Revista valeparaibano - Maio 2010

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O que pensa Dilma “O Brasil está preparado para ter a primeira mulher presidente” Exclusivo CULTURA Testamos as baladas da região P72 SAÚDE Remédios: vício que preocupa o mundo P48 HI-TECH Jabulani, a bola da Copa do Mundo P94 Maxicolares são a aposta do inverno deste ano P80 Maio 2010 • Ano 1 • Número 2 R$ 7,80 Mai

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edicao de maio de 2010

Transcript of Revista valeparaibano - Maio 2010

Page 1: Revista valeparaibano - Maio 2010

O que pensa Dilma“O Brasil está preparado

para ter a primeira mulher presidente”

Exclusivo

CULTURA

Testamos as baladas da região P72

SAÚDE

Remédios: vício que preocupa o mundo P48

HI-TECH

Jabulani, a bola da Copa do Mundo P94

Maxicolares são a aposta do inverno deste ano P80

Maio 2010 • Ano 1 • Número 2

R$ 7,80 Mai

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77Domingo 4Abril de 2010 77

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8 Opinião8

O que se espera do novo governante do país?

Dentro de cinco meses, 133 mi-lhões de brasileiros irão às urnas para escolher quem vai governar o país pelos próximos

quatro anos, em uma disputa mais uma vez polarizada entre o PT e o PSDB.

De um lado a ex-ministra Dilma Rousseff (PT), que se coloca como herdeira política do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Do outro, o ex-governador José Serra (PSDB), que tem defendido que a campanha não deve ser base-ada em comparações entre os governos Lula e Fernando Henrique Cardoso.

A tática do tucano: o índice de popularidade de Lula, que beira os 80% de aprovação, se-gundo pesquisas de opinião mais recentes, contra uma sensação de estranheza com que o governo de FHC, do qual Serra foi ministro da Saúde, é recebido por parte do eleitorado. Em resumo, nos anos Lula, FHC, até pela ação do governo do PT, perdeu brilho.

Também são pré-candidatos a senadora Ma-rina Silva (PV-RJ), ex-ministra do Meio Am-biente no governo Lula, e o deputado federal Ciro Gomes (PSB-SP), que resolveu lançar candidatura própria, minando a estratégia do PT de tê-lo no bloco pró-Dilma.

O que esperar dos candidatos? Mais que apresentar soluções para problemas antigos, que se prolongam há anos, Dilma e Serra terão que enfrentar seus próprios obstáculos.Cabe à ex-ministra da Casa Civil conquistar o eleitorado feminino e ampliar seu patamar de votos em São Paulo e Minas Gerais, os dois maiores colégios eleitorais do país, onde o PSDB, teoricamente, tem vantagem.

Dilma também nunca foi testada nas urnas, diferentemente de Serra, que já foi deputado federal, senador, prefeito da capital e governa-dor de São Paulo. Da sua parte, Serra terá que conseguir a confi ança do eleitorado no Nor-

deste, onde a ex-ministra tem grande aceita-ção devido ao apoio de Lula.

Nesta edição, a revista valeparaibano abriu espaço para que Dilma e Serra, que lideram as pesquisas de intenção de voto, falassem sobre suas campanhas, metas e propostas para o Brasil a partir de 2011. Dilma aceitou, Serra declinou.

O que esperar de Dilma e Serra? Mais que vencer seus próprios limites, é preciso que eles tenham um projeto para o país. Não basta ganhar a eleição. Deles, a sociedade espera coragem para propor e implementar mudanças. Mais que instrumento de poder, a política é instrumento de mudança. O Brasil precisa avançar.

Marcelo Clareteditor-chefe

O que pensa Dilma“O Brasil está preparado

para ter a primeira mulher presidente”

Exclusivo

CULTURA

Testamos as

baladas da

região P72

SAÚDE

Remédios: vício

que preocupa o

mundo P48

HI-TECH

Jabulani, a

bola da Copa

do Mundo P94

Maxicolares são a aposta

do inverno deste ano P80

Maio 2010 • Ano 1 • Número 2

R$ 7,80

Palavrado editor DIRETOR RESPONSÁVEL Ferdinando Salerno

DIRETORA ADMINISTRATIVA Sandra Nunes

EDITOR-CHEFE Marcelo [email protected]

EDITOR-ASSISTENTE Adriano Pereira

[email protected]

EDITOR DE IMAGEM Eugênio Vieira [email protected]

REPÓRTERES Yann Walter ([email protected]), Hernane Lélis ([email protected]) e

Elaine Santos ([email protected])

COLABORADORES Antonio Basilio, Cláudio César de Souza,Cristina Bedendo, Diogo Migotto, Isabela Rosemback,

Raquel Cunha e Xandu Alves

DIAGRAMAÇÃO Daniel Fernandes e Paulo Donizetti

COLUNISTAS Alice Lobo, Carlos Carrasco, Fabíola de Olveira,Marco Antonio Vitti, Marcos Meirelles,

Ozires Silva e Roberto Wagner de Almeida

CARTAS À REDAÇÃ[email protected]

DEPARTAMENTO DE PUBLICIDADE Tatiana Musto

[email protected]

(12) 3909 4646

SUCURSAL SÃO PAULO

Alameda Gabriel Monteiro Silva, 2373

Jd. América (11) 3546 0300

A revista valeparaibano é uma publicação mensal da empresa Jornal O Valeparaibano Ltda. Av. São João, 1.925, Jardim Esplanada,

São José dos Campos (SP) CEP: 12242-840 Tel.: (12) 3202 4000

ATENDIMENTO AO ASSINANTE

Segunda a sexta-feira, das 8h às 18h0800 728 1919

[email protected]

www.valeparaibano.com.brFAX: (12) 3909 4603

PARA ANUNCIAR LIGUE: (12) 3909 4646

PARA FALAR COM A REDAÇÃO: (12) 3909 4600

As cartas devem ser encaminhadas com assinatura, endereço e telefone do remetente. O valeparaibano reserva-se ao direito de selecioná-las e resumi-las.

EDIÇÕES ANTERIORES: 0800 728 1919

IMPRESSÃO GRÁFICA PLURAL

TIRAGEM: 30 mil exemplares

Esta tiragem é auditada pela BDO

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MODAMAXI COLARES SÃO APOSTA PARA O INVERNO P100

Economia p32Ensaio Fotografi co p60Beleza p98Flashes & p106

Casais, solteiros, amigos e famílias preparem as malas. As férias estão chegando!

Roteiros para todo mundo P65

China está de olho no pré-sal P54

TesteBaladas do ValeNossa reportagemNossa reportagemtesta atendimento testa atendimento na regiãona região P72

POLÍTICA ANÁLISE

Desafi o do próximo governante do país será recuperar a credibilidade da política

Brasília: capital do poder faz 50 anos P14

HI TECH COPA DO MUNDO TURISMO FÉRIAS

MUNDO NEGÓCIOS

Para a Copa de 2010 na África do Sul a Adidas desenvolveu a bola mais veloz e precisa do planeta

Jabulani, a bola da vez P94

ENTREVISTA DILMA ROUSSEFF

Segundo Dilma, o Brasil já está preparado para ter a primeira mulher na presidência

Pré-candidata do PT fala da campanha P22

MÚSICA VIRADA CULTURAL

Cat Power traz

sua despretensão

para São José P76

Uso abusivo de medicamentos controlados já supera a dependência de cocaína, heroína e ecstasy no mundo

ESPECIAL

O vício nos remédios tarja preta

NOITE

Sumário

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AS CARTAS

ENQUETE

COLUNISTA

Assunto atualVitti, parabéns pelo seu artigo na revista valeparaibano. Assunto muito atual e pouco divulgado pela mídia. Reflexão profunda sobre a medicina praticada pelos planos de saúde. Muito bom.Sérgio dos PassosMédico

QUALIDADE

SucessoLeitores da região inteira estão elogiando a boa qualidade da re-vista valeparaibano. Parabéns aos diretores e toda a equipe que trabalha neste segmento de infor-mação. O Vale do Paraíba já me-recia um produto dessa categoria. Longos anos de vida e sucesso.Marcos Ivan de CarvalhoJornalista

ANÁLISE

Matérias objetivasLendo a revista confesso que a analisei também buscando possíveis falhas com intuito de fazer críticas construtivas, mas não encontrei nada que eu posso observar negativamente. Portanto, parabéns a equipe que apresentou as matérias claras e objetivas. Boa Sorte.Agostinho PlaçaDelegado regional do Creci epresidente do PDT de São José dos Campos

SERRA

DILMA

PRESENTE

Excelente veículoComo jornalista e como pre-

sidente de uma entidade que reúne pessoas interessadas nas letras e na comunicação, venho trazer o meu caloroso cumpri-mento pela iniciativa. Revista bonita, sóbria, bem feita, cor-reta, abrangente, variada, com informação, reflexão, serviço e entretenimento. Em tempo, aceitem os parabéns. Estenda meus cumprimentos, em nome da União Brasileira de Escrito-res, à diretoria e equipe que pre-senteou o Vale do Paraíba com um excelente veículo, exata-mente num momento em que se discute a crise da comunicação. Enquanto muita gente discute, a revista valeparaibano fez.Joaquim Maria BotelhoUnião Brasileira dos Escritores

MEIO AMBIENTE

CapitalismoverdeFomos presenteados com uma revista regional com o leque aberto para os acontecimentos do Brasil e do mundo. Parabéns a todos os envolvidos nos novos lançamentos. Parabéns em espe-cial ao repórter Xandu Alves pela reportagem “Capitalismo Verde - A Indústria do Meio Ambiente” que mostra as ações fundamen-tais para a preservação da quali-dade de vida no planeta que levam à diminuição da emissão de gases de efeito estufa, destacando ainda as fontes de energia limpas e reno-váveis e a reciclagem do lixo.Alfredo de Freitas de AlmeidaDiretor-presidente da Urbam

Cartas&e-mailsO DESTAQUE

CONTEÚDO

Profi ssionalismoEm um momento em que a febre do mundo virtual se alastra em escala global, em um momento em que se discute a sobrevivência das mídias impres-sas, a revista valeparaibano, em uma iniciativa arrojada e ousada, apresenta um veículo que, com certeza, entrará para a história da comunicação em nossa região. O avanço da tecnologia na área de pro-dução gráfi ca propiciou a proliferação de materiais impressos, muitos deles de excelente qualidade na forma, porém, defi cientes em seu conteúdo. Esse será, com certeza, o grande diferencial da revista valeparaibano –projetada e desenvolvida dentro de ótimos padrões de profi ssionalismo. O Vale do Paraíba há muito carecia de um veículo à altura de sua pujança e de sua visibilidade. Ninguém melhor do que essa equipe para desenvolver uma publica-ção com essa competência. Desejamos sucesso e que vocês continuem sempre se colocando à frente de seu tempo.

José Maria de FariaPresidente do Sindicato do Comércio Varejista de S.José dos Campos

Quem ganha as eleições presidenciais este ano no Brasil?

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Enquetewww.valeparaibano.com.br

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Foram computados 6.474 votos entre os dias 4 e 15 de abril

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HONRADO

Trabalho bem feitoCom 23 anos de moda no Vale do Paraíba, me sinto honrado em poder ver na região uma re-vista de porte e conteúdo como a revista valeparaibano. É um orgulho ver um trabalho tão bem feito e fi nalizado na cidade onde comecei meu trabalho com moda. Após folhear página por página, fi quei realmente en-cantado com trabalho de vocês. Por essa razão eu gostaria de parabenizá-los pela iniciativa e pelo trabalho dispensado na construção dessa revista, além do conteúdo. Ela está belíssima e dando vontade de devorar do início ao fi m. William RogglesProprietário da WR Models

IMPRENSA REGIONAL

Iniciativa corajosaA revista valeparaibano está de parabéns pela iniciativa co-rajosa e ímpar de lançar uma nova, em todos os sentidos, revista no mercado brasileiro. Acreditamos que a imprensa regional e nacional, com mais este lançamento, terá uma nova “vontade” em manusear, ler e consultar as suas páginas. E tor-namos a repetir: o jornalismo impresso sobreviverá com es-tas novas e inteligentes sacadas e no caminho da investigação, denúncia e apresentação à so-ciedade dos meandros escuros e tenebrosos da política em geral, como também da própria socie-dade. Parabéns!Alvaro NevesConsultor Comercial

@tancycosta:Gostei da reporta-gem de capa sobre o negócio sustentável, sobre gastos legisla-tivos e da ONG que exporta arte

11Domingo 2Maio de 2010 11

POTIM

InformaçõesQueria agradecer as notícias de ótima qualidade, não pre-ciso mais pensar onde procurar minhas informações. Uma re-portagem que me deixou muito curiosa foi sobre as costureiras de Potim da ONG Orientavida, que estão trabalhando em pe-ças da Walt Disney, inspiradas no filme “Alice no País das Maravilhas”. Fiquei bastante empolgada com essa notícia e estou correndo atrás de mais informações e, por enquanto, a revista valeparaibano foi o único lugar onde consegui as melhores informações. Bela MariottiEstudante

@josuebrazil:O fato de termos uma revista regional já é um avanço

@VivianSouz:Adorei a revista. Ótimas matérias

@FabioFranca:A @revistavale superou minhas ex-pectativas. Número de páginas, acaba-mento, qualidade de textos e diagrama-ção: tudo muito bem feito!

OS E-MAILS

LANÇAMENTO

RegiãoMoro na Austrália há mais de seis anos. Estou no Brasil onde fi ca-rei até o fi nal de junho. No meu segundo dia aqui fui informado sobre a revista que acabaram de lançar e não pensei duas vezes em adquirir um exemplar. Muito me interessa saber como anda a região onde nasci e onde moram meus familiares. Achei muito le-gal a ideia de termos uma revista como essa voltada para a região do Vale do Paraíba. Tenho cer-teza que terão muito sucesso devido a alta quantidade de em-presas grandes e médias na região e principalmente pela qualidade das matérias da primeira edição.Rodrigo FariaAgente de turismo

RESPEITO

LeitorTenho visto muitas aventuras editoriais nessa região. Publi-cações que não respeitaram o leitor nem se esforçaram pela qualidade sempre naufragaram. A revista valeparaibano mos-tra ser o avesso disso: respeita o leitor oferecendo jornalismo de qualidade. Desde a escolha dos assuntos e o bom tratamento do textos até o espetáculo do de-sign. Gostaria de cumprimentar a equipe pelo profi ssionalismo, e a diretoria pela ousadia. Dimas SoaresDiretor de criação da OK Ideias

CartasAv. São João, 1925Jd. Esplanada, CEP 12242-840

[email protected]

Twitter@revistavale

TWITTER

Redeswww.fl ickr.com/revistavaleparaibanowww.facebook.com/revistavaleparaibano

Sobre o primeiro número:

@amj_br:Parabéns pela re-vista, que por sinal já mostrou no primeiro exemplar a excelente qualidade do con-teúdo

CORAGEM

Ficha LimpaParabéns para o juiz Márlon Reis pelo “Ficha Limpa”, precisamos de mais juízes corajosos.Geraldo Lopes FilhoEmpresário

OUSADIA

Rico em informaçãoFoi uma agradável surpresa a primeira edição da revista valeparaibano. Realmente estava faltando uma publi-cação mais consistente, com análises mais profundas dos problemas que afetam toda a comunidade. Parabéns pela excelente iniciativa.Manoel Juarez de OliveiraComerciante

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12 Política12

A nova plumagem do PSDB para as eleições

Dois Pontos

Depois de 16 anos no poder, qual será a estratégia do PSDB para oferecer ao eleitor de São Paulo mais do que a comprovada ca-pacidade administrativa de seu candidato? E como o PT pre-

tende superar o conservadorismo do eleitorado paulista com uma candidatura gestada à som-bra do Palácio do Planalto?

Para o pré-candidato Geraldo Alckmin (PSDB), o futuro de São Paulo deve ser deli-neado por gente de sua confi ança. Há três me-ses, o seleto grupo com sete ou oito lideranças políticas do PSDB em São Paulo vem se reu-nindo periodicamente para traçar a estratégia de campanha e defi nir quais serão as possíveis inovações de uma nova gestão do PSDB.

Este grupo, comandado por alguns dos mais ferrenhos defensores de Alckmin, terá um pa-pel central em um novo governo tucano. O deputado federal Silvio Torres (PSDB) diz que os encontros têm caráter informal e que o objetivo é apresentar sugestões que podem ou não ser acatadas por Alckmin ou por sua coordenação de campanha, chefi ada pelo de-putado estadual Sidney Beraldo (PSDB). “É apenas uma troca de ideias. Fizemos bons go-vernos em São Paulo, mas, a cada momento, você tem novos desafi os. É preciso aproveitar o potencial de desenvolvimento do Estado,”

Deixando de lado o jogo para a plateia, o fato é que Alckmin pretende investir em três ou quatro propostas que representem renovação sem ruptura administrativa. Uma delas seria o fortalecimento do Estado como polo de pes-quisa e desenvolvimento tecnológico, com a criação de uma estrutura específi ca para gerir

MODELO O Parque Tecnológico de São José, alvo do PSDB

Marcos MeirellesJornalista

BRANCO &PRETOPonto de Vista: O que o serviço público tem de pior e melhor no Brasil?

“Temos vícios como

o burocratismo e o

excesso de cargos de

confi ança. O lado bom é

que temos muitos seto-

res com efi ciência”

Dalmo DallariJurista

“O pior é a burocracia, o

excesso de regulação. Se

você tem servidores com-

prometidos com a coisa

pública, por outro lado, a

regulação é positiva.”

Gilson CarvalhoMédico

“O maior problema é o

atendimento precário

aos defi cientes, o que se

vê na novela. Já a quali-

dade... O que a gente tem

é obrigação do Estado”

Fulvio Chiantia Atleta

Eugênio Vieira

Alckmin usa polos de pesquisa para renovar a ideia de São Paulo como locomotiva do país

os chamados “parques tecnológicos”.No campo da oposição, o jogo será disputado

de maneira bem diferente. O senador Aloizio Mercadante (PT) pretende mostrar que o go-verno de São Paulo tem uma estrutura arcaica em áreas prioritárias e não consegue viabilizar obras importantes, apesar da receita anual de R$ 125 bilhões. “Existe um esgotamento do ciclo do PSDB em São Paulo”, diz o presi-dente do PT no Estado, Edinho Silva. “Os desafi os vão sendo alterados, mas quem está no poder não consegue enxergar as mudanças na sociedade e nas expectativas dos eleitores.”

Na cúpula do PT, existe o entendimento de que é preciso propor um novo modelo de gestão, menos centralizador. Na prática, Mercadante deve aparecer na TV propondo parcerias com os municípios oferecendo aos eleitores a chance de controlar mais de perto a qualidade das escolas e fi scalizar o trabalho da polícia. Será que vai funcionar?

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13Domingo 2Maio de 2010 13

Márlon Reis, do Movimento de Combate à Corrupção

FICHAS LIMPAS “Qual a legitimidade da CCJ para cons-truir outro texto, depois que o projeto foi aperfeiçoado?”Sobre a tentativa da Câmara de mudar o projeto dos fi chas limpas

PINGUE &PONGUE

Como será pedir votos para Serra em Minas depois dogovernador Aécio Neves ter sido preterido?

Isso é coisa superada, não gera desconforto. A lógica é clara, o plano A era eleger o Aécio para a presidência, o plano B é eleger José Serra. Aécio será candidato ao Senado para ter liberdade para atuar e servir como alavanca para a campanha de Serra e, depois, ajudar na governabilidade.

Qual será a estratégia de campanha do PSDB?

A primeira medida é intensi-fi car a agenda, é contar com o Serra em Minas. Temos que ter um uma proposta nacional, com as linhas gerais que já foram de-lineadas pelo Serra, e a parti-cularização da mensagem para Minas. Minas tem que ser tra-tada como um país à parte nesta eleição. De cada dez mineiros, nove sonhavam com a candida-tura de Aécio à presidência.

E o cenário “Dilmasia”, os eleitores podem votar em Dilma e Antonio Anastasia?

Não vejo esta hipótese. O elei-tor vai votar em que fortalecer o nome do Aécio Neves. Com uma vitória em Minas de ponta a ponta, o Aécio se fi rma como líder nacional.

Narcio RodriguesPresidente do PSDB em Minas Gerais e deputado federal

Será que Deus ajuda?

O presidente da Câmara de São José, Alexandre da Farmácia (PR), administra um orçamento superior ao de 23 municípios da região, com uma receita estimada

em R$ 42 milhões para 2010. Em Taubaté, o presidente Henrique Nunes (PR) conta com R$ 14 milhões. Em Jacareí, os recur-sos administrados por Diobel Fernandes (PSDB) chegam a R$ 12 milhões.

E o que estes três políticos, de histórias tão distintas, têm em comum? Todos serão can-didatos a deputado nas eleições de outubro, pilotando orçamentos generosos à frente do Legislativo. Dinheiro e poder nem sempre ga-rantem a eleição e, no caso dos presidentes das Câmaras, é preciso superar tabus e conciliar a atual administração com a campanha.

Em São José, na história recente, o único

presidente de Câmara que venceu uma eleição foi o petista Carlinhos Almeida, eleito depu-tado estadual em 1998. Outros fracassaram na disputa por cargos mais elevados ou nem mesmo conseguiram se reeleger vereadores. Foram tantos os fracassos, aliás, que atribuiu-se à presidência da Câmara a maldição de afastar os vereadores da base e antecipar o fi m de sua carreira política. Algo que Alexandre da Farmácia acredita que ser capaz de superar.

Em Taubaté, jamais um presidente da Câ-mara foi eleito deputado. A cidade também não elege um deputado federal desde 1998. Henrique Nunes conta com o apoio de mais da metade dos vereadores, mas terá que superar a divisão do eleitorado taubateano.

Em Jacareí, o último deputado eleito pela cidade foi Luiz Maximo. O tucano Diobel Fer-nandes faz projeções otimistas e diz que vai conciliar a administração da Câmara com o esforço de campanha, sempre a partir das 16h. “Sou o segundo homem no poder na cidade, mas virei candidato pelo reconhecimento dos serviços bem prestados. A eleição depende do trabalho de cada um, mas Deus ajuda”.

Rabo de fogueteO programa espacial brasileiro corre pe-

rigo. Se não houver um rearranjo institu-cional do programa, com a subordinação da AEB (Agência Espacial Brasileira) di-retamente à Presidência da República, e a diversifi cação dos projetos, o Brasil verá os recursos para o setor minguarem ano após ano, enquanto alguns de seus maiores par-ceiros econômicos entram no seleto grupo do mercado global de satélites.

As conclusões de um estudo elaborado pela consultoria legislativa da Câmara dos Deputa-dos comprovam que os candidatos à Presidên-cia não poderão tratar a questão do programa espacial, mais uma vez, como perfumaria.

Considerando-se apenas os países do Bric, enquanto o Brasil conta um orçamento de R$ 353 milhões para o setor em 2010, a

China projeta investimentos de R$ 1,8 bi-lhão, a India, recursos de R$ 800 milhões e a agência espacial russa tem um orçamento de US$ 2 bilhões.

Não é possível postergar novamente o lan-çamento de satélites como o CBERS-3 ou do segundo protótipo do VLS (Veículo Lança-dor de Satélites).

Se isso ocorrer, o Brasil deixará de ser visto como um parceiro confi ável no desenvol-vimento de novas tecnologias e terá que se contentar com projetos sem retorno cientí-fi co ou comercial.

O diretor do Sindicato dos Servidores da Ciência e Tecnologia, Fernando Mo-rais, põe mais lenha na fogueira e defende a desmilitarização completa do programa espacial. “Tem que tirar o IAE (Instituto de Aeronáutica e Espaço) do DCTA. Os mili-tares não dão continuidade aos projetos.”

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14141414

Brasília, a capital do poder

ELEIÇÕES 2010

Política

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1515Domingo 2 Maio de 2010 1515

DISTRITO FEDERAL Vista do prédio do

Congresso Nacional, em Brasília, que

completou no mês passado 50 anos

Cláudio César de SouzaEnviado a Brasília

Recuperar a credibilidade da política, arranhada por sucessivos escândalos no Distrito Federal, será um dos principais desafi os que o próximo governante do país terá que enfrentar a partir de janeiro de 2011

Vinte e cinco anos após a re-democratização e no ano em que Brasília, a capital do poder, completa 50 anos, 133 milhões de brasileiros irão às urnas em 3 de outu-

bro para eleger o próximo presidente da República. Mas quais os principais desa-fi os que o próximo governante do país e sucessor do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que tem batido recordes segui-dos de popularidade, terá que enfrentar a partir de janeiro de 2011?

Para responder à essa pergunta, a revista valeparaibano consultou lideranças dos principais partidos e cientistas políticos. Para eles, não daria mais para adiar as refor-mas –política, tributária e trabalhista– que foram prometidas por Lula em seus dois governos, mas não saíram do papel.

Outro desafi o seria recuperar a credibi-lidade da política junto à população, arra-nhada por sucessivos escândalos, cujo epi-sódio mais recente foi o mensalão do DEM que resultou na cassação do mandato do governador do Distrito Federal, José Ro-berto Arruda (sem partido, ex-DEM), e na sua prisão por suposta corrupção no exer-cício do mandato.

Antes de Arruda, a política brasileira já ha-via sido abalada nos últimos cinco anos por casos como o mensalão na base de apoio de Lula, dossiês de aloprados, sanguessugas, dólares na cueca e atos secretos que coloca-ram em xeque a credibilidade da Câmara dos Deputados, do Senado e do governo federal.

Fotos: Eugênio Vieira

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Page 16: Revista valeparaibano - Maio 2010

16 Política16

“O grande desafi o do próximo presidente será recuperar a credibilidade da política, que está muito desacreditada junto à popu-lação. As políticas econômica e social vão bem, tanto aqui como na imagem que pas-samos para o exterior, mas não é sufi ciente. Todos temos que nos unir para recuperar a política”, pondera o deputado federal Fernando Gabeira (PV), pré-candidato ao governo do Rio de Janeiro.

Se desde 1994 o Brasil conseguiu a tão so-nhada estabilidade econômica e vem man-tendo a infl ação sob controle, continua o de-safi o para os próximos anos de gerar novos empregos, diminuir a carga tributária, ade-quar as leis trabalhistas aos novos tempos e reduzir as desigualdades sociais e a violência.

“É uma combinação de fatores para me-lhorar a vida das pessoas, mas acredito que os três grandes desafi os são manter a trajetória de crescimento econômico dos últimos anos e reduzir as desigualdades so-ciais e a violência, tanto urbana quanto no campo”, analisa o professor de Ciências Po-líticas e pesquisador da FGV (Fundação Ge-túlio Vargas) de São Paulo Cláudio Couto.

Planos de governoPré-candidatos ao Palácio do Planalto, o ex-governador de São Paulo José Serra (PSDB), a ex-ministra-chefe da Casa Civil Dilma Rousseff (PT), a senadora Marina Silva (PV-RJ) e o deputado federal Ciro Gomes (PSB-SP) já estão elaborando seus planos de governo para tentar responder a esses anseios da sociedade.

Nos programas que apresentarão aos bra-sileiros a partir de julho, quando começará a campanha eleitoral, eles terão que mostrar como pretendem avançar na área social, hoje praticamente limitada ao programa Bolsa-Família, qual será o tamanho do Estado e como irão preparar o Brasil em termos de in-fraestrutura para receber a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016.

“O Brasil avançou muito nos governos Lula e o próximo presidente terá que apro-fundar as conquistas, principalmente nas áreas política, econômica e social. Acredito que só a Dilma, com o arco de apoios que está formando, terá condições de garantir esses avanços. Com a continuidade do go-verno do PT, teremos condições de concre-tizar o Trem-Bala e o PAC-2 e preparar o país para receber a Copa de 2014 e as Olim-

CONGRESSO No alto, plenário do Câmara dos Deputados; ao lado, parlamentares em sessão; acima, José Genoíno (em pé) ao lado de Celso Russomano

píadas de 2016”, garante o líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP).

Já a oposição prega uma mudança radical em relação aos oito anos de governo Lula. “Um grande desafi o do próximo presidente será retomar a capacidade de investimen-tos do país, que nos oito anos dos governos Lula foram muito reprimidos”, salienta o deputado federal José Anibal (PSDB-SP), um dos pré-candidatos tucanos ao Senado.

“Será preciso também ampliar o acesso da sociedade ao conhecimento e ao ensino técnico, como o Serra fez tão bem em seu

Desafi o para os próximos anos é gerar empregos, diminuir carga tributária, adequar as legislações trabalhistas e reduzir as desigualdades sociais

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HISTÓRIA Memorial JK, museu

inaugurado em 12 de setembro de 1981 para homenagear o

ex-presidente Juscelino Kubitschek, fundador

de Brasília (DF)

governo em São Paulo. Outra questão ur-gente é também resolver o problema da segurança pública. O próximo presidente não poderá se eximir de enfrentar esse de-safi o”, disse Anibal, ex-presidente nacional do PSDB e ex-líder do partido na Câmara Federal.

Um dos interlocutores de Serra junto à sociedade durante o período de pré-cam-panha, o líder do DEM na Câmara Federal, Paulo Borhausen (SC), também considera que será preciso ampliar os investimentos e provocar um choque de gestão em diversos setores para que o Brasil possa gerar mais emprego e renda no próximo governo.

“O próximo presidente terá como princi-pal desafi o arrumar a casa, que está muito desarrumada. É preciso resolver os proble-mas de saúde, segurança e infraestrutura. Só nessas três áreas terá trabalho para até dois mandatos. Como o Brasil precisará colocar ordem na casa, precisará de um presidente com experiência administra-tiva comprovada, como é o caso do Serra. Se a Dilma ganhar, será a continuidade de um governo que o país não aguenta mais”, opina Borhausen.

PrioridadePresidente do PDT em São Paulo e presidente da Força Sindical, o deputado Paulo Pereira da Silva, acredita que a maior prioridade para o país nos próximos anos será dar um salto de qualidade na infraestrutura.

“A principal questão do país e que precisa ser combatida urgentemente está na área de infraestrutura, que carece de mais investimen-tos em portos, aeroportos, estradas e ferrovias para que o país possa continuar crescendo e gerando emprego e renda nos próximos anos. Também é necessário fazer a reforma traba-lhista, desde que não se mexa nos direitos ad-quiridos”, pondera o líder do PDT.

Ex-presidente da Câmara Federal e um dos principais aliados de Dilma Rousseff , o de-putado federal Aldo Rabello (PC do B-SP) acredita que os governos Lula colocaram o país no rumo certo e prega a continuidade ad-ministrativa. “Não é preciso muita inovação. O que o próximo presidente terá que fazer é intensifi car o desenvolvimento econômico, político e social que o país conquistou nos dois governos do presidente Lula. Essa é a questão fundamental para o país.”

Independentemente de quem for eleito

em 3 de outubro para dirigir os destinos do Brasil até 2014, os desafi os a serem vencidos são grandes e o tempo para enfrentá-los, curto. Portanto, os discursos terão que se limitar aos três meses de campanha. A par-tir do momento em que a população esco-lher o sucessor de Lula, o novo presidente do Brasil terá que deixar a retórica de lado, arregaçar as mangas e colocar em prática ações concretas para assegurar o desenvol-vimento econômico do país e a melhoria da qualidade de vida da população sob todos os aspectos. •

81 SENADORES representam 26 Estados e o Distrito Federal

NÚMEROS

513 DEPUTADOSforam eleitos para um mandato de 4 anos

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1818 Política

Após 50 anos de sua constru-ção, Brasília está diante de um dilema: como integrar o crescimento populacional e as interferências normais da vida moderna sem grandes

mudanças em seu projeto urbanístico ori-ginal? Conhecido como Plano Piloto, o pro-jeto urbano foi desenhado por Lúcio Costa em 1957 para abrigar a nova capital do país. A ideia do urbanista era criar uma cidade a partir de dois grandes eixos, um no sentido norte-sul e outro no leste-oeste.

O Eixo Rodoviário é formado pelas asas Sul e Norte, onde se concentram as quadras re-sidenciais conhecidas como “superquadras”. O Eixo Monumental, de 16 quilômetros de comprimento, é dividido em três porções. Na parte oeste, fi cam os órgãos do governo fede-ral, como a Praça dos Três Poderes e a Espla-nada dos Ministérios, cujos edifícios foram projetados pelo renomado arquiteto Oscar Niemeyer. A parte central, dominada pela Torre de TV, abriga a rodoviária da cidade, que fi ca na intersecção dos dois eixos.

Já a parte leste tem como principais monu-mentos o Complexo Poliesportivo Ayrton Senna, o Autódromo Nelson Piquet, o Parque da Cidade e o Memorial JK. Considerada uma referência mundial de cidade planejada, Brasí-lia foi o primeiro conjunto arquitetônico mo-derno classifi cado como Patrimônio Mundial da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura).

Após 50 anos de sua construção, Brasília vive hoje o problema do crescimento demográfi co em relação ao projeto do Plano Piloto

Dilema urbano

Yann WalterSão José dos Campos

O projeto de Lúcio Costa foi um sucesso mundial. O astronauta russo Yuri Gagarin, primeiro homem a viajar ao espaço, disse em 1961 ao visitar Brasília: “Tenho a impressão de estar desembarcando em outro planeta”. Bra-sília ganhou destaque internacional, sendo considerada mundo afora um modelo de ar-quitetura monumental e moderna.

Para Andrey Rosenthal Schlee, coordena-dor de arquitetura da UnB (Universidade de Brasília), o Plano Piloto tem quatro grandes virtudes: o acerto na escolha do sítio, sua con-tribuição para a história urbana e da humani-dade, a simplicidade do desenho original e a concepção, na devida medida, da porção mo-numental da cidade. “O que temos em Brasí-lia é o resultado de um esforço consciente de

fazer uma cidade diferente das tradicionais.”Já Rosana Ferrari, presidente do IAB (Ins-

tituto de Arquitetos do Brasil) de São Paulo, destacou a funcionalidade do projeto como maior vantagem. “O Plano Piloto era um pro-jeto modernista e racional, com funções pré-defi nidas. A cidade foi planejada como um todo e dividida em zonas”.

Porém, 50 anos depois, esta vantagem per-deu bastante força. Projetado para 600 mil pessoas, o projeto urbanístico de Brasília deve agora integrar uma população superior a 2,6 milhões de habitantes, sem falar na explosão do número de carros. “É preciso pensar no que está acontecendo com a cidade e nos proble-mas decorrentes do crescimento populacio-nal”, afi rmou Rosana.

SINCRONIA Vista geral do

eixo monumental revela as formas

do Plano Piloto da capital brasileira

idealizado por Lúcio Costa

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19Domingo 2Maio de 2010 19

ARQUITETO Oscar Niemeyer, 102

anos, que projetou os principais prédios públicos de Brasília

MobilidadePara ela, Brasília foi desenhada para a loco-moção individual e já não está mais dando conta de seu objetivo inicial. “Hoje, o maior problema da cidade, de um ponto de vista ur-banístico, é a mobilidade. A solução pode ser desenvolver o transporte coletivo, talvez atra-vés da construção de um metrô ou da abertura de mais vias expressas no entorno de Brasília.”

“O poder público deve investir mais no transporte público e não deixar que os aden-samentos populacionais venham a ser ditados pelo mercado imobiliário e pelas forças políti-cas oriundas destes interesses especulativos”, alertou, por sua vez, Paulo Henrique Para-nhos, presidente do IAB de Brasília.

Rosenthal Schlee também mencionou a

questão do transporte e ainda apontou outro fator que considera problemático: a rigidez do projeto original. “Vivemos em uma cidade ro-doviária, com grandes distâncias a percorrer e com um inefi ciente serviço de transporte pú-blico. Vivemos em uma cidade funcional, com destinações extremamente rígidas e específi -cas para suas diferentes partes, e isso deve ser urgentemente corrigido”.

No entanto, assim como vários outros especialistas, Rosana rejeita qualquer mo-difi cação profunda do projeto idealizado por Lúcio Costa. “O Plano Piloto tem que ser repensado, mas sua essência tem que ser preservada. Afi nal, Brasília é uma obra de arte. Não se deve interferir no traçado original”, sentenciou.

Cidades-satélites A grande questão é se o Plano Piloto deve in-tegrar as chamadas cidades-satélites, que se multiplicaram nos arredores de Brasília. Na verdade, estes núcleos, criados inicialmente para alojar os operários dos inúmeros can-teiros de obra da capital e que acabaram abri-gando a população de menor poder aquisitivo, sequer podem ser chamados de cidades, pois não têm autonomia em relação ao centro ur-bano. “Brasília deve ser repensada como uma metrópole, e incluir as cidades-satélites no seu planejamento. É uma realidade que não pode ser deixada de lado”, avaliou Rosana.

Cabe ressaltar que estes núcleos afastados do centro urbano acabaram adquirindo uma grande importância socioeconômica para a ci-dade e que o IBGE (Instituto Brasileiro de Ge-ografi a e Estatísticas) não faz a distinção entre Brasília e DF em suas estatísticas. Assim, não seria correto considerar Brasília como sendo composta apenas pelo Plano Piloto.

“É fundamental assumir isso e retomar seriamente a discussão do necessário plane-jamento urbano regional. Temos que ter a co-ragem de propor e projetar as modifi cações e transformações que ainda se fazem realmente necessárias”, disse Rosenthal Schlee.

Para ele, é necessário criar novos em-pregos fora do Plano Piloto e diminuir a dispersão da população no território do Distrito Federal, aproximando a mora-dia do emprego e o emprego da moradia. “Agindo assim, só estaremos complemen-tando e valorizando a porção da cidade que é considerada Patrimônio da Huma-nidade”, sentenciou. •

Fotos: divulgação

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teme que uma eventual vitória de Serra faça com que o país tenha um retrocesso no de-senvolvimento econômico.

Como a senhora analisa a possibili-dade de, com a colocação de sua can-didatura, o Brasil ter a chance de eleger pela primeira vez em sua história uma mulher para comandar o país?< Acredito que o Brasil está preparado para ter uma mulher presidente da República. Nós, mulheres, somos 52% da população e demos passos signifi cativos em direção à mudança da situação das mulheres no Bra-sil. As mulheres têm muitas características que as diferenciam. Inequivocamente, são sensíveis, tendo a qualidade de apreender a realidade com o outro olho, que é o do coração. São sensatas e práticas, porque se não forem não dão conta da jornada que cumprem, que é cuidar dos fi lhos, provi-denciar para que a casa fi que arrumada e ainda trabalhar. Por isso, elas são pragmá-ticas mesmo. E as mulheres são corajosas. Acho que ninguém discute a capacidade de resistência da mulher à dor e também sua capacidade de sacrifício.

Por tudo isso e também pelo fato de um me-talúrgico que veio lá da cidade de Garanhuns (PE), no Nordeste, para São Paulo, conse-guir nesta trajetória chegar à presidência da República, isso abre caminho para todas as classes, todos os gêneros e todas as etnias que existem no Brasil. Esse caminho foi aberto e mostrou que é possível uma mulher chegar à Presidência. Além de abrir esse caminho, o presidente Lula colocou o Brasil em um novo momento histórico. Saímos de um período de estagnação e desigualdade e entramos em um período de crescimento econômico com distribuição de renda e estabilidade. Acho que tudo isso repercutiu no mundo e

Novata nas urnas, a pré-can-didata do Partido dos Tra-balhadores à Presidência da República, Dilma Rous-seff , 62 anos, acredita que a população brasileira está

preparada para eleger uma mulher para co-mandar o país nos próximos quatro anos. A ex-ministra-chefe da Casa Civil atribui a possibibilidade de quebrar um tabu histórico e ser eleita a primeira governante mulher do Brasil à grande popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, seu principal cabo eleitoral na disputa ao Palácio do Planalto com o pré-candidato e ex-governador de São Paulo, José Serra (PSDB).

Em entrevista exclusiva concedida à re-vista valeparaibano, Dilma prega a conti-nuidade do projeto político iniciado há oito anos por Lula, garante que o PT leva vanta-gem na comparação com os dois governos do tucano Fernando Henrique Cardoso e

Entrevista>Dilma Rousseff , 62 anos, ex-ministra-chefe da Casa Civil e braço direito de Lula, é pré-candidata do Partido dos Trabalhadores à Presidência da República

“O Brasil estápreparado parater uma mulher presidente”

Cláudio César de SouzaEnviado a Brasília

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na forma como o mundo vê a gente. É ine-quívoco que somos muito mais respeitados. Não só porque nosso PIB cresce, mas porque tiramos milhões de brasileiros da miséria e elevamos à classe média mais de 30 milhões de brasileiros. Tenho certeza de que uma parte fundamental desse respeito é pelo cres-cimento econômico.

A senhora elencou uma série de con-quistas dos dois governos do pre-sidente Lula. A senhora teme que o Brasil possa ter um retrocesso caso o pré-candidato do PSDB, o ex-governa-dor de São Paulo José Serra, vença as eleições?< Acho que o povo não vai deixar, mas eu não temo retrocesso. Temo que ele [Serra] não avance pelos caminhos que deve avan-

çar. Há dois projetos diferentes colocados na pauta e não podemos concordar com esta história de que não se pode comparar. Eles têm que combinar conosco que não vamos comparar. Por que não comparar se cada um se apresenta ao povo com as cre-denciais que têm? A minha credencial é o meu passado. De fato, nunca fui candidata. Mas dirigi uma prefeitura em Porto Alegre, onde fui secretária da Fazenda, participei de dois governos estaduais no Rio Grande do Sul, como secretária de Energia, Minas e Comunicação, e fui ministra de Minas e Energia e coordenei o governo do presi-dente Lula quando ele me deu a honra de me convidar para ser ministra-chefe da Casa Civil. Então, participei de programas como o ‘Minha Casa, Minha Vida’, ‘Luz para Todos’, pré-sal, PAC e do processo de

extensão de todas as políticas sociais e do Bolsa-Família.

Como a senhora acha que o eleitor deve fazer esta comparação entre os projetos do PSDB e do PT?< O presidente Lula e eu temos um pro-jeto, que é diferente do anterior. Não tiro os méritos democráticos do Brasil nos go-vernos do Fernando Henrique [Cardoso, do PSDB], mas eles estagnaram a economia, não distribuíram renda e não criaram me-canismos para que o país crescesse. Nós mudamos isso. Criamos novos instrumen-tos para o Brasil crescer e aí entendemos porque geramos 12,4 milhões de empregos e vamos gerar mais ainda até o fi nal do go-verno. Então, é um outro Brasil e é só com-parar o que era em 2002 e o que é agora em 2010. Agora, é um povo autoconfi ante, é um povo orgulhoso de ser brasileiro e por isso que podemos avançar ainda mais. Eu parti-cipei da construção deste alicerce, que vai precisar que coloquemos muito mais tijolos e pedras, que são os programas de renda, de desenvolvimento produtivo e de fi nancia-mento. Acho que temos condição de avan-çar em uma área que é estratégica, e para mim a mais importante, que é a Educação. Criamos nos governos do presidente Lula condições para isso.

O PSDB e os partidos da oposição já deixaram clara a estratégia não de comparar governos, mas sim compa-rar a senhora e o pré-candidato Serra, principalmente em relação à experi-ência administrativa. A senhora teme este tipo de comparação?

ORGULHO “MINHA BIOGRAFIA ME ORGULHA. PARTICIPEI DA RESISTÊNCIA À DITADURA. ALIÁS, ACHO QUE É UMA VANTAGEM NÃO TER FUGIDO DA LUTA CONTRA A DITADURA”

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< Pelo contrário, eu adoro. Porque o Serra foi ministro da Saúde e do Planejamento e eu fui ministra das Minas e Energia e mi-nistra-chefe da Casa Civil, dirigindo todos os segmentos do governo federal como au-xiliar direta, braço direito e braço esquerdo do presidente Lula. Em cada pedaço deste governo, tenho o orgulho de dizer que tem um pedaço de mim. A minha biografi a me orgulha. Participei da resistência à dita-dura, das formas que minha geração en-controu para participar. Além disso, acho que é uma vantagem não ter fugido da luta contra a ditadura. Tenho muito orgulho de ter feito isso.

Temos que comparar também o desem-penho nas crises econômicas. Eles [PSDB] deixaram o Brasil quebrar várias vezes e ainda diziam que a única coisa que nós sabemos fazer é surfar na onda do cresci-mento da economia internacional e que, se enfrentássemos uma crise, não saberí-amos como nos comportar. Veio uma crise muito maior que as quatro crises que eles enfrentaram, a maior desde 1929, e o Brasil deu exemplo para o mundo. Então, tudo isso nos leva a dizer uma coisa que acho forte. Nós não estamos prometendo, nós fi zemos. A diferença é essa: quem promete e quem faz. Nós fi zemos muito, mas temos certeza que podemos fazer muito mais. Eles [PSDB] têm que mostrar porque po-dem fazer mais. Então, é comparar o que eles fi zeram e o que nós fi zemos. Vamos provar para o povo que é através dele que vamos avançar para o rumo certo.

Eu acho que o rumo certo é o caminho que o Lula abriu. Você não vai acreditar que eles são herdeiros do Lula, vai? Eles passaram sete anos e meio falando mal do Lula e do governo todos os dias. Nós, a duras penas e trabalhando dia e noite, conseguimos colocar o Brasil no rumo certo e aí chega na hora da eleição e eles vêm dizer que são sucessores do nosso governo? Não pode-mos aceitar isso. Eles são sucessores do governo deles. Do nosso não. Isso cheira a lobo em pele de cordeiro, mas não acredito que o povo deixará ser enganado de forma tão primária.

Por que o PSDB e a oposição apostam tanto nesta comparação de experiên-cia administrativa entre a senhora e o ex-governador Serra?< Acho que é a falta de projeto. Porque, se ti-vesse projeto, falava que o projeto deles é esse e o meu é esse e iríamos debater ideias. Eu te-

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ELEIÇÃO “MEU OBJETIVO QUANDO COMEÇAR A CAMPANHA É SER CONHECIDA DE MODO QUE SAIBAM QUEM EU SOU. NEM TODO MUNDO SABE QUE REPRESENTO A CONTINUIDADE DOS GOVERNOS LULA”

nho muita honra da minha biografi a e não fujo de discuti-la um minuto. Só não vou aceitar que eles peguem uma borracha e digam que a biografi a vai até 2002 e para além deste ano não falamos nada. Porque o ponto alto da mi-nha biografi a são os governos do presidente Lula. Se na biografi a deles o ponto alto não foram os governos do Fernando Henrique Cardoso, que é quando comandaram o país, é problema deles. Faço questão que minha bio-grafi a tenha os governos do presidente Lula.

A senhora acredita que o fato de nunca ter disputado cargo eletivo nem ter sido testada nas urnas poderá ser um obstáculo na campanha?< Acho que o eleitor vai avaliar o que cada um fez, até porque ele está muito vacinado

contra promessas. A tendência do eleitor é analisar as credenciais com que cada um aparecerá na campanha. Eu respeito muito os votos e não vou desmerecer nunca a pessoa ter sido eleita vereador, deputado estadual, deputado federal, prefeito e go-vernador. Agora, o problema a ser discutido é o seguinte: não ter ocupado esses cargos impede alguém de ser presidente? Não, até porque a Constituição é que me garante disputar a Presidência, até porque sou bra-sileira nata. Vou apresentar minhas creden-ciais para o povo e espero que ele decida de uma forma correta e justa.

A senhora já se sente conhecida do povo brasileiro?< Sou bastante conhecida, mas não o sufi -

ciente. Acho que o meu objetivo quando co-meçar a campanha é ser conhecida, de modo que as pessoas saibam quem eu sou e o que eu represento. Nem todo mundo sabe que eu represento a continuidade aos governos Lula e esse é um problema que teremos que enfrentar, esclarecendo a população.

O presidente Lula governa com um amplo arco de alianças, inclusive com lideranças políticas que representa-ram a oligarquia e a ditadura que a se-nhora combateu durante tantos anos. A senhora se sente confortável tendo a presença de alguns desses políticos em seu arco de alianças?< Acho que as pessoas mudam. As pessoas mudam quando a realidade muda e quando o Brasil muda. Nós governamos com uma co-alizão ampla, que foi fundamental para que chegássemos a um bom resultado. Acho que é correto e oportuno ter uma coalizão porque o Brasil tem uma diversidade muito grande, mas há uma orientação clara que orienta essa aliança. Aqueles que aderiram a esse projeto fi zeram isso porque o projeto busca o desen-volvimento do Brasil, a distribuição de renda e a inclusão social, fazer com que pessoas tivessem mobilidade social, coisa que tinha desaparecido do Brasil. Eles aderiram porque aceitaram esse projeto.

É um projeto que tem uma política externa independente e soberana, mas em que nin-guém tem atitudes beligerantes e na qual demos importância para a América Latina, para a África, para a Ásia e para o Oriente Médio, mas não nos descuidamos das nos-sas relações com a Europa e os Estados Uni-dos. É também um projeto que defende a democracia. Acho que o avanço do governo Lula terá que ser sustentada por uma coalizão.

A senhora é considerada pelo pre-sidente Lula como a mãe do PAC. A senhora acredita que os resultados tímidos do programa até o momento podem arranhar a sua imagem de ge-rente e tocadora de projetos?< Recebemos este governo sem nenhum projeto executivo, básico ou licenciamento.

DivulgaçãoDivulgação

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Não tinha nenhum planejamento. Nosso primeiro mérito foi colocar no papel. Por-que se você não faz projeto básico, você não pode licitar uma obra. Se você não faz projeto executivo, você não pode construir. Se você não tira o licenciamento nem faz o EIA-Rima, não tem direito de iniciar a obra porque você não tem autorização do Meio Ambiente. O primeiro grande esforço nosso foi colocar no papel e está tudo lá. O segundo esforço foi executar porque foi desmontada a máquina de fi scalização e execução do país. Conseguimos dos R$ 656 bilhões, realizar R$ 400 bilhões. O pessoal só conta como obra o tijolo empilhado. Não conta como obra ter que desapropriar, ter que retirar e ter que colocar.

Ninguém toca no assunto que ajudamos a executar o Rodoanel de São Paulo, colo-cando R$ 1,2 bilhão lá. Se o PAC é uma lista de obras, por que o Rodoanel não foi inclu-ído? Pergunta aos prefeitos e governadores do PSDB e do DEM de onde vem o dinheiro que eles recebem? Vem desta coisa que não existe chamada PAC? Vem desse imenso es-forço para viabilizar e executar o PAC.

O PAC prevê novos investimentos no Vale do Paraíba? O que a senhora pre-tende apresentar de obras e investimen-tos para o Vale durante a campanha?< O conselho que dou aos prefeitos do Vale é que fi quem atentos para apresen-tar, como foi no PAC 1, projetos na área de saneamento e habitação, como o ‘Minha Casa, Minha Vida’. Também têm que estar atentos para projetos de drenagem e para as creches. Vamos fazer 1.200 creches por ano. Têm que estar atentos para as chamadas praças do PAC e para cobertura dos campos de futebol e de quadras.

O Trem Bala terá estação em São José dos Campos?< Eu tenho certeza de que vai ter estação em São José dos Campos. Até porque pre-cisamos ter outro aeroporto em São Paulo e o que está em melhores condições é o de São José dos Campos. Vai ter consulta pú-blica, mas a minha opinião é de que tem que ter estação em São José dos Campos. Não é aleatório, mas por uma questão estratégica. Para o período da Copa do Mundo, vamos conseguir fazer Campinas, São Paulo e São José dos Campos. Por que São José? Por que é possível transformar o aeroporto de São José em um aeroporto internacional, já que ele tem estrutura para tal.

Se eleita, qual será a prioridade da se-nhora para a área de Educação?< Para a Educação tenho uma grande prio-ridade. Provamos que o problema da Educa-ção tem que ser tratado de forma uniforme, saindo da creche e indo até a pós-graduação. Os marcos da Educação são o aumento do ensino básico, que foi o Fundeb, ampliando os recursos. Voltamos a defender o que cha-mamos de prova, acompanhando o desenvol-vimento da criança. É impossível educação de qualidade sem professores que tenham for-mação continuada e salários dignos.

TREM-BALA “TENHO CERTEZA DE QUE VAI TER UMA ESTAÇÃO DO TREM-BALA EM SÃO JOSÉ DOS CAMPOS. NÃO É ALEATÓRIO, MAS POR UMA QUESTÃO ESTRATÉGICA”

Voltamos a investir em ensino universitá-rio e em ensino profi ssionalizante. Abrimos o caminho, mas vamos ter que expandir mais e pavimentar o caminho. Daqui para frente temos que ampliar isso para capacitar o Bra-sil a entrar na economia do conhecimento. A pessoa não pode falar que é a favor de ciência e de tecnologia e sucatear o ensino superior e a pós-graduação. Fizeram isso no governo Fernando Henrique Cardoso.

E para a Saúde?< Para a Saúde temos que garantir que os bra-

Divulgação

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sileiros tenham atenção de qualidade. Acer-tamos em algumas coisas e faltou uma inte-gração geral, que está sendo feita agora. Acho importantíssima a Saúde da Família, que dá atenção para criança, mãe, diabete e pressão alta. Vamos ter agora as UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) e as policlínicas.

O Serra e o PSDB dizem que vão man-ter o Bolsa-Família, mas com viés edu-cacional. Como a senhora analisa essa proposta?< Ele não está mantendo. Se ele mantiver um viés educacional, ele não está mantendo porque já existe o viés educacional. A con-dição para a pessoa receber o Bolsa-Família é ter seus fi lhos matriculados na escola. A Bolsa-Família é o direito sagrado de edu-cação que estamos mantendo para o pes-soal que está abaixo da linha de pobreza. Eu acho que isso é fundamental e elevou o Brasil a uma questão de dignidade. Lem-

bro que até pouco tempo a oposição achava que o Bolsa-Família chamava Bolsa-Esmola. Achar que a pessoa tem que esperar o Brasil crescer para tomar café da manhã, almoçar e jantar é uma temeridade.

Se eleita, a senhora pretende fazer as reformas estruturantes (política, tri-butária e previdenciária)?< Acho que a previdenciária demos um passo largo para ela. Acabamos com as fi las e fi zemos com que aposentados e mulhe-res que recebem salário-maternidade re-cebessem isso em tempo recorde, em mais ou menos meia hora. Além disso, a grande vantagem que fi zemos na Previdência é dis-tinguir o que é gasto previdenciário e o que é gasto do Tesouro Nacional. Aumentou o número de pagantes da Previdência porque aumentou o número de empregos.

Então, aquela Previdência mirradinha do passado está se encorpando quando o Bra-

sil cresce, gera emprego, formaliza a mão-de-obra e cria o Simples. É importante que tenhamos outra visão da Previdência. Reco-nheço as conquistas, mas temos que avan-çar. Em relação à reforma política, vamos ter que novamente tentar fazê-la porque é uma forma de tornar as instituições mais virtuosas. Se quisermos governabilidade de nível alto, precisamos da reforma política.

O nosso desempenho na crise é uma ex-periência que fi ca para nós, para podermos dizer que vamos fazer reforma tributária porque sabemos que só tem um jeito de fa-zer reforma tributária, que é desonerar [a carga de impostos]. Você vai incidir sobre confl ito federativo, tendo Estado que ganha e Estado que perde. Temos que esperar que o efeito da reforma tributária, que vai ser melhorar a economia, aumentar o desen-volvimento e melhorar a arrecadação, se dê no médio prazo. Enquanto isso, você tem segurar a receita. •

PERFIL

NOMEDilma Rousseff

IDADE: 62 anos

NATURALIDADEBelo Horizonte (Minas Gerais)

FORMAÇÃOEconomia, pela UFRGS (Universi-dade Federal do Rio Grande do Sul)

CARREIRAFoi secretária da Fazenda em Porto Alegre (RS), secretária de Minas, Energia e Comunicação no Rio Grande do Sul, ministra de Minas e Energia e ministra-chefe da Casa Civil

Divulgação

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28 Política28

Camila Zardi, 31 anos, assis-tente de relacionamento, passa ao menos quatro horas por dia na estrada. Moradora de São José dos Campos, ela trabalha há três anos em um

escritório de seguros no bairro Moema, zona sul da capital. As idas e vindas pela via Dutra são constantes e garantidas por uma série de fatores econômicos e sociais.

A explosão demográfi ca infl uenciada, entre outras coisas, pela estrutura viária, ganha con-tornos e rostos, como o de Camila, levando a região a acenar para uma realidade cada vez

O Vale espera crescendo

INFRAESTRUTURA

Hernane LélisSão José dos Campos

mais provável: a criação da região metropoli-tana do Vale do Paraíba, Litoral Norte e Serra da Mantiqueira. Tal cenário se desenha devido ao alto grau de integração entre os municípios da região com a capital, além dos aspectos eco-nômico, político e cultural. “O custo de vida em São José é muito menor, a qualidade de vida é melhor, porém o salário é menor. Muita gente faz a mesma coisa, viaja todos os dias para trabalhar”, disse Camila.

Para o Vale se tornar uma região metropo-litana, cujo objetivo é integrar a organização, o planejamento e a execução de funções pú-blicas de interesse comum, é preciso que o governo do Estado aprove uma lei comple-mentar da mesma forma como aconteceu na Baixada Santista, em São Paulo e Campinas.

Hoje, a ofensiva política a favor da região metropolitana do Vale do Paraíba é condu-

Projeto que cria a região metropolitana do Vale do Paraíba tramita há dez anos na Secretaria Estadual de Economiae Planejamento, sem previsão de votação na Assembleia Legislativa

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Eugênio Vieira

zida pela Frente Parlamentar em Defesa do Vale do Paraíba, presidida pelo deputado es-tadual Padre Afonso Lobato (PV). O projeto foi apresentado há quase dez anos à Assem-bleia Legislativa pelo deputado Carlinhos Almeida (PT) e fi cou parado até 2007.

Mesmo depois de reapresentado, o projeto ainda não foi para votação –está em análise na Secretaria de Estado de Economia e Planeja-mento. “Existe uma resistência muito grande do governo para a aprovação. Acredito que seja pela autonomia administrativa que o projeto prevê. Precisamos fazer pressão para ter res-paldo”, disse o deputado Padre Afonso.

Um dos principais argumentos usados pe-los parlamentares para aprovação do projeto é que a dinâmica social e econômica do país sempre impôs a criação de um mecanismo de integração regional que possibilite a co-

ÁREA VERDE Vista de jardim

japonês com Tori no bairro Jardim Aquarius, região

oeste de São José

KM ²É a extensão territorial da região, localizadaentre o leste do Estado de São Paulo e o suldo Rio de Janeiro

16 mil

PIB (US$)É o valor da riquezaproduzida por ano nas 39 cidades da região, de acordo com estudo da Fundação Seade

24,7 mi

INDÚSTRIASEstão instaladas nas cidades da região, além de13 mil estabelecimentos comerciais e 12.500unidades de serviço

3.700

PESSOASMoram no Vale do Paraíba, que recebeu este nome em razão da bacia hidrográfi ca do rio Paraíba do Sul

2,2 mi

RAIO-XDA REGIÃO

operação entre municípios e Estado para a superação de problemas comuns.

De acordo com os deputados, a região possui signifi cativas zonas de conurbação em torno dos municípios –principalmente ao longo da via Dutra, exigindo ações integradas e plane-jamento comum, já que qualquer intervenção pontual ou acontecimentos social, político ou econômico podem interferir em toda a região.

José Antônio Barros Munhoz (PSDB), presi-dente da Assembleia Legislativa de São Paulo, afi rmou que é favorável à criação da região metropolitana do Vale, desde que se justifi -que a necessidade do projeto. Sobre o que foi apresentado pela Frente Parlamentar, ele acha normal a morosidade com que ele tramita no governo. “O ritmo de votação na Assembleia é lento, por isso é preciso maior empenho da frente parlamentar para aprovação. Nunca percebi nenhuma resistência do governo”.

ReaçãoO deputado estadual, Carlinhos Almeida, pretende seguir a orientação do presidente da Assembleia e cobrar da secretaria maior agili-dade na tramitação da proposta. “Não acredito que seja normal isso acontecer. Essa demora é uma forma de impedir que a Assembleia dis-cuta o projeto, já que enquanto não deixar a secretaria ele não pode ser votado”, disse.

A Secretaria de Economia e Planejamento informou que recebe inúmeros pedidos de alteração da organização regional do Estado, desde a criação de regiões administrativas e metropolitanas até a transferência de municí-pios de uma região para outra –o que explicaria a demora da análise do projeto do Vale.

Paulo Skaf, presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), aponta o vigor econômico e o desenvolvimento do Vale do Paraíba como os principais aspectos para a criação de uma nova região metropoli-tana. “O Vale do Paraíba é uma região muito grande, que recebe investimentos importan-tes para o Estado. Tem vocação para se tornar uma região metropolitana já que é integrada e possui uma economia bastante consolidada.”

Segundo a Secretaria Estadual de Economia e Planejamento, antes de tomar qualquer de-cisão sobre futuras regiões metropolitanas, o Estado fará um estudo para detectar os impac-tos da evolução econômica recente, as novas dinâmicas demográfi cas e sociais, as relações de integração funcional de natureza socioeco-nômica entre as cidades, os aspectos hidrográ-fi cos e ambientais e a atuação do poder público integrado em áreas de interesse comum. O es-tudo não tem prazo de conclusão. •

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30 Política30

A importância do transporte aéreo para além dos aeroportos e operadoras

Com a crescente importân-cia do modal aeronáutico, certamente infl uente nas ações que levam ao de-

senvolvimento econômico das regiões e das nações, será que não teríamos de pensar nele? Entretanto, quando o assunto é abordado em periódicos em geral somente os vemos abordando as-pectos relativos aos aeroportos e operadoras, jogando para um segundo plano serviços em geral, compras ou vendas de aviões, pro-teção ao voo, peças de reposição e assim por diante. Não se discute o que seria necessário para interes-sar a terceiros prover a introdução do serviço, sem dúvida, útil para a comunidade. O transporte aéreo deve ser sempre lembrado como um segmento importante de pres-tação de serviços à comunidade, sobretudo ao passageiro.

Levando-se em conta o que acon-tece em todos os países do mundo, não se pode deixar de recordar que, num Brasil de dimensões continen-tais, ninguém pensa em ir a Manaus a não ser voando. E, todavia, também é claro que, para que se possa voar são necessários aeroportos, aviões, e tudo o mais acima mencionado.

Embora 2009 talvez tenha sido o pior ano, em termos de desempe-nho econômico das linhas aéreas, desde a retomada dos serviços após a 2ª Guerra Mundial, a IATA (Or-ganização Internacional do Trans-

porte Aéreo) reportou que mais de um terço da população da Terra viajou em segurança pelas asas de centenas de empresas. Os dados disponíveis são realmente marcantes, mas foi real uma redução do número de passagei-ros da ordem de 2,5%, em relação ao tráfego de 2008 e de 3,5% na carga. Em contraste, no tráfego aéreo doméstico brasileiro um aumento de embarque e desembarque de passageiros simples-mente cresceu quase de 30% neste pri-meiro trimestre.

Temos razões de sobra para voltar ao ponto básico. O modal aéreo repre-senta algo muito importante para a mo-bilidade mundial e agora para o nosso mercado doméstico, hoje entendida como um dos fatores mais importan-tes para gerar crescimento, progresso e oportunidades para as pessoas.

No entanto, mais de cem anos de-pois do vôo de Santos Dumont, ainda existem muitas regiões que passam distantes e não pensam na necessi-dade de contar com pelo menos um aeroporto. Embora o Brasil possua mais de 2.500 aeroportos, nos seus 5.500 municípios, a maioria deles está insufi cientemente equipada, longe de

aspectos operacionais essenciais e, embora recebendo aviões de vez em quando, não oferecem linhas regula-res de transporte aéreo.

É mais do que o momento para se alertar as autoridades e a população sobre o que o modal aéreo signifi ca para a geração de riquezas. Muito se comenta sobre o poder dos aeropor-tos para determinar mudanças do pa-norama econômico no seu entorno. Aqueles que precisam se comunicar sabem o quanto é importante se dis-por, a mão, de um voo para encurtar o tempo para fechar um negócio.

Vejamos o Vale do Paraíba, um polo de economia atuante que não dispõe de aeroportos com linhas regula-res de transporte, de ligação para os maiores destinos de interesse local. Vamos pensar nisto? Quem sabe va-leria um esforço conjunto para asse-gurar que, através de uma cooperação geral, o nosso país possa sair da cifra de 130 destinos hoje atingidos pelo nosso sistema de transporte aéreo. Que possa sair dos seus 60 milhões de passageiros por ano, num contraste com os 900 milhões de americanos que viajam anualmente nos EUA. •

Ozires Silva

PROGRESSO“O modal aéreo representa algo muito importante para a mobilidade mundial e agora para o mercado doméstico”

Ozires SilvaEngenheiro

[email protected]

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Hernane LélisSão José dos Campos

INADIMPLÊNCIA

Calote bate recorde

já não era tão grande e acabei devendo para o banco depois de ver as contas se acumulando. Agora, estou tentando negociar. Até limpar meu nome, quem compra tudo hoje é minha esposa”, disse o técnico em instrumentação.

A quantidade de devedores, segundo o Sindi-cato do Comércio Varejista de São José, repre-senta o acumulado dos últimos cinco anos, pe-ríodo em que a pessoa fi ca com a operação de crédito restrita devido ao cadastro do SCPC. O valor total da dívida com cartões de crédito, boletos bancários e cheques que não foram pa-gos neste mesmo período é de R$ 315,4 milhões –a maior já contabilizada na cidade.

Se dividida pelo número de débitos, que hoje encontra-se na casa dos 180 mil títulos, a dí-vida média por pessoa é de R$ 1.735. O nome do consumidor é incluído no SCPC quando a conta está em atraso há pelo menos 30 dias. Somente no ano passado, 127.256 pessoas foram incluídas na lista de inadimplentes do SCPC e outras 81.246 conseguiram reativar o crédito ao saldar suas dívidas, sendo auto-maticamente excluídas do banco de dados do serviço de proteção ao crédito.

Para o presidente do Sincomércio, José Maria de Faria, a região viveu um momento atípico em 2009, período em que a crise

C arlos, 42 anos, trabalha como técnico em instrumentação. Pai de uma família com dois fi lhos, mora em uma pequena casa na zona leste de São José dos Campos, onde paga R$

500 de aluguel com os R$ 2.000 que recebe de salário. Honrar compromissos fi nanceiros com o dinheiro que sobra tornou-se tarefa complicada, por isso está há sete meses com o nome na lista de inadimplentes do SCPC (Ser-viço Central de Proteção ao Crédito).

Assim como ele, outros 143 mil consumido-res estão com problemas de crédito no mer-cado, o que corresponde a mais da metade da população economicamente ativa de São José –estimada em 250 mil pessoas. Somente no primeiro trimestre desse ano 22.326 pessoas foram incluídas no sistema do SCPC, levadas principalmente pelo aquecimento da econo-mia após a crise fi nanceira mundial.

“As facilidades de parcelamento foram au-mentando e as promoções foram surgindo, ai complicou tudo. O risco de perder o emprego

Economia

Somente no ano passado 127.256 pessoas tiveram seus nomes incluídos na lista de inadimplentes do sistema de proteção ao crédito em São José

Acumulado da dívida em cinco anos chega a R$ 315,4 milhões em São José; mais da metade da população economicamente ativa está inscrita no sistema do SCPC

Eu

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financeira mundial desempregou milha-res de pessoas, aumentando em até 25% a quantidade de inadimplentes em relação ao ano anterior. “Muitas empresas demi-tiram e com isso fi ca difícil administrar o orçamento familiar. Tem muita gente que espera os cinco anos para o nome sair do banco de dados, mas a dívida continua e pode ser cobrada na Justiça. A gente orienta o comerciante a ter cuidado com o prazo longo para evitar transtornos”, disse Faria.

Agora a realidade é bem diferente. O clima de estabilidade econômica e os estímulos do governo para o consumo são os algozes do mercado, levando diversos consumido-res às compras sem a certeza de que irão conseguir honrar com os débitos acumu-lados. “As pessoas estão confundindo cré-dito fácil com crédito barato. A facilidade na compra pode acabar virando uma bola de neve que compromete grande parte do orçamento”, disse Ricardo Pereira, consul-tor fi nanceiro do programa Consumidor Consciente, da MasterCard.

Nome LimpoA dica para quem está endividado e pretende aos poucos regularizar a situação é priorizar as contas de maior valor e juros altos, como o cheque especial. A primeira iniciativa é pro-curar o credor e buscar formas de negociar a dívida, sempre pensando no quanto poderá dedicar do orçamento para saldá-la. “Uma al-ternativa é substituir uma conta de juros ele-vados por um empréstimo com taxa menor. O importante é nunca fugir da dívida, sempre buscar o credor para achar uma maneira de quitar o débito. Para evitar problemas futuros é necessário fazer um planejamento fi nan-ceiro. Quando a economia melhora ninguém pensa em poupar”, disse Pereira.

André Braz, economista do Ibre (Instituto Brasileiro de Economia) da Fundação Getúlio Vargas, orienta uma revisão no orçamento se-guida de corte de gastos. “Você não consegue escapar da conta de luz, mas consegue gastar menos. A mesma coisa acontece com o tele-fone e a água. Evite comer fora de casa, gastar com passeios aos fi nais de semana e nem passe perto das liquidações. Só com sacrifícios é que vai conseguir colocar as fi nanças em ordem.”

Para evitar passar por transtornos na hora de fazer os cálculos das contas no fi nal do mês, os economistas recomendam o chamado “gasto consciente”. “Nunca gaste além do que você ganha, prefi ra pagamento à vista e sempre que possível reserve parte do orçamento para os imprevistos”, afi rmou Braz. •

CONSUMO Consumidores em loja no centro de São José, que concentra o comércio de rua; ao lado, movimento no calçadão da rua Sete de Setembro

Thiago Leon/ arquivo vp

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São José dos Campos

A p a r t i c i p a ç ã o de jovens em financiamento de imóveis no Vale do Paraíba representa 36%

das 5.615 casas e apartamentos negociados pela Caixa Econô-mica Federal no programa ‘Minha Casa, Minha Vida’, que comple-tou um ano no último mês.

Para Ademir Losekann, supe-rintendente regional da Caixa Econômica Federal, o envolvi-mento de jovens com até 30 anos

Jovens, compram mais

IMÓVEIS

de idade no programa do governo federal ocorre pela facilidade de acesso ao crédito e pela amplia-ção da oferta no setor imobiliário. “Rejuvenesceu o público, é muito mais fácil hoje conseguir finan-ciar um imóvel através do ‘Minha Casa, Minha Vida’”, disse.

Essa fatia de mutuários perde apenas para os clientes entre 31 e 45 anos, que somam 47% da carteira de fi nanciamentos. Tendo os jovens como com-pradores em potencial, a Caixa atingiu R$ 335 milhões em cré-ditos para o setor na região.

A previsão é que os números

regionais cresçam mais porque a Caixa estima que sejam contra-tadas 12 mil moradias até o fi nal deste ano. “A gente não faz uma análise para ver se a pessoa tem capacidade de pagar, fazemos para ver se a pessoa se enquadra dentro do que é pedido no pro-grama”, explicou Losekann.

Se atingir a marca de 12 mil uni-dades, o volume de recursos do programa pode chegar a R$ 540 milhões. Para conseguir o feito, além da demanda de clientes, a Caixa conta com 72 propostas de projetos de 36 construtoras, totalizando 12.132 habitações.

“Estamos perseguindo a supera-ção. É estimulante ver os números da região. Nosso esforço será para ampliar os contratos. Além disso, outros projetos ainda podem ser apresentados”, disse. •

Bruno Fraiha

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Avestruz:

exótico e light

MERCADO

GIGANTE Ave originária da África conquistacada vez mais o mercado brasileiro

Claudio Capucho/ arquivo vp

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Maior ave do mundo ganha espaço no pratodo brasileiro, desde a merenda nas escolas públicas aos cardápios dos restaurantes mais requintados

Uma ave exótica de carne muito saborosa. O avestruz deixou de ser matéria-prima de sapatos e bolsas dos gran-des estilistas e ganhou es-paço no prato do brasileiro:

da merenda escolar em escolas públicas aos cardápios dos restaurantes mais requinta-dos de todo o país.

Isso tem explicação. Pesquisa realizada por uma equipe de cientistas da USP (Uni-versidade de São Paulo) comprovou que a carne dessa ave gigantesca tem maior va-lor nutricional e menos calorias que a de frango, peru, pato, boi e porco, mais co-muns nas refeições.

O avestruz tem 66% menos gordura que a carne bovina e três vezes menos colesterol que os cortes de frango e peru, segundo o es-tudo da Faculdade de Saúde Pública da USP, coordenado pela professora Elisabeth Torres.

“O número de calorias e as quantidades de proteínas, lipídios e colesterol foi compa-rado com outras carnes. Cada 100 gramas de carne de avestruz tem 1,9% de lipídios, enquanto os cortes de boi, porco e pato apresentam 6% e os de frango e peru, 3%”, comparou Elisabeth.

O estudo também constatou os benefí-cios da carne contra o temido colesterol. “A cada 100 gramas de avestruz encontra-se 22,7 miligramas de colesterol, contra 59 no boi, 61 no porco, 70 no frango, 65 no peru e 77 no pato”, concluiu a professora

O consumo da carne, que começou a conquistar o mercado nacional em 2006, também é recomendado por inúmeras as-sociações médicas norte-americanas e bra-sileiras, que reconheceram a iguaria como uma fonte rica em proteínas, com a vanta-gem de ter baixo colesterol e alto índice de ômega 3 e 6. Semelhante ao fi lé mignon, em aparência e maciez, a carne de avestruz tem apenas um terço das calorias da carne bovina e pode ser consumida assada, cozida ou ensopada.

NutriçãoDevido ao alto valor de ferro e índices genero-sos de cálcio, nutricionistas vêm indicando o avestruz para o cardápio da merenda escolar. O primeiro município paulista que aderiu à novidade foi Campinas. O investimento da prefeitura no primeiro lote de 12 toneladas da carne, que é 4% mais cara que os cortes po-pulares da carne bovina, foi de R$ 247,4 mil. No cardápio das escolas municipais, a carne é servida de diferentes maneiras, desde moída até em cubos para estrogonofe.

No Vale do Paraíba, por enquanto, quem estuda a inclusão da carne de avestruz no cardápio da rede pública de ensino é Cara-guatatuba. “Já fi zemos o teste de aprovação no início do ano com cerca de 500 crian-ças. 90% delas gostaram do produto e não sentiram diferença no sabor em relação à carne bovina. Vamos estudar a sugestão para o próximo ano”, disse o secretário de Educação de Caraguá, Laercio Abalrici.

No interior do Estado, Campos do Jordão reúne o maior número de restaurantes que oferecem a iguaria no cardápio. “A carne tem um sabor semelhante à carne bovina, que lembra muito um fi lé mignon na tex-tura e na cor”, disse Paulo César da Costa, chef do La Gália.

“Já no sabor ela lembra um magret (peito) de pato. Por ter essa característica e sabor extre-mamente leve é muito fácil agregá-la a recei-tas com molhos suaves ou mesmo agridoces”, afi rmou. Para acompanhar a carne do aves-truz, o chef recomenda o vinho tinto Pinotage. “A uva do Pinotage é cultivada na África do Sul, o sabor lembra frutas maduras, com fi nal de baunilha. Um casamento perfeito”, disse.

Elaine SantosSão José dos Campos

CRIAÇÃO Avestruzes em sítio no interior do Estado; ave vive, em média, 50 anos, e tem 2,7 metros de altura

Divulgação

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38 Economia38

As volumosas plumas do avestruz conquistaram o mundo da moda no século 19, quando eram usadas por muitas mulheres nas festas realiza-das pela Corte Real como adorno em roupas e chapéus.

Muitos anos depois, as plumas também ganharam a simpatia de carnavalescos de São Paulo e Rio de Janeiro, que usam até hoje o adereço, principalmente, nas fantasias mais luxuosas –o que faz das duas capitais brasileiras as maiores consumidoras das penas da ave no mundo.

Já o couro do avestruz, com sua textura diferenciada, ganhou desta-que nos sapatos e bolsas de estilistas nos últimos anos e passou a ser usado por grifes renomadas como Louis Vuitton, Marc Jacob e Victor Hugo em substituição ao de répteis, como o crocodilo.

O presidente da ACAB (Associa-ção dos Criadores de Avestruzes do Brasil), Stefano Volpi, disse que no país são produzidos, em média, 20 toneladas de plumas e 35 mil metros quadrados de couro por ano.

“Toda essa produção é absorvida pelo mercado interno. Precisamos aumentar a produção para começar a exportar. O couro do avestruz é 40% mais barato que o de crocodilo. Atual-mente temos 70 mil aves nos criadou-ros no Brasil”, disse o presidente da ACAB, que tem 422 associados.

O Vale do Paraíba conta com uma pequena proporção desse mercado, com 12 criadores da ave e uma fábrica de processamento e benefi -ciamento de plumas, que neste ano produziu 200 quilos de plumas para as alegorias das escolas de samba do Rio e São Paulo. •

Plumas estão na moda desde o século 19

CURIOSIDADEEmbora não voe, por terasas atrofi adas, as longas efortes pernas, permitem que a ave gigante atinja até 120 km/h de velocidade

O AVESTRUZ

TAMANHOÉ a maior do mundo, com até 2,7metros de altura e 150 quilos.São onívoros, comem folhagem e todo vertebrado e invertebradoque conseguem capturar

PRODUTIVIDADEA ave alcança peso para abate por volta dos 12 meses.O avestruz vive, em média,50 anos e cada fêmea põe de 40 a 100 ovos por ano

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A origem do Universo: uma busca incansável e muito dispendiosa

Na fronteira entre a França e a Suíça, pró-ximo à cidade de Ge-nebra, um laboratório

espetacular constituído por um túnel de 27 quilômetros de cir-cunferência, localizado a 175 metros abaixo do nível do solo, poderá produzir as respostas para as perguntas mais instigan-tes da ciência atual. Respostas que deverão revolucionar nossa compreensão sobre como fun-ciona e como evolui o Universo.

O experimento denominado Grande Colisor de Hádrons (LHC, na sigla em inglês), vem sendo desenvolvido há cerca de 20 anos pela Organiza-ção Européia para Pesquisa Nuclear (CERN), a um custo aproximado de US$ 4 bilhões, e empregando alguns dos cérebros mais brilhantes do pla-neta, inclusive do Brasil.

O LHC se propõe ao estudo das propriedades mais fundamentais da matéria. Com o nível de energia alcançado neste experimento, de-verá ser possível observar partícu-las elementares e forças de intera-ção presentes na origem de toda a matéria existente. De acordo com as teorias atuais, essas partículas e interações estariam presentes no início da criação do Universo, logo após o “Big Bang”.

Outros dois experimentos de grande vulto são os telescópios TMT (dos EUA) e ELT (da Europa), o primeiro de 30 metros de diâmetro

e o segundo, de 42 metros. Respecti-vamente, esses telescópios terão ca-pacidade de observação do Universo, de 15 e 25 vezes a do maior telescópio existente hoje. Busca-se igualmente tentar entender a nossa origem.

Por que essa busca incansável e tão dispendiosa? Há uma força intuitiva intrínseca ao ser humano de evoluir, progredir, assim como tudo que nos cerca. As estrelas, as galáxias e o próprio Universo comportam-se como seres vivos, algumas partes morrem para nascerem de novo em outros lugares. Um asteróide pode acabar com a vida aqui, mas traz se-mentes, partículas de outro lugar do Universo e tudo começa de novo. A evolução, a busca incessante pelo co-nhecimento, é um instinto tão forte quanto o da sobrevivência.

Bate AsasA cobertura de ciência e tecnologia no jornalismo não é tarefa fácil ou

trivial. Para jornalistas jovens e inexperientes pode ser uma expe-riência fascinante, ou frustrante, como aconteceu no início da dé-cada de 1980, em São José dos Campos. Antônio Augusto de Oli-veira, então editor do jornal Agora, em comum acordo com o assessor de comunicação da Embraer, Má-rio Galvão, mandou um jornalista recém-formado, um “foca”, cobrir o que prometia ser um grande furo de reportagem: era o projeto de um avião que batia asas!

Lá foi o jovem repórter, apurou tudo na Embraer, chegou a trazer desenhos para a redação, e, igno-rando o trote, produziu a matéria. “Vai dar primeira página amanhã”, garantiu o editor. No dia seguinte, nem uma linha publicada e o repór-ter, envergonhado, não apareceu mais no jornal. Coisas dos saudo-sos colegas jornalistas Antônio Au-gusto e Mário Galvão. •

Fabíola de Oliveira

FORÇA“A evolução, a busca pelo conhecimento, é um instinto tão forte quanto o da sobrevivência”

Fabíola de OliveiraJornalista

[email protected]

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42 Meio Ambiente

Amazônia:morte anunciada

Yann WalterSão José dos Campos

Estudo aponta que se o desmatamento continuarno atual ritmo, em 40 anos parte da fl oresta vai entrar em colapso, sem chance de recuperação

multaneamente os efeitos do desmatamento, do aquecimento global e das queimadas. “Até então, cada um desses efeitos era avaliado se-paradamente”, ressaltou Sampaio.

O levantamento apresenta diversas estima-tivas de mudanças climáticas, com cenários mais otimistas ou pessimistas. “O pior cená-rio se concretizará se os combustíveis fósseis –petróleo, gás e carvão– continuarem sendo as principais fontes de energia mundial”, explicou, lembrando que quanto mais alta a concentração de gases na atmosfera, maior a degradação da fl oresta.

De acordo com o Banco Mundial, o leste da Amazônia é a região mais sensível. “É uma região de transição com o serrado e o clima é mais seco do que no oeste. O leste e o sul fi cam no Arco de Desmatamento da Amazô-nia. As chances de recuperação da fl oresta são bem menores no leste, por conta das condições climáticas e do desmatamento intenso”, afi rmou Sampaio.

Preocupação

“É na parte leste que a situação é a mais preocupante. Lá, se nada for feito, vamos perder 75% da área fl orestal até 2025”, ad-vertiu. “Ficaremos então com uma fl oresta com menos biomassa acumulada, seme-lhante a uma savana. É por isso que chama-mos o processo de savanização”.

O estudo não apresenta um plano de ação para impedir o colapso parcial da maior fl o-resta do planeta, mas, segundo Sampaio, as

ALERTA VERDE

Quarenta anos é o tempo que temos para evitar o colapso defi nitivo de parte da Amazônia. A afirma-ção é de Gilvan Sampaio, pesquisador do Inpe (Ins-

tituto Nacional de Pesquisas Espaciais), que participou do estudo do Banco Mundial con-duzido no segundo semestre de 2009 e publi-cado recentemente sob o nome “Assessment of the Risk of Amazon Dieback” (Monitora-mento do Risco de Colapso da Amazônia).

“O risco de colapso é elevado. Já desmata-mos quase 20% da Amazônia e o limite até o qual a fl oresta pode se recuperar é de 40%. Se este limite for atingido, parte da fl oresta ama-zônica será perdida para sempre, sem possi-bilidade de recuperação”, explicou Sampaio, destacando que o estudo permitiu quantifi car o risco com relativa precisão.

“Se o desmatamento e as emissões de gases de efeito estufa continuarem crescendo no mesmo ritmo que na década de 2000, este li-mite poderá ser atingido por volta de 2050. Ou seja, temos no máximo 40 anos para reverter esse quadro”, alertou o pesquisador.

Muitos estudos já foram conduzidos sobre o tema, mas o do Banco Mundial tem um dife-rencial importante: é o primeiro que analisa si-

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43Domingo 2Maio de 2010

DESMATAMENTOCorte de árvores

em área de fl oresta no Acre; pesquisa

encomendada pelo Banco Mundial

aponta risco de colapso em 40 anos

Evelson de Freitas/AE

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44 Meio Ambiente

recomendações são as mesmas: controlar o desmatamento e limitar o aquecimento glo-bal. “Temos que incentivar programas para o desmatamento sustentável, ou seja, con-vencer os moradores dessas regiões a des-matarem apenas o necessário. É preciso criar mecanismos para que o desmate possa ser substituído por outras atividades produtivas. O governo tem que fazer com que a fl oresta seja mais valiosa em pé do que devastada”.

No que se refere ao aquecimento global, o pesquisador afi rmou que o único caminho possível é a mudança de matriz energética. “É importante desenvolver signifi cativamente as fontes de energias renováveis e estimular o uso da energia limpa. No caso do Brasil, uma possibilidade seria baixar o preço do etanol.”

No entanto, segundo Rubens Born, coorde-nador adjunto da ONG (Organização Não-Governamental) Vitae Civilis, o país está indo na contramão desta evolução ao promover a exploração das gigantescas reservas de pe-tróleo descobertas sob a camada do pré-sal. “A discussão não deveria girar em torno do petróleo, e sim do desenvolvimento de ener-gias limpas como a solar e a eólica, que tem um potencial enorme”, afi rmou.

Esforço mundialTodos concordam que o impacto das mudan-ças climáticas somente será amenizado se o esforço for mundial. “É preciso diminuir a queima de combustíveis de origem fóssil, pri-meira causa de emissão de CO2 nos Estados Unidos e na Europa. No Brasil, os principais responsáveis pela liberação de gás carbônico na atmosfera são o desmatamento e as quei-madas”, fi nalizou Sampaio.

“Os Estados Unidos, o Canadá, os países ricos da Europa e o Japão são os principais responsáveis pela situação atual, já que foram os que poluíram mais no passado. No entanto, nações emergentes como China, Índia e Brasil estão poluindo cada vez mais e também têm que fazer a parte delas”, sentenciou Born.

O desmatamento da Amazônia entre agosto de 2009 e janeiro deste ano lançou 51 milhões de toneladas de CO2 na atmosfera, uma quantidade muito superior aos 36 milhões de toneladas de gás carbônico emitidos pelo con-junto da indústria paulista em 2006. Durante estes seis meses, 836 quilômetros quadrados de fl orestas foram devastados. A área desma-tada aumentou 22% em relação ao período de agosto de 2008 a janeiro de 2009, enquanto as emissões de CO2 cresceram 41%. Os dados

são do Imazon (Instituto do Homem e do Meio Ambiente da Amazônia).

“As emissões de CO2 cresceram mais que a zona desmatada porque o desfl orestamento mais recente ocorreu em áreas de mata mais densa, com maior volume de madeira”, es-clareceu Sanae Hayashi, pesquisadora do Imazon. O gás carbônico é emitido pelas queimadas, mas também pela decomposição natural das árvores cortadas.

“Houve um desmatamento intenso entre 2000 e 2007. No início de 2008, o governo aprovou uma série de medidas para conter a

Fotos: Sérgio Vale/Agência de Notícias do Acre

Desmatamento da Amazônia registrado entre agosto de 2009 e janeiro deste ano atingiu 836 quilômetros quadrados de fl oresta

VISTORIA Helicóptero

sobrevoa área desvastada no

Acre em trabalho de inteligência para a redução das queimadas

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45Domingo 2Maio de 2010

DE TONELADASDe CO2 foram lançadas na atmosfera nos últimos seis meses com a devasta-ção da fl oresta amazônica

51 mi

FISCAISSão responsáveis pelas operações de combateao desmatamento em todo o território nacional

900

OPERAÇÕESForam feitas nos últimos seis anos pela equipe de fi scais em todo o país, se-gundo o governo federal

800

QUILÔMETROSDe área foram devastados no ano passado na Ama-zônia, segundo o Ministé-rio do Meio Ambiente

7.000

RAIO-XAMBIENTAL

devastação da fl oresta. Porém, de uns meses para cá, detectamos vários novos focos de desmate”, alertou. Na opinião de Sanae, as eleições de outubro complicam o trabalho dos defensores do meio ambiente. “O go-verno quer agradar agricultores, pecuaristas e madeireiros. E na Amazônia é mais fácil e lu-crativo desmatar novas áreas do que explorar setores da fl oresta já desmatados”, explicou.

Para ela, o problema é a impunidade. “Con-traventores são multados, mas menos de 5% do valor total das multas é arrecadado. O mais importante é que essas pessoas sejam

punidas. É preciso tomar uma atitude rapida-mente. Se nada for feito, iremos à catástrofe.”

Segundo Rubens Born, falta vontade política para empreender mudanças. “Houve uma evolução das mentalidades no sentido de que agora todos estão cientes da necessidade de proteger a Amazônia. Mas esta ciência não se traduz em ações concretas. As autoridades seguem privilegiando a exploração, em detri-mento da preservação. O governo continua defendendo obras questionáveis do ponto de vista ambiental. E o setor agropecuário segue em forte expansão no Pará e Mato Grosso.” •

DEVASTAÇÃO NO PARÁ

AntesImagem satélite da APA (Área de Pro-teção Ambiental) Triunfo do Xingu e do território indígena de Kayapó em 2000

DepoisImagem da mesma APA tirada em 2008 mostra a progressão dos focos de desmatamento, marcados em roxo

NO CHÃO Tratores derrubam árvores para abrir caminho para a construção da BR-364, no Acre

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46 Meio Ambiente

O estudo do Banco Mundial não leva em conta o resultado dos esforços empreendidos recentemente pelo governo federal para lutar contra o desmatamento. É o que ressaltou a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira em entrevista à revista valeparaibano. “As conclusões do estudo nos preocupam bas-tante, mas é necessário esclarecer que não foi considerado o resultado dos esforços do Brasil e de outros países no combate ao des-matamento”, afi rmou.

Segundo ela, no ano passado, o monitora-mento por satélite do Inpe registrou a menor taxa de desmatamento da Amazônia dos últimos 21 anos. “Só no Brasil foram criados 25 milhões de hectares de unidades de con-servação. Temos a maior área protegida do planeta. Acredito que se isso tivesse entrado na conta do Banco Mundial, as previsões sobre o colapso da fl oresta seriam um pouco

Meta é reduzir desmatamento em pelo menos 80% até 2020, diz ministra

menos alarmantes”, destacou. Izabella garantiu que o governo está em-

penhado no combate ao desmatamento e avisou que não vai dar trégua aos contraven-tores. “Temos sido duros no licenciamento ambiental para atividades que funcionam como vetores do desmatamento, como as rodovias que cortam a Amazônia. Vamos intensifi car as operações de fi scalização e repressão”, afi rmou.

A ministra garantiu que o governo tem um plano de combate ao desmatamento que vem dando resultados signifi cativos desde 2005. “Em 2004, a taxa do desmatamento foi de 27 mil quilômetros quadrados. Em 2009, a queda do desmatamento chegou a 75% em relação a 2004, fechando no ano passado com 7.000 quilômetros quadrados”, detalhou.

A fi scalização é uma das principais preo-cupações das autoridades. “Temos mais ou

menos 900 fi scais para todo o Brasil. O país é imenso, o que faz com que esse número esteja longe do ideal. Mesmo assim, foram re-alizadas mais de 800 operações ao longo dos últimos seis anos”, disse a ministra.

Izabella afi rmou que o governo está deter-minado em lutar pela conservação da fl oresta amazônica e anunciou uma meta ambiciosa: “Até 2020, iremos reduzir o desmatamento em pelo menos 80%”. •

REAÇÃO A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira: “as conclusões do estudo nos preocupam”

Divulgação

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48 Saúde

Vício: quando o remédio é o vilãoUso de medicamentos com tarja preta já supera cocaína, heroínae ecstasy no Brasil e no mundo; ONU aponta que há mais gentedependente de comprimidos do que nas três drogas juntas

SAÚDE PÚBLICA

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sinal de ansiedade, a empresária de 46 anos saca a caixa da bolsa e toma um comprimido.

Diazepam, lorazepan, clonazepam e mida-zolam são exemplos de princípios ativos de calmantes e tranquilizantes, remédios tarja preta, com venda e consumo controlados pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Eles fazem parte da família dos benzodiazepínicos, medicamentos capazes de estimular no cérebro mecanismos que equilibram estados de tensão e ansiedade. Por outro lado, causam dependência.

Juntam-se a eles antidepressivos, esterói-des, analgésicos, anfetaminas e anorexígenos (inibidores de apetite), todos psicofármacos que já são considerados as drogas mais consu-midas no mundo. Nos países desenvolvidos,

onde vários deles são proibidos, já represen-tam um problema de saúde pública. No Brasil, onde quase todos são permitidos, só podem ser vendidos com prescrição médica.

O uso abusivo de remédios controlados cresceu tanto no mundo que supera a depen-dência de cocaína, heroína e ecstasy juntas. Há mais gente tomando remédio descontro-ladamente do que usando as três drogas. O alerta foi feito pela Jife (Junta Internacional de Fiscalização a Entorpecentes), órgão da ONU (Organização das Nações Unidas), em relatório sobre drogas apresentado em Viena (Áustria), em fevereiro.

No documento, a entidade aponta que o consumo exagerado de remédios vem sendo subestimado. Eles podem, sim, causar depen-

A empresária Maria Amélia* só sai de casa se levar na bolsa três coisas: cartão de crédito, maquiagem e uma caixa de diazepam, princípio ativo do calmante Valium. Ela assume

ser dependente do remédio: “Não fi co longe deles, de jeito nenhum.” Maria Amélia não toma os comprimidos todos os dias e nem precisa mais deles, segundo lhe garantiu o médico, mas só se sente tranquila se o medica-mento estiver ao alcance das mãos. Ao menor

Xandu AlvesSão José dos Campos

Eugênio Vieira

MANIPULAÇÃOCápsulas de remédios

manipulados; consumo de medicamentos

controlados aumenta no mundo

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50 Saúde

dência e danos graves à saúde dos pacientes. Porém, a tendência é achar que o uso abusivo de medicamentos é apenas “inadequado”, quando pode ser tão letal quanto a dependên-cia de drogas pesadas. O problema passou a chamar a atenção após a morte de várias ce-lebridades por overdose de remédios, caso do cantor Michael Jackson, da modelo Anna Nicole Smith e do ator Heath Ledger.

De acordo com a Jife, 8,2 milhões de norte-americanos abusaram de medicamentos em 2008, perdendo em número apenas para o consumo de maconha. O quadro é ainda pior no Brasil. Segundo o Cebrid (Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas), 10 milhões de brasileiros já usaram calman-tes. A pesquisa é de 2005. O mais preocupante é que, em 2001, eram 6 milhões de pessoas –quase dobrou em quatro anos. Se a curva ascendente se mantiver, os usuários de remé-dios poderão chegar a 18 milhões em 2010.

Não à toa, o Brasil é considerado pela Jife o maior consumidor mundial de anfetaminas com fi nalidade emagrecedora, com 9,1 doses diárias para cada 1.000 habitantes. Agrava a situação o alerta da Anvisa de que três dos quatro remédios para emagrecer mais consu-midos no país causam dependência. São me-dicamentos à base de anfepramona, mazindol e femproporex. No ano passado, os consumi-dores desses remédios tomaram nada menos que 4,1 toneladas das substâncias.

Além deles, a Anvisa reforçou a fi scalização para o princípio ativo cloridrato de sibutra-mina, também achado em remédios para emagrecer. A agência constatou o consumo de 1,86 toneladas da substância em 2009. Es-tudos feitos durante seis anos revelaram que o remédio aumenta o risco de problemas no coração. Com isso, o medicamento passou a ser considerado tarja preta no Brasil, foi proi-

bido na Europa e restrito nos EUA.Coordenador do programa de Saúde Men-

tal do Ministério da Saúde, Pedro Gabriel Delgado, credita a dois fatores o aumento do uso de medicamentos controlados no país. Um positivo e outro, negativo. “Ampliou o acesso de pacientes ao tratamento, ou seja, ao uso racional e acompanhado por médicos. Porém, cresceu também o uso nocivo, aquele feito sem prescrição médica e geralmente em quantidade maior do que a necessária.”

E a situação está se agravando e se tornando uma tendência em todo o mundo. Segundo Hamid Ghodse, diretor do Centro Interna-cional de Política de Drogas da Universidade Saint George, em Londres, e um dos autores do relatório da Jife, “o abuso (de remédios) precisa ser combatido urgentemente”. Ele aponta ainda a difi culdade em se conseguir dados sobre o uso abusivo de farmacêuticos, que é um “problema escondido”.

Estudo

O relatório da ONU relata que, na Alemanha, quase 2 milhões de pessoas são viciadas em remédios. Já no Canadá 1 milhão de habitan-tes abusa dos chamados opioides –medica-mentos usados na terapia de dor crônica que causam estados de euforia, hipnóticos e de-pendência. Além disso, em vários países euro-peus, como França, Itália, Lituânia e Polônia, a porcentagem de estudantes que usa sedativos ou tranquilizantes fi ca entre 10% e 18%.

O consumo é alimentado por farmácias ilegais na internet que vendem remédios roubados em todo o mundo. A ONU pediu aos países que monitorem mais de perto as farmácias on-line. Outro lado do problema vem diretamente dos consultórios médicos. Delgado afi rma que a prescrição indiscrimi-nada de medicamentos, especialmente de

18 milhõesÉ o número de pessoas no Brasil que farão uso de calmantes este ano, segundo as projeções

BrasilÉ o maior consumidor de anfetami-nas para emagrecer, com 9,1 doses diárias para cada mil habitantes

4,1 toneladasDe remédios com princípios ativos para emagrecer são consumidos no país

10 milhõesDe brasileiros já fi zeram uso de calmantes, segundo pesquisa di-vulgada em 2001 pelo Cebrid

RegimeTrês dos quatro remédios para emagrecer mais consumidos no país causam dependência

8,2 milhõesDe norte-americanos abusaram de remédios em 2008, perdendo só para o consumo de maconha

asncípios

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antidepressivos e benzodiazepínicos, é um fenômeno que ocorre mundialmente.

Está relacionada à entrada no mercado de re-médios de fácil prescrição, com menos efeitos colaterais, a partir de 1990. Algumas drogas desta classe apresentam grande potencial de desenvolvimento de dependência química. “A utilização de medicações desta forma cria ainda um mercado negro, provocando graves situações de tráfi co”, disse.

Muitas das indicações de uso de remédios controlados são feitas por profi ssionais fora da área psiquiátrica, como cardiologistas, ginecologistas e clínicos gerais, que não têm a formação necessária para um diagnóstico completo. Eles prescrevem as drogas a pe-dido dos pacientes que, muitas vezes, não têm depois o devido acompanhamento e acabam tomando o remédio por mais tempo que deve-riam, tornando-se dependentes da droga.

Foi o que ocorreu com Martins*, um apo-sentado de 58 anos. Após viver uma série de tragédias em sua vida nos anos 1990, como a perda da mulher e do fi lho em um acidente de trânsito, e de ter sido vítima de sequestro-re-lâmpago, ele passou a depender de calmantes para viver. Não dormia sem eles. “O primeiro médico que me receitou o medicamento foi um cardiologista, que me tratava havia anos”, conta Martins. “Simplesmente eu não conse-guia mais me deitar, fechar os olhos e dormir. O acidente e o sequestro vinham como um trem desgovernado em minha cabeça.”

Depois de dois anos tomando os remédios, o aposentado procurou um psiquiatra. O mé-dico disse a ele que não precisava mais tomar calmantes, poderia viver sem eles. Mas Mar-tins havia adquirido uma dependência psicoló-gica tão grande das drogas que preferiu deixar o médico. Continua tomando os remédios até hoje. E não pretende deixá-los. “Eles me fazem bem. São remédios, não drogas ilegais.”

Presidente da Associação Valeparaibana de Psiquiatria, o psicanalista e psiquiatra Geraldo Arantes Júnior, revela que 90% dos ansiolíti-cos (tranquilizantes) receitados são prescri-tos por médicos de outra área. A psiquiatria é responsável só por 10% das prescrições. “Mui-tas vezes a pouca orientação médica dada ao paciente prolonga o uso desses psicofármacos desnecessariamente”, afirma. “Ou ainda o conceito de que são poucos os efeitos colate-rais tanto no presente quanto no futuro.”

Banalização

Além da facilidade em encontrar os remédios nas farmácias, muitas vezes vendidos sem prescrição médica, o que é ilegal, a sociedade contemporânea banalizou os efeitos da tris-teza. “Tudo virou depressão e precisa ser tra-tado com remédios. Não se dá mais ouvido sobre o sofrimento de vida das pessoas”, avalia Izumi Noguchi, psiquiatra do Caps-Ad (Cen-tro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas) de São José, que denuncia um “imediatismo muito grande na solução dos problemas”. Para ela, “qualquer problema já se quer medicar”.

A médica está acostumada a atender pa-cientes que recorrem ao centro para tentar conseguir receita e continuar comprando os medicamentos. “Há pacientes que choram pe-dindo o remédio. A pessoa não percebe que os sintomas somem com o tempo sem o remédio. Não percebem uma vida sem a medicação.”

Assim como as drogas, os viciados em re-médios precisam de doses cada vez maio-res para evitar crises de ansiedade. A longo prazo, diz Izumi, o uso abusivo de remédios pode causar danos ao cérebro, como défi cit de memória e difi culdade de reter informa-ções. “Há estudos que dizem que o uso crô-nico causa atrofi a cerebral.”

Para o psiquiatra Luis Arenales, de Guaratin-guetá, medicamentos são necessários à huma-

1,86 tonelada Do princípio ativo cloridrato de sibutramina (para emagrecer) foram usadas no Brasil em 2009

AlemanhaQuase 2 milhões de pessoas são vi-ciadas em medicamentos, segundo o relatório divulgado pela ONU

Até 18%Dos estudantes em vários países da Europa usam seda-tivos ou tranquilizantes

CanadáCerca de 1 milhão de habitan-tes abusam dos remédios usa-dos na terapia de dor crônica

Apenas 10%Dos ansiolíticos (tranquili-zantes) são receitados por médicos psiquiátricos no Brasil

VícioDependentes de remédios pre-cisam de doses cada vez maiores para evitar crises de ansiedade

áriosm seda-tes

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%quili-s por no Brasil

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nidade. Funcionam e dão resultado, desde que bem usados. Como tudo em medicina, remé-dios só podem ser consumidos na dose certa, para fi ns determinados e após um diagnóstico completo, feito por profi ssionais da área.

Tomar remédios controlados indicados por vizinhos, parentes ou pelo “Dr. Google”, diz Arenales, é um erro grave que pode levar à morte. “Buscar tratamento na internet, e não no médico, é um traço da sociedade que está cada vez mais isolada, tentando resolver as coisas por si só. Criou-se um caminho onde se usa o remédio sem passar pelo médico.”

Arenales critica a banalização da sociedade que busca, cada vez mais, soluções fáceis e rá-pidas para resolver problemas normais na vida coletiva, como tristeza, luto e indecisão. “É a MacDonaldização da psicopatologia, tudo ‘fast’, de forma rápida. Mas isso não funciona com o ser humano e muito menos na medi-cina”, afi rma o psiquiatra, citando o livro “In-decisão”, de Benjamin Kunkel. Na obra, um homem indeciso descobre no Abulinix (nome inventado pelo autor) o remédio “mágico” que promete curar todos os seus problemas.

A professora Patrícia* transformou um se-dativo no seu “Abulinix”, o remédio que lhe traz segurança e calma. Diagnosticada com um quadro de ansiedade, em 2002, passou a recorrer a remédios sempre que sentia-se an-gustiada. Não conseguiu deixá-los. “Toda vez que o peito aperta eu tomo o remedinho.”

O perigo é que, a longo prazo, o uso de me-dicamentos por quem não precisa deles torne o aperto no peito irreversível e leve a pessoa a um estado de dependência que prejudica toda sua vida social e profi ssional. Entre o veneno e o remédio, escreveu o famoso médico suíço Paracelso, a diferença é a dose.

CÁPSULASFarmacêutico

mostra cápsulas em bandeja usada

na manipulação dos medicamentos

Eugênio Vieira

(*) nomes fi ctícios

A venda de remédios controlados pela internet desafi a a Polícia Federal e a Interpol. As forças vêm realizando atividades conjuntas para tentar conter o contrabando de medicamentos pelo mundo virtual. Entre as substâncias mais vendidas pela rede, estão remé-dios para emagrecer, ganhar músculos, aumentar a potência sexual e provocar abortos. Segundo a PF, apenas 20% dos remédios controlados vendidos pela

internet são verdadeiros. O restante não passa de mistura de substâncias tóxicas ou de furto de produtos de hospitais.

Em 2007, a Anvisa recolheu 2 tonela-das de medicamentos que seriam vendi-dos pela rede. No ano passado, o número saltou para 28 toneladas. Explica-se: en-quanto um trafi cante fatura US$ 3.000 com venda de um quilo de heroína, a mesma quantia de remédio falsifi cado rende até US$ 75 mil. •

PF tenta conter venda pela internet

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MundoYann Walter São José dos Campos

Já não é mais segredo para ninguém que a China se lançou à conquista do mundo. Agricultura, energia, bens de consumo, serviços... Ne-nhum setor escapa da voracidade do dragão chinês, que decidiu fi n-

car de vez suas garras afi adas no Brasil. Com uma população de mais de 1,35 bilhão de ha-bitantes e um PIB (Produto Interno Bruto)

Negócios da ChinaDepois de inundar o mercado brasileiro com produtos eletrônicos e têxteis, dragão chinês decide fi ncar suas garras no pré-sal

ACORDO O ministro-chefe do Departamento de Comunicação da China, Liu Yun, com José Sérgio Gabrielli, presidente da Petrobras

ACORDO BILATERAL

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na casa dos US$ 4,9 trilhões, a China é um gigante do tabuleiro mundial.

Em 2008, o comércio entre o Brasil e a China totalizou US$ 36,4 bilhões. No ano seguinte, o país asiático se tornou o maior parceiro comercial do Brasil, superando os Estados Unidos. A China inunda o mercado brasileiro com máquinas e aparelhos elétricos e mecânicos e produtos têxteis, enquanto o Brasil exporta para a China carnes e laticínios, soja, minério de ferro e, sobretudo, petróleo.

E garantir um abastecimento externo cons-tante em ouro negro é essencial para a China, que não consegue bancar sozinha seu cres-

cimento econômico de dois dígitos. É por isso que o Brasil e suas importantes reservas petrolíferas ainda não-exploradas, principal-mente as que fi cam sob a camada do pré-sal no litoral de Espírito Santo, Rio de Janeiro e São Paulo, interessam tanto aos chineses.

Novas parcerias estão se desenvolvendo no setor. A Petrobras assinou recentemente com o Banco de Desenvolvimento da China um contrato de fi nanciamento bilateral de US$ 10 bilhões por um período de dez anos. De acordo com a estatal, o valor será pago em etapas e servirá para fi nanciar o Plano de Ne-gócios 2009-2013 que abrange, além de ati-

vidades de exploração e produção, projetos em refi no, gás, biocombustíveis e serviços.

Em troca, a Petrobras fornecerá à Unipec Ásia, uma subsidiária da chinesa Sinopec, até 200 mil barris da commodity por dia durante dez anos. A Petrobras ainda anunciou ter assi-nado com a Sinopec um acordo de intenções para cooperar em diversos segmentos de in-teresses mútuos como exploração, refi no, pe-troquímica e suprimento de bens e serviços.

Considerada a maior estatal de petróleo do mundo, a chinesa Sinopec também par-ticipou da construção do Gasene, um gaso-duto de mais de 1.300 quilômetros entre as regiões Sudeste e Nordeste do Brasil. A obra também contou com financiamento do Banco de Desenvolvimento da China.

“A China está muito interessada em in-vestir no pré-sal. Petroleiras estatais como Sinopec e PetroChina, bem como outros fornecedores de insumos para a explora-ção off shore, a indústria naval e o setor lo-gístico, já se posicionaram neste sentido”, afi rmou Kevin Tang, diretor da CCIBC (Câ-mara de Comércio Brasil e China).

A maior siderúrgica chinesa, a Baosteel, presente no Brasil desde 1995, é uma das indústrias de olho na abertura de mercado com o pré-sal. “Temos interesse em forne-cer aço”, confi rmou Zhao Yonghong, presi-dente da companhia no país.

Os investimentos chineses no Brasil estão crescendo, e não apenas no setor petrolí-fero. De acordo com os dados mais recentes do Banco Central do Brasil, a China investiu mais de US$ 66 milhões no país entre janeiro e abril de 2009. Ou seja, investiu mais em quatro meses do que nos dois anos anterio-res, quando os IED (Investimentos Estran-geiros Diretos) da China totalizaram US$ 62,72 milhões, sendo US$ 24,30 milhões em 2007 e US$ 38,42 milhões em 2008.

EXTRAÇÃO Plataforma marítima Cidade São Vicente, única usada pela Petrobras para extrair petróleo no pré-salna Bacia de Santos

Fotos: Agência Petrobras

2010 REDE DE DUTOSGasoduto construído em parceria com aSinopec foi inaugu-rado no mês passado

PARCERIAEm 2009, China se torna a maior par-ceira comercial do Brasil, superando os Estados Unidos

OURO NEGROPara manter o cres-cimento econômico, China depende de abastecimentoexterno de petróleo

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Nem todas as parcerias estabelecidas ao longo dos anos com empresas chinesas trouxeram benefícios para o Brasil, apontam especialistas

“Os investimentos estão crescendo jun-tamente com as relações comerciais, com destaque para os setores de siderurgia, ele-troeletrônicos, mineração, máquinas e equi-pamentos, petróleo e gás, telecomunicações e logística”, enumerou Tang, o diretor da Câ-mara de Comércio Brasil e China.

Tang também citou como exemplos de negócios bem-sucedidos entre os dois paí-ses a compra de parte da mineradora MMX, do bilionário Eike Batista, pela siderúrgica WISCO (Wuhang Iron and Steel) em no-vembro de 2009 e, no setor automotivo, o acordo de exportação para o Brasil fi rmado em dezembro pela montadora chinesa JAC Motors e o grupo brasileiro SHC.

“Temos também outras empresas chinesas investindo no Brasil há tempos, como Hua-wei e ZTE nas telecomunicações, e AOC no setor de televisores e monitores. Além disso,

duas empresas chinesas do setor de constru-ção, XCMG e SANY, já anunciaram planos para se instalar no Brasil”, destacou Tang.

A invasão chinesa ainda não chegou ao Vale do Paraíba. “Pelo que sei, a China não tem negócios na região e não existem parcerias com empresas locais”, disse Felipe Cury, presidente da ACI (Associa-ção Comercial industrial) de São José dos Campos. “Mas há disposição. Empresários chineses são bem-vindos. Foi organizada recentemente no Ciesp (Centro das Indús-trias do Estado de São Paulo) de São José uma palestra sobre como fazer negócios com a China”, ressaltou.

O presidente chinês, Hu Jintao, esteve em São José em 2004 para visitar as instalações do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Es-paciais) e conferir os avanços do programa CBERS (Satélite Sino-Brasileiro de Recursos

Terrestres), feito em parceria com a China.Cabe salientar que, segundo vários espe-

cialistas, nem todas as parcerias estabele-cidas com empresas chinesas trouxeram benefícios para o Brasil. De acordo com Georges Landau, professor de economia da Faap (Fundação Armando Álvares Pen-teado), o acordo para a construção do Ga-sene foi problemático em alguns aspectos.

Padrão de conduta“A China fez uma oferta, que a Petrobras acei-tou. Porém, os chineses mudaram o valor de repente, alegando aumento do preço do aço. De fato, houve uma alta, mas a China já sabia disso antes de assinar o contrato”, disse Lan-dau. O professor ainda citou outro caso, en-volvendo a hidrelétrica de Itaipu. “A China enviou 50 missões a Itaipu para aprender a construir uma hidrelétrica. Copiaram o mo-

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SHOPPING CENTER VALE

(12) 3923-3566

delo brasileiro e não pagaram sequer con-sultoria. A transferência de tecnologia para a hidrelétrica de Três Gargantas, a maior do mundo, não rendeu nada para o Brasil”.

Para Landau, esses casos demonstram um padrão de conduta. “É arriscado fazer ne-gócios com a China. Cabe ao setor privado tomar providências e se precaver. Os em-presários brasileiros não podem se iludir e se deixar levar pelos preços baixos pratica-dos pelos chineses”, alertou.

Na opinião de Adriana de Queiroz, co-ordenadora executiva do Cebri (Centro Brasileiro de Relações Internacionais) estes contratempos se devem às fortes di-ferenças culturais existentes entre os dois países. “Na China, os contratos não têm tanto valor. Lá, revisões de contratos são naturais”, contou.

Outro problema, segundo ela, é que as

empresas chinesas que se estabelecem em outros países querem controlar todo o pro-cesso de produção e trazer sua própria mão-de-obra. “O Brasil tem uma legislação muito rígida sobre a porcentagem de funcionários estrangeiros autorizada nas companhias de fora instaladas no país”, lembrou.

No Brasil, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva é conhecido pelo pragmatismo. Na China, o pragmatismo econômico é elevado ao nível de arte. Considerações éticas e mo-rais, bem como relacionadas à preservação do ambiente, não são levadas em conta. É notório, por exemplo, o apoio da China ao Sudão, um país africano culpado de inú-meras violações dos direitos humanos. “A China só se preocupa em garantir seu abas-tecimento em energia e alimentos. Se o ne-gócio for rentável, ela vai. A única avaliação é econômica”, disse Adriana. •

PIB (US$)A China é a nação com a terceira maior economia mundial, perdendo apenas para os EUA e o Japão

4,9 tri

INVESTIMENTO (US$)Da China no contrato de fi nanciamento fi rmado com a Petrobras no plano de negócios do pré-sal

10 bi

POPULAÇÃOPaís reúne o maior número de habitantes do mundo, mais de um quinto da população do planeta

1,35 bi

ISTO É A CHINA

GASENE Presidente Luiz Inácio

Lula da Silva no canteiro de obras do Gasene; no alto,

hidrelétrica de Itaipu, usada como modelo pelos chineses

sem pagar por consultoria

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ARROZUma pedalada matinal nos campos de arroz de Kehn Ga, a leste da capital Hanoi

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Ensaiofotográfi co

Vietnã com outros olhos

Aos 46 anos de idade, Charles Peterson sempre foi mais lembrado por

suas imagens de bandas de rock. Neste ensaio, o fotógrafo norte-

americano revela um trabalho documental inédito realizado no Vietnã

Charles Petersonfotógrafo

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TEMPLOOcupantes de um templo em Hanoi; no Vietnã, muitos moram onde trabalham

ANIVERSÁRIO Comemoração

de aniversário de Buda, na cidade de Ho Chi Minh

PAISAGEMO pôr-do-sol da vila de Mai Chau, no noroeste da capital Hanoi

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BÚFALOCamponesa da minoria Tay usa o búfalo para arar a plantação de arroz

MERCADOEntrada frontal do

Mercado Central da pequena província

de Ninh Binh

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64 Ensaio64

NO MARMenino

vietnamita sentado em carranca de

barco em vila da capital Hanoi

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Divulgação

O perfi l do brasileiro sempre foi o de dei-xar tudo para a última hora, menos a diversão. Com a proximidade das férias de julho, a expectativa é que as pessoas fechem seus pacotes de viagem já a par-tir deste mês. Ou seja, chegou a hora de

programar seu descanso com a família, sua diversão com os amigos ou até aquele momento a dois num lu-gar charmoso.

Estudo do Ministério do Turismo comprovou que os brasileiros preferem programar as viagens de férias com antecedência, parcelando as despesas. Este ano, as agências de viagens estão apostando nos destinos internacionais, entre eles, Orlando, que faz a cabeça da criançada, e Caribe, com opções em Cancun, St. Ma-arten, Aruba e Punta Cana, o preferido dos solteiros.

“Com a ampliação da classe média, 50 milhões de novos consumidores entrarão para o mercado de consumo nos próximos anos, o que favorecerá o nosso setor”, disse Valter Patriani, presidente da operadora CVC, que aposta no aumento da procura por roteiros internacionais.

Mesmo assim, os destinos nacionais estão na prefe-rência dos brasileiros. O Nordeste, com sol e mar o ano todo, é o mais procurado. Com a baixa temporada, os valores da hospedagem fi cam até 20% mais baratos. Porto Seguro é o mais procurado por amigos e solteiros.

Elaine SantosSão José dos Campos

PARAÍSO Praias e o calor de Porto de Galinhas, em Pernambuco,

atraem os casais de turistas

TurismoROTEIRO

Este é o momento de programar suaviagem, sem pressa e sem surpresas

As fériasestão chegando

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Fotos: divulgação

A preferência é sempre para sol, calor e mar. E se tudo isso chegar com um precinho mais acessível, é negócio fe-chado na hora! Ir a Porto Se-guro, na Bahia, requer muita

disposição para curtir a animação das bar-racas de praia durante o dia e as festas que atravessam a noite. Sem contar os passeios de buggy, uma opção para fugir dos tours em grupo, que nem sempre oferecem o que há de melhor em cada lugar.

As férias de julho são vistas como baixa tem-porada no Nordeste. Por isso, um pacote com sete noites, que no verão chega a custar R$ 1.318 por pessoa, cai para R$ 698. As agências garantem que quanto mais cedo fechar o pa-cote mais barato fi ca.

Agora, se dinheiro não é o problema, Can-cun, no México, está na rota dos mais pedi-dos para essa temporada no Caribe. Verão o ano inteiro e hotéis super luxuosos, que garantem diversão dia e noite e serviço all incluse (quatro refeições e bebidas incluí-das nas diárias), fazem parte dos atrativos da bela cidade. O preço para julho está com cotação variada entre U$1.478 e U$1.888 por pessoa, que inclui seis dias de hospedagem, passagem aérea e traslados.

Porto Seguro é o carro chefe entre os roteiros para amigos e solteiros

PORTO SEGURO,BAHIAR$ 698É o valor dos pacotes na baixa temporada no litoral sul da Bahia

AMIGOSPraia, sol e curtição atraem solteiros e grupos de amigos

VIDA NOTURNABares e quiosques de Porto Seguro são o principal ponto de encontro dos jovens

BELEZA NATURAL Além da agitação, Porto Seguro

ainda oferece praias bonitas e contato com a natureza

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Paraíso naturalEsse roteiro oferece um paraíso feito de quilômetros de praias de areia branca e mar azul-turquesa. Fora as praias, Cancun tem opções de parques e zonas arqueológicas, como Chichén-Itzá –as ruínas maias mais visitadas da região. Sua pirâmide, El Castillo, tem disposição astronômica perfeita: quatro escadarias voltadas aos pontos cardeais, que somam 365 degraus. Cobá, uma cidade maia, também é um ponto turístico que chama a atenção. A vista da pirâmide Nohoch Mul, com 42 metros de altura e 120 degraus, é a mais alta da península de Yucatan.

Fora toda essa diversidade cultural, Cancun tem uma vida noturna que é considerada uma das mais agitadas do Caribe, com muitas casas noturnas, clubes de salsa e jazz.

Charme e BaladasSem sol e mar, mas com muita agitação no-turna, propícia para paqueras, Buenos Aires, entra no ranking dos locais mais cogitados pe-los solteiros, nas férias de julho. Os pacotes são curtos: fi nais de semana ou quatro noites, o que faz da cidade uma opção de destino pró-ximo e barato.

Quem visita a capital argentina é seduzido pela beleza do tango, pelo charme dos bairros, centros comerciais, suntuosos palácios que

BUENOS AIRES,ARGENTINA

US$ 668 a US$ 798Preço do pacote de quatro dias por pessoa oscila de acordo com a hospedagem

AGITAÇÃOLugar ideal para paquerare curtir a vida noturna

CANCUN,MÉXICO

US$ 1.478 a US$ 1.888Essa é a variação para seis dias de hospedagem com passagem e traslados

CULTURAMergulhos são o ponto alto dos passeios

contrastam com modernos edifícios. Julho é o mês de alta temporada na cidade, que fi ca abarrotada de atrações culturais –festivais, shows, concertos, festas e vários outros even-tos. Os shoppings e as butiques são sonho de consumo de quem não dispensa uma boa com-pra de grifes renomadas.

A gastronomia também é um dos setores privilegiados. Com refeições mais baratas do que no Brasil, incluindo vinhos e pratos mais sofi sticados, fi ca mais fácil comer bem e barato. Hotéis mais simples vivem lotados. A procura também é grande pelos hotéis cinco estrelas, onde se hospedam turistas da Amé-rica do Norte e da Europa acostumados a se-guir roteiros de luxo.

Mesmo para quem não vai com dinheiro so-brando, Buenos Aires oferece atrações gratui-tas e de encher os olhos, como caminhar pelas arborizadas e históricas ruas do centro e as-sistir a performances de tangos nas esquinas. Entre os roteiros obrigatórios estão visitas ao Congresso Nacional, a Plaza da Mayo, a Casa Rosada, o Museu do Cabildo, a Catedral Me-tropolitana, a Confeitaria El Molino. O pacote de quatro dias para Buenos Aires varia de US$ 668 a US$ 798 por pessoa.

INTERNACIONALEntre os destinos internacionais preferidos de grupos de amigos está o mar azul de Cancun

HERMANOSVista de Puerto Madero; abaixo, El Caminito, bairro tradicional da capital argentina

Fotos: divulgação

Fotos: divulgação

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Não tem jeito, o programa pre-ferido nas férias de pelo me-nos 40% das famílias brasilei-ras que costumam viajar para o exterior é o mundo encan-tado da Disney. Mesmo quem

já conhece Orlando, nos Estados Unidos, sem-pre se programa para voltar aos melhores par-ques temáticos do mundo. Nessa temporada de julho os pacotes de 12 noites variam entre US$ 3.088 e US$ 3.288.

O mais cotado nas agências da CVC é o pa-cote “Orlando Reino da Magia”, via Miami, 13 dias e 12 noites, embarcando de São Paulo. Inclui transporte aéreo, traslado e ingres-sos para os parques: Magic Kingdom, Epcot Center, Disney’s Hollywood Studios, Animal Kingdom, Blizzard Beach, Typhoon Lagoon, Universal Studios, Islands of Adventure e Sea World, além de passeios noturnos em CityWalk e Downtown Disney. Todos com serviço de acompanhamento de guias.

Mas para quem prefere fi car no Brasil, a dica é curtir o friozinho do Sul do país em luxuosas instalações na Serra Gaúcha. Gramado, no Rio Grande do Sul, oferece programação para toda a família entre parques ecológicos, centros de compras, gastronomia e a Casa do Papai Noel, que fi ca aberta o ano inteiro e mantém viva a magia do Natal. Preço a partir de R$ 1.788 por pessoa com sete noites de hospedagem, pas-seios, passagem aérea e café da manhã.

Férias com roteiros para se divertir em família

FAMÍLIAA magia da Disney

continua encantando gerações

GRAMADOA Casa do Papai Noel e as paradas de Natal

atraem as famílias para a cidade

ORLANDO,ESTADOS UNIDOS

US$ 3.088 a US$ 3.288Na alta temporada, esse é o custo do pacote de 13 dias

FAMÍLIADestino é ideal para famílias e também o mais procurado

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Curtindoviagem a dois

Ao mesmo tempo em que Nova York, nos Estados Unidos, vive em um ritmo frenético, a capital do consumismo tem um ar ro-mântico, cheio de charme, que encanta casais apaixonados de

todo o mundo. A magia da “Big Apple” está na diversidade cultural, no contraste entre a mo-dernidade e as antigas construções. Mas pre-pare-se, em julho as temperaturas são quentes e pedem roupas leves e sapatos confortáveis para curtir os passeios a pé.

A melhor forma de começar a visita é pelo Central Park, no coração de Manhattan, um oásis entre os arranha-céus. Sucesso garan-tido, o passeio de barco nos lagos do parque pode ganhar alguns pontos extras na relação do casal. É barato, romântico e rende excelen-tes fotos. É comum casais levarem garrafas e taças de vinho para beber enquanto relaxam no passeio. Sem contar, é claro, com os inúme-ros programas culturais que agitam a cidade.

No BrasilA opção mais pedida por aqui é Porto de Gali-nhas, em Pernambuco. Eleita a melhor praia do Brasil, esbanja encantos naturais e tem hospedagens de chalés rústicos a luxuosos resorts. O roteiro conta com piscinas naturais de águas mornas e claras, passeios de jangada e visita à Ilha de Santo Aleixo. O preço para sete noites varia de R$ 1.398 a R$ 2.700. •

PORTO DE GALINHAS, PE

R$ 1.398 a R$ 2.700O preço para sete noites nesse paraíso tropical cai na baixa temporada

OPÇÕESDo rústico ao luxuoso, o turista tem boa hospedagem

NOVA YORK,ESTADOS UNIDOS

US$ 2.058Sete noites por pessoa com hospedagem, traslado e passagem aérea

BIG APPLEO charme da cidadeé contagiante

BIG APPLENova York nunca

deixa de ser um destino romântico

PRAIA A DOISPorto de Galinhas é garantia de sossego

e praias lindas

Fotos: divulgação

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70 Coisa & Taltigo70

Marco Antonio Vitti

Marco Antonio VittiEspecialista em biologia molecular e genética

[email protected]

A ‘Bela de Jesus’ nasceu do ventrede uma Oliveira e não de um Jatobá

Isabela agora és a “Bela de Je-sus” pois teu nome assim o diz, uma vez que Isa, Issa ou Issahi é o nome de Jesus na Índia. Isa-

bela, Issabela, Issahibela, enquanto bela quer dizer Bela. Quanta sin-cronicidade tem tua morte com a morte de Jesus. Foste abençoada por teres nascido de um ventre de Oliveira e não de um Jatobá. Nascestes no Jardim das Oliveiras. Fico pensando em teu calvário, sendo esganada por um pai que deveria te proteger. Não contente com isto, ele ainda atirou teu corpo pela janela.

Imagino em teu rosto a perplexi-dade da sacrifi cada, petrifi cada. Por-que foste imolada, como foi Jesus? Pela inveja de um Jatobá por uma Oliveira, mas quem teria ciúme de um pai assassino, que nem nome de árvore tem? Poderia ser um Jaca-randá, um Pau-Brasil, mas não, teu pai não tem nome de nada.

Acredito que quando teu pai te se-gurou pelas mãos, pensaste que ele te recolheria para a vida, mas qual a tua surpresa quando ele te deixa cair em vôo livre de volta para as mãos de Deus. Tenho a impressão que em teu cérebro as imagens em tua alma se passaram pensando nele, e perdo-ando a covardia do ato que ele come-teu contra você, que tem o útero de uma Oliveira e não o de um Jatobá.

Neste teu vôo, os apartamentos e sua vida passaram durante segun-dos na Terra, mas eterna na infi -nitude da existência nos braços de

Deus. Enquanto aquele que dizem ser teu pai soltou seus braços para a morte e fez cair teu corpo sobre um gramado, teu Pai verdadeiro te segu-rou e te levou para o colo Dele.

Sem AjudaNo entanto, quando chegaste ao chão, tua bondade ainda prevaleceu. Teu pai terreno telefonou para o pai dele pedindo ajuda e, enquanto você ligava para ele te salvar com tua alma a liga-ção assinalava ocupado, pois teu pai queria salvar a pele dele, não a tua. Isabela, Beleza de Jesus, o pai de teu pai tentou destruir todas as provas do brutal sacrifício de tua vida para difi cultar ainda mais teu calvário.

Mas Jesus te segurou e atendeu tua chamada:

– Alô! Jesus?– Sim Isabela, aqui quem fala é Jesus!

– Como sabes que sou eu? Sempre acreditei em Ti!

– Minha fi lha querida, minha Be-leza, estou contigo!

– Jesus, sei que estás comigo, a Be-leza Tua. Quero fazer um pedido...

– Não pede, manda, exclama Jesus.– Perdoa meu pai. Ele não sabe a

diferença entre uma Oliveira e um Jatobá. Abençoe minha mãe e faça de Teus ombros o alívio para o so-frimento dela pela minha morte. Sei que Teus ombros são tão ou mais macios que os dela. Muito obrigado, Jesus, pelos momentos que pude vi-ver na Terra. Ah, Deus, sempre tive certeza que existes! Obrigado por me dares a vida. Sou Tua Beleza pela eternidade. Até já, Jesus!

– Venha logo, minha Beleza, pede Jesus. Assinado: o pe[s]cador Vitti. •

FÉ“Acredito que quando teu paite segurou pelas mãos pensaste que ele te recolheria para a vida ”

INOCÊNCIA Isabela Nardoni, 5 anos

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Embalos de todas as noitesDa limpeza de banheiros ao atendimento dosgarçons nos balcões, testamos o serviço oferecido pelas principais casas noturnas da região

Pode parecer fácil, mas ser bala-deiro em terras valeparaibanas é um estilo de vida que exige di-nheiro, disposição e habilidade para contornar os obstáculos que difi cultam o caminho para

a diversão –entre eles trafegar pela via Dutra e enfrentar as fi las, os banheiros impraticáveis e as muvucas nos balcões dos estabelecimentos que promovem o agito da madrugada.

Nos últimos fi nais de semana recebi a mis-são de conferir de perto o que algumas das principais casas noturnas da região oferecem para os momentos de descontração. Em São José dos Campos, fui ao Anexo e ao Dunluce Irish Pub. Em Jacareí, na Camaleão, e, em Taubaté, virei o dia no Mutley.

Isabela RosembackSão José dos Campos

VENTILAÇÃOQuando o assunto é circulação de ar, o Dunluce Irish Pub e o Anexo da Nena são os piores em São José

ATENDIMENTOSistema lento e poucas atendentesfazem da Camaleão, em Jacareí, a pior neste quesito

BTcehD

RAIO-XDASBALADAS

ValeViverEM TESTE

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BALCÃO Serviço da Camaleão, em Jacareí; sistema confuso de fi chas e tíquetes cria demora no atendimento aos clientes do bar

Flávio Pereira

O

são,

BANHEIROSTorneiras sem água, chão encharcado e falta de papel higiênico no Dunluce Irish Pub

FILASEm todas as casas o melhor horário para se chegar e evitar um bom tempo em pé nas fi las é entre 23h e 0h

Entre os pontos fortes e comuns aos quatro estabelecimentos, destacaram-se a apresenta-ção de bandas que, nos intervalos, cedem es-paço ao som eletrônico ou pop. Assim, se bem dosados os tempos para cada tipo de música, a noite acaba agradando a diferentes gostos.

Entre os pontos negativos recorrentes estão as fi las para entrar nas casas ou para pagar pelo que foi consumido durante a noite. O es-quema, como deram a dica os frequentadores assíduos desses lugares, é chegar sempre entre as 23h e 0h. Se passar disso, a probabilidade de você amargar um tempo esperando em pé do lado de fora aumenta em grande escala.

Os preços de bebidas e porções oferecidas nesses locais não fogem muito de um pa-drão. Os chopes e cervejas long necks fi cam na faixa dos R$ 4 a R$ 5, enquanto petiscos simples vão de R$ 12 a R$ 26, com opções mais sofi sticadas de, no máximo, R$ 46.

Lá dentro, ganhou pontos no quesito ventilação o Mutley (Taubaté). O espaço amplo da Camaleão (Jacareí) também con-fere à casa noturna créditos nesse quesito. Já o Dunluce Irish Pub e o Anexo, ambos em São José, deixam a desejar quando o as-sunto é a circulação de ar.

O Mutley é um espaço com três andares que recebe grande número de pessoas. O público em geral é formado por uma maioria que apa-renta ter entre 25 e 35 anos de idade. Logo ao primeiro ambiente já dá para sentir a casa cheia ao tentar se aproximar do palco onde a banda se apresenta. Para quem chegou à ba-lada à 1h, como eu, ultrapassar a multidão é um desafi o. O andar de cima funciona como uma espécie de mezanino, mas também fa-vorece aqueles que chegam cedo ao local. No terceiro andar, um espaço a céu aberto fun-ciona bem como um “fumódromo”.

Existe mais de um bar na casa, o que desa-foga os balcões de atendimento. O cardápio de bebidas é bem variado, embora não seja

o mais diversifi cado. Os banheiros são tran-quilos no começo da noite, mas conforme a hora vai avançando aumenta a espera, o chão fi ca molhado e os cestos de lixo transbordam –ainda que uma funcionária se empenhe para manter tudo em ordem. Por volta das 3h a fi la nos caixas começa a ganhar volume. É um bom horário para acertar a conta.

Com propostas semelhantes à do Mutley, o veterano Anexo e o Dunluce Irish Pub são op-ções disputadas para a noite joseense. A fi la, em ambas as casas, também é inevitável tanto na entrada, quanto na saída da balada.

BebidasNo Anexo, um espaço composto por um amplo bar e uma única pista com camarote, a ventilação deixa a desejar e, com o grande vo-lume de pessoas, o calor é quase certo. No dia em que fui, estranhei o fato de a banda tocar músicas “dance” –que costumam tocar nos intervalos dos shows, e por meios eletrôni-cos– em tempo integral. Mas o público estava animado e, também, esse não costuma ser o perfi l da maioria das bandas que sobe àquele palco na programação mensal.

O bar merece atenção. A demanda de aten-dimento é grande e funcionários dão conta do recado dentro das possibilidades. Só tem um porém: se antes o Anexo tinha a vantagem de oferecer diversidade de marcas de cervejas na-cionais, tanto em long necks, quanto em garra-fas de 600 ml, agora a exclusividade com uma única marca deixa o cliente sem opção.

Uma crítica constante entre os frequentado-res é o preço cobrado pela cerveja: a garrafa de 250 ml sai por R$ 4, a long neck convencional, de 330 ml, custa R$ 6 e o valor cobrado pela garrafa de 600 ml atinge a casa dos R$ 8.

Whiskys variam entre R$ 10 e R$ 27 a dose, dependendo do rótulo, e as outras bebidas seguem os preços comuns às casas noturnas. O “fumódromo” também existe na casa, em

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uma área pequena, reservada e ao ar livre. No banheiro, algumas portas sem tranca ou algumas descargas sem tampo, mas nada per-turbador. Há funcionários que, de tempos em tempos, passam pelas cabines para dar um tra-tamento de emergência aos espaços.

A noite segue com o volume de som na me-dida certa, garantindo a diversão de quem acompanha o trabalho da banda. Na hora de ir embora, é bom não deixar para ir à fi la muito tarde – a menos que esteja disposto a enfren-tar mais um tempo de espera em pé.

ComandaSe no Mutley e no Anexo o controle sobre o que é consumido é feito por meio do cartão de senha, no Pub a vantagem é que o sistema é de comanda de papel –o que facilita a visualização das despesas. A casa tem três ambientes. O pri-meiro é mais tranquilo, com um bar central e mesas. Descendo uma escada, as pessoas se aglomeram para curtir o som da banda em um clima intimista proporcionado pela ausência de palco. O ambiente é fechado, baixo e escuro.

Um dos atrativos do Pub é a variedade de chopes. As cervejas importadas, Stella Artois e Guiness, são as estrelas da carta e um pinte [tulipa] de 500ml da Erdinger, por exemplo, custa R$ 15. No caso das cervejas convencio-nais e brasileiras, o que ocorreu foi o inverso do adotado pelo Anexo. A exclusividade com a Itaipava foi rompida e, agora, cervejas de ou-tras marcas são comercializadas no bar.

Em um amplo espaço aberto no Pub, as pessoas fumam e conversam com vista para o banhado. Há bares nos três ambientes da casa. O ponto baixo são os banheiros, que têm versões exclusivas para cada sexo e outra de uso comum, em que presenciei chãos enchar-cados, torneira sem água e falta de papel higiê-nico. A saída tardia também tem fi las.

Em Jacareí, a Camaleão foi a que apresen-tou público mais jovem em um clima mais informal. Meninos de bonés passeavam com tênis pelos três ambientes da casa. Quando a banda parou de tocar, com o som um pouco estourado, o movimento migrou para a sala de música eletrônica. Poucos foram para a ampla área externa.

O atendimento ali é defi ciente, com poucas funcionárias nos bares para muitos clientes querendo atenção. Os drinks são servidos em copos de acrílico, sob sistema de notas emi-tidas pelo caixa após a troca de tíquetes. O tempo de caixa somado ao tempo em que fi -quei na fi la para entrar, resultou em uma hora e meia de espera. A vantagem é que não há fi la na saída. Ponto positivo para a área externa,

avulsa à balada, funciona uma choperia. Os clientes dela podem ganhar entradas para a balada e acesso ao estacionamento. Em todas as casas, havia seguranças bem posicionados — alguns deles vi em ação, sem exageros.

Outro ladoOs proprietários das casas noturnas afi rmam que parte dos problemas são provocados pelos próprios clientes, que não se preocupam em conservar os banheiros limpos e não estão dispostos a pagar o valor estipulado pela casa –que levaria em consideração os serviços e os gastos que ela exige de manutenção.

“As trancas dos banheiros e as tampas de privada já desisti de trocar. As pessoas que-bram todas as noites, a gente tinha de trocar toda semana. Se somar tudo não há caixa que aguente. Uma maioria acaba pagando pela minoria que não se preocupa”, disse Marcos Flexa, proprietário do Anexo, dando exemplos de vandalismo já presenciados.

Sobre as trocas das marcas de cerveja e a cir-culação do ar, tanto o Pub quanto o Anexo in-formaram que houve uma renegociação com as distribuidoras e que eles trabalham com unidades de ar condicionado e exaustores –mas que a grande concentração de pessoas no ambiente pode gerar a sensação de abafado.

“É o mesmo que acontece no caso das fi las. Não tem como evitar que as pessoas cheguem e queiram ir embora, no mesmo horário. Os funcionários estão aptos a atender o público, mas a demanda é grande”, disse Fabrício de Moura Gomes, sócio-proprietário do Pub.

Para o sócio-proprietário da Camaleão, Fábio Ribeiro, a alta rotatividade de pes-soas no banheiro pode acarretar alguns dos problemas, mas ele diz que tem funcio-nários preparados para limpeza. “Usamos copos de acrílico para evitar acidentes, e gostamos de deixar as pessoas à vontade na casa. Respeitamos o estilo de cada um, por isso os bonés. Só não deixamos entrar de chinelos ou regatas”, disse. Os respon-sáveis pelo Mutley, em Taubaté, não foram localizados para comentar o caso. •

Proprietários das casas afi rmam que parte dos problemas são provocados pelos próprios clientes, que não se preocupam com a conservação do ambiente

BEBIDAS Drinks seguem os

mesmos preços na maioria das casas

Eugênio Vieira

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INDIE

Cat Power e seu coração de metal

MELANCOLIACat Power mostra “Jukebox”,dia 23 na Virada Cultural em São José

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A os 36 anos, Chan Marshall es-creveu algumas das canções mais lindas, tristes e melan-cólicas dos últimos 10 anos. Bem mais conhecida pelo pseudônimo de Cat Power,

a cantora norte-americana é a principal atração da terceira edição da Virada Cultu-ral Paulista em São José dos Campos, que acontece nos dias 22 e 23 de maio.

Arredia a entrevistas e mesmo assim queri-dinha da crítica musical e dos fotógrafos de moda, Cat Power é uma das poucas artistas de sua geração que saiu de uma produ-ção péssima para uma obra-prima. Pouco antes de um colapso cau-sado pelo abuso de álcool, em 2006, ela lançou “The Grea-test”, um disco memorável.

De lá pra cá, sua carreira deixou o mundo indie para integrar o mainstream. Mas Cat Power parece não ligar para isso, às vezes parece mesmo é querer fi car longe dessa roda viva. Na época em que lançou “Jukebox”, seu disco mais recente, tinha outro álbum in-teiro para ser lançado e que continua iné-dito até hoje.

O disco tem até título: “Sun”, que traz, se-gundo a cantora, “demônios” com os quais ela não quer lidar. “Estas músicas [novas] signifi cam muito para mim. E não quero mexer nas minhas feridas neste momento. Vou fazer o que me deixa feliz agora”, disse à época do lançamento de “Jukebox”.

“Todo mundo diz que adora ‘The Grea-sé

Adriano PereiraSão José dos Campos

Cantora norte-americana traz seu som melancólico para a terceira edição da Virada Cultural Paulista 2010 no Parque da Cidade, em São José

test’, mas minha voz não estava forte, eu es-tava mal. Então, sinto que ‘Jukebox’ é o meu primeiro álbum, apesar de saber que isso pode soar idiota e infantil. Foi a primeira vez que gravei feliz. São músicas que me deixam feliz”, disse quando lançou o disco em entrevista à revista Rolling Stone, uma das poucas em que se deixou mostrar como realmente é, despretensiosa e desligada.

Álbum“Jukebox” traz uma série de covers de stan-dards americanos, entre elas, “New York”, eternizada por Sinatra, “Don’t Explain”, gravada originalmente por Billie Holiday, e “Blue”, de Joni Mitchell. Uma única música é assinada pela cantora: “Metal Heart”, que foi registrada no álbum “Moon Pix”, em 1981.

A versão original é lenta, quase insuportavelmente triste, e

conta a história de uma pes-soa que perde a razão de ser e se isola do mundo: constrói um coração de metal. A versão nova é muito mais bem tocada e

mais bem cantada –mas, no fi m, também é desafi adora,

talvez triunfal. Marshall urra: “Metal heart, you’re not worth

a thing” [coração de metal, você não vale nada], com voz purifi cadora.

Cat Power fecha a programação da Virada Cultural em São José com um show às 17h, no Parque da Cidade, no dia 23. Pouca coisa se fa-lou sobre o formato dessa apresentação. O fato é que nos seus últimos shows a cantora não se apresenta com a Memphis Rhythm Band, os veteranos que a acompanharam nas grava-ções de “The Greatest”. De qualquer forma, o coração metálico da cantora deve continuar pulsando melancolicamente em São José. •

produ-ma.

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No palco

VIRADA CULTURAL

Dia 22

Dia 23

PROGRAMAÇÃO MUSICAL EM SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

13h30 - DJ Tutu MoraesLocal: Parque da Cidade

19h - Coro Jovem de São José dos CamposLocal: Espaço Mário Covas

19h30 - Del ReyLocal: Parque da Cidade

19h30 - Grupo Cabelo de MilhoLocal: Sesc São José

21h - Dudah LopesLocal: Espaço Mário Covas

21h - Brasil de Mil Faces – Joca FreireLocal: Parque da Cidade

22h30 - Velha Guarda Musical de Vila IsabelLocal: Espaço Mário Covas

23h - Mundo Livre S/ALocal: Sesc São José

0h - Jorge AragãoLocal: Parque da Cidade

1h30 - DJ Tutu MoraesLocal: Parque da Cidade

2h - Mara NascimentoLocal: Teatro Municipal

12h - Duofel Plays The BeatlesLocal: Sesc São José

13h - Banda Sinfônica do Estado de São PauloLocal: Teatro Municipal

14h - LeelaLocal: Parque da Cidade

15h30 - Banda VoltzLocal: Parque da Cidade

17h - Cat PowerLocal: Parque da Cidade

SHOWDia 23, às 17h,

Cat Power fecha o evento em

São José

Fotos: divulgação

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E ntre tantos clássicos auto-biográficos escritos pelo bea-tle John Lennon, um deles dá conta de um homem sem lugar no mundo, sem opinião, cego para todos os problemas e fa-

zendo planos inexistentes para ninguém.“Nowhere Man” foi composta em 1965,

quando os Beatles já eram uma mania mundial e conheciam bem quais eram suas posições no cenário musical. Mas Lennon ainda mantinha essas dúvidas existenciais, a maioria delas contraída numa infância

FILME

John Lennon bem antes da beatlemania

LIVERPOOL Aaron Johnson no papel de John Lennon no fi lme “Nowhere Boy”

Adriano PereiraSão José dos Campos

traumática e numa adolescência rebelde.É nessa época pouco falada, escrita e fi lmada

da vida do músico que “Nowhere Boy”, fi lme dirigido por Sam Taylor-Wood e que chega em DVD neste mês ao Brasil, foca suas aten-ções e conclusões. Bem diferente de “The U.S. Vs John Lennon”, dirigido por David Leaf, que retratava um idealista gastando sua fortuna nas causas em que acreditava, “Nowhere Boy” mostra um garoto de classe média mimado sem consciência social alguma.

Fãs chiitas do mundo todo saíram aos quatro ventos com o intuito claro de aca-bar com a credibilidade do roteiro. Em parte, com razão, afi nal Lennon não foi uma criança que tivesse a infância recordada em um álbum de fotografi as. Encontrar ima-gens de Lennon antes dos 17 anos é tarefa árdua até para os colecionadores.

O ator Aaron Johnson é o responsável por dar vida ao beatle que perdeu a mãe aos 5 anos de idade e foi criado pela tia “Mimi” (Kristin Scott Thomas) até sair de casa para fazer rock n´roll nas boates sujas de Ham-burgo, na Alemanha.

HistóriaOs produtores do fi lme insistem que man-tiveram-se fi eis à “verdadeira história”, mas alguns fatos são discutíveis. A maioria dos biógrafos costuma atribuir à mãe de Lennon a compra de sua primeira guitarra. Em “No-where Boy”, tia “Mimi” seria a responsável pelo presente. É uma postura arriscada, já que “Mimi” chegou a dar uma placa de madeira ao sobrinho alertando que a guitarra era ótima, mas não enchia a barriga de ninguém.

“Nowhere Boy” mantém seu roteiro até o momento em que Lennon embarca para Hamburgo. A história depois dessa fase já foi recontada por dezenas de autores, alguns sérios, outros nem tanto. Mas todos eles ga-nharam dinheiro falando sobre os Beatles. Com esse DVD não deve ser diferente. •

LANÇAMENTOCapa do DVD do longa que retrataa adolescência pouco conhecida do beatle John Lennon

DVD“Nowhere Boy”

chega neste mês às lojas no

Brasil

Longa retrata cantor como adolescente de classe média mimado

Divulgação

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SegurançaNacional

FILME

Hernane LélisSão José dos Campos

A Base Aérea de Manaus recebe um alerta. Imediatamente os pilotos de sobreaviso deco-lam e, em poucos minutos, estão prontos para intercep-tar uma aeronave hostil, que

carrega artefatos nucleares. Dois A-29 Super Tucano da FAB (Força Aérea Brasileira) pedem o pouso do avião, mas não são atendi-dos. Com isso, a ordem de abate é cumprida.

Essa é a trama de ‘Segurança Nacional’, o fi lme dirigido pelo cineasta Roberto Carmi-nati que estreia no dia 7. O longa gira em torno de um combate do governo federal, Abin (Agência Nacional de Inteligência), FAB e Exército contra trafi cantes latino-americanos que ameaçam a região de fronteira amazônica visando destruir o quartel general do Sivam (Sistema de Vigilância da Amazônia).

Além de Thiago Lacerda, Milton Gonçalves e Ângela Vieira, o elenco conta também com a participação especial dos caças AMX-A1, do avião-radar E-99, do presidencial EMB-190,

Longa do cineasta Roberto Carminati utiliza os caças fabricados pela Embraer;estreia acontece no dia 7

além do Super Tucano, todos fabricados pela Embraer (Empresa Brasileira de Aeronáu-tica), com sede em São José dos Campos.

Ao todo foram usados oito Super Tucano, quatro AMX e um avião-radar. No longa, a proposta de Carminati é mostrar ao mundo um Brasil que produz e opera alta tecnologia e que está preparado para combater ameaças in-ternacionais, explorando um nicho cinemato-gráfi co pouco usado no país –os fi lmes de ação.

“Quando tivemos a conversa com a FAB, es-távamos com um roteiro muito sólido, mos-trando o Brasil com sua alta tecnologia no sistema de patrulhamento. A FAB colaborou muito com as fi lmagens. A cada treino a gente mobilizava nosso pessoal e colocava uma câ-mera num Super Tucano, por exemplo”, disse.

ProduçãoCom o fi lme ‘Segurança Nacional’, Carminati pretende abrir um divisor de águas no cinema brasileiro, fugindo da tradicional receita “fa-vela movie”, incorporando no roteiro ele-mentos conhecidos nas grandes produções hollywoodianas, como agentes secretos e muita troca de tiros e explosões.

Ainda no estilo norte-americano, o longa terá o primeiro presidente negro do Brasil, in-terpretado por Milton Gonçalves. “Ninguém nunca pensou em fazer esse personagem (pre-sidente) no Brasil e entregar a um negro. Acho a iniciativa muito boa, não vemos no país thril-lers com um tema envolvendo disputa territo-rial e agentes secretos”, disse o ator. •

Fotos: divulgação

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Nanoarte:ciência ou arte?

CULTURA

Trabalho com imagens de estruturas moleculares ampliadas milhares de vezes transforma cientistas em artistas no Brasil

Arte científica ou ciência artística? A diferença é tê-nue, mas uma coisa é certa: a nanoarte, uma forma de arte derivada da nanotec-nologia, conquista cada vez

mais adeptos no Brasil e no mundo. Trata-se de uma nova expressão artística, baseada na manipulação digital de imagens de nanoes-truturas moleculares captadas com micros-cópios de alta resolução. As imagens em preto e branco são ampliadas milhares de vezes e coloridas por computador. O resultado é sur-preendente e, às vezes, fascinante.

Ricardo Tranquilin e Rorivaldo de Camargo contribuíram muito para desenvolver a nano-arte no Brasil. Camargo, inclusive, é um dos participantes da Mostra Internacional de Na-noarte 2009-2010, acessível exclusivamente pela internet, no site NanoArt21. Tranquilin é doutorando na Unesp (Universidade Esta-dual Paulista) e Camargo, técnico em micros-copia do CMDMC (Centro Multidisciplinar para o Desenvolvimento de Materiais Cerâ-micos), da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo).

“Eu e Rorivaldo trabalhamos com um mi-croscópio de altíssima resolução, que am-plia a imagem em até um milhão de vezes. Todas as imagens capturadas são armaze-nadas em um banco de dados. Como eram muitas, pensamos em fazer uma exposi-ção”, disse Tranquilin. A mostra, que teve

Yann WalterSão José dos Campos

lugar na USP (Universidade de São Paulo) de São Carlos em meados de 2007, foi um sucesso. Tanto que foi a primeira de várias outras exposições. “Foram cerca de dez, to-das no Estado de São Paulo”, afi rmou.

Por enquanto, as fotos expostas pelos pesquisadores do CMDMC e do INCTMN (Instituto Nacional de Ciência dos Ma-teriais em Nanotecnologia) são todas em preto e branco, mas é muito provável que obras coloridas apareçam em breve nos centros culturais do Estado. Para Tranqui-lin, a nanoarte é interessante porque contri-bui para promover a ciência. “A nanoarte não é apenas uma expressão artística. Tem tam-bém um grande valor científi co. Sempre ten-tamos capturar a melhor imagem, mas nunca alteramos o material, justamente para não

NOVA ARTE

MÉTODOManipulação digital de imagens de nanoestruturas moleculares que são captadas por cientistas com microscópios de altíssima resolução

PROPOSTAAs imagens em preto e branco são ampliadas milhares de vezes e coloridas em computador para dar formas variadas ao trabalho

EXPOSIÇÃOA Mostra Internacional de Nanoarte 2009-2010, que reúne trabalhos de diversos artistas, pode ser vistano site www.nanoart21.org

Fotos: Maria Matheus/divulgação

TEXTURAS Obras da artista Maria Matheus, que utiliza o suporte científi co para criar os seus quadros

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MAÇÃ DE EVA Partícula de óxido de índio usado na

superfície de TVs de plasma revela nova forma na nanoarte;

abaixo, outras obras nanométricas

perder este elemento pedagógico”, revelou.Outros nanoartistas não se importam tanto

com o aspecto científi co. É o caso de Maria Matheus, doutora em comunicação da USP, que divide seu tempo entre o Brasil e os Esta-dos Unidos. “Os cientistas que se dedicam à nanoarte nos laboratórios apenas colorizam a imagem, sem modifi cá-la. Eu faço uma re-leitura, uma recomposição do material. Modi-fi co a imagem original até criar outro trabalho, completamente diferente. Não me importo com o valor científi co, mas com o valor esté-tico. As imagens captadas por estes microscó-pios são belíssimas”, entusiasmou-se.

Maria Matheus também participa da Mos-tra Internacional de Nanoarte 2009-2010 (no site www.nanoart21.org), criado pelo romeno Cris Orfescu, radicado nos Estados Unidos. “Ele é um cientista, mas também um artista. É um dos precursores da nano-arte no mundo”, afi rmou a brasileira.

A primeira exposição de Orfescu acon-teceu no fi m de 2004, em Los Angeles, na Califórnia. Desde então, foram mais de 40 e não apenas nos Estados Unidos. Países tão diversos como Itália, França, Espanha, Fin-lândia, Coreia do Sul, Grécia, Irlanda e Co-lômbia já se renderam ao talento do artista.

NovidadeE no Brasil? “A nanoarte ainda está engati-nhando. A maioria dos brasileiros não conhece esta expressão artística. O conceito ainda é uma novidade por aqui. Mas a resposta é boa, as pessoas estão gostando”, disse Maria Ma-theus, revelando seus projetos para popula-rizar essa expressão artística no país. “Quero criar um grupo para montar exposições, mas um grupo formado por artistas, por pessoas que interfi ram na criação”. Indagada sobre como defi niria a nanoarte, em uma frase, res-pondeu: “A nanoarte é o mundo impossível”. •

Ricardo Tranquilin/divulgação

Fotos: Rorivaldo Camargo/divulgação

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Boa noite,Cid MoreiraO apresentador lança biografi a relembrando os 27 anos à frente do Jornal Nacional e sua infância em Taubaté

D e 1969 a 1996, grande parte da população brasileira es-cutou uma voz grave dizer boa noite, quase sempre no mesmo horário, e apresentar as principais notícias do Bra-

sil e do mundo. Essa fi gura impávida, que durante esse tempo todo repetiu a saudação por mais de 9.800 vezes, foi porta voz da maior emissora de televisão do país. E para contar essa experiência, o taubateano Cid Moreira resolveu lançar um livro que, obvia-mente, recebeu o título “Boa Noite”.

Na noite de autógrafos em Taubaté, Cid reservou seu tempo para uma entrevista à revista valeparaibano e relembrou casos de bastidores que marcaram sua história de 27 anos na bancada do Jornal Nacional .

O livro, de 296 páginas, foi escrito pela jor-nalista Fátima Sampaio Moreira, mulher de Cid, e traz uma biografi a do locutor, que fez questão de não interferir no trabalho. Foram três anos de pesquisas e uma preocupação, até exagerada, de citar os nomes de todos, ou quase todos, aqueles que de uma forma ou ou-tra fi zeram parte da carreira do apresentador.

Como se sente ao voltar a Taubaté?Para mim é sempre uma emoção quando ve-nho a Taubaté, desde meus tempos de garoto com meus pais. A Taubaté que tenho na men-te e que até sonho de vez em quando é aquela

Elaine SantosTaubaté

Eugênio Vieira

LITERATURA

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do Centro, é a rua que eu morava, rua Barão da Pedra Negra e rua Marques de Herval. Isso aí mora na minha mente até hoje.

O que mais recorda sua infância no Vale?Minhas travessuras. Na época andava e brin-cava descalço nas ruas. Meus pés eram como se fossem uma sola de sapato, era acostuma-do a andar descalço. Tem uma foto minha no livro que estou com um pé descalço e outro de sapato. Foi realmente uma juventude que deixou saudades.

Deixou lembranças fora do livro?Eu tinha uns 10 anos, descendo a rua na dire-ção do Cristo que tem na igreja do Rosário. Ali tinha um campo, uma lagoa e pratica-mente não tinha nenhuma casa. Eu ia de vez em quando lá. Um dia estava tomando banho e meus amigos sumiram com minha roupa. Aí peguei uma folha de bananeira, coloquei uma na frente e outra atrás e corri para casa. Essa não está no livro, me lembrei agora.

Como resumiria a sua carreira?Bom, eu divido tudo em fases. Todas as fases da minha vida foram muito boas. Não me ar-rependo de nada. Já tive a fase do Jornal Na-cional, que me rendeu um Guinness Book por ter fi cado 27 anos à frente de um telejornal. Deixei a bancada e fui gravar trechos bíblicos. Concluí a Bíblia, também um trabalho inédi-to, que já estão cogitando para o Guinness. Mas também acho que eu deveria entrar para o livro do records por ter vendido mais de 30 milhões de CD. Não falo por vaidade, mas nenhum colega meu conseguiu essa façanha .

Pesa saber que o senhor faz parte da his-tória da comunicação no país? Essa res-ponsabilidade chegou a afetar sua vida? Não. Não sinto isso. Talvez agora narrando a Bíblia seja até pior do que na época do JN. Eu tenho e sempre tive uma postura que é mi-nha e tanto faz estar no jornal ou não. Sem-pre preservei meus costumes. Por exemplo, no Carnaval recebi convites para estar em um dos camarotes. Não fui porque não gos-to, não por ter que manter uma postura.

Existiu no JN alguma notícia que o in-comodou ao narrar? Bom, houve uma. Eu li um editorial, que até hoje está na internet, atacando Leonel Brizo-la. Depois me vieram com um direito de res-posta dele, que eu mesmo tive que ler. Quer

dizer, esse foi um negócio que eu não gosta-ria de ter lido, claro! Foi como se eu estivesse desdizendo o que eu disse antes. Não gostei.

Tem alguma situação de bastidores que o faz rir quando lembra? Sem con-tar a vez que você apresentou o Jornal Nacional de bermuda, terno e gravata.Virou polêmica isso e, olha, foi uma única vez. Foi só para fi car mais arejado (risos). Mas teve uma vez que houve um princípio de incêndio que eu não sabia o que fazer, se continuava no estúdio ou se saia corren-do. Um plástico pegou fogo em um dos re-fl etores do estúdio. Eu e [Willian] Bonner permanecemos ali parados dando a notícia como se nada estivesse acontecendo até que entraram com o intervalo (risos).

O que acha dos comentários dos apre-sentadores na bancada?Não acho nada. Acho que a vida é uma evo-lução permanente e constante. É que no começo, quando surgiu essa orientação, os apresentadores não sabiam e não faziam com naturalidade e o pessoal que não estava acostumado a assistir deve ter estranhado. Eu mesmo quando vi pela primeira vez estranhei. Achei que quebrou um pouco o ritmo, perdeu a vibração que o jornal pede. Acho que poderia ser assim em determinadas situações e outras notícias permanecerem com ênfase. Ou en-tão dosar a coisa, assim como em uma música. Vai para o grave, vai para o agudo e não fi car aquela coisa sempre e esquecer do ritmo. Jor-nal pede ritmo. Mas, enfi m, hoje sou apenas um telespectador.

O senhor gostaria de voltar para a TV? Da minha parte não tenho mais essa pos-sibilidade. Hoje tenho outros trabalhos. A Globo é como se eu tivesse um contrato vitalício, minha voz pertence à emissora. Não penso mais em televisão. •

O LIVRO

BOA NOITEBiografi a de Cid Moreira contaos 27 anos do apresentador na bancada do JNPREÇO: R$ 39,90

MELHORES MOMENTOS

EM FAMÍLIA Cid Moreira aos 9 anos (de boina e pé descalço) com os pais, Isauro e Elza, e os irmãos mais novos Célio e Cea, em Taubaté, onde morou

RADIALISTA O jovem locutor naprogramação da Rádio Difusora de Taubaté, onde começou sua carreira profi ssional aos 17 anos de idade

EM VIAGEM O apresentador CidMoreira com a mulher, FátimaSampaio Moreira, que escreveu a biografi a, em viagem pela Grécia

EM FAM

Fotos: álbum de família

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Eugênio Vieira

São José dos CamposNOVA ERA

Divulgação

A novela ‘Viver a Vida’, da Rede Globo, despertou um novo olhar da sociedade para os paraplégicos. O autor da trama, Manoel Carlos, trouxe à tona as difi culdades e os re-

cursos que podem facilitar o dia-a-dia de quem depende de cadeira de rodas.

Recente pesquisa da Central de Atendi-mento ao Telespectador da emissora apon-tou que os produtos usados por Luciana, personagem de Alinne Moraes, são os mais procurados pelo público. E entre todos os facilitadores, o que mais se destaca é a mesa adaptada para computador, que foi desen-volvida por técnicos e cientistas de uma em-presa de São José dos Campos.

“A partir do momento que a pessoa com paralisia se vê em condições de ser indepen-dente com a ajuda dos facilitadores, tudo muda. Elas não se veem defi cientes e sim capazes”, disse Michele Jimenez Benjamim, diretora científi ca da Dumont, empresa res-ponsável pelo projeto da mesa E3 (Estação Ergonômica Especializada).

A mesa conta com ajustes de altura, pro-fundidade, inclinação e apoios de cotovelo, além de mouse adaptado, pés niveladores e rodinhas, que facilitam seu uso por defi cien-tes físicos. Foram quatro anos de pesquisas e projetos até chegar ao modelo ideal.

Em São José, a E3 já é usada desde dezembro de 2009 por alunos da escola municipal Elza Regina, que tem 56 crianças portadoras de defi ciência –15% do total de estudantes. “Já tínhamos todo um método de adaptação para estes alunos e a mesa chegou para melhorar ainda mais a autoestima deles”, disse Cláudia Khouri Faria, diretora da escola.

InclusãoEm 1990, a Assembléia Geral das Nações Unidas ratifi cou a necessidade de os povos de todo o mundo se unirem em prol da imple-mentação de sociedades inclusivas. E foi a par-tir desse acordo que os cientistas de São José resolveram investir no projeto E3. “Nossa missão é potencializar a independência e au-tonomia das pessoas com defi ciência”, disse George Philot, diretor técnico e idealizador do projeto. A Dumont, que começou a receber encomendas de todo o país depois que a mesa foi usada na novela, se prepara para chegar em 2011 com mais de 50 mil peças produzidas. •

Tecnologia a serviço da vida

Mesa adaptada para computador usada pela atriz Alinne Moraes na novela ‘Viver a Vida’ é fabricada em São José

FICÇÃOAlinne Moraes no set

da novela; Luciana usa mesa E3 para escrever em seu blog fi ctício da

trama de Manoel Carlos

REALIDADETanious Veneziane, 15 anos, usa a E3 na

aula de informática naescola municipal Elza

Regina, em São José

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Swap Party: consumo consciente pode terminar em festas memoráveis

V ocê já foi a uma swap party? Já fez uma? Se a resposta foi negativa, saiba que você está por

fora de uma das maiores ten-dências do consumo consciente internacional.

A swap party nada mais é do que uma festa feita para trocar objetos usados e que não têm mais utili-dade para os seus donos. Sempre existe um casaco, um vestido, um livro ou mesmo uma maquiagem que está literalmente mofando no armário. Além do mais, sua amiga ou seu amigo sempre têm algo pa-rado que você está de olho. Exem-plo clássico é um game que ele já “terminou” ou ainda uma bolsa que já deu o que tinha que dar.

Para entrar nessa, defi na o que você está disposto a trocar e no que está precisando ou anda querendo com-prar. As possibilidades são muitas, como roupas, acessórios, produtos de beleza, livros, games ou brinquedos.

Com base na sua escolha, faça uma lista de amigos que você acha que gostaria de participar e marque com eles um encontro. Pode ser um happy hour, chá da tarde, pizzada, queijo e vinho, churrasco, brunch no domingo ou o que mais lhe agradar.

Combine quem vai levar o que e faça a regras do jogo para não virar uma bagunça ou terminar em discussão. A ideia é se divertir e, de quebra, levar produtos “novos” para casa sem ter de pagar um centavo. Por experiência

própria, é uma festa que será lembrada sempre, seja quando se está usando aquilo que você “conquistou” ou pelas boas histórias e risadas.

A ideia já ganhou tantos adeptos na Inglaterra e nos Estados Unidos que virou um ramo de negócios. Há empre-sas que organizam swap party de tudo quanto é jeito, desde festas exclusivas e fechadas onde só entra quem tem nome na lista, até as temáticas onde basta comprar ingresso para partici-par. Algumas danceterias fazem festas

do tipo, como a mostrada no seriado americano Lipstick Jungle onde a cada batida de um gongo, as pessoas podiam pegar uma peça de outra que estava dançando por perto. No fi nal, cada um saiu com um look total-mente diferente.

Enfim, quando bater aquele im-pulso de consumir, em vez de ir ao shopping, que tal programar uma festa destas? É diversão garantida e ainda pode virar um negócio lucrativo para os empreendedores de plantão. •

EMPREENDIMENTO“A ideia já ganhou tantos adeptos na Inglaterra e nos Estados Unidos que virou um ramo de negócios”

Alice Lobo

Alice LoboJornalista

[email protected]

SWAP Há empresas que organizam swap parties de todos os tipos e gêneros

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ValeViver

A proveitar o clima das monta-nhas no cair do inverno é sem-pre uma boa pedida para quem está em busca de tranquilidade. Quando o chocolate quente e o vinho vêm acompanhados de

uma boa dose de cultura, o ambiente fi ca ainda mais singular. Todo esse conjunto é oferecido no “Festival da Mantiqueira– Diálogos com Literatura”, que acontece entre os dias 28 e 30 desse mês, em São Francisco Xavier.

Durante três dias, o charmoso distrito de São José dos Campos vai respirar literatura. Escritores consagrados receberão seus leito-res para debaterem suas obras, autografarem livros, participarem de ofi cinas e palestras. En-tre os convidados estão o poeta maranhense Ferreira Gullar, Guilherme Fiuza, autor do li-vro “Meu nome não é Johnny” que deu origem ao fi lme, o jornalista e escritor Caco Barcellos, o dramaturgo Walcyr Carrasco, o escritor Lau-rentino Gomes, autor do livro-reportagem “1808”, vencedor do 50° prêmio Jabuti de Li-teratura, entre outros escritores consagrados.

O evento também terá histórias para crian-ças e shows com Arnaldo Antunes e o come-diante Marcelo Mansfi eld. Toda a programa-ção é gratuita. No ano passado, o Festival da Mantiqueira reuniu 5.000 pessoas. De acordo com a Secretaria de Estado da Cultura, organi-zadora do festival, o evento acontece em duas tendas montadas na Praça Cônego Antônio Manzi, no centro de São Francisco.

As multifacetas de Ferreira Gullar, um dos maiores escritores, poeta, crítico, teatrólogo e intelectual do Brasil, serão conhecidas pelo público no dia 30, a partir das 14h na tenda principal. Indicado ao prêmio Nobel de Litera-tura em 2002, Gullar está há 11 anos sem publi-car poemas. A previsão é que o tão aguardado livro “Em alguma parte alguma” seja lançado em setembro, após seu aniversário de 80 anos.

Letras na SerraCULTURA

Hernane LélisSão José dos Campos

‘Festival da Mantiqueira - Diálogos com Literatura’ acontece no fi nal deste mês em São Francisco Xavier

“Pretendo falar muito sobre minha experiên-cia em poesia, sobre meus primeiros poemas ainda escritos em São Luis do Maranhão. A última parte será sobre o lançamento do meu livro, previsto para ocorrer nos dias 12 ou 13 de setembro, já que meu aniversário será dia 10”, disse Gullar, que está ansioso para estrear no Festival da Mantiqueira.

“Vai ser minha primeira vez na região, isso é muito bom. Ter contato com nossos leito-res é sempre importante, é gratifi cante para os dois. O leitor quer conhecer o autor, isso é uma coisa natural, ele quer fazer perguntas e conversar. Muitas vezes a pessoa levanta questões que você nem imaginava sobre seu poema, uma visão que você nunca tinha per-cebido”, explicou.

Ainda na tenda principal, Altair Martins e Ro-naldo Correia de Brito, vencedores do Prêmio São Paulo de Literatura 2009, com os livros “A Parede no Escuro” e “Galiléia”, vão conversar

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Thiago Leon/ arquivo vp

POESIA Ao lado, Ferreira Gullar, que aproveitará o evento para falar sobre seu novo livro; abaixo, Walcyr Carrasco

CHARME Distrito de São

Francisco Xavier recebe a 3ª edição

do evento literário

sobre suas obras e o universo da literatura sob a mediação do compositor e cantor Arnaldo Antunes. O encontro ocorre no dia 29, às 11h.

Também dividem o espaço o escritor Guilherme Fiuza, Lira Neto, Fernando Ga-beira, o jornalista Caco Barcellos, Vilmar Ledesma, Paulo Cesar de Araújo, Leandro Narloch, Carola Saavedra, João Almino e José Eduardo Agualusa, autor angolano de “Barroco Tropical”.

EstudantesNa segunda tenda, a dos estudantes, um dos destaques é o escritor e dramaturgo Walcyr Carrasco, conhecido pelas novelas globais “Caras & Bocas” e “Sete Pecados”, mas tam-bém com grande representatividade na lite-ratura infanto-juvenil com dezenas de livros publicados no segmento. A apresentação está prevista para o dia 29, a partir das 15h30.

“Vou conversar sobre meu livro ‘Em Busca de Um Sonho’. Na verdade não farei uma apre-sentação rígida, mas com bastante abertura para intervenção da plateia. Pretendo falar sobre a questão da escolha profi ssional, da vo-cação. O encontro mais importante do leitor com o autor é a leitura da obra, senão o autor seria um simples palestrante. Mas é claro, após a leitura, a discussão da obra em profundidade é boa para ambos os lados”, avaliou Carrasco.

O escritor terá na tenda dos estudantes a companhia do escritor João Carlos Marinho, Marina Colasanti, André Vianco, do cartunista João Spacca e Laurentino Gomes, autor do li-vro “1808” que vendeu mais de 250 mil exem-plares, conquistando o recorde de vendas em todas as livrarias do Brasil em 2007.

“Quero fazer uma espécie de oficina fa-zendo valer minha experiência no jornalismo. Aplicar o que aprendi como repórter e editor dando exemplos de como tornar um assunto aparentemente chato numa coisa atraente. Mostrar como fazer uma pesquisa aprofun-dada, editar o assunto, como usar uma lingua-gem de capa”, explicou Laurentino Gomes, que lançará em setembro o livro “1822”, sobre a independência do Brasil. “O livro terá muitas historias boas, inclusive do Vale do Paraíba.” •

Domingo 2Maio de 2010

Fotos: divulgação

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Projeto do Sesc São José traz o melhor que a música independente brasileira tem apresentado recentemente

A voz da independência

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Faz tempo que ser músico indepen-dente deixou de ser uma condição imposta pelo mercado fonográ-fi co. Hoje, muitos artistas que já vi-veram “dias felizes” sob as asas de uma grande gravadora passaram

a ter uma carreira independente por opção. Prova disso é o projeto criado pelo Sesc São José dos Campos, que neste mês traz, de vá-rios cantos do país, alguns dos melhores re-presentantes desta cena.

A primeira banda a se apresentar no ciclo é a Caldo de Piaba, no dia 7. O trio instrumental do Acre faz releituras interessantes de canções populares temperando tudo com uma regiona-lidade marcante. No dia seguinte, os cearenses do Fóssil revivem a psicodelia setentista criada

Adriano PereiraSão José dos Campos

SHOW

Divulgação

por bandas como Pink Floyd e King Crimsom. Também instrumental, o quarteto traz can-ções do primeiro disco, “Insônia – La movi-mentacion musicale intermezzo minimal”, lançado pelo selo inglês Curve Music.

Uma semana depois, no dia 14, os mineiros do Porcas Borboletas mostram as canções de seu segundo disco: “A Passeio”. Com uma mis-tura de rock e música brasileira, uma das boas canções é “Super Heroi Playboy”, que resume bem a irreverência nas letras do grupo. No dia 15, a banda Malditas Ovelhas!, de São Carlos, no interior de São Paulo, apresenta sua “sa-lada confusa” de ritmos e nuances que soam estranhas aos desavisados propositalmente.

DestaquesNos dias 21 e 22, se apresentam os destaques do projeto. No primeiro dia, a banda mato-grossense Macaco Bong deve confirmar o porquê de tanta atenção dispensada ao trio nos últimos tempos. Com excelentes com-posições e instrumentação precisa, os mú-sicos chegaram a ter o disco “Artista Igual Pedreiro” eleito como o melhor de 2008.

No segundo dia, outra grande revelação. A banda gaúcha Pata de Elefante mostra canções urbanas do seu terceiro disco: “Na Cidade”. O trio instrumental consegue passear com natu-ralidade entre vários ritmos. Todos os shows são gratuitos e acontecem às 18h, as sextas, e às 19h30, aos sábados, no Sesc São José. •

MÚSICAO contrabaixista Arthur

Maia, que se apresenta dia 21 no Sesc São José

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FESTIVALFlávio Pereira

Pode soar estranho, e é estranho mesmo, mas ao que tudo indica teremos em 2010 uma edição do lendário festival de Woodstock em terras tupiniquins, na cidade de Itu, interior de São Paulo, nos dias 6, 7

e 8 de outubro, na Fazenda Maeda. Claro que a paz, o amor e o contexto político não passam perto da iniciativa, mas ao julgar pela provável lista de atrações, talvez tenhamos motivos para comemorar, mas sem fl ores na cabeça.

Entre as atrações cotadas para o festival estão Foo Fighters, Bob Dylan, Smashing Pumpkins, Rage Against The Machine, Pearl Jam e Limp Bizkit. Segundo informações da

São José dos Campos

Woodstock no Brasil?

A2Media, as bandas Green Day e Linkin’ Park já estariam quase confi rmadas. A ideia surgiu no ano passado quando Eduardo Fischer, organizador do Maquinaria Festival, se en-controu com Perry Farrel, vocalista do Jane’s Addiction e organizador do festival Loolapa-looza, nos EUA. Na época, o músico chegou a comentar com jornalistas sobre sua vontade de realizar uma edição do seu festival no Bra-sil. Fischer enxergou a possibilidade e correu com uma negociação paralela.

Fischer fechou contrato direto com os orga-nizadores da edição original do Woodstock, que aconteceu em agosto de 1969. Michael Lang, um dos responsáveis pelo evento, já deu o aval para o festival em solo brasileiro. Fischer contará com o apoio de um represen-tante da Woodstock Ventures no Brasil para a concretização do projeto. •

VOCALISTAPerry Farrel, da

Jane’s Addiction, organizador do

Loolapalooza

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Cultura&mais

N ão fosse por Chuck Berry, hoje estaríamos ouvindo uma música diferente. Mui-tos pesquisadores tentam cravar uma data para o nasci-mento do rock n’ roll e a mai-

roia deles acaba em 1955, quando os primeiros acordes de “Maybellene” foram registrados na Chess Records, em Chicago, nos EUA.

No próximo dia 13, em apresentação única no Brasil, o músico toca no HSBC Hall, em São Paulo, mostrando hits que marcaram a histó-ria do rock e que foram a razão da existência de Elvis, Beatles, Rolling Stones e tudo mais que o mundo conheceria dos anos 60 pra cá.

Foi em 1955 que o guitarrista atravessou o país pela Rota 66, que certamente serviu de inspiração para os versos “get your kicks, on Route 66”, para assistir a um show de Muddy Waters. Lá conheceu Leonard Chess, que tinha em seu cast gente como Bo Didley.

“Maybellene” foi a primeira a ser regis-trada e também o primeiro sucesso. Depois dela vieram “Roll Over Beethoven”, “Sweet Litlle Sixteen”, “Memphis, Tenessee” e a obra prima “Johnny B. Goode”, canção que talvez tenha a introdução mais famosa da história da música popular.

Em 1986, Berry foi indicado ao Hall da Fama do Rock e apresentado na cerimônia pelo guitarrista Keith Richards. O inte-grante dos Stones foi enfático ao afi rmar que havia copiado todos acordes de Berry. Nem precisava ter assumido, todo o mundo até hoje copia Chuck Berry.

Papado rock n’ roll

Adriano PereiraSão José dos Campos

PINGUE &PONGUE

É desafi ador continuar cantando sem seu irmão te acompanhando no palco? É desafi ador, sem dúvida. Nos primeiros quatro shows foi di-fícil, mas depois me acostumei. Musicalmente não perdi muita coisa porque me cerquei de músicos talentosos.

Mas houve um desgaste jus-tamente pela divergência musical entre vocês.Claro que sim, o Hudson é do rock. Não tenho nada contra a guitarra, mas sou sertanejo. Sinto que nesse disco voltei às minhas raízes.

O Pelé participa do disco. Você é muito fã de futebol ou muito corajoso? Ele ama cantar e é um grande compositor. Todo jogador quer ser cantor e todo cantor quer ser jogador, mas isso não funciona muito bem. Mas a canção [“Eu sou Brasileiro”] é para ser o hino da Copa do Mundo e das Olimpíadas. As pessoas podem achar que a música não tem nada a ver com o resto do disco, mas tem gente que já adotou como música da Copa. O Galvão [Bueno] se emocionou.

Haja coração!

EdsonLança primeiro CD sem a companhia do irmão Husdson

SHOWChuck Berry

mostra os acordes

mais famososdo rock

Fotos: Divulgação

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1978 CHAPLINDepois de 11 semanas sumido de sua sepul-tura, o corpo de Chap-lin foi encontrado no dia 17 de maio

ELEMENTARDirigido por Guy Ritchie, a versão moderna do detetive inglês chega em for-mato DVD neste mês

FOLCLOREA Editora Paulus lança textos que re-cuperam a cultura e aguçam a imaginação das crianças

O próximo e aguardado disco do The Strokes sai só em se-tembro. Mas a gravação já está rendendo notícia. O vocalista Julian Casablancas só aparece no estúdio depois que a banda grava as melodias. A ideia é fa-zer com que a notória teimosia do cantor não interfi ra na cria-ção das canções do novo álbum.

Depois de faturar os Oscars de melhor fi lme e direção por “Guerra ao Terror”, Kathryn Bigelow começa a se dedicar ao novo projeto. “Triple Frontier” terá drama e violência na fron-teira entre Brasil, Argentina e Paraguai. O fi lme terá roteiro assinado por Mark Boal.

Em Breve

Cinema

TEATRO

Strokes sem Julian Casablancas

Kathryn Bigelow fi lmará no Brasil

O Teatro Metrópole, em Taubaté, recebe nos dias 22 e 23 a comédia “Trair e Coçar é só Começar”. A montagem dirigida por Attílio Riccó estreou no Rio de Janeiro no dia 26 de março de 1986 e, em agosto de 1989, na capital paulista. Desde então permanece em cartaz, come-morando 23 anos de sucesso.

Inspirada no gênero Vaudeville, a peça gira em torno de meras hipóte-ses de adultérios geradas por equí-vocos e confusões provocadas por uma empregada, que se aproveita da desconfi ança geral entre os casais do enredo para subornar seus patrões e amigos. A trama conta com três ca-sais, um padre e um vendedor de joias que se torna, sem querer, o pivô de uma série de suspeitas de traição. É uma comédia de costumes com todas as confusões do gênero.

O sucesso deve-se à agilidade do texto que fornece boas piadas do começo ao fi m da peça, sucesso que garantiu a “Trair e Coçar é Só Começar” presença no Guinness Book nas edições de 1994 a 1997 como a mais longa temporada inin-terrupta em cartaz do teatro nacional. O espetáculo também recebeu o Prêmio Quality Cultural de 2005. Já se apre-sentou no Teatro Colony, em Miami (EUA), e no Brasil já foi visto por quase 5 milhões de expectadores em aproxi-madamente 9.000 apresentações.

ElencoAo todo, 12 atrizes viveram a protago-nista da história e 49 atores passaram pelo elenco, que atualmente conta com Anastácia Custódio, Carlos Ma-riano, César Pezzuoli, Samantha Ca-racanti, Carla Pagani, Kátia Roberta, Sylvio Toledo, Mário Sérgio Pretini e Osmiro Campos.

‘Trair e Coçar’ no Teatro Metrópole

EATRO

FLERTE COM O RAP CANADENSEGravado durante a turnê de “Perfect Simmetry”, em 2008, o novo disco do grupo traz infl uências do rap.PREÇO: R$ 35.-

A DIVA SOLTA SUA VOZMacy Gray mostra inéditas depois de três anos sem gravar nada.PREÇO: R$ 35.-

A VOLTA DO GRUNGEDepois de seis anos parado, o Stone Temple Pilots lança disco novo no fi nal do mês.PREÇO: R$ 35.-

CD’S &MAIS

DESTAQUEDESTAQVALE

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92 PaladarArtigo92

Ao degustar um vinho, a graça estáem distinguir todos os seus aspectos

Se você tivesse em mãos uma fi cha técnica igual à que os conhecedores de vinho utilizam numa de-

gustação técnica, veria que ela exige a análise de treze aspectos diferentes. Desses, dois dizem respeito ao visual, quatro ao ol-fato, seis ao paladar e dois sobre harmonia e persistência do vi-nho nos sentidos do degustador.

Na edição passada eu disse que o olfato é mais importante que o pala-dar. Mas se agora estou dizendo que numa fi cha de degustação há quatro aspectos sobre olfato e seis sobre paladar, signifi ca que minha informa-ção estava errada? Não, se você se re-cordar que eu expliquei que o paladar seria insípido sem a interferência do olfato. Então, permita-me insistir na necessidade de se aprender a perce-ber os aromas do vinho, para degus-tá-lo por completo. Darei algumas dicas para ajudar.

Por estranho que pareça, embora o vinho seja feito de uvas, ele deve ter aroma de qualquer coisa, menos de uva. E perceber os aromas de cada um deles é a parte mais interessante de uma degustação. Já disse antes, não se acanhe em enfi ar o nariz na taça, naquele espaço vazio entre o topo dela e a superfície do vinho, que deve ter sido servido somente até a maior circunferência interna, próxi-ma da metade.

Faça girar o vinho na taça para que

todo o seu conteúdo entre contato com o oxigênio. Assim seus aromas são liberados e tornam-se mais per-ceptíveis. Agora, recorra à sua memó-ria e tente dar nomes aos aromas que for percebendo. O vinho tem cheiro de frutas? De fl ores? De madeira? De defumado? De algum legume ou erva? Saiba que os melhores vinhos podem ter aromas muito exóticos. O famoso Château Haut-Brion, um dos ícones da região de Bordeaux, costuma ter aro-

ma de estábulo. E os melhores vinhos da uva riesling da Alemanha têm aro-ma de querosene.

Dicas

Embora nem sempre, vinho de ca-bernet sauvignon pode ter aroma de pimentão ou de menta. De merlot, chocolate ou panetone. De syrah (ou shiraz), especiarias como cravo, ca-nela, pimenta do reino. De pinot noir, cereja ou violeta. De chardonnay, abacaxi, melão ou pêssego. De sau-vignon blanc, capim ou maçã verde (se for da Nova Zelândia, maracujá). De gerwuztraminer, rosa. De torron-tés, um buquê de fl ores. De chenin blanc, mel. De moscatel é exceção, tem aroma de uva. Mas nem sempre é assim, surgem aromas inesperados, até de pelo queimado ou cavalo sua-do. E o prazer está exatamente em cada descoberta. •

“Soa estranho, mas o vinho pode ter aroma de tudo, menos de uva”

Roberto Wagner

O OXIGÊNIO deve entrar no copo para que ao girá-lo os aromas sejam liberados

Roberto Wagnerjornalista

[email protected]

PERCEPÇÃO

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93Domingo 2Maio de 2010 93

Campos do Jordão

Gourmets e curiosos têm até o dia 16 para descobrir o que os chefs de 26 restaurantes de Campos do Jordão prepararam neste ano para a temporada do pinhão. A iguaria típica do

clima da Serra da Mantiqueira ganha desta-que no evento preparado pelo grupo Cozinha da Montanha. A Temporada Gastronômica do Pinhão inaugura a etapa de outono do calen-dário gastronômico da cidade, que adotou, no verão, o tema cerveja artesanal.

O pinhão é uma semente que vem da araucá-

ria, árvore símbolo de Campos. Essa semente gera um emprego muito típico na cidade, os chamados catadores de pinhão, que colhem de 60 kg a 80 kg da semente por árvore e vendem para restaurantes e visitantes. Muitos restau-rantes que resolveram apostar nesse público consumidor passaram a fazer conservas de pinhão. Daí surgiu a ideia de elaborar bolos, fa-rinhas, paçocas e outras receitas. Hoje já exis-tem mais de 100 receitas com essa semente, que acompanha caças, trutas e até sobremesas.

Vale conferir o Fettuccine de salmão defu-mado com pesto de pinhão (R$ 39), Perdiz recheada com farofa de pinhão (R$ 39,50), Manjar de pinhão com baba de moça (R$ 36) e o Doce Quadra de Pinhão (R$ 25). Para quem quer aprender a preparar alguns dos pratos, o Cozinha da Montanha oferece workshops com duas receitas, uma salgada e outra doce, no Espaço Gourmet S.C.A. aos sábados, às 17h. A entrada é franca, mas é preciso fazer reserva pelo site www.cozinhadamontanha.com.br. •

• sobremesa de pinhão

Pinhão, a estrela do cardápio de outono

Divulgação

Semente típica do clima friofi gura como principal ingrediente da temporada gastronômica de Campos do Jordão

GASTRONOMIA

rua joão américo da silva, 13, centro, cep 12.308-660 - jacarei - sp

www.3fcomunicacao.com.br

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Hi-TechCOPA DO MUNDO

A contagem regressiva está lançada: de 11 de junho a 11 de julho, a Jabulani, a nova bola de futebol desenvolvida pela Adidas para a Copa do Mundo na África do Sul, será o objeto

mais visto em todo o planeta.Responsável pelas bolas oficiais desde o

Mundial de 1970, a empresa alemã fez da Jabulani –que signifi ca celebrar no idioma bantu zulu, falado por 25% da população sul-africana– a pelota mais precisa de todas. Para isso, conduziu estudos aprofundados por dois

Yann WalterSão José dos Campos

Adidas desenvolve para o Mundial da África do Sul a “redonda” mais precisa e veloz do planeta

Jabulani, a bola da vez

africana–isso, con

Sul a redonda mais precisa e veloz do planeta

JA

AsdoinO raau

ÁFRICA DO SUL-2O10Jabulani, a bola ofi cial lançada pela Adidas para o maior evento esportivo do planeta

FICHA TÉCNICAA JabulaniTAMANHO: 82 centímetros de circunferênciaPESO: 433 gramasCOMPOSIÇÃO: 90% poliuretano termoplástico e 10% poliuretanoPRESSÃO: Bar/11.6 - 14 psiGOMOS: oito

094-095_Hitech_bola.indd 94094-095_Hitech_bola.indd 94 23/4/2010 21:26:1823/4/2010 21:26:18

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95Domingo 2 Maio de 2010 959595

Fotos: divulgação

anos e recorreu aos materiais de confecção mais modernos existentes no mercado.

A tecnologia de selagem térmica dos go-mos, conhecida como Thermal-Bonded e usada pela primeira vez na fabricação da Teamgeist, a bola do Mundial de 2006, foi mantida. Mas as semelhanças entre os dois modelos param por aí, como explica Daniel Schmid, gerente de futebol da Adidas.

“Existem duas grandes diferenças entre a Jabulani e a Teamgeist. A primeira é o for-mato dos painéis em 3D. Essa tecnologia garante que a bola fi que mais redonda. O número de gomos foi reduzido de 14 para 8. Mas a maior novidade é a adição de ranhuras em toda a superfície da bola. Essas ranhuras limitam a interferência do vento, dando mais precisão na hora do chute”, disse.

A precisão é a principal qualidade da Jabu-lani. Contudo, ela também é mais resistente que a bola anterior. Segundo Schmid, isso se deve à evolução dos materiais sintéticos. “O material sintético usado na fabricação das bolas evoluiu. A durabilidade é maior, assim como a resistência. A Jabulani é muito mais resistente aos chutes que a Teamgeist”.A nova bola da Adidas já foi testada por vá-rios jogadores, entre eles, o brasileiro Kaká, o alemão Michael Ballack e os ingleses Frank

Lampard e David Beckham. “Ela anda muito bem e é muito precisa. A Jabulani é uma bola incrível”, elogiou Beckham no evento de lan-çamento da bola. Outro que gostou da novi-dade foi Carlos Alberto Torres, capitão da sele-ção brasileira de 1970. “Antigamente a bola era muito mais pesada. Agora, com toda essa tec-nologia, os jogadores não têm o que reclamar”.

E para os que acham que a nova bola vai complicar muito a vida dos goleiros no maior evento esportivo do planeta, a Adidas tem uma resposta pronta: o tcheco Peter Cech, consi-derado um dos melhores do mundo na sua posição, colaborou com o desenvolvimento da Jabulani. “Não creio que vá atrapalhar os goleiros”, disse o guarda-metas do Chelsea.

TestesNo entanto, um fator externo promete difi -cultar o trabalho dos arqueiros no primeiro Mundial africano da história. Estudos condu-zidos pela Adidas mostraram que a bola pode ganhar até 6% de velocidade entre uma cidade e outra, devido à altitude. Foi analisada uma cobrança de falta de 20 metros de distância no Soccer City de Johanesburgo –o maior estádio da África do Sul e palco de oito jogos da Copa, entre eles, o jogo de abertura e a fi nal– e no Moses Mabhida, de Durban.

No Soccer City, onde o Brasil enfrentará a Costa do Marfi m no dia 20 de junho pela se-gunda rodada do Grupo G, a bola cruzaria a linha do gol com velocidade média de 126 km/h. Já no estádio de Durban, este número cairia para 120 km/h. Com 1.694 metros acima do nível do mar, Johanesburgo é a cidade mais alta do país, dentre as que receberão os jogos.

VisualNo que se refere ao visual, a Jabulani mantém o padrão de bolas multicoloridas introduzido na Copa de 1998. A pelota sul-africana tem 11 co-res, que simbolizam a diversidade cultural do país. “As 11 cores representam as 11 províncias e os 11 idiomas diferentes falados na África do Sul”, explica David Schmid. Por coincidência, 11 também é o número de jogadores de uma seleção e a Jabulani é a 11ª bola desenhada pela Adidas para uma Copa do Mundo.

A Jabulani foi apresentada no dia 4 de de-zembro, quando foram sorteadas as chaves da Copa. No dia seguinte, ela já estava nas lojas da Adidas do planeta. A ofi cial custa R$ 399,90, mas a empresa lançou uma “top-réplica” por um preço menos salgado: R$ 89,90. Também existe um modelo vendido a R$ 49,90, mas tem os 32 gomos tradicionais e não conta com a tec-nologia Thermo-Bonded. •

2010 ANO DAFESTA DO HEXAJogadores do Brasil buscam título na Copa do Mundo com uniforme ecológico

ESTÁDIOEllis Park, em Jo-hanesburgo, onde o Brasil enfrenta aCoreia do Norte no dia 15 de junho

5 ESTRELASCamisa ofi cial daseleção brasileira que é feita com plástico reciclado de garrafa PET

JAPÃO-2002: Fevernova

As cores verde, vermelho e dourado da Fevernova foram inspiradas na cultura asiática. O chassi da bola foi costu-rado com três camadas, o que aumentou a precisão e a pre-

visibilidade da trajetória da bola e acarretou

um ganho de per-formance notável. O Brasil foi pentacam-peão na Copa

MÉXICO-1970: Telstar

A Copa de 1970, quando o Brasil conquistou o tri, foi a primeira televisionada em tempo real. A Telstar (Es-trela da televisão) foi criada para ser bem visível nas TVs

em preto e branco. O modelo da pelota

tinha 20 hexágonos brancos e 12 pentá-gonos pretos costu-rados à mão

EUA-1994: Questra

A Questra foi lançada pela empresa alemã com uma camada de espuma de po-lietileno branca, para dar mais suavidade ao toque. A bola, com câmara de latex,

fi cou mais veloz e mais fácil de controlar. A seleção brasileira foi tetracampeã e Ro-mário, considerado o melhor jogador

uuu u uuuu mmmmmmmmmmááááááááááciciciciicicisesesesessesees lllllllteteteteteteteeeteetttttttttttmámámmámmámmmámmememememememmemeeeee

bobobobobobbbbolalalalaaa, ,,, ,, ,, cocococococococoooocococcoommmmmmmmmmfi fi fi fi fififificococococoocoocc

fáfáfáfáfáfáffssssssttt

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96 Hi-Tech96

da pessoa não permanece na pedra”, disse o diretor comercial da Brilho Infi nito, Carlos Eduardo Battentieri.

As pedras, antes de entregues ao cliente, são atestadas e certifi cadas pelo IBGM (Ins-tituto Brasileiro de Gemas e Metais) e pelo Sindijoias (Sindicato da Indústria de Joalhe-ria, Bijuteria e Lapidação de Gemas).

“Até o fi nal do ano teremos uma fábrica no Brasil. O local já está defi nido, será em São Bernardo do Campo (SP)”, disse Battentieri. Segundo ele, o diamante de 0.20 quilates é produzido em três cores –o âmbar (amarelo), que custa R$ 5.000, o branco ou incolor, ven-dido a R$ 7.000 e o azul, R$ 8.000.

MetaAté hoje, a Brilho Infinito vendeu 70 pedras no Brasil –a maior, de 0.70 quilates, para uma empre-sária de Santos (SP), que pagou R$ 15 mil pela joia. “Nosso objetivo não é vender diamantes e sim perpetuar a pessoa. Acre-dito que isso faz do diamante de cabelo muito mais que uma joia”, disse Battentieri. •

T er o cabelo transformado em diamante é a nova coqueluche de famosos e daqueles que buscam maneiras de romper o tempo e conquistar a tão so-nhada eternidade. No Brasil, o

rei Pelé e as apresentadoras Hebe Camargo e Ana Maria Braga já se garantiram, em forma de joia, no futuro.

A nova tecnologia tem como matéria-prima o carbono dos fi os capilares, que são reduzidos a cinzas e prensados em forma de pastilha. Em um forno de alta pressão, que reproduz as condições do centro da Terra, a pastilha vira uma pedra bruta que, depois de lapidada, se transforma no diamante.

“Quando soube dessa tecnologia e da eternização por meio do diamante, fi quei maravilhado com a oportunidade e fi z ques-tão de presentear minha mãe com um dia-mante feito com meu cabelo”, disse Pelé, o primeiro cliente da Brilho Infi nito, única franquia da Raventos no Brasil.

Todo o processo de produção dura 150 dias e é feito na Espanha. “Vamos até o cliente e cortamos o cabelo, que segue em envelope lacrado para a Espanha. O pro-cesso é fi lmado, uma forma de garantia de fi delidade ao dono do cabelo, já que o DNA

Elaine SantosSão José dos Campos

Diamante: a conquistada eternidade

JOIA DO FUTURO

Transformar o cabelo em pedra preciosa é novo desejo de famosos e daqueles que buscam maneiras de ‘sobreviver’ ao tempo

AS PEDRAS

ÂMBAR Preço inicial: R$ 5.000Tamanho: 0.20 quilates

BRANCO OU INCOLORPreço inicial: R$ 7.000Tamanho: 0.20 quilates

AZULPreço inicial: R$ 8.000Tamanho: 0.20 quilates

T

BRILHODiamante branco produzido com o carbono retirado dos fi os capilares

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Rua Vilaça, 51 - Centro - Tel.: 12 3923.4826 / 9183.5026 ( Breve: Av. Anchieta, 1.078 - Jd. Esplanada )

O desafi o de elaborar e executar o projeto de interior das ins-talações da revista

valeparaibano, importante instrumento de comunicação que a região recebeu, acolheu e aprovou. Exigiu de nos-

sa equipe: estudo e pesquisa, procurando atender o alto grau de detalhamento e aca-bamento nescessário para os ambientes e espaços de diferentes funções e atribuições profi ssionais.A responsabilidade do planejamento, execu-ção e fi nalização de um sofi sticado projeto corporativo passa pelas mãos e cabeças de pessoas altamente qualifi cadas.A confi ança do mercado se conquista com efi -ciência, efi cácia, pontualidade e compromisso.

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98 Estética98

Elaine SantosSão José dos Campos

A busca pelo corpo perfeito tem levado, cada vez mais, homens e mulheres aos consultórios e clínicas de cirurgia plástica. Nessa luta incansável pela bar-riga de tanquinho e por múscu-

los aparentes, mesmo os que encaram uma maratona diária de exercícios nas academias, têm encontrado nas cânulas de lipoaspiração e bisturis a boa forma desejada.

Dados de uma pesquisa encomendada pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica mostram que no Brasil cada um dos 3.533 cirurgiões do país realizam, em média, 178 cirurgias plásticas por ano –132 estéticas e 58 reparadoras. É como se três pessoas ga-nhassem um novo corpo por semana.

“E esse número vem aumentando consi-deravelmente. O que preocupa é a falta de valores desses pacientes, que querem fazer a cirurgia em busca de aceitação social, seja na-moro ou emprego”, explica Sebastião Nelson Edy Guerra, presidente da Sociedade Brasi-leira de Cirurgia Plástica.

Em busca do corpo

perfeito

CIRURGIA PLÁSTICA

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99Domingo 2Maio de 2010 99

Eugênio Vieira

CIRURGIA Marcos Krveger, 43 anos, ganhouum abdômen ‘trincado’ coma ‘modulaçãoatlética’

Nesse mercado lucrativo, Guerra reconhece que são raros os casos em que um cirurgião diria que não há o que retirar de gordura do corpo de um paciente. “Mesmo nas pessoas magras. É claro que são observados os crité-rios de segurança. Deve-se manter ao menos 1,5 centímetro de gordura abaixo da pele do paciente. Menos que isso é proibido pelo CRM (Conselho Regional de Medicina)”, afi rmou.

O cirurgião plástico disse que sempre há gorduras que o organismo, mesmo o da pessoa que faz exercícios físicos pesados e com frequência, não consegue eliminar. Por isso, segundo ele, a cirurgia em pacientes magros é comum. “Nas mulheres, a cirur-gia mais frequente é para retirar a gordura localizada nos quadris, eliminando os cha-mados culotes. Já a cirurgia para retirada da gordura ao redor do umbigo, no abdômen, é procurada tanto por mulheres como por homens. Essas regiões abrigam gorduras que, sem um procedimento cirúrgico, não é possível expeli-las do corpo.”

Malhação PesadaO fi siculturista Marcos Krveger, 43 anos, de 1,71 metro de altura e 97 quilos con-quistados com uma malhação pesada de 55 minutos diários, se submeteu a uma micro-cirurgia de lipoaspiração no abdômen em março –a segunda em três anos.

O procedimento, conhecido como modu-lação atlética, durou uma hora. “Esse tipo de cirurgia é comum em pessoas com corpo já defi nido. Nem todo mundo tem uma muscu-latura bonita, mesmo malhando não se chega ao resultado esperado”, disse o médico Ro-berto Bijos, de São José dos Campos.

Krveger classifica o procedimento como uma correção para retirar parte da gordura que comprometia a defi nição do abdômen. “Não é narcisismo. Consegui 30 quilos de músculo no fi siculturismo, mas é impossí-vel desenvolver só músculo, alguma gordura você ganha. Se eu fi zer dietas para perder essa gordura vou acabar perdendo massa muscu-lar também. Por isso procurei um método ci-rúrgico de pouca intervenção”, disse.

Kézia Martins de Oliveira, 33 anos, com 54 quilos e 1,59 metro de altura, também tirou gordura do abdômen no início do ano. A intenção da empresária ao procurar o mé-

Cada vez mais, a batalha diária de homens e mulheres nas academias para conquistar a boa forma termina nas cânulas de lipoaspiração das clínicas médicas

dico era retirar uma cicatriz na perna di-reita, mas acabou aproveitando a consulta para fazer uma microcirurgia de lipoaspi-ração. “Não me arrependo. O resultado é exatamente o que eu esperava. Não fi quei mais magra, tenho o mesmo peso, porém conquistei uma barriga de tanquinho que, mesmo depois de tantos anos de academia, não conseguiria.”

AlertaAilton Amélio da Silva, professor do De-partamento de Psicologia Experimental do Instituto de Psicologia da USP (Universi-dade de São Paulo), disse que é natural as pessoas melhorarem a estética corporal. O problema é quando vira uma obsessão. “O corpo hoje está supervalorizado na mídia, é uma espécie de outdoor. A sociedade aceita o indivíduo sob quatro aspectos: a produção [roupa], o corpo, o comportamento e, por último, o intelectual”, disse Silva.

Para o psicólogo, a busca constante por cirurgias estéticas está associada ao imedia-tismo do resultado. “É uma forma rápida de melhorar a aparência”, afi rmou. Segundo ele, na maioria dos casos, a busca por uma aparên-cia melhor está mais relacionada à autoestima do que à preocupação com a sociedade. “Uma vez que a pessoa se aceita, ela impõe isso ao meio em que frequenta”, afi rmou. •

A PESQUISA

das cirurgias estéticas são realizadas em mulheres

Aumento da mama: 21%

Lipoaspiração: 20%

Abdômen: 15%Dados referentes ao período de setembro de 2007 e agosto de 2008

629 milcirurgias plásticas são

realizadas por ano no Brasil

82% são pagas pelo

próprio paciente

Reparadora

Fonte: Pesquisa Datafolha encomendada pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica

72%tem idade entre

19 e 50 anos

88%

73% 27% Estética

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100100

Num inverno de contrastes ao extremo, onde super volumes dividem a cena com um novo minimalismo, os maxico-lares são exemplos de que é fácil derru-bar o status de básico de qualquer look.

Depois de diversas marcas investirem na tendência durante as semanas de moda nacionais e internacionais, é hora de usar a criatividade e misturar materiais, texturas e estilos para criar peças pratica-mente únicas, que transformam a camiseta básica do trabalho em hit para uma festa mais badalada.

Para levantar os looks de inverno, abuse de detalhes com plumas, correntes, tachas e pedrarias. Nas fotos deste editorial de moda, selecionamos os hits de in-verno da Joulik, grife que tem os maxicolares como carro-chefe –vendidos com as t-shirts ou blusas de manga longa– e da Morana, que também elegeu o acessório como item principal para a estação fria em misturas ora ousadas, ora sofi sticadas. •

Cristina Bedendo São José dos Campos

ROCKT-shirt colar Pixie Joulik (R$ 199), colar Grace Joulik, colete com tachas pretoLore (R$ 119)

Maximizeos looks

ACESSÓRIOS

Moda&estilo

FotosRaquel Cunha

Cabelo e MaquiagemCarlos Alexandre

ProduçãoCris BedendoModelos (WR Modelos)Juliana Miranda eAna Luísa Ferreira

Aproveite os maxicolares para tirar oinverno do sério e misture materiais etexturas para criar um estilo exclusivo

100-103_Moda.indd 100100-103_Moda.indd 100 23/4/2010 13:45:1723/4/2010 13:45:17

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101Domingo 2Maio de 2010 101

ROMÂNTICO COM PLUMAST-shirt colar Rachel Joulik(R$ 188), saia sarja Holly Joulik (R$ 165), brincos Morana (R$ 20)

ESTILO EM MOVIMENTOBlusa malha em manga longaJoulik, colar Daria Joulik(R$ 199), saia sarja Holly Joulik (R$ 165)

100-103_Moda.indd 101100-103_Moda.indd 101 23/4/2010 13:45:2223/4/2010 13:45:22

Page 102: Revista valeparaibano - Maio 2010

102 Moda102

PARA A BALADAColar de fi ta com pedrassintéticas Morana (R$ 89),colar com vidrilhos Morana (R$ 119), blusa manga franzida Lore (R$ 89)

MIX SOFISTICADOBlusa bracelete Taylor Joulik (R$ 204), colar Whitney Joulik,brincos Morana (R$ 20)

100-103_Moda.indd 102100-103_Moda.indd 102 23/4/2010 13:45:3723/4/2010 13:45:37

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103Domingo 2Maio de 2010 103

DESTAQUE NOS OMBROSColar de correntes e pérolas Morana (R$ 59), colar de correntes Morana (R$ 159),blusa manga com pregas Lore (R$ 119), brincos Morana (R$ 20)

CORRENTES E BRILHOT-shirt colar Grace Joulik (R$ 189), colar Pixie Joulik, colar de correntes sem pingente Mo-rana (R$ 59), pulseira de corren-tes e couro Morana (R$ 149)

100-103_Moda.indd 103100-103_Moda.indd 103 23/4/2010 13:45:4723/4/2010 13:45:47

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104 Moda104

ROMÂNTICASAs mulheres de estilo romântico pedem vestidos com mais renda nos detalhes, leves no corpo e com transparências

DESCOLADASElas combinam mais com a natura-lidade no movimento. Os vestidos não são tão justos no corpo e têm saias mais no estilo anos 70

CLÁSSICASOs modelos clássicos são aqueles que, normalmente, têm uma renda mais junto ao corpo, com bordados (com ou sem brilho), que dão peso, e saias mais armada

URBANAA mulher urbana gosta mais de tecido plano, ou seja, seda, com poucas ren-das, de um vestido mais ‘empapelado’ –quando dá para brincar como se fosse papel, fazendo dobras, pregas, camadas e babados. O vestido da mu-lher urbana é mais clean no geral. A renda nesse caso entra em pequenos detalhes já que a mulher urbana cos-tuma ser mais minimalista

O sonho do vestido branco com véu e grinaldas é antigo e não cai de moda nunca. O estilo pode variar entre um detalhe e outro, mas a base é sempre a mesma no que se refere ao

look que fi cará marcado na memória da noiva “para todo o sempre”. Segundo números registrados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Estatísticas e Geografi a), nos últimos 10 anos houve um aumento de 35% no total de

São José dos Campos

casamentos no país, com isso o número de noivas que ficam enlouquecidas na busca pelo vestido per-feito também. Em São José dos Campos, por exemplo, em 2009 foram registra-dos 2.700 casamentos. Em 2010, até o mês passado, 1.040 casais já marcaram ofi cialmente a data do sim, gerando uma média de 200 casamentos por mês.

Para dar uma forcinha para estas mulheres que subirão ao altar em breve, nada melhor que a dica de uma especialista no assunto, a estilista Eman-nuelle Junqueira. Com os dois pés no Vale do Paraíba –Emannulle teve boa parte de sua adolescência morando em São José– ela é hoje a preferida de nove entre dez celebridades. Já assinou os vestidos de noivas badaladas como Carol Castro, Aline Muniz, Ana Sophia Folch, Sandy, Mariana Lucon, entre outras.

Com uma história bem particular –sua pri-meira coleção foi o próprio vestido de casa-mento– Emannuelle se mantém no topo da moda principalmente pelo seu estilo român-tico e inusitado. Ela mistura em cada detalhe o rústico com o tradicional e, em cada peça feita sob medida, segue um estilo sempre delicado entre bordados e rendas. Tudo isso feito pelo tradicional método moulage –técnica em que a roupa é feita no manequim e não no molde.

Já de início de conversa Emannuelle frisa que o mais importante de tudo é que a noiva se identifique muito com o estilista ou a marca que ela vai escolher. “A noiva nunca sabe direito o que ela quer. Se quer brilho, se quer renda, se quer simplicidade. Então, se procurar uma marca ou um estilista em que ela se identifi que já ajuda muito”, disse.

Outra dica essencial da estilista é que a noiva lembre sempre que esse é o momento muito especial da vida, mas ela tem que continuar mantendo sua personalidade. “O perigo é quando a noiva acaba se fantasiando para a data e as pessoas não a reconhecendo e nem ela mesma se reconhece. Uma coisa muito im-portante é a preocupação com o todo: cabelo, maquiagem e vestido. Eu tenho essa leitura: cabelo e maquiagem devem ter harmonia no visual geral. Sou a favor de uma maquiagem que valorize a pessoa. Nada de técnicas e sim sensibilidade nos traços.” •

CASAMENTO

Brancoque não sai de moda

Fotos: divulgação

omvas

das er-

osé lo,

ra-mo,

mm,de

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e,ento, a estilista Eman-

Fotos: divulgação

CADA MULHER TEM SEU ESTILO

Os modernos podem torcer o nariz, mas o véu e a grinalda continuam em alta no momento do “sim”

RÉCEM-CASADOSA apresentadora

Sarah Oliveira com o noivo Thiago Lopes

no dia do casamento

NO ATELIÊA empresária

Carla Ruiz com Emannuelle

Junqueira

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105Domingo 2Maio de 2010 105

DESTAQUE

MAKE

A maquiagem de Alexa é impecável, mas no estilo não faz esforço para fi car linda. Usa sombra marrom nos olhos e batom nude na boca

Q

MAKEM

BAG

A bolsa Mulberry virouobjeto de desejo depois que foi batizada com o nome de Alexa. O modelo é bem utilitário e tem um ar vintage

BAGB

SHOES

Coturnos perdem a ‘cara’ militar nas combinações de Alexa. A apresentadora inglesa mistura o estilo romântico com rock n’roll

g

SHOESS

Considerada uma das principais ‘it girls’ do mundo, a ex-modelo e apresentadora inglesa Alexa Chung dita a moda como ninguém

com seu estilo básico, mas pon-

tuado por ótimas peças vintages

e uma mistura de romântico com

rock n’roll que já conquistou segui-

doras por todo o planeta. Adepta de marcas como Chanel,

Balenciaga, entre outras peças de

garimpo em lojas de departamen-

tos, a moça já tem como marca

registrada uma bolsa da grife Mul-

berry. A bolsa Alexa, como foi ba-

tizada pela marca, fi gura em todos

os blogs de streetstyle e é item de

desejo entre as fashionistas. No guarda-roupa de Alexa é

impossível não perceber suas

preferências por calça skinny,

shorts jeans destonados, camise-

tas básicas e saias volumosas, que

ela usa com coturnos, ankle boots,

sapatilhas ou clogs –aqueles taman-

cos que ninguém sabe combinar

direito. Entre as bolsas, ela é fã dos

modelos com alças de correntes

longas, especialmente os modelos

vintage ou bem descolados. •

Cristina Bedendo São José dos Campos

Alexa ChungBásico +vintage

• Nude

• Exclusividade

• Estilo Militar

Fo

tos: d

ivu

lga

ção

105_Moda_estilo.indd 105105_Moda_estilo.indd 105 23/4/2010 14:48:3223/4/2010 14:48:32

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107Domingo 2Maio de 2010 107

Rosana Dalla Torre e o prefeito o de São José, Eduardo Cury

Ferdinando Salerno entre os deputados Vaz de Lima a e Carlinhos Almeida, o prefeito de Caraguá, Antonio oCarlos da Silva, e o deputado Emanuel Fernandes

prefeita de Cruzeiro, Ana Karinn

Sureia Zaiden e o presidente Sureia Zaiden e o presidente da APJ, Renato Zaidenda APJ, Renato Zaiden

Luciana Becker e o desembargadorLuciana Becker e o desembargadorPaulo Celso Ayrosa Monteiro de AndradePaulo Celso Ayrosa Monteiro de Andrade

Felicio Ramuth, Emerson Marietto e Aldo ZonziniFelicio Ramuth, Emerson Marietto e Aldo Zonzini

Maria Cristina e o secretário de Maria Cristina e o secretário de Estado da Justiça, Luiz Antonio MarreyEstado da Justiça, Luiz Antonio Marrey

Carmen Quaglia e Carmen Quaglia e Vitor Mercadante ParizVitor Mercadante Pariz

Armando Toledo Filho, Antônio Carlos Armando Toledo Filho, Antônio Carlos Dias Pereira Filho e Sérgio BachaDias Pereira Filho e Sérgio Bacha

Patrícia Marcondes e Patrícia Marcondes e José Antônio Marcondes CésarJosé Antônio Marcondes César

Fotos: Eugênio Vieira e Antonio Basilio

vereadora Angela Guadagninvereadora Angela Guadagnin pianista Paulo Freirepianista Paulo Freire

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113Domingo 2Maio de 2010 113

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Page 108: Revista valeparaibano - Maio 2010

114 Tempos ModernosArtigo114

O melhor de tudo é viver e olhar a vida com simplicidade e leveza

Pensando sobre o que po-deria escrever, entre tan-tas possibilidades, resolvi contar um pouco de mo-

mentos que vivi, momentos que de certa forma mudaram minha vida. Em algum ano da década de 90 fi z uma viagem a trabalho para Juazeiro, na divisa com o Estado de Pernambuco, em pleno sertão nor-destino, lugar árido, muito quente, muito pobre e distante, muito dis-tante de tudo.

Éramos um grupo bom, com uma editora de moda de um jornal inglês chamado Sunday Times, Mrs. Isabella Blow, uma mulher chique, casada com um nobre inglês, uma mulher que possuia tudo que se pode imagi-nar, respeitada por todos no mundo da moda. Foi ela quem descobriu Ale-xander Macqueen, um dos maiores estilistas da história da moda.

No grupo ainda havia três mode-los: Adriana Lima, uma das Angels de Victoria Secrets, Ana Claudia Mitchels, umas das modelos pre-diletas de Valentino, o “Mestre”, e Tatiana Dumenti. Mulheres lindas, ricas e bem-sucedidas e uma equipe de mais ou menos 30 pessoas.

Em um dos dias de trabalho fomos bem para o sertão, numa casa especí-fi ca, onde já tinham feito o longa me-tragem “Eu, Tu, Eles”, de Andrucha Waddington, com Regina Casé. Era uma casa simples, com uma pequena criação de animais.

Ali conheci uma mulher, que vou

chamar de Maria. Pessoa simples, po-bre, 45 anos aparentando 55, pele can-sada, sofrida de um povo que precisa caminhar 30 km por dia para buscar água e comida. Convidou a mim e a Isabella. Fomos recebidos com tanto amor, com tanta alegria que, Isabella, a “Nobre”, me sorriu como nunca tinha sorrido. Senti felicidade naquele sor-riso, percebi naquele momento que o que mais importa na vida é ser feliz.

Aquela mulher era feliz ali, naquele lugar longe de tudo, sem quase ne-nhuma possibilidade, deixada ali por seus fi lhos, sozinha, mas feliz. Per-gunto: onde está a felicidade? No que temos? No que produzimos?

Voltamos para vida que escolhe-mos e, meses depois, tenho a notícia que Isabella Blow havia se suicidado. Querida amiga, que amei de alguma forma, se foi. Essa sim era infeliz. Ti-nha tudo que queria, morava em um castelo em Londres, editora respei-tada no mundo, mas infeliz, tão infeliz que resolveu encurtar tanta infelici-dade com a morte.

O que tiro para minha vida disto tudo? Vamos ser felizes! Não precisa-mos de muito, lutemos por tudo na vida, ideais, materiais, mas não pode-mos esquecer que o melhor é viver, olhar a vida com simplicidade e levá-la com leveza. •

BUSCA“Pergunto: onde esta a felicidade? No que temos? No que produzimos? ”

Carlos Carrasco

LEVEZA Não precisamos de muito, lutemos por tudo, mas o melhor é viver

Carlos Carrascocabeleireiro

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