Revista Webdesign - Ano II - Número 22 - Encontre seu público-alvo

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táticas de especialistas para identificar e atrair visitantes público-alvo R$ 7,90 editora arteccom outubro 2005 :: ano 2 :: nº 22 :: www.arteccom.com.br/webdesign Navegue sem moderação no novo site da , que aposta nestes recursos para dialogar com o consumidor num canal aberto e democrático foco no usuário “Não devemos nos preocupar em atender a todos que acessam, mas sim em atender bem àqueles a quem o site é direcionado” Marcos Nähr - Dell e-cards personalização, baixo custo, marketing viral e interatividade numa única ferramenta Podcast e RSS publicidade online há fronteiras para a criação? Veja o que pensam os profissionais da área encontre o seu

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táticas de especialistas para identificar e atrair visitantes

público-alvo

R$ 7,90 e d i t o r a

arteccom

outubro 2005 :: ano 2 :: nº 22 :: www.arteccom.com.br/webdesign

Navegue sem moderação no novo site da , que aposta nestes recursos

para dialogar com o consumidor num canal aberto e democrático

foco no usuário

“Não devemos nos

preocupar em atender a

todos que acessam, mas

sim em atender bem

àqueles a quem o site é

direcionado”

Marcos Nähr - Dell

e-cards

personalização,

baixo custo,

marketing viral e

interatividade numa

única ferramenta

Podcast e RSS

publicidade

online

há fronteiras para a

criação? Veja o que

pensam os

profissionais da área

encontre o seu

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A vossa Majestade.

Analisando o comportamento de nossos leitores e assinantes, a

partir de emails recebidos, sugestões, solicitações e críticas,

desenvolvemos o novo site da Revista Webdesign. E, pelo jeito, a

metodologia funcionou!

Essa edição trás, por isso, um assunto, a princípio, pouco atrativo,

mas extremamente importante: público-alvo. Como o glamour das

agências vai sempre para a área de criação, outros departamentos como

Planejamento, que se encarrega de estudar o target de um site, ficam

nos bastidores, sem a fama merecida. Ma,s é justamente essa etapa,

anterior ao layout, que dita as regras do jogo.

Se analisarmos bem o nosso público, certamente a comunicação

será eficaz e o projeto, um sucesso!

E vou concluir com uma frase de Paola Sales, pág. 37, que achei

fantástica: “O usuário que perde seu tempo escrevendo um email ou

aguardando em um 0800 para fazer uma reclamação, ou dar uma

sugestão, deve ser tratado como um rei.”

Boa leitura.

Abraços.

qu

em

so

mo

s

Ed

ito

ria

l

Equipe

Criação e edição

Produção gráfica

Distribuição

www.arteccom.com.br

www.prolgrafica.com.br

www.chinaglia.com.br

Direção Geral

Direção de Arte

Ilustração

Diagramação

Direção de Redação

Redação

Assinaturas

Gerência de Tecnologia

Webdeveloping

Financeiro

A Arteccom é uma empresa de design, especializada na

criação de sites e responsável pelos seguintes projetos:

Revista Webdesign :: www.arteccom.com.br/webdesign

Curso Web para Designers :: www.arteccom.com.br/curso

Encontro de Web Design :: www.arteccom.com.br/encontro

Portal Banana Design :: www.bananadesign.com.br

Projeto Social Magê-Malien :: www.arteccom.com.br/ong

Adriana Melo

[email protected]

Patrícia Maia

[email protected]

Beto Vieira

[email protected]

Leandro Camacho

[email protected]

André Philippe Iunes

[email protected]

Tatiana Serra

[email protected]

Jane Costa

[email protected]

Fabio Pinheiro

[email protected]

Eric Nascimento

[email protected]

Luana Rocha

[email protected]

Adriana Melo

:: A Arteccom

não se responsabiliz

a por in

form

ações e opin

iões contid

as nos artig

os assin

ados, bem

com

o pelo

teor dos anúncio

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ão é perm

itid

a a reprodução de textos ou im

agens sem

autoriz

ação da editora.

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menu

apresentação

pág. 4 quem somos

pág. 5 menu

contato

pág. 6 emails

pág. 6 fale conosco

fique por dentro

pág. 10 clipping

portfólio

pág. 12 veterano: Divex

pág. 18 calouro: Maurício Galasso

matéria de capa

pág. 20 entrevista: Marcos Nähr

pág. 28 público-alvo:

conhecer para conquistá-lo

e-mais

pág. 39 debate: publicidade online:

há fronteiras para a criação?

pág. 45 estudo de caso: Kaiser

pág. 50 e-cards

pág. 54 tutorial : Padrões Web 4

com a palavra

pág. 58 webwriting: Bruno Rodrigues

pág. 60 marketing: René de Paula Jr.

pág. 62 bula da Catunda: Marcela Catunda

pág. 64 webdesign: Luli Radfahrer

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6

Olá. Sempre acompanho a

revista Webdesign e só tenho

elogios a fazer. Gostaria de

pedir que fosse colocado na

revista um espaço com

tutoriais de algumas áreas

como Design, por exemplo.

Grato.

Youssef Abrahão

[email protected]

Youssef,

por enquanto estamos abordando o

tema Tableless em nossos tutoriais

devido ao grande número de

pedidos, mas adoramos a sua

sugestão e levaremos à reunião de

pauta para ser discutida, muito

obrigada ;)

Cesar,

com certeza será uma ótima matéria!

Então, aproveito para pedir aos

leitores associados ou que conheçam

alguma instituição do gênero, que

entrem em contato conosco pelo email

[email protected] deixando

sua sugestão.

em

ails

fale conosco pelo site www.arteccom.com.br/webdesign

:: Os emails são apresentados resumidamente. :: Sugestões dadas através dos emails enviados à revista passam a ser de propriedade da Arteccom.

Assunto: Incentivo

Assunto: perfil do

profissional

Assunto: Tutorial

Assunto: Cursos

Acho que deveria se

estimular mais empresas a

entrarem no ramo

aqui em BH/MG. Pois, assim

como o abraweb só cria

oportunidades e cursos para

SP... vemos a necessidade de

abrir a AWMG.

Abraços

Wagner

[email protected]

Tem toda razão, Wagner! Por isso,

temos o curso online para criação de

sites Web para Designers

(www.arteccom.com.br/curso), para

atender as demais cidades fora do

eixo Rio-São Paulo. Espero que ajude!

Gostaria de ver na revista um

debate sobre o perfil do

profissional de design que

normalmente as agências têm

como preferencial para

efetivar. Diploma dita a

ordem ou não? Para ter uma

boa chance é preciso ter

grandes trabalhos no

portfólio? E quem tá

começando? Por favor,

galera da minha viciosa

revista, tire essas dúvidas de

vez da cabeça dos iniciantes!

A revista é show!

Marcelo S. Pereira

[email protected]

Oi povo da WD!

Gostaria de ler algum estudo

comparando os profissionais

superespecializados e

aqueles que têm que saber

um pouco de tudo por

estarem

em empresas mais enxutas.

Ainda na comparação até

que ponto os freelancers

fazem de tudo?

Como cada grupo está

posicionado no mercado?

Parabéns pelo trabalho de

qualidade!

Patricia Zisman

[email protected]

Marcelo e Patrícia,

a próxima edição será especialmente

para vocês! Falaremos sobre o

profissional de internet, piso salarial,

como anda o mercado, metologia de

trabalho dos freelancers etc.

Acho que vão gostar ;)

Primeiramente, gostaria de

parabenizar a equipe pela

qualidade editorial da

Webdesign.

Entendo que a revista ocupou

um espaço importante no

propósito de informar sobre

as melhores práticas desse

complexo universo que se

constitui a “estética digital”.

Aproveito para sugerir uma

matéria sobre a organização

do setor de agências digitais,

que começam a ter

representatividade a partir

da formação de entidades

como a AGADi (Associação

Gaúcha de Agências Digitais)

e movimentos similares na

Bahia, em SP e outros

estados.

Abs,

Cesar Paz

Diretor Presidente da AG2 | Presidente

da AGADi (Associação Gaúcha de

Agências Digitais)

Assunto: Associações

Gostaria de encontrar

maiores informações sobre

cursos de animação e 3D

principalmente em Curitiba.

Mayara Christina Dias

[email protected]

Mayara, em Curitiba você

pode procurar a Cadritech

(www.cadritech.com.br) - tel: (41)

3254-4620. No link www.curitiba-

p a r a n a . c o m / i n f o r m a t i c a -

computacao.htm você também

encontrará outras instituições.

Boa sorte!

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clip

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(01) http://www1.folha.uol.com.br/folha/informatica/ult124u18973.shtml

(02) http://www.arquivofla.com/livro_banners

(03) http://www1.folha.uol.com.br/folha/informatica/ult124u18958.shtml

(04) http://www1.folha.uol.com.br/folha/informatica/ult124u18976.shtml

(05) http://www1.folha.uol.com.br/folha/informatica/ult124u18972.shtml

Google lança ferramenta que faz

pesquisa de blogs

O Google lançou nesta semana uma nova ferramenta de

pesquisa: um buscador de blogs. Com o lema “Ache blogs com

seus assuntos favoritos”, o Blog Search foi criado com o objetivo

de ajudar os usuários do site a explorar o universo da

“autopublicação de maneira mais eficiente”.

“Quer você esteja procurando análises sobre o Harry Potter,

comentários políticos, receitas de saladas de verão ou qualquer

outra coisa, a pesquisa de blogs permite que você descubra o que

está sendo dito sobre qualquer assunto”, afirma o Google em sua

página.

Segundo o site, além de pesquisas de blogs escritos em inglês, o

serviço procura endereços em francês, italiano, alemão,

espanhol, chinês, coreano, japonês e português, entre outros

idiomas.

O banco de dados por trás do mecanismo vai fazer a indexação

de todos os blogs existentes, e não apenas daqueles publicados

por meio do site Blogger.com, do qual o Google é dono.

Por enquanto, as buscas na versão beta trazem apenas

resultados de mensagens publicadas a partir de junho de 2005,

mas o Google disse que já trabalha para que a pesquisa também

traga textos mais antigos.

Endereço

A ferramente está disponível em quatro endereços:

blogsearch.google.com (interface com estilo do Google),

search.blogger.com (interface com estilo do Blogger), Painel do

Blogger e Navbar (em qualquer blog do Blog*Spot).

A pesquisa em todos os lugares é a mesma, independente de

como ela foi acessada. A Navbar, no entanto, tem dois botões:

um para pesquisar o blog que estiver sendo visualizado e outro

para pesquisar todos os blogs.

(02)

Blog sobre Jefferson pode render

prêmio a internauta de Brasília

O redator publicitário Ricardo Serran Lobo está entre os blogueiros

brasileiros que participam do concurso internacional The BOBs (The

Best Of The Blogs). Seu diário “Vizinho do Jefferson” foi indicado à

categoria de melhor blog jornalístico escrito em português.

A competição organizada pela Deutsche Welle, que no Brasil conta

com a colaboração da Folha Online, está em sua segunda edição.

Aqueles que produzirem os melhores diários virtuais jornalísticos

—categoria que inclui nove línguas— ganharão um iPod Shuffle,

toca-MP3 da Apple.

Qualquer internauta pode sugerir blogs para o concurso. A etapa

de inscrições vai de 1º de setembro a 23 de outubro.

O “Vizinho de Jefferson” foi indicado por divulgar na internet

comentários políticos de alguém que tem uma visão privilegiada —

há cinco anos, Lobo mora no apartamento em frente ao do

deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), em Brasília.

Seleção

Os blogs indicados devem se encaixar em uma das 13 categorias

pré-estabelecidas: melhor weblog, blog multimídia, podcast,

Repórteres sem Fronteira (para aqueles engajados na liberdade de

expressão) e weblog jornalístico (dividido em nove línguas).

Um júri internacional formado por 12 jornalistas, pesquisadores de

mídia e especialistas em blogs deve analisar, entre 24 de outubro e

20 de novembro, os nomeados de cada categoria. Durante o

período, os internautas também podem fazer sua escolha no site

do The BOBs. O resultado sai no dia 21 de novembro.

(01)

Lançamento:

“Publicidade com

Flash MX 2004 -

Banners”

Editora: Ciência Moderna

Autora: Flávia Barbieri Soares

Ainda que este livro tenha sido

desenvolvido com o intuito de aprofundar o conhecimento dos

leitores sobre o vasto (e novo) universo da publicidade na web;

sua didática acaba por facilitar o aprendizado da ferramenta.

O livro, então, passa a ter dois objetivos: O desenvolvimento de

banners eficientes e interativos, e o aprendizado do programa

Flash MX 2004 de forma agradável e simples.

(03)

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(04)

Pelo menos 13% dos

internautas já buscaram

romance na web

Cerca de 13% dos

internautas europeus já

procuraram na internet

um parceiro para

relações amorosas.

Isso é o que mostra

uma pesquisa sobre

estilo de vida digital

encomendada pela Intel

e divulgada pelo site

eMarketer.

O número aumenta quando

considera os hábitos apenas dos britânicos,

como fez um estudo da empresa Nielsen//Netratings. De

acordo com a companhia, 33% dos internautas do Reino Unido

já usaram a internet para encontrar um “parceiro em potencial”.

A porcentagem é a mesma entre aqueles que consideram o

trabalho um bom lugar para encontrar alguém especial. No topo

da lista ficam os bares e danceterias (53%) e os encontros em

que duas pessoas são apresentadas por um amigo em comum

(também 53%). Ainda segundo a Nielsen//NetRatings, homens

e mulheres divergem na maneira como procuram romance na

internet. Elas focam suas atenções em amizades, que podem

futuramente acabar em namoro. Eles, por outro lado, vão

direto ao ponto: buscam pessoas para relacionamentos

amorosos, incluindo aí relações duradouras e casamento.

Depois de mudança no Orkut,

internautas devem redobrar

cuidados

Os usuários do site de relacionamentos Orkut devem redobrar os

cuidados nos próximos dias, alerta um especialista em segurança

on-line. Isso porque piratas virtuais devem criar, nos próximos

dias, golpes com base na mudança efetuada pelo Google.

“Pessoas mal-intencionadas podem criar e-mails falsos, pedindo

que os internautas façam a atualização do Orkut. Isto deve

acontecer nos finais de semana, já que

os estelionatários virtuais preferem

‘trabalhar’ aos sábados e domingos”,

afirma Denny Roger, diretor da

empresa de segurança Batori.

Uma das possibilidades é que, ao

fazer a falsa atualização, as vítimas

instalem involuntariamente em

seus micros programas maliciosos.

Com eles, os piratas podem roubar as

informações e fazer, por exemplo, transferências financeiras sem

autorização do titular da conta corrente.

Dica de leitura:

“A arte de planejar o

tempo”

Editora: Literalis

Autor: Jaime Wagner

Com a aceleração dos eventos já não são

mais as carrilhões a marcar as horas, mas bips

eletrônicos a soar a cada segundo. A economia globalizada amarra

todo o planeta numa malha de horários, que regula as trocas e

interações mútuas. Em todas as esferas da vida, as pessoas estão

sincronizadas segundo a segundo, num ritmo único e cada vez mais

acelerado, marcado por horários de trabalho, de estudo, de

refeições, de reuniões, das bancas, das lojas, das bolsas, do

noticiário, da TV, do esporte, do cinema e do teatro. “Sem perceber,

o homem civilizado, como Gulliver em Lilliput, encontra-se preso

por milhões de tênues filas. Isoladas, mal são percebidos; juntos,

privam-no da sua liberdade”. Muitos se sentem como escravos da

tempo. E você? Tem tido tempo para amar e para fazer diferença e

na trabalho e na vida pessoal?

(05)

Selo Peixe Grande 2005

Estão abertas as inscrições para a segunda edição do

concurso “Selo Peixe Grande”, promovido pela Revista

Webdesign, que elege os melhores portfólios brasileiros de

sites. Este ano, o Selo contará com as categorias

Profissionais autônomos/freelancers e Agências. A votação

será dividida em duas etapas, e as inscrições são gratuitas.

Na primeira, o público escolherá os 30 melhores concorrentes

e, na segunda, o júri irá selecionar os 10 peixes grandes. Mais

informações: www.arteccom.com.br/webdesign/peixegrande

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Por Tatiana Serra

DivexDesenvolvendo

a “visão digital”

Fazer de empresas predominantemente tradicionais, empresas com

habilidades digitais, contando com a experiência de quem já percorreu o

caminho centenas de vezes. Esta é a proposta da Divex, empresa de

Porto Alegre que diz ter começado juntamente com a internet comercial

no Brasil, em 1995.

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“A Divex procura atuar em fatores que afetem o

desempenho de uma empresa. Os websites dificilmente

deixarão de ser uma demanda, e têm sua importância.

Entretanto, desenvolver sistemas que influenciem

diretamente processos que movem a empresa é o real foco do

nosso interesse”, afirma Ricardo Formighieri de Bem, diretor

executivo da empresa.

Quanto às principais conseqüências no funcionamento

das empresas que optaram pelas habilidades digitais, Ricardo

destaca a adaptação a uma realidade emergente – e sua

natural incorporação ao DNA da empresa – e o ganho de

performance. “Ou seja: tanto otimizar, quanto transformar

processos, através do uso pensado da internet, produzirá

vantagens em relação à concorrência, além de proporcionar

um avanço tecnológico. Costumo dizer que uma empresa que

consegue olhar para si mesma e enxergar em que ponto a

internet pode ser decisiva estará, ao aplicar essa visão,

ganhando fôlego, força, agilidade e novas capacidades em

relação àquelas que não tiverem essa condição”, explica ele.

Classificando essa “virtude” como “Visão Digital”, o diretor

executivo cita Nicholas Negroponte, diretor do Media Lab. do

Massachusetts Institute of Technology: “no seu clássico ‘A

Vida Digital’, ele dividia o mundo entre átomos e bits e já

projetava a venda de música na forma de bits – como hoje já

ocorre com o iTunes, da Apple – ao invés de gravada em

pedaços de plástico – átomos. Isso é transformação de

modelos. Esse é o maior poder da internet e ainda muitíssimo

sub-utilizado. Verter átomos para bits, sempre que possível;

migrar do físico para o virtual; inovar e transformar sempre

terão diferentes graus, tanto de profundidade quanto de

abrangência. Mas, o mais importante é enxergar”.

Cliente é cliente no físico e no virtual

O que é fundamental ao trabalhar a imagem de um cliente

na internet? Para Ricardo, é manter e reforçar a imagem que o

cliente tem no mundo físico. O grau de preocupação com o

virtual, não raras vezes negligenciado, segundo ele, deve ser

o mesmo que se tem com o real. “Não há razão que justifique

desleixo em responder e-mails, quando a prática de retornar

telefonemas é crucial e inquestionável. Ambos os

procedimentos estão ligados a algo muito importante para a

imagem: respeito. Assim como é impressionante o número de

iniciativas na web que desqualificam, desprezam e depreciam o

esforço de anos de construção de imagem e marca, seja pela

simples ausência de unidade visual, seja pelos pecados na

experiência de navegação proporcionada”. Concluindo,

Ricardo enfatiza: “a imagem de um cliente não se restringe ao

design, ao estético, ao belo ou ao feio, ao moderno ou ao

tradicional, mas molda-se, sim, sobre uma equação formada

“Costumo dizer que uma empresa que

consegue olhar para si mesma e

enxergar em que ponto a internet pode

ser decisiva estará, ao aplicar essa

visão, ganhando fôlego, força, agilidade

e novas capacidades em relação àquelas

que não tiverem essa condição”

Ricardo de Bem

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www.divex.com.br

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por variáveis tão distintas quanto postura perante ao

consumidor, percepção transmitida em relação à concorrência,

leque de serviços online e força da marca”.

Com o objetivo de se diferenciar da concorrência, a Divex

adotou o e-builder como modelo de atuação. “A consultoria

estratégica está à frente de qualquer iniciativa. Nenhum

recurso tecnológico, por mais entusiasmante que seja, deverá

impor-se à lógica de um investimento que busca resultados.

O planejamento rege a subserviência dos recursos de TI

aos propósitos de mercado do projeto. Nesse contexto, a

comunicação interativa entra com o importante papel de

conseguir estabelecer um diálogo entre tudo o que foi

proposto e aquele que é a razão de existir do projeto: o

público-alvo”, diz Ricardo.

Competência, reputação, adaptabilidade, vendas

e atendimento

Para o diretor da Divex, estes são os fatores que podem

determinar o sucesso de uma empresa. A grande busca seria

por competência. “Só que competência, hoje, é algo mais

amplo do que saber fazer bem feito. Ser competente é não

apenas saber fazer, mas ter proatividade, capacidade de

resolução e, acima de tudo, comprometimento. O pior

profissional é o profissional que busca apenas remuneração”,

detalha Ricardo, que também dá dicas para os profissionais

que estão começando no mercado: “escolha uma causa, uma

empresa que se identifique com essa causa e faça parte de um

time. Envolva-se. Senão, você será apenas mais um, dentre

muitos”.

Falando em atendimento... A Divex atende diferentes

segmentos de mercado. “Essa é uma característica comum

para quem trabalha com desenvolvimento para internet,

principalmente quando um dos produtos é algo tão genérico e

versátil quanto ‘websites’. Nosso diferencial reside justamente

naquele fator que extrapola essa commodity chamada

tecnologia: a visão estratégica do uso da tecnologia”, explica

Ricardo.

Com relação à política da empresa, Ricardo fala de duas

realidades distintas: “quando o assunto é projeto, a Divex

opta por trabalhar com uma carteira fixa e sempre mais em

cada cliente. Isso garante profundidade no entendimento do

negócio e evolução permanente; quando trata-se da nossa

“a imagem de um cliente não se

restringe ao design, mas molda-se, sim,

sobre uma equação formada por variáveis

tão distintas quanto postura perante ao

consumidor, percepção transmitida em

relação à concorrência, leque de serviços

on-line e força da marca”

Ricardo de Bem

XAtendimento - História Curiosa

“Tivemos um caso em que um aviso sonoro deveria ser

emitido, num sistema de atendimento on-line, que o cliente

insistia em afirmar que não funcionava. Dizia que o aviso

sonoro não tocava. E o aviso era em MP3, bastante

inconfundível, digamos. E horas de discussão ao telefone e de

novas tentativas por parte do cliente passaram-se, até que

alguém resolveu perguntar se o computador em questão tinha

caixas-de-som. Não tinha...”- Ricardo de Bem

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Xe-builder

Consiste na utilização integrada das atividades de Consultoria

Estratégica, Tecnologia da Informação e Comunicação

Interativa.

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linha de produtos – SmartWeb – queremos ganhar em escala”.

E com relação às principais metas, ele destaca a expansão da

linha de produtos e a consolidação na área de projetos. “São,

portanto, duas frentes, sendo a de produtos, a mais

ambiciosa. Os atuais projetos envolvem um portal e uma

comunidade online, ambos para o setor da saúde, duas

customizações de CRM para a web e a ampliação da linha

Smart”, conclui ele, lembrando que, quando a empresa atinge

suas melhores expectativas, a melhor parte está em identificar,

mais do que a satisfação do cliente, o orgulho na equipe.

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a Capa Engenharia é uma

construtora que apostou no auto-

atendimento via internet e tem, em

seu site, áreas especiais para os

clientes consultarem seus extratos

e verificarem sua posição financeira

junto à empresa.

a Self Engenharia utiliza a internet

como mais um canal de vendas.

A implementação do “Corretor On-

line”, da Divex, já viabilizou o

encaminhamento de vários

negócios que culminaram em

vendas.

Letras&Conceitos, livraria,

papelaria e café: iniciar e

incentivar a geração de uma base

de dados de clientes, estimular a

interação com esse público e

aumentar o volume de vendas

foram os maiores destaques desse

projeto.

a automatização da versão online do

Jornal do Comércio foi outra grande

realização, pois, juntamente com o

redesign do portal, permitiu-se que a

própria redação do jornal pudesse

publicar a versão digital.

Clientes com “visão digital”

Dentre os clientes da Divex, Ricardo cita alguns exemplos em que a “visão digital” ajudou a melhorar processos e resultados:

o Sinduscon-RS, hoje, informa seus mais

de quatrocentos associados, em todo o

estado, com boletins digitais, eliminando

custos com gráfica, papel e correio, além

da economia de tempo de pessoal e

controle dos envios.

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Anúncio

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O site de Maurício Galasso é <www.mauriciogalasso.com.br> e o email para contato, <[email protected]>.

Para participar da seção portfólio, cadastre-se no site www.arteccom.com.br/webdesign.

Formado em Comunicação Social e pós-graduado em Design

de Hipermídia, este paulistano de 33 anos sempre quis trabalhar

com criação, independentemente da área impressa ou digital, e

define seu trabalho como diferenciado e milimétrico. “Milimétrico

do ponto de vista das percepções e do que o cliente realmente

deseja”. De acordo com sua “filosofia de trabalho”, o designer tem

a obrigação não apenas de realizar o projeto e sim orientar o

cliente na sua área de atuação. No caso de um cliente cujo

público-alvo não acessa a internet e nem possui computador, por

exemplo, não é necessário criar um website só porque o mercado

teoricamente exige.

Hoje, Maurício trabalha principalmente com web, mas

também desenvolve projetos de identidade visual, mídia impressa

e multimídia. “Geralmente, projetos digitais são menos

problemáticos do que a mídia impressa, que exige um maior

acompanhamento, gráfica, impressão etc. Prefiro web, mas não

deixo de lembrar que o resultado de um bom projeto impresso

também é fantástico. Temos que estar preparados para todos os

tipos de mídia”, diz ele, que, futuramente, pretende montar um

studio que ataque em todas as frentes imagináveis.

Como fonte de informação, Maurício se abastece da relação

com as pessoas e da internet como confirmação e avaliação.

Segundo ele, há muitos profissionais no mercado leiloando

projetos, e pouca gente realmente boa e talentosa. “É claro que

programações mais complexas exigem conhecimentos de

profissionais especializados, mas, existem coisas que podem ser

resolvidas pelos próprios designers de web. É claro que existe

uma barreira por trás, estou tentando quebrar a minha”, admite

ele, ressaltando também a falta de conhecimento em assuntos

como usabilidade e ergonomia. “Um bom projeto deve ser

baseado em ergonomia, estética, objetivos e, para não deixar

Plugado em idéias inovadoras por Tatiana Serra

Maurício Galasso visa a união design-tecnologia como meio de expressão profissional e

intelectual, investindo no trabalho diferenciado e milimétrico como filosofia.

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tudo isso perdido, deve-se fazer um bom estudo de usabilidade e

navegabilidade. O usuário agradece”.

“Design não é pizza, não insista”. Por incrível que pareça, o

trabalho de um designer ainda pode ser mal compreendido e mal

remunerado. “Muitos clientes ainda entram em contato comigo e

pedem, na hora, o valor do site, Digo site porque eles não vêem

como projeto e talvez nem tenham essa obrigatoriedade. Eles

vêem como algo que necessitam e querem ver pronto o mais

rápido possível”, afirma ele.

Como seu melhor projeto, Maurício destaca o site do

paisagista Gil Fialho (www.gilfialho.com.br), pelo alto nível de

exigência que possibilitou a ele um crescimento no que diz

respeito a raciocínio de projeto. Já o www.espaco2.com.br

(empresa que fabrica luminárias) é destacado devido a

“impecável” relação clientexdesigner. Outros importantes

projetos são o website da Secretaria de Segurança de São Paulo

(www.ssp.sp.gov.br) e o portal de serviços do Detran SP

(portal.detran.sp.gov.br).

site do paisagista Gil Fialho (www.gilfialho.com.br)

Page 19: Revista Webdesign - Ano II - Número 22 - Encontre seu público-alvo

1919

Page 20: Revista Webdesign - Ano II - Número 22 - Encontre seu público-alvo

2020

Um dos passos mais importantes na concepção de

um projeto online está na identificação e análise do

público a quem ele se dirige. Se essa etapa não for

bem definida, os objetivos finais podem se perder

ao longo de todo o processo de elaboração. Para

entender mais sobre o assunto, a Webdesign

conversou com Marcos Nähr, webtechnologist do

departamento de marketing da Dell Computadores

no Brasil e responsável pelo desenvolvimento do

site e loja online da empresa.

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r

PorAndré Philippe Iunes

Page 21: Revista Webdesign - Ano II - Número 22 - Encontre seu público-alvo

21

Autor de vários artigos sobre o comportamento do

usuário na rede, o designer gaúcho, de 32 anos, analisa a

evolução da internet e destaca também alguns dos benefícios

do uso sócio-comercial das comunidades virtuais. Com

trabalhos realizados para empresas como Telemig Celular,

Amazônia Celular, Telefônica, entre outros, Marcos Nähr

explica alguns métodos, como o Persona-Based Design (design

baseado em personagens) e Epicenter Design (design de

epicentro), referentes ao estudo sobre o público-alvo. Sendo

assim, antes de planejar um trabalho para web, conheça um

pouco mais sobre a ciência do usuário e aprenda a identificar

suas reações e anseios.

Wd :: Após 10 anos da popularização da internet no

Brasil, quais foram, na sua opinião, as principais evoluções

no que diz respeito ao comportamento do usuário na

rede?

Nähr :: É interessante analisar a evolução da internet

neste período relativamente curto de existência. De um

lado, temos a significação social desta evolução: o

modo como alterou e ainda vai alterar a sociedade.

De outro, as questões relativas à tecnologia:

o seu formato e possibilidades

para o futuro.

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E, em algum lugar entre essas duas vertentes, temos os

usuários, suas necessidades e atividades cotidianas.

O usuário, no entanto, está muito longe dos sonhos,

utopias e visões das teorias especulativas sobre as alterações

sociais em função do uso da internet, e também muito longe dos

detalhes da evolução tecnológica dessa mídia.

Neste sentido, a principal evolução percebida pelos

usuários foi o fato de a internet ter se tornado um meio de

educação, entretenimento, comunicação e expressão

pessoal. Esta evolução deixou claras três

formas particulares de comportamento no

uso da web: busca (processo de

localizar algo específico), navegação

(busca mais randômica e ampla de

informações) e monitoramento

(visitação repetida de uma página

web, por exemplo). Esse

comportamento é padrão em

qualquer lugar do mundo,

mas um aspecto

começa a

“a principal evolução percebida pelos

usuários foi o fato de a internet ter se

tornado um meio de educação,

entretenimento, comunicação e

expressão pessoal.”

Page 22: Revista Webdesign - Ano II - Número 22 - Encontre seu público-alvo

22

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chamar a atenção de vários pesquisadores e, talvez mais

importante, de várias empresas: o Brasil vem se destacando

na utilização de algumas ferramentas e serviços da internet,

especialmente as comunidades virtuais.

Wd :: Por falar em comunidades virtuais, percebe-

se que hoje elas são grandes centralizadoras de

pessoas com interesses comuns. Como as empresas

podem explorar esse nicho de mercado?

Nähr :: Sabemos que o uso da internet tem basicamente

dois propósitos: o social e o econômico. Mas também sabemos

que hoje há um número maior de pessoas que usam

comunidades virtuais do que as que compram ou fazem

transações comerciais online.

Existem comunidades onde se pode comprar, vender ou

aprender mais sobre determinados produtos, mas elas têm um

conteúdo ou contexto social muito fraco. Poucas

empresas estão integrando as comunidades

virtuais em suas estratégias de marketing.

Aspectos como a disseminação de

informações “boca a boca”,

segmentação de mercado, aumento

do tráfego nos websites,

fortalecimento da marca, entre

outros, são apenas alguns dos

benefícios do uso “sócio-comercial” das

comunidades virtuais.

Mas como este tipo de uso

envolve uma empatia muito

grande do público e

causa uma exposição

em larga escala,

somente empresas e

serviços realmente

focados nos usuários

irão conseguir se

manter neste nicho de

mercado. Talvez, seja

por isto que ainda não existem tantas empresas se

aproveitando deste mercado.

Wd :: Ao projetar um site, como trabalhar uma

arquitetura da informação que atenda a diversos tipos

de públicos com necessidades diferentes? Quais

métodos utilizar para isso?

Nähr :: Às vezes, nos preocupamos mais em

seguir fórmulas mágicas de gurus da internet

do que em entender para quem estamos

criando. Com isso, não quero dizer que

não acredito em metodologias, pelo

contrário, acho que elas são

fundamentais, mas estão longe de ser

o foco no desenvolvimento. O foco é o

propósito do projeto.

Antes de tudo, é necessário entender

o que está sendo desenvolvido e

como deverá ser utilizado.

Uma vez definido

isso, fica muito mais

fácil a adaptação da

arquitetura para os

seus públicos.

E x i s t e m

métodos, como o

P e r s o n a - B a s e d

Design, que têm

demonstrado bons

“ Devemos criar uma arquitetura da

informação, uma interface que irá ser

utilizada por pessoas que possuem

sentimentos, que pensam, que tomam

decisões e até mesmo cometem erros. ”

Page 23: Revista Webdesign - Ano II - Número 22 - Encontre seu público-alvo

23

“ Não devemos nos preocupar em

atender a todos que acessam, mas sim

em atender bem àqueles a quem o site é

direcionado. ”

resultados. O “design baseado em

personagens” consiste na elaboração de

alguns poucos personagens, baseados

em dados etnográficos do público-alvo, e

do desenvolvimento de uma interface que

atenda a todos os anseios destes

personagens levando em conta reações

reais à navegação, usabilidade, interação

e até aspectos estéticos do projeto.

Devemos criar uma arquitetura da

informação, uma interface que irá ser

utilizada por pessoas que possuem

sentimentos, que pensam, que tomam

decisões e, até mesmo, cometem erros.

Wd :: Como podemos prever qual

será o público que acessará um

determinado site?

Nähr :: A definição de qual público

acessará um determinado site depende muito

mais de uma estratégia de marketing do que

necessariamente de uma boa arquitetura ou

usabilidade. Estas podem ajudar a manter este

público por mais tempo em determinado site e fazer

com que volte mais vezes, mas não são as

ferramentas para trazê-lo até a página. Não devemos

nos preocupar em atender a todos que acessam, mas

sim em atender bem àqueles a quem o site é

direcionado.

Page 24: Revista Webdesign - Ano II - Número 22 - Encontre seu público-alvo

24

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Wd :: A internet encontra-se cada vez mais

segmentada. Como é possível se adequar a essa realidade?

Nähr :: Seguindo o conceito da pergunta anterior, na

segmentação é fundamental atender bem ao público-alvo. É

preciso identificar em detalhes as características que

este nicho possui, entender sobre que interesse ele

se aglutina e propor algo com o qual este grupo se

identifique.

Wd :: Como podemos saber se um site

atende às exigências do público-alvo?

Nähr :: Existe um método de design

chamado de “Epicenter Design” ou

design de epicentro, que tem por

objetivo exatamente isto:

atender às exigências

fundamentais do público-alvo.

Este método foca o

desenvolvimento do projeto

na verdadeira essência e,

depois, constrói os demais

requisitos “de dentro

para fora”. Isto significa

não iniciar o projeto pela

navegação, cabeçalho e

rodapés, cores, logo

etc..Significa começar com a

parte do site que, se for

modificada ou retirada, mudará

completamente o seu propósito. Esta parte é exatamente o

epicentro do projeto e o que deve ser levado em conta para

atender ao público-alvo.

Wd :: Do ponto de vista da usabilidade, há diferenças

entre determinados públicos quanto ao uso de um site? Ou

seja, dependendo do usuário, uma mesma informação pode

gerar entendimentos diferentes?

Nähr :: Existem sim diferenças do ponto de vista da

usabilidade entre públicos diversos de um mesmo website. No

momento em que identificamos que será encontrado este tipo de

desafio, a resposta é apenas uma: simplifique. A simplicidade

pode ser o princípio mais importante e fundamental da

usabilidade. A simplicidade do design não só aperfeiçoa o negócio

e a experiência do usuário, mas também o desenvolvimento

tecnológico do projeto, sua manutenção e suporte. O

design baseado no usuário nada mais é do que um

processo que nos leva à simplificação, à elegância e a um

layout fácil de aprender, de usar, eficiente e ainda

agradável de ver.

Wd :: É possível prever o comportamento

que o público-alvo terá ao navegar em um

site?

Nähr :: Segundo alguns

psicólogos cognitivos que se dedicam

a estudar o uso de websites, o

comportamento dos usuários é

semelhante ao de um animal

farejando por alimento em um

bosque. Ele não está em

busca de um alimento

específico, mas sim por

aromas. Sites famosos

como Amazon.com, já

utilizam esta estratégia. No

caso da Amazon.com o

“aroma” é criado por meio do

uso de programas que

adivinham o que mais o usuário

deseja baseado em seu comportamento prévio. Uma vez

detectado o “gosto” do usuário, o site espalha os “aromas” pelos

quais ele possa vir a se interessar.

Wd :: Que elementos do design são importantes ser

trabalhados na hora de orientar um site ao seu público-

alvo?

Nähr :: Podemos usar elementos de “experience design”.

Experiências são as memórias mais importantes que nós temos e

guardamos, e são as coisas com as quais mais gastamos tempo e

dinheiro. Experiências de sucesso são importantes, tanto

Page 25: Revista Webdesign - Ano II - Número 22 - Encontre seu público-alvo

25

“O design baseado no usuário nada mais

é do que um processo que nos leva à

simplificação, à elegância e a

um layout fácil de

aprender, de usar,

eficiente e ainda

agradável de ver. ”

emocional como financeiramente. O design da experiência se

baseia em elementos de várias áreas. Da arquitetura da

informação, ele utiliza a teoria da informação, os modelos

cognitivos, o design de navegação. Do design de interfaces,

absorve as metáforas, o comportamento do usuário e a

usabilidade. Do design interativo, temos a interatividade, a

participação, o feedback e a adaptabilidade, entre outros. Temos

também aspectos como a improvisação, a narração, as emoções,

o desejo. Devemos pensar em todos estes aspectos quando

trabalhamos elementos-chave como a estrutura, a organização,

o visual, a navegação, a interatividade.

Wd :: Quais informações sobre o público-alvo são

importantes para criar o layout de um site?

Nähr :: Para entender os usuários, seus objetivos e como

isso afetará a solução que iremos criar, é interessante usar, além

dos aspectos demográficos, os psicográficos, as emoções, as

habilidades, as experiências e as abordagens. Estes aspectos

podem ser trabalhados em arquétipos de personagens. Tente

criar personagens “reais” e resolver seus problemas “reais”.

XPersonagens

Como criar um website que satisfaça tantas pessoas

diferentes, com necessidades diferentes e diferentes processos

de escolha e compra pela Internet, apesar de estarem dentro

de um mesmo perfil de usuários?

Persona-based design - este termo, que pode ser traduzido

como “design baseado em personagens”, se sustenta na criação

de personagens baseados em dados etnográficos coletados

durante a pesquisa do público-alvo para o qual você irá criar

uma interface. Os dados etnográficos compreendem aspectos

de comportamento que focam sua análise no que os usuários

fazem, no que os frustra ou lhes dá satisfação. Um personagem

é um arquétipo de usuário que pode ajudar você na tomada de

decisões sobre ferramentas, navegação, usabilidade,

interações em geral e, até mesmo, em aspectos estéticos.

Uma técnica que você pode usar é a aplicação dos dados

coletados (padrões de comportamentos, necessidades, anseios

e modo de agir) na criação de quatro ou cinco personagens com

objetivos, tarefas a serem realizadas e habilidades diferentes.

Com estas características únicas de cada personagem, elabore

pequenas histórias em formato narrativo sobre cada uma delas

com detalhes que possam ser importantes para o design do

sistema. Isto irá ajudar a criar uma ligação emocional entre

você e os personagens.

Quando você trabalha para “pessoas reais” com uma história,

com necessidades, modo de agir real, você se livra das

discussões superficiais e também corre menos o risco de acabar

criando uma interface que agrade a você, mas que não será a

ideal para quem realmente irá usar o website.

Trecho retirado da coluna de Marcos Nähr, publicada na edição

de julho de 2005

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Comunidades que ser formam a todo instante na rede, celulares e dispositivos móveis

conectados à internet, conexões via fibra ótica aumentando a autonomia da web e

encurtando distâncias nos negócios. Enfim, vivemos em uma grande aldeia global ligada

por cabos, fios e, principalmente, por pessoas. Os impactos dessa nova realidade na

sociedade podem ser sentidos no comportamento dos usuários, que depositam, cada vez

mais, credibilidade ao meio online, definindo os padrões de comportamento e os

conceitos de uso da mídia.

Por AndréPhilippe IunesPúblico-alvo:

conhecer para conquistá-lo

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Page 29: Revista Webdesign - Ano II - Número 22 - Encontre seu público-alvo

29

No livro Projetando Websites, o especialista em

usabilidade, Jakob Nielsen, abre um dos capítulos com a

seguinte afirmação: “o concorrente está a um clique de

distância”. Na briga pela audiência, vale lembrar que quanto

mais informações sobre o seu público-alvo, incluindo também a

análise de como o concorrente o trata, maiores são as chances

de obter um volume de acessos satisfatório em seu site. Neste

caso, as informações relativas ao perfil do seu visitante

passam a ser valiosas, tornando-se balizadoras para as

decisões de layout, conteúdo e, principalmente, o elemento

que propiciará a boa experiência do usuário.

Primeiro passo: identificar o público-alvo

Ao projetar um site, a primeira pergunta que pode rondar

a cabeça do profissional é: quem vai acessá-lo e como? De

maneira geral, obter essa resposta nem sempre é uma tarefa

simples, pois implica em um trabalho de pesquisa que abrange

desde a apuração sobre o negócio do cliente, e seus mercados

de atuação, ao respeito aos critérios universais de

acessibilidade que atendam ao maior número de pessoas. Logo

de início, uma eficiente ferramenta para alinhar sua página aos

seus públicos está nos canais de contato com o usuário. Por

meio deles, é possível definir, qualitativamente, a experiência

de uso do seu site, auxiliando em possíveis reformulações e

ajustes na arquitetura da informação, caso seja necessário.

Na opinião de Eliziane Rodrigues, diretora da agência

Rage, conhecer bem o público-alvo requer, entre outras

coisas, saber o sexo, a faixa etária, o grau de experiência com

a marca do cliente, seu nível de exigência, estilo de vida, o que

esse público valoriza, o que ignora e que tipo de informação

prioriza. Para ela, o usuário da rede evolui a cada dia,

depositando cada vez mais credibilidade ao meio, e

saber identificá-lo é o primeiro passo ao

elaborar um projeto online eficiente.

“Antes, possuíamos a imagem

de que a internet

era usada por

jovens

para bate-papos e por adolescentes para pesquisas.

O usuário que não comprava nada na web, hoje já

arrisca muito mais. A internet já faz parte do seu dia-a-dia e a

tendência é que as tecnologias evoluam cada vez mais para

facilitar sua vida. Entretanto, em muitos casos, as empresas

ainda possuem dificuldade em disponibilizar realmente o que

os visitantes querem ver, fornecendo informações padrões

ou pouco interessantes para quem navega”, analisa a

diretora.

Paola Sales, gerente de conteúdo da agência

E4W, destaca que os testes de usabilidade que

incluem a ava l iação heur í s t i ca ,

a análise de tarefa,

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29

XAnálise de Tarefa

Método que consiste na observação de tarefas no mundo real,

que deverão ser transpostas para a interface que se vai

projetar. Esta técnica serve para levantar possíveis modelos

mentais e aplicá-los para facilitar a compreensão das tarefas no

sistema.

XAvaliação Heurística

Na avaliação heurística, especialistas estudam a interface em

profundidade e observam as propriedades que eles, por

experiência, sabem que apresentarão problemas de usabilidade.

Page 30: Revista Webdesign - Ano II - Número 22 - Encontre seu público-alvo

30

o card-sorting, entre

outros métodos, são ferramentas

altamente eficazes para identificar e prever

como será a navegação do internauta. Segundo

ela, dependendo do tamanho do projeto a ser

desenvolvido, opta-se por um ou outro tipo de avaliação.

“Independente desta etapa, ou da estratégia escolhida

para estudar a usabilidade, é aconselhável iniciar esta análise

com duas perguntas a respeito do site. Para isso, é preciso

saber como ele é utilizado pelos meus usuários e se as tarefas

mais importantes são fáceis e óbvias de serem cumpridas”,

ensina a gerente.

Paola destaca que, se o projeto em questão não dispor

de recursos financeiros ou viabilidade de investir em análises

personalizadas de usabilidade, outras soluções precisam ser

buscadas para que o projeto não continue sem o conhecimento

do seu público-alvo. Ela lembra também que uma oportunidade

de ter contato com o real público do site é analisando toda e

qualquer tentativa de contato realizado por ele: via telefone,

carta, e-mail ou mesmo pessoalmente. “No projeto do novo

site corporativo da Companhia Vale do Rio Doce

(www.cvrd.com.br), não dispúnhamos de tempo nem histórico

de sistemas de análise de logs. A solução encontrada foi o

estudo dos e-mails recebidos pela empresa por meio da

ferramenta do Fale Conosco. Foram mais de duas mil

mensagens analisadas com o propósito de conhecer quais

eram os assuntos mais procurados, identificando assim quais

os públicos que precisavam ser atendidos”, exemplifica.

Adequando a arquitetura da informação ao seu

usuário

Para o desenvolvimento de conteúdo de um portal, Paola

explica que a E4W utiliza uma metodologia própria, que

abrange, entre outras etapas, a análise do conteúdo

existente e o benchmarking. Segundo ela, a principal

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o

vantagem dessa metodologia é a sua capacidade de adaptação

aos mais diversos escopos de projetos, desde a simples

preparação de uma proposta para concorrência, até uma

iniciativa completa, contemplando inclusive um plano integral

de manutenção. “Acredito que a principal maneira de conseguir

um resultado de trabalho adequado à realidade de cada

projeto é o cuidado com as primeiras etapas do

desenvolvimento, que são o estudo do produto, do mercado,

do público, para, só então, começar realmente a desenvolver

30

“Sou defensora da segmentação e

acredito que não queremos ser

bombardeados ao entrar na internet,

portanto, quanto mais a web me

conhecer, melhor será para mim.” Eliziane

Rodrigues, diretora da agência Rage

“...as empresas ainda possuem

dificuldade em disponibilizar real-

mente o que os visitantes querem ver”

Eliziane Rodrigues, diretora da agência Rage

XCard-sorting

Técnica que consiste em escrever em pequenos cartões vários

tópicos ou temas. Eles são distribuídos a um conjunto de pessoas,

que tem de os ordenar em grupos para que façam sentido

semanticamente, sendo depois analisados na procura por

similaridade. O resultado deste método pode ser considerado

como um protótipo de arquitetura de informação de um sistema.

XBenchmarketing

Estudo de mercado que tem o intuito de buscar referências que

dêem subsídios para a elaboração de um determinado projeto.

Page 31: Revista Webdesign - Ano II - Número 22 - Encontre seu público-alvo

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a arquitetura. Dessa maneira, é possível conhecer não só a

empresa ou instituição que contrata a agência, mas também o

seu público e o mercado no qual ele se insere”, completa.

Eliziane Rodrigues destaca que, quando o briefing é

recebido do cliente, um dos principais aspectos que ele tem

que informar é qual o target que se deseja atingir. Essa será

uma informação que, segundo ela, será valorizada em todo o

restante do projeto. Toda a arquitetura de informação será

pensada para que esse target se sinta bem ao navegar. Na sua

opinião, não há uma receita de bolo em relação aos métodos,

mas, normalmente, é feita uma avaliação sobre o mercado que

envolve o cliente. “Tudo é minuciosamente pensado para

compor a estratégia adequada. Usamos também facilitadores,

objetos de atalho para que outros tipos de público que irão

freqüentar o site sintam-se à vontade, usando-o de maneira

agradável e solucionando suas necessidades, mesmo não

sendo considerado o público principal”, enfatiza a diretora.

Segmentação: o bem necessário

Um dos grandes trunfos da internet é exatamente o seu

poder de segmentação. Na visão de Eco Moliterno, diretor de

criação do Studio Tesla, já é possível hoje fazer ações

específicas para pessoas de uma mesma cidade, religião ou

hobby, por exemplo. Para isso, é preciso basear o projeto em

ferramentas de métrica confiáveis que consigam rastrear com

Cuidados ao criar um site para o

público infantil

Eco Moliterno, diretor de criação do Studio

Tesla, relata sua experiência no site da América

Online (AOL) e dá dicas importantes sobre como

elaborar projetos online para o público infantil.

- O público infantil é um dos mais difíceis de serem

trabalhados devido à alta segmentação existente

dentro dele. Ou seja, uma criança de oito anos é

totalmente diferente de uma de 12, e cada uma possui

interesses e visões muito distinta do mundo.

- Usar uma comunicação única para um público

infantil é muito arriscado, já que cada faixa-etária

demanda uma linguagem textual e visual específica.

“Eu tive esse problema, por exemplo, quando

coordenava a equipe de design da AOL e tivemos que

criar o canal AOL Kids. Fizemos várias pesquisas

antes para identificar a melhor forma de abordar o

público infantil, e chegamos à conclusão de que seria

impossível agrupá-lo por idade. A saída foi dividi-lo

por sexo, e criamos dois quartos: “Quarto do

Meninos” (todo bagunçado, cheio de brinquedos

jogados pelo chão) e “Quarto das Meninas” (todo

arrumadinho, com bichinhos de pelúcia sobre a cama,

esmaltes e bonecas). E para atingir o público mais

novo, de três a seis anos, criamos a ‘Porta Mágica’,

com desenhos, brincadeiras e outros conteúdos para

os pais navegarem junto com os filhos”.

- Na idade entre três e seis anos, a criança

ainda não tem autonomia para ligar o computador

sozinha, é preciso fazer algo que faça os pais

mostrarem para ela, usando uma linguagem didática

e bastante instrutiva.

“Acredito que a principal maneira de

conseguir um resultado de trabalho

adequado à realidade de cada projeto é

o cuidado com as primeiras etapas do

desenvolvimento, que são o estudo do

produto, do mercado, do público, para só

então, começar realmente a desenvolver

a arquitetura” Paola Sales, gerente de

conteúdo da agência E4W

Page 33: Revista Webdesign - Ano II - Número 22 - Encontre seu público-alvo

3333

precisão os usuários que se enquadram em um mesmo perfil.

“Há casos em que o próprio público faz isso, como nas

comunidades do Orkut, por exemplo”, complementa o diretor.

Nas palavras de Eliziane Rodrigues, a segmentação é um

fator positivo tanto para o público-alvo como para o cliente.

Ela explica que as informações em um site não precisam mais

estar todas aparentes e sim segmentadas dentro do grau de

interesse do usuário. Isso proporciona agilidade e tende a

Analisando dados estatísticos, poderemos

traçar um mapa descritivo de navegabilidade

e, principalmente, o perfil de quem acessa,

caso esse público possa ser identificado de

alguma forma, seja por cookies, logins ou

outras formas de identificação

Eliziane Rodrigues, diretora da agência Rage

focar a informação correta à

pessoa correta. “Sou defensora

da segmentação e acredito que

não queremos ser bombardeados ao

entrar na internet, portanto, quanto

mais a web me conhecer, melhor será para

mim. Terei ao meu alcance informações que,

provavelmente, me darão mais interesse, em

vez de ser abordada por uma enxurrada de

coisas que não fazem sentido”, afirma Eliziane.

Para abordar essa questão, René de Paula,

diretor de conteúdo do Yahoo Brasil, faz a

seguinte indagação: quem garante que um site só

basta? Ou que uma arquitetura da informação

única dê conta de públicos muito diversos? Ele

destaca que, se você quiser focar um site a alunos

de primeira série e seus professores, por exemplo,

é muito provável que se crie duas URL’s

diferentes, uma para a versão “kids” e outra

focada nos professores, com sutis “pontes”

entre os dois sites. René explica que,

atualmente, existem dois fenômenos que se

complementam. Por um lado, existe uma

pulverização crescente de blogs, sites de

nicho, podcasts etc., e, por outro, uma

concentração considerável em alguns

mega sites (de conteúdo, de busca,

serviços etc.). “Em paralelo a isso,

temos ferramentas cada vez mais

sofisticadas para analisar

tráfego, segmentar públicos,

mensurar resultados. Em

suma: nosso trabalho

está cada vez mais

sofisticado e

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o

Pesquisa de opinião

“A pesquisa de opinião junto ao público é feita

através de testes de usabilidade realizados por

institutos especializados nesse tipo de análise. Para isso

são recrutadas pessoas, de várias faixas-etárias, que

são reunidas em uma sala e respondem a diversas

perguntas feitas por um mediador sobre layout, tipo de

conteúdo, relação com outros sites etc. Em seguida,

elas navegam sozinhas enquanto são observadas por

analistas, que ficam atrás de um espelho falso anotando

tudo: áreas mais clicadas, páginas visitadas e

dificuldades encontradas ao longo da navegação. Como

resultado desse estudo o instituto faz um relatório

detalhado apontando os pontos fortes e fracos do site,

e esse documento servirá de guia para a correção e o

desenvolvimento das novas páginas”.

Eco Moliterno

Page 34: Revista Webdesign - Ano II - Número 22 - Encontre seu público-alvo

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inteligente. Eu considero isso um bom problema”, analisa.

De onde vêm os usuários?

René de Paula explica: as pessoas chegam a um site por

diferentes maneiras: digitando a URL que viram em algum

lugar, digitando o endereço “no chute” porque conhecem a

marca, por mecanismos de busca, por links em outros sites, por

links em emails, por banners publicados, entre outras

maneiras. Ou seja: parte do tráfego é resultado de um esforço

de comunicação e, segundo ele, se é feito um plano de mídia

bem pensado, não haverá muita surpresa quanto ao tipo de

público. “Já o acesso espontâneo é mais difícil de prever, e

cabe a nós tentar descobrir quem são essas pessoas, o que

elas esperam e, sobretudo, se o seu perfil deve ser levado em

“Se você quiser se comunicar com o seu

usuário com sucesso, é bom entrar na

freqüência certa, falar sua língua,

respeitar seus códigos” Christian Laurito,

diretor de criação da agência E4W

Arquitetura da informação: que dados buscar?

Liliane Arend Machado, supervisora de atendimento da Euro RSCG 4D, destaca quais informações buscar sobre o público-

alvo para elaborar um projeto na rede. Para isso, é preciso saber:

- Quais as aspirações do público-alvo (sonhos, metas etc.);

- Quais os aspectos motivacionais que esse público possui para navegar;

- Qual o momento de vida do target (foco no profissional, pessoal etc.);

- Quais as referências de consumo de mídia desse público (vê muita TV, quais programas, lê revistas, quais etc);

- As características demográficas (idade, se homem ou mulher etc.);

- Envolvimento do target com o meio online.

Também precisamos considerar que tipo de envolvimento com a internet essas pessoas têm:

- Nunca navegaram;

- São apenas internautas esporádicos (visitantes);

- São clientes de algum portal

(clientes freqüentes, visitam constantemente os sites para buscar informações ou resolver problemas);

- Possuem cadastro nos sites que visitam com freqüência, seja para receber informações ou usar serviços disponíveis

no site (no caso de um site de cartão de crédito, para consultar faturas, é necessário realizar um cadastro, por exemplo).

Nesse caso, pode-se solicitar o cadastro para serviços mais simples, até porque os internautas estão dispostos a “pagar

este pedágio” para obter a informação que ele quer ou resolver algum tipo de problema;

- As pessoas que só resolvem sua vida utilizando o meio online (esses são os clientes ideais, eles deixam de optar por

outros canais, como o telefone, por exemplo, para resolver seus problemas na internet).

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o

conta no próximo plano de mídia e até em uma nova versão do

próprio site”, comenta.

Por outro lado, Eliziane Rodrigues afirma que é preciso ao

cliente criar uma cumplicidade com o público-alvo para que o

seu usuário sinta-se bem na busca por informações. Ela

destaca que só é possível saber quem irá verdadeiramente

visitar uma página por meio da análise de estatísticas,

ferramenta que, na sua opinião, é extremamente importante

para qualquer produto na rede. “Analisando dados estatísticos,

pode-se traçar um mapa descritivo de navegabilidade em um

site e, principalmente, o perfil de quem o acessa, caso esse

público possa ser identificado de alguma forma por cookies,

logins ou outras vias de identificação”, explica a diretora.

Usabilidade a serviço do público-alvo

Independente de qual público, atingir, respeitar os

critérios de usabilidade é garantia de bom relacionamento com

o seu usuário. Contudo, é possível identificar diferenças entre

determinados públicos quanto ao uso de um site? Ou seja,

dependendo do visitante, uma mesma informação pode gerar

entendimentos diferentes? Na opinião de Eco Moliterno, há

diferença sim. “Em um site do Governo, por exemplo, você

pode ter usuários de diferentes graus de instrução acessando

um mesmo conteúdo. Para resolver isso, basta elaborar uma

navegação redundante. Ou seja, uma

estrutura que permita o acesso

a um mesmo lugar por diferentes

caminhos. Assim, você pode fazer o internauta

chegar à mesma página tanto pelo menu superior como por

um combo que lista todos os assuntos do site em ordem

alfabética. Logo, você dá liberdade pra que ele mesmo escolha

por onde acha mais fácil navegar”, ensina o diretor.

Compartilhando da mesma opinião, Eliziane Rodrigues

defende também que o site precisa oferecer várias formas de

relacionamento e isso implica em uma usabilidade amigável que

atenda a essa demanda. Sendo assim, usuários diferentes

poderão navegar de maneiras diferentes, todavia, a diretora

alerta que a usabilidade deve estar favorável a todos. Ela

explica ser fundamental que no projeto inicial tenha se

pensado de forma lógica, baseado em experiências anteriores

e padrões, em muitos casos, já estabelecidos pelo meio.

“Inovar é preciso, usar artifícios de vanguarda é vital em

alguns casos, mas isso não pode confundir o usuário e

prejudicar sua relação com o site. Uma mudança sempre tem

que ser para melhor, e, é claro que o público-alvo precisa de

tempo para se acostumar a isso”.

Criar produtos distintos para públicos diferentes é uma

prática eficiente até mesmo no meio offline. Na tentativa de

agradar a todos, a necessidade de atender ao maior número

possível de consumidores traz um pouco mais de trabalho, mas

com retorno satisfatório. “Quando não há

denominadores comuns,

“Usuários não caem mais em papo furado,

por mais que você peça de joelhos, eles

só vão se ‘relacionar’ com você se esse

relacionamento for minimamente

relevante” René de Paula Jr., diretor de

conteúdo do Yahoo Brasil

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dividimos por dois. Não é pecado algum

separar os públicos extremos em áreas

separadas. Nos EUA, estão lançando livros impressos em

fontes maiores para facilitar a leitura por pessoas mais

velhas”, lembra René.

Design orientado ao usuário

Iniciar a criação de um layout sem algumas informações

sobre o seu usuário torna-se uma tarefa difícil e

estrategicamente arriscada. Sendo assim, deixar de trabalhar

no design certos elementos específicos de um determinado

público-alvo pode prejudicar a interação do visitante com o

site. Christian Laurito, diretor de criação da agência E4W,

ensina que formas, cores, texturas, tipologia, a escolha das

imagens, a trilha sonora, o timing das animações, fazem parte

do conjunto de orientações para criar uma interface. “A

variação da linguagem pode ser gigantesca, e cada público tem

a sua. Se você quiser se comunicar com o seu usuário com

sucesso, é bom entrar na freqüência certa, falar sua língua,

respeitar seus códigos”, destaca.

Para dar um exemplo prático, Laurito explica que formas

com pontas são mais agressivas e brushes de texturas do

Photoshop podem “sujar” o layout, bem como o uso de cores

fortes, ou o abuso na utilização do preto, pode ajudar a

compor um site radical para o público jovem. Por outro lado,

ele não aconselha esse caminho para transmitir uma mensagem

mais institucional, por exemplo. “Quando criamos o site da

banda de rock Sukhoi (www.sukhoi.com.br), cujo nome é uma

homenagem a um caça de guerra russo e o símbolo uma turbina

de avião, decidimos fazer uma brincadeira. Colocamos uma

turbina no header da página, feito em Macromedia Flash, que

suga o cursor do usuário ao se aproximar muito da mesma. O

cursor é retalhado e some do navegador. Ele só volta a

aparecer quando o visitante se afasta da turbina. Agora,

imagine o desespero de um usuário idoso ou pouco

familiarizado com internet, se o cursor dele sumisse ao navegar

por um site?”, indaga Laurito.

Diversidade de públicos:

como lidar com essa realidade?

Eco Moliterno resume: para conhecer o

público-alvo de um site, basta analisar o tipo de produto,

serviço ou assunto que ele irá abordar. No caso de grandes

portais, por exemplo, ele lembra que fica mais difícil

especificar qual será o tipo de audiência nos primeiros níveis,

como a homepage, que abrangem assuntos dos mais

variados. “Conforme vai se verticalizando a navegação rumo

aos canais segmentados, já é possível distinguir com mais

facilidade o público e, conseqüentemente, direcionar melhor a

comunicação”.

Agradar a diversos públicos: esse foi um dos desafios

que a equipe da E4W enfrentou no projeto do site para a

Companhia Vale do Rio Doce. Christian Laurito explica que,

nesse caso, o público-alvo era composto por diversos

targets, como estudantes, investidores e fornecedores. “Foi

pensando em atender a cada um desses segmentos que

desenvolvemos uma navegação rápida, por perfis. Logo na

homepage, o usuário pode escolher em qual perfil se encaixa

e, assim, a página recarrega com notícias e links relevantes

de acordo com seu interesse. Desta forma, fazemos com que

o usuário tenha acesso, em apenas um clique, a tudo aquilo

que realmente lhe importa”, detalha.

Independente do tamanho do site ou relevância de um

projeto, após dez anos da popularização da internet no Brasil,

compreender a evolução da mídia é também entender como

quem a usa se comporta neste meio. René de Paula destaca

que os usuários hoje são mais exigentes. Fazendo uma

comparação, ele destaca que, quem já comprou uma vez em

Page 37: Revista Webdesign - Ano II - Número 22 - Encontre seu público-alvo

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o

De olho no seu usuário

Mais importante do que ter vários canais de contato com

o visitante de um site é mantê-los ativos. Para isso:

- O público-alvo, quando se sente à vontade, “fala”.

Ele usa os canais de comunicação oferecidos e expressa

suas conclusões. Portanto, é vital manter um canal no

site onde ele possa dar sua opinião, sugerir e criticar;

- O acompanhamento do feedback dos usuários é a

principa l maneira de identificar se o site está atendendo

às exigências de seu público;

- O usuário que perde seu tempo escrevendo um e-

mail ou aguardando em um 0800 para fazer uma reclamação

ou dar uma sugestão deve ser tratado como um rei;

- É possível acompanhar a satisfação dos clientes

com testes de usabilidade, pesquisas no próprio site ou

por meio das ferramentas de relacionamento.

um site decente espera que todos os outros se comportem

igual ou melhor. “Usuários são mais espertos, checam os

preços online e depois vão negociar na loja física. Usuários são

mais racionais, entram em sites de comparação de preço e

analisam quem tem as melhores condições e ofertas. Usuários

são mais poderosos, se ficarem muito descontentes, montam

umacomunidade no Orkut com o título ‘eu odeio o site XYZ’,

criam um blog, ou publicam queixas no jornal. Usuários não

caem mais em papo furado, por mais que você peça de

joelhos, eles só vão se ‘relacionar’ com você se esse

relacionamento for minimamente relevante. Caso contrário, os

esqueça: eles só vão se lembrar de você quando quiserem”,

conclui René.

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Eduardo laghi Jr

[email protected]

Primeiramente procuro identificar com meu cliente

através de um bom briefing quais são seus

principais concorrentes, para que se possa

identificar a semântica da mensagem e o respectivo

design que a integre totalmente. Após esta preciosa etapa, busco “sair a

campo” na web, ou seja, identifico nichos de consumidores que mais se

adequem ao tipo de negócios que estamos oferecendo.

Carlos Henrique Pires de Souza

[email protected]

Primeiramente verifico se o cliente já dispõe

destes dados, caso contrário, realizo uma

pesquisa “formal” utilizando mala-direta e até

mesmo, pesquisa de campo, estilo PaP (Porta a

Porta). Com os dados em mãos, faço gráficos de tendências e, junto

com o cliente, começamos a deliniar o desenvolvimento do site.

Douglas L. Pedroso da Silva

[email protected]

Antes de qualquer site ser desenvolvido, vale

lembrar que o design, as cores e o contexto de

uma página colaboram muito com o resultado

final ao querer atingir o público desejado. Entre

as diversidades de público, é importante saber qual o objetivo de

cada cliente e o que exatamente ele quer expor e a quem se destinam

às informações. Traçar o perfil da empresa no trabalho a ser

desenvolvido pode ser uma alternativa, mas nem toda alternativa

corresponderá ao que se espera.

Alexandre dos Santos Andrade

[email protected]

Faço pesquisas via e-mail, peço ao cliente uma

lista de pessoas que se encaixam no seu público

alvo e convido-as para fazer os testes de

usabilidade e acessibilidade. Depois disso eu

mesmo convido pessoas que eu acredito estarem no público-alvo do

site e preparo um relatório final com a observações dos dois grupos.

Participação dos assinantes

Como você realiza pesquisas sobre o público-alvo de um site a ser desenvolvido?

Alisson Bitencourt dos Santos

[email protected]

Estabeleço uma comunicação efetiva com o público,

através de campanhas publicitárias ou pesquisas,

como por exemplo, “O que você espera encontrar

em um site do ramo de materiais de construção?”. O

fato de mexer com a sensibilidade do público, importando-se como a sua

necessidade, faz com que ele se torne um cúmplice de seus produtos ou

serviços, ou seja, torna-se um defensor da marca.

Éric Coutinho Fernandes

[email protected]

Pesquisa? Certa vez pretendia saber qual é,

atualmente, o uso estimado de resoluções de

vídeo. Simplesmente não há informações

acessíveis sobre tais dados no Brasil. Os dados de

uma pesquisa desse tipo custam por volta de 3 mil reais, se já tiver

sido realizada. O freelancer ou a pequena empresa não têm acesso a

dados seguros, até porque não terão trabalhos online suficientes para

cruzar dados obtidos dos usuários. Assim, minha “pesquisa de

mercado” é minha própria vida, minhas experiências e minha ânsia

por conhecimento, que faz com que eu possa estar atento e perceber

em pequenos detalhes o pensamento do público que pretendo atingir.

Diego Guimarães Ferreira

[email protected]

Para um site empresarial ou comercial acho que a

melhor maneira seja fazer pesquisas de campo

com os clientes e até mesmo com os

fornecedores, pois são, certamente, o público-

alvo da nossa campanha. Já num site como um portal ou um site

jovem minhas pesquisas são feitas olhando a fundo a estrutura de

vários sites que trabalham com o mesmo assunto, assim fica mais

fácil de você conseguir montar desde os textos e layout até até a

parte de developer do site. Cada estilo e assundo tem que ter um

jeito próprio de pesquisa.

Renato Augusto Carvalho Cruz

[email protected]

Como não compro pesquisas e não realizo testes

de usabilidade, creio que esta seja a situação de

grande parte dos desenvolvedores do Brasil, eu

costumo analisar os hábitos de consumo, dados

estatísticos fornecidos por órgãos competentes e paralelamente à

isso, estar atento a alguns cases de sucesso e ao que vem sendo

desenvolvido por grandes agências web no mundo. Estas ações são

relativamente suficientes e acessíveis financeiramente para que

seja feito um bom trabalho baseado em seu público-alvo.

Se você é assinante, participe desta seção pelo site

www.arteccom.com.br/webdesign/clube

Page 39: Revista Webdesign - Ano II - Número 22 - Encontre seu público-alvo

39

Com o advento da banda larga e das tecnologias Rich Internet Aplication (RIA), são cada vez

mais diversificados os formatos existentes de propaganda na web. Entretanto, certas

particularidades do meio, como o espaço reduzido dos banners e o acesso discado à rede, vão

contra algumas das tendências atuais da publicidade online, como o uso do vídeo, por exemplo.

Dessa forma, qual postura o “e-publicitário” deve adotar com relação às limitações da mídia?

Até que ponto viabilização e criatividade andam juntas na elaboração de uma peça publicitária

de sucesso na internet?

Publicidade online:

há fronteiras para a criação?

“A primeira vez que vi um Telejogo fiquei impressionado.

Podia controlar na minha tv os jogadores, mesmo que sendo

meros “palitinhos” retangulares que apenas podiam mover na

vertical. Ainda consigo lembrar da bolinha quadrada e seu

rastro iluminado emitindo um “bip” a cada vez que resvalava

em algum canto, invariavelmente quadrado, da tela. Por

incrível que pareça, aquela cena limitada em preto e branco

causou altíssimo impacto. Decididamente,criatividade e

tecnologia estavam juntas em campo, e dando espetáculo de

interatividade.

Quase 30 anos se passaram e procuramos criar

experiências que seduzam e, de alguma forma, mexam com a

imaginação das pessoas. Sempre enfrentaremos limitações

como estas, que, no momento, praticamente inviabilizam o uso

em maior quantidade de recursos sedutores como áudio e vídeo.

Por outro lado, estas mesmas limitações tornam-se desafios

instigantes que exercitam a capacidade criativa dos

profissionais e, de alguma forma, colocam em evidência aqueles

que realmente tenham algo para mostrar. São aqueles que, com

o mínimo de elementos, conseguem extrair o resultado máximo,

:: Fabio Bahia

Diretor executivo da Conextar

Tecnologia e Projetos

www.conextar.com.br

“A tecnologia se encarrega de demarcar o

campo e estabelecer as regras, enquanto

quem decide mesmo o vencedor é aquele que

tiver mais criatividade”

utilizando atalhos e dribles pra chegar ao objetivo. Conseguem

tirar leite de pedra. Fazem a diferença. São craques.

Na verdade, criatividade e tecnologia não são

adversárias, apenas fazem parte do jogo. A tecnologia se

encarrega de demarcar o campo e estabelecer as regras,

enquanto quem decide mesmo o vencedor é aquele que tiver

mais criatividade. Portanto, o sucesso não está totalmente

relacionado ao uso de novas tecnologias e sim ao fato de como

e quando utilizá-las juntas, aproveitando os espaços, na

medida certa.”

debate

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Page 40: Revista Webdesign - Ano II - Número 22 - Encontre seu público-alvo

40

“ Além de ser criativo nas peças, você também

precisa ser na escolha dos formatos. Tudo

depende do seu objetivo, da sua verba e do

que você conhece sobre o seu consumidor.”

“De uma coisa não há dúvida: no campo das idéias, o

nosso país é campeão absoluto na propaganda online. Na

internet existem condições em que as restrições técnicas

igualam as condições de competitividade. É o caso das

campanhas de banners, em que o Brasil tem sido disparado o

melhor em boa parte dos festivais.

Porém, quando se fala em propaganda online, é preciso ir

além dos banners. Um site, por exemplo, pode fazer parte de

uma campanha. É aí que a história muda bastante: devido às

dificuldades técnicas e financeiras, as idéias começam a

encontrar barreiras para serem produzidas.

O Brasil está um passo à frente nas idéias, mas um passo

atrás em investimentos e em tecnologia. Basta ver que a

maioria dos brasileiros ainda usa, em casa, conexão discada. É

por isso que a publicidade online aqui está dividida atualmente

em duas frentes: aquela criada para festivais e aquela que

realmente é veiculada.

A criada para festivais ignora todas as regras, ou seja,

valem os mais variados pesos e formatos. Os limites, como dito

anteriormente, são os recursos para produção. Porém, é a

propaganda que realmente é veiculada que garante a

sobrevivência de agências, veículos e dos profissionais que

trabalham com ela. É aquela propaganda cheia de limitações,

feita de acordo com as regras que os veículos estabelecem e

que podem ser visualizadas pela maioria dos brasileiros que

usam a conexão discada. Mesmo com tantas limitações, essa

propaganda evoluiu muito. Os bons profissionais vêm

aprendendo a usar novos recursos tecnológicos e a

criatividade para conseguir bons resultados dentro dos limites

estabelecidos.

:: Cezar Calligaris

Coordenador de criação

online da DPTO Propaganda

www.dpto.com.br

De toda a evolução da propaganda online, um fato é

muito positivo: o número de alternativas é cada vez maior. Você

pode fazer um anúncio somente com texto, um banner simples

ou animado, um e-mail, um banner com vídeo, um hotsite, uma

intervenção na página inicial de um portal. Além de ser criativo

nas peças, você também precisa ser na escolha dos formatos.

Tudo depende do seu objetivo, da sua verba e do que você

conhece sobre o seu consumidor.

Com os novos formatos, um ponto essencial é respeitar o

seu consumidor. A publicidade online segue um ciclo perigoso:

primeiro são criados novos formatos. Estes formatos começam

a ser evitados e, para chamar a atenção novamente, são

criados formatos mais invasivos, que chegam a mudar a cara

do navegador ou dificultam a visualização do conteúdo.

Os incômodos que a publicidade online causa não são

maiores que os dos outros meios. Assim como a publicidade na

rede atrapalha a navegação, nas revistas de notícias

semanais, os anúncios cortam as matérias. Assim como você

paga a conexão e faz o download de banners sem desejar, na

TV a cabo, em que você paga assinatura, os programas são

interrompidos por comerciais. O problema é que, na internet,

as pessoas se acostumaram a ter tudo de graça, sem nenhum

sacrifício em troca. Não existe uma imagem clara de que é a

publicidade que possibilita receitas que permitem aos sites

oferecerem conteúdo ou serviços. Por isso, é preciso tomar

cuidado para que as novas técnicas não tornem os anúncios

ainda mais invasivos ou chatos para os consumidores. Nada

que não possa ser resolvido usando a criatividade e um pouco

de bom senso.”

debate

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Page 41: Revista Webdesign - Ano II - Número 22 - Encontre seu público-alvo

41

debate

“A publicidade online já entrou na era do vídeo.

Mensalmente, é enviado 1 bilhão de mensagens publicitárias

com vídeo pela internet (fonte Clickz.com). O avanço da

banda larga (5,3 milhões de usuários no Brasil em 2004, com

crescimento de 20% segundo o IBOPE), a melhoria dos

computadores pessoais e, conseqüentemente, os avanços

tecnológicos na compressão de vídeo tornam o uso do vídeo e

de formatos especiais (rich media) não uma possibilidade, mas

sim uma obrigatoriedade na maioria dos planos de mídia.

A eficácia de peças de mídia online maiores, que fazem uso

de rich media, é comprovada em todas as análises de

resultados de campanha. Estas peças são até 100 vezes mais

eficientes do que formatos tradicionais como o fullbanner. Ao

mesmo tempo, as tecnologias de publicidade online (AdMotion,

Unicast, EyeBlaster), que fazem uso de rich media e vídeo,

funcionam de forma inteligente devido ao fato de não aparecer

para determinados usuários dependendo da conexão. É

possível programar com cautela o que mostrar pra quem.

E é esta possibilidade de programação que torna o uso

da mídia online tão interessante. Seu potencial de

segmentação é virtualmente ilimitado do ponto de vista

tecnológico. Posso mostrar a peça que eu quero para o público

:: Michel Lent Schwartzman

Sócio e diretor de criação da

agência 10’Minutos Interactive

www.10minutos.com.br

“os avanços tecnológicos na compressão de

vídeo tornam o uso do vídeo e de formatos

especiais não uma possibilidade, mas sim uma

obrigatoriedade na maioria dos planos de mídia.”

com perfil sócio-econômico de meu interesse e ainda saber

que tipo de equipamento ele tem e que tipo de peça vou

mostrar pra ele.

Não é dizer que não dá pra ser criativo com formatos

mais tradicionais e menores, mas já está comprovado que

formatos maiores são, muitas vezes, mais eficazes e permitem

muito mais criatividade.

O fullbanner foi inventado em 1995, veiculado pela

primeira vez pelo site da Wired, na veiculação de mensagens

para a AT&T. Nesta época, a resolução média dos usuários era

640x480 pixels. O full, com 468x60, ocupava, portanto, cerca

de ¼ da tela do usuário. Hoje em dia, com a maioria dos

usuários migrando para os 1024x768 pixels de resolução, o full

ocupa 1/10 da tela. Não faz sentido não pensar e não usar

novos formatos publicitários, uma vez que todo o resto

evoluiu.

O sucesso publicitário na web é a combinação entre um

ótimo planejamento de mídia com o uso de formatos

diferenciados, com mensagens muito bem boladas. Tudo ao

mesmo tempo, agora.”

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debate

debate

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“Hoje a divulgação on-line é responsável por uma importante

parcela da verba publicitária, com aproximadamente 2% de

todos os investimentos”

“Não é de hoje que a publicidade na internet sofre com a miséria de peso e tamanho das peças. Apesar dos novos formatos,

ferramentas, tecnologias e da banda larga, esquecer-se dos preciosos “kás” é criar sem compromisso e, portanto, sem

resultado.

Mas há uma pegadinha aí. É claro que devemos ter o peso em mente, mas não podemos ser escravizados por ele. Essa

liberdade é, e sempre foi, a grande sacada. Para alcançar esse nirvana criativo, basta aceitar que há limitações. E, como num

passe de mágica, dar menos importância para os “contras” e mais para o que realmente importa: as idéias. Em outras palavras,

viramos o jogo porque aceitamos as limitações da internet, mas não os limites que encontramos.

Assim, aprendemos que é preciso trabalhar com as limitações de um vídeo na intenert e, ao mesmo tempo, é preciso se

esquecer delas para criar o videoblog.

Tanto que hoje a discussão não é mais quanto ao peso ou formato da peça, se dá para fazer ou não. O grande barato é

achar possibilidades para trazer idéias que explorem tudo o que o meio oferece, seja só os 12k do banner, seja o áudio e a

interação do podcast.

No fim, é mais ou menos como num comercial de TV. Os 30 segundos não têm nada a ver com podar a criatividade e, sim, o

contrário: eles ajudam a balizar uma idéia.”

“Nos últimos anos, o mercado publicitário viu o crescente potencial das mídias eletrônicas, que passaram a desempenhar um

papel fundamental para o lançamento e diferenciação no mercado dos mais diversos produtos e serviços. Como resultado, hoje

a divulgação online é responsável por uma importante parcela da verba publicitária, com aproximadamente 2% de todos os

investimentos. Dos tradicionais pop-ups, banners e botões, aos inovadores superstitials e integrações com vídeos e SMS, os

formatos estão cada vez mais criativos e interativos, sob medida para a comunicação com o público consumidor brasileiro.

Fenômeno mundial, esta tendência pelo uso da publicidade online encontrou no Brasil um terreno amplamente fértil e

receptivo. Os brasileiros estão no topo do ranking de todas as ferramentas de comunicação eletrônica, perdendo o primeiro

lugar, em alguns quesitos, apenas para os Estados Unidos. Isso tem feito com que a publicidade em geral adote em sua

estratégia e planejamento de mercado o uso da mídia online.

A grande preocupação deste setor, que aos poucos está sendo ultrapassada, é com a utilização de recursos compatíveis

com os computadores dos internautas brasileiros. Um exemplo desta evolução foi o Flash, animação hoje popularizada e de

visualização acessível em praticamente todos os computadores do País. Para a publicidade online, o futuro reserva o emprego

de novos recursos visuais e de áudio, sempre a favor de uma divulgação eficiente e com destaque na mídia.”

:: Fábio Pierro Maca

Redator da Euro RSCG 4D

www.eurorscg.com

“O grande barato é achar possibilidades para trazer idéias

que explorem tudo o que o meio oferece, seja só os 12k do

banner, seja o áudio e a interação do podcast”

:: Daniel Gunji

Diretor de planejamento da

Tange Comunicação Digital

www.tange.com.br

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Por Luis Rocha

Nada melhor para fortalecer o novo conceito de uma marca, do que

utilizar a internet como meio de divulgação. Quem aproveitou de forma

criativa este tipo de pensamento foi a Kaiser, que lançou, em meados

de julho deste ano, a nova versão de seu site (www.kaiser.com.br).

Navegue sem

moderação

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Mas o que há de novo para se conhecer no espaço virtual de

uma cervejaria? Pois bem, a primeira novidade aparece

justamente nos percursos disponíveis para a navegação, cujo

guia são tubos transparentes carregando cerveja e que

interligam todas as seções do site.

Nesta entrevista, Fábio Pierro, coordenador de criação da

Euro RSCG 4D, agência responsável pelo trabalho de

remodelação do site, revela os principais desafios envolvendo o

projeto, a aposta em novas tecnologias (Podcast e RSS), além

de destacar a importância da Usabilidade e da Arquitetura da

Informação no desenvolvimento de sites. Confira.

Wd :: Como surgiu a oportunidade de se criar o novo

site da Kaiser e quais foram os principais desafios do

projeto?

Fábio :: Primeiro participamos de uma concorrência para

escolha da nova agência da Kaiser na internet. A partir desse

momento, começamos a trabalhar a oportunidade de reposicionar

não apenas um produto num novo site, mas desenvolver uma

plataforma de comunicação que aproveitasse comportamentos e

culturas, traduzindo o mote da campanha “Viver é a melhor coisa

do mundo” de forma única na internet.

Wd :: Quantos profissionais participaram deste projeto

e qual foi o prazo para que ele fosse cumprido?

Fábio :: Esse foi um projeto excepcional em termos de

prazo. Para lançarmos o site junto com a campanha, trabalhamos

durante aproximadamente 40 dias. O site passou por diferentes

profissionais da agência e por todas as áreas. Diria que foram

cerca de 30 pessoas da Euro RSCG 4D, além de cerca de 10

profissionais de terceiros, como produtora de som.

Wd :: Uma curiosidade: todos os sites de empresas

que vendem cerveja possuem um aviso sobre a

recomendação de acesso para maiores de 18 anos. Existe

alguma determinação de órgão regulador sobre o assunto

ou este é um acordo ético de mercado?

Fábio :: Apesar de ser uma atitude bastante ética, ligada a

questões de consumo responsável - o que para a Kaiser é de

primeira importância -, esse aviso é uma determinação de órgãos

reguladores, no caso, o Conar (Conselho Nacional de Auto-

Regulamentação Publicitária).

Wd : : Qual é o perfil do usuário que acessa o site da

Kaiser e como estes dados influenciaram no

desenvolvimento do projeto?

XConar

Organização não-governamental que visa promover a

liberdade de expressão publicitária e defender as prerrogativas

constitucionais da propaganda comercial.

Fonte: conar.org.br

XPodcast

É uma forma de transmissão de arquivos de áudio pela web.

Os programas, gravados em qualquer formato digital (MP3,

por exemplo), ficam armazenados em um servidor na internet

e, através de RSS, o usuário é avisado da disponibilidade de

novos arquivos, que podem ser baixados automaticamente

para o “tocador” de áudio.

Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Podcasting

XRSS

Formato utilizado para compartilhar conteúdo web. Permite,

por exemplo, que o administrador de um site de notícias crie um

arquivo XML (Extensible Markup Language) com as últimas

manchetes publicadas, a fim de compartilhá-las mais

rapidamente com seus leitores.

Fonte: RNP (www.rnp.br)

www.kaiser.com.br

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Fábio :: A internet é o único canal de mão dupla no qual uma

marca pode dialogar com o consumidor e não só falar para ele ou

apenas transmitir uma mensagem. Essa característica de canal

aberto e democrático, onde qualquer um pode se expressar, faz

surgir blogs e podcasts, recursos que rapidamente se

transformam em hábitos e mudam comportamentos.

Perceber esse ambiente de troca e trabalhar nele são

fundamentais para que sites de marcas e produtos reflitam mais a

cara da internet como um canal de troca, em vez de páginas

estáticas, cheias de textos. Esse pensamento foi fundamental

para que desenvolvêssemos a promoção PodKurtir (em que

usuários são convidados a criarem seus PodKasts, com K de

Kaiser).

Wd : : Por que a escolha combinada de ASP e Flash no

processo de remodelação do site? Quais são as vantagens

destas tecnologias?

Fábio :: O Flash é uma opção da área de criação da agência

por causa das possibilidades e recursos que permitem mais e

melhores movimentos, animações, interatividade, navegação

mais dinâmica. Em cima dessa decisão, a área de tecnologia da

agência optou pela ASP.NET por ser uma plataforma que se

integra bem com o Flash, moderna e com bons recursos.

Wd : : Falando ainda em tecnologia, o lançamento do

novo site traz como mote a promoção PodKurtir, através

da disponibilização de um canal Podcast e o uso de RSS.

Como surgiu a idéia de lançar tal campanha e quais motivos

da escolha destas tecnologias?

Fábio :: A escolha é muito conceitual e está totalmente

ligada à estratégia de comunicação da Kaiser. Não existe uma

aposta numa tecnologia chamada podcast: existe, sim, a

tradução do mote da marca “Viver é a melhor coisa do mundo”

para a internet, de modo que as pessoas pudessem falar sobre as

coisas boas da sua vida. Portanto, é mais que o PodKast com K de

Kaiser, é mais que um “fim” isolado: é um meio combinado a uma

idéia, utilizado para alcançarmos um objetivo estratégico.

Wd : : O site é executado tão bem no Internet Explorer

como no Mozilla Firefox. Que tipo de medidas foram

adotadas para que isso acontecesse?

Fábio :: Aqui na agência, essa busca pela compatibilidade é

uma constante. É uma preocupação que já faz parte do

pensamento dos profissionais, das nossas planilhas e briefings. E

essa cultura é a principal medida para que isso aconteça. De

resto, é moldar o processo de trabalho em torno dessa

necessidade com ações como, por exemplo, executar o trabalho

A internet é o único canal

de mão dupla no qual uma marca

pode dialogar com o consumidor

e não só falar para ele ou apenas

transmitir uma mensagem.

47

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desde o início para que rode nas duas plataformas, e realizar

testes em ambos os navegadores durante toda a sua execução.

Wd : : A página principal do site privilegia as campanhas

publicitárias e de marketing lançadas recentemente pela

Kaiser, deixando seções tradicionais como “Institucional”,

“Fale Conosco” e de “Produtos” em espaços menores. Como

foi definida a disponibilização dos elementos no site? Como

os conceitos de Usabilidade e de Arquitetura da Informação

foram inseridos no processo de planejamento e

desenvolvimento do novo site?

Fábio :: A Arquitetura da Informação (AI) é parte

fundamental no trabalho da Euro. Muito mais que um

departamento isolado que pensa em navegação, aqui, a AI é

parte da criação e do planejamento.

O processo é liderado pelo arquiteto de informação, mas é

sempre realizado a quatro mãos. Todos aqui, como heavy users

de internet ou como profissionais especialistas do meio, têm a

obrigação de desenvolver e pensar navegação, enquanto criam

textos, arte ou códigos. O resultado desse trabalho é o

wireframe ou schematics: guias de conteúdo que vão ajudar os

profissionais da criação a desenvolver layouts e idéias. É

Em termos de atualização, temos uma

estratégia para longo prazo

desenvolvida e virão muitas surpresas

de peso como os PodKasts por aí.

página interna com informações sobre o produto

Page 49: Revista Webdesign - Ano II - Número 22 - Encontre seu público-alvo

4949

importante frisar que, da maneira que trabalhamos aqui, a

arquitetura de informação não engessa nem limita a criação. Pelo

contrário, ela ajuda e muito na coerência da navegação e

usabilidade de um site.

A opção de priorizar a área de campanhas, nesse momento

do site, é um bom exemplo de arquitetura da informação. Mais do

que distribuir conteúdos, é preciso pensar sobre eles e adequá-

los ao momento do cliente, do mercado ou outra necessidade.

Neste caso, a necessidade era aproveitar o lançamento da

campanha de massa na tv.

Como foi muito bem observado, seções como “Produto” têm

um peso bem menor que a Promoção PodKurtir, por exemplo.

Mais que um feito da agência, isso também demonstra a

maturidade do cliente e do mercado quanto à necessidade de

inovar e oferecer ao usuário o que ele realmente quer.

Wd : : Como será feita a atualização do site? Já foi

possível mensurar os resultados obtidos pela

remodelação do site?

Fábio :: Ainda é cedo para fazer uma análise quantitativa

do site. Qualitativamente, entretanto, a repercussão tem sido

muito boa. Temos recebido diversas críticas positivas sobre

diferentes aspectos do site. Em termos de atualização, temos

uma estratégia para longo prazo desenvolvida e virão muitas

surpresas de peso como os PodKasts por aí.

página inicial do Podkast da Kaiser

Page 50: Revista Webdesign - Ano II - Número 22 - Encontre seu público-alvo

50

Por Tatiana Serra

50

E-ca

rd

s

Na web, enviar cartão é mais do que um recurso de comunicação

conveniente, é também baixo custo, personalização, marketing viral

e interatividade numa única ferramenta.

Page 51: Revista Webdesign - Ano II - Número 22 - Encontre seu público-alvo

51

E

-ca

rd

s

51

Receber ou enviar cartão de aniversário, amor, amizade,

ou mesmo um cartão de notificação, de convite e até de visita.

Os cartões podem simbolizar romantismo, apresentação, boas

ou más notícias, enfim, são várias as funções desta

ferramenta de comunicação. Na web, então, as possibilidades

são incontáveis. Chamados de e-cards, webcards ou,

simplesmente, cartões virtuais, eles são um recurso muito

utilizado para a divulgação de projetos, para marcar datas

comemorativas, entre outros.

A palavra-chave do e-card pode ser interação, já que

aproxima, sutilmente, usuário e marca - uma opção, quase

sempre, simples, de baixo custo e eficiente. “Mas, apesar da

conveniência, o uso dessa ferramenta, em inúmeros sites, tem

feito do e-card um conteúdo previsível. E, para ele continuar

chamando a atenção do usuário, terá que se reinventar,

estando cada vez mais adequado ao contexto conceitual

da marca e disponibilizando recursos criativos cada

vez mais interessantes e relevantes”, afirma Suzana

Apelbaum, diretora de criação da rmg:connect Brasil

(www.rmgconnect.com).

Ação viral como conseqüência

Já na opinião de Luis Marcelo Mendes, diretor de

Negócios da produtora Tecnopop (www.tecnopop.com.br),

além do e-card ter um “custo baixíssimo” e ser um recurso

muito simpático, “é muito mais eficiente que os outros recursos

por haver um caráter de envolvimento pessoal”. Em 2004, a

Tecnopop viveu uma experiência diferente com e-cards em

sites de campanhas políticas. “Realizamos nos sites da Aspásia

Camargo e do Cesar Maia, sendo que, no do Cesar, não só

tinha o que chamamos de webcard, como também permitia a

impressão de ‘cola’ de boca de urna com o número do vereador

em que o visitante quisesse votar, e ainda enviar para quem

quisesse”. Segundo ele, “ambos tiveram boa saída,

especialmente o da Aspásia, cuja militância fez uso intenso da

internet. Aliás, se considerarmos as mudanças previstas para

as futuras campanhas políticas, notamos que a internet

passará a desenvolver um papel cada vez mais estratégico”.

No caso do projeto de e-card realizado para a campanha

da vereadora Aspásia Camargo, a Tecnopop identificou que

haveria muitos eleitores dispostos a recomendar o voto na,

então, candidata. Assim, foi preparada uma ferramenta que

lhes permitisse fazer isso através de um email pré-formatado e

com uma sugestão de texto pronta como, por exemplo: “Eu

voto em Aspásia”, “Gilberto Gil apóia Aspásia”. De acordo com

o diretor da produtora, “o resultado foi uma ação viral, com os

próprios eleitores tornando-se vetores de divulgação da

campanha da candidata, mas com o valor especial de se tratar

de uma recomendação pessoal, assinada; melhor e mais

“Apesar da conveniência, o uso dessa

ferramenta, em inúmeros sites, tem feito

do e-card um conteúdo previsível. E,

para ele continuar chamando a atenção

do usuário, terá que se reinventar...”

Suzana Apelbaum, da Rmg:connect Brasil

XTecnopop

A Tecnopop desenvolveu os sites para as campanhas de

Aspásia Camargo (vereadora) e Cesar Maia (prefeito),

ambos eleitos pelo Rio de Janeiro.

Page 52: Revista Webdesign - Ano II - Número 22 - Encontre seu público-alvo

52

E-ca

rd

s

52

convincente que qualquer tipo de propaganda”. Lembrando

que houve quem enviasse os e-cards para centenas de

conhecidos.

Personalização nos e-cards

Como se vê, os cartões virtuais estão inovando no

quesito interatividade, incentivando a participação do

usuário, que pode dar seu “toque especial”. “Fiz muitos e-

cards para Brasil Telecom, Credicard, Fiat e Brastemp (quando

trabalha na Agência Click); depois, fiz outros para Bubbaloo,

na JWT. Neles todos, a palavra-chave era personalização.

Quanto mais o usuário pudesse dar o seu toque no layout, no

texto e na trilha sonora, mais interessante ficava”, afirma

Suzana Apelbaum, da rmg:connect Brasil. Recentemente, ela

desenvolveu uma campanha online para a Trident que, apesar

de não ser um e-card tradicional, funcionava como tal, por ser

um vídeo divertido que os amigos repassavam entre si. “É o e-

card saindo só da função de marcar presença em ‘datas

comemorativas’ e trazendo um bom serviço como valor

agregado”, completa ela.

Rodrigo Teco, da Grafikonstruct (www.grafikonstruct.com.br),

também fala a respeito de e-cards com a participação direta do

usuário, e destaca o projeto Graffiti Ecard Trattoria

(www.gkarchive.com/works/trattoria/e-card). De acordo com

ele, esse hotsite simula, em uma interface future/retrô, uma

máquina de e-cards em que o próprio usuário monta seu

cartão, escreve sua mensagem e, utilizando vários stencils

(máscaras para grafitar), faz sua arte exclusiva nele.

Boca-a-boca digital

Apesar das inovações na utilização desse tipo de recurso

e, talvez, justamente por causa dessas inovações, os

“tradicionais” cartões virtuais de datas comemorativas

continuam em destaque, com suas devidas reinvenções

criativas. Muitas vezes, os e-cards de Natal, por exemplo,

funcionam para divulgar a própria empresa. A Tribo 12

(www.tribo12.com.br) confecciona, todos os anos, um cartão

virtual da agência que, normalmente, é enviado no Natal para

clientes, amigos e todos os que enviaram mensagens para a

Tribo por meio do Quadradinho da Tribo12 ou pela página

de contato (“Sinais de Fumaça”).

O cartão virtual de Natal da Tribo 12 é confeccionado em

Macromedia Flash e sempre traz uma mensagem, alguma

brincadeira ou algo interativo que destaque a empresa. “A

idéia de tema e features para o cartão, normalmente, surge da

experiência que aplicamos durante o ano em nosso próprio

site. Enviando o cartão, passamos a controlar as estatísticas

de acesso para verificar quaisquer alterações”, explica

Eduardo Vieira, diretor de criação da Tribo 12. Tal iniciativa,

segundo ele, tem trazido boas respostas para a empresa.

“Além do aumento de visitações ao site, esperamos que os

XQuadradinho da Tribo 12

É o link, por meio do qual, os usuários enviam

mensagens com sugestões de possíveis funções para

esse quadradinho existente no menu que,

aparentemente, não tem função).

E-cards das campanhas de Cesar Maia e Aspásia Camargo

“É o e-card saindo só da função de marcar

presença em ‘datas comemorativas’ e

trazendo um bom serviço como valor

agregado” Suzana Apelbaum

Page 53: Revista Webdesign - Ano II - Número 22 - Encontre seu público-alvo

53

E-cards

usuários enviem nosso cartão para outras pessoas,

justamente por terem achado interessante. Desse modo,

insuflamos um ‘boca-a-boca digital’, por assim dizer”, conta

Eduardo.

Ainda sobre esse tipo de divulgação, destaca-se a

importância da lembrança deixada na mente do usuário ao se

tratar de um bom projeto. “Lembro de um cartão desses que

recebi, há uns três ou quatro anos, que tinha uma espécie de

joguinho. Conforme você ia jogando, situações engraçadas

iam prendendo a atenção e, ao final dos passos, havia uma

surpresa. Eu, particularmente, nunca esqueci esse cartão,

repassei a um monte de amigos e, até um tempo atrás, ainda o

tinha em meu computador”, lembra ele.

No ano passado, a Tribo passou a desenvolver um projeto

de e-card para um de seus clientes, a Task Sistemas de

Computação (www.tasksistemas.com.br), a qual percebeu o

alcance que algo simples como um cartão virtual pode ter. Foi,

assim, criado um cartão com um mensagem de final de ano,

sem um ligação específica com o Natal ou com as festas de

Reveillon. “Pois a idéia era transmitir uma mensagem positiva a

todos os que colaboraram para o crescimento da empresa, e

isso não deveria estar atrelado ou depender de qualquer

credo, religião ou festa. O cartão foi enviado internamente na

(empresa), para fornecedores, clientes, revendedores etc”,

completa o diretor de criação da Tribo 12.

“Além do aumento de visitações ao site,

esperamos que os usuários enviem nosso

cartão para outras pessoas. Desse modo,

insuflamos um boca-a-boca digital”

Eduardo Vieira, da Tribo 12

Campanha online

desenvolvida por Suzana

Apelbaum para Trident.

Apesar de não ser um e-card

tradicional, funcionava como

tal, por ser um vídeo

divertido que os amigos

repassavam entre si.

53

Page 54: Revista Webdesign - Ano II - Número 22 - Encontre seu público-alvo

54

tutorial

CSS – Uma Visão Geral

O que é uma Folha de estilo?

“Folha de estilo em cascata é um mecanismo simples para

adicionar estilos (p.ex., fontes, cores, espaçamentos) aos

documentos Web”.

Esta definição abre a Home Page das CSS no site do W3C:

http://www.w3.org/Style/CSS/

Dando sequência a nossa série de artigos sobre Padrões

Web, nesta matéria, vamos conversar um pouco sobre as CSS –

folhas de estilo em cascata.

Faremos um breve relato do que são as folhas de estilo, de

como e porque surgiram, quais suas finalidades, vantagens de

usar e, em seguida, mostraremos alguns exemplos práticos de

uso corrente em web sites.

O que significa CSS?

CSS é a sigla em inglês para Cascading Style Sheet, que em

português pode ser traduzido para Folhas de Estilo em Cascata,

uma tecnologia desenvolvida e incentivada pelo W3C, portanto,

uma web standard, cujo propósito maior é retirar da linguagem

de marcação (HTML, XHTML, XML, etc.) toda definição

destinada a apresentação ou formatação de um documento web,

como veremos adiante.

As standards para CSS

CSS1 é uma Recomendação estável do W3C desde 17 de

dezembro 1996, revisada em 11 de janeiro de 1999.

CSS2 é uma Recomendação estável do W3C desde 12 de

maio de 1998.

CSS2.1 encontra-se atualmente em fase de rascunho de

trabalho, aberta para discussão pública, tendo sido sua última

atualização em 13 de junho de 2005.

Padrões Web 4

A ampliação do HTML desembocou na famigerada “guerra dos browsers”, na qual cada fabricante desenvolvia, ao seu juízo, uma solução própria para

facilidades de renderização e interpretação da linguagem de marcação.

O W3C, percebendo o rumo caótico para onde se encaminhava a internet, não vem economizando esforços para alcançar uma maior padronização.

Padronização de softwares, de hardwares, de códigos de dispositivos, enfim, de todo componente relacionado a web.

Uma padronização que garanta compatibilidade com dispositivos em uso, com dispositivos futuros, e que garanta servir um único código não só para

diferentes navegadores e resoluções de monitor, como também para diferentes mídias, dispositivos especiais e agentes de usuários os mais diversos.

Prof. Everaldo Bechara e Prof. Maurício Samy Silva

Professores do Centro de Treinamento iLearn

[email protected]

CSS3 pretende ser uma especificação modular e vários dos

seus módulos encontram-se, atualmente, em fase de rascunho,

desenvolvimento e discussões.

Como e por que surgiram as CSS?

Tim Bernes-Lee, o inventor da web, um pesquisador físico

para partículas nucleares, trabalhando no CERN - Centro

Europeu de Pesquisas Nucleares, percebendo a dificuldade de

trocar informações entre físicos do mundo todo, cada um usando

um tipo de arquivo eletrônico, incompatíveis entre si, resolveu

criar uma maneira de unificar em uma só linguagem tais

arquivos. Assim, nasceu o HTML.

Tim criou o HTML com a finalidade de unificar uma

linguagem para arquivar e trocar informações técnicas e

científicas por uma comunidade de pesquisadores.

Algumas poucas tags para estruturar textos cumpriam a

contento a finalidade da linguagem. Ocorre que a descoberta de

Tim ultrapassou as fronteiras da comunidade científica e caiu no

domínio do público em geral. A nova maravilha fascinou o mundo,

e, rapidamente, projetistas, designers, fabricantes e todos

envolvidos com a web clamavam por implementação de novas

facilidades na linguagem. Cores, imagens, movimento, interação

e toda uma parafernália que hoje conhecemos foram

introduzidas na linguagem, tornando-a bem mais poderosa, é

verdade, mas a um preço muito alto, pois tudo isto desembocou

na famigerada “guerra dos browsers” com códigos proprietários,

versões de sites para este ou aquele navegador (até hoje,

encontramos grandes sites assim), scripts de detecção, avisos

de “melhor visualizado em...” e uma verdadeira bagunça (e que

bagunça!) no código HTML.

Page 55: Revista Webdesign - Ano II - Número 22 - Encontre seu público-alvo

55

tutorial

As CSS chegaram para botar ordem, unificar e facilitar o

desenvolvimento dos documentos web.

Finalidade das CSS

A idéia central é a de retirar do código de marcação, todos os

elementos, tags e atributos destinados à apresentação, devolvendo

ao código sua finalidade inicial de simplesmente marcar e estruturar os

documentos.

Assim, por exemplo:

- o uso da tag <font> e seus atributos ‘face’, ‘size’, e ‘color’

destinados a formatar família, tamanho e cor das fontes;

- o uso dos elementos <table>, <tr> e <td> para

fins de posicionamento e apresentação do layout;

passam a ser vivamente desencorajados pelo W3C em favor de se

obter aqueles efeitos de apresentação via CSS.

Vantagens de se usar CSS

Enumeram-se várias e efetivas vantagens em se usar CSS para

formatar os novos documentos produzidos para a web ou migrar os

documentos atuais, escritos em HTML com formatação no código.

E, dentre estas vantagens, destaca-se a facilidade de

manutenção e atualização do site. Qualquer item de apresentação do

site é controlado a partir de um único arquivo.

Outra vantagem do uso das CSS para desenvolver sites é a

possibilidade de servir a mesma marcação (X)HTML tanto para um PC

quanto para um PDA, ou qualquer outro agente de usuário.

Isto é possível graças as folhas de estilos específicas para uma

determinada mídia.

Uma tag <link> colocada na seção HEAD do documento, define

a renderização da forma mais apropriada para o dispositivo que

solicitou o documento.

Você escreve uma folha de estilo para:

- mídia print : impressão;

- mídia screen: tela de um monitor;

- mídia handheld: dispositivos portáteis;

- mídia projection: projetores;

- outras

Outra vantagem é a rapidez no desenvolvimento, pois como o

estilo já está definido, o desenvolvimento e a manutenção de

projetos web passaram a ser menos trabalhosos e mais produtivos.

Quer mais? Vamos lá. Já imaginou seu site sendo acessado por

qualquer dispositivo e continuar a ser acessível mesmo em

dispositivos que você nunca testo? Outro dia, através de um PDA,

uma pessoa tentou mostrar para um colega, em um site de uma

grande empresa, o automóvel que queria comprar. Acessou o site

pelo PDA. Resultado 1: o site não estava acessível, pois as

marcações criadas neste site impediam que, por um PDA, pudesse

acessar as informações. Resultado 2: um cliente insatisfeito com a

marca!. Já pensou se o gerente de Marketing soubesse disso?!

Bem, já deu para perceber a importância dos Padrões em

qualquer projeto Web.

Vamos lá. Linca as folhas no documento e pronto! Nada de

versões do site para PC, para PDA etc.

Nada de criar uma versão para impressão.

Nada de impor uma mídia em função da outra.

Sei que aprender corretamente CSS e layout de CSS, para que

possamos fazer o que acima mencionamos, leva tempo e dedicação.

No mínimo de 30 horas somente para este assunto.

A criatividade e as CSS

Desenvolver sites em conformidade com as Web Standards,

prefiro este termo por ser muito mais abrangente do que tableless.

Não interfere em absoluto com a criatividade. Não limita e nem

expande os horizontes do criador.

Toda criação conseguida à maneira ultrapassada de projetar

sites é possível de ser replicada em conformidade com as Web

Standards.

A diferença está no fato de que as Web Standards facilitam e

simplificam a execução e manutenção dos efeitos criados pelo

designer.

O domínio das técnicas XHTML e CSS em particular e das Web

Standards em geral é fundamental para desenvolver sites sem

amarras à criatividade.

Desenvolver CSS é substituir <td> por <div>

Esta é uma visão equivocada das CSS. O conceito de que um

layout CSS é um documento em que se substitua cada célula de uma

tabela por uma DIV é uma afirmativa corrente, feita por total

desconhecimento das técnicas CSS de posicionamento.

Page 56: Revista Webdesign - Ano II - Número 22 - Encontre seu público-alvo

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Propriedades CSS, as mais variadas possíveis, permitem

manipular a aparência e posição de elementos e seletores em uma

página sem necessidade de criar divs simulando os mesmos efeitos

criados por inúmeras células de tabelas.

O correto emprego do posicionamento CSS torna o projeto da

página muito mais fácil e prático do que o emprego de tabelas.

Mas não se esqueça que as tabelas serão usadas, sim, mas

apenas para exibição de dados tabulares.

Aprenda CSS

Normalmente, a primeira descoberta de quem se interessa por

CSS é a clássica retirada do sublinhado dos links. A seguir, a

descoberta de que é possível alterar o estado dos links com a:link,

a:visited, a:hover, a:active.

Na sequência, a descoberta das classes CSS e a conseqüente

manipulação das propriedades das fontes. Tudo muito fácil de

aprender e usar. Tudo trivial.

A partir daqui, surge a primeira dificuldade:

Como estilizar de maneira diferente links em uma mesma página?

A maioria consegue resposta a esta dúvida.

Muitos páram por aqui e consideram estar usando todo o

potencial das CSS.

Este é um grave problema das pessoas que estudam o CSS.

CSS é muito mais do que retirar sublinhados de links e mudar

cor de fonte.

Alguns seguem adiante e ensaiam seus primeiros

posicionamentos com CSS projetando e manipulando DIV’s. Destes,

a maioria desiste por achar que é mais fácil posicionar com tabela. Os

poucos que ultrapassam esta fase projetam seus primeiros layouts

sem tabelas e acabam por descobrir todo o potencial das CSS.

A regra CSS e sua sintaxe

Uma regra CSS é uma declaração que segue uma sintaxe

própria e que define como será aplicado estilo a um ou mais

elementos HTML.

Um conjunto de regras CSS forma uma Folha de Estilos. Uma

regra CSS, na sua forma mais elementar, compõe-se de três partes:

- um seletor;

- uma propriedade;

- um valor.

e tem a sintaxe conforme mostrado abaixo:

seletor { propriedade: valor; }

Seletor: genericamente, é o elemento HTML identificado por

sua tag, ou por uma classe, ou por uma ID, ou etc., e para o qual a

regra será aplicada;

Propriedade: é o atributo do elemento HTML ao qual será

aplicada a regra;

Valor: é a característica específica a ser assumida pela

propriedade.

Na sintaxe de uma regra CSS, escreve-se o seletor e, a seguir,

a propriedade e o valor separados por dois pontos e entre chaves { }.

Quando mais de uma propriedade for definida na regra, deve-

se usar ponto-e-vírgula para separá-las. O ponto-e-vírgula é

facultativo no caso de propriedade única, e facultativo também após

a declaração da última propriedade no caso de mais de uma.

No entanto, é de boa técnica usar-se sempre o ponto-e-vírgula

após cada regra para uma propriedade.

Exemplos de regras CSS

body { background-color: #FF0000;}

Define uma cor de fundo vermelha para a página.

h1 { font-size: 22px;}

Define um tamanho de fonte de 18 pixels para os cabeçalhos de nível 1.

a:link { text-decoration: none;}

Retira o sublinhado padrão dos links.

#conteudo p { font-style: italic; color: #FF0000;}

Define uma fonte em itálico e na cor vermelha para os

parágrafos contidos na DIV denominada conteúdo.

Vejamos um pedaço de um arquivo CSS.

body {

margin: 10px 0px; padding:0px;

text-align: center;

background-color: #fff;

}

Estes códigos são digitados em um arquivo texto, cuja extensão

é .CSS

Em nosso próximo tutorial daremos seqüência ao estudo do

CSS. Até lá!.

tutorial

Page 57: Revista Webdesign - Ano II - Número 22 - Encontre seu público-alvo

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Page 58: Revista Webdesign - Ano II - Número 22 - Encontre seu público-alvo

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Bruno Rodrigues

Autor do primeiro livro brasileiro e terceiro no mundo sobre conteúdo online, intitulado

“Webwriting - Pensando o texto para a mídia digital”. É coordenador de informação do

website Petrobras e titular da primeira coluna sobre Webwriting no mundo, elaborada

desde 1998 e hoje veiculada na revista online “WebInsider”. Ministra treinamento de

Webwriting e Arquitetura da Informação no Brasil e no exterior.

[email protected]

webwriting

O pesadelo de Flávia Pipoca

Flávia Pipoca é antenada. Editora de conteúdo de um grande portal na internet, para Flávia não há

dúvida quando o assunto é webwriting. Nossa colega participa de workshops sobre o tema no Brasil e no

exterior, é figurinha fácil em listas de discussão, é mestre em criar textos objetivos, criativos e impecáveis.

Informação digital é com ela, e o mundo online corre em suas veias. Ou seja, Flávia Pipoca é tudo!

Mas – coitada! – Flávia Pipoca está angustiada. Suas noites têm sido um horror, terríveis pesadelos

a atormentarem sua mente. A equipe de Flávia já percebeu que sua líder anda nervosa, estressada,

irritada. Mas não há o que fazer – o Usuário a descobriu.

Pelo que se ouve nos corredores, tudo teria começado com um e-mail, reclamação de um

acionista sobre um texto do site. “Quanto blá-blá-blá”, ele esbravejava em letras garrafais.

Foi então, que Flávia Pipoca pirou. Começou a falar sozinha, e muitos juram tê-la ouvido sussurrando

frases que sempre terminavam em “... o meu conteúdo!”. Quem ousava encará-la era fuzilada com ódio, como

um espião em território inimigo. A cada e-mail ‘abusivo’, novas olheiras, mais ranger de dentes, outros olhares.

Contudo, na noite de ontem, anunciou-se a tragédia. Era final de expediente e mais uma mensagem

adentrou a caixa de e-mails de Flávia Pipoca. “Nunca vi informações tão resumidas sobre um assunto tão

importante”, reclamava um pesquisador sobre as páginas de responsabilidade social do site.

Flávia Pipoca dispensou a carona do estagiário, mandou às favas o happy-hour com as amigas e

rumou para casa. Sentou-se no sofá da sala, as luzes apagadas, e contou cada segundo no relógio até

meia-noite. Havia um estranho sorriso em seus lábios quando saiu de casa, de volta ao escritório.

Pelo que o faxineiro contou à polícia naquela madrugada, deve ter sido uma cena aterradora.

Rodopiando entre os computadores, gargalhando alto, Flávia Pipoca comemorava a execução do recurso

final: o envio de uma delicada mensagem de agradecimento pela constante visitação a cada um dos

usuários cadastrados no site... Contudo, atachado ao e-mail, seguia, sorrateiro, o temido vírus

tô_nem_aí.exe, pronto para a vingança – a partir daquela noite, nenhum usuário poderia mais enviar

novas mensagens pelo ‘Fale Conosco’ do site da vitoriosa Flávia Pipoca! Ela estava livre: nenhuma

sugestão, nenhuma reclamação.

Nossa amiga foi internada em uma unidade de terapia intensiva da clínica de Figmund Seud,

especialista em distúrbios da internet – aquele que, há alguns anos, cuidou de executivos em frangalhos

com a quantidade indecente de e-mails a responder.

Ao longo de várias semanas, o doutor Seud explicou à transtornada Flávia Pipoca os conceitos da

nova realidade em que vivemos, na qual o usuário não só pode quanto deve interferir em todo o conteúdo

informativo dos sites. A seguir, reproduzo três bons conselhos que surtiram efeito ao longo do tratamento

da estressada Flávia, e que podem ajudá-lo a entender o novo momento:

Page 59: Revista Webdesign - Ano II - Número 22 - Encontre seu público-alvo

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“ Questione – sempre. Coloque-se no lugar do

presidente da empresa e, ao mesmo tempo ,perceba-

se como usuário”

webwriting

uma página web sem a participação do usuário, é como achar que o site

está bom, apenas porque a informação está lá – em algum lugar...

O usuário é você. Questione – sempre. Coloque-se no lugar do

presidente da empresa e, ao mesmo tempo, perceba-se como usuário.

O porquê de uma informação estar no site deve sempre ser dissecado.

Errar no alvo da informação é dinheiro gasto à toa para a empresa e

insatisfação sem dinheiro de volta para o usuário.

Subestimar quem está do outro lado do monitor não apenas é

demonstração de falta de conhecimento sobre internet, mas também faz

tremer um dos principais pilares da Rede - a credibilidade.

Portanto, todo o cuidado é pouco!

O usuário é seu cliente. Não há como adivinhar do quê seu

usuário precisa – há que perguntar a ele . A equação certa para

disponibilizar um conteúdo sempre perfeito deve ser o equilíbrio entre o

objetivo do site e qual tipo de informação o usuário – seu cliente –

necessita. Desta forma, todos saem ganhando: o site, que comunica o

que é essencial, e o usuário, que acessa um conteúdo sem excessos.

O usuário é seu chefe. Como a informação deve ser

disponibilizada é tarefa que precisa envolver um trabalho árduo de

arquitetura da informação e aplicação de testes de usabilidade ao site. O

usuário deve mandar e desmandar em que posição deseja achar a

informação. Percebe-se, então, que construir a estrutura editorial de

Page 60: Revista Webdesign - Ano II - Número 22 - Encontre seu público-alvo

60

René de Paula Jr.

Diretor de conteúdo do Yahoo Brasil, René é profissional de internet desde 1996, passou

pelas maiores agências e empresas do país: Wunderman, AlmapBBDO, Agência Click,

Banco Real ABN AMRO. É criador da “usina.com”, portal focado no mundo online, e do

“radinho de pilha” (www.radinhodepilha.com), comunidade de profissionais da área.

[email protected]

Dicas de dança por um peso-pesado

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rk

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Você vai ficando mais velho e o que era elogio passa a te deixar com um pé atrás. Por

exemplo: ser um profissional "sênior" indica uma trajetória profissional longa e rica ou quer dizer

que... por decurso de prazo você já virou um "ex-jovem"?

E ser um "peso-pesado"? Significa que você precisa retomar a dieta a-go-ra ou que a sua

atuação é poderosa e faz diferença no jogo de forças?

Pelo sim, pelo não, essa semana eu me inscrevo numa academia. :)

Se você não for tão sênior assim, talvez nunca tenha ouvido falar de um peso-pesado

magnífico, o Cassius Clay. Já? Não? Mohammed Ali, então? Também não? Céus... quem mandou

eu ter 40 anos, enfim?

Vamos lá: Mohammed Ali e Cassius Clay são o mesmo pugilista, e o nome árabe foi adotado

quando ele se converteu ao islamismo como o Cat Stevens (o que, na pré-história da minha

juventude, era um gesto anti-guerra e pacifista, pasme).

Eu ia sugerir que você pesquisasse a respeito por conta própria, mas me esqueci que a tua

referência de peso-pesado deve ser algo furioso e bestial como Mike Tyson, cuja colaboração

artística para a humanidade foi arrancar com os dentes uma orelha alheia, e isso não deve te

animar muito.

Esqueça o Tyson. Cassius Clay era elegantíssimo no ringue, um dançarino. Mais: fora dos

ringues era um ativista político, um negro consciente, um ídolo pop e, pasme, um belo frasista.

É dele a frase que me inspirou esse artigo: "fly like a butterfly, but sting like a bee", voe

como uma borboleta, mas ferroe como uma abelha. Lindo, não? Exceto, claro, para quem,

confuso de ver aquele gigante dançando em torno de si, recebia o murro certeiro e beijava a lona.

E o que tem a ver o conselho de um boxeur com nosso ofício de zeros e uns?

Simples: muitos dos grandes tapas-na-cara digitais hoje, muitas das porradas

nocauteadoras no digimundo são... simples.

Não?

Pense nas páginas de busca. Pense nos messengers. Pense nos blogs. Voam como

borboletas, não? Você os acessa de todo lugar, em qualquer máquina, em palms, em celulares...

Não importa onde, eles pousam com graça e leveza sempre. A hora que você os aciona, porém,

são rápidos e certeiros. Como uma abelha. Viram só? Ou vocês pensavam que abelhinhas e

flores só serviam pra (não) falar de sexo?

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“Pense nas páginas de busca. Pense nos

messengers. Pense nos blogs. Voam como

borboletas, não? Você os acessa de todo lugar”

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g

Agora pense naquele site super instigante-original-

multimídia que você viu uma vez só, achou lin-do, mas nunca

mais usou porque ele não te agregava em nada. Well, de cara

me lembro de uns 3.

Eu creio, porém, que o Cassius Clay não tenha jamais

sido picado por uma abelha. Você já foi? OK, dói, mas como se

não bastasse a picada, a abelha continua se batendo contra

você insanamente, batendo, batendo, até morrer. Muito

estranho (e contra as regras do pugilismo, imagino).

Sabe por que ela faz isso? Antes de morrer, ela vai te

marcando com um odor que avisa às outras abelhas que você é

um inimigo. As outras abelhas sentem o cheiro que ela deixou

em você e te picam também. Aí que mora o perigo: uma picada

leva a muuuuuitas outras.

Tem outra grande lição aí: abelhas não só ferroam forte,

mas também colaboram entre si, trocam informações, e assim

derrotam qualquer inimigo. E as coisas mais bacanas que

temos hoje no digimundo funcionam da mesma maneira: as

"borboletas" digitais não só voam com elegância, mas também

se comunicam entre si. Teu messenger te avisa do email que

chegou e das últimas notícias, teu webmail te avisa por SMS de

uma mensagem urgente, você escolhe quais fontes de notícia

tua home vai "escutar" por RSS, você compartilha teus

favoritos usando metatags, você compra produtos baseado

nos reviews de outros consumidores...

É assim que os pesos-pesados do digimundo estão

lutando hoje, num estilo que mistura leveza, rapidez e

integração. Preste atenção, compare os campeões, estude

seus movimentos.

E torça fervorosamente, como eu, pelos milhões de

usuários que estão ganhando asas.

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Marcela Catunda

Trabalhou na TV Globo, TV Bandeirantes, TV Gazeta, Manchete e SBT. Foi redatora da

DM9DDB e Supervisora de Criação de Mídia Interativa da Publicis Salles Norton.

É sócia do site Banheiro Feminino, está no Orkut e trabalha como autônoma.

[email protected]

Eu tive Kikos Marinhos

bu

la

d

a C

atu

nd

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Comecei criando-os numa tigela de gelatina rachada. Minha mãe não admitia a hipótese de

me dar um aquário pra esse fim. Então, papai deu um jeito na rachadura e comecei a minha

criação de Kikos Marinhos. Na escola, a conversa era:

- Eu já tenho um vermelho com tridente. – dizia uma.

- Igual o da embalagem? – dizia a outra.

- Ahãm. E bem maior. – claro, ela tinha que esnobar.

- E os seus Marcelinha? – me chamavam assim no primário.

- Os meus morrem. Viram no máximo sapinhos coloridos. – respondi.

- Sapos coloridos? – perguntou uma.

- E com tridente, claro. – expliquei.

- Tridente como o do Kikos da embalagem? – perguntou a outra.

- Sim, mas só que beeeem maior. – esnobei. Ah, tão pensando o quê?

Meus Kikos não vingaram. Aliás, o único Kiko que eu tive contato na vida e pude provar que

existia foi o Zambianchi. Mas isso, muitos anos depois, quando as pedras rolaram e minha tigela

jazia em algum lixão da cidade.

Depois dos Kikos tentei criar joaninhas, após assistir uma brilhante exibição do Circo de

Pulgas no programa do Silvio (que eu tinha que assistir escondida). O pior é que é a mesma fita

que eles passam até hoje, alguns vinte tantos anos depois...

Meu circo não deu certo, alguns anos passaram e, então, resolvi criar peixes. Walter D’

ávilla foi minha primeira aquisição. Um desses peixinhos transparentes que a gente consegue

ver por dentro. Ele navegava num gigantesco aquário, livre, solto, sozinho. É! Walter

precisava de amigos. Daí, chegou Paula Saldanha, Eliza Cristina, Pluft, Plact e Zum. Eles se

deram bem. Tão bem que se envolveram emocionalmente e logo meu aquário estava lotado de

peixinhos. Fomos felizes por um longo tempo, mas o tal aquário dava o maior trabalhão e, com

a morte de Walter e seus amigos, fui ficando sem estímulo e resolvi passar o aquário adiante dois

dias depois de comprar Atchim & Espirro, dois peixes palhaço.

Nada criado por mim em território líquido dava certo. Nem Mark Harris, meu escafandrista

(nome dado em homenagem ao péssimo ator Patrick Duffy que interpretava o Homem do Fundo

do Mar) sobreviveu após meu fracasso como criadora de peixes.

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“ Nem todo dia a cabeça acorda com vontade

criativa o suficiente pra concluir raciocínios

interessantes. Daí, o que eu dou de comer pro

meu Blog?”

bu

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atu

nd

a

É! Definitivamente eu não era uma pessoa com talentos

para criações. Será? Meus gatos sobrevivem felizes deslizando

suas patas peludas pelo assoalho encerado do meu

apartamento. E eles se divertem pacas. Tudo que eles

precisam é de ração fresquinha, água e carinho para que seus

tufos de pelos se espalhem pelo ar como pluminhas de Dentes

de Leão.

Depois de criar Kikos, joaninhas amestradas, peixes e

alguns casos, agora eu criei um Blog que, assim como os Kikos,

não estou dando conta de fazer crescer. Ai Deus, onde eu

tava com a cabeça?

Blog são Kikos Marinhos. A gente não sabe que bicho

vai dar daquilo. A gente tem que alimentar, ficar olhando de

quando em quando, tornando a coisa interativa e suportando

a culpa de não ser também uma boa criadora de Blog.

Nem todo dia a cabeça acorda com vontade criativa o

suficiente pra concluir raciocínios interessantes. Daí, o que eu

dou de comer pro meu Blog? Então, me pego olhando para

meu monitor como quem vê seu aquário de peixinhos coloridos

minguar. Tem pouco texto. Saco!

O sol acorda radiante e resolvo abastecê-lo. Separo

antigos textos, dou um tapa em outros parados em pontos

doc. e encaro a ferramenta: postar texto. E, claro, ela não

funciona, ou pior, funciona e posta um texto cheio de erros de

português, alemão, francês... Socorro! Michel, como eu tiro

isso daqui?

Dias depois, encaro novamente o papel mãe de Blog e

vou até lá postar um textinho e, pra minha surpresa, eu não

existo mais. Caraca! O que aconteceu? Morri? E daí, um pau na

ferramenta me faz repensar a minha vida. Esse Blog já tá me

enchendo, penso.

Sobem créditos.

FIM.

ps – pra quem não conhece um Kiko Marinho ou o

Zambianchi, é só entrar no Google e dar uma buscadinha.

Você vai encontrar os dois na mesma palavra- chave.

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Luli Radfahrer

PhD em Comunicação Digital, já dirigiu a divisão de internet de algumas das maiores

agências de propaganda e de alguns dos maiores portais do Brasil. Hoje, é Professor-

Doutor da ECA-USP, Diretor Associado do Museu de Arte Contemporânea e consultor

independente. Autor do livro ‘design/web/design:2’, administra uma comunidade de

difusão do conhecimento digital pelo País.

[email protected]

we

bd

esig

n

A pressa é a pior inimiga da refação

Todo mundo quer tudo para ontem. Talvez seja por isso que tanta

gente vire a noite procurando corrigir o que fez com pressa.

Há algumas semanas, dormi fora de casa e larguei meu carro na rua. Quando fui buscá-lo no dia

seguinte, para minha enorme surpresa, ele estava cercado por uma feira livre, exatamente entre uma das

barracas de peixe e uma das de frango. Ao constatar que não sairia de lá nem se voasse – estava

debaixo de uma árvore – minha primeira preocupação foi ver se havia incomodado alguém e, é claro, se

tinha sofrido algum dano. Feirantes são versáteis: como não conseguiram encontrar o dono do carro, não

se fizeram de rogados, formaram um grupo e o tiraram do caminho, sem maiores preocupações.

Como não haveria nada a ser feito, não me sobrava nada para fazer. Me identifiquei, pedi milhões

de desculpas e saí de lá disposto a pegar um táxi para meus compromissos e só voltar por volta das três

da tarde. Foi quando me dei conta: que compromissos? Checando rapidamente a agenda, vi que tinha

uma reunião cuja presença não era tão fundamental e um almoço que poderia ser adiado. Já que estava

com o notebook e o celular, resolvi ficar por lá mesmo e adiantar o serviço.

Fui a um café e pedi um sanduíche, só para descobrir que tanto o computador quanto o telefone

estavam sem bateria. Não haveria nada para fazer senão esperar. Ao contrário do que imaginava, isso

me deu uma profunda calma. Não seria tanto o tempo perdido: de manhã o telefone mal toca, são poucas

as coisas que acontecem e tudo poderia ser facilmente resolvido com um trabalho mais concentrado à

tarde. Larguei minhas coisas no carro (considerada sua imobilidade e o número de pessoas a olhar por ele,

certamente estava bastante seguro) e fui passear pelo bairro.

Fazia muito tempo que não andava a pé sem destino e tinha até me esquecido o quanto gosto disso.

Sem pára-brisa e retrovisor, desaparecem as telas e as paisagens ficam tridimensionais, com as cores,

cheiros e formas ao alcance. Mais do que isso, tudo fica mais lento, seguindo seus ritmos naturais. Um

quilômetro ladeira abaixo pode significar 400 metros ladeira acima, 600 quando o vento está contra, 200

se chover... Com o tempo certo para se observar o ambiente, tudo pode ser degustado com maior

cuidado. Como em uma pintura, escultura, fotografia, ou rosto: quanto mais se olha, melhor se vê.

Subprodutos da tecnologia de informação, a velocidade e o imediatismo viraram uma obsessão nos

dias de hoje. As pessoas são escravas do relógio e tudo tem que ser feito “para ontem”. A sobrecarga é

tão grande que mal sobra tempo para comer, e dormir oito horas por noite ou ter dois dias de descanso no

final da semana soam como um luxo desnecessário. Mas seriam mesmo? Será que a tecnologia eliminou a

necessidade de lazer e a única possibilidade de trabalho para o futuro é voltar a regimes piores que os que

antecederam a revolução industrial?

Você já parou para se perguntar por que as pessoas chamam todos os elevadores disponíveis? Ou

por que apertam duas ou três vezes o botão do andar desejado? Por que se comportam como cães

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“ Desesperadamente, tentamos encontrar sentido e

buscar novas formas de adaptação. Em vão. Não há

tempo para isso. As pessoas estão tão tensas que clicam

duas vezes em um interruptor para acender a luz.”

raivosos e mudam de faixa desesperadamente em um

congestionamento ou tentam ocupar todas as filas das caixas de um

supermercado ou banco? Por que estão sempre atrasadas e com

pressa e, nessa pressa, tomam atitudes egoístas que tornam todos

os processos ainda mais lentos? Por que raios correm tanto nas

estradas a caminho da praia, se estão indo lá para descansar?

Vivemos em um mundo sobrecarregado de estímulos: nas ruas,

carros, casas, praias, jogos de futebol, há muita multimídia, muita

instalação, muita interferência. Os antigos meios de transmissão de

informação e cultura, das salas de aulas aos telejornais, agora

pedem interação, participação, opinião. O mundo conectado e

interligado corre a uma velocidade artificialmente acelerada pelos

computadores e curiosamente chamada de “tempo real”, em que não

há tempo para descanso, quanto mais para reflexão.

Desesperadamente, tentamos encontrar sentido e buscar novas

formas de adaptação. Em vão. Não há tempo para isso. As pessoas

estão tão tensas que clicam duas vezes em um interruptor para

acender a luz.

Para piorar, enquanto exigimos dos nossos corpos a velocidade

de um carro de corrida, damos a eles a manutenção de um jipe

descuidado: alimentação inadequada, instabilidade afetiva e

profissional, sexo inseguro ou de má qualidade, pouco sono, solidão

e diversas outras formas de restrição ao prazer. Extraímos do solo

cerebral todas as suas riquezas e não nos preocupamos em repô-las,

achando que são infinitas. Nesse ambiente, o estresse é endêmico e

inevitável, a aceleração tem limite e a qualidade de vida de ideal

hippie passa a exigência obrigatória.

É preciso aprender a relaxar, a meditar no sentido mais literal e

menos místico da palavra, cuja origem vem de medir, refletir,

ponderar. Entender a situação em que se está, dar os pesos

devidos às circunstâncias e valorizar o que realmente faz sentido.

Organizar os fatos na mente e traçar caminhos, pois, se não

entendemos o tempo, nos tornamos vítimas dele. Só assim será

possível ver com calma o desafio proposto pelo trabalho e, a partir

dele, criar uma solução criativa, relevante e sensata, de uma só

vez. Com calma para se ler o briefing e matar dúvidas com seu

cliente, não se assumem decisões nem se repetem soluções

prontas e o resultado é que seu trabalho sai melhor, mais focado e

eficiente.

Isso não significa ser folgado ou preguiçoso, mas focar a

atenção e realizar uma tarefa de cada vez – responder a e-mails,

falar com amigos via MSN, tudo isso tem sua hora e, nessa hora,

não deve ser interrompido por algo tão besta quanto trabalho.

Acima de tudo, não se esqueça que tempo real é o que nós,

humanos, usamos. Não aquele outro que os computadores tentam

nos convencer que é o real.

Quanto ao meu carro, o retirei sem problemas no final da

feira. Ainda bem que não ofereceram nenhum lance por ele (se o

fizessem, tomara que não fosse no fim da feira, em que os preços

são mais baratos). O mais engraçado da história foi o feirante,

que, ao posar para uma foto, disse que queria colocá-la no

Orkut.

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