Revista Sensatez

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Publicação - Associação Brasileira de Dermatologia

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A Revista Sensatez é uma publicação da Sociedade Brasileira de Dermatologia

www.sbd.org.br

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CARTA DA PRESIDENTE

“Não há nada como um sonho para criar o futuro”. É na afirmativa do escritor Victor Hugo que nos consolidamos. Nascemos há quase 100 anos, uma sociedade médica edificada com dedicação, trabalho e união dos seus associados. A Sociedade Brasi-leira de Dermatologia (SBD) tem a honra de ser a segunda maior sociedade de der-matologia do mundo, com 6300 associados, presente em 23 estados brasileiros por intermédio de suas regionais, bem como em 73 hospitais universitários credenciados à instituição. Com projetos sociais importantes voltados para a comunidade de todo o país, a SBD é a única instituição reconhecida oficialmente pelo Conselho Federal de Medicina e pela Associação Médica Brasileira como representante dos dermatologis-tas no país.

A formação do dermatologista é motivo de muito orgulho para a SBD. Reconhecer um dermatologista através de um título de especialista é nossa maior bandeira, porque cumpridos os 6 anos da graduação, o médico que escolhe esta especialidade ne-cessita submeter-se a rigorosos concursos para obtenção de uma vaga em uma das residências médicas mais disputada do país. A formação do Dermatologista consta de três anos, em período integral, nos hospitais autorizados e abrange um conteúdo extenso que vai desde as alergias cutâneas, doenças das unhas e dos cabelos, acne, infecções de pele e sexualmente transmissíveis,tumores e pintas, manchas, doenças de mucosas; até os modernos e avançados tratamentos estéticos e cirúrgicos como peelings, preenchimentos, aplicação de toxina botulínica, laser, etc. Após o fim do 3º ano, o residente presta outro rigoroso concurso, desta vez para obtenção do seu Título de Especialista em Dermatologia-TED, concedido pela Sociedade Brasileira de Dermatologia e pela Associação Médica Brasileira. Assim, ao consultar um Dermato-logista, pesquise seu certificado impresso do grande patrimônio cientifico, testemunha da sua rigorosa capacitação.

Hoje, outro sonho já é realidade. A revista da SBD, Sensatez. Da escolha do nome a concretização do projeto, buscamos imprimir toda força de dedicação, amor e res-peito traduzida em qualidade editorial para você leitor. A ideia de uma revista ética, séria e diversificada que trouxesse reflexo do compromisso da Sociedade Brasileira de Dermatologia de fazer a medicina voltada para o bem comum de todos já é uma página aberta, iniciando mais um importante capítulo em nossa sociedade.

Boa Leitura!

Sonhos que projetam o futuro

Dra. Bogdana Victória KaduncPresidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia

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A SENSATEZ REVISTA

Editorial

O escritor José Saramago dizia: “A vida é breve, mas cabe nela muito mais do que somos capazes de viver”. Somos mo-tores em movimento, ensinava Aristóteles. No movimento do mundo, no devir universal, corpos desaparecem, formas mu-dam e passam, mas aquilo que é verdadeiro se consagra, persiste no tempo e se torna morada a visão da alma. Sagra-do. Porque sagrado é aquilo que contribui com a verdade e a ética... Tão sagrado quanto a sutil percepção da simplici-dade e do amor, tornando aquilo que parece irreal e provisó-rio, eterno e inesquecível... Matéria-prima para a existência e evolução humana. O pensamento criativo não vem do esforço individual, e sim da colaboração, do trabalho em equipe.

Assim nasce a revista Sensatez, que segundo o dicionário significa “aquele que é prudente, sensato”. Juntamente com esta definição, nada é mais oportuno do que juntarmos o ra-dical da palavra sensibilidade e o substantivo que dá origem à palavra pele (sensa+tez). Com um editorial abrangente, des-de assuntos da dermatologia clínica, cirúrgica e estética até cultura, lazer, responsabilidade social e ambiental. Nesta edi-

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ção abordaremos sobre Estigmas, desde seus conceitos até suas implicações psicossociais. Numa sociedade que cada vez mais valoriza o perfeito e belo; a missão é inserir o doen-te dermatológico crônico (psoríase, vitiligo, genodermatoses, hanseníase, etc.), resgatar os reais valores do humano, pro-mover o desenvolvimento e ampliar as oportunidades. Uma missão maior de valorização da vida. Acima de sermos bran-cos, negros, brasileiros, ricos ou pobres, somos uma espécie fascinante. Nos bastidores da nossa inteligência somos mais iguais do que imaginamos...

A SBD, inspirada na unidade de todas as coisas, reúne cada vez mais a beleza das formas, a diversidade do ser e a pluralidade do existir.

Acreditar num sonho é reconhecer que, antes de mais nada, a edificação de qualquer desejo só é possível quando mãos e anseios se unem num só ideal. Abrindo caminhos, revestindo a pele de toda ternura, abraçando o silêncio dos toques, curando a pele de toda aspereza; fazendo germinar sementes de esperança no porvir.

Dra. Luciana S. Rabello de Oliveira2ª secretária da Sociedade Brasileira de Dermatologia

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PERFIL

Rejuvenescimento na medida certa

Vitiligo: o estigma sem cor

Hanseníase X Lepra: o estigma – os mitos

Psoríase: muito além da pele, estigmas da alma

Você e o Câncer de pele

Bullying: uma cicatriz social

Estigma e implicações psicossociais

Breves considerações sobre a ditadura da Beleza

Toda beleza deve assemelhar-se à vida

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Índice

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Supervisão GeralSociedade Brasileira de Dermatologia

Diretoria 2011-2012Presidente: Dra. Bogdana Victória Kadunc

Vice-Presidente: Dra. Sarita Maria F. Martins C. BezerraTesoureira: Dr. Carlos Baptista Barcaui

Secretária Geral: Dra. Leandra D’ Orsi Metsavaht1º Secretária: Dra. Eliandre Costa Palermo

2º Secretária: Dra. Luciana Silveira Rabello de Oliveira

Editora-ChefeDra. Luciana Silveira Rabello de Oliveira

Jornalistas ResponsáveisRibamildo Bezerra de Lima – DRT 625/99

Ulisses Praxedes – DRT 2787/08

RevisãoAline Durães

Projeto Gráfico e DiagramaçãoDaniel Durante

danieldurante.tumblr.com

Fotos Luiza BrunetImagens gentilmente cedidas pelos finalistas de Design do concurso

Auditions, maior prêmio de jóias em ouro do mundo, organizado pela mineradora AngloGold Ashanti. Luiza Brunet é considerada a

“Golden Girl”, embaixadora desta premiação.Capa: peça “Sincronia Digital” por Emi Kyouho e Ligia Muzzi

Página 32: peça “Elos” por Lis Haddad e Raquel MunizPágina 34: peça “Ritmo do Caos” por Ana Júlia Vinhal Gonçalves

Página 37: peça “Big Bang” por Sérgio Pires

Versão OnlineNazareno N. de Souza

Victor GimenesSamuel Peixoto

Contato PublicitárioPriscila Rudge Simões

ImpressãoSol Gráfica

CirculaçãoDistribuição Gratuita23.000 exemplares

Para se corresponder com a RedaçãoAv. Rio Branco, 39/ 17° andar-centro.

Rio de Janeiro-RJCep: 20090-003

e-mail: [email protected]

A equipe editorial da revista Sensatez e a Sociedade Brasileira de Dermatologia não garantem nem endossam os produtos ou

serviços anunciados, sendo as propagandas de responsabilidade única e exclusiva dos

anunciantes. As matérias e textos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores.

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EQUILIBRIUM

NATURALMENTE

SABOR E ARTE

CAMINHOS

EM EVIDÊNCIA

A dermatologia na direção certa

Ser sustentável

Moda com sustentabilidade

Lagosta como Le gusta

Capri: mais do que sonho, paraíso real

Dermacamp: um lugar mágico

Na rota da Prevenção

Expediente

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REJUVENESCIMENTO NA MEDIDA CERTA

Em 2010, uma pesquisa realizada nos EUA demonstrou que o tratamento com toxina botulínica representou quase a metade de todos os procedimentos minima-mente invasivos realizados no país naquele ano. Da mesma forma, os preenchimentos realizados com ácido hialurônico, para preenchimento de rugas, estavam em segundo lugar, seguidos dos tratamentos a laser para depilação e fotorrejuvenescimento.

No Brasil não é diferente, ocupamos o segundo lugar no mundo na realização des-tes procedimentos, e o país é referência em testes de mercado para produtos e tra-tamentos cosméticos. Os tratamentos estéticos hoje estão cada vez mais acessíveis, e as pessoas procuram intensamente por informações e indicações de novidades. A mídia anuncia tratamentos novos com uma velocidade que ultrapassa a capacidade de comprovação científica.

Por Eliandre Palermo

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Com tudo tão fácil, rápido e acessível, por que percebemos que algumas pacientes, amigos, parentes e até profissionais da área, ficam ainda reticentes em realizar alguns tratamentos deste tipo? O que escutamos com frequência são alusões à imagem de pessoas e cele-bridades que, após tratamentos cosméticos, parecem tão diferentes que perdem sua identidade. Não estamos falando apenas dos maus resultados e exageros, evidentes em alguns casos, mas também da descaracterização da fisionomia que muitas vezes nos fazem pensar, quem é mesmo esta pessoa? Ela não parece à atriz daquele filme, ou será que é outra pessoa? Talvez aquela vizinha do condomínio que parece ter exagerado um pouco no preenchimento da boca.

Brincadeiras a parte, é preciso pontuar que os tratamentos de re-juvenescimento são uma realidade ao nosso alcance e que podem ter resultados excelentes sem a descaracterização da pessoa.

O mais importante é usufruir dos benefícios e segurança destes tratamentos que, se bem indicados e realizados por profissionais qua-

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lificados, como os dermatologistas, não alteram a fisionomia, mas, ao contrário, deixam a apa-rência mais suave, as linhas menos profundas e renovam a aparência de uma forma rápida e segura.

Ainda é muito comum à confusão entre a to-xina botulínica, mais conhecida por uma de suas marcas comerciais, o Botox®, e os tratamentos de preenchimento.

O Botox® é usado, além de inúmeras indica-ções médicas, na cosmiatria facial para o relaxa-mento de linhas de expressão ao redor dos olhos, os chamados pés de galinha, rugas da testa e atualmente também no terço inferior da face e no pescoço para promover um efeito lifting.

O envelhecimento provoca uma perda de sus-tentação da pele por diminuição do colágeno e das camadas mais profundos da face. Para res-taurar estas perdas existem os preenchedores. Um dos produtos mais usados atualmente são os preenchedores de ácido hialurônico. Eles po-dem ser aplicados em locais de restauração de volumes, nos tratamentos das rugas, sulcos ao redor da boca, nas olheiras, contorno da face, lábios, mãos, lóbulo de orelhas, etc.

Precisamos entender que nestes procedimen-

tos, além do conhecimento técnico, ne-cessitamos de sensibilidade e percepção do senso estético, que não pode ser exa-gerado nem pelo médico e tampouco pelo paciente. Tanto a toxina botulínica quanto os preenchedores, são tratamentos tem-

porários, que em torno de seis meses a 1 ano perdem o efeito e precisam ser re-novados. Portanto, prova-velmente eles não são a causa de muitos dos maus resultados que presencia-mos através da mídia.

Os tratamentos estéti-cos, assim como tudo na

vida, precisam da “medida certa”. O se-gredo do sucesso é a harmonização dos procedimentos.

Se usados com cuidado e seriedade, os benefícios serão evidentes e a satisfa-ção do paciente uma gratificação para o nosso trabalho.

A mídia anuncia tratamentos novos

com uma velocidade que ultrapassa

a capacidade de comprovação

científica.

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Dra. Eliandre Palermo1ª Secretária da Sociedade Brasileira de Dermatologia

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A palavra “vitiligo” foi utilizada pela primeira vez por Celsius em 30 AC. Desde a origem pré Cris-tiana esta palavra foi utilizada para designar uma grande variedade de doenças como: Lepra, escle-rodermia e doenças infecciosas cutâneas e era referenciada nos relatos bíblicos do antigo testa-mento assim como no livro sa-grado do budismo como castigo divino; gerando mitos, estigmas e preconceitos que a doença carre-ga até os dias atuais.

O vitiligo é uma doença benig-na, não infecciosa, não contagio-sa, que afeta 2% da população, de causa multifatorial e que leva tão somente a perda da cor da pele com grande impacto na qua-lidade de vida dos pacientes por questões estéticas e por desco-nhecimento a respeito da doença.

O vitiligo é considerado hoje como uma doença multifatorial cujo aspecto principal é o de au-toimunidade, ou seja, a autoa-gressão (produção de anticorpos contra a própria pele) que agri-dem e destroem os melanócitos (células responsáveis pela produ-

VITILIGOO ESTIGMA SEM COR

Por Dr. Carlos Machado

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ção de melanina) que é o pigmento que dá cor normal a pele. Apenas 10% dos pacientes tem história familiar comprovada.

Existem vários mitos em relação a doença. O primeiro é que a doença não tem tratamento. Este é um conceito que deve ser combatido, pois dispomos hoje de medicamentos e procedimentos eficazes no controle e na recuperação das lesões. É verdade que alguns pacientes mal conduzidos ou alguns raros casos mais agressivos evoluem para despig-mentações extensas, mas, esta não é a regra.

O vitiligo é considerado hoje como uma doença inflamató-ria crônica que quando bem tratada se mantém assintomá-tica, porém exige vigilância constante. Quanto mais precoce-mente se inicia o tratamento, menor a extensão das lesões e mais facilmente se obtém a repigmentação das manchas brancas.

Outro mito é em relação a exposição solar.O vitiligo não é provocado pelo sol, ele pode ser precipitado por queimadu-ra solar porque traumatismos em portadores de vitiligo em

atividade (queimadura solar, quei-madura química, cortes, abra-sões, etc...) podem reproduzir lesões novas . Outro fato que re-força este preconceito em relação ao sol é que a exposição torna as lesões mais visíveis, uma vez que a pele sã escurece rapidamen-te aumentando o contraste das manchas brancas.

Outro mito é a relação com câncer. Os pacientes com vitili-go não possuem maior tendên-cia aos cânceres de pele, porque estão com a pele branca.Na ver-dade, a pele espessa e se torna mais resistente a radiação.

Hoje, com o avanço da moder-na medicina existem várias op-ções terapêuticas para o controle da doença. A procura ao derma-tologista e a quebra dos estigmas e preconceitos são caminhos fun-damentais para o combate a do-ença. S

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Dr. Carlos Machado Dermatologista pela SBD

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HANSENÍASE X LEPRAO ESTIGMA – OS MITOS

A hanseníase, conhecida histórica e mundial-mente pela estigmatizante terminologia LEPRA, é uma das mais antigas doenças que acometem o homem. As mais remotas referên-cias escritas datam do ano 600 a.C. e indicam ser procedentes da Índia e África, países considerados o ber-ço da “LEPRA”, terminologia esta associada à imagem de deformida-de e reforçada, intensamente, por conceitos populares e religiosos, os quais a mostram como uma forma de impureza e castigo divino, uma das principais origens dos preconceitos e problemas psicossociais da doença até os dias atuais.

Por volta de 1870, a doença já havia desapareci-do em quase toda a Europa; devido às melhorias das condições socioeconômicas e à revolução industrial

européia. No entanto, os continentes asiáticos e africanos se mantinham como focos da doença e a expandiam para o Novo Mundo através das con-quistas portuguesas e espanholas e pelo tráfico de escravos. Enquanto que, no Brasil, surgiram os primeiros casos da doença por volta de 1600, mas so-mente no inicio do século XX medidas isoladas foram tomadas, embora, ine-

ficazes no controle da endemia contribuindo, larga-mente, no aumento do medo e do estigma, princi-

Por volta de 1870, a doença já havia desaparecido em quase toda a

Europa

Por Dr. D. A. Calil

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palmente pelo isolamento compulsório do doente. No Brasil o termo pejorativo foi substituído por hanseníase e, até

hoje, persiste este lamentável comportamento estigmatizante das pes-soas, inclusive profissionais da área de saúde, o que prejudica sobre maneira a adesão do paciente ao tratamento e, às vezes até mesmo seu acesso aos recursos da saúde na rede pública.

É importante saber que a contaminação pelo bacilo de Hansen se dá pelas vias respiratórias (secreções nasais, gotículas da fala, tosse, espirro) e nem todas as formas da doença são contagiosas. Somente o doente bacilífero é a fonte de contágio embora, após duas semanas de tratamento não exista mais risco de transmissão. Os primeiros si-nais da doença são pequenas manchas dormentes de cor esbranqui-çada ou avermelhada. A perda da sensibilidade local é um forte indício do diagnóstico da Hanseníase.

Temos que nos conscientizar de que a “lepra” nada tem a ver com a hanseníase da atualidade. É sim uma doença grave, poten-cialmente incapacitante e contagiosa, porém com baixa capacidade de desenvolver a doença após o contágio, e passível de cura devido à existência de medicamentos efetivos para tal e, podendo ser este preconceito definitivamente banido em nosso país, até porque 90% da população é naturalmente protegida contra o bacilo causador da doença.

A exemplo de outros países da Europa, uma sociedade pode ven-cer a Hanseníase com informação e responsabilidade social, melho-rando o saneamento básico e a saúde das pessoas.

No Brasil, a luta contra hanseníase perpassa não só o tratamento médico, mas requer de cada um de nós o saneamento de nossos estigmas e preconceitos sobre a doença, tornando a informação, o melhor remédio. S

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Dr. D. A. CalilDermatologista pela SBD

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Não é de estranhar que doenças de pele provoquem sentimentos como inferioridade, depressão e falta de aceitação pessoal. Uma das que mais afeta o estado emocional é a psoríase, pois altera a vida tan-to física quanto psicologicamente, incluindo a interação interpessoal nos momentos de trabalho e lazer. O aspecto da pele dos portadores costuma colocá-los em situações de constrangimento, pois as lesões são bem visíveis, e muitos as confundem com “micoses” e “falta de cuidado”. Alguns perdem o emprego e relacionamentos por causa da psoríase. A maior causa do preconceito ocorre por desconhecimento da doença.

A psoríase não é contagiosa - ninguém ‘pega’ psoríase pelo ar, pis-cina, contato interpessoal e relações sexuais. É uma doença genética e inflamatória que não tem cura, mas pode ser controlada. Ela atinge cerca de 200 milhões de pessoas no mundo, e no Brasil são cerca de 5 milhões de portadores. Os sintomas são manchas avermelhadas que descamam e provocam coceira e incômodo, principalmente nos joelhos, cotovelos e couro cabeludo. Fatores como estresse, o uso de

PSORÍASEMUITO ALÉM DA PELE, ESTIGMAS DA ALMA

Por Dra. Cláudia Maia

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A exposição solar moderada ajuda no controle das lesões - portanto, vale à pena frequentar praias, piscinas, ou outros locais que permi-tam exposição solar. Mas é importante se expor de forma correta - as queimaduras solares podem piorar a doença. Entretanto, o banho de sol esbarra no preconceito contra os portadores da doença, que não querem se expor temendo a repulsa das pessoas.

A Sociedade Brasileira de Dermatologia tem se dedicado a romper a barreira do preconceito, e a abraçar a causa da psoríase através de ampla campanha de esclarecimento sobre a doença. Só através do conhecimento é que a psoríase deixará de ser um tabu, e os pacientes poderão viver mais felizes.

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álcool, cigarro e alguns medica-mentos podem desencadear ou agravar a doença. A psoríase tem fases de melhora e outras de pio-ra. Os tratamentos podem dimi-nuir as lesões, ou até acabar com elas por longos períodos. Tem-se então a impressão de cura, ape-sar da psoríase ser uma doença crônica.

Não é difícil deparar-nos com tratamentos alternativos para a psoríase. Muitos deles têm efei-tos psicológicos, produzindo alí-vio temporário. Porém, muitos não são comprovados cientifica-mente. O dermatologista é o pro-fissional indicado para escolher qual dos tratamentos compro-vados cientificamente é o melhor para cada caso. Este pode ser desde o uso de pomadas, cre-mes, e shampoos, medicações orais, fototerapia (cabine de ultra-violeta), até mesmo medicações injetáveis. A escolha adequada vai se basear na forma da do-ença, local das lesões, extensão do quadro, estilo de vida, outras doenças associadas, e uso de outras medicações. Vale à pena usar hidratantes: eles melhoram a descamação e evitam as ra-chaduras. Quem sofre da doença pode ter o sol como um aliado. S

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Dra. Cláudia Maia Dermatologista pela SBD

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Por não estarem ao alcance dos olhos e, portanto, não se-rem visualizados durante o exame clínico, o diagnóstico de grande parte dos cânceres requer a re-alização de exames complexos e dispendiosos. Por exemplo, a colonoscopia ou endoscopia no caso do aparelho digestivo, a mamografia no caso da mama, a tomografia computadorizada ou ressonância magnética no caso do cérebro.

A pele é o maior órgão do cor-

VOCÊ E O CÂNCER DE PELE

Por Carlos Barcaui

po humano, responsável por 15% do nosso peso e pela barreira entre o nosso corpo e o meio ex-terno. Justamente por revestir o nosso organismo, toda e qualquer alteração cutânea pode facilmen-te ser examinada a olho nu. O que torna o diagnóstico do câncer de pele simples de ser feito. Bastan-do para isso, o conhecimento dos sinais de alerta, como: uma ferida que não cicatriza, uma pinta que apresenta assimetria, aumento de tamanho (>6,0mm), bordas irre-

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gulares, várias cores ou mudança na cor, relevo ou sangramento. O autoexame da pele pode ser realizado frequentemente, até mesmo an-tes ou durante o banho. E um exame clínico dermatológico anual é recomendável, princi-palmente para indivíduos que apresentem um risco mais elevado para o câncer de pele. Esse exame pode ser feito gratuitamente em todo Brasil, no mês de novembro, quando habitual-mente, desde 1999, a Campanha Nacional de Prevenção ao Câncer de Pele é realizada pela Sociedade Brasileira de Dermatologia.

Pessoas com a pele e olhos claros, que quando se expõe ao sol frequentemente se queimam e raramente se bronzeiam. Que já fo-ram acometidos ou que tenham familiares (pai, mãe, irmãos, tios e avós) que portem câncer de pele e que possuam mais de 50 pintas pelo corpo, apresentam um risco maior. Além da predisposição genética, um dos principais fato-

res desencadeantes do câncer de pele são os raios ultravioletas emitidos pelo sol e por algu-mas lâmpadas.

O sol é a maior fonte de energia do planeta. Além do incontestável efeito psicológico pro-movendo o nosso bem estar, os raios ultravio-leta são responsáveis pela fabricação da vita-mina D, que promove a fixação de cálcio nos ossos. A exposição adequada a esses raios entre às 7h e às 10h e após as 15h, pode e deve ser realizada. Porém, o efeito cumulativo dessa radiação é extremamente danoso para pele levando ao envelhecimento e ao câncer. Medidas de fotoproteção, como abrigar-se na sombra e o uso de roupas adequadas, de bo-nés de aba larga e de filtros solares, são efi-cazes na prevenção dos efeitos maléficos dos raios ultravioleta. Precisamos ser conscientes. O bronzeado tem que dar lugar à saúde. E a vaidade tem que dar lugar à razão. S

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Dr. Carlos BarcauiTesoureiro da Sociedade Brasileira de Dermatologia

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Realização:

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O câncer da pele é o tipo de câncer

que mais atinge o brasileiro.

Há 13 anos a SBD combate

a sua principal causa: o descaso.

Previna-se!

Campanha Nacional de Prevenção ao Câncer da Pele

26 de novembro de 2011

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A palavra “bullying” deriva do adjetivo inglês “bully”, que sig-nifica “valentão”, “tirano”, ter-mos direcionados àqueles que, julgando-se superiores física ou psicologicamente, são capazes de atos desumanos para intimi-dar, tiranizar, amedrontar e humi-lhar outra pessoa. Certamente, essas práticas violentas ocorrem, há anos e anos, nos espaços escolares e, não raro, foram – e ainda são – classificadas, inadver-

Por Gabriel Chalita

tidamente, como brincadeiras de criança, sem grande importância.Por ser uma prática, invariavel-mente, dissimulada e clandesti-na, os números reveladores da dimensão desse mal em todo o mundo correm o risco de serem insuficientes. Muitos diretores de escola e professores, por exem-plo, omitem ou camuflam atitudes agressivas ocorridas dentro da instituição, com receio de se tor-narem alvos dos agressores ou,

BULLYING UMA CICATRIZ SOCIAL

Final de manhã. Num cenário de atendimento assistencial público, entra no ambulatório de dermatologia, Ana Maria, 13 anos, morena, paraibana, com queixa de manchas acrômicas na face e pernas. Era Vitiligo. Entre referir seu diagnóstico e indagar sobre seus sentimentos, surge a lágrima. Relatos de agressão. Bullying. Surpresa, entristecida, ouvia a frase dolorosa: “Ana, Michel Jackson!!Ana, Michel Jackson !!!” Amigos sorriam. Desejo de morte. Tentativa de suicídio... Assim é a história de Ana Maria e de outras Anas e Marias... De todos os lugares do Brasil e do mundo...Crianças e jovens que apresentam doenças crônicas de pele... estigmatizantes... Na mente infantil, paira o medo, a impotência, a autodestruição, vivida no silêncio da dor e da angústia....” - (fato real, narrado pela Dermatologista Luciana Rabello)

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até mesmo, de verem suas fragilidades expostas à sociedade.

Pesquisa realizada pelo IBGE – a Pesquisa Na-cional da Saúde do Escolar (Pense) – entrevistou 618,5 mil estudantes do nono ano de escolas pú-blicas e privadas e detectou no ano de 2009 que 30,8% dos estudantes afirmaram já ter sofrido bullying.

Vítimas-agressores são, em geral, adultos que, quando crianças, foram profundamente marcados pela dor e pela angústia, com ações desumanas sofridas. O desejo de vingança e de autodestrui-ção é fruto de um sofrimento contido e intensifica-do ao longo dos anos. Uma pesquisa realizada por um cientista americano, Timothy Brewerton, revela que, nos 66 ataques a escolas ocorridos no mundo

de 1966 a 2011, 87% dos atiradores haviam sido vítimas de bullying e, assim, agiam pela vontade de vingança.

A solução para a inibição dessa prática violenta não está apenas na determinação de atos punitivos aos agressores, mas, principalmente, na promoção de ações educativas de repúdio ao bullying e de conscientização/comprometimento de toda a co-munidade escolar no combate a essa epidemia. É preciso refletir e romper esse ciclo perverso. É de paz que os estudantes precisam para aprender, e os professores, para ensinar. É de paz que a família precisa para que cumpra sua finalidade de proteger e de preparar. E a paz é atitude ante a vocação da vida humana que requer autonomia, respeito, liber-dade e amor. S

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Dr. Gabriel Chalita Educador, escritor e deputado Federal

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O ESTIGMA E SUAS IMPLICAÇÕES

PSICOSSOCIAIS

Por Rossandro Klinjey

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O escritor americano Nathaniel Hawthorne é autor de um clássico da literatura “A Letra Escarlate”, no qual narra a vida de uma mulher numa sociedade fortemente influenciada pelo preconceito. Na história, que se passa no ano de 1666, Hester Prynne é submetida à vergo-nha por haver cometido adultério contra seu marido. Após ser presa, solta e levada a outra cidade, ela se vê obrigada a usar a letra de cor escarlate, que a identifica como adúltera. E a letra A bordada em suas vestes a diferenciava de seus acusadores, que a insultavam nas ruas. O mesmo aconteceu com os judeus durante a Segunda Guerra, quando eram obrigados a usar a estrela de David amarela para serem identifi-cados, ou, muito antes, nos símbolos do sistema de castas da Índia. Foi no ano de 1963 que o sociólogo americano Erving Goffman cunhou o conceito, que se refere sociologicamente a um grupo desprezado socialmente, seja por questões religiosas e étnicas, por razões anatô-micas, que incluem qualquer falha na estética corporal congênita ou adquirida, ou mesmo psicológica, pela manifestação de inadequações emocionais significativas. O estigma é então uma condição, atributo, característica ou comportamento que leva seu portador a ser incluído em uma categoria socialmente desprestigiada, tornando-o vítima do preconceito e do escárnio dos demais membros dessa sociedade.

Doenças dermatológicas geralmente têm um grande impacto nas atividades diárias dos pacientes, no estado psicológico e emocional, e nas relações sociais, sobretudo quando se leva em consideração que a principal dificuldade enfrentada pelo portador de uma destas doenças é

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que eles se tornam alvos constantes de discriminação e preconceito.O estigma social em relação às doenças dermatológicas na sociedade é bastante difundido, exigindo de todos os profissionais de saúde que lidam com estes pacientes, especialmente dos dermatologistas, que considerem, em seus tratamentos, questões como a qualidade de vida, juntamente com os aspectos sociais, a natureza da desordem apresen-tada, e ainda da eficácia e tolerabilidade das diversas opções terapêu-ticas para otimizar o alívio e conforto desses pacientes.

Se os profissionais de saúde precisam melhor abordar o paciente e seu tratamento, também devem ajudar a desmistificar as doenças de pele, pois parte do estigma do qual o paciente é vítima vem também da crença de que todas essas doenças são contagiosas, o que leva o paciente a um forte padecimento emocional.

O estigma, como se pode perceber, leva ao preconceito e este, por sua vez, torna a vida do portador dessas doenças um martírio que vai muito além do incômodo ou da limitação física que as mesmas trazem. Tal incômodo atinge-o em sua autoestima, na confiança em si mesmo, tornando-o vulnerável emocionalmente.

Aqui, como em muitos casos, a conscientização dos pacientes e da sociedade na qual ele se insere é de vital importância, posto que estigma e preconceito são na verdade patologias sociais de graves consequências, que necessitam ser combatidas com intensidade e se-riedade, tendo em vista os malefícios que essas verdadeiras “moléstias” sociais nos trazem.

Dr. Rossandro KlinjeyPsicólogo e Palestrante

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Por Augusto Cury

BREVES CONSIDERAÇÕES

SOBRE A DITADURA DA BELEZA

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Isso não é uma loucura? Vivemos

uma paranóia coletiva.

Durante mais de duas décadas tenho investigado como psiquiatra e pesquisador da psicologia a última fronteira da ciência: o mundo onde se constroem os pensamentos e são geradas a inteligência e a consciência. Por pesquisar a mente humana e tratá-la, tenho denunciado esse massacre sutil e sórdido em congressos nacionais e internacionais. Através de emoções intensas e de aventuras excitantes, meu objetivo é dissecar um câncer social que tem feito, literalmente, cente-nas de milhões de seres humanos infelizes e frustrados - em especial mulheres e adolescentes.

Vivemos aparentemente na era do respeito pelos direi-tos humanos, mas, por desconhecermos o teatro da nossa mente, não percebemos que jamais esses direitos foram tão violados nas sociedades demo-cráticas. Estou falando de uma terrível ditadura que oprime e

destrói a autoestima do ser hu-mano: a ditadura da beleza. Cer-ca de 600 milhões de mulheres sentem-se escravas dessa masmorra psíquica. É a maior ti-rania de todos os tempos e uma das mais devastadoras da saúde.

O padrão inatingível de beleza amplamente difundido na TV, nas revistas, no cinema, nos desfiles, nos comerciais, pe-netrou no inconsciente coletivo das pessoas e as aprisionou no único lugar em que não é admissível ser prisioneiro: dentro de si mesmas. E neste momento, sequer lembramos que a verdadeira beleza não está em mostrar aos outros que me-lhoramos esteticamente, mas em viver e conviver bem, tanto com o próximo quanto com nós mesmos. Os tratamentos estéticos devem ser apenas uma ferramenta para nosso bem

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estar e não o foco principal de nosso anseio.Recordo-me dos portadores de anorexia nervosa que

tratei. Embora magérrimos, reduzidos a pele e ossos, con-trolavam os alimentos que ingeriam para não “engordar”. Como não ficar perplexo ao descobrir que há dezenas de milhões de pessoas nas sociedades abastadas que, ape-sar de terem uma mesa farta, estão morrendo de fome, pois bloquearam o apetite devido à intensa rejeição por sua autoimagem?

Essa ditadura assassina a autoestima, asfixia o prazer de viver, produz uma guerra com o espelho e gera uma au-torejeição profunda. Inúmeras jovens japonesas repudiam seus traços orientais. Muitas mulheres chinesas desejam a silhueta das mulheres ocidentais. Por sua vez, mulheres

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ocidentais querem ter a beleza incomum e o corpo ma-gríssimo das adolescentes das passarelas, que frequente-mente são desnutridas e infelizes com a própria imagem. Mais de 98% das mulheres não se veem belas. Isso não é uma loucura? Vivemos uma paranóia coletiva.

Até crianças e adolescentes são vítimas dessa ditadura. Com vergonha de sua imagem, angustiados, consomem cada vez mais produtos em busca de fagulhas superfi-ciais de prazer. A cada segundo destrói-se a infância de uma criança no mundo e se assassina os sonhos de um adolescente. Desejo que muitos deles possam escapar da armadilha em que, inconscientemente, correm o risco de ficar aprisionados: um conceito deturpado e doentio de beleza. S

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Dr. Augusto CuryMédico Psiquiatra, Psicoterapeuta e Escritor

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“Toda beleza deve assemelhar-se à vida”

PERFIL

A famosa citação de Aristóteles, na Poética, pode muito bem ter sido tão ousada quanto à do compositor Gonzaguinha, ao questionar “o que é a vida” em uma de suas canções. Tão complexo como definir o que é viver, o conceito de belo, vai muito além dos nossos olhos; perpassa qualquer olhar de criticidade, indo muito além do que o senso de subjetividade possa defi-nir. Qualquer conceito que paire sobre o belo acaba sendo insuficiente, um pré-conceito. Luiza Brunet, se não consegue ser a tradução, sintetiza atri-butos que, em sua trajetória como modelo, atriz e empresária, referenciam importante olhar sobre o belo, contextualizando dores e alegrias, quebrando paradigmas, redefinido uma nova percepção sobre a beleza.

Para a sul-mato-grossense, Luiza Botelho da Silva, filha de um agricultor cearense e uma costureira carioca, o lado belo da vida teve que ser desco-berto, com muita determinação e marcas. De empregada doméstica, a Top Model das Calças Dijon na década de 80, a já então Luiza Brunet, soube romper a barreira de ser sex simbol, e consolidar a imagem de uma mulher de incomparável talento, maturidade e determinação. Da convivência com o vitiligo, a sobrevivência aos ditames da beleza, Luiza em entrevista a Revista Sensatez, consegue mostrar que muito além da força estética, o belo se dá quando acreditamos e investimos em nossos ideais e reais valores.

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Com tanto tempo trabalhando com a beleza, qual seu conceito de belo?

Meu conceito de belo é bem estar, felicidade e cuidados pessoais. Autoestima é fundamental... Só assim tudo se torna mais belo.

Diz o ditado que “a beleza esta nos olhos de quem vê”. Concorda?

Sim, sem dúvida... No final todos somos belos e funda-mentais para quem nos quer bem, e isso é maravilhoso. No mundo da moda, o que pode dizer sobre a ditadu-ra da beleza? Mesmo depois de tantas campanhas contra anorexia e bulimia, esta ainda e uma realidade incisiva?

Acho terrível vender esta imagem deturpada, com grande poder de sedução a tantas jovens que se inspiram nas modelos, que acabarão, sim, doentes, com bulimia ou anorexia. Essa mudança de comportamento, eu respon-sabilizo ao mercado da moda, onde o estilista é obrigado a optar por meninas muito magras... Porém, esta mudan-ça poderia acontecer se houvesse mais personalidade e união no mundo da moda, onde caberiam perfeitamente meninas com aspeto saudável. Desmistificando que beleza não é magreza e, sim, beleza é saúde. Magra com saúde.

Você sempre representou a verdadeira beleza da mu-lher brasileira. O que mudou?

Bom, tive o privilégio de, mesmo sendo uma mulher com padrões de beleza mais saudável e contra a ditadura da magreza, sobressair e ser considerada um modelo de beleza. Não mudou nada para mim, pois continuo ainda sendo uma referência, mesmo na maturidade.

A origem humilde no interior do Mato Grosso do Sul foi um estigma a ser quebrado na escolha da profis-são?

Comecei muito jovem, sem ter vergonha das minhas ori-gens, acho que pelo contrário, quebrei o estigma sendo honesta e verdadeira. Qualidades que conservo até hoje.

Em sua opinião, quais os principais estigmas e preconceitos existentes no mundo da moda?

De um modo geral, não vejo precon-ceito no mundo da moda, e seria burrice se houvesse. Afinal, a moda só acontece por causa da cadeia de trabalho setorizada que deve ser res-peitada, para dar bons resultados... A moda não anda sozinha, precisa haver harmonia.

Onde começa a fronteira entre a beleza interior e exterior estética?

Começa quando não há amor próprio, autoestima. Afinal, precisamos estar bem consigo mesmos, que a beleza flui e a estética complementa maravi-lhosamente bem, onde se faz neces-sário.

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...Quebrei o estigma sendo honesta e verdadeira.

Qualidades que conservo até hoje.

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PERFIL

Por que continuar sendo madrinha de bateria de escola de samba? Por puro prazer ou uma referência pro-fissional ainda necessária?

Por puro prazer, porque amo carnaval. Não vejo nenhuma ligação com o que faço profissionalmente, porque já sinto que faço parte disso. Afinal são 27 anos.

Somos motivados por desafios e vivemos por motivações. Quais seus próximos desafios profissionais? E de vida?

A motivação é fundamental para qualquer pessoa. Considero-me uma mulher de sorte, pois sou respeitada profissionalmente, mesmo chegando aos cinquenta. Trabalho demais, com boas e belas campanhas, com um licenciamento de um perfume, “Lui-za Brunet”, dentro da multinacional Avon há 14 anos. Sonho em continuar trabalhando sem parar, focar mais em projetos sociais sérios. Hoje é de grande importância contribuir, colabo-rar, exercer a cidadania, se preocupar com o próximo, viver em uma socie-dade melhor e mais harmônica, e só depende de nós mesmos... Meu lema de vida é sorrir, mesmo que por dentro as coisas não estejam lá tão maravi-lhosas, mas ninguém precisa sofrer por você. Então, corra atrás e realize!

Uma face da Luiza que ainda não conhecemos...

Choro quando vejo um filme e pode ser até desenho animado. Choro quando vejo uma situação comovente. Sou altamente sensível, então sou uma chorona!

Como foi descobrir e conviver com o vitiligo?

Descobri aos 17 anos quando comecei a carreira de modelo, mas aos dois anos de idade já estava à primeira manchinha em cima do peito do pé, que para mim não fazia a menor dife-rença. Porém, aos 17 anos comecei a trabalhar muito e aprendi a camuflar com maquiagem. Tornei-me modelo de corpo, mesmo com as manchas nos dois pés, joelhos, cotovelos e mãos, nunca entrei em pânico. Tenho qualidades superiores a uma porção de manchinhas. Aprendi a conviver com elas muito bem.

Houve algum preconceito por causa da doença?

Jamais sofri algum tipo de preconceito por causa disso. Sei que para vitiligo, o tratamento é longo e muitas vezes não funciona como a gente gostaria. Quando identifico alguém com vitiligo, sempre me apresento e digo bem vin-do ao clube... (risos).

Na atualidade ainda faz uso de algum tratamento ou medicamento para a patologia?

Experimentei algumas coisas, mas já não uso nada há muito tempo...

Em sua opinião, diante de tantos padrões estéticos, é possível estar bem consigo mesma?

Não tenho a menor dúvida de que isso é possível, sim. Basta que o portador não foque só nisso, que aprenda a conviver sem ter vergonha, que há beleza na vida, que podemos casar, ter filho, que devemos ser felizes e deixarmos o melhor de nós com bons exemplos. Olhar para frente e ver que há outras enfermidades bem mais agressivas. Essa é a minha visão...

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Ribamildo Bezerra e Ulisses PraxedesJornalistas

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A vida é bonita, mas pode ser linda.

Uma pele mais rmee linhas de expressãomais suaves. Pode sorrir.Active. Sua pele linda em qualquer idade.

O Centro de Pesquisa da Idade O Boticárioapresenta Active Dermato Nanoserum Elixir.Desenvolvido com a Tripla Nanotecnologia, inéditano mundo, promove maior e cácia nos tratamentosantissinais, combatendo o envelhecimento da pele.

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BTA 0050 11 an active dermato 42x28.indd 1 8/11/11 9:18 AM

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A vida é bonita, mas pode ser linda.

Uma pele mais rmee linhas de expressãomais suaves. Pode sorrir.Active. Sua pele linda em qualquer idade.

O Centro de Pesquisa da Idade O Boticárioapresenta Active Dermato Nanoserum Elixir.Desenvolvido com a Tripla Nanotecnologia, inéditano mundo, promove maior e cácia nos tratamentosantissinais, combatendo o envelhecimento da pele.

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EQUILIBRIUM

Acreditamos que, hoje, o dermatologista precisa estar capacitado para uma aborda-gem biopsicossocial do paciente, estar apto a identificar os principais impactos da doença cutânea e poder identificar os principais trans-tornos da patologia mental, reconhecendo que a presença do estresse crônico é respon-sável por alterações neuroimunoendócrinas.

Assim como o cérebro, o sistema imuno-lógico envia sinais continuamente através de intrincadas substâncias químicas afetando o comportamento individual.

Saber cuidar é ser capaz de escutar e de interpretar. Todo sintoma tem um valor de mensagem que precisa ser devidamente des-velada como denúncia de alguma contradi-ção ou desvio.

O esqueleto é uma excelente imagem para a nossa natureza. É composto de centenas de peças de variados formatos, em permanente

A DERMATOLOGIA NA DIREÇÃO CERTA

Por Márcia Senra

CONEXÃO CORPO-MENTE

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relação harmoniosa uma com as outras. As-sim, quando um osso gira, os restantes tam-bém se movimentam, ainda que de maneira imperceptível. Podemos pensar que são uma metáfora para as articulações da vida.

A pele, como órgão tátil, é extensamente envolvida no crescimento e no desenvolvi-mento do organismo, tanto no aspecto físico quanto no comportamental.

É o meio através do qual o mundo é per-cebido.

Hoje, a visão transdiciplinar é a resposta mais adequada, para fazer face à desintegra-ção a que fomos levados, pois reintegra vários saberes, considerando o estado emocional, a imunidade, o ambiente e a genética.

Tal abordagem estabelece um novo pa-radigma - cuidar do ser inteiro. Tratar o cor-po significa também, tranquilizar o espírito, aquietar as emoções. O objetivo é a saúde integral e a qualidade de vida.

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Dra. Márcia SenraDermatologista pela SBD

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Por Equipe Sensatez

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poeta Kahlil Gibran numa cita-ção diz: “É belo dar quando solici-tado; é mais belo porém, dar por haver apenas compreendido”. O conceito de sustentabilidade está intimamente ligado às ações que levam a prática do bem coletivo. Por natureza, ser sustentável é uma condição aliada a virtudes como a sabedoria, a fraternidade e a justiça social; e não meramen-te a sazonal “onda” de práticas sustentáveis e ecoeficientes, que viraram tendências, mantenedo-ras de um determinado grupo ou mercado.

O ser sustentável traduz uma posição de vida. Um exercício de bem-fazer... de reunir gestos, ati-tudes e ações capazes de tornar o mundo melhor. Vai muito além

de uma economia de luz, de pa-pel. Vai muito além de plantar árvores. A sustentabilidade deve ser um modo de vida, uma cam-panha eterna em nosso interior que se difunde ao exterior e muda tudo que está em nossa volta.

Numa época onde o “ter” já não mais se sustenta, é o “ser” que se impõe e se justifica. Se o “ter” tanto subtrai pela posse para universos tão particulares, é o “ser” que busca a integração. E é por este último olhar que somos parte de um todo, de corpo, alma e mundo. O fato é que muito an-tes de se ganhar um nome, este sentimento tão atávico em nós que exprime o quanto estamos enraizados no processo da cria-ção natural, já era expresso em

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ações e até em poesia como no sentimento presente no Cântico do Irmão Sol onde o jovem Francisco da cidade italiana de Assis que no século XIII declamava: “Louvado sejas meu Senhor, por nossa irmã, a mãe Terra que nos sustenta e governa”.

Hoje em dia, mesmo em lugares onde a fé é mais pragmática, é a sustentabilidade a crença mais em voga, isto porque visto sob todos os prismas não há o que discutir: desenvolvimento e progresso, só de forma sustentável. Pois em tempos de hoje podemos vivenciar o eco-logicamente correto, uma relação economicamente viável, para que vivamos de forma socialmente mais justa e culturalmente aceitável.

Em menos de dez anos no Brasil os indicadores já mostram avan-ços de um país que se insere nesta pertinente discussão global. Se-gundo o site planeta sustentável, 97 empresas brasileiras possuem a certificação AS 8000 referente às boas condições de trabalho ocupan-do o quarto lugar atrás da Itália, Índia e China.Também é do Brasil o grupo de 417 empresas que seguem o Pacto Global ou seja os com-promissos assumidos com o meio ambiente, os direitos humanos e combate a corrupção, propostos pela ONU em 1999. Neste aspecto

o Brasil também ocupa uma hon-rosa quarta posição mundial atrás da França, Espanha e México.

Portanto, já não é mais utópi-co o sonho de que pequenas re-voluções pessoais no olhar mais diferenciado para o meio em que vivemos possam ser o estopim de uma grande transformação. A responsabilidade é universal. E que, onde somos eternos apren-dizes dessa grande escola natural chamada terra, possamos fazer a nossa parte com competência suficiente para que nossas atitu-des sejam transmitidas às novas gerações de forma sincera, ética e verdadeiramente eficaz.

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Luciana S. Rabello de Oliveira, Ribamildo Bezerra e Ulisses PraxedesDermatologista pela SBD e Jornalistas respectivamente

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NATURALMENTE

A moda não é algo que só existe nos vestidos. A moda está no céu, na rua, tem a ver com ideias, com o modo no qual vivemos, com o que está acontecendo.

Coco Chanel

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moda, assim como a dermatologia, lida com a estética e sua devida importância na construção da autoestima e, por extensão, no bem estar do indivíduo. Para se ornar e/ou para se distinguir dos seus pares, muitas vezes o ser humano investe em sua aparência. E é um desejo legítimo, porque genuíno: queremos interagir e nos comunicar com os outros. Para isto, aspiramos a nos apresentar da melhor forma possível. Em sintonia com padrões estéticos, não importando até que ponto estes são ou não, socialmente construídos. O que importa é que lidamos com seres huma-nos que confiam em nossa capacidade de ajudá-los, através de nossas expertises, a chegar mais próximo dos seus ideais.

Porém, muitas vezes a moda recebe, injustamente, não só o rótulo de supérflua, como, também o de “vilã” da sustentabilidade em uma épo-ca em que está em pauta a ameaça de um colapso ambiental. Volta e meia surgem acusações a respeito de como a moda contribui para o esgotamento dos recursos naturais do planeta. Em minha opinião, este suposto antagonismo só se aplica a determinados modelos empresariais de fast fashion, ou seja, àquela indústria de vestuário e de acessórios que, em sua maioria, produz, sem qualquer preocupação para com os impactos sociais e ambientais de suas atividades e para com a qualidade do produto final, porque o objetivo é que dure pouco para que o consu-midor o descarte a curtíssimo prazo e, assim, compre logo outra peça. No entanto, moda não é isto e sim uma atitude, um comportamento. É um modo de estar no mundo e, por conseguinte, uma ferramenta de comunicação. Como tal, pode - e deve - ser usada para expressar o que se considera como relevante. Graças a esta compreensão, torna-se possível fazer da verdadeira moda um aliado importante na busca por um mundo mais sustentável. Há mais de uma década divulgo, através da Osklen e do Instituto E, conceitos e ideias pertinentes ao universo

Moda e Sustentabilidade

Por Oskar Metsavaht

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NATURALMENTE

da sustentabilidade. Em cada coleção, desenvolvo dezenas de peças com esta temática, sendo que muitas delas são, inclusive, confeccio-nadas de maneira ecoeficiente, fazendo jus ao selo e-fabrics®, o qual identifica para o consumidor que está diante de um produto com con-teúdo socioambiental, isto é, de algo feito a partir de um manejo sus-tentável dos recursos naturais, com renumeração justa do trabalho, ge-rando renda e inclusão social ao mesmo tempo em que valoriza a nossa biodiversidade ao demonstrar, na prática, como pode ser aproveitada de modo racional, valorizando seus insumos e respeitando seu ciclo de vida. Para tanto, investi e invisto tempo, recursos financeiros e criatividade em pesquisas em vários cantos do Brasil. Trabalhamos hoje com diversas matérias-primas como algodão orgânico, bioleather de peixe e avestruz, juta, látex, lã orgânica, malha de pet, pupunha, seda orgânica, tecido 100% reaproveitado, dentre outros. São produzidos tanto por pequenas comunidades, quanto por grupos industriais de porte. São fornecedores que otimizam o uso dos recursos naturais evitando, por exemplo, o des-perdício de água e de energia; e/ou gerenciam corretamente o descarte dos seus resíduos; e/ou obedecem às leis trabalhistas e/ou respeitam os saberes das culturas locais. Estes produtos, se acrescidos de design, tem potencial para valorizar a moda de forma exponencial e, definitivamente, fazer frente à invasão de peças produzidas em massa. Em outras pala-vras, criar uma moda sustentável é uma questão estratégica de mercado – além de trazer os indicados benefícios sociais e ambientais - para esta indústria a qual, depois da construção civil, é a atividade econômica que mais gera emprego em nosso país. Trata-se da única maneira de diferen-ciar, agregando valor, ao que é criado no Brasil a partir de um acervo que nos é único, uma vez que é aqui que se encontra a maior biodiversidade e um enorme contingente de mão de obra a ser emponderado para apro-veitar oportunidades dignas de trabalho.

Desafios existem e não são poucos: temos o problema de escala, que faz com que os preços, na maioria das vezes, não sejam competitivos; o da ausência completa de políticas públicas fomentadoras desta produção

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as quais, por exemplo, não obrigam as licitações gover-namentais a ter como critério de seleção outro parâme-tro que não o do preço; dentre muitos outros. Por outro lado, as conquistas se acumulam. Este projeto de levan-tamento e oferta para toda a cadeia de moda de mate-riais sustentáveis - os e-fabrics ® - tem obtido alguns prêmios importantes no Brasil, assim como reconheci-mento internacional. O mais recente é o do Ministério do Meio Ambiente da Itália, que assinou, há menos de dois meses, um convênio com o Instituto E e a Osklen para lastrear a pegada de carbono e socioambiental dos e-fabrics, de modo a torná-los certificados e servir de exemplo para o mundo sobre como a moda do século XXI tem de tomar o rumo da sustentabilidade. Anteriormente, o relatório da WWF-UK intitulado “Deeper Luxury” também in-dicou que esta nossa proposta de moda compunha o “novo luxo” porque apoiado sobre uma atitude nobre de valorizar, e aperfeiçoar com criatividade e design, o uso de matérias ecoeficientes. Por isto, somos citados por esta instituição como “Future Makers”. E inúmeras foram as publicações e convites internacionais que tenho recebido para dis-correr sobre moda sustentável.

Além deste tipo de reconhecimento, observo o do público em geral. A cada semana cresce o número de interessados que enviam mensagens para nós que-rendo mais informações sobre estas atividades, assim como aumenta nas lojas o fluxo de clientes em busca de produtos com conteúdo socioambiental. Toda esta movimentação consolida minha convicção de que moda e sustentabilidade não têm alternativas, senão a de cami-nhar lado a lado. E, com isto nós estaremos exercendo o nosso papel de contribuir para o bem estar. S

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Oskar MetsavahtMédico e Estilista

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ada melhor do que congregar, reunir amigos, colocar o papo em dia em volta de uma mesa. Cada dia mais, devido à violência das grandes cidades receber amigos no aconchego do lar tornou-se uma coisa frequente. E, nada melhor do que personalizar esse encontro com você preparando, dando seus toques pessoais, desde a deco-ração da mesa, aos quitutes a serem degustados. A gas-tronomia, além de ser uma arte, também é um dos gran-des hobbies, sem falar que é um lazer para nós médicos tão envolvidos no dia a dia da profissão. Descobrir novos sabores, usar novos ingredientes, criar novos pratos, faz da incursão a esse mundo um momento de relaxamento.

Nesse número irei trazer para vocês, um prato bem abundante das águas mornas do nordeste brasileiro: a lagosta. A lagosta (Panulirus argus) é um crustáceo rep-tante, cujo habitat pode ser locais de vegetação ou áreas rochosas, desde que exista abundância de moluscos e anelídeos.

Recomenda-se comprar a lagosta fresca. Do contrário deve ser observado que o corpo deve ser firme e aderente a carapaça. Esta deve ser livre de manchas negras (indi-ca decomposição); a carapaça livre de manchas amarelas (indica branqueamento com químicos), o aroma deve ser suave a maresia. É importante manter o crustáceo refrige-rado logo após a compra, mantendo congelado por um mês. A lagosta é rica em colesterol, selênio, ferro, vitami-nas do complexo B notadamente niacina e B12. Ela deve ser saboreada com o menos possível de temperos para que estes não venham sobrepor o seu sabor. A receita que trouxe para esse primeiro número chama-se: Lagosta ao coco verde, acompanhada de arroz com manga.

LAGOSTA COMO LE GUSTA

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SABOR E ARTE

Por Dra. Sarita Martins

Dra. Sarita MartinsVice-presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia

[email protected]

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1 lagosta por pessoa1 coco verde por pessoa (dê preferência aos que tenha alguma polpa)½ manga por pessoaManteiga para fritar a manga e a lagosta1 cebola grande picadinha½ xícara de farinha de trigo1 xícara de arroz branco já pronto por pessoaSal a gostoPimenta vermelha em molho a gostoSalsinha picada a gosto2 colheres de sopa de leite de coco por coco verde utilizado

MODO DE FAZER

Retire a água do coco e reserve. Abra o coco ao meio, no sentido vertical. Com uma colher retire toda a polpa e reserve. Separe a cabeça do corpo da lagosta. Na barriga da cauda faça dois cortes no sentido longitudinal para retirar a carne da cauda. Na extremi-dade do dorso desta, faça uma pequena incisão para retirar uma tripa que se localiza nessa área. Corte-a em rodelas, salgue, passe na farinha de trigo e reserve. Descasque a manga, corte-a em fa-tias, depois em quadrados e reserve (descarte o caroço). Derreta a manteiga numa frigideira, adicione a cebola picadinha e refogue. Frite a lagosta rapidamente. Adicione a polpa do coco, um pouco de água do coco para ficar com caldo e deixe cozinhar um pouco. Acrescente o leite do coco, a pimenta a gosto e a salsinha picada. Prove o sal. Quando ferver desligue. Em outra frigideira adicione a manteiga, frite-a e acrescente o arroz. Em uma das metades do coco coloque o arroz e na outra metade a lagosta. Decore a gosto e é só aguardar os elogios.

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Caprimais do que sonho,

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Por Leandra D’ Orsi Metsavaht

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Capri é um paraíso, para onde eu me mudaria na minha aposentadoria. Localizada no Sul da Itália, temos a baia de Nápoles, como ponto de partida para essa pequena ilha que possui uma área de cerca de 10 Km², abraçada pelo verde esmeralda do Mar Mediterrâneo e sendo porto de chegada de sonhos e desejos de turistas de toda parte do mundo.

Reviver a emoção de estar presente num lu-gar onde paisagens naturais fantásticas se inte-gram com a marca do homem; faz das minhas palavras uma volta fabulosa ao tempo que a me-mória eternizou...

Pousamos em Nápoles no final do dia. Pe-

gamos um ferry boat a Capri, chegando à Marina Grande às 5 da tarde. A recepção foi singular. Ao som de uma banda tocando: perfeita boas-vindas! Em Capri, como o anoi-tecer vem tarde, torna-se uma oportunidade para se dar uma volta na ilha pelas escadarias que a circunda. Através do caminho, é pos-sível ver os Faraglioni, três blocos de rochas no mar e o Arco Natural - escultura Paleolítica extraordinária. Nas vielas de Capri, badalação e lojas de grife (Prada, Bottega Veneta, dentre outras) dão glamour ao panorama. Na aveni-da principal, muito além desse cenário, as 12 Villas Romanas nos remetem de volta a histó-

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ria. São elas que nos contam o deslumbramento que Augusto, primeiro imperador romano teve quando em 29 a.C. conheceu a ilha.

À noite, o jantar foi na Piazzeta. Para chegar lá, a sugestão é pegar o famoso Funicular (Funi-colare di Capri) que leva a Piazza Humberto 1, também conhecida como Piazzeta, a principal praça de Capri. O Ristorante da Gemma é uma deliciosa opção, onde é possível degustar de uma massa chamada Strozzapreti com frutos do mar (Frutti di Mari). De sobremesa, uma torta de limão siciliano inesquecível e um cálice Limon-cello. Saindo do restaurante, uma surpresa: um palco com cantores de ópera em Black-tie e uma

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CAMINHOS

orquestra, coroando a noite com lindas árias clássicas italianas. Emocionante.

Os 12 mil moradores da ilha vivem divididos em duas cidades Capri e Anacapri, para chegar a esta última, pode-se alugar uma lambreta. No caminho, o Farol de Punta Carena é uma das paradas deslumbrantes e obrigatórias. Em Anacapri assistir ao pôr-do-sol tendo o cheiro de lavanda presen-te e o vento no rosto é programa inesquecível. Quando falamos em ruas perfumadas, não utilizamos apenas figura de linguagem, há mais de 600 anos a ilha aprovei-ta as flores típicas do local, além da produção do limão e da laran-ja, para fabricar perfumes destas essências. Pela manhã a principal atração de Capri é a visita a Gru-ta Azul. A soma entre a claridade do sol que se une ao azul do mar justifica de forma resplandecente o nome que a batiza. S

Em Capri tudo nos conecta, do canto dos pássaros ao deguste de um verdadeiro

sanduíche Caprese, valores que nos fazem vibrar em pensamento: La Isola di Capri é, de fato, um

sonho, um paraíso real!

Dra. Leandra D’ Orsi MetsavahtSecretária Geral da Sociedade Brasileira de Dermatologia

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EM EVIDÊNCIA

Um ambiente bucólico, com espaço pra correr, se sujar, respirar, se inspirar. Música, jogos, piscina e muita diversão. É o cenário perfeito, digno dos filmes americanos de acampamento de férias. Agora troque os monitores atrapalhados ou sisudos e a paisagem equatorial por médicos dermatologistas, enfermeiros e residentes em pleno interior de São Paulo. Este é o Dermacamp, um acampamento em Pindamo-nhangaba destinado a crianças e adolescentes com problemas crôni-cos e severos de pele que encontram neste espaço a oportunidade de socialização, sem o medo dos estigmas e do preconceito que, muitas delas, enfrentam diariamente.

Tudo começou há 10 anos, quando o dermatologista Samuel Man-delbaum e sua esposa, a enfermeira especializada em dermatologia,

DERMACAMP: UM LUGAR MÁGICO

Por Victor Gimenes

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Em dezembro de 2004, Samuel Mandelbaum foi o primeiro estran-geiro a receber o prêmio “Members Making a Difference Award” (em português “Membros que Fazem a Diferença”), destinado a projetos sociais em dermatologia e concedido pela Academia Americana de Dermatologia (AAD). Recentemente, voltou a ser homenageado no Congresso Mundial da especialidade, realizado em maio, em Seul, na Coréia do Sul. O prêmio, chamado “International Award for Social Res-ponsibility in Dermatology” (Prêmio Internacional de Responsabilidade Social em Dermatologia), é o mais importante na área da dermatologia social e foi instituído pelo Congresso para premiar cinco projetos em todo o mundo.

Maria Helena, resolveram seguir o exemplo do Camp Horizon, um acampamento na Pensilvânia, EUA, idealizado pelo médico norte--americano Howard Pride. “Eu e Maria Helena entramos em contato com o Dr. Howard, dermatologista pediátrico, que nos orientou a partir de sua experiência. No final de 2001, fizemos o primeiro acampamen-to Dermacamp, na ocasião com 12 crianças”, relata Mandelbaum, na época presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia – Regional São Paulo.

Hoje já são mais de 500 pessoas envolvidas com o projeto. As atividades lúdicas, esportivas e criativas, voltadas para estimular o au-toconhecimento e a convivência com a diversidade, já foram ofereci-das a mais de 250 crianças. As histórias também são numerosas e emocionantes. Winny, monitora do projeto há dois anos, conta que sua vida mudou desde que começou a visitar o Dermacamp, há 10 anos. “Quando eu era acampante, não me sentia incomodada ao tirar a blusa de frio naquele calor e por saber que ninguém iria me olhar assustado; entrar numa piscina sem ninguém me perguntar. Costumo responder tudo, mas também gosto de ficar na minha e às vezes fingir que minha diferença não é tão visível e que todos estão acostumados a ver pessoas assim como eu. E lá eu não precisava fingir, eu simples-mente podia ser quem eu sou”. A monitora cursa o primeiro período de enfermagem na Universidade Nove de Julho, em Santo Amaro (SP), e é portadora de ictiose lamelar, um raro distúrbio genético de pele.

Para Mandelbaum, o tratamento médico não é suficiente para crian-ças com doenças graves na pele. O dermatologista acredita que, para estes casos, mais do que medicamentos, elas precisam de compre-ensão, ensinamento, diversão, alegria, amor. E complementa: “Custa muito pouco!”. Ele explica que todos os participantes são voluntários e que as próprias famílias ajudam muito na obtenção de fundos para as atividades. S

FAZENDO A DIFERENÇA

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Victor GimenesAssessor de comunicação da Sociedade Brasileira de Dermatologia

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RIO DE JANEIRORO RRJ 1 setembro

FLORIANÓPOLIS SC 3 a 6 setembro

SÃSÃOO PAPAULU O SP 1100 e 11 setembro

PALMAS TO 17 e 18 setembro

SÃSÃOO LULUISIS MMAA 2424 ee 2255 ssetetemembrbroo

TERESINA PI 2 outubro

FORTALEZA CE 8 e 9 ouoututubrbroo

NATAL RN 15 e 16 outubro

JOÃO PESSOA PB 22 e 23 outubro

RECIFE PE 29 e 30 outubro

SALVADOR BA 05 e 06 novembro

RIO DE JANEIRO RJ 26 e 27 novembro

Roteiro Tour de Prevenção

Desde 1999, a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) realiza anualmente a Campanha Nacional de Prevenção ao Câncer da Pele, através da qual mais de 400 mil pessoas já foram atendi-das e mais de 40 mil diagnostica-das com a doença e encaminha-das para tratamento gratuito em um dos serviços credenciados da instituição. Em 2009 a SBD, em parceria com a La Roche Posay, lançou o ‘Tour de Prevenção’, uma campanha formada por um caminhão, dois motoristas, médi-cos voluntários e solidariedade.

A logística é simples: um ca-minhão equipado com dois con-sultórios dermatológicos viaja o Brasil atendendo e orientando a população sobre o câncer da pele. Desde 2009 já foram percorridos mais de 20 mil quilômetros entre cidades litorâneas e do interior, capitais e periferia. “Desta forma é possível chegar a todos os lo-cais do país e levar atendimento dermatológico de qualidade. Mui-ta gente não sabe da importância de adotar medidas simples para prevenir o câncer da pele”, afirma o coordenador da Campanha Na-cional de Prevenção ao Câncer da Pele, dr. Marcus Maia.

Este ano, o caminhão partirá do Rio de Janeiro no dia 1º de setembro e percorrerá 10 cida-des antes de voltar, no dia 26 de novembro, para a cidade maravi-lhosa. Na rota estão incluídas as principais capitais nordestinas, re-gião com altíssima incidência do câncer da pele.

* não haverá atendimento médico nestes locais.

NA ROTA DA PREVENÇÃOTour de Prevenção ao Câncer da Pele chega à sua terceira edição e já tem roteiro definido

Por Victor Gimenes

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Victor GimenesAssessor de comunicação da Sociedade Brasileira de Dermatologia

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EM EVIDÊNCIA

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Realização:

Campanha Nacional de Conscientização 2011

Um beijo, um abraço, um aperto

de mão.

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PSORÍASE29 DE OUTUBRO

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tour de Prevenção ao CânCer da Pele

Realização:

A Sociedade Brasileira de Dermatologia, com o apoio exclusivo da La Roche-Posay, promove o Tour de Prevenção ao Câncer da Pele.

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