas composições manteve-se o teorideal de argamassa determinado na mistura com migual a 5, bem como o abaixamento de 70±10 mm. Apartir das composições do BAGN, foram projectadasas composições do BAGR50 e do BAGR100, mantendo-se constante o abaixamento e a relação agregadosfinos/cimento. As massas de AGR foram ajustadas deforma a que os BAGR50 e BAGR100 tivessem o mesmovolume de agregados grossos do BAGN. Isto foi feitoem função dos valores das massas volúmicas domaterial seco dos AGN e AGR.

Quando os agregados reciclados de betão nacondição seco ao ar são misturados com pasta decimento ou argamassa, supõe-se que absorverão parteda água que é adicionada durante a amassadura dobetão [4].

Como a utilização de agregados reciclados nacondição saturados superfície seca é muito difícil,decidiu-se usá-los no estado seco ao ar e avaliar ocoeficiente de absorção efectivo, de acordo com umatécnica desenvolvida por Barra [5].

Os AGR foram inicialmente misturados com aágua (Fig.2) durante um certo intervalo de tempo eposteriormente foram acrescentados cimento e areia,nesta ordem.

Segundo aquela técnica, na data dasamassaduras, montaram-se provetes com AGR emisturaram-se manualmente os mesmos com umaquantidade de água proporcional à utilizada nasbetonagens. Nesta simulação, os AGR estiveram emcontacto com a água por um período igual ao adoptadonas amassaduras.

A partir do coeficiente de absorção efectivo dosagregados grossos reciclados, determinou-se para osAGR50 e AGR100 a relação água/cimento efectiva (a/c), considerando a quantidade de água efectiva napasta, sendo que aquela foi posteriormenterelacionada com a resistência à compressão e omódulo de elasticidade dos betões.

Materiais

Cimento

Na produção quer do betão original, quer dosBAGN, BAGR50 e BAGR100 utilizou-se cimento do tipoCEM II/B-L 32,5, com massa volúmica de 3,04 g/cm3

e superfície específica de 3866 cm2/g.

Agregados

Em todos os tipos de betão foi utilizado comoagregado fino uma areia rolada obtida a partir dedepósitos localizados junto ao rio Tejo, comgranulometria 0,149/2,38 mm. Em relação aosagregados grossos naturais optou-se por duas britasde origem calcária, uma brita 2 com granulometria9,51/19 mm e uma brita 1 com granulometria 4,76/12,7 mm. Saliente-se que foram utilizados nos betõesoriginal, BAGN e BAGR50, agregados grossos naturaisda mesma procedência.

Fig.2 - Mistura dos agregados reciclados com a água

em que:

m - relação agregados secos/cimento,em massa;

a - relação agregados finos secos/cimento, em

massa;

p - relação agregados grossos secos/cimento, em

massa;

α - teor de argamassa seca, em termos

percentuais.

m = a + p (1)

α = 1 + a

X 100 (2)1 + m

C = 1 + a + p + at/c

(3)γf

Page 12: Revista_Concreto_38.pdf

REVISTA CONCRETO

Para a produção dos agregados grossosreciclados, foi moldado em laboratório um betãooriginal com a seguinte composição, definida com baseem [3]:

Cimento = 362 kg/m3, brita 2 = 717 kg/m3,

brita 1 = 478 kg/m3, areia = 615 kg/m3,

at/c = 0,52

Com esta composição, o abaixamento obtido foi70±10 mm e para a tensão de rotura à compressãoatingiram-se os valores de 21 MPa aos 7 dias e 29,6MPa aos 28 dias.

Composições dos Betões

Para limitar o número de variáveis quando daanálise dos resultados, optou-se por utilizar os AGRcom a mesma composição granulométrica dos AGN.As composições dos nove tipos de betão estãoapresentadas no Quadro 1.

Análise de Resultados

Caracterização dos Agregados

Os resultados dos ensaios de caracterização dosagregados apresentam-se no Quadro 2. Da análise doQuadro 2, pode-se concluir que os AGR apresentavamvalores superiores de absorção de água e inferioresde massas volúmicas e baridade, comparativamentecom os dos AGN. Isto resulta da argamassa do betãooriginal ligada àqueles [2].

Em relação às propriedades relacionadas coma resistência dos agregados grossos, conclui-se queos AGR tinham resistência ao esmagamento e aodesgaste inferiores às dos AGN (para a brita 1, 21%nas duas propriedades, e no caso da brita 2, 67% parao esmagamento e 95% para a perda por desgaste).No entanto, os valores dos AGR cumpriam os limitesregulamentares para agregados destinados à produçãode betão estrutural [6].

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BETÃOBETÃO CIMENTOCIMENTO(kg/m3)

BRITA 2NATURALBRITA 2

NATURAL(kg/m3)

BRITA 1NATURALBRITA 1

NATURAL(kg/m3)

BRITA 2RECICLADO

BRITA 2RECICLADO(kg/m3)

BRITA 1RECICLADO

BRITA 1RECICLADO(kg/m3)

AREIAAREIA(kg/m3)

at/cat/c

BAGNm =3,5

BAGNm =5

BAGNm =6,5

BAGR50m =3,35

BAGR50m =4,83

BAGR50m =6,29

BAGR100m =3,22

BAGR100m =4,64

BAGR100m =6,06

491 727,8 485,2 - - 506 0,41

367 726,6 484,4 - - 624 0,51

291 719,4 479,6 - - 693 0,63

492 363 242 321,6 214,4 507 0,45

368 364,2 242,8 326,8 217,8 626 0,55

293 364,2 242,8 323,4 215,6 697 0,70

493 - - 648 432 508 0,49

370 - - 652,8 435,2 629 0,59

295 - - 651,6 434,4 702 0,74

PROPRIEDADEPROPRIEDADE AREIAAREIA BRITA 1BRITA 1 BRITA 2BRITA 2 BRITA 1RECICLADA

BRITA 1RECICLADA

BRITA 2RECICLADA

BRITA 2RECICLADA

Absorção de água (%)

Massa volúmica (kg/m3)

Massa volúmicaimpermeável (kg/m3)

Baridade (kg/m3)

Esmagamento (%)

Perda por desgasteLos Angeles (%)

Massa volúmica saturadosuperfície seca (kg/m3)

Máxima dimensão (mm)

0,6NP 954

1NP 581

0,5NP 581

7NP 581

5,5NP 581

2536NP 954

2640NP 581

2617NP 581

2250NP 581

2316NP 581

2575NP 954

2713NP 581

2652NP 581

2667NP 581

2657NP 581

2561NP 954

2667NP 581

2630NP 581

2407NP 581

2445NP 581

1545NP 954

1583NP 955

1587NP 955

1294NP 955

1342NP 955

-

-

2,38NP 1379

28NP 1039

18NP 1039

34NP 1039

30NP 1039

33E 237

20E 237

40E 237

39E 237

12,7NP 1379

19NP 1379

12,7NP 1379

19NP 1379

Quadro 1 - Composições dos betões

Quadro 2 - Propriedades dos Agregados

Page 13: Revista_Concreto_38.pdf

REVISTA CONCRETO Acontece

No Quadro 3 estão também apresentados osvalores de a/c, calculados para os BAGR em funçãodo coeficiente de absorção efectivo dos AGR.

O BAGN foi produzido para um valor de α igual

a 45%, sendo que para os BAGR50 e BAGR100 aquelevalor era ligeiramente superior em função dos ajustesfeitos nas massas de AGR.

Com base nos resultados apresentados noQuadro 3, conclui-se que a massa volúmica dos betõescom AGR era inferior à dos betões com AGN, e queaquela diminuía com o aumento do teor de AGR. Istoadvém dos valores inferiores da massa volúmica dosagregados reciclados.

Propriedades Mecânicas

A tensão de rotura à compressão foi avaliadade acordo com a especificação LNEC E226 e a normaNP 1383, enquanto que para o módulo de elasticidadeutilizou-se a especificação LNEC E397.

No Quadro 4 apresentam-se os resultados daspropriedades mecânicas dos betões avaliadasexperimentalmente neste trabalho de investigação,nomeadamente a tensão de rotura à compressão aos

7 (fcm,7

) e 28 dias (fcm,28

) e o módulo de elasticidade aos

35 dias (Ec).

Propriedades do Betão Fresco

O Quadro 3 apresenta os resultados daspropriedades avaliadas no estado fresco para todosos tipos de betões. Saliente-se que as misturascorrespondentes a todos os betões foram preparadasseguindo a mesma metodologia.

Quadro 4 - Propriedades Mecânicas dos Betões

Resistência à Compressão

Em relação a resistência à compressão, daanálise do Quadro 4 pode-se afirmar que os BAGRapresentaram de uma forma geral valores inferiores,quer aos 7, quer aos 28 dias. Comprovou-se tambémque as diferenças aumentavam com a diminuição dosvalores de a/c e com o aumento do teor de AGR [7].

Com os valores de fcm,28

, construiu-se umdiagrama (diagrama de dosagem), relacionando estescom a/c, a/c com m e m com C (Fig.3), para o BAGNe os BAGR.

Com base no diagrama da Fig.3 pode-se concluir

que:

· a variação de fc com a/c para os BAGR segue

também a lei de Abrams, do tipo exponencial,tal como os BAGN (obtiveram-se coeficientesde determinação superiores a 0,98);

· para um mesmo valor de a/c, os valores de fc

o BAGR100 são sempre inferiores aos do BAGN,sendo que a diferença aumenta com a diminui-ção do valor de a/c (para a/c = 0,4 a diferen-ça é de 8% e para a/c = 0,7 a diferença passaa 3%);

· comparando o BAGR50 com o BAGN, o valor de

fc do primeiro é 4% inferior ao do segundo para

a/c = 0,4, e a partir de a/c = 0,5 os valores defc são praticamente iguais;

· em relação ao consumo de cimento (C), por

exemplo, para se atingir um valor de fc de 30

MPa seria necessário um consumo de cimento4% superior para o BAGR50 e 10% superiorpara o BAGR100, em relação ao necessário parao BAGN.

Fig.3 - Diagrama de dosagem para fcm,28

13

BETÃO

MassaVolúmica(kg/m3)

at/c a/c

BAGN (m=3,5)

BAGN (m=5)

BAGN (m=6,5)

BAGR50 (m=3,35)

BAGR50 (m=4,83)

BAGR50 (m=6,29)

BAGR100 (m=3,22)

BAGR100 (m=4,64)

BAGR100 (m=6,06)

2410 0,41 0,41

2389 0,51 0,51

2365 0,63 0,63

2362 0,45 0,45

2348 0,55 0,52

2341 0,70 0,65

2322 0,49 0,44

2305 0,59 0,52

2301 0,74 0,64

BETÃO

BAGN (m=3,5)

BAGN (m=5)

BAGN (m=6,5)

BAGR50 (m=3,35)

BAGR50 (m=4,83)

BAGR50 (m=6,29)

BAGR100 (m=3,22)

BAGR100 (m=4,64)

BAGR100 (m=6,06)

26,8 43,3 33,9

23

15

29,6

22

15,9

23,7

19,4

15,1

35,2

23,9

40,5

32,8

23,6

37,9

31,2

22,8

30,5

26,4

29,9

27,8

24,9

26,3

24,5

19,5

fcm,7(MPa)

Fcm,28(MPa)

Ec(MPa)

Quadro 3 - Propriedades do betão fresco

Page 14: Revista_Concreto_38.pdf

REVISTA CONCRETO

Do diagrama da Fig.4 podem serretiradas as seguintes conclusões:

· nota-se claramente o efeito da presença

de AGR nos valores de Ec, diminuindo o

valor destes em relação ao do BAGN,devido à menor rigidez dos AGR emrelação aos AGN, resultante da maiorporosidade e consequente menor massavolúmica daqueles [8];

· para um mesmo valor de a/c, os valores

de Ec dos BAGR são sempre inferiores aos

do BAGN, sendo que para a/c = 0,45 tem-se um valor de E

c de 29,4 GPa para o

BAGR50 e de 26,4 GPa para o BAGR100,respectivamente 10 e 23% inferiores aodo BAGN (32,5 GPa).

Módulo de Elasticidade

No tocante ao módulo de elasticidade,com os valores do Quadro 5, construiu-seum diagrama similar ao da Fig.3, indicandono 1º quadrante a variação de E

c com a/c

(Fig.4).

Os ensaios em betões produzidos comagregados grossos reciclados de betão indicaram,para um betão original com tensão de rotura àcompressão aos 28 dias igual a 29,6 MPa, valoresde resistência à compressão e módulo deelasticidade inferiores aos de um betão de referência.Para ambas as propriedades avaliadas, a diferençaem relação aos valores de referência aumenta paravalores superiores do teor de agregados.

Em termos das propriedades estudadas, éviável o emprego dos agregados grossos recicladosna produção de betão estrutural, embora em relaçãoà deformabil idade, possa ser conveniente,dependendo da estrutura, a utilização de teores deagregados reciclados inferiores a 50%.

Referências

[1] Angulo, S. & outros. Metodologia de Caracterização de Resíduos de Construção e Demolição. VISeminário Desenvolvimento Sustentável e a Reciclagem na Construção Civil, Out/2003, São Paulo.

[2] Santos, J. R.; Branco, F. & Brito, J. Utilização de Agregados Reciclados de Betão na Produção deNovos Betões. Estruturas 2002 - Congresso Nacional da Engenharia de Estruturas, Jul/2002, Lisboa,pp.227-236.

[3] Helene, P. & Terzian, P. Manual de Dosagem e Controle do Concreto. São Paulo, 1ª edição Pini, 1993.

[4] de Pauw, P. & outros. Shrinkage and Creep of Concrete With Recycled Materials as Coarse Aggregates.Sustainable Construction - Use of Recycled Concrete Aggregate, Nov/1998, Londres, pp.213-225.

[5] Barra, M. Estudio de la Durabilidad del Hormigón de Árido Reciclado en su Aplicación como HormigónArmado. Dissertação de Doutoramento, UPC, 1996.

[6] EN 12620. Aggregates for Concrete. Bruxelas, 2002.

[7] Gómes, J. M. Comportamiento Tenso Deformación, Instantâneo Y Diferido de Hórmigon con ÁridoReciclado. Dissertação de Doutoramento, UPC, 2002

[8] Levy, S.M. Contribuição ao Estudo da Durabilidade dos Concretos Produzidos com Agregados Recicladosde Alvenaria e Concreto. Universidade de São Paulo. Dissertação de Doutoramento. 2001

AgradecimentosOs autores manifestam o seu

agradecimento ao financiamentoconcedido pela Fundação para a Ciênciae a Tecnologia (FCT) ao projecto “GestãoIntegrada dos Resíduos de Construçãoe Demolição”, com referência POCTI/ECM/43057/2001.

Conclusões

Fig.4 - Diagrama de dosagem para Ec

14

Page 15: Revista_Concreto_38.pdf

REVISTA CONCRETO

Page 16: Revista_Concreto_38.pdf

REVISTA CONCRETO

A influência do projeto arquitetônico e do lançamentoestrutural na construtibilidade e no reaproveitamentodos materiais componentes da fôrma.

Um projeto com boa característica deconstrutibilidade é o que considera atentamente ométodo construtivo a ser utilizado na construção doedifício e os condicionantes práticos que atuam nesteprocesso. Este conceito é de fundamental importânciapara os projetistas, mesmo sabendo que qualqueredifício tem requisitos gerais que exigem aceitar piorescaracterísticas de construtibilidade.

No desenvolvimento de projetos de estruturasde concreto armado é comum objetivar-se obter amenor dimensão estrutural dos elementos constituintesda estrutura (pilares, vigas e lajes) e o menorconsumo de armadura para resistir ao carregamento.Tal objetivo parte da percepção de que quanto menorfor a quantidade de concreto e aço (que efetivamenteficam permanentes) menor será o custo da estrutura.Entretanto este tipo de abordagem por parte dosprojetistas estruturais negligencia o impacto do custodo molde da fôrma e do cimbramento, que compõema estrutura temporária de suporte e que devem serfabricados e instalados para suportar os materiaispermanentes nas primeiras idades. O foco colocadoapenas na economia dos materiais permanentes, compequena ou sem consideração da estrutura temporária(sistema de fôrma), poderá aumentar o custo daestrutura de concreto armado.

Para que se obtenham as características deconstrutibilidade no projeto estrutural várias ações sãorecomendadas, como as exemplificadas a seguir:

- o construtor atuar no papel de “projetista

do processo construtivo” na fase de desen- volvimento de projetos;

- arquiteto e engenheiro projetista estrutural trabalharem em sintonia;

oncreto, armadura e sistema de fôrma são ostrês componentes básicos de uma estrutura deconcreto armado. Os dois primeiros são denominadoscomponentes permanentes, por ficarem agregados àestrutura, enquanto o sistema de fôrma é denominadode temporário por permanecer na estrutura somentedurante o período necessário para cumprir as funçõespara as quais se destina.

Neste artigo os elementos que compõem osistema de fôrma estão classificados como molde –parte do sistema que dá o formato à peça, entrandoem contato com a superfície do concreto – e comocimbramento – conjunto de elementos que absorveme transferem para um local seguro as cargas queatuam nas fôrmas.

O custo do sistema de fôrmas é suscetível avários fatores, sendo muito representativos o númerode reaproveitamento dos materiais, a produtividadeda mão-de-obra e o prazo de execução. Em diversasbibliografias consultadas, verificou-se que o custo dosistema de fôrma – incluindo também a mão-de-obrade montagem e retirada das fôrmas e do escoramentoe o transporte do cimbramento – situa-se entre 30%e 45% do custo da estrutura de concreto armado,verificando-se caso onde chegou a representar 59%.Predominantemente, o sistema de fôrma aparece comoo componente de maior peso no custo da estrutura.

Este artigo tem como objetivo propor diretrizespara a racionalização do molde de madeira de sistemade fôrmas empregados na execução de estruturas deconcreto armado de edifícios multipavimentosconstruídos pelo processo convencional – estrutura deconcreto armado moldada no local –, resultando noatendimento da qualidade prevista em projeto, noincremento do número de reaproveitamento do molde,no incremento da produtividade da mão-de-obra demontagem e de retirada das fôrmas e do escoramentoe, conseqüentemente, na redução do custo.

Para atingir o objetivo, o artigo discorre sobrequatro itens de elevada influência na obtenção dosresultados propostos:

Fôrma com molde

em madeira:

Fôrmas

16

Recomendações para redução de custos commelhoria da qualidade e da produtividade

Antonio Carlos ZorziMestre em EngenhariaGerente de Operações da Cyrela Construtora

C

Page 17: Revista_Concreto_38.pdf

REVISTA CONCRETO Fôrm

as

conhecer as características construtivas comu-mente adotadas pela Construtora, como tam-bém o que está sendo planejado para o edifícioobjeto do projeto em desenvolvimento, como:planos de execução e etapas de concretagem;tipos de equipamentos a serem empregados(para o transporte vertical e horizontal); pos-sibilidade de emprego de elementos estruturaispré-fabricados; disponibilidade própria oupreferência de locação de determinado tipo defôrma e/ou de cimbramento. Como exemplo,caso o planejamento da execução da estruturaestabeleça a técnica de concretagem de “pilaressolteiros”, prever no lançamento estrutural lar-gura da viga igual à largura do pilar (figura 1b).

- manter fixas as dimensões da seção trans- versal de pilares, da fundação até a cobertura, ou, se for impraticável, pelo maior número de pavimentos possíveis. Alterar estas dimensões significa substituir e/ou reformar não apenas os painéis da fôrma dos pilares, como também os das vigas que chegam nestes pilares e os das lajes ao redor;

- procurar manter, entre pavimentos consecu- tivos, constantes a largura e a altura das vigas (esta última no trecho entre o fundo da viga e o fundo da laje - figura 2b), de modo a permitir o reaproveitamento dos painéis de fundo e pai- néis laterais das vigas nos pavimentos sobre- jacentes, além de não alterar as dimensões dos painéis de fôrma de pilares, lajes e sistema de travamento dos fundos de vigas;

- evitar ao máximo o uso de transições na es- trutura, devido aos elevados desperdícios de tempo físico, de materiais e de mão-de-obra. Os materiais empregados na fôrma de uma estrutura de transição normalmente apresen- tam uma única utilização. Se considerarmos que 1m3 de concreto corresponde a, aproxima- damente, 10 m2 de área de contato de fôrma e, ainda, que o custo deste m2 do molde da

fôrma seja da ordem de R$ 45,00/m2, somente o custo do material molde será de R$ 450,00 por m3 de concreto, devido ao não reaprovei- tamento (único uso);

- priorizar o formato retangular para os pilares;

- analisar cada uma das plantas da pré-fôrma estrutural de todos os pavimentos, na seqüên- cia de execução da estrutura, procurando visualizar o que estará acontecendo com a movimentação da fôrma entre pavimentos subseqüentes, propondo eventuais alterações que otimizem o reaproveitamento. Esta ação pode refletir em resultados expressivos de

otimização;

- calcular os índices relacionados abaixo e que, de certo modo, representam a construtibilidade da fôrma do pavimento (estes índices não representam o reaproveitamento da fôrma entre pavimentos consecutivos). Quanto menores forem esses índices, tanto melhor tende a ser a construtibilidade da estrutura:

m2 de área de contato de fôrma do pavimento porm2 de área de projeção do pavimento;m2 de área de contato de fôrma do pavimento porm3 de concreto do pavimento.

Fôrma com molde de madeira

Para que o molde de madeira apresente odesempenho esperado por quem o irá util izar éfundamental que na sua fabricação sejam empregadosmateriais adequados a este desempenho, que a

PILAR

PILAR

viga viga

viga viga

enchimento

fôrma da viga

fôrma do pilar

(a)

(b)

Figura 1 - (a) viga com largura diferente do pilar. Necessá-rio enchimento na fôrma do pilar ou da viga; (b) viga comlargura igual à do pilar. Solução mais racional para a fôrmaquando a alternativa construtiva for a de pilar “solteiro”.

(a)

(b)

Figura 2 - (a) manutenção da altura total da viga comalteração da espessura da laje (entre pavimentos consecu-tivos); (b) manutenção da altura da viga entre seufundo e o fundo da laje (entre pavimentos consecuti-vos) permitindo o reaproveitamento dos painéis laterais edo cimbramento da viga e mantendo inalterado o painel dopilar que recebe a viga.

PAV.A PAV.B

H1

H2

H3

H1

d2d

1

H2

H1

H1 +

A

d1 d

2

H2

constante

PAV.A PAV.B

17

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REVISTA CONCRETO

fabricação dos painéis seja criteriosa e bem executadae que esta fabricação seja embasada em um projetode fôrma de madeira elaborado por profissionalqualificado.

Materiais componentes do molde de madeira

Os dois principais componentes do molde demadeira são a chapa de madeira compensada e amadeira serrada. Infelizmente, em muitos casos, osfornecedores ignoram e desrespeitam qualquerexigência técnica de norma para estes materiais e,sem dúvida, a negligência e/ou falta de conhecimentodos consumidores permite esta situação.

a) chapa de madeira compensadaA norma NBR 9532 da ABNT especifica as

exigências técnicas que devem ser atendidas pela chapade madeira compensada. É recomendável que antesda confirmação do pedido de compra sejamexecutados os ensaios que confirmem o atendimentoa tais exigências ou, no mínimo, sejam apresentadosresultados de ensaios de lotes anteriores e queconfirmem a qualidade e a uniformidade da produção.Também recomendável verificar in-loco o desempenhodo material em outras obras que o estejam utilizando.

Quando do recebimento das chapas decompensado devem ser verificadas: a quantidadeentregue, as dimensões (largura, comprimento eespessura), a ortogonalidade dos cantos, o númerode lâminas e realizada análise visual (observando aqualidade das lâminas superficiais e/ou daplastificação, a presença de falhas nas bordas e apintura de proteção das bordas).

Para uma rápida avaliação da qualidade dacolagem da chapa de compensado, com o materialainda no caminhão, é recomendado que seja feito umensaio expedito (ensaio rápido feito no canteiro deobra, sem o respaldo de normalização técnica) dedelaminação, retirando-se amostras e subme-tendo-as a um período de 20 minutos de fervura. Apóseste tempo, amostras que tiverem sido fabricadas comfalhas grosseiras de colagem apresentamdelaminação, a exemplo do apresentado na Figura 3.

b) madeira serrada (sarrafo, tábua e pontalete)A aquisição de madeira serrada de boa

qualidade para a fabricação de fôrma para estruturade concreto armado tem-se mostrado uma tarefa árduapara as empresas construtoras.

O desrespeito com que os fornecedores tratameste material é gritante, podendo-se relacionar, dentreoutros, os seguintes problemas: as dimensões daspeças estão sensivelmente inferiores ao valor nominale totalmente fora das tolerâncias de norma (NBR 9194da ABNT); a exigência na compra de que a madeirafornecida seja bitolada (condição básica para uso nafôrma) acarreta uma diminuição ainda maior nasdimensões, associado a significativo aumento depreço; o material é entregue com umidade elevada; aespécie declarada para a madeira nem semprecorresponde ao material entregue.

Quando do recebimento da madeira serradadevem ser verificadas: a quantidade entregue, aumidade, as dimensões, a espécie da madeira (atravésde comparação visual de amostra previamenteaprovada) e os defeitos (nós, encanoamento,arqueamento, etc.).

Adicionalmente ao relacionado acima,recomenda-se especificar e controlar a densidade demassa aparente, pois esta propriedade estáintimamente ligada a todas as propriedades físicas emecânicas da madeira. Recomenda-se como faixa detrabalho para a densidade de massa aparente valoresentre 0,50 kg/dm3 e 0,70 kg/dm3. Valores abaixo dolimite inferior correspondem a madeiras mais moles,de baixa resistência, e, acima do limite superior,madeiras pesadas, de difícil trabalho e manuseio,somado ao fato de apresentarem complicações paraa fixação e remoção de pregos. No recebimento nocanteiro de obra esta determinação pode ser feita demaneira expedita e antes da descarga do material.

Fabricação do molde de madeira

O mercado da cidade de São Paulo, a exemplode outros, oferece às construtoras a opção de comprade fôrmas pré-fabricadas. Esta alternativa pode incluirou não o projeto de produção da fôrma de madeira eo fornecimento total ou parcial dos materiaiscomponentes no pacote de serviços contratados.

A alternativa de fôrma pré-fabricada éinteressante e não deve ser descartada pois, em tese,estaremos recebendo um produto fabricadoindustrialmente, onde foram empregados os melhoresequipamentos e utilizada mão-de-obra especializada.Somado a isto temos o benefício de não necessitarreceber e estocar os materiais componentes da fôrma,como também não é necessário montar uma centralde fôrma sofisticada no canteiro.

Para a adoção da alternativa de fôrmapré-fabricada recomenda-se:

- no caso do pacote de contratação incluir o projeto de produção da fôrma, este deverá ser discutido amplamente quanto aos critérios de apresentação e as soluções técnicas a serem adotadas;

- caso o fornecimento dos materiais madeira serrada e chapas de madeira compensada também esteja incluso no pacote de serviços

Figura 3 - Corpo de prova de chapa de

madeira compensada com delaminação apósser submetido a vinte minutos de fervura.

18

Page 19: Revista_Concreto_38.pdf

REVISTA CONCRETO Fôrm

as

contratados , a contratante necessariamente deverá apresentar as propriedades que serão exigidas destes materiais e aprovar previamen- te a seleção do(s) fornecedor(es). A outra opção a contratante fornecer, total ou parcialmente, os materiais componentes do molde da fôrma;

visitar as instalações industriais da empresa com o objetivo de comprovar a qualidade dasinstala- ções, dos equipamentos e da mão-de-obra;

visitar duas ou mais obras de outras construtoras que estejam utilizando a fôrma pré-fabricada ofer- tada e obter informações básicas como qualidade do atendimento, cumprimento de prazos, apre- sentação e conteúdo do projeto de produção (se for o caso), problemas encontrados (principal- mente na primeira montagem), desempenho da fôrma, etc.

Também não deve serdescartada a opção de fabricar afôrma no canteiro de obra, práticaadotada com bons resultados poralgumas construtoras. Nestaopção, caberá à Engenharia daobra montar no canteiro umacentral de carpintaria devidamentedimensionada e, ainda, ser aresponsável por uma série deatividades como selecionar,comprar e estocar os materiais,compatibilizar o tempo físico e aequipe que irá fabricar a fôrma coma data em que ela será necessária,treinar a mão-de-obra quanto aoscuidados de fabricação, gerenciara qualidade do projeto de produçãode fôrma, dentre outras. Apesar daaparente magnitude no geren-ciamento destas atividades, se bemexecutado os resultados podem sergratificantes.

19

Bancada pequena

Serra circular de bancadapara madeira serrada

Desengrosso

Área reservada paraestocagem doscomponentes

fabricados

Bancada grandeEstoque dechapas de

compensado

Serra circular de bancadapara chapas de compensa-

do (esquadrejadeira)

Área reservadapara estocagem demadeira serrada

Área reservadapara pintura demadeira serrada

Escala em metros

0 3 6

Figura 5 – Leiaute ilustrativode uma central de produçãode fôrma de canteiro de obra.

Figura 4 – (a) bancada e (b) serracircular de uma central de fôrma emcanteiro de obra.

(b)

(a)

Page 20: Revista_Concreto_38.pdf

REVISTA CONCRETO

EMENDA DOS PAINÉIS

ESCORA

PILAR

PLANTA EMENDA

PILAR

ELEVAÇÃO

sarrafo fixoem um dos painéis

painel painel

Montagem, desmontagem e verificações no sistema de fôrmas

A não definição ou a definição incorreta das diretrizes quedevem ser observadas nas atividades de montagem,desmontagem e verificações no sistema de fôrma, fatalmenteimplica no não atendimento das expectativas de qualidade e deprodutividade.

O registro e a implementação de um adequadoProcedimento de Execução por parte da construtora fornecediretrizes para executar os serviços corretamente, num ambientelimpo e organizado, com a seqüência de montagem definida (verexemplo na figura 8) e com o estabelecimento dos itens quedevem ser verificados durante a montagem com suas respectivastolerâncias, viabilizando elevado reaproveitamento do molde demadeira, qualidade do serviço final e resultando no menor númerode homens-hora (H/h) trabalhado.

Projeto de produção da fôrma demadeira (molde)

Em quantidade significativa deconstrutoras a definição do sistema de fôrma,com ênfase para o molde em madeira, aindaé uma tarefa que cabe ao mestre e/ou aoencarregado de carpinteiro da obra, tarefaesta para a qual, na grande maioria dasvezes, não estão qualificados.

A representação gráfica dos valoresobtidos no dimensionamento - suas medidasde fabricação, quantidade das peças e adistribuição dos componentes não é a únicafunção de um projeto de fôrma. Cabetambém ao projeto definir o sistema de fôrmaque melhor se adapte ao lançamentoestrutural, a mão-de-obra e equipamentosdisponíveis e as alternativas de cimbramento.Tem ainda como funções apresentarracionalidade na solução, otimizando oreaproveitamento de materiais e aprodutividade da mão-de-obra, definir osdetalhes operacionais (de montagem, deremoção e de movimentação), especificar osmateriais considerados no dimensionamentoe eliminar soluções improvisadas no canteiro.

A apresentação correta de um projetode produção do molde em madeira de umsistema de fôrma deve considerar dois tiposde documentos: a) desenhos defabricação, que devem conter todas asinformações para a fabricação do molde emuma bancada de fôrma e b) plantas demontagem, que correspondem aosdesenhos de projeto que apresentam todasas informações para a montagem da fôrma(seqüência, medidas, etc.).

A figura 7 exemplifica solução para opainel lateral de uma viga curta,desmembrado em dois painéis de modo aotimizar a desforma.

Figura 6 – (a) madeira serrada (sarrafos)pintada na central e (b) fôrma de pilarescom componentes pintados, destacando-se o aspecto de equipamento resultantedesta pintura.

(a)

(b)

Figura 7 – Detalhe de painel para viga curta, desmembrado emdois painéis de modo a otimizar a desforma. Observar que aestruturação passante do painel A, associada, por exemplo,ao uso de garfo de madeira para travamento e cimbramentoda viga, garante a perfeita estruturação do painel durante aconcretagem.

20

Page 21: Revista_Concreto_38.pdf

REVISTA CONCRETO Fôrm

as

O Procedimento de Execução deve apresentaro seguinte conteúdo mínimo:

- Objetivo: define a finalidade e a abrangência do documento;

- Documentos de referência: relaciona os principais documentos que devem ser consul- tados devido à sua vinculação direta com o serviço objeto do Procedimento;

- Ferramentas, equipamentos e materiais: apresenta a relação destes elementos de modo que o serviço possa ser executado e inspecio- nado dentro das diretrizes estabelecidas;

- Método executivo: estabelece, de modo claro e objetivo, as diretrizes executivas para o serviço;

- Itens de inspeção: define os itens que de- vem ser inspecionados, os critérios a utilizar e as respectivas tolerâncias;

- Tabela de medição e monitoração: contém os itens a inspecionar com as respectivas tolerâncias e permite registrar as inspeções realizadas;

- Anexos: caso sejam necessários, como figu- ras exemplificativas.

Treinamento e qualificação da mão-de-obra

De nada adiantaria investir nos itens citadosanteriormente, como possuir um projeto estrutural comcaracterísticas de construtibilidade favoráveis, contratarum projeto de produção de fôrma junto a um

Figura 8 – Durante a marcação dos gastalhosnenhum painel deve subir para a laje – Diretrizconstante do Procedimento de Execução.

profissional capacitado, comprar os melhores materiaiscomponentes, fabricar o molde da fôrma de acordocom as melhores recomendações e possuir umProcedimento de Execução corretamente elaborado,se a mão-de-obra responsável pela montagem edesmontagem da fôrma e do cimbramento não estiverdevidamente qualificada.

ASSAHI cita que o item de maior influêncianegativa nos resultados do sistema de fôrma ainda éa não qualificação da mão-de-obra.

Toda a equipe do canteiro de obra, quer sejaadministrativa (engenheiro, estagiário, mestre,encarregado) ou de produção (equipe de carpinteiros),necessita ser treinada frente às diretrizes constantedo Procedimento de Execução.

A equipe de administração tem papelfundamental nos resultados. A troca de qualquerintegrante desta equipe de administração implica emprejuízos bem maiores do que a troca de um carpinteiroda equipe de produção, gerando a necessidade deinvestimento pesado no treinamento do substituto.

Referências bibliográficas

ZORZI, A.C. Fôrma com molde em madeira para estruturas de concreto armado:recomendações para a melhoria da qualidade e da produtividade com redução de custos.2002, 213 p. Dissertação (Mestrado Profissional em Engenharia Civil), Instituto de PesquisasTecnológicas - IPT.

ASSAHI, P.N. Sistema de execução da fôrma. Texto de aula do curso de pós-graduação lato sensu– Tecnologia e gestão da produção de edifícios – PECE – Programa de Educação Continuada da EscolaPolitécnica da USP. São Paulo, 2000. Não Publicado.

PEURIFOY, R. L.; OBERLENDER, G. D. Formwork for concrete structures. New York: McGraw-Hill,3rd ed., 1995.

Figura 9 – (a) escoramentoremanescente com escoraspontuais, posicionadas an-tes do início da desforma e(b) aspecto depois dedesformado. Neste sistemaas escoras remanescentesnão são as mesmas que fo-ram empregadas nocimbramento.

(a)

(b)

21

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REVISTA CONCRETO

mantenedor

22

A MC-Bauchemie Brasil inaugurou na últimaterça-feira, 05 de abril, nova sede com capacidade deárea e de produção dez vezes maior que sua antigafábrica em Taboão da Serra. Segundo Jaques Pinto,diretor técnico-comercial da empresa, “a nova fábricarepresenta nossa resposta à forte demanda por nossosprodutos e um compromisso com o futuro da economiado país”.

Atualmente, a empresa produz duas miltoneladas anuais de produtos químicos para aconstrução civil brasileira.

A MC-Bauchemie Brasil é subsidiária do grupomultinacional alemão MC-Bauchemie, que possui maisde 40 anos de atuação em cerca de 50 países. NoBrasil, a empresa é responsável pelo fornecimento deaditivos para concreto e argamassa, de sistemas deimpermeabilização, de tecnologias de injeção, de pisosindustriais e de reparo e proteção de estruturas. Seusprodutos são utilizados principalmente em projetos deinfra-estrutura, tais como: túneis; pontes; barragens;estações de tratamento de água e esgoto;reservatórios; etc. “A política da empresa énacionalizar ao máximo a sua linha de produtos. Sónão o fazemos quando o volume não compensa oinvestimento em equipamentos de produção, ouquando existe limitação tecnológica”, explica JaquesPinto.

A nova sede representou um investimento dedois milhões de euros, possui uma área de 15 mil m2,sendo 2500 m2 de área construída. A planta de pó éformada por 5 silos com capacidade de 50 toneladascada. Já, a planta de líquido contém 8 silos de 25toneladas de capacidade. O estoque pode atingir milpalets e o terminal de carregamento pode comportaraté sete caminhões.

O coquetel de inauguração da nova sede, situadana Rua Henry Martin 235, Tijuco Preto, Vargem GrandePaulista, São Paulo, contou com a presença dopresidente mundial da MC-Bauchemie, Claus Müler, doprefeito de Vargem Grande Paulista, Roque de Moraes,do presidente do Instituto Brasileiro do Concreto,professor Paulo Helene, e do representante da Câmarade Comércio Brasil-Alemanha, Marcos Santos, alémdos diretores da MC-Bauchemie Brasil, Jaques Pinto,Rubens Bagatella e Álvaro Pinto.

Veja os depoimentos das autoridades queparticiparam do coquetel de inauguração da nova sededa MC-Bauchemie:

Fábio Luís Pedroso

Assessor de Imprensa - IBRACON

MC-Bauchemie

investe no BRASIL

MC-Bauchemie

investe no BRASIL

“A MC-Bauchemie detinha o conhecimento eo capital para investir numa nova subsidiária. Aescolha do Brasil foi em grande medida baseada nanossa confiança nas pessoas do Brasil”, Claus Müller,presidente da MC-Bauchemie.

“É um orgulho para um pequeno municípiocomo o nosso receber uma empresa do porte da MC-Bauchemie”, Roque de Moraes, prefeito de VargemGrande Paulista.

“A MC-Bauchemie é a única empresa nomercado da construção civil nacional a fornecerprodutos diferenciados para cada tipo de problema ede estrutura. Esse investimento representa a crençano desenvolvimento do país”, Paulo Helene, presidentedo Ibracon.

“As empresas de origem alemã sãoresponsáveis por 15% do PIB brasileiro. Essainiciativa da MC-Bauchemie merece nossoscumprimentos e apoio”, Marcos Santos, representanteda Câmara de Comércio Brasil-Alemanha.

Page 23: Revista_Concreto_38.pdf

REVISTA CONCRETO23

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REVISTA CONCRETO

A construção civil tem como tendência utilizarcada vez mais sistemas que garantam a proteçãoàs estruturas de concreto, o que tem contribuído parao incremento do surgimento de novos produtos emétodos de execução.

Quando o objet ivo que se pretende é oaumento da vida útil da estrutura, várias alternativassão viáveis, umas com maior ou menor eficáciatécnica ou na relação custo/benefício.

Este trabalho objetiva abordar as característicasda argamassa polimérica, ou seja, modificada com aintrodução de um polímero, observando os requisitosnecessários e complementando com exemplos deaplicações práticas, como impermeabil ização eproteção para estruturas de concreto.

Este tema é muito oportuno, uma vez que temosa norma NBR 6118 - Projeto de Estruturas de Concreto,que estabelece responsabilidades quanto à efetivaproteção ao concreto, bem como a iniciativa da CaixaEcônomica Federal, junto com o COBRACON, com oprojeto de norma , ABNT - CE 02:136.01, intituladaDesempenho de Edifícios Habitacionais, onde o itemEstanqueidade é relevante e remete a exigências dedurabilidade e manutenbilidade.

INTRODUÇÃO

A argamassa de cimento Portland é umexcelente material de construção devido ao seu fácilmanuseio, produzindo uma massa plástica que podeser lançada ou moldada de forma e tamanho pré-deter-minados quando endurecida.

Sendo um produto fabricado pelo próprioengenheiro, deve apresentar características epropriedades compatíveis com a finalidade a que sedestina.

Entretanto, a argamassa tem demonstradocertas limitações com relação à resistência, à traçãona flexão, absorção de água, abrasão, etc...

Contudo, novos materiais de construção têmsido investigados em vários laboratórios por todo omundo, entre eles a argamassa polimérica, na qual atecnologia da argamassa de cimento é combinada compolímeros.

A Introdução de polímeros nas argamassas decimento Portland pode ser feita da seguinte maneira:

a) impregnação de uma argamassa normal decimento Portland endurecido por monômero, seguidade polimerização, obtendo-se a argamassaimpregnada de polímero;

b) mistura de monômero com agregado, seguidode polimerização após moldagem e adensamento,obtendo-se argamassa de resina;

c) introdução direta de um monômero oupolímero na argamassa, no amassamento, seguido decura e polimerização após a aplicação, obtendo-se aargamassa polimérica.

Dentre os três tipos de argamassa com polímero,a argamassa polimérica, por não necessitar de mão-de-obra e equipamentos especializados, bem comonão introduzir modificações quanto ao aspectooperacional, tornou-se a mais utilizada para aplicaçõesna área de impermeabil izações e proteção deestruturas de concreto.

HISTÓRICO

O conceito de argamassa polimérica teve seuinício em 1923, quando a primeira patente do processofoi efetuada por Cresson (1) e se referia à utilizaçãode borracha natural no concreto de cimento aplicadoa calçamentos, onde o cimento era utilizado comocarga. A primeira aplicação com intenção de produçãode um cimento e polímero foi a patente de Lebefure(2) onde também usava-se a borracha natural atravésde um método racional de mistura, o que é relevantedo ponto de vista histórico, haja vista que em 1925,uma idéia similar foi patenteada por Kirkpatrick (3).

Entre os anos 20 e 30, o conceito de cimento epolímero foi sendo desenvolvido utilizando-se um látexde borracha natural, quando, em 1932, foi sugeridopela primeira vez a utilização de látex de borrachasintética por Bond (4), sendo que a primeira utilizaçãode látex de acetado de polivinila em argamassa decimento e polímero foi efetuada por Rodwell (5), em1933.

Em síntese, a década de 30 foi o divisor entre ouso de látex de borracha natural para o látex deborracha sintética ou de resina na argamassa decimento e polímero.

Nos anos 40, várias patentes de sistemas comlátex sintéticos foram publicadas, tais como depolicloropreno (6) e látex de éster poliacrílico.

ARGAMASSA POLIMÉRICACOMO REVESTIMENTO

IMPERMEÁVEL

Tecnologia

24

Marcos Storte, Eng. Civil,Mestre em Engenharia,Gerente de Negócios da Viapol.

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REVISTA CONCRETO tecnologia

Também, as argamassas modificadas comacetato de polivinila foram desenvolvidas paraaplicações práticas e tiveram nestes anos, naInglaterra, uti l ização em convés de navio, emtabuleiros de pontes, em pisos anticorrosivos e comomaterial adesivo. Ainda na Inglaterra, os estudos dapossibilidade de aplicação do látex de borracha naturalforam conduzidos por Griffths (7) e Stevens (8),entrementes o grande interesse no uso de látexsintético para as argamassa de cimento e polímeros.

Em 1953, Geist et alii (9) apresentou um estudodetalhado sobre argamassa modificada com acetatode polivinila e proporcionou um grande número desugestões para as pesquisas posteriores edesenvolvimento dos sistemas de concretos polímeros.Nos Estados Unidos, os estudos sobre argamassa decimento e polímeros foram iniciados em 1952 (10), ea primeira aplicação prática foi na restauração deconcreto da ponte de Cheyboygam, Michigan, em1959, que ainda hoje apresenta-se em boas condiçõesde utilização.

Nos anos 60, houve um grande incremento nasaplicações de argamassa de cimento e polímero,utilizando-se o látex de estireno-butadieno (11), o ésterpoliacrílico (12) e os ésteres polivinílicos (13). Desdeesta data, as pesquisas e o desenvolvimento daargamassa de cimento e polímero têm tidoconsiderável avanço em vários países, particularmenteEstados Unidos, Japão e Inglaterra.

Consequentemente, um considerável número depublicações, incluindo patentes, artigos e trabalhossurgiram. No final dos anos 60, Nutt (14-15)desenvolveu um processo com o uso de resina poliésterinsaturada, que recebeu o nome de “Estercrete”. Em1971, Dikeou, Steinberg et alli (16) estudaram outrossistemas, Donelly (17) e Duff (18) patentearam osistema baseado em resina epoxi em 1965 e 1973,respectivamente.

Também nos anos 60 (19) a metil celulosecomeçou a ser utilizada como um polímero solúvel emágua para modificar argamassa de assentamento deplacas cerâmicas.

Em 1981, Kuhlman (20) relatou, baseado emexperiências, que o concreto de cimento e látexestireno-butadieno apresentava excelentes resultadoscom relação à aderência e resistência à tração na flexãoe, posteriormente, em 1986 (21), complementou estasexperiências com ensaios de absorção d’água eresistência química, também com bons resultados.

Em 1981, por ocasião do Terceiro CongressoInternacional sobre polímeros em concreto, na cidadede Koriyama, no Japão, foi fundada uma organizaçãointernacional para organizar os congressos edisseminar as informações existentes sobre polímerosem concreto e argamassa em todo o mundo.

Em 1985, Ohama e Shiroishida (22)apresentaram um trabalho sobre a utilização depolímeros de acetato de polivinila e de poliacetato devinila-etileno (EVA) para modificação de argamassasmodificadas com látex de estireno-butadieno.

Em 1986, Lavelle efetuou experiências comlátex acrílico, verificando propriedades semelhantesàs do concreto de cimento e látex estireno-buradieno,utilizado com revestimento superficial para concretosque buscam grande durabilidade, impermeabilidadee flexibilidade e que tem sido o polímero mais utilizadoatualmente.

Características e Propriedades daArgamassa Polimérica

A argamassa polimérica é produto daassociação de um composto inorgânico cimento e umcomposto orgânico látex polímero e tem uma estruturadefinida que consiste no gel do cimento e as microfibrasdo polímero. Consequentemente, as propriedades docimento e polímero são notadamente incrementadasquando utilizamos como parâmetro a argamassaconvencional, como podemos ver , baseados nosensaios a seguir. (23)

a) Descrição do Sistema

Revestimento impermeável à base de dispersãoacrí l ica com carga de cimento e aditivosminerais, fornecidos em dois componentes,sendo o componente A a dispersão acrílica ecomponente B o cimento e aditivos minerais.

b) Preparação da Mistura

O componente B (pó) deve ser adicionado aospoucos ao componente A (resina) e misturadomecanicamente por 3 minutos ou manualmentepor 5 minutos, tomando-se o cuidado paradissolver possíveis grumos. Utilizar até 30minutos após a misturados componentes.

c) Aplicação e Cura

A aplicação deve ser feita com o substratopreviamente úmido e a proporção de mistura éde 1 parte de componente A para 3 partes decomponente B quando em consistência depintura, ou 1:5 como revestimento aplicado comdesempenadeira metálica. Para os ensaios oscorpos de prova após a sua secagem, forammantidos 28 dias em câmara úmida.

d) Massa Especifica (A+B) – 2,01 g/cm3.

e) Resistência à tração na flexão aos 28 dias.

- corpos de prova prismáticos nas dimensões4x4x16 cm, sendo a carga aplicada com umcutelo no meio do vão e dois apoios comvão de 120 mm.

f) Resistência a compressão simples aos 28 dias

- corpos de prova cilindricos nas dimensões5x10 cm.

Nº do cp Resistência à tração na flexão (MPa)

01

02

03

8,4

8,4

8,9

25

Nº do cp Resistência à compressão (MPa)

01 33,1

02 32,1

03 32,3

04 32,3

05 33,4

06 31,0

07 30,8

08 30,0

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REVISTA CONCRETO

Comentários Finais

É importante observar que os dados científicos,comprovam a eficiência dessas argamassas, comorevestimento adequado e compatível à uma estruturade concreto, principalmente quanto buscamosestanqueidade e como decorrência proteção , quecontribui para a maior durabilidade das edificações.

g) Determinação do módulo de deformação aos 28dias.

- corpos de prova cilíndricos nas dimensões15x30 cm, ensaiados conforme NBR - 8522,plano de carga tipo I.

h) Estanqueidade à água.

- corpos de prova prismáticos nas dimensões25x25x13 cm, ensaiados conforme DIN-1048.

i) Potabilidade de água

- corpos de prova prismáticos nas dimensões15x5x2,5 cm, curados por 28 dias , composterior aplicação da argamassapolimérica.

Nº do cp Módulo de deformação (GPa)

01

02

20,0

15,7

Os resultados obtidos nas análises físicas,organolépticas e químicas de duas amostras de águaatendem ao exposto na norma NBR 12170 -Potabil idade da água aplicável em sistema deimpermeabilização , da A.B.N.T , Associação Brasilei-ra de Normas Técnicas.

Referêcias bibliográficas consultar o autor [email protected]

Tipo de aplicação Tempo

Pintura

Pintura

7 dias

7 dias

Pressão Hidrostática Resultado

0,5 Kgf/cm2 sem alteração

sem alteração

sem alteração

sem alteração

sem alteração

sem alteração

1,0 Kgf/cm2

2,0 Kgf/cm2

0,5 Kgf/cm2

1,0 Kgf/cm2

2,0 Kgf/cm2

7 dias

7 dias

7 dias

7 dias

Pintura

Revestimento

Revestimento

Revestimento

1 Kgf/cm2 = 10 m.c.a

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REVISTA CONCRETO

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REVISTA CONCRETO

A Evolução dos Sistemas de Fôrma

e Escoramento em Obras de

Edificação no Brasil

Fôrmas

Eng. Alexandre Pandolfo

Gerente de Negócios - ULMA

Nos últimos anos 30 anos aconteceramsucessivos avanços na engenharia de construção civilnacional. Seria pouco abrangente e limitado tentarelencá-los aqui.

No segmento específico dos Sistemas de Fôrma(1) e Escoramento para estruturas de concretomoldadas in loco, as grandes obras da engenharianacional, obrigaram os construtores a desenvolveremtecnologias executivas à altura de suas demandastécnicas.

No Brasil, soluções de fôrma para obras de arte,tais como túneis, pontes, barragens, indústrias eoutras, tinham como premissa fundamental conformaro concreto fresco de acordo com um projeto defôrmas. Nesse momento, as questões de produtividadena execução não eram devidamente avaliadas. Muitas

vezes, sequer mensuradas. Dentre outros recursos, amão de obra era vista como um recurso abundante,ao menos disponível para as demandas daquelestempos. Pelo menos a mão-de-obra era vista dessaforma.

Os equipamentos metálicos moduladoscomeçavam a ganhar terreno – seja como fôrma oucomo escoramentos de obras em todo territórionacional. Grandes construtoras que executavam asmaiores obras iniciavam a perceber os benefícios.

Afinal, em que sub-sistema se poderia ter agestão da Engenharia numa estrutura? O concreto,especificado em projeto, freqüentemente usinado,deveria atender a um conjunto de características –tais como resistência característica à compressão,brita, abatimento, consumo mínimo de cimento, módulo

de resistência, além de outros elementosintervenientes na tecnologia do concreto, taiscomo controle tecnológico, transporte, perdase outros. Quanto ao aço, as questõesconcerniam à quantidade e ao posicionamento,conforme projeto de estruturas específico.Sobravam as questões de resolver como fazer:a mão-de-obra e a dupla fôrma-escoramento,muitas vezes, por sinal, reduzida a um únicoquesito.

No campo dos edifícios mais modestos,havia – e por que não dizer ainda há - opredomínio claro de soluções de fôrmaconvencionais – onde se faziam necessáriasgrandes cargas de madeira – muitas vezes emestado bruto – e uma mão-de-obra artesanal,para dar forma às necessidades de projeto. Asfôrmas racionalizadas de madeira – ou aschamadas “fôrmas prontas”- apareciam nospavimentos-tipo dos edifícios. Quando haviarepetição de uso, com poucas alterações naspeças estruturais, os ganhos se mostrampresentes. O próprio aumento da qualidade doscompensados, bem como sua gestão emcampo, diluía os custos ao longo de um maiornúmero de usos. Bons projetos e consultoriasde fôrmas faziam com que os ganhos fossempotencializados. (2)

Não há como traçar um panoramahistórico consistente sem se abordar as questõesde mão-de-obra de forma mais aprofundada.

28

Fachada da obra Inpar - Hotel Formule 1 Consolação,

executada em concreto armado.

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REVISTA CONCRETO Fôrm

as

A construção civil, portade entrada para a mão-de-obacom baixa qualif icação nomercado de trabalho, tem suatransmissão de conhecimentopelas práticas de execução. Oque notamos é a existência depoucos cursos de formação e ainjusta competição entre o estudode formação e a necessidade detrabalhar desde cedo. Aquelaimagem do artesão, experientecom baixa qualificação técnica,mas anos de prática, passandoseu conhecimento para os maisjovens é absolutamente fiel aosfatos no Brasil.

Os próprios mecanismosde contratação dos funcionários,com alta incidência de encargostrabalhistas, fizeram com quegrandes passivos trabalhistas secriassem. E muitos não pagos. Amáxima do “contratar gente éfácil – dispensar é difícil – e caro”causava seus primeiros danos.As cicatrizes deixadas tiveramdesdobramentos complicados – omonstro da informalidadecrescia.

Novos modelos precisavam ser criados. Aterceirização prometia ser a saída fácil e óbvia. Asconstrutoras, na verdade, gestoras de contratos deespecialidades, absorviam parte das margens derentabilidade ao terem ociosidades inerentes aosprocessos de construção repassadas. Os riscostrabalhistas e a gestão de pessoal em si, não estãomais em suas mãos – nem tampouco nas suas costas.As armas das construtoras são os cronogramasapertados, respaldados em contratos com coberturabastante abrangente.

Os serviços deixavam de ser pagos comsalários, com hora x homem. Mas sim, por m2

executado, m3 lançado. Os controles de produção,nesse modelo novo, eram de responsabilidade dos“terceirizados” – dos empreiteiros.

Vimos a substituição de mão-de-obra decarpintaria pela montagem. Se não podem ser seguidostodos os paradigmas de procedimentos industriaisnuma obra, como existem numa indústria, pelaspróprias particularidades dos processos, não podemosdeixar de analisar os processos a fundo sob a óticaindustrial. E, portanto, saber inferir seus potenciais deganho, onde intervir e como.

Na execução dos projetos de estrutura, opensamento, por vezes, restrito na estrutura prontaper si dos escritórios calculistas vai dando espaço paranovos processos. Um cenário em que os entesparticipantes intervêm nos processos e nas decisões.

(1) : A ABRASFE – Associação das Empresas de Sistema de Fôrma e Escoramento – recomenda o uso do acento

circunflexo diferencial em Fôrma.

(2) : Vide ASSAHI , P.N. em Reportagem da Revista Téchne número 96 – página 22.

(3) : Vide KISS, P. em Editorial da Revista Construção Mercado, número 44 – de março de 2005.

Não basta mais saber qual é a melhor estruturaconcebida em cima de um panorama de solicitações ede arranjos arquitetônicos. Mas sim, como ela vai serfeita. É freqüente a visão de que algumas pequenasalterações podem gerar grandes ganhos na mão-de-obra de execução. Estudos bastante consistentes deuma grande construtora de São Paulo, na execuçãode lajes nervuradas, chegaram a conclusõesinteressantes. Concluiu-se que cerca de 30% dashoras-homem empenhadas na execução de uma lajenervurada são empregados na execução da laje emsi, reticulada. Os outros 70%, nos arremates eenvoltórias. O ponto de onde agir parece ser claro.

Por outro lado, a segurança na execução dasestruturas, menores tolerâncias e deformações,viabilizada nas soluções mais modernas, constitui umcabedal de requisitos de desempenho; questões comoa sustentabilidade e o respeito ao meio-ambienteganham força e voz mais ativa nas escolhas de insumospara as obras. Em dezembro último, encerrou-se oprazo para as construtoras se adaptarem a Resolução307. Não basta mais, somente, saber como fazer –mas também onde dispor os dejetos de uma construçãodurante a obra. A separação de materiais exigirá umagestão de resíduos em troca de transporte earmazenagem.(3) A evolução dos Sistemas de Fôrmae Escoramento certamente será influenciada por essesfatores. Os construtores sintonizados e atualizados comas tecnologias executivas contemporâneas sabem quequanto menos marcas se deixarem na estrutura,melhor. O mesmo se dará com os dejetos.

Das Fôrmas e Escoramentos, devem ficar naobra, somente boas lembranças.

Vista do Sistema de Fôrmas em Painéis trepantes Orma,utilizado na mesma obra.

29

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REVISTA CONCRETO

MERCADO NACIONAL

30

O Banco Interamericano de

Desenvolvimento e os Projetos

de Parceria Público-Privado no Brasil

s últimos planos do BID para o Brasil foramelaborados em sintonia aos Planos Plurianuais dogoverno (PPAs). Entre 1996 e 1999, o “Brasil emAção” tinha como eixo norteador a maiorestabilidade do plano Real recém-implantado eelevação dos níveis de crescimento. Contava comtrês áreas prioritárias – reforma do estado,redução do “custo Brasil” e interlocução dasdemandas sociais e a redução da pobreza. Noque tange à infra-estrutura, a meta atrelava-seà rede rodoviária, energia elétrica einfra-estrutura de gás – integração de regiões doBrasil com países vizinhos. Nos anos seguintes,o plano “Avança Brasil”, 2000-2003, previa oaprimoramento daqueles objetivos anteriores efocava-se em propostas ambientais e depromoção da integração regional. A agenda deinfra-estrutura passou a ser pautada pelosaneamento urbano e gestão ambiental.

O PPA da gestão atual (Brasil para Todos)perfaz esforços no sentido de garantir o balanço

fiscal e o externo, assim como atingir maiorespatamares de estabilidade e de crescimento. Noque concerne aos investimentos em infra-estrutura, conjeturam ações que visam odesbloqueio do potencial de crescimento daatividade econômica; evasão dos entraves dosetor energético; redução dos impactos de umeventual choque de oferta, e, por fim a viabilidadede um crescimento sustentado. Como o Estadonão dispõe dos recursos necessários para investirnesses projetos, o papel do setor privado comoinvestidor torna-se fundamental.

Cumpre recordar a lei, aprovada em 30 dedezembro de 2004, que estabeleceu as normaspara licitação e contratação de empresas por meiode parcerias entre os setores público e privado,as chamadas PPPs. Esta nova modalidade definanciamento para infra-estrutura possuivantagens como tornar obras de grande melhoriaeconômica e social em empreendimentos

Irrigação21%

Portos6%

Ferrovias18%

Rodovias55%

Projetos PPP - Distribuição de InvestimentosPrevistos por Setor

O

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REVISTA CONCRETO

atraentes aos investidores. O setor privadocontribui com serviços de qualidade e a entregae as condições são especificadas em contrato.Este, por sua vez, engendra os investimentosnecessários para a construção e manutenção daobra enfatizando o longo-prazo das condições deentrega.

As primeiras quatro obras prioritáriasrealizadas pelo regime das PPPs deverão ser: aconstrução do trecho da ferrovia Norte-Sul entreEstreito (MA) e Gurupi (TO); a duplicação darodovia BR 116, no trecho que liga Feira deSantana (BA) à divisa com Minas Gerais; aconstrução, no Paraná, da variante ferroviáriaIpiranga-Guarapuava e a duplicação da rodoviaBR 101 Sul, entre Palhoça (SC) e Osório (RS). Aotodo, são 23 projetos e 13.067 bilhões de reaisdistribuídos pelos seguintes setores: rodoviários(R$ 7.215 bilhões); ferroviários (R$ 2.400 bilhões),portos (R$ 760 milhões) e irrigação (R$ 2.692bilhões).

Com a priorização das PPPs para as obrasde infra-estrutura no atual PPA, está havendouma mudança na forma como o BID e outrosorganismos multilaterais financiam essesprojetos. Ao invés de investir diretamente nasobras de infra-estrutura, o atual plano do BID para

o Brasil mostra que o Banco vai passar a priorizarinvestimentos institucionais, criando fundosadministrados por instituições financeiras locais(em reais) que, por sua vez, financiamempreendimentos privados dentro do esquemade PPPs. Em meados de 2004, o BID aprovou umempréstimo de US$ 75 milhões para a criação doFundo Brasileiro de Investimentos em Infra-estrutura.

Em suma, há uma grande expectativa porparte do setor privado de que os marcosregulatórios das PPPs viabilizem um “boom” nosprojetos de obras públicas nos próximos anos. OBID, que vêm exercendo papel vital em obras deinfra-estrutura no Brasil e outros países da região,deverá continuar sendo um importantefinanciador desses novos empreendimentos. Amaior parte dos empréstimos, no entanto,passará a ser canalizado para instituiçõesfinanceiras e não para os governos, tendo emvista que é o setor privado quem executa as obrasdentro do esquema de PPPs. Os setoresinteressados em participar de licitações das novasobras de infra-estrutura devem portanto estaratentos às regras que deverão ser criadas.Devem também estar atentos aos movimentos dosetor privado, sobretudo no que concerne aformação de grandes consórcios.

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REVISTA CONCRETO

ada vez mais, as estruturas de concreto têmse tornado complexas, ora em decorrência dos projetosarquitetônicos, ora por outros motivos, ambientais, porexemplo. Exige-se que as fôrmas sejam estudadascom muito cuidado e por profissionais com experiênciapara que tudo ocorra dentro do planejado. Todavia,elas não podem ser artesanais, feitas exclusivamentepara uma estrutura específica ou necessitando criarnovo sistema para cada estrutura.

O sistema estudado a seguir foi desenvolvidopara permitir grande versatibilidade e produtividadepara todos tipos de obras, util izando acessóriospadronizados. Neste sistema (figura 1), as chapas demadeira compensadas são estruturadas verticalmentecom vigas de madeira industrializadas tipo “H20”(figura 2). As chapas podem ser pregadas ouparafusadas nas vigas e, na horizontal, são colocadosperfis metálicos fixos nas vigas, através de elementospróprios de fixação.

Os espaçamentos das vigas e dos perfis sãodefinidos de acordo com a pressão atuante nas fôrmas,sendo menores os espaçamentos, quanto maior for apressão atuante nas mesmas, tanto entre as vigascomo entre os perfis. (figura 3). Os perfis possuem

furos nas suas extremidades para receber oselementos de ligação, que são as talas e os pinos que,com uma pequena variedade , junto com outrosacessórios, torna possível conseguir todas asgeometrias necessárias.

O uso deste sistema evita improvisações naobra, pois todos os acontecimentos prováveis já foramexaustivamente estudados, proporcionando aqualidade na moldagem e a segurança da obra. Outracaracterística é a adequabilidade no uso em paredesou pilares em que houver especificação da textura oude acabamento do concreto, uma vez que os painéispodem ser escolhidos e paginados conforme àsexigências. Podem ser utilizados, também, materiaisque incorporaram desenhos no concreto, como porexemplo, tábuas e sarrafos de qualquer espécie demadeira. Tem ainda a facilidade de poder ser acopladoao sistema trepante ou “carros” para balançossucessivos.

Formas com vigas industrializadas acopladasao sistema trepante

Solução tradicional utilizada para execução degrandes áreas, como paredes de barragens porexemplo, que ultimamente tem sido largamenteutilizada em mastros de pontes estaiadas a caixas deescada/elevador de edifícios.

Utilização em mastros (ou pilões)de pontes estaiadas

Para execução dos mastros para pontesestaiadas, o sistema é extremamente adequado, pois,além de garantir qualidade na aparência do concretoadapta-se facilmente às variações geométricas da

FORMAS COM VIGAS DE

MADEIRA INDUSTRIALIZADAS

Fôrmas

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Figura 1 - Detalhe da fôrma.

Figura 3 - Exemplo de dimensionamento da fôrmaconforme a pressão atuante.

C

Eng. Ms.C. Claudinei Palma de LimaGerente Técnico - DOKA

Figura 2 - Viga de madeira industrializada - Tipo H20

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REVISTA CONCRETO Fôrm

as

secção, característica comum em mastros, o quedificulta o uso do sistema deslizante.

Nos últimos anos, o sistema foi utilizadonas pontes sobre o Rio Paranaíba (Carneirinho-MG) (figura 4), Ponte Guamá (Pará), Ponte SantoAmaro (São Paulo) (figura 5) e Ponte de Brusque(SC).

Utilização em pilares e paredes de edifícios

A uti l ização do sistema trepante emedifícios tem se tornado bastante comum princi-palmente em pilares de elevador ou de caixa deescada para resolver os chamados “gargalos”, ouseja, eliminar os pontos onde normalmente ocor-rem atrasos no cronograma da obra devido àcomplexidade da sua geometria. Molda-se, comessa alternativa, os pilares independentementedo resto da estrutura, acelerando a execucaoexecução do todo.

SISTEMA TREPANTE

Como funciona

O sistema consiste na utilização de consoles metálicos que ligadosatravés de tubos, braçadeiras, pranchas de madeira e outros acessórios,formam uma plataforma. As fôrmas são conectadas a esta plataformaatravés de perfis verticais e tensores.

O conjunto, fôrmas acopladas as plataformas, é fixado na estruturaatravés de inserts deixados na camada concretada anteriormente, quecompostos por dois elementos: uma pequena barra de ancoragem comuma placa metálica soldada na ponta e um cone metálico com um furoroscado capaz de receber esta barra.

A barra de ancoragem fica presa no concreto definitivamente. Jáo cone é retirado e trocado por um outro que possui uma cabeçapreparada para encaixe para a plataforma. Para facilitar a sua retiradasão revestidos com uma capa plástica apropriada. Este processo se

repete em todas etapas de concretagem,prevendo-se na anterior, os inserts neces-sários para a próxima etapa. Consegue-se,deste modo, que os painéis sejam “trepados”até atingir o final da estrutura, originando onome do sistema (figura 6).

Para utilização nos edifícios, geralmentefaz-se coincidir a altura de cada concretagemdos pavimentos.

Todos os demais trabalhos necessáriospara a execução dos pilares, ou seja, ofechamento da forma, a armação, aconcretagem do pilar e o tratamento dacamada anterior são feitos sobre a plataformacom toda segurança e sem a necessidade douso da grua (figura 7). Aliás, a grua só éutilizada para movimentar o conjunto para apróxima camada.

Existem sistemas trepantes quedispensam, inclusive, o uso da grua para amovimentação, são os chamados sistemasautotrepantes. Estes sistemas são largamenteutilizados no exterior, principalmente Europa(ver case). No Brasil, contudo ainda nãoapareceram obras onde se viabilizam o usodestes sistemas.

Figura 6 - Etapas dedesmontagem, subida e

montagem das fôrmas.

Figura 4 - Ponte sobre o Rio

Paranaíba (Construtora

Queiroz Galvão)

Figura 5 - Ponte sobre o Rio

Pinheiros (Construtora OAS)

Figura 7 - Uso das plataformasdo sistema.

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REVISTA CONCRETO

Fôrmas com vigas industrializadas acopladas acarros para balanços sucessivos

Este sistema possui o mesmo princípio dasfôrmas trepantes, porém na horizontal. Para facilidadeoperacional as formas são penduradas em carros,espécies de treliça, fixos na camada concretadaanteriormente.

Os projetos de fôrmas para balanços sucessivosdevem ser cuidadosamente estudados, pois, a

geometria das aduelas não é constante e existeminclinações do tabuleiro tanto para os lados, como paracima ou para baixo. As regulagens são feitas no local,o que seria impossível se as soluções não estivessempensadas anteriormente.

Por exemplo, para balanços sucessivos daampliação da Rodovia dos Imigrantes (figura 8) foinecessário que a fôrma fosse inteiramente reguláveldevido ao número de ajustes necessários em função

das inclinações do tabuleiro (figura 9).

Figura 8 - Rodovia dos Imigrantes(Consórcio Imigrantes).

CASE RECENTE DE SUCESSO

Ponte Binh (Vietnã)

No final de 2.004, foi concluída a execução dos dois pilões (mastros) no formato da letra A da PonteBinh.

Esta ponte possui 1347m e fica situada em Haiphong, no Vietnã. Para a sua execução foi utilizadosistema autotrepante. O sistema possibilitou compensar o tempo perdido no início da obra e completar aexecução dos pilões dentro dos prazos estipulados.

Esta nova ponte estaiada atravessa o rio a uma altura de 25 m e liga o centro ao norte da cidade eà província carvoeira de Quang Ninh. O tabuleiro com 22,5 m de largura acomoda quatro pistas de tráfegoe dois passeios para pedestres. A data prevista de inauguração é 13 de maio de 2.005 o 50º aniversário deHaipong.

Solução de Fôrma

Com prazo reduzido para execução dos mastros, os construtores -as japonesas IHI, Shimizu e Sumitomo – optaram por sistema já testado eaprovado que é o sistema de formas com vigas industrializadas1, acopladaa um sistema autotrepante2.

O sistema possibilitou a execução de cada etapa com ciclo de doisdias, assegurando um eficiente progresso nos dois pilões, sem tempoocioso da equipe. Enquanto concretava o pilão esquerdo, a equipe poderiatrabalhar na desforma, elevação e alinhamento da forma do pilão direito,operações estas facil itadas pelos dispositivos hidráulicos do sistemaautotrepante. Estas operações eram realizadas em menos de cinco horaspor uma equipe de 4 a 6 homens. No dia seguinte, a operação era invertida,ou seja, enquanto concretava o pilão direito, a forma do pilão esquerdoera elevada. Todos os passos operacionais eram fáceis e rápidos de seaprender, o que fez o sistema funcionar como um mecanismo de relógio,com sincronismo preciso e produtivo. Como resultado, o pilão subia 3,62m a cada dois dias, um dia na esquerda e outro na direita.

A característica muito especial para subir com o sistema autotrepantedo pilão foi uma passarela que ligava, com segurança, os dois pilões,construida em vigas de aço e elevada por sistemas hidráulicos. Ela foifixada a um apoio articulado de um lado, enquanto no outro era apoiadoem uma construção tipo gôndola. A existência desta passarela permitiutrabalhar com apenas com um elevador entre os dois pilões. A passarelafoi projetada para resistir a altas velocidades do vento e suportar umacarga de 15 kN e, devido à inclinação dos pilões para o centro, era necessárioque a passarela fosse projetada em módulos de 1,5 m de comprimento,com o objetivo de encurtá-la a cada 3 ou 4 camadas..

Figura 9 - Diferentes inclinações e variações da aduela.

Figura 10 - Ponte Binh (Vietnã).

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REVISTA CONCRETO

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REVISTA CONCRETO

Otimizar a ConstruçãoUtilizando Tecnologias

de Fôrmas e Escoramentos

Fôrmas

Formas para lajes

solução estrutural racionalizada demanda auti l ização de diversos sistemas de fôrmas eescoramentos, a saber:· Sistemas nos quais as formas são armadas e

desarmadas a cada utilização.· Sistemas compostos por peças onde as medidas

são moduladas, possibilitam o uso de painéis oucompensados e têm a característica de ter oforcado de descida rápida.

· Mesas voadoras. Esta solução permite pré-armartrechos da laje com diversos tamanhos, incluindoou não, na própria mesa, o fundo mais uma lateralde viga.

Para cada uma das alternativas há um critériode escolha: tipo de estrutura, quantidade depavimentos iguais, prazo de obra, disponibilidade degrua, etc. Como complemento aos sistemas de laje,fôrmas metálicas e sistemas de mísulas trepantesfazem do conjunto uma solução completa que visa àrealização de uma obra mais eficiente, mais rentávelpara o construtor, mais rápida e acima de tudo maissegura.

Em todos os lugares da terra, o ser humanoprocura seu bem-estar, aumentando suasreivindicações para melhorar continuamente ascondições de vida. Desejam moradias maiores e demelhor qualidade, água limpa, escolas e universidades,hospitais modernos, meios de transporte confortáveise rápidos, rodovias, trens, aeroportos... Ou seja,desejam cidades com centros vivos e atraentes paramorar, pontes e estradas que as liguem através detodo o país.

Os arquitetos, engenheiros e as empresasconstrutoras têm na sua mão a possibilidade de tornarrealidade esses desejos, agindo com um alto nível dequalidade em toda classe de edifícios. Engenheiros civisaproveitam os conhecimentos adquiridos, graças àpesquisa e à ciência, para conseguir construçõeseconômicas em forma segura e rápida. Poderiam sercitados muitos exemplos desde arranha-céus e pilaresde pontes que se elevam até o céu e agüentam,inclusive em áreas sísmicas, fortes ações horizontaissem se danificar; estruturas portantes de pontes queabsorvem as forças resultantes do freio de emergênciade um trem de alta velocidade sem causar dano algum,até túneis e prédios subterrâneos, com a máximasegurança, mesmo quando aplicadas as cargas maisextremas.

Para realizar esta tarefa, o concreto é omaterial de construção mais adequadotanto para as estruturas quanto para osprédios. Ele é resistente ao fogo, protegecontra o ruído, a água, as tormentas e astemperaturas extremas. O concreto oferecetodas as possibilidades para materializarconstruções modernas, cheias de arte,criatividade e fantasia.

O projeto é seguido pela execução,convertendo o desenho inicial em realidade.Uma vez tomada a decisão, o construtorquer que as obras finalizem no menortempo possível e com custos muitoreduzidos. Os prazos limitados e a forteconcorrência de preços exigem da empresaconstrutora um rendimento máximo. Estacircunstância exige que a direção da obra,as pessoas envolvidas na preparação dostrabalhos e os mestres possuam, além daqualificação técnica no que diz respeito aos

A

Eng. Martín E. SolaGer. Técnico Comercial - PERI

Fôrma e escoramento especial no Auditório de Tenerife, Espanha.

Projeto do Arq. Santiago de Calatrava.

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REVISTA CONCRETO Fôrm

as

materiais de construção e à sua utilização, talentoorganizativo, facilidade de improvisação e voz decomando. Neste sentido, as empresas do setor defôrmas, escoramentos e andaimes têm contribuídocom inúmeras invenções marcadas pela inovação parauma melhoria contínua dos processos de construção,bem como o aumento da segurança das pessoasenvolvidas na construção.

Hoje em dia no Brasil existe umagrande disponibilidade de sistemas defôrmas e escoramentos, com padrõesde qualidade de nível internacional. Aflexibilidade dos mesmos permite umamaior l iberdade na concepção doprojeto arquitetônico sem significar umcusto maior da obra. O sucesso de umaestrutura de concreto vem comoresultado de uma acertada escolha dasolução estrutural e um corretoplanejamento da execução da mesma.A escolha do sistema de fôrmas eescoramentos é fundamental, uma vezdefinida a estrutura, pois vai possibilitaro cumprimento dos prazos deexecução, atingir a qualidade finaldesejada da estrutura e,principalmente, manter os custos finaisdentro dos previstos no orçamento daobra. As empresas do ramo dispõemde profissionais altamente qualificadose especializados no assessoramentodas diferentes alternativas deequipamentos, com as vantagens edesvantagens de cada um. Existemfatores decisivos a serem analisadosantes da escolha final do escoramentoa ser utilizado na obra.

Soluções conforme o projetoarquitetônico de prédios

Atualmente, os projetos arquitetônicos precisamter uma grande versatilidade no desenho dos interiores,principalmente em obras prediais comerciais. E ossistemas modernos de fôrmas e escoramentospermitem a realização dos projetos arquitetônicos maiscriativos e desafiantes.

Diante desta necessidade do mercado, osavanços da engenharia estrutural e de materiaispermitem oferecer uma variada gama de soluções. Aeleição da solução estrutural correta permitirá auti l ização eficiente de sistemas de fôrmas eescoramentos de altíssimo rendimento. A utilizaçãode uma estrutura composta por lajes planas é umadas soluções para responder à demanda, porapresentar mais vantagens em relação à soluçãotradicional composta por vigas e lajes. Em primeirolugar, o uso de lajes planas evita a necessidade deaumentar o pé direito entre os pavimentos por causadas vigas, simplifica as instalações de ar condicionado,elétricas e de incêndio. Cabe salientar também queuma laje plana nervurada vai ter uma altura total dalaje maior e os processos de execução são maisdemorados e menos produtivos, com maiores custosde acabamento final do que a laje plana maciça.

Uma opção de desenho arquitetônico muitoutilizada em outros países são os projetos de torres

com as fachadas de concreto aparente “in loco”. Aaplicação deste recurso é muito utilizada em prédiosde alto ou médio padrão. A existência de grandesapoios rígidos para as lajes viabiliza a execução delajes planas, sem protensão e de espessuras finas.Este tipo de estrutura simplifica os processos deacabamento das fachadas e reduz significativamentea necessidade de paredes feitas com tijolos ou blocos.

Para este tipo de estrutura érecomendável a utilização de sistemasde fôrma de alta produtividade,geralmente vinculados a plataformastrepantes. As janelas e demais furosnas paredes são feitas por meio decaixas de madeira negativas ou box-

out (caixas que ficam presas entre asduas faces da fôrma).

As vantagens das fôrmas degrandes dimensões são muitas, taiscomo: simplicidade na união dospainéis; rápido alinhamento dosmesmos; poucos pontos deancoragem, que reduzem nãosomente o tempo necessário parafechar as fôrmas como também otrabalho posterior de tampar os furos,reduzindo significativamente osreparos finais e garantindo um melhoracabamento final do concreto.

Os sistemas de painéis seclassificam em sistemas modulares esistemas pré-armados. Estes últimossão mais adequados para se obterparedes de concreto aparente, poisestes painéis não possuem quadrosmetálicos que ficam impressos noconcreto, os painéis pré-armados¹compostos de peças isoladas comovigas, longarinas metálicas ecompensado, permitem projetá-los

para as geometrias mais complexas, garantindoperfeitas superfícies e acabamentos finais do concreto.Uma grande solução para as obras é poder levardiretamente ao canteiro os painéis já montados, semnecessidade de dispor de espaço e recursos paramontar as formas na obra.

¹ Sistema de fôrma tipo VARIO

Fachada de concreto aparente executado com

painéis pré-armados sobre plataformas trepantes.

Obra: Turning Torso na Suécia.

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REVISTA CONCRETO

operação deste tipo de plataformas, a maior vantagemé a de liberar a grua para outras tarefas, obtendo-seuma velocidade de execução da estrutura muito alta.Em prédios com grande quantidade de paredes e como sistema auto-trepante , pode ser executado um andara cada 4 dias.

A utilização destes equipamentos é comum,também em pilares de pontes como no viaduto deMillau na França, que é recorde mundial de altura.

Aplicação das mesasvoadoras para lajes

Muitos prédioscomerciais têm a fachadaem pele de vidro oucurtain wall. Uma soluçãoestrutural, que amplia asáreas de vidro, é a de lajesem vigas na borda doprédio. Esta soluçãorequer que as paredes dosnúcleos de elevadores eescadas sejam emconcreto e têm a funçãode dar rigidez horizontalao prédio, evitando amaterialização de pórticosnas fachadas. Umaalternativa na execuçãodestas estruturas é fazeras paredes dos núcleossolteiros antes das lajes,

Racionalização da fôrma e uso de sistemas trepantes

Em plantas com áreas maiores a 800 m², o idealé fazer a concretagem da laje em duas metades, demodo que, quando se está executando a primeirametade da laje, são executados os pilares e paredesda outra metade do pavimento. O dimensionamentoda quantidade de equipamento necessário é: um jogocompleto de escoramento da laje, mesmo que estaseja concretada em duas metades; um jogo completode fôrma da face exterior das paredes da fachada,junto com as plataformas trepantes; e, finalmente,metade da fôrma da face interna das paredes dafachada e metade dos pilares e paredes internasrestantes. Este último jogo de fôrmas é utilizados duasvezes por andar.

A escolha de um compensado de qualidade queatenda a totalidade das utilizações para a realizaçãodo prédio é fundamental para evitar temposimprodutivos com reparos na superfície do concreto,ou na troca de chapas da fôrma. A grua nesta soluçãoexecutiva do prédio é uma ferramenta essencial. Umponto muito importante é que todos os trabalhos deacabamento das fachadas são realizados nasplataformas inferiores, que dispõem de unidadestrepantes, obtendo assim uma estrutura pronta noandar inferior àquele que está sendo concretado. Cabedestacar que, dependendo da geometria da planta doprédio, é comum ter plataformas de 5 m decomprimento, compostas somente por duas mísulas.Os modernos sistemas de ancoragem fazem com quea plataforma içada encaixe nas ancoragens superiorese a recuperação das ancoragens liberadas no andarinferior seja segura e rápida. Em média, o processode içamento de uma plataforma não demora mais que5 minutos.

A tecnologia de plataformas trepantes cresceunos últimos anos, sendo que hoje são executados nomundo prédios arranha-céus com plataformasauto-trepantes com comprimentos de até 12 m porplataforma. A içagem nestes casos é feita por meiode macacos hidráulicos sincronizados com velocidadede 0,50 metros por minuto. Esta operação pode serfeita com ventos de até 80 km/h, mas as plataformassão dimensionadas, se necessário, para suportar ventosmáximos de 180 km/h. Além da simplicidade na

Exemplo de dimensionamento do jogo de fôrmas ótimo.

Pilar da ponte Millau,França

Paredes executadas com fôrmas sobre plataformasauto-trepantes. Prédio Galileu na Alemanha.

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REVISTA CONCRETO Fôrm

as

ou seja trepar a fôrma independentemente. As fôrmase os sistemas trepantes têm as mesmas característicasque as comentadas no caso anterior dos prédios comfachadas de concreto.

Já para as lajes, as soluções de escoramentosão variadas. Se for uma laje plana com viga ou semviga na borda e grandes vãos entre os pilares, ossistemas de mesas voadoras são uma alternativa emrelação aos sistemas tradicionais. As mesas podemser compostas por torres ou escoras com forcadosespeciais. Estas últimas facilitam o trânsito de materiale pessoas no escoramento, também têm maiorflexibilidade e produtividade na retirada das mesasindependente da altura de viga, porque os forcadostêm uma articulação que permite girar as escoras 90graus.

Esta vantagem faz com que o ciclo de desformae colocação na posição final, na laje superior, sejafeito em 10 a 15 minutos por mesa. O tamanho dasmesmas pode atingir 25 m². O sistema de mesasvoadoras permite ter grande flexibilidade no desenhodas mesmas, possibilitando incluir o fundo e a lateralinterna da viga de borda, na própria mesa e deixarpronta a passarela de concretagem com osguarda-corpos colocados. A produtividade das mesasem relação aos sistemas tradicionais, onde tudo émontado e desmontado a cada utilização, é de 15%;ou seja, se para o sistema convencional o coeficientede mão-de-obra é de 0,60 hh/m², a laje escorada commesas voadoras² seria somente 0,10 hh/m². O ciclode execução normal dos pavimentos está entre 7 e 10dias e a velocidade de execução não melhora com oaumento da quantidade de carpinteiros, mas sim, como correto planejamento das tarefas.

As mesas devem ser pré-montadas na obra, porcausa do tamanho que impede o transporte dasmesmas do pátio do fornecedor até a obra. Deve-seprever um espaço para este serviço no canteiro deobra. O custo da montagem inicial faz com que estasolução seja economicamente viável a partir de 10utilizações das mesas; então, em prédios com dezpavimentos-piso ou mais, as mesas são umaalternativa muito boa para ter uma obra de sucesso.

² Sistema de mesas voadoras tipo UNIPORTAL

Sistemas modulares

Outro sistema muito eficiente é o sistema depainéis metálicos modulares³, que tem a principalcaracterística de dispor de forcados de descida rápida.O uso do painel nem sempre é requerido já que estessistemas têm a possibilidade de trocá-los por vigas eassoalho de compensado de 18 mm. A vantagem doforcado de descida rápida é possibilitar a desforma dalaje a partir do dia seguinte da concretagem.

O prazo mínimo para realizar a desformadepende do tipo de concreto, a espessura da laje ea temperatura média na época da construção. Estesistema perde produtividade, dependendo dotamanho das lajes. Quanto maior o número de vigasde concreto na estrutura, e, portanto, menor as lajes,menor a produtividade do sistema, por causa dos

arremates necessários a serem executados nosencontros das lajes com as vigas. A maior diferençadeste sistema de escoramento com as mesas ou como sistema tradicional é mais evidente quando, por umanecessidade de velocidade de execução das lajes,seriam requeridos dois jogos do sistema tradicionalou mesas. Nessa situação além de movimentar menorquantidade de peças, tem-se grande economia decompensado.

³ Sistema tipo SKYDECK

Exemplo de mesa voando.

Escoramento com painéis modulares.

Reescoramento de uma lajeexecutada com painéis modulares.

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REVISTA CONCRETO

Sistemas tradicionais

Finalmente o sistema tradicional4 é aquele maisflexível, porque é o sistema que se adapta a todo tipode solução estrutural, mesmo com uma densidadeimportante de vigas. É o sistema mais versátil, porémtem a menor produtividade em relação aos outros tiposde sistemas. A aplicação no Brasil é amplamenteaceita com ótimos resultados. Este sistema é compostopor cinco tipos de peças diferentes: escoras, forcados,tripé ou outro elemento de estabilização e vigas, asquais são usadas como vigas principais e secundárias.As vigas de madeira industrializadas que compõem osistema têm a vantagem de ter grande inércia eresistência à flexão, o que permite grandes distânciasentre vigas principais e as escoras, ficando umescoramento leve e excelentes condições de trânsitodentro dele.

O peso unitário das peças é sempre menor emrelação ao peso de uma placa de compensado, porisso, a montagem é rápida e feita em equipes de duaspessoas. A menor produtividade deste sistema, no casode lajes onde os outros sistemas são viáveis, deve-seà necessidade de montar e desmontar todas as peçaindividualmente a cada utilização.

4 Sistema tipo MULTIFLEX

Soluções com torres de carga

No caso de lajes com pés direitos altos, ossistemas de torres de carga atuais permitem ter,sempre que a estrutura seja regular, vãos livres entreas torres adequados para permitir o trânsito no pisoonde apóiam as torres e simplificar a movimentaçãodos materiais e pessoas na obra. Existem basicamentedois tipos de torres: as que têm uma secção em plantadefinida e as que permitem mudar a secção da torredependendo da necessidade. A vantagem do primeirotipo de torres é que requerem poucas peças diferentes;existem sistemas de torres que permitem fazer torresde qualquer altura somente com cinco peçasdiferentes.

Já as torres de secção variável têm peçasdiferentes para cada largura, mas muitas vezes teressa flexibilidade em obra simplifica muito à solução

do escoramento. Uma característica comum das torresmodernas é a simplicidade nas uniões, as quaisgeralmente são por encaixe tipo macho e fêmea e nãorequer outra ferramenta além do martelo e é muitosimples corrigir o prumo das mesmas já que dispõemde parafusos de regulagem tanto na base quanto notopo. Outra vantagem é que dependendo da carga eda altura da torre, nem sempre é necessário o uso dediagonais para as mesmas suportarem a carga detrabalho. A partir dos 6 metros de altura, as torresdevem ter um plano de travamento horizontal no topodas mesmas para garantir a estabilidade do conjunto.

Quando se têm torres de alturas maiores, opadrão é colocar linhas de travamento a cada 8 metrosde altura. O fato de ter um grande espaço entre astorres possibilita a fácil montagem de torres auxiliaresdepois da concretagem da laje para o re-escoramento.

Esta possibilidade oferece a grande vantagemde permitir a rápida recuperação do compensado paraser reaproveitado na laje superior e também das vigasque compõem o escoramento, e oferece, emconseqüência, a redução da compra de compensados

Início da montagem dastorres de reescoramento.

Estágio na montagem do escoramentocom o sistema tradicional

Escoramento com torres de carganuma obra na Av. Paulista

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REVISTA CONCRETO

e a diminuição da logística de peças do escoramentona obra. Quanto menor é a troca do escoramento emobra, maior é o beneficio no custo total em transporte,mão-de-obra para carga e descarga de peças econferência do material. Este conceito também se aplicaa toda a obra, mas é mais importante para o caso dasperiferias de obras. Estas geralmente são executadasem trechos; então, o melhor é dividi-los de forma ater um jogo ótimo de chapas de compensado e deescoramento. Para isso, é bom a execução do projetodo escoramento completo, assim como dimensionarcorretamente o material. O ganho com fretes emão-de-obra é bem maior do que se algumas peçasnão fossem utilizadas em algum dos trechos.

Solução estrutural e equipamentos de transporte vertical

Uma solução estrutural projetada, não somentepara as condições de uso na vida útil da estrutura,mas também pensada numa fácil execução, édeterminante na produtividade final na utilização desistemas de fôrmas e escoramentos. Existem váriosdetalhes que podem simplificar a execução de umaestrutura: um deles é, sempre que possível, padronizara altura das vigas e espessuras de lajes, já quesimplifica a fôrma lateral das vigas e o nivelamento doescoramento; outro, manter a seção dos pilares aolongo do prédio para evitar fazer adaptações nas fôrmase manter os pilares com a mesma secção de modo autilizar a fôrma mais de uma vez por planta, no casode fazer os pilares solteiros. Finalmente, evitar que alargura das vigas seja menor do que a espessura do

pilar, simplificando o encontro de topo da viga no pilar,pois não requer adaptações complexas da lateral daviga e a forma do pilar.

Os equipamentos de transporte vertical devemser projetados dependendo do tipo de serviço que vãoatender na obra. No caso de utilização de fôrmaspesadas em obra, unidades trepantes e/ou mesasvoadoras ou sistemas modulares como escoramentosdas lajes, requer-se a utilização de grua e a capacidadepadrão em ponta da mesma deve ser de no mínimo1.500 kg. Sempre é melhor conferir os pesos doselementos a movimentar antes de escolher a grua. Omais importante, uma vez decidido pela utilização dagrua é fazer um correto planejamento de todos ostrabalhos que dependem da mesma para otimizar osprocessos e acelerar os trabalhos. Sempre que possíveldeve-se instalada a grua no início da obra. Além demovimentar fôrmas e escoramentos, a grua leva osmateriais e o concreto para a execução dos pilares eparedes. Na maioria dos casos o peso da caçamba deconcreto é o determinante da capacidade necessáriada grua.

Os sistemas modernos de fôrmas eescoramentos dão forma às estruturas de concreto.As fôrmas e escoramentos são para o funcionamentoe estética do projeto assim como os andaimes são paraa segurança das pessoas, tanto em grandes pontes,túneis e arranha-céus, como em barragens e centraiselétricas.

A colaboração dos engenheiros especialistas doramo aos gestores das empresas construtoras conduzsempre a soluções rentáveis, rápidas e seguras.

Page 42: Revista_Concreto_38.pdf

REVISTA CONCRETO

COSTO Y CALIDAD

DE LAS ESTRUCTURAS

Concreto de alto desempenho

E

Prof. Raúl Husni, Paula C. Folino & Claudia M. TraiberDepartamento de Construcciones y Estructuras

Facultad de Ingeniería, Universidad de Buenos Aires, Argentina

[email protected]

INTRODUCCIÓN

n las últimas décadas se produce una notableevolución tanto en la constitución como en la formade empleo del hormigón, básicamente debido a lautilización de aditivos químicos altamente reductoresde agua, comúnmente conocidos comosuperfluidificantes, y por la incorporación de mineralesactivos, dando lugar así a la aparición de una nuevageneración de hormigones.

A estos hormigones así modificados,aunque sea con algunos de los recursosmencionados, se los denomina de altaprestación,- H.A.P.- o de alta performance. Sedestaca que los H.A.P. no son necesariamentehormigones de alta resistencia (fck > 60MPa)

La utilización de estos H.A.P. permite ampliarsubstancialmente los atributos que pueden caracterizara un hormigón, y consecuentemente la calidad de lasestructuras construidas, ya sea en masa, armado opostensado.

En general las cualidades que se alcanzan consu utilización, están asociadas a una mayor facilidaddel proceso constructivo, a una mejora delcomportamiento de la estructura en servicio y a unmenor costo total durante el tiempo de su utilización.

Así por ejemplo, la trabajabilidad y la altaresistencia inicial permiten disminuir el consumo de

materiales y los tiempos de construcción reduciendoel costo inicial, la compacidad, la impermeabilidad y elmayor contenido de cemento, aumentan la durabilidady consecuentemente extienden la vida útil.

En algunos casos, puede ser necesario obtenerhormigones con determinados atributos particulares,por ejemplo resistencia a la abrasión, bajapermeabilidad, o estabilidad volumétrica.

Las cualidades o atributos específicos delhormigón, dependerán del tipo y destino de laestructura, del medio ambiente, de las condicionesparticulares de construcción, etc.

El uso de estos H.A.P. junto con el aceroha dado lugar a “nuevo hormigón armado” y suaplicación conduce a una nueva generación deestructuras de hormigón que podríamos llamar“Estructuras de Alta Prestación”- E.A.P.-.

A las estructuras de Alta Prestación,-E.A.P.-, las podemos definir como “aquellas queen relación al tipo de obra y al medio deimplantación, presentan una aptitud superior ala habitual para cumplir con la función asignada,extender su durabilidad, y/o disminuir el costoinicial o de mantenimiento”.

En la Tabla 1, se muestra algunas cualidades delos hormigones y los aspectos sobre los que tienenmayor incidencia en las estructuras de hormigón:

22

INCIDENCIASOBRE EL ESTADO

LIMITE ULTIMO

INCIDENCIA

SOBRE EL ESTADOLIMITE DE

SERVICIO

INCIDENCIA

SOBRE LADURABILIDAD

INCIDENCIASOBRE EL COSTO

INICIAL

INCIDENCIA

SOBRE EL COSTODE

MANTENIMIENTO

Alta Resistencia a

la Compresión

Alto Módulo deElasticidad

Resistencia ala Abrasión

Alta ResistenciaInicial

Resistencia ala Abrasión

Resistencia ala Atracción

Resistencia a la

Compresión

Protección contrala Corrosión

Protección contrala CorrosiónTrabajabilidad

Impermeabilidad

Difusibilidad,

Capilaridad,

Permeabilidad

Resistencia a laCompresión

Tabla 1. Calidades del hormigón y sus incidencias.

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Salvo condiciones muy particularesde proyecto, en general debe demostrarseque la elección de un hormigón de determinadascaracterísticas permite optimizar la relacióncosto - beneficio.

Una de las características mássignificativas en cuanto al costo inicial resultantede la estructura es la resistencia a la compresióndel hormigón a emplear.

La Fig. 1 muestra la disminución del costopor unidad de resistencia del hormigón, enfunción de la resistencia a la compresión, de laque surge en principio la conveniencia de utilizarhormigones de mayor resistencia. Más allá delos materiales, recursos humanos y equipos deque disponga, no resulta sencillo al proyectistaestructural evaluar las consecuenciaseconómicas de su elección para el conjunto dela estructura, debido a la cantidad de variablesque intervienen algunas de las cuales actúanfavorablemente y otras no.

HIPÓTESIS DE MATERIALES Y DECALCULO ADOPTADAS:

Las variables de diseño son la calidad delhormigón y del acero a emplear, realizando lasevaluaciones para distintos valores de M y N quecubren el campo de compresión centrada a flexióncompuesta con gran excentricidad.

Secciones y solicitaciones: Se estudia unasección de columna o parante de pórtico desección rectangular, de relación de lados 1 a 4 yde 3m de altura. Dicha sección se dimensionarápara distintos pares de valores momento-esfuerzo normal, de manera de abarcar distintostipos de solicitaciones desde la compresióncentrada hasta la flexión dominante.

Calidad de Hormigón: La secciónespecificada en el punto anterior, sedimensiona también para distintascalidades de hormigón, basándose enuti l izar hormigones de componentestradicionales a los que sólo se les adicionasuperfluidificantes, sin recurrir a adicionesminerales. El punto de partida adoptado, si bienimplica un alto consumo de cemento y unalimitación de la resistencia ci l índrica acompresión del hormigón a valores del ordende los 50/60 Mpa, mantiene tanto el costode producción como la tecnología para suobtención dentro de parámetrosfácilmente manejables para la industriaelaboradora. Dentro de este marco, loscálculos se realizan para: C20, C30, C40 y C50.

Calidad de Acero: los cálculos se hacen paraS420 y S500 para poder comparar también laincidencia que tiene sobre los costos lautilización de un acero de mayor calidad.

Reglamento de aplicación: Euro Código EC2

Costos: si bien el trabajo se basa en costosabsolutos vigentes actualmente en Argentina,el análisis se basa en los costos relativos alcomparar los valores resultantes, razón por lacual, las conclusiones pueden tener validez masgeneral.

- Encofrados: 20.4 u$s/m2 de perímetromojado, valor que incluye amortización demadera en cinco usos y mano de obra parasu ejecución.

- Hormigón: para las distintas calidades dehormigón se consideran los siguientes preciosen u$s/m3. Estos, incluyen: Materialesconstitutivos, elaboración, costo del control decalidad, y mano de obra de colocación delhormigón.

- Acero: para las distintas calidades deacero se consideran los siguientes precios enu$s. Estos, incluyen: Material y mano de obrarelativa al acarreo, corte, doblado y colocaciónde las armaduras.

Consideraciones adicionales: se tuvo en cuenta: el desperdicio medio del hormigón y del acero, los estribos y los empalmes de las armaduras.

Verificación de secciones: Los análisis serealizaron según dos criterios l ímites dedimensionamiento posibles:

Figura 1. Costo del hormigón por unidad deresistencia a compresión.

C20 C30 C40 C50

68 75 84 89

fyk 420 MPa fy

k 500 MPa

950 1050

43

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REVISTA CONCRETO

Caso A: Se determina la sección deencofrado necesaria a partir de cuantíaseométricas totales de armaduras adoptadasdel 1.5%, 2%, 3% y 4%.

Caso B: Se mantiene la sección inicial deencofrado determinada para un hormigónde menor calidad y se calculan las cuantíasde armadura necesarias empleando otrode mayor resistencia.

Las solicitaciones características externasadoptadas son:

CASO 1: N= 5000 kN; M= 0 kNmCASO 2: N= 5000 kN; M= 500 kNmCASO 3: N= 5000 kN; M= 1250 kNmCASO 4: N= 5000 kN; M= 3000 kNm

Se adoptó un coeficiente de mayoraciónglobal para calcular las solicitaciones dediseño de 1,45.

En ambos, Casos A y B, con los análisisde precios establecidos se determinan los cos-tos resultantes y se realizan los correspon-dientes análisis comparativos.

RESULTADOS

Se presentan los resultados obtenidos de mayorinterés:

* Caso A

Área de hormigón necesaria paradistintas cuantías y aceros S420 y S500 enfunción de la resistencia del hormigón, casosde solicitación, 1 a 4. (Fig. 2, 3, 4 y 5)

Figura 2. Área de hormigón, caso 1.

Figura 3. Área de hormigón, caso 2.

Figura 4 Área de hormigón, caso 3.

Figura 5. Área de hormigón, caso 4.

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Gráficos de comparación de los costos relativos (Fig. 6 y 7) para ambos aceros, cuantías de 1,5%y 4%, para los cuatro casos de solicitación analizados.

* Caso B

Cuantía geométrica necesarias con el área constante, para los casos de solicitación 1 y 4 enfunción de la calidad del hormigón, para acero S420 y S500. (Fig. 8 y 9).

Figura 6 Costo relativo para cuantia de 1,5%. Figura 7 Costo relativo para cuantia de 4%.

Figura 8. Cuantía geométrica. Caso 1. Figura 9. Cuantía geométrica. Caso 2.

Figura 10. Costos. Casos 2-4.

Costo resultante con área constante para los casos 2 a 4, con aceros S420 y S500. (Fig. 10 y 11)·

Figura 11. Costos. Casos 2-4.

45

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REVISTA CONCRETO

Variación del costo manteniendo el área constante para los cuatro casos analizados y los dos tipos deacero, según el rango de variación de la resistencia a compresión del hormigón.

a- Área de hormigón variable. Tabla 2.b- Área de hormigón constante. Tabla 3.

Se resaltan en negrita los porcentuales de disminución de costo al pasar de un hormigón clase C20 a uno C50.

ACERO S500RANGO DEVARIACIÓN

DE LA CALIDADDEL HORMIGON

ACERO S420RANGO DEVARIACIÓN

DE LA CALIDADDEL HORMIGON

CASO 1 CASO 2 CASO 3 CASO 4

µ=1.5% / 4.0% µ=1.5% / 4.0% µ=1.5% / 4.0% µ=1.5% / 4.0%

C20—>C30

C20—>C40

C20—>C50

C30—>C40

C30—>C50

C40—>C50

20.4% / 16.4%

31.8% / 27.1%

40.5% / 34.9%

14.4% / 12.8%

25.3% / 22.1%

12.7% / 10.6%

20.8% / 15.5%

29.0% / 24.9%

37.2% / 32.5%

10.3% / 11.1%

20.6 / 20.2%

11.5% / 10.2%

16.8% / 12.3%

25.7% / 21.9%

32.5% / 29.0%

10.6% / 10.9%

18.9 / 19.0%

9.2% / 9.1%

15.3% / 12.1%

22.9% / 19.9%

29.8% / 25.3%

9.0% / 8.8%

17.2% / 15.0%

9.0% / 6.8%

µ=1.5% / 4.0% µ=1.5% / 4.0% µ=1.5% / 4.0% µ=1.5% / 4.0%

C20—>C30

C20—>C40

C20—>C50

C30—>C40

C30—>C50

C40—>C50

20.0% / 16.2%

32.1% / 27.1%

40.0% / 34.9%

15.2% / 13.1%

25.1% / 22.4%

11.6% / 10.7%

18.3% / 14.7%

29.2% / 25.3%

37.1% / 32.0%

13.4% / 12.4%

23.0 / 20.3%

11.2% / 9.0%

17.2% / 14.0%

27.3% / 23.2%

33.9% / 29.9%

12.2% / 10.7%

20.2 / 18.5%

9.0% / 8.7%

14,5% / 12.4%

23.4% / 20.8%

28.8% / 26.4%

10.4% / 9.6%

16.7% / 16.0%

6.9% / 7.1%

CASO 1 CASO 2 CASO 3 CASO 4

Tabla 2. REDUCCION DEL COSTO AL AUMENTAR LA RESISTENCIA DEL HORMIGON VARIANDO EL

AREA DE LA COLUMNA CON CUANTIAS DE ARMADURA GEOMETRICAS PREDETERMINADAS

ACERO S500RANGO DEVARIACIÓN

DE LA CALIDADDEL HORMIGON

ACERO S420RANGO DEVARIACIÓN

DE LA CALIDADDEL HORMIGON

CASO 1

N=5000KN-M=0KNmCASO 2

N=5000KN-M=500KNm

CASO 3

N=5000KN-M=1250KNm

CASO 4

N=5000KN-M=3000KNm

C20—>C30

C20—>C40

C20—>C50

C30—>C40

C30—>C50

C40—>C50

21.1%

40.3%

59.6%

24.3%

48.7%

32.3%

22.0%

39.7%

56.7%

22.7%

43.9

27.4%

18.6%

37.9%

52.9%

23.7%

42.1%

24.1%

17.2%

31.2%

39.7%

17.0%

27.2%

12.4%

C20—>C30

C20—>C40

C20—>C50

C30—>C40

C30—>C50

C40—>C50

22.7%

39.6%

53.7%

21.9%

40.1%

23.3%

22.1%

39.6%

56.3%

22.4%

43.8%

27.6%

21.9%

39.0%

53.2%

21.9%

40.1%

23.3%

18.7%

31.7%

41.5%

16.0%

28.0%

14.3%

CASO 1

N=5000KN-M=0KNmCASO 2

N=5000KN-M=500KNm

CASO 3

N=5000KN-M=1250KNm

CASO 4

N=5000KN-M=3000KNm

Tabla 3. REDUCCION DEL COSTO AL AUMENTAR LA RESISTENCIA DEL HORMIGON MANTENIENDO EL

AREA DE LA COLUMNA CONSTANTE CON CUANTIAS GEOMETRICAS DE ARMADURA VARIABLES

46

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REVISTA CONCRETO

ANÁLISIS DE RESULTADOS

Dentro del rango de solicitación analiza-do, con el uso de hormigones de mayor resis-tencia se verifica que:

Manteniendo las cuantías de acero cons-tante,

1- La mayor reducción de área de encofradocon el aumento de la resistencia del hormigón, seorigina para las calidades de hormigón más bajas ylas menores cuantías.(Fig. 2 a 5)

2- La mayor reducción porcentual de área dehormigón con la uti l ización del acero de mayorresistencia se da para las calidades más bajas dehormigón, las mayores cuantías y las mayoressolicitaciones de flexión.

3- En todos los casos de solicitaciónanalizados, disminuye el costo del elementoestructural al aumentar la calidad del hormigón.Los mayores porcentajes de disminución se verificanpara las menores solicitaciones de flexión y/o menorescuantías de acero. (Fig. 6 y 7)

4- La utilización de uno u otro tipo de acerono tiene incidencia significativa en el costounitario del elemento estructural.

Manteniendo la sección de hormigón cons-tante, se verifica que:

1- La disminución de cuantía geométricanecesaria con el incremento de la resistenciadel hormigón es más significativa en la medidaen que predominan los esfuerzos de compresiónsobre los de flexión. (Fig.8 y 9)

2- La utilización de las menores cuantíasposibles conduce a elementos estructurales demenor costo (Fig. 10 y 11)

CONCLUSIONES

De acuerdo a los valores de los materiales ymano de obra adoptados, la incorporación de tecnologíasimple que permita elaborar y emplear correctamentehormigones de mayor resistencia, trae aparejado enlos elementos estructurales flexocomprimidos, tal elcaso de columnas, pórticos, tabiques, etc., una notabledisminución del costo de inicial.

Estas economías son más notables cuanto mayores la incidencia de la compresión frente a la flexión.

La magnitud de las economías señaladas no sealcanzan en los entrepisos solicitadospreponderantemente a flexión, tal como se desprendede la menor disminución porcentual del costo que serefleja a medida que se incrementan las solicitacionesde flexión. Sin embargo, se puede aprovechar la mayorresistencia con diseños o programas de desarrollo deobra que util icen favorablemente esta cualidad,evitando una práctica engorrosa como es la deespecificar hormigones de distinta resistencia segúnlos elementos estructurales.

Proyectos donde se diseñen entrepisospretensados, secciones huecas, entrepisos mixtos, odonde se den situaciones que requieran plazos de obrareducidos y/o una reutilización de encofrados muyintensa, constituyen situaciones ideales para unaprovechamiento integral de la mayor resistencia delhormigón, haciendo extensivas las economías, a todala estructura y a todo el proceso constructivo.

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REVISTA CONCRETO

2

Engenharia:profissão para o

desenvolvimento do homem

Quem pensa que a profissão de engenheiro civil resume-se em fazer cálculos, desenhar projetos, gerenciarmétodos construtivos e materiais e exercer o controle de qualidade nas obras deveria dar uma olhada no novoCódigo de Ética Profissional adotado pelo Confea (Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia).O documento tem como fundamento basilar a concepção de que a profissão é um bem social e cultural dahumanidade. Por isso, todo trabalho do profissional é dirigido para o ser humano e para a melhoria do bemestar do homem. “O Código de ÉticaProfissional baseou-se na compreensão deque as profissões, além de científ icas,tecnológicas e artísticas, são de caráterhumanístico”, enfatiza o Prof. Wilson Lang,presidente do Confea.

Essa nova visão da profissão “coincidecom os princípios básicos que semprenortearam as atividades do IBRACON desdesua fundação, qual seja o da promoção éticado conhecimento sobre concreto”, ressalta oProf. Paulo Helene.

O Código possibilita às entidades afaculdade de exigir condutas adequadas deseus associados e desenvolver a prática deuma profissão pautada em princípios éticosno dia-a-dia. Elas podem e devem incorporar,em seus estatutos, o dever de observânciadas normas éticas comuns. Já, o aspecto dainfração ética é examinado em processosdisciplinares, cuja competência julgadora, emprimeira instância, é das CâmarasEspecializadas dos CREAs.

Um princípio de conduta técnicacontemplado no novo Código e passível depunição no âmbito das CâmarasEspecializadas diz respeito ao princípio dasustentabilidade das ações profissionais. Elepreconiza que, quando da elaboração deprojetos, execução de obras ou criação denovos produtos, os atos de ofício devematender à conservação de energia e àminimização dos impactos ambientais.

O novo Código de Ética Profissionalentende a profissão como bem social dahumanidade e o profissional, o agente capazde exercê-la, tendo em vista sua buscaconstante do “bem-estar e desenvolvimentodo homem, em seu ambiente e em suasdiversas dimensões: como indivíduo, família,comunidade, sociedade, nação e humanidade;nas suas raízes históricas e nas gerações atuale futura”.

Obtenha o Código de Ética Profissionalgratuitamente no site do Confea

(www.confea.org.br)

Artigo publicado no jornal A Tarde, em 07 de março de 1996.

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REVISTA CONCRETO

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REVISTA CONCRETO

A EXECUÇÃO DA

PONTE SOBRE O RIO GUAMÁ

“O COLOSSO DO PARÁ”

pontes

50

José Oscar Brun FilhoGer. de Engenharia do Consórcio Novo Guamá

Eng.º José Zacarias Rodrigues da Silva Jr.Diretor Concreteste

INTRODUÇÃO

á muito que o estado do Pará sonhava coma integração entre as regiões mais longínquas doestado que possui dimensões de nação. E o projetoda Alça Viária veio responder aos anseios paraensesno sentido de alavancar o desenvolvimento destaregião.

A Ponte sobre o Rio Guamá, é uma estruturaque muito vem contribuir para o desenvolvimento daengenharia nacional, tal a implementação daspesquisas tecnológicas desenvolvidas no laboratório,para que os requisitos de desempenho estabelecidosno projeto fossem atendidos. Como o cronogramaestabelecido para executar este projeto foi exíguo,cerca de 20 meses de trabalho, a pré-fabricação daspeças se tornou um mecanismo de racionalização doprocesso construtivo desta estrutura.

E ao longo de sua execução, utilizou-se naestrutura desta obra o concreto de alto desempenhopara atendimento aos requisitos de projeto bem comoatender aos preceitos de vida útil e durabilidade doconcreto.

Na verdade, o objetivo maior da equipe detrabalho deste empreendimentoera obter uma estrutura de elevadodesempenho para fazer face aosdiversos níveis de agressividadeambiental.

Segundo LIBÓRIO(2004), ovolume de recursos usados emconstruções de estruturas deconcreto no Brasil pode atingir acifra de 3 trilhões de dólares.Afirma ainda que “a qualidade deuma construção, para o usuário,poderia ser definida como umsentimento de bem estar, pelabeleza do empreendimento,estruturalmente segura e estável,custo compatível, acesso fácil,conforto visual e táctil, enfim,integrada ao próprio ser humanoe ao ambiente”.

OBJETIVO

A execução destaestrutura tem um objetivo social,

que transcende a percepção normal dos usuários, postoque se trata de uma obra que foi construída em plenaselva amazônica, e que vai promover a integração doestado do Pará, unindo a capital aos mais longínquosrincões paraenses. Com isso, alavancará odesenvolvimento da região.

Ao mesmo tempo que tenta desmistificar aidéia da impossibilidade de se executar concretos deelevado desempenho em obras da região norte e comos materiais agregados da região (seixo e areia).

DESCRIÇÃO DA ESTRUTURA

Esta ponte tem sua concepção arquitetônica, comum trecho chamado corrente constituído de vigasprotendidas com seção transversal em “I”, comcomprimento de 45 m. Estas vigas estão apoiadas emblocos de concreto, que por sua vez repousam sobreestacas pré-moldadas protendidas com comprimentosvariando entre 50 e 60 metros. Além de vãos estaiadoscujas aduelas ficarão suspensas por cabos protendidoscravados em dois mastros com 102 m de altura cada,existem as pre-lajes e o tabuleiro. A tabela 2.1 é umquadro resumo dos quantitativos das peças pré-fabrica-das.

H

AÇO CA-50 3 CA-25

CONCRETO ESTRUTURAL - FCK = VARIADO

PRÉ-LAJES EM PEÇAS PRÉ-MOLDADAS DE 0,29m3 CADA

FORMAS

ESTACAS PRÉ-TENDIDAS - ∅ 0,80m

ESTACAS MISTAS - METÁLICAS E CONCRETO - ∅ 0,80m

ESTACAS DE CONCRETO CENTRIFUGADA - ∅ 0,50m

TABULEIRO DE PONTE

VIGAS PRÉ-MOLDADAS PROTENDIDAS P/ VÃO DE 45m

ADUELAS PRÉ-MOLDADAS COM PESO UNITÁRIO DE 145t

CONCRETO DO MAIOR BLOCO SOBRE ÁGUA

FORMAS DESLIZANTES

FORMAS DO TIPO TREPANTE

AÇO CP-190 RB

32.754,00 m3

4.390,00 t

612,00 t

164.425,00 m2

22.000,00 ml

4.500,00 ml

5.000,00 ml

25.000,00 m2

90,00 un

1.591,00 m3

7.472,00 m2

2.772,00 m2

5.040,00 un

69,00 un

Tabela 2.1 - Quadro Resumo das Características das Peças Pré-fabricadas

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REVISTA CONCRETO pontes

TECNOLOGIAS APLICADAS

Utilizou-se no processo construtivo: estacas,vigas e aduelas protendidas além de pré-lajes, todasfabricadas no sistema de pré-fabricação.

As torres que suportam os cabos estaiadosforam executadas no sistema de fôrma deslizante atéa viga de transição, e acima dela, usou-se a fôrmatrepante.

Os blocos e pilares da ponte foram executadoscom concreto convencional.

Os blocos que suportam as torres do vãoestaiado tiveram um tratamento de concreto massa,sendo concretados em etapas para evitar tensões detração de origem térmica, bem como na dosagem deconcreto dos mesmos teve-se o cuidado de realizar obalanço térmico para reduzir ao máximo a temperaturade lançamento deste concreto.

ESTACAS

As estacas foram moldadas no canteiro deobra com geometria vazada, executada em fôrmametálica, e no centro das estacas eram introduzidosuma forma plástica base polímero (poliuretano),retiradas logo após o concreto ter atingido o tempo depega.

Estas estacas foram concretadas sobre umberço de concreto, onde os caminhões betoneiralançavam o concreto fabricado numa central dosadoradentro do canteiro de obra. Estas estacas eram curadasde forma acelerada para que após 24 horas fossemtransportadas para o pátio de armazenagem onderecebia a cura úmida até a data de cravação. Após asprimeiras estacas produzidas, sustou-se a curaacelerada e optou-se pela utilização de um aditivo hiperplastificante de última geração à base policarboxílico,que além de reduzir as perdas de resistência doconcreto na idade de 28 dias, melhorou sensivelmenteo desempenho do concreto, tanto no estado frescocomo no endurecido. A figura 1 mostra a seçãotransversal das estacas. As fotos 1 e 2 mostram a etapa de armação

das estacas vendo-se as armaduras passivase as cordoalhas posicionadas para serem pré-tracio-nadas.

Uma das preocupações do controle dequalidade foi a garantia da durabilidade destaspeças, e para isto usou-se o cobrimento daarmadura igual a 5 cm, sendo que as pastilhasforam produzidas com o mesmo traço utilizadona fabricação das estacas para que nãohouvesse nenhuma descontinuidade dentro daestaca que provocasse diferença dedesempenho.

Vê-se ainda no mesmo detalhe a formainterna constituída de poliuretano, cuja retiradase dava após o tempo de pega do concreto. Oconcreto era fabricado numa central dosadoradentro do canteiro e, para melhoria do seudesempenho tanto no estado fresco como noendurecido, adicionou-se o aditivo hiperplastif icante de terceira geração à basepolicarboxílico, para que com isto se pudesseter a trabalhabilidade necessária para oconcreto, bem como poder transportar a peçapara o pátio de estocagem após 24 horas.

Figura 1 - Seção transversal da estaca

Foto 2 – Armação e espassadores.

Foto 1 – Etapa de armação da estaca.

51

Page 52: Revista_Concreto_38.pdf

REVISTA CONCRETO

CARACTERÍSTICAS DA PEÇA

1. Armação Longitudinal12 Barras CA-50 ∅ 25.015 Cordoalhas de Aço galvanizado ∅ 12.5

2. Dimensões das EstacasMenor comprimento da estaca = 25m.Maior comprimento da estaca = 50m.Diâmetro da estaca = 0,80m.Espessura da parede da estaca = 0,15m.

3. ConcretoFck = 35MPa

4. Cura do concretoÚmidaA vapor

A tabela 1 mostra os resultados obtidos nosensaios de compressão do concreto das estacas.

VIGAS LONGARINAS

As vigas que compõem o trecho chamadocorrente, ou seja, o trecho formado por vigas que seapoiam sobre a infra-estrutura, tem a sua seçãotransversal em perfil “I”, protendidas e com todo oprocesso construtivo executado no canteiro de obra.A figura 3 mostra um corte da seção longitudinal etransversal das vigas, com detalhes das armaduras edas dimensões das peças. As fotos 3 e 4 representam

as etapas de desforma e protensão das vigas nocanteiro. Estas vigas, após a protensão, são içadas etransportadas ao seus respectivos apoios através de

uma treliça metálica.

De uma forma geral, estruturas deconcreto pré-moldado são empregadas emedificações industriais, em virtude daeconomia e na redução do tempo de execuçãoda construção, posto que se tratam de peçasproduzidas em série. Neste empreendimento,usou-se a tecnologia do pré-moldado tantopara atender ao cronograma como também

para obter peças de melhor acabamento e qualidade(FAIRBANKS, 2004).

Gráfico da Evolução da Resistência

Figura 3 – Corte da seção transversal e longitudinal das vigas

Foto 3 – Desforma e protensão das vigas.

Foto 4 – Desforma das vigas.

Dados Técnicos:

T.U.P.: 1;1,240;2,396a/c:0,36c:487Kg / m³aditivo: Hiper-plastificante (0,5%)

Estaca 18 horas 3 dias 7 dias 28 dias Ec (28)

AM-03

0,75

7,5

24,2

3

40,8

7

49,0

49,0

28

51,3

27,130

20,210

22,370

Tabela 1 - Evolução das resistências das estacas pré-moldadas

40,8

AM-02

AM-01 22,7

40,1 48,8

52,2

50,4

52

Page 53: Revista_Concreto_38.pdf

REVISTA CONCRETO pontes

Tabela 2 - Evolução das resistências das vigas pré-moldadas

A tabela 2 mostra os resultados obtidos nos ensaiosde compressão do concreto das vigas.

Vigas 3 dias 7 dias 28 dias 60 dias

AM-01

AM-03

3

25,6

22,6

28,9

7

33,0

32,3

29,0

28

37,5

36,0

31,2

60

44,2

42,4

44,4

AM-02

Gráfico da Evolução da Resistência

CARACTERÍSTICAS DA PEÇA

1. Armação Longitudinal06 Bainhas12 Cordoalhas de Aço Galvanizado ∅ 15.2 porbainha3960Kg de Aço CA-50

2. Dimensões das vigasComprimento = 45mAltura = 2,20mLargura da mesa = 1,25m

3. ConcretoFck = 30MPa

4. Cura do ConcretoCura úmida/química

5. Peso100Tf

ADUELAS PRÉ-MOLDADAS

As aduelas são as peças estruturais que fazemparte do trecho estaiado e que originariamente seriamexecutadas in loco, porém, com o ajuste docronograma de execução, optou-se pela pré-fabricaçãodas mesmas. Estas aduelas eram compostas por 2vigas externas ligadas por uma laje que fazia parte

do tabuleiro, ligadas também por 4 transversinas quefaziam parte do conjunto e garantiam maior rigidez àpeça. Dentro destas aduelas foram introduzidos tubosguias por onde eram introduzidos os estais. A figura 5mostra um corte transversal e longitudinal das aduelas.Estas aduelas por necessidade de atendimento aocronograma foram desformadas 24 horas após aconcretagem, e este objetivo só foi conseguido com ouso do aditivo hiper plastificante e uma cura úmidabem efetiva, que permitiu o acréscimo das resistênciasiniciais e finais do concreto. As fotos 5 e 6 mostram asetapas de execução destas peças antes de seremtransportadas para o local onde seriam içadas e depoisprotendidas. A foto 7 mostra a operação de içamentodas aduelas para o vão estaiado.

Figura 5 – Corte da seção transversal

e longitudinal das aduelas.

Foto 5 – Forma das aduelas pré-moldadas

Dados Técnicos:

T.U.P.: 1;1,240;2,396

a/c:0,36

c:487Kg / m³

aditivo: Hiper-plastificante (0,5%)

253

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REVISTA CONCRETO

Foto 6 – Cura do concreto das aduelas

A tabela 3 mostra os resultados obtidos nosensaios de compressão do concreto das aduelas.

Gráfico da Evolução da Resistência

CARACTERÍSTICAS DA PEÇA

1. Armação

Aço CA-50 = 6118KgAço CA-25 = 43KgBarras Dywidag = 27Kg

2. Dimensões de uma AduelaComprimento = 7,20mLargura = 14,20mTubo forma por aduela = 2und

3. Concretofck = 40MPa

4. Cura do ConcretoCura Química

PRÉ- LAJES

São peças estruturais que foram concebidaspara servir de forma ao tabuleiro, ao guarda-corpo eao guarda-rodas, posto que seria inviável montar umsistema de forma e escoramento no meio do rio. Afigura 5 mostra o detalhe das pré-lajes através de umcorte longitudinal, enquanto as fotos 7 e 8 mostram oprocesso executivo e o transporte das pré-lajes paraa ponte. Isto encurtou o tempo de execução bem comoracionalizou o sistema de forma para o tabuleiro.

Figura 6 – mostra o detalhe das pré-lajesatravés de um corte longitudinal

Foto 7 – Concretagem das pré-lajes

Foto 7 – Concretagem das pré-lajes

Dados Técnicos:

T.U.P.: 1;1,240;2,396a/c:0,36c:487Kg / m³aditivo: Hiper-plastificante (0,5%)

Vigas 18 horas 3 dias 7 dias 28 dias Ec (28)

AM-01

AM-03

0,75

23,0

22,5

17,8

3

36,6

43,4

32,9

7

48,4

45,9

43,3

28

49,0

48,8

50,2

20,415

24,338

27,387

Tabela 3 - Evolução das resistências das aduelas pré-moldadas

AM-02

54

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REVISTA CONCRETO pontes

A tabela 4 mostra os resultados obtidos nosensaios de compressão do concreto das pré-lajes.

Dados Técnicos:

T.U.P.: 1; 1,64; 2,86

a/c:0,42

c:403 Kgm

aditivo: Plastificante (1,8%)

Gráfico da Evolução da Resistência

CARACTERISTICAS DA PEÇA

1. ArmaçãoAço CA-50 = 58Kg/Peça

2. Dimensões das VigasComprimento = 5,67mLargura = 0,50m

3. ConcretoFck = 30MPa

4. Cura do concretoCura úmida

MELHORIA DO DESEMPENHO DO CONCRETO

Densificação da Microestrutura do Concretocom uso de aditivos químicos.

Para se obter um menor período entre aconcretagem e a desforma das peças, usou-se de inícioa cura à vapor. Este procedimento permitiu que comum ciclo de 18 h de cura se pudesse manipular aspeças. Entretanto, esta maneira de curar, implicou emperdas de resistência aos 28 dias de idade, por secriar na microestrutura da pasta pontos de nucleação,aliado ainda à auto dessecação. Esta metodologia foisubstituída pela adição de um aditivo Hiperplastificante,de base Policarboxílico, que permitiu com seu efeito

Histérico (melhoria da dispersão das partículas decimento), a obtenção de concretos fluidos com relaçãoa/c abaixo de 0,40, que permitiu a produção deconcretos de elevado desempenho e de alta resistênciainicial com 18 horas.

É relevante enfatizar que esta mudançaimplicou em uma satisfatória relação custo/benefício.

O uso deste aditivo permitiu o uso de traçoscom menor teor de cimento possível, posto que asfundações se encontram em meio altamente agressivoao concreto pela presença de sulfatos nas águas doRio Guamá, que dependendo da concentração, podepromover uma interação com o C

3A, causando a

precipitação da Etringita que é um sulfoaluminato decaráter expansivo que leva à deterioração daestrutura.

MATERIAIS

Um outro desafio foi a utilização dos materiaisaplicados à estrutura da ponte, uma vez que em algunscasos existem carências que foram equacionadas coma seleção dos materiais.

Mais modernamente pode-se escolher ocimento que mais se adeque às necessidades dedeterminada obra no que diz respeito ao atendimentodas propriedades mecânicas e de durabilidade. Mercêdas adições minerais usadas na fabricação do cimento,pode-se modificar o comportamento reológico desteaglomerante. Assim, cimentos com adição pozolanas,cinzas volantes, escória de alto forno, micro-sílica,metacaulinitas, micro-fibras e etc, conseguem melhoraro desempenho da estrutura, atendendo tanto àspropriedades mecânicas como ao requisito dedurabilidade. Segundo LIBÓRIO (2004), existe entãouma formulação ideal do aglomerante para cadacaracterística exigida, como sendo:

Alta resistência;Durabilidade aos agentes agressivos;Melhoria da zona de transição.

Nesta estrutura usou-se o cimento NASSAUCP II Z – 32 fabricado pela CIBRASA, em Capanema-Pa.

Quanto aos agregados que necessitam possuiralgumas propriedades como, dureza, textura, ausênciade materiais deletérios e de material pulverulento, paraque os requisitos de desempenho do concreto sejamalcançados, tiveram que passar por uma cuidadosaseleção, posto que os agregados da região de Belémnão preenchem as exigências normativas. Aí foi ogrande desafio, pois era inviável o uso de granitobritado, pela carência desta rocha na região, tendo-se como alternativa selecionar uma jazida de seixomais abundante e que contivesse as propriedadesmínimas necessárias para produzir o concreto destaponte. O seixo usado foi de São Miguel do Guamá comuma dureza maior do que os comumente usados nosconcretos de Belém, porém ainda com uma texturalisa que minorava a aderência pasta agregado.

O pior ainda era a necessidade da definiçãodo Módulo de Deformação do concreto, pois toda aestrutura das estacas, vigas e aduelas foramconcebidas pela empresa projetista (ELG), bem comoo Escritório Demiranda de Milão, que projetou o trechoestaiado em concreto protendido, e o módulo é umapropriedade fundamental para o concreto no estado

Tabela 4 - Evolução das resistências das pré-lajes pré-moldadas

Pré-lajes 1 dias 3 dias 7 dias 28 dias

AM-01

AM-03

1

14,5

13,2

15,6

3

34,0

32,3

28,4

7

39,8

37,0

35,7

28

44,5

46,0

41,5

AM-02

55

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REVISTA CONCRETO

endurecido, para cálculo das deformações daspeças, e este requisito depende fundamentalmente dadureza e da rugosidade superfícial do grão (SILVAJUNIOR, 2000).

A despeito de se obter resultados de resistênciaà compressão, o Módulo de Deformação mínimo obtidonos ensaios executados no laboratório da obra foi 25Gpa, valor este usado pelos projetistas para definiçãodas deformações do concreto.

Um material que muito colaborou na melhoriado desempenho do concreto da estrutura foi o uso deaditivos super-plastificantes e hiper-plastificantes deúltima geração base poli carboxílico, cujo efeitoeletrostático e estérico respectivamente, conseguiramtornar concretos fluidos com relação a/c reduzidas. Ouso destes aditivos permitiu também tempo dedesforma precoce para atender ao cronograma daobra, e o que é mais importante é que consegui-seelevar as resistências finais do concreto emcomparação com as mesmas misturas sem aditivo.Além disto, estes materiais conseguem melhorar atrabalhabilidade, reduzem o consumo de cimento,minoram a segregação, e nos concretos consideradosmassa, diminuem as tensões de origem térmicas. Istocomprova a eficácia destes materiais e a viabilidadede seu uso pela relação custo/benefício. As figuras 7e 8 mostram o mecanismo de ação dos aditivos, oefeito eletrostático e o efeito estérico e a melhoria damicro-estrutura da pasta de cimento (REPETTI, 2001).As figuras 7 e 8 representam os mecanismos deatuação dos aditivos plastificantes, super e hiper-plastificantes para concreto.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

· A pré-fabricação de peças estruturais é ummecanismo que conduz à execução deestruturas de melhor qualidade pelapadronização dos processos;

· A pré-fabricação é uma ferramenta noimplemento da agil idade no processoconstrutivo de um empreendimento estruturalde grande porte;

· O uso de aditivos super e hiper-plastificantesfoi de fundamental importância na obtençãode peças econômicas, duráveis e, ainda, paraatendimento do cronograma físico da obra;

· A melhoria da micro-estrutura do concreto foifator preponderante na obtenção daspropriedades mecânicas e na garantia dadurabilidade da estrutura;

· O uso dos materiais da região como sendo ocimento, areia e seixo, desde que bemselecionados, permite fabricar concretos dealta resistência e de elevado desempenho,tirando-se partido da eficiência dos aditivossuper e hiper-plastificantes de última geração;

· Consegui-se observar que o uso dos hi-per-plastificantes propiciou o acréscimo deresistências do concreto ao longo de umperíodo maior de hidratação do cimento, emrelação à misturas de mesma relação a/c semaditivo;

· A execução deste projeto veio contribuir parao desenvolvimento da engenharia nacional no

que diz respeito à pontes estaiadas.

PlastificantesLignosulfonatos

Sulfonação (SO3)

Lignina

n pode ser >100

Lignosulfonato

Fabricação

Na

Figura7 – Polimerização de matéria prima dosplastificantes base lignosulfonatos (REPETTI, 2000).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FAIRBANKS, B. S. – TORRES DE CONTROLE DE AEROPORTO PROJETADAS EM CONCRETO PRÉ-MOLDADO. –Revista IBRACON, junho 2004.

LIBÓRIO, J. – Concreto de alto desempenho – Uma tecnologia simples para produção de ESTRUTURASDURÁVEIS. Revista IBRACON, junho 2004.

REPETTI, W.- Tecnologia de aditivos . Palestra IBRACON Regional do Pará, outubro 2001.

SILVA JUNIOR, J.Z.R. – ARGAMASSAS DE REPARO. Dissertação para título de Mestre em Engenharia – EscolaPolitécnica da USP 2000.

Super Plastificantes

Modos predominantes

Repulsão eletrostática

Repulsão estérica

• Lignosulfonato• Naftaleno• Melamina

• Policarboxilatos

Figura 8 – Mecanismos de repulsão eletrostática eefeito estérico (REPETTI, 2000).

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REVISTA CONCRETO

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REVISTA CONCRETO

Resumo

projeto de estruturas de concreto de elevadaresistência deve estar baseado no conhecimento daspropriedades do concreto, sendo que os valores defluência e de retração por secagem são parâmetrosimportantes em diversos casos. No entanto, as normasatuais no Brasil ainda não apresentam metodologiade cálculo adequada do coeficiente de fluência e daretração por secagem para o concreto de elevadodesempenho.

Esse trabalho apresenta um estudo sobre afluência e a retração por secagem do concreto deelevada resistência, analisando-se a influência darelação água/aglomerantes e do grau de hidratação.Foram ensaiados quatro concretos com diferentesrelações água/aglomerantes, resistências carac-terísticas à compressão de 20 MPa a 75 MPa aos 28dias, com 6% de sclica ativa e abatimento do troncode cone igual a 6,0 ± 1,0 cm.

Para o ensaio de fluência, os corpos de provaforam carregados aos 3, 7, 28 e 90 dias de idade emantidos sob carga durante 90 dias.

Os ensaios nos concretos incluíram fluência,resistência à compressão, módulo de deformação,deformação autógena e retração por secagem.

São apresentados os resultados de retraçãopor secagem, de deformação autógena e de fluênciaencontrados e suas correlações com a relação água/aglomerantes e o grau de hitratação.

Palavras-chave: fluência, deformação autógena,retração por secagem, concreto de elevadaresistência.

Fluência é definida como o aumento dasdeformações ao longo do tempo sob carga mantidaconstante. No concreto, é influenciada por uma sériede fatores como umidade relativa do ar, temperatura,dimensões da peça estrutural, intensidade docarregamento, teor de pasta, relação água/cimento,tipo de cimento, teor e tipo de agregado e idade decarregamento (NEVILLE, 1970; MEHTA E MONTEIRO,1994).

Em ambientes em que é mantida a saturação

de umidade do ambiente e a temperatura constante,a deformação que se desenvolve ao longo do tempoem uma peça de concreto submetida à tensãoconstante é chamada fluência básica.

Para concreto exposto a um ambiente comumidade relativa menor do que 100% , é possíveldistinguir além da deformação elástica instantânea,da fluência básica e da deformação por secagem, umadeformação adicional, chamada de fluência porsecagem (MEHTA E MONTEIRO, 1994).

FLUÊNCIA E RETRAÇÃO PORSECAGEM DE CONCRETO DE

ELEVADA RESISTÊNCIACassiana Augusto Kalintzis

[email protected]

Selmo Chapira KupermanPCC - EPUSP / Themag

[email protected]

Artigo científico

O

Abstract

he design of structures built with high strengthconcrete must be based on the knowledge of concreteproperties. Although creep and shrinkage values areimportant factors Brazilian standards still do notpresent an adequate methodology for the use of creepand shrinkage coefficients on the design of high strengthconcrete structures. This paper presents creepcoefficients, autogenous volume changes, dryingshrinkage and their correlation with age and water-cement ratio.

Creep of four mixtures with different water-cement ratios, compressive strengths ranging from 20MPa to 75 MPa at 28 days, with 6% of silica fume anda fixed slump of 6,0 ± 1,0 cm was determined.

Specimens were loaded at ages 3, 7, 28 and 90days and maintained with a constant load for 90 days.

Concrete tests included creep, compressivestrength, modulus of elasticity, autogenous deformationand drying shrinkage. Correlations between shrinkage,autogenous deformation and creep with the water-cement ratios and the degree of hydration are shown.

Key-words: creep, autogenous deformation,shrinkage, high strength concrete

T

Introdução

58

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TIG

O C

IEN

Tif

íco

59

A importância da fluência está nas deflexões oudeformações de elementos estruturais e na perda detensão em peças protendidas, sendo necessária aconsideração de seus efeitos no dimensionamento deestruturas de concreto.

No presente trabalho, é apresentada a fluênciabásica de quatro concretos, com diferentes relaçõeságua/aglomerantes. São analisadas as influências darelação água/aglomerante e do grau de hidrataçãosobre as deformações. Complementando o estudo,também são analisadas a retração por secagem e adeformação autógena.

Estudo Experimental

Materiais

Cimento: foi utilizado o cimento Portlandcomposto CP-II-F-32.Sílica ativa: foi utilizada sílica ativa Silmix.

As características físicas do cimento e da sílicaativa utilizados são apresentadas na tabela 1.

Agregado miúdo: utilizou-se areia artificialtipo gnaisse, proveniente da pedreira Reago naregião de Guarulhos – SPAgregado graúdo: empregou-se pedra britadatipo gnaisse, proveniente da pedreira Reago,na região de Guarulhos/SP, com Dmáx = 19mm.

As características dos agregados são apresen-tadas na tabela 2.

Aditivo: foi utilizado aditivo superplastificante,Reax 3000-A, base melamina sulfonada.

Características e ensaios dos concretos

Os concretos foram dosados de acordo com oMétodo do Módulo de Finura, que é empregado peloLaboratório de Concreto de Furnas, em Goiânia, ondeforam realizados todas as dosagens e os ensaios desseprograma experimental.

Foram produzidos concretos com quatrorelações água/aglomerantes: 0,29, 0,37, 0,52 e 0,76,com substituição de 6% do cimento por sílica ativa eabatimento do tronco de cone de 6,0 ± 1,0 cm. A tabela3 mostra o consumo de materiais, por m³ de concreto,para cada traço.

Cimento Sílica Ativa

Massa específica (kg/dm3)

Área específica (m2/kg)Perda ao fogo (%)

Resíduo na peneira 200 (%)Resíduo na peneira 325 (%)

3,12

3545,042,8012,40

2,204560

3,7567,80

-

Tabela 1 – Características físicas do cimento e da sílica ativa

Tabela 2 – Características físicas dos agregados

Agregado Miúdo

Dmáx (mm) 4,8

Agregado Graúdo

Módulo de Finura (mm)Massa específica (kg/dm3)

3,002,66

196,772,66

Tabela 3 – Dados de composição e propriedades do concreto fresco

Dosagem

Traço em peso 1:2,32

C029 C037 C052 C076

Cimento

Sílica Ativa

Cimento Equivalente

Água

Areia Artificial

Brita 19mm

Superplastificante

1:2,3 1:4,96 1:7,38

615 481 335 236

38 30 21 14

653 511 356 250

187 188 186 190

514 670 849 948

1009 1004 958 948

10 7,8 5,5 3,9

(kg/m3)

Dados de

Composição

Propriedades

do Concreto

Fresco

0,29 0,37 0,52 0,76

35 40 47 50

54,5 54,3 55,9 55,9

6,0 6,0 6,5 6,0

1,9 2,0 1,6 1,7

2373 2354 2354 2342

42,0 37,6 31,9 28,9

58 62,4 68,1 71,1

Relação a/agl

Areia em Peso (%)

Teor de Argamassa Seca (em %)

Abatimento (cm)

Ar Incorporado (%)

Massa Específica (kg/m3)

Volume de Pasta, c1, em %

Volume de Agregado, c2, em %

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REVISTA CONCRETO60

A fim de se avaliar a influência do grau dehidratação sobre a fluência, os concretos foramensaiados aos 3, 7, 28 e 90 dias de idade.

Os ensaios de resistência à compressão e demódulo de deformação foram feitos de acordo com aNBR 5739 e NBR 8522, respectivamente. Os resultadosdesses ensaios encontram-se na tabela 4.

A determinação da retração por secagem foifeita de acordo como projeto de norma CB.18 : 04.10-001- Retração por secagem do concreto – Método deEnsaio. Foram moldados dois corpos de provaprismáticos 150x150x600 mm para cada traço. Apósa moldagem, os corpos de prova foram estocados emcâmara úmida, à temperatura de 23,0 ± 2,0 °C eumidade relativa acima de 95%. Decorridos 24,5 ±0,5 h, os corpos de prova foram removidos dos moldese colocados em recipientes com água saturada de cal,à temperatura de 23,0 ± 2,0 °C, por 30 minutos, antesde se proceder à leitura do comprimento inicial. Apósa leitura do comprimento inicial, os corpos de provaforam novamente estocados em recipientes com água,até a idade de 28 dias. Ao fim do período de cura, foitomada a segunda medida de comprimento. A seguir,os corpos de prova foram transferidos e estocadosem sala climatizada (23,0 ± 2,0 °C ) e com umidaderelativa igual a 50 ± 4%. As medidas das deformaçõesforam feitas através de extensômetros elétricos dotipo Carlson, embutidos nos corpos de prova. Foramfeitas leituras diárias até a estabil ização dasdeformações.

Os ensaios de fluência e de deformaçãoautógena foram realizados de acordo com a normaNBR 8224/83 – Determinação da Fluência (ABNT, 1983).

Para cada concreto foram moldados dois corposde prova de 10 x 20 cm, que receberam cura úmida.Vinte e quatro horas após a moldagem, os corpos deprova foram desmoldados e selados para evitar a perdade umidade. Para a selagem, os mesmos foramenvolvidos com uma borracha, colada com resinaepóxi. No período de endurecimento da resina epóxi,a borracha foi totalmente envolta por uma fita adesiva,para garantir melhor aderência da mesma. Atemperatura da sala foi mantida em 23,0 ± 2,0 °C. Atensão aplicada correspondeu a 40% da resistência àcompressão do concreto naquela idade. O tempo decarregamento foi de 90 dias e para a determinaçãoda deformação autógena, os corpos de prova forammantidos selados e descarregados durante todo operíodo de ensaio.

Para a medida das deformações foram utilizadosextensômetros elétricos tipo Carlson, modelo M4,embutidos nos corpos de prova.

Para aplicação e manutenção da carga foiutilizada uma aparelhagem baseada no sistema dePirtz, um sistema com aplicação e correção manualda carga desenvolvido pela Emic e uma máquina paraensaios de fluência com utilização de nitrogênio ( EQUI-PE DE FURNAS, 1992 ).

Discussão dos Resultados

Para análise dos dados obtidos, serão empre-gadas duas terminologias:

Deformação unitária: ∆L/L – variação do com-primento (∆L) em relação ao comprimentoinicial (L).Fluência específica: deformação por fluência

por unidade de tensão aplicada.

O Gráfico 1 apresenta os resultados deretração por secagem, mostrando adeformação específica (x10-6) em relação aotempo (dias).

Os concretos com relação a/agl = 0,29,0,37 e 0,52 apresentaram valores deretração por secagem muito próximos nasprimeiras idades. Para as maiores idades, oconcreto C029 apresentou menor retraçãodo que os outros concretos, ainda que muitopróxima dos valores encontrados para oconcreto C076, não sendo possívelestabelecer uma relação entre a retração porsecagem e a relação a/agl. De acordo com aFIP/CEB (1990) a retração por secagem estámais relacionada à porcentagem de água porvolume de concreto. No presente estudo, aquantidade de água nos quatro traços é muito

Gráfico 1 - Retração por secagem de corpos de prova com 28 diasde idade, colocados em ambiente com umidade relativa = 50%

Tabela 4 – Resultados de resistência à compressão e módulo de deformação

Dosagem C029 C037 C052 C076

3 dias

7 dias

28 dias

90 dias

28 dias

3 dias

7 dias

51,8 36,4 23,6 11,1

60,0 50,8 35,8 15,4

74,7 65,2 46,5 22,5

85,3 66,0 51,1 26,5

29,4 26,4 23,9 19,1

34,3 28,0 25,0 23,7

(MPa)

Módulo deDeformação 36,1 31,2 32,7 33,3

36,2 34,4 33,6 34,2

(GPa)

90 dias

Resistência àCompressão

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61

As deformações de cada concreto em todas asquatro idades de carregamento estudadas são apre-sentadas nos Gráficos 6, 7, 8 e 9.

Gráfico 8 - Influência da idade de carregamento sobre a fluência,para o concreto C052

Gráfico 7 - Influência da idade de carregamento sobre a fluência,para o concreto C036

Gráfico 6 - Influência da idade de carregamento sobre a fluência,para o concreto C029

Gráfico 5 - Influência da relação água-aglomerante sobre a fluência, emconcretos submetidos a carregamentos aos 90 dias de idade

Gráfico 4 - Influência da relação água-aglomerante sobre a fluência, emconcretos submetidos a carregamentos aos 28 dias de idade

Gráfico 3 - Influência da relação água-aglomerante sobre a fluência, emconcretos submetidos a carregamentos aos 7 dias de idade

Gráfico 2 - Influência da relação água-aglomerante sobre a fluência, emconcretos submetidos a carregamentos aos 3 dias de idade

próxima, uma vez que todos têm a mesmaconsistência, o que torna difícil uma análise por esseparâmetro. Contudo, pode-se observar que, com 180dias de idade inicia-se uma tendência assintótica como eixo das abscissas e que a retração situa-se numafaixa entre 300x10-6 e 375x10-6 (0,03 % e 0,0375 %).Essa pequena variação pode ser devida a mesmaquantidade de água presente nos quatro traços.

Os Gráficos 2, 3, 4, e 5 permitem umacomparação entre os resultados de fluência obtidospara os concretos com as diferentes relações a/agl,nas 4 idades de carregamento.

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REVISTA CONCRETO62

Os Gráficos apresentados mostrammaior fluência específica para os concretoscom maior relação a/agl, principalmentepara os concretos C076 e C052. Contudo,esperava-se que o concreto com a/agl =0,29 apresentasse fluência específicamenor do que a do concreto com a/agl=0,37, o que não foi verificado para aidade de 3 dias (Gráfico 2). De acordo comFIP/CEB (1990), o coeficiente de fluênciaou a fluência específica ésignificativamente menor para osconcretos de alta resistência, em relaçãoaos concretos de baixa resistência. Paraa idade de 90 dias, observa-se claramentea influência da relação a/agl nasdeformações por fluência.

Os resultados mostraram umaredução na deformação por fluência amedida que aumenta a idade decarregamento, sendo que aos 90 dias, osconcretos carregados aos 7 dias, emrelação aos concretos carregados aos 3

Os resultados obtidos nessa investigaçãoexperimental permitem fazer as seguintesconsiderações finais:

Não foi possível estabelecer nenhuma relaçãoclara entre a retração por secagem e a relação a/agl.A retração, aos 180 dias, variou de 0,03% a 0,0375%.

Os resultados mostraram a influência da relaçãoa/agl na fluência do concreto sendo que, de um modogeral e de acordo com o esperado, os concretos commenor relação a/agl apresentaram menor deformaçãopor fluência.

O concreto com relação água/aglomerante =0,29 apresentou como valores de fluência específica,aos 90 dias, 88x10-6, 67x10-6, 39x10-6 e 40x10-6, aos3, 7, 28 e 90 dias de idade no momento docarregamento, respectivamente.

Gráfico 9 - Influência da idade de carregamento sobre afluência, para o concreto C076

Gráfico 10 - Deformação Autógena

Conclusões

dias, apresentaram um redução nadeformação de 20,8%, 11,5%, 16,9% e25,5%, para os concretos C076, C052, C037e C029, respectivamente.

Os resultados de deformaçãoautógena, apresentados no Gráfico 10, estãode acordo com o esperado. As deformaçõesaumentaram conforme diminuiu a relação a/agl. Este comportamento está relacionado aomaior conteúdo de cimento/m3, nosconcretos de menor relação a/agl. Osresultados obtidos estão de acordo com aFIP/CEB (1990) segundo a qual, devido àbaixa relação a/agl e microestruturarefinada, o concreto de elevado desempenhoexibe uma deformação autógena quase tãogrande quanto a retração por secagem.Enquanto os concretos C076, C052 e C037apresentaram deformação autógena menordo que a retração por secagem, o concretoC029 apresentou deformação autógena21,2% maior do que a retração por secagem,aos 90 dias, sendo que sua deformação

unitária foi da ordem de 320x10-6.

A influência do grau de hidratação aumento dasdeformações ao longo do tempo também ficouevidenciada nesta investigação experimental.Concretos com maior idade no momento docarregamento apresentam menor deformação e istopode ser explicado por uma estrutura interna maiscompacta, com menos água disponível e poros maisrefinados. A fluência específica dos concretoscarregados aos 3 dias foi 2,1 a 2,4 vezes maior doque a dos concretos carregados aos 28 dias, paraqualquer relação água/aglomerante.

Os ensaios de deformação autógenaconfirmaram que o concreto de elevada resistênciaapresenta valores elevados para esse tipo dedeformação, devido ao maior consumo de cimento/m3 e menor relação a/agl. Com 180 dias de idade oconcreto de relação água-aglomerante 0,29 mostroudeformação de 325x10-6 (0,0325%).

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REVISTA CONCRETO

Bibliografia

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MEHTA, P. K., MONTEIRO, P. J. M. Concreto – estrutura, propriedades e materiais. PINI, São Paulo, 1994.MORAES, M. F. Algumas propriedades mecânicas do concreto com microssílica. São Paulo, 1990. Dissertação

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Amsterdam, 1970.NEVILLE, A. M. Propriedades do concreto. São Paulo, PINI, 1997.

Agradecimentos

Os autores agradecem à FAPESP pelo apoio financeiro através do AuxílioPesquisa, ao Departamento de Apoio e Controle Técnico de Furnas CentraisElétricas, em especial ao Engº Walton Pacelli de Andrade e ao Téc. Élcio AntonioGuerra, pela atenção e trabalho para a realização dos ensaios, ao Departamentode Engenharia de Construção Civil da Escola Politécnica da USP e, à CamargoCorrêa Cimentos, Reago e Reax, pela doação dos materiais.

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ARGAMASSAS DE REPARO

DE ESTRUTURAS DE CONCRETO

COM CORROSÃO DE ARMADURAS:

Renata Spinelli Bertolo2

Silvia Maria de Souza Selmo3

Artigo científico

SUGESTÕES DE REQUISITOS E CRITÉRIOS BÁSICOS PARA QUALIFICAÇÃO1

Resumo

crescente urbanização e o envelhecimentodas cidades brasileiras contribuem para a deterioraçãodas suas edificações e obras de arte. Esse é um fatoreconhecido pela maioria dos especialistas atuantesem recuperação, manutenção e restauração deedifícios.

A corrosão das armaduras em estruturas deconcreto é um problema freqüente dentro dessepanorama e demanda intervenção técnica adequadae o mais breve possível, após a sua detecção, para semanter a funcionalidade da estrutura a custosaceitáveis, na recuperação e manutençãosubseqüentes.

No caso da corrosão de armaduras ser causadapela ação de carbonatação e umidade, utilizam-sereparos localizados nas estruturas, feitos comargamassa industrializada ou produzida em obra, poisas espessuras afetadas não ultrapassam, em geral, ocobrimento das armaduras. Uma das questõesenvolvidas na execução desses serviços é a escolhado sistema de reparo, que envolve entre outros itensuma adequada especificação da argamassa de reparo.

O meio acadêmico e os institutos de pesquisatêm realizado diversos estudos envolvendo acaracterização e o desempenho de argamassas dereparo.

No entanto, no Brasil, nem fabricantes, nemespecialistas conseguiram ainda reunir a suaexperiência neste campo e elaborar uma normalizaçãobásica referente à especificação de argamassas dereparo e aos procedimentos recomendáveis para aexecução de reparos localizados de estruturas deconcreto.

Assim, o presente trabalho tem por objetivo fazeralgumas propostas de requisitos e critérios básicospara uma futura normalização brasileira de argamassasde reparo de estruturas de concreto, com corrosão dearmaduras, e sugere-se que esse processo sejainiciado por uma padronização de propriedadesinformadas nos catálogos de fabricantes.

Palavras-chave: argamassa de reparo, normaliza-ção, corrosão de armaduras, reparo de estruturasde concreto.

Abstract

he growing urbanization and aging of Braziliancities has contributed to the deterioration of its buildingsand bridges. This fact is acknowledged by most expertson the subject operating in recovery, maintenance andrestoration of buildings.

Concrete reinforcement corrosion is a recurringproblem that demands expert action as soon aspossible, so as to keep the structure functional atacceptable costs of repair projects and maintenanceprograms.

In the case of reinforcement corrosion bycarbonation and humidity, the usual technique has beentopical patch repairs in the structures using proprietarymortars or mortars made on the job site. One of theissues for the specification of such repair services isthe choice of the repair system depending on thespecification of an adequate repair mortar.The academic community and research institutes havebeen carrying out several studies involving thedetermination of the basic properties of the repairmortars. Yet, neither manufacturers nor the Braziliantechnical community have managed to put togethertheir expertise in this field and succeed in working somestandard specification of the properties of repairmortars and the recommended procedures for carryingout patch repairs on concrete structures. So this paper aims at proposing somerequirements and basic criteria for a new Brazilianstandard specification on repair mortars of reinforcedconcrete structures that could be start on data sheetsof Brazilian products.

Key-words: repair mortar, patching material,standardization, reinforcement corrosion, repair ofconcrete structures

1 Artigo original apresentado na 1ª Conferência sobre Recuperação, Manutenção e Restauração de Edifícios, realizada em 25 e 26 de outubro de 2004, em São Paulo- SP, pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Anais em CD.2 Engª Civil, Mestranda da Escola Politécnica da USP, Dep. de Engª de Construção Civil; e-mail: [email protected]; Tel: 55 (11) 3091-54593 Engª Civil, Profª Drª da Escola Politécnica da USP, Dep. de Eng ª de Construção Civil; e-mail: [email protected]; Tel: 55 (11) 3091-5789 Av. Professor Almeida Prado, Travessa 2, n° 83 CEP 05508-900 – São Paulo – SP

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INTRODUÇÃO

A recuperação de estruturas de concretoaumenta com a idade das obras brasileiras, emdecorrência da sua degradação normal ou prematura.Só para as pontes brasileiras, estima-se que o custoatual em manutenção possa chegar a valores da ordemde 10 bilhões, em planos de recuperação para cincoanos, segundo Landmann1.

Especificamente, quanto à corrosão dearmaduras em estruturas de concreto, Medeiros2

estimou que representa aproximadamente 27% dasanomalias em edificações brasileiras, com base emdiversos levantamentos das décadas de 80 e 90.

Como os custos relativos à intervenção e areparos em estruturas de edifícios são em geral bemelevados, a Engenharia Civil e a cadeia produtivaenvolvida devem trabalhar pela execução demanutenções bem sucedidas, para aumentar a vidaútil residual das estruturas, e com isto fortalecer aimagem da indústria e da engenharia consultivaoperantes nesse ramo. Preocupação semelhante temo Instituto Brasileiro do Concreto através do ManifestoPúblico: Lições do Areia Branca AcidentesResponsabilidades e Segurança das Obras, em recentedivulgação no seu site.

Todavia, não há normas brasileiras no campoda recuperação estrutural e isto afeta tanto a indústria,que tem dificuldades em padronizar propriedades eníveis de desempenho a serem atingidos pelos seusprodutos, quanto a profissionais, que podem fazerescolhas e especificações impróprias, devido àvariedade de técnicas e produtos existentes.

Contribuições acadêmicas não faltam, para seevoluir no campo da normalização da manutenção erecuperação estrutural, mas falta sensibil izarfabricantes, neutros e consumidores. Como é longo emuito abrangente esse campo de normalização, queseja então iniciado pelos materiais de reparo maiscomuns, pois esse mercado experimentou francaexpansão há mais de 10 anos atrás, como bemapontado por Mailvaganam3.

Trabalhos em diversas instituições nacionais eestrangeiras vêm se dedicando ao estudo de materiaise técnicas de recuperação de estruturas, e aqui seriaimpossível reunir as publicações já existentes, sejano Brasil ou em nível mundial.

Assim, neste artigo serão especialmentediscutidos resultados de Medeiros4,5, pois a pesquisaenvolveu uma extensa caracterização física e mecânicade 13 argamassas de reparo e hoje prossegue porestudos complementares, no que diz respeito àqualidade da interface eletroquímica propiciada poresses materiais ao aço carbono, através de outrosprojetos6, 7.

O foco deste trabalho são as estruturas comproblemas de corrosão de armaduras porcarbonatação e umidade e que são em geralrecuperadas por processos que usam argamassas dereparo, sem que engenheiros e órgãosgovernamentais disponham de normas paraespecificar ou comparar tais produtos.

Os critérios para especificação são ainda maiscríticos quando se tratam de estruturas deterioradas

por ataque de cloretos, situação em que também secostuma usar argamassa de reparo, ainda que sejaapenas uma solução paliativa e pouco recomendávelpara o problema.

Assim, o objetivo deste artigo é fazer umaproposta de adoção de requisitos e critérios básicospara argamassas em catálogos de fabricantes, demodo a se evoluir progressivamente para uma futuranormalização brasileira de argamassas de reparolocalizado de estruturas de concreto.

RECUPERAÇÃO DE ESTRUTURAS DECONCRETO

Conforme bem resumido por Cabral8, a baixaqualidade do concreto nas edificações se caracterizapor elevada porosidade, segregações, ninhos de pedra,entre outros, e é apontada como uma das causasfacilitadoras de processos de deterioração precoce dasestruturas, e se origina em deficiências nas fases dedosagem, transporte, adensamento e cura doconcreto.

Outras causas importantes dependem do projetoe do processo de execução das estruturas e são, porexemplo, as pequenas espessuras de cobrimento dasarmaduras, problemas de deformação excessiva e quetendem a aumentar o risco de corrosão de armadurase o aparecimento precoce de danos estruturais.

Também o meio-ambiente, com variações detemperatura, umidade relativa, ventos, chuvas,concentração de poluentes no ar e outros agentesagressivos podem agravar os problemas de corrosãode armaduras em estruturas de concreto e devem serconsiderados tanto no projeto estrutural, quanto emprojetos de recuperação.

Assim, para a realização de uma obra derecuperação deve-se contar com especialistas emestruturas e materiais ou com a assistência técnica defabricantes, para que seja feito um diagnósticocorreto, pela devida identificação dos problemasexistentes, e a especificação adequada dos materiaise técnicas a serem utilizados. Isto é tanto maisnecessário, quanto mais avançado ou mais precocefor o estágio de deterioração da obra e quanto maisagressivo for o ambiente onde está inserida a estrutura.

Na Europa, está quase concluída a série denormas “EN 1504”, para proteção e reparo deestruturas de concreto, e um resumo atualizado dasnormas está apresentado na Figura 1. Essa série denormas divide-se em 10 partes, agrupadas em:“aspectos gerais” nas Partes 9 e 10; “aspectos comunsao uso” nas Partes 1 e 8 e “usos específicos” nasPartes de 2 a 7 e trata ainda da avaliação dastecnologias de recuperação e proteção listadas naterceira coluna da Figura 1, e que se desdobram emdiversos métodos de ensaio para controle de qualidade.

Na Parte 1 da norma principal, encontram-seas definições dos termos relativos aos produtos esistemas utilizados para reparo, manutenção, proteção,restauração e reforço das estruturas de concreto. AParte 9 refere-se aos princípios gerais de uso, ondesão abordadas as principais etapas dos serviços derecuperação. Já na Parte 10 estão estabelecidos osmétodos para preparo do substrato e aplicação dosprodutos e sistemas, e a sistemática de controle dequalidade da execução.

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Os métodos de ensaio compreendem mais de50 normas e caracterizam as propriedades específicasexigidas de produtos e sistemas de reparo em funçãodo uso pretendido, e a maioria já está normalizada naComunidade Européia. Uma tradução sintética dostítulos na época da discussão desses métodos, comoprojeto de norma, consta em artigo do Ibracon9. Ostítulos atualizados e já como norma podem serconsultados em sites de organismos de normalizaçãoda CE, por exemplo através da palavra chave “repairof concrete structures” em www.din.de, que é um sitemuito prático para consulta, por listar também asnormas européias editadas em outros paísesintegrantes do European Committee forStandardization.

Pela Figura 1 e informações no parágrafoanterior, pode-se concluir que as partes normalizadasconstituem a grande maioria e correspondem às denúmero 1, 2, 4, 5, 8 e 10, com as respectivas siglasoficiais EN 1504-1 , EN 1504-2, EN 1504-4, EN 1504-5,EN 1504-8 e EN 1504-10. A Parte 9 tem estatuto denorma provisória com sigla oficial ENV 1504-9, e aspartes 3, 6 e 7 encontram-se em fase de projeto (“DraftStandard”).

Medeiros e Selmo9 discutiram um diagramasemelhante ao da Figura 1, em 2001, e não havia naépoca nenhuma norma aprovada, fato que evidenciaa contínua evolução das normas européias nessecampo. E no Brasil, quando será dado início efetivo aesse processo?

Ainda que toda a recuperação estrutural sejapeculiar, existem alguns procedimentos que devem serpadronizados para execução de qualquer serviço dessa

REPAROS LOCALIZADOS EM ESTRUTURASDE CONCRETO

A tecnologia de reparo localizado e superficialde estruturas de concreto armado com corrosão dearmaduras foi difundida no Brasil por Helene1 paraprodutos de um determinado fabricante.

Por reparos localizados ficaram então conhecidosos sistemas de reparo superficial de estruturas deconcreto afetadas ou não pela corrosão do aço. Ossistemas de reparo podem ser diversificados em funçãodo preparo do substrato, tipo de argamassa, formade aplicação e proteção final. Muitas vezes, hárecomposições de maior volume de concreto e podemser necessários grautes ou micro-concretos fluidos,ou haver a possibilidade de uso de concretos plásticosou muito consistentes (jateados), conforme ageometria das peças e dos reparos.

Com base em Helene11, as fases do processode reparo localizado e superficial de estruturas podemser assim listadas:

Aspectos Gerais Aspectos Comuns Usos Específicos

EN 1504-1Objetivos edefinições

natureza, e os principais foram listados na ENV1504 – 9, como sendo: Avaliação das condições da estrutura;

Identificação das causas da deterioração;Decisão sobre os objetivos da proteção e darecuperação;Seleção dos princípios adequados para proteçãoe recuperação;Seleção dos métodos;Definição das propriedades dos produtos esistemas.

EN 1504-8Avaliação daconformidade

Jan/98

Fev/05

EN 1504-2Proteção superficial

Draft StandardEN 1504-3

Recuperaçãoestrutural e não

estrutural

EN 1504-4Colagem estrutural

EN 1504-5Injeção de concreto

Draft StandardEN 1504-6Injeção paraancoragem eenchimento

Draft StandardEN 1504-6

Prevenção dacorrosão

Jan/05

Jun/01

Fev/05

Mar/05

Ago/04

Jan/05

Pr EN XXMédotos de

ensa ioEN V 1504-9Princípios gerais

para uso

EN 1504-10Aplicação eControle dequalidade

Mar/01

Mai/04

PRODUTOS E SISTEMAS DE PROTEÇÃO E REPARO DE ESTRUTURAS DE CONCRETO

Figura 1: Organograma atualizado das normas européias da Série EN 1504 – “Products and systems forprotection and repair of concrete structures”, seguindo o modelo de Catarino et al1.

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1º - Delimitação das áreas deterioradas;

2º - Eliminação do concreto deteriorado oucontaminado. Devem-se retirar todas as partículassoltas para que não comprometam a aderência domaterial de reparo, assim como eliminar de 1 a 2 cmde concreto atrás das armaduras corroídas para quehaja preenchimento dos vazios ao redor das barraspelo material de reparo;

3º - Eliminação dos produtos de corrosão feita porescarificação com ponteira elétrica ou manual empequenas extensões de reparo, já para grandesextensões de áreas reparadas usa-se hidrojateamentoou jateamento abrasivo;

4º - Aplicação opcional de uma imprimação naarmadura e uma ponte de aderência na superfície doconcreto que vai receber reparo. Em caso deimprimação do aço, a pintura pode envolver diferentesprincípios de proteção do metal por efeito barreira,proteção catódica ou a inibição de corrosão e essestratamentos podem ter horizonte de normalizaçãoainda mais distante, pois a sua eficiência é aindaestudada e muito discutível, pela possibilidade decausarem incompatibilidade eletroquímica nos trechosreparados, conforme explicado no item 4.1-b);

5º - Aplicação de argamassa ou graute de reparo afim de recompor a geometria original da peçareparada.

A partir de Helene2 foram publicadas muitascontribuições nacionais, discutindo os procedimentose as técnicas para a recuperação de estruturas comcorrosão das armaduras, e inúmeros trabalhos seseguiram.

Mas até hoje, nem fabricantes, nem a comu-nidade técnica brasileira, conseguiram reunir suaexperiência neste campo e elaborar uma normalizaçãobásica, referente por exemplo à especificação deargamassas e procedimentos de reparos localizadosde estruturas, que hoje já estão bastante difundidos,

podendo-se afirmar que há experiência nacionalsuficiente e acumulada para tanto. Uma contribuiçãoneste sentido é o que se passa a discutir nos itensseguintes deste trabalho.

REQUISITOS DE DESEMPENHO PARASISTEMAS DE REPARO E ARGAMASSAS

Os reparos localizados exigem compatibilidadeentre o substrato a ser reparado e a argamassa dereparo, sendo recomendável o conhecimento préviodo comportamento estrutural do elemento emrecuperação, para que se possa definir o tipo de reparomais adeqüado.

Especialistas como Cusson e Mailvaganam3sãoenfáticos na falta de informação sobre o desempenhode produtos de reparo e consideram isto uma dascausas de insucesso na recuperação das estruturasde concreto nos Estados Unidos. Também Mangat eO’Flaherty 4alertam sobre a importância de umaavaliação crítica das recomendações de reparo e daseleção de materiais, destacando as limitações econtradições existentes.

Segundo Emmons et al.5, é necessáriocompatibilizar as propriedades físicas, químicas eeletroquímicas dos materiais de reparo com as dosubstrato onde serão aplicados, ao que se pode chamargenericamente de compatibilidade. Esta pode serconsiderada uma definição genérica, exigente, maspouco precisa. Pela interpretação desse conceito,reparos localizados devem resistir às tensões induzidaspor cargas, mudanças de volume, reações químicasou eletroquímicas na interface com as armaduras ecom o ambiente, por um certo período de tempo, comoilustrado na Figura 2 e discutido em 4.1.

Os requisitos ou propriedades básicas dossistemas de reparo e das argamassas de reparo quedevem promover tal desempenho constam na Tabela1, chamando-se atenção que o cabeçalho da segunda

Tabela 1: Diferenciação entre requisitos de argamassas para reparos localizados e dos sistemas de reparo, que podem ser

avaliados em substratos padronizados ou “in situ”. Para substratos de concreto padronizados, as argamassas também passam aser melhor avaliadas quanto ao desempenho potencial.

Estado fresco -

trabalhabilidade

Densidade de massa aparente

Manutenção da consistência até

1 ou 2 h de preparo da mistura

Compatibilidade de adesão inicial com osubstrato:- Análise visual da extensão de adesão inicial

(espalhamento), logo após aplicação;- Facilidade de aplicação e acabamento superficial.

Requisitos Das argamassas de reparo Dos sistemas de reparo

Estado endurecido –compatibilidademecânica e dedeformações

Estado endurecido –compatibilidadeeletroquímica

Resistência à tração

Resistência à compressão

Módulo de elasticidadeRetração linear potencial porsecagem livre (não restringida)

Variações dimensionais cíclicas

Composição química da arga-massa (aditivos e adições)Sucção capilar de águaResistência à carbonataçãoResistência à penetração de íonsagressivos (Cl-, SO

4)

Resistividade elétrica

Resistência e extensão de aderência ao

concreto de base (Fig. 2):- Aderência inicial à tração direta, por

cisalhamento ou esforços mistos;- Aderência final após envelhecimento

acelerado ou natural por ciclos de umidade,temperatura ou carga;

- Controle de retração restringida.

Suscetibilidade à formação demacrocélulas em armaduras, entre aregião reparada e o concreto original;Controle da permeabilidade do reparo e dainterface entre argamassa e concreto desubstrato.

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e terceira coluna propõem uma diferenciaçãoimportante para se evoluir no campo de uma futuranormalização.

Deve-se bem diferenciar as propriedades domaterial argamassa de reparo, daquelas que cabemser medidas e exigidas dos sistemas de reparo, emque as propriedades e ações atuantes sobre o concretoe armaduras a serem reparadas precisam serconsideradas de forma padronizada e depois nassituações específicas de cada obra.

Assim, apenas uma normalização básica eelementar das argamassas de reparo é discutida nesteartigo e está resumida pelas propriedades listadas naTabela 1, sugerindo-se a princípio apenas consideraras suas características de trabalhabilidade e as algumaspropriedades mecânicas intrínsecas, facilitando acomparação entre os diferentes produtos oferecidospelo mercado atual, por métodos que possam serdifundidos e aplicados com facilidade por fabricantese laboratórios.

O estudo de requisitos relacionados àcompatibilidade mecânica e eletroquímica são bemmais complexos e exploratórios, principalmente noBrasil, mas podem evoluir rapidamente, por exemplo,se baseados nos métodos de ensaio agora jáaprovados na Comunidade Européia.

Já o controle industrial de fabricação deargamassas industrializadas também pode envolveroutras propriedades a partir do estado anidro e umaproposição mais completa está discutida em Medeirose Selmo9.

Mas no contexto rotineiro de reparo dasestruturas, a preocupação maior é quanto à interfaceargamassa de reparo por substrato (concreto antigo),pois sem a efetiva monoliticidade dessa região, não épossível proteger armaduras e isto será discutido noitem 4.1-a).

Propriedades dos sistemas de reparo

a) Compatibilidade de deformações como substrato

Nos reparos localizados existe a interface entreo substrato de concreto a ser reparado e a argamassade reparo, de modo que a aderência deve sercontrolada e garantida para absorver tensões demudança de volume dos materiais envolvidos, nasvariações de umidade, temperatura e cargas normaisde serviço.

A variação de volume pelos mecanismos citadosestão sintetizados na Figura 2 e pode gerar fissurasna interface com o concreto, de modo que se deveevitar a retração por secagem excessiva e garantirelevada extensão de aderência da argamassa dereparo, pois o mecanismo de secagem provocatensões na interface que precisam ser resistidas, paraque não se formem fissuras e nem ocorra a entradade agentes agressivos nessa interface, o que podedesencadear um processo de corrosão nas barrasimersas na região adjacente ao reparo.

Assim, a aderência entre a argamassa de reparoe o substrato deve permitir a transferência de tensõesna interface, de modo que o sistema de reparo e aestrutura apresentem deformações homogêneas ecompatíveis. Isto também pode demandarcompatibilidade entre os módulos de elasticidade dosdois materiais, argamassa e concreto, para quetrabalhem da forma mais homogênea possível.

Todavia, a avaliação da compatibilidade dedeformações entre reparo e concreto estrutural, porora, só transcorre de forma visual, na maioria dasobras, e os casos de sucesso e insucesso não sãodevidamente registrados, o que prejudica a evoluçãomais rápida das normas e da eficácia dos produtosoferecidos pelas indústrias.

Compatibilidade

de Deformações

Variações Volumétricas

Retração por

secagem

Cargas de

Serviço

Temperatura e

Umidade em serviçoArgamassade Reparo

Estrutura

Interface do sistemade reparo

ADERÊNCIACAPACIDADE DE

DEFORMAÇÃO

Figura 2: Requisitos principais a serem considerados para se obter a compatibilidade de deformações entre sistemas de reparo

localizados e as estruturas de concreto, Medeiros e Selmo5.

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b) Compatibilidade eletroquímicaAo realizar-se um reparo, a armadura fica

embutida parte no concreto antigo e parte no materialde reparo. Isso pode provocar o surgimento damacropilha de corrosão, principalmente em locaisaparentemente íntegros, antes da intervenção, e nainterface com o reparo. A parte da armadura emcontato com o concreto original da estrutura passa aatuar como ânodo, enquanto a parte recuperada passaa funcionar como cátodo. O risco e a intensidade dessemecanismo é muito maior em estruturas contaminadaspor cloretos.

Mas, em toda estrutura submetida a reparoslocalizados, existe o risco de formação demacrocélulas de corrosão, a menos que um doscomponentes necessários para o estabelecimento dacorrosão, não esteja presente, ou seja, água, oxigênioou diferença de potencial.

As macrocélulas podem ser descritas comopilhas nas quais as áreas anódicas e catódicasencontram-se consideravelmente afastadas umas dasoutras. A ação das macropilhas em armaduras doconcreto se deve à natureza heterogênea ou aexposições diferenciadas de partes do mesmoconcreto, especialmente por aeração diferencial,concentração de umidade ou salina diferencial ediferenças na qualidade do concreto (porosidade,permeabilidade, etc.). Caracteriza-se por um estadosuperficial típico da barra, no qual se distinguemnitidamente áreas corroídas (anódicas) alternadas comáreas em perfeito estado (catódicas). Acompatibil idade eletroquímica deve minimizar apossibil idade desse fenômeno, assim como oacabamento superficial de proteção final da estrutura.

Diversos autores como Helene12, Nepomuceno1

e Cascudo2 estudaram e detalharam este fenômeno.

A corrosão irá depender dos potenciais decorrosão do ânodo e do cátodo e da resistência ôhmicaentre ambos, propriedade dependente da argamassade reparo e da proteção superficial do concreto.

Há ainda fatores que influenciam odesenvolvimento desse fenômeno, dentre os quaispode-se citar a quantidade de cloretos livres presentena massa do concreto; o grau de saturação dos poros,o qual controla a resistividade elétrica do concreto, oacesso de oxigênio e a temperatura12.

Ao final da Tabela 1, estão relacionadas algumasdas propriedades das argamassas que podem afetara compatibilidade eletroquímica do sistema de reparocorrespondente.

c) Durabilidade dos sistemas de reparoComo a corrosão das armaduras é um fenômeno

extremamente complexo, a durabilidade de umarecuperação estrutural irá depender diretamente daprecisão do diagnóstico, em definir a causa e o graude corrosão das armaduras, e da eficiência do projetoe do serviço de recuperação, na especificação eaplicação adequada de materiais e técnicas, paraminimizar esse processo.

Isto provavelmente concorre para a dificuldadede se normalizar materiais e métodos nesse campoda engenharia, todavia não justif ica a falta depadronização e de classif icações dos diversosprodutos, para quem necessita especificar e comprarmateriais de reparo.

Propriedades das argamassas

As propriedades mais importante eindispensáveis às argamassas no estado fresco são amanutenção da trabalhabilidade, pois essa garante aaderência do produto, e ainda a densidade de massaaparente, a qual controla o rendimento e a constânciado teor de ar incorporado, principalmente paraargamassas industrializadas. O controle da consistênciaem função do tempo pode ser uma propriedade beminformativa da manutenção de trabalhabilidade.

No estado endurecido, a atenção dospesquisadores é muito maior e uma relação resumidae comparativa entre as principais propriedadesdiscutidas por alguns que se dedicaram ao tema constana Tabela 2. Observa-se que todos os pesquisadoresconsideram a retração como propriedade a serestudada e analisada nas argamassas de reparo,seguida pela aderência, resistência à tração na flexão,resistência à compressão, permeabil idade porporosidade e resistência à carbonatação. As hachurasrepresentam a indicação do pesquisador sobre arespectiva propriedade.

A aderência embora não possa ser consideradacomo propriedade intrínseca da argamassa, como vistona Tabela 1, foi aqui incluída como tal apenas paraefeito de síntese de informação e porque em parteisto pode ser admitido, se for padronizado um substratopadrão para a sua avaliação.

Um dos requisitos mais enfatizados emargamassas de reparo diz respeito ao módulo deelasticidade.

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123456789011234567890112345678901

Propriedades;AutoresEmbersone

Mays;1990

Decter eKeeley;1997

Emmonset al;2000

Catarinoet al;2000

Postonet al;2001

Medeiros eSelmo;2003

Retração

Aderência potencial

Resistência à Compressão

Resistência à Tração

Permeabilidade/Porosidade

Resistência à Carbonatação

Tabela 2: Propriedades de argamassas de reparo apontadas por diversos autores .1, 2, 15, 10 , 3, 5

69

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REVISTA CONCRETO

Vaysburg e Emmons3 defendem que o materialde reparo precisa ter baixo módulo de elasticidade eretração e altos valores de resistência à tração, o quedeve garantir resistência ao surgimento de fissurasna interface.

Al–Zahrani et al4 consideram que um módulode elasticide baixo resulta em menor risco defissuração devido à retração por secagem, masdestacam a necessidade de se ponderarconjuntamente a resistência à tração, a retração porsecagem e o módulo de elasticidade, para melhoravaliação da suscetibilidade à fissuração.

Mailvaganam3 também entende que o baixomódulo de elasticidade pode contribuir para amenizartensões na interface do reparo decorrentes da retraçãopor secagem ou efeito térmico.

Todavia, Mangat e O’Flaherty14 relatam extensacomparação de argamassas em recuperação de pontesna Inglaterra, onde os produtos menos suscetíveis àfissuração foram os de módulo de elasticidade maiordo que o do substrato, e, portanto o assunto épolêmico, sendo recomendável que esse requisito não

* Outras faixas podem ser aceitas conforme o método deaplicação e também se considera importante especificarum controle de prazo da consistência para essa, porexemplo, reduzir a 80 % da medida inicial.

seja ponderado isoladamente, sem a análise de outrassolicitações ou propriedades conjuntas.

Um dos trabalhos com classificação quantitativamais completa dessas propriedades é o de Medeiros eSelmo5 e esta consta resumida na Tabela 3. Essaproposta de classificação foi elaborada pelos resultadosdo estudo de 13 argamassas de reparo, sendo 6 depreparo em obra e 7 industrializadas do mercado deSão Paulo, em 2001, e ainda com base nas sugestõesdos autores citados na Tabela 2. Os métodos de ensaioencontram-se descritos em Medeiros2 e são na maioriade realização viável por laboratórios especializados,mas algumas propriedades são de determinação maiscomplexa e demorada, o que não é ideal para umaevolução mais rápida da normalização brasileira. Aspropriedades que se consideram factíveis para darinício ao processo normativo já foram apresentadasem itálico na Tabela 1. Estão revisadas a seguir,principalmente as propriedades no estado endurecidopassíveis de inter-relação com outros requisitos dedesempenho, mais complexos, e que se propõe porora desconsiderar para efeito de início da normalizaçãode materiais do mercado.

Consistência inicial *

Retenção de consistência a 1hora de mistura*

Resistência à tração na flexão, 28 dias

Retração por secagem

Resistência à compressão, 28 dias

Aderência por cisalhamento ou por tração direta aum substrato padrão, ou ainda por esforçosmistos em corpos-de-prova que simulam reparos1

Absorção de água por capilaridade (coeficientecalculado a 24 horas de ensaio)

Profundidade de carbonatação por ensaio acelera-do, método ABCP (duração do ensaio)

Aplicação manual: 200± 10 mm

Alta: ≥11 MPa / Média: 9 a 11 MPa / Baixa: < 9 MPa

7d – Baixa: < 0,07% / Média: 0,07 a 0,10% / Alta: > 0,10%

Ruptura deve preferencialmente ocorrer no concreto desubstrato (padrão ou de obra). É importante a avaliação dainterface de ruptura, para concluir sobre a qualidade daaderência.

Baixa: < 0,5 kg/m2. h-0,5/ Média: 0,5 a 1,0 kg/m2. h-0,5

Alta: > 1,0 kg/m2. h-0,5

≥ 95%

Alta: ≥55 MPa / Média: 45 a 55 MPa / Baixa: < 45 MPa

28d – Baixa: < 0,07% / Média: 0,07 a 0,12% / Alta: > 0,12%

91d – Baixa: < 0,09% / Média: 0,09 a 0,12% / Alta: > 0,12%

28d – Baixa: < 5mm / Média: 5 a 10mm / Alta: > 10mm

91d – Baixa: < 5mm / Média: 5 a 15mm / Alta: > 15mm

MÉTODOS DETALHADOS EM MEDEIROS2 LIMITES E FAIXAS PROPOSTAS DE CLASSIFICAÇÃO

Tabela 3: Requisitos e critérios sugeridos para controle e especificação de argamassas de reparo superficial paraestruturas de concreto, a partir de Medeiros4 ou Medeiros e Selmo5.

Ainda que seja possível considerarclassificações isoladas das propriedades dasargamassas, como na Tabela 3, é possívelalgumas correlações e simplificaçõesimportantes, mesmo com produtos dediferentes composições, conforme a Figura 3e a Figura 4.

Na Figura 3, verificou-se uma relaçãodireta e bastante significativa entre osresultados de módulo de elasticidade e deresistência à compressão das argamassas,curadas a úmido por 28 dias e depois secas a70 oC até constância de massa.

Figura 3: Relação entre a resistência à compressão e omódulo de elasticidade das argamassas.2, 5

MÓDULO DE ELASTIDADE (GPa)

RAIZ

DA R

ESIS

TÊN

CIA

ÀCOM

PRES

SÃO (M

Pa1

/2)

y = 0,156x + 2,199r2 = 0,90

cura submersa por 28 dias

0 10 20 30 40 50 60

0,0

2,0

4,0

6,0

8,0

10,0

12,0

70

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REVISTA CONCRETO AR

TIG

O C

IEN

Tif

íco

Também obteve-se uma relação inversa entrea resistência à compressão e a profundidade decarbonatação aos 28 dias, pela Figura 4. A título deilustração do tempo para as argamassas de reparocarbonatarem em função da sua resistência àcompressão, o seguinte exemplo pode ser dado combase na relação t

t : t

s = c

s : 100 em Neville1, onde t

t é

a profundidade de carbonatação após um período deexposição que pode ser transformado em umaestimativa de tempo t

s necessário para se atingir a

mesma profundidade à concentração de serviço cs,

considerando que o tempo é inversamenteproporcional à concentração de CO

2.

Adotando-se o valor de CO2 igual a 0,1%,

referente a condições agressivas de exposição e umprazo de 77 anos, uma argamassa que apresenteresistência à compressão elevada, como por exemplo,60 MPa irá carbonatar apenas 10 mm, enquanto outraque apresente resistência à compressão de 25 MPacarbonatará 30 mm em 77 anos.

Assim, a resistência à compressão é umapropriedade básica a ser normalizada, pois podeinformar de forma bastante simplificada sobre aresistência à carbonatação e o módulo de elasticidadede uma argamassa de reparo.

Já pelo gráfico da Figura 5, a seguir, observa-seuma relação direta mas não generalizada entre aresistência à tração na flexão e a resistênciaà compressão. A dispersão deve-se ao fatode algumas argamassas possuírem fibras emsua composição, e por ser frequente acomposição com fibras e polímeros dasargamassas de reparo, torna-se inviável aavaliação da resistência à tração através daresistência à compressão, uma vez queadições e aditivos atuam diretamente naresistência à tração, recomendando-se queseja pois a segunda propriedade básica a sernormalizada para argamassas de reparo, noestado endurecido.

Propõe-se assim que a resistência àcompressão e a resistência à tração na flexãode argamassas de reparo sejam inicialmenteadotadas pelos fabricantes em seuscatálogos, como ponto de partida para futuranormalização. O controle e informaçãodessas propriedades em idades iniciais e até7 dias deve também ser recomendado paramelhor diferenciar os produtos.

Estabelecer faixas de classif icação dessasresistências, com base na Tabela 3, pode ser o passoseguinte na evolução da normalização e isto facilitaráa escolha de produtos mais apropriados para cada obra,e o memorial técnico de fabricantes e empresas derecuperação.

DESCRIÇÃO ATUAL DE ARGAMASSAS E

GRAUTES DE REPARO POR FABRICANTES

Após análise das especificações descritas emboletins técnicos comerciais de vinte e nove (29)produtos de reparo (superficial e grautes em geral),de cinco grandes fabricantes do mercado nacional,observa-se que os requisitos básicos descritos sãomeramente qualitativos, pois apresentam algunsresultados de ensaios de caracterização e praticamentenenhuma informação é dada sobre o desempenho naproteção das armaduras contra a corrosão.

Cada produtor destaca apenas as vantagens deseus produtos, não havendo diferenciação clara entreas fichas de produtos semelhantes do mesmo produtor.

Uma visualização resumida daspropriedades citadas pelos cinco fabricantes,em catálogos comerciais de suas argamassasde reparo, encontra-se na Tabela 4. Aspropriedades destacadas são: descriçãoqualitativa, consumo, composição, resistênciaà compressão, cor, espessura do reparo,densidade, massa específica, temperatura dosubstrato, temperatura ambiente e resistênciaà tração, indicando a ordem de repetiçõesmais freqüentes para o total de catálogosanalisados.

Dos catálogos consultados, a propriedademais analisada e numericamente citada é aresistência à compressão mencionada em 16dos 29 catálogos, seguida pela cor para 13,espessura do reparo com 9, temperaturaambiente (4), temperatura do substrato edensidade (3), massa específica (2) eresistência à tração (1). As citações de

consumo são referentes à cada argamassa, assimcomo a composição e a descrição qualitativa.

Figura 5: Relação entre resistência à compressão e tração na flexãopara as argamassas de reparo. 2, 5

Figura 4: Relação entre a resistência à compressão e a profundidade de carbonatação após 28 dias de exposição em câmara (65%

U.R., 25 oC e 5% de CO2). Adaptado do original. 2,5

PROFUNDIDADE DE CARBONATAÇÃO A 28 DIAS (mm)

RES

ISTÊ

NCIA

ÀCOM

PRES

SÃO A

28 D

IAS (M

Pa)

0 5 10 15 20 25 350

20

40

60

80

100

120

30

y = 91,833e -0,0476x

r2 = 0,83

RESISTÊNCIA ÀCOMPRESSÃO (MPa)

RES

ISTÊ

NCIA

À F

LEXÃÓ (M

Pa)

0 20 40 60 80 100 1200

5

10

15

20

25

30y = 0,092x +6,17

r2 = 0,32

cura submersa por 28 dias

140

AI-5

AI-7

71

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REVISTA CONCRETO

De forma absolutamente incoerente com o quejá foi aqui discutido, muito pouco se informa quantoao prazo de manutenção de trabalhabilidade e quantoà resistência à tração das argamassas.

Por não serem citados valores em todas asargamassas, fica difícil fazer uma comparação ediferenciação entre os produtos, induzindo asespecificações serem feitas tão somente por preço oucom base em obras anteriores, em geral, semdesempenho avaliado a médio e longo prazo.

123456789012123456789012123456789012123456789012123456789012123456789012123456789012123456789012123456789012123456789012123456789012123456789012123456789012123456789012123456789012123456789012123456789012123456789012123456789012123456789012123456789012

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123456712345671234567

123451234512345

1234567812345678123456781234567812345678

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12345671234567

CATÁLOGO ARGAMASSA APLICAÇÃO

ProdutorN0 de

argamassa

reparo

Descrição

qualitativaConsumo Composição

Resis.

comp.Cor Dens.

Massa

específ.

Resis.

tração

Temp.

Amb.Temp.

SubstratoEspessura

do reparo

A

B

C

D

E

2

7

7

6

7

1234567890112345678901123456789011234567890112345678901123456789011234567890112345678901123456123456123456

123456123456123456123456123456781234567812345678

12345678901123456789011234567890112345678901100%

86%

57%

50%

33%

29%

17%

15%

0%

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Sabe-se que toda obra a ser recuperada podeter características peculiares e não é recomendáveluma padronização única de procedimentos e materiais,que possa ser usada em todos os casos devido àsmuitas particularidades existentes em cada estrutura.

No entanto, a exemplo do ocorrido na Europa,o meio técnico brasileiro precisa definir uma normade procedimentos gerais para diagnóstico erecuperação de estruturas com corrosão de armadurase uma classificação técnica básica para as argamassasde reparo e grautes, pois na fase de projeto e compraé fundamental a diferenciação e o conhecimento deequivalência entre os produtos dos vários fabricantes.

A análise das informações comerciais dosfabricantes feita na Tabela 4 aponta para anecessidade de uma classificação básica comum dasargamassas de reparo industrializadas, e que podeevoluir para uma normalização, conforme osfabricantes assumam novas posturas em seuscatálogos comerciais, prestigiando metodologiascomuns em suas análises de rotina e a serem unificadasnas fichas e catálogos técnicos dos produtos.

A consulta às normas recém-aprovadas naComunidade Européia seria oportuna, para avaliaçãodas classificações e métodos de ensaios lá adotados.

Mas, para a grande maioria das obras derecuperação, já seria suficiente que os projetistas eengenheiros envolvidos pudessem dispor no mínimode informações sobre os seguintes requisitos básicosdas argamassas ofertadas pelo mercado, comoproposto neste trabalho, e resumido a seguir:

· informação da densidade e rendimento noestado fresco;

· retenção de consistência para 1 hora demistura da argamassa, em % do valor inicial;

· tempo de manutenção da consistência, até 80% da inicial;

· resistência à tração na flexão de argamassade reparo, informando resistências iniciais efinais (por exemplo, 24 horas, 7 e 28 dias);

· resistência à compressão, adotando idadessimilares e níveis que variem de acordo como desempenho estrutural ou não estrutural dasargamassas.

Pode então ser útil classificar os materiaisapenas de acordo com as suas resistências à flexão eà compressão, pelos níveis e idades preconizados nesteartigo ou outros trabalhos mais completos que venhama ser localizados ou desenvolvidos.

O módulo de elasticidade, a retração porsecagem livre das argamassas em condições de baixaumidade relativa (50%), a resistência de aderência àtração a um substrato padrão e outros requisitos maiscomplexos dos sistemas de reparo, relacionados àcompatibilidade mecânica e eletroquímica, certamentesão propriedades de interesse, sempre que adurabilidade dos reparos seja um requisito importantedo projeto de recuperação e haja condições adversasde exposição, como concreto aparente em atmosferasmarinhas, industriais e urbanas muito poluídas.

AGRADECIMENTOS

À FAPESP – Fundação de Amparo àPesquisa do Estado de São Paulo, peloapoio através dos Processos n º 00/04672-3 e n º 03/01729-2. À CAPES porbolsa de mestrado à autora principal.

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REVISTA CONCRETO

Bibliografia

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REVISTA CONCRETO

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REVISTA CONCRETO

rercordes da engenharia de concreto

75

Ponte sobre o Rio Almonte(Espanha)

nova rodovia de La Plata, aA-66, atravessa o rio Almonte, umafluente do rio Tajo, entre Hinojal eCáceres. Para atravessar o rio, estãosendo construídas duas pontes em arcos;uma ao lado da outra. O comprimento totalda ponte é de 432 m e o raio dos arcosmede 184 m. O projeto iniciou-se em 2002e tem previsão de termino para o final de2005.

A empresa de fôrmas elaborouum sistema de fôrmas para balançossucessivos para os arcos de 47 m cadaum, a partir dos arranques. Este sistemade fôrmas para balanços sucessivos é derápida construção, permit indo aconcretagem da seção completa. Aconcretagem se realiza, por motivos deprazos, desde as bordas. Para cadametade de arco são feitas 17 concretagensde 5.85m de comprimento cada um.Prevê-se o ciclo de concretagem de uma semana,incluindo os procedimentos com o carro, ajustes nasformas, colocação das armaduras e concretagens.

Para cada quatro seções do arco nasce umpilar. A distância entre estes pilares é de 22 m. O pilarmais alto mede 40 m e tem a seção de 2,5 x 4,5 m.Para as duas pontes serão construídos 36 pilares epara cada pilar um jogo de fôrma, compostapelo sistema trepante. Esta combinação facilitaa rapidez e aumenta a segurança da fôrmatrepante. As amplas plataformas do sistemaoferecem uma superfície de trabalho ideal. Emsi, a superestrutura será completada por umtabuleiro. Sua largura é de 13,5 m para cadaponte.

Dados técnicos

Início da obra: 2002Previsão de término: 2005Comprimento da ponte: 432 mRaio dos arcos: 184 mCiclo de concretagem: 1 semanaEmpresa de fôrma: DOKAConstrutora: Necso

A

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REVISTA CONCRETO

MandarimO maior empreendimento residencial do país

maior empreendimento residencial do país, uma torre de137 m de altura em relação ao piso do pavimento térreo e,aproximadamente, 145 metros em relação à cota de apoio dassapatas, está sendo construído em São Paulo. O edifício tem previsãode construção em 33 meses e foi inteiramente projetado emestrutura reticulada de concreto armado, a qual foi concluída emabril de 2005.

A estrutura foi projetada com concreto de resistênciacaracterística – fck - de 35 MPa até 29º pavimento e, acima deste,com 30 MPa. O volume de concreto aplicado, excetuadas asfundações e contenções, foi de 11.000 m3. Para as mesmascondições, foram aplicadas 1550 toneladas de armadura. Seconsiderarmos somente a estrutura da torre, do pavimento térreopara cima, a estrutura apresentou espessura média de 0,30 cmpor m2 de área de projeção e taxa de 123 kg de armadura por m3

de concreto.

Uma das maiores dificuldades encontradas na execução destaestrutura foi a significativa variação do lançamento estrutural deum pavimento para o outro, variação esta que, obviamente,decorreu da grande variação da arquitetura entre pavimentosconsecutivos. Esta variação pode ser ilustrada pelo número de folhasde projeto: fôrma estrutural: 46 folhas; armadura: 167 folhas;arquitetura: 79 folhas.

Para o sistema de fôrmas adotou-se a solução de moldesconfeccionados em chapa de madeira de compensada plastificadacom 18mm de espessura e estruturação, para os painéis de pilares

e vigas, com madeira serrada. Para o cimbramento daslajes util izou-se de escoras e torres metálicas, comlongarinas e transversinas em vigas de madeira com 20cmde altura. Para as vigas com pé-direito até 2,88mempregaram-se garfos de madeira, previstos no projetode fôrma e fabricados no canteiro e, acima desta altura,torres metálicas com longarinas e transversinas iguais àsdas lajes. Apesar da significativa variação da fôrma entrepavimentos “tipo”, o índice obtido para a mão-de-obra demontagem e desmontagem do sistema de fôrma destespavimentos “tipo” foi surpreendente, em média de 0,49Hh/m2.

O

Volume de Concreto: 11.000 m3Altura: 137 mConstrutora: CyrelaProjetistas:

Arquitetura: Itamar BerezinEstrutura: JKMFFôrma de madeira: Paulo Assahi

Cimbramento metálico: DOKA

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rercordes da engenharia de concreto