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revista técnica de engenharia da associação nacional dos engenheiros técnicos N.4 Janeiro 2007 PUBLICAÇÃO SEMESTRAL DISTRIBUIÇÃO GRATUITA ENERGIAS RENOVÁVEIS UMA NOVA CONCEPÇÃO DE UMA LICENCIATURA EM ENGENHARIA O ENSINO DA ENGENHARIA CIVIL NO SÉCULO XXI: OS DESAFIOS

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ENERGIASRENOVÁVEIS

UMA NOVA CONCEPÇÃODE UMA LICENCIATURA

EM ENGENHARIA

O ENSINO DA ENGENHARIACIVIL NO SÉCULO XXI:

OS DESAFIOS

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ÉTICA E DEONTOLOGIA

Manual de Formação

CARLOS CARAPETOFÁTIMA FONSECA

A

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Nos últimos anos (ou Nas últimas décadas???), tem vindo averificar-se uma efectiva consolidação da importância daengenharia em Portugal, com especial relevo para as espe-cialidades ditas “ tradicionais”, nas quais assume um espe-cial destaque a especialidade de engenharia civil, emgrande parte por efeito do esforço de investigação iniciadocom a criação do LNEC nos anos 40 do século passado, ebem assim da liderança dos engenheiros na concepção eexecução das mais importantes obras de engenharia civildesde então construídas em Portugal.

Quanto às especialidades mais recentes, como é o caso daelectrónica e da engenharia de sistemas, é de registar tam-bém a rapidez e forma consolidada como se têm imposto, oque é reflexo de uma elevada capacidade de resposta efi-caz aos constantes novos desafios com que a profissão deengenheiro se depara.

No que em particular diz respeito aos engenheiros técnicos,a respectiva importância económica e social teve o adequa-do reconhecimento com a criação pelo Decreto-Leinº 349/99, de 2 de Setembro, da associação de direito públi-co que os representa, a ANET - Associação Nacional dosEngenheiros Técnicos.

O ensino da engenharia defronta-se actualmente com anecessidade de dar resposta adequada às exigênciasdecorrentes do Processo de Bolonha, competindo, por outrolado, às associações representativas das classes profissionaisenvolvidas pugnar pelas soluções que melhor garantam aadequada inserção dos jovens engenheiros na vida activa.

A defesa e promoção da engenharia em Portugal e, conse-quentemente, o interesse nacional, exigem uma especialacção concertada das associações públicas representativasdas classes dos engenheiros, naturalmente que com atençãoe respeito pelas respectivas especificidades e campos deactuação.

A TODOS OS ENGENHEIROSTÉCNICOS, ENGENHEIROS EARQUITECTOS DE PORTUGAL

Augusto Ferreira GuedesPresidente da ANET

N.4 Março 2007 ANET | Revista Técnica de Engenharia editorial

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Por outro lado, compete aos poderes públicos assegurar umasã concorrência entre as diversas classes profissionais inter-venientes na área da engenharia, não introduzindo entreelas factores de tratamento discriminatório injustificado,nomeadamente quando determinado por motivações quenada têm a ver com critérios de natureza técnica ou deaptidão profissional para a prática de actos do foro daengenharia.

Fazendo uma retrospectiva do passado mais recente, consta-ta-se que estes importantes objectivos nem sempre têm sidoassumidos por parte de quem deveria pugnar com intran-sigência pela respectiva defesa.

Nesta matéria, assume especial gravidade o comportamentoda Ordem dos Engenheiros (OE), a qual numa atitude corpo-rativa ultrapassada, para além de jamais se ter conformadocom a criação da ANET, igualmente tem vindo a assumir umapostura de desconsideração da classe dos engenheiros téc-nicos, esquecendo deliberadamente que estes são engen-heiros de corpo inteiro, embora com um perfil diferente doperfil dos seus associados.

Como exemplos demonstrativos do que se afirma, cita-se aactuação da OE nos seguintes casos:

• Ofício circular às câmaras municipais em que define ashabilitações dos seus membros estagiários para a práticade actos de engenharia, mediante uma desajustada, abu-siva e redutora remissão para as habilitações dos enge-nheiros técnicos na matéria;

• Oposição à redenominação da ANET para ordem profis-sional, com o argumento retrógrado, classista e serôdio deque as ordens profissionais se destinam a representar ape-nas profissões para as quais seja exigido o grau de licen-ciatura;

• Rompimento do acordo com a ANET e a Ordem dos Arqui-tectos sobre a revisão do Decreto nº 73/73, de 28 deFevereiro, com o objectivo de manter o monopólio injustifi-cado dos seus membros na prática de determinados actosde engenharia;

• Oposição à participação dos engenheiros técnicos noFórum das Profissões Liberais, com o argumento oco deque não são licenciados;

• Não reconhecimento dos cursos ministrados por algunsestabelecimentos de ensino reconhecidos oficialmente,desta forma impedindo os jovens de acederem eexercerem a profissão dentro da legalidade;

• Defesa da formação de cinco anos como condição para aprática de todos os actos de engenharia, quando o

Processo de Bolonha só exige três, desta se forma impedin-do uma vastidão de profissionais à prática de determina-dos actos de engenharia, para a qual estão devidamentequalificados;

• Intenção da obtenção do monopólio da representação detodos os engenheiros, incluindo os do primeiro ciclo, nafase de Pós Bolonha;

• Falta da tomada de medidas de combate à engenhariailícita, quando é sabido que esta prática prolifera, sendoum factor de concorrência desleal com os verdadeirosprofissionais e que, como subterrânea que é, tampoucocumpre as suas obrigações perante o Estado, nomeada-mente no que se refere ao pagamento de impostos;

• Política de defesa da manutenção dos privilégios injustifi-cados dos engenheiros relativamente aos engenheiros téc-nicos;

• Inexistência de uma postura proactiva da melhoria daengenharia nacional.

Por seu lado, o legislador dos diversos diplomas legais queintegram o pacote legislativo do Novo Regime do Arrenda-mento Urbano (NRAU), ao contrário do que se esperava eimpunha, não teve na devida conta a existência da associ-ação profissional de direito público que é a ANET, e bemassim os engenheiros técnicos, antes tendo privilegiado injus-tificadamente a Ordem dos Engenheiros e a Ordem dosArquitectos, e respectivos membros.

Nesta matéria, assume especial gravidade o tratamento dis-criminatório e bloqueador do exercício da profissão pelosengenheiros técnicos no tocante à determinação do nível deconservação dos imóveis locados, dado que não foram admi-tidos ao exercício desta actividade nas mesmas condições deigualdade e de dignidade profissional que foram reconheci-das aos engenheiros e arquitectos, tudo com a originalidadede a estes últimos profissionais terem passado a ser reco-nhecidos conhecimentos e aptidões profissionais da área daengenharia, enquanto que aos engenheiros técnicos foidesprezada a sua efectiva qualificação profissional.

Sendo igualmente de registar e lamentar o silêncio contenteda Ordem dos Engenheiros e da Ordem dos Arquitectosquanto ao tratamento privilegiado que o legislador lhes con-cedeu, bem como aos respectivos membros.

No entendimento da ANET, é tempo de arrepiar caminho nacontinuação de comportamentos e na tomada de medidaslegislativas como os acima descritos, os quais para além deconstituírem um factor de perturbação do são relacionamen-to entre as classes dos engenheiros técnicos, engenheiros earquitectos, e igualmente entre as respectivas associaçõesprofissionais de direito público, acaba por não dignificar epor empobrecer a engenharia e a arquitectura nacionais.

Como sempre, a ANET está empenhada em continuar a tra-balhar contra estes males, e em fazer tudo o que estiver aoseu alcance para a defesa da dignidade e a promoção daEngenharia Nacional e dos seus actores, conforme o atestamos contributos que recentemente deu para a revisão doDecreto nº 73/73, de 28 de Fevereiro.

E com a esperança de que este não seja um esforço solitário.

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1º Prémio – Agricultura Biológica, Amor Telúrico (Idanha-A-Nova), de Maria Luísa Barreiros

(Concurso fotográfico - ANET)

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ÍNDICE

O ENSINO DA ENGENHARIACIVIL NO SÉCULO XXI:OS DESAFIOSpágina 15

UMA NOVA CONCEPÇÃODE UMA LICENCIATURA

EM ENGENHARIApágina 11

MODERNIZARA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICApágina 7

A TODOS OS ENGENHEIROSTÉCNICOS, ENGENHEIROS EARQUITECTOS DE PORTUGAL

página 1

índice ANET | revista técnica de engenharia n.4 Março 2007 www.anet.pt

FICHA TÉCNICAMarço de 2007

Propriedade

ANET - Associação Nacional

dos Engenheiro Técnicos

Prç. Dom João da Câmara, n.º19

1200-147 LISBOA

tel 213 256 327 / 213 256 328

fax 213 256 334

email [email protected]

Director

Augusto Ferreira Guedes

Director Adjunto

António Eduardo Lousada

Coordenador

Luisa Cruz

PublicidadeDossier, Comunicação e Imagem

tel 218 922 480 / fax 218 922 489

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Projecto Gráfico

Impressão e Acabamento

Dossier, Comunicação e Imagem

www.dossier.com.pt

Tiragem

18.000 exemplares

Os artigos assinados apenas veiculam

as posições dos seus autores.

Distribuição Gratuita aos Membros da ANET

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www.anet.pt n.4 Março 2007 ANET | revista técnica de engenharia índice

ENERGIAS RENOVÁVEISpágina 19

FALEMOS UM POUCODE TEATROpágina 39

CONCURSO DE FOTOGRAFIApágina 42

PILHA DE COMBUSTÍVEL INOVAÇÃO

E DESENVOLVIMENTONA GERAÇÃO DE ENERGIA

PARA A PROPULSÃODOS NOVOS SUBMARINOS

DA MARINHA DE GUERRAPORTUGUESA

página 29

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2º Prémio – Moinho XXI (Serra do Caramulo), de Ricardo José Dias(Concurso fotográfico - ANET)

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TRANSFORMAR A BUROCRACIA

Embora as razões tenham variado de país para país, oprocesso de mudança na administração pública é um fenó-meno comum à generalidade das democracias ocidentaismodernas. Em alguns países, este movimento foi designadopor “reinvenção do governo”, noutros por “nova gestão públi-ca”, noutros ainda por “modernização ou reforma do Estado”.Estas mudanças tiveram uma origem comum: o cenário glob-alizado que emergiu nas últimas décadas, impulsionado pelamundialização da economia e pelo desenvolvimento dasnovas tecnologias da informação e da comunicação. Estecenário pôs em causa a adequação do modelo burocráticode organização, ainda predominante nas administraçõespúblicas, uma organização piramidal, com uma rígida cadeiade comando, com funções despersonalizadas, regida porregras e procedimentos formais e com agentes funcional-mente especializados. Efectivamente, o novo contexto em queas organizações públicas se movem tem vindo a exigir trans-formações profundas neste status quo administrativo. Asgrandes tendências são:

• Administração Produtiva: Para aumentar a produtividade,desenvolveram-se formas de flexibilidade gestionária,foram repensadas as formas de planeamento orçamental ede actividades, foi reequacionado o controlo, nomeada-mente financeiro e desenvolvidas novas formas deaccountability.

• Administração Leve: Emagrecer as estruturas, criar organi-zações autónomas e externalizar serviços para privados éfundamental para melhorar a capacidade de resposta. Masas alterações estruturais devem ser ponderadas, para nãoterem custos de continuidade, perda de memória institu-cional e dificuldades de coordenação.

• Administração de Qualidade: Foram adoptadas medidasque procuram melhorar a prestação de serviços, como ascartas da qualidade e as one-stop shops, locais onde outente pode realizar todas as suas transacções com o gov-

Fátima Fonseca

Quadro superior da administraçãopública, formadora, mestre em Adminis-

tração e Políticas Públicas pelo ISCTE.

MODERNIZARA ADMINIS-

TRAÇÃO PÚBLICA

N.4 Março 2007 ANET | Revista Técnica de Engenharia opinião

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erno. Também a qualidade da legis-lação pode ser melhorada, tornando-a mais simples para que não consti-tua um travão à economia.

• Administração Profissional: A con-strução de uma força de trabalho efi-caz é determinante para a qualidadedos serviços públicos. Isso implica areforma de legislação laboral, sis-temas de remuneração ligados aodesempenho, o recrutamento de pes-soas qualificadas e um equilíbrioentre um sistema de mérito e adirecção política da administração.

• Administração Digital: Muitas dasinovações importantes no sectorpúblico têm no seu centro as tec-nologias de informação e comuni-cação. O e-government é o grandeobjectivo, visando, em última análise,a realização de transacções online.O que representa enormes oportu-nidades para redução de custos, ino-vação, aumento da transparência eparticipação dos cidadãos.

• Administração Receptiva: Para acol-her a sociedade civil, a adminis-tração torna-se aberta e transpar-ente, através de políticas de infor-mação e consulta aos cidadãos. Mastambém envolvendo-os em muitossectores da governação, com parce-rias para melhorar os resultados ecriar confiança nas instituições públi-cas.

ADOPTAR UMA GESTÃO PÚBLICAMODERNA

Para se adaptar às transformações pro-fundas que têm ocorrido na sociedadeglobal, mais do que investir em tecnolo-gia ou em reconstruções organiza-cionais, é necessário investir nas pes-soas, mudar o sistema de valores etransformar o modelo de liderançaainda predominante nas organizaçõespúblicas. Existe um consenso alargadorelativamente aos aspectos quetraduzem a boa gestão de uma organi-zação pública moderna. Bastará veri-ficar que uma das reformas mais popu-lares na Europa continental tem sido ada gestão da qualidade, que procuramelhorar o desempenho da organiza-ção envolvendo os trabalhadores e osclientes nas suas decisões, ambos osgrupos largamente subestimados pelagestão burocrática tradicional. É, assim,fácil identificar um conjunto de princí-pios ou linhas orientadoras comuns apartir dos principais modelos de quali-dade que têm vindo a ser aplicadospelas administrações públicas umpouco por toda a Europa: o modelo daEuropean Foundation for QualityManagement (EFQM) e, mais recente-mente, o modelo Common AssessmentFramework (CAF), uma ferramenta deauto-avaliação da qualidade desen-volvida ao nível da União Europeiaespecificamente para a administraçãopública. Esta última ferramenta, cujadivulgação os governos dos EstadosMembros da União Europeia se com-prometeram a assegurar, destina-se aajudar as respectivas administraçõespúblicas a compreender e utilizar astécnicas básicas de gestão da quali-dade.

Inspirados nos critérios destes modelospodemos afirmar que as grandes linhas

de intervenção prioritárias ou caminhosque indicam “como fazer” paraalcançar os resultados que se consider-am desejáveis numa organizaçãopública moderna, são basicamente seis:

1) L iderança adequada. Os dirigentesdas organizações públicas devem serverdadeiros líderes e não apenasgestores. Ou seja, devem ter a capaci-dade de articular e divulgar uma mis-são, uma visão e o quadro valores quenorteiam a actividade da sua organiza-ção; devem dar o exemplo, adoptandoos comportamentos adequados, apoiaras pessoas e gerir as relações comtodas as partes interessadas (stakehold-ers).

2) Pensamento estratégico. Os diri-gentes devem promover a implemen-tação de uma missão e de uma visãoatravés de uma estratégia clara e ori-entada para as diversas partes interes-sadas, apoiada por planos, objectivos,metas e processos apropriados, basea-dos na recolha constante de infor-mações e permanentemente monitor-izados.

3) Desenvolv imento das pessoas. Aorganização deve conseguir desen-volver e libertar o conhecimento e todoo potencial dos seus recursos humanos,colocando-o ao serviço da estratégia.Deve, ainda, adoptar os mecanismosadequados para optimizar o potencialdas pessoas que nela trabalham,através do desenvolvimento das suascompetências e do empowerment.

4) Parcerias. A organização deve gerirde forma eficaz os seus recursos inter-nos (materiais, financeiros, tecnológicose de conhecimento) e fazer uma apos-ta nas parcerias, de modo a apoiar asua estratégia e o respectivo planea-mento e a assegurar uma exploraçãoeficaz dos seus processos.

5) Gestão do conhecimento. A orga-nização deve desenvolver um conjuntode práticas destinadas a criar, a orga-nizar e a explorar o conhecimento paramelhorar o desempenho organizacionale assegurar a continuidade do capitalhumano perante a mobilidade e asaída de funcionários.

6) Em penho perm anente namudança. A organização deve gerir,melhorar e desenvolver os seus proces-sos, de forma a apoiar e a renovar asua estratégia e planeamento, a criarvalor acrescentado e a satisfazer oscidadãos-clientes e as restantes partesinteressadas, o que passa por umadeliberada e permanente gestão“sociotécnica” da mudança.8 9

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MUDAR MENTALIDADES

Num mundo globalizado, os países quepretendam ter uma posição concorren-cial têm de fomentar a inovação, ouseja, a introdução de novas ideias,métodos, processos, estruturas ouinstrumentos de acção, incluindo nassuas administrações públicas. A análisedos principais aspectos que constituema boa gestão das organizações públi-cas coloca em evidência que, na erado conhecimento, o capital humano é oprincipal recurso estratégico das orga-nizações. Nesta perspectiva, as pessoassão a principal riqueza da adminis-tração pública e, para se modernizar eprestar serviços de qualidade, estadeverá capitalizar todo o seu potencial.

Em Portugal, os últimos anos foramférteis em iniciativas de modernização.Os resultados modestos de muitas delasconfirmam que o grande desafio queenfrentamos é conseguir uma transfor-mação cultural: da forma como oscidadãos, os eleitos, os dirigentes e osfuncionários públicos concebem arespectiva missão na governação deum Estado no século XXI. Esta transfor-mação significa, nomeadamente, odesenvolvimento de uma ética deresponsabilidade por todos os que nelatrabalham. Numa época em que cadavez é mais ténue a fronteira entre opúblico e o privado, a todos é exigidaa participação na concretização dointeresse público. A todos é exigidoque exerçam os seus conhecimentos ecapacidades para promover o aumentodo bem-estar e da qualidade de vidadas pessoas. Esta ética da responsabil-idade, associada à autonomia individ-ual, à flexibilidade, à inovação, aosambientes organizacionais menoshierárquicos, ao desenvolvimento e

realização pessoal, implica uma profun-

da mudança de mentalidades e de par-

adigmas comportamentais. Já não se

pretende que as pessoas conheçam e

cumpram um conjunto estabelecido de

deveres profissionais apenas para evi-

tar processos disciplinares. Exige-se um

empenho individual na procura da

excelência, entendida como o encon-

trar da melhor solução possível para as

necessidades a satisfazer. Este é o ver-

dadeiro motor da inovação e o princi-

pal desafio de todas as organizações -

públicas e privadas – no mundo de

hoje.

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3º Prémio – Sal Artesanal (Ria de Aveiro), de Manuel António Cruz(Concurso fotográfico - ANET)

3º Prémio – Sal Artesanal (Ria de Aveiro), de Manuel António Cruz(Concurso fotográfico - ANET)

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sub-temas tem por objectivo organizar as actividades dosalunos por patamares, desde uma preparação técnica de base,passando por uma especialização técnica, e terminando nacapacidade de projectar.

A grande inovação desta proposta reside na sua flexibilidadeformativa pela possibilidade de, dentro da estrutura da licen-ciatura, poderem ser atribuídos certificados/diplomas, que nãosó o diploma final de licenciatura.

Esta organização facilitará a entrada de alunos de outrosníveis de ensino ou oriundos do mercado de trabalho paraqualquer nível do Curso, de acordo com as suas competên-cias, possibilitando a formação especializada e a formaçãorecorrente de técnicos das empresas sem ser necessária a cri-ação de formações específicas para o efeito.

Qualquer acção de formação, para ser rentável a quem aoferece, necessita de um número mínimo de participantes.Com esta proposta, não haverá necessidade de afectar recur-sos humanos e materiais extras, havendo também menosencargos na publicitação da oferta formativa, porque esta estácontinuamente disponibilizada. Pensamos que este modelo seajusta ao tipo de empresas do distrito – micro e pequenasempresas – que eventualmente tenham necessidade de formarum ou outro dos seus funcionários. A experiência revela-nosque, embora disponibilizemos várias acções de formação noâmbito das diversas competências da instituição, muitasacabam por não se realizarem por não se ter atingido onúmero mínimo de candidatos para a viabilizar do ponto devista financeiro.

Estes alunos externos poderão frequentar, quer só as unidadescurriculares que lhes interessam, quer um ou os dois semestreslectivos. Nesta última situação, prevemos a possibilidade deconferir diplomas técnicos nos diferentes níveis da licenciatu-ra semelhantes aos dos Cursos de Especialização Tecnológica(CETs). Esta formação funcionaria como se fosse um CET inte-grado na licenciatura

Manuela Vaz Velho e Manuel Rui Alves

Professores Coordenadores

Escola Superior de Tecnologia e GestãoInstituto Politécnico de Viana do Castelo

1. ENQUADRAMENTO

A licenciatura em Engenharia Alimentar, quede seguida se apresenta, é uma proposta deadequação segundo as alterações introduzi-das pela Lei de Bases do Sistema Educativo(Lei nº 49/2005) e pelo Decreto-Lei 74/2006que procedeu à regulamentação dessasalterações relativas ao novo modelo de orga-nização do ensino superior no que respeitaaos ciclos de estudos.

Esta proposta assegura a flexibilidade dosplanos de estudo baseada na acumulaçãoprogressiva de créditos (ECTS) por área cien-tífica, correspondentes a qualificações eníveis de formação diferenciados, oferecendocaminhos flexíveis de aprendizagem e pro-movendo a formação ao longo da vida, quevão para além, cremos, do previsto na legis-lação para a adequação/criação das licen-ciaturas no âmbito do processo de Bolonha.

O curso proposto está organizado em temas esub-temas (Tabela I). Cada tema corresponde aum ano lectivo e cada sub-tema correspondea um semestre. Esta estruturação por temas e

UMA NOVACONCEPÇÃO

DE UMA LICEN-CIATURA EM

ENGENHARIA

N.4 Março 2007 ANET | Revista Técnica de Engenharia licenciatura

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Esta proposta teve ainda em conside-ração que nos cursos de engenharia ataxa de insucesso, que potencia o aban-dono escolar, é muito elevada. Dados doObservatório da Ciência e Ensino Supe-rior (2003) revelam que 40,6% dosalunos não terminam os seus estudos noperíodo do respectivo ciclo formativo eque nos cursos de Engenharia sobretu-do devido às Matemáticas, o insucessoé bastante superior à média nacional.Para os alunos da formação inicial quepretendam desistir, desanimados com asreprovações nas ciências básicas nosprimeiros anos, ou para aqueles que nãoconseguiram terminar os seus cursos noperíodo previsto pelo futuro regime deprescrições, este modelo permitir-lhes-ásaírem da licenciatura, qualificados comcertificados ou diplomas de técnico, con-soante as unidades curriculares erespectivos ECTS em que tenham sidoaprovados.

2. ESTRUTURA CURRICULAR DAPROPOSTA DE LICENCIATURA EMENGENHARIA ALIMENTAR

A estrutura curricular proposta (Tabela I)evidencia o carácter profissionalizantedesta licenciatura em todos os níveis/anos curriculares propostos.

Nas Tabelas II, III e IV, são apresentadosos objectivos de aprendizagem, asunidades curriculares e as competên-cias específicas relativas a cada áreatemática e respectivos sub-temas. Sãotambém apresentados os certificados/diplomas respectivos.

Com esta organização, que englobadiferentes áreas científicas logicamenteintegradas, pretende-se que o alunoadquira sinergias importantes que resul-tem num ganho substancial de desen-voltura, tanto nos aspectos técnicos ecientíficos, como nas competênciastransversais necessárias em qualqueractividade profissional.

3. DISTRIBUIÇÃO DOS ECTSPELAS ÁREAS CIENTÍFICAS

A legislação que regula a organizaçãodos currículos resultantes da implemen-tação do Processo de Bolonha determi-na que esta organização tenha como

base o número de horas de trabalho

dos estudantes (HT), medidas através de

créditos (ECTS).

O número de créditos de cada unidade

curricular foi baseado nos seguintes

princípios orientadores:12 13

TABELA I - Organização do Curso em temas e sub-temas, de acordocom os anos e semestres lectivos.

Tema 1: Preparação científi-ca e técnica de base

Sub-tema 1.1: nivelação de conhecimentos

Sub-tema 1.2: formação laboratorial

Tema 2: Preparação científi-ca e técnica de base

Sub-tema 2.1: processamento e condução de equipamentos

Sub-tema 2.2: análise da qualidade dos alimentos

Tema 3: Preparação científi-ca e técnica de base

Sub-tema 3.1: projecto do produto e da planta

Sub-tema 3.2: gestão da qualidade na empresa alimentar

TABELA II - Objectivos e competências específicas relativas à áreatemática e sub-temas do 1º ano lectivo.

Tema 1 - Preparação científica e técnica de base

Ano

sem

est

re

Sub-tema 1.1 - Nivelação de conhecimentosObjectivos: Nivelar, desenvolver e aprofundar os conhecimentos dos alunos no

âmbito das ciências de base.

Unidades curriculares Competências

Análise matemática

Álgebra e geometria analítica

Física

Química

Biologia e microbiologia geral

• Conhece os tópicos fundamentais das ciênciasbásicas com aplicação à engenharia.

• Conhece os tecidos animais e vegetais vivose as alterações pós-abate e pós-colheita.

• Conhece o mundo microbiano e os factoresambientais que influem no crescimento dosmicroorganismos.

• Conhece as normas de conduta em laboratórioe sabe manusear reagentes e equipamentos;

• Sabe executar e reportar os resultados deexperiências simples.

Sub-tema 1.2 - Formação laboratorialObjectivos: Garantir uma sólida formação laboratorial nas áreas das ciências

aplicadas e das engenharias.(possível atr ibuição de diploma de Técnico de Laboratório)

sem

est

re

Unidades curriculares Competências

Laboratórios de química e debioquímica

Laboratórios de microbiologiaalimentar

Laboratórios de análise físicae sensorial

Condução e manutenção deequipamentos

Formação complementar I

• Conhece os principais componentes dos ali-mentos;

• Descreve as principais vias de síntese emetabolismo dos compostos alimentares;

• Utiliza técnicas de laboratório para identifi-cação e quantificação dos principais microor-ganismos patogénicos e dos responsáveispela degradação de alimentos;

• Conhece as técnicas de formação de painéisde provadores e conduz testes simples deanálise discriminativa;

• Conhece equipamentos de armazenamento etransporte de produtos em laboratório e planta--piloto

• Percepciona e sabe fixar objectivos de grupo;• Sabe desenvolver trabalho multi/interdisciplinar;• Conhece e aplica diferentes estilos de comu-

nicação;• Usa adequadamente técnicas de linguagem

oral e escrita na língua nativa;• Sabe comunicar oralmente e por escrito em

inglês;• Conhece e manipula as ferramentas TIC, apli-

cando-as em trabalhos no âmbito do projectode ensino;

• Tem noções básicas de higiene e segurançae sabe aplicá-las em contexto laboratorial eem planta-piloto.

• Possui códigos de ética ambiental.

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• 40 semanas de trabalho lectivo;

• 40 horas de trabalho semanal para osalunos, num total de 1600 horas, sendo20 horas de contacto com os docentes(aulas teóricas, teorico-práticas, ensinoprático e laboratorial, seminário) e 20horas de trabalho autónomo;

• 1 Unidade de Crédito (ECTS) ~ 27horas de trabalho.

• Funcionamento semestral das unidadescurriculares à semelhança da gene-ralidade dos cursos de Engenharia oude Ciência Alimentar das Escolas doEnsino Superior Europeias.

Em 1997, ainda no âmbito do antigobacharelato em Engenharia Alimentar,foi realizado um trabalho de pesquisade opiniões sobre a actividadepedagógica e sobre o trabalho solicita-do aos alunos, envolvendo todos osdocentes e todos os alunos do curso. Nasequência desse trabalho, efectuou-seuma atribuição de créditos às disciplinas

do Curso. No entanto, verificou-se que otrabalho dispendido pelos alunos eramuito díspar, em função das diferentesdisciplinas, o que também não era inde-pendente dos regimes de avaliação nelaspraticados. Esta é uma das questões quese espera ver resolvida com a alteraçãodo paradigma ensino/aprendizagem aque agora se pretende proceder.

Em 2006, e no âmbito da preparação doCurso para a sua adequação aos requi-sitos decorrentes da Declaração deBolonha, os inquéritos foram repetidos,desta feita no âmbito do Curso deLicenciatura bietápica existente. Estesinquéritos permitiram concluir que asformas de leccionar, o tipo de trabalhosefectuados autonomamente pelos alunose o tipo de avaliação efectuada mantêmainda algumas disparidades em relaçãoao que seria desejável, quando se com-param as diferentes disciplinas.

No entanto, e tal como já se tinha veri-

ficado em 1997, os inquéritos mostramque as opiniões dos docentes e alunosestão em sintonia, quando se consideramas opiniões médias dos alunos em com-paração com as opiniões dos docentespor unidade curricular. Esta sintonia fazcom que seja possível, neste momento,arquitectar uma distribuição de créditose construir todos os conteúdos dasunidades curriculares de forma harmóni-ca, tendo em atenção o trabalho que ésolicitado ao aluno.

Porém, estes inquéritos realizados em1997 e 2006 não reflectem o novomodelo de organização do trabalhoescolar aqui proposto no âmbito daDeclaração de Bolonha, nem tal seria,evidentemente, possível. Assim, logoque o modelo proposto entre em fun-cionamento, está prevista a monitoriza-ção do trabalho estimado dos alunos eda sua adequação ao plano de estu-dos, para se poderem promover atem-padamente todas as correcções queentretanto se afigurem pertinentes.

A distribuição de créditos pelas dife-rentes áreas curriculares determina,necessariamente, um tipo de perfil decompetências. A Engenharia Alimentarda ESTG/IPVC faz parte desde 2002, deum grupo europeu, o ISEKI (Integratingsafety and environmental knowledge infood towards European sustainableevelopment), constituído por 113 par-ceiros (74 Instituições de ensino supe-rior, 37 empresas e unidades de I&D, 2federações europeias de estudantes),93 da EU e 20 de países fora da EU. Oobjectivo geral deste projecto é con-tribuir para a harmonização do ensinosuperior europeu da área Alimentar.

O ISEKI definiu o número mínimo decréditos para qualquer Curso de 1º Ciclona área Alimentar. Essa definição constade uma definição de 110 ECTS obri-gatórios, tal como se mostra na Tabela V.

Das recomendações desse grupo de tra-balho resulta o seguinte:

• As diferentes licenciaturas na área ali-mentar configuradas no âmbito daDeclaração de Bolonha, devem conterum número mínimo de 110 ECTScomuns, o que as permitirá definircomo de Ciência ou Engenharia Ali-mentar;

• As licenciaturas dispõem de 70 ECTS,que deverão ser alocados a diferentesáreas científicas, de forma a conferir--lhes uma adequação aos seus objec-tivos mais específicos.

A distribuição destes 70 ECTS, nestaproposta, teve em atenção os seguintespontos:

• O Curso de Engenharia Alimentar

TABELA III - Objectivos e competências específicas relativas à áreatemática e sub-temas do 2º ano lectivo

Tema 2 - Processamento e análise da qualidade dos alimentos

Ano

sem

est

re

Sub-tema 2.1 - Processamento e condução de equipamentosObjectivos: Garantir o domínio dos processos de fabrico alimentares desde a

sua formulação até à condução dos equipamentos.

Unidades curriculares Competências

Tecnologias dos lacticínios I

Tecnologias dos vinhos e out-ras bebidas alcoólicas I

Tecnologias da transformaçãode Carnes e Pescado I

Tecnologias de fabrico de pré-cozinhados e minimamenteprocessados I

Outras tecnologias de transfor-mação de alimentos I

Métodos numéricos e estatísti-ca

• Possui o adequado conhecimento dos fenó-menos químicos, físicos, biológicos e sensori-ais associados aos alimentos;

• Conhece os fenómenos de transferência eoperações unitárias associados aos diferentesprocessos de fabrico de alimentos quer em ter-mos conceptuais, quer em prática laboratorial;

• Conhece as instalações e equipamentos daindústria alimentar e compreende o seu fun-cionamento e controlo;

• Conhece os princípios e as técnicas de con-servação e de transformação de alimentos eos efeitos dos parâmetros do processo naqualidade do produto;

• É capaz de realizar balanços de massa e deenergia para um dado processo;

• Conhece as propriedades dos materiais deembalagem de alimentos e sabe seleccioná-los de acordo com o tipo de alimento;

• Conhece os métodos estatísticos de suporteao controlo da qualidade dos alimentos

Sub-tema 2.2 - Análise da qualidade dos alimentosObjectivos: Garantir um sólido conhecimento da composição dos alimentos.(possível atr ibuição de diploma de técnico em Tecnologia Alimentar )

sem

est

re

Unidades curriculares Competências

Tecnologias dos lacticínios II

Tecnologia dos vinhos e outrasbebidas alcoólicas II

Tecnologias da transformaçãode carnes e pescado II

Tecnologia da produção depré-cozinhados e minimamenteprocessados II

Outras tecnologias de transfor-mação de alimentos II

• Conhece e compreende os princípios que tor-nam um produto alimentar seguro para o con-sumidor;

• Conhece os aspectos nutricionais, toxicológi-cos e alergénicos de alimentos e aditivos;

• Examina e controla matérias-primas e produtossegundo os parâmetros definidos pelas nor-mas e legislação, seleccionando e aplicandoas técnicas laboratoriais específicas para aanálise de cada produto nas vertentes micro-biológica, química, física e sensorial;

• Escolhe e aplica as ferramentas estatísticas docontrolo da qualidade de produtos e deprocessos.

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necessita de alocar uma parte dos 70ETCS à área das Ciências de Enge-nharia Alimentar e à área das Ciên-cias Aplicadas à Tecnologia Alimentar,

de forma a garantir a aquisição decompetências técnicas nos processosde fabrico de alimentos;

• De acordo com os dados existentesrelativamente à empregabilidade dosactuais bacharéis e licenciados, diplo-mados pela ESTG/IPVC, para além dasáreas tecnológicas e laboratoriais, o

emprego tem aumentado substancia-lmente nas áreas do controlo da qua-lidade integrado na gestão dasempresas, e no âmbito de modelos desegurança alimentar. Por esta razão, aalocação de um número significativode créditos na área da Qualidade eSegurança na Engenharia Alimentarfoi também realizada.

As unidades curriculares, designadas porFormação Complementar I e II, com-preendem um conjunto de 12 módulos,correspondentes a 12 ECTS, cujas com-petências estão descritas na proposta.Os alunos escolhem 12 dos 18 módulos,previamente identificados pelos respon-sáveis pela elaboração da propostacomo relevantes para um licenciado emengenharia.

Na Tabela V é visível que a distribuiçãode ECTS da proposta respeita não só oscritérios mínimos definidos pelo ISEKI,mas também respeita os critériosdefinidos pela ANET/FEANI.

O perfil de licenciatura aqui propostopermite a aquisição das competênciasgerais e adicionais que suportam odesempenho dos actos de engenhariado recém-criado colégio de Eng. Alimen-tar da ANET.

4. COMENTÁRIOS FINAIS

Cremos que este formato flexível de licen-ciatura, possibilitando a atribuição decertificados/diplomas nos vários níveis docurso, pode ser facilmente adoptado nosdiversos cursos de Engenharia.

De igual modo ao que propomos para oslicenciados, pretendemos facilitar a inte-gração profissional destes técnicos, nãolicenciados, disponibilizando-lhes umestágio em empresa, que será supervi-sionado em conjunto pela instituição for-madora e pela instituição acolhedora.

Faria, no entanto, todo o sentido quefosse possibilitada a acreditação decompetências profissionais destes técni-cos através, quiçá, de um protocolo coma própria ANET, tal qual como propomospara o estágio extracurricular da licen-ciatura.

14 15

TABELA IV - Objectivos e competências específicas relativas à áreatemática e sub-temas do 3º ano lectivo.

Tema 3 - Projecto e gestão do produto e da empresa

Ano

sem

est

re

Sub-tema 3.1 - Projecto do produto e da plantaObjectivos: Garantir o desenvolvimento de capacidade de aplicar os conhecimentosem áreas de análise e concepção em produtos e linhas de processamento alimentar

Unidades curriculares Competências

Projecto do produto alimentar

Projecto da linha de processa-mento

Tecnologia e gestão deequipamentos

Higiene e Segurança Alimentar

Projecto industrial I

• Concebe, desenvolve, optimiza e produz deforma controlada produtos alimentares alta-mente competitivos, garantindo a qualidadedos produtos alimentares segundo a normativaem vigor;

• Preocupa-se em adaptar os produtos alimenta-res à luz dos novos conhecimentos prove-nientes das áreas da medicina e da nutrição;

• Aplica e interpreta métodos estatísticos deanálise sensorial para avaliação da qualidadee preferência dos consumidores;

• É capaz de realizar o dimensionamento deequipamentos simples e de integrar a utiliza-ção de vários equipamentos num processoalimentar.

• Sabe elaborar manuais de boas práticas dehigiene e de fabrico;

• Sabe identificar os pontos críticos de controlodo processo e definir as medidas preventivase correctivas.

Sub-tema 3.2 - Gestão da qualidade na empresa alimentarObjectivos: Garantir a capacidade de integrar conhecimentos complementares

nas áreas de gestão, ambiente e comercialização no sector alimentar. (possível atr ibuição de diploma de técnico em Qualidade Alimentar )

sem

est

re

Unidades curriculares Competências

Legislação e certificação deempresas/produtos alimentares

Engenharia ambiental

Comercialização e distribuiçãode produtos alimentares

Projecto industrial II

Indústria Alimentar e Inovação

Formação complementar II

• Conhece e avalia a conformidade das insta-lações e processos com códigos de boa práti-ca e modelos de aplicação obrigatória nagestão da qualidade de empresas alimentares.

• Elabora projecto de criação e organizaçãoda empresa alimentar;

• Sabe organizar e gerir recursos técnicos,financeiros e humanos;

• Integra os conhecimentos de engenharia egestão ambiental no projecto da empresa.

• Formula estratégias de marketing e sabeelaborar um plano de marketing;

• Conhece os circuitos de distribuição e logís-tica dos produtos alimentares;

• Sabe inovar e adaptar-se a novas situações;• Sabe procurar e actualizar conhecimentos;• Age com iniciativa e sabe identificar oportu-

nidades;

TABELA V - Distribuição dos ECTS pelas áreas científicas.

Áreas científicas ISEKI ANET – FEANI Proposta

Ciências Básicas 50 30 – 54 50

Ciências da Engenharia 896 – 144

44

Ciências da especialidade/aplicadas

42 70

Ciências Complementares 5 12 – 24 16

Aptidões pessoais 5 – Estágio extracurricular

ECTS 110 180 180

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A ABET (Accreditation Board for Engineering and Technology)dos EUA define “Engenharia como a profissão pela qual o co-nhecimento da Matemática e das Ciências Naturais, obtido peloestudo, experimentação e prática, é aplicado criteriosamentepara desenvolver as formas de utilizar economicamente osmateriais e forças da Natureza em benefício da Humanidade”

Fazer Engenharia é muito mais que a aplicação justaposta deum conjunto de matérias, ainda que de forma articulada ecoerente: reflecte uma atitude, representa uma forma de estarna profissão e até na Vida.

Com uma importância tão grande, e tão relevantes serviços àhumanidade, poderíamos dizer que não existem desafios auma profissão tão antiga. Mas hoje, de facto, está-se defrontede uma verdadeira crise de identidade. Com efeito, a enge-nharia civil em particular, está sob forte pressão decorrente dasprofundas alterações que o mundo vem experimentando nosúltimos anos, em especial devido à globalização, à universa-lização da comunicação e das novas tecnologias. De facto,novos desafios se colocam hoje ao engenheiro civil, dado quetem de lidar com um conjunto de actores muito diversificado,em que se inclui os “media”, tem que lidar com complexasquestões ambientais, com desafios de competitividade, comalterações no ambiente de trabalho e de crescente mobilidade,que exigem cada vez mais preparação académica e profissio-nal aos engenheiros.

Basta recuar no tempo muito pouco, quando apenas umengenheiro era capaz de assegurar um vasto conjunto de tare-fas. Hoje, a complexidade dos projectos, os novos intervenientese a competitividade, levam à necessidade de diversos enge-nheiros para desempenhar tarefas como a gestão orçamental,a gestão ambiental e a qualidade, a gestão comercial, adirecção técnica, os recursos humanos, etc.

Mas, não são apenas os engenheiros que são chamados aexercer estas novas tarefas, porque as mudanças têm sido detal monta que apareceram outros profissionais a executar o queoutrora era domínio dos engenheiros, como: o desenho de pro-jecto, hoje desenvolvido através de programas de CAD pordesenhadores projectistas. Os levantamentos topográficos rea-lizados por sofisticados equipamentos computorizados ligadosa centros de cálculo/projecto por via Internet, que passou a ser

Mário A. T. Russo

Professor Coordenador

Director do Curso de Engenharia Civil edo Ambiente da Escola Superior de Tec-

nologia e Gestão de Viana do Castelo

Engº Civil, Mestre em Hidráulica e Doutorem Eng. Civil

OS DESAFIOS

A Engenharia Civil é uma das mais velhasprofissões da história da humanidade, com tra-balhos relevantes desde a antiga Roma,responsável pela construção de obras hidráuli-cas e sanitárias que funcionam até hoje.Estradas, pontes, aquedutos, castelos, mosteiros,catedrais que são motivo de admiração e degrande visitação turística foram igualmenteconstruídos por engenheiros civis desde ostempos mais imemoriais. No Antigo Egipto, osresponsáveis pelas obras do período áureo dasua civilização foram engenheiros civis. Tam-bém foram famosos os engenheiros civis gre-gos, de que Arquimedes é expoente emhidráulica.

Em França, a mais velha escola de engenhariacivil, “L´École des Ponts et Chaussés” vem dolongínquo ano de 1747 por decisão de Luis XV.Mais recentemente, durante o século 19, osengenheiros civis tiveram um papel primordialna implantação de sistemas de saneamentobásico, de vias de comunicação rodoviária eferroviária no mundo inteiro.

O ENSINO DAENGENHARIA CIVIL

NO SÉCULO XXI:OS DESAFIOS

N.4 Março 2007 ANET | Revista Técnica de Engenharia ensino

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desenvolvido por técnicos especializa-dos. Os softwares de engenharia querequerem muito menos engenheiros queno passado, entre outros. Ora, numamudança do ambiente de trabalho comoa que se vive, novos desafios se colocamaos engenheiros e, sobretudo ao ensinoda engenharia para combater as lacu-nas já detectadas.

Com efeito, é comuns os empregadoresidentificarem as principais dificuldadesdos novos engenheiros:

• Pobres em Capacidades de comuni-cação;

• Não habilitados para gerir projectoscom qualidade e complexidade;

• Poucos conhecimentos do processo deconcepção;

• Fracos em gerir as expectativas dosclientes;

• Inabilidade para compreender contex-tos globais;

• Fraca visibilidade na sociedade/comu-nidade (ocupada por advogados,economistas,...médicos);

• Pouca sensibilidade para o negócio/gestão.

É certo que estas deficiências são facil-mente colmatadas através de treinamen-to e formação ao longo da vida, mashoje são aspectos que não podemdeixar de fazer parte dos curricula doscursos de engenharia, as denominadascompetências transversais que podemintroduzir questões críticas antes nãoconsideradas de engenharia, mas hojefazendo parte do nosso mundo de tra-balho, como sendo: a ética, a deontolo-gia, a diversidade cultural, o marketing, aqualidade, gestão ambiental, RH, con-tabilidade e fiscalidade, responsabili-dade social, proficiência oral e escrita,relações com clientes, etc.

Assiste-se, cada vez mais, outros profis--sionais a gerir engenheiros, o que eraquase impensável há algumas décadasatrás. É neste quadro de preocupaçõesque se vêm debruçando diversas institui-ções de ensino e associações profissio-nais de engenharia em todo o mundocom vista à adequação do ensino aosdesafios colocados aos engenheiros nummundo cada vez mais imprevisível e empermanente mudança.

COMPETÊNCIAS DO MODERNOENGENHEIRO CIVIL

O Engenheiro distingue-se do Operárioe do Técnico pela atitude. Ao Operárioexige-se-lhe que execute ou resolvadefeitos de execução actuando no con-trolo dos parâmetros que lhe são permi-tidos influenciar. O Técnico resolve osproblemas acidentais que podem passarpela afinação do equipamento de pro-dução. Enquanto cabe ao Engenheiropreocupar-se com os problemas crónicos,de detecção mais difícil e de re-soluçãomais complexa, optimizando os recursosdisponíveis à custa de ideias e soluçõesinovadoras. Se está ao alcance doOperário acompanhar a execução, oTécnico domina o processo e discute aexecução, o ENGENHEIRO domina ofenómeno, discute o processo, orienta eoptimiza a execução. (Barros, 2002).

Da era empírica, o engenheiro passou aconfrontar-se com a utilização das maisavançadas tecnologias em materiais, emciência, em modelação e em processa-mento. O engenheiro civil, para além dacapacidade para a investigação, devealiar a capacidade de inovação e agre-gar competências para a gestão de pro-jectos, para as finanças, para a comuni-cação oral e escrita, dominar novas tec-nologias e as grandes questões ambien-tais que preocupam os nossos dias, comoa poluição das águas, do solo e do ar,decorrentes das descargas para o ambi-ente, projectando sistemas para o seucombate. O conceito de desenvolvimentosustentável levanta novos desafios queexigem aprofundamento de conhecimen-tos e uma sensibilidade especial doengenheiro civil de modo a incorporá-losna sua intervenção em projecto e emobra. O Engenheiro Civil deverá estarapto a avaliar a dimensão (magnitude,duração, reversibilidade e natureza) dasalterações ambientais causadas pelasactividades antrópicas, sejam benéficasou adversas, independentemente da áreade influência. Assim, o Engenheiro Civildeve possuir sólidos conhecimentos téc-nicos para adoptar medidas de minimiza-ção dos impactos indesejáveis e maxi-mizar os positivos, qualquer que seja aescala em que ocorram (local, regional ouglobal).

Os trabalhos de engenharia civil sãocada vez mais sofisticados e bastas vezesincorrendo em derrapagens financeirasque, quando mal explicadas, causampéssimas repercussões junto da opiniãopública, ficando a sensação de que aapropriação de custos é feita de formaligeira ou que o projecto é frágil, comrepercussões negativas para os enge-nheiros. Deve, por isso, o Engenheiro Civilestar preparado convenientemente paraavaliar os riscos financeiros dos seus pro-jectos com grande rigor.

As novas tecnologias oferecem oportu-nidades aos engenheiros civis, como arápida informação sobre materiais, tec-nologias, fornecedores, legislação, trocade desenhos e ficheiros e até formaçãoon-line. Tais tecnologias devem ser ple-namente dominadas e utilizadas pelosengenheiros civis.

O domínio da legislação, nacional ecomunitária é cada vez mais um factor deconhecimento dos engenheiros civis para

o desempenho adequado da sua missão.O engenheiro civil, na maioria dos casos,actua como líder de equipas, onde Acomplexidade dos projectos exige com-petências pluridisciplinares e a constitu-ição de equipas com diversas competên-cias pressupõe que todos saibam trabal-har em grupo, sendo exigidas competên-cias nas áreas da sociologia e de comu-nicação, pois. São, como se pode ver,novos os desafios do enge-nheiro, sobre-tudo nas questões da ética, da sócio-economia, da deontologia e da política.Com efeito, a ética exige uma clara com-preensão para reconhecer a aplicaçãodos avanços tecnológicos em benefíciodo bem-estar humano. Assegurar que atecnologia não seja prejudicial ahumanos e ao ambiente; ter respeito pelaconservação dos recursos naturais e asfontes energéticas e ser honesto e impar-cial em matérias profissionais, são algu-mas das competências do Enge-nheiroCivil.

Socialmente o Engenheiro Civil cooperacom outros profissionais no desenvolvi-mento de inovações de utilização práti-ca e de defesa do ambiente. Trabalhaem equipa, expressa-se com clareza edomina uma ou mais línguas. Está atentoàs culturas dos outros povos, reco-nhecendo as especificidades destas e oseu direito à diferença. Sob o ponto devista político, o Engenheiro Civil estáatento à opinião pública e à necessi-dade de esclarecê-la de forma simples eclara para que o povo a possa entender.Será honesto na abordagem de matériascuja complexidade técnica domina. Deveparticipar do debate público para facili-tar a difusão dos conhecimentos técnicosque possui para a prossecução de inte-resses públicos, contribuindo com o seusentido crítico e fundada experiênciaprofissional, técnica e científica.

A formação em engenharia tem de serdesempenhada com emotividade, carac-terística da motivação e empenhamentoprofissional com que está a ser desen-volvida. Os docentes exerce uma influên-cia enorme, pois as suas valências sãocientíficas (sabe o que ensina), pedagó-gicas (sabe como se ensina), emotivas(consegue motivar quem aprende) e dereferência (constitui um modelo paraquem aprende). Com efeito, o docentedeve ser um exemplo de competênciatécnica e científica, mas também cultural,social e política, engajado nas questõesdo nosso tempo, disseminando essa ver-tente para que os alunos a assimilem ecompreendam a importância do seuconhecimento.

BOLONHA E A FORMAÇÃO EMENGENHARIA E TECNOLOGIA

A necessidade dos países se adaptaremao processo de Bolonha constitui ummomento de reflexão e oportunidade demudança no ensino em geral, e do daengenharia em particular, pelo que, valea pena lembrar alguns dos principaisobjectivos que presidiram à assinaturade tão importante tratado:1. Adopção de um sistema de graus facil-

mente legíveis e comparáveis de formaa promover a empregabilidade doscidadãos europeus e a competitivi-dade internacional do sistema europeude ensino superior.16 17

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2. Adopção de um sistema baseadoessencialmente em dois ciclos princi-pais, pré-graduado e graduado. Oacesso ao segundo ciclo requererá aconclusão com sucesso dos estudos doprimeiro ciclo, durando um mínimo detrês anos. O grau conferido após oprimeiro ciclo deve ser relevante comonível apropriado de qualificação parao mercado de trabalho europeu.

3. Estabelecimento de um sistema decréditos tais como no sistema ECTScomo forma de promover a mais largamobilidade dos estudantes.

4. Promoção da mobilidade, ultrapassan-do obstáculos ao exercício efectivo dalivre circulação

“BOLONHA” EM PORTUGAL

A transposição dos objectivos consagra-dos no processo de Bolonha para Portu-gal estão vertidos na recente legislaçãoque consagra os 3 ciclos de formação,sendo o 1º ciclo genericamente de 3anos (180 ECTS), com excepções para 4anos (240 ECTS) em algumas formaçõese que confere o grau de licenciado. Um2º ciclo de 1 a 2 anos (de 60 a 120 ECTS)e que confere o grau de mestre. O 3ºciclo superior, no mínimo com 3 anos,que confere o grau de doutor.

A formação do novo licenciado, devebasear-se nos seguintes pressupostos:

• O novo grau de licenciatura não deveresultar da simples contracção tempo-ral dos actuais programas, mas corres-ponder ao desenvolvimento de novoscurrículos, com nova filosofia aliada aoparadigma da aprendizagem.

• Deve garantir a aquisição de com-petências e aptidões nucleares.

• Deve garantir um conjunto de com-petências transversais antes não con-sideradas nos cursos superiores, emespecial na engenharia e tecnologias.

• Deve garantir a saída para o mercadode trabalho ou para o prosseguimentodos estudos.

• Deve garantir a sua aceitação pelosempregadores como formação relevantepara a competitividade das empresas.

• Deve ser concebido de forma a reduziro insucesso escolar e a motivar os estu-dantes;

• Não deve ser, em hipótese alguma, uminstrumento de desobrigação do Esta-

do nas suas responsabilidades definanciamento adequado.

Apresenta-se na Figura 1 o esquema queresume a integração dos graus e dos objec-tivos propostos no acordo de Bolonha.

A Figura 1 reproduz como serão os grausde formação superior na Europa, comexcepção de Portugal, que acaba deperder uma oportunidade de se juntar aesses países europeus, aos EUA e aoCanadá, em que a denominação do 1ºciclo é o bacharelato, e não o Licencia-do. Na realidade, Portugal decretou amorte dos três graus existentes (bachare-lato, licenciatura e mestrado), não respei-tando os licenciados que fizeram umpercurso de 5 anos, nem os bacharéis,que viram o seu grau eliminado.

Está a decorrer a adequação dos cursosao processo de Bolonha por parte dasinstituições de ensino superior português,das universidades e dos politécnicos. Asinformações disponíveis, a meu ver, nãosão tranquilizadoras, pois a con-cretizarem-se tais indícios, estamos, namaior parte dos casos, diante de umacosmética na dita reestruturação. Defacto, o que está a acontecer é a simplesmanutenção do estado actual de 5 anosde formação com a eufemística designa-ção de mestrado integrado, em que o 1ºciclo de formação não dá competênciasprofissionais, mas sim a mobilidade (parao aluno continuar a estudar, de preferên-cia na instituição), ao arrepio do espíritode Bolonha e do que vem no prólogo doDL 24/2006, que regula os diplomas egraus no ensino superior, onde está bemvincado que a experiência europeiamostra que ao 1º ciclo correspondem,por norma, 180 crédito, isto é, 3 anoscurriculares de trabalho. Mais adiantediz “a adopção de formações artificial-mente mais longas, fora deste contextoeuropeu de referência, não é natural-mente aceitável, não só pelo que repre-sentaria em desperdício de recursoscomo prejuízo para os estudantes... “ .

Ao se permitir que no ensino univer-sitário se mantenha o actual figurino,embora travestido de novo paradigmade Bolonha, para ficar tudo na mesma,ou seja, uma formação em engenhariacom 5 anos de formação, apenas para agarantia de financiamento público nos 5anos, decreta-se pela segunda vez, amorte do processo de Bolonha.

No ensino Politécnico, há experiência desobra na formação de engenheiros em 3

anos com competências profissionais ecom relevantes serviços à EngenhariaPortuguesa. Não aceitamos, por isso, quese argumente que não é possível. Bolo-nha vem apenas confirmar o que aexperiência da maioria dos países é umarealidade.

Pretende-se com o novo modelo, rompercom a tradição napoleónica e magistralde ensino e não fingir que se muda,para tudo ficar como está. Esta é a opor-tunidade que não se pode perder. Oscandidatos a engenheiro merecem-no e opaís necessita desta reforma verdadeira.

O processo de Bolonha implica umamudança de paradigma que exige de pro-fessores e de alunos muito mais do quehoje. Exige, por outro lado, por parte doEstado, mais financiamento, porque anecessidade de tutores implica mais inves-timento. Em Portugal o Estado gasta com umestudante do ensino universitário cerca de5000,00€/ano e cerca de 3.000,00€ /anono ensino politécnico, quando na UE é, emmédia cerca de 9.000,00€/ano por aluno.No entanto, assiste-se à crescentediminuição dos orçamentos no ensinosuperior em Portugal.

O CURSO DE ENGENHARIA CIVILNA ESTG

O Curso de Engenharia de Civil e doAmbiente ministrado na Escola Superiorde Tecnologia e Gestão do InstitutoPolitécnico de Viana do Castelo é umalicenciatura bi-etápica que resultou dobacharelato com o mesmo nome, após arevisão da Lei de Bases do SistemaEducativo. Está em fase de adequação aoprocesso de Bolonha, respeitando ospressupostos atrás apresentados. Assim, ocurso tem por objectivo a formação deengenheiros civis, aliando aos currículostradicionais de engenharia civil umacomponente de tecnologias ambientais,numa lógica de projectos em que oenfoque é a edificação e o percurso deaprendizagem segue a sequência daconstrução, seguindo as mesmas etapasquer para o sub-grupo disciplinar dasConstruções Civis, quer para o sub-grupodisciplinar das Estruturas e Geotecnia. Asmatérias relativas ao ambiente, para alémda avaliação do impacto ambiental, porser transversal na actividade da enge-nharia civil, são as hidráulicas e ahidrologia, como suporte aos dimensio-namentos das redes de drenagem e deabastecimento e o tratamento das águasresiduais e dos resíduos sólidos.

Estrutura do curso

O curso de engenharia civil e do ambi-ente assenta numa filosofia de projectossuportados por disciplinas associadasque corporizam uma unidade de apren-dizagem compacta com o objectivo deconferir competências para a concepçãoe construção de um edifício, da fun-dação, estrutura, toscos, acabamentos,instalações e arranjos exteriores e tudo oque envolve, em termos de projectos,planeamento, gestão e construção,entroncando com as questões ambientaisestão as questões do abastecimento deágua, drenagem e tratamento das águasresiduais e dos resíduos sólidos de umacomunidade. O plano de estudos desen-volve-se em 6 semestres lectivos, com 180créditos ECTS.

Fig. 1 – O processo de Bolonha na UE: integração, interacção e formação ao logo da vida

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O projecto curricular proposto assentaem unidades curriculares de ciências debase (CB), ciências de engenharia(CENG), ciências da especialidade (CE) eciências complementares (CC).

A grande inovação no presente plano éo formato e sequência da aprendizagem,em que o aluno passa a ter umasequência similar à que encontrará nasua actividade profissional ao projectar econstruir uma edificação. As unidadescurriculares de projecto, com as suas dis-ciplinas associadas, desenvolvem omesmo projecto nas suas diferentes fases,permitindo ter uma visão integradora detodas as matérias. Apresentam-se nasFiguras 2 a 4 o plano do curso de

Engenharia Civil e do Ambiente daEscola Superior de Tecnologia e Gestãode Viana do Castelo.

Os projectos iniciam no 2º semestre do1º ano com a unidade curricular (UC)Mecânica dos Materiais com duas disci-plinas associadas, a Mecânica (dasestruturas) e a Resistência dos Materiais1 (RM1). O 2º projecto é Edifícios 1, umaUC com as disciplinas associadas Proces--sos de Costruções 1 e Instalações emEdifícios. No primeiro caso trata-se deestudar o equilíbrio de corpos submeti-dos a esforços, primeiro, sem entrar emconsideração a constituição do material,e depois, levando em consideração omaterial (RM1). A UC Edifícios 1 trata doedifício em termos de toscos e das insta-lações que nele devem ser incorporados.

Seguem-se refinamentos nos conheci-mentos com as Estruturas de edifícios, asInfra-estruturas exteriores, os Sistemas desaneamento básico e o Planeamento deObras. São UC suportadas por disciplinasadequadas, como mostraa Figura 4.

Ressalta, do plano de estudos, que as UCconstituem projectos com coerência, emque o aluno começa muito cedo a tomarconhecimento profundo do que serácapaz de realizar ao terminar o curso. Aedificação, na sua vertente do projectoestrutural, de planeamento e de gestãoda construção, passando pelos projectosde saneamento básico, encerram ascompetências do engenheiro civil e doambiente da ESTG de Viana do Castelo,

cujos docentes, na sua maioria, sãodetentores dos graus de doutoramento ede mestrado, incluindo também especia-listas de reconhecido mérito, para alémde laboratórios adequados às três ver-tentes do curso.

A reformulação vai exigir salas de estu-do para cada turma, onde se concen-trarão as actividades de estudo degrupo, com tutorias, o que, sem dúvida,exigirá muito mais dos docentes. Será uti-lizada a plataforma e-learning Moodle,cuja experiência foi iniciada com su-cesso no actual curso bi-etático, paraauxiliar nas actividades para além das20 horas de contacto por semana a queos alunos serão submetidos.

A implementação deste processo garanteque o estudante adquiriu competênciasespecíficas em engenharia civilem con-formidade com os principais referênciaisde competências consagrados pelaANET e outras instituições profissionaissemelhantes, nacionais e internacionais,nos domínios da construção civil e dasestruturas com incorporação da compe-nente ambiental do saneamento básico.

COMPETÊNCIAS PROFISSIONAISDOS LICENCIADOS DE BOLONHA

Finalmente importa esclarecer como seráreconhecida a acreditação dos actos deengenharia com a entrada em vigor dasformações de engenharia segundo o for-mato de Bolonha. Com efeito, o licencia-do de “Bolonha”, chamemos assim, teráque estar inscrito na ANET para quetenha direito à utilização do título deengenheiro técnico e, por via disso,exercer a profissão de engenheiro comas competências que lhe forem acredi-tadas pelo respectivo curso. Neste caso,este licenciado estará exactamente nasmesmas circunstâncias que o actualbacharel de engenharia. No entanto,vale realçar que as formações que nãoconferirem profissionalização ao fim do 1ºciclo, dando apenas uma formação emciências de engenharia, outorgando umdiploma de mobilidade, não poderãoexercer a profissão de engenharia.18 19

Fig. 2 – Plano de estudos do 1º ano do curso

Fig. 3 – Plano de estudosdo 2º ano do curso

Fig. 4 – Plano de estudos do 3º ano do curso

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1. INTRODUÇÃO

Tem Portugal sérios problemas de déficit económico/finan-ceiro e de dependência energética, o primeiro dos quais, acurto prazo, terá de reduzir, no interesse da economianacional, e no do cumprimento de obrigações internacionaisque assumiu, e o segundo, no da estratégia de segurança eindependência energéticas que importa desenvolver.

Efectivamente, Portugal encontra-se entre os dez países daEuropa maiores importadores de energia, sensivelmente ameio da tabela, entre a Irlanda e a Bélgica, e é dos raros, nacompanhia da Suíça, quase totalmente desprovido de recur-sos de combustíveis fósseis.

Neste contexto, as energias renováveis assumem para nósuma importância crucial, cedo assumida, mas que, salvo ogrande esforço da década de 50 do século passado, não setraduziu por uma acção atempada, decidida e coordenadano sentido da implementação das medidas requeridas.

Por imposição comunitária, até 2010, teremos de produzir 39%da energia eléctrica que consumimos a partir de fontes deenergia renovável.

É um outro compromisso que assumimos com a UniãoEuropeia, um dever ambiental. e um imperativo económico.Talvez tenha, finalmente, chegado a oportunidade de passar-mos à acção.

Acontece que não se tratará de tarefa fácil, supomos.

Como do quadro seguinte, Quadro I se facilmente se deduz,muito teremos de caminhar para alcançar os objectivos alme-jados.

APRESENTA-SE DE FORMA SUCINTA

A EVOLUÇÃO DA PRODUÇÃO

DE ENERGIA EM PORTUGAL

MEDIANTE FONTES

RENOVÁVEIS, HISTORIANDO O SEU

CURSO E PERSPECTIVAS DE FUTURO.

QUESTIONA-SE A PROVÁVEL

INEVITABILIDADE DA ADOPÇÃO DO

MODO DE PRODUÇÃO

TERMONUCLEAR.

ENERGIASRENOVÁVEIS

N.4 Março 2007 ANET | Revista Técnica de Engenharia tecnicamente

Guilherme de Oliveira Martins

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Constatamos ser necessário, apenas emseis anos, conseguir um “salto” muitosuperior ao que, em mais de 20, fomoscapazes de concretizar. A excepção foia energia de origem hidroeléctrica quevem crescendo, lentamente, nãoobstante os inconvenientes que, ao níveldos impactos ambientais, e outros, lhevêm sendo imputados, mas que emnossa opinião haverá que superar,apelando ao bom senso, em nome dasalvaguarda de valores da comunidadenacional que é imperativo defender,tendo presente que muito falta aindafazer até ao esgotamento dos grandesempreendimentos, em especial nabacia do Douro.

Importará, ainda recordar que a ener-gia hidroeléctrica é significativamentemais barata do que a obtida através dasoutras fontes renováveis, como a eólica,por exemplo, sendo também a sua pro-dução mais fiável.

Supomos de interesse historiar, emborade forma muito sucinta, o que tem sidoo desenvolvimento da aplicação dasenergias renováveis em Portugal, comparticular acento para a produção deenergia eléctrica.

2. AS ENERGIAS RENOVÁVEIS

2.1. Energia Solar

Ela é, de certa forma, a “mãe” de todasas energias e suscita grande atençãopública, o que é fácil de compreender,pois o Sol fornece à Terra energia sobas formas de calor e luz com umapotência equivalente a cerca de 15.000vezes à que corresponde ao consumoterreno de energia primária, sendo queesta é uma ínfima parte do total daenergia irradiada pelo Sol.

Face a estes números poderemosdeduzir que dispomos de um imensofornecimento de energia, contínuo egratuito.

No entanto, como em tudo o que se nosoferece sem custos, teremos de ponderarcuidadosamente o que se nos propor-ciona.

Na sequência dessa ponderação,surgem-nos os factos: o da chegada àTerra da energia solar de forma poucoconcentrada e o de que o “astro-rei” nemsempre brilha e varia em termos de visi-bilidade com o decorrer do calendário.Estes serão os grandes “quês” da energiasolar.

Outros existem, ligados à tecnologia dasua captação, como o fraco rendimento

dos colectores e as grandes áreasrequeridas para a montagem destes.

Para a sua real expansão e desenvolvi-mento será necessária uma política ofi-cial decididamente orientada para oestímulo ao emprego de colectoressolares, mediante incentivos de ordemeconómica, pois a realidade é a de quea energia obtida através deles é cara.

Nos anos 70/80 tentou-se em Portugal aimplantação de muitas instalações, algu-mas de significativa dimensão e dediferentes tipos, em especial comcolectores planos; a ao tempo DGCHtendo sido, talvez, o principal vector deexpansão destes sistemas; o seu êxitonão foi grande, dados os fracos rendi-mentos obtidos, má qualidade doscolectores e deficiente manutenção.

Vem-se no entanto trabalhando no sen-tido de melhorar o rendimento dos cap-tores, algo já se tendo obtido comoresultado deste esforço.

Para além dos colectores planos clássi-cos, orientados para a produção deágua quente, vêm-se realizando insta-lações destinadas à produção de vapore de energia eléctrica, as “centraisheliotérmicas”, produzindo vapor medi-ante a transferência do calor através deum fluido térmico caloportante adequa-do.

Encontram-se no âmbito destas centraisdois tipos principais:

• As de recepção de energia solarreflectida, em que os colectores, dotipo plano, “dão as costas” ao Solque incide sobre espelhos para eleorientados, reflectores para os colec-tores, obtendo-se, assim, uma grandeconcentração de energia sobreestes.

• Um segundo tipo, o de colectores detipo cilíndrico-parabólico, também éutilizado, e, curiosamente, em 1985foi construída e funcionou, na fábri-

20 21

ENERGIA 2004 (*) 2010

Hídrica 4500 5400

Eólica 365 3750

Biomassa 11 150

Fotovoltaica 2 150

Resíduos 70 130

Ondas 0,5 50

Biogás 3 50

(*) Dados de Maio de 2004

Quadro 1 – Potência Instalada (MW)

Fig. 1 – InstalaçãoSolar Térmica

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ca da UCAL em Águas de Mourauma central heliotérmica deste tipo,destinada à produção de vaporindustrial. A captação solar fazia-semediante 16 colectores do tipo atráscitado, com sistema de rastreio incor-porado, no seu conjunto atingindouma área de reflexão de 1280 m2. Ocircuito de fluido térmico e o ger-ador de vapor, constituindo osrestantes componentes principais daCentral.

Fruto da constante pesquisa no sentidode se encontrarem soluções querentabilizem a utilização da energiasolar, surgiram os denominados “lagossolares”, pois se são requeridas grandesáreas de colectores planos para a cap-tação de energia de forma significativa,o uso de grandes superfícies de águaparecerá intuitivo.

Surgiu, no entanto uma dificuldade, adas perdas, devido ao movimentoascendente da água enquanto aqueci-da; constatou-se que esta dificuldadeseria contornada se a água tivessegrande salinidade, mantendo-se assimum adequado gradiente de temperatu-ra, conservando-se a água quente nascamadas inferiores, donde, por meiosadequados, se retira para utilização,água que, já se constatou, chega a atin-gir os 100ºC. Mediante um fluido calo-portante ela sendo transportada para asutilizações por processos semelhantes

aos das centrais heliotérmicas. Em Israelencontram-se exemplos de “lagossolares” em exploração.

Outros exemplos de utilização de ener-gias renováveis, para além da solar, seencontram em Portugal, como a geotér-mica em S. Miguel, a das ondas, embo-ra a título meramente experimental, naIlha do Pico; no Continente as da bio-massa, do biogás, fotovoltaica, hidro-eléctrica e eólica, no Continente, asduas últimas no Açores e Madeira.

A situação, no Continente, em 31/12/2002,em termos de energias renováveis era aseguinte:

Faremos, então, uma breve digressãopelas diferentes energias e de umadelas, a energia eólica, face ao seuactual protagonismo, nos ocuparemosum pouco mais em detalhe.

2.2. Energia Hídrica

2.2.1. No Continente

Tal recurso não é novo em Portugal,pois a produção de energia eléctricapor via hídrica é uma realidade antiga,

localizou-se um primeiro pequenoempreendimento, em 1894, a Centralde Penide.

No final do século XIX , Ezequiel deCampos, preconizava a hidroelectrici-dade como objectivo regional, para oNorte, e Nacional.

Os primeiros aproveitamentos hidroeléc-tricos construídos nos dois séculos pas-sados, tendo sido, naturalmente, basea-dos em barragens de alvenaria. Com aevolução técnica surgiram as barragensde betão, das quais, a mais importantepara a época, foi a de Santa Luzia, naSerra da Estrela, projectada em 1936.

Contudo, só a partir dos anos cinquen-ta do século passado, a hidroelectrici-dade iniciou o verdadeiro caminhopara o desenvolvimento.

– Recordo, por volta de 1952, um meuProfessor no velho Instituto Industrial deLisboa, o Eng.º Frederico Basto, peranteo arranque dos chamados “grandesempreendimentos hidroeléctr icos”,lembrar, que não só estes haveria queconstruir, pois os pequenos cursos deágua constituiriam também uma impor-tante fonte de recursos que cumpriaaproveitar. – as mini hídricas – para asquais, só decorridos quase 30 anos, sevoltariam as atenções!. Cumprirá lem-brar que se estima ser viável atingir-seem Portugal uma potência instalada emmini hídricas, da ordem dos 600 MVA,correspondendo-lhes uma produçãomédia estimada de 1500 a 1800 GWh /ano; será um contributo não desprezív-el, certamente - .

Efectivamente, foi a Lei de E lectrifi-cação Nacional, Lei 2002 de 1944, daqual foi o maior obreiro o Eng.º Fer-reira Dias, que veio regular e discipli-nar a produção de energia eléctrica,

NATUREZA N.º DE PRODUTORESPOTÊNCIA INSTALADA

(MVA)

Mini – Hídrica 107 351

Eólica 28 202

Outros 22 129

Quadro 2 – Energias renováveis

Fig. 2 – Barragemde Odivelas

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que se encontrava, à época, completa-mente desarticulada e dispersa.

E, senão, vejamos:

• Dispúnhamos, em 1930, de 395 cen-trais produtoras com uma potênciainstalada de 150,4 MW, dos quaisapenas 36,6 MW eram de origemhidroeléctrica; daquelas 395 centraisapenas 20 tinham potência maiordo que 1 MW e 5 maior do que 5MW.

Esta situação, denunciada por FerreiraDias, não podia manter-se.

Ainda em 1944, e na sequência da Lei2002, a DGSH, apresentou um PlanoGeral para o aproveitamento dos sis-temas fluviais “Cávado – Rabagão” e“Zêzere”, incluindo neste plano osanteprojectos das barragens/sistemasde “Venda Nova/Vila Nova”, no Cávado-Rabagão, e Castelo do Bode, no“Zêzere”.

Não podemos, no entanto, deixar delembrar que o recurso ao apoio térm i-co, incluindo, pelos anos sessenta, aconsideração do meio termonuclear,esteve sempre subjacente ao Plano deElectrificação Nacional, devido à con-sciência da irregularidade das carac-terísticas hidrológicas dos nossos rios.

O sistema “Cávado – Rabagão”, tementão início em 1950, com o conjunto,barragem de Venda Nova - Central deVila Nova, desenvolvendo-se, até 1972,com a barragem de Vilarinho das Fur-nas.

Surgiram, em 1951, os aproveitamentosdo sistema “Zêzere”, que se con-struíram até 1955.

O aproveitamento do Douro teve início,no seu troço internacional, em 1958,com os aproveitamentos do Picote,Miranda, e finalmente em 1964, Bem -posta, com 210 MW instalados.

No rio Távora, afluente do Douro, entraem funcionamento em 1965 o aproveita-mento de Vilar-Tabuaço, com 80 MWinstalados em dois grupos.

O aproveitamento do Douro Nacional,englobando os trabalhos de navegabili-dade do rio, mediante eclusas de nave-gação nas barragens, tem início em1972, com a barragem da Régua,seguindo–se-lhe, a de Carrapatelo em1973 e as de Valeira e Pocinho já após1974.

Também depois de 1974 entraram emfuncionamento as barragens daAguieira e da Raiva, no sistema“Raiva-Mondego” e no Tejo, a deFratel .

Recentemente desenvolveram-se os tra-balhos do escalão de Venda Nova II,no sistema do Cávado-Rabagão, e osrelativos à ligação à REN da Central doAlqueva.

2.2.2. No Arquipélago da Madeira

Até 1939 encontravam-se na Ilha daMadeira algumas instalações hidroeléc-tricas com ínfima produção, como porexemplo na Ponta do Sol, na Camachae em Porto Moniz.

Na sequência da deslocação à Ilha deuma Missão Técnica, em 1939, foielaborado um plano de construção deaproveitamentos hidroeléctricos, hojeem exploração e assumindo umaparcela significativa da produção deenergia na Madeira.

Neste Plano incluem-se as Centrais, daSerra d’Água, com 3,6 MVA de potên-cia instalada e da Calheta – Ponta doPargo, com 2,7 MVA, ambas com iníciode exploração em 1953.

A produção de energia nestas centraissendo obtida pelo aproveitamento dodesnível entre as levadas de captaçãoe o das levadas de rega, turbinando aságuas antes de as lançar no regadio.

Em 1965 entra em funcionamento aCentral da Ribeira da Janela com 4MVA instalados; em 1971 a da Fajã daNogueira, com 2,84 MVA e finalmente,

já nos anos 90, inicia a exploração aCentral da Ribeira dos Socorridos,fundamentalmente uma central de Inver-no, com 24 MVA instalados, o maisimportante aproveitamento hidroeléctri-co da Ilha, hoje valorizado, em conse-quência do denominado “Projecto deFins Múltiplos dos Socorridos” recen-temente inaugurado, transformando aCentral inicial num sistema reversível,usufruindo assim da potência instaladaem qualquer época do ano, indepen-dentemente da pluviosidade, através deobras de acumulação mediante bom-bagem, e posterior reutilização decerca de 40.000 m3 de água .

A hidroeléctricidade representandohoje cerca de 30% da produção totalde energia eléctrica na Madeira.

2.2.3. No Arquipélago dos Açores

Remontam a 1898 as tentativas de con-cretização de aproveitamentos hidro-eléctricos no Arquipélago.

Em 1911 construiu-se o aproveitamentoda “Ribeira da Praia”, na ilha de S.Miguel, com 150 kVA instalados, poste-riormente reforçados, em 1927 e 1929,com dois grupos totalizando 760 kVA.No final dos anos 80 foi realizado umprojecto de reabilitação e reactivaçãodo aproveitamento conferindo – lhe apotência de 775 kW e com a previsãoanual de produção de energia de 3,7GWh.

A Ilha das Flores, em 1965, vê entrarem funcionamento a Central mista da“Ribeira de Além da Fazenda”, com trêsgrupos de 375 kVA e um grupo térmicode 500 kVA (de reserva); em 1983 émontado novo grupo de 750 kVA, edesactivado o grupo térmico de 500kVA, substituído por outros totalizando1358 kVA térmicos de reserva.

Finalmente, a Central do “Varadouro”, naIlha do Faial , com dois grupos de 400kVA, inicia a exploração em 1967.

A componente energética hidroeléctri-ca é nos Açores, de fraca expressão,não obstante a realização de estudosrelativos a outros empreendimentos,como o das “Sete Cidades” em S.Miguel, efectuado em 1956, e outros, em1980, na Ilha de S. Jorge, todos aban-donados face aos elevados custos deconstrução.

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2.3. Energia Geotérmica

Em Portugal, apenas na Ilha de S. Miguel,se encontram aplicações de produção deenergia eléctrica por via geotérmica.

Efectivamente, desde há muitos anos,1951, que em S. Miguel se vêm concen-trando estudos e esforços, no sentido dealiviar a Ilha, por esta via, da suadependência do petróleo, conformeestimativa de recursos, efectuada nasequência de estudos da época efectu-ados por especialistas nacionais eestrangeiros, demonstrou ser possível.

Efectuou-se o primeiro trabalho de per-furação em 1973, conduzindo à inaugu-ração, em 1978, nas proximidades dacidade da Ribeira Grande, da CentralGeotérmica Piloto equipada com umgrupo turbo – gerador de 3 MW; estaCentral, em 1980, entrou em paralelocom a rede da Ilha de S. Miguel.

Em 1988, no Vulcão de Água de Pau,novos e mais profundos estudosgeológicos, geofísicos e geoquímicos,sequentes a outros realizados entre1981 e 1984, indiciaram a existência deum sistema hidrotermal convectivo cujatemperatura atinge os 300ºC.

Estes estudos levaram à conclusão deque o ramo ascendente do sistemahidrotermal do flanco Norte do Vulcão,poderia permitir uma produção deenergia eléctrica com uma potência de140 +/- 70 MW durante 30 anos.

Como consequência, foi encetado umprograma de trabalhos, que vem sendoexecutado, caminhando-se para que 30%da energia consumida em S. Miguel sejadesta origem. Em 2004, a potência insta-lada era já da ordem dos 18 MW.

Antevê-se ainda a possibilidade deaproveitamento do maciço vulcânico de”Guilherme Moniz” na Ilha Terceira, ena Ilha do Faial, a hipótese doaproveitamento duma área na Freguesiados Flamengos.

2.4. Energia de Origem Marítima

Dada a relativamente pouca divulgaçãodeste tipo de produção de energia, doseu potencial de grande importânciapara a humanidade, e do presumívelinteresse para os Técnicos, vamos, muitosucintamente, registar alguns elementossobre ele.

Poderá classificar-se em três grandesgrupos:

– Energia Maremotérmica

– Energia Maremotriz

– Energia das Ondas (única com pro-tótipo em funcionamento em Portu-gal)

2.4.1. Energia Maremotérm ica

Grande parte da energia solar recebi-da pela Terra é absorvida pelosOceanos, pois estes ocupam, como ésabido, três quartas partes da superfíciedo nosso Planeta.

Como consequência da absorção daenergia solar surge um gradiente térmi-co com a profundidade das águas e,também entre pontos de distinta lati-tude, já que as mais baixas destasrecebem mais radiação solar.

A existência destes gradientes levoucientistas a conceberem a possibilidadeda utilização da energia térmica acu-mulada nos oceanos, no accionamentode motores térmicos, portanto podendoatacar geradores eléctricos, surgiu,assim, a denominada energia mare-motérmica.

Estima-se que a absorção solar anualpelos mares é da ordem dos 3 milhõesde kJ/m2 < > 95 W/m2, em média, sendoque nos trópicos é superior a 100 W/m2

e nas regiões árticas é inferior aos 95W/m2.

Mesmo considerando as zonas de maiorgradiente os rendimentos destas insta-lações são muito baixos, da ordem dos2%, consequência de que o gradientetérmico também o é; como exemplocita-se que nos trópicos a água àsuperfície tem temperaturas superioresa 25ºC, enquanto que a 1000 m de pro-fundidade ela se encontrará a uns 4ºC.

De tudo se deduz que, para se obteruma quantidade razoável de energia,será necessária uma muito grandesuperfície de transferência e enormescaudais de água, implicando grandesconsumos de energia para a sua bom-bagem, encarecendo, muito, as insta-lações e reduzindo o seu rendimento.

Não obstante os inconvenientes enu-merados, têm evoluído os estudos paraesta aplicação, tendo-se desenvolvidosistemas em ciclo aberto e em ciclofechado, estes últimos merecendo a

maior atenção, de tal forma que nosEE.UU. foram já projectadas centrais compotências até 100 MW, para além deprotótipos no Japão.

2.4.2 Energia Maremotriz (energiadas marés)

A sua potencialidade nos mares écomputada em 3 TW; a tecnicamenteexplorável reduzir-se-à, no entanto, asomente 53 GW e a economicamenteexplorável será de 6 a 15 GW. Oaproveitamento desta energia só seráviável onde e quando se verificaremamplitudes de maré maiores do que 5metros.

Condição essencial para a implemen-tação de um sistema é a da existênciade um estuário ou baía que permita oestabelecimento de disposições deretenção da água quando da subidada maré.

Existem instalações denominadas desimples efeito, funcionando após adescida da maré, aproveitando adescarga da água retida, através deuma turbina hidráulica atacando umgerador eléctrico; o funcionamento dosistema é, obviamente, descontínuo.

Outro tipo de instalação é a de duploefeito, utilizando turbinas de fluxo erefluxo, eliminando assim o defeito dadescontinuidade da produção de ener-gia.

Encontram-se exemplos destas insta-lações em França, com 240 MW depotência, e na Rússia.

Fig. 3 – Furnas de São Miguel

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2.4.3 Energia das Ondas

A formação das ondas devendo-se àacção do vento sobre a superfície domar, permite a afirmação de que é umafonte de energia primária indirecta-mente de origem solar, como o vento.

Deve assinalar-se que as ondas têm altadensidade energética ao invés do queacontece com outras fontes de energiarenovável, facto que se repercute nosdispositivos usados na transformaçãoenergética, os quais se apresentam comalta densidade de potência, portantoexcepcionalmente atractivos, quandocomparados com outras fontes de ener-gia renovável.

No entanto, a aleatoriedade da ampli-tude e frequência das ondas, complicaextraordinariamente o projecto dos sis-temas que permitam o emprego destetipo de energia, dificultando, também,os seus funcionamento e manutenção.

A Portugal não passou desapercebidaa elevada potencialidade desta formade produção de energia, pelo que naIlha do Pico, Açores, no local de PortoCachorro, em 1990, foi projectada einstalada uma central piloto, do tipo“coluna de água oscilante”, equipadacom uma turbina de eixo horizontal,que produz uma potência máxima de500 kW.

Mais recentemente, por portaria de2001, foi a Sociedade “OCEANERGIA”

autorizada a implantar as infraestruturasnecessárias para a operação de um sis-tema de produção de energia eléctricaatravés da energia das ondas, medianteo emprego de “flutuadores deArquimedes”, na área do domínio públi-co marítimo, na costa Norte do Conti-nente; em 2003, após a efectivação devários estudos, foi definida a área deimplantação do sistema e determinadasas entidades de tutela da sua exe-cução.

Paralelamente tem-se vindo a desen-volver um projecto de construção deuma central aproveitando a energia dasondas, inserida nos molhes em con-strução na barra do rio Douro

2.5. Energia da Biomassa / Biogás /Cogeração com biomassa

Trata-se de uma energia obtida, atravésda bioconversão, a partir de materiaisorgânicos, como resíduos de árvores,plantas e resíduos urbanos. A biomassasegundo estudos efectuados poderá,num futuro próximo, representar 30% dototal da energia consumida.

Em 2004 a potência instalada em Portu-gal cifrava-se nos 11 MW.

Como vantagens podem, entre outras,citar-se as derivadas da eliminação/redução da poluição, uma vez queaproveita os lixos.

Como desvantagens apresenta baixadensidade energética e relativamentebaixo poder calorífico.

Sob um dos pontos de vista que maisnos interessam, a produção de energiaeléctrica a partir de biogás, destacam-se os sistemas baseados em aterrossanitários controlados, dos quais jáexistem alguns em Portugal.

Como exemplo poderemos citar oaproveitamento da 1ª célula do Aterroda Amarsul , na região a Sul de Lisboa,que irá transformar o biogás prove-niente da decomposição da matériaorgânica, fora do contacto com ooxigénio, em energia eléctrica.

Estima-se que as 600 mil toneladas dedetritos existentes na célula em explo-ração produzam 600 m3 por hora degás que, queimados em motores Diesel,accionadores de alternadores, pro-duzirão 850 kWh.

A energia produzida será aplicada noconsumo próprio do Aterro e oremanescente, após elevação da suatensão para 15 kV, vendido à EDP einjectado na rede geral.

Outras células se seguirão à medidaque forem sendo seladas, prevendo-se

instalar sistemas idênticos noutros ater-ros da região.

2.6. Energia Fotovoltaica

Trata-se de um método de produção deenergia eléctrica pouco divulgada eaproveitada em Portugal, não obstanteas excepcionais condições de insolaçãode que dispomos.

A potência instalada é, hoje, da ordemdos 2 MW, prevendo-se que, até 2010,se atinjam os 150 MW instalados. Paraque este objectivo se concretize muitocontribuirão os empreendimentos anun-ciados, entre eles um que virá, diz-se,a ser o maior do Mundo, dispondo demais de 100 hectares de painéis solaresfotovoltaicos.

Para a instalação de um parque solarfotovoltaico, e dele extrair o maiorrendimento, deverá ser garantida a cor-recta orientação/inclinação das placasface ao Sol, função da latitude do lugar.

Sistemas manuais ou automáticos de ori-entação, (seguimento solar), têm sidotestados, mas, dado os ainda elevadoscustos de montagem e conservação,face ao incremento possível da pro-dução média anual, têm sido abandon-ados, optando-se pelos painéis fixos.

As células fotovoltaicas, são fabricadasà base de silício, o elemento sólido maisabundante na Terra. Para o obteremprega-se como matéria prima aareia, purificada mediante um processode fusão a 1400 ºC, complementadocom a eliminação das impurezas edeixando-a cristalizar.

O bloco cristalino é então cortado emfiníssimas camadas, < que 0,5 mm, estaspolidas e, finalmente, tratadas quimica-mente.

Depois estas finas placas são “contami-nadas” com fósforo e boro nas suasfaces opostas. A descompensação elec-trónica causada pela penetração nosilício destes elementos, é causa doaparecimento de um campo eléctrico.Esta disposição, conjuntamente com oscontactos metálicos que se dispõem emambas as faces das placas, constitui adenominada célula solar fotovoltaica. Asua associação permitirá obter energiaeléctrica consumível industrialmente.

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Fig. 4 – Parque de Energia das Ondas

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3. ENERGIA EÓLICA

3.1. Fundamentos

É insuspeitada pela generalidade daspessoas a intensidade da força daacção do vento; efectivamente constata-se que um vento de 1 m/s exerce umapressão de 0,14 kg/m2; um de veloci-dade 7 m/s, exerce uma pressão de6,64 kg/m2 e um de 10 m/s já exerceráuma pressão de 13,54 kg/m2.

Desde a antiguidade que se vem uti-lizando esta forma de energia napropulsão de navios, técnica quedominámos na perfeição, na moendade cereais, na elevação e bombagemde água, etc..

A potência de um hélice, (melhordenominado rotor) varia com o seudiâmetro e o cubo da velocidade dovento que o ataca, sendo afectada porum coeficiente aerodinâmico deredução e pela densidade do ar.

3.2. Tecnologia

3.2.1. Tipos de Aerogeradores

Existem hoje vários tipos de geradoreseólicos, importando, quando da escolhade um dado tipo, determinar as carac-terísticas dos ventos na zona de insta-lação, em especial no referente a:

• Variações mensais e diárias do vento

• Direcção preponderante do vento emcada mês do ano

• Flutuações de velocidade e direcçãonum mesmo dia

Da conjugação de todos estes factores,

será possível calcular a energia a“extrair” do vento, Pv, que é, como atrás seindica proporcional ao cubo da veloci-dade do vento e à área varrida pelohélice do gerador; Pv = 1/2 . S. V3 . ρ, a

fórmula de Betz.

Os geradores dividem-se em doisgrandes grupos, os de eixo vertical eos de eixo horizontal , os primeirossendo mais simples, pois dispensamqualquer sistema de orientação comrelação ao vento; têm, no entanto, umrendimento baixo, da ordem dos 12 %da Pv disponível.

Muito recentemente, desenvolvimentostecnológicos em curso vêm – sedebruçando sobre a possibilidade doemprego rentável de turbinas com eixovertical pelo que, em breve prazo,poderá a situação alterar-se a favordestes.

Por agora e pela razão indicada, são osde eixo horizontal os mais divulgados.

São aerogeradores rápidos nos quaisnos quais a componente de sustentaçãoé muito maior do que a de resistência.Apresentam-se, em configurações deduas ou três pás ou ainda de pás múlti-plas; eram, até há pouco, os de duaspás os utilizados normalmente na pro-dução de energia eléctrica.

Os maiores aerogeradores que actual-mente se fabricam, atingem, a potênciasda ordem dos 2,5 MW, encontrando-seexcepções, como em Portugal, no Par-que Eólico da Meroicinha, região daserra de Alvão, onde se encontra umaerogerador de 3 MW, e existindo já em

operação no estrangeiro aerogeradoresde 5 MW, concebidos para utilização no“off – shore” e montados em torresatingindo alturas até aos 130 m.

3.2.2. Tecnologia dos Aerogeradores

Eles classificam-se em obediência avários critérios, tais como:

A) Número de pás e sua disposição(horizontal ou vertical)

B) Tipo do gerador, que pode ser:

- Assíncrono de rotor em curto cir-cuito

- Assíncrono de rotor bobinado

- Síncrono

- Síncrono de íman permanente

C) Critério de regulação ( tipo decontrolo das pás ), podendo ser:

- De passo fixo, a pá comportando-se de forma a que, para valoressuperiores a uma dada veloci-dade do vento ocasione umaperda aerodinâmica, daqui resul-tando uma redução no rendimen-to da conversão de energia.

- De passo variável, as pás dispon-do de mecanismos de orientaçãocontrolados, permitindo regular asuperfície de captação que ofere-cem ao vento, regulando-se assima potência gerada.

D) Modo de ligação à rede, poden-do ser:

- Geração a velocidade fixa

- Geração a velocidade variável

Fig. 5 – Parque Eólico

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Actualmente, numa situação que já sepode considerar de produção massivade energia eléctrica por esta via, pre-dominam os aerogeradores de eixohorizontal e três pás, com sistema degeração a velocidade fixa mediantegeradores assíncronos.

Quanto ao controlo este distribui-se deforma mais equilibrada, sendo os depasso fixo maioritários.

A tipologia mais corrente de umaerogerador, consiste na ligação docubo de encastramento das pás aogerador assíncrono de rotor em curtocircuito, mediante um multiplicador develocidade, este adaptando a veloci-dade de rotação das pás, < 100 rpm,por razões de ordem mecânica, àvelocidade necessária para girar emsincronismo com a rede a que se liga,3000 rpm, para 2p e 1500 rpm, para 4p,etc.

Esta tipologia apresenta a vantagem doseu baixo preço de custo e também demanutenção, para além de, devido àsua simplicidade, ser muito robusta.

Como inconvenientes podem apontar-seo menor rendimento relativo a outrostipos de máquina e a incapacidade emse autoexcitar, obrigando a que seja arede ou condensadores a fornecer aenergia reactiva de que necessita.

O facto de ser directamente ligado àrede, obriga a que a velocidade derotação do gerador seja fixa, em con-cordância com seu número de polos ea frequência daquela.

Esta característica, gerando o inconve-niente de ocasionar alguma instabili-dade na qualidade da energia forneci-da à rede pois as oscilações causadaspelo vento traduzem-se em indesejáveisvariações de potência, sobretudo notipo de redes onde se inseriam os Par-ques Eólicos (redes com baixa p.c.c. noponto de ligação).

Configurações como as de gerador deindução com rotor em gaiola implemen-tam a existência de conversores estáti-cos para a ligação à rede, podendo serAC/AC ou AC/DC/DC/AC; a inter-posição de um “bus” de c.c. (DC) naligação com a rede permite odesacoplamento do gerador daquela,permitindo o funcionamento a “veloci-dade variável”.

O gerador de indução de rotor bobina-do, ainda que mais frágil mecanica-mente que o anterior, é mais versátil nocontrolo, pois permite actuação no com-portamento do rotor.

A alternativa à utilização de geradores

assíncronos são os geradores síncronos,máquinas, no entanto, mais complexas,pois requerem sistema de excitação dorotor; eles são, não obstante, mais efi-cazes e possuem capacidade de autoexcitação (podem consumir ou gerarenergia reactiva), tendo uma caracterís-tica binário-velocidade rígida, pelo quenão podem afastar-se da velocidade desincronismo com a rede.

Estes geradores estando submetidos aofuncionamento com velocidade fixa, epermitindo o controlo da energia reac-tiva.

Existem configurações a velocidadevariável que pretendem juntar tanto asvantagens da maquina síncrona sobre ade indução, como da velocidade variávelfrente à fixa, tudo sempre à custa demaiores complexidade e preço.

As configurações que temos vindo acitar estão equipadas com multipli-cador de acoplamento; este, nãoobstante algumas vantagens, tem incon-venientes mecânicos e de custo quevêm aconselhando a sua eliminação e,portanto a ligação directa da turbinaao alternador, de preferência síncrono,dada a sua superior eficácia, isto parapotências elevadas.

Neste caso e dada a diferença develocidades entre o aerogerador e osincronismo, é necessário incrementar onúmero de pares de polos do alter-nador para o adaptar aos diferentesregimes de rotação, aumento difícil delograr, pois é caro e conduz ao aumen-to do diâmetro do rotor do gerador.

Como alternativa, para obviar a estesinconvenientes, configura-se o geradorsíncrono de imans permanentes, per-mitindo, para além da redução dasdimensões, eliminar as perdas na exci-tação, melhorar o comportamentodinâmico e reduzir os encargos demanutenção.

A tendência mais recente dos aeroge-radores parece ser a de caminharempara máquinas de velocidade variável emuito alta potência, superior a 2 ou 2,5MW, gerando menores impactos nasredes mercê do grande aperfeiçoamen-to dos sistemas de funcionamento econtrolo mediante potentes e rápidossistemas de processadores digitais.

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Fig. 6 – Parque Eólico Marítimo

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3.3. Parques Eólicos em Portugal

Alguns problemas se colocam à insta-lação de Parques Eólicos, nomeada-mente no âmbito do Impacto Ambiental,nos vectores do ruído e do impactovisual.

Sob o primeiro aspecto o caso não serápreocupante, pois o ruído produzidopelos aerogeradores não colide com asdeterminações do Regulamento Geraldo Ruído vigente entre nós.

Já o impacto visual é mais difícil de con-trolar, embora, no caso português, e atéagora, o problema não se pondo comgrande acuidade, devido à localizaçãoda maioria dos Parques existentes - afas-tados de localidades e instalados sobremontanhas -.

Recentemente tive ocasião de observarum muito grande Parque Eólico instala-do na Áustria, em terreno apenas comligeira ondulação, e, aí sim, o impactovisual é enorme.

Um óbice que por vezes é colocadoentre nós à instalação de Parques, éode alguns se localizarem em áreasprotegidas, reservas naturais, que têmde ser devassadas para as operaçõesde montagem e, depois, para as deoperação e manutenção. Efectivamentenada é “gratuito”, talvez essa devassaconstitua o preço a pagar pela pro-dução de uma energia “limpa”, barata enossa.

As reservas que vêm sendo colocadasaos parques eólicos estão a levar àconstrução de “parques off-shore”, pertodas costas, tudo indicando que estasolução venha a constituir uma tendên-cia europeia. No caso Português, faceaos declives abruptos que se verificamna nossa costa, será necessário recorrera plataformas flutuantes ancoradas.

Segundo a Comissão Estratégica dosOceanos teremos condições para insta-lar no nosso “off-shore” uma potênciada ordem dos 20GW, distribuídos porvárias zonas das costas Oeste e Sul.

O Continente, e a Ilha de PortoSanto, foram os pioneiros em Portugalda produção de energia eléctrica viaaeráulica. Efectivamente remonta a1985 a instalação dos primeiros Par-ques Eólicos em Portugal, nesta Ilha eem Lourel, na região Oeste do Conti-nente.

No ano, creio que de 1984, a EDPencarregou a Profabril e a sua sub-sidiária Tecninvest, da realização doprojecto global de um electrogeradoreólico experimental, aproveitando umespécimen de moinho de vento outrora

largamente utilizado em instalações demoagem de cereais, principalmente nazona do litoral Oeste português.

A instalação entrou em funcionamentoem 1985, admitindo-se na altura quepara além de preservar um tipo demoinho em vias de extinção, iria permi-tir a realização de ensaios de produçãode energia eléctrica, por meio de umgerador assíncrono de 15 kW, acopladoao aeromotor, destinando-se a ser a serlançada na rede local de baixa tensão.Os sistemas de comando e controloassociados ao grupo permitindo a suacondução automática e o registo dasinformações sobre o funcionamentopara ulterior estudo.

Posteriormente, em 1988, os Açoresinstalam o seu primeiro Parque Eólicona Ilha de Santa Maria.

3.3.1. No Continente

Nos anos que correm a RNT vem sendoreforçada para garantir capacidade derecepção de energia dos Produtores emRegime Especial, nos quais seenquadram os afectos ás energias ren-ováveis. A sua insuficiência tendo con-stituído, até agora, um sério óbice aodesenvolvimento da produção de ener-gia pelas fontes de que nos ocupamos,muito em especial a eólica, face à local-ização “difícil” dos respectivos Parquese à necessidade técnica, devido aocrescimento das potências unitárias dosaerogeradores, com significativas potên-cias de curto circuito, de ligação a

redes compatíveis, cada vez mais asredes de transporte.

Regista-se que a potência eólicarequerida e/ou em exploração, ultrapas-sou o potencial técnico previsto pelaREN e, assim, em 2005 previu-se aentrada em serviço, para o escoamentoda energia produzida via eólica nasserras de Arga e de Peneda, de umanova subestação de 400/150 kV , asubestação de Pedralva.

Em Trás - os - Montes, desenvolve-se aexpansão da rede de 220 kV para per-mitir a recepção de energia de fonterenovável, particularmente a eólica, dasserras de Alvão, Marão e Bornes.

Muito sumariamente e de forma sim-plista, poderemos caracterizar o poten-cial eólico do Continente dizendo queas zonas com melhor aptidão se local-izam nas montanhas do interior Centroe Norte, contrariamente ao que sesupõe, que o maior potencial eólico sesituará no Litoral.

Os ventos médios anuais expectáveissituam-se, a 40 m do solo com veloci-dades na ordem de grandeza de:

- Orla costeira e à cota do mar........< 6 m/s

- Zonas montanhosas do interior < 1000m..........6,5 a 7 m/s

- Zonas montanhosas do interior > 1000m...............7 a 8 m/s

Os conjuntos montanhosos, Soajo –Larouco – Gerês, Cabreira – Barroso –

Fig. 8 – Parque Eólica

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Alvão – Marão, Montemuro – Meadas eEstrêla – Açor – Lousã, serão aquelescom maior potencialidade.

Próximo ao Litoral identificam-se, noentanto, algumas zonas com interesse,como as serras de Aire e Candeeiros, oconjunto da serra de Montejunto e ele-vações do Oeste e finalmente a CostaVicentina em Vila do Bispo, no Algarve.

Os pedidos de estabelecimento paraprojectos eólicos têm, como atrás disse-mos, ultrapassado todas as expectativas;em 2002, o total de potência pedidapara energias renováveis foi de cercade 7,4 MVA, dos quais 90 %, 6,7 MVA,correspondendo a centrais eólicas.

Em 2005 a energia eólica já forneceucerca de 4% do nosso consumo deenergia eléctrica, colocando-nos nasituação de 5º país do mundo no inves-timento nesta forma de energia

A concretizarem-se, nos próximos anosos 6,7 MVA eólicos, teríamos, atingidoos objectivos totais de 2010, com largoexcesso; será assim? Deus o permita.

3.3.2. Madeira e Açores

3.3.2.1. Madeira

A nível das Regiões Autónomas mantémo primeiro lugar, com uma potênciatotal instalada de cerca de 14 MW, epossuindo um Parque já com algumdesenvolvimento, o de Bico da Cana,com 12 aerogeradores com as potênciasunitárias de 150 kW.

3.3.2.2. Açores

Remonta a 1988 instalação do primeiroParque Eólico nos Açores, na Ilha deSanta Maria.

Após ser estudada a sua viabilidade foiresolvido instalar uma potência de 240kW. O Parque situando-se junto ao Picodo Facho, dispondo inicialmente de 8aerogeradores com a potência unitáriade 30 kW. Estes, montados em torres de

15 m de altura, foram ligados a umasubestação elevadora a 10 kV, a interli-gando com a rede da Ilha. Posterior-mente foram instalados dois outros decaracterísticas semelhantes, subindo,portanto, a potência instalada para os0,3 MVA.

Os aerogeradores eram do tipo autoorientado entrando automaticamenteem funcionamento quando a veloci-dade do vento atingia os 3,7 m/s,alcançando os 30 kW nominais àvelocidade de 11,4 m/s.

Este Parque produzindo cerca de 10 %das necessidades energéticas anuaisde Santa Maria, foi desactivado em2001 e substituído em 2002, por umoutro, equipado com 3 aerogeradoresde 300 kW unitários, ficando, portanto,0,9 MW instalados, passando a cober-tura energética por esta via, para cercade 30 % do consumo anual de energiaeléctrica.

Outras ilhas foram estudadas, como aGraciosa, sob o aspecto da caracteriza-ção dos regimes de ventos ; nesta ilhafoi seleccionado o local da “SerraBranca” como mais vantajoso, por ali severificarem ventos com a velocidademédia anual de 9 m/s. Tal facto veiopermitir a construção de um ParqueEólico em 2002, equipado com 2aerogeradores de 300 kW de potêncianominal.

Mais Parques se encontram actual-mente no Arquipélago, como o do“Pico da Urze” em S. Jorge, com 7aerogeradores em exploração, e umapotência instalada de 1,15 MW.

As ilhas, do Faial com 1,8 MW e Flo-res com 0,6 MW, completam o panora-ma dos Parques Eólicos na Regiãoaçoreana, com uma potência total insta-lada inferior a 6 MW.

4. CONCLUSÕES

A situação, em termos de intenções,surge-nos por forma a confiarmos naconsecução, em tempo, do grandeobjectivo de alcançarmos os 39 % deenergia eléctrica produzida via ener-gias alternativas em 2010.

Tal dever-se-à ao grande incrementoprevisto e em curso da produção eólica.

No entanto podemos constatar, segundoo quadro representativo da “estrutura,segundo a REN, da produção de elect-ricidade em 2010”, que segue, que opeso das energias renováveis puras,será, em 2010, da ordem dos 14 % dototal da energia produzida, dos quais 7,1% se atribuem exclusivamente à eólica.

Este cenário ficando bastante abaixodos níveis pretendidos por outros país-es europeus.

Representando as energias renováveis39,2 % da nossa produção energética,portanto satisfazendo a meta a alcançar.

Deveremos, no entanto, não descurar asoutras fontes renováveis para além daeólica, sem ignorar que a energia porelas produzida é, salvo a hídrica, maiscara do que a proveniente das fontestradicionais, tanto mais que elas se apre-sentarão progressivamente mais interes-santes, em consequência da evoluçãotecnológica acelerada que vivemos.

De qualquer forma coloca-se-nos sem-pre a interrogação de, se deveremos, ounão, na busca das condições de com-petitividade industrial que nos faltam,sendo uma delas o custo da energiaeléctrica que produzimos, adoptar aprodução pelo modo termonuclear,pois temos de nos confrontar com con-correntes que dele dispõem, e há muito.

Como, infelizmente, a produção térmicabaseada nos combustíveis fósseis, será,ainda durante muitos anos, o granderecurso energético ao nosso dispor,como conseguiremos, no curto prazo,aumentar a produção e descer o custodo kWh sem o recurso ao modo ter-monuclear?. Acresce que, tavez a curtoprazo, as “pilhas de combustível” sepoderão impor no mundo da produçãode energia eléctrica, elas necessitandode “combustível”, o hidrogénio, quedeverá ser produzido a partir da elec-trólise da água com o emprego deenergia eléctrica, preferencialmenteexcedentária ( período nocturno ), ener-gia que terá de ser produzida, deseja-se, mediante fontes não poluentes oumenos poluentes, como é o caso daenergia eólica e da termonuclear.

Não deveremos também ignorar oproblema do efeito de estufa, que, pararesolver, imporá grandes investimentosna “captura do CO2 “; ora, o modo ter-monuclear dispensa-a.

Os inconvenientes ou melhor, os riscos,são conhecidos, mas estamos colocadosna situação de deles poder vir a servítimas, não beneficiando das vanta-gens, que, na devida oportunidade,deixámos para outros.

Recentemente surgiu um investidor priva-do propondo-se construir e explorar umacentral eléctronuclear em Portugal; a suaintenção não terá sido bem recebidapelos poderes públicos; pessoalmentefazemos votos pela revisão do posiciona-mento do Estado neste particular.

Miraflores, Setembro de 200628 29

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INTRODUÇÃO

A forte dinâmica de desenvolvimento e crescimento daevolução tecnológica de forma massificada no contextomundial, apresenta-se como um dos principais factores dadegradação e destruição dos recursos naturais.

Questões Ambientais

Este desenvolvimento tecnológico, não sustentado, forneceuao ser humano o controlo das diversas fontes de energiaessencialmente de origem fóssil, conduzindo a um rápido eintenso domínio do espaço ecológico. A escala a que oambiente hoje em dia é solicitado, é de tal forma elevado,que a destruição de recursos ultrapassa a própria capaci-dade de recuperação dos ecossistemas.

PILHA DE COMBUSTÍVEL

INOVAÇÃO E DESENVOLVIMENTONA GERAÇÃO DE ENERGIA PARA

A PROPULSÃO DOS NOVOS SUBMARINOSDA MARINHA DE GUERRA PORTUGUESA

N.4 Março 2007 ANET | Revista Técnica de Engenharia tecnicamente

João Nuno Ferreira de Carvalho

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Recursos Energéticos – Nível mundial

Como consequência, a sustentação doaumento do consumo energéticocomeça agora a dar os primeiros sinaisde instabilidade, que resultam essen-cialmente dos seguintes factores:

• Recursos energéticos do tipo com-bustíveis fósseis são finitos;

• Instabilidade política em alguns dosprincipais países detentores destesrecursos energéticos;

• Especulação económica do valordos combustíveis no mercado;

• Incapacidade da manutenção sus-tentada das reservas energéticas.

Recursos Energéticos - Importânciaa nível nacional

• Portugal importa cerca de 87% daenergia que consome;

• O petróleo domina as importaçõesem 71%;

Perante tal cenário, de tão fortes impli-cações no âmbito económico e estru-tural do país, aliado às questões ambi-entais e de desenvolvimento sustenta-do, verifica-se a necessidade de alter-ação da política energética, através dadiversificação das fontes e formas deprodução de energia, com necessi-dade de investimento em inovação tec-nológica que harmonize as questõesambientais e que incremente a explo-ração dos recursos endógenos.

Contexto Operacional

• Baixa assinatura acústica;

• Reduzida transferência térmica daplataforma para água;

• Ausência de limitações em profundi-dade de operação;

• Alto rendimento com especialincidência a cargas parciais;

• Elevado nível de automação;

• Concepção modular.

Neste contexto, e numa perspectivaempreendedora e de visão futura, aMarinha de Guerra Portuguesa deu umpasso em frente na prossecução da res-olução destes novos desafios, evoluindode forma inovadora para a geração deenergia pelo sistema de Pilha de Com-bustível como forma alternativa aosmeios tradicionais de geração energéti-ca.

Esta nova tecnologia responde cabal-mente aos desafios lançados, permitin-do uma evolução sustentada que con-tribui para soluções consolidadas noâmbito económico, ambiental e deindependência energética.

CÉLULA DE COMBUSTÍVEL

Contudo, este conceito inovador deprodução de energia através da pilhade combustível aplicada aos novos sub-marinos, para além dar resposta cabalaos factores energéticos e ambientaisreferidos anteriormente, reúne um con-junto de características específicas deoperação que, por norma, caracterizamos submarinos nucleares e que, noentanto, são possíveis de obter comcertas limitações e com um custo exe-cução bastante inferior, numa platafor-ma convencional.30 31

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Definição de célula de Combustível

As células de combustível podem-sedefinir como geradores electroquímicosde funcionamento contínuo, que pro-duzem de forma directa a energiaeléctrica, pela combustão electroquími-ca a frio, de um combustível gasoso (ohidrogénio) em conjunção com oOxigénio.

A Célula de combustível produz ener-gia eléctrica, e como sub produtosresiduais de processo, água, e energiasob a forma de calor.

Célula de Combustível - Eficiência

Esta geração eléctrica, assenta noprincípio da electrólise inversa, apre-sentando-se com uma elevada eficiên-cia na transformação energética (daordem dos 65 a 70%) e com umaausência de emissões poluentes, quan-do comparada com os tradicionaismotores térmicos de combustão interna.

Tipos de célula de Combustível

Uma célula de combustível consisteessencialmente em dois eléctrodos(cátodo e ânodo) separados por umelectrólito. Normalmente, o tipo deelectrólito que é usado na sua formaconstrutiva, distingue os diferentestipos de células de combustível.

No entanto, existem várias característi-cas adicionais para além da formaconstrutiva que as caracteriza, comosendo a temperatura de operação, aeficiência eléctrica, o tipo de com-bustível a fornecer, o elemento oxidantee o tipo de aplicação onde vão serinseridas. Estes aspectos, de uma formaobjectiva, caracterizam e traduzem osdistintos comportamentos que sepodem observar nos diferentes tipos decélula de combustível.

Para aplicação na plataforma submari-na, as células de combustível que apre-sentam características técnicas mais

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promissoras, e que se coadunam comos requisitos técnicos e operacionaisde funcionamento da instalação, são ascélulas PEM - Membrana poliméricacondutora de protões.

Célula de combustível do tipo PEM FC

Esta opção resulta da análise tecnológ-ica de funcionamento em que se dis-tinguem :

• A elevada eficiência;

• A Boa flexibilidade de operação;

• A Alta densidade de carga;

• A Produção energia de limpa;

• A Baixa temperatura de funciona-mento;

• As reduzidas dimensões;

• E o baixo tempo de aprontamentopara operação.

Funcionamento da célula de com-bustível - PEM

Na célula de combustível do tipo PEM,os dois eléctrodos estão separados poruma membrana polimérica condutorade protões – o electrólito.

O hidrogénio, no estado gasoso, éfornecido a um dos eléctrodos, e ooxigénio, no mesmo estado, é fornecidoao outro eléctrodo. O ânodo é o catal-isador que fomenta a dissociação dohidrogénio em catiões e electrões. Apósesta dissociação, os iões positivos dehidrogénio e os electrões deslocam-seem direcção ao cátodo, mas por trajec-tos diferentes – enquanto os catiõesatravessam a membrana polimérica con-dutora de protões, os electrões movem-se pelo circuito externo fechado.

No cátodo, os iões positivos dehidrogénio que atravessaram a mem-brana polimérica e os electrões queprovêm do circuito eléctrico, reagemcom a molécula de oxigénio formandoágua, gerando-se energia e calor -reacção exotérmica e exoenergética.

Assim, pode-se referir que estasreacções electroquímicas consistem emduas reacções separadas:

• Uma semi-reacção de oxidação, queocorre no ânodo;

• Uma semi-reacção de redução, queocorre no cátodo.

E, em que o ânodo e o cátodo são sep-arados pelo electrólito.

Estrutura da célula

Os principais componentes que con-stituem a célula de combustível são:

• A Membrana polimérica de permutaprotões (PEM);

• Os eléctrodos de difusão gasosa;

• As Membranas de suporte;

• Os Campos de fluxos e colectoresde corrente;

• E as Placas simples e placas bipo-lares.

Eléctrodos e o catalizador de platina

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Pilha de Combustivel – PEM

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As reacções de redução nas células decombustível do tipo PEM, ocorrem noseléctrodos junto à superfície do catal-izador de platina.

A platina, é o único catalizador quefomenta a reacção do oxigénio ehidrogénio e os liberta com grandefacilidade, sem que faça parte do pro-duto final.

Atendendo ao elevado custo da platinae para se obter uma área superficialabrangente no catalizador, é utilizado ocarbono poroso como material base desuporte, ficando a platina dispersa emtorno do carbono, formando pequenosnódulos esféricos, que se constituemcomo a essência do fomento degeração de fluxos de electrões, isto é,da corrente nas células de combustível.

Membrana permuta de protões PEMFC

• NafionTM

Basicamente, o material da membrana,consiste num polímero perfluorado quepossui unidades de tetra fluor poli-etileno, ligado a um éter que, por suavez, está ligado a uma molécula deriva-da do ácido sulfuroso.

A sua designação comercial apresenta-se habitualmente como NAFION, cujaconstituição de base possui o Teflon,que apresenta uma resistência mecâni-ca e térmica elevada.

Mas, o que lhe confere propriedadesexcepcionais para o seu uso, em célulasde combustível, é a cadeia molecularderivada do ácido sulfuroso.

Esta cadeia, absorve água, atribuindouma alta condutividade e selectividadeiónica, permitindo que os iões dehidrogénio circulem no interior damembrana.

É de referir, que o movimento dos iõesdo hidrogénio só ocorre numadirecção, do ânodo para o cátodo, eque sem a hidratação da membrana, acélula de combustível não permitirá acirculação de corrente na célula, fun-cionando material isolante entre oseléctrodos.

Associação de células – Pilha deCombustível

Para alcançar a produção de valoresde tensão adequados aos exigidospelo processo onde estão inseridas, ascélulas individuais de combustível,terão que ser combinadas em conjun-tos vários, os quais se designam porpilha de combustível.

Assim, basta que a eficiência de trans-formação energética da célula individ-ualizada seja inferior a 100% (irrever-sível e com perdas), para que se pro-duza uma diferença de potencial máx-imo em vazio de 1,16 volt e que sobsolicitação produzam 0,5 a 0,7 Volt.

Neste sentido, verifica-se a necessi-dade de agrupar as células em conjun-tos de 200 a 300 unidades, de forma ase obter potenciais práticos da ordemde 150 a 200 V, no sentido de satisfaz-er as necessidades energéticas daplataforma submarina.

CONFIGURAÇÃO DO SISTEMAAIP COM PEM FC

A instalação propulsora (ou centraleléctrica), ocupa por norma, cerca de50% do volume do casco resistente epor isso surge como um factor impor-tante na configuração do submarino.

Assim, a selecção do sistema propulsivoobedece a um processo de exequibili-dade técnica e aceitação económica.

Configuração Módulo AIP

O dimensionamento da instalaçãopropulsora, passando pela sua escolha,obedece a critérios vários, de entre osquais se destacam:

• Autonomia e velocidade;

• Custo;

• Adaptabilidade do sistema propulsorao casco;

• Potência disponível a diversosregimes;

• Manutibilidade;

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• Guarnição necessária à conduçãoda instalação;

• Consumo específico do combustível.

Para responder da melhor maneira aosrequisitos operacionais, a instalaçãodeve compreender:

• Uma Elevada eficiência do sistemade propulsão;

• Uma Baixa resistência hidrodinâmicado casco;

• Uma Elevada eficácia na conversãoenergética;

• E uma Grande capacidade de acu-mulação de energia por unidade depeso.

Sabendo à partida que, esteja o submari-no à superfície ou em imersão, a resistên-cia ao avanço, condiciona a sua veloci-dade de deslocação, sendo necessáriogarantir um valor aceitável da relaçãopotência-velocidade.

Deste modo, a procura de uma insta-lação propulsora que exclua as platafor-mas nucleares e que garanta uma ele-vada discrição, mobilidade e autonomia,quando comparada com as instalaçõesconvencionais, está na base da investi-gação e pesquisa dos sistemas depropulsão independente do ar - AIP.

Os submarinos dotados do sistema AIP,são por este nome conhecidos, porqueproduzem a energia necessária às suasnecessidades energéticas globais, deforma autónoma e sustentada, nuncanecessitando da presença do ar atmos-férico para a realização do processopropulsivo.

Os principais componentes que con-stituem o módulo de AIP via Membranapolimérica condutora de protões são:

• Os Módulos de pilha de combustív-el, formando o sistema de conversãoenergética;

• Os Reservatórios do hidrogénio;

• Os Reservatórios de oxigénio;

• O Sistema de comando e controlodo modulo da pilha de combustível;

• O Sistema auxiliar de segurança eprotecção do modulo;

• E o Tanque de armazenagem doproduto da reacção electroquímica.

Reservatório Oxigénio

Tanque Oxigénio Líquido ( LOX)

Capacidade máx.: 15,3 Ton ± 3%Pressão operação: 2 a 3 barPureza: 99.5%( Tipo 2.5)

Ao analisar com pormenor a configu-ração do sistema AIP via pilha de com-bustível, constata-se a existência de for-mas inovadoras de armazenagem eoperação dos fluidos intervenientes noprocesso em plataformas submarinas,com principal destaque para oOxigénio e Hidrogénio.

Assim, o Oxigénio com elevado graude pureza, apresentar-se-á armazenadono estado líquido (forma criogénica), abaixa pressão (2 a 3 bar).

O reservatório de armazenagem dooxigénio de parede dupla, estaráinserido no interior da plataforma, pos-suindo isolamento a vácuo entre assuperfícies metálicas que o constituem,de modo a conservar os parâmetrostérmicos de criogénia pelo maiorperíodo tempo possível.

Associado a este reservatório, existiráum evaporador, que utilizará a porçãodo calor residual dissipado na conver-são energética da pilha de combustív-el, permitindo a vaporização dooxigénio do estado líquido para o esta-do gasoso.34 35

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Reservatório Hidrogénio

No que concerne à armazenagem dohidrogénio, os elevados padrões deexigência mantiveram-se, exigindo odesenvolvimento de apurada investi-gação em diversos domínios, com princi-pal incidência na análise profunda damecânica de fractura e metalurgia física,face à elevada exigência que está asso-ciado o processo de armazenagem doHidrogénio.

Reservatório Hidrogénio – Hidretometálico

Das formas actualmente conhecidas edisponíveis para o processo dearmazenagem do hidrogénio, o métodoque prevalece, dadas as característicasque melhor se adaptaram às exigências

operacionais, é a armazenagem emreservatórios de liga especial, do tipoHidreto metálico.

Reservatório Hidrogénio

Comparado com outros métodos, esteprocesso é mais seguro, de mais fácilutilização e não está dependente defactores ambientais.

Possui uma relação de densidadeenergética por volume elevada, o quequer dizer, para o mesmo volume, a ligaespecial de Hidreto metálico, terá amaior capacidade de armazenamento.

Como desvantagem, apresenta umabaixa densidade energética porunidade de massa, que se traduz numelevado peso de reservatório.

No tocante aos aspectos demanutenção, estes reservatórios apre-sentam-se sob o conceito de isenção demanutenção, permitindo que sejaminstalados na estrutura externa do cascoresistente da plataforma submarina, nãohavendo assim e de forma cumulativa orisco de fuga do hidrogénio para o inte-rior do casco resistente.

Para além destes aspectos, e abordan-do ainda os factores de segurança, oscircuitos de distribuição de hidrogénioserão de duplo revestimento, em que oespaço que os intermediará será pres-surizado com azoto, permitindo moni-torar continuamente o seu valor depressão e assim controlar as fugas dehidrogénio em tempo real, tornando-oassim, operacionalmente seguro.

Mas como se desenrola todo o proces-so de armazenagem por este métodoinovador?

O processo de admissão e dispersão dohidrogénio de elevado grau de pureza,efectuar-se-á de forma reversível poruma tomada ligada à zona central decada reservatório. Por sua vez, os reser-vatórios apresentarão uma forma cilín-drica em que o revestimento externoserá constituído por uma estrutura deaço e, internamente, incorpora comorevestimento, um núcleo de acondi-cionamento constituído por uma matrizmetálica de uma liga especial do tipoHidreto metálico.

O hidrogénio, em presença destamatriz metálica de liga especial, écapaz de formar uma solução sólida,ocupando interstícios de uma estruturacristalina num processo reversível. Noentanto, o limite de solubilidade dohidrogénio na liga metálica, dependede factores diversos, tais como com-posição, micro-estrutura e temperatura.

Abastecimento do reservatório

Assim, e de forma mais simples, poder-se-á dizer que os Hidretos metálicos fun-

Tanque OxigénioLíquido (LOX)

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cionam como uma “esponja”, que aoabsorverem o hidrogénio libertam ener-gia sob a forma de calor, que terá queser removido do processo de reabastec-imento dos reservatórios.

Fornecimento Hidrogénio ao circuito

Na situação inversa, isto é, na liber-tação do hidrogénio da matriz efornecimento ao circuito, o reservatóriovai requerer a absorção de energiasob a forma calor.

De salientar, que dentro dos reser-vatórios não existirá hidrogénio livre,pois a sua libertação da matriz metálicasó se processará mediante o forneci-mento de energia sob a forma de calor.

Sistema de Segurança – CircuitoAzoto

A principal razão de existência e inte-gração do circuito de Azoto no módu-lo da pilha de combustível, está associ-ada essencialmente a questões desegurança de funcionamento do sis-tema. No sistema em vista, o azoto será

mantido em reservatórios a alta pressão-250 bar- assumindo as funções:

• De Inertização da instalação com-posta pela pilha de combustível erespectivos sistemas.

• E de pressurização dos contentoresque contêm os módulos de células eas tubagens de duplo revestimento docircuito de distribuição do hidrogénio.

Circuito Auxiliar – Permuta Térmica

O sistema de arrefecimento que estaráintercalado no circuito, apresentará adupla função de permutação nos doisprocessos que contribuirão para aoperação do módulo da pilha de com-bustível.

Assim, à reutilização do calor residualdissipado pelo módulo da pilha decombustível na produção de energiaeléctrica, será entregue:

• Aos Reservatórios de Hidrogénio,fomentando o processo de desidro-genação e incrementando a liber-tação do hidrogénio da matriz dasligas de Hidreto metálico.

• E aos evaporadores de Oxigénio,fomentando a vaporização doOxigénio do estado líquido para oestado gasoso.

Sistema Comando e Controlo

Como em qualquer plataforma, o sis-tema de comando e controlo, assumevital importância na gestão dos sis-temas, adequado funcionamento deequipamentos, meios de segurança emonitorização do processo. 36 37

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Gás Qualidade Forma de Armazenamento Quantidade

Hidrogénio 5.0Estado gasoso em Hidretos à temper-atura ambiente e à pressão de 60bar

1.8 Ton./20173 m3

Oxigénio 2.5Estado Liquido

Pressão de 2 a 3bar15.3 Ton./11334 m3

Azoto 2.5Estado Liquido

Pressão de 250bar340 Lt.

Na configuração do sistema em vista, asua estrutura assentará num modelo,em que o processo de controlo domódulo AIP via pilha de combustível,apresentará duas consolas com asseguintes áreas de acção:

• A Gestão da componente electróni-ca do modulo da pilha de com-bustível;

• E a Gestão integrada dos mecanis-mos automáticos de segurança.

Estas consolas, além de se comple-mentarem no seu modo de funciona-mento, estarão integradas na consolaprincipal de comando e controlo daplataforma submarina, permitindo aodecisor optar de forma eficaz, mediantea informação do processo, na selectivi-dade do modo de propulsivo.

Logística FC – Fornecimento eabastecimento

Apoio Logístico Fuel Cell

Fornecimento e abastecimento

CONCLUSÕES

O modelo de desenvolvimento vigentea nível global, pressupõe um cresci-mento sem limites do consumoenergético, apresentando-se esgotado,próximo da sua implosão.

A manter-se este modelo, é inevitávelque se registe a queda da produção,levando o sistema à ruptura. O fun-cionamento e sobrevivência do sistemaeconómico, base da sociedade moder-na, depende de recursos essenciaiscomo água, ar, solo e energia, que con-stituem um ‘capital ambiental’ ameaça-do.

Neste virar de século, deve ser repen-sada a importância desses “inputs” nomodelo da utilização racional e darentabilização energética, de forma aevitar o colapso. Não existemcondições ecológicas a nível globalque permitam obter níveis de cresci-mento acompanhados de consumosenergéticos desregrados como actual-mente se verifica. A consciencializaçãodeste facto, leva a repensar os modelosde desenvolvimento tecnológico e obri-ga à procura de soluções alternativas aactual situação existente.

Neste contexto, a capacidade submari-na, associada às novas tecnologias,apresenta-se como uma das garantiasdeste objectivo, com excelente relaçãocusto/eficiência, aliado a uma capaci-dade dissuasora por suposta presença,que responde de forma cabal aosreferidos aspectos.

O princípio de funcionamento do sis-tema AIP através da conversão deenergia pelo módulo de pilha de com-bustível, apresenta-se como silencioso,ecológico, com elevada eficiência ebastante fiável em operação.

A produção de energia pelo sistemade pilha de combustível, será mais umvirar da página no capítulo das novastecnologias de geração energética.Continuar a investigar e a desenvolverestes sistemas, de forma a vencer osdesafios ambientais e energéticos quese instalaram, é uma aposta de futuroque tem que ser ganha, permitindoassim o crescimento da evolução tec-nológica de forma sustentada.

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Menção Honrosa – Tom de Azul, de José Luís Mendes (Concurso fotográfico - ANET)

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DEFINIÇÃO

Qualquer breve procura relacionada com a palavra teatronum dicionário de língua portuguesa remete-nos para olatim “theatru” e para o grego “théatron”, que significam algocomo “lugar onde se vê”. O mesmo dicionário dar-nos-á,ainda, a informação de que a palavra é um substantivo mas-culino, com quatro possíveis significados. A saber: “edifícioonde se representam obras dramáticas, óperas, etc. “; “a artede representar ou de compor obras teatrais”; “colecção dasobras dramáticas de um autor, de uma época, de umanação”; “literatura dramática”. Como podemos, facilmente,verificar, a palavra “teatro” corresponde, não apenas ao lugaronde se pode assistir à representação de algo, como tam-bém a essa própria arte da representação, bem como àescrita que lhe dá origem. Mas seguir este caminho, numtexto que pretende acima de tudo o resto proporcionaralguns minutos lúdicos, até por estar enquadrado numarevista em que todos os outros conteúdos são bastante téc-nicos, seria uma traição ao conceito que lhe deu origem.Portanto, esta pequena definição serve apenas para situar ocaro leitor em relação ao que a palavra significa e à sua eti-mologia. Qualquer breve procura relacionada com a palavrateatro num dicionário de língua portuguesa remete-nos parao latim “theatru” e para o grego “théatron”, que significamalgo como “lugar onde se vê”. O mesmo dicionário dar-nos-á,ainda, a informação de que a palavra é um substantivo mas-culino, com quatro possíveis significados. A saber: “edifícioonde se representam obras dramáticas, óperas, etc. “; “a artede representar ou de compor obras teatrais”; “colecção dasobras dramáticas de um autor, de uma época, de umanação”; “literatura dramática”. Como podemos, facilmente,verificar, a palavra “teatro” corresponde, não apenas ao lugaronde se pode assistir à representação de algo, como tam-bém a essa própria arte da representação, bem como àescrita que lhe dá origem. Mas seguir este caminho, numtexto que pretende acima de tudo o resto proporcionaralguns minutos lúdicos, até por estar enquadrado numa

APRENDI ATRAVÉS DA MINHA PRÓPRIAVIDA QUE O HOMEM É UM ACTOR. E É

UM ACTOR POR DIVERSAS RAZÕES:PORQUE VIVE E INTERAGE COM

OUTROS HOMENS; PORQUE MENTE;PORQUE DISSIMULA; PORQUE, AO INVÉSDE FAZER O QUE DEVERIA, FAZ O QUE ASOCIEDADE ESPERA QUE ELE FAÇA (OU

AO CONTRÁRIO), MESMO CONTRA ASUA VONTADE; OU PORQUE SIMPLES-

MENTE DESEMPENHA, CONTINUAMENTEE AO LONGO DA SUA VIDA, VÁRIOS

PAPÉIS AO MESMO TEMPO. MAS NÃOVOU MAÇAR-VOS COM QUESTÕES RELA-

CIONADAS COM A SOCIOLOGIA, OUOUTRO QUALQUER DOMÍNIO DAS

CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS.VOU, APENAS, FALAR-VOS DE TEATRO.

Filipe Lopes

FALEMOS UMPOUCO

DE TEATRO

N.4 Março 2007 ANET | Revista Técnica de Engenharia espaço cultural

Fig. 1 – Prometeuagrilhoado

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revista em que todos os outros conteú-dos são bastante técnicos, seria umatraição ao conceito que lhe deu origem.Portanto, esta pequena definição serveapenas para situar o caro leitor emrelação ao que a palavra significa e àsua etimologia.

O INÍCIO

A origem do teatro situa-se, segundoAristóteles, no século VI a.C., nos diti-rambos (procissões com representaçõescorais) em honra do deus grego Dioní-sio (deus do vinho, equivalente ao deusBaco dos romanos), que serviam paraagradecer a produção de uva desseano agrícola e a partir dos quais nascea célebre Tragédia Grega, que teve emÉsquilo (525 a 456 a.C. aprox.), Sófocles(496 a 406 a.C. aprox.) e Eurípedes (484a 406 a.C. aprox.) os seus maiores sím-bolos. Apetece-me fazer, aqui, umpequeno parêntese, para partilhar con-vosco o episódio que marca a minhaaproximação ao teatro, enquantoexpressão escrita e à Tragédia Gregaem particular. Apenas mais tarde liShakespeare, Samuel Beckett e outros,mas teria os meus doze anos quandocomprei num alfarrabista, por quinzeescudos, um livro intitulado “PrometeuAgrilhoado”. O seu autor era um senhorchamado Ésquilo e a história girava emtorno de Prometeu, um deus que traiuos da sua igualha, roubando-lhes ofogo e oferecendo-o aos homens,provocando a ira de Zeus, rei dosdeuses na mitologia grega, que man-dou Hefesto e Cratos acorrentá-lo auma montanha com as correntes inque-bráveis de Hefesto, enquanto umaáguia de asas enormes lhe comia ofígado. Por ser imortal, o fígado cresciacontinuamente e continuamente eradevorado. Assim seria eternamente,caso não fosse a intervenção de Héra-cles, que matou a águia com consenti-mento de Zeus. Este livro teve o condãode me fazer apaixonar pelo universoda mitologia; quer grega, quer romana,quer nórdica, quer outras, até mesmo a“tolkeniana” (pois... a de “Silmarillion” ede “O Senhor dos Anéis”, mas isso éoutra história). Percebi, não imediata-mente, mas com o lento despertar daminha maturidade e de uma outra per-cepção das coisas, que o “fogo” quePrometeu rouba é, na realidade, bemmais do que isso. Simboliza o “Conheci-mento”. O Conhecimento terá sido, entãoe segundo a mitologia grega, oferecidoaos homens por um deus que pagoucaro o seu acto altruísta. Querem mel-hor história sobre virtude e sofrimentodo que esta, que no ver de uma cri-ança com um dúzia de anos tem atéum herói maltratado por causa do seupróprio acto heróico? Fechando esteparêntese, bem mais longo do que euesperava que fosse, gostaria apenas dereferir que, neste período, em que oteatro está ainda na sua infância,surge, igualmente, a Comédia Grega,que teve Aristófanes (445 a 386 a.C.aprox.) como principal baluarte.

Depois destes primeiros dramaturgos daantiguidade clássica, aos quais sedevem, ainda juntar os nomes dosromanos Plauto, Séneca, Plutarco eTerêncio, muitos outros surgiram ao longoda História do Teatro. Shakespeare,Molière, Beaumarchais, Lope de Vega,Vitor Hugo, Henrik Ibsen, Oscar Wilde,Chekov, W. B. Yeats, Pirandello, T. S. Eliot,Bertolt Brecht, Sartre, TennesseeWilliam, Baudelaire, Samuel Beckett,Sam Shepard e muitos, muitos outros,dão um colorido magnífico a esta artemilenar.40 41

Fig. 2 – William Shakespeare

Fig. 4 – Samuel Beckett

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EM PORTUGAL

Embora seja pacífico afirmar que GilVicente (1465 a 1536 aprox.) é o pai doteatro em Portugal, será extremamenteredutor afirmar que não existiam, antesdele, manifestações dramáticas nonosso país. É que, por toda a Europa,durante a Idade Média, deambulavamjograis, goliardos e trovadores que con-tavam/cantavam episódios burlescos eromances de cavalaria. E o que dizer,então, dos rituais profanos e (sobretu-do) religiosos, que um pouco por todo,enchiam praças, igrejas e festas popu-lares? As mais antigas manifestaçõesdramáticas que foram algum diarelatadas como lusitanas, remontam aoséc. XIII. Tratavam-se de arremedilhos,que consistiam em representações bas-tante lineares e simples, nas quais osjograis misturavam mímica e decla-mação para tornar mais atraente asfábulas que contavam. O que não haviaem Portugal, até Gil Vicente, era o con-ceito de textos escritos para teatro, peloque é a ele que se deve a introduçãode uma vertente que se pode chamarde artístico-literária e, portanto, da cri-ação do teatro na sua plenitude.Menéndez Pelayo disse dele que “nãohouve quem o excedesse na Europa doseu tempo”.Falar do teatro em Portugal, sem falar deGil Vicente é tão grave como fazê-lo semreferir um dos maiores vultos portugue-ses dessa arte e da nossa literatura:Almeida Garrett (1799 a 1854), a quemdevemos um magnífico “Frei Luís deSousa” (que foi considerada a peça maisimportante do teatro romântico) e a edi-ficação do Teatro Nacional D. Maria II(a 13 de Abril de 1846), bem como umaverdadeira revolução cultural que ultra-passou largamente o seu tempo.Além destes dois nomes maiores, muitosoutros se lhes podem juntar, como porexemplo os de Raul Brandão, AlmadaNegreiros, Mário de Sá-Carneiro, Fer-nado Pessoa, Eça de Queirós, JúlioDantas, José Régio, Alves Redol, Bernar-do Santareno, José Cardoso Pires, Luísde Sttau Monteiro, Natália Correia, ape-nas para referir alguns, muitos delesrelacionados, como poderá constatar,com a literatura e a poesia.

EU E O TEATRO

Demasiado novo para sentir o perfumerevolucionário dos cravos de Abril,ainda mal andava aquando da criaçãode muitas das companhias de teatro emPortugal nos anos setenta do século XX.Companhias de referência, que acabeipor conhecer mais tarde, obviamentesempre como espectador, porque tiran-do algumas experiências mais oumenos isoladas durante a minha ado-lescência, nunca fiz parte activa, quercomo criador, quer como actor, quercomo técnico, de qualquer etapa naarte dramática que acontece em palco.Nessa altura, dizia eu, nasceram algu-mas companhias e dinamizaram-sevários grupos já existentes. Entre uns eoutros, contam-se os Teatros Experimen-tais do Porto e de Cascais, o Teatro daCornucópia, A Barraca, o Grupo 4, oTeatro-Estúdio de Lisboa, a Comuna, aCasa da Comédia, a Seiva Trupe, oGrupo de Campolide, O Bando emuitos outros... Tive a sorte de conhecerpessoalmente, a posteriori alguns inter-venientes nesse autêntico germinar denovas tendências e cerrar fileiras devontades. Troquei experiências, ouvimuitas histórias e, sobretudo, aprendibastante. Dos anos noventa, guardo

com alguma nostalgia a memória dostempos em que andava na Faculdade,há uns nove ou dez anos, e em que me“perdi” noites a fio pelas ruas de Alma-da e de Cacilhas, assistindo deprimeira fila a um pulsar de sanguenovo. Era o Grupo de Teatro O Olho,que organizava o Festival X, no Ginjal,e que tinha uma forma de dialogarcom o público muito interactiva; era oTeatro Extremo, que estava a dar osprimeiros passos e que um pouco maistarde viria a organizar o FestivalSementes, uma mostra de teatro para opúblico mais novo; era o Grupo deTeatro O Útero e uma série de projec-tos que se espalhavam um pouco portoda a Margem Sul do Tejo e lhedavam uma vida sui generis que nosestimulava o espírito. Recordo-me, igual-mente, da primeira vez que vi o grupoespanhol La Fura Dels Baus. Assisti maisvezes a performances deles, mas aprimeira, se não estivermos à espera doque vamos encontrar, é muito, digamos…pungente…! Nessa altura ia muitas vezesao teatro. Hoje continuo a ir, emboratenha menos tempo e, por isso, vá bas-tante menos. Mas no momento em queentro numa sala para ver uma peça,sinto que se me está a abrir uma portapara um novo mundo. Um mundo mági-co com o qual posso interagir de ime-diato e que sente a minha interacçãocom ele. Esse mundo especial está ànossa espera um pouco por todo opaís. Assim queiramos nós aderir àmagia.

Fig. 7 – Almeida GarrettFig. 5 – Teatro Nacional D. Maria II

Fig. 8 – Espectaculo de La Fura Dels Baus

Fig. 6 – Gil Vicente

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O Júri, presidido pelo Engenheiro Técnico Luís Pico Adão,Presidente do Colégio da Especialidade de Engenharia doAmbiente, foi constituído:pelo artista plástico João André, sócio da Sociedade Nacio-nal de Belas Artes, onde frequentou os cursos de Pintura eTemas de Estética e Teorias da Arte Contemporânea, quedesde 1984, conta com diversos prémios, exposições indivi-duais, estando representado na Presidência da República,Secretaria de Estado da Juventude, Instituto Português daJuventude, Câmara Municipal de Santarém, Rotary Club ecolecções privadas portuguesas e no estrangeiro, estandotambém Referenciado no Guia de Arte;contou ainda com a participação de Miguel Ângelo Louren-ço de Passos Lima, licenciado em Design Gráfico, pela Esco-la Superior de Arte e Design, Director Criativo de uma con-ceituada empresa de soluções de imagem.De entre os trabalhos admitidos a concurso e expostos noÁtrio do Auditório da ANET, o júri decidiu atribuir os seguin-tes prémios:

NO ÂMBITO DA REALIZAÇÃO DO

I ENCONTRO NACIONAL DOS ENGE-

NHEIROS TÉCNICOS DO AMBIENTE, A

ANET – ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS

ENGENHEIROS TÉCNICOS E A DIREC-

ÇÃO DO COLÉGIO DE ENGENHARIA DO

AMBIENTE ORGANIZARAM O 1.º CON-

CURSO DE FOTOGRAFIA SOBRE O TEMA

“USO SUSTENTÁVEL DE RECURSOS NATU-

RAIS”..

CONCURSO DEFOTOGRAFIA

42 43

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Mereceu a atribuição deuma Menção Honrosa

TOM DE AZULJOSÉ LUÍS MENDES

3º PrémioSAL ARTESANALRIA DE AVEIRO

MANUEL ANTÓNIO CRUZ

2º PrémioMOINHO XXI

SERRA DO CARAMULORICARDO JOSÉ DIAS

1º Prémio

AGRICULTURA BIOLÓGICA,AMOR TELÚRICOIDANHA-A-NOVAMARIA LUÍSA BARREIROS

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ÉTICA E DEONTOLOGIA

Manual de Formação

CARLOS CARAPETOFÁTIMA FONSECA

A

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revista técnica de engenhariada associação nacional dos engenheiros técnicos

N.4

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ENERGIASRENOVÁVEIS

UMA NOVA CONCEPÇÃODE UMA LICENCIATURA

EM ENGENHARIA

O ENSINO DA ENGENHARIACIVIL NO SÉCULO XXI:

OS DESAFIOS