Revista UEG Viva

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Do câmpus ao campo A agricultura familiar movimenta economias locais e ganha força como objeto de estudo no câmpus Itapuranga Entrevista: Ivano Devilla Pró-reitor de Pesquisa e Pós- Graduação apresenta o panorama da pesquisa na UEG Caminhar pela vizinhança Rede de colaboração entre moradores de Pirenópolis gera projeto que estuda a importância dos cultivos nos quintais Para além da cozinha Empresa incubada na UEG produz uma linha de cosméticos com princípio ativo da casca da jabuticaba Laboratório rural Câmpus São Luís de Montes Belos abriga programa que interliga diferentes tipos de produção animal e vegetal com meios ecológicos e para fins de cidadania Revista da Universidade Estadual de Goiás Anápolis, Ano 2, nº 2 - agosto 2015 UEG

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Transcript of Revista UEG Viva

Do câmpus ao campoA agricultura familiar movimenta

economias locais e ganha força como objeto de estudo no

câmpus Itapuranga

Entrevista: Ivano Devilla

Pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação apresenta o panorama da pesquisa na UEG

Caminhar pela vizinhança

Rede de colaboração entre moradores de Pirenópolis gera projeto que estuda a importância dos cultivos nos quintais

Para além da cozinha

Empresa incubada na UEG produz uma linha de cosméticos com princípio ativo da casca da jabuticaba

Laboratório rural

Câmpus São Luís de Montes Belos abriga programa que interliga diferentes tipos de produção animal e vegetal com meios ecológicos e para fins de cidadania

Revista da Universidade Estadual de GoiásAnápolis, Ano 2, nº 2 - agosto 2015

UEG

Em 2016,seremos tudo,

com todos,de novo.

Em 2016, a cidade de Pirenópolis receberá a segunda edição do Festival Internacional de Folclore e Artes Tradicionais (Fifat). De 01 a 07 de agosto,

a programação do Fifat traz grupos nacionais e internacionais, apresentações culturais, oficinas, paradas folclóricas, atividades

acadêmicas e muito mais!

O Fifat é uma realização da Universidade Estadual de Goiás, em parceria com a Prefeitura Municipal de Pirenópolis.

Saiba mais em:

www.ueg.brVeja a galeria do Fifat 2014 em:

www.flickr.com/uegoficial

Em 2016,seremos tudo,

com todos,de novo.

Em 2016, a cidade de Pirenópolis receberá a segunda edição do Festival Internacional de Folclore e Artes Tradicionais (Fifat). De 01 a 07 de agosto,

a programação do Fifat traz grupos nacionais e internacionais, apresentações culturais, oficinas, paradas folclóricas, atividades

acadêmicas e muito mais!

O Fifat é uma realização da Universidade Estadual de Goiás, em parceria com a Prefeitura Municipal de Pirenópolis.

Saiba mais em:

www.ueg.brVeja a galeria do Fifat 2014 em:

www.flickr.com/uegoficial

UEG Viva

Revista da Universidade Estadual de GoiásAnápolis, Ano 2, Nº 2, agosto 2015

Universidade Estadual de Goiás

REITORHaroldo Reimer

VICE-REITORAValcemia Gonçalves de Sousa Novaes

CHEFE DE GABINETEJuliana Oliveira Almada

PRÓ-REITORA DE GRADUAÇÃOMaria Olinda Barreto

PRÓ-REITOR DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃOIvano Alessandro Devilla

PRÓ-REITOR DE EXTENSÃO, CULTURA E ASSUNTOS ESTUDANTISMarcos Antônio Torres

PRÓ-REITOR DE PLANEJAMENTO, GESTÃO E FINANÇASJosé Antonio Moiana

Revista

COORDENADOR GERAL DE COMUNICAÇÃOMarcelo Costa

ASSESSORA EXECUTIVA Ana Maria Borges Alchuffi

ASSISTENTE ADMINISTRATIVAJacqueline Souza Pires

EDITORA-CHEFELuana Borges

EDITORAlisson Caetano

CONSELHO EDITORIALBárbara ZaidenFernando MatosLia BelloStephani Echalar

JORNALISMOAlisson CaetanoBárbara ZaidenFernando MatosStephani Echalar

REVISÃOAlisson Caetano

FOTOGRAFIALia BelloRenner Mariano

DIAGRAMAÇÃO E ARTELia Bello

PUBLICIDADE E PROPAGANDAAlyne LugonGuilherme MercêsJoão Henrique Pacheco

RELAÇÕES PÚBLICASMaria da Glória MarretoMariana GomesRita Maura BoarinTâmara Reis

AUDIOVISUALNabyla Carneiro Silva

Publicação da Coordenação Geral de Comunicação(CGCom|UEG)

Rod. BR-153, Quadra Área, Km 99CEP: 75,132-903/Anápolis – GOTel. Geral: (62) 3328-1404

Impressão: 4000 exemplares

REITORIA

SUM

ÁRIO

ENTREVISTA

Entre quintais 16Projeto do câmpus Pirenópolis mapeia rede de compartilhadores de produções caseiras

Perfil 14Revista UEG Viva apresenta os

números da pesquisa

Cultura 20O homem do campo na obra de

Juraildes da Cruz é tema de artigo de professor do câmpus Uruaçu

Ciência ao ar livre 24Reserva ecológia da UEG é espaço para

aulas de ciências de estudantes de escolas públicas de Anápolis

Cerrado interpretado 26Do espaço físico ao homem sertanejo, o lugar cerrado é objeto de estudo no

câmpus Pires do Rio

EXPEDIENTE

REITORIA - CGCOMCoordenação Geral

de Comunicação

/uegoficial /uegoficial@uegoficial

Artigo do reitor da UEG, professor Haroldo Reimer, conta os avanços do protagonismo da Universidade no processo de desenvolvimento das cidades interioranas de Goiás

Com o crescimento notável dos cursos de pós-graduação e o alto desempenho das pesquisas, pró-reitor Ivano Devilla, apresenta as conquistas e desafios da pesquisa na UEG

Empoderamento ao interior de Goiás 07

CAPA

Pesquisa em avanço 10

Viver da própria raiz

Pesquisa do câmpus Itapuranga traça sustentabilidade econômica e cultural da

agricultura familiar desenvolvida no município

38 ArtigosSaberes do campo, o trabalho extenuante e o papel da Academia no desenvolvimento rural são fontes de pesquisa do corpo docente da UEG

42 À cidade, tempo e educaçãoEstação metereológica da UEG convida rede pública de ensino a aprender no câmpus Iporá

44 FotografiaCasarão da UEG recebe Folia de São Patrício em Crixás

48 Fonte de renovaçãoPesquisa desenvolvida na UEG revela o potencial da jabuticaba na produção de uma linha de cosméticos

52 Laboratório ruralConheça programa da UEG que alia sustentabilidade à cidadania no câmpus São Luís de Montes Belos

56 Arte nossaAluno de Arquitetura e Urbanismo dialoga passado e presente nos traços de suas ilustrações

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UEG Viva

A segunda edição da revista UEG Viva chegou até você. Em nosso primeiro en-contro, no ano passado, trouxemos uma edição comemorativa em nome dos 15 anos de atuação da Universidade Estadual de Goiás (UEG). Páginas que além

de imprimirem um resgate histórico do papel da UEG no desenvolvimento humano e tec-nológico em território goiano, também traçaram as atuais configurações que fortalecem o elo entre o ensino, a pesquisa e a extensão, desenvolvidos na Instituição, com a comunidade que vive dentro e em torno dela.

Sem linguagem pesada. Sem as barreiras que muitas vezes distanciam ciência e povo. A equipe de Jornalismo da UEG pretende, aqui, traduzir os feitos da comunidade acadêmica da Universidade para que professores, estudantes e quaisquer outros cidadãos se sintam mais próximos da nossa Universidade.

Com 41 câmpus e um Centro de Ensino e Aprendizagem em Rede (Cear) espalhados por todo o Estado, é preciso pegar a estrada para se fazer um recorte das pesquisas e projetos de extensão de destaque da UEG. E é na estrada, diante do cenário predominantemente rural que ainda envolve o asfalto de nosso Estado, que viajamos por uma Universidade que pensa, trabalha, discute e desenvolve o campo.

Em nosso itinerário de viagem marcamos o câmpus Iporá, o câmpus Itapuranga, o câmpus São Luís de Montes Belos, o câmpus Pirenópolis. Trouxemos também o câmpus Uruaçu, o câmpus Pires do Rio, o câmpus Crixás, o câmpus de Ciências Socioeconômicas e Humanas e o câmpus Henrique Santillo, ambos em Anápolis. Toda essa peregrinação com o único propósito de mostrar a diversidade com a qual a UEG vive a realidade do campo.

E como onde há gente, há cultura sendo levada adiante, buscamos trazer expressões cul-turais e os traços de quem traduz o homem do campo em suas obras. Em páginas de foto-grafia, ilustrações e em outras dedicadas à música goiana, levamos vocês não só às palavras que transcrevem o campo, mas ao prazer de vê-lo e ao incentivo de ouví-lo.

É preciso lembrar que, para se fortalecer, a pesquisa tem de ser incentivada, gestada e viabi-lizada. E é por isso que colocamos aqui a voz do professor que está à frente da Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação da UEG, Ivano Devilla. Em entrevista, o pesquisador nos conta os degraus já superados, os desafios a serem enfrentados e presta contas do bom momento vivido pela pesquisa da Universidade, em suas diversas realidades.

Ao enquadrar essas realidades, fazemos um apanhado do que a UEG tem desenvolvido nas lavouras de pequenos produtores, nas hortas de instituições de apoio, nos quintais goianos, nos laboratórios e nos pátios de seus câmpus. Em uma perspectiva de desenvolvimento das atividades profissionais, tecnológicas, científicas e acadêmicas no território no qual se instala, uma universidade precisa de gente que a faça crescer.

Professores, estudantes, gestores e cidadãos goianos, sintam-se parte da construção de tudo o que preenche estas páginas. Saibam ainda, seguramente, que a revista UEG Viva é um reflexo do que é a Universidade Estadual de Goiás. Um espaço público. Uma construção coletiva, de vocês e para vocês.

Boa leitura!

Nosso recorte: dos câmpus ao campo

Os conteúdos

da Revista UEG

Viva são um

reflexo do

crescimento

quantitativo

e qualitativo

das pesquisas

que nascem,

amadurecem

e geram

conhecimento

em nossa

Universidade

Por Alisson Caetano

EDITORIAL

UEG Viva

Empoderamento ao interior de Goiás

Poder interiorizar o Ensino Superior e demo- cratizar o acesso a esse nível de educação foi e continua sendo o principal objetivo da Universi-

dade Estadual de Goiás (UEG). Já antes de sua criação le-gal como ‘Universidade’, a UEG estava presente em várias cidades do interior de Goiás na forma de faculdades es-taduais isoladas. Somente após a edição da lei nº 13.456, de 16 de abril de 1999, a unificação dessas faculdades deu vida à UEG. Aliás, com exceção da Escola Superior de Edu-cação Física e Fisiterapia (Eseffego) e do câmpus Laran-jeiras, que estão em Goiânia, todos os outros câmpus da UEG estão no interior, incluindo Anápolis, que ficou definida como a sede administrativa da Universidade. A presença da UEG no interior do Estado não pode ser subavaliada quando se pensa o desenvolvimento humano e tecnológi-co em terras goianas. A entrega de mais de 100 mil diplo-mas ao longo da existência das faculdades isoladas e da UEG é, sem dúvida, uma contribuição significativa nesse processo de capacitar pessoas em alto nível para as mui-tas atividades que se foram criando ao longo do caminho de desenvolvimento econômico e social de Goiás.

Hoje, contudo, há mais ofertas e ofertantes no campo do Ensino Superior nessas regiões in-terioranas. Aqui deve-se mencionar, especial-mente, o processo de interiorização das institu-ições federais em seu processo de expansão por meio do programa Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni). Também, as instituições privadas experimentaram um importante processo de interiorização, suprindo demandas regionais, suportadas pelo pagamento de taxas escolares pelos discentes, mas contan-do também com o apoio de programas públi-cos como o Programa Universidade para Todos (Prouni) e a Bolsa Universitária, que foi instituída em 1999 e facilitou o acesso e a permanência de mais de 100 mil estudantes em instituições de Ensino Superior privadas.

Uma universidade estadual é um mecanismo im-portante para o desenvolvimento local e regional. Todos os estados da federação que tomaram a

iniciativa de criar um universidade estadu-al aplicam neste “nosso” espaço de ensino o esforço de complementar a obrigação constitucional da União em oferecer Ensino Superior público, gratuito e de qualidade. A interiorização é marca de todas as universi-dades estaduais e nisso reside uma impor-tante contribuição para empoderar o interior dos estados. Em Goiás não foi diferente. Hoje, contudo, esse processo de interiorização, e o subsequente aumento na oferta de formação superior nesses lugares descentralizados, re-configurou as demandas socioculturais e tec-nológicas de todo o nosso Estado. Neste novo cenário, há muito o que ser reorganizado.

A UEG se transforma e se reorganiza em seu papel de instituição ofertante de Ensino Superior em terras goianas. Algumas dessas transformações já compõem e dão cara ao dia a dia da nossa Universidade.

UEG câmpus Jussara, por Renner Mariano

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REITORIA

UEG Viva

A indissociabilidade entre ensino, pesquisa e ex-tensão, prevista em texto constitucional como tarefa própria de uma universidade, ganhou e vem ganhando força no modo de ser e operar da UEG. A nossa Instituição vem se construindo e se fortalecendo no tempo. Isso é verificado com a consolidação da infraestrutura necessária ao lon-go dos anos. Vários de nossos câmpus ganharam novos prédios; outros receberam reformas ou ex-pansões prediais. Investimentos substanciais têm possibilitado a aquisição de equipamentos para os laboratórios dos diferentes cursos. É verdade que temos muitas demandas a serem atendidas, mas precisamos entender isso como um processo de construção histórico. Uma universidade se constrói no tempo!

Os investimentos em pesquisa e extensão são notáveis na UEG. O aumento no número de projetos de pesquisa e extensão nos últimos anos evidencia isso. Em 2012, estavam registrados na Pró-Reito-ria de Pesquisa e Pós-Graduação 328 projetos de pesquisa, contrastando com total de 350 regis-trados apenas no primeiro semestre de 2015. E é importante perceber que a distribuição do número de projetos de pesquisa em desenvolvimento vem mostrando a gradativa participação dos câmpus do interior nesse processo. Este avanço somente é possível em decorrência da fixação de mestres e doutores no interior. A presença de tais profissionais de alto nível nas cidades interioranas constitui uma possibilidade para fortalecer o desenvolvimento hu-mano e tecnológico, podendo ser ainda mais incre-mentado nos próximos anos.

Esse aumento do número de doutores com capaci-dade comprovada de pesquisa e produção intelec-tual possibilitou, nos últimos 3 anos, um aumento significativo dos nossos programas de pós-gradu-ação stricto sensu. Dos 2 programas existentes em 2011 passamos para 10 programas em 2015, com pretensão de aumento para este e os próximos anos. Por definição, todos os programas se locali- zam no interior de Goiás, embora a maioria esteja concentrada em Anápolis. Mas existem mestra-dos funcionando nos câmpus da UEG em Ipameri, Morrinhos e São Luís de Montes Belos. Esses pro-gramas buscam uma maior interlocução com as demandas regionais e com os arranjos produtivos locais, fazendo da UEG um ambiente cada vez mais acolhedor ao fortalecimento da quádrupla hélice (diálogo entre universidade, governo, sociedade e arranjos produtivos). Hoje caminhamos para com-pletar o número de 400 doutores na UEG, contras-

tando com os 197 existentes em final de 2011. O aumento é significativo e mostra mais uma vez essa construção da Instituição no tempo. A realização da pesquisa com produção intelectual na forma de artigos, capítulos e livros, bem como a visibilização dos resultados em congressos científicos, fortalece e qualifica as atividades de ensino.

E é baseando-se na qualidade coletiva do nosso corpo de pesquisadores que um veículo institucio- nal como este se torna possível. Os conteúdos da Revista UEG Viva são um reflexo do crescimento quantitativo e qualitativo das pesquisas que nascem, amadurecem e geram conhecimento em nossa Universidade. Nas salas de aula, nos laboratórios, bibliotecas e demais espaços, nossos corpos do-cente e discente vivem a retroalimentação do conhecimento vivo. Conhecimento em movimento e em um fluxo de diálogo entre ensino, pesquisa e extensão.

A extensão universitária vem ganhando contornos sempre maiores em termos de qualidade. O número de projetos de extensão também aumentou, o que por sua vez é decorrência da capacidade de pesquisa. A UEG tem, hoje, quase 600 ações extensionistas em execução. Dar maior ênfase na extensão universitária, como elo de transferência de conhecimento, é uma das propostas de nossa gestão. Cabe ressaltar que atividades de extensão possibilitam o trânsito do conhecimento em dois sentidos: da universidade para a sociedade, e desta para o ambiente universitário. Em consonância com a diversificação da matriz de conhecimento, há saberes manejados pelo povo que podem e de-vem ser aproveitados no ambiente do Ensino Superior. Com isso, empoderam-se também os sujei-tos tradicionais que portam e manejam esses conhecimentos, ajudando a dignificar a cultura popular.

temos muitas demandas a serem

atendidas, mas precisamos

entender isso como um processo

de construção histórico. Uma

universidade se constrói no tempo!

Estamos

vivendo a

escrita de

uma nova

página na

história

da UEG

Os alunos e as alunas que ingressam na UEG trazem consigo as marcas das desigualdades ainda reinantes na realidade brasileira. Nos últimos 3 anos, segundo da-dos levantados, reconhecemos esses traços no perfil do estudante da UEG. Em torno de 75% dos alunos vêm da escola pública; mais da metade das famílias dos alunos vivem em condições de vulnerabilidade; a maioria é do sexo feminino; e a maioria se declara negra ou parda, se-gundo as categorias do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Para oferecer maiores condições de permanência a esses homens e a essas mulheres que chegam à UEG, investimos significativamente em bolsas estudantis nos últimos anos. Contrastando com as 230 bolsas de iniciação científica ofertadas pela UEG em 2012, a partir de recursos do próprio orçamento, subimos, em 2014, para 1837 bolsas. Entendemos que esta é a inicia-tiva necessária como contraponto à evasão, que é alta em todo o sistema de Ensino Superior brasileiro. A essas bolsas custeadas com recursos do orçamento da UEG

08

REITORIA

Prof. Dr. Haroldo Reimer

Reitor da Universidade Estadual de Goiás; pós-doutor em História pela Unicamp; doutor em Teologia; graduado em Direito, Filosofia e Teologia

somam-se ainda as bolsas provenientes de outros programas importantes, tais como o Programa Ins- titucional de Bolsas de Iniciação a Docência (Pibid) e o Programa de Extensão Universitária (Proext). Com a permanência dos alunos na UEG, empoderam-se as condições locais de desenvolvimento por meio da atuação profissional destes futuros egressos. Em perspectiva de médio e longo alcance, os ganhos com esses investimentos são enormes.

Poderíamos ainda falar de várias outras ações impor-tantes na atual gestão da UEG. Podemos evidenciar a aquisição de veículos de transporte de passageiros para dar suporte às atividades de ensino, pesquisa e extensão. A reforma curricular, que coloca o aluno como sujeito ativo no seu percurso de formação su-perior, com medidas como a supressão das aulas aos sábados, evidencia a UEG sintonizada com as deman-das contemporâneas. A realização de eventos inte-gradores dá também mais coesão às nossas ações. O Congresso de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe) e o Festival Internacional de Folclore e Artes Tradicionais (Fifat), cujas primeiras edições foram realizadas em 2014, são ótimos exemplos disso. Grandes e impor-tantes passos já foram dados, mas é preciso manter o fôlego para os próximos desafios.

O desafio maior da gestão da UEG é a regulamentação da autonomia da Universidade. No último dia 1º de julho, a Assembleia Legislativa aprovou, em segunda votação, a minuta de lei encaminhada pela UEG ao Governo em agosto de 2013. A minuta pas-sou por adequações e foi aprovada com o seu núcleo, que é a previsão dos repasses financeiros assegurados no artigo 158 da Constituição do Estado de Goiás na forma de duodécimos da conta centralizada do Estado para a conta específica da UEG. In-ternamente, a autonomia da Universidade possibilitará maior planejamento de suas atividades e especialmente o fortalecimento da consciência de que a casa é nossa e que as responsabilidades de viver nela também são. Com a autonomia, aumenta-se a responsabilidade da gestão da UEG. Estamos vivendo a escrita de uma nova página na história da Universidade. Estamos mantendo viva a evolução temporal de uma instituição de ensino que transforma Goiás, de norte a sul, com o compromisso de uma educação superior de qualidade.

Com a consciência de que uma universidade se constrói no tempo, encaramos os obstáculos presentes como desafios para uma construção mais qualitativa rumo à excelência

Foto: Lia Bello

REITORIA

10 UEG Viva

Pesquisa em avançoAs ações de gestão realizadas nos últimos

anos colocoram a pesquisa e as pós-graduações da UEG em um novo patamar.

Conheça, pela voz do pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação da Instituição, professor Ivano Devilla, as novas configurações que

levaram as pesquisas desenvolvidas na Universidade a seguir um fluxo crescente de

qualidade e produtividade

A Academia possui uma estruturação complexa e que coloca em três eixos os nortes de suas ações - Ensino, Pesquisa e Extensão. Muitas vezes, o corpo docente e os estudantes de uma universi-

dade não compreendem os processos e responsabilidades das pró-reitorias que se destinam a cada um desses três eixos. Hoje, à frente da Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação da Universidade Estadual de Goiás (PrP|UEG), está o professor Ivano Devilla, cuja carreira acadêmica vem aproximando-o cada vez mais dos desafios da pesquisa universitária.

Pós-doutor em Engenharia Agrícola, o pró-reitor está nas salas de aula da UEG desde 2004. E até assumir a PrP em 2012, professor Ivano foi coorde-nador do programa de pós-graduação de Engenharia Agrícola do câmpus Henrique Santillo, foi coordenador do curso de graduação em Engenharia Agrícola no mesmo câmpus e ainda assumiu a coordenação dos programas Stricto Sensu da Universidade.

Professores e estudantes, essa entrevista é para vocês. Ao conversar com a Revista UEG Viva, o pró-reitor explicou os passos dados pela Universidade para que corpos docente e discente aproveitem o bom momento da pesquisa na Instituição e apontou aos próximos degraus que vão fazer da UEG uma atmosfera cada vez mais propícia para o nascimento e desenvolvimento de novas pesquisas.

Revista UEG Viva - Ao assumir a PrP, em 2012, o pró-reitor se deparou com os desafios de gestão de uma Universidade multicampi, mas que o senhor já conhecia muito bem. Que metas e desafios foram traçados àquela época para a maturação da pesquisa na UEG?

Ivano Devilla (ID) - A Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação, em 2012, traçou várias metas. Uma delas foi a reorganização dos processos das subdi-visões da PrP, para que pudéssemos otimizar o nosso trabalho. Priorizamos, também, o lançamento de edi-tais para pós-graduações Lato Sensu, o que reflete bastante no perfil de pesquisa atual da UEG. Outro ponto que buscamos trabalhar foi o fortalecimento dos programas Stricto Sensu, com mais cursos em nível de mestrado. E também estamos motivados, desde então, com o sonho dos doutorados. Todos esses pontos reconfiguraram a PrP e trouxeram avanços muito bons à UEG. Saímos de 2 programas de mestrado em 2012 para 10 em 2015. Oferece-mos, hoje, 27 especializações. Esse novo portfólio de programas de pós-graduação é só uma das provas de que estamos caminhando no rumo certo. A UEG tem perfil para ser referência em pesquisa. Por ser

Alisson Caetano

Lia Bello

11

também o apoio às atividades do Aplicativo para Propostas de Cursos Novos, incentivando professores a criarem suas próprias propostas de programas de mestrado. Talvez, algo que melhor traduza essa nova política de incentivos seja a implementação da Bolsa de Incentivo ao Pesquisador (Bip), em 2014. Os bolsistas Bip são um grande ganho à UEG. Eles aumentam a produção bibliográfica e de artigos científicos e tecnológicos da UEG e avaliam os projetos de pesquisa da Instituição, o que tem dado um retorno bastante positivo. Só em 2015, mais de 300 projetos foram avaliados pelos nossos bolsistas. O trabalho desses bol-sistas tem sido crucial para medirmos a qualidade do andamento de nossas pesquisas.

Revista UEG Viva - E diante dessas avaliações e da realidade de produção de pesquisa na Universidade, quais são as áreas do co- nhecimento que se destacam?

ID - Se considerarmos o número de projetos de pesquisa e a área com maior número de demandas de bolsas, a que mais tem se destacado na UEG é a de Ciências Agrárias. Em segundo, temos as Ciências Humanas. História, Geografia, Letras e todas as licenciaturas têm mostrado ótimos números de produção. Agrárias e Humanas normalmente são áreas com boa produtividade de pesquisa, e na UEG isso não é diferente.

Revista UEG Viva - Uma turma de 15 docentes compõem o Douto-rado Interinstitucional em Educação (Dinter), parceria da UEG com a Universidade Federal de Goiás. O que esses novos profissionais qualificados significam ao corpo docente da Instituição?

ID - O Dinter é uma qualificação que gera menor impacto nas atividades dos professores que fazem o doutorado. Uma forma de qualificação com menor deslocamento. Aproxima-se a instituição ofertante da realidade dos docentes. Esse Dinter com a Faculdade de Educação da Universidade Federal de Goiás era um desejo antigo da UEG. Hoje, nossos professores ficam afastados apenas 12 meses para as aulas do doutorado e mais 6 meses para a redação de suas teses. Qualificar professores no doutora-do é o passo inicial para que nossos docentes componham um núcleo forte na área de seus estudos, um grupo que trabalhe para apresentar propostas de mestrado e doutorado. Isso vai ao encontro do nosso dese-jo de finalmente abrir um doutorado próprio da UEG.

Revista UEG Viva - Para que a pesquisa continue se fortalecen-do, o diálogo com os outros dois eixos da Academia é muito necessário. O que se pode destacar sobre o que tem sido realizado nesse diálogo ensino-pesquisa-extensão?

ID - Tivemos, no ano passado, um momento muito importante para esse diálogo entre as pró-reitorias. A primeira edição do Congresso de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe) colocou as três pró-reitorias em forte inter-locução. O Cepe une esses três eixos para que as pessoas que vivem cada um deles na Universidade se conheçam e passem a criar um ciclo fortalecido de diálogo. A pesquisa de um professor X pode ser levada à extensão com os seus resultados pelo professor Y, para que seu produto final chegue à comunidade externa.

Nosso desafio

atual é

estabelecer

novas parcerias,

fortalecer as

já existentes, e

ampliar essas

articulações de

captação também

junto ao setor

privado

multicampi, os pesquisadores da UEG têm a oportunidade de desenvolver pesquisas intimamente relacionadas com a vocação de cada região de Goiás e de forma plu-ral e rica. A PrP tem se preocupado em procurar essas particularidades e em in-centivar a relação da pesquisa com elas.

Revista UEG Viva - E quais são os incentivos que deram nova cara à atual política de desenvolvimento institucional no âmbito da pesquisa?

ID - Nossos programas de pós-gradu-ação acompanham a interiorização da UEG. Temos programas em Ipameri, Morrinhos e São Luis de Montes Belos. Mas só levar esses programas ao inte-rior não é o bastante. Por isso buscamos trabalhar com diferentes formas de incentivar a produção acadêmica. Abri-mos, em 2014, editais para a tradução de projetos para a língua inglesa, o que re-flete em uma maior internacionalização das pesquisas da UEG. Aumentamos

ENTREVISTA

12 UEG Viva

mil. Temos também um bom valor para produtos de consumo financiados pela Capes. Nós temos, hoje, propostas aprovadas na Capes para investimento em equipamentos de pesquisa em um valor de 360 mil, só aguardando o repasse de recursos. Os convênios federais representam, em 2015, mais de 10 milhões em investimentos em pesquisa na UEG. Assim, a pesquisa tem sido o maior meio de captação de recursos externos para a nossa Instituição. Nosso desafio atual é estabelecer novas parcerias, fortalecer as já existentes, e ampliar essas articulações de captação também junto ao setor privado.

Revista UEG Viva - No ano passado, a UEG ganhou um setor voltado só para cuidar de todo o ciclo de vida dessas negociações, a Gerência de Convênios Acadêmicos e Captação de Recursos (Gerccap). Agora com mais de um ano de atuação, qual a avaliação da atuação da Gerência?

ID - A Gerência foi um divisor de águas para começarmos a ter um feedback mais eficaz dos nossos projetos de pesquisa com financiamento externo. Até então, não tínhamos uma visão completa e minuciosa do andamento dos nossos projetos. Hoje, com a Gerccap, temos todo esse acompanhamento, da maturação do convênio até a prestação de contas do mesmo. A Gerccap nos informa o que já foi executado, quanto falta ser investido, oferece alternativas de aporte de recursos, estuda formas de como remanejar esses recursos cap-tados. A Gerência agiliza os encaminhamentos que colocam em prática nossas pesquisas.

Revista UEG Viva - A relação das universidades com a iniciativa privada gera uma ponte entre a produção de conhecimento e a inovação necessária ao mercado. Como a UEG tem caminhado para fortalecer o elo entre pesquisa e setor produtivo?

ID - Esse é um assunto que está diretamente ligado à proteção de proprie-dade intelectual, à ideia de patentes. A UEG está em processo de criação do seu Núcleo de Inovação Tecnológica. Nós já temos dois professores trabalhando na regulamentação desse Núcleo. Já foram investidos R$ 42 mil reais, financiados pela Fapeg, para a implantação do Núcleo, somando a compra dos equipamen-tos e do software de gestão de patentes. Esses professores envolvidos com a consolidação do nosso Núcleo de Inovação já dialogam com empresas, tentan-do fazer essa ponte entre os pesquisadores da UEG e a iniciativa privada. Esse Núcleo está em fase de maturação para que até o fim de 2015 ele já esteja im-plementado. A ideia é trabalhar com patente, registrando programas e resguar-dando o que é inovador e foi pesquisado e aplicado pelos pesquisadores da UEG. Com esse processo de patenteamento, garantimos que as pesquisas da UEG, quando passíveis de gerar inovação, sejam reconhecidas como um fruto nosso.

ENTREVISTA

O Cepe cria espaço para que essa interação seja possível. O primeiro Cepe reuniu 1.500 pesquisa-dores, entre estudantes, professores e palestrantes, e as três pró-reitorias continuarão a trabalhar para que esse ambiente de convivência dos três eixos continue existindo todos os anos.

Revista UEG Viva - Com a criação do Programa Próprio de Bolsas da UEG em 2013, a Univer-sidade tem conseguido aumentar a cada ano os incentivos que garantem uma boa fase para ações de assistência estudantil. Como os es-tudantes da UEG chegam a essas bolsas volta-das para a pesquisa?

ID - No caso da pesquisa, nós temos as bolsas de Iniciação Científica e de Iniciação Tecnológica, a Bic/UEG e a Bit/UEG. Em 2014, foram disponibilizadas 230 bolsas nessas modalidades, 200 Bic e 30 Bit. Somando as bolsas próprias da UEG às ofereci-das pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), mais de 300 alunos são incentivados a levar seus projetos de pesquisa adiante. É importante ressaltar que, de 2012 para 2014, aumentamos 5 bolsas Pibic/CNPq, ofere-cendo hoje 50 nessa modalidade. Os estudantes só precisam ficar atentos ao lançamento dos editais. A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg) tem ajudado bastante nossos programas de pós-graduação, 9 deles têm pelo menos 4 bolsas para os mestrandos. Pelo Programa Próprio de Bolsas, a UEG oferece 40 bolsas anuais destinadas também aos estudantes dos nossos mestrados.

Revista UEG Viva - A pesquisa está direta-mente ligada à diversificação de fontes de receitas voltadas às universidades. Como tem sido encaminhada a relação da UEG com esses órgãos financiadores de pesquisa?

ID - A UEG possui hoje uma importante relação de parceria com dois dos principais órgãos governa-mentais financiadores na área de pesquisa do país: A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep). Os convênios firmados com es-ses órgãos envolvem recursos para investimentos em construção de prédios e aquisição de equipa-mentos, por exemplo. A Universidade está com processo aberto para a aquisição de um supercom-putador para o programa de Ciências Moleculares em um convênio com o Fundo Nacional de Desen-volvimento da Educação (FNDE) de mais de 600

Por ser multicampi, os pesquisadores da

UEG têm a oportunidade de desenvolver

pesquisas intimamente relacionadas com

a vocação de cada região de Goiás e de

forma plural e rica

12

ENTREVISTA

14 UEG Viva

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eros

A UEG oferece

10 mestrados

Ciências Moleculares - Câmpus Henrique Santillo, em Anápolis

Engenharia Agrícola - Câmpus Henrique Santillo, em Anápolis

Produção Vegetal - Câmpus Ipameri

Educação, Linguagens e Tecnologias (Mielt) – Câmpus de Ciências Socioeconômicas e Humanas, em Anápolis

Recursos Naturias do Cerrado (Renac) - Câmpus de Ciências Socioeconômicas e Humanas, em Anápolis

Territórios e Expressões Culturais no cerrado (Teccer) - Câmpus de Ciências Socioeconômicas e Humanas, em Anápolis

Ciências aplicadas a produtos da saúde (Caps) - Câmpus Henrique Santillo, em Anápolis

Ambiente e Sociedade – Câmpus Morrinhos

Desenvolvimento Rural Sustentável (Profissional) – Câmpus São Luís de Montes Belos

Ensino de Ciências (Profissional) - Câmpus Henrique Santillo, em Anápolis

Projetos de pesquisa

350 projetos cadastrados em 2015

A Revista UEG Viva apresenta os últimos avanços da Universidade. Do aumento do seu portfólio de cursos de mestrado e especialização à

sinalizam as conquistas da UEG no campo da pesquisa.

15UEG Viva

-

15UEG Viva

Confira abaixo as especializações oferecidas gratuitamente em 2015:

Docência: Interdisciplinaridades e Demandas ContemporâneasCâmpus Itapuranga

Planejamento e Gestão Ambiental Câmpus Morrinhos

Especialização em Educação para as Ciências e Humanidades

Câmpus Quirinópolis

Formação Docente Interdisciplinar: Diversidades GoianasCâmpus Pires do Rio

Docência do Ensino Superior Câmpus Uruaçu

Especialização em Transdisciplinaridade e Interdisciplinaridade na Educação Câmpus Inhumas

Cultura, Identidade e RegiãoCâmpus Jussara

Gestão de NegóciosCâmpus Aparecida de Goiânia

História, Cultura e RegiãoCâmpus Goianésia

Gestão, Agronegócio e Operações LogísticasCâmpus Goianésia

Educação e AgroecologiaCâmpus Goiás

Especialização em Educação MatemáticaCâmpus Goiás

Especialização em Estudos Literários

Câmpus Posse

Letramento, Produção de Sentidos e EscritaCâmpus Iporá

Gestão da Qualidade e Segurança de Alimentos Câmpus São Luís de Montes Belos

Educação, Arte e Cultura Câmpus São Luís de Montes Belos

Políticas Públicas e Dinâmicas TerritoriaisCâmpus de Ciências Socioeconômicas e Humanas, em Anápolis

Movimento Humano

Linguagens, Letramento e Cibercultura na Educação BásicaCâmpus Campos Belos

Gestão da Produção e da Qualidade AgroindustrialCâmpus Jataí

Gestão e Biossegurança em Estética e CosméticaCâmpus Laranjeiras, em Goiânia

Docência e Gestão da Educação SuperiorCâmpus Luziânia

Gestão em AgronegócioCâmpus Mineiros

Manejo e Conservação dos Ecossistemas Naturais e Sistemas AgráriosCâmpus Palmeiras de Goiás

Gestão e Segurança em Redes de ComputadoresCâmpus Trindade

Docência – Transdisciplinaridade e Interdisciplinaridade na Educação Câmpus Inhumas

Docência – Interdisciplinaridades e Demandas Conjtemporâneads Câmpus Itapuranga

Especializações em parcerias:

Gerenciamento em Segurança Pública - Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás

Gestão do Trabalho e da Educação em Saúde - Escola Estadual de Saúde Pública de Goiás Cândido Santiago

Lato Sensu

Atualmente, a UEG possui

339 &100

profissionais com doutoradosendo

pós-doutores

de doutorado

89Corpo

docente

Stricto Sensu

2012 2013 2014

Bolsa de Iniciação Científica/UEG 160 200 200

Bolsa de Iniciação Tecnológica/UEG 30 30 30

Pibic/CNPq 45 47 50

Pibic-Ações Afirmativas/CNPq 9 9 9

Pibit/CNPq 15 15 15

Acompanhe o crescimento da assistência à pesquisa nos últimos anos

Bolsas de pesquisa

14 UEG Viva

Pesq

uisa

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núm

eros

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Territórios e Expressões Culturais no cerrado (Teccer) - Câmpus de Ciências Socioeconômicas e Humanas, em Anápolis

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Desenvolvimento Rural Sustentável (Profissional) – Câmpus São Luís de Montes Belos

Ensino de Ciências (Profissional) - Câmpus Henrique Santillo, em Anápolis

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350 projetos cadastrados em 2015

A Revista UEG Viva apresenta os últimos avanços da Universidade. Do aumento do seu portfólio de cursos de mestrado e especialização à

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Planejamento e Gestão Ambiental Câmpus Morrinhos

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Câmpus Quirinópolis

Formação Docente Interdisciplinar: Diversidades GoianasCâmpus Pires do Rio

Docência do Ensino Superior Câmpus Uruaçu

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Cultura, Identidade e RegiãoCâmpus Jussara

Gestão de NegóciosCâmpus Aparecida de Goiânia

História, Cultura e RegiãoCâmpus Goianésia

Gestão, Agronegócio e Operações LogísticasCâmpus Goianésia

Educação e AgroecologiaCâmpus Goiás

Especialização em Educação MatemáticaCâmpus Goiás

Especialização em Estudos Literários

Câmpus Posse

Letramento, Produção de Sentidos e EscritaCâmpus Iporá

Gestão da Qualidade e Segurança de Alimentos Câmpus São Luís de Montes Belos

Educação, Arte e Cultura Câmpus São Luís de Montes Belos

Políticas Públicas e Dinâmicas TerritoriaisCâmpus de Ciências Socioeconômicas e Humanas, em Anápolis

Movimento Humano

Linguagens, Letramento e Cibercultura na Educação BásicaCâmpus Campos Belos

Gestão da Produção e da Qualidade AgroindustrialCâmpus Jataí

Gestão e Biossegurança em Estética e CosméticaCâmpus Laranjeiras, em Goiânia

Docência e Gestão da Educação SuperiorCâmpus Luziânia

Gestão em AgronegócioCâmpus Mineiros

Manejo e Conservação dos Ecossistemas Naturais e Sistemas AgráriosCâmpus Palmeiras de Goiás

Gestão e Segurança em Redes de ComputadoresCâmpus Trindade

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Lato Sensu

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PERFIL

16 UEG Viva

17UEG Viva

Na história de Goiás, o costume de cultivar pequenas hortas ou roças sempre foi presente. Árvores frutíferas, temperos, verduras, legumes e plantas medicinais fazem parte des-

ses cultivos que resistiram ao tempo e ainda hoje podem ser obser-vados nas casas de todo o Estado.

Em Pirenópolis, por exemplo, o que é produzido nos quintais de algu-mas vizinhanças serve como forma de aproximação entre os mora-dores, como observou Alessandra Schneider, professora dos cursos de Tecnologia em Gastronomia e Hotelaria do câmpus Pirenópolis da Universidade Estadual de Goiás (UEG).

Ela notou que em alguns pontos da cidade as pessoas deixam saco-las com itens que são cultivados em seus quintais à disposição de quem tiver interesse em coletá-los. De frutas a legumes, as sacolas podem ser observadas em diversas calçadas espalhadas pelas vi- zinhanças de Pirenópolis. Levada pela curiosidade por essa prática, a professora se tornou responsável por um projeto de extensão que busca mapear e identificar quintais na cidade e as suas produções: o projeto Resgate das memórias gastronômicas em Pirenópolis.

“A ideia é trazer essas pessoas para a Universidade para transmitir seus conhecimentos e ao mesmo tempo levar outras informações e formas de aproveitamento dessas produções caseiras”, pontua a pro-fessora. Segundo ela, o projeto também busca ampliar e dinamizar essa relação com a comunidade a partir da alimentação, que é um importante aspecto cultural e que faz parte da rotina dos cursos do câmpus Pirenópolis.

Segundo Alessandra, além de identificar essas redes informais de troca entre vizinhos, as primeiras observações também indicam que a interação entre os moradores é muito mais que deixar as sacolas expostas com o que é produzido em seus quintais. Essa relação é mais ampla.

Em algumas vizinhanças, por exemplo, de tempos em tempos, são organizadas refeições coletivas. Em outras, os vizinhos são chama-dos uns aos quintais dos outros para colher esses produtos. Além da importância produtiva, esses quintais são também responsáveis por aspectos de sociabilidade na comunidade pirenopolina.

Fernando Matos

Lia Bello

Entre quintaisProjeto de extensão do câmpus Pirenópolis busca evidenciar as redes estabelecidas entre os moradores da cidade que compartilham suas produções caseiras com a comunidade

1717

18 UEG Viva

Alessandra explica que a questão dos quintais é um ponto de discussão que abrange aspectos cul-turais e de desenvolvimento urbano. Isso porque o crescimento das cidades tem levado à diminuição espacial dessas áreas das moradias. “Os quintais estão cada vez menores. A necessidade de ampli-ar construções em seus lotes e construir outros espaços de morada tem levado ao desapareci-mento dos quintais”, observa.

Alessandra assinala que a manutenção dos quin-tais é importante para o equilíbrio da tempera- tura e também como forma de conservação de determinadas espécies. “Há uma série de frutas que estão se perdendo porque as pessoas dei-xam de cultivá-las. É preciso coletar e preservar sementes, muitas crioulas, que são as não ge-neticamente modificadas, para que não percamos diversas espécies”, pontua.

Fruta do pé

Uma das ruas da cidade em que ocorrem essas trocas é a XV de Novembro, no bairro Bonfim. Foi lá que a professora Alessandra e a bolsista da UEG Ciça Pacheco, estudante do curso de Tec- nologia em Gastronomia, se encontraram com o senhor Zé Estrela, outro estudante do curso e que também faz parte do projeto. Junto à equipe de reportagem da Universidade, eles conheceram os primeiros quintais mapeados pela iniciativa.

“Essas pessoas

possuem um

conhecimento que

muitas vezes nós,

na Academia, não

temos. Quando

desenvolvemos a

extensão acabamos

fazendo essa

troca”

Alessandra Schneider, professora do câmpus Pirenópolis

As pessoas que estão envolvidas nesta rede são conhecidas como compartilhadores. Foi o es-tudante Zé Estrela o guia por essa rua em que di-versos personagens tiveram muito mais que seus quintais a compartilhar.

Na primeira parada, o encontro foi com o senhor Zé Bonfim, morador da cidade desde sempre. “Eu nasci ali, naquela pedreira”, diz apontando pela janela para o local de extração das famosas pedras da cidade. Uma memória que pode ser percebida por toda casa, construída por ele mesmo, tendo diversas pedras na edificação. “Vou caminhando em direção ao infinito. Tenho o tempo de uma vida para chegar”, dizem os versos de Romântico Bruto, um poema próprio que foi musicado por Zé Bon-fim, ao violão, dando boas-vindas à nossa equipe.

Entre romãs, mamões, pitangas, jabuticabas, canela e tantas outras espécies, Seu Zé Bonfim vai explicando os usos que faz de cada uma, como a jurubeba, que “dá um delicioso aroma ao arroz”. Ele explica que algumas das espécies cresceram de forma espontânea em seu quintal, outras ele mesmo plantou.

Quanto à distribuição, a vizinhança já sabe que ali é ponto em que eles podem colher diretamente dos pés. “Eles sabem que podem vir aqui pegar quando elas maduram, mas às vezes, quando eles estão com preguiça, e isso já aconteceu, eu faço

as sacolas e deixo na rua para eles pegarem o que quiserem”, revela entre risos.

Clóvis Basílio dos Santos, também da Rua XV de No-vembro, é outro morador que participa desse com-partilhamento. Cultivando frutas, ervas e legumino-sas, ele diz que para algumas variedades é só “jogar as sementes e as plantas nascem”. Em seu quintal, laranjas e mexericas saltam aos olhos. Suas laranjas da terra, por exemplo, impressionam pelo tamanho.

Quando Clóvis comprou sua atual casa já existiam algumas árvores no terreno. E ao longo do tempo o número foi aumentando. O seu quintal exibia, dentre outras coisas, café, acerola e quiabo. Ele explicou que não vende o que é produzido.

O grande quintal de Clóvis produz regularmente du-rante todo o ano e, assim como o quintal de Zé Bon-fim, há diversos tipos de cultivos. Mas não são todos os quintais que apresentam uma grande área, o que não significa falta de diversidade.

Nascido e criado em Pirenópolis, Zé Bonfim abre as portas de sua casa para compartilhar seus cultivos

1818

19UEG Viva

A manutenção dos

quintais é importante

para o equilíbrio

da temperatura e

também como forma

de conservação

de determinadas

espécies

É o caso do quintal de Seu João Côrrea e sua espo-sa, dona Margarida. O quintal dos dois não possui as dimensões dos outros, mas ainda assim guarda muitas espécies. Diferente da maioria dos quintais visitados, é também o que possui a maior parte ci-mentada. Nele, uma frondosa jabuticabeira divide espaço com um cajueiro, que saem de aberturas no chão e fazem sombra em todo o quintal.

Além das frutas, o casal cultiva hortelã, gengibre, açafrão e algumas plantas medicinais. A salsa, por exemplo, é bastante utilizada por eles para proble-mas hepáticos. São justamente esses saberes tradicionais sobre as plantas e seus cultivos que a professora Alessandra pontua como importantes. “Essas pessoas possuem um conhecimento que muitas vezes nós, na Academia, não temos. Quando desenvolvemos a extensão acabamos fazendo essa troca”, observa.

Momentos de partilha

Uma das características mais evidentes dessa rede de compartilhamento é a interação entre os mora-dores. E os quintais são essas portas de entrada. Além das frutas e legumes, há também trocas de informações sobre cultivo e mudas de diferentes espécies. E essa é uma característica que se man-tém em vizinhanças diferentes. É o caso da vizin-hança de dona Maria das Graças, que mora no Bair-ro do Carmo.

Em seu quintal, taioba, jabuticaba, mexerica, acero-la e limão dividem espaço com plantas medicinais

e ornamentais. Ela explica que na época em que as árvores estão carregadas é comum os vizinhos chegarem em seu quintal para “catar direto do pé”.

“É importante valorizar as pessoas envolvidas nessas redes de compartilhamento, os seus quintais e o fato delas manterem cultivos ca-seiros. E, principalmente, é preciso perceber o quão importante esse compartilhamento é para a relação afetiva entre essas vizinhanças”, observa a professora Alessandra Schneider.

Entre uma ida e outra a esses quintais, há sem-pre uma pausa para um café, um lanche e uma conversa. E assim, esses quintais que cultivam grandes variedades de vegetais, também culti-vam elos de afeto entre seus compartilhadores.

Compartilhador Clóvis Santos

Compartilhadoras Dona Margarida (acima) e Maria das Graças (abaixo)

1919

Professor do curso de História da Universidade Estadual de Goiás (UEG) no câmpus Uruaçu, Diego de Moraes escolheu a área devido à “dimensão de autocompreensão do ser hu-

mano e da sociedade”. As salas de aula, no entanto, não ocupam todo o tempo criativo de Diego. Da História na Academia, o professor canta histórias como músico, com o pseudônimo Diego Mascate.

O docente explica que a inspiração para as aulas e para as com-posições deriva de uma troca entre os dois espaços. É exatamente devido a essa mistura entre os talentos musicais e a vida de docente na UEG que Diego é a voz que fala de arte goiana na Revista UEG Viva.Dentre as figuras artísticas do Estado, o músico Juraildes da Cruz é uma das mais admiradas pelo jovem professor de 30 anos. Nesta seção, Diego analisa as produções de Juraildes, que deu inspiração ao nome de seu projeto atual, intitulado Pó de ser, em parceria com o músico Kleuber Garcez. “Pó de ser é um átomo de existência, uma partícula de vida”, explica.

Dos tempos de infância em Goiás, Dieguito, como é carinhosamente chamado pelos mais próximos, lembra dos detalhes da fazenda do avô e do cotidiano da vida no campo. Saindo dos palcos da cena mu-sical alternativa de Goiânia, o Mascate já tocou em estados como Acre e Tocantins. Da terra que o acolheu, Diego de Moraes não esconde a admiração por vários aspectos, como a diversidade cultural e a ousadia daqueles que enfrentam a imposição da mesmice. “Goias é um Estado múltiplo, com muitas contradições sociais e também com brilhantes riquezas culturais”, diz Diego.

A partir da canção Correr de mim, composta por Juraildes da Cruz, leia, nas próximas páginas, um texto do professor Diego, por meio do qual o docente e músico descreve as construções de vida e das obras do cantor e compositor goiano.

Um encontro entre músicos e histórias

Bárbara Zaiden

Lia Bello

2121

CULTURA

UEG Viva

JUraildes desenvolveu seu estilo

próprio, sua impressão digital

artística. Mais que um folclorista, é

um verdadeiro criador que se alimenta

das riquezas da cultura popular

Goias é um

estado múltiplo,

com muitas

contradições

sociais e também

com brilhantes

riquezas

culturais

Em 1954, Getúlio Vargas saía da vida para entrar na História, enquanto a porta do tempo se abria para o compositor Juraildes da Cruz entrar na vida e fa-zer história. Sua cidade natal, Aurora do Tocantins, é homenageada em seu último CD: Aurora Régia, obra prima recheada de observações globais e histórias confessionais. Uma viagem sonora ao seu tempo de menino no meio rural. A Vida no cam-po tanto perpassa o conjunto de sua obra, quanto também nomeia uma de suas canções, na qual ex-pressa o sorriso da natureza, no refrão: “A vida no campo é fruta madura/Amizade é coisa pura, é mel no coração”.

Uma das amizades que marcaram sua trajetória foi a com o compositor Silvio Barbosa. “Silvinho” influenciaria um dos traços mais fortes de sua música: seu jeito singular de tocar violão. Essa sofisticação musical também veio um pouco das aulas com William Arantes, violonista de Uberlândia (MG), na década de 70. O violão clássico o ajudou a desenvolver sua mão direita. Mesclando pitadas do erudito com elementos do cancioneiro popular, e temperado com uma boa dose de autodidatismo,

A “Aurora Régia” de Juraildes da Cruz

Juraildes desenvolveu seu estilo próprio, sua im-pressão digital artística. Mais que um folclorista, é um verdadeiro criador que se alimenta das rique-zas da cultura popular. Jura (como gentilmente é apelidado por amigos) é gênio. “Nosso Tom Zé!”, elogia o letrista Carlos Brandão.

Aurora Régia faz um panorama de sua obra, com novidades e regravações de seus clássicos em novas roupagens. O álbum é aberto com uma contundente crítica à violência contra a mulher, Maria da Penha, em parceria com João Araújo. O álbum também traz participações, como seu

CULTURA

filho João Pedro cantando em várias faixas em sintonia com o timbre da voz do pai. Dani Bonfim reinterpreta Roda Gigante, expressão de sua fé na justiça divina. Um dos ápices do registro é a canção Memória de Carreiro, dueto de Jura com Xangai. A direção musical é de Jairo Reis e de Bororó, renomado baixista que tocou no primeiro LP de Juraildes, Cheiro de Terra (1990). O primei-ro disco já era dedicado à sua mãe, Erondina da Cruz, que também é relembrada em vários mo-mentos do novo trabalho, como na música Em Nome do Pai, na qual afirma: “Fui mimbora dessa terra, mas essa terra não saiu de mim”.

Prosa e violão: professor da UEG, Diego de Moraes, junto a Juraildes da Cruz

Foto: Eduardo Carli

23

“Fui mimbora dessa terra, mas

essa terra não saiu de mim" Juraildes da Cruz, na música Em nome do Pai

tive a alegria de participar em 2011. Juraildes é referência para o meu trabalho em parceria com Kleuber Garcêz, tanto que a inspiração do nome da nossa banda, Pó de Ser, veio justamente em um show dele, abrindo para o gigante Hermeto Pascoal.

Em nossa prosa com violão, numa agradável tarde em sua casa, Jura refletiu criti-camente sobre vários temas atuais, sentenciando: “O capitalismo é um psicopata”, coincidindo com a recente crítica do papa Francisco às atrocidades capitalistas. Suas ideias também estão compiladas em um livro escrito por ele que está guardado na gaveta, Entre a Viola e a Cruz, obra que deve trazer pérolas de sabedoria como: “O animal mais perigoso do planeta é o ser humano inteligente sem consciência. Conhecimento sem sabedoria é artilharia nas mãos do mal”.

A nova fase e o novo álbum, com certeza, serão históricos na trajetória desse artista iluminado que não foge de si.

CULTURA

UEG Viva

Consciente de que o futuro está nas mãos das crianças, Jura frequentemente se apresenta em escolas, com mensagens positivas de sua filosofia que diz: “A solução para o mundo está no autoconhecimento”. No DVD Meninos (2008), o músico canta com um lindo coral de crianças, que também brilhou em seu CD Jóia do Cerrado (2011), evidenciando que as jóias do cerrado não são só arvores, como o buriti, ou aves, como o juriti, mas são também as crianças daqui.

“Ficou chato ser moderno, agora serei eterno”, dizia Drum-mond. Frase que pode ser aplicada à Juraildes, um crítico bem humorado do colonialismo cultural na “globalização”, como na música Hot Dog Latino, que ironiza a mania de se batizar os filhos com nomes estrangeiros (no novo CD inclui até o Justin Bieber). Outro bom exemplo é a famosa Nóis é Jeca, Mais é Jóia: “Se farinha fosse americana: mandioca importada/Ban-quete de bacana era farinhada”. Essa questão política reaparece em Biodesagradável, denúncia da roubalheira da biopirataria, acrescentando: “Tão querendo patentear a mandioca/Pelo jeito agora vão valorizar a farinha”.

Respeitado nacionalmente com o Prêmio Vale de música bra-sileira, que recebeu em 2010, Jura tem uma coleção de troféus e muita história para contar, como sobre quando participou com Genésio Tocantins, em 1979, do Festival da TV Tupi, que contou com nomes de peso como Walter Franco e Jackson do Pandeiro. Em 2000, participou do Rumos Musicais, mapeamen-to musical realizado pelo Itaú – projeto do qual eu também

Professor mestre Diego de Moraes Campos UEG câmpus Uruaçu

Cantor e compositor Diego Mascate (Conheça mais sobre o trabalho

musical do professor em www.diegomascate.com.br)

Foto: Thâmile Vidiz

24 UEG Viva

Deixar os jovens tão entusiasmados pelo conhecimento quanto pelas brincadei-ras não é tarefa simples. Para algumas

disciplinas, como as das áreas de Ciências Exatas e Biológicas, o desafio pode ser ainda maior - já que a aparente falta de contato direto com os temas apre-sentados pode causar estranhamento por parte dos estudantes.

Como, então, transformar as aulas de ciências em espaços mais convidativos? “É isso mesmo que estamos pesquisando”, conta Hélida Ferreira, pesquisadora do projeto Biodiversidade do Cerrado. O projeto, da Universidade Estadual de Goiás (UEG), desenvolve ações voltadas diretamente ao público infantil. E neste contato com os pequenos cidadãos são apresentados o bioma cerrado, sua importância e a necessidade de sua preservação.

Em duas frentes do projeto, a Trilha do Tatu e o pro-grama Cientista Mirim, estudantes de escolas públi-cas de Anápolis visitam o câmpus Henrique Santillo da UEG, onde participam de atividades que buscam aproximar as crianças do cotidiano dos cientistas que trabalham no local e mostrar que a ciência e o fazer científico não estão apenas nos filmes de ficção, mas em todos os lugares.

O projeto Biodiversidade no

Cerrado mostra, às crianças do

ensino público, que a ciência e o

fazer científico não estão apenas

nos filmes de ficção, mas em todos

os lugares

Na trilha do conhecimentoUma área de preservação ambiental e um laboratório da UEG, em Anápolis, recebem estudantes de escolas públicas para incentivar o fazer científico em prol da conservação do cerrado

ta do projeto de pesquisa de Educação e Divul-gação Científica. Taís participa do Biodiversidade do Cerrado como monitora das visitas à Trilha do Tatu desde o segundo período da graduação em Ciências Biológicas, cursada no câmpus Henri-que Santillo.

Aprender a céu aberto Toda semana, a Trilha do Tatu - uma área de preservação ambiental com cerca de 1500 me-tros de extensão dentro do terreno da UEG - re-cebe estudantes da rede pública do ensino funda-mental. Os alunos e as alunas são divididos em duas turmas para as atividades. Todos assistem a uma pequena palestra no laboratório e percor-rem a Trilha, acompanhados por monitores.

A primeira das frentes consiste em uma caminhada educativa pela Trilha do Tatu. Uma trilha interpre-tativa pelo recorte de cerrado que cerca o câmpus Henrique Santillo. Já no laboratório, com o Programa Cientista Mirim, os participantes aprendem a seguir o método científico observando o meio ambiente, criando e testando hipóteses para entender as espe-cificidades da fauna e da flora do cerrado. “Já recebe-mos várias escolas. Nossa expectativa é que aulas em ambientes não formais contribuam significati-vamente para a apreensão de conteúdos raramente trabalhados em sala de aula”, explica Hélida.

“O nosso objetivo é fazer com que esses alunos conheçam um pouco do trabalho do cientista”, conta Taís de Fátima, hoje mestra em Recursos Naturais do Cerrado, programa de mestrado da UEG, e bolsis-

Stephani Echalar

Arquivo do projeto

25UEG Viva

“Buscamos divulgar o bioma.

Acredito que, conhecendo

o cerrado, eles [estudantes] conseguem entender a importância e

o porquê de preservá-lo”

Taís de Fátima, monitora do projeto

Tanto percorrendo a Trilha quanto na palestra, os jo-vens visitantes são apresentados ao bioma presente no ambiente em que vivem: fauna, flora, característi-cas climáticas, além de serem incentivados a ob-servar possíveis intervenções humanas que causam degradação neste espaço. Segundo Taís, o projeto trabalha a ampliação do conhecimento como ferra-menta de incentivo à preservação do cerrado. “Bus-camos divulgar o bioma. Acredito que, conhecendo o cerrado, eles [estudantes] conseguem entender a importância e o porquê de preservá-lo”.

Apenas em 2015, cerca de 150 crianças participaram do projeto percorrendo a Trilha do Tatu. A primeira parceria trouxe as turmas do 7º ano da Escola Mu-nicipal Deputado José de Assis. No final de junho, a última turma da Escola realizou a visita, com cerca de 20 estudantes.

Tudo na natureza está ligado

Antes de entrar na área de preservação, os visitantes recebem algumas orientações: as crianças não de-vem se afastar dos monitores; para poder ver alguns dos animais que habitam o local é importante não fazer muito barulho; e, finalmente, nada de jogar lixo na Trilha. Além das orientações, as crianças re-cebem um kit montado especialmente para o Pro-jeto. Bloco de anotações com informações sobre o cerrado, garrafinha para hidratação, lápis e borracha. Para o passeio educativo, os estudantes são equipa-dos com materiais de proteção, como colete, boné e perneiras.

Na Trilha do Tatu, os visitantes passam por três pontos de observação, onde conhecem três fitofi-sionomias do cerrado: cerrado stricto sensu, mata seca e mata de galeria. Para cada tipo de vege-tação há uma parada na trilha. A primeira em um mirante, a segunda - para o lanche - em uma área de mata fechada, e a terceira em um deck à beira do riacho que corta a trilha. A cada etapa, as crianças são convidadas a observar as diferenças na vegetação e no solo do percurso.

A experiência, embora curta, parece dar resulta-do. Andressa Ferreira Soares, de 13 anos, pre-tende cursar Medicina Veterinária no futuro. Do passeio, gostou de conhecer a mata de galeria, ver uma nascente no meio da reserva e conhecer uma nova planta, a Fogo de Dragão. Quanto à atividade extraclasse? “Muito melhor do que den-tro da sala”, conta com empolgação. “Na sala de aula a gente só tem o livro como fonte. Aqui a gente pode ver, tocar. É muito diferente”, comple-ta a estudante.

27

“Depois a chuva em grossos pingossobre os telhados,Na poeira ressequida das estradas,na terra requeimada das queimadas,desprendendo um cheiro forte de gestação.(Mamãe molhava algodão em cachaça canforadaE nos dava para cheirar: cuidado com defluxo!)Amanhã tudo vai começar de novo:as folhas voltarão aos galhos secos,as águas resmungarão nas grotas mortas,os pássaros do céu hão de cantar no cio...(E aquela que partiu por que não volta?)”

Primeiras chuvas, por Bernado Élis

Cerrado entre o simbólico e o materialPara além dos aspectos de fauna e flora, professor do câmpus Pires do Rio estuda a ideia de lugar como um conjunto de interpretações e olhares dos sujeitos

Qual o significado de lugar? Um termo aparentemente simples, mas que sugere uma vasta série de interpre-tações que nem sempre estão ancoradas na fisicalidade.

Segundo Michel Certeau, em A invenção do cotidiano (1996), o espaço é um lugar onde diversas experiências ganham valores e são signifi-cadas e ressignificadas de acordo com as vivências próprias de cada sujeito. “O espaço é um cruzamento de móveis”, diz o autor. Pode-se, portanto ou talvez, pensar lugar como um local de narrativas e lem-branças das práticas cotidianas.

Ao falarmos em lugar estamos diante de aspectos simbólicos que irão formar culturalmente o imaginário sobre determinada região. Uma construção contextualizada, e portanto política e histórica, que insere na geografia elementos afetivos, morais, espirituais e linguísticos, que dão forma ao espaço sobre o qual se fala.

Logo, ao pensarmos na construção de Goiás, parte significativa da noção que se tem do Estado está fundada na ideia de Sertão. Para Custódia Selma Sena, esse Sertão não designa apenas a oposição do interior em relação ao litoral, como entendiam os navegantes, mas também “a dimensão positiva de vazio a ser conquistado”.

Fernando Matos

Arquivo do Museu Histórico de Anápolis

UEG Viva

O desenvolvimento de pesquisas

leva ao aperfeiçoamento da

mecanização e dos usos dos

bens naturais. E, novamente,

se percebe uma nova forma de

interação com o espaço

Essa visão que a autora elabora sobre o es-paço Sertão é compartilhada pelo pesquisador Sandro Dutra e Silva, professor de História da Universidade Estadual de Goiás (UEG) câmpus Pires do Rio e do Programa de Pós-Graduação em Territórios e Expressões Culturais no Cerra-do (Teccer), da UEG. Segundo o professor, que pesquisa a expansão agrícola no Estado, essa ideia de local de difícil acesso e aridez já é nota-da no século XIX a partir de estudos botânicos realizados pelo francês Saint-Hilaire.

Sandro aponta que tal percepção da região se estabeleceu, em grande parte, pelas com-parações que o naturalista francês fez entre a mata atlântica, de onde ele partiu, com as pai- sagens do cerrado – que à época se encontrava em estiagem. “Todas as plantas ressecadas pelo ardor do sol tinham uma coloração ama- rela ou cinza, que afligia o olhar. Já não se viam mais flores”, escreveu o francês.

Um lugar a ser desbravado

Para o professor Sandro, a suposta aridez da região não era própria apenas de seu clima. “Não se tratava apenas das condições climáticas. Os aspectos humanos também eram ‘áridos’. Em comparação com as elites de outros estados, por exemplo, a local não possuia o mesmo status”, observa. Segundo ele, questões geográficas foram fatores que con-tribuíram para esse panorama.

“É interessante notar que a nossa historiografia se aproxima muito da estadunidense. Em minhas pesquisas eu dialogo muito com a western history, que é a história do Oeste dos Estados Unidos. E essa matriz fala dessa ocupação do Oeste e a relação com a diversidade encontrada nesse espaço. O que se aproxima muito da nossa realidade, pois trata desse território a ser conquistado, os enfrentamentos nesse pro-cesso”, observa. Sandro descreve ainda que esse desbra-vamento do Oeste – que tanto aqui como lá se aproxima, inclusive, em termos linguísticos -, foi também uma política de colonização: a Marcha para o Oeste.

“Eu trabalho com a literatura de Bernado Élis, e a maneira como ele pensa esse cerrado não é puramente a partir de sua caracterização natural, mas na relação entre o homem e o meio ambiente, e as implicações dessa relação”, destaca o pesquisador.

O professor trabalha com a ideia de fronteira. Ele explica que isso se deve ao fato do Sertão, como conceito, estar muito ligado ao que se considera atrasado. “É o conflito entre o litoral urbano e o interior atrasado”, observa. Nesse sentido, fronteira seria uma categoria que melhor definiria essa relação, pois se confi- guraria numa ideia de ocupação de um território inexplorado.

Entretanto, o professor faz a ressalva de que a utilização da categoria “Sertão” é historicamente mais difundida, no Brasil, pela relação de desigualdade que carrega, o que sedimenta a ideia de modernidade e atraso, a partir de um ideal europeu de urbanidade e modernidade do litoral.

Nesse sentido, é possível perceber que a ocupação do Oeste no Brasil não ocor-reu apenas por uma questão político-institucional, mas também pela perspec-tiva de europeização muito presente na sociedade brasileira do século XVIII.

“Todas as

plantas

ressecadas

pelo ardor do

sol tinham uma

coloração

amarela ou

cinza, que

afligia o olhar.

Já não se viam

mais flores”Saint-Hilaire, botânico francês

Foto: Lia Bello

29UEG Viva

“O cerrado é muito mais que um

bioma, é muito mais complexo.

Ele é também as relações que são

estabelecidas com esse lugar.

As relações entre sujeitos e as

relações desses sujeitos com o

meio ambiente”Sandro Dutra e Silva, professor do câmpus

Pires do Rio e do Programa de Pós-Graduação em Territórios e Expressões no Cerrado (Teccer)

E junto com esse processo de colonização do Oeste vem também a modificação da paisa-gem natural do cerrado. A partir de investigações de documentos históricos, Sandro afirma que já no início do século XIX é possível observar a introdução e a proliferação de gramíneas africanas no território de Goiás.

“Saint-Hilaire, quando chega aqui, já encontra capim-gordura, um vestígio da colonização, que por uma série de fatores não encontrou resistência para se alastrar”, nota. A introdução desse tipo de vegetação exótica se dá com a pecuária. Entretanto, não é o gado o principal responsável pela modificação da paisagem do Sertão, mas a expansão da fronteira agrícola.

Reconfiguração da paisagem e do status

A agricultura, que além de modificar a paisagem do cerrado no planalto, é responsável por rearranjar a própria configuração da região. Após passar por períodos de mineração e pecuária marcados por embates de diversas ordens, a expansão agrícola é a responsável pelas maiores transformações da paisagem natural.

Não se trata apenas da transformação a partir da introdução de espécies exóticas nesse território e dos impactos dessas introduções no meio ambiente, mas também das estraté-gias de modernização do Estado a partir do século XX.

“A agricultura é a principal responsável por essa modificação. Tanto pelo desmatamento de grandes áreas em seu início quanto pelo desenvolvimento de tecnologias de melhoramen-to genético e do solo”, observa o professor que, citando suas fontes, aponta para o fato de que regiões antes não produtivas emergiram como importantes áreas de produção no Estado, como a região de Cristalina.

Por volta da década de 30, o foco na agricultara tem como des-dobramento, por questões políticas, o incentivo para a atração de agricultores de outros estados. Eles vieram para cultivar a terra principalmente com a produção de arroz. Tem-se ainda a chegada da ferrovia à Anápolis e o seu fortalecimento como principal entreposto do Estado.

A década de 1930 marca também a construção da nova capital do Estado: Goiânia, que segundo Nars Chaul, dentro da lógica de reorientação da economia nacional existente nos anos 30, encontrou resistência dos grupos políticos da época.

Em 1960 e 1970, a partir de acordos com o governo japonês, por exemplo, Goiás passa a receber investimentos em tecno-logias para as lavouras, melhoramento de solo e de sementes. A ocupação passa a ser institucional, via políticas públicas para o Estado. O desenvolvimento de pesquisas leva ao aper-feiçoamento da mecanização e dos usos dos bens naturais. E, novamente, se percebe uma nova forma de interação com o espaço.

Goiás passa a ser percebido por outros olhos e o seu cresci-mento econômico imprime uma nova cara ao Estado. A ca-pital moderna ajuda a atenuar a ideia de ruralidade que recai sobre as terras goianas. Como pontua Sandro, Nars e tantos outros autores e pesquisadores, Goiás carrega em si a mistu-ra entre a modernidade e o que é próprio de seus primeiros tempos, de quando ainda era visto como Sertão, como cerrado a ser desbravado.

Leia mais sobre a história do Estado de Goiás:

Entre o Sertão e o Litoral: cultura e cotidiano em Porto Nacional 1880/1910

Maria de Fátima Oliveira. Coleção Olhares. Editora UEG, 2010.

José, Tereza, Zélia . . . E seu Território Cigano

Ademir Divino Vaz. Coleção Olhares. Editora UEG, 2010.

Goiás 1722 -2002

Organização deNars Nagib Fayad Chaul, Agência Goiana de Cultura Pedro Ludovico Teixeira, 2005.

Viver da própria raiz Cultivar e se alimentar da terra respeitando seus limites. A agricultura familiar é objeto de estudo de um professor da UEG câmpus Itapuranga, que pesquisa a dinâmica de vida dos pequenos agricultores do município

Stephani Echalar

Lia Bello

UEG Viva

Quem percorre o Estado pelas estradas e rodovias está acostumado a ver dife- rentes paisagens colorindo as janelas

dos carros e ônibus. O cenário pode ser composto por plantações ou pastagens que se estendem pelo horizonte. Em outros locais, o que se tem à vista é uma sequência de recortes, montando uma colcha de retalhos no solo com as pequenas propriedades.

As paisagens encontradas em Goiás são um resumo do panorama agropecuário brasileiro, no qual grandes fazendas - muitas vezes dedicadas à monocultura - dividem espaço com pequenas propriedades ru-rais. Segundo dados de 2006 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apenas 2% das propriedades rurais no Brasil possuem mais de 500 hectares, no entanto ocupam mais de 56% da área total destinada à agricultura. Em contrapartida, 78%

das propriedades têm menos de 50 hectares, ocupando 13% dessa mesma área.

No último relatório publicado pela Orga- nização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO-Brasil), O estado da se-gurança alimentar e nutricional no Brasil, de 2014, constam observações contundentes sobre o modelo de produção agrícola adotado. Embora o país lidere a produção mundial de diversos tipos de alimento - como laranja, fei-jão, soja e carne bovina - a maior parte da pro-dução de larga escala é destinada ao mercado externo. O mercado interno é complementado por outra fonte: a agricultura familiar.

Comida na mesa

Segundo a FAO-Brasil, nove a cada dez pro-priedades rurais em todo o mundo são geri-das por unidades familiares, produzindo cerca de 80% dos alimentos consumidos pelo globo. A participação da agricultura familiar na pro-dução brasileira é tão relevante quanto no cenário internacional.

O Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDS) estima que pelo menos cinco milhões de famílias se dediquem à agricultura familiar no país, compondo 84% de todas as proprie-dades rurais existentes em território nacional e gerando mais de 70% das ocupações no campo. Somente no Brasil, a atividade foi res- ponsável pela produção de 70% dos alimentos no ano de 2014.

“A sustentabilidade

econômica está

relacionada

à renda, que é

o que mantém

esse pessoal

no campo. Eles

não conseguem

produzir em larga

escala fora das

características

da agricultura

familiar”

Antônio Leite, professor da UEG câmpus Itapuranga

Além de complementar o abastecimento dos mer-cados internos, gerar empregos e garantir renda à população do campo, a agricultura familiar recebe incentivo da ONU e de outros órgãos especializados principalmente por conta da perspectiva ecológi-ca por meio da qual é desenvolvida. Esse tipo de cultivo ajuda a preservar a diversidade de alimen-tos nativos e os métodos de produção são menos agressivos ao meio ambiente - com uso reduzido de agrotóxicos, ou mesmo sem recorrer a tais pro-dutos químicos.

A agricultura familiar está presente em todo o Esta-do de Goiás. São propriedades pequenas, cultivadas pelas famílias que vivem ali. A produção é dividida entre o consumo próprio e a venda. Grande parte do excedente é distribuído na mesma cidade ou região onde os alimentos são produzidos, o que propor-ciona mercadoria fresca e menos gastos logísticos.

Esse é o perfil de quase duas mil famílias da região de Itapuranga, no interior de Goiás, que são o foco do projeto de pesquisa As atuais contribuições

CAPA

33UEG Viva

da agricultura familiar para a sustentabilidade econômica e cultural dos pequenos proprietários ru-rais no município de Itapuranga. Desenvolvido pelo professor Antônio Ferreira Leite, da Universidade Estadual de Goiás (UEG) câmpus Itapuranga, o pro-jeto busca apontar como as mudanças no cenário da agricultura impactaram a produção e o modo de vida dos pequenos produtores rurais da região.

Segundo o professor, na produção rural de pequena escala, autossuficiência econômica e cultural estão interligadas. “A sustentabilidade econômica está re- lacionada à renda, que é o que mantém esse pessoal no campo. Eles não conseguem produzir em larga escala fora das características da agricultura fami- liar, e se vivessem na cidade não conseguiriam a mesma renda tirada da lavoura”. Ou seja, a produção familiar é a opção mais viável para esses cidadãos se sustentarem. É, também, a melhor forma de preservar sua cultura. Vem daí a sustentabilidade cultural pesquisada pelo professor, que é “a capaci-dade de se manter no campo e dar continuidade a esse modo de produção”.

A produção

familiar é a

opção mais

viável para esses

cidadãos se

sustentarem e a

melhor forma

de preservar sua

cultura

Uma vida na horta

Esses produtores viveram na região a maior parte de suas vidas, e se dedicam ao cultivo de pequenas lavouras e ao trato de pequenos rebanhos. Para desenvolver o projeto, Antônio visita os pequenos produtores esporadicamente, observando o desen-volvimento das atividades no campo e as mudanças ocorridas nos últimos anos.

Um desses personagens acompanhados pelo pesquisador da UEG é Valdete Pereira da Silva, de 57 anos. Atualmente, a propriedade de Seu Dete, como é conhecido na região, tem cerca de 6 alqueires. No entanto, quando adquiriu a terra, há mais de 25 anos, era pouco maior que 1 alqueire. Desde que se estabeleceu no local, Valdete e a família se dedicam ao cultivo de uma grande variedade de hortaliças e verduras e à criação de animais.

A horta do produtor ocupa uma extensão de terra próxima à casa da família e, com a ajuda da espo-sa e do filho, o agricultor produz beringela, alface, tomate, brócolis e outras. A rotina de trabalho no campo começa cedo, antes das 6 horas da manhã em dias normais e por volta das 4 horas da ma-nhã nos dias de feira. A maior parte da produção é vendida na feira, o restante é dividido entre o con-sumo próprio e a venda ao Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) do Governo Federal. O programa facilita a compra direta da produção de agricultores familiares, garantindo o retorno dos investimentos. Os alimentos adquiridos são destinados a escolas, creches, hospitais e outras instituições.

Mesmo com a rotina puxada e o orçamento aperta-do, Seu Dete não pensa em mudar de rumo. “Nunca morei na cidade. Não penso em mudar, gosto do que faço”. Há alguns quilômetros da propriedade de Valdete, Seu Peixoto tem a mesma opinião, mas ao contrário do vizinho, ele já passou bastante tempo longe do campo.

Em dia de feira, Seu Dete e a família começam a trabalhar na horta às 4 da manhã

CAPA

UEG Viva

Para desenvolver

o projeto, o

professor Antônio

Leite visita os

pequenos produtores

esporadicamente,

observando o

desenvolvimento

das atividades no

campo e as mudanças

ocorridas nos

últimos anos

Seu Peixoto já passou dos setenta. Vindo de Minas Gerais, chegou a Itapuranga ainda cri-ança. Chegou de trem em Anápolis e comple-tou o caminho até Itapuranga para morar em um pedaço de terra a poucos metros do que vive hoje. Com o tempo, o pai de Seu Peixoto aumentou a propriedade, que foi dividida após sua morte. Hoje, Peixoto e os irmãos são todos vizinhos, no mesmo local onde vivem desde cri-anças. As novas gerações também já ocuparam a terra.

“A gente não ganha dinheiro, a vida na roça não é fácil. Mas você vive uma vida mais prazerosa”, conta o agricultor. O produtor passou um bom tempo lançando tendências entre as plantações. O sucesso com a primeira plantação de tomate da região levou energia elétrica para a casa de sua família. Quando todo mundo rumou para o tomate e a concorrência afastou os grandes lucros, Seu Peixoto mudou de novo, trouxe o maracujá para Itapuranga, depois o mamão. E segue assim até hoje.

A pequena extensão de terra de Seu Peixoto ocupa 6 alqueires e é dividida entre diferentes lavouras e inúmeras árvores frutíferas - as frutas são apenas para consumo próprio e fazem parte da paissagem. Ainda hoje, as lavouras são alternadas. Uma parte da terra não tem plantação enquanto se recupera para a próxima safra.

Espaço para novas gerações

Assim como Seu Peixoto, as novas gerações também se dividem entre o campo e a cidade. Se-gundo o professor Antônio, grande parte dos filhos dos agricultores da região optam por ajudar os pais na lavoura e a seguir esse estilo de vida, mesmo que tenham condições de trilhar os caminhos que levam à cidade.

O caminho de José Roberto da Costa o levou da chácara à capital. Mas, depois de três anos, ele fez o caminho de volta. Desde então, fez mais de dez cursos oferecidos pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) e se dedica a cuidar da

CAPA

Seu Peixoto levou o tomate à região de Itapuranga, e para manter os lucros continua lançando tendências em seus cultivos

35UEG Viva

Desde 2009, o Brasil é o maior consumidor de agrotóxicos no mundo - mais de 1 milhão de tone-ladas de químicos aplicados nas plantações a cada ano, sendo alguns deles já proibidos em outros países por serem muito agressivos. Isso porque os agrotóxicos foram a ferramenta encontrada para garantir uma produção grande o suficiente para abastecer a indústria e os mercados interno e externo.

“O uso de agrotóxicos no Brasil é costumeiro, geral-mente não existe um preparo prévio”. Quem explica é Douglas Bottura, professor do curso de Ciências Biológicas da Universidade Estadual de Goiás (UEG) câmpus Iporá. “O que se faz é aplicar o veneno de forma desenfreada, o produtor tem uma ‘receitinha’. Se está plantando tomate, quando o tomate atinge certa idade eles passam o veneno a cada três dias, mesmo que nem exista a praga ali na lavoura”.

A utilização equivocada dos agrotóxicos vem com consequências: atinge o aplicador, contamina o solo e a água - com o vento e a chuva pode até chegar às cidades - e deixa resíduos nos alimentos.

Agricultura mais saudável

Segundo o Posicionamento do Instituto Nacional de Câncer acerca dos Agrotóxicos, documento pu- blicado em 2015 pelo Instituto Nacional de Câncer (INCA), a exposição direta aos químicos pode causar infecções graves, provocando irritações, vômitos e outras complicações. A exposição que ocorre pelo consumo prolongado de resíduos presentes tanto em alimentos quanto no meio ambiente pode gerar infertilidade, desregulação hormonal, efeitos sobre o sistema imunológico, entre outros problemas.

Bottura estuda formas alternativas de combater pra-gas na produção agrícola. As práticas mais comuns são o uso de produtos de base biológica, como de-fensivos produzidos a partir de extratos de plantas. Inimigos naturais também são utilizados - doenças ou predadores que atacam especificamente as pra-gas da lavoura.

O princípio é simples: se um inseto - uma vespa, por exemplo - atinge a plantação, o agricultor atrai ou-tro inseto que ataque essa vespa. Assim, a praga é

combatida sem o uso de produtos químicos naque-le ambiente. Ao invés do inseto predador, também poderia ser utilizado algum vírus ou alguma doença que elimine aquele tipo de vespa - desde que esses não sejam capazes de se desenvolverem nas plan-tas nem nos consumidores finais.

Em suas pesquisas, Douglas Bottura vai além. Al-gumas espécies se comunicam por sinais sonoros. Macho e fêmea se encontram por meio desses si-nais e se reproduzem, aumentando a população da praga na plantação. Bottura desenvolve armadilhas que imitam o mesmo sinal e atraem os insetos para longe das plantas. Quando afastados, eles são atin- gidos por inseticidas. Dessa forma, os alimentos também não entram em contato com os defensivos.

Embora sejam uma opção mais responsável, as práticas de controle alternativo ainda não são co- nhecidas. “Levar essas informações técnicas acerca do uso de controles alternativos é a principal função da universidade e ela vai se dar por meio extensão. A Academia deve capacitar os produtores a utilizar essas técnicas”, aponta Douglas.

Veneno é opcional: outras formas de produzir

propriedade da família, onde vive com os pais. José ainda não ingressou no Ensino Superior, mas não descarta a possibilidade. “Eu acabei retornando para cá e acho que foi uma boa opção. Estou trabalhando com o que eu gosto”, diz o produtor que, junto à sua família, participa da complexa dinâmica da agricultu-ra familiar de Itapuranga.

Com tantos produtores vivendo nos mesmos mol-des de cultivo na região, como não sobrecarregar o mercado com uma produção tão semelhante? “Eles conhecem o mercado consumidor que têm”, explica o pesquisador Antônio Leite. Além da feira, os produtores vendem para a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e para os supermercados da cidade, tudo coordenado pela cooperativa de agri- cultores familiares local. “Cada um tem uma cota. Eles sabem o que cada um vai produzir, a quantidade necessária e o mercado ao qual se destina”. Num ritmo tranquilo e, principalmente, autogerido, os três agricultores seguem tirando o sustento do próprio quintal e levando alimentos para outras casas por meio de uma intrincada rede que une produtores e consumidores no centro do Estado de Goiás.

A cidade grande não conseguiu prender José Roberto. Após três anos na capital o produtor voltou ao campo

Mais informações no site www.prp.ueg.brou pelo telefone (62) 3328-1153.

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Ciências MolecularesCâmpus Henrique Santillo, Anápolis

Engenharia AgrícolaCâmpus Henrique Santillo, Anápolis

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Educação, Linguagens e Tecnologias (Mielt)Câmpus de Ciências Socioeconômicas e Humanas,Anápolis

Recursos Naturias do Cerrado (Renac)Câmpus de Ciências Socioeconômicas e Humanas,Anápolis

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Docência – Interdisciplinaridadese Demandas ContemporâneasCâmpus Itapuranga

Docência: Interdisciplinaridadese Demandas ContemporâneasCâmpus Itapuranga

Planejamento e Gestão AmbientalCâmpus Morrinhos

Especialização em Educaçãopara as Ciências e HumanidadesCâmpus Quirinópolis

Formação Docente Interdisciplinar:Diversidades GoianasCâmpus Pires do Rio

Docência do Ensino SuperiorCâmpus Uruaçu

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Cultura, Identidade e RegiãoCâmpus Jussara

Gestão de NegóciosCâmpus Aparecida de Goiânia

História, Cultura e RegiãoCâmpus Goianésia

Gestão, Agronegócio e Operações LogísticasCâmpus Goianésia

Educação e AgroecologiaCâmpus Goiás

Especialização em Educação MatemáticaCâmpus Goiás

Especialização em Estudos LiteráriosCâmpus Posse

Letramento, Produção de Sentidos e EscritaCâmpus Iporá

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ARTIGOS

UEG Viva

Nas próximas páginas, a

revista UEG Viva dá voz aos

seus professores e às suas

professoras para que, de

suas próprias escritas, o

corpo docente mostre suas

pesquisas e a relevância de

seus estudos.

Conheça os professores que

contribuíram para esta edição:

Glauber Lopes Xavier

Professor do câmpus de Ciências Socioeconômicas e Humanas, em Anápolis,

docente permanente do Mestrado em Territórios e Expressões Culturais no

Cerrado (Teccer). Doutor em Sociologia pela Universidade Federal de Goiás

Divina Aparecida Leonel Lunas

Professora doutora do câmpus de Ciências Socioeconômicas e Humanas, em Anápolis,

docente do Mestrado em Territórios e Expressões Culturais no Cerrado (Teccer). Doutora em

Desenvolvimento Econômico pela Unicamp

Edson Batista

Professor do curso de Geografia do câmpus Itapuranga. Mestre

em Geografia pela Universidade Federal de Goiás

ARTIGOS

39UEG Viva

ARTIGOSARTIGOS

As contrarracionalidades camponesasPor Edson Batista

Nas rodas de conversa, nos diálogos do cotidiano, nos papos de fim de expediente, nesses momentos menos policialescos é

que nossas concepções e representações de mun-do vêm à tona. E quando o debate envolve o campo, quase sempre aparece o discurso positivo do agro-negócio, o mesmo associado ao moderno, positivo e fundamental à economia nacional. No entanto, não comparecem nesses discursos o trabalho escravo, a expropriação da terra, a monopolização dos territórios camponeses pelo capital financeiro/industrial, o uso intenso de agrotóxicos, a destruição dos biomas com a extinção de espécies vegetais e animais, além da degradação das bacias hidrográficas.

O interessante é que quando se toca naqueles que residem no campo com sua família, produzindo 70% dos produtos da cesta básica brasileira, o que se nota é outro tratamento. Historicamente são denominados de atrasados, caipiras, “pés vermelhos”. Essas ilações pejorativas reforçam a concepção de campo como lugar ruim, negativo, inadequado ao ser humano. O pior é que muitos dos filhos daqueles que habitam o campo têm contato com essas expressões no ambi-ente escolar.

Desse modo, às vezes intencionalmente, ou até sem se dar conta, agimos como “papagaios”, repetindo a reificação de lugares e sujeitos. Goiânia é melhor que Anápolis, que é melhor que Itapuranga. O paulista é melhor que o goiano, que é melhor que o nordesti-no. Estas construções discursivas preconceituosas e maniqueístas criam cegueiras coletivas. Todavia, como se diferenciam em intensidade, em algumas situações podem acarretar em verdadeiras mono-culturas mentais, ou seja, a existência de uma única alternativa para se entender o outro.

Nesse sentido, quando se levanta a hipótese do camponês como portador de conhecimentos, alguns entendem como uma afronta, um disparate. Pois acredita-se que o verdadeiro conhecimento seja uni-camente o científico. Acredita-se não ser necessário dialogar com os saberes nascidos das experiências dos sujeitos no mundo. Portanto, para muitos, é acin-toso afirmar que na relação dos camponeses com os ecossistemas houve um acúmulo de conhecimentos.

Quando se levanta a hipótese

do camponês como portador de

conhecimentos, alguns entendem

como uma afronta, um disparate

Entretanto, pesquisadores, como Carlos Rodrigues Brandão, têm dito que na cultura daqueles que habitam o cerrado em Goiás há uma racionalidade própria. Eles dife- renciam a “madeira” do “pau”, observam o sol e o relógio ao mesmo tempo, vão ao médico mas tomam o chá e a garrafada. Falam do cantar dos pássaros, da florada das árvores como sinal de anúncio das chuvas, ou seja, têm suas próprias leituras do espaço/tempo do cerrado. Além disso, muitos deles conservam espécies ani-mais e sementes crioulas, assim como acreditam mais na adubação do “esterco de vaca” do que naquela realizada com fertilizante químico, assim como chamam os agrotóxicos de venenos, enquanto o agronegócio os denomina “defensivos.”

Os camponeses no cerrado também dominam técnicas de construção de laços, balaios, paióis, pilões, currais, jarros, panelas, além de técnicas de “capadura” de porcas, porcos, cavalos, bois, galos, entre outros animais. As mulheres fabricam bolos e doces para os mais diversos gostos e com os mais variados sabores. Além do mais, a experiência da escassez as ensinou a reaproveitar os restos do porco, e do torresmo fabricam o sabão caseiro, enquanto das partes menos nobres, fazem a feijoada.

Quanto aos rebanhos bovinos, muitas vezes eles não são constituídos de linhagens selecionadas. São denominados de gado “vortado” ou “tatu com cobra”, expressões que remetem às misturas genéticas de linhagens para a adaptação às característi-cas climáticas do cerrado.

Todavia, muitos intelectuais colocam essa racionalidade como atrasada. Isso porque aqueles que defendem esse entendimento não mencionam o caráter político des-sas técnicas. Nesse ínterim, é importante reafirmar que as práticas difundidas pelo agronegócio favorecem as corporações multinacionais e canalizam a renda da terra camponesa, enquanto os conhecimentos nascidos da relação com os outros e com o bioma local têm um caráter prático, de sobrevivência e resistência na terra. Por-tanto, é urgente tecer o diálogo entre o conhecimento científico e o conhecimento camponês. Essa é a constatação construída no meu projeto de pesquisa intitulado O cercamento do campesinato pelo capital e a produção de contrarracionalidades de resistência: a disputa pela permanência na terra da comunidade camponesa do Córrego da Onça, Itapuranga, Goiás.

UEG Viva

ARTIGOSARTIGOS

Escravidão contemporânea, uma questão políticaPor Glauber Lopes Xavier

Uma diminuta parcela da

sociedade brasileira

não enxerga em outra

infinitamente superior

a existência dos seres

humanos que a constituem,

mas servos, cuja força de

trabalho não apenas pode,

mas deve ser explorada

conforme lhe convém

Pouco mais de um século separa a es-cravidão do trabalho livre no Brasil, mas nas atividades rurais ainda é flagrante a

existência de condições de trabalho aviltantes, cuja degradação humana recupera traços típicos da es-cravidão nos áureos tempos do Brasil colônia. A chibata que o feitor segurava agora ocupa as mãos dos chamados capatazes dos grandes fazendeiros. O senhor de engenho, cuja gana pela posse de mais ri-queza o levava aos limites da exploração do trabalho alheio, agora se afigura nas elites agrárias do agro-negócio, travestidas pelas insígnias da modernidade.

Nos extensos e verdejantes canaviais, no cultivo da soja, dentre outros produtos primários, assim como na criação de gado, nas carvoarias de norte a sul do país, homens e mulheres são submetidos a condições de trabalho que evocam, mutatis mutan-dis, às narrativas de Marx sobre as longas e intensas jornadas de trabalho durante o progresso da econo-mia inglesa em meados do século XIX. Não havia limites para a coisificação humana. Não há limites para a exploração, opressão e humilhação do tra-balho a despeito das grandes inovações no campo tecnológico. No mundo rural brasileiro não se viu com o desenvolvimento da maquinaria e da técnica a libertação do trabalho extenuante, cujo mais-valor é acrescido à proporção do aumento de acidentes e mortes de trabalhadores. Não existe, é preciso afirmar e reafirmar sempre, capitalismo mais ou menos humanizado. O que existem são mecanismos historicamente alcançados que permitem que a so-ciedade não naturalize relações sociais avessas aos princípios básicos da condição humana.

Se há trabalho análogo à escravidão no campo bra-sileiro, isso não decorre apenas da sanha da burgue-sia rural por mais lucros, ávida que é pelo aumento de seu patrimônio e pela ampliação do espectro de seu poder político, mas também e fundamental-mente pelo fato de que uma diminuta parcela da sociedade brasileira não enxerga em outra parcela infinitamente superior a existência dos seres hu-manos que a constituem, mas servos cuja força de trabalho não apenas pode, mas deve ser explorada conforme lhe convém.

Para se ter noção disso, basta analisar com maior acuidade os argumentos que integrantes do patro-nato rural brasileiro, e não raras vezes parlamen- tares que representam seus interesses, fazem uso para negar a existência da chamada escravidão moderna. Em geral, apelam para a alegação de que são casos isolados quando não afirmam que a fiscalização realizada pelo Ministério do Trabalho e Emprego é tendenciosa, deixando de primar pela neutralidade em benefício dos trabalhadores. A natureza da problemática do trabalho análogo à escravidão no Brasil não está adstrita ao caráter deturpado daquele que dela faz uso, mas resulta de uma questão política por excelência. É resultado de um conflito de classes cuja dinâmica só pode ser compreendida à luz de nossa história. De longe não se assemelha ao conflito de classes nos países eu-ropeus na medida em que possui um componente inerente à nossa singularidade histórica. Um com-ponente cultural que demarca e media as relações de trabalho nas mais variadas atividades, tornando ainda mais expressivo o fosso que as separa quan-do se trata das relações de trabalho no campo bra-sileiro, ainda marcado pelo predomínio do latifúndio e pelo imperativo da monocultura.

ARTIGOS

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41UEG Viva

ARTIGOSARTIGOS

Extensão e pesquisa para o desenvolvimento territorial no sudoeste goianoPor Divina Aparecida Leonel Lunas

A agricultura familiar é de

fundamental importância produtiva

e é geradora de renda no contexto

goiano. Portanto, a implantação

de ações de extensão e pesquisa

dentro desses núcleos de

desenvolvimento territoriais se faz

cada vez mais urgente.

A i ntegração por meio da abordagem territorial do desenvolvimento rural tem sido o principal objeto das políticas

públicas do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA). Dessa forma, entende-se que a alavan-cagem destas ações necessita da interlocução direta entre as universidades e a comunidade de agricultores familiares.

No Estado de Goiás, caracterizado pela alta parti- cipação da produção rural na formação das rique-zas estaduais, a promoção de ações de extensão e pesquisa com foco na implementação e apoio aos núcleos de desenvolvimento territorial será um marco no processo de dirimir as desigualdades e exclusões recorrentes do modelo de crescimento econômico do Estado e mesmo do país.

A agricultura familiar é de fundamental importância produtiva e é geradora de renda no contexto goiano. Portanto, a implantação de ações de extensão e pesquisa dentro desses núcleos de desenvolvimen-to territoriais se faz cada vez mais urgente.

No sudoeste goiano temos um cenário propício para viabilizar essas ações. Com uma agricultura familiar expressiva e a alta presença de unidades universi-tárias, como a Universidade Estadual de Goiás (UEG) e o Instituto Federal Goiano (IF Goiano), o território rural do sudoeste do Estado (composto pelos mu-nicípios de Acreúna, Cachoeira de Goiás, Castelân-dia, Quirinópolis, Maurilânida, Montividiu, Paraúna, Rio Verde, Santa Helena de Goiás, Santo Antônio da Barra, São João da Paraúna e Turvelândia) se tornou foco para a criação do Núcleo Territorial do Sudoeste Goiano, que conta com apoio acadêmico dessas instituições de ensino para a aplicação das ações de desenvolvimento determinadas pelo MDA.

O projeto, direcionado à agricultura familiar no Ter-ritório Rural do Sudoeste Goiano, tem como foco o desenvolvimento e a implantação de ações de ex-tensão e de pesquisa para a promoção de atividades que visam consolidar a abordagem do desenvolvi-mento territorial. Esse projeto interliga as univer-sidades goianas ao Território Rural do Sudoeste

Goiano. A constituição desse Território se deu por meio dos Colegiados Territoriais de Desenvolvimento Rural Sustentável.

Destaca-se como principal objetivo deste projeto o desenvolvimento, a implementação e a manutenção de ações extensionistas e de pesquisa nos municípi-os que compõem o sudoeste de Goiás. Serão projeta-das ações integradas a serem definidas no âmbito da política do MDA. Essas ações visam: a capacitação e a gestão social; a consolidação das políticas públicas de desenvolvimento rural; e, também, a inclusão pro-dutiva no território.

O projeto se fortalece na atual necessidade de fo-mento de atividades e ações para o mapeamento e avaliação das políticas implementadas nesse terri-tório. A capacitação e a qualificação de agentes que promovam o desenvolvimento rural sustentável da região também são preocupações que pautarão es-sas pesquisas e ações extensionistas.

O projeto está ligado ao MDA e é financiando pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), com duração de 24 meses (2015/2016). A UEG é a entidade proponente e exe- cutora do projeto e conta com a parceria do IF Goiano.

42 UEG Viva

Em uma estação meteorológica do tipo clássica é possível observar fenômenos climáticos que já ocorreram, como umi-

dade relativa do ar, radiação solar, velocidade e di-reção do vento e precipitação pluviométrica. Esse é o tipo de estação existente no câmpus Iporá da Universidade Estadual de Goiás (UEG).

“A proposta é disponibilizar online os dados que são coletados a cada dez minutos. Isso é diferente, por exemplo, de ver a temperatura que aparece no visor do celular, que não é uma temperatura real porque não foi medida in loco, mas sim via satélite”, explica o professor Valdir Specian, diretor do câmpus e coordenador do projeto de extensão Monitoramento da estação meteorológica do câm-pus Iporá.

As informações geradas pela estação meteo- rológica da UEG são disponibilizadas nos veículos da imprensa local, principalmente em sites e rádi-

os. O maior interesse do projeto é fazer com que a população tenha acesso a esses dados e que eles sejam utilizados para os mais diversos fins, como, por exemplo, entender o comportamento da água da chuva após uma enchente.

Dados históricos de temperatura e chuva em determinadas épocas do ano podem servir para gerar o chamado Cálculo do Balanço Hídrico. “Esse Balanço consiste na observação das condições de umidade do solo. Assim, é possível determi-nar a melhor época para o plantio das lavouras e também o período em que, de fato, começam as chuvas na região”, afirma o professor.

Um convite a aprender

Além de disponibilizar informações sobre o clima para a comunidade local, o projeto de extensão tem outras ações, como as visitas de estudantes das escolas municipais à UEG. Durante algumas

horas, esses estudantes são apresentados ao fun-cionamento e à utilidade dos aparelhos da estação, que podem ser vistos por quem passa em frente ao câmpus Iporá.

Voltadas para alunos a partir do sexto ano, as ex-plicações traçam um paralelo com as experiências diárias de mudanças climáticas: os motivos de ter ocorrido uma enchente na cidade; o porquê da falta de água em alguns lugares; as razões da variação de temperatura no município com o passar dos anos; qual a parcela de responsabilidade do homem nos fenômenos climáticos e como é possível amenizá-los a curto e longo prazo.

Uma das visitas à estação meteorológica foi feita por alunos do segundo, terceiro e quarto anos do Colégio Aplicação, de Iporá. As crianças se empolgavam ao ter contato com o aparelho que faz a medição de tem-peratura por infravermelho e ao jogar água no plu-viômetro para simular a chuva e gerar novos dados.

À cidade, tempo e educação Suprir as demandas da comunidade local e gerar aproximação com a rede pública de ensino são os objetivos de um projeto de extensão na área de climatologia, desenvolvido no câmpus Iporá da UEG

Bárbara Zaiden

Lia Bello

43UEG Viva

“Esses alunos

fazem parte de

um ciclo de

pessoas que é

influenciado

pelas ações da

Instituição e,

assim, entendem

a importância

de um curso

superior”

Thiago Rocha, bolsista do projeto e monitor da estação

Regina Rosa é professora de apoio dos alunos do segundo ano que visi-taram a estação. “Eu acho que além de conhecerem todos os processos [de coleta de dados pela estação], a visita também foi muito importante para a conscientização dos alunos sobre o uso da água. Isso já é falado em sala de aula, mas vamos aproveitar a oportunidade para reforçar”, afirma a professora.

Pontes da extensão

O estudante do curso de Geografia Thiago Rocha é bolsista do projeto e, além de participar das demonstrações aos visitantes, realiza o monitora-mento diário da estação. Filho de família de baixa renda, Thiago estudou em escola de zona rural até os quatorze anos, quando se mudou para o município de Iporá. Depois que se tornou universitário, ele passou a ser bolsista do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação a Docência (Pibid) e trabalhou com os alunos da escola onde um dia havia estudado.

Sobre as ações da UEG, Thiago ressalta a importância da Semana de Geografia, voltada para os estudantes do Ensino Médio com o objetivo de divulgar o curso. “Esses alunos fazem parte de um ciclo de pessoas que

Alunos do segundo, terceiro e quarto anos do Colégio Aplicação, de Iporá, visitam a estação meteorológica da UEG e aprendem um pouco mais sobre clima, natureza e a influência do homem nos fenômenos naturais

é influenciado pelas ações da Instituição e, assim, entendem a importância de um curso superior”, afirma o jovem, que pesquisa climatologia há dois anos.

Os 575 projetos de extensão desenvolvidos na Universidade provam que ela é “um espaço público, gratuito e com o qual a sociedade pode contar”, afirma o professor Valdir, diretor do câmpus. Ao promover diálogos com a comunidade em ações como a visita à estação meteorológica e a realização da Semana de Geografia de Iporá, a UEG passa a ser vista pe-los alunos das escolas da região e pelas famílias do municí-pio como um espaço acessível, um local que se desenvolve para melhorar as vidas de quem está à sua volta.

44 UEG Viva

A cidade de Crixás, todo mês de junho, re-cebe uma cantoria especial. Entra ano e sai ano, os devotos voltam a percorrer as

ruas da cidade para a Folia de São Patrício, entoan-do os versos que anunciam sua fé no Espírito Santo. Durante os 15 dias de Folia, a manifestação aproxima públicos diversos: são bebês e anciãos, juntos nas ca-sas por onde o grupo passa. Os primeiros aprendendo os ritos, os últimos passando a tradição adiante.

Anunciação cantada

Stephani Echalar

45UEG Viva

A Folia de São Patrício é uma antiga manifestação cultural da cidade. Em outros tempos, a festa du-rava mais de um mês e os participantes percorri-am diversos municípios da região montados em cavalos e éguas, visitando fazendas pelo camin-ho. Agora, a Folia quase não sai da área urbana, batendo às portas dos moradores de Crixás. Uma dessas portas é a da Casa Grande do município, construção remanescente do tempo em que a mineração chegou ao local. O casarão se tornou

um centro cultural administrado pela Universidade Estadual de Goiás (UEG) e recebe, todo ano, uma das paradas da Folia. Mostrando que a Universidade está de portas abertas à cultura popular.

Em 2014, a equipe de reportagem da UEG acom-panhou a manifestação durante sua passagem pelo casario. Acompanhe a seguir os registros fotográfi-cos que traçam as particularidades de uma das mais notáveis folias goianas.

FOTOGRAFIA

46 UEG Viva

FOTOGRAFIA

47UEG Viva

A Casa Grande, administrada pelo câmpus Crixás, carrega a perspectiva

de preservação histórica e cultural dos patrimônios materiais e imateriais do

povo da cidade

FOTOGRAFIA

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Originária da região da Mata Atlântica, a jabuticaba pos-sui inúmeras utilidades gastronômicas. Mas para além da cozinha, pesquisadores de universidades brasileiras

têm descoberto novas aplicações para os princípios ativos da jabuti-caba. Na Universidade Estadual de Goiás (UEG), a egressa do curso de Farmácia do câmpus Henrique Santillo, Iriamar Costa Fernandes, possui um projeto que vem pesquisando uma dessas novas potencia- lidades da fruta. O projeto deu vida à uma microempresa, que tomou força quando incubada no Programa de Incubadoras da Universidade (Proin.UEG). As pesquisas resultaram em cosméticos derivados de princípios ativos presentes em uma molécula da casca da jabuticaba.

Durante a graduação, Iriamar foi aluna do professor Edilson Pinheiro Peixoto. E foi o contato com os equipamentos de laboratório, orientado pelo professor, que levou a jovem a não abandonar o curso de Farmá-cia. Após finalizar a graduação, Iriamar se habilitou em Indústria.

No ano de 2014, quando ainda dava aulas na UEG, o professor Edilson teve uma ideia que compartilhou com Iriamar: aproveitar a coloração arroxeada da casca da jabuticaba para a produção de cosméticos.

Assim, um grupo de estudos foi formado. Além de Iriamar, outras três estudantes de Farmácia foram orientadas pelos professores Edilson Peixoto e André Pereira - atualmente na equipe da Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação da UEG (PrP|UEG). Nas pesquisas, o grupo descobriu a Antocianina, um pigmento natural responsável por uma variedade de cores. Entre elas, está o roxo da casca da jabuticaba.

“Até então, eu não sabia que a casca da jabuticaba possuía proprie-dades antioxidantes tão excelentes”, conta o professor Edilson.

Pesquisa de microempresa, incubada na UEG, descobriu o potencial da casca da jabuticaba na produção de uma linha de cosméticos

Fonte de renovação

Bárbara Zaiden

Lia Bello

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Empreendimento à vista

Paralelamente às pesquisas, Iriamar conheceu o Programa de Incubadoras da UEG (Proin.UEG). Em funcionamento há quatro anos, o Proin possui hoje 11 projetos incubados, dos quase 50% são de egressos da Universidade.

O Programa seleciona ideias de empreendedoris-mo, tanto do público interno quanto da comunidade externa, que tenham como principal característica a inovação. O coordenador do Programa, Bruno Alen-car, explica que o Proin.UEG trabalha para “dar apoio a empreendedores individuais ou a empresas que tenham ideias inovadoras e que queiram levá-las ao mercado com sucesso”.

Quando Iriamar teve seu projeto aprovado no Proin, ela pôde investir em sua nova paixão, descoberta nos laboratórios da UEG: a produção de cosméticos. Foi então que ela criou a Floê Cosméticos.

Além do apoio e das orientações do Proin.UEG, Iri- amar também buscou financiamentos externos para levar a Floê Cosméticos adiante. O projeto foi contemplado por um edital do Fundo Tecnológico (Funtec) com R$ 20 mil para serem empreendidos em pesquisa e desenvolvimento.

“Pela Antocianina é possível

promover a renovação da

pele, a regeneração do cabelo,

a revitalização interna do

envelhecimento”

Edilson Pinheiro Peixoto, professor aposentado da UEG

Iriamar Fernandes e o professor Edilson Peixoto aprimoram as técnicas de extração da Antocianina para a elaboração de

produtos de beleza com ação revitalizadora

“O bacana da Incubadora é o apoio que recebemos: cursos que podemos fazer, a ferramenta de gestão à qual temos acesso, a oportunidade de utilizar os laboratóri-os da UEG. Sem esse suporte técnico eu não estaria concebendo minha empresa”, comenta Iriamar.

A Floê já passou pela fase de pré-incubação, que dura um ano, e atualmente caminha para a modalidade de incubação residente. Quando esse período terminar, ela ainda pode continuar no Proin.UEG como uma empresa não-residente.

51UEG Viva

Dentre os aprendizados proporcionados pelo Proin.UEG, Iriamar teve aulas de marketing e de gestão es-tratégica. “Nós costumamos brincar que o cosmético em si representa apenas 30% da importância do produ-to. O restante é a embalagem, a coloração, a fragrância, a textura. Só depois de analisar esses aspectos é que o consumidor observa se o cosmético realmente é eficaz.

A utilização dos laboratórios da UEG pelas empresas incubadas pode ser feita para o desenvolvimento das pesquisas, mas não para produção industrial. Por isso, a Floê, com a autorização da Agência Nacional de Vi- gilância Sanitária (Anvisa), investiu em uma fábrica para a produção industrial necessária à microempresa.

A fábrica, que é a sede da Floê Cosméticos, está insta-lada na cidade de Caldas Novas para que os últimos toques da pesquisa sejam feitos e a produção dos cos-méticos comece a ser feita em grande escala.

Amadurecer possibilidades

Após a aposentadoria, o professor Edilson voltou à sua cidade natal, Fortaleza. Mesmo a distância, ele acom-

panha o projeto de Iriamar e conta que as pesqui-sas estão na fase final da extração da Antocianina. A vantagem do princípio ativo para o organismo é sua característica antioxidante.

O professor Edilson explica que o processo de anti-oxidação não se trata de uma ação rejuvenescedora. “É um bloqueio para o equilíbrio do envelhecimento. Nesse sentido, a partir da Antocianina, pode-se pro-mover a renovação da pele, a regeneração do cabelo e a revitalização interna do envelhecimento”, explica o professor aposentado Edilson.

Futuramente, a Floê se especializará em cosméticos produzidos a base de ativos do cerrado. Pequi, buriti e jatobá são algumas ideias de Iriamar.

Dos laboratórios da UEG às prateleiras junto aos demais produtos de beleza, pesquisa e inovação sedimentaram o processo de criação da Floê Cos-méticos. “Hoje nós já temos um horizonte, já sabe-mos qual é o caminho a ser trilhado. Minha empresa está se concretizando”, diz a farmacêutica formada pela UEG.

Futuramente,

a Floê se

especializará

em cosméticos

produzidos a

base de ativos

do cerrado.

Pequi, buriti

e jatobá são

algumas ideias

de Iriamar

As produções da Floê Cosméticos são caracte-

rizadas como fitocosméticos, ou seja, elaboradas

com óleos, manteigas vegetais e extratos de

plantas ou frutas.

De acordo com a Anvisa, os cosméticos são ca-

tegorizados em grau 1 e 2. Os primeiros são os

mais básicos, que não possuem restrições de

uso. Já os cosméticos de grau 2 possuem es-

pecificações e restrições de utilização e, por isso,

devem passar por testes de comprovação de se-

gurança e eficácia.

Geralmente, esses testes são realizados em ani-

mais. Os testes in vitro são a alternativa ao uso de

animais vivos em pesquisas, pois são processos

biológicos que ocorrem fora de sistemas vivos.

Os produtos desenvolvidos pela Floê Cosméticos

são fitocosméticos de grau 1. As pesquisas da

Floê não realizam testes em animais e Iriamar

explica: “Não pretendemos trabalhar com testes

em animais, exatamente porque não enxerga-

mos a validade desse tipo de ação”.

No entanto, para os pesquisadores da UEG

que precisam, no encaminhamento de suas

pesquisas, utilizar animais vivos, o ano de

2015 começou com boas notícias. Após cre-

denciamento junto ao Conselho Nacional de

Controle de Experimentação Animal (Concea), a

Comissão de Ética no Uso de Animais da Uni-

versidade (Ceua|UEG) passou a receber projetos

para avaliação.

A Ceua|UEG acompanha os projetos que uti-

lizam animais como base experimental - seja

em práticas de ensino, pesquisas ou testes. O

objetivo é observar se os projetos seguem o

código de ética estabelecido pelo Concea.

O professor Walter Dias é coordenador da Comissão

e explica que “a Ceua vai observar os projetos para

avaliar se os preceitos éticos determinados pelo

Conselho Nacional estão sendo seguidos”. Caso se-

jam detectados problemas, a Comissão atuará em

parceria com o pesquisador para levantar as alter-

nativas cabíveis para que a pesquisa não deixe de

ser desenvolvida.

Com a estruturação da Ceua, os pesquisadores da

UEG não precisarão mais recorrer às comissões

de outras universidades para serem protocolados.

A Ceua representa um importante avanço na inde-

pendência e na qualidade ética das pesquisas de-

senvolvidas na UEG.

A submissão de projetos para acompanhamento e

avaliação da Ceua está aberta. Para conhecer me-

lhor o trabalho da Comissão, entre em contato pelo

telefone (62) 3328-1434 ou acesse www.ceua.ueg.br.

UEG regulamenta Comissão de Ética

Na Fazenda Escola da UEG câmpus São Luís de Montes Belos, os estudantes de Zootecnia vivenciam diferentes produções e exploram pesquisa e extensão em programa integrado que alia sustentabilidade à cidadania

Ciclo produtivo em benefício da formação

Alisson Caetano

Lia Bello

É sob o sol do meio-dia que a equipe de reportagem da Uni-versidade Estadual de Goiás (UEG) caminha por um terreno que abriga um perfeito exemplo de interlocução entre ensi-

no, pesquisa e extensão. Os limites daquele pedaço de terra formam o habitat de professores e estudantes do curso de Zootecnia da UEG câmpus São Luís de Montes Belos, por quem fomos guiados para conhecer a dinâmica de trabalho do Programa Agroecológico Inte-grado Sustentável (Pais).

A ideia do Programa é integrar diferentes tipos de produção, para que uma beneficie a próxima, criando um ciclo que aproxima os es-tudantes de Zootecnia de atividades práticas que traduzem as teorias ensinadas em sala de aula. Peixes que dão vida a hotaliças, que, por sua vez, alimentam aves, que geram ovos. Como resultado, todos os produtos do Programa chegam às mãos dos cidadãos de São Luís de Montes Belos.

A horta que integra o Programa já fazia parte da Fazenda Escola da UEG antes do Pais ser implantado em 2012. A Fazenda Escola é um grande laboratório rural. Um espaço para que os estudantes de Zoo- tecnia e de Tecnologia em Laticínios explorem a formação por meio de projetos de pesquisa e de extensão.

A professora Raquel Priscilla Oliveira, doutora em Ciência Animal, pensou o Programa como uma forma de contemplar a prática das disciplina de Aquicultura. A partir daí, criou-se um ciclo de produção. “A ideia surgiu para integrar a piscicultura com a horta, porque no início não tínhamos água e queríamos criar peixes. Como os peixes liberam a água adubada com bastante nutrientes, resolvemos inte-grá-los”, explica Raquel.

Hoje, com 4 tanques para a produção de peixes, e 87 alevinos de Tabatinga divididos entre eles, a água adubada pelos peixes nutre a terra para que alfaces, tomates, couves e outras hortaliças sejam colhidas pelas mãos dos estudantes da UEG.

E é pela voz da professora Raquel que entende-se que as mãos dos estudantes são as principais responsáveis pela manutenção da vida do Programa. “Os alunos acompanham o desenvolvimento dos peixes, o desenvolvimento das plantas, fazem o plantio e a colheita”, conta a coordenadora do Pais.

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Peixes que dão vida a hortaliças,

que, por sua vez, alimentam aves, que

geram ovos. Como resultado, todos

os produtos do Programa chegam

às mãos dos cidadãos de São Luís de

Montes Belos

Mãos à terra

O professor Diogo Alves da Costa Ferro é um dos zootecnistas formados pela UEG e é coordenador da Fazenda Escola. “Na minha época de formação, a prática estava bastante aliada às visitas técnicas aos produtores da região. Hoje a gente continua trabalhando nesse sentido, levando nossos estudantes às terras desses produtores, mas é importante oferecer um ambiente como esse dentro da Universidade”, diz o professor, ressaltando que a Fazenda Escola abriga a prática do mercado em dife- rentes vertentes, como o confinamento de bovinos de corte, setor de ovinocultura e ainda um laboratório de biotecnologia que está em processo de construção.

Diogo conta que além da vivência com a produção de diferentes animais e vegetais, os alunos e as alunas da UEG têm uma outra história com a Fazenda Escola. Eles foram responsáveis pela construção do espaço.

A partir dos investimentos do câmpus, tudo ali foi levantado por estudantes e pro-fessores. Desde ações para arrecadar dinheiro para que os projetos começacem suas atividades até a construção das cercas que delimitam o terreno da fazenda. Com o Pais, isso não foi diferente. O estudante de zootecnia Anderson Cândido de Oliveira Júnior, foi um desses agentes construtores e fez parte do Programa desde o primeiro período do curso.

“A gente entrou como voluntário e trabalhou no Programa desde a construção dos canteiros e a limpeza da área. Agora, já atuamos como produtores, responsáveis até pela distribuição nos centros educacionais da cidade e lar do idoso”, conta o aluno. Para que essas oportunidades de evolução sejam cada vez maiores aos estudantes do câmpus, a UEG tem investido na expansão da Fazenda Escola. Estão sendo cons-truídas 14 salas, das quais nove serão novos laboratórios.

E é aí que, neste ciclo, entra o conceito da Deontologia, disciplina que compõe a matriz curricular do curso de Zootecnia. O objetivo da matéria é ensinar os estudantes a pensar produção em co- nexão com a cidadania.

Manutenção e entrega

Tarcísio Ferreira do Carmo é um dos estudantes que buscam tirar do Pais todo o conhecimento necessário para sair da UEG um profissional completo, participando do Pais e de outros dois projetos da Fazenda Escola – o de ovinos e de bezerros.

“Vemos um pouco de cada coisa, o que me deixa muito mais seguro e experiente para ir ao mercado de trabalho”, comenta Tarcísio, que quer pesquisar nutrição e ambiência animal em seu trabalho de conclusão de curso.

No campo do ensino, a disciplina de Morfologia Vegetal é essen-cial para que os estudantes tenham um bom desempenho no Pais. Para que a UEG possa doar alimentos de qualidade aos cen-tros educacionais e outras instituições da cidade, os alunos são apresentados às técnicas de preparação do solo, ao correto pro-cesso de plantio, passando pelo desenvolvimento da semente, até o estudo do momento da colheita. A disciplina é ministrada pela professora Milena Rízea de Souza, responsável pela horta da Fazenda Escola.

Hoje, tudo que é produzido no Pais é doado à comunidade. “Além da doação para esses espaços, os alunos desenvolvem atividades em creches e asilos de São Luís de Montes Belos,

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Os produtos do Programa Agroecológico Integrado Sustentável saem da Fazenda Escola e vão para a comunidade, tornando este grande laboratório rural em ambiente de retroalimentação de vida e de pesquisas

UEG Viva

É pela complexidade

da formação do

profissional de

Zootecnia, capaz

de atuar em tão

variadas áreas, que

a Fazenda Escola se

torna tão atrativa a

esses estudantes

plantando hortas nessas instituições para que seus produtos sejam utilizados nas refeições”, conta a professora Raquel Priscilla.

O aluno Anderson ressalta a importância dessas ações externas. “Atuamos como cidadãos cons-cientes, aliando nosso conhecimento técnico à prática cidadã sustentável”, diz ele.

Cultivar pesquisas

O professor Diogo, coordenador da Fazenda Escola, conta que aquele espaço visa formar um grande sistema produtivo para colocar esses alunos em contato com a pesquisa. Assim, é pela complexi-dade da formação do profissional de Zootecnia, ca-paz de atuar em tão variadas áreas, que a Fazenda Escola se torna tão atrativa a esses estudantes. Da prática profissional ao exercício da cidadania, esses alunos se sentem motivados a pesquisar.

O estudante Fábio de Freitas Paiva participa do Pais desde o início do Programa e tem mais afi- nidade com a etapa da piscicultura. A vivência no Pais, portanto, foi fundamental ao desenvolvimen-to da pesquisa que resultou em seu trabalho de conclusão de curso, no qual o aluno trabalhou o bem-estar de alevinos Tilápia.

“A minha monografia é a defesa do bem-estar na produção dos peixes. Bem-estar nada mais é que desenvolver um animal livre de fome, de medo,

livre de estresse, livre de doenças. Dando bem-es-tar ao peixe, você faz com que ele expresse todas as suas características genéticas”, explica Fábio.

“Aqui no Pais existe essa preocupação com o bem-estar dos alevinos. Tanto em questão de pro-teção, com as telas que tampam as caixas e a água escura, que oferece refúgio a esses peixes, evitando que eles se estressem e evitando predadores”, con-ta o estudante que quer levar sua experiência como pesquisador ao mercado de trabalho.

E foi em um desses momentos de cuidado com o bem-estar dos peixes, que dão início ao ciclo do Pais, que tivemos a oportunidade de falar com a estudante Izabella Loren Pedroso Silva, que in-gressou na UEG em 2015. Duas vezes por semana, você encontra Izabella limpando as caixas d’água e colocondo a quantidade certa de sal para aumentar a imunidade desses alevinos.

“Quando você está aqui na Fazenda Escola é que você entende como a Zootecnia abrange tantas culturas. Aqui é um espaço para você vivenciar todas essas produções e descobrir com qual você tem mais afi- nidade”, comenta a aluna que, apesar de gostar da produção de peixes, quer ir ao mercado de trabalho para atuar na área de bovinos.

Depois de conhecer todo o Programa, e com o sol ainda a pino, a professora Raquel Priscilla conta que a Fazenda Escola será ampliada em breve, com um setor voltado especificamente à pscicultura. “Já es-tamos começando o processo de construção desse espaço. A ideia é que quando o setor de pscicultura esteja funcionando, o Programa Agroecológico Inte-grado Sustentável seja beneficiado e cresça”.

E dali nos despedimos, deixando os estudantes ocupa-dos com seus afazeres. Profissionais em formação que, graças àquelas vivências, se sentem cada vez mais res-ponsáveis e à vontade com suas atividades no campo.

56 UEG Viva

ARTE NOSSA

Origens e atualidades em um só traço

quando criança, as pequenas mãos já eram habilidosas no manejo dos lápis coloridos. Mas como todo indivíduo que

ao crescer deixa alguns brinquedos de lado, Danillo Souza Assis se afastou dos papéis.

As mãos cresceram e, depois de saírem do Brasil, redescobriram o talento que carregavam. Aos 21 anos, em um intercâmbio na Itália, o estudante de Arquitetura e Urbanismo do câmpus Henrique San-tillo retomou o contato com o desenho.

Desde então, Danillo vem realizando composições de artes plásticas utilizando tinta nanquim, colagens, texturas e ilustrações monocromáticas. No curso, o jovem pôde aperfeiçoar as técnicas utilizadas em suas composições.

Durante a graduação ele aprendeu a valorizar a busca por referências antes de elaborar um projeto. Ainda hoje, o processo de criação de peças artísticas e pro-jetos arquitetônicos de Danillo é baseado em inten-sas pesquisas. O resultado final é uma mistura entre as referências encontradas e as técnicas preferidas.

Butas é o nome artístico adotado pelo jovem de 23 anos, que descobriu uma nova vontade de produzir em pôsteres “lambe-lambe”. Ge- ralmente colados em espaços públicos, essas peças se caracterizam como intervenções urba-nas. Por isso, não é raro encontrar os trabalhos do estudante espalhados pelos pátios do câmpus onde estuda. “A UEG sempre foi um laboratório experimental”, conta.

As produções artísticas de Butas enchem os olhos, acionam alguns mecanismos da mente e contagiam o coração. Um exemplo dessa mis-tura agradável, porém não menos conscientiza-dora, é a peça Origens, que mescla ilustração e colagem. A ideia foi criar um paradoxo entre a origem brasileira dos povos indígenas e o pro-cesso da revolução industrial: “entre o natural e o tecnológico”, explica.

As produções de Butas são apresentadas e vendidas em feiras e exposições. Para conhecer melhor o trabalho do jovem artista estudante da UEG, acesse: www.facebook.com/danillobutas.

Bárbara Zaiden

Misturando ilustraçõo e colagem, Danillo Souza Assis, o Butas, traz ao Arte Nossa uma de suas obras que resgata a história do povo brasileiro, da natureza à tecnologia

Origens, por Danillo Butas

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