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Bernt Entschev: lder influencia as pessoas pelo seu comportamento

revista trimestral

n6

Ano2 set/09

A revistA dA pequenA empresA no pArAn

Gesto compartilhadaBoas prticas de governana tornam empresas mais transparentes e competitivas

4 edio da Semana da Pequena EmpresaDe 5 a 9 de outubro, Sebrae/PR comemora Dia da Micro e Pequena EmpresaCApACitAo ComportAmento tendnCiA AssoCiAtivismo

Internacionalizar um bom negcioprograma ensina pequenas empresas a conquistarem o mercado externoFeirAs e eventos servio merCAdo Giro pelo pArAn

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ndicePG. 52 FEIRAS E EVENTOSFoto: Agncia La Imagen Foto: Agncia La Imagen

Inovao para a construo civil

PG. 75 MERCADO

Tambm em outubro, de 28 a 30, Maring sedia o ENINC 2009, aberto para toda a cadeia produtiva do setor.

Internacionalizar um bom negcioPrograma auxilia pequenas empresas a se qualificarem e atenderem as exigncias do mercado externo.

Foto: Divulgao

PG. 57 ARTIGO

PG. 06 ENTREVISTAA fora da classe mdiaConfira entrevista com o jornalista Paulo Henrique Amorim. Para ele, classe C o grande mercado consumidor.

PG. 30 TENDNCIAA Cultura do RERevitalizar espaos urbanos pode ser uma alternativa para aquecer o comrcio e o turismo.

Carlos Hilsdorf ensina, de forma didtica, como agregar valor e aumentar seus lucros.

PG. 34 TENDNCIA

O valor da gesto ambiental

Certificaes ganham espao e Sebrae/PR sai na frente com o SIGA.

Foto: Studio Alfa

PG. 80 MERCADO PG. 58 FEIRAS E EVENTOS

Sistema facilita comrcio de produtos alimentcios Melhor Feira do Empreendedor 2008

Equivalncia de inspeo dar agilidade ao sistema que libera para a venda produtos de origem animal no Paran.

PG. 40 TENDNCIA

Informatizao com inteligncia

75% das pequenas empresas tm computador, mas desafio usar sistemas que incrementem os negcios.

Paran, que prepara edio 2010, vence premiao regional concedida pelo Sebrae Nacional.

PG. 84 MERCADOPequenos descobrem oportunidadesNichos inexplorados, territorializao, associativismo e formao de APLs projetam produtos de pequenas empresas.

Foto: Agncia La Imagen

PG. 08 CAPA

Gesto compartilhada

O sucesso de uma empresa depende da forma como ela gerenciada e a governana corporativa uma tendncia.

Foto: Divulgao

PG. 16 CAPACITAOLder 2.0Para ser lder, mais que dedicao, necessrio ter atitude. Revista Solues ouve especialistas sobre o assunto.

PG. 44 ASSOCIATIVISMOCooperao na fronteiraCDT-AL um elo importante na troca de informaes sobre empreendedorismo entre os pases da Amrica Latina. Saiba mais.

Foto: Agncia La Imagen

PG. 60 FEIRAS E EVENTOSParan Business Collection destaca o potencial da indstria txtil e do vesturio no Estado.

Um desfile de competitividade

Paran quer formalizar 55 mil at 2010

Foto: Videographic

PG. 22 COMPORTAMENTOConhea a histria de trabalhadores informais que passaro a ter direitos previdencirios e empresariais.

PG. 47 ARTIGO

Jos Cezar Castanhar aborda nesta edio as Certificaes ISO.

PG. 48 FEIRAS E EVENTOSFIAR 2009Sebrae/PR leva solues empresariais para Rosario, na Argentina. Confira como foi a participao na maior feira agroalimentar do pas vizinho.

PG. 88 MERCADOO poder do varejoConhea os resultados do VarejoMAIS, programa do Sistema Fecomrcio/PR e Sebrae/PR em todo o Estado.

PG. 92 GIRO PELO PARANFoto: Adriano Oltramari

Um apanhado dos acontecimentos e eventos envolvendo o Sebrae/PR, nas regies centro-sul, noroeste, norte, oeste e sudoeste do Estado.

PG. 66 SERVIO

Portal oferece mais de 240 opes de negcios, com informaes sobre mercado, capital de giro e custos. Confira.

Foto: Arquivo Sebrae

Soluo ajuda indecisos

PG. 96 ARTIGO

PG. 26 COMPORTAMENTO

PG. 50 FEIRAS E EVENTOSSemana da Pequena EmpresaEm comemorao ao Dia da Micro e Pequena Empresa, Sebrae/PR realiza em outubro semana de atividades, com foco no empreendedorismo.

PG. 70 MERCADO

Regulamentao operacionaliza Lei Geral

SPED leva TI s empresas

Allan Marcelo de Campos Costa, diretorsuperintendente do Sebrae/PR, avalia os efeitos do Empreendedor Individual.

208 dos 399 municpios do Paran j criaram leis para micro e pequenas empresas.

Empresrios de micro e pequenas empresas precisam estar atentos s novas regras do Fisco.

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Sebrae/PR Servio Brasileiro de Apoio s Micro e Pequenas Empresas no Paran Jefferson Nogaroli Presidente do Conselho Deliberativo Allan Marcelo de Campos Costa Diretor Superintendente Julio Cezar Agostini Diretor de Operaes Vitor Roberto Tioqueta Diretor de Gesto e Produo Expediente Coordenao Renata Todescato Gerente de Marketing e Comunicao Edio/Jornalista Responsvel Leandro Donatti Registro Profissional - 2874/11/57-PR Reportagens: Adriana Ribeiro, Adriano Oltramari, Andra Bordinho, Andrelise Dalto, Cleide de Paula, Ellen Taborda, Giselle Ritzmann Loures, Katia Michelle Pires, Leandro Donatti, Luciana Baroni, Maria Duarte, Mirian Gasparin, Octvio Rossi e Slvio Oricolli. Fotos: Claiton Biaggi, Cristiane Shinde, Hugo Harada, Luiz Costa, Marcos Zanella e Wilson Vieira. Colaboraram nesta edio: Adriana Schiavon Gonalves, Dianalu Almeida Caldato, Leandro Krug Batista, e Paula Andreia de Castro. [email protected] http://asn.sebraepr.com.br Crticas e comentrios, mande um e-mail para [email protected] Anuncie na Revista Solues: publicidade.revistasolucoes@ pr.sebrae.com.br Impresso Artes Grficas Renascer Ltda. (Mult-graphic) Design Grfico e Diagramao Ingrupo//chp Propaganda Tiragem 20 mil exemplares Periodicidade Trimestral ISSN 1984-7343

EditorialBoa notcia! O Paran registrou um aumento no nmero de empresas abertas nos seis primeiros meses deste ano. A maioria delas, micro e pequenas empresas. De acordo com nmeros da Junta Comercial do Paran, foram abertas de janeiro a junho deste ano 28.207 novas empresas. Em 2008, o total foi de 26.454. Ou seja, 1.753 empresas a mais em 2009. O nmero de empresas que fecharam as portas no primeiro semestre deste ano tambm um indicador de que a crise no atingiu de forma to avassaladora os pequenos negcios como se projetava. O nmero registrado de empresas fechadas foi menor se comparado com o ano passado: deram baixa 8.988 empresas em 2009, contra 9.223 em 2008. Uma das explicaes para esse resultado positivo o otimismo dos empreendedores que, mesmo diante do cenrio extremamente negativo, mantiveram-se firmes na ideia de abrir novos negcios, respaldados por polticas de incentivos fiscais. J para justificar a reduo no nmero de empresas fechadas, podemos, por exemplo, apontar o uso do planejamento antes de abrir uma pequena empresa como possvel varivel. Empresrios preparados sobrevivem mais. Nesta edio, o leitor confere entrevistas, artigos de opinio, matrias de servio e reportagens especiais sobre diversos temas: associativismo, mercado, comportamento, capacitao, tendncias, feiras e eventos. Material jornalstico que tem como objetivo reforar conceitos, divulgar novidades e agregar ainda mais conhecimento aos empresrios de micro e pequenas empresas. Destaque para a matria de capa que trata de governana corporativa e tambm para a reportagem especial que aborda a importncia da gesto socioambiental pelas empresas. Dois temas muito comuns em grandes empresas, mas ainda pouco explorados pelas pequenas. A sexta edio da Revista Solues A Revista da Pequena Empresa no Paran traz ainda reportagens sobre liderana, Empreendedor Individual, municipalizao da Lei Geral, revitalizao de espaos urbanos, inovao na construo civil, oportunidades de negcios, SPED, novo sistema de fiscalizao de produtos alimentcios e internacionalizao focada nas micro e pequenas empresas.

Boa leitura! Leandro Donatti, o editor

Construo coletivaPrezado leitor, nesta edio, a Revista Solues encarta uma pesquisa de opinio. Queremos saber o que voc acha desta publicao que j est na sua sexta edio, seu contedo, e pontos que precisam ser melhorados e trabalhados. Precisamos ainda medir questes logsticas como periodicidade. Hoje, a Revista Solues circula a cada trs meses. Para voc, qual a periodicidade ideal? uma das perguntas do questionrio. Por que estamos realizando uma pesquisa junto aos nossos leitores? Porque assim como acontece nos projetos desenvolvidos pelo Sebrae/PR hoje, para ns, o sucesso de uma proposta como a Revista Solues depende de uma construo coletiva. E ningum melhor que voc para nos ajudar nesse processo. As suas opinies e os seus interesses sero a base de nossas decises. O Sebrae/PR faz questo disso! Tambm precisamos saber sobre a aplicabilidade dos contedos abordados. A Revista Solues procura tratar dos assuntos mais atuais no mundo corporativo, sempre focando o empreendedorismo e as micro e pequenas

empresas. Uma tarefa que, para ter validade efetiva, precisa demonstrar-se til para voc. A pesquisa simples. Basta preencher e enviar gratuitamente pelos Correios ou responder pelo site www.sebraepr.com.br. Ajudem-nos nessa construo, afinal a Revista Solues para voc!

Renata Todescato,

gerente de Marketing e Comunicao do Sebrae/PR

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Paulo Henrique Amorim

A fora da classe mdiaPara jornalista, classe C o grande mercado consumidor que vai ajudar os pases emergentes a continuarem crescendoPor Andra Bordinho

Revista Solues - Como o senhor v as perspectivas econmicas para o Brasil a mdio prazo? Amorim - A nova fora da classe mdia brasileira foi o que fez o Brasil segurar a crise, que fez o Brasil domar a crise. O Pas pela primeira vez conseguiu demonstrar que tem uma economia que reside na classe mdia e no no mercado externo. O polo dinmico est na classe mdia. Agora eu acho que o pior da crise mundial j passou. O Brasil enfrentou a crise e no ano que vem deve crescer base de 4% ao ano. A China deve voltar a crescer acima de 10%. E pronto. A economia fez a curva, foi embora. Revista Solues - A classe mdia est consolidada, portanto? Amorim - A classe C cresceu 25% entre dezembro de 2002 e abril de 2008. E hoje representa 54% da pirmide de renda brasileira. Ns j somos um pas de classe mdia. E o mais importante elemento no crescimento da classe mdia que aumentou o emprego formal. Estamos no meio de uma exploso sem precedentes no mundo e o ritmo de crescimento voltar a se acelerar no BRIC quando passarem os efeitos da crise que atingiu os pases mais ricos. A distribuio de renda entre ricos e pobres no mundo est se estreitando. H um espao grande para explorar as economias domsticas. Em 2030, 2 bilhes de novos consumidores entraro na classe mdia. Revista Solues - E qual o perfil do consumidor da classe mdia? Amorim - As classes C, D e E so normalmente mais jovens. Esse pblico tem um apetite de ascenso social insacivel. Essas pessoas querem estudar, querem melhorar e todos sabem que educao igual renda. Cada ano que o filho fica na escola a mais que o pai significa aumento de 10% na renda. Ele quer ganhar dinheiro, quer subir, quer a casa prpria, quer deixar para o filho uma vida melhor. O salrio mnimo um outro fator importante. Nos ltimos 10 anos, o Brasil tem promovido aumento real do salrio mnimo e isso tem sido importante fator da expanso dessa classe mdia. E importante lembrar tambm que esse pblico est conectado internet. A rede mundial de computadores tem 62 milhes de usurios no Brasil. Este o meio de comunicao que mais cresce em penetrao no Pas. O pblico jovem, tem dinheiro, esto todo tempo online e adoram comprar. o mecanismo certo para vender

para o jovem. O Brasil o pas que passa mais tempo online no mundo. As pessoas ficam trs vezes mais tempo online do que assistindo televiso. Revista Solues - Quais os efeitos diretos desta consolidao para os empresrios de pequenas e mdias empresas? Amorim - um mecanismo de retroalimentao. Os empresrios (de pequenas e mdias empresas) esto se beneficiando do aumento do emprego com carteira assinada, do aumento do salrio mnimo real e do aumento dos programas de apoio social. Tudo isso faz com que o comrcio tenha comprador. E com dinheiro nas lojas o comrcio se movimenta, contrata e todo sistema se beneficia. E hoje o setor que mais contrata, de maneira geral, a pequena e mdia empresa. Uma das consequncias mais fascinantes desse fenmeno, na minha opinio, o fato de que h uma migrao crescente da mode-obra feminina do emprego domstico para o emprego na rea de servios e comrcio. Ou seja, as mulheres com mais escolaridade vo para empregos fixos, para se beneficiar de todas as vantagens da carteira assinada. Revista Solues - Durante a crise, ento, o Brasil se sustentou na demanda interna? Amorim - A demanda interna a chave da expanso do crescimento econmico do Brasil. E quando falamos em demanda interna, estamos falando de um consumidor vido para dar prosperidade sua famlia, aos seus filhos. Pela primeira vez o Brasil deixou de ser uma economia dependente do comrcio externo para ser como toda sociedade capitalista forte, ou seja, uma sociedade que se baseia no dinamismo da demanda domstica. Alm disso, tem a questo do crdito. Est acontecendo o fenmeno da banqueirizao da classe mdia brasileira. A classe mdia entrou na onda da utilizao macia de crdito, o que significa aumento da capacidade de tomar dvida e por mais tempo. O sistema capitalista vive de crdito e de confiana, vive de confiar em que amanh a vida econmica vai permitir o pagamento das dvidas assumidas. Isso da essncia doFoto: Agncia La Imagen

sistema capitalista e isso uma novidade para a sociedade brasileira. A demanda de crdito a locomotiva que puxa a economia do mundo. Como exemplo, hoje as classes C, D e E detm 67% dos cartes de crdito do Pas. Revista Solues - O Brasil est se consolidando como uma das principais economias do mundo?

Entrevista Capacitao Comportamento Tendncia Associativismo Feiras e Eventos Servio Mercado Giro pelo Paran

Foto: Agncia La Imagen

Paulo Henrique Amorim,jornalistaA classe mdia est aumentando seu consumo e tem mais acesso ao crdito. Esta a dobradinha que o jornalista Paulo Henrique Amorim, conhecido por seus comentrios sobre questes econmicas em programas televisivos, usa para ressaltar o crescimento econmico do Brasil. Ele esteve em Curitiba no ltimo dia 21 de julho para participar do lanamento da promoo Liquida Curitiba, promovida pela Associao Comercial do Paran (ACP) com o apoio do Sebrae/PR. De acordo com o jornalista, a consolidao da classe mdia o fenmeno que est garantindo o crescimento econmico do Brasil, principalmente no cenrio de crise financeira que atingiu os pases ricos desde setembro do ano passado. Para Amorim, o aumento do poder de consumo e a facilidade e confiabilidade no crdito esto fazendo com que a classe C seja o grande motor da economia nacional. O consumidor da classe mdia, descreve Amorim, vido para prosperar. Por isso busca educao e, consequentemente, atinge aumento de renda e faz a cadeia econmica crescer. Alm disso, a populao desta faixa de renda tem, agora, mais

acesso ao crdito e est mais confiante na sua capacidade de pagamento, inclusive em longo prazo. Isso da essncia do sistema capitalista e isso uma novidade para a sociedade brasileira, afirma. E os reflexos deste processo, salienta, beneficiam diretamente as mdias e pequenas empresas, que hoje so as que mais empregam. Amorim no nega que o bom momento econmico do Brasil foi ajudado pelos problemas financeiros nas maiores potncias mundiais. Entretanto, mesmo com a proximidade da extino da crise, o jornalista otimista em relao continuidade do crescimento dos pases emergentes. Estamos no meio de uma exploso sem precedentes no mundo e o ritmo de crescimento voltar a se acelerar nos pases emergentes que compem o BRIC (sigla para designar os quatro pases emergentes do mundo - Brasil, Rssia, ndia e China) quando passarem os efeitos da crise, afirma. A Revista Solues A Revista da Pequena Empresa no Paran acompanhou a palestra do jornalista no Sebrae/PR. A seguir, alguns trechos da conversa com Paulo Henrique Amorim.

Amorim - Os membros do BRIC representam 50% da economia do mundo. Isso se deve queda das economias ricas, mas tambm porque as economias dos pases que estavam embaixo foram capazes de subir, emergir. Cerca de 60% da produo econmica saem dos pases em desenvolvimento e houve aumento do intercmbio comercial Sul-Sul. Os pases do BRIC perceberam que os melhores fregueses so os que esto no Hemisfrio Sul e inverteram a tendncia centenria de se fazer negcios Norte-Norte. E o Brasil tem uma vantagem. Diferente dos outros pases do BRIC, temos uma constituio que funciona, um regime democrtico, falamos todos a mesma lngua, no h conflitos tnicos e religiosos, no temos problemas de fronteira, no disputamos com ningum nosso espao, temos sol, gua, terra e liberdade interna. Revista Solues - De que forma a crise ajudou no crescimento e consolidao econmica do Pas? Amorim - Eu acho que a crise foi vantajosa

porque obrigou os empresrios a reduzir seu endividamento e investir em tecnologia, especialmente em tecnologia de gesto. Alm disso, houve a valorizao do Real. Nossa moeda se valorizou para o nvel de antes da crise porque o supervit comercial brasileiro se revigorou, ou seja, as empresas brasileiras conseguiram continuar exportando. E agora o Brasil, que diversificou sua pauta de exportao, pode continuar vendendo aos pases emergentes, como a China. Revista Solues - Apesar do crescimento, quais as principais dificuldades que os empresrios de pequenas empresas ainda encontram para tocar seus negcios atualmente? Amorim - Ns temos os empecilhos de sempre, que so a carga tributria e a renda, que poderia ser maior. Ainda h muita desigualdade de renda no Brasil. H dificuldades na burocracia que atinge a atividade comercial de uma maneira geral. Mas, de qualquer forma, tudo isso atenuado pelo fato de que a economia voltou a crescer. S

H um espao grande para explorar as economias domsticas. Em 2030, 2 bilhes de novos consumidores entraro na classe mdia.

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Foto: Agncia La Imagen 7

Governana corporativa

Gesto compartilhadaCom boas prticas de governana, companhias tornam-se mais transparentes e mais competitivasPor Mirian Gasparin

As ferramentas de gesto tm sido apontadas por especialistas em Administrao como um dos papis fundamentais para a estruturao das atividades das empresas. H quem diga que o sucesso de uma empresa depende exclusivamente da forma como ela gerenciada. Nesse sentido, uma boa governana corporativa proporciona aos administradores, proprietrios, acionistas ou cotistas de uma empresa a gesto estratgica e o efetivo monitoramento da direo executiva da companhia. Mas, afinal de contas, o que governana corporativa? Muitas so as definies para essa prtica. Para o Instituto Brasileiro de Governana Corporativa (IBGC), governana corporativa um sistema pelo qual as sociedades so dirigidas e monitoradas, envolvendo os relacionamentos entre acionistas/cotistas, conselhos e administrao, diretorias, auditorias independentes e conselhos fiscais. Para o coordenador do IBGC no Paran, Marcio Kaiser, hoje se reconhece cada vez mais que a governana corporativa importante para a gerao de valores das empresas, pois alm de ajudar a diminuir os custos de capital e melhorar o acesso a financiamentos pblicos ou privados, a governana contribui tambm para a perenidade das companhias. Diante desse quadro, a demanda por essa prtica profissional vem aumentando nos ltimos anos. Kaiser explica que o primeiro ponto a se considerar em governana corporativa a elaborao de um acordo de acionistas, que muitas vezes confundido com o estatuto da empresa. O acordo um instrumento privado, ou seja, um acordo entre os scios, e vai muito alm do estatuto da empresa. esse acordo que vai regular os assuntos exclusivos da famlia e da empresa, no caso de empresa familiar. Um acordo de acionistas vai determinar, por exemplo, como os herdeiros podero ingressar na empresa e estabelecer a questo dos salrios dos membros da famlia, explica. Segundo o coordenador do IBGC no Paran, depois do acordo de acionistas a segunda etapa da governana, corporativa adequar a gesto da empresa. As micro

e pequenas empresas tm necessidade de se profissionalizar. Mas de forma alguma isso significa que os membros da famlia no possam participar da gesto. Eles podem sim, mas devem ser preparados para assumir seus cargos, afirma Kaiser.

Feito o acordo de acionistas e adequada a gesto da empresa, partese para a terceira etapa da governana corporativa, que a criao de um conselho. Em caso de pe-

Entrevista Capacitao Comportamento Tendncia Associativismo Feiras e Eventos Servio Mercado Giro pelo Paran

Marcio Kaiser,

coordenador do IBGCquenas empresas, o conselho no se faz necessrio, observa o coordenador do IBGC no Paran. Lanado em 1999, o Cdigo das Melhores Prticas est em sua terceira verso. Atualmente seu contedo est sendo revisto e ser submetido audincia pblica antes de sua publicao. As modificaes do cdigo refletem as constantes discusses e o aprofundamento dos temas ligados governana corporativa, motivo que fez do documento referncia nacional em conduta de gesto empresarial, e nas escolas de negcios.Na sua primeira edio, o Cdigo concentrou-se no funcionamento, composio e atribuies dos conselhos de administrao, refletindo claramente a tendncia dominante na poca e a partir de reflexes sobre a Lei das Sociedades Annimas, ento vigente, e das discusses e concluses de um grupo de empresrios reunido em abril de 1997. A segunda verso, de abril de 2001, tratou do princpio da equidade entre acionistas. A terceira, de

Cdigo de boas prticasO IBGC tem um cdigo que considerado a principal referncia sobre as boas prticas de governana do Brasil. O documento, chamado de Cdigo das Melhores Prticas em Governana Corporativa, foi elaborado aps anlise de documentos similares no exterior e extensos debates entre associados da entidade, que procuraram adapt-lo realidade corporativa brasileira. O Cdigo est subdividido em seis captulos: Propriedade (scios), Conselho de Administrao, Gesto, Auditoria Independente, Conselho Fiscal, Conduta e Conflito de Interesses. O documento apresenta tambm os quatro princpios bsicos da governana corporativa, que so a transparncia, equidade, prestao de contas e responsabilidade corporativa.

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Foto: Divulgao 9

Sistema SebraeUm bom exemplo de governana corporativa est no Sebrae. O diretor de Administrao e Finanas do Sebrae Nacional, Carlos Alberto dos Santos, explica que o Sebrae no uma empresa privada, mas tem uma gesto privada de recursos pblicos. A governana corporativa do Sistema Sebrae muito importante porque os conselhos deliberativos estaduais e federal cumprem a funo de um conselho de administrao comparado com uma empresa privada, afirma.

Foto: Sebrae Nacional

De acordo com o diretor de Administrao e Finanas do Sebrae Nacional, a governana corporativa da instituio sofisticada e complexa devido s peculiaridades do Sistema, que se assemelha a uma parceria pblico e privada, em especial, porque os recursos devem ser aplicados em aes e programas voltados aos pequenos negcios e competitividade dessas empresas no mercado. O critrio da eficincia do Sebrae o resultado das empresas atendidas pela instituio, destaca.

Foto: Agncia La Imagen

maro de 2004, marcada pela incluso do princpio de responsabilidade corporativa.

e que so definidas nos respectivos conselhos.

(Citpar), Federao da Agricultura do Estado do Paran (Faep), Federao das Associaes Comerciais, Industriais e Agropecurias do Estado do Paran (Faciap), Federao das Associaes de Micro e Pequenas Empresas do Paran (Fampepar), Federao das Indstrias do Estado do Paran (Fiep), Federao do Comrcio do Estado do Paran (Fecomrcio), Sebrae Nacional, Secretaria de Estado da Indstria, do Comrcio e Assuntos do Mercosul, Organizao das Cooperativas do Paran (Ocepar) e Universidade Federal do Paran (UFPR).

Jefferson Nogaroli,

No conselho do Sebrae, explica Carlos Alberto dos Santos, tm assento representantes dos setores produtivo, acadmico, governo e de diferentes grupos que influenciam, direcionam e aprovam os planos de trabalho, propem aes cotidianas para que a Diretoria Executiva possa se concentrar no desenvolvimento de aes que esto vinculadas ao direcionamento estratgico

Entidades unidasCarlos Alberto dos Santos,diretor de Administrao e Finanas do Sebrae NacionalNo Paran, o Conselho Deliberativo do Sebrae/PR um exemplo de gesto compartilhada, de governana corporativa que traa as estratgias e diretrizes do Sebrae a serem executadas pela Diretoria Executiva, com a fiscalizao do Conselho Fiscal. Formado por entidades parceiras, representantes de segmentos do setor produtivo, de instituies

presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae/PRde crdito e do governo, a governana funciona como uma Assembleia Geral, soberana, que representa a tomada de decises de forma democrtica, explica o presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae/PR, Jefferson Nogaroli. Nogaroli, que assumiu a presidncia do Conselho do Sebrae/PR no final do ano passado e que atualmente tambm comanda o Conselho Superior da Federao das Associaes Comerciais, Industriais e Agropecurias do Paran (Faciap), diz que os modelos de gesto compartilhada so muito mais eficientes que os modelos caracterizados pela centralizao, porque os temas colocados em pauta so abordados sob as mais diferentes perspectivas. As decises no so de um, mas do grupo. Sempre todos, de alguma forma, tm a colaborar, a contribuir para a melhor deciso, assinala. O Conselho Deliberativo do Sebrae/PR formado por 13 entidades: Agncia de Fomento, Banco do Brasil, Caixa Econmica Federal, Centro de Integrao de Tecnologia do Paran

As decises no so de um, mas do grupo e sempre todos, de alguma forma, tm a colaborar

O diretor-superintendente do Sebrae/PR, Allan Marcelo de Campos Costa, diz que a governana corporativa, no Brasil, tornou-se uma exigncia para as empresas acompanharem os novos tempos. Esse fenmeno, terminologia utilizada por muitos especialistas, foi acelerado pela privatizao, desregulamentao da economia e globalizao. O ambiente corporativo hoje est muito mais competitivo se comparado com o ambiente de dez anos atrs. Por isso, o Sebrae/PR aposta na governana corporativa, porque, para ns, um modelo de como bem gerenciar. Todas as decises tomadas pela Diretoria Executiva so amadurecidas, revisadas e reformuladas nesse processo. Para Allan Marcelo de Campos Costa, o Sebrae/PR dispe de algumas vantagens, como por exemplo um Conselho Deliberativo ecltico. Temos representantes de entidades empresariais, de instituies financeiras, de instituies de ensino, do setor produtivo, do poder pblico e da iniciativa privada. Cada entidade ou instituio com sua expertise, mas todas com as suas aes focadas e comprometidas no desenvolvimento do Estado e no fortalecimento do empreendedorismo e das micro

diretor-superintendente do Sebrae/PR

Allan Marcelo de C. Costa,

e pequenas empresas. Isso acaba sendo muito vantajoso, porque todos contribuem com parte de seu conhecimento. Ganha o Sebrae/PR, que passa a ter uma gesto mais eficiente; ganham os empreendedores e empresrios, que tm disposio melhores solues empresariais e ganha a sociedade, que pode contar com organizaes de apoio ao desenvolvimento transparentes, destaca o diretor-superintendente do Sebrae/PR. (Colaborou nesta reportagem Leandro Donatti) S

Sede do Sebrae/PR, em Curitiba

Para saber mais sobre governana corporativa, acesse o site do Instituto Brasileiro de Governana Corporativa (www.ibgc.org.br). No site, voc pode inclusive conhecer o Cdigo das Melhores Prticas de Governana Corporativa, que passa atualmente por uma reviso. Basta clicar no link Publicaes. O site da HSM, lder na formao de executivos no mundo, tambm sempre traz artigos de especialistas sobre o tema. Acesse www.hsm.com.br.

Reunio mensal do Conselho Deliberativo do Sebrae/PR

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Foto: Agncia La Imagen

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Foto: Mauro Frasson/arquivo Sebrae/PR 11

Conhea as entidades que formam o Conselho do Sebrae/PR

AGNCIA DE FOMENTOA Agncia de Fomento do Paran S.A. uma instituio financeira que opera prioritariamente com recursos prprios, que so aplicados no financiamento de iniciativas compatveis com a poltica de governo do Estado. Atravs de seus programas, e em parceria com secretarias e outros rgos do Estado, os recursos so direcionados oferta de crdito e financiamentos sem burocracia e em condies favorveis de taxas, prazos e garantias. www.afpr.pr.gov.br

BANCO DO BRASILA misso do Banco do Brasil ser a soluo em servios e intermediao financeira, atender s expectativas de clientes e acionistas, fortalecer o compromisso entre os funcionrios e a empresa e contribuir para o desenvolvimento do Paran e do Brasil. Com 24,6 milhes de clientes correntistas, 15,1 mil pontos de atendimento em 3,1 mil cidades e 22 pases, o Banco do Brasil hoje a maior instituio financeira do Pas. www.bb.com.br

CAIXA ECONMICAA Caixa Econmica Federal o principal agente das polticas pblicas do governo federal e, de uma forma ou de outra, est presente na vida de milhes de brasileiros. Isso porque a Caixa uma empresa 100% pblica atende no s os seus clientes bancrios, mas todos os trabalhadores formais do Brasil, estes por meio do pagamento de FGTS, PIS e seguro-desemprego; beneficirios de programas sociais e apostadores das loterias. www.caixa.gov.br

CITPARO Centro de Integrao e Tecnologia do Paran uma Oscip que se dedicou durante 21 anos a prestar atendimento na rea de tecnologia a rgos de governo, universidades e entidades da iniciativa privada. Como Eurocentro, realizou muitos encontros empresariais de pases da Comunidade Europeia e Amrica Latina. Vrias empresas que hoje se encontram instaladas no Paran foram influenciadas direta ou indiretamente pelo CITPAR.

FACIAPA Federao das Associaes Comerciais e Empresariais do Paran (Faciap) representa hoje 247 associaes comerciais e um universo de mais de 40 mil empresas em todo o Estado. A entidade uma das maiores instituies do sistema no Brasil, com atuao em 70% dos municpios paranaenses. As associaes comerciais esto presentes nas principais cidades, que representam juntas 95% do Produto Interno Bruto (PIB) paranaense. www.faciap.org.br

FAEPA Federao da Agricultura do Estado do Paran tem como objetivo o estudo, a coordenao, defesa e representao legal da categoria econmica rural, tal como agricultura e pecuria, buscando solues para as questes relacionadas aos interesses econmicos, sociais e ambientais do produtor. responsvel pela orientao aos seus filiados, em sindicatos rurais. www.faep.com.br

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FAMPEPARA Federao das Associaes de Micro e Pequenas Empresas do Estado do Paran desenvolve projetos que buscam o fortalecimento de associaes de pequenas empresas em todo o Estado. O trabalho consiste na realizao de palestras e na capacitao de lideranas e empresrios. A entidade representa as micro e pequenas empresas no Frum Permanente das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte.

FECOMRCIOO Sistema Fecomrcio Sesc Senac-PR d ao empresrio do comrcio as melhores condies possveis de sobrevivncia e sustentabilidade do seu negcio, numa poca em que a competio pelo cliente cada vez mais acirrada. A inteno da Federao ampliar cada vez mais suas aes com qualidade e abrangncia, contribuindo para o desenvolvimento do Estado. www.fecomerciopr.com.br

FIEPA Federao das Indstrias do Estado do Paran - Fiep, Ciep, Sesi, Senai e IEL - uma entidade de representao da indstria do Paran. Brao polticoinstitucional da indstria, a Fiep a voz da indstria paranaense, a quinta maior do Brasil. A Federao presta assessoria direta aos sindicatos empresariais filiados entidade, que representam mais de 30 mil indstrias, que geram 670 mil postos de trabalho. www.fiepr.org.br

AnncioOCEPARO Sistema Ocepar formado por trs sociedades sem fins lucrativos que, em parceria, se dedicam representao, fomento, desenvolvimento, capacitao e promoo social das cooperativas paranaenses: o Sindicato e Organizao das Cooperativas do Estado do Paran - Ocepar, o Servio Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo - Sescoop PR e a Federao e Organizao das Cooperativas do Estado do Paran - Fecoopar. www.ocepar.org.br

SEIMA Secretaria da Indstria, do Comrcio e Assuntos do Mercosul existe para promover a articulao do governo do Paran com o setor privado. Entre suas principais linhas de ao, esto o estmulo criao de empresas e a promoo das exportaes. A SEIM executa programas e projetos visando implantar e coordenar a poltica governamental para os setores secundrio e tercirio da economia do Estado. www.seim.pr.gov.br

UFPRA Universidade Federal do Paran a mais antiga universidade do Brasil e smbolo de Curitiba. Envolta por uma histria de muitas conquistas, desde 1912 a UFPR referncia no ensino superior para o Estado e para o Brasil. Smbolo maior da cultura paranaense, a UFPR demonstra sua importncia e excelncia atravs dos cursos de graduao, especializao, mestrado e doutorado, alm de suas reas de extenso e pesquisa. www.ufpr.br

SEBRAE NACIONALO Servio Brasileiro de Apoio s Micro e Pequenas Empresas uma entidade privada sem fins lucrativos que tem como misso promover em todo o Pas, de norte a sul, a competitividade e o desenvolvimento sustentvel dos empreendimentos das micro e pequenas empresas. A instituio foi criada em 1972, como resultado de iniciativas pioneiras que tinham como foco estimular o empreendedorismo no Brasil. www.sebrae.com.br

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Comando

Entrevista Capacitao Comportamento Tendncia Associativismo Feiras e Eventos Servio Mercado Giro pelo Paran

Lder 2.0Para especialista, liderana a arte de influenciar as pessoas, no cargo, no posio e muito menos sinnimo de carismaPor Katia Michelle Pires

O Lder 2.0, explica o consultor, quem rene cinco foras: 1. Oferece causas, em vez de apenas empregos, tarefas ou metas. O Lder 2.0 oferece s pessoas aquilo que mais desejam: uma bandeira, uma razo para suas vidas. Acredita que as pessoas esto dispostas a oferecer o melhor de si e at mesmo a fazer sacrifcios, desde que se identifiquem com uma causa, um porqu para o seu cotidiano; 2. Forma outros lderes, em vez de apenas seguidores. O Lder 2.0 no se satisfaz em ter atrs de si um grupo de pessoas seguindo fielmente o rumo traado e recompensado pela sua lealdade. aquele que tem em torno de si pessoas capazes de exercer a liderana quando necessrio. Cria mecanismos, atitudes e posturas que estimulam o desenvolvimento do lder que existe dentro de cada um com quem convive. Forma, assim, outros lderes, seu maior legado para o futuro da organizao; 3. Lidera 360 graus, em vez de apenas 90 graus. O Lder 2.0 atua onde faz diferena. No comanda apenas uma equipe de subordinados dentro das paredes de uma empresa. Exerce a liderana tambm fora, para cima e para os lados: lidera clientes, parceiros, comunidades e influencia chefes, colegas e acionistas; 4. Surpreende pelos resultados, em vez de fazer apenas o combinado. O Lder 2.0 no aquele que apenas chega aonde anunciou antes. No basta cumprir metas. aquele que faz mais do que o combinado, surpreende pelos resultados incomuns que obtm de pessoas comuns. Sabe compatibilizar o hoje com o amanh. Garante o presente, enquanto constri o futuro; 5. Inspira pelos valores, em vez de apenas pelo carisma. O Lder 2.0 constri um mapa de atitudes em torno de valores que so explicitados, disseminados e praticados. Cria um clima de tica, integridade, confiana, respeito, transparncia, aprendizado contnuo, inovao, paixo, humildade. Educa pelo exemplo. Prima pela coerncia entre o que diz e o que faz. Lidera a si mesmo antes de pretender liderar os outros.

O mundo est em constante mudana e no por acaso que as personalidades que lideram empresas e comunidades devem se adequar a essas alteraes. O consultor Csar Souza, autor de diversos livros, defende a formao de um novo lder, chamado de Lder 2.0, que seria capaz de lidar com a evoluo. Com slida experincia como executivo, Csar Souza foi at 1998 vice-presidente da Odebrecht of Amrica Inc, radicada em Washington nos Estados Unidos, e scio-diretor do Monitor Group, at 2001, empresa fundada por Michael Porter. Desde ento, atua como consultor para diversas companhias, nas reas de estratgia, marketing e recursos humanos. Recentemente, Csar Souza participou do Frum Global de Liderana, que aconteceu no Estao Convention Center, em Curitiba, reunindo os mais conceituados nomes. Liderana a arte de influenciar pessoas. No cargo nem posio social, nem sinnimo de carisma. O lder tambm no nasce pronto. Ningum nasce lder, aprendemos a ser lder. Infelizmente, vivemos um verdadeiro apago da Liderana, no mundo poltico, empresarial, educacional, familiar. Precisamos formar Lderes 2.0, para uma nova realidade, define.

Foto: Divulgao

Csar Souza,consultor

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Para Csar Souza, vivemos uma carncia de lderes nas escolas, nas comunidades, na vida poltica. Se quisermos criar famlias mais felizes, empresas mais saudveis e comunidades mais solidrias, precisamos mudar a nossa forma de pensar sobre a liderana e a nossa maneira de exercer a liderana, ensina. Quando questionado sobre o boom do termo liderana e a proliferao de cursos sobre o tema, o consultor faz uma crtica. Infelizmente, a maioria desses cursos e livros sobre liderana est formando lderes para uma realidade que j no existe mais. No mximo formam gerentes mais eficientes em vez de lderes eficazes. A liderana tal qual a conhecemos hoje est com os dias contados. O Lder 1.0 deve ser estudado em aulas de Histria e no mais em aulas de Administrao ou Gerenciamento. Precisamos de Lderes 2.0 nas nossas empresas.

inspiro os outros por valores ou apenas pelo carisma e hierarquia? Essas perguntas ajudam a perceber se voc est sendo um lder.

Papel indispensvelFalar em liderana quase sempre associar o termo s grandes personalidades que marcaram a histria mundial. Gandhi, Hitler, Nelson Mandela e Che Guevara so alguns exemplos de nomes que influenciaram geraes e mudaram a forma de pensar de milhares de pessoas. Mas a liderana no est associada apenas a grandes dimenses. uma caracterstica que est presente na personalidade das pessoas, de forma inata ou adquirida, em todas as etnias e classes sociais e nos negcios, desde uma multinacional at uma pequena empresa.

Foto: Divulgao

Kuniko Maeda,empresria

Como ento os empresrios podem se proteger? Existem muitos cursos que prometem formar lderes em 24 horas, como se fosse um passe de mgica. Mas no adianta tentar aprender tcnicas, pois liderana no uma questo tcnica. Trata-se de uma questo de atitudes, aconselha Csar Souza. Ver como o lder age, na opinio do consultor, a melhor forma de identific-lo. O exemplo a ao, a essncia. No adianta um belo discurso, nem diplomas de cursos de liderana. O melhor na hora do sufoco, da ao. Por exemplo, sempre digo que as estrelas brilham na escurido e na hora da crise que d para distinguir o joio do trigo. Como o lder se comporta, diz. Para Csar Souza, as cinco foras do Lder 2.0 ajudam a identificar o lder. Sugiro que cada leitor dessa matria se faa cinco perguntas inconvenientes: Ser que ofereo uma causa minha equipe ou apenas estou cobrando metas e tarefas? Ser que estou formando outros lderes ou apenas seguidores? Ser que fao mais que o combinado ou apenas bato metas? Ser que lidero tambm clientes, fornecedores, comunidades ou lidero apenas uma equipe dentro da empresa como se fosse um mero chefe? Ser que

Bernt Entschev,headhunter

Na direo certaA empresria Kuniko Maeda, de Toledo, no oeste do Paran, sabe bem a importncia da liderana no mundo dos negcios. Proprietria de uma loja de produtos mdico-hospitalares que comercializa mais de 30 mil itens e gera trs empregos diretos e scia de uma pizzaria que tem cerca de 30 funcionrios, Kuniko precisa liderar o tempo inteiro para garantir o sucesso de seus negcios. Ela acredita, no entanto, que a liderana no est ligada ao autoritarismo. Pelo contrrio. Muita gente confunde liderana com comando, mas no s isso. Um lder deve, antes de tudo, se fazer respeitar e conquistar as pessoas pela confiana, ensina. Para ela, um lder um cidado completo que influencia pela competncia e capacidade de compreender o meio em que est. E essa competncia vale tanto para a formao profissional como espiritual, diz. Como lder de duas empresas, ela relata que preciso estar sempre presente nos negcios e em contato com tudo o que acontece dentro da empresa. A liderana est na sabedoria de saber cobrar, mas tambm de saber confiar, diz. Para ela, essa competncia j nasce com a pessoa e pode ser observada no grupo de amigos, na escola ou mesmo em escalas maiores, na sociedade, em cargos polticos, por exemplo. Cabe ao lder, portanto, motivar sistemtica e periodicamente as pessoas que confiam nele. importante dinamizar esse processo para ter um melhor resultado. Um bom lder deve propor reunies, saber escutar as pessoas, motiv-las e acima de tudo manter-se atualizado. Sobre sua prpria experincia, Kuniko categrica: Um lder deve obter respeito, sem gritar, sem pressionar. Deve se impor, colocar limites, mas tambm saber ser amigo. S

H duas formas de ser um lder: ou pela caracterstica inata ou aprendendo tcnicas de liderana, mas sempre a pessoa deve olhar para dentro de si e questionarUm lder pode ser o presidente da Repblica ou o sndico do prdio. Basta saber identificar, ensina o headhunter (caa-talentos) Bernt Entschev, que tambm compartilhou sua experincia no Frum Global de Liderana. Para ele, o lder tem um papel indispensvel na conduo dos negcios e, portanto, fundamental identificar lderes em potencial no mundo corporativo. E como identificar os lderes? Entschev tambm d dicas: Um lder aquele que consegue influenciar as pessoas com seu comportamento, diz, salientando que existem vrios tipos de lderes. Uma pessoa pode ser lder em um ambiente e em outro no, na avaliao de Entschev. E a personalidade de liderana sempre vai aparecer quando se junta mais de uma pessoa. No mundo dos negcios, essa liderana fundamental para conduzir decises e dar o direcionamento essencial para o sucesso do empreendimento. Ou fracasso. Conforme ressalta Entschev, que tem mais de duas dcadas de experincia na rea de Executive Search e j foi eleito o 4 Melhor Headhunter do Brasil pelo Canal RH, h lideranas positivas e negativas. E h duas formas de ser um lder, de acordo com ele. Ou pela caracterstica inata ou aprendendo tcnicas de liderana. Para o headhunter, a pessoa deve olhar para dentro de si mesma e questionar os seus anseios e que papel ela quer desempenhar. H lderes e seguidores e preciso saber o que se pretende, honestamente, conclui.

Para saber mais sobre o tema, leia o livro Voc do tamanho dos seus sonhos, de Csar Souza.

Como ser um lder em cinco lies, por Bernt Entschev1Prever o futuro, ou seja, ter a capacidade de saber o que pode acontecer no mercado antecipadamente, reunindo informaes sobre o assunto; Conseguir ordenar o servio a ser feito;

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Conduzir subordinados; Abraar a causa (muitos lderes acabam fazendo sacrifcios pela funo, como o caso de Getlio Vargas, como exemplifica o consultor); Conquistar a admirao das pessoas.

Fotos: Vanderson Faria

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Empreendedor individual

Paran quer formalizar 55 mil at 2010Conhea a histria de trabalhadores informais que, a partir de agora, passaro a ter direitos previdencirios e empresariaisPor Leandro Donatti

Entrevista Capacitao Comportamento Tendncia Associativismo Feiras e Eventos Servio Mercado Giro pelo Paran

Foto: Wilson Vieira/Videographic

dividual, alm de vantagens previdencirias como aposentadoria, auxlio-doena e auxlio-maternidade, tambm ter a vantagem de poder emitir nota fiscal. Ser possvel ainda participar de licitao ou entrar nas chamadas dispensas de licitao. O Sebrae/PR ressalta a importncia do CNPJ para o empreendedor. Com o documento, ele ter poder de negociao, poder comprar de atacadistas e abrir conta em bancos como pessoa jurdica, com taxas e juros especiais. O informal precisa ter clareza sobre a natureza do seu empreendimento, pois sero aceitos apenas negcios que no ferem a legislao local.O dia a dia do pedreiro Francisco Alves de Oliveira, 63 anos, tambm no nada fcil. Seu Francisco foi o primeiro empreendedor informal a procurar orientaes sobre o Empreendedor Individual, no Sebrae/PR, em Curitiba. Ele trabalha h 20 anos como autnomo e v a formalizao de seu ofcio como uma forma de ter reconhecimento profissional e conquistar mais clientes. Formali-

zado, vou pegar mais servios, terei benefcios do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) e penso em empregar mais uma pessoa. Perco muito trabalho atualmente porque no tenho nota fiscal para fornecer, conta o pedreiro, que mora em So Jos dos Pinhais, na Grande Curitiba, mas exerce a maioria de suas atividades na Capital. Paulo Cesar Kaspreski tambm procurou o Sebrae/PR assim que soube que poderia virar um empreendedor individual. Paulo Cesar tem h trs anos seu prprio empreendimento. Ele atua na limpeza comercial de telhas e pisos em Pato Branco, no sudoeste do Paran. O empreendedor conta que tem acompanhado o assunto pelo noticirio. Eu j sentia a necessidade de formalizar a empresa. Agora ficou mais simples e mais barato, o que vai fazer a gente antecipar essa deciso. A necessidade a que Paulo se refere veio com o tempo. Ele conta que foi divulgando seu prprio negcio com o trabalho e as oportunidades foram aparecendo. Contudo, por no ter uma em-

Isaas Rosa,pintor

Foto: Luiz Costa/Agncia La Imagen

Aproximadamente 55 mil empreendedores que trabalham na informalidade devem se formalizar no Paran at o final de 2010. A estimativa do Sebrae/PR que, desde 1 de julho, com a entrada em vigor do Empreendedor Individual, presta diariamente orientaes para informais de todo o Estado que buscam a formalizao. O Empreendedor Individual uma figura jurdica instituda pela Lei Complementar 128/08 que alterou dispositivo do Estatuto Nacional da Microempresa e Empresa de Pequeno Porte, tambm conhecido como Lei Geral da Micro e Pequena Empresa, com o objetivo de facilitar a formalizao de manicures, pintores, costureiras, carpinteiros, cabeleireiros, artesos, sapateiros, entre outras profisses.

Na informalidade, os empreendedores no tm direitos previdencirios nem direitos empresariais. De acordo com o Anurio do Trabalho Sebrae/Dieese 2008, existem aproximadamente 565 mil trabalhadores informais no Estado. O prestador de servios de pinturas e letreiros, Isaas Rosa, conhece bem as desvantagens de trabalhar sem garantias. Aos 52 anos, espera que o Empreendedor Individual lhe traga mais alvio e segurana. O pintor, que est na atividade h 37 anos, em Londrina, no norte do Estado, espera no passar mais pelo sufoco ao qual se submeteu h dois anos, quando se acidentou no exerccio da profisso e viu-se desamparado. Isaas foi parar no hospital porque quebrou o brao ao cair de uma escada.

Ficou desesperado porque no tinha seguro. Para poder receber o pagamento pelo servio que eu j tinha comeado, sa do hospital sem me recuperar direito e voltei ao trabalho assim mesmo, conta. Alm do direito ao benefcio auxliodoena, o trabalhador v outras vantagens na formalizao. No vou mais perder oportunidades de trabalho por falta de nota fiscal e CNPJ (Cadastro Nacional para Pessoa Jurdica). Acho que vai melhorar muito e todo mundo s tem a ganhar com essa lei, aposta Isaas, que est ansioso para ser reconhecido como o mais novo Empreendedor Individual de Londrina. De acordo com a nova legislao, quem aderir ao Empreendedor In-

Foto: Wilson Vieira/Videographic

Foto: Cristiane Shinde/Studio Alfa

Quem aderir, alm de vantagens previdencirias como aposentadoria, tambm poder emitir nota fiscal

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Foto: Wilson Vieira/Videographic

alm dos portais dos rgos envolvidos. A orientao e o atendimento direto a esse pblico esto sendo feitos pelo Sebrae, Fenacon e sindicatos filiados. Os escritrios de contabilidade integrantes do Simples Nacional faro, gratuitamente, o registro e a primeira declarao anual desses empreendedores individuais, de acordo com a Lei 128/08, que instituiu o Empreendedor Individual.

PerfilPesquisa qualitativa realizada pelo Sebrae Nacional com 543 informais brasileiros mostra que 70% dos entrevistados consideram a formalidade mais vantajosa do que a informalidade. Alm disso, 75% afirmam no ter medo da formalizao. A mesma pesquisa revela que a maioria dos informais est satisfeita com o trabalho que realiza, porm enfrenta graves problemas, como falta de dinheiro para participar de capacitaes e treinamentos, de financiamentos para investir em infraestrutura e de divulgao de seus negcios. De acordo com a Pesquisa Economia Informal Urbana (Sebrae/IBGE, 2003), 64% das pessoas ocupadas neste setor so do sexo masculino; 36% tm ensino fundamental incompleto; 37% dos donos de empreendimentos informais tm entreConsultor entrega cartilha sobre Empreendedor Individual para feirante

Foto: Studio Alfa

Com CNPJ, o empreendedor passa a ter poder de negociao e pode abrir conta em bancos como pessoa jurdica, com taxas e juros especiais25 e 39 anos de idade, enquanto 46% esto entre 40 e 59 anos.des parceiras diretamente envolvidas no processo. Na Capital, consultores do Sebrae/PR, Servio Nacional de Aprendizagem Rural do Estado do Paran (Senar-PR) e Secretaria de Abastecimento de Curitiba percorreram as principais feiras livres de Curitiba e entregaram cartilhas e panfletos com informaes sobre o Empreendedor Individual. (Colaboraram nesta reportagem Adriano Oltramari, Andrelise Dalto, Cleide de Paula, Giselle Ritzmann Loures, Luciana Baroni e Octvio Rossi) S

Marlene Falasca Roth,costureirapresa formal, muitas vezes perdeu servios. Com essa chance, formalizado, posso participar de concorrncias pblicas e ampliar mercado tambm na iniciativa privada.

DemandaA procura por informaes sobre o Empreendedor Individual intensa no Sebrae/PR, desde 1 julho, quando a nova legislao entrou em vigor em todo o Brasil. Alm de atendimentos, o Sebrae realizou seminrios regionais em Curitiba, Maring, Cascavel, Pato Branco, Francisco Beltro e Londrina, para discutir a proposta com as entida-

ExpectativaMarlete Falasca Roth costureira em Maring, no noroeste do Estado. Para ajudar na renda da famlia, compra retalhos em grandes confeces da cidade e, com arte, delicadeza e, acima de tudo, profissionalismo, transforma os retalhos em lenis. Trabalho h anos costurando e vendendo meus lenis, sempre na informalidade, agora poderei abrir minha empresa e conseguir garantias s quais tenho direito, aposta Dona Marlete, que ficou ansiosa antes mesmo de o Portal do Empreendedor (www.portaldoempreendedor.gov.br), pelo qual so feitas as formalizaes, aceitar inscries no Paran. Para se tornar empreendedor individual, os informais precisam inscrever-se. Todo o processo de formalizao feito pela internet.Quem sabe, virando empreendedora individual, poderei at contratar uma pessoa para me ajudar, projeta a costureira.24

Podem se formalizar empreendedores da indstria, comrcio e servio, com receita bruta anual de at R$ 36 milCom a mesma expectativa de Dona Marlete, Jos Aparecido de Arajo, 38 anos, tambm sonha em virar empresrio. Jos Aparecido tem um carro de som, que ele chama de propaganda mvel. H seis anos trabalha na informalidade no Bairro Canceli, em Cascavel, regio oeste. Sustenta sua famlia com o dinheiro que recebe pelo trabalho no carro de som. muito complicado. Sempre fico com medo da fiscalizao, trabalho apenas no bairro, onde j sou conhecido, sem muitas perspectivas de crescimento. Hoje, Jos Aparecido v no Empreendedor Individual a chance de sair da informalidade. Agora poderei trabalhar dentro da lei, emitir nota fiscal e quem sabe at expandir meu negcio, pois sei que o projeto inclui vrios benefcios.

o - exceto locao de mo-de-obra e profisses regulamentadas por lei - com receita bruta anual de at R$ 36 mil. Os interessados, que pagaro entre R$ 52,15 e R$ 57,15 de tributos, devem ter no mximo um funcionrio com renda de at um salrio mnimo mensal ou piso da categorial profissional.Empreendedores do comrcio e da indstria pagaro um valor fixo mensal de 11% sobre o salrio mnimo - hoje R$ 51,15 - referente ao INSS pessoal, mais R$ 1,00 de ICMS (Imposto Sobre a Circulao de Mercadorias e Servios). Prestadores de servios arcaro com os mesmos 11% sobre o mnimo mais R$ 5,00 de ISS (Imposto Sobre Servios). J os profissionais que atuam em atividades mistas (indstria ou comrcio com servios) pagaro os 11% do mnimo mais R$ 1,00 de ICMS e R$ 5,00 de ISS.As empresas que j so formais podero aderir em janeiro de 2010, prazo que se repetir anualmente, de acordo com as regras do Simples Nacional. Os empreendedores interessados na formalizao podero buscar informaes nas centrais de relacionamento do Sebrae (0800 570 0800), do INSS (135) e da Receita Federal do Brasil (146),

Mais informaes sobre o Empreendedor Individual, acesse o Portal do Empreendedor, em www.portaldoempreendedor. gov.br. O portal contm uma srie de informaes teis e traz as vantagens e obrigaes para quem quer se formalizar.Seminrio em Curitiba

RegrasPodem se formalizar empreendedores da indstria, comrcio e servi-

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Foto: Luiz Costa/Agncia La Imagen

MunicpiosMais de a metade dos municpios do Paran j instituram legislaes especficas para micro e pequenas empresas. Levantamento do Sebrae/PR mostra que 208 dos 399 municpios do Paran j criaram Leis Gerais Municipais. Criaram, mas isso no significa que todos regulamentaram o Estatuto Nacional da Microempresa e Empresa de Pequeno Porte, tambm conhecido como Lei Geral da Micro e Pequena Empresa, o que na prtica impede que muitos benefcios da legislao, instituda no final de 2006, cheguem aos empreendedores e empresrios. Os municpios tm um papel estratgico, em todo o Brasil, para que a Lei Geral torne-se operacional de fato. A regulamentao o primeiro passo para termos uma ao mais concreta em favor das micro e pequenas empresas. Por isso, importante que os municpios faam um esforo para que no s implantem Leis Gerais Municipais, como tambm regulamentem a legislao, especifiquem como pretendem colocar em prtica os benefcios que so concedidos ao segmento, explica o coordenador estadual de Polticas Pblicas do Sebrae/PR, Cesar Rissete. A mobilizao, a regulamentao, as compras governamentais, os procedimentos simplificados, a integrao de cadastros so alguns pontos da Lei Geral que podem fazer a diferena nos municpios, no que diz respeito ao sucesso dos pequenos negcios. Por exemplo, nas compras governamentais, nas quais as micro e pequenas empresas tm preferncia em licitaes de at R$ 80 mil, de acordo com a Lei Geral, essa preferncia vai se traduzir em gerao de mais empregos e renda nas prprias cidades, uma vez que fortalece o mercado local. O coordenador estadual de Polticas Pblicas do Sebrae/PR ressalta a importncia do papel regulamentador dos municpios, tomando como exemplo a figura jurdica que instituiu desde julho o Empreendedor Individual. importante que os municpios se preparem para atender os empreendedores que buscaro a formalizao. Quem se formalizar como Empreendedor Individual, alm dos registros no CNPJ, na Junta Comercial e na Previdncia Social, tambm ter licena especial da prefeitura para funcionamento imediato. Mas, para isso, os futuros empreendedores individuais tero que assinar o Termo de Cincia e Responsabilidade, com efeito de Alvar de Licena de Funcionamento Provisrio, a ser enviado para a Junta Comercial. As prefeituras, num prazo de at 180 dias, tero que confirmar o alvar de funcionamento. A concesso de alvar provisrio e definitivo, variando se a atividade de risco ou no, ser feita dentro das prefeituras. no municpio que acontecer o arranjo final de todo esse processo. onde a lei sai do papel para a prtica. Logo, as prefeituras que institurem sistemas de concesso de alvar mais geis, cumpriro a legislao e atendero com mais presteza s demandas, descreve Rissete.

Regulamentao operacionaliza Lei Geral208 dos 399 municpios do Paran j criaram legislaes especficas para micro e pequenas empresas; prximo passo regulamentarPor Adriano Oltramari e Leandro Donatti

Entrevista Capacitao Comportamento Tendncia Associativismo Feiras e Eventos Servio Mercado Giro pelo Paran

importante que os municpios faam um esforo para que no s implantem Leis Gerais Municipais, como tambm regulamentem a legislao

RegulamentaoA Associao dos Municpios do Sudoeste do Paran (AMSOP) trabalha para que os 42 municpios que a integram estejam em dia com seus deveres em relao Lei Geral. Na regio sudoeste, todos os municpios j criaram Leis Gerais Municipais. O tema vem sendo tratado desde 2007. A discusso do momento a regulamentao. O processo de regulamentao j estava encaminhado, porm a entrada em vigor da Lei Complementar 128/08 (do Empre-

Foto: Adriano Oltramari

Municpio de Pato Branco/PR

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endedor Individual) forou novos ajustes, observa Celito Bevilaqua, secretrio executivo da AMSOP. A Lei Geral tem que ser encarada pelos municpios como uma ferramenta de desenvolvimento, analisa Bevilaqua. Segundo ele, outro ponto importante que a municipalizao da Lei Geral mexeu com questes tributrias. Dos 42, apenas seis municpios no fizeram alteraes em seus cdigos (tributrios). Uma ao provocada pela Lei Geral que certamente vai beneficiar no s os empreendedores, empresrios, mas a maioria dos contribuintes municipais, projeta o secretrio executivo da AMSOP. A estimativa da Associao que a partir da regulamentao, os municpios do sudoeste estejam prontos para emitir o alvar provisrio para estabelecimentos comerciais que no apresentem riscos num prazo no maior de 48 horas. Em Pato Branco, a regulamentao da Lei Geral passa tambm pela instalao da Sala do Empreendedor no prdio da prefeitura. De acordo com o secretrio de Finanas, Mauro Jos Sbarain, a prefeitura prepara-se para disponibilizar um local para atender os empreendedores e empresrios de micro e pequenas empresas. J temos o espao, mveis e equipamentos. A sala uma boa estratgia para a informao. Quem tiver dvidas, poder vir direto no espao que a prefeitura vai disponibilizar, com um servidor para atender, especifica. O secretrio de Finanas confirma ainda que Pato Branco aguarda a votao do projeto que regulamenta a Lei Geral, que j est na Cmara Municipal, mas enquanto isso vai arrumando os procedimentos para atender principalmente os informais que podem ser enquadrados no Empreendedor Individual.

que j concluram a primeira etapa do processo de municipalizao, complementam itens j previstos na Lei Geral de mbito nacional.

O Sebrae/PR, por meio de convnios com associaes de municpios em todo o Estado, tem orientado para que as legislaes municipais contenham regras quanto instalao e implementao de comits gestores municipais, cadastros sincronizados, procedimentos simplificados, estmulo inovao, ao cooperativismo e ao associativismo, assistncia tcnica a produtores rurais, dentre outras. Outro item que merece acolhimento, pelas legislaes municipais, o que trata da participao preferencial de micro e pequenas empresas em licitaes pblicas. As empresas que faturam at R$ 2,4 milhes por ano podem participar exclusivamente de licitaes pblicas com valores at R$ 80 mil. A administrao pblica pode ainda garantir por lei a subcontratao de micro ou pequenas empresas at 30% do total licitado. Levantamento feito pelo Ministrio do Planejamento estima que, se a participao das micro e pequenas empresas aumentar dos atuais 17% para 30% das aquisies pblicas da Unio, estados e municpios, ser gerado por ano no Pas cerca de 1 milho de novos empregos. As Leis Gerais Municipais no precisam obrigatoriamente conter dis-

transformar a lei em um instrumento de desenvolvimento local. Para isso, desenvolveu metodologias e est colocando disposio dos municpios assessoria tcnica.

Desenvolvimento LocalOs municpios do Paran que j instituram Leis Gerais Municipais tm disposio a partir de agora um programa especfico do Sebrae/PR, focado no desenvolvimento a partir das micro e pequenas empresas. O Programa de Desenvolvimento Local Fundamentado na Lei Geral das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte, com durao de dois anos e meio, tem como objetivo institucionalizar a Lei Geral nos municpios, criando assim um ambiente legal e favorvel aos pequenos negcios e contribuindo para o desenvolvimento dos municpios. O Programa tem uma metodologia prpria e prev, por exemplo, a formao de Agentes de Desenvolvimento, que sero indicados pelas prefeituras e capacitados pelo Sebrae/PR, e a criao de Comits Gestores, formados por representantes do poder pblico, de entidades empresariais e de instituies de apoio ao desenvolvimento dos municpios. Os Agentes de Desenvolvimento ajudaro na implantao de aes, enquanto os Comits Gestores respondero pela governana do Programa nos municpios e pela regulamentao e aplicao das Leis Gerais Municipais. O Programa trabalha as temticas previstas na Lei Geral, como desburocratizao, acesso ao crdito, desonerao tributria, acesso tecnologia, dentre outras, mas antes faz um raio-x do ambiente para os pequenos negcios. O ndice de Desenvolvimento para Micro e Pequenas Empresas (ID-MPE), lanado pelo Sebrae/PR, em parceria com o Instituto Brasileiro de Produtividade e Qualidade (IBQP), no final do ano passado, um dos balizadores que ser utilizado no Programa. O ID-MPE avalia o estgio de evoluo do ambiente empresarial, institucional e de mercado nos municpios. Os representantes dos Comits Gestores se reuniro periodicamen-

te para discutir os pontos fortes e fracos e as oportunidades e desafios dos municpios, sob o ponto de vista empresarial. Bem como mediro indicadores primrios, seguindo os moldes de excelncia da Fundao Nacional de Qualidade (FNQ). O diagnstico, que servir de base para um plano de desenvolvimento local, trabalhar todas essas variveis. Para a implantao dos planos de desenvolvimento locais, os municpios tero apoio tcnico das entidades e instituies de apoio. O Sebrae/PR, por exemplo, pretende disseminar ainda mais solues empresariais nos municpios. A metodologia prev ainda a realizao de

workshops, encontros e assessoria especializada. Esse Programa de fundamental importncia porque cria uma agenda de trabalho, pactuada entre instituies locais, entidades empresariais, federaes e Sebrae/PR, em favor do desenvolvimento dos municpios a partir dos pequenos negcios. As micro e pequenas empresas representam 99% dos estabelecimentos formais e respondem por 60% dos empregos com carteira assinada no Paran e no Brasil. O que mostra que o empreendedorismo uma excelente oportunidade para o desenvolvimento, diz Cesar Rissete. S

As Leis Gerais Municipais complementam itens j previstos na Lei Geral, de mbito nacional

A Lei Geral tem que ser encarada pelos municpios como uma ferramenta de desenvolvimentopositivos pertinentes tributao, o que tem sido um engano recorrente no processo de discusso de sua implantao. Os prefeitos e vereadores tm autonomia para complementar a Lei Geral, criando facilidades e incentivos prprios. O Sebrae/PR tem auxiliado os municpios a implantarem os mecanismos da lei, desde a parte legal com a oferta de um CD-ROM contendo uma proposta de lei municipal e assessoria especializada gratuita, at a elaborao e acompanhamento de um plano de ao para efetivamente

Mapa do Paran com a indicao dos municpios que j implantaram Leis Gerais.

O que deve conterA mobilizao no Paran em torno da criao de leis municipais para micro e pequenas empresas e sua regulamentao comeou logo aps a entrada em vigor da legislao federal, no incio de 2007. As Leis Gerais Municipais, como tm sido chamadas pelas prefeituras e cmaras

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Revitalizao

Cultura reinventadaCada vez mais difundida, a Cultura do RE (Reciclar, Reinventar e Reencantar) transforma regies degradadas em atrativos cultural e comercialPor Katia Michelle Pires

Uma fbula, cuja origem e autoria se perderam no tempo, conta a histria de uma rua precria e mal cuidada. As casas eram sujas e as fachadas decadentes. Certo dia, uma moradora decidiu arrumar o seu jardim. Limpou, plantou flores e logo viu sua casa mudar. Mas no foi s isso. Influenciados pela atitude da moradora, os vizinhos decidiram eles prprios arrumarem suas casas e jardins e logo perceberam uma verdadeira transformao na regio. Bastou apenas uma iniciativa. A histria, que j foi contada em vrias verses e culturas, pode ser usada para ilustrar um fenmeno cada vez mais recorrente em cidades de todo o mundo, a Cultura do RE. O termo utilizado pela consultora Beth Furtado para mostrar como palavras como reciclar, reinventar, restaurar e reutilizar podem transformar a paisagem urbana. Exemplos no faltam, como ela mesma cita. No Brasil, o conhecido Pelourinho, em Salvador, na Bahia, e a recente transformao da Praa Roosevelt, em So Paulo, em ponto de encontro cultural, a partir da iniciativa de um grupo de teatro, mostram como regies antes consideradas decadentes podem se tornar ncleos de prosperidade se houver ao conjunta entre o poder pblico e privado e, acima de tudo, a participao da sociedade. A partir da beleza fsica, h a insero de negcios, que traz um novo frescor para a regio e capaz de movimentar o potencial econmico do espao, analisa Beth Furtado. Scia diretora da Alia Consultoria em Marketing, ela atua h mais de duas dcadas nas reas de marketing e comunicao. Escreveu livros como Horizontes do Consumo e Desejos Contemporneos e colunista do Programa Comercial & Cia On Radio, veiculado na BandNews,

em So Paulo. Para ela, a experincia de cidades brasileiras e norteamericanas (como Manhattan, por exemplo) mostra a importncia de se revitalizar os espaos tanto para os moradores e comerciantes locais como para a cidade em geral. Mas a consultora ressalta: No basta apenas uma maquiagem. preciso inserir elementos novos. E elementos culturais e arquitetnicos so fundamentais para essa transformao, como defende Beth Furtado.Ela ressalta a importncia do envolvimento e parceria do poder pblico e privado nas iniciativas de revitalizao dos espaos. No tem como ser uma atividade isolada, salienta. Alm disso, preciso levar em conta que transformaes no acontecem de um dia para o outro. um processo demorado, que envolve tambm uma mudana de hbito cultural, comenta. E nem sempre as transformaes radicais dependem apenas de fatores externos. Os prprios moradores ou comerciantes da regio devem sentir quando hora de mudar, buscar recursos e promover uma revoluo para movimentar o espao e trazer benefcios coletivos.

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Logomarca do projeto de revitalizao da Rua Riachuelo

A Cultura do RE mexe com todos e mostra que todos tm direito renovao

hora de mudar?O comerciante deve mudar sempre, exemplifica Beth Furtado. Para ela, se uma rua voltada ao comrcio est decadente, a culpa no deixa de ser dos prprios comerciantes. preciso estar em constante renovao. No d para achar que o cliente vai entrar no estabelecimento s porque a casa est de portas abertas, diz a consultora ressaltando que o consumidor mutante e, portanto, o comerciante deve acompanhar a evoluo e no parar no tempo. Para Beth Furtado, todas as cidades tm espaos com potencial de prosperidade. Avaliar essas regies, investir

consultora em varejo

Beth Furtado,

Foto: Agncia La Imagen

Evento Vitrines na Calada, realizado em julho na Rua Riachuelo, em Curitiba

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Foto: Divulgao 31

parcerias tambm so importantes nesse sentido. No d para varrer os usurios de drogas e prostitutas que eventualmente frequentavam o local para outro lugar, mas eu acredito que as pessoas se sentem impactadas com a mudana, com a limpeza da rua, por exemplo, e que isso pode modificar tambm o modo das pessoas agirem, salienta, complementando: A Cultura do RE uma cultura que mexe com todos e mostra que todos tm direito renovao. A especialista em varejo conta que, no princpio, nem todos os comerciantes olharam a mudana com bons olhos, mas que a adeso j cada vez maior. Tanto que no primeiro evento para mostrar o projeto, o Vitrines na Calada, realizado no dia 12 de julho, o clima era de otimismo e camaradagem.

midores e a comunidade em geral, ressalta Walderes Bello. Segundo a gestora, a revitalizao da regio fruto de um processo de integrao que comea a ganhar vida prpria. Sobretudo porque conta com o apoio tcnico de entidades como o Sebrae/PR, Fecomrcio/PR, SESC, SENAC e Prefeitura, cada uma contribuindo com o seu conhecimento e especialidade.

Foto: Agncia La Imagen

Foto: Agncia La Imagen

EntusiasmoA empresria Regina Soares Nascimento, dona do Brech Curitiba Semi-Novos, participou do evento, aprova a reforma da rua e entusiasta do projeto. Para ela, o volume de vendas do brech deve aumentar com as alteraes. Alguns empresrios apostam tambm na divulgao dos seus produtos, que deve ser ampliada com as reformas. Queremos mostrar para as pessoas o que ns temos aqui e a revitalizao vai nos ajudar nesse processo, aposta Jerson Mattos, proprietrio da Eletromveis. A expectativa que at o primeiro semestre de 2010 essa revitaliza-

Regina Soares Nascimento,empresriamas foi apenas uma amostra do que pode ser feito quando h conjugao de esforos. Mostrou que a unio das empresas participantes traz resultados positivos, como aumento das vendas, da circulao de pessoas, avalia. Muitos empresrios redescobriram a vocao comercial de suas lojas, o que muito importante porque ganham os empresrios, os consu-

Jerson Mattos,empresrioo esteja concluda, mudando definitivamente o cenrio de uma regio que antes parecia abandonada. E assim como na fbula, bastou apenas uma iniciativa. E a participao de todos. S O nome da fbula citada nessa reportagem Vestido Azul, conhea na ntegra em http://www.f9.felipex. com.br/f9/contos.htm

Vitrine na rua, montada por lojista da Riachuelo Regies decadentes podem se tornar ncleos de prosperidade se houver ao conjunta entre o pblico e privadoe realizar aes conjuntas so iniciativas que fazem no apenas a cidade crescer, mas as pessoas enquanto cidads. Em Curitiba, um exemplo recente da prtica da Cultura do RE um projeto que est sendo colocado em prtica na Rua Riachuelo, centro da cidade. Uma ao conjunta entre a Prefeitura de Curitiba, o Sistema Fecomrcio/PR e o Sebrae/PR est movimentando um espao que j tem grande potencial comercial, mas que estava se deteriorando por uma srie de fatores. O processo de revitalizao comeou com a reinaugurao do prdio do antigo Pao Municipal, na Praa Generoso Marques. O espao que tambm abrigou o Museu Paranaense e que estava em avanado estado de deteriorao foi totalmente restaurado e transformado em unidade cultural do SESC Paran. O restauro foi o ponto de partida para a revitalizao da Rua Riachuelo, um complexo de cerca de cinco quadras da Rua Riachuelo, que leva at outra Praa: a 19 de dezembro. Para fazer parte da mudana, os empresrios da regio - potencialmente habitada por lojas de mveis usados e brechs - foram convidados a participar de reunies para discutir as vantagens da revitalizao dos seus negcios, desde a recuperao de suas fachadas, passando pelo visual merchandising (de mercado) e modernizao da gesto de suas empresas. Eles tambm tero direito a linhas de crdito que podem facilitar a reforma de cada ambiente.

DiagnsticoO Vitrines na Calada foi formatado a partir da anlise de dados levantados em um estudo realizado pelo Sebrae/PR, na regio do entorno do Pao da Liberdade - SESC Paran. O levantamento destacou quais eram as necessidades e oportunidades na regio, o que resultou no Diagnstico do Ambiente Econmico e Empresarial do Pao da Liberdade. Esse trabalho fruto da percepo de empresrios, consumidores e turistas. O diagnstico apontou, entre outros fatores, as caractersticas gerais das empresas; o poder aquisitivo de consumidores; principais produtos procurados; e principais investimentos que melhorariam o movimento do comrcio na regio. Outro ponto de destaque levantado no diagnstico foi o potencial de trabalhar a Riachuelo como um eixo que aborda um conceito, ou seja, uma rua que apresenta uma vocao. Esses dados deram subsdios para o Projeto da Nova Rua Riachuelo - A Rua do Reciclar, do Reinventar e do Reencantar.

PotencialAparecida de Ftima Nogarolli, especialista em varejo, contratada para o projeto de revitalizao do entorno do antigo Pao Municipal, ressalta que a rua j tinha um potencial para revitalizao. Uma vocao para um comrcio especfico, explica. Mas faltava estrutura para uma mudana radical, e a que entra o poder pblico e privado. Alm das linhas de crditos facilitadas, oferecidas pelo Banco do Brasil, a Prefeitura vai modificar a rua, fazendo reformas e melhorias, como a instalao de fios de luz subterrneos. Sobre uma possvel elitizao do espao, uma das inevitveis contrapartidas questionveis dos processos de revitalizao, a especialista diz que as

Novo nimoPara a consultora do Sebrae/PR e gestora do projeto, Walderes Bello, a revitalizao do centro de Curitiba est dando um novo nimo aos empresrios. Juntos, eles perceberam que podem promover mudanas em seus negcios e na regio onde atuam. O Vitrines na Calada contagiou,

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Foto: Agncia La Imagen

SIGAempresa, poderamos lavar o copo de plstico, antes de depositar no cesto do lixo especfico para plsticos. Na minha empresa s temos um local para todo o lixo. Afinal, ficaria invivel ter duas ou trs cestas de lixo, ao lado de cada mesa. E tem mais, se toda vez que eu tomar caf no dia, eu levantar para colocar em um lugar especfico, vou perder muito tempo. O pessoal recolhe meu lixo e leva meus copinhos sujos de caf tambm, explicaria rapidamente um empresrio nada consciente s mudanas de comportamento que o meio ambiente exige. Pensando na responsabilidade que todos os empresrios tm e em pequenas aes que podem fazer a diferena no dia a dia dos negcios, o Sebrae/PR desenvolveu um programa para micro e pequenas empresas: o SIGA - Soluo Integrada de Gesto Ambiental, que ensina como agir respeitando o meio ambiente. A proposta, fruto de uma discusso de quase dois anos pelo corpo tcnico do Sebrae/PR, tem como objetivo sensibilizar e colocar as micro e pequenas empresas, de fato, no caminho da sustentabilidade, proporcionando um modelo de gesto ambiental que vai alm do convencional, que considera aspectos tcnicos como legislao, minimizao de desperdcios e responsabilidade socioambiental, explica o diretor de Gesto e Produo do Sebrae/PR, Vitor Roberto Tioqueta. A ideia trabalhar, de forma integrada e participativa, aes que envolvam colaboradores e empresrios, diz o diretor. Vivemos um momento no qual a conscincia da importncia de se preservar o meio ambiente fundamental. Os empresrios tambm precisam fazer a sua parte. E organizaes como o Sebrae/PR tm o dever de ampliar a cultura com relao a aes mais responsveis. Com o SIGA, os colaboradores sero ecoagentes, capacitados como gestores e disseminadores da nova cultura na empresa. Eles sero responsveis diretos. Vo monitorar e implantar aes de gesto ambiental. Com os ecoagentes devidamente capacitados, o copo de plstico do cafezinho ser reaproveitvel e no vai mais para o lixo comum da empresa. Ele ter destinao correta. O diretor de Controle de Recursos Ambientais do IAP, Harry Luiz vila Telles, diz que o Sebrae/PR se tornar um grande aliado no trabalho de licenciamento, monitoramento e fiscalizao que o IAP realiza em micro e pequenas empresas do Paran. Com a implantao do SIGA, vamos evoluir e agilizar grande parte dos processos. O IAP tambm far cursos de qualificao e capacitao para formar e orientar os tcnicos do Sebrae/PR. Depois disso, eles podero, por exemplo, auxiliar os empresrios no processo de licenciamento ambiental, conforme as exigncias do IAP, evitando assim, multas futuras. Segundo Telles, a empresa que implantar o SIGA ter mais segurana ao encaminhar um projeto para o IAP, por exemplo. Acredito tambm que com esse trabalho mais personalizado, por parte do Sebrae/PR, o empresrio ganhar agilidade no processo. Segundo ele, para preservar o meio ambiente e respeitar as pessoas, a empresa, independente do seu porte, precisa ter uma cota de responsabilidade e basearse em aes de sustentabilidade. Qualquer empresa est direta ou indiretamente ligada ao governo e sociedade. No d para escapar desse fato. Por isso, precisa seguir as leis. Todo material didtico do SIGA foi preparado para despertar mudanas culturais em colaboradores e empresrios, segundo o gerente da Unidade de Gesto Estratgica

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O valor da gesto ambientalCertificaes ganham espao no cenrio empresarial; Sebrae/PR sai na frente com soluo para micro e pequenas empresas Por Andrelise DaltoAes de responsabilidade socioambiental j se tornaram comuns no mundo corporativo, mas ainda so uma realidade um pouco distante da maioria das micro e pequenas empresas. Papel, plstico, lixo. Tudo reciclvel e reaproveitvel. Grandes empresas, aparentemente sensveis a temas como a variao climtica, a poluio de rios e mares, a matana indiscriminada de animais e o desmatamento de florestas, investem, cada vez mais, em campanhas encabeadas por Organizaes No Governamentais (ONGs) de apoio ao meio ambiente. Muitas aes j viraram documentrios na tev. Mesmo assim, com tantos exemplos de aes e informaes sobre as questes relacionadas ao meio34

A ideia buscar um modelo de gesto ambiental, com ateno legislao, fim dos desperdcios e responsabilidade socioambiental

ambiente, o planeta est em risco e as micro e pequenas empresas, presentes fortemente em todos os pases, tambm precisam fazer a sua parte. A palavra de ordem no mundo corporativo sustentabilidade, baseada nas pessoas, no meio ambiente e na sade financeira das empresas. Conceito que tambm deve ser aplicvel ao dia a dia dos pequenos negcios. Catstrofes naturais, nunca antes vistas e que ganham espao nos noticirios, despertam essa preocupao. Quem j se perguntou de onde vem todas as coisas e para onde vo quando nos desfazemos delas? Sabemos, por exemplo, o quanto importante separar o lixo? No dia a dia, ao tomar um cafezinho na

Foto: Mauro Frasson/Arquivo Sebrae/PR

Vitor Roberto Tioqueta,

diretor de Gesto e Produo do Sebrae/PR

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A inteno provocar naturalmente

A administradora e gerente financeira da Distribuidora de Plsticos e Tecidos Estrela Verde, em Cascavel, oeste do Estado, Camila Gnoato, adquiriu com o tempo uma conscincia ambiental. Estamos constantemente procurando produtos de fibras naturais ou reciclados para comercializar. Alguns, ns j conseguimos substituir, mantendo e at mesmo aumentando a qualidade. Na Estrela Verde, o lixo separado e foi montado um posto de coleta de pilhas e baterias. Segundo Camila, o mais importante o trabalho de conscientizao com os colaboradores. Aproveitamos os horrios das aulas de ioga, que ocorrem na empresa trs vezes por semana, para despertar a conscincia e a cultura ecolgica, para que os nossos colaboradores coloquem em prtica essas aes tambm em suas casas. Outra medida que j foi adotada na empresa tem relao com o material de expediente. Tudo reciclado ou certificado, at mesmo as canetas. Ela diz que gostaria de fazer muito mais e sabe que possvel, tanto que tem novos projetos para este ano. Um deles a implantao de um jardim comestvel no ptio da empresa. Camila lamenta que poucas empresas tenham esse tipo de preocupao e elogia a iniciativa do Sebrae/PR com o SIGA. Com essas pequenas aes, j conseguimos diminuir, por exemplo, o consumo de papel e, quando vemos um colaborador chegar com

Foto: Claiton Biaggi

(UGE) do Sebrae/PR, Luiz Marcelo Padilha. Tentamos fugir dos jarges. No queremos ser professores em meio ambiente, do que certo ou errado, mas sensibilizar os empresrios sobre a importncia da sua preservao. Isso j tem sido feito pelo prprio corpo tcnico do Sebrae/PR em palestras, seminrios, treinamentos, consultorias. O diferencial do SIGA provocar uma atuao de forma integrada, envolvendo empresrios e colaboradores. Queremos sugerir mudanas, aes concretas, com resultados.

a mudana de mentalidade do empresrio. O consultor do Sebrae/PR, Amberson Bezerra, cita o exemplo de uma pequena empresa que, diariamente, gera uma pilha de papis com aproximadamente 50 folhas. Com a implantao do SIGA, essa empresa ter que reduzir a quantidade de papis. O ideal zerar, mas como trabalhamos de acordo com a realidade de cada empresa, caso no seja possvel, imaginamos que a pilha de 50 folhas dirias consiga ser diminuda em pelos menos 80%. J teremos um grande avano. E o que fazer com as 10 folhas de papel dirias sem destino?

EconegciosO SIGA uma soluo economicamente vivel para resduos. O programa identifica oportunidades de negcios, o que passa a ser chamado de econegcio. Uma pequena empresa que trabalha na fabricao de camisetas poder doar seus retalhos para uma instituio carente da cidade onde atua. Talvez, hoje ela j o faa. O diferencial que os tcnicos do Sebrae/PR faro, nesse caso, um estudo de viabilidade econmica, que ir gerar renda de forma organizada para essa entidade. Assim, a doao passa a ser uma ao, tambm, de sustentabilidade. A empresa desenvolve o seu papel responsvel na comunidade onde atua.

Gilberto Boita,empresrioas pilhas para depositar no nosso posto de recolhimento, temos a certeza que estamos fazendo a nossa parte. Foi assim na Grfica Imprecolor. Os custos de produo permanecem praticamente os mesmos, mas, como somos a primeira grfica da regio e a 11 no Brasil a conquistar a Certificao FSC, j temos procura de novos clientes. Com seu exemplo, recomenda aos empresrios de qualquer segmento que iniciem, o mais rpido possvel, algum tipo de ao socioambiental. Todo investimento em meio ambiente dar retorno a longo prazo e isso o empresrio precisa ter bem claro, para no desistir. Amberson Bezerra concorda com Gilberto Boita. Ao aplicar o conceito de sustentabilidade em seu empreendimento, o empresrio no s poder ver o crescimento da empresa e dos lucros a longo prazo, como se sentir bem com os impactos positivos que causar ao seu redor. Com isso, os empresrios de pequenas empresas comeam

A responsabilidade socioambiental deve ser aplicada dentro e fora dos muros da empresa, comea em casa

Mais clientesA Grfica Imprecolor, tambm em Cascavel, recentemente conquistou a Certificao FSC (Forest Stewardship Council, em portugus, Conselho de Administrao de Florestas), por tratar de produtos com origem em plantaes florestais geridas de forma sustentvel. A certificao veio reforar ainda mais o interesse da grfica em aperfeioar suas prticas. Segundo o proprietrio, Gilberto Boita, estudos realizados por instituies especializadas e independentes comprovaram que papis reciclados e brancos, certificados e produzidos com desempenho ambiental adequado, so a melhor opo existente no mercado para as instituies que querem diminuir os impactos ambientais. Para o empresrio, qualquer investimento com ateno especial ao meio ambiente sempre um bom negcio, apesar de no apresentar resultados imediatos.

Foto: Claiton Biaggi

Camila Gnoato,empresria

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a entender, mesmo que de forma ainda lenta, que desperdcios, ambiente de trabalho ruim e o no cumprimento da legislao vigente so prticas que podem se transformar em lacunas na responsabilidade socioambiental, se no forem cumpridas conforme determinados parmetros. A responsabilidade socioambiental deve ser aplicada dentro e fora dos muros da empresa. Responsabilidade sociombiental comea na prpria casa, depois alcana o mundo l fora, avalia Amberson Bezerra, lembrando que o processo de reconhecer as falhas e mudar costuma ser muito difcil. Qualquer adequao envolve negociaes complexas, treinamento e muito dilogo para deixar tudo transparente. Ns estamos preparados para trabalhar essas questes. uma maneira de pensar na imagem da empresa a longo prazo.

mento do mercado nos ltimos tempos: a constatao da necessidade de atestar qualidade, posteriormente respeito ao meio ambiente e tambm responsabilidade social, diz o consultor do Sebrae/PR. Um ponto importante do SIGA que a pequena empresa poder ter a certificao parcial. Depois da avaliao inicial, ela recebe uma listagem com os itens que precisam ser adequados para a gesto ambiental. Se ela tiver condies financeiras para resolver apenas uma parte dos itens, receber certificao proporcional. Vamos pensar num caso, onde um dos itens seja a substituio do sistema de energia de uma empresa. Isso teria um custo elevado e seria invivel naquele momento. Mas os outros itens, a empresa poderia cumprir. Nesse caso, ela se compromete apenas com aquilo que pode cumprir e recebe certificao proporcional. Dessa forma, no limitamos o selo questo financeira, explica Amberson Bezerra. Na sua avaliao, qualquer empresa moderna precisa seguir requisitos fundamentais. um respaldo no mercado, algo que garante a prpria sobrevivncia do negcio. Pode-se interpretar isso como um planejamento estratgico da empresa. Se o empresrio quer fazer sua empresa crescer, tem de preservar seu produto e contribuir para a qualidade. Com responsabilidade e sem agredir o meio ambiente. (Colaborou nesta reportagem Leandro Donatti) SPARA SABER MAIS SOBRE O TEMA, ACESSE: Site do Instituto Ethos www1. ethos.org.br; Site do CEATS Centro de Empreendedorismo Social e Administrao em Terceiro Setor www.ceats.org.br; Site da Revista Primeiro Plano www.primeiroplano.org.br; Revista Eletrnica de Responsabilidade Social www.responsabilidadesocial.com. Informaes sobre o SIGA podem ser obtidas no Sebrae/PR.

SIGAObjetivoProporcionar modelo de Gesto Ambiental, considerando aspectos tcnicos como legislao, minimizao de desperdcios e responsabilidade socioambiental, de forma integrada e participativa, entre colaboradores e as aes da empresa.

O diferencial do SIGA provocar uma atuao de forma integrada, envolvendo empresrios e colaboradores

BenefciosEconomia gerada devido minimizao de desperdcios. Exemplo: reduo de consumo de energia, gua, matria-prima e insumos; Ganhos financeiros com a comercializao de subprodutos advindos de processos de gerenciamento de resduos. Exemplo: venda de material reciclado; Adequao ambiental na empresa, de acordo com a legislao do setor; Credibilidade e fortalecimento da imagem da empresa, de acordo com a legislao do setor; Credibilidade e fortalecimento da imagem da empresa reconhecidos pela sociedade; Desenvolvimento da cultura ambiental, inovao e empresas mais competitivas.

CertificaoNo SIGA, os tcnicos do Sebrae/PR faro a avaliao e o monitoramento de todo trabalho com as empresas que aderirem ao programa. A empresa assinar um termo de compromisso, ainda na primeira fase, que servir de base para a avaliao dos resultados. Depois que a empresa implantar 100% do que foi recomendado no termo de compromisso, ela recebe uma certificao. O selo se tornar um diferencial para o mercado. O debate sobre certificaes empresariais deixa muito claro a evoluo do pensa-

Fases de implantaoSensibilizao Proporcionar uma viso geral da soluo, para que o empresrio tenha cincia da importncia da implantao da gesto ambiental na sua empresa. Anlise ambiental Realizar na empresa diagnstico integrado considerando trs aspectos, sendo eles de legislao, de desperdcio, de responsabilidade socioambiental adotados pela empresa. Os tcnicos do Sebrae/PR fazem uma espcie de fotografia geral da empresa. Formao de ecoagentes Capacitar equipe de colaboradores da empresa, denominados ecoagentes, para que sejam gestores e disseminadores da implementao do SIGA na empresa. Implantao e monitoramento Os ecoagentes, munidos do plano de ao, faro a implantao e a gesto das aes propostas. Avaliao de resultados Acompanhamento, por parte do Sebrae/PR, para a avaliao das aes implantadas na empresa. Certificao/Selo Se as aes acordadas no termo de compromisso estiverem 100% implementadas, a empresa receber o certificado de conformidade.

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Uso de tecnologia

A maioria das micro e pequenas empresas brasileiras j descobriu as vantagens da tecnologia para alavancar os negcios. Mas muitas outras ainda no aderiram era digital. Pesquisa realizada pelo Sebrae/SP, no final de 2008, revela que 75% das micro e pequenas empresas do Brasil utilizam microcomputadores e 71% delas tm acesso internet. No Paran, o cenrio parecido com a mdia nacional: 73% das micro e pequenas empresas possuem computador, conforme o levantamento. Na Regio Sul, o Estado fica atrs de Santa Catarina. No estado vizinho, 81% das micro e pequenas empresas possuem computador. J no Rio Grande do Sul, o percentual um pouco menor, de 70%. O objetivo da pesquisa foi identificar o grau de utilizao de equipamentos das Tecnologias de Informao e Comunicao (TICs) e o grau de importncia dado pelos empresrios a essas ferramentas. Para se ter uma ideia, na rea de servios, 68% dos empresrios brasileiros usam o computador para acessar a inte