Revista SAMAE 50 anos

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Diagramação da revista de comemoração aos 50 anos do SAMAE. Publicação do Serviço Autônomo Municipal de Água e Esgoto de Caxias do Sul (SAMAE). Dezembro/2015

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Sumário

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Apresentação e Expediente

Os primórdios do Saneamento em Caxias do Sul

Sistema Dal Bó

Sistema Maestra

A criação do Serviço Autônomo Municipal de Água e Esgoto

Sistema Samuara

Sistema Faxinal

Sistema Marrecas

O Sistema de Esgotamento Sanitário

Os 50 anos, novos desafios

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Apresentação

Expediente

Esta publicação, alusiva aos 50 anos do Serviço Autônomo Municipal de Água e Esgoto de Caxias do Sul, conta, de forma resumida, a política das águas do Município, desde o aproveitamento de quatro vertentes no Parque Getúlio Vargas, quando foi construída a primeira hidráulica no início do século XX, até o monumental Sistema Marrecas, que hoje é um cartão de visitas. Em tempos onde a água é escassa em várias partes do mundo, os cidadãos caxienses são privilegiados com a estrutura que o SAMAE possui. São seis sistemas de abastecimento, dez estações e 82 sistemas locais de tratamento de esgoto, além de oito estações de tratamento de água. Hoje, a Autarquia abastece 100% da população e trata mais de 80% de esgoto. Estes números fizeram com que Caxias do Sul, de acordo com dados do Instituto Trata Brasil, que tem por base as informações fornecidas pelo Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), obtivesse a 1ª posição do Rio Grande do Sul e 39ª posição no ranking nacional que mede o desempenho do serviço, dentre as 100 maiores cidades do Brasil. A história fala por si. Não apenas pelas siglas que foram sendo alteradas conforme a demanda, mas pela criação de uma cultura comunitária que impregna há décadas o corpo técnico, os gestores de carreira

e os agentes públicos da Instituição SAMAE. Todos buscaram de forma permanente as melhores soluções para as demandas que foram aflorando. Tanto naqueles primórdios, quando Caxias passou a fornecer água para seis mil pessoas, até os dias hoje quando se transformou numa metrópole com meio milhão de habitantes. Assim a história do SAMAE é também a história de uma cidade chamada Caxias, oriunda de uma imigração italiana iniciada há 140 anos, que começou a ser povoada em 1875, e que hoje é consagrada como a melhor cidade do Rio Grande do Sul e a quinta do Brasil para se viver, graças a sua gente, técnicos e servidores, que cuidaram do abastecimento público de água e do saneamento da nossa Caxias. Os 50 anos do SAMAE não são apenas para recordar o passado, mas para projetar um futuro de crescimento, com investimentos em novas tecnologias, novas metas e objetivos, sempre visando o bem-estar da população, a preservação dos mananciais, com sustentabilidade e responsabilidade socioambiental, mantendo uma relação de transparência com a comunidade de Caxias do Sul.

Edio Elói Frizzo Diretor-presidente do SAMAE

PrefeitoAlceu Barbosa Velho

Vice-PrefeitoAntonio Feldmann

Chefe de GabineteAgenor Basso

Coord. de ComunicaçãoAlexandra Baldisserotto

Diretor-Presidente do SAMAEEdio Elói Frizzo

Assessor InstitucionalAlaor de Oliveira

Jornalista ResponsávelAndréia Copini Mtb 16.741

PesquisaLucas Troglio

FotografiasAndréia Copini, Arquivo Histórico Municipal João Spadari Adami, Daniela Basso e Luiz Chaves.

DiagramaçãoTalita Bozza

Publicação do Serviço Autônomo Municipal de Água e Esgoto de Caxias do Sul - SAMAERua Pinheiro Machado, 1615, CEP 95020-170, Caxias do Sul-RSTelefone: (54) 3214.3930 - Site: www.samaecaxias.com.br - Email: [email protected]

ImpressãoLorigraf Gráfica e Editora

Tiragem5 mil unidades

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ANO 11 - Edição 02 - 2015

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Os primórdios do Saneamento em Caxias do Sul

A apropriação da água em Caxias do Sul sempre foi um desafio. Basta observar as características topográficas do território para analisarmos as dificuldades de captar esse recurso tão fundamental que é a água. O solo rochoso, a altitude, e a ausência de grandes rios são características que determinam as medidas para abastecer a população. Desde 1875, quando o Império organizou a

colônia para acolher imigrantes italianos, a água era captada de alguns córregos e poços instalados nas áreas das residências. Assim, a captação da água era uma atividade privada, em que cada família buscava suprir as suas necessidades. A partir de 1893, com o Código de Posturas Municipais, a Intendência passou a considerar as fontes naturais e/ou construídas, instrumentos de abastecimento

Vista para as terras de Antonio Giuriolo, atual Parque Getúlio Vargas. Data: 1930-1935. Autoria: Não identificada. Acervo: SAMAE

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coletivo. Cabia então ao poder público manter os terrenos limpos e cercados. O tratamento dado ao esgoto sanitário também acontecia nas residências. Fossas eram instaladas nos terrenos onde os efluentes dos domicílios eram despejados sem nenhuma intervenção. Não demorou para os problemas aparecerem. Logo os poços estavam contaminados pelos resíduos das fossas e o poder público precisou mudar as práticas do saneamento. A primeira medida foi a contração do serviço de �Remoção e Sepultamento de Materiais Fecais�, em 1913. Tratava-se da instalação de cubos � conhecidos como �cabungos� � nas residências, onde eram armazenados os resíduos do domicílio. Os �cabungueiros� semanalmente efetuavam a limpeza e as trocas dos materiais. Com esse serviço pretendia-se impedir a contaminação das águas subterrâneas.

Em 1914, o poder público prestou contas da escavação de um poço de 9,5 metros de profundidade, a construção de um reservatório com capacidade para 12 metros cúbicos de água, e o aluguel de bombas e motor elétrico para o abastecimento da Praça Dante Alighieri e Intendência. Mesmo com essa medida, a cidade passava por problemas de abastecimento. Em 1919, foi realizada a primeira iniciativa que se caracterizava pela captação, reservação e distribuição de água na cidade. A primeira represa foi instalada nas terras de Antonio Giurilo, no atual Parque Getúlio Vargas. Consistia na captação da água de quatro vertentes existentes naquele local. Um reservatório foi instalado na rua Borges de Medeiros e a água passou a ser distribuída, inicialmente, para 82 residências da área central.

Vista da área do atual Parque Getúlio Vargas, local onde foi instalada a primeira represa municipal. Caxias do Sul � RS. Data: 1930-1935. Autoria: Não identificada. Acervo: AHMJSA.

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Sistema Dal Bó

Quando Celeste Gobbato assumiu como Intendente, em 1924, o abastecimento de água foi considerado, por ele, um dos maiores problemas locais. Gobbato reconhecia que a limitação da rede de abastecimento era um problema de saúde pública e limitava o crescimento industrial da cidade. Em uma ação conjunta com os engenheiros Jorge Schury, Ferrucio Targa e Antônio Siqueira � chefe da Comissão de Saneamento do Rio Grande do Sul � foi desenvolvido o projeto para abastecimento de água do município em 1925. A solução mais favorável e viável economicamente foi o represamento do arroio Dal Bó

por meio da construção de uma barragem. Em meio a problemas financeiros, o meio para captar recursos foi a criação da �Caixa Municipal de Depósitos Populares da Intendência Municipal�, por meio da Lei n° 60 de 18 de outubro de 1925. Semelhante a um sistema de bancos, a Caixa Municipal estava autorizada a receber recursos para a construção da Hidráulica Municipal. Em agosto de 1926, o valor depositado chegou a 500:00$000. A pedra fundamental da Hidráulica Municipal foi lançada em 14 de dezembro de 1925 e as obras iniciaram em 1926 com a desapropriação das terras onde se

Obras de limpeza da área da represa do arroio Dal Bó, atual represa São Miguel. Caxias do Sul � RS. Data: 1928. Autoria: Não identificada. Acervo: AHMJSA

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construiria a represa. Entre 1927 e 1928 prosseguiram os trabalhos para a represa São Miguel e o assentamento da linha adutora que levaria a água bruta da barragem até o local em que seria instalada a Hidráulica Municipal. A Hidráulica Municipal Dr. Borges de Medeiros foi inaugurada, timidamente, em 19 de novembro de 1928, ainda inacabada. Nomeada em homenagem ao presidente do Estado do Rio Grande do Sul, Antonio Augusto Borges de Medeiros, seu custo final foi de R$ 2.200:000$000, para uma obra estimada em R$ 1.794:464$582, deixando um déficit financeiro para as administrações seguintes. Na estrutura administrativa do poder público municipal, a responsabilidade sobre a continuidade dos trabalhos com o abastecimento ficaria com a Diretoria de Obras Públicas Municipais. O planejamento realizado previa que a Hidráulica beneficiasse uma população de 8 mil habitantes, estimativa que já atingia o seu limite na época. O recenseamento de 1932 apontava que o Município contava com uma população de 32.622 habitantes, sendo 9.975 na área central. Em 1937 e 1942, Caxias do Sul passou por duas grandes secas que deixaram a represa São Miguel

praticamente vazia. Assim, o Prefeito Dante Marcucci recorreu à Diretoria de Saneamento e Urbanismo do Estado de Obras Públicas. Após esse contato, o engenheiro Antonio Siqueira tratara de apresentar um estudo para a construção de uma nova represa, também com água do arroio Dal Bó. Inaugurada em 10 de novembro de 1943, a nova barragem, denominada São Pedro, tinha caráter complementar, e já apontava que não seria o suficiente para atender a demanda crescente da população. Mesmo com as duas represas, a situação do abastecimento não parecia ter melhorado. O serviço se mostrava cada vez mais complexo, exigindo novas formas de tratamento e melhorias na rede de distribuição. Em 1940 a população urbana atingiu o número de 20.123 habitantes. Por volta de 1948, novas bombas de recalque para a Hidráulica Municipal foram instaladas, e uma nova represa foi construída: a represa São Paulo. No começo da década de 1950, a represa São Miguel, a primeira a ser construída, foi ampliada. Até o começo da década de 1970, o Sistema Dal Bó atuou sozinho na rede de abastecimento municipal, sendo responsável por manter o serviço na cidade, permitindo seu desenvolvimento.

Obras na casa dos filtros e no primeiro reservatório da Hidráulica Municipal Borges de Medeiros. Caxias do Sul � RS. Data: 1928. Autoria: Não identificada. Acervo: AHMJSA.

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Sistema Maestra

Na década de 1950, o consumo per capita de Caxias do Sul aumentou de 150 litros por dia para mais de 300, conforme o estudo do Prefeito Euclides Triches, apresentado ao Presidente Getúlio Vargas. A população chegava aos 32 mil habitantes, que eram castigados pelos períodos de estiagem. O referente estudo buscava conseguir apoio do Governo Federal para a aquisição de hidrômetros � a fim de diminuir as perdas � e ampliar o sistema de abastecimento local. Na década de 1960, os níveis de água das represas São Miguel, São Paulo e São Pedro continuavam

diminuindo assustadoramente. A solução teve início em 1963, quando o presidente João Goulart autorizou a construção de uma barragem para represar o arroio Maestra. A obra ficou a cargo do Departamento Nacional de Obras de Saneamento (DNOS). Os custos para a construção da barragem, orçados em 6 milhões de cruzeiros, foram liberados em caráter de doação do DNOS, ficando para o Município, em contrapartida, a construção de uma estação de tratamento de água. As obras para a construção da estação iniciaram em 1964, sendo finalizadas quatro anos depois. A Estação

Construção da barragem Maestra. Caxias do Sul � RS. Data: 1970. Autoria: Não identificada. Acervo: SAMAE.

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de Tratamento de Água (ETA) Celeste Gobbato foi inaugurada em 29 de dezembro de 1968, recebendo sua denominação em homenagem ao Intendente que quarenta anos antes implantava a ETA Borges de Medeiros. A ETA Celeste Gobbato, quando inaugurada, possuía a capacidade de tratar 23 milhões de litros de água diários, e ficou responsável por 75% do abastecimento municipal. A represa do arroio Maestra teve seu processo de construção durante a administração de Hermes João Webber (1964 � 1969), sendo concluída em 1971, já na administração de Victório Trez. A inauguração do Sistema Maestra aconteceu no dia 15 de dezembro de 1971. Estavam presentes na cerimônia o Ministro do Interior, General José Costa Cavalcanti; o Governador do Estado, Euclides Triches; o diretor geral do DNOS, Carlos Krebs; o Secretário das Obras Públicas, Jorge Englert; o Prefeito, Victório Trez; o Presidente da Câmara de Vereadores, Régis Prestes e o secretário do SAMAE, Armando Biazus, entre outras autoridades.

Construção da ETA Celeste Gobbato. Caxias do Sul � RS. Data: 1964-1968. Autoria: Não identificada. Acervo: SAMAE.

Trabalhadores realizando obras no sistema Maestra. Caxias do Sul � RS. Data: 1964-1968. Autoria: Foto Arte Caxias. Acervo: SAMAE.

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A criação do Serviço Autônomo Municipal de Água e Esgoto (SAMAE)

Planejar o saneamento de uma cidade é uma prática essencialmente política. Não é possível empreender nesse serviço sem uma estrutura que sustente esses investimentos. Até a década de 1960, o serviço de saneamento em Caxias do Sul foi de responsabilidade direta do Município, passando, ao longo das décadas, de uma diretoria para outra. Nesse período da História do Brasil, algumas mudanças nas práticas dos serviços públicos passaram a acontecer. Desde que o modelo desenvolvimentista do Presidente Juscelino Kubitschek passou a vigorar no final da década de 1950, os empreendimentos em infraestrutura

começaram a avançar em ritmos cada vez maiores, e as primeiras autarquias começaram a surgir. Autarquia é uma instituição criada por lei específica que se responsabiliza por um serviço público, recebendo autonomia financeira e administrativa em relação à administração direta. Em Caxias do Sul, na medida em que os problemas de abastecimento se agravavam, o Município percebia a dificuldade em levantar recursos para aprimorar a estrutura do serviço. Desse modo, autarquizar o serviço de saneamento da cidade interessava na medida em que proporcionaria agilidade na gestão comercial, rápida tramitação, evitando burocracias, possibilitando

Turmas de rua nas obras da adutora de aço. Na foto, o vice-prefeito Mansueto de Castro Serafini Filho, e Armando Biazus, diretor do SAMAE. Caxias do Sul � RS. Data: 1970. Autoria: Não identificada. Acervo: SAMAE.

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autofinanciamento e a contratação de empréstimos. A primeira investida nesse caminho aconteceu em 1963, quando o Prefeito Armando Biazus propôs um projeto de lei na Câmara de Vereadores que criava o Departamento Municipal de Água (DEMA). O projeto tramitou por algum tempo e precisou ser aperfeiçoado. Em 1966 uma nova tentativa aconteceu. Dessa vez, propunha-se a criação do Serviço Autônomo Municipal de Água e Esgoto (SAMAE). A Lei n° 1.474 de 5 de janeiro de 1966 criou

o SAMAE como Autarquia municipal, extinguindo a Diretoria Municipal de Saneamento. Compete ao SAMAE a exclusividade de �estudar, projetar e executar diretamente ou mediante contrato com organizações especializadas em engenharia sanitária, obras relativas à construção, ampliação ou remodelação dos sistemas públicos de abastecimento de água potável e de esgotos sanitários, que não forem objeto de convênio entre a Prefeitura e os órgãos federais ou estaduais específicos�.

Fachada da sede do SAMAE. Caxias do Sul � RS. Data: 1970. Autoria: Wanderley Rocha. Acervo: SAMAE.

Inauguração do refeitório do SAMAE pelo Prefeito Mário David Vanin. Caxias do Sul � RS. Data: 1975. Autoria: Não identificada. Acervo: SAMAE.

Vista para o balcão de atendimento da sede do SAMAE, em fevereiro de 1970. Caxias do Sul � RS. Autoria: Wanderley Rocha. Acervo SAMAE.

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Por volta de 1970 as barragens Dal Bó e Maestra eram os grandes sistemas de abastecimento da cidade. Outros complexos menores forneciam água para regiões específicas da cidade. Era o caso do Sistema Ana Rech (Santa Helena), Galópolis, Santa Lúcia do Piaí e Samuara. Em outras localidades, como Criúva e Vila Seca, estações de captação e recalque eram instaladas como rede de distribuição local. O Samuara possui uma história particular. A represa era considerada uma fonte de água indicada

para abastecer as indústrias que se instalariam na área destinada ao Distrito Industrial de Caxias. Originalmente denominada Largo do Parque Samuara, a represa tem sua história ligada a um empreendimento imobiliário idealizado por empresários caxienses. O lago foi projetado para servir de fonte de abastecimento e lazer do complexo urbanístico. Inaugurado em 1961, o Hotel Samuara foi um dos projetos previstos para o complexo. No ano seguinte, após uma crise de abastecimento, a Prefeitura firmou

Reconstrução da Estação de Tratamento de Água Samuara. Caxias do Sul - RS. Data: 1971. Autoria: Não identificada. Acervo: SAMAE.

Sistema Samuara

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uma parceria com a empresa Samuara Empreendimentos Imobiliários. Por meio deste, o poder público municipal foi autorizado a administrar a represa e a estação de tratamento de água. As obras de manutenção e ampliação ocorridas na década de 1970 fizeram parte da reestruturação e ampliação das redes de distribuição de água na cidade, que envolveram também a ampliação das redes de distribuição do Sistema Maestra. Em 2014, pela Lei n° 7.906 de 12 de dezembro, as áreas da barragem, do lago, de proteção permanente e a ETA Samuara foram tituladas definitivamente para o SAMAE.

Construção da pequena hidráulica do Parque Samuara. Caxias do Sul - RS. Data: 1958. Autoria: Studio Geremia. Acervo: AHMJSA.

O lago do Parque Samuara. Caxias do Sul - RS. Data: 1955-1960. Autoria: Não identificada. Acervo: Samuara Hotel..

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Sistema Faxinal

Já em 1966, os estudos acerca do arroio Faxinal eram presentes nos planejamentos do saneamento municipal. O potencial desse manancial sempre foi destacado e se cogitava uma futura apropriação de suas águas. Para tanto, uma nova estação de tratamento seria necessária, tendo em vista que as duas grandes ETA�s em funcionamento � Borges de Medeiros e Celeste Gobbato � já atingiam o seu limite de capacidade. Por tratar-se de um empreendimento de grande porte e que demandou muitos recursos, a autarquização do serviço de saneamento caxiense teve papel fundamental na realização dessa obra, visto que sua autonomia financeira e administrativa conquistou a dinâmica necessária para a implementação do Sistema Faxinal. Na primeira administração do Prefeito Victório Trez (1969�1972), os estudos realizados pelo engenheiro Jacob Lerner passaram a se efetivar, dando início a primeira etapa de construção do Sistema, iniciando pela Estação de Tratamento de Água (ETA) Parque da Imprensa. Situada no bairro Jardelino Ramos, a área da ETA já era de propriedade do Município e, desde o final do século XIX, existia um planejamento da utilização do local. Inaugurada em 19 de dezembro de 1981, a ETA Parque da Imprensa duplicou a capacidade de tratamento fornecida pelos Sistemas Dal Bó e Maestra. As obras foram priorizadas na administração do Prefeito Mansueto de Castro Serafini Filho que, por meio dos decretos n° 4.190 e n° 4.195 de 1977, declarava a urgência na desapropriação de 532 hectares, na qual seria construída a Barragem Faxinal. Os altos custos da obra emperraram o seu andamento. Durante os anos da ditadura militar, o

governo instituíra o Plano Nacional de Saneamento (PLANASA) que contemplava, exclusivamente, as companhias estaduais de saneamento, o que não era o caso do SAMAE. Essa prática centralizadora do governo ditatorial buscava induzir os municípios a entregarem seus sistemas de abastecimento para os órgãos estaduais. Em Caxias do Sul, a Prefeitura e o SAMAE eram contrários a essa prática e não consideravam ser uma solução. Entendia-se que a autonomia do município para gerir o serviço de saneamento era a melhor maneira de atender a cidade. Nesse sentido, os trabalhos com a implantação do Sistema Faxinal, a maior obra de Caxias do Sul até aquele momento, foram exclusivamente administradas pelo Município. Com a crise hídrica do começo dos anos 1980, a corrida para o Sistema Faxinal entrar em funcionamento tornou-se uma prioridade municipal. Os recursos das obras de pavimentação, aberturas de ruas e a canalização do esgoto foram direcionados para o abastecimento, tendo em vista que a população já sofria com o racionamento de água. A solução foi a construção de duas represas provisórias. Em 7 de setembro de 1981, a água dessas barragens passou a reforçar o Sistema Dal Bó. Em dezembro, a ETA Parque da Imprensa passou a operar e os problemas de abastecimento foram atenuados. Essa medida foi essencial para manter a população, cada vez maior, abastecida, além de evitar um possível colapso da cidade. Embora concluída a primeira etapa, sabia-se da necessidade de construir uma barragem definitiva que utilizasse todo o potencial do arroio. Em 1987 a segunda etapa iniciou com a contração de um financiamento junto

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à Caixa Econômica Federal e à concorrência pública para a empresa responsável pela construção da barragem definitiva. Mesmo com o financiamento, as obras da segunda etapa de implementação não foram tranquilas. Em um contexto econômico frágil, em que os recursos eram corroídos pela inflação, o Município precisou interromper por um momento as obras. Com este cenário, o SAMAE

e a Prefeitura precisaram entrar com recursos próprios para complementar a demanda da obra. Em 19 de dezembro de 1992, o Sistema Faxinal foi inaugurado definitivamente. Em 14 anos de trabalho foram investidos 48 milhões de dólares. Trata-se de um marco na História de Caxias do Sul, que pôs fim a um período de racionamento, permitiu a ampliação da rede de distribuição e a qualificação interna do SAMAE.

Primeira barragem do Faxinal, submersa após a conclusão da barragem atual. Caxias do Sul - RS. Autoria: Não identificado. Acervo: SAMAE.

Vista aérea da Barragem Faxinal, inaugurada em 1992. Caxias do Sul � RS. Data: 2015. Autoria: Andréia Copini. Acervo: SAMAE.

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Obras de construção dos decantadores da ETA Parque da Imprensa. Caxias do Sul - RS. Data: 1973. Autoria: Não identificada. Acervo: SAMAE.

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Sistema Marrecas

Após a inauguração definitiva do Sistema Faxinal já se previa que o abastecimento municipal estava garantido até o ano de 2015. Assim, o SAMAE passou a planejar antecipadamente um novo sistema que ficasse pronto antes dessa data limite. Em 1993, um relatório apresentado pela empresa ECOPLAN identificou os mananciais de Caxias do Sul. Este relatório seria a base para a construção do novo sistema. Foram citados os arroios Marrecas, Sepultura, Piaí, São Marcos e Mulada. Subsidiada pelos estudos de Jacob Lerner, da década de 1960, a escolha pelo arroio Marrecas foi baseada na viabilidade financeira e de

execução das obras. Uma das particularidades da construção do Sistema Marrecas é que o contexto da implantação da obra se deu durante um período de preocupação com o impacto equilíbrio ecológico. Um empreendimento deste porte traria implicações ambientais que precisavam ser consideradas. Nesse sentido, em 25 de abril de 2007, o SAMAE formalizou um convênio com a Universidade de Caxias do Sul (UCS) a fim de produzir o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e o Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) da futura barragem. Uma equipe multidisciplinar

Construção do muro de contenção da Barragem Marrecas. Caxias do Sul � RS. Data: 09.01.2012. Autoria: Luiz Chaves. Acervo: AHMJSA.

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formada por quase 40 profissionais � entre biólogos, geólogos, engenheiros, arquitetos, sociólogos, geógrafos e topógrafos � se envolveu na produção dos documentos entre os meses de janeiro a dezembro daquele ano. Em junho de 2009, as obras iniciavam com a chegada dos primeiros canos necessários para a instalação das adutoras do Sistema. A adutora de água bruta ligou a Barragem Marrecas até a Estação de Tratamento de Água Morro Alegre, em uma extensão de 7,6 quilômetros. A ordem de construção da barragem foi assinada pelo então Prefeito José Ivo Sartori, em junho de 2010. Trata-se de uma represa de 435 metros de extensão, 50 metros de largura na base e 60 metros de altura em seu ponto mais alto. A inauguração do Sistema Marrecas aconteceu no dia 22 de dezembro de 2012. Já o início das operações se estabeleceu em setembro de 2014, na administração do Prefeito Alceu Barbosa Velho. Um empreendimento de 250 milhões de reais que foi amplamente comemorado. A prática de abastecimento de água na cidade é pautada em três processos: captação, tratamento

e distribuição. Historicamente, a maior dificuldade se encontrava no primeiro, em decorrência das características topográficas de Caxias do Sul. Com a conclusão do Sistema Marrecas, a capacidade de reservação de água da cidade aumentou em 82%, mudando radicalmente o panorama de abastecimento local, assegurando a demanda para os próximos 25 anos.

Detalhe da adutora de água bruta do Sistema Marrecas. Caxias do Sul. Data: 26.12.2011. Autoria: Luiz Chaves. Acervo: AHMJSA.

Estação de Tratamento de Água Morro Alegre, localizada no distrito de Vila Seca. Caxias do Sul � RS. Data: 2015. Autoria: Andréia Copini. Acervo: SAMAE.

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O Sistema de Esgotamento Sanitário

Caxias do Sul, desde o começo do processo de urbanização, sempre esteve preocupada com a captação de recursos hídricos. Por isso, a História do Sistema de Esgotamento Sanitário não apresenta o mesmo ritmo de transformações que o abastecimento de água. No entanto, nos últimos anos, o afastamento e tratamento de esgoto em Caxias tem sido referência em nível nacional. Por volta dos anos 1930, o serviço de remoção de materiais fecais passou a apresentar problemas na municipalidade. As constantes reclamações da população nos jornais da cidade levaram a extinção do serviço em 31 de dezembro de 1941. No começo da década de 1950 aconteceram os primeiros estudos para implantar um sistema de

esgotamento sanitário em Caxias do Sul. O Prefeito Major Euclides Triches recebera a cópia do contrato firmado, em dezembro de 1953, com a Secretaria de Estado dos Negócios de Obras Públicas, para a execução do projeto da primeira rede de esgoto da cidade. Apesar do plano apresentado nos anos 50, Caxias do Sul precisou esperar mais duas décadas para ter a primeira intervenção nesse sentido. Entre o final do ano de 1975 e começo de 1976 a primeira rede foi instalada na região central da cidade com uma extensão de 4.139 metros. A obra, que previa a instalação de uma estação de tratamento de esgoto, não foi realizada, tendo em vista a corrida para terminar a primeira etapa de construção do Sistema Faxinal. Assim, os efluentes passaram a ser

Implantação da rede de coleta de esgoto cloacal na rua Vinte de Setembro em frente ao Hospital Saúde. Caxias do Sul � RS. Data: 1975 � 1976. Autoria: não identificada. Acervo: SAMAE.

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despejados nos arroios jusantes à cidade, um problema que no futuro seria uma das prioridades de ação do SAMAE. A primeira experiência de tratamento de esgoto aconteceu no loteamento Serrano - na época, uma ocupação irregular, pois estava localizada dentro da bacia de captação do Sistema Maestra. Para viabilizar aquele local, o SAMAE procurou evitar que a comunidade poluísse a bacia de captação. Assim, uma rede de esgoto foi instalada e uma estação de tratamento de esgoto construída. Em 1996, a ETE Rivadávia Azambuja Guimarães foi inaugurada. Após os resultados dessa primeira experiência começaram a surgir novos empreendimentos em tratamento de esgoto. A ETE Marianinha de Queiróz foi instalada no núcleo habitacional de mesmo nome em 2001, com o intuito de proteger a bacia de captação do Faxinal. Em 23 de agosto de 2003, foi inaugurada a ETE Dal Bó, resultado da demanda da comunidade acerca do Orçamento Participativo. Considerado um marco do saneamento municipal, foi a primeira vez que a reutilização da água tornou-se possível em Caxias do Sul. As vantagens do tratamento de esgoto passaram a ser cada vez mais evidentes, trazendo qualidade de vida, benefícios à saúde da população e tornando o tratamento da água um processo mais econômico. Assim, o SAMAE passou a se preocupar em desenvolver um planejamento global para a cidade. Em 2001, o SAMAE contratou o Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH) da Universidade Federal do

Rio Grande do Sul para elaborar um Plano Diretor de Esgotamento Sanitário (PDES). O plano foi concebido tendo como princípio ordenar e tornar mais eficaz o investimento público em saneamento, definindo diretrizes dos projetos e obras a curto, médio e longo prazo. Na medida em que a pressão por desenvolvimento urbano se perpetua, as práticas para evitar a degradação das condições ambientais e sanitárias tornam-se essenciais. Assim, o Plano Diretor de Esgotamento Sanitário de Caxias do Sul foi instituído pela Lei Complementar n° 189 de 2002. A partir daí o tratamento de esgoto, que até então parecia uma realidade muito distante, começou a avançar exponencialmente. Em 2006 foi inaugurada a ETE Vittória. No ano seguinte as ETE�s Ana Rech e Canyon passaram a operar. No ano de 2012 os Sistemas de Despoluição e Tratamento de Esgoto Tega, Belo e Samuara foram implementados, sendo esse primeiro o maior do Município. O Sistema Pinhal foi inaugurado em 2014. E, por fim, em 2015, o Sistema Pena Branca entrou em operação. Atualmente o SAMAE conta com um dos sistemas de esgotamento sanitário mais avançados do Brasil. Em 2015, uma nova fase de investimentos para essa área passou a surgir. A implantação de sistemas de automação nas estações de tratamento permite o acompanhamento e a coleta de dados online e à distância. A primeira ETE a contar com esse novo modelo foi a ETE Pena Branca, que servirá de modelo para as demais.

Construção da ETE Canyon.Caxias do Sul � RS. Data: 2007. Autoria: Luiz Chaves. Acervo: AHMJSA.

Registro da construção da ETE Tega. Caxias do Sul � RS. Data: 2008. Autoria: Luiz Chaves. Acervo: AHMJSA.

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Os 50 anos, novos desafios

Refletir acerca da História do saneamento em Caxias do Sul evidencia algumas características da cidade que tornam esse serviço um verdadeiro desafio para a administração pública. O crescimento populacional e industrial, fruto do empreendedorismo enraizado na cultura de nosso Município, fez com que o SAMAE sempre buscasse se adequar às exigências locais. Podemos afirmar que, paralelo e concomitante ao desenvolvimento de Caxias do Sul, o SAMAE demonstrou que é uma Autarquia competente, responsável e dedicada, mantendo em sua visão o atendimento transparente à comunidade. Mesmo com os contratempos no decorrer de sua trajetória, seja pelos períodos de dificuldades econômicas,

de crises hídricas e dos duros anos da ditadura militar, em que se cogitou a extinção do SAMAE, a Autarquia buscou superar as dificuldades, com trabalho e inovação. Resgatar essa narrativa histórica torna-se importante ao passo em que contribui para a compreensão das nuances da administração pública, seus obstáculos e benefícios. Os 50 anos do SAMAE motivaram a primeira investigação historiográfica de Caxias do Sul, tendo como temática principal o saneamento. Uma história inédita, de muitas particularidades, que nos projeta um futuro de crescimento, investimento em novas tecnologias, responsabilidade socioambiental e prosperidade para a comunidade caxiense.

Cuidar do hoje, é desenhar um futuro melhor.Caxias do Sul � RS. Data: 2016. Autoria: Andréia Copini. Acervo: SAMAE.

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Conheça a estrutura do SAMAE hoje

Sistemas de Abastecimento de Água

Barragem Faxinal

Barragem Marrecas

Barragem Galópolis

Barragem Dal Bó

Barragem Maestra

Barragem Samuara

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Estações de Tratamento de Água

ETA Morro Alegre ETA Ildefonso Schroeber

ETA Parque da ImprensaETA Celeste Gobbato

ETA Borges de MedeirosETA Ana Rech

ETA SamuaraETA Galópolis

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Estações de Tratamento de Esgoto

ETE Rivadávia Azambuja Guimarães

ETE Tega

ETE Canyon

ETE Belo

ETE Vittória

ETE Pena Branca

ETE Ana Rech

ETE Samuara

ETE Dal Bó

ETE Pinhal

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