Revista valeparaibano - Janeiro 2011

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DESAPARECIDOS A cada dois dias, três pessoas A cada dois dias, três pessoas somem em São José, deixando somem em São José, deixando famílias desesperadas por notícias famílias desesperadas por notícias Janeiro 2011 • Ano 1 • Número 10 R$ 7,80

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edicao de janeiro de 2011

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DESAPARECIDOSA cada dois dias, três pessoasA cada dois dias, três pessoas

somem em São José, deixando somem em São José, deixando famílias desesperadas por notíciasfamílias desesperadas por notícias

Janeiro 2011 • Ano 1 • Número 10

R$ 7,80

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6 Opinião

Desaparecidos: problema social

Difícil acreditar, mas a cada dois dias, em média, três pessoas desaparecem em São José dos Cam-pos. E essa dura realidade afeta muitas famílias joseenses, que sofrem com a incerteza de um dia

ter a chance de reencontrar o ente querido. São pais que, de uma hora para outra, fi cam sem seus fi lhos. E fi lhos que perdem o contato com seus pais, sem poder se despedir.

Os motivos? Podem ser muitos. Desde o sumiço involuntário, provocado por terceiros, até uma fuga de problemas de rela-cionamento familiar, depressão ou o desejo de uma nova vida, longe de tudo e de todos. O fato é que de janeiro a novembro de 2010, foram registrados 226 boletins de ocorrência por desa-parecimento em São José, cuja taxa de incidência por 100 mil habitantes supera a de outras cidades do interior paulista.

São poucos os municípios brasileiros que detém o con-trole sobre as ocorrências de desaparecimento. E não ter a dimensão exata do problema pode alimentar o desinteresse da sociedade e do próprio Estado pelo drama das famílias. No Brasil, não existe um serviço exclusivo no campo da assis-tência social ou psicológica voltado às famílias. O Ministério da Justiça lançou somente há um ano o Cadastro Nacional de Pessoas Desaparecidas (www.desaparecidos.mj.gov.br).

Diante de tantas difi culdades, não é difícil compreender uma mãe ou um pai dizer que preferiria encontrar o fi lho morto que conviver com a dúvida se ele está vivo. Passar to-dos os dias de sua vida em busca de notícias, um telefonema ou uma simples carta é desesperador, e sepultar o fi lho seria enterrar com ele todo o sofrimento das incertezas.

Hoje em dia várias ONGs trabalham no cadastramento, pes-quisa e divulgação de informações sobre desaparecidos. Dessa forma, quando receber um e-mail pedindo sua ajuda para lo-calizar uma pessoa em sua cidade, leia e repasse a informação. Dedicar dois minutos do seu tempo pode ajudar a acabar com a tristeza de uma família. Vamos fazer nossa parte?

Marcelo Clareteditor-chefe

Palavrado editor

A tiragem é auditada pela BDO

DIRETOR RESPONSÁVEL Ferdinando Salerno

DIRETORA ADMINISTRATIVA Sandra Nunes

EDITOR-CHEFE Marcelo [email protected]

EDITOR-ASSISTENTE Adriano [email protected]

EDITOR DE FOTOGRAFIA Flávio Pereirafl [email protected]

REPÓRTERES Yann Walter ([email protected]), Hernane Lélis ([email protected]),

Elaine Santos ([email protected])

DIAGRAMAÇÃO Daniel [email protected]

COLABORADORESCláudio César de Souza, Cristina Bedendo

e Franthiesco Ballerini

COLUNISTAS Alice Lobo, Carlos Carrasco, Fabíola de Oliveira, Marco Antonio Vitti, Marcos Meirelles, Ozires Silva e Roberto Wagner de Almeida

CARTAS À REDAÇÃ[email protected]

As cartas devem ser encaminhadas com assinatura, endereço e telefone do remetente. O valeparaibano reserva-se ao direito de selecioná-las e resumi-las.

DEPARTAMENTO DE PUBLICIDADE REGIONAL Tatiana Musto e Vanessa Carvalho

[email protected] (12) 3202 4000

RIO DE JANEIRO, BRASÍLIA E SÃO PAULOEssencial Mídia

Carla Amaral, Claudia Amaral e Cristiano Correâ(11) 3834 0349

[email protected]

A revista valeparaibano é uma publicação mensal da empresa Jornal O Valeparaibano Ltda. Av. São João, 1.925, Jardim Esplanada, São José dos Campos (SP) CEP: 12242-840 Tel.: (12) 3202 4000

ASSINATURA E VENDA AVULSA Carina Montoro0800 728 1919

Segunda a sexta-feira, das 8h às 18hFAX: (12) 3909 4605

[email protected]

PARA FALAR COM A REDAÇÃO: (12) 3909 4600

EDIÇÕES ANTERIORES: 0800 728 1919

IMPRESSÃO GRÁFICA OCEANO

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MODAOS CHAPÉUS VOLTAM COM FORÇA P76

Ensaio Fotográfi co p52Curtas p80Flashes & p94Viva a Vida p98

Pesquisa inédita mostra como o meio ambiente interfere na produção e nas manifestações culturais populares do Vale

A infl uência ambiental P82

‘Brasil Animado’:o 3D nacional P88

Crime importadoimportadoPCC abriga no ValePCC abriga no Valedo Paraíba trafi cantes do Paraíba trafi cantes fugitivos do Complexo fugitivos do Complexo do Alemão, no Rio do Alemão, no Rio de Janeirode Janeiro P40

POLÍTICA PALÁCIO DOS BANDEIRANTES

Geraldo Alckmin enfrentará novamente o velho trio: Saúde, Educação e Segurança

Problemas antigos desafi am o governo P18

TURISMO FÉRIAS CULTURA REGIONAL

FILME CIMENA

Preparamos um roteiro completo num raio de 200kms com diversas opções turísticas na região e na capital

Roteiro da diversão P60

ECONOMIA PET

Mercado do luxo para animais deestimação é o setor que mais cresce no país

Seu cachorro a peso de ouro P22

ENTREVISTA INPE

Gilberto Câmara

fala sobre o futuro

da ciência P28

A cada dois dias, em média, três pessoas desaparecemem São José, deixando famílias desesperadas por notícias que possam levar ao paradeiro do ente querido

ESPECIAL

Desaparecidos

DROGAS S/A

Sumário

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Palavradoleitor

Av. São João, 1925Jd. Esplanada, CEP 12242-840

[email protected]

www.fl ickr.com/revistavaleparaibanowww.facebook.com/revistavaleparaibano

@revistavale

Sou econômico nos elo-

gios, mas devo registrar

minha alegria com a

matéria sobre a desco-

berta de “Dexistência”,

de Cassiano Ricardo.

Inúmeras obras artísticas têm passado pela

desventura dos arquivos mortos e insensíveis.

Como demonstra o texto de Adriano Pereira,

a persistência e dedicação do caçador Dou-

glas Yoshida foram fundamentais na missão

do jornalista Júlio Ottoboni para o resgate da

memória e da obra de Cassiano. A revista não

só identifi cou a trajetória da derradeira obra

do poeta joseense, como permite reconhecer o

mérito e o trabalho do estagiário -aliás, mem-

bro de uma “categoria” que, mesmo fazendo

corretamente seu trabalho, costuma permane-

cer no campo dos socialmente invisíveis. Meus

cumprimentos a ele, ao Júlio e ao Adriano.

Eustáquio de Freitas, jornalista

ENQUETEQual deve ser a prioridade do governo Alckmin?

Enquetewww.valeparaibano.com.br

Foram computados 205 votosentre os dias 10 e 16 de dezembro

www.valeparaibano.com.br/soltaopause www.valeparaibano.com.br/vidanagringa

Saúde Segurança Educação

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@gabirmaciel relatos corajosos na matéria sobre Trans-torno do pânico na @revistavale

Sobre a Síndrome do Pânico:

@milerio Pra mim, DJ não é músico!

Sobre a regulamen-tação da profi ssão de DJ publicada no blog Solta o Pause:

@fl avio_bGostei muito da repor-tagem da revista va-leparaibano na seção de turismo. Não sabia que o país tinha tantas paisagens!

Sobre a Bósnia:

Domingo 2Janeiro de 2011

@paula__carvalhoSentimentos expressos em fotografi as. “Menina dos Meus Olhos”. A sensibilidade deve estar embutida no fotógrafo mineiro.

Sobre o ensaiofotográfi co:

PÂNICOQualidade

Em nome da Unimed-SJC, venho pa-rabenizar a revista pelo sucesso alcan-çado e aproveitar para desejar boas festas para toda a equipe. Aproveito ainda para destacar a qualidade da ma-téria “A soma de todos os medos”, do jornalista Yann Walter, publicada na edição de dezembro. Demonstra que a revista vem se pautando por aborda-gens sérias, principalmente nos temas concernentes à saúde.

Margarete SatoGerente de Comunicação e Marketing da Unimed-SJC

Dezembro 2010 • Ano 1 • Número 9

R$ 7,80

Pais do mesmo sexoEm decisão inédita na região, Vara da Infância e Juventude de

São José autoriza a adoção de crianças por casais homossexuais

Adoção

POLÍTICA

É viável ampliaro aeroporto deSão José? P14

SAÚDE

Síndrome do pânico: o medodo medo P52

MODA

Pedras e paetês iluminam looks de verão P82

A revista valeparaibano publicou repor-tagem de capa na edição anterior sobre a decisão da Justiça deSão José de per-mitir que casais homossexuais adotem crianças

VITTIAbortoAinda em tempo, quero te cumprimen-tar pelo excelente artigo na revista de novembro. Em meio a um mundo “despreocupado” encontrei seu artigo que demonstra muita profundidade e humanidade nesse assunto do aborto. Te apoio completamente na luta pela vida, o aborto tem que ser olhado de um ponto de vista mais humano.

Maria AugustaProfessora

ECONOMIA

ComprasParabéns a toda a equipe por mais uma edição da revista valeparaibano. Cada vez mais a revista vem demons-trando sua relevância editorial, tra-zendo sempre matérias interessantes e muito bem fundamentadas. O setor do varejo também vem sendo con-templado, como demonstra a matéria “Disciplina na hora das compras”, pu-blicada na última edição. Sabemos que o crescimento da economia depende não só do aumento indiscriminado do consumo. Ao contrário, somente o consumo responsável pode torna-se sustentável a longo prazo.

Valéria IsraelGerente de Marketing do Shopping Colinas

HOMOSSEXUALISMO

BíbliaQuero deixar claro que não sou ho-mofóbico. Simplesmente, à luz da Bíblia Sagrada não bate esta “fi loso-fi a de vida”. Como podem duas mu-lheres ou dois homens formarem um casal e até adotarem fi lhos? Como fi ca essas criança vivendo no meio de toda essa promiscuidade?

Claudionor Erasmo do PradoSão José dos Campos

CINEMAAparecidaO filme “Aparecida – O Milagre” conta, com muita emoção, uma linda história de fé. Ver na tela do cinema imagens tão lindas de São José foi emocionante. Sem dúvida, o longa é um presente ao povo católico e mo-tivo de muito orgulho a todos os jose-enses. Além disso, achei maravilhosa a oportunidade que tiveram os atores locais de mostrar seus talentos.

Maria Emília CardosoAssessora de Eventos Ofi ciais e Tu-rismo da Prefeitura de SJC

@caiocnascimentoA revista valeparai-bano é sempre inte-ressante de se ler. Com matérias originais e informativas que agra-dam ao leitor!

Sobre a revista:

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10 Política

O medíocre ministério de Dilma Rousseff

Dois Pontos

Você conhece o deputado Pedro Novais (PMDB)? E a petista Maria do Rosá-rio? A equipe de governo montada pela presidente Dilma Rousseff (PT) é

uma decepção. Áreas estratégicas foram en-tregues a políticos profi ssionais e os cardeais do PT promoveram uma partilha particular de cargos na Esplanada dos Ministérios.

As cinco pastas oferecidas ao PMDB vão enraizar o clientelismo em áreas com urgência de soluções técnicas. É impossível imaginar uma gestão efi ciente na agricultura sob o co-mando de Wagner Rossi. E há coisas bem mais improváveis, como o enfrentamento do défi cit de R$ 100 bilhões na Previdência pelo neófi to Garibaldi Alves (PMDB) ou a possibilidade de melhorias na infraestrutura turística para a Copa de 2014 com um ministério entregue a

DIPLOMACIA Antes da posse, Dilma Rousseff visitou o TCU, pedra no sapato do governo federal

Marcos MeirellesJornalista

BRANCO &PRETOO PMDB no governo DilmaO que pensam os novos ministros e os caciques?

“O presidente Sarney

sempre tem força. Mas

não são dois ministérios

destinados ao Maranhão,

são para o país”

Edison Lobãoministro das Minas e Energia

“Cumprirei essa missão

com dedicação. A presi-

dente disse que contarei

com o auxílio de uma

equipe competente”

Garibaldi Alvesministro da Previdência

“O PMDB acabou fi cando

com o que não queria para

ajudar a presidente a

concluir o processo de

escolha dos ministros”

Renan Calheirossenador pelo PMDB

Equipe de governo da presidente repete oserros de Lula e não atende as necessidades do país

um obscuro deputado, aliado de José Sarney. Dilma não conseguiu montar uma agenda

positiva nem mesmo em áreas que exigem investimentos básicos para garantir o cres-cimento do país, como Transportes e Minas e Energia –retornam aos respectivos cargos os indefectíveis Alfredo Nascimento e Edi-son Lobão. No campo petista, as notícias não foram mais avissareiras. A Casa Civil foi entregue ao “cacique” Antonio Palocci: teremos o comando político do Planalto nas mãos de um operador com práticas similares às do ex-ministro José Dirceu.

Que ministério é esse que contraria todo discurso de gestão pública mais efi ciente pregado por Dilma? A presidente acredita que montou uma equipe econômica dis-posta a desarmar a armadilha dos juros como único instrumento de combate à in-fl ação. Pode ser. Mas o ‘toma-lá-dá-cá’ é o traço principal da nova equipe.

Antonio Cruz/ABr

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11Domingo 2Janeiro de 2011

Rodrigo Maia, presidente do DEM, em litígio com o grupo de Serra no PSDB

“Apoiamos a candidatura do ex-governador José Serra, que foi, principalmente no primeiro turno, desastrosa e não agregou nada à oposição. Foi muito ruim”

PINGUE &PONGUE

Como sr. viu as críticas à montagem do ministério da presidente Dilma, chamado de “paulistério” por conta do excesso de paulistas?Acho que a montagem do go-verno está em andamento, não foiconcluída. Mas vamos ter que encontrar uma maneira de equi-librar isso, na composição de for-ças. Realmente, em um primeiro momento, houve essa caracterís-tica. O partido está empenhado nesta discussão e acredito que a presidente também tem a preo-cupação de viabilizar uma equipe de governo que incorpore as dife-renças regionais.

Quais são os maiores desafios do próximos congressistas? A reforma política deve ser o primeiro item da agenda. É umamedida reclamada por todas as forças políticas e pode ser apro-vada já em 2011, aproveitando a posse do novo Congresso. Defendo o fi nanciamento pú-blico de campanha, a fi delidade partidária e a cláusula de bar-reira. Não se trata de impedir a atuação dos partidos, mas estabelecer critérios mais jus-tos para as campanhas. Não po-demos ter siglas que são mera fi cção, deve haver um respeito à representatividade das forças políticas do país.

Fernando Ferro (PT-PE)Líder da bancada do PT na Câmara dos Deputados

Aécio será o futuro do PSDB?

O senador eleito Aécio Neves (PSDB-MG) se reuniu no início de de-zembro com o gover-nador Geraldo Alckmin (PSDB) para discutir o

futuro do PSDB e as prioridades da oposição no Congresso Nacional a partir deste ano.

Ofi cialmente, Aécio tem dito que considera Alckmin um parceiro essencial para reformu-lar a atuação do PSDB e resgatar os valores mais caros ao partido. Seria a chamada “refun-dação” da legenda. Na prática, o político mi-neiro quer construir uma ponte com o tucanato em São Paulo para se fi rmar como principal li-derança da oposição e pavimentar sua pré-can-didatura ao Palácio do Planalto em 2014. Vai dar certo? Depende da disposição de Alckmin de abrir mão da sua própria pré-candidatura à Presidência e controlar os lideranças do partido

em São Paulo que não se conformam com a derrota de Serra em Minas Gerais.

Não por acaso, Aécio também procurou abrir um canal de diálogo com os parti-dos da base governista, agendando encon-tros com os governadores eleitos Eduardo Campos (PE) e Renato Casagrande (ES). O futuro senador mineiro defende que a social-democracia defendida originalmente pelo PSDB comporta um leque de alianças mais amplo que o DEM e o PPS. Na rea-lidade, seu objetivo é construir, desde já, uma alternativa de poder ao PT e ampliar a margem de manobra em 2014.

Com o encolhimento do PSDB no Se-nado, o maior desafi o de Aécio será confe-rir visibilidade à sua atuação parlamentar. O ex-governador tem declarado que vai procurar convencer o governo a votar as reformas política e tributária e defender a um novo pacto federativo, com mais recur-sos para prefeituras e governos estaduais. Mas, como dizia Garrincha, falta combi-nar com os adversários: qual governo do mundo, com ampla maoria no Parlamento, cederia tantos palanques para a oposição?

Cury e o destino manifesto

Como serão os dois últimos anos do governo Cury? Nas avaliações sobre o desempenho do prefeito de São José, Eduardo Cury (PSDB), as críticas às áreas de Saúde e Transportes são recorrentes. Os dois setores enfrentam, efetiva-mente, problemas de gestão e não conseguem melhorar o atendimento aos moradores –as fi las nas unidades de saúde se multiplicam e a regularização do transporte coletivo não aca-bou com a superlotação dos ônibus. São fatos inegáveis, mas difi cilmente teríamos um qua-dro diferente com um outro partido no poder.

Hoje, o maior problema do governo Cury é um certo enfado no ar. O grupo no comando da prefeitura há 14 anos construiu uma maioria na Câmara e uma rede de apoio na sociedade civil

organizada que o livram de pressões e man-têm a oposição isolada. Esta zona de conforto confere a cada secretário a possibilidade de postergar medidas polêmicas ou manter sob si-gilo negociações sobre obras e projetos. E, nos círculos mais íntimos do poder, reproduz-se a ideologia do destino manifesto, como se nada, nem mesmo uma catástrofe, pudesse separar o futuro da cidade de seus atuais timoneiros.

Quando um grupo político atinge esse está-gio, não há mecanismos de avaliação que con-sigam reverter os estragos da autossufi ciência. O administrador público acredita sempre que sabe o que é melhor e mais adequado para o povo e interpreta as reivindicações da comuni-dade conforme a sua conveniência.

Não importa se todas as metas fi xadas no plano de governo serão cumpridas. A maior dúvida sobre os últimos dois anos de Eduardo Cury à frente da Prefeitura de São José gira em torno da mensagem política transmitida aos eleitores.

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Lixões estão com os dias contados

MEIO AMBIENTE

Política

Yann WalterSão José dos Campos

Prefeituras têm até 2015 para acabar comvazadouros e implantar aterros sanitáriospara receber e tratar resíduos domésticos

Cada brasileiro produz, em média, 1,15 quilo de lixo por dia, segundo um estudo da Abrelpe (Associação Brasi-leira das Empresas de Lim-peza Pública e Resíduos Espe-

ciais) publicado em maio de 2010. Com base neste número, chega-se à conclusão de que os 191 milhões de brasileiros produzem, dia-riamente, nada menos que 219.650 toneladas de dejetos. Assim sendo, a grande pergunta é: para onde vai esta montanha de lixo?

De acordo com a última Pesquisa Nacio-nal de Saneamento Básico, divulgada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografi a e Estatísticas) em agosto passado, mais da metade (50,8%) dos resíduos sólidos pro-duzidos pelo país eram despejados em vaza-douros a céu aberto –os populares “lixões”– em 2008. À diferença dos aterros sanitários,

criados especifi camente para este fi m, os vazadouros não reúnem as condições ne-cessárias para receber o lixo, e constituem uma grave ameaça à saúde das populações.

De acordo com o IBGE, as regiões Sul e Sudeste foram as que obtiveram o melhor desempenho em 2008, com percentuais respectivos de 15,8% e 18,7%. São Paulo ocupava o topo do ranking por estados, com apenas 7,6% do lixo despejado em vazadou-ros. Para efeitos de comparação, 97,8% dos resíduos produzidos pelo Piauí em 2008 foram parar em lixões.

No dia 2 de agosto de 2010, ou seja, pouco mais de duas semanas antes da divulgação da pesquisa do IBGE, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou a Po-lítica Nacional de Resíduos Sólidos. A lei, que tramitava no Congresso desde 1991, estipula um prazo de cinco anos, até 2015, para o fi m dos lixões em todo o país.

“Para São Paulo, trata-se de um objetivo viável. Estamos trabalhando, inclusive, para cumprir a determinação antes do prazo pre-

Moscas, ratos e urubus convivem com milhares de pessoas que catam comida e materiais recicláveis para vender, criando um ambiente que favorece a transmissão de doenças

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13Domingo 2 Janeiro de 2011 13

ATERRO Área de manejo do lixo recolhido em São José,

cujo aterro é considerado um dos melhores no Brasil

Fotos: Flávio Pereira

Miragaia, secretário de Meio Ambiente de São José dos Campos, que não deverá ter problemas para se adequar à nova lei. De acordo com Miragaia, o município, de 627 mil habitantes, produz cerca de 600 tonela-das de resíduos por dia. Mais de 99% deste total vai para o aterro sanitário da cidade, que fi ca no Torrão de Ouro (zona sul), às margens da Rodovia dos Tamoios.

O aterro, que começou a operar em 1987, recebe atualmente 596 toneladas de lixo por dia, segundo a Urbam (Urbanizadora Municipal), responsável pela administra-ção do local. As quatro toneladas restantes

visto. De acordo com nossas informações, somente três municípios do Estado des-pejavam seu lixo em vazadouros em 2009: Presidente Prudente, Peruíbe e Vargem Grande do Sul”, disse Aruntho Savastano Neto, gerente do setor de apoio a progra-mas especiais da Cetesb (Companhia Am-biental do Estado de São Paulo).

Para Sueleidy Prado, da ONG Vale Verde, acabar com os lixões é fundamental. “Mos-cas, ratos e urubus convivem com milhares de pessoas que catam comida e materiais reci-cláveis para vender, criando um ambiente que favorece a transmissão de doenças. Os gases

poluentes que emanam dos vazadouros cau-sam problemas respiratórios como pneumo-nias e bronquites, que afetam principalmente as crianças. Isso sem falar da contaminação dos solos e, eventualmente, dos lençóis fre-áticos pelo chorume, um líquido preto alta-mente tóxico que escorre do lixo”, comentou, destacando que o clima seco que prevalece no Vale do Paraíba favorece a disseminação dos gases poluentes na atmosfera.

“É importante defi nir uma meta. Trata-se de um prazo razoável. Os municípios atra-sados têm agora cinco anos para fazer o que deveriam ter feito há 20”, enfatizou André

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são despejadas em pequenos pontos de de-pósito de lixo clandestinos espalhados pela cidade. O aterro de São José é, de longe, o que recebe o maior volume de lixo no Vale.

DiferençasÉ importante ressaltar as diferenças entre os aterros. Os classifi cados como adequa-dos pela Cetesb passaram por um processo de impermeabilização do solo antes de re-ceber o lixo. O procedimento consiste na instalação de mantas de PVC para impe-dir o vazamento de chorume. Além disso, o lixo é aterrado diariamente e os nocivos são eliminados por um sistema de capta-ção e queima do gás metano gerado pelos resíduos. A combustão transforma o me-tano em CO2, também poluente, porém em proporções muito menores. O metano é 23 vezes mais nocivo que o CO2.

Os aterros particulares de Cachoeira Paulista e de Tremembé estão no topo do ranking da Cetesb para o Estado de São Paulo: ambos obtiveram nota 10 em 2009 –os resultados de 2010 devem sair em março deste ano. Com 8,8, o aterro municipal de São José foi um dos mais bem avaliados do Brasil entre os que recebem mais de 400 to-neladas diárias de resíduos.

De acordo com o levantamento da Cetesb, os aterros de Cruzeiro e Santa Branca são os piores da região –os dois obtiveram nota 6,5 em 2009 (de 6,1 para baixo, o local é con-siderado inadequado). Ambos são aterros controlados, uma classificação interme-diária entre o lixão e o aterro adequado. O aterro controlado é normalmente defi nido pela criação de uma célula adequada para recepção do lixo novo ao lado do vaza-douro, remediado com cobertura de argila e grama e captação de chorume e gás.

Aparecida pode ganhar um aterro contro-lado. O principal lixão da cidade, que existia há 30 anos, foi interditado pela Cetesb em de-zembro de 2009. Em 2008, recebera a nota de 3,7 –de longe a pior do Vale naquele ano. Hoje, quase todo o lixo está aterrado, mas o cheiro ainda é forte, e moscas e urubus marcam pre-sença no local. É estudado um projeto para a recuperação da área, segundo a secretária de Meio Ambiente de Aparecida, Gisele Pereira.

“Ainda não foi tomada uma decisão. Em outubro do ano passado, foram efetuadas obras periféricas de readequação da área do lixão, com abertura de acessos, drena-gem e aterramento dos resíduos. Hoje, o lixo gerado pela cidade está sendo enviado para o aterro de Cachoeira Paulista. Uma

ressaltar que a população do Litoral Norte e, consequentemente, o volume de lixo gerada por ela, triplicam na alta temporada.

SaturaçãoMesmo que sejam adequados, todos os ater-ros sanitários têm o mesmo problema: estão fadados à saturação. Assim sendo, a grande questão é a seguinte: o que acontecerá quando não haverá mais espaço para cons-truir novos aterros? Os que pensam que se trata de uma realidade muito distante estão enganados. “Já se pode constatar esta satu-ração do espaço na região metropolitana de São Paulo”, afi rmou Aruntho Savastano.

O aterro de São José recebeu recente-mente uma licença para operar por mais 12 anos e não existe na cidade outra área viável para a recepção de um novo aterro. Ou seja, se nada for feito, o município terá de levar seu lixo para outro lugar em um futuro próximo. “Já fi zemos as contas. O transporte do nosso lixo até o aterro de Tremembé custará à cidade entre R$ 70 mil e R$ 80 mil por dia”, alertou Miragaia. “Doze anos de vida útil é pouco. Quere-mos que o aterro de São José possa fun-cionar por mais 50 anos. Mas para que isso seja possível, precisamos reduzir o volume do lixo”, acrescentou, insistindo

das possibilidades é construir um aterro sanitário no local, mas seria necessário in-jetar R$ 5 milhões somente para que o em-preendimento possa começar a funcionar. O lixo gerado pela cidade é pouco, não jus-tifi ca um investimento desta magnitude”, explicou Carlos Minoro, engenheiro con-tratado pelo Santuário de Aparecida, ad-mitindo que mesmo aterrada, a montanha de lixo continua tendo um impacto nega-tivo sobre o meio ambiente. “O problema é que a prefeitura não colocou mantas para impedir o vazamento de chorume. Mas existe uma vontade política de resolver a situação, de assumir o passivo ambiental da cidade”, garantiu.

O aterro de Taubaté é outro que foi inter-ditado pela Cetesb em 2009. “O aterro até tinha licença, mas passou a ser mal operado e não podia continuar funcionando”, destacou Aruntho Savastano, da Cetesb. Hoje, a cidade paga para transportar seus resíduos até Tre-membé. Também é o caso de Ilhabela, São Sebastião e Ubatuba, no Litoral Norte. Ca-raguatatuba envia seu lixo ao aterro de Santa Isabel. Totalmente saturados, os aterros das quatro cidades praianas foram fechados entre 2004 e 2008. Em 2007, a quantidade de lixo produzida diariamente pelos quatro municípios chegava a 225 toneladas. Cabe

ENTULHO Despejo clandestino na

estrada municipal Santo Antonio Alto, no bairro

Capão Grosso, em S. José

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Domingo 2 Janeiro de 2011

na importância da separação dos resíduos. Vale lembrar que menos de 17% dos 5.565 municípios do Brasil contam com serviço de coleta seletiva. “Em São José, a coleta seletiva atinge 90% da população. É uma das mais efi cientes do país”, afi rmou o se-cretário de Meio Ambiente.

A solução mais usada no mundo para reduzir o volume de lixo é o tratamento térmico dos resíduos, uma técnica que ainda permite gerar energia. O tratamento é feito em uma usina de recuperação de energia, que funciona como uma terme-létrica. “No entanto, ambas têm objetivos distintos: o da termelétrica é gerar energia, enquanto a meta principal da usina de re-cuperação é diminuir o volume de lixo”, ressaltou André Miragaia, revelando que várias empresas já apresentaram projetos à Prefeitura de São José. O único problema do tratamento térmico –além do custo– é que a queima do lixo libera efl uentes noci-vos na atmosfera.

“A incineração de determinados plásticos, como o PVC, libera dioxina e furano, dois gases altamente cancerígenos”, lembrou o secretário. “É por isso que a separação do lixo é fundamental. É a chave do sucesso. A separação mecânica, por cálculo da den-sidade dos materiais, deverá ser feita pela

usina de tratamento. Esta será uma das exi-gências que a prefeitura imporá à empresa que quiser trabalhar aqui”, explicou.

CompostagemOutra técnica utilizada é a compostagem, caracterizada pela obtenção de matéria orgânica, benéfi ca para o solo, através da decomposição controlada dos resíduos. O metano liberado pelo lixo em decomposi-ção também pode ser recuperado para gerar energia. “No aterro de São José, o metano é captado e queimado. A próxima etapa é ca-nalizar e armazenar este metano, para gerar energia com a combustão”, disse Miragaia.

Outros procedimentos para redução de lixo são testados. É o caso da gaseifi cação, que consiste em colocar os resíduos or-gânicos em um reator pressurizado e eli-miná-los por meio de injeção de oxigênio e vapor numa temperatura entre 1400ºC e 2000ºC. De acordo com Sueleidy Prado, da ONG Vale Verde, uma empresa europeia apresentou às autoridades do município uma proposta neste sentido. Na teoria, a gaseifi cação é menos poluente que o tra-tamento térmico.

Entretanto, como lembrou Savastano, da Cetesb, esta tecnologia ainda está engati-nhando. “A gaseifi cação é um processo que vem sendo usado de forma laboratorial. Ainda não foi utilizado no tratamento de lixo em grande escala. Ao contrário, a efi ci-ência do tratamento térmico é comprovada mundialmente. Existem hoje 800 usinas de tratamento térmico de resíduos em todo o planeta, a grande maioria no hemisfério norte. Juntas, todas estas instalações tratam 300 mil toneladas de lixo por dia”, afi rmou. “Na teoria a gaseifi cação é uma tecnologia maravilhosa, mas nunca vimos sua aplicação na prática. Estamos atrás de exemplos con-cretos”, enfatizou André Miragaia.

A necessidade de reduzir o volume de lixo para dar mais sobrevida aos aterros já existentes é clara, e deve ser objeto de um consenso nacional. A Política Nacional de Resíduos Sólidos, que, entre outras deter-minações, responsabiliza as empresas pelo lixo produzido por elas, assenta as bases teóricas, mas resta saber se seus preceitos serão, de fato, aplicados. “Não podemos continuar jogando o lixo debaixo do tapete e repassando o problema para a geração se-guinte. Não podemos fi car de braços cruza-dos esperando que todos os aterros fi quem saturados. Agora é hora de agir”, concluiu o secretário do Meio Ambiente de São José. •

AVALIAÇÃO André Miragaia, secretáriode Meio Ambiente: “agora é hora de agir”

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16 Política

Ozires Silva

Ozires SilvaEngenheiro

[email protected]

Educação é fundamental para oBrasil ser bem-sucedido mundialmente

Por que todos os países do mundo se preocupam com o PIB? Admiramos aqueles países ou regiões que, mu-

nidos de atributos pouco observá-veis com clareza, transferem para suas populações boa qualidade de vida, distribuída com razoável abrangência. Poucos perguntam, por que algumas regiões constro-em e sobrevivem com oportunida-des e horizontes de crescimento en-quanto outras ficam para trás com extensas camadas da população sem acesso aos bens materiais que na atualidade caracterizam bem- estar e prosperidade?

Com dimensões de um continente, contando com significativo contin-gente populacional, com climas favo-ráveis e pouco alvo de catástrofes natu-rais, nosso país completa pouco mais de 500 anos de civilização distante dos padrões de outras regiões que, contan-do com condições básicas mais difí-ceis, cresceram e se desenvolveram.

Ocorre que, para os objetivos gerais de progresso e desenvolvimento, nós parecemos não acreditar que as pes-soas são os motores fundamentais e aqueles que, através de suas iniciati-vas, contribuem fortemente para que os objetivos de riqueza e de prosperi-dade possam ser atingidos. Temos que acreditar nisso e pensar que somos nós aqueles que farão este país me-lhor. Portanto, capaz de transferir aos nossos descendentes tudo aquilo que pode ser condensado em felicidade.

Se nos for possível aceitar que so-mos basicamente os artífi ces desses propósitos, quais seriam os atributos fundamentais para que nos tornemos capazes e competentes para agir nes-se sentido? Algo parece responder tal pergunta, quando se refl ete sobre o que acontece nas nações bem-sucedidas. Há grande unanimidade, quando mui-tos proclamam e discutem que o mun-do hoje está profundamente mergulha-do na sociedade do conhecimento.

Isso nos leva à importância de que os cidadãos, de cada país, tenham de ser preparados com cuidado desde a mais tenra idade, para que, na idade adulta, possam competir vantajosamente com outros de todas as partes do mundo. Infelizmente, neste aspecto o nosso Brasil não está bem aparelhado nem caminhando bem, salvo algumas e poucas exceções. O sistema educativo nacional precisa ser priorizado, com in-vestimentos e com expressivo aumen-to da competência regulatória, melhor preparando os professores, moderni-zando nossas escolas e aumentando signifi cativamente a carga escolar.

Por outro lado, estudiosos do assun-to garantem que pessoas educadas são capazes de se relacionar melhor, tor-

nando sempre mais fácil o estabeleci-mento de ações de valor, promoven-do o sucesso e crescimento amplo. O resultado é que, todos ganhando con-fi ança, fé e entusiasmo podem vencer e chegar a realizações de progresso.

Os executivos bem-sucedidos con-cordam que a característica mais de-sejável para conquistar horizontes de sucesso é a capacidade de trabalhar em conjunto, liderar e motivar pessoas para que objetivos comuns possam ser materializados. Não é fácil responder e identificar o que separa o sucesso do fracasso, mas, sem dúvida, um dos atri-butos mais influentes para pavimentar rotas de resultados é a habilidade de promover bons relacionamentos.

Estamos falando de uma habili-dade de grande valor, estimulada pela educação generalizada, e que precisa ser cultivada, de modo que esteja presente sempre. Estejamos certos de que, cultivando uma aura positiva, construtiva, de esperança e mesmo de humor, as bases de um conjunto de pessoas, de um time, de uma equipe, crescem acentuada-mente no sentido de que as metas de prosperidade fi cam bem mais fáceis de serem atingidas. •

EDUCAÇÃO“O sistema educativo nacional precisa ser priorizado, com investimentos e com expres-sivo aumento da competência regulatória”

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Problemas antigos são desafi os do novo governo

PALÁCIO DOS BANDEIRANTES

Cláudio César de SouzaSão José dos Campos

Eleito para o 3º mandato,Geraldo Alckmin acumula histórico de promessas não-cumpridas e críticas até de aliados políticos em áreas consideradas sensíveis, como Segurança Pública, Saúde e Educação

O médico anestesista Geraldo Alckmin (PSDB), 58 anos, assume o governo de São Paulo pela terceira vez nos últimos 10 anos com o desa-fi o de eliminar os ‘gargalos’

nas áreas de Educação, Saúde e Segurança Pública. Eleito em outubro último no pri-meiro turno com 11,5 milhões de votos, Alck-min, que é de Pindamonhangaba, sabe bem das difi culdades que terá pela frente em seu

retorno ao Palácio dos Bandeirantes. Afi nal, participou das quatro gestões consecutivas tucanas no principal Estado da Federação, iniciadas em 1995 com Mário Covas, de quem foi vice até 6 de março de 2001.

Com a morte do titular, assumiu o go-verno, sendo reeleito em 2002 e coman-dando São Paulo até 31 de março de 2006, quando desincompatibilizou-se do cargo para a fracassada tentativa de chegar à Pre-sidência da República. Após amargar um os-tracismo político e o que reconheceu como sendo um período ‘sabático’, foi convidado em janeiro de 2009 pelo então governador José Serra (PSDB) para a Secretaria de De-senvolvimento. À frente de uma pasta de grande visibilidade, conseguiu aglutinar o apoio da grande maioria dos 645 prefeitos paulistas e disparou nas pesquisas de inten-ção de votos, garantindo sua candidatura no ninho tucano e sua vitória no ano passado.

Se por um lado conhece a fundo a má-quina administrativa estadual e terminou suas duas gestões anteriores com alta po-pularidade, por outro Alckmin acumula um histórico de promessas não-cumpridas e críticas até de aliados por sua atuação em áreas sensíveis como Saúde, Educação e Se-gurança Pública. Consciente do ‘calcanhar

Política

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PATRULAMENTOPoliciais militares

durante bloqueio no Jardim das Indústrias, região oeste de S. José

Flávio Pereira

de Aquiles’ que esses setores têm represen-tado para os governos tucanos e da necessi-dade de melhorar o atendimento prestado à população, o novo governador promete um choque de gestão.

Durante a campanha eleitoral, e desde que foi eleito, ele tem sustentado que a Educa-ção será a prioridade da nova administra-ção. Para melhorar a qualidade do ensino, que tem deixado a desejar na comparação com outros estados brasileiros menores e menos ricos, Alckmin decidiu retomar pro-gramas bem-sucedidos de suas passagens anteriores pelo Palácio dos Bandeirantes, como o Escola da Família, e investir ‘pe-sado’ no ensino fundamental através da ampliação das escolas de tempo integral.

Para vencer o que não cansa de repetir que é uma batalha diária, promete ampliar em 6.000 o número de policiais nas ruas para diminuir os índices de homicídios, assaltos e roubos e assegurar mais tranquilidade à população. Já na área de Saúde, a aposta é na criação de novos hospitais públicos para garantir mais leitos e diminuir o tempo para atendimento.

ExpectativaO que esperar do novo governo? Ele será de continuidade, apresentará rupturas com o atual modelo, conseguirá solucionar os ‘gargalos’? Para responder esta pergunta, a revista valeparaibano consultou políticos do Vale do Paraíba, especialistas em Admi-nistração Pública e cientistas políticos.

“O Alckmin tem comprovada experiência administrativa, mas grandes desafi os pela frente, principalmente na Educação e na Segurança Pública, que têm sido os calca-nhares de Aquiles nestes 16 anos de gover-nos do PSDB em São Paulo. E assume com uma cobrança maior da sociedade por ser a terceira vez que comandará o Estado”, pon-dera o professor dos cursos de mestrado e doutorado em Administração Pública e Go-verno da FGV (Fundação Getúlio Vargas) em São Paulo, Mário Aquino Alves.

“Por tudo isso, a lua de mel vai ser curta e as cobranças por resultado para os pro-blemas antigos muito maiores. O grande desafi o é transcender o papel de gerentão e comandar o processo de transformação de São Paulo em um Estado ainda mais forte para os próximos 20 anos”, disse.

Embora tenha uma expectativa positiva em relação à nova administração de Alck-min, o professor de Ciências Políticas da Unitau (Universidade de Taubaté) José

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2020 Política

Maurício Cardoso Rêgo também cobra mais efi ciência para a solução dos problemas re-correntes nos 16 anos de governos do PSDB.

“Os grandes gargalos continuam sendo nas áreas de Educação, Saúde e Segurança Pública, e o Alckmin terá que ter desta vez uma postura mais incisiva do que em suas gestões anteriores para resolver de vez esses problemas. Ele tem como trunfos a experiência administrativa e o fato de co-nhecer bem São Paulo, mas vai se deparar com grandes desafi os e cobranças maiores por resultados”, analisa Cardoso Rêgo.

O cientista político da Unitau aponta as promessas não-cumpridas por Alckmin em seus governos anteriores, principalmente em relação ao Vale do Paraíba e Litoral Norte, como outro fator de possível des-gaste para o novo governador junto à popu-lação. “O Alckmin foi governador duas vezes e não cumpriu promessas que fez durante a campanha, principalmente em relação à duplicação da Tamoios. Por ser da região e por ter de novo prometido de novo a obra na campanha do ano passado, desta vez ele terá uma cobrança muito maior dos políticos e moradores para realizar a duplicação. Se de novo falhar, poderá ter sua imagem desgas-tada e perder votos nas próximas eleições que disputar”, alerta Cardoso Rêgo.

TamoiosJá entre os aliados de Alckmin no Vale, a expectativa é positiva, mas também não faltam cobranças por melhorias, como a du-plicação da Tamoios, a ampliação do Porto de São Sebastião, o prolongamento da Car-valho Pinto até pelo menos Aparecida e a criação da Região Metropolitana.

“A expectativa é a melhor possível. Pela experiência administrativa que o Alckmin tem, pela vontade que tem demonstrado e por conhecer tão bem nosso Estado. Não tenho dúvida de que este governo será ainda melhor do que os anteriores. Con-fi o no Alckmin e tenho certeza de que ele vai cumprir suas promessas de duplicar a Tamoios, ampliar o porto, prolongar a Car-valho Pinto e construir um hospital esta-dual em São José dos Campos”, salienta o deputado estadual eleito Hélio Nishimoto (PSDB), que é de São José dos Campos e assumirá o mandato na Assembleia Legis-lativa em março próximo.

Já o presidente da Frente Parlamentar em Defesa do Vale do Paraíba, padre José Afonso Lobato (PV), é mais crítico ao avaliar os desafi os que Alckmin terá pela

Na área de Saúde, aposta é na criação de novos hospitais públicos para garantir mais leitos e diminuir o tempo deespera no atendimento

PERFIL

NOME:Geraldo José RodriguesAlckmin Filho

LOCAL DE NASCIMENTO:Pindamonhangaba (SP)

DATA DE NASCIMENTO:7 de novembro de 1952

FORMAÇÃO:Medicina, pela Unitau, em 1977

ESTADO CIVIL:Casado com Maria Lúcia Alckmin. Eles têm três fi lhose uma neta

TRAJETÓRIA POLÍTICA:Foi vereador de Pindamonhan-gaba, prefeito de Pinda, depu-tado estadual,deputado federal (dois man-datos), vice-governador de São Paulo, governador de São Paulo (6 de março de 2001 a 31 de março de 2006) e secretário de Estado de Desenvolvimento (de janeiro de 2009 a 31 de março do ano passado). Eleito governador no primeiro turno em 3 de outubro do ano pas-sado com 11,5 milhões de votos (50,67% dos válidos)

SAÚDE Ambulatório Médico

de Especialidades de São José; acima,

fachada do Hospital Regional, em Taubaté

Rogério Marques/vp

Flávio Pereira

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Para o ensino, Alckmin quer retomar o Escola da Família e investir no ensino fundamental com a ampliação das escolas de tempo integral

frente nos próximos quatro anos. Apesar de também integrar a base aliada e confi ar na capacidade administrativa de Alckmin, o deputado de Taubaté considera que o modelo de governo do PSDB em São Paulo está esgotado e é necessária uma ação mais incisiva para solução dos problemas.

“Tenho uma expectativa boa, já que o Geraldo é competente e acredito que as pessoas amadurecem todos os dias. Como ele foi governador por cinco anos, acre-dito que aprendeu bastante e pode fazer um governo ainda melhor. Mas o Geraldo terá que reinventar o modo de governar São Paulo, já que estamos cansados da falta de criatividade das administrações do PSDB”, avalia padre Afonso. “Os pro-blemas continuam, até porque o PSDB tem sido conservador para atacar os gargalos da Saúde, da Educação e da Segurança Pú-blica. É preciso mudar essa postura para resolver de vez esses problemas e também para atender as demandas antigas do Vale, como a duplicação da Tamoios e a criação da Região Metropolitana.”

CobrançaO deputado estadual oposicionista Carli-nhos Almeida (PT), que assume mandato na Câmara Federal, também cobra uma nova postura do governo tucano. “Torço para que o governo do Alckmin seja bom e para que ele cumpra as promessas de campanha, principalmente a duplicação da Tamoios, para que nossa região e o Estado possam avançar. Mas é preciso uma nova postura, já que nesses 16 anos de governos do PSDB os problemas na Educação, Saúde e Segurança Pública não foram resolvidos e a população continua sendo a maior pre-judicada”, destaca o parlamentar, principal liderança do PT no Vale.

Em suas gestões anteriores, Alckmin demonstrou capacidade administrativa, mas deixou de resolver problemas que atrapalham o desenvolvimento do Estado e afetam a qualidade de vida da popula-ção. A partir deste mês, terá nova chance de solucioná-los. Se conseguir, irá con-solidar sua fama de gestor competente, escreverá de vez seu nome na história política do principal Estado brasileiro e poderá pavimentar o caminho para voltar a disputar a presidência da República em 2014. Se fracassar, poderá sofrer desgaste político e perder votos nas próximas elei-ções. Como será o novo governador Alck-min? Só o tempo dirá. •

ENSINO ENSINO Escola estadual Edgard Escola estadual Edgard Mello de Castro, no Mello de Castro, no Campo dos Alemães; Campo dos Alemães; abaixo, horário de abaixo, horário de entrada de estudantesentrada de estudantes

PRINCIPAIS PROPOSTAS

SAÚDE:- Construção de um hospital esta-dual em São José dos Campos- Ampliação das parcerias com as Santas Casas- Criação de mais AMEs (Ambula-tórios Médicos de Especialidades)

EDUCAÇÃO:- Retomada do programa Escola da Família- Ampliação do número de escolas de tempo integral- Implantação do programa Via Rápida para o Emprego, com cur-sos de ensino técnico- Valorização salarial e cursos de capacitação para professores

SEGURANÇA PÚBLICA:- Ampliação em 6.000 do número de policiais nas ruas- Integração das polícias, com valo-rização dos profi ssionais do setor- Ampliação das tecnologias, como radiodigitalização e sistemas mo-dernos para combate ao crime e investigação policial

PARA O VALE:- Duplicação da Rodovia Tamoios- Ampliação do Porto de S. Sebastião- Prolongamento da Carvalho Pinto até Taubaté, no entronca-mento com a Oswaldo Cruz

Claudio Vieira/vp

Claudio Capucho/vp

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Seu cão a peso de ouro

MUNDO ANIMAL

T odas as sextas-feiras salão de beleza às 10h, nas terças-feiras massagem e acupun-tura antiestresse, banho re-laxante no ofurô uma vez por mês, sem contar as centenas

de roupas e acessórios exclusivos que se renovam a cada quinzena no closet mon-tado especialmente em um dos quartos da casa. Com todos esses cuidados pensa-se logo em uma mulher vaidosa, mas se trata da agenda de Lua e Sol, duas cadelinhas muito paparicadas.

“Faço de tudo por elas, são minhas com-panheiras há sete anos e não vejo exagero nenhum em cuidar bem”, explica a dona das cachorrinhas, Célia Cristina da Silva, uma empresária de São José dos Campos. E a maratona de mimos custa caro: R$ 700 por mês. Assim como Célia, muitos outros brasileiros não se importam em gastar e ter mais de um animal de estimação. Por conta disso, o Brasil já aparece como o segundo país do mundo com maior população de cães e gatos, perdendo apenas para os

RELAXCãozinho da raça Yorkshire relaxa no ofurô; banho à base de camomila ajuda a tranquilizar o animal

Elaine SantosSão José dos Campos

Mercado do luxo para pets é o setor que mais cresce no país; Brasil tem 2ª maior população de cachorros e gatos e ocupa 6º lugar no ranking de faturamento do planeta

EUA, e a sexta nação no ranking mundial de faturamento do setor. O mercado pet brasileiro movimentou R$ 9,6 bilhões em 2009. E a expectativa do segmento é fechar 2010 com um acréscimo de até 6% em rela-ção ao ano anterior.

“Dentro do setor de serviços, o mercado de higiene, estética animal e mercado do luxo são os que mais crescem. Eles com-põem um segmento chamado Pet Care, com produtos veterinários, de higiene e limpeza, além de moda e estética. Tra-balhamos com um número de 50 mil pet shops no Brasil, isso sem contar com a estimativa de que 80% dos pets nacionais estão na informalidade, o que aumentaria consideravelmente esse número”, disse Alfredo Roldan, gerente de comunicação e marketing da Anfalpet (Associação Na-cional dos Fabricantes de Produtos para Animais de Estimação).

O número de animais de estimação cresce anualmente, de acordo com a população do país. Estima-se que hoje existam 33 milhões de cachorros e 17 milhões de gatos no Brasil. De olho nesse mercado visivelmente lucra-tivo e com grande possibilidades de amplia-ção, o Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) atende o seg-

Economia

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Fotos: Flávio Pereira

mento com projetos de profi ssionalização, gestão e modernização, visando propor-cionar maior competitividade às micros e pequenas empresas do setor em todo o país.

“Esse mercado está crescendo em ritmo acelerado e, como tem fácil aceitação, o em-presário tem retorno mais rápido. Por esse motivo é que a cada ano cresce considera-velmente o número de pet shops no país. O pet shop hoje é um segmento do setor de serviço, o setor de maior representati-vidade para a economia do país. A cada dois empregos gerados, um vai para esse setor”, disse Karen Sitta, coordenadora nacional da carteira de serviços do Sebrae.

Segundo pesquisa da Anfalpet, o mer-cado nacional de produtos voltados para animais de estimação gera um total de 220 mil empregos diretos no Brasil. No setor de indústrias existem atualmente 122 em-presas de Pet Food, 280 empresas de Pet Care, 30 de medicamentos veterinários e duas especializadas em importação. Só em 2009, o país exportou US$ 250 milhões em alimentos para pets.

Novidades“Só quem tem entende.” Essa frase é usada por todos os amantes de pets para justifi -car tamanho mimo aos seus animais de estimação. Cachorros e gatos são tratados como fi lhos pela maioria dos donos. E para alimentar tanto amor e dedicação, o comér-cio brasileiro está cheio de opções cada vez mais inusitadas para esses clientes mais que especiais. Em São José dos Campos, uma novidade é Dog Bakery, primeira padaria de cães e gatos. A loja, um franquia dos EUA, chegou à cidade faz apenas três meses, mas já tem seus clientes fi xos.

“A procura de produtos diferenciados para cães e gatos é muito grande. Eu tinha vários clientes que me perguntavam de lu-gares onde poderiam encomendar bolos de aniversário para seus cães, daí surgiu a ideia de trazer a franquia. Hoje contamos com mais de 350 clientes fi xos”, disse Regis Ro-berto da Rocha, dono da Boutique Canina e da Dog Bakery. Fora o luxo, a padaria es-pecializada em produtos para cães oferece bolos, tortas, esfi has, quibes, donut’s, cho-colates e biscoitos de vários sabores.

Todos os produtos são desenvolvidos por zootecnistas que elaboram fórmulas sem adição de açúcar e conservantes, tudo para não prejudicar a saúde do animal. A dife-rença para um produto normal, feito para humanos, é que, além de ser desenvolvido

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por especialistas, segue uma linha com ri-goroso balanço nutricional, que substitui de forma ideal o alimento humano ofere-cido para os animais de estimação em casa. “Ao contrário do que muita gente imagina a comida humana não faz bem para o animal. Um grande exemplo disso é o chocolate. O cacau não deve ser consumido por eles, que podem até se intoxicar, se consumir em grande quantidade”, explicou Rocha.

O cacau, matéria-prima do chocolate, tem Theobrimina. Essa substância é fa-cilmente metabolizada e eliminada pelo organismo humano, no entanto, o orga-nismo animal não consegue processá-la facilmente. A toxicidade do chocolate para o cão é tanta que pode acarretar sérios pro-blemas, como o comprometimento ner-voso severo. O chocolate desenvolvido para pets é feito à base de Carovit, uma raiz africana que dá a sensação, cheiro e até mesmo o sabor do chocolate normal.

Mas nem tudo é tão saboroso. O custo médio de uma festa de aniversário para dez cachorros, por exemplo, pode variar de R$ 500 a R$ 1.000, tendo no cardápio o bolo de um quilo, em formato de osso, e 40 salgados, entre tortas e quibes. Em breve, a padaria terá mais duas novidades para acrescentar no cardápio dos cães mais refi nados da região: cerveja e refrigerante para cachorro, tudo de uma fábrica do Rio Grande do Sul que já está com entregas marcadas para o Estado de São Paulo.

Beleza Além das guloseimas, os pets ainda con-tam com uma farta opção na área da es-tética. Tatuagens, massagens relaxantes, unhas postiças, penteados e até banhos an-tiestresse em ofurôs são algumas das mor-domias oferecidas aos fi eis companheiros. A grommer (esteticista canina) Renata Araujo, trouxe a novidade das tatuagens para cachorros e gatos do Vale. O produto, uma tintura própria para cães, dá um visual diferente e dura até uma semana. “Já tem mais de 17 anos que trabalho nessa área de estética canina. Estou sempre me atualizando e criando novidades. Percebo que hoje o animal de estimação já faz parte da família. Da minha lista de clientes, 99% cuidam dos bichinhos como se fossem fi lhos, sem receio de pagar por um bom trabalho. O que vejo é que quanto mais o mercado oferece novidades, mais o cliente quer”, disse Renata, da Clínica Estética Be-leza Canina, em São José.

COMEMORAÇÃO A pequena Baliao lado do bolo de aniversário; festa para 10 cães pode custar até R$ 1.000

O mercado pet a cada semana traz uma novidade. Dezenas de novos produtos são lançados. E a procura é grande. A clínica Beleza Canina atende, em média, 40 clien-tes por dia. Fora os tradicionais banhos higiênicos, o produto mais procurado é a tosa especial com penteados e hidratações. “A cada mês criamos aqui um novo tipo de tosa. Para o Natal, o mais pedido é a tosa artística, que pode vir em formatos diferen-ciados, como árvores de Natal, bonecos de neve e muitos outros”, disse Renata.

Outro produto que tem grande procura é o banho antiestresse de ofurô. “Depois de um banho de ofurô o cachorro chega a dormir 12 horas seguidas, devido à imersão em água quente acompanhada de sais e rela-

US$ 73 bilhõesé o que movimenta o mercado pet no mundo

NÚMEROS

R$ 9,6 bilhõesfoi o que faturou os pet shops no Brasil em 2009

50 milhõesé a população estimada de cães e gatos no Brasil

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25Domingo 2Janeiro de 2011

LUXOAs cadelinhas Sol e Lua em seu quarto, com direito a closet, bichos de pelúcia e decoração especial

xantes à base de camomila. E como vaidade é o grande mercado do luxo no mundo dos animais de estimação, um produtor de TV resolveu investir em uma grande vitrine. O primeiro programa do Vale especializado em animais de estimação.

Desde julho deste ano, Ricardo Paloma-res exibe diariamente o ‘Terra dos Bichos’, pela TV a cabo, e garante: o mercado vol-tado para pets só tende a crescer na região. “Desde que começamos temos recebidos vários e-mails de donos de cães e gatos que-rendo participar. Um dos nossos principais quadros é o ‘Educador Canino’, uma espé-cie de conselheiro para donos de cães que precisam disciplinar o animal. Chegamos a receber cerca de 30 e-mails por dia, com vários tipos de pedidos”, disse.

Como idealizador do programa, Palomares explica que o mercado do luxo para animais de estimação é infi nito e que a cada dia surgem novidades no setor. “Produzimos sempre um programa inédito a cada quinzena e reprisa-mos durante a semana. Sempre encontramos algo inusitado, diferente para mostrar.” •

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2626 Ciência & Tecnologia Artigo

Inovação como política públicaabre caminho para o desenvolvimento

A palavra inovação está na moda. Não somente no Brasil, mas em todo o mundo. Tente pesquisar

na internet, e vai achar um ma-nancial interminável de informa-ções. As empresas e instituições, centros de pesquisa tecnológica, e escolas de negócios avançam no tema com voracidade, desen-volvendo projetos, novos proce-dimentos de produção, pesquisas e projetos, e cursos moldados para todos os gostos e bolsos.

Mas afi nal o que é inovação? Bus-cando pesquisar o conceito, chega-mos a algumas defi nições e categorias da inovação. Primeiro o que vemos muito em cursos de marketing pes-soal, formação de líderes (os grandes líderes da história até o momento não fi zeram cursos do gênero), e que tais. É o que podemos chamar de inova-ção pessoal, um sujeito profi ssional que por capacidade criadora e de liderança pessoal, é capaz de desen-volver novos produtos ou processos que tornam-se sucesso comercial, e revolucionam costumes. É o caso, por exemplo, de Bill Gates, para falar no máximo da atualidade. Outro perso-nagem interessante foi o criador das tais pulseirinhas magnéticas, aquelas que supostamente dão equilíbrio a quem as usa, e que em pouquíssimo tempo tornou-se sucesso de vendas em todo o mundo.

Depois temos a inovação em seto-res de uma organização ou empresa,

que pode ser uma nova e grande ideia gerada por um grupo de pessoas, sem envolver toda a organização. A ino-vação organizacional, que pressupõe uma política estratégica de uma de-terminada empresa, que passa a atuar sinergicamente em torno de propostas e projetos inovadores. E, por último, a inovação como política pública, que pode ser de um município, de estado federativo, ou de todo o país.

É este último tipo de inovação que pode abrir caminho para o desenvolvi-mento sustentável no ambiente de in-certezas em que vivemos atualmente. A inovação como política pública, envol-

vendo governantes, instituições de ensino e pesquisa, e o setor produtivo, facilita o acesso à inovação tecnoló-gica, que é a aplicação da tecnologia no desenvolvimento de produtos, processos e serviços que gerem ri-queza e desenvolvimento humano.

Desde a década de 1990, os governos federal, estaduais e de alguns municí-pios, como São José dos Campos, têm criado mecanismos como leis e linhas de fi nanciamento para possibilitar a inovação tecnológica nas empresas. O Brasil começa a destacar-se como país inovador, mas ainda tem um longo caminho a percorrer. •

Fabíola de Oliveira

AVANÇO“ A palavra inovação está na moda. Tente pesquisar na internet, e vai achar um manancial interminável de informações”

Fabíola de OliveiraJornalista

[email protected]

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28 anos, aluno do Progeo

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Entrevista>Gilberto Câmara é diretor do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) desde 2005. Reeleito em 2009 para o segundo mandato de quatro anos, deve permanecer no comando da instituição até 2013

monitoramento por satélite das fl orestas tro-picais, os estudos sobre mudanças climáticas, a previsão do tempo, ou ainda o lançamento do próximo CBERS, previsto para o terceiro trimestre deste ano, faz um alerta sobre a ne-cessidade de combater o aquecimento global, e ressalta a crescente importância da tecnolo-gia espacial no mundo de hoje.

Como você vê a eleição de Dilma Rous-seff à Presidência da República? O que você espera do novo governo? Você acre-dita que haverá um maior investimento nas áreas de ciência e tecnologia? < Dilma manifestou a intenção de elevar de 1% para 1,8% do PIB, ou seja, praticamente multiplicar por dois, o orçamento público para as áreas de ciência e tecnologia. Hoje, o PIB do Brasil é equivalente a R$ 700 bilhões, o que signifi ca que o Ministério de Ciência e Tecnologia tem um orçamento anual de R$ 7 bilhões. A intenção de Dilma é elevar este orçamento para R$ 13 bilhões. Dilma está ciente de que a produção de um Brasil moderno depende de um investimento de longo prazo em ciência e tecnologia. Paí-ses desenvolvidos como Estados Unidos, França, Alemanha, Suécia e Japão, e nações emergentes, como a China, dedicam uma

“Somente a área de ciência e tecnologia permite a um país dar saltos de produtividade”

Gilberto Câmara, diretor do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) desde 2005, foi reeleito em 2009 para o segundo mandato de quatro anos. Formado em

Computação e Engenharia Eletrônica, envol-veu-se em diversos projetos importantes con-duzidos pelo Inpe, como o desenvolvimento dos sistemas PRODES e DETER, utilizados para o monitoramento e o controle do des-matamento da fl oresta amazônica, e a ins-tauração de uma política de livre acesso aos dados do instituto sobre desfl orestamento e às imagens captadas pelo satélite CBERS, de-senvolvido em parceria com a China.

Em entrevista exclusiva à revista valepa-raibano, concedida no ano do cinquente-nário do instituto, Gilberto Câmara fala de suas expectativas sobre o futuro da ciência e da tecnologia no Brasil com a chegada do go-verno de Dilma Rousseff , faz um balanço das atividades desenvolvidas pelo Inpe, como o

GOVERNO “A QUE A PRODUÇINVESTIMENTO

PERFIL

NOME:Gilberto Câmara

IDADE: 54 anos

CARGO:Diretor do Inpe

FORMAÇÃO:Engenharia Eletrô-nica pelo ITA (Insti-tuto de Tecnologia da Aeronáutica), com doutorado em Computação, pelo Inpe

Flá

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Yann WalterSão José dos Campos

ESTADO CIVIL:Casado, tem 1 fi lha

Economia

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parcela importante de seu PIB ao setor. Na Suécia e na França, o orçamento público para a ciência e a tecnologia representa 3% do PIB. Nos Estados Unidos, este percen-tual é de 2,5%. Somente a área de ciência e tecnologia permite a um país dar saltos de produtividade no longo prazo. Os investi-mentos em saúde, educação ou segurança são importantes, mas não permitem estes saltos econômicos.

Em sua opinião, como vai evoluir a política brasileira sobre o meio am-biente? Você acredita que a nova pre-sidente se empenhará em conter o desmatamento na Amazônia, mesmo que seja em detrimento do desenvol-vimento econômico do país?< Qualquer governante tem que arbitrar esta tensão entre desenvolvimento e meio ambiente. Dilma terá que administrar as pressões dos dois lados. Porém, nos últi-mos anos, o Brasil conseguiu estabelecer alguns consensos. Um deles é a proteção da Amazônia. Hoje, ninguém é a favor do desmatamento da Amazônia. Dilma vai seguir as metas do governo de Lula no que toca à luta contra o desmatamento. Outro consenso é sobre o fato de que o Brasil tem que ser um país movido à energia verde. A matriz energética brasileira tem que vir de fontes renováveis. Apesar destes consensos gerais, confl itos existem, principalmente no caso da produção hidrelétrica. As usinas hidrelétricas, como a de Belo Monte, são uma fonte de energia renovável, porém com sérios impactos no meio ambiente. A nova presidente terá que arbitrar estes confl itos.

Você diria que o monitoramento de fl orestas tropicais por satélite é hoje a atividade mais importante desempe-nhada pelo Inpe?< Não, é apenas uma delas. Talvez seja a que tem maior visibilidade na mídia, mas o Inpe desempenha cinco ou seis missões de alcance nacional, todas de igual importân-cia. Além do monitoramento do território brasileiro, temos a previsão do tempo, as pesquisas científi cas espaciais, o estudo das mudanças climáticas... Espaço e meio

“A PRESIDENTE DILMA ROUSSEFF ESTÁ CIENTE ODUÇÃO DE UM BRASIL MODERNO DEPENDE DE UM

ENTO DE LONGO PRAZO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA”

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3030 Economia

ambiente são interligados: os satélites de observação são uma ferramenta imprescin-dível para a proteção do meio ambiente.

Qual é atualmente o programa mais eficiente no controle do desmata-mento da Amazônia? O PRODES ou o DETER? Quais são as principais vanta-gens e defi ciências de cada um?< O PRODES é mais detalhado, mas seus resul-tados saem apenas uma vez por ano. O DETER é mais dinâmico, permite a obtenção de dados atualizados a cada 15 dias. Estes dados são transmitidos para o Ibama, que os utiliza para conduzir operações de fi scalização. Assim, o DETER é o mais efi ciente dos dois sistemas no que se refere ao controle do desmatamento. O problema do DETER é que ele permite visua-lizar apenas grandes áreas (o sistema permite detectar apenas desmatamentos com área su-perior a 25 hectares), mas estamos trabalhando para torná-lo mais preciso.

O Brasil é o único país do mundo a mo-nitorar sistematicamente suas fl orestas por satélite. Hoje, o Inpe quer exportar esta tecnologia para outros países. Al-guns já manifestaram interesse? Quais?< O INPE fez um acordo com a FAO (Orga-nização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação) para transferir a tecnologia brasileira a países da África e da América La-

258 tri

03.08.61

DE CÁLCULOS POR SEGUNDOO supercomputador do Inpe, em Cachoeira Paulista, é um XT6 da Cray e faz 258 trilhões de cálculos por segundo. É o 29º sistema computacional mais rápido do mundo, e o mais poderoso do hemisfério sul

FUNDAÇÃOJânio Quadros assina decreto criando o GOCNAE (Grupo de Organização da Comissão Na-cional de Atividades Espaciais). O órgão foi extinto em 1971, da-ta da criação ofi cial do Inpe

PRODES Lançado em 1988, o PRODES (Projeto de Monito-ramento do Desfl orestamento na Amazônia Legal) é consi-derado o maior programa de acompanhamento de fl orestas do mundo, por cobrir 4 milhões de km² todos os anos

tina que têm fl orestas tropicais, como Ca-marões, Gabão, Angola e República Demo-crática do Congo (RDC), Colômbia, Peru, Venezuela e Guiana. O objetivo é ensinar estes países a desenvolverem seus próprios PRODES e DETER.

A Embrapa quer desenvolver uma tecnologia semelhante à do Inpe para monitorar do espaço a expansão e a produtividade da agropecuária. O que você acha deste projeto?< É um projeto muito importante. A Em-brapa é um órgão de alto nível, e é impres-cindível que utilize a tecnologia espacial. Na verdade, todos os órgãos deveriam usá-la. É um elemento de informação funda-mental. Nosso objetivo é que a tecnologia espacial faça parte do dia a dia do maior nú-mero possível de órgãos e pessoas. A popu-larização dos GPS e de ferramentas como o Google Earth está contribuindo muito para a disseminação desta tecnologia. Há qua-tro anos, ninguém sabia o que era um GPS.

Hoje, todos os carros têm.

Para quando está previsto o lança-mento do CBERS-3? Quais são as gran-des diferenças entre este novo satélite e os anteriores?< O lançamento do CBERS-3 está previsto para outubro de 2011. Metade dele é fabri-cada no Brasil. Nos anteriores, esta propor-ção era de apenas um terço. O CBERS-3 tem quatro câmeras digitais, duas brasileiras e duas chinesas. Os outros CBERS tinham apenas três, sendo duas chinesas e uma bra-sileira. E no CBERS-3, a câmera principal é de fabricação brasileira.

Como está indo a colaboração com a China? Você diria que o gigante asiá-tico é hoje o principal parceiro estra-tégico do Inpe no exterior?< A China é um parceiro importante, mas não é o único. Hoje, o Inpe procura dar ên-fase à cooperação com dois países: os Estados Unidos e a Argentina. Os americanos têm o

Fotos: Divulgação/Inpe

TECNOLOGIA “O LANÇAMENTO DO CBERS-3 ESTÁ PREVISTO PARA OUTUBRO DE 2011. METADE DELE É FABRICADA NO BRASIL”

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TESTES O LIT (Laboratório de Integração e Testes) do Inpe é o único laboratório do hemisfério sul capacitado para atividades de montagem, integração e testes de satélites. É usado para testes de certifi cação

CBERS Em 6 de julho de 1988, os governos de Brasil e China as-sinaram um acordo de parceria para o desenvolvimento de dois satélites avançados de senso-riamento remoto, de-nominado Programa CBERS (Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres). O CBERS-3 está previsto para ser lançado na órbita em outubro de 2011

E1d

PLANETA “SE NADA FOR FEITO EM RELAÇÃO ÀS EMISSÕES DE GASES DE EFEITO ESTUFA, A TEMPERATURA AUMENTARÁ 6º C EM 2100”

maior programa espacial do mundo, e o país está mais aberto à colaboração internacional desde a chegada de Barack Obama ao poder. Já a Argentina é nosso maior parceiro regional. O programa espacial deles é pequeno, mas de boa qualidade. O programa espacial da China, que era muito reduzido no início de nossa cooperação, em 1988, é hoje sete ou oito vezes maior que o do Brasil. Nosso pro-grama tem ambições civis e científi cas, en-quanto os chineses também têm ambições militares. A China é uma potência militar. O Brasil não é, e nem quer ser.

O Inpe defende que todos os países do mundo divulguem gratuitamente as imagens por satélite de seus terri-tórios respectivos. Isso não poderia representar uma ameaça para a segu-rança de países em guerra, como, por exemplo, os Estados Unidos?< É claro que as considerações relativas à se-gurança têm de ser levadas em conta e, se for o caso, prevalecer sobre o compartilhamento

de dados. No entanto, a distribuição gratuita de imagens gera benefícios imensos. Aliás, o volume de informações que os Estados Unidos seguram é infi nitamente menor que o das in-formações que eles disponibilizam. A liberdade de informação é um parâmetro fundamental da democracia. Países como a China e a Rússia são muito mais restritivos que os Estados Unidos.

O Inpe também trabalha sobre o im-pacto das mudanças climáticas. Como este impacto será sentido pela popula-ção mundial?< Já passamos do ponto em que poderíamos ter limitado a 2º C o aumento da temperatura do planeta em 2100. De qualquer maneira, in-dependentemente das providências tomadas pelos governos, este aumento será superior. Porém, se nada for feito em relação às emis-sões de gases de efeito estufa, a temperatura do planeta poderá até registrar um aumento de 6º C em 2100, o que provocará uma ca-tástrofe global. Os ecossistemas tropicais e boreais serão os mais atingidos. Assistiremos

à morte parcial da fl oresta amazônica, ao de-saparecimento total do gelo no Ártico durante o verão, ao crescimento da área desértica no Saara e ao derretimento de geleiras na Groen-lândia que poderá modifi car profundamente o clima na Europa, tornando os invernos muito mais rigorosos. Os Estados Unidos e a China são os principais responsáveis por esta situação. As eleições legislativas organi-zadas recentemente nos Estados Unidos não foram favoráveis a uma mudança de compor-tamento. Muitos democratas da Câmara dos Representantes e do Senado foram substitu-ídos por conservadores que negam os efeitos do aquecimento global.

Quais são os principais projetos do Inpe para 2011, ano do cinquentenário do instituto? < Esperamos grandes avanços para o ano que vem. Definimos diversas metas em nossas principais áreas de atuação. No início do ano, nosso supercomputador para a previsão do tempo (o Tupã, considerado o sistema com-putacional mais poderoso do hemisfério sul), instalado em Cachoeira Paulista, começará a operar. Em outubro, haverá o lançamento do CBERS-3. Também temos como objetivos am-pliar nossa capacidade de monitoramento am-biental na Amazônia e no cerrado, bem como a cooperação internacional no monitoramento das fl orestas tropicais. •

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32 Reportagem de Capa32

DESAPARECIDOSNos últimos cinco anos, a Polícia Civil registrou o desapare-cimento de 1.315 pes-soas em São José

ENCONTRADOSCerca de 80% dos ca-sos são solucionados por meio de ações da polícia, parentes e amigos das vítimas

JANEIROO primeiro mês do ano foi o que mais resgistrou desapare-cidos em 2010, com 13% dos 226 casos

JOVENSAdolescentes entre 12 e 17 anos são as maio-res vítimas, seguidas por jovens com idade entre 22 e 30 anos

RAIO-X2

o-

e

• Shaiane Rodrigues

Desaparecidos: um drama social

SOCIEDADE

A cada dois dias, em média, três pessoas desaparecem em São José, deixando famílias desesperadas por notícias que possam levar ao paradeiro do ente querido

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33Domingo 2Janeiro de 2011

Ao lado, um guarda-roupa que a jovem de 18 anos dividia com o irmão mais novo. Dentro de duas portas, seu vestido favorito, suas bijuterias, material escolar e um tênis novo que ganhou do pai. Faltavam apenas uma calça jeans, uma blusinha de alça ver-melha e um tamanco verde –roupas que estavam com Shaiane quando saiu de casa na noite do dia 13 e agosto de 2010, uma sexta-feira, por volta das 20h, para ir à casa de uma amiga e desapareceu.

“Eu sinto tanta saudade dela. Ficar em casa é uma tortura, queria saber se ela está bem, se está precisando de alguma coisa, se está sofrendo. Passa tanta coisa pela cabeça”, disse emocionado Ademir Ro-drigues, 41 anos, pai de Shaiane, enquanto segurava uma foto da fi lha tirada durante a

cerimônia de Crisma da jovem.O drama da família Rodrigues endossa

uma triste realidade em São José dos Campos. A cada dois dias, em média, três pessoas desaparecem na cidade, deixando parentes e amigos desesperados por no-tícias que possam levar ao paradeiro do ente querido. Entre 1º de janeiro e 3 de de-zembro, a Polícia Civil registrou 226 casos de desaparecimento –33% deles envolvem adolescentes com idade entre 12 e 17 anos.

A taxa de desaparecimento em São José supera a de cidades como Campinas e São José do Rio Preto, por exemplo. No maior município do Vale do Paraíba, o índice é de 36 pessoas para cada 100 mil habitantes. Em Campinas, a taxa é de 28 para cada 100 mil pessoas e, em São José do Rio Preto, o

HOMENSA polícia registrou o desaparecimento de 148 homens em 2010, sendo 28 com idades entre 12 e 18 anos

MULHERES78 casos envolvendo mulheres foram registrados em 2010, sendo 41 com jovens entre 12 e 18 anos

BOLETIMNão é necessário esperar 24 horas para registrar o desapa-recimento de alguém junto a Polícia Civil

MOTIVAÇÃOFuga por confl ito familiar, subtração de incapaz, fuga consensual, tráfi co e exploração sexual

TAXAA taxa de desapare-cimento em São José supera Campinas, com média de 36 por 100 mil habitantes

Na pequena casa de três cô-modos no bairro Colonial, zona sul de São José dos Campos, quadros e ima-gens de Nossa Senhora Aparecida dividem o es-

paço nas paredes e prateleiras da estante com os retratos da família Rodrigues. No quarto, uma pintura de São João Batista e um crucifi xo de madeira fi cam aos pés da cama de casal, onde a estudante Shaiane da Silva Rodrigues dormiu pela última vez na companhia da mãe.

Hernane LélisSão José dos Campos

Fotos: Flávio Pereira

INVESTIGAÇÃOInformações desen-contradas no bole-tim, como endereço e telefone, difi cultam as investigações

”Sinto tanta saudade. Ficar em casa é uma tortura. Queria saber se a minha fi lha está bem, se precisa de alguma coisa, se está sofrendo”

De Ademir Rodrigues, pai de

Shaiane, desaparecida há 4 meses

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34

- O primeiro passo é ir ao lugar do desaparecimento e perguntar aos moradores, comer-ciantes e pessoas que trabalham nas imediações se viram a pessoa que sumiu. Leve uma fotografi a e descreva as roupas que o desaparecido usava no dia. Se for o caso, volte no dia seguinte, no mesmo horário do desaparecimento e repita as mesmas perguntas.

- Procure na casa de todos os seus parentes, mesmo daqueles mais afastados, e peça a ajuda deles para procurar. Quanto mais gente procurando, maiores as probabilidades de encontrar a pessoa.

- Procure os amigos –de escola e trabalho. No caso de crianças e adolescentes, explique o problema e peça aos pais que indaguem seus fi lhos ao chegar em casa, informando imediatamente caso descubram alguma coisa. No caso de colegas de trabalho, peça uma sugestão de onde poderia encontrar a pessoa.

- Visite todas as delegacias, plantões policiais, hospitais, prontos-socorros, clínicas, Corpo de Bombeiros e IML (Instituto Médico Legal). Se não encontrar, registre o Bo-letim de Ocorrência informando às autoridades o desaparecimento da pessoa –não é necessário esperar 24 horas.

- Acompanhe o inquérito policial e colabore com as autoridades. Não esconda nada e forneça sempre o máximo possível de informações.

- Depois de registrado o BO, repita o procedimento de busca, visitando hospitais, dele-gacias e IML’s. Retorne ao local do desaparecimento e pergunte novamente às pessoas se viram o desaparecido.

- Avise a imprensa: TVs, rádios e jornais da cidade e região.

- Imprima cartazes com um telefone para contato ou denuncias e espalhe em locais movimentados, principalmente no trajeto efetuado pela pessoa desaparecida. Coloque também cartazes em escolas, fábricas, rodoviárias etc.

- Faça o cadastro da pessoa desaparecida no Cadastro Nacional de Pessoas Desaparecidas.- Peça ajuda a ONGs (Organizações Não-Governamentais) da cidade, Estado ou país.

Reportagem de Capa34

índice é de 8,8 desaparecidos. Janeiro foi o mês que mais contabilizou

ocorrências em 2010 (32 boletins), seguido por setembro, com outros 27 registros, em São José. Do total de casos, 169 (75%) pessoas desaparecidas voltaram para seus lares ou foram encontradas e 13 (6%) se-guem com o paradeiro desconhecido. A polícia ainda apura 44 (19%) queixas, uma vez que os agentes não conseguem contato com os familiares para avançar nas investi-gações e confi rmar se a “vítima” foi encon-trada ou não, já que alguns dados passados no boletim são inexistentes.

O levantamento realizado pela Polícia Civil também revela que a maioria dos desaparecidos em São José é do sexo mas-culino, com 148 ocorrências envolvendo homens (28 na faixa etária de 12 a 18 anos), contra 78 casos de mulheres, sendo 41 com idade entre 12 e 18 anos. Juliana Puccini, de-legada assistente da Seccional de São José, disse que jovens e adolescentes, principal-mente as mulheres, representam a maior fatia dos casos por problemas de relaciona-mento com a família e amigos.

“Somem mais homens, mas a faixa etária de adolescentes mulheres desaparecidas é maior que a dos homens. Geralmente está ligado a problemas com namorado, família, amigos e ao tráfi co de drogas. Pelo menos é isso que a gente identifi ca. São pessoas menos favorecidas fi nanceiramente, que vivem em uma família desestruturada, onde o jovem pode sofrer algum tipo de abuso, como violência doméstica e sexual. Se o problema não está dentro de casa, ele está na companhia daquela pessoa”, expli-cou a delegada.

No caso de Shaiane, apesar da simplici-dade da família, o relacionamento com pais e irmãos, segundo a mãe Maria Vicen-tina da Silva, 40 anos, era saudável, sempre pautado pelo diálogo. “É uma menina boa, obediente, não chegava fora do horário em casa, não tinha motivo para sumir”, disse Maria Vicentina. O comportamento come-çou a mudar depois que a jovem passou a conviver com uma amizade diferente.

“A Shaiane começou a ‘matar’ aula e re-provou na escola. Se afastou de alguns ami-gos para andar só com essa garota. Acho que ela induziu minha fi lha a fazer alguma coisa, porque depois que a Shaiane sumiu, ela veio aqui uma vez dizendo que minha fi lha poderia estar em São Paulo, num hotel.

COMO PROCURAR

DRAMAMaria Vicentina e Ademir

Rodrigues, seguram a foto da fi lha Shaiane, que

desapareceu em S. José

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36 Reportagem de Capa

Fomos até lá e não encontramos nada. De-pois ela sumiu também, não atende mais o celular”, afi rmou a mãe.

A esperança que Ademir e Maria Vicentina têm em encontrar a fi lha é o que dá força à família para continuar procurando por Shaiane. Agarrados na fé, todos os dias eles rezam um terço pedindo proteção à jovem. O casal também passa horas divagando, principalmente antes de dormir, sobre o que de fato teria acontecido naquela noite de sexta-feira, quando ouviram a última frase dita pela fi lha antes dela cruzar o por-tão de casa: “já volto”.

O retorno de Shaiane não ocorreu. Pas-sados mais de quatro meses do desapare-cimento, pai e mãe se revezam ao telefone tentando contato por meio do telefone celu-lar da fi lha, que insiste em dar caixa-postal. Ao ser questionado sobre qual era a maior característica de Shaiane, Ademir responde: “Ela é uma pessoa muito alegre”, disse, cor-rigindo o tempo verbal. “Sinto que ela está viva, jamais um pai vai esquecer a fi lha”.

Casos

Dos 226 casos registrados de desapare-cimentos em 2010, 158 pessoas foram encontradas com vida, outras 5 estavam presas em penitenciárias e delegacias da região, 1 hospitalizada e 5 mortas, sendo um suicídio. O balanço indica que a maio-ria dosdesaparecidos consegue voltar para casa, uns com a ajuda da polícia ou da imprensa, outros através da busca in-cessante dos familiares, ou ainda quando o efeito da bebida acaba.

Para parentes e amigos, tanto faz o mo-tivo, o importante é o reencontro. “O tra-balho de busca da família e da polícia só termina quando a pessoa é encontrada. Os pais sempre têm a esperança de encontrar o fi lho com vida, mas já ouvi depoimentos de mães desesperadas dizendo que se encon-trassem o fi lho morto, saberia ao menos onde ele está e que não estaria sofrendo”, disse a delegada Juliana Puccini.

Francisco Chagas*, 42 anos, passou qua-tro meses de agonia dentro da casa em que mora, num bairro da zona leste de São José. A fi lha, de 19 anos, desapareceu após uma discussão com os pais que queriam proibir o namoro dela com um rapaz. “Ela simples-mente se encantou por ele, só ouvia ele, não queria saber mais de ninguém”, disse Cha-gas. Foram 122 dias à espera de um telefo-

BOLETINSPolicial consulta sistema

em busca dados sobre boletins de ocorrência

por desaparecimento

Cadê você?

Ana Maria de Faria, 47 anos, psicóloga, também invoca Deus ao lembrar do fi lho Ewerton Marcos Olympio, 27 anos, de-saparecido desde 22 de abril de 2010. As orações pedindo proteção ao jovem são diárias, seja na companhia do marido, so-zinha, ou em um grupo de oração da Ca-pela Santa Edwiges, no Jardim Uirá, zona leste de São José. A última imagem que carrega dele é durante o almoço daquela quinta-feira, quando Ewerton se sentou à mesa sem camisa para fazer sua refeição na companhia dos pais –uma situação bem diferente da última notícia que recebeu sobre o paradeiro de seu fi lho.

“Falaram que ele estava vivendo como mendigo em um viaduto próximo ao bairro Jardim Paulista. Na mesma hora tentamos encontrá-lo, mas sem sucesso. Ninguém viu uma pessoa com as características dele por lá”, disse em tom de lamentação a mãe, que luta para descobrir o paradeiro de Ewerton e entender o que aconteceu depois que saiu para trabalhar e não viu mais o fi lho.

nema ou de qualquer notícia que pudesse levar ao paradeiro da jovem.

“Pensei que tinha acontecido alguma coisa ruim, que estava morta. Ela sempre foi uma menina obediente, nunca tinha passado uma noite longe da gente”, lem-brou o pai. O drama de Francisco terminou no dia 1º de dezembro de 2010, quando Mariana* ligou pela primeira vez à família dizendo que estava voltando para casa. Ela havia fugido para Botucatu (SP) e, segundo contou ao pai, foi mantida em cárcere pri-vado, proibida pelo então namorado de manter contato com qualquer pessoa que pudesse resgatá-la.

Mariana conseguiu fugir depois de pro-curar uma igreja evangélica da cidade e contar sua história ao pastor. “Ela disse que pediu dinheiro para comprar a passa-gem, já que o namorado só permitia que ela saísse de casa para ir à igreja. Passei dias horríveis buscando uma explicação para o que tinha acontecido. Hoje, graças a Deus, estou com a minha filha outra vez dentro de casa”, disse o pai.

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“Não sei dizer o que houve com ele, não sei mesmo. Deve estar bem, da forma dele, que ele acha que é o bem para ele. Todo mundo sente falta, saudade dele. Tanto a falta de notícias quanto a saudade doem muito. Acho que deveria ter consideração e ligar para tranquilizar a gente” afi rmou.

Passar dias longe de casa, segundo a mãe, tornou-se comum na vida de Ewerton. De-pendente químico, já chegou a fi car três meses sem dar notícias à família. As tenta-tivas de tratamento para abandonar o vício foram várias, mas todas fracassadas. “Ele nunca gostou de lutar, de batalhar, sempre gostou das coisas fáceis. Acho que os ami-gos podem ter infl uenciado muito em suas decisões”, contou a mãe.

A preocupação de Ana Maria fi cou ainda maior depois do dia 16 de outubro, data em que Ewerton completou 27 anos. O ani-versário sempre foi comemorado, porém desta vez passou em branco já que o ani-versariante não estava presente. “Pela pri-meira vez passamos o aniversário sem ele.

INVESTIGAÇÃO A delegada assistenteda Seccional de São José, Juliana Puccini

Nunca deixamos de fazer uma festinha. Mesmo com toda a nossa simplicidade, procurávamos fazer uma comemoração. Comprar um bolinho e um presente para reunir a família. Sempre foi assim. Fiz muita oração neste dia, mas ele não veio para casa”, disse Ana Maria.

Ewerton saiu de casa sem levar docu-mentos, roupas ou qualquer outro objeto que possa ajudar na sua identificação. Como viu o fi lho pela última vez sem ca-misa, a mãe não consegue descrever como ele estaria vestido antes de desaparecer. A esperança de Ana Maria é que suas ora-ções possam garantir proteção ao jovem, “onde quer que ele esteja”. “Não esqueço de pedir isso, todo momento ele está em minhas orações. Tenho certeza que uma hora vai dar tudo certo”.

Estatísticas

Nos últimos cinco anos a Polícia Civil de São José recebeu 1.323 ocorrências de pessoas desaparecidas, a maioria em agosto e janeiro

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2006 2007 2008 2009 2010

289 302 263 243 226

Ocorrências sobre desaparecidos

Encontrados

Em apuração

Desaparecidos

Dados de 2010 Ocorrências por mês

JAN 32 13%

FEV 13 6%

MAR 25 11%

ABR 25 11%

MAI 25 11%

JUN 11 5%

JUL 15 7%

AGO 24 11%

SET 27 12%

OUT 22 10%

NOV 7 3%

Perfi l dos desaparecidos

idade

0-11 1% 74 casos

12-17 33% 24 casos

18-21 11% 24 casos

22-30 21% 48 casos

31-40 11% 25 casos

41-50 11% 25 casos

51-60 4% 10 casos

61-70 4% 10 casos

acima 71 2% 4 casos

não declarada 2% 4 casos

148

78

Sexo

vivos presos mortos hospitalizada suicídiomorte a

esclarecer (acidente)

158 5 3 1 1 1

1694413

–23,1% e 22,8%, respectivamente. A média de casos solucionados é de 80%, no entanto, segundo a delegada Juliana Puccini, poderia ser maior, uma vez que informações desen-contradas no Boletim de Ocorrência, como endereço e número de telefone, difi cultam o trabalho dos investigadores.

A delegada aponta ainda que um número expressivo de casos fi ca em aberto na de-legacia mesmo após o aparecimento da pessoa. Isso porque a família esquece, ou mesmo não tem conhecimento, de que é preciso voltar ao Distrito Policial para re-gistrar um novo boletim, constando o re-torno do parente ou amigo. “Para chegar aos números detalhados de 2010, tivemos que pegar todas as ocorrências que ainda não tinham sido concluídas e tentar con-tato com a família. Vamos ter que fazer isso com os anos anteriores também, pois acreditamos que muitas pessoas já volta-ram para casa. O problema é que alguns telefones e endereços estão errados ou não existem mais”, explicou a delegada.

A revista valeparaibano acompanhou por alguns minutos o trabalho de um dos agentes. O investigador buscou 19 boletins aleatoriamente para tentar contato com a família do desaparecido. Desses, três nú-meros de telefone não estavam cadastra-dos, cinco estavam com a linha desligada, três não atenderam ao chamado, quatro ti-nham transferido a linha para outra pessoa e outros quatros informaram que o ente havia sido encontrado.

Essas ocorrências foram registradas em 2006, ano em que 289 casos foram compu-tados. Até então, 27 boletins de reencontro tinham sido lavrados. “É um trabalho demo-rado, que exige tempo e contingente de pes-soas para conseguir resultado satisfatório. Desses casos que não conseguimos fazer con-tato mais com as famílias, queremos saber o que aconteceu”, disse Juliana Puccini.

No Brasil, é estimado o desaparecimento de mais de 200 mil pessoas por ano, o que equivale a 548 desaparecidos por dia. São mais de 160 mil adultos e 40 mil menores de idade. Os lugares onde desaparecem as crianças são os mais comuns: saída da es-cola, voltando da padaria ou brincando na rua da própria casa. No ranking estadual de desaparecimentos de pessoas, São Paulo lidera, com 18 mil casos –junto com Rio de Janeiro e Minas Gerais, respondem por 40% dos casos no país.

Reportagem de Capa

Pessoas encontradas em 2010

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Avaliação

Para Eliana Levy, psicóloga especializada em psicologia infantil familiar, voluntária na ONG ABCD (Associação Brasileira de Busca e Defesa a Crianças Desaparecidas), mais conhecida como Mães da Sé, o fato de não se ter uma dimensão exata do problema do desaparecimento de pessoas difi culta o apontamento de soluções e alimenta o de-sinteresse da sociedade e do próprio Estado pelo drama das famílias de desaparecidos.

“É um absurdo uma cidade tão bem es-truturada economicamente como São José dos Campos ter uma média tão alta de de-saparecidos. Acredito que isso seja refl exo da falta de investimentos em projetos so-ciais em todas as esferas governamentais. Este é um assunto delicado, que mexe com o sentimento das pessoas, para falarmos de uma maneira quantitativa. Temos que criar meios de valorizar o afeto familiar de estruturar famílias, seja ela de alta ou baixa renda”, disse a psicóloga.

No Brasil, não existe um serviço exclusivo no campo da assistência social ou psicoló-gica voltado às famílias de pessoas desapa-recidas. Quem busca algum tipo de auxílio nessas áreas acaba recorrendo aos conse-lhos tutelares, postos de saúde e ONGs que tratam do assunto. O primeiro pode ser útil ainda na solução de desaparecimento com características de fuga, motivados ou não por algum tipo de violência doméstica. “O poder público terceiriza suas obrigações em alguns casos de maneira totalmente errada. O auxilio social no Brasil é uma pés-sima prestação de serviços que precisa ser revista”, afi rmou Eliana.

A maioria das crianças e adolescentes de-saparece em locais conhecidos: voltando da escola, andando de bicicleta na rua de casa, indo à padaria. De acordo com Ivanise Es-piridião da Silva, presidente da Associação Brasileira de Busca e Defesa a Crianças De-saparecidas, no período de férias, o número de crianças desaparecidas aumenta signi-fi cativamente. Por isso, é preciso prestar mais atenção às companhias e locais que elas frequentam nesta época.

“Nas férias as crianças estão mais soltas, com maior liberdade na hora de sair so-zinha. Quando desaparecem, geralmente estão desacompanhadas, sem o cuidado dos pais e amigos. Uma criança não se perde, são os adultos que perdem ela. Em casos assim orientações básicas podem

evitar que isso aconteça, como não aceitar carona de estranho, não deixar o fi lho sair sozinho, fi car atento a aglomerações e co-nhecer todos seus amigos”, disse Ivanise, que procura a fi lha há 15 anos.

Entre os jovens, ela alerta sobre a impor-tância de estar sempre presente na vida e, principalmente, nas descobertas dos fi lhos. “É difícil entender os motivos. Apesar de ser mais orientado, o jovem está na fase de descobertas e de rebeldia, acha que sabe de tudo. Você tem que mostrar que antes de ser pai e mãe é amigo do seu fi lho. Que ele pode confi ar em você sempre, em momen-tos de agonia e de alegria”, explicou Ivanise.

A ONG Mães da Sé nasceu há 14 anos. Atu-almente, a organização conta com mais de 10 mil associados em todo o Brasil e já foi a responsável por localizar 2.100 pessoas. •

”É difícil entender os motivos. Apesar de orientado, o jovem está na fase de descobertas e de rebeldia, acha que sabe de tudo”De Ivanise Espiridião da Silva, presidente da ABCD

Foto arte: Flávio Pereira

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PCC acolhe trafi cantes cariocas na regiãoForça-tarefa criada pela DIG investiga no Vale do Paraíba o paradeiro decriminosos do Complexo do Alemão que fugiram do cerco policial no Rio de Janeiro

DROGAS S/A

ATIRADOR DE ELITEPolicial especializado dá cobertura à ação da Polícia Civil no Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro

Marcello Casal/Abr

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Uma força-tarefa liderada pela DIG (Delegacia de Investi-gações Gerais) de São José dos Campos investiga o pa-radeiro de trafi cantes da Vila Cruzeiro e do Complexo do

Alemão, no Rio de Janeiro, que foram acolhi-dos pelo PCC (Primeiro Comando da Capi-tal) no Vale do Paraíba depois que as polícias Civil, Militar e Federal e as Forças Armadas ocuparam as favelas. Informações coletadas nos últimos dias pela equipe de investigadores dão conta que criminosos que conseguiram fugir do cerco policial na capital fl uminense estariam escondidos em São José dos Cam-pos, Taubaté e Caçapava. A operação da DIG conta com o auxílio do Exército, da Polícia Fe-deral e da Polícia Rodoviária Federal.

Os ataques no Rio tiveram início na tarde do dia 21 de novembro, em retaliação dos trafi can-tes contra a instalação das UPPs (Unidades de Polícia Pacifi cadora) em morros e favelas. Ao longo da semana, Marinha, Exército e PF se juntaram às forças de segurança do Estado do Rio no combate à onda de violência, que re-sultou em mais de 180 veículos incendiados. Duzentos policiais do Bope (Batalhão de Ope-rações Especiais) ocuparam a Vila Cruzeiro. Com a ação, alguns trafi cantes fugiram para o Complexo do Alemão, que também foi domi-nado pelos policiais. Somente nas favelas do Alemão existiriam 500 trafi cantes. O paradeiro da maioria ainda é um mistério.

No Vale do Paraíba, a Polícia Civil está em estado de atenção. “Temos informações que há três famílias de trafi cantes do Rio de Ja-neiro instaladas em chácaras em Caçapava e que foram acolhidas pelo PCC. Também há trafi cantes do Rio no Pinheirinho (acam-pamento sem-teto em São José) e em Tau-baté”, disse um dos policiais civis envolvidos na investigação. “O que precisamos é que a nossa população faça o mesmo que a popu-lação do Rio de Janeiro está fazendo: denun-ciando. Só com a ajuda da população é que vamos conseguir vencer tudo isso”, afi rmou.

Segundo ele, o grupo de policiais que traba-lha na área de inteligência no Rio de Janeiro, além do Exército e da Marinha, tem trocado informações com a DIG de São José. “Esta-mos fazendo um trabalho de análise de pon-tos vulneráveis da região que podem ser pon-tos de recepção desses fugitivos do Rio”. Em São José, os pontos considerados críticos

Elaine SantosSão José dos Campos

são o acampamento sem-teto Pinheirinho e o bairro Jardim São José 2, mais conhecido como ‘Cidade de Deus’.

Segundo Polícia Civil, o PCC está oferecendo proteção aos trafi cantes do Rio de Janeiro por-que em 2006, quando a facção criminosa pau-lista defl agrou a onda de atentados em todo o Estado de São Paulo, o Comando Vermelho ajudou a esconder os principais suspeitos de planejar os ataques. Além disso, existiria no Estatuto do PCC, fundado em 31 de agosto de 1993 por oito presidiários no Anexo da Casa de Custódia de Taubaté, um acordo para receber membros do CV quando necessário.

Na região, a Polícia Civil procura pelos tra-fi cantes Luciano Martiniano da Silva, o “Pe-zão”, Emerson Ventapane da Silva, o “Mão”, Felipe Alan Marques da Silva, o “Playboy”, Carlos Orlando Messina Vidal, o “Chi-leno”, Marcelo da Silva Soares, o Macarrão, e Marcelo Lenadro da Silva, o “Marcelinho Niterói”. Para o especialista em segurança pública José Vicente da Silva Filho, se o PCC está de fato acolhendo trafi cantes do Rio de Janeiro em cidades do Vale do Paraíba, seria por uma espécie de “amizade” (leia entre-vista nas páginas seguintes).

Refl exos“Veja bem, dizer que podemos evitar que os pro-blemas ocorridos no Rio de Janeiro não tenham efeitos aqui na nossa cidade é impossível porque eles vão acontecer. O que estamos preocupados é como resolver a partir do momento que eles começarem a refletir aqui, diante de nós. Com o aumento do tráfico, o aumento da criminali-dade, o número de homicídios pode aumentar”, disse o delegado titular da DIG de São José dos Campos, Vernei Antônio de Freitas.

“A Polícia Civil trabalha com o crime já ocorrido [na investigação], mas diante dessa situação já estamos atuando na prevenção. Estamos com todo nosso pessoal na rua. Mudamos nossa tática, aumentamos nossas atenções. Hoje, a Polícia Civil de São José dos Campos está em estado de atenção”, disse Freitas à revista valeparaibano.

Há duas semanas o número de trabalhos na rua, com investigações na busca por crimino-sos, foi intensifi cado. “Nosso grupo de inteli-gência está todo interligado com o pessoal do Rio de Janeiro. O fato é que aqui é sim a rota de fuga desses marginais. Aqui é o principal eixo, de todo o país. São José dos Campos é uma ci-dade muito grande. Não estamos saindo com a viatura aleatoriamente, sabemos exatamente em quais os pontos que temos que atuar. E es-tamos atuando”, concluiu o delegado.

DIG troca informações com grupo de inteligência da polícia do Rio, Exército e Marinha, na tentativa de identifi car o paradeiro dos trafi cantes na região

Vladimir Platonov/Abr

DETIDOPrisão de suspeito em ofensiva das polícias e das Forças Armadas no Rio de Janeiro

SUSPEITOS Na seq.,Luciano Martiniano da Silva, o “Pezão”, Emerson Ventapane da Silva, o “Mão”, Felipe Alan Marques da Silva, o “Playboy”, Carlos Orlando Messina Vidal, o “Chileno”, Marcelo da Silva Soares, o Macarrão, e Marcelo Lenadro da Silva, o “Marcelinho Niterói”

TRAFICANTES DO RIO DE JANEIRO PROCURADOS NO VALE DO PARAÍBA

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Ex-secretário nacional de Segurança Pública, José Vicente da Silva Filho, avaliaa operação contra o tráfi co no Rio e aponta como a ofensiva pode afetar o Vale

Em entrevista à revista valepa-raibano, o ex-secretário nacio-nal de Segurança Pública, José Vicente da Silva Filho, faz uma análise da operação contra o tráfi co de drogas defl agrada no

Rio de Janeiro e como essa ofensiva poderia afetar o Vale do Paraíba. Entretanto, não ha-veria motivos para medo na região. Segundo ele, um ou outro trafi cante do Rio pode se ins-talar na região, mas não chegaria dominando a localidade. “É como se diz: boi em pasto alheio é vaca. Ninguém do mundo do crime vai querer repartir território”, afi rmou.Silva Filho disse que a situação do tráfi co no Rio não é semelhante a nenhum outro Estado do país. “O Rio de Janeiro, por um acúmulo histórico de omissões e falta de coragem polí-tica, acabou permitindo que grupos crimino-sos adotassem armamentos de guerra”, disse. Para o especialista, há tendência de mudança no perfi l do tráfi co no Rio e o motivo é um ou-tro problema: as milícias. “As milícias explo-ram a comunidade em pequenas quantidades, que, no fi nal, dão muito dinheiro. Tudo isso é controlado por policiais da ativa, por policiais militares principalmente.”

Como avalia a operação contra o tráfi co de drogas defl agrada no Rio de Janeiro?Um aspecto relevante é a constatação que aquilo que acontece no Rio é tipicamente do Rio de Janeiro. Desconheço coisa parecida em qual-quer parte do país que eu conheci como secre-tário nacional de Segurança. O Rio de Janeiro, por um acúmulo histórico de omissões e falta de coragem política ou até covardia, acabou permitindo que grupos criminosos, trafi cantes extremamente rivalizados entre eles, tivessem

primeiro uma grande guerra em defesa de ter-ritório e, segundo, adotassem armamentos ti-picamente de guerra: fuzis, metralhadoras, ar-mas de combate. Os trafi cantes do Rio não têm armas para assaltar pessoas na rua. Eles (o go-verno) deixaram acontecer. Mesmo na história recente, o governador Sérgio Cabral, em 2007, fez uma grande invasão naquela mesma região da Vila Cruzeiro e foi espetacular, virou capa de várias revistas de grande repercussão nacional, anunciando o fechamento do tráfi co. Muito pa-recido com o que está acontecendo agora e com o mesmo triunfalismo: ‘Rio de Janeiro dá lição de iniciativa na área de segurança pública etc’. O que aconteceu é que a criminalidade continuou encastelada naquele complexo, como em mais de uma centena de favelas daquele Estado. E

Elaine SantosSão José dos Campos

ainda, todas aquelas dezenas de toneladas de drogas apreendidas na época foram entrando de volta ao trafi co ao longo desse mesmo go-verno. Não adianta reclamar que o governo fe-deral não cuida das fronteiras com o Paraguai, Bolívia, Colômbia ou Peru, que é por onde as drogas entram no país. Cabe à segurança do Es-tado a fronteira do próprio Estado, da cidade e em outras instâncias, a fronteira da Rocinha, do Complexo do Alemão. Enfi m, isso não foi feito.

O senhor acredita que a ofensiva vai en-fraquecer os trafi cantes?Os trafi cantes já estavam sendo acossados no Rio de Janeiro, há uma tendência de mudança no perfi l do tráfi co. O motivo é um outro pro-blema do Rio, tão sério ou até mais que o dos trafi cantes: as milícias. São estimadas cercas de 200 comunidades dominadas por milícias que submetem a população a uma série exigências em pagamentos de tudo: para receber gás, inter-net, energia elétrica, tudo. Lá tudo é pago. Eles não precisam importar droga nenhuma para enriquecer, simplesmente exploram a comu-nidade em pequenas quantidades que, no fi nal, dão muito dinheiro. Tudo isso é controlado por policiais da ativa, por policiais da Polícia Mili-tar, principalmente. Corruptos. Então, isso está acossando os marginais. Esse pessoal (milícias) está querendo invadir, fazer novas comunida-des que ainda estão nas mãos dos trafi cantes. Um outro problema é que essas armas na mão, principalmente, de adolescentes, que a gente vê a toda hora nos noticiários, estão prejudi-cando os negócios do tráfi co. A tendência atual é trafi cante esconder todas as armas. O negócio do trafi cante não é fazer terrorismo, é vender droga, é ganhar dinheiro. Tanta violência pre-judica os negócios. A tendência é que o tráfi co fi que mais discreto como já vem acontecendo. Segundo informações do serviço de inteligência do próprio Rio de Janeiro, das 12 comunidades com as Unidades de Polícia Pacifi cadora, as

OPINIÃOJosé Vicente da Silva Filho: “O negócio do trafi cante não é fazer terrorismo, é vender droga, é ganhar dinheiro”

Divulgação

“Ninguém do mundo do crime vai querer repartir território”

PONTO DE VISTA

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UPPs, 11 continuam com o tráfi co funcionando. O que deve acontecer é que a polícia vai fazer olho de vidro para evitar maiores problemas desde que o tráfi co seja feito sem violência.

Qual será o refl exo dessa operação na vio-lência urbana no Rio de Janeiro?O refl exo é que vamos ver uma melhoria em relação aos padrões de violência na localidade onde está havendo a intervenção. Não se pode creditar aos trafi cantes, seja do Complexo do Alemão, da Maré, Boréu ou Rocinha, toda a criminalidade que acontece no Rio de Janeiro. O Rio tem uma média de 10 mil assaltos a pes-soas por mês no Estado, e isso não tem nada a ver com o que acontece na Vila Cruzeiro.

O senhor vê a ofensiva como manobra po-lítica pensando nas Olimpíadas de 2014?Não. A operação não foi feita nesse sentido, mas o marketing, inclusive da imprensa, está levando para esse sentido. O fato é que ali houve uma decisão. Já que os trafi cantes começaram a atacar alguns postos policiais e incendiar veículos pela cidade, houve uma ação na Vila Cruzeiro, que fi ca no coração do Complexo do Alemão, e essa, surpreenden-temente, foi bem-sucedida. Nesse momento, que começaram as tratativas para o uso de blindados dos fuzileiros navais, se percebeu que os criminosos estavam muito acuados com os blindados nas ruas. Então, o que acon-teceu é que improvisaram a operação a partir dessa oportunidade. O Exército já estava com

contingente grande nas ruas, juntou com mais policiais e aconteceu o que aconteceu. O Exército atua no Rio com poder de polí-cia, como o senhor avalia essa situação?É preciso levar com muita cautela. Defendo que o Eexército tenha uma participação de apoio exatamente como foi feito até então. Ou seja, ele oferece a logística, os blindados, os helicópteros, eventualmente até arma-mento. Mas quem faz a abordagem, quem faz o principal trabalho é sempre a força policial. O Exército engrossa, aumenta o efetivo para aumentar o grau de persuasão.

O Exército deve implantar uma Força de Paz no Rio semelhante à que atuou no Haiti. Isso é necessário?Não. Aí começa a errar. Pode até fazer alguma coisa parecida, mas quem fala com o cidadão, quem prende o bandido, quem revista o veí-culo, tem que ser sempre um policial. Acredito que o Exército tenha se entusiasmado com a experiência do Haiti. Só que o tipo de opera-ção que é feita no Haiti é diferente. Primeiro ela atua com padrões da ONU (Organizações das Nações Unidas) e dentro de um país que tem instituições completamente fragiliza-das. Então, essa tropa acaba atuando de uma forma, digamos, bastante livre. O que acontece no Brasil é que favela, ou não, está dentro de um consenso de uma unidade democrática, com instituições funcionado, o Legislativo, o Judiciário etc. Nessas circunstâncias, uma ação

PATRULHASoldados do Exército

em patrulha por favela do Rio, em ofensiva contra o tráfi co; ao

lado, toneladas de drogas apreendidas

desastrada, por exemplo, é uma ação policial desastrada e ponto. Matou 16 trafi cantes, vai-se apurar e pronto. Se o Exército fi zer a mesma coisa, imagine se mata um inocente? Aquilo se transforma em um enorme imbróglio político e não em uma ação policial.

O Vale do Paraíba é uma possível rota de fuga desses trafi cantes?Não vejo motivo de nenhuma apreensão em re-lação a isso porque o criminoso depende de lo-cal seguro para fi car. O que acontece é que pode vir um ou outro trafi cante que tenha onde fi car, mas não vão chegar aqui dominando uma loca-lidade. É como se diz: boi em pasto alheio é vaca. Os trafi cantes daqui não vão ser tão hospitalei-ros. Ninguém do mundo do crime vai querer repartir território. E o que dizem sobre o PCC e Comando Vermelho, que eles têm uma cumpli-cidade, isso não é tão sólido assim. O Comando Vermelho é uma facção de guerrilha, enquanto que o PCC é uma cooperativa criminosa.

Qual a melhor tática de preparo para que a polícia do Vale evite essa migração?A polícia de São Paulo deve receber orientação por parte da polícia do Rio de Janeiro sobre as lideranças mais procuradas. Não porque vão afetar a criminalidade na região, mas para cola-borar com a polícia do Estado vizinho. A polícia daqui, com certeza, já está alertada para uma possível presença deles. A polícia do Vale, a po-lícia de São Paulo, vai acionar suas fontes, vão monitorar, mas apenas como colaboração. •

Fotos: Marcello Casal/Abr

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4444 Notas

”Não esperávamos

tanta arrogância,

tanta grosseria

e de forma tão

pouco ética”

Do primeiro-ministro da Rússia,

Vladimir Putin, sobre as caracterizações

que os EUA fi zeram dele nos telegramas

diplomáticos revelados pelo site WikiLeaks

A Câmara dos Deputados re-jeitou o projeto de lei que per-mitia a volta da exploração dos bingos no Brasil, proibida desde 2004. A proposta obteve 144 votos sim, 212 não e cinco abs-tenções. O resultado surpreen-deu a todos, que davam como certa a aprovação do projeto.

A proposta entrou na pauta no dia 14 de dezembro, depois de um acordo que envolveu o governo, os líderes partidários e os governadores e obteve, na semana passada, preferência para votação com a aprovação do regime de urgência.

Na semana anterior, técnicos dos Três Poderes emitiram uma nota técnica afirmando que o

Câmara rejeita legalização

Vale, Brasil & o Mundo

projeto não garantiria uma fi scali-zação adequada e, por isso, abriria brecha para a lavagem de dinheiro. Na tentativa de aliviar as pressões contra, o relator da proposta, de-putado João Dado (PDT-SP), fez algumas alterações no parecer anterior. Incluiu a Polícia Federal no rol das autoridades responsá-veis pela fi scalização do setor e excluiu a permissão expressa para exploração do videojogo.

Mesmo com as mudanças, téc-nicos do governo mobilizaram os deputados contra a proposta. A expectativa da Abrabin (Asso-ciação brasileira dos Bingos) era que os jogos criassem 250 mil empregos e arrecadação anual de R$ 7 bilhões em tributos.

”Não tenho a pre-tensão de acabar com o tráfi co no Rio de Janeiro”Do secretário de Segurança

Pública, José Mariano Beltrame

os

,

Rússia,

Justiça concede liberdade condicional a Julian Assange

O fundador do site WikiLeaks, Julian Assange, acusado de crimes sexuais na Suécia, teve a liberdade condicional concedida sob o pagamento de uma fi ança equivalente a R$ 533 mil estipulada pela Corte de Magistrados de West-minster, em Londres. Ele, que estava preso desde o dia 7 e deixou a prisão nove dias depois, se diz inocente.

Apesar de ter concedido a condicional, o juiz britânico que cuida do caso estabeleceu uma série de condições para que Assange deixasse a prisão –terá de usar um dispositivo eletrô-nico que controlará sua localização, precisará se apresentar à polícia diariamente às 18h e deverá ser mantido em custódia durante dois períodos fixos. Ele pagou a fiança com a ajuda do cineasta Michael Moore e da socialite Jemima Khan.

Assange é considerado o responsável pelo vazamento dos mais de 250 mil documentos norte-americanos, que causou constrangimento às autoridades por ter revelado segredos da política externa dos EUA. Presidentes de vá-rios países, ao terem acesso aos segredos diplomáticos divulgados, teceram críticas duras contra os EUA.

” O preconceito é a mais grave doença, pior do que o câncer. A pessoa preconceituosaestá morta por dentro”De Luiz Inácio Lula da Silva, sobre preconceitos

que serão enfrentados por Dilma Rousseff

Frases

BINGOS

WIKILEAKS

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4545Domingo 2Janeiro de 2011

Desmatamento na Amazônia cai 14%

O governo iraniano vai reforçar as medidas de segurança de seus especialistas nucleares depois que um cientista foi morto e outro fi cou ferido em atentados no Teerã. “Decidiu-se aumentar o número de guarda-costas e outras medidas de proteção de ordem técnica serão implemen-tadas”, indicou o chefe do pro-grama nuclear Ali Akbar Salehi, citado pela agência ISNA

PROGRAMA NUCLEAR

O índice de desmatamento da Amazônia Legal em 2010 caiu 14% em relação a 2009. Na região da Mata Atlântica, a queda média anual foi de 0,04% e, no apanhado de 2002 a 2008, de 0,25%. Segundo o Inpe (Instituto de Pesquisas Es-paciais), o índice é baixo porque a Mata Atlântica é o bioma mais degradado do país porque boa parte se concentra em área urbana. Com isso, um novo decreto criou o Macrozoneamento Econômico-Ecológico da Amazônia Legal, definindo o que é território rural e território urbano na região, para proteger a biodiversidade local.

MEIO AMBIENTE

Cientistas do Irã terão seguranças

Um parecer da Assembleia Legislativa evi-tará que o projeto de lei que prevê a criação da Região Metropolitana do Vale do Paraíba seja arquivado com o encerramento da atual legislatura, a exemplo do que ocorreu nas duas anteriores. A criação da RM se arrasta na As-sembleia e no governo do Estado desde 2001. Esse é o terceiro apresentado pelos parlamen-tares da região. A mudança administrativa permitirá a discussão conjunta dos problemas das 39 cidades da região, além de assegurar o aumento de repasses estaduais e federais para os municípios. O projeto prevê Conselho de Desenvolvimento para defi nir ações, Fundo de Investimento para receber verbas e Agência de Desenvolvimento para executar políticas pú-blicas. O Estado não concedeu parecer técnico à proposta, que está em análise na Secretaria de Planejamento desde abril de 2008.

REGIÃO METROPOLITANA

Parecer evita que projeto seja arquivado na AL

Iraque pede pena de morte a 39 da Al QaedaO ministro do Interior do Iraque, Jawad Al Bolani, pediu a pena de morte para 39 suspeitos de pertencerem à rede terro-rista Al Qaeda, antes mesmo do julga-mento por conspirar para bombardear alvos na capital Bagdá. Segundo ele, uma rápida condenação à morte garantirá que os detentos não sejam libertados pelas forças de segurança.

Os EUA julgam inadequada a preparação do Brasil para receber as Olimpíadas de 2016 no Rio de Janeiro e temem pelas condições de segurança do evento, já que uma diplomata brasileira admitiu que pode haver a possibilidade de atentados terroristas durante os jogos. O documento, intitulado “Olimpíadas 2016 - O Fu-

OLIMPÍADAS DE 2016

Brasil teme ataque terrorista

turo é Agora”, afi rma que “embora o Brasil tenha experiência em eventos de grande porte como os Jogos Pan-americanos, os Jogos Olímpicos serão um desafi o sem precedentes”. Ainda assim, o texto diz que funcionários do Mi-nistério de Relações Exte-riores relataram repetidas vezes à missão americana que “o Comitê Olímpico Internacional não consi-derou a situação no Rio inadequada”.

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46

Mundo

Elaine SantosSão José dos Campos

Ruas devastadas, escombros e fi las gigantescas com mi-lhares de pessoas à espera de alimento e assistência médica. Foi o que aconteceu em Porto Príncipe, no Haiti,

minutos após o terremoto que matou mais de 200 mil pessoas em 12 de janeiro de 2010. Um ano depois da tragédia, que tirou a vida de 10 soldados e ofi ciais do 5º BIL (Batalhão de Infantaria Leve) de Lorena em Missão de Paz da ONU (Organização das Nações Uni-das) naquele país, o cenário de guerra con-tinua, agora agravado por uma epidemia de cólera que já infectou 30 mil haitianos e causou 1.350 mortes.

O terremoto que devastou a capital hai-tiana ainda respira. Quem circula por Porto Príncipe vê uma cidade condenada pela miséria. O tremor de 7,3 graus na escala Richter, o mais forte dos últimos 200 anos, afetou 3 milhões de pessoas e deixou para a população somente a esperança de recons-trução do país, cuja capacidade adminis-trativa também sucumbiu. Apenas 2% do entulho foi removido, só 13 mil abrigos tem-

Haiti: restaa esperançaUm ano após o terremoto, que pôs no chão a capital Porto Príncipe e provocou a morte de 10 militares do Vale do Paraíba, o cenário de guerra continua e é agravado por uma epidemia de cólera e pela violência

porários foram construídos e apenas 15% da ajuda mundial prometida por diversos países e organizações chegou até agora ao país. Com isso, mais de 1 milhão de pessoas continuam abrigadas em lonas de plásticos sob um calor infernal –a sensação térmica é de até 46 graus.

A violência no Haiti também aumentou após a fuga de centenas de detentos da principal prisão da capital e pela escassez de comida e água na nação mais pobre das Américas, com 80% da população vivendo abaixo da linha de pobreza. Desde a catás-trofe, a ONU tenta exterminar um outro problema crônico no país: a corrupção. Estima-se que a cada US$ 100 doados ao Haiti, apenas US$ 25 chegam efetivamente para fi nanciar projetos e programas sociais. Enquanto isso, a população continua sem saneamento básico, energia elétrica e sis-tema de água potável.

Mesmo diante de tanta calamidade, uma força maior une voluntários de todo o mundo naquele país que um dia foi consi-derado um paraíso tropical. Atualmente, 2.100 soldados brasileiros atuam na Mis-são de Paz no Haiti. Outros mil, do 2º Ba-talhão do 15º Contingente de Força de Paz ao Haiti, em Caçapava, foram selecionados para começar os treinamentos tático e prá-tico de seis meses que lhes darão condições

MISSÃO DE PAZ

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NO CHÃOSoldado brasileiro

em frente ao Palácio Presidencial, em

Porto Príncipe, sede do governo haitiano,

que ruiu minutos após o terremoto

Fotos: Flávio Pereira

Antônio José Anacleto, 23 anosEra o fi lho caçula da família Ana-cleto. Nascido e criado em Cachoeira Paulista, morava com três irmãos e o pai. Estava ansioso em voltar ao Brasil para conhecer a sobrinha, que nasceu oito dias antes do terremoto

Bruno Ribeiro Mário, 26 anosApós vários anos sem conseguir comemorar o aniversário com os parentes, Bruno pretendia passar a data –8 de fevereiro– com a famí-lia, que é de Santa Maria (RS). Ele morava havia três anos em Lorena

Davi Ramos de Lima, 37 anosSonhava em seguir a vida militar. Davi nasceu em Garanhuns (PE) e foi criado em João Pessoa (PB). Ele morava com a mulher e os fi lhos, à época de 7 anos e de 4 meses, e uma enteada, de 14 anos, em Lorena

Douglas Pedrotti Neckel, 24 anosDouglas foi voluntário na Minustah por razões humanitárias: queria ajudar o povo haitiano. Ele morava em Lorena, onde os amigos pre-paravam uma festa surpresa para recepcioná-lo na volta ao Brasil

Felipe Gonçalves Júlio, 22 anosMorava em Lorena e iria prestar prova para a Polícia Militar. Felipe pretendia apresentar sua namorada aos pais. Tinha como paixão os car-ros, especialmente o seu, o qual exi-bia por meio de fotos em sites

Leonardo de Castro Carvalho, 29 anosPretendia viajar por cerca de dois meses antes de se apresentar ao quartel. Leonardo estava havia nove anos no Exército –os últimos seis meses com a tropa que atuava na Missão de Paz no Haiti

Rodrigo Augusto da Silva, 24 anosHoras antes de morrer, Rodrigo disse via internet à mulher, Andréa, que sentia que algo poderia ocorrer e que jamais voltaria ao Brasil. Ele temia por um desastre aéreo. Deixou dois fi lhos, em Cachoeira Paulista

Rodrigo de Souza Lima, 23 anosNascido em Piraí (RJ), falou com os pais um dia antes do terremoto. Ro-drigo fazia a escolta da fundadora da Pastoral da Criança, Zilda Arns, que dava uma palestra em uma igreja e também morreu na tragédia

Tiago Anaya Detimermani, 23 anosEra casado no civil desde novem-bro de 2008 e estava com a data marcada para a cerimônia reli-giosa: 10 de abril de 2010. Preten-dia ter o primeiro fi lho assim que retornasse ao Brasil

Washington Luis de S. Seraphin, 23 anos

Pretendia se casar com a namorada, com quem tinha um relacionamento de sete anos, quando voltasse para Lorena. Também queria retomar o curso de Biologia, paralisado devido sua viagem ao Haiti

HomenagemOs heróis da região

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de trabalho em solo haitiano. São jovens de 18 a 24 anos que, em agosto de 2011, vão substituir o atual contingente.

À época do terremoto, 150 militares da re-gião atuavam no Haiti. Desses, 30 ofi ciais estavam à frente do Comando de Paz do Exército brasileiro. Na tragédia, considerada uma das maiores dos últimos anos, dez mili-tares do 5º BIL de Lorena morreram e outros seis fi caram feridos, sendo que três deles ainda estão em tratamento médico. As víti-mas fatais da tragédia são o 1º tenente Bruno Ribeiro Mário, os sargentos Davi Ramos de Lima, Leonardo de Castro Carvalho e Ro-drigo de Souza Lima, os cabos Douglas Pe-drotti Neckel e Washington Luis de Souza Seraphin e os soldados Rodrigo Augusto da Silva, Tiago Anaya Detimermani, Antônio José Anacleto e Felipe Gonçalves Júlio.

A maioria desses militares estava no cha-mado Ponto Forte 22, que servia para des-canso das tropas, além de ser o local de patrulhamento. Com o forte tremor de terra, registrado por volta das 17h (horário local), o prédio de dois andares ruiu, soterrando as vítimas. Faltavam apenas 18 dias para que toda a tropa da região voltasse para o Brasil. Com a catastrofe, os 140 soldados e ofi ciais do Vale do Paraíba que sobreviveram à tragé-dia tiveram o retorno para a casa adiado em um mês para que pudessem ajudar nos tra-balhos de resgate das vítimas. Duas semanas após o sismo, ainda eram retirados haitianos com vida dos escombros.

SobreviventesParte dos soldados sobreviventes traba-lha no batalhão de Caçapava, entre eles, o fuzileiro Diego de Oliveira Reis, 22 anos. “Quanto tudo aconteceu senti um aperto no coração. Perder colegas, amigos que convivemos juntos durante um ano, é uma angustia muito grande. Ver seus amigos morrendo... O povo lá já era muito pobre, carente, sem estrutura, sem saneamento básico. Até hoje me lembro daquelas crian-ças de 4, 5 anos correndo atrás da viatura pedindo comida. Nossa missão não era dar comida, era oferecer segurança. Foi tudo muito difícil. Nós não passamos fome, a tropa, mas os haitianos sim. Ver tudo aquilo foi muito dolorido”, disse o fuzileiro, que não quer voltar ao Haiti para não deixar a família sozinha no Brasil.

“No dia do terremoto eu estava na guarda. Foi muito assustador. Senti um tremor enorme. Eu já estava lá havia seis meses, iríamos voltar, mas acabamos fi cando mais

PATRULHA Soldado da Missão de Paz durante patrulha por Bel Air, o maior e mais violento bairro de Porto Príncipe

um mês depois do terremoto. Não é uma si-tuação agradável acompanhar toda aquela tragédia, mas tivemos que arrancar for-ças do interior para poder enfrentar tudo aquilo e ainda ajudar aquela população”, disse o terceiro sargento Sérgio Eduardo Marinho Silva. Antes do terremoto, Silva tinha função administrativa, era responsá-vel pelo pagamento dos militares. Depois, como todo o restante da tropa, seguiu aju-dando em todas as frentes de trabalho.

“O militar por si já tem um psicológico preparado para isso, sabíamos o que íamos encontrar lá. Só que o terremoto não era esperado. Não voltei mais para lá, mas para meus companheiros que estão se prepa-rando para ir digo: boa sorte. Estar no Haiti é uma missão nobre e, depois do terremoto, fi cou mais nobre ainda porque é de suma importância nossa estada lá, ajudando

aquelas pessoas. Ficamos muito tristes com as perdas, mas ao mesmo tempo nós perdemos aqueles militares que deram a vida ajudando outra pessoa, é uma missão muito nobre. Eu voltaria”, disse o sargento.

O Brasil mantém presença forte no Haiti desde 2004, quando foi criada a Minustah (Missão das Nações Unidas para Estabili-zação do Haiti) para ajudar na reconstru-ção do país após a deposição do presidente Jean-Bertrand Aristide. Após o terremoto, os principais trabalhos têm sido no combate à epidemia de cólera. “Temos um contin-gente de 2.100 militares hoje. Antes do ter-remoto eram 1.200 e depois enviamos mais 900, além disso, temos uma representação diplomática significativa na embaixada”, disse Rodrigo de Oliveira Godinho, chefe do departamento América Central e Caribe do Ministério das Relações Exteriores.

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SOLENIDADE Militares do Vale do

Paraíba em cerimônia de formatura dos soldados que irão

atuar na Missão de Paz do Haiti em 2012

De acordo com o Ministério das Rela-ções Exteriores, o governo brasileiro já enviou para o Haiti cerca de US$ 410 mi-lhões após o terremoto –US$ 170 milhões em ajudas humanitárias, US$ 155 milhões para o fundo de reconstrução, US$ 70 milhões para programas de cooperação na área da saúde e US$ 15 milhões para cooperação técnica. “Estou indo pela ter-ceira vez ao Haiti dentro de um espaço de cinco meses. Minha percepção é que, ao menos, na região central de Porto Prín-cipe já foi removido uma parcela signifi-cativa de entulho. Já há um certo aspecto de normalidade, pelo menos na área mais central. Mas obviamente é um trabalho intenso que demanda principalmente recursos, é um trabalho muito caro e também demanda resolução de alguns problemas legais como, por exemplo, tí-

tulos de propriedade. Muita parte desse entulho está localizado em áreas priva-das, então há uma dificuldade legal nisso tudo”, disse Godinho.

O clima do efetivo de mil homens que se prepara para atuar no Haiti no segundo semestre de 2011 é otimista. Ali cada um dos soldados se mostra orgulhoso em fazer parte da Missão de Paz. “Serão seis meses de preparativos e mais seis meses de missão na ativa. São desafi os, mas nós fomos preparados para isso. Estou muito entusiasmado, afi nal é uma realização pro-fi ssional e, mesmo diante de tanto fl agelo, acredito que vale muito a pena levarmos a mão amiga àquele país. Vamos nos prepa-rar intensamente durante esse primeiro semestre de 2011”, disse o capitão Ulisses Frontzek, 34 anos, do batalhão de Caça-pava, responsável por todo efetivo.

Das mães e viúvas dos militares mortos no terremoto do Haiti, apenas uma, Cleunice Souza Seraphin, já recebe a pensão pela morte do fi lho, Washington Luis de Souza Seraphin. As demais ainda aguardam decisão do Exér-cito, que reconhece a demora na concessão do benefício.

“O que tem nos ajudado é o grupo Amor Infi nito, criado em Lorena, que reúne mães que perderam seus fi lhos de forma trágica. Não tivemos nenhum apoio no início, nem psicológico. Seis meses depois vieram falar conosco. Todas as mães e viúvas tiveram que entrar na Justiça para ter o direito à pensão”, disse Ana Lúcia Pedrotti, mãe do cabo Douglas Pedrotti Neckel.

De acordo com o coronel José Alberto Zamith, da 12ª Brigada de Infantaria Leve de Caçapava, todos os processos que defi nem o benefi ciário dos ofi ciais estão em andamento e devem ser analisa-dos separadamente. “Nem todas as mães são benefi ciárias dos seus fi lhos mortos. Cada caso é um caso. Estamos cuidando de tudo corretamente”, disse.

Em novembro, a Comissão Mista de Orçamento do Con-gresso aprovou a abertura de um crédito especial para indenizar as famílias dos militares mortos. A indenização é de até R$ 500 mil, mais um auxílio de R$ 510 mensais por fi lho em idade esco-lar. O projeto ainda precisa ser aprovado pelo Congresso. Não há previsão de quando será votado. Prometida por Luiz Inácio Lula da Silva em janeiro –na cerimônia de chegada dos corpos dos mili-tares ao Brasil–, a indenização foi sancionada em junho.

No próximo dia 12 de janeiro, data em que se completa um ano da tragédia, as famílias dos solda-dos se reúnem em Lorena para uma missa de homenagens na igreja Nossa Senhora Aparecida.•

Mães e viúvas esperam pensões

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Ensaiofotográfi co

São Luís antes

A fotógrafa Tanda Melo registrou as cores A fotógrafa Tanda Melo registrou as cores e a arquitetura de São Luís do Paraitinga.e a arquitetura de São Luís do Paraitinga.As fotos foram feitas antes da enchente As fotos foram feitas antes da enchente que devastou a cidade em janeiro de 2010que devastou a cidade em janeiro de 2010

Tanda MeloFOTÓGRAFA

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MATRIZA Igreja de São Luís de

Tolosa, antes de ser destruída pelas

chuvas. Abaixo o que restou da construção

São Luísdepois

O fotógrafo Flávio Pereira aproveitou o ensaio de Tanda Melo para revelar, um

ano depois, as novas cores e a arquitetura que resistiu, ou não, à cheia na cidade

Flávio PereiraFOTÓGRAFO

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54 Ensaio5454 Ensaio5454 Ensaio54

ANTESA fachada da

cafeteria, na praça Oswaldo Cruz,

ainda tinha um prédio vizinho

como companhia

DEPOIS As cores mudaram

e o prédio ao lado desabou com a

força das águas do Rio Paraitinga, que

inundou a cidade

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ANTESA fachada do casarão que durante muitos anos olhou a praça com as cores esverdeadas

DEPOISHoje, apesar das fl ores, tudo teve que ser reconstruído e recuperado do antigo prédio

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56 Ensaio56

DEPOISNo fundo, a fachada foi completamente reconstruída, e a vivacidade das cores se perdeu

ANTESAs tonalidades vivas, uma das características da cidade, saltavam aos olhos

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58 Coisa & Taltigo

Um diálogo entre nossa fé, a genética e a biologia molecular (parte 2)

Marco Antonio Vitti

Marco Antonio VittiEspecialista em biologia molecular e genética

[email protected]

No artigo anterior, men-cionei que a experiên-cia da fé é um dom do Criador e não algo que

se compra em qualquer lugar. E que a fé, segundo Rudolf Otto em seu livro “O Sagrado, a ex-periência da Fé”, é denominada de ‘Numinosa’, a que contém o ‘númem’, a luz, primeira grande obra de Deus: “FIAT LUX”, que a luz se faça. E a luz se fez! O neu-rocientista Mario Beauregard, professor titular da Universi-dade de Montreal, pesquisando sobre a fé, tenta localizar o “re-ceptor interno” da experiência numinosa, a Experiência da Fé.

Experimentos realizados com mís-ticos mexicanos, que fazem uso de mescalina, um centro encarregado da percepção do sobrenatural e, portanto do misticismo, analisa o funcionamento neural tanto desses místicos, quanto do fun-cionamento neural de freiras em clausura. Relatos demonstram que tanto a experiência dos índios que usam o mescal, quanto a experiên-cia das freiras para obter o que de-nominam de unio mística, ou união mística, é análoga, isto é, igual –ou seja a união com a entidade divina.

Um dos sintomas que pacientes com esquizofrenia apresentam, as-sim como pacientes com epilepsia temporal, é sua grande variedade de experiências místicas, o que fez com que um neurologista indiano de nome Vilayanur Ramachandran

relacionasse o lobo temporal como o centro cerebral da experiência mística. Ramachandran realizou uma pesquisa com mil voluntários, que foram sub-metidos ao Inventário de Caráter e Personalidade, de Robert Cloninger. Esse invetário diagnostica os três neu-rotransmissores principais: serotonina, noradrenalina e dopamina, além de uma variante do gene VMAT2, que co-difi ca fantasticamente uma proteína de transporte das monoaminas anteriores, que parecem estar diretamente ligadas com os índices mais altos de transcen-dência –como Jung definiu como a Função Transcendente, e eu correla-cionei com o neurotransmissor GABA: Ácido Gama Amino Butírico, um neu-rotransmissor produzido pelas benzo-diazepinas, os calmantes, e também os anticonvulsivantes, evitando a agitação e convulsões, acalmando os pacientes com alta ansiedade e convulsões.

Daí pode inferir que a transcendência mística somente é alcançada sob condi-ções especiais, que como fomos criados por Deus, carregamos dentro de nós, o gene de Deus, e a evolução biológica nos proporciona ou não transmitir durante a evolução permitindo o desenvolvi-

mento de uma sociedade serena e solidária. Ramachandran pesquisou com o Inventário de Caráter e Com-portamento de Cloninger principal-mente o tipo Bioquímico Transcen-dência, que eu denomino de GABA.

A serotonina desenvolve a depres-são em pessoas que evitam sofri-mento; a noradrenalina, a depressão das pessoas que sofrem de ansiedade de antecipação, e a depressão anedô-nica, isto é, as pessoas que não pos-suem energia para fazer nada e não sentem o menor prazer na vida. Ra-machandran correlacionou a trans-cendência a três pontos para que al-guém possa alcançar a fé: capacidade de esquecer de si mesmo, isto é, libe-rar-se do Ego material; sentimento de identifi cação transpessoal, isto é, o sentimento de estar interligado com o universo; e o misticismo, isto é, capacidade de acreditar em fatos não demonstráveis.

Quando estes três aspectos espiri-tuais estão presentes, conectamos o espírito que não é material, com o Universo, e então a fé. Quando to-dos os neurotransmissores estão em equilíbrio e funcionando ao mesmo tempo e estamos desligados de nosso Ego, alcançamos a fé e, prin-cipalmente, perdemos o medo da morte, pois nosso espírito fi ca livre para fazer parte novamente do todo de onde viemos e, voltamos aprimo-rados ou não pela vida que levamos aqui na Terra, para fazermos parte do Universo que é eterno apesar do ser humano achar que não. •

“Pacientes com esqui-zofrenia apresentam grande variedade de experiências místicas”

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FFérias perfeitas são aquelas que érias perfeitas são aquelas que acalmam a mente, revigoram acalmam a mente, revigoram o corpo e melhoram o humor. o corpo e melhoram o humor. Para tudo isso acontecer, o Para tudo isso acontecer, o ideal é ter opções para apro-ideal é ter opções para apro-veitar o momento de folga sem veitar o momento de folga sem

precisar enfrentar intermináveis conges-precisar enfrentar intermináveis conges-tionamentos, inúmeros pedágios, fi las nos tionamentos, inúmeros pedágios, fi las nos aeroportos, ou ainda, atrasos e cancela-aeroportos, ou ainda, atrasos e cancela-mentos de voo. Pensando nisso, a revista mentos de voo. Pensando nisso, a revista valeparaibanovaleparaibano elaborou um prático ro- elaborou um prático ro-teiro para quem sair de casa tendo como teiro para quem sair de casa tendo como única preocupação as malas por fazer.única preocupação as malas por fazer.

São atividades que demandam pouco São atividades que demandam pouco tempo de viagem e dinheiro, já que a su-tempo de viagem e dinheiro, já que a su-gestão é aproveitar as atrações regionais, gestão é aproveitar as atrações regionais, delimitadas em um raio de até 200 quilô-delimitadas em um raio de até 200 quilô-metros partindo de São José dos Campos. metros partindo de São José dos Campos. Você pode fazer o tradicional “bate e volta” Você pode fazer o tradicional “bate e volta”

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Preparamos um roteiro com atrações regionais, delimitadas a um raio de até 200 quilômetros partindo de São José dos Campos, para você passar momentos agradáveis e de muita diversão nesta temporada. Boa viagem

Fériasde verão

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PARAÍSO Barcos pesqueiros ao nascer-do-

sol na praia da Figueira, em São Sebastião, com Ilhabela ao fundo

ou esticar a estadia visando desfrutar com ou esticar a estadia visando desfrutar com mais tranquilidade tudo o que seu destino mais tranquilidade tudo o que seu destino tem a oferecer. O itinerário inclui parte tem a oferecer. O itinerário inclui parte da costa norte do litoral paulista, Vale do da costa norte do litoral paulista, Vale do Paraíba e Vale Histórico, Serra da Manti-Paraíba e Vale Histórico, Serra da Manti-queira, Mogi das Cruzes e São Paulo.queira, Mogi das Cruzes e São Paulo.

Destinos já consolidados nas férias de Destinos já consolidados nas férias de verão, como a praia de Maresias, em São verão, como a praia de Maresias, em São Sebastião, que reúne em seus cinco quilô-Sebastião, que reúne em seus cinco quilô-metros de extensão gente bonita e muita metros de extensão gente bonita e muita badalação, ao menos desbravados, porém badalação, ao menos desbravados, porém não menos estimulantes, como o turismo não menos estimulantes, como o turismo cultural nas pequenas cidades do Vale His-cultural nas pequenas cidades do Vale His-tórico, onde fazendas e casarões dos tem-tórico, onde fazendas e casarões dos tem-pos de ouro do café são preservados para pos de ouro do café são preservados para acolher e levar seus visitantes a uma via-acolher e levar seus visitantes a uma via-gem pelo Brasil colonial.gem pelo Brasil colonial.

Há opções para todos os gostos e grupos. Há opções para todos os gostos e grupos. Aos mais aventureiros, a dica é reservar um Aos mais aventureiros, a dica é reservar um dia para descer um dos circuitos de rafting dia para descer um dos circuitos de rafting de São Luís do Paraitinga. A atividade pode de São Luís do Paraitinga. A atividade pode durar entre duas e quatro horas, depen-durar entre duas e quatro horas, depen-dendo do grau de difi culdade escolhido. dendo do grau de difi culdade escolhido. Mas se a ideia é respirar o ar puro da Serra Mas se a ideia é respirar o ar puro da Serra

da Mantiqueira, nada melhor do que fazer da Mantiqueira, nada melhor do que fazer isso do alto. Em Santo Antônio do Pinhal é isso do alto. Em Santo Antônio do Pinhal é possível saltar de uma altura de 1.700 me-possível saltar de uma altura de 1.700 me-tros a partir do conhecido Pico Agudo.tros a partir do conhecido Pico Agudo.

Os roteiros rurais de Mogi das Cruzes, Os roteiros rurais de Mogi das Cruzes, normalmente mais utilizados pelos paulis-normalmente mais utilizados pelos paulis-tanos, estão em alta. A cidade é referência tanos, estão em alta. A cidade é referência no agronegócio e abriu as portas para rece-no agronegócio e abriu as portas para rece-ber interessados em passar dias, ou mesmo ber interessados em passar dias, ou mesmo um dia, como um verdadeiro homem do um dia, como um verdadeiro homem do campo, explorando as áreas de cultivo de campo, explorando as áreas de cultivo de cogumelos, caqui, hortaliças e orquídeas. cogumelos, caqui, hortaliças e orquídeas. Diversos sítios e fazendas possuem hos-Diversos sítios e fazendas possuem hos-pedagem –ideal para quem quer acordar pedagem –ideal para quem quer acordar cedo apenas para ser o primeiro a saborear cedo apenas para ser o primeiro a saborear um pedaço de queijo branco, antes de uma um pedaço de queijo branco, antes de uma cavalgada sentindo a Pedreira da Estrada cavalgada sentindo a Pedreira da Estrada de Ferro Central do Brasil e se banhar na de Ferro Central do Brasil e se banhar na cachoeira do distrito de Sabaúna.cachoeira do distrito de Sabaúna.

AgitoAgitoSão Paulo é um verdadeiro banquete para São Paulo é um verdadeiro banquete para todo amante de eventos culturais, boa mú-todo amante de eventos culturais, boa mú-sica, arte, gastronomia e, até mesmo, para sica, arte, gastronomia e, até mesmo, para

aquele que só quer aproveitar o fi m de tarde aquele que só quer aproveitar o fi m de tarde e contemplar o pôr-do-sol sob a sombra de e contemplar o pôr-do-sol sob a sombra de uma árvore. Distante apenas 97 quilôme-uma árvore. Distante apenas 97 quilôme-tros de São José dos Campos, a capital pau-tros de São José dos Campos, a capital pau-lista é muito procurada nas férias, princi-lista é muito procurada nas férias, princi-palmente entre jovens, que querem visitar palmente entre jovens, que querem visitar mostras, assistir a peças teatrais e shows mostras, assistir a peças teatrais e shows que difi cilmente chagariam ao interior.que difi cilmente chagariam ao interior.

A vida noturna é comparável a das princi-A vida noturna é comparável a das princi-pais metrópoles do mundo, com opções de pais metrópoles do mundo, com opções de bares, restaurantes e baladas para todos os bares, restaurantes e baladas para todos os gostos –e todos os dias da semana. O agito gostos –e todos os dias da semana. O agito passa pela Vila Madalena, Pinheiros, Mo-passa pela Vila Madalena, Pinheiros, Mo-ema, Barra Funda, Vila Olímpia e diversas ema, Barra Funda, Vila Olímpia e diversas outras regiões. Mas não são apenas as noi-outras regiões. Mas não são apenas as noi-tes paulistanas que atraem os turistas. A tes paulistanas que atraem os turistas. A cidade possui os maiores e mais importan-cidade possui os maiores e mais importan-tes museus do país, como o Museu de Arte tes museus do país, como o Museu de Arte Moderna, Museu de Arte Sacra, Museu do Moderna, Museu de Arte Sacra, Museu do Ipiranga e Museu Brasileiro de Escultura. Ipiranga e Museu Brasileiro de Escultura. No total são 88 espaços dedicados a expo-No total são 88 espaços dedicados a expo-sições, além das inúmeras galerias de arte sições, além das inúmeras galerias de arte e espaços alternativos de cultura, teatros e espaços alternativos de cultura, teatros e casas de espetáculos.e casas de espetáculos.

Flávio Pereira

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Fotos: Flávio Pereira

S eja para estender a canga na areia e se bronzear, fi car horas na água esperando aquela onda perfeita ou mesmo sentar em um quiosque a beira-mar apenas para saborear uma porçãozinha

de camarão e jogar conversa fora. Indepen-dentemente da preferência, uma opinião é unânime: durante as férias de verão, nada me-lhor do que curtir uma bela praia. Neste pe-ríodo, depois de um ano inteiro de trabalho, o importante é conseguir aliar o descanso ao lazer que a época sugere.

E opções para isso não faltam no Litoral Norte. Cercada pela Mata Atlântica, a costa oferece 181 praias distribuídas entre Cara-guatatuba, Ubatuba, Ilhabela e São Sebas-tião. Se a ideia é se isolar com a família em águas claras e tranquilas, uma das alterna-tivas é a Praia de Prumirim. O local é um segredo guardado pela natureza, distante 25 quilômetros do centro de Ubatuba, que es-conde ainda a Cachoeira de Prumirim, onde os banhistas costumam se refrescar e tirar o sal do corpo depois de curtir o banho de mar.

Ainda em Ubatuba, para quem procura um pouco mais de badalação, sem abrir mão do contato com a natureza, a dica é Itamambuca. Famosa pelas ondas que atraem surfistas de todos os cantos do país, a praia pode ser uma

Litoral NorteRegião reúne praias tranquilas e badaladas, além do agito dos bares e casas noturnas

SURFERADICALSurfi sta pega onda em Juqueí, em São Sebastião, uma das praias preferidas dos turistas; Itamambuca e Vermelha do Norte, em Ubatuba, também são opções para o surfe

BELEZA NATURAL Vista da praia da Cocanha,

em Caraguá, muito procurada pelas família na alta temporada

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ótima opção para a família, já que em janeiro o mar costuma ser menos agitado. Mesmo sim, se a proposta é o surfe, com muita paciência e de-pendendo do dia, pode-se conseguir descer uma onda –só não espere nada acima de meio metro.

Na ponta direita da praia desemboca o Rio Itamambuca. De águas límpidas e fundo are-noso, o local já foi considerado impróprio para os banhistas, mas hoje é uma das principais atrações da região, onde as crianças costu-mam nadar com seus precavidos pais. O ideal é chegar cedo para garantir uma boa vaga de estacionamento, principalmente se a intenção é encontrar um espaço nas alamedas sombrea-das pelas árvores nativas.

Mergulho e PescaNa vizinha Caraguatatuba, a praia da Cocanha aparece como alternativa para a diversão de crianças e adultos. O visual é composto por grandes coqueiros, barcos de pesca e pelas ilhas Cocanha e Tamanduá. O mar calmo e de águas claras atrai famílias e adeptos do caiaque e do mergulho de observação. A infraestrutura inclui quiosques, bares e restaurantes. A praia abriga ainda a maior fazenda de mexilhões do Estado, onde é possível visitar, alugando um dos barcos de passeio disponíveis.

Quem utiliza da pesca como terapia pode aproveitar o dia na Massaguaçú, considerada

PAQUERABADALAÇÃOPraia Vemelha do Norte, em Ubatuba, encanta pela na-tureza e quantidade de gente bonita . Por ser de tombo, é ideal para o surfe. À noite , o som do mar se une ao violão em torno de uma fogueira para um tradicional lual

Claudio Vieira/vp

VELAVeleiro no canalde São Sebastião

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ADRENALINAAventureiros sobrevoam a orla de Caraguá; saltos

são realizados a partir do Morro de Santo Antonio

AVENTURASalto de asa delta em

Caraguá; esportes radicais são atração

na alta temporada

AVENTURAVOO LIVRECom 340 metros de altitude, o Morro de Santo Antônio, em Caraguatatuba, serve de encontro para os amantes da asa-delta e do parapente. A atividade pode ser contratada no local . Do alto, é possível apreciar a enseada de Caraguá

Fotos: Claudio Vieira/vp

pela população local a melhor praia para pes-caria de arremesso, já que não é preciso entrar na água para lançar o anzol. No mar é possível encontrar com maior frequência as espécies Sargo e Robalo. A praia já foi palco até mesmo de torneios internacionais de pesca e hoje con-centra competições regionais.

RefúgioA queridinha Ilhabela também tem seus refú-gios. Vale destacar Castelhanos. A praia une aventura e agito em um cenário digno de pôster de agência de turismo. Só há um acesso de carro para quem quer desfrutar desse paraíso. São 22 quilômetros de estrada de terra, buracos e lama. Como nada é perfeito, atrás do mar de Caste-lhanos vem uma legião de turistas e atrás des-tes uma legião de pernilongos e borrachudos. Os turistas costumam fi car na praia a manhã inteira e começo da tarde. Tempo sufi ciente para relaxar nas ondas, observar pássaros, esquilos e a Mata Atlântica, que tem em suas trilhas cachoeiras, como a do Gato, com seus intermináveis 80 metros de altura. Para chegar é preciso caminhar 25 minutos por uma trilha.

Outra praia extremamente preservada em Ilhabela é a Jabaquara. Com quase meio quilô-metro de areia branca e fi na, poucos banhistas frequentam o local, onde apenas dois quios-ques servem bebidas e petiscos. Tomar sol, se refrescar no mar, praticar esportes náuticos ou apenas apreciar a natureza são algumas das possibilidades para os visitantes. A praia é emoldurada por dois riachos que formam pis-cinas naturais na areia antes de desaguar len-tamente no oceano. Para chegar na praia Jaba-quara, é preciso percorrer a estrada principal da ilha até o fi m, quando começa o trajeto de terra, com cerca de dez quilômetros de extensão.

É VERÃOTuristas na praia de Itamambuca,

em Ubatuba

Flávio Pereira

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NÁUTICAPASSEIO NO MARO píer do Saco da Ribeira é o centro do turismo náu-tico de Ubatuba. Do local, partem iates, lanchas e escunas para passeios pela orla e ilhas da região, como a Ancheita, segunda maior ilha do litoral de São Paulo, com belissímas praias e tri-lhas que levam às ruínas de um antigo presídio

PointsPraia, cachoeira, balada, bons restaurantes. Com infraestrutura turística de alto nível e programação bem variada, a Praia de Camburi é um dos points do Litoral Norte. Localizada em São Sebastião, é uma das mais badaladas do litoral, junto com Maresias. O mar da região é um convite para se refrescar e praticar es-portes como surfe e kitesurfe. Além da beleza da praia, a exuberância da Mata Atlântica pre-servada atrai quem gosta de fazer trilhas e se aventurar pela mata, de bela fl ora e cachoeiras.

Também é em Camburi onde fi ca uma das boates mais concorridas do litoral de São Paulo. Centro do agito, o Galeão é di-vidido entre bar e eclética pista de dança, que embala os turistas com sons que vão do eletrônico ao axé. Sem muita difi cul-dade você pode esbarrar com alguma ce-lebridade, jogador de futebol e ícones do surfe, até mesmo o decacampeão mundial

Flávio Pereira

Kelly Slater já pisou por lá. O agito e a beleza de Camburi só divide a aten-

ção dos turistas com a também animada Ma-resias. Passa verão, entra verão e a praia segue como um dos destinos mais procurados do Li-toral Norte. Também pudera: seus cinco quilô-metros de extensão reúnem o que há de melhor nesta época do ano: pessoas bonitas, boa gas-tronomia, mar limpo e, para quem é adepto do surfe, uma das melhores ondas do Brasil, além da famosa badalação noturna do Sirena.

Quem quer evitar pegar a praia lotada, princi-palmente nos fi nais de semana, deve estender a canga e abrir o guarda-sol logo pela manhã, de preferência antes do meio-dia, já que até esse horário a maioria dos turistas, principal-mente os jovens, está dormindo, recuperando a energia gasta no dia anterior. Já para os que procuram o agito, a dica é fi car entre o número “2000” da Avenida Francisco Loup e o Canto do Moreira, o preferido dos surfi stas.

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Serra da MantiqueiraCalmaria e aventura nas montanhas

Verão é sinônimo de praia? Pode ser, mas ainda há turistas que preferem a calmaria das mon-tanhas, longe do agito do litoral. No alto da Serra da Mantiqueira, a 1.700 metros de altitude, Cam-

pos do Jordão é destino certeiro para quem gosta de um verão com muito requinte. A ci-dade dispõe de uma gama de hotéis e pousadas aconchegantes, bares e restaurantes de alto ní-vel e uma intensa programação cultural.

Campos é uma das estâncias turísticas mais procuradas quando a temperatura cai no in-verno. No entanto, na estação mais quente do ano, continua como ótima opção para passar um dia ou um fi m-de-semana. Não à toa que ga-nhou o título de “Suíça Brasileira”. Entre suas vilas, a mais sofi sticada é Capivari, que con-centra lojas especializadas em malhas e cho-colates, e a disputada cervejaria Baden Baden.

Para quem é ligado em natureza, Campos ofe-rece diversas atrações ecológicas. O visitante pode escolher entre trilhas, pescaria, arvo-rismo e passeios a cavalo, entre outras moda-lidades. Uma boa opção é conhecer o Parque Estadual de Campos do Jordão, o mais antigo horto fl orestal do Brasil, que oferece uma vasta área para piquenique, churrasqueira, atelier ambiental, centro de exposições com mostras de exemplares da fauna e fl ora da região.

Encravada no meio da serra, São Bento do

FELÍCIA LERNERARTEO museu, em Campos do Jordão, é o primeiro do Brasil a expor suas obras a céu aberto. O espaço reúne 100 peças esculpidas em bronze, granito e cimento branco

COMPRASCOMPRASTuristas no Capivari, Turistas no Capivari,

bairro badalado em bairro badalado em Campos do JordãoCampos do Jordão

SUÍÇA BRASILEIRAMovimento no bairro do Capivari, principal ponto turístico de Campos

Claudio Capucho/vp

Flávio Pereira

Flávio Pereira

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PEDRA DO BAÚTRILHA E ESCALADALocalizada em São Bento do Sapucaí, é uma fantásti-ca formação rochosa. Seu cume está a 1.950 metros de altitude, de onde é possível avistar boa parte da Serra da Mantiqueira e as monta-nhas de Minas Gerais

Eugênio Vieira

Sapucaí, detém como maior trunfo turístico o Complexo do Baú. São 1.950 metros de uma enorme formação rochosa que compõe um dos principais cartões-postais da cidade. A atração é formada por três rochas: a Pedra do Baú, a maior e mais alta, o Bauzinho, com 1.760 metros, e a Ana Chata, com 1.670 metros de altitude.

Por Campos do Jordão é fácil chegar de carro ao Bauzinho, sendo possível alcançar sua parte mais íngreme com facilidade. Para os mais aventureiros, o acesso ao topo da pedra maior é feito por uma trilha que demora, em média, uma hora e meia de caminhada na mata. Logo após encontram-se as escadas de ferro e verga-lhões cravados nas pedras. A partir deste ponto a adrenalina fi ca mais forte, pois o trajeto é feito por meio de escalada nos paredões estreitos da rocha, que exige certo preparo físico e coragem.

Recomenda-se que este passeio à pedra maior do Baú seja conduzida por guias capacitados, que conhecem bem as trilhas e as escadas que levam ao cume. No ponto mais alto, os visitan-tes podem andar em sua base, apreciando uma visão espetacular –boa parte da serra de Cam-pos e as montanhas de Minas Gerais.

Santo Antônio do Pinhal também é uma ótima opção. O passeio começa no Jardim dos Pinhais, uma coletânea de jardins temáticos com diferentes formas e cores. Em contraste ao programa bucólico, duas atividades brindam os mais aventureiros: uma trilha pelo bosque das araucárias até um mirante para a Pedra do Baú e um arvorismo com seis travessias e três tirole-sas. Se nada disso foi sufi ciente para desafi ar sua coragem, a dica é seguir até o Pico Agudo, a nove quilômetros do centro, para fazer um voo livre. Para aventurar-se a uma altura de 1.700 metros é preciso contratar uma agência especializada.

BELEZAJardim dos Pinhais, a

coletânia de jardins em Santo Antonio do Pinhal

Rogério Marques/vp

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Vale do ParaíbaDo turismo cultural ao ecológico

Por trás de suas indústrias e centros de pesquisa, o Vale do Paraíba esconde diversas atividades que podem movi-mentar suas férias de verão. As opções vão desde o turismo

ecológico ao de aventura e cultural. A van-tagem em escolher um dos programas ofe-recidos na região está no custo benefício, já que em poucos minutos é possível se des-locar para qualquer atividade sem ter que desembolsar muito dinheiro.

E quem quiser conhecer melhor as cida-des da região pode começar com Pinda-monhangaba. O município oferece como principal atrativo a Estrada de Ferro e seu simpático roteiro de três horas que leva os turistas a Campos do Jordão, a 47 qui-lômetros do ponto de partida. A parada final é o ponto ferroviário mais alto do país, com 1.743 metros de altura.

CACHOEIRALAZERO relevo montanhoso garantiu a São Francisco Xavier abrigar diversas cachoeiras, entre elas, a Pedra do David, com 15 me-tros de altura em várias quedas

Pinda faz parte do Circuito Mantiqueira e aproveita as belezas naturais dessa im-portante serra para atrair viajantes que visitam cidades próximas como Campos, Santo Antônio do Pinhal e Monteiro Lo-bato. Essa última ganhou a referência do autor de clássicos da literatura infantil brasileira que empresta o nome de uma de suas obras a um bem-sucedido pas-seio que alia natureza e letras: o balneário Reino das Águas Claras.

Localizado em uma área de mais de 20.000 metros quadrados, o parque foi criado em 1970 e oferece atrativos para todas as idades. Crianças e adultos se encantam com a imensa área verde que abriga esculturas em cerâmi-cas dos famosos personagens do Sítio do Pica-Pau Amarelo. Aos pés da serra também está a fazenda Nova Gokula, que abriga uma comunidade Hari Krishma e recebe visitantes em suas cachoeiras, jardins, trilhas e viveiros.

HARE KRISHNAImagens na capela

da Fazenda Nova Gokula, em Pinda

DISTRITOPraça central do

charmoso distrito São Francisco Xavier

Fotos: Adenir Brito/PMSJC

Divulgação

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DIVERSÃOREINO DAS ÁGUAS CLARASInstalado em Pindamonhan-gaba, o parque Reino das Águas Claras foi todo ins-pirado na obra de Monteiro Lobato. Crianças e adultos se encantam com a imensa área verde e esculturas dos famo-sos personagens do Sítio do Pica-Pau Amarelo

Fotos: divulgação

AventuraNo entanto, nem só de história vive Pinda. A cidade também é conhecida por oferecer condições ideias para a prática de voo livre. Os saltos, duplos e individuais, podem ser agendados no aeroclube. Eles acontecem geralmente nos fi nais de semana. Outra op-ção para fi car nos céus de Pinda, porém sem a mesma adrenalina, é contratar um voo de balão. O passeio deve ser agendado com uma semana de antecedência.

Agora, se ficar com os pés longe da terra não está em seus planos, a dica é seguir para São Luís do Paraitinga e trocar os ares pela água. O aconchegante municí-pio é rodeado por três rios –Paraitinga, Paraibuna e Chapéu– e três agências de turismo local oferecem diferentes rotei-ros para a prática de rafting, variando o nível de dificuldade da aventura.

O passeio pode mesclar trilhas de bici-cletas ou a pé até o ponto de embarque nos botes. Uma das opções é a descida conhecida com Brás Adão, considerada de grau médio. O percurso tem 10 quilô-metros com muitas pedras e grandes des-níveis com diversos tipos de corredeiras. Os grupos partem aos finais de semana, a partir das 8h. A descida termina na Fa-zenda Palmeiras, onde o turista pode utili-zar vestiário, lanchonete, conhecer o lago, piscina, cascata e, se ainda tiver disposi-ção, se aventurar por uma tirolesa de 110 metros de extensão e 28 metros de altura. O salto acontece de uma base sobre uma colina que margeia um belo lago. Uma aquaplagem é o “freio” da atividade.

CachoeirasPara os que preferem o silêncio à agita-ção, o distrito de São Francisco Xavier, em São José dos Campos, é uma opção. Ele tem clima de povoado pacato e natu-reza exuberante, já que 90% do território encontra-se em área de preservação am-biental. “São Xico”, como os moradores chamam a região, conta com diversas ca-choeiras e rios para banho. Uma das mais procuradas é a de Pedro David, com 15 metros de altura, em várias quedas, for-mando uma piscina natural. A cachoeira do Roncador é a mais alta do município –são 45 metros. No local, existe um res-taurante com comidas típicas da roça e chalés para locação. Outra opção é a ca-choeira dos Couves, com uma queda de 15 metros e estrutura montada para pra-ticantes de rappel.

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Para quem não cansa de aprender e, mesmo nas férias, quer carre-gar um pouco de conhecimento cultural na bagagem de volta para casa deve reservar uns dias para desbravar o Vale Histórico.

A região garante uma viagem ao Brasil colonial, com seus casarões, fazendas, costumes e tradi-ções dos tempos dourados do café. Tudo isso em meio a uma natureza exuberante e uma saborosa variedade gastronômica.

Vale a pena caminhar pelas trilhas de Bana-nal, conhecer às construções dos ricos barões do café, e a beleza bucólica de Arapeí e São José do Barreiro, porta de entrada do Parque da Bo-caina. Tem ainda a hospitalidade de Areias, cidade que já hospedou imperadores. Há tam-bém Queluz, aos pés da imponente Serra da Mantiqueira, com suas preservadas fazendas, e Silveiras, o primeiro município de São Paulo a se tornar área ambiental.

O Parque Nacional da Serra da Bocaina, é um oásis de paz e tranquilidade, protegendo a rica Mata Atlântica com seus rios e belíssimas ca-choeiras. Lá podem ser encontrados, até hoje, remanescentes das trilhas abertas pelos escra-vos para escoamento do ouro e do café.

ReligiosoO turismo religioso é o seguimento responsá-vel por atrair grande quantidade de visitantes ao Vale. Milhares de pessoas aproveitam as férias para ir ao Santuário de Aparecida, co-nhecer Guaratinguetá, a terra de Frei Galvão –o primeiro santo brasileiro– e Cachoeira Pau-lista, onde fi éis de todo o Brasil passam dias na Canção Nova, Comunidade de Renovação Carismática Católica, para participarem de missas, retiros, palestras e shows.

Vale HistóricoUma viagem ao Brasil colonial e religioso

FIÉISMultidão atravessa a

passarela do Santuário Nacional, em Aparecida

HISTÓRIACasarão da Fazenda

Boa Vista, em Bananal

FÉTURISMO RELIGIOSOMilhares de pessoas aproveitam o período de férias para ir a Aparecida e visitar o Santuário Nacional. Outra opção é conhecer a casa de Frei Galvão, primei-ro santo brasileiro, e sua história em Guaratinguetá

Fotos: Thiago Leon/vp

Divulgação

RELIGIÃODevota no interior

da casa de Frei Galvão, em Guará

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Mogi das Cruzes apresenta uma grande diversidade de recursos e atrativos turísticos, entre eles, os roteiros rurais, ex-plorando as áreas de

cultivo, onde detém o título de maior pro-dutor nacional de cogumelos, caqui, hor-taliças e orquídeas. As atividades incluem passeio pela região de Sabaúna, distrito de Mogi, que abriga a Pedreira da Estrada de Ferro Central do Brasil.

Há no local uma cachoeira, uma nascente e um paredão de pedra natural, que pode ser utilizado para a prática de rapel e ti-rolesa, um dos esportes mais procurados pelos adeptos do turismo de aventura. Também é possível conhecer a estação ferroviária. Inaugurada em 1º de janeiro de 1893, no entorno encontra-se a casa do chefe da estação, a vila de casas dos fun-cionários e a caixa d’água que abastecia a Maria Fumaça.

Quem estiver por lá pode aproveitar para embarcar no “Expresso Turístico”. Trata-se de uma locomotiva da CPTM que puxa dois vagões fabricados na década de 60, até a estação da Luz, na capital paulista. O tra-jeto dura cerca de uma hora e meia.

EsporteMogi possui um dos melhores campos de golfe do Brasil, no Paradise Golf & Lake Resort, uma parada obrigatória aos prati-cantes deste esporte, ou mesmo para quem está dando suas primeiras tacadas, já que aulas podem ser agendadas no local. O jogo é disputado entre grupos de duas a quatro pessoas, sendo que todos os equi-pamentos, incluindo carrinhos elétricos para se locomover entre os 18 buracos, são disponibilizados pelo hotel.

Para os que preferem atividades mais radicais, Mogi oferece uma rampa para voos de asa-delta, o Pico do Urubu. Si-tuado no topo da Serra do Itapeti, é o segundo ponto mais alto da cidade, com 1.160 metros acima do nível do mar, onde se tem uma visão da Serra da Mantiqueira, das cidades de Suzano, Poá e Itaquaque-cetuba, além da Serra do Mar e, claro, de toda Mogi das Cruzes.

Mogi das CruzesRoteiros rurais e esportivos

GOLFE

ESPORTEMogi das Cruzes abriga um dos maiores campos de golfe do Estado de São Paulo em um confortável resort. A cidade também investe no turismo ru-ral, explorando o agronegócio

LAZERPiscina do ParadiseGolf & Lake Resort,

em Mogi das Cruzes

Fotos: divulgação

TRILHOSEstrada de Ferro

Central do Brasil, no distrito de Sabaúna

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72 Turismo72

Fotos: divulgação

Cultura, entretenimento e bons restaurantes são alguns dos inú-meros atrativos de São Paulo. Quem chega à cidade, logo percebe a quantidade de edifí-cios que dominam a paisagem

e cobrem toda a área urbana. Mas em meio a essa “selva de pedras” está uma variedade de atrações para os amantes da boa música, tea-tros, danças, artes plásticas, gastronomia e, até mesmo, para aquele que só quer aproveitar o fi m de tarde contemplando o pôr-do-sol sob a sombra de uma árvore com a família.

A capital foi colonizada por habitantes do mundo todo –japoneses, chineses, ita-lianos e libaneses. Cada um trouxe consigo sua cultura, que a cidade soube incorporar de forma inigualável. A culinária é o que há de mais visível nessa mistura. Está à pro-cura de um restaurante tailandês, indiano ou marroquino? São Paulo tem: são 13 mil restaurantes, de 52 tipos e etnias.

Mas viajar 97 quilômetros de São José dos Campos a São Paulo, por exemplo, apenas para apreciar um cardápio diferente, por mais tentador que seja, ainda é pouco estimulante. Por isso, você pode se programar para conhe-cer um pouco do acervo cultural disponível na capital. Masp, Pinacoteca do Estado, Museu de Arte Moderna, Museu de Arte Sacra, Museu do Ipiranga e Museu Brasileiro de Escultura são alguns dos 88 museus existentes na cidade.

Na Pinacoteca, é possível conferir, entre outras mostras, a exposição “Desenhar no Espaço”. São cerca de 80 obras –pintura, escultura, desenhos e objetos de artistas brasileiros e venezuelanos da Coleção Patrícia Phelps de Cisneros. Os tra-balhos são datados de 1940 a 1990. Mas se a ideia é se divertir em um espetáculo, há opções que vão do erudito ao popular. São 120 teatros, 39 centros culturais e 7 casas de espetáculos.

Para aqueles que procuram boas baladas, São Paulo é o lugar certo. Além da conhecida Vila Madalena, reduto de bares e botecos que agra-dam qualquer gosto ou estilo, a capital paulista tem algumas das melhores casas noturnas do Brasil, algumas até com renome mundial, como a Pink Elephant. O clube surgiu em meados de 2006, em Nova York, e hoje possui filiais em Monte Carlo e St. Barths. A sede paulistana

São PauloCapital reúne passeios culturais,gastronomia, lazer e baladas

CULTURAEXPOSIÇÕESO Masp, em São Paulo, pos-sui 8.000 obras. O acervo conta com a mais importante e abrangente coleção de arte ocidental da América Latina e de todo o hemisfério sul

D-EDGED-EDGEPista da dança Pista da dança

da badalada da badalada casa noturnacasa noturna

ocupa o edifício Dacon. Entre os diversos luxos da casa, destaque para os maquiadores e cabelei-reiros de plantão nos banheiros. A Pink costuma ser frequentada por artistas e membros da alta sociedade. O valor da consumação para mulhe-res é de R$ 100 e, para os homens, R$ 250.

Uma opção mais em conta seria a D-Edge. A casa é uma referência entre os fãs da música eletrônica. Cada dia da semana apresenta uma programação musical que passa pelo house, tecno, minimal, electro, drum’n’bass e ver-tentes do rock. Segunda é a noite da clássica festa On the Rocks, de rock, punk, new wave e electro. A entrada varia entre R$ 25 e R$ 70.

Parques e ComprasSe a viagem possibilitar uma esticadinha, não deixe de passear pelo centro, é uma boa opção para os que desejam conhecer os marcos arquitetônicos da cidade, como os Edifício Copan e o Edifício Itália. Também vale visitar a avenida Paulista, as feirinhas dos bairros, a Estação da Luz e o Mercado Municipal, com seus famosos pastéis de ba-calhau e sanduíches de mortadela.

Para aqueles que buscam o contato com a natureza, o Parque Ibirapuera, é uma ótima opção. Ao todo, são 53 parques e áreas verdes na cidade, como o Horto Florestal e o Parque Estadual do Jaraguá, que exige boa forma daqueles que se aventuram por seus 45 mil metros quadrados de extensão. •

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7373Domingo 2Janeiro de 2011Artigo

Acessórios do vinho: os essenciaise os que são apenas recomendáveis

Certos acessórios tor-nam mais prazerosa a degustação de um vinho. São indispen-

sáveis taças adequadas e um bom saca-rolhas. Elas devem ser lisas e incolores, para que se tenha visão perfeita da cor do vinho, que transmite impor-tantes informações sobre ele. Falei sobre isso na edição de ju-nho. Nada de taças coloridas ou de cristal trabalhado, como as do tipo bico-de-jaca. Acima de tudo, as taças devem ter um re-cipiente alto e amplo, para que se possa fazer girar a bebida so-bre as bordas internas, liberan-do assim seus aromas. Taças baixinhas, que não permitem esse giro, são imprestáveis para degustação e depõem contra os restaurantes que as utilizam.

Num bom saca-rolhas deve ser fi na e não rombuda a espiral que penetra na cortiça, para danifi cá-la o menos possível. Assim evita que seus detri-tos caiam no interior da garrafa, além do que a cortiça intacta é perfeita para quem colecione as rolhas dos vinhos que degusta.

O melhor saca-rolhas é o Screwpull, que, apesar do nome inglês, é feito por uma empresa francesa. A marca tem vários modelos, mas o Trilogy é simples, prático e barato. Também é ótimo o saca-rolhas Rabbit, da Me-trokane, que lembra as orelhas de uma lebre. Mas só se for o autêntico,

americano e caro. As imitações de ori-gem chinesa, à venda em supermerca-dos e lojas de quinquilharias, quebram antes de um mês de uso.

Se às vezes você não toma todo o conteúdo da garrafa e precisa guardar o restante para beber mais tarde, torna-se obrigatório um dispositivo chamado VacuVin. É uma bomba de sucção que retira o ar da garrafa pelo orifício de uma rolha de borracha, evitando que o vinho oxide. Assim, ele poderá ser guardado na geladeira por alguns dias, perdendo apenas um pouco de seus aromas, mas sem o risco de azedar.

E é recomendável ter um decantador. Especialmente útil para separar da be-bida os infalíveis resíduos de um vinho de longa guarda, o decantador também

é excelente para arejar vinhos mais novos, abrindo aromas e amaciando taninos. São caros os decantadores de cristal de marcas famosas como Riedel e Spiegelau. Mas modelos feitos de vidro, encontráveis em su-permercados, produzem resultado idêntico e custam menos de 30 reais.

Um acessório de lançamento re-cente chama-se Vinturi e promove a aeração instantânea do vinho, com o mesmo efeito de um decan-tador onde a bebida repousasse por horas. Ele ainda é difícil de ser encontrado no Brasil, mas pode ser adquirido de lojas como a Sherry-Lehmann de Nova York, por meio dos sites SkyBox e BoxBrasil. Lá, custa 40 dólares.•

Roberto Wagner

AR O Vinturi promete a aeração instantânea do vinho, como se fosse um decantador

Roberto Wagnerjornalista

[email protected]

Paladar

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• iPad, da Apple• iPad, da Apple

INTERNET

Na ponta dos dedos

Yann WalterSão José dos Campos

A ‘guerra’ dos tablets está só começando; conheçaas principais diferenças das marcas disponíveisno mercado brasileiro: o iPad, da Apple, e o Galaxy Tab, da Samsung

Se você costuma acompanhar as novidades que aparecem no mercado da informática, provavelmente já sabe o que é um tablet. E se você é uma dessas pessoas que não con-

segue ver um novo aparelho sem comprá-lo, então com certeza já adquiriu o seu para o Natal: no dia 3 de dezembro, o iPad, da Apple, fi nalmente chegou ao Brasil, com nove meses de atraso em relação aos Es-tados Unidos e 12 dias depois de seu maior concorrente, o Galaxy Tab, da Samsung.

O tablet –prancheta, em inglês– é um com-putador portátil sem teclado físico, com tela sensível ao toque. Ele é destinado às pessoas que querem acessar a internet, ouvir música, ver filmes, ler livros ou jogar games. Não serve para digitar textos longos.

O iPad é o líder incontestado do mercado dos tablets. Apenas um mês após seu lança-mento, no início de abril nos Estados Unidos,

Hi-Tech

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7575Domingo 2Janeiro de 2011

• Galaxy Tab, da Samsunggmsungultrapassou o milhão de unidades vendidas. O Galaxy Tab levou dois meses para atingir esta marca. De acordo com o último balanço da Apple, publicado em setembro, 7,5 mi-lhões de iPads já foram comercializados em 43 países. É claro que, desde então, com as festas de fi m de ano, as vendas dispararam. E tem mais: o iPad 2, uma nova versão do iPad com câmera frontal, é esperada para o primeiro trimestre de 2011.

Para conquistar seu espaço no mercado do-minado pela última invenção de Steve Jobs, o Galaxy Tab aposta na portabilidade (sua tela é menor que a do iPad) e em recursos que não estão presentes no iPad. A câmera fotográfi ca é um deles (tem até duas: uma de 3MP com autofoco e uma frontal para vi-deoconferência), mas o tablet da Samsung também conta com rádio, TV digital, entra-das microSD e USB e aplicações Flash. Além disso, permite fazer ligações como qualquer celular, bastando para isso um cartão SIM.

É claro que o iPad também tem seus argu-mentos: a tela maior facilita a navegação e a leitura. A qualidade da imagem é superior à do Galaxy, e a bateria dura mais tempo (10 horas, contra 7 para o aparelho da Samsung). Além disso, o custo do Galaxy é alto: R$ 2.699, para o modelo desbloqueado e livre de planos (é pos-sível comprar um aparelho por R$ 599, mas neste caso deve-se agregar o valor do plano da operadora telefônica). Os preços do iPad são mais convidativos: vão de R$ 1.649 para a ver-são mais barata, sem 3G e com memória de 16 GB, a R$ 2.599 para a mais cara, com 3G e me-mória de 64 GB. Todos os modelos têm Wi-Fi. Cabe ressaltar que, como sempre, quem tiver a oportunidade de comprar nos Estados Uni-dos vai pagar bem menos: entre USD 499 (R$ 835) e USD 829 (R$ 1.387).

“O Galaxy Tab é mais completo. O iPad é indicado para os que buscam uma utiliza-ção mais básica. A navegação é mais rápida, e a imagem é de melhor qualidade”, resumiu Malcon Hebert, vendedor de produtos de informática da Fnac de Pinheiros, em São Paulo. “A maioria das pessoas não compra o iPad, e sim o último aparelho da Apple. Já possuem iMac, iPhone ou iPod, são fãs da marca. O Galaxy tem mais funções e, na minha opinião, é até mais interessante, mas a estrela do momento é mesmo o iPad”, co-mentou Fabrício Dias, coordenador do setor de eletrônicos da Fnac de Porto Alegre. •

RAIO-X

FABRICANTE Apple SamsungTELA 9,7’’ 7’RESOLUÇÃO 1024x768 1024x600DIMENSÕES 24,28 x 18,97 cm 18,88 x 12,03 cmPESO 680 ou 730 g 379 gMEMÓRIA 16, 32 e 64 GB 16 GB (aceita expansão)PROCESSADOR Apple A4 (1Ghz) Cortex A8 (1Ghz)

IPAD GALAXY

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Há um bom tempo os chapéus deixaram a função de prote-ção de lado e se tornaram um acessório urbano, sinônimo de estilo. Para este verão, a

infl uência dos anos 70 abre território para os chapéus no estilo panamá, que garantem um toque boho aos looks. Outro ponto forte desse modelo é a versatilidade, uma vez que ele com-bina tanto com looks para a praia como para um programa casual e descontraído na cidade.

Apesar do panamá ser o principal hit do verão, modelos com abas mais largas, com copas arredondadas, também são ótimas op-ções para se proteger com estilo. Na hora de escolher o material, as temperaturas mais altas pedem modelos em palha fi ninha ou tecidos bem leves, em cores claras ou uma estampa-ria étnica. Para incrementar o seu modelo, a tradicional tira preta pode ser substituída por outra colorida, estampada no estilo navy ou até mesmo adaptada com um lenço.

Por ser um acessório bem despojado, a dica é não tentar combinar o chapéu com a roupa. O interessante é usá-lo como um ponto de con-traste no look, justamente para proporcionar essa atitude despojada e cool. Quem quiser ser mais discreto, pode escolher um modelo com cor semelhante ao tom do cabelo. Nos pés, sa-patilhas, sandálias rasteiras e sapatos no estilo oxford complementam o look.

Moda&estiloVERSATILIDADE

Pra fazer

a cabeça!Cristina BedendoSão José dos Campos

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o Chapéu em palha

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7777Domingo 2Janeiro de 2011

Clima de romance da Lulu Brasil

2011 MISTURA DE MATERIAIS Plástico, palha, cortiça e camurça estão entre os eleitos para a temporada quente, principalmente se o assunto é moda praia

RAQUEL MANZATTIA designer Raquel Manzatti, de São José, também resolveu inves-tir nas animal prints. O modelo Raquel ganhou estampas de onça e zebra

PULSO FIRMEOs relógios com pulseiras coloridas viraram mania. São ótimos para o dia-a-dia, curtir a praia ou praticar esportes

Com uma loja inaugurada há poucos meses em São José, a coleção de alto verão da Enjoy conta com peças inspiradas no lifestyle do Rio de Janeiro. Para complementar os looks, co-lares com pedrarias e pingen-tes, além de lindas agendas.

LIFESTYLE

Coleção altoverão da Enjoy

A marca Lulu Brasil escolheu a praia de Boiçucanga, em São Sebastião, para fotogra-far a campanha de alto verão da marca. As peças traduzem todo o romantismo da marca para a temporada quente, em tons pastéis, chapéus delica-dos e tecidos fl uidos.

NO VERÃO

SHOP & MAIS

TOQUE DE COR NA AREZZOA coleção conta com modelos com estampa de onça ou lisos, como este com faixa colorida R$ 99,90.-

CHAPÉU PANAMÁ EMPORIONAKAA marca produziu cores diferentes para o modelo no estilo panamáDe R$ 79,90a R$ 179,90.-

LOJAS RENNERO modelo deste chapéu encon-trado nas lojas da Renner tem abas menores e estilo bem urbanoR$ 39,90.-

DESTAQUE!DESTVP

ANIMAL PRINTSAN

Basta dar uma olhada nas cole-ções de alto verão, principalmente nos acessórios, para perceber que as estampas animais foram eleitas como a padronagem da tempo-rada. Clássica e atemporal, a es-tampa de onça rouba a cena: está em bolsas, sapatos, biquínis, rou-pas, entre outros acessórios. Nas ruas das principais cidades que ditam a moda ao redor do mundo, esse clima safári é onipresente.

Há quem pense que a estampa de onça remete a um estilo sofisticado demais. Pelo contrário: é possível ousar em misturas de estampas super descontraídas que deixam o lado perua totalmente de lado. Por isso, a dica é investir princi-palmente nos acessórios com essas estampas, já que elas continuam em alta até o inverno 2011.

Dos looks mais clássicos aos mo-

derninhos, vale combinar as ani-mal prints com outras estampas, como listras ou camisetas mais rock ou étnicas. Vale também a mistura com estampas fl orais. A New Order, por exemplo, foi uma das marcas que misturou, em sua coleção, estampas animais com acessórios fl orais, num clima bem humorado que pode ser adaptado para o guarda-roupa das mais jo-vens. O mix de safári + militar tam-bém é bem vindo, principalmente para as mais clássicas, que podem apostar em tons de cáqui e verdes.

No caso dos acessórios, as peças em animal prints ganham aplicações de pedrarias em cores como o coral e o turquesa –que lideram a cartela do verão. Para quem não quiser ousar na com-binação de duas estampas, uma das opções é a dupla onça + nude, quase impossível de errar.

Soltando as feras

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7878 Tempos ModernosArtigo

Transforme suas metas de Ano Novo numa lista verde e consciente

Promessas e listas do que fazer e do que evitar já virou tradição em todo começo de ano. Afi nal,

quem nunca disse “neste ano eu vou emagrecer” ou ainda” neste ano eu vou voltar a fazer algum esporte”? Isso sem mencionar as promessas de parar de fumar, cuidar mais da saúde, economi-zar dinheiro e por aí vai.

Mas ninguém propõe atribuições para proteger o meio ambiente. Então, para inovar, proponho algumas ideias “verdes” e simples para fazer, dia após dia, durante 2011. Garanto que são muito mais fáceis do que os tópicos acima descritos e nunca cumpridos. E também são muito mais úteis para você e para o planeta.

1. Que tal fazer o kit básico “verde”? Reduza, separe e recicle o lixo. Jogue óleo de cozinha e pilha em postos de coleta apropriados. Use uma ecobag quando for às compras. Se precisar usar sacolas plásticas, prefi ra as bio-degradáveis. Para completar o kit, compre uma garrafi nha reutilizável e se livre de vez das versões em PET.

2. Recicle água. Coloque um balde d’ água em baixo do chuveiro para coletar a água limpa enquanto ela es-quenta. Esta água pode ser usada para máquina de lavar roupa, para lavar a varanda ou mesmo para deixar roupa de molho. Ah, e durante o banho feche a torneira quando lavar o cabelo e en-saboar o corpo.

3. Coma alimentos orgânicos. Eles

são cultivados sem o uso de pesticidas e agrotóxicos, um veneno que fi ca no legume, verdura e fruta mesmo depois de lavados. Além de mais saudáveis, são muito mais saborosos.

4. Gostou dos orgânicos? Então plante em casa. A horta vertical ou urbana é uma tendência que veio para fi car. Afi -nal, quem não gosta de ter verduras e temperos fresquinhos à mão? Para quem não tem espaço, o vaso de parede é uma boa solução.

5. Faça uma Swap Party. Separe rou-pas, acessórios, produtos de beleza, ma-quiagem e livros que você não usa mais (mas estão em bom estado) e organize uma festa com os amigos para trocar es-tes itens. Recicle também roupa infan-til, brinquedos e material escolar entre irmãos, primos e amigos.

6. Consuma consciente, seja res-ponsável. Na hora de comprar um produto, informe-se sobre o mesmo. Descubra do que é feito, por quem, em que condições e pense no descarte.

7. Troque as lâmpadas incandescen-tes da sua casa pela versão eletrônica. Apesar de mais cara, ela dura muito mais e consome menos energia. Se for comprar eletrodomésticos, prefi ra os econômicos. E não esqueça, desligue da tomada os eletrônicos e eletrodo-mésticos quando não estiver usando.

8. Prefira andar de bicicleta, à pé, usar transporte público, pe-gar carona ou comprar carro com combustível fl ex. Além de evitar a emissão desnecessária de CO2, faz bem para combater as gordurinhas a mais e manter-se saudável. •

IDEIAS“ Para inovar, proponho algumas ideias ‘verdes’ e simples para fazer dia após dia durante o próximo ano”

Alice Lobo

Alice LoboJornalista

[email protected]

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O autor Aguinaldo Silva usou o Twitter para opinar sobre a saída de Fábio Assunção da novela “In-sensato Coração”. Fábio pediu para sair da próxima trama das nove em cima da hora, prejudi-cando o andamento do folhetim. “Fábio Assunção diz que ainda não está preparado para um tra-balho longo na tevê. Mas podia ter descoberto isso antes de co-meçar a gravar. Num caso como este de Fábio Assunção, a gente é solidário, mas também não pode

Aguinaldo Silva critica Fábio Assunção

Notas& fatos

passar a mão na cabeça: o errado é ele, e não nós”, criticou. O autor falou ainda sobre os problemas do ator com as drogas. Em 2008, ele deixou o elenco de “Negócio da China” para se internar em uma clínica de reabilitação. “E depois, droga é droga, cara. Tem o drama pessoal de cada um, mas tem o drama maior, que resulta em trau-mas como este recente do Rio. Eu, por exemplo, não gasto um mi-límetro da minha paciência com drogados”, escreveu.

Jhonny Depp: ‘Todos osmeus personagens são gays’

Capa do primeiro número da Vanity Fair de 2011, o ator Johnny Depp teve não só o prazer de ser fotografado por Annie Leibo-vitz, uma das maiores fotógrafas de nossos tempos, como foi entrevistado por Patti Smith, a roqueira ícone do movimento punk. Depp confessou a loucura que foi a filmagem de “The Tourist”, por conta da perseguição dos paparrazi à procura de algo que indicasse um clima de romance entre ele e Angelina Jolie, com quem contracena no filme. “Encontrá-la e conhecê-la foi uma agradável surpresa. Eu não sabia como ela era, se ela tinha algum senso de humor. Fiquei feliz em descobrir que ela é totalmente normal e tem um maravilhoso senso de humor mais obscuro”. Em dado momento da conversa, ele comenta tam-bém sobre a estranheza de seus personagens -excelente para um ator em busca de desafios- e do diferencial de cada um deles. E conclui: “Todos os meus personagens são gays”.

Quem disse que os famosos não caem em trotes pelo telefone? A atriz Cristiana Oliveira foi vítima de um golpe e contou como foi pelo seu Twitter. “Atenção! Cuidado! Fui vítima de uma fraude hoje! Ligaram como sendo do meu banco com todos os meus dados, como se fosse uma atendente! A mulher era educada, sabia tudo de mim e eu comple-mentei meus dados como de costume. Me roubaram 12.000 da minha conta corrente! Graças a Deus eu tinha seguro contra fraude! Divul-guem! Cuidado!”, escreveu a atriz. Hoje em dia ninguém escapa.

GOLPE

Cristiana Oliveira perde R$ 12 mil

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8181Domingo 2Janeiro de 2011

Rainha detona o pagodeiro Belo

Estrela de fi lmes como “Legal-mente Loira” e “Segundas Inten-ções”, a atriz Reese Whiterspoon ganhou fi nalmente uma estrela na Calçada da Fama. Acompan-hada dos dois fi lhos, , a artista era só sorrisos durante a cerimônia realizada em Hollywood.

FAMA

A rainha de bateria da Mangueira, Renata Santos, ficou irritada com a tentativa do cantor Belo em tentar destroná-la do seu posto para colocar sua mulher, Gracyanne Barbosa, no lugar. A bela se manifestou pelo Twitter detonando o músico há cerca de três semanas. “O Belo às vezes é horroroso. Aff! Que nojo de gente que de belo não tem nada e se acha. Não digo de beleza, mas de caráter. Aff !”, escreveu.

BARRACO

Reese Whiterspoon ganha sua estrela

”Se a Viviane tivesse o que fazer, talvez não atrapalhasse a separação”

O cantor e ator, Dado Dolabella

depõe contra a ex-mulher Viviane

Sarahyba em delegacia depois de ser

acusado de agredir a publicitária

Quem falou o quê?

”Vocês me

fi zeram sentir

uma porcaria

lá dentro

(camarim),

um lixo!”

Cláudia Leitte, cantora, conversa com

fãs durante show depois de ser vaiada

pela má qualidade de som e imagem em

sua apresentação em Pato Branco (RS)

”Acho ótimo ser vista como uma mulher sexy”

Mariana Ximenez, atriz, conta que os elogios fazem bem para o ego

”Queria ver o mundo por meus olhos e não pelos de uma câmera. Entrava aos domingos e parecia uma tortura, uma prisão”

Glória Maria, jornalista

Às voltas com a turnê do show “Manus-crito”, a cantora Sandy contou que quer ser mãe. Entre maquiagem e lanchinhos antes de subir ao palco, a cantora confes-sou, em entrevista concedida nos basti-dores do show no Citibank Hall, em São Paulo, que o momento de ser mãe está pró-ximo. “Sempre quis ser mãe. Vontade eu tenho. E realmente está aumentando. Vejo minhas amigas, já casadas e grávidas. Sei que está chegando meu momento, alguma hora vai rolar”, revelou a cantora.

MATERNIDADE

Sandy confessa que quer ser mãe em breve

MATERNIDADE

Sandy

Wagner Moura pede pra sairApós o sucesso como Capitão Nasci-mento em “Tropa de Elite 1” e “Tropa de Elite 2”, Wagner Moura diz que não rodará um terceiro filme da “saga”: “Isso não vai acontecer. Não há a menor chance. Sou baiano e partidário do ócio. Quando paro, tomo distância das coisas que fi z, vejo que rumo meu trabalho está tomando”, complementou o ator.

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Cultura verdeProjeto inédito coordenado pelo Instituto Tomie Ohtake une as manifestações populares do Vale do Paraíba à preservação do meio ambiente

ValeViverSUSTENTABILIDADE

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8383Domingo 2Janeiro de 2011

MOÇAMBIQUE Zé da Viola , de

Redenção da Serra, que nunca cobra

para se apresentar: “faço com o coração”

Fotos Denise Adams/divulgação

Oescritor e ensaísta mexicano Octávio Paz disse uma vez: “O artesanato não quer durar mi-lênios nem está possuído pela pressa de morrer logo. Trans-corre todos os dias, flui co-

nosco, desgasta-se pouco a pouco, não busca a morte nem a nega, aceita-a. Entre o tempo sem tempo do museu e o tempo acelerado da tecnologia, o artesanato tem o ritmo do tempo humano. É um objeto útil que também é belo; um objeto que dura, mas que um dia, porém, se acaba e resigna-se a isto; um objeto que não é único como uma obra de arte e pode ser

Adriano PereiraSão José dos Campos

substituído por outro objeto parecido, mas não idêntico. O artesanato nos ensina a mor-rer, e fazendo isto, nos ensina a viver”.

É dessa construção diária, baseada no saber simples, que dezenas de artesãos vivem ou, pelos menos, tentam viver no Vale do Pa-raíba. Preservando manifestações culturais que, além de sofrerem a ameaça constante da dicotomia entre o “vender” e o “manter”, agora passam a ser ameaçadas também pela degradação do meio ambiente.

Parece, à primeira vista, uma conexão dis-tante, mas não é. O artesão João Noel, de São Luís do Paraitinga, por exemplo, já não en-contra tanta madeira como na época em que aprendeu a esculpir pilõezinhos e trançar ces-tas. “A madeira é difícil da gente arrumar, por isso eu trabalho com abacateiro, porque é uma

madeira que se tem, as pessoas têm na área das casas delas e, às vezes, está prejudicando, está muito velha e elas querem cortar. Tem gente que vende, tem gente que dá, às vezes encon-tro até no lixo. Madeira grande eu não mexo, não pode. Mesmo para fazer um pilãozinho pequeno, quando não tem madeira, não faço”.

Foi dessa observação em campo e da dis-ponibilidade de uma verba que o Instituto Tomie Ohtake construiu “O Vale do Paraíba e seus ‘fazedores de cultura’”, uma pesquisa que tem apoio e anda lado-a-lado com a criação do “Corredor Ecológico do Vale do Paraíba”.

Elaborado e patrocinado por empresas como a Fíbria, Santander, Instituto Ethos e outras entidades não-governamentais, o “Corredor Ecológico” tem como principal missão con-servar e restaurar a Mata Atlântica no Vale

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do Paraíba. A iniciativa social e ambiental são mais do que óbvias neste processo, mas os or-ganizadores tiveram também a ideia de atacar o problema pelo viés cultural. “É impossível desnvincular uma coisa da outra. Como você vai convencer as pessoas dessas regiões a se envolverem numa causa ambiental sem elas saberem da importância que isso tem para o que fazem”, diz Denise Teixeira, uma das co-ordernadoras do “Fazedores de Cultura” e assistente de direção do Instituto.

Nesta primeira etapa, foi feito um levata-mento qualitativo em cinco cidades: São Luís do Paraitinga, Redenção da Serra, Natividade da Serra, Lorena e Guaratinguetá. Durante um mês, a educadora Sylvia Helena Brook, a soci-óloga Beatriz Rheingantz e a fotógrafa Denise Adams percorream estes cinco muninicípios à procura da mais autênticas e preservadas manifestações da cultura popular da região. E encontraram. “Nossa escolha teve critérios bem estabelecidos: o artesão devia ser atrelado às raízes de sua cultura local, trabalhar sozinho ou no máximo com a família e não usar mate-riais industrializados”, diz Beatriz.

MADEIRAO artesão João Noel, de Redenção da Serra, já não encontra tanta madeira como antes

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Um dado preocupante surge exatamente dessa exigência. Segundo a pesquisadora, é preciso um cuidado especial para que não haja um “deslumbramento pelo o que o mundo urbano lhes proporciona, ou seja, a venda de seus produtos, a comercialização, a introdução do capital, em uma relação ‘pura’ com sua arte”. De acordo com De-nise, “muita coisa se perdeu no caminho”. Mesmo assim, Beatriz também constata que entre os entrevistados essa questão não é tão atrativa. “O que os move não é o capital, e sim o amor por seu trabalho”.

“Com o Moçambique eu não ganho nada. É com o coração. Meu pai nunca cobrou de ninguém, então não cobro de ninguém. Se eu toco em Natividade, o Moçambique, quem pede, chega lá na prefeitura e pede: ‘quero Moçambique’. Então, a prefeitura me leva para onde eles quiserem. Eu não cobro nada. Eles que me levam”, diz o mú-sico Zé da Viola, de Redenção da Serra.

Meio-ambiente“Há [entre os artesãos] forte relação com

TABOARoberto da Taboa: “O Ibama não tem

a mínima ideia do que é a taboa”

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a cultura, história, raízes familiares, lendas e natureza”, diz Beatriz. A questão do meio ambiente permeia a vida e o trabalho de al-gumas expressões culturais e, por estarem atreladas entre si, a questão ambiental está afetando diretamente a continuidade de al-gumas dessas atividades.

“O Ibama não tem a mínima ideia do que é taboa”, diz o artesão de Guará, Roberto da Taboa. A planta sofre com a urbanização, com a canalização dos córregos próximos à cidade. Com isso, a colheita da fi bra fi ca cada vez mais distante do artesão na área urbana. “A taboa não é corte, é poda. Tem que podar porque funciona como um fi ltro nos alagados. Lá em Minas, na roça tinha taboa mais perto. O ar-tesão tem que saber modifi car o seu trabalho sempre, senão não sobrevive”, completa.

Para os artesãos da madeira, a obtenção da matéria–prima torna-se uma dificuldade. A madeira, proibida de ser cortada, com leis bem estabelecidas, advém de tombamentos feitos pelas prefeituras ou por moradores de sítios que as derrubam com necessidades específicas. O artesão Cândido Moreira da Silva, de São Luís do Paraitinga, usa a embaúba em suas peças. “É levinha, molinha, pode cortar, não há lei para ela, é madeira de artesanato mesmo”, diz. Mas ele também costuma receber madeira do pessoal que trabalha com a rede elétrica, que derruba as árvores para acertar a rede.

“Para o contador de histórias e causos, em todos os versos que ouvimos há uma referên-cia ao desrespeito à natureza, à distância que se cria entre o homem e a natureza. A lenda do saci, que nasce do nó do taquaruçu, explora bem a questão do meio ambiente, pois o ta-quaruçu está em extinção na região, que sofre agressão à mata virgem”, explica Beatriz.

Próxima etapaA pesquisa, além do objetivo conscientiza-dor, busca também dados para uma segunda etapa, na qual o intercâmbio entre o conhe-cimento destes artesãos e a experiência do Instituto Tomie Ohtake darão outros frutos. “Queremos durante ofi cinas e outras ativida-des que faremos nestas cidades, colocar esses artesãos para falarem sobre seus trabalhos, trocarem experiências com outros pesquisa-dores, enfi m, levar isso além”, diz Denise.

Entre as atividades desta segunda etapa estão uma marcenaria para crianças, o Festival Monteiro Lobato de cultura local e um ateliê nômade. Ou seja, se o mundo global se intercomunica numa teia, “aqui embaixo” as linhas dessa rede são tecidas manualmente, uma a uma. •

DOAÇÃOCândido Moreira, de

São Luís do Paraitinga, reaproveita madeira

de postes derrubados

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Palavra de honra

Adriano PereiraSão José dos Campos

Avoz negra de Ludmila Mazzu-voz negra de Ludmila Mazzu-catti vai sair do fundo do palco catti vai sair do fundo do palco e pular para o foco principal do e pular para o foco principal do holofote. Depois de passagens holofote. Depois de passagens pelas bandas Trilhas & Raízes, pelas bandas Trilhas & Raízes, Natiruts, Spyzer e participações Natiruts, Spyzer e participações

na banda do programa Altas Horas, Ludmila na banda do programa Altas Horas, Ludmila lança seu primeiro trabalho solo e praticamente lança seu primeiro trabalho solo e praticamente autoral. Aliás, o título do EP -“Faça a sua parte” autoral. Aliás, o título do EP -“Faça a sua parte” - reflete exatamente o momento da carreira da - reflete exatamente o momento da carreira da cantora: ela fez bem mais que só a parte dela.cantora: ela fez bem mais que só a parte dela.

“Resolvi fazer parte de todo o processo, tudo “Resolvi fazer parte de todo o processo, tudo mesmo, desde a composição, produção, ajuste mesmo, desde a composição, produção, ajuste técnico, criação da capa e até de cuidar do lan-técnico, criação da capa e até de cuidar do lan-çamento”, diz. O EP traz cinco músicas, uma çamento”, diz. O EP traz cinco músicas, uma delas cantadas em inglês, compostas por Lud-delas cantadas em inglês, compostas por Lud-mila. “Tem momentos autobiográfi cos, outros mila. “Tem momentos autobiográfi cos, outros de pessoas que conheci na vida, mas todas as de pessoas que conheci na vida, mas todas as canções falam das minhas experiências”. “Pa-canções falam das minhas experiências”. “Pa-lavra de honra” e “Jogador” são quase confes-lavra de honra” e “Jogador” são quase confes-sionais, e muito bem produzidas.sionais, e muito bem produzidas.

Até a iniciativa de lançar o trabalho tem a ver Até a iniciativa de lançar o trabalho tem a ver com sua vida pessoal. “Não sou daquelas que com sua vida pessoal. “Não sou daquelas que termina o show e vai pra balada. Estava sen-termina o show e vai pra balada. Estava sen-tindo falta do meu tempo, de namorar, da fa-tindo falta do meu tempo, de namorar, da fa-mília, e resolvi que agora era a hora”, confessa.mília, e resolvi que agora era a hora”, confessa.

O EP teve um pré-lançamento no Urbanus O EP teve um pré-lançamento no Urbanus Bar, primeiro palco da cantora há 10 anos, e Bar, primeiro palco da cantora há 10 anos, e deve ser lançado ofi cialmente até fevereiro. deve ser lançado ofi cialmente até fevereiro. Ludmila apresenta com talento um R&B con-Ludmila apresenta com talento um R&B con-temporâneo sem apelar para as texturas eletrô-temporâneo sem apelar para as texturas eletrô-nicas da moda. A música soa naturalmente por nicas da moda. A música soa naturalmente por conta da boa banda que acompanha a cantora conta da boa banda que acompanha a cantora que mantém o poder radiofônico das faixas.que mantém o poder radiofônico das faixas.

A próxima fase é a gravação do clip e a fi na-A próxima fase é a gravação do clip e a fi na-lização do CD completo, que deve aconte-lização do CD completo, que deve aconte-cer no segundo semestre de 2011. Enquanto cer no segundo semestre de 2011. Enquanto isso, o trabalho pode ser ouvido no site isso, o trabalho pode ser ouvido no site www.ludmilamazzucatti.com.br.www.ludmilamazzucatti.com.br. • •

A cantora joseense Ludmila Mazzucatti A cantora joseense Ludmila Mazzucatti cumpre a promessa e lança o seu cumpre a promessa e lança o seu primeiro trabalho solo depois do Natirutsprimeiro trabalho solo depois do Natiruts

MÚSICA

Domingo 2 Janeiro de 2011

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Brasil em traçosFILME

Primeira animação em 3D produzidano Brasil chega às telas dos cinemas, promovendo o turismo em todo o país

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8989Domingo 2Janeiro de 2011

Nos últimos 15 anos, as ani-mações se tornaram um fi lão milionário no cinema. Até que, no fi nal de 2009, “Avatar” ressuscita a moda do 3D, fazendo com que os

estúdios corressem atrás de adaptar seus fu-turos lançamentos e produzir mais fi lmes em três dimensões para ocupar o vácuo do

Franthiesco BalleriniSão Paulo

longa de James Cameron. Com a economia brasileira em franco crescimento, era de se esperar que produtores antenados também quisessem uma fatia deste bolo. E foi o que fez Mariana Caltabiano, cujo sobrenome re-mete a concessionárias de carros espalha-das pelo país, mas que, na verdade, escon-dem a verdadeira paixão dela: as animações. Publicitária de formação e escritora de tra-jetória, Mariana lança no próximo dia 21 de janeiro aquele que está sendo considerado o primeiro fi lme brasileiro em 3D, “Brasil Ani-mado”, que mistura animação com atores e

locações reais, como em “Avatar”. Dona de um estúdio produtor de animações

e fornecedora de conteúdo para canais como o Cartoon Network, o fi lme produzido, ro-teirizado e dirigido por Mariana ocupará 250 salas do país, 200 delas em 3D, de olho no público infantil e adolescente em férias es-colares. A história é protagonizada por dois personagens que já existiam em animações anteriores de Mariana, Stress e Relax, dois simpáticos cachorrinhos falantes, um es-tressado trabalhador paulistano e outro ma-landro carioca despreocupado. Ambos estão

Fotos: Divulgação

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atrás de um famoso Jequitibá Rosa. Como pretexto de encontrar aquela que é consi-derada a árvore mais antiga do Brasil, que de fato existe –e talvez do mundo, com mais de 2 mil anos de vida– eles rodam o país em busca de informações sobre seu paradeiro. Os dois personagens circulam pelos principais cartões-postais do Brasil, misturando-se com pessoas de carne e osso e andando por ima-gens reais dos pontos turísticos nacionais. Em entrevista à revista valeparaibano, Mariana Caltabiano explica quais eram suas intenções com a história. “Sempre quis misturar anima-ção com imagens reais. A história é um pre-texto para mostrar quanta coisa bonita temos no Brasil e a gente não conhece. Eu mesmo passei a vida viajando pelo mundo e só des-cobri o Brasil há pouco tempo. O Brasil não é como a Suíça, pequena e quase homogênea. Temos vários países dentro de um só. O fi lme ajuda a conhecê-lo”, conta.

Por conta de uma história leve, com forte viés turístico, não foi difícil para a diretora encontrar empresas que apoiassem, via de-dução fi scal da Ancine, o custo de R$ 3 milhões do fi lme. “Todas elas queriam aparecer num fi lme como esse.” Com tanto apoio, ela já está até produzindo o segundo longa em 3D, “Zuzubalandia”, inspirado no livro “Jujuba-landia”, que desta vez será 100% animação.

Para quem espera uma animação 3D ao estilo “Megamente”, um aviso: “Brasil Animado” foi feito à mão, ou seja, não é computadorizado, é animação tradicional. Ela explica que isso não seria possível, por conta do custo muito maior e do tempo, que em geral é o dobro. A diretora diz ter se inspirado no curta “Night and Day”, da Pixar, feito com animação tradicional, mas em 3D. Mas o resultado não é tão empolgante quanto às animações computadorizadas. Os dois personagens são muito chapados, têm pouco volume e, portanto quase não se nota a terceira dimensão. Ao contrário das cenas com pessoas reais. Sobre isso, Mariana diz que irá melhorar no próximo longa, dando mais volume aos personagens desenhados à mão.

Embora tenha cenas bem engraçadas para crianças e adultos –satirizando personagens e outros fi lmes, ao estilo “Shrek”– o fi lme acaba dando uma sensação de ser uma pro-paganda do Ministério do Turismo para in-centivar os brasileiros a circularem pelo país. O lado bom disso é seu alto potencial para exportação. E isso Mariana e a distribuidora Imagem Filmes já estão providenciando. “Re-cebemos um convite para participar de um importante festival de animação na França e já estamos negociando a exibição na China,

À MÃODiferentemente das animações da Pixar, ‘Brasil Animado’ foi desenhado no papel

pois conhecemos alguns chineses ao longo das fi lmagens que viabilizarão a entrada do fi lme no país”, conta Mariana, que tomou para si uma missão nobre, porém difícil, a de habituar o público infantil brasileiro a ver seus próprios produtos. “Eu cresci lendo ‘Turma da Mônica’ e sempre preferi os tra-balhos do Maurício de Sousa mais do que os gibis da Disney, pois acho que a Mônica fala muito mais da gente do que o Pato Donald. Espero que as crianças brasileiras vejam mais animações feitas por brasileiros, pois falam de seu país”, diz ela, que não acha o 3D o fu-turo do cinema, mas aposta no seu potencial.

O Brasil está começando a invadir este tão lucrativo mercado e se tornando conhecido internacionalmente. Embora animadores talentosos do Brasil e outros países ainda sejam “dragados” por empresas como a Dre-amworks e a Pixar graças a contratos milioná-rios, como é o caso de Carlos Saldanha, diretor

de “A Era do Gelo”, o Brasil está, aos poucos, começando a reter seus talentos. É o caso de “Asterix e os Vikings”, animação francesa que teve a participação de 20 animadores brasi-leiros, em 2006, sendo parte do fi lme feito na Academia de Animação e Artes Digitais, em São Paulo. Isso sem falar no estúdio Maurício de Sousa, que tem aumentado a produção da “Turma da Mônica” com intuito de diversifi -car o público –razão do lançamento da versão adolescente da turma– e exportar o produto para países europeus e asiáticos.

Para um mercado trabalhoso porém mi-lionário, é natural que os criadores brasilei-ros de animações digitais e tradicionais es-tejam correndo tão rápido para aproveitar o crescimento o apetite do público. “Brasil Animado” pode não ser a história mais cria-tiva e adequada para os pequenos e adultos, mas já é um início animador, com o duplo sentido da palavra.

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Como fazer um fi lme em 3DPara trabalhar com esta tecnologia, uma parte da equipe de Mariana Caltabiano precisou fazer cursos especializados, liderados por Marcelo Siqueira, da Teleimage. Adquiriram duas câmeras Sony EX3, usadas por grande parte dos fi lmes em 3D. E começaram a tra-balhar. Basicamente, o fi lme 3D é uma ilusão de ótica causada pela junção de duas imagens feitas por duas câmeras diferentes, uma posicionada verticalmente e outra horizontalmente. Para calcular a posição exata das câmeras, é preciso contratar um matemático –chamado de estereógrafo– que calcula o que precisa estar mais perto e mais distante da câmera. Qualquer erro de cálculo pode causar até náuseas no espectador, sem falar no fato de estragar todo o trabalho do diretor. É por isso que animações tradicionais têm menos efeitos tridimensionais, pois são chapados, sem volume. No caso de animações como “Megamente”, nada disso é necessário, pois os cálculos e o volume já são feitos pelo computador, o que não signifi ca algo simples, pelo contrário, é mais complexo e demorado, pelo menos com a tecnologia hoje existente. Outra desvantagem da animação digital é a perda de cores no 3D, pois os óculos retiram um pouco da luminosidade das imagens, ao contrário das anima-ções 2D, que não sofrem com este problema. Entre vantagens e desvantagens, o que interessa para ambos é ter uma boa história. Do contrário, não há tecnologia que salve. •

DIRETORAMariana Caltabiano,a publicitária que dirige ‘Brasil Animado’

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Cultura&mais

Sem subir num palco para um show solo desde 2008, Amy Wi-nehouse, a diva mais polêmica da música pop, chega ao Brasil para cinco apresentações: em Florianópolis (dia 8), Rio de Ja-

neiro (dias 10 e 11), Recife (dia 13) e São Paulo (dia 15). Os shows vêm carregados de apre-ensão, principalmente por parte dos produ-tores, já que na sua última apresentação solo, ela chegou 40 minutos atrasada, forçando os organizadores a reduzirem o show e apressa-ram seus dois principais sucessos, “Valerie” e “Rehab”. Antes disso, a cantora cancelou diversas apresentações na Europa.

De qualquer maneira, se Amy aparecer e conseguir andar até o palco já é um ganho. Por exemplo, quem perdeu a antológica apresentação do Nirvana quando Kurt Co-bain se exibiu para a câmera da Rede Globo lamenta até hoje, mesmo que o show tenha sido um fi asco musicalmente. Ou seja, vale a pena pelo menos fazer parte da história.

Depois que ela subir ao palco, o repertório não deve ser uma surpresa. Seu terceiro álbum ainda está em fase de produção desde 2008, e é muito improvável que ela apresenta algo iné-dito depois deste longo período sem shows. Mesmo assim, o público poderá ouvir canções de um dos melhores discos da década passada, “Back to Black”, que deu a ela cinco Grammys.

Em São Paulo, Amy se apresentará na Arena Anhembi, com ingressos entre R$200 e R$500. O tablóide inglês “The Sun” publicou que a cantora deve levar para casa algo em torno de R$ 800 mil com essa pequena turnê brasileira. Dá para tomar uma cervejinha!

A volta aos palcosAdriano PereiraSão José dos Campos

Fotos: Divulgação

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WEBPAUSEAcompanhe as no-tícias do mundo da música em www.va-leparaibano.com.br/soltaopause

TRASH BO sanguinário ‘Machete’ chega em DVD neste mês nas locadoras brasileiras. Haja estômago!

UIVOLobão abre seu baú de recordações e conta sobre o menino que queria jogar bola e aca-bou com uma guitarra

Tom Hanks foi confi rmado no elenco do novo fi lme da diretora Kathryn Bigelow, vencedora do Oscar de 2010 com “Guerra ao Terror”. O longa, chamado “Triple Frontier”, será fi lmado na fronteira entre Brasil, Paraguai e Argentina. Segundo o produtor Charles Roven, as fi lmagens de-vem começar em março.

Lady Gaga e Justin Timberlake integram um grupo de celebri-dades nos EUA que decidiram renunciar às redes sociais até que se reúna um milhão de dólares para as crianças com Aids. A associação de caridade “Keep A Child Alive” está na origem da iniciativa.

Cinema

Solidariedade

MÚSICA

Tom Hanks fi lmará no Brasil em março

Lady Gaga e Timberlake juntos

Se você achou 2010 um ano bom para shows, 2011 promete. Sem contar com os boatos, já são pe-los menos dez grandes concertos agendados, desde o pop rock “bo-binho” do Paramore ao pop rock profi ssional do U2, passando por lendas da música como Ozzy Os-bourne e Iron Maiden.

Bom, logo depois de Amy Wi-nehouse vem o Paramore. O quin-teto já esteve no Brasil. Em outubro de 2008, liderado pela vocalista Hay-ley Williams, o Paramore divide pú-blico com as bandas do emocore. O grupo passou a ser mais conhecido após seu segundo disco, “Riot!”, lan-çado em 2007. O disco mais recente, “Brand new eyes”, saiu em 2009 (dia 20 de fevereiro, em São Paulo).

Em março, é a vez do Iron Maiden –por enquanto o show mais próximo

Prato cheio de shows em 2011

PEARL JAM ‘INÉDITO’Gravadas entre 2003 e 2010, as faixas do disco reú-nem hits e lados B tocados ao vivo nas turnês da banda PREÇO: R$ 35.-

PODER NAVAL INGLÊSA banda inglesa chega ao seu quinto disco de estúdio. O hit deve ser “Zeus”PREÇO: R$39.-

DO TÚNEL DO TEMPODezesseis anos depois do primeiro disco, o Mr. Big volta com disco de inéditasPREÇO: R$ 37.-

CD’S &MAIS

DESTAQUEDESTAQVALE

de São Paulo acontece no Rio de Ja-neiro no dia 27. No dia 2 de abril, o homem que desafi a a ciência, Ozzy Osbourne, desembarca em São Paulo com a turnê “Scream”.

Ainda em abril, nos dias 9, 10 e 13, o U2 traz toda sua parafernália da turnê “360º” para o estádio do Morumbi. O show mais do que esperado já foi visto por 4,5 milhões de pessoas ao redor do planeta. Para os fãs, o fi m da espera.

E entre os dias 23 de setembro e 2 de outubro, o maior presente que qual-quer apaixonado por música poderia ganhar: o Rock in Rio. Depois de nove anos sem uma edição no Brasil, até agora o festival já confi rmou nomes como Metallica, Red Hot Chili Pe-ppers, Coldplay, Motorhead e mais um monte de atrações brasileiras.

Nada mal a agenda. Isso porque só estamos começando o ano, ainda te-remos muitas novidades.

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O anexo do Bar do Coronel, carinhosamente chamado de puxadinho chique, foi escolhido para reunir mais de 80 amigos da roda de empresá-rios e comerciantes de São José dos Campos. Descontração foi a alma do encontro, que teve no menu as melhores comidinhas de boteco já conhe-cidas da casa, chope gelado e ainda várias novas receitas de drinks que animaram ainda mais a festa. O anfi trião, Flávio Alvim, gerente adminis-trativo do Sesi, também recebeu os amigos na praia de Maresias, na costa sul de São Sebastião, para a comemoração do Ano Novo.

Confraternização no puxadinho chique

Carmen Dutra e Carmen Dutra e Beatriz DutraBeatriz Dutra

João, Vitor e João, Vitor e Cristine ScarpaCristine Scarpa

Maria Inês e Maria Inês e Nerinho PinhoNerinho Pinho

Nelson e Nelson e Valéria LeiteValéria Leite

Zago MattielloZago MattielloSônia e Sidiney GodoySônia e Sidiney Godoy

Flávio Alvim e Flávio Alvim e Érica MoraesÉrica Moraes

Priscilla Coutto Priscilla Coutto e Pelecoe Peleco

Fotos: Flávio Pereira

Flashes&

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Carmen Dutra e e Beatriz Dutra

Flávia Serrano, Larissa Flávia Serrano, Larissa Olaio e Telma AlcaldeOlaio e Telma Alcalde

Maria Inês e Nerinho Pinhoo

Armando Régis e Armando Régis e Renata PelucioRenata Pelucio

Carmen e Carmen e Bruno AlvimBruno Alvim

Lucimara Silva e Lucimara Silva e Fred Guratti Fred Guratti

Cristiano Carleto e Cristiano Carleto e Carolina BromCarolina BromPriscila e Renato PulicePriscila e Renato PuliceSônia e Sidiney Godoyy

Ana Lucia e Ana Lucia e Fábio AssisFábio Assis

Claudio e Claudio e Valéria VasquezValéria Vasquez

Fabiano Bazzo e Fabiano Bazzo e Tatiana Reichel Tatiana Reichel

Amanda, Jeane Machado,Amanda, Jeane Machado,Almir Fernandes e CarolAlmir Fernandes e Carol

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96 Social

Em meio a correria de fi nal de ano, a joalheria Vivara conseguiu reunir lindas mulheres em sua loja no Shopping Colinas, em São José dos Campos, para a apresentação da coleção 2011. Além de descontos especiais de até 70%, o sorteio de duas jóias no valor de R$ 1.990 garantiu um bom público. Os sortudos foram Charles Tung e Vivian de Souza Almeida. Prosseco e chocolates variados das Meninas do Brigadeiro deram um toque a mais à ocasião, que teve organização de Patrícia Couto.

Um brilho a mais no Natal

Patrícia Couto e Patrícia Couto e Leila RamacciottiLeila Ramacciotti

Juliana RibeiroJuliana Ribeiro

Ana Cristina MalamudAna Cristina Malamud Helena NemeHelena Neme Gabriela TavaresGabriela Tavares

Luciana SouzaLuciana Souza Juliana DragoneJuliana Dragone

Fotos: Francine Farfan

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Pelo décimo ano consecutivo, o jornalista José Luiz de Souza recebeu seus convidados, cerca de 30 pessoas, para o ‘Natal entre Amigos’. O jantar reúne amigos de todo do Vale do Paraíba para degustar pratos dos principais e mais famosos restaurantes, bufês e quituteiros da região. Os seletos convidados são recepcionados com maestria no próprio apartamento do anfi trião, em Guaratin-guetá. Nada de cerimônias, mas tudo com muito charme e elegân-cia, uma característica tradicional do evento.

Comemoração entre amigos

Fotos: João AthaídeJosé Luiz de SouzaJosé Luiz de Souza

Marion Brasil e Karina MendesMarion Brasil e Karina Mendes Rô FilippoRô Filippo

Lindalva GalvãoLindalva GalvãoMariana e Mariana e João Carlos Camarco MaiaJoão Carlos Camarco Maia Thereza e Tom MaiaThereza e Tom Maia

Vital Passos Jr. Vital Passos Jr. e Andreae Andrea

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98 Viva a Vida98

Ainda estou no meio do olho do furacão, mas eu quero viver a vida!

Depois de dois meses em confi namento, me vejo livre. Será que estou li-vre? Talvez do confi na-

mento de uma fazenda, mas e o confi namento da vida pessoal? Quando vou poder ir ao shop-ping, por exemplo?

Depois que sai do programa “A Fa-zenda”, não parei um só minuto. Fo-tografei capa de revista com atrizes famosas, fi z comerciais de TV, par-ticipei de vários programas, fui em inaugurações em vários lugares, fi z um desfi le e ainda enfrento o trânsito paulistano, os aeroportos congestio-nados. Tenho dormido de 3 a 4 horas por dia, fui a São José, e não consegui ver nada que eu queria ver.

Passei somente um dia no lugar que eu sabia que me fortaleceria. Eu preci-sava ficar pelo menos 15 dias na minha terra! Recebi o carinho das minha ami-gas clientes, estava morrendo de sau-dades de cada uma delas, me encheram de amor, me fortaleceram.

Por onde vou recebo carinho, pes-soas que me vêem com intimidade, pessoas que eu nunca vi na vida me tratam como se eu fosse um velho conhecido. Tanto carinho, tanto amor, me emociono cada vez que recebo um afago desconhecido. Me sinto um privilegiado de Deus, não tenho palavras para expressar meu sentimento. Tudo isso me deixa mais forte como indivíduo.

Apesar de tudo de bom que tem acontecido em minha vida, sinto

quanto é bom tudo isso. Fazia muito tempo que não vivia assim tão pró-ximo de coisas que vivi ainda me-nino. Este foi meu maior prêmio no programa, valeu mais que qualquer dinheiro ou bem material.

Depois de tanto tempo longe, de valores grandes em pequenos mo-mentos, ou no mais simples prazer da vida, descobri que sei exatamente o que quero pra mim: viver a vida.

Me expus. Mostrei quem sou de verdade, recebi críticas, carinho e amor de quem eu nem conhecia. Me sinto um homem de muita coragem, mas o que mais me motiva é saber que sou de um lugar, fui criado, edu-cado, fi z meus verdadeiros amigos, entendi o que é compaixão, amor, honestidade. É exatamente neste lugar, o Vale do Paraíba, que gos-taria de viver minha vida. Depois disso, o que vier é lucro. •

que muita coisa mudou em mim, algo lá dentro, na alma. Meus valores mu-daram, vi coisas de perto, coisas que jamais em minha simples vida do Vale havia visto. A transformação de indi-víduos, seres amistosos, de fala mansa e carinhosa, de uma generosidade que comovia meu coração, se transfor-mando em pessoas maldosas.

Me senti fragilizado, sozinho, horro-rizado com o que via, acreditei nas pes-soas como um bom caipira faria. Me decepcionei, mas mesmo assim optei por continuar acreditando nas pessoas do que me tornar amargo com a vida. Sempre achei que quem duvida muito, sofre mais e se torna amargo. Eu, um velho ranzinza? Nem morto.

O que vale a pena? O que eu preciso na vida? Ser digno, poder olhar nos olhos dos meus sobrinhos sem medo ou vergonha. Tudo que vivi naquele lugar, vivi de verdade, senti cada tris-teza, todas as alegrias.

Hoje me vejo fora disso tudo, traba-lhando, como sempre fi z. Claro que meu tempo pessoal foi reduzido, mas estou feliz com minhas mudanças, as internas mais ainda. Entendo que pre-ciso continuar trabalhando muito, cres-cendo como profi ssional, gerando mais trabalho, mais pessoas em minha volta, poder fi car mais no Vale do Paraiba, vi-sitar as cidades onde cresci, passeando e fazendo amigos, redescobrir o meu lu-gar, tomar banho de cachoeira, comer banana amassada com paçoca de pilão, andar a cavalo... Carrasco! Acorda fi lhi-nho, isso tem nome: viver.

Acho que já nem lembrava mais, o

Carlos Carrasco

Carlos Carrascocabeleireiro

[email protected]

PENSAMENTOO que vale a

pena? O que eu preciso na vida? Ser digno, poder olhar nos olhos

dos meus sobrin-hos sem medo

ou vergonha

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