Revista Viração - Edição 92 - Janeiro/2013

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Avanço ou retrocesso?

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Sexo e Saúde

Universidade Popular – Belém (PA)www.unipop.org.br

Rede Sou de Atitude MaranhãoSão Luís (MA)

www.soudeatitude.org.br

Avalanche Missões Urbanas UndergroundVitória (ES)

www.avalanchemissoes.org

Casa da Juventude Pe. Burnier – Goiânia (GO)www.casadajuventude.org.br

Cipó Comunicação InterativaSalvador (BA)

www.cipo.org.br

Jornal O Cidadão – Rio de Janeiro (RJ)

ocidadaonline.blogspot.com

Movimento de Intercâmbiode Adolescentes de Lavras – Lavras (MG)

Grupo Conectados de ComunicaçãoAlternativa GCCA - Fortaleza (CE)www.taconectados.blogspot.com

Ciranda – Curitiba (PR) Central de Notícias dos Direitos

da Infância e Adolescência www.ciranda.org.br

Catavento Comunicação e Educação Fortaleza (CE)

www.catavento.org.br

Agência Fotec – Natal (RN) Projeto Juventude, Educaçãoe Comunicação Alternativa

Maceió (AL)

União da Juventude Socialista – Rio Branco (AC)ujsacre.blogspot.com

Grupo Makunaima Protagonismo Juvenil (RR)

grupomakunaimarr.blogspot.com

Oi Kabum - Rio de Janeiro (RJ)

www.oikabumrio.org.br

Nossos parceirospelo Brasil

Gira Solidário Campo Grande (MS)

www.girasolidario.org.br

Lunos - Boituva (SP)www.lunos.com.br

Amadora – Portugalwww.buefixe.org

Auçuba - Comunicação e EducaçãoRecife (PE)

aucuba.org.br

Mídia Periférica - Salvador (BA)www.midiaperiferica.blogspot.com.br

Coletivo Jovem - Movimento Nossa São LuísSão Luís (MA)

Idesca - Manaus (AM)

www.idesca.org.br

2a capa_apoios_91:Layout 1 10/01/2013 16:11 Page 33

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Apoio Institucional

Revista Viração • Ano 10 • Edição 92 03

Copie sem moderação! Você pode:

• Copiar e distribuir• Criar obras derivadas

Basta dar o crédito para a Vira!

Conteúdo

“ OBrasil será palco de grandes eventos esportivos a

partir deste ano. De 15 a 30 de junho, a Copa das

Confederações será o primeiro de três eventos que

atrairão milhares de torcedores e atletas do mundo todo. Muitas cidades

brasileiras já percebem as mudanças para que o nosso País cumpra com a

tarefa de sediar os jogos e receber tanta gente. Construção de estádios,

alteração em vias, desapropriações e mudanças em orçamentos públicos já

acontecem pelo Brasil afora.

A reportagem de capa desta edição mostra que a vida do brasileiro já

não é mais a mesma depois do início das obras de melhorias, propondo

uma reflexão acerca do legado que esses grandes eventos deixarão para

o nosso País.

Nesta edição você também confere uma reportagem sobre a

Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de

2012, a COP 18, que aconteceu em Doha, capital do Qatar. A

Agência Jovem de Notícias esteve presente em sua

segunda cobertura internacional, a primeira fora

do Brasil. Boa leitura! E um Feliz 2013!

quem somos

Associazione Jangada

Os jovens Marina Mansilla, da Argentina, e

Roberto Madera, do Equador, entrevistam o

pesquisador alemão Christoph Bals, do

GermanWatch, durante cobertura da COP18.

quem faz a ViraEvelyn Araripe

O que gAnhAmOs

cOm issO?

AViração é um uma organização nãogovernamental (ONG), de educomunicação,

sem fins lucrativos, criada em março de 2003.Recebe apoio institucional do Fundo das NaçõesUnidas para a Infância (UNICEF), da Organizaçãodas Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), do Núcleo deComunicação e Educação da Universidade deSão Paulo e da ANDI - Comunicação e Direitos.Além de produzir a revista, oferece cursos eoficinas em comunicação popular feita parajovens, por jovens e com jovens em escolas,grupos e comunidades em todo o Brasil.

Para a produção da revista impressa e eletrônica (www.viracao.org),contamos coma participação dos conselhos editoriais jovensde 22 Estados, que reúnem representantes deescolas públicas e particulares, projetos emovimentos sociais. Entre os prêmiosconquistados nesses oito anos, estão PrêmioDon Mario Pasini Comunicatore, em Roma(Itália), o Prêmio Cidadania Mundial, concedidopela Comunidade Bahá'í. E mais: no ranking daAndi, a Viração é a primeira entre as revistasvoltadas para jovens. Participe você tambémdesse projeto. Veja, ao lado, nossos contatosnos Estados.

Paulo Pereira Lima

Diretor Executivo da Viração – MTB 27.300

Conheça os Virajovensem 20 Estados brasileirose no Distrito Federal

Belém (PA)

Boa Vista (RR)

Boituva (SP)

Brasília (DF)

Campo Grande (MS)

Curitiba (PR)

Fortaleza (CE)

Goiânia (GO)

Lagarto (SE)

Lavras (MG)

Lima Duarte (MG)

Maceió (AL)

Manaus (AM)

Natal (RN)

Picuí (PB)

Porto Alegre (RS)

Recife (PE)

Rio Branco (AC)

Rio de Janeiro (RJ)

Salvador (BA)

S. Gabriel da Cachoeira (AM)

São Luís (MA)

São Mateus (ES)

São Paulo (SP)

Vitória (ES)

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Sempre na ViraManda Vê . . . . . . . . . . . . . 06Quadrim . . . . . . . . . . . . . . 08Como se Faz . . . . . . . . . . 10Imagens que Viram . . . . . 22No Escurinho . . . . . . . . . . 30Que Figura . . . . . . . . . . . . 31Sexo e Saúde . . . . . . . . . . 32Rango da Terrinha . . . . . . 33Parada Social . . . . . . . . . . 34Rap Dez . . . . . . . . . . . . . . 35

RG VÁLIDO EM TODO TERRITÓRIO NACIONAL

Revista Viração - ISSN 2236-6806

Conselho EditorialEugênio Bucci, Ismar de Oliveira, Izabel Leão,Immaculada Lopez, João Pedro Baresi, Mara

Luquet e Valdênia Paulino

Conselho FiscalEveraldo Oliveira, Renata Rosa e Rodrigo Bandeira

Conselho PedagógicoAlexsandro Santos, Aparecida Jurado,Isabel Santos, Leandro Nonato e Vera Lion

Presidente

Juliana Rocha Barroso

Vice-Presidente

Cristina Paloschi Uchôa

Primeiro-Secretário

Eduardo Peterle Nascimento

Diretoria ExecutivaPaulo Lima e Lilian Romão

EquipeAmanda Proetti, Bruno Ferreira, ElisangelaNunes, Eric Silva, Evelyn Araripe, Gutierrezde Jesus Silva, Ingrid Evangelista, RafaelStemberg, Sonia Regina e Vânia Correia

Administração/Assinaturas

Douglas Ramos e Norma Cinara Lemos

Mobilizadores da ViraAcre (Leonardo Nora), Alagoas (Jhonathan Pino),Amazonas (Jhony Abreu e Claudia Maria Ferraz),Bahia (Everton Nova e Enderson Araújo), Ceará(Alcindo Costa e Rones Maciel), Distrito Federal

(Mayane Vieira e Webert da Cruz), Espírito Santo(Jéssica Delcarro), Goiás (Érika Pereira e SheilaManço), Maranhão (Nikolas Martins e Maria doSocorro Costa), Mato Grosso do Sul (Fernanda -Pereira), Minas Gerais (Emília Merlini, ReynaldoGosmão e Silmara Aparecida dos Santos), Pará(Diego Souza Teofilo), Paraíba (Manassés deOliveira), Paraná (Juliana Cordeiro e Vinícius

Gallon), Pernambuco (Edneusa Lopes), Rio de

Janeiro (Gizele Martins), Rio Grande do Norte(Alessandro Muniz), Rio Grande do Sul(Roberta Darkiewicz), Roraima (GracieleOliveira dos Santos), Sergipe (Grace Carvalho)e São Paulo (Alisson Rodrigues, VerônicaMendonça e Vinícius Balduíno).

ArteAna Paula Marques e Manuela Ribeiro

ColaboradoresAntônio Martins, Caio César Ferreira, Gisella

Hiche, Heloísa Sato, Márcio Baraldi, Natália

Forcat, Novaes e Sérgio Rizzo .

Projeto GráficoAna Paula Marques e Cristina Sayuri

RevisãoIzabel Leão

Jornalista ResponsávelPaulo Pereira Lima – MTb 27.300

Divulgação

Equipe Viração

E-mail Redaçã[email protected]

26

09

14 Acordos do climaAgência Jovem de Notícias cobre a 18ª edição daConferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas,a COP 18, que aconteceu em Doha, capital do Qatar 18 País do esporte

O Brasil se prepara para sediar importantes eventos esportivos e muitos

são os questionamentos sobre o legado que as obras e os atuais

investimentos deixarão para os brasileiros depois que tudo acabar

28

Cultura de PazColóquio em São Luís (MA) promove diálogo com entidades queatuam na promoção da cultura de paz no Brasil e no mundo

Juventude em cenaElementos da cultura marginal e do hip hop fazem parte de peçade teatro que aborda o sonho e a identidade do jovem da periferia

12 Educação inovadoraVirajovens de Natal entrevistam coordenadora pedagógica deescola estadual da capital potiguar que rompeu com o modelotradicional de séries e grade curricular

Planeta em pautaSeminário de Justiça Socioambiental de Mudanças

Climáticas acontece em São Leopoldo (RS) para discutir

desafios e compromissos com o planeta

24 Direito à cidadeViolência e criminalidade são os temas de maiorpreocupação entre a juventude do Pará, de acordocom pesquisa

29 Vai malEm um ranking que avalia a educação de 40 países, Brasil ficaem penúltima posição. Reportagem indica possíveis explicaçõespara este indicativo

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A Vira pela igualdade. Diga lá. Todas e todos Mudança, Atitude e Ousadia jovem.

Diga lá

Mande seus comentários sobre a Vira, dizendo o queachou de nossas reportagens e seções. Suassugestões são bem-vindas! Escreva para Rua Augusta,1239 - Conj. 11 - Consolação - 01305-100 - São Paulo(SP) ou para o e-mail: [email protected] -Aguardamos sua colaboração!

Parceiros de Conteúdo

Para garantir a

igualdade entre os

gêneros na linguagem

da Vira, onde se lê

“o jovem” ou “os

jovens”, leia-se

também “a jovem”

ou “as jovens”, assim

como outros

substantivos com

variação de masculino

e feminino.

Agora você pode acessar,

de graça, as edições anteriores

da revista na internet:

www.issuu.com/viracao

Na edição passada (dezembro/2012), saiu a

seguinte chamada na capa da revista: “Escolha por

onde começar! Edição ‘virada’ e com duas capas”.

Ela saiu por engano, mas no arquivo final da

revista, enviado para a gráfica que imprimiu as edições 90 e 91 em

Brasília, a chamada havia sido apagada pela nossa equipe de arte.

No entanto, a gráfica parece ter ignorado a correção e imprimiu a

primeira versão enviada. As edições de novembro e dezembro de

2012 foram impressas na capital federal por conta de um acordo

entre Viração e Ministério da Saúde, que se responsabilizou pela

impressão desses dois números. Inclusive, os atrasos no

recebimento das revistas foram causados por conta da logística do

envio dos exemplares. Por tudo isso, pedimos desculpas!

Ponto G

E também confiraa página daViraçãoEducomunicaçãono Facebok.

A ViraçãoEducomunicaçãorecuperou o seuperfil original noTwitter. Volte anos seguir pelo@viracao.

Que legal, Junior! Vocêpoderia fazer um texto

falando sobre a Coletividade PontoCerto ou essa atividade que você faz

em Barretos para ser publicado no siteda Agência Jovem de Notícias

(agenciajovem.org). O que você acha?Se topar, pode fazer essa matéria com

outras pessoas. As nossas matériassão jovens e colaborativas.

Fale com a gente!

Perdeu algumaedição da Vira?Não esquenta!

Ops! Erramos!

Via Facebook

Queria saber como faço paraparticipar da Viração. Faço

atividades uma vez por ano emBarretos, no Hospital do Câncer.Gosto também de participar da

Coletividade Ponto Certo e de ajudarquem mais precisa.

Junior de Paula

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Page 6: Revista Viração - Edição 92 - Janeiro/2013

Manda Vê

Você acreditou que o mundofosse acabar em 2012?

Sammy Eduardo,24 anos, São Paulo (SP)

“Acredito que se fosse realmentealgo alarmante todos nós já

saberíamos, e com a tecnologia que omundo possui hoje possivelmente nosprepararíamos. Eu particularmente não

conheço muito a crença Maia, masprecisava conhecer melhor para

saber no que eles sebasearam.”

Aline CzezackiKravutschke, 18 anos,

Ponta Grossa (PR)

“Não. Sempre fica um medinho de serverdade, mas me distraí tanto queacabei nem me lembrando muito

dessa história. No dia 21/12, só meliguei quando a minha mãe falou

no carro. Senão nem terialembrado.”

Lucyomar FrançaNeto, 18 anos,Cuiabá (MT)

“Nunca acreditei que o mundo fosseacabar. No começo, fiquei um pouco

assustado, mas depois de ler umpouco mais sobre o calendário Maia,

vi que era apenas o fechamentode um ciclo, que seria como

um final de ano.”

Bruno Ferreira, da Redação

O calendário Maia terminou no dia 21 de dezembro de 2012. Para muitos supersticiosos, isso era uma clara

indicação do fim do mundo. Tragédias aconteceriam em todas as partes do planeta, levando à sua total

destruição e, consequentemente, ao fim da vida na Terra. Mas o mundo não acabou! Nem um tremorzinho sequer

foi noticiado pela imprensa mundial, que estava atenta ao mínimo sinal de tragédia em grandes proporções.

A ideia de fim dos tempos é antiga e se renova com o passar do tempo, mas sempre há quem acredite que o

planeta terá, futuramente, um último dia trágico e avassalador, ou então, que no mínimo algum fenômeno

inesperado aconteça. Por isso, a Vira pergunta aos jovens:

06 Revista Viração • Ano 10 • Edição 92

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Karolyne Canuto,16 anos, João Pessoa (PB)

“Não acreditei, mas acho que seum dia acontecer só Deus sabe.Muitas pessoas se prevenirampara esse tal acontecimento,mas acho isso uma extrema

babaquice.”

Érick Rocha, 17 anos,Boa Esperança (ES)

“Não acreditava por duas coisas.Primeiro que Deus disse que não

haveria dia e nem hora pra o fim, esegundo porque eu estudei história eos Maias deixaram bem claro no seu

calendário que no dia 21/12/2012seria o início de uma nova era

e não o fim do mundo.”

Camila Rodrigues,25 anos, São Paulo (SP)

“Eu não acreditei não. Nãosei se existe a

possibilidade do mundoacabar. Não se pode

prever isso.”

Muitos são os filmes dos Estados Unidos que

abordam um final trágico para todas as formas

de vida da Terra. Em um dos mais recentes,

2012, do diretor Roland Emmerich, realizado em

2009, o núcleo do planeta sofre um aquecimento

em ritmo acelerado, provocando inúmeros

desastres, como erupção de vulcões, tsunamis e

terremotos. Nesse contexto, uma família, heroicamente,

escapa de todas as tragédias e chega à China, onde

existem navios de alta tecnologia construídos para salvar

uma parcela de pessoas e animais, para a construção de

uma nova geração posterior à tragédia mundial.

Túlio Próspero,26 anos, São Paulo (SP)

“Não achei que o mundo fosseacabar por acreditar mais na

ciência do que em superstições.Não havia nenhum fato

concreto do campo científicoprevendo essefenômeno.”

Supersticiosos interpretaram profecias como a do

alquimista francês Nostradamus, que viveu entre

1503 e 1566, com o fim dos tempos. A Bíblia

Sagrada contém o livro do Apocalipse, palavra

que apesar de significar “revelação”, de origem

grega, fez com que muitos acreditassem ou ao

menos temessem o fim do mundo no ano 2000. Alguns

historiadores afirmam que por volta do ano 1000 depois

de Cristo, muitas regiões do planeta viveram um

momento de caos, por acreditarem que o primeiro

milênio da era cristã representaria o fim de tudo. A

crença apenas parece se reafirmar a cada mil anos...

FazParte

Não é de hoje!

Gleison Souza,23 anos, Teresina (PI)

“Eu não acreditei. Mas não porlevar em consideração

conhecimentos científicos e sim,bíblicos. Acho que algo criado comtanta grandeza, não teria um tempo

limite para parar de existir e sehouvesse, não seria o homem que

determinaria isso e sim quemo criou, ou seja, Deus.”

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Nobu Chinen, crítico de quadrinhos

Baixinha, esperta, às vezes geniosa, quase sempre simpática. Assim é Mafalda,

a mais famosa personagem dos quadrinhos latino-americanos, criada pelo

desenhista argentino Joaquin Salvador Lavado, mais conhecido como

Quino, que estreou em 1964 no semanário Primera Plana, de Buenos Aires,

capital da Argentina.

As tiras narram o cotidiano de um grupo de crianças típicas da classe

média argentina, numa época marcada pela contracultura, o poder mundial dividido entre

Estados Unidos e União Soviética e as ditaduras militares começando a dominar diversos países

da América Latina.

Mafalda é a idealista da turma: contestadora, rebelde, revolucionária. Manolito é filho do

dono da mercearia e já demonstra um espírito reacionário e mercantilista. Felipe é o eterno

sonhador, leitor inveterado de quadrinhos e grande fã do Zorro. Susanita é uma garota fútil e

materialista. Posteriormente, Quino introduziria outros

personagens como Miguelito e Libertad.

São todos crianças que questionam o mundo adulto e

suas contradições de forma nem sempre ingênua, em

situações provocativas e cheias de humor.

O sucesso de Mafalda atravessou fronteiras e a série

foi publicada na Itália, França, Espanha, Portugal e em

vários países da América Latina.

Quino parou de fazer a série em 1973 para se dedicar

a cartuns mudos de humor universal. No entanto,

Mafalda continua sendo seu maior sucesso e vive sendo

reeditada em diversos formatos. Há coletâneas em

livrinhos horizontais, em livros de bolso e até em álbuns

de luxo. Um deles, o volumoso Toda Mafalda, foi publicado

no Brasil pela editora Martins Fontes e traz da primeira à última tira publicada da personagem.

Mafalda, aparentemente, é uma das personagens prediletas dos elaboradores de exames

vestibulares ou de avaliação de ensino como o ENEM, pois quase todos os anos, cai uma

questão que tem como tema uma tira da personagem.

ib

kQuadrim

Por que é legal ler?A série já se tornou um clássico

que vale a pena conhecer por ser uma

obra duradoura. Além disso, toca em

temas e problemas sociais comuns

aos países latino-americanos.

V

Mafalda,a garotinha argentinaque conquistou o mundo

Por que é legal ler?Mafalda e seus amiguinhos são,

acima de tudo, personagens divertidos.

Mesmo passados quase 40 anos desde que

parou de ser publicada, a série continua

mantendo a mesma graça e o frescor de

uma criança que descobre o mundo, com

questionamentos atuais.

Para ler e refletirMuitas vezes, por trás de

uma simples tira de inocente

humor infantil se esconde uma

crítica bastante ácida à realidade

política e social de um país e até

de um continente.

Imag

ens: D

ivulg

ação

08 Revista Viração • Ano 10 • Edição 92

quadrim_92:Layout 1 08/01/2013 15:49 Page 9

Page 9: Revista Viração - Edição 92 - Janeiro/2013

Desenvolvimento, sustentabilidade, consumo, justiça

socioambiental entre outros temas orientaram o

Seminário Justiça Socioambiental e Mudanças Climáticas:

Desafios e Compromissos, que aconteceu entre os dias 20 e

22 de novembro de 2012 na Escola Superior de Teologia, em

São Leopoldo (RS). A proposta do encontro foi refletir sobre o

contexto de injustiças e de degradação ambiental, bem como

perceber e assumir desafios para a promoção de justiça

socioambiental.

A mesa de abertura do seminário reuniu pessoas que

atuam em prol da justiça Socioambiental e mudanças

climáticas. Uma delas foi a representante do Movimento

Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis, Maria Tugira

da Silva, que falou sobre a importância de se realizar espaços

como esses para que as pessoas de diversos grupos sociais e

idades tenham acesso à informação sobre sustentabilidade,

agricultura familiar, entre outros temas.

Paineis, palestras e atividades em grupo levaram os

presentes à reflexão sobre mudanças climáticas, com a

abordagem de contextos históricos e das problemáticas da

atualidade, como o consumo excessivo. Durante o seminário,

foi entrevistada a socióloga Ana Mercedez Icazca, do Núcleo

de Economia Alternativa da Universidade Federal do Rio

Grande do Sul (UFRGS). Ela acredita que o termo

“desenvolvimento sustentável” é contraditório. “Se

entendermos que o desenvolvimento está pautado por uma

perspectiva de crescimento, então não existe

sustentabilidade. Mas na verdade, teríamos que falar

mais em qualidade de vida, bem estar e bem viver do

que no desenvolvimento sustentável, porque ele pode

vir a ser usado como uma maneira de disfarçar a

própria contradição de uma ideia em que o crescimento

econômico está como o centro”, comenta a socióloga.

Entre as principais atividades do seminário, destacam-se a

elaboração de propostas pelos participantes. “Percebemos

que há a necessidade de pluralizar o conceito de

desenvolvimento e de exercitar novas formas de produção e

outros modelos de economia. Práticas exitosas relacionadas à

justiça socioambiental e gestão de riscos a partir da sociedade civil

confirmam que a vida se sustenta na diversidade, na reciprocidade e

na pluralidade. Há várias formas de ser no mundo”, afirma a carta.

O seminário contou com a participação de 120 participantes de

seis Estados brasileiros. O evento foi realizado pela Fundação

Luterana de Diaconia (FLD) e Centro de Apoio ao Pequeno Agricultor

(CAPA), com o apoio de entidades da sociedade civil.

Revista Viração • Ano 10 • Edição 92 09

V

Leia a íntegra da Carta Final do Seminário de Justiça

Socioambiental no site da Agência Jovem de Notícias,

pelo link: http://bit.ly/Carta_Final_Seminário

Painel reúne participantes do seminário

para a construção da carta final

Douglas Moreira e Joaquim Oliveira Moura (RS), Danuse Queiroz (DF) e

Reynaldo de Azevedo (MG), integrantes da Renajoc em São Leopoldo (RS)

Seminário sobre Justiça Socioambiental e Mudanças Climáticas

termina com propostas para amenizar os danos ao clima do planeta

Responsabilidadesocioambiental em pauta

seminario_92:Layout 1 10/01/2013 15:30 Page 1

Page 10: Revista Viração - Edição 92 - Janeiro/2013

V

Como se faz

Um jeito animado, interativoe criativo de coletar opiniões

Jornal HumanoAmbulante

Passo a passo

1. Começando: recrute amigos que possamcolaborar e fazer a discussão do tema deinteresse do grupo.

2. Pensando a temática: elabore uma pergunta, deforma clara e direta. Pense qual será a utilidadedo jornal ambulante e a quem vai se destinar. Issoé importante para elaboração da pergunta.

3. Produção da arte: recorte o papel craft oucartolina em formato de uma grande camiseta.Pegue um bom pedaço do papel, dobre-o ao meioe recorte uma gola, por onde vai passar suacabeça. É importante tirar a medida nas pessoasque forem vestir. Você pode ainda decorar suacamiseta de craft com desenhos e colagens. Apergunta pode ser escrita a mão ou colada, comletras recortadas de jornais e revistas. Lembre-sede deixar espaço para as pessoas responderem.

4. Hora da intervenção: defina com o grupo olocal e o melhor horário para circular comjornal humano em lugares públicos comopraças, escolas, estações de trens, aeroporto,rodoviárias ou eventos. É importante semprepensar a pergunta relacionada ao público.

5. O contato: na hora da intervenção busqueinteragir com as pessoas para que elas possamconvidar seus amigos a participar.

6. Finalização: ao final digite as respostas epublique-as com fotos da atividade no seu facebook,blog ou fanzine!

Elisangela Nunes Cordeiro e Bruno Ferreira, da Redação

OJornal Mural Ambulante, ou Jornal Humano

Ambulante, foi uma ideia que a Rede Nacional de

Adolescentes e Jovens Comunicadores (Renajoc)

teve durante a cobertura da 2ª Conferência Nacional de

Juventude, que aconteceu em Brasília, em dezembro de

2011. Os jovens se inspiraram nos homens-placa,

profissionais que vestem anúncios diversos e circulam

nos centros de grandes cidades.

Em uma reunião de pauta, um dos jovens sugere:

“Que tal sair pela conferência de homem-placa com uma

pergunta? Vamos nos vestir de papel craft”. Os mais

tímidos usaram máscaras, também feitas de craft, para

sair circulando com canetões em mãos.

A intervenção chamou a atenção e passou a ser

replicada em outros eventos e contextos. Com ele, foi

possível a produção rápida de uma matéria e contou com

a participação dos jovens presentes na conferência, que

responderam perguntas como: “O que é ser jovem?”, “O

que você traz

na mala?”.

O grupo

sempre escolhia

o horário do

almoço para a

atividade. Era

nesse momento

que os jovens

deixavam sua

opinião em

diferentes

formatos: poesias, frases, palavras, desenhos... Saiba

como produzir um jornal humano ambulante para você

coletar opiniões na sua escola e em outros locais!

como_se_faz_92:Layout 1 10/01/2013 14:50 Page 11

Page 11: Revista Viração - Edição 92 - Janeiro/2013
Page 12: Revista Viração - Edição 92 - Janeiro/2013

Isadora Morena e Alessandro Muniz, do Virajovem Natal (RN)*

Galera

Inicia-se o movimento de Escola Moderna, com

a fundação da Escola Moderna de Barcelona por

grupo de ativistas, pedagogos e apoiadores,

entre eles Francisco Ferrer e Anselmo Lorenzo

1901

12 Revista Viração • Ano 10 • Edição 92

O pensador francês Celestin Freinet

criou uma cooperativa de trabalho com

professores, que suscitou o movimento

da Escola Moderna na França

1924

Cláudia funda juntamente

com uma cooperativa de

professores a Escola Freinet

em Natal (RN)

Uma escola diferente das outras. Com capacidade máxima para 120 crianças, localizada em uma

pequena casa cedida pela Maçonaria, no Bairro de Nova Descoberta, em Natal (RN). A Escola

Estadual Hegésippo Reis possui apenas três salas, uma Biblioteca e um pátio, além da parte

administrativa e cozinha. Mas nela se realiza uma educação transformadora, entre o 1º e o 5º ano

do ensino fundamental, com o Projeto Casa de Saberes.

A escola tem grande atuação no incentivo à leitura, com o projeto Bairro Leitor, vencedor em

2010 do concurso Escola de Leitores, do Instituto C&A. Integra a Rede Potiguar de Escolas

Leitoras, tem parceria com o Instituto de Desenvolvimento da Educação (IDE) e Instituto C&A.

Possui ainda um jornal e uma rádio escolar, entre vários outros projetos.

A coordenadora da escola, Cláudia Santa Rosa, nossa entrevistada, é também

professora no curso de Pedagogia da Universidade Potiguar e fundadora do IDE. Confira

o bate-papo a seguir!

Como surgiu a ideia de mudar o modelo da escola?

Quando cheguei na Hegésippo, em 2006, para assumir o cargo de

coordenadora, me choquei com a realidade. Era um estado de penúria.

Lembrava tudo, menos uma escola. As pessoas não se entendiam, não

conviviam, disputavam entre si. Existia um quadro pouco favorável para um

ambiente escolar harmonioso.

Questionei se a escola tinha projeto político-pedagógico e como era a

participação das famílias, e me disseram que fazia um ano e meio

que não aconteciam reuniões com os responsáveis das crianças. A

Nada de séries ou disciplinas. A Casa de Saberes vai além do modelo

escolar tradicional e dá exemplo de educação pública de qualidade

Repórter

Linha do Tempo

Educar paraa transformação

1996

galera_reporter_92:Layout 1 11/01/2013 14:10 Page 26

Page 13: Revista Viração - Edição 92 - Janeiro/2013

Site da Casa de Saberes: http://www.casadesaberes.com.br/

Blog da professora Cláudia Santa Rosa: www.claudiasantarosa.com

Confira ainda um documentário sobre Educação não tradicional:

http://migre.me/cspSz

partir disso e da necessidade de melhorar o espaço físico, fomos

discutindo a questão pedagógica. Se os estudantes não estão

aprendendo, se não estamos satisfeitos com os resultados, por

que é que temos que insistir em um mesmo modelo? Dessas

perguntas começamos a discussão sobre o modelo escolar.

Quais são as diferenças entre o projeto

pedagógico da escola e a educação

tradicional?

O projeto Casa de Saberes estimula o

protagonismo das crianças, a vivência na

cidadania, as práticas solidárias, o lidar com a

informação de forma questionadora.

Entendemos a Educação na perspectiva

defendida pelo grande educador Paulo Freire,

ou seja, educação como prática de liberdade.

Isso envolve as dimensões política, técnica e

ética. Orientamos para que as crianças se

relacionem eticamente, com um quadro de

direitos e deveres para que lutem em defesa

dos seus direitos e conheçam o acervo cultural capaz

de empoderá-las na vida.

Isso não é fácil, porque o projeto esbarra na

formação autoritária e individualista que nós, os

adultos, experimentamos. O modelo hegemônico de

escola pensa de forma homogênia, imaginando os

estudantes todos iguaizinhos, aprendendo do mesmo

jeito de acordo com o que o professor verbaliza.

Como isso funciona na prática?

Trabalhamos em grupos,

nos quais existem crianças de

diferentes idades. Elas podem

mudar de grupo em qualquer

época do ano. O estudante

tem cinco anos para circular

pelos grupos. Existem

momentos em que todos

fazem a mesma atividade, mas

em outros, cada um atua de

acordo com os objetivos

individuais que querem atingir.

Em cada turno, todas as crianças passam por todos os

professores. Eles estão divididos por salas, em oficinas de

números, projetos, linguagens e a biblioteca. De acordo com o horário, os

grupos passam por essas salas. As crianças são divididas por equipes de

responsabilidade e programam coisas para melhorar e organizar a escola.

Também realizam conferências e seminários, participam de audiências

públicas, fazem pronunciamentos e discursos.

Por meio do programa Mais Educação, do MEC, ampliamos o tempo na

Escola, oferecendo oficinas de

dança, rádio escolar, letramento,

desenho, judô e musicalização. Há

atividades de interlocução com o

bairro, durante campanhas

educativas e eventos literários.

Como foi a resposta da

Secretaria de Educação à mudança

de modelo escolar?

No início do projeto, em 2007, a

Secretaria nos convidou para

apresentar o projeto para

professores, gestores e

coordenadores das escolas

de Natal. Anos mais tarde,

uma secretária questionou

sobre quem teria autorizado

a escola a funcionar de um

jeito diferente de todas as

outras. Tivemos de remetê-la

à Lei de Diretrizes e Bases da

Educação Brasileira, uma das

mais avançadas do mundo, que

dispõe sobre a autonomia das

escolas para gestarem os seus

projetos e sobre as múltiplas

formas de organização da escola.

Como é realizada a formação dos professores

para que estejam aptos a trabalhar na perspectiva

do projeto?

De forma contínua. Temos uma jornada pedagógica

com alguns dias concentrados no início do ano letivo e

os demais uma vez por mês. Além disso, trocamos

textos, indicações de livros. Ou seja, a formação

acontece na escola, como deve ser. Também trazemos convidados,

inclusive de outros países, para nutrirem a equipe.

Revista Viração • Ano 10 • Edição 92 13

V

“O modelo hegemônico de escolapensa de forma homogênia,

imaginando os estudantes todosiguaizinhos, aprendendo do

mesmo jeito de acordo com o queo professor verbaliza.”

Cláudia Santa Rosa

Início do projeto Casa de

Saberes, da Escola Estadual

Hegésippo Reis, no bairro de

Nova Descoberta, em Natal (RN)

2007

Muitos escritores são convidados para visitar a

escola e conversar com as crianças sobre literatura

e leitura, entre eles, a poetisa Roseana Murray

Blog de Cláudia Santa Rosa

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ssan

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*Virajovens presentes em 20 Estados do País e no Distrito Federal

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14 Revista Viração • Ano 10 • Edição 92

Imagine a seguinte situação: você sai com os seus amigos para umbar ou restaurante. Vocês são um grupo grande, de muitas pessoas,que juntas consomem petiscos, comidas, bebidas... Alguns

consomem mais e outros, menos. Aos poucos, algumas pessoascomeçam a ir embora e pagam parcialmente a conta com base no quejulgaram consumir. No final, restam apenas algumas pessoas do grupoe na hora de pagar definitivamente a conta vem a surpresa: um valoraltíssimo, que ninguém quer assumir. Você já passou por essasituação? Se sim, saiba que em se tratando de negociações do clima a

situação é bem parecida com essa.Entre 26 de novembro e 7 de dezembro de 2012,

negociadores de 193 países se reuniram em Doha, capitaldo Qatar, para a Conferência das Nações Unidassobre Mudanças Climáticas, a chamada COP18.

A sigla COP vem de Conferência das Partes, ouseja, dos países membros das Nações Unidas (ONU).

O número 18 é porque esse foi o 18º ano em que essespaíses se reuniram para negociar a redução das emissões dos gases

que causam o aquecimento do planeta e resultam em alteraçõesclimáticas que levam a desastres como furacões e alagamentos.

Sim, já faz 18 anos que essas nações se reúnem para encontraruma solução.

No entanto, a situação é parecida com a citada no primeiroparágrafo. Países desenvolvidos como Estados Unidos, Canadá,Austrália e os da Europa consumiram historicamente muitos recursosda natureza em nome do crescimento econômico. Na época, semgrandes preocupações ambientais, esses países se desenvolveram acusta da destruição da natureza. Mas no início da década de 1990,perceberam que o planeta estava em risco e que era necessário chegara um consenso.

Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas revela a dificuldade dos países

em assumir seus compromissos e ainda pagar uma conta ambiental que ameaça o planeta

Chiara Zanotelli (Itália), Danaé Espinoza (México),

Evelyn Araripe (Brasil), Marina Mansilla (Argentina)

e Roberto Madera (Equador), da Agência Jovem de

Notícias Internacional na COP18

Uma contadifícil de ratear

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O crescimentodesenfreadoaumentoudrasticamente aemissão de gasespoluentes que, porsua vez, estimularamo aquecimento datemperatura médiado planeta. Oderretimento dascalotas polares,aumento dos níveisdos mares emudanças no clima com muitas chuvas em algunslugares, muita seca em outros, são algumas dasconsequências desse fenômeno. Mas, assumir oproblema não significa pagar a conta! E é essecenário que percebemos nesta edição da COP 18: ospaíses desenvolvidos sabem que, desde o início, sãoos grandes responsáveis pelas tragédias climáticas,mas na hora de pagarem pelo prejuízo, o diálogonão é tão fácil assim.

De outro lado, estão os países emdesenvolvimento, como o Brasil, que apesar deterem começado a “brincadeira” do crescimentoacelerado posteriormente, hoje em dia crescemmais rápido que muitos países desenvolvidos, etambém começam a figurar entre a lista dosmaiores poluidores mundiais.

Brasil, China e Índia, por exemplo, já pertencemao grupo dos maiores responsáveis pelas emissõesde gases poluentes do planeta. “Mas muitos paísesdesenvolvidos, para reduzir as suas emissões,exportaram as suas empresas para os países emdesenvolvimento como o Brasil e China”, explica oembaixador André Correa do Lago, um dos chefesda delegação brasileira na COP18.

Ele ainda diz que a China produz hojesuprimentos para todo o planeta. “Não seria corretojogar toda a culpa das emissões na China, pois se elaestá poluindo é para abastecer todo o planeta.Então, todos têm que assumir a responsabilidade nahora da China reduzir as suas emissões.”

Assim, na teoria, tudo pode até parecer fácil. Masé na hora da prática que os países revelam o seu ladomais egoísta. Adotar um modelo de “DesenvolvimentoSustentável”, que implica em reduzir emissões e sedesenvolver sem agredir o meio ambiente, tem sidoum grande desafio para o planeta.

Em Doha isto ficou claro: em vez de negociareme chegarem a um acordo comum, os paísespreferiram jogar a culpa de um para o outro. Eracomum o diálogo: “Os países desenvolvidos foramos que começaram com o problema. Por isso têmque ser os primeiros a pagar pelo prejuízo”. Ospaíses desenvolvidos, por sua vez, rebatiam: “Mashoje, os países em desenvolvimento poluem tantoquanto nós e também precisam assumir seus

Revista Viração • Ano 10 • Edição 92 15

compromissos”. E nesse jogo de ver quem é queassume a conta, as negociações não avançam.

O que estava em jogo

Em Doha, eram três negociações diferentesque estavam em jogo. A primeira era o Protocolode Quioto, acordo criado em 1997, em que ospaíses desenvolvidos assumiam metas de reduçãode suas emissões. Na época, foi decidido que 2012seria o último ano do acordo, ou seja, quando asmetas deveriam ter sido alcançadas. Mas ao longodos anos os países não levaram o Protocolo tão asério. Estados Unidos, o maior poluidor na época(logo, o grande vilão), sequer chegou a ratificaro documento.

Assim, chegamos em 2012 com pouco, ou quasenada, do dever cumprido, o que estimulou osnegociadores a chegarem à COP18 com a proposta decriação de um segundo período do Protocolo. Nele, ospaíses em desenvolvimento também teriam queassumir metas de redução.

No entanto, as dúvidas que pairam sobre asegunda fase do Protocolo é sobre quando ele

entraria em vigor e qual seria o prazofinal para o cumprimento

das novas

Durante toda a COP, campanha liderada pelosjovens convidava as pessoas a ser parte da solução

Chefe da delegação filipina Yeb Saño participa demanifestação que cobrava mais ousadia nas negociações

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16 Revista Viração • Ano 10 • Edição 92

V

metas. As responsabilidades dos países em desenvolvimentotambém era objeto de questionamento, pois até então nãotinham metas obrigatórias de redução. Para colocar aindamais lenha na fogueira, havia ainda os países que nãoconcordavam com o segundo período do Protocolode Quioto.

Paralelamente, aconteciam mesas de negociação quejá acontecem há anos, em edições anteriores da COP.Uma delas foi a Long-term Cooperative Action (LCA),acordo criado em 2007, em Bali, capital da Indonésia,durante a COP13. Esse acordo criou, entre outras coisas,o Fundo Climático Verde, em que países desenvolvidosinvestiriam bilhões de dólares para que os países emdesenvolvimento se adaptassem para um crescimentoeconômico sustentável. Rolou também a discussão acercado GDP – Plataforma Durban, documento fechado naCOP17, em Durban, na África do Sul, que resumidamente

seria um novoprotocolo paraunir o Protocolode Quioto e oLCA em umpacote só.

Também foidefinido viaGDP que essenovo protocoloteria datalimite paraficar prontoaté 2015 epassaria avaler a partirde 2020.Enquantoisso, o

segundo período do Protocolo deQuioto teria que dar conta do recado.

Mas no fim das contas, muito pouco avançou. A segundafase do Protocolo de Quioto foi aprovada, ainda cheia debrechas técnicas que precisam ser esclarecidas na próxima COP,que vai ocorrer em Varsóvia, na Polônia, em 2013.

Do LCA, os países desenvolvidos se comprometeram arepassar 60 bilhões de dólares aos países em desenvolvimentovia Fundo Climático Verde, mas não ficou evidente quando ecomo isso será feito. E a Plataforma Durban arrasta a suamissão também para a Polônia.

Segundo Luiz Alberto Figueiredo, embaixador-chefe dadelegação brasileira, apesar das decisões de Doha pareceremfrustrantes, elas demonstram a dificuldade de um processo denegociação do clima. “Não é fácil fazer 193 países chegarem aum consenso, por isso as negociações são demoradas e elassempre serão”, afirma.

Figueiredo ainda destaca que muita gente fica insatisfeitacom os resultados da COP, principalmente a sociedade civil,porque existe a expectativa de que as negociações assumamum viés e um comprometimento ambiental. “Em uma COP, nósdiscutimos desenvolvimento, economia, sob a ótica dodesenvolvimento sustentável, do crescer sem comprometer oplaneta, mas nós sempre estaremos aqui para discutirdesenvolvimento”.

Youngo LatinoJovens latino-americanoscomeçaram a construir umaplataforma latina de formaçãode jovens para as negociações

climáticas. Com isso, elespassam a ter mais participação

e representação dentro daYoungo – a constituição dos

jovens dentro das Nações Unidas paradefender e expressar as opiniões

da juventude sobreas negociações.

Nos bastidores da COP

Marcha ClimáticaJovens de países

árabes organizarama primeira marcha

autorizada emum país árabe. A

ação foi um marco esímbolo da abertura

gradativa doQatar para a

democracia.

SuperFulanito

O repórter mais famosoda Agência Jovem de

Notícias na COP18 foium personagem muito simpático. Durante duassemanas ele produziu vídeos, reportagens e fez

entrevistas com gente muito importante naConferência do Clima. Com linguagem simples

e divertida, Super Fulanito foi referênciapara crianças e adolescentes latino-

americanos sobre o temamudanças climáticas.

Manifestação com jovens de vários países sugeria

impostos bancários que poderiam ser revertidos à

transição para uma economia mais sustentável

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18 Revista Viração • Ano 10 • Edição 92

Capa

Webert da Cruz, Bárbara Oliveira e Carolina Lima, do Virajovem Brasília (DF); Vinícius Balduíno,

do Virajovem São Paulo (SP); Jackson Boa Ventura, do Virajovem Rio de Janeiro (RJ); Joaquim

Moura, do Virajovem Porto Alegre (RS)*; Rafael Stemberg e Bruno Ferreira, da Redação

Ilustrações: Caio Cesar M. Ferreira

Oesporte traz muitos benefícios, tantofísicos, quanto cognitivos e sociais. Eesses benefícios foram reconhecidos

como direito por legisladores e pelasociedade quandoforam elaboradosdois importantesdocumentos doBrasil: aConstituiçãoBrasileira e oEstatuto da Criançae do Adolescente.O Brasil sediarágrandes eventosesportivos nessadécada. Momentomais que hábil paradiscutir esse direito,que não é tãolevado a sério.

Pretende-se ter o esporte como um dosprincipais temas debatidos no Brasil porconta dos eventos que o País sediará nospróximos anos, como a Copa dasConfederações este ano; a Copa do Mundo,em 2014; e os Jogos Olímpicos, em 2016. Eisso pode trazer ao esporte a seriedade eamplitude junto ao povo brasileiro, para aelaboração de políticas públicas,regulamentações e investimentos, quepassem a beneficiar as pessoas comuns detodo o Brasil nas próximas décadas.

“Precisa-se estruturar políticas paragarantir, ano após ano, com monitoramentoe avaliação, a prestação de serviços deesporte nos municípios. Garantirmetodologias adequadas para cada público erecursos para viabilizar as ações na práticacom as leis necessárias para integrar asinstâncias federal, estadual e municipal da

gestão pública, como também a integraçãoentre os setores sociais: educação, saúde,segurança etc”, sugere Ana Moser, ex-

jogadora devôlei, que apósdeixar asquadras criouo InstitutoEsporte eEducação,entidade deassistência acrianças eadolescentese ainda auxiliana formaçãodeeducadorescom a

metodologia de esporte educacional.Mas as articulações que visam estruturar

o País para sediar os eventos esportivos quevão acontecer em diversas cidadesbrasileiras não parecem que deixarão umlegado social positivo. Corre-se o risco degastar muita grana e energia somente pararealizar eventos e não em desenvolver oesporte para brasileiros.

“O fato de ter Educação Física nasescolas não significa que o direito aoesporte está garantido”, exemplifica IsraelVictor, de 17 anos, morador da cidadeEstrutural (DF). Ele diz que não é contra osmegaeventos, mas contra a populaçãosofrer com o orçamento públicoexclusivamente voltado para eles.

O esporte também é educação e lazer.O governo precisa priorizar políticaspúblicas de esporte dentro das açõesprioritárias de maior demanda social,conforme acredita a jovem Raquel

Vai valera pena?

O governo tem investido pesado para sediar eventos

esportivos internacionais a partir deste ano. Mas será que

o legado desses investimentos será positivo para o Brasil?

Estádio Nacional, em Brasília,

está sendo construído para

sediar partidas da Copa de 2014

Car

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ma

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Revista Viração • Ano 10 • Edição 92 19

Ferreira, de 23 anos, também moradorade Estrutural (DF): “Não tem tido tantoinvestimento em crianças eadolescentes quanto em Copa”.

Além da falta de políticas queestimulem a prática do esporte, aimplantação dos projetos deinfraestrutura (serviços de mobilidadeurbana, hotéis, aeroportos e ampliaçãodas redes de comunicação) exigevelocidade recorde que, muitas vezes,pode violar e ameaçar direitos demuitos grupos sociais com ajustificativa de ter que entregar asobras em 2014, a tempo de sediar oevento da Federação Internacional deFutebol Associado (Fifa).

Em material produzido peloInstituto Pólis sobre a violação dedireitos durante a realização demegaeventos, a execução dessasgrandes obras “desconsideram,muitas vezes, os impactos a seremgerados na comunidade atingida, alémde não disponibilizarem informaçãoaos envolvidos, intensificandoproblemas sociais e desrespeitando osdireitos humanos.”

Pólis lança cartilha para ajudar grupos sociais ameaçados com megaeventosPara sensibilizar, informar e capacitar grupos sociais urbanos vulneráveis e ameaçados com os futuros

eventos internacionais, o Instituto Pólis, em parceria com a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência daRepública, criou a cartilha Conhecendo o direito: Proteção e garantia dos direitos humanos no âmbito demegaprojetos e megaeventos.

Com linguagem acessível, o material traz informações sobre direitos humanos, participação popular, atoresenvolvidos, instrumentos para proteção e defesa de direitos. A cartilha também apresenta formas de reparaçãodo que foi violado, como um modelo de representação que pode ser encaminhado ao Ministério Público e formasde propor uma ação popular.

“Este material contribui no fortalecimento dos direitos humanos como instrumento transversal das políticaspúblicas e de interação democrática, e espera-se que a sociedade possa exigir, criticar, propor e fiscalizar asações do Estado e da iniciativa privada, em consonância com as diretrizes constitucionais, do Estatuto da Cidadee do 3º Plano Nacional de Direitos Humanos”, diz trecho da apresentação do material, que pode ser baixadogratuitamente no link bit.ly/CartilhaPolis.

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Na periferia de São Paulo..."Itaquera" é um termo proveniente da língua tupi, que significa "pedra

dormente". Mas com a confirmação da Fifa de que a Copa do Mundo de2014 será no Brasil, a pedra dormente foi acordada e virou mais umcanteiro de obras na cidade de São Paulo.

A região sofre com as modificações. Até então conhecida comoperiférica e de baixa renda, movimentada apenas pelo caos dostransportes públicos e pela lotação do metrô Itaquera, hoje se vê comoa grande promessa de São Paulo para 2014, com a chegada do Estádiodo Sport Club Corinthians Paulista, que recebe alto investimento. Alémdisso, estão em fase de construção umterminalrodoviário, umparque linear euma escolatécnica federal.

Todas essasobras dividemopiniões demoradores. Háos que achamque obairro estámelhorando, masoutros acreditamque Itaqueranunca mais seráa mesma. Depoisde cerca de umano do anúnciode que o Estádio do Corinthians será sede da abertura da Copa doMundo de 2014, a vida dos moradores mudou bastante, influenciandoaté mesmo no valor de imóveis.

“Um sobrado que custava 80 mil reais antes da divulgação daabertura da Copa em Itaquera, hoje é avaliado por 136 mil reais”,afirma Laelson Silva, dono de uma imobiliária da região.

Dentro de um micro-ônibus lotado que faz o percurso de um dosbairros da região até a estação de metrô Corinthians-Itaquera, oauxiliar administrativo Aristides Ribeiro, de 21 anos, é otimista eacredita que as mudanças vão melhorar otrânsito e valorizar o bairro.

“Tudo indica que vai melhorar. Com maisestradas aqui o trânsito vai desafogarliteralmente. Eu estou gostando de tudo,acho que o contexto da região e a chegadade tudo o que se constroi aqui é importantepara o avanço do bairro e vai valorizá-lomuito”, diz o morador.

Já a bancária Marilda Sousa, de 25anos, diz estar irritadíssima com as obras,e preocupada com a situação da favelapróxima à futura arena. “Tenho queacordar mais cedo, sair de casa pelomenos 30 minutos antes, porque é otempo que fico parada aqui nasproximidades do metrô. Aí desembarco eparo nas filas para entrar na estação, o

caos tomou conta dessa região, tudo porcausa de um estádio que não trará benefícionenhum. Olha o tanto de moradia que vai serdesapropriada aqui. Será que um estádio é maisimportante que o ser humano?”, questiona.

Marilda refere-se à Favela da Paz, que ficanas proximidades do estádio, e serádesapropriada em breve pela Prefeitura de SãoPaulo, para que seja feita a reformulação doespaço voltado à infraestrutura local.

A aposentada Norma de Freitas, de75 anos, mora na Favela da Paz há 12anos. Ela vê com maus olhos tudo oque acontece na região: “Não vejo oporquê de tudo isso. A Copa dura ummês e o povo é que paga o preço. Issoaqui mudou. Antes era mato e agoravai ser estrada que vai passar porcima do meu barraco e de todosaqueles ali”, aponta com desespero.

De acordo com moradores daregião, apesar das desapropriações,a Secretaria Municipal de Habitaçãode São Paulo informou que já possuium plano de urbanização para afavela localizada no entorno daárea onde será construído oEstádio em Itaquera.

ControvérsiasUm dos pontos positivos de sediar eventos

esportivos internacionais é a reestruturaçãodas cidades sedes. O Rio de Janeiro, porexemplo, se transformou num canteiro deobras. Iniciativas para a melhoria do trânsitotêm sido umas das prioridades. Novas lindasexpressas são construídas, linhas do metrôestão sendo ampliadas. Bairros e regiões da

Capa

20 Revista Viração • Ano 10 • Edição 92

Investimentos para os grandes

eventos esportivos que acontecerão

no Brasil geram debate sobre a

valorização do direito ao esporte

Carolina Lima

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Revista Viração • Ano 10 • Edição 92 21

cidade estão sendo revitalizados. Há ainda um grandeapelo turístico em elaboração, fato que tem interferênciadireta na economia da cidade.

Um dos principais problemas enfrentados pela populaçãocarioca, a segurança pública, tem sido resolvido, com adiminuição dos homicídios e fortes ações contra o tráfico dedrogas. As comunidades, antes dominadas pelo poder dotráfico, têm sido vistas hoje como pontos focais paradesenvolvimento urbano e cultural, talvez um sinal que asUnidades de Polícia Pacificadora (UPP), iniciativa do Governodo Estado para retomada das zonas mais pobres, temcumprido seus objetivos, possibilitando a entrada dessasáreas no mapa econômico e turístico da cidade.

Em Porto Alegre (RS), de forma geral, as coisas tambémparecem que vão bem. Estão sendo investidos 121 milhõesde reais para melhorias urbanísticas e de transporte nacapital gaúcha para a Copa de 2014. Especialistas indicamque a infraestrutura das cidades-sede vai melhorar,principalmente quanto ao sistema de transporte, ampliaçãodos aeroportos, novas avenidas e atrações turísticas.

Mas é claro que existem controvérsias. Em Natal, porexemplo, de acordo com o Blog do José Cruz, do siteUOL, cerca de 20 mil estudantes da rede municipal deensino ficaram sem merenda neste fim de ano. Tudoindica que essa verba foi revertida para custear as obrasem andamento. “A Prefeitura não repassou 84 milhões dereais à Secretaria de Educação. Por conta disso, muitasescolas anteciparam as férias”, afirma o texto do blog,publicado no dia 17 de dezembro de 2012.

Natal será uma das 12 cidades-sede da Copa de 2014.Na capital do Rio Grande do Norte está sendo construídoum estádio com capacidade para comportar 45 miltorcedores, com o custo de 417 milhões de reais.

“Legadinho”Uma das organizações mais críticas aos trabalhos de

infraestrutura realizados pelo Brasil para a Copa de 2014,o Sindicato da Arquitetura e Engenharia (Sinaeco) vêcomo “legadinho” as obras que serão deixadas para oPaís após a realização do evento esportivo. A “previsão”foi feita pelo presidente do sindicato, José RobertoBernasconi, em evento da revista Exame realizado noinício de dezembro.

Acesse os sites do Sinaenco e do

Instituto Esporte e Educação:

http://www.sinaenco.com.br/copa_2014.asp

http://www.esporteeducacao.org.br/

Bernasconi comentou que, faltando um ano e meio paraa Copa, o principal ganho da população é que as obras, aomenos, saíram do papel, ao se referir às construções queserão entregues, mas bem depois dos jogos.

“O Brasil fez pouca coisa. O tempo correu. Os trêsaeroportos (Guarulhos, Brasília e Viracopos) terãomelhorias, mas há outros em relação a esses três.O legado vai ser legadinho, e poderia ser muito maior”,disse o presidente.

Procurada para detalhar oassunto, a assessoria deimprensa da Sinaenco nãorespondeu até o fechamentodesta edição.

No mesmo evento(Exame Fórum), oministro do EsporteAldo Rebelorebateu muitasdas críticas queo governofederal têmrecebido emrelação aoandamento efiscalização dasobras, masreconheceu muitosproblemas que têmsido apontados.“Portos e aeroportosvão estar como os deAlemanha e Londres?Não. Não temosinfraestrutura, tempoou recursos para isso.Mas dentro dos nossoslimites, vamos ter tudoisso. Vamos ter aCopa do Mundo à alturada expectativa domundo e do Brasil”,afirmou. V

*Virajovens presentes em 20 Estados

do País e no Distrito Federal

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IMAGENS QUE VIRAM

Ensaio: Leonardo Duarte | Texto: Bruno Ferreira*

22 Revista Viração • Ano 10 • Edição 92

V

“Não me surpreendi com os catadores porque tenho uma história semelhante a deles. Eu já vivi na rua e

morei, antes de ser fotógrafo, na casa de uma das famílias fotografadas”. Isso foi o que me contou

Leonardo Duarte quando, em 2009, fiz uma rápida entrevista com ele por telefone para uma matéria que

seria veiculada no portal da minha faculdade. Na época eu estudava jornalismo.

O ensaio Catadores de Sonhos foi realizado em 2008, em São Paulo, e mostra o cotidiano de famílias que tiram

seu sustento de materiais visto por muitos como lixo, sem qualquer utilidade. Durante dois meses, o fotógrafo não

apenas registrou a rotina de dificuldades dos catadores, como mais do que isso, penetrou em suas almas,

compartilhando os seus próprios sonhos. O resultado desse convívio você acompanha nestas páginas em algumas

fotos do ensaio.

Catadores

de sonhos

*Conteúdo publicado originalmente

na Revista Caravela

(www.issuu.com/revistacaravela)

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Conheça mais trabalhos de Leonardo Duarte no blog:http://www.duarteleonardo96.blogspot.com

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24 Revista Viração • Ano 10 • Edição 92

Pesquisa realizada por jovens de Belém revela que uma das maiores preocupações

da juventude paraense é com a violência e a criminalidade

Cidade, pra que te quero?

Jovens aplicam enquete na Praça da República de Belém (PA)

Breno Mendes, Débora Ribeiro, Diego Teófilo, Patrícia Cordeiro, Selli Rosa e Soraia Pinheiro, do Virajovem Belém (PA)*

Apesar da grande diversidade culturalexistente nas cinco regiões brasileiras, arealidade vivida nas cidades de norte a sul

do País é uma só. Diante do caos da mobilidadeurbana, do desemprego, da precariedade dossistemas de saúde e educação, do aumento daviolência e da pouca quantidade de espaçospúblicos de lazer, alguns questionamentos sãonecessários e urgentes: qual o lugar dajuventude nessas cidades? Que direitos os jovenstêm diante de tantas dificuldades? Quais devemser as prioridades do poder público em um Paísque se encontra entre as principais economiasdo mundo?

Foi a partir desta reflexão que o InstitutoUniversidade Popular (Unipop), por meio doprograma Juventude, Participação e Autonomia(JPA), realizou, em conjunto com outrasorganizações, a Campanha Que CidadeQueremos para viver?. Um espaço interativo queincentiva a participação juvenil e prioriza osespaços de luta pelos direitos da juventude.“Nós, jovens, queremos viver uma cidade empaz, não queremos mais violência”, diz DiegoSouza, jovem entrevistado pela Campanha QueCidade Queremos Para Viver?

Esses critérios nortearam a realização dacampanha durante 2012, nas cidades paraensesde Belém, Ananindeua, Santarém e Marabá. Otrabalho de sensibilização nas comunidadesestimulou um olhar crítico e diferenciado sobreessas cidades. Essa experiência se concretizoucom uma enquete realizada com 1.592adolescentes e jovens, dos diversos bairros deatuação da campanha, que visava identificar ostrês principais problemas existentes nosmunicípios citados.

Os resultados falam por si só: 25% dosentrevistados apontaram a violência e acriminalidade como o principal problema a serenfrentado pelo Poder Público. Este percentualestá em consonância com os dados do Mapa daViolência do Brasil 2012, que apontam umcrescimento de 346% da taxa de homicídios decrianças e adolescentes nos últimos trinta anos.

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Revista Viração • Ano 10 • Edição 92 25

No Pará, o índice de homicídios nessa mesma faixa etária passoude 4,3 assassinatos a cada 100 mil habitantes no ano 2000, para19,2 em 2010. A pesquisa aponta ainda que mais da metade dosóbitos juvenis registrados no Pará são assassinatos.

As vítimas, em sua maioria, são negras, pobres e moram naperiferia, um indicativo de que esse problema tem endereço, cor eclasse social. Geralmente são excluídas do processo deelaboração das políticas públicas e seus direitos são negadosfrequentemente. Nesse sentido, são impedidas de exercerplenamente a sua cidadania e de construir um projeto de vidacom qualidade e perspectiva de futuro.

Além da violência, a saúde e o lixo foram, respectivamente, osegundo e o terceiro problemas apontados pelos jovens, compercentuais de 18% e 13%. Apenas a Ilha de Cotijuba, em Belém,identificou a falta de infraestrutura nas escolas como principaldificuldade a ser enfrentada.

Essa situação não é nova e sempre foi alvo de denúncias deentidades, pastorais, movimentos sociais, não governamentais eparte da imprensa. Para fazer eco aos anseios dos jovensentrevistados, os resultados da enquete foram apresentados emaudiência pública realizada na Assembleia Legislativa do Estado,no dia 27 de novembro, solicitada pela Deputada EstadualBernadete Ten Caten (PT), a pedido da Unipop. O objetivo eracobrar das autoridades do Poder Público providências diante dosproblemas elencados pelos jovens.

Como resultado, as autoridades encaminharam aconstituição de um Grupo de Trabalho, composto porrepresentantes da sociedade civil, do governo estadual e dopoder legislativo paraense. O grupo terá como principal tarefapara 2013, o planejamento e a execução de ações queenfrentem os problemas apresentados.

O sentimento de dever cumprido ficou evidente no semblantede satisfação dos jovens que participaram da audiência. Elesprometeram continuar vigilantes para que os encaminhamentospropostos sejam concretizados. Foi o que destacou o jovemBruno Vito, do JPA, ao comentar a importância dosencaminhamentos conquistados na audiência. “Osencaminhamentos são de vital importância para a construção dasferramentas necessárias de enfrentamento aos problemasapontados pela pesquisa. Mas esses direcionamentos precisamser concretizados, para que as nossas metas sejam realmentealcançadas”, afirma.

“Gostei da audiência pública, pois encontrei vários jovens queestavam ali reinvidicando melhorias na estrutura da nossa cidade,dando alternativas e ideias para melhorar a realidade quevivenciamos. Agradeço a bancada que reservou um momento paranos escutar e também apresentar o que tem sido feito pelosjovens. Dedico salvas de palmas aos jovens que participaram daaudiência para lutar por uma vida mais digna e melhor”, afirmaLucelia Santos, 21 anos, jovem participante da audiência pública.

Adolescentes respondem enquete em uma escola no município de Santarém (PA)

Audiência Pública Olhares da Juventude

sobre o direito à cidade acontece

em Belém

Trata-se de um espaço de reflexãocom jovens sobre a cidade que temos equal queremos para viver. Com atividadesformativas, apresentações teatrais eações sobre o tema da campanha embairros e municípios, estimula-se um“outro” olhar pelo direito à cidade. Asatividades buscam problematizar ocontexto de cada comunidade e bairro,para que as discussões gerem propostasde reivindicação, junto aos governosmunicipais e estadual, por melhorias dascondições de vida da população, na lutapor acesso e garantia dos direitos básicosde todo ser humano.

Entenda a Campanha Que cidadequeremos para viver?

*Virajovens presentes em 20 Estados

do País e no Distrito Federal

V

cidade_que_queremos_92:Layout 1 10/01/2013 14:01 Page 19

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26 Revista Viração • Ano 10 • Edição 92

Evento em São Luís (MA) compartilha experiências brasileiras

e internacionais de cultura de paz

Tecendo redes de paz

Maurício de Paula e Stephany Pinho, do Virajovem São Luís (MA)*

Nos últimos dias 27 e 28 de novembro,aconteceu em São Luís (MA) o 1º ColóquioInternacional de Cultura de Paz. Realizado

pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA),em parceria com a Universidade Estadual doMaranhão (UEMA) e a École de La Paix (Escolada Paz, da França), o colóquio tinha como temaTecendo redes de Paz. O encontro proporcionouum intercâmbio de experiências locais, nacionaise internacionais em torno da cultura de paz epara concretizar um convênio firmado entre aUFMA e a École de La Paix, em 2011.

O evento contou com o apoio da Secretariade Estado de Direitos Humanos, AssistênciaSocial e Cidadania (SEDIHC), da Fundação deAmparo à Pesquisa e ao DesenvolvimentoCientífico e Tecnológico do Maranhão (FAPEMA)e da Plan Internacional.

Na manhã do dia 24, a comitiva francesa,constituída por professores doutores daUniversidade Pierre Mendès e da École de LaPaix, visitou o Núcleo de Extensão da VilaEmbratel/UFMA (NEVE). O objetivo foi conheceras ações desenvolvidas pelo ProjetoComunicapaz, que foi tema de uma matéria daseção Parada Social, da edição nº 86, da Viração.

O projeto é coordenado pela professora VeraSalles, do Departamento de Comunicação Socialda UFMA, e foi apresentado à comitiva francesapelos próprios jovens atendidos, que realizaramapresentações culturais com música, dança afroe teatro do oprimido.

Os professores franceses declararamestarem impressionados com o trabalhodesenvolvido e que pretendem levar essa

experiência para a França. Houve ainda umaintervenção artística apresentada pelos jovensdo projeto Conexões de Saberes, da UFMA, e osalunos do Curso de Comunicação Social dauniversidade apresentaram a TV Vila Embratel(TVVE), também tema de matéria na Viração(edição nº 90).

No dia 26, a comitiva francesa retornou aoNEVE para uma roda de diálogos que visava a troca de experiências, discursão sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), os Direitos Humanos, a Cultura de Paz e o“tecer” de uma rede de paz. Fizeram parte dodiálogo representantes da Matraca (Agência deNotícias da Infância), Secretaria de DireitosHumanos e Cidadania, Coletivo Jovem doMovimento Nossa São Luís, Comunicapaz,Conexões de Saberes, Pastoral do Menor, PlanInternacional e o Instituto de CidadaniaEmpresarial do Maranhão.

Durante a tarde foi realizada uma visita aosprojetos da Unidade de Cumprimento de MedidasSocioeducativas Alto da Esperança.

O ColóquioO Colóquio propriamente dito começou no

dia 27, realizado no auditório da Faculdade deArquitetura da UEMA (FAU). As atividadesconsistiam em debates, rodas de diálogos eapresentação de experiências similares, que seestenderam até o fim da tarde do dia 28.

Os primeiros debates se originaram a partirdas experiências relatadas pelos representantesda École de La Paix, que compartilharam a experiência da escola com a implantação dos

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Page 27: Revista Viração - Edição 92 - Janeiro/2013

Revista Viração • Ano 10 • Edição 92 27

Mesa de abertura reúne autoridades doEstado do Maranhão e de outros países

Territórios de Paz. A ideia francesa consiste em criarferramentas educacionais visando odesenvolvimento e o treinamento, fornecendomódulos acadêmicos, seminários, exposições econstruindo uma rede de parceiros na França e emtodo o mundo que se interessam em trabalhar atemática da não violência.

O último dia foi marcado pela apresentação deexperiências nacionais sobre cultura de paz. PatríciaMelo e José Roberto Bellintani, do Instituto SãoPaulo Contra a Violência, socializaram os trabalhosque a entidade vem realizando para diminuir osíndices de violência na capital paulista, a maispopulosa do Brasil. Na sequência, o representantedo Instituto Pólis - Pontão de Convivência e Culturade Paz, Hamilton Faria, relatou a importância de sepromover a cidadania para, assim, combater aviolência de maneira eficaz.

No período da tarde, a programação ficou porconta das experiências locais, contando com aparticipação dos jovens alcançados pelas ações doprojeto Educar para a Paz, da Plan Brasil e doComunicapaz, que apresentaram alguns produtosresultantes do processo de sensibilização sobre acultura de paz.

ItamatatiuaO nome de origem indígena, traduzido como

“Pedra, Peixe, Rio” é uma comunidade quilombola, a 90 km da capital maranhense e a 70 km deAlcântara, da qual faz parte. Possui 132 famílias,

Grupo artístico faz apresentação durante Colóquio

com uma economia baseada na agricultura desubsistência, programas sociais do GovernoFederal, criação de animais e produção deartefatos cerâmicos.

Itamatatiua tem 311 anos, mas sua origemainda é discutida na comunidade. Documentosapontam para a comunidade como uma antigafazenda pertencente à Ordem Carmelitana que,após o declínio do período escravocrata e suaextinção, deixou as terras para os negros quelá habitavam. Eles, então, povoaram o localpor gerações.

A comitiva francesa visitou a comunidade afim absolver sua cultura e levar sua história para aFrança. Itamatatiua possui um Centro deComercialização e Escola de Louça e Cerâmica,que mantém viva a história da comunidade, alémde ser a renda de algumas famílias.

A produção em cerâmica é desenvolvida hámuito tempo na comunidade, referênciainternacional nesse ramo. No entanto, uma dasmoradoras da comunidade destaca a preocupaçãocom a conservação dessa cultura, já que os maisjovens precisam sair da comunidade para darcontinuidade aos estudos: “Os meninos não têmescola pra estudar. Quando vão para o EnsinoMédio, têm que ir pra São Luís ou para Alcântarapara terminar os estudos”, afirma.

Participantes do evento tecem uma rede,simbolizando o tema do Colóquio

Fotos: Virajovem São Luís

V

*Virajovens presentes em 20 Estadosdo País e no Distrito Federal

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Page 28: Revista Viração - Edição 92 - Janeiro/2013

Hevelin Maia Vasconcelos, do Virajovem

Curitiba (PR)*

Faz Cultura

Cansados da noite de talentos, que ocorria todo

fim de ano, os educadores do Projovem, da Rede

Marista de Curitiba, iniciaram em 2010 o projeto

Culturação. Em vez de realizarem apenas uma

atividade de encerramento, os educadores passaram

a criar com os adolescentes concepções dos processos culturais em

que estão inseridos. Há dois anos, realizam o espetáculo Ruídos,

criado pelos jovens a partir das discussões que rolam em oficinas de

teatro, dança e educomunicação.

No dia 11 de dezembro de 2012, 150 jovens envolvidos no

projeto apresentaram em três atos os ruídos que impedem os jovens

de sonhar. A proposta é discutir temas relacionados ao cotidiano cultural dos adolescentes. Além disso, busca-se

criar um espaço de convivência com as famílias dos adolescentes. Na peça há uma valorização da cultura marginal,

predominando o movimento hip hop e outros oriundos da cultura africana.

A figura do homem é

transposta em expressões e

movimentos que ressaltam a

ação pelo instinto,

consequência da cultura

individualista que se criou na

sociedade. A educadora Ana

Terra, uma da responsáveis

pela coreografia, explica que o

objetivo do trabalho é fazer

com que os jovens passem a

refletir sobre a cultura e os

ruídos da comunicação.

"Discutimos na peça o excesso

de informação que recebemos

e como é dificil processar tudo

isso", explica.

Periferianos�Palcos

Jovens de projetos sociais de Curitibaelaboram peça de teatro sobre os ruídosda comunicação

Nesse processo de formação, os jovens são convidados a pensar sobre o espaço social e

quais são as formas de interferirem nele. "Os ensaios e a preparação para apresentação

do projeto não foram fáceis, mas valeu a pena. Quisemos passar que não importa o que

os outros falam, que apesar de existir ações que te deixam pra baixo, não se deve ligar

para isso. Devemos seguir em frente, pois tudo vai dar certo", afirma a adolescente

Damaris Ramos da Silva, de 16 anos.

Os jovens que participam do projeto

Culturação são moradores do Parolin e Vila

Guaíra, bairros de Curitiba que sofrem com a

falta de políticas públicas. Com a realização

do espetáculo, o projeto conseguiu

desenvolver mais responsabilidade nos jovens

e senso de pertenciamento.

A criação da identidade do jovem

foi outro tema discutido na peça.

Os adolescentes retrataram os

jovens como um grupo

diversificado, que lida a todo

tempo com os esteriótipos e a

cobrança do mercado de trabalho.V

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V

Na mira do ranking

Revista Viração • Ano 10 • Edição 92 29

Uma pesquisa realizada pela Pearson, empresa demateriais e serviços educacionais, feita com baseem testes de conhecimento nas áreas da

Matemática, Ciências e Linguagens, divulgada em dezembrode 2012, aponta o Brasil como 39.° colocado em uma lista de40 países, estando a frente apenas da Indonésia. Figuram nalista em primeiro lugar a Finlândia, seguida da Coreia do Sul ede Hong Kong.

A pesquisa considera os resultados de três testescomparativos: o Progresso no Estudo Internacional deAlfabetização (PIRLS), o Tendências no Estudo Internacionalde Matemática e Ciência (TIMSS) e o Programa Internacionalde Avaliação de Estudantes (Pisa, o mais famoso deles).

Esses dados, de certa forma, chegam a chocar osbrasileiros, porém ao se comparar a educação brasileira coma das nações que ocupam o topo da lista, pode-se perceberque as características socioculturais dos países avaliados sãoextremamente diversas, o que inviabilizaria a adoção decritérios de avaliação únicos para todos.

Seria necessário que se levasse em consideração asdiferenças socioculturais de cada país, não sendo possívelavaliar a qualidade da educação escolar de sociedades tãodiferentes, utilizando os mesmos referenciais.

O Brasil é um país com dimensões continentais e tem,nos últimos anos, investido muito em políticas públicas naárea da educação. Entretanto, há uma descontinuidade naaplicação dessas políticas, na medida em que a cada novogoverno outras prioridades são eleitas e programasanteriores são descontinuados.

De acordo com o professor Paulo Ribeiro, presidente doSindicato dos Estabelecimentos de Ensino Privado do Estadodo Amazonas (SINEPE-AM), “existem fatores que evidenciama realidade da educação brasileira, como: gestão ineficiente,baixo investimento na educação básica, pouca inovação nasala de aula, baixa participação da comunidade. Mas nãobasta apenas despejar mais dinheiro no sistema educacionalbrasileiro, é necessário fomentar políticas eficientes degestão e formação de professores, além de proporcionar umambiente escolar que seja motivador para o aprendizado”.

O País precisa melhorar seus índices de qualidade na

*Virajovens presentes em 20 Estados do País e no Distrito Federal

Pesquisa que avaliou a educação de 40 países coloca o Brasil em 39ªª posição. O

problema é que os países avaliados apresentam grandes diferenças socioculturais

E eu com isso?!

educação, mas está caminhando a passos lentos. É necessárioque os investimentos sejam direcionados para que a sociedadepossa ter acesso a bens culturais, como bibliotecas públicas,teatros, cinemas, museus, para, dessa forma, promover aampliação do seu capital sociocultural.

A posição do Brasil no ranking, apesar de ser um indicador,não serve como referencial para a busca de uma melhoria porconta de toda a diversidade de cada país avaliado.

Virajovem

Manaus

e_eu_com_isso_92:Layout 1 10/01/2013 14:21 Page 1

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No Escurinho

V

Filme do diretor Cao Hamburger retrata de forma humana os irmãos

Vilas Bôas, responsáveis pela criação do Parque Nacional do Xingu

Sérgio Rizzo, crítico de cinema*

Agora disponível em DVD, a superprodução Xingu terá

finalmente a oportunidade de chegar ao público que

não o viu nos cinemas. Para desagrado de seus

produtores (Fernando Meirelles chegou a manifestar à

imprensa sua decepção), o filme teve menos de 400 mil

espectadores, ou apenas pouco mais de 10% do que

obteve a comédia Até que a Sorte nos Separe, o maior

sucesso brasileiro de 2012. Merecia muito mais.

Os irmãos Villas Bôas, cuja trajetória é recriada por

Xingu, "compuseram as vidas mais extraordinárias e belas

de que tenho notícia", segundo o antropólogo Darcy

Ribeiro (1922-1997). Para o lexicógrafo Antonio Houaiss

(1915-1999), a devoção dos irmãos à "causa da redenção

dos índios e do desenvolvimento do nosso Oeste"

constitui "matéria que deve perdurar no nosso imaginário

coletivo". Essas afirmações generosas estão em textos de

apresentação do livro A Marcha para o Oeste, de Orlando

e Cláudio Villas Bôas.

O diretor e co-roteirista Cao Hamburger (Castelo

Rá-tim-bum, O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias)

condensou, no filme, cerca de 20 anos na vida dos Villas

Bôas. A trama tem início quando Orlando (1914-2002),

Cláudio (1916-1998) e Leonardo (1918-1961) ingressam na

expedição Roncador-Xingu, em 1943, e vai até a criação

do Parque Nacional do Xingu, em 14 de abril de 1961, no

governo Jânio Quadros.

A estratégia de humanizar os personagens, evitando

que eles fossem representados como super-heróis, ganha

seu melhor exemplo no trabalho notável do ator João

Miguel (Cinema, Aspirinas e Urubus; Estômago), que

interpreta Cláudio. Graças às nuances de sua atuação, a

epopeia dos irmãos é recriada como algo que lhes deu

alegria e satisfação, mas que também provocou angústia,

raiva e muitas dúvidas, inclusive de Cláudio em relação ao

caçula Leonardo (Caio Blat) e, mais tarde, a Orlando

(Felipe Camargo).

30 Revista Viração • Ano 10 • Edição 92

Cláudio e seus irmãos

* www.sergiorizzo.com.br

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Que Figura!

V

JK: “Como valeu a pena”

Revista Viração • Ano 10 • Edição 92 31

Brasília, capital da esperança de uma nação e sonho de um homem.

No centro do Brasil brotava uma epopeia, o nosso “Faroeste

Cabloco”, assim erguia-se o compromisso de um jovem

presidente. Um país continental somente habitado no litoral agora se

voltaria para sua imensidão do cerrado. Isso se fez graças ao que uns

chamavam de loucura e outros de audácia, mas, sobretudo através da

determinação de um presidente, “simpático, risonho e original”,

chamado Juscelino Kubitschek de Oliveira.

Criador de Brasília, pai de duas filhas, médico. Quem foi o homem

por trás da faixa presidencial? JK nasceu em Diamantina, no interior

de Minas Gerais, em 12 de setembro de 1902. Filho de João César,

caixeiro viajante, e Júlia Kubitschek, professora. Sua infância e

juventude foram marcadas pela morte de seu pai, vítima de

tuberculose, e pelos esforços de sua mãe para arcar com os seus

estudos. Aos 14 anos calçou seu primeiro sapato, e com essa idade já

sabia que só os estudos podiam mudar aquela vida pobre. Após anos

de Seminário, sobre qual desde o começo disse que não queria ser

padre, foi a Belo Horizonte e de lá começou sua escalada. Formou-se

em medicina, atuou como médico urologista, mas logo a política

falaria mais forte. Foi prefeito de Belo Horizonte, deputado estadual e

federal, além de governador de Minas Gerais.

O País estava abalado com a morte de Getúlio Vargas, JK surge

como um sopro de esperança e leva ao Palácio do Catete, então

sede do governo no Rio de Janeiro, um novo modo de governo,

sorridente, articulado, preocupado com o marketing político,

expressão que décadas mais tarde seria conhecida. Sacudiu o País

e cumpriu o prometido. “Farei o Brasil crescer 50 anos em cinco

até o final do meu governo”. Assim o fez. Saiu da presidência com

a sensação de dever cumprido.

Os ventos que depois sopraram no Brasil trouxeram nuvens de

uma “noite densa e negra” que duraram 21 anos. Juscelino foi

vítima, assim como tantos, do regime militar. Preso, humilhado,

exilado, esquecido, quem sabe morto, JK amargou anos na

esperança de ver e cantar “mãe gentil” no alvorecer da democracia,

morrendo, numa tarde fria, em um trágico acidente automobilístico,

em 22 de agosto de 1976. Suas falhas não foram maiores do que

aqueles que renegaram a democracia. Seus acertos, sim, foram uma

demonstração de confiança e de que é possível crescer com a

democracia. Em vez de julgar, perdoou seus adversários. Em uma

das suas frases mais emblemáticas disse: “Deus me poupou do

sentimento do medo”.*Um dos virajovens presentes em 20 Estados do País e no Distrito Federal

“Deus me poupou do sentimento

do medo”.Juscelino Kubitschek de Oliveira

Criador de Brasília, pai de duas filhas, médico...

Quem era o homem atrás da faixa presidencial?

que_figura_92:Layout 1 10/01/2013 14:26 Page 1

Page 32: Revista Viração - Edição 92 - Janeiro/2013

Sexo e Saúde

32 Revista Viração • Ano 10 • Edição 92

O herpes labial é uma doençasexualmente transmissível?

Sim. O uso de preservativos ajuda a

diminuir o risco de contágio. Por isso,

informe o parceiro, quando souber que tem o

vírus. Na gravidez, o herpes simples pode

representar preocupação. Mantenha seu

médico informado para devidas precauções.

Como se transmite o herpes labial?

Contato direto com lesões ou objetos

contaminados, como talheres e copos.

Quais são os tipos de herpesque existem?

Temos dois tipos de herpes: o labial,

mais comum, que aparece de vez em

quando; e o herpes genital, que só ataca

uma vez e imuniza a pessoa.

Ambos causam dor, mas o segundo tipo

provoca uma dor desesperadora porque

destrói o nervo onde está alojado, que

demora muito para se regenerar. O herpes

simples é contagioso e geralmente aparece

no contorno dos lábios, ao lado da boca,

nos órgãos genitais, nádegas e até dentro

dos olhos (casos mais raros), podendo

levar à cegueira.

Quais os cuidados que a pessoa deve terpara não infectar outras pessoas?

Separar talheres, copos e toalhas de pessoas

que estão com herpes. Na relação sexual, deve-se

usar preservativo e evitar contato íntimo quando

estiver com sintomas.

Oherpes é causado por um vírus que fica incubado em um músculo do corpo e se manifesta quando há uma queda na resistênciaimunológica da pessoa. Pode surgir em decorrência de estresse físico ou emocional, febre, exposição prolongada ao sol durantea menstruação, entre outros fatores... É possível prevenir o tipo mais comum de herpes fortalecendo o sistema imunológico,

evitando tomar muito sol e mantendo um estilo de vida saudável, com menos estresse, bebida alcoólica e cigarro.A enfermeira Adréia de Oliveira Ferreiro, que trabalha no programa Saúde da Família no posto de saúde Dr. Geraldo Siqueira,

de São Gabriel da Cachoeira, respondeu algumas questões sobre o tema. Confira! V

Mande suas dúvidas sobre Sexo e Saúde, que a galera da Vira vai

buscar as respostas para você! O e-mail é [email protected]

Claudia Maria Ferraz, do Virajovem São Gabriel da Cachoeira (AM)*

Nat

ália

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*Virajovem presente em 20 Estados do País e no Distrito Federal

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Page 33: Revista Viração - Edição 92 - Janeiro/2013

Devido à grande miscigenação no processo de povoamento do Acre, a culinária doEstado tem fortes influências dos povos indígenas e do povo nordestino. A misturadessas culturas criou novas receitas que, em sua maioria, utilizam produtos nativos

que as deixam com um gosto característico e bem exótico. O Pé-de-moleque é um prato de grande sucesso e faz parte de um típico café

da manhã ou lanchinho da tarde de um acriano. Com uma mistura especial devários ingredientes e especiarias da Amazônia, essa receita é uma das maisvendidas na feira do Mercado Municipal de Rio Branco.

Com toda certeza, quem já está acostumado com o pé-de-moleque do sule sudeste vai achar difícil imaginar um feito de mandioca e banana. Mas isso ébem característico aqui na região!

Então, vamos agora aprender como fazer essa deliciosa receita, que rende15 porções!

Débora Cristina Marinho e Leonardo Nora, do Virajovem Rio Branco (AC)*

Rango da terrinha

V

Ingredientes2 kg de farinha de puba (feita de mandioca);½ dúzia de banana “bem madura”, amassada(preferencialmente banana Najá, podendo serusada qualquer banana bem doce); 4 ovos;Cravo a gosto;Erva-doce a gosto;300g de manteiga ou margarina;1 lata de leite condensado; 1kg de açúcar;Castanha do Brasil a gosto.

Pé-de-moleque do Acre não é igual ao conhecido

popularmente em outras regiões do Brasil

Diferentede�todos

Modo de preparoMisturar a massa de farinha de

puba, a banana amassada, os ovos amargarina e a castanha ao leitecondensado. A mistura tem que ficar“grossinha”, não pode ficar rala. Namistura acrescenta-se cravo e erva-doce a gosto. Se a massa não estiversuficientemente doce pode-seacrescentar açúcar.

A massa é levada para ser cozidaem forno pré-aquecido, com baixatemperatura ou na brasa. Ao sair doforno a massa sempre deve serenrolada na folha de bananeira.Antes de enrolar é importanteesquentar um pouco a folha comágua quente para que fique maisflexível! Bom apetite!

*Virajovens presentes em 20 Estadosdo País e no Distrito Federal

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3. VALE POSTAL em favor daVIRAÇÃO, pagável na AgênciaAugusta – São Paulo (SP), código72300078

4. BOLETO BANCÁRIO(R$2,95 de taxa bancária)

+

Leonardo Nora

rango_92:Layout 1 10/01/2013 15:45 Page 33

Page 34: Revista Viração - Edição 92 - Janeiro/2013

Parada Social

Criado em 2010, o Movimento Sama

Jovem vem levantando a bandeira da

juventude por meio de realizações e

participações em eventos artísticos e

culturais. Com o objetivo de promover a

inclusão, o projeto oferece oportunidades

para adolescentes e jovens artistas exporem

suas opiniões e perspectivas de vida e sonhos

por meio de suas habilidades. O Sama Jovem

mostra que a juventude não gosta só de

futebol, mas também tem diversos interesses

artísticos, como dançar, grafitar, pular por

cima de obstáculos, tocar berimbau, fazer

piruetas no chão.

O Movimento surgiu da união de

dois projetos de grafite e break,

elementos da cultura de rua e o hip

hop, que promovem a inclusão de

adolescentes e jovens de baixa renda.

O acesso à cultura, esporte e lazer

acontece por meio de oficinas de

grafite e break, realizadas na Praça

Mesquita Neto, ao lado do coreto

Erinéia Lima, no centro da cidade de

São Mateus (ES).

O Sama Jovem foi crescendo,

novos grupos foram se unindo,

estreitando os laços culturais e

suas diversidades, proporcionando

a troca de experiências e ideias e

contribuindo para o seu

amadurecimento. Essa mistura

promoveu a inclusão de

adolescentes e jovens em grupos

de manifestações culturais,

educacionais e artísticas, além de

esporte, lazer e turismo

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Jéssica Delcarro, Virajovem

de São Mateus (ES)*

*Virajovem presente em 20 Estados do País e no Distrito Federal

Projeto de jovens do Espírito

Santo mostra como cultura, lazer

e esporte podem mudar vidas

alternativos. O projeto procura valorizar a arte

urbana tradicional, regional e nacional, sem

nenhum tipo de descriminação.

Atualmente são oferecidas atividades de

grafite (Graffiticidade), break (Sama Break),

basquete de rua (Coisa di Preto), capoeira

(Grupo Capura Raça e Pé da Capoeira), dança

(Grupo Swing Mania, Kebra e Samba, Style

Soldier, Molejo Sensual, Bonde dos Detentos e

Elecktrobotics), hip hop (Pacific Rap e Mano

''S''), áudio e vídeo (Empreender Jovem,

Liberdade Visual e Graffite Filmes), MC (Master

G, Lil Rick e Mc Romálio) e Le Parkuor

(Scorpions Le Parkuor). V

Adolescentes e Jovens do Movimento Sama

Jovem em atividade no centro de São Mateus

Arte promovendoinclusao-

Divulgação

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Page 35: Revista Viração - Edição 92 - Janeiro/2013

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