REVISTA TRIBUTUS 2ª 2011

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DEBATES | ENTREVISTAS | PERSONALIDADES | INFORMAÇÕES Revista do Sindicato Nacional dos Analistas-Tributários da Receita Federal do Brasil | SINDIRECEITA SEGUNDA EDIÇÃO DE 2011 ANO 9 • Nº21 Controle Externo Analistas-Tributários querem o Controle Social da Receita Federal

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Revista do Sindicato Nacional dos Analistas-Tributários da Receita Federal do Brasil

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D E B A T E S | E N T R E V I S T A S | P E R S O N A L I D A D E S | I N F O R M A Ç Õ E S

Revista do Sindicato Nacional dos Analistas-Tributários da Receita Federal do Brasil | SINDIRECEITA

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Controle ExternoAnalistas-Tributários querem o Controle Social da Receita Federal

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Revolta e Indignação

Os servidores da Receita Federal do Brasil (RFB) tem conhecimento que, desde a criação da Carreira Auditoria da Receita Federal (ARF), a luta pela evolução do cargo de Analista-Tributário sofre com as investidas do sindicato que se diz “defensor dos concursos públicos” e também com o corporativismo cruel, sustentado por administradores que refletem posições antiquadas de seu sindicato. Em junho desse ano sentimos na pele mais um golpe, da ADI 4.616, que tem a pretensão de tornar inconstitucionais os dispositivos que transpuseram os ocupantes dos cargos de Técnico do Tesouro Nacional (TTN) para Técnico da Receita Federal (TRF) e, consequentemente, Analista-Tributário. O pedido inicial da ADI sugere que, declarada a inconstitucionalidade alegada, os servi-dores ativos, aposentados e os pensionistas desses cargos sejam retornados ao cargo de ingresso. As reações de indignação da categoria mostraram que tamanha ação mesquinha, em empreender o retrocesso de qualquer aperfeiçoamento e retirar as conquistas do nosso cargo não nos enfraqueceu, mas, no contrário, nos mobilizou e fortaleceu para mais este embate.

Historicamente, a cúpula da RFB posiciona-se contrária à solução dos conflitos internos e também a qualquer alteração que propicie melhorias nas condições funcionais da categoria dos Analistas-Tributários. Essa postura, evidentemen-te, inviabiliza qualquer correção das injustiças existentes. A categoria já não suporta mais tamanha injustiça e grita por um BASTA! Diante da proporção intencionada com a ADI 4.616, o Sindireceita envidará todos os seus esforços para que a discussão da proposta de criação do controle social da RFB seja re-tomada. Queremos a transparência da atuação da Receita Federal, além de uma melhor eficiência da Administração Tributária Federal. O conteúdo da proposta do Sindireceita integra o Anteprojeto de Lei Orgânica da Administração Tri-butária da União e prevê a criação de mecanismo de controle externo sobre a administração tributária em nível federal. Produzido pela Diretoria de Estudos

Técnicos do Sindicato o projeto estabelece um sistema de controle que zela pela moralidade, eficiência e eficácia dos órgãos que compõem esse setor, essencial ao funcionamento do Estado.

Nesta edição da Revista TRIBUTU$ trazemos as manifestações rea-lizadas pela categoria em todo o país contrárias à ADI 4.616 e também aquelas sobre a necessidade de criação de um conselho social de con-trole da RFB. Em duas matérias o Sindireceita também denuncia o total descaso da Administração com as condições de trabalho da categoria e a negligência com o bem público. Uma trata do abandono da Alfândega do Porto de Manaus e a outra é sobre as lanchas adquiridas pela instituição e que deveriam incrementar a fiscalização. Além desses temas, há ainda artigos dos Analistas-Tributários José Alexandre Saraiva e Anaximandro Orleans, e a entrevista com o presidente da Câmara dos Deputados, de-putado federal Marco Maia (PT/RS).

Desejo a todos boa leitura!Sílvia Felismino Presidenta do Sindireceita

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46ASAclub – rede de convênios para a categoria

24Denúncia: Abandono da Alfândega de Manaus/AM

29Lanchas daReceita: descaso da Administração

Sílvia Helena de Alencar Felismino (CE)Presidente

Paulo Antenor de Oliveira (ES)Vice-presidente

Jether Abrantes de Lacerda (CE)Secretário Geral

Irivaldo Lima Peixoto (AC)Diretor de Finanças e Administração

Ronaldo de Souza Godinho (SC)Diretor Adjunto de Finanças e Administração

Hélio Bernades (GO)Diretor de Assuntos Parlamentares

João Jacques Silveira Pena (MG)Diretor de Assuntos Jurídicos

Thales Freitas Alves (PE)Diretor Adjunto de Assuntos Jurídicos

Odair Ambrósio (AL)Diretor de Defesa Profissional

Alcione de Souza Policarpo (PR)Diretor de Estudos Técnicos

Moisés Boaventura Hoyos (AM)Diretor de Assuntos Aduaneiros

Kátia Rosana Nobre Silva (SP)Diretora de Comunicação

Ana Cristina Cavalcanti Castelo Branco Soares (DF)Diretora de Tecnologia e Informação

Jair Vilar Marinho (RJ)Diretor de Aposentados e Pensionistas

Hugo Leonardo Duarte Costa Braga (RS)Diretor de Assuntos Previdenciários

Antônio Geraldo de Oliveira Seixas (PB)Diretor de Formação Sindical e Relações Intersindicais

TRIBUTU$Editora Executiva

Cinda Serra | 2466 DRT/MGReportagem

Letícia Figueiredo, Rafael Godoi e Hellen LouresProjeto Gráfico, capa e diagramação

Daniel RochaFotos

Comunicação Sindireceita, Banco de Imagens, Agências Câmara e Senado

Tiragem15.000 exemplares

*Permitida a reprodução, desde que citada a fonte. Não nos responsabilizamos pelo conteúdo de artigos assinados.

36Analista em destaque: José Saraiva

42Painel Jurídico

Diretoria Executiva NacionalTriênio 2011/2013

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PRESiDENTE DA CâMARA Diz quE 2011 SERá “o ANo DoS CóDigoS”

Para Marco Maia há abertura para discutir também o Código de Relacionamento Fisco-Contribuinte

O presidente da Câmara dos Deputados, deputado federal Marco Maia (PT/RS), elege o ano de 2011 como o “ano dos códigos” e fala das matérias que serão votadas na Casa no 2º semestre. De acordo com Marco Maia, além de matérias tributárias, os deputados federais votarão ainda este ano o Código Brasileiro da Aeronáutica e os novos códigos do Processo Civil e Co-mercial. “Temos um volume enorme de empresas que

estão se constituindo todos os dias, precisamos ter um código que estabeleça regras de relacionamento entre essas empresas”, diz referindo-se ao Código Comercial.

Como 2011 será o ano dos códigos, o presidente da Câmara dos Deputados esclarece que há a possibilidade de incluir nos debates o Código de Relacionamento Fisco-Contribuinte, uma luta histórica do Sindireceita e dos Analistas-Tributários da Receita Federal do Brasil. Ainda não há uma matéria sobre o assunto tramitando na Casa, mas o Sindireceita está trabalhando na elabo-ração de um projeto que trate do tema para apresentação à Câmara dos Deputados. Na opinião de Marco Maia, o Código de Relacionamento Fisco-Contribuinte tornaria mais equilibrada e democrática a relação entre o Fisco e o contribuinte. “O código tornará mais eficiente e justa a Administração Tributária no Brasil. O bom contribuinte será beneficiado e não ficará mais na incerteza. Esse código também vai auxiliar no combate ao mau contri-buinte. Portanto, esse código seria, antes de mais nada, um poderoso instrumento de cidadania. O Fisco, sem abrir mão de seu papel institucional, se colocaria lado a lado com o contribuinte. Nesse sentido, um conjunto de regras, com deveres e direitos, se faz necessário para dar mais transparência à atuação do Fisco e para dar oportunidade à sociedade civil organizada de melhorar o diálogo com a administração tributária”, destaca.

Em relação às matérias tributárias, Marco Maia diz que há a expectativa de votar no segundo semestre projetos como o que trata da desoneração da folha de pagamento do setor industrial, uma promessa de governo da presidenta Dilma Rousseff. Trata-se da Medida Provisória 540/2011, que concede benefícios fiscais para segmentos industriais, como redução de alíquota do Imposto sobre Produtos Industrializados

foto: Agência Câmara

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(IPI), isenção de imposto de renda e desoneração da folha de pagamento. O deputado federal Renato Molling (PP/RS) foi escolhido como relator da proposta que, se aprovada, trará uma renúncia fiscal de R$ 7,6 bilhões em 2012, já prevista na proposta orçamentária do próximo ano.

O presidente da Câmara afirma que também pretende discutir o fim da guerra fiscal, um dos principais te-mas da Reforma Tributária. Segundo Marco Maia, a medida busca esta-belecer mecanismos que produzam a equidade entre os estados, no que diz respeito aos incentivos que são dados para a geração de emprego e para a constituição de novos investi-mentos. “Isso é fundamental porque o Brasil deve receber nos próximos anos investimentos significativos de empresas transnacionais que já têm se apresentado para a efetivação de projetos no país”. Um outro projeto deve tratar da simplificação tribu-tária, buscando diminuir o volume de impostos, criando um ou dois impostos que abarcam outros.

Pré-sal

Outro tema de grande importância que deve ser discutido ainda em 2011 é o que discorre sobre os royalties do petróleo da camada pré-sal. “A Pe-trobras já está produzindo na camada pré-sal e, portanto, já está gerando dividendos que precisam ter um regramento sobre a sua distribuição. É uma matéria que está parada na Câ-mara, mas que queremos tratá-la de forma mais célere. Precisamos criar um marco regulatório à distribuição dos royalties do petróleo do pré-sal nos próximos anos”, destacou.

“O código tornará mais eficiente e justa a Administração Tributária no Brasil. O bom contribuinte será beneficiado e não ficará mais na incerteza. Esse código também vai auxiliar no combate ao mau contribuinte. Portanto, esse código seria, antes de mais nada, um poderoso instrumento de cidadania.”

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Balanço do 1º Semestre da nova Legislatura

O presidente da Câmara dos Depu-tados, deputado federal Marco Maia, eleito no início da 54ª Legislatura, fez uma análise à frente do cargo e das atividades realizadas pelos par-lamentares no 1º semestre. Marco Maia falou da nova experiência, do aprendizado e da importância em conduzir o processo de forma de-mocrática, cumprindo efetivamente as regras da Casa. “Quero chegar ao final de quatro anos tendo contribuído com o país e com meu estado”.

Maia reconhece que o último semestre foi de muita discussão política, mas também produziu resultados positivos e concretos. “A Câmara cumpriu o seu papel institucional, realizou os debates das matérias apresentadas ao plenário e, ao mesmo tempo, a discussão dos projetos de iniciativa dos deputados federais”. Na opinião do parlamen-tar, a presidenta Dilma Rousseff agiu rapidamente nos momentos de crise, que envolveram denúncias em diversos ministérios, e deixou evi-dente que não vai hesitar em tomar medidas para afastar integrantes do governo que tenham qualquer tipo de problema.

No primeiro semestre, os deputados federais aprovaram 320 proposições ou projetos de lei, alguns em caráter conclusivo, sendo que 89 foram votados em plenário e 231 foram aprovados nas comissões. Os depu-tados federais também aprovaram 25 medidas provisórias. Durante entre-vista coletiva sobre as votações do 1º semestre, Marco Maia ressaltou que

foto: Luiz Alves

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há um certo modismo em dizer que as medidas provisórias interferem nas votações do Congresso Nacional. “Elas representam menos de 10% do que é votado. Tem impacto, pois vem do governo, com mais força, mas temos de desmistificar a ideia de que o Parlamento só vota em plenário. Votamos 84 proposições no plenário e outras 231 proposições com cará-ter terminativo nas comissões, não menos importantes”, disse. Entre as 25 medidas provisórias aprova-das, Marco Maia destacou cinco que considerou mais importantes:

| 1 | MP 502/2010, que instituiu a Bolsa Atleta e criou os pro-gramas Atleta Pódio e Cidade Esporti-va, relacionados ao fortalecimento das ações voltadas ao esporte, à Copa de 2014 e às Olimpíadas de 2016;

| 2 | Medida Pro-visória 514/2010, que definiu as novas regras do programa “Minha Casa, Minha Vida”, com a possibilidade de construção de mais 2 milhões de moradias nos próximos anos;

| 3 | MP 518/2010, que criou o ca-dastro positivo e que prevê a conces-são de créditos com juros menores aos bons pagadores, aqueles que têm um bom histórico de relacionamento com o crédito;

| 4 | MP 527/2011, que criou o Re-gime Diferenciado de Contratação

pública, o RDC, que vai acelerar a execução das obras da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas de 2016;

| 5 | MP 528/2011, que corrigiu a Tabela do Imposto de Renda Pessoa Física em 4,25% e que ampliou as deduções. A faixa do Imposto de Renda isenta passou a ser de R$ 1.566,61.

Outros 25 projetos de lei foram

discutidos e aprovados pela Câmara dos Deputados. Marco Maia desta-cou dois deles:

| 1 | PL 382/2011, que criou e definiu a política de reajustes do salário mínimo, que na sua opinião foi uma medida importante para o crescimento e desenvolvimento do país e, principalmente, para a dis-tribuição de renda. “Com a votação dessa política de reajuste do salário mínimo, nós teremos, em janeiro de 2015, provavelmente um salário mínimo superior a US$ 500, o que

era inimaginável há 10 anos atrás”, disse.

| 2 | PL 1876/1999, que alterou o Código Florestal, em tramitação atualmente no Senado Federal.

A Câmara dos Deputados aprovou ainda 35 decretos legislativos que, de acordo com o presidente da Câ-mara dos Deputados, são fundamen-tais para o relacionamento do Brasil com o mundo e, principalmente,

com a América Latina e a América do Sul. O PDC 2600/2010 re-definiu o contrato en-tre Brasil e Paraguai pela energia produ-zida pela Hidrelétri-ca de Itaipu. O PDC 1669/2009 ratificou a adesão do Brasil com a União das Nações Sulamericanas – a Unasul. “O Brasil foi signatário e propo-nente da constituição

e da criação da Unasul e acabou sendo um dos úl-

timos países a aderir formalmente”, informou.

Os deputados aprovaram outros quatro projetos de resolução da Câmara dos Deputados. O PRC 137/2004 alterou o Código de Ética e Decoro Parlamentar, dando mais agilidade e permitindo que o Con-selho de Ética pudesse trabalhar de forma mais eficiente, com outros mecanismos de avaliação e de trato das denúncias que dizem respeito a pratica do decoro parlamentar.

“A Câmara cumpriu o seu papel institucional, realizou os debates das matérias apresentadas ao ple-nário e, ao mesmo tempo, a dis-cussão dos projetos de iniciativa

dos deputados federais”

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Novo Partido

Na avaliação de Marco Maia, o Partido Social Democrático (PSD) chegará com força ao Congresso Nacional e deverá compor a base governista, apesar de ser origi-nário de partidos de oposição. O PSD, partido criado pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, terá uma bancada de 45 a 50 de-putados. “Não é um partido que chega com poucos deputados, se transformando na terceira ou quarta maior bancada da Câmara. Todos os deputados que estão se filiando são experientes”, disse.

foto: Rodolfo Stuckert

Em entrevista à TRIBUTU$, o presidente da Câmara do Deputados falou também da importância da categoria para o país. “Além do seu papel primordial, de trabalhar na arrecadação de recursos a serem investidos nas diver-sas áreas, como saúde, educação, segurança e transporte, a categoria também é muito atuante em diversos deba-tes de cidadania. Entre estes, destaco as campanhas do Sindireceita como a de Combate a Pirataria “Pirata tô fora: só uso Original!”. Esta iniciativa busca esclarecer a população sobre os malefícios que o crime de pirataria traz ao Brasil. Outra ação interessante do Sindicato foi a construção do livro “Fronteiras Abertas”, que relata a situação da Aduana Brasileira. Lançado no ano passado, o livro contribuiu no debate sobre a segurança em nossas fronteiras”, destacou. $

Analistas-Tributários da RFB

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O cargo de Analista-Tributário da Receita Fede-ral do Brasil é resultado da evolução sofrida pela Administração Tributária Federal ao longo dos últimos 26 anos.

Ano após ano, a importância do Analista-Tributá-rio se consolida dentro e fora da Receita Federal do Brasil, o que provoca reações negativas na entidade representativa dos Auditores-Fiscais. A última des-sas reações materializou-se com a apresentação da Ação Direta de Inconstitucionalidade por parte da Procuradoria Geral da União após receber repre-sentação do Sindifisco Nacional.

O objetivo da ADI é ver declarados inconstitucio-nais os dispositivos que transpuseram os ocupantes dos cargos de Técnico do Tesouro Nacional para Técnico da Receita Federal e de Técnico da Receita Federal para Analista-Tributário da Receita Federal do Brasil. O pedido inicial da ADI sugere que, declarada a inconstitucionalidade alegada, os ser-vidores ativos, aposentados e os pensionistas desses

cargos sejam retornados ao cargo de ingresso.

Diante disso, resta esclarecer: o que vem a ser uma ADI? Quais são seus efeitos? Quais são os prazos para seu julgamento? Quais pessoas podem dela participar?

A Ação Direta de Inconstitucionalidade, comu-mente chamada pela sigla ADI, é o meio jurídico previsto na Constituição Federal para preservar sua soberania sobre todo o ordenamento normativo pá-trio. Em outras palavras, é o instrumento pelo qual as pessoas por ela legitimadas podem questionar leis ou normas que entendam estar em desacordo com o texto constitucional.

Podem propor a ação direta de inconstitucionali-dade o Presidente da República; a Mesa do Senado Federal; a Mesa da Câmara dos Deputados; a Mesa de Assembleia Legislativa ou a Mesa da Câmara Legislativa do Distrito Federal; o Governador de Estado ou o Governador do Distrito Federal;

Mais um ataque negativo às conquistas dos Analistas-Tributários

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o Procurador-Geral da República; o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil; partido políti-co com representação no Congresso Nacional; confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional. Uma vez proposta a ADI, não será admitida desistência.

A ação será distribuída aleatoria-mente (isto é, a distribuição ocorre de forma automática) ou por dependên-cia (como no caso da ADI 4.616) para um dos onze Ministros do Supremo Tribunal Federal, que será seu relator. Ao relator caberá a análise inicial do pedido, podendo indeferi-lo limi-narmente (em decisão monocrática) em casos de inépcia (quando faltam os requisitos obrigatórios), por falta de fundamentação ou por ser ma-nifestamente improcedente. Dessa decisão cabe recurso de agravo para julgamento pelo Pleno do STF.

Na ADI 4616-2011, há pedido de medida cautelar com vistas a an-tecipar os efeitos da declaração de

inconstitucionalidade. Por força desse pedido, o Ministro Gilmar Mendes, relator, despachou na forma que se segue:

“Considerando-se a relevância da matéria, adoto o rito do art. 12 da Lei nº 9.868, de 10 de novembro de 1999, e determino: 1) requisitem-se as informações definitivas, a serem prestadas no prazo de 10 dias; 2) após, remetam-se os autos, sucessivamen-te, ao Advogado-Geral da União e ao Procurador-Geral da República, para que se manifestem no prazo de 5 dias. Ademais, defiro o pedido for-mulado pelo Sindicato Nacional dos Auditores-Fiscais da Receita Federal do Brasil (Sindifisco Nacional), por meio da Petição 66.339/2011, para que possa intervir no feito na condição de amicus curiae. À Secretaria para a inclusão do interessado e de seu patrono. Publique-se.”

Vale lembrar, que o pedido de me-dida cautelar de natureza satisfativa, constante da exordial apresentada

pela Procuradoria Geral da República, contaria com prazos mais exíguos que os previstos no rito abreviado previsto no artigo 12 da Lei n° 9.868, de 10 de novembro de 1999.

Vencidos esses prazos, o relator lan-çará o relatório, com cópia a todos os Ministros, e pedirá dia para julgamen-to. Não há prazo estabelecido para o lançamento do relatório.

O rito abreviado implica na não análise de cautelar, sendo o mérito analisado diretamente pelo Plenário do STF. De qualquer forma, tal qual o lançamento do relatório, não há prazo para o julgamento da causa pelo Pleno do STF, que obedecerá a pauta fixada pelo Tribunal Excelso.

A decisão sobre a constitucionalida-de ou a inconstitucionalidade da lei será tomada se presentes na sessão pelo menos oito Ministros, com a ma-nifestação de ao menos seis Ministros em um dos sentidos. $

O Comando Nacional de Mobilização (CNM), eleito na 46ª reunião do Conselho Nacional de Representantes Estaduais (CNRE), de março/abril de 2009, formado por um representante de cada Região Fiscal, reunido em Brasília nos dias 11 e 12 de julho de 2011, após avaliação e compi-lação das propostas das delegacias sindicais e dos Conselhos Estaduais de Delegacias Sindicais (CEDS), resolveu, com o apoio da Diretoria Executiva Nacional (DEN), realizar atos públicos mensais em todo o Brasil para demonstrar à Administração da Receita Federal do Brasil (RFB) e a sociedade brasileira o alto nível de indignação e insatisfação que se instalou na categoria dos Analistas-Tributários da Receita Federal do Brasil pela covardia perpetrada por outro sindicato de trabalhadores e que culminou com a impetração da ADI nº 4.616 e, também, pela busca da valorização da categoria com a definição em lei das atribuições historicamente exercidas.

CNM coordena mobilização da categoria

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MOBILIZAÇÃOADI 4.616 BASTA!

“... a referida ADI poderá trazer consequências deletérias ao exercício de nosso trabalho, que tanto prezamos e pelo qual tanto zelamos, na medida que a insatisfação e a desmotivação

em nada contribuem a um ambiente organizacional saudável e harmônico, tão importante para trazer eficiência e

efetividade à Receita Federal do Brasil.” Manifesto dos Analistas-Tributários da Alfândega do Porto do Rio Grande/RS

São Paulo/SP

Pelotas/RS Camaçari/BA

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BASTA!“O sentimento de revolta e insatisfação tomou conta de todos os ocupantes do cargo de Analista-Tributário.” Manifesto da DS Uberlândia/MG

São Paulo/SP

Manaus/AM

Pelotas/RS Londrina/PR

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Sorocaba/SP

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“A representação é inconveniente, traz prejuízos ao bom ambiente nas Unidades da Receita Federal. Foi um verdadeiro, inesperado e

expresso Ato de Guerra às pessoas que trabalham ao nosso lado, com as quais passamos mais tempo, no dia, do que com nossas próprias

famílias, e muito dos quais consideramos verdadeiros amigos.” Manifesto da DRF Passo Fundo/RS

Riberão Preto/SP

Santo Ângelo/RS

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“Atitudes dessa natureza causam indignação, revolta e descontentamento aos ATRFB e suas famílias, diante a ruína que os AFRFB pretendem perpetrar aos colegas de trabalho.” Manifesto dos Analistas-Tributários da DRF Araçatuba/SP

Santo Ângelo/RS Fortaleza/CE

Belo Horizonte/BH

São Luís/MA

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“É inacreditável que, os responsáveis pelos ataques perpetrados contra nossa Carreira sejam incapazes de perceber que nosso cargo

é constituído por mão de obra experiente e especializada, que evoluiu com o passar do tempo; evolução essa, demandada pelo Poder Executivo e sempre almejada por nós, Analistas-Tributários.”

Manifesto da DS Cuiabá/MT

Mundo Novo/MS Rio Grande/RS

Vitória/ES

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“Tal ato, além de bizarro em si, fere de morte os princípios que regem a instituição Sindical de Trabalhadores!”

Moção de apoio dos Policiais Federais de Santos/SP aos Analistas-Tributários da Receita Federal do Brasil

Itajaí/SC

Uberlândia/MG

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Controle Social. Acostume-se com essa realidade pois ela fará parte cada vez mais da rotina do serviço público. A Constituição Federal de 1988 garantiu a partici-pação popular direta ou por meio de organizações representativas na formulação das políticas públicas e no controle das ações em todos os níveis da administração. O cidadão pode e deve atuar na gestão, fisca-lização, monitoramento e controle de áreas como a saúde, educação, assistên-cia social, políticas urbanas, meio am-biente e outras.

Nos últimos anos t e m c r e s c i d o a atuação dos con-selhos, como o de Justiça (CNJ) e do Ministério Público (CNMP), que vem i m p l e m e n t a n d o medidas punitivas aos servidores e de aperfeiçoamento dessas instituições. Agora o Executivo Federal pretende ampliar as formas de participação popular na gestão e controle do serviço público de todo o país. No dia 8 de julho foi publicado no Diário Oficial da União (DOU) o De-

creto Presidencial convocando a 1ª Conferência Nacional sobre Transparência e Controle Social (Consocial). A etapa nacional será realizada no período de 18 a 20 de maio de 2012, em Brasília/DF, e terá como tema “A sociedade no acompanhamento e controle da gestão pública”.

A diretora de Prevenção da Cor-rupção da Controladoria Geral da

União (CGU), Vânia Vieira, revela que a Conferência nasceu de uma demanda da própria sociedade. “Depois de vários eventos em que foram discutidas inúmeras políticas

“Uma entidade sindical pode, por exemplo, organizar uma

conferência livre e o resultado deste debate gerar uma proposta

que poderá ser incluída no caderno final”

CoNfERêNCiA vAi iNCENTivAR o CoNTRoLE SoCiAL DA ADMiNiSTRAção PúbLiCA

públicas foi feito um seminário em 2009 sobre controle social. Durante essas discussões os participantes se organizaram e elaboraram uma moção para que fosse convocada uma conferência para tratar especi-ficamente de controle social, trans-parência e combate à corrupção”, disse. Vânia Vieira, que é uma das coordenadoras da Consocial, espera que os debates que estão ocorrendo em todo o Brasil atraiam

a atenção de entidades e do empresariado. “Que-remos contar com o setor privado, pois não dá para discutir combate à corrupção sem a presença de em-presários, e queremos que a conferência sur-ta efeito”, diz. Como resultado final das discussões o governo pretende elaborar um Plano Nacional sobre Transparência e Con-trole Social. “Quere-mos usar esse debate e as propostas como

subsídio para esse Plano, que terá metas definidas ao

longo do tempo” , acrescenta. Outro ponto destacado pela coordenadora é a possibilidade de inclusão dos temas na agenda pública em todas as esferas de governo e da sociedade.

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EixosO foco principal será a transparên-

cia e o controle social do acompa-nhamento e fiscalização da gestão publica. “Vamos focar exatamente no acompanhamento e execução da gestão pública, ou seja, buscar mecanismos que garantam a boa aplicação dos recursos públicos, os bons resultados dos serviços que estão sendo prestados e a implemen-tação de políticas públicas”, acres-centa. A Conferência está divida em quatro eixos temáticos: Promoção da transparência pública e acesso à informação e dados públicos; Me-canismos de controle social, enga-jamento e capacitação da sociedade para o controle da gestão pública; A atuação dos conselhos de políticas públicas como instâncias de contro-le; e Diretrizes para a prevenção e o combate à corrupção.

Oportunidade

A coordenadora da Consocial, Vânia Vieira, acrescenta que além da participação nas etapas regionais e nacional os interessados po-dem promover as chama-das conferências livres ou virtuais. Uma entidade sindi-cal pode, por

exemplo, organizar uma conferência livre e o resultado deste debate gerar uma proposta que poderá ser incluída no caderno final que será analisado na etapa nacional. “Tenho certeza que o Sindireceita tem toda a condição de participar e qualificar esse debate. Vocês tem todo conhe-cimento na área de aplicação do recurso público e podem participar até mesmo organizar conferências livres, programas e atividades es-peciais como seminários, workshop e oficinas de trabalho”, destaca. Para desenvolver umas das ativi-

dades com-

plementares da Conferência, os interessados precisam solicitar a inscrição formalmente à coorde-nação da Consocial. “Tudo que for feito para estimular o debate é parte do processo da conferência”, alerta.

Plano Nacional O Plano Nacional sobre Transpa-

rência e Controle Social deve contar com no máximo 80 propostas e diretrizes. A expectativa dos orga-nizadores é que cheguem a etapa nacional cerca de 600 propostas vindas dos estados, além das suges-tões apresentadas nas conferências virtuais e livres. Ao final do trabalho os participantes terão de eleger as 80 propostas consideradas mais importantes e que vão subsidiar a formulação do Plano Nacional. O projeto, então, será encaminhado ao Congresso Nacional, em formato

de projeto de lei pela Presidência da República, assim como

ocorreu com os planos nacional de Educação, de Direito Humanos e Meio Ambiente.

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teria a denominação de Conselho de Política e Administração Tributária.

A presidenta do Sindireceita, Sílvia Helena de Alencar Felismino, defen-de a ampliação de mecanismos de controle social sobre todo o serviço público. Segundo ela, a aproxima-ção da sociedade e de servidores só poderá render bons frutos. “Temos que buscar todos os mecanismos possíveis para aperfeiçoarmos essa relação. O cidadão e servidor pre-cisam trabalhar juntos não apenas fiscalizando os serviços que são prestados. É preciso que haja uma ação integrada visando o aprimora-mento do serviço público brasileiro e um órgão como a Receita Federal

O Sindicato Nacional dos Analis-tas-Tributários da Receita Federal do Brasil (Sindireceita) vai am-pliar os debates sobre a proposta de criação do controle social da Receita Federal do Brasil (RFB). O texto integra o Anteprojeto de Lei Orgânica da Administração Tributária da União elaborado pela entidade e prevê a criação de me-canismo de controle externo sobre a administração tributária em nível federal. Produzido pela Diretoria de Estudos Técnicos do Sindicato o projeto estabelece um sistema de controle que zela pela moralidade, eficiência e eficácia dos órgãos que compõem esse setor, essencial ao funcionamento do Estado. Esse instrumento de controle externo consistiria em órgão colegiado consultivo diretamente subordinado ao Ministro da Fazenda e seria com-posto por quinze membros, quatro deles natos e onze não-natos, e

deveria ter sido um dos primeiros a contar com um mecanismo de con-trole social”, avalia. Ela acrescenta que não é mais possível que a gestão da Receita Federal fique restrita a um grupo reduzido de pessoas. O Órgão, diz Sílvia Felismino, é es-sencial ao funcionamento do Estado brasileiro e, portanto, deve ter sua atuação avaliada e controlada pela sociedade. “Hoje, a Receita Federal é uma verdadeira caixa preta. Mesmo os que conhecem sua rotina como seus servidores não conseguem ter acesso ou discutir o planejamento de ações, promover a análise de metas e resultados. A única informação que é repassada com frequência pelo

Sindireceita defende o controle social da Receita FederalAnteprojeto elaborado pela entidade estabelece uma relação mais transparente e equilibrada entre o fisco e o contribuinte

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órgão à sociedade são os resultados da arrecadação de impostos. Isso é muito pouco ou quase nada para uma instituição da importância da Receita Federal para o país”, destaca.

O Conselho de Política e Adminis-tração Tributária (Conpat), de acordo com o projeto do Sindireceita, poderá auxiliar na formulação e revisão da po-lítica tributária, acompanhar e avaliar a eficiência e eficácia dos órgãos da administração, definir o planejamento estratégico, os planos de metas e os programas de avaliação institucional dos respectivos órgãos, elaborar relató-rios e propor medidas administrativas que venham a contribuir para o aper-feiçoamento institucional. Sílvia Felis-mino acrescenta ainda que o Conselho poderá promover o aperfeiçoamento dos meios de interação entre o fisco e o contribuinte, propondo normas e atos que ampliem, qualifiquem e agi-lizem o exercício da educação fiscal, a apreciação de pedidos administrativos e a prestação de orientações e demais serviços ao público.

A criação do Conselho vem sendo discutida em diversos fóruns internos da entidade. Agora, a direção do Sin-direceita pretende ampliar o debate e a convocação da 1ª Conferência Nacional sobre Transparência e Con-trole Social (Consocial) abre uma nova perspectiva para as discussões. “Vamos nos organizar para participar da Con-ferência. Nossa intenção é ampliar ao máximo essa discussão e, se possível, colocar o controle da RFB como um ponto chave do Plano Nacional”, disse.

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Criado para promover o controle e a transparência administrativa do Poder Judiciário o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) recebeu, somente no ano passado, 2.483 representações por excesso de prazo. A segunda maior demanda foi de reclamações disciplinares contra servidores que somaram 872 pedidos. O CNJ foi criado em junho de 2005 com a missão de controlar a atuação administrativa e financeira do judiciário, promo-ver a reformulação deste poder, atuar no controle e promoção da transparência e aperfeiçoar a pres-tação da Justiça. Em 2010, foram autuados no Conselho 7.622 novos processos, que, somados ao saldo de 6.625 processos residuais de 2009 totalizam 14.247. Desse total, 10.957 foram baixados, restando 3.290 pendentes para apreciação em 2011. Os membros do CNJ agora avaliam a possibilidade do Poder Judiciário estabelecer metas de desempenho com antecedência mínima de um ano.

Ministério PúblicoHá mais de sete anos o Conselho

Nacional do Ministério Público (CNMP) também atua no contro-le externo visando conter abuso de membros do MP. O órgão de controle e fiscalização foi criado em 30 de dezembro de 2004 e age orientando todos os ramos do MP. Pautado pelo controle e transpa-rência administrativa do MP e de

seus membros, o CNMP é aberto ao cidadão e às entidades brasileiras, que podem encaminhar reclama-ções contra membros ou órgãos do MP, inclusive contra seus serviços auxiliares.

Em uma das decisões mais recen-tes, o CNMP aprovou a resolução que define prazo para os processos administrativos em tramitação no Ministério Público brasileiro. Pelo texto, a fase de instrução do pro-cesso, quando não definida em lei, deverá ser iniciada e concluída em 120 dias, podendo ser prorrogada por igual período quando houver motivação. Finalizada a instrução, a Administração terá um prazo de 30 dias para decidir e comunicar ao interessado. Caso haja motivação expressa, esse prazo poderá ser prorrogado por mais 30 dias.

A proposta aprovada determina ainda que a Administração deverá ter sistema próprio, de fácil acesso e alimentado regularmente com as movimentações dos processos administrativos. O objetivo é dar publicidade e transparência aos atos. Segundo o autor e relator do projeto, conselheiro Cláudio Barros, as regras sobre o dever de decidir e o prazo dos processos administrativos são importantes não apenas pelo cumprimento da Constituição, mas também para garantir o benefício das partes e a consolidação dos princípios da eficiência e da razoabilidade. $

Em 2010 CNJ recebeu 2.483 representações por excesso de prazo

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Analistas-Tributários promovem mobilização em favor do controle social da Receita Federal do Brasil

Sindireceita apresenta proposta de

criação do CONPAT ao senador Vital do

Rego Filho

Sindireceita apresenta proposta de Controle Social da RFB ao deputado

André Figueiredo

Analistas-Tributários de Londrina/PR se mobilizam pela criação do CONPAT

Analistas-Tributários de Goiânia pedem transparência, respeito ao cidadão e democracia na RFB

ATRFB de Maringá/PR promovem ato pela participação da sociedade na gestão da Receita Federal

Sindireceita apresentou ao líder do PP na Câmara, Aguinaldo Ribeiro (PP/PB) a

proposta do CONPAT

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Analistas-Tributários em todo o país promoveram, no dia 21 de setembro, manifestações em favor da criação do controle social da Receita Federal do Brasil (RFB). Os atos públicos marcaram o início da divulgação do projeto do Sindireceita que prevê a criação do Conse-lho de Política e Administração Tributária (CONPAT), como instrumento garantidor da participação paritária entre o Estado e a sociedade na busca de uma gestão mais transparente, eficiente e eficaz dos recursos da Administração Tributária Federal.

O CONPAT também desempenhará um papel de destaque na transição entre a legislação tributária atual e uma legislação mais justa, por meio da integração de um sistema de tributação progressiva, aliada a um eficiente trabalho de fiscalização e arrecadação, com zelo pela moralidade e eficiência da administração tributária, melhor atendimento ao cidadão e em favor de um Brasil melhor, com justiça fiscal, menos con-corrência desleal e mais distribuição de renda. Segue galeria de fotos:

Ato Público em Campo Grande/MS

apresenta o CONPAT à sociedade ATRFB distribuíram informativos e tira-

ram dúvidas de contribuintes Recife/PE

Analistas-Tributários de São Luís mobili-zados pela criação do Conpat

Sindireceita Belém entrega proposta do CONPAT ao presidente da OAB Seccional

Pará, Jarbas Vasconcelos

Analistas-Tributários em São Paulo participaram da manifestação pelo

Controle Social da RFB

Analistas-Tributários realizaram ato em Cuiabá/MT

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A delegacia do Sindireceita (Sin-dicato Nacional dos Analistas-Tributários da Receita Federal do Brasil), em Manaus/AM, entrou com uma representação junto ao Ministério Público do Trabalho (MPT) solicitando a imediata in-terdição do prédio da Alfândega do Porto e a remoção dos Analistas-Tributários da Receita Federal que trabalham no local. “Não podemos esperar que o pior aconteça. Pro-vidências devem ser tomadas para garantir a saúde dos servidores que trabalham nesta Alfândega. Todos, independentemente do cargo que ocupam, merecem o devido res-peito, saúde e segurança no local de trabalho”, destaca o delegado sindical Marco Avelino.

Um laudo técnico sobre as pés-simas condições de trabalho a que estão submetidos os servidores que atuam no prédio da Alfândega foi entregue, no dia 8 de agosto, à Procuradoria Regional do Trabalho da 11ª Região. No dia 23 de agosto, a representação foi distribuída ao procurador do Trabalho, Audali-phal Hildebrando da Silva, que terá 30 dias para se pronunciar a partir desta data. O documento revela que os servidores estão correndo sérios riscos de saúde, pois as instalações do edifício não estão de acordo com as normas técnicas e com a legislação vigente sobre Segurança do Trabalho, além de não comportarem condições míni-mas de segurança e de higiene. O

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laudo, elaborado pelo engenheiro Ambiental e de Segurança do Tra-balho, Francisco Paulo Almeida da Rocha, a pedido da delegacia sindical de Manaus, destaca que as graves irregularidades encontradas na edificação devem ser solucio-nadas o quanto antes, visando preservar a integridade física e a saúde ocupacional dos servidores.

O Sindireceita alertou a Admi-nistração da Receita Federal do Brasil (RFB), por diversas vezes, a respeito dos graves problemas de conservação do edifício e bus-ca, com a representação, evitar um acidente de grandes proporções. Por coincidência, no mesmo dia em que o Sindireceita entrou com a representação no MPT, em 8 de agosto, a instituição anunciou a

Sindireceita denuncia abandono da Alfândega do Porto de Manaus/AM

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Fotos: Moises Hoyos

Recursos no valor de R$ 4,4 milhões foram liberados para o início das obras do novo edifício da Receita

Federal na capital do Amazonas

liberação de recursos no valor de R$ 4,4 milhões, de um total de R$ 59 milhões, para a construção do novo edifício que abrigará as unidades da Receita Federal do Brasil na capital do Amazonas, localizado no Distrito Industrial. Segundo nota divulgada pelo inspetor substituto da Alfânde-ga do Porto de Manaus, Maurício Fernandes, as obras serão iniciadas ainda em 2012, e os recursos estão previstos na Portaria do Ministério da Fazenda nº 372, de 2 de agosto de 2011, e constam do Plano Plurianual do Governo Federal referente aos anos de 2012 a 2015.

O Sindireceita – AM também en-tregou o laudo técnico ao inspetor da Alfândega do Porto de Manaus e alertou que os servidores perma-necem expostos aos perigos denun-

ciados no documento. “Com tais ações esperamos que o Ministério Público do Trabalho se manifeste pela reforma geral do prédio, além da mudança das instalações elétri-cas, hidráulicas e da estrutura de combate a incêndio, entre outras medidas. Queremos proporcionar um ambiente de trabalho digno aos Analistas-Tributários da Receita Federal”, afirma o diretor de As-suntos Aduaneiros do Sindireceita e delegado adjunto de Manaus, Moisés Hoyos.

A nota relata que, emergencial-mente, foram viabilizados recursos junto à Superintendência da RFB na 2ª Região Fiscal, “ainda para este ano, de modo a atacar os proble-mas levantados, a título de reparos e adaptações, até a conclusão da

nova sede”. Também foi informado que uma minirreforma nos telhados e banheiros foi realizada, em 2008, no prédio da Alfândega do Porto de Manaus. Mas, conforme o diretor do Sindireceita, as obras feitas nessa época não solucionaram a metade dos problemas. “Os servidores conti-nuam expostos aos perigos denuncia-dos. É de conhecimento que os trâ-mites necessitam ser obedecidos até a produção de resultados concretos. Mas sabemos que a reforma não sai este ano e com saúde e segurança não se pode esperar”, destacou Moisés Hoyos. A assessoria de comunicação da Alfândega do Porto informou ain-da que “dado o caráter pontual dos serviços, cuja execução obedecerá a um cronograma racional, a intenção é a de não remover os servidores”.

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de combate a incêndio não funciona e não existem saídas de emergência. Em quase todos os pavimentos foram encontrados papéis armazenados de forma incorreta e, simplesmente, também não existem extintores de incêndio nas áreas de maior risco, como nos arquivos e depósitos. As instalações elétricas estão comprome-tidas devido às inúmeras emendas e a concentração de carga. Para se ter uma ideia da gravidade da situação, o laudo informa ainda que “a maior parte do piso dos pavimentos é constituído por tábuas de madeira seca e, entre o forro e os assoalhos dos andares superiores, foram instalados materiais plásticos altamente inflamáveis e com poder tóxico, em caso de combustão”.

Outro problema diagnosticado foi que, na saída de emergência, existe um bloqueio de acesso aos ambien-tes internos e as portas abrem num sentido desfavorável à saída. Além disso, todas as janelas do térreo do edifício também possuem grades, o que impossibilita o uso como rota de fuga. Não bastassem todos os riscos apresentados no laudo técnico, os

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Descaso com as unidades da RFB em Manaus/AMNa madrugada do dia 5 de agosto

deste ano, um incêndio na Delegacia da Receita Federal, no centro de Ma-naus, onde funciona o CAC (Centro de Atendimento ao Contribuinte), atingiu todo o 3º andar e destruiu a Superintendência do Patrimônio da União. O 7º andar do mesmo prédio também foi consumido por outro incêndio há três anos. “Estamos brincando com coisa séria. Iremos ao Corpo de Bombeiros para denunciar e buscar soluções para a situação precá-ria dos prédios da Receita Federal em Manaus”, afirmou o delegado sindical Marco Avelino.

A Alfândega do Porto de Manaus também corre o risco de um iminente incêndio. O laudo técnico concluiu que é necessário atender urgente-mente o que estabelece o Art. 12 da Lei Estadual nº 2.812/2004. Entre as diversas irregularidades constatadas durante a inspeção de segurança, foi detectado que não há uma circulação de ar adequada no prédio, o sistema

servidores que trabalham na Alfân-dega do Porto de Manaus ainda estão sujeitos a contaminação de uma série de enfermidades devido à presença, em todos os ambientes, de dejetos de ratos e baratas que caem dos forros. O documento determina que sejam adotadas medidas urgentes buscando a melhoria da salubridade do am-biente, além da adoção de programas que promovam a saúde e a segurança dos servidores em situações de emer-gência.

Patrimônio Histórico Nacional

O prédio da Alfândega de Manaus/AM, em estilo eclético, com elemen-tos medievalistas e renascentistas, é uma obra suntuosa e admirável que reproduz os edifícios londrinos do início do século XX. O conjunto arquitetônico da Alfândega e Guarda-moria foi tombado pelo Patrimônio Histórico Nacional, em 1987, e é um dos pontos turísticos da capital do Amazonas. No entanto, por descaso da Administração da RFB e falta de manutenção das instalações, o prédio

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atualmente não possui mais condições adequadas para abrigar os servidores que ali trabalham. Mais de 100 ser-vidores estão lotados no edifício de quatro andares, sendo que cerca de 40 são Analistas-Tributários da Receita Federal do Brasil e atuam nos diversos setores que englobam a área aduaneira e o acompanhamento tributário. Além disso, em média, mais de 100 pessoas circulam diariamente pelo prédio em busca dos serviços ali ofertados.

Medidas recomendadas pelo laudo técnico

O laudo destaca em sua conclusão que, independentemente de se tratar de um edifício tombado, o mesmo deve atender o disposto no Artigo 12,

do Capítulo VII (do Cumprimento das Medidas de Segurança Contra Incên-dio), do Sistema de Segurança contra Incêndio e Pânico em Edificações e Áreas de Risco, instituído pela Lei n.º 2.812, de 17 de março de 2.004, do estado do Amazonas. O documento foca principalmente as medidas de segurança contra incêndio e sugere que as seguintes providências sejam adotadas:

- Acesso de Viatura na Edificação (Recomendado);

- Segurança Estrutural contra In-cêndio;

- Compartimentação horizontal ou sistema de detecção de incêndio e chuveiros automáticos;

- Compartimentação Vertical ou sis-tema de controle de fumaça, detecção de incêndio e chuveiros automáticos; exceto para as compartimentações das fachadas e selagens dos shafts e dutos de instalações;

- Controle de materiais de acaba-mento;

- Saídas de emergência;

- Brigada de Incêndio (para as áreas de depósitos superiores a 750m²);

- Iluminação de emergência;

- Alarme de incêndio;

- Sinalização de emergência;

- Extintores;

- Hidrante e Mangotinhos (man-gueiras). $

| O edifício não atende a nenhum normativo técnico ou legal sobre acessibilidade;

| A fixação das lâminas metálicas de composição do forro na maioria dos pavimentos encontra-se em estado precário;

| Não existe um padrão de iluminação, bem como proteção contra quedas em nenhuma luminária ins-talada no edifício;

| Não existe na edificação pessoa treinada e com conhecimento da operacionalidade dos sistemas de combate a incêndio;

| Os lavabos disponíveis possuem janelas para área externa comprometendo a privacidade dos usuários;

| Não há macas para transporte de acidentados, material para primeiros socorros e pessoa treinada para atuar em situações dessa natureza.

Outras irregularidades encontradas durante a inspeção de segurança na edificação foram:

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Há pouco mais de quatro anos a Receita Federal investiu cerca de R$ 45 milhões na compra de um lote de 11 lanchas de patrulha. O lançamento das embarcações foi marcado por discursos e promessas de que esses equipamentos se transformariam em um diferencial nas ações de patrulhamento, vigilância e fiscalização de portos, do litoral e dos rios, especialmente na bacia amazônica. Mas, a realidade que se vê hoje em vários atracadouros é bem diferente. As cerimônias e os discursos políticos deram lugar ao abandono. Além de parte das 11 embarcações recém-compradas estarem paradas, outras lanchas que foram incorporadas ao patrimônio da Receita Federal também sofrem com os mesmos problemas, algumas correm o risco de afundar.

Na região norte a situação é ainda mais grave. As quatro embarca-ções que permitiriam a realização de ações de vigilância, repressão e fiscalização nos rios da Amazônia estão quebradas. As três lanchas destinadas ao estado do Amazonas estão praticamente esquecidas em portos. Duas delas estão atracadas, há mais de um ano, no Porto Flutuante, na região central de Manaus/AM, enquanto a terceira em-barcação está ancorada de forma improvisada no porto da Marinha, em Tabatinga/AM. Em Belém/PA, a lancha “Aduana Breves”, há mais de dois anos, aguarda por reparos atracada também de forma precária em um espaço cedido pela Capitania dos Portos, na Base Naval de Val-de-Cães.

A presidenta do Sindireceita, Sílvia Felismino, considera a situação dessas embarcações um exemplo de descaso com o dinheiro público, de desrespeito à sociedade e, principalmente, de abandono. Não há como justificar, acrescenta Sílvia, que mais da metade das lanchas da

Lanchas da Receita Federal são exemplo de descaso

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Pelo menos 8 embarcações estão paradas e algumas correm o risco de afundar

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RFB esteja parada devido a proble-mas mecânicos, falta de contratos de manutenção ou de servidores para utilizar o equipamento de forma cor-reta. “Algumas embarcações estão há tanto tempo sem atividade que literalmente apodrecem, correndo risco real de afundar”, denuncia.

Todas as embarcações possuem motores potentes, equipamentos eletrônicos de última geração, blindagem especial e foram devi-damente adaptadas para operações de combate à pirataria, contrabando e descaminho. As lanchas foram designadas para unidades da Receita Federal no Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Pará e Amazonas.

DescasoUm dos principais exemplos do

descaso da Administração da Recei-ta Federal com esses equipamentos é a embarcação “Aduana Amazonas”, que foi lançada em março de 2007. A lancha operou por pouco mais de dois anos e há mais de um ano está ancorada de forma improvisada em um porto às margens do rio Soli-mões, em Tabatinga, no estado do Amazonas. Destacada para auxiliar nos trabalhos de repressão, vigilân-cia e fiscalização na tríplice fronteira do Brasil-Colômbia-Peru, em sua primeira missão, a embarcação foi fundamental na apreensão de 9,3 kg de pasta base de coca, próximo ao município de Benjamin Constant/AM. Após apresentar problemas no leme, o que ocorreu há mais de um ano, a lancha foi encostada em uma área pertencente à Marinha do Bra-sil, onde encontra-se desde então.

A presidente do Sindireceita, Síl-via Felismino, visitou a unidade da RFB em Tabatinga e constatou o abandono. O descaso com a lancha

“Aduana Amazonas”, acrescenta Sílvia Felismino, se repete com ou-tros equipamentos que estão parados se deteriorando em várias partes do país. “Além do desperdício do dinheiro público, pois essas lanchas modernas estão literalmente apo-drecendo no tempo, há um prejuízo incalculável com a suspensão das ações de fiscalização e repressão. Como a Receita Federal espera fis-calizar os rios da Amazônia se suas embarcações estão abandonadas nos portos, sendo destruídas pelo tem-po?” denuncia. Ela critica ainda a falta de planejamento do Órgão que destinou um equipamento caro para uma região onde hoje atua apenas um servidor. “Tabatinga não é um caso isolado. A administração com-pra um equipamento, destina para a unidade, mas não prevê quantos e quais servidores farão uso desse instrumento. Com certeza estamos diante de um exemplo inequívoco de má gestão”, ressalta.

Lanchas As lanchas da Receita Federal me-

dem cerca de 48 pés de comprimen-to (14,72m), largura de 4,26m, cala-do total de 1,30m e são dotadas de dois motores diesel de 626 HP cada, podendo atingir velocidade máxima de 32 nós (cerca de 60 Km/h). Cada lancha pesa aproximadamente 18 toneladas, tem autonomia de 300 milhas náuticas (550 Km), é forte-mente blindada (resiste a impactos de projéteis de fuzil calibre 7,62mm OTAN) e está equipada com sistema de navegação digital (Radar, GPS e Ecobatímetro), piloto automático, poderosos sistemas de comunicação (rádios VHF e SSB), além de uma ultramoderna câmera estabilizada com visão noturna e rastreamento automático de alvos, com sistema de gravação, para visadas de longa distância.

As embarcações“Aduana Manaus” e “Aduana Rio Negro” estão fora de operação e ficam ancoradasno porto flutuante, no centro de Manaus-AM

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Na região norte lanchas estão abandonadas

As quatro lanchas da Receita Fe-deral do Brasil (RFB) que foram destacadas para os estados do Ama-zonas e Pará estão quebradas. Sem transporte específico, a fiscalização nos rios da região ficou ainda mais comprometida. A embarcação “Adu-ana Manaus”, incorporada ao Servi-ço de Vigilância Aduaneira (Sevig) e a “Aduana Rio Negro”, cedida ao Núcleo de Repressão (Nurep), estão ancoradas no porto flutuante, no centro de Manaus. A lancha “Adua-na Amazonas”, há mais de um ano, necessita de reparos, enquanto segue ancorada em uma área da Marinha, na cidade de Tabatinga/AM, no alto Solimões. Em Belém/PA, a história se repete e a “Aduana Breves” se acaba no tempo.

A “Aduana Manaus” começou a operar em 2003. A embarcação, que tem todos os comandos eletrônicos, apresentou um problema no módulo que controla a rotação do motor, impedindo que se atinja alta veloci-dade. Por conta dessa falha não há como utilizá-la em perseguições, por exemplo. O problema não foi solu-cionado por falta de recursos. Sem

bateria, a embarcação também sofreu uma pane elétrica. Já a “Aduana Rio Negro” chegou em Manaus em 2006. Há dois anos, quando foi acionada para uma operação, a embarcação apresentou problemas no motor e precisou ser rebocada até o cais.

No Pará, a embarcação “Aduana Breves” está parada há mais de dois anos. Sem um atracadouro próprio, a lancha fica ancorada em um local cedido pela Capitania dos Portos na Base Naval de Val-de-Cães. O motor não atinge a velocidade de cruzeiro, o leme, que foi trocado recentemente, está avariado, as 11 baterias precisam ser trocadas, e nem mesmo procedi-mentos básicos de manutenção como a troca de óleo tem sido realizados.

O diretor de Assuntos Aduaneiros do Sindireceita, Moisés Hoyos, critica a falta de planejamento dos gestores da Receita Federal. Segundo ele, a situação das lanchas evidencia ainda mais as graves deficiências in-ternas da RFB, que acabam refletindo em toda a sociedade. “As estradas da Amazônia são os rios, por onde circulam grande parte da população

e mercadorias. Hoje, sem embarca-ções, a RFB não mantém nenhum controle sobre todo esse fluxo”, acrescenta. Moisés Hoyos chama a atenção para o enfraquecimento das ações repressivas, especialmente, no combate ao tráfico de drogas, armas e munições. “Muitos desses rios vão até as fronteiras no norte do Brasil chegando a outros países, como Colômbia e Peru. A Receita Federal precisa controlar o deslocamento de pessoas e mercadorias”, adverte. Hoyos lembra que a Zona Franca de Manaus também exige uma ação mais eficaz da RFB. “Para controlar os rios somente com lanchas apro-priadas, fiscalizando embarcações, atuando contra portos clandestinos e realizando operações de vigilância. Atuações que certamente promove-riam um controle maior na fronteira amazônica. Entretanto, o que se vê é um descaso com o equipamento que já existe e que vai sendo deteriorado com o tempo pela falta de uso e de uma manutenção adequada. São lan-chas de alto padrão tecnológico, mas que estão simplesmente paradas”, criticou.

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Denóbola, Regúlus e Guerro símbolos do descaso

Motores fundidos, lemes quebrados, equipamentos eletrônicos destruídos pela ação do tempo. Essa é a realidade da maioria das embarcações compradas pela Receita Federal (RFB) e que hoje estão ancoradas de forma precária em portos por todo o Brasil. A esse quadro soma-se a falta de planejamento da Instituição que chegou a investir na habilitação de servidores que nunca puderam atuar em ações de fiscalização ou que tiveram sua ação restringida de-vido a conflitos internos e divergências legais, como a proibição do porte de arma ostensivo.

Um dos exemplos mais evidentes de desperdício é a embarcação batizada de “Guerro”. Uma vez por mês a lan-cha deixa a marina em Paranaguá, no litoral paranaense. A saída tem como único objetivo movimentar os motores e demais equipamentos. Em Paranaguá/PR a RFB mantém um contrato de ma-nutenção, mas como a lancha não está sendo usada para a fiscalização já está em análise sua transferência para Foz do Iguaçu/PR. A “Guerro” deixou de ser usada por falta de pessoal e de recursos. Atualmente, o Porto de Paranaguá não conta com equipe para operações com a embarcação e, mesmo na época em que atuava, a tripulação formada por Analistas-Tributários teve sua ação fragilizada. Por conta de uma proibição imposta pela Capitania dos Portos e pela Polícia Federal, os servidores da equipe de repressão não podiam portar armas de forma ostensiva, o que também comprometeu a ação do grupo.

Há pouco mais de quatro anos, a Receita lançou no Rio de Janeiro/RJ a lancha “Regulus” como promessa de reforço no combate ao contrabando e à pirataria. No entanto, problemas mecâ-

nicos comprometeram sua atuação. O motor precisou passar por uma retífica e só há dois meses voltou a funcionar. As saídas ao mar até agora limitam-se a testes. No Espírito Santo/ES a história se repete. Maio de 2009 foi a última vez que a lancha “Denébola” saiu do cais. Mesmo no período em que esteve em atividade a embarcação nunca foi usada em operações de repressão. As saídas foram apenas para treinamento. A “De-nébola” também fez duas viagens ao Rio de Janeiro com o mesmo objetivo. Em outra oportunidade a embarcação blindada navegou acompanhando a procissão de São Pedro. O descaso da RFB é tão grande que a Capitania dos Portos do Espírito Santo, onde a lancha está ancorada, convocou, em caráter de urgência, um servidor do Núcleo de Repressão (Nurep) para que fossem colocados pneus nas laterais da embar-cação que está sendo jogada contra o cais. Devido a falta de cuidado o casco foi tomado por crustáceos e a lancha está tombada de lado, podendo afundar. Ao descaso com a embarcação, avalia-da em mais de R$ 4 milhões, soma-se o desperdício de recursos humanos. Os Analistas-Tributários que receberam treinamento e foram habilitados para conduzir a embarcação jamais puderam utilizar o equipamento para abordagem dos navios que chegam aos portos no estado. Enquanto a “Denóbola” se acaba na água, uma outra lancha, mais antiga da RFB, batizada de “Alfandega 1” se deteriora em uma área próxima sem nenhum cuidado. A “Alfandega 1” foi incorporada ao patrimônio da Alfandega de Vitória há pelo menos 10 anos por importação irregular. Após apresentar problemas no motor a lancha foi encostada, completando o cenário de abandono.

Somente este ano, as ações

da tripulação das lanchas

contribuírampara as

apreensões que já somam

mais de R$ 100 milhões.

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11A equipe de Analistas-Tributá-

rios que integra a tripulação das lanchas da Receita Federal do Brasil em Santos, “Leão Marinho I” e “Leão Marinho II”, completa este ano cinco anos de atividades. Durante esse período as embarca-ções e o trabalho dos Analistas-Tributários foram fundamentais nas ações de prevenção e repres-são de fraudes e ilícitos aduaneiros na área do Porto de Santos/SP, o

maior da América Latina. A atu-ação do grupo formado por Ana-listas-Tributários transformou-se em uma referencia no uso dessas embarcações em operações de controle, vigilância, repressão e fiscalização aduaneira.

Nos últimos anos, o trabalho das equipes das lanchas “Leão Marinho I” e “Leão Marinho II” possibilitou a apreensão de

navios, iates, veleiros e até de veículos paraguaios irregulares. A ação do grupo também foi fundamental na maior apreensão de drogas já registrada no Porto de Santos. Em 2010, a equipe atuou na operação que apreendeu 1.723 quilos de cocaína. Somente este ano, as ações da tripulação das lanchas contribuíram para as apreensões que já somam mais de R$ 100 milhões.

Tripulação formada por Analistas-Tributários, em Santos/SP, é referência para ações com lanchas

Fotos: DS Santos/SP

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ReferênciaMesmo sendo uma referência no

uso das embarcações, o grupo do Porto de Santos enfrentou várias dificuldades para manter a rotina de operações. Um dos principais problemas foi a dificuldade de negociação com o fabricante das lanchas, o que dificultou a realiza-ção de reparos e a troca de peças. O custo elevado de manutenção das embarcações também trouxe problemas. Além desses fatores, os Analistas-Tributários que integram a tripulação das lanchas precisa-ram lidar com as dificuldades de preservação da equipe fixa. Por várias vezes servidores deixaram de se dedicar em período integral às operações com a lancha, sendo inclusive desviados para serviços burocráticos. Essa situação mudou com a edição da Portaria RFB nº

2.364, de 14 de dezembro de 2010, que regulamentou a atividade im-pondo a manutenção de uma equipe mínima de tripulantes e na elabora-ção do Plano Local de Operações Náuticas, com a introdução de metas anuais.

Reforço As ações de fiscalização e vigi-

lância no litoral paulista podem, em breve, ter o reforço da lancha “Leão Marinho III”. A unidade foi incorporada ao Órgão e, inicialmen-te, levada para o interior do estado de São Paulo, mais precisamente para Araçatuba, como parte de um projeto de fiscalização da hidro-via Tietê-Paraná. Mas, em vez de auxiliar o trabalho de repressão, permitindo que servidores da RFB pudessem verificar o valor das mer-cadorias exportadas pela hidrovia,

a embarcação ficou parada por dois anos sem nunca ter sido usada em ações. Após o período sem ativida-de, a lancha precisou passar por uma reforma até ser transferida para a unidade da Receita Federal em São Sebastião, no litoral norte do estado de São Paulo, onde ainda passa por reparos antes de ser devidamente colocada em operação.

Para retomar as atividades a “Leão Marinho III” precisa apenas que sejam instalados os equipamentos eletrônicos. A equipe de bordo que contará com quatro servidores da RFB, sendo dois Analistas-Tribu-tários, já recebeu os treinamentos. Quando estiver em operação, a unidade vai auxiliar no controle, vigilância e repressão na região do Porto de São Sebastião. Até o mo-mento não há previsão para o início das ações com a “Leão Marinho III”.

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Planos e metas para lanchas ficam no papel

As lanchas da Receita Federal do Brasil (RFB) devem executar, no mínimo, 40 horas mensais de atividades efetivas. Apesar da determinação expressa na Portaria nº 2.364, de 14 de dezembro de 2010, a norma é descumprida em quase todo o País. A falta de manutenção, de recursos, de pessoal e, principalmente, de planejamento fez com que a maior parte das lanchas deixassem de ser usadas em operações de vigilância, de repressão aduaneira, de apoio a pesquisas e de investigação. De acor-do com a Portaria, essas ações devem ocorrer de forma rotineira, permitindo o monitoramento e a vigilância em portos, fundeio de embarcações, ma-rinas, incluindo condomínios fechados, terminais pesqueiros, lagos, rios e no mar. As lanchas devem ser usadas ainda no mapeamento e definição de rotas e na coleta de dados, na busca de evidências, na apuração de denúncias e na avaliação de riscos.

Compete à Coordenação-Geral de Administração Aduaneira (Coana/RFB) supervisionar, normatizar, controlar e avaliar essas ações. Já as unidades regio-nais da RFB devem gerir e executar as operações, além de promover a conservação e os reparos das embarcações. A norma determina ainda a divulga-ção das operações náuticas como instrumento de presença fiscal e aumento de percepção de risco, visando coibir a prática de ilícitos. Essa determina-ção está expressa no artigo 13 da Portaria.

Apesar da normatização ampla, que prevê inclusi-ve a elaboração de um Plano Nacional de Operações Náuticas, a realidade é outra. Na maior parte das

unidades que contam com este instrumento de fiscali-zação, faltam recursos mínimos para que os servidores cumpram as determinações do próprio Órgão.

A equipe de reportagem da Tributus tentou por diversas semanas obter mais informações sobre os problemas com as embarcações junto à administração da Receita Fede-ral do Brasil. Além da solicitação formal de entrevista e do pedido de dados via correio eletrônico, foram feitas inúmeras ligações para a Assessoria de Comunicação do Órgão, em Brasília/DF. Após todas as tentativas de contato, a Receita Federal limitou seus esclarecimentos a uma única frase. “A Receita Federal do Brasil não vai se pronunciar sobre o assunto”. $

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Por mais de um ano, integrei, recentemente, o Conselho de Contribuintes e Recursos Fiscais do Estado do Paraná (CCRF), indicado que fui pela Federação das Indústrias do Paraná.

Criado pela Lei Complementar n.º 1, de 1972, com modificações introduzidas pelas Leis Complementares 18/83, 36/87, 45/89, 78/96 e 112/05, ao CCRF compete julgar, em segundo grau admi-nistrativo, as questões tributárias entre os contribuintes e o Estado.

Seu corpo deliberativo é composto por 12 vogais, 12 suplentes, um presidente e três vices, todos escolhidos e nomeados pelo governador entre pessoas de nível superior, com reconhecida idoneidade e competência em matéria tributária. Dos 24 conse-lheiros (vogais e suplentes), a metade é indicada pela Secretaria da Fazenda entre auditores fiscais; a outra metade, pelas entidades de classe (Federação da Agricultura, Federação das Associações Comerciais, Federação do Comércio, Federação das Empresas de Transporte de Carga, Federação das Indústrias e Organização das Cooperativas do Estado do Paraná), entre pessoas de ilibada reputação e capacidade profissional – normalmente advogados, economistas e contadores.

Junto ao CCRF oficiam dez representantes do Fisco estadual, inclusive um procurador do Estado, designados pelo secretário da Fazenda entre servidores fiscais com os mesmos requisitos de idoneidade e competência na área tributária. Os vogais e seus suplentes têm mandato de dois anos, o que garante independência dos mesmos com referência às instituições que os indicaram. Os

Conselho Fiscal e políticas tributárias recentes do ParanáJosé Alexandre Saraiva

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nomes são escolhidos em lista tríplice e submetidos pelo secretário da Fazenda ao governador do estado.

Na composição atual, o Conselho é dividido em quatro Câmaras, cada uma composta de seis conselheiros, em número paritário (três da Secretaria da Fazenda e três indicados pelas cor-porações privadas) e um Pleno, com 12 julgadores, também de modo igual entre os apontados pelo estado e pelos órgãos privados. Ambos os órgãos são presididos por um presidente, a quem cabe o voto de minerva nos empates das decisões.

O CCRF, ao longo de sua história, vem prestando relevantes serviços à sociedade paranaense, mediando os conflitos entre a Fazenda e os contri-buintes, em especial com relação ao imposto sobre operações relativas à circulação de mercadorias e serviços (ICMS). E o vem fazendo com idonei-dade e competência, não só em função da qualificação profissional de seus integrantes, como também pelo modo como se processam os julgamentos, sempre públicos e democráticos, com relatores e revisores alternadamente do Fisco e do contribuinte, que se fis-calizam entre si, além dos advogados, representantes das partes, que acompa-nham de perto os julgamentos havidos praticamente todos os dias da semana.

Como anotado, o CCRF é órgão de julgamento de segunda instância

administrativa, revisando decisões tomadas pelos delegados da Receita Estadual, responsáveis pelas decisões de primeiro grau. Por regra, o proce-dimento, depois da decisão inicial, vai a julgamento em uma das câmaras e o relator é escolhido em sorteio. Se a decisão da câmara não for unânime ou se houver divergência entre as tomadas pelas câmaras entre si e uma delas com o Pleno, há recurso para este, quando o CCRF, em sua plenitude, praticamente define as questões sob sua apreciação.

Se a Fazenda é vencida no Pleno, cabe o denominado “recurso hie-rárquico” ao secretário da Fazenda, que tem a palavra final em questões administrativas envolvendo os litígios entre o estado e seus contribuintes. Até 2005, das decisões do secretário da Fazenda, cabia recurso ao Tribunal de Contas, mas o Supremo Tribunal Federal considerou inconstitucional esse apelo a órgão estranho ao Poder Executivo.

Ao contribuinte que perde no Pleno só resta o caminho da via judicial, quando os assuntos postos a julgamen-to do CCRF podem ser integralmente revistos. Existem alguns julgados de tribunais dos estados (Rio de Janeiro e Paraná) proclamando que o secretário da Fazenda não pode modificar as decisões do órgão colegiado, salvo se houver manifesto erro de forma nos julgamentos. Mas é matéria ainda não pacificada.

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e proibição de a Fazenda fiscalizar tais estabelecimentos, salvo autoriza-ção expressa da autoridade superior (governador, secretário da Fazenda ou chefe da Receita Estadual).

| 2 | Alíquota de 12% (igual a das operações interestaduais) para as vendas no mercado interno realiza-das por indústrias situadas no estado. A diferença, se houver, fica diferida para o varejista comprador. Assim, se a alíquota da mercadoria for 18%, o comerciante terá de pagar 18% com crédito de 12%. A ideia é incentivar a compra dentro do próprio estado, já que com a alíquota de 12% nas transações interfederadas, havia um estímulo para compras fora do estado, à vista de que estas vinham com tribu-tação à alíquota interna. A medida foi sugerida pela Federação das Indústrias do Paraná.

| 3 | Programa Bom Emprego para in-vestimentos industriais, com a prorro-gação do ICMS incremental (imposto que excede a média até então existente) a pagar por 4 anos e mais o diferimento do imposto da conta da energia elétrica para o momento da venda do produto industrializado.

| 4 | Alíquota de 12% para cerca de 100 mil itens de mercadorias de amplo consumo das classes de menor renda,

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Prejudica um pouco a qualidade das decisões do CCRF a incrível quan-tidade de processos postos a exame, porquanto a estrutura administrativa do Conselho não foi formatada para en-frentar a verdadeira avalanche de pro-cedimentos que hoje nele ingressam. É assunto para a gestão da Secretaria da Fazenda repensar.

Políticas tributárias

Dias desses, pas-sei as vistas no rol das princi-pais políticas adotadas pela Secretaria da Fazenda do

estado do Paraná entre os anos 2003 e 2010.

Nesse período, esteve à frente da Secretaria da Fazenda o jurista Heron Arzua, tributarista com destacada acei-tação no cenário acadêmico nacional. Ao emprestar seus vastos conhecimen-tos na concepção e consolidação de inúmeras iniciativas voltadas à justiça fiscal e à integração fisco-contribuinte,

Heron também se notabilizou por seu indiscutível engajamento em

pelo menos seis grandiosos projetos de suma importân-cia para o desenvolvimento econômico do estado, a saber:

| 1 | Incentivo às micros e pequenas empresas ca-

dastradas no Sim-ples Nacional, com alíquotas menores da tabela da Lei Com-plementar

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compensando-se com o aumento das alíquotas dos combustíveis, bebidas, fumo e energia elétrica, insumos de maior poder de arrecadação. Assim, o Paraná tem hoje a menor alíquota modal do Brasil.

| 5 | Moderação no uso do regime denominado “substituição tributária”,

para não prejudicar as micros e peque-nas empresas (o novo governo do Pa-raná está abandonando essa política).

| 6 | Defesa dos setores industriais e comerciais dos incentivos dados por outros estados, oferecendo idêntico estímulo. Dessa forma, é que se jus-tifica, por exemplo, o benefício fiscal

dado às importações, já que o estado de Santa Catarina adotara tal política. Mas sempre que o estímulo prejudicava as indústrias nacionais, revogava-se o mesmo para os produtos fabricados em território nacional. $

Nascido em Panelas, no agreste pernambucano, é advogado, jornalista, músico, escritor e Analista-Tributário da Receita Federal do Brasil aposentado. Ingressou no serviço público em 1976 (no antigo Inamps) e, na Receita Federal, em 1980. Em 1988 foi cedido pela Receita Federal à Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional para exercer o cargo de Procurador-Seccional da Fazenda Nacional em Foz do Iguaçu, órgão por ele instalado. Exerceu o cargo até 2001 (13 anos).

É membro da Academia de Letras José de Alencar, do Centro de Letras do Paraná, do Instituto dos Advogados do Paraná e do Instituto de Direito Tributário do Paraná, onde foi secretário-geral. Publicou diversos livros e CDs com músicas de sua autoria. Ganhou os seguintes prêmios: medalha de ouro em Paris, pela Académie Internationale de Lutèce, com o CD “Lamento da Asa Branca”; Prêmio Flávio Suplicy de Lacerda, em concurso nacional de contos, vencedor do 1º Concurso Nacional de Minicontos promovi-do em 2000 pela Secretaria da Cultura do Paraná; e foi agraciado em 2007 pela Câmara Municipal de Curitiba com a “Medalha Fernando Amaro” por sua produção literária. Na área jurídica, publicou os livros “Questões Cotidianas de Direito Tributário” (2000) e “Denúncia Espontânea e Multa Moratória” (2003). Tem também o título “Diversos & Diluídos” (crônicas, 2006). Ganhou o Prêmio Cefir 2001/2002 com o trabalho Taxa e Pre-ço Público. Encontra-se no prelo sua última obra, intitulada “De Labiata a Lagoa da Canoa passando por Tacaratu, via Quipapá ou Caruaru”, trabalho lítero-musical sobre o Nordeste.

Atualmente, exerce a advocacia e o jornalismo. Escreve há 29 anos uma coluna se-manal no jornal “Gazeta do Povo”. A coluna, “De Olho no Leão”, é voltada a assuntos tributários, especialmente Imposto de Renda. Nesse mesmo jornal, é responsável pelo serviço intitulado Tira-Dúvidas, publicado na época da entrega das declarações de rendimentos das pessoas físicas. No mais, compõe músicas e quando tem oportunidade vai à Labiata (Panelas) uma vez a cada dois anos pra comer milho verde assado e cas-tanha de caju caipira no pé de serra.. e não falta caldo de cana caiana, nem imbu, jabuticaba, cajá, fruta de conde e graviola. Como vê, o sítio Rancho Velho é um sítio doce, muito doce, mas doce do que o sítio do Raul Seixas no sertão de Piritiba...

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O presidente do Conselho Nacional de Represen-tantes Estaduais (CNRE), Gerônimo Luiz Sartori, foi reconduzido ao cargo em eleição realizada durante a 53ª Reunião Extraordinária do CNRE, no dia 30 de agosto de 2011, em Brasília/DF.

A nova mesa diretora do CNRE, que terá mandato até dezembro de 2013, tem a seguinte composição:

Presidente: Gerônimo Luiz Sartori (RS)

Vice-Presidente: Tales dos Santos Queiroz (PA)

Secretário-Geral: Bruno Zampieri (ES)

Primeiro Secretário: Walter Toshiyuki Koga (SP)

1º Suplente: Tarcísio Luiz Matos de Almeida (BA)

2º Suplente: João Batista da Silva (GO)

A primeira eleição do Analista-Tributário Gerônimo Satori no comando do CNRE ocorreu em março de 2008, durante a 44ª reunião ordinária do órgão. Neste período algumas novidades foram implementadas, por exemplo, da apresentação das resoluções do CNRE, que tem por objetivo resgatar as decisões das últimas reuniões do Conselho, antes das discussões e debates das propostas que constam da pauta. Outra medida que também foi acatada e incorporada pelos conselheiros é quanto a abertura de espaço durante o evento para a participação de parlamentares, autori-dades dos Poderes, pareceristas e especialistas, além de lideranças e representantes sindicais das entidades ligadas ao serviço público. Entre os parlamentares que já prestigiaram a reunião do CNRE, levando sua men-

sagem de apoio às lutas da categoria, destacam-se: o atual presidente da Câmara dos Deputados, deputado federal Marco Maia (PT-RS), os deputados Jovair Arantes (PTB-GO), Osmar Serraglio (PMDB-PR), Paulo Pimenta (PT-RS), Amauri Teixeira (PT-BA), os senadores Sérgio Petecão (PMN-AC), Valdir Raupp (PMDB-RO) e Magno Malta (PR-ES), entre muitos outros. Sobre a função específica do presidente, Ge-rônimo destaca como principal a responsabilidade de coordenar as atividades do Conselho e estimular a atuação dos conselheiros para que as bases sintam-se representadas em suas reivindicações. Além de presidir o CNRE, Gerônimo Satori também acumula os cargos de presidente do Conselho Estadual de Delegacias Sindicais (CEDS) do Rio Grande do Sul e de delegado sindical da DS Passo Fundo/RS.

O CNRE é um importante órgão colegiado de deliberação do Sindireceita (Sindicato Nacional dos Analistas-Tributários da Receita Federal do Brasil), subordinado à Assembleia Geral Nacional (AGN) e à Assembleia Geral Nacional Unificada (AGNU). A importância do Conselho Nacional de Representantes Estaduais está no seu papel de fortalecimento da parti-cipação democrática das bases e no encaminhamento e formulação das reivindicações da categoria dos Analistas-Tributários da Receita Federal do Brasil.

O CNRE é composto pelos presidentes dos CEDS, pelos delegados sindicais escolhidos nos CEDS, quando o estado possuir direito a mais de um re-presentante, pelos delegados sindicais que possuam representação estadual e também pelos representantes eleitos nas assembleias locais. $

CNRE Gerônimo Sartori está no comando do Conselho até 2013

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11 Tales Queiroz, Gerônimo Sartori e Bruno Zampieri

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Na manhã de um dia comum, em movimentada rua do Recife, um caminhão atingiu e arrancou violentamente diversos cabos telefônicos que se encontravam ali ins-talados. Rapidamente, o motorista e seus dois ajudantes improvisaram uma operação de retirada dos fios engancha-dos no veículo, deixando-os espalhados pela rua. Partiram em seguida, deixando o prejuízo para outras pessoas e empresas, preocupados que estavam com a chegada de agentes de trânsito.

Na mesma rua, menos de duas horas depois, um trabalha-dor retirava metralha e entulhos da reforma de um escritório de advocacia, jogando-os na calçada, em local próximo comumente usado como depósito irregular de lixo.

E no nosso ambiente de trabalho, será que também há momentos em que se age com rapidez na ocultação de falhas éticas? Ou situações nas quais desvios da mesma natureza são transformados em rotina?

Será que, pelo menos, conhecemos o nosso Código de Ética Profissional (http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/

decreto/D1171.htm)? Será que refletimos sobre o elemento ético das nossas condutas, enquanto servidores públicos? Será que nos incomoda o fato de nossa cre-dibilidade ser prejudicada perante os cidadãos, a cada infração ética?

Será que damos a devida importância à necessidade de combater práticas antié-ticas? Práticas como o mau atendimento ao cidadão; ofensas entre colegas; descumprimento habitual do horário de expediente; uso indevido de veículo oficial; recebimento de presentes a título de brindes; falta de atendimento às condições para recebimento do au-

xílio transporte; falta rotineira de compensação efetiva de horário relativo ao recesso de final de ano.

Há uma tendência, na maioria dos cidadãos, a sempre adequar as exigências do trabalho aos interesses, rotinas e necessidades pessoais, mesmo quando essas atitudes são eticamente reprováveis. E não o contrário, como deveria ser.

Assim, por exemplo, organizar a chegada e a saída da re-partição de acordo com hábitos e necessidades particulares: escola dos filhos, atividades físicas, compras, roteiro no trânsito, etc. E mais: aproveitar o recesso de final de ano, mas não se compensar o horário, efetivamente.

Essa inversão de valores é perigosa, pois pode virar rotina. Devemos rejeitá-la, não apenas porque é ilegal, mas, também por ser injusta, moralmente errada. Ninguém está livre de eventuais desvios éticos. Mas, temos que nos conscientizar cada vez mais de que devemos e podemos ser cidadãos e agentes públicos sempre melhores. Isso exige uma luta diária.

Precisamos fortalecer, em nós mesmos e nos outros, a educação, a consciência, a prática e o elogio à ética no serviço público. $

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Elogio à ética no serviço públicoAnaximandro OrleansAnalista-Tributário da Receita Federal do Brasil (IRF/Recife)

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Painel Jurídico

A Constituição Cidadã de 1988 cuidou de assegurar a toda a população brasileira direitos e garantias in-dividuais e coletivas com o intuito de debelar todo e qualquer ranço autoritário porventura remanescente do regime anterior.

O servidor público, enquanto investido nas “mais simples e indivisíveis unidades de competência a serem expressadas por um agente”1, rege-se por códigos de ética decorrentes do princípio constitu-cional da moralidade administrativa2. Assim, “não terá que decidir somente entre o legal e o ilegal, o justo e o injusto, o conveniente e o inconveniente, o oportuno e o inoportuno, mas principalmente entre o honesto e o desonesto”3.

As atividades públicas são submetidas a controles rígidos, que visam a integridade do ato adminis-trativo (motivo, competência, objeto, forma e finalidade) como meio adequado à satisfação do interesse público. O conhecimento da autoria de um ato é condição inarredável para a verificação da competência para a prática desse ato, estabelecida em função de sua complexidade e responsabilidade.

O controle interno e externo dos atos administra-tivos impedem o anonimato, devendo ser possível a verificação da autoria dos atos praticados. Por outro lado, a identificação do servidor permite a aferição de seu trabalho, lealdade e dedicação, critérios comumente utilizados para fixação de gratificações ou para progressão e promoção nas carreiras estabelecidas pela lei. Constitui-se, assim, em direito inalienável do servidor.

Embora não haja aplicação da Lei nº 9.610/98, o inciso II do artigo 24 é conceito jurídico indeter-minado, passível de aplicação. A identificação do autor é direito moral, intimamente relacionado à personalidade. Não há como se afastar a identifi-cação de um servidor com o valor de seu trabalho, ou melhor, com a sua dignidade.

Dessa forma, a apropriação do trabalho intelectual de servidor em situação de subordinação por seu

chefe ou por outro servidor por ele indicado, falsean-do a autoria dos documentos produzidos, é conduta reprovável que não merece prosperar na atual ordem jurídica. Não há razões plausíveis que justifiquem a imposição de atividade a um servidor para ao final negar-lhe a autoria. Se tal fato não for ilegal, injus-to, inconveniente ou inoportuno, certamente será desonesto. Essa prática desestabiliza o ambiente do trabalho e fulmina a meritocracia no corpo funcio-nal das instituições, que já se ressentem da falta de experiência de seus administradores e da falta de profissionalismo que isso gera.

A administração está adstrita à lei e a seus ditames, não pode querer inovar em benefício de alguns e em detrimento de muitos. $

João Jacques Silveira PenaDiretor de Assuntos Jurídicos do Sindireceita

1- Celso Antônio Bandeira de Mello, Curso de Direito Administrativo.

São Paulo, Malheiros, 2010, pp. 254 e 255.

2- Hely Lopes Meirelles, Direito Administrativo

Brasileiro. São Paulo, Malheiros, 1998, p. 381.

3- Código de Ética Profissional do Servidor

Público Civil do Poder Executivo Federal, De-

creto 1.171, de 22.06.94, Anexo, Seção I, inciso II.

Expropriação do Trabalho Intelectual do Servidor

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Expropriação do Trabalho Intelectual do ServidorO Sindireceita é contrário à pro-

posta do Poder Executivo que ins-titui a previdência complementar para os servidores públicos (Projeto de Lei 1.992/07), porque considera a medida prejudicial aos novos ser-vidores. O PL 1.992, que esta trami-tando na Câmara dos Deputados há quatro anos, agora ganhou urgência constitucional. A proposta deve ser votada até 18 de novembro de 2011, quando passa a trancar a pauta de votações do Plenário da Câmara.

A proposta cria um fundo de previ-dência único da União para os ser-vidores dos 3 Poderes. Na avaliação do diretor de Assuntos Previdenciá-rios do Sindireceita, Hugo Leonardo Duarte Costa Braga, o texto do PL que cria a previdência complemen-tar dos servidores públicos federais equipara trabalhadores do regime celetista a servidores públicos ape-nas no plano previdenciário, sendo que apenas aos trabalhadores da iniciativa privada é assegurado o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS). “Na proposta, o plano oferecido pela Fundação da Previdência Complementar do Ser-vidor Público Federal (Funpresp) se equipara aos planos vendidos por qualquer banco privado, com características muito mais financei-ras do que previdenciárias, pois não garante o recebimento do benefício ao longo da trajetória de vida do servidor”, opinou.

O principal argumento do governo para a aprovação do PL 1.992/07 é justificado pelo déficit da previ-

dência do funcionalismo público, estimado em cerca de R$ 52 bilhões anuais. A proposta foi uma das me-didas do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) apresentadas durante o governo Luiz Inácio Lula da Silva. Na época, o governo de-fendeu que a aprovação do projeto reduziria os gastos da União com pensões e aposentadorias, abrindo espaço para o aumento dos investi-mentos públicos.

Para o diretor do Sindireceita, a medida vai representar, de imedia-to, um gasto maior para o governo devido à perda de arrecadação resultante da exclusão, da base de contribuições para o regime pró-prio de Previdência, da parcela de remuneração dos servidores. “O Sindireceita considera esse projeto inadequado e trabalhará pela sua re-jeição, para que um modelo adequa-do de previdência complementar do servidor continue a ser discutido”, disse Hugo Braga.

Na avaliação do deputado federal Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP), a proposta do Executivo cria para o servidor uma espécie de previdência privada, que pode a qualquer momento deixar de atender os direitos do segurado. “Um fundo de natureza privada fica sujeito à instabilidade do mercado e das crises econômi-cas”, alertou.

Para o deputado federal Po-licarpo (PT-DF), que também é contrário à proposta, o PL

1.992/07 deveria ser mais discutido com os servidores e as entidades que têm interesse direto na matéria, antes da votação. “O único que quer votar neste momento é o Ministério da Previdência. Essa previdência complementar é muito incerta, pode ter um bom rendimento, mas, em um momento de crise, pode vir até a falir. É muito mais seguro para o servidor aposentar pela média das contribuições do que receber pela previdência complementar”, defendeu. $

PL 1.992/07 Sindireceita é contrário à proposta de previdência complementar do servidor

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do planeta, incentivando o surgimento de músicos, artesãos, fortalecendo a cultura nacional e gerando emprego e renda para o estado do Amazonas”, acrescentou.

Sílvia destacou que essa nova fase da Campanha não tem um caráter repres-sivo e sim educativo e de promoção do debate. “Nós percebemos que todas às ações de combate a pirataria estão voltadas ao sentido de repressão. As-sim, o Sindireceita, como um sindicato de vanguarda e o primeiro a levantar a bandeira contra a pirataria, resolveu valorizar a cultura, o folclore e a arte, buscando a originalidade do povo brasi-leiro a fim de educar a população acerca dos males que a pirataria trás para o nosso país. Acreditamos que o combate à pirataria passa obrigatoriamente pela conscientização e pela valorização da originalidade”, destacou.

A campanhaO Sindicato dos Analistas-Tributários

da Receita Federal do Brasil (Sindire-ceita) lançou a Campanha Nacional “Pi-rata: tô fora! Só uso original!”, em 2005, no Ministério da Justiça, em Brasília/DF, com o objetivo de conscientizar a população e alertá-la para os riscos en-volvidos na compra de produtos piratas.

Em continuidade às ações da campa-nha “Pirata: tô fora! Só uso original!” o Sindicato Nacional dos Analistas-Tributários da Receita Federal do Brasil (Sindireceita), apoiou o 46º Festival Fol-clórico de Parintins/AM, que ocorreu entre os dias 24 e 26 de junho de 2011.

Com o tema “Viva a Originalidade” o objetivo do Sindireceita foi transmitir a mensagem de valorização da originali-dade, que representa a essência do es-forço antipirataria, no evento que reuniu mais de 35 mil espectadores. Durante o Festival, promotores da campanha per-correram as ruas, camarotes e pontos de concentração promovendo a conscien-tização dos turistas e participantes que acompanharam as apresentações dos bois-bumbá Garantido e Caprichoso.

A presidenta do Sindireceita, Sílvia Helena de Alencar Felismino, destacou que o objetivo da campanha é sensibili-zar a sociedade quanto à importância da valorização das ideias, atitudes, projetos e produtos originais. “ Queremos mos-trar que quando uma ideia é valorizada toda a sociedade ganha. O Festival de Parintins é um bom exemplo. A valorização e o reconhecimento dos bois-bumbá de Parintins transformaram o Festival no maior evento folclórico

Com o apoio do Conselho Nacional de Combate a Pirataria do Ministério da Justiça (CNCP/MJ), a campanha teve a iniciativa de ampliar o debate sobre a pirataria no Brasil e também de mostrar a sociedade que, ao comprar produtos piratas, empregos e impostos são perdi-dos e toda a economia do país é afetada.

As ações começaram pelo Carnaval de Salvador/BA e outros festivais de músicas como o Festival de Verão de Salvador/BA, carnaval do Rio de Janeiro/RJ, Pré-Caju/SE, Piauí-POP/PI, além de outros eventos importan-tes realizados em cidades como São Paulo/SP, Foz do Iguaçu/PR e no Time To Mix, em Brasília/DF. Nesta fase inicial, o objetivo era chamar a atenção da população, de artistas e autoridades para o crescimento da pirataria no Brasil. Paralelamente, o Sindireceita realizou vários seminários e promoveu diversos eventos internacionais como o Seminário Internacional “Combate estratégico ao contrabando e à pirataria – uma abordagem integrada”, realizado em Foz do Iguaçu. Nesse momento, a pirataria entrou na pauta da categoria e tornou-se uma preocupação nacional.

Em 2007, a campanha foi parar na TV com a transmissão pela Rede Globo de

A Campanha

“Pirata: tô fora!

Só uso original!”

estampou o

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cinco filmes antipirataria, produzidos pelo Fórum Nacional Contra a Pirataria e Ilegalidade (FNCP), com o apoio do Sindireceita que também promoveu, neste período, ações, seminários e par-ticipou de audiências públicas em diver-sos estados. O Sindireceita apoiou ainda o relançamento da Frente Parlamentar de Combate à Pirataria e Sonegação Fiscal, da Câmara dos Deputados, e o lançamento da Campanha “Exército do Emprego”, promovida pelo Ministério do Trabalho e Emprego, visando o combate à pirataria, a falsificação e o subfaturamento. Inicialmente, a meta era ampliar o debate e mostrar que a pirataria provoca sérios problemas ao Brasil.

Após cinco anos de “Pirata: tô fora!” - tendo em vista que apenas as ações repressivas não seriam suficientes para mudar essa realidade - o Sindireceita lançou, em 2010, o tema da nova fase da campanha nacional: “Viva a Origina-lidade”, com o objetivo de ser um novo atrativo sobre a discussão da pirataria. As ações desta nova fase começaram pelo carnaval de Salvador/BA e Recife/PE com o objetivo de sensibilizar a sociedade para a importância da valo-rização das ideias, atitudes, projetos e produtos originais.

Em 2011 a Campanha foi citada na pesquisa “Media Piracy in emerging economies”, realizada por 33 pesqui-sadores que analisaram a pirataria no Brasil, Índia, Rússia, África do Sul, Mé-xico e Bolívia. No relatório, a campanha do Sindireceita aparece como uma das principais iniciativas educativas em andamento no Brasil.

Nessa nova fase, ainda em 2011, o Sindireceita lançou, no Dia Mundial do Consumidor, o novo portal da Campa-nha Nacional: www.piratatofora.com.br que é uma das principais ferramentas de interação com a sociedade a fim de oferecer aos consumidores, estudantes, pesquisadores, artistas, representantes do setor produtivo e dos governos um canal de discussão para promoção de debates, da disseminação de conteúdos, a publicação de artigos, de estudos e a divulgação de mensagens de valo-

rização de ideias, produtos e projetos originais.

As ações da Campanha “Pirata: tô fora! Só uso original!” também foram incluídas no esforço olímpico pela can-didatura do Rio de Janeiro como cidade sede dos jogos em 2016. Um relatório detalhado das ações da campanha do Sindireceita foi encaminhado por solicitação do comitê de candidatura Rio 2016 à sede dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos em Lausanne, na Suíça. O Comitê Olímpico Brasileiro (COB) enviou ao Comitê Olímpico Internacional (COI) um memorando em que o país se compromete a respeitar a propriedade intelectual durante os Jogos Olímpicos de 2016, no Rio de Janeiro/RJ. De acordo com o CAB, o apoio do Sindireceita foi fundamental no que tange às exigências do COI referentes à proteção às marcas.

www.piratatofora.com.br

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