Revista valeparaibano - Setembro 2011

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O CU$TO DA DEMOCRACIA Alckmin O novo traçado da Rodovia dos Tamoios P16 Perry Farrell Lollapalooza vem para o Brasil em 2012 P74 Wagner Moura Ator fala sobre ‘O Homem do Futuro’ P88 Gasto com vereadores corre o Gasto com vereadores corre o risco de saltar de R$ 36,7 milhões risco de saltar de R$ 36,7 milhões para R$ 78,3 milhões no Vale para R$ 78,3 milhões no Vale em 2013. Trabalho do Legislativo em 2013. Trabalho do Legislativo justifi ca essa chuva de dinheiro? justifi ca essa chuva de dinheiro? Setembro 2011 • Ano 2 • Número 18 R$ 7,80

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edicao de setembro de 2011 da revista valeparaibano

Transcript of Revista valeparaibano - Setembro 2011

  • O CU$TO DADEMOCRACIA

    Alckmin O novo traado da Rodovia dos Tamoios P16Perry Farrell Lollapalooza vem para o Brasil em 2012 P74Wagner Moura Ator fala sobre O Homem do Futuro P88

    Gasto com vereadores corre oGasto com vereadores corre orisco de saltar de R$ 36,7 milhes risco de saltar de R$ 36,7 milhes para R$ 78,3 milhes no Vale para R$ 78,3 milhes no Vale em 2013. Trabalho do Legislativo em 2013. Trabalho do Legislativo justi ca essa chuva de dinheiro?justi ca essa chuva de dinheiro?

    Setembro 2011 Ano 2 Nmero 18R$ 7,80

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  • DIRETOR RESPONSVEL Ferdinando Salerno

    DIRETORA ADMINISTRATIVA Sandra Nunes

    EDITOR-CHEFE Marcelo [email protected]

    EDITOR-ASSISTENTE Adriano [email protected]

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    4 Opinio

    Qual o preoda democracia?

    Marcelo Clareteditor-chefe

    Palavrado editor

    Arevista valeparaibano decidiu colocar na ponta do lpis o custo que envolve manter os vereadores nas 39 Cmaras da regio e descobriu que somente com os salrios dos parlamentares e seus assesso-res gasta-se R$ 36,7 milhes por ano. Projetamos esse custo para a prxima legislatura, em 2013, quando o nmero de cadeiras no Legislativo poder saltar de 382 para 475 e os sa-lrios dos vereadores, serem reajustados. Pelo teto permitido por lei, esse gasto anual sobe para R$ 78,3 milhes.

    O trabalho do Legislativo justifi ca esse custo aos cofres pblicos? Sabemos que uma das principais atribuies do parlamentar criar leis para defender os interesses da po-pulao que o elegeu. Neste contexto, usamos como exem-plo a Cmara de So Jos dos Campos, onde os vereadores aprovaram reajuste salarial de R$ 8.320 para R$ 12.907 16% a menos se comparado aos R$ 15.031,75 que sero recebidos pelos parlamentares de So Paulo e Rio de Janeiro, em 2013.

    Em So Jos, nos ltimos dois anos, os vereadores apre-sentaram 1.260 projetos de lei. Desses, 446 foram apro-vados e 814 deixaram de ser votados. Dos aprovados, 140 davam nomes a ruas e avenidas, 53 referiam-se a datas co-memorativas e 62 concediam ttulos e medalhas. Das 191 proprostas restantes, a maioria era sugesto de obras en-viadas prefeitura, que no obrigada acolher a indicao.

    Outra importante atribuio dos parlamentares fi scalizar a prefeitura. Mas essa tarefa no fi ca comprometida com as alianas costuradas pelos partidos para formar a base aliada dos prefeitos na Cmara? Devemos repensar o modelo de repre-sentao da sociedade no Legislativo porque, defi nitivamente, esse no o preo que o cidado deve pagar pela democracia.

    O povo se articula para marchar pela discriminalizao da maconha, mas no sai s ruas para protestar contra os abusos na poltica. Precisamos do rancor cvico para no esquecer o que ocorre nas sesses do Legislativo e nos gabinetes do Executivo e para cobrar o que precisa ser mudado.

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    BELEZACHEIA DE LUZ EM 2012 P68

    Ensaio Fotogr co p52Hi-Tech p66Cinema p88Arnaldo Jabor p98

    Neurocientista acaba com a poesia e mostra que o amor desativa regies cerebrais responsveis pelo raciocnio

    O amor cego aos olhos da cincia P85

    A grandiosidade de Dubai P60

    Chegou a nossa vez!Estivemos no Estivemos no Lollapalooza, em Lollapalooza, em Chicago, para an-Chicago, para an-tecipar o que vem tecipar o que vem para o pas em para o pas em abril de 2012 abril de 2012 P74

    ECONOMIA MERCADO

    Empresrio do Vale do Paraba passam a franquear novos negcios no Brasil todo

    A regio comea a exportar suas marcas P24

    MUNDO SOMLIA

    TURISMO ARBIA

    A fome e a sede provocam o xodo de somalis para campos de refugia-dos na regio do Chifre da frica

    POLTICA TRANSPORTES

    Valeparaibano antecipa como car o novo traado da SP-99 aps a duplicao

    As novas curvasda Tamoios P16

    Gasto com vereadores corre orisco de saltar de R$ 36,7 milhes para R$ 78,3 milhes nas 39 Cmaras do Vale do Paraba em 2013. Trabalho do Legislativo justi ca essa chuva de dinheiro?

    POLTICA

    Salrioturbinado

    EXCLUSIVO

    Sumrio

    Um pas derivaP44

    ENTREVISTA PEDRO LOBO

    Infelizmente grande parte da nossa juven-tude est alienada P38

    COMPORTAMENTO NOVA

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  • 6Palavradoleitor

    Av. So Joo, 1925Jd. Esplanada, CEP 12242-840

    [email protected]

    revistavaleparaibano

    @r_valeparaibano

    A tecnologia dasraquetes dos campees P66

    Programa espacial renasce 8 anos aps tragdia do VLS P20

    HI-TECH ECONOMIA

    valeparaibanoAgosto 2011 Ano 2 Nmero 17

    R$ 7,80

    CLSSICO OU PELADA?So Jos fantasia estrutura esportiva para atrair delegaes

    estrangeiras e virar Centro de Treinamento na Copa do Mundo

    asA revista valeparaibano publicou repor-tagem sobre a es-trutura esportiva oferecida por So Jos s delegaes estrangeiras na Copa do Mundo ENQUETE

    Voc presta ateno na alimentao do seu fi lho?

    Enquetewww.valeparaibano.com.br

    Os votos foram computados entre os dias 8 e 20 de agosto

    LITERATURA 1SeriedadeGostaria de parabenizar a revista pela reportagem A Saga da primeira obra. Alm de ser um contedo de grande importncia e com pouca di-vulgao, o reprter conseguiu con-densar as entrevistas da matria de forma harmnica. Parabns!

    Stefnia AndradeEscritora

    VITTIDrogasAo ler seu ltimo artigo na revista devo parabeniz-lo pelas colocaes. O grande problema no combate s drogas a falta de iniciativa, pois os usurios no esto no quintal da-queles que deveriam combater este cncer social, no esto na casa destes polticos e policiais corruptos. Nos ltimos 20 anos venho lutando contra o uso de entorpecentes, e j vi e assisti de tudo o quanto o senhor possa imaginar. Fico indignado ao ver pessoas, que nada sabem sobre o uso do crack e da cocana e o grande drama das famlias, comandarem o combate e dirigirem cargos federais falando asneiras quanto ao uso e o consumo das drogas.

    Odair Jos GalloSo Jos dos Campos

    TWITTER

    @LaryDuarteOpa, j gostei da capa ! Chamou ateno...Parabns

    @AnaDairLinda a capa da @r_valeparai-bano valeparaibano deste ms. A montagem da capa um atra-tivo e tanto para o texto! Parabns ao artista!

    RevistaValeparaibano Sjc

    www.valeparaibano.com.br

    SIM NOSucesso

    Achei muito inovadora a reportagem A Saga da primeira obra, um as-sunto pouco divulgado. Adorei saber sobre a histria dos autores, casos de perseverana e sucesso!

    Gabriel MenezesSo Jos dos Campos

    LITERATURA 2

    68%32%

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  • 8 Poltica

    Elogio de Alckmin a Dilma surpreende tucanos em SP

    Da Redao

    A presidente Dilma Rousse e o governador de So Paulo, Geraldo Alckmin, trocaram elogios em um encontro re-alizado no Palcio dos Ban-deirantes, evidenciando a aproximao entre os dois e despertando po-lmica em setores do PSDB e do PT.

    Na cerimnia de lanamento do programa Brasil sem Misria para a regio Sudeste do pas, o governador afi rmou que o perodo de disputa poltica estava superado e o momento era de unir esforos. As palavras causaram sur-presa, principalmente nos tucanos presentes.

    Alckmin e Dilma fi rmaram acordo de unifi ca-o dos programas de transferncia de renda paulista e federal. Os benefi ciados, cerca de 1 milho de famlias, tero um mesmo carto para sacar os recursos do Bolsa Famlia, do go-

    SEM MISRIA O governador Geraldo Alckmin com Dilma Rousse no lanamento do programa

    BRANCO &PRETOSobre o comportamento da presidente Dilma Rousse no episdio que levou demisso do ministro da Agricultura Wagner Rossi

    Ela se saiu muito bem. A presidente Dilma insistiu muito para ele car, foi muito correta. Ele que quis deixar o governo

    Henrique Eduardo Alves lder do PMDB na Cmara

    H zero de estremeci-mento na base aliada. A vida continua. A base aliada continua aliada

    Michel TemerVicepresidenteda Repblica

    A Dilma tem uma formao diferenciada, vem muito mais da gesto, boa de conduo, dura

    Jaques Wagner Governadorda Bahia (PT)

    Para governador, perodo de disputa poltica j est superado e o momento agora de unir os esforos

    verno federal, e do Renda Cidad, do Estado.A ala do PSDB mais crtica ao governo fe-

    deral, ligada ao ex-governador Jos Serra, no participou do encontro. O prefeito Gil-berto Kassab tambm no foi cerimnia. Os tucanos disseram que o governador mira a reeleio e, por isso, estaria em busca de recursos do governo federal.

    Em prol dessa estratgia poltica, teria op-tado por um discurso pouco oposicionista, ignorando a discusso em torno da pater-nidade dos programas sociais o PSDB diz que o Bolsa Famlia nasceu de iniciativas da era FHC, como o Bolsa Escola.

    A avaliao tambm ressoou entre petistas, para quem o movimento de Dilma pode forta-lecer o PSDB no principal colgio eleitoral do pas. O ex-presidente Luiz Incio Lula da Silva foi convidado, mas no compareceu.

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  • 9Domingo 4Setembro de 2011

    Deputado Cndido Vaccarezza , lder do PT na Cmara

    No, no existe faxina. Existe determinao do governode no tolerar nenhuma conduta fora dos padres ticosSobre as exonerao registradas em quatro ministrios desde o incio do governo de Dilma Rousse

    O ex-presidente Luiz Incio Lula da Silva disse, em encontro com militantes em Belo Hori-zonte (MG), que voltar a viajar o pas por conta das eleies mu-nicipais e que quer tambm aju-dar a presidente Dilma Rousse a cumprir cada compromisso que ela assumiu durante a campanha.

    Vai ter eleio no ano que vem, e eu vou comear a viajar o Brasil para fazer campanha. Eu apenas deixei a Presidncia, mas no deixei a poltica, no deixei o meu partido e quero ainda con-tribuir, porque apenas comea-mos a mudar o Brasil, ainda falta muita coisa para fazer, disse.

    O ex-presidente j tem viajado o pas e o exterior para homena-gens e tambm para fazer pales-tras. Ele disse que j fez 22 visitas a outros pases e que far mais 23 at novembro.

    ReeleioLula afi rmou que Dilma Rousse s no ser candidata reelei-o em 2014 se no quiser e que no existe a hiptese da presi-dente perder o controle da base aliada, que d sustentao ao governo em razo dos esquemas de corrupo nos ministrios.

    O ex-presidente negou haver crise poltica. E minimizou a queda de quatro ministros em sete meses e meio de governo. A gente no tem que se preo-cupar porque saram ministros. Eu tambm tirei muita gente no primeiro ano, companheiro que eu no queria tirar. Mas a vida assim mesmo, disse.

    Falsas gravaes da TV Assembleia irritam deputados

    Deputados de diferentes partidos se rebelaram na Assembleia Legisla-tiva de So Paulo contra as supostas fraudes no pagamento de R$ 4,4 milhes que a Casa fez por gravaes no realizadas para sua TV. Eles ameaam ir ao Ministrio Pblico pedir investigao.

    A manifestao mais simblica partiu do deputado Pedro Tobias, que presidente do PSDB estadual. Ele sugeriu em plenrio que todos os seus pares que se sentiram lesados assinem o pedido de apurao que Major Olmpio (PDT) prepara para levar ao Ministrio Pblico.

    Em seu discurso, Tobias afi rmou que os

    deputados foram usados como laranjas, re-petindo expresso j usada por Olmpio. Eu no pedi e no autorizei que ningum fi zesse isso (gravaes). Quase toda a Assembleia foi usada como laranja. Isso precisa ser apu-rado com urgncia. E, se no quiserem assi-nar, temos de perguntar: no quer por qu?

    O caso surgiu depois que deputados de-nunciaram fraude nas planilhas de um con-trato que custou Assembleia R$ 4,4 mi-lhes em 2010, por 2.350 inseres de TV. Os parlamentares alegam no ter pedido tamanho volume de inseres.

    O deputado federal Carlinhos Almeida (PT), que era deputado estadual e primeiro- secretrio da Casa at maro, aparece, por exemplo, com 59 gravaes, mas relatou ter feito apenas dois eventos no ano. Jorge Caruso (PMDB) tem uma, que ele no pediu nem se lembra de ter feito.

    A quantidade de inseres foi informada pela Fundao Padre Anchieta, que operou a TV Assembleia entre novembro de 2008 e fevereiro de 2011.

    Senado: a Farra das Homenagens

    O Senado tem paralisado com frequncia suas atividades no plenrio para realizar sesses es-peciais em homenagens a atividades, pessoas ou entidades. A prtica virou praxe e os moti-vos so diversos na maioria das vezes, irre-levantes para a populao, como as come-moraes do aniversrio do SUS (Sistema nico de Sade) e dos dias do aviador, dos comercirios, do engenheiros, economistas e engenheiros agrnomos, entre outros.

    O ato, no raro, vira um constrangimento at mesmo para o homenageado pela ausn-cia de senadores no plenrio. At dezem-bro, esto previstas mais 38 homenagens. O senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP)

    afi rma que a iniciativa se banalizou e o expediente da Casa, que deveria servir para debater os problemas dos Estados, tem sido ocupado por sesses solenes.

    H um certo mal-estar (entre senado-res) com o fato de haver uma certa vulga-rizao dessas sesses solenes. Temos tido sesses solenes todas as semanas. Isso ruim para o Senado, desmerece o Senado, desmerece a atividade poltica dos sena-dores ocuparmos nosso tempo, o horrio nobre do Senado com sesses solenes, por mais meritrios que seja os homena-geados, protestou em plenrio o senador contra a prtica, que j fi cou conhecida como a Farra das Homenagens.

    Na semana do dia 15 ao 19 do ms passado, por exemplo, ocorreram trs homena-gens no plenrio: ao Dia do Corretor de Imveis, ao Dia do Maom, ao Centenrio de Emancipao de Juazeiro do Norte e aos 42 anos da criao da Embraer (Empresa Brasileira de Aeronutica), com sede em So Jos dos Campos.

    Lula anuncia que voltar a viajar pelo pas

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  • 10

    O custo da democracia

    LEGISLATIVO

    Yann WalterSo Jos dos Campos

    Legislao permite que gasto com vereadores aumente de R$ 36,7 milhes para R$ 78,3 milhesnas 39 cmaras da regio a partir de janeiro de 2013

    Adiscusso sobre os supersa-lrios dos vereadores de So Jos dos Campos reacendeu a polmica sobre a relao custo-benefcio do Legislativo para a populao. E a revista

    valeparaibano decidiu compilar o custo atual das 39 cmaras da regio com os subs-dios dos parlamentares e de seus assessores para mostrar quanto tem sado do bolso do contribuinte a cada ano. Foi calculado ainda o gasto total que seria repassado populao a partir de janeiro de 2013 se todas as cmaras decidissem aprovar o teto salarial e o nmero mximo de cadeiras permitido por lei. Neste caso, o aumento chegaria a 131%.

    Juntas, as despesas com os salrios dos vereadores e assessores parlamentares se elevam a pouco mais de R$ 36,7 milhes, se contabilizados os encargos trabalhistas INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), IRRF (Imposto de Renda Retido na Fonte), 13 salrio e frias. Se todas as cmaras re-solvessem aplicar o teto salarial e o nmero de cadeiras permitido pela legislao, esse custo saltaria para R$ 78,3 milhes.

    Aps cogitarem aprovar salrio de R$ 15.031,75,

    os vereadores de So Jos dos Campos voltaram atrs e aprovaram sob protestos da populao, por 14 votos a 6, uma remunerao de R$ 12.907, o que corresponde a um aumento de 55% em re-lao aos R$ 8.230 atuais. Ilegal? No. Nas cida-des com mais de 500 mil habitantes a lei autoriza um salrio correspondente a 75% do subsdio de um deputado estadual. Em 2013, em virtude de um projeto j aprovado, os deputados de So Paulo recebero R$ 20.042,34. Ou seja, por lei, os vereadores da maior cidade do Vale do Paraba teriam direito a um salrio de R$ 15.031,75, equi-valente ao de seus colegas de So Paulo, do Rio de Janeiro e das maiores metrpoles do pas. No entanto, optaram pelos R$ 12.907, que incorpo-rariam as perdas salariais desde 2009 e antecipa-riam a inflao dos prximos cinco anos.

    Imoral? Sim, se considerarmos que a grande maioria dos joseenses ganha sal-rios muito inferiores e tem que se contentar com a reposio da infl ao (em mdia, 6% ao ano). E motivos de indignao no faltam. Afi nal, a populao quem vai fi nanciar esse ato de generosidade que os vereadores pra-ticaram para si prprios. O novo salrio vai vigorar a partir de 2013, quando, diga-se de passagem, a Cmara poder ter mais inte-grantes. Atualmente so 21 vereadores, mas a lei permite at 27 para a prxima legislatura.

    Hoje, contando apenas os salrios dos par-lamentares e de seus assessores, o Legislativo

    Poltica

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  • 11Domingo 4Setembro de 2011

    SUPERSALRIOSVereadores na sesso que

    aprovou o reajuste salarial de R$ 8.320 para R$ 12.907

    na Cmara de So Jos

    Fotos: Flvio Pereira

    O QUE DIZ A LEI

    Valor mximo do salrio de um vereador sobre percentual do subsdio do deputado estadual, de acordo com nmero de habitantes

    R$ 4.008,46 (20%)Cidades com populao at 10 mil: Arape, Areias, Canas, Igarat, Jambeiro, Lagoinha, Lavrinhas, Monteiro Lobato, Natividade da Serra, Redeno da Serra, Roseira, Santo Antnio do Pinhal, So Jos do Barreiro e Silveiras

    R$ 6.012,70 (30%)Cidades com populao entre 10.001 e 50 mil: Aparecida, Bananal, Cachoeira Paulista, Campos do Jordo, Cunha, Ilhabela, Paraibuna, Piquete, Potim, Queluz, Santa Branca, So Bento do Sapuca, So Luiz do Paraitinga e Trememb

    R$ 8.016,93 (40%)Cidades com populao entre 50.001 e 100 mil: Caapava, Lorena, So Sebastio e Ubatuba

    R$ 10.021,18 (50%)Cidades com populao entre 100.001 e 300 mil: Caraguatatuba, Guaratinguet, Jacare, Pindamonhangaba e Taubat

    R$ 12.025,40 (60%)Cidades com populao entre 300 a 500 mil: -

    R$ 15.031,75 (75%)Cidades com populao superior a 500.001: So Jos dos Campos

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  • 12

    CAAPAVAVereadores:

    10

    Gasto anual: R$ 1.536.556,30

    Salrio:R$ 4.950,00

    2013Vereadores: 17Salrio: R$ 8.016,93Gasto anual: R$ 3.425.495,50

    Assessor: 2 R$ 4.899,72

    CUNHAVereadores:

    9

    Gasto anual: R$ 558.098,52

    Salrio:R$ 2.700,00

    Vereadores: 11Salrio: R$ 6.012,70Gasto anual: R$ 1.231.513,00

    Assessor: 1 R$ 1.163,95

    2013

    CAMPOS DO JORDOVereadores:

    9

    Gasto anual: R$ 1.322.993,40

    Salrio:R$ 3.952,39

    Vereadores: 13Salrio: R$ 6.012,70Gasto anual: R$ 2.328.821,20

    2013

    Vereadores: 10

    Gasto anual: R$ 1.534.540,80

    Salrio:R$ 4.432,96

    Vereadores: 17Salrio: R$ 10.027,18Gasto anual: R$ 2.657.616,80

    CARAGUATATUBA

    2013

    CRUZEIROVereadores:

    10

    Gasto anual: R$ 639.600,00

    Salrio:R$ 4.100,00

    Vereadores: 15Salrio: R$ 8.016,93Gasto anual: R$ 1.875.961,50

    2013

    CANAS Vereadores:

    9

    Gasto anual: R$ 312.000,00

    SalrioR$ 2.000,00

    Vereadores: 9Salrio: R$ 4.008,46Gasto anual: R$ 562.787,78

    2013

    CACHOEIRA PAULISTA Vereadores:

    9

    Gasto anual: R$ 478.904,70

    Salrio:R$ 2.656,00

    Vereadores: 13Salrio: R$ 6.012,70Gasto anual: R$ 1.348.964,70

    Assessor: 1 R$ 639,00

    2013

    Vereadores: 9

    Gasto anual: R$ 447.252,00

    Salrio:R$ 1.980,00

    Vereadores: 9Salrio: R$ 6.012,70Gasto anual: R$ 1.005.643,00

    Assessor : 1 R$ 1.150

    BANANAL

    2013

    Vereadores9

    Vereadores: 13Salrio: R$ 6.012,70Gasto anual: R$ 1.474.903,50

    Gasto anual: R$ 552.552,00

    Salrio: R$ 2.610,00Assessor: 1 R$ 1.260,00

    APARECIDA

    2013

    Vereadores9

    Vereadores: 9Salrio: R$ 4.008,46Gasto anual: R$ 562.787,76

    Gasto anual: R$ 186.451,20

    Salrio: R$ 1.258,00

    AREIAS

    2013

    Vereadores9

    Vereadores: 9Salrio: R$ 4.008,46Gasto anual: R$ 562.787,76

    Gasto anual: R$ 126.436,68

    Salrio: R$ 834,33

    ARAPE

    2013

    Vereadores: 382Gasto anual: R$ 36.774.055,00

    AS CMARAS NO VALE DO PARABA

    2013

    2011

    Vereadores: 475Gasto anual: R$ 78.383.953,00

    valores com encargos trabalhistas: INSS, IRRF, 13 salrio e frias

    custa R$ 10,5 milhes por ano aos contribuin-tes, com os 30% de encargos trabalhistas so-bre a folha de pagamento. Em 2013, com 27 vereadores ganhando R$ 12.907, o custo anual passaria para R$ 15,4 milhes. Para efeitos de comparao, a Cmara de So Paulo custar R$ 85,2 milhes por ano computados os 30% de tributos. Ou seja, na cidade com maior po-pulao do Brasil pouco menos de 11 milhes de habitantes, cada paulistano pagar R$ 7,70 por ano para manter os 55 vereadores e seus 1.049 assessores parlamentares em 2013. Em So Jos, com quase 630 mil habitantes, esse custo per capita, que j atualmente de R$ 16, pularia para R$ 24,60.

    Situaes semelhantes vivem as cmaras de Taubat e Jacare, que tambm j aprovou o au-mento de salrio dos vereadores de R$ 5.507,62 para R$ 10.021,18, ou seja, o mximo permitido por lei (cidades com mais de 200 mil habitan-tes tm direito a 50% do salrio de um depu-tado estadual). O caso de Jacare absurdo, acintoso. A populao deveria protestar, opi-nou o especialista poltico Marco Antnio Villa, professor de cincias sociais da UFSCAR (Uni-versidade Federal de So Carlos). Para com-pensar o aumento de quase 100%, a Cmara sinalizou que seguir com as mesmas 13 cadei-ras na prxima legislatura, apesar de ter direito a 21. Assim, passaria a custar, com os encargos, R$ 3,9 milhes aos contribuintes, contra os atuais R$ 2,9 milhes. Porm, se o nmero de vereadores for ampliado ao mximo, o custo total chegar a R$ 6,4 milhes.

    A Cmara de Taubat, que no cassou o mandato do prefeito Roberto Peixoto, alvo de investigaes da Polcia Federal e do Minist-rio Pblico por suposto superfaturamento na

    compra de medicamentos, ainda no anun-ciou reajustes salariais, provavelmente para no despertar a ira da populao. Os 14 verea-dores ganham hoje R$ 5.770, com exceo do presidente, cujo subsdio de R$ 6.503. Cabe frisar, alis, que Taubat a nica cidade com mais de 100 mil habitantes da regio que apre-senta diferena salarial entre o presidente e os demais integrantes da Cmara.

    Hoje, o Legislativo custa R$ 5 milhes por ano aos taubateanos, mas o custo poder subir para R$ 8,9 milhes em 2013 sem sair dos limites da lei. Neste caso, cada um dos moradores teria que pagar quase R$ 32 por ano para custear os salrios dos 21 vereado-

    010-015_Politica_Salario Vereadores.indd 12010-015_Politica_Salario Vereadores.indd 12 29/8/2011 13:33:5629/8/2011 13:33:56

  • 13Domingo 4Setembro de 2011

    LAVRINHASVereadores:

    9

    Gasto anual: R$ 187.200,00

    Salrio:R$ 1.200,00

    2013Vereadores: 9Salrio: R$ 4.008,46Gasto anual: R$ 562.787,76

    ILHABELAVereadores:

    9

    Gasto anual: R$ 929.410,08

    Salrio:R$3.937,17

    2013Vereadores: 11Salrio: R$ 6.012,70Gasto anual: R$ 1.492.106,50

    Assessor: 2 R$ 2.682,56

    JAMBEIROVereadores:

    9

    Gasto anual: R$ 143.457,60

    Salrio:R$ 968,00

    2013Vereadores: 9Salrio: R$ 4.008,46Gasto anual: R$ 562.787,76

    Assessor: 3 R$ 2.000,00

    LORENA Vereadores:

    10

    Gasto anual: R$ 936.000,00

    Salrio:R$ 4.000,00

    2013Vereadores: 17Salrio: R$ 8.016,93Gasto anual: R$2.656.489,80

    LAGOINHAVereadores:

    9

    Gasto anual: R$ 140.400,00

    Salrio:R$ 900,00

    Vereadores: 9Salrio: R$ 4.008,46Gasto anual: R$ 562.787,76

    2013

    JACAREVereadores:

    13

    Gasto anual: R$ 3.081.521,60

    Salrio:R$ 5.507,62

    Vereadores: 21Salrio: R$ 10.021,18Gasto anual: R$ 6.456.484,90

    Assessor: 1 R$ 9.687,26

    2013

    Vereadores: 9

    Gasto anual: R$ 245.570,16

    Salrio:R$ 1.657,00

    Vereadores: 9Salrio: R$ 4.008,46Gasto anual: R$ 562.787,78

    IGARAT

    2013

    GUARATINGUETVereadores:

    11

    Gasto anual: R$ 1.502.241,20

    Salrio:R$ 5.321,10

    Vereadores: 17Salrio: R$ 10.021,18Gasto anual: R$ 3.568.106,80

    Assessor: 2 R$ 3.433,22

    2013

    res e de seus 126 assessores. Os gastos de algumas cmaras com assessores so inex-plicveis. Porque o vereador de uma cidade de mdio porte, como Taubat, precisa de seis assessores? Eles deveriam contratar menos e trabalhar mais, afi rmou Villa.

    Bom senso bvio que nem todas as cmaras da regio vo aplicar o que a lei autoriza. Primeiro, porque injustifi cvel perante os eleitores. Segundo, porque simplesmente invivel. A Cmara de Arape, uma cidade com menos de 2.500 habi-tantes, tem hoje um custo anual de R$ 126 mil com os salrios dos vereadores e assessores

    parlamentares. Se a lei fosse aplicada ao p da letra, o salrio dos nove vereadores passaria de R$ 834 a R$ 4.008,46 um aumento de quase 500% e o custo total com os subsdios passaria para R$ 562,7 mil. Tal quantia seria impossvel de assumir para os contribuintes.

    Em Cunha, uma das cidades mais pobres da regio, os vereadores j recebem R$ 2.700 e o presidente, R$ 3.700. Com o aumento ba-seado no teto permitido por lei, ganhariam R$ 6.012,70. O salrio do vereador tem que corresponder realidade de sua cidade. Ele no deve receber uma remunerao muito maior que a de seus eleitores. No uma questo legal, pois o teto salarial permi-

    tido por lei. uma simples questo de bom senso, opinou Marco Antnio Villa.

    At a ltima semana de agosto, as cmaras de So Jos e Jacare eram as nicas da regio que tinham defi nido os vencimentos da pr-xima legislatura. Ubatuba, Ilhabela e Potim j determinaram o aumento do nmero de ca-deiras. Ubatuba teria direito a 15, mas aprovou 13. J Ilhabela e Potim vo passar de 9 vereado-res a 11, o mximo permitido por lei.

    A grande pergunta : os servios prestados pelos vereadores merecem salrios to supe-riores aos da imensa maioria de seus eleitores? A funo dos vereadores representar os in-teresses da populao, fi scalizar o Executivo e apresentar projetos de lei. Na maioria das cidades, este trabalho de fi scalizao no est sendo feito, disse o professor da UFSCAR.

    Historicamente, o poder institucional dos municpios nasceu nas cmaras. Na poca do Imprio, no havia prefeitos, nem gover-nadores. A instaurao do regime presiden-cialista fortaleceu o Executivo e enfraqueceu o Legislativo. Na teoria, um dos papis dos vereadores fi scalizar os membros do Exe-cutivo, mas na prtica estamos bem longe disso. Hoje, as cmaras se limitam a despa-char pedidos da populao e a votar os pro-jetos que o Executivo manda, disse Fbio Ricci, professor de cincias polticas da Uni-tau (Universidade de Taubat).

    De fato, difcil imaginar uma fi scalizao efi ciente quando 17 de 21 vereadores apoiam a prefeitura, como o caso de So Jos. H, porm, notveis excees. No dia 20 de agosto, o prefeito de Campinas, acusado de omisso e negligncia em fraudes licitat-rias, teve o mandato cassado pela Cmara.

    TUMULTOGuardas-municipais usam

    gs pimenta contra estudantes em protesto contra o reajuste

    nos salrios dos vereadores

    010-015_Politica_Salario Vereadores.indd 13010-015_Politica_Salario Vereadores.indd 13 29/8/2011 13:33:5829/8/2011 13:33:58

  • 14

    PINDAMONHANGABA

    Vereadores: 11

    Gasto anual: R$ 1.050.013,53

    Salrio:R$ 6.118,96

    2013

    Vereadores: 19Salrio: R$ 10.021 ,18Gasto anual: R$ 2.970.277,75

    PIQUETEVereadores:

    9

    Gasto anual: R$ 355.745,04

    Salrio:R$ 2.479,00

    2013

    Vereadores: 9Salrio: R$ 6.012,70Gasto anual: R$ 844.183,08

    POTIM Vereadores:

    9

    Gasto anual: R$ 308.880,00

    Salrio:R$ 2.100,00

    2013

    Vereadores: 11Salrio: R$ 6.012,70Gasto anual: R$ 1.031.277,75

    QUELUZ Vereadores:

    9

    Gasto anual: R$ 163.020,00

    Salrio:R$ 1.100,00

    2013

    Vereadores: 9Salrio: R$ 6.012,70Gasto anual: R$ 844.183,08

    REDENO DA SERRAVereadores:

    9

    Gasto anual: R$ 196.164,80

    Salrio:R$ 1.357,86

    2013

    Vereadores: 9Salrio: R$ 4.008,46Gasto anual: R$ 562.787,76

    Vereadores: 9

    Gasto anual: R$ 238.664,10

    Salrio:R$ 1.645,00

    2013

    Vereadores: 9Salrio: R$ 4.008,46Gasto anual: R$ 562.787,76

    NATIVIDADE DA SERRA

    Vereadores: 9

    Gasto anual: R$ 319.766,46

    Salrio:R$ 2.188,65

    2013

    Vereadores: 11Salrio: R$ 6.012,70Gasto anual: R$ 1.031.779,30

    PARAIBUNAMONTEIRO LOBATOVereadores:

    9

    Gasto anual: R$ 148.200,00

    Salrio:R$ 1.000,00

    2013

    Vereadores: 9Salrio: R$ 4.008,46Gasto anual: R$ 562.787,76

    PARLAMENTARES Vereadores na Cmara de Jacare; abaixo, plenrio do Legislativo em Taubat

    Na mesma semana, seu sucessor tambm foi derrubado por denncias de corrupo.

    H oito meses, o prefeito de Santa Branca, Odair Leal da Rocha Jnior (PMDB), co-nhecido como Peixinho, foi afastado do cargo pelos vereadores aps a polcia ter encontrado cocana no carro ofi cial que ele dirigia. Peixinho, que se diz vtima de uma conspirao poltica urdida pela ex-presi-dente da Cmara, saiu da priso no ms pas-sado e se disse disposto a entrar na Justia para reaver o cargo. Ao contrrio, em Tau-bat, Peixoto escapou da cassao graas a 6 dos 14 vereadores que votaram contra.

    Vale ressaltar que a atuao das cmaras limitada porque so proibidas de apresen-tar projetos que signifi quem despesas para o Executivo. Os vereadores no podem legislar sobre dinheiro, lembrou Ricci. Ou seja, como a maioria no cumpre seu pa-pel de fi scal, o trabalho deles se restringe na prtica a levar reclamaes ao prefeito, aprovar as propostas do Executivo e apre-sentar projetos de lei com pouco ou ne-nhum impacto sobre a populao.

    A Cmara de So Jos dos Campos no di-fere das outras cmaras brasileiras: atende os interesses do Executivo. A maioria dos proje-tos aprovados pelo Legislativo de autoria ou de interesse do Executivo. Ou seja, na prtica, os vereadores acabam trabalhando para o pre-feito, resumiu o especialista poltico Alacir Arruda, em entrevista concedida revista va-leparaibano em maro passado.

    Dia do PalhaoNaquele ms, a revista publicou uma mat-ria sobre a atuao dos vereadores de So

    Fotos: Divulgao

    Thiago Leon/ O Vale

    Jos, que mostrou que 65% das propostas votadas pela Cmara em 2009 e 2010 foram sobre nomes de ruas ou avenidas, datas co-memorativas e outras homenagens. Foram institudos, entre outras irrelevncias, os dias do Cavalo Mangalarga Marchador, da Psorase, do Palhao e do Le Parkour. A C-mara de So Paulo no fi ca muito atrs no quesito aprovao de projetos esdrxulos: os vereadores paulistanos j instauraram os dias da Sanfona, da Hora do Planeta, dos Esclarecimentos sobre os Malefcios do Trote Telefnico aos Servios Pblicos de Emergncia e at do Corinthians.

    Na verdade, estas propostas tm alguma uti-lidade. No para a populao, mas para seus autores. O vereador precisa aparecer para ser lembrado. As homenagens a cidados ilustres da cidade demonstram sensibilidade cultural e contribuem para estabelecer um vnculo entre o representante e seus eleito-

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  • 15Domingo 4Setembro de 2011

    ROSEIRAVereadores:

    9

    Gasto anual: R$ 196.216,50

    Salrio:R$ 1.324,00

    2013

    Vereadores: 9Salrio: R$ 4.008,46Gasto anual: R$ 562.787,76

    SANTA BRANCA

    Vereadores: 9

    Gasto anual: R$ 280.800,00

    Salrio:R$ 2.000,00

    2013

    Vereadores: 9Salrio: R$ 6.012,70Gasto anual: R$ 844.183,08

    SANTO ANTONIO DO PINHALVereadores:

    9

    Gasto anual: R$ 147.665,64

    Salrio: R$ 961,04

    2013

    Vereadores: 9Salrio: R$ 4.008,46Gasto anual: R$ 562.787,76

    SO BENTO DO SAPUCAVereadores:

    9

    Gasto anual: R$ 220.334,40

    Salrio: R$ 1.498,00

    2013

    Vereadores: 9Salrio: R$ 6.012,70Gasto anual: R$ 844.183,08

    SO JOS DO BARREIRO Vereadores:

    9

    Gasto anual: R$ 207.480,00

    Salrio: R$ 1.400,00

    2013

    Vereadores: 9Salrio: R$ 4.008,46Gasto anual: R$ 562.787,76

    SO LUIS DO PARAITINGA

    Vereadores: 9

    Gasto anual: R$ 344.448,00

    Salrio:

    R$ 2.400,00

    2013Vereadores: 9Salrio: R$ 6.012,70Gasto anual: R$ 844.183,08

    SO SEBASTIOVereadores:

    10

    Gasto anual: R$ 786.675,86

    Salrio: R$ 4.953,63

    2013

    Vereadores: 15Salrio: R$ 8.016,93Gasto anual: R$ 1.875.961,50

    SILVEIRASVereadores:

    9Gasto anual: R$ 173.160,00

    Salrio:

    R$ 1.200,00

    2013Vereadores: 9Salrio: R$ 4.008,46Gasto anual: R$ 562.787,76

    UBATUBAVereadores:

    10

    Gasto anual: R$ 668.442,00

    Salrio: R$ 4.210,58

    2013

    Vereadores: 13Salrio: R$ 8.016,93Gasto anual: R$ 1.625.833,30

    TREMEMB

    Vereadores: 9

    Gasto anual: R$ 519.480,00

    Salrio: R$ 3.700,00

    2013

    Vereadores: 13Salrio: R$ 6.012,70Gasto anual: R$ 1.219.375,50

    2013

    Vereadores: 27Salrio: R$ 12.907,00Gasto anual: R$ 15.494.684,40

    SO JOS DOS CAMPOS Vereadores:

    21

    Gasto anual: R$ 10.548.720,00

    Salrio: R$ 8.320,00Assessor : 11 R$ 23.800,00

    TAUBAT

    Vereadores: 14

    Gasto anual: R$ 5.039.002,80

    Salrio: R$ 5.770,00

    2013

    Vereadores: 21Salrio: R$ 10.021,18Gasto anual: R$ 8.934.038,50

    Assessor : 6 R$ 17.250,00

    res, sustentou o especialista poltico Fbio Ricci. Por mais obsoletas que paream, estas homenagens aproximam os vereadores do povo, concordou Villa, da UFSCAR. Todos esto cientes de que populismo rende votos. O vereador joseense Tonho Dutra (PT) foi esperto. Foi o primeiro a se posicionar contra o supersalrio. Fez mdia com a populao, e certamente ser reeleito. Mas ele vai receber o reajuste igual os outros, frisou Ricci. De fato, difcil imaginar os seis vereadores joseenses que votaram contra o aumento recusando o novo vencimento se forem reeleitos em 2012.

    Alm dos altos salrios, outra polmica sobre o nmero de vereadores por Cmara. A quantidade de cadeiras determinada por lei. As cidades com at 15 mil habitantes po-dem eleger no mximo 9 vereadores. J as cidades de 600 a 750 mil habitantes caso de So Jos tm direito a 27. Assim como ocorre com o teto salarial, as cmaras que de-cidirem ampliar o nmero de cadeiras tero o amparo da lei. Resta saber se o aumento do nmero de vereadores traz benefcios po-pulao. Os principais interessados alegam que a medida fortalece a democracia.

    O professor Fbio Ricci concorda. Quanto maior o nmero de vereadores, mais difcil fi ca para o prefeito garantir o apoio da maioria, argumentou. Ao contr-rio, para Cludio Weber Abramo, diretor-executivo da ONG Transparncia Brasil, o aumento do nmero de vereadores tende a elevar os ndices de corrupo. Ele defende que se quisessem realmente benefi ciar a sociedade, os parlamentares manteriam as cadeiras atuais e cortariam assessores. Entre senadores, deputados e vereadores,

    o Brasil j tem o segundo ou terceiro maior Legislativo do mundo. O nmero de cadei-ras nas cmaras aumenta a cada eleio e a representao no melhora, muito pelo contrrio. Trata-se de um problema nacio-nal, resumiu Marco Antnio Villa.

    Apesar dos custos elevados e dos resultados pfi os, h um consenso sobre o fato de que as cmaras no devem ser suprimidas, e sim re-formadas. A existncia das cmaras essen-cial para a democracia, sentenciou Villa. O poder das cmaras deve ser fortalecido. No porque no est funcionando que tem que ti-rar. Isso argumento da ditadura, disse Ricci.

    Alis, sempre bom lembrar que os vereado-res no invadiram as cmaras fora. Eles fo-ram colocados ali pela populao. As pessoas que se manifestaram contra os supersalrios em So Jos e reclamaram dos vereadores que votaram contra a cassao do prefeito em Taubat tero em 2012 uma chance de contri-buir para a renovao dos polticos de sua ci-dade. Cabe aos eleitores escolherem melhor seus representantes. A participao popular fundamental. Os vereadores tm que ser co-brados sempre, afi rmou Villa.

    O vereador a cara do povo. Ele que o colocou ali. Os membros da Cmara so cor-ruptveis, mas a populao tambm . Quan-tas pessoas votam neste ou naquele vereador em troca de favores? Todas elas tm sua par-cela de culpa, cravou Fbio Ricci. Para ele, a educao poltica essencial. A imprensa tem que cumprir seu papel de educar as pes-soas, promover a refl exo sobre assuntos importantes, afi rmou. Infelizmente, o povo no tem o poder de mudar a lei. No entanto, tem o de escolher seus representantes.

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  • tenso). Ou seja, 71,5% do novo traado sero compostos por tneis e 13% por viadutos.

    O trecho da serra um trecho altamente carregado em tneis. Inclusive, nesse trecho, o projeto prev a confeco do maior tnel do Brasil, que um tnel com mais de seis quilmetros de extenso. O trecho da serra uma pista totalmente nova, como foi feita na Imigrantes. A Tamoios vai fi car com duas pis-tas independentes, a existente e a pista nova que ser feita, afi rmou Laurence Casagrande Loureno, diretor-presidente da Dersa (De-senvolvimento Rodovirio S\A), empresa de economia mista controlada pelo governo que comandar o empreendimento.

    O atual traado da Tamoios no trecho de serra, com 21,4 quilmetros de extenso, ser usado em sentido descendente. Conforme consta no projeto do governo, a pista ser re-modelada, passando a operar com duas faixas de 3,6 metros de largura, mais acostamento de 3,3 metros e um refgio de 1 metro. No haver alterao no traado. Por sua vez, a nova pista ascendente contar com duas faixas de trfego com 3,5 metros cada, alm de acostamento com 2,5 metros em ambos os lados.

    O projeto tem o aval de entidades no-go-vernamentais que lutam pela preservao da Mata Atlntica, bioma que envolve o Litoral Norte. No caso da Rodovia dos Imigrantes,

    Filipe Manoukian so jos dos campos

    Projeto de duplicao da rodovia deixa de ser apenas uma discusso e mostraseu traado; haver nova pista ascendente e a atual servir em direo ao litoral

    Ainda recheado de incertezas e ceticismos, o projeto de duplicao da Rodovia dos Tamoios (SP-99) comeou a ganhar corpo. Ao menos, a promessa deixou o campo

    das ideias para se tornar um desenho palpvel, primeira vista arrojado. A duplicao prev a construo de uma nova pista ascendente no trecho de serra. O objetivo que o atual tra-ado, famoso pela sua sinuosidade, seja usado somente por aqueles que estiverem a cami-nho da praia. Na hora de subir a serra, a novi-dade: o motorista se deparar com uma pista totalmente nova, quase sem curvas, constitu-da inteiramente por tneis e viadutos.

    a primeira vez em quase 17 anos que a duplicao da principal ligao entre o Vale do Paraba e o Litoral Norte excedeu os li-mites de um discurso, transformando-se em engenharia, com desenhos, planilhas e nmeros. A obra promessa recorrente dos governos tucanos no Estado desde 1995. An-tes de assumir o Palcio dos Bandeirantes pela segunda vez, em janeiro deste ano, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) pol-tico com bero eleitoral em Pindamonhan-gaba garantiu que uma das prioridades em sua gesto seria viabilizar a duplicao.

    A inspirao para o novo trecho de serra da SP-99 veio do traado da Rodovia dos Imi-grantes (SP-160), principal acesso entre a capital paulista e a Baixada Santista. A enge-nharia do projeto, baseado em tneis e via-dutos, conhecida como obra de arte viria entre especialistas. O esboo da futura Rodo-via dos Tamoios mostra que na nova pista do trecho de serra, que ter 17,6 quilmetros de extenso, sero construdos cinco tneis (que juntos totalizaro 12,6 quilmetros) e outros nove viadutos (com 2,3 quilmetros de ex-

    esse modelo foi o melhor encontrado. a soluo que traz menor degradao ao Meio Ambiente, afi rmou o diretor de mobilizao da ONG (Organizao no-Governametal) SOS Mata Atlntica, Mrio Mantovani.

    Outros tneis e viadutos esto previstos para o contorno virio que ser construdo de Caraguatatuba a So Sebastio. Para au-mentar o poder de movimentao do Porto de So Sebastio, que tambm ser am-pliado, o pacote de obras da duplicao da Tamoios contempla a construo de uma nova pista ligando as duas cidades. A am-pliao do Porto e a Tamoios andam juntos, no h como ampliar o Porto sem ter a Ta-moios e os contornos, afi rmou Alckmin .

    Essa ligao ter 38,1 quilmetros de ex-tenso, com duas faixas de rolamento (uma por sentido) de 3,6 metros de largura mais acostamento de 3 metros em ambos os lados. O novo traado ser construdo s margens da Serra do Mar, dando maior vazo a So Sebastio e desafogando o centro de Cara-guatatuba. Exatamente por isso, tambm dentro de uma concepo moderna, como defi ne o diretor-presidente da Dersa, a nova ligao Caragu-So Sebastio ter 33,8% de sua extenso, ou seja, 12,9 quilmetros, com-posta por mais de 40 tneis e viadutos.

    Ainda no litoral, est prevista a remodela-o da sada de Caraguatatuba sentido Uba-tuba. Melhorias virias so prometidas entre o p da Serra e o bairro Massaguau, tambm para aliviar o trnsito interno de Caragu.

    A obraA duplicao do trecho de serra e os contornos virios no litoral, entretanto, ainda no tm previso para sair do papel. Os dois empreen-dimentos apenas sero viabilizados aps o Es-tado concluir o edital da PPP (Parceria Pblico-Privada) que possibilitar os investimentos. A equipe de Alckmin afi rma que o edital dever fi car pronto at o fi nal do ano e, a partir da, j no ano que vem, a licitao seria lanada

    A nova TamoiosTRANSPORTES

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    Poltica

    No trecho de serra, o projeto de duplicao da rodovia dos Tamoios prev a construo de um tnel de seis quilmetros de extenso. Ser o maior j construdo no Brasil

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  • DESCIDATrecho atual de serra que ser

    usado apenas para quem vai em direo ao Litoral Norte

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    So Paulo

    SantosSo Sebastio

    UbatubaCaraguatatuba

    So Josdos Campos

    N

    Trecho SerraTrecho Serra

    CaraguatatubaCaraguatatuba

    LocalizaoRod. dos TamoiosRod. dos Tamoios

    Km64,4

    Km82

    Poltica

    atualmente o edital preparado pela Artesp (Agncia de Transportes do Estado).

    A PPP da Tamoios dever funcionar nos seguintes moldes: de todo o investimento previsto para duplicao, cerca de R$ 4,5 bilhes, 70% deve ser custeado pelo te-souro do Estado R$ 3,150 bilhes. O res-tante, pelo parceiro privado.

    Quando voc faz uma PPP, um mix. Se fosse tudo privado, seria uma concesso. Como o VDM [Volume Dirio Mdio de Vecu-los] no contnuo [na Tamoios], mais fi nal de semana, se fosse fazer tudo por concesso, voc teria o valor do pedgio muito alto para viabilizar tanto investimento, o investimento muito pesado. Ento, voc tem que por di-nheiro pblico para fazer parte signifi cativa da obra, afi rmou Alckmin durante entrevista coletiva concedida no Salo dos Despachos, no Palcio dos Bandeirantes, no fi nal de julho.

    Mesmo sem a defi nio da PPP, ocasio da entrevista, o governador liberou R$ 1,050 bilho para incio das obras no trecho de pla-nalto da SP-99. Vamos licitar as obras do km 11 at o alto da serra, a descida da serra, [...]

    porque tambm temos um trfego regional importante no local. Ali, ns temos Jambeiro com inmeras fbricas que utilizam a Ta-moios, temos Paraibuna, temos a chegada de Natividade da Serra, Redeno da Serra, Sa-lespolis, a regio de Mogi, que querem ir ao litoral. Ento, a gente j duplica at a descida da serra, 53 quilmetros, afi rmou Alckmin.

    A previso de Alckmin que o Estado te-nha at novembro a licena ambiental para comeo das obras de duplicao no planalto. Ns temos quatro aprovaes ambientais. O trecho do planalto tem que ter Eia/Rima [Estudo e respectivo Relatrio de Impacto Ambiental]; trecho da serra, segundo Eia/Rima, mais complexo; depois os contornos, terceiro Eia/Rima; e o porto, quarto Eia/Rima, disse. Em novembro, com a licena prvia, sai o edital da obra [no trecho do pla-nalto]. Em maro devemos ter a licena de instalao, incio de obra, emendou.

    Comeando em maro, o governador pro-mete duplicar os 53 quilmetros do planalto em 20 meses. Por que 20 meses? Porque a gente termina antes do prximo vero de 2013

    TRAADOEm amarelo, a nova pista que servir apenas para subir a serra; as viasem branco caro no entorno de Caraguatatuba

    para 2014. Comeamos depois do vero e ter-minamos antes do prximo vero de dois anos depois. A, j teremos duplicado at a descida da serra. Nesse meio tempo, j teremos a li-cena da Serra para poder lanar a PPP, como tambm os dois contornos de Caragu para Massaguau, para Ubatuba, e para So Sebas-tio. Essa duplicao [no planalto] j a con-trapartida da PPP, destacou Alckmin.

    No planalto, a duplicao se dar com a construo de uma pista paralela atual. As pistas da duplicao sero construdas ao lado do traado j existente, com uma barreira de concreto entre os dois senti-dos, explicou Loureno, citando a Rodovia Presidente Dutra (BR-116) como modelo.

    O valor liberado para incio da obras abrange gastos com os quatro licencia-mentos ambientais, desapropriaes, re-assentamento de famlias, compensaes ambientais, alm, claro, dos gastos com a duplicao em si. Das obras, so R$ 780 mi-lhes, esse o valor previsto, disse Alckmin. O governador explicou ainda que a licitao ser dividida em dois lotes para possibilitar

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    a entrega da duplicao em 20 meses. Na prtica, isso signifi ca que duas empresas di-ferentes trabalharo no empreendimento.

    Incertezas e debatesApesar das afi rmaes categricas de que a Rodovia dos Tamoios fi nalmente sair do pa-pel, o Estado ainda patina em alguns pontos. Primeiro: s num espao de dois meses, duas diferentes promessas para incio das obras foram feitas por Alckmin. Seis meses depois de empossado, durante edio do governo itinerante em So Jos, ele decretou, com toda a pompa: a duplicao da Tamoios co-mear no dia 2 de janeiro de 2012.

    No final de julho, veio o recuo: a obra, na re-alidade, comear apenas em maro. No ms passado, durante audincia pblica realizada em So Jos por membros da Dersa para expor deta-lhes do projeto, uma nova surpresa: a duplicao comearia na realidade s no segundo trimestre de 2012, ou seja, na mais otimista das situaes, em abril. Questionado posteriormente pela re-vista valeparaibano, a assessoria de Alckmin, em nota, desmentiu os tcnicos da Dersa. Est mantido o cronograma anunciado pelo governo com incio das obras da duplicao da Rodovia dos Tamoios para maro de 2012. Portanto, no h qualquer alterao no cronograma e no h atraso no incio das obras.

    Em dado momento, entre junho e julho, a du-plicao se envolveu em outra polmica. Alck-min anunciou que comearia a obra, prometida at ento para janeiro de 2012, utilizando-se de um contrato fi rmado h 18 anos entre o Estado e a construtora Andrade Gutierrez. As obras seriam embutidas no projeto da ligao Dutra-Carvalho Pinto em So Jos, que foi lanado na gesto de Luiz Antonio Fleury Filho, em 1993. A manobra permitiria ao governo do Estado dar incio duplicao sem a necessidade de abrir um novo processo licitatrio.

    Contudo, aps crticas da bancada de oposio na Assembleia Legislativa, Alck-min recuou, anunciando a liberao de R$ 1,050 bilho e a licitao para o trecho do planalto, o que, por sua vez, atrasou em dois meses o incio dos trabalhos.

    ReaoAmbientalista do colegiado de ONGs liga-das ao Meio Ambiente do Litoral Norte, Beto Francine traz outros temas ao debate. Para ele, alguns pontos so deixados de lado na discus-so da duplicao. O impacto dessa obra ser muito grande. Muita gente deixa de vir ao lito-ral hoje porque o acesso ruim. Agora, o acesso no ser mais problema, o que signifi ca que

    INCIOO governador Geraldo Alckmin garante queas obras comearoem maro de 2012

    teremos mais pessoas chegando ao litoral. E a infraestrutura? Temos promessas de melhoria no abastecimento de gua e coleta de esgoto, mas no vemos obras. As Santas Casas j fi cam sobrecarregadas em poca do maior fl uxo, R-veillon e Carnaval. As cidades do litoral tero estrutura para tolerar esse fl uxo maior de pes-soas?, questionou o ambientalista.

    Seria interessante que o governo discutisse polticas pblicas para o desenvolvimento da regio, buscando sustentabilidade. At porque temos o agravante de que as cidades do litoral vo passar a receber grandes cifras em royal-ties por causa do pr-sal. A experincia no Rio de Janeiro, como em Maca, mostra que os royalties, ao invs de melhorar a situao da populao, acabam piorando. O IDH [ndice de Desenvolvimento Humano] despencou nas cidades do Rio, porque a populao aumentou e no houve controle social, desenvolvimento

    Depois do rodoanel metropolitano, a duplicao da rodo-via dos Tamoios a obra mais estratgica para o desenvolvimento de So PauloDo governador Geraldo Alckmin

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    estruturado, apontou Beto Francine. Uma discusso nesse sentido, segundo ele, ser en-caminhada ao governo Alckmin.

    Outra incgnita o pedgio. A Rodovia dos Tamoios certamente contar com praas de pedgios aps a duplicao. Quantas e quais sero os valores praticados ainda um mist-rio. Ns estamos fazendo PPP exatamente para reduzir os nmeros de praas e valores de pedgios. Se fosse concesso ia ter que colocar muito mais praas. Por isso que tem uma parte signifi cativa de investimento pblico e com ele estamos antecipando fazendo a duplicao do planalto, limita-se a dizer o governador.

    O discurso do diretor-presidente da Dersa o mesmo, apesar de um pouco mais revelador. Tambm questionado sobre a quantidade de praas e valores do pedgio, ele disse que isso ainda no foi calculado, mas soltou: hoje, a tarifa quilomtrica para rodovias semelhan-tes em torno de oito centavos por quilome-tro, afi rmou Loureno. Quantidade de pra-as depende dos estudos da PPP. Com esses investimentos do Estado, a tendncia que voc tenha a necessidade de menos investi-

    mentos por parte do parceiro para dar equil-brio ao projeto e com isso voc consegue um valor de pedgio menor.

    Por fi m, Alckmin salientou: Queria des-tacar o seguinte. O Litoral Norte vai ter um crescimento vertiginoso, porque voc tem construo civil, muito emprego, voc tem turismo que o que mais cresce em termos de emprego, voc tem, com todo o perdo ao restante do pas, as mais belas praias do Brasil no Litoral Norte. Voc tem a unidade de tra-tamento de gs que vai ser a maior da Amrica do Sul em Caraguatatuba. Voc tem o pr-sal, a bacia de Santos, o maior campo hoje de pro-duo de petrleo j o do pr-sal. Ento, voc tem um crescimento vertiginoso. E o porto [de So Sebastio], afi rmou.

    Depois do rodoanel metropolitano, a obra mais estratgica para o desenvolvimento de So Paulo. Vai interligar porto, litoral, pr-sal, tratamento de gs, So Jos dos Campos, ae-roporto, ferrovia ou trem, trem-bala ou nosso expresso regional, So Paulo, Rio de Janeiro. Ento, [a Tamoios] uma rodovia estrutu-rante, declarou o tucano.

    Estudos encomendados pelo governo do Estado mostram que o VDM (Volume Dirio Mdio de Veculos) dever saltar de 12 mil, movimento que a estrada recebe hoje, para 16 mil j nos prximos quatro anos, em 2015

    O uxo na rodovia dos Tamoios, com a sua dupli-cao, poder triplicar nos prximos anos

    Em 2025, a rodovia Tamoios dever receber 21 mil vecu-los por dia, segundo o levan-tamento do Estado

    PREVISES DE MOVIMENTO

    Para 2035, o trfego serde 30 mil veculos por dia

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    Ozires Silva

    Ozires SilvaEngenheiro

    [email protected]

    Nossa indstria aeronutica graas a mensagem de um visionrio

    Era 1967. Trabalhvamos no Centro Tcnico Aero-espacial em So Jos dos Campos dedicados a fun-do para construir o primeiro pro-ttipo do avio que, mais tarde, seria denominado Bandeirante, ponto de partida grande Embra-er de hoje. Cheios de entusiasmo, acreditvamos que a ideia da avia-o regional iria prosperar. As di -culdades para aquele projeto pio-neiro eram grandes, no somente nanceiras, mas tambm quanto ao aprendizado para desbravar novos campos de conhecimento.

    Todavia, havia apoio de homens ex-traordinrios que, na atualidade e de-pois de 44 anos, vale a pena record-los, como exemplo de que vontade, determinao, crena e entusiasmo fazem diferenas.

    Um deles, e destacado, era o dire-tor geral do nosso Centro Tcnico, o Brigadeiro Paulo Victor da Silva, cuja crena e decises foram de funda-mental importncia para os grandes momentos do sucesso da fabricao aeronutica de hoje. Outro, o ento ministro da Aeronutica, Marechal Marcio de Souza Mello, visionrio do qual no podemos nos esquecer, pois, sem ele, nada teramos a comemorar.

    Mexendo nos meus guardados, des-taco uma nota manuscrita de 16 de no-vembro de 1967 que chegou s minhas mos, entregue pelo prprio minis-tro. Ele, atravs da nota, dirigiu-se ao chefe do Estado-Maior da Aeronuti-

    ca, brigadeiro Carlos Huet de Oliveira Sampaio. Aquele documento, agora histrico, coloca em alguns pargrafo vrias ideias propulsoras de um futuro diferente. O ministro fixava vises, com-portamentos e procedimentos, para a Aeronutica Brasileira, que norteariam caminhos e materializariam sonhos as-pirados pelo pas desde Santos Dumont.

    De forma direta e clara determinava o ministro, diretivas objetivas a serem observadas, estabelecendo as bases de uma poltica duradoura. Escreveu ele:

    No estamos absolutamente inte-ressados em comprar avies, pura e simplesmente, nem estamos com pos-sibilidades oramentrias para isso. O que realmente desejamos fabricar avies no Brasil, assegurando enco-mendas dos tipos que nos convm. Tal possibilidade deve ser estudada aqui, e no alhures. Queremos que a fabrica-o seja entregue a empresas privadas. O Ministrio apoiar as negociaes! Entendimentos em curso no impor-tam em interromper os estudos que esto em curso, nem impediro que outros se iniciem.

    Entramos em 1968 e, em decorrncia das diretivas ministeriais, um amplo leque de estratgias e negociaes foi

    aberto. Muito se avanou com nego-ciaes envolvendo diferentes pases, em particular a Itlia e a Frana. Os franceses acabaram vencendo a com-petio para o fornecimento dos pri-meiros avies supersnicos da FAB, os Mirage, que ainda so a espinha dorsal da defesa area nacional. Dos italianos veio a cooperao que permitiu Em-braer lanar a produo dos avies de treinamento, AT-26 Xavante que mui-to contriburam para os passos da, en-to, jovem empresa brasileira.

    Anos se passaram e podemos per-guntar as razes pelas quais tudo isto est sendo recordado? Simplesmente porque a carta do ministro Marcio ao brigadeiro Sampaio foi o esboo de uma estratgia, de uma poltica, mos-trando o poder do governo, quando organizadamente coloca ideias, com objetivos a serem atingidos. Sim, a par-tir da o caminho fica mais fcil. Com isso, resultados so conseguidos mais rapidamente e passam a depender de menores disponibilidades financeiras, graas a custos menores de execuo.

    O ministro Marcio de Souza e Mello no mais est entre ns, mas nos dei-xou uma lio. Quando olhamos para o cu no Vale do Paraba, e vemos nossos avies o sobrevoando, vale a pena nos lembrar que, produtos como esses so-mente puderam decolar por que, um dia, uma pessoa, exercendo um cargo de autoridade maior no nosso gover-no, produziu uma nota manuscrita, de no mais de trs pginas. E podemos dizer, isto sim o que se pode chamar de viso e de fazer diferenas!

    ARQUIVOUma nota manuscrita de 16 de novembro de 1968

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    Francaexpanso

    NEGCIOS

    A ambio de alguns empre-srios em consolidar seus empreendimentos em ou-tros municpios e estados brasileiros j realidade no Vale do Paraba. A regio, re-conhecida nacionalmente por acolher inds-trias e marcas renomadas, passou de impor-tadora para exportadora de negcios. Depois de implantar e desenvolver empresas em So Jos dos Campos, Taubat e Pindamonhan-gaba, o sucesso alcanado estendido alm das divisas e limites por meio de franquias, que geram emprego e faturam alto para ga-rantir a sobrevivncia e expanso da rede.

    O Vale do Paraba responsvel pela exporta-o de 12 marcas, ou seja, uma dzia de empre-sas que nasceram na regio atua hoje no sistema em que um franqueador cede ao franqueado o direito do uso da marca ou patente, com distri-buio exclusiva ou semiexclusiva de produtos ou servios. Se voc acha que a quantidade inexpressiva, reconsidere: juntas, essas com-panhias representam quase 300 unidades dis-tribudas pelo Brasil, geram 1.360 empregos e

    Hernane LlisSo Jos dos Campos

    Empresrios do Vale do Paraba aderem s franquias e movimentam milhes exportando suas marcas para outras regies do Brasil

    faturam, em mdia, R$ 100 milhes ao ano.Isso vai continuar crescendo, no considero

    uma tendncia empresarial, mas acho que um movimento normal. Informao sobre o assunto existe e o interesse dos empresrios cada vez mais forte neste ramo de negcios, disse Marcus Rizzo, diretor da Rizzo Franchise, consultoria especializada em franqueadoras e responsvel pelo levantamento sobre o mer-cado de franquias no Brasil.

    Rizzo explica ainda que 60% de todas as redes de franquias do Brasil tm matriz em So Paulo. Dessas, 35% nasceram fora da capital. Para ele, o resultado mostra a fora empreendedora do in-terior paulista. Neste contexto, a cidade do Vale do Paraba que mais se destaca em nmeros de redes consolidadas So Jos dos Campos. O maior municpio da regio conta com nove em-presas franqueadoras que somam 253 unidades em diferentes estados brasileiros. Somente no ano passado, faturaram R$ 96 milhes.

    O montante superior ao conquistado pelas 119 unidades das 12 franqueadoras que saram de Ribeiro Preto, cidade com parmetros econmicos e sociais semelhantes a So Jos. O conglomerado de empresas rio-pretense fa-turou em 2010 R$ 66,5 milhes. No entanto, o volume de dinheiro que gira entre as redes varia de acordo com o segmento e o local

    Economia

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    SEMIJIASA empresria Marina Gheler,que acaba de assinar um contrato para franquear a marca que carrega seu nome

    Fotos: Flvio Pereira

    escolhido para desenvolver os negcios. Em Sorocaba, por exemplo, existem 11 franquea-doras (368 unidades) que faturaram juntas R$ 188 milhes no ltimo ano.

    O mais importante ter mercado para aquele tipo de operao, ou seja, ter a per-feita noo de que onde o negcio vai ser instalado tem consumidores em quantidade sufi ciente que possa garantir a rentabilidade prometida na operao. Isso um problema, muitas vezes os negcios no so instalados em mercados adequados, o franqueado local acaba tendo que modifi car, geralmente, mix de produtos, para poder sobreviver. Esse um erro muito comum, no tente adaptar seu negcio ao mercado, alertou Rizzo.

    NegciosO prdio da escola Supera, localizado na ave-nida Baro de Rio Branco, regio nobre de So Jos, to grande quanto o potencial do negcio que o engenheiro formado pelo ITA, Antonio Carlos Guarini, 50 anos, vislumbra. Mesmo com trs salas de aulas disponveis, nos primeiros meses da empreitada, apenas uma comportava os pouco mais de 40 alunos matriculados no incio das operaes. Com o passar do tempo, a turma comeou a crescer e ocupar as dependncias que estavam ociosas. Era o movimento que faltava para Guarini co-locar em prtica, em 2007, uma de suas metas aps a consolidao dos negcios.

    No incio pensei s na escola, mas antes mesmo de comear a operao defi nimos que crescer pelo sistema de franquia se-ria uma alternativa. Atuamos num campo novo, onde existe tendncia de mercado, se fossemos crescer por conta prpria ia de-morar muito. Neste tempo iriam aparecer muitos concorrentes. Foi uma estratgia para termos a liderana de mercado. Depois de um ano, abrimos a primeira franquia em Joo Pessoa (PB) e hoje temos 35 unida-des em operao e 55 unidades vendidas. Somente em So Jos temos mais de 300 alunos matriculados, disse o empresrio.

    A Supera usa uma metodologia prpria de-

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    senvolvida a partir de exerccios de lgica e da prtica de clculos atravs do baco, um antigo instrumento para fazer contas. O investimento total para quem quer ser franqueado da marca varia entre R$ 100 mil e R$ 120 mil, incluindo a taxa de franquia e o capital de giro. Antonio Carlos acompa-nha de perto o andamento dos negcios em todas as unidades. Para cada aluno matricu-lado fora da sede, ele garante 12% do valor da mensalidade. Nosso faturamento como franqueador vem desses royalties.

    No Brasil, existem diversas empresas franqueadoras que se tornaram negcios bilionrios alm do Grupo Multi, que atua no ensino de idiomas com marcas como a Wizard e Skill, podem ser citados os casos da fabricante de cosmticos O Boticrio, fundada pelo paranaense Miguel Krigs-ner, aos 27 anos, a partir de uma farmcia de manipulao em Curitiba, e da rede de fast food Habibs, do mdico Alberto Saraiva. Segundo Ricardo Camargo, dire-tor executivo da Associao Brasileira de Franchising, educao, comida e produtos de consumo esto entre os exemplos mais bem-sucedidos de franquias. No entanto, a previso para os prximos anos que haja espao para o surgimento de grandes em-presas prestadoras de servios em reas como, limpeza e produtos de higiene, segu-rana patrimonial, entre outras.

    Para 2011, a tendncia de crescimento de 15% no setor. Somos hoje o quarto pas com o maior nmero de marcas de fran-quias e o sexto em nmero de unidades. preciso avaliar bem o mercado e o negcio para no cair em contos mirabolantes., avaliou o diretor, ressaltando ainda que em 2010 o setor de franquias brasileiro faturou a bagatela de R$ 75,9 bilhes, avanando em 12,9% em quantidade de marcas.

    SucessoOutras duas cidades do Vale do Paraba tm empresas que exportaram seus produtos e servios para diferentes regies do pas com sucesso. De Taubat saram duas franqueado-ras e de Pindamonhangaba, uma. Juntas, elas garantem o emprego de quase 400 pessoas e movimentam um faturamento de quase R$ 20 milhes ao ano. Do que depender da iniciativa da empresria Marina Gheler no prximo le-vantamento realizado pela Rizzo Franchise esses nmeros estaro em outro patamar. Aos 27 anos, ela j conquistou lugar de destaque como empreendedora local.

    Proprietria de quatro lojas de semijias

    1 - Sua empresa funciona h quanto tempo?A. Mais de cinco anos C. Entre dois e trs anosB. Entre trs e cinco anos D. Entre um e dois anos

    2 - Em quantas cidades voc tem lojas prprias abertas?A. Quatro ou mais B. TrsC. Duas D. Uma

    3 - Sua empresa pode dar certo em todas regies do pas?A. Tenho um produto que agrada a um pblico to diverso quanto possvelB. Tenho um produto que consumido em quase todas as regiesC. Tenho um produto que aceito entre um p-blico espec co e el de algumas regiesD. Poucas cidades, alm das que j estou, conse-guiriam gerar a escala que o negcio exige

    4 - Como suas marcas, produtos e servios se desta-cam dos da concorrncia?A. Temos produtos que a concorrncia no tem, com suas devidas patentes registradas e uma marca reconhecida nas cidades onde atuaB. Temos produtos que a concorrncia no tem, mas ainda trabalhamos para tornar a marca mais conhecidaC. Temos marca e produtos reconhecidos, mas nunca pensei em registrar a marca ou a patente dos produtosD. Temos produtos parecidos aos ofertados pela concorrncia, mas ganhamos mercado por vender mais barato

    5 - Seus produtos ou servios tm margens de lucro su cientes para compartilhar com o franqueado? A. A empresa altamente rentvel e mesmo que tivesse que descontar mais algumas taxas sobre o faturamento, continuaria dando um bom lucro B. A empresa rentvel, mas ainda no estudei o que aconteceria se as margens atuais fossem reduzidasC. Consigo empatar receitas e despesasD. No analiso continuamente o uxo de caixa e s tenho uma ideia de quais produtos fazem mais sucesso

    6 - Fazendo uma simulao com os investimentos exigidos para instalao, as margens de lucro conhecidas, as vendas mnimas esperadas e a porcentagem de royalties e impostos que o fran-queado dever pagar, a partir de quanto tempo ele comearia a obter lucro?A. Entre 12 e 24 meses B. Entre 25 e 36 mesesC. Entre 36 e 48 meses D. Mais de 48 meses

    7 - O sucesso de sua empresa depende muito do seu prprio carisma como proprietrio, um talento espec co ou habilidade que s voc tem?A. Hoje, o que faz minha empresa bem-sucedida so exclusivamente os produtos oferecidos e o for-mato de venda que conseguimos padronizar, es-tando eu presente ou no no dia-a-dia da operaoB. Algumas caractersticas da empresa tm a ver com meu jeito de ser, mas outras pessoas podem fa-cilmente aprender a fazer igual, ainda que distncia C. Tenho certo receio quando me afasto do dia-a-dia da operao, mas tenho pessoas preparadas para me substituir quando precisoD. Os produtos, servios e atendimento oferecidos pela minha empresa so parecidos aos da maioria do

    setor, mas os clientes gostam (e compram) de mim

    8 - Quando decide mudar algum aspecto da gesto, como seu comportamento como dono do negcio? A. Sugiro novas ideias, mas s chego a uma con-cluso depois de ouvir funcionrios e clientes, ainda que isso implique em mais tempo de anliseB. Ouo todos os lados, mas no tenho pacincia para esperar muito tempo por um consenso. C. Ouo todos, mas prevalecem minhas opiniesD. As minhas ideias devem ser obedecidas sem questionamentos, a nal no existe outra pessoa que mais entende do negcio do que eu

    9 - Voc e/ou seus fornecedores esto prontos para expandir a produo? A. Investimos recentemente em novos equipa-mentos, os fornecedores esto preparados e a logstica de entrega dos produtos para as novas lojas j foi estudadaB. Temos plena capacidade e flego financeiro para aumentar e distribuir a produo, assim que necessrioC. Temos capacidade de aumentar a produo, mas no havia pensado no custo da logstica de entregaD. A fbrica e/ou meus fornecedores trabalham no limite e no h condies imediatas de expan-dir a produo e nem procurar outros fabricantes

    10 - A empresa tem os fundos necessrios para nan-ciar a transformao do negcio em franquia? A. Sim, temos caixa su ciente para formatar a fran-queadora e aumentar o nmero de funcionriosB. A estrutura atual su ciente para atender s demandas dos futuros franqueadosC. No, mas estamos nos planejando para isso, inclusive estudando emprstimos bancriosD. No temos dinheiro para investir, mas espera-mos nanciar a franqueadora com as primeiras taxas de franquias

    RESULTADO At 20 pontos

    O negcio ainda precisa estar mais bem es-truturado internamente. Somente com a casa arrumada deve-se planejar uma expanso por franquias, do contrrio voc vai exportar no apenas seus acertos, mas os erros de gesto. Tal-vez seja necessrio testar por iniciativa prpria o modelo em outras regies.

    De 21 a 30 pontosAlguns procedimentos bsicos para a expanso do negcio j esto em prtica. No entanto, necessrio investir um pouco mais no aperfeioa-mento de processos, como padronizar os sistemas de venda e atendimento ao cliente antes de se lan-ar em franquias. Falta pouco!

    Acima de 30 pontosO negcio est pronto para ascender. Suas chan-ces de crescer rapidamente por meio de franquias parecem muito boas. Voc deve estudar com se-riedade essa alternativa.

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    Pontuao - Valor das alternativas assinaladas

    A - 4 B - 3 C - 2 D 1

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  • 28 Economia

    na regio, ela acaba de assinar o primeiro contrato para franquear a marca que car-rega seu nome. A previso que em maio de 2012 seja inaugurada na Avenida Pau-lista, em So Paulo, uma loja exclusiva para seus produtos. O sonho de tornar-se fran-queadora virou realidade depois de pouco mais de cinco anos de abertura da primeira unidade da Marina Gheler Semi-Jias, em Taubat. O investimento realizado pelo empresrio interessado em sua marca foi da ordem de R$ 120 mil, a previso de retorno do capital de um ano e meio.

    Faz seis meses que fechei o primeiro con-trato de transferncia, mas estou trabalhando a ideia de franquia a pouco mais de um ano. Consegui ir adiante com o projeto depois da iniciativa de outro empresrio, que estudou a minha marca e me procurou. Muita gente falava que seria uma boa esse segmento, j que tenho fabricao prpria e uma marca conso-lidada com tudo padronizado e estruturado. Resolvi ento apostar, disse Marina, que ne-gocia outros seis contratos de franquia para outros estados brasileiros.

    EDUCAOEstudantes da Supera, escola que nasceu em So Jos e usa metodologia desenvolvida com exerccios da prtica de calculos atravs do baco

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    A inovao pressupe uma postura positiva para enfrentar o negativismo

    sempre bom termos uma agenda positiva em qual-quer aspecto da vida hu-mana. A agenda negativa, no entanto, parece predominar o nosso cotidiano. As pginas dos jornais esto repletas dela, as TVs a destilam sem d, a Internet vai mais alm, abre espao para aber-raes de toda sorte e natureza. Assim que em todo o mundo aumentam vertiginosamente os casos de doenas sociais, psicos-somticas, a depresso, o cncer, as fraquezas do corao que vive aos sobressaltos.

    Se por um lado vivemos mais, gra-as aos avanos constantes da me-dicina, por outro parece que adoece-mos mais, desses males que afetam a mente e o corao. Como construir uma agenda positiva frente a tudo que nos exposto cotidianamente, um comportamento predominan-temente otimista, que nos propor-cione no somente uma vida mais longa, mas tambm mais leve e so-cialmente saudvel?

    As respostas podem ser muitas. Livros e revistas de auto-ajuda, que proliferam assentados nas crises das doenas sociais, esto cheios delas. Mas vou aqui dar uma pequena con-tribuio, associando um conceito de postura individual ou coletiva, que pode ser muito benfi co ao bem estar pessoal e da sociedade. Trata-se da inovao, palavra muito explorada ultimamente, quase sempre associada

    capacidade de empresas de utilizar co-nhecimento e tecnologias para criao de novos produtos ou servios, que te-nham boa aceitao pelo mercado.

    A inovao, portanto, est bastante associada capacidade que temos de nos reinventar, de abrirmos no-vos caminhos, de no aceitarmos passivamente os fatos negativos que acontecem tanto no plano pessoal como coletivo. uma competncia que podemos utilizar ou no, e a te-mos utilizado pouco.

    Se fossemos de fato inovadores, como so a Sua (considerado atu-almente como pas mais inovador do mundo) a distante Islndia, e mais prximo de ns o Chile, pas mais inovador da Amrica Latina, no poderamos continuar vivendo o pa-radoxo do crescimento econmico pareado sina de um dos pases mais corruptos do mundo. No podera-mos continuar aceitando esse ttulo, que choca-se frontalmente com os

    rankings mundiais da inovao. Ve-jam que esta uma questo cultural, um paradigma que devemos mudar e transpor, como quem luta para mudar velhos hbitos.

    No ms de agosto passado o go-verno federal mudou o nome do Ministrio da Cincia e Tecnologia para Ministrio da Cincia, Tecno-logia e Inovao (o assunto est rela-cionado). Anunciou tambm a cria-o de mais uma empresa estatal, a Empresa Brasileira para Pesquisa e Inovao na Indstria (Embrapii), para promover a do conhecimento tecnolgico com a indstria no Pas. Que no seja mais um cabidao.

    Navegamos, governo e sociedade, entre as garras de costumes arcaicos, ultrapassados, e a vontade latente de inovar, mudar. Essa mudana cultu-ral, me parece, acontecer aos pou-cos, e ser tanto mais rpida, quanto mais cada um de ns entendermos o nosso papel nessa histria.

    Fabola de Oliveira

    Fabola de OliveiraJornalista

    [email protected]

    Cincia & Tecnologia

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    Aprendernavegando

    NA WEB

    Ainda so vistos por muitos com desconfi ana, mas a cada dia ganham credibilidade no mer-cado de trabalho e j contam com centenas de milhares de adeptos em todo o Brasil. So os cursos online, que chegaram por aqui na d-cada de 90, em uma reformulao dos ensinos distncia feitos por correspondncia e rdio, e se consolidaram apenas em 2003, com um aumento signifi cativo no nmero de alunos.

    Com a popularizao da internet e o cresci-mento das redes sociais, esta modalidade de ensino desponta no horizonte como uma nova tendncia. Ento, se voc est determinado a melhorar o currculo, mas sempre viaja a traba-lho ou no quer abrir mo de estar em casa com a famlia, j tem o apoio de ao menos a metade dos profi ssionais de Recursos Humanos.

    Os profi ssionais de RH ainda esto dividi-dos, mas podemos estimar em 50% os que j consideram o aprendizado via internet uma opo plausvel. Eu sou uma delas e, inclusive, uso a ferramenta. J os conservadores alegam que este mtodo ainda no avalia bem o aluno, disse Vera Lcia Gobetti, diretora do departa-mento de contrataes da Ericsson Brasil.

    O departamento de RH da Ericsson recebe um nmero cada vez maior de currculos com cur-sos de curta e longa durao, de especializaes

    Letcia MacielSo Jos dos Campos

    A internet pode ser mais que uma ferramenta deentretenimento e trabalho; cursos online pagos ou gratuitos, que do um upgrade no currculo, j conquistaram a con ana dos pro ssionais de RH

    e MBA feitos pela web. A prpria multinacional sueca do setor de telecomunicaes oferece, in-ternamente, formaes tcnicas e treinamen-tos virtuais para melhorar o desempenho do empregado no exerccio de sua funo.

    Na Johnson & Johnson, em So Jos dos Campos, so oferecidos aos funcionrios cur-sos de ingls, de segurana para os operacionais e de desenvolvimento de lderes no formato h-brido, ou seja, cursos online reforados por au-las presenciais. Para Ana Paula Crmez, repre-sentante do RH da empresa norte-americana, os cursos distncia so vlidos para ampliar o conhecimento do profi ssional, sobretudo se estiverem ligados a instituies de renome, como FGV (Fundao Getlio Vargas), Ibmec (Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais), Faap (Fundao Armando Alves Penteado) e PUC (Pontifcia Universidade Catlica), alm dos desenvolvidos por demanda da empresa.

    Vejo os cursos online e os cursos presen-ciais como ferramentas complementares. No entanto, a vantagem do curso online que o aluno pode seguir um ritmo prprio e ainda rever o contedo das aulas, que fi ca registrado no computador, comparou Ana Paula. As instituies citadas por ela oferecem, h pelo menos cinco anos, especializaes gratuitas e pagas, pela internet, aperfeioando e expan-dindo o modelo de ensino distncia (EAD).

    O FGV Online adotou a metodologia em 1995. Ano passado, registrou 78 mil alunos em cursos de curta, mdia e longa durao, in-cluindo os particulares, e os contratados por

    Educao

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    Controlo meus horrios de estudo com uma agenda eletrnica para cumprir os prazos de-terminados pelo mtodo do Ambra, afi rmou.

    Assim, ela no perde tempo de deslocamento at a faculdade, no tem gasto com transporte e ainda tem o privilgio de ter bons professores de qualquer lugar do pas ou at do exterior. O im-portante ter em mente que sua dedicao far a diferena na carreira que voc escolheu, disse.

    UABA graduao escolhida por Ana Lcia paga em dlares, mas existem opes gratuitas, entre elas, as oferecidas pelo governo federal. Na in-teno inicial de qualifi car professores e pro-mover o aperfeioamento de funcionrios p-blicos, o Ministrio da Educao criou a UAB (Universidade Aberta do Brasil). So cursos de graduao em pedagogia, engenharia ambien-tal, sistemas de informao, licenciatura em matemtica e administrao pblica.

    No Vale do Paraba, a faculdade de EAD ope-rada em parceria com a Prefeitura de So Jos dos Campos. Os alunos estudam em casa, mas tm disposio dois plos de atendimento pre-sencial, um no Jardim Satlite, na regio sul da cidade, e outro no bairro Santana, na zona norte, com secretaria acadmica, laboratrios de infor-mtica, biblioteca e salas para provas. Temos 13 cursos em andamento em So Jos, em conv-nio com Unifesp, Ufscar, Ufop de Ouro Preto, UFABC de Santo Andr, e Universidade Tecno-lgica Federal do Paran, disse Gisele Moreira, coordenadora da UAB no Vale do Paraba.

    A joseense Denise Jabucovisky, funcionria da Caixa Econmica Federal, uma das alunas virtuais da UAB. Ela est cursando, com muita seriedade, a ps-graduao em Gesto Pblica Municipal. O curso bem puxado, tanto que h muita desistncia. Estudo todos os dias depois do trabalho, at duas ou trs horas da madrugada, e estou aprendendo muito. Temos um cronograma a cumprir, trabalhos para en-tregar e muita coisa para ler, contou Denise, que faz parte da primeira turma do Programa de Formao em Administrao Pblica da UAB no Plo de So Jos dos Campos.

    Segundo ela, o material disponibilizado pelo sistema muito denso e os professores indi-cam livros complementares ao contedo que est sendo lecionado. Para conseguir ir at o fi nal do curso, que no caso dela dura um ano e meio, o aluno precisa ter muita disciplina e determinao. Antes de cada trabalho, somos orientados a fazer pesquisas na web. Temos dicas de bons endereos para buscar informa-es e aprendemos tambm a consultar sites

    corporaes, companhias e instituies do go-verno. Na era da comunicao virtual, seria uma contradio as pessoas ainda duvidarem da seriedade e dos benefcios dos cursos on-line. At porque estes cursos mantm um alto nvel de exigncia com os alunos, por meio de avaliaes rigorosas, prazos para entrega de trabalhos e participao em aulas na rede, disse professor Stavros Xanthopoylos, diretor executivo do FGV Online, do Rio de Janeiro.

    Segundo ele, os cursos online fazem com que os alunos desenvolvam habilidades fun-damentais para o mundo globalizado, como capacidade de escrever, de se comunicar por escrito, e de trabalhar em grupo e distncia ao mesmo tempo. Empresas do mundo todo ofe-recem e-learning a seus funcionrios porque j entenderam que isto d resultado. o caso principalmente de Canad, Espanha e Alema-nha, lembrou Stavros.

    O professor acrescentou ainda que a insti-tuio emitiu mais de 1 milho de declaraes de cursos gratuitos em 2010. Esta a oportu-nidade para aquelas pessoas que no podem pagar o curso da FGV, ressaltou. O perfil dos alunos de cursos online est na faixa dos 25-35 anos. So pessoas que no tm medo da tecno-logia, so flexveis e disciplinadas. Antes de se-rem inscritas, elas fazem provas de portugus, matemtica, raciocnio lgico e redao, alm de passarem por uma avaliao curricular.

    Ana Lcia Tarantelli, 28 anos e formada em Administrao de Empresas pelo Mackenzie, um exemplo. Decidiu estudar em casa, pela internet, e se matriculou no curso de gradua-o em Direito do Ambra (American College of Brazilian Studies) que, apesar de ser uma ins-tituio regida pelas leis do Estado da Flrida, oferece ensino distncia no idioma portugus. O diploma estrangeiro, mas pode ser revali-dado por universidades brasileiras. Com dura-o de cinco anos, pode ser concludo em trs anos e meio, dependendo da disponibilidade do aluno. Escolhi o curso online devido ao horrio flexvel e por acreditar que a qualidade do ensino ainda melhor que a encontrada nas faculdades aqui da regio, disse Ana Lcia.

    O mtodo rigoroso. Ela tem aulas por web conference com professores exigentes de universidades estaduais e federais do Bra-sil. Depois, participa de fruns de discusses e fruns de dvidas e tem de fazer as tarefas correspondentes a cada aula, apoiando-se em pesquisas bibliogrfi cas online. Organizao muito importante neste tipo de estudo. Alm disso, acredito que o aluno responsvel pelo seu aprendizado, a escola apenas o direciona.

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    ofi ciais do governo. Quando chega a data da prova, o aluno obrigado a comparecer nos plos presenciais, explica a aluna.

    NetworkingH algum tempo, um dos maiores argumentos contra os cursos distncia era a falta de relacio-namento pessoal, mas este obstculo j foi supe-rado pelos alunos. As turmas dos cursos online fazem blogs para discutir assuntos ligados ao curso. Isso no e mais um problema porque hoje as pessoas se relacionam com muita facilidade pela internet, disse Vera Lcia, da Ericsson.

    Assim como ela, o professor Stavros reco-nhece o avano das comunicaes. Os alunos que tm sede de aprender no se importam com isso, at porque vivemos atualmente outra dimenso da comunicao. Os alunos de ensino distncia se organizam entre eles em redes sociais como o Facebook e marcam encontros, estudam em grupos e saem juntos, disse.

    Os profi ssionais de RH de grandes empre-sas presentes no Vale disseram que o mais importante saber transmitir oralmente e, sobretudo, aplicar o que aprendeu, seja em um curso virtual ou presencial. O impor-tante o candidato conseguir demonstrar na entrevista o que aprendeu no curso distn-cia. Se o currculo no to bom, mas a pes-soa tem um bom discurso, tem boas experi-ncias, isso pesar mais na seleo, indicou Ivanice Oliveira, do RH da Leroy Merlin.

    Na internet, podem ser encontrados cursos em diversas reas, como administrao, finan-as, comunicao, tecnologia, meio ambiente, recursos humanos e direito. Os de curta durao trazem dicas para o desempenho profissional, mas abordam as teorias superficialmente. Em geral, no disponibilizam professores para sanar dvidas. As especializaes de mais de um ano so mais aprofundadas e tm mais credibilidade no mercado. Os cursos de longa durao em ins-tituies reconhecidas custam, em mdia, R$ 20 mil. Na FGV, por exemplo, os mais procurados so Gesto Empresarial e Gesto de Projetos.

    As especializaes mais confi veis so as cadastradas no site do MEC, que cumprem requisitos de modelos pedaggicos ofi ciais. Alm disso, antes de fazer um curso dis-tncia, o interessado deve procurar saber quantos tutores atendero os alunos e qual o tempo de resposta que tero para esclare-cer dvidas. Recomendo que o candidato converse com uma pessoa que j tenha feito o curso, antes de se inscrever, e avalie tam-bm o material didtico, procurando saber como as apostilas sero disponibilizadas, disse Stavros, do FGV Online.

    Em vez de fi car bisbilhotando a vida alheia em redes sociais como Orkut e Facebook ou acessar dezenas de vezes o mesmo site de notcias por dia, o internauta tem a opo de baixar programas educativos que podem ser teis tanto para sua vida pessoal quanto profi ssional. Existe uma infi nidade de sites que informam sobre aplicativos gratuitos com cursos em diversas disciplinas como portugus, geografi a, matemtica, inform-tica, idiomas, entre outros.

    Miriam Cavalcanti, de So Jos dos Campos, uma das pessoas que usu-frui destes benefcios do mundo virtual. Quando est na academia fazendo es-teira, por exemplo, estuda idiomas pelo Ipod. Baixei um curso de francs cha-mado Babbel, pela Apple Store, e estou comeando a aprender. muito bom ou-vir as aulas enquanto caminho, contou.

    No site do UOL, voc pode encontrar

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