Revista renascimento

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Re nais sance Leonardo DaVinci Estudos anatômicos do mestre renascentista. 16 Looks Estudos anatômicos do mestre renascentista. Beleza e proporção Um breve ensaio A Vênus E o papel da mulher na sociedade. Henrique VIII Tudo sobre o rei inglês. Junho de 2010.

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Trab. Historia da Arte

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RenaissanceLeonardo DaVinciEstudos anatômicos do mestre renascentista.

16 LooksEstudos anatômicos do mestre renascentista.

Beleza e proporçãoUm breve ensaio

A VênusE o papel da mulher na sociedade.

Henrique VIIITudo sobre o rei inglês.

Junho de 2010.

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Conteúdo

Estudos anatômicos de Da Vinci 08

Perfil: Henrique VIII 12

4 Conteúdo / Editorial

6 Moda & Renascença

8 Estudos Anatômicos de Da Vinci

11 Razão e Contemplação

12 Perfil:HenriqueVIII

16 A Vênus no Renascimento

20 Notícias

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Razão e contemplação 11

A Vênus no renascimento 16

Editorial;Flores brotam por toda a parte, um mar de águas cristalinas banha as costas e o sol brilha com o retorno de valores tão ricos como o povo que os construiu. Beleza, proporção e perfeição. Todas elas aparecem estampadas em cada retrato, em cada escultura. Corpos dissecados e olhos atentos resultam em formidáveis estudos do corpo huma-no. O ressurgimento da atividade comercial, a con-quista dos mares e tantos outros acontecimentos das últimas décadas fazem do hoje um momento singular.

Difícil crer na existência de tantos gênios – con-temporâneos – tão perto uns dos outros. De Leo-nardo a Cristóvão Colombo, buscamos dar um pa-norama geral desse despertar que, aparentemente, ainda presenciaremos por alguns bons anos. Uma viagem enriquecedora pelos misteriosos camin-hos da arte, curiosamente atrelada à ciência, sem deixar de lado os poderes inseparáveis do clero e da nobreza.

Uma ótima viagem!

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Look 1 Virgem do Clavel (1478-1481). Munich, Alte Pinakothek.

Look 2 Jean Clouet, Francisco I (c.1525)

Look 3 Artista do Retablo Sforzesco, Beatrice d’Este (1494).

Look 4 Rafael, Dama do unicórnio (c.1506)

Look 5 Artista flamengo, retrato de dama em um cartão da escola leonardesca (c.1515).

Look 6 Felipe de Llano, A infante Isabel Clara Eugênia, 1584, Museu do Prado, Madri.

Look 7 Ângelo Bronzino, Eleorora de Toledo e seu Filho Fernando I, c. 1550, Galeria de Uffizi, Florença

Look 8 Ticiano, Isabel de Portugal, mulher de Carlos V, c. 1535, Museu do Prado, Madri.

Look 9 François Clouet, Carlos IX, c. 1565, Kunsthistorisches Museum, Viena.

Look 10 Marcus Gheeraerts, Rainha Elizabeth I, c. 1593, National Portrait Gallery, Londres

Moda &Renascença

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Músculos e nervosUnanimamente, os melhores e mais sugestivos estudos anatômicos foram realizados em 1505-1510. “A árvore dos Nervos”, do cérebro a nuca, se extende ao longo da coluna vertebral e ramifi-ca-se posteriormente entre braços e pernas.

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Duzentas folhas compõem o acervo dos desenhos anatômicos de Leonardo Da Vinci conservados na Royal Library de Windsor, Inglaterra. As obras mostram o interesse do artista que demonstrou em suas obras um perfeito equilíbrio entre arte e ciência.

Estudos anatômicos de Leonardo da Vinci

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O coração e as veiasPor volta de 1513, Leonardo re-corre a dissecação de animais para o estudo minucioso do co-ração. Um notável esforço foi feito para compreender o meca-nismo de abertura e fechamento das válvulas e o fluxo de sangue, de modo que chegou a ser cons-truído um modelo de vidro da artéria aorta.

Esqueleto e Ossos Entre 1508 e 1510, Leonardo interessou-se principalmente pela osteologia. Fez memoráveis representações do esqueleto, assim como de cada um dos os-sos nos mais diversos ângulos e noções de profundidade. A efi-cácia na representação fiel da anatomia, bem como a limpeza de seu traço fizeram com que tais desenhos fizessem parte de dos melhores de seu repertório.

Os órgãos genitais e a reproduçãoA série de desenhos que está entre os mais admirados foi feita entre 1510 e 1512. O estudo dos ovários e do útero feminino durante a ges-tação foram de grande importância para o corpo humano feminino. Avanços na área da embriologia e a dissecação de um feto de sete meses fizeram com que Leonardo pudesse determinar a espessura aproximada e a posição do cordão umbilical.

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De que vale a arte se ela não for bela? Quanto ao belo, aonde ele realmente reside? Acredito que estamos cansados de ver nossa vida, nossas histórias e nossas culturas sendo contadas por figuras alongadas, etéreas, e rarefeitas. Final-mente, chegou a hora que podemos olhar para o nosso mundo e compreendê-lo da melhor forma possível, isso, é claro, através daquilo que nos dis-tingue como seres humanos, a nossa capacidade racional. É ela que de agora em diante vai dirigir nossos pensamentos, nossa filosofia, nossa arte...

Exaltamos os homens da antiguidade, guerreiros do saber e do conhecimento que nos ajudam até hoje na formação da nossa concepção de mundo. Seus estudos, primorosos, fortes, e bem executa-dos, nos ensinaram a ver como o homem em sua essência deve ver. Não podemos ficas estáticos a esse tipo de abalo, algo deve ser feito. Sendo assim, dou-lhes boas vindas ao universo Renascentista que aponta para a proporção e equilíbrio quando questionada sobre a residência do âmago da Bele-za. Esta, por sinal, indispensável para a vida.

Razão econtemplação

Breve ensaio sobre Beleza e Proporção

A Beleza nos rege com voracidade, e a alcançamos através da proporção áurea. Leonardo Da Vinci, também presente nesta edição de nossa revis-ta, poderá tecer mais comentários sobre essa lei máxima que direciona e auxilia o pensamento para o entendimento e compreensão para a repre-sentação da natureza.

Nossos olhos passam a ser o centro, nosso cére-bro a força... Pitágoras acreditava num mundo controlado pelos números, quem somos nós para duvidar de tamanho mestre como ele? Aceitamos e elevamos os conceitos da antiguidade clássica. Trazendo-os para nosso universo, poderemos ter uma verdadeira revolução, estamos presenciando um marco histórico, algo mudará a pecepção da sociedade para sempre. Viva a Beleza! Viva a Ra-zão!

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Henrique VIII de Inglaterra (Henry Tudor), filho de Henri-que VII e Isabel de Iorque, nas-ceu em 1491 e morreu em 1547, tendo sido coroado rei em 1509.

Em 1485 a Inglaterra se encon-trava desunificada e com gran-des conflitos ao norte, que era predominantemente rural e mais atrasado. Alem disso, ha-via uma disputa pelo trono in-glês pelas casas de Lancaster e York.

Henrique VII conseguiu o trono através da Batalha de Bosworth, ocorrida durante a Guerra das Duas Rosas. Sua legitimidade como rei era precária e houve di-versas tentativas de golpes, não somente internas, mas como também provenientes da Irlan-da, Escócia e França. Para for-talecer-se, Henrique VII formou uma aliança com a Espanha, a mais poderosa monarquia da época. Tal aliança consolidou-se quando o filho mais velho de

Henrique, Artur, foi compro-missado com a infanta Catarina, filha do rei espanhol Fernando de Aragão.

O casamento de Artur com a in-fanta espanhola durou poucos sete meses, já que o príncipe fa-leceu em 1502, sendo vítima de tuberculose. Para que a Espan-ha e Inglaterra mantivessem-se próximas, tanto o Rei Henrique VII quanto Fernando de Aragão recorreram ao Papa para que

perfil: henrique viii

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um casamento entre Catarina e Henrique VIII, filho mais novo de Henrique VII, fosse possí-vel, alegando que o casamento da infanta com Artur não havia sido consumado.

Em julho de 1509, após o fa-lecimento de Henrique VII, o casamento foi realizado, sendo Catarina de Aragão seis anos mais velha que seu novo esposo. Em fevereiro de 1516 Catarina, a então rainha da Inglaterra, deu a luz a Maria Tudor, única filha do casal.

A Questão Real

Sem um herdeiro varão para sucedê-lo, Henrique se deixou ser persuadido por Ana Bole-na, que o conquistou não por sua aparência, que não era tão atrativa, mas por sua impetuosi-dade e arrogância. Sob enorme influência de Ana, Henrique se tornou obcecado pela oportuni-dade te der um filho homem, e também pela idéia de casar no-vamente.

Começou a procurar maneiras de comprovar que seu casamen-to com a rainha Catarina era ilegal, convocando estudiosos de diversas universidades eu-

ropéias para isso. Também se baseou no livro de Levítico como justificativa, especificamente em uma passagem que diz que se casasse com a viúva de seu ir-mão não produziria frutos. Além disso, colocou o Cardeal Wolsey como chanceler mor do reino, tornando-o o homem mais im-portante do reino após o prórpio rei. Wolsey deveria pleitear com o Papa uma bula que anularia o casamento de Henrique. Ao ver a demora de Wolsey em resol-ver a chamada “questão real”, o rei tomou medidas drásticas em relação ao Cardeal, que foi executado em 1530 acusado de traição.

Sem sucesso nas tentativas de anular seu casamento, Henrique VIII decidiu romper com Roma, sendo excomungado pelo Papa cinco anos depois, em julho de 1533. A intenção do rei, que era religiosamente muito devoto (e até havia sido condecorado pelo Papa Leão como Defensor da fé), não era de fato separar-se da Igreja Católica, tendo tenta-do não entrar em conflito com Roma desde o início. Para que a ruptura ocorresse, havia ques-tões além das matrimoniais,

MariaIquandoprincesaAtribuídoaLucasHorenboutaquarelasobrepapel,cercade1521-1525(35mmdediâmetro)

Thomas WolseyArtistadesconhecido,óleosobretela,cercade1520(838mmx559mm)

especificamente sobre a auto-nomia do poder de Henrique como rei, já que a Igreja o estava impedindo de exercer suas von-tades.

Henrique casou-se secretamen-te com Ana Bolena, que já era uma simpatizante do protes-tantismo, em janeiro de 1533. Isso consolidou o surgimento da Igreja da Inglaterra, conhecida como Igreja Anglicana. A prin-cesa Maria, então considerada bastarda, foi retirada da linha de sucessão do trono.

As Seis Esposas de Henrique VIII

Em 1534 foi aprovado no Parla-mento Inglês o Estado de Supre-macia, que transformava o Rei em chefe absoluto e supremo da Igreja Anglicana. A criação da Igreja Anglicana gerou para a Inglaterra total independência do poderio católico de Roma.

Isso tornou possível para Henri-que VIII um novo divórcio sem que houvesse questionamentos quanto a validade de seu casa-mento. Ao notar que Ana Bo-lena, após dar a luz a Elizabeth I, não geraria um filho homem, o rei providenciou a execução da rainha, contraindo um novo casamento com Jane Seymour, com quem conseguiu seu tão aguardado filho farão, Eduardo VI, retirando Elizabeth da linha de sucessão do trono. Jane fale-ceu logo depois do parto, tendo sido a única morte lamentada por Henrique entre suas quatro esposas mortas.

Seu próximo casamento foi li-gado a questões políticas, já que Henrique foi aconselhado a formar uma aliança com os lu-teranos alemães. Casou-se com a alemã Ana de Cleves, que não

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Um homem pra casar...

1 - Catarina de Aragão, primeira rainha de Henrique VIII. Divorciada. Artista desconhecido.

Óleo sobre tela, início do século XVIII. (559 mm x 445 mm)

2 - Ana Bolena, segunda esposa de Henrique VIII. Executada. Artista desconhecido. Óleo

sobre tela, cerca de 1533 – 1536 (543 mm x 416 mm)

3 - Jane Symour, terceira esposa de Henrique VIII. Falecida. Retrato por Hans Holbein,

1536-1537 (65,4 x 40,7 cm)

4 - Anne de Clèves, quarta esposa de Henrique VIII. Divorciada. Hans Holbein, 1539

5 - Catarina Howard, quinta esposa de Henrique VIII. Executada. Retrato por Hans Holbein,

cerca de 1541 .

6 - Catherine Parr, sexta esposa e viúva de Henrique VIII. Possível retrato por Master John,

oleo sobre tela, 1545 (1803 mm x 940 mm)

Com o recorde de seis esposas, não se pode afirmar que Henrique VII tivesse aversão ao casamento. Mas também não é possível dizer que casar com o rei fosse garantia de final feliz...

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MariaIquandoprincesaAtribuídoaLucasHorenboutaquarelasobrepapel,cercade1521-1525(35mmdediâmetro)

agradou ao rei e de quem ele se divorciou em 1540.

Em seguida, casou-se com Cata-rina Howard, quase trinta anos mais nova que o rei. Dois anos depois, a nova rainha foi execu-tada em 1542 com acusações pa-recidas ás colocadas sobre Ana Bolena.

O ultimo casamento de Henrique VIII se deu com a viúva Catarina Parr, em 1543. Isso fez com que o rei se reconciliasse com suas duas filhas de seus casamentos anteriores, e elas então foram colocadas novamente na linha de sucessão ao trono.

O Reinado de Henrique

Durante o reinado houve uma perseguição violenta aqueles que não concordavam com o surgi-mento da Igreja Anglicana. Um grande exemplo disso seria o caso do Cardeal Wolsey, que foi executado não somente por não ter sucesso na anulação do ca-samento do rei com Catarina de Aragão, como também por sua inclinação ao Papa. Wolsey foi acusado de abusar de seu poder e de atrair lucro para si e para seus interesses. Seu sucessor, Sir Tho-mas More também foi executado por não ter declarado juramento ao Decreto da Sucessão, que tor-nava herdeiro legitimo qualquer criança nascida do casamento do rei com Ana Bolena.

Henrique VIII faleceu em 1547, e deixando uma Inglaterra endi-vidada e desprotegida de gran-des potências como a Espanha e a França. Seu único herdeiro homem, Eduardo VI, conseguiu reinar por apenas sete anos, se-guido por Maria, que reinou por poucos cinco anos e então Eliza-beth, que levou a Inglaterra ao ápice, reinando por 45 anos.

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O desenvolvimento do capitalis-mo e a emersão de um Estado moderno transformaram as re-lações econômicas, sociais e fa-miliares da Itália Renascentista.

É em Florença que se encontram as origens do capitalismo mo-derno e a redefinição da pintura e escultura como artes livres do conceito de mero “artesanato”. Há uma ideologia conservadora, que acredita que nós, mulheres, devemos ser excluídas do ofício das artes e, desde pequenas, do ensino público, que envolve o estudo de cálculo e matemática. Temos nesses tempos apenas dois caminhos a seguir: casar-nos ou nos tornamos freiras, sendo ensinadas desde cedo a nos manter castas, fiéis, habili-dosas com as tarefas do lar e ex-tremamente religiosas, mesmo numa sociedade cada vez mais secularizada.

No começo do século XV, de acordo com relatos de parentes, eram tempos de prosperidade econômica e social, e a arte pas-

sou a adquirir características seculares. Ricos comerciantes tornavam-se patronos de gran-diosas obras, que embelezavam a cidade, agindo assim como ver-dadeiros cidadãos. Tal cidada-nia, porém, se restringia a uma pequena elite de homens ricos, que se separavam das mulhe-res – mesmo sendo igualmente ricas e privilegiadas. Para os re-nascentistas, que se inspiram na Antiguidade Clássica, nada mais coerente do que se inspirar tam-bém na democracia ateniense, que não definia a mulher como cidadã. Então, camponeses, classes urbanas mais pobres e nós, mulheres, não temos quase nenhuma integração – nem, em consequência, contribuição no renascimento cultural.

As virtudes esperadas de uma mulher são a castidade antes do casamento, a pureza, a pas-sividade, a fidelidade ao marido e a maternidade. Leon Alberti, arquiteto, pintor e humanista florentino, diz que “dificilmente nos seria digno de respeito uma

mulher ocupando-se juntamen-te com homens em um mercado, às vistas das pessoas”. Pertence-mos, portanto, ao lar, cuidando da família e longe da vida públi-ca... Revoltante!

Há um grupo de mulheres hu-manistas e pensadoras, é verda-de. Houve. São de famílias ricas ao nordeste italiano, cujas obras se referem às condições femini-nas. Elas, porém, enfrentaram mais limitações que os homens. Como a única opção era a de se casar, a fim de continuar estu-dando muitas se retiraram para claustros ou se isolaram da so-ciedade. Uma pena!

A educação

Educação e erudição devem ser características dos grandes ar-tistas, pensadores e poetas.

Embora os pensadores huma-nistas defendam certa igualdade na educação entre as filhas dos burgueses e patrícios abastados, a prática de se mandar as meni-

A Vênus no RenascimentoO real papel da mulher na sociedade

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A Vênus no Renascimento

nas a uma escola pública (bons tempos!) foi sendo descontinua-da, infelizmente. Hoje em dia, elas recebem sua educação - que se focava em princípios cristãos e ensinamentos morais - em casa ou em conventos. São treinadas para o lar ou para a vida religio-sa.

A “educação pública”, atualmen-te destinada apenas aos rapazes, consiste em leitura, escrita e aritmética, visto que a matemá-tica é essencial para lidar com negócios e comércio, bases da nossa sociedade florentina.

Filippo Brunellesch, por exem-plo, foi pioneiro, dando início a um novo estilo arquitetônico ba-seado nos ideais greco-romanos, e a uma nova geração de arquite-tos. Para tanto, não foi um mero aprendiz, mas, sim, recebeu uma boa educação liberal.

Tais conceitos matemáticos também estavam integrados aos princípios de represen-tação artística do século XV, o da perspectiva. A matemática ainda serve de suporte para as projeções gráficas. Dessa forma, compreender seus princípios permite ao artista a criar, em uma obra bidimensional e plana a sensação de tridimensionali-dade, com profundidade e mais próxima da realidade.

Seria simplista a afirmação de que as mulheres, por causa de sua formação, jamais entendes-sem as obras, mas o novo estilo pictórico depende de certo con-hecimento das ciências de um te-lespectador instruído, que pode mais claramente, em relação às mulheres, captar as intenções do artista e as ilusões contidas na obra.

A pintura tornou-se para nós uma atividade que requeria mui-to mais a intuição e experimen-tação do que a lógica e o estudo. Enfrentamos, portanto, diversas limitações em vários aspectos relacionados ao renascimento cultural, vivendo na “margem” da sociedade. Restam-nos ape-nas o bordado e a costura! Que absurdo!

A representação da mulher real

Mesmo nessa sociedade religio-sa e patriarcal, podemos ver uma mudança nas representações. Secularizadas, houve uma ver-dadeira emersão dos retratos individuais, que retrata o patro-no em imagens que descrevem sua posição no mundo: rico, de alto nível social, benquisto en-tre a sociedade, blábláblá... E nós, mulheres? O destaque vai

VênusdeUrbino,1538–TicianoVecellio.

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apenas para nossas roupas bem bordadas, nossos bons modos, nossas joias... Afinal, com casa-mentos de interesses, que visam apenas ao lucro de ambas as par-tes, pouco interessa nossa forma física e beleza, mas, sim, apenas se revelamos ou não a riqueza de nossos maridos. Uma visão atenta aos elementos contidos num desses retratos podem in-dicar nossa posição social, tra-zendo prestígio ao cidadão, ou seja, o marido.

O retrato em perfil, que enfatiza um desenho linear e bidimensio-nal, apenas “mapeia” as superfí-cies do corpo e da vestimenta em detrimento da volumetria da figura, resultando numa imagem

quase esquemática. Além disso, como devemos ser submissas aos nossos maridos, ao Estado e à Igreja, o perfil é ideal para a re-presentação feminina, pois o ol-har, como que desviado, não se encontra com o do observador.

A obra abaixo enfatiza sua po-sição na linhagem de seu mari-do, com o brasão de sua família (triangular) bordado em sua vestimenta e a inscrição, que reforça uma conduta virtuosa e qualidades espirituais.

As mulheres (ricas) retratadas em frente a janelas, assim como Giovanna Tornabuoni, tornam-se meros objetos de contem-plação, pois são, na realidade,

banidas de se exporem às vistas públicas em janelas e de usarem vestidos suntuosos, cheios de or-namentos.

Os retratos em três quartos tor-naram-se popular, a princípio, apenas entre as figuras mascu-linas. Apenas lá pelos anos 1470 que os retratos femininos segui-ram essa forma.

A Vênus

Pode parecer uma grande con-tradição minha, meninas, dizer que somos destinadas ao claus-tro – seja numa casa luxuosa, como donas de casa, seja num convento – e, ao mesmo tempo, expor-lhes inúmeras obras de fê-

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meas igualmente expostas, nuas.

Porém, a redescoberta da cultura greco-romana na Renascença res-taurou o nu nos repertórios dos artistas. Figuras nuas com base em modelos antigos aparecem na Itália, já em meados do século XIII, e por meados do século XV, tornaram-se símbolos da antigui-dade.

Pintores venezianos, segundo minhas viagens, inventaram uma nova imagem da Vênus como uma figura reclinada, deitada nua em uma paisagem ou interior domés-tico, sempre acompanhada do tecido drapeado. Embora eles re-flitam as proporções de estatuária antiga, as imagens atuais desta-

cam o calor sedutor do corpo fe-minino, em vez de sua geometria ideal. Como o interesse em temas mitológicos aumentou, os artistas encontraram novas abordagens para a representação de figuras nuas, de homens e mulheres. (SO-RABELLA, Jean)

Sabemos então, meninas, que as Vênus pouco têm a ver com nossa realidade, por mais que deseje-mos. Seu corpo serve de contra-ponto à expressão privada, inten-sa, de decifração psicológica nada fácil de ser compreendida, e mui-tas vezes propositalmente miste-riosa.

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1MASACCIOTrindade1425-28Afresco,640x317cmSantaMariaNovella,Florença

2GHIRLANDAIO,DomenicoRetratodeGiovannaTornabuoni1488Temperanamadeira,76x50cmMuseuThyssen-Bornemisza,Madri.

3HOLBEIN,HanstheYoungerJaneSeymour,RainhadaInglaterra1536Óleonamadeira,65,5x40,5cmMuseuKunsthistorisches.Viena

4SANZIO,Raffaello,AsTrêsGraças,1504-1505.Óleosobremadeira,17x17cm,MuséeCondé,Chantilly.

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NotíciasColombo chega ás Américas

No dia 12 de outubro de 1492 o navegador Cristóvão Colom-bo, nascido em Gênova, chegou às Bahamas com sucesso. Ini-cialmente, a expedição tinha como objetivo encontrar uma rota marítima para o comércio europeu com o Extremo Oriente, já que o caminho terrestre descoberto por Marco Pólo era extre-mamente longo e difícil.

A arriscada viagem encontrou algumas dificuldades para ser realizada. Colombo recorreu aos governantes de Gênova e Veneza, assim como aos de Portugal, mas estes recusaram a proposta. O navegador só obteve sucesso ao recorrer ao rei es-panhol Fernando V de Aragão e à rainha Isabel I de Castela, forneceram três navios: Nina, Pinta e Santa Maria, assim como a tripulação necessária. As embarcações zarparam no dia 6 de setembro de 1492, saindo do porto de Palos na Espanha. Após cinco semanas, durante as quais quase ocorreu um motim, a ex-pedição chegou às Bahamas, visitando depois onde atualmente seriam Cuba, Haiti e República Dominicana.

Morre o escultor italiano Donatello

O escultor italiano, Donatto di Nicola di Betto Bardi, conheci-do como Donatello, faleceu em Florença, mesma cidade de seu nascimento, em 1466. Responsável pelas famosíssimas escul-turas Maria Madalena de madeira, e a estátua eqüestre Gatta-melata, em Pádua, o filho de Nicolo di Betto Bardi, teria sido assistente do escultor e fundidor Lorenzo Ghiberti (1738-1455) nas portas de bronze do batistério de Florença, mas desenvol-veu um estilo radicalmente diferente do gótico utilizado por seu mestre, apegando-se mais à força emocional do que às formas polidas.

Donatello foi o maior escultor europeu do século XV, e junto a um grupo de artistas como Breunelleschi, Alberti e Masaccio, foi um dos fundadores do estilo renascentista. Acredita-se que ele possuía uma compreensão de diversos aspectos da escultu-ra clássica. Alem disso, preocupava-se com os efeitos ópticos de suas obras, considerando a posição de onde seriam vistas, ajustando suas proporções a partir disso.

A preocupação com a intensidade emocional de suas esculturas se sobressaiu em sua obra tardia. É então que se pode notar a grande habilidade de Donatello de explorar a expressividade, o que influenciou diversos artistas, tanto pintores quanto escul-tores.

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RenaissanceContribuidores:

Adriane Menezes

Alexia Panella

Juliana Falcão

Marina Duarte

Natassya Kancelskis

Pedro João de Camargo

Referências Bibliográficas:

ARGAN, Giului Carlo. História da arte italiana: da

antiguidade a Duccio. Tradução Vilma de

Katinsky. São Paulo. Cosac e Naify, 2003. V.1. 472p. 3v. il. Co.

25 cm.

ARGAN, Giului Carlo. História da arte italiana: de Giotto a

Leonardo. Tradução Vilma de

Katinsky. São Paulo. Cosac e Naify, 2003. V.2. 448p. 3v. il. Co.

25 cm.

ARGAN, Giului Carlo. História da arte italiana: de

Michelangelo ao Futurismo. Tradução Vilma

de Katinsky. São Paulo. Cosac e Naify, 2003. V.3. 480p. 3v. il.

Co. 25 cm.

JANSON, H. W. História geral da arte: renascimento e

barroco. 2 ed. T.2. São Paulo. Martins

Fontes, 2007. 524-814 p. 3 tomos, il. Pb cm.

Textos de Luca Antoccia, André Chastel, Marco Cisnchi, Paolo

Galluzi, Domenico Laurenza,

Rodolfo Papa, Carlo Pedretti. Leonardo, arte e scienza.

Tradução de Cristina García Ríos.

Florença, Itália. Giunti Gruppo Editoriale, Firenze.

Nova Enciclopédia Barsa. – São Paulo: Barsa Consultoria

Editorial Ltda., 2001. Vários

colaboradores. Obra em 18 v. Gutemberg, Johannes. Vol. 7, p

291-2.

Nova Enciclopédia Barsa. – São Paulo: Barsa Consultoria

Editorial Ltda., 2001. Vários

colaboradores. Obra em 18 v. Impressão e artes gráficas. Vol.

8, p 38-9.