Revista SescTV - Agosto de 2011

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1 Agosto/2011 - edição 53 sesctv.org.br DANÇA CONTEMPORÂNEA PARAÍSO PERDIDO, DE BOSCH, SAI DA TELA E GANHA O PALCO MUSICAL BEBEL GILBERTO EM SHOW INÉDITO GRAVADO NO SESC POMPEIA OBJETOS DA CULTURA NOVA SÉRIE ESTREIA COM ANÁLISE SOBRE A CALÇADA DA PAULISTA

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A diretora de festivais de cinema Lisa Samford em entrevista sobre o cinema e seu papel no debate pela sustentabilidade. Em artigo, o produtor cultural Marcelo Fróes comenta a música popular brasileira e a televisão.

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Agosto/2011 - edição 53sesctv.org.br

DANÇA CONTEMPORÂNEAPARAÍSO PERDIDO, DE BOSCh, SAI DA TELA E

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DESTAquES DA PROGRAMAÇãO 7

ENTREvISTA - Lisa Samford 8

ARTIGO - Marcelo Fróes 10

A criatividade e excelência técnica brasileiras conquistam o mundo. Na música, por exemplo, Bebel Gilberto tem levado o nome do Brasil para todos os cantos. Despontou primeiro no universo internacional, para só então fazer sucesso no país onde guarda as suas origens. Nova-iorquina de nascença, criada no Rio de Janeiro, a filha de João Gilberto e Miúcha conserva a sua brasilidade. Ao incorporar elementos eletrônicos, deu novos ares à bossa nova e resgatou a tradição da MPB no seu repertório, criando uma identidade própria.

A música instrumental não fica atrás: Hamilton de Holanda é reconhecido inter-nacionalmente. À frente do quinteto que leva o seu nome, é o criador do bandolim de dez cordas e recebeu da imprensa francesa o título de “Príncipe do Bandolim”. O talento de Bebel e Hamilton pode ser conferido em shows inéditos na programação de agosto do SescTV, que traz ainda, na série Dança Contemporânea, a coreografia do grego Adonis Foniadakis para o Balé da Cidade de São Paulo. Uma releitura da obra de Hieronymus Bosch, Paraíso Perdido.

Na série Artes Visuais, Vik Muniz apresenta a exposição Relicário, com obras que marcaram o início de sua carreira. Estreia do mês, a série Objetos da Cultura, uma produção da TV PUC com realização do SescTV, propõe uma compreensão mais ampla do mundo em que vivemos por meio da análise de objetos do cotidiano. Calçada da Paulista, Bola e Véu são os três episódios que vão ao ar neste mês. Novos diretores, vencedores do Prêmio Aquisição SescTV, no 21º Festival Internacional de Curtas-Me-tragens de São Paulo, mostram seus trabalhos no Especial Curtas.

Esta edição da Revista do SescTV também traz uma entrevista com a diretora de festivais de cinema Lisa Samford, que esteve no Brasil em maio. Lisa fala sobre o Festival Internacional de Filmes de Florestas, criado pela Organização das Nações Unidas, do qual é diretora mundial. Ela também discute a contribuição do cinema e do audiovisual em debate sobre sustentabilidade e a conscientização das pessoas com relação ao equilíbrio do planeta. Boa leitura!

Danilo Santos de MirandaDiretor Regional do Sesc SP

Capa: Cenografia do show de Bebel Gilberto em maio de 2010, no Sesc Pompeia. Foto Nilton Silva.

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ESPECial MuSiCal

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Bebel Gilberto Dia 24/08, às 22h

Apesar do sucesso internacional e dos mais de 2,5 milhões de CDs vendidos no exterior, só recentemente Bebel Gilberto começou a ser reconhecida pelo público brasileiro. Em uma de suas últimas visitas ao Brasil, disse que tocar aqui é a oportunidade de apresentar-se para muita gente que não sabe quem ela é. Palavras de Bebel. Será que ainda é assim?

A filha de João Gilberto e Miúcha iniciou a carreira no coro do disco infantil Os Saltimbancos. Nascida em Nova York, voltou com cinco anos ao Brasil, onde ficou até os 25. Já lançou oito álbuns, e alguns de seus trabalhos estão em trilhas sonoras de filmes de sucesso como Closer e Sex and The City.

Bebel vem conquistando cada vez mais sucesso por aqui. “Quando a gente é criada num lugar, é difícil perder as raízes. Eu fui criada aqui. Saí com 25 anos. Depois dessa idade, a personalidade já está formada”, considera ela.

E não são mesmo fracas as raízes da cantora no Brasil. Além de ser filha dos pais famosos, Bebel é neta do historiador Sérgio Buarque de Hollanda e sobrinha de Chico Buarque. Tinha um carinho especial pela avó Maria Amélia Alvim Buarque de Holanda, que morreu aos 100 anos, em São Paulo, pouco antes da série de shows realizados na mesma cidade em maio do ano passado, no Sesc Pompeia, para divulgar o álbum “All In One”, de 2008. A apresentação, inédita, pode ser conferida no espetáculo que o SescTV estreia no mês de agosto.

Sempre que vem ao País, Bebel não esconde a

emoção de tocar em solo brasileiro. “All In One” é menos eletrônico e mistura canções autorais com parcerias inusitadas com artistas como Carlinhos Brown, Didi Gutman e Pedro Baby. O trabalho também ficou marcado por trazer, pela primeira vez, a regravação de uma música de seu pai, “Bim-Bom”, lançada originalmente em 1969. No lançamento do disco, a cantora contou que a inspiração de regravar João Gilberto surgiu da vontade de fazer um dueto com Daniel Jobim. “Não tínhamos ideia do que faríamos, começamos a tocar umas músicas e gostamos de ‘Bim-Bom’. Nasceu quase sem querer, e acabou ficando maravilhoso. Não foi pensada como uma homenagem nem nada disso.”

Uma das surpresas do show no Sesc Pompeia é “Sweet Dreams (Are Made of This)”, dos Eurythmics, música gravada em voz e violão para um iTunes Exclusive, junto com “Slave to the Rhythm”, de Grace Jones.

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Da tela para o palcoDança conteMporânea

O Balé da Cidade de São Paulo é a companhia de dança do Theatro Municipal de São Paulo. Nasceu em 1968, há 43 anos, como uma companhia de balé clássico chamada Corpo de Baile Municipal, cuja finalidade era absorver parte dos alunos egressos da Escola Municipal de Bailados. Seus bailarinos apresentavam-se em óperas encenadas no Theatro Municipal e seu repertório limitava-se a criações de seu primeiro diretor artístico, Johnny Franklin, e a algumas obras de Lia Marques e Marília Franco, ambas ligadas à Escola de Bailado e ao Corpo de Baile.

A grande virada deu-se em 1974, quando a companhia oficial de dança de São Paulo ganhou nova vida ao adotar a dança contemporânea como atividade. De lá para cá, ela vem mostrando sua excelência artística e técnica, com reconhecimento em todo o País e no exterior. “O Balé da Cidade de São Paulo é uma companhia de grande porte que reúne 36 bailarinos. Tem uma história e uma identidade bastante consolidadas”, destaca a diretora artística da companhia, Lara Pinheiro. “É uma companhia pública que tem liberdade artística e apresenta obras criadas por coreógrafos de todas as partes do mundo. Ela é única, singular”, completa.

Após três anos sem apresentar um tema internacional, o Balé da Cidade de São Paulo voltou aos palcos em maio deste ano no Sesc Vila Mariana, com Paraíso Perdido. É a tradução do coreógrafo grego, Adonis Foniadakis, da perturbadora obra homônima do pintor holandês Hieronymus Bosch. Com peças assinadas para companhias como o Balé da Ópera de Lyon e o Ballet

BALé DA CIDADE DE SãO PAuLO TRANSPõE PARA A DANÇA A OBRA Paraíso Perdido, DE hIERONyMuS BOSCh

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eBer du Grand Théâtre de Genève, Foniadakis estruturou

metáforas corporais para transpor para o palco as metáforas do pintor. “Há esse medo entre o religioso e o prazeroso na vida, entre o que se quer aproveitar da vida e a sensação de culpa. E esses são assuntos internos”, expõe o coreógrafo.

Foniadakis conseguiu levar ao palco, por meio da dança, o forte impacto na forma como Bosch usa o corpo em seu trabalho. A obra do pintor holandês, repleta de seres sexuais que parecem expiar suas culpas o tempo todo, é uma ode a temas que vão do sagrado ao profano. “Eu achei que há uma relação muito forte com a dança em geral e especialmente com o meu trabalho, porque meu trabalho tem algo – acredito – muito orgânico, natural e carregado de erotismo”, considera ele.

O figurino assinado por João Pimenta é também destaque da apresentação, e mostra a sintonia entre o estilista e o coreógrafo. Cores neutras e muito preto, tecidos fluidos e transparências vestem os bailarinos que participam do espetáculo, formando o conjunto da obra.

A apresentação inédita pode ser vista no SescTV, no dia 24, às 24h, na série Dança Contemporânea, que também exibe neste mês: A Quem Possa Interessar, com o Balé Teatro Castro Alves, dia 03; Castanho Sua Cor, com o Grupo Grial de Dança, dia 10; e Olho, com o Grupo Minik Mondo, dia 17.

Quartas, 24h

A quem Possa Interessar - Balé Teatro Castro AlvesDia 03/08

Castanho Sua Cor - Grupo Grial de DançaDia 10/08

Olho - Grupo Minik MondoDia 17/08

Paraíso Perdido – Balé da Cidade

de São PauloDia 24/8

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especial curtas

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DIRETORES ESTREANTES RECEBEM O PRêMIO DE AquISIÇãO SESCTv DuRANTE O FESTIvAL INTERNACIONAL DE CuRTAS-ME-TRAGENS DE SãO PAuLO.

Incentivo ao novo

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Um homem solitário vive em meio ao caos que, pouco a pouco, se transforma num imenso vazio. Tudo o que ele põe na gaveta de seu criado mudo some, e sem deixar vestígios. Mas ele mesmo não consegue a proeza de desaparecer. Talvez sua solidão seja muito grande para caber numa gaveta. Sobram o homem, a gaveta e o mundo lá fora. Esse é o curta Gaveta, do diretor e roteirista gaúcho Richard Tavares, vencedor da edição 2010 do Prêmio Aquisição SescTV, na Mostra Brasil do 21º Festival Internacional de Curtas-Metragens de São Paulo, do qual o Sesc é correalizador há quinze anos. O prêmio foi criado como forma de incentivar diretores estreantes no cenário nacional.

A premiação também contempla a Mostra KinoOikos – Formação do Olhar, uma seção especial que integra a programação do Festival desde 2002. Essa seção nasceu com intuito de dar visibilidade às produções realizadas por alunos de oficinas e cursos audiovisuais gratuitos. Ao longo dos anos, as entidades e projetos dedicados ao tema foram-se multiplicando, bem como a produção resultante das oficinas por elas oferecidas. Desde 2002, a mostra Formação do Olhar já exibiu mais de 600 vídeos de projetos de mais de quinze Estados de todo o País.

Todos São Francisco, de Nany Oliveira, foi um dos vencedores. O documentário, de quinze minutos, retrata a história de uma família que vive no Conjunto São Pedro, em Fortaleza. São oito filhos, cada qual tendo um pai diferente. Na casa de Maria do Socorro, todos são Francisco, menos ela: é que, depois de complicações decorrentes de um aborto, Socorro prometeu a São Francisco de Assis registrar

todos os filhos com nome de Francisco ou Francisca. A promessa foi cumprida. Dedicada aos filhos, que criou sozinha, a mãe fala um pouco sobre a personalidade de cada filho. As dificuldades enfrentadas por Socorro não tiraram sua alegria de viver. “Eu gosto da minha vida. Quero viver até os cem”.

Com o curta Carlos, também são vencedoras as representantes da Bahia, Mariana Dornelas e Udimila Oliveira. Em pouco mais de cinco minutos, o vídeo mostra a degradação da vida de um rapaz, causada pela violência que o cerca numa comunidade de Salvador dominada pelo tráfico.

Os filmes serão exibidos no SescTV, na sequência, no dia 12 deste mês, a partir das 20h, no Especial Curtas.

ESPECial CuRTaS

Dia 12/8, 20h

Carlos, de Mariana Dornelas e Udimila Oliveira

Todos São Francisco, de Nany Oliveira

Gaveta, de Richard Tavares

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Identidade das ruas

AS CALÇADAS PERMITEM O ANDAR NAS CIDADES E REvELAM A IDENTIDADE DAS RuAS.

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O desafio da arquitetura é unir funcionalidade e beleza. É ser útil para quem a usa, mas também instigar o olhar, a contemplação. A arquitetura das ruas é um conjunto de elementos: prédios, casas, paisagismo, calçadas. A calçada foi criada para facilitar o tráfego de passantes, trazer segurança, separando os pedestres dos veículos motores, e para unir caminhos, levando de um lugar a outro por meio dos pés. As calçadas permitem o andar nas cidades e revelam a identidade das ruas. “O que a calçada nos oferece é o desafio do olhar, de mãos dadas com o desafio aos pés”, discorre Norval Baitello Junior, professor de teoria da comunicação da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Na avenida símbolo da cidade de São Paulo, a Paulista, as calçadas mostram um andar próprio. “Existe um andar na Paulista, um andar do tipo apressado, de querer chegar logo. Andar pela calçada da Paulista é olhar para o futuro, é querer estar à frente. A Paulista talvez seja o melhor lugar para isso”, identifica Baitello. Mais de um milhão e meio de pessoas passam diariamente pelos seus 55 mil metros quadrados de calçada. A maioria vai cumprir um compromisso ligado à agenda, como lembra o filósofo Márcio Pugliesi. A observação da eutonista Tereza Gomes é de que, olhando de cima de um prédio, só se vê a nuca das

pessoas que caminham pela avenida Paulista. Pessoas de todos os cantos, de todas as raças, de todas as classes sociais voltadas para dentro de si. A calçada é um elemento importante na composição da paisagem. “A cidade não é natureza, mas é, sim, paisagem”, afirma Rosa Grena Kliass, arquiteta contratada para fazer um projeto da calçada da avenida Paulista, em 1973. Segundo Rosa, a rua é um suporte para as artes. A Paulista foi revestida de mosaico português. A beleza do piso não suportou o peso do tempo. À medida que os mosaicos partiam, remendos davam lugar ao desenho. O piso em mosaico português não atendia aos requisitos normativos de acessibilidade. Para sanar esses problemas, em 2009 foi inaugurada a nova calçada da Paulista, com novo revestimento: placas de concreto. “A calçada da Paulista foi perdendo o desenho. A nova calçada nos oferece a “grande surpresa” do cinza. Nada para os olhos, nada para os pés”, analisa Baitello.Calçada da Paulista, que vai ao ar dia 17/08, às 21h, é tema do episódio de estreia da série Objetos da Cultura. Produção da TV PUC com realização do SescTV e direção de Julio Wainer, a proposta da série é, em trinta minutos, apresentar objetos do cotidiano, sugerindo uma compreensão mais ampla do mundo em que vivemos. Professores, artistas e intelectuais escolhem um objeto familiar e discorrem sobre ele ao longo do programa. Também em agosto, serão exibidos os episódios A Bola de Futebol, no dia 24, e Véu, no dia 31.

Quarta-feira, 21h

Calçada da PaulistaDia 17/08

A Bola de FutebolDia 24/08

véuDia 31/08

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O cinema no debate da sustentabilidadeentrevista

Lisa Samford é diretora de festivais de cinema e está à frente da realização do Festival Internacional de Filmes de

Florestas, realizado pela organização das Nações unidas como parte das comemorações pelo Ano Internacional das Florestas, instituído em 2011. o Festival, itinerante, foi exi-bido no Brasil nos dias 4 e 5 de junho, na Cinemateca Brasi-leira. Nascida nos Estados unidos e formada em Jornalismo, lisa trocou a imprensa pelo mundo do cinema, tornando-se uma referência mundial na divulgação de filmes ligados ao

meio ambiente, a exemplo do que é apresentado a cada dois anos no Jackson Hole Wildlife Film Festival’s, criado por

ela em 1991. lisa esteve no Brasil em maio para a Con-ferência do Ano Internacional das Florestas 2011, evento

organizado pelo instituto Humanitare que marcou o início das celebrações sobre o tema no Brasil.

“DE uM MODO MuITO PESSOAL, ESSES FILMES NOS LIGAM A ALGO MuITO

ALéM DE NOSSAS ExPERIêNCIAS. SENTIMOS uMA EMOÇãO IMEDIATA E

NOS ENChEMOS DE ESPERANÇA SOBRE A IMENSA RESPONSABILIDADE DE

CuIDAR DA BELEzA ESTONTEANTE quE NOS é OFERECIDA NESSA vIDA”

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Em que consiste o Festival internacional de Filmes de Florestas? O Festival Internacional de Filmes de Florestas foi criado em parceria da Organização das Nações Unidas com o Fórum das Nações Unidas sobre Florestas, especificamente para oferecer a qualquer organização do mundo a oportunidade de apresentar uma rica e relevante programação durante o Ano Internacional das Florestas. Para realizar o Festival, nós não impusemos nenhum tipo de restrição com relação aos gêneros que poderiam ser exibidos (ficção, documentário), mas quase todos os inscritos eram documentários.

Quantos filmes se inscreveram para participar do Festival? Aproximadamente 170 filmes foram inscritos na competição, divididos em seis categorias: Esta é Minha Floresta – com filmes que mostram impressões e histórias bem pessoais sobre a floresta; Florestas Vivas – com filmes que apresentam a riqueza e a diversidade do ecossistema na floresta; Problemas e Soluções; Floresta Herói – com produções que efetivamente celebram trabalhos individuais ou de grupos envolvidos com a sustentabilidade na floresta; 360º Todas as Coisas da Floresta – sobre filmes que melhor comunicam as questões humanitária, social, cultural, econômica

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“AS DECISõES quE NóS TOMAMOS hOJE TêM PROFuNDO IMPACTO SOBRE TODOS NóS E POR MuITAS GERAÇõES. NóS REALMENTE NãO TEMOS uMA SEGuNDA ChANCE COM uM ASSuNTO DESSA IMPORTÂNCIA”

“Eu ACREDITO FORTEMENTE NO PODER DO ESPÍRITO huMANO E NA IMPORTÂNCIA DO COMPROMETIMENTO DE CADA uM. uMA PESSOA REALMENTE PODE FAzER DIFERENÇA. MAS, TRABALhANDO JuNTOS, NóS PODEMOS MuDAR O MuNDO”

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e espiritual conectadas com as florestas; e Curtas – com produções de até 15 minutos de duração. Temos recebido pedidos de mais de 60 embaixadas ao redor do mundo, e também de 30 organizações em 24 países, em apenas quatro meses de trabalho. É um resultado muito impressionante.

Há filmes brasileiros no Festival? Há quatorze projetos que foram filmados no Brasil. Quatro deles foram selecionados como finalistas – o que não é nenhuma surpresa, considerada a importância da Amazônia para o mundo todo.

Como é realizada a seleção e o julgamento dos filmes no Festival? Tivemos mais de 60 pessoas assistindo aos filmes e avaliando cada um deles no processo de julgamento preliminar. Todos os participantes são voluntários, que se sentiram honrados por contribuir. Até hoje, estando já finalizado o processo de julgamento do Festival, alguns desses jurados ainda nos procuram querendo assistir a filmes que ainda não viram, simplesmente porque têm interesse no tema. Os filmes finalistas foram vistos por um júri seleto de três profissionais, que determinaram os vencedores de cada categoria.

Quais as razões da escolha do enfoque nas florestas para promover o debate sobre o meio ambiente? A Assembleia Geral das Nações Unidas designou 2011 como o Ano Internacional das Florestas, no intuito de fortalecer a sustentabilidade como modelo de gestão de todos os tipos de florestas, para benefício das gerações atuais e futuras. Este ano de celebração proporcionará uma plataforma para construir parcerias estratégicas e mostrar histórias de sucesso e soluções inovadoras, e galvanizar uma maior participação do público em atividades relacionadas à floresta, em todos os setores.

De que forma o cinema e o audiovisual podem contribuir no debate sobre sustentabilidade? Mais do que um ponto em nossa História, a mídia hoje nos conecta de uma maneira mais pessoal, mais imediata e mais poderosa do que antes. Nos dias atuais, quase que instantaneamente nossas histórias são partilhadas com facilidade ao redor do globo. As produções apresentadas no Festival Internacional de Filmes de Florestas não proporcionam simplesmente transportar-nos para lugares raros e ainda selvagens de nosso planeta. De um modo muito pessoal, esses filmes nos ligam a algo muito além de nossas experiências. Sentimos uma emoção imediata e nos enchemos de esperança sobre a imensa responsabilidade de cuidar da beleza estonteante que nos é oferecida nesta vida.

o Brasil vive o momento de discussão sobre possíveis mudanças legais em seu Código Florestal. Você tem acompanhado? o que pensa sobre isso? Sem conhecer detalhadamente o projeto em discussão no governo brasileiro, eu posso apenas reiterar

criticamente a importância de agir agora para proteger e conservar os recursos para o futuro. As decisões que nós tomamos hoje têm profundo impacto sobre todos nós e por muitas gerações. Nós realmente não temos uma segunda chance com um assunto dessa importância.

Você acredita que as pessoas, de modo geral, estão se tornando mais conscientes de seu papel na busca do equilíbrio do planeta? Com os avanços da tecnologia e a possibilidade de ter, apenas com um clique, acesso a partes remotas do mundo, as pessoas podem experimentar lugares os quais antes só imaginavam. Como resultado, mais pessoas se envolvem com o desafio que nos é colocado da essencial necessidade de ação imediata para pôr em prática políticas que terão impacto em todo o planeta, nas gerações que estão por vir. Eu acredito fortemente no poder do espírito humano e na importância do comprometimento de cada um. Uma pessoa realmente pode fazer diferença. Mas, trabalhando juntos, nós podemos mudar o mundo.

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artigo

a televisão e a Música Mais popular

Marcelo Fróes é produtor cultural e pesquisador musical, CEO da gravadora Discobertas e autor do livro Jovem Guarda em Ritmo de Aventura.

A relação da televisão com a música popular é maior do que se possa imaginar, desde sua chegada. No Brasil, ainda que a televisão tenha começado no início dos anos 50, seus efeitos sobre a difusão das canções só foram ocorrer a partir do final da década. A “era do rádio”, que fizera os grandes clássicos com artistas contratados das grandes emissoras nos anos 30 e 40, ainda se estendeu por todos os anos 50. Bolero, samba-canção e até bossa nova continuaram conquistando seu espaço através das ondas do rádio, mas o rock’n’roll encontrou na TV brasileira um forte aliado para divulgação de novos artistas e seu repertório, mesmo que fortemente baseado em versões de sucessos norte-americanos. Enquanto os artistas da era do rádio eram mais vistos no cinema, em participações especiais que hoje podem ser comparadas aos videoclipes, os artistas do público jovem foram logo contratados para apresentar programas de televisão. Carlos Imperial, Celly Campello, Sérgio Murilo e muitos outros animavam a garotada em programas de auditório nas emissoras de São Paulo e Rio, lançando canções que o rádio não perdia a chance de também tocar.

O ano de 1965 foi muito marcante nesta relação entre a TV e a música popular. Primeiramente, a estreia do programa Jovem Guarda – apresentado por Roberto Carlos, Erasmo Carlos e Wanderléa na TV Record de São Paulo, e que era retransmitido para todo o País através de videotapes enviados via aérea para as principais capitais. Não havia retransmissão via satélite, as pessoas do resto do País viam sempre alguns dias depois. O programa Jovem Guarda ensejou a produção de uma série de outros programas de TV com artistas da música jovem em emissoras concorrentes da Record – como Excelsior e Bandeirantes, principalmente. Ronnie Von, Os Incríveis, Eduardo Araújo, Wanderley Cardoso, Jerry Adriani etc, todos estes e muitos outros foram apresentadores de programas musicais e compõem o que a história acabou sintetizando como o “movimento” da Jovem Guarda. Ainda que artistas como Cauby Peixoto, Celly Campello e João Gilberto tenham sido verdadeiros popstars nos anos 50, cada um à sua maneira e para seu público, foi com a penetração dos programas de televisão com artistas da música jovem que o brasileiro experimentou pela primeira vez o fenômeno comercial dos grandes ídolos. Discos começaram a vender como nunca, provocando uma verdadeira revolução na indústria fonográfica, e os artistas começaram a enriquecer com discos, shows e publicidade. Assim como nos anos 40 e 50 os grandes artistas eram contratados exclusivos das rádios, nos anos 60 eles tornaram-se exclusivos das emissoras de TV.

Ao mesmo tempo, um outro fenômeno musical aconteceu graças à TV: a chamada “era dos festivais”. Quando Elis

Regina ganhou o I Festival de Música na TV Excelsior e explodiu para a fama, tornando-se também apresentadora de seu próprio programa musical (O Fino da Bossa, com Jair Rodrigues), os festivais realizados pelas emissoras de TV também se tornaram um grande filão para a indústria musical. A TV Globo criou o Festival Internacional da Canção em 1966 e a TV Record produzia o Festival da Música Popular Brasileira. Filha da música de protesto, inspirada na ditadura militar pós 31 de março de 1964, a chamada MPB ali nasceu e deve igualmente muito à televisão. Chico Buarque, Milton Nascimento, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Gal Costa, Os Mutantes, Nara Leão e muitos outros devem aquele pontapé inicial em seu sucesso aos festivais musicais promovidos pelas emissoras na segunda metade dos anos 60. O AI-5 até atrapalhou um pouco, a partir do final de 1968, e os grandes festivais não passaram do início dos anos 1970, mas outros programas musicais cuidaram de divulgar a música através da televisão.

Os anos 1970 levaram muita música País adentro, e agora em cores. Enquanto programas como Fantástico e Globo de Ouro ditavam e confirmavam moda na tela da TV Globo, as trilhas sonoras das telenovelas começaram a ter vital importância no sucesso. Tocando diariamente nas casas de todos os espectadores, e a bordo de álbuns milionários com aquele universo de temas, as canções que chegavam à trilha de uma telenovela estavam destinadas ao sucesso – e seus compositores e intérpretes, à glória e à fortuna.

Os festivais até tiveram um novo fôlego no início dos anos 1980, após a Abertura, mas foi com a era dos videoclipes que a música teve grande espaço nas programações das emissoras, ao lado das trilhas de telenovelas. O auge aconteceu no início dos anos 1990, quando a MTV se instalou no Brasil, e um ano após, com a inauguração da Globosat. Ambas chegavam às casas através de UHF e satélite, enquanto as grandes cidades do país passavam pelo cabeamento que há 15 anos fez o Brasil entrar na era da TV a cabo. Os canais a cabo multiplicaram-se e, com isso, segmentou-se definitivamente a música – o que, num país com dimensões continentais como o Brasil, é bastante saudável. A diversidade musical encontrou berço esplêndido no vasto universo das emissoras a cabo, garantindo espaço para todos.

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A Revista é uma publicação do Sesc São Paulo sob coordenação da Superintendência de

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Este boletim foi impresso em papel fabricado com madeira de reflorestamento certificado com o selo do FSC® (Forest Stewardship Council ®) e de outras fontes controladas.A certificação segue padrões internacionais de controles ambientais e sociais.

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INSTRuMENTAL SESC BRASIL: hAMILTON DE hOLANDA

A exposição Relicário, de Vik Muniz, é apresentada pelo próprio artista na série Artes Visuais deste mês. Realizada em maio deste ano no Instituto Tomie Ohtake, reuniu um conjunto de 30 trabalhos. Numa conversa agradável e bem humorada, o artista fala sobre obras não exibidas desde o início de sua carreira, há 20 anos. Nessa exposição, Vik Muniz mostra a busca de uma linguagem própria no início da carreira, e revela-nos um olhar irônico sobre o mundo. Vik Muniz, no dia 17/08, às 21h30.

O SescTV traz neste mês, no Instrumental Sesc Brasil, Hamilton de Holanda Quinteto. No especial, o bandolinista e inventor do bandolim de 10 cordas fala sobre sua trajetória, do incentivo da família e da formação do quinteto, composto ainda por Daniel Santiago, no violão; André Vasconcelos, no baixo; Gabriel Grossi, na harmônica; e Marcio Bahia, na bateria. O músico recebeu da imprensa francesa o título de “Príncipe do Bandolim”. Nascido no Rio de Janeiro há 34 anos e criado na capital federal, começou a tocar aos cinco anos de idade a se apresentar aos seis anos. O programa, com direção para TV de Carlos Zen e Max Alvim, vai ao ar no dia 15/08, às 22h.

o SESCTV é credenciado pelo Ministério da Cultura como canal de programação composto exclusivamente por obras cinematográficas e audiovisuais brasileiras de produção independente em atenção ao artigo 74º do Decreto nº 2.206, de 14 de abril de 1997 que regulamenta o serviço de TV a cabo.

PRATA quE vALE OuROEm 2009, quando o projeto musical Prata da Casa - de apoio a novos artistas da Música Popular Brasileira - completou 10 anos, o Selo SESC reuniu 30 artistas, entre os 400 que passaram pelo projeto, no CD Prata da Casa – 10 anos. O show de lançamento teve a participação de Fabiana Cozza, Quinteto em Branco e Preto, Mariana Aydar, Cérebro Eletrônico, Rubi, Turbo Trio e Renegado. Inédito, pode ser conferido neste mês na programação do SescTV. Entre uma apresentação e outra, os artistas fazem um balanço da importância do projeto na concretização de suas carreiras. Dia 10/08, às 22h.

vIk MuNIz EM INÍCIO DE CARREIRA

O longa-metragem Somos1Só, que integra a série homônima, uma realização do SescTV e TV Cultura SP, foi exibido em uma sessão especial na Sala Simón Bolívar do Memorial da América Latina, no dia 14 de julho. No mesmo dia, o SescTV participou também do debate Caminhos Inventivos para a Televisão, ao lado da TV TAL, TV Cultura SP, TV Brasil e Canal Futura.

6º FESTIvAL DE CINEMA LATINO-AMERICANO DE SãO PAuLO

Page 12: Revista SescTV  - Agosto de 2011

teatro e circunstânciatodas as terças, às 22h

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