Revista Tônus

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NO LIMITE ESPORTE PARA TODOS CAFÉ E CORRIDA Não é necessário treinar para as Olimpíadas para sofrer uma contusão. Ao contrário do que parece, a linha de chegada fica dentro de você saúde no esporte ano I - número 01 - maio de 2008 jornalismo - UNISANTA Como a prática esportiva ajuda na inclusão social Saiba a dose certa para não correr riscos

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A prática esportiva vai além da idade e de limitações físicas. O esporte pode ser praticado independente da classe social, raça ou sexo. Existem os competidores, os admiradores e aqueles que por razões médicas necessitam se exercitar periodicamente. Quando iniciado na infância, o esporte ajuda a disciplinar e faz com que as crianças tenham noção de convivência, companheirismo e respeito. Dentro de um universo competitivo, o homem busca através do esporte sua superação e até sua superioridade. Treinos pesados, fortes e sem descanso são rotina para aqueles que fazem de tudo para chegar a uma marca, ou evitar que alguém a ultrapasse. Existem também aqueles que procuram o corpo perfeito, moldado principalmente por uma mídia deturpada, que define a cada estação um padrão diferente de beleza ideal. O importante é que o esporte seja visto como uma ferramenta na educação, um momento de relaxamento, uma prática prazerosa.

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NO LIMITE

ESPORTE PARA TODOS CAFÉ E CORRIDA

Não é necessário treinar para as Olimpíadas para sofrer uma contusão. Ao contrário do que parece, a linha de chegada fica dentro de você

saúde no esporteano I - número 01 - maio de 2008jornalismo - UNISANTA

Como a prática esportiva ajuda na inclusão social

Saiba a dose certa para não correr riscos

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contou sua descoberta para um dos monges das proximidades e a notícia não demorou a romper fronteiras.

A palavra café deriva do vocábulo árabe “qahwa”, que significa vinho. Os árabes foram os primeiros a cul-tivar cafezais e pioneiros no hábito de beber café. Daí o nome científico de uma das espécies mais importan-tes, a Coffea arabica, e a razão por que o café foi cha-mado de “vinho da Arábia” pelos europeus. Registros históricos datam os primeiros cultivos em 575 d.C. no Iêmen, mas a bebida que conhecemos hoje surgiu no século XVI, quando os persas começaram torrar grãos. Quando as primeiras sacas de café chegaram ao Ocidente em 1615, já havia colônias européias tentan-do introduzir plantios à revelia do mundo árabe, que mantinha o segredo do cultivo trancado a sete chaves. Foram os holandeses que conseguiram as primeiras mudas cultivadas na Europa, que cresceram em estufas do jardim botânico de Amsterdã.

O café foi trazido ao Brasil pelo oficial luso-bra-sileiro Francisco de Mello Palheta, que em 1727 re-cebeu a incumbência de ir à Guiana Francesa para tratar de questões fronteiriças como pretexto para trazer sementes de café. Naquela época, assim como sucedeu com os árabes, a produção cafeei-ra só era permitida em colônias européias, com um alto faturamento comercial. Palheta ficou íntimo da esposa do governador de Caiena e voltou ao Brasil com sementes de café arábica clandestinamente es-condidas no vaso de planta presenteado por Mada-me D’Orvilliers. Hoje, o Brasil é o maior produtor do planeta e estima-se que mais de 20 milhões de pessoas trabalhem na indústria cafeeira ou em seus negócios correlatos mundo afora.

Os árabes foram os primeiros a cultivar

cafezais e pioneiros no hábito de beber café

“ “Café (xícarade150ml)

Demáquina110-150mgDecoador64-124mgInstantâneo40-108mgDescafeinadoInst.2-5mgDescafeinado2mg

Produtos Com Chá(xícarade150ml)Cháinstantâneo12–28mg

(xícarade350ml)Chágelado22-36mg

Chá(GranelouSaquinhosxícarasde150ml)Infusão1min9–33mgInfusão2min20–46mgInfusãomin20–50mg

ChoColateFeitoapartirdemistura6mgChocolateaoleite(28g)6mgChocolatedeconf.(28g)35mg

refrigerantes(mg/350ml)Coca-Cola46mgDietCoke46mgPepsiCola38,4mgDietPepsi36mgPepsiLight36mgMeloYello36mg

energétiCos (mg/250ml)

FlashPower80mgFlyingHorse80mgDynamite80mgRedBull80mgOnline80mgBlueEnergyXtreme80mg

Quantidade de CafeÍna em algumas BeBidas

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tônussaúde no esporte

anoI-número01-maio2008UniversidadeSantaCecíliaFaculdadedeArteseComunicaçãoJornalismo

diretorHumbertoChalloub

CoordenadorRobsonBastos

Professora responsávelElaineSaboya

CapaOrlandoFlorinRosuMichaelBeckermanDreamstime

[email protected][email protected]

diagramadorJeiffersonMoraes

repórteresAmandaAlbuquerqueAlineMonteiroBrunoQuiquetoGabrielaAguiarGabrielaSoldanoJeiffersonMoraesJordanFraibergRogérioAmadorTatianaFerraz

ilustraçãoLeonardoLestrade

BeBer ou nÃo BeBer: eis a QuestÃo!O pedido é simples e universal. Pode ser ser-

vido numa refinada cafeteria ou em um balcão de bar na sua forma mais pura, como um café curto, longo ou carioca, misturado ao leite, ao chocolate ou mesmo a algumas especiarias que dão um to-que especial de requinte a bebida. É uma boa pe-dida para os que trocam o dia pela noite, para os vestibulandos ou porteiros, assim como pode ser o melhor companheiro para aquele pão quentinho do café da manhã. Embora seja reconhecido pelo seu odor característico e por todos esses pontos positi-vos, para muitos, o café é considerado vilão. Fala-se muito sobre os males da cafeína para quem a con-some diariamente; no entanto, atualmente há fortes campanhas para que o cafezinho volte à mesa, sem culpa.

Depois de anos de discussão e pesquisa, sur-gem com bastante freqüência pesquisas com re-sultados que favorecem o consumo da bebida. O grão verde do café além da cafeína, possui potássio, ferro, zinco, magnésio e outros minerais, em pe-quenas quantidades. Também possui aminoácidos, proteínas, lipídeos, além de açucares e polissacarí-deos. E, em maior quantidade a bebida possui os polifenóis antioxidantes, chamados ácidos clorogê-nicos. Durante a torra, esses ácidos formam novos compostos bioativos, chamados de quinídeos.

É nessa etapa que as proteínas, aminoácidos, lipídeos e açucares formam os quase mil compostos voláteis responsáveis pelo aroma característico do café. Para se ter uma idéia, a substância possui mais voláteis que as flores, os perfumes e o vinho, um aroma forte e agradável que reconhecemos de longe.

Para a nutricionista Tania de Assis apesar de todas as qualidades e benefícios da bebida, ainda é preciso ter cautela com o consumo. “O exagero pode levar á sérias conseqüências como agitação, ansiedade, irritabilidade, tremor das mãos, insônia, dor de cabeça, irritação gástrica, aumento da freqü-ência cardíaca e da pressão arterial”, declarou Simo-ne, que sugere como consumo médio e aceito até cinco xícaras de café (50 ml) por dia.

É importante lembrar que existem outros ali-mentos que também fornecem compostos encon-trados no café, como o chocolate e os chás (Veja Tabela). No entanto, o café é o único que sofre tor-refação, a qual favorece o desenvolvimento de inú-meras substâncias antioxidantes.

o desPertar do CaféSabemos apenas que a história popular

aponta para meados do século III, tendo Kaldi, um pastor de cabras na região da atual Etiópia como personagem de um feliz acaso. Conta-se que ele ficou intrigado com a vitalidade das cabras que co-miam folhas e frutos de um arbusto comum nas montanhas abissínias, onde após a degustação, elas ficavam saltitantes e conseguiam percorrer longas distâncias sem demonstrar sinais de cansaço ou qualquer outra reação. Para observar melhor, Kaldi passou a alimentar o rebanho com os frutos vermelhos e, ao final de alguns dias, também quis experimentar. Como você deve imaginar, o pastor gostou do efeito estimulante que os frutos pro-porcionaram. Sentiu-se alegre, bem disposto, e passou a mascar café todos os dias, principalmen-te para resistir ao sono nas noites de oração. Ele

Nutricionistaexplicaainterferênciadocafénorendimentodosatletas

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Elias de Oliveira, da equipe Carbocloro de atle-tismo, começou a consumir a bebida por indicação de amigos. “No inicio, quando competia provas mais longas de 10,20 e 42 km eu me sentia muito cansado e extenu-ado no final. Agora, depois que eu comecei a consumir o café antes e após as corridas me sinto bem melhor”. Para Edvaldo Mota Carneiro, da mesma equipe, o hábito de tomar café só trouxe benefícios. “Como não temos mais problemas com doping nas competições, o uso do estimulante ajudou muito nas provas de alto rendimento”, emendou o maratonista, que confessa, consumir café to-dos os dias como auxilio ao esporte que pratica, apesar de não gostar da bebida.

Além do café, atualmente várias equipes esporti-vas, de diversas modalidades fazem uso das cápsulas de cafeína, encontradas em farmácias, e que normalmente são acompanhadas por outros componentes energéticos como o guaraná, o ginseng, a catuaba e outras substâncias que muitas vezes podem ter conteúdos proibidos para exames de controle antidopagem.

Foi o que aconteceu com o atacante Dodô, cen-troavante do Fluminense, que no ano passado, quando jogava pelo Botafogo do Rio, foi pego pelo exame antido-ping realizado após a partida contra o Vasco da Gama pelo Campeonato Brasileiro. O exame comprovou o uso de femproporex, uma substância ilícita, que estava contida na cafeína que o jogador ingeria antes das partidas e que era administrado pelo próprio médico do clube (Ver quadro abaixo).

o Julgamento14 de junho de 2007. Essa é a data da partida em

que o Botafogo goleou o Vasco por 4 a 0. Mas infelizmen-te os comentários do jogo não foram sobre o placar elás-

tico... Dodô, atacante do Botafogo e autor de dois gols no clássico, foi pego no exame antidoping realizado após a partida. O exame comprovou o uso de femproporex, uma substância ilícita, que estava misturada na cafeína que o jogador ingeria antes das partidas. Comprovada a utili-zação da substância na contra-prova do exame, Dodô foi suspenso preventivamente por 30 dias enquanto espera-va por julgamento.

A partir de então, o clube, jogador e advogados pro-curaram encontrar as respostas para a situação. Afinal de contas, o jogador deixou claro que não tinha ingerido inten-cionalmente o femproporex. E ele estava certo. O Botafogo de Futebol e Regatas possuía um vínculo profissional com a Fharmacy, farmácia de manipulação no Rio de Janeiro, que fornecia medicamentos ao clube. O fato é que um dos lotes de cafeína(lícita) fornecidos pela farmácia continha o fempro-porex, considerada doping e, portanto, proibida.

Na terça-feira, 24 de julho, o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) julgou o “caso Dodô”. Por unanimidade, os relatores condenaram o atacante há ficar 120 dias fora dos gramados. Na sessão, os advogados de defesa do jogador alegaram que ele não tinha consciência que estava ingerindo a substância ilegal. Argumentaram sobre a boa conduta do atacante durante toda a sua car-reira e alegaram que o Dodô havia sido envenenado.

Nada adiantou. A votação aconteceu e Dodô tomou uma suspensão de 120 dias, além dos 30 preventivos já cumpridos. O clube recorreu da decisão, até que no dia 02 de agosto, o mesmo STJD, presidido por Rubens Aprobato Machado, resolveu acatar e apoiar o recurso impetrado pela defesa de Dodô e revogar a decisão da Segunda Comissão Disciplinar, após mais de quatro horas de discussão. O ata-cante foi absolvido, mas a lição ficou: é preciso cuidado ao manipular componentes energéticos para os atletas.

AtletasdaCarbocloroqueconsomemcaféantesdasatividadesfísicas

fotos Jeifferson Moraes

sumário

7. NOTASDicas de filmes voltados ao esporte

8. NO LIMITEAs lesões não acontecem somente com atletas consagrados

13. SUPERANDO OBSTÁCULOSPiloto da Stock Car sofre de Síndrome de Tourette

16. ARTIGO“Homem primata, capitalismo selvagem”

18. MÚSCULOS AFIADOSA preparação para o esporte

22. ROUPAS MÁGICASTecnologias auxiliam os atletas

26. RUGBY PARA “CAVALOS” E CAVALHEIROSEsporte dito como violento faz sucesso fora do Brasil

32. MUSCULAÇÃO E CRESCIMENTODesmistificando a musculação para crianças

36. SEMPRE CABE MAIS UMInclusão social na prática esportiva

42. ENERGIA REPRESADANovos games interativos

46. CAFÉ E CORRIDA: UMA DUPLA QUE DÁ CERTOCafeína, ingestão de energia liberada

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ao leitor

A prática esportiva vai além da idade e de limita-ções físicas. O esporte pode ser praticado independente da classe social, raça ou sexo. Existem os competidores, os admiradores e aqueles que por razões médicas neces-sitam se exercitar periodicamente.

Quando iniciado na infância, o esporte ajuda a dis-ciplinar e faz com que as crianças tenham noção de con-vivência, companheirismo e respeito. Conceitos que não são tão fáceis de se ensinar somente por meio dos diálo-gos realizados por pais e educadores.

Dentro de um universo competitivo, o homem busca através do esporte sua superação e até sua superio-ridade. Treinos pesados, fortes e sem descanso são rotina para aqueles que fazem de tudo para chegar a uma mar-ca, ou evitar que alguém a ultrapasse. Infelizmente, mui-tos acabam recorrendo a irregularidades, como o doping, para alcançar esses recordes.

Existem aqueles que procuram o corpo perfei-to, moldado principalmente por uma mídia deturpa-da, que define a cada estação um padrão diferente de beleza ideal.

O importante é que o esporte seja visto como uma ferramenta na educação, um momento de relaxamento, uma prática prazerosa. O esporte, sem exagero, é um complemento para a nossa saúde e deve fazer parte da vida de todos, afinal, com saúde não se brinca, se vive.

Boa leitura!

esporte, lazer e disciplina

tonus6

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pesar de estar, aos poucos, perdendo a sua má fama, a cafeína já foi, um dia, considerada dro-ga. Em 1962, o Comitê Olímpico Internacional

(COI) restringiu o uso dessa substância nos atletas, a uma quantidade de 15 miligramas/litro de urina – aproxima-damente 5 a 8 xícaras de café de 50 ml consumidas num

período de 30 minutos. Com o passar dos anos, os es-

tudos comprovaram que a ingestão de quantidades muito pequenas

de café beneficiava positiva-mente o desempenho nos

exercícios, fazendo com que, em 2004, a

Agência Mundial Antidoping (WADA) retirasse a cafeína da lista de substâncias proibidas pelo COI. A partir de então, os atletas podem consumir o cafezinho, os chás, as bebi-das energéticas e o chocolate com maior tranqüilidade.

Para o nutrólogo Ricardo Seixas, da Corpos Clínica, em Santos, o café é a bebida natural mais saudável para os atletas, pois além de estimular a prática de exercícios por mais tempo, também promove uma maior perda de gor-dura, auxiliando na prevenção da fadiga provocada pelo treino. “A sensação de estar desperto após tomar um café acontece devido aos efeitos estimulantes da cafeína, que provoca o aumento da atividade dos neurônios, estimu-lando uma maior secreção de adrenalina. O resultado é uma injeção de energia”, disse o médico, que já trabalhou

com vários atletas da região, como as judo-cas Cátia Maia e Daniele Zangrando e o

ciclista Robson Paterlini.

A bebida mais consumida no mundo, depois da água, está libe-rada e funciona como uma injeção de energia para esportistas

café e corrida:

estimulante

uma dupla que dá certo

por ROGÉRIO AMADOR

Viktor Pravdica |Tomasz Trojanowski | Dreamstime

a

lazer

Dirigido por Victor Salva, o filme trata de um jovem ginasta, chamado Dan Millman, que sonha em participar das Olimpíadas. Sua vida parece perfeita, cheia de conquistas, até que um grave aconteci-mento muda seu destino. Com a ajuda de amigos, como o misterioso Sócrates - inter-pretado por Nick Nolte – Dan começa a descobrir que ainda há muito que aprender. O filme é baseado no best-seller “O Cami-nho do Guerreiro Pacífico” e dá uma lição de como superar limites.

A verdadeira parceria que deve haver entre um atleta e seu trei-nador pode ser entendida no filme, que conta com a partici-pação de Hilary Swank, como Maggie, e Clint Eastwood, como o experiente treinador de boxe, Frankie Dunn. Preconceito e amizade são retratados a par-tir da luta que Maggie enfrenta para se tornar uma boxeadora

No filme dirigido por Thomas Carter, Ken, interpretado por Samuel L. Jackson, retor-na como o novo técnico de basquete para a escola, em que passou a adolescência. Ao perceber a falta de respeito dos alunos, passa a exigir obediência e boas notas para o de-senvolvimento do time

Durante os seis anos que atuou como téc-nico, Grant Taylor nunca levou seu time de futebol americano a uma temporada vi-toriosa. Ao enfrentar crises pessoais e pro-fissionais, Grant não desiste, e se apóia em

um inesperado amigo, que o ajuda a enfren-tar os desafios e a ter fé.

A biografia do grande boxe-ador Muhammad Ali é pro-tagonizada por Will Smith, no filme dirigido por Michael Mann. Muhammad Ali é o pseudônimo usado por Cas-sius Clay. A conversão ao is-lamismo e a recusa de lutar no Vietnã fizeram com que o

lutador se tornasse uma das maiores per-sonalidades do esporte da década de 60

A morte de 75 membros e da equipe técni-ca de um time de futebol americano em um acidente de avião, nos anos 70, faz com que aqueles que não haviam participado do jogo iniciassem uma luta contra a perda de seus entes queridos, enquanto as famílias, em luto, encontravam esperança e força na liderança de Jack Lengyel, um jovem treinador deter-minado a reconstruir o programa escolar de futebol americano da Universidade.

treino Para a Vida

o BoXeador muhammad ali

somos marshall

desafiando gigantes

Poder além da Vida

menina de ouro

fotos divulgação7tonus

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exercícios direcionados às crianças podem ser praticados diariamente, mas é necessário atentar à intensidade e à maneira com que os responsáveis pelo monitoramento dessas atividades estão trabalhando. “A criança deve brin-car, e cobranças quanto às técnicas e competições podem ser atribuídas erroneamente, causando o desinteresse da criança, senão imediatamente, quando esta começa a en-trar na adolescência”, diz Oca.

um game aliadoPartindo do princípio de que o importante é se

movimentar, os pais que têm dificuldade em fazer com que os pequenos saiam da frente dos videogames para praticar brincadeiras que estimulem exercícios físicos têm uma alternativa. O Wii, game lançado pela Ninten-do Company em 2006 nos Estados Unidos, trabalha a interação entre a máquina e o usuário.

O console, que se destacou entre os concorren-tes, Playstation 3 (Sony) e Xbox 360 (Microsoft Cor-poration), custa a partir de R$ 1.200,00 e é distribuído com o Wii Sports, CD com cinco jogos de gêneros es-portivos. Tênis, boliche, boxe, golfe e basebol pedem que o usuário realize movimentos dos esportes para controlar os sensores Wii Remote e o Nunchuk. A tec-nologia Wireless (sem fio) é a responsável por essa in-teração, vista como diferencial entre os concorrentes.

Renato Bressan e Letícia Perani desenvolveram um artigo que usa o Nintendo Wii como exemplo de uma nova tendência que passa a diminuir o uso de in-

terfaces físicas, privilegiando o contato direto do corpo com as mídias nos processos de comunicação. Perani acredita que essa interação pode levar crianças, ado-lescentes, e até mesmo adultos sedentários, à prática de esportes e a um maior convívio social. “Com o Wii, as pessoas fazem exercícios sem notar. É uma maneira lúdica de colocar as pessoas para se movimentar”. Para ela, o convívio social está previsto na proposta do Wii, que pode ser entendido como uma corruptela de we, nós em inglês.

Para Bressan, o jogo ajuda no incentivo à prática de esportes e na melhora das relações pessoais, mas ele acredita que fatores como meio social, característi-cas genéticas, conteúdo dos jogos e bagagem cultural são mais relevantes em um processo de mudança de hábitos ou na formação de uma pessoa.

Para Oca, o Wii é favorável para a criança, que usa a percepção visual e interage com os jogos por meio do movimento, trabalhando aspectos motores e cognitivos.

o mundo é uma grande Bola

Para os mais preguiçosos, a primeira tentativa é oferecer uma bola e espaço para evitar aciden-tes. “Os olhos de uma criança brilham quando vêem uma bola”, diz o professor Oca. Para ele, um dos principais motivos é a cultura do futebol no país que mostrou o rei Pelé para o mundo. Mas não é só o futebol que ganha essa disputa de levantar do sofá os mais preguiçosos. Voleibol, futsal, queimada e até mesmo as bolinhas de gude, para os mais velhos, encantam. Independente do esporte, o movimento é o aspecto mais importante na fase infantil, é ele quem inicia a interação da criança com o mundo.

WiidaNintendo,primeiroconsolequepromoveinteratividade

foto divulgaçãotonus8 45tonus

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lares. Depois, porque os celulares e aparelhos eletrônicos ficam bem longes, desligados e guardados nas mochilas.

Nas escolas públicas a realidade é um pouco di-ferente. A professora de Educação Física, Beth Faro, é responsável pelas aulas em uma escola estadual de Ensino Fundamental em São Vicente. Ela afirma ter difi-culdade de convencer os alunos a desligar os aparelhos eletrônicos para se dedicar às aulas. “Geralmente eles passam a maior parte do tempo trocando músicas nos celulares, poucos se empolgam para praticar as ativida-des desenvolvidas em aula”.

É difícil ver crianças de 2 a 13 anos recusar a prática de alguma atividade esportiva. Nessa fase, a curiosidade e a energia que possuem fazem com que elas aceitem praticamente tudo o que lhes é proposto. A dificuldade em fazer os pequenos se exercitarem surge quando ter-mina o período escolar. Com o passar dos anos, os espa-ços que possibilitavam a reunião de crianças para brincar em segurança foram desaparecendo, e estas precisaram se adaptar às brincadeiras que cabiam em seus pequenos apartamentos. Ou, com o aumento da violência nas ruas, passaram a brincar dentro de suas casas. Acostumadas com brincadeiras que não usam o movimento como principal ati-vidade, elas consideram um sacrifício fazer exercícios físicos.

fora de Casa e da esColaExistem programas que oferecem atividades

esportivas para crianças fora do horário das aulas. A prefeitura de Santos possui o projeto Escola Total, que desenvolve cursos nas áreas de cultura, artes e espor-tes. Os alunos se inscrevem na própria escola, e ini-cialmente, a prioridade é dada para aqueles que ficam sozinhos em casa devido ao trabalho dos pais. Onze núcleos estão espalhados por Santos, oferecendo au-

las de dança, teatro, música, artes plásticas, artesanato, judô, capoeira, voleibol, basquete, handebol e futebol de salão.

O Centro Turístico Esportivo e Cultural é um dos núcleos do programa localizado no Morro São Bento. Lá, o estagiário de Educação Física, Felippe Silveira, dá aulas de futebol de salão e voleibol. Ele comenta que alguns pais não se interessam em encaminhar os filhos à prática das atividades. Mas ressalta que nem sempre as crianças deixam de participar por esse motivo. “Exis-tem casos em que o Centro Esportivo mais próximo ainda é distante. Como os pais estão trabalhando, fi-cam com medo de mandar as crianças sozinhas”.

O Núcleo do Morro São Bento possui uma sala de informática com nove computadores, aberta em horários reservados para livre acesso à internet pelos alunos. Felippe conta que muitas crianças gostam de freqüentar a sala após as aulas. “Algumas tentam na-vegar no horário em que deveriam estar nas quadras, mas sempre faço uma busca na sala antes de começar o jogo”.

Bom senso

As experiências motoras das crianças são prejudi-cadas quando deixam de ser desenvolvidas nos primeiros anos da infância. Os movimentos são os principais res-ponsáveis nas primeiras interações da criança com o mun-do. Na escola, por exemplo, as aulas de Educação Física são fortes aliadas no processo de alfabetização. Noções de direita e esquerda e de escrever sobre as linhas do caderno, são conceitos transmitidos de forma prática nas atividades dessas aulas.

O excesso de jogos e internet é tão perigoso quanto à cobrança exacerbada na prática esportiva. Os

capa

As lesões não acontecem somente com Ronaldinho Gaúcho, Gustavo Kuerten e Daniele Hipólito, mas sim com qualquer um. A prática

abusiva no exercício físico, ultrapassando seu próprio limite, pode causar graves problemas

no limitepor JORDAN FRAIbeRG

aaaaiiiii, um, dois, três, puxou... virou e quatro, cinco, seis. Agachou... e sete, oito e nove. Aí ga-lera, vamos descansar para o próximo exercício

e esse é bem puxado hein. Percorrendo o corredor ao lado encontra-se uma ampla sala onde alunos com qui-monos derrubam uns aos outros, em exaustivos trei-nos de judô.

Um treino que faz o atleta sentir todos os seus músculos trabalhando, vê aquela gota de suor caindo no tatame e uma futura dor chegando ao seu corpo. Lá me deparo com Fernando, de 20 anos, que dedica metade de sua vida ao judô. Quem freqüenta academias já ou-viu o professor ditando o ritmo para algum exercício ou

até mesmo os gritos de força dos judocas, mas algumas pessoas levam esses exercícios aos extremos e acabam sofrendo conseqüências não muito agradáveis. O orga-nismo não está acostumado, em alguns casos, em horas e mais horas de exercícios. O treino deve ser gradual, assim como o esforço exercido nesses treinos. O esporte deve ser praticado por prazer e não por sacrifício.

O estudante Fernando Guedes desde pequeno sentia vontade em praticar um esporte de contato físico. Foi então que descobriu o judô. Lá ele descarregava tudo o que o incomodava durante a semana. Via que o espor-te trazia diversos benefícios à saúde e decidiu não parar tão cedo. Entre um mata-leão e uma chave de braço ele

v

foto Orlando Florin Rosu | Dreamstimetonus44 9tonus

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conta que o esporte em si o ajuda até hoje, inclusive com bolsa-atleta na faculdade.

O professor de educação física, Daniel Marques, comenta que a atividade física pode ser feita por qual-quer tipo de pessoa e de qualquer nível físico. O treino é montado de acordo com o perfil do aluno e de seu objetivo, respeitando os limites de cada um, dentro da individualidade biológica. É preparado um projeto indivi-dual. Aqueles que nunca treinaram vão ter uma adaptação neuromotora, fazendo movimentos coordenados, pois ela não está acostumada, em um acompanhamento correto com equi-pamentos adequados pode haver uma parada cardíaca.

Em todo esporte é costume se ter alguma lesão. Os atletas que participam de diversas competições sofrem muito com isso. Não é difícil de ver aqueles que, após correrem diversos quilômetros acabam cain-do exaustos ao término da prova por esgotarem completamente a sua energia. Ou em casos recentes de jogadores de futebol que sofrem uma inexplicável parada cardíaca. Além de lesões ósseas, musculares e articulares às quais estão constantemente sujeitos.

“Fico pensando se nesses prédios, onde se encon-tram academias, têm professores que vão orientar esses praticantes ou horários fixos para eles treinarem. O que pode acarretar isso? A pessoa fazendo um exercício sem orientação, acima do limite dela, tanto na parte cardio-respiratória como na parte muscular, vai ficar com muita

dor no dia seguinte. O professor monta um treinamento, mas antes passa uma adaptação primeiro, essa adaptação vai servir para trabalhar aquela musculatura que está um pouco parada”, diz Daniel Marques.

O professor, técnico e karateca, Jefferson Lopes, afirma que todo o atleta deveria ter um planejamento, a qual é chamada de periodização. Porém, no Brasil, a maioria dos atletas não têm condições de contratar um

preparador físico qualificado e fazem um planejamento aleatório. “Caso o atleta force mais do que foi planejado, existe uma possibilidade de afetar seu treina-mento através de dores musculares, lesões e o famoso ‘over training’ (fadiga generalizada tanto física quanto mental)”, acrescenta o lutador.

a mulher atual BusCa mais a aCademiaNas academias encontram-se

muitas mulheres que querem uma forma física invejável. E em Santos, por ser uma cidade litorânea, o número é bem maior das que querem exibir corpos perfeitos. Essas mulheres são modernas e têm um metabolismo mais acelerado, porque deixou de fi-

car em casa e passou a trabalhar e sair mais.A médica cardiologista pós-graduada em medi-

cina do exercício, Cristiane Hellmuth, afirma (através de e-mail) que dependendo do caso, o esforço intenso pela busca do corpo ideal acaba provocando lesões e a pessoa passa meses sem poder voltar à academia. “Algumas pacientes fazem mais de três horas por dia de exercícios, mas não são atletas”, comenta a doutora.

Devemos entender que o esporte de

alto rendimento deve ter como

objetivo principal a integridade total

do atleta

foto Dreamstimetonus10

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izem que criança saudável é aquela que dificil-mente pára por mais de cinco minutos em um lugar da casa. Existe um consenso de que elas

possuem energia de sobra, e precisam gastá-la de algu-ma maneira. Mesmo assim, muitos pais permitem que os filhos permaneçam horas seguidas vendo televisão, jogan-do videogame ou acessando a internet.

Partindo do princípio que equipamentos tecnológi-cos exercem influencia no cotidiano de jovens e crianças, uma lei que proíbe o uso de telefones celulares em insti-tuições de ensino foi aprovada no ano passado. Na esco-la, esses aparelhos recebem a culpa de distrair os alunos e auxiliar na prática da tão conhecida cola. Para alguns pais, os jogos, a internet, Ipods e Mp3 players tornam a criança mais preguiçosa, afastando-a da prática de atividades que envolvem mais movimentos.

Daniel Vítor caminha da sala para o quarto. Na sala se encontra o videogame e no quarto, o computador. A

maioria das vezes em que ele se dirige ao portão é para buscar um colega, que o acompanha nas partidas de vi-deogame. Daniel tem 10 anos e o Ipod passa a maior parte do dia pendurado em seu pescoço. O garoto não se anima ao ver uma bola. “Não gosto de futebol, prefiro vôlei. Mas se alguém me chamar pra jogar videogame, eu gosto mais” Os pais de Daniel trabalham durante todo o dia. Jane cuida dele e da irmã, e tenta sem sucesso manter o garoto distante dos games durante o dia.

José Luiz Gonçalves Oca é professor universitário na disciplina de Educação Física Escolar e Recreação, além de ministrar aulas de Educação Física para alunos da 6ª série do Ensino Fundamental à 3ª série do Ensino Médio, em uma escola particular. Ele afirma que onde trabalha não existem problemas em fazer com que as crianças pratiquem exercícios físicos. Primeiro porque os métodos utilizados pelos professores e a companhia dos colegas não dão oportunidade para um “não”, nas quadras esco-

dA troca de brincadeiras que envolvem atividades físicas por

videogames e novas tecnologias

comportamento

energiarepresada

por ALINe MONTeIRO

A-TorcicoloB-Bursiteetendinitedoombro:Cotoveloeombro,respectivamente;Fraturadaclavícula:lesãoqueficanoombro,dapraversófrontal-mente;LuxaçãodeombroC-Cotovelodetenista:inflamaçãodetendãodocotoveloD-Tenossinovitedepunho:lesãonopunhoE-Dornascostas;Hérniadedisco:projeçãododiscointervertebralparaalémdeseuslimitesF-HérniadediscotambémG-FraturadoantebraçoH-Estiramentodosadutoresdacoxa:lesãoacimanojoelhoeabaixodavirilha,ondeélocalizadaacoxaI-Lesõesdemenisco:localiza-sealesãonacartilagemdaarticulaçãofêmurotibial(joelho)–sófrontalJ-Entorsedetornozelo:lesãonaarticulaçãoentreapernaeopé.InflamaçãoourupturadotendãodeAquilesK-FraturadoossodopéL-Inflamaçãodatíbia:nacanela,sónofrontal

traduzindo algumas lesões mais simPles

Contusão:Éumalesãotraumáticaagudadecorrentedetraumadiretoaostecidosmolesqueprovocadoreedema.Acontusãovaideleveatéumagrandeinfiltraçãodesanguenostecidoscircundantes.Cotovelo de tenista:Éumainflamaçãodostendõesdocotovelo,queatingeprinci-palmenteosmúsculosextensoresdopunhoedosdedos.entorse:Éumalesãotraumáticaagudadeumligamento.distensão:Éumalesãotraumáticaagudanajunçãooumúsculotendinoso.

OtécnicodeKaratêsantistaadmitequeparalidarcomatletasquegostamdeexagerarumpoucoénecessárioterumaconversafrancaeobjetiva,fazendoopossívelparaoatletaentenderoqueeleganhaeperdecomisso,chegandoaumaconclusãoconjuntacomoesportista.“Devemosentenderqueoesportedealtorendimentodevetercomoobjetivoprincipalaintegridadetotaldoatleta”afirmaJefferson.

tiPos de lesões

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ilustração bonfils Fabien | Dreamstimetonus42 11tonus

Page 12: Revista Tônus

Ela afirma que um teste ergométrico de es-forço indica a melhor freqüência de exercícios para cada pessoa.

O também avaliador do Creame (Centro de Referência em Avaliação de Medicina no Esporte), Daniel Marques, afirma que, na hora da avaliação física, são perguntados três objetivos a elas, que são: emagrecimento (condição física), qualidade de vida e estética. A busca pelo último item, corre o risco de adquirir lesões em maior número, pois quer fazer isso a qualquer preço. Sujeitando-se a dietas radicais e a fazer treinos extenuantes, querendo ficar bonita a qualquer custo, podendo trazer grandes proble-mas.

“As que buscam o corpo ideal, acham que vão conseguir esse feito em apenas dois meses, mas não conseguem, até brinco falando que só estarão pron-tas pro verão do ano que vem”, acrescenta Daniel.

A doutora Cristiane identificou três exemplos de abuso: 1- A mulher que quer emagrecer rapi-damente e passa a treinar com muita intensidade, gerando muitas vezes problemas no joelho e na co-luna, insônia, falta de apetite e cansaço extremo; 2 – Aquela que faz uma dieta muito rigorosa e vai treinar em jejum, podendo desmaiar por falta de energia; 3 – E o caso da mulher que quer ficar muito forte e passa a tomar anabolizantes, que podem causar câncer, esterilidade e até morte súbita.

Para os PratiCantes de fins-de-semanaQuem não está acostumado a dor e lesões do

dia-a-dia deve entender que quando realizamos um exercício cuja intensidade e duração ultrapassam o limite individual, nossos músculos começam a de-

monstrar sinais, pois neles ocorrem microlesões. Na verdade, algumas células musculares se rompem, mas visivelmente não acontece nada. O processo doloroso aparece, com intensidade alta, depois de 12 a 24 horas do exercício feito, sendo chamada de ‘dor tardia’. A dor que aparece durante o exercício resulta num acúmulo de ácido láctico nos músculo.

O praticante semanal ou até mesmo o oca-sional devem entender que, se numa segunda-feira acordarem ‘travados’, devem lidar com essa dor e repousar por alguns dias. Precisa evitar de ficar em pé, pois esta posição dificulta a recuperação, e pro-curar elevar as pernas e realizar exercícios bem le-ves na próxima vez, como uma caminhada. Se for possível, para acelerar a recuperação, o esportista pode realizar atividades dentro de água morna.

As dores são sinais de nosso corpo, agindo como um mecanismo de defesa, e devemos res-peitar esses avisos. O limite físico não deve ser ultrapassado, precisa ter respeito ao corpo. Esse respeito serve para preservar nossa integridade fí-sica e também ajuda melhorar nossa saúde.

Ao sair da sala da aula de spinning, com toda aquela música eletrizante e estimulante, me esbar-ro com todos aqueles garotos que acabam de sair do treino e vão sedentos ao bebedouro. Depois de toda aquela euforia, onde comentam sobre a nova garota que acabou de entrar na turma, vejo a sala de judô.

Caminho calmamente para a porta depois, vejo Fernando estirado no chão, chorando. Rapidamente o ajudam a se levantar e começa a ser carregado por dois companheiros de treino, pergunto o que havia acontecido e entre uma lágrima e outra responde que quebrara o fêmur.

sidade de gordura, um diagnóstico momentâneo de massa magra e, a partir daí são encaminhados a um fisioterapeuta que analisa os dados e, após para um nutricionista que dará a melhor alimentação para cada caso determinado. Somente aí é que será indicado e orientado o esporte ideal para aquela pessoa”.

Qualquer pessoa pode fazer uma destas avaliações dadas pelo Semes, basta agendar uma consulta que a equipe cuidará do resto. O agendamento, que funciona das 9h às 22h, está sempre cheio, pois além de várias pessoas esta-rem interessadas, a equipe também realiza a avaliação física das crianças das escolinhas dos complexos esportivos. “O número de atendidos é bem significativo. Atendemos muito a periferia, inclusive vamos inaugurar um novo complexo na Zona Noroeste que tem até piscina coberta e aquecida, que aumentará ainda mais o número de pessoas atendidas”.

O professor Cláudio Zenin explica como é feita esta avaliação física: “Deve-se agendar a sessão de avaliação e ter uma orientação esportiva para verificar o que deve ser feito para diminuir, por exemplo, a obesidade, avaliar o crescimen-to da criança, junto com uma alimentação adequada, pois há ainda um nutricionista disponível. Tudo isso orientando e as-sociando a todos para uma atividade física gratuita”.

A melhora dos alunos é perceptível. “Todos são avalia-dos uma vez e depois de certo tempo novamente. A gente percebe que realmente aumenta a satisfação deles e vemos o crescimento, por exemplo, da já citada auto-estima. A ativi-dade física com certeza melhora a vida das pessoas como um todo”, explica Matiello.

inClusÃo de todosAssim, se bem trabalhado, um projeto no setor

de esportes extrapola a esfera da competição espor-tiva. Seus efeitos são sentidos no dia-a-dia. Projetos

dessa natureza atendem crianças, adolescentes, jovens e idosos. As crianças e adolescentes ficam mais con-centradas nas aulas, mais disciplinadas e, principalmen-te, fora das ruas. Os adultos socializam-se, e os idosos muitas vezes integram-se novamente na sociedade e ganham uma nova vontade de viver.

Dessa forma, o esporte consegue incluir social-mente a pequena idade, os deficientes, a terceira idade e todos os que querem participar de uma atividade física e fazer parte da sociedade. Por esta razão, o apoio dos governantes e da sociedade é muito importante, pois os benefícios do esporte alcançam muito além das quadras. O esporte agrega valores, não apenas tratando habilida-des e capacidades cognitivas.

É importante lembrar que o conceito de inclusão social não diz respeito apenas à questão do problema financeiro existente no país, mas também se trata de trazer para a comunidade pessoas que estão à margem da sociedade, seja na questão de estudos, no relacio-namento interpessoal, no acesso ao sistema de saúde ou mesmo excluído da prática esportiva.

Disfunçõesmotorasnãoimpediramaconquistadascategoriasabertoefeminino

Oesporteéumdireitodetodos,previsto na Constituição Federal emseuartigo217,sendodeverdoEstadopromoverefiscalizarsuaprática.

Cadamodalidadeesportivapossuicaracterísticas particulares, gerandoassim, uma legislação própria, a Lei9615/98ou“LeiPelé”.

UmEstatutodoEsporteédis-cutido atualmente no CongressoNacional. O Seminário Internacio-nal de Inclusão Sócio-Cultural daPopulaçãodeBaixaRenda,ocorridonodia13demarço,naAssembléiaLegislativa de São Paulo, colocouemdebateoesportecomoinclusão

socialeferramentabenéficaparaasociedade.

Pois além do bem-estar e dasaúde,apráticadequalquerativi-dadefísicaajudanaeducação,for-mação pessoal, diminuição da cri-minalidadeemelhoradoÍndicedeDesenvolvimentoHumano(IDH).

a ConstituiÇÃo

foto Gabriela Soldanotonus12 41tonus

Page 13: Revista Tônus

aPosentando a PreguiÇaOutra característica marcante do esporte é incen-

tivar valores pessoais, como: civismo, respeito pelas leis, normas e regras e a auto-estima pela vida.

A auto-estima pode ser também re-descoberta através do esporte, como no caso dos praticantes com mais de 50 anos. “Na terceira idade, eu não chamo de inclusão social, chamo de: permanência na atividade es-portiva, porque muitos passaram a vida toda e se esque-ceram do lazer e do esporte e foram somente se lembrar disso quando se aposentaram. Outros foram atletas a vida toda e hoje continuam fazendo atividades esportivas por puro prazer”, conta Mariano Matiello.

O professor Jorge Machado, chefe do setor de es-portes da terceira idade da Semes, explica que qualquer um pode participar de um esporte. A prova disso é o Projeto “Vida Nova”, onde é ensinado desde dança até artes. Machado explica que a Semes atende a pessoas acima de 60 anos em todos os centros esportivos de Santos, com aulas de ioga, tai chi, natação, xadrez, dan-ça de salão, dama, etc. Para participar do projeto basta o idoso procurar um centro esportivo no bairro mais próximo de sua residência e se inscrever em um dos esportes disponíveis. Este projeto social atende num total de 4.000 a 6.000 idosos.

“Para você ver como os nossos idosos estão bem, do dia 26 ao dia 30 aconteceu os Jogos Regionais do Idoso em Ubatuba. A Prefeitura de Santos seguiu com uma delegação de 64 idosos, para competir nas moda-lidades de: buraco, bocha, malha, atletismo feminino e masculino, coreografia de dança (sendo que Santos já é Vice-Campeã Regional nesta categoria), remo masculino e feminino, dança de salão, dominó, natação feminino

e masculino, tênis de mesa feminino e masculino, truco, vôlei ambos os sexos, e xadrez somente masculino”, co-menta o professor.

Mariano explica que algumas pessoas querem ter um lazer, encontrando isso na prática de um esporte. “O fato de você ter de sair de casa para praticar esportes já é uma inclusão social”.

Passos Para seguir em frenteDançar para superar a depressão. A dona de casa

Elisa Mendonça, de 67 anos, mãe de Maria Luiza e avó de Pedro, aproveitou a carona da filha que ia para a ginástica e levava o filho para a natação e foi fazer aulas de dança de salão. “Meu marido morreu a alguns anos, me deixando sem saber o que fazer durante os dias e as noites em que eu ficava sozinha. Acho que entrei em depressão. Não atendia nem telefonemas da minha filha”.

Elisa viu que a filha saiu de casa para fazer atividades físicas e melhorar a saúde física e mental, então resolveu que tinha de seguir o exemplo da filha, Maria Luiza. “Eu não que-ria ficar sozinha novamente. Então, me matriculei nas aulas de dança de salão três vezes por semana. Nossa como aquilo é maravilhoso!”. Elisa aprendeu e assim reviveu todos os estilos musicais de seu tempo de adolescente e descobriu que em qualquer fase da vida é possível conviver com outras pessoas. E, que principalmente não há idade para sorrir. “Sozinha eu não fico mais. Dançar me ajudou a viver novamente”.

Como ComeÇarO professor Mariano observa que para praticar qual-

quer atividade física pelo Semes as pessoas devem passar por uma avaliação física dada gratuitamente pela Secretaria. “Te-mos grupos de professores especializados numa sala apro-priada que farão uma avaliação postural, verificação de den-

ilustração dreamstime

perfil

superando obstáculosA síndrome de Tourette ataca o sistema motor deixando o portador com tiques fortes e constantes. O que acontece se o portador for um piloto de Stock Car?

ão era a primeira visita de Eloá nos boxes da Stock Car. Por sinal, ela já tinha ido três vezes: uma em Curitiba, outra no Rio de Janeiro e, finalmente, em

São Paulo. Essa última vez, na Selva de Pedras, no Autó-dromo de Interlagos, Eloá conseguiu passar mais tempo com seu primo Júnior, a quem chama carinhosamente de Zú. As outras vezes ela teve que ficar perambulando sozi-nha com seu marido Benício, mas nessa corrida, Zú pôde dar mais atenção ao casal de primos. Ele trabalha com publicidade na Stock Car e tinha acabado de conseguir

mais um piloto. Estava todo ansioso para apresentá-lo aos primos. Eloá acompanhava a excitação do priminho (que tem 1,95 de altura) com muita dificuldade. O barulho do autódromo era ensurdecedor, mas pôde ouvir algumas frases:

– Querem conhecer meu novo piloto, o Andrézinho?– Claro, Zú!– Então venham cá, mas tenho que avisar uma coi-

sa antes. - disse Júnior com seu forte sotaque carioca – Ele tem um probleminha, ele... – Eloá até tentou

por AMANDA ALbUQUeRQUe

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foto divulgaçãotonus40 13tonus

Page 14: Revista Tônus

entender, mas os carros da corrida principal tinham acaba-do de passar por ali.

– Hein, Zú?– O Andrézinho tem um... - os carros que ficaram

pra trás tinham passado por ali. Eloá não insistiu.Passando pelos boxes, chegaram numa garagem

toda verde, com o logotipo de trevo de quatro folhas da HOPE – Recursos Humanos. Júnior pediu que esperas-sem. Logo ele voltou com um homem baixo, de cabelo curto e escuro e um rosto simpático. Por sinal, um rapaz simpático. Conversa boa, sorridente... mas ele tem um tique. Um tique constante. Ele pisca muito os olhos. Um tique, não: dois. Ele estica o braço esquerdo pra frente diversas vezes. Três. Ele puxa a perna direita um pouco pra dentro. Quatro. Parece que ele engrena a marcha, talvez seja realmente só um tique de piloto. Cinco. Ele emite uns grunhidos durante a conversa. Mais! E constan-tes!!! Ele faz tudo isso junto! Eloá começou a olhar com mais indiscrição, sentindo-se um tanto vermelha por ficar encarando. Sua mãe, Grecilda, dizia para não encarar, que é feio. Ela olhava pra cima, pros lados... mas ainda assim! Ele piscava os olhos!

– Zú... ele tem Tourette! - exclamou Eloá pasmada depois que André voltou para dentro do box.

– Tem! Eu te avisei que ele tinha um probleminha.– Júnior! Ele tem disfunção motora! Como alguém

que tem disfunção motora pode ser um piloto????– Não sei, Eloá, só sei que quando a adrenalina cai

no sangue dele tudo fica bem! O cara é bom!E tinha que ser bom mesmo! Foi nesse mesmo dia

que o acidente mais trágico da história do Stock Car bra-sileiro aconteceu.

Foi um dia de festa para a família de Rodrigo, ele havia chegado em segundo lugar na corrida principal, de-pois de Cacá Bueno. A árvore genealógica toda estava assistindo à corrida do seu irmão Rafael Sperafico na Stock

Car Light. Dali, iriam sair todos juntos para festejar. E foi quando todo Interlagos ficou no mais profundo e tétrico silêncio. O carro de Rafael bateu contra a murada des-truindo-se completamente. Os destroços rodaram para a pista, pegando vários carros e causando ainda mais aciden-tes. Foram poucos os pilotos que conseguiram passar por ali. Sperafico morreu na hora de traumatismo craniano. E, no meio do acidente, um carro verde com um trevo de quatro folhas da HOPE – Recursos Humanos passou raspando por um destroço e saiu ileso. O carro de André Bragantini. Talvez o trevo tenha dado sorte, mas foi André que deu a perícia. Inquestionável.

O que Eloá não tinha conhecimento é que André sabia muito, mas muito bem o que estava fazendo. Ele não caiu de pára-quedas nas pistas.

Desde que ele era criança, seu pai, que também se chama André, trabalha na RC – Competições, uma empresa que atua na produção das corridas. Além dis-so, o sangue Need for Speed já corre nas veias da família Bragantini há gerações. Seu avô foi piloto. Seu tio foi um piloto famoso das décadas de 70 e 80. Por que ele não seria piloto também? Aliás, o que o impediria? André só foi saber que possuía a Síndrome de Tourette aos 25 anos! Por todo esse tempo ele pensou que apenas tinha uns tiques ou cacoetes nervosos.

Desde cedo Andrézinho, como frequentemente é chamado devido à sua estatura, ia às corridas acom-panhando seu pai. Ele já era conhecido no meio auto-mobilístico, tanto por causa da família como por sua contagiante simpatia. Todos sempre gostaram muito de sua companhia e das conversas. Nem reparavam que ele mexia demais as sobrancelhas. Na sua infância, An-dré não tinha tantos tiques. Ele só mexia as sobrancelhas para cima compulsivamente. Mais tarde, crescendo um pouco mais ele começou a puxar a cabeça para trás. Isso nunca atrapalhou! Ele continuava indo ao Shopping Mo-

• A Síndrome de Tourette éum distúrbio neurológico ou“neuro-químico”quesecarac-terizaportiques-movimentosabruptos,rápidoseinvoluntá-rios-ouporvocalizaçõesque

ocorremrepetidamente comomesmopadrão.• Esses tiques motores e vocaismudamconstantementedeinten-sidadeenãoexistemduaspessoasnomundoqueapresentemosmes-

mossintomas.•Amaioriadaspessoasafetadasédosexomasculino.•Geralmentecomeçaasemani-festar na infância ou juventude,atéqueatingeestágiosclassifica-

doscomocrônicos.•Atéhojeaindanãofoiencontra-daumacuraparaaTourette.•Tratamentosmédicosexistempara amenizar os sintomas dasíndrome

a sÍndrome de tourette

água, porém depois fizeram um vínculo com o professor e que-riam ter aulas somente com aquele professor-aluno. As crianças passaram a fazer aulas de natação por puro prazer”.

Depois do sucesso do projeto com as aulas de natação, a Universidade ampliou para todos os esportes. “Agora, apro-ximadamente 400 crianças do Educandário Santista vêm todos os dias para a Universidade ter aulas de basquete, futebol e vôlei na parte da manhã. Como estas crianças não podem vir à noite, neste horário estamos dando as mesmas aulas para os alunos da oitava e primeiro colegial do Colégio Santa Cecília”. Cerca de 200 crianças do Colégio Santa Cecília participam do projeto para que os alunos da Fefesp do período noturno também possam colocar em prática todo o aprendizado de sala de aula.

O professor acredita que assim as crianças podem de-senvolver a capacidade motora em grande escala, já que o pro-fessor-aluno consegue enxergar um talento numa criança, bem como ajudar na sua socialização. “Os alunos do primeiro colegial da escola particular têm quase todos entre 15 e 16 anos, ou seja, eles estão naquela fase meio rebelde. Um professor-aluno conseguiu dar atenção para um destes adolescentes da maneira como ele precisava. O jovem saiu contente da aula”.

Este aluno teve de interagir com o restante do grupo para a correta prática do esporte, porém quem conseguiu realizar a interação bem como a inclusão social do adolescente no gru-po foi o professor-aluno. “Você deve ensinar o aluno de acordo com a idade dele. Para o aluno da Fefesp é muito bom, pois este entra na Universidade com 17 anos, e também é um ado-lescente. É nossa obrigação passar para ele que a partir do mo-mento em que ele escolheu aquela área, ele será um professor e um formador de opinião. Logo, eles devem aprender a se portar na frente das crianças e adolescentes, não falando gírias e tomando cuidado com a postura, pois o que eles fizerem os alunos também farão”.

O esporte procura ainda ensinar, através do trabalho em

grupo, que todos os seres humanos são limitados fisicamente e intelectualmente, o que nos faz aprender a ganhar e também a perder, já que não podemos ter tudo o queremos.

se a CaraPuÇa serViuNo intuito de reeducar o filho, mãe reforça laços e

valores sociais por meio de atividades físicas. A família Mendonça resolveu adotar o esporte como solução para o problema de todos. A engenheira Maria Luiza Mendonça, 37 anos, teve de colocar seu filho, Pedro, de 7 anos, na natação, pois o menino brigava e grita-va quando não conseguia o que queria. “Ele tinha de aprender que nem sempre se pode ganhar o tempo todo. A natação conseguiu ensinar isso ao meu filho, pois ele teve de aceitar quando outras crianças alcança-vam a linha de chegada antes dele”.

Maria Luiza aproveitou o horário que seu filho esta-va na natação e matriculou-se numa aula de ginástica “Ficava muito tempo em casa sozinha durante as tardes. Não tinha nada pra fazer e só comia coisas erradas durante este horá-rio. Aprendi que tenho que me envolver com outras pessoas para não ficar sozinha” agora Maria Luiza faz parte de uma associação beneficente que ensina crianças carentes a ler e a escrever.

Esta associação foi criada em parceria com as de-mais mulheres que faziam aulas de ginástica no mesmo horário que Maria. “Através das aulas tive de aprender a me socializar novamente, porque fazia muito tempo que não conversava profundamente com alguém que não fosse da minha família. Agora faço parte até de uma asso-ciação que procura ajudar as outras pessoas. É claro, que estou orgulhosa de mim mesma, mas sei que não fiz tudo sozinha”. Ela acredita que a interação criada a partir da atividade física foi o principal fator da mudança.

ilustração dreamstimetonus14 39tonus

Page 15: Revista Tônus

cadeirante que ganhou a Corrida São Silvestre, o que é ótimo para o atleta e para os profissionais da área”.

adaPtaÇÃoOs professores Jorge Luiz Bragança e Osval-

do Brasil, ambos do Semes, coordenam aulas de basquete para deficientes mentais de vários níveis. Eles afirmam que há por volta de 40 alunos no estágio adaptado, que possuem dificuldades mo-toras e treinam apenas cestas ou arremessos, e 25 alunos no avançado, que participam da categoria aberta de adaptado. Estes alunos têm mais velo-cidade e maior habilidade multi-desenvolvida, por esta razão participam das competições. “No ano

passado houve uma disputa aqui em Santos com mais oito cidades do Litoral Sul, que contava com 180 atletas. Nós fomos campeões nas categorias Aberto e Feminino, e Vice-Campeões na catego-ria Adaptado”, conta Bragança. Ele acredita ainda que os esportes possibilitam uma ambientalização

no grupo, pois acabam por socializar as crianças. Os participantes deste projeto fazem ainda

natação todas as quartas, quintas e sextas-feiras na parte da manhã e a tarde no complexo do Rebou-ças. A atividade também está sendo bem apro-veitada pelos deficientes, pois estes participarão de um Campeonato Adaptado no dia 26 de abril no Sesc-Santos, a partir dos conhecimentos apre-endidos nas aulas. Há também o trabalho realiza-do com deficientes mentais e visuais no Ginásio Esportivo da Associação dos Cegos, coordenado pelo professor Flávio Beloc.

Assim, o esporte, por sua natureza, possi-bilita a superação dos limites individuais de todos os envolvidos nesta prática, mas também pode superar os limites coletivos, ou seja, de socializa-ção. Inclui um desfavorecido num projeto e pro-porciona oportunidades a talentos ainda não des-cobertos, que podem surgir tanto entre os alunos quanto entre os professores.

ProgramaO professor Joel Moraes, professor de natação da Uni-

versidade Santa Cecília (Unisanta), criou um projeto para ensinar crianças de 5 a 9 anos do Educandário Santista a nadar dentro do complexo aquático da Universidade. Os professores são alunos de primeiro e segundo ano da Unisanta. “O que eu queria era identificar o bom técnico, ou seja, fazer um laboratório com os professores-alunos para ver a didática deles, se tinham vocação, como eles se sairiam e mostrar a importância do professor, que deve fazer a inclusão social, levar confiança e, é claro, não trau-matizar a criança”.

Moraes conta que o projeto foi bem sucedido. “As crian-ças no começo tinham medo, porque nunca tinham entrado na

TimedebasqueteemtreinamentonasededaSecretariaMunicipaldeEsportes

foto Gabriela Soldano

rumbi jogar fliperama com seus amigos, todos também envolvidos com automobilismo. Os tiques pioraram com o tempo. Parecia que a cada ano ele ganhava um novo de aniversário. As sobrancelhas, a cabeça, o braço direi-to que passava marcha continuamente... mas ele ainda ia ao Shopping Morumbi, agora adolescente, para levar sua ainda namorada Joyce.

A grande decisão de se tornar piloto já era até espe-rada pela família e pelos amigos. Nunca lhes passou pela cabeça que ele seria outra coisa além disso e nem que essa disfunção neurológica poderia afetar seu desempe-nho ou colocar sua vida (e a dos outros pilotos) em risco. Não! Não o André! Isso nunca foi um problema, nem um pensamento! Seria até esquisito se ele virasse para a família e dissesse “quero ser médico, dentista, advogado” ou coisa do tipo. Ele nasceu para ser piloto! Todos sabem! Seus pais se preocuparam só o suficiente que pais normal-mente se preocupam, assim como Eloá se preocupará quando sua filha decidir dirigir. Na verdade, não tem mui-to com o que se preocupar. André é responsável, nem quando sai com os amigos ele se comporta de uma forma mais irreverente. Apesar de gostar de música eletrônica, ele não freqüenta baladas e nem bebe ou fuma. É um rapaz correto. Mas tem aquele tique...

Os anos passaram e nada impediu André de cor-rer. Como não nasceu em berço de ouro, teve que lutar por patrocínio como todos os pilotos. Ninguém nunca duvidou da capacidade dele, era só vê-lo dentro do carro para ter certeza que ele era muito bom no volante. As equipes e outros profissionais não ligavam para os tiques dele, nem quando eventualmente tinha algumas convul-sões. Mas o público, quando tinha acesso aos boxes, e até mesmo as pessoas nas ruas achavam que era uma “forma de chamar atenção”. Ele desenvolveu um tique vocálico que parece que ele ta chamando alguém. No meio da conversa ele fala uns “ow, ow, ow...” que real-

mente parece que ele quer que as pessoas olhem para ele, mas não quer. Até hoje André se lembra dos médicos que freqüentou sem achar nenhuma resposta. Estava já preocupado, afinal, como tem medo de voar, às vezes tremia a poltrona do avião, fazendo com que a cadeira da frente tremesse junto.

Descobrir a doença foi só um passo. A Tourette nunca o atrapalhou de verdade na vida. A síndrome não o impediu de correr.

Mas impediu de morar.André teve uma surpresa muito desagradável quan-

do soube que os moradores de seu condomínio queriam que ele saísse do prédio. Diziam que ele “assustava as crianças”, que ele “fazia barulhos”. Foi uma vergonha para o Paraná! Isso deixou André muito decepcionado! Ele nunca foi deixado para trás! Nem nas corridas isso ocorre muito, ele é vice da Light e acabou de subir para a catego-ria principal! Mas não o derrubou.

O ano de 2008 começa e ele já deu mais um passo em direção à cura. Acabou de colocar um chip no cé-rebro para controlar os tiques, pelo menos os vocálicos. Alguns dizem que não melhorou nada, mas os amigos dizem com certeza que já houve melhora. Não que o próprio André se incomode muito com isso. Ele sempre responde educadamente a quem pergunta sobre a sín-drome, já está acostumado. Ele aprendeu a controlar a Tourette na presença da imprensa ou de pessoas estra-nhas. Podem achar que na frente dos amigos e da família ele se sente mais calmo e, portanto, tem menos tiques, mas é justamente o oposto. Com aqueles que André ama e confia ele relaxa e não precisa mais conter os impulsos, ficando com tiques mais freqüentes e fortes. Mas, pode ser que, agora com esse chip, esses impulsos fiquem cada vez mais fracos e as pessoas comuns passem a vê-lo ape-nas como André Bragantini, um piloto de Stock Car muito competente e querido por todos que o conhecem.

AndréBragantiniseguiuospassosdafamília.Seustiquesnãoatrapalhamseudesempenhodentrodaspistas

foto divulgaçãotonus38 15tonus

Page 16: Revista Tônus

uidado, não ande de carro, não saia em dia de ventania, use máscara quando estiver na rua. Pare! Não respire neste local!! Esses serão os

avisos estampados nas placas distribuídas por toda ci-dade que sediará os jogos Olímpicos nos próximos anos, se depender da colaboração dos seres humanos. O que estamos prestes a ver em Pequim é uma re-alidade lamentável da ganância do homem pelo di-nheiro e poder.

Segundo maior consumidor de energia mundial e com uma economia crescendo de forma desenfreada, a China está prestes a sediar a maior competição esportiva do planeta com um enorme problema pela frente, um

inimigo invisível, ou no caso, algumas vezes bem claro a olho nu, antes fosse a falta de competência para terminar as obras no prazo correto.

O governo chinês, que tem a chance de mostrar ao mundo sua potência durante os jogos, tenta dar uma respos-ta às críticas sofridas e já está tomando algumas atitudes para minimizar o problema. Por exemplo, as obras serão suspen-sas em dias de ventania evitando ainda mais o crescimento da poeira, escura, pesada. É só passar o dedo no vidro de algum carro que ficou pouco tempo estacionado na rua que se observa a densa camada de pó que se formou e ocorrerá durante a competição um rodízio de veículos, que tem sua frota circulante aumentada dia após dia, e novas linhas de me-

por bRUNO QUIQUeTO

c

homem primata capitalismo selvagem

A diversidade de modalidades e o relacionamento com o próximo fazem do esporte uma ferramenta de inclusão social

sociedade

semprecabe mais um

por GAbRIeLA SOLDANO

tonus16 37tonus

Page 17: Revista Tônus

icardo e Fernando fazem basquete. Jés-sica e Pedro fazem natação.

Maria Luíza faz ginástica. Elisa faz dança de sa-lão. Cada um deles, como muitos brasileiros, procu-rava alguma atividade que ajudasse na superação de seus problemas... Foi no esporte que encontraram a solução.

A partir de atitudes assim, a prática esportiva deixa de ser vista como um fator de competição, dentro ou fora dos ginásios e passa a ser vista como um instrumento de inclusão social, garantido pelo Estado (Veja o quadro).

Por esta razão, vários projetos sociais nascem nos quatro cantos do País para dar oportunidade às pessoas. A maioria deles já tem o suporte do governo federal. Essa é a prova de que o esporte pode ser um instrumento para a inserção de pessoas que acabam marginalizadas na sociedade por diversos motivos.

O professor Mariano Humberto Matiello é chefe do setor de atividades esportivas da Secretaria Municipal de Esportes (Semes), que possui dois complexos esportivos em Santos: um no Rebouças, que abrange a área da Zona Leste, e um na Zona Noroeste. Ele acredita que o ato de tirar uma criança da rua e colocá-la na prática gratuita de qualquer esporte, já é uma forma de inclusão social. “Evita-mos que a criança fique na frente de um televisor, na internet ou até mesmo na rua, quando cedemos a ela um período

com prá t i c a s esportivas, apren-dizado e até convívio so-cial. Nesse momento vai haver um professor, como um educador, para ajudá-la no relacionamento com outras crianças”.

Matiello conta que a Prefeitura de Santos tem vá-rios trabalhos para pessoas portadoras de necessidades especiais, como deficientes visuais, cadeirantes e portado-res de Síndrome de Down. “Eles são tão evoluídos que não ficam apenas na fase do esporte-saúde. Eles partem para a fase da competição, pois estão aptos para isso den-tro de suas próprias limitações. Por exemplo, há grupos de deficientes visuais participando dos 10 Km Tribuna FM, ou ainda, pessoas amputadas que correm com próteses e superam limites, chegando a correr os 10 Km como uma pessoa normal”. Ele explica ainda, que nestes casos o esporte deve ser adaptado, porém todo o esforço físico é o deficiente quem faz. “O guia vai atrás com uma fiti-nha, mas é somente para direcionar o atleta. Temos uma

R

Dreamstime

trô estão sendo construídas. O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, o PNUMA, expôs um relatório onde a situação da China está melhorando, mas para chegar no nível ideal demorará anos.

A utilização de carvão pelas usinas é o principal foco de poluição do país asiático, que tem uma libera-ção de poluentes como dióxido de nitrogênio e dióxi-do de enxofre, com taxas muito mais elevadas que o permitido pela Organização Mundial de Saúde – OMS. Isso porque os jogos iniciarão no mês de menor con-centração de substâncias nocivas liberadas no ar, e o curioso é que essa concentração permitida é ultrapas-sada de forma semelhante em agosto.

O fato lamentável de toda essa situação é o abandono de atletas consagrados de determinadas competições, como o etíope Haile Gebrselassie, recordista mundial de marato-na, que participará apenas dos 10000 metros, pois sofre de asma e está com medo de passar mal durante a prova de longa distância. E o que podemos dizer da tenista espanhola que pretende jogar de máscara para se sentir mais segura. Poderíamos ter daqui em diante um novo tipo de comércio

nos restaurantes e bares dos estádios, como a venda de ga-lão de oxigênio.

Dono da maior economia mundial e conhecido por se intrometer em assuntos espalhados pelo planeta, o go-verno norte-americano está disparando críticas à poluição no país sede, sem olhar para o próprio umbigo, pois se a China é a segunda maior poluidora, os Estados Unidos são os pri-meiros, e o que falariam eles sobre o tratado de Kyoto?

Jacques Rogge, presidente do Comitê Olímpico Mundial, declarou que algumas datas e horários previstos nas competições poderão ser alteradas devido à condição do ar. Enquanto isso, os visitantes e atletas sofrerão as conseqüên-cias do capitalismo enlouquecedor que tomou conta do pla-neta, sem contar com os próprios chineses que já têm suas vidas atrapalhadas por esse mal, causado por nós mesmos.

“Desde os primórdios até hoje em dia, o ho-mem ainda faz o que o macaco fazia”, nas suas de-vidas proporções, mas com uma diferença, o ma-caco bem treinado não faria nem metade do que os humanos estão fazendo. E só de pensar que os inteligentes somos nós...

artigo

tonus36 17tonus

Page 18: Revista Tônus

olímpica. Ver os ginastas na televisão é bem bo-nito! As piruetas, saltos, equilíbrio, tudo isso dá uma impressão de saúde muito grande, além de corpos esculturais. Mas na hora que eles ficam do lado de uma pessoa de estatura normal... parece a terra de Gulliver. Eles realmente são bem bai-xinhos, apesar da grande massa e força muscular,

mas o tamanho deles nada tem a ver com levanta-mento de peso. A ginástica olímpica, obrigatoriamente, gera mui-

to impacto. Não tem como dar tantas cambalhotas e rodopios do ar e cair no chão sem causar nenhum tipo de impacto na coluna vertebral e nas epífeses ósseas. E é justamente isso que atrapalha o crescimento! As epífeses são as pontas dos ossos que crescem e fecham

o espaço entre um osso e outro. Se esses espaços são grandes, a criança ainda vai crescer, caso contrário, não crescerá muito. O impacto das quedas acaba empurran-do os ossos e diminuindo esses espaços, que calcificam prematuramente, acabando com o crescimento dos gi-nastas. Basta ir a um treino de ginástica olímpica para crian-ças. Dá para ver claramente que a criançada que treina há mais tempo é de estatura mais baixa e provavelmente não vai dar para crescer muito mais que isso. Essa é a grande diferença entre ginástica olímpica e musculação! Não exis-te impactos nas academias. As epífeses e a coluna ficam desimpedidas! A criança não terá problemas.

Portanto, mães, podem ficar calmas quando virem seus filhos pegando peso, pois musculação não atrapalha o crescimento das crianças.

Nãosesabeaocertoaorigemdesse mito. Uma das ocorrênciasmaisremotasdesseestudofeitonaÁfricaporumcientistamal-ambien-tadoquefezasprimeiraspesquisassobreainfluênciadolevantamentodepesonocrescimentoinfantil.

Segundo a história contadapelo professor responsável pelaacademia da Universidade SantaCecília, Jamil Abul Hiss Junior,essecientistaresolveubasearsuapesquisa em crianças africanasqueeramsubmetidasatrabalhosforçadosemminasdecarvão.

Essascriançasficavamhoras,e horas, e horas durante o diaembaixo da terra, sem luz solaralguma, carregando sacos pesa-díssimosdecarvão.

Nessas condições, as criançasnãotomavamsol,nãosealimenta-vamdireito,nãorepousavamosufi-ciente,entãoelasnãocresceram.

Ocientistavoltoupracasacoma seguinte conclusão: crianças quelevantampesonãocrescem.

É claroque ele acabou esque-cendodemencionarafaltadeali-mentação,deluzsolarerepouso.

origem do mito

foto Anke Van Wyk | Dreamstimetonus18 35tonus

Page 19: Revista Tônus

alimentação é a base de tudo! Uma dieta rica em vitamina D é essencial para o crescimento. Caso a criança tenha alguma deficiência de alimentos como o leite e deri-vados, o armazenamento da vitamina acaba sendo in-

ferior. Por isso tam-bém é necessário constante contato com a luz solar. É a nossa querida bola de calor uma das principais fontes de vitamina. Não era à toa que nossos avós viviam dizendo que criança não pode ficar em casa, tem que jogar bola na rua, tem que pular corda na calçada e brincar de pegador nas praças. O que nos leva ao tercei-ro fator necessário para o crescimen-

to: exercício físico. Apesar da hipertrofia não acontecer na idade infantil, os músculos e ossos precisam ficar for-tes e saudáveis, prontos para a época da adolescência em que o crescimento é muito rápido. Se esses fatores não forem atendidos, a criança não tem como desen-volver o corpo.

A musculação, segundo Elaina, é até indicada para crianças porque fornece o fator principal para o crescimento: o exercício. Malhar não tira da criança a alimentação e a luz solar, muito pelo contrário. Exercí-

cios anaeróbios, como são chamados, consomem uma energia que só pode ser reposta com uma alimenta-ção constante. Além disso, só o fato da criança sair de casa para ir à academia já a coloca em contato com o sol. É parecido com o caso dos idosos: os velhinhos devem fazer musculação também pois os músculos já estão flácidos. O exercício fortalece a massa e os os-sos. Sendo assim, os jovens, que são bem mais fortes que os idosos de 60 ou 70 anos, só tende a melhorar sua capacidade física, sua estrutura óssea e seu sistema locomotor. Musculação para os pequenos só traz be-nefícios. O corpo deles desenvolve uma preparação ósseo-muscular muito superior a de uma criança sedentária, só que não vai existir hipertrofia, ou seja, nenhuma miniatura do Conan andando pela casa. Mas é claro que a musculação pro-duz alguns efeitos colaterais. Os menininhos de 10 anos vão acabar fican-do mais fortes e resistentes que o normal, afinal estão trabalhando o corpo para isso. Não é necessário se assustar caso eles consi-gam levantar a mesa da cozinha para te ajudar na limpeza. Certamente vai ser mais fácil abrir a em-balagem de cola ou o vidrinho de azeitonas, mas não tem como os tríceps pularem ou eles pararem de crescer.

Muito provavelmente essa idéia de atrofiar com os exercícios físicos mais puxados veio com a ginástica

““

foto Dreamstime

precaução

o passado precisávamos cortar lenha, plantar, ca-çar para sobreviver. Éramos mais saudáveis com essa vida ao ar livre. As máquinas nos deixaram

sedentários. Em vez de andarmos, dirigimos; em vez de subirmos escadas, usamos elevadores; em vez de levantarmos para desligar o televisor, usamos o con-trole remoto.

Passamos o maior tempo de nossas vidas sentados, sem nenhuma atividade física e com isso nossos corpos tornaram-se depósitos de tensões, de músculos fracos, de gorduras localizadas. Quando resolvemos deixar essa vida sedentária sem preparo anterior, arriscando um mo-vimento mais brusco ou que exige esforço físico, surgem

as dores, cansaço extremo e quase sempre lesões. Ficamos menos ativos, começamos a perder força

e o instinto para o movimento natural. É evidente que as máquinas tornaram a vida mais fácil, porém acarretaram uma série de problemas para a saúde. As pessoas come-çam a ficar conscientes da necessidade de atividades físicas no dia-a-dia, procuram academias ou clubes para se exer-citar por conta própria ou com um profissional. O grande problema é que muitos se esquecem do aquecimento prévio, seguido ou não de alongamento. Esse preparo é o segredo dos atletas para evitar lesões.

Rodrigo Castro, nadador do Minas Tênis Clube, sempre se aquece e se alonga antes de entrar na piscina.

Como evitar dores e lesões através de aquecimentos e alongamentos adequadosmúsculos afiados

por GAbRIeLA AGUIAR

n

foto Anke Van Wyk | Dreamstime

Os exercícios não têm nenhum

malefício ao crescimento

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Page 20: Revista Tônus

Ele está sempre em competições e tem treinamen-tos em excesso, daí a importância daqueles exercícios an-tes e depois das atividades. “O excesso de treinamentos podem causar lesões”, afirma.

Alongados, os músculos podem se contrair com mais eficiência e funcionar melhor, explica o professor de Fisioterapia da Universidade Santa Cecília, José Luiz Porto-lez. Mas é fundamental fazer corretamente esse preparo, para se ter resultados. O segredo é ficar estático pelo menos 30 se-gundos em cada posição, para que o corpo fique adequado à prática esportiva.

O corpo precisa se adaptar de uma mudança da situação de re-pouso para a atividade física, evitan-do assim lesões que se desenvolvem geralmente em joelhos, tornozelos, ombros, lombares e coluna verte-bral. É o que afirma a professora de musculação e spinning formada em Educação Física pela Universidade Metropolitana de Santos (UNIMES), Samanta Capela. “O problema é que nem todos os praticantes de atividades têm o hábito de se dedicar algum tempo a estes cuidados fundamentais. As conseqüências, principalmente em am-bientes naturais, onde o esforço físico é geralmente can-sativo, podem ser muito ruins”, afirma.

“Durante a faculdade eu testava o meu corpo nas posições de aquecimento de várias formas para entender todo o processo, inclusive saber o tempo certo de cada movimento. Para que meu corpo não se acomodasse e provocasse um relaxamento dos músculos. O corpo é o bem mais precioso que possuímos, portanto, cuide bem

dele com todo o amor e carinho que ele merece. Sei como funciona isso, pois já fui aluna e hoje estou do outro lado, para ajudar”, acrescenta Samanta.

Thatiany Silva fez dança por 12 anos, mas teve que abandonar devido as freqüentes lesões no joelho. “É complicado você deixar de fazer uma atividade que gosta muito. Eu amava a dança e hoje só posso apreciar das cadeiras dos teatros”. Hoje com 26 anos, ela cursa Fisio-

terapia na Universidade Santa Cecília com o intuito de poder ajudar outras pessoas a não passar pelo mesmo problema que teve. Thatiany afirma que não foi por falta de preparação dos músculos, mas sim por azar do destino. “Não era pra ser bailari-na”, comenta abalada.

A fisioterapeuta Maria Fernanda Torres, formada na Universidade Católi-ca de Santos, ensina que no aquecimento devem ser adotadas as mesmas posturas utilizadas para alongar os músculos. O que muda é o tempo que você permanece na posição: quanto mais tempo, maior o

relaxamento. “Por isso, não permaneça mais que trinta segundos na mesma postura, pois a partir desse tempo, ao invés de deixar o músculo alerta para atividade, você provocará um relaxamento que pode afetar seu rendi-mento”, diz.

fatores Que influenCiam Quanto mais velha é a pessoa, mais cuidadoso e

longo deve ser o aquecimento. Quanto mais treinada, a intensidade do aquecimento precisa ser maior. Tudo depende também de cada modalidade e do organismo. Outro conselho dos especialistas: nunca fazer atividades

Alongamento deve ser feito antes de iniciar

qualquer atividade física e

no final delas

“ “

tonus20 33tonus

Page 21: Revista Tônus

s mães podem ficar mais tranqüilas agora que sa-bem que não, não tem problema nenhum dei-xar seu filho fazer exercícios físicos que envolvam

levantar peso. Ele não vai ter o crescimento afetado por causa disso! Segundo a fisioterapeuta Elaina Salles Cunha, exercícios, assim como a musculação, têm a característica de hipertrofia, tanto dos músculos quanto dos ossos.

Porém, essa condição de crescimento só acontece em um certo período da vida da pessoa, o que ocorre entre os 19 e 50 anos. Antes disso, não tem como um menino de dez anos virar um mini-Arnold Schwarzene-gger. Ele jamais vai ter hipertrofia muscular justamente pelo fato de seu corpo ainda não estar preparado para

isso. Isso, automaticamente, já exclui a opção de ter atro-fia também. Logo, falando em “mini”, ele não vai deixar de crescer, porque a musculação só faz a criança ganhar força e resistência óssea e muscular. A condição que os exercícios causam não tem nenhum malefício às suas con-dições de crescimento, dados os limites hereditários e de código genético, é claro, ele vai crescer de acordo com sua saúde.

Existem sim algumas condições que impedem, atrasam ou atrapalham o crescimento da criançada, mas não envolve o exercício com peso. O desenvolvimen-to depende de uma série de fatores imprescindí-veis para que não haja problemas verticais. A boa

Saiba através de especialistas o que realmente acontece quando crianças levantam peso

musculação

desneurando

e crescimentopor AMANDA ALbUQUeRQUe

foto elena Milevska | Dreamstime

a

ou exercícios aos quais não se está acostumado.Maria Fernanda afirma que o período do dia in-

fluencia muito. Pela manhã e a noite o aquecimento deve ser mais gradual e mais longo. Durante à tarde pode ser mais curto.

Ficar atento à temperatura do ambiente é outra dica da fisioterapeuta. Em tempos quentes o aquecimen-to deve ser reduzido. Em dias frios ou chuvosos o tem-po deve ser alongado. O intervalo ideal entre o final do aquecimento e o início da atividade é de 5 a 10 minutos. O efeito do aquecimento perdura de 20 a 30 minutos. Após 45 minutos a temperatura corporal já retomou sua temperatura de repouso.

A baixa temperatura do corpo pode causar lesões no músculo, no tecido conjuntivo, tendões, etc. Segundo Portolez, o frio não causa nenhum tipo de lesão, mas é preciso que o atleta prepare seu corpo para qualquer tipo de atividade física com aquecimentos, não para melho-rar a potência do desempenho e sim para colocar aquele agente de músculo em condições de trabalho.

diCas de alongamentosInicie o alongamento até sentir uma certa tensão

no músculo e então relaxe um pouco, sustentando por

30 segundos, voltando novamente à posição inicial de relaxamento. Os movimentos devem ser sempre len-tos e suaves. O mesmo movimento pode ser repetido, buscando alongar um pouco mais o músculo, evitando sentir dor. Para aumentar o resultado, após cada alon-gamento, o músculo pode ser contraído por alguns se-gundos, voltando a ser alongado novamente.

O crescente aumento de adeptos do esporte vem sendo acompanhado por um aumento no núme-ro de equipes e ligas desportivas, principalmente dire-cionadas aos jovens de qualquer idade. Muitas destas equipes ou ligas não têm um treinamento adequado para os praticantes do esporte ou não tem uma equipe responsável pelo tratamento ou prevenção das possí-veis lesões que venham acometer seus atletas.

Conseqüente a tudo isto, o grande índice de lesões relacionadas ao esporte se torna cada vez maior. Rodrigo Castro comenta que já se lesio-nou, e cada esporte provoca lesões diferentes. “No meu caso que nado estilo livre, o local que mais se lesionam são os ombros, justamente onde foi minha lesão, além dos joelhos. Mas com muitas sessões de gelo e tratamento com o fisioterapeuta o problema foi solucionado”.

tiPos de alongamento

SóleoGastrocnémio

Tríceps Costas,Peitoral,Ombros,Braços

eAbdômen

Lateral

GlúteosLombar

PeitoralBícepsDeltóide

Coluna,BraçosCostaseAbdômen

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Page 22: Revista Tônus

Novas tecnologias auxiliam na confecção de vestuários que produzem aromas e hidratantes, e ajudam na prevenção do câncer

hitech

roupasmágicaspor GAbRIeLA SOLDANO

É comum ouvir o juiz se dirigir aos jogadores com palavras educadas, como: senhor e por favor. Os jogadores não podem reclamar com o juiz e somente o capitão de cada time pode falar e deve se dirigir ao juiz como “senhor”. Qualquer exaltação é contida com punições como a expulsão. E no terceiro tempo, como é chamada a confraternização que é sempre realizada com todos os times após as partidas, é o momento de deixar as diferenças de lado e fazer novos amigos. Peculiaridades desse esporte bretão.

Elisa revelou que já se machucou e chegou a ficar três meses sem jogar. Sua inexperiência em uma jogada mal executada, fez com que caísse sobre o ombro e as costas, que acabou machucando sua coluna. “Nada grave, só um susto, que me deixou mais experiente”. Para Pazos as lesões mais comuns são nos joelhos e nos ombros.

Para proteção, recomenda-se o uso de protetores para as orelhas, boca e ombros. Como na maioria dos esportes competitivos, a saúde física do atleta pode ser comprometida. Mas existem benefícios que o rugby pode desenvolver. A locomoção constante e os exigentes trei-namentos físicos servem como uma academia para seus praticantes, que chegam a perder 500 a 900 Kcal/h, de-pendendo da intensidade do treino.

Pazos salienta que o rugby, por ser um esporte pouco conhecido no Brasil, propicia a prática informal, que coloca em risco os jogadores. Por isso é fundamental praticá-lo em instituições que desenvolvam um trabalho sério e competente.

Antonio Figueiredo, 38 anos, publicitário e jo-gador de rugby há 10 anos, acha que é um esporte muito seguro. “Já pratiquei muitos outros esportes, e posso contar diversas vezes quando me machu-quei. Pratico montain bike e já cheguei a fraturar os

ossos e quebrar os dentes. Mas no rugby nunca me machuquei”.

O fisioterapeuta e professor de rugby, Flavio San-tos, em entrevista ao portal Terra, na internet, explica que “em países da Europa e nos Estados Unidos, é um esporte ensinado nas escolas, e incentiva o trabalho em equipe, a disciplina, a lealdade e o respeito à hierarquia”. E ressalta que o rugby feminino é o esporte que mais cres-ce no mundo, atualmente. Parece que este é o momento do rugby. O número de praticantes aumentou significativa-mente durante os últimos anos, conforme é divulgado por entidades do esporte no País. A seleção brasileira feminina de rugby se classificou para a Copa do Mundo 2009, a ser re-alizada em Dubai. Feito histórico nunca ocorrido antes, que colocou o Brasil na liderança da América do Sul.

O rugby é um dos esportes mais populares do mundo, só perde audiência para a Copa do Mundo de Futebol e as Olimpíadas, é o que afirma o IRB. Até Char-les William Muller, considerado o pai do futebol, escreveu em seu livro os princípios das regras do rugby. Que é con-siderado uma versão modificada do futebol que conhece-mos. Conta a lenda, que um jogador em um momento de fúria, segurou a bola com as mãos e percorreu todo o campo sem que ninguém conseguisse pegá-lo. Sua inten-ção até seria de acabar com a partida, mas o feito virou um novo jogo na Inglaterra que passou por reformulações até alcançar o seu formato atual.

Se o rugby é violento? Menos ou mais perigoso que o futebol? Isso caberá ao seu julgamento. Mas an-tes de qualquer pensamento discriminado, assista a uma partida de rugby. E para os mais corajosos, brincadeiras à parte, podem até participar de uma iniciação. Trata-se de um esporte sério e muito difundido. Para milhares de pessoas no mundo inteiro, é o esporte preferido.

BárBaros e gentis

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Page 23: Revista Tônus

Orugbydisponibilizaaparticipaçãodetodosostiposdejogadores,altosoubaixos,gordosoumagros,homensoumulheres.ElisaBoinàesquerda,jogarugbydesdemaiode2007

Acima,CarlosJavierPazos,professordeedu-cação física, apitando jogo no campeonatode Rugby Touch de Campinas, modalidademais simplesdo esporte.À esquerda, lanceapósatípica“scrum”,queconsisteemumaformação muito utilizada no rugby, geral-menteéusadaapósumajogadairregularouemalgumapenalização.

Paramaisinformações:www.brasilrugby.com.brwww.rugbymagazine.com.brwww.rugbysantos.comwww.irb.com

Fotos: Jeifferson Moraesilustração Gudron | Dreamstime

m atleta necessita de treinamento, alimentação balanceada, exercícios físicos regulares, boas horas de sono, entre outros fatores que irão contribuir

para seu bom desempenho durante os treinos. Porém, um dos fatores pouco mencionado e que faz grande dife-rença é a roupa do atleta, que pode contribuir ou dificultar seu rendimento.

A pele é o maior órgão do corpo humano, responsável por 90% da troca térmica e por 85% da

evaporação do suor. É através dela que é regulada a temperatura do corpo.

Por isso, treinar com muito sol e uma camiseta de algodão não será a melhor opção, pois este teci-do retém 8% do suor, o que causa uma sensação de desconforto, além de deixar a camiseta úmida, o que dificultará ainda mais nos treinamentosPor esta razão, correr ou praticar esportes com aquela boa e ve-lha camiseta de moleton não é legal. As roupas

u

tonus30 23tonus

Page 24: Revista Tônus

esportivas incorporam tecnologia e impulsionam o mercado deste setor.

São vendidas em torno de 600 milhões de peças esportivas pela Rodhia, com tecnologia aplicada nos tecidos, que têm maior absorção de umidade, eli-minação de odores, leveza e hidratação, entre outras melhorias que são pesquisadas e aplicadas aos atletas e amadores, além de curiosas modificações como a libe-ração de cápsulas com diferentes aromas.

Todo o uniforme da seleção brasileira de fute-bol, produzido pela Nike, é projetado para oferecer conforto aos jogadores. A nova camisa é a mais leve produzida pela marca, com 133 gramas, sem absorver suor. Outro tecido dessa vez fabricado pela empresa têxtil Rosset, chamado “Hidrata-tecido”, libera micro-cápsulas que hidratam a pele e proporcionam sensação de frescor. A empresa registrou um crescimento nas vendas de 15%, em média nos últimos três anos. Enquanto a exclusividade em tecido para as mulhe-res encontra-se numa legging fabricada pela empresa Doox, confeccionada com o tecido “Crepe-power”, com a função de esconder as celulites em razão da sua compressão e ranhura.

A estudante Mariana Alencar, de 23 anos, afir-ma que comprou a legging e que pôde sentir os efeitos durante as semanas de uso. “Queria ficar o dia inteiro com aquela calça. Adorei o tecido e, é claro, escondeu muito bem muitas das minhas imperfeições”.

Mas, como identificar um fio de poliamida ou poliéster? A única maneira de ver é através da etiqueta. No Brasil todas as confecções são obrigadas a discrimi-nar na etiqueta da roupa a composição do tecido. Nor-malmente as camisetas tecnológicas, como o Dri Fit e o Thermodry são feitas de 100% poliéster ou 100%

O tubarão, o maior inimigodosbanhistas,tornou-seomaioraliadodosnadadores.

A textura de sua pele estásendocopiadaporfabricantesderoupasesportivasqueacreditamterencontradoomodeloidealdemaiôs:aderentesecompequenosorifícios para facilitar a passa-gemdaáguapelocorpo.Otrajemelhoraematé3%orendimentodoatleta.

Osmaiôs,desenvolvidosporAdidas,Nike,SpeedoeTYRSport,sãointeiriçosereduzemoatritocomaáguaeauxiliandonacom-pressãomuscular.

Ostiposjádesenvolvidossão:•Aquapel TYR Sport – Pro-porciona compressão muscular

atravésdeumsistemadeplacascosturadasparacomprimirasse-çõesessenciaisdosmúsculos.

O maio também reduz oatrito e temsuas costuras espe-cialmenteposicionadasparaau-mentaraflexibilidadeeafastaraáguadeáreasdealtoatrito.•FastskinSpeedo–Proporcio-nareduçãodeatritoatravésdeum traje mais hidrodinâmico,com pequenas estruturas emforma de V, inspirado na peledo tubarão. Já que minúscu-lossulcosnotecidopermitemque a água passe pelo corpomaislivremente.

Ofluxodaáguaédireciona-dosobreocorpo,reduzindooar-rastoeaturbulêncianapiscina.

na Pele do tuBarÃo

Nãoexistemregistrosoficiaisdoaparecimento do rugby no mundo.Muitaslendasfazempartedahistóriado surgimento do esporte. A criaçãoé atribuída a um jovem estudante,WilliamWebbEllis,deumauniversi-dadedeLondres.

Em 1823 na Rugby School,quegerouonomeaoesporte,Ellisem umapartida de futebol teriasegurado as bolas com as mãosesubitamentecorreuemdireção

aosseuscolegasquetentaramlheagarrarporváriastentativassemsucesso, e inconscientemente ojogoestariacriado.

Adoutrinadoesporteregepelodesenvolvimentoemgrupo,asriva-lidadescomatitudesanti-desporti-vassãobanidas.

Existe a expressão “terceirotempo”,queserefereatradicionalconfraternizaçãodosjogadores.NoBrasilorugbypodetersidointro-

duzidoporCharlesMiller,queteriaorganizado, em 1895, o primeirotimederugbybrasileiro,nacidadedeSãoPaulo.

SegundoaAssociaçãoBrasileiradeRugby,oesportecomeçouaserjogado regularmente no Brasil em1925, no Campo dos Ingleses, doSãoPauloAthleticClub,emPiritu-ba.ComaSegundaGuerraMundial,houveumrecessoeosjogosretor-naramapenasem1947.

Em Santos existe um time quetreina todas às segundas, terças equintas-feiras na praia, em frente àavenida Conselheiro Nébias. TambémrealizampartidasnoclubePortuáriosdeSantosenapistadepousodeasadelta,napraia,emSãoVicente.

Os organizadores mantém umsite, www.rugbysantos.com, com osúltimosresultadosdejogosamistososecampeonatos.ORugbySantosformatimesparahomensemulheres.

Treino,preparoecondicionamentofísicodosjogadoresderugbysãoasprincipaisarmascontraaslesões,jáqueocontatoéinevitávelnoesporte

origem do rugBY rugBY santista

Foto: Jeifferson Moraestonus24 29tonus

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Elisa joga rugby desde maio de 2007 e conhe-ceu o esporte através da UNICAMP, universidade onde estuda engenharia civil. Jovem, com 21 anos, sem perfil atlético, mas com corpo forte e silhue-ta atraente, pele morena, cabelos pretos e longos, amarrados como uma trança para facilitar os mo-vimentos. Ela se destaca com destreza nas jogadas que executa entre os homens. Afirma que o esporte não é exatamente o que parece.

Quando recebeu o primeiro convite para jogar sentiu medo e receio. Pouco sabia sobre o esporte e ficava impressionada com as fre-qüentes “jogadas violentas”. Depois que acompanhou algumas partidas na universidade, passou a ter outra idéia sobre o esporte e tomou co-ragem para treinar com outras joga-doras. Logo estava participando dos torneios e campeonatos regionais. A paixão pelo rugby começou a cres-cer. Ao ser questionada se não tinha medo de jogar com outros homens, até mesmo pelo rigor físico, com risco de se machucar, ela responde “que esse risco é pequeno”. Escla-rece que seus treinamentos servem exatamente para suportar os impactos previstos no rugby. “Por ser um esporte de contato, o rugby tem a fama de ser violen-to. Mas, se praticado de acordo com as regras e com as técnicas corretas, o risco de lesão diminui bastante.”

O treinamento da Tico foi iniciada na universi-dade com o professor de educação física, Carlos Javier Pazos, 46 anos, que também é técnico especialista em

rugby. Carlos treina o time Jequitibá de Campinas, e está preparando seus jogadores para o principal even-to do ano, o Campeonato Paulista do Interior. A sua experiência adquirida na Argentina, seu país de ori-gem, coloca-o em uma posição privilegiada entre os principais especialistas do rugby no Brasil, onde o es-porte é pouco popular. Ao contrário dos argentinos que participam do campeonato mundial e ocupam a

terceira posição no ranking mundial da International Rugby Board (IRB), órgão internacional que rege pelo esporte no mundo. O Brasil ocupa a 33º posição no ranking mundial.

“No futebol são cavalheiros joga-dos por cavalos, e o rugby é um jogo de cavalos jogados por cavalheiros”. Ele cita uma alusão a uma provável transforma-ção de personalidade entre os integran-tes de um jogo de futebol, quando pare-cem se tornarem pessoas mais abruptas e sem quistos aos adversários. Pazos fez questão de comparar o rugby com uma pelada brasileira – partida de futebol na gíria futebolística. Talvez por ser o es-porte mais popular do País. Se fosse nos EUA a comparação poderia ser com o

futebol americano, que é muito diferente do rugby.Segundo ele, como qualquer outro esporte, o

risco de lesão existe. Mas, acredita que “no futebol esse risco é maior, porque existem jogadores mal in-tencionados e isso é inibido no rugby”.

A disciplina é prioridade para os praticantes e o rugby também exige o preparo de seus jogadores, pois, o esporte permite o contato.

No futebol são cavalheiros

jogados por cavalos, e o rugby é um

jogo de cavalos jogados por cavalheiros

“rugBY Para todos

poliamida. Claro que uma camiseta de poliamida tem um toque mais agradável, além de ser mais macia, ab-sorvente e leve.

O grande desafio da indústria têxtil é fazer com que o seu corpo atinja o microclima ideal atra-vés do vestuário. O microclima é a temperatura que fica entre a pele e a roupa, que deve ser sempre 32ºC. Assim, as roupas de calor devem ser feitas para amenizar a temperatura do corpo. Já as de frio devem aumentar o microclima.

Para esse vestuário do frio, a indústria têxtil usa a estrutura de tecelagem, porque a trama dos fios é fechada. Já no calor a preocupação do atleta será em liberar mais rápido o suor e manter a temperatura do corpo mais baixa. Por isso, a roupa deve ser leve e com estrutura de malha de maior porosidade.

Para os atletas, é bastante comum treinar no sol e, conseqüentemente, correr risco de se queimar e, em longo prazo, até desenvolver um câncer de pele. Para evitar esse inconveniente muitos tecidos têm pro-teção UV. Isso não irá fazer muita diferença se usado numa única prova, porém aquele atleta que treina to-dos os dias irá sentir a diferença e, além do mais, estará se prevenindo de um câncer de pele. Os atletas devem observar a condição do tempo para então definir o tipo de roupa que irão usar. Assim, como, por exemplo, na Fórmula 1, se estiver calor usa-se um tecido leve, que não gruda no corpo e permite a rápida evaporação do suor. Já no frio o tecido utilizado será aquele que corta-vento ou uma camiseta de manga longa, porém o tecido não pode ficar molhado e tem que manter o atleta aquecido.

O vendedor Cristiano Misiara, da loja “A Es-portiva” diz: “As pessoas que praticam esporte, as que

fazem apenas ginástica ou correm nos finais de semana costumam comprar suas roupas com tecnologia. Os novos tecidos permitem a evaporação do suor e dá melhor desempenho na atividade. Algumas marcas como Nike, Adidas e Reebok têm seus fios com tecno-logia como, por exemplo, Dry feet, Clean Cool e Play Dry, cada uma desenvolvendo o seu fio para melhor atender aos atletas e o consumidor em geral”. As rou-pas saem por um custo entre R$ 39,00 a R$150,00. “É tecnologia acessível a qualquer consumidor, depen-dendo do que procura e do tamanho do gasto que deseja ter”, comenta Cristiano.

Mariana Alencar é também praticante de nata-ção desde criança apenas como lazer, e alega que gosta das roupas da Adidas, inclusive o óculos e, que não tem do que a reclamar. Ela acredita que a numeração da marca cai muito bem no seu corpo e é muito con-fortável para nadar. “Tem atletas amadores que ficam anos procurando uma roupa adequada para o esporte. Então, acredito que tive muita sorte ao encontrar um tecido confortável num preço razoavelmente acessível ao meu salário”.

O diretor de marketing da Umbro, Marcelo Munhoz, informa que os atletas do Santos Futebol Clu-be usam as roupas fabricadas pela Umbro e, que a em-presa usa tecidos de fibras desenvolvidas no Japão, as chamadas Higra e Lumiace, que são muito mais efica-zes que o algodão. “Esses tecidos regulam a tempera-tura do corpo e permitem melhor evaporação do suor maximizando a performance do atleta”. Ele comenta ainda que o atleta do futsal, Falcão, é patrocinado pela Umbro e, tem ótimo rendimento nas quadras esporti-vas. “Em 2007, ele foi o artilheiro dos Jogos Pan-ame-ricanos vestindo os nossos tecidos”.

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Andres Rodriguez | Dreamstime

expectativa entre a torcida é grande para o começo da partida. Todos os jogadores estão perfilados em suas posições, aguardando o

chute inicial. Ouve-se o som do apito do juiz e a bola é lançada ao alto em diagonal. Percorre um trajeto na forma de uma parábola invertida, sobe depressa ao céu, e por alguns instantes, até parece flutuar.

Logo retoma uma descida veloz, e antes do to-que ao solo, Tico pega a bola firmemente entre seus braços. Corre para o ataque, após exatos cinco passos, recebe a interceptação do adversário que proposital-mente choca-se ombro a ombro. Com a força do impacto seu corpo chega a ficar suspenso no ar por

alguns instantes, e com rigidez, o oponente segura seu quadril com as duas mãos até caírem ao chão.

Tico levanta como se nada tivesse acontecido, o mesmo faz o jogador adversário, para que o jogo tenha continuidade. Elisa Boin é a única mulher em campo e curiosamente é chamada de Tico pelos amigos, os mesmo que incentivaram-na a participar do 1º Torneio de Rugby Touch de Campinas.

Por se tratar de um torneio amistoso as re-gras aceitam times mistos, de ambos os sexos. Mas mesmo em jogos oficiais há lugar para todos os tipos de jogadores, sejam eles altos ou baixos, magros ou gordos, homens ou mulheres.

Esporte pouco popular no Brasil, é visto como violento para alguns, mas para os especialistas e jogadores do rugby, existe muita disciplina. Quando perguntamos: “É violento?”; eles res-pondem: “Talvez, não menos quanto o futebol”.

rugby

atitude

para “cavalos” e cavalheiros

por JeIFFeRSON MORAeS

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